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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL
MESTRADO ACADÊMICO INTERDISCIPLINAR EM HISTÓRIA E LETRAS
MAYARA CRUZ ALBUQUERQUE
PALAVRA DE MULHER, NOVOS LEITORES
A PRESENÇA DE ESCRITORAS NAS AULAS DE LITERATURA EM ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE QUIXERAMOBIM
QUIXADÁ-CEARÁ
2019
11
MAYARA CRUZ ALBUQUERQUE
PALAVRA DE MULHER, NOVOS LEITORES
A PRESENÇA DE ESCRITORAS NAS AULAS DE LITERATURA EM ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE QUIXERAMOBIM
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico Interdisciplinar em História e Letras da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção de título de Mestre em História e Letras. Área de concentração: Gênero, Raça e Identidades
Orientadora: Profª. Drª. Vânia Maria Ferreira Vasconcelos
QUIXADÁ-CEARÁ
2019
11
MAYARA CRUZ ALBUQUERQUE
PALAVRA DE MULHER, NOVOS LEITORES
A PRESENÇA DE ESCRITORAS NAS AULAS DE LITERATURA EM ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE QUIXERAMOBIM
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico Interdisciplinar em História e Letras da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção de título de Mestre em História e Letras. Área de concentração: Gênero, Raça e Identidades
Quixadá, 28 de fevereiro de 2018
BANCA EXAMINADORA
11
AGRADECIMENTOS
A todas as Severinas que entrelaçaram o meu caminho. Sendo elas escritoras,
pesquisadoras, agricultoras, amigas, é nelas que eu deposito a minha fé.
A Vânia Vasconcelos que me deu toda liberdade de escrita e força necessária para a
produção desta pesquisa.
A Larissa Queiroz que contribuiu de forma imensurável na construção dos gráficos e
contagem de dados. Sem ela essa pesquisa não teria 3° capítulo.
A família, em especial, à minha mãe, que sempre me mostrou a importância dos
livros, mesmo se aborrecendo de vez em quando com a quantidade dos meus.
A UECE que me acolheu desde a graduação, em especial, ao Mestrado
Interdisciplinar em História e Letras MIHL - UECE, que me oportunizou continuar
vivendo no interior e conquistar uma pós-graduação de qualidade.
11
“Na verdade, penso eu, ainda vai levar
muito tempo até que uma mulher possa
se sentar e escrever um livro sem
encontrar com um fantasma que precise
matar, uma rocha que precise enfrentar. E
se é assim na literatura, a profissão mais
livre de todas para as mulheres, quem
dirá nas novas profissões que agora
vocês estão exercendo pela primeira
vez?”
(Virginia Woolf)
11
RESUMO
A produção literária foi uma conquista das mulheres e a legitimação da escrita
feminina como uma escrita que também é capaz de fazer parte do campo literário
não é uma luta superada, autoras ainda são menos reconhecidas e vistas em livros
didáticos e bibliotecas escolares. A partir disso, esta pesquisa investigou a presença
ou não presença da autoria feminina nas aulas de literatura em escolas públicas
estaduais do município de Quixeramobim, localizado no Sertão Central do Ceará. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e de campo, culminando na
aplicação de 264 questionários. O levantamento de dados constatou que escritoras
estão sendo mais lidas, mas ainda há uma disparidade significativa no número de
autoras e autores lidos, como também professores e professoras que nunca tinham
parado para pensar na invisibilidade de escritoras nos livros didáticos, o que se
reflete na escolha dos textos trabalhados ao longo do ano. Para empoderar a
escrita, dialogamos com as “vozes-mulheres” de Regina Dalcastagnè (2005),
Virginia Woolf (2014), Zahidé Lupinacci Muzart (2003), entre outras pesquisadoras e
escritoras.
Palavras-chave: Autoria feminina. Crítica feminista. Campo literário. Educação
feminista. Escola pública.
11
ABSTRACT
Literary production was an achievement of women and the legitimation of female
writing as a writing that is also capable of being part of the literary field is not a
struggle overcome, authors are still less recognized and seen in textbooks and
school libraries. Based on this, this research investigated the presence or absence of
female authorship in literature lessons in state public schools in the Quixeramobim
town, located in the Central backwoods of Ceará. The methodology used was the
bibliographical and field survey, culminating in the application of 264 questionnaires.
The data collection noticed that women writers are being read more, but there is still
a significant disparity in the number of female and male authors read, as well as
teachers who have never stopped to think about the invisibility of women writers in
textbooks, which reflects the choice of texts used throughout the year. To empower
writing, we dialogue with the voices-women of Regina Dalcastagnè (2005), Virginia
Woolf (2014), Zahidé Lupinacci Muzart (2003), among other female researchers and
writers.
Keywords: Female authorship. Feminist criticism. Literary field. Feminist education.
Public school
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 -
Gráfico 2 -
Gráfico 3 -
Gráfico 4 -
Gráfico 5 -
Gráfico 6 -
Gráfico 7 -
Gráfico 8 -
Gráfico 9 -
Gráfico 10 -
Gráfico 11 -
Gráfico 12 -
Minha escola é o lugar onde..................................................
Qual a importância da escola para você?............................
Com que frequência você lê..................................................
Que gênero você gosta de ler?..............................................
Ambiente de leitura em casa..................................................
Quantos livros há em sua casa? (feminino).........................
Quantos livros há em sua casa? (masculino)......................
Quantos livros lê por ano na escola?...................................
Gosta dos livros indicados pelos professores....................
Quem indica suas leituras?...................................................
Hábitos de leitura (feminino).................................................
Hábitos de leitura (masculino) .............................................
68
69
70
71
72
73
73
74
75
76
77
78
11
SUMÁRIO
1
2
2.1
2.2
3
3.1
3.2
3.3
4
4.1
4.2
5
INTRODUÇÃO.......................................................................................
LUGAR DE MULHER É NA LITERATURA...........................................
A FORMAÇÃO DA LEITURA NO BRASIL E A INVISIBILIDADE DA
ESCRITA FEMININA.............................................................................
REPRESENTATIVIDADE, EMPODERAMENTO E A BUSCA POR
VISIBILIDADE: A PLURALIDADE DA ESCRITA FEMININA.................
QUANDO A MULHER COMEÇOU A FALAR.......................................
O MOVIMENTO FEMINISTA E A FICÇÃO DE AUTORIA FEMININA...
LITERATURA CANÔNICA E SEUS PERSONAGENS FEMININOS:
QUEM SÃO ESSAS MULHERES?........................................................
CRÍTICA LITERÁRIA FEMINISTA E OS SEUS DESDOBRAMENTOS
PARA O ENSINO...................................................................................
A ESCOLA PODE SER FEMINISTA?..................................................
A LITERATURA NA ESCOLA E O QUE ELA COMUNICA....................
MENOS SEXISMO, MAIS LITERATURA: UMA CONVERSA COM
PROFESSORES E ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE
QUIXERAMOBIM.................................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................
REFERÊNCIAS ....................................................................................
ANEXO..................................................................................................
ANEXO A - QUESTIONÁRIOS..............................................................
11
14
14
21
35
35
45
51
56
56
59
93
95
99
100
11
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa busca investigar a presença de escritoras nas escolas
públicas, se elas fazem parte ou não das leituras dos alunos e das aulas de
literatura. Nos cursos de Letras, Pedagogia, entre outros da área das Humanas,
autores são mais lidos e trabalhados durante o semestre, em detrimento das
escritoras que continuam invisíveis para muitos professores. Por que na escola seria
diferente?
Podemos afirmar que mulheres escreviam menos que os homens e,
portanto, tinham menos expressão literária, mas não podemos esquecer que as
condições de vida das mulheres sempre foram de limitação à liberdade, à educação,
ao político. A redução da mulher como sujeito histórico traz marcas difíceis de
apagar até hoje, mas já não há mais porque ignorar a produção literária de
escritoras como Conceição Evaristo, Hilda Hilst, Cassandra Rios, Maria Firmina dos
Reis, Gilka Machado, Carolina Maria de Jesus, para citar apenas algumas. Nesse
sentido, preenchendo as lacunas deixadas pela história literária tradicional, a crítica
feminista assumiu o papel fundamental de quebrar hierarquias, questionar o cânone
e contribuir para uma nova história da literatura. Na caminhada de insubmissão, o
movimento feminista tem participação fundamental, pois através da luta de mulheres
a educação tornou-se possível para todas.
Nesse sentido, a nossa pesquisa analisa a presença da literatura feminina
nas escolas de ensino médio públicas do município de Quixeramobim, interior do
Ceará, e como ela pode contribuir para uma escola menos sexista e mais plural a
partir da discussão de textos de escritoras como Carolina de Jesus, Marina
Colasanti, Clarice Lispector, entre outras, formando assim leitores conscientes de
que a literatura não pode mais ser um espaço privilegiado, de que é preciso
democratizar o acesso à produção artística dessas mulheres e as vozes que elas
representam.
Utilizamos duas metodologias de pesquisa para compor esse trabalho,
primeiramente, a bibliográfica. Dessa forma, nos apropriamos da crítica literária
feminista e a crítica literária em geral para perceber como estas reconhecem ou não
a produção literária feminina, buscando abranger também referencial teórico sobre
formação de leitores.
12
A segunda etapa de nosso trabalho foi dedicada à pesquisa de campo.
Nesta etapa, aplicamos questionários/entrevistas em quatro escolas públicas do
município de Quixeramobim, no Sertão Central do Ceará com estudantes e profes-
sores (as) de literatura do Ensino Médio. Como passo inicial, fizemos o levantamen-
to e análise do material didático utilizado nas escolas, suas bibliotecas, quantos li-
vros produzidos por mulheres e quais títulos e gêneros estão presentes em seus
acervos, e os planos anuais.
O primeiro capítulo ‘Lugar de mulher é na literatura’ discute a pluralidade
da escrita feminina e a sua invisibilidade que percorre desde o meio de produção até
a falta de divulgação, desembocando assim no acesso dos leitores a obras de
autoria feminina e como todo esse processo atinge a escola e educação literária dos
estudantes. A multiplicidade de olhares que a literatura de autoria feminina traz e a
produção literária como território de disputa e (des) legitimação de vozes com “Um
território contestado: literatura brasileira contemporânea e as novas vozes sociais”,
de Regina Dalcastagnè, como também faremos um breve histórico de como a
formação do leitor se deu no Brasil e como a mulher se situa nisso a partir de A
Formação da Leitura no Brasil, de Marisa Lajolo e Regina Zilberman.
O segundo capítulo ‘Quando a mulher começou a falar’ aborda a inserção
da mulher na literatura e o papel da crítica literária feminista para o reconhecimento
da produção literária de autoria feminina, bem como a importância dessa produção
literária alcançar o ensino médio e contribuir com as aulas de literatura. Para tanto,
contamos com artigos de Constância Lima Duarte, Linda Nochlin, Jane Soares de
Almeida, Zahidé Lupinacci Muzart, entre outras pesquisadoras.
O terceiro e último capítulo ‘A escola pode ser feminista?’ apresenta a
pesquisa de campo em quatro escolas públicas do município de Quixeramobim,
localizado no Sertão Central do Ceará, com estudantes de ensino médio e
professores da educação básica, como também a análise dos livros didáticos
utilizados nas escolas, suas bibliotecas e a presença de livros de autoria feminina,
os projetos político-pedagógicos e planos anuais. Em resumo, os ambientes
escolares em que a literatura cria possibilidades de existência e resistência.
Por fim, é importante destacar que o nosso trabalho, por coerência
ideológica, deu total prioridade a pesquisadoras, logo a bibliografia é composta por
estudos e pesquisas produzidas por mulheres, sobretudo porque são essas
pesquisadoras quem melhor lançaram a reflexão dessas questões teóricas.
13
Com o contato com professores e alunos esperamos germinar uma
semente para o ano letivo vindouro, desejando que as aulas de literatura dessas
escolas possam gerar mais e mais debates sobre a importância das mulheres
conquistarem espaços e terem suas produções apreciadas, divulgadas e
recomendadas. Quanto mais leitores acessam textos produzidos por mulheres, mais
vozes são ouvidas, mais tabus são derrubados e preconceitos desmistificados.
14
2 LUGAR DE MULHER É NA LITERATURA
Neste capítulo discutiremos a escrita feminina e a sua invisibilidade que
decorre de causas situadas que vão desde o meio de produção até a falta de
divulgação, desembocando assim no escasso acesso dos leitores a obras de autoria
feminina. Investigamos como todo esse processo atinge a escola e a educação
literária dos estudantes fazendo com que escritoras estejam ou não presentes nos
livros didáticos e nas aulas de literatura. Veremos a multiplicidade de olhares que a
literatura de autoria feminina traz e a produção literária como território de disputa e
(des) legitimação de vozes a partir da leitura de Um território contestado:
literatura brasileira contemporânea e as novas vozes sociais, de Regina
Dalcastagnè. Também trataremos da formação do leitor no Brasil a partir de A
Formação da Leitura no Brasil, de Marisa Lajolo e Regina Zilberman e a imagem
da mulher na literatura canônica e como isso se reflete na produção literária com A
mulher escrita, de Ruth Silviano e Lúcia Castello, entre outras pesquisadoras.
2.1 A FORMAÇÃO DA LEITURA NO BRASIL E A INVISIBILIDADE DA ESCRITA
FEMININA
A conquista de voz das mulheres na literatura passou primeiro pela
conquista da educação, bandeira feminista que é carregada até hoje. O ato de ler foi
o primeiro passo para mulheres tornarem-se escritoras, e claro, estamos falando das
mulheres burguesas, as mulheres pobres trabalhavam em fábricas e não eram
alfabetizadas, muito menos tinham tempo para ler:
Sempre convém lembrar que, antes de serem escritoras, as mulheres foram leitoras. No século XIX, com a expansão da alfabetização, as mulheres burguesas tornam-se o grande público leitor da época. Em seguida, passaram a manifestar-se, inicialmente na correspondência doméstica, depois nos rodapés dos jornais e, finalmente, nos livros impressos. Nesses veículos, as mulheres expressaram seus pensamentos, sentimentos, sua visão do mundo (ZINANI; SANTOS, 2015, p.122).
A imprensa feminina é reconhecida pelas receitas culinárias, por dicas de
beleza e comportamentais e outras questões que se tornaram intrinsecamente
15
questões femininas, mas se as mulheres não ocupavam os espaços e cargos
públicos e estavam confinadas a seus lares, como falar do que acontecia lá fora? O
que é estranho é a insistência de revistas contemporâneas que continuam a ver a
mulher como um anjo do lar, que vendem uma imagem de mulheres
hipersexualidadas e obcecadas pela beleza estética. Os estereótipos de gênero
perpetuam imagens cristalizadas e enrijecidas pelo tempo, como afirma Cecil
Jeanine Zinani e Salete dos Santos (2015):
À primeira vista, receitas de culinária, ditames de beleza, conselhos de comportamento, poemas de amor podem aparentar neutralidade, porém, ao sair da superfície do texto, percebe-se que tais assuntos, tão veiculados pela imprensa feminina, apresentam conteúdos fortes. A relação de gênero, na sociedade brasileira, foi marcada pela diferença no tratamento entre os sexos, reduzindo a mulher à condição de inferioridade, sendo que essa representação social acabou por acompanhar as práticas do cotidiano das populações. A literatura constitui parte integrante do campo cultural e a sua evolução foi controlada, até há pouco tempo, pela ideologia patriarcal e por seus pressupostos, sobre as diferenciações assimétricas e hierárquicas de gênero; dessa forma, as mulheres que, no passado, procuraram atuar no campo das letras, acabaram por ficar à margem da literatura, e, portanto, silenciadas e esquecidas nas histórias literárias (ZINANI; SANTOS, 2015, p.13).
As mulheres viam na imprensa a possibilidade de escrever e atuar no
campo das letras e também como sustento. Clarice Lispector foi uma das escritoras
que trabalhou com muito vigor no meio jornalístico e alguns de seus livros foram
publicados aproveitando a sua produção como cronista e colaboradora de jornais.
No final dos anos 60, Lispector trabalhou como cronista do Jornal do Brasil e
entrevistadora na revista Manchete. Na Manchete, a sua coluna ‘Diálogos possíveis
com Clarice Lispector’ consistia em entrevistas com “figuras importantes da cultura
do país”. Talvez o que seja desconhecido de seus leitores é que a escritora também
trabalhou em colunas femininas usando os pseudônimos de Tereza Quadros para o
jornal Comício em 1952 e, depois, como Helen Palmer no Correio da Manha, em
1958 e 1959. Por que será que em colunas femininas Clarice não assinava com seu
nome? Sim, Clarice Lispector já escreveu textos sobre perfumes, educação dos
filhos, tratamentos de beleza, moda e culinária. Estes textos foram publicados em o
Correio Feminino, pela editora Rocco. A resposta para essa questão é,
provavelmente, que Clarice sabia que esses textos corroboravam e afirmavam a
mulher pacífica, abnegada aos desejos do marido e da família, diferente das
personagens femininas da sua ficção que vão até o limite para conhecer a si
16
mesmas. Não podemos esquecer que Lispector tinha dois filhos que dependiam do
seu trabalho e por isso ela não poderia se dar ao luxo de não trabalhar escrevendo
sobre questões que os editores julgavam ideais para se dirigirem ao público
feminino, daí o uso dos pseudônimos. Aqueles textos não eram de Clarice Lispector,
mas de uma mulher que dependia da sua escrita para sobreviver e criar os filhos.
As primeiras mulheres brasileiras que aprenderam a ler e escrever, no
século XIX, foram verdadeiras “quebradoras de correntes” porque para a sociedade
brasileira daquela época mulher não precisava saber ler, muito menos escrever,
como afirma a professora e pesquisadora Constância Lima Duarte (2003) em
‘Feminismo e literatura no Brasil’:
Quando começa o século XIX, as mulheres brasileiras, em sua grande maioria, viviam enclausuradas em antigos preconceitos e imersas numa rígida indigência cultural. Urgia levantar a primeira bandeira, que não podia ser outra senão o direito básico de aprender a ler e a escrever (então reservado ao sexo masculino). A primeira legislação autorizando a abertura de escolas públicas femininas data de 1827, e até então as opções eram uns poucos conventos, que guardavam as meninas para o casamento, raras escolas particulares nas casas das professoras, ou o ensino individualizado, todos se ocupando apenas com as prendas domésticas. E foram aquelas primeiras (e poucas) mulheres que tiveram uma educação diferenciada, que tomaram para si a tarefa de estender as benesses do conhecimento às demais companheiras, e abriram escolas, publicaram livros, enfrentaram a opinião corrente que dizia que mulher não necessitava saber ler nem escrever (DUARTE, 2003, p.152, 153).
As mulheres eram tão castradas que até mesmo as de família rica eram
iletradas e a educação formal que recebiam era muita limitada porque os pais não
tinham interesse de ver suas filhas estudando. Com as campanhas em prol da
educação feminina é que as coisas começaram a mudar, ainda a passos muitos
vagarosos, e as mulheres leitoras passam a fazer parte dos personagens de
romances urbanos, mas sempre sob a ótica de romancistas homens e de um olhar
opressor e machista.
Aos poucos as mulheres vão ganhando espaço e curiosamente passam
de iletradas e “incompetentes para a vida”, lembrando Macabéa, para o título de
educadoras. Como afirmam Lajolo e Zilberman (1998) em A formação da leitura no
Brasil, livro essencial para conhecer a luta das mulheres brasileiras para conquistar
o direito à educação:
Destinar a mulher ao ensino resolvia diferentes problemas: justificava
17
pragmaticamente a necessidade de educá-la; solucionava a falta de mão de obra para o magistério, profissão pouco procurada porque mal remunerada; desobrigava o Estado de melhorar os proventos dos professores, porque o salário da mulher não precisava (e nem deveria) ser superior ao do homem, e sim complementar dele. Essas considerações recobriam-se por outras, de caráter ideológico: idealizava-se a professora, chamando-a de mãe, sugerindo assim que, lecionando, ela continuava fiel à sua natureza maternal. Negava-se o elemento profissional da docência, porque a sala de aula convertia-se num segundo lar (LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p.471, 472).
A mulher foi sempre vista como solução, quando a mão de obra era
escassa e não se tinha outra solução. Durante as guerras, por exemplo, quando os
homens precisavam partir e elas tomavam o posto de suas atividades, mas só até
enquanto eles não voltavam para casa. Como a educação tornou-se sinônimo de
cuidado e maternidade, quem mais poderia desempenhar o papel de educar além da
mulher que supostamente nasceu para isso?
Marina Colasanti, escritora declaradamente feminista, em seus livros,
além de construir personagens femininas fortes e emancipadas, também faz questão
de falar em educação e a literatura produzida por mulheres como em Fragatas para
Terras Distantes, em que se pergunta como teria começado a escrever sem antes
conquistar a sua formação de leitora:
O que, sim, poderia me perguntar, embora sabendo de antemão que não encontrarei resposta, é, que escritora teria sido eu se não tivesse sido leitora? Ou melhor: extraída de mim a leitura, que ser humano eu seria, e que ponto de partida teria para uma escrita? (COLASANTI, 2004, p.246).
Os passos iniciais para a emancipação da mulher através do acesso à
literatura resultam até hoje na discussão se existe ou não uma literatura feminina.
Os primeiros textos dedicados ao público feminino faziam parte dos folhetins, que
eram novelas publicadas em jornais, como também romances, que não podemos
considerar de qualidade elevada. No final das contas, o acesso era controlado e a
formação dessas leitoras não passava dos considerados romances açucarados e de
personagens apaixonadas e entregues ao amor:
À revelia ou consentidamente, fruto das mobilizações visando à instrução feminina e da necessidade de formação de professoras, as mulheres acabaram, no entanto, por constituir-se num grupo de consumidoras dignas de atenção. Leitoras com exigências próprias e escritoras ativas, não podiam ser ignoradas ou marginalizadas. A sociedade, todavia, tratou de controlá-las, usando de alguns mecanismos: converteu o magistério numa extensão da tarefa doméstica e maternal e desqualificou o trabalho delas
18
aos olhos masculinos; desvalorizou suas leituras, embora não deixasse de fornecê-las em quantidades substanciais e crescentes; condicionou a recepção de obras às necessidades de doutrinação desse público, que reabsorveu valores familistas e patriarcais, traduzidos agora na linguagem da idealização da mulher e de sua tarefa doméstico-pedagógica (LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p.477, 478).
A desvalorização de suas leituras, a desqualificação de suas obras são
fatores que invisibilizaram o trabalho de escritoras como Maria Firmina dos Reis,
escritora negra abolicionista, considerada a primeira romancista brasileira. Dessa
forma, eu como professora e ex-estudante de escola pública, assim como tantas,
nunca tive a oportunidade de ver sua obra nos livros didáticos e muito menos nas
aulas de literatura.
Quando falamos da necessidade de reconhecimento da escrita feminina é
importante pensar que personagens femininas também são minoria no romance
brasileiro, como constata Regina Dalcastagnè em sua pesquisa ‘Personagens do
romance brasileiro contemporâneo’:
Além de serem minoritárias nos romances, as mulheres têm menos acesso
à “voz” – isto é, à posição de narradoras – e ocupam menos as posições de maior importância. Ao mesmo tempo, os dados demonstram que a possibilidade de criação de uma personagem feminina está estreitamente ligada ao sexo do autor do livro. Quando são isoladas as obras escritas por mulheres, 52% das personagens são do sexo feminino, bem como 64,1% dos protagonistas e 76,6% dos narradores. Para os autores homens, os números não passam de 32,1% de personagens femininas, com 13,8% dos protagonistas e 16,2% dos narradores. Fica claro que a menor presença das mulheres entre os produtores se reflete na menor visibilidade do sexo feminino nas obras produzidas (DALCASTAGNÈ, 2005, p.36).
Através da leitura dos dados levantados pela pesquisa da professora
Dalcastagnè, é possível perceber que grupos historicamente excluídos não podem
ter suas histórias reveladas em obras ficcionais porque eles não existem fora da
ficção.
Quando pensamos na educação como ferramenta de mudança na vida
das mulheres, sejam elas do século XIX ou do XXI, pensamos numa educação que
liberta sujeitos. Se mulheres existem e reexistem hoje através de textos literários é
porque outras mulheres lutaram para que essa conquista fosse efetivada e para isso
tiveram que transgredir regras. Transgredir que é o que ensina bell hooks em seu
livro Ensinando a transgredir – a educação como prática da liberdade em que a
autora analisa a sua experiência pessoal na escola como aluna negra cercada de
professores brancos que a ensinavam a partir de uma visão eurocêntrica,
19
colonialista, racista, até chegar os dias atuais como professora do ensino superior
estadunidense e os desafios para lançar aos seus alunos uma “pedagogia
engajada”.
Acreditamos que a partir da literatura é possível uma escola que liberte e
dê importância para a história dos sujeitos de forma mais amplificada. A literatura
pode ser esse caminho para uma escola que forma o pensamento crítico e livre de
seus estudantes e que consegue coexistir e respeitar o outro em sua diversidade e
individualidade. Nesse sentido, acreditamos que a leitura de textos de autoria
feminina oferece uma grande contribuição para debater sobre as histórias que não
são contadas. Em tempos que é preciso resistir e não se calar, destacamos bell
hooks quando cita Chandra Mohanty, em seu ensaio ‘On Race and Voice:
Challenges for Liberation Education’:
A resistência reside na interação consciente com os discursos e representações dominantes e normativos e na criação ativa de espaços de oposições analíticos e culturais. Evidentemente, uma resistência aleatória e isolada não é tão eficaz quanto aquela mobilizada por meio da prática politizada e sistêmica de ensinar e aprender. Descobrir conhecimentos subjugados e tomar posse deles é um dos meios pelos quais as histórias alternativas podem ser resgatadas. Mas, para transformar radicalmente as instituições educacionais, esses conhecimentos têm de ser compreendidos e definidos pedagogicamente não só como questão acadêmica, mas como questão de estratégia e prática (Mohanty apud hooks, 2013, p.36)
As lacunas que ficaram na minha formação como leitora e como teria
perdido a chance de ler e aprender com algumas escritoras se não fosse a internet e
os grupos que me engajei ao longo do caminho me trouxeram questões que
mudaram a minha postura em sala de aula. Hoje como professora da educação
básica e pesquisadora quero pensar nessa questão não só de forma acadêmica,
mas também como uma “questão estratégica e prática”. Quais são as autoras que
são levadas para a sala de aula? Como são os debates nas aulas de literatura?
Ainda existe aula de literatura no ensino médio da escola pública?
Quando fizemos o ensino médio, entre os anos de 2006 e 2008, o livro
adotado nas escolas públicas do munícipio de Quixeramobim era Português:
literatura, gramática, produção de texto, de Leila Lauar Sarmento e Douglas
Tufano. Através da experiência de professora de Língua Portuguesa e Literatura, em
2016, já utilizamos na preparação de nossas aulas o livro Português: Linguagens
em conexão, de Márcia Travalha, Graça Sette e Rozário Starling e atualmente
20
Novas Palavras de Emília Amaral, Mauro Ferreira, Ricardo Leite e Severino
Antônio. Nesse ínterim, é possível observar que houve mudanças no livro didático
de Língua Portuguesa, mas não significativas o suficiente que revelem a produção
de autoria feminina, ou seja, ainda mantendo pouco conhecidas e lidas as autoras,
conforme esta pesquisa pretende demonstrar.
Fazendo um comparativo a partir do que analisaremos nos livros
utilizados pelas quatro escolas públicas estaduais de Quixeramobim – a presença ou
não presença de escritoras – é possível perceber que a publicação que me auxiliou
durante o ensino médio em 2004 (volume único que utilizei durante três anos de vida
escolar), há uma presença ínfima de escritoras para não dizer quase inexistente. As
primeiras escritoras que vamos encontrar em Português: literatura, gramática,
produção de texto, depois de mais de 140 páginas sobre literatura e historiografia
literária, representando a segunda fase modernista, na prosa e poesia
respectivamente são Rachel de Queiroz e Cecília Meireles e logo depois Clarice
Lispector na prosa a partir da década de 40. E a presença de escritoras neste livro
se resume a estas três escritoras em mais de 170 páginas. É importante ressaltar
que já existem pesquisas que registram a presença de escritoras brasileiras com
publicações em todos os gêneros desde o século XIX, como a coleção de
Escritoras Brasileiras do Século XIX da editora Mulheres que reúne cerca de 3000
páginas sobre autoras ainda desconhecidas ou apagadas da história da literatura
brasileira.
Já no livro que dei aula na minha primeira experiência como professora,
uma publicação de 2013, nas suas primeiras páginas, no chamado Pré-Modernismo,
encontramos a escritora e poeta Gilka Machado. Um dos textos disponibilizados pelo
capítulo é ‘Gilka Machado: uma poeta feminista entre o Simbolismo e o Pré-
Modernismo’ e uma das atividades propostas é um sarau com poemas de Gilka
Machado e Augusto dos Anjos. No Modernismo em Portugal encontramos a poeta
portuguesa Florbela Espanca. Para abrir a conversa sobre a obra de Espanca o livro
lança algumas perguntas, eis uma delas: “Em sua opinião, por que há poucas
escritoras – na literatura brasileira e portuguesa – de destaque, até esse período?”.
Na primeira fase do Modernismo no Brasil temos a presença de Patrícia Galvão, a
Pagu. Na segunda fase Rachel de Queiroz, na terceira Clarice Lispector com foco
em A Hora da Estrela. No capítulo intitulado ‘Prosa Contemporânea: o cenário
urbano e o realismo fantástico’ nos deparamos com a poeta e romancista Conceição
21
Evaristo e dois títulos interessantes para gerar debates: ‘A violência da desigualdade
denunciada por artistas contemporâneos’ e ‘Uma voz feminina no romance afro-
brasileiro’. No capítulo ‘Prosa contemporânea – novos gêneros e diálogos’ temos a
presença de Laura Guimarães, roteirista e diretora de curtas-metragens paulista e o
seu trabalho com microcontos. No capítulo ‘Poéticas brasileiras da segunda metade
do século XX ao século XXI’ temos a poeta e artista visual Lenora de Barros e Ana
Cristina César, e por fim, um capítulo intitulado ‘Vozes poéticas femininas
afrodescendentes e africanas contemporâneas’ que encerra a literatura no livro.
Neste capítulo temos a poética de Adélia Prado, Hilda Hilst, Alice Ruiz e mais um
pouco de Conceição Evaristo com o seu poema Vozes-Mulheres. O capítulo ainda
destaca o ativismo da norte-americana Betty Friedan.
É possível perceber que essas publicações se diferenciam no que
concerne a viabilização do trabalho de escritoras: na primeira, há apenas a presença
de três, na segunda, um leque maior e diverso de vozes femininas e uma abertura
para discussões de gênero. A partir dessa breve análise dos livros didáticos
podemos nos questionar como esses materiais afetam as aulas de literatura.
Embora expresse mudança, ainda revela que há uma predominância marcante de
autores masculinos, o que vem reforçar a denúncia de várias pesquisas que
apontam para uma imposição canônica de autores homens e brancos na literatura
brasileira divulgada nas escolas.
A perpetuação do cânone citado desencadeia que escritoras continuem
sendo menos lidas, publicadas e vistas em premiações ou feiras literárias e assim
destinadas ao que podemos chamar de “gueto literário”. Este gueto literário
caracteriza-se por uma literatura que é apresentada como frágil, delicada, fútil, sem
grandes questões. Dessa maneira, nas aulas de literatura, seja na escola ou na
faculdade, a leitura de textos literários produzidos por mulheres ainda é muito
insipiente, considerando-se a produção literária de autoria feminina e, sobretudo,
comparando-se à divulgação e leitura dos textos de autoria masculina.
A escola se configura para muitos como o primeiro espaço de encontro
com textos literários de forma orientada. A partir disso, questionamos: Como
professoras e professores podem fugir de um campo literário que continua sendo tão
excludente e viabilizar a leitura de textos de autoria feminina? Esse é um desafio
que a escola deve abraçar e que discutiremos mais nos próximos capítulos.
