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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL AVANÇADA O PERFIL PROFISSIONAL, ATUAL E DESEJADO, DO ENGENHEIRO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DE UMA EMPRESA DO SETOR AUTOMOBILÍSTICO KARINA MARIA ZANTA MARCOS LEÃO DA SILVA Salvador 2004

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA …Salvador 2004 RESUMO Este trabalho buscou a discussão sobre o perfil profissional atual e desejado do engenheiro de desenvolvimento deproduto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL AVANÇADA

O PERFIL PROFISSIONAL, ATUAL E DESEJADO, DO

ENGENHEIRO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DE

UMA EMPRESA DO SETOR AUTOMOBILÍSTICO

KARINA MARIA ZANTA

MARCOS LEÃO DA SILVA

Salvador

2004

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KARINA MARIA ZANTA

MARCOS LEÃO DA SILVA

O PERFIL PROFISSIONAL, ATUAL E DESEJADO, DO

ENGENHEIRO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DE

UMA EMPRESA DO SETOR AUTOMOBILÍSTICO

Monografia apresentada ao Curso de Capacitação

Profissional Avançada da Escola de

Administração, Universidade Federal da Bahia,

como requisito para conclusão do curso de

especialização em administração.

Orientador: Prof. Dr. Robinson Moreira Tenório

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Salvador

2004

RESUMO

Este trabalho buscou a discussão sobre o perfil profissional atual e desejado do engenheiro de desenvolvimento de produto de uma empresa do setor automobilístico. Para tanto, o trabalho apresenta e discute definições e termos associados à questão, tais como organização, mudança organizacional, desenvolvimento de produto e competências. Para complementar tal discussão, optou-se pelo estudo de caso, selecionando-se como objeto de estudo a área de desenvolvimento de produto de uma empresa do segmento automobilístico. Houve a necessidade da identificação das competências técnicas da empresa, como parâmetro de comparação, como também de uma estratégia para a classificação dos perfis profissionais segundo estas competências. A área de desenvolvimento de produto teve portanto, seus engenheiros e gestores, submetidos à aplicação de questionários para a obtenção de dados. Com base na discussão teórica e nos resultados obtidos concluiu-se que, de um modo geral, o perfil dos engenheiros está de acordo com o perfil desejado pelos gestores, porém, constatou-se que há oportunidades de melhorias quanto ao alinhamento dos gestores com os objetivos da área de desenvolvimento de produto e da empresa, de modo a garantir o êxito da organização. Palavras-chave: desenvolvimento de produto, competências técnicas, perfil profissional.

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SUMÁRIO 1. 1. INTRODUÇÃO

.................................................................................... 4

2. 2. ORGANIZAÇÃO E MUDANÇA ORGANIZACIONAL

............................... 6

3. 3. COMPETÊNCIAS TÉCNICAS

............................................................... 7

4. 4. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE P&D

............................................... 10

5. 5. METOLOGIA

5.1. 5.1. ABORDAGEM

....................................................................... 13

5.2. 5.2. POPULAÇÃO/ AMOSTRA

...................................................... 14

5.3. 5.3. INSTRUMENTOS DE COLETA

............................................... 15

5.4. 5.4. PROCEDIMENTOS DE COLETA

............................................ 16

5.5. 5.5. TRATAMENTO DOS DADOS

................................................. 16

6. 6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1.1. 6.1.1. AMOSTRA A

......................................................................... 17

6.1.2. 6.1.2. AMOSTRA B

......................................................................... 21

7. 7. CONCLUSÃO

...................................................................................... 23

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8. 8. REFERÊNCIAS

................................................................................... 28

1. 1. Introdução

Desde o surgimento das idéias sobre divisão de trabalho

sistemática (Administração Científica) e das mudanças organizacionais

visando a produção em larga escala (Fordismo), o segmento automotivo

passou a ser o centro das atenções para as “experiências” relativas a

organização do trabalho, tanto que muitos autores usam as empresas do

setor automobilístico como referência para a caracterização da evolução da

indústria como um todo, seja no âmbito do gerenciamento de produtos e

estratégias competitivas seja como o da organização dos sistemas de

produção (WOOD, 1992, p. 6-18).

Uma das áreas que mais se destaca na indústria automobilística,

devido ao seu alto grau de importância e complexidade, é a área de

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Desenvolvimento de Produto. Esta área possui peculiaridades que a

tornam extremamente interessante de ser analisada, decorrentes

principalmente das interações existentes entre clientes internos e externos,

tão freqüêntes e necessárias para o perfeito funcionamento desta área,

permitindo-nos destacar, “que o desenvolvimento de produtos deve ter

uma abordagem de integração dos vários tipos de sistemas para suportar o

projeto e a operação de inúmeras e complexas atividades de engenharia”

(MUNDIM e outros, 2002, p.2).

