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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de 1808 ____________________________________________________________________________________ Monografia ANÁLISE ULTRASSONOGRÁFICA DA ESTEATOSE HEPÁTICA NÃO ALCOÓLICA E LITÍASE BILIAR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES OBESOS E COM SOBREPESO João Vitor Bohana e Silva Salvador Bahia 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA£o Vitor... · Monografia (Graduação) – Universidade Federal da Bahia. Escola de Enfermagem, ... residência de radiologia do Complexo-HUPES; - Cibele

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

____________________________________________________________________________________

Monografia

ANÁLISE ULTRASSONOGRÁFICA DA ESTEATOSE HEPÁTICA

NÃO ALCOÓLICA E LITÍASE BILIAR EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES OBESOS E COM SOBREPESO

João Vitor Bohana e Silva

Salvador – Bahia

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA

UNIVERSITÁRIA DE SAÚDE, SIBI - UFBA.

S586 Silva, João Vitor Bohana e

Análise ultrassonográfica da esteatose hepática não

alcoólica e litíase biliar em crianças e adolescentes obesos e

com sobrepeso / João Vitor Bohana e Silva. – Salvador, 2012.

35 f.

Orientadora: Prof. Dr. Marcelo Benício

Co-orientadora: Prof.ª. Drª. Luciana Rodrigues Silva

Monografia (Graduação) – Universidade Federal da Bahia.

Escola de Enfermagem, 2012.

1. Doenças Hepáticas. 2. Fígado. 3. Ultrassonografia. 4.

Saúde. I. Benício, Marcelo. II. Silva, Luciana Rodrigues. III.

Universidade Federal da Bahia. IV. Título.

CDU 616.36

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

____________________________________________________________________________________

Monografia

ANÁLISE ULTRASSONOGRÁFICA DA ESTEATOSE HEPÁTICA

NÃO ALCOÓLICA E LITÍASE BILIAR EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES OBESOS E COM SOBREPESO

João Vitor Bohana e Silva

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Benicio

Co-orientadora: Profa. Dra. Luciana Rodrigues Silva

Monografia de conclusão do componente

curricular MED-B60, do currículo médico da

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) da

Universidade Federal da Bahia (UFBA),

apresentada ao Colegiado do Curso de Graduação

em Medicina da FMB-UFBA.

Salvador – Bahia

2012

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Monografia: Análise ultrassonográfica da esteatose hepática não alcoólica e litíase

biliar em crianças e adolescentes obesos e com sobrepeso. João Vitor Bohana e

Silva

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Benicio

Co-orientadora: Profa. Dra. Luciana Rodrigues Silva

COMISSÃO EXAMINADORA

Membros Titulares:

Marcelo Benicio (Presidente), Prof. Titular de Radiologia - Faculdade de

Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia;

Cibele D. F. Marques, Professora Assistente do Departamento de Pediatria -

Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia;

Rosa Vianna Brim, Professora Auxiliar do Departamento de Medicina

Interna e Apoio Diagnóstico - Faculdade de Medicina da Bahia,

Universidade Federal da Bahia.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia aprovada pela

Comissão, e julgada apta à apresentação pública no III Seminário

Estudantil da Faculdade de Medicina da Bahia, com posterior

homologação do registro final do conceito (apto ou não apto), pela

coordenação do Núcleo de Formação Científica. Chefia do Departamento

de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico.

Salvador – Bahia

2012

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EQUIPE

- João Vitor Bohana e Silva, acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina da Bahia da

Universidade Federal da Bahia, bolsista pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação

Científica FAPEX PIBIC no período de 2011-2012;

- Lucas Bohana Caria, acadêmica de medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública;

- Marcelo Benicio, professor titular do Departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico -

Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia; Médico radiologista e chefe da

residência de radiologia do Complexo-HUPES;

- Cibele D. F. Marques, Professora Assistente do Departamento de Pediatria - Faculdade de

Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia; Médica pediatra do Complexo-HUPES;

- Luciana Rodrigues Silva, professora titular do Departamento de Pediatria Diagnóstico -

Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia; Médica pediatra do complexo-

HUPES

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v

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB-UFBA).

COMPLEXO HOSPITAR UNIVERSITÁRIO PROF. EDGARD SANTOS

Ambulatório Magalhaes Neto – Ambulatório de Gastropediatria;

Serviço de Radiologia.

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FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB);

2. Recursos próprios.

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vii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de fazer um agradecimento geral a todos que me ajudaram de alguma forma para

a realização da pesquisa e do trabalho cientifico.

Agradeço inicialmente ao meu primo Lucas Bohana, pela ajuda na coleta dos dados e no

auxílio na realização dos exames, e a minha namorada Juliana Gordilho, pelo auxilio na análise

estatística dos dados.

Um agradecimento especial aos meus orientadores, Prof. Dr. Marcelo Benicio e Profa.

Dra. Luciana Rodrigues Silva, pelo apoio, dedicação e auxílio desde o inicio da pesquisa, que

tornaram o meu trabalho mais proveitoso. Agradeço também a Dra. Sandra Andrade pela

disposição na realização de todos os exames ultrassonográficos e Dra. Cibele Marques pelo

auxilio na marcação dos exames e pela disponibilidade constante em ajudar no andamento da

pesquisa.

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS ________________________________________ 2

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS______________________________________ 3

I. RESUMO________________________________________________________________ 4

II. INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 5

III. OBJETIVO ______________________________________________________________11

IV. METODOLOGIA _________________________________________________________12

- DESENHO DE ESTUDO ________________________________________________ 12

- CENTRO DE RECRUTAMENTO _________________________________________ 12

- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO________________________________ 12

- DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS ___________________________________________ 12

- MÉTODOS ___________________________________________________________ 13

- CRITÉRIOS ÉTICOS ___________________________________________________ 14

- FINANCIAMENTO E VIABILIDADE ____________________________________ 15

V. RESULTADOS __________________________________________________________ 16

VI. DISCUSSÃO ____________________________________________________________ 21

VII. CONCLUSÃO ___________________________________________________________ 24

VIII. SUMMARY _____________________________________________________________ 25

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 26

X. APÊNDICES ____________________________________________________________ 28

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ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELAS

Tabela I – Características Clínicas dos Pacientes pediátricos......................................... 18

Tabela II – Presença de Esteatose Hepática em função do estado nutricional............... 18

Tabela III – Presença de Esteatose Hepática em função do nível sérico de ALT............. 19

Tabela IV – Presença de Esteatose Hepática em função do nível sérico de AST............. 20

Tabela V - Presença de Esteatose Hepática em função do nível sérico de Gama-GT...... 20

GRÁFICOS

Gráfico I – Relação da Esteatose Hepática por sexo........................................................ 17

Gráfico II – Relação por grau de comprometimento à ultrassonografia......................... 17

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALT - alanina aminotransferase

Anti-Hbs - Anticorpo para antígeno S da hepatite viral tipo B

Anti-HCV - Anticorpo para hepatite viral do tipo C

AST - aspartato aminotransferase

DM - Diabetes Melitus

DP - Desvio Padrão

EHNA - Esteatose hepática não-alcoólica

HDL - High-density lipoprotein

HUPES - Hospital Universitário Professor Edgar Santos

IC - Intervalo de confiança

IMC - Índice de massa corpórea

LB - Litíase Biliar

LDL - Low-density lipoprotein

OMS - Organização mundial de saúde

OR - Odds Ratio

PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

RM - Ressonância Magnética

SAME - Serviço de Arquivo Médico e Estatística

TC - Tomografia Computadorizada

UFBA - Universidade Federal da Bahia

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

US - Ultrassonografia

USP - Universidade de São Paulo

VPP - Valor preditivo positivo

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RESUMO

Titulo: ANÁLISE ULTRASSONOGRÁFICA DA ESTEATOSE HEPÁTICA NÃO

ALCOÓLICA E LITÍASE BILIAR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES OBESOS E

COM SOBREPESO

O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise ultrassonográfica do abdome

superior de crianças e adolescentes obesos ou acima do peso, provenientes do Ambulatório de

Pediatria do Complexo HUPES, no período entre 2010 e 2011, e determinar a partir dos

resultados, a prevalência de esteatose hepática não-alcoólica (EHNA) e litíase biliar nesse grupo.