22
2.2 REPRESENTATIVIDADE, EMPODERAMENTO E A BUSCA POR VISIBILIDADE:
A PLURALIDADE DA ESCRITA FEMININA
Podemos analisar a literatura como um território de disputa a partir da
árdua trajetória de consolidação e legitimação da produção feminina como uma
escrita que também é capaz de fazer parte do campo literário e contribuir para novos
olhares sobre o mundo.
Quando novas vozes saem de um lugar de silenciamento e falam o que
pensam, novas histórias surgem e um mundo de possibilidades se abre. Para que
isso acontecesse, escritoras tiveram que disputar espaços e ainda continuam nesta
disputa com o objetivo de que a crítica literária, não só ela, reconheça o trabalho de
mulheres que escrevem como trabalhos que devem ser lidos e debatidos.
A literatura produzida por mulheres ainda permanece à margem e os
desdobramentos decorrentes do jogo de relações de poder continuam fazendo com
que essa literatura permaneça desprestigiada, agravando desigualdades históricas.
É preciso deslocar esse lugar para conhecer e divulgar a produção de mulheres.
Como aponta Regina Dalcastagnè (2005) essa invisibilidade vem também da
dificuldade de enxergar o que caracteriza os setores da sociedade que definem e
reforçam o cânone tradicional.
Assim como atrizes são questionadas por seus figurinos, dietas e pares
românticos quando deveriam ser questionadas por seus papéis, performances e
formação, ser uma mulher que escreve também é enfrentar estereótipos. A escritora
Marina Colasanti em seu livro Fragatas para Terras Distantes diz muito sobre isso:
Se eu disser: “Eu sou uma mulher”, tenho certeza de que a afirmação não causará nenhuma surpresa. Permito-me prosseguir com as afirmações, e dizer: “Eu sou uma escritora.” Isso também não deveria causar maiores estremecimentos. As duas questões são pacíficas. Entretanto, combinadas, parecem produzir uma poderosa reação química, cuja fórmula conduz inevitavelmente à pergunta: existe uma escrita feminina? (COLASANTI, 2004, p.65).
Essa escrita feminina vem sendo questionada ao longo do tempo, a partir
do momento que mulheres conquistaram o direito à educação e começaram a
ocupar as salas de aula como alunas e professoras, não apenas sendo leitoras
vorazes. A falta de divulgação e conhecimento da produção literária de mulheres não
é a única razão para Colasanti lançar a pergunta “Por que nos perguntam se
23
existimos?”, é também a falta de interesse no que essas mulheres escrevem e no
padrão que elas quebram a partir do momento que escrevem: mulheres que falam e
não mulheres que se calam.
Virginia Woolf, no ano de 1928, em seus ensaios e conferências, já
questionava a subversão que é a mulher ser escritora e abandonar todas as tarefas
que lhes foram destinadas, matar “o anjo do lar” para buscar uma profissão seja
escrever ou o que quisesse ser. A obra Um teto todo seu de Woolf tornou-se um
dos trabalhos precursores para os estudos literários de vertente feminina e feminista.
Nessa obra, temos a criação de Judith, a irmã fictícia de Shakespeare. O enredo
narra como seria difícil para ela tornar-se dramaturga. Apesar de Judith ter a mesma
capacidade criativa que seu irmão, nunca alcançaria com a sua literatura o que o
seu irmão alcançou: imortalidade e aclamação da crítica e público. Woolf deixa muito
claro em seu ensaio as diferentes barreiras que mulheres e homens enfrentam na
hora de escrever e publicar suas histórias:
A indiferença do mundo, que Keats, Flaubert e outros homens geniais achavam tão difícil de suportar, não era, no caso dela, indiferença, mas hostilidade. O mundo não dizia a ela, como dizia a eles: “Escreva se quiser, não faz diferença para mim”. O mundo dizia, gargalhando: “Escrever? O que há de bom na sua escrita?” (WOOLF, 2014, p.78).
Como Woolf acerta em dizer que mais do que indiferença as mulheres sofrem
hostilidade. As cidades, a política, a saúde, tudo é hostil para as mulheres. O
feminicídio é uma realidade dura, os números só aumentam. A violência não está em
pertencer ou não pertencer a um espaço por ser mulher, mas temer a própria vida
por ser de um gênero que historicamente é violado e posto em perigo.
Hoje pesquisadoras como Dalcastagnè demonstram que a mulher não
precisa apenas se emancipar, “ter um teto todo seu” com boas condições de
trabalho e dinheiro, elas precisaram sempre de mais do que isso para não serem
apagadas da história e serem levadas a sério. É importante lembrar que até o século
XIX a educação feminina era voltada apenas para as prendas domésticas para que
tivessem condições de cuidar do lar e do marido, e no máximo, além disso, tocar
piano e outras formas de entreter o marido e quem visitasse a família, tornando-se
assim uma esposa exemplar e companheira ideal. O que para os homens era bem
diferente, como afirma Cecil Jeanine Albert Zinani e Salete Rosa Pezzi do Santos
em Trajetórias de literatura e gênero: territórios reinventados:
24
Aos homens, tudo que fosse necessário para habilitá-lo ao mundo do trabalho; às jovens (da elite) bastava um pouco de francês, música, pintura, as quatro operações, além de etiqueta e princípios morais. Assim se formavam as jovens que o discurso senhorial prescrevia: educadas, meigas, acomodadas. É, pois, o feminismo que vai inaugurar a mulher pensante, que deixa de ser objeto dos part pris masculino e se torna sujeito de reflexão da própria história (ZINANI; SANTOS, 2016, p.223).
Não podemos esquecer que as mulheres operárias e trabalhadoras de
forma geral não tinham nenhum acesso a qualquer tipo de educação formal e
precisavam trabalhar fora para contribuir com o sustento de suas famílias. Até hoje a
educação feminina no Brasil é marcada pela exclusão. Mulheres pobres, indígenas,
negras ainda sofrem com o analfabetismo e a dificuldade para acessar o ensino
superior.
Falar em literatura produzida por mulheres e não falar de feminismo e
conquista de direitos é impossível porque para que mulheres pudessem escrever
tiveram primeiro que conquistar o direito à educação, como lembra em seu texto
‘Feminismo e literatura ou Quando a mulher começa a falar’, uma das primeiras
pesquisadoras sobre mulher e literatura no Brasil, Zahidé Lupinacci Muzart:
A ligação principal do feminismo com a literatura, entre nós, partiu no século XIX com a questão dos direitos das mulheres. Em primeiro lugar, o direito à educação e, em segundo, o direito à profissão. Na pesquisa sobre as escri-toras brasileiras do século XIX, deparei-me com vários textos nitidamente feministas, com feministas ativas como as periodistas, as fundadoras de jornais e periódicos. Essas tiveram uma quota considerável de responsabili-dade no despertar da consciência das mulheres brasileiras (MUZART, 2003, p.6,7).
Para Virginia Woolf (2016) em Profissões para mulheres e outros
artigos feministas, “matar o anjo do lar” era fundamental para uma mulher que
deseja tornar-se escritora. Talvez seja por isso que o feminismo ainda incomode
tanto, mulheres pensantes vão contra o discurso dominante. Ousadas e rebeldes, as
primeiras mulheres que decidiram ocupar um terreno, que a princípio não lhes
pertencia e que nunca fora pensado para elas, abriram as portas para que todas nós
pudéssemos um dia ter acesso à educação e ao poder da escrita.
Dando um salto para o século XXI, ainda enfrentamos dificuldades que se
equiparam às do começo e que estão marcadas na pele e na vida de quem ainda
ousa lutar como é o caso da ativista feminista paquistanesa Malala Yousafzai que
lutou pelo direito à educação feminina no Paquistão e foi baleada na cabeça por
25
talibãs ao voltar da escola. Yousafzai continua lutando1, com sua fundação que
colabora para que milhares de mulheres tenham acesso à educação em seus países
e em discurso na Assembleia de Jovens da ONU deixou muito claro para os
terroristas que não deixaria de lutar:
Os terroristas pensaram que eles mudariam meus objetivos e interromperiam minhas ambições, mas nada mudou na vida, com exceção disto: fraqueza, medo e falta de esperança morreram. Força, coragem e fervor nasceram (YOUSAFZAI
2, 2013).
Para combater o pensamento sexista é preciso compreender como esse
pensamento se formou e tem sido reforçado, inclusive nos meios científicos. Desde
a época de Platão e Aristóteles, passando por Rousseau e outros pensadores,
discursos que diminuem as mulheres são elaborados, apresentados em praças
públicas e publicados em obras:
Os discursos retratavam as mulheres como seres imperfeitos por natureza, seres inferiores aos homens e que, naturalmente, estariam destinadas a ser submissas a eles. As ideologias positivistas e higienistas procuravam manter a mulher no espaço doméstico e impor-lhe regras de conduta que regulavam seu comportamento, constituindo-a, assim, na esposa perfeita, submissa ao marido e, depois, aos filhos homens. A mulher, até 1840, era considerada como ‘boneca’, com a passagem do arquétipo de ‘boneca’, para ‘anjo’, ‘rainha do lar’, a mulher começa a ser tratada com mais respeito e com direito à educação, estudo que objetiva cumprir adequadamente as obrigações de sua nova posição, visando à formação da esposa agradável e da mãe competente (ZINANI; SANTOS, 2015, p.15,16).
Pesquisas relevantes como a da professora e pesquisadora Regina
Dalcastagnè são fontes para subvertermos a desproporção entre escritores e
escritoras. Como afirma Dalcastagnè (2015):
Cerca de 70 anos após Virginia Woolf publicar sua célebre análise das dificuldades que uma mulher enfrenta para escrever, a condição feminina evoluiu de muitas maneiras, mas a literatura – ou, ao menos, o romance – continua a ser uma atividade predominantemente masculina. Não é possível dizer se as mulheres escrevem menos ou se têm menos facilidade para publicar nas editoras mais prestigiosas (ou ambos). Há um indício que sugere que a proporção entre escritores homens e mulheres não é
1 Em julho de 2018 Malala Yousafzai esteve no Brasil para conhecer ativistas que lutam pela educação de
meninas e participar de palestras. Mesmo com um motivo muito importante para visitar o país, foi alvo de fake
news e discursos de ódio. Sobre os ataques sofridos por Malala, a blogueira Lola Aronovich escreveu em seu
blog Escreva Lola Escreva: https://escrevalolaescreva.blogspot.com/2018/07/assim-como-o-taliban-reacas-do-
brasil.html. 2 No livro Eu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã escrito
em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, Malala Yousafzai conta a sua luta pelo direito à educação
das mulheres em seu país e o que enfrentou por não se calar.
26
exclusividade das maiores editoras. Uma relação de 130 romances brasileiros lançados em 2004, organizada para um prêmio literário, indica apenas 31 títulos escritos por mulheres, isto é, 23,8% (DALCASTAGNÈ, 2005, p.31).
Alguns dirão que a baixíssima e discrepante porcentagem da pesquisa de
Dalcastagnè se dá pelo fato de que mulheres escrevem menos que os homens, o
que não há como se comprovar, já que não existem mecanismos para averiguar
escritas não publicadas. O que a pesquisa comprova, sem margem para dúvidas, é
que as escritoras mulheres são menos publicadas.
A conquista da vida pública, sobretudo uma vida voltada para a ascensão
intelectual e política foi um longo caminho, um grito de liberdade de mulheres que
não queriam ser vistas apenas como boas esposas e mães, mulheres que
romperam barreiras e criaram jornais e se firmaram como intelectuais, jornalistas,
escritoras, poetas, “mulheres das letras”, como afirma Constância Lima Duarte e
Kelen Benfenatti Paiva no artigo ‘A mulher de letras: nos rastros de uma história’:
Vencido o principal obstáculo à sua inserção no cenário das letras, o acesso à instrução, à educação, driblando os preconceitos herdados por um legado masculino na imprensa, a mulher de letras continuou encontrando dificuldades para que se reconhecessem a sua capacidade e o seu direito de ser escritora. Entre as dificuldades, a conflituosa tarefa de conciliar as atribuições ao longo dos anos destinadas à mulher e seus novos interesses relativos à participação na vida intelectual (DUARTE; PAIVA, 2009, p.16).
E é nesse momento que as mulheres lutaram pela emancipação e o
direito de ser escritora que o feminismo ou feminismos se fez tão necessário. As
vozes silenciadas, a falta de reconhecimento, os nomes esquecidos ou os nomes
apagados pelas sombras dos pseudônimos masculinos insurgiram a partir da luta
feminista. Em sua tese de doutorado defendida no Programa de Pós Graduação
Poslit, da UNB, As escritoras contemporâneas e o campo literário brasileiro:
uma relação de gênero, Virgínia Maria Vasconcelos Leal ressalta a importância da
luta feminista para a emancipação da escrita feminina:
Papel público vetado, por longo tempo, às mulheres e, como espaço de negociações, a instituição literária, na tradição ocidental, abriu-se pouco para a inserção feminina que, em termos históricos, é bastante recente. Pontuada por nomes, aqui e ali, a história da literatura de autoria feminina tem sido contada, principalmente, graças ao empenho da crítica literária feminista fruto direto do feminismo enquanto movimento social e político (LEAL, 2008, p.2).
27
Infelizmente muitas escritoras, não só no Brasil, rejeitam ou até mesmo
desconversam quando o assunto é ser feminista, principalmente quando se tenta
atrelar suas obras ao feminismo. Para Constância Duarte (2003) a recusa ao “título”
de feminista tem muito a ver com o medo de serem rejeitadas e consideradas
radicais, o que mostra que ainda há muito preconceito e projeção de estereótipos
acerca da figura da feminista que nada mais é do que uma mulher que luta pela
igualdade de gênero. Muitas definições sobre o que é uma mulher feminista são
construídas por homens que são inimigos do feminismo. As sufragistas há 160 anos
atrás sofreram ataques que não são diferentes dos sofridos pelas novas gerações
de mulheres feministas. A misoginia ainda é mesma e o seu poder consiste em
perpetuar discursos de ódio contra as mulheres.
Mesmo com a rejeição e a incompreensão ou podemos chamar o casulo
em que algumas escritoras se colocam, lembramos as palavras de Zahidé Lupinacci
Muzart (2003):
Pode-se dizer, mas é discutível, que, no século XIX, as mulheres que escreveram, que desejaram viver da pena, que desejaram ter uma profissão de escritoras, eram feministas, pois só o desejo de sair do fechamento doméstico, já indicava uma cabeça pensante e um desejo de subversão. E eram ligadas à literatura. Então, na origem, a literatura feminina no Brasil esteve ligada sempre a um feminismo incipiente (MUZART, 2003, p.10).
Esse feminismo incipiente ainda continua presente, pois como bem
sabemos o campo literário, em todas as suas etapas, desde a publicação até as
premiações, revela a falta de representatividade de mulheres. Essa ausência nesse
circuito reverbera no ensino de literatura nas escolas até a falta de escritoras nas
livrarias, rodas de leitura, entre outros espaços.
Nesse sentido, é fundamental que a crítica literária, bem como a
universidade, acolha e reconheça o trabalho de escritoras que foram esquecidas
pelo cânone, a fim de que suas obras não fiquem mais de fora e sejam consideradas
e analisadas pela historiografia literária para que cheguem por fim aos leitores que
merecem. Como afirma Regina Dalcastagnè (2012):
Ler Carolina Maria de Jesus como literatura, colocá-la ao lado de nomes consagrados, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector, em vez de relegá-la ao limbo do “testemunho” e do “documento”, significa aceitar como legítima sua dicção, que é capaz de criar envolvimento e beleza, por mais que se afaste do padrão estabelecido pelos escritores da elite (DALCASTAGNÈ , 2012, p.21).
28
Quando fazíamos a graduação em Letras e líamos sempre os mesmos
críticos e autores, não percebíamos o quão perigoso e silenciador era ter
professores e programas que não incluíam textos produzidos por mulheres e por isto
a importância de reconhecer o trabalho de autoria feminina como um campo legítimo
de pesquisa e crítica literária. Só conseguimos enxergar a importância dessa
discussão na crítica literária quando começamos a fazer leituras que questionam o
julgamento e visão limitada que muitos estudiosos trazem em seus livros reeditados
e considerados leituras obrigatórias na academia, como destaca Lucia Castello
Branco e Ruth Silviano Brandão, em A mulher escrita:
É como ouvirmos falar acerca do temperamento ou das realizações de mulheres como produto de uma percepção romântica do universo. Quando se trata de literatura, esses julgamentos terminam por incorrer em afirmativas visivelmente sectárias, como esta de Massaud Moisés (1981, p.425): “Vê-se que pode ser aproximada [Florbela Espanca] dos grandes sonetistas da língua [...], embora deles difira numa série de pontos (resultantes, no geral, de ser uma mulher e por isso cantar apenas o Amor)” (RUTH; BRANDÃO, 2004, p.105).
Tal posicionamento é perigoso, pois pode induzir (vindo de um
especialista) estudantes e professores a formarem uma visão preconceituosa de
textos a partir do gênero da autoria. A autoridade intelectual não é isenta de
preconceitos, mas pode levar leitores menos preparados a pensar “se um grande
nome da crítica falou não se fala mais nisso”. ‘A crítica literária de saia justa’, artigo
publicado em A mulher escrita: a escrita mulher?, Eliane Campello (2009), fala
sobre a importância de redescobrir a produção literária de mulheres:
A (re) descoberta e a (re) avaliação da produção literária de autoria feminina vem fortemente calcada em novos paradigmas de análise, bem como em conceitos alargados de sujeito, literatura e de história, fato que oportuniza a leitoras e leitores o conhecimento tanto de textos atuais como daqueles que foram sufocados por grossas camadas de poeira acumuladas pelo tempo (CAMPELLO, p.6, 2009).
Quando se trata de autoria feminina, pensamos que a experiência de
leitores mais maduros, se assim podemos chamar, confunde-se com leitores que
ainda estão iniciando a sua vida literária e conhecendo alguns clássicos e se
encantando por eles. Ambos sabendo ou não foram influenciados para escolherem
determinados livros em detrimento de outros. Como afirma Cecil Jeanine Zinani e
29
Salete Rosa dos Santos (2015):
A leitora feminina sempre fez a leitura do cânone, mesmo quando o cânone não abria a possibilidade de apresentar as suas experiências de mulher, deixando-a à margem no que diz respeito a sua apresentação na literatura. Já, no leitor masculino, percebe-se a inabilidade deste em validar esteticamente as obras literárias de autoria feminina, cujos elementos estruturais partem do mundo privado para a apresentação do mundo exterior, comprometendo a interpretação dos elementos ficcionais nele centrados (ZINANI, SANTOS, 2015, p.36).
Assim aconteceu comigo e com as minhas colegas do clube de leitura de
autoria feminina ‘Mulher e Literatura’, que se reúne na cidade de Quixeramobim para
discutir obras produzidas por mulheres. Líamos muito mais escritores, nossas
bibliotecas pessoais quase não tinham escritoras e nossos empréstimos na
biblioteca pública da cidade eram em sua maioria de obras masculinas. Lemos
Machado de Assis e outros autores consagrados na infância e adolescência, mas
nunca tínhamos ouvido falar de Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus. O
que nos fez mudar a ponto de criamos um clube de leitura que já completou dois
anos de existência? Um tweet com seus poucos caracteres, para não dizer a internet
e o seu poder de mobilização social.
Em 2014, a escritora, jornalista e ilustradora britânica Joanna Walsh
lançou a partir de uma hashtag em seu twitter a campanha Read Woman 2014. A
escritora percebeu em suas leituras uma presença muito mais significativa de
autores e resolveu mudar isso, ao compartilhar sua inquietação mobilizou milhares
de pessoas pelo mundo. No Brasil, o projeto de ler apenas escritoras em 2014 de
Walsh inspirou a criação de vários clubes de leitura pelo país para debater
produções femininas e o papel da mulher na literatura. É verdade que as editoras
continuam publicando um número muito mais expressivo de homens e os prêmios
continuam premiando muito mais autores do que autoras, mas quando nos damos
conta de que há algo errado nisso podemos subverter e mudar o que se transformou
em algo natural.
Nesse sentido, a luta e o papel da crítica feminista em questionar em
rever o cânone e o lugar das escritoras é fundamental, pois o desconhecimento
ainda existe:
A literatura produzida por mulheres foi vista, por muito tempo, como
30
possuidora de um valor estético menor do que aquela produzida pelo homem, visto que ela está próxima da experiência pessoal, mostrando certa tendência à autobiografia e ao caráter confessional, atrelando literatura à experiência particular. Esse pré-conceito, ainda percebido, advém do fato de acreditar-se que esse texto está preocupado unicamente em revelar os problemas domésticos ou íntimos, sem qualquer ligação com as questões consideradas importantes, lê-se nesse caso política, história, economia, entre outros (ZINANI, SANTOS, 2015, p.39).
Para a crítica feminista, a negligência com a apreciação das obras de
autoria feminina empobrece a literatura porque se perde em diversidade,
experiência, discurso, o que pode levar o campo literário a se aproximar do “perigo
da história única” como elabora a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie em
uma palestra para TED talks3 disponibilizada no Youtube, trazendo à tona uma série
de questões que envolvem representação, identidade, preconceito, senso comum e
relações de poder. Quando se tem uma única perspectiva representada na visão de
um único ou principal grupo de escritores, ou seja, um grupo hegemônico
(representado por autores homens e brancos que dominam o mercado editorial),
outras milhares de perspectivas ficam de fora: se limita, se enquadra, estereótipos
são criados e de tão compartilhados tornam-se verdade. O que lemos diz muito do
que pensamos e o que estamos lendo? Que “histórias únicas” estamos contando,
ouvindo, assistindo e reproduzindo por aí em nossas salas de aula, em casa, no
trabalho e saídas com os amigos? Questões étnico-raciais, de gênero, classe e
tantas outras pertinentes para se pensar, foram e continuam sendo consideradas
desimportantes por uma determinada produção que privilegia uma visão dicotômica,
eurocêntrica, branca, heterossexual e masculina em detrimento e extermínio de
outras identidades, povos, culturas e saberes. Quando Adichie diz, em sua palestra,
que “poder é a habilidade não somente de contar a história de outra pessoa, mas de
fazer daquela a história definitiva dessa pessoa” podemos entender o quão é
problemático termos acesso a apenas um olhar, uma mídia, uma história, porque
isso acaba despotencializando a multiplicidade de interpretações e questões que
poderiam ser tensionadas e pensadas a partir de discursos e produções que são
excluídas antes mesmo de existirem.
É preciso derrubar hegemonias e reinventar uma nova história da
3 A palestra "O perigo das histórias únicas" de 2009 na página oficial do TED (que no português significa
Tecnologia, Entretenimento e Planejamento e tem como objetivo promover e disseminar ideias) tem mais de 14
milhões de visualizações. Em 2013 a escritora proferiu mais uma palestra dessa vez com o título "Todos nós
deveríamos ser feministas".
31
literatura que pague a dívida com as narrativas femininas e as vozes silenciadas,
como diz muito bem Rita Terezinha Schmidt em Centro e margens: notas sobre a
historiografia literária:
Penso que os estudos literários podem articular o seu papel educacional com uma função social de relevância na medida em que abrirem o campo de reflexão e crítica às formas de silenciamento, de exploração e destituição do humano. Mas isso só se tornará possível mediante decisões de caráter ético, estético e político com vistas à construção de um pensamento diferencial que possa deslocar o universalismo abstrato construído pelas subjetividades engendradas pelas hegemonias da história única, seja a do passado nacional, seja a da aldeia globalizada. Nessa linha, o papel de uma nova história da literatura viria ao encontro da necessária reeducação das capacidades do discernimento, da sensibilidade e do respeito incondicional à alteridade, capacidades necessárias à formação de competências de viver e com as quais poderíamos reinventar o passado e, conseqüentemente, a nós mesmos. Não pode ser outro, senão esse, o compromisso diante do que significa existir no presente (SCHMIDT, 2008 p.139).
Esse compromisso é nosso como escritoras, pesquisadoras, professoras,
não só nosso, mas de toda a sociedade. O patriarcado não pode e não deve mais
nos calar, pois somos muitas e nossas produções são mais vastas ainda e
relevantes para serem trancafiadas em gavetas. Representatividade importa e por
isso é importante divulgar e consumir o trabalho de mulheres para que mais e mais
mulheres sejam incentivadas a produzir e sejam valorizadas por suas contribuições
não importa qual seja o campo de atuação. E quando falamos que
representatividade importa não é só mais uma frase de efeito que se tornou
conhecida, mas sim, porque o acesso à voz não pode ser negado:
Quando entendemos a literatura como uma forma de representação, espaço onde interesses e perspectivas sociais interagem e se entrechocam, não podemos deixar de indagar quem é, afinal, esse outro, que posição lhe é reservada na sociedade, e o que seu silêncio esconde. Por isso, cada vez mais, os estudos literários (e o próprio fazer literário) se preocupam com os problemas ligados ao acesso à voz e à representação dos múltiplos grupos sociais. Ou seja, eles se tornam mais conscientes das dificuldades associadas ao lugar da fala: quem fala e em nome de quem. (DALCASTAGNÈ, 2012, p.17).
Discurso é poder e representar é se responsabilizar por experiências que
materializam sujeitos. Mas, quem decide quem pode produzir e o que se pode
representar? Mesmo em situações de vulnerabilidade social, por exemplo, é possível
tornar-se escritor (a). É o que aconteceu com Carolina Maria de Jesus. Como
escritora conseguiu não só colocar no papel o que acontecia consigo, mas também
analisar a sociedade brasileira. Portanto, excluir Carolina Maria de Jesus da história
32
é homogeneizar e corroborar com as ausências, com a falta de representatividade,
como lembra Dalcastagnè (2012):
Desde os tempos em que era entendida como instrumento de afirmação da identidade nacional até agora, quando diferentes grupos sociais procuram se apropriar de seus recursos, a literatura brasileira é um território contestado. Muito além de estilos ou escolhas repertoriais, o que está em jogo é a possibilidade de dizer sobre si e sobre o mundo, de se fazer visível dentro dele. Hoje, cada vez mais, autores e críticos se movimentam na cena literária em busca de espaço – e de poder, o poder de falar com legitimidade ou de legitimar aquele que fala. Daí os ruídos e o desconforto causados pela presença de novas vozes, vozes “não autorizadas”; pela abertura de novas abordagens e enquadramentos para se pensar a literatura; ou, ainda, pelo debate da especificidade do literário, em relação a outros modos de discurso, e das questões éticas suscitadas por esta especificidade (DALCASTAGNÈ, 2012, p.7).
Quando Dalcastagnè fala sobre a literatura como instrumento de
afirmação da identidade nacional lembramos que em uma das disciplinas do
mestrado em que discutimos sobre identidade nacional e cultura brasileira, os
professores separaram três livros para seminários com o objetivo de discutir como
os autores constroem em suas obras a ideia de brasilidade, nacionalidade, entre
outras questões que atravessassem a cultura brasileira. Como esperávamos os três
livros escolhidos foram de homens e obras consideradas essenciais para discutir o
“ser brasileiro” que são Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto,
Macunaíma, de Mário de Andrade e Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo
Ribeiro. Como a equipe que fazíamos parte era composta, em sua maioria, por
feministas e membros de um coletivo feminista, conversamos com os professores e
depois de um pouco de insistência, para não dizer resistência, conseguimos trocar o
livro da equipe para A hora da Estrela, de Clarice Lispector. O seminário foi muito
produtivo e, por fim, conseguimos provar que o livro de Lispector traz questões
pertinentes para pensar o Brasil.
Não podemos de forma ingênua acreditar que apagar determinada
escritora e obra não faz parte de um projeto político muito maior do que pensamos.
Democratizar o acesso a um espaço privilegiado como a literatura é possibilitar
novos olhares. É preciso apostar na diversidade de autores que atingirão e
possivelmente formarão novos leitores com suas obras porque legitimam
socialmente seus leitores através da criação de suas personagens e assim mostram
que também é possível escrever sobre o que ainda é silencioso e invisível. Como
afirma Dalcastagnè (2012):
33
A literatura é um artefato humano, e como todos os outros, participa de jogos de força dentro da sociedade. Essa invisibilização e esse silenciamento são politicamente relevantes, além de serem uma indicação do caráter excludente de nossa sociedade (e, dentro dela, de nosso campo literário) (DALCASTAGNÈ, 2012, p.149).
Não só os clássicos e o cânone, a literatura brasileira contemporânea
ainda carrega as marcas da ausência de representações que precisam ir além da
que já temos: homens brancos, heterossexuais, de classe média, que vivem na
cidade grande e que escrevem como Rodrigo S.M., com uma taça de vinho branco
na mão enquanto pensam sobre as mazelas que vivem suas personagens.
Quem produz acaba reverberando em suas personagens e as
perspectivas podem se limitar a um enquadramento que não enxerga a existência do
outro. Quantas personagens femininas têm uma profissão, são mulheres
empoderadas e donas de si dentro das narrativas ou será que temos uma literatura
que repete os discursos das telenovelas e da mídia e o que chega até os leitores
são histórias de mulheres que trabalham apenas em casa e cuidam dos filhos, são
hipersexualizadas e sofrem violência doméstica pelo patrão e o marido?
Ainda persiste a ideia estereotipada de que quando são mulheres que
escrevem o modo de ver o mundo é acionado no que se intitulou como “universo
feminino”, então livros escritos por mulheres tratarão apenas desse universo que só
pertence a elas. Quando a escritura literária de autoria feminina é vista a partir de
um nicho específico, inferior e limitado de criação literária, como se fosse uma
literatura à parte, corrobora com o pensamento de que mulheres só sabem ver o
mundo de forma limitada, pois pouco oferecem de reflexão acerca da sociedade, dos
papéis sociais, da política, economia ou qualquer outro assunto considerado
importante e complexo.
Na verdade, a escrita-mulher empodera e liberta. Escrever literatura deu a
possibilidade de mulheres se afirmarem no mundo como sujeitos pensantes que
também querem ser ouvidos e lidos e que tem total capacidade para isso:
Por meio da escrita, a mulher dá-se conta de sua individualidade e da fragmentação advinda da discrepância existente entre o que ela é e o que a sociedade exige que ela seja. Ao escrever literatura, o sujeito feminino percebe que é por meio desta que tem a possibilidade de experimentar, ousar, aventurar-se, conhecer o mundo e conhecer-se, a fim de consolidar sua identidade e legitimar sua existência (ZINANI; SANTOS, 2015, p.19).
34
A falta de representatividade feminina em obras consideradas fundamen-
tais e a aceitação de obras escritas por mulheres não é apenas um “privilégio” da
literatura. Cinema, teatro e outras formas artísticas de expressão também sofrem do
mesmo mal: invisibilizar mulheres. O Teste Bechdel criado pela cartunista Alison
Bechdel há mais de 30 anos para satirizar como Hollywood sub-representa as mu-
lheres é a prova de que naturalizamos a ausência de mulheres produzindo cinema,
protagonizando filmes, escrevendo roteiros. O teste consiste em três questões muito
simples e voltadas para o cinema que podem muito bem ser aplicadas ao texto lite-
rário. Para passar no teste, o filme deve atender as seguintes condições: Ter pelo
menos duas mulheres, que devem conversar uma com a outra e o mais importante,
sobre alguma coisa que não seja um homem. Parece bobo, mas muitos filmes não
passam no teste. O que nos questionamos é quantos livros passariam no teste já
sabendo da supremacia masculina que predomina na literatura brasileira seja ela
contemporânea ou canônica.