Muitas são as estratégias utilizadas pelas organizações para

gerenciar tamanha complexidade de relações, sendo que muitas empresas

utilizam-se da determinação de competências técnicas para melhor

orientar o trabalho na área de desenvolvimento do produto. As

competências portanto, podem acabar por definir determinadas

características de trabalho para seus funcionários, já que sempre buscam

garantir a condução adequada do projeto do produto, pois como

mencionado por Fleury (2003, p.130) “a competitividade exige eficiência

coletiva; empresas terão de focar suas competências essenciais”.

As competências técnicas, por influenciarem diretamente os

profissionais e a maneira como a estrutura organizacional é definida,

também poderão significar mudanças nas características do perfil do

empregado, ou seja pela adequação da capacitação profissional dos

mesmos às necessidades da área ou da empresa, ou seja pelas mudanças

nos processos seletivos para os novos contratados.

Ao concentrarmos nossa atenção nesta situação de mudança da

caracterização do perfil profissional em função das competências,

percebemos os potenciais problemas gerenciais que os líderes da

organização enfrentarão, pois estes deverão estar adaptados às novas

características da estrutura, bem como saber proporcionar aos seus

funcionários as condições necessárias para o processo de atualização da

capacitação profissional. Vale ressaltar “que os gerentes/ líderes não têm o

papel de conduzir as pessoas para a mudança, mas sim de criar ambientes

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organizacionais que inspirem, suportem e alavanquem a imaginação e a

iniciativa que existe em todos os níveis”. (ODERICH; LOPES, 2001).

A busca pelo equilíbio desta equação entre mudanças na

capacitação profissional versus as necessidades da organização, somadas

ao eficaz gerenciamento da situação, são fatores vitais para o sucesso da

empresa, e ressalta a importância do líder/ gestor em garantir o êxito da

companhia.

A principal motivação deste trabalho é, portanto, responder às

questões relativas a definição do perfil profissional atual dos engenheiros

da área de desenvolvimento de produto segundo as competências da

empresa, bem como, o impacto que tal definição poderá ter na capacitação

profissional dos empregados existentes, refletindo em um “novo” perfil

profissional. Este trabalho também procura discutir o impacto causado

por tais mudanças no líder/ gestor das empresas.

Para melhor ilustrar a discussão proposta e responder às

questões acima, os autores optaram por focar o trabalho através de um

estudo de caso em um empresa do setor automobilístico, possibilitando

assim o maior detalhamento das competências da empresa e do perfil

profissional do grupo a ser analisado.

2. 2. Organização e Mudança Organizacional

De modo a permitir uma melhor discussão sobre o tema

proposto, decidiu-se conceituar e discutir alguns dos termos que irão ser

mencionados neste trabalho de modo a permitir ao leitor um melhor

entendimento dos fatores que influenciam a caracterização do perfil

profissional do engenheiro da área de desenvolvimento de produto, bem

como para descrever o cenário no qual a pesquisa foi desenvolvida.

Iniciaremos tal discussão pelo termo organização.

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A palavra organização é originária do grego “organon” o qual

significa instrumento ou ferramenta (MORGAN, 1996, p. 24). Sua tradução

mais pura e simples mostra que a palavra organização deve ser entendida

como um meio para o homem, ou para a sociedade, de viabilizar um

negócio ou de atingir um determinado objetivo.

Portanto, o termo mudança organizacional pode ser

compreendido como o processo de alterações de ferramentas existentes

para atingir a um fim particular.

Tomando-se como exemplo o caso de uma empresa, pode-se

dizer que as pessoas que formam a organização poderiam ser re-

arranjadas de modo a auxiliar a entidade a atingir o objetivo estabelecido,

ou em outras palavras, poderíamos dizer que “as pessoas atuam como

agentes de transformação de conhecimentos, habilidade s e atitudes em

competências entregues a organização” (MUNDIM e outros, 2002, p. 5).

Como já mencionado anteriormente, pode-se deduzir que o

estabelecimento de competências em uma organização é uma das

maneiras existentes para direcionar os funcionários da empresa a

trabalhar, estruturadamente, visando atingir os objetivos da área

funcional e até mesmo da companhia.

3. 3. Competências Técnicas

A palavra competência vem sendo amplamente usada em

discussões sobre os mais variados temas e com diferentes significados,

dependendo do contexto a ser empregado. No seu sentido mais amplo,

pode-se definí-la como a capacidade de um indivíduo de realizar uma

determinada tarefa, ou seja, a habilidade, a qualidade de um pessoa para

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atingir um objetivo. Podemos por exemplo, citar o caso de um ator que esta

representando um determinado papel em uma peça teatral, ao obsevarmos

sua atuação notamos a sua competência quanto a representação artística.

Alguns autores vão além desta definição genérica e conceituam a

competência como algo intrínseco, inerente do indivíduo, uma

característica que permite a realização de determinadas tarefas sem prévio

aprendizado, mas que graças ao conjunto de conhecimentos individuais

permite alcançar o objetivo, sendo então a competência entendida como

geradora de conhecimento (REY, 2002, p.37-42), outros autores por sua

vez, a definem como “uma série de atos observáveis, ou seja, de

comportamentos especificados” (REY, 2002, p. 27), neste caso, são

decorrentes de um determinado aprendizado, de uma prévia orientação, e

por serem assim tão específicas, estão associados a uma finalidade

técnico-social, e portanto, as competências podem ser definidas de acordo

com sua função final.

