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Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Administração em Saúde Eixo temático: Diagnóstico de saúde Componente curricular: Introdução ao método epidemiológico Aula 1 1. Primeira parte: ementa, características da disciplina, seminários. 1b. Vídeo documentário: “As mulheres das águas”. Exercício em grupo: uma possível investigação epidemiológica. Quais os problemas de saúde que aparecem no vídeo? Quais os dados importantes para um detalhamento epidemiológico dos problemas e onde conseguí-los? O que poderia resultar desta investigação em benefício da comunidade? 2. Segunda parte: Conceituação geral de saúde, de epidemiologia, de vigilância epidemiológica e vigilância em saúde. A história da epidemiologia. 2a. Exercícios sobre o trabalho de John Snow. Professor Antônio Ruas

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Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

Administração em Saúde

Eixo temático: Diagnóstico de saúde

Componente curricular: Introdução ao método

epidemiológico

• Aula 1

• 1. Primeira parte: ementa, características da disciplina, seminários.

• 1b. Vídeo documentário: “As mulheres das águas”. Exercício em grupo:uma possível investigação epidemiológica. Quais os problemas de saúdeque aparecem no vídeo? Quais os dados importantes para umdetalhamento epidemiológico dos problemas e onde conseguí-los? O quepoderia resultar desta investigação em benefício da comunidade?

• 2. Segunda parte: Conceituação geral de saúde, de epidemiologia, devigilância epidemiológica e vigilância em saúde. A história daepidemiologia.

• 2a. Exercícios sobre o trabalho de John Snow.

Professor Antônio Ruas

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Ementa

⚫ O componente curricular proporcionará aos alunosconhecimentos sobre a história da epidemiologia. Ométodo epidemiológico: principais correntes, contextohistórico e político. As fontes de informação sobre asaúde da população. A escolha das informaçõespotencialmente úteis, informações gerais, informaçõessobre populações, informações sobre a situação desaúde; usos e limitações da epidemiologia comoinstrumento de planejamento e gerenciamento deserviços de saúde. Epidemiologia descritiva, medidas defrequência, indicadores ds saúde, oferta de serviços,nível de saúde, práticas de saúde, desenvolvimentosocial e econômico.

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• A partir de uma conceituação ampla de saúde, dos

fundamentos de epidemiologia e da vigilância

epidemiológica, a disciplina visa proporcionar aos alunos o

desenvolvimento de conhecimentos sobre o método

epidemiológico e as possibilidades de sua utilização na

vigilância em saúde como marco referencial.

• Também visa contribuir com conhecimentos sobre

territorialização e determinantes de saúde para futuros

integrantes de equipes inter-disciplinares.

• Pretende-se também possibilitar o exercício de ferramentas

importantes do método epidemiológico como o programa

Epi-Info.

Objetivos

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• Complementarmente, pretende-se também proporcionar a

oportunidade de desenvolvimento de um exercício coletivo

sobre um problema sanitário, enfocado de forma ampliada e

integrada aos conhecimentos desenvolvidos em outras três

disciplinas concomitantes.

• Acredita-se que esta experiência integradora constitui -se

numa otimização do rendimento acadêmico e oportuniza a

transdisciplinaridade.

Objetivos

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Data Aula Conteúdo

16/8

1

Tema: Apresentação da disciplina; ementa; bibliografia básica e os exercícios do CBVE. Distribuição do material em

pdf. Formação de grupos e descrição de organização de exercícios e seminários. Vídeo educativo: “Mulheres das

águas“. Trabalho para os grupos: qual a importância de se organizar o recorte de informações apresentadas no vídeo

e quais aspectos ou variáveis seriam importantes para entender a situaçao de saúde representada? Debate com os

grupos e entrega do exercício.

23/8

2 Tema: Conceituação de saúde, epidemiologia, vigilância epidemiológica e vigilância em saúde. Trabalho para os

grupos: interpretação das tabelas de John Snow.

30/8

3 Tema: introdução à epidemiologia descritiva e ao sistema de notificação. Trabalho com os sistemas SINASC, SIM e

SINAN. Trabalho para os grupos: a partir dos anuários estabelecer hierarquia de municípios com indicadores

propostos, justificativas e alternativas.

06/9

4 Tema: Indicadores em Saúde e indicadores epidemiológicos: medidas de mortalidade. Mortalidade geral,

padronizada, mortalidades específicas. Medidas de morbidade: prevalências e incidências. Trabalho para os grupos:

exercícios gerais do módulo específico do CBVE.

13/9

5 Tema: Exercícios com indicadores epidemiológicos. Prevalência pontual e lápsica, coeficiente de incidência e

incidência como taxa. Exercícios em grupo.

Cronograma

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Referências bibliográficas

⚫ 5. Bibliografia básica.