É impossível não lembrar de Virgínia Woolf e do seu incômodo com a fal-
ta de representatividade das mulheres na ficção, questão que marca o seu clássico
Um teto todo seu e que fazemos questão de destacar:
Todos os relacionamentos entre mulheres, pensei, repassando rapidamente a esplêndida galeria de mulheres ficcionais, são muito simples. Muita coisa foi deixada de fora, sem ser abordada. E tentei me lembrar de algum caso, no decorrer das minhas leituras, em que duas mulheres tivessem sido representadas como amigas. Há uma tentativa em Diana of the Crossways. Elas são confidentes, claro, em Racine e nas tragédias gregas. Aqui e ali são mães e filhas. Mas quase sem exceção elas são mostradas dentro de sua relação com os homens. É estranho pensar que todas as grandes mulheres da ficção tenham sido, até o advento de Jane Austen, não só retratadas pelo outro sexo, mas apenas de acordo com sua relação com o outro sexo. E como é pequena essa parcela da vida de uma mulher; e como um homem pouco sabe até sobre isso, quando as observa através dos óculos pretos ou avermelhados que o sexo coloca sobre o nariz dele (WOOLF, 2014, p.119, 120).
Como a literatura pode desvelar a estrutura patriarcal em seu viés
hierárquico? Por isso a importância de conhecer e descobrir novas autoras, para que
novas questões sejam abordadas e trazidas à tona, fazendo assim com que a
história da literatura reveja nomes e reestruture-se a partir, também, da contribuição
da crítica feminista.
O propósito da crítica feminista é a contestação do patriarcado, mostrar
que mulheres desde sempre desejaram ser ouvidas e se rebelaram contra o que a
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sociedade impunha-lhes como “destino de mulher” e se hoje escritoras são
reconhecidas e discutidas na academia em artigos, dissertações, teses e
congressos é também pelo esforço e coragem de pesquisadoras que despertaram
para a necessidade urgente de uma nova historiografia literária e a desconstrução e
análise de leituras consagradas e consideradas sagradas por uma crítica engessada
que só enxerga o que quer.
3 QUANDO A MULHER COMEÇOU A FALAR
Neste capítulo discutiremos a inserção da mulher na literatura e o papel
da crítica literária feminista para o reconhecimento da produção literária de autoria
feminina, bem como a importância dessa produção literária alcançar o ensino médio
e contribuir com as aulas de literatura. Para esse diálogo, contamos com as “vozes-
mulheres” de Constância Lima Duarte, Linda Nochlin, Jane Soares de Almeida,
Zahidé Lupinacci Muzart, entre outras pesquisadoras.
3.1 O MOVIMENTO FEMINISTA E A FICÇÃO DE AUTORIA FEMININA
Não podemos deixar de começar o capítulo dando os créditos de seu
título que foi inspirado no texto ‘Feminismo e literatura ou Quando a mulher começou
a falar’ à pesquisadora, editora e crítica feminista Zahidé Lupinacci Muzart. O título
se justifica não só porque a literatura foi e continua sendo uma das formas que as
mulheres encontraram para terem voz e serem ouvidas, mas também a maneira que
encontramos de homenagear uma pesquisadora tão importante para a crítica
feminista e a discussão da autoria feminina no Brasil. É com a insistência obstinada
de Muzart e tantas outras pesquisadoras, que hoje é possível encontrar uma série
de artigos, dissertações, teses, ensaios e ementas de disciplinas, que priorizam o
estudo sobre a literatura de autoria feminina no nosso país.
Devemos voltar a falar da professora Muzart e seu legado com a Editora
Mulheres, mas antes destacamos o prólogo de uma obra do século XIX, publicada
em 1859, escrita por uma mulher negra, abolicionista, articuladora da primeira
escola para meninas e meninos no Maranhão, considerada a primeira romancista
feminina no Brasil, Maria Firmina dos Reis:
36
Não é a vaidade de adquirir nome que me cega, nem o amor próprio de autor. Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem, com uma instrução misérrima, apenas conhecendo a língua de seus pais, e pouco lida, o seu cabedal intelectual é quase nulo (REIS, 2017, p.11).
É dessa forma que o romance Úrsula se inicia. Ainda no prólogo, Maria
Firmina chama o seu livro de mesquinho e humilde e diz que para alguns ele será
motivo de riso ou de indiferença. Seu nome não aparece na capa, é identificado
apenas como “por uma maranhanse”, assim se apresenta uma das nossas primeiras
narrativas de autoria feminina no Brasil. É possível analisar esse início não como um
pedido de desculpa e sim como um protesto. O leitor atento deve perceber que ali há
um tom de crítica, não de lamentação. O silêncio que Maria Firmina rompe ao
escrever o seu primeiro romance grita alto demais, o seu “cabedal intelectual” é forte
o suficiente para lutar pela educação de outras mulheres no seu estado. Um dos
trabalhos que viabilizou a obra e que trouxe reconhecimento para a autora foi a
publicação da Editora Mulheres que também publicou o seu conto “A escrava”. Na
escola, se perguntarmos hoje alguma personagem feminina escrava na literatura a
maioria dos alunos lembrarão do romance de Bernardo Guimarães A escrava
Isaura, pouco provável que alguém cite a personagem Suzana, do romance Úrsula,
talvez porque os professores nunca tenham ouvido falar e porque o livro didático não
reconhece o trabalho de Firmina como escritora abolicionista. Uma mulher negra
que escreve sobre escravidão de forma crítica e que estava muito à frente do seu
tempo provavelmente também não será encontrada entre as prateleiras da biblioteca
da escola.
O prefácio de Maria Firmina diz muito sobre uma escrita-mulher que em
pleno século XIX tinha sede de ser lida. Se as antologias consideradas mais
importantes apagaram essas mulheres é importante dizer que elas existiram e, como
revelam na introdução de seus livros, tinham plena consciência de que a crítica não
ampararia suas obras, pelo contrário, apagaria os seus trabalhos até que uma
mulher ou duas fossem o suficiente para representar um século inteiro. Em seu
artigo ‘Artimanhas nas entrelinhas: leitura do paratexto de escritoras do século XIX’,
Zahidé Muzart (1990) analisa as diferenças entre prefácios de escritoras e escritores
37
e, quando se trata de escritoras, como esses prefácios são verdadeiras “artimanhas”
para atrair os “homens das letras” para seus escritos:
Nesse primeiro livro de mulher, no Brasil, já são estabele- cidos alguns princípios que nortearão a crítica, no século XX. O reconhecimento e resgate das pioneiras não se dará pelas qualidades dos livros. Não serão comparadas às "grandes obras", dos homens da mesma época mas como livros de mulheres que não puderam ter a mesma educação. Mulheres às quais estavam fechadas as portas da instituição e do convívio com pensadores ilustres. Tais livros são estudados e resgatados como válidos porque primeiras manifestações de mulheres brasileiras. E é sobre isso que trata Maria Firmina dos Reis. Ela estabelece, com clareza, os limites aos quais estavam confinadas as mulheres do tempo e tem nítida noção da importância da educação, das vivências e das oportunidades culturais. Aliás, a discussão da educação para a mulher foi um dos grandes temas da segunda metade do século XIX e disso se encontram vestígios em todos os jornais da época sobressaindo- se, naturalmente, os jornais e revistas dirigidos por mulheres (MUZART, 1990, p. 68).
Os limites de confinamento eram tão estabelecidos e limitavam a vida das
mulheres de uma tal forma que uma das obras mais reconhecidas do século XIX e a
posteriori, escrita por um homem, “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, tem em
seu enredo uma mulher que se casa, mas não se encontra dentro da monotonia e
opressão do casamento e que, para além dos livros que lia, quer viver novas
experiências e não aceita se resignar até o fim de sua vida ao papel de esposa,
dona do lar e cuidadora do bem-estar do marido. É importante destacar que o final
trágico e arrependido da personagem, tão presente nos romances de autoria
masculina da época, realiza uma espécie de ‘mensagem de alerta’ a um público
leitor feminino que pudesse se inspirar na insatisfação da personagem.
Não queremos discutir os rumos e tropeços da narrativa, mas destacar
que as mulheres sempre estiveram presentes na literatura e se elas desejaram
abandonar o papel de leitoras para escrever livros isso não é menos que um direito.
Reivindicar a saída desse espaço doméstico opressor para um espaço
em que as mulheres poderiam desenvolver o seu intelecto e se expressar como
seres humanos, serem, por fim, protagonistas e autoras de suas próprias histórias
foi o começo da luta contra a invisibilidade histórica que sofremos. E quanto aos
questionamentos se existiram mulheres escritoras em outros séculos, hoje podemos
dizer que sim:
A grande pergunta que se coloca é por que algumas escritoras, como Narcisa Amália, Nísia Floresta, Beatriz Francisca de Assis Brandão, Presciliana Duarte de Almeida, Ana Aurora Lisboa, Maria Amélia de Queiroz,
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Úrsula Garcia, Carmen Freire, Mariana Luz, Francisca Júlia, Júlia da Costa, Auta de Souza, Francisca Clotilde, para citar só algumas, já que a lista é enorme, não estão hoje em nossas histórias literárias, nem sua obra compilada nas antologias e manuais de literatura. Quem as conhece sabe que a poesia que realizaram em nada fica a dever aos nossos poetas árcades e românticos, tais como Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e, até ouso acrescentar, Gonçalves de Magalhães (DUARTE, 1995, p. 26).
Podemos afirmar que mulheres escreviam menos que os homens e,
portanto tinham menos expressão literária, mas não podemos esquecer que as
condições de vida das mulheres sempre foram de restrição à liberdade, à educação,
ao político, mas e as mulheres que burlaram a sua constituição biológica
considerada frágil e construíram um caminho diferente? A redução da mulher como
sujeito histórico traz marcas difíceis de apagar até hoje, mas já não há mais porque
ignorar as escritoras citadas por Constância Lima Duarte, para citar apenas
algumas. Nesse sentido, preenchendo as lacunas deixadas pela história literária
tradicional a crítica feminista existe e assumiu o papel fundamental de quebrar
hierarquias, pôr em questão o cânone e contribuir para uma nova história da
literatura. Como afirma Joan Scott em ‘História das mulheres’ não há jeito de evitar
as relações de poder:
Os historiadores das mulheres constantemente se deparam protestando contra as tentativas de relegá-los a posições que são meramente estranhas; também resistem aos argumentos que põem de lado o que eles fazem como sendo tão diferente que não pode ser qualificado de história. Suas vidas profissionais e seu trabalho são, por isso, necessariamente políticos. No final, não há jeito de se evitar a política – as relações de poder, os sistemas de convicção e prática – do conhecimento e dos processos que o produzem; por essa razão, a história das mulheres é inevitavelmente político (SCOTT, 1992, p.95).
É preciso ressignificar, reconstruir, não só uma nova história da literatura,
mas a história de maneira geral, pois a ausência de informações sobre a mulher é
uma forma de manipular para que a desinformação continue sendo uma arma para
sujeitos que querem apagar sujeitos e diminuir suas existências, lutas, papéis, como
afirma a militante feminista e presa política Maria Amélia de Almeida Teles em Breve
história do feminismo no Brasil:
Ao abordar o desenvolvimento da condição da mulher na sociedade brasileira através dos tempos, sua vida, seus anseios, sua maneira de pensar e participar dos acontecimentos culturais e políticos, chegamos ao
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ponto de uma verificação da necessidade de reconstruir a história do Brasil. Começaríamos por uma apreciação crítica da visão estabelecida pelos nossos historiadores e observadores políticos, que se omitem quanto ao tema. E o pouco que se fala da mulher brasileira não foge ao princípio universal denunciado por Simone de Beauvoir em 1949: “Toda a história das mulheres foi escrita pelos homens”. E, portanto, podemos acrescentar: está sob suspeição (TELES, 1999, p.11).
Como se esquivar de uma história que já chegou a questionar a
humanidade das mulheres? Em que se questionava a possibilidade de serem seres
irracionais, como afirma Perrot (2007). O que nos salvou, se assim podemos falar, foi
o século XIX e a conquista do direito à educação, que estabeleceu o mínimo de
igualdade e dignidade para as mulheres, sendo assim:
A história das mulheres mudou. Em seus objetos, em seus pontos de vista. Partiu de uma história do corpo e dos papéis desempenhados na vida, privada para chegar a uma história das mulheres no espaço público da cidade, do trabalho, da política, da guerra, da criação. Partiu de uma história das mulheres vítimas para chegar a uma história das mulheres ativas, nas múltiplas interações que provocam a mudança. Partiu de uma história das mulheres para tornar-se mais especificamente uma história do gênero, que insiste nas relações entre os sexos e integra a masculinidade. Alargou suas perspectivas espaciais, religiosas, culturais (PERROT, 2007, p.15, 16).
A prolixidade de discursos sobre a mulher ainda é insuficiente para dar
conta das fontes que precisamos para contar essa história. Se os seus corpos estão
expostos nos museus, suas vidas representadas nos livros, nada disso partiu de sua
vontade, não são pensamentos próprios, e sim, representações: é o olhar do outro
que a define, o olhar masculino. Como afirma Betty Friedan em Mística Feminina,
vai além da coragem de mulheres que querem ser ouvidas:
Feminismo não foi um mau gracejo. A revolução feminista precisava ser empreendida porque a mulher ficou simplesmente detida num estágio de evolução muito aquém de sua capacidade humana (FRIEDAN, 1971, p.75).
Tratando-se de literatura, a crítica feminista seguiu um caminho muito
semelhante ao que Teles (1999) sugere e tomou para si o papel de investigar as
visões estabelecidas pelo cânone literário e expor a omissão de escritoras de seus
livros, pareceres, trabalhos, chegando a ser constrangedor saber o quão é
retrógrado e misógino o posicionamento de alguns críticos diante da autoria
feminina, como aponta Duarte (1995) quando revela que José Veríssimo, um
daqueles críticos “donos da verdade literária”, lamenta-se porque a língua
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portuguesa não é como a francesa que não possui feminino para as palavras autor e
escritor. Assim, para o pesquisador, a crítica francesa não teria que se preocupar
com convenções sociais no tratamento a uma mulher escritora.
Infelizmente José Veríssimo não está vivo para ver a proficuidade de
obras de autoria feminina que vem surgindo e insurgindo no século XXI. Hoje
escritoras jovens têm voz e autonomia para escrever o que quiserem. A escritora
indiana radicada no Canadá Rupi Kaur, por exemplo, começou a mostrar seu
trabalho na internet e por isso alguns a consideram uma instapoet, suas postagens
no Instagram foram atingindo cada vez mais pessoas até que os seus
compartilhamentos tornaram-se um dos livros de poesia mais vendidos nos últimos
anos. Outros jeitos de usar a boca em um pouco mais de um ano vendeu um
milhão de cópias só nos EUA e ficou mais de 40 semanas na lista de mais vendidos
do jornal The New York Times. O sucesso explosivo do livro nos EUA fez com que
se tornasse um best-seller e chegasse por aqui, além de outros países como China,
Itália, Portugal, Coréia do Sul. No perfil do Instagram a autora postou uma foto com
as capas dos livros traduzidos nos respectivos países supracitados e na legenda da
foto ressalta que “cada tradução tem vida própria” e que o livro deve ser em breve
traduzido para mais 20 línguas.
Os poemas que estão acompanhados, em sua maioria, por ilustrações da
própria autora, uma jovem de 25 anos, devemos ressaltar - falam, gritam,
expressam, derramam tantos sentimentos, vivências, dores, alegrias, que fica
impossível não atravessar o leitor seja mulher ou homem. É um livro que merece ser
discutido e pautado em escolas, universidades, em conversa com amigos e até onde
a poesia puder alcançar. O corpo político e literário que Kaur representa, empodera
e traz força para que outras mulheres continuem a se expressar e se afirmar no
mundo.
A conquista da voz que Rupi Kaur alcançou foi um caminho bastante
árduo, os espaços fora do lar eram inacessíveis para mulheres, até que aos poucos
com o acesso à educação, algumas começaram a escrever em jornais e publicar
livros. Nesse sentido, para buscar a memória literária feminina é imprescindível não
esquecer as precursoras dessas letras que em pleno século XIX escreviam
periódicos exigindo demandas que até hoje são pautas do movimento feminista.
Como investiga Muzart (2003):
41
Além da produção em jornais, elas publicaram muitos livros, uma produção, ainda que desaparecida, nada desprezível. Estranhamente, tudo isso foi sendo colocado de escanteio a partir do século XX, e somente com algumas pioneiras – como Josefina Álvares de Azevedo, Corina Coaracy, Carmem Dolores e, principalmente, já no século XX, com a precursora obra de Gilka Machado, ou a de feministas como Maria Lacerda de Moura – é que a mulher foi conseguindo firmar pé na literatura e na cultura brasileiras. Na pesquisa sobre as escritoras brasileiras do século XIX, deparei-me com vários textos nitidamente feministas de feministas ativas como as periodistas, as fundadoras de jornais e periódicos. Essas tiveram uma quota considerável de responsabilidade no despertar da consciência das mulheres brasileiras, um papel fundamental. Entre elas, salienta-se Josefina Álvares de Azevedo (Recife, 1851), jornalista e dramaturga, cuja luta em prol do sufragismo foi marcante (MUZART, 2003, p.226).
Uma imprensa feminista que lutava pelo direito à educação, a uma
profissão e ao voto, para citar apenas estes três4, um jornalismo que buscava a
emancipação e defesa dos direitos das mulheres e, o mais importante, produzido por
elas. Periódicos que não falavam de culinária, beleza, corte e costura, mas sim, se
preocupavam em educar mulheres para a sua autonomia e empoderamento. A
imprensa feminista eclodiu no mundo inteiro. Por aqui tínhamos Nísia Floresta na
linha de frente militando pela educação feminina, uma das primeiras mulheres a
publicar e escrever em periódicos. Em 1832, Nísia publicou Direitos das mulheres
e injustica dos homens, considerado uma tradução livre de A Vindication of the
rights of woman de Mary Wollstonecraft, que por sua vez, é reconhecido como um
dos primeiros tratatos feministas da história.
A contribuição da imprensa feminista foi muito importante para o
fortalecimento e conquista de direitos. Periódicos como O Jornal das Senhoras
possibilitaram o desabrochar das primeiras vozes feministas do nosso país. O
reconhecimento dessas vozes é importante para pensarmos em uma história que
não estigmatiza e nem subalterniza sujeitos. Trazer à tona obras que foram
esquecidas e tratadas como “menores” é uma forma de dizer não ao apagamento
histórico das mulheres. Por isso a importância das mulheres que escreviam no
século XIX, elas contribuíram de forma definitiva para uma epistemologia do
feminismo, e por conseguinte, para que a autoria feminina fosse visibilizada. Por sua
4 No artigo ‘Mulher e escritura: producao letrada e emancipacao feminina no Brasil’ Constancia Lima Duarte
apresenta a influência do feminismo na vida das mulheres brasileiras e divide em quatro décadas, segundo a
pesquisadora, marcadas por mudanças sociais efetivadas pela luta feminista: 1830, 1870, 1920 e 1970.
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impertinência, ao ostracismo foram levados muitos escritos e escritoras. As raízes
desse silenciamento são profundas demais, pois mulheres que não se permitiram
calar não poderiam ter espaço de jeito nenhum, como afirma a pesquisadora e
professora titular do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul Rita Terezinha Schmidt (2006):
A razão de os romances terem sido esquecidos pelas histórias literárias e de serem, hoje, considerados como objeto de interesse apenas para uma minoria de feministas comprometidas com a recuperação das vozes das mulheres no campo da produção literária do passado deve-se ao fato de a cultura letrada se recusar a atribuir-lhes qualquer valor, reservando- lhes o status de “literatura menor”, para não dizer irrelevante, sob a alegação de que são textos que não interferiram no sistema, uma atitude altamente reveladora da cumplicidade da cultura letrada com o modo de pensar – e de fazer – da classe dominante. Como esses textos nem sequer foram reconhecidos em seu tempo e, precisamente por isso, deixaram de circular, a alegação de que não tiveram força de intervenção no sistema não passa de uma manobra retórica para justificar o ponto de vista sobre sua irrelevância e o seu descarte (SCHMIDT, 2006, p.777).
O que Schmidt (2006) define como “manobra retórica” não passa de uma
estratégia para manter os discursos sejam eles no campo literário, cinematográfico,
nas artes de modo geral, representando as mesmas estruturas de poder e opressão.
O que nos faz chegar ao necessário texto da professora e historiadora da arte
feminista Linda Nochlin publicado em 1971 na revista ARTNews intitulado Por que
nao houve grandes mulheres artistas? e traduzido para o português em 2016
pela Edições Aurora. Responder a essa pergunta como a própria Linda coloca é
“morder a isca”, é compreender que se faz necessário dar o reconhecimento aos
textos e autoras que completam o panorama histórico da nossa literatura e que
ainda são conhecidas por uma minoria:
Porém, na realidade, como todos sabemos, as coisas como estão e como estiveram, nas artes, bem como em centenas de outras áreas, são entediantes, opressivas e desestimulantes para todos aqueles que, como as mulheres, não tiveram a sorte de nascer brancos, preferencialmente classe média e acima de tudo homens. A culpa não está nos astros, em nossos hormônios, nos nossos ciclos menstruais ou em nosso vazio interior, mas sim em nossas instituições e em nossa educação, entendida como tudo o que acontece no momento que entramos nesse mundo cheio de significados, símbolos, signos e sinais. Na verdade, o milagre é, dadas as esmagadoras chances contra as mulheres ou negros, que muitos destes ainda tenham conseguido alcançar absoluta excelência em territórios de prerrogativa masculina e branca como a ciência, a política e as artes (NOCHLIN, 2016, p.8,9).
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A busca pelo reconhecimento das escritoras brasileiras do passado
começou lá na década de 80 com a criação de grupos como o GT Mulher e
Literatura, da ANPOLL e década de 90 com a Editora Mulheres. Quando essas
iniciativas começaram, as discussões sobre autoria feminina no Brasil eram
escassas, para não dizer inexistentes. Esse pioneirismo desencadeou uma reflexão
para que a academia e a crítica literária urgentemente revissem os seus padrões
internos e ampliassem seus horizontes de expectativa, perspectiva e realidade. Um
esforço conjunto de mulheres que ansiavam abrir espaço para a autoria feminina:
Importante assinalar que o desejo sempre foi a mola propulsora vital de um trabalho coletivo de intervenção em lugares institucionais. Por exemplo, o desejo de abrir espaços para a presença da mulher na literatura como objeto de estudo e tópico de pesquisas representava desencadear transformações internas nos próprios mecanismos de funcionamento da instituição, não raro, resistente à inclusão de disciplinas novas fora dos padrões curriculares e à validação de pesquisas que, ainda na década de 80 e 90, eram vistas como contaminadas com um teor altamente ideológico, como se ideologia fosse uma prerrogativa do discurso de mulheres “feministas”. O próprio termo “feminista” não era um consenso ente nós [...]. (SCHMIDT, 2006, p.32, 33).
O que era visto “como contaminação ideológica” nada mais era do que
uma tentativa de deslegitimar e enfraquecer o trabalho de resgate das escritoras.
Trabalhos que buscam investigar novas representações na literatura, sejam de quem
escreve ou a partir de quem narra, mexem com as estruturas mais fixas e
consideradas intransponíveis da sociedade, e isso, sem dúvida, incomoda demais.
Por todos os motivos aqui apontados, não podemos deixar de demarcar o nosso
discurso e texto como sendo a partir do que somos – mulher, feminista, professora
de escola pública e leitora de mulheres.
Falando em abrir espaços para a presença da mulher na literatura não
poderíamos deixar de registrar a atuação vital para uma política de leitura de
mulheres no Brasil da Editora Mulheres e de sua criadora Zahidé Lupinacci Muzart.
Um dos trabalhos mais preciosos e necessários da editora que foi criada em 1996 é
a antologia Escritoras Brasileiras do Século XIX. Dividida em três densos
volumes, a antologia reúne cerca de três mil páginas e pesquisadoras
contemporâneas em busca da (re) descoberta de escritoras que nunca antes tinham
sido incluídas na nossa literatura. Com certeza esse é um dos legados mais bonitos
de uma editora que nasceu para subverter o mercado editorial brasileiro. No livro
Mulher e Literatura – 25 anos: Raízes e Rumos Zahidé conta a história da editora
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“fundo de quintal” e como ela ficou (re) conhecida pelo seu trabalho de editar e
reeditar obras de escritoras relegadas pela crítica literária brasileira:
(...) Em primeiro lugar, pelo ineditismo de suas edições do século XIX. Vou dar apenas um exemplo, pois não há possibilidade de comentar a origem das várias edições: o resgate de uma escritora como Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) que começou a partir de 1996, ou seja, há 14 anos. Raríssimos críticos literários falavam dela e até os anos 60, somente foi contemplada por Lúcia Miguel-Pereira em Prosa de ficção: de 1870 a 1920, publicado em 1957. Não aparecia nas Histórias da Literatura a não ser em rodapé ou nas listas de autores menores. Pois, a partir das publicações de alguns romances, ela foi se tornando mais e mais conhecida, participando em congressos, de palestras e de muitas comunicações não só no Brasil como nos Estados Unidos. (MUZART, 2010, p.176).
O reconhecimento que a Editora Mulheres, o Grupo de Trabalho A Mulher
na Literatura, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística
(ANPOLL), como também núcleos de estudos de gênero, revistas e cadernos
feministas, enfim, todas as redes feministas que se espalharam e tem se espalhado
pelo Brasil, é também motivo de estarmos pesquisando autoria feminina na escola.
Sabemos que publicar é um ato de resistência, sobretudo, vivendo em um país em
que o incentivo a produção científica não é um investimento sério do governo,
quando a conjuntura política teima em retroceder com direitos conquistados com
tanta luta. Continuar com nossas pesquisas é uma forma de dizer não ao silêncio
que nos foi imposto.
No seu livro A mãe de todas as perguntas: reflexões sobre os novos
feminismos, Rebecca Solnit, considerada uma das grandes feministas
contemporâneas, que com o seu ensaio ‘Os homens explicam tudo para mim’
inspirou a criação do termo mansplaining, aborda, entre outros temas, a privação de
voz às mulheres e a mudança que causamos quando resolvemos interromper o que
nos cala:
“Somos vulcões”, certa vez Ursula K. Le Guin comentou. “Quando nós, mulheres, apresentamos a nossa experiência como a nossa verdade, como verdade humana, todos os mapas se alteram. Surgem novas montanhas.” As novas vozes, como vulcões submarinos, irrompem à superfície da água e nascem novas ilhas; é uma atividade furiosa e surpreendente. O mundo muda. O silêncio é o que permite que as pessoas sofram sem remédio, o que permite que as mentiras e hipocrisias cresçam e floresçam, que os crimes passem impunes. Se nossas vozes são aspectos essenciais da nossa humanidade, ser privado de voz é ser desumanizado ou excluído da sua humanidade. E a história do silêncio é central na história das mulheres (SOLNIT, 2017, p.28).
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Se relembrarmos e nos questionarmos sobre as personagens femininas
que lemos ao longo de nossa vida a partir da perspectiva de um homem, como elas
são? Como consequência de um cânone masculino predominante temos uma vasta
construção de personagens femininas que não nos representam. Nesse sentido, o
que naturalizamos como leitores, o que deixamos de considerar quando lemos obras
de escritores que gostamos ou até mesmo os desconhecidos? Provavelmente
muitos discursos problemáticos passaram despercebidos em nossas leituras, só
basta lembrar a pirâmide hierárquica da literatura brasileira e o perfil de quem
escreve.
Ainda sobre o livro de ensaios de Solnit, um deles chama atenção para
uma revista que lançou uma lista com oitenta livros que todos deveriam ler, na lista
só há uma escritora digna de leitura: Flannery O'Connor. Rebecca faz uma crítica
ferrenha e sugere que outra lista seja feita, mas dessa vez com o título ‘Oitenta livros
que nenhuma mulher deveria ler’. A autora comenta que na verdade todo mundo
deveria ler o que quiser, mas que alguns livros são verdadeiros manuais de
desumanização da mulher ou de como manter a virilidade masculina fortalecida:
Há livros bons e ótimos na lista da Esquire, muito embora Moby Dick, que eu adoro, me faça lembrar que um livro sem mulheres costuma ser considerado um livro sobre a humanidade, mas um livro com mulheres em primeiro plano é tido como livro de mulher. E com essa lista você iria aprender sobre as mulheres com James M. Cain e Philip Roth, que não são os especialistas mais adequados a que recorrer, não quando existem as grandes obras de Doris Lessing, Louise Erdrich e Elena Ferrante (SOLNIT, 2017, p.162).
3.2 LITERATURA CANÔNICA E SEUS PERSONAGENS FEMININOS: QUEM SÃO
ESSAS MULHERES?
A literatura canônica é reconhecida como essencial para todo e qualquer
leitor. Se você não leu Machado de Assis, José de Alencar, Guimarães Rosa,
Shakespeare, Miguel de Cervantes, Gabriel Garcia Márquez, Victor Hugo, Eduardo
Galeano, para citar apenas alguns escritores do chamado cânone literário, pode
acabar sendo considerado um leitor mediano, ingênuo e até mesmo inexperiente,
provavelmente sua carteirinha de leitor será confiscada pela falta de leitura de
autores canônicos. O curioso é que as escritoras não se encontram nas listas de
leituras clássicas, para “se fazer antes de morrer”, ou nos livros que analisam os
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clássicos, pelo menos não no número que deveriam estar. Uma ou duas estão para,
digamos, não passarem completamente despercebidas. No livro O Cânone
Ocidental, de Harold Bloom, um dos mais influentes críticos literários da história da
literatura, o autor dá a definição de cânone e características que estão presentes em
uma obra considerada canônica, como também faz uma seleção de autores, que
para ele, representam a tradição literária ocidental. Em seu livro, Bloom é incisivo
quando se trata de obras que abordam em seus textos “as injustiças históricas e
sociais”. Para o crítico, a literatura deve se preocupar com a estética e não reduzi-la
a ideologias, o que vai levá-lo a receber duras reações de críticas feministas e
multiculturalistas. Não estamos a julgar os critérios de Bloom para a escolha do seu
cânone, o que chama atenção é a presença de três mulheres em uma lista que
contempla vinte e seis escritores, dramaturgos, poetas, filósofos. As três mulheres
presentes na lista são Jane Austen, Emily Dickinson e Virginia Woolf, daí nos
perguntamos se não existiram mais mulheres que poderiam representar a força
poética e originalidade que o crítico exigia quando escreveu seu livro.
Para Bloom o leitor deve ser seletivo, pois não há tempo suficiente para
ler toda a imensidão de obras que existem, a mortalidade é a prova viva de que não
leremos tudo que queremos nem se quiséssemos. Li muitos escritores, minha vida
de leitora começou com os clássicos escritos por homens. A influência da escola foi
decisiva para as minhas escolhas literárias, enquanto devorei quase tudo que
encontrei de Machado de Assis e José de Alencar ainda no ensino fundamental, em
contrapartida só vim a conhecer Clarice Lispector aos 15 anos e sua literatura me
marcou profundamente, por ser uma escritora que aborda a condição humana a
partir de um lugar de fala feminino. Essa perspectiva faz parte da composição do
texto.
As escolhas, do que se convencionou chamar de cânone, também
passam pelo critério do ponto de vista de quem o define, como Bloom, e esse critério
não é apenas estético. Portanto, cabe a reflexão sobre a revisão de leitura dos
clássicos, considerando a leitura de autoras clássicas. Essas mulheres que
podemos considerar como pioneiras na arte da escrita e na proposição de ideias
dentro e para além de seu tempo foram esquecidas. Ler e ter acesso às suas
produções literárias é uma maneira de entender como chegamos até aqui. A falta de
edição e tradução para percorremos esse caminho de retorno às escritoras clássicas
é um desafio, mas e as escritoras que tem trabalhos disponíveis os quais nunca
47
tivemos acesso como Júlia Lopes de Almeida que começou a escrever aos 19 anos,
publicar em jornais em pleno século XIX e como romancista, cronista, dramaturga,
contista defendia a emancipação feminina, o divórcio, a abolição da escravatura,
entre outras questões consideradas vanguardas para a sua época? Por onde anda
essa mulher nas nossas listas de leituras? A própria Júlia questionou inúmeras
vezes a falta de espaço para as mulheres em seus trabalhos, como cita a
historiadora, escritora e tradutora Norma Telles, em Escritoras, escritas,
escrituras5:
Não há meios de os homens admitirem semelhantes verdades. Eles teceram a sociedade com malhas de dois tamanhos – grandes para eles, para que os seus pecados e faltas saiam e entrem sem deixar sinais; e extremamente miudinhas para nós. […] e o pitoresco é que nós mesmas nos convencemos disto (TELLES, 2009, p.341).
