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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA CLECI GAIO SLONGO A LITERATURA DE CORDEL COMO SUPORTE DA LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA SESQUICENTENÁRIO CONDE 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE … · a literatura de cordel como suporte da leitura e produÇÃo textual na escola sesquicentenÁrio conde 2013 . universidade federal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA

CLECI GAIO SLONGO

A LITERATURA DE CORDEL COMO SUPORTE DA LEITURA E PRODUÇÃO

TEXTUAL NA ESCOLA SESQUICENTENÁRIO

CONDE

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA

CLECI GAIO SLONGO

A LITERATURA DE CORDEL COMO SUPORTE DA LEITURA E PRODUÇÃO

TEXTUAL NA ESCOLA SESQUICENTENÁRIO

ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria das Dores Oliveira de Albuquerque/UFPB

CONDE

2013

CLECI GAIO SLONGO

A LITERATURA DE CORDEL COMO SUPORTE DA LEITURA E PRODUÇÃO

TEXTUAL NA ESCOLA SESQUICENTENÁRIO

Artigo apresentado ao Curso de Letras a Distância da Universidade Federal da Paraíba, como

requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Letras.

Data de aprovação: ____/____/____

Banca examinadora

_______________________________________________________

Profa. Dra. Maria das Dores Oliveira de Albuquerque

(Orientadora)

_______________________________________________________

Profa. Ms. Lorena Dawin Paiva Ponce de Leon

Examinadora

_______________________________________________________

Edileirde de Suza Godoi

Examinadora

RESUMO

Este trabalho, intitulado “A literatura de Cordel como suporte da leitura e produção textual na

escola pública”, apresenta uma reflexão sobre a influência da Literatura de Cordel na sala de

aula. Os sérios problemas de desenvolvimento de leitores críticos e conscientes de seu papel

como cidadão, enfrentados pelas escolas, foram os motivos que acionaram o interesse para a

realização desse trabalho. É uma pesquisa de natureza bibliográfica e qualitativa, realizada no

Centro Estadual Experimental de Ensino-Aprendizagem – Sesquicentenário - na cidade de

João Pessoa. Como metodologia foram utilizadas leituras de textos sobre a temática aliada à

aplicação e análise de um questionário com a professora de Língua Portuguesa. Para a

fundamentação teórica buscou-se os postulados de Bakthin, dos PCN, Cascudo, Evaristo,

Soares dentre outros. Durante o trabalho, constatou-se que há muito espaço ainda nas salas de

aula para que a literatura de cordel seja mais prestigiada, justamente, porque ela proporciona a

aproximação da realidade dos nossos alunos que repercute em desenvolvimento da leitura e

produção de texto. O resultado é que a literatura de Cordel além de poder ser trabalhada em

todos os níveis de educação promove a interdisciplinaridade.

PALAVRAS CHAVE: Leitura. Literatura de Cordel. Produção textual.

Introdução

Esse trabalho teve por objetivo mostrar que com a Literatura de Cordel poderemos

estimular o trabalho dos professores durante as aulas de literatura e produção textual na escola

pública.

É de conhecimentos de estudiosos nessa área que a Literatura, em especial, a de

Cordel, no Brasil se iniciou com muita dificuldade, que predomina até nossos dias. A

literatura acontece com a escrita, embora não surgiu na mesma época.

Estudiosos mostram que resgatando a cultura popular, o cordel, em sala de aula,

permite ao aluno participar da vida de sua comunidade, de sua escola, de seu país, envolvendo

a política, a religião, os conhecimentos, as necessidades, os anseios de maneira mais próxima

de sua realidade.

Reconhecemos que ao aprofundar os conhecimentos sobre o Cordel e a ligação direta

que este tem com a cultura nordestina, está relação nos dará novas possibilidades de trabalhar

a literatura e a produção de texto de uma maneira bem próxima da realidade de nossos

educandos e da sociedade de maneira diferenciada.

Ressaltamos ainda que toda criança, que tem acesso à leitura e à informação, tem

maior possibilidade de aprender e de enfrentar os desafios tanto no campo pessoal, quanto no

profissional ou em qualquer área que dela for necessária.

