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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO SALVADOR 2007 ADEILSON FRANCISCO DE ALMEIDA REUSO E RECICLO DE ÁGUAS EM INDÚSTRIA QUÍMICA DE PROCESSAMENTO DE DIÓXIDO DE TITÂNIO

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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO PROFISSIONAL EMGERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

SALVADOR 2007

ADEILSON FRANCISCO DE ALMEIDA

REUSO E RECICLO DE ÁGUAS EM INDÚSTRIA QUÍMICA DE PROCESSAMENTO DE DIÓXIDO DE TITÂNIO

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ADEILSON FRANCISCO DE ALMEIDA

REUSO E RECICLO DE ÁGUAS EM INDÚSTRIA QUÍMICA DE PROCESSAMENTO DE DIÓXIDO DE TITÂNIO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Emerson Andrade Sales

Salvador 2007

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A447 Almeida, Adeilson Francisco

Reuso e reciclo de águas em indústria química de processamento de dióxido de titânio. / Adeilson Francisco de Almeida. --- Salvador-BA, 2007.

139p.; il.

Orientador: Prof. PhD. Emerson Andrade Sales Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e

Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) - Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2007.

1. Águas residuais – indústria – aspectos ambientais. 2. Reutilização de água. 3. Controle de poluição – indústria química. 4. Produção limpa I.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Sales, Emerson Andrade. III. Lyondell Chemicals Company. IV. Título.

628.1

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal da Bahia – TECLIM, especialmente ao professor e doutor

Asher Kiperstok que na sua administração sempre colaborou para a formação de

profissionais.

Ao orientador e professor Emerson Andrade Sales, como verdadeiro doutor e

educador, guiou-me nos caminhos da ciência, possibilitando o desenvolvimento

desta dissertação.

A todos os professores e colegas do Curso de Mestrado pela perseverança

dedicada e atribuída ao conhecimento e desempenho profissional.

Ao pessoal da biblioteca TECLIM, pela dedicação na disponibilização de material

bibliográfico.

À Lyondell - pelo reconhecimento da atual necessidade de prover um caminho mais

justo e racional preservando recursos hídricos naturais em seu processo de

produção.

Aos colegas e amigos da Lyondell que por uma forma direta ou indireta, puderam

compartilhar os conhecimentos para o desenvolvimento desta dissertação.

À minha mãe (in memoriam), meu pai, esposa e filha que por alguns momentos

difíceis souberam conviver ao longo dos dois últimos anos com as minhas

ausências, decorrente a este Curso de Mestrado.

À Deus pela sua inteligência estendida ao ser humano no desenvolvimento de

conhecimentos a serviço da humanidade.

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Escassez e mau uso da água doce representam sérios e crescentes problemas que ameaçam o

desenvolvimento sustentável e a proteção do ambiente.

Saúde humana e bem-estar, produção segura de comida, desenvolvimento industrial e ecossistemas

dos quais estes dependem, estão todos ameaçados, a menos que os recursos de água doce e solo sejam

utilizados de forma mais eficiente nas próximas décadas e muito mais do que têm sido até agora.

Conferência Internacional de Água e Desenvolvimento Sustentável.

Dublin, Irlanda 1992

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RESUMO O propósito do presente trabalho é analisar a viabilidade de redução no consumo de água no processo produtivo em uma empresa de beneficiamento de dióxido de titânio, de forma a estabelecer alternativas para o reuso e/ou reciclo de água e conseqüentes sugestões para a redução do impacto ambiental, especialmente os recursos hídricos, onde a utilização de água no processo é aplicada na sua maioria em sistema secundário como na refrigeração de equipamentos, selos de bombas e outras atividades, gerando conseqüente volume de água para o efluente. No entanto, essa prática de lançamento de água para o efluente, não está condizente com sistemas integrados nos Programas de Gestão Ambiental, pois o volume de água oriundo de processos de captação, tratamento e lançamento de efluente tem afetado de forma onerosa, tanto no aspecto econômico quanto sócio-ambiental. A reflexão empresarial tem estimulado a incessante mudança de atitudes, especialmente a Lyondell que, em 2001, maximizou o reuso e reciclo de água de processo na unidade de licor, através da construção de uma torre de resfriamento, em seguida, implementou o Projeto Lyondell Água/Teclim, buscando uma melhor interação entre a abordagem corretiva e estratégia preventiva, através de conceitos de Controle da Poluição, Prevenção da Poluição e Produção Mais Limpa. O presente estudo apontou que, para cada tonelada de licor fabricado, se gasta 16m3 de água clarificada com o custo médio de R$ 5,30/t. A perda de água na área de estudo mostrou que cerca de 348 480m3/ano são lançados para o efluente, com custos operacionais de captação, tratamento e lançamento em torno de R$ 400 000,00/ano. Com investimentos em custos fixos de R$ 120 000,00 na construção de uma torre de resfriamento e em custos varáveis de energia elétrica de R$ 70 000,00/Ano, a corrente aquosa pode ser reutilizada nos próprios equipamentos de origem, sem a necessidade de tratamento químico, ou usada em outras atividades, tais como: reposição de água por evaporação nas torres de resfriamento na própria unidade, uso geral, tais como jardinagem, vaso sanitário, limpeza da área e de equipamentos. Palavras-chave: Reuso de Água, Indústria Química, Dióxido de Titânio.

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ABSTRACT

The intention of the present work is to analyze the viability of reduction in the water consumption in the productive process in a company of improvement of titanium dioxide, of form to establish alternatives for reuses it and/or recycle of water and consequences suggestions for the reduction of the ambient impact, especially the hídricos resources, where the water use in the process is applied in its majority in secondary system as in the refrigeration of equipment, stamps of pump and other activities, generating consequent volume of water for the effluent one. However, this practical of water launching for the effluent one, is not consistent with systems integrated in the Programs of Ambient Management, therefore the deriving volume of water of processes of captation, treatment and launching of effluent has affected of onerous form, as much in how much partner-ambient the economic aspect. The enterprise reflection has stimulated the incessant change of attitudes, especially the Lyondell that, in 2001, it maximized I reuse it and I recycle of water of process in the unit of liquor, through the construction of a cooling tower, after that, implemented the Project Lyondell Água/Teclim, searching one better interaction between the corrective boarding and preventive strategy, through concepts of Control of the Pollution, Prevention of the Pollution and Cleaner Production. The present study it pointed that, for each ton of manufactured liquor, if it spends 16m3 of water clarified with the average cost of R$ 5,30/t. The loss of water in the study area showed that about 348 480m3/year is launched for the effluent one, with operational costs of captation, treatment and launching around R$ 400 000,00/year. With investments in fixed costs of R$ 120 000,00 in the construction of a cooling tower and in costs you beached a ship of electric energy of R$ 70 000,00/year, the watery chain can be reused in the proper equipment of origin, without the necessity of chemical treatment, or used in other activities, such as: water replacement for evaporation in the towers of cooling in the proper unit, general use, such as gardening, sanitary vase, cleanness of the area and equipment. Key words: Water Reuse, Chemical Industry, Titanium Dioxide.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Demonstrativo de perda e custo de água na seção de clarificação/

lama tratada ........................................................................................

54

Tabela 02 Distribuição de camadas filtrantes ...................................................... 63

Tabela 03 Identificação dos pontos de descarte de água para efluente .............. 67

Tabela 04 Resultados das análises comparadas com os VMP’s ........................ 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Pigmento de TiO2 ......................................................................... 19

Figura 02 Co-produto - sulfato ferroso ......................................................... 22

Figura 03 Mapa de localização da mineração da Lyondell na cidade de

Mataraca ......................................................................................

23

Figura 04 Área de estocagem de minério a céu aberto na fábrica de

Camaçari/Bahia ...........................................................................

23

Figura 05 Torre de resfriamento de água de processo ............................... 27

Figura 06 Vista aérea da fábrica Lyondell.................................................... 31

Figura 07 Fluxograma do processo de sulfato de titanila - Unidade da dilic 46

Figura 08 Secador de minério - Ilmenita ...................................................... 47

Figura 09 Moinho de bolas .......................................................................... 48

Figura 10 Tanque D-0237 ............................................................................ 50

Figura 11 Tanque D-0239 ............................................................................ 50

Figura 12 Processo de separação de cristais de sulfato ferroso do licor .... 57

Figura 13 Fluxograma de distribuição de água tratada na ETA .................. 59

Figura 14 Diagrama de bloco do processo de tratamento de água – ETA . 60

Figura 15 Processo de tratamento de água ................................................ 61

Figura 16 Bomba de vácuo (G-0413) .......................................................... 68

Figura 16.1 Ponto de descarte de água da bomba de vácuo ......................... 68

Figura 17 Moinho de bolas .......................................................................... 69

Figura 17.1 Avaliação da temperatura da água do moinho ............................ 69

Figura 18 Tanque D-0237 ............................................................................ 69

Figura 18.1 Ponto de descarte de água D-0237 ............................................. 69

Figura 19 Ponto de descarte de água da centrífuga ................................... 69

Figura 20 Ponto de descarte de água do pHmetro do D-0239 ................... 69

Figura 21 Situação atual de uso de água nas bombas de vácuo ................ 84

Figura 22 Diagrama simplificado do projeto para recuperação da água na

unidade de licor ...........................................................................

85

Figura 23 Tanque de abastecimento de água dos sulfatadores ................. 91

Figura 24 Ponto de lançamento de água do D-0237 ................................... 91

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Precipitação Anual - Estação climatológica Cetrel ...................... 21

Gráfico 02 Comparativo mensal de economia no consumo de água tratada

na ETA .........................................................................................

28

Gráfico 03 Balanço hídrico do consumo de água tratada na ETA ................ 65

Gráfico 04 Demonstrativo de alimentação de água, consumo e efluente

gerado na planta de licor .............................................................

66

Gráfico 05 04 - Pontos de descarte de água de processo por equipamento 68

Gráfico 06 Volume de água descartada por seção ....................................... 70

Gráfico 07 Resultados das análises de ferro total ........................................ 73

Gráfico 08 Resultados das análises de condutividade ................................. 74

Gráfico 09 Resultados das análises de sólidos totais ................................... 74

Gráfico 10 Resultados das análises de óleos e graxas ................................ 75

Gráfico 11 Análises de sólidos suspensos .................................................... 75

Gráfico 12 Análise de dureza ........................................................................ 76

Gráfico 13 Análises de cloretos .................................................................... 76

Gráfico 14 Análises de cálcio ........................................................................ 77

Gráfico 15 Custos de tratamento e lançamento de efluente no processo de

sulfato de titanila ..........................................................................

79

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Percentual de impurezas naturais em areias, jazidas e escórias 19

Quadro 02 Metodologia utilizada por parâmetro Standard Methods ............. 32

Quadro 03 Composição típica de titânio na ilmenita natural e na escória .... 49

Quadro 04 Processo de Sulfatação – Reações ............................................ 49

Quadro 05 Qualidade da água no reservatório inferior da fábrica ................ 64

Quadro 06 Valor máximo exigido na qualidade da água na entrada da

fábrica ..........................................................................................

64

Quadro 07 Demonstrativo de perdas graduadas de água na dilic ................ 80

Quadro 08 Dimensionamento das bombas para torre de resfriamento ........ 86

Quadro 09 Custo estimado do consumo de energia elétrica ........................ 88

Quadro 10 Comparativo da economia auferida com a implementação do

projeto ..........................................................................................

88

Quadro 11 Demonstrativo de perda de água pelo poço da torre de

resfriamento .................................................................................

90

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS

ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

AR - ATUAÇÃO RESPONSÁVEL

CE - CONSUMO ESPECÍFICO

CEB - CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DA BAHIA

CF - CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CETIND - CENTRO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL PEDRO RIBEIRO

CETREL - CENTRAL DE TRATAMENTO DE EFLUENTES S.A.

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

COLEFLUENTE - CUSTO OPERACIONAL DE LANÇAMENTO DE EFLUENTE

COTETA - CUSTO OPERACIONAL DE TRATAMENTO NA ETA

COTL - CUSTOS OPERACIONAIS DE TRATAMENTO E LANÇAMENTO

DS - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ETA - ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

FERRIX - NOME COMERCIAL (SULFATO FÉRRICO SÓLIDO)

ISO - INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION

(ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE PADRONIZAÇÃO)

MP - MÉDIA PONDERADA

NA - NÃO APLICÁVEL

NBR - NORMA BRASILEIRA

ND - NÃO DETECTADO

NR - NÃO REFERENCIADO

PIX - NOME COMERCIAL (SULFATO FÉRRICO LÍQUIDO)

P+L - PRODUÇÃO MAIS LIMPA

SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

TECLIM - REDE DE TECNOLOGIAS LIMPAS (UFBA)

T+L - TECNOLOGIA MAIS LIMPA

VMP - VALOR MÁXIMO PERMITIDO

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 16

1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO DIÓXIDO DE TITÂNIO ................ 18

1.2 SITUAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................... 19

1.3 OBJETIVO GERAL .............................................................................. 25

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 25

1.5 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 25

CAPÍTULO 2 2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ..................................................... 29

CAPÍTULO 3 3. METODOLOGIA ................................................................................. 31

CAPÍTULO 4 4. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 34

4.1 ASPECTOS LEGAIS E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS

BRASILEIRAS......................................................................................

34

4.2 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ............................................. 37

4.3 OTIMIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA ...................................................... 41

4.4 COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA .................................................... 43

CAPÍTULO 5 5. PROCESSO PRODUTIVO DE DIÓXIDO DE TITÂNIO POR

SULFATAÇÃO ....................................................................................

46

5.1 FLUXOGRAMA DO PROCESSO DA UNIDADE DE ESTUDO -

LICOR .................................................................................................

46

5.2 SECAGEM E MOAGEM ...................................................................... 47

5.3 SULFATAÇÃO ..................................................................................... 48

5.4 DISSOLUÇÃO E REDUÇÃO ............................................................... 50

5.4.1 Limalha de Ferro ............................................................................... 51

5.4.2 Temperatura ....................................................................................... 52

5.4.3 Vazão de Licor Dissolvido ................................................................ 52

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5.5 CLARIFICAÇÃO .................................................................................. 52

5.6 TRATAMENTO DE LAMA ................................................................... 53

5.7 CRISTALIZAÇÃO ................................................................................ 55

5.8 CLASSIFICAÇÃO E CENTRIFUGAÇÃO ............................................ 56

5.9 FILTRAÇÃO ........................................................................................ 58

5.10 EVAPORAÇÃO ................................................................................... 58

CAPÍTULO 6 6. CAPTAÇÃO E TRATAMENTO DA ÁGUA UTILIZADA NA

FÁBRICA ............................................................................................

59

6.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA – ETA ............................... 59

6.2 PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ....................................... 60

6.2.1 Captação ............................................................................................ 61

6.2.2 Floculação .......................................................................................... 62

6.2.3 Decantação ........................................................................................ 62

6.2.4 Filtração ............................................................................................. 62

6.2.5 Reservatórios Inferior e Superior ................................................... 63

CAPÍTULO 7 7. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 65

7.1 BALANÇO HÍDRICO DE VAZÃO DE ENTRADA DE ÁGUA DA

FÁBRICA .............................................................................................

65

7.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS DE DESCARTE NO PROCESSO

DE DIÓXIDO DE TITÂNIO ..................................................................

66

7.3 PROCESSO DE MEDIÇÃO DE VAZÃO DE ÁGUA RESIDUÁRIA ..... 67

7.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ........................................................... 70

7.5 COLETA, PRESERVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS

PARA ANÁLISES ................................................................................

71

7.6 ANÀLISES E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS.......................... 71

7.7 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ESPECÍFICO ....................................... 77

7.8 CUSTOS OPERACIONAIS COM TRATAMENTO E LANÇAMENTO

DE ÁGUA.............................................................................................

78

7.9 APRESENTAÇÃO DE UM PROJETO PARA O REUSO E/OU

RECICLO DA ÁGUA DE PROCESSO ................................................

80

7.10 INVESTIMENTOS .............................................................................. 87

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CAPÍTULO 8

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ................................ 90

CAPÍTULO 9

9. CONCLUSÃO ..................................................................................... 92

REFERÊNCIAS.................................................................................... 95

BIBLIOGRAFIAS ................................................................................ 99

ANEXOS.............................................................................................. 102

APÊNDICE 01 ..................................................................................... 113

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16

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

Desde o surgimento da vida no planeta, a água foi essencial para o

equilíbrio, desenvolvimento e sobrevivência de todas as espécies. O aumento da

população; e conseqüentes despejos de esgotos e resíduos lançados no ambiente,

o uso de defensivos agrícolas e o crescente número de indústrias e de suas

atividades, têm contribuído para o elevado índice de poluição e conseqüente

escassez de água, afetando vários países como China, Índia e Estados Unidos.

Essa inter-relação do homem e o meio ambiente como forma da exploração dos

recursos naturais considerados como fontes inesgotáveis, há de se questionar:

como compartilhar os recursos naturais, econômicos, financeiros de forma

sustentável? Neste contexto, a mudança no modo de pensar e agir em relação aos

problemas ambientais decorre da postura e consciência da sociedade, dos

empresários, do governo e das organizações não governamentais.

Buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação

ambiental, surge a idéia do Desenvolvimento Sustentável como forma de integrar a

inovação tecnológica ao meio ambiente. Na abordagem por Marinho e Kiperstok

(2003, p.32), “a inovação ambiental não se limita apenas nas melhorias

incrementais, sendo, portanto, necessárias metodologias capazes de garantir

avanços radicais a partir de grandes quebras de paradigmas através do próprio

processo de inovação”. Por outro lado, a sustentabilidade deve ser internalizada ao

desenvolvimento de forma a atender às necessidades presentes sem comprometer

as futuras gerações. Esse modelo poderia evitar abusos na exploração e no

consumo dos recursos naturais, promovendo a igualdade e a segurança de todos.

Uma economia sustentável pode continuar a se desenvolver, mas com adaptações

oriundas de avanços dos conhecimentos técnicos e científicos dos sistemas

organizacionais e da eficiência dos seus processos.

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17

Desta forma, a percepção social que se tem das grandes organizações,

quanto ao processo do crescimento e desenvolvimento, não pode ser interpretada

separadamente. O crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à

justiça social, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de

vida a não ser o acúmulo de riqueza, que se faz nas mãos de alguns indivíduos da

população; por sua vez, o desenvolvimento sustentável preocupa-se com a geração

de riqueza e com a qualidade de vida de toda a sociedade e, conseqüentemente,

com a qualidade ambiental.

A dinâmica de inovação destas tecnologias limpas tem promovido

persistentes conflitos entre governo e indústrias quanto ao cumprimento das

questões ambientais em seus aspectos legais. Apesar disso, nota-se sensíveis

mudanças de atitudes e práticas empresariais constituindo um bom indício de

comprometimento através da implementação de Programas de Gestão como a NBR-

ISO1 14001 da (ABNT) e a Atuação Responsável – Responsible Care2, como forma

de otimizar a exploração dos recursos naturais e redução de resíduos sólidos e

efluentes líquidos gerados e depositados no ambiente.

Neste contexto, o crescimento econômico futuro precisa ocorrer dentro dos

limites físicos do ambiente, sendo necessárias mudanças nas estruturas econômicas

industriais. Essas mudanças se concentrariam na busca de um uso mais eficiente de

energia e recursos, em processos de produção não poluentes, na redução de

resíduos e emissões e no gerenciamento de riscos tecnológicos.

Segundo Andrade, et al (2001), a regulamentação da Política Nacional dos

Recursos Hídricos regida pela Lei nº 9.433/97, Art. 21, estabelece a

responsabilidade ambiental introduzindo a cobrança pelo uso de recursos naturais, 1 A ISO – International Organization for Standardization, é uma instituição não-governamental fundada em Genebra, em 1947, com objetivo de definir padrões de aplicação internacional. É composta por entidades de normalização, integrada há mais de 120 países-membros, estruturados em mais de 180 Comitês Técnicos, com especialização de minutar normas. A ISO 14001 é uma série de normas internacionais, criadas para gerir ações na área de Gestão Ambiental. 2 Atuação Responsável - Criado no Canadá, na década de 80, através da Canadian Chemical Producers Association, por iniciativa voluntária das indústrias químicas, com propósito de ser um instrumento eficaz para melhoria no gerenciamento da Saúde, Segurança e do Meio Ambiente. A adesão no Brasil ocorreu na década de 90, através da ABIQUIM.

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18

em abordagem baseada em instrumentos econômicos, incorporada ao princípio do

usuário-pagador. Embora este mecanismo de cobrança detenha o poder de

racionalização do seu uso, a incidência deste instrumento deve ser interpretada com

efetividade e eficiência econômico-financeira, ter o impacto ambiental, e ser ainda

um instrumento prático e aceitável pela sociedade.

Este trabalho avalia situação atual de consumo e qualidade das águas

residuárias de um processo industrial, especificamente na unidade de licor em uma

empresa química produtora de dióxido de titânio (TiO2), localizada no Litoral Norte,

município de Camaçari/Bahia. Embora esta empresa tenha direcionado esforço para

minimização do impacto ambiental na captação da água e geração de efluentes no

processo produtivo, a estratégia atual do modelo fim de tubo “end-of-pipe”, não tem

sido eficaz na redução da degradação ambiental, assim como na diminuição de

custos de tratamento de água e geração de efluentes.

A mudança do paradigma, visando o desenvolvimento sustentável, vem

ganhando adesão ao longo do tempo, através do convencimento empresarial e

governamental na implementação de medidas de Produção Mais Limpa (P+L)

voltadas para a prevenção e não para a geração de resíduos e efluentes; consolida-

se assim a P+L como um comprometimento empresarial e também uma

necessidade em compatibilizar o processo produtivo com os recursos naturais,

gerando maiores benefícios, tanto econômicos, quanto sócio-ambientais.

1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO DIÓXIDO DE TITÂNIO

O dióxido de titânio (TiO2) é o composto mais usado no mundo como

pigmento branco para tintas de recobrimento de superfície (Figura 01). Isto se deve,

principalmente, ao baixo custo e excelente poder de cobertura, possuindo uma boa

estabilidade contra agentes físicos e químicos. É atóxico, insolúvel em água, ácido

clorídrico, ácido nítrico e ácido sulfúrico diluído, sendo solúvel em ácido sulfúrico

concentrado aquecido e ácido fluorídrico.