Além dos exames realizados, foram colhidas informações clínicas e resultados laboratoriais. Os

dados foram inseridos em um banco de dados digital (SPSS) e realizada a análise estatística dos

mesmos, como cálculo de médias, desvio-padrão e frequências simples e associações entre as

variáveis de interesse pelos testes Qui-quadrado e t de Student. Foram analisados 52 pacientes,

destes 36,5% eram do sexo masculino e 63,5% eram do sexo feminino. O estudo demonstrou

uma prevalência de EHNA de 17,3% e de litíase biliar de 1,9%. Os principais fatores de risco

para o desenvolvimento de EHNA foram: presença de obesidade de qualquer grau (88,9%),

resultados de exames com ALT (50%), AST (25%) e Gama-GT (100%) elevados. É necessário

que os médicos que assistem os pacientes pediátricos com obesidade e sobrepeso estejam atentos

ao diagnóstico e tratamento precoces destas condições.

Palavras-chave: Esteatose hepática não-alcoólica; litíase biliar; obesidade; crianças; adolescentes.

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1. INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou no início do século XXI que a

pandemia do século seria a obesidade. Essa foi a frase utilizada pela OMS para mostrar o atual

panorama da obesidade no mundo. A obesidade é um problema de saúde pública mundial, tanto

em países desenvolvidos como os em desenvolvimento. Segundo estudo realizado pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) em 199 países, a obesidade já é uma realidade global,

afetando 502 milhões de pessoas. Nesse estudo foi mostrado que existem mais pessoas acima de

seus pesos ideais do que pessoas passando fome.

No Brasil essa situação não é tão diferente. O IBGE em parceria com o Ministério da

Saúde realizou um estudo usando dados de pesquisas realizadas em três períodos distintos, num

intervalo de 34 anos. Essas pesquisas foram realizadas nos anos de 1974-75, 1989 e 2008-09.

Elas foram feitas em todos os estados, incluindo o distrito federal, e incluiu um total de 188 mil

pessoas. Os dados mostraram que a prevalência de crianças e adolescentes acima do peso e com

obesidade aumentou assustadoramente nos últimos anos. Percebeu-se um salto de 15% de

crianças com sobrepeso em 1974, para uma prevalência de cerca de 34% em 2008, mostrando a

alarmante situação.

A obesidade é responsável pelo desenvolvimento de diversas doenças, tanto em adulto

como em crianças, como: hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, apnéia do sono, esteatose

hepática não alcoólica, aumento do risco cirúrgico, diabete melito, infarto agudo do miocárdio,

hipertrofia cardíaca, diminuição da reserva pulmonar funcional, asma, transtornos psicológicos,

doenças coronariana agudas, artroses, litíase biliar, resistência periférica a insulina. Neste estudo

decidimos investigar duas patologias muito comuns, a esteatose hepática não alcoólica e a litíase

biliar, que geralmente começam a se desenvolver desde a infância e que apresentam repercussões

importantes na vida adulta.

A esteatose hepática não alcoólica (EHNA) é uma doença de grande notoriedade na

geração atual. Antes de 1980, era pouco reconhecida, tendo sua origem mais importante na

revolução industrial, que levou a um processamento de alimentos diferenciado e tornou o

trabalho físico menos exigente, com advento da maquinaria pesada. Dessa forma, hoje ela tem

grande impacto em todas as áreas da medicina clínica e a tendência é que sua prevalência e

adversidade aumentem continuamente. A litíase biliar é outra patologia de grande incidência em

nosso meio, e tem uma associação importante com a esteatose hepática, principalmente em

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adultos com obesidade e mais recentemente também tem sido identificada em crianças e

adolescentes obesos.

A EHNA é uma condição comum, caracterizada por depósito de lipídeos no hepatócito. O

quadro histológico tem uma semelhança notável com a lesão hepática induzida pelo uso de

álcool, mas ocorre em indivíduos que não apresentam uma ingesta de bebidas alcoólicas

significante (Chang P et al, 2005). A esteatose hepática não-alcoólica representa um espectro de

condições que varia desde uma esteatose simples a esteato-hepatite, potencialmente fatal (Yu-

Cheng Lin 1 et al 2010). Com o estabelecimento da esteatose hepática, o fígado passa por uma

série de alterações, como estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e desregulação das

adipocinas. Todas essas alterações determinam uma lesão contínua do fígado, o que permite o

desenvolvimento de uma esteatohepatite. Sabe-se que há pacientes que não desenvolvem essa

complicação, e por isso acredita-se que há fatores genéticos e ambientais envolvidos na

patogênese dessa complicação (Valerio Nobili, et al 2011). Alguns estudos mostram que, dos

pacientes que desenvolvem a esteatoepatite não alcoólica, cerca 15% a 25% evoluem para um

quadro de cirrose hepática. Uma vez desenvolvida, cerca de 30% a 40% desses pacientes

evoluem para morte de causa hepática em um período de 10 anos (Arthur J. McCullough et al

2006). Os principais fatores de risco relacionados à EHNA incluem obesidade, diabetes mellitus

tipo II (DM 2), dislipidemias, hiperuricemia, bypass jejunoileal e medicamentos hepatotóxicos.

Dentre esses, a obesidade é amplamente reconhecida como um dos fatores mais significativos

para o desenvolvimento de tal patologia (Yu-Cheng Lin 1 et al 2010). Assim como para a EHNA,

estudos mostraram que a principal causa de litíase biliar em adultos é a obesidade.

A litíase biliar é formada devido a componentes anormais na bile. Esses componentes vão

determinar o tipo de cálculo, podendo ser cálculos de colesterol ou cálculos de bile. O cálculo de

colesterol é formado basicamente por colesterol, sais de cálcio e pigmentos biliares, enquanto o

cálculo pigmentar é formado essencialmente por bilirrubinato de cálcio. A principal causa de

formação de cálculos de colesterol é o aumento da excreção de colesterol pelo fígado, que está

geralmente associada a pacientes com hipercolesterolemia, obesidade e alimentação rica em

colesterol. (Harrison, 17ª edição)

Pacientes com litíase biliar sintomáticos apresentam grande prevalência de esteatose

hepática não-alcoólica associada. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da

EHNA estão relacionados com o aparecimento de litíase biliar, como por exemplo: obesidade,

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dislipidemia, resistência à insulina, DM 2 e síndrome metabólica. Em estudo feito por Oktay

Yener et al, em 2010, com 95 paciente, foi percebida uma associação de 50% entre litíase biliar e

a presença de EHNA. (Oktay YENER et al, 2010).