Um exemplo interessante desta linha de raciocínio, ou seja, da

determinação da competência através da sua função final, pode ser

encontrada no trabalho de Fleury, no qual a função final da competência é

a da “vantagem competitiva” (Fleury e Fleury, 2003, p. 133):

Competências essenciais são os recursos intangíveis que (a) em relação aos concorrentes são difíceis de ser imitados, (b) em relação a mercados e clientes são os recursos essenciais para que a empresa possa prover produtos/ serviços diferenciados e (c) em relação ao processo de mudança e evolução da própria empresa são o fator fundamental da maior flexibilidade que permite a exploração de diferentes mercados. As competências essenciais não estão estritamente relacionadas à tecnologia: elas podem estar localizadas em qualquer função administrativa.

Neste trabalho a definição de competência a ser empregada será

baseada na “competência-função” (REY, 2002, p.32-37) e na “competência

essencial” (FLEURY; FLEURY, 2003, p.133), pois através da junção destas

duas definições têm-se a melhor caracterização das competências

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estabelecidas na empresa analisada, pois na área de P&D, as

competências técnicas tem a função de garantir o adequado

desenvolvimento do produto, podendo até atuar como diferenciadores

competitivos para a empresa.

Para melhor exemplificar as competências técnicas estabelecidas

pela empresa, vários documentos de circulação interna foram analisados e

através da interpretação e da tradução própria dos autores, foram

identificadas doze competências técnicas da área de Desenvolvimento de

Produto definidas abaixo:

• • Desenvolvimento de Novas Tecnologias – Habilidade de

traduzir tendências do mercado em conceitos a serem utilizados

em novos produtos.

• • Requerimentos e Funções – Habilidade de compreender e

traduzir os requerimentos e funções do produto de modo a

desenvolve-lo adequadamente.

• • Definição e Cascateamento de Metas – Habilidade para

identificar e cascatear os atributos do produto em cada sistema

de engenharia de acordo com as necessidades do consumidor e

com os objetivos corporativos, entendendo as relações entre os

vários sistemas de engenharia.

• • Criação e Integração de Sistemas – Habilidade de integrar

conceitos, tecnologias e processos em projetos de peças e ou

sistemas que são factíveis de serem manufaturados e que

atendem os objetivos dos programas, das normas e dos

procedimentos corporativos.

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• • Viabilidade de Projeto -- Habilidade para traduzir o desenho

de sistemas e peças em especificações de manufatura que

permitirão que os objetivos funcionais do produto sejam

alcançados.

• • Desenvolvimento -- Habilidade de identificar os parâmetros e

as tolerâncias que permitirão o produto atingir seus objetivos.

• • Qualidade, Robustez e Confiabilidade -- Habilidade de

utilizar e aplicar as ferramentas de qualidade, robustez e

confiabilidade para alcançar os objetivos funcionais da

peça/sistema.

• • Verificação e Aprovação do Projeto -- Habilidade para

planejar, conduzir, analisar o desenvolvimento e o resultado dos

testes e confirmar a qualidade final do produto.

• • Manufatura, Montagem e Lançamento -- Habilidade para

entender os processos de manufatura e montagem para

produção de componentes e sistemas antes e durante a fase de

lançamento do produto. Habilidade para desenvolver o projeto

mais adequado às necessidades de manufatura.

• • Ferramentas e Metodologias -- Habilidade de entender e

usar ferramentas de qualidade, métodos, processos e sistemas

computacionais internos para o desenvolvimento da

peça/sistema.

• • Gerenciamento de Fornecedores -- Habilidade de liderar e

prover direção aos fornecedores, garantindo que seus serviços

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e/ou produtos atendam as especificações técnicas e os objetivos

do programa. Habilidade de promover a formação técnica do

fornecedor.

• • 6 Sigma – Demonstrar a habilidade e conhecimento na

aplicação da metodologia 6 Sigma.

4. 4. Características da Área de Desenvolvimento de Produto (P&D)

Após a definição das competências técnicas que a empresa

analisada utiliza na área de Desenvolvimento de Produto, é importante

discutir as funções e contribuições desta área dentro da dinâmica da

companhia. A principal atividade desta área é a definição e o projeto de um

determinado produto (ou produtos) em função dos objetivos da corporação,

bem como dos anseios dos consumidores.

Para melhor exemplificar as tarefas exercidas por esta área,

pode-se mencionar as seguintes citações sobre a definição das

responsabilidades do PD: “Desenvolvimento de produto inclui

planejamento de produto, engenharia automobilística e projeto. É uma

área que abrange todas as atividades existentes entre a identificação de

novos conceitos de produto através da pesquisa de mercado e o projeto

completo para início de produção” (STARKEY; McKINLAY, 1997, p.258).

