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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG Instituto de Ciências da Natureza Curso de Geografia Licenciatura ARIÁDINA APARECIDA LELIS RIBEIRO PRODUÇÃO E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: O CASO DOS NOVOS LOTEAMENTOS DE ALFENAS-MG Alfenas - MG 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG · Flávio Villaça . RESUMO Essa pesquisa apresenta um estudo da expansão urbana no município de Alfenas-MG através dos novos loteamentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG

Instituto de Ciências da Natureza

Curso de Geografia – Licenciatura

ARIÁDINA APARECIDA LELIS RIBEIRO

PRODUÇÃO E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: O

CASO DOS NOVOS LOTEAMENTOS DE ALFENAS-MG

Alfenas - MG

2017

ARIÁDINA APARECIDA LELIS RIBEIRO

PRODUÇÃO E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: O

CASO DOS NOVOS LOTEAMENTOS DE ALFENAS-MG

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como parte dos requisitos para

obtenção do título de Licenciado em

Geografia pelo Instituto de Ciências da

Natureza da Universidade Federal de

Alfenas- MG, sob orientação do Prof. Dr.

Flamarion Dutra Alves.

Alfenas – MG

2017

ARIÁDINA APARECIDA LELIS RIBEIRO

PRODUÇÃO E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: O

CASO DOS NOVOS LOTEAMENTOS DE ALFENAS-MG

A Banca examinadora abaixo assinada

aprova o Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Licenciatura em Geografia pela

Universidade Federal de Alfenas. Área

de concentração: Geografia Urbana.

Aprovada em:

Profº.:

Instituição: Assinatura:

Profº.:

Instituição: Assinatura:

Profº.:

Instituição: Assinatura:

Alfenas – MG

2017

Dedico este trabalho a minha

família, ao meu namorado e a

todos que de algum modo me

incentivou e me acompanhou nessa

longa caminhada.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por se fazer presente em todos os momentos de

minha vida. Ao meu namorado Elias que se fez presente comigo desde o início do curso, me

apoiando e ajudando em todos os momentos e aos meus pais, pelo apoio em todas as decisões,

escolhas e incentivo. Aos colegas de turma por todos os momentos felizes e marcantes em

minha vida, principalmente Glaucione Raimundo que sempre que possível me ajudou ao

longo da jornada acadêmica e aos nossos professores que contribuíram com suas experiências

e conhecimentos. E, principalmente, ao orientador Prof. Dr. Flamarion Dutra Alves, em ser

meu orientador e dividir sua experiência.

“As cidades são como as estrelas, é

preciso amá-las para entendê-las”.

Flávio Villaça

RESUMO

Essa pesquisa apresenta um estudo da expansão urbana no município de Alfenas-MG através

dos novos loteamentos horizontais e suas implicações sobre a estrutura socioespacial da

cidade. Evidencia-se que o crescimento horizontal da cidade está sendo impulsionado por uma

intensa especulação imobiliária, viabilizada pelo poder, acumulação e competitividade pelo

espaço. Tal processo provoca alterações na paisagem urbana e rural e, afeta os valores das

residências já instaladas próximas aos novos loteamentos, assim como também dos moradores

e dificulta o acesso às terras das camadas de menor renda, contribuindo assim, para o

aprofundamento da desigualdade socioespacial, da exclusão social e segregação dos bairros

da cidade. Buscou-se através de pesquisas bibliográficas, trabalhos de campo realizados e

consultas em sites IBGE, Regic, entre outros, mostrar que esses novos loteamentos se tratam

de uma visível especulação e antecipação espacial, pois a cidade, por mais que é considerada

como média, não possui porte e demanda para tais empreendimentos, assim como também

não possui estruturas para atender novas demandas sociais. Além disso, é plausível de atenção

para que não ocorra novos empreendimentos imobiliários e que sejam realizados estudos e um

planejamento urbano mais coerente com os ensejos da população.

Palavras-chave: Produção do espaço - especulação imobiliária - cidade média – segregação -

acumulação.

ABSTRACT

This research presents a study of urban expansion in the city of Alfenas-MG through the new

horizontal subdivisions and their implications in the socio-spatial structure of the city. It is

evident that the horizontal growth of the city is being driven by an intense real estate

speculation, made feasible by the power, accumulation and competitiveness by the space. This

process causes changes in the urban and rural landscape and affects the values of residences

already installed in the vicinity of the new subdivisions, as well as of the residents and

difficult access to the lands of the lower income layers, thus contributing to the deepening of

the socio-spatial conditions Inequality, Social exclusion and segregation of the city's

neighborhoods. It was searched through bibliographical researches, field works and

consultations in the IBGE, Regic sites, among others, to show that these new subdivisions are

a visible speculation and a spatial anticipation, since the city, although considered average,

does not have size and demand By these companies, nor do they have the structures to meet

new social demands. In addition, it is plausible to ensure that no new real estate developments

occur and that studies and urban planning are conducted that are more consistent with the

opportunities of the population.

Keywords: Production of space - real estate speculation - middle city – segregation -

accumulation.

LISTA DE TABELA

Tabela 1: Desenvolvimento da Economia de Alfenas, por segmentos (2006-

2014) ...................................................................................................................18

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Descrição dos novos loteamentos horizontais criados em

Alfenas – MG entre 2010-2015...........................................................................16

Quadro 2: Caracterização da área do Loteamento Mont Blanc Residence

Alfenas.................................................................................................................32

Quadro 3: Caracterização da área do Loteamento Vila Porto Seguro...............34

Quadro 4: Caracterização da área do Loteamento Residencial Floresta............36

Quadro 5: Caracterização da área do Loteamento Residencial

Euroville..............................................................................................................38

Quadro 6: Caracterização da área do Loteamento Condomínio Lago

Azul.....................................................................................................................40

Quadro 7: Caracterização da área do Loteamento (Aberto) Cidade

Jardim..................................................................................................................42

Quadro 8: Caracterização da área do Loteamento (Fechado) Residencial

Cidade Jardim......................................................................................................42

Quadro 9: Caracterização da área do Loteamento Residencial

Imperial................................................................................................................44

Quadro 10: Caracterização da área do Loteamento Alda Caetani.....................46

Quadro 11: Caracterização da área do Loteamento Mont Serrat.......................48

Quadro 12: Caracterização da área do Loteamento Jardim Olímpia.................49

Quadro 13: Caracterização da área do Loteamento Jardim Alto da Boa

Vista.....................................................................................................................50

Quadro 14: Caracterização da área do Loteamento Residencial Cidade

Universitária........................................................................................................52

Quadro 15: Caracterização da área do Loteamento Residencial

Crystal…..............................................................................................................54

Quadro 16: Caracterização da área do Loteamento Chácaras Recanto da

Harmonia.............................................................................................................56

Quadro 17: Caracterização da área do Loteamento

Logfenas..............................................................................................................57

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução Urbana do Munícipio de Alfenas (MG) entre 1900 a

2000.....................................................................................................................18

Figura 2: Mapa de localização da Microrregião de Alfenas-

MG......................................................................................................................27

Figura 3: Mapa da região de influência de São Paulo.......................................28

Figura 4: Localização dos loteamentos horizontais criados entre 2010- 2016 em

Alfenas-MG........................................................................................................31

Figura 5: Outdoor do Mont Blanc Residence....................................................33

Figura 6: Entrada do Mont Blanc Residence.....................................................33

Figura 7: Entrada do Mont Blanc Residence (do lado esquerdo, paisagem

urbana de Alfenas – MG......................................................................................33

Figura 8: Entrada do Vila Porto Seguro (Contraste com o rural) .....................35

Figura 9: Loteamento Vila Porto Seguro...........................................................35

Figura 10: Loteamento Vila Porto Seguro (Lotes na maioria vazios) ..............35

Figura 11: Outdoor do Residencial Floresta......................................................37

Figura 12: Entrada do Residencial Floresta.......................................................37

Figura 13: Loteamento Residencial Floresta.....................................................37

Figura 14: Outdoor do Residencial Euroville....................................................39

Figura 15: Loteamento Residencial Euroville...................................................39

Figura 16: Loteamento Lago Azul.....................................................................40

Figura 17: Entrada do Loteamento Lago Azul...................................................40

Figura 18: Outdoor Residencial Cidade Jardim.................................................43

Figura 19: Loteamento Residencial Cidade Jardim...........................................43

Figura 20: Loteamento Cidade Jardim, do lado direito da imagem muro do

Residencial Cidade Jardim..................................................................................43

Figura 21: Outdoor e localização do Residencial Imperial................................45

Figura 22: Residencial Imperial e o Córrego.....................................................45

Figura 23: Outdoor do Loteamento Alda Caetani..............................................47

Figura 24: Vista do Loteamento Alda Caetani...................................................47

Figura 25: Outdoor do Loteamento Mont Serrat................................................48

Figura 26: Vista do Loteamento Mont Serrat....................................................48

Figura 27: Outdoor do Loteamento Jardim Olímpia..........................................49

Figura 28: Loteamento Jardim Olímpia.............................................................49

Figura 29: Outdoor Jardim Alto da Boa Vista...................................................51

Figura 30: Loteamento Jardim Alto da Boa Vista.............................................51

Figura 31: Continuação do loteamento Jardim Alto da Boa Vista....................51

Figura 32: Panfleto Residencial Cidade Universitária.......................................53

Figura 33: Loteamento Cidade Universitária.....................................................53

Figura 34: Outdoor Loteamento Residencial Crystal.........................................55

Figura 35: Loteamento Residencial Crystal.......................................................55

Figura 36: Entrada do Residencial Crystal.........................................................55

Figura 37: Placas Indicando entradas de rancho e sítio.....................................55

Figura 38: Outdoor do Residencial Chácaras Recanto da Harmonia.................56

Figura 39: Área interna do Loteamento Recanto da Harmonia.........................56

Figura 40: Entrada do Logfenas.........................................................................58

Figura 41: Outdoor do Logfenas........................................................................58

Figura 42: Loteamento Logfenas.......................................................................58

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Números de Loteamentos criados em Alfenas de 2010 a

2016.....................................................................................................................30

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO............................................................................................14

1.1 Objetivo Geral...............................................................................................14

1.2 Objetivos Específicos....................................................................................14

2 - METODOLOGIA........................................................................................16

2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.......................................17

3 – O CAPITALISMO E A CONSTRUÇÃO DA

URBANIZAÇÃO...............................................................................................19

3.1 - Efeitos da especulação imobiliária..............................................................21

3.2 – A política habitacional: Estado, mercado e setor privado..........................23

4 - CIDADE MÉDIA, COMO GANHA IMPORTÂNCIA? .........................26

5 – OS LOTEAMENTOS E A VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO

URBANO EM ALFENAS.................................................................................30

5.1 - Loteamentos de Alto Padrão....................................................................32

5.1.1 - Mont Blanc Residence Alfenas................................................................32

5.1.2 - Vila Porto Seguro.....................................................................................34

5.1.3 - Residencial Floresta.................................................................................36

5.1.4 - Residencial Euroville...............................................................................38

5.1.5 - Condomínio Lago Azul............................................................................40

5.2 - Loteamentos de Médio Padrão................................................................41

5.2.1 - Residencial Cidade Jardim e Cidade Jardim............................................41

5.2.2 - Residencial Imperial.................................................................................44

5.2.3 - Alda Caetani.............................................................................................46

5.2.4 - Residencial Mont Serrat...........................................................................47

5.2.5 - Jardim Olímpia.........................................................................................49

5.2.6 - Jardim Alto da Boa Vista.........................................................................50

5.2.7 - Residencial Cidade Universitária.............................................................52

5. 3 - Loteamento de Baixo Padrão..................................................................53

5.3.1 - Residencial Crystal..................................................................................54

5.4 - Loteamento Rural.....................................................................................56

5.4.1- Residencial Chácaras Recanto da Harmonia.............................................56

5.5 - Loteamento Comercial..............................................................................57

5.5.1 - Logfenas...................................................................................................57

5.6 - Produção do espaço em Alfenas: demanda e especulação ....................59

6 – CONCLUSÃO..............................................................................................61

7 – REFERÊNCIAS..........................................................................................63

14

1. INTRODUÇÃO

Segundo Harvey (2005, p. 43), “o sistema capitalista é, portanto, muito dinâmico e

inevitavelmente expansível; esse sistema cria uma força permanentemente revolucionária,

que, incessante e constantemente, reforma o mundo em que vivemos”. Assim podemos

relacionar o capitalismo à expansão urbana. Partindo dessa premissa, esse trabalho busca

relacionar as questões socioespaciais que envolvem o caso dos novos loteamentos horizontais

de Alfenas - MG.

