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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA MORGANA ZANCHETIN SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE - EMPRESA J.L. AGROPECUÁRIA, FAZENDA BAMA CUIABÁ 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE … · 227,28 mil toneladas de carne bovina in natura, contribuindo com 19,18% do total nacional exportado. Estes dados demonstram que

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

MORGANA ZANCHETIN

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE - EMPRESA J.L. AGROPECUÁRIA, FAZENDA BAMA

CUIABÁ

2015

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MORGANA ZANCHETIN

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE - EMPRESA J.L. AGROPECUÁRIA, FAZENDA BAMA

Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia.

Orientadora: Prof. Dra. Rosemary Laís Galati

Orientador do Estágio Supervisionado: Zootec. Walber Mendonça Onorato

CUIABÁ

2015

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Dedico meu trabalho de conclusão de curso à todos aqueles que fizeram do meu sonho uma realidade, em especial aos meus pais Joe e Elir Zanchetin.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus o qual permitiu quе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida е nãо somente nestes anos como universitária, mаs еm todos оs momentos sendo o maior mestre quе alguém pode conhecer.

À Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia pelo ambiente criativo е amigável o qual proporciona especialmente à coordenação do curso de Zootecnia.

À empresa J.L. Agropecuária – Fazenda Bama e todos seus funcionários pela amizade, dedicação e excelente transmissão de conhecimento durante o decorrer do estágio final.

À minha orientadora Rosemary Laís Galati, pelo empenho dedicado à este trabalho, assim como em todos os anos de projetos de iniciação científica. Muito obrigada por tudo, pela paciência, pela amizade e pelos ensinamentos que levarei para sempre.

Agradeço à todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs nа manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr ensinar, mаs por me fazerem compreender.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. Amo muito vocês.

Obrigada meus irmãos е sobrinhos, que nоs momentos dе minha ausência dedicados ао estudo superior, sеmprе fizeram entender quе о futuro é feito а partir dа constante dedicação nо presente.

Agradeço à Camila Toyota e Sharmilla Godinho pela mais sincera amizade durante todo o decorrer de nossa graduação, onde vocês foram e sempre serão pessoas de importância única em minha vida.

Meus agradecimentos аоs amigos, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade quе fizeram parte dа minha formação profissional e pessoal.

Enfim, à todos quе direta оu indiretamente fizeram parte de minha formação, о meu muito obrigada!

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era

antes”.

(Marthin Luther King)

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Figura 2. Figura 3. Figura 4. Figura 5. Figura 6. Figura 7. Figura 8. Figura 9. Figura 10. Figura 11. Figura 12. Figura 13. Figura 14. Figura 15. Figura 16. Figura 17. Figura 18. Figura 19. Figura 20. Figura 21.

Marcação de inseminação realizada através de corte de vassoura da cauda (meia cola) ........................................................................ Botijão de sêmen, descongelador de sêmen e aplicadores e bainhas ............................................................................................. Aparelho de ultrassonografia ........................................................... Implante intravaginal de progesterona ............................................. Implante auricular de progesterona .................................................. Inseminação artificial ........................................................................ Esquema de protocolo de sincronização de cio de oito dias ............ Esquema de protocolo de sincronização de cio de nove dias .......... Produtos (F1) dos cruzamentos Nelore x Senepol ou Nelore x Angus ................................................................................................ Touros de repasse de raça Senepol e Touro de raça Canchim ....... Produtos (F2) dos cruzamentos das fêmeas F1 (Nelore X Senepol ou Angus) com raças Canchim, Charolês, Simbrasil ou Senepol .... Galpão de armazenagem dos ingredientes ...................................... Silo de superfície de silagem de milho ............................................. Vagão forrageiro acoplado ao chassi de caminhão .......................... Aspiração dos oócitos ....................................................................... Filtro de colheita de oócitos .............................................................. Análise e seleção dos oócitos .......................................................... Transportador de oócitos .................................................................. Palhetas com embriões classificados quanto ao grau de desenvolvimento (Bx, Bl, Bi) ............................................................. Transferência do embrião à receptora .............................................. Inovulador montado com palheta contendo embrião, bainha estéril e camisa sanitária .............................................................................

32 33 33 34 34 35 36 36 37 37 38 41 42 43 54 55 55 56 57 57 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tabela 2.

Composição das dietas inicial, intermediária e de acabamento e quantidades em quilogramas fornecidas por cabeça/dia no confinamento ........................................................................................ Percentagem de inclusão dos alimentos das dietas para desmama PO, novilhas/bois à pasto, protéico, tropa e vitrine touros ...............................................................................................................

43 44

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LISTA DE ABREVIATURAS

% @ °C Cab/ha CH4 CO2 ECC EM Eq./kg F1 F2 FIV FSH g/dia GEE GMD GnRH IATF kg kg PC/cab/dia kg/cab/dia MAP mg/kg mL N2O NDT PB/kg PBS PC PC/dia PO POI R$

Percentagem Arroba Graus celsius Cabeças por hectare Metano Dióxido de carbono Escore de condição corporal Estação de Monta Equivalente por quilograma Primeira geração filial Segunda geração filial Fertilização in vitro Hormônio folículo-estimulante Gramas por dia Gases efeito estufa Ganho médio diário Hormônio liberador de gonadotrofina Inseminação artificial em tempo fixo Quilogramas Quilogramas de peso corporal por cabeça por dia Quilogramas por cabeça por dia Fosfato monoamônico Miligramas por quilogramas Mililitros Óxido Nitroso Nutrientes digestíveis totais Proteína bruta por quilograma Phosphate Buffered Saline – Tampão fosfato salino Puro por cruzamento Peso Corporal por dia Puro de origem Puro de origem importada Reais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 3 REVISÃO ........................................................................................................... 3.1 Pecuária no Brasil ........................................................................................... 3.2 Solo e pastagem ............................................................................................. 3.3 Estratégias de intensificação na pecuária ....................................................... 3.3.1 Suplementação em pasto ............................................................................. 3.3.2 Confinamento ............................................................................................... 3.3.3 A reprodução como ferramenta na intensificação da produção de bovinos . 4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ............................................................................... a. Retiro Bama ....................................................................................................... b. Retiro Esquisito ................................................................................................. c. Retiro São Paulo ................................................................................................ d. Manejo das pastagens ...................................................................................... 5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO ............................................ 5.1 Biotecnologias de reprodução ......................................................................... 5.1.1 Inseminação artificial em tempo fixo ............................................................ 5.1.2 Produção de embriões in vitro ...................................................................... 5.2 Avaliação dos rebanhos .................................................................................. 5.3 Manejo sanitário .............................................................................................. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ REFERÊNCIAS .....................................................................................................

11 13 14 14 15 18 19 24 25 29 31 45 48 49 50 50 50 53 59 61 63 64

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RESUMO

O Brasil, com mais de 200 milhões de cabeças, e abate anual acima de 34,4 milhões de cabeças é o segundo maior rebanho do mundo. O estado de Mato Grosso, com pouco mais de 28 milhões de cabeças e cerca de 5,86 milhões de bovinos abatidos, no ano de 2013, ocupou a primeira colocação nacional como o maior estado produtor. Também se demonstrou responsável pela exportação de 227,28 mil toneladas de carne bovina in natura, contribuindo com 19,18% do total nacional exportado. Estes dados demonstram que o rebanho bovino brasileiro e matogrossense estão em plena evolução, com melhoria contínua dos seus índices zootécnicos, se tornando cada dia mais produtivo e eficiente. Isto se deve à adoção de estratégias para intensificação da pecuária, entre as quais estão as suplementações nas diferentes estações do ano, terminação dos bovinos em confinamento e implantação de biotecnologias reprodutivas, tendo como exemplo os manejos implantados na empresa J.L. Agropecuária Ltda. – Fazenda Bama. O estágio foi realizado com o objetivo de adquirir e aprimorar conhecimentos e habilidades técnicas e interpessoais essenciais ao exercício da Zootecnia. A experiência possibilitou o contato com problemas reais vivenciados no dia a dia de um Zootecnista, permitindo a análise crítica e ampla das diferentes demandas profissionais.

Palavras-chave: confinamento, pastagem, reprodução, suplementação

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1 INTRODUÇAO

O Brasil, com cerca de 212 milhões de bovinos, possuiu o segundo maior

rebanho do mundo com abate anual acima de 34,4 milhões de cabeça, o que

corresponde a aproximadamente 8,16 milhões de toneladas de equivalente carcaça.

Considerando o ano de 2013, o número de cabeças abatidas foi 10,6% maior que o

alcançado no ano anterior (31,1 milhões de cabeças), o que correspondeu ao

aumento de 11,1% no total de toneladas de carcaças produzidas quando comparado

ao ano anterior (7,35 milhões de toneladas). Distribuído por todo o território nacional,

o efetivo dessa espécie animal registrou maior participação nas Regiões Centro-

Oeste (33,6%), Norte (21,1%) e Sudeste (18,6%) (IBGE, 2013).

O estado de Mato Grosso, com pouco mais de 28 milhões de cabeças e cerca

de 5,86 milhões de bovinos abatidos em 2013, ocupa a primeira colocação nacional

como maior produtor e responsável pela exportação com mais de 227 mil toneladas

de carne bovina in natura, contribuindo com 19,18% do total nacional exportado no

ano de 2013 (IBGE, 2013).

Estes dados demonstram que o rebanho bovino brasileiro e matogrossense

estão em plena evolução, com melhoria contínua dos seus índices zootécnicos, se

tornando cada dia mais produtivo e eficiente. A maior e melhor produção por área

têm possibilitado que a pecuária brasileira se desenvolva objetivando à

sustentabilidade da atividade.

A produção de bovinos de corte nacional geralmente é realizada sob sistema

extensivo, tanto nas fases de cria e recria como na engorda, utilizando-se muitas

vezes somente a suplementação mineral na estação seca. Contudo, alguns

produtores vêm incorporando ao sistema de produção a terminação em

confinamento. Desta forma, consegue-se integrar sistemas dentro da mesma

atividade, com a vantagem de se conseguir a antecipação do abate devido ao tipo

da dieta, a obtenção de carcaças de qualidade, e sem que esta prática prejudique o

ambiente. Esta associação entre sistemas de criação caracteriza a pecuária como

uma atividade sustentável, com projeção de redução dos atuais 41 kg de dióxido de

carbono (CO2) equivalente por quilo de carne produzida para 33 kg de CO2 eq./kg

carne. Estes dados são provenientes de uma pesquisa realizada na Escola Superior

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de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, e representam

redução em 17% (USP, 2010).