Segundo MUNDIM e outros (2002), “a tarefa multidisciplinar do

desenvolvimento de produtos requer (...) profundos conhecimentos das

diversas áreas da engenharia, noções gerenciais, visão sistêmica e

integrada do negócio e relacionamento interpessoal. O desenvolvimento de

produtos é um dos processos mais complexos e que se relaciona com

praticamente todas as demais funções de um empresa” .

Somadas à estas definições e características, deve-se notar que

as empresas do setor automobilístico por sua vez “buscam, cada vez mais,

tornar o processo de desenvolvimento de produto mais competitivo,

aperfeiçoando a organização e o gerenciamento desse processo com o

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objetivo de garantir a qualidade do produto e reduzir o lead time e o custo

do desenvolvimento” (SOUZA, 2001, p.3) o que tornam a área

extremamente competitiva e dinâmica, decorrentes da busca constante de

aprimoramento.

Ao verificarmos a organização atual da área de P&D da empresa

analisada, notamos que a mesma é subdivida em várias áreas técnicas.

Algumas destas áreas técnicas estão ligadas diretamente ao

desenvolvimento do projeto, enquanto que outras estão relacionadas ao

processo de validação dos produtos, seja por meio de uso de sistemas

computacionais, seja por meio de verificações físicas através de testes

específicos nos produtos novos. Cabe ressaltar, que a área pode ser ainda

sub-dividida seguindo-se o critério das áreas de conhecimento.

Para a discussão proposta neste trabalho, centralizaremos a

descrição da estrutura organizacional referente a área mais diretamente

ligada ao desenvolvimento e coordenação do projeto de um produto novo.

Portanto, a organização atual da área de desenvolvimento de

produto esta atualmente organizada por meio de funções denominadas

como “gerentes de programa” e “gerentes funcionais”, sendo que “os

gerentes de programa se dedicam a atingir os ‘objetivos da missão’ (...),

com base nas metas técnicas, de custo e de cronograma. Os gerentes

funcionais tratam das qualificações envolvidas no programa. Seu papel é

propiciar pessoas dotadas das qualificações apropriadas para a

consecução da missão do programa” (STARKEY; McKINLAY, 1997, p. 262).

Nesta situação organizacional tem-se uma clara distinção entre

dois grupos de engenheiros: os generalistas e os especialistas. Pode-se

dizer que os engenheiros generalistas são aqueles que “de tudo sabem um

pouco” mas que não primam pela excelência em nenhuma área técnica,

concentrando suas aptidões na coordenação do plano de desenvolvimento.

Por sua vez, “os especialistas possuem uma ampla experiência em uma

área técnica, mas mantêm pouco contato com os aspectos organizacionais

e do negócio.” (MUNDIM e outros, 2002, p. 4).

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Os mesmos autores (MUNDIM e outros (2002, p. 4) também

ressaltam que:

(...) um profissional qualificado atualmente é uma pessoa especialista em diversos métodos tecnológicos dentro de uma mesma área para transformar o mundo em volta dele, sob condições de contínuo aperfeiçoamento dos conhecimentos técnicos e dos recursos de informação (VODOVOZOV, 1995). O profissional padrão para o PDP (‘processo de desenvolvimento de produto’) é, então, o indivíduo capaz de trabalhar interfuncionalmente na empresa para identificar e escolher as tecnologias apropriadas que proverão a melhor solução para um problema específico (ACAR & PARKIN, 1996).

Devido as características destas duas categorias de engenheiros,

os generalistas, por possuírem maior conhecimento do processo de

desenvolvimento de produto, estão ligados aos gerentes de programa;

enquanto que os engenheiros técnicos estão ligados ao gerentes funcionais

que os alocam nos programas em função da necessidade de

desenvolvimento do produto em si e da sua área de especialização. Cabe

mencionar que entre os gerentes e os engenheiros, existe mais um nível

hierárquico, que é o dos supervisores, que também seguem o mesmo

racional aplicado aos engenheiros quanto a definição de suas

responsabilidades dentro do departamento.

Com base no cenário apresentado, a metodologia do trabalho foi

desenvolvida, como mostrado abaixo.

5. 5. Metodologia

O principal objetivo deste trabalho é responder a questão sobre

qual o perfil atual e desejado do engenheiro de desenvolvimento de produto

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de uma empresa do setor automobi lístico. Para auxiliar na busca desta

resposta, foram formuladas questões operacionais apresentadas abaixo:

1. 1. Quais as competências técnicas da empresa analisada

para área de Desenvolvimento de Produto?

2. 2. Qual o perfil profissional atual do engenheiro de produto

baseando-se nas competências técnicas estabelecidas pela

empresa?

3. 3. As características profissionais encontradas atualmente

são as mesmas que as desejadas?

4. 4. Existe uma ordem de importância das competências

técnicas?

Com base nestas questões operacionais e na discussão teórica,

desenvolveu-se a metodologia do trabalho explicada a seguir.