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Figura 01 - Pigmento de TiO2

O TiO2 é um elemento considerado classicamente como um dos

componentes mais comuns da crosta terrestre, é encontrado em quase todas as

rochas, na forma natural em areias de praias ou em jazidas ou através de escória

originada do processo metalúrgico, na produção de ferro e está agregado a outros

minérios. Sua composição é de 40,07% de oxigênio e 59,93% de titânio.

O processo de separação se dá, através de reações químicas. O Quadro 01

mostra os percentuais de impurezas natural em areias, jazidas e na escória.

Quadro 01 - Percentual de impurezas naturais em areias, jazidas e escórias

Composto Faixa (%)

%V2O5 0,10 - 0,63

%ZrO2 0,31 - 0,06

%Nb2O5 0,18 - 0,06

% A12O3 2,15 - 2,88

1.2 SITUAÇÃO DO PROBLEMA

Esta pesquisa foi desenvolvida na Lyondell Chemicals Company, situada no

extremo Norte de Salvador, a 600m do mar, junto a uma área de dunas semimóveis,

áreas alagadiças e várias lagoas. Entre a empresa e o mar, situa-se um condomínio

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de alto padrão - Condomínio Parque Interlagos, caracterizado por um sistema de

canais artificiais interligados a uma lagoa. Ao oeste da área industrial encontra-se a

comunidade de Areias, uma população de baixa renda, cuja atividade principal é a

pesca.

Em nível regional, a área de estudo situa-se no contexto geral da Bacia

Sedimentar do Recôncavo (10 000Km2) de idade Eocretácea, cuja origem está

diretamente ligada à separação dos continentes africano e sul-americano, ocupando

a porção sul do Graben da Bahia, com 56 000Km2 de área e espessuras de 3 000 a

8 000m.

Os sedimentos desta Bacia foram depositados numa fossa tectônica formada

nas rochas pré-Cambrianas do Cráton do São Francisco, em ambiente flúvio-

lacustre, a partir do Neojurássico.

Na região próxima, o aqüífero São Sebastião desempenha importante papel

no suprimento de água potável tanto para ás indústrias do Complexo Petroquímico,

como na regularização da vazão dos rios locais da região, principalmente o Joanes e

Jacuípe. O padrão regional de fluxo se dá em sentido ao mar (NW-SE), sendo

"bloqueado" junto ao Oceano Atlântico, devido ao "horst" pré-Cambriano,

provocando uma zona de descarga junto a falha de Salvador e rio Capivara Grande.

O clima da região é tropical úmido com duas estações bem marcadas: estação seca,

de agosto a fevereiro e estação chuvosa, de março a julho.

Segundo dados fornecidos pela Cetrel3 - Empresa de Proteção Ambiental,

situada em Camaçari, a precipitação pluviométrica nesta região apresentou valores

históricos no período de 1992 a junho/2005, conforme demonstra o Gráfico 01. O

maior índice pluviométrico registrado foi no ano de 1999, com precipitação recorde

de 2 460mm/ano e o menor índice registrado foi em 1993, com uma precipitação de

975mm/ano, abaixo da precipitação registrada no período de janeiro a junho de

3 Cetrel - Empresa de Proteção Ambiental - é uma empresa do Pólo Petroquímico de Camaçari, responsável pela avaliação ambiental e tratamentos de resíduos sólidos e efluentes gerados no pólo, antes da sua disposição final.

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2005. A média do período foi de 1 660mm/ano.

Gráfico 01 - Precipitação Anual - Estação climatológica Cetrel

Fonte: Cetrel – Dados fornecidos de 1992 a junho/2005.

A Lyondell é a principal produtora brasileira e a segunda mundial de

pigmento de dióxido de titânio (TiO2). Ele é utilizado em vários segmentos da área

industrial na coloração e opacidade de enormes variedades de produtos do nosso

dia-a-dia, tais como: tintas, plásticos, papel, cerâmica, borracha, cosméticos,

medicamentos, inclusive protetores solares.

Além do TiO2, a empresa aproveita o sulfato ferroso - FeSO4.7H2O (Figura

02), um resíduo gerado no processo, que é um co-produto de boa qualidade para

tratamento de água e que, quando transformado em sulfato férrico líquido (PIX) e

sólido (FERRIX), é comercializado para as grandes companhias estaduais de

tratamento de água e esgoto, como Sabesp (São Paulo), Embasa (Bahia) e Cobasa

(Mg) além de unidades industriais como a Caraíba Metais, a Ford e a CSN

(Companhia Siderúrgica Nacional), inclusive para outras unidades da Lyondell.

PRECIPITAÇÃO TOTAL ANUAL DE 1992 A JUNHO/2005 - ESTAÇÃO CLIMATOLÓGICA SUDIC

1.365

975

1.928

1.607 1.656

1.421

2.460

1.957

1.535 1.5971.767

1.665

1.348

1.958

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Prec

ipita

ção

(mm

)

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Figura 02 - Co-produto - sulfato ferroso

O ácido sulfúrico é essencial na extração do TiO2 no processo de sulfatação.

A Lyondell também produz 50% do ácido sulfúrico processado do enxofre,

proveniente do Canadá e Estados Unidos da América, que é utilizado no processo

de beneficiamento do dióxido de titânio. Os 50% restantes do ácido sulfúrico são

adquiridos em outras empresas. O consumo médio de enxofre é de 135t/dia com

índice de aproveitamento de 98% de ácido sulfúrico. Os 2% restantes correspondem

a resíduos que são encaminhados para aterro na Cetrel. Para cada tonelada de

enxofre processado, obtêm-se três toneladas de ácido sulfúrico.

A matéria prima para extração do dióxido de titânio é a ilmenita, um minério

com alto teor de titânio encontrado nas areias das praias e jazidas A ilmenita é

extraída na mina da própria empresa na cidade da Mataraca localizada a 173km de

João Pessoa, Estado da Paraíba (Figura 03) e após o beneficiamento é transportado

até à fábrica de Camaçari na Bahia. Além da ilmenita, a fábrica utiliza a escória que

é um minério rico em TiO2.

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Figura 03 - Mapa de localização da mineração da Lyondell na cidade de Mataraca

Nesse local, o minério passa por processo de beneficiamento para extração

de outros metais, tais como: zirconita, rutilo e cianita, que são utilizados nas

indústrias de produtos manufaturados; após o beneficiamento, o minério beneficiado

(ilmenita) é transportado para a fábrica na cidade de Camaçari – Bahia, através de

caminhões e estocado “a céu aberto” (Figura 04).

Figura 04 - Área de estocagem de minério a céu aberto na fábrica

de Camaçari/Bahia

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O TiO2 pode ser obtido através de dois processos: cloração ou sulfatação.

No caso em estudo, o método para obtenção de TiO2 é a sulfatação. As etapas de

processo são: licor, hidrólise, pigmento, tratamento. Outras unidades importantes

no fornecimento de matéria-prima e insumos são as plantas de ácido sulfúrico e

utilidades, esta última é responsável pelo fornecimento de água, vapor, ar

comprimido e energia.

A utilização de água no processo é fundamental para obtenção do dióxido de

titânio em todas as unidades, entretanto, as maiores perdas de água estão

concentradas na unidade de licor - sulfato de titanila, principalmente nas bombas de

vácuo e em equipamentos que utilizam óleo para lubrificação de mancais como, por

exemplo: centrífuga e moinho de bolas, que necessitam de resfriamento. Com base

na incipiente racionalidade do atual consumo de água, geração de efluentes e

impactos ambientais há de se questionar:

• Dentro do princípio de Produção Mais Limpa é possível o reuso ou reciclo

de água residuária gerado no processo de produção de dióxido de titânio?

• Existe na empresa um controle diferenciado de custos operacionais e

ambientais que possam ser comparados ao custo do produto final?

• Existem programas de conscientização dos funcionários quanto ao

desperdício e a reutilização de água no ambiente de trabalho?

• Existe o comprometimento da alta direção quanto ao investimento

tecnológico em busca da excelência para redução de consumo de água no

processo de extração de dióxido de titânio?

Embora o questionamento acima esteja voltado para a Produção Mais

Limpa, os objetivos gerais e específicos fundamentados no reuso de água no

processamento de dióxido de titânio, podem ser percebidos como oportunidade de

racionalização do uso deste recurso hídrico.

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1.3 OBJETIVO GERAL

Analisar a viabilidade de redução no consumo de água no processo

produtivo de dióxido de titânio, de forma a estabelecer alternativas para o reuso4

e/ou reciclo5 e conseqüentes sugestões para a redução do impacto ambiental.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar pontos críticos geradores de efluentes;

• Organizar e sistematizar as informações sobre equipamentos com

geração de efluentes;

• Realizar o balanço hídrico do sistema de captação e distribuição de água;

• Coletar, analisar, qualificar e quantificar as águas residuais, viabilizando

meios de reuso e/ou reciclagem na própria unidade;

• Identificar os custos envolvidos na captação, tratamento e destinação final

(fim-de-tubo);

• Apresentar planilha comparativa de custo de tratamento e a viabilização

de medidas de controle para o reuso e/ou reciclo de águas de processo.

• Divulgar para a gerência, alternativas de reuso e/ou reciclo de águas

residuárias do processo.

1.5 JUSTIFICATIVA

A preocupação com as questões ambientais, tem se tornado um diferencial

importante para as empresas, tanto no aspecto econômico como sócio-ambiental. O

mercado competitivo no mundo do negócio tem colocado em risco as empresas que

não priorizam as questões ambientais nos seus processos produtivos. A não

aplicação de métodos para o gerenciamento ambiental pode levar a efeitos 4 Reuso: Reaproveitamento da corrente, sem a necessidade de tratamento prévio, em ponto de consumo próximo ao ponto de geração. 5 Reciclo: A corrente precisa ser tratada para remoção dos contaminantes chaves acumulados antes da sua utilização.

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contundentes, tanto para o desenvolvimento econômico quanto na degradação

ambiental.

As exigências do mercado quanto às questões ambientais tem se tornado

um fator determinante, com ressonâncias nos fatores sistêmicos6, fatores

estruturais7 e fatores internos8.

Deste modo, o ambiente empresarial tem passado por mudanças

precursoras de uma nova conscientização ambiental. A redução de consumo de

água no processo industrial tem demonstrado uma crescente mudança na

conscientização empresarial em vários países do mundo. No Brasil, o Projeto

Ecobraskem9 desenvolvido desde 2002 na Braskem - a principal fornecedora de

insumos do Pólo Petroquímico de Camaçari/Bahia - em parceria com a UFBA -

Universidade Federal da Bahia, Rede TECLIM de Tecnologias Limpas, implementou

em 2003 o programa de redução do consumo de água e geração de efluentes no

processo industrial e atualmente estuda oportunidades de racionalização do

consumo de energia.

Outras empresas como a Deten do Brasil10 e a Caraíba Metais11 também

6 Fatores sistêmicos - Estão relacionados ao ambiente macroeconômico, político, social, legal, internacional e à infra-estrutura, sobre os quais a empresa pode apenas exercer influência. (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1_dezembro_2001/ambeconomico_competitividade.pdf 7 Fatores estruturais - Dizem respeito ao mercado, ou seja, à formação e estruturação da oferta e demanda, bem como às suas formas regulatórias específicas. São fatores externos à empresa, relacionados especificamente ao mercado em que atua, nos quais ela pode apenas interferir. 8 Fatores internos - São aqueles que determinam diretamente a ação da empresa e definem seu potencial para permanecer e concorrer no mercado. Os fatores internos estão efetivamente sob o controle da empresa e dizem respeito a sua capacidade de gerenciar o negócio, a inovação, os processos, a informação, as pessoas e o relacionamento com o cliente.

9 Projeto ECOBRASKEM – Projeto desenvolvido com parceria entre o TECLIM/UFBA e a unidade de insumos básicos, UNIB-BRASKEM, cujo objetivo principal é identificar as oportunidades de racionalização do uso da água e energia.

10 Projeto DETEN-ÁGUA/TECLIM: Projeto que propõe mecanismos, procedimentos e tecnologias para racionalização do uso da água e minimização da geração dos efluentes aquosos na unidade fabril da DETEN.

11 Projeto AGUAÍBA/TECLIM: O Projeto implantou a filosofia de Tecnologia Limpa, como um aliado para a melhoria da gestão ambiental da Caraíba prevenindo a poluição e acrescentando melhorias na eco-eficiência da empresa.

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instaladas no Pólo Petroquímico de Camaçari/Bahia realizaram projetos

semelhantes. Estas e outras empresas, como a Lyondell12 estão adequando os

processos visando a minimização do consumo de água.

A Lyondell é uma empresa multinacional que tem desempenhado um papel

importante na redução do consumo de água nas suas plantas de dióxido de titânio

instaladas na cidade de Camaçari/Bahia e em outras filiais situadas nos Estados

Unidos, França, Inglaterra e Austrália.

Em 1999, um estudo realizado pelo autor (Martins e Almeida13) na unidade

de licor desta empresa com foco na redução do consumo de água no processo de

dióxido de titânio, propôs a construção de uma torre de resfriamento, (Figura 05)

para reciclagem da água no próprio processo o que resultou numa economia de 58

700m³/mês. Paralelamente, outras ações administrativas e operacionais foram

implementadas para a redução do consumo de água, elevando-se a média de

economia deste insumo para 130 000m³/mês, conforme demonstrados nos Anexos

01 e 02.

Figura 05 - Torre de resfriamento de água de processo

12 Projeto LYONDELL-ÁGUA/TECLIM: O projeto visa maximizar o reuso e o reciclo de água na planta industrial de Camaçari, e a utilização de água oriunda de fontes alternativas, como a água da chuva, por exemplo, além de contribuir com a inserção do conceito de Produção Limpa no meio industrial e acadêmico da região. 13 MARTINS, Gisele; ALMEIDA, Adeilson Francisco de, sobre reuso e reciclo de águas em indústria química de processamento dióxido de titânio. Salvador, 1999. 58 p. -Monografia (Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria) - Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

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O Anexo 01 mostra o volume diário de água captada e tratada na ETA no

período de setembro de 1999 a agosto de 2000, antes da construção da torre de

resfriamento na unidade de licor, cuja média mensal é de 555 320m3/mês.

No Anexo 02 é apresentada a redução do volume da água captada e tratada

na ETA, no período de setembro de 2003 a agosto de 2004, após a construção da

torre de resfriamento, cuja média atual é de 424 872m3/mês, como demonstra o

Gráfico 02.

Comparativo volume mensal de água tratada na ETA

100.000

300.000

500.000

700.000

900.000

set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago

Con

sum

o (m

3 /mês

)

set-99 a ago-00 set-03 a ago-04

Gráfico 02 - Comparativo mensal de economia no consumo de água tratada na ETA.

Considerando-se as condições atuais e a experiência do projeto anterior,

pretende-se fundar as bases para que futuros trabalhos possam ampliar o atual

estudo e aproveitar os conhecimentos adquiridos, não só na unidade de licor, como

também nas demais unidades de hidrólise, pigmento e tratamento da Lyondell, de

forma a tornar todo o processo mais eficiente, competitivo e ambientalmente

sustentável.

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CAPÍTULO 2

2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está estruturada em nove capítulos, conforme mencionados

abaixo:

Capítulo 1 - Introdução: caracterização da organização e seu contexto, situação do

problema, objetivo geral, objetivos específicos e a justificativa quanto à viabilização

do projeto;

Capítulo 2 - Estrutura da Dissertação;

Capítulo 3 - Metodologia utilizada na pesquisa, consistiu em quatro fases:

1 - Referencial bibliográfico;

2 - Investigação das fontes geradoras de efluentes;

3 - Balanço hídrico, análise das amostras e a viabilização de reuso da água;

4 - Apresentação dos custos operacionais na implementação do projeto baseado no

princípio de Produção Mais Limpa;

Capítulo 4 - Descreve o referencial teórico que norteia a condução do problema em

estudo, englobando os aspectos legais, a gestão dos recursos hídricos, a otimização

e cobrança pelo uso da água;

Capítulo 5 - Descreve o processo de produção de dióxido de titânio por sulfatação,

buscando um melhor entendimento do mesmo;

Capítulo 6 - Mostra o volume de água captada e as fases do processo de tratamento

empregado na empresa;

Capítulo 7 - Trata da utilização e descarte da água na empresa, através de balanço

hídrico. Destaca-se ainda os pontos de descarte, o processo de medição de vazão,

análises físico-químicas, preservação das amostras, resultados das análises,

interpretação dos resultados, consumo específico e custos operacionais,

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apresentação de um projeto para o reuso e/ou reciclo de água ressaltando as

vantagens e desvantagens, assim como investimentos;

Capítulo 8 - Aborda as considerações finais e perspectivas sobre a perda de água e

os custos operacionais decorrentes do poço das torres de resfriamento na área de

estudo e a viabilização. Destaca-se ainda a perda de água proveniente do tanque D-

0237 e respectivas sugestões de futuros trabalhos.

Capítulo 9 – Conclusão, Referências, Bibliografias, Anexos e Apêndice.

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3. METODOLOGIA

O projeto se constituiu de um estudo de caso fundamentado no princípio

lógico de Tecnologias Limpas com foco na captação de água e geração de

efluentes, especificamente na unidade de licor - sulfato de titanila, (Secagem e

Moagem, Sulfatação, Dissolução e Redução, Clarificação e Tratamento de Lama,

Cristalização, Classificação e Centrífuga, Filtração, Evaporação) na fábrica Lyondell,

situada na Rodovia BA 099, Km 20 – Abrantes, Camaçari, Bahia (Figura 06).

Figura 06 – Vista aérea da fábrica Lyondell

A primeira fase – Consistiu na pesquisa bibliográfica, fundamentada em estudos de

casos baseados no princípio de controle na fonte – Produção Mais Limpa.

A segunda fase – Consistiu de uma investigação com intuito de identificar pontos

CAPÍTULO 3

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críticos geradores de efluentes, com base em informações de profissionais da área

de processo.

A terceira fase – Realização do balanço hídrico, coleta, análise e estudos de

viabilidade para reuso e/ou reciclagem na própria unidade.

A quarta fase – Identificação e apresentação dos custos operacionais de captação,

tratamento e destinação final - “fim-de-tubo”.

Os principais parâmetros de controle de desempenho operacional

monitorado, após o tratamento foram: condutividade, sólidos totais, dureza, pH, ferro

total, cálcio, óleos e graxas, sólidos suspensos e cloreto.

Foram identificados na unidade de licor 14 pontos de descarte de água para

o efluente. Em seguida, as amostras foram preservadas, condicionadas e

encaminhadas para análises nos laboratórios do Senai/Cetind e Lyondell em

06/01/2005, 13/01/2005, 31/01/2005, 17/08/2006 e 24/08/2006, conforme orientação

do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, sendo adotados os

métodos analíticos, descrito no Quadro 02.

Quadro 02 - Metodologia utilizada por parâmetro Standard Methods

Método Parâmetro

MESP 019 – (ASTM D 511-03) Cálcio

SM – 4500 Cl – B Cloretos

SM – 2510 - B / 18º Ed. Condutividade *

SM – 2340 – A/B/C Dureza total

MESP 006 - (ASTM D 1068-03) Ferro total

SM – 5520 C - M QGI 032 Óleos e graxas

SM – 4500 - B / 18º Ed. pH *

SM – 2540 – B. Sólidos totais

SM – 2540 – D Sólidos suspensos Fonte: Senai/Cetind * Avaliação realizada no laboratório da Lyondell

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Os resultados das análises foram comparados com os Valores Máximos

Permitidos (VMP) com a qualidade da água no processo fornecida pela Estação de

Tratamento de Água (ETA) da Lyondell, como também pela legislação pertinente

(Tabela 04).

Em todos os pontos de descargas para o efluente, foi utilizado um

termômetro de mercúrio marca Incoterm, ref. 344991 e posteriormente comparados

com padrão de aceitabilidade do processo.

Foi realizado ainda, estudo do consumo específico de água (m3) por tonelada

de sulfato de titanila produzido, analisando o custo e o benefício na implementação

deste projeto.

A pesquisa contou com a participação de engenheiros, técnicos de

manutenção, laboratório e meio ambiente, líderes e operadores da área de estudo.

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34

CAPÍTULO 4

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 ASPECTOS LEGAIS E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS BRASILEIRAS

O Código das Águas fundamentado pelo Decreto nº 24.643 de 10 de julho de

1934, estabelece no Capítulo 1, Art. 2º, as Águas Públicas para uso comum, tais

como:

a) os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, baías, enseadas e

portos;

b) as correntes, canais, lagos e lagoas, navegáveis ou flutuáveis;

c) as correntes de que se façam estas águas;

d) as fontes e reservatórios públicos;

e) as nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si só,

constituam o caput fluminis;

f) os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam

na navegabilidade ou flutuabilidade.

O referido Código, o Art. 34, assegura o uso gratuito de qualquer corrente ou

nascente de água para as primeiras necessidades da vida e permite a todos usar as

águas públicas. Mas no Art. 36, parágrafo 2º, o uso das águas pode ser gratuito ou

retribuído, conforme as leis e regulamentos da circunscrição administrativa a que

pertence. Já o Art. 43, proíbe a derivação das águas públicas para aplicação na

agricultura, indústria e higiene, sem a existência de concessão, no caso de utilidade

pública, e de autorização nos outros casos; em qualquer hipótese, dá preferência à

derivação para abastecimento das populações.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, regulamentada pela Lei Federal

Nº 9.433/1997, no Art. 1º, inciso III, trata especificamente da priorização do uso dos

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35

recursos hídricos como fator essencial para o consumo humano e a dessedentação

de animais em período de escassez. Na Seção II, o Art. 9º desta mesma lei, trata

do Enquadramento dos Corpos de Água em Classes, segundo os Usos

Preponderantes da Água:

I. assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a

que forem destinadas;

II. diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações

preventivas permanentes.

A Constituição Federal do Brasil, no Art. 225 diz: “Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à

sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” - Ainda na

Constituição, o art.24, estabelece a competência da União, dos Estados e Distrito

Federal a autonomia de legislar, destacando-se, especialmente o Inciso VIII sobre a

“Responsabilidade por dano ao meio ambiente...”. Considera-se a competência

legislativa a responsabilidade da União, mas não se permite retirar dos Estados e

Municípios o poder de legislar supletivamente. Ademais, os problemas de poluição

ultrapassam as fronteiras municipais, estaduais e muitas vezes nacionais, atingindo

locais distantes da fonte poluidora, o que torna inoperante a tentativa de diminuir

sem a participação de todos os envolvidos.

A Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais da Bahia é

fundamentada pela Lei nº 7.799/2001, aprovada pelo Decreto nº 7.967/2001,

estabelece no Art.3º, a conceituação de poluição como: “degradação ambiental

provocada pelo lançamento, liberação ou disposição de qualquer forma de matéria

ou energia nas águas...”. O Art.117 do referido decreto menciona os padrões de

lançamento dos poluentes prioritários e poluentes convencionais para as atividades

que realizam lançamento direto de efluentes. Ainda no Art.120, trata da proibição de

diluição de efluentes para o atingimento ao padrão mínimo legalmente estabelecido.

Porém, as ações dos governos devem ser enfatizadas na consensualidade da

prevenção e não dos limites estabelecidos de lançamentos de poluente. Para isso

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36

são necessárias mudanças de atitude gerenciais e a priorização das ações sócio-

ambiental.

A nova legislação da Bahia Lei nº 10.432 de 20 de dezembro de 200614

define a Política Estadual de Recursos Hídricos e articula no seu Art. 4º Inciso I a

criação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos com finalidade

de formular e implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos. A idéia do

governo foi de assegurar o uso dos recursos hídricos de forma sustentável,

preservando a sua utilização pelas atuais e futuras gerações. Espera-se que as

diretrizes propostas na nova legislação possam maximizar os benefícios ambientais,

sociais e econômicos.

A Lei Federal nº 9.605/98 - Conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, foi

regulamentada pelo Decreto no 3.179, de 21 de setembro de 1999, representa um

avanço na legislação ambiental brasileira, criando condições para uma atuação mais

efetiva do Poder Público em defesa do meio ambiente. Pela primeira vez, reúne-se

num único diploma legal um elenco de condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente voltada para o acompanhamento da definição das sanções penais e

administrativas aplicáveis aos infratores em cada caso.

Segundo a Norma NBR 9896 ABNT (1993), a qualidade da água é o

resultado do conjunto de características físicas, químicas, biológicas e

organolépticas dessa água, relacionado com o seu uso para um fim específico. Água

pura no sentido rigoroso do termo, não existe na natureza; a água possui uma série

de impurezas - sais minerais, microorganismos e materiais orgânicos, que vão

imprimir as características das quais depende sua qualidade. As características das

águas naturais, bem como aquelas que devem possuir a água fornecida para cada

uso pretendido, vão influir no grau de tratamento que venha a ser dado às águas

captadas.

14 Esta lei pode ser vista na íntegra no Apêndice 01.

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A Portaria nº 518/2004, da Vigilância Sanitária, estabelece na Seção IV, Art.

9º, Inciso II os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle da qualidade

da água produzida e distribuída, por meio de:

a) controle operacional das unidades de captação, adução, tratamento,

reservação e distribuição;

b) exigência do controle de qualidade, por parte dos fabricantes de produtos

químicos utilizados no tratamento da água e de materiais empregados na

produção e distribuição que tenham contato com a água;

c) capacitação e atualização técnica dos profissionais carregados da

operação do sistema e do controle de qualidade da água;

d) análises laboratoriais da água, em amostras provenientes das diversas

partes que compõem o sistema de abastecimento.

A Resolução CONAMA 20/86, estabelece nos Artigos 1º e 2º, a classificação

das águas brasileiras e a melhor distribuição e uso associados aos níveis de

qualidade em:

a) Águas Doces – águas com salinidade igual ou inferior a 0,50%o.

b) Águas Salinas – águas com salinidade igual ou superior a 30%o.

c) Águas Salobras – águas com salinidade igual ou inferior a 0,5%o e 30%o.

Portanto, o grande desafio está no uso sustentável dos recursos hídricos e

na preservação dos sistemas naturais, e devem ser levados em consideração de

fatores como regulamentação, incentivos e aplicação das leis. Ao tempo em que,

novos projetos possam atender especialmente a demanda de água, dentro de uma

perspectiva de sustentabilidade econômica, social e ambiental.

4.2 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Neste item, será abordado o tema de gestão dos recursos hídricos na

atualidade e dos problemas vivenciados pelas práticas indiscriminadas do uso da

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água como recurso inesgotável, mas que é indispensável à produção, ao

desenvolvimento econômico e à manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e

químicos do planeta.

O estudo de problemas ambientais é complexo e vem sendo desenvolvido

por autores que defendem a necessidade da reestruturação das metodologias

aplicadas nas indústrias. A rápida expansão da produção industrial e dos seus

impactos obrigou as indústrias a considerar o meio ambiente no contexto de suas

políticas industriais como forma de sustentabilidade.

No entendimento de autores como Adams e Bollino (1983), Corden (1980),

Suzigan (1995) e outros, “a política industrial é uma expressão abrangente de

medidas e programas que direta ou indiretamente afetam o setor industrial”. A falta

de incentivos fiscais por parte dos governos tem onerado os custos na

implementação de uma política ambiental nas indústrias. Isso tem se tornado um

incipiente de dificuldade econômica na implementação da política e na inovação

tecnológica. Percebe-se que tal mudança, a ação efetiva da idéia possa intensificar

a eficiência do processo produtivo com base na prevenção da poluição.

Segundo Kiperstok, et al (2000), a prevenção da poluição, está

fundamentada nas práticas que levem à prevenção dos resíduos poluentes na fonte

geradora levando à minimização dos mesmos, bem como, a implantação de

sistemas que induzam a uma melhor eficiência energética e à redução do consumo

e desperdício de água, com adoção de estratégias como um bom manejo

operacional e a reciclagem e/ou reaproveitamento dos resíduos gerados no

processo de produção.

A estratégia de prevenção da poluição está focada para a minimização de

resíduos perigosos na fonte geradora. O tratamento de resíduos tem influenciado

nos custos do produto final. Com a legislação cada vez mais restrita e os encargos

mais elevados, as indústrias têm adotadas medidas disciplinar na minimização de

resíduo, tornando a qualidade ambiental um fator cada vez mais eficiente e

competitivo.

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Segundo Campos (1996), a Qualidade Ambiental não apenas promove

reconhecimento para as empresas, como preserva o meio ambiente de eventuais

ações mais agressivas. Esta abordagem induz inovação de uma estratégia

ambiental e tecnológica integrada ao processo e produtos. A tecnologia ambiental

convencional respalda principalmente no tratamento de resíduos e emissões

gerados no processo produtivo e está fundamentada na técnica de fim-de-tubo. A

Produção Mais Limpa visa integrar os objetivos ambientais ao processo de

produtivo, reduzir as emissões e resíduos perigosos gerados no processo.

Christie (1995) destaca a Produção Limpa como um ganho financeiro para

empresa, que gera benefícios econômicos e ambientais, decorrente das práticas de

preservação e conseqüente diminuição dos resíduos gerados no processo.

A Produção Limpa15 e a Produção Mais Limpa16 são ferramentas essenciais

para cumprir com as necessidades ambientais de um desenvolvimento sustentável.

Elas estão intrinsecamente atreladas a programas baseados no princípio da

Prevenção da Poluição e defende a exploração sustentável de fontes de matérias-

primas, a redução do consumo de água e energia e a utilização de indicadores de

desempenho ambiental.

Considerando o conceito de gestão ambiental - na abordagem convencional

de controle focado no “fim-de-tubo” - como um instrumento de avaliação, a geração

de resíduos em uma planta representa baixa eficiência do processo produtivo devido

à transformação de matérias/insumos de alto valor agregado em produtos de baixo

ou nenhum valor comercial, ocasionando o elevado custo do produto final.

15 A Produção Limpa - Propõe a substituição da equação industrial linear, clássica, que se baseia no modelo “end-of-pipe”, de contenção dos resíduos – poluição na indústria, para posterior tratamento e descarte, pela equação circular, com maiores preocupações ambientais, consumo de água e energia. (http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/1942.pdf) p.21. 16 Produção Mais Limpa - São medidas que podem ser implementadas na empresa, compreendendo desde uma simples mudança de procedimento operacional até uma mudança de processo ou tecnológico, reduzindo os riscos ao homem e ao meio ambiente.

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É importante destacar que a ecoeficiência17 de uma planta industrial está

intrinsecamente voltada para o comprometimento empresarial, assim como dos

demais níveis hierárquicos da corporação.

Almeida (2002) considera que uma empresa ecoeficiente deve combinar

desempenho econômico com o desempenho ambiental, criando e promovendo

estratégias com menores impactos sobre o meio ambiente.

Uma empresa ecoeficiente traduz resultado economicamente mais rentável

com o uso racional da matéria-prima e energia utilizadas no processo produtivo e

conseqüente diminuição do volume de resíduos gerados e que são lançados no

meio ambiente.

Portanto, a responsabilidade ambiental quanto ao cumprimento das

exigências legais promove uma maior inserção desta empresa no mercado global

que está cada vez mais consciente da necessidade e da importância da preservação

do planeta.

A eficácia de uma política ambiental dependerá sempre do grau de

importância que a sociedade atribui às questões ambientais. Dependerá também

dos seus instrumentos e da maneira como estes instrumentos se articulam entre si e

com as demais políticas públicas, notadamente as de ciência e tecnologia, energia,

transporte, saneamento básico, ocupação e, em especial de “recursos hídricos”.

A gestão ambiental deve tangenciar as modernas práticas de gerenciamento

empresarial voltadas para o desenvolvimento sustentável, visando a otimização do

17 Ecoeficiência - Aquele que consegue produzir mais e melhor, com menores recursos e menores resíduos. Para tal, pressupõem-se sete elementos fundamentais para a ecoeficiência: 1. Minimizar a intensidade de materiais dos bens e serviços; 2. Minimizar a intensidade energética de bens e serviços; 3. Minimizar a dispersão de tóxicos; 4. Fomentar a reciclabilidade dos materiais; 5. Maximizar a utilização sustentável de recursos renováveis; 6. Estender a durabilidade dos produtos; 7. Aumentar a intensidade de serviço dos bens e serviços; 8. Promover a educação dos consumidores para um uso mais racional dos recursos naturais e energéticos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecoefici%C3%AAncia).

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consumo e redução de perdas, o que levará a significativos ganhos ambientais,

sociais e econômicos.

4.3 OTIMIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA

A demanda por água vem crescendo e isso tem tornado o reuso ou reciclo da

água um assunto atual e de grande importância para o desenvolvimento

sustentável18.

A exploração não-sustentável dos recursos hídricos tem causado

desperdício, escassez e má qualidade da água. A falta de saneamento básico, uso

inadequado da água na indústria e agricultura tem propiciado elevados custos tanto

operacionais como sócio-ambientais. A quantidade de efluentes perigosos lançados

no ambiente tem contribuído para elevado índice de poluição dos corpos hídricos e

conseqüente alteração na qualidade da água. Diante do exposto, percebe-se que a

não poluição e o reuso da água ainda é o melhor caminho para a racionalização.

Byers (1995) propõe a reutilização da água e a busca da “descarga zero”. O

efluente zero é, em geral, uma referência a uma unidade que não descarrega nada

nos corpos de água superficiais. A eficiência de um processo significa um bom

aproveitamento dos recursos hídricos e de energia. Para Beekman (1996), grandes

volumes de águas usadas podem ser utilizadas em categorias de reuso. O reuso

e/ou reciclo de água reduz os custos operacionais do processo final.

Segundo Postel, (1992), a liderança mundial em reutilização de água está

concentrada em Israel, que utiliza 70% dos seus esgotos tratados para irrigar 19 mil

18 Desenvolvimento Sustentável, segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas, é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. A idéia deriva do conceito de ecodesenvolvimento, proposto nos anos 1970 por Maurice Strong e Ignacy Sachs, durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Estocolmo, 1972), a qual deu origem ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel)

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hectares de lavouras. Face à escassez, o tratamento da água de esgotos, além da

sua reutilização na agricultura, pode minimizar o impacto ambiental nos corpos

hídricos, assim como a proliferação de doenças transmitidas pela água

contaminada. Segundo Frederick (1993), nos Estados Unidos, a Califórnia exibe o

maior índice de reutilização de água que atinge 1% do total do suprimento do

Estado. Esta nova estratégia fundamentada na responsabilidade ambiental tem

contribuído para a internalização das questões ambientais às decisões de negócio

do ambiente empresarial. A questão da responsabilidade ambiental tem sido

internalizada nas empresas como o alicerce de promover de forma transparente,

sistema de gestão ambiental que atenda as exigências legais, responsabilidade

sócio-ambiental assim como nas decisões dos negócios.

No Brasil, segundo Menon (2003), “não são muitos os trabalhos que enfocam

a reutilização de água em processos industriais”. Ao contrário que antecede a

citação, o reuso de água no setor industrial tem conduzido muitas empresas à busca

por um novo modelo para o gerenciamento de recursos hídricos em seus processos,

considerando novas opções que impliquem em autonomia no abastecimento de

água e racionalização no seu consumo. A reciclagem ou reuso se torna não apenas

uma forma de garantir seu crescimento, mas até mesmo uma questão de

sobrevivência da indústria. Para Kiperstok, et al (2002), a implementação de boas

práticas operacionais depende, por um lado, de uma gestão que priorize a

minimização de resíduos e, por outro lado, do desenvolvimento de um olhar crítico

perante o próprio processo produtivo, no âmbito da organização. A gestão ambiental

deve estabelece as bases de priorização no processo produtivo, gerar ações

essenciais na minimização de resíduos, consumo de água e energia.

No entendimento de Ashford (2000), “essa capacidade de mudança

tecnológica depende do crescente conhecimento ou de informação sobre as

Tecnologias Mais Limpas ou seguras”. A mudança tecnológica tem avançado de

forma consistente nas empresas. Essa essência inovadora tem gerido oportunidades

de melhorias, tanto no aspecto econômico quanto sócio-ambiental. Para Kiperstok

(1999), a caracterização da P+L está direcionada na minimização ou eliminação de

resíduos na fonte geradora. A Produção Mais Limpa baseia-se no princípio da

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prevenção, compreendendo desde uma simples mudança de procedimento

operacional até uma mudança de processo ou tecnológico.

Segundo Souza (1999), citado por Kiperstok et al (2002) “em países mais

socialmente equilibrados e democráticos o grau de conscientização, a mobilização e

a participação popular nas discussões sobre questões ambientais são mais

incompatíveis com a realidade enfrentada pelos países subdesenvolvidos,

predominando nestes últimos um estudo crônico de ignorância da população que se

reflete em uma postura apática e facilmente manejável pelas mídias de comunicação

o que levam a concluir que países desenvolvidos, em razão da pressão da própria

sociedade junto às empresas, estas sejam levadas a dar mais atenção à questão da

ética”.

Quanto ao reuso de água na indústria de dióxido de titânio, alguns trabalhos

foram realizados na fábrica da empresa Lyondell em Camaçari, tais como a

construção de uma torre de resfriamento, para a viabilização de reuso de água,

trabalho este realizado pelo autor (Martins e Adeilson, 1999) durante um curso de

Especialização em Tecnologias Limpas. Além deste trabalho, a empresa

implementou o projeto Lyondell-Água em parceria com a Universidade Federal da

Bahia/Teclim. Na elaboração do projeto foi realizado estudo para estabelecer

padrões de qualidade para o reuso da água com base na questão ambiental,

características dos efluentes, viabilidade econômica e melhor potencial de

aproveitamento desta água para uso: no processo, paisagismo, vestiário – vaso

sanitário e chuveiro. Outra medida estuda foi a instalação de restritores de fluxo nas

torneiras, vasos sanitários de baixo fluxo (6 litros) e temporizadores nos chuveiros.

4.4 COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA

A gestão racional de água consiste em assegurar o bom uso dos recursos

hídricos através de métodos de análise de custos que buscam rastrear os gastos

identificados nas atividades operacionais, facilitando mudanças de atitudes e

otimização dos impactos ambientais e custo final do produto.

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O custo da água para uso industrial associado a crescente demanda, têm

compelido as indústrias a reduzir os custos operacionais, através de reuso de água

de processo e conseqüente redução de efluente. Segundo Postel (1992), “o alto

valor por metro cúbico da água utilizada nos paises desenvolvidos tem provocado

um aumento significativo da reciclagem em função da aplicação das leis de controle

à poluição”. Para Andrade, Marinho e Kiperstok (2003, p.27), “a regulamentação de

instrumentos legais incorporados à responsabilidade ambiental concernente a

cobrança pelo uso de recursos naturais, baseada em instrumentos econômicos,

incorpora o princípio do usuário-pagador”.

O direito de uso da água é o ato administrativo por meio do qual o poder

público faculta ao outorgado a sua utilização. A Constituição Federal de 1988, art.

225, §3º estabelece que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio

ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. O

Art. 20, parágrafo 1º, assegura aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,

bem como a órgãos da administração direta da União a participação na exploração

de recursos naturais, dos quais, os recursos hídricos, como forma de compensação

financeira por essa exploração.

A Lei nº 9.433/97 institui um instrumento de gestão integrado á Política

Nacional de Recursos Hídricos. Na Seção IV, os artigos 19º e 21º definem a

cobrança pelo uso de recursos hídricos, tornando mais abrangente a reutilização da

água e redução dos custos gerados com a poluição.

A Constituição Estadual da Bahia (CEB), no Art. 200 estabelece as diretrizes

de cobrança para utilização dos recursos hídricos considerados nos incisos:

I. as características e o porte da utilização;

II. as peculiaridades de cada bacia hidrográfica;

III. as condições sócio-econômicas dos usuários

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Ainda na CEB, o Art. 202, parágrafo único, trata da responsabilidade das

empresas em realizar reparação pelos impactos ambientais por elas provocadas e

obrigadas à recomposição do meio ambiente, na área de abrangência de sua

respectiva bacia hidrográfica. O Art 217, trata da criação do Fundo de Recursos para

o Meio Ambiente, gerido pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente, cuja aplicação é

destinada para custear a execução da política estadual do setor, através de recursos

provenientes de:

I. dotações orçamentárias próprias;

II. multas administrativas e condenações judiciais por atos lesivos ao meio

ambiente;

III. remunerações decorrentes de serviços prestados pelos órgãos do Sistema

Estadual de Meio Ambiente.

Diante do exposto, a adoção de uma política tarifária do uso do recurso

hídrico é de fundamental importância para a sustentabilidade. A base de custos

incrementais, que aloca apenas os custos marginais associados ao reuso, é um

critério aceitável para os benefícios sociais. Entretanto, é preciso que às leis

ambientais criem mecanismos de incentivos fiscais a introdução de práticas

sustentáveis nas indústrias, estimulando a pesquisa tecnológica de processos e de

tecnologias ambientais mais eficientes na otimização do uso de água. Isto levará a

significativos ganhos ambientais, sociais e econômicos.

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CAPÍTULO 5

5. PROCESSO PRODUTIVO DE DIÓXIDO DE TITÂNIO POR SULFATAÇÃO

O TiO2 pode ser obtido através de dois processos: cloração ou sulfatação.

No caso em estudo, o método para obtenção de TiO2 é a sulfatação. As etapas de

processo são: licor, hidrólise, pigmento e tratamento. Outras unidades

importantes no fornecimento de matéria-prima e insumos são as plantas de ácido sulfúrico e utilidades, esta última é responsável pelo fornecimento de água, vapor,

ar comprimido e energia.

5.1 FLUXOGRAMA DO PROCESSO DA UNIDADE DE ESTUDO - LICOR

A Figura 07 mostra o fluxograma do processo de beneficiamento de extração

de sulfato de titanila realizado na unidade de estudo do processo de licor.

Figura 07 - Fluxograma do processo de sulfato de titanila – Unidade da dilic

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5.2 SECAGEM E MOAGEM

No processo sulfato, os minérios são digeridos por ácido sulfúrico

concentrado transformando óxidos em sulfatos, pois são solúveis em água. Uma vez

que se trata de reação entre sólido e líquido. O minério deve conter um percentual

de umidade baixo, com a presença de água pode provocar uma sulfatação

prematura. Além do controle da umidade, é necessário reduzir a dimensão do

minério, através da moagem para atender as necessidades da sulfatação, pois os

minérios utilizados possuem originalmente dimensões bastante variadas.

Em condições normais o teor de umidade apresentado pelo minério bruto

dispensa a secagem. No entanto, as formas de transporte e estocagem

comprometem a condição do minério no processo, devido à possibilidade de reação

de sulfatação prematura na etapa seguinte, principalmente no período de chuvas.

Para melhores condições de transporte e moagem do minério, este deve ser secado

por secador (Figura 08).

Figura 08 - Secador de minério - ilmenita

CÂMARA

DE COMBUSTÃO

SECADOR

Bomba de óleo

ILMENITA SECA

Minério

GÁS

AR

Silo

CÂMARA

DE COMBUSTÃO

SECADOR

Bomba de óleo

ILMENITA SECA

Minério

CÂMARA

DE COMBUSTÃO

SECADOR

Bomba de óleo

ILMENITA SECA

Minério

GÁS

AR

Silo

CÂMARA

DE COMBUSTÃO

SECADOR

Bomba de óleo

ILMENITA SECA

MinérioMinério

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O processo de moagem é conduzido em moinhos de bolas (Figura 09).

Alguns fatores são fundamentais para obtenção do minério com granulometria

adequada, tais como: carga para o moinho; carga de bolas e abertura do

classificador. Nesta etapa, a água clarificada é utilizada somente para resfriamento

do sistema de mancais dos moinhos, com vazão média de 32m3/dia. Após o

resfriamento, a água é descartada diretamente para o efluente, representado uma

perda de 1% de toda a água clarificada utilizada no processo da dilic.

Figura 09 - Moinho de bolas

5.3 SULFATAÇÃO

Essa etapa inicia na mistura do minério “ilmenita” com o ácido sulfúrico. A

empresa utiliza uma escória importada da África do Sul, com teor de titânio maior, e

a ilmenita, com teor menor, conforme o Quadro 03. Essa característica, juntamente

com o baixo teor de ferro, permite que através do uso da mistura ilmenita/escória

seja produzida uma menor quantidade de sulfato ferroso.

Moinho de Bolas

Sistema de Resfriamento

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Quadro 03 - Composição típica de titânio na ilmenita natural e na escória

Composto Ilmenita (Paraíba) Escória de Titânio TiO2 total 54% 83%

TiO2 reduzido - 25% Fe - 0,08 %

FeO 10% 11 % Fe2O3 25% -

O minério moído e seco é misturado ao ácido sulfúrico concentrado e

homogeneizado sob agitação. O volume do ácido sulfúrico é constante e a sua

concentração é igual a 98%. Alterações nestes valores podem influenciar na

eficiência da sulfatação. A massa de minério utilizada depende do tipo de mistura de

minério empregada, sendo o seu valor ajustado em função dos resultados obtidos

com o licor reduzido.