A escritora não se convenceu muito, não é à toa que dedicou a maior
parte da sua vida a definir com o seu trabalho até onde uma mulher pode ir e foi
muito longe, apesar de inicialmente escrever às escondidas até ser descoberta pela
irmã. A sua produção literária a fez conquistar o posto de escritora mais publicada da
Primeira República e a tornou uma escritora profissional e bem-sucedida, porém não
foi suficiente para que fosse um membro da Academia Brasileira de Letras, mesmo
com a sua produção, atuação e colaboração na criação da própria ABL6. O marido,
Filinto de Almeida, que escrevia, mas não proficuamente como a esposa, ingressou
na academia como uma forma de “homenagear” Júlia, assim tornou-se um
“acadêmico consorte”. Depois de 80 anos de existência da Academia, passamos a
ter Rachel de Queiroz como a primeira escritora a ocupar uma cadeira na instituição
que tem como propósito imortalizar pessoas. Essa ausência de oito décadas diz
muito do caminho árduo para a legitimação da autoria feminina no Brasil. Apesar de
toda a resistência que sofreu, Júlia Lopes de Almeida é uma escritora de renome,
pesquisada, reconhecida pela academia. Mas, e as mulheres que escrevem e não
se encaixam nos moldes que determinam que tipos de sujeitos podem ou não ter
acesso ao mundo das artes como Stela do Patrocínio?
Stela viveu a maior parte da sua vida como interna na Colônia Psiquiátrica
5 TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras. In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no
Brasil. São Paulo: Contexto, 2009. 678p. 6 FANINI, Michele Asmar. Júlia Lopes de Almeida: entre o salão literário e a antessala da Academia
Brasileira de Letras. Estudos de Sociologia, Araraquara, v.14, n. 27, p. 317-338, 2009b.
48
Juliano Moreira e, considerada louca, aparentemente não tinha nada a oferecer para
a sociedade. Contudo a poesia que saía de sua boca quando falava chamou a
atenção da artista plástica Neli Gutmacher e suas estagiárias quando foram
convidadas para montar um ateliê no hospital, na década de 80. As falas de Stela
foram gravadas em fitas cassetes e guardadas por muito tempo, até que a filósofa e
também poeta Viviane Mosé transcreveu a poesia oralizada de Stela, já que o que
foi escrito pela poeta em pedaços de papelão não foram encontrados, e a
transformou no livro Reino dos bichos e dos animais é o meu nome. O texto de
apresentação da obra escrito por Mosé nos lembra a luta das mulheres contra o
apagamento de suas histórias e a (re) afirmação de que suas vidas, subjetividades e
singularidades importam. Stela, assim como Julia, não se convenceu de que sua
vida deveria se restringir a um destino invisível, domesticado e silencioso:
A fala de Stela do Patrocínio é valiosa antes de tudo pelo que diz: ela registra um lugar, uma condição, a da internação em regime fechado, que já desaparece de nossa cultura. Mas é muito mais valiosa pelo caráter vitorioso de sua conquista da exterioridade: ler e ouvir Stela é integrá-la no discurso que um dia a excluiu (MOSÉ, 2001, p.43).
Ler Stela do Patrocínio é mais do que dar voz a uma mulher que a
sociedade desumanizou, é entender que a ressignificação da sua própria existência
através da escrita potencializa a todas as mulheres. Um de seus poemas, que não
tem título, pode muito bem refletir a condição feminina ao longo dos séculos:
Eu sobrevivi do nada, do nada Eu não existia Não tinha uma existência Não tinha uma matéria Comecei existir com quinhentos milhões e quinhentos mil anos Logo de uma vez, já velha Eu não nasci criança, nasci já velha Depois é que eu virei criança E agora continuei velha Me transformei novamente numa velha Voltei ao que eu era, uma velha (PATROCÍNIO, 2001, p.80)
Nesse sentido, assim como Nely Novaes Coelho (1991), acreditamos que
só o tempo dirá a importância da produção literária das mulheres e sua contribuição
para pensar o mundo, pois como bem sabemos a arte não deveria ser definida por
sexo, mas pelas experiências dos sujeitos:
49
Não se trata de saber se a literatura "feminina" é melhor ou pior do que a "masculina", Obviamente já não têm mais sentido as discussões que se centravam na questão do "valor" maior ou menor de um ou outra; pois já é ponto pacífico o fato de que o valor literário não tem sexo. Tanto há os grandes escritores ou escritoras, como os meramente bons, medíocres ou péssimos... O confronto entre ambas as produções levam facilmente à conclusão de que homens e mulheres se igualam em força ou energia criativa (desde que tenham idênticas oportunidades de desenvolvimento cultural), e que a maior ou menor "espessura" literária de cada obra depende exclusivamente da maior ou menor "qualidade" do espírito que a produz, seja de homens ou de mulheres (COELHO, 1991, p.92).
Tratando-se ou não de qualidade se naturalizou a entrada e permanência
dos homens na produção literária, que sempre escreveram, publicaram e
comunicaram o que quiseram, em detrimento da autoria feminina, que sempre foi
deixada à margem ou considerada de forma restrita às mulheres, pois existe um
sistema social de definição patriarcal que enxerga as mulheres que atravessaram
esse limite como excepcionais. Como afirma Ria Lemaire em Repensando a
história literária7:
A história literária, da maneira como vem sendo escrita e ensinada até hoje na sociedade ocidental moderna, constitui um fenômeno estranho e anacrônico. Um fenômeno que pode ser comparado com aquele da genealogia nas sociedades patriarcais do passado: o primeiro, a sucessão cronológica de guerreiros heróicos; o outro, a sucessão de escritores brilhantes. Em ambos os casos, as mulheres, mesmo que tenham lutado com heroísmo ou escrito brilhantemente, foram eliminadas ou apresentadas como casos excepcionais, mostrando que, em assuntos de homem, não há espaço para mulheres “normais” (LEMAIRE, 1994, p.58).
Será mesmo que literatura é assunto de homem? A predominância da
escrita masculina na literatura fez com que as mulheres não só tivessem mais
dificuldade de mostrar o seus trabalhos, como também uma sub-representação das
personagens femininas nos romances brasileiros. A perspectiva masculina é
diferente, claro, da feminina, e graças às discussões promovidas pelo movimento
feminista, as escritoras estão conseguindo dar voz e protaganismo a pluralidade de
questões voltadas para o feminino que vão além dos estereótipos de gênero tão
presentes nas obras de autores homens.
A pesquisadora da UNB Regina Dalcastagnè analisou, a partir das
7 LEMAIRE, Ria. Repensando a história literária. In: BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa (Org.). Tendências
e impasses – O feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
50
publicações de três grandes editoras do país, a representação das personagens
femininas em obras de escritoras mulheres como de escritores homens e avaliou:
Isso não é diferente na literatura. Segundo pesquisas realizadas na Universidade de Brasília (UnB) – que se debruçaram sobre todos os romances publicados pelas principais editoras brasileiras da área (Companhia das Letras, Record e Rocco) nos últimos 15 anos – as autoras não chegam a 30% do total de escritores editados.
O que se reflete também
na subrepresentação das mulheres como personagens em nossa ficção. As mesmas pesquisas mostram que menos de 40% das personagens são do sexo feminino. Além de serem minoritárias nos romances, as mulheres também têm menos acesso à “voz”, isto é, à posição de narradoras, e estão menos presentes como protagonistas das histórias (DALCASTAGNÈ, 2007, p.128).
Todos esses motivos demonstram que precisamos revisitar obras que não
tiveram a chance de contribuir com o campo literário como deveriam. Nesse sentido,
o trabalho de pesquisadoras empenhadas em tirar o véu do esquecimento dos
textos riscados da historiografia literária são mais que essenciais, são vitais para
esse processo acontecer. Assim, destacamos um trecho longo, porém muito
pertinente da pesquisadora Rita Terezinha Schmidt:
Com efeito, torna-se hoje impossível render-se incondicionalmente ao romantismo de Gonçalves Dias, em seu “Canto do Índio”, ou mesmo ao de José de Alencar em seu romance Iracema, depois de uma visada atenta ao poema “A lágrima de um caeté” (1848) de Nísia Floresta, ou ao romance D. Narcisa de Villar (1859) de Ana Luiza de Azevedo Castro. Assim também não se poderia deixar de observar a diferença das representações de raça, cotejando o clássico romance A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, com Úrsula (1859) de Maria Firmina dos Reis, um romance precursor da temática abolicionista. Da mesma forma, como não interrogar o script da mulher histérica, tão decantado nos romances naturalistas, como em O Mulato, de Aluísio de Azevedo ou A Normalista, de Adolfo Caminha, após uma leitura de Celeste (1893) de Maria Benedita Bormann? Ou então, como não revisar os limites da temática romântica, tal como trabalhada por autores canônicos, após tomarmos conhecimento de obras como Sorrisos e Prantos (1868) de Rita Barém de Melo, do drama Fausta (1886) de Amélia Rodrigues, ou mesmo de Memórias de Marta (1889) de Julia Lopes de Almeida? (SCHMIDT, p.111).
A pergunta que vem em nossa cabeça quando pensamos em escritoras
que estavam atuando em seu tempo é: por que essas mulheres não foram
reconhecidas em vida? O que as fez passarem “despercebidas” e só muito depois
ganharem algum reconhecimento, premiações e até mesmo eventos literários sobre
51
seus trabalhos? Hilda Hilst, por exemplo, uma escritora com uma obra vasta que
passeia pela prosa, poesia e teatro, não entendia por que os seus livros não eram
lidos. Considerada difícil, hermética, suas obras eram recusadas pelas editoras e a
própria Hilda sofria por ser vista como uma mulher inacessível, excêntrica, que
morava longe da cidade e fazia experimentos estranhos. Seu trabalho finalmente
despontou quando escreveu a sua trilogia pornográfica, que fazem parte os livros O
Caderno Rosa de Lori Lamby (1990), Cartas de um Sedutor (1991) e Contos
d’escárnio/Textos Grotescos (1992). Em entrevista para a TV Cultura, em 1990, a
escritora comenta que está dando uma “banana” para os editores com a sua trilogia
e que as pessoas precisavam acordar. Ela abandona o que chama de “literatura
séria” para escrever o que as pessoas gostariam de ler ou o que elas acham que
gostariam de ler.
Podemos dizer que agora as coisas são um pouco diferentes, a
dificuldade que Hilda teve ao longo de toda a sua carreira para ser lida não é a
grande barreira de escritoras contemporâneas. Angélica Freitas, poeta e tradutora,
lançou em 2012 o seu livro de poemas Um útero é do tamanho de um punho, em
que mulheres diversas são visibilizadas e que os estereótipos de gênero são
discutidos para escancarar a hipocrisia da sociedade. O livro foi lançado pela Cosac
Naify, como a editora não está mais no mercado felizmente foi relançado pela
Companhia das Letras em 2015. Em tempos em que não discutíamos de forma
efetiva sobre feminismo a poeta transformou um útero em um punho para falar sobre
o que é ser mulher e como veem as mulheres:
uma mulher sóbria é uma mulher limpa uma mulher ébria é uma mulher suja dos animais deste mundo com unhas ou sem unhas é da mulher ébria e suja que tudo se aproveita as orelhas o focinho a barriga os joelhos até o rabo em parafuso os mindinhos os artelhos (FREITAS, 2012, p.13).
Em resumo, ler homens não é problema, o que problematizamos é a
ausência de escritoras nos cursos de Letras do país, nas salas de aula, livrarias,
52
premiações, entre outros espaços, quando elas já escreveram e publicaram tanto.
Precisamos conhecer, compartilhar e fazer circular essas obras.
3.3 CRÍTICA LITERÁRIA FEMINISTA E OS SEUS DESDOBRAMENTOS PARA O
ENSINO
É necessário buscar alternativas de resistência para retrocessos e
apagamentos de identidades, sejam na sala de aula e/ou fora dela. Para além da
literatura como direito humano como Antonio Candido defendeu em seu ensaio,
precisamos discutir como a legitimação da luta pelas liberdades individuais e
conquistas de direitos se relaciona com a formação de leitores, como os
preconceitos podem ser reforçados por escolhas que são feitas na abordagem de
textos nas salas de aula e, como podemos colaborar para que seja feito o inverso,
ou seja, como os textos literários podem ser uma ponte para a construção de
identidades sociais livres dos preconceitos e hierarquias que limitam e constrangem
os alunos e alunas. Será que na escola encontram um espaço de formação que seja
também um espaço de acolhimento e respeito a suas identidades? Precisamos lidar
com inúmeras questões que dificultam o nosso trabalho como professoras (es) da
educação básica e a luta por uma educação inclusiva, empoderada, sobretudo,
questionadora não é fácil. Os estereótipos de gênero, o racismo, a homofobia, o
sexismo estão presentes na escola brasileira e também nos livros didáticos, não só
na cabeça dos alunos e professores, como aponta Jane Soares de Almeida (1998)
em Mulher e Educação: uma paixão pelo possível:
As pesquisas e análises feitas em livros didáticos, manuais escolares, literatura infanto-juvenil e trabalhos empíricos em sala de aula vêm demonstrando a existência de estereótipos sexuais na escola como resultado de uma educação sexista, na qual meninas e mulheres desempenham papéis sexuais domésticos e subalternos (Rosemberg, 1992, p.178). Esses estudos, apesar de sérios e bem fundamentados, não têm efetivamente contribuído para que haja repercussões no cotidiano das escolas e as professoras continuam a exercer uma prática pedagógica e psicológica que reforça as representações acerca dos papéis sexuais desempenhados por meninos e meninas na escola, na vida social e nas relações pessoais. Por sua vez, elas podem também estar introjetando os mecanismos de subordinação que transmitem, retroalimentando as relações de poder na Educação (ALMEIDA, 1998, p.81).
A retroalimentação de comportamentos machistas na escola é uma
realidade, seja por parte do professor que silencia suas alunas ou gosta de contar
53
piadas machistas, seja por parte dos colegas estudantes quando tocam o corpo de
suas colegas de forma desrespeitosa e sem permissão. Daí nos perguntamos como
a literatura de autoria feminina com o apoio da crítica literária feminista podem tornar
a educação menos sexista. O reconhecimento da contribuição da literatura como um
discurso importante para a formação humana tem sido reforçado pelos Estudos
Culturais quando oferece a oportunidade de vozes periféricas se expressarem, em
todo o mundo, através de suas culturas, crenças e valores divulgados em textos
literários.
A árdua tarefa de redefinir e pôr em queda um sistema que se diz
patriarcal por natureza e que se utiliza de um arcabouço científico e intelectual que
(pre) domina e traduz todas as sociedades para uma produção de conhecimento que
supervaloriza o homem e sua autonomia intelectual e coloca a mulher em lugar de
subalternidade ainda é o maior desafio que temos pela frente e talvez ainda por mais
um século, como afirma Alison Jaggar e Susan Bordo:
A tradição filosófica e científica ocidental, simbolizada por Apolo, percebe o mundo através de um PADRÃO dualista, com um lado valorizado (associado ao masculino) e um rebaixado (associado ao feminino). Em minha opinião, o esforço feminista para revisar, reimaginar esse sistema de PADRONIZAÇÃO inclui uma dupla tarefa: (1) mostrar que a coluna valorizada é inadequada por si só para a obtenção de conhecimento; (2) redimir a outra coluna, que tem sido evitada ou considerada há tanto tempo como sendo “a segunda em valor”. Porém, como adverte Carol Christ, “Sistemas de símbolos não podem simplesmente ser rejeitados, precisam ser substituídos. Quando não há substituição, em tempos de crise, frustração ou derrota, a mente reverterá a estruturas familiares” (1979:275) e se agarrará aos velhos deuses, imagens, PADRÕES (JAGGAR, BORDO,1997, p.117).
A potência da autoria feminina está em revelar um eu feminino que
nenhum escritor poderia dar conta. O mergulho em questões profundas que uma
parcela significativa de autoras faz questão de abordar em seus textos são
fundamentais para serem discutidas em sala de aula, como nesse trecho destacado
por Lilian de Almeida em Álbum de Leitura: memórias de vida, história de
leitoras:
Marieta, Tereza e Ripalda Andretta, moças bonitas e inteligentes, gostavam, como todos os vizinhos do quarteirão, de assistir à passagem dos enterros, um dos poucos divertimentos a que tinham direito. Criadas em regime de quase escravidão, jamais haviam ido à escola, não saíam de casa a não ser
54
acompanhadas pela mãe. Lugar de mulher é em casa! Filha nostra tem que aprender a tomar conta do marido e da casa, isso sim! Nada de escola. Escola não serve pra mulher. Mulher precisa saber ler? Pra quê? Pra mandar carta prós namorados? - perguntava e afirmava dona Antonieta, a mãe da família, ela também uma escrava. A teoria de conservar as filhas no analfabetismo para evitar que tivessem correspondência com namorados não era exclusividade dos Andretta. Muitos outros moradores do bairro, principalmente famílias do Sul da Itália - os meridionais, como eram chamados pelos do Norte - também a utilizavam a fim de justificar a ausência das filhas à escola (GATTAI, 1194, p.45).
O trecho acima que Lilian destaca em sua pesquisa é do livro
Anarquistas, Graças a Deus, da escritora memorialista Zélia Gattai, o segundo livro
que lemos esse ano no clube de leitura de autoria feminina que faço parte. Como a
maioria das leitoras que fazem parte do grupo, eu nunca havia lido nada da Zélia e
nem ouvido falar dela. Diferente de seu esposo, Jorge Amado, que li muito e conheci
pedindo seus livros emprestados na biblioteca da escola no ensino médio. Não
consigo deixar de me perguntar por onde andava Zélia nas prateleiras quando
escolhi Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos.
O pai de Zélia acreditava que as filhas não precisavam aprender a ler e
nem ir para a escola. Zélia não só foi contra o que o pai queria para ela, como
documentou isso em suas obras. Por que a sua obra não está nos livros didáticos
então? O importante papel da crítica literária feminista é transformar a literatura em
uma possibilidade de intervenção pessoal, leitoras que dialogam com o que leem e,
sobretudo, se fortalecem como mulheres. Como afirma Cecil Jeanine Zinani:
Devido às circunstâncias históricas das mulheres, uma crítica literária feminista não pode se desvincular dos condicionantes afetivos, econômicos e sociais, ou seja, está sempre relacionada a um projeto político. Não se trata, porém, de avalizar toda e qualquer produção, com a justificativa de superar uma situação de opressão, mas, sim, de utilizar instrumentos adequados para julgar essa escrita. O que se pretende é que obras qualificadas sejam reconhecidas, não permitindo a reedição do que ocorreu no passado, quando a literatura realizada por mulheres foi, primeiramente, relegada a um plano inferior, depois, totalmente esquecida (ZINANI, 2011, 10).
Assim como Zélia Gattai, outras escritoras compartilham em seus textos
vivências do universo feminino e isso não deveria relegar suas obras a um plano
inferior. Como professora de ensino médio de uma escola pública no interior do
Ceará enfrento muitas questões, uma delas, que me deixou de mãos atadas, foi uma
aluna que deixou de estudar porque se casou. Ela visitou a escola meses depois e
quando perguntei o motivo de sua desistência, ela respondeu que precisava fazer o
55
almoço do marido e estudando não iria dar conta. Com essa e outras situações que
surgem, como educadora feminista, me questiono como posso nas minhas aulas
discutir gênero e fomentar reflexões que possam contribuir de forma efetiva com a
formação e futuro das minhas alunas.
Em Breve História do Feminismo, Carla Cristina Garcia finaliza o seu
livro com um poema de Adélia Prado, mas antes escreve nas considerações finais:
Se as mulheres tivessem podido falar, hoje seríamos mais sábios. Haveríamos aprendido o conhecimento de 9 milhões de mulheres queimadas nas fogueiras na Inquisição católica. Nos lembraríamos de Murasaki Shikibu, a mulher que escreveu a primeira obra considerada um romance no mundo, no Japão, em 1010. Também nos sentiríamos orgulhosas de Hildergard von Bingen, a abadessa alemã (1098-1179), que além de religiosa foi escritora, filósofa, compositora, pintora e médica. Entre muitas outras coisas, é autora do Livro de medicina composta, considerado base da medicina ocidental. Assim, quando os fanatismos religiosos atacassem de novo, recordaríamos sua frase: “Quando Adão olhou para Eva, se encheu de sabedoria”. Saberíamos que a introdução da física no campo do conhecimento científico se deu com o livro Institutions, escrito por Emilie de Breteuil, marquesa de Chateler (1706-1749), grande matemática e filósofa. E que foi uma mulher, a única pessoa a ganhar o Prêmio Nobel em duas disciplinas. Marie Slodowska Curie (1867-1934) recebeu em 1903 o Nobel de Física e em 1911 o de química. A ela se deve o que hoje se denomina “A idade do átomo”. Se tivéssemos podido escutar as mulheres, se pudéssemos escutá-las hoje, homens e mulheres seríamos mais sábios e suspeitaríamos ante os relatos nos quais nenhum destes nomes aparece (GARCIA, 2011, p.112).
Seríamos todas e todos mais sábios se ouvíssemos mais e atentamente o
que as mulheres têm a dizer. Nesse sentido, é fundamental que a literatura de
autoria feminina faça parte das aulas de literatura e, com a crítica feminista, traga
discussões profundas e pertinentes para a sala de aula. A escola mais do que nunca
precisa de uma educação reflexiva, viva, ativa: transformadora.
56
4 A ESCOLA PODE SER FEMINISTA?
Neste capítulo apresentaremos a pesquisa de campo em quatro escolas
públicas do município de Quixeramobim, localizado no Sertão Central do Ceará, com
estudantes de ensino médio e professores da educação básica, como também a
análise dos livros didáticos utilizados nas escolas, suas bibliotecas e a presença de
livros de autoria feminina, os projetos político-pedagógicos e planos anuais. Em
resumo, os ambientes escolares em que a literatura cria possibilidades de existência
e resistência.
4.1 A LITERATURA NA ESCOLA E O QUE ELA COMUNICA
A literatura na escola é um manual, tem medo de ser subversiva e por
isso segue um cronograma. Um cronograma mais sério que a própria literatura que
tem que ser muito carrancuda e não pode ler a si mesma, pois o tempo é curto. Para
isso temos o livro didático, que de forma prática resume o que deve ser visto ao
longo do ano.
Em sua dissertação de mestrado A escolarização do leitor: a didática
da destruição da leitura Lílian Lopes Martin da Silva desenvolve uma pesquisa de
campo com alunos que lembrou a minha experiência em campo. Em 1984 ela
colheu depoimentos muito parecidos com os meus: “Só leio quando o professor
manda!” “Não é possível perder uma aula de português, apenas para ler um livro.” “A
gente lia apenas o livro da matéria”.
Encontrei a referência de sua pesquisa no livro de Irandé Antunes Aula
de português: encontro e interação. Irandé Antunes se tornou referência para
professores de língua portuguesa e pesquisadores da prática em sala de aula. Com
muitos livros publicados, Antunes é uma luz no fim do túnel para a escuridão que é
ensinar e não ver resultados positivos quanto mais consideráveis que é o que a
escola mais exige dos seus docentes. Em seu livro publicado em 2003, a linguista
apresenta propostas para o ensino de Português que refletem o seu inconformismo
57
com o tipo de ensino que nos acostumamos a conduzir: descontextualizado,
maçante e mecanicista.
O ensino de literatura na escola não é muito diferente do ensino da
gramática, os dois costumam ser descontextualizados e fragmentados. Quando
Irandé destaca falas retiradas da pesquisa realizada por Silva (1984) em que os
alunos comentam sobre a falta de tempo para ler em sala de aula é chocante
perceber que a escola não oferece tempo para leitura, mais assustador é saber que
ainda é atual considerar a leitura um atraso de conteúdo e inapropriada. Mas, como
aprendemos sem leitura? Como a literatura pode estar presente na escola sem
leitura?
Não é fácil mudar uma prática que se arrasta por décadas, a
complexidade dessa árdua tarefa consiste em analisar o que temos e o que
queremos para o futuro. E com certeza o que queremos para o futuro são alunos e
alunas que continuem seus estudos e possam prestar vestibulares e concursos sem
dificuldades elementares de leitura e interpretação textual, como também que
gostem de ler, que desenvolvam o gosto pela leitura e passem pelo menos uma vez
por mês na biblioteca da escola para pegar um livro emprestado.
Os livros didáticos não são os vilões, na verdade não existe um vilão na
história. São muitos os fatores que contribuem para uma escola pública distante do
texto literário. Para Silva (1984) “a leitura e a escola pública no Brasil fazem parte do
conjunto maior das migalhas à população que não pode contar com mais nada além
dos “serviços públicos” (SILVA, 1984, p. 11). Todas as escolas que passei em
Quixeramobim possuem biblioteca, umas menores, outras maiores. Tem até
biblioteca em reforma. A cidade também possui a sua biblioteca pública que resiste
ao longo dos anos as mudanças de prédios e falta de condições adequadas. Ter,
temos, mas quais são os projetos de formação de leitores e as condições que temos
para formar leitores?
Resolvi levar as minhas turmas no segundo semestre de 2018 para
conhecer a biblioteca pública da cidade, não esperava que a partir disso constataria
que a maioria dos alunos não sabia da sua existência ou localização. O acervo é
antigo, pouco ou nada mudou desde o tempo que eu a frequentava no meu ensino
médio, mas lembro como hoje a grande lista de Clarice Lispector disponível para os
leitores e que devorei. O que temos é uma biblioteca que faz parte da lista dos
espaços públicos da cidade subutilizados e até mesmo esquecidos.
58
A literatura na escola resiste à falta de livros, a falta de interesse e de vez
em quando ganha mais um leitor. No peito desse leitor e leitora, a palavra pode ser
como uma gota de chuva no Sertão, um pouquinho e já deixa tudo verde, um
pouquinho e quem sabe inunda e pode levar a muitos outros livros e textos que não
seriam lidos se as (o)s professoras (os) não tivessem indicado, se as (os)
bibliotecárias (os) não tivessem indicado, se as (os) amigas (os) não tivessem
indicado. Algumas respostas dos questionários aplicados indicaram amigas e
amigos como pontes para a leitura, então antes de espalharmos como docentes
toda a nossa desesperança em viver em um país de ‘não leitores’ é preciso ouvir
esses ‘não leitores’ primeiro.
Em seu artigo Motivações para a leitura literária no ensino médio a
professora e pesquisadora Maria Valdênia da Silva provoca a reflexão sobre que
leituras devemos oferecer aos jovens. Não podemos esquecer que eles sabem
muito bem o que querem e o que não querem também:
Como complemento à tarefa de repensar a pedagogia da leitura literária, no Ensino Médio, torna-se premente a reflexão sobre quais textos deve-se oferecer aos alunos. É certo que a diversidade de gêneros e modalidades literárias, bem como os diferentes suportes em que os textos se materializam devem ser a tônica nos planejamentos das aulas, todavia não se pode esquecer a quem esses textos se destinam. Por isso, é fundamental que o professor atente para as idiossincrasias do jovem leitor (SILVA, 2008, p.50)
Muitas vezes subestimamos e agimos de maneira impositiva, levando a
leitura a ser um castigo, uma forma de dominar os alunos e consideramos até
mesmo que eles desconhecem determinados autores e autoras. Uma vez uma aluna
me perguntou se eu tinha o livro da Patti Smith e poderia emprestá-lo. Fiquei tão
surpresa com o pedido que quase não acreditei. Mesmo que a escola crie um leitor
obediente é preciso mostrar que para além das fichas de leitura e seminários existe
a potência da escolha, da busca que vem do desejo de ler e de se interessar por um
livro apenas por sua capa ou título, por exemplo. Que as metodologias não matem
os leitores, como compreendemos da leitura do artigo da pesquisadora e professora
Ivete Lara Camargos Walty ‘Literatura e escola: antilições’:
Importa perguntar qual o papel da escola na formação do leitor. Não o leitor obediente que preenche devidamente fichas de livros ou reproduz com
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propriedade enunciados textuais. Mas o leitor que, instigado pelo texto, produz sentidos, dialoga com o texto que lê, seus intertextos e seu contexto, ativando sua biblioteca interna, jamais em repouso. Um leitor que, paradoxalmente, é capaz de se safar até mesmo das camisas de força impostas pela escola e pela sociedade, na medida em que produz sentidos que fogem ao controle inerente à leitura e à sua metodologia (WALT, 2011, p.52)
É importante sempre lembrar que jovens usam a internet, que vivenciam
experiências e, portanto, também possuem conhecimento de mundo. Como veremos
na análise dos questionários aplicados.
4.2 MENOS SEXISMO, MAIS LITERATURA: UMA CONVERSA COM
PROFESSORES E ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE QUIXERAMOBIM
Escolhemos quatro escolas públicas estaduais de ensino médio do
município de Quixeramobim para aplicarmos questionários sobre leitura e a
presença de autoria feminina nas aulas de literatura. Apesar de termos aplicado 264
questionários, ao final, obtemos a participação concreta de 248 alunos. Foram
aplicados dois tipos de questionário. O primeiro, estruturado em oito blocos, que
compreendem questões de avaliação da escola até frequência de leitura e gênero
preferido. O segundo, mais subjetivo, exigiu a escrita e memória dos estudantes que
responderam a questões sobre as aulas de literatura, experiências positivas e
negativas com o texto literário e a leitura de autoria feminina.
Com os professores aplicamos apenas um questionário, para saber sobre
suas práticas em sala de aula, a literatura de autoria feminina em suas vidas e
docência. No total, 16 profissionais responderam e deram sua contribuição à
pesquisa.
As escolas escolhidas recebem alunos da sede e dos distritos de
Quixeramobim e se diferem em muitos aspectos, como por exemplo, ensino regular
e ensino integral. As escolas elegidas foram: E.E.M. Assis Bezerra, E.E.M. Coronel
Humberto Bezerra, Liceu de Quixeramobim Alfredo Almeida Machado e Escola
Estadual de Educação Profissional Dr. José Alves da Silveira.
O levantamento de dados nos levou a analisar experiências
completamente diferentes de escola para escola, mas também a lugares e
problemáticas comuns. Partindo desse pressuposto, faremos o compartilhamento
com seus devidos comentários. É importante destacar que as respostas foram
60
digitadas respeitando a integridade de cada uma, portanto não fizemos nenhum tipo
de alteração. As turmas entrevistadas foram de 1º ano por estarem chegando do
ensino fundamental e 3º por estarem partindo e indo para novas etapas e processos
de aprendizagem, como o ensino superior. Em cada escola aplicamos em duas
turmas somando o total de oito salas.
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO ASSIS BEZERRA
A primeira escola da nossa ‘itinerância’ é Assis Bezerra. A escola é a mais
antiga da cidade e fica localizada literalmente na praça principal. Por ser no Centro
recebe alunos de todos os bairros, sobretudo os periféricos.
Com a leitura do Projeto Político Pedagógico é possível perceber que o
núcleo gestor e os docentes se preocupam com a construção de uma escola
emancipadora, crítica, contextualizada e construtivista, como também a repetência e
o abandono. Por isso, formas de manter a “clientela” como o próprio PPP chama os
alunos, é trabalhar no desenvolvimento de projetos e ações que fortaleçam e
resultem em bons resultados.