5.1. 5.1. Abordagem

O primeiro tipo de abordagem é o da abordagem bibliográfica, a

qual foi utilizada com o objetivo de rever a literatura pertinente ao tema de

modo a permitir uma melhor discussão sobre os diferentes conceitos

apresentados.

O segundo tipo de abordagem é o de estudo de caso com

evidência quantitativa, onde foram aplicados questionários distintos a uma

amostra de engenheiros e uma amostra de gestores de duas áreas

pertencentes ao departamento de Desenvolvimento do Produto da

empresada selecionada.

Os questionários foram desenvolvidos com objetivos

diferenciados os quais é importante esclarecer. O questionário aplicado aos

engenheiros teve como intuito principal a classificação dos mesmos quanto

ao seu grau de conhecimento frente as competências técnicas da empresa

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analisada, o que proporcionaria o entendimento do perfil profissional atual

dos engenheiros do departamento de desenvolvimento. Já o questionário

aplicado aos gestores, por sua vez, teve como objetivo a definição de um

perfil ideal para o grupo funcional (engenheiros) de modo a permitir o

funcionamento mais adequado da área de desenvolvimento de produto,

portanto, buscaria a opinião de cada gestor quanto a divisão interna mais

desejável das suas áreas frente às competências técnicas da empresa,

resultando, em outras palavras, no perfil profissional desejado dos

engenheiros.

Para tal avaliação, os autores optaram por usar uma escala de

classificação dividida em três categorias: Iniciante, Usuário e Especialista,

sendo que cada engenheiro foi classificado de acordo com as respostas

fornecidas, referentes a cada competência. As seguintes definições foram

atribuídas a estas categorias:

• • Iniciante – engenheiro capaz de realizar as ações básicas

do dia a dia, mas com necessidade de constante orientação

para o desenvolvimento de atividades mais complexas.

• • Usuário – engenheiro capaz de realizar todas as ações

necessárias para um bom desenvolvimento de

projeto/produto.

• • Especialista – engenheiro capaz de realizar todas as ações

necessários para um bom desenvolvimento de

projeto/produto, mas que explora constantemente novas

oportunidades de aperfeiçoamento técnico.

Os questionários dos gestores, por sua vez, buscavam a opinião

de cada gestor quanto a divisão interna mais desejável das suas áreas

frente às competências da empresa. Para tal avaliação, o questionário

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desenvolvido também se utilizava das competências técnicas da empresa,

bem como das categorias previamente estabelecidas de classificação dos

engenheiros (iniciantes, usuários e especialistas).

5.2. 5.2. População / Amostra

A população desta pesquisa constituiu-se de todos os

engenheiros e gestores do Departamento de Desenvolvimento de Produto

da empresa escolhida, totalizando o número de 137 pessoas.

Para a melhor discussão das questões operacionais, trabalhamos

com duas amostras distintas (engenheiros e gestores) e utilizamos dois

tipos de questionários, especialmente desenvolvidos para cada uma das

amostras, os quais já foram discutidos anteriormente. Seguem as

definições das amostras

Amostra A: amostra do tipo intencional, com 40 engenheiros,

pertencentes a duas áreas funcionais da área de Desenvolvimento de

Produto.

Amostra B: amostra do tipo intencional, com os gestores (8

pessoas) pertencentes as mesmas duas áreas funcionais da amostra A da

área de Desenvolvimento de Produto. Cabe mencionar que os gestores

desta amostra são pertencentes ao segmento de supervisores e lideram

diretamente a maioria dos engenheiros da amostra A.

5.3. 5.3. Instrumentos de Coleta

Os instrumentos de coleta utilizados nesta pesquisa foram:

• • Amostra A – questionário constituído de perguntas

fechadas, com solicitação de informações relativas a dados

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demográficos como idade, sexo, experiência profissional e

experiência na área de atuação.

• • Amostra B - questionário com perguntas fechadas, com

solicitação de resposta em porcentagem.

Para o questionário dos engenheiros (Amostra A) foram criadas

de uma à duas questões independentes para cada categoria (Iniciante,

Usuário e Especialista), classificando assim o engenheiro dentro de cada

competência, o que resultou em 66 questões (duas competências com três

questões cada e dez competências com seis questões cada). Os

engenheiros não tiveram acesso as definições das competências ou

categorias, como também não tinham a associação das questões.

Para o questionário dos Gestores (Amostra B), foram formuladas

doze questões (uma para cada competência) onde, depois de uma breve

definição da competência em questão, foi solicitado o percentual de

engenheiros de seu grupo que deveriam se enquadrar em cada categoria

(iniciante, usuário e especialista).

Para verificação da validade dos instrumentos de coleta, ambos

os questionários foram submetidos a um teste piloto, aplicado a uma

amostra aleatória de 2 gestores e 6 engenheiros de produto.

5.4. 5.4. Procedimentos de Coleta

O procedimento de coleta ocorreu primeiramente através do

envio dos questionários por meio de correio eletrônico interno da empresa

pesquisada sendo solicitado (tanto a engenheiros e gestores) a devolverem

via correio eletrônico ou em papel os questionários preenchidos.