Outros possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de litíase biliar em crianças

incluem aumento de hemólise (anemia hemolítica), talassemia, fibrose cística, cirrose,

anormalidade genética do ducto biliar, deficiência de imunoglobulina, tratamento com opióides,

ceftriaxona e furosemida, nutrição parenteral, nascimento prematuro, e algumas desordens

metabólicas raras.

Em um estudo feito com uma população não selecionada de 482 crianças e adolescentes,

foi descrita uma prevalência de 0,6% de litíase biliar, através do exame ultrassonográfico. Porém

em uma pesquisa semelhante desenvolvida apenas com crianças e adolescentes obesos, foi

demonstrado que 2% destes eram afetados por essa patologia. Nesse mesmo estudo foi

demonstrado que a tendência de desenvolver litíase biliar está diretamente relacionada ao grau de

obesidade e ao sexo. Observou-se que a média do Índice de Massa Corpórea (IMC) nas crianças

com litíase biliar foi maior do que naquelas que tiveram resultado negativo. Além disso, a

prevalência no sexo feminino foi consideravelmente maior (de 2,9%), contra 0,9 % no sexo

masculino (Volker aechele et al, 2006).

Estudos realizados com crianças e adolescentes mostraram que 2,6% a 9,8% destes

indivíduos apresentavam algum grau de esteatose hepática. Quando envolvia uma população

obesa, essa porcentagem aumentou para 79%.

A EHNA é considerada uma suspeita diagnóstica principalmente entre pacientes obesos

ou com sobrepeso, com elevação assintomática das aminotransaminases (ALT e AST), pacientes

com achados radiológicos de infiltração gordurosa hepática ou, ocasionalmente, nos pacientes

com cirrose “criptogênica” (Leon A. Adams, et al 2006). O diagnóstico básico de EHNA

necessita da evidência de infiltração gordurosa hepática na ausência de ingestão etílica

significativa. Em termos de avaliação clínica, o diagnóstico deve envolver a análise de possíveis

fatores de risco metabólicos (obesidade central, diabetes mellitus tipo II, dislipidemias e

hipertensão), que são sugestivos de EHNA. A importância do diagnóstico da esteatose hepática

reside no fato de que ela pode evoluir para estágios mais avançados de dano hepático, tais como

esteatohepatite e cirrose, e também porque a sua prevalência está intimamente relacionada com a

obesidade. Embora a biópsia hepática seja atualmente o padrão ouro para o diagnóstico, há uma

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necessidade crescente de se utilizar métodos menos invasivos. A biópsia pode se um

procedimento doloroso exige repouso de pelo menos 6 horas e está associada a uma

morbi/mortalidade diminuta, mas que deve ser considera no momento da sua escolha como

exame diagnóstico (Diamond Joya, et al 2003).

Nesse contexto, métodos como ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC)

e ressonância magnética (RM) vêm ganhando cada vez mais notoriedade, além da

fibroelastografia. Todos esses métodos são capazes de detectar a infiltração gordurosa hepática;

entretanto, no entanto diferentemente da biópsia hepática, nenhuma dessas técnicas é capaz de

diferenciar uma esteatose simples de uma esteatohepatite não-alcoólica.

A US, embora não seja o método de imagem mais confiável, tem muitas vantagens e,

quando positiva, fornece um elevado grau de certeza diagnóstica, dependendo da prevalência da

esteatose hepática na população estudada. É também a técnica de imagem de menor custo, segura

e que não apresenta desconforto para o paciente durante a realização do exame e representa um

método de triagem inicial para identificação dos pacientes que posteriormente poderão ser

candidatos à realização da biópsia hepática. Enfatiza-se que como se trata de método operador

dependente, é fundamental a habilitação adequada do radiologista.

A ultrassonografia hepática deve ser o primeiro exame de imagem solicitado para o

diagnóstico da EHNA, pois tem uma boa correlação com os achados histológicos de infiltração

gordurosa, tendo sido proposta como um método de avaliação para diferentes graus de esteatose

hepática. A sensibilidade desta técnica para identificar infiltração gordurosa aumenta

progressivamente com graus de esteatose mais elevados. A esteatose hepática provoca aumento

difuso da ecogenicidade parenquimatosa no US, além de ocasionar uma atenuação do feixe

acústico posterior, que pode ser comparada com a menor ecogenicidade do córtex renal.

No Centro da Obesidade Mórbida, do Hospital São Lucas da PUCRS, foi desenvolvida

uma pesquisa com 187 pacientes com obesidade, onde foi demonstrado que o exame de

ultrassonografia de abdome tem uma sensibilidade de 49,1% e uma especificidade de 75% no

diagnóstico de esteatose hepática. Os resultados mostraram um valor preditivo positivo (VPP) de

95,4%, o que indica a validade deste teste como exame diagnóstico para essa patologia. Em

paciente com IMC entre 35 e 49 kg/m² a especificidade chegou a 100% (Cláudio C. Mottin, et al

2004). A grande limitação da US é que ela não é capaz de identificar uma esteatose hepática na

sua forma inicial. Essa técnica só apresenta uma sensibilidade significativa quando há pelo menos

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20% do fígado acometido. Esse fato não permite excluir o diagnóstico caso haja um resultado

negativo pelo US. (Anna Alisi, et al 2010).

A TC tem sensibilidade maior que a US, porém tem seu uso limitado devido ao seu alto

custo e a exposição à radiação ionizante, que deve ser considerada principalmente em pacientes

na idade pediátrica. A RM é a melhor técnica não invasiva para o diagnóstico, porém ela é

limitada na determinação da diferença entre esteatose simples e esteatohepatite, além da

identificação da presença de fibrose. Outra limitação que deve ser considerada é seu alto custo e

sua difícil disponibilidade para a população como um todo (Anna Alisi, et al 2010).

Para uma melhor sensibilidade no diagnóstico, tem-se feito estudos com biomarcadores

celulares que são capazes de identificar alterações no fígado. Estes estudos estão sendo feitos

com marcadores de fibrose, ELF, citoqueratina, TNF-alfa, Leptina, adiponectina,

endotoxina/PAI-1 e RBP4. Acredita-se que esses marcadores podem auxiliar na sugestão do

diagnóstico da esteatose hepática, quando usadas em sinergismo com os exames de imagem

(Anna Alisi, et al 2010). Os estudos atuais mostraram que a combinação do exame de imagem,

junto com os diversos marcadores celulares, a fibroelastografia e exames de função hepática,

melhoraram a sensibilidade do diagnóstico, diminuindo a necessidade de uma biopsia hepática

(Anna Alisi, et al 2010).

O diagnóstico de litíase biliar pode ser determinado por dois exames: tomografia

computadorizada e ultrassonografia. A US é considerado o padrão ouro, especialmente em

crianças e adolescentes, quando se evita o uso de TC (Volker Kaechele et al, 2006). Além de ser

um exame de baixo custo, e de fácil acesso para boa parte da população, é um exame que é capaz

de dar um diagnóstico de litíase biliar em uma fase prematura, quando o paciente ainda é

assintomático (Hui Sun et al, 2009).