Entre competências e habilidades, conteúdo e metodologia, o plano anual
sintetiza as atividades do ano e inclui a literatura como peça importante, mas nada
detalhado. Para as turmas de 1º ano foi previsto ver ao longo do ano “O texto
literário”, “Os gêneros literários”, “A poesia lírica”, “A crônica”, “O conto”, “O teatro”.
Para as de 3º ano o “Simbolismo e o Pré-Modernismo", "Vanguardas Europeias e a
Semana de Arte Moderna", "A primeira geração modernista brasileira", "A segunda
geração modernista brasileira: poesia", "A segunda geração modernista brasileira:
prosa", "A terceira geração modernista brasileira", "A poesia de Fernando Pessoa”,
"Tendências contemporâneas das literaturas africanas de expressão portuguesa",
"Tendências contemporâneas da literatura brasileira". O plano anual construído pelos
professores é estruturado a partir dos capítulos do livro didático.
O livro adotado pela escola é Novas Palavras da editora FTD, o mesmo
do Liceu. Com quase 130 páginas, o conteúdo do livro do 1º ano só destaca a
autoria feminina com a escritora Clarice Lispector e traz o texto Felicidade
Clandestina na íntegra. As escritoras Renata Pallottini, Cecília Meireles, Lya Luft
e Lygia Fagundes Telles aparecem ao longo do livro através de atividades como,
por exemplo, questões do ENEM. O livro do 3º ano traz em um pouco mais de 160
páginas destinadas a literatura apenas quatro escritoras: Cecília Meireles, Clarice
61
Lispector, Paulina Chiziane e Hilda Hilst. A presença da escritora Paulina Chiziane
foi um alento, ela foi a única escritora africana que encontramos nos três livros que
analisamos.
A biblioteca da escola não será diferente das outras que descreveremos.
Em uma prateleira com uma média de 50 livros, apenas um livro é de autoria
feminina. Algumas das escritoras que fazem parte da biblioteca da escola Assis
Bezerra são Rachel de Queiroz, Maria Adelaide Amaral, Zlata Filipović, Flávia
Carneiro, Lygia Bojunga, Cecília Meireles, Lygia Fagundes Telles, Marjane Satrapi,
Cristiane Dantas e Adélia Prado8.
ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DR. JOSÉ ALVES DA
SILVEIRA
A escola Profissional, como é conhecida, é de ensino integral e
profissionalizante. Os alunos passam o dia na escola, fazem estágio no último ano e
saem com a possibilidade de se formarem como técnicos em: Agronegócios,
Edificações, Informática, Logística, Nutrição e Dietética e Administração. Também
oferece uma disciplina chamada Projeto de Vida e Mundo do Trabalho e o grande
objetivo é “propiciar um espaço onde aconteçam aprendizagens significativas”. É
bem verdade que a escola disponibiliza uma estrutura excelente no que diz respeito
a espaços de convivência e criação, mas o que chama atenção é o acervo da
biblioteca. A literatura cabe em uma estante, as escritoras que encontramos foram
apenas Rachel de Queiroz e Adélia Prado e na literatura infanto-juvenil Maria Clara
Machado, entre outras poucas. Como uma escola tão grande, com laboratórios,
quadra esportiva, refeitório, oferece uma biblioteca tão limitada?
O livro adotado pela escola é Ser Protagonista da Edições SM. Na
literatura do 1º ano as escritoras presentes são Agatha Christie, Alice Ruiz,
Clarice Lispector, Ana Cristina César, Lygia Fagundes Telles, Ana Martins
Marques, Angélica Freitas, Grace Passô, Paula Tavares. Já o do 3º o número de
escritoras em mais de 133 páginas diminui bastante, são elas: Rachel de Queiroz,
Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Hilda Hilst e Ana Cristina César. É
interessante perceber que o livro do 1º ano é mais “ousado” quando se trata de trazer
8 Provavelmente em cada biblioteca que passamos tenha uma ou duas escritoras a mais do que descrevemos
neste trabalho. Não fizemos levantamento livro por livro, e sim, passando os olhos e as mãos de forma atenta e
também conversando com os profissionais responsáveis pelos livros. Nenhuma das escolas possui o acervo
digitalizado.
62
autoras que não costumam estar presentes no livro didático.
O plano anual do 1º ano é dividido em competências/habilidades, conteúdos,
detalhamento do conteúdo e avaliação. O plano não cita escritores e conteúdos,
apresenta a literatura por “Estilos literários”. Já no 3º é ano é dividido entre
gramática, literatura e produção textual. No primeiro período temos: “Euclides da
Cunha: em busca da verdade histórica”, “Lima Barreto: a história dos vencidos”,
“Monteiro Lobato: um dínamo em movimento”, “Augusto dos Anjos: o átomo e o
cosmos”, “O texto e o contexto em perspectiva multidisciplinar”, “As Vanguardas
Europeias/ Brasileira”, “A Semana de Arte Moderna”, “As revistas o espírito da
renovação”, “A geração da revista Orpheu” e “Fernando Pessoa: o caleidoscópio
poético”. No segundo bimestre: “Manuel Bandeira e Alcântara Machado”, “O
romance de 30: Rachel de Queiroz”, “O Nordeste no romance de 30: Graciliano
Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado”, “O Sul no romance de 30: Érico
Veríssimo e Dionélio Machado”. No terceiro bimestre: “O Modernismo em Portugal:
a segunda geração”, “A poesia de 30: Carlos Drummond de Andrade”, “Cecília
Meireles e Vinícius de Morais”, “O teatro brasileiro nos séculos XX-XXI” e “Do
Neorrealismo ao Existencialismo em Portugal”. No último bimestre: “Os anos 1940-
50/ Clarice Lispector”, “Guimaraes Rosa: a linguagem reinventada”, “João Cabral de
Melo Neto: a linguagem objeto”, “A literatura portuguesa contemporânea”,
“Tendências da literatura brasileira contemporânea” e “Panorama das literaturas
africanas da língua portuguesa”.
LICEU DE QUIXERAMOBIM ALFREDO ALMEIDA MACHADO
O Liceu de Quixeramobim é uma das escolas que recebe a maior
demanda de alunos do município, além de ter três extensões rurais localizadas nos
distritos de Belém, Nenelândia e Berilândia. A versão do PPP que tivemos acesso é
de 2011 e o foco é o ensino-aprendizagem e a relação professor-aluno, além de ser
dividido em subtópicos como “Sociedade e Cultura”, “Conhecimento” e “Educação”.
Tivemos acesso apenas ao plano curricular do 1º ano que é dividido por
Competências/Habilidades, Conteúdos e Detalhamento do Conteúdo. O conteúdo
não é diferente das demais escolas: "O texto literário", "Gêneros literários: épico e o
dramático", "Gêneros literários: o lírico (estudo do poema)", "Os primórdios da
literatura na nossa língua", "Quinhentismo: escritos sobre o outro mundo", "Barroco:
movimento dos contrastes", "O Barroco no Brasil: Gregório de Matos e Padre Vieira",
63
"Arcadismo: o retorno dos clássicos", "Arcadismo no Brasil: a poesia épica e lírica".
Possui a maior biblioteca das escolas de toda a cidade. O acervo não é
só grande, como também muito diverso. Foi muito emocionante saber que a escola
que fiz o ensino médio continua investindo em livros e preservando o seu patrimônio.
Não só isso, o número de escritoras é muito expressivo, o que faz a diferença na
hora dos empréstimos, pois os alunos terão mais oportunidades de escolher autoras.
As autoras que a biblioteca disponibilizam são: Lygia Fagundes Telles, Eliane Brum,
Ali Smith, Clarice Lispector, Natércia Campos, Anne Frank, Katherine Mansfield,
Adriana Lunardi, Rita Lee, Ana Maria Machado, Zélia Gattai, Lygia Bojunga, J.K.
Rowling, Emily Brontë, Angela Gutiérrez, Marina Colasanti, Rachel de Queiroz,
Cecília Meireles, Helena Gomes, Rosana Rios, Laura Gallego García, Mary Ann
Shaffer, Jojo Moyes, Agatha Christie, Maria Carolina Maia, Adélia Prado e Emily
Dickinson. Como a bibliotecária fez questão de ressaltar, os livros são organizados
de acordo com a ficha catalográfica e provavelmente a presença de autoria feminina
é maior do que citamos.
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL CORONEL HUMBERTO
BEZERRA
Em 2016 a escola Humberto Bezerra começou a implantação do tempo
integral. Como toda mudança é processual, a escola ainda está se habituando e
passando por reformas físicas e também de propostas metodológicas. O PPP está
em construção e a biblioteca atualmente passa por reforma, portanto não
conseguiremos apresentar as possíveis escritoras presentes em seu acervo e nem
comentar um pouco sobre a missão da escola e os seus objetivos.
O plano curricular do 1º ano é dividido em Objetivos Específicos (por área
de estudo/disciplina), ementas das disciplinas e procedimentos didáticos básicos ou
estratégias. Os conteúdos da Literatura são divididos de acordo com o livro didático.
No primeiro bimestre é estudado o texto literário e para que serve a literatura, os
gêneros literários: épico, dramático e lírico. O segundo bimestre é voltado para a
poesia lírica e "a herança lusitana". Trovadorismo, Humanismo e Classicismo
português com Camões, Gil Vicente, D. Dinis. Quinhentismo com Sérgio Cohn. No
terceiro bimestre o conteúdo é Barroco, os escritores são Padre Antônio Vieira e
Gregório de Matos. No quarto bimestre Arcadismo, com Santa Rita Durão, Tomás
Antônio Gonzaga, Bocage, Basílio da Gama e Cláudio Manuel da Costa. Nenhuma
64
escritora é citada.
O plano curricular do 3º é dividido por competência/ habilidade, conteúdo,
detalhamento do conteúdo e procedimentos didáticos. No primeiro bimestre a
Literatura é “Pré-modernismo”, “Vanguardas Culturais Europeias”, “Modernismo em
Portugal”. Os autores citados são Lima Barreto, Monteiro Lobato, Augusto dos Anjos,
Maria de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. No segundo bimestre o foco é
“Modernismo no Brasil - Primeira e Segunda Geração e o romance de 30”. A
representação literária é Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira,
Alcântara Machado, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de
Moraes, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado,
Erico Veríssimo e Dyonelio Machado. A “Geração de 1945 e o Concretismo” é
conteúdo do terceiro bimestre. Os autores são João Cabral de Melo Neto e Ferreira
Gullar. No quarto bimestre temos a “Prosa Pós-Moderna e Tendências
Contemporâneas, os autores citados são Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
Assim como nas demais escolas, o plano curricular do Humberto Bezerra
é totalmente baseado no livro didático. O livro de Português da escola é o Se liga na
língua da editora Moderna e a presença de escritoras é pontual, para não dizer
ínfima. No livro do 1º ano as únicas escritoras citadas em um pouco mais de 120
páginas são Heloisa Seixas e Karina Buhr. Em 143 páginas, o livro do 3º ano
apresenta a sua primeira escritora depois da página 100 que é Ana Cristina César.
O livro destina seis páginas para Clarice Lispector, o que consideramos uma boa
surpresa, e por último, a terceira autora citada é Adélia Prado.
Com a leitura dos planos anuais e a análise dos livros utilizados pelas
escolas foi possível perceber que a presença da autoria feminina nas aulas de
literatura são restritas as mesmas escritoras: Clarice Lispector, Rachel de Queiroz e
Cecília Meireles. Se o livro apresenta apenas duas escritoras e uma delas está
situada no bloco de exercícios em que o aluno lerá o poema e fará uma atividade,
qual será a relação construída a partir disso? Um texto literário que será lido apenas
para a resolução de um exercício pode formar leitores?
Se fôssemos discutir a leitura de autoras na escola nas aulas de literatura
a partir do livro didático e do plano anual teríamos um resultado lastimável. Agora
mais do que nunca temos a compreensão de algumas respostas advindas dos
questionários. Por exemplo, quando o aluno respondeu que não lembra o que já leu
de autoria feminina não é à toa, provavelmente isso se dá porque o número de
65
escritoras que ele acessa na escola é muito pequeno. Nesse sentido, o papel do (a)
professor (a) é fundamental na desconstrução de uma historiografia literária que só
percebe o homem como produtor de literatura, bem como a biblioteca da escola.
Uma biblioteca com um acervo que oferece escritoras além do “cânone”
estabelecido pelo livro didático contribui para um aumento significativo da leitura de
escritoras.
Questionários
Mesmo com todas as pedras no caminho a Literatura permanece viva na
escola. Ler 248 questionários respondidos por alunos e alunas de escola pública me
fez ter esperança. Ao longo dessa experiência tive que desconstruir vários
estereótipos que de tão arraigados parece que eu mesma criei: “estudantes não
leem”, “a escola não consegue fazer um trabalho efetivo e afetivo com o texto
literário”, “escritoras que não estão nos livros didáticos não são lidas por alunos de
ensino médio”, “a biblioteca da escola não forma leitores como deveria.” Tantas
suposições, questionamentos, que ao longo da nossa vida profissional vamos
enraizando em nós, sejam eles bons ou ruins, e que marcam a nossa práxis de
maneira definitiva. Será isso positivo?
Na primeira aplicação dos questionários recebemos alguns em branco e o
primeiro sentimento foi de frustração. Será que vai ser assim nas outras escolas
também? Até o momento que percebemos que poderíamos falar disso também, a
folha em branco diz muito. “Professora, eu não tenho experiência de leitura, não
tenho o que responder”. Os questionários que não foram respondidos, as perguntas
que voltaram em branco ou com respostas curtas como “Não sei”, “Não lembro”,
“Nenhum”, “Não leio”, que não foram poucas, dizem muito. Dizem da vivência de
cada um e não podemos inventar o que não existe. Pedi que fossem sinceros
quando tivessem respondendo e eles foram.
A frustração também deu lugar a alegria. Projetos que desenvolvem o
gosto pela literatura, amigos que compartilham livros, até sugestões de autoras
como Harper Lee encontramos em meio às respostas dos questionários.
Infelizmente não é possível tecer comentário sobre tudo que lemos, mas tentaremos
compartilhar o que consideramos importante para que a literatura na escola seja
vista como uma peça importante da engrenagem que faz girar o pensamento crítico,
66
o respeito à diversidade, entre outras questões profundamente importantes para se
pensar a sociedade e o mundo que vivemos.
As aulas de literatura costumam acontecer no ínterim entre a produção
textual e a gramática. Quando perguntamos sobre as aulas, o estudo de obras
completas e/ou trechos as respostas foram muito similares. “Trecho, porque na
maioria dos casos não dá para explicar completamente.” “Costumamos estudar
apenas trechos de obras, por causa do calendário letivo escolar.” “Trechos de obras,
alguns textos. Nas aulas de literatura trabalhamos apenas o conteúdo do livro”.
O conteúdo do livro e trechos de obras são as respostas mais frequentes.
O conteúdo que o plano anual exige deve ser seguido de forma tão rígida que
encontramos respostas como “Nas minhas aulas de literatura só estudei o Barroco e
sua origem” ou que o aluno não consegue citar um autor e um livro e usa a escola
literária estudada ao longo do ano como resposta: “Estudamos varias obras como o
Barroco, romantismo etc... e é bem divertida aprendemos varias coisas”. Será que
aprendeu mesmo? “Não, nas aulas de literatura geralmente o professor só passa
exercícios, e às vezes “muito difícil”, ler algum poema”.
Muitos alunos se afastam do texto literário porque não compreendem o
que leem ou não entendem os poemas do Barroco, os textos naturalistas, o
romantismo dos livros indianistas, entre outros conteúdos tão presentes na escola.
Dessa maneira, as vivências que os alunos carregam, a época em que vivem e a
linguagem dos escritores e suas performances literárias, a historiografia presente
nos livros didáticos, tudo isso corrobora para um distanciamento imensurável entre
um possível potente leitor e o que está programado para a aula. “Costumo estudar
as obras por conta da escola, porém não são do meu interesse”.
O que poderia ser interessante, um momento de debate em sala em que
todos compartilham opiniões ou até mesmo uma válvula de escape para dias ruins
acaba se tornando mais uma aula como todas as outras. “Não, são aulas normais”.
“As aulas de literatura costumam ser normais igualmente as outras aulas.
Estudamos filmes literatura de livros e etc...”. Sabemos que o tempo não permite,
alguns professores trabalham os três expedientes, como verificamos nos
questionários que aplicamos, mas o que devemos analisar é como nossas práticas
podem acabar fatalmente caindo em leitura de trechos e exercícios. Como afirma os
alunos entrevistados: “Estudamos as características das escolas literárias, autores e
suas obras, depois fazemos exercícios sobre”. “Costuma ser cansativa e chata, pois
67
é algo repetitivo”.
O questionário 1, o primeiro que analisaremos, é dividido em oito blocos9.
O primeiro bloco "Trajetória Escolar" pergunta em que ano escolar ingressou na
escola e em que data foi o ingresso. O segundo bloco "Avaliação da Escola" gira em
torno de questões sobre o relacionamento do (a) educando (a) com a escola, como
ele (a) se sente, qual é a importância da escola, desde o ensino até a relação com
os colegas e professores (as). O terceiro bloco "Professores" diz respeito a uma
análise geral do comportamento profissional dos docentes. O quarto bloco "Leitura"
analisa a frequência de leitura, o gênero literário preferido, quantos livros possui,
qual é o ambiente de leitura em casa e o relacionamento com a leitura de maneira
geral com opções como "A escola me estimula a ler". O sexto bloco "Leitura na
escola" pergunta sobre a quantidade de livros que lê por ano na escola, se gosta ou
não dos livros indicados pelos professores, quem indica suas leituras, a biblioteca da
escola. O oitavo e último bloco "Sobre Você" pergunta o sexo, a cor, o nome
completo e questões pessoais da vida dos (as) estudantes.
Com tantos dados em mãos fizemos um recorte do que não poderíamos
deixar de comentar e transformamos em gráficos.
No gráfico “Minha escola é o lugar onde” quase 90% dos estudantes
discordam que se sentem incomodados na escola, ou seja, é um espaço que
consideram de acolhimento e se sentem bem. De maneira geral, as respostas levam
para uma análise positiva do ambiente escolar: 79,1% concordam que desenvolvem
o pensamento crítico, 87,5% acreditam que aprendem a escrever textos e 62% não
se sentem entediados.
9 Os questionários 1 e 2 estarão na íntegra nos anexos.
68
Gráfico 1 - Minha escola é o lugar onde
Fonte: elaborado pela autora
Quando perguntamos a importância da escola 72,1% respondeu que
considera importante, 23,3% decisiva e apenas 2% pouca importância. Um dado
relevante para tempos em que ouvimos a todo instante que os alunos não querem
mais estudar e detestam ir para a escola. O ideal seria que a escola fosse decisiva
para a maior parte dos (as) entrevistados (as), mas sabemos que questões sociais
permeiam a vida dos estudantes desde muito jovens, sobretudo os de escola
pública. Muitos precisam trabalhar para ajudar os pais e enxergam o ensino superior
como algo bem distante de suas realidades.
12
79,5 84
16,6
77,1
13,4 13,4 38
82,3 87,1 87,5 79,1
88
20,5 16
83,4
22,9
86,6 86,6 62
17,7 12,9 12,5 20,9
Concordo Discordo
69
Gráfico 2 - Qual a importância da escola para você?
Fonte: elaborado pela autora
Questionados sobre a frequência de leitura mais de 50% costumam ler
esporadicamente e 65,7% nunca leem 1 livro por semana. Quando se trata de um
livro por mês 37,5% garante a sua leitura mensal e o número de quem não deixa o
ano passar sem ler de 5 a 10 livros é quase 9%. Mais de 70% marcaram “Nunca”
para “Nenhum livro por ano”, o que quer dizer que pelo menos um livro por ano é
lido. A vivência em sala de aula me fez perceber que é preciso instigar a leitura
mesmo que seja em forma de avaliação parcial, pois muitos não leriam um livro
durante o bimestre ou até mesmo semestre sem o estímulo da nota. Precisamos
aumentar a frequência de leitura? Em tempos de internet esse é o maior desafio que
temos pela frente.
1% 2%
72%
23%
2%
Não possui importância
Pouca importância
Importante
Decisiva
Não sei
70
Gráfico 3 - Com que frequência você lê
Fonte: elaborado pela autora
Sobre os gêneros literários preferidos tivemos algumas surpresas. O
gráfico foi construído a partir da opção “Sempre”. Romance, crônica e ficção em
geral são os gêneros lidos por 38,5% das meninas. As sagas e livros adaptados
para o cinema são lidos por 22,1% dos meninos. Nenhuma menina marcou a leitura
de jornal como uma leitura regular. Os livros de poesia são mais lidos pelos
meninos, quase 13% em contraponto aos 10,4% de meninas que responderam.
Parece que poesia não é só “coisa de menina”. Histórias em quadrinhos, um gênero
que predomina a autoria masculina e que a indústria de comic books insiste em
considerar leitura de meninos, não surpreende por mostrar resultados muito
parecidos entre leitores e leitoras. Meninas também leem e escrevem quadrinhos.
26,2
65,7
40,7
6,4
48
56,8
49,5
58 62
77,4
50,4
23,7
37,5
22,5
29 27,8
21 24,1 22,5
10,8 14,1
6
14,5
8,4
14,4 9,2
13,7
8 6,4 4
9,2 4,4
7,2 4,4
8,4 6
15,7
0
8,8 7,6
Nunca Algumas vezes Quase sempre Sempre
71
Gráfico 4 - Que gênero você gosta de ler?
Fonte: elaborado pela autora
Tivemos um resultado bastante positivo sobre o ambiente de leitura em
casa. Mais de 56% tem tempo e silêncio para ler em casa. Apenas 14,9% prefere
outro ambiente para ler e estudar e 15,3% não pode ler porque precisa ajudar nas
atividades domésticas ou trabalha fora. Não perguntamos sobre a classe social ou
escolarização dos familiares dos entrevistados, mas acreditamos que o resultado
positivo se dá pela valorização do conhecimento e estudo por parte dos pais, que
em sua maioria, valorizam a leitura e a aprendizagem dos filhos.
38,5
20,2
10,4
0 0,6
15,6
24,8
7,1
15,7
22,1
12,6 10,5
7,3
21 17,8
7,3
FEMININO MASCULINO
72
Gráfico 5 - Ambiente de leitura em casa
Fonte: elaborado pela autora
Sobre ter uma biblioteca pessoal, consideramos uma boa porcentagem o
número de estudantes com livros em casa. As meninas são 61% e os meninos 53%
com uma média de 1 a 20 livros. Já os que não possuem biblioteca em casa, as
meninas somam 22% e os meninos 30%. Muitos dependem ainda dos acervos da
escola e biblioteca pública para ler livros, é por isso que é fundamental que esses
equipamentos funcionem com qualidade. É importante ressaltar que apenas uma
das bibliotecas das escolas visitadas apresenta um leque diverso de autoria
feminina, até mesmo autoria masculina é escassa. Sendo assim, é urgente que as
escolas públicas recebam incentivo e verba para continuar atualizando seus
acervos.
56%
15%
14%
15%
Tenho tempo e silêncio para ler
Não posso ler porque tenho que ajudar nas atividades domésticas/trabalho fora de
Não consigo me concentrar na leitura porque não respeitam meu espaço
Prefiro outro ambiente e costumo sair para ler e estudar
73
61%
16%
1%
22%
(1 a 20) (20 a 100) Mais de 100 Nenhum
53%
11%
6% 30%
(1 a 20) (20 a 100) Mais de 100 Nenhum
Gráfico 6 - Feminino Quantos livros há em sua casa?
Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 7 - Masculino Quantos livros há em sua casa?
Fonte: elaborado pela autora
A quantidade de livros que lê por ano na escola já não foi tão positiva.
74
Apenas 35% lê 1 a 2 por bimestre e 23% não lê nenhum por ano, ou seja, uma
parcela significativa de alunos termina o ano sem ter lido um livro indicado pela
escola. Um livro por semestre levou 25% do resultado, o que é bastante
preocupante, pois sabemos que um livro por semestre é uma média baixíssima de
leitura. Nos projetos políticos pedagógicos não encontramos nenhuma menção a
leitura, projetos literários desenvolvidos ou que a escola gostaria de desenvolver. A
ausência de iniciativas que promovam a leitura reflete os números levantados.
Gráfico 8 - Quantos livros lê por ano na escola?
Fonte: elaborado pela autora
Apenas 26% dos entrevistados leram e se interessaram por uma
indicação literária feita por um (a) professor (a), em contrapartida 46% nunca leram
uma indicação de um (a) professor (a) e 18% considera difíceis, o que pode ser a
resposta para a rejeição das indicações e leitura na escola do gráfico anterior.
35%
25%
17%
23%
1 a 2 por bimestre 1 por semestre 3 a 4 por bimestre Nenhum
75
Gráfico 9 - Gosta dos livros indicados pelos professores
Fonte: elaborado pela autora
Quando se trata de quem indica as leituras os amigos lideram o ranking.
Nada como um amigo que indica um livro! Focando na opção "Algumas vezes" é
interessante notar que 31,8% dos pais indicam livros de vez em quando, os amigos
42,2% e a internet 52%. Os youturbers, que mais do que nunca fazem parte dessa
geração, também entraram na lista de quem indica e indicam mais que os irmãos e a
pessoa que os (as) entrevistados (as) se relacionam amorosamente. Que papel
importante não? Os “booktubers”, como são chamadas as pessoas que trabalham
com literatura no Youtube, fazem um trabalho muito importante de disseminação do
texto literário e divulgação de autoras e autores.
26% 18%
46%
10%
Sim, são do meu interesse
Não, considero difíceis
Nunca li uma indicação de um(a) professor(a)
Meus professores não costumam sugerir ou cobrar leituras
76
Gráfico 10 - Quem indica suas leituras?
Fonte: elaborado pela autora
Mais de 60% discordam que só leem o que é necessário, mas apenas
41,9% consideram o hábito da leitura uma diversão. Felizmente 91,5% não acham
que ler é uma perda de tempo. Quase 74% afirma que a escola estimula a ler.
Parece que a escola está no caminho certo, mas mesmo assim não podemos
esquecer a frequência de leitura ainda pequena. Este é um dado bastante
interessante quando voltamos um pouco atrás no gráfico “Quantos livros lê por ano
na escola” e observamos que o número de leitura é baixíssimo. Como a escola
estimula a leitura se o número de livros lidos no ambiente escolar chega a 1 por
semestre em apenas 25% dos entrevistados? A existência da biblioteca escolar é um
estímulo e tanto para que as leituras possam ser feitas em casa, mas a leitura em
sala de aula é fundamental para a formação de leitores.
51
72,9
24,2
67,3
22,5
51,6 45,6
31,8
19,7
42,2
22,1
52
33,4 31
7,2 5
24,5
6,9
18,2
8,6 12 10
2,4
8,8 3,7
7,3 6,4 11,4
Pais Irmãos Amigos A pessoa com quem me relaciono
amorosamente
Internet Blogs Youtubers
Nunca Algumas Vezes Quase Sempre Sempre
77
Gráfico 11- Hábitos de leitura (feminino)
Fonte: elaborado pela autora
Resolvemos fazer dois gráficos sobre os hábitos de leitura. Quase 50%
dos meninos só leem o que acreditam ser necessário enquanto as meninas o
número é bem menor, 35,2%. Um pouco mais de 50% discorda que ler é uma de
suas diversões e também considera difícil ler um livro até o final, mas 85,2%
discordam que ler é uma perda de tempo. Por que não conseguem ler um livro até o
último capítulo? É interessante perceber as contradições nas respostas. Ler não é
uma perda de tempo para a maioria, mesmo assim mais da metade não considera a
leitura uma diversão e tem dificuldades de terminar um livro. A escola continua
3,3 5,9 3,3 9,8
3,9 8,5 2 2,6 1,3 6,5
61,5 52,2 55,5 50,3
91,5 70
77,1
31,4
79,7
19,6
35,2 41,9 41,2 39,9
4,6
21,5 20,9
66
19
73,9
NÃO SABEM DISCORDAM CONCORDAM
78
sendo um espaço de formação de leitores, mais de 70% acreditam que o ambiente
escolar estimula a ler.
Gráfico 12 - Hábitos de leitura (masculino)
Fonte: elaborado pela autora
Mesmo com percalços a literatura resiste. É o que veremos com o
questionário 2. Um exemplo é John Green, o autor é lido entre 8 de cada 10 jovens
quixeramobinenses. Se assim podemos analisar a sua presença incansável quando
se trata de autores lidos fora e dentro da escola. A Culpa é das Estrelas é um dos
livros mais lembrados e que marcam a vida de leitores e leitoras mais jovens, como
comenta uma delas:
“Começou quando eu estava na primeira fase do fundamental, sempre gostei bastante de ler. Indico “A revolução dos bichos” e “Dom Casmurro”, são obras fascinantes. Minha única experiência negativa foi o fato de ter me tornado uma pessoa triste por culpa do livro “A culpa é das estrelas”, e me sinto representada pela Alaska, do livro: “Quem é você, Alasca?”, menos a parte em que ela fala é fumante, porque eu sou asmática kkkk.”
4,2 7,5 1,2 3,2 2,2 5,4 3,1 4,3 2,2 6,4 0
47,3 51,5
45,2 62,1
85,2 56,8
82,1
54,7 81
20
0
48,5 41 53,6
34,7 12,6
37,8 14,7
41
16,8
73,6
0
HÁBITOS DE LEITURA MASCULINO
NÃO SABEM DISCORDO CONCORDO
79
A irreverência da resposta da aluna é uma boa demonstração de que a
literatura não precisa ser apenas contemporânea para atrair jovens, de que a
linguagem e o enredo não precisam ser necessariamente fáceis. A Culpa é das
Estrelas traz personagens jovens que enfrentam problemas de saúde muito graves
e por isso questões sobre a vida e a morte são elementos da narrativa. Não dá para
deixar de comentar que eles se apaixonam e por serem pacientes terminais o amor
se torna uma questão. Além de abordar temáticas que interessam o público infanto-
juvenil, o livro foi adaptado para o cinema, atraindo ainda mais leitores.
Para germinar leitores não é preciso de imposição, mas de incentivo. Até
mesmo uma dica que vem no meio da aula pode servir de motivação. Para isso, o
professor tem que ser leitor, se ele não tem o gosto pela literatura dificilmente falará
sobre livros, autores. Como indicar livros se não há leitura? A possibilidade de deixar
que a curiosidade aguçada do aluno procure por si só também não pode ser
descartada. “Quando a obra chama muito minha atenção costumo procurar ler o
livro.”
Quando perguntamos sobre os autores e autoras lidos fora da escola 46
responderam “Nenhum”, 22 não responderam e 35 responderam “Não lembro.”