Após a pré-mistura, obtém-se a sulfatação propriamente dita, onde ocorrem

as reações entre o ácido sulfúrico e os óxidos minerais, produzindo sulfatos. Esta

etapa ocorre continuamente e é composta pelas reações mostradas no Quadro 04,

onde algumas são reações exotérmicas, mas que necessitam de uma energia inicial,

que é fornecida pelo calor liberado pela diluição do ácido com água adicionada junto

com a mistura. A massa sulfatada apresenta uma coloração marrom-esverdeada é

descarregada pelas extremidades do sulfatador sendo então dissolvida com água.

Quadro 04 - Processo de Sulfatação – Reações

Reagentes Produtos

TiO2 + H2SO4 TiOSO4 + H2O

Ti2O3 + 3H2SO4 Ti2(SO2)4 + 3H2O

FeO + H2SO4 FeSO4 + H2O

Fe2O3 + 3H2SO4 Fe2(SO4)3 + 3H2O

MnO + H2SO4 MnSO4 + H2O

Cr2O3 + 3H2SO4 Cr2(SO4)3 + 3H2O

Nb2O3 + 5H2SO4 Nb2(SO4)5 + 5H2O

Al2O3 + 3H2SO4 Al2(SO4)3 + 3H2O

V2O5 + 5H2SO4 V2(SO4)5 + 5H2O

Fonte: proc. Operaciona/lLyondell

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Na sulfatação a principal avaliação do processo está concentrada na

eficiência, índice que avalia o processo de ataque do ácido ao dióxido de titânio do

minério que pode ser expressa na Equação 01 abaixo:

Equação 01

Nesta etapa, conforme procedimento operacional, a utilização de água no

processo é de 72m3/dia. Após a sulfatação é adicionado aproximadamente

828m3/dia para a dissolução de sais formados na reação, totalizando um consumo

médio de 900m3/dia de água. Nesse processo, a perda de água para o efluente de

14m3/dia provenientes dos tanques D-0237 e D-0239, correspondendo 0,60% de

toda água clarificada utilizada no processo do licor, conforme Figuras 10 e 11.

Figura 10 - Tanque D-0237 Figura 11 - Tanque D-0239

5.4 DISSOLUÇÃO E REDUÇÃO

Após a sulfatação, a massa é descarregada pelas extremidades do

sulfatador, sendo misturada com uma corrente de água. É iniciada a solubilização

dos sulfatos presentes, com a produção do licor dissolvido. A massa sai do reator

com temperatura pré-estabelecida. Após a dissolução, a temperatura é reduzida

para que não ocorra uma hidrólise prematura. A densidade desse licor é controlada

através da adição de água para dissolução e um desvio na sua especificação, levará

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a obtenção de um licor com alta ou baixa concentração de TiO2, forma na qual é

expressa para todos os compostos de titânio.

Nesta etapa, o licor apresenta uma alta concentração de ferro na forma de

Fe+3, e caso este siga no processo, precipitará com o dióxido de titânio na etapa de

hidrólise, levando à produção de um pigmento fora do padrão, esta forma de ferro

causa também a corrosão do cobre, material das serpentinas. Portanto, para evitar

estes problemas, é necessária a separação do ferro do licor, reduzindo do estado

trivalente (Fe+3

) para o estado bivalente (Fe+2

), pois este último é mais fácil de ser

removido nas etapas seguintes do processo. A redução é conseguida adicionando-

se limalha de ferro (fonte de ferro metálico) e sua eficiência é definida pela presença

do íon titanoso (íon Ti+3

, produto da redução do íon Ti+4

), que surge após total

redução do ferro trivalente.

Após o consumo de todo o íon Fe+3, é iniciada a redução do Ti+4, produzindo

o Ti+3 (ion titanoso), conforme descrito na Equação 02 abaixo.

Equação 02

2TiOSO4 + Fe + 2H2SO4 Ti2(SO4)3 + FeSO4 + 2H2O

A presença do íon Ti+3

garante que todo o Fe+3 foi reduzido, no entanto, estas

reações são reversíveis e o Ti+3 se oxida com o passar do tempo. Para evitar o

reaparecimento do Fe+3, deve-se manter o íon Ti+3 em uma concentração, tal que, na

fase de hidrólise não seja comprometida na sua eficiência. No processo de redução

tem-se que observar os seguintes aspectos:

5.4.1 Limalha de Ferro

Esta deve apresentar uma boa qualidade no tocante ao teor de ferro e

granulometria. No primeiro caso o baixo teor de ferro implicará num alto consumo de

limalha com aumento no teor de impurezas colocados no processo, que poderão ser

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atacados pelo ácido do licor ou seguirão como sólidos para serem retirados na

seção seguinte. Dentre as impurezas é indesejável a presença de óleos que podem

funcionar como espumante. No segundo caso, a dimensão da granulometria é

importante para garantir a velocidade e o tempo adequados das reações.

5.4.2 Temperatura

Esta variável deve ser rigorosamente controlada não devendo ser

extrapolada, pois com o aumento perde-se a eficiência de redução devido à perda

de hidrogênio com os gases exauridos do sistema, além de tornar o licor bastante

instável, favorecendo uma hidrólise prematura. Por outro lado, se a reação for

conduzida em baixa temperatura, ocorrerá lentamente podendo prosseguir reagindo

mesmo após a retenção.

5.4.3 Vazão de Licor Dissolvido

Qualquer alteração na vazão de licor dissolvido deve ser corrigida com

dosagem de limalha para melhor controle no Ti+3. Caso ocorra aumento de vazão,

deve-se atentar para o controle do tempo de retenção, evitando-se a passagem de

licor que compromete a próxima etapa do processo.

5.5 CLARIFICAÇÃO

A presença de sólidos junto ao licor de titânio é indesejável, uma vez que

influenciará a etapa de hidrólise, e a sua remoção do licor reduzido é a função da

seção de clarificação. Os sólidos são partículas muito finas constituídas em grande

parte pelo minério não reagido na sulfatação e impurezas que entram no processo

junto com a limalha. Esta condição é contornada com o uso de agentes floculantes,

que atuam aglomerando os sólidos. Desta maneira tem-se a formação de duas

correntes: o licor clarificado “over-flow” e uma lama com alta concentração de sólidos

“under-flow”.

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A densidade do licor reduzido tem grande importância, pois, a sedimentação

dos sólidos será tão mais rápida quanto maior for a diferença entre as suas

densidades. À medida que se aumenta a densidade do licor tem-se uma redução da

diferença entre esta e a densidade dos sólidos, o que tornará mais lenta a

sedimentação das partículas, e, portanto, o processo de clarificação.

Alguns outros fatores contribuem para a redução na eficiência do processo

de clarificação. O mais importante deles é a presença de limalha junto ao licor

alimentado ao clarificador. Isto porque a limalha continuará reagindo, com a

liberação de hidrogênio, prejudicando a sedimentação dos sólidos.

5.6 TRATAMENTO DE LAMA

A lama obtida pelo espessamento no clarificador contém uma alta

concentração de sólidos, e TiO2 solúvel que deve ser recuperado. Devido ao alto

teor de sólidos a separação é feita em filtros rotativos a vácuo, com a formação de

duas correntes: uma com baixa concentração de sólidos chamada de filtrado e outra

chamada de lama da faca, contendo cerca de 45% de sólidos. A primeira corrente

retorna ao processo juntando-se ao licor reduzido enquanto que a segunda é

misturada com cal, sendo neutralizada e enviada para a Cetrel, para destinação final

no aterro e/ou para utilização na fabricação de cerâmicas.

O filtro rotativo é formado por grande cilindro (tambor) que gira parcialmente

submerso na lama e possui internamente uma rede com tubulações interligadas a

um sistema de vácuo, gerado por cinco bombas de alta potência, com selagem

através de água proveniente do tanque D-0239 e, posteriormente descartada para o

efluente. Nessa etapa do processo, a perda de água por selagem nas bombas de

vácuo é de 841m3/dia, correspondendo a 35% do total do consumo de água

clarificado na área de licor que é de 2 393m3/dia. A Tabela 01 descreve a perda

proveniente do processo de captação, tratamento e lançamento para o efluente

(emissário).

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Tabela 01 - Demonstrativo de perda e custo de água na seção de clarificação/lama tratada

Perda Custo (R$) Seção

(m3/dia) (m3/mês) (%) Dia Mês

Clarificação/Lama

tratada 841 25 240 35 988,00 29 640,00

Nesta seção, tem-se como principal variável de processo a percentagem de

TiO2 solúvel contido na lama descartada pelo filtro, isto porque esta variável

determina a eficiência operacional do filtro e, por sua vez, também avalia a eficiência

da seção.

Diversos fatores contribuem para o controle da percentagem de TiO2 contido

na lama, os quais estão descritos abaixo:

a) Densidade da lama

Para uma boa operação do filtro é importante que a massa específica da

lama seja mantida abaixo de 1g/cm3, pois desta maneira, a lama estará mais fluida,

permitindo uma maior capacidade de filtração e de recuperação do TiO2.

b) Temperatura

A lama quando chega à seção está com uma temperatura abaixo do padrão

e para evitar a sua redução, o que tornaria a lama mais viscosa, difícil de filtrar e

favorecendo a cristalização do sulfato ferroso, que obstrui tubulações e tecidos, faz-

se o uso de um tanque de aquecimento que eleva a temperatura.

c) Lavagem

Durante a operação do filtro rotativo pode-se considerar a existência de três

zonas ao longo do tambor: filtração da lama, lavagem da torta e secagem.

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d) Rotação do tambor

A cada giro do tambor ocorre a formação da camada de torta que é lavada e

descartada. Com a redução na velocidade do tambor reduz-se a recuperação do

TiO2 solúvel. Por outro lado o aumento na velocidade reduzirá a produção.

5.7 CRISTALIZAÇÃO

Nesta etapa do processo o licor clarificado é resfriado e com a redução na

temperatura ocorre a precipitação do sulfato ferroso na forma heptahidratada

(FeSO4.7H2O) e, desta forma, consegue-se retirar o sulfato ferroso e aumentar

concentração do licor.

A cristalização ocorre em batelada na qual o licor é resfriado através de água

gelada, com circulação média de 3 000m3/dia, no interior das serpentinas de cobre.

Uma outra forma de cristalização ocorre através do resfriamento por evaporação de

sistema a vácuo.

Cada um dos sistemas apresenta limitações operacionais: no sistema de

resfriamento com a água gelada, a troca térmica é reduzida no decorrer da

cristalização devido à deposição de cristais sobre a serpentina. No sistema a vácuo,

é possível uma maior redução na temperatura. No entanto, a grande turbulência que

ocorre no seu interior contribui para a produção de cristais muito finos, que

apresentarão dificuldade de sedimentação na próxima etapa do processo. Na

cristalização têm-se como principais variáveis de processo:

a) Concentração do licor clarificado

Na temperatura e concentração que o licor entra no cristalizador, todo sulfato

ferroso está dissolvido. Com o resfriamento, atinge-se a curva de saturação do

sulfato. A partir desse ponto, todo sulfato ferroso que exceder a concentração de

saturação precipitará na forma de cristal heptahidratado.

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56

b) Temperatura

Partindo de uma determinada concentração, quanto mais baixa for a

temperatura final do licor, maior será a formação de cristais.

5.8 CLASSIFICAÇÃO E CENTRIFUGAÇÃO

O licor cristalizado é uma suspensão de cristais de sulfato ferroso. A

classificação tem a função de separar esse sulfato do licor. A separação se dá por

sedimentação natural, não havendo a necessidade do uso de agentes promotores

como ocorre na clarificação. A forma e o tamanho dos cristais são bastante

importantes na decantação, pois quanto maiores esses cristais mais rápidos eles

sedimentarão.

Nessa etapa do processo é utilizada água clarificada da estação de

tratamento para resfriamento das centrífugas com uma vazão média de 81m3/dia.

Após a troca térmica, a água é descartada para o efluente. Essa perda representa

3% de toda a água clarificada no processo do licor.

Estes cristais ainda possuem quantidades consideráveis de TiO2, sendo

então lavados na própria cesta, a fim de que, no final, o sulfato ferroso descarregado

não contenha mais que 0,5% de TiO2. Devido à diferença de concentração, a água

de lavagem é separada da água-mãe. Esta é conduzida para os tanques de licor

cristalizado enquanto a água de lavagem retorna para o tanque de licor dissolvido.

Esta distribuição é feita com base no critério de concentração de TiO2 destas

correntes. A água de lavagem com baixa concentração de TiO2 não deve ser

direcionada para o licor cristalizado, ao passo que o direcionamento do fluxo da

água mãe para a dissolução é até aconselhável quando se trabalha com carga baixa

na planta. A Figura 12 mostra o processo de separação de cristais.

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57

Figura 12 - Processo de separação de cristais de sulfato ferroso do licor

Nesta etapa de classificação têm-se como principais variáveis de processo:

a) Concentração de TiO2

Objetivo da classificação é retirar os cristais, assegurando que a

concentração obtida pelo licor através da cristalização seja mantida.

b) Número de ferro

A baixa concentração de ferro permite uma melhor especificação do licor,

além de ter efeito positivo sobre a concentração do TiO2, não influenciará a etapa de

hidrólise, bem como permitirá um maior controle sobre o descarte de ferro para o

efluente.

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5.9 FILTRAÇÃO

A filtração é realizada por filtros de pressão do tipo placas e quadros, e é

utilizado um esquema auxiliar de filtração com objetivo de reter os sólidos evitando

contato direto deste com o tecido filtrante.

5.10 EVAPORAÇÃO

A finalidade da evaporação é elevar a concentração do TiO2 do licor filtrado,

colocar dentro das condições ideais para uma perfeita e controlada hidrólise, que

terá bastante influência na qualidade do produto final. A principal variável de controle

de evaporação é a concentração do TiO2 que tem grande importância durante a

formação do TiO2 hidrolisado, devendo ser controlada dentro dos limites de

especificação.

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CAPÍTULO 6

6. CAPTAÇÃO E TRATAMENTO DA ÁGUA UTILIZADA NA FÁBRICA

6.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA – ETA

A ETA fica localizada na área externa da fábrica. O processo se inicia no

parque da captação no rio Açu e em poços profundos localizados na Fazenda

Machadinho, situado a 1km da fábrica. O rio Açu é formado pelos rios Braço Maior e

Menor e pelo rio Capivarinha, a uma distância média de 8Km do ponto de captação.

Forma uma várzea com uma largura média de 2Km depois da junção dos rios na

lagoa Feia e deságua no rio Jacuípe a aproximadamente 5Km do ponto de

captação. No trecho próximo à captação forma uma bacia natural coberta com

espessa camada de capim, alterando a cor e característica devido à presença de

matéria orgânica.

A água é bombeada das fontes de captação para a Estação de Tratamento

de Água da própria empresa e posteriormente, bombeada para um reservatório

elevado de 55m de altura, com capacidade de armazenamento de 500m3, por

gravidade, abastece as unidades industriais, área administrativa e comunidades de

Interlagos e Areias (Figura 13), ambas localizadas nas proximidades da fábrica.

Figura 13 - Fluxograma de distribuição de água tratada na ETA

Fonte: Dados fornecidos pela planta de utilidades/Lyondell

ETA

DESAERAÇÃO DESMINERALIZAÇÃO

CALDEIRA USO GERAL COMUNIDADES

OXIDAÇÃO ÚMIDA MICRONIZAÇÃOLABORATÓRIO

ETA

DESAERAÇÃO DESMINERALIZAÇÃO

CALDEIRA USO GERAL COMUNIDADES

OXIDAÇÃO ÚMIDA MICRONIZAÇÃOLABORATÓRIO

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60

A Estação de Tratamento de Água tem capacidade de tratar 800m3/h. O

tratamento utilizado é o convencional. A contabilização do custo operacional é

realizada na planta de utilidade; para cada metro cúbico de água tratada gasta-se

R$ 0,33.

Conforme dados extraídos das planilhas de controle fornecidos pela planta

de utilidades, no período de setembro de 1999 a agosto de 2000 (anexo 01), o

volume diário de água captada e tratada na ETA, apresentou média mensal de 555

320m3. Já no período de setembro de 2003 a agosto de 2004 (anexo 02), a média

mensal foi de 424 872m3. A redução deste volume ocorreu em função da reutilização

da água no processo de dióxido de titanila na unidade de licor, após um estudo

realizado por Martins e Almeida em 1999, propôs a construção de uma torre de

resfriamento e, paralelamente, outras ações administrativas.

6.2 PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

A Figura 14 mostra o processo de captação, tratamento e distribuição de

água tratada na ETA da Lyondell.

Figura 14 - Diagrama de bloco do processo de tratamento de água – ETA

Fonte: Dados fornecidos pela planta de utilidades/Lyondell

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61

6.2.1 Captação

A água captada do rio Açu é bombeada para a Calha Parshall a uma vazão

média de 500m3/h, que através de bomba dosadora é adicionado o sulfato férrico,

Fe2(SO4)3, denominado PIX, como floculante. A dosagem é diretamente proporcional

à vazão de captação. Além do PIX, é adicionado Ca(OH)2 para o controle do pH de

floculação e cloro como bactericida (Figura 15). O cloro é injetado através de um

tubo venturi com vazão controlada pelo FIC (controlador e indicar de vazão). O

sistema de injeção de cloro é composto por cilindros de 900gf/cm2 que mantém o

sistema de saída sob controle de válvulas auto-operadas.

Figura 15 - Processo de tratamento de água

Polímero

Água

Cloro

Ejetor

Água clarificada

LIR

Tanque de lavagem

Flux

o m

ínim

o

Bomba dosadora

PIX (Coagulante)

LGCloro

Ejetor

Calha Parshall

Dosagem de Ca(OH)2

ReservatórioLIRLIR

Tanque elevado

FiltroFloculador Decantador

Ca(OH)2

Polímero

Água

Cloro

Ejetor

Água clarificada

LIRLIR

Tanque de lavagem

Flux

o m

ínim

o

Bomba dosadora

PIX (Coagulante)

LGCloro

Ejetor

Calha Parshall

Dosagem de Ca(OH)2

ReservatórioLIRLIR

Tanque elevado

FiltroFloculador Decantador

Ca(OH)2

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62

6.2.2 Floculação

A água já com aditivo (PIX, Cloro e Ca(OH)2) é transportada para os três

tanques floculadores. Na saída da Calha Parshall é adicionado o polímero

polieletrólito com um fluxo contínuo, com objetivo de facilitar a floculação,

aumentando o tamanho dos flocos.

Cada floculador tem a capacidade de armazenar 320m3 de água. A

floculação acontece devido a um lento processo de agitação, efetuada por pás

misturadoras instaladas no fundo do floculador. O acionamento é feito por motor,

proporcionando a formação dos flocos com um tempo de residência de trinta

minutos.

6.2.3 Decantação

Ao término da batelada de floculação, a água é liberada para o primeiro

decantador. Em seguida a água é encaminha ao segundo decantador que tem a

mesma característica do anterior, com menor quantidade de flocos em suspensão e

o processo se repete no terceiro decantador, já com uma quantidade menor de

sólidos em suspensão.

Na saída do último decantador, é adicionado hidróxido de cálcio para elevar

o pH. Em seguida, por transbordamento, a água é direcionada para o filtro.

6.2.4 Filtração

Como o processo de decantação não é 100% eficiente, se faz necessário

que a água clarificada passe por um processo de filtração.

Os filtros são construídos de concreto, compostos por sete camadas de

material filtrante, uma de carvão ativado - antracito, uma de areia e cinco camadas

de seixos de diferentes granulometrias (Tabela 02).

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63

Tabela 02 - Distribuição de camadas filtrantes

Fonte: Dados fornecidos pela planta de utilidades - ETA

6.2.5 Reservatórios Inferior e Superior

Tendo passado por todas estas etapas do processo de tratamento, a água

filtrada é enviada para um reservatório inferior e posteriormente, através de bombas

centrífugas, é bombeada e distribuída da seguinte forma: um percentual da água é

bombeado para um tanque de retrolavagem dos filtros e outro percentual é

bombeado para o tanque elevado que por sistema de gravidade, abastece a fábrica

e comunidades vizinhas.

Na Estação de Tratamento de Água possui um laboratório que realiza

análises físico-químicas e bacteriológicas destinados à avaliação da qualidade da

água desde o manancial (captação) até o sistema de distribuição. Além deste, existe

um laboratório central que faz a aferição de todos os sistemas e também realiza

exames especiais como: identificação de resíduos de pesticidas, metais pesados e

plancton. Esses exames são feitos na água bruta, durante o tratamento e em pontos

da rede de distribuição, de acordo com o que estabelece a legislação em vigor.

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64

Nos Quadros 05 e 06 são apresentados os valores ideais para a qualidade

da água tratada.

Quadro 05 - Qualidade da água no reservatório inferior da fábrica

Parâmetro VMP

Condutividade 170 μS/cm

Sólidos totais

Dureza

160 mg/l

<50 mg/l

Fonte: Dados fornecidos pela planta de utilidades - ETA

Quadro 06 - Valor máximo exigido na qualidade da água na entrada da fábrica

Parâmetro VMP

pH 8,0 a 9,0

Ferro total < 0,3 mg/l

Cálcio < 50 mg/l

Sólidos suspensos < 5,0 mg/l

Cloreto < 50 mg/l

Fonte: Dados fornecidos pela planta de utilidades - ETA

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65

CAPÍTULO 7

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 BALANÇO HÍDRICO DE VAZÃO DE ENTRADA DE ÁGUA DA FÁBRICA

A água captada, que abastece a empresa, após o tratamento, é bombeada

para o reservatório elevado e por gravidade, abastece as unidades industriais de

utilidades, ácido sulfúrico, licor, hidrólise, pigmento, tratamento, além da

administração, refeitório, rede de incêndio e comunidades vizinhas.

A fim de avaliar o consumo total de água na Lyondell, em setembro de 2004,

foi realizado o balanço hídrico com base no controle da planta de utilidades.

