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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MARINA COSTA GALVÃO A PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO NO PROCESSO DE CORTE E DOBRA DE UMA EMPRESA DO RAMO SIDERÚRGICO LOCALIZADA EM SÃO LUÍS MA São Luís 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MARINA COSTA GALVÃO

A PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO NO PROCESSO DE CORTE E DOBRA DE

UMA EMPRESA DO RAMO SIDERÚRGICO LOCALIZADA EM SÃO LUÍS – MA

São Luís

2015

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MARINA COSTA GALVÃO

A PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO NO PROCESSO DE CORTE E DOBRA DE

UMA EMPRESA DO RAMO SIDERÚRGICO LOCALIZADA EM SÃO LUÍS – MA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Profº. Ms. Mauro Enrique Carozzo

Todaro

São Luís

2015

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Galvão, Marina Costa.

A programação da produção no processo de corte e dobra de uma

empresa do ramo siderúrgico localizada em São Luís - MA / Marina Costa

Galvão.– São Luís, 2015.

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Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia de Produção,

Universidade Estadual do Maranhão, 2015.

Orientador: Prof. Msc. Mauro Enrique Carozzo Todaro

1.Planejamento da produção. 2.Controle da produção. 3.Programação

da produção. 4.Job shop. 5.Sequenciamento. I.Título

CDU: 658.562-034.14(812.1)

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MARINA COSTA GALVÃO

A PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO NO PROCESSO DE CORTE E DOBRA DE

UMA EMPRESA DO RAMO SIDERÚRGICO LOCALIZADA EM SÃO LUÍS – MA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Produção.

Aprovada em: _____/_____/ 2015.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________ Profº. Ms. Mauro Enrique Carozzo Todaro (Orientador)

Universidade Estadual do Maranhão

_________________________________________________ Profº. Ms. Moisés dos Santos Rocha Universidade Estadual do Maranhão

_________________________________________________ Profº. Ms. Abraão Ramos da Silva Universidade Estadual do Maranhão

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Jorge e Madalena, minhas fontes

inesgotáveis de amor, apoio e segurança.

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AGRADECIMENTOS

Durante a trajetória de minha vida, e que muito ainda tenho a caminhar,

sempre tive o esteio de alguns que foram fundamentais para o sucesso obtido em

cada etapa concluída. Com a Engenharia não poderia ser desigual. Ao longo dessa

caminhada, houve momentos de cansaço, mas o foco e a determinação em seguir

adiante e realizar um sonho foi sempre maior. Aqui, agradeço aqueles que

exerceram papéis fundamentais no alcance dessa vitória.

Ao meu Deus, responsável por me dar sabedoria, saúde e discernimento

para escolher um caminho e conseguir caminhar até o fim.

À minha mãe, Madalena Galvão, cujos ensinamentos me fizeram quem

sou e me fazem querer ser uma pessoa melhor a cada dia. Nada faria sentido sem o

seu amor de mãe sempre comigo.

Ao meu pai, Jorge Galvão, por exercer com perfeição os papéis de pai,

amigo, conselheiro e profissional. Sem dúvidas, minha maior referência de homem

íntegro, honesto, dedicado e que não mede esforços para ver nossa família feliz.

A minha irmã, Mariana Galvão, que, mesmo com tantas diferenças a nos

rodear, consegue ser sinônimo de amizade, cumplicidade, parceria e

companheirismo. Certamente, o maior presente que me foi proporcionado,

juntamente, com o ensinamento de que a vida é mais feliz quando há divisões.

Aos demais familiares, especialmente meus avós, que sempre estiveram

comigo, me mostrando a importância de uma família unida e torcendo sempre por

mim.

Ao meu querido companheiro, Guilherme, por estar comigo nessa

caminhada atribulada e, sobretudo, pelo apoio e atenção dedicados a cada dia.

Aos amigos de curso, com quem dividi conhecimentos, dúvidas e

experiências. Foram cinco anos de muita convivência, companheirismo e estudos.

Aos amigos que mantive no decorrer dos anos, não só pelos momentos

de diversão, mas, principalmente, por entenderem quando precisei estar ausente.

A empresa e aos colegas de trabalho, pela disponibilidade do espaço

para a realização do presente estudo e por terem me acolhido, me proporcionando

aprendizado, experiência e valores profissionais.

Ao meu orientador, Mauro, pelos aprendizados, auxílio, incentivo e por ter

acreditado no meu potencial.

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Aos professores que fizeram parte do meu percurso, pelos ensinamentos

que me foram transmitidos e que são exemplos de profissionais.

Enfim, agradeço a todos aqueles que participaram dessa conquista, me

ajudando a seguir em frente e torcendo pelo meu sucesso.

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“Não aponte falhas, aponte soluções.”

Henry Ford

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RESUMO

O sucesso e a continuidade de uma organização no mercado atual dependem de

sistemas produtivos eficientes. O planejamento, a programação e o controle da

produção exercem um papel fundamental nesse contexto. O surgimento e/ou

aprimoramento de técnicas e tecnologias, com foco na área de programação da

produção, tem proporcionado às organizações um melhor atendimento ao cliente e

maior confiabilidade nos serviços, garantindo assim competitividade no mercado. O

presente trabalho propõe descrever e identificar pontos de melhoria no método de

programação de pedidos de aço cortado e dobrado em uma empresa localizada em

São Luís no Estado do Maranhão. Trata-se de um ambiente do tipo Job shop:

produção sob encomenda, alta variedade e volume moderados, um desafio á

programação. A metodologia caracteriza-se como estudo de caso, com abordagem

quali-quantitativa. A coleta de dados foi realizada através de observação in loco,

entrevistas e análise de dados históricos. A utilização de conceitos e métodos da

área de planejamento, programação e controle da produção contribuíram para o

desenvolvimento do estudo e para a identificação de pontos de oportunidade no

processo juntamente com propostas sugeridas. Conclui-se que o trabalho atingiu os

objetivos propostos, comparando teorias de métodos de programação, porém seria

conveniente outros estudos em busca da otimização do processo produtivo.

Palavras-chave: Planejamento da produção. Controle da produção. Programação da

produção. Job shop. Sequenciamento.

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ABSTRACT

The success and the continuity of a company on the current market rely on efficient

production systems. The planning, programming and control of production play an

important role in this scenario. The emergence and-or improvement of techniques

and technologies with focus on production scheduling has provided organizations a

better customer care and more reliable services, ensuring market competitiveness. In

this way, this work aims to describe and identify key points for improvement on the

method of programming orders for cut and folded steel located in São Luís in the

state of Maranhão. The system is classified as a job shop type setting i.e., custom

production, high variability and moderate volume a.k.a. a challenge for programming.

The methodology is characterized by a case study with a mix of qualitative and

quantitative approaches. The data collection was conducted through on site

observation, interviews and data analysis based on historical data. The use of

concepts and methods of planning, programming and control of production

contributed to the development of this study and to the identification of key points in

the process along with suggested proposals. In conclusion, the work reached

objectives, comparing theories of programming methods, but it would be appropriate

other search studies for the optimization of the production process.

Keywords: Production planning. Production control. Production programming. Job

shop. Scheduling.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura geral do sistema de PPCP 20

Figura 2 - Produtos de aço cortado e dobrado 38

Figura 3 - Cortadeira 39

Figura 4 - Dobradeira 39

Figura 5 - Estribadeira 39

Figura 6 - Vista de cima do galpão de corte e dobra 40

Figura 7 - Detalhamento de uma ordem de serviço ou etiqueta 41

Figura 8 - Fluxograma do processo 42

Figura 9 - Planilha Excel para um dia de produção 45

Figura 10 - Painel de controle da produção de bitolas 47

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Aspecto de um gráfico de Gantt para alocação de carga 25

Quadro 2 - Regras de sequenciamento usuais 29

Quadro 3 - Descrição de regras de sequenciamento segundo alguns autores 31

Quadro 4 - Taxa média de produção por bitolas 43

Quadro 5 - Regras para programação de pedidos em ordem de prioridade 45

Quadro 6 - Regras de sequenciamento em ordem de prioridade 46

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APS - Advanced Planning and Scheduling

CR - Critical Ratio

DD - Data Devida

DS - Dynamic Slack

EDD - Earliest Due Date

ERP - Enterprise Resource Planning

FIFO - First In, First Out

FSFO - First in the System, First Out

LEF - Lote Econômico de Fabricação

LIFO - Last In, First Out

LOT - Longest Operation Time

MPS - Master Production Schedule

MRP - Material Requirements Planning

MTP - Menor Tempo de Processamento

PCP - Planejamento e Controle da Produção

PEPS - Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair

PMP - Plano Mestre de Produção

PPCP - Planejamento, Programação e Controle da Produção

RC - Razão Crítica

SOT - Shortest Operation Time

SS - Static Slack

TE - Tempo de Esgotamento

TI - Tecnologia da Informação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 Objetivos 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15

2.1 Gestão da Produção 15

2.2 Planejamento e Controle da Produção 17

2.3 Programação da produção 20

2.3.1 Objetivos da programação e controle da produção 21

2.3.2 Programação para sistemas de volume intermediário 22

2.3.3 Programação para sistemas de baixo volume 24

2.3.3.1 Alocação de carga 24

2.3.3.2 Sequenciamento de tarefas ou operações 26

2.3.3.2.1 Casos especiais de sequenciamento 27

2.3.3.2.2 Regras heurísticas 28

2.3.3.2.2.1 Vantagens e desvantagens das principais regras de

sequenciamento

31

2.3.4 Tecnologia da Informação na programação 33

3 METODOLOGIA 35

4 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO 38

4.1 Sistema produtivo do setor de Corte e Dobra 38

4.2 Sistema de PCP do setor de Corte e Dobra 42

4.3 Método atual de programação 44

4.3.1 Programação de pedidos 44

4.3.2 Programação das ordens de serviço 46

5 ANÁLISES E DISCUSSÕES 48

6 CONCLUSÃO 52

REFERÊNCIAS 54

APÊNDICE 56

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1 INTRODUÇÃO

O sucesso e a continuidade de uma organização no mercado atual

dependem de sistemas produtivos eficientes. Dessa forma, a Gestão da Produção

tem um papel fundamental, tornando a organização capaz de satisfazer as

exigências dos clientes e garantindo assim maior competitividade. A Gestão da

Produção, também chamada de Gestão de Operações, diz respeito às atividades

orientadas para a produção de um bem ou a prestação de um serviço (MOREIRA,

2012).