Com a finalidade de se aumentar a eficiência e a produtividade da

bovinocultura de corte brasileira, algumas estratégias vêm sendo adotadas por

criadores de todo o país. A empresa J.L. Agropecuária – Fazenda Bama é um

destes exemplos adotando diferentes sistemas de criação dependendo da categoria

animal. Nas fases de cria e recria de machos e fêmeas o manejo é exclusivamente

em pasto com suplementação mineral no período das águas, e suplementação

protéica no período de seca. Na fase de engorda, os machos são destinados ao

confinamento para terminação, que ocorre quando estes atingem aproximadamente

20 meses de idade. Além das estratégias de manejo, a adoção da estação de monta

e a implantação da técnica de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) tem como

objetivo o crescimento do rebanho PO e ganho genético nos cruzamentos

industriais. No intuito de vivenciar na pratica estas estratégias que tem como objetivo

aumentar a produtividade, estabelecer genética e eficiência reprodutiva ao rebanho,

no período de setembro a novembro, tempo este estabelecido para a realização do

estágio supervisionado obrigatório, acompanhou-se as atividades desenvolvidas

pela propriedade citada anteriormente.

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2 OBJETIVOS

O estágio foi realizado com o objetivo geral de adquirir e aprimorar

conhecimentos e habilidades técnicas e interpessoais essenciais ao exercício da

Zootecnia. A experiência possibilitou o contato com problemas reais vivenciados no

dia a dia de um Zootecnista, permitindo a análise crítica e ampla das diferentes

demandas profissionais.

Como objetivos específicos procurou-se integrar ao dia a dia os

conhecimentos teóricos/práticos e aqueles desenvolvidos nas atividades de

pesquisa durante o período da graduação; aprimorar hábitos e atitudes profissionais;

inserir-se no contexto do mercado de trabalho para conhecimento da realidade;

confrontar os conhecimentos teóricos e a realidade prática; oportunizar a solução de

problemas técnicos reais sob a orientação do supervisor; e estimular o

desenvolvimento do espírito crítico a partir do aperfeiçoamento profissional.

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3 REVISÃO

3.1 Pecuária no Brasil

A bovinocultura é de extrema importância no cenário pecuário brasileiro,

representando 33,78% do total de carne produzida, considerando-se a produção de

carne bovina, suína e de aves (IBGE, 2013). Estimado em cerca de 211 milhões de

cabeças em 2013, os maiores rebanhos estão localizados nos estados do Mato

Grosso (28.395.205 cabeças), Minas Gerais (24.201.256 cabeças) e

Goiás (21.580.398 cabeças), correspondendo a 13,4; 11,4; 10,19% do efetivo

nacional, respectivamente.

Desenvolvida em todos os estados e ecossistemas do país, a pecuária de

corte caracteriza-se pela predominância do uso de pastagens, o que torna o Brasil

um dos produtores mundiais de menor custo de produção de carne

(MINERVA FOODS, 2014). Neste cenário, existem basicamente dois sistemas de

produção: o extensivo e intensivo. A pecuária extensiva caracteriza-se pelo uso de

pastagem nativa ou cultivada de baixa produtividade e pouco uso de insumos,

enquanto a pecuária intensiva explora melhor as opções tecnológicas fazendo o uso

de pastagens de alta produtividade, suplementação alimentar e/ou associação com

o confinamento.

Como consequencia da adoção de baixa tecnologia na produção de bovinos

em pasto, os animais caracterizam-se por serem abatidos com idade próxima ou

superior a três anos, e com carcaças leves podendo não se obter a devida qualidade

da carne desejada pelos consumidores. Contudo é possível diminuir o tempo de

abate e melhorar a qualidade da carcaça produzida mesmo que os animais sejam

criados em pasto. Para isso, além do uso de gramíneas mais produtivas e manejo

adequado, umas das estratégias seria a implementação de tecnologias na produção,

como é o caso das suplementações, e a terminação dos animais em confinamento,

momento em que dietas de alto valor nutricional serão oferecidas a fim de se obter

carcaças com qualidade. A possível desvantagem da terminação dos bovinos em

confinamento seria o impacto da dieta sobre o custo de produção, porém, segundo

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Carvalho et al. (2008), este sistema está muito mais próximo de um ótimo econômico

(custo/benefício) na produção de carne bovina que os sistemas utilizados por

produtores de qualquer outro país. Uma importante característica presente no Brasil

e que reflete positivamente sobre os custos de produção, é a grandiosidade da

agricultura nacional, pois ela é responsável pela produção de grãos que além de

comporem a dieta dos bovinos, possibilitam a obtenção de diversos coprodutos de

valor nutricional pelas agroindústrias.

Pelo ritmo de crescimento do rebanho bovino brasileiro em função da

expansão da agricultura brasileira, e ao potencial de crescimento do rebanho, a

bovinocultura deverá se concentrar predominantemente nas regiões norte e centro-

oeste. Dessa forma, para os próximos 10 anos, são previstos aumentos

significativos com taxas de crescimento de 1,9% ao ano para a produção de carne

bovina e de 3,4% ao ano para as exportações (MAPA/AGE, 2014).

3.2 Solo e pastagem

A produção de ruminantes impacta profundamente o solo, pois devido ao

consumo da forragem pelos animais, há remoção de nutrientes de áreas

relativamente extensas. Apesar da contribuição atribuída a fezes e urina, a

devolução de nutrientes além de estar concentrada em pequenas áreas pastejadas,

está aquém das necessidades do solo e das plantas. Estas perdas, quando não são

compensadas pela aplicação periódica de fertilizantes, promovem queda da

produtividade do sistema, aumentando a probabilidade de ocorrer processos de

degradação. Assim, a capacidade das pastagens em sequestrar carbono do

ambiente é prejudicada, pois os estágios de degradação as tornam improdutivas ou

com baixa produtividade, refletindo negativamente sobre sua capacidade de

mitigação dos gases de efeito estufa.

Segundo Dias-Filho (2011), a degradação é um dos principais fatores

responsáveis pela diminuição do potencial produtivo dos solos, da forragem e da

produção animal, o que compromete a sustentabilidade de todo o sistema de

produção. Entre os fatores que contribuem para a degradação das pastagens está a

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má formação dos pastos, a falta de práticas conservacionistas ou práticas agrícolas

incorretas, o uso de espécies forrageiras inadequadas, a inaptidão do solo para a

cultura forrageira, a baixa fertilidade dos solos, a falta de reposição de nutrientes e,

principalmente o superpastejo contínuo. Assim, o manejo inadequado gera a

desintegração das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo.

Pesquisadores têm constatado que a estruturação física do solo é um dos

indicadores mais importantes relacionados à degradação das pastagens. Quando há

compactação ocasionada pelo pisoteio excessivo do rebanho observam-se reflexos

nos aumentos de densidade, micro porosidade e resistência do solo à penetração, e

ocorre aumento da susceptibilidade à erosão pela menor capacidade de infiltração

da água (LEONEL et. al., 2003; LANZANOVA et.al., 2007; MIGUEL et. al., 2009).

Segundo Correa e Reichardt (1995), o grau de compactação do solo

provocado pelo pisoteio do rebanho é influenciado pela textura do solo e também

pelo sistema de pastejo (LEÃO et al., 2004). Porém, também pode ser influenciado

pela altura de manejo do pasto (CASSOL, 2003), quantidade de resíduo vegetal

sobre o solo (BRAIDA et al., 2004) e umidade do solo. Este efeito sobre as

propriedades físicas do solo é limitado às suas camadas mais superficiais o que

afeta principalmente o sistema radicular e torna as plantas susceptíveis ao déficit

hídrico. Isso prejudicará a capacidade de absorver nutrientes em camadas sub

superficiais (LANZANOVA et al., 2007; MULLER, 2001) porém, este efeito pode ser

temporário e reversível (LANZANOVA et al., 2007; CASSOL, 2003).

Estimativas citadas por Dias‐Filho (2011) indicam que cerca de 70 milhões de

hectares de pastos nativos ou cultivados no Brasil estariam degradados ou em

processo de degradação, isto é, seriam improdutivos ou de muito baixa

produtividade. Considerando que os índices zootécnicos dessas áreas de pasto

estariam abaixo do seu real potencial produtivo, seria possível afirmar que com a

recuperação dessas áreas, a atual produção de carne e leite poderia ser aumentada

sem a necessidade de novos desmatamentos. Ademais, esse incremento de

produtividade, permitiria que parte das tais áreas fosse convertida para fins

agrícolas, florestais ou de preservação.

Em razão da perspectiva de crescimento do setor pecuário, é imprescindível

que os sistemas de produção de bovinos sejam eficientes e produtivos, praticando-

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se gestão predominantemente empresarial, com o objetivo de intensificar a produção

em pasto, ou produzir mais em menor área (DIAS‐FILHO et al., 2008). Para que

esse objetivo seja alcançado, grande parte do sistema extensivo deve aderir às

novas tecnologias de produção, recuperando áreas que se encontram improdutivas

ou com baixa produtividade. Estas ações reduzirão os desmatamentos, promoverão

o uso consciente da terra, aumentarão a produtividade e contribuirão para a

conquista de mercados novos e mais exigentes.

Outra questão bastante debatida com relação à pecuária extensiva é a sua

responsabilidade pela a emissão de gases de efeito estufa à atmosfera (GEE). A

emissão de metano (CH4), que é responsável por 20% da contribuição ao efeito

estufa (CETESP, 2015), está associada ao processo de fermentação dos alimentos

no rúmen. O óxido nitroso (N2O), um importante GEE, é advindo geralmente dos

processos químicos sofridos pela urina, principalmente nos solos compactados

susceptíveis ao encharcamento. Nesta situação, os solos passarão a ser emissores

potenciais de óxido nitroso. O N2O apresenta superioridade de 300 vezes o potencial

poluitivo do dióxido de carbono (CO2), correspondendo ao terceiro GEE mais

importante, atrás somente do CO2 e do CH4 (BORTOLI et al., 2012). Do total de N2O

emitido para atmosfera, de 65 a 80% é atribuído à aplicação de fertilizantes no solo

(IPCC, 2001). Por último e não menos importante, o CO2 que contribui em 60% com

as emissões dos GEE (CETESP, 2015), é originado das práticas de manejo que

diminuem a matéria orgânica do solo e a biomassa da pastagem, como é o caso do

revolvimento do solo, superpastejo e queimadas.