O diagnóstico precoce dessas patologias permite que haja uma intervenção terapêutica

imediata, com a finalidade de diminuir a lesão e impedir a evolução da doença hepática e/ou

doença das vias biliares. Devido ao pouco conhecimento que se tem da progressão da EHNA, e

diante do fato de ser uma condição identificada há pouco tempo, ainda um número limitado de

fármacos e estudos têm sido desenvolvidos na área da farmacologia. A intervenção imediata nos

pacientes esta baseada em os fatores de risco associados. A principal delas é a abordagem

multidisciplinar da obesidade. É necessária uma mudança nos hábitos alimentares e na prática de

atividades físicas. A diminuição do peso e a prática de exercícios se mostrou eficaz na melhora

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dos níveis de ALT e da histologia do fígado em adultos. Faltam estudos comprobatórios do efeito

dessas intervenções na criança ou no adolescente (Anna Alisi, et al 2010). Em adultos, o uso de

sensibilizadores da insulina é capaz de melhorar a esteatose hepática. Porém, em estudos feitos

em crianças, com o uso de metformina, ocorreu uma melhora apenas nos níveis de ALT, sem

mudanças na histologia hepática (Anna Alisi, et al 2010). Uma terceira intervenção é

representada pelo uso de antioxidantes, que são capazes de reduzir o estresse oxidativo e a

progressão simples da esteatose hepática. (Anna Alisi, et al 2010)

O tratamento para pacientes com litíase biliar é bastante variável e deve ser

individualizada. Para aqueles pacientes com diagnóstico, mas que se apresentam assintomáticos

não é recomendado o tratamento, já que as chances de desenvolver sintomas e/ou complicações

são bastante baixas (1 a 2% ao ano). No entanto, em alguns casos deve ser avaliada a

colecistectomia laparoscópica. Nesse procedimento há a retirada o cálculo e da vesícula biliar.

(Harrison, 17ª edição)

No cenário da pediatria, o diagnóstico precoce da esteatose hepática e da litíase biliar

ganha cada vez mais importância. Entende-se que o surpreendente aumento da obesidade na

população pediátrica tem feito da EHNA um problema público de saúde em todo o mundo

ocidental (Chen-Chung Fu, et al 2009). Dessa forma, a US se configura como método não-

invasivo que poderia ser aplicado para monitorar adolescentes com sobrepeso e obesos e propor

ações para prevenir doenças hepáticas mais graves na fase adulta (Lira, Ana R., et al 2010).

Sabendo que a litíase biliar tem uma importante associação com pacientes com EHNA, deve-se

avaliar a possível existência dessa patologia nesse grupo populacional, e a sua confirmação torna-

se importante para que haja um acompanhamento necessário, a fim de evitar o desenvolvimento

da litíase biliar sintomática e/ou de suas complicações, além da orientação sobre hábitos de vida.

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2. OBJETIVO

Objetivo primário

O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise ultrassonográfica do abdome

superior de crianças ou adolescentes obesos ou acima do peso, provenientes do Ambulatório de

Pediatria do Complexo HUPES, e determinar, a partir dos resultados, a prevalência de esteatose

hepática não-alcoólica e de litíase biliar, nesse grupo populacional.

Objetivos secundários

Os objetivos secundários foram analisar os dados obtidos com a ultrassonografia, e

associar aos dados clínicos e laboratoriais obtidos dos prontuários dos pacientes, tentando

encontrar desta forma uma relação de causa/efeito.

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3. METODOLOGIA

Desenho do estudo

O projeto de pesquisa foi feito em modelo de estudo transversal.

Centro de recrutamento

Os pacientes incluídos no estudo foram recrutados do Ambulatório de Pediatria do

Complexo HUPES (UFBA), Salvador-Bahia, e sua seleção dependeu dos critérios de inclusão e

exclusão definidos abaixo. A participação no programa de pesquisa dependeu da aceitação e da

disponibilidade do paciente em se apresentar no HUPES para realização do exame de

ultrassonografia, em horário previamente determinado. Todos eles vêm sendo acompanhados

pela equipe de pediatria do Complexo HUPES.

Critérios de inclusão e exclusão

O estudo tomou como critérios de inclusão:

1. Intervalo de idade: Pacientes com idade entre 2 e 18 anos

2. Definição do estado nutricional: Paciente com presença de sobrepeso ou obesidade. A

definição do estado nutricional do paciente seguiu os padrões utilizados pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), que utiliza como referência o valor do IMC do paciente. Para

pacientes entre 2 e 18 anos foram considerados os seguintes valores de percentil: abaixo do

peso (percentil abaixo de 5), peso normal (percentil entre 5 e 85), sobrepeso (percentil entre

85 e 95) e obesidade (percentil acima de 95).

Os critérios de exclusão do estudo foram definidos como: presença de qualquer

hepatopatia confirmada, não relacionada à esteatose hepática não alcoólica; o consumo de bebida

alcoólica; exame de sangue positivo para Anti-Hbs e Anti-HCV; paciente com diagnóstico

confirmado de doenças congênitas associadas com deposito de lipídeos (Ex.: Niemann-Pick C).

Definição de variáveis

Todas variáveis analisadas no estudo foram definidas com base em revisão da literatura e

na sua utilidade na correlação com os exames de imagem. Foram definidas como variáveis da

pesquisa: sexo (masculino ou feminino); idade (em anos); peso (em quilogramas); altura (em

metro); índice de massa corpórea (em quilograma/metro²); circunferência abdominal (em

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13

centímetros); enzimas hepáticas - ALT e AST (em unidades/litro); fosfatase alcalina (em

unidades/litro); gama-Gt (em Unidades/litro); bilirrubinas (em miligramas/decilitro); albumina e

proteínas totais (em grama/decilitro); lipídeos sanguíneos - triglicerídeos, LDL, HDL e colesterol

total (miligrama/decilitro); glicemia (em miligramas/decilitro); Anti-Hbs e Anti-HCV (positivo

ou negativo); resistência à insulina. Os valores de referência para os exames laboratoriais foram

considerados aqueles usados no laboratório em que foi realizado o ultimo exame, variando de

acordo com o método de dosagem. A ausência de registro de determinada variável foi

considerada como inexistente (prontuário sem registro da informação).

Nos exames ultrassonográficos foram definidas 3 variáveis: presença de esteatose

hepática, dimensões hepáticas e presença de cálculo biliar. Dentro dessas variáveis, ainda foi feita

a classificação do grau de esteatose hepática, sendo Classificada em Grau I a III, sendo grau I ou

leve aquele com mínimo aumento difuso da ecogenicidade hepática, visualização normal do

diafragma e dos vasos intra-hepáticos; grau II ou moderado aquele com moderado aumento da

ecogenicidade hepática com pequena dificuldade para visualização do diafragma e dos vasos

intra-hepáticos; e grau III ou grave quando apresentar um importante aumento da ecogenicidade

hepática, dificuldade para penetração do feixe sonoro nas regiões posteriores do lobo direito com

prejuízo para visualização ou impossibilidade de visualização dos vasos intra-hepáticos e do

diafragma (Ultrassonografia abdominal, 2ª edição).

Métodos

Todos os dados ultrassonográficos contidos nesse trabalho foram obtidos de exames de

ultrassonografia do abdome superior dos pacientes. Os exames foram feitos com um mesmo

equipamento de ultrassonografia, operado por um mesmo profissional com experiência em seu

manuseio. O profissional em questão é capacitado na área de Radiologia e Diagnóstico por

Imagem do Complexo HUPES, que também é responsável por desenvolver o laudo, que foi

usado pelo pesquisador como uma das fontes de dados. Para avaliação do fígado foi usado um

transdutor convexo ou setorial, com frequência fundamental variando de 2 a 5 Mhz. O paciente

teve de estar em jejum de cerca de 6 horas para evitar interposição dos gases, e para que a

vesícula biliar esteja distendida. Para a participação na estudo o paciente e seu responsável legal

foram informados sobre a pesquisa, e com isso assinaram um termo de consentimento esclarecido

permitindo a continuidade do exame.