A Gestão da Produção é uma das áreas de maior oportunidade e

desenvolvimento para o engenheiro de produção. Dentro das empresas, grande

parte das responsabilidades da Gestão de Operações e/ou processos é atribuída ao

setor de Planejamento e Controle da Produção ou PCP (BATALHA, 2008). Quando

bem elaborados e executados, o planejamento, a programação e o controle da

produção permitem a maximização dos resultados. São definidas as prioridades e o

que deve ser feito para atingi-las.

Além disso, é fundamental que as empresas atuem na busca constante

do aperfeiçoamento dos seus processos, comprometidas com o aumento da

produtividade. As empresas modernas estão em constantes mudanças e

atualizações, preocupadas com a qualidade e promovendo melhorias nos seus

sistemas produtivos. O surgimento de novas técnicas e tecnologias, com foco na

área de programação da produção, tem possibilitado que o desafio atual dos

engenheiros de produção seja atingido: manter em funcionamento e melhorar cada

vez mais o atendimento ao cliente.

Para o desenvolvimento deste trabalho foi observado o processo de corte

e dobra de aço de uma empresa do ramo siderúrgico localizada em São Luís - MA,

no intuito de descrever, analisar e utilizar metodologias voltadas à Gestão de

Operações com foco na programação da produção. Para se atingir um bom

desempenho do processo de corte e dobra de aço, é necessário conhecer e

identificar pontos que precisam ser aprimorados, sobretudo relacionados à

programação da produção. Portanto, a metodologia utilizada no trabalho caracteriza-

se por um estudo de caso, com finalidade descritiva, focado em uma unidade

delimitada, no caso, o setor de Corte e Dobra de aço.

A estrutura da pesquisa aqui desenvolvida divide-se em: Introdução, que

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é um breve resumo do trabalho, mostrando sua importância e objetivos; Referencial

teórico, que aborda a bibliografia sobre o tema relacionado para fundamentar a

pesquisa; Metodologia, que trata da explicação de como foi realizado o estudo;

Apresentação do estudo de caso, onde é feita a descrição da empresa, do setor de

PCP e da programação atual; Análises e discussões, em que são feitas análises no

método de programação da empresa, com base no referencial teórico; e a

Conclusão, que refere-se às considerações finais do trabalho e propostas de

pesquisas futuras.

O estudo de caso demonstra como é realizada a programação atual na

empresa e quais pontos de melhorias para o melhor retorno ao cliente. O processo

de corte e dobra de aço da empresa analisada é feito por projeto e apresenta pontos

de oportunidade relacionados à programação da produção e ao planejamento das

atividades que são executadas. A programação utilizada atualmente apresenta

problemas de sequenciamento dos pedidos e consequentemente, atrasos nas

entregas. Isso é algo que a empresa pretende minimizar. Considerando os

elementos expostos até aqui, este trabalho busca responder a seguinte pergunta de

pesquisa: Qual método de programação da produção é mais adequado ao processo

de corte e dobra de aço da empresa estudada?

1.1 Objetivos

O objetivo geral da pesquisa é descrever a forma como é realizada a

programação da produção no processo de corte e dobra de aço da empresa em

análise.

Os objetivos específicos do estudo são:

a) Apresentar a importância do planejamento, programação e controle da

produção para uma empresa;

b) Conhecer o processo de programação dos pedidos de peças cortadas

e dobradas da empresa;

c) Identificar as variáveis e as restrições relevantes à programação do

sistema produtivo de corte e dobra da empresa;

d) Sugerir propostas de melhorias ao processo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Gestão da Produção

Primeiramente, para compreender o processo de programação da

produção e sua importância para as organizações, é necessário abordar os

principais conceitos, destacando-se a finalidade da Gestão da Produção e seus

processos, com foco no Planejamento, Programação e Controle da Produção

(PPCP) para as empresas.

A civilização humana vem transformando matéria-prima em produtos

acabados desde os tempos pré-históricos, é algo que faz parte da sua natureza.

Para que isso ocorresse era necessário gerenciar as atividades, ainda que de forma

primária. Muito antes da utilização de termos como “gestão” ou “engenharia de

produção”, o homem já buscava organizar os recursos disponíveis para fazer seus

produtos de forma racional (BATALHA, 2008).

Slack, Johnston e Chambers (2009) dividem a organização em quatro

funções principais: a função produção, a função marketing, a função contábil-

financeira e a função de desenvolvimento de produto/serviço. Neste trabalho, será

destacada a função produção. “A função produção é central para a organização

porque produz os bens e serviços que são a razão de sua existência.” (SLACK;

JOHNSTON; CHAMBERS, 2009, p.5). Qualquer organização possui uma função

produção, visto que representa a reunião dos recursos necessários à produção dos

bens e serviços.

Esses autores consideram cinco objetivos de desempenho a serem

seguidos pelo sistema de produção, e que são foco da Gestão da Produção:

qualidade dos bens e serviços, velocidade em que são entregues aos clientes,

confiabilidade dos prazos de entrega, a flexibilidade para mudanças e o custo da

produção. Slack, Johnston e Chambers (2009) também definem cada um desses

objetivos:

a) Qualidade significa fazer certo as coisas e pode ser facilmente

identificada pelo consumidor, garantindo que ele retorne. Exerce

grande influência sobre a satisfação ou insatisfação do consumidor, por

isso as organizações consideram a qualidade um objetivo

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extremamente importante. Em muitos casos, é a parte mais visível da

produção. Pode satisfazer tanto os clientes externos como os internos.

Uma produção com qualidade reduz custos e aumenta a confiabilidade;

b) Velocidade refere-se a quanto tempo os clientes da organização

esperam para receber seus produtos ou serviços. O principal benefício

da rapidez de entrega é que estimula a venda, pois quanto mais rápido

os bens e/ou serviços estiverem disponíveis para o consumidor, mais

chances terão de serem comprados. A rapidez da operação interna

também traz benefícios à organização, como redução de estoques e de

riscos;

c) Confiabilidade está relacionada ao cumprimento do prazo de entrega

prometido ao cliente. Significa fazer as coisas em tempo para os

consumidores receberem seus produtos e/ou serviços quando foram

prometidos. Os consumidores irão julgar a confiabiliadade após a

entrega, e isto afeta diretamente a chance do cliente comprar

novamente;

d) Flexibilidade trata da capacidade da empresa realizar mudanças

buscando satisfazer as necessidades dos consumidores. Significa ser

capaz de fazer alterações na operação. A mudança exigida pode ser

de quatros tipos: flexibilidade de produto/serviço, flexibilidade de

composto (mix), flexibilidade de volume e flexibilidade de entrega;

e) Custo de produção é o principal objetivo das empresas e depende dos

outros objetivos, para assim proporcionar maior lucro para a

organização. O desempenho dos objetivos operacionais deve ser

melhorado. Todas as empresas estão interessadas em reduzir custos.

Para Batalha (2008), a Gestão da Produção corresponde ao conjunto das

atividades de planejamento, gerenciamento e controle das ações necessárias para

obtenção de produtos. Portanto, grande parte das responsabilidades dessa área são

atribuídas ao setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP).

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2.2 Planejamento e Controle da Produção

Segundo Russomano (2000), o Planejamento e Controle da Produção

(PCP) é considerado um processo que engloba o planejamento e a organização dos

processos existentes na produção, com a responsabilidade de obter os melhores

resultados por meio do aumento da produtividade. O PCP deve garantir que sejam

cumpridos todos os objetivos pré-estabelecidos no que diz respeito à quantidade,

qualidade, prazo e lugar. Fernandes e Godinho (2010) referem que o PCP tem o

objetivo de tomar uma série de decisões na produção, definindo o que, quanto,

quem, onde, como e quando produzir, comprar e entregar.

Slack, Johnston e Chambers (2009) consideram planejamento e controle

o processo de conciliar demanda e fornecimento. Porém, pode haver incertezas

tanto na demanda quanto no fornecimento, afetando a maneira que as empresas

planejam e controlam suas atividades.

Slack, Johnston e Chambers (2009, p. 283) também diferenciam o

planejamento e controle de acordo com a temporalidade, em de longo prazo, de

médio prazo e de curto prazo.

No longo prazo, os gerentes de produção fazem planos relativos ao que eles pretendem fazer, que recursos eles precisam e quais objetivos eles esperam atingir. A ênfase está mais no planejamento do que no controle porque existe ainda pouco a ser controlado. Eles vão usar previsões da demanda provável, descritas em termos agregados.

Já o planejamento e controle de médio prazo “refere-se a planejar em

mais detalhes (e re-planejar, se for necessário). Olha para frente para avaliar a

demanda global que a operação deve atingir de forma parcialmente desagregada.”

(SLACK; JOHNSTON; CHAMBERS, 2009, p. 283).

No planejamento e controle de curto prazo, “[...] muitos dos recursos terão

sido definidos e será difícil fazer mudanças de grande escala nos recursos. Todavia,

intervenções de curto prazo são possíveis se as coisas não ocorrerem conforme os

planos.” (SLACK; JOHNSTON; CHAMBERS, 2009, p. 284). Nessa fase, a demanda

é vista de forma completamente desagregada. É provável que não haja tempo para

calcular os efeitos das decisões tomadas no curto prazo sobre todos os objetivos,

porém, uma definição das prioridades servirá como base para as tomadas de

decisão.

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Para Corrêa, Gianesi e Caon (2005), o PCP é um setor sujeito a muitas

mudanças que ocorrem no dia a dia das empresas, tendo que produzir muito mais

com menos recursos para não deixar de atender os clientes. Vollman et al. (2006)

afirmam que o sistema de PCP precisa adaptar-se ao ambiente da empresa e às

necessidades da gerência, deve ser projetado de acordo com a natureza do

processo produtivo, as expectativas dos clientes e o grau de integração da cadeia de

suprimentos.