Neste contexto, esse trabalho se justifica por compreendemos a necessidade de buscar

novas metodologias de ensino que, às vezes, não são muito exploradas nas aulas de literatura

e produção de textos. Para isso devemos desenvolver projetos ou trabalhos que levem em

conta a literatura de Cordel, justamente, por muitos educadores não reconhecer que ela é uma

importante ferramenta para o estudo da literatura, da produção textual. Cujo projeto não

impede que se deem a devida atenção aos conhecimentos sobre normas da gramática e a

estruturação poética.

Este trabalho poderá abrir portas para comprovar que realmente temos um vasto

espaço para desenvolver novas formas de aplicar o cordel em sala de aula. Mas pelo resultado

da entrevista veremos que ainda é pouco explorado porque a modernização de cunho

tecnológico afastou as pessoa do universo cultural popular. Isto se deve a chegada da

imprensa que modificou a prática oral, e neste contexto está à literatura de Cordel.

A metodologia desse estudo é de natureza bibliográfica qualitativa por apresentar a

análise da aplicação de um questionário, realizado com a professora de Língua Portuguesa em

uma escola pública da cidade de João Pessoa.

E, com o propósito de alavancar o ensino, instigaram alunos e professores a

desenvolverem, nos estudantes, o domínio da linguagem seja ela no ato da fala e da escrita,

exercendo a cidadania de forma eficaz. Tudo isso se encontra nos PCNS o qual propõem um

novo olhar sobre as competências ligadas à comunicação, as quais tem como princípios

ampliar conhecimentos de mundo, ou seja, do universo em os sujeitos estão inseridos. O

conhecimento de mundo pode ser mostrado pelos poetas, os quais, em sua maioria, trabalham

com temas e acontecimentos da região onde estão inseridos, a exemplo dos cordelistas

brasileiros e Paraibanos que fizeram e fazem a história.

Por fim, dentro dos objetivos propostos neste trabalho e nos resultados obtidos,

mostramos que temos outras possibilidades de sair da rotina, nas aulas e leitura e produção

textual e que trabalhar o Cordel em sala de aula, quebrará a rotina tradicional do livro didático

durante as aulas, visando inovações conforme propõem os PCNS da língua portuguesa. De

modo que este trabalho se estrutura em quatro partes: a primeira intitulada de introdução

estão, em especial, a temática, os objetivos, justificativa e metodologia. Já a segunda se

concentra em dados teóricos alavancados pelo tópico principal: Resgate histórico da literatura

popular: o cordel em sala de aula e seus subsequentes intitulados: importância da leitura na

escola; Literatura de cordel e os PCNs; Cordelistas brasileiros e paraibanos. Na terceira parte,

temos a metodologia e as análises e por fim as considerações finais.

2. Resgate histórico da literatura popular: o cordel em sala de aula

Observamos que a história da leitura teve seu início com a noção da escrita,

reconhecida pela sociedade, como veículo de comunicação. Assim, conseguindo tornar

públicas as publicações, melhorando a socialização e dando sentido a formação da sociedade.

A leitura no Brasil teve seu início com muita dificuldade no processo de

institucionalização, que é o que predomina. Essa leitura se materializa firmando seu

compromisso de funcionalidade em sua estética de criação da arte universal.

Segundo estudiosos, a exemplo de Cândido, literatura é uma palavra que veio do latim,

cujo significado quer dizer “letras”. A literatura só acontece com a escrita, apesar de ambas

não terem seu surgimento na mesma época. Existem muitas contradições com relação aos

registros da história dos primeiros registros, surgindo da fala das pessoas provindas do seu

meio, repassado para o papel em versos.

Quando falamos de literatura popular não é difícil associar à literatura de cordel, que

teve, na idade média, origem provinda de Portugal. Os traços da Literatura de Cordel só são

encontrados dentro da literatura popular quando nos referimos a ditos populares, lendas,

mitos, rezas, pragas, profecias, agouros, entre outros.