Em áreas degradadas ou em processo de degradação, a oferta de forragem

(crescimento da gramínea) é reduzida, e consequentemente diminui a taxa de

acúmulo de carbono no solo. Em situações como esta, eventualmente, as taxas de

decomposição da matéria orgânica excedem as de deposição, esgotando

progressivamente os estoques de carbono no solo (CONANT; PAUSTIAN, 2002;

FISCHER et al., 2007). Desta forma, as áreas de pastagens degradadas

normalmente teriam níveis de carbono no solo inferiores aos de áreas produtivas, as

quais são eficientes em acumular carbono, sendo ainda capazes de armazenar este

elemento no solo em quantidade superior àquelas presentes no solo de floresta

nativa (AMÉZQUITA et al., 2008). Faz-se importante o acúmulo de carbono no solo,

pois este elemento é formado pela decomposição da matéria orgânica, o qual

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promoverá a manutenção da produtividade do pasto, mantendo o sequestro de

carbono da atmosfera e a ciclagem de nutrientes no sistema.

Segundo Eckard et al. (2010) e Primavesi et al. (2004), além de terem

diminuídas suas capacidades de sequestrar carbono e de ofertar alimento para o

rebanho, áreas de pastagens degradadas apresentam forragem disponível

normalmente de baixa qualidade nutricional, as quais possuem menor digestibilidade

e valor protéico. Como consequencia, eleva-se o potencial de emissão de metano

por unidade de matéria seca ingerida pelos animais.

Práticas que estimulam o aumento na disponibilidade e digestibilidade da

forragem são estratégias que visam a mitigação desses gases, especificamente o

CH4. A lógica é que sob níveis maiores de ingestão de forragem, a proporção de

energia perdida como CH4 diminui à medida que a digestibilidade da dieta aumenta.

Diante do exposto, deve-se considerar que ao mesmo tempo em que o pasto

é fonte de emissão destes gases e responsável por grande parte das emissões

antrópicas de GEE, os mesmos possuem enorme potencial de contribuição na

mitigação desses gases, uma vez que as forragens são sequestradoras de CO2.

Assim, melhorias nas práticas de manejo como o ajuste da carga animal, fertilização

adequada, introdução de gramíneas e leguminosas forrageiras mais produtivas,

irrigação, utilização de modelos de integração, conservação do solo, entre outros,

são estratégias efetivamente capazes em recuperar áreas degradadas e melhorar o

balanço dos nutrientes no solo, disponibilizando áreas para o desenvolvimento da

pecuária, além de promover mitigações das emissões de GEE

(DIAS-FILHO, 2011; SOUSSANA et al., 2009).

3.3 Estratégias de intensificação na pecuária

Nos últimos anos a pecuária nacional vem passando por progresso

tecnológico, fato este que culminou no aumento na produtividade, rentabilidade e

competitividade das cadeias produtivas no mercado nacional e internacional

(MOUSQUER et al., 2014).

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A produção extensiva de carne bovina no Brasil divide-se em dois períodos:

primavera/verão, quando a alta produção forrageira resulta em elevado desempenho

animal e, o período de outono/inverno, quando a produção limitada de pasto retarda

o crescimento animal ou provoca até mesmo perdas de peso durante este período

(PRADO et al., 2003). Sendo assim, apesar das gramíneas tropicais serem a fonte

de energia mais barata aos ruminantes, estas são afetadas pelo efeito sazonal do

clima inerente a qualquer forrageira. Diante disso, deve-se adotar estratégias de

manejo que visem maximizar seu uso, e com isso converter, da forma mais eficiente

possível, este componente em produto de origem animal (PAULINO et al., 2008).

Segundo Reis et al. (2004; 2009) em sistemas de pastejo, os animais têm

disponibilidade de forragem de bom valor nutritivo somente por um curto espaço de

tempo, pois produção forrageira obedece a uma curva de distribuição sazonal,

sendo o período das águas responsável por 70 a 80% da forragem produzida.

Contudo, com a chegada da estação seca, o pasto perde valor nutricional através da

diminuição da digestibilidade e do nitrogênio (MOUSQUER et al., 2014). Com tais

limitações, o crescimento microbiano é prejudicado, levando assim à redução da

degradação da fibra, e consequentemente o declínio dos ganhos de peso diários dos

animais. Com isso, somando-se os efeitos provocados pelas características

climáticas, e o desenvolvimento fenológico das plantas forrageiras, os animais

criados nesse sistema estão sujeitos a variações na distribuição espacial e temporal

de nutrientes. Por estes motivos, faz-se necessário estabelecer o balanço entre as

necessidades nutricionais dos animais e o suprimento de alimentos, visando

acomodar desvios sazonais (flutuações na produção) e anuais da capacidade de

suporte média (PAULINO et al., 2008).

3.3.1 Suplementação em pasto

Para a estratégia de suplementação em pasto, uma gama de possibilidades

de diferentes características nutricionais podem ser utilizadas, como por exemplo, os

suplementos minerais, minerais protéico-energéticos e minerais protéicos que

poderão atender ao requerimento de categorias específicas de acordo com os níveis

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de ganho pré-estabelecidos. Porém a formulação do suplemento deve contemplar os

objetivos a serem alcançados em relação ao ganho de peso e considerar as

interações diretas com as características quantitativas e qualitativas da forragem

ainda disponível.

No sistema de produção de bovinos de corte estabelecidos extensivamente,

ou seja, tendo como alimento exclusivo o pasto e o baixo uso de tecnologias, faz-se

necessária a suplementação mineral, visto que muitas vezes esta fonte volumosa

encontra-se em déficit de alguns minerais importantes à manutenção das atividades

vitais do organismo.

Embora presentes em pequena proporção do corpo, aproximadamente 4% do

peso (NRC, 2001), os minerais são essenciais para o adequado crescimento dos

animais, assim como para manutenção das atividades de lactação e reprodução

(CABRAL, 2011). Os elementos minerais são essenciais e, como são inorgânicos

não podem ser sintetizados pelos animais, portanto quando negligenciados na dieta,

comprometem o crescimento e o metabolismo do animal.

Muitas vezes, as exigências de minerais são menos enfatizadas quando

comparadas à de outros nutrientes, pois as deficiências causadas pela proteína e

energia são mais rapidamente e visivelmente notadas que aquelas provocadas pelos

minerais (MOUSQUER et al., 2014).

O grupo dos minerais é normalmente dividido em macro e microminerais,

sendo os macrominerais aqueles que são requeridos em maiores quantidades

podendo ser expressos em g/kg de tecido animal, como: cálcio (Ca), fósforo (P),

magnésio (Mg), sódio (Na), potássio (K), enxofre (S) e cloro (Cl). Já os

microminerais, são aqueles minerais essenciais que normalmente encontram-se em

concentrações inferiores a 50 mg/kg de tecido animal, dentre os quais, os mais

estudados são: ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu), molibdênio (Mo), selênio (S), iodo

(I), manganês (Mn) e cobalto (Co) (GIONBELLI et al., 2010).

O fósforo é destacado como um dos elementos minerais mais requeridos

pelos animais e mais comum em deficiência nas condições tropicais, visto que os

solos destas regiões se apresentam em sua maioria com baixa concentração deste

elemento, elevados níveis de alumínio (Al3+) e elevada acidez, culminando na

redução da sua disponibilidade para as plantas (CABRAL, 2011). Atribui-se a este

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elemento uma exigência de 0,12 a 0,20% na matéria seca da dieta (NRC, 1996). O

sódio consiste no segundo elemento inorgânico de mais provável deficiência em

ruminantes, pois a maioria dos solos no Brasil também se caracteriza como pobre

neste elemento. A exigência deste elemento é de 0,06 a 0,10%, na base seca da

dieta (NRC, 1996).

Quanto aos micronutrientes, a deficiência de cobre e cobalto tem sido

relatada na literatura como sendo uma das mais frequentes (TOKARNIA et al.,

2000). As necessidades de cobalto e cobre em bovinos permanecem ao redor de

0,07 a 0,11%, e 4 a 10%, na base seca da dieta, respectivamente (NRC, 1996).

A nutrição mineral de ruminantes é relativamente complexa, pois envolve

aspectos relacionados ao solo, forragem, animais e às interações entre os minerais.

Porém, estratégias como a suplementação mineral e a adubação de formação

e manutenção das pastagens podem ser práticas importantes para melhorar os

níveis destes elementos nos solos, e consequentemente, nas forrageiras (CABRAL,

2011).

Se por um lado a suplementação mineral traz como benefícios o fornecimento

de minerais importantes para o desenvolvimento e metabolismo animal, a

suplementação concentrada é uma pratica que possibilita a exploração do

desempenho animal reduzindo a idade de abate e melhorando outros índices

zootécnicos, como é o caso da idade à primeira cria. Neste caso, em função das

variações na composição da forragem, as quantidades de proteína e energia são

ajustadas a partir do uso de fontes concentradas, além da complementação das

necessidades nutricionais com minerais e vitaminas.

Normalmente, os animais respondem bem à suplementação protéica extra

durante a época das águas, uma vez que neste período a qualidade do pasto é

elevada, considerando-se a digestibilidade e proteína.

A suplementação com fontes de energia e/ou proteína pode ser estabelecida

com o intuito de aumentar o fornecimento de energia e/ou proteína metabolizáveis

(ELIZALDE et al., 1998). Para Moore et al. (1999) o fornecimento de energia

prontamente digestível pode ser benéfico, pois a adição de carboidratos altamente

fermentáveis melhora a utilização (MOUSQUER et al., 2014) e por conseqüência

acarreta aumento na síntese de proteína microbiana.

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Outro tipo de suplementação que pode resultar em ganhos adicionais são as

misturas múltiplas, as quais são compostas por alimentos protéicos e energéticos,

sal branco, minerais e uréia. Este tipo de suplemento permite maiores ganhos de

peso, mas dependendo da quantidade fornecida, pode ocorrer a substituição do

pasto pelo suplemento. Esta substituição pode se tornar indesejável, pois aumenta o

custo do ganho de peso. Segundo Hoover (1986), isto ocorre porque as bactérias

ruminais degradam preferencialmente as fontes mais degradáveis, como é caso do

amido e proteína presentes nos grãos e coprodutos, enquanto que os componentes

menos digeríveis, são negligenciados. Porém, a substituição do pasto pelo

suplemento também pode caracterizar uma estratégia positiva para a estação seca,

pois supre a deficiência da quantidade de forragem disponível ao rebanho.

