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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA HÉLIO GORDIANO TAVARES Importância da aquisição do Certificado de Aprovação (C.A.) na prevenção de lesões dos operários da construção civil Feira de Santana, 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

HÉLIO GORDIANO TAVARES

Importância da aquisição do Certificado de Aprovação (C.A.) na

prevenção de lesões dos operários da construção civil

Feira de Santana, 2009

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HÉLIO GORDIANO TAVARES

Importância da aquisição do Certificado de Aprovação (C.A.) na prevenção de

lesões dos operários da construção civil

Monografia apresentada à disciplina Projeto

Final II do curso de Engenharia Civil da

Universidade Estadual de Feira de Santana -

BA como requisito para obtenção da

Graduação.

Orientador: Esp. Sergio Tranzillo

França

Feira de Santana, 2009

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HÉLIO GORDIANO TAVARES

Importância da aquisição do Certificado de Aprovação (C.A.) na prevenção de risco

de lesões dos operários da construção civil

Banca Examinadora:

__________________________________

Prof.º Sergio Tranzillo França Orientador

______________________________

Prof.a Sarah Patrícia de Oliveira Rios

_____________________________

Prof.º Eduardo Antonio Lima Costa

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção da graduação do curso de

Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana - BA.

Feira de Santana, 2009.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho é dedicado à minha família e amigos que me apoiaram nos

momentos mais difíceis e contribuíram para vencer mais uma etapa importante na

minha vida.

Um grande agradecimento às pessoas que contribuíram de alguma forma no

meu processo de amadurecimento e na concretização deste trabalho:

A Deus, por sempre me ajudar em todas as etapas da minha vida;

À minha mãe Maria Oliveira Gordiano e ao meu pai Walfran Tavares por

nunca medirem esforços para me proporcionar uma boa educação, ensinando-me a

viver e a lutar sempre com muita hombridade e sinceridade;

Aos meus irmãos Kleber, Victor, Fábio e Viviane, com os quais sempre posso

contar;

À minha namorada Daiana pelo amor, carinho e compreensão nos diversos

momentos;

Ao meu orientador Prof. Sergio Tranzillo França que disponibilizou grande

atenção e paciência durante o processo de elaboração da monografia e a Cristina

em especial;

Aos amigos pela confiança e credibilidade mesmo nos momentos adversos;

Aos demais colegas e professores e todos aqueles que cooperaram de

alguma forma na construção deste trabalho;

Enfim, a todos o meu sincero OBRIGADO.

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“Educar em segurança do

trabalho é acender

uma luz para eliminar um

dos mais terríveis tipos

de acidentes:

a ignorância”

(Autor desconhecido)

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ÍNDICE DE FIGURA

Figura 1 – Capacete .............................................................................................................. 25

Figura 2 – Luvas .................................................................................................................... 26

Figura 3 – Calçado ................................................................................................................ 26

Figura 4 – Cinturão ................................................................................................................ 27

Figura 5 – Óculos ................................................................................................................... 28

Figura 6 – Mascaras de respiras ......................................................................................... 28

Figura 7 – Máscaras de solda ............................................................................................. 29

Figura 8 – Protetor auditivo .................................................................................................. 29

Figura 9 – Avental .................................................................................................................. 30

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ART – Análise de Risco de Tarefa

CA – Certificado de Aprovação

CANPAT – Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho

CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidente

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

DRT – Delegacia Regional do Trabalho

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social

MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NR – Norma Regulamentadora

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção

PCMSO – Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional

PIB – Produto Interno Bruto

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SESMT – Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho

SINTRACON-SP – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil

de São Paulo

SRT – Superintendentes Regionais do Trabalho

SSST – Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA ................................................................................. 11

1.1 OBJETIVO ................................................................................................................ 13

1.1.1 OBJETICO GERAL ......................................................................................... 13

1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................... 13

1.2 RELEVANCIA DO TEMA ....................................................................................... 13

1.3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 14

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ........................................................................ 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 16

2.1 VISÃO PREVENCIONISTA DE ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL ..... 16

2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................................................ 18

2.3 LEGISLAÇÃO .......................................................................................................... 19

3 O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E.P.I. ..................... 22

3.1 CONCEITO/IMPORTÂNCIA DE EPI ................................................................... 22

3.2 EPI NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................................. 24

3.2.1 CAPACETE ....................................................................................................... 24

3.2.2 LUVA .................................................................................................................. 25

3.2.3 CALÇADOS ...................................................................................................... 26

3.2.4 CINTURÃO E DISPOSITIVO TRAVA-QUEDAS ........................................ 27

3.2.5 ÓCULOS ........................................................................................................... 28

3.2.6 MASCARAS DE RESPIRAR ......................................................................... 28

3.2.7 MÁSCARA DE SOLDA ................................................................................... 29

3.2.8 PROTETOR AUDITIVO .................................................................................. 29

3.2.9 AVENTAL .......................................................................................................... 30

3.3 CERTIFICADO DE APROVAÇÃO C.A. .............................................................. 31

3.3.1 CONCEITO E IMPORTÂNCIA DO CA ......................................................... 31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 35

5 REFERENCIAS .............................................................................................................. 37

6 ANEXO ............................................................................................................................ 39

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RESUMO Com o crescimento significativo da construção civil brasileira, há por um lado, um maior recrutamento de operários com um conseqüente aumento da necessidade de utilização de equipamentos de proteção, que muitas vezes são adquiridos sem o Certificado de Aprovação (C.A.) e, por outro lado, uma elevação das lesões ocasionadas por acidentes, considerados como um dos maiores da indústria nacional. A presente monografia trata de verificar o conceito legal/prevencionista sobre a segurança do trabalho e dos EPI, demonstrar o conceito e a importância dos EPI na construção civil, as normas regulamentadoras, em específico a NR-6, constatar a relevância do certificado de aprovação (C.A) e, por fim, apontar as possibilidades de superação desse quadro. A metodologia empregada baseia-se na pesquisa bibliográfica sobre a certificação de equipamentos da construção civil e a segurança do trabalhador. Essa pesquisa pode servir de base para esboço de uma proposta de ação para prevenção das lesões ocasionadas por acidentes de trabalho na construção civil através de uma ação conjunta de empregado, empregador, fornecedor/fabricante e governo, não bastando apenas a criação das leis, já que estas existem, mas sim, a aplicação integrada delas. Dentro desse contexto, o presente estudo procurou avaliar e propor discussão, tendo o intuito de colaborar para pesquisas futuras destinadas a dar prosseguimento a trabalhos nessa área. Palavras-chave: Segurança no Trabalho, EPI, Certificado de Aprovação (CA) e Previsão de acidentes