No Brasil, é também conhecida como literatura de folheto, de gênero popular,

normalmente, apresenta rimas escritas na sequência, relatos orais traduzidos e conclui com a

impressão em folhetos, que não foi muito prestigiado, atribuindo a ele um valor pouco

significativo. A sua apresentação era feita nas portas das livrarias. Mas hoje não fazem mais

uso de um cordão que era utilizado para pendurar os folhetos, mesmo assim, mantém até hoje

o seu nome: cordel.

Registros mostram que o cordel viveu uma crise econômica nos anos 60, na qual, o

maior fato foi à inflação nacional, encarecendo o material gráfico, ficando inviável ao

comprador popular, adquirir os folhetos.

A sociedade tem em sua cultura popular, o respeito que se dá ao cordel trabalhado em

sala de aula e reconhece como patrimônio dos povos nordestinos. Justamente porque a

linguagem usada ao desenvolver o cordel, nos remete a identidade de uma determinada

região, dando significados aos conhecimentos da identidade de cada ser, exigindo para a

interpretação, não só de textos literários, sendo assim, busca-se promover uma leitura de

mundo que é de fundamental valorização para a formação e o desenvolvimento de uma

sociedade.

A literatura oral brasileira conserva as manifestações de recreação, que são

movimentados pela tradição, que em meio à cultura dos índios, portugueses e africanos, ainda

está presente na memória e nos costumes do povo e a modernização (CASCUDO, 1952).

Mas o desenvolvimento industrial e a modernização fez com que os homens se

ocupassem de outras atividades, deixando as relações humanas se transformarem, de maneira

que o interesse pela narrativa oral se perdesse, assim como aquele que contava história para

grupos. A chegada da imprensa modificou essa prática oral, passando para o escrito,

integrando a cultura popular a da literária (EVARISTO, 2003). Assim, dentro da literatura

popular, está a literatura de cordel.

Estudos sobre literatura mostram como é fundamental desenvolver práticas de leitura,

em diferentes modos, na escola. Por esse norte, frisamos no item a seguir essa importância.

2.1 A importância da leitura na escola

Falar sobre Literatura, no nosso caso, a Literatura de Cordel, nos leva a mostrar pontos

sobre a importância da leitura em uma sociedade. Nesse sentido, buscamos colocar a seguir

versões sobre leitura de acordo com estudiosos do assunto.

Na atualidade, grande parte das atividades profissionais e intelectuais necessita da

escrita, dominá-la é essencial e fundamental para o desenvolvimento do ser humano e as

escolas ainda enfrentam sérios problemas por reconhecer que os projetos que desenvolvem

não conseguem atender os objetivos anteriormente propostos, bem como não prendem a

atenção dos alunos, pois estes não tiveram base para adquirir o hábito de ler.

Toda criança que tem acesso à leitura, tem maior clareza de aprender e enfrentar os

desafios propostos no seu dia-a-dia, pois reconhecemos que para qualquer ser, na profissão ou

em qualquer área que dela for necessária; ele compreenderá melhor o mundo. Entendemos

que quanto maior a compreensão e conhecimento, maior serão os avanços, também poderão

ser maiores o nível de busca e pesquisa.

A partir desse reconhecimento, enfatizamos o que diz Klaiman, servindo também,

como veículo para o universo de textos, entre outros universos naquele contidos. A

compreensão de mundo e da sociedade exige de nós um esforço ainda maior, não apenas na

leitura das palavras, (na decodificação do código) mas o conhecimento prévio, bem como na

leitura de mundo (KLEIMAN, 2001).

As leituras, de maneira geral, propõem um novo olhar sobre as habilidades da

comunicação, de falar, de ouvir e escrever, ampliando os conhecimentos, a sabedoria e

desenvolvendo o raciocínio, a habilidade de interpretação, entre outros.

Nossa conversa se restringe a justificar que as práticas de leitura na escola devem ser

pautadas pelo reconhecimento de que o progresso do mundo e especificamente do ser humano

como cidadão crítico e atuante na sociedade só será promovido através de diferentes

contextualizações.

Essa versão se respalda nos dizeres dos PCN-LP. Como veremos no próximo item.

2.2 Literatura de cordel e os PCNs

A literatura do cordel dá margem para ser trabalhado em todos os níveis de educação e

na maioria das disciplinas. Justamente por poder promover a interdisciplinaridade entre elas.