⚫ ARILHA, Margareth. Políticas públicas de saúde e direitosreprodutivos no Brasil: um olhar para o futuro: In: Arilha,M. & Citeli, M. T. (Orgs). Políticas, mercado, ética:demandas e desafios no campo da saúde reprodutiva.São Paulo Editora, 34: 11-23, 1998.

⚫ FARIA, Vilmar E. Ciqüenta anos de urbanização no Brasil.Novos Estudos: CEBRAP, 29: 98-129, 1991.

⚫ KIRKWOOD B. Essentials of medical statistics. Oxford:Blackwell Scientific Publications, 1988.

⚫ MARTINE, George c CARVALHO, José Alberto M.Cenários demográficos para o século XXI e algumasimplicações sociais. Planejamento e Políticas Públicas,2(dez): 61-92, 1989.

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Referências bibliográficas

⚫ 5. Bibliografia básica.

⚫ MARX, Karl. Formas de existência da superpopulação. In:O Capital. São Paulo: DIFEL, Livro 1, vol. II: 743-752, 1984.

⚫ McCARTHY, James. Transição da fertilidade e políticasdemográficas. Bioética. Brasilia, 4 (2): 175-187, 1996.

⚫ OLIVEIRA, Francisco de A. A produção dos homens:notas sobre a reprodução sob o capital. In: A economiade dependência imperfeita. Rio de Janeiro: Graal: 135-59,1977.

⚫ PATARPA, Neide. Mudanças na política demográfica. In:Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução dopaís e de suas doenças. São Paulo: HUCITEC: 61-78, 1995.

⚫ PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e pática. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 1995.

⚫ SANTOS, Jair F. e outros (Orgs). Dinâmica da população.São Paulo: 21-85 e 321-24, 1980.

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Referências bibliográficas ⚫ 5. Bibliografia básica.

⚫ SZMRECSANYL, M. l. Educação e fecundidade. SaoPaulo: HUCITEC/EDUSP: 35-80, 1988.

⚫ VAUGHAN, J. P. e MORROW R. H. Epidemiologia para osmunicípios: manual para o gerenciamento dos distritossanitários. Sao Paulo: HUCITEC, 1992.

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Referências bibliográficas complementares

⚫ 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE - FUNASA. Curso básico de vigilância epidemiológica – CBVE - unidades 1 a 6, 2002. Pdf. Disponível para todos os alunos.

⚫ 2. WALDMAN, E. A. Vigilância em saúde pública. Coleção saúde e cidadania. IDS/USP, 1998. Pdf. Disponível para todos os alunos.

⚫ 3. MEDRONHO, R. A. et al. Epidemiologia. 2ª ed. São Paul. Editora Atheneu, 2009.

⚫ 4. ROUQUAYROL, M. Z. & GURGEL, M. Epidemiologia e saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro. MedBook, 2013.

⚫ 5. Boletim Epidemiológico. Secretaria Estadual de Saúde. Centro de Vigilância em Saúde/RS.

⚫ 6. Epidemiologia e serviços de saúde. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.

⚫ 7. BREILH, J. Epidemiologia: Epidemiologia crítica, 2007.

⚫ 8. TROSTLE, J. Epidemiologia e cultura. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz, 2013.

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⚫ Apresentação teórica e participativa dos temas propostos.

Organização de momentos de exercícios coletivos de

apresentação e resolução de problemas e exercícios com

Epi-Info e outras ferramentas. Organização de debates no

grande grupo. Organização de momentos de oficina de

elaboração de trabalho coletivo (seminário). Organização de

seminários de apresentação dos trabalhos em grupos de 2-5

alunos e de discussão da produção escrita.

⚫ Organização de discussão avaliadora dos resultados dadisciplina.

Metodologia de Ensino

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Metodologia de Ensino

⚫ Desenvolvida com aulas expositivas construtivas para a integraçãodos temas abordados nos enfoques da saúde coletiva, vigilância emsaúde e organização da Saúde Pública, complementados com relatosde experiências. É composta também de trabalhos em grupos parapreparação de seminários, sobre os temas em saúde estudados. Estáfacultado o acesso dos alunos a materiais de aula no sítiohttp://professor-ruas.yolasite.com/

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Critérios de Avaliação:

I) Instrumento de avaliação I: entrega de trabalhos individuais de classe e defesa oral do

tema do projeto. O peso é dois.

I) Instrumento de avaliação II: prova escrita individual, sem consultas, sendo facultada a

leitura de fórmulas e equações fornecidas como anexo e uso individual de calculadora. O

peso é quatro.

III) Instrumento de avaliação III: Apresentação de seminário em grupo e entrega do

trabalho escrito em formato de artigo publicável. O peso é quatro.

lV) Aprovação no caso de alcance de 60% ou mais de aproveitamento e reprovação

inicial nos casos de alcance inferior.