Como método de motivação para conclusão dos mesmos e

retorno nas datas solicitadas, os autores ofereceram para cada

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questionário devolvido a doação de 1 Kg de alimento não perecível para o

comitê de assistência social da empresa.

5.5. 5.5. Tratamento dos Dados

A sistemática de tabulação dos dados para os questionários da

amostra A foi baseada na experiência profissional dos autores e no

material analisado da empresa selecionada, o que resultou na definição de

pesos para as respostas positivas “sim” e regras para a classificação das

mesmas conforme descrito abaixo:

Ø Ø Pesos:

Questão para identificar categoria Iniciante tem peso 1

Questão para identificar categoria Usuário tem peso 3

Questão para identificar categoria Especialista tem peso 5

Ø Ø Regras para classificação do Engenheiro de acordo com a

Somatória dos pontos (pesos) (Σ):

Competências definidas por 3 questões (uma para cada

categoria):

Engenheiro Iniciante se Σ pontos ≤ 1

Engenheiro Usuário se 1 < Σ pontos ≤ 4

Engenheiro Especialista se 4 < Σ pontos ≤ 9

Competências definidas por 6 questões (duas para cada

categoria):

Engenheiro Iniciante se Σ pontos ≤ 3

Engenheiro Usuário se 3 < Σ pontos ≤ 9

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Engenheiro Especialista se 9 < Σ pontos ≤ 18

No caso da amostra B, a análise dos dados foi obtida diretamente

da leitura das respostas apresentadas pelos gestores. Como os resultados

foram apresentados através da média dos valores das respostas, os

autores também trabalharam com parâmetros de dispersão, como desvio

padrão, para melhor entender os resultados obtidos.

6. 6. Apresentação e Análise dos Resultados

A seguir encontram-se os resultados dos questionários para cada

uma das amostras (engenheiros e gestores).

6.1. 6.1. Amostra A

Os questionários foram enviados para quarenta engenheiros

pertencentes as duas áreas do departamento de Desenvolvimento de

Produto, sendo que foram obtidas respostas para 28 questionários,

totalizando um retorno de 70% da amostra inicialmente estabelecida.

Com base nos dados demográficos, e para uma melhor

visualização da organização atual das áreas, foram constatadas as

seguintes informações:

• • Faixa Etária

O quadro de funcionários é relativamente novo, apresentando

67% dos engenheiros na faixa etária entre 26 a 31 anos e apenas 4% do

grupo com idade entre 40 e 43 anos.

O gráfico abaixo mostra a distribuição de grupos de idades na

amostra:

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Faixa Etária

25%

42%

11%

4%

14%4%

26-28 anos 29-31 anos 32-34 anos

35-37 anos 38-40 anos 40-43 anos

• • Nível de Especialização

Constatou-se que os engenheiros têm nível de especialização

elevado, pois apesar de apresentarem pouca idade, 64% já cursaram

alguma especiliazação ou pós-graduação:

Especialização ou Pós Graduação

64%

36%

Sim Não

• • Experiência Profissional Anterior

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Constatou-se também que são poucos os engenheiros que tem

esta empresa como primeiro emprego. Os dados mostram que 93 % dos

engenheiros passaram por outras empresas antes de ingressar na empresa

analisada.

Experiência Profissional

93%

7%

Sim Não

• • Tempo na Função Atual

Os dados obtidos mostram que 36% dos engenheiros das áreas

analisadas estão na mesma função por menos de 2 anos, enquanto que

46% estão na mesma função por um período de 3 a 4 anos, mostrando que

não há engenheiros alocados nas áreas analisadas por mais de 4 anos.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA …Salvador 2004 RESUMO Este trabalho buscou a discussão sobre o perfil profissional atual e desejado do engenheiro de desenvolvimento deproduto

Tempo na Função Atual

7%

29%

46%

18%

0 -1 ano1 - 2 anos2 - 3 anos3 - 4 anos

• • Diversidade (Gênero)

Quanto a composição das áreas entre homens e mulheres,

observou-se que apenas 7% da amostra é composta por mulheres

atualmente.

Homens x Mulheres

93%

7%

Homens

Mulheres

• • Competências

Como comentado anteriormente, os engenheiros da área de

Desenvolvimento de Produto foram categorizadas como iniciantes,

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usuários e especialistas para cada uma das 12 competências. Em função

desta categorização constatou-se que náo existem engenheiros iniciantes

para as competências: “Requerimentos e Funções”, “Definição e

Cascateamento de Metas”, “Criação e Integração de Sistemas” e

“Manufatura, Montagem e Lançamento”.

Com relação aos especialistas, os número são superiores a 46%

em quase todas as competências, chegando em dois casos a 89%:

“Manufatura, Montagem e Lançamento” e “Gerenciamento de

Fornecedores”. Encontra-se uma exceção na competência “6 Sigma”, onde

apenas 11% dos engenheiros são classificados como especialistas.