Deste modo, ela proporciona a criação e a valorização da cultura, tanto local quanto regional

por buscar um novo olhar para se trabalhar a leitura e a produção textual, incrementando

assim a natureza literária. Entende-se que o cordel traz consigo traços de realidade, de humor

e de fatos que vem acontecendo, instigando, dentre os alunos, a criatividade de maneira

menos enfadonha e mais prazerosa.

Reconhecemos que o cordel, como suporte na leitura e produção textual vem para

valorizar a cultura popular de uma determinada região, trazendo benefícios para todos os

envolvidos no nível de aprendizagem direita com a oralidade e escrita. A literatura de cordel

tem uma proximidade maior com a linguagem popular, com o que está acontecendo e esses

contatos aproximam o aluno dentro da realidade que ele está inserido. Isto porque o cordel

aborda a linguagem cotidiana dos alunos, tornando o entendimento dos textos mais fácil,

dando abertura para novos caminhos e horizontes na construção do conhecimento destes.

Seguindo as orientações dos PCN, o avanço das comunicações foi exigindo mudanças

nos métodos de ensino, porque os que então eram utilizados tornaram-se ultrapassados,

contribuindo com os altos índices de evasão e repetência escolar. Muitas pesquisas, feitas por

estudiosos da área com objetivo de reverter essa situação, mostraram que era fundamental que

se fizessem mudanças na forma de ensinar, principalmente, no quesito do domínio da leitura e

escrita pelos alunos.

Os PCNs foram criados com o propósito de alavancar o ensino e elevar o nosso país

para uma estrutura de país desenvolvido. Vários fatores fizeram com que os PCNS

apresentassem orientações que instigassem alunos e professores de desenvolverem o potencial

crítico, a percepção das coisas, da sua capacidade de leitura, nos mais variados textos e, com

este propósito, os PCNs visa desenvolver no aluno, o domínio da linguagem seja ele no ato de

fala e escrita, desempenhando com eficácia a visão de mundo e a informação que dará a ele a

capacidade de exercer sem intermediários o exercício da cidadania.

A sociedade tem em sua cultura popular, o respeito que se dá ao cordel trabalhado em

sala de aula Por reconhecê-la como patrimônio do povo nordestino. Assim, a linguagem usada

no desenvolvimento do cordel, nos remete a identidade de uma determinada região, dando

significados aos conhecimentos da identidade de cada ser, exigindo para a interpretação, não

só de textos literários, sendo assim, desenvolvendo a leitura de mundo que é de fundamental

valorização para a formação e o desenvolvimento de uma sociedade.

As leituras, de maneira geral, como pregam os PCNs, propõem um novo olhar sobre as

habilidades da comunicação, de falar, de ouvir e escrever, cujo objetivo é ampliar os

conhecimentos, desenvolver o raciocínio para promover a habilidade interpretação.

2.3 Cordelistas Brasileiros e paraibanos

A presença da oralidade é uma das características do cordel, pois a maioria dos poetas

de cordel tinha pouca formação escolar. Hoje, temos cordelistas que possuem nível superior.

Houve épocas que as pessoas aprenderam a ler com parentes, fazendo uso dos folhetos, pois

eram baratos e acessíveis.

Destacamos aqui, alguns cordelistas brasileiros, são eles: Antônio Gonçalves da Silva,

o Patativa do Assaré (CE), um dos mais famosos das últimas décadas; João Martin de

Athayde (PB) viveu na época do apogeu do cordel; Leandro Gomes de Barros, o maior dos

poetas populares brasileiros e ainda Silvino Perauá, Francisco Chegas Baptista, Rodolfo

Cavalcante e Antônio Klívisson Vianna. Mas desses, escolhemos apenas um fragmento do

poema “Arte Matuta” do poeta Patativa do Assaré, como ilustração para esse trabalho, já que

no decorrer da pesquisa não tivemos tempo de apresentar outros, que seria o ideal

apresentados pela turma.