V) Instrumento de recuperação para casos de impedimento de um dos instrumentos

iniciais de avaliação, de forma justificada ou nos casos de reprovação inicial desde que a

nota inicial seja no mínimo dois (2,0). Neste caso a nota e conceitos finais serão resultado

de uma média entre a nota inicial e a nota do instrumento de recuperação.

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• O seminário é um exercício epidemiológico descritivo, próximo de um

levantamento epidemiológico. Os dados secundários devem referir-se a

temas em sintonia com os bancos de dados importantes para a Vigilância

em Saúde, como os disponibilizados no DATASUS, sendo fundamentais os

registros dos últimos cinco anos. O trabalho deve ser complementado com

uma introdução ao tema, a partir de uma revisão bibliográfica,

caracterizando assim, um trabalho original que parte da base de dados. A

parte escrita deve estar próxima dos moldes da revista “Epidemiologia e

Serviços de Saúde”. O temas do seminário deve ser definido nas primeiras

aulas e deve servir para uma contribuição na área da epidemiologia,

vigilância epidemiológica ou vigilância em saúde. Como sugestões iniciais

são apresentados: (i) A questão epidemiológica da infecção pelo HIV no Rio

Grande do Sul; as coinfecções, as tendências endêmicas ou epidêmicas; (ii)

A questão epidemiológica das viroses dengue, zika ou chikungunya no

Brasil e no RGS; (iii) A questão epidemiológica da febre amarela no Brasil e

Rio Grande do Sul; (iv) A questão epidemiológica de outras zoonoses no

Brasil e no RGS: leishmanioses, leptospirose e doença de Chagas; (iv)

Avaliação do impacto das internações hospitalares, os custos das doenças

e os perfis de mortalidade.

• Seminários.

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• 2. Segunda parte:

• Saúde, concepções históricas.

• Conceituação geral de saúde, de epidemiologia, devigilância epidemiológica e vigilância em saúde. A históriada epidemiologia . Exercícios de interpretação detendências do “Vigilância em Saúde e “Saúde Brasil 2007”.

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• 2. Segunda parte.

• Concepções de saúde e doença: unicausal microbiana,multicausal, social e cultural.

• Conceituação geral de saúde, de epidemiologia, devigilância epidemiológica e vigilância em saúde. A históriada epidemiologia . Exercícios de interpretação detendências do “Vigilância em Saúde e “Saúde Brasil 2007”.

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• 1. Contexto histórico da ciência e da concepção de saúde edoença.

⚫ A concepção dualista corpo ou órgãos e mente vem deAristóteles que dividia a “matéria e a “alma”.

⚫ Deriva desta concepção o desenvolvimento de órgão, deorganização, do século XVII.

⚫ Permanece a concepção de “alma”, diferenciador do “vivo” e“não vivo”.

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• 1. Contexto histórico da ciência e da concepção de saúde edoença.

⚫ Segundo Czerenia (Do contágio à transmissão, 1997):

⚫ Alma, seria o conjunto dos sentidos que preservam a vida e“espírito” o pensamento.

⚫ Esta abordagem foi substituída pelo “vitalismo” nos séculosXVIII a XIX. Neste século a Biologia ressurge como a ciênciada vida.

⚫ No seu progresso, visa explicar cada vez com mais detalheso “funcionamento”.

⚫ Chega ao século XX e desenvolve-se enormemente com adescoberta da genética moderna (molecular).

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⚫ A origem das teorias sobre as doenças situa-se nastentativas de descrição e explicação para as epidemias.

⚫ Czeresnia relata descrições antigas sobre a “peste”(bubônica), de 430 A.C. (Tucídides). “Os doentes atingiam ossãos, os que tentavam ajudá-los. As descrições em outrasepidemias de peste são semelhantes, ressaltam o “inevitável”,o castigo, o clima a “pestilência do ar”.

⚫ Na idade média, o ar “pestilencial” era incriminado como opropagador de doenças como a peste que passam de pessoaa pessoa e entre comunidades. Ficou conhecida como teoriamiasmática.

•1. Contexto histórico da ciência e da concepção de saúde e

doença.

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⚫ O contexto em que as pessoas adquirem os “miasmas” dasdoenças: pessoas abertas a estímulos, humores e prazeresdiversos.

⚫ Miasmas e contágio confundiam-se nestas teorias derivadasde Hipócrates.

⚫ Depois veio a teoria da constituição epidêmica, derivada damiasmática e a partir do século XVI, já incorporando oconhecimento científico da época. A constituição epidêmica éum conjunto de fatores pessoais e ambientais que trazem asdoenças.

•1. Contexto histórico da ciência e da concepção de saúde e

doença.

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⚫ A constituição epidêmica foi contraposta e combatida pelateoria do contágio ou contagionista que com base em algumconhecimento científico sobre microrganismos, busca a causaespecífica para as doenças.