Alfenas está sofrendo uma grande expansão de loteamentos horizontais e não há

como discutir a expansão urbana sem tratar do desenvolvimento do capitalismo. O Estado

através de iniciativas de programas sociais e de crédito fácil para financiamentos, contribuem

diretamente para isso, estimulando a aquisição de novas áreas para construção de

empreendimentos imobiliários.

A partir dessa expansão, busca-se nessa pesquisa questionar três problemáticas: qual

a real necessidade da quantidade de novos loteamentos horizontais no município de Alfenas-

MG? Há uma demanda válida para esses novos lotes? Quais as consequências sociais e

econômicas desses novos espaços? Assim, esse trabalho tem como objetivo analisar a

organização e produção dos novos loteamentos de Alfenas MG, como também quais impactos

os mesmos causarão na sociedade através dessa expansão imobiliária. Além dos novos

loteamentos, será tratado a questão dos loteamentos fechados que atendem a um público

específico e ao mesmo tempo fazem com que ocorra a segregação espacial.

Nesta direção, o presente trabalho busca discutir a utilização e oferta desses novos

espaços, pois Alfenas é considerada uma cidade média e com uma crescente população. Deve-

se muito esse crescimento a ampliação das universidades, sobretudo a Universidade Federal

de Alfenas, e também sua importância no setor de prestação de serviços, em especial a saúde.

Dessa forma, a pesquisa tem como objetivos:

1.1 Objetivo Geral

Analisar a expansão dos loteamentos horizontais de Alfenas e suas principais

implicações no espaço urbano.

1.2 Objetivos Específicos

Fazer um resgate histórico do processo de criação de loteamentos horizontais

em Alfenas entre 2010-2016;

15

Analisar o processo de urbanização e de segregação espacial de Alfenas, a

partir dos novos loteamentos construídos;

Realizar um diagnóstico socioeconômico dos novos loteamentos horizontais

abertos e fechados em Alfenas.

Para atingir os objetivos, o trabalho está estruturado em 6 capítulos. O capítulo 1

trata da parte introdutória da pesquisa, onde se apresenta o tema e os objetivos. O capítulo 2

aborda a metodologia empregada para a realização de toda a pesquisa e dos trabalhos de

campo realizados, e apresenta também a caracterização da área de estudo da pesquisa, sua

parte econômica, de serviços e educação. No capítulo 3 é abordado o desenvolvimento do

capitalismo bem como seus efeitos na especulação imobiliária e nas políticas habitacionais,

refletindo sobre a construção da urbanização. O capítulo 4 discute a importância da cidade

média, através de hospitais, serviços e educação, para as demais cidades vizinhas e como

esses processos propulsionam a valorização do espaço. No capítulo 5 estão apresentados os

resultados e as discussões e, por fim, a conclusão dos dados e análise dos textos.

16

2. METODOLOGIA

Para execução desta pesquisa, partiu-se da problemática: Qual a real necessidade da

quantidade de novos loteamentos e condomínios em Alfenas? Há uma demanda válida para

esses lotes? E quais as consequências sociais e econômicas desses novos espaços?

Inicialmente, foi realizada uma discussão teórica sobre temas como segregação

urbana com base em Sposito (2012), especulação imobiliária e loteamentos horizontais

abertos e fechados, além da expansão do espaço urbano em cidades médias consultando

Corrêa (2007).

Através de pesquisas diversas, foi desenvolvida uma breve caracterização da

ocupação urbana de Alfenas, consultando dados secundários sobre a cidade e TCC do curso

de Geografia da UNIFAL-MG, consulta de dados secundários para a caracterização

socioeconômica de Alfenas no site do IBGE (Cidades, SIDRA, REGIC, Stat Card), IMRS

(Índice Mineiro de Responsabilidade Social) e outras obras sobre a questão urbana em

Alfenas.

Após as consultas dos dados secundários, foram realizadas pesquisas em campo para

verificação dos empreendimentos imobiliários e realização de entrevistas para coleta de

informações sobre os novos loteamentos. Foram organizadas as informações sobre os

loteamentos horizontais abertos e fechados em Alfenas, conforme quadro 1.

Quadro 1 - Descrição dos novos loteamentos horizontais criados em Alfenas entre 2010-

2015.

Loteamentos/ Condomínios

Ano de criação: Número de lotes:

Área total: Áreas de lazer:

Área média dos lotes: Percentual vendido:

Valor do m² ou médio dos lotes: Total de moradores: estimativa

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Foi feito um mapa com a localização dos novos empreendimentos imobiliários,

mostrando a expansão urbana e os perfis socioeconômicos dos novos loteamentos horizontais.

Criou-se uma classificação dos loteamentos com o valor médio de cada lote, sendo agrupados

em: Baixo Padrão, valor inferior a R$40.000,00; Médio Padrão: os de R$50.000,00 até

R$90.000,00, e Alto Padrão os loteamentos acima de R$90.000,00.

17

Por fim, realizou-se trabalhos de campo com entrevistas em cada uma das loteadoras

ou imobiliárias responsáveis pelos novos empreendimentos, para identificar a característica

socioeconômica de cada um dos mesmos.

No dia 20/01/2016 iniciou-se a coleta de dados dos novos loteamentos. Nesse mesmo

dia, o 1º trabalho de campo foi nos loteamentos Alda Caetani, Residencial Mont Serrat,

Residencial Euroville, Mont Blanc Residence Alfenas, Residencial Floresta, Cidade Jardim e

Residencial Cidade Jardim. O 2º trabalho de campo foi dia 26/01/2016, nos loteamentos

Jardim Alto da Boa Vista, Chácaras Recanto da Harmonia, Vila Porto Seguro, Residencial

Cidade Universitária e Residencial Crystal. O 3º e último dia de trabalho de campo foi

06/09/2016 nos loteamentos Jardim Olímpia, Logfenas e Residencial Imperial.

Um novo trabalho de campo foi realizado no dia 20/10/2016 afim, de fotografar cada

um dos novos loteamentos. Também foi realizada algumas anotações das características de

cada loteamento, pois alguns já se encontram em fase de construção de moradias, o que ainda

não tinha ocorrido no dia 20/01/2016.

Após fazer o trabalho de campo em todos os novos 15 loteamentos (abertos e

fechados) e fechar os dados levantados, um novo loteamento foi lançado, o Condomínio Lago

Azul, onde foi feito o levantamento de dados e o registro fotográfico realizado em

10/01/2017.

Vale destacar, que os condomínios e loteamentos analisados na pesquisa estão no

perímetro urbano e em áreas de expansão, situados na área rural do município de Alfenas. O

intuito de incluir esses loteamentos foi de mostrar o processo de ocupação do espaço por parte

dos empreendedores imobiliários, sejam eles na cidade ou no que ainda é campo.

2.1 Caracterização da área de estudo

Essa pesquisa abrange a cidade de Alfenas-MG com relação a sua expansão através

dos novos loteamentos horizontais que surgiram ao decorrer dos anos 2010 a 2016.

Alfenas localiza-se a uma altitude média de 840m acima do nível do mar, ocupando

uma área (2015) de 850,446 km² de extensão, possui uma densidade demográfica (2010) de

86,75 hab./km². Situa-se no sul de Minas Gerais e sua população estimada em 2016, segundo

o IBGE é de 79.222, em 2010 era de 73.774. Sua economia é voltada para o setor de serviços

(comércio e prestação de serviços), e grãos e, principalmente, cafeicultura.

18

Tabela 1- Desenvolvimento da economia de Alfenas, por segmentos (2006-2014).

R$1.000 2006 2010 2014

PIB 778.514,00 1.282.670,00 25.103,11

Agropecuária 116.513 131.429 86.366

Indústria 153.047 198.068 273.498

Serviços 438.569 817.831 1.124.534

Administração

Pública

117.300 165.492 250.722

Fonte: IBGE Cidades, 2016 e IMRS (Índice Mineiro de Responsabilidade Social), 2017.

Através da tabela 1 acima podemos notar que do ano de 2006 até 2014 a economia

nos setores da agropecuária, indústria e terciário vem aumentando gradativamente. Em

destaque e, principalmente o setor terciário, este que abrange o comércio, saúde e educação,

sendo de suma importância para o crescimento da economia da cidade de Alfenas-MG. Os

mesmos geram fluxos de pessoas de cidades vizinhas que vem para Alfenas em busca de

tratamento de saúde especializado; empregos em escolas estaduais e municipais; empregos e

compras em lojas e supermercados, principalmente localizados no centro da cidade.

Com o aumento economicamente desses setores desencadeou para que Alfenas se

tornasse uma cidade média e se expandisse em favor da modernidade e desenvolvimento. A

educação, em destaque, devido as universidades (particular e federal) provoca um desses

crescimentos de fluxos de pessoas e uma maior demanda pelo espaço urbano. Podemos notar

essa evolução através da figura 1 referente aos anos de 1900 e 2000.

Figura 1: Evolução urbana do município de Alfenas (MG) entre 1900 a 2000. Fonte: Leitura Técnica

(PREFEITURA M. DE ALFENAS, 2006).

19

3. O CAPITALISMO E A CONSTRUÇÃO DA URBANIZAÇÃO

Em Alfenas-MG há diversos loteamentos novos por toda a parte da cidade, desde

loteamentos que atendem a parte social mais simples, como residenciais populares, até

residenciais luxuosos à empresariais que estão na transição do campo e cidade. Essa ligação

da cidade ao campo está em constante transformação, como afirma Sposito (2012b, p. 64)

“[...] os espaços não são apenas urbanos; existe a cidade e o campo. O modo de produção não

produz cidades de um lado e o campo do outro, mas ao contrário, esta produção compreende

uma totalidade, com uma articulação intensa entre estes dois espaços”.

Juntamente com esses novos loteamentos, surgem novos nomes de loteadoras e

incorporadoras somando-se as já existentes na cidade, podendo se tratar de estratégias e

práticas sociais distintas em um único agente. Sposito et al. (2012a, p. 45) evidencia que:

[...]uma empresa industrial, pode criar subsidiárias e investir na produção de imóveis

ou na criação de loteamentos. A construção de bairros residenciais de expressivo

status social e distantes do local onde a empresa industrial está instalada é prática

bastante corrente, resultando na produção de espaços diferenciados na cidade”.

De acordo com o capital empregado, os movimentos de ocupação e transformação do

espaço urbano modificam a paisagem, resultando em diferentes segregações sociais. Segundo

Mingione (1977), “a terra urbana passou a interessar ao capital industrial, constituindo, assim

como a produção imobiliária, alternativa para a acumulação, deixando de ser meramente um

investimento com vistas a amortecer crises cíclicas de acumulação”. (MINGIONE, 1977 apud

SPOSITO et al, 2012a, p. 45)

A produção do espaço urbano sofre um processo de transformação acelerada, a

respeito disso Harvey (2005, p. 43) diz que “o sistema capitalista é, portanto, muito dinâmico

e inevitavelmente expansível; esse sistema cria uma força permanentemente revolucionária,

que, incessante e constantemente, reforma o mundo em que vivemos”. Desse modo, se dá a

produção dos novos loteamentos na cidade de Alfenas, atendendo um mercado capitalista que

constantemente está motivado por políticas habitacionais e a liberação de crédito para

financiamento. Loteamentos que em muitas vezes tende a atender a um público específico,

partindo de residenciais fechados a residenciais abertos, existindo assim, uma segregação

espacial.

A formação desses novos loteamentos provoca o surgimento de novas demandas de

subcentros de comércio e serviços, afim de atender uma nova população que irá surgir,

alterando o perfil atual da cidade. Singer (1987, p. 15) confirma isso, “a cidade proporciona a

classe dominante a possibilidade de ampliar territorialmente seu domínio”, porém, segundo o

20

mesmo autor, “O “capital” imobiliário é, portanto, um falso capital. Ele é, sem dúvida, um

valor que se valoriza, mas a origem de sua valorização não é a atividade produtiva, mas a

monopolização do acesso a uma condição indispensável àquela atividade”. (1978, p. 22)

Respondendo a um determinado período do avanço capitalista na produção do

espaço, surge através dos imóveis a produção para o mercado, consolidando um capital de

circulação.

O uso do solo na economia capitalista é regulado pelo mecanismo de mercado, no

qual se forma o preço desta mercadoria sui-generis que é o acesso à utilização do

espaço. Este acesso pode ser ganho mediante a compra de um direito de propriedade

ou mediante o pagamento de um aluguel periódico. (SINGER, 1978, p. 23).