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ABSTRACT With the significant Brazilian civil construction growth, the other hand, there is a bigger laborers recruitment with a consequent increase of the necessity of protection equipment use. These equipment, many times, are acquired without the Approval Certificate (A.C.), which is supposed to have rised the number of injuries caused by accidents, what is considered the greatest ones of the national industry. The following monograph treats to verify the legal concept/practitioner about the security at work and the IPE, demonstrate the concept and the importance of the IPE in the civil construction, show the regulator norms (in specific the NR-6), evidence the the approval certificate’s (A.C.) relevance and, finally, point out the possibilities of overcoming of this picture. The employed methodology is based on the bibliographical research about the civil construction equipment certification and the laborer security. This research can be useful as base for an action proposal sketch of injuries prevention caused by work accidents in the civil construction through a joint action among employee, employer, supplier/manufacturer and government. It is not enough only the creation of new laws, since these ones already exist, but so, the integrated application of them. Inside this context, the present study searched to elaborate conclusions and proposals that will contribute to future research destined to give prosecution to works on this area. Key-words: Safety at Work, EPI, Certificate of Approval (CA) and Forecast of accidents

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1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

A indústria da construção civil é uma das maiores responsáveis por índices

alarmantes de trabalhadores mortos e acidentados no Brasil por apresentar gritante

precariedade nas condições de segurança, fato atribuído, dentre outras coisas, à

negligência quanto à fiscalização dos equipamentos de segurança que, muitas

vezes, não são propícios para um bom desenvolvimento das atividades laborais.

A exposição desses operários em ambientes insalubres e de periculosidade

somada a pouca conscientização sobre os riscos aos quais estão submetidos torna

os trabalhadores da construção civil pessoas suscetível a graves acidentes.

A baixa qualificação, a elevada rotatividade e o reduzido investimento em

treinamentos por parte das empresas compõem ainda uma parte considerável do

atual cenário da construção civil. Essa situação é observada comumente em épocas

de crescimento desse setor, quando há um recrutamento de pessoal, em sua maior

parte, dotada de pouca qualificação profissional. Alem disso, muitos deles não

possuem formação escolar ou mesmo conhecimento pleno de seus direitos e

deveres como trabalhador.

Essa situação somada ao fato dessa população possuir freqüente

instabilidade/transitoriedade empregatícia obriga-lhes a aceitar qualquer condição de

trabalho, até mesmo, exercer suas atividades sem proteção alguma.

Outra causa de acidentes na construção civil é a negligência de empresas

acerca das regras de segurança e dos equipamentos utilizados para proteger os

trabalhadores. Na busca imediata pela legalização de sua empresa, muitos

empregadores estão adquirindo Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de

qualidade duvidosa, que coloca em risco a vida dos trabalhadores.

No intuito de garantir a qualidade do Equipamento de Proteção Individual, foi

criado o Certificado de Autorização (CA), dado a este produto quando atende às

necessidades requeridas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tendo como

norma regulamentadora do processo de obtenção do CA para os EPI’s: a NR-6. A

necessidade de comprovação dos atributos de um produto normalmente é

decorrente dos riscos possíveis que este causaria à saúde ou à segurança dos

usuários caso estivesse fora das especificações exigidas pela legislação de

segurança.

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Assim, em face ao exposto e sabendo-se da importância da construção civil

para a economia brasileira, uma vez que gera significativas taxas de emprego (direto

e indireto) e impulsiona boa parte dos segmentos produtivos, torna-se um problema

o uso de equipamentos de segurança sem o Certificado de Aprovação (CA) dentro

dos canteiros de obras.

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1.1 OBJETIVO

1.1.1 OBJETICO GERAL

Verificar a importância do CA como instrumento de prevenção a lesões e para

a melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Demonstrar a importância da utilização de EPI com certificação;

Demonstrar a importância da segurança do trabalho;

Demonstrar a importância da especificação adequada do EPI.

1.2 RELEVANCIA DO TEMA

A OIT calcula que 2,2 milhões pessoas morrem a cada ano no mundo devido

a acidentes e doenças relacionadas com o trabalho, o que supera o número de

mortos nas guerras. A cada ano são registrados 270 milhões de acidentes não fatais

e 160 milhões de casos novos de doenças profissionais. No Brasil, em 2006, 2.707

foram mortos no trabalho.

O Anuário Estatístico da Previdência Social (2006) 1 revela que o número de

mortes relacionadas ao trabalho diminuiu 2,5%, em relação ao ano anterior.

Entretanto, os acidentes de trabalho aumentaram e ultrapassaram os 500 mil casos,

sem contar os não-notificados. No Brasil, a tendência de elevar a subnotificação

acidentária deve-se à grande parte das relações contratuais trabalhistas estarem em

situação de informalidade.

A Bahia tem a maior proporção de mortes em acidentes de trabalho do País,

ficando em 1° lugar em relação às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e, quanto

ao número de acidentes, encontra-se em 7° lugar, como retrata uma pesquisa

1 Publicado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por meio da Comunicação de Acidentes

de Trabalho (CAT).

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realizada pelo MTE, referente ao ano de 2006, ao registrar 121 mortes e 687

pessoas incapacitadas permanentemente no Estado.

Assim, este estudo visa demonstrar a importância da aquisição do CA para os

EPI’s como medida preventiva de lesões para os operários da construção civil e

verificar como a qualidade dos equipamentos de proteção influencia e contribui para

estes déficits.

1.3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória “(...) com o objetivo de proporcionar

visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato (...)”, GIL (1999), de

caráter bibliográfico, desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos.

Foram utilizadas como fontes dados impressos e automatizados, base de

dados formada pelo Portal da Capes, busca na Internet (sites e diretórios) e

bibliográfica (livros, periódicos científicos, monografias e teses), levando em

consideração a cobertura do assunto e abrangência, atualidade da informação e

freqüência de atualização.

A análise dos conteúdos foi feita de forma global através do método dedutivo:

partindo do geral ao particular, com a problemática sobre a importância da

certificação dos equipamentos de proteção individual do trabalhador dentro dos

canteiros de obras.