⚫ Fracastolo, o primeiro contagionista, concebeu no séculoXVI particulas de contágio (“semminaria”) causadoras dedoenças, que penetram por poros, viajam no ar, estão ourelacionam-se com ambientes insalubres como pântanos.

⚫ No século XVII, Kircher e outros contagionistasdesenvolveram mais a teoria de Fracastolo. As partículascontagiantes seriam partículas vivas, originadas por “geraçãoespontânea”.

•1. Contexto histórico da ciência e da concepção de saúde e

doença

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⚫ Sydenham foi um grande defensor da teoria miasmáticaelaborou as bases da constituição epidêmica, no século XVII.

⚫ Inovou o pensamento hipocrático, classificando as doençase concebendo um elo ambiental para a sua gênese.

⚫ A doença foi concebida por Sydenham como um esforçovigoroso da natureza para exterminar a matéria mórbida,procurando com todas as suas forças a saúde do doente".

⚫ Formulou a teoria da constituição epidêmica, como napassagem:

⚫ “As doenças geralmente surgem de alguma desordempeculiar de corpos particulares, por meio do qual o sangue eos humores estão de algum modo viciados, ainda que,algumas vezes, elas (as doenças) procedam mediatamentede alguma causa geral no ar ...”

•1. Contexto histórico da ciência e da concepção de saúde e

doença

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⚫ A principal diferença entre as teorias contagionistas econstituição epidêmica no período reside na ampliação para oambiente no caso da constituição epidêmica, quase comouma concepção ampla, próxima da causalidade múltipla doséculo XX.

⚫ Virchow, no século XIX, foi um grande expoente desta teoriada constituição epidêmica. Relatou o que segue:

⚫1. Contexto histórico da ciência.

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⚫ “saúde e doença, naturalmente, são propriedades doindivíduo, desde que a vida não pertence à massa e sim aoindivíduo. Certas condições de vida, contudo, dizem respeitoa nações inteiras ou à maior parte da população, e enquantoos indivíduos nas suas vidas particulares sempre são osportadores e a expressam de situações e condições, normaise anormais, ainda assim, as manifestações da vida, quandomodificadas por condições especiais e temporais podemaparecer de uma maneira tão massiva que podemos nospermitir falar de saúde e doença do povo de uma maneiraabstrata, mesmo que não seja o ideal”.

⚫ Para Virchow, “as condições naturais induziriam epidemiasquando e onde condições sociais precárias produzissemsituações anormais prolongadas”. Guerras, pestilência e fomese engendram mutuamente.

⚫1. Contexto histórico da ciência.

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⚫ No século XIX, o foco da divergência entre contagionistas emiasmáticos deslocou-se para o anatomismo, portas deentrada, da pele para o interior do corpo. O contágio pela pelee o acesso ao interior do corpo pelos miasmas.

⚫ Houve um deslocamento dos sentidos de percepção dasdoenças do olfato para a visão. Iniciou-se a contrução dateoria da transmissão das doenças.

⚫ Os adeptos da constitução epidêmica, constitucionistas daépoca passaram a dedicar-se também ao estudo dapatologia, mas centravam-se na fisiologia e na sintomatologia,e não tanto à etiologia, ou seja, aos agentes causadores.

⚫1. Contexto histórico da ciência.

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• Um expoente contagionista, Henle, formula uma teoria em1840, próxima ao postulados de Pasteur e Koch posteriores.Henle descreveu o contágio: “... não é a doença, mas a causada doença que se reproduz a si mesma”. Elaborou também aassociação entre etiologia e processo inflamatório.

⚫ Votando a Virchow, ele permaneceu defendendo oconstitucionalismo, próximo da antiga ideia dos miasmas.Baseava-se na questão do contexto das doenças, o quedepois, foi uma das bases do início da epidemiologia comJohn Snow.

⚫ Snow era um contagionista, mas também seguidor dasidéias de Virchow. Snow é considerado o fundador daepidemiologia, ao estudar a epidemia de cólera na Inglaterra,em 1849.

⚫ A demonstração de agentes infecciosos por Pasteur e Kochna segunda metade do século XIX sepultou de vez a teoriamiasmática, impulsionando a teoria microbiana das doenças.

⚫1. Contexto histórico da ciência.

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• O estabelecimento de causa microbiológica trouxe oimpulsionamento da terapêutica específica. Reforçou noentanto o reducionismo da medicina. “Saber o que causa,combater e curar”, poderia ser o lema deste impulsionamento.

⚫ A teoria microbiológica trouxe o otimismo com “fim dasdoenças”, presente na primeira metade do século XX. Em1943, Winslow celebrava “o triunfo de terem sido banidaspara sempre dIa Terra as grandes pragas e pestilências dopassado ...”.

⚫ O período coincide com o otimismo das grandes campanhasde saúde, da teoria da “erradicação” e do campanhismo.