Respostas como “Nada, não leio nem na escola imagina fora dela”, “Não costumo ler
literatura", “Eu nao leio livros literários, outros tipos eu leio!”, “Não gosto de ler”
também surgiram. Dos que citaram livros e autores (as) temos:
Tabela 1 – Autoras
Autoras Número de vezes citad a
Autores Número de vezes citado
Ana Cristina César
1 Antoine de Saint-Exupéry
14
Anne Frank 1 Alexander C. Irvine 1
Ana Fortier
1 Aluísio Azevedo 1
Andressa Urach 4 Augusto Cury 11
Alyson Noël 1 Augusto dos Anjos 2
Audrey Carlan 1 Ariano Suassuna 1
Ava Dellaira 1 Arthur Conan Doyle
1
Carina Rissi 1 Bartolomeu 3
(continua)
80
Campos de Queirós
Cassandra Clare 4 Bram Stoker 1
Clarice Lispector 20 Bráulio Bessa 3
Cecelia Ahern 1 Bruno Paulino 7
Cecília Meireles 7 Caio Riter 1
Christiane F. 1 Carlos Drummond de Andrade
12
Christina Lauren 1 Chico Buarque 1
Daína Chaviano 1 C. S. Lewis 1
Ellen G. White 1 Dan Brown 5
Erika Leonard James 3 David Levithan 1
Elizabeth Gilbert 1 Dyonélio Machado 1
Esther Earl 2 Dostoiévski 3
Fabiane Ribeiro 3 Euclides da Cunha 1
Helena Gomes 1 Graciliano Ramos 4
Isabela Freitas 10 Gregório de Matos 1
Jenny Han 1 George Martin 1
Jojo Moyes 13 Guimarães Rosa 1
J. K. Rowling 6 Goethe 1
Lauren Kate 1 Ique Carvalho 1
Lisa Jane Smith 2 Igor Pires da Silva 1
Márcia Leite 1 Jeff Kinney 9
Maria Mariana 1 João Cabral de Melo Neto
1
Marina Colasanti 5 Joaquim Manuel de Macedo
2
Maitê Proença 1 John Harding 1
Madeleine Roux 1 John Green 36
Paula Pimenta 4 José de Alencar 3
Rachel de Queiroz 6 José Lins do Rego 1
Raquel Koury 2 Jorge Amado 8
Rupi Kaur 2 John Boyne 1
Stephenie Meyer 5 Júlio Verne 3
Socorro Acioli 1 J. R. R. Tolkien 1
Suzanne Collins 3 Lewis Carroll 1
Thalita Rebouças 1 Leandro Neko 1
Katherine Paterson 1 Leonard Mlodinow 1
Kiera Cass 6 Lucas George 1
Valéria Piassa Polizzi 1 Luís de Camões 2
Veronica Roth 2 Luís Henrique Pellanda
1
Zibia Gasparetto 4 Maquiavel 1
Mário de Andrade 1
Markus Zusak 8
Manuel Bandeira 3
Mauricio de Sousa 1
Marcelo Rubens Paiva
1
Machado de Assis
22
Milton Hatoum 1
Miguel de Cervantes
1
Moacyr Scliar 1
Monteiro Lobato 9
Nicholas Sparks 2
Nick Vujicic 1
(continuação)
81
Paulo Lins 2
Paulo Coelho 2
R. J. Palacio 4
Rick Riordan 10
Richard Bach 2
Rubem Fonseca 1
Saramago 1
Shakespeare 1
Stephen Chbosky 1
Stephen King 2
Sidney Sheldon 1
Thomas Keneally 1
Kafka 1
Khaled Hosseini 5
Vinícius de Moraes 2
William P. Young 4
Wilson Frungilo Junior
1
Zuenir Ventura 2
Fonte: elaborado pela autora
Mais de 100 escritores (as) foram citados. Os autores foram mais
presentes na lista sendo levantados 76 nomes, entre eles os mais lidos foram: John
Green (36 vezes citado), Machado de Assis (22 vezes) e Antoine de Saint-Exupéry
(14 vezes). Das 45 escritoras presentes na lista, as mais lidas são Clarice Lispector
(20 vezes citada) Jojo Moyes (13 vezes citada) e Isabela Freitas (10 vezes citada). O
autor americano John Green foi o autor mais lido e uma das respostas diz muito da
presença dele na leitura dos jovens:
“Eu não li tantos e lembro só o que eu realmente gostei e que eu acho que
quase todos já leram que é “A culpa é das estrelas.”
Quando perguntados sobre o autor que mais gostou de ler e o que
marcou na leitura 5 não responderam, 33 responderam “Nenhum”, 4 responderam
“Não sei”, 27 responderam “Não me lembro” e 7 responderam “Não costumo ler”.
Além de respostas de leitores apaixonados pelas leituras que fizeram e os que
compartilharam a dificuldade de ler um livro por inteiro, destacamos algumas:
“Não costumo ler todo o livro so metade.” “Nunca li nenhum livro.” “Capitães de areia, o jeito que as crianças superam suas dificuldades.”
(conclusão)
82
“Não sou muito de ler livros, aliás só leio os livros nas aulas quando pedem.” “Machado de Assis, os seus mistérios me encantaram e despertaram a vontade de ler mais.” “Não costumo ler obras literárias clássicas.” “Gostei pelo fato de já ter um filme sobre ele, e também por ser ficção e eu sou apaixonada.” “Clarice Lispector; o fato dela mostrar o pensamento e as emoções de cada personagem.” “John Green, os pequenos detalhes citados.” “Outros jeitos de usar a boca”, é poesia e me deixa fascinada com tanta realidade e sentimento envolvido.” “Marina Colasanti. Ela costuma trazer muita reflexão em suas obras.” “Rachel de Queiroz. Não sei o que exatamente me marcou, mas acho que é pelo o fato de eu ser muito apaixonado pelas obras dela, a forma que ela escreve é incrível.” “J.K Rolling, os detalhes e de como era tratado.”
Nessa questão direcionamos a pergunta para autoria masculina, mas 25
escritoras foram citadas: Andresa Urach (2 vezes), Ana Fortier, Annabel Pitcher,
Anne Frank, Andressa Urach, Cassandra Clare (2 vezes), Carina Rissi, Cecelia
Ahern, Cecília Meireles, Clarice Lispector (12 vezes), Ester Bezerra, Ellen G White,
Fabiane Ribeiro, Isabela Freitas (5 vezes), J.K. Rowling (2 vezes), Jojo Moyes (2
vezes), Madeleine Roux (2 vezes), Marina Colasanti, Paula Pimenta (3 vezes),
Rachel de Queiroz (2 vezes), Rupi Kaur, Kiera Cass, Stephenie Meyer, Veronica
Roth e Zíbia Gasparetto.
O número de autores citado foi 44, são eles: Ariano Suassuna, Augusto
Cury (5 vezes), Augusto dos Anjos, Antoine de Saint-Exupéry (3 vezes), Alberto S.
Galeno, Aluísio Azevedo, Arthur Conan Doyle, Bráulio Bessa (3 vezes), Bruno
Paulino (4 vezes), Caco Galhardo, Carlos Drummond de Andrade, Camões, Dan
Brown, Dyonélio Machado, Fernando Pessoa, Gregório de Matos (2 vezes),
Guimarães Rosa, Ique Carvalho, Paulo Coelho, R. J. Palacio, Rick Riordan (4
vezes), Jeff Kinney (2 vezes), José Lins do Rego, José Saramago, Jorge Amado (3
vezes), John Green (16 vezes), John Harding, John Boyne (3 vezes), Júlio Verne,
Lima Barreto, Khaled Hosseini, Machado de Assis (10 vezes), Matthew Quick,
Markus Zusak (2 vezes), Monteiro Lobato, Nicolas Sparks, Paulo Freire, Paulo
Leminski, Patativa do Assaré, Roberto Drummond, Vinícius de Moraes (2 vezes),
William P. Young e Zuenir Ventura.
83
Até mesmo quando perguntados sobre autoria feminina John Green é
citado e livros como “A menina que roubava livros”, que é de um escritor, também. O
número de leitores (as) que não lembram se já leram autoria feminina foi quase o
triplo de leitores (as) que não lembraram de livros lidos de autoria masculina e isso
respingou no número de autoras citadas que foi muito menor que na pergunta 3.
Dessa forma temos: 27 não responderam, 34 responderam “Não”, 10 responderam
que “Não gostam e não costumam ler livros”, 80 responderam “Não lembro”.
As escritoras citadas foram: Ana Cristina César, Clarice Lispector ( 20
vezes), Cecília Meireles ( 2 vezes), J. K. Rowling ( 4 vezes), Jojo Moyes ( 2 vezes),
Lygia Fagundes Telles, Kiera Cass, Isabela Freitas, Lisa Jane Smith, Madeleine
Roux, Márcia Leite, Marina Colasanti ( 13 vezes), Paula Pimenta, Raquel de Queiroz
( 10 vezes), Stephenie Meyer ( 2 vezes), Thalita Rebouças ( 2 vezes) e Zíbia
Gasparetto.
Escritoras de sagas foram muito presentes nas respostas: “Já li algumas
escritoras como as escritoras da saga Crepúsculo e da saga diários de um vampiro,
e a escritora de Harry Potter.” “De novo J.K. Rowlling, a mulherzinha que escreveu o
Harry Potter”. Escritoras brasileiras também: “Ana Cristina César sempre me marca”.
“Li bastantes textos da Marina Colasante, aqui mesmo na escola, entre as folhas do
verde”. “Já li alguns textos, só por cima da Rachel de Queiroz, se não me engano foi
“O quinze”, gostei porque ele retrata bem nossa vida aqui do sertão.” “Cecilia
Meireles, os textos para crianças são maravilhoso, amo de paixão as obras dela,
considero ela como uma ótima profissional.”
Quando se trata de diversidade de autoras, as escritoras estrangeiras
estão na frente, elas foram citadas mais vezes. Em contrapartida, escritoras como
Clarice Lispector e Marina Colasanti foram mais lidas que escritoras como Jojo
Moyes e J.K. Rowling. Acreditamos que a maior presença de escritoras
estadunidenses, inglesas, entre outras, se dá pelo alcance de suas literaturas. As
autoras lidas e citadas nos questionários ganharam o mundo e seus livros são
considerados best-sellers.
A falta de memória dos nomes já lidos esteve bastante presente nas
respostas e até mesmo a confusão de autoria: “Não lembro de ter lido nada.” “Ainda
não cheguei a ler livros de escritora.” “Eu nunca li textos ou livros escritos por
mulheres.” “Não me lembrei, nem o nome do texto e nem nome da escritora, mas eu
já li sim”. A resposta que chamou mais atenção destaca o que estamos defendendo
84
com esta pesquisa - a importância da literatura de mulheres para uma sociedade
que insiste em acreditar em “ideologia do gênero” quando o que mais necessitamos
é igualdade e respeito: “Marina Colasanti (A galinha ruiva) por causa da reflexão que
ele traz sobre as mulheres e o seu pedido de ajuda.”
A quinta e última questão pedia para que contassem um pouco sobre
suas experiências com a literatura, como começou a vida de leitor, que obra indicaria
que marcou profundamente, experiências positivas e negativas com a leitura, e por
fim, se já se sentiram representado (a)s por uma personagem, por um autor(a). As
respostas deram tom ao que analisamos ser o questionário 2: um relato sincero e
reflexivo da presença da literatura na vida de estudantes de ensino médio. Vamos
ver algumas respostas, pois uma seleção mais concentrada se encontra nos anexos.
A família, amigos, professores e escola como fontes para a formação de
leitores:
“Meu interesse com a leitura começou pelo projeto feito pelo professor João Paulo, depois percebi que a leitura era fundamental e comecei a gostar dela, hoje leio por prazer, gosto de ler e adicionar novos mundos para mim.” “Começou com um trabalho de redação no meu fundamental, onde foi distribuido alguns livros de alguns autores e fiquei com Machado de Asssis, livro “Cinco Minutos”.” “Nunca fui de ler, depois de incentivos de amigos foi que eu me permitir a ler e gostei muito.” “Eu comecei a gosta por conta da minha mãe, que ficava indicado livros, não lembro qual foi o primeiro livro que eu li completo. Mas um livro que eu indicaria era Para sempre.” “Quando entrei na escola não gostava de ler até eu participar do circulo de leitura um projeto da escola e comecei a gosta de ler muitos livros interesante e que me fez pensar em um mundo melhor, livros. Olho de vidro do meu avô. O pequeno principe. Dom Casmurro, Caminho de Homero e livros de poesia. Hoje sou multiplicadora e vejo o mundo diferente do que eu via antes.” “Minha experiencia com a leitura é muito boa, comecei a ter mais acesso com livros a partir do primeiro ano por conta da biblioteca da escola.” “Comecei a ler muito cedo, minha família sempre me motivou a ler.” “Bom eu comecei a ler, pra te assunto com uma amiga que a muito tempo eu nao via, dai eu me apaixonei pela literatura, A garota feita de espinho, que ela sobre por causa de sua doença...” “Eu comecei a gostar do habito de ler esse ano, porquê descobri que ia facilitar mais na minha vida estudantil assim me reuni com amigos e fizemos
85
um grupo de leitura, sempre interagindo sobre os assuntos relatados no livro. A obra que indicaria é “Capitães de areia.”
Momentos difíceis em que a ficção é uma janela para outro mundo e a
importância da representatividade:
“A leitura entrou na minha vida em um momento dificil, onde passava por dificuldades e preconceito e depois dai me perco nos livros, o livro que eu indico é capitães da areia e me sinto representado pelas crianças do livro que lutam bastante.” “Eu costumo ler com muita frequência desde os quatro anos de idade, já até fiz meus proprios livros e até poesias. Eu indicaria ‘A lógica inexplicável da minha vida’ eu me senti representado pelo protagonista. Minhas experiencias foram pouco negativas, pelo fato da minha condição financeira impedir-me de ler mais livros.”
Ler por prazer e não por obrigação:
“Não sou muito de ler livros, só quando quero me distrair com alguma coisa, eu leio.” “É algo prazeroso e inspirador de se ler e nos traz mais prática e aprendizado. Sempre me interessei: por livros e sempre me acompanharam. Tive ótimas experiências porque enriqueceu muito meu vocabulário. O modo como Machado de Assis descreve seus personagens, por vezes me representa.” “Comecei a ler quando tinha uns 12 anos, a leitura na época para mim era uma forma de passar o tempo. Porém, depois de ler um determinado número de livros eu me apaixonei perdidamente ao ponto de depender de um livro para estar completa. Hoje me vejo limitada dessa paixão por estar no terceiro ano e ter que abrir mão de ler o que gosto para estudar e passar no vestibular. No inicio foi dificl desapegar, mas sou movida pela esperança de depois ler poder ler todos que eu desejo agora e não posso.” “Tinha vontade de aprender a ler para poder ler livros. Assim que aprendi, li Sonho de uma noite de verão, devia ter uns 6 anos. A partir daí fiquei encantada e hoje conto com quase 30 livros em casa, já li quase todos e sempre busco ler mais. O que me atrapalha é a falta de tempo, ou eu não estou dando devida prioridade.”
Leituras que marcam e quando o gênero literário é uma escolha pessoal
adquirida com a experiência de leitor:
“Bom, eu gosto muito de ler, adoro livro de adolescentes, amorosos, gosto também de ficção e indico demais a Paula Pimenta, desde o começo eu venho falando dela porque ela me marcou muito.”
86
Quando a consciência de que é preciso ler mais parte do leitor e não de
um professor:
“Minha experiência com a literatura é bem pouca, porém me marcou muito, gostei muito e gostaria de aprofundar mais e mais.” “No começo eu não gostava de literatura, por ser das “exatas” não me interessava muito, mas, depois de ler Augusto dos Anjós e Augusto Cury (mesmo não sendo literatura) algo dentro de mim despertou, pois nunca escrevi, e para mim para escrever o futuro, precisamos ler e entender o passado.” “Eu tenho muita dificuldade em redação (eu admito KKK) e um jeito de eu melhorar isso, foi lendo, assim eu descubro novas palavras e melhora minha leitura e escrita.” “A minha experiência com a literatura não é de longa data, no entanto me arrependo por não ter despertado essa bibliofilia antes. A obra que eu indicaria para os leitores seria, (Zuvenir Ventura) – Minhas histórias dos outros. Sim, a maioria da obras de quem já li me indentifiquei e também me emocionei com os textos.” “Bom, eu não tenho muito o hábito de ler, mas minha professora de língua portuguesa trás textos literários para a sala, ela gosta muito da Marina Colassant, e nós lemos. Eu não costumo ler em casa eu leio mais na escola.” “Bom, não gosto muito de ler, mas confesso que estou gostando bastante de entrar nesse mundo. E muito bom se envolver no texto e fazer parte da história, é como se algumas contassem sobre nós sabe, estou gostando bastante.” “Muitos livros me definem pelo drama que a personagem vive, a leitura é bom mas preciso melhorar nesse aspecto.”
E se eu não gosto de ler? Conhecer a si mesmo é fundamental para criar
novos hábitos, pois tudo tem seu tempo:
“Não tenho experiência com a literatura, so tive experiência como: mais raiva a ela.” “Eu particularmente não sou muito chegada a ler, leio quando o título me chama a atenção.” “Eu não tenho experiência com a literatura em si, pois só leio trechos de obras para a apresentação de trabalho, e é algo que não me desperta.” “Eu gosto bastante, porém nada muito extremo. Não lembro de muitas obras, mas acho a Clarisse Lispector interessante.”
87
Apaixonar-se por um personagem ou romance não é muito difícil, ainda
mais quando se é jovem:
“No começo fui puxada pelo romance e as aventuras dos livros do Nicholas Sparks, após isso, o meu desejo pela leitura aumentou, fazendo com que eu procurasse uma literatura mais vasta, com mais complexidade, então li Machado de Assis, continuei nos seus mistérios e cada dia a mais me apaixono pela literatura/leitura.”
E, por último, uma dica para quem que ler, mesmo que a dica venha de
um leitor não muito ativo:
“Não sou uma pessoa ativa na leitura, leio raramente. Acho que o ideal não é que eu indique uma obra, mas que o leitor pesquise e encontre um tipo de leitura que se encaixe no seu estilo.”
Um questionário voltado para as práticas de ensino também foi aplicado
com professores e professoras das escolas pelas quais passamos. O questionário é
dividido em dois blocos, sendo o primeiro com questões de formação e contratação
e o segundo bloco é o que teceremos comentários. Assim como o dos educandos,
destacaremos apenas algumas respostas e as demais estarão disponíveis nos
anexos, como também não fizemos nenhuma modificação. Ao todo 16 profissionais
responderam, sendo cinco da Escola Assis Bezerra, três da Escola Humberto
Bezerra, cinco do Liceu de Quixeramobim e três da Escola Profissional.
A primeira pergunta refere-se ao planejamento das aulas de literatura, se
a professora ou professor tem liberdade de escolher os livros e textos que trabalha,
se pode ir além do plano anual de Língua Portuguesa e do livro didático ou segue a
risca o conteúdo para o bimestre. Nas respostas observamos que há sim a liberdade
de trabalhar com materiais de sua escolha, mas que o livro didático e o plano anual
continuam sendo roteiros pré-estabelecidos. Entender que o livro não traz tudo e
que é necessário ir além do estabelecido é uma reflexão que encontramos nas
respostas:
“Tenho liberdade para trabalhar com textos e livros diversos, até porque o livro didático é bastante resumido, sucinto, e limitar o conhecimento dos alunos apenas ao que é exposto no livro didático é até criminoso. Apesar de trabalhar numa extensão de matrícula e ter pouco acesso a livros,
88
Datashow, por exemplo, temos a tecnologia ao nosso favor, quase todo aluno possui um celular. Infelizmente o nosso aluno tem dificuldade de despertar para a leitura, mas a literatura, se bem direcionada, é uma viagem pela própria História. Os meus alunos gostam dessa viagem.”
“Sim, tenho liberdade para escolher os livros e textos, os quais utilizo como material suporte no desenvolvimento das minhas aulas. Não considero suficiente os textos e fragmentos que compõem nossos livros didáticos. Percebo as muitas lacunas deixadas pelos mesmos.”
“Costumo ler os textos do livro didático, pois acho importante que o aluno tenha contato com a literatura clássica. No intuito de torná-los mais acessíveis estabeleço pararelos com a realidade. Os autores mais novos contam com estratégias que os aproximam dos jovens leitores.”
“As aulas de literatura partem do currículo (grande curricular), porém temas que perpassam outras disciplinas (História, Sociologia, Filosofia, Matemática, Biologia etc.) são o mote para o desenvolvimento da aprendizagem. Desse modo, a exposição da historiografia literária depende do aprofundamento que ocorre nas atividades (seminário, ficha de leitura etc).”
“As aulas de literatura são planejadas levando em conta o plano anual e o livro didático porém sempre com apoio de materiais extras. Praticamos bimestralmente a metodologia “Tertúlia literária”; onde um clássico da literatura é debatido com os alunos.”
“Em parte sim, no entanto temos que seguir o que é proposto pelo currículo/livro didático, oficinas do SPAECE, ENEM, o que acaba por algumas vezes nos “obrigando” a seguir o que está no livro, mas procuro ampliar minhas com visitas à biblioteca, com o incentivo à leitura, com a leitura de textos literários em sala (além do livro). Fazemos também o círculo de leitura.”
“As aulas de Literatura são planejadas conforme o currículo, porém tenho a liberdade de escolher materiais e metodologia que correspondam à necessidade de cada turma. Como trabalho com as 3º séries, o aprofundamento literário por meio da leitura integral das obras acaba sendo limitado, pelo fato da metodologia se voltar principalmente para o ENEM e outras avaliações externas.”
“As aulas são momentos únicos e criativos, pois a literatura é livre assim como as possibilidades práticas. Trabalho do regional ao universal, unindo popular e cânone, música, dança e reflexão. Busco promover aulas dinâmicas, interativas e construtivas mas abordo a teoria necessária ao processo crítico e reflexivo dos alunos.”
A segunda pergunta quer saber sobre a vida de leitor do (a) entrevistado
(a) dentro e fora da escola. Na verdade mais de uma pergunta: Você se considera
um (a) professor (a) leitor (a)? Quantos livros costuma ler por mês? Você costuma
comprar livros ou pegar emprestado em bibliotecas? As suas leituras são motivadas
apenas pela escola ou pela internet, blogs, amigos?
É possível perceber através das respostas que não é admissível
89
trabalhar em sala de aula sem leitura. A leitura é a respiração do (a) professor (a),
sobretudo de quem dá aula de literatura. Mas, o tempo em sala de aula sufoca
esses profissionais que precisam tanto da leitura e de forma contraditória acabam
lendo muito pouco e menos do que gostariam. Com as respostas encontramos
pessoas apaixonadas pelo texto literário:
“Não sou uma professora leitora. Tenho necessidade disso. Principalmente ser uma leitora por lazer. Ler por prazer, ler para expandir minha história de leitura. Infelizmente a desvalorização do professor faz com que eu (e tantos outros), que precisam sustentar suas famílias, necessitam abraçar 3 turnos de expediente, praticamente sem tempo para viver. Eis-me aqui.”
No momento não me considero um leitor, mas sei que a leitura é muito importante. Esse ano talvez só tenha lido 3 livros no primeiro semestre. As minhas leituras são motivadas principalmente por amigos.”
“Sou um professor leitor. Costumo ler/reler entre 10 e 15 livros por mês. Além de comprar bastante livros, tenho o hábito de alugar exemplares na biblioteca da escola onde leciono. As motivações são as mais variadas! Leio por curiosidade sobre determinado assunto, meio para aprimorar algum aspecto de lecionar ou para reavaliar minha prática pedagógica, meio por prazer, meio para pesquisar etc. Tornei-me leitor no Ensino Médio quando uma professora elogiou um poema que eu havia feito por conta de um trabalho de classe. Ainda no Ensino Médio, tornei-me leitor quando me apaixonei por um estilo musical, heavy metal, que instigou a pesquisa e a leitura das canções que, em muitas delas, apareciam assuntos interessantes para mim naquele momento (mitologia, história mundial, etc). Hoje, sou um leitor voraz! Surgida a fagulha da curiosidade, começa minhas pesquisas (leituras) que acabam sempre em livros e mais livros!”
“Hoje em dia considero-me uma professora que já foi mais leitora; pois devido as demandas de sala tenho lido em média 2 livros ao mês. A escolha dos mesmos é sempre feita e motivada pela necessidade do momento. Faço leitura através da internet, e-books e livros próprios.”
“Leitura é minha amiga, busco minha libertação, prazer como também conhecimento.”
“Leio em média 2 livros por mês, infelizmente o tempo não ajuda. Leio por prazer e procuro sempre mostrar isso a meus alunos para tentar motiva-los.”
“Costumava ler livros em bibliotecas públicas, sempre tive uma grande identificação com temas regionalistas, sociais, que trabalha com o inconsciente dos personagens. No entanto, o sistema educativo, com sua extensa burocracia e quantidade de horas de trabalho, nos privam de costumes imprescindíveis ao ato de educar. A leitura se torna presente, mas não na mesma intensidade de antes.”
“Sempre amei ler e continuo com essa prática, não se pode ensinar, motivar e inspirar o seu educando, quando não se tem o gosto/prazer pela leitura. Costumo ler dois livros por mês (atrelado a outras leituras), procuro estar atualizada e informada sobre as novas tendências/escritores/críticas literárias (o que pensam/criam/sugerem) os mestres/doutores/escritores dessa área.”
“Sou apaixonada pela Literatura e costumo comprar obras que me
90
interessam a partir de temas ou autores que me interessam a partir de temas ou autores que já gosto ou que gostaria de descobrir. Quanto à prática da leitura, confesso que tenho me voltado de forma muito exclusiva a leituras técnicas, não me debruçando tanto na literatura como gostaria.”
Durante a faculdade você tem memória de ter lido autoras, que autoras e
como elas marcaram a sua vida ou não de leitor (a)? Você costuma ler mais
escritores ou escritoras? Interessante perceber que as autoras não são muito
diferentes das lidas pelos estudantes e que na universidade as mesmas escritoras
persistem e a diversidade é quase inexistente. Por que essa resistência, se existem
tantas escritoras antes de Clarice e depois de Rachel? Apenas uma resposta traz
uma autora contemporânea, as demais trazem o cânone reconhecido pelo livro
didático e academia:
“Li Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Cora Coralina. Em meio a um universo tão masculino, ler autoras influencia sempre. Como já falei, não sou leitora como gostaria de ser. Mas o que eu percebo é que o que se tem em abundância para consumo de leitura são autores – é o que é mais acessível. Em outras circunstâncias, li autoras femininas, mas em outra graduação. Fiz Pedagogia e existem muitas autoras nesse ambiente de estudo. Será por ser um ambiente mais feminino? Percebo mais preconceito nessa situação.”
“Na faculdade lembro-me de ter lido Raquel de Queiroz, a obra clássica do modernismo “O quinze”. Mas incontestavelmente lemos mais autores que autoras.” “Lembro de ter realizado a maioria das minhas leituras, na faculdade a partir de autores contudo algumas autoras foram base de leituras, tais como: Clarice Lispector; Cecília Meireles; Rachel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles. Sinceramente, ainda costumo ler mais autores.”
“Não tenho preferências. Gosto de ler sobre ficção científica. A única autora que chegou a prender minha atenção foi Agatha Christie com seus romances cheios de mistérios que não conseguia desvendar. Durante a graduação a maioria do livros indicados eram de fundamentação teórica.”
“Sim li algumas autoras, como Raquel de Queiros, alguns poemas de Clarisse mais na maioria das vezes tenho lido autores, como José Saramago (Portugues) e os tradicionais, José Lins do Rêgo Machado e Graciliano entre outros...”
“Durante a minha vida acadêmica, tive muito contato com inúmeros autores que marcaram e enriqueceram minha formação. Leio mais autoras femininas.”
“Clarice Lispector me marcou muito pela forma profunda de “ficar” na gente. A forma como me fazia enxergar coisas que, por mais importantes que fossem, passavam despercebidas, mas que, na verdade, nos ajudam a adentrar mais em nós mesmos.”
“A faculdade formou minha postura leitora, dentre as escritoras que marcaram meus sentimentos encontra-se Marina Colasanti, minha preferida,
91
mas lembro de Clarice, Mia, José Saramago, Conceição Evaristo, Carmélia Aragão etc. Costumo unir gêneros, o que me prende é a essência textual unicamente.”
“As disciplinas de Literatura são lembradas até os dias atuais. Autores como: José de Alencar, Machado de Assis, Aluisio Azevedo, Clarice Lispector, Cecília Meireles, dentro outros foram estudados e trago-os para as aulas que leciono. Estudamos de acordo com o período e de forma diversificada. Leio de forma diversificada , não me detenho a sexo: feminino/masculino.”
Como dito, a maioria das autoras citadas pelos professores são as
mesmas citadas pelos estudantes e, por sua vez, são as mesmas que encontramos
nos livros didáticos e nas emendas dos cursos de Letras e nos trabalhos
acadêmicos. Há milhares de artigos e teses sobre Clarice Lispector, mas quando
buscamos pesquisas sobre Conceição Evaristo não temos a mesma sorte. É mais
fácil ler o que já é lido, pesquisar bibliografia sobre o que já foi estudado em
demasia. É inegável a influência da academia na vida futura dos professores e
também do livro didático, por isso a importância de lutar por um ensino que
democratize mais autoras, que saia da acomodação de um cânone que tem se
mostrado cada vez mais insuficiente, não pelas autoras que o representam, mas
pelas autoras que tem deixado de fora.
A última pergunta e a mais importante é sobre a distribuição de autores e
autoras nos livros didáticos. Enquanto respondiam muitos professores e professoras
que participaram da pesquisa comentaram espontaneamente comigo sobre isso e a
maioria disse surpresa que nunca havia pensado na presença ou não de autoras
nos livros e aulas. O que nos levou a pensar que deixamos uma sementinha
plantada para reverter o processo de invisibilidade que escritoras vêm passando ao
longo dos séculos. Algumas respostas:
“Os livros didáticos nos trazem apenas duas autoras: Raquel de Queiroz e Clarice Lispector. No nivel superior, mas precisamente no curso de letras-português, essa realidade não é muito diferente. Talvez eu só acrescentasse mais uma ou duas autoras sendo abordadas durante o curso.” “Há bastante tempo observo a disparidade entre autores e autoras distribuídos nos nossos livros didáticos. Considero de muita relevância uma presença maior das nossas autoras, não somente nos livros didáticos, como também na maioria das leituras realizadas, tanto por professores quanto por alunos, nos mais diversos contextos leitores.” “Acredito que por uma questão histórica, grande parte da literatura clássica era escrita por homens, pois a profissão não era “indicada” para as
92
mulheres. Porém, nas séries iniciais, literatura infanto-juvenil, essa situação encontra-se mais dramática. Talvez daqui a alguns anos essa diversidade chegue ao Ensino Médio. Com certeza que sempre percebi essa disparidade e pontuo isso com meus alunos. É paradoxal perceber que a maioria dos autores de livros didáticos da minha área são mulheres que não tem o direito/o dever de divulgar as grandes escritoras da literatura devido a motivar “meu ser”!” “É fácil perceber que a maioria que nas indicações literárias a maioria dos escritores são homens , e é justo essa reflexão, se faz necessário uma presença maior de escritoras nas indicações didáticas.” “Nunca havia parado para pensar nesse assunto, mas realmente existe uma disparidade enorme entre autores e masculinos e autoras, principalmente se atentarmos à questão da raça.” “Os livros didáticos mantém um padrão. Sempre vemos os mesmos autores e obras, e em sua maioria são escritores homens. Há de fato, certas disparidades, a seletividade é evidente e aceita com normalidade.” “Acredito que há uma certa desigualdade, onde só há mais espaço para escritores clássicos. Nos livros há um pouco da reprodução das desigualdades sociais, muitas vezes não condiz com a realidade dos alunos, deveria abrir mais espaço para escritoras contemporâneas, negras que muito têm a contribuir na vida dos estudantes.” “Não tinha parado para pensar nisso até agora.” “Acredito que a distribuição de autores ainda é bastante limitada e não contempla autores na literatura africana, principalmente mulheres, ficando muito restrito a autores mais clássicos.” “É historicamente comprovado que homens convem maior espaço que mulheres, mas acredito que ao longo do tempo muitas coisas mudaram mesmo que minimamente, contudo torna-se necessário a disseminação de mais textos femininos em livros didáticos, não para superiorizar, mas para equilibrar , pois homens e mulheres são dignos de ocuparem o mesmo espaço.” “Gosto da forma como é trabalhada a literatura nos livros didáticos, com exceção das escritoras/negras/ literatura africana, dentre outras. Lemos muitos escritores dessa área que não são conhecidos e tão pouco valorizados. Existe uma lacuna muito grande nessa questão em especial, a essa parte da literatura.”