Avaliando-se os dados do Gráfico 03, verificou-se que os maiores consumos estão

nas plantas de utilidades e hidrólise, entretanto, a maior geração de efluentes está

concentrada na planta de licor – sulfato de titanila, principalmente nas selagens das

bombas de vácuo e equipamentos tais como, centrífuga e moinho de bolas que

utilizam óleo para lubrificação de mancais, conforme demonstra o Gráfico 04.

14.162

5.985

2.770 2.3931.820

624 570

13.592

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

Água tratada naETA

Água na entradada fábrica

Planta deUtilidades

Planta deHidrólise

Planta de Licor Planta dePigmento eTratamento

ÁreaAdministrativa

ComunidadesInterlagos e

Areias

Áreas

Vaz

ão (m

3/di

a)

Gráfico 03 - Balanço hídrico do consumo de água tratada na ETA

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66

968

1.425

2.393

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

Entrada de água Consumo Efluente gerado

Volu

me

(m3 /d

ia)

Gráfico 04 - Demonstrativo de alimentação de água, consumo e efluente gerado na planta de licor

7.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS DE DESCARTE NO PROCESSO DE DIÓXIDO

DE TITÂNIO

Na unidade de licor, as maiores vazões de água estão distribuídas nos

processos de: secagem/moagem, sulfatação, tratamento de lama e

classificação/centrífuga.

Para a identificação dos pontos de descarte de água, foram necessários

estudos do processo e dos equipamentos, como: identificação e função dos

equipamentos, a origem e descarte de água por equipamento, balanço hídrico do

sistema, medição de temperatura, coleta de amostras, análise laboratorial e

interpretação dos resultados para a sua viabilização do reuso no próprio processo.

Após estudos, os pontos foram identificados e compilados, Tabela 03, com

base na nomenclatura de registro (TAG) de cada equipamento contribuinte para a

emissão de efluentes.

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Tabela 03 - Identificação dos pontos de descarte de água para efluente

TAG Equipamento Origem G-0413 Bomba Água do selo da bomba de vácuo G-0414 G-0421 G-0423 G-0424 H-0501 Centrífuga Água de resfriamento de óleo dos mancais H-0502 H-0550 H-0551 T-0103 Moinho de bola Água de resfriamento de óleo dos mancais T-0104 T-0150 D-0237 Tanque Água de alimentação do sulfatador D-0239 Tanque Água do pHmetro

7.3 PROCESSO DE MEDIÇÃO DE VAZÃO DE ÁGUA RESIDUÁRIA

As condições operacionais e ambientais da unidade, no momento das

medições da vazão de água, encontravam-se normalizado. A ocorrência de um

equipamento (moinho de bola T-0103) operando aquém da temperatura normal de

operação, reiterando o desdobramento da medição em duas fases para contemplar

o posterior e ideal uso do referido equipamento.

Para a avaliação das vazões em cada ponto de descarte, foi empregado o

método volumétrico, utilizando-se para isso, um recipiente de volume conhecido e

um cronômetro para medição. Foram realizadas três medições por linha de descarte

para o efluente e estimada a vazão média, conforme a Equação 03 abaixo:

Equação 03

Vazão = Volume (l) / Tempo (min)

O Gráfico 05, mostra as medições de vazões das águas residuárias por

ponto de descarte e vazões acumuladas.

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68

196 166114

7724 23 19 16 15 12 10 6 2

288

288

484

841764

650

865 888 907 923 938 950 960 966 968

0

200

400

600

800

1000

1200

G-0413 G-0423 G-0424 G-0414 G-0421 H-0550 H-0502 H-0551 T-0103 H-0501 D-0237 T-0104 T-0150 D-0239

Equipamentos

Vaz

ão (m

3 /dia

)

Vazão por equipamentoVazão acumulada

Gráfico 05 - Pontos de descarte de água de processo por equipamento

Os Anexos 03, 04, 05, 06 e 07, mostram a origem e os pontos de descarte de

água nos equipamentos: centrífuga, selos das bombas de vácuo, camisa dos

moinhos, tanques D-0237 (alimentação do sulfatador) e D-0239 (pHmetro) na

unidade de licor, assim como, data, temperatura, tempo de coleta, medições de

vazões por equipamento. As avaliações foram realizadas no período de agosto de

2004 a agosto de 2005.

As Figuras de 16 a 20 mostram alguns equipamentos e os respectivos

pontos de lançamento de água para o efluente.

Figura 16 - Bomba de vácuo (G-0413) Figura 16.1 - Ponto de descarte de água da bomba de vácuo

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69

Figura 17 – Moinho de bolas Figura 17.1 – Avaliação da temperatura da água do moinho

Figura 18 - Tanque D-0237 Figura 18.1 - Ponto de descarte de água

D-0237

Figura 19 - Ponto de descarte de água da Figura 20 - Ponto de descarte de água do

centrífuga pHmetro do D-0239

Com base nas medições realizadas nos pontos de descarte, verificou-se

que o volume total de efluente lançado ao meio ambiente oriundo do processo de

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70

centrífugação, sulfatação, secagem/moagem e clarificação/tratamento de lama na

unidade de licor (Anexo 07), corresponde a uma vazão de 968m3/dia. A maior

contribuição está concentrada na seção de clarificação/tratamento de lama do

sistema de selagem das bombas de vácuo com perda média de 841m3/dia, como

pode ser visto no Gráfico 06, com valor equivalente a 35% de toda água clarificada

usada no processo da dilic (2 393m3/dia) e 6% do total da água utilizada na fábrica

(13 592m3/dia.

841

14 32

81

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Centrífuga Sulfatação Secagem Moagem Clarificação/TratamentoLama

Vol

ume

(m3 /d

ia)

Gráfico 06 - Volume de água descartada no processo da dilic por seção

7.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

Com base nas especificações de qualidade das águas dos reservatórios

inferior e superior (entrada na fábrica), foram medidos alguns parâmetros conforme

definidos na Portaria Nº 518/04 da Anvisa – Potabilidade de água e Resolução

Conama 20/86 – Classificação de águas, os quais oferecem subsídios para uma

avaliação qualitativa das águas residuárias comparadas às especificações, como

pode ser visto na Tabela 04.

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71

7.5 COLETA, PRESERVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA

ANÁLISES

A coleta e preservação das amostras para os ensaios físico-químicas foram

realizadas em 06/01/2005, 13/01/2005, 31/01/2005, 17/08/2006 e 24/08/2006 nos

pontos pré-estabelecidos por técnico devidamente capacitado, seguindo o

Procedimento do Senai/Cetind – P056-LAB e do Standard Methods for Examination

of the Water and Wastewater, 20º Edição – 1998.

Foram coletadas 14 amostras de águas residuárias nos pontos pré-

definidos, utilizou-se frascos de vidro e plástico com capacidades de 500 e 1000ml,

acondicionados e preservados em recipiente térmico, evitando alteração brusca de

temperatura durante o transporte e encaminhados para o laboratório para realização

das análises.

7.6 ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

No Anexo 08 - Laudo de Análises mostra-se os resultados das análises

físico-químicas realizados nos pontos geradores de efluentes. Na Tabela 04 estão

inseridos os resultados obtidos e comparados com os padrões de qualidade da água

estabelecidos nos reservatórios da ETA, assim como os padrões definidos pela

Anvisa, Portaria 518/04 e Resolução Conama 20/86, Artigo 4, água Classe I.

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Tabela 04 - Resultados das análises comparadas com os VMP’s

VMP-1 - Qualidade da água no reservatório inferior na ETA - Lyondell

VMP-2 - Qualidade da água na entrada da Fábrica - Lyondell

VMP-3 - Portaria Nº 518/04 (Anvisa)

VMP-4 - Conama 20/86, artigo 4 - classe 1

N/A - Não aplicável

ND - Não detectado

J - Abaixo do limite de quantificação do método

NR – Não referenciado

* - Análise realizada no laboratório da Lyondell

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73

Nas 14 coletas realizadas nos pontos de descargas de água dos

equipamentos (Tabela 04), os resultados das análises19 mostram que os parâmetros

definidos pela empresa (VMP1 e VMP2), Portaria Nº 518/04 (VMP3) e Conama 20/86

(VMP4), estão abaixo do VMP, tanto para o reuso no próprio equipamento como para

o lançamento de efluente.

Nas análises do ferro total a qualidade da água que entra na fábrica (VMP2),

teve o maior valor detectado de 0,99mg/l e a média ponderada (MP) de 0,38mg/l,

valor bem próximo do máximo estabelecido que é de <0,30mg/l (Gráfico 07).

Gráfico 07 - Resultados das análises de ferro total

Quanto à condutividade, foi observado que todos os pontos analisados

estão acima do VMP-1 (Gráfico 08) com média de 218mS/cm, porém com

aceitabilidade para os demais VMPs.

19 Reiteramos que, para todas as análises apresentadas neste tópico, foram extraídas médias ponderadas.

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Gráfico 08 - Resultados das análises de condutividade

Considerando o resultado das análises de sólidos totais (Gráfico 09),

apenas três pontos de amostragens analisadas (H-0502, T-0104 e D-0237)

apresentaram valores acima do VMP1, porém, com média de 104mg/l, valor abaixo

do padrão estabelecido que é de 160mg/l.

Gráfico 09 - Resultados das análises de sólidos totais

No Gráfico 10, as análises de óleos e graxas, das sete amostras realizadas,

foram detectados dois pontos com presença de óleo: centrífuga (H-0502) e moinho

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75

de bola (T-0103), ambos não referenciados como VMP1 e VMP2. Com base na

Resolução Conama 20/86, Art.21, o VMP para lançamento de efluente está definido

em 20mg/l. Considerando o valor máximo encontrado de 8mg/l no H-0502 e a média

de 0,27mg/l, este resultado não representa nenhum risco tanto para o reuso quanto

para lançamento de efluente, pois o valor está abaixo do limite estabelecido pela

legislação do Conama.

Gráfico 10 - Resultados das análises de óleos e graxas

No Gráfico 11 a análise de sólidos suspensos, revelou a média ponderada

de 10mg/l, abaixo, portanto, do valor máximo permitido.

Gráfico 11 - Análises de sólidos suspensos

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76

A análise de dureza, no Gráfico 12, apresentou a média ponderada de

67mg/l para um VMP3 de 500 mg/l (Portaria N0 514/04).

Gráfico 12 - Análise de dureza

Para a análise de cloretos, conforme (Gráfico 13), encontrou-se a média

ponderada de 22mg/l, valor abaixo do VMP2.

Gráfico 13 - Análises de cloretos

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No Gráfico 14, a análise de cálcio, a MP apontou valor menor que o VMP.

Gráfico 14 - Análises de cálcio

Com base nas avaliações de temperaturas realizadas nos pontos de

descarte de água para o efluente, a maior temperatura detectada foi de 39oC na

bomba de vácuo (G-0414) e a menor, de 29ºC no equipamento D-0237 (Vide

Anexos 4 e 6).

Conclui-se que, mesmo inapropriada para o processo, esta mesma água

pode ser utilizada nas fases de resfriamento de equipamentos, repor perdas nas

torres de resfriamento na própria unidade e uso geral, tais como jardinagem, vaso

sanitário, limpeza da área e de equipamentos.

7.7 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ESPECÍFICO

No processo de fabricação de sulfato de titanila é indispensável à utilização

de água gelada e clarificada. A água gelada é fornecida pela planta de utilidades

com a finalidade de controlar a temperatura da reação do licor nos tanques de

cristalização. A água circula em circuito fechado até os equipamentos, retornando à

planta de utilidades com uma perda mínima de seu volume.

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78

Considerando-se o consumo específico de água clarificada, observa-se que

em uma produção de 151t/dia de sulfato de titanila, gasta-se 2 393m3/dia de água

clarificada com custo operacional de R$ 790,00/dia. Portanto, para cada tonelada de

sulfato de titanila produzido, gasta-se 16m3 de água clarificada. O consumo

específico de água clarificada está definido na Equação 04 abaixo:

Equação 04

7.8 CUSTOS OPERACIONAIS COM TRATAMENTO E LANÇAMENTO DE ÁGUA

Conforme os custos operacionais de tratamento e lançamento fornecido

pela planta de utilidades, concluiu-se que, para cada metro cúbico de água tratada

(clarificada), gasta-se R$ 0,33, enquanto que, no lançamento de efluente, gasta-se

R$ 0,85. Convém destacar que o volume total de água descartada para o efluente

no processo de sulfato de titanila é de 968m3/dia, conforme demonstra o Anexo 07.

No memorial abaixo descreve-se os custos operacionais de tratamento e

lançamento de efluente.

Memorial dos custos operacionais com tratamento e lançamento de água

1. Custo operacional de tratamento – COTETA

- Custo de tratamento na ETA = R$ 0,33/m3

- Água descartada na dilic = 968m3/dia

- COTETA = (R$ 0,33/m3 x 968m3/dia)

- COTETA = R$ 319,00/dia

CE (Água Clarificada)

Consumo de água clarificada m3

2 393m3/dia

Consumo Específico =

151t/dia= = 16m3/t sulfato de titanila

Produção em t sulfato de titanila

CE (Água Clarificada)

Consumo de água clarificada m3

2 393m3/dia

Consumo Específico =

151t/dia= = 16m3/t sulfato de titanila

Produção em t sulfato de titanila

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79

2. Custo operacional de lançamento - COLEfluente - Custo de lançamento = R$ 0,85/m3

- Efluente gerado na dilic = 968m3/dia

- COLEFLUENTE = (R$ 0,85/m3 x 968m3/dia)

- COLEFLUENTE = R$ 823,00/dia

3. Custos operacionais de tratamento e lançamento – COTL

- COTLTotal = (R$ 319,00/dia + R$ 823,00/dia)

- COTLTotal = R$ 1 142,00/dia

O Gráfico 15 ilustra a totalização dos custos operacionais da água: tratada e

lançada para o efluente no processo de sulfato de titanila.

R$ 319,00

R$ 1.142,00

R$ 823,00

0

200

400

600

800

1000

1200

Tratamento (ETA) Lançamento Total

Custo operacional

(Cus

to/d

ia)

Gráfico 15 - Custos de tratamento e lançamento de efluente no processo de sulfato de titanila

Como forma de explicitar o consumo e os custos operacionais de água na

captação, tratamento, distribuição e lançamento de efluente no processo de extração

de TiO2 na unidade da dilic, o Quadro 07 mostra as perdas graduadas de água e

seus respectivos custos operacionais ao longo de um ano.

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Quadro 07 - Demonstrativo de perdas graduadas de água na dilic

Custos

Dia Mês Ano Unidade de licor

(M3) (R$) (M3) (R$) (M3) (R$)

Tratamento (ETA) 968 319,00 29.040 9.570,00 348.480 114.840,00

Lançamento

(Efluente) 968 823,00 29.040 24.690,00 348.480 296.280,00

Total 1.142,00 34.260,00 411.120,00

7.9 APRESENTAÇÃO DE UM PROJETO PARA O REUSO E/OU RECICLO DA

ÁGUA DE PROCESSO

A estratégia de redução de poluentes na fonte e o reuso de água, tem se

destacado de forma crescente nas indústrias, como forma de promover a

sustentabilidade do negócio, com menor impacto causado ao meio ambiente.

Neste trabalho, para a unidade de licor escolhida, foram levantadas as

seguintes oportunidades de reuso da água:

1. Usar circuito fechado no sistema de selagem das bombas de vácuo, bem

como no resfriamento dos mancais de diversos equipamentos;

2. Usar esta água para repor as perdas nas torres de resfriamento na

própria unidade;

3. Uso geral, tais como jardinagem, vaso sanitário, limpeza da área e de

equipamentos.

Analisando estas propostas, vê-se que a viabilização para reuso da água,

demonstra as vantagens e desvantagens, conforme descritas abaixo:

1. Circuito fechado no sistema de selagem das bombas de vácuo e resfriamento

dos mancais.

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81

1.1 Vantagens:

• minimizar a geração de efluentes no processo;

• reduzir o consumo de água;

• mitigar o impacto ambiental na captação de água e descarte de efluente;

• reduzir os custos no tratamento e lançamento dos efluentes;

• maior aproveitamento da água, no próprio processo, sem necessidade

de tratamentos;

• detectar vazamentos e perda de licor nos selos das bombas de vácuo;

• detectar vazamentos de óleo no sistema de resfriamento dos mancais,

garantindo melhor desempenho do sistema;

• adotar boas práticas operacionais e ambientais;

• integrar ao processo a responsabilidade ambiental e social.

1.2 Desvantagens:

• elevar o consumo de energia elétrica;

• elevar o custo de manutenção;

• realizar análises físico-químicas da água;

• onerar o custo nas análises de laboratório;

• contaminar a água das torres de resfriamento, em caso de vazamentos.

2. Uso desta água para repor perdas nas torres de resfriamento na própria

unidade.

2.1 Vantagens:

• reduzir o consumo de água;

• reduzir os custos no tratamento e lançamento dos efluentes;

• minimizar o impacto ambiental na captação de água e descarte de

efluentes.

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2.2 Desvantagens:

• contaminar a corrente de água para a torre de resfriamento, em caso de

vazamentos.

• elevar o custo de manutenção;

• aumentar o consumo de energia elétrica;

• onerar o custo nas análises de laboratório.

3. Uso geral em jardinagem, vaso sanitário, limpeza da área e de equipamentos.

3.1 Vantagens:

• substituir o uso convencional da água tratada nas aplicações de

jardinagem, vaso sanitário, limpeza da área e de equipamentos;

• mitigar o consumo de água;

• reduzir os custos no tratamento e lançamento de efluentes;

• minimizar o impacto ambiental na captação de água e descarte de

efluentes.

3.2 Desvantagens

• aumentar o consumo de energia elétrica;

• onerar o custo nas análises de laboratório;

• uso menos adequado, pois para algumas destas funções poderia ser

utilizada uma fonte de água com qualidade inferior.

Com base nesta análise, decidiu-se pela primeira opção, por apresentar um

maior aproveitamento da água, no próprio processo, sem necessidade de

tratamento. Além disso, permite um melhor controle operacional do sistema, pois

problemas mecânicos nos mancais e selos, que causam vazamentos, são

imediatamente detectados.

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83

Esta opção será analisada com mais detalhes no item 7.10, para uma visão

preliminar da viabilidade técnico-econômica de sua implantação.

É importante ressaltar que a presente dissertação, não é a única ferramenta

para a minimização de efluentes e que as ações propostas sejam partes integrantes

do programa de gestão - Produção Mais Limpa.

A Figura 21 mostra o diagrama do sistema operacional das bombas de

vácuo e demais pontos avaliados na condição atual de operação. A água utilizada

no sistema de selagem e resfriamento das bombas, após o processo, é descartada

para o efluente.

Na Figura 22 mostra-se uma proposta para recuperação desta água,

através do fechamento deste circuito, o que exige a construção de uma torre de

resfriamento.

O Quadro 08 apresenta o dimensionamento das bombas e ventilador

utilizados nesta futura torre de resfriamento.

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84

Figura 21 - Situação atual de uso de água nas bombas de vácuo

C

B = Torre de Resfriamento E-0236

C = Água de resfriamento dos tanques de :

redução, sulfatação e dissolução

Vazão = (841m3/dia)

Ponto de descarga de água

A

B

Efluente

G-0413 G-0414 G-0423G-0421 G-0424

37ºC

Processo atual de alimentação das bombas de vácuo

Tanque Principal

Bom

bas d

e V

ácuo

D-0239

A = Água tratada da ETA

C

B = Torre de Resfriamento E-0236

C = Água de resfriamento dos tanques de :

redução, sulfatação e dissolução

Vazão = (841m3/dia)

Ponto de descarga de água

A

B

Efluente

G-0413 G-0414 G-0423G-0421 G-0424

37ºC

Processo atual de alimentação das bombas de vácuo

Tanque Principal

Bom

bas d

e V

ácuo

D-0239

A = Água tratada da ETA

C

B = Torre de Resfriamento E-0236

C = Água de resfriamento dos tanques de :

redução, sulfatação e dissolução

Vazão = (841m3/dia)

Ponto de descarga de água

A

B

Efluente

G-0413 G-0414 G-0423G-0421 G-0424

37ºC

Processo atual de alimentação das bombas de vácuo

Tanque Principal

Bom

bas d

e V

ácuo

D-0239

A = Água tratada da ETA

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Figura 22 - Diagrama simplificado do projeto para recuperação da água na unidade de licor

MA

KE

-UP

Ponto de descarga de água

IpHVA

SDCD

FT

SDCD

A

D-0239

B

C

A = Água tratada da ETA

B = Torre de Resfriamento E-0236

C = Água de refrigeração dos tanques de :

Redução, Sulfatação e Dissolução

Efluente

Torre de Resfriamento Cap. 70m3/h

G-0413 G-0414 G-0423G-0421 G-0424

37ºCVazão = 841m3/dia

Processo atual de alimentação das bombas de vácuo

Tanque Principal

SDCD SDCD Tanque Subterrâneo

VA

Bom

bas d

e V

ácuo

Dreno

Demais pontos Avaliados

34ºC

Vazão = 127m3/dia

Proposta do Projeto para Redução de 841m3/dia de água geradas para o efluente nas bombas de vácuo e outros quipamentos totalizando 968m3/dia.

MA

KE

-UP

Ponto de descarga de água

IpHVA

SDCD

FT

SDCD

A

D-0239

B

C

A = Água tratada da ETA

B = Torre de Resfriamento E-0236

C = Água de refrigeração dos tanques de :

Redução, Sulfatação e Dissolução

Efluente

Torre de Resfriamento Cap. 70m3/h

G-0413 G-0414 G-0423G-0421 G-0424

37ºCVazão = 841m3/dia

Processo atual de alimentação das bombas de vácuo

Tanque Principal

SDCD SDCD Tanque Subterrâneo

VA

Bom

bas d

e V

ácuo

Dreno

Demais pontos Avaliados

34ºC

Vazão = 127m3/dia

Proposta do Projeto para Redução de 841m3/dia de água geradas para o efluente nas bombas de vácuo e outros quipamentos totalizando 968m3/dia.

MA

KE

-UP

Ponto de descarga de água

IpHIpHVA

SDCD

FT

SDCD

A

D-0239

B

C

A = Água tratada da ETA

B = Torre de Resfriamento E-0236

C = Água de refrigeração dos tanques de :

Redução, Sulfatação e Dissolução

Efluente

Torre de Resfriamento Cap. 70m3/h

G-0413 G-0414 G-0423G-0421 G-0424

37ºCVazão = 841m3/dia

Processo atual de alimentação das bombas de vácuo

Tanque Principal

SDCD SDCD Tanque Subterrâneo

VA

Bom

bas d

e V

ácuo

Dreno

Demais pontos Avaliados

34ºC

Vazão = 127m3/dia

Proposta do Projeto para Redução de 841m3/dia de água geradas para o efluente nas bombas de vácuo e outros quipamentos totalizando 968m3/dia.