⚫ No século XX, a teoria unicausal das doenças foi primeiosubstituída pela multicausal. Apenas após a Conferência deAlma Ata em 1978 é que as doenças passaram a ser tratadasnum contexto social, político e administrativo e a saúdepassou a ser o foco da construção. Este é o início da SaúdeColetiva.

⚫1. Contexto histórico da ciência.

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I. Revisando os conceitos de saúde e doença.

⚫ 1. Constituição do Brasil e Lei 8080.

⚫ No artigo 196 define que “saúde é direito de todos edever do Estado, garantido mediante políticas sociais eeconômicas que visem à redução do risco de doença e deoutros agravos e ao acesso universal e igualitário àsações e serviços para a sua promoção, proteção erecuperação”.

⚫ A lei 8080 (1990), salienta o dever do Estado com asaúde e acrescenta que “ a saúde tem fatoresdeterminantes e condicionantes, entre outros, aalimentação, a moradia, o saneamento básico, o meioambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, olazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveisde saúde da população expressam a organização social eeconômica do País.

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⚫ 2. Comentários.

⚫ A justificativa legal do SUS eleva a importância dasaúde, mas não a define. Aparece como antítese dedoença que por sua vez resulta dos fatoresdeterminantes.

⚫ O conceito da OMS é geralmente apresentado comoponto de partida: “ saúde é o estado de completo bemestar físico, mental e social, e não apenas a ausência dedoença”.

⚫ Na vertente biológica ou ecológica aparece a definiçãode Wylie (1970): “saúde é a perfeita e contínua adaptaçãodo organismo ao seu ambiente”.

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⚫ 2. Comentários

⚫ O. P. Forattini (1990,92), da corrente ecológica, prefere adefinição do que é doença :

⚫ - “Existe um gradiente de sanidade, que no sentido dadesabilidade biológica ou fisiológica resulta em doença,antítese da saúde”.

⚫ -

⚫ - “ ...os determinantes sociais estão contidos nosecológicos”

⚫ - “... Estados de doença das pessoas antecedem osmédicos”

⚫ C. Helman e outros antropólogos da saúde desenvolvemmuito os “estados de saúde e doença sob a ótica dacultura:

⚫ - Os estados de doença são distintos para o paciente epara o médico: numa etapa inicial “sente-se doente”, aperturbação, o que será traduzido como patologia naconsulta médica segundo a visão científicapredominante.

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⚫ 3. O conceito ampliado de saúde

⚫ A concepção da OMS de saúde é simplista, mas servepara indicar a complexidade da questão saúde.

⚫ A nível individual, a abordagem ampliada da questão dasaúde indica a compreensão cultural do fenômeno doadoecimento. Este aspecto é fundamental na educaçãopara a saúde.

⚫ A nível coletivo, a concepção de saúde deve abranger oconjunto de relações ecológicas e relacionais dassociedades, para um entendimento abrangente dos seusdeterminantes.

⚫ Isto reúne as relações das pessoas com a natureza (meioambiente, espaço, território) e com as outras pessoas(através do trabalho e das relações sociais, culturais epolíticas) num determinado espaço geográfico e numdeterminado tempo histórico .

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⚫ 3. O conceito ampliado de saúde

⚫ A garantia à saúde transcende a esfera das atividadesclínico-assistenciais, devendo levar em conta novosconceitos e práticas como a da qualidade de vida e dapromoção à saúde.

⚫ 3.1 Qualidade de vida: o que é?

⚫ “Em caráter preliminar, há de se registrar que, emprimeiro lugar, a qualidade de vida deve sercompreendida como sendo uma condição de existênciados homens sempre referida ao modo de viver emsociedade, isto é, dentro dos limites que são colocadosem cada momento histórico para se viver o cotidiano”(CBVE)

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⚫ 3.2 Promoção à saúde: o que é?

⚫ Promoção á saúde é uma idéia cuja conceituação estáem construção e se aproxima dos objetivos da melhorqualidade de vida.

⚫ Deriva do entendimento clássico de prevenção cujasações ocorrem em níveis. No nível primário, efetuam-seas ações sobre o meio: saneamento básico, educação,fiscalização sanitária, etc.

⚫ A carta de intenções da Primeira ConferênciaInternacional sobre Promoção da Saúde, realizada emOttawa, Canadá, em 1986, denominada Carta de Ottawa, éum marco na ampliação do conceito de promoção àsaúde:

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⚫ 3.2 Promoção à saúde: o que é?

⚫ "...o processo de capacitação da comunidade para atuarna melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindomaior participação no controle desse processo. Paraatingir um estado de completo bem-estar físico, mental esocial, os indivíduos e grupos devem saber identificaraspirações, satisfazer necessidades e modificarfavoravelmente o meio ambiente... Assim, a promoção àsaúde não é responsabilidade exclusiva do setor dasaúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, nadireção de um bem-estar global."