As grandes empresas de incorporação são responsáveis por intensificar o marketing

na produção imobiliária, principalmente na aplicação de preços e comercialização dos

imóveis, a respeito disso, Singer ressalta que: “[...] a demanda por solo urbano muda

frequentemente, o preço de determinada área deste espaço que está sujeito a oscilações

violentas, o que torna o mercado imobiliário essencialmente especulativo”. (SINGER, 1978,

p. 23). O que ocorreu a partir de 2010, onde vários anúncios de empreendimentos imobiliários

surgiram na cidade de Alfenas, e foram veiculados em muitos canais de comunicação como os

jornais, sites e propagandas no rádio e na televisão.

Outro fator importante é a localização, pois dependendo de onde o lote se localiza

dará maior acessibilidade do indivíduo a determinados pontos da cidade, como área central,

mercados, local de trabalho e anel viário. Segundo Nascimento et al. (2011), os donos de

terras situadas no entorno do tecido urbano tendem a se interessar em converter o uso rural de

suas áreas para um uso urbano, na expectativa de obter maior remuneração por suas terras. Ou

seja, converter terra barata em terra mais cara.

Fica claro, a partir das informações citadas, que a expansão urbana reflete mais do

que a demanda social por novas áreas urbanizadas, e sim, um interesse do setor imobiliário

por novos empreendimentos, e também o setor público, pois aumentará a malha urbana,

consequentemente uma maior arrecadação de impostos.

A indústria de construção imobiliária por meio de estratégias flexíveis, atrai o capital

financeiro favorecendo o setor imobiliário através da centralização do capital. De acordo com

Aglietta (1986) apud Rufino (2013, p. 144):

[...] a centralização do capital vem, desde a década de 1980, sendo responsável por

um processo contínuo de reestruturação produtiva em diversos setores industriais,

que passam a ser comandados por grandes corporações /grupos financeiros a partir

do imbricamento do capital financeiro e industrial, sendo impostas novas lógicas de

reprodução do capital.

21

Esse avanço capitalista através dos imóveis é para atender a demanda da produção

como também da população, atendendo as novas exigências do mercado. Tornando-se uma

competividade entre pessoas e empresários por uma boa localização, gerando assim, a

especulação imobiliária. Segundo Andrade (1984) apud Pêssoa (2013):

Uma vez implantada uma forma de utilização da terra e, consequentemente, um tipo

de espaço, este não se torna definitivo, estático. Com a transformação da economia e

da sociedade, outros usos vão sendo dados à terra, ora com o objetivo de modificar a

produção, ora para acelerar a atividade produtiva [...] A produção do espaço nunca

fica perfeita e acabada, havendo sempre uma reprodução da mesma. (ANDRADE,

1984, p.17)

Assim, também através da especulação imobiliária novos espaços rurais vão sendo

consumidos e transformados para atender a demanda capitalista e econômica tanto do Estado

quanto do setor imobiliário.

3.1 Efeitos da especulação imobiliária

Analisando a formação do espaço e as relações da cidade, sabe-se que a todo

momento ocorre transformações, dando lugar a uma paisagem representada pelo trabalho e

pela paisagem social.

Os condomínios fechados marcam os novos estilos de vida das cidades, sendo os

mesmos atrás de muros, vigias pessoais (identificação em guaritas) e formas tecnológicas de

segurança 24 horas. Para Caldeira (2000), são esses requisitos que demarcam e isolam os

mesmos do restante da cidade, com uma clara rejeição à vida pública nesta. Eles se

configuram como espaços autônomos, independentes do entorno, podendo estar situados em

qualquer lugar. Esse mesmo autor faz uma crítica a esses condomínios:

Aqueles que escolhem habitar esses espaços valorizam viver entre pessoas seletas

(...) e longe de interações indesejadas, movimento, heterogeneidade, perigo e

imprevisibilidade das ruas. Os enclaves privados e fortificados cultivam um

relacionamento de negação e ruptura com o resto da cidade e com o que pode ser

chamado de um estilo moderno de espaço público aberto à livre circulação. Eles

estão transformando a natureza do espaço público e a qualidade das interações

públicas na cidade, que estão se tornando cada vez mais marcadas por suspeita e

restrição (CALDEIRA, 2000, p. 259 apud SILVA et al, 2012, p. 4).

Afirma-se assim, a diferenciação social da cidade e as desigualdades sócio-espaciais

que a especulação e mercados imobiliários estão produzindo.

No processo de compra da terra o proprietário irá utiliza-la de acordo com suas

“necessidades”. Então, donos de terrenos que possuem boa localização, que é valorizada de

acordo com o que possuem próximos a si; por exemplo, comércio, centro da cidade; como

22

afirma Corrêa (1989, p. 18) “agem pressionando o Estado visando à instalação da

infraestrutura urbana”. Renda de monopólio: no fornecimento de determinada mercadoria:

vantagem da localização: preço maior. Portanto essas áreas “são destinadas à população de

status”. Porém, por outro lado, para os proprietários de terras mal localizadas, em áreas

periféricas, a alternativa economicamente viável é a construção de loteamentos populares,

com o menor gasto possível em infraestrutura. Esses lotes são comercializados sem

infraestrutura e a própria população moradora, passa a pressionar o Estado para que este

promova a implantação da infraestrutura necessária (MAUTNER, 1999).

Esse crescimento urbano desordenado é socialmente injusto, pois um grande número

dessa população fica restrita ao acesso a este bem, em mecanismo de mercado.

Restando a essa população áreas mal localizadas, que são desprivilegiadas quanto à

acessibilidade aos principais centros de trabalho, oferta e qualidade de serviço e consumo.

Moura e Ultramari (1996, p. 26) afirmam isso, “eleva consideravelmente o valor do solo

urbano, e de maneira artificial. Cria uma demanda irreal que dificulta a satisfação da demanda

verdadeira daqueles que, efetivamente, buscam comprar um imóvel”.

Essa expansão urbana também afeta a organização do restante do espaço urbano,

como também a distribuição espacial dos segmentos sociais na cidade. Com a incorporação

dessas novas terras, amplia-se o perímetro urbano, alteram-se o valor das áreas recém

incorporadas, devido ao serviço público realizado pelo Estado como: água encanada, geração

de energia, linha de ônibus, escola pública, serviço de telefonia; mas também das áreas que já

tinham localização periférica segundo o perímetro urbano anterior.

Porém, esses novos loteamentos terão seus preços mais elevados em relação aos

moradores mais antigos, devido a empresas e famílias de renda elevada que estão dispostas a

pagar mais para utilizar aquele espaço. Com essa elevação do preço dos imóveis, os antigos e

pobres moradores podem se deslocar ou vender suas casas, beneficiando os novos residentes e

não a quem realmente deveria beneficiar. Ou seja, a população que pode pagar a renda

diferencial em serviços públicos, beneficia o mercado imobiliário.

Através da mobilidade urbana, seja pela expulsão de parte da população para a

periferia, cria-se novos centros em função da demanda, de novas formas de uso e consumo do

espaço como lazer e comércio, como consequência de valorização do lugar e dos novos

investimentos ali produzidos. Essa valorização do espaço é desigual, causando em alguns

momentos conflitos entre as populações locais:

A sociedade produz o espaço e, ao fazê-lo, revela uma profunda contradição, entre

um processo de produção, que é socializado, e a produção do espaço, que é privada.

23

Portanto, o espaço se produz, produzindo os conflitos latentes de uma sociedade

fundada na desigualdade (uma sociedade hierarquizada em classes). (SPOSITO,

2012a, p. 68)

O processo de especulação imobiliária e segregação socioespacial, antes concentrada

em grandes cidades começa a alterar a dinâmica das cidades pequenas e médias. As novas

funções das cidades médias passam sobretudo na influência sobre as pequenas cidades desde

ao setor de serviços, comércios, de saúde e educação, gerando uma rede de circulação de

mercadorias e pessoas. Diante disso, Sposito (2001) apud Oliveira (2011, p. 21) fala:

[...] podemos caracterizar as “cidades médias”, afirmando que a classificação delas,

pelo enfoque funcional, sempre esteve associada à definição de seus papéis regionais

e ao potencial de comunicação e articulação proporcionado por suas situações

geográficas, tendo o consumo um papel mais importante que a produção na

estruturação dos fluxos que definem o papel intermediário dessas cidades.

(SPOSITO, 2001, p. 635).

As cidades médias, tornam-se portanto, cidades de referência regional para o

consumo de bens e serviços especializados, mesmo não possuindo posição de comando no

sistema econômico do país. Juntamente a esse processo, ocorre uma descentralização

econômica das metrópoles.

3.2 A política habitacional: Estado, mercado e setor privado

O Estado aproveitando-se da escassez de moradias para as classes populares e

médias, devido ao processo acelerado de urbanização/industrialização e consequentemente

migração campo-cidade, utiliza-se de programas como Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e

Conjuntos Habitacionais (COHAB’S) para estimular à produção e aquisição de novos

imóveis. Através desses programas, o mesmo ganha apoio das classes populares, se validando

de interesse legal de organização da vida em sociedade e, essas mesmas medidas são

utilizadas pelo Estado como forma de uma possível conquista da casa própria. De acordo com

Pires (2014, p. 9) et al.:

Nesse sentido, a habitação insere-se no conjunto de serviços provisionados pelo

Estado para a garantia de mínimos sociais, apontados como forma de assegurar um

padrão mínimo de vida para todos os cidadãos, mas que assegura também a ordem

social burguesa e seus processos de acumulação.

Portanto, o Estado atua através de seus interesses individuais ou no lado privado

ressaltando a demanda maior de capital. Podemos perceber também que o fato de “morar” se

torna uma atividade econômica como mercadoria e, o Estado pode incentivar e atuar na

atividade econômica como agente de desenvolvimento.

24

A extensão do capitalismo realizou a generalização do espaço como propriedade

privada, criando a contradição entre o espaço produzido enquanto valor de uso e o

espaço produzido enquanto valor de troca, com a separação radical entre espaço

público e privado e aprofundamento da segregação, bem como a relação entre o

Estado que domina o espaço, produzindo-o enquanto homogêneo, e o modo de

apropriação que se quer diferencial. (SPOSITO, 2012a, p. 68).

Nesse contexto, que o espaço urbano vem sendo construído e expandido,

privilegiando as classes altas e deixando de lado grande número de pessoas de classe

desprivilegiada, ou seja, os pobres. Pois, é um pequeno número dessa população que tem

acesso ao crédito da casa própria, e o problema habitacional não é resolvido.

Os moradores de baixa aquisição econômica, a fim de evitar pagamento de moradias

de aluguel e firmarem sua existência na sociedade, buscam conquistar a casa própria. Porém,

ao realizarem esse sonho ficam anos pagando pela mesma, o que se torna um aluguel da

propriedade adquirida. Sobre isso Kowarick (2000) apud Moura (2011, p. 384):

A moradia é o mundo da sociabilidade privada, o que significa dizer ajuda mútua,

brigas, rivalidades, preferências, tristezas, alegrias, aborrecimentos, planos, sonhos,

realizações. É por outro lado, abrigo contra tempestades do sistema econômico. Mas

é também os lócus onde se condensa a produção de discursos nos quais a casa

própria é valorizada em relação a moradia de aluguel [...]. (KOWARICK, 2000, p.

84).

Portanto para esse morador, a casa própria não é apenas considerada uma

propriedade e sim que o mesmo conseguiu realizar o seu mais alto sonho e vencer na vida

através de seus esforços.

Os novos loteamentos e condomínios são construídos após os empreendedores

realizarem análises na cidade para escolher os pontos estratégicos para tais empreendimentos.

Um condomínio de alto padrão é construído próximo ou em um bairro já conhecido por

possuir famílias de renda alta e os loteamentos populares, já são construídos em bairros mais

populares ou próximos a eles, possuindo moradores de baixa renda. O mesmo acontece com

as COHAB’s e Minha Casa Minha Vida. De acordo com Corrêa (1995) apud Moura (2011, p.

393):

A complexidade da ação dos agentes sociais inclui práticas que levam a um

constante processo de reorganização espacial que se faz via incorporação de novas

áreas ao espaço urbano, densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas,

renovação urbana, relocação diferenciada da infra-estrutura e mudança, coercitiva ou

não, do conteúdo social e econômico de determinadas áreas da cidade. (CORRÊA,

1995, p. 11)

Então, nota-se que essa reorganização social se deriva diretamente da ação e atuação

dos agentes no espaço urbano, no qual o mesmo se transforma, se fragmenta e se articula.

25

Juntamente com a reorganização social está a expansão da cidade. Para tal expansão

faz-se necessário novos loteamentos, portanto áreas não ocupadas se transformam em áreas

para uso e ocupação. De acordo com isso Del Grossi (1991) apud Costa (2011, p, 361) fala:

Pela organização de seus bairros, pelas sucessivas modalidades de utilização de seu

sítio, assim como por sua localização, a cidade é um reflexo de uma história, e a

configuração do espaço, de uma evolução econômica e social, sendo, pois, mutável,

por que é uma paisagem que reflete um espaço geográfico. (DEL GROSSI, 1991, p.