Acreditamos que os questionários deram não só os dados que
precisávamos para a pesquisa, mas deixaram uma reflexão, sobretudo para os
professores, de que é fundamental inserir mais autoria feminina nas aulas de
literatura. Enquanto os livros didáticos continuarem sendo materiais que limitam
suas presenças, é preciso que os professores e professoras tomem partindo e levem
textos escritos por mulheres para a sala de aula. Por que foi mais difícil para os
alunos e alunas lembrarem nomes de autoras enquanto respondiam ao
questionário? Como mudar isso?
93
A mudança vem através do acesso, uma biblioteca mais diversa, um
plano anual que vai além do livro didático, professores leitores que se preocupam
em levar novas leituras para suas aulas e não apenas o que ficou estabelecido no
cronograma. Tudo isso demanda tempo e disposição, eu também como professora
me faço esses questionamentos todos os dias, pois não estou isenta deles.
Enquanto falo de Machado, quantas escritoras discuti com meus alunos?
Refletir a prática é preciso, sobretudo dar movimento, para que as coisas
não estagnem e continuem do jeito como sempre foram. Uma escola que prioriza o
debate, a arte, a diversidade, os direitos humanos será sempre a escola que
queremos. Independente de governo e qualquer político, é preciso resistir e lutar
para que as mulheres continuem ocupando espaços e ganhando visibilidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final do terceiro capítulo demos uma espécie de spoiler do que seria a
conclusão deste trabalho. Um trabalho que tem muito de mim porque a minha visão
(ou visões) de aluna do ensino médio, como aluna do curso de Letras, e depois
como professora estão presentes.
Passar por quatro escolas do município de Quixeramobim, apresentar a
pesquisa para os gestores das escolas, pedir o apoio dos estudantes para a
resolução dos questionários e um tempinho dos docentes para respondê-los foi de
muita aprendizagem. Depois, milhares de papéis para folhear, digitar e fazer
anotações. O desafio de transformar todo aquele material em discussão e até
mesmo porcentagens foi grande e aprendemos muito.
A mudança vem através do acesso, refletir a prática é preciso. A teoria e
a prática devem estar mais do que nunca imbricadas, entrelaçadas uma a outra para
apontar novas formas de ensino e conhecimento. O discurso precisa se materializar,
por isso a importância das teorias feministas para pensar a presença das escritoras
na escola porque sabemos que o acesso à educação foi uma luta das mulheres. Ler
e escrever não eram vistos como atividades que as mulheres pudessem ou
devessem fazer, a cozinha e as atividades domésticas sim.
94
Acessamos a leitura, os espaços de conhecimento, escrevemos livros.
Mas, ainda existe uma dívida histórica, um saldo negativo. Mulheres são menos
lidas, publicam menos, ganham menos prêmios literários e por aí vai. Uma prova
disso é que de 100 escritores (as) citados em uma das questões, o que foi uma
surpresa e tanto um número tão alto e com autores (as) que desconhecíamos,
apenas 45 são mulheres quando 76 são homens.
Alguns professores responderam que escolhem suas leituras
independente de gênero, priorizam a qualidade do texto. Mas, os mesmos que
acreditam que o fazer literário independe de gênero nunca tinham parado para
pensar na falta de representatividade de escritoras nos livros didáticos.
Chegou a hora de pensar e aproximar os números, transformar 45
escritoras em 60, por que não? Como leitora, passei por esse processo. Percebi a
discrepância entre autoras e autores lidos, os livros que comprava e repensei. Decidi
ler mais mulheres e desde então as minhas leituras são feitas a partir dessa
reflexão. Na escola, ler deveria ser tão importante quanto resolver questões do
ENEM e simulados, pois enquanto a leitura continuar sendo uma coadjuvante das
aulas continuaremos a reclamar dos mesmos problemas e eles se tornarão cada vez
mais insolúveis.
A arte é livre, muitos vão pensar, e o que vale é o talento de quem faz,
mas a sub-representação das mulheres nos espaços de poder (e a literatura é um
deles) é uma problemática e não pode mais passar despercebida.
Queremos acreditar que a nossa pesquisa deixou uma inquietação com
as professoras e professores entrevistados para repensar a forma como escolhem
os textos trabalhados em sala e a presença de autoras em suas aulas. Sabemos
que o problema não é a falta de escritoras, lá no século XVIII existia uma Maria
Firmina dos Reis. Por que os programas das universidades e os livros didáticos não
a reconhecem? Porque o cânone é rígido, excludente e se materializa com a
repetição dos mesmos nomes. Sabendo que é precisar mudar isso, esta pesquisa é
uma pequena contribuição para somar a luta das pesquisadoras e das próprias
escritoras por visibilidade e condições iguais para trabalharem seja na literatura ou
em qualquer outra área que uma mulher quiser.
95
REFERÊNCIAS
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98
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100
ANEXO A - Questionário
Como anexo desta pesquisa contamos com os questionários aplicados com
professores e alunos de quatro escolas públicas estaduais de Quixeramobim. Com
as respostas e os modelos dos questionários somamos o total de 113 páginas e por
isso resolvemos compartilhar os anexos10 na íntegra no Google drive. Em seguida
será apenas uma amostra do que foi levantado.
APLICADO AOS ALUNOS 1
BLOCO 1: TRAJETÓRIA ESCOLAR
1. EM QUE ANO VOCÊ INGRESSOU NESTA ESCOLA?
(A) 1º ano
(B) 2º ano
(C) 3º ano
2. EM QUE DATA (ANO) VOCÊ INGRESSOU NESTA ESCOLA? __________
BLOCO 2: AVALIAÇÃO DA ESCOLA
COMO VOCÊ CLASSIFICA SEU
RELACIONAMENTO NESTA ESCOLA
COM:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Muito
ruim Ruim
Razoáv
el Bom
Muito
bom
1. Seus colegas (A) (B) (C) (D) (E)
2. Seus professores (A) (B) (C) (D) (E)
3. A direção (A) (B) (C) (D) (E)
10
Link para os anexos: https://drive.google.com/open?id=1xqUdQar7rXCthBu7780peic-gUn0BJJE
101
4. A coordenação pedagógica (A) (B) (C) (D) (E)
5. Os funcionários (A) (B) (C) (D) (E)
MINHA ESCOLA É O LUGAR ONDE:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em cada linha)
Discord
o
totalme
nte
Discord
o
Concor
do
Concor
do
totalme
nte
6. Eu me sinto como um estranho (A) (B) (C) (D)
7. Eu faço amigos facilmente (A) (B) (C) (D)
8. Eu me sinto à vontade (A) (B) (C) (D)
9. Eu me sinto incomodado (A) (B) (C) (D)
10. Os outros alunos parecem gostar de mim (A) (B) (C) (D)
11. Eu me sinto solitário (A) (B) (C) (D)
12. Vou porque sou obrigado (A) (B) (C) (D)
13. Eu me sinto entediado (A) (B) (C) (D)
14. Aprendo a me organizar nos estudos (A) (B) (C) (D)
15. Aprendo a raciocinar (A) (B) (C) (D)
16. Aprendo a escrever textos (A) (B) (C) (D)
17. Desenvolvo o pensamento crítico (A) (B) (C) (D)
COMO VOCÊ CLASSIFICA OS
SEGUINTES ASPECTOS DA SUA
ESCOLA:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Muito
ruim Ruim
Razoáv
el Bom
Muito
bom
18. Organização (A) (B) (C) (D) (E)
19. Segurança (A) (B) (C) (D) (E)
20. Regras de convivência (A) (B) (C) (D) (E)
21. Professores (A) (B) (C) (D) (E)
102
COMO VOCÊ CLASSIFICA OS
SEGUINTES ASPECTOS DA SUA
ESCOLA:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Muito
ruim Ruim
Razoáv
el Bom
Muito
bom
22. Direção (A) (B) (C) (D) (E)
23. Coordenação (A) (B) (C) (D) (E)
24. Funcionários em geral (A) (B) (C) (D) (E)
25. Qualidade do ensino (A) (B) (C) (D) (E)
26. Limpeza (A) (B) (C) (D) (E)
27. Aparência do prédio (A) (B) (C) (D) (E)
28. Espaço escolar (salas de aula/
pátio/ quadras de esportes) (A) (B) (C) (D) (E)
29. Cantina/ refeitório (A) (B) (C) (D) (E)
30. Acesso à tecnologia (sala de
informática, data-show, caixa de som) (A) (B) (C) (D) (E)
31. EM RELAÇÃO AO ENSINO, SUA ESCOLA COMPARADA COM A DE SEUS
AMIGOS É:
(A) Muito melhor que as outras
(B) Melhor que as outras
(C) Igual às outras
(D) Pior que as outras
(E) Muito pior que as outras
32. QUAL A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA VOCÊ?
(A) Não possui importância
(B) Pouca importância
(C) Importante
(D) Decisiva
(E) Não sei
103
BLOCO 3: PROFESSORES
CONSIDERANDO A MAIORIA DE SEUS
PROFESSORES, VOCÊ PERCEBE QUE
ELES:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em cada linha)
Nunca Algumas
vezes Frequentemente
1. Incentivam os alunos a melhorar (A) (B) (C)
2. Estão disponíveis para esclarecer as dúvidas
dos alunos (A) (B) (C)
3. Dão oportunidade aos alunos para exporem
opiniões nas aulas. (A) (B) (C)
4. Relacionam-se bem com os alunos (A) (B) (C)
5. Continuam a explicar até que todos
entendam a matéria (A) (B) (C)
6. Mostram interesse pelo aprendizado de
todos os alunos (A) (B) (C)
7. Organizam bem a apresentação das
matérias (A) (B) (C)
8. Realizam uma avaliação justa (A) (B) (C)
9. Variam a maneira de apresentar/ expor as
matérias (A) (B) (C)
10. Organizam passeios, projetos, jogos ou
outras atividades (A) (B) (C)
11. Corrigem os exercícios que recomendam (A) (B) (C)
12. Utilizam diferentes estratégias para auxiliar
alunos com dificuldades (A) (B) (C)
13. Procuram saber sobre os interesses dos
alunos (A) (B) (C)
14. Demonstram domínio da matéria que
ensinam (A) (B) (C)
15. Cobram as tarefas passadas para casa (A) (B) (C)
104
BLOCO 4: LEITURA
COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ
LÊ:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Nunca Algumas vezes
Quase
sempr
e
Sempr
e
1. Diariamente (A) (B) (C) (D)
2. 1 livro por semana (A) (B) (C) (D)
3. 1 livro por mês (A) (B) (C) (D)
4. 2 a 4 livros por mês (A) (B) (C) (D)
5. 1 livro por semestre (A) (B) (C) (D)
6. 2 a 4 livros por semestre (A) (B) (C) (D)
7. 1 livro por ano (A) (B) (C) (D)
8. 2 a 4 livros por ano (A) (B) (C) (D)
9. 5 a 10 livros por ano (A) (B) (C) (D)
10. Nenhum livro por ano (A) (B) (C) (D)
QUE GÊNERO VOCÊ GOSTAR
DE LER:
(Marque apenas UMA OPÇÃO
em cada linha)
Nunca Algumas
vezes
Quase
sempre
Sempr
e
16. Romance, crônica e ficção
em geral (A) (B) (C)
(D)
17. Sagas e livros adaptados
para o cinema (A) (B) (C)
(D)
18. Livros de poesia (A) (B) (C) (D)
19. Jornais (A) (B) (C) (D)
20. Revistas de informação geral (A) (B) (C) (D)
21. História em quadrinhos (A) (B) (C) (D)
22. Sites de Internet (A) (B) (C) (D)
23. Blogs literários ou não (A) (B) (C) (D)
105
8. QUANTOS LIVROS HÁ EM SUA CASA?
(A) O bastante para encher uma prateleira (1 a 20)
(B) O bastante para encher uma estante (20 a 100)
(C) O bastante para encher várias estantes (mais de 100)
(D) Nenhum
9. AMBIENTE DE LEITURA EM CASA
(A) Tenho tempo e silêncio para ler
(B) Não posso ler porque tenho que ajudar nas atividades domésticas/trabalho fora
de casa
(C) Não consigo me concentrar na leitura porque não respeitam meu espaço
(D) Prefiro outro ambiente e costumo sair para ler e estudar
CONSIDERE AS SEGUINTES
AFIRMAÇÕES EM RELAÇÃO À
LEITURA:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Discord
o
totalme
nte
Discor
do
Concord
o
Concor-
do to-
talmente
Não
sei
01. Só leio o que é necessário (A) (B) (C) (D) (E)
02. Ler é uma das minhas diversões
preferidas (A) (B) (C) (D) (E)
03. Acho difícil ler livros até o fim (A) (B) (C) (D) (E)
04. Adoro ir a uma livraria (A) (B) (C) (D) (E)
05. Ler é uma perda de tempo (A) (B) (C) (D) (E)
06. Leio todos os livros indicados
pelos professores (A) (B) (C) (D) (E)
07. Compro livros em lançamentos (A) (B) (C) (D) (E)
08. Empresto/pego emprestado
livros com os colegas (A) (B) (C) (D) (E)
09. Leio mais de um livro ao mesmo
tempo (A) (B) (C) (D) (E)
106
10. A escola me estimula a ler (A) (B) (C) (D) (E)
BLOCO 6: LEITURA NA ESCOLA
Quantos livros lê por ano na escola?
(A) 1 a 2 por bimestre
(B) 1 por semestre
(C) 3 a 4 por bimestre
(D) Nenhum
Gosta dos livros indicados pelos professores
(A) Sim, são do meu interesse
(B) Não, considero difíceis
(C) Nunca li uma indicação de um (a) professor (a)
(D) Meus professores não costumam sugerir ou cobrar leituras
QUEM INDICA SUAS LEITURAS:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Nunca Algumas
vezes
Quase
sempre
Semp
re
1. Pais (A) (B) (C) (D)
2. Irmãos (A) (B) (C) (D)
3. Amigos (A) (B) (C) (D)
4. A pessoa com que me relaciono
amorosamente (A) (B) (C)
(D)
5. Internet (A) (B) (C) (D)
6. Blogs (A) (B) (C) (D)
7. Youtubers (A) (B) (C) (D)
107
BIBLIOTECA DA ESCOLA:
(Marque apenas UMA OPÇÃO em
cada linha)
Nunca Algumas
vezes
Quase
sempre
Sempre
1. Costumo visitar a biblioteca (A) (B) (C) (D)
2. Os professores costumam levar a
turma para a biblioteca (A) (B) (C)
(D)
3. Pego livros emprestados da
biblioteca (A) (B) (C)
(D)
4. Na biblioteca da escola encontro
livros que quero muito ler (A) (B) (C)
(D)
5. Prefiro visitar a biblioteca pública
ou comprar livros (A) (B) (C)
(D)
NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS, CITE TRÊS LIVROS QUE VOCÊ LEU E MAIS
GOSTOU E APONTE QUEM INDICOU (ESCOLA, AMIGOS OU FAMÍLIA):
TÍTULO DO LIVRO QUEM INDICOU
BLOCO 8: SOBRE VOCÊ
1. QUAL É O SEU SEXO?
(A) masculino
(B) feminino
(C) outro
2. COMO VOCÊ CLASSIFICARIA SUA COR, SEGUNDO AS CATEGORIAS
USADAS PELO IBGE?
108
(A) Branca
(B) Parda
(C) Indígena
(D) Preta
(E) Oriental
2. QUAL É O SEU NOME COMPLETO?
______________________________________________________________
3. QUAL É SUA DATA DE NASCIMENTO? (Indique o dia, o mês e o ano)
____________________________________________________________
4. É FILHO ÚNICO OU TEM IRMÃOS?
____________________________________________________________
5. EM QUE BAIRRO VOCÊ MORA?
______________________________________________________________
Agradecemos a sua participação!
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS 2
1. Nas aulas de literatura, você costuma estudar obras completas ou trechos de obras?
Textos ou livros? Fale um pouco sobre as suas aulas de literatura na escola.
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109
2. Que autores (as) e obras você já leu fora da escola?
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3. Qual autor você leu que mais gostou? O que te marcou nessa leitura?
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4. . Você lembra de já ter lido alguma escritora? Que texto você leu que gostou?
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___________________________________________________________________
5. Conte um pouco sobre a sua experiência com a literatura, como começou a sua
vida de leitor, que obra você indicaria que te marcou profundamente. Experiências
positivas e negativas com a leitura, se você já se sentiu representado(a) por uma
personagem, por um autor(a).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Agradecemos a sua participação!
110
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
BLOCO 1: INFORMAÇÕES BÁSICAS
1. Qual é o seu nome completo?
____________________________________________________
2. Qual é o seu sexo?
(D) Feminino
(E) Masculino
(F) Outro
3. Qual é a sua idade?
____________________________________________________
4. Qual sua forma de contratação como professor desta escola?
Contrato por tempo indeterminado (funcionário público concursado)
Contrato por tempo determinado para um período maior do que 1 ano letivo
Contrato por tempo determinado temporário para o período de um 1 ano letivo ou
menos
5. Você trabalha como professor (a) em outra escola além desta escola?
111
Sim, em escolar pública
Sim, em escolar particular
Não trabalho em outra escola
6. Qual o nível mais elevado de educação formal que você concluiu?
Inferior à Educação Superior
1 Educação Superior – Curso Superior de Tecnologia
2 Educação Superior – Pedagogia
3 Educação Superior – Licenciatura
4 Educação Superior – Outros Cursos
5 Especialização (Lato Sensu)
6 Mestrado (Stricto Sensu)
7 Doutorado (Stricto Sensu)
8
7. Há quanto tempo você trabalha como professor (a)?
1-2 anos
3-5 anos
6- 10 anos
11-15 anos
16-20 anos
Há mais de 20 anos
BLOCO 2: PRÁTICAS DE ENSINO
8. Você tem liberdade de escolher os livros e textos que trabalha? Você pode ir além do
plano anual de Língua Portuguesa e do livro didático ou segue a risca o conteúdo pa-
ra o bimestre e prefere não levar nada além do que foi estabelecido? Fale um pouco
sobre o seu planejamento para as aulas de literatura.
112
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9. Você se considera um (a) professor (a) leitor (a)? Quantos livros costuma ler por mês?
Você costuma comprar livros ou pegar emprestado em bibliotecas? As suas leituras
são motivadas apenas pela escola ou pela internet, blogs, amigos? Fale um pouco
sobre a sua vida como leitor (a) dentro e fora da escola.
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_________________________________________________________________
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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10. Durante a faculdade você tem memória de ter lido autoras, que autoras e como elas
marcaram a sua vida ou não de leitor (a)? Você costuma ler mais escritores ou escri-
toras?
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____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
11. O que pensa sobre a distribuição de autores e autoras nos livros didáticos ou nunca
pensou nessa questão? Já analisou as disparidades entre a presença ou não de es-
critoras, escritoras negras, mulheres que escrevem, nos livros didáticos de Língua
Portuguesa?
113
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____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
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Agradecemos a sua participação!
QUESTIONÁRIO APLICADOS AOS ALUNOS 2
(RESPOSTAS)
ESCOLA ASSIS BEZERRA: 1 º ANO B
27 ALUNOS RESPONDERAM
1. Nas aulas de literatura, você costuma estudar obras completas ou trechos de obras?
Textos ou livros? Fale um pouco sobre as suas aulas de literatura na escola.
2 não responderam.
“Trechos de obras, textos e escrevemos textos.”
“Trechos de obras, textos. Nas aulas de literatura nos
costumamos ler e escrever textos.”
“A gente lê bastante textos de vários tipos.”
“Na aula de literatura nois ler e fais texto.”
“As aulas de literatura são muito boas.”
“Costumo ler apenas trechos de obras, o que a professora
passa tipo uma folha com o texto que vamos trabalho.”
114
“A gente lê bastante textos de vários tipos.”
“São um pouco boa por que o professor as vezes manda a
gente ler.”
“Sim. Livros, muito bom.”
“Trecho, porque na maioria dos casos não dá para explicar
completamente.”
“Sim, a gente estuda e lê textos, trechos de obra e etc, acho as
aulas de literatura razoavel não é muito ruim, a leitura nois
permite viajar sem sair do lugar, por que nossa imaginação vai
alem”.
“Trechos de obras, textos as aulas não são totalmente
concluido porque tempo é pouco.”
“Trechos de obras, textos, lemos e escrevemos texto.”
“Trabalhos textos até que não são muitas mais são boas as
aulas de literaturas.”
“Sim, texto, é muito boa, pois aprendemos a ler mais direito e
conhecemos outros tipos de texto.”
“A gente ler bastante mas é textos do livro de português.”
“Trechos de obras, textos.”
“Sim, texto e muito bom que a pessoa aprender ler mais e
conhece vários tipos de textos.” “Sim, textos e também trechos
de obras.”
“Trechos de obras, textos e escrevemos textos”.
115
“Mais ou menos, as aulas de literatura na escola de ensino
médio Assis Bezerra é muito importante para os alunos que
precisam mesmo de aula de literatura para aprender mais e
mais.”
“Trechos e obras e lemos algumas vezes livros, são muito
legais a gente não tem muito aula de literatura mais as poucas
vezes que temos é bem legal.”
“Lemos texto algumas vezes livros são muito legais mais a
gente não tem muito de aula de literatura mais a poucas que
temos são legais.”
2. Que autores (as) e obras você já leu fora da escola?
9 responderam “Nenhum”.
1 não respondeu.
3 responderam “Não lembro.”
3 responderam “Andresa Urach”.
“Ana Fortier, Julieta.”
“Não costumo ver os autores.”
2 responderam “Machado de Assis.”
“Sthephanne – Eclipse.” “Crepusculo”. “Monteiro Lobato.”
“Carta de amor aos mortos. Alice no país das maravilhas.”
“Manoela Garibaldi”.
3. Qual autor você leu que mais gostou? O que te marcou nessa leitura?
116
1 não respondeu.
12 responderam “Nenhum”.
3 responderam “Não sei”.
“A culpa é das estrelas”.
“Andresa Urach”, porque foi sobre a vida dela.”
“Ana Fortier, A historia de Julieta foi muito
emocionante.”
“Muitas coisa são muito rígida.”
“Não costumo ler todo o livro so metade.”
“Alberto S Galeno.”
“Sthephanne – Eclipse.”
“Fernando pessoa, a historia.”
“Andresa Urach”, a historia dela”.
“Não lembro o nome do autor mais o titulo é: carta de
amor aos mortos, me marcou nesse livro é que ela
escreve cartas as pessoas que já morreram.”
“Manoela Garibaldi, que era um historia de amor
proibido mais no final eles nunca se deixaram.”
4. Você lembra de já ter lido alguma escritora? Que texto você leu que gostou?
117
2 não responderam.
12 responderam “Não.”
11 responderam “Não lembro”.
“A culpa é das estrelas.”
“Raquel de Queiroz – o livro O Quinze.”
5. Conte um pouco sobre a sua experiência com a literatura, como começou a sua vida
de leitor, que obra você indicaria que te marcou profundamente. Experiências positi-
vas e negativas com a leitura, se você já se sentiu representado (a) por uma perso-
nagem, por um autor (a).
13 não responderam.
3 responderam “Nunca”.
2 responderam “não lembro”.
É muito bom indico a culpa é das estrelas”.
“Não tenho experiencia com leitura.”
“Não quero.”
“Não costumo ler livros.”
“Se tem uma obra que eu indicaria por que
marcou minha vida é a Bíblia, e também alguns
livros tipo: O que realmente a bíblia ensina?
Esse livro é diferente eu amo demais esse livro.”
118
“Razoavel eu não gosto muito de ler pois tenho
dificuldade e também sou muito tímido.”
“A literatura na minha vida me ensina muito a ler,
escrever redações, texto e etc... A literatura é
uma parte da lingua portuguesa o que mais
interessa é isso ai por ter português em
participação com literatura."
“Eu não tinha muito ábito de leitura, começou
um tempo desse não faz muito tempo, carta de
amor aos mortos é muito bom ler pois essercita
a leitura.”
119
ESCOLA ASSIS BEZERRA: 3º ANO B
20 ALUNOS RESPONDERAM
1. Nas aulas de literatura, você costuma estudar obras completas ou trechos de obras?
Textos ou livros? Fale um pouco sobre as suas aulas de literatura na escola.
“Costumamos estudar apenas trechos de obras, por causa
do calendário letivo escolar.”
“Estudamos poesia – segunda fase do modernismo.
Grandes poetas cearenses, textos literários.”
“Tive aulas de literatura a partir do segundo ano. Desde o
início sempre gostei. Estudamos obras completas
individuais para fazermos fichamento e em conjunto
estudamos os trechos. A aula de literatura em si é bastante
enriquecedora pois o livro (texto em si nos traz diversos
pontos de vista, realidades e vivências).”
“Nas minhas aulas de literatura costumamos ver trechos de
livros, poemas, e algo sempre relacionado a isso.”
“Em nossas aulas de literatura costumamos ler trechos de
alguns poetas ou autores indicados e falamos sobre eles e
sobre a obra, etc.”
“A aula de literatura são muito interessante.”
“Trechos, livros e textos. Costumamos estudar sobre
algum autor brasileiro, fazer comentarios entre si.”
120
“Meu professor de literatura é bastante incentivador, nos
ajuda a ler e buscar informações.”
“Nois costumamos fazer muito isso o professor cobra
muito.”
“A gente estuda muito sobre os poemas dos autores, como
os da cecilia meireles, maurelho mendes, entre outros. É
os poemas tem otemas significados, romances e mais,
chamam muita atenção.”
“Estudamos de tudo um pouco como filme, textos, etc.”
“Costumamos estudar sobre alguns autores famosos, é
alguns trechos de suas obras, é muito bom saber é
aprender sobre suas obras.”
“As aulas são muito legais, pois estudamos muitos autores
literarios, show.”
“Nas aulas tem trecho e livros, gosto das aulas e das
historia dos livros que o professor passa.”
“Bom o professor sempre traz obras completas e trechos
de obras acho interessante.”
“Costumamos conhecer muitos autores e suas obras,
inclusive as mais conhecidas. Sempre temos indicações de
livros pelo professor de literatura.”
“Trechos e textos, gostou muito de ler livros, muito boa.”
“Sim sempre gosto de mim aprofunda mais sobre as obras
e os livros pois e sempre bom sabe mais sobre tudo.”
“Costumo estudar trechos de obra, textos são bem
interessante.”
121
2. Que autores (as) e obras você já leu fora da escola?
1 respondeu “Nenhum”.
4 responderam “Não me lembro.”
“Rick Riordan. Saga Percy Jackson. Diários de um
vampiro. Saga Crepúsculo e a máoria dos livros são
fanfic’s da wattpad.”
“José Lins do Rego, Monteiro Lobato, Raquel de
Queiroz.”
“Kalka e o corvo, A metamorfose, Os sofrimentos do
jovem Wherter, Orfãos do el dourado, Eclesiastes, O
pequeno príncipe, Entre poemas, Cenas de abril e
outras obras da Ana C.C., Confissões, Memórias de um
Baobá, UMBANDA: Ceará em transe, Caçador de
pipas, Luar Peregrino, O evangelho segundo espirismo,
Corolarium.” “Cidade de Deus, Aas vantagens de ser
invisivel, Alasca, De gênio e louco todo mundo tem um
pouco, O vendedor de sonhos.”
“A fiha das sombras. Os instrumentos mortais. Cidade
dos ossos. Fallen.”
“O matuto – Zíbia Gaspareto. Vida a dois. Bíblia – 40
escritores. O evangelho de Marcos. Historias em
quadrinhos turma da mônica. Dona Flor e seus dois
maridos – Jorge Amado.”
“Leio revistas esportivas, não literaturas.”
“Crime e Castigo, Outros jeitos de usar a boca,
Memorial de Maria Moura, Capitães de areia e Cidade
de Deus.”
122
“Não lembro o nome do autor, mas ja li o livro “Iracema”
lembro também que ja fiz ate como se fosse uma peça
do livro “ana flor e seus dois maridos” também que
apresentei.”
“A ilha misteriosa.” Jorge amado. Clarice lispector.”
“O menino e a pedra. A menina e a chuva.”
“A culpa é das estrelas. O menino do pijama listrado.
Diario de um banana (todos).”
“A bailarina fantasma.”
“A seleção, assassinato na biblioteca, a escolha, os
ratos, escrito nas estrelas, comer, rezar e amar.”
3. Qual autor você leu que mais gostou? O que te marcou nessa leitura?
4 responderam “Não me lembro.”
“Rick Riordan a saga Percy Jackson me identifiquei
com os personagens Clarissse La Rue e Luke
Castellan, me marcou tanto que após assistir o filme
procurei pela saga literária, sendo o primeiro livro que
li.”
“José Lins do Rego – Os Cangaceiros.”
“O caçador de pipas: a reflexão que ele me trouxe é
que tudo que você planta você colhe, e não adianta
fugir do que o tempo quer pra você.”
“Augusto Cury, O fato da superação e mostra que onde
você menos acredita, em que você menos confia pode
mudar tudo.”
123
“Fallen, tormento e paixão. Instrumentos mortais
(Cassandra Clare)”.
“O matuto – me marcou a historia narrada.”
“Machado de Assis. Sobre os romances que ele
escreveu, como “Cinco Minutos”.”
“Capitães de areia, o jeito que as crianças superam
suas dificuldades.”
“A ilha misteriosa/ O companheirismo deles, as
amizades, o jeito que eles se preocupam uns com os
outros.”
“Caco Galhardo.”
“O livro o Cortiço.”
“A culpa é das estrelas. O menino do pijama listrado.
Diario de um banana (todos).”
“Nunca li nenhum livro.”
“Clara dos anjos é um livro que me prendeu do inicio ao
fim, o que mais me marcou foi a ingenuidade da Clara.”
“A culpa é das estrelas.”
“Os ratos, me marcou pq é uma critica.”
4. Você lembra de já ter lido alguma escritora? Que texto você leu que gostou?
6 não responderam.
6 responderam “Não lembro”.
124
“Já li algumas escritoras como as escritoras da saga
Crepúsculo e da saga diários de um vampiro, e a
escritora de Harry Potter.”
“Ana Cristina César sempre me marca.”
“Zibis Gaspareto – a historia envolve muito espiritismo,
forças do alem, muito incrivel.”
“Rachel de Queiroz”.
“Rachel de Queiroz, Memorial de Maria Moura.”
“Leio frequentemente poesias, Rachel de Queiroz,
Clarisse Lispector.”
“Kiera, A seleção.”
5. Conte um pouco sobre a sua experiência com a literatura, como começou a sua vida
de leitor, que obra você indicaria que te marcou profundamente. Experiências positi-
vas e negativas com a leitura, se você já se sentiu representado (a) por uma perso-
nagem, por um autor (a).
“Indicaria as sagas diários de um vampiro e percy
jackson, as duas primeiras obras que li.”
“Leio história em quadrinhos, revistas, jornais.”
“Não sou um leitor ascíduo, porém a leitura sempre
foi presente na minha vida em pequenos
fragmentos. Um livro que eu recomendo é
Confissões, pois o Santo Agostinho vai narrando
sua vida sentimental desde a infância e nele eu
125
vejo. Um livro que me representa é Memórias de um
Baobá, é uma expressão da existencia negra.”
“Meu interece com a leitura começou pelo projeto
feito pelo professor João Paulo, depois percebe que
a leitura era fundamental e comecei a gostar dela,
hoje leio por prazer, gosto de le e adicionar novos
mundos para si.”
“Sempre tive vontade de ler mais as aulas de
literatura dadas aqui na escola me ajudaram muito
pois é um passa tempo na hora do intervalo ou
pausa nas tarefas. No momento não tenho
indicações mais incentivo a lerem pois é muito
bom.”
“Ler é uma coisa muito magnifica, me despertou
vontade de ler pra abrir meus conhecimentos, eu
recomendaria o livro “O matuto”.”
“Começou com um trabalho de redação no meu
fundamental, onde foi distribuido alguns livros de
alguns autores e fiquei com Machado de Asssis,
livro “Cinco Minutos”.”
“A leitura entrou na minha vida em um momento
dificil, onde passava por dificuldades e preconceito e
depois dai me perco nos livros , o livro que eu indico
é capitães da areia e me sinto representado pelas
crianças do livro que lutam bastante.”