Russomano (2000) também observou que conforme o tamanho da

empresa, do estilo de produção e da variedade e quantidade de produtos fabricados,

cada empresa precisa de um próprio modelo de PCP, estruturado de acordo com as

suas necessidades. O volume e a variedade são fatores que afetam diretamente no

planejamento e controle. Diferentes volumes e variedades irão impactar a prontidão

de resposta ao consumidor, no horizonte de planejamento, nas decisões de

programação, e na robustez do planejamento e controle (SLACK; JOHNSTON;

CHAMBERS, 2009).

Outra abordagem dada por Slack, Johnston e Chambers (2002) define

Planejamento e Controle (da produção) como a atividade de decidir sobre o melhor

emprego dos recursos da produção, assegurando, assim, a execução do que foi

previsto. Em qualquer operação os recursos disponíveis não são infinitos, então

existirão limitações. Slack, Johnston e Chambers (2002) dividem essas limitações de

forma genérica em:

a) Limitações de custos: os produtos e/ou serviços devem ser produzidos

de acordo com custos determinados;

b) Limitações de capacidade: a produção deve estar dentro dos limites de

capacidades projetados para a operação;

c) Limitações de tempo: a produção deve estar dentro de um intervalo de

tempo, cumprindo prazos;

d) Limitações de qualidade: os produtos e/ou serviços devem estar

conformes com as tolerâncias aceitáveis.

Em uma empresa as limitações são consideradas na elaboração do

planejamento e da programação da produção.

Independentemente do ramo de atuação ou do tamanho da empresa, o

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planejamento é uma atividade que se faz presente. Para planejar se faz necessária

uma previsão da demanda, ou seja, saber quanto a empresa planeja vender para

tomar como ponto de partida em suas decisões. A previsão da demanda é, então,

um processo racional de busca de informações sobre as vendas futuras dos

produtos da empresa (MOREIRA, 2012).

Juntamente com a previsão de demanda, trabalha o Planejamento

Agregado. Este se refere às decisões de médio prazo (em geral de 6 a 12 meses),

pois é o processo de balanceamento entre produção e demanda, combinando os

recursos produtivos para atender essa demanda e atingir o custo mínimo

(MOREIRA, 2012).

O Plano Mestre de Produção (PMP) consiste na desagregação do

planejamento agregado em produtos individuais, trata-se de um documento que

informa quais e quantos itens serão produzidos de cada um, considerando um

determinado período de tempo. Elaborar um Plano Mestre da Produção não é uma

tarefa simples, como diz Moreira (2012, p. 362):

Chegar a um Plano Mestre da Produção que compatibilize as necessidades de produção com a capacidade disponível pode se revelar uma tarefa complexa, principalmente se os produtos envolvidos exigirem muitas operações, em regime intermitente, ou seja, com a utilização do mesmo equipamento para diversos produtos. O processo é conduzido por tentativas, testando-se cada PMP para verificar a capacidade produtiva que ele exige.

Dessa forma o PMP passa a servir para avaliar as necessidades

imediatas da produção, para definir compras, e estabelecer prioridades entre os

produtos na programação. Martins e Laugeni (2006) estruturam o sistema de

Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP) conforme a Figura 1.

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Figura 1 - Estrutura geral do sistema de PPCP

Fonte: Martins e Laugeni (2006, p. 216).

2.3 Programação da produção

A programação da produção faz parte do sistema de PCP e pode ser uma

atividade extremamente difícil. Segundo Lustosa et al. (2008) programar as tarefas

de produção é decidir quando e onde cada tarefa deve ser realizada para que as

entregas aconteçam no tempo certo, cumprindo o prazo combinado com o cliente,

que todas as tarefas sejam executadas no menor tempo possível, de forma a reduzir

os estoques em processos (intermediários) e a ociosidade dos recursos na operação

das tarefas.

Slack, Johnston e Chambers (2009) conceituam a programação como um

cronograma detalhado com início e fim de cada trabalho, onde são declarados os

volumes e os horários das atividades. Segundo eles, o método de programação

mais utilizado é o gráfico de Gantt.

Slack, Johnston e Chambers (2009, p.298) também destacam a

complexidade da tarefa de programação da produção:

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A atividade de programação é uma das mais complexas tarefas no gerenciamento de produção. Primeiro, os programadores têm que lidar com diversos tipos diferentes de recursos simultaneamente. As máquinas terão diferentes capacidades e capacitação; o pessoal terá diferentes habilidades. De maneira mais importante, o número de programações possíveis cresce rapidamente à medida que o número de atividades e processos aumenta.

A tarefa de programação precisa possibilitar respostas às mudanças do

mercado e à diversidade de mix de produtos. E os gargalos evitados a todo custo.

Ainda segundo esses autores, o Planejamento, Programação e Controle

da Produção, principalmente no que se refere a volume e tempo, deve desempenhar

três atividades distintas e integradas:

a) Carregamento: determinação do volume que uma operação produtiva

pode executar;

b) Sequência: determinação da prioridade de tarefas a serem executadas;

c) Programação: determinação do início e fim para cada operação.

Quanto à classificação da programação, Slack, Johnston e Chambers

(2002) dividem a programação como empurrada ou puxada. Na programação

empurrada, tem-se um sistema centralizado onde as decisões de planejamento e

controle são emitidas para centros de trabalho que devem executar suas tarefas e

mandar seus produtos (intermediários) para a estação de trabalho seguinte. A

programação puxada trata de um sistema no qual a demanda é acionada a partir de

requisições de centros de trabalhos consumidores (internos).

No sistema empurrado, as atividades são programadas através de um

sistema central, cada centro de trabalho empurra o trabalho. Na prática pode levar a

tempo ocioso, estoque elevado e filas. No sistema puxado, o passo e as

especificações são estabelecidos pela estação de trabalho do consumidor,

“puxando” o trabalho da estação anterior (fornecedor). Sua principal função é regular

o nível de estoque, mantendo-o mais baixo possível, sem comprometer a produção.

2.3.1 Objetivos da programação e controle da produção

Após definido o Plano mestre de produção, surge o problema de

programar e controlar a produção para atendê-lo. Os objetivos da programação da

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22

produção, segundo Moreira (2012), são:

a) Permitir que os produtos tenham a qualidade especificada;

b) Fazer com que máquinas e pessoas operem com os níveis desejados

de produtividade;

c) Reduzir os estoques e os custos operacionais;

d) Manter ou melhorar o nível de atendimento ao cliente.

Esses objetivos podem ser conflitantes entre si, exigindo assim um

balanço entre os vários objetivos.

Moreira (2012) afirma que o foco de atenção da programação da

produção está nos processos de alocação de carga e no sequenciamento de tarefas.

A alocação de carga consiste em distribuir as operações necessárias pelos vários

centros de trabalho. Já o sequenciamento de tarefas refere-se ao processo de

determinar a ordem na qual essas operações serão realizadas, uma vez que

diferentes operações podem aguardar processamento em um determinado centro de

trabalho.

Para este autor, controlar a produção significa garantir que as ordens de

produção serão cumpridas da forma e na data planejadas. Para controlar a produção

são necessárias informações constantes como quantidade produzida de cada

produto, utilização das máquinas, estado atual das ordens de serviço, etc.

As técnicas para programação e controle variam de acordo com a

estrutura do sistema produtivo, podendo ser dividida em: produção de volumes

intermediários, produção intermitente de muitos produtos e produção em sistemas

contínuos.

2.3.2 Programação para sistemas de volume intermediário

No sistema de volume intermediário vários produtos são feitos na mesma

linha de produção. Nesse caso o problema de programação não envolve alocação

de carga, pois cada vez que um novo produto é programado são feitos os ajustes

necessários nas máquinas. Mas cabem duas questões: quanto produzir e em que

ordem os produtos serão produzidos?

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23

Para responder a essas questões, Moreira (2012) considera os custos de

preparação das máquinas juntamente com os custos de manutenção de estoque,

determinando assim uma quantidade a produzir chamada Lote Econômico de

Fabricação (LEF), tornando-se uma resposta de quanto produzir. Cálculo do LEF:

Onde:

- Cpu: custo de preparação unitário;

- D: demanda;

- Ceu: custo de estoque unitário;

- P: quantidade produzida.

Quanto à questão de sequenciamento, podem existir sequências mais

favoráveis para a preparação das máquinas devido aos produtos possuírem

características mais próximas em termos de necessidades de processamento,

forçando assim que siga mesma ordem na prática. Moreira (2012) sugere a técnica

de Tempo de Esgotamento (TE), que seria uma medida de urgência com que o

produto deve ser fabricado. Calcula-se o TE dividindo a quantidade de estoque

disponível pela taxa de consumo do produto:

TE = Estoque disponível. Taxa de consumo

Quanto menor o Tempo de Esgotamento, mais rápido ele ficará em falta;

portanto, possui maior prioridade para entrar na linha de processamento. Esse

cálculo do TE deve ser refeito toda vez que houver mudança de produto na linha de

produção, para saber qual produto necessita ser produzido com maior urgência. É

considerada uma técnica dinâmica, pois programa um único produto a cada rodada

de produção, ou seja, a cada rodada, os cálculos são refeitos e um produto diferente

é programado. Já uma técnica estática programaria todos os produtos a um só

tempo (MOREIRA, 2012).

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24

2.3.3 Programação para sistemas de baixo volume

Tal situação corresponde a atividades industriais ou de serviço, existe

variedade de produtos e com frequência os centros de trabalho são utilizados em

operações de diferentes produtos. Moreira (2012) destaca que a programação da

produção nesses sistemas intermitentes é complexa, pois geralmente existem

estoques de material em processo que se acumulam em filas.

O sequenciamento em um ambiente Job shop é um tópico importante

para a programação da produção. O termo Job shop refere-se ao sistema de

produção em que é feito um elevado número de produtos diferentes, normalmente

em pequenas quantidades e geralmente de acordo com determinadas

especificações do cliente (produção sob encomenda), que é o caso da empresa em

análise. Para Souza, Carvalho e Barbastefano (2012) os sistemas de produção do

tipo Job shop apresentam muita flexibilidade para fabricação de uma grande

variedade de produtos. O fluxo de materiais não é unidirecional e cada tarefa tem

um tempo diferente de processamento e um roteiro específico a percorrer.