32)

O espaço urbano é fruto da modificação do rural, em que os processos de ocupação

foram se transformando de acordo com as demandas do capital e da cidade. É comum

encontrarmos áreas antes de pastagens ou agriculturas, voltadas hoje para os loteamentos, e

esse cenário é recorrente em cidades em expansão, como é o caso das cidades médias.

26

4. CIDADE MÉDIA, COMO GANHA IMPORTÂNCIA?

Ao falar sobre cidade média e suas características, Corrêa (2007, p. 23) expõe que

“sua particularidade reside no pressuposto de uma específica combinação entre tamanho

demográfico, funções urbanas e organização de seu espaço intra-urbano”. O autor procura

ressaltar a definição de cidade média:

[...] uma cidade média, que é também um lugar central na hierarquia regional, dispõe

de expressiva localização relativa, constituindo-se em foco de vias de circulação e

efetivo nó de tráfego, envolvendo pessoas, capitais, informações e expressiva

variedade e quantidade de mercadorias e serviços. (CORRÊA, 2007, p. 30).

Assim, podemos definir a cidade de Alfenas-MG como uma cidade média, por

exercer uma função regional, sobretudo no setor de prestação de serviços e comércio. A

presença de duas universidades, gera consequentemente circulação de estudantes de regiões

variadas, circulação de capital em comércios como lojas, supermercados e restaurantes, e

serviços como pensões e aluguéis de casas, o setor imobiliário como um todo.

Esses elementos sociais e econômicos intensificam as relações entre a cidade e as

cidades da região, as aproximando e ao mesmo tempo as distanciando. Sobre isso Soares

(2005) apud Oliveira (2011, p. 27) discorre:

Mesmo identificadas como médias cada cidade é única, original e singular. São

diferentes as formas de relação dessas cidades e o campo. Nesse sentido, cada cidade

é um todo complexo e contraditório, pois as variáveis necessárias à sua reprodução

abarcam o sistema produtivo e a rede de consumo em uma relação estreita com a

região. (SOARES, 2005, p. 274).

Alfenas com o passar do tempo, se tornou um grande polo no que diz respeito ao

atendimento das cidades vizinhas, se consolidando como a cidade matriz de referência as

pequenas cidades, conforme REGIC/IBGE (2007) Alfenas é considerada um Centro

SubRegional (A). A microrregião de Alfenas, composta pelos municípios de Alfenas,

Alterosa, Areado, Carmo do Rio Claro, Carvalhópolis, Conceição da Aparecida, Divisa Nova,

Fama, Machado, Paraguaçu, Poço Fundo e Serrania. (Figura 1). Esses municípios contribuem

para a economia de Alfenas, alterando a dinâmica de transportes e serviços, a fim de atender

as demandas providas da região.

27

Figura 2: Mapa de localização da microrregião de Alfenas-MG.

Elaborado: Elias Barbosa de Lima Filho, 08 de agosto de 2016.

Por possuir três hospitais, um dos mesmos é hospital escola, Alfenas também se

torna um atrativo em questões de cuidados com a saúde, ocorrendo assim, a circulação

campo-cidade, fato evidenciado por Pontes (2001) apud Oliveira (2011, p. 23):

[...] algumas cidades médias que associam uma atividade industrial ponderável a um

papel de centro urbano prestador de serviços a uma zona agrícola, a qual constitui

sua respectiva área de influência e é, na maior parte das vezes, bastante extensa. [...]

A complexidade de suas funções atuais foi gerada, na maioria das vezes, por um

crescimento parcialmente autônomo de sua base econômica atual ou passada.

Frequentemente, essas cidades eram, no passado, centros terciários de uma

industrialização de pequenas e médias empresas. (PONTES, 2001, p. 574)

Alfenas se torna uma cidade média estratégica na rede urbana brasileira, servindo de

referência para as pequenas cidades e o meio rural ao seu redor e, juntamente, por possuir

proximidade e relações com a metrópole São Paulo, uma das maiores cidades e mais

importante hierarquicamente (Figura 3).

28

Figura 3: Mapa da região de influência de São Paulo. Fonte: REGIC/ IBGE, 2007.

A proximidade de Alfenas e São Paulo se dá através do setor econômico, como

exemplo, o de comércio. Muitos comerciantes realizam viagens comerciais para a Vinte

Cinco de Março, Região do Brás e Santa Efigênia em São Paulo, em busca de renovação do

estoque de vestuário e eletrônicos de suas lojas. Isso também se torna um atrativo de fluxo

migratório das menores cidades do entorno para a cidade média, devido à variedade de lojas

localizada no centro de Alfenas com preços diversos.

Surge nesse contexto, uma importante rede de deslocamento de pessoas, mercadorias

e serviços, onde busca-se mercadorias de São Paulo para atender a demandas locais e

regionais. Steinberger e Bruna (2001) apud Oliveira (2011, p. 23) traz essa relação:

O elo urbano regional lhe confere o papel de núcleos estratégicos da rede urbana

brasileira, na medida em que congregam as vantagens do estar aglomerado no

espaço urbano e a possibilidade de estarem articuladas a um espaço regional, mais

amplo, que conforma sua área de influência. (STEINBERGER; BRUNA, 2001, p.

71)

Outro fator de proximidade entre Alfenas e as cidades vizinhas se dá através dos

supermercados. Famílias que vivem no espaço rural, em sua maioria, fazem compras mensais

(fardos) para estoque em casa. Esse movimento gera um fluxo migratório pendular todo início

de mês na cidade, além de grande fluxo econômico nesses serviços. Tais condições favorecem

as trocas produtivas e sociais, dando a cidade média um grau de importância na dinâmica

econômica regional.

A cidade de Alfenas também se torna atrativo em questões de trabalho, devido aos

comércios, hospitais (particular e público), escolas (municipais e estaduais), universidades

29

(pública e particular) e o setor agrícola, café principalmente e cana-de-açúcar. Este processo

se dá através de desejos para melhoria e qualidade de vida da população migrante.

Sob o ângulo de grande parte da população interiorana, rural ou semi-rural,1 as

cidades médias podem ser valorizadas pela oferta de emprego, ou mesmo de

subemprego, pela existência de infra-estrutura básica, pelas oportunidades de acesso

à informação, pelos melhores recursos educacionais. Enfim, pela existência de bens

e serviços essenciais à ascensão material e intelectual de seus moradores.

(AMORIM e SERRA, 2001, p. 1)

Como mencionado acima, a migração se dá, portanto, para satisfação de

necessidades básicas e não-básicas da população. Básicas no sentido de trabalho como meio

de sobrevivência e educação e, não-básicas, como, lazer. Proporcionando consequentemente

uma maior demanda de produtos e consumo para a cidade, como também, o êxodo rural.

A medida que a cidade cresce economicamente suas estruturas crescem para atender

a mesma e sua região. Surge então novos subcentros com produtos e serviços, gerando o

escoamento da população local e parte da população migrante afim de atender as demandas.

Esta situação contribui para modificações na paisagem e organização do espaço intraurbano

de Alfenas.

Na medida em que o centro (principal) se especializa em equipamentos terciários de

longo alcance, isto é, equipamentos raros, ou pouco frequentes, voltados para a região,

as necessidades cotidianas da população local passam a ser atendidas por subcentros

que surgem nos eixos ou praças de maior movimento do espaço residencial

(pericentral). Numa primeira etapa, esses subcentros são essencialmente compostos

de comércios de alimentos. Na medida em que a cidade se desenvolve, esses

subcentros começam a tornar-se mais complexos, seja através do aparecimento de

outros tipos de comércios ou de serviços, seja através de uma especialização voltada

não apenas a população local mas, também para a população de passagem. (AMORIM

FILHO, 1978, p. 94)

A partir de Amorim Filho (1978), como exemplo, pode-se utilizar a Avenida Jovino

Fernandes Salles, próximo aos bairros Jardim Alvorada e Pinheirinho. Na mesma já se

encontra o banco Caixa Econômica Federal, postos de gasolina, postos de saúde,

supermercado, lojas de vestuários, revenda de automóveis e outros serviços e, atualmente,

farmácias. Aproveitando-se dessa expansão comercial, as imobiliárias surgem com novos

loteamentos, sendo os mesmos divididos em classes alta, média e baixa, proporcionando o

crescimento horizontal da cidade, a modificação da paisagem e a segregação social.

1 O termo semi-rural refere-se aos moradores de pequenos municípios cujas economias estejam basicamente

centralizadas no setor primário.

30

5. OS LOTEAMENTOS E A VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM

ALFENAS

A cidade de Alfenas é considerada como média, e nos últimos anos ganhou

importância para o setor imobiliário e da construção civil, devido ao crescimento populacional

e sobretudo, aos investimentos em crédito para casa própria. Nesse sentido, os loteamentos

horizontais criados em Alfenas entre 2010 e 2016, correspondem a 16 novos

empreendimentos imobiliários. Como há uma diversidade de público para cada loteamento,

nesse trabalho, foram agrupados de acordo com o perfil econômico que irão atender. Então,

foram calculados e agrupados em Alto Padrão os loteamentos acima de R$90.000,00; Médio

Padrão os de R$50.000,00 até R$90.000,00 e Baixo Padrão os de R$40.000,00. O gráfico 1,

evidencia a quantidade e o grande salto de criação dos loteamentos.

Gráfico 1: Números de loteamentos horizontais criados em Alfenas – 2010 a 2016.

Elaborado pela autora. Janeiro de 2016.

Fica visível através do gráfico 1 que do ano de 2014 até 2016 houve a expansão

significativa de loteamentos em Alfenas-MG, fato que pode ser ligado as políticas

habitacionais em que favoreceram liberação de empréstimos para construção civil. Atrelado a

esse fenômeno se tem a valorização de determinadas áreas, o déficit habitacional para

algumas parcelas da população, a crescente especulação do mercado imobiliário e as

competições entre os mesmos para o aumento de capital.

31

Figura 4: Localização dos loteamentos horizontais criados entre 2010-2016 em Alfenas – MG.

Elaborado por: Elias Barbosa. 04 de novembro de 2016- Fonte dos dados:

Google Earth, Esri e IBGE.

Contudo, esse crescimento de loteamentos horizontais não seguiram uma lógica do

planejamento urbano, quanto a escolha dos lugares e infraestrutura existente, além de não

levar em consideração o número de lotes desocupados existentes em bairros da cidade (Figura

4), ou seja, será que existe a necessidade da criação de todos loteamentos horizontais nos

últimos 6 anos? E qual o público se destina esses novos empreendimentos imobiliários?

Conforme pode-se observar na figura 4, os loteamentos horizontais criados após

2010 em Alfenas seguem duas direções praticamente, a direção oeste, sentido Unidade II da

UNIFAL e Lago de Furnas, e direção leste nos arredores do bairro Jardim Aeroporto, com

tendência a classe média-alta. E no meio dessa direção, há alguns que aproveitaram espaços

vazios na área central da cidade, como diferencial no processo mercadológico do

empreendimento.

32

5.1 - Loteamentos de Alto Padrão

Entre os loteamentos horizontais criados de 2010 a 2016 em Alfenas, cinco são

considerados de Alto Padrão, ou seja, apresentam um valor médio para cada lote acima de 90

mil reais, além de estar presente nos meios de comunicação com propagandas de venda e

apresentar atrativos como infraestrutura interna, segurança e áreas de lazer.

5.1.1 - Mont Blanc Residence Alfenas

Através do trabalho de campo realizado constata-se cinco novos loteamentos de alto

padrão, para atendimento exclusivo da classe alta. Iniciando pelo Mont Blanc Residence

Alfenas, o mesmo situa-se ao lado do bairro Jardim Aeroporto, considerado como alto padrão,

e próximo a pista do aeroporto de Alfenas-MG. Trata-se de um condomínio fechado e com

características que atende a um público específico (Quadro 2).

Quadro 2. Caracterização da área do loteamento Mont Blanc Residence, Alfenas-MG.

Loteamento: Mont Blanc Residence

Alfenas

Ano de criação: 2014 Número de lotes: 362

Área total: 300.000 m² Áreas de lazer:

6.227, 54 m²

Área média dos lotes: 400 m² Percentual vendido:

0

Valor do m²: R$450,00 Valor médio dos lotes:

R$180.000,00

Total de moradores:

0 Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Com base no quadro acima, pode-se notar que a imobiliária está investindo em lotes

com alta metragem, querendo demonstrar ao consumidor espaço amplo para as mais

modernas construções com todo conforto que quiser. Outro fator é o valor do lote, que é

altíssimo, deixando claro que somente quem possui alto poder econômico poderá adquiri-lo.