“Sim ja apresentei o autor jorge amado.” “Já
comecei no encino meio mas quando comecei a ler
126
eu entrava no mundo do livro, e muito bom, as
vezes me identifico com as personagens pois passa
alguma historia que ja aconteceu comigo nem
sempre mais acontece, gosto de ler livros baseados
em fatos reais.”
“Faz muito tempo que não leio um livro, por isso não
posso indicar nem uma.”
“Bom, eu não tenho tanta experiência pelos ao
menos ainda não mas com bastante raciossinio é
fácil de aprender, mas por enquanto só estou
aprendendo é e muito bom.”
“A culpa é das estrelas, lê é muito massa, agente
entra em outro estado de espirito.”
“Gosto muito da literatura, tenho um pouco de
dificuldade para me concentra para ler.”
“Foi bom, achei divertido, aprendi varias coisas e
exemplos que podemos seguir.”
“Não tenho nenhuma experiência nunca nem li
livros.”
“Minha experiencia com a leitura é muito boa,
comecei a ter mais acesso com livros a partir do
primeiro ano por conta da biblioteca da escola.”
“Não sou muito de ler livros, só quando quero me
distrair com alguma coisa, eu leio.”
“Comecou a muito tempo, mas eu tinha parado mas
127
ai minhas irmã começou a mim da alguns livros e ai
foi gostando de ler e ela mim deu o livro a culpa das
estrela e gosto deste livro e gostaria que outras
pessoa pra lê por que ele e muito bom.”
“Nunca fui de ler, depois de incentivos de amigos foi
que eu me permitir a ler e gostei muito.”
ESCOLA HUMBERTO BEZERRA: 1º ANO A
37 ALUNOS RESPONDERAM
1. Nas aulas de literatura, você costuma estudar obras completas ou trechos de
obras? Textos ou livros? Fale um pouco sobre as suas aulas de literatura na escola.
“Trechos de obras, textos”.
“Sim, texto. É legal, pois os professores coloca nós
pra ler e é bom”.
“São ótimas só não presto atenção”.
“Costumo estudar as obras por conta da escola,
porém não são do meu interesse”.
“Não gosto muito de ler, mais as aulas de literatura
na escola é bem legal. Curti muito quando nós
estudamos o barroco”.
“Sim eu costumo ler obras completas como o
barroco falam sobre a ficsão a vida violência”.
“Então, nossa literatura está mais relacionada na
128
lingua Portuguesa, ou seja, o Barroco foi um trecho
de obras que estudemos durante esse Bimestre”.
“Algumas vezes sim como por exemplo agora o
professor está passando a carta do Pearovaz de
Caminha como estava estudando o conteudo de
barroco tava estudando literatura barroca”.
“Não, e so apenas aulas normais”.
“Estudamos varias obras como o Barroco,
romantismo etc... e é bem divertida aprendemos
varias coisas”.
“Não, são aulas normais”. “As aulas de literatura
costumam ser normais igualmente as outras aulas.
Estudamos filmes literatura de livros e etc...”.
“Sim trecho de obras, textos. As vezes quando a
aula esta fluindo lemos pouco e focamos na
explicação”.
“Trechos de obras, são textos, é bem interessante
falar sobre literatura porque aguça a vontade de
conhecimento”.
“Estudamos os trechos de obras que são
maravilhosas e as melhores da literatura utilizamos
livros e textos”.
“Elas são legais e tranquilo tem leitura as vezes da
sono mais não muito”.
“Trechos de obras e textos, são o que a gente ver
129
bastante nas aulas, juntamente com a leitura dos
alunos, o professor explica o assunto.”
“Sim, o professor manda cada aluno ler um trecho
e depois toda a sala debate, fala o que achou, e é
bem interessante”.
“Trechos de obras, livros, é muito interessante,
nois debatemos muito, sobre o assunto”.
“Sim. As aulas de literatura são bem carregadas
de contéudo. O contéudo pode parecer raramente
entediante. Nós debatemos muito sobre o
contéudo”.
“Sim, falamos sobre romantismo, Barroco... Achei
meio difícil o assunto, mas ate que é facil, depois
que você compreende você acha o conteúdo facil.”
“Não tenho muita experiência sobre a literatura”.
“Eu leio na leitura de textos e pequenos textos
sobre o conteúdo do livro; leio alguns livros fora da
escola também, pegado na biblioteca da escola”.
“Nas minhas aulas de literatura só estudei o
Barroco e sua origem”.
“Obras completas, textos. As aulas são
interessantes”. “Eu não nem costumo estudar, em
livros”.
“Leio sobre as matérias que o professor manda,
Barroco, romantismo, figuras de linguagens e
etc...”
130
“É muito interessante, o professor faz com que os
alunos interagam, e faz com que os alunos perda a
vergonha de ler e que desenvolva melhor a leitura,
daqueles que tem muita dificuldade de leitura em
algumas alcasiões”.
“Sim, nas aulas de portugues estudamos vario
tipos de literaturas, barroco romantismo,
classicismo e etc, nestas aulas aprendemos o
conceito definição e a importância da literatura
brasileira”.
“Estudamos trechos de obras. Textos. Apesar de
dar um pouco de sono, mas fora isso é boa, super
top”. “Não tenho muito conhecimento na literatura.”
“Barroco, Romântismo...”
“Obras completas com textos e livros. Os
professores passam texto sobre literatura para
podermos nos interessar mais”.
“Nas aulas de literatura, a gente estudou sobre
barroco, romantismo e etc”.
“A gente costuma estudar trechos de obras e é
mais texto, nós nunca estudamos livros”.
“Trechos de obras, livros bem proveitosa a gente
costuma discutir sobre o tema de cada aula e
sempre tiramos a dúvida”.
2. Que autores (as) e obras você já leu fora da escola?
131
12 alunos responderam que não lembram.
1 deixou em branco.
2 responderam que nunca leram um livro fora da
escola.
“Não lembro... o livro e mais enlerrasante do que o
autor”.
“Nenhum não gosto muito dos autores brasileiro”.
“Não lembro, mais já li muitos”.
4 responderam a escola literária “Barroco”.
1 respondeu “Barroco e Romantismo”.
“Carlos Drumond de Andrade, Nicolas... e entre
outros nomes”.
“Nunca gostei de ler. Fora isso á anos atrás já li
poucos livros como It a coisa e etc... e não lembro
dos autores”.
“Stepen Meyer, não lembro o nome dos outros”.
“Luís de Camões”.
“Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade,
Madeleine Roux, Jojo Moyes, tem tantos, mas não
me recordo no momento”. “Paula Pimenta, Jojo
Moyes”.
132
“Jhon Grin e Isabele Freitas”.
“Isabela Freitas; Jhon Grin”.
“A culpa é das estrelas – Jonh Green, Minha vida
fora do sério – Paula Pimenta”.
“Já li Raquel de Queroz e outros também que não
sei quais é agora”.
“Jonh Green, L. J. Smith, J.K. Rowlling, M. Assis”.
“Ainda nenhum porque eu quase não procuro uma
biblioteca. Mais na escola o professor de
português mandou uma obra sobre Pedro Vaz de
Caminha para discutir em sala”.
“Paula Pimenta Fazendo meu filme, Kiera Cass
Seleção, Elite, Escolha”.
“Viuvinha e Cinco Minutos do Paulo Coelho não
se iluda não e não se apague não de Izabele
Freitas”.
“Chico Buarque, Manoel Bandeiras... sou ruim de
relembrar nomes de autores”.
3. Qual autor você leu que mais gostou? O que te marcou nessa leitura?
17 alunos responderam que “não lembram”.
7 responderam “nenhum”.
133
“Não mim lembro mais prefiro textos de rimas e
versos”.
“Não sou muito de ler livros, aliás só leio os livros
nas aulas quando pedem”.
1 resposta em forma de reticências.
1 respondeu “não sei”.
“Paula Pimenta, amei o livro dessa mulher, porque
fala de uma adolescente e eu me vejo na
personagem dela, muito interessante, super
indico.”
“Foi Izabele Freitas e Paulo Coelho poís me
ensinaram um pouco sobre a realidade da vida.”
“Não sou muito de ler livros, aliás só leios livros
nas aulas quando pedem.”
“Minha vida fora de sério – Paula Pimenta.”
“Romantismo.”
“Camões: O Amor.”
“Gregorio de Matos, por causa de suas sátiras e a
forma que ele fala do povo.”
“Foi a autora de raquel queroz que é muito
interessante lêr os livro, que motiva as pessoas lêr
mais ainda.”
“Eu li sobre o Barroco não mim lembro quem e o
134
autor ou se o nome Barroco já e o autor. Mim
interessei a ler por conta de sua historia que achei
bem interessante.”
“Madeleine Roux, pela sua genialidade, pela
forma detalhada como ela escreve seus livros. O
que me marcou foi a forma que ela costumava
usar pra expressar suas histórias.”
“Madeleine Roux, o misterio e no mesmo tempo
uma curiosidade dos personagens.”
“O ultimo livro que li foi de poesia, amei muito,
pois era um livro incrivel, era a minha cara meio
confuso, mas amei muito.”
“Jhon Grin. A parte que me marcou foi que acima
de todas as dificuldades, com o amor deles
conseguiram enfrentar essas barreiras”.
“Um livro da Paula Pimenta, chamado a Bela
Adormecida ele conta um romance muito bonito.”
“Não mim lembro mais prefiro textos de rimas e
versos.” “Não sei o autor, mais o livro e diário de
um banana.”
“Nasci pra dar certo, ele fala umas da esperencia
que ele já viveu quando conheceu o senhor
Jesus.”
“Kiera Cass, tudo gostei bastante da história, livro
preferido.”
135
“J.K. Rowlling, parte de ficsão e fantasia que me
prendeu a uma história encantadora.”
“Isabela Freitas. Esse livro é tipo um diário (blog
virtual) que ela conta sobre seus amores, seus
pôdres, ela criou um blog na internet e depois
lançou o livro. Jhon Grin; Pois é uma história de
amor que quebra as barreiras da dificuldade.”
4. Você lembra de já ter lido alguma escritora? Que texto você leu que gostou?
16 não lembraram de nenhuma escritora.
5 deixaram em branco.
4 responderam que não gostam e não costumam
ler livros.
“Paula Pimenta (Fazendo meu filme 1, 2, 3 e 4,
Bela Adormecida”.
“Já falei nas perguntas anteriores”.
“Nunca gostei de ler, fora isso nunca li livros como
Biográfias de autores e etc...”.
“De novo J.K. Rowlling, a mulherzinha que
escreveu o Harry Potter”.
“Não me lembro de uma escritora em si, mais
gostei do livro “Como eu era antes de você”.
“Gosto de Clarice Lispector de seus pensamentos
e frases maravilhosas”.
136
“Sim Casa das fúria que fala de uma menina que
vai para uma casa atentada por pessoas
estranha”.
“Sthepen Meyer, o livro A Química, é um livro
ficção cientifíca, e eu gostei das partes de ação
misturados com o suspense”.
“Sim, o título é muito extenso, mais a autora é a
Thalita Rebouças”,
“Madeleine Roux, O Diretor”, Sim, A saga dos
livros Divergente, insurgente, convergente e
quatro”.
5. Conte um pouco sobre a sua experiência com a literatura, como começou a sua
vida de leitor, que obra você indicaria que te marcou profundamente. Experiências
positivas e negativas com a leitura, se você já se sentiu representado (a) por uma
personagem, por um autor(a).
5 não responderam.
3 responderam “Não lembro”.
“Nenhuma”.
“Recomendaria Dom Quixote.”
“Li alguns livros mais a maioria era quadrinhos,
tipo da marvel.”
“Me senti representado pelo ultimo livro que li de
poesia, é o melhor livro que li, ele é meio confuso,
137
isso me representa na bad kkk”.
“A garota em pedaços, foi o livro que mais mim
identifiquei, porque tem um pouco ave comigo, e
achei muito interesante e motivador.”
“A minha experiência como leitor é muito curta, eu
não costumo ler”.
“Na verdade, não leio muito livro porque
geralmente não tenho tempo, sou muito ocupada,
eu indico os 50 tons mais escuros”.
“Tenho experiências positivas, já viajei no mundo
da leitura.”
“Bom, eu gosto muito de ler, adoro livro de
adolescentes, amorosos, gosto também de ficção
e indico demais a Paula Pimenta, desde o começo
eu venho falando dela porque ela me marcou
muito.”
“Foi incrivel você se afunda em mundo belo que é
a leitura e a obra seria de Izabele Freitas e todos
os pensamentos de Clarice Lispector, experiências
positivas”.
“Nunca li um livro de literatura, mais dizem que
Machado de Assis é um grande escritor”.
“Comecei com o incentivo dos meus amigos eu
não tenho nenhum livro para indicar por que não
me lembro”.
138
“Sim. Várias vezes”.
“Ah, comecei a ler histórias na escola, em
quadrinhos, histórias infantis etc... E a pessoa
aprende muito com isso”.
“Quando aprendim a lê mim sentim muito mais
conectado com o mundo, com muito mas
conhecimento e informações e com muito mais
vontade de lê textos em geral”.
“Eu não gosto muito de ler mas as vezes eu leio”.
“Minha experiência com a literatura é bem pouca,
porém me marcou muito, gostei muito e gostaria
de aprofundar mais e mais.”
“Os livros que eu pego e de quadrinhos, ação, etc”.
“Eu comecei a gosta por conta da minha mãe, que
ficava indicado livros, não lembro qual foi o
primeiro livro que eu li completo. Mas um livro que
eu indicaria era Para sempre.”
“Bom gostei de ler Kierra Cass, fez vários livros
legais que são massa, gostei de mais.”
“Aos 6 anos quando começei a ler, e comecei a
levar poucos livros mais os que eu tinha interesse.”
“A partir do 6 ano, comecei a me interessar por
livros de fantasia. Algumas vezes já me sentir
parecido e me identifiquei.”
139
“Indicaria Gregório de Matos por causa de suas
satíras que chamaram a atenção de qualquer um.
Positivas porque ele fala das pessoas sem medo
algum.”
“Nenhum o que eu gostei mais foi livro de poesia
que são experiéncias positiva na vida”.
“Bom! Eu gosto de ler mais não consigo mem
consentrar. Quando estou lendo fico pensando em
outras coisa e perdo o raciosinio”.
“Eu apesar de não ter dificuldades em leitura, não
leio muitos livros, mais pretendo ler muitos,
principalmente as que influênciam minha vida de
uma forma positiva”.
“Eu costumo ler com muita frequência desde os
quatro anos de idade, já até fiz meus proprios
livros e até poesias. Eu indicaria ‘A lógica
inexplicável da minha vida’ eu me senti
representado pelo protagonista. Minhas
experiencias foram pouco negativas, pelo fato da
minha condição financeira impedir-me de ler mais
livros.”
“Começou quando pequena e comecei a ler
depois dai todo dia.”
“Eu gosto de ler, principalmente quando estou
sensível, alguns livros me fazem chorar, tipo: A
culpa é das estrelas. Já me senti representada por
Isabela Freitas e recomendo a Culpa é das
estrelas, uma linda história de amor que quebra
140
barreiras.”
QUESTIONÁRIO APLICADOS AOS PROFESSORES
(RESPOSTAS)
ESCOLA ASSIS BEZERRA
5 professores responderam
8.
“Tenho liberdade para trabalhar com textos e livros diversos, até porque o livro
didático é bastante resumido, sucinto, e limitar o conhecimento dos alunos apenas
ao que é exposto no livro didático é até criminoso. Apesar de trabalhar numa
extensão de matrícula e ter pouco acesso a livros, Datashow, por exemplo, temos a
tecnologia ao nosso favor, quase todo aluno possui um celular. Infelizmente o nosso
aluno tem dificuldade de despertar para a leitura, mas a literatura, se bem
direcionada, é uma viagem pela própria História. Os meus alunos gostam dessa
viagem.”
“Sim, e não sigo apenas o contéudo sugerido pelo plano didático. Procuro inserir na
leitura obras que são importantes que os alunos conheçam.”
“Sim, tenho liberdade para escolher os livros e textos, os quais utilizo como material
141
suporte no desenvolvimento das minhas aulas. Não considero suficiente os textos e
fragmentos que compõem nossos livros didáticos. Percebo as muitas lacunas
deixadas pelos mesmos.”
“Costumo ler os textos do livro didático, pois acho importante que o aluno tenha
contato com a literatura clássica. No intuito de torná-los mais acessíveis estabeleço
pararelos com a realidade. Os autores mais novos contam com estratégias que os
aproximam dos jovens leitores.”
“As aulas de literatura partem do currículo (grande curricular), porém temas que
perpassam outras disciplinas (História, Sociologia, Filosofia, Matemática, Biologia
etc.) são o mote para o desenvolvimento da aprendizagem. Desse modo, a
exposição da historiografia literária depende do aprofundamento que ocorre nas
atividades (seminário, ficha de leitura etc).”
9.
“Não sou uma professora leitora. Tenho necessidade disso. Principalmente ser uma
leitora por lazer. Ler por prazer, ler para expandir minha história de leitura.
Infelizmente a desvalorização do professor faz com que eu (e tantos outros), que
precisam sustentar suas famílias, necessitam abraçar 3 turnos de expediente,
praticamente sem tempo para viver. Eis-me aqui.”
“No momento não me considero um leitor, mas sei que a leitura é muito importante.
Esse ano talvez só tenha lido 3 livros no primeiro semestre. As minhas leituras são
motivadas principalmente por amigos.”
“Considero-me mediana, como professora leitora, reconheço que necessito de mais
leituras. A maioria das leituras realizadas utilizo emprestados em bibliotecas, porém
muitas delas são realizadas em livros comprados. Minhas leituras são motivadas
pela escola, como também por outros ambientes.”
“Prefiro ler textos científicos. Na minha infância costumava ler vários livros. Mas com
o passar do tempo tenho dado preferência a textos – não livros – que abordem
142
temas científicos. Não sou apreciador de textos literários, mas leio devido ao meu
trabalho com crianças e jovens.”
“Sou um professor leitor. Costumo ler/reler entre 10 e 15 livros por mês. Além de
comprar bastante livros, tenho o hábito de alugar exemplares na biblioteca da escola
onde leciono. As motivações são as mais variadas! Leio por curiosidade sobre
determinado assunto, meio para aprimorar algum aspecto de lecionar ou para
reavaliar minha prática pedagógica, meio por prazer, meio para pesquisar etc.
Tornei-me leitor no Ensino Médio quando uma professora elogiou um poema que eu
havia feito por conta de um trabalho de classe. Ainda no Ensino Médio, tornei-me
leitor quando me apaixonei por um estilo musical, heavy metal, que instigou a
pesquisa e a leitura das canções que, em muitas delas, apareciam assuntos
interessantes para mim naquele momento (mitologia, história mundial, etc). Hoje,
sou um leitor voraz! Surgida a fagulha da curiosidade, começa minhas pesquisas
(leituras) que acabam sempre em livros e mais livros!”
10.
“Li Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Cora Coralina. Em
meio a um universo tão masculino, ler autoras influencia sempre. Como já falei, não
sou leitora como gostaria de ser. Mas o que eu percebo é que o que se tem em
abundância para consumo de leitura são autores – é o que é mais acessível. Em
outras circunstâncias, li autoras femininas, mas em outra graduação. Fiz Pedagogia
e existem muitas autoras nesse ambiente de estudo. Será por ser um ambiente mais
feminino? Percebo mais preconceito nessa situação.”
“Na faculdade lembro-me de ter lido Raquel de Queiroz, a obra clássica do
modernismo “O quinze”. Mas incontestavelmente lemos mais autores que autoras.”
“Lembro de ter realizado a maioria das minhas leituras, na faculdade a partir de
autores contudo algumas autoras foram base de leituras, tais como: Clarice
Lispector; Cecília Meireles; Rachel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles.
Sinceramente, ainda costumo ler mais autores.”
143
“Não tenho preferências. Gosto de ler sobre ficção científica. A única autora que
chegou a prender minha atenção foi Agatha Christie com seus romances cheios de
mistérios que não conseguia desvendar. Durante a graduação a maioria do livros
indicados eram de fundamentação teórica.”
“Na faculdade, lembro-me de ter lido algumas autoras de textos científicos da minha
área de formação. Porém, foi através de pesquisas particulares, sem a cobrança dos
professores, que conheci a literatura de Florbela Espanca, Hilda Hilst, Francisca
Julia, Noemia Sousa, Hannah Arendt, Agustina Bessa-Luís, E. Bishop etc. P.S.: Não
posso esquecer a Cora Coralina!”
11.
“Os livros didáticos nos trazem apenas duas autoras: Raquel de Queiroz e Clarice
Lispector. No nivel superior, mas precisamente no curso de letras-português, essa
realidade não é muito diferente. Talvez eu só acrescentasse mais uma ou duas
autoras sendo abordadas durante o curso.”
“Há bastante tempo observo a disparidade entre autores e autoras distribuídos nos
nossos livros didáticos. Considero de muita relevância uma presença maior das
nossas autoras, não somente nos livros didáticos, como também na maioria das
leituras realizadas, tanto por professores quanto por alunos, nos mais diversos
contextos leitores.”
“Acredito que por uma questão histórica, grande parte da literatura clássica era
escrita por homens, pois a profissão não era “indicada” para as mulheres. Porém,
nas séries iniciais, literatura infanto-juvenil, essa situação encontra-se mais
dramática. Talvez daqui a alguns anos essa diversidade chegue ao Ensino Médio.”
“Com certeza que sempre percebi essa disparidade e pontuo isso com meus alunos.
É paradoxal perceber que a maioria dos autores de livros didáticos da minha área
são mulheres que não tem o direito/o dever de divulgar as grandes escritoras da
literatura devido a motivar “meu ser”!”
144
HUMBERTO BEZERRA
3 professores responderam
8.
“O planejamento é flexível e dinâmico, entendo assim, o contexto e principalmente
as vivências e experiências do cotidiano.”
“Além do currículo pré-determinado tenho a liberdade de adicionar outras linhas de
trabalhos que contribuem para o melhor aperfeiçoamento do conteúdo.”
“As aulas de literatura são planejadas levando em conta o plano anual e o livro
didático porém sempre com apoio de materiais extras. Praticamos bimestralmente a
metodologia “Tertúlia literária”; onde um clássico da literatura é debatido com os
alunos.”
9.
“Leitura é minha amiga, busco minha libertação, prazer como também
conhecimento.”
“Sim, procuro sempre ler títulos que abordem vários temas do cotidiano como,
política, esporte, literatura moderna e alguns clássicos. Uso internet pegos livros
emprestados e baixo alguns do domínio público.”
“Hoje em dia considero-me uma professora que já foi mais leitora; pois devido as
demandas de sala tenho lido em média 2 livros ao mês. A escolha dos mesmos é
sempre feita e motivada pela necessidade do momento. Faço leitura através da
internet, e-books e livros próprios.”
10.
“Sempre as autoras.”
145
“Sim li algumas autoras, como Raquel de Queiros, alguns poema de Clarisse mais
na maioria das vezes tenho lido autores, como José Saramago (Portugues) e os
tradicionais, José Lins do Rêgo Machado e Graciliano entre outros...”
“Durante a minha vida acadêmica, tive muito contato com inúmeros autores que
marcaram e enriqueceram minha formação. Leio mais autoras femininas.”
11.
“Nunca pensei sobre isso mas, é boa a reflexão sobre o assunto.”
“É fácil perceber que a maioria que nas indicações literárias a maioria dos escritores
são homens , e é justo essa reflexão, se faz necessário uma presença maior de
escritoras nas indicações didáticas.”
“Nunca havia parado para pensar nesse assunto, mas realmente existe uma
disparidade enorme entre autores e masculinos e autoras, principalmente se
atentarmos à questão da raça.”
LICEU DE QUIXERAMOBIM
5 professores responderam
8.
“O livro didático é escolhido pelo coletivo, cada professor pode opinar sobre essa
escolha. Ao escolhermos o livro passamos a utilizá-lo como principal ferramenta
didática, mas isso não nos impede de trabalharmos com outras fontes. Nas aulas de
literatura sempre levamos textos extras, trabalhamos a leitura de clássicos, dentre
outras metodologias.”
“Sim, a escola onde trabalho tanto permite como reproduz os materiais necessários.”
146
“Em parte sim, no entanto temos que seguir o que é proposto pelo currículo/livro
didático, oficinas do SPAECE, ENEM, o que acaba por algumas vezes nos
“obrigando” a seguir o que está no livro, mas procuro ampliar minhas com visitas à
biblioteca, com o incentivo à leitura, com a leitura de textos literários em sala (além
do livro). Fazemos também o círculo de leitura.”
“Apesar da correria, levo sempre novos temas para trabalhar em sala, queria poder
levar mais, noentanto não dá tempo. Procuro sempre textos que tratem de temas
atuais para abrir roda de conversa.”
“Sim, posso utilizar de todos os meios disponíveis.”
9.
“Nossa profissão sempre nos leva a estar lendo constantemente. Embora o tempo
nos sufoque, procuramos ler pelo menos o suficiente para contextualizarmos nossas
aulas.”
“Há algum tempo atrás conseguíamos ler uma quantidade considerável de livros,
hoje essa quantidade diminuiu devido as diversas tarefas que precisamos cumprir.”
“Costumava ler livros em bibliotecas públicas, sempre tive uma grande identificação
com temas regionalistas, sociais, que trabalha com o inconsciente dos personagens.
No entanto, o sistema educativo, com sua extensa burocracia e quantidade de horas
de trabalho, nos privam de costumes imprescindíveis ao ato de educar. A leitura se
torna presente, mas não na mesma intensidade de antes.”
“Sim. Em média dois, depende muito do tempo, na maioria são livros propostos pela
escola (particular que trabalho). São livros paradidáticos. Mas sempre que tenho
tempo livre, leio os livros que tenho interesse pessoal, os quais compro ou pego na
biblioteca do Liceu, SESC, biblioteca pública. A motivação é algo que vem de dentro
para fora, mas a internet, blogs e amigos também contribuem.”
“Leio em média 2 livros por mês, infelizmente o tempo não ajuda. Leio por prazer e
147
procuro sempre mostrar isso a meus alunos para tentar motiva-los.”
“Sim, um a cada dois meses, online. A leitura é minha ferramenta indispensável para
o dia a dia em sala de aula.”
10.
“Durante a faculdade muitos foram os livros que lemos. Recordo de escritoras como
Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Adélia Prado, entre outras.
Procuro ler tanto escritores, quanto escritoras. Mas, acredito que a quantidade de
escritores que li, seja maior do que a de escritoras.”
“Clarice Lispector, Raquel de Queiroz, Cecília Meireles, não recordo outras. Costumo
ler mais escritores homens, não pelo gênero em si, mas por sua escrita, temática.”
“Raquel de Queiroz, Clarice Lispector contribuiram na construção e reconstrução
(moldando) a minha identidade, na ampliação dos conhecimentos, e sobretudo, no
prazer e no deleite de uma maravilhosa leitura.”
“Autoras que me marcaram foram Clarice Lispector, Cecilia Meireles entre outras.”
“Euclides da Cunha “Vidas Secas””
11.
“Exatamente por causa dessa disparidade, acredito que os autores costumam ser
mais lembrados na hora da escolha dos livros para leitura.”
“Os livros didáticos mantém um padrão. Sempre vemos os mesmos autores e obras,
e em sua maioria são escritores homens. Há de fato, certas disparidades, a
seletividade é evidente e aceita com normalidade.”
“Acredito que há uma certa desigualdade, onde só há mais espaço para escritores
clássicos. Nos livros há um pouco da reprodução das desigualdades sociais, muitas
148
vezes não condiz com a realidade dos alunos, deveria abrir mais espaço para
escritoras contemporâneas, negras que muito têm a contribuir na vida dos
estudantes.”
“Não tinha parado para pensar nisso até agora.”
“Não, autores e autoras vai de sua habilidade e capacidade em produzir seus livros.”
ESCOLA PROFISSIONAL
3 professoras responderam
8.
“As aulas de Literatura são planejadas conforme o currículo, porém tenho a
liberdade de escolher materiais e metodologia que correspondam à necessidade de
cada turma. Como trabalho com as 3º séries, o aprofundamento literário por meio da
leitura integral das obras acaba sendo limitado, pelo fato da metodologia se voltar
principalmente para o ENEM e outras avaliações externas.”
“As aulas são momentos únicos e criativos, pois a literatura é livre assim como as
possibilidades práticas. Trabalho do regional ao universal, unindo popular e cânone,
música, dança e reflexão. Busco promover aulas dinâmicas, interativas e
construtivas mas abordo a teoria necessária ao processo crítico e reflexivo dos
alunos.”
“Tenho liberdade de escolher o material a ser trabalhado, inclusive fazemos análise/
discutimos/estudamos o material antes da escolha. O Plano Anual é flexível e
sempre associo a outros conteúdos, principalmente de acordo com as necessidades
e realidade da turma. As aulas são planejadas de modo a despertar o gosto e
entendimento da disciplina. Estudo das obras/análise e vivências em sala (estudo e
dramatização da obra).”
149
9.
“Sou apaixonada pela Literatura e costumo comprar obras que me interessam a
partir de temas ou autores que me interessam a partir de temas ou autores que já
gosto ou que gostaria de descobrir. Quanto à prática da leitura, confesso que tenho
me voltado de forma muito exclusiva a leituras técnicas, não me debruçando tanto
na literatura como gostaria.”
“A leitura literária é o que motiva meus momentos, viver sem literatura é não viver.
Leio em diferentes meios, formatos e suportes, pois a literatura é livre e nossas
escolhas mais ainda. Em suma leio e compartilho, pois segundo Rildo Cosson, a
‘literatura é um ato solitário e solidário’.”
“Sempre amei ler e continuo com essa prática, não se pode ensinar, motivar e
inspirar o seu educando, quando não se tem o gosto/prazer pela leitura. Costumo ler
dois livros por mês (atrelado a outras leituras), procuro estar atualizada e informada
sobre as novas tendências/escritores/críticas literárias (o que
pensam/criam/sugerem) os mestres/doutores/escritores dessa área.”
10.
“Clarice Lispector me marcou muito pela forma profunda de “ficar” na gente. A forma
como me fazia enxergar coisas que, por mais importantes que fossem, passavam
despercebidas, mas que, na verdade, nos ajudam a adentrar mais em nós mesmos.”
“A faculdade formou minha postura leitora, dentre as escritoras que marcaram meus
sentimentos encontra-se Marina Colasante, minha preferida, mas lembro de Clarice,
Mia, José Saramago, Conceição Evaristo, Carmélia Aragão etc. Costumo unir
gêneros, o que me prende é a essência textual unicamente.”
“As disciplinas de Literatura são lembradas até os dias atuais. Autores como: José
de Alencar, Machado de Assis, Aluisio Azevedo, Clarice Lispector, Cecília Meireles,
dentro outros foram estudados e trago-os para as aulas que leciono. Estudamos de
acordo com o período e de forma diversificada. Leio de forma diversificada , não me
150
detenho a sexo: feminino/masculino.”
11.
“Acredito que a distribuição de autores ainda é bastante limitada e não contempla
autores na literatura africana, principalmente mulheres, ficando muito restrito a
autores mais clássicos.”
“É historicamente comprovado que homens convem maior espaço que mulheres,
mas acredito que ao longo do tempo muitas coisas mudaram mesmo que
minimamente, contudo torna-se necessário a disseminação de mais textos femininos
em livros didáticos, não para superiorizar, mas para equilibrar , pois homens e
mulheres são dignos de ocuparem o mesmo espaço.”
“Gosto da forma como é trabalhada a literatura nos livros didáticos, com exceção
das escritoras/negras/ literatura africana, dentre outras. Lemos muitos escritores
dessa área que não são conhecidos e tão pouco valorizados. Existe uma lacuna
muito grande nessa questão em especial, a essa parte da literatura.”