O gráfico apresentado na página seguinte reflete todos os dados

obtidos e a comparação entre as categorias para cada umas das

competências.

Perfil Atual dos Engenheiros

25%

0% 0% 0%7% 7% 4% 7%

0%

18%

4%

43%

7%

39%29%

54%

11%

43%

29%32%

11%

29%

7%

46%68%61%

71%

46%

82%

50%

68%61%

89%

54%

89%

11%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Competências

Po

rcen

tag

em d

e E

ng

enh

eiro

s

Iniciante Usuário Especialista

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6.2. 6.2. Amostra B

Os questionários foram enviados para os 8 gestores que lideram

duas áreas do departamento de desenvolvimento de produto. Foram

respondidos 6 questionários totalizando um retorno de 75% do total.

Foi constatado que os gestores não tem restrições quanto ao fato

de terem em suas áreas diferentes níveis de conhecimento das

competências, ou seja, percebeu-se que os gestores procuram grupos

mesclados entre as três categorias (iniciante, usuário, especialista) para

todas as competências, fato que foi indagado pelos autores a alguns

gestores, tendo como resposta geral a cotínua necessidade de reciclagem

de conhecimentos entre os engenheiros do grupo.

O gráfico abaixo apresenta a média aritmética das respostas dos

gestores para cada categoria em cada competência com relação ao grupo

de engenheiros em questão:

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Perfil Desejado dos Engenheiros

17% 10%22% 15% 13% 13% 15% 22% 28%

15% 13%

40%

53%52%

44%47% 43%

70%

43%38%

40%

45%47%

37%30%

38% 34% 38% 43%

17%

42% 40%32%

40%23%

8%0%

10%20%

30%40%50%

60%70%80%

90%100%

Novas

Tecn

ologia

s

Reque

rimen

tosPro

jeto

Desen

volvi

mento

Qualid

ade

Manufa

tura

Ferra

mentas

Forne

cedo

res6 S

igma

Competências

Po

rcen

tag

em d

e E

ng

enh

eiro

s

Iniciante Usuário Especialista

Através do gráfico, nota-se uma tendência entre as médias

obtidas das respostas, onde a concentração está nos engenheiros

usuários. Porém, analisando-se a dispersão das respostas entre os

gestores, em cada competência, verificou-se um alto nível de variação nas

respostas, o que pode identificar uma falta de conhecimento da estratégia

do departamento por parte de alguns gestores.

Para um melhor entendimento dos resultados, os autores

utilizaram o desvio padrão como medida de dispersão, que indica o quanto

os dados se apresentam dispersos em torno da região central,

caracterizando assim o grau de variação existente no conjunto de

respostas, expresso na mesma unidade da variável, que no caso é a

porcentagem (%).

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Abaixo, temos a representação gráfica da dispersão das

respostas dos gestores para cada competência:

Dispersão das Respostas dos Gestores

0

5

10

15

20

25

30

35

Categorias

Des

vio

Pad

rão

(%

)

Inciante Usuário Especialista

7. 7. Conclusões

Ao analisarmos os questionários preenchidos pelos engenheiros,

percebemos que as competências técnicas são entendidas e disseminadas

dentro do departamento de P&D, pois além do fato de termos todas as

questões respondidas, percebemos altos índices de engenheiros

classificados como usuários ou especialistas em cada uma das

competências.

Porém, há uma competência que é exceção a esta tendência. A

competência relacionada a metodologia 6 Sigma apresenta maior índice de

engenheiros classificados como iniciantes (43%). Suspeita-se que os

motivos para tal caracterização são decorrentes do fato desta competência

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ser baseada em ferramentas que exigem um grau elevado de treinamento

interno e que, quando empregadas demandam, muitas vezes, mais tempo

do que o disponível para o desenvolvimento do produto.

Ao se analisar em detalhe a relação entre as competências

técnicas, nota-se que muitas delas estão associadas em termos de

objetivos finais, como por exemplo, as competências “Definição e

Cascateamento de Metas” e “Desenvolvimento”. Apesar de existir esta

sinergia entre determinadas competências, foram encontrados casos aonde

o mesmo engenheiro foi classificado como iniciante em uma competência e

especialista em outra, fato este que pode sugerir uma necessidade de

treinamento para melhorar a eficiência do trabalho dos engenheiros, ou

que caso haja treinamento, o mesmo não esta visando a integração entre

as competências.

Constatou-se que as competências aonde o maior número de

engenheiros foi classificado como usuários e especialistas, são justamente

àquelas competências que estão ligadas mais intimamente ao dia a dia do

engenheiro, comprovado pela própria experiências dos autores. Esta

constatação, reforça também a suposição de haver falta de treinamento

específico em algumas competências.

Apesar das discrepâncias acima descritas, de um modo geral, o

perfil atual do engenheiro de produto da empresa pesquisada mostra um

grupo de funcionários com alto nível de conhecimento quanto às

competências técnicas da área de P&D.