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14

A coleta dos dados clínico-laboratoriais foi feita dos prontuários dos pacientes em

questão, contida no SAME do Complexo-HUPES. Todo esse material foi organizado em uma

ficha padrão, previamente produzida com todas as informações necessárias para o

desenvolvimento da pesquisa (apêndice 1).

O último passo foi realizar a análise estatística dos dados, determinando a prevalência de

alterações hepáticas nos pacientes, relacionando os resultados com as variáveis obtidas. A análise

estatística dos dados foi feita com apoio dos profissionais do Departamento de Medicina

Preventiva da Faculdade de Medicina da Bahia (UFBA), priorizando o uso do programa SPSS

para Windows (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos), já licenciado. A análise qualitativa dos

dados foi feita com auxílio intelectual do corpo médico do Serviço de Diagnóstico por Imagem

do COMHUPES/UFBA, bem como pelo estudo exaustivo das publicações sobre o tema.

Foi realizada a análise descritiva das variáveis, adotando-se as medidas usuais de

tendência central e de dispersão e cálculos de frequências simples. Para descrição das variáveis

contínuas foram utilizadas as médias com desvios padrão, quando a distribuição foi normal. Os

possíveis fatores de risco demonstrados na amostra e em exames laboratoriais previamente

exemplificados foram analisados e comparados à prevalência de Esteatose Hepática Não-

alcoólica e de litíase biliar, com a finalidade de encontrar um nexo causal.

Foram utilizados, para testar a significância estatística entre proporções estudadas e

médias, os testes do Qui-quadrado e t de Student, respectivamente. Foi considerado significante

p<0,05. Quando possível, foram calculados intervalos de confiança de 95% (IC 95%) das

proporções e odds ratio (OR) estimadas.

Critérios éticos

O convite ao paciente foi acompanhado de uma carta de apresentação e justificativa do

trabalho, com o conteúdo deste informado também verbalmente. Um Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (Apêndice 2) foi emitido em duas vias, ambas assinadas pelo paciente e

pesquisador, e garantido o sigilo das informações encontradas nos resultados dos exames. Este

estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do COMHUPES/UFBA, seguindo todas as

recomendações formais necessárias, seguindo protocolo de submissão nº 43.2011.

A Formulação do termo de consentimento livre e esclarecido assegurou:

1. A preservação da identidade;

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2. Fazer devidos encaminhamentos, caso fosse detectada qualquer complicação que necessite

atenção médica em outra especialidade;

3. O direito de se desvincular da pesquisa a qualquer momento, sem nenhum prejuízo para o

acompanhamento no hospital referido;

Além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que foi devidamente explicado e

entregue aos pacientes envolvidos na pesquisa, o pesquisador em questão assinou um Termo de

Compromisso para Utilização de Dados em Prontuários de Pacientes (Apêndice 3).

Financiamento e viabilidade

Para a realização dos exames de imagem ultrassonográficos, o Chefe do Serviço de

Radiologia do COM-HUPES disponibilizou o atendimento de até 5 pacientes semanalmente para

a pesquisa em questão, como demanda extra, sem qualquer custo adicional ao pesquisador.

Quanto aos exames laboratoriais, estes foram feitos periodicamente para

acompanhamento e seguimento das comorbidades dos pacientes pediátricos atendidos no

Complexo HUPES, sendo, portanto, parte integrante do prontuário, um dos alvos das coletas dos

dados.

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16

4. RESULTADOS

No presente estudo, foram acompanhados 52 pacientes. Destes, 33 indivíduos eram do

sexo feminino (63,5%) e 19 do sexo masculino (36,5%). A idade da população variou de 4 a 18

anos, com média de 13,29 anos e desvio padrão (DP) de ± 3,3. A idade da amostra teve

distribuição normal, calculada através do teste de Kolmogorov-Smirnov (valor: 1,3).

A média de IMC foi de 26,94 Kg/m2, variando de 21,07 a 44,54 Kg/m

2, com DP de ±

4,67. O IMC da amostra teve distribuição normal, calculada através do teste de Kolmogorov-

Smirnov (valor: 1,03). Para os pacientes que apresentaram esteatose hepática ao exame

ultrassonográfico, a média do IMC subiu para 32,07 Kg/m2, e um DP de ± 6,96.

A média geral da circunferência abdominal foi 88,41 cm, variando de 67 a 120 cm, e DP

de ±12,48. Depois de realizada segmentação em grupos com e sem esteatose hepática, foi

calculado um aumento da média para aqueles pacientes com esteatose hepática, passando para

99,9cm, e um desvio padrão de ±16,4. Os valores de circunferência abdominal da amostra

tiveram distribuição normal, calculada através do teste de Kolmogorov-Smirnov (valor: 0,6).

De acordo com a classificação do estado nutricional de pediátricos pela OMS, foram

avaliados 48 pacientes (92,3%) da população em estudo, sendo 22 pacientes diagnosticados com

sobrepeso (45,8%) e 26 com obesidade (54,2%), seguindo o gráfico padrão IMC/idade para o

sexo em questão.

Após análise ultrassonográfica dos 52 pacientes incluídos no estudo, foi determinada

prevalência geral de 17,3% (9 indivíduos) de esteatose hepática não alcoólica (EHNA). Nesse

universo, 4 indivíduos eram do sexo feminino (44,4%) e 5 do sexo masculino (55,6%). Quando

essa prevalência foi calculada apenas para indivíduos obesos, percebeu-se elevação para 30,7%

na prevalência de EHNA.

Apesar de a população estudada ter prevalecido o sexo feminino, a prevalência de EHNA

no grupo do sexo masculino foi consideravelmente maior, sendo de 26,3%, contra 12,1% no sexo

feminino. (gráfico 1).

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17

Ao utilizar os critérios de classificação para EHNA ao exame de ultrassonografia (US),

foram identificados 3 pacientes com EHNA grau I (33,3%), 5 com EHNA grau II (55.6%) e 1

com EHNA grau III (11,1%) (gráfico 2).

Em relação à avaliação de litíase biliar ao exame de US, foi encontrado apenas 01

paciente (1,9%) com essa patologia, sendo este do sexo masculino.

As variáveis laboratoriais foram avaliadas nos grupos com e sem EHNA à

ultrassonografia. Do total de pacientes do estudo: 39 apresentaram resultados de ALT, sendo 5

(12,8%) com níveis elevados da enzima, e destes 4 apresentavam EHNA; 39 apresentaram

5

14

4

29

0

5

10

15

20

25

30

35

Com EsteatoseHepática

Sem EsteatoseHepática

Masculino Feminino

Gráfico 1 - Relação da Esteatose Hepática por sexo em pacientes pediátricos obesos e com sobrepeso

estudados no Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de 2010/2011

Gráfico 2 - Relação por grau de comprometimento à ultrassonografia em pacientes pediátricos obesos e

com sobrepeso estudados no Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de 2010/2011

Sem Esteatose Hepática Grau I Grau II Grau III

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resultados de AST, com 3 casos (7,7%) de níveis elevados, sendo 2 com EHNA; 39 possuíam

resultados de triglicerídeos séricos, com 8 (20,5%) deles apresentando resultado elevado, destes

3 com EHNA; 39 possuíam resultados de LDL, sendo 15 (38,5%) elevados, 1 com EHNA; 40

apresentaram resultados de HDL, 18 (45%) desses com níveis reduzidos, sendo 3 com EHNA;

42 tinham resultados de colesterol total, com 7 (16,7%) deles elevados, com 1 apresentando

EHNA; 33 possuíam resultados de gama-GT, sendo 02 (6,1%) elevados, e todos estes tinham

diagnóstico de EHNA. (tabela 1).