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Quadro 08 - Dimensionamento das bombas para torre de resfriamento

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Para a reutilização da água no processo é necessária a construção de uma

torre de resfriamento da água considerando recomendações abaixo:

a) redução da temperatura da água através de resfriamento, cuja média

registrada nas avaliações foi de 35ºC para o volume descartado de

968m3/dia (Anexo 07) equivalente a 40m3/h;

b) instalação de indicador de pH (pHmetro) na linha de descarga das

bombas de vácuo, com sistema operacional “On Line” com SDCD (sala de

controle) para identificação de uma possível contaminação da água com

licor;

c) instalação de válvulas de comando automático para uma melhor atuação

no sistema, conforme ilustrado no diagrama simplificado (Figura 22);

d) confecção e instalação de tanque para coleta de água do sistema,

conforme ilustrado no diagrama simplificado (Figura 22);

e) instalação de linhas, válvulas, um ventilador e quatro bombas com

capacidades de 20cv, duas delas atuando na sucção do tanque para a

torre de resfriamento e as outras duas no recalque da torre para as

bombas de vácuo e demais sistema, sendo uma delas em operação e a

outra reserva O dimensionamento das bombas está definido no Quadro

08.

7.10 INVESTIMENTOS

• Custos fixos:

- Construção de uma torre de resfriamento e equipamentos R$ 120 000,00 (dado

estimado pelo setor de engenharia da própria empresa).

• Custos variáveis:

- custo operacional de tratamento de água R$ 114 840,00/ano: ver item 7.8;

- custo operacional de lançamento de efluente R$ 296 280,00/ano: ver item 7.8;

- custo de energia elétrica: ver Quadro 09.

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88

Quadro 09 - Custo estimado do consumo de energia elétrica

Custo de energia elétrica das bombas e ventilador (20cv)

Bomba 1 129 600 KW/ano x R$ 0,1721 R$ 22 304,16/ano

Bomba 2 129 600 KW/ano x R$ 0,1721 R$ 22 304,16/ano

Ventilador 129 600 KW/ano x R$ 0,1721 R$ 22 304,16/ano

Custo total R$ 66 912,48/ano

O Quadro 10 mostra o comparativo da economia auferida na implementação

deste projeto assim como o retorno do investimento a partir do sexto mês, após

implementação do projeto.

Quadro 10 - Comparativo da economia auferida com a implementação do projeto

Custos Operacionais (R$)

Mês Água Tratada/Efluente

Energia

Economia

(R$)

Patrimônio passivo (Torre)

(R$)

Jan 34.260,00 5.576,00 28.684,00 - 120.000,00

Fev 34.260,00 5.576,00 28.684,00 - 91.316,00

Mar 34.260,00 5.576,00 28.684,00 - 62.632,00

Abr 34.260,00 5.576,00 28.684,00 - 33.948,00

Mai 34.260,00 5.576,00 28.684,00 - 5.264,00

Jun 34.260,00 5.576,00 28.684,00 23.420,00

Jul 34.260,00 5.576,00 28.684,00 ---

Ago 34.260,00 5.576,00 28.684,00 ---

Set 34.260,00 5.576,00 28.684,00 ---

Out 34.260,00 5.576,00 28.684,00 ---

Nov 34.260,00 5.576,00 28.684,00 ---

Dez 34.260,00 5.576,00 28.684,00 ---

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89

Portanto é importante destacar que, mesmo com pequeno investimento, a

implementação deste projeto é economicamente viável. Com isso, acredita-se que a

Lyondell bem como outros empreendimentos afins sejam sensibilizados quanto às

questões ambientais, especialmente os recursos hídricos, um elemento

essencialmente necessário para a sobrevivência do planeta.

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90

CAPÍTULO 8

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS

Durante a elaboração deste trabalho, além dos pontos estudados, foi

observado em outros equipamentos que o desperdício de água ainda é preocupante.

Nas torres de resfriamento (E-0530, E-0550, E0551e E-0630) o controle de vazão é

efetuado manualmente através de válvula, ocasionando desperdício constante de

água pelo poço que é abastecido pelas bacias das referidas torres.

As avaliações neste ponto foram realizadas em 28/06/2005, com três

amostras, cuja média apresentada foi de 1 260l/h, perfazendo uma perda de

30m3/dia. Com a instalação de uma válvula de nível automática (bóia), essa água

deixaria de ser descartada para o efluente, mantendo um melhor controle e

eficiência.

Com base nos custos operacionais de tratamento (R$ 0,33/m3) e lançamento

de efluente (R$ 0,85/m3), o volume de água lançada para o efluente representa

perda anual de 10 950m3. O custo anual está demonstrado no Quadro 11.

Quadro 11 - Demonstrativo de perda de água pelo poço da torre de resfriamento

Coleta Volume/m3 Custo /ano Equipamento Data Hora Dia R$

Poço distribuição das torres

28/06/2005 09:30 30 12 900,00

Outro ponto que merece a atenção, já citado neste projeto, é a perda de

água proveniente do tanque D-0237 (Figuras 23 e 24) que é abastecido

continuamente com água clarificada da ETA e posteriormente enviada para os

sulfatadores. A perda de água para o efluente neste tanque é de 12m3/dia. Esta

perda pode ser evitada com a instalação de um controle de nível (bóia) com baixo

custo de instalação e manutenção.

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Figura 23 - Tanque de abastecimento de água

dos sulfatadores Figura 24 - Ponto de lançamento de água do D-

0237

Além destes pontos, sugere-se que um estudo semelhante ao apresentado

seja realizado nas outras unidades da empresa, como a hidrólise, pigmento e

tratamento.

Neste contexto, a importância da reutilização da água ganha contorno e

relevância, tanto nos aspectos ambientais e legais, quanto nos aspectos sócio-

econômicos. Por isso o reuso da água na indústria deve ser encarado como

instrumento sustentável na preservação dos recursos hídricos.

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CAPÍTULO 9

9. CONCLUSÃO

Cada vez mais, a disponibilidade de água doce na natureza com qualidade

que permita a sua utilização “in natura” (sem tratamento) ou com tratamento

simplificado tem se tornado mais difícil no planeta. As crescentes expansões

demográfica e industrial ocorridas nas últimas décadas trouxeram como

conseqüências o comprometimento da qualidade das águas dos mananciais tanto

superficiais como subterrâneas.

O reuso da água nas indústrias tem constituído uma prática na otimização do

consumo da água e geração de efluentes. No balanço hídrico realizado neste

trabalho, percebe-se que o desperdiço da água, ainda é uma questão que precisa

ser amadurecida na empresa onde a demanda de água está se tornando cada vez

mais escassa. As projeções feitas para os próximos anos reforçam a necessidade

de se buscar alternativas para o problema que afeta a todos.

A implantação do sistema de reuso e reciclagem da água tem viabilizado a

minimização dos custos operacionais, tanto no tratamento como no lançamento de

efluente. É importante ressaltar que além dos benefícios ambientais, a implantação

de sistema de reuso traz impactos positivos em termos econômicos e sociais.

O presente trabalho propõe alternativas de reuso da água de processo,

mostrando as respectivas vantagens e desvantagens na sua implementação. Com

base no estudo, para viabilização do reuso e/ou reciclo de água, foi necessário a

realização do balanço hídrico da fábrica e análises físico-químicas qualitativas e

quantitativas da água.

No balanço hídrico, verificou-se que os maiores consumos de água

clarificada estão nas plantas de utilidades e hidrólise; entretanto, a maior geração de

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efluentes está concentrada na planta de licor – sulfato de titanila, com volume médio

de 970m3/dia.00000000000

Na análise do balanço hídrico, verificou-se que na planta de licor, o maior

volume de efluente está concentrado nos equipamentos de selagens das bombas de

vácuo com volume de 841m3/dia. Nos demais equipamentos analisados, tais como

centrífugas, moinho de bolas e pHmetro, o volume de efluente gerado foi de

127m333/dia.

O estudo apontou que na produção de sulfato de titanila, para cada tonelada

produzida, se gasta 16m3 de água clarificada, com custo de R$ 5,30/t. Verificou-se

ainda que o custo operacional com tratamento e lançamento de efluentes é de R$

1,18/m3 de água.

Nas análises físico-químicas, nas 14 amostras realizadas nos pontos de

descarga de água dos equipamentos, verificou-se que a qualidade da água permite

o seu reuso sem tratamentos.

Com base na estratégia de redução de efluentes na fonte, propõe-se o

reuso da água na planta de licor - sulfato de titanila, nas seguintes opções:

1. Circuito fechado no sistema de selagem das bombas de vácuo, bem

como no resfriamento dos mancais de diversos equipamentos;

2. Reposição das perdas nas torres de resfriamento da própria unidade;

3. Uso geral, tais como jardinagem, vaso sanitário, limpeza da área e de

equipamentos.

Quanto às vantagens e desvantagens, percebe-se que em todas as

alternativas citadas, os benefícios ambientais, econômicos e sociais estão focados

para a minimização do consumo de água. Após uma análise crítica, escolheu-se a

primeira opção, e realizou-se um estudo preliminar da viabilidade de sua

implantação.

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O estudo apontou que com investimento de R$ 120 000,00 na construção

de uma torre de resfriamento e custos variáveis de tratamento da água de R$ 114

840,00/ano, lançamento de efluentes de R$ 296 280,00/ano e consumo de energia

elétrica de R$ 67 000,00/ano, o projeto é viável, pois a partir do sexto mês apresenta

receita em torno de R$ 23 000,00. No ano subseqüente esta receita passa para

cerca de R$ 344 000,00/ano.

Portanto, sugere-se como opção para o reuso da água atualmente

descartada para efluente, a utilização de circuito fechado na selagem das bombas

de vácuo, e mancais de diversos equipamentos, com um investimento na construção

de uma torre de resfriamento.

É importante ressaltar que a presente dissertação, não é a única ferramenta

para a minimização de efluentes e que as ações propostas seja parte integrante do

programa de gestão - Produção Mais Limpa.

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ANEXOS

Anexo 01 - Demonstrativo de consumo de água captada na ETA

Período: setembro/1999 agosto/2000

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago(m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3)

01 15.147 17.260 17.385 16.224 17.464 18.117 18.011 19.286 18.932 17.905 15.980 19.28102 15.253 16.276 16.602 14.711 17.470 16.243 20.270 18.656 19.231 17.539 16.593 18.61603 18.201 16.555 17.157 16.130 17.170 15.519 19.765 19.189 19.158 17.964 16.104 19.09404 16.585 17.857 14.719 16.340 16.488 18.279 20.191 18.784 19.159 17.823 16.932 19.43905 16.835 16.678 16.697 17.321 14.501 19.400 20.818 18.532 19.007 18.043 16.774 19.20106 16.937 17.590 17.848 17.161 15.197 19.524 19.694 18.394 19.496 18.270 18.690 17.80507 16.956 17.252 17.819 16.792 17.411 18.172 18.168 18.059 20.234 18.800 19.271 18.82908 16.441 16.907 17.445 17.967 16.127 17.297 17.075 18.486 19.785 17.514 20.148 16.73409 16.186 17.856 16.555 16.756 15.685 17.661 15.256 18.090 18.052 18.309 19.741 18.72810 15.390 17.612 15.988 19.229 16.447 17.347 18.273 18.206 19.930 19.653 19.692 19.72711 15.615 17.682 16.022 21.094 15.977 19.362 18.109 18.373 17.974 18.355 19.503 18.65112 16.629 18.072 16.456 20.720 16.782 17.451 19.005 18.791 18.060 19.035 19.945 19.96413 15.049 17.450 17.928 23.215 17.673 18.844 18.942 18.776 19.262 19.918 19.960 19.32314 16.309 16.730 17.999 19.298 18.293 18.496 19.081 17.659 18.578 20.041 19.472 19.15815 16.699 16.266 18.506 22.447 18.405 17.789 18.747 18.362 18.520 19.099 19.359 17.24716 16.448 17.040 17.571 22.074 17.982 18.241 18.024 17.565 17.957 19.767 20.033 19.21117 16.383 17.280 18.108 20.096 17.461 17.584 19.543 18.345 18.411 19.922 19.986 18.09818 17.182 16.483 17.954 21.968 18.508 17.861 19.647 18.154 18.337 19.525 22.231 18.15119 17.188 15.845 17.725 21.961 19.201 18.829 16.503 17.635 18.804 14.059 20.680 19.51820 16.975 15.731 17.562 20.615 17.697 18.566 24.035 17.731 19.205 17.220 21.011 21.25721 17.221 15.965 17.463 20.058 17.857 17.770 20.193 18.227 18.871 18.149 19.834 21.03022 17.900 16.166 17.134 19.681 16.560 18.203 19.177 18.380 18.494 16.379 20.038 21.58123 16.812 16.251 17.338 18.500 16.482 18.640 19.231 18.899 19.172 19.278 19.226 21.25324 16.325 16.854 17.238 18.861 17.258 18.640 19.932 18.158 18.620 19.895 20.266 21.73525 17.619 17.312 16.027 18.839 16.752 18.211 18.894 17.987 19.653 20.056 20.050 19.83126 18.688 17.247 15.806 19.080 16.522 20.107 18.472 15.426 19.713 19.540 19.722 21.35027 17.743 17.144 15.362 19.478 15.785 21.283 17.975 17.601 19.508 18.736 18.907 17.28028 17.716 17.018 16.742 17.867 17.726 19.627 18.336 18.613 19.783 15.590 19.592 18.54729 17.781 16.979 15.917 18.670 18.933 18.059 18.404 20.077 18.114 18.950 19.177 19.71830 17.437 17.035 15.452 17.349 19.266 18.999 19.931 18.659 16.384 18.822 18.73231 17.135 17.675 18.358 18.634 18.779 19.161 20.457

Total 503.650 525.528 508.525 588.177 533.438 531.122 587.404 550.372 587.458 551.718 596.900 599.546Média/Dia 16.788 16.953 16.951 18.973 17.208 18.315 18.949 18.346 18.950 18.391 19.255 19.340Máximo 18.688 18.072 18.506 23.215 19.266 21.283 24.035 20.077 20.234 20.056 22.231 21.735Mínimo 15.049 15.731 14.719 14.711 14.501 15.519 15.256 15.426 17.957 14.059 15.980 16.734

n 30 31 30 31 31 29 31 30 31 30 31 31DP (σ)/Mês 909,51 615,20 949,46 2117,60 1156,11 1118,92 1483,36 822,93 625,86 1430,26 1417,72 1299,94

2000D I A

1999Água captada da ETA

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103

Anexo 02 - Demonstrativo de consumo de água captada na ETA Período: setembro/2003 agosto/2004

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago(m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3)

01 14.080 14.227 14.404 14.862 14.352 14.004 13.726 13.160 12.700 13.835 14.099 12.70902 13.846 14.920 13.493 14.367 14.840 13.847 14.089 14.440 13.806 13.505 14.040 13.22403 14.027 15.100 13.653 14.573 15.156 13.397 13.481 14.046 14.217 13.729 16.428 12.48404 13.398 14.156 13.685 15.361 15.151 14.013 14.307 14.026 13.619 13.429 16.260 12.97905 14.442 14.900 13.393 13.305 15.184 13.570 13.770 12.718 0.0 13.448 14.688 12.79406 13.015 14.000 13.326 15.761 15.495 13.146 14.043 13.480 0.0 14.162 12.734 13.03607 13.972 14.300 14.179 15.033 15.044 13.234 14.358 12.914 16.921 13.671 12.453 13.95408 13.816 14.026 13.799 14.792 14.260 14.104 14.257 13.353 13.465 13.667 13.083 13.65609 13.681 14.500 14.722 15.499 14.509 14.850 13.048 13.742 14.732 13.381 13.340 14.27810 14.168 13.897 14.431 15.044 14.642 14.153 14.029 13.961 14.240 13.469 13.510 13.62311 13.758 13.711 13.446 15.554 14.188 13.911 15.268 13.925 13.413 13.902 13.835 13.36812 14.255 14.600 14.341 15.488 14.821 14.640 14.578 13.846 14.085 13.346 14.985 13.07913 14.652 14.267 13.440 14.366 14.486 14.305 14.487 13.351 14.598 13.928 13.756 13.18714 14.233 14.390 13.606 14.653 14.218 15.050 14.249 14.245 14.711 13.124 13.265 13.63415 14.219 13.352 14.363 14.879 14.727 14.380 14.569 15.262 14.315 13.206 13.441 13.22416 13.330 13.330 13.434 14.102 14.453 14.808 14.051 13.591 14.444 13.208 12.913 13.49517 13.660 13.774 14.710 14.363 14.265 15.903 14.110 13.929 14.127 13.823 12.867 14.26418 13.220 14.143 14.327 13.880 14.590 13.686 14.494 14.180 14.000 13.980 13.551 15.46419 14.716 14.113 14.480 14.107 14.050 11.819 15.079 13.117 13.991 13.720 12.386 14.86520 13.927 14.403 13.839 14.636 14.367 12.699 14.435 13.801 14.081 13.789 13.201 14.38221 13.909 15.064 14.030 14.370 13.069 13.817 13.770 14.383 13.750 13.918 12.311 13.71822 14.102 15.241 14.646 15.347 14.187 13.743 13.177 13.530 13.465 14.829 12.179 13.76823 13.762 14.666 14.955 15.741 13.271 14.428 13.808 13.676 13.152 14.536 12.324 13.14224 14.152 14.611 14.629 14.655 14.865 14.685 14.886 13.485 13.217 14.711 12.621 13.24025 13.798 14.455 13.727 14.522 15.476 14.488 14.074 13.429 13.932 13.805 13.214 13.17226 13.479 14.469 13.608 14.417 14.625 13.850 13.840 13.769 14.591 14.314 12.524 13.07427 13.700 15.072 13.193 14.457 14.912 13.612 13.595 13.231 15.031 14.744 13.517 12.82428 13.800 15.385 14.299 14.380 14.408 14.090 14.272 13.044 13.603 14.421 12.314 13.02429 14.500 14.593 14.819 14.670 13.142 13.277 11.365 13.366 14.183 14.590 13.329 13.25330 14.800 14.741 14.521 14.417 13.296 13.243 13.660 13.967 13.939 13.154 12.86031 14.218 15.046 13.623 13.913 14.497 12.823 13.166

Total 418.417 446.624 421.498 456.647 447.672 405.509 434.371 410.660 408.853 416.129 415.145 416.940Média/Dia 13.947 14.407 14.050 14.731 14.441 13.983 14.012 13.689 14.098 13.871 13.392 13.450Máximo 14.800 15.385 14.955 15.761 15.495 15.903 15.268 15.262 16.921 14.829 16.428 15.464Mínimo 13.015 13.330 13.193 13.305 13.069 11.819 11.365 12.718 12.700 13.124 12.179 12.484

n 30 31 30 31 31 29 31 30 31 30 31 31DP (σ)/Mês 432,01 512,08 525,74 565,44 641,13 777,13 709,94 519,99 758,81 481,22 1043,31 653,97

20042003Água captada da ETAD

I A

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104

Anexo 03 - Ponto de lançamento de água residuária - Centrífuga

Coleta Vazão Média

Entrada Saída Óleo Água Data Coleta I Coleta II Coleta III Médio (l/h) Dia Mês Ano

H1 H-0501

Água de refrigeração serpentina da centrífuga

Água da ETA Efluente 48 37 29/08/04 14:05 50 4',50" 4',52" 4',55" 4',52" 616,44 14,79 443,84 5.326,04

H2 H-0502

Água de refrigeração serpentina da centrífuga

Água da ETA Efluente 46 35 29/08/04 14:30 50 3',07" 3',08" 3',07" 3',07" 962,56 23,10 693,04 8.316,52

H3 H-0551

Água de refrigeração serpentina da centrífuga

Água da ETA Efluente 47 34 29/08/04 14:55 50 3',02" 3',00" 3',03" 3',01" 994,47 23,87 716,02 8.592,22

H4 H-0550

Água de refrigeração serpentina da centrífuga

Água da ETA Efluente 49 36 29/08/04 15:20 50 3',48" 3',51" 3',50" 3',49" 786,03 18,86 565,94 6.791,30

3.360 81 2.419 29.026

Amostra TagTemp. (ºC)

EquipamentoVolume Médio (m3)

Subtotal

Fluxo de ÁguaHora Coletor

(Litro)

Tempo

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105

Anexo 04 - Ponto de lançamento de água residuária - Bombas de vácuo

Coleta Vazão Média

Entrada Saída Óleo Água Data Coleta I Coleta II Coleta III Médio (l/h) Dia Mês Ano

G1 G-0550 Água da bomba de vácuo G-0413 Efluente N/A 37 30/05/04 11:10 50 00',15" 00',16" 00',15" 00',15" 12.000,00 288,00 8.640,00 103.680,00

G2 G-0550 Água da bomba de vácuo G-0414 Efluente N/A 39 30/05/04 11:50 50 00'.38" 00'38" 00',37" 00',38" 4.737,00 113,69 3.410,64 40.927,68

G3 G-0550 Água da bomba de vácuo G-0421 Efluente N/A 38 30/05/04 13:15 50 00'.56" 00.'57" 00´.56" 00',56" 3.214,28 77,14 2.314,28 27.771,38

G4 G-0550 Água da bomba de vácuo G-0423 Efluente N/A 35 19/09/04 15:50 50 00',23" 00',22" 00',22" 00',22" 8.181,18 196,35 5.890,45 70.685,40

G5 G-0550 Água da bomba de vácuo G-0424 Efluente N/A 36 30/05/04 10:15 50 00'.27" 00'.26" 00.'26" 00´.'26" 6.923,08 166,15 4.984,62 59.815,41

35.056 841 25.240 302.880Subtotal

Fluxo de ÁguaHora Coletor

(Litro)

TempoAmostra Tag

Temp. (ºC) Equipamento

Volume Médio (m3)

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106

Anexo 05 - Ponto de lançamento de água residuária - Camisas do moinho

Coleta Vazão Média

Entrada Saída Óleo Água Data Coleta I Coleta II Coleta III Médio (l/h) Dia Mês Ano

T-1A T-0104Água de resfriamento da camisa do moinho

Água da ETA Efluente 49 34 09/08/04 13:55 50 14´,35" 14´,50" 14´,40" 14´,42" 204,08 4,90 146,94 1.763,25

T-1B T-0104Água de resfriamento da camisa do moinho

Água da ETA Efluente 49 34 09/08/05 14:50 50 15´,10" 15´,25" 15´,25" 15´,20" 195,65 4,70 141,00 1.692,00

T-2A T-0103Água de resfriamento da camisa do moinho

Água da ETA Efluente 47 32 04/07/04 12:40 50 09',20" 9',18" 09',19" 09' ,19" 322 7,73 231,90 2.782,80

T-2B T-0103Água de resfriamento da camisa do moinho

Água da ETA Efluente 45 31 04/07/05 15:20 50 08.'45" 8'55" 08.'50" 08',50" 339,62 8,16 244,80 2.937,60

T-3 T-0150Água de resfriamento da camisa do moinho

Água da ETA Efluente 42 34 19/09/04 14:40 50 11',41" 11',37" 11',33" 11'',37" 258,24 6,20 185,93 2.231,19

1.320 32 951 11.407Subtotal

Fluxo de ÁguaHora Coletor

(Litro)

TempoAmostra Tag

Temp. (ºC) Equipamento

Volume Médio (m3)

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Anexo 06 - Ponto de lançamento de água residuária - Alimentação do sulfatador

Coleta Vazão Média

Entrada Saída Óleo Água Data Coleta I Coleta II Coleta III Médio (l/h) Dia Mês Ano

D1 D-0237

Água de alimentação dos sulfatadores T-0201, T-0202 e T-0203

Água da ETA Efluente N/A 29 29/08/04 15:45 20 2',19" 2',23" 2',22" 2',21" 496,55 11,92 357,52 4.290,19

497 12 358 4.290

Amostra TagTemp. (ºC)

EquipamentoVolume Médio (m3)

Subtotal

Fluxo de ÁguaHora Coletor

(Litro)

Tempo

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108

Anexo 07 - Ponto de lançamento de água residuária – pHmetro do D-0239

Coleta Vazão Média

Entrada Saída Óleo Água Data Coleta I Coleta II Coleta III Médio (l/h) Dia Mês Ano

D2 D-0239 Água do pHmetro do D-0239

Água da ETA Efluente N/A 29 15/08/04 14:10 4 2,27" 2',29" 2',30" 2',28" 97,29 2,33 70,05 840,59

97 2 70 841

40.328 968 29.037 348.444

Amostra TagTemp. (ºC)

EquipamentoVolume Médio (m3)

TotalSubtotal

Fluxo de ÁguaHora Coletor

(Litro)

Tempo

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109

Anexo 08 - Laudo de Análises

1/4

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110

2/4

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111

3/4

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112

4/4

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113

APÊNDICE 01

DIÁRIO OFICIAL

Salvador. Quinta-feira 21 de dezembro de 2006

Ano XCI No 19.297

LEI Nº 10.432 DE 20 DE DEZEMBRO DE 2006

Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembléia

Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 1º A Política Estadual de Recursos Hídricos reger-se-á pelos princípios,

objetivos, diretrizes estabelecidos por esta Lei e demais normas legais pertinentes à

matéria.