Nas condições tropicais, o período seco do ano é a fase mais critica do

sistema de produção de bovinos em pastejo. Nesta época o rebanho alimenta-se de

forragem de baixo valor nutritivo. Esta forragem disponível é remanescente do

crescimento durante o período de primavera/verão, sendo caracterizada pela

presença de fibra indigestível e teor de proteína bruta inferior a 6-7%, limitando

desta forma o seu consumo (REIS et al. 1997, 2005). Desta forma, se os animais

não receberem a suplementação indicada para o período e para o objetivo desejado,

haverá menores ganhos de peso que o esperado ou até mesmo desempenho

negativo, uma vez que o atendimento das necessidades de mantença é primordial.

Portanto, quando se procura investir na suplementação destes animais, mesmo que

isto implique em maior investimento, a compensação ocorrerá sob forma de

aumento de peso dos animais, resultando em aumento da produtividade em arrobas

(SILVA et al., 2014).

Segundo Reis et al. (2009), mesmo que no período seco exista

disponibilidade de fibra potencialmente digestível, a proteína torna-se o nutriente

mais limitante para o desempenho animal. Portanto, a suplementação tem o intuito

de suprir tal deficiência de forma que a degradação da fração fibrosa seja

potencializada, o que consequentemente reflete positivamente sobre a taxa de

passagem e consumo. Além disso, caracteriza-se como um manejo estratégico no

sistema extensivo permitindo-se, desta forma, a exploração mais eficiente da

capacidade de suporte do pasto.

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O aporte de nutrientes por meio da suplementação em pasto, para a fase de

recria ou recuperação de escore de condição corporal (ECC) de matrizes e

reprodutores, pode atingir diferentes níveis de desempenho. Tal estratégia pode

atingir desde a simples mantença de peso, ganhos moderados de cerca de 200 a

300 g/dia por animal, ou até ganhos de 500-600 g/dia. Por outro lado, na fase de

terminação os suplementos devem proporcionar ganhos de cerca de 700 g/dia para

novilhas, e acima de 800 g/dia para machos em engorda (REIS et al., 2009).

Segundo Alves et al. (2012), a suplementação proteinada (ad libitum) e

concentrada sob nível de 0,8% (base na MN) do peso vivo, em pasto Brachiaria

brizantha cv. Marandu, permitiram incrementos diários de 600 e 670 g/dia no ganho

de peso, bem como em peso total durante o experimento realizado no período seco

do ano, da ordem de 16,53% e 14,89% do peso vivo inicial, respectivamente. Os

custos com os suplementos foram de R$ 83,88 para o concentrado e de R$ 29,02

para o protéico, além dos custos com pastagem de R$ 24,00, e de R$10,79 e R$

5,30 para a suplementação concentrada e protéica para outros custos envolvidos no

período do experimento.

Segundo Cabral et al. (2008), em experimento durante a época das águas em

pasto Panicum maximum cv. Tanzânia, ao comparar economicamente o tratamento

controle (suplemento mineral) ao suplemento protéico-energético com valores

crescentes de ingestão de 0,2%; 0,4% e 0,6% do PV obtiveram-se GMD de 1,02;

1,11; 1,07 kg/animal/dia, respectivamente. A suplementação foi economicamente

viável para todos os tratamentos, porém a maior margem bruta por animal foi para o

tratamento controle, sendo de R$ 142,58 cabeça/período, seguido de R$ 134,69;

127,71 e 100,10 cabeça/período para 0,2; 0,4 e 0,6% PV, respectivamente.

Diante do exposto, fica evidente que a suplementação é uma ferramenta

importante de incremento dos índices zootécnicos, pois de modo geral, tem por

função suprir os nutrientes para os animais, utilizar as pastagens de modo mais

adequado, evitar a subnutrição, melhorar a eficiência alimentar, auxiliar na desmama

precoce, reduzir a idade do primeiro parto, reduzir o intervalo entre partos, diminuir a

idade de abate, aumentar a taxa de lotação das pastagens e auxiliar na terminação

dos animais (LANA, 2002).

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3.3.2 Confinamento

O sistema de confinamento de bovinos de corte é uma atividade que tem

crescido nas últimas décadas no Brasil. No país, as pesquisas com este sistema de

terminação iniciaram-se na década de 1980, e intensificaram-se no início de 1990,

propiciando o crescimento da atividade a partir das duas últimas décadas (GUABI,

2012).

A tendência dos confinamentos com maiores escalas de produção é de

implantação nas regiões Centro-Oeste e Norte do país, seguindo o deslocamento da

produção de grãos e rebanhos bovinos, onde os custos com animais de reposição e

ingredientes para a produção de volumosos e concentrados são mais baixos.

Em 2014, somente no estado de Mato Grosso foram confinadas 745,58 mil

cabeças, representando um aumento de 3,72% de cabeças confinadas quando

comparado ao ano anterior (717,83 mil cabeças) (IMEA, 2014). O confinamento de

bovinos na fase de terminação tem se destacado a cada dia mais como uma

alternativa tecnológica importante na intensificação de sistemas de produção de

bovinos de corte, buscando atender o exigente mercado consumidor interno, e

principalmente externo.

Dentre os sistemas de produção de bovinos, o confinamento é aquele com o

maior potencial para reduzir a idade de abate, embora o custo de produção possa

ser mais elevado que nas criações ocorridas totalmente em pasto. Outras vantagens

da técnica do confinamento podem ser ressaltadas como, por exemplo: o aumento

da taxa de desfrute; o retorno mais rápido do capital; a produção de carcaças mais

pesadas que nos sistemas em pasto; a liberação de áreas de pastagens para outras

categorias animais durante o período seco; e a maior produção de carne por

unidade de área, pressupondo que o retorno sobre o capital investido seja mais

elevado.

Faz-se importante promover o levantamento completo dos custos com o

confinamento, pois este sistema requer elevado investimento de recurso financeiro

em infra-estrutura e alimentação. Segundo

Barbosa et al. (2006, apud BARBOSA et al., 2011), a maior parte do custo

operacional total está relacionada à compra dos animais (72%) e à dieta (19%). Ao

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omitirmos dos custos a compra de bois, as proporções se alteram e a dieta terá o

maior percentual (61%), seguida das depreciações (13%), mão de obra (7%),

combustível (5%), vacina e outros (2%). Sendo assim, o preço de compra dos

animais e dos alimentos, além do preço de venda, são de fundamental importância

para a viabilidade econômica do confinamento. Portanto, quando em regiões onde o

preço de compra do boi é superior a 20% da arroba de boi gordo; os preços de

grãos e coprodutos são maiores devido à distância da fábrica até na fazenda; e os

preços de comercialização do boi gordo não são elevados; a possibilidade de se

realizar o sistema de confinamento é descartada, pois poderá mostrar-se inviável

economicamente no decorrer dos anos. Por isso, o planejamento técnico aliado ao

financeiro mostra-se como uma ferramenta imprescindível para verificar a viabilidade

operacional e econômica das estratégias assumidas dentro do sistema e fornecer

com maior precisão as informações necessárias a cada tomada de decisão.

3.3.3 A reprodução como ferramenta na intensificação da produção de bovinos

Os diferentes sistemas de criação e as estratégias de manejo possibilitam a

melhoria nos índices zootécnicos, contudo, é preciso incorporar também as

biotecnologias aplicadas à reprodução animal, como inseminação artificial,

associadas a um manejo adequado do rebanho. A adoção de tais técnicas têm sido

implementadas com o objetivo de aumentar a qualidade e a quantidade de bezerros

genética e fenotipicamente superiores.

Para um rebanho comercial obter máximo desempenho reprodutivo, seria

desejável a produção de um bezerro/matriz/ano (ROCHA et al., 2007) e para tal, as

matrizes zebuínas deveriam conceber no máximo entre o 70º e o 75º dia do pós-

parto (MADUREIRA et al., 2004). Apesar dos esforços visando atingir essa meta, a

maioria das fêmeas bovinas produz somente um bezerro a cada dois anos,

apresentando um período de serviço próximo aos 300 dias (ROCHA et al., 2007),

sendo que a lactação e a subnutrição são os principais responsáveis pelo

prolongado intervalo entre partos (SHORT et al., 1990).

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Devido à grande extensão territorial, no Brasil, há variações na época do ano

em que se estabelece a estação de monta. Na verdade, essas variações ocorrem na

tentativa de contemplar uma mesma finalidade de disponibilizar forragem no período

de maior necessidade tanto da vaca quanto do bezerro. Geralmente a estação de

monta é iniciada no período das primeiras chuvas, quando ocorre a rebrota dos

pastos (primavera) e normalmente há aumento no percentual de fêmeas

apresentando cio. Nas condições do estado de Mato Grosso, este período ocorre

entre outubro e dezembro, e os nascimentos se concentram de julho a setembro, ou

seja, no período seco do ano. Desta forma, nas propriedades que praticam o

desmame aos oito meses de idade, os bezerros são separados das mães nos

meses de março a maio, época de grande oferta de forragens. Esta prática favorece

o desempenho do bezerro no início da recria, bem como o da vaca, que estará sem

bezerro ao pé e poderá suportar melhor as restrições do período seco e melhorar

sua condição corporal até o parto (VALLE et al., 2000). Este manejo evita que o

desenvolvimento dos bezerros e a fertilidade das fêmeas sejam prejudicados, e que

o intervalo de partos se prolongue devido ao aumento do período de serviço

(TORRES-JÚNIOR et al., 2009).

A inseminação artificial consagrou-se mundialmente e provou ser viável

técnica e economicamente para acelerar o ganho genético e o retorno econômico da

pecuária. Dentre suas vantagens, destacam-se a padronização do rebanho, o

controle de doenças sexualmente transmissíveis, a organização do trabalho na

fazenda e a diminuição do custo de reposição de touros. Outra vantagem são os

programas de cruzamento industrial com touros de raças altamente precoces e com

alto ganho de peso, mas pouco adaptadas às condições tropicais e, ainda, o uso de

sêmen de touros mesmo após a sua morte. Mas o principal benefício desta técnica é

o melhoramento genético por meio do uso de touros provados para obtenção de

crias com maior potencial de produção e reprodução (ASBIA, 2008).

Com a evolução e o estabelecimento da técnica de inseminação artificial, os

problemas, como detecção de cios, baixo número de animais inseminados e

principalmente a necessidade de mão de obra em tempo integral, conduziram à

busca por alternativas de contorná-los, sem comprometer os índices reprodutivos.

Assim, surgiram as técnicas de sincronização de cios e da ovulação que permitem a

realização da inseminação artificial em tempo fixo e possibilitam inseminar um

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grande número de animais no momento mais apropriado aos técnicos e produtores,

sem a necessidade de observação de cios (TORRES-JÚNIOR et al., 2009).