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1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O trabalho está dividido em cinco capítulos com o intuito de organizar

metodologicamente e, assim definida:

O capítulo 1, contém a introdução, na qual estão apresentadas as

justificativas, os objetivos e a metodologia;

O capítulo 2, apresenta-se uma revisão bibliográfica através de conceitos da

segurança do trabalho na visão legal e prevencionista, conceitos de segurança do

trabalho e legislação;

O capítulo 3, apresenta-se uma revisão bibliográfica através de conceitos

sobre o EPI e sua importância, tipos mais comuns de EPI’s utilizados na construção

civil, conceito e importância sobre Certificado de Aprovação;

O capítulo 4, apresentam-se as considerações finais a respeito da pesquisa;

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 VISÃO PREVENCIONISTA DE ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A Organização das Nações Unidas (ONU) avalia que o custo direto e indireto

de acidentes e doenças do trabalho possa chegar a 4% do Produto Interno Bruto

(PIB) do mundo, ou seja, US$ 1,25 bilhão. No Brasil, também se estima que, além

do incalculável prejuízo social, os acidentes e doenças de trabalho atinjam

aproximadamente 2,2% do PIB nacional, levando-se em conta, além do setor

privado, o segmento informal e rural, os funcionários públicos, os cooperados e os

autônomos, de acordo com dados oficiais do Anuário Estatístico de Acidentes de

Trabalho.

Sabe-se que os acidentes ocorrem por diversos fatores, dentre eles, falhas

humanas e falhas materiais que produzem conseqüências indesejáveis para a

vítima, para a família, para a empresa e para a sociedade. Deste modo, todo

acidente tem causa definida, por mais imprevisível que seja. Muitos deles ocorrem

por que os operários encontram-se desprotegidos e despreparados para

enfrentarem certos riscos que, indubitavelmente, acontecem durante a realização

dos trabalhos a exemplo da construção civil.

Um fato alarmante é que muitos dos que exercem essa atividade utilizam

equipamentos fora do padrão de segurança, de qualidade duvidosa ou até mesmo

não utilizam proteção alguma.

Assim, é importante saber o que a legislação brasileira entende por acidente

do trabalho.

Segundo a lei 8.2132, acidente de trabalho significa qualquer fatalidade

ocorrida no exercício da profissão ou a serviço da empresa, provocando lesões

corporais ou perturbações funcionais em caráter temporário ou permanente. A lesão

é caracterizada quando ocorrer a perda de funcionamento de determinado órgão, a

redução de suas funções, a incapacidade de trabalhar ou até mesmo a morte.

Esta mesma lei responsabiliza as empresas pela segurança da saúde de seus

trabalhadores, devendo esta adotar e fazer uso de medidas coletivas e individuais,

2 Lei 8.213/91 - que dispõe sobre o Plano de Benefícios da Previdência Social.

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bem como pela prestação de informações pormenorizadas sobre os riscos da

operação a executar e do produto a manipular. Além disso, preconiza como uma

contravenção penal, punível com multa, os casos de não cumprimento das normas

de segurança e higiene do trabalho por parte da empresa. Sendo que a fiscalização

do cumprimento desses deveres é de responsabilidade do Ministério do Trabalho e

Emprego e dos sindicatos e entidades representativas de classe.

Em seu artigo 20, considera as doenças profissionais como acidente de

trabalho, os quais são resultados das condições do exercício da função e do meio

ambiente de trabalho.

Segundo FRANÇA (2002) é importante definir legalmente o acidente do

trabalho, pois a intenção é de proteger o trabalhador acidentado, através de uma

compensação financeira enquanto este se encontra incapaz de trabalhar, ou com

indenização, se for caracterizada a incapacidade permanente.

Porém, se for analisado acidente do trabalho na visão prevencionista, a lesão

física não é fator preponderante, já que esta abrange outras perdas como a de

tempo e material.

Numa visão prevencionista, acidente do trabalho é toda ocorrência não

programada, não desejada, que interrompe o andamento normal do trabalho,

podendo resultar em danos físicos e/ou funcionais, ou a morte do trabalhador e/ou

danos materiais e econômicos a empresa e ao meio ambiente.

Do ponto de vista prevencionista, uma ferramenta cair do alto de um andaime

caracteriza um acidente, mesmo que ninguém seja atingido. Por isso, fatos como

esses devem e podem ser evitados.

Estudiosos como Heinrich, Bird, Fletcher e Hammer propõem abordagens

preventivas de segurança. Segundo eles, a atividade de segurança só é eficaz

quando essencialmente dirigida para o conhecimento e atuação nas causas dos

acidentes, envolvendo para isso toda a estrutura organizacional de uma empresa.

De acordo com FRANÇA (2002), esses estudos culminaram numa

conceituação diferente para acidente do trabalho bem mais abrangente que da

definição legal estabelecida pela Lei 8.213/91, que se pode chamar de definição

prevencionista: acidente do trabalho é toda ocorrência que interrompe o estado de

segurança e que pode degradar um ou mais dos componentes do trabalho, assim

como interromper parcial ou totalmente a condição produtiva e/ou interferir no fator

tempo.

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Assim, o termo “acidente”, que era advindo de causas fortuitas,

desconhecidas e incontroláveis, passa a ter outra conotação, a de causas

indesejáveis, que podem ser conhecidas previamente e, portanto, controladas. O

acidente passou a ser visto de forma mais ampla, sem relegar os acidentes com

lesões pessoais.

Então, são acidentes todas as situações envolvendo ou não o trabalhador,

provocando ou não lesão, que comprometem o bom andamento do processo

produtivo, provocando desperdício tanto no âmbito financeiro quanto no pessoal.

2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO

Segurança do Trabalho é um conjunto de ciências e tecnologias que visam

proporcionar a proteção do trabalhador no seu local de trabalho, no que se refere à

questão da consciência e da higiene nesse ambiente. O seu objetivo básico envolve

a prevenção de acidentes. É identificar, avaliar e controlar situações de risco,

proporcionando um ambiente mais seguro e saúdavel para as pessoas.

As equipes de segurança do trabalho têm o objetivo de minimizar acidentes,

doenças ocupacionais, proteger a integridade e a capacidade de atividade do

trabalhador, e são formadas por vários profissionais: Engenheiro de Segurança do

Trabalho, Técnico em Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do

Trabalho e Técnico de Enfermagem do Trabalho, dentre outros.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que em 2006,

537.457 acidentes de trabalho foram registrados no Brasil, com um total de 2.717

mortes e 8.383 trabalhadores incapacitados. Quando comparados aos índices de

2005, os números revelam uma diferença de 8.246 acidentes de trabalho a menos,

além de uma redução de 49 mortes e 5.988 trabalhadores incapacitados.