Também se observa uma área de lazer extensa, deixando visível que possuirá bastante

atrativos, não necessitando da saída do condomínio para buscar lazer na cidade.

Por mais que se trata de loteamento de alto padrão, dentro do mesmo não possuirá

serviços básicos como, por exemplo, supermercado e bancos. Seus principais atrativos são por

ser um condomínio fechado (Figura 5), o que demonstra segurança; sua entrada luxuosa em

estilo neoclássico (Figura 6), projetada para receber sistema de identificação e comunicação

modernos, demonstrando que somente pessoas do mesmo padrão irão morar ali; a vista

privilegiada da cidade (Figura 7) e a área de lazer ampla. Na mesma constará: centro de

33

convívio com salão de festas; espaço fitness; piscinas (adultos e infantil), com deck molhado;

salão de jogos e espaço gourmet; play ground; quadras de tênis; quadra poliesportiva e futebol

society.

A respeito desses empreendimentos de alto padrão Singer (1978) aponta “Os

promotores imobiliários, que conhecem bem este mecanismo, tiram o máximo proveito dele

ao fazer “lançamentos” em áreas cada vez mais afastadas para os que podem pagar o preço do

isolamento e ao mesmo tempo incorporar prédios de apartamentos em zonas residenciais

“prestigiosas”. (SINGER, 1978, p. 27).

Figura 5: Outdoor do Mont Blanc Residence. Figura 6: Entrada do Mont Blanc Residence.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Figura 7: Entrada do Mont Blanc Residence

(do lado esquerdo, paisagem urbana de Alfenas-MG).

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Este loteamento traz também o elemento anticidade, pois o grupo de classe alta

escolhe morar entre muros se segregando do resto da sociedade, medo da insegurança e pelo

prestígio social da vizinhança. O elemento “prestígio” tende a segregar os mais ricos da classe

34

média, que paga muitas vezes um preço extra pelo privilégio de morar em áreas residenciais

que os “verdadeiros” ricos estão abandonando exatamente devido à penetração dos arrivistas.

(SINGER, 1978, p. 27).

Além do alto valor do lote, inclui-se no gasto mensal do condomínio que deve variar

entre R$250 a R$500 reais mensais.

O outdoor (Figura 5) utiliza-se de família bem vestida e sorrindo e, com a seguinte

informação “Seu novo endereço está aqui!”, passando ao consumidor e comprador que ao

morar no mesmo será mais feliz, terá uma vida tranquila, harmoniosa e de paz, ao contrário do

morar em sociedade que a cidade possa oferecer.

5.1.2 - Vila Porto Seguro

O loteamento Vila Porto Seguro (Figura 10) ao contrário do Mont Blanc Residence,

situa-se em área rural, próximo ao Distrito Industrial de Alfenas e é afastado 7 km do centro

da cidade. Para se locomover há necessidade de carro, pois não há transporte coletivo no local

e no entorno.

Quadro 3: Caracterização da área do loteamento Vila Porto Seguro, Alfenas-MG

Condomínio/ Loteamento: Vila Porto Seguro

Ano de criação: 2012 Número de lotes: 149

Área total: 196.785,91 m² Áreas de lazer:

15.322,30

Área média dos lotes: 845 m² Percentual vendido:

1,34

Valor do m²: R$180,00 Valor médio dos lotes:

R$152.100,00

Total de moradores: 7

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Através do quadro 3, observa-se que o loteamento foi lançado a 5 anos, possui uma

área total extensa e a área média dos lotes, fora pensada em chácaras devido à proximidade

com o Lago de Furnas. Os valores médios dos lotes são para atender a classe com maior poder

aquisitivo e, pelas figuras 9 e 10, nota-se que a maioria de seus lotes ainda continuam vazios.

35

Figura 8: Acesso do Vila Porto Seguro. Figura 9: Loteamento Vila Porto Seguro.

(Contraste com rural) Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Figura 10: Loteamento Vila Porto Seguro (lotes na maioria vazios)

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

A entrada para o loteamento é asfaltada, o que traz o urbano para o rural, afim de

facilitar a chegada no mesmo, e a paisagem é dividida com o cultivo de café (Figura 8) dos

dois lados da entrada.

Sendo a cidade uma imensa concentração de gente exercendo as mais diferentes

atividades, é lógico que o solo urbano seja disputado por inúmeros usos. Esta

disputa se pauta pelas regras do jogo capitalista, que se fundamentam na propriedade

privada do solo, a qual – por isso e só por isso – proporciona renda e, em

consequência, é assemelhada ao capital. (SINGER, 1978, P. 21)

Portanto, sempre o capitalismo encontrará uma maneira para que seu “jogo” continue

a gerar renda e os fluxos econômicos continue em circulação tanto em área urbana quanto em

36

área rural. Seu principal atrativo é a paisagem, principalmente devido ao Lago de Furnas

(Figura 9), onde, em época de cheia ocorre as atividades de pesca. Os empreendedores

utilizam-se desses elementos naturais através de propagandas como, “viver em ambiente

livre”, “lugar verde”, “próximo a natureza”, tranquilidade e segurança, afim de atrair o

comprador que possui bens para adquirir tal imóvel e deseja morar longe da cidade devido a

sensação de insegurança que ela está representando atualmente e, a mídia vem confirmando

constantemente essa violência.

Este loteamento também traz o fator de segregação, visto que o valor alto contribui

para que apenas uma classe possa ter acesso. Fato que podemos ligar também ao controle da

área voltada ao lago, limitando o acesso por outras pessoas. A ausência de transporte coletivo

urbano dificulta o acesso, e nota-se uma tendência de expansão do perímetro urbano na

direção do distrito industrial e arredores do Lago de Furnas.

5.1.3 - Residencial Floresta

Ao contrário do loteamento Vila Porto Seguro, o Residencial Floresta (Figura 13), se

localiza dentro da cidade de Alfenas e faz divisa com o bairro Jardim Aeroporto, considerado

de alto padrão, e com o bairro Santos Reis, considerado como bairro humilde.

Quadro 4. Caracterização da área do loteamento Residencial Floresta, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento:

Residencial Floresta

Ano de criação: 2010 Número de lotes: 313

Área total: 240.247,97 m² Áreas de lazer:

36.477,29

Área média dos lotes: 500 m² Percentual vendido:

59,68

Valor do m²: R$250,00 Valor médio dos lotes:

R$125.000,00

Total de moradores: 250

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Através do quadro 4 nota-se que o loteamento é do ano de 2010, porém, através do

trabalho de campo constatou-se que a maioria das casas iniciaram as construções em 2015.

Com área média de 500 metros percebe-se que os compradores poderão fazer construções de

alto padrão e modernas. Também consta o valor do lote, considerado elevado, pois onde o

loteamento se localiza é tido como área de padrão alto. A informação, através do outdoor

(Figura 11), de possuir área de lazer (sede social com piscina, sauna, quadra de tênis, campo

37

de futebol e playground) também traz o fato do moderno e o anticidade, pois não será

necessário sair do loteamento para se ter/buscar o lazer dentro da cidade.

O loteamento demonstra ser seguro por ser fechado (Figuras 11 e 12) e por possuir

guarita 24 horas. Seu principal atrativo é a proximidade ao Alfenas Tênis Clube, onde quem

frequenta são pessoas de classe média a alta e ao supermercado Alvorada, por estar próximo

ao bairro Jardim Aeroporto, no qual o loteamento faz divisa.

Figura 11: Outdoor do Residencial Floresta. Figura 12: Entrada do Residencial Floresta.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Figura 13: Loteamento Residencial Floresta.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

O loteamento possui casas de padrão moderno (Figuras 12 e 13) e já possui

infraestrutura como água, luz, esgoto e asfalto. O mesmo é para atender a classe média-alta

que deseja morar em ambiente com segurança e longe dos perigos da cidade. Em 2016,

pagou-se uma taxa mensal de condomínio de R$150,00 por lote.

38

Através da Figura 13 observa-se que o Residencial Floresta faz divisa também com o

loteamento Residencial Cidade Jardim, ambos fechados e com o loteamento Cidade Jardim,

aberto. Como dito anteriormente sobre o Cidade Jardim, visivelmente deixa-se claro o fator

segregação.

A segregação como forma da desigualdade evidencia a diferenciação dos acessos ao

urbano e à vida em sociedade. Sob o capitalismo, o pressuposto é a desigualdade

expressa na concentração da riqueza nas mãos de uma classe e materializa-se no

espaço tornado mercadoria, no qual o valor de troca ganha centralidade, definindo o

lugar de cada cidadão na hierarquia socioespacial. (CARLOS, 2015, p. 60)

Portanto, através desses três loteamentos verifica-se que os mesmos definem quais

pessoas terão acessos aos mesmos, quem serão os vizinhos que os compradores/investidores

terão e os lugares que cada cidadão ocupará na sociedade.

5.1.4 - Residencial Euroville

O Residencial Euroville (Figura 15) possui semelhança com o loteamento

Residencial Floresta por ser fechado, porém a diferença se encontra na localização e seu

público alvo.

Quadro 5. Caracterização da área do loteamento Residencial Euroville, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Residencial

Euroville

Ano de criação: 2015 Número de lotes: 154

Área total: 48.736,71 Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 316,4m² Percentual vendido: 0

Valor do m²: R$300,00 m² Valor médio dos lotes:

R$94.920,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Esse loteamento foi lançado em 2015, como demonstrado no quadro 5, possui um

número alto de lotes e cada lote com metragem possível para construções de casas modernas e

amplas. O valor do lote é considerado alto, porém para seu público alvo se torna um valor

acessível.

O principal atrativo do loteamento são os compradores médicos e profissionais da

área da saúde, devido à proximidade com o Hospital Imesa (particular), Hospital Santa Casa

de Misericórdia (público), Colégio Atenas (particular) e centro da cidade. Mas não excluindo

os investidores, pois devido à localização do empreendimento os lotes podem se tornar novas

mercadorias, devido ao ponto estratégico e do público potencial.

39

Figura 14: Outdoor do Residencial Euroville. Figura 15: Loteamento Residencial Euroville.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Este loteamento também possui o padrão anticidade, antiurbano, devido sua estrutura

entre muros e guarita demonstrar que dentro do mesmo haverá segurança, sendo um atrativo

para classe alta devido a mesma viver segregado da sociedade e da vida urbana na cidade.

Carlos (2007, p. 64) complementa:

Nesta condição, espaço e tempo, tornados abstratos, se esvaziam de sentido

produzindo uma nova identidade cidadão-cidade pontuada pela constituição de uma

identidade abstrata como decorrência da perda dos referenciais, do empobrecimento

das relações sociais e como imposição do desenvolvimento do mundo da mercadoria

definida pelos parâmetros (atuais) da reprodução do capital.

Então, podemos dizer que o capital em sua reprodução afasta a sociedade e as

relações em sociedade, criando novas identidades dentro do mesmo espaço, devido sua nova

forma na transformação do espaço em mercadoria e renda.

Através da reprodução do capital também ocorre a segregação espacial, este

empreendimento deixa isso evidente, pois está localizado entre bairros populares, atraindo o

consumidor diferente que possui poder aquisitivo para adquirir o lote. Fato que, “os conteúdos

do trágico são as alienações vividas em todas as esferas de realização da vida, por exemplo, as

políticas que, ao pretenderem superar a crise da reprodução social, combatendo a

desigualdade, repõem-na, reiterando-a”. (CARLOS, 2015, p. 43).

O outdoor (Figura 14) para sua autopromoção, traz na propaganda a seguinte frase

“Escolha viver com segurança, no coração de Alfenas”, demonstrando ao consumidor que

dentro do loteamento fechado o morador possuirá segurança devido o mesmo possuir guarita

e muros, ao contrário da vida em sociedade na cidade e devido a sensação de que a violência

não para de crescer propagado pela mídia. E ao mesmo tempo, localizado numa área central

com fácil locomoção para os mais diversos pontos da cidade e serviços.

40

5.1.5 - Condomínio Lago Azul

O loteamento Condomínio Lago Azul (Figura 16), ao contrário do Residencial

Euroville, se deu a partir do Sítio Santa Mônica, por estar situado às margens da Represa de

Furnas.

Quadro 6. Caracterização da área do loteamento Condomínio Lago Azul, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Condomínio

Lago Azul

Ano de criação: 2016 Número de lotes: 14

Área total: 28.000 Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 1.000 m² Percentual vendido: 0

Valor do m²: R$110,00 m² Valor médio dos lotes:

R$110.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Através do quadro 6, nota-se que o número de lotes é baixo e a metragem do mesmo

é grande, pois trata-se de loteamento para construção de chácaras ou casas para finais de

semana ou festas como, exemplo, formaturas. Também deixa claro que seu público alvo é

quem possui alto capital, se tornando um local para investimento.