Alguns fatores de grande importância na implantação de biotecnologias de

reprodução devem ser considerados, tais como antecipação dos partos na eficiência

reprodutiva da estação de monta subseqüente, valorização e ganho genético das

novilhas de reposição, aumento do peso ao desmame dos bezerros, diminuição da

idade ao abate de novilhos, além do ganho no valor comercial dos bezerros por

comporem lotes altamente homogêneos e produzidos por inseminação artificial.

Essa decisão evita que prejuízos visíveis e fáceis de observar como o fato das

fêmeas não conseguirem emprenhar, ou quando existirem perdas no período

próximo ou imediato ao parto sejam contornados eficazmente (TORRES-JUNIOR et

al., 2009).

Algumas biotecnologias reprodutivas como a produção in vitro de embriões

tem sido utilizadas para acelerar e aprimorar a genética de rebanhos, favorecendo a

difusão de genes de animais de alto valor zootécnico e comercial. Por meio destas

biotecnologias que são aplicadas à propriedade pode-se então promover

intensificação da produção pecuária. Esta biotecnologia compreende-se em três

etapas desenvolvidas em laboratório: a maturação oocitária in vitro, a fecundação

dos oócitos in vitro e o cultivo embrionário in vitro até os estádios de mórula e

blastocisto, quando os embriões poderão ser transferidos ou criopreservados.

Segundo Rheingantz (2000), a técnica de fecundação in vitro (FIV) associada

à coleta de ovócitos a partir da punção folicular in vivo (ovum pick up - OPU) em

bovinos, pode servir como instrumento importante para o melhor aproveitamento do

potencial reprodutivo dos rebanhos, diminuindo o intervalo entre gerações e

acelerando o melhoramento genético animal. Aliada à técnica de transferência de

embriões, esta tecnologia torna possível aumentar a vida reprodutiva de animais de

alto valor genético, dos quais possam ser utilizados ovócitos normais, como fêmeas

que não respondem aos tratamentos de superovulação, fêmeas imaturas, idosas ou

aquelas que apresentam infertilidade adquirida devido a patologias no trato

reprodutivo, impossibilitando a fecundação e o desenvolvimento embrionário in vivo.

A produção in vitro de embriões apresenta inúmeras vantagens e aplicações,

como a determinação e controle do sexo dos produtos; o aumento da eficiência dos

programas núcleos de produção; às rápidas e melhores possibilidades para executar

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programas de cruzamento; a estimação do efeito materno sobre a descendência; a

rápida multiplicação de raças; a facilidade de importação e exportação de material

genético da fêmea; formação de bancos de gametas congelados; o aumento da

eficiência do sêmen congelado de alto valor genético e estudos e desenvolvimento

de outras biotécnicas reprodutivas, a partir da micromanipulação de embriões

(RHEINGANTZ, 2000).

O sucesso da transferência de embriões e fertilização in vitro em se aumentar

o número de oócitos viáveis por aspiração, depende em grande parte, da resposta à

superovulação através da utilização de hormônios gonadotróficos para o

desenvolvimento folicular adequado.

A super estimulação hormonal aumenta o número de folículos de tamanho

adequado para a aspiração e, consequentemente o número de embriões que podem

ser produzidos, devido a maiores taxas de recuperação (RIBEIRO et al., 2011).

Entre as técnicas utilizadas para a coleta de oócitos, a aspiração transvaginal

guiada por ultrassonografia é a que apresenta maior número de embriões

produzidos in vitro por doadoras, devido sua alta repetibilidade, possibilitando

maiores recuperações de oócitos (RIBEIRO et al., 2011).

Ainda segundo alguns pesquisadores, a pré-estimulação ovariana com

hormônio folículo-estimulante (FSH), demonstra ser a alternativa mais consistente

para aumentar a qualidade dos oócitos recuperados de vacas zebuínas, sendo

relatado aumentos expressivos no número de folículos disponíveis para a aspiração

folicular e aumento da competência de desenvolvimento do oócito (MIYAUCHI,

2011)

A produção in vitro de embriões permite ainda além das vantagens já citadas,

o aumento do potencial de exploração zootécnico de fêmeas de genética superior

em um menor período de tempo, uma vez que as sessões de aspiração folicular

podem ser realizadas a cada 15 dias. Realizada nesta periodicidade, ou mesmo

mensalmente, com índices de produção de 40%, seu rendimento pode superar

aquela obtida pela transferência de embriões, e a relação custo/benefício pode se

tornar justificável (VARAGO et al., 2008).

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4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado em uma das propriedades da J.L. Agropecuária Ltda.,

no período de 15 de setembro a 28 de novembro de 2014, que correspondeu a 480

horas.

Localizada no município de Juara, estrada Juara/Tabaporã no km 63, a

história da Fazenda Bama inicia-se no ano 1954 quando foi fundada com o nome de

Fazenda São Paulo pelo então proprietário José Lonardoni Meneguetti, que adquiriu

terras do governo do Estado do Mato Grosso. Em 1980, começaram os trabalhos de

formação dos pastos e organização desta propriedade surgindo, após quatro anos, a

oportunidade de aquisição de terras vizinhas distantes apenas 6 km da propriedade.

Estas áreas, de pastagens formadas e infra-estrutura implantada desde 1970, com

rebanho de cerca de 1000 bovinos de raça Nelore, foram incorporadas à Fazenda

São Paulo, que passou a ser designada Fazenda Bama a partir do ano de 1984.

Assim, atualmente a propriedade acima referida, possui área total de 21341,70

hectares, dividida em quatro retiros principais, sendo eles: São Paulo, Bama,

Esquisito e Monte Belo, que juntamente com outras áreas (Fim da Picada, São

Francisco, Figueira, Piau e Vai Quem Qué) compõem a Fazenda Bama, totalizando

10325,10 hectares de pastagens. Pertence também à empresa J.L. Agropecuária

Ltda., a Fazenda Assahí possui área total de 2487,76 hectares e está localizada

próxima a cidade de Juara – MT. Nesta propriedade são desenvolvidas as fases de

recria e engorda em pasto de fêmeas tricross para abate.

Até o mês de outubro de 2014, o rebanho da Fazenda Bama era composto

por 24941 bovinos, sendo 4349 da raça Nelore PO, 1048 Senepol PO-PC, e o

restante constituído de animais de diversos cruzamentos e graus de sangue.

A Fazenda Bama, quase em sua totalidade, é destinada à produção de

bovinos em sistema extensivo com lotação contínua, porém está implementando o

pastejo rotacionado em algumas áreas. Também conta com o sistema de

confinamento, com período de ocupação de maio à dezembro, que possui

capacidade estática para 3.000 animais, porém em dois ciclos são confinados 4.500

bovinos.

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Desde a aquisição da Fazenda São Paulo no ano de 1954, a empresa J.L.

Agropecuária tinha como projeto desenvolver rebanho PO da raça Nelore, visando,

posteriormente, disponibilizar touros e matrizes para a região norte do Mato Grosso.

Assim, objetivando a melhoria dos resultados econômicos na atividade de pecuária e

no desejo de agregar genética em todo o rebanho, no ano 2000, a J.L. Agropecuária

Ltda./Fazenda Bama aderiu ao Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de

Corte, denominado Geneplus– Embrapa, firmando então parceria com a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O sistema adotado inicialmente pela fazenda constava em divisão das

matrizes Nelore em dois grupos. Um primeiro grupo seria inseminado com touros

Nelore, e o outro grupo inseminado com touros Red Angus. As fêmeas inseminadas

com Nelore teriam repasse com Brangus, e as inseminadas com Red Angus, o

repasse seria com Nelore. As fêmeas cruzadas de diferentes composições raciais

seriam acasaladas com Canchim, tendo em vista que esta raça era a que vinha

sendo utilizada experimentalmente pela Embrapa e com bons resultados no ano de

2000. A raça Canchin foi escolhida para acasalamento com as fêmeas cruzadas

devido a sua adaptação às condições tropicais, podendo então acasalar a campo

sem maiores problemas. A escolha por esta raça também se deu em função da

participação do Charolês em sua formação, sendo destaque quanto à produção de

carne.

Com a adoção das estratégias de cruzamentos, os dois grupos de matrizes

de raça Nelore foram acasalados com intuito de produzir animais de reposição do

rebanho Nelore e rebanho F1 para reprodução. Os acasalamentos direcionados às

matrizes cruzadas tiveram por objetivo a produção de bezerros adaptados e com

bom desempenho para a produção de carne de qualidade. Desse cruzamento

originariam 25% de crias Nelore e 75% de crias cruzadas.

A empresa J.L. Agropecuária Ltda., no ano de 2006, introduziu em seu

Programa de Melhoramento Genético, a utilização da raça Senepol por meio de

inseminação artificial. Com os resultados obtidos a partir dessas aquisições, além de

buscar a produção de um rebanho Senepol por absorção, optou-se por importar

alguns lotes de embriões POI dessa raça da empresa PRR – Prime Rate Ranch

situada nos Estados Unidos da América em Miami - Flórida, ampliando assim o

núcleo do Senepol na propriedade. Desde então se tem usado o Senepol de duas

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formas, sendo a partir da utilização de touro desta raça no repasse da inseminação

realizada com o sêmen de Angus na formação do F1; ou, usando-o como repasse

da inseminação com a raça Charolês. Paralelamente a isto, utilizando-se o Canchim

nas fêmeas F1, produzindo para a fazenda um cruzamento tricross destinado ao

abate, tanto de machos quanto de fêmeas.

Do rebanho PO desta raça, faz-se a seleção dos animais a serem utilizados

em seu uso próprio e também àqueles destinados à comercialização de uma

genética de alto valor, produção de sêmen, embriões, ou mesmo reprodutores para

o mercado interessado.

As atividades durante todo o decorrer do estágio foram desenvolvidas

principalmente nos retiros Bama, Esquisito e São Paulo, todos pertencentes à área

da Fazenda Bama. Foi acompanhado o manejo geral dos retiros com ênfase aos

manejos reprodutivo, sanitário, no confinamento e na realização de avaliações do

rebanho Nelore PO e comercial para abastecimento do Programa Embrapa de

Melhoramento de Gado de Corte (Geneplus – Embrapa). O mesmo

acompanhamento foi realizado para o rebanho Senepol PO no Núcleo Brasileiro de

Melhoramento do Senepol (NBM Senepol) e para a Prova de Avaliação de

Desempenho do Senepol em pasto (PADS) que atualmente está sendo realizada na

propriedade.