Arte Matuta

Patativa do Assaré1

Eu nasci ouvindo os cantos

das aves de minha serra

e vendo os belos encantos

que a mata bonita encerra

e, assim, longe da cidade

lendo nessa faculdade

que tem todos os sinais

com esses estudos meus

aprendi amar a Deus

na vida dos animais

1Patativa do Assaré, um homem simples que valorizava suas origens e a vida sofrida do nordestino em suas

obras. Faz uso de uma linguagem simples, de fácil compreensão.

foi ali que eu fui crescendo

fui vendo e fui aprendendo

no livro da natureza

onde Deus é mais visível

o coração mais sensível

e a vida tem mais pureza.

Sem poder fazer escolhas

de livro artificial

estudei nas lindas folhas

do meu livro natural

Quando canta o sabiá

Sem nunca ter tido estudo

eu vejo que Deus está

por dentro daquilo tudo

aquele pássaro amado

no seu gorgeio sagrado

nunca uma nota falhou

na sua canção amena

só canta o que Deus ordena

só diz o que Deus mandou. ”23

.

Seria muito enriquecedor apresentar uma análise mais rica para esse poema, mas no

momento expomos apenas, algumas considerações do ele nos representa. Assim em “Arte

Matuta”, percebe-se a utilização de uma linguagem bem coloquial, reconhecida como a

linguagem do povo mas que está incutida os sentimentos das recordações do sertão, das coisas

que remetem a infância, as quais fazem parte da natureza que foi a escola (da vida) para o

poeta o qual aprendeu a valorizar tudo o que tem, e em tudo reconhece presença de Deus.

Na Paraíba temos os cordelistas: Francisco Chagas Baptista, natural de Teixeira, foi

autor de inúmeros folhetos rimados e fez coletânea de poetas populares, em obras que até hoje

são publicados como o folheto Antônio Silvino, vida, crimes e juramento.

Francisco Sales de Arêda, natural de Campina Grande, foi um autor em que nas suas

obras explorava temas de bravuras, encantamento e astúcias, mas três obras dele foram com

temas políticos, vendia folhetos nas feiras e também era cantador.

João Matins Athayde, nascido em Ingá de Becamarte, foi o maior editor de seu tempo.

Dentre seus vários sucessos estão “O Conde de Monte Cristo”, com dois volumes, com os

títulos: “Romance de um sentenciado” e “A vingança de um sentenciado”.

Temos ainda, João Melchíades Ferreira da Silva; Joaquim Batista de Sena, os dois

pertencentes ao Município de Bananeiras, José Alves Pontes, de Pilar, Leandro Gomes

Barros, de Pombal e Manuel Camilo dos Santos, nascido em Guarabira. Já na atualidade

temos: Rosa Regis – Jacaraú; Hélio Gomes Soares – Areia (pseudônimo de Heg Os Braga

Santos – João Pessoa), este se identificando como estilo reflexivo na poesia popular, os temas

2 Publicado por Luiz Berto em “Repentes, Motes e Glosas”, de Pedro Fernando Malta.

favoritos são: educação, religião e política; desenvolve também a capa dos próprios cordéis,

fazendo uso de colagens.

Em uma de suas obras ele diz: “Respira arte por onde passa e por onde anda, vive na

simplicidade, igual a um passarinho que não trabalha e nem planta e tem tudo direitinho.”

(Braga Santos).

De poetas populares, temos Jessier Quirino, o “arquiteto por profissão, poeta por

vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954, na cidade de Campina

Grande, Paraíba, e é filho adotivo de Itabaiana, também na Paraíba, onde reside desde

1983.”, como se apresenta o contador de causos do sertão, tradição oral dos feirantes, em suas

apresentações.

Mas não podemos deixar de registrar que Ariano Suassuna é um dos mais importantes

cordelistas da atualidade, nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 16 de junho de 1927, Em 1942

mudou-se para Recife onde vive até hoje. É conhecido como defensor da cultura do nordeste e

autor do "Auto da Compadecida" e "A Pedra do Reino".

Ariano Suassuna foi, primeiro, leitor de cordel, depois, passou a analisar suas origens

e importâncias, no que se trata da formação da cultura nordestina e do Brasil. Para Ariano, o

cordel é um representante legítimo da arte popular brasileira, desempenhando a mesma função

e importância dos clássicos.