Na produção sob encomenda, além da má distribuição das tarefas

existem diversas ocorrências que dificultam a organização do sistema produtivo.

Dentre elas tem-se: dificuldades em determinar prazo de entrega; problemas de

manutenção não programada das máquinas; gargalos de produção; falta de matéria

prima; desperdícios de setups; replanejamento excessivo dos processos e

demandas emergenciais (BRANDÃO; CORTES; SILIPRANDE, 2008).

Portanto, o fluxo de trabalho deve seguir um melhor ritmo de produção e

as filas menores possíveis, constituindo um verdadeiro desafio para a programação.

As principais questões passam a ser a alocação de cargas entre os centros de

trabalho e o sequenciamento das operações em um dado centro.

2.3.3.1 Alocação de carga

“A alocação de carga envolve a designação de operações aos centros de

processamento ou trabalho.” (MOREIRA, 2012, p.366). Dependendo de cada caso,

as cargas podem ser alocadas de diversas formas, cabe então priorizar os objetivos:

diminuir tempos ociosos das máquinas, minimizar custo com preparação, tempo

para finalizar as operações, etc. Quando a operação é feita somente em um centro

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específico, os problemas diminuem.

Ele cita duas técnicas mais conhecidas para a alocação de carga:

Alocação por meio de Gráfico de Gantt e Alocação pelo método de designação.

Entre os vários tipos de gráfico de Gantt, o gráfico para alocação de carga é simples

e consiste numa tabela onde cada linha horizontal corresponde a algum recurso

produtivo (máquinas, pessoas, centros de trabalho, etc.) e na vertical encontra-se a

unidade de tempo (horas, dias, semanas, etc.). No cruzamento são colocadas

marcações que indicam a operação que será realizada e a duração dela conforme

Quadro 1.

Quadro 1 - Aspecto de um gráfico de Gantt para alocação de carga

Centro de

Trabalho Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

A Operação 1 ------- ------- Operação 7

B ------- Operação 5 -------

C Operação 3 ------- -------

D Operação 2 ------- Operação 6

E Operação 4 ------- -------

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

A alocação pelo método de designação consiste numa sequência simples

e repetitiva de cálculos, formulando o problema de designação de recurso em um

modelo de Programação Linear. Distribui os recursos pelos trabalhos de acordo com

o critério estabelecido. (MOREIRA, 2012).

“O carregamento é a quantidade de trabalho alocada para um centro de

trabalho” (SLACK; JOHNSTON; CHAMBERS, 2009, p.291). O carregamento leva

em consideração o tempo de disponibilidade da máquina, lembrando-se que esse

tempo poderá ser afetado por fatores como setup, trocas, limpezas, manutenção,

etc. Os autores também dividem o carregamento de máquinas em finito ou infinito.

No carregamento finito existe um limite estabelecido, baseado na capacidade,

portanto o trabalho não pode exceder esse limite. Nesse tipo de carregamento é

possível e necessário limitar a carga, como é o caso do processo de corte e dobra

analisado. Já no carregamento infinito não há limite para a aceitação do trabalho.

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2.3.3.2 Sequenciamento de tarefas ou operações

“Seja a abordagem do carregamento finita ou infinita, quando o trabalho

chega, decisões devem ser tomadas sobre a ordem em que as tarefas serão

executadas. Essa atividade é denominada sequenciamento.” (SLACK; JOHNSTON;

CHAMBERS, 2009, p. 293).

Na programação, Lustosa et al. (2008) destacam o sequenciamento da

produção, que seria a determinação da ordem (sequência) em que as tarefas devem

ser executadas levando em conta alguns critérios. A programação da produção

consiste em estabelecer o sequenciamento adequado ou ideal das ordens de

serviço para minimizar e otimizar a utilização dos recursos. Cabe a ela o

estabelecimento de prazos: início e fim de cada atividade.

Moreira (2012) define algumas grandezas utilizadas para estabelecer os

principais critérios de sequenciamento:

a) Tempo de processamento do trabalho: também chamado tempo de

máquina, é o tempo efetivamente gasto desde que o trabalho inicia o

processamento até o término;

b) Tempo de espera do trabalho: é o tempo que o trabalho espera para

que inicie seu processamento;

c) Tempo de término do trabalho: é a soma do tempo de espera e o de

processamento, é o tempo total até que termine o processamento;

d) Data devida de um trabalho: é a data que o trabalho deveria ficar

pronto, utiliza-se uma data de referência;

e) Atraso de um trabalho: é a diferença entre o tempo de término e a data

devida.

Entre os critérios mais comuns para julgamento das regras de

sequenciamento estão o menor tempo médio de espera, mínimo atraso médio ou

mínimo atraso máximo.

Souza, Carvalho e Barbastefano (2012) afirmam que o sequenciamento

da produção é um problema frequente na indústria e pode ser representado por

modelos de programação matemática, objetivando minimizar o tempo de produção,

reduzir atrasos nas entregas, etc. Porém, tais modelos contém elevada

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complexidade computacional devido ao alto número de soluções possíveis.

“Sequenciamento da produção em ambientes job shop é uma tarefa de difícil

resolução dada a complexidade computacional enfrentada, encontrando-se entre os

problemas mais difíceis de otimização combinatória.” (SOUZA; CARVALHO;

BARBASTEFANO, 2012, p.1).

É difícil alcançar uma solução ótima de sequenciamento para problemas

de Job shop.

2.3.3.2.1 Casos especiais de sequenciamento

Moreira (2012) apresenta os seguintes casos:

1) Sequenciamento de n trabalhos por um processador único;

2) Sequenciamento de n trabalhos por dois processadores em séries.

No primeiro caso está o problema mais simples de sequenciamento,

porém apresenta diferentes soluções dependendo do critério escolhido. Os dois

critérios são: Minimização do tempo médio de término e Minimização do atraso

máximo. No primeiro critério, o tempo médio de término será minimizado se os

trabalhos seguirem a sequência na ordem crescente dos seus tempos de

processamento, essa regra é mais conhecida como MTP ou menor tempo de

processamento. Já no segundo critério, o atraso máximo é minimizado se os

trabalhos forem sequenciados na ordem crescente de suas datas devidas, por isso

essa regra é conhecida como Data Devida.

Para o segundo caso é utilizado um procedimento matemático chamado

Regra de Johnson. Essa regra minimiza o tempo de término do trabalho

sequenciado por último, ou seja, minimiza o tempo decorrido entre o início do

primeiro trabalho no processador 1 até a saída do último trabalho do processador 2.

Utilizando essa regra, a eficiência será a máxima possível, visto que a eficiência é

calculada pela formula:

Eficiência = Soma dos tempos de processamento 2 x (Tempo de término do último trabalho)

E minimizando o denominador, maximiza-se a eficiência.

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2.3.3.2.2 Regras heurísticas

Brandão, Cortes e Siliprande (2008) afirmam que as heurísticas são

sugeridas por diversos autores para problemas de sequenciamento. Elas são

técnicas utilizadas para solucionar problemas que demorariam muito tempo para

serem resolvidos na forma computacional.

Para os problemas de sequenciamento em Job shop estas regras são

válidas na prática, pois muitas situações não exigem a solução ótima. Uma vez que

seja considerado difícil encontrar esta solução ótima para ambientes de trabalho do

tipo Job shop, uma solução é necessária para dar início (ou continuidade) à

produção, então aceita-se utilizar outras técnicas, no caso as heurísticas, capazes

de encontrar boas soluções não muito distantes da ótima e de forma relativamente

rápida. Geralmente são adotadas para auxiliar nas decisões referentes ao

sequenciamento devido a limitações de recursos disponíveis (SOUZA; CARVALHO;

BARBASTEFANO, 2012).

Montevechi et al. (2002), em seu artigo, expressam os métodos

heurísticos como comparáveis a métodos determinísticos, e até os superam quando

existem incertezas quanto aos tempos de processamento. Os resultados obtidos por

métodos heurísticos são considerados satisfatórios pelos autores mencionados.

Estes autores apontam a escolha de uma regra de prioridade para selecionar entre

várias operações candidatas aquela que será executada.

Para Moreira (2012, p. 377), as regras de prioridade são:

[...] simplesmente modelos de decisão, usados em situações rotineiras de programação; são chamadas às vezes de ‘regras empíricas de sequenciamento’, embora essa designação não seja de todo apropriada, já que usualmente as regras de prioridade tem uma base completamente racional.

Corrêa e Corrêa (2011) em seu livro mostram várias regras que são

aplicadas a Job shops conforme Quadro 2.

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Quadro 2 - Regras de sequenciamento usuais

Regras de sequenciamento usuais para determinar prioridades em job shops

SIGLA DEFINIÇÃO

1 FIFO First-In-First-Out - Primeira tarefa a chegar no centro de trabalho é a primeira a ser

atendida.

2 FSFO First in the System, First Out - Primeira tarefa a chegar à unidade produtiva é a

primeira a ser atendida.

3 SOT Shortest Operation Time - Tarefa com o menor tempo de operação no centro de

trabalho é a primeira a ser atendida.

4 SOT1 Mesma SOT mas com o limitante de tempo máximo de espera para evitar que

ordens longas esperem muito.

5 EDD Earliest Due Date - A tarefa com a data prometida mais próxima é processada

antes.

6 SS Static Slack - Folga estática, calculada como "tempo até a data prometida menos

tempo de operação restante".

7 DS Dynamic Slack - Folga dinâmica, calculada como "folga estática dividida pelo

número de operações por executar".

8 CR Critical Ratio - Razão crítica calculada como "tempo até a data prometida pelo

tempo total de operação restante".

Fonte: Corrêa e Corrêa (2011).

No sequenciamento são definidas as prioridades, que geralmente são

estabelecidas baseadas em um conjunto de regras. Slack, Johnston e Chambers

(2009) comentam sobre as principais regras de sequenciamento:

a) Prioridade ao consumidor: permite que um consumidor considerado

importante seja atendido antes de outros;

b) Data prometida: trabalho é sequenciado de acordo com a data de

entrega prometida ao cliente. Aumenta a confiabilidade da empresa;

c) LIFO (last in first out): último cliente a entrar no sistema é o primeiro a

sair;

d) FIFO (first in first out): primeiro cliente a entrar no sistema é o primeiro

a sair;

e) Operação mais longa/ tempo total mais longo da tarefa em primeiro:

trabalhos mais longos são sequenciados em primeiro lugar;

f) Operação mais curta/ tempo total mais curto da tarefa em primeiro:

executam primeiro os trabalhos mais curtos.