Existem programas criados para detectar os riscos e as condições

inadequadas de trabalho, que afetam a saúde do trabalhador (PPRA - Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais, NR-9); para planejar as ações de segurança e

proteção a serem adotadas em cada fase do projeto construtivo (PCMAT - Programa

de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, NR-18); e

para realizar exames admissionais, periódicos e demissionais dos trabalhadores

(PCMSO - Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional, NR-7).

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Dessa maneira, políticas prevencionistas podem minimizar os índices de

acidentes em canteiros de obras.

Os programas estabelecidos pelo MTE devem ser observados e respeitados

no sentido de amenizar os riscos inerentes ao setor.

2.3 LEGISLAÇÃO

O papel das leis é fundamental importância, principalmente quando as

condições de vida do trabalhador não permitem garantir sua integridade física no

seu ambiente de trabalho. Assim, foram criadas regulamentações legais sobre

acidentes do trabalho com o intuito de servir como instrumento de proteção ao

trabalhador.

O período anterior aos anos 70 não só é lembrado pelas grandes obras como

Ponte Rio-Niterói, Hidrelérica de Itaipu, Usinas de Angra dos Reis e outras, como

também por índices alarmantes de acidentes que resultaram tanto em operários

levemente feridos e afastados por um curto tempo como naqueles que perderam

suas vidas. Nessa época, a legislação de Segurança e Saúde do Trabalho era

somente um tópico contido na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Esse quadro que retrata a realidade do desamparo ao trabalhador e às

péssimas condições de trabalho em paradoxo com o vigoroso progresso passou a

causar questionamentos, inclusive, na sociedade internacional, a ponto de sofrer

interferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com a unificação das

normas e convenções sobre Segurança e Saúde do Trabalho nos Estados Unidos

(1969/70) e, posteriormente, da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de

Trabalho (CANPAT), criada pelo decreto 68.255, de 16 de janeiro de 1971.

Após os esforços da OIT e da CANPAT em busca da mudança do cenário

nacional, em 22 de dezembro de 1977, surge a Lei 6.514 que alterou o Capítulo V

da CLT. Essa lei estabeleceu bases legais para a estruturação da normalização e

fiscalização das condições de Segurança e Saúde Ocupacional.

Com a crescente industrialização e modernização da sociedade, foram

estabelecidas na época 28 normas, sendo atualmente 33 normas (Anexo I),

relacionando diversos aspectos do trabalho, tais como inspeção, embargo, Serviço

Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), Comissão Interna

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de Prevenção de acidentes (CIPA), Equipamentos de Proteção Individual (EPI),

riscos ambientais, trabalho na construção civil, sinalização, fiscalização e

penalidades, dentre outros.

Houve, por um lado, o fortalecimento de estruturas organizacionais

(Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho - SSST) e, por outro, o de funções

(técnico de segurança do trabalho). Dessa maneira, o tema sobre a segurança do

trabalho, até então disperso na legislação, foi reunido em uma nova organização.

Entre 1979 e 1985, o país viveu momentos de abertura política e econômica.

Nesse contexto, algumas normas tornaram-se ultrapassadas com o passar do

tempo, isto é, não correspondiam mais à realidade de empregados e empregadores.

As Normas Regulamentadoras (NR's) são de observância obrigatória pelas

empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e

indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam

empregados regidos pela Consoslidação das Leis Trabalhistas (CLT).

As NR’s aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos, às entidades

ou empresas que lhes tomem o serviço e aos sindicatos representativos das

respectivas categorias profissionais.

A empresa que não adotar as medidas de segurança e higiene do trabalho, a

fim de proteger seus empregados contra os riscos de acidentes do trabalho ou

doenças do trabalho, seja por meio de medidas de proteção coletivas ou

equipamentos de proteção individual, além das sanções legais por não cumprir as

NR’s, do Ministério do Trabalho e Emprego, responderá por crimes de homicídio,

lesões corporais, ou crimes de perigo comum.

O empregado que não buscar cumprir as disposições legais e regulamentares

sobre segurança e medicina do trabalho, como usar o EPI fornecido pelo

empregador; submeter-se aos exames médicos previstos nas NR’s e não colaborar

com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras (NR), poderá sofrer

infrações penais previstas em legislação específica.

Quem coordena as atividades em relação à segurança e medicina do trabalho

é a Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), cujo órgão tem caráter

nacional e a função de controlar, orientar, supervisionar e coordenar essas

atividades. A Superintendência Regional do Trabalho (SRT), nos limites de sua

jurisdição, é o órgão que executa as atividades relacionadas com a segurança e

medicina desse setor. São responsáveis por adotar as medidas para observar e

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regulamentar sobre segurança e medicina do trabalho, incorporando penalidades

nos casos de não cumprimento das normas, embargando obras, interditando

estabelecimentos e empresas que não estão agindo em conformidade com o que foi

estipulado por lei.

Nos últimos anos a autuação está centralizada na orientação, antes das

ações punitivas. Se a empresa não corrige as irregularidades dentro dos prazos

estipulados no Termo de Notificação, ela é atuada pela infração e fica obrigada ao

pagamento de uma multa.

Além dessa legislação básica, há um conjunto de Leis, Decretos, Portarias e

Instruções Normativas que complementam o ordenamento jurídico dessa matéria.

Existe ainda uma legislação acidentária, pertinente à área da Previdência Social em

que são estabelecidos os critérios das aposentadorias especiais, do seguro de

acidente do trabalho, indenizações e reparações.

É importante ressaltar que a ocorrência dos acidentes (lesões imediatas ou

doenças do trabalho) pode dar origem a ações civis e penais, concorrendo com as

ações trabalhistas e previdenciárias.

Segundo AYRES (2001) sendo questionada e demonstrada a culpa do

empregador, o lesado e/ou acidentado terá direito à reparação dos danos sofridos.

Essa variará de acordo com a extensão dos danos, podendo compreender as

despesas com tratamento médico-hospitalar, ressarcimento dos dias que deixou de

trabalhar e até a pensão vitalícia.

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3 O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E.P.I.