Eu acho que, do ponto de vista político, por exemplo, uma manifestação da cultura

como a literatura de cordel tem o seu equivalente no campo político no Arraial de

Canudos. Um folheto como o ‘O homem da vaca e o poder da fortuna’, de Francisco

Sales Arêda, expressa uma forma da arte que é feita à margem de influências ou de

deformações impostas, de fora (do Brasil) ou de cima (de outras classes sociais).

(Ariano Suassuna, p.52).

Ariano Suassuna, afirma que “... A literatura de cordel deveria ter o espaço e peso de

obras clássicas, como Os sertões de Euclides da Cunha [...]”, pois, em conjunto com o

explicitado acima, entende-se que esta é a forma mais legítima de representar o nordeste.

Suassuna sempre valorizou a literatura de Cordel até mesmo no teatro, foram várias peças de

sua autoria. Ele evidencia a arte de tal modo que se possa compreender na sua íntegra,

valorizando a linguagem e as falas do povo nordestino.

3. Metodologia: análises e resultados

Após escolha do tema, a literatura de cordel como suporte da leitura e produção textual

na escola pública, desenvolvemos esse estudo a partir de dois momentos. O primeiro se

pautou na leitura e resenha de textos sobre Leitura e Literatura de cordel que resultou na

elaboração da fundamentação teórica.

Já no segundo momento, desenvolvemos um corpus constituído por uma entrevista

realizada com a professora Bernadete Palhano que leciona no Centro Estadual Experimental

de Ensino- Aprendizagem Sesquicentenário no município de João Pessoa.

Antes de apresentar as análises e resultados, veremos como se caracterizam o local e

personagens relacionados à construção do coupus.

A escola, Centro Estadual Experimental de Ensino-Aprendizagem Sesquicentenário,

construída e mantida pela Secretaria de Educação do Estado em parceria com a cooperativa,

situada na Rua: Manoel Franca, s/n°, no Bairro Pedro Gondim, em João Pessoa-PB, atende

nos três períodos (matutino, vespertino e noturno) alunos do ensino fundamental e médio.

O Sesquicentenário apresenta uma situação boa, pois pode ser vista como uma

referência no ensino, esse referencial vem se estendendo desde sua fundação no ano de 1975.

Há um total de 1662 alunos, distribuídos da seguinte maneira: No ensino fundamental

em média 1080 alunos e para o ensino médio 582 alunos. Em média 24 alunos para as séries

iniciais e 34 para séries finais por sala. O perfil socioeconômico é variável. As faixas etárias

dos alunos variam de seis anos até mais de vinte e cinco anos para o turno da noite.

O resultado do IDEB no ano de 2011 foi de 6,4 (excelência), teve um crescimento de

3% acima da meta de 6,2 em 2011; cresceu 0.4 pontos percentuais em 2011. Tendo um fluxo

de cada 100 alunos 05 não foram aprovados. Para português e matemática obtiveram a nota

padronizada de 6.75.

Quanto ao número de professores, em especial de português, o corpo docente,

possuem 115 professores todos qualificados para o exercício de sua função, sendo nove

professores de português.

3.1 Análises e resultados

Durante o desenvolvimento do TCC, foram realizados alguns procedimentos

metodológicos: pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa pela qual sedimentamos a

fundamentação teórica. Visitamos a Escola do Sesquicentenário e entrevistamos a professora

especialista em educação Bernadete Palhano, a qual autorizou como prova em anexo a

publicação do seu nome e dos seus dizeres. A entrevista foi desenvolvida em duas partes, uma

voltada para a Literatura de Cordel, outra para as técnicas utilizadas pela professora.

Após aplicação da entrevista com a professora citada acima, demostraremos os

resultados e análises obtidos.