O loteamento ainda não possui infraestrutura como asfalto, esgoto, água e luz, pois

acaba de ser “lançado” no final de 2016 (Figuras 16 e 17). Há necessidade de carro, pois não

há circulação de ônibus.

Figura 16: Loteamento Lago Azul. Dezembro de 2016. Figura 17: Entrada do loteamento Lago Azul. Fonte: Pessoal da autora, 10 de janeiro de 2017. Fonte: Pessoal da autora, 10 de janeiro de 2017.

O empreendimento utiliza-se de site como meio de propagandear os lotes, no mesmo

está descrito que sete lotes estão na divisa com a represa de Furnas possuindo acesso

exclusivo a mesma e, o restante não estão, porém possui área de acesso à margem. Também

41

se utiliza a Unidade Educacional II da Universidade Federal de Alfenas como forma de

atrativo, devido à proximidade do loteamento com a mesma e informam que o lote está a 3

km de Alfenas-MG. O intuito dessas informações são atrair a classe alta, a quem, fica claro,

os loteamentos irão atender.

No site, também sobre a Represa de Furnas, é dito: “A represa de Furnas é

nacionalmente conhecida por sua beleza, pela geração de riquezas e pelo lazer que

proporciona. Você não pode perder essa oportunidade! ”. Deixando claro que todas essas

informações são para chamar a atenção de futuros compradores investidores, a

comercialização da paisagem e do modo de vida que o lugar pode oferecer.

A Figura 17 mostra o início das obras de pavimentação, no site também é anunciado

essa obra incluindo a de água e luz, atraindo o futuro investidor com o seguinte dizer “Toda a

documentação legal já está em andamento. Em breve você poderá construir”. Para atender

maior público a loteadora também utiliza a rede social Facebook, postando várias

propagandas visivelmente lindas através de fotos contendo a paisagem do Lago de Furnas e

escritos como, por exemplo, “OPORTUNIDADE IMPERDÍVEL!!!”.

5.2 - Loteamentos de Médio Padrão

Inicialmente foi mostrado nos resultados os loteamentos de alto padrão, mas através

do trabalho de campo e dados coletados, notou-se que a maioria dos novos loteamentos

lançados são de padrão médio, ou seja, para atender a população de classe média, onde

acredita-se que há uma demanda reprimida de habitação e que essa população tenha boas

condições de aquisição de crédito para compra dos lotes.

5.2.1 - Residencial Cidade Jardim e Cidade Jardim

Os loteamentos Residencial Cidade Jardim e Cidade Jardim (Figuras 19 e 20), são

próximos um ao outro, porém o primeiro é fechado, para atender a classe média-alta e, o

segundo é aberto, para atender um público com menor poder aquisitivo, mas não significa que

seja de baixa qualidade.

42

Quadro 7. Caracterização da área do loteamento (aberto) Cidade Jardim, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Cidade Jardim

Ano de criação: 2015 Número de lotes: 184

Área total: 428.449,64 Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 300 m² Percentual vendido: 56,86

Valor do m²: R$210,00 Valor médio dos lotes:

R$63.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Conforme observa-se no quadro 7, os lotes valem pouco mais de 60 mil reais e é

próximo de outros loteamentos fechados, dando a sensação de estar numa área privilegiada e

com potencial para valorização. Ao mesmo tempo, encontra-se próximo a bairros antigos que

possuem uma diferença de padrão habitacional e de renda dos moradores, como o bairro

Chapada e Santa Luzia.

Quadro 8. Caracterização da área do loteamento (fechado) Residencial Cidade Jardim,

Alfenas-MG. Condomínio/ Loteamento: Residencial

Cidade Jardim

Ano de criação: 2015 Número de lotes: 305

Área total: 428.449,64 m² Áreas de lazer: 979,50 m²

Área média dos lotes: 300 m² Percentual vendido: 56,86

Valor do m²: R$250,00

Valor médio dos lotes:

R$75.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Podemos observar através dos quadros 7 e 8 que os loteamentos foram lançados no

ano de 2015, possuem a mesma área média dos lotes, porém o diferencial é que o Residencial

Cidade Jardim possui área de lazer e muros em seu entorno, o que torna o seu valor de

mercado maior, mais atraente ao comprador/investidor e mais competitivo no mercado

imobiliário.

Através da Figura 20, podemos perceber a seletividade e a segregação ao mesmo

tempo no mesmo espaço, pois o Residencial Cidade Jardim (lado direito da imagem) será para

atender a população com médio-alto poder aquisitivo que deseja morar entre muros, o que

demonstra segurança e “afastado” da sociedade; já o Cidade Jardim (lado esquerdo da

43

imagem) está destinado a atender a população com menor poder aquisitivo, cujo sonho é obter

sua moradia própria.

Figura 18: Outdoor Residencial Cidade Jardim. Figura 19: Loteamento Residencial Cidade Jardim.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Figura 20: Loteamento Cidade Jardim, do lado direito da imagem muro do Residencial Cidade Jardim.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

No dia da realização do trabalho de campo também se notou a clareza da segregação

espacial com os bairros próximos como, por exemplo, o bairro Santa Luzia e Chapada.

Também é visível a expansão do urbano sobre o rural, pois próximo ao mesmo encontra-se

cultivo de eucalipto, pastagem e campos (Figura 20), além de ocupar áreas de nascente e

várzea do Córrego Pedra Branca. Bagli (2010, p. 85) comenta sobre essa questão:

[...] Há, portanto, uma apropriação das diferencialidades existentes em ambos os

espaços para dominar e estender os objetivos do modo de produção. A plasticidade

do capital permite a incorporação de espaços e tempos diferenciados. Cria

44

necessidades e busca, ao mesmo tempo, suprimi-las, transformando-as em

mercadorias passíveis de aquisição.

Portanto, o capital sempre encontra uma maneira de “possuir” o rural para sua

própria expansão e exploração. Exercendo assim, seu poder para seu próprio desenvolvimento

econômico.

Na Figura 18 encontra-se o outdoor do loteamento Residencial Cidade Jardim, no

mesmo é informado a facilidade de pagamento para se adquirir o lote, as metragens dos lotes

e os telefones de contato, sendo números telefônicos de operadoras diferenciadas

intencionalmente para atrair e facilitar o contato do cliente com o empreendimento, e o

mesmo obter o total de vendas.

5.2.2 - Residencial Imperial

Residencial Imperial (Figura 22), diferente dos loteamentos Cidade Jardim e

Residencial Cidade Jardim, o loteamento é bem central, encontra-se no meio de vários

bairros. Sua lógica é a proximidade com o centro da cidade e a facilidade de acesso através de

ônibus ou também locomoção a pé.

Quadro 9. Caracterização da área do loteamento Residencial Imperial, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Residencial

Imperial

Ano de criação: 2016 Número de lotes: 27

Área total: 20.825,07 m² Áreas de lazer: Praça

Área média dos lotes: 300 m² Percentual vendido: 60%

Valor do m²: R$139,00 a R$195,00 m²

Valor médio dos lotes:

R$50.100,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Pelo quadro 9, nota-se que o ano de lançamento do loteamento é recente, que o

mesmo possui poucos lotes a venda, possuirá uma praça como área de lazer e também o valor

do metro quadrado que se modifica de acordo com o lugar que o lote desejado está dentro do

empreendimento. Essas informações deixam claro que o elemento utilizado pela loteadora

para a valorização de seu empreendimento é o ponto central da cidade.

A empreendedora utiliza-se da boa localização para propagandas em redes sociais

afim de obter um maior alcance de pessoas e promover seus lotes. A rede social comum é o

Facebook. Segue alguns exemplos de propagandas: “Porque morar no Centro, é um

privilégio...”, “A vida pode ser mais simples e agradável para quem mora no Centro

45

Tradicional de Alfenas...”, “Morar no centro é...estar perto de tudo que precisa”, “Morar no

Centro é...poder levar o filho a pé para a escola”.

Figura 21: Outdoor e localização do Residencial Imperial. Figura 22: Residencial Imperial e o córrego.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Todas essas propagandas utilizam-se de adultos, idosos e crianças felizes,

demonstrando que quem mora no centro é mais feliz e tem melhor qualidade de vida, devido

estar próximo de tudo, ao contrário de quem mora em zona periférica da cidade, que

dependendo da necessidade, precisa ir ao centro.

O loteamento também está próximo ao córrego Chafariz (indicado pela seta na

Figura 22), sendo “cortado” pelo mesmo. Devido essa proximidade com o córrego pode

ocorrer problemas ambientais, como poluição e até o desaparecimento do mesmo. Santos

(2009, p. 106) diz:

A especulação imobiliária deriva, em última análise, da conjugação de dois

movimentos convergentes: a superposição de um sítio social ao sítio natural; e a

disputa entre atividades ou pessoas por dada localização. A especulação se alimenta

dessa dinâmica, que inclui expectativas. [...] É assim que certos pontos se tornam

mais acessíveis, certas artérias mais atrativas e, também, uns e outras, mais

valorizados.

Então, a especulação imobiliária utiliza-se da boa localização para atrair os

compradores e fazer com que haja a disputa por aquele dado território/lugar. Dessa forma

também há o aumento do valor do lugar, onde somente pessoas com maiores recursos tem

acesso ao mesmo.

Um fato que também chama a atenção é o outdoor (Figura 21) do loteamento, o

mesmo também utiliza a proximidade da praça central da cidade para conquistar os

consumidores e compradores, assim como o comprimento e o valor total do lote,

46

demonstrando intencionalmente que os mesmos são de fácil aquisição e que qualquer pessoa

pode adquirir.

Entretanto, a todas essas propagandas positivas sobre o lugar, pode-se afirmar dos

danos ambientais em áreas que deveriam ser protegidas, impermeabilizando áreas de

nascentes, além de aumentar a densidade habitacional numa região com ruas estreitas e sem

alternativas para mobilidade rápida de veículos.

5.2.3 - Alda Caetani

O Loteamento Alda Caetani (Figura 24), juntamente com o loteamento Residencial

Imperial possuem como pontos positivos em comum a boa localização, à proximidade ao

centro da cidade e a facilidade de acesso através de ônibus ou mesmo locomoção a pé. Mas o

diferencial do loteamento Alda Caetani é que o mesmo é uma área contínua do urbano.

Quadro 10. Caracterização da área do loteamento Alda Caetani, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Alda

Caetani

Ano de criação: 2015 Número de lotes: 97

Área total: 97.000 m² Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 300 m² Percentual vendido: 0

Valor do m²: R$200,00 Valor médio dos lotes:

R$60.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Através do quadro 10, nota-se que o loteamento foi lançado em 2015, que o mesmo

possui baixa quantidade de lotes, se comparado aos demais loteamentos da pesquisa; o valor

do metro quadrado é acessível para a classe média e, devido sua localização, não possui área

de lazer.

Seu principal problema é a proximidade com a área verde, podendo haver poluição, e

não tem terraplanagem, o que inclui maior gasto ao comprador quando for construir. Possui

uma bela paisagem do verde próximo ao bairro Jardim Panaroma (Figura 24).

47

Figura 23: Outdoor do loteamento Alda Caetani. Figura 24: Vista do Loteamento Alda Caetani.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

A loteadora faz propaganda (Figura 23) dizendo sobre a facilidade da entrada e

parcelamento para compra do loteamento e, também devido ser fácil negociar, pois é direto

com a construtora. Também utiliza no outdoor a imagem de uma criança com balões e com o

seguinte dizer “Tudo o que você quer está em um único lugar”, devido à proximidade ao

centro da cidade e facilidade de acesso a hospitais, comércio, escolas e, levando ao

pensamento de tranquilidade, liberdade, futuro e segurança. De acordo com Santos (2009, p.

107):

É desse modo que as diversas parcelas da cidade ganham ou perdem valor ao longo

do tempo. O planejamento urbano acrescenta um elemento de organização ao

mecanismo de mercado. O marketing urbano (das construções e dos terrenos) gera

expectativas que influem nos preços.

Desse modo, a construtora através do marketing procura atrair compradores, sendo

os mesmos providos para aquisição dos terrenos, alavancando seu desenvolvimento

econômico, através da elevação dos preços e a disputa pelo lugar, gerando assim a

especulação imobiliária.

5.2.4 - Residencial Mont Serrat

O Loteamento Residencial Mont Serrat (Figuras 25 e 26), não é central e está

localizado próximo ao bairro Jardim Aeroporto, bairro considerado como alto padrão pelas

casas já construídas e o valor dos imóveis, e próximo ao novo loteamento Mont Blanc

Residence, também considerado como alto padrão.