3.1 CONCEITO/IMPORTÂNCIA DE EPI

Na Construção Civil existe uma multiplicidade de fatores de riscos que

predispõe o operário ao acidente, tais como: instalação provisória inadequada,

jornadas de trabalho prolongadas, falta de treinamento dos operários, falta do

Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) e, sobretudo, a negligência quanto ao uso

e a qualidade do Equipamento de Proteção Individual (EPI), dentre outros fatores.

O EPI é um instrumento de uso pessoal cuja finalidade é minimizar as

conseqüências advindas de acidentes de trabalho, como a ocorrência de lesões.

Assim, o operário fica protegido dos possíveis danos à saúde acarretados pelas

condições de trabalho.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)3, considera-se

Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo ou produto, de uso

individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos que possam

ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Os EPI’s podem estar conjugados ou

não, conforme um ou mais riscos que podem ocorrer.

O uso dos EPI é obrigatório e o não cumprimento da legislação poderá

acarretar em multas e ações trabalhistas. Segundo a Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT):

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de

conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos

empregados, a fim de eliminar ou reduzir os riscos à saúde e segurança do

trabalhador, tais como implantação de medidas coletivas de eliminação e redução de

riscos.

Assim, o EPI deve ser utilizado quando as medidas de proteção coletiva

forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos

de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho; enquanto as

3 Norma Regulamentadora (NR), Equipamentos de Proteção Individual - NR 6 - da Portaria 3.214/78.

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medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas e; para atender a

situações de emergência.

A NR 6 determina as obrigações e direitos tanto dos empregados como

empregadores no que tange a EPI’s quanto: a fornecimento, conservação,

substituição, funcionamento, adequação ao uso, orientação, treinamento e inspeção.

Cabe ao empregador exigir seu uso, orientar o empregado sobre a sua utilização,

guarda e conservação, trocar os EPI danificados e responsabilizar-se pela

higienização. Deverá o empregado comunicar ao empregador qualquer alteração do

EPI, que torne impróprio o seu uso. Essa operação é necessária para que o

desenvolvimento das etapas construtivas seja seguro para os operários.

A seleção dos EPI envolve, basicamente, qualidade e facilidade de utilização.

Quanto à qualidade, há duas exigências: o equipamento deve oferecer proteção

adequada contra o risco para o qual foi fabricado, e deve ser durável, levando-se em

conta o risco para o qual foi fabricado. Quanto à utilização, o equipamento deve ser

confortável, quando usado nas condições para os quais foi fabricado, e ajustar-se à

anatomia do usuário. Cabe então o MTE emitir o CA do produto para assegurar

essas características.

O EPI deve ser especificado pelo Serviço Especializado em Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT), ou pela Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA). Nas empresas desobrigadas a constituir qualquer um desses,

cabe ao empregador procurar orientação profissional tecnicamente capaz para

especificar o EPI e treinar os funcionários. Identificar os riscos existentes no

ambiente de trabalho; avaliar a intensidade e/ou extensão dos riscos à integridade

física e à saúde dos operários (condição operacional), bem como a freqüência e o

tempo de exposição dos que não usam a proteção adequada e; diante dos dados

obtidos, escolher o EPI mais adequado a cada risco. Definido o tipo de EPI a ser

utilizado, o Engenheiro/Técnico de Segurança deverá fazer um trabalho de

orientação e conscientização sobre a importância do uso dos EPI.

O empregador deve fornecer, de forma gratuita, todos os EPI com o

Certificado de Aprovação (CA). Este é de incumbência do Ministério do Trabalho. Os

EPI’s, nacionais ou importados, só poderão ser comercializados desde que possuam

e indiquem o Certificado de Aprovação (CA), o qual é expedido por órgão

competente do MTE.

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3.2 EPI NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Estudos comprovam que os gastos com EPI representam, em média, menos

de 0,05% dos investimentos necessários, enquanto mão-de-obra, matéria-prima,

custos administrativos e outros materiais somam mais de 99,95%.

Existem vários tipos de EPI, cada qual com sua finalidade e modo de usar,

com especificações muito particulares a depender da atividade a ser executada. A

NR-6, em seu anexo I, destaca nove grupos principais de proteção: da cabeça

(capacete, capuz), dos olhos e da face (óculos, protetor facial, máscara de solda), do

aparelho auditivo (protetor auditivo), do aparelho respiratório (respiradores de

purificador de ar, de adução de ar, e de fuga), do tronco (vestimentas adequadas ao

risco), dos membros superiores (luva, creme protetor, manga braçadeira e dedeira),

dos membros inferiores (calçado, meia, perneira e calça), do corpo inteiro (macacão,

conjunto e vestimentas) e contra quedas com diferença de nível (dispositivo trava-

queda, cinturão).

Os EPI’s podem estar conjugados ou não, conforme um ou mais riscos que

possam ocorrer. Antes de determinar qual tipo de EPI para utilizar deve-se fazer

uma Análise de Risco de Tarefa (ART) e para verificar qual EPI é mais apropriado

para realização de determinada tarefas.

Em obras corriqueiras de engenharia civil os mais utilizados são: capacetes,

luvas, calçados e cinturão. Alem desse, temos os óculos, respiradores, máscaras de

solda e protetores auriculares.

3.2.1 CAPACETE

Os capacetes (Figura 1) são utilizados contra possíveis impactos na região do

crânio, especialmente, nos casos em que os objetos caem de lugares elevados;

proteção contra choques elétricos e; proteção do crânio e face contra riscos

provenientes de fontes geradoras de calor nos trabalhos de combate a incêndio.

É um dispositivo básico de segurança em qualquer obra. O casco é feito de

material plástico rígido, de alta resistência à penetração e impacto. É desenhado

para rebater o material em queda para o lado, evitando lesões no pescoço do

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trabalhador. É utilizado com suspensão, que permite o ajuste mais exato à cabeça e

amortece os impactos.

Esse material pode ser encontrado de várias cores e é dividido em três

classes: A, B e C, todas resistentes aos impactos. O primeiro é fabricado de material

isolante, com resistência de até 2.200 volts; o segundo é fabricado de material

isolante, com resistência de até 20.000 volts e; o último não possui características

de proteção para trabalhos em ambientes de fios e cabos energizados, nem de

produto químicos.

Todos os trabalhadores ou visitantes que circulam pela obra devem usar o

capacete. Em geral, demarca-se um ponto no canteiro e, a partir daí, a utilização

desse recurso é obrigatória. A escolha correta do tipo de EPI a ser utilizado para

proteger a cabeça é muito importante. Uma escolha errada pode causar sérios

prejuízos à saúde do trabalhador.