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Essas regras são definidas de acordo com as particularidades de cada

produção, ajustando-as às necessidades da empresa.

Moreira (2012) também destaca três regras mais conhecidas para

sequenciamento por meio de um único processador:

a) PEPS: primeiro a entrar, primeiro a sair;

b) MTP: menor tempo de processamento;

c) DD: data devida.

Essas regras são consideradas estáticas, pois referem-se a um conjunto

de trabalho considerando que não existem mudanças na programação enquanto

este conjunto todo não for inteiramente processado. Na prática, surge um termo

“rush”, que significa dar preferência para um trabalho com maior prioridade, por

qualquer motivo.

As regras dinâmicas são aquelas que sequenciam um trabalho por vez.

Uma das mais populares é denominada Razão Crítica (RC) e calcula-se da seguinte

maneira:

RC = Tempo de processamento Data devida – Data atual

Nesse caso, assim que acaba o processamento de uma operação em

dado centro, já existem outros trabalhos aguardando processamento. Programa-se

então o trabalho com maior Razão Crítica. Essa técnica envolve a regra MTP (Menor

Tempo de Processamento) e a Data Devida.

A pergunta “Qual regra deve ser utilizada?” não possui uma resposta

definitiva, visto que o desempenho de cada regra varia, podendo ser melhor ou pior

de acordo com diferentes critérios, dependendo de qual critério pretende-se atender

(MOREIRA, 2012).

A eficiência de cada regra varia quando aplicada a um conjunto de peças

com diferentes tempos de processamento (MONTEVECHI et al., 2002). As regras

heurísticas para sequenciamento de ordens de serviço em ambientes de produção

do tipo Job shop são bastante utilizadas na prática. No Quadro 3 encontra-se o

resumo das regras citadas.

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Quadro 3 – Descrição de regras de sequenciamento segundo alguns autores

Resumo das regras de sequenciamento usuais

SIGLA SIGNIFICADO DEFINIÇÃO AUTORES

1 FIFO ou

PEPS

First In, First Out ou

Primeiro a entrar,

primeiro a sair

Primeira tarefa a chegar no centro de

trabalho é a primeira a ser atendida.

Correa e Correa (2011),

Moreira (2012), Slack,

Johnston e Chambers

(2009)

2 LIFO

Last in, first out ou

Último a entrar,

primeiro a sair

Última tarefa a chegar no centro de

trabalho é a primeira a ser atendida.

Slack, Johnston e

Chambers (2009)

3 SOT ou

MTP

Shortest Operation

Time ou Menor tempo

de processamento

Prioriza tarefa com o menor tempo de

operação (processamento) no centro de

trabalho.

Correa e Correa (2011),

Moreira (2012), Slack,

Johnston e Chambers

(2009)

4 LOT

Longest Operation

Time ou Maior tempo

de processamento

Prioriza tarefa com o maior tempo de

operação (processamento) no centro de

trabalho.

Slack, Johnston e

Chambers (2009)

5 EDD ou

DD

Earliest Due Date ou

Data Devida

Prioriza a tarefa com a data prometida

mais próxima.

Correa e Correa (2011),

Moreira (2012), Slack,

Johnston e Chambers

(2009)

6 SS Static Slack ou Folga

estática

Folga estática calculada por "tempo até

a data prometida menos tempo de

operação restante". Prioriza tarefa com

menor folga.

Correa e Correa (2011)

7 DS Dynamic Slack ou

Folga dinâmica

Folga dinâmica calculada por "folga

estática dividida pelo número de

operações por executar". Prioriza tarefa

com menor folga.

Correa e Correa (2011)

8 CR Critical Ratio ou Razão

crítica

Prioriza trabalho com maior razão

crítica.

Correa e Correa (2011),

Moreira (2012)

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

2.3.3.2.2.1 Vantagens e desvantagens das principais regras de sequenciamento

Para cada situação, poderá ser adotada uma série de regras de

sequenciamento. A escolha dessas regras implica consequências ao processo e

está baseada em diversas variáveis. Portanto, faz-se necessária a análise das

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vantagens e das desvantagens na escolha de qual ou quais regras devem ser

aplicadas. Neste tópico estão listadas as principais vantagens e desvantagens das

regras de sequenciamento mais comuns:

a) FIFO ou PEPS é visto por alguns autores como uma forma justa,

geralmente é aplicada quando o cliente está próximo ao processo. Para

Moreira (2012), as desvantagens são que quando um trabalho longo é

programado antes, a tendência será a ociosidade nos centros de

trabalho seguintes e aumento do estoque intermediário. Não visa a

produtividade.

b) LIFO é uma regra pouco utilizada por possuir efeito adverso na rapidez

e na confiabilidade da entrega e não estar baseada em qualidade,

flexibilidade ou custo (SILVA et al., 2012).

c) MTP ou SOT minimiza tempo médio de processo, facilita o fluxo de

trabalho e reduz estoques de material em processo (MOREIRA, 2012).

Por outro lado, pode prejudicar consumidores maiores, pois processos

longos são adiados.

d) LOT visa alta utilização e a redução de trocas de máquinas. Porém,

pode comprometer a rapidez, confiabilidade e flexibilidade do processo

(SILVA et al., 2012).

e) EDD ou Data Prometida usualmente minimiza atrasos, pois melhora a

confiabilidade de entrega e a média de rapidez. Não proporciona um

sequenciamento ótimo, pois não visa a eficiência (SLACK;

JOHNSTON; CHAMBERS, 2002).

f) Prioridade ao consumidor permite que um cliente importante ou

temporariamente ofendido possa ser atendido antes de outros,

independente da data de chegada deste cliente (SLACK; JOHNSTON;

CHAMBERS, 2002). É uma forma de garantir a preferência do

consumidor. Como desvantagens pode baixar desempenho e

produtividade da fábrica.

g) CR busca balancear as regras SOT com a EDD, tornando-se assim

mais completa e levando a atrasos reduzidos (MOREIRA, 2012).

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Vale ressaltar que na prática geralmente as empresas optam por utilizar

uma combinação dessas regras e não uma exclusivamente. O uso de regras de

sequenciamento combinadas permite usufruir dos benefícios gerados pelas regras

adotadas simultaneamente (SILVA et al., 2012).

2.3.4 Tecnologia da Informação na programação

No contexto atual, a Tecnologia da Informação (TI) vem crescendo com

numerosos aplicativos de software, dando suporte aos processos produtivos,

principalmente na área de Planejamento, Programação e Controle da Produção

(PPCP). As atividades de PPCP são as que mais exigem cálculos sistematizados,

portanto, os computadores passaram a participar desse processo (MARTINS;

PRADO; ABREU, 2008).

A partir da década de 90, as empresas passaram a utilizar sistemas ERP

(Enterprise Resource Planning ou Planejamento dos Recursos Empresariais) para

controlar e integrar as informações de seus processos. Dentro do ERP, utiliza-se o

MRP (Material Requirements Planning), porém esses sistemas são considerados

simplificados e não atendem perfeitamente às necessidades da programação

detalhada da produção (GIACON; MESQUITA, 2011).

Segundo Giacon e Mesquita (2011), os sistemas APS (Advanced

Planning and Scheduling) surgem como alternativa para solucionar problemas mais

complexos de PPCP. Estes sistemas complementam o ERP. Os autores listam as

características principais dos APS:

a) Ferramentas de suporte a decisão;

b) Capazes de simular diversos planos e programações com diversas

restrições;

c) Geração de planos otimizados;

d) Resolvem problemas complexos de PCP, utilizando métodos

heurísticos, programação linear, etc.;

e) Grande velocidade de processamento.

O objetivo principal é determinar com exatidão o programa de produção e

gerar um sequenciamento viável, considerando as restrições existentes no processo,

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como disponibilidade de materiais e máquinas.

Liddell (2009, p.124) define APS como:

Software para planejamento e programação da produção em capacidade finita. Usados para gerenciamento da manufatura, têm como características relevantes o uso de algoritmos e heurísticas sofisticadas, levam em consideração as mais diversas variáveis e restrições presentes em sistemas de produção, bem como as políticas e estratégias de utilização da capacidade instalada e de atendimento da demanda estabelecidas pela empresa.

Segundo Azanha e Camargo Junior (2015), os sistemas APS servem de

suporte à tomada de decisão. A definição para APS pode ser qualquer programa

computacional que utilize algoritmos matemáticos avançados ou lógica para otimizar

ou simular uma programação com capacidade finita. Dessa forma, esses sistemas

buscam considerar todas as restrições existentes no processo produtivo para

maximizar os objetivos, utilizando regras de sequenciamento heurísticas e métodos

de otimização.

De acordo com Liddell (2009), os sistemas APS são difíceis de

desenvolver comparados ao ERP, pois é necessário criar um sequenciador (ou

gerador de sequenciamento), e estes são complexos. Leva tempo e tecnologia para

o desenvolvimento de um bom sequenciador, o poder e a flexibilidade do APS

depende da eficiência dele.

Os sistemas APS muitas vezes geram e avaliam vários cenários para

fornecer um planejamento e programação em tempo real, visualizar a disponibilidade

de atendimento e a capacidade de entrega. A gestão seleciona o cenário mais

apropriado para utilização na empresa (AZANHA; CAMARGO JUNIOR, 2015).

Liddell (2009) destaca a necessidade dos sistemas de planejamento e

sequenciamento serem fáceis de customizar e modificar, para assim atender as

mudanças ocorridas na empresa. Devem fornecer regras de sequenciamento

personalizadas, considerar restrições do mundo real e calcular tempos de acordo

com a sequência escolhida.