Seção II

Dos Princípios

Art. 2º A Política Estadual de Recursos Hídricos será conduzida pelos seguintes

princípios:

I - todos têm direito ao acesso à água, recurso natural indispensável à vida, à

promoção social e ao desenvolvimento;

II - o uso prioritário da água é o abastecimento humano e a dessedentação de

animais;

III - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das

águas;

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IV - a água é um recurso natural limitado, com valor econômico;

V - o gerenciamento do uso das águas deve ser descentralizado, com a participação

do Poder Público, dos usuários e de organizações da sociedade civil;

VI - a bacia hidrográfica é a unidade territorial definida para o planejamento e o

gerenciamento dos recursos hídricos.

Seção III

Dos Objetivos

Art. 3º São objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - assegurar que os recursos hídricos sejam utilizados pelas atuais e futuras

gerações, de forma racional e com padrões satisfatórios de qualidade;

II - compatibilizar o uso da água com os objetivos estratégicos da promoção social, o

desenvolvimento regional e da sustentabilidade ambiental;

III - assegurar medidas de prevenção e defesa contra eventos hidrológicos de

origem natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais.

Seção IV

Das Diretrizes

Art. 4º São diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - a articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

II - a compatibilização do planejamento e da gestão do uso dos recursos hídricos

com

os objetivos estratégicos do Estado;

III - a integração do gerenciamento dos recursos hídricos com a gestão dos recursos

ambientais e do uso do solo;

IV - a inter-relação da gestão das bacias hidrográficas com os sistemas estuarinos e

a Zona Costeira;

V - a adequação da gestão de recursos hídricos às características regionais;

VI - a gestão integrada, sem dissociação dos aspectos quantitativo e qualitativo,

considerando as fases do ciclo hidrológico;

VII - a maximização dos benefícios sociais e econômicos resultantes do

aproveitamento múltiplo e integrado dos recursos hídricos;

VIII - a priorização de ações, serviços e obras que visem assegurar disponibilidade

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de águas na Região Semi-árida;

IX - o desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção das

águas contra a poluição e a exploração excessiva ou não controlada.

CAPÍTULO II

DOS INSTRUMENTOS

Art. 5º São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - o Plano Estadual de Recursos Hídricos;

II - os Planos de Bacias Hidrográficas;

III - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo seus usos

preponderantes;

IV - a outorga de direito de uso de recursos hídricos;

V - a cobrança pela utilização de recursos hídricos;

VI - o Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos.

Seção I

Do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Art. 6º O Plano Estadual de Recursos Hídricos definirá os mecanismos institucionais

necessários à gestão integrada das águas, visando estabelecer pressupostos para

garantir:

I - a utilização racional das águas superficiais e subterrâneas;

II - o aproveitamento múltiplo de recursos hídricos e o rateio dos custos das obras de

interesse comum, direta ou indiretamente, indicando subsídios parciais ou totais a

serem concedidos;

III - a proteção das águas contra ações que possam comprometer seu uso, atual ou

futuro;

IV - a defesa contra seca, enchente, poluição e outros eventos que ofereçam riscos

à saúde e à incolumidade pública e prejuízos econômicos e sociais.

Art. 7º O Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado em consonância com

os princípios e as diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos, da Política

Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, com o Plano

Estratégico do Estado e com o Plano Plurianual do Estado da Bahia.

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Art. 8º O Plano Estadual de Recursos Hídricos, documento de natureza estratégica e

de abrangência estadual, deverá conter, no mínimo, os seguintes elementos:

I - diagnóstico da situação atual dos Recursos Hídricos;

II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades

produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos Recursos Hídricos, em

quantidade e qualidade, com identificação de potenciais conflitos;

IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da

qualidade dos Recursos Hídricos disponíveis;

V - programas, projetos e ações a serem desenvolvidos e implementados para o

atendimento das metas previstas;

VI - prioridades para outorga de direitos de uso de Recursos Hídricos;

VII - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos Recursos Hídricos;

VIII - propostas para a criação de áreas sujeitas à restrição de uso, com vistas à

proteção dos recursos hídricos;

IX - diretrizes gerais para o aperfeiçoamento do sistema de planejamento estadual e

inter-regional de recursos hídricos e a sua integração com os planos setoriais;

X - medidas de controle de impactos ambientais negativos decorrentes das obras e

serviços de infra-estrutura hídrica, particularmente no que concerne aos grandes

barramentos;

XI - ações que atendam às peculiaridades regionais, em especial, a Região

Semiárida;

XII - projetos para a ampliação e modernização das redes de informações

hidrológica e hidrometeorológica;

XIII - programas visando:

a) o aproveitamento racional das águas subterrâneas compreendendo planejamento,

pesquisa, controle e monitoramento;

b) a capacitação técnica, a comunicação social e a educação ambiental para o uso

sustentável da água;

c) a preservação ambiental das bacias hidrográficas, contemplando a recuperação

de áreas degradadas, a conservação das matas ciliares e a proteção dos recursos

hídricos.

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Seção II

Dos Planos de Bacias Hidrográficas

Art. 9º Os Planos de Bacias Hidrográficas, documentos de natureza operacional,

com abrangência no território da bacia hidrográfica, têm por finalidade compatibilizar

os aspectos quantitativos e qualitativos do uso das águas de modo a assegurar as

metas e usos previstos no Plano Estadual de Recursos Hídricos, devendo

compreender o seguinte conteúdo mínimo:

I - níveis de qualidade a serem alcançados no horizonte de planejamento do Plano

Estadual de Recursos Hídricos;

II - programas das intervenções estruturais e não-estruturais e sua espacialização;

III - esquemas de financiamentos dos programas a que se refere o inciso anterior,

através de:

a) determinação dos valores cobrados pelo uso da água;

b) rateio dos investimentos de interesse comum;

c) previsão de recursos complementares alocados pelos orçamentos públicos e

privados na bacia.

Parágrafo único. Os Planos de Bacias Hidrográficas da Região Semi-Árida deverão

apresentar proposição de gestão específica que atenda às peculiaridades regionais.

Seção III

Do Enquadramento dos Corpos de Água em Classes, segundo seus

usos preponderantes

Art. 10 O enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos

preponderantes, será feito de forma a:

I - estabelecer os níveis de qualidade a serem mantidos ou alcançados em

compatibilidade com os usos mais exigentes a que as águas forem destinadas;

II - ser exeqüível frente à capacidade de mobilização de recursos financeiros;

III - reduzir os níveis de poluição das águas através de ações preventivas

permanentes.

Parágrafo único. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH

estabelecerá o enquadramento dos corpos d’água, com base na legislação

ambiental pertinente, mediante proposta dos Comitês de Bacias Hidrográficas,

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ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM.

Seção IV

Da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos

Art. 11 A outorga de direito de uso de recursos hídricos tem por objetivo efetuar o

controle quantitativo e qualitativo do uso das águas e assegurar o direito de acesso

à água, condicionada às prioridades de uso estabelecidas no Plano Estadual de

Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas.

Parágrafo único. No ato de concessão da outorga de direito de uso de recursos

hídricos deverá constar a finalidade, o prazo, que não excederá a trinta anos, a

vazão máxima outorgada, o seu regime de variação, o tempo de bombeamento e, no

caso de lançamento de efluentes, seus parâmetros de qualidade.

Art. 12 Ficam sujeitos à outorga de direito de uso de recursos hídricos ou anuência

do órgão executor da Política Estadual de Recursos Hídricos, conforme

regulamento:

I - as atividades ou empreendimentos que captem ou derivem águas superficiais ou

subterrâneas, para uso próprio ou para terceiros;

II - as atividades ou empreendimentos com potencial de provocar poluição,

contaminação ou degradação das águas superficiais ou subterrâneas, mediante

lançamentos nos corpos d’água, de despejos ou resíduos líquidos;

III - as atividades, ações ou intervenções que possam afetar a quantidade, a

qualidade e o regime das águas superficiais ou subterrâneas;

IV - a extração mineral ou de outros materiais em leitos dos rios e demais corpos

hídricos;

V - o lançamento de esgotos e efluentes líquidos em corpos d’água para diluição.

§ 1º Ficam dispensadas de outorga as captações, derivações, lançamentos e

acumulações consideradas de pouca expressão, conforme previsto em regulamento,

sem prejuízo de seu cadastramento para o monitoramento de uso, controle e

fiscalização, para fins de defesa da segurança, da saúde pública e da solução de

conflitos.

§ 2º O outorgado ficará responsável, na forma da legislação pertinente, por qualquer

dano ao meio ambiente causado pela execução de obras de captação, contenção ou

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de derivação de águas.

§ 3º A remuneração dos custos correspondentes à expedição de outorgas de direito

de uso das águas de domínio estadual será efetuada de acordo com os critérios

estabelecidos em regulamento.

Art. 13 As outorgas de direito de uso de recursos hídricos poderão ser revistas ou

suspensas, temporariamente, pelo órgão executor da Política Estadual de Recursos

Hídricos, quando houver:

I - modificação dos pressupostos que a determinaram;

II - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade pública,

inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;

III - necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

IV - necessidade de atender aos usos prioritários ou de interesse coletivo, para os

quais não se disponha, comprovadamente, de fontes alternativas;

V - necessidade de manter as características de navegabilidade do corpo d’água.

Art. 14 As outorgas de direito de uso de água extinguir-se-ão por:

I - decurso de prazo;

II - revogação, em razão de:

a) não cumprimento, pelo outorgado, dos termos da respectiva concessão ou

autorização;

b) não inicio ou não conclusão da derivação dentro do prazo estabelecido no ato

administrativo da outorga;

c) ausência de uso, pelos períodos consignados no ato administrativo da outorga;

d) informações falsas, prestadas no processo administrativo do pedido de outorga;

e) não obtenção da Licença Ambiental ou outras autorizações pertinentes;

III - caducidade;

IV - desistência do outorgado.

Art. 15 O reuso de águas residuais e residuárias será passível de outorga, conforme

regulamentação específica.

Art. 16 O órgão executor da Política Estadual de Recursos Hídricos poderá emitir

outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, com a finalidade de declarar a

disponibilidade de água para os usos requeridos, estando condicionada, dentre

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outros aspectos, às prioridades de uso estabelecidas no Plano Estadual de

Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas e ao enquadramento dos

cursos d’água.

§ 1º A outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se

destina

apenas a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando aos investidores o

planejamento de grandes empreendimentos que necessitem desses recursos.

§ 2º A validade da outorga preventiva será fixada pelo órgão executor da Política

Estadual de Recursos Hídricos pelo prazo de até três anos, renovável, e considerará

a complexidade do empreendimento.

Seção V

Da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos

Art. 17 A cobrança pelo uso de recursos hídricos é instrumento gerencial que tem

por objetivo:

I - conferir racionalidade econômica e ambiental ao uso da água;

II - incentivar a melhoria dos níveis de qualidade dos efluentes lançados nos corpos

de água;

III - contribuir para o desenvolvimento de projetos, programas e ações contempladas

no Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas.

Art. 18 Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos

observar-se-á, em especial:

I - as características e o porte da utilização;

II - as peculiaridades de cada bacia hidrográfica, considerando:

a) a disponibilidade hídrica local;

b) a classe de uso preponderante em que for enquadrado o corpo de água;

c) as prioridades de uso na bacia hidrográfica e o respectivo balanço entre as

demandas e as disponibilidades de recursos hídricos;

d) a quantidade e qualidade de devolução da água;

e) a época da retirada;

f) o grau de regularização assegurado por obras hidráulicas e a necessidade de

reservação;

g) as condições socioeconômicas dos usuários.

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Art. 19 Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga.

§ 1º Poderão ser aplicados até 10% (dez por cento) do total arrecadado com a

cobrança pelo uso dos recursos hídricos no custeio administrativo dos órgãos e

entidades integrantes do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

§ 2° Os recursos da cobrança serão individualizados por bacia hidrográfica e serão

nela, preferencialmente, aplicados.

Art. 20 A cobrança pelo uso de recursos hídricos para o aproveitamento dos

potenciais hidráulicos para fins de geração de energia reger-se-á pela legislação

federal.

Seção VI

Do Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos

Art. 21 O Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos - SEIRH,

constituído pelo conjunto integrado de procedimentos de coleta, tratamento,

armazenamento, recuperação e disponibilização de informações relacionadas com a

gestão de recursos hídricos no Estado, tem por objetivo:

I - reunir, dar consistência e divulgar dados e informações sobre a situação

quantitativa e qualitativa do uso das águas;

II - manter permanentemente atualizada a base de informações;

III - fornecer subsídios para o planejamento e o gerenciamento.

§ 1º É obrigatório o fornecimento, pelos outorgados, de dados operacionais

referentes à outorga de uso de recursos hídricos.

§ 2º Os dados e as informações do Sistema Estadual de Informações de Recursos

Hídricos são de uso público, ressalvados os protegidos por sigilo, na forma da lei.

CAPÍTULO III

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Art. 22 São consideradas subterrâneas as águas que ocorram natural ou

artificialmente no subsolo.

Art. 23 Submetem-se aos fundamentos, às diretrizes gerais e aos instrumentos da

Política Estadual de Recursos Hídricos os depósitos de águas subterrâneas.

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Art. 24 As águas subterrâneas, em razão de sua importância estratégica, deverão

estar sujeitas a programas permanentes de preservação, visando possibilitar seu

melhor aproveitamento.

Parágrafo único. O Poder Executivo poderá, para assegurar a qualidade e a

disponibilidade das águas subterrâneas:

I - instituir área de proteção dos aqüíferos;

II - estabelecer distâncias mínimas entre poços tubulares;

III - restringir as vazões captadas por poços;

IV - apoiar ou executar projetos de recarga dos aqüíferos;

V - adotar outras medidas que sejam requeridas.

Art. 25 A exploração de águas subterrâneas, em níveis que representem risco para o

aqüífero, demandará do Poder Público estadual as seguintes medidas:

I - a suspensão da outorga de direito de uso;

II - a restrição do regime de operação outorgado, com respeito à vazão outorgada

e/ou ao tempo de bombeamento.

Parágrafo único. As medidas de que trata este artigo vigorarão até que sejam

restabelecidos os níveis de segurança da exploração, não gerando direito de

indenização ao outorgado.

Art. 26 Os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos provenientes de atividades urbanas,

agropecuárias, industriais, comerciais, minerais, dentre outras, somente poderão ser

armazenados, transportados ou lançados no solo, de forma a não constituírem

riscos de poluição às águas subterrâneas.

Art. 27 As captações de águas subterrâneas serão obrigatoriamente dotadas de

dispositivos adequados de proteção sanitária para evitar a contaminação dos

aqüíferos.

§ 1º Os poços perfurados que apresentarem surgência deverão ser dotados de

dispositivos adequados de controle da vazão.

§ 2° Os poços abandonados e as perfurações realizadas para fins diversos da

extração de água, deverão ser tecnicamente selados de forma a evitar acidentes,

contaminação ou poluição dos aqüíferos.

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CAPÍTULO IV

DO SISTEMA ESTADUAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

Seção I

Da Criação e dos Objetivos do Sistema

Art. 28 Fica criado o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos com

objetivo de:

I - formular e implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos;

II - coordenar a gestão integrada das águas;

III - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a conservação dos recursos

hídricos e a recuperação da qualidade das águas.

Art. 29 O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos deverá estar

integrado com:

I - o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH;

II - o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA;

III - o Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais - SEARA.

Seção II

Da Composição

Art. 30 Integram o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

I - o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH;

II - a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH;

III - a Superintendência de Recursos Hídricos - SRH;

IV - os Comitês de Bacias Hidrográficas;

V - as Agências de Bacias Hidrográficas;

VI - os órgãos e entidades do Poder Público, cujas atividades influenciem ou sejam

afetadas pela gestão de recursos hídricos.

Subseção I

Do Conselho Estadual de Recursos Hídricos

Art. 31 Ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH, órgão superior do

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com caráter normativo,

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deliberativo, recursal e de representação, compete:

I - formular, em caráter suplementar, a Política Estadual de Recursos Hídricos;

II - estabelecer diretrizes para a implementação da Política Estadual de Recursos

Hídricos;

III - aprovar o Plano Estadual de Recursos Hídricos e suas alterações, e

acompanhar a

sua implementação;

IV - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os

planejamentos nacionais, regionais, estaduais e dos setores usuários;

V - apresentar contribuições para a elaboração do Zoneamento Territorial-Ambiental

do Estado e do Plano Estadual de Meio Ambiente;

VI - analisar propostas de alterações de legislação pertinente aos recursos hídricos e

encaminhar aos órgãos competentes;

VII - estabelecer os critérios gerais para a outorga do direito de uso dos recursos

hídricos estaduais e da cobrança pelo seu uso, inclusive pelo lançamento de

efluentes;

VIII - aprovar os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos;

IX - estabelecer as medidas para a proteção dos corpos de água, podendo

determinar regime especial, temporário ou definitivo, para a sua utilização;

X - aprovar o enquadramento dos corpos de água do domínio estadual, em classes,

segundo seus usos preponderantes, atendendo ao disposto no inciso VI, do art. 51

desta Lei;

XI - analisar e aprovar as propostas de instituição de Comitês de Bacias

Hidrográficas, bem como os critérios para o seu funcionamento;

XII - analisar e aprovar as propostas de criação de Agências de Bacias

Hidrográficas;

XIII - estabelecer critérios para a aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo

uso de recursos hídricos na bacia hidrográfica;

XIV - deliberar sobre questões que lhes tenham sido encaminhadas pelos Comitês

de Bacias Hidrográficas;

XV - definir critérios para aplicação de recursos do Fundo Estadual de Recursos

Hídricos;

XVI - estabelecer critérios para o rateio de custos de obras de aproveitamento

múltiplo de interesse comum ou coletivo;

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125

XVII - exercer o controle social e financeiro sobre o uso dos recursos do Fundo

Estadual de Recursos Hídricos da Bahia;

XVIII - impor as penalidades de interdição e embargo definitivo e de demolição;

XIX - deliberar, em grau de recurso, quanto à aplicação de sanções administrativas;

XX - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos relacionados com o uso

das águas de domínio estadual;

XXI - indicar seus representantes junto ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

XXII - instituir Câmaras Técnicas para subsidiar suas avaliações e decisões;

XXIII - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno e respectivas alterações;

XXIV – acompanhar o funcionamento do Sistema Estadual de Informações sobre os

Recursos Hídricos.

Art. 32 O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH tem a seguinte

composição:

I - o Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que o presidirá;

II - 10 (dez) representantes do Poder Público Estadual;

III - 02 (dois) representantes do Poder Público Municipal;

IV - 05 (cinco) representantes dos usuários de recursos hídricos;

V - 03 (três) representantes da sociedade civil organizada, sem interesse econômico

direto no uso dos recursos hídricos.

§ 1º Cada membro do CONERH contará com até dois suplentes para substituí-lo em

suas ausências e impedimentos, conforme previsto no Regimento Interno.

§ 2º Os representantes mencionados nos incisos III, IV e V deste artigo serão

escolhidos entre seus pares nos termos do regulamento desta Lei.

§ 3º Aos membros titulares do CONERH representantes de entidades sediadas no

interior fica assegurada, para o comparecimento às reuniões ordinárias ou

extraordinárias, indenização de despesa de deslocamento, alimentação e estada, na

forma do regulamento.