Tabela 1 – Características Clínicas dos Pacientes pediátricos obesos e com sobrepeso estudados no

Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de 2010/2011

Características

Clínicas/

Laboratoriais

Sem EHNA Com EHNA* Características

Clínicas/

Laboratoriais

Sem EHNA* Com EHNA

Sexo

Masculino

Feminino

TOTAL

Estado Nutricional

Sobrepeso

Obesidade

TOTAL

14 (32,5 %)

29 (67,5%)

43 (100%)

21 (53,8%)

18 (46,2%)

39 (100%)

5 (55%)

4 (45%)

9 (100%)

1 (11,1%)

8 (88,9%)

9 (100%)

LDL

Normal

Elevado

TOTAL

HDL

Normal

Reduzido

TOTAL

17 (54,8%)

14 (45,2)

31 (100%)

17 (53,1%)

15 (46,9%)

32 (100%)

7 (87,5%)

1 (12,5%)

8 (100%)

5 (62,5%)

3 (37,5%)

8 (100%)

ALT

Normal

Elevado

TOTAL

30 (96,8%)

1 (3,2%)

31 (100%)

4 (50%)

4 (50%)

8 (100%)

Colesterol total

Normal

Elevado

TOTAL

28 (82,4%)

6 (17,6%)

34 (100%)

7 (87,5%)

1 (12,5%)

8 (100%)

AST

Normal

Elevado

TOTAL

30 (96,8%)

1 (3,2%)

31 (100%)

6 (75%)

2 (25%)

8 (100%)

Gama-GT

Normal

Elevado

TOTAL

26 (100%)

0 (0%)

26 (100%)

5 (71,4%)

2 (28,6%)

7 (100%)

Triglicerídeos

Normal

Elevado

TOTAL

27 (84,3%)

5 (15,7%)

32 (100%)

4 (57,1%)

3 (42,9%)

7 (100%)

EHNA - Esteatose Hepática não-alcoólica; HDL - High-density lipoprotein; LDL - Low-density lipoprotein; AST -

aspartato aminotransferase; ALT - alanina aminotransferase. *= diagnóstico de esteatose à ultrassonografia

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Das variáveis clínicas analisadas neste estudo, na única que foi evidenciada uma

significância estatística foi a classificação do estado nutricional, em obeso e sobrepeso, quando

comparada com a presença de Esteatose hepática não-alcoólica, sendo calculado p=0,02. O Odds

Ratio (OR) foi calculado, apresentando valor de 9,33, com um IC variando de 1,41 a 61,57,

mostrando que os resultados obtidos tiveram confiança e podem ser reproduzidos para outras

populações. (tabela 2)

Tabela 2 - Presença de Esteatose Hepática em função do estado nutricional em pacientes pediátricos obesos e

com sobrepeso estudados no Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de 2010/2011

Estado

Nutricional

Ausência de

EHNA

Presença de

EHNA OR IC 95% p

Likelihood

Ratio

Sobrepeso 21 53,8% 1 11,2%

9,33 1,41 - 61,57 0,02 6,095 Obesidade 18 46,2% 8 88,9%

Total 39 100% 9 100%

EHNA - Esteatose Hepática não-alcoólica; OR - Odds Ratio; IC - Intervalo de confiança.

Entre os dados laboratoriais analisados, quando comparadas à presença de EHNA, foi

evidenciada significância estatística nos seguintes resultados: nível sérico de TGP/ALT (OR =

30; IC = 4,62-194,78; p<0,05), nível sérico de TGO/AST (OR = 10; IC = 1,12-89,12; p<0,05) e

nível sérico de gama GT (p<0,05). Vide tabela 3,4 e 5

Tabela 3 - Presença de Esteatose Hepática em função do nível sérico de ALT em pacientes pediátricos obesos

e com sobrepeso estudados no Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de 2010/2011

Nível de ALT Ausência de

EHNA

Presença de

EHNA OR IC 95% p

Likelihood

Ratio

Normal 30 96,8% 4 50%

30 4,62 - 194,78 0.000 9,945 Elevado 1 3,2% 4 50%

Total 31 100% 8 100%

EHNA - Esteatose Hepática não-alcoólica; OR - Odds Ratio; IC - Intervalo de confiança; ALT - alanina

aminotransferase.

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Tabela 4 - Presença de Esteatose Hepática em função do nível sérico de AST em pacientes pediátricos obesos

e com sobrepeso estudados no Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de 2010/2011

Nível de AST Ausência de

EHNA

Presença de

EHNA OR IC 95% p

Likelihood

Ratio

Normal 30 96,8% 6 75%

10 1,12 - 82,12 0,039 3,320 Elevado 1 3,2% 2 25%

Total 31 100% 8 100%

EHNA - Esteatose Hepática não-alcoólica; OR - Odds Ratio; IC - Intervalo de confiança; AST - aspartato

aminotransferase.

Tabela 5 - Presença de Esteatose Hepática em função do nível sérico de Gama-GT em pacientes pediátricos

obesos e com sobrepeso estudados no Hospital Universitário Professor Edgard Santos entre os anos de

2010/2011

Nível de Gama-

GT

Ausência de

EHNA

Presença de

EHNA OR IC 95% p

Likelihood

Ratio

Normal 26 100% 5 71,4%

- - 0.005 6.714 Elevado 0 0% 2 28,6%

Total 26 100% 7 100%

EHNA - Esteatose Hepática não-alcoólica; OR - Odds Ratio; IC - Intervalo de confiança.

As variáveis sexo, triglicerídeos séricos, LDL, HDL e colesterol total não apresentaram

significância estatística (p>0,05). Quando foi realizada a comparação entre os sexos dos

pacientes e a presença ou ausência de EHNA, foi possível calcular um OR = 2,58, com IC (95%)

de 0,66 a 10,79, mostrando que o resultado não é reprodutível. A variável triglicerídeos séricos

foi analisada, assim como a variável anterior, e foi encontrada um OR= 4,05, com IC (95%) de

0,75 a 22,0, e como anteriormente referido, não podendo ser reproduzido para a população em

estudo.

Já a comparação entre as variáveis clínicas e laboratoriais e a presença ou ausência de

litíase biliar não revelou qualquer resultado significante. Todos os resultados se mostraram com

OR < 1, além de p>0,05.

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5. DISCUSSÃO

A Esteatose Hepática não-alcoólica (EHNA) e a Litíase Biliar são patologias que vêm

apresentando um crescimento em sua prevalência nos últimos anos, envolvendo ai diversos

fatores influenciadores. Associada a esses acontecimentos, temos visto a grande dificuldade que

existe nos seus diagnósticos, principalmente por serem patologias com apresentação, na maioria

dos casos, subclínica.