Os retiros possuem rebanhos e responsabilidades diferentes, portanto o retiro

Bama acomoda as matrizes e reprodutores de raça Senepol PO e suas crias, além

de manter a fase de cria do rebanho Nelore comercial e do rebanho cruzado. O

retiro Esquisito é responsável pela fase de cria do rebanho Nelore PO. Como

responsabilidade do retiro São Paulo tem-se as fases de cria do rebanho cruzado e

recria do rebanho Nelore comercial.

a. Retiro Bama

O retiro Bama é considerado como a sede da Fazenda Bama, pois dentre os

retiros que formam a fazenda, este é o de maior infra-estrutura possuindo casa dos

proprietários, escritório, farmácia, sala de estocagem de sêmen, refeitório, galpão de

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máquinas, oficina, posto de combustível, lava jato, casa dos técnicos, casa de

hóspedes, alojamento para funcionários solteiros, casas de funcionários casados,

estábulo, galpão de armazenagem de venenos, reservatório de água, vitrines de

touros e tourinhos, campo de futebol e pista de laço. Fazendo parte da infra-

estrutura, este retiro possui curral em madeira e cordoalha, com três currais de

espera e sete de apartação com: seringa em forma de cunha, tronco coletivo, tronco

de parede móvel hidráulico com balança, tronco de madeira com balança mecânica,

embarcadouro e sala para depósito de materiais e medicamentos.

O Retiro Bama possui área de pastagens no total de 2591,64 hectares os

quais são utilizados como maternidade e fase de cria da raça Senepol, do rebanho

comercial e do rebanho cruzado, além dos touros e tourinhos destinados ao repasse

ou comercialização. Neste retiro encontram-se 321 matrizes PO-PC de raça

Senepol, sendo elas multíparas, primíparas e nulíparas, as quais são mantidas em

pasto e suplementadas com sal mineral. Para as matrizes desta raça, os grupos de

manejo se constituem de 65 animais cada, com objetivo de facilitar o trabalho

quando levadas ao curral. A propriedade também possui 100 hectares de cana-de-

açúcar plantados para o fornecimento como cana triturada aos animais do

confinamento, vacas leiteiras e vitrine dos touros e tourinhos.

Na estação de monta (setembro à janeiro), as matrizes passam por

inseminação artificial em tempo fixo, sendo os protocolo de sincronização de oito ou

nove dias, então inseminadas com sêmen de touros Senepol e recebem

imediatamente identificação de meia cola na vassoura da cauda (Figura 1).

Figura 1. Marcação de inseminação realizada através de corte de vassoura da cauda (meia cola)

Fonte: Arquivo pessoal

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Alguns materiais foram necessários para a realização da inseminação artificial

tais como: botijão de sêmen, descongelador de sêmen, aplicador e bainhas (Figura

2).

Figura 2. Botijão de sêmen, descongelador de sêmen, bainhas e aplicadores

Fonte: Arquivo pessoal

Depois de passados 30 dias da inseminação, são feitos os diagnósticos de

gestação por meio de ultrassonografia (Figura 3) e/ou palpação retal realizado pelo

médico veterinário responsável.

Figura 3. Aparelho de ultrassonografia

Fonte: Arquivo pessoal

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Se o diagnóstico for positivo para a prenhez, a matriz tem a vassoura da

cauda cortada por inteiro, e se negativo, permanecem com meia cola recebendo

imediatamente 2 mL de valerato de estradiol ou de benzoato de estradiol via

intramuscular além do implante intravaginal (Figura 4) ou implante auricular de

progesterona (Figura 5), iniciando assim uma nova sincronização.

Figura 4. Implante intravaginal de progesterona

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 5. Implante auricular de progesterona

Fonte: Arquivo pessoal

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Após o cumprimento do protocolo utilizado, faz-se nova inseminação artificial

em tempo fixo (Figura 6), e após 30 dias, touros Senepol são colocados para fazer o

repasse naquelas matrizes que permaneceram vazias.

Figura 6. Inseminação artificial

Fonte: Arquivo pessoal

Os 132 touros que são utilizados para as atividades de repasse possuem em

sua grande maioria 24 meses, sendo que quando atingirem 36 meses são

disponibilizados à comercialização. Estes touros são preparados 40 dias antes do

início da estação de monta. Neste período passam por exame andrológico e

recebem ração balanceada composta por silagem de milho, cana-de-açúcar triturada

e ração (milho moído, farelo de soja, uréia, Fosbovi 20, enxofre, calcário e Taurotec),

distribuídas duas vezes ao dia.

Para o rebanho Nelore denominado de comercial, o qual é constituído por

4567 matrizes multíparas, primíparas ou nulíparas, quando em estação de monta

(setembro a dezembro), passam por inseminação artificial em tempo fixo por meio

de protocolos de oito ou nove dias. Os protocolos de primeira sincronização são

realizados de mesma forma tanto para o rebanho PO Nelore e Senepol, quanto para

os rebanhos comerciais e cruzados. Diferenciam-se, portanto, por não existir o

segundo protocolo de sincronização para o rebanho comercial e o rebanho cruzado,

utilizando-se somente o repasse através de monta natural.

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O protocolo de oito dias (Figura 7) consiste em: no dia 0 (zero) – aplicação de

implante auricular de segundo ou terceiro uso, ou dispositivo intravaginal de

progesterona além de 2 mL de benzoato de estradiol (Gonadiol); no dia 8 – retirada

do implante de progesterona e aplicação de 0,5 mL de cipionato de estradiol (E.C.P -

Zoetis), 1,5 mL de eCG (Novormon – Zoetis) e 2 mL de prostaglandina (Croniben –

Biogénesis-Bagó ou Ciosin - Intervet); após dois dias (dia 10) deve ocorrer a

inseminação em tempo fixo.

Figura 7. Esquema de protocolo de sincronização de cio de oito dias

Dia 0 Dia 8 Dia 10

Implante Auricular (2° ou 3° uso) ou Dispositivo Intravaginal

+ 2 mL benzoato de estradiol

Retirada do implante + 0,5 mL cipionato de

estradiol + 1,5 mL eCG

+ 2 mL prostaglandina

Inseminação artificial em tempo fixo

O protocolo de nove dias (Figura 8) consiste em: no dia 0 (zero) - aplicação

do implante auricular de progesterona de primeiro uso e dose única (2 mL) de

valerato de estradiol (Crestar – Intervet); no dia 9 – retirada do implante auricular de

progesterona e aplicação de 1,5 mL de eCG (Novormon – Zoetis); após dois dias (no

dia 11) deve ocorrer a inseminação em tempo fixo.

Figura 8. Esquema de protocolo de sincronização de cio de nove dias

Dia 0 Dia 9 Dia 11

Implante Auricular (1° uso) + 2 mL valerato de estradiol

Retirada do implante + 1,5 mL eCG

Inseminação artificial em tempo fixo

Quando aptas à reprodução, as matrizes Nelore comerciais passam por uma

primeira sincronização e inseminação com sêmen de reprodutores Angus ou Nelore,

e na semana seguinte já são repassadas em monta natural com touros Senepol ou

Nelore. As fêmeas (F1) (Figura 9) originadas desses cruzamentos (Nelore x Angus

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ou Nelore x Senepol), posteriormente quando aptas a se reproduzirem, são

acasaladas com touros de raças como Canchin, Charolês, Simbrasil ou novamente

com Senepol por meio de IATF. O repasse das matrizes não prenhes é realizado por

meio de monta natural com touros Canchin e Senepol (Figura 10) após uma semana

de ocorrida a inseminação.

Figura 9. Produtos (F1) dos cruzamentos Nelore X Senepol ou Nelore X Angus

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 10. Touros de repasse de raça Senepol e Touro de raça Canchim

Fonte: Arquivo pessoal

Os produtos gerados (F2) (Figura 11) desses cruzamentos, tanto machos

quanto fêmeas, são somente destinados à engorda em confinamento ou em pasto.

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Figura 11. Produtos (F2) dos cruzamentos das Fêmeas F1 (Nelore X Senepol ou Angus) com raças Canchim, Charolês, Simbrasil ou Senepol

Fonte: Arquivo pessoal

Os piquetes maternidade das matrizes Senepol PO e do rebanho comercial

recebem vistoria em dias alternados para observação de vacas com problemas de

parto, tratamento e secagem de umbigo dos bezerros, identificação do número da

mãe e designação do tamanho do bezerro em P (pequeno), M (médio) e G (grande).

Para a raça Senepol são classificados os pesos P = 30 kg, M = 33 kg e G = 36 kg de

peso corporal. A identificação da matriz e do bezerro ocorre por meio de tatuagem

nas orelhas, sendo somente realizada quando existir um número maior de animais

nascidos.

O diagnóstico de gestação por meio de ultrassonografia e/ou palpação retal

não é realizado neste grupo após o período de reprodução. Somente após 225 dias

do início do repasse com os touros é que estas fêmeas são submetidas ao

diagnóstico final, período este que coincide com a desmama do bezerro, otimizando

assim o manejo das matrizes e suas progênies no curral. No diagnóstico final, as

matrizes passam por pesagem e avaliação do escore de condição corporal, as quais

são informações relevantes do estado nutricional em que adentrarão no terço final

de gestação, pois neste período, muitos nutrientes são demandados para o

adequado crescimento fetal. O escore de condição corporal das matrizes é fornecido

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por meio da atribuição de notas (1-5), as quais seguem as seguintes características

estipuladas pela Embrapa (2008):

1- Caquético ou emaciado: Os processos transversos e os processos

espinhosos estão proeminentes e visíveis. Há total visibilidade das

costelas, a cauda está totalmente inclusa dentro do coxal e os íleos e os

ísquios mostram-se expostos. Há atrofia muscular pronunciada e é como

se houvesse a visão direta do esqueleto do animal (aparência de "pele e

osso").

2- Magro: Os ossos estão bastante salientes, com certa proeminência dos

processos dorsais e dos íleos e dos ísquios. As costelas têm pouca

cobertura, os processos transversos permanecem visíveis e a cauda está

menos inclusa nos coxais (aparência mais alta). A pele está firmemente

aderida no corpo (pele esticada).

3- Médio ou ideal: Há suave cobertura muscular com grupos de músculos à

vista. Os processos dorsais estão pouco visíveis; as costelas, quase

cobertas; e os processos transversos, pouco aparentes. Ainda não há

camadas de gordura; a superfície do corpo está macia e a pele está

flexível (pode ser levantada com facilidade).

4- Gordo: Há boa cobertura muscular, com alguma deposição de gordura na

inserção da cauda. As costelas e os processos transversos estão

completamente cobertos. As regiões individuais do corpo ainda são bem

definidas, embora as partes angulares do esqueleto pareçam menos

identificáveis.