⚫ “... a saúde constitui o maior recurso para odesenvolvimento social, econômico e pessoal e ésomente através das ações de promoção que sedesenvolve. As condições para este desenvolvimentosituam-se dentro e fora do setor saúde, como porexemplo na melhoria de:

⚫ Paz; habitação; educação; alimentação; recursosrenováveis; justiça social e eqüidade, etc.

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⚫ 1. O que é epidemiologia?.

⚫ É um termo de origem grega que significa:

⚫ epi = sobre

⚫ demo = população

⚫ logia = estudo

⚫ O seu uso é atribuído a um desdobramento de epidemiae foi usado pela primeira vez em 1802, na Espanha.Durante o século XIX e maior parte do século XX esteveassociado ao estudo das doenças infecciosas.

⚫ Uma disciplina básica ou ramo científico da saúdepública ou coletiva. Está voltada para a compreensão doprocesso saúde-doença no coletivo. Diferencia-se doestudo patológico individual e o clínico, que tem foco noindivíduo.

II. Conceitos gerais de epidemiologia.

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⚫ 2. Definições mais conhecidas.

⚫ “...ciência que estuda o processo saúde-doença nasociedade, analisando a distribuição populacional e osfatores determinantes das enfermidades, danos à saúde eeventos associados à saúde coletiva, propondo medidasespecíficas de prevenção, controle ou erradicação dedoenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporteao planejamento, administração e avaliação das ações desaúde” (CBVE 2).

⚫ “...o estudo da freqüência, da distribuição e dosdeterminantes dos estados ou eventos relacionados àsaúde em específicas populações e a aplicação dessesestudos no controle dos problemas de saúde." (Vigilânciaem Saúde Pública).

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⚫ 3. Objetivos da epidemiologia.

⚫ Descrever a distribuição e a magnitude dos problemasde saúde nas populações humanas;

⚫ Proporcionar dados essenciais para o planejamento,execução e avaliação das ações de prevenção, controle etratamento das doenças, bem como para estabelecerprioridades;

⚫ Identificar fatores etiológicos na gênese dasenfermidades (CBVE 2).

• 4. A pesquisa epidemiológica

• É a aplicação de métodos científicos para atingir osobjetivos da epidemiologia.

• As áreas de produção do conhecimento pelaepidemiologia clássica, que mantém um viés de análisequantitativo e as respectivas metodologias aplicadas sãoexemplificadas como: (Vigilância em Saúde Pública):

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⚫ 5. Epidemiologia social

⚫ A epidemiologia clássica, quantitativa, tem suasvertentes históricas nas:

⚫ Idéias do contagionismo e constituição epidêmica quebuscavam no modo de vida as explicações para asdoenças (ver John Snow adiante).

⚫ Na teoria microbiana e teoria unicausal resultante, “umadoença, uma causa, um agente etiológico”.

⚫ A teoria da unicausalidade foi rapidamente suplantadapela multicausalidade, desenvolvida por exemplo porLeavell e Clarck. Contudo avançou no entendimento dosdeterminantes sociais e culturais.

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⚫ 5. Epidemiologia social

⚫ Minayo, Breilh e outros são teóricos da epidemiologiasocial, fundada no conceito da saúde coletiva.

⚫ Constroem métodos de abordagem pós-multicausalidade.

⚫ Nesta concepção, a epidemiologia deve considerar nãosó os indicadores de morbidade ou mortalidadeclássicos, mas agregar uma abordagem de fatores oudeterminantes ecológicos, sociais culturais, agregando apesquisa qualitativa nos estudos.

⚫ A seguir um diagrama epidemiológico mais abrangente(Breilh, 1991).

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⚫ 6. Vigilância epidemiológica e vigilância à saúde.

⚫ A aplicação da epidemiologia aos serviços de saúderesultou no desenvolvimento da VigilânciaEpidemiológica.

⚫ O termo vigilância foi usado em 1955 com a finalidadede vigiar os vacinados contra a pólio.

⚫ “Vigilância epidemiológica” foi conceituada na décadade 60 com etapa dos programas de controle de doençasinfecciosas epidêmicas, na fase de consolidação.

⚫ O conceito desenvolveu-se posteriormente abrangendoo conjunto de ações de monitoramento, avaliação,pesquisa e intervenção desenvolvidas pelos setores desaúde pública, especialmente. Deixou de ser apenas umaetapa.

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⚫ 6. Vigilância epidemiológica e vigilância à saúde.

⚫ Seguindo a tendência de especialização do pensamentocientífico, a vigilância epidemiológica desdobrou-se.

⚫ Surgiu a vigilância “das doenças propriamente ditas”, oseja a vigilância epidemiológica;

⚫ A vigilância do “meio ambiente do trabalho e dosprodutos consumidos”, a vigilância sanitária;

⚫ Posteriormente, a vigilância das doenças associadas aotrabalho, a vigilância da saúde do trabalhador;

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⚫ 6. Vigilância epidemiológica e vigilância à saúde.