Um bom sistema de sequenciamento elimina grande parte do esforço

manual que apenas mantem a programação atualizada, pois ele automatiza a

geração de programas de produção confiáveis. Nos sistemas APS criam-se regras

específicas, porém cabe ao responsável pela programação (também chamado

programador) escolher qual delas funcionam melhor em cada situação (LIDDELL,

2009).

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3 METODOLOGIA

A pesquisa científica tem como objetivo fundamental descobrir respostas

para problemas por meio do emprego de procedimentos científicos. A pesquisa pode

ser classificada quanto aos seus objetivos, quanto a sua natureza e quanto aos

procedimentos técnicos utilizados (GIL, 2002).

Segundo Gil (2002), quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser

divididas em três grupos:

1) Pesquisa exploratória: aquela que tem por objetivo tornar o assunto

familiar, escolhida quando o assunto tratado é pouco desenvolvido.

2) Pesquisa descritiva: visa descrever as características de determinado

fenômeno e o estabelecimento de relações entre as variáveis.

3) Pesquisa explicativa: quando o objeto de estudo é suficientemente

conhecido, e pretende-se identificar os fatores que determinam ou

contribuem para a ocorrência de fenômenos.

O trabalho em questão trata de uma pesquisa descritiva, uma vez que sua

preocupação está voltada para observação e descrição dos fatores que influenciam

na programação da produção do processo em análise e qual a melhor forma de

agrupá-los.

Ainda conforme Gil (2002), quanto á natureza, a pesquisa pode ser:

básica, aquela que envolve verdades e interesses universais, sem aplicação prática

prevista, apenas com o intuito de gerar novos conhecimentos á ciência. E Pesquisa

aplicada, que envolve verdades e interesses locais, dirigida á solução de problemas

específicos, e aplicar os conhecimentos de forma prática. No trabalho aqui realizado,

a pesquisa é aplicada, visto que a programação da produção de uma empresa

específica será colocada em análise, voltada aos interesses locais.

Quanto à classificação por procedimentos técnicos, foi realizado um

estudo de caso na empresa de corte e dobra de aço, por meio da observação direta

das suas atividades. Para Gil (2008), o estudo de caso é uma pesquisa realizada em

uma unidade delimitada, com o objetivo de aprofundar-se e detalhar as

características do objeto de estudo em questão. A metodologia utilizada costuma ser

menos rígida e os procedimentos mais usuais são: observação, análise de

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documentos, entrevistas.

Fonseca (2002) também classifica a pesquisa quanto à abordagem do

problema: qualitativa e quantitativa. Na pesquisa qualitativa destacam-se os

aspectos dinâmicos, as interpretações, as hipóteses. Enquanto na pesquisa

quantitativa as informações podem ser traduzidas em números, o foco está em

medir, descrever, observar e não na interpretação. Portanto, quanto à abordagem do

problema, esta pesquisa tem caráter quali-quantitativo, pois engloba elementos de

descrição e interpretação.

A empresa citada no trabalho é uma filial de uma multinacional, líder no

segmento de aços longos nas Américas e uma das principais fornecedoras de aços

longos especiais do mundo. Emprega mais de 45 mil colaboradores e possui

operações industriais em 14 países (nas Américas, na Europa e na Ásia), as quais

somam uma capacidade instalada superior a 25 milhões de toneladas de aço por

ano. Além disso, é a maior recicladora da América Latina.

A filial em estudo está localizada em São Luís do Maranhão; tem mais de

12 anos em atividade, sendo considerada de pequeno porte e atua em duas áreas:

a) Comercial: trata apenas da distribuição de produtos como chapas,

arames, pregos, vergalhões, etc.;

b) Corte e dobra: é um serviço de corte e dobra de aço para a construção

civil.

O trabalho foi focado nesse setor de Corte e Dobra de área 919 m², onde

trabalham 30 funcionários e a capacidade de 650 toneladas por mês.

A coleta de dados aconteceu no próprio local onde ocorrem os fenômenos

(in loco), através da observação direta, entrevistas e medidas de opinião. As

entrevistas foram do tipo semiestruturada, pois não seguiam um roteiro rígido com

perguntas padrão, tinham um caráter mais aberto e os entrevistados responderam

às perguntas de acordo com suas concepções, mas não os deixando falar

livremente. O pesquisador não deve perder de vista o assunto (GIL, 2002). Os

entrevistados foram o analista de produção e o chefe da unidade. Foram utilizados

também dados históricos, documentos, planilhas e outras fontes fornecidas pela

empresa observada. Com posse desses dados, principalmente os históricos, foi

possível identificar diferentes critérios e fatores utilizados na elaboração da

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programação.

Durante a análise e interpretação dos dados foram identificados os fatores

que influenciam a programação e como agrupá-los para melhor desenvolvimento

das atividades do processo de corte e dobra de aço. A discussão dos dados será

baseada na forma de sequenciamento das ordens de serviço adotada pela empresa

e comparada com a forma proposta pela literatura para esse ambiente de trabalho.

Alguns indicadores como tempo médio de processamento de pedidos, utilização e

ociosidade dos recursos, capacidade das máquinas, redução de atrasos são levados

em consideração.

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4 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

4.1 Sistema produtivo do setor de Corte e Dobra

A empresa estudada atua no ramo siderúrgico, com o serviço de corte e

dobra de aço para a construção civil. Trata-se de uma produção sob encomenda,

pois os clientes (geralmente construtoras) solicitam os pedidos das peças de acordo

com as especificações do projeto estrutural das obras.

Os produtos podem ser classificados conforme espessura do aço,

denominada de bitola, e nessa empresa trabalha-se com as bitolas: 4.2 mm, 5 mm,

6.3 mm, 8 mm, 10 mm, 12.5 mm, 16 mm, 20 mm e 25 mm. As bitolas 4.2 mm até

12.5 mm são consideradas finas e estão disponíveis em rolos (comumente

chamados de bobinas), enquanto as bitolas de 16 mm até 25 mm são consideradas

grossas e estão dispostas em vergalhões. Os tamanhos solicitados pelos clientes

vão desde centímetros até 12 metros (tamanho máximo comercializado) e os

formatos são bastantes variados: sem dobra (material reto), com uma ou mais

dobras. Existe uma grande diversidade de produtos cortados e dobrados como se

pode observar com base em alguns exemplos da Figura 2, caracterizando assim um

sistema do tipo Job shop devido à alta variedade e volume moderado.

Figura 2 – Produtos de aço cortado e dobrado

Fonte: Gerdau (2009).

Dependendo da bitola, do tamanho e do formato, cada produto segue por

máquinas diferentes. Nessa empresa existem 6 máquinas: uma cortadeira (C4), três

estribadeiras (chamadas de Primas) e duas dobradeiras. As Figuras 3, 4 e 5

mostram cada uma dessas máquinas. Na cortadeira, é realizado apenas o corte dos

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vergalhões, ou seja: materiais de bitolas grossas. As estribadeiras realizam tanto

corte como dobra de materiais em rolos ou de bitolas finas, porém tem um limite de

tamanho de dobra de 2,50 metros. Nas dobradeiras ocorrem a dobra dos materiais

vindos da cortadeira e dos materiais vindos das estribadeiras com dobras superiores

a 2,50 metros, ou seja, essas máquinas trabalham tanto com bitolas grossas como

finas. Em um único pedido pode ser necessária a utilização de todas as máquinas.

Figura 3 - Cortadeira

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

Figura 4 - Dobradeira Figura 5 - Estribadeira

Fonte: Elaborado pelo autor (2015). Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

A fábrica funciona 24 horas por dia de segunda a sexta, em três turnos de

trabalho: manhã, tarde e noite. No turno da manhã, assim como no turno da tarde,

atuam oito operadores: três nas estribadeiras, dois na cortadeira, dois nas

dobradeiras, e um chamado operador líder, que fica coordenando as atividades e é

responsável pela movimentação de materiais por meio de uma ponte rolante

existente no galpão. O turno da noite é reduzido, possuindo apenas 5 operadores.

Devido a isso, algumas das máquinas ficam inoperantes neste período e estas são

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selecionadas conforme demanda diária.

Figura 6 - Vista de cima do galpão de corte e dobra

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

Na Figura 6, é possível observar as três máquinas estribadeiras ao fundo,

as duas dobradeiras que ficam localizadas no lado esquerdo e a cortadeira do lado

direito. Na parte central está o estoque de materiais prontos ou em processo. E

acima está a ponte rolante utilizada na movimentação de cargas. A planta baixa do

setor está no Apêndice.

O fluxo do processo funciona da seguinte forma: o cliente faz seu pedido

entrando em contato com o vendedor, que repassa as informações e os projetos

estruturais para área técnica do Corte e Dobra. Ao solicitar o pedido, cliente informa

data desejada para recebimento do material. Após acertada a data, os técnicos são

responsáveis por interpretar os projetos, retirar as informações de bitola, formato,

tamanho, quantidade das peças e repassar para um software utilizado pela

empresa. Esse software gera as ordens de serviços, chamadas de etiquetas.

Nessas etiquetas contém todos os detalhes para que a operação possa produzir as

peças de aço cortado e dobrado. Na Figura 7 está detalhada uma etiqueta de

produção.

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Figura 7 – Detalhamento de uma ordem de serviço ou etiqueta

Fonte: Carlott (2012).

Com posse dos pedidos feitos pelos clientes, começa o trabalho de

planejamento, programação e controle da produção. A Figura 8 ilustra o fluxograma

descrito.

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Figura 8 – Fluxograma do processo

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

4.2 Sistema de PCP do setor de Corte e Dobra

O setor de Corte e Dobra recebe a previsão de vendas mensal de modo

agregado. Essa previsão é alinhada com os vendedores de corte e dobra e é

definida pelo PEX – Plano de Execução, que engloba os projetos e planos de ação

da organização a médio e curto prazo. Com posse da previsão de vendas em

toneladas, inicia-se o planejamento agregado, justamente porque é impraticável

planejar a combinação da produção com a demanda individualmente para cada

produto, então a necessidade de agregar.

O planejamento agregado é considerado um processo aproximado, onde

estima-se quantas toneladas devem ser produzidas diariamente para atender a

demanda prevista para o mês. A partir daí, sabe-se em média quanto cada turno

deve produzir, se serão necessárias horas extras de trabalho ou não.