Figura 1 – Capacete

3.2.2 LUVA

As luvas (Figura 2) são utilizadas para proteção dos membros superiores,

contra agentes abrasivos, cortantes, perfurantes, escoriantes, agentes térmicos,

químicos, biológicos e choques elétricos.

É o equipamento com maior diversidade de especificações. São nove tipos

básicos de luvas existentes no mercado atualmente. Elas podem ser de: amianto

(para altas temperaturas); raspa de couro (soldagern ou corte a quente); PVC sem

forro (permite maior mobilidade que a versão forrada); borracha (serviços elétricos,

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divididos em cinco classes, de acordo com a voltagem) e; pelica (protege as luvas

de borracha contra perfurações).

Figura 2 – Luvas

3.2.3 CALÇADOS

Os calçados (Figura 3) são utilizados para proteção de membros inferiores

contra impactos (principalmente contra queda de objetos), perfurações ou

desconforto térmico, produtos químicos, umidade e isolação elétrica.

Podem ser botas ou sapatos. As botas, feitas de PVC e com solado

antiderrapante, são usadas em locais úmidos, inundados ou com presença de

ácidos e podem ter canos curtos e longos. Os sapatos são de uso permanente na

obra. A versão com biqueira de aço protege de materiais pesados que podem cair

nos pés do usuário. Em serviços de soldagem ou corte a quente são usadas

perneiras de raspa de couro.

Figura 3 – Calçado

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3.2.4 CINTURÃO E DISPOSITIVO TRAVA-QUEDAS

O cinturão (Figura 4) evita quedas de trabalhadores, acidentes muitas vezes

fatais. É utilizado para proteção do funcionário contra quedas com diferença de

nível. Podem ser encontrados nos tipos: pára-quedista e cadeira. Os usuários desse

equipamento devem ter treinamentos especiais prestados pelo serviço de

segurança.

Feitos de couro ou náilon, possuem argolas que se engancham em um cabo

preso à estrutura da construção. O cinto de segurança limitador de espaço tem

como função reduzir a área de atuação do usuário, não substituindo o cinturão pára-

quedas.

O dispositivo trava-quedas de segurança é utilizado para proteção do usuário

contra quedas em operações com movimentação vertical ou horizontal, quando

utilizado com cinturão de segurança para proteção contra quedas.

Não necessita das mãos para funcionar. O operário pode movimentar-se no

plano horizontal, assim como subir e descer escadas, rampas e pilhas de materiais,

sem risco de queda. O cabo retrátil nunca fica frouxo, devido a ação de uma mola de

retorno. Havendo movimento brusco, tropeço ou desequilíbrio do operário, o

equipamento trava-se imediatamente e evita a queda da pessoa. Pode ser usado

fixo num ponto acima do local de trabalho ou deslocando-se na horizontal por um

trole.

Deve ser usado com cinto pára-quedista, com ancoragem dorsal ou frontal.

Figura 4 – Cinturão

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3.2.5 ÓCULOS

Os óculos (Figura 5) são especificados de acordo com o tipo de risco, desde

materiais sólidos perfurantes até poeiras em suspensão, passando por materiais

químicos, radiação e serviços de solda ou corte a quente com maçarico. Nesse

último caso, devem ser usadas lentes especiais.

Figura 5 – Óculos

3.2.6 MASCARAS DE RESPIRAR

As mascaras de respirar (Figura 6) asseguram o funcionamento do aparelho

respiratório contra gases, poeiras e vapores. Contra poeiras incômodas é usada a

máscara descartável. Os respiradores podem ser semifaciais (abrangem nariz e

boca) ou faciais (nariz, boca e olhos). A especificação dos filtros depende do tipo de

substância ao qual o trabalhador está exposto.

Figura 6 – Mascaras de respiras

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3.2.7 MÁSCARA DE SOLDA

As mascaras de solda (Figura 7) protegem os olhos e o rosto contra fagulhas

incandescentes e raios ultravioleta em serviços de soldagem. As máscaras diferem

dos escudos por não ocupar nenhuma mão do trabalhador. As lentes variam de

acordo com a intensidade da radiação. Os protetores faciais também asseguram

proteção contra projeção de partículas, mas proporcionam visão panorâmica ao

usuário.

Figura 7 – Máscaras de solda

3.2.8 PROTETOR AUDITIVO

Os protetores auditivos (Figura 8) protegem os ouvidos em ambientes onde o

ruído está acima dos limites de tolerância, ou seja, 85dB para oito horas de

exposição. Podem ser do tipo plug (Figura A) ou concha (Figura B).

A B

Figura 8 – Protetor auditivo

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3.2.9 AVENTAL

Os aventais (Figura 9) protegem o tórax, o abdômen e parte dos membros

inferiores do trabalhador. Os aventais podem ser de raspa de couro (para soldagem

ou corte a quente) ou PVC (contra produtos químicos e derivados de petróleo).

Figura 9 – Avental

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3.3 CERTIFICADO DE APROVAÇÃO C.A.

3.3.1 CONCEITO E IMPORTÂNCIA DO CA

Em 10 de outubro de 2001, a norma regulamentadora NR 6 Equipamentos de

Proteção Individual (EPI) foi alterada pela Portaria N° 25, contemplando em seu bojo

algumas considerações e obrigatoriedades quanto à obtenção e manutenção do

Certificado de Aprovação (CA) de EPI’s, documento emitido por órgão competente

do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que autoriza a comercialização destes

equipamentos no território nacional.

O Certificado de Aprovação (CA) é uma autorização emitida pelo Ministério do

Trabalho e Emprego, que visa qualificar através de ensaios padronizados pela ABNT

a eficácia de um determinado produto, para garantir e proteger a saúde do

trabalhador.

A certificação é um procedimento pelo qual uma terceira parte (nem cliente e

nem fornecedor, um órgão reconhecido por ser independente das partes citadas) dá

a garantia escrita que um processo ou um serviço do produto se conformam às

exigências especificadas através de padrões e outros documentos normativos.

É através do CA que a empresa terá respaldo para confiar na qualidade dos

equipamentos que, porventura, vierem a ser utilizados em um canteiro de obra.