No presente estudo, foi calculada uma prevalência de EHNA de 17,3% na amostra total,

afetando 12,1% dos individuos do sexo feminino e 26,3% do sexo masculino. Esses resultados

foram bastante semelhantes aos de pesquisas realizadas no Brasil, que apresentavam o mesmo

objetivo. Um estudo com 90 crianças e adolescentes obesos, realizado por Fernandes et al (2010),

nas cidades de Embu e Taboão da Serra, em São Paulo, mostrou que a prevalência da EHNA foi

de 15,5% (19,5 % do sexo masculino e 13 % do sexo feminino). Em estudos internacionais,

dados diferem quanto à prevalencia de EHNA, como no estudo realizado por Chen-Chung Fu et

el (2009), no qual foi evidenciada a presença de EHNA em 39,8% das crianças e adolescentes

obesos estudados, porém com semelhanças quanto à prevalência pelo sexo, mostrando leve

predominância para o sexo masculino. Essas informações conflitantes, quando comparados

estudos nacionais e internacionais, podem significar a influência populacional na prevalência

desta doença, podendo variar de acordo com a raça, cultura, estilo de vida, e outros fatores

populacionais. A prevalência maior no sexo masculino representa uma tendência geral. Especula-

se que esta diferença tem relação com um possível efeito protetor do estrogênio sobre a oxidação

lipídica, apoptose e fibrogênese, apesar de que esse efeito possa ser mais relevante na progressão

da EHNA para uma esteatohepatite. (Fernandes et al 2010)

O estudo mostrou que a EHNA também é mais prevalente naqueles individuos

classificados como obesos, quando comparados àqueles com sobrepeso (30,7% versus 4,5%). O

cálculo estatístico apresentou um OR= 9,33 (IC 95% 1,41 - 61,57; p=0,02), que enfatiza a

obesidade como possível fator causal para o desenvolvimento de EHNA. O intervalo de

confiança alongado pode ser explicado pelo número amostral reduzido. A literatura corrobora os

resultados encontrados, como o estudo feito por Chen-Chung Fu et al (2009), que evidenciou que

a porcentagem de EHNA em adolescentes aumentava progressivamente, de 16% em individuos

com o peso adequado, para 50,5% para individuos acima do peso, e para 63,5% para individuos

obesos.

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Dos exames de ultrassonografia (US) que apresentaram resultados positivos, percebeu-se

uma predominância dos quadros leves a moderados de EHNA. Esses dados são semelhantes a

àqueles encontrados por Christian Denzer et al (2009), que evidenciou uma predominância de

95,3% de casos leves a moderados, em todos os diagnósticos realizados na pesquisa. Também foi

evidenciado que os casos mais graves de EHNA estão mais associados com a obesidade e

alterações laboratoriais, mostrando a importância do diagnóstico precoce desta doença.

Foi avaliada durante a pesquisa uma série de exames laboratoriais. Alguns deles não

foram feitos de rotina durante a pesquisa, principalmente devido a dificuldade de realização, e

por isso não foram incluídos na análise estatística.

Dos exames laboratoriais analisados, os resultados da dosagem de ALT, AST e Gama-

GT, apresentaram grande associação com a presença de EHNA. Dentre eles aquele que se

mostrou com maior significância estatística foi o valor do ALT, com Odds Ratio de 30,

mostrando sua importância em exames de triagem para essa patologia. Achados semelhantes

foram encontrados em estudos realizados por Christian Denzer et al (2009), Chen-Chung Fu et el

(2009) e por Fernandes et al (2010). Nesses estudos também foram evidenciados que os valores

de ALT têm associação direta com a progressão para esteatohepatite, tendo importante papel de

prognóstico para evolução da doença. Essas informações abrem possibilidades para a realização

de um estudo quantitativo de todos os resultados laboratoriais, com a finalidade de achar

resultados que possam predizer o estágio da doença.

Em pesquisa realizada por Volker aechele et al (2006), feita em uma população de 482

crianças e adolescentes, foi descrita uma prevalência de 0,6% de litíase biliar, subindo para 2%

quando selecionados apenas pacientes obesos. Nesse mesmo estudo foi demonstrado que a

tendência de desenvolver litíase biliar está diretamente relacionada ao grau de obesidade e ao

sexo. Esses resultados foram bastante semelhantes àqueles obtidos neste estudo, que apresentou

uma prevalência de 1,9% de litíase biliar. Devido ao número reduzido de resultados positivos

durante o estudo, não foi possível realizar uma análise estatística com os resultados laboratoriais

obtidos.

A grande limitação deste estudo foi o tamanho reduzido da amostra, que foi relativamente

pequeno para um estudo de EHNA. Muito provavelmente, uma amostra maior tornaria os

resultados com números mais próximos dos estudos semelhantes já realizados, e traria uma

confiança estatística maior aos resultados. Nesse ponto, nos deparamos com um viés importante,

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que dificultou a progressão da pesquisa, que foi a assiduidade dos pacientes para realização dos

exames de US.

Outra limitação do presente estudo foi o diagnóstico de EHNA exclusivamente por

ultrassonografia. Este método é operador-dependente, e geralmente não é possível detectar

esteatose quando menos do que 30% dos hepatócitos são comprometidos por gordura. Apesar

destas limitações, a literatura sustenta que a técnica de ultrassonografia é apropriada para a

triagem de EHNA. O padrão-ouro para o diagnóstico de EHNA é a biópsia hepática, que tem as

suas próprias limitações. Por exemplo, é um método invasivo que acarreta o risco de

complicações, e existe uma possibilidade de que o fragmento de fígado biopsiado não apresente

alterações observáveis. (Fernandes et al 2010)

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6. CONCLUSÃO

Nos tempos atuais, a obesidade é um problema de saúde que vem se tornando uma

verdadeira epidemia em todo mundo, sendo mais prevalente naqueles países com uma renda per-

capita maior. Esses dados gerais são validos para as crianças e adolescentes, que estão cada vez

mais acima do peso ideal, e cada vez mais precocemente.

Este estudo permitiu identificar que a Esteatose hepática não-alcoólica (EHNA) e a litíase

biliar são doença de apresentação comum nesse grupo populacional. Mostrou-se com toda a

análise estatística feita, que os individuos com obesidade confirmada apresentam um risco maior

de apresentarem EHNA. Foi mostrada também a importância que os exames laboratoriais têm no

processo de triagem nestes individuos, de identificar de forma precoce a presença da doença

ainda em estágios subclínicas. Os resultados de ALT, AST e Gama-GT foram aqueles que se

mostraram com uma importante significância para o estudo, tornando-os indispensáveis no

processo diagnóstico. Outros exames, como a dosagem de colesterol total, LDL, HDL e

triglicerídeos não apresentaram resultados representativos, mas já foram comprovados em

pesquisas anteriores como importantes fatores preditivos para a doença. (Yu-Cheng Lin, 2010)

A EHNA é considerada uma das principais causas de doença crônica do fígado em

crianças e adolescentes obesas, e o presente estudo mostrou que a sua prevalência tem grande

importância, e que a sua triagem nos pacientes com fatores de risco está indicada.

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7. SUMMARY

TITLE: ANALYSIS OF ULTRA SONOGRAPHIC OF NONALCOHOLIC FATTY

LIVER DISEASE AND LITHIASIS BILIARY IN CHILDREN AND TEENAGERS WITH

OVERWEIGHT AND OBESE

This study aimed to perform an ultrasound examination of the upper abdomen of children and

adolescents are obese or overweight, from the Ambulatory Pediatric Complex HUPES in the

period between 2010 and 2011, and determined from the results, the prevalence of steatosis

nonalcoholic fatty liver disease (NAFLD) and gallstones in this group. Besides the tests, were

collected clinical information and laboratory results. Data were entered into a digital database

(SPSS) and performed statistical analysis of the same as calculating averages, standard deviations

and simple frequencies and associations between the variables of interest by chi-square and

Student t tests. We analyzed 52 patients, of these 36.5% were male and 63.5% were female. The

study showed a prevalence of NAFLD of 17.3% and 1.9% of gallstones. The main risk factors for

developing NASH were the presence of any degree of obesity (88.9%), exam results with ALT

(50%), AST (25%) and Gamma-GT (100%) higher. It is necessary that doctors who assist

patients with pediatric obesity and overweight are attentive to early diagnosis and treatment of

these conditions.