Por se tratar de um ambiente Job shop, o plano mestre de produção

somente é realizado após a demanda confirmada, com a chegada dos pedidos.

Esse plano trata da desagregação do planejamento em produtos individuais, ou no

caso do corte e dobra, em produtos por bitola. Ele mostra quais e quantos itens

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serão produzidos em cada dia de produção. Estas informações estão organizadas

em uma planilha Excel, onde todos os colaboradores têm acesso para visualização.

O sistema de ERP utilizado na unidade é o software SAP, que contempla

também o MRP (Material Requirements Planning ou Planejamento das

Necessidades de Material). Dessa forma os materiais necessários para a produção

são solicitados através do MRP, e este também pode ser considerado um sistema

de controle de estoque da demanda dependente. O analista de produção é

responsável pela solicitação de matéria-prima e atualização de estoques conforme

produção, tudo feito via SAP, utilizado em todas as filiais da empresa. Algumas

planilhas Excel auxiliam nesses processos. Por fim, é feita a programação do chão

de fábrica, através do sequenciamento das ordens de serviço, que será descrito no

tópico a seguir.

Para o Planejamento e Controle da Produção na empresa, além das já

mencionadas planilhas Excel e o SAP (software de ERP), utiliza-se também um

banco de dados no Access. O Access é utilizado para inserir os dados da produção

colhidos na operação diária por meio de anotações dos operadores nos livros de

produção, onde são informados qual o peso cada máquina produziu e de qual bitola.

Os tempos de processamento das peças variam conforme bitola e formato, para

planejar é considerado uma taxa média de processamento para cada bitola baseado

no histórico de produção conforme Quadro 4.

Quadro 4 - Taxa média de produção por bitolas

Taxa média de produção

Bitolas (mm) Kg/H Máquina

4.2 125 Prima III

5.0 165 Prima III

6.3 235 Prima II

8.0 365 Prima II

10.0 460 Prima I

12.5 525 Prima I

16.0 425 C4

20.0 515 C4

25.0 580 C4

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

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4.3 Método atual de programação

A programação pode ser dividida em duas etapas: a programação de

pedidos e a programação das ordens de serviço (etiquetas). Estas etapas estão

detalhadas a seguir, em tópicos distintos.

4.3.1 Programação de pedidos

Durante a solicitação do pedido das peças de aço, o cliente informa a

data desejada para receber o material. A partir dessa informação o pedido será

agendado (conforme fluxograma apresentado na Figura 7). O planejamento é feito

em uma planilha Excel, que na barra lateral contém os dias do mês. Para determinar

se o pedido poderá ser atendido na data solicitada, utiliza-se o valor de referência de

25 toneladas diárias, baseado em dados históricos da produção. Se o dia escolhido

pelo cliente já possui 25 toneladas programadas, o programador entra em acordo

com o cliente para combinar outra data de entrega (antecipada ou atrasada). Isso

ocorre devido a fábrica não possuir grande capacidade para estocagem de materiais

produzidos. A medida que os materiais ficam prontos, são carregados no caminhão

que fará a entrega ao cliente, evitando estoques.

Após definida a data do pedido, os técnicos geram as ordens de serviço,

o que leva uma média de dois dias, dependendo da quantidade de projetos

estruturais enviados pelo cliente. Para o planejamento, cada pedido passa a ser

identificado por um número, na empresa chamado de romaneio. Esse romaneio é

criado pelo software juntamente com as ordens de serviço e seus respectivos pesos.

As informações de pesos por bitola são colocadas na planilha Excel, conforme

Figura 9 que demonstra um dia de produção.

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Figura 9 – Planilha Excel para um dia de produção

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

Nota-se que as datas de entrega estão agendadas para um ou dois dias

após a produção, devido à limitação de estoque comentada. O valor de referência da

produção diária por bitola está informado acima para auxiliar o responsável pela

produção, pois quando o peso dos romaneios ultrapassá-lo já sabe que podem

ocorrer atrasos.

Para a programação de pedidos, o critério principal é atender à data de

entrega combinada com o cliente, considerando-se as datas desejadas e os valores

de referência da produção diária. Em alguns casos, quando as datas desejadas

coincidem, opta-se por agendar os clientes mais importantes primeiro,

caracterizando assim a regra de prioridade ao consumidor. No Quadro 5 estão as

regras utilizadas para programação de pedidos.

Quadro 5 - Regras para programação de pedidos em ordem de prioridade

Regras de sequenciamento para programação de pedidos

Ordem de

Prioridade Regra Definição

1º Data prometida Atender a data de entrega prometida ao cliente.

2º Prioridade ao

consumidor

Permite que um consumidor considerado importante seja atendido

antes de outros.

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

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4.3.2 Programação das ordens de serviço

As ordens de serviço ou etiquetas serão produzidas considerando alguns

critérios. Para evitar o câmbio de bitolas nas máquinas inicia-se a produção com as

etiquetas que contem a bitola que já estava em funcionamento, buscando assim

evitar perdas de tempo na preparação das máquinas. Esse raciocínio é utilizado

para todas as máquinas. Caso o pedido não contemple etiquetas com as bitolas em

funcionamento, o câmbio deverá ser realizado. O sequenciamento é feito por bitolas.

Para escolher a próxima bitola, leva-se em consideração os formatos e as

quantidades de peças. Se a produção da peça necessita do uso de mais de uma

máquina, esta será sequenciada primeiro. Peças com maior dificuldade de produção

(muitas dobras, que passam por mais de uma máquina) são produzidas antes, ou

seja, a regra heurística de maior tempo de processamento. No Quadro 6 estão

listadas as regras de sequenciamento das etiquetas em ordem de prioridade.

Quadro 6 - Regras de sequenciamento em ordem de prioridade

Regras de sequenciamento utilizadas no setor de Corte e Dobra

Ordem de

Prioridade Regra Explicação

1º Restrições

físicas

Devido ao tempo de preparação das máquinas, sequenciar

etiquetas da bitola que já estava na máquina.

2º Maior tempo de

processamento

Etiquetas de bitolas cuja produção necessita o uso de duas

máquinas são sequenciadas primeiro.

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

O método de programação atual é realizado manualmente, baseado em

algumas regras de sequenciamento e muitas vezes na experiência e intuição do

analista de produção. Essas informações de qual máquina será produzida cada

bitola são colocadas também na planilha Excel, juntamente com uma legenda de

cores, conforme Figura 10.

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Figura 10 – Painel de controle da produção de bitolas

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

A Figura 10 retrata um dia de produção com aproximadamente 27

toneladas programadas com dois romaneios para a produção (170 e o 180) e podem

ser retiradas muitas informações a respeito da programação. Não tem a visualização

das etiquetas, somente do peso total das etiquetas por bitola. Acima do peso por

bitola estão as máquinas: P1, P2 e P3 que se referem as estribadeiras (chamadas

de Primas); e C4 é a cortadeira. As dobradeiras não aparecem no controle da

planilha. Os números ao lado das máquinas indicam a sequência ou ordem que

serão produzidas, nesse caso já houveram 27 câmbios na máquina P3 nesse mês,

por exemplo. A legenda mostra o que está sendo produzido (amarelo), o que já está

finalizado (verde), o que será produzido na sequência (azul) e se o material

precisará ser finalizado na dobradeira (laranja).

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5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Neste tópico é realizada uma análise do método de programação

existente na empresa, onde se verificam algumas oportunidades. No primeiro

momento, a programação de pedidos está em foco, e, posteriormente, é discutida a

programação das ordens de serviço.

Durante a programação de pedidos, ao acertar uma data de entrega com

o cliente não se sabe ao certo o peso que cada bitola terá, pois considera-se apenas

o peso total estimado. O programador está “às cegas” dessa maneira. Assim, pode

ocorrer ociosidade em alguma máquina e sobrecarga em outra. Para confirmar a

data de entrega com cliente seria necessário que a área técnica coletasse todas as

informações do pedido antes de programá-lo, fornecendo maior visão ao

programador e a todo o processo, pois o carregamento das máquinas depende do

peso das bitolas em cada pedido.

O valor de referência utilizado para a programação diária de 25 toneladas

não é um valor real, uma vez que as máquinas podem produzir acima dessa

capacidade. Por exemplo, a combinação de algumas bitolas, conforme as taxas de

produção (dispostas no Quadro 3) medidas em quilograma produzido por hora (kg/h)

com as quatro máquinas ativas, superam a quantidade de 25 toneladas diárias.

Segundo Liddell (2009), um software do tipo APS seria capaz de distribuir as ordens

de serviço considerando a capacidade máxima das máquinas.

Conforme Giacon e Mesquita (2011), o sistema de ERP não é suficiente

para gerar uma programação válida, por isso na empresa estudada recorrem a

ferramenta Excel, onde são gastos tempo e energia para manter a planilha

atualizada, pois as informações mudam diariamente. A programação em um

ambiente Job Shop é muito dinâmica. Uma planilha eletrônica não é capaz de prever

efeitos no fluxo de produção como um sistema especialmente projetado para isso

pode fazê-lo (LIDDELL, 2009).

Baseado em restrições do mundo real da empresa em questão, um

software APS gera programas de produção confiáveis, eliminando grande parte do

esforço manual. A empresa capaz de reprogramar sua fábrica de forma rápida e

inteligente terá vantagens sobre o concorrente e poderá atender seu cliente nos

prazos definidos (LIDDELL, 2009).

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Para Brandão, Cortes e Siliprande (2008), a produção sob encomenda

apresenta uma má distribuição de tarefas e uma série de dificuldades podem ser

encontradas no processo produtivo. Essas dificuldades também existem no setor de

Corte e Dobra da empresa em estudo, são elas: determinar prazos de entrega,

problemas de manutenção não programadas, gargalos de produção, falta de matéria

prima, desperdícios de setups, replanejamento de pedidos.

Para a programação de pedidos, a principal regra utilizada é a data de

entrega, pois, de acordo com Slack, Johnston e Chambers (2009), essa regra é

capaz de minimizar atrasos, um objetivo da empresa em questão. Por outro lado, a

produtividade, o desempenho e a eficiência da fábrica podem ser prejudicados como

desvantagens da regra selecionada. Como segunda regra, a empresa estudada

utiliza a Prioridade ao consumidor em busca de agradar os clientes considerados

com maior potencial, permitindo que estes possam ser atendidos antes que outros.