5- Obeso: Todos os ângulos do corpo estão cobertos, incluindo as partes

salientes do esqueleto, onde aparecem camadas de gordura (base da

cauda e maçã do peito). As partes individuais do corpo ficam mais difíceis

de ser distinguidas e o animal tem aparência arredondada. Este estado só

é aceitável para animais terminados, prontos para o abate.

Após serem avaliadas, as matrizes diagnosticadas como não prenhes

somente receberão nova chance de entrarem em período de reprodução se forem

primíparas. As demais matrizes serão destinadas ao abate.

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Outras avaliações também são desenvolvidas tanto para o rebanho Senepol

PO quanto ao comercial. Na avaliação maternal, os bezerros são medidos em altura

e pesados aos 120 dias de vida; à desmama, são obtidos peso e altura aos 225 dias

de idade; e ao sobreano, com pesagem, medição de altura e circunferência escrotal

para os machos aos 480 dias de idade.

Como os bezerros de um mesmo grupo de manejo podem nascer em dias

diferentes, então a fórmula utilizada para obter o peso real aos dias das avaliações

deve ser ajustada de forma a não mascarar as informações desejadas.

Os pesos devem então ser obtidos pelas fórmulas assim corrigidas:

Peso ao maternal:

Maternal = 120 − Idade em dias x GMD + Peso Real

Sendo que,

Idade em dias = Dia da avaliação − Dia do nascimento

GMD =Peso real − Peso ao nascimento

Dias de vida (do nasc. ao dia da avaliação)

Peso à desmama:

Desmama = 225 − Idade em dias x GMD + Peso Real

Sendo que,

Idade em dias = Dia da avaliação − Dia do maternal

GMD =Peso real − Peso ao maternal

Dias de vida (do maternal ao dia da avaliação)

Peso ao sobreano:

Sobreano = 480 − Idade em dias x GMD + Peso Real

Sendo que,

Idade em dias = Dia da avaliação − Dia da desmama

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GMD =Peso real − Peso a desmama

Dias de vida (da desmama ao dia da avaliação)

O Retiro Bama conta ainda com as instalações do confinamento constituído

por 22 baias, com lotação de aproximadamente 136 animais por baia, cercadas por

fios de arame liso, lascas e mourões de madeira, comedouros em cimento e também

bebedouros compartilhados com baias vizinhas. Anexas ao confinamento estão as

estruturas de galpão de armazenagem de alimentos (milho, torta de algodão, núcleo)

(Figura 12), fábrica de ração, silos de superfície para armazenagem de silagem de

milho (Figura 13) e cana-de-açúcar, e banheiros.

Figura 12. Galpão de armazenagem dos ingredientes

Fonte: Arquivo pessoal

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Figura 13. Silo de superfície de silagem de milho

Fonte: Arquivo pessoal

O confinamento possui período de funcionamento que vai de maio a

dezembro, ou seja, 240 dias aproximadamente. Possui capacidade estática para

3000 animais, porém são terminados 4.500 animais durante todo o período.

Considerando-se necessário um período de 126 dias para a terminação dos animais,

novos lotes podem ser incorporados no sistema no período restante. Desse total,

4100 animais são machos (Nelore comercial e animais cruzados) sendo 60%

nascidos na propriedade e 40% oriundos de outros produtores da região. Os 400

animais restantes são vacas que saíram do rebanho devido à problemas

reprodutivos e então são destinadas ao abate.

Os animais entram no confinamento com idade entre 24 a 26 meses e peso

corporal médio de 340 kg, porém aqueles animais com peso acima de 290 kg e

nesta faixa de idade também podem ser confinados. Todos os animais antes de

adentrarem ao confinamento passam por vermifugação e aplicação de suplemento

contendo vitaminas, minerais e aminoácidos.

Três são as dietas utilizadas no confinamento, sendo elas denominadas na

propriedade como: inicial, intermediária e de acabamento. As dietas inicial (do 1º ao

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30° dia) e intermediária (do 31º ao 60° dia), são fornecidas respeitando-se a relação

volumoso:concentrado de 60:40. A ração de acabamento possui relação de 46:54 e

é fornecida do 61° dia até o abate. Estas dietas são compostas por cana triturada,

silagem de milho, milho moído, torta de algodão e núcleo (milho, uréia, suplemento

mineral – Fosbovi 20, calcário e sal) nas quantidades apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Composição das dietas inicial, intermediária e de acabamento do confinamento e quantidades diárias dos ingredientes da ração fornecidos por animal

Dieta (kg MN/Cab/Dia)

Ingrediente Inicial Intermediária Acabamento

Cana-de-açúcar triturada ad libitum ad libitum ad libitum

Silagem de milho 8,55 10,20 7,58

Milho triturado 3,30 4,80 7,30

Torta de algodão 2,00 1,60 1,20

Núcleo1 0,40 0,40 0,40

1 Composição do Núcleo: Milho (12,5%), Uréia (25%), Fosbovi 20 (30%), Calcário (25%) e Sal Branco (7,5%).

Composição Fosbovi 20: Cloreto de sódio (sal comum) (32,31%); Enxofre ventilado (flor de enxofre); Fosfato

bicálcico; Transquelato de enxofre; Iodato de cálcio; Monóxido de manganês; Transquelato de cobalto;

Transquelato de cobre; Transquelato de manganês; Transquelato de selênio; Transquelato de zinco; Sulfato de

cobalto; Sulfato de cobre monohidratado; Sulfato de ferro; Sulfato de zinco; Caulim (máx. 7%).

A dieta era dividida em seis fornecimentos diários distribuído por vagão

forrageiro acoplado ao chassi de caminhão (Figura 14).

Figura 14. Vagão forrageiro acoplado ao chassi de caminhão

Fonte: Arquivo pessoal

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As rações utilizadas nos demais segmentos da fazenda são produzidas na

fábrica de ração por meio de misturador com capacidade para 1000 kg. A porção

concentrada das dietas são definidas de acordo com seu respectivo uso: Protéico

para Recria, Novilhas/Bois em Pasto, Vitrine Touros, Tropa (Animais usados para o

trabalho no campo) e Desmama PO.

Tabela 2. Composição percentual das rações concentradas utilizadas para desmama de animais PO, novilhas/bois em pasto, protéico para recria, tropa e vitrine touros

Ração (% de inclusão no concentrado)

Ingrediente Desmama PO Novilhas/bois em

pasto Protéico Tropa Vitrine Touros

Milho Triturado 79,70 79,72 19,35 71,5 71,44

Farelo de Soja 9,85 - - - 19,60

Torta de Algodão - 9,85 32,25 22,5 -

Uréia 2,46 2,46 - - 0,98

Fosbovi 20 (1)

7,38 7,39 - - 4,90

Calcário - - - 3 2,94

Sal Branco - - 6,45 3 -

Enxofre 0,49 0,49 - - 0,09

Taurotec (2)

0,09 0,07 - - 0,03

Nutrigold Núcleo(3)

- - 41,93 - -

TOTAL 99,97 99,98 99,98 100 99,98 (1)

Composição Fosbovi 20: Cloreto de sódio (sal comum) (32,31%); Enxofre ventilado (flor de enxofre); Fosfato bicálcico; Transquelato de enxofre; Iodato de cálcio; Monóxido de manganês; Transquelato de cobalto; Transquelato de cobre; Transquelato de manganês; Transquelato de selênio; Transquelato de zinco; Sulfato de cobalto; Sulfato de cobre monohidratado; Sulfato de ferro; Sulfato de zinco; Caulim (máx. 7%).

(2)Composição

Taurotec: Lasalocida de sódio (0,75%) e veículo q.s.p. (3)

Composição Nutrigold Núcleo: Cloreto de sódio (sal comum) (26%); Enxofre ventilado (flor de enxofre); Fosfato bicálcico; Milho integral moído; Oxido de magnésio; Transquelato de enxofre; Essência de canela; Iodato de cálcio; Monóxido de manganês; Sulfato de cobalto; Sulfato de cobre monohidratado; Sulfato de ferro; Sulfato de zinco; Transquelato de cobalto; Transquelato de cobre; Transquelato de manganês; Transquelato de selênio; Transquelato de zinco; Uréia pecuária; Caulim (máx. 6%).

O tempo de permanência dos animais em confinamento é variável e depende

do desempenho de cada categoria até o peso médio de 510 kg. Em uma das etapas

de confinamento na propriedade, os bovinos cruzados apresentam GMD de 1,500 kg

PC/dia, permanecendo 108 dias confinados, enquanto os animais da raça Nelore,

em função do menor ganho diário (1,284 kg/dia), demoram mais para atingir os 510

kg (126 dias). Atingido o peso estabelecido, os animais são encaminhados para

abate, que pode ocorrer em frigoríficos localizados nas cidades de Sinop, Tangará

da Serra ou Juara. Normalmente, a maior parte dos animais confinados é abatida

em Juara.

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Pelo histórico de abates da propriedade, o rendimento de carcaça geralmente

obtido é de 52,5%. Considerando o preço médio da arroba comercializada no mês

de novembro (R$ 118,00), a receita de cada animal abatido com cerca de 17 arrobas

foi de aproximadamente R$ 2100,00. Segundo o planilhamento de custos atualizado

para os valores vigentes em novembro de 2014, os animais confinados e abatidos

custaram R$ 4,00/animal/dia, sendo R$ 0,70 atribuídos a custos operacionais, e R$

3,30 para a alimentação. Assim, os bovinos cruzados custaram R$ 432,00/animal ao

longo dos 108 dias de confinamento, enquanto que para os animais da raça Nelore

atingirem o mesmo peso (510 kg), o gasto foi de R$ 504,00/animal. Descontando-se

estes custos da receita, e desconsiderando o valor do animal desde seu nascimento

entre outras variáveis econômicas, o valor líquido de cada animal na fase de

terminação correspondeu a aproximadamente R$ 1600,00 reais. A finalidade do

cálculo foi apenas demonstrar que apesar das diferenças nos ganhos em peso de

animais cruzados e Nelore, considerando apenas a fase de terminação, o retorno

econômico seria semelhante. Mas, não se deve desconsiderar as fases anteriores,

pois o desempenho de cada categoria pode ser diferente e, com isso, refletir em

maior ou menor retorno.

b. Retiro Esquisito

A infra-estrutura deste retiro é menor quando comparada ao retiro Bama,

porém atende perfeitamente às necessidades de manejo do rebanho. Possui curral

em madeira e cordoalha sendo dividido em: dois currais de espera e cinco currais de

manejo, seringa dupla em forma de cunha, tronco coletivo, tronco pneumático,

apartador com quatro saídas, balança mecânica, embarcadouro e sala de

armazenagem de materiais e medicamentos. Possui também quatro casas, sendo

três em madeira e uma de alvenaria, estábulo e motor à diesel para geração de

energia elétrica. Existem dois funcionários fixos que residem com suas famílias,

porém na estação de reprodução mais três funcionários trabalham neste retiro.