Para a emissão do CA os EPI’s são submetidos a uma rotina de ensaios

padronizados que, dependendo do tipo e especificação de uso podem ser de:

resistência a abrasão, impactos, resistência a perfuração por punção, resistência a

tração, compressão e flexão, resistência a rasgamento, determinação de absorção

de energia, resistência a corrosão, resistência elétrica, isolamento contra calor e frio,

ensaio de tensão de ruptura e alongamento antes do envelhecimento,

microbiológicos, permeabilidade, resistência ao descalçamento, rigidez, resistência a

ataques químicos, determinação das dimensões, comprimento, largura e espessura

e outros. Deste modo, estes ensaios visam avaliar a eficácia quanto a qualidade e

segurança do EPI fabricado. Assim, laboratórios credenciados ao MTE emitirão

laudos, onde deverão constar se os EPI’s foram aprovados nos testes.

A certificação do produto incorpora ao menos os três estágios funcionais

seguintes:

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- Avaliação inicial: requer a seleção das características a serem avaliadas,

determinação de itens para confrontar o produto com as conformidades necessárias,

bem como as exigências processuais aplicáveis para a avaliação.

- Avaliação direcionada às exigências especificadas: pode-se incluir testes,

determinação das características, medidas, inspeção, e examinar como exemplo das

técnicas usadas a verificação se o produto, ou serviço ou o sistema se encontra com

as exigências especificadas, ou não. A determinação das características pode-se

valer de medições como um meio de comparação do valor medido com o valor

requerido.

- Revisão e decisão: antes que uma decisão conduza à concessão do direito

de usar certificados ou marcas, o adequado é que a evidência quantitativa e

qualitativa relacionadas ao produto, ao serviço ou ao sistema sejam revistos e

documentados. Este estágio é particularmente importante quando a avaliação e a

decisão foram feitas através de exame por partes ou países diferentes.

A fiscalização do controle de qualidade do EPI deve ser feita por Agentes de

Inspeção do Trabalho (MTE).

Com relação à rastreabilidade e fiscalização tem-se os itens 6.9 e 6.12 da NR

6, respectivamente:

“Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome

comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no

caso de EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do

CA”. ...

“Por ocasião da fiscalização poderão ser recolhidas amostras de EPI, no

fabricante ou importador e seus distribuidores ou revendedores, ou ainda, junto à

empresa utilizadora, em número mínimo a ser estabelecido nas normas técnicas de

ensaio, as quais serão encaminhadas, mediante ofício da autoridade regional

competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, a um laboratório

credenciado junto ao MTE, capaz de realizar os respectivos laudos de ensaios,

ensejando comunicação posterior ao órgão nacional competente”.

A empresa deve cobrar e exigir dos fabricantes equipamentos de segurança

com Certificados de Aprovação como forma de garantir a qualidade do EPI

adquirido. Nesse sentido, de acordo com a lei estabelecida pelo Ministério do

Trabalho, o EPI deve ser colocado à venda apenas quando possuir o Certificado de

Aprovação CA. Assim, o EPI, tanto de fabricação nacional como importado, só

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poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do CA, expedido pelo órgão

nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do

Trabalho e Emprego.

Os fabricantes e/ou importadores de EPI tem como obrigações4: cadastrar-se

junto ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

solicitar a emissão do CA; solicitar a renovação do CA, quando vencido o prazo de

validade estipulado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e

saúde no trabalho; requerer novo CA, quando houver alteração das especificações

do equipamento aprovado; responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI

que deu origem ao Certificado de Aprovação (CA); comercializar ou colocar à venda

somente o EPI, portador de CA; comunicar ao órgão nacional em matéria de

segurança e saúde no trabalho qualquer alteração dos dados cadastrais fornecidos;

comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua

utilização, manutenção, restrição e demais referencias ao seu uso. Assim, o

fabricante é o responsável pela manutenção e controle do EPI posto a venda,

incumbindo-se este, de fazer alterações quando necessário para que se possa

atender aos testes de padrão de qualidade que lhe dará o CA.

A emissão ou renovação do CA inicia-se com o cadastro do fabricante ou

fornecedor no órgão competente, os quais tem outras incumbências como: requerer

novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento aprovado;

responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao CA;

comercializar ou colocar à venda somente o EPI portador de CA e providenciar a

avaliação da conformidade do EPI.

A validade do CA normalmente varia de 2 a 5 anos, podendo haver

prorrogação para determinadas situações. Em alguns casos (EPI’s novos,

inexistência de normas técnicas nacionais ou internacionais, e falta de laboratórios

capacitados) o CA pode ser concedido pelo órgão nacional competente no assunto,

desde que haja o aceite do termo de responsabilidade técnica e especificação

técnica de fabricação do EPI, podendo este ser renovado até 2006.

A utilização de EPI’s fora de padrão de qualidade implica não só no risco de

lesões graves como também em morte. A empresa que usa produtos sem o

Certificado de Aprovação revela-se negligente com a saúde de seus operários,

4 Segundo anexo II da NR-6.

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colocando-os em risco. Sem saber, muitos dos operários se expõem ao usarem um

produto de qualidade duvidosa. Sabe-se que, por exemplo, o cinto de segurança

necessita ser de náilon ou polipropileno, pois, se não forem desses materiais, podem

colocar o usuário em condição de risco.

Cabe salientar que o certificado é a garantia de que o produto foi testado, em

padrões adequados, garantindo a funcionalidade dentro do que se objetiva. Ele não

impossibilita que acidentes ocorram, mas, pode minimizar uma lesão, caso ocorra

um acidente.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A segurança no trabalho é uma função empresarial que, cada vez mais, torna-

se uma exigência conjuntural. As empresas devem procurar minimizar os riscos que

estão expostos seus funcionários, pois, apesar de todo avanço tecnológico, qualquer

atividade envolve um relativo grau de insegurança, especialmente quando se utiliza

EPI’s de qualidade duvidosa.

O papel das leis é de fundamental importância, principalmente quando as

condições de vida do trabalhador não permitem garantir sua integridade física no

seu ambiente de trabalho. Infelizmente, percebe-se que alguns

empregadores/empresas estão sendo negligentes quanto à qualidade dos EPI’s

adquiridos. Além de não atender a uma série de requisitos de segurança, torna-se

um risco eminente e grave, pois, estes serão utilizados supondo proteger aos riscos

impostos pelas atividades desenvolvidas.