48

Quadro 11. Caracterização da área do loteamento Residencial Mont Serrat, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Residencial

Mont Serrat

Ano de criação: 2016 Número de lotes: 210

Área total: 80.000m² Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 300 m² Percentual vendido: 0

Valor do m²: R$200,00 Valor médio dos lotes:

R$60.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

A caracterização do quadro 11 nos mostra que o loteamento foi lançado

recentemente e possui, em relação aos demais loteamentos, baixo número de lotes à venda.

No dia que foi realizado o trabalho de campo ainda não havia nenhum lote vendido.

Figura 25: Outdoor do loteamento Mont Serrat. Figura 26: Vista do Loteamento Mont Serrat.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Diferente do loteamento Mont Blanc Residence, o Residencial Mont Serrat não será

fechado, ainda não possui infraestrutura como, água, luz, rede de esgoto e asfalto. Há

dificuldade de acesso ao centro da cidade, pois se encontra afastado do mesmo, sendo

necessária utilização de carro, pois ainda não há circulação de ônibus intraurbano.

No outdoor (Figura 25) o empreendimento utiliza-se do dizer “Mais uma vez a

Lasper surpreende a cidade de Alfenas” e a logomarca MS está dentro de um círculo com

desenho em dourado passando imagem de “realeza”, demonstrando que será um

empreendimento para atender a classe média que possui um bom poder aquisitivo e devido

também a localização do loteamento. Portanto, “a contradição entre a produção social do

espaço e sua apropriação privada e mediada pela propriedade, bem como as necessidades e os

49

interesses de classe, fundamentam o processo de produção da cidade capitalista”.

(ALVAREZ, 2015, p. 66).

Este empreendimento deixa nítido a supervalorização de espaços sem mínimas

infraestruturas básicas, mas pelo potencial de sua localização, próxima a bairros nobres, torna

o lugar um atrativo para investidores.

5.2.5 – Jardim Olímpia

Jardim Olímpia (Figuras 27 e 28) é um loteamento de área contínua do espaço

urbano, mas que também vai avançando sobre o rural, pois nas proximidades há cultivo de

café.

Quadro 12. Caracterização da área do loteamento Jardim Olímpia, Alfenas-MG. Condomínio/ Loteamento: Jardim Olímpia

Ano de criação: 2016 Número de lotes: 301

Área total: 114.268,00 m² Áreas de lazer: 7.700

m2

Área média dos lotes: 200 m² Percentual vendido:

60%

Valor do m²: R$300,00 m² Valor médio dos lotes:

R$60.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

Através do quadro 12 é possível notar que o loteamento foi lançado recentemente,

possui uma alta quantidade de lotes à venda, possui área de lazer, porém a área média dos

lotes é baixa, não dando oportunidade para uma construção mais ampla.

Assim, como é contínuo com o bairro Residencial Oliveira, está próximo ao Distrito

Industrial de Alfenas (Figura, 28 – ao fundo, à esquerda da imagem) e o antigo Lixão (Figura

27 - ao fundo, à direita da imagem).

Figura 27: Outdoor do loteamento Jardim Olímpia. Figura 28: Loteamento Jardim Olímpia.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

50

Esse loteamento possui um diferencial, pois provavelmente os lotes serão comprados

para investimento (pessoas que compram e logo vendem), como vimos no dia do campo

alguns lotes já com placas de vende-se. A respeito disso Miele (2015, p. 87) diz:

Os investidores financeiros (pessoas físicas ou jurídicas; residentes no país ou

estrangeiras) apostam no imobiliário como possibilidade de realização de seus

capitais. Esse processo se desenvolve no movimento de generalização da forma

mercadoria que põe o espaço enquanto tal, fazendo com que cada vez mais o espaço

faça parte dos circuitos de valorização. [...] garantir a reprodução das relações de

produção.

Assim, podemos afirmar que nem sempre as pessoas adquirem um lote para realizar

o sonho da moradia própria, mas sim para a produção da riqueza no modo de produção

capitalista com obtenção de lucros futuros. E as áreas melhores do loteamento, ou seja,

próximas do bairro Residencial Oliveira e nas áreas mais planas, foram vendidas mais

rapidamente e estás tendem a se valorizar, e que por vezes quem compra já tem esse intuito de

especular o espaço.

A Figura 27, que se trata do outdoor do loteamento, traz na imagem o dizer “Para

você que quer o melhor em Alfenas” e uma família feliz, bem vestida e com o fundo cheio de

bolas coloridas. Querendo informar ao consumidor que se trata do melhor loteamento da

cidade e trazendo a ideia de tranquilidade, liberdade e paz, no qual somente esse

empreendimento poderá oferecer a quem adquiri-lo.

5.2.6 - Jardim Alto da Boa Vista

O Jardim Alto da Boa Vista (Figuras 30 e 31) é um loteamento parecido com o

Jardim Olímpia, o mesmo faz a expansão da cidade na zona oeste. Entretanto, o que

diferencia e o valoriza é a proximidade com o campus Santa Clara da Universidade Federal de

Alfenas.

Quadro 13. Caracterização da área do loteamento Jardim Alto da Boa Vista, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Jardim Alto da

Boa Vista

Ano de criação: 2014 Número de lotes: 592

Área total: 315,923,37 m² Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 283 m² Percentual vendido: 0

Valor do m²: R$250,00 m² Valor médio dos lotes:

R$70.750,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

51

O quadro 13 mostra o ano de criação do loteamento em 2014, mas o mesmo somente

foi lançado em 2015. Possui uma grande quantidade de lotes a venda, o que para o porte da

cidade de Alfenas não há demanda para a ocupação dos mesmos, ficando claro que se trata de

uma especulação imobiliária clássica. O empreendimento ocupa área de várzea e é próximo

aos bairros Pinheirinho e Recreio Vale do Sol (Figura 30), estendendo-se nas proximidades do

Distrito Industrial de Alfenas e da rodovia AMG 1560 (Figura 31). Dentro e próximo aos

bairros e Distrito Industrial, há circulação de ônibus intraurbano.

Figura 29: Outdoor Jardim Alto da Boa Vista. Figura 30: Loteamento Jardim Alto da Boa Vista.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Figura 31: Ao fundo da figura, continuação do loteamento Jardim Alto da Boa Vista nas proximidades do

Distrito Industrial. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Antes desse loteamento ser construído, o espaço era de pastagem e geralmente

servia-se de depósito de entulhos nas proximidades da avenida Jovino Fernandes Salles,

fundos da Igreja São Francisco de Assis e Escola Municipal Teresa Paulino da Costa, ambos

52

no bairro Pinheirinho. Porém ainda são depositados lixos, conforme figura 31, em pastos na

beira da rodovia que liga ao Distrito Industrial de Alfenas.

A valorização do solo urbano e dos imóveis obedece a processos socioespaciais

complexos, nos quais múltiplos elementos sociais estão imbricados e no qual a

localização participa de modo importante. A mudança de uso do solo é um primeiro

e central processo que está na base do aumento dos preços, uma vez que a

propriedade passa a integrar uma nova articulação com o espaço construído,

possuindo um valor de uso urbano/ metropolitano e no caso da construção de

imóveis residenciais adquire um valor de uso para a moradia. (VOLOCHKO, 2015,

p. 115).

Então, podemos notar que as imobiliárias têm interesse por um dado espaço, afim da

transformação do mesmo em loteamentos para a obtenção de lucros e elevação do preço do

solo no mercado fundiário.

Podemos dizer que este loteamento se trata de uma zona de antecipação espacial

(CORRÊA, 2000), pois o mesmo foi construído devido a Universidade Federal de Alfenas -

Campus II, com o propósito de atendimento a estudantes, ou seja, os lotes serão para

investidores. No seu entorno encontram-se bairros com moradias populares (Figura 30, ao

fundo da imagem Recreio Vale do Sol), não sendo atrativo para as altas classes.

Ao contrário de vários outdoors de outros loteamentos, o outdoor (Figura 29) do

Jardim Alto da Boa Vista, não se utilizou de famílias felizes e bem vestidas em suas

propagandas como atração de consumidores e compradores. Seus outdoors sempre

informaram o total de lotes já vendidos, a porcentagem de obras finalizadas como, exemplo,

pavimentação, e a previsão de entrega das mesmas.

5.2.7 - Residencial Cidade Universitária

O Residencial Cidade Universitária (Figura 33) foi um loteamento construído antes

do Jardim Alto da Boa Vista, próximo a Universidade Federal de Alfenas - Campus II e bairro

Santa Clara.

Quadro 14. Caracterização da área do loteamento Residencial Cidade Universitária, Alfenas-

MG. Condomínio/ Loteamento: Residencial

Cidade Universitária

Ano de criação: 2013 Número de lotes: 196

Área total: 96.000,00 m² Áreas de lazer: 0

Área média dos lotes: 281,50 m² Percentual vendido: 0

Valor do m²: R$240,00 m² Valor médio dos lotes:

R$67.560,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

53

Apesar do quadro 14 mostrar que o ano de criação do loteamento foi em 2013, até o

momento ele não possui moradores, deixando claro que o mesmo será para investimento

futuro através dos estudantes e servidores da UNIFAL-MG.

O loteamento possui relação com a área rural e está localizado na várzea com o

córrego, podendo ocorrer problemas ambientais. Mas observa-se uma tentativa de

arborização, provavelmente para evitar algum impacto ambiental. Não possui acesso de

transporte coletivo e há falta de segurança, pois não é murado e em suas laterais, exceto com a

UNIFAL campus II, há áreas de cultivo de café e pastagens. Para ter acesso a entrada do

loteamento somente através do bairro Santa Clara, pois o mesmo não possui acesso direto à

rodovia. Há infraestrutura como água, luz, esgoto e asfalto.

Figura 32: Panfleto Residencial Cidade Universitária. Figura 33: Loteamento Cidade Universitária.

Fonte: Imobiliária Casa Amarela. Setembro, 2016 Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

A Figura 32 se trata da propaganda do loteamento, mostrando sua localização, a

quantidade de lotes e as glebas dentro do empreendimento e, a proximidade com a

Universidade Federal de Alfenas – Campus II, Santa Clara.

Este loteamento também se trata de uma antecipação espacial (CORRÊA, 2000), pois

através do nome do mesmo entende-se que será para atender os universitários devido ser

próximo a Universidade Federal de Alfenas – Campus II (Figura 33, à esquerda da imagem).

Alguns investidores já adquiriram lotes para possível lucro futuro, porém, assim como outros

loteamentos, ainda não há demanda para tal aquisição.

5. 3 - Loteamento de Baixo Padrão

54

Na pesquisa realizada, observa-se somente um loteamento de baixo padrão. O

mesmo visivelmente está destinado ao atendimento da classe mais popular, pois localiza-se

em área marginalizada e tradicionalmente segregada, bem distante do centro da cidade.

5.3.1 - Residencial Crystal

O loteamento Residencial Crystal (Figuras 35 e 36) tem contraste com o bairro Santa

Clara, bairro considerado humilde e de baixa renda, e com o Cemitério III (Figura 36, ao

fundo).

Quadro 15. Caracterização da área do loteamento Residencial Crystal, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento: Residencial

Crystal

Ano de criação: 2012 Número de lotes: 469

Área total: 202.471,69 m² Áreas de lazer: 22.182,80

Área média dos lotes: 200 m² Percentual vendido: 49,5%

Valor do m²: R$200,00 Valor médio dos lotes:

R$40.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

O quadro 15 mostra que o loteamento foi criado no ano de 2012, porém seu

lançamento foi recente, em 2016, e que o mesmo se arrisca no empreendimento com uma

grande quantidade de lotes à venda. O valor de venda do lote, se comparado aos demais

loteamentos, é baixo, deixando claro que o espaço onde o mesmo se localiza não é

considerado como valorizado. E o tamanho dos lotes é considerado pequeno em relação aos

demais, pois visa atender um público específico, o de baixa renda.

55

Figura 34: Outdoor loteamento Residencial Crystal. Figura 35: Loteamento Residencial Crystal.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Logo no início do mesmo possui duas entradas para acesso a sítio e rancho (Figura

37), sítio Pinheirinho e rancho da Prainha. Ainda não possui infraestrutura como, água, luz,

esgoto e asfalto. Trata-se de uma paisagem em que o urbano passará a ocupar o rural, pois ao

fundo e na lateral (com a Universidade Federal de Alfenas – Campus II) possui cultivo de

café e outros grãos como milho e feijão.