Keywords: Non-alcoholic fatty liver disease, gallstones, obesity, children, teens.

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APÊNDICE 1 – FICHA DE PREENCHIMENTOS DE DADOS CLINICOS,

LABORATORIAIS E DO EXAME DE IMAGEM.

FICHA DE COLETA DE DADOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS

1. Dados Pessoais

Nome:____________________________________________________________________________

Número de Registro: __________________ Número do prontuário: _______________________

Idade: __________ Data de nascimento: ____/____/______ Sexo: ( ) M ( ) F

2. Dados Clínicos

Altura: ___________ m Peso: _________Kg IMC: ___________ Kg/m²

Pressão Arterial: ____________ mmHg Circunferência abdominal: ____________ cm

Classificação quanto ao peso: ( ) Abaixo do peso ( ) Normal ( ) Sobrepeso ( ) Obeso

Uso de medicamentos: ( ) Sim [Quais?___________] ( ) Não

Padrão alimentar: ______________________________________________________________________________

Estilo de vida: Prática de atividade física ( ) Sim [Quais?___________] ( ) Não

Consumo de bebida alcoólica: ( ) Sim ( ) Não

3. Dados Laboratoriais

ALT: ___________ U/l AST: _____________ U/l Proteínas totais: ____________ g/dl

Albumina: __________ g/dl FA: ___________ U/l Bilirrubina: __________ mg/dl

Gama-GT: _________ U/l Triglicerídeos: __________ mg/dl LDL: __________ mg/dl

HDL: __________ mg/dl Colesterol: __________ mg/dl Glicemia: __________ mg/dl

Anti-Hbs: ( )Positivo ( ) Negativo Anti-HCV: ( )Positivo ( ) Negativo

Exames adicionais: _____________________________________________________________

4. Laudo da Ultrassonografia de abdome superior

Médico responsável pelo laudo:______________________________________________________

Data do exame: ____/____ Horário do exame: ____:_____

FÍGADO

Dimensões hepáticas:

LHD __________ cm [ ( ) Normais ( ) Aumentadas ( ) Diminuídas ]

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LHE __________ cm [ ( ) Normais ( ) Aumentadas ( ) Diminuídas ]

Ecotextura: ( ) Homogênea

( ) Heterogênea --- (_________________________________________________)

- Visualização do diafragma [ ( ) Normal ( ) Difícil visualização ( ) Impossível ]

- Visualização dos vasos intra-hepáticos [( ) Normal ( ) Difícil visualização ( ) Impossível ]

- Relação Fígado/Rim direito [( ) Normal ( ) Alterada]

- Relação Fígado/Baço [( ) Normal ( ) Alterada]

- Grau de aumento da ecogenicidade hepática:[ ( ) Mínimo ( ) Moderado ( ) Importante] - Dificuldade para

penetração do feixe sonoro nas regiões posteriores do LHD [( ) Sim ( ) Não ]

Esteatose hepática: ( ) Sim ( ) Não

- Classificação da esteatose hepática: ( ) Grau I ( ) Grau II ( ) Grau III ( ) Não se aplica

VIAS BILIARES

Litíase biliar: ( ) Sim ( ) Não Localização: ( ) Vesícula ( ) Colédoco ( ) Não se aplica

Lama biliar: ( ) Sim ( ) Não

5. Outras considerações

__________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

DATA:

HORÁRIO:

____________________________

João Vitor Bohana e Silva

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APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS

Declaro, por meio deste termo, que concordei em participar na pesquisa referente ao projeto intitulado

“Análise Ultrassonográfica da esteatose hepática e litíase biliar em crianças obesas e acima do peso” desenvolvido

por João Vitor Bohana e Silva. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é coordenada/orientada por: Dr.

Marcelo Benício dos Santos e Dra. Luciana Rodrigues Silva, a quem poderei contatar/consultar a qualquer

momento que julgar necessário através do Departamento de Radiologia e do Departamento de Pediatria do Complexo

HUPES, respectivamente.

Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro ou ter

qualquer ônus e com a finalidade de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui informado(a) dos objetivos

estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais é determinar a prevalência da esteatose hepática e litíase

biliar no grupo de crianças obesas e com sobrepeso, com a finalidade de avaliar a importância da patologia em nossa

sociedade. O paciente, com base nos resultados obtidos, terá um acompanhamento pelo Departamento de Pediatria do

HUPES para tratar possíveis alterações presentes no exame de ultrassonografia.

Fui também esclarecido(a) de que os usos das informações por mim oferecidas estão submetidos às normas

éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do

Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.

Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio do exame de Ultrassonografia de abdome superior,

que não apresenta nenhum risco à saúde do indivíduo, a ser gravada a partir da assinatura desta autorização. Fui

devidamente orientado(a) quanto à necessidade de realizar jejum de no mínimo 6 horas, e estou disposto(a) a passar

por esse incômodo. O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pelo pesquisador e/ou seu(s)

orientador(es).

Fui ainda informado(a) de que posso negar a participação na pesquisa ou me retirar dessa pesquisa a

qualquer momento, sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos.

Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme

recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Salvador, ____ de _________________ de _____

Assinatura do(a) responsável do participante: ___________________________________

Assinatura do(a) pesquisador(a): _________________________________

(JOÃO VITOR BOHANA E SILVA)

Assinatura do(a) testemunha(a): _________________________________

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APÊNDICE 3 – TERMO DE COMPROMISSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS

Termo de Compromisso para Utilização de Dados em Prontuários de Pacientes e de Bases de Dados em

Projetos de Pesquisa

Título do Projeto. Análise Ultrassonográfica da esteatose hepática e litíase biliar em crianças obesas e acima do

peso

Os pesquisadores do presente projeto comprometem-se a manter sigilo dos dados coletados em prontuários e bases de

dados, referentes à pacientes atendidos no ambulatório de pediatria do COM-HUPES e a usar tais informações, única

e exclusivamente para fins científicos, preservando, integralmente, o anonimato dos pacientes, cientes:

1. dos itens III.3i e III.3t, das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo

Seres Humanos (Resolução 196/96, do CNS - Conselho Nacional de Saúde), os quais dizem, respectivamente -

"prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem, a não

estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive

em termos de auto-estima, de prestígio e/ou econômico-financeiro”, e - "utilizar o material biológico e os dados

obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo", bem como

2. da Diretriz 12, das Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo

Seres Humanos - (CIOMS/93), que afirma - "O pesquisador deve estabelecer salvaguardas seguras para a

confidencialidade dos dados de pesquisa. Os indivíduos participantes devem ser informados dos limites da habilidade

do pesquisador em salvaguardar a confidencialidade e das possíveis consequências da quebra de confidencialidade",

Autores do Projeto

Nome Assinatura

JOÃO VITOR BOHANA E SILVA

Aluno de Graduação

MARCELO BENÍCIO DOS SANTOS

Prof. Titular de Radiologia

LUCIANA RODRIGUES SILVA

Prof. Titular de Pediatria