Conforme os dizeres da referida professora, não é hábito da escola trabalhar a

literatura de cordel. Salvo a realização de um evento de redação realizado no momento em

que a Globo apresentava a novela, Cordel Encantado. Mesmo assim, a professora admite que

foi muito produtivo. Nesse sentido, a professora expõe como desenvolveu seu trabalho. Como

citado a seguir:

Buscamos através de pesquisa em livros, artigos e internet, e com entrevistas

de professores de escolas públicas, formas de melhor aplicar o Cordel em

sala de aula. Percebemos que os maiores beneficiados com esse estudo

foram primeiramente, os professores e alunos, porque com o Cordel eles

viram que facilita a compreensão das atividades de forma diferente e

prazerosa. Os alunos entenderam que estão dentro do contexto

particularmente. De forma que não podemos deixar de ressaltar que o cordel

faz parte da vida do nordestino. (BERNARDE PALHANO4).

Bernadete (2013) disse ainda que os participantes ressaltam que o tema é muito

interessante porque envolve os mais variados assuntos como: folclore, política, religião,

costumes, a vida na sociedade e os acontecimentos de modo geral.

4 Professora de língua portuguesa do colégio C.E.E.E.A Sesquicentenário, Especialista em Educação, Pós

Graduada.

Podemos afirmar que conforme a entrevista feita com a Professora Bernadete, foi

possível observar que ela é uma pessoa dotada de capacidade diferenciada e de domínio de

conteúdo, com o compromisso de formar cidadãos capazes e críticos para os desafios que

vier. Prontamente a professora nos atendeu, e no decorrer das perguntas que formulamos,

deixou claro que não tem hábito de trabalhar Cordel em sala de aula. Como vemos no seu

dizer:

Trabalhei poucas vezes, quando julguei necessário, um dos momentos que

desenvolvi essa atividade com Cordel, foi durante um concurso de redação. Para

desenvolver esse gênero textual, usei da seguinte estratégia: na época a Rede Globo

de televisão apresentava uma novela “Cordel Encantado”, foi daí que surgiu a idéia

de conhecer o Cordel e debater sobre a novela. Durante esse projeto convidei o

cordelista de nossa região Francisco Diniz, para palestrar sobre Cordel e falar de seu

trabalho. Esse trabalho aconteceu em 2012, e o tema abordado foi à vida de “Pedro

Teixeira”.

Bernadete afirma que, para manter um bom nível de compreensão, as atividades foram

desenvolvidas com alunos do primeiro e segundo ano médio com a faixa etária entre 14 e 15

anos. Os alunos conheceram a vida de Pedro Teixeira através do Cordel e participaram do

concurso conforme o objetivo anteriormente proposto. Afirmou também que trabalhou

história, com a questão rural. Este, segundo ela, foi muito bem aceito pelos alunos. Trabalhar

projetos na escola pública é uma forma interessante de adquirir conhecimentos variados, neste

caso o tema Cordel nos dá este privilégio, afirmou Palhano.

“O que pretendíamos ao dar início ao projeto conseguimos, os resultados foram

compensadores”, mesmo porque a professora afirma ter uma boa assessoria da escola para

desenvolver esses tios de projetos.

Depois da entrevista comprovamos que podemos fazer uso da literatura de Cordel

como suporte da leitura e produção textual na escola pública, e as satisfações foram de ambas

as partes (professor e alunos).

Reiteramos que os dizeres de Bernadete confirmam a visão de mundo apresenta pelos

cordelistas em especial Arianos Suassuna, de que é uma literatura de grande importância. E

também pelo que Bernadete nos fala, com essa Literatura se pode trabalhar a

interdisciplinaridade.

Na segunda parte da entrevista sobre Leitura e Produção Textual, buscamos saber

quais as técnicas que Bernadete usa para facilitar o processo de ensino aprendizagem? Dizia

ela que, “trabalhar gêneros textuais garante autonomia no alunado e um discernimento maior,

trabalha-se gramática de forma lúdica e prazerosa, eles mesmos brincam com os “erros” deles

e tentam entre eles consertar, ou ainda buscar recursos na informática para a solução da

dúvida”. Ela afirma que é um prazer trabalhar essas técnicas com eles, isso a deixa satisfeita

enquanto profissional.