⚫ Finalmente, a vigilância sobre doenças e determinantesambientais, a vigilâncias ambiental em saúde.

⚫ Tem de fato sentido estas subdivisões no campo da

saúde?

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⚫ 7. Histórico da Vigilância Epidemiológica (CBVE)

⚫ “Em 1975, em meio a uma grave crise sanitária no país,com epidemia de meningite, aumento da mortalidadeinfantil e grande aumento dos acidentes de trabalho, épromulgada a Lei nº 6 229, que dispõe sobre aorganização do Sistema Nacional de Saúde,estabelecendo um conjunto de princípiosracionalizadores que define o papel dos órgãos de saúde,suas atribuições e organização”.

⚫ Em 1976 são criados o Sistema Nacional de VigilânciaEpidemiológica (SNVE) e o Sistema Nacional deVigilância Sanitária (SNVS). Estas atividades seorganizaram burocraticamente com ações fragmentadase pontuais.

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⚫ 7. Histórico da Vigilância Epidemiológica

⚫ “Na Lei Orgânica da Saúde (Lei n° 8.080/90), encontra-seo seguinte conceito de Vigilância Epidemiológica”:

⚫ Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, adetecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatoresdeterminantes e condicionantes de saúde individual oucoletiva, com a finalidade de recomendar e adotar asmedidas de prevenção e controle das doenças ouagravos.

⚫ O SNVE organiza-se principalmente por sistemas decoleta de dados e notificações.

⚫ O SNVE ainda é largamente voltado para as doençasinfecciosas.

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⚫ 8. Vigilância à Saúde: o que é? (CBVE)

⚫ A superação da fragmentação no setor saúde, passapela incorporação das idéias de qualidade de vida e depromoção à saúde.

⚫ A divisão de ações é insuficiente para um bom resultadona melhoria dos indicadores globais de saúde dascomunidades.

⚫ Desenvolveu-se então o conceito de vigilância emsaúde, integrador de todas as ações de vigilânciaintegrada à atenção primária (básica) à saúde, atuandoem conjunto com a assistência e implementação daspolíticas nacionais de saúde, sobre uma dada realidadesanitária ocorrente num território sanitário. Estavigilância apóia-se no conceito de promoção à saúde e na

participação da comunidade.

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⚫ 8. Vigilância à Saúde: o que é? (CBVE)

⚫ No modelo atual, a vigilância em saúde é mais visível eexpressiva no nível local, agregado ao Programa Saúdeda Família.

⚫ Nos níveis superiores do sistema, estadual e nacional avigilância em saúde ainda é pouco expressiva e afragmentação permanece.

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• John Snow é considerado o “pai” da epidemiologia,graças aos seus estudo pioneiros sobre a cólera emLondres, numa época de transição entre as teorias daconstituição epidêmica de origem miasmática econtagionista bacteriana.

• Era anestesiologista, contemporâneo de William Farr.Sintetizou a sua contribuição no ensaio “Sobre a Maneirade Transmissão da Cólera”, de 1855, um memorávelestudo a respeito de duas epidemias de cólera ocorridasem Londres em 1849 e 1854.

III. História da epidemiologia: John Snow, o “pai da epidemiologia”

(Vigilância em Saúde Pública)

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• Snow descreveu o desenvolvimento da epidemia e dascaracterísticas de sua propagação, detalhadamente. Oseu raciocínio foi considerado genial, conseguindodemonstrar o caráter transmissível da cólera (pela teoriado contágio), muito antes das descobertas damicrobiologia, do Vibrio cholerae ser conhecido comoagente etiológico da cólera.

• “O fato da doença caminhar ao longo das grandestrilhas de convivência humana, nunca mais rápido que ocaminhar do povo, via de regra mais lentamente..." "Ao sepropagar em uma ilha ou continente ainda não atingido,surge primeiro num porto..." "Jamais ataca tripulaçõesque se deslocam de uma área livre da doença para outraatingida até que elas tenham entrado no porto...“

III. História da epidemiologia: John Snow, o “pai da epidemiologia”

(Vigilância em Saúde Pública)

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• "... doenças transmitidas de pessoa a pessoa sãocausadas por alguma coisa que passa dos enfermos paraos sãos e que possui a propriedade de aumentar e semultiplicar nos organismos dos que por ela sãoatacados...“

III. História da epidemiologia: John Snow, o “pai da epidemiologia”

(Vigilância em Saúde Pública)

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• "... Os casos subseqüentes ocorreram sobretudo entreparentes daquelas (pessoas) que haviam sidoinicialmente atacadas, e a sua ordem de propagação é aseguinte: ... o primeiro caso foi o de um pai de família; osegundo, sua esposa; o terceiro, uma filha que moravacom os pais; o quarto, uma filha que era casada e moravaem outra casa; o quinto, o marido da anterior, e o sexto, amãe dele...“

• Transmissão por veículo comum: "... Estar presente nomesmo quarto com o paciente e dele cuidando não fazcom que a pessoa seja exposta obrigatoriamente aoveneno mórbido...