O retiro é composto por 1122,76 hectares, os quais foram utilizados em sua

totalidade para a produção à pasto das matrizes Nelore PO da propriedade, sendo

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suplementadas somente com sal mineral. Até o mês de outubro de 2014 a fazenda

Bama contava com 1461 matrizes Nelore PO neste retiro, dentre elas multíparas,

primíparas e nulíparas.

Durante o período de estação de monta do rebanho PO que se estende do

mês de setembro ao mês de janeiro, foram estabelecidos os procedimentos de

inseminação artificial em tempo fixo (IATF), com aplicação de dois protocolos de

sincronização de oito ou nove dias igualmente aos realizados nas matrizes do retiro

Bama, de acordo com as datas dos manejos a fim de evitar que coincidam com

domingos e feriados.

As matrizes formam grupos de manejo com 65 animais cada um, procurando-

se otimizar o tempo gasto no curral em dias de manejo e promover melhores

resultados. Estes grupos foram então submetidos à inseminação artificial em tempo

fixo 30 dias após o nascimento do último bezerro do grupo de manejo desejado,

respeitando assim o período de puerpério, ou seja, de involução uterina da matriz.

As matrizes inseminadas recebem a marcação por meio de corte da metade

vassoura da cauda, sendo assim chamada de meia cola.

Após a primeira inseminação artificial em tempo fixo, espera-se 30 dias para

então fazer o diagnóstico de gestação por meio de ultrassonografia e/ou palpação

retal, recebendo as prenhes corte total da vassoura da cauda. As matrizes com

diagnóstico negativo de prenhez recebem pintura com tinta à base de água no

dorso, além de aplicação de 2 mL de benzoato de estradiol ou 2 mL valerato de

estradiol e aplicação do implante intravaginal ou auricular de progesterona, iniciando

assim o segundo protocolo de IATF. Passados 25-30 dias da inseminação das

matrizes vazias ocorrem os repasses por meio de monta natural com touros PO da

propriedade, não passando novamente pelo diagnóstico de gestação.

O próximo diagnóstico de gestação somente será o diagnóstico final que é

realizado com 225 dias após o começo dos repasses, o qual coincide com o período

de desmama dos bezerros destas matrizes. O manejo de desmama dos bezerros

vinculado ao diagnóstico final de gestação visa minimizar o manejo do rebanho em

apenas uma vinda ao curral. No diagnóstico final também ocorre a pesagem e

definição do escore de condição corporal da matriz à desmama, visto que apresenta-

se com 5 a 6 meses de gestação e entrando no terço final onde ocorre grande

demanda de nutrientes para o crescimento fetal. Neste momento, o grupo de manejo

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inicial se desfaz e forma-se um novo onde matrizes vazias são separadas das

prenhes.

Outras avaliações também foram procedidas na propriedade como: maternal,

a qual os bezerros são medidos em altura e pesados aos 120 dias de vida; à

desmama, onde são obtidos peso e altura aos 225 dias de idade; e ao sobreano,

com pesagem, medição de altura e circunferência escrotal para os machos aos 480

dias de idade.

Como os bezerros de um mesmo grupo de manejo podem nascer em dias

diferentes, as mesmas fórmulas utilizadas para avaliação do rebanho Senepol PO e

rebanho Nelore comercial (pág. 38 e 39) foram adotadas para obter o peso real ao

dia da avaliação a fim de não mascarar as informações desejadas.

Após o diagnóstico final, as matrizes prenhes foram submetidas a

acasalamento dirigido do Programa Geneplus – Embrapa e destinadas à

continuarem no rebanho PO, ou rebaixarem para descarte comercial devido à

problemas raciais, ou ainda serem descartadas para abate devido a históricos de

produzir bezerros guaxos.

Para as matrizes vazias ocorre avaliação no acasalamento, podendo estas

receber nova chance, devido ao seu histórico reprodutivo, e permanecer um ano

vazia na propriedade até entrarem na nova estação de reprodução, ou então serem

descartadas para o abate.

Os bezerros de raça Nelore PO nascidos na propriedade, como não passam

por pesagem nas vistorias dos piquetes maternidade, são classificados em

pequenos, médios e grandes de acordo com o peso corporal, sendo P até 27 kg, M

= 30 kg, G acima de 33 kg de peso corporal. Esta definição por meio de estimativa

do peso dependendo do conhecimento do funcionário responsável. As vistorias nos

piquetes maternidade ocorrem em dias intercalados e conforme vão nascendo

passam pela cura de umbigo, reconhecimento e identificação do número da mãe

para posteriormente receberem suas identificações pelo método de tatuagem na

orelha.

Na área anexa ao retiro Esquisito, denominada de Vai Quem Qué, também

são realizadas a recria dos animais PO das raças Nelore e Senepol, os quais foram

desmamados com sete meses. Estes animais recebem diariamente 700 g/cab/dia de

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ração desmama PO, que vem com o intuito de minimizar o estresse ocasionado pelo

desmame. Após 45 dias deste manejo, machos e fêmeas são apartados em lotes

diferentes, onde as fêmeas receberão suplementação protéica até que se inicie o

período das águas, e os machos continuarão consumindo a ração desmama PO,

porém em maiores quantidades com consumo diário de 2 kg/cabeça até sua

comercialização com 36 meses de idade. As fêmeas somente entrarão em

reprodução quando completarem 24 meses.

c. Retiro São Paulo

Este retiro possui 2344,63 hectares em pastagens que são utilizados para as

fases de cria do restante dos animais do rebanho cruzado e recria de machos dos

rebanhos comercial e cruzado.

Este retiro conta com curral em madeira e cordoalha, dividido em cinco currais

de espera e seis de manejo. Conta ainda com seringa em formato de cunha, tronco

coletivo, tronco pneumático, embarcadouro e sala de medicamentos. Existem seis

casas para funcionários, sendo quatro funcionários fixos, além de estruturas como

estábulo, capril e galpão de máquinas.

Os manejos reprodutivos neste retiro descrevem-se os mesmos realizados no

retiro Bama, onde as matrizes foram submetidas a um protocolo de sincronização, à

inseminação artificial em tempo fixo com sêmen de touros de raça Canchim,

Charolês, Simbrasil e Senepol e repasse com touros Canchim e Senepol.

Também ocorrem as mesmas avaliações realizadas (pág. 38 e 39) nos

demais retiros para maternal, desmama, sobreano e diagnóstico final de gestação

das matrizes.

O desmame das fêmeas e machos advindos do rebanho comercial, ocorre

com oito meses de vida, onde durante a primeira seca receberão suplementação

protéica e no período das águas somente consumirão suplementação mineral e

forragens disponíveis. Durante a segunda seca do período de recria destes animais,

as fêmeas são destinadas à reprodução visto que atingiram 24 meses de idade,

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recebendo ainda suplementação protéica até o início das chuvas. Os machos vão

para o confinamento permanecendo poucos dias a mais neste para compensar a

inexistência de suplementação energética no período das águas, devido à

problemática operacional.

d. Manejo das pastagens

A Fazenda Bama conta com diversas espécies de plantas forrageiras, como

os capins Marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu), Mombaça (Panicum

maximum cv. Mombaça), Massai (Panicum maximum cv. Massai), Piatã (Brachiaria

brizantha cv. BRS Piatã), MG-5 (Brachiaria brizantha cv. MG-5 Vitória) e a braquiária

híbrida Convert HD364 implantados conforme a fertilidade do solo exigida. Estas

forrageiras estão em sua grande maioria sob sistema de lotação contínua de

animais, porém vem sendo implantadas em algumas áreas para pastejo rotacionado.

Na propriedade ainda não são estabelecidos métodos de controle da

produtividade das forrageiras, sendo apenas executado parâmetro visual da

condição destas pastagens e altura de pastejo, porém quando necessário são

realizadas adubações de manutenção com fosfato monoamônico (MAP) e/ou

calcário somente em algumas áreas.

Quando necessário, faz-se reformados pastos de baixa produtividade de

matéria verde adotando-se uma sequência de ações. Inicialmente é realizada a

observação de toda a área a fim de diagnosticar o stand de plantas da forrageira

implantada e de plantas invasoras. Em seguida, são realizadas as coletas de

amostras de solo para análise completa em laboratório a qual descreve a fertilidade,

micronutrientes, matéria orgânica e granulometria ou textura de cada amostra. Após

a interpretação dos resultados, o engenheiro agrônomo responsável determina a

quantidade de nutrientes necessária para o correto estabelecimento das plantas,

calculando os requerimentos em calcário e adubo.

Após estes procedimentos iniciais, são definidos quais equipamentos e

maquinários serão necessários e quais métodos serão aplicados. Métodos como

calagem, gradagem ou subsolagem, adubação, gradagem niveladora, espécie

forrageira, semeadura e tipo de incorporação, ocorrem de acordo com cada

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planejamento. Somente após aproximadamente 80 dias do plantio, ocorre a entrada

de animais leves para o pastejo inicial observando-se sempre a altura de entrada e

saída destes. Este corte inicial da forrageira estimula o perfilhamento da forrageira e

consequentemente promove o recobrimento do solo. Após a pastagem atingir sua

completa implantação, são realizadas adubações de manutenção com MAP (52% de

fósforo e 11% de nitrogênio), fosfato natural reativo (29% de fósforo) e/ou calcário. O

controle químico dessas áreas é realizado por meio de aplicação de herbicida foliar

seletivo e sistêmico para erradicação de plantas daninhas herbáceas à arbustivas,

ou através do uso de inseticida quando existir algumas pragas como lagartas ou

cigarrinha-das-pastagens.

5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

Durante todo o período de permanência na empresa J.L. Agropecuária –

Fazenda Bama, que se deu do dia 15 de setembro a 28 de novembro do ano de

2014, as atividades foram desenvolvidas conforme o manejo geral da propriedade.

Durante as mais de 480 horas de estágio, demonstrou-se máxima atenção a

quaisquer tipos de aprendizagem, tanto de caráter profissional como pessoal. Os

ensinamentos, correções e disponibilidade em acatar os serviços práticos, foram

alcançados da melhor maneira possível, visando obter maiores informações dos

assuntos discutidos.

5.1 Biotecnologias de reprodução