É lógico que tenho dificuldades mas busco saná-las com pesquisa, livros e o auxílio

da informática. Para a leitura e produção de texto busco trabalhar com projetos

temáticos durante o ano letivo, com os mais variados textos, que durante o projeto

foram lidos e pesquisados. Para o desenvolvimento das atividades faço uso de xérox,

da informática, livros paradidáticos e algumas vezes os didáticos, quando julgo

necessário.

A cada bimestre faço uso de gêneros textuais diferentes. Neste ano 2013, O projeto

é: “O espelho”, por terem lido vários textos sobre espelho, entre eles: Contos,

narrativas, poemas, cartas, textos informativos. Dentre os autores trabalhados estão:

Machado de Assis, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Manoel Bandeira, Clarice

Lispector e outros nem tão conhecidos.

Durante a entrevista ficou evidente a satisfação da professora com o trabalho que vem

desenvolvendo. Ela que está próximo de se aposentar, mas feliz com o trabalho que

desenvolveu até aqui. Ainda antes do término da entrevista reforçou a importância de

incentivar os alunos ao hábito da leitura.

Ao observar o projeto sobre Cordel que fora desenvolvido na escola da qual fizemos a

entrevista, Sesquicentenário, é notado à satisfação não só da parte da professora, mas a

satisfação também demonstrada na época de seu desenvolvimento, segundo a professora

Bernadete Palhano, pelos alunos durante as atividades.

Considerações finais

A ideia de valorizar a cultura popular esteve presente na escolha deste trabalho porque

vivenciamos realidades diferentes durante os estágios anteriormente feitos nesta mesma

instituição de ensino no Sesquicentenário.

No desenvolvimento de nosso trabalho, constatamos que a prática de ensino e o ensino

são grandes desafios, para novas metodologias que possam tornar as aulas de leitura e

produção textual menos enfadonha, bem como a utilização de novos meios para tornar o

ensino aprendizagem uma atividade de várias funções e de conhecimentos, para o aluno e para

o professor. Tudo isso porque é possível ainda envolver todas as disciplinas fazendo uso da

interdisciplinaridade.

Observamos que não é comum a utilização do Cordel em sala de aula, é ainda muito

pouco utilizado para o espaço que temos durante as aulas de literatura e produção textual. Ao

analisar o projeto que fora desenvolvido na escola da qual fizemos a entrevista,

Sesquicentenário, foi notado a satisfação não só da parte da professora, mas a satisfação

também demonstrada na época de seu desenvolvimento, segundo a professora Bernadete

Palhano, dos alunos durante as atividades. .

Essa experiência serve para que possamos refletir melhor não só com a nossa atuação

enquanto educadores, mas também que o medo de inovar por vezes está presente, e se

desejamos mudanças deve partir de nós, com dedicação e criatividade, visando superar nossos

medos, buscar a superação de nossos alunos e instigá-los no ato da criação, pois o Cordel nos

proporciona infinitas possibilidades de criação e conhecimento, de maneira muito agradável,

fugindo das aulas não muito contextualizadas com o histórico social do aluno e das

metodologias tradicionais. Diversificar, transformar, e inovar devem estar presentes em

nossos dia-a-dia como formadores do desenvolvimento conhecimento de nossos alunos.

A literatura de cordel é uma forma agradável de dar o primeiro passo a essas mudanças,

mas é bom ressaltar que a escola onde desenvolvemos a entrevista é tida como referência em

educação neste estado, e que, diga-se de passagem, é nordestina e nem sempre faz uso da sua

cultura e de seu folclore com a importância que deveria ter.

E por fim, trabalhar com a Literatura de Cordel em sala de aula, mais

propriamente nas aulas de literatura e produção textual, deve fazer dos projetos de educadores

com o intuito de tornar as aulas agradáveis durante a formação de nossos educandos visando

torná-los pensadores.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental Parâmetros

Curriculares Nacionais. 3. Ed. Brasília: A Secretaria, 2001.

BERTO, Luiz. Quatro Poemas de Patativa do Assaré. Disponível em

<http://www.luizberto.com/repentes-motes-e-glosas/quatro-poemas-de-patativa-do-assare-2>.

CORDEL, Literatura de. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/literatura_de_cordel

>. Acesso em: 17 SET 2013.

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ANEXOS