§ 4º Os representantes das entidades mencionadas nos incisos III, IV e V deste

artigo terão mandato de dois anos, sendo permitida a recondução por igual período.

§ 5º Os membros do CONERH serão nomeados por ato do Governador do Estado.

§ 6º A participação dos membros titulares ou suplentes no CONERH será

considerada de relevante interesse público, não ensejando qualquer tipo de

remuneração.

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126

§ 7º Poderão participar das reuniões do CONERH, nos termos do regulamento, com

direito a voz, mas sem direito a voto, representantes do Poder Público federal,

estadual e municipal e de outras entidades.

Art. 33 As deliberações do CONERH serão publicadas na imprensa oficial.

Subseção II

Da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Art. 34 À Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH, criada pela

Lei nº 8.538, de 20 de dezembro de 2002, alterada pela Lei nº 9.525, de 21 de junho

de 2005, com a finalidade de assegurar a promoção do desenvolvimento sustentável

do Estado da Bahia, formulando e implementando as políticas públicas voltadas para

o desenvolvimento, a conservação e preservação do meio ambiente, a

biodiversidade, as florestas e os recursos hídricos, compete:

I - planejar, coordenar, orientar e integrar as ações relativas ao Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

II - formular, coordenar, implementar, acompanhar e avaliar a Política Estadual de

Recursos Hídricos;

III - gerir o Fundo Estadual de Recursos Hídricos;

IV - promover a integração das políticas setoriais com a Política Estadual de

Recursos Hídricos, estabelecendo mecanismos de compatibilização com os planos,

programas e projetos;

V - promover a integração da Política Estadual de Recursos Hídricos com a Política

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, estabelecendo mecanismos de

compatibilização com os respectivos planos, programas e projetos;

VI - promover e estimular a celebração de convênios e acordos entre entidades

públicas, privadas e organizações não-governamentais, nacionais e estrangeiras ou

internacionais, tendo em vista a viabilização técnico-financeira e a otimização da

gestão estadual de recursos hídricos;

VII - presidir e secretariar o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH;

VIII - exercer outras atividades correlatas.

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127

Subseção III

Da Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Recursos Hídricos

Art. 35 A Secretaria Executiva do CONERH será exercida pela Secretaria de Meio

Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH. Art. 36 À Secretaria Executiva do

CONERH compete:

I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro;

II - instruir as propostas de formação de Comitês de Bacias Hidrográficas e os

expedientes deles provenientes, bem como monitorar as ações relativas à sua

implementação e funcionamento;

III - elaborar as propostas de Regimento Interno do CONERH e suas alterações;

IV - elaborar relatórios anuais de atividades.

Subseção IV

Da Superintendência de Recursos Hídricos

Art. 37 À Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, criada pela Lei nº 6.812, de

18 de janeiro de 1995, alterada pelas Leis nos 6.855, de 12 de maio de 1995; 7.435,

de 30 de dezembro de 1998; 8.194, de 21 de janeiro de 2002; 8.538, de 20 de

dezembro de 2002; e 9.524, de 21 de junho de 2005, autarquia vinculada à

SEMARH, entidade gestora e executora da Política Estadual de Recursos Hídricos,

com a finalidade de desenvolver e executar políticas públicas relativas à gestão dos

recursos hídricos superficiais e subterrâneos de domínio do Estado da Bahia,

compete:

I - participar da formulação da Política Estadual de Recursos Hídricos e implementá-

la, de forma integrada e participativa;

II - elaborar, manter atualizado e implementar o Plano Estadual de Recursos

Hídricos;

III - emitir parecer técnico sobre projetos de barramentos passíveis de outorga, a

serem construídos no Estado;

IV - acompanhar a execução de obras de construção de barramentos no Estado e

efetuar o seu gerenciamento;

V - promover a implementação de obras hídricas de uso múltiplo no Estado;

VI - acompanhar a execução de obras previstas nos planos de utilização múltipla

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dos recursos hídricos do Estado;

VII - elaborar e manter atualizado o cadastro de usuários de recursos hídricos do

domínio estadual;

VIII - outorgar o direito de uso de recursos hídricos do domínio do Estado;

IX - efetuar a cobrança pela utilização das águas superficiais e subterrâneas de

quaisquer mananciais e reservatórios sob sua administração;

X - implantar, gerir e operar o Sistema Estadual de Informações de Recursos

Hídricos;

XI - fomentar a organização, a criação e o funcionamento de Comitês de Bacias

Hidrográficas;

XII - apoiar a criação, instalação e o funcionamento de organizações de usuários e

de organizações civis de recursos hídricos, podendo prestar-lhes assistência

técnica, financeira e gerencial;

XIII - desenvolver campanhas de comunicação social e de educação ambiental

voltadas para o aproveitamento, a proteção, a conservação e o uso racional da

água;

XIV - estimular a prática e o uso de técnicas e tecnologias adequadas ao uso

racional da água;

XV - efetuar a previsão meteorológica e os monitoramentos hidrológicos,

hidrogeológicos, climáticos e hidrometeorológicos;

XVI - promover, amigável ou judicialmente, a desapropriação de bens necessários

ao exercício de suas finalidades previamente declarados de utilidade pública;

XVII - exercer o poder de polícia administrativa no cumprimento da legislação

relativa à utilização dos recursos hídricos estaduais e aplicar as respectivas

sanções, excetuando-se os de competência do CONERH;

XVIII - estabelecer normas técnicas e administrativas que assegurem a

operacionalidade das suas atividades;

XIX – elaborar relatório periódico sobre a situação dos recursos hídricos no Estado;

XX - exercer as atribuições que lhe forem delegadas.

Art. 38 O gerenciamento dos recursos hídricos estaduais dar-se-á de forma

regionalizada, conforme previsto no Plano Estadual de Recursos Hídricos e no

regulamento desta Lei.

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Art. 39 Constituem receitas do órgão executor da Política Estadual de Recursos

Hídricos as provenientes de:

I - cobrança pelo fornecimento de água bruta dos reservatórios por ela operados;

II - cobrança para expedição das outorgas de direitos de uso dos recursos hídricos;

III - multas, juros e demais encargos correspondentes, cobrados dos infratores;

IV - recursos oriundos de convênios celebrados com entidades públicas ou privadas,

nacionais, estrangeiras ou internacionais;

V - quaisquer outras fontes ou atividades, inclusive dotações orçamentárias que lhe

sejam destinadas.

Subseção V

Dos Comitês de Bacias Hidrográficas

Art. 40 Ficam instituídos os Comitês de Bacias Hidrográficas, órgãos colegiados de

caráter consultivo e deliberativo, vinculados ao Conselho Estadual de Recursos

Hídricos - CONERH, com área de atuação na respectiva bacia ou em um conjunto

de bacias hidrográficas, conforme definido no ato de sua criação.

Art. 41 Compete aos Comitês de Bacias Hidrográficas:

I - promover a participação dos representantes do Poder Público, dos usuários de

recursos hídricos e da sociedade civil, na sua área de atuação, na gestão integrada

dos recursos hídricos;

II - acompanhar a elaboração e aprovar o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica;

III - acompanhar a implementação do Plano de Bacia Hidrográfica, sugerindo as

providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

IV - arbitrar, em primeira instância administrativa, conflitos relacionados com o uso

da água;

V - propor ao CONERH:

a) a criação de Agências de Bacias Hidrográficas;

b) os valores e os mecanismos para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, na

respectiva bacia hidrográfica;

c) o Plano Anual de Aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso

dos recursos hídricos na respectiva bacia hidrográfica;

d) as vazões das acumulações, derivações, captações e lançamentos considerados

de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de pagamento dos

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direitos de uso da água, serão baseadas em critérios técnicos;

e) o limite do somatório das vazões a serem outorgadas em cada época do ano;

f) as prioridades para outorga, em condições normais e em casos de escassez,

observado o disposto no inciso II do art. 2º desta Lei;

g) as reduções das vazões outorgadas e os casos de necessidade de racionamento;

h) o enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos

preponderantes.

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacias Hidrográficas caberá recurso

ao CONERH.

Art. 42 Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão compostos por representantes dos

órgãos e entidades a seguir indicados:

I - do órgão executor da Política Estadual de Recursos Hídricos;

II - dos órgãos da estrutura administrativa do Estado, com atuação na bacia

hidrográfica;

III - de cada categoria de usuários de águas, com atuação na bacia hidrográfica;

IV - das organizações civis de recursos hídricos, com atuação comprovada na bacia

hidrográfica;

V - das entidades de ensino e pesquisa, com atuação comprovada na bacia

hidrográfica, quando houver;

VI - dos municípios situados na área de abrangência da bacia hidrográfica.

§ 1º Poderão integrar os Comitês de Bacias Hidrográficas representantes dos órgãos

da estrutura administrativa da União com atuação na área de abrangência da bacia

hidrográfica.

§ 2º O número de representantes do Poder Público será de até 50% (cinqüenta por

cento) do total dos membros.

§ 3º Os representantes dos usuários de recursos hídricos e da sociedade civil terão

representação paritária.

§ 4º Nos territórios que abranjam terras indígenas, devem ser incluídos

representantes das comunidades indígenas ali residentes, bem como da Fundação

Nacional do Índio - FUNAI.

Art. 43 Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão criados por decreto.

Art. 44 O Regimento Interno dos Comitês disporá sobre a sua composição, estrutura

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131

e forma de funcionamento, bem como acerca dos critérios para a indicação dos seus

representantes.

Art. 45 A formação dos Comitês de Bacias Hidrográficas deve ser precedida de

ampla divulgação, visando garantir a legitimidade da participação dos interessados.

Art. 46 Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão dirigidos, no mínimo, por um

Presidente, que contará com o auxílio de um Secretário Executivo, ambos eleitos

entre os seus membros.

Subseção VI

Das Agências de Bacias Hidrográficas

Art. 47 As Agências de Bacias Hidrográficas são entidades dotadas de

personalidade jurídica, autonomia financeira e administrativa, às quais caberão

exercer a Secretaria Executiva dos Comitês de Bacias Hidrográficas, prestando-lhes

o suporte técnico, administrativo e operacional.

Art. 48 Compete às Agências de Bacias Hidrográficas:

I - elaborar e atualizar o Plano de Bacias Hidrográficas, para apreciação do

respectivo Comitê de Bacia;

II - manter atualizado o cadastro dos usuários de recursos hídricos;

III - manter atualizado o balanço hídrico da disponibilidade de água;

IV - analisar e emitir parecer técnico sobre os projetos e obras a serem financiados

com recursos oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos;

V - propor ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica, para encaminhamento e

aprovação do CONERH:

a) o enquadramento dos corpos d’água em classes de uso, segundo seu uso

preponderante;

b) os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos;

c) o Plano Anual de Aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso

dos recursos hídricos;

d) o rateio dos custos das obras de aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, e

interesse comum ou coletivo.

VI - elaborar projetos e captar recursos para a execução de atividades no âmbito de

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132

suas competências;

VII - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a

cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua área de atuação;

VIII - alimentar o Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos no âmbito

de sua área de atuação;

IX - elaborar sua proposta orçamentária e submeter à apreciação dos respectivos

Comitês de Bacias Hidrográficas.

§ 1º As Agências de Bacias Hidrográficas serão constituídas mediante solicitação,

ao CONERH, de um ou mais Comitês de Bacias Hidrográficas.

§ 2º A criação de Agência de Bacia Hidrográfica somente será autorizada se for

demonstrada a viabilidade financeira para o seu funcionamento.

§ 3º Na ausência de Agência de Bacia Hidrográfica as competências serão

exercidas pelo órgão executor da Política Estadual de Recursos Hídricos.

Subseção VII

Dos Órgãos Setoriais

Art. 49 São considerados Órgãos Setoriais do Sistema Estadual de Gerenciamento

de Recursos Hídricos os órgãos e entidades da Administração Pública, cujas

competências guardem relação com a gestão ou uso dos recursos hídricos do

Estado da Bahia.

Art. 50 Aos Órgãos Setoriais compete:

I - contribuir para a implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos,

através dos planos, programas, projetos, atividades, inventários e estudos inerentes

à sua esfera de competência;

II - disponibilizar os dados oriundos de estudos e projetos em sua área de atuação;

III - propor ao CONERH procedimentos e normas necessários à sua integração com

a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos.

CAPÍTULO V

DA INTEGRAÇÃO ENTRE O SISTEMA ESTADUAL DE GERENCIAMENTO DE

RECURSOS HÍDRICOS E O SISTEMA ESTADUAL DE ADMINISTRAÇÃO DOS

RECURSOS AMBIENTAIS

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133

Art. 51 O Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos articular-se-á

com o Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais - SEARA, para

assegurar que:

I - a utilização dos recursos hídricos não comprometa o patrimônio natural e cultural;

II - o Plano Estadual de Recursos Hídricos e os Planos de Bacias Hidrográficas

sejam elaborados e atualizados em consonância com os princípios e as diretrizes da

Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade;

III - os órgãos do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos

participem de processos de Avaliação Ambiental Estratégica de forma a garantir que

a gestão dos recursos hídricos seja incluída nas políticas, planos e programas de

Governo e apropriadamente considerada no estágio inicial dos processos de tomada

de decisão;

IV - os procedimentos de licenciamento ambiental observem os princípios, as

diretrizes e os instrumentos de gestão da Política Estadual de Recursos Hídricos;

V - o Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos seja integrado com o

Sistema Estadual de Informações Ambientais, permitindo a agilização dos processos

de outorga e de licenciamento ambiental;

VI - o enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos

preponderantes seja procedido mediante articulação entre as entidades gestoras de

recursos hídricos e de meio ambiente.

Parágrafo único. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o Conselho Estadual

de Meio Ambiente poderão ser convocados pelo Secretário Estadual do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos para, em conjunto, decidirem sobre questões

estratégicas referentes à gestão dos recursos ambientais.

CAPÍTULO VI

DO FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DA BAHIA

Art. 52 O Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia, criado pela Lei nº 8.194,

de 21 de janeiro de 2002, de natureza contábil-financeira, com duração

indeterminada, tem como objetivo dar suporte financeiro à Política Estadual de

Recursos Hídricos e às ações previstas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e

nos Planos de Bacias Hidrográficas.

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134

Art. 53 O Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia, vinculado à SEMARH,

será gerido por um Conselho Administrativo composto por um representante do

CONERH e pelos dirigentes dos órgãos da administração direta e indireta da

estrutura administrativa da SEMARH, presidido pelo titular da pasta, conforme

disposto em regulamento.

Art. 54 Constituem recursos do Fundo:

I - o produto da cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio do Estado;

II - até 20% (vinte por cento) do percentual estabelecido no inciso III, do art. 1º, da

Lei Estadual nº 9.281, de 07 de outubro de 2004, referente às compensações

financeiras previstas no § 1º do art. 20 da Constituição Federal;

III - dotações orçamentárias;

IV - rendimentos, de qualquer natureza, que venha a auferir como remuneração

decorrente de aplicações de seu patrimônio;

V - doações e outras receitas que lhe sejam destinadas, inclusive decorrentes da

celebração de convênios.

Art. 55 Os recursos do Fundo serão empregados em:

I - estudos, projetos, pesquisas e obras no setor de recursos hídricos;

II - desenvolvimento tecnológico;

III - operação, recuperação e manutenção de barragens;

IV - sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário;

V - melhoria da qualidade e elevação da disponibilidade da água;

VI - fortalecimento institucional;

VII - capacitação e treinamento dos integrantes do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VIII - custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Estadual

de Gerenciamento de Recursos Hídricos, nos termos do parágrafo único do art. 19

desta Lei.

§ 1º Os recursos do Fundo serão aplicados de acordo com o estabelecido no Plano

Estadual de Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas.

§ 2º O sistema de funcionamento do Fundo será definido em Regimento Interno

aprovado pelo seu Conselho Administrativo.

Art. 56 O Fundo será auditado pelo órgão de controle interno da Administração

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135

Pública e pelo Tribunal de Contas do Estado.

CAPÍTULO VII

DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES

Art. 57 Constitui infração a ação ou a omissão que viole as normas de uso dos

recursos hídricos, em especial:

I - derivar ou utilizar recursos hídricos, para qualquer finalidade, sem a respectiva

outorga de direito de uso, quando exigível;

II - utilizar os recursos hídricos superficiais ou subterrâneos em desacordo com as

condições estabelecidas na outorga do direito de uso;

III - perfurar poços para a extração de água subterrânea sem a autorização, ou

colocá-los em operação sem a outorga;

IV - exercer atividades, realizar serviços e obras, sem a outorga ou em desacordo

com a mesma, que possam afetar os canais, álveos, margens, terrenos marginais,

correntes de águas, nascentes, açudes, lagos e barragens, bem como a quantidade,

a qualidade e o regime das águas superficiais e subterrâneas;

V - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores

diferentes dos medidos;

VI - extrair minerais ou outros materiais em leitos dos rios e demais corpos hídricos

sem as autorizações dos órgãos competentes;

VII - exercer atividade que resulte alteração no regime, na quantidade ou na

qualidade das águas, sem a outorga do órgão competente;

VIII - infringir normas estabelecidas nesta Lei e em suas disposições

regulamentares, abrangendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou

entidades competentes;

IX - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes integrantes

do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, no exercício de suas

funções.

Art. 58 As infrações a esta Lei serão punidas com as seguintes penalidades,

independente da ordem de sua enumeração:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para a correção das

irregularidades;

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II - sanções restritivas de direito;

III - multa simples;

IV - multa diária;

V - embargo ou interdição de obras ou atividades;

VI - demolição de obra;

VII - tamponamento do poço;

VIII - apreensão dos instrumentos, petrechos, equipamentos ou máquinas de

qualquer natureza utilizados na infração.

§ 1º A entidade executora da Política Estadual de Recursos Hídricos é competente

para lavrar auto de infração, instaurar processo administrativo e aplicar penalidades

decorrentes de infrações às normas de utilização de recursos hídricos, ressalvados

os casos de competência do CONERH.

§ 2º As infrações serão apuradas em processo administrativo próprio, assegurando o

direito de ampla defesa e o contraditório, com os meios e recursos a eles inerentes

observadas as disposições legais.

§ 3º O cometimento simultâneo de infrações, ensejará aplicação cumulativa das

sanções a elas cominadas.

§ 4º No caso de resistência do infrator, a fiscalização e a aplicação das penalidades

previstas nesta Lei poderão ser efetuadas mediante requisição de força policial.

§ 5º Todas as despesas decorrentes da aplicação das penalidades correrão por

conta do infrator, sem prejuízo da indenização relativa aos danos a que der causa.

Art. 59 - Para os efeitos desta Lei, considera-se reincidente todo aquele que cometer

mais de uma infração da mesma tipicidade.

§ 1º Não será considerada reincidência se, entre a infração de mesma natureza

cometida e a anterior, houver decorrido o prazo de 03 (três) anos.

§ 2º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.

Art. 60 A advertência é aplicável pela inobservância das disposições desta Lei, de

disposições regulamentares e Resoluções do CONERH, sem prejuízo de outras

sanções legalmente previstas.

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Art. 61 As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão da outorga do direito de uso da água;

II - revogação da outorga.

Art. 62 Aplicar-se-á a multa simples quando o infrator:

I - tiver sido advertido por irregularidades que tenham sido praticadas e deixar de

saná-las no prazo estabelecido pelo órgão executor da Política Estadual de

Recursos Hídricos;

II - opuser embaraço à fiscalização do órgão executor da Política Estadual de

Recursos Hídricos.

§ 1º O valor das multas será fixado com base nos limites estabelecidos por esta Lei

e será corrigido, periodicamente, conforme dispuser o regulamento.

§ 2º Na aplicação da multa, será observada a seguinte classificação:

I - infrações leves, de R$ 500,00 a R$ 3.000,00;

II - infrações graves, de R$ 3.001,00 a R$ 10.000,00;

III - infrações gravíssimas, de R$ 10.001,00 a R$ 50.000,00.

§ 3º A multa simples poderá ser convertida em serviços de preservação, melhoria e

recuperação da qualidade da água, a critério do órgão executor da Política Estadual

de Recursos Hídricos.

Art. 63 No caso de infração continuada, será aplicada multa diária correspondente a

5% (cinco por cento) do valor da multa simples.

Art. 64 A penalidade de interdição será imposta nos casos:

I - de perigo à saúde pública ou ao meio ambiente;

II - de não atendimento à determinação de paralisação de operação irregular;

III - definidos pela SRH, a partir da terceira reincidência.

§ 1º A interdição temporária cessará quando forem atendidas as exigências para

correção das irregularidades apontadas ou mediante a celebração de Termo de

Compromisso que fixará as condições para o retorno das atividades em caráter

precário.

§ 2º A interdição definitiva será imposta quando a atividade não apresentar

condições

de obter o licenciamento ambiental, conforme dispuser a legislação específica.

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§ 3º A interdição definitiva acarreta a revogação da outorga e, se temporária, a sua

suspensão, até que sejam cumpridas as exigências estabelecidas.

Art. 65 A penalidade de demolição será imposta quando a obra, construção ou

instalação:

I - estiver produzindo grave dano ao regime dos recursos hídricos;

II - estiver contrariando as disposições legais previstas na legislação de recursos

hídricos.

Art. 66 O processo administrativo para apuração das infrações previstas nesta Lei

deverá observar os seguintes prazos máximos:

I - 20 (vinte) dias para o infrator apresentar defesa ou impugnação contra o auto de

infração, contados da data da ciência da autuação;

II - 20 (vinte) dias para o infrator interpor recurso administrativo ao CONERH,

contados do recebimento da notificação da decisão referente à defesa apresentada;

III - 60 (sessenta) dias para a autoridade competente julgar o auto de infração,

contados da data do recebimento da defesa ou recurso, conforme o caso;

IV - 5 (cinco) dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da

notificação.

§ 1º Os recursos não terão efeito suspensivo e somente serão conhecidos quando

acompanhados, no caso de multa, da comprovação do recolhimento de 30% (trinta

por cento) do seu valor.

§ 2º O CONERH, na apreciação do recurso, poderá, mediante ato devidamente

motivado, cancelar a penalidade imposta, reduzir seu valor ou transformá-la em

outro

tipo de penalidade, inclusive em prestação de serviços relacionados à proteção dos

recursos hídricos.

CAPÍTULO VIII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 67 Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

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Art. 68 Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 20 de dezembro de 2006.

PAULO SOUTO

Governador

Ruy Tourinho

Secretário de Governo

Vladimir Abdala Nunes

Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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UFBA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

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