Quanto aos questionários encaminhados aos gestores, procurou-

se obter a visão futura dos mesmos com relação a divisão interna das

áreas em função das competências. Constatou-se primeiramente que, em

média, as necessidades apontadas pelos gestores, para o bom

funcionamento do departamento, são menos pretensiosas do que a

classificação conseguida através dos questionários aplicados aos

engenheiros, ou seja, os gestores necessitam de uma porcentagem menor

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de especialistas e podem conviver com um número maior de iniciantes, o

que difere do perfil atual da área de P&D.

Segundo os gestores, não há necessidade de “excelência técnica”

em todas as disciplinas para o desenvolvimento de produto. Pode-se

ressaltar porém, que há uma tendência de que as competências aonde se

deseja o maior número de especialistas sejam justamente as relacionadas

com o desenvolvimento do produto em sua concepção mais geral.

O fato dos gestores não necessitarem de muitos especialistas

(praticamente em todas as competências o número de engenheiros

usuários é maior do que especialistas) pode sugerir também que os

gestores não estariam explorando de maneira adequada as vantagens de

se ter um conhecimento mais técnico e abrangente.

Finalmente, a diferença entre o perfil atual e desejado também

pode significar que o quadro atual de profissionais já atende (ou até

supera) as expectativas da gerência, não havendo necessidade de grandes

esforços adicionais, como por exemplo treinamento para aprimoramento

dos profissionais.

O gráfico da próxima página compara os resultados dos

questionários aplicados aos engenheiros e aos gestores:

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Perfil Atual dos Engenheiros

25%

0% 0% 0%7% 7% 4% 7%

0%

18%4%

43%7%

39%29%

54%

11%

43%

29%32%

11%

29%

7%

46%68%61%

71%

46%

82%

50%

68%61%

89%

54%

89%

11%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Competências

Po

rcen

tag

em d

e E

ng

enh

eiro

s

Iniciante Usuário Especialista

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Perfil Desejado dos Engenheiros

17% 10%22% 15% 13% 13% 15% 22% 28%

15% 13%

40%

53%52%

44%47% 43%

70%

43%38%

40%

45%47%

37%30%

38% 34% 38% 43%

17%

42% 40%32%

40%23%

8%0%

10%20%

30%

40%

50%60%

70%

80%90%

100%

Novas

Tecn

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volvim

ento

Qualid

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Ferra

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Forne

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res6 S

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Competências

Po

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tag

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enh

eiro

s

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Como conclusão final do trabalho, poderíamos entender que o

perfil atual dos engenheiros atende as expectativas do perfil desejado pelos

gestores da empresa analisada, porém devido ao elevado grau de dispersão

encontrado nas respostas dos gestores, uma análise mais profunda se

torna necessária quanto a dissiminação das competências técnicas entre

os gestores ou até mesmo quanto ao entendimento e ao cascateamento da

estratégia da companhia dentro do departamento de desenvolvimento de

produto. Como sugestão final, o desenvolvimento de um segundo trabalho

mais direciondo aos gestores e a estratégia da empresa seria recomendado.

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8. 8. Referências

FLEURY, A. C. C., FLEURY, M. T. L., Estratégias Competitivas e

Competências Essenciais: Perspectivas para a Internacionalização da

Indústria no Brasil, São Carlos: Revista Gestão & Produção, v.10, n.2,

p.129-144, ago.2003.

MORGAN, G., Imagens da Organização, São Paulo: Atlas, 1996.

MUNDIM, A. P. F., ROZENFELD, H., AMARAL, D. C., SILVA, S. L.,

GUERRERO, V., HORTA, L. C., Aplicando o Cenário de Desenvolvimento de

Produtos em um Caso Prático de Capacitação Profissional, São Carlos:

Revista Gestão & Produção, v.9, n.1, p.1-16, abr.2002.

ODERICH, C. L., LOPES, F. D., Novas Competências e Gerência

Internacional – Uma Análise a Partir da Perspectiva Institucional, Rio

Grande do Sul: Revista Eletrônica de Administração – READ, Edição 19,

n.1, v.7, Março 2001. Disp. em

<http://www.read.adm.ufrgs.br/read19/artigo/artigo6.htm.

REY, B., As Competências Transversais em Questão, Porto Alegre: Artmed,

2002.

SOUZA, M. C. F., Gestão do Desenvolvimento de Produto: Estudo de Casos

na Indústria Brasileira de Autopeças, São Paulo: Revista de Administração,

v.36, n.3, julho/setembro 2001.

STARKEY, K., McKINLAY, A., Como as Organizações Aprendem, São Paulo:

Futura, 1997.

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VARGAS, L. & MALDONADO, G., Guia para Apresentação de Trabalhos

Escritos, Revista de Administração (RAP), Rio Grande do Sul, março de

2001.

WOOD JR, T., Fordismo, Toyotismo e Volvismo: Os Caminhos da Indústria

em Busca do Tempo Perdido, Revista Administração de Empresas, São

Paulo, p.6-18, 1992.