• Em Surrey Buildings a cólera causou terríveldevastação, ao passo que no beco vizinho só se verificouum caso fatal... No primeiro beco a água suja despejada...ganhava acesso ao poço do qual obtinham água. Essa foide fato a única diferença...“

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(Vigilância em Saúde Pública)

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• "... Todavia, tudo o que eu aprendi a respeito da cólera ...leva-me a concluir que a cólera invariavelmente começacom a afecção do canal alimentar".

• "... Se a cólera não tivesse outras maneiras detransmissão além das já citadas, seria obrigada a serestringir às habitações aglomeradas das pessoas depoucos recursos e estaria continuamente sujeita àextinção num dado local, devido à ausência deoportunidades para alcançar vítimas ainda não atingidas.Entretanto, freqüentemente existe uma maneira que lhepermite não só se propagar por uma maior extensão, mastambém alcançar as classes mais favorecidas dacomunidade. Refiro-me à mistura de evacuações depacientes atingidos pela cólera com a água usada parabeber e fins culinários, seja infiltrando-se pelo solo ealcançando poços, seja sendo despejada, por canais eesgotos, em rios que, algumas vezes, abastecem de águacidades inteiras.“

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(Vigilância em Saúde Pública)

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• Na primeira das duas epidemias estudadas por Snow,ele verificou que os distritos de Londres queapresentaram maiores taxas de mortalidade pela cóleraeram abastecidos de água por duas companhias: aLambeth Company e a Southwark & Vauxhall Company.Naquela época, ambas utilizavam água captada no rioTâmisa num ponto abaixo da cidade. No entanto, nasegunda epidemia por ele estudada, a Lambeth Companyjá havia mudado o ponto de captação de água do rioTâmisa para um local livre dos efluentes dos esgotos dacidade. Tal mudança deu-lhe oportunidade para comparara mortalidade por cólera em distritos servidos de águapor ambas as companhias e captadas em pontosdistintos do rio Tâmisa.

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(Vigilância em Saúde Pública)

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• Os dados apresentados na tabela 1 sugerem que o riscode morrer por cólera era mais de cinco vezes maior nosdistritos servidos somente pela Southwark & VauxhallCompany do que as servidas, exclusivamente, pelaLambeth Company. Chama a atenção o fato de osdistritos servidos por ambas as companhiasapresentarem taxas de mortalidade intermediárias. Essesresultados são consistentes com a hipótese de que aágua de abastecimento captada abaixo da cidade deLondres era a origem da cólera.

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• Exercício:

• Interpretar os dados apresentados na tabela 1:

• Como avaliar o risco de morrer por cólera comparando ostrês distritos avaliados? Qual a medida mais importante,óbitos totais ou a taxa?

• Os dados da tabela 2 referem-se aos distritos abastecidospor ambas as companhias. Avalie novamente o risco demorrer por cólera.

III. História da epidemiologia: John Snow, o “pai da epidemiologia”

(Vigilância em Saúde Pública)

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• Podemos sintetizar da seguinte forma a estratégia doraciocínio epidemiológico estabelecido por Snow:

• a. Descrição do comportamento da cólera segundoatributos do tempo, espaço e da pessoa.

• b. Busca de associações causais entre a doença edeterminados fatores, por meio de:

• - exames dos fatos;

• - avaliação das hipóteses existentes;

• - formulação de novas hipóteses mais específicas;

• obtenção de dados adicionais para testar novashipóteses.

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(Vigilância em Saúde Pública)

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IV. Exercício em grupo: interpretar as tabelas apresentadas (Vigilância em

Saúde Pública, trabalho de Snow, 13-14 e Saúde Brasil 2007)

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IV. Exercício em grupo: interpretar as tabelas apresentadas (Vigilância em

Saúde Pública, trabalho de Snow, 13-14 e Saúde Brasil 2007)

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IV. Exercício em grupo: interpretar as tabelas apresentadas (Vigilância em

Saúde Pública, trabalho de Snow, 13-14 e Saúde Brasil 2007)

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IV. Exercício em grupo: interpretar as tabelas apresentadas (Vigilância em

Saúde Pública, trabalho de Snow, 13-14 e Saúde Brasil 2007)

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Saúde Pública, trabalho de Snow, 13-14 e Saúde Brasil 2007)

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IV. Exercício em grupo: interpretar as tabelas apresentadas (Vigilância em

Saúde Pública, trabalho de Snow, 13-14 e Saúde Brasil 2007)