Esta regra também não contempla desempenho e produtividade da fábrica (SLACK;

JOHNSTON; CHAMBERS, 2009).

No método atual, pedidos de última hora, ou que requeiram maior

velocidade de entrega, deixarão de ser produzidos por não se conseguir encaixá-los

na programação, por medo de atrasar os que já estão programados. Mais uma vez,

um programa de sequenciamento seria capaz de prever com rapidez o impacto da

entrada de novos pedidos na programação, permitindo replanejamentos (LIDDELL,

2009).

Para sequenciamentos das ordens de serviço, utiliza-se uma regra

baseada em restrições físicas para evitar desperdícios de tempo nos setups de

máquinas. Devido ás características dos produtos serem próximas, nesse caso das

bitolas, esta regra resulta em sequencias mais favoráveis do ponto de vista de

preparação das máquinas (MOREIRA, 2012). A outra regra adotada trata-se da

heurística LOT (Longest Operation Time) baseada em tempo de processo. De modo

geral, as regras adotadas para sequenciamento das ordens de serviço estão

atendendo à fábrica, porém alguns atrasos continuam a acontecer. A regra de

sequenciamento LOT (Longest Operaton Time) ou maior tempo de processamento,

pode estar contribuindo com esses atrasos. Essa regra visa uma maior utilização

das máquinas na fábrica e a redução de câmbios nessas máquinas, porém pode

comprometer a rapidez, confiabilidade e flexibilidade do processo (SILVA et al.,

2012).

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É importante observar que os tempos de processamento para a produção

de produtos de aço cortados e dobrados não são precisos. O uso de outras regras,

ou em outra ordem de prioridade poderia ser testado em simulações, caso os

softwares existentes na empresa tivessem essa competência.

Atualmente, na empresa, as bitolas já são preestabelecidas para cada

estribadeira: Prima I funciona com as bitolas de 10.0 e 12.5 mm, Prima II com as

bitolas de 6.3 e 8.0 mm e Prima III com as bitolas 4.2 e 5.0 mm. Será que essa é a

melhor forma de utilizar as máquinas, visto que todas elas podem funcionar com as

bitolas de 4.2 até 12.5 mm? Um sistema APS ajudaria nesse sentido, fazendo

sequenciamentos independente dessa “regra” utilizada pela empresa. Segundo

Giacon e Mesquita (2011), o objetivo principal do sistema APS é gerar um

sequenciamento viável, considerando restrições existentes no processo, como

capacidade e disponibilidade de máquinas.

O método em uso na empresa contempla regras heurísticas. Estas são

sugeridas por diversos autores para problemas de sequenciamento: Moreira (2012),

Corrêa e Corrêa (2011), Brandão, Cortes e Siliprande (2008), Souza, Carvalho e

Barbastefano (2012), Montevechi et al. (2002), Slack, Johnston e Chambers (2009) e

Silva et al. (2012). Elas são empregadas em situações rotineiras de programação e

a eficiência de cada regra depende de qual critério a empresa pretende atender

(MOREIRA, 2012). Segundo Souza, Carvalho e Barbastefano (2012), as heurísticas

são capazes de fornecer boas soluções de forma relativamente rápida, sem o uso de

muita tecnologia. Podem não ser o melhor método de sequenciamento de tarefas,

mas são válidas na prática.

Conforme Souza, Carvalho e Barbastefano (2012), as heurísticas são

adotadas para auxiliar nas decisões referentes ao sequenciamento devido as

limitações de recursos superiores disponíveis na empresa. Como alternativa, surgem

os softwares APS. De acordo com Giacon e Mesquita (2011), eles são capazes de

simular vários planos e programações com diversas restrições, resolvem problemas

complexos de PCP e, além de utilizar métodos heurísticos, envolvem também outros

métodos mais complexos de otimização. Determinam com exatidão o programa de

produção e geram um sequenciamento viável para a realidade da empresa. Dentre

as maiores dificuldades para o uso de um software APS estão: o custo do

investimento, a falta de testes e a implantação do sistema (LIDDELL, 2009). Para

Liddell (2009), as pessoas têm um papel fundamental na implantação desse tipo de

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software, elas precisam ter conhecimento e domínio do APS. É necessária a

realização de treinamentos e capacitações, sem o uso correto do sistema, os

resultados podem ser desastrosos para a empresa.

Como observado na empresa, a programação não é 100% confiável, pois

qualquer imprevisto impactará de uma forma que não tem como prever no modelo

atual. Um software de sequenciamento da produção poderia auxiliar, uma vez que

gera e avalia cenários e permite visualizar a consequência de uma decisão tomada

(AZANHA; CAMARGO JUNIOR, 2015). Atualmente, essa visão não existe no setor.

Um desafio existente tanto no método atual de programação quanto na

futura implementação de um software APS, está relacionado aos tempos de

processamentos dos materiais, que não são exatos. É necessário calcular os

tempos padrões de produção, principalmente das peças que são produzidas com

maior frequência. Essa informação é de extrema importância para elaborar uma

programação.

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6 CONCLUSÃO

O fator principal que motivou o desenvolvimento desta pesquisa foi a

percepção de pontos de atenção na programação dos pedidos de aço cortado e

dobrado da empresa. Assim, o trabalho teve como objetivo descrever o processo de

Planejamento, Programação e Controle da Produção da empresa em análise, a fim

de identificar-se restrições e variáveis para sugerir propostas para otimização do

processo. No mundo contemporâneo, as organizações estão continuamente em

busca do aprimoramento para seus processos.

A utilização de conceitos e métodos da área de Gestão da Produção com

foco no Planejamento, Programação e Controle da Produção foram eficientes na

detecção de pontos de melhoria e conduziram a uma reflexão sobre o processo

realizado na empresa.

O estudo permite demonstrar a aplicação dos conceitos discutidos no

referencial teórico, apresentando a importância do PPCP para a empresa, e

relacionando com a prática do dia a dia da fábrica. Como exemplos de conceitos

aplicados na prática podem ser citados o enquadramento do setor de Corte e Dobra

como um ambiente do tipo Job shop e o uso das regras heurísticas para o

sequenciamento da produção.

A discussão do trabalho gira em torno das vantagens e desvantagens do

método atual de programação realizado na empresa estudada. Como visto no

capítulo anterior, a empresa faz o uso de regras de sequenciamento heurísticas para

determinar a ordem de execução dos pedidos e das ordens de serviço, trata-se de

um método citado no referencial teórico, sem uso de muita tecnologia e bastante

utilizada na prática, porém não apresenta uma solução ótima ao processo. A

alternativa proposta seria a utilização de um software APS, que apresentaria um

programa de produção confiável e viável a realidade da empresa, capaz de fazer

replanejamentos e prever os impactos das decisões, porém possui um alto custo de

implantação.

A melhoria de processos e o uso de tecnologias modernas, como os

sistemas APS, poderiam ser implementadas, a fim de trazer mais competividade à

organização, buscando maior velocidade, flexibilidade e confiabilidade ao serviço

prestado ao cliente, superando as expectativas tanto da empresa como dos próprios

clientes. O correto manuseio das ferramentas poderá ensejar à empresa o alcance

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de melhores resultados.

Como limitações encontradas no decorrer da pesquisa, pode-se citar a

falta de organização de alguns dados importantes para a programação na empresa.

Como, por exemplo, as informações dispostas na planilha de programação que são

confusas, ausência de tempos padrões para o processamento de materiais,

inexistência de fluxogramas do processo e de tabelas e/ou quadros com

características formais.

Conclui-se que o trabalho alcançou os objetivos propostos, mas que a

aplicação de melhorias dependerá de tempo e dos investimentos disponíveis na

empresa. Ainda existem outras oportunidades no setor, proporcionando o

aprimoramento em todas as áreas da empresa.

Para pesquisas futuras relacionadas à programação da produção na

empresa, sugere-se a simulação de alguns dias de produção em um software APS.

Assim, possibilitará a visualização dos benefícios e das dificuldades encontrados

neste tipo de sistema, além de compararem-se os resultados do sequenciamento

gerado pelo APS com a ferramenta Excel (atualmente utilizada).

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REFERÊNCIAS

AZANHA, Adrialdo; CAMARGO JR., João Batista de. Características de sistemas APS: um estudo de caso em uma grande empresa do setor industrial de equipamentos pesados utilizando sistema SAP-APO. Revista Gestão & Tecnologia, v. 15, n. 1, p. 127-153, Fundação Pedro Leopoldo, 2015. BATALHA, Mario Otávio. Introdução à Engenharia de Produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BRANDÃO, R. de S.; CORTES, J. M. R.; SILIPRANDE, M. D. Proposta de estudo para a resolução do problema de sequenciamento da produção sob encomenda. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA OPERACIONAL – SBPO, 12., 2008, João Pessoa. Anais... XL SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA OPERACIONAL. João Pessoa, 2008. CARLOTT, Marcos. Comparativo entre o método de corte e dobra de aço industrializado e em obra de um edifício. Trabalho de Conclusão da Monografia II de Graduação em Engenharia Civil. – Universidade Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECO, Chapecó, 2012. CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CORRÊA, L.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, Programação e Controle da Produção. São Paulo: Atlas, 2005. FERNANDES, F. C. F.; GODINHO, F. M. Planejamento e controle da produção: dos fundamentos ao essencial. São Paulo: Atlas, 2010. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GERDAU. Produtos e serviços. Corte e Dobra. 2009. Disponível em <www.gerdau.com.br/produtos-e-servicos/corte-e-dobra.aspx>. Acesso em: 06 jul. 2015. GIACON, Edivaldo; MESQUITA, Marco Aurélio de. Levantamento das práticas de programação detalhada da produção: um survey na indústria paulista. Gest. Prod., v. 18, n. 3, p. 487-498, São Carlos, 2011. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. _____. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008. LIDDELL, Mike. O pequeno livro azul da programação da produção. Vitória, ES: Tecmaran Consultoria e Planejamento, 2009.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - Planta baixa do setor de Corte e Dobra

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).