Figura 36: Entrada do Residencial Crystal. Figura 37: Placas indicando entradas de rancho e sítio.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Este loteamento também se trata de uma zona de antecipação espacial devido sua

proximidade a universidade. Essa proximidade é citada no outdoor do loteamento (Figura 34),

o que o torna um atrativo para consumidores, compradores e investidores. Segundo Singer

(1978, p. 23-24), “a “valorização” da gleba é antecipada em função de mudanças na estrutura

urbana que ainda estão por acontecer e por isso o especulador se dispõe a esperar um certo

período, que pode ser bastante longo, até que as condições propícias se tenham realizado”.

56

Devido à localização, pode-se dizer que, demorará anos para este espaço ser

valorizado. Hoje os valores dos lotes são considerados baixo devido não possuir demanda,

após os anos passarem, pode ser que os valores aumentem e a oferta dos mesmos se justifique.

5.4 - Loteamento Rural

5.4.1- Residencial Chácaras Recanto da Harmonia

Através da pesquisa realizada em campo, também foi possível analisar um

loteamento na zona rural, o Residencial Chácaras Recanto da Harmonia (Figura 39). O

mesmo, por mais que está na zona rural, possui aspectos de loteamentos da cidade.

Quadro 16. Caracterização da área do loteamento Chácaras Recanto da Harmonia, Alfenas-

MG. Condomínio/ Loteamento: Loteamento

Chácaras Recanto da Harmonia

Ano de criação: 2014 Número de lotes: 55

Área total: 85.950,00 m² Áreas de lazer: 14.766,91

Área média dos lotes: 1.000.00 m² Percentual vendido: 70%

Valor do m²: R$65,00 m² Valor médio dos lotes:

R$65.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

O loteamento foi lançado em 2014, possui um número baixo de lotes se comparado

aos demais lotes, porém a área média é extensa, devido ser para construção de chácaras. O

valor do lote é acessível para a classe média e também se utiliza a informação de área de lazer

como atrativo para compradores/ investidores.

Figura 38: Outdoor do Residencial Chácaras Figura 39: Área interna do loteamento

Recanto da Harmonia. Recanto da Harmonia.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

57

Os atrativos do loteamento são a paisagem e a Represa de Furnas, porém a mesma

está seca como visto no dia do campo. Na figura 39, ao fundo, área verde onde corria trechos

do lago de Furnas. O acesso ao loteamento se dá pela estrada de terra, saída/final do bairro

Vista Grande. Não possui segurança, pois não é murado e já possui saneamento básico

(asfalto, água, luz e esgoto), drenagem e, o loteamento está cercado (Figura 38) para evitar

alguma invasão, devido ser área rural. Há necessidade de carro devido ser afastado da cidade

12 km e não possuir tráfego de ônibus.

O outdoor (Figura 38) do loteamento também traz uma família feliz e uma criança

sentada sobre os ombros e pescoço de seu pai com os braços abertos, querendo demonstrar

liberdade, paz e tranquilidade, o que pode se esperar pela localidade do empreendimento junto

a paisagem verde.

Através do trabalho de campo, foi possível notar que o loteamento está parado pra

vendas e construções, não possui nenhuma construção no local. Deixando claro que o mesmo

se trata de uma especulação imobiliária.

5.5 - Loteamento Comercial

5.5.1 - Logfenas

Assim como o loteamento Residencial Chácaras Recanto da Harmonia, no trabalho

de campo realizado constatou-se um loteamento comercial, o Logfenas (Figura 42), que

também se localiza em área rural.

Quadro 17. Caracterização da área do loteamento Logfenas, Alfenas-MG.

Condomínio/ Loteamento:

Logfenas

Ano de criação: 2016 Número de lotes: 258

Área total: 486.000 m² Áreas de lazer: Área de

descanso e refeitório

Área média dos lotes: 1.000 m² Percentual vendido: 80%

Valor do m²: R$ Valor médio dos lotes:

R$200.000,00

Total de moradores: 0

Fonte: Autora, trabalho de campo 2016.

O quadro 17 mostra características do loteamento, através das metragens dos lotes,

quantidade de lotes à venda e a área de lazer que possuirá, que será para atendimento

específico de empresas que trabalham com carga e descarga de mercadorias. O valor do lote

58

chama atenção, pois mostra-se que a empresa tem que possuir grande poder econômico para

ter acesso ao mesmo.

O acesso ao Logfenas se dá através de estrada de terra (Figura 40, à direita da

imagem). O mesmo não possui infraestrutura e saneamento básico como, energia elétrica,

água, asfalto e rede de esgoto (Figura 42). Porém, seu atrativo é a rodovia 491 (Figura 40, à

esquerda da imagem), pois terá fácil acesso para carga e descarga, no qual o mesmo pretende

atender.

Figura 40: Entrada do Logfenas. Figura 41: Outdoor do Logfenas.

Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

Figura 42: Vista do Loteamento Logfenas. Fonte: Pessoal da autora, 20 de outubro de 2016.

O outdoor (Figura 41) do loteamento Logfenas deixa visível que se trata do primeiro

condomínio empresarial do Sul de Minas, traz a imagem de como será futuramente o

empreendimento pronto, da facilidade de logística devido estar as margens da rodovia e a

59

facilidade de adquirir o mesmo, sendo meios de atração de consumidor e

comprador/investidor.

Fica visível que esse loteamento também se trata de uma especulação imobiliária,

pois em Alfenas ainda não há demanda para tal empreendimento. Outro fator que comprova

tal especulação é a cidade de Varginha, pois a mesma é considerada polo de carga e descarga

de mercadorias diversas, através da empresa Princesa do Sul, vindas de outras regiões do

Brasil a serem distribuídas as cidades de sua região no sul de Minas Gerais.

5.6 – Produção do espaço em Alfenas: demanda e especulação

A partir dos dados obtidos e mostrados neste capítulo, somando a quantidade de

lotes, Alfenas termina o ano de 2016 com 16 novos loteamentos em 6 anos, totalizando 3.373

lotes novos, ou seja, calculando uma casa com média de 4 pessoas, serão necessárias quase 15

mil pessoas para ocupar as novas residências/empreendimentos. Para o porte da cidade, fica

visível a especulação imobiliária gerada nesse processo. Considerando a população estimada

pelo IBGE em 2016 de 79 mil habitantes, seria necessário um incremento de quase 20% da

população total para ocupar esses lotes.

Faltou por parte do poder público, estudos que apontassem a real necessidade dos

empreendimentos imobiliários em Alfenas, conforme essa pesquisa mostrou, houve uma

supervalorização do espaço urbano e os problemas de habitação-moradia, não serão sanados

devido ao alto custo dos lotes e da falta de planejamento na organização dos novos bairros.

Outro fato observado através do trabalho de campo, foi a segregação explícita em

alguns outdoors de loteamentos de médio e alto padrão como, por exemplo, Jardim Olímpia,

Mont Blanc Residence e Residencial Chácaras Recanto da Harmonia. Nos outdoors dos

mesmos possuem a representação de famílias compostos por pais brancos com crianças

brancas, ao contrário do loteamento Residencial Crystal, no qual o outdoor possui família

composto por pais negros com crianças negras. Este loteamento se encontra em zona

periférica da cidade ao lado do bairro Santa Clara, onde a maioria dos moradores são negros.

De acordo com Corrêa (2013, p. 44):

O mercado é visto como atuante, de modo implícito, no processo de segregação

imposta e induzida. Mas esta é uma visão que considera o mercado como uma

entidade supraorgânica, pairando acima da sociedade, e não como o resultado

aparente de relações de poder. O mercado estabelece, como se argumenta, de

modo equivocado, preços diferenciados da terra urbana e da habitação, levando à

escolha segundo a capacidade que se tem de pagar pela moradia.

60

Portanto, não somente através do valor do lote há a segregação, como também

através das propagandas vinculadas da sociedade para a sociedade, podendo assim levar a

pessoa à escolha pela moradia no lugar determinado pela sua renda.

Outro fator que também podemos identificar nas propagandas é a desigualdade

também explícita, pois os outdoors contendo famílias brancas e localização “boa” dizem que

somente os brancos possuem riqueza, contradizendo o outdoor contendo a família negra com

localização “ruim”.

Uma desigualdade que se assenta na posse centralizada da riqueza social gerada por

toda a sociedade nas mãos de uma classe social, que é também detentora do poder, o

que permite estabelecer as condições de sua reprodução numa aliança entre os

planos político e econômico contra o social. Essa realidade encontra seu

fundamento, portanto, no desenvolvimento do capitalismo, no mundo moderno

como formas de alienação [...]. (CARLOS, 2015, p. 43).

Portanto, faz-se necessário o cuidado ao se fazer e na escolha das propagandas que

serão mostradas nos loteamentos e veiculadas ao público, para não ocorrer a exclusão de

forma a se dizer onde se encontra o poder e a riqueza na realidade e no mundo moderno em

que vivemos.

61

6. CONCLUSÃO

Mediante a análise dos textos e dos resultados encontrados nas pesquisas de campo,

foi possível notar que na cidade de Alfenas-MG, está ocorrendo uma crescente especulação

imobiliária, ou seja, em que a maioria está vinculado a uma antecipação e uma possível futura

valorização de um determinado espaço. Por ser uma cidade média, com um grande fluxo de

pessoas de cidades vizinhas, que vêm até a mesma à procura de bens de consumo, estudos,

devido as duas universidades, emprego e tratamento diversos de saúde, e por possuir dois

hospitais de referência, agora passa a ser um atrativo dos empreendedores, movimentando-a

ainda mais, sobretudo com os fluxos de capitais e empregos por partes das loteadoras.

Nota-se que, por parte da Prefeitura Municipal de Alfenas, não ocorreu um

planejamento correto para o lançamento dos novos loteamentos, tendo em vista o elevado

número de empreendimentos e pelo porte da cidade, como dito anteriormente, não existe

demanda para tudo isso, ao menos em curto-médio prazo. O lado capitalista das construtoras e

imobiliárias estão acima de qualquer planejamento urbano. A cidade está se transformando

em um negócio em que a reprodução do espaço urbano está voltada aos interesses particulares

dos grandes empresários.

Os loteamentos localizados nas áreas centrais e nobres da cidade possuem uma

valorização maior, mesmo antes dessa antecipação, ocorrendo uma segregação socioespacial

do espaço urbano, uma supervalorização e especulação, pois as imobiliárias tiram o máximo

proveito da localização para denegrir as outras localidades da cidade chamando a atenção dos

consumidores e compradores/ investidores somente para si e centro da cidade.

Fazendo uma comparação, os loteamentos fechados e abertos que estão próximos

entre si e a bairros populares, estão mostrando nitidamente a diferenciação de classes e a

seletividade próximas, pois antes estavam distanciados devido à localização dos bairros na

cidade. Outro exemplo é o loteamento popular localizado em área periférica da cidade, que

antes se tratava de uma área rural, visto que através de seu valor de compra ajuda a confirmar

que o lugar é desvalorizado, mas demonstra também que de médio a longo-prazo possa vir a

ser um local de lucro devido proximidade com a universidade, potencializando o urbano como

um negócio. Fica aqui uma pergunta, como fica a população necessitada de auxílio de

moradia? Dado que os valores dos lotes não estão acessíveis a todos, uma vez que as

condições que o país se encontra no atual governo, não favorece aos pobres para acesso a esse

bem imobiliário.

62

No Brasil, como noticia-se em vários canais de informação, há um grande déficit de

moradias e de direitos sociais. Esse déficit está ligado ao mal planejamento das

prefeituras/governos estaduais e federais perante a população necessitada de seu auxílio,

devido as baixas rendas familiares e ao grande desequilíbrio de classes. O que vemos no

Brasil, pode ser ligado a cidade de Alfenas-MG, em que ocorre uma contradição entre a

produção social do espaço e sua posse privada para a reprodução capitalista, provocando

desde já uma desestrutura social e a reprodução da segregação dentro de seu próprio

município. Juntamente com essa nova configuração do espaço urbano vão surgindo novos

subcentros que são para atender as necessidades da nova demanda do lugar, ou seja, o capital

sempre procurando uma forma de se acoplar ao novo lugar para sua própria reprodução.

Esses novos loteamentos já configuram uma nova paisagem na cidade de Alfenas-

MG, seja no meio urbano ou em alguns contrastes com o rural. Caberá então aos órgãos

públicos uma nova análise futura desse processo, para a compreensão da dinâmica da

formação da cidade entorno desses novos loteamentos, e também a necessidade de frear os

novos empreendimentos imobiliários que vierem a aparecer, visto que fica visível diante os

dados encontrados que a cidade não possui infraestrutura social e de gestão para as futuras

famílias que ocuparão esses lotes.

63

7. REFERÊNCIAS

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