A sociedade às vezes tem interesse em questionar a respeito de como são

projetados, produzidos, distribuídos, usados e dispostos os produtos. Um

questionamento freqüente é se o produto possui os atributos que parece ter, tais

como segurança, tamanho, adequabilidade para a finalidade pretendida, entre

outros. A necessidade de comprovação dos atributos de um produto normalmente é

decorrente dos riscos que possíveis não-conformidades deste causariam à saúde ou

à segurança dos usuários. Esses fatores normalmente geram a necessidade da

certificação do produto, através da legislação ou regulamentos específicos.

O grande mérito do CA’s está em dar garantia de que o produto foi fabricado

de forma a atender as mínimas condições de segurança e, de que ele vai resistir a

certas situações/circunstancias de risco de acidentes, contribuindo para melhoria

das condições de seguranças do trabalho e tornando possível ações preventivas.

É importante que os CA’s emitidos sejam acompanhados desde o processo de

fabricação do equipamento até a sua comercialização, para que a avaliação dos

produtos ocorra de maneira mais sistematizada e permanente, garantindo que o EPI

lançado no mercado seja igual ao equipamento que deu origem à certificação. Nota-

se porém, que há deficiência de fiscalização e punição quanto ao uso de EPI’s fora

de padrão de qualidade.

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Assim, urge a necessidade de todos os empregadores usarem produtos com

os rigores da lei, pois é uma das formas mais eficazes do trabalhador e do

empregador sentirem-se mais protegidos diante de qualquer situação fatídica, já que

as leis existem, mas, não são cumpridas. Cabe então, a Delegacias Regionais do

Trabalho (DRT) intensificar as fiscalizações de forma preventiva e punitiva, através

de coletas de amostras na fabrica e no campo, coibindo aqueles produtos que só se

enquadram no período de obtenção do CA, além de falsificações e outras

inadequações.

Além disso, é necessário promover atividades de conscientização sobre a

importância do uso de EPI’s com certificação, sobretudo, para que o trabalhador

possa realizar suas atividades de maneira mais segura, quando da sua utilização.

As empresas que utilizam produtos sem o Certificado de Aprovação revelam-

se negligentes, pois, a falta de CA implica num produto que não foi testado, que não

passou por inspeção de qualidade e segurança, portanto não passou por uma

avaliação técnica para assegurar os requisitos mínimos de segurança.

Entretanto, os resultados colhidos foram de extrema importância não apenas

no que se refere à formação profissional na área de segurança do trabalhado, como

também para a maneira de reavaliar os valores sociais, no sentido de perceber que,

assim como a sociedade está em constantes mudanças, as medidas de proteção ao

trabalhador também devem acompanhar essa evolução.

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(Segurança e Medicina do Trabalho) dos Manuais de Legislação Atlas, da Editora

Atlas.

SUPERINTENDENCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO EM SÃO PAULO.

Problema em EPI foi causa de morte em São Paulo. 9. abril. 2008.

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do

trabalho. 7. ed. rev. São Paulo: Atlas, 2002. 277p.

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ANEXO

Norma Regulamentadora Nº 1 - Disposições Gerais

Norma Regulamentadora Nº 2 - Inspeção Prévia

Norma Regulamentadora Nº 3 - Embargo ou Interdição

Norma Regulamentadora Nº 4 - Serviços Especializados em Eng. de Segurança e

em Medicina do Trabalho

Norma Regulamentadora Nº 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

Norma Regulamentadora Nº 6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Norma Regulamentadora Nº 7 - Programas de Controle Médico de Saúde

Ocupacional

Norma Regulamentadora Nº 8 - Edificações

Norma Regulamentadora Nº 9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

Norma Regulamentadora Nº 10 - Segurança em Instalações e Serviços em

Eletricidade

Norma Regulamentadora Nº 11- Transporte, Movimentação, Armazenagem e

Manuseio de Materiais

Norma Regulamentadora Nº 11 Anexo I - Regulamento Técnico de Procedimentos

para Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e

outras Rochas

Norma Regulamentadora Nº 12 - Máquinas e Equipamentos

Norma Regulamentadora Nº 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão

Norma Regulamentadora Nº 14 - Fornos

Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres

Norma Regulamentadora Nº 16- Atividades e Operações Perigosas

Norma Regulamentadora Nº 17 - Ergonomia

Norma Regulamentadora Nº 17 Anexo I - Trabalho dos Operadores de Checkouts

Norma Regulamentadora Nº 17 Anexo II - Trabalho em Teleatendimento /

Telemarketing

Norma Regulamentadora Nº 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção

Norma Regulamentadora Nº 19 - Explosivos

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Norma Regulamentadora Nº 19 Anexo I - Segurança e Saúde na Indústria de

Fogos de Artifício e outros Artefatos Pirotécnicos

Norma Regulamentadora Nº 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

Norma Regulamentadora Nº 21 - Trabalho a Céu Aberto

Norma Regulamentadora Nº 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

Norma Regulamentadora Nº 23 - Proteção Contra Incêndios

Norma Regulamentadora Nº 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de

Trabalho

Norma Regulamentadora Nº 25 - Resíduos Industriais

Norma Regulamentadora Nº 26 - Sinalização de Segurança

Norma Regulamentadora Nº 27 - Revogada pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008

Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB

Norma Regulamentadora Nº 28 - Fiscalização e Penalidades

Norma Regulamentadora Nº 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde

no Trabalho Portuário

Norma Regulamentadora Nº 30 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde

no Trabalho Aquaviário

Norma Regulamentadora Nº 30 - Anexo I - Pesca Comercial e Industrial

Norma Regulamentadora Nº 31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde

no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura

Norma Regulamentadora Nº 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em

Estabelecimentos de Saúde

Norma Regulamentadora Nº 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços

Confinados

Normas Regulamentadoras Rurais Nº 1 - Revogada pela Portaria GM n.º 191,

15/04/2008 – Disposicoes gerais

Normas Regulamentadoras Rurais Nº 2 - Revogada pela Portaria GM n.º 191,

15/04/2008 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural -

SEPATR

Normas Regulamentadoras Rurais Nº 3 - Revogada pela Portaria GM n.º 191,

15/04/2008 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural -

CIPATR

Normas Regulamentadoras Rurais Nº 4 - Revogada pela Portaria GM n.º 191,

15/04/2008 - Equipamento de Proteção Individual - EPI

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Normas Regulamentadoras Rurais Nº 5 - Revogada pela Portaria GM n.º 191,

15/04/2008 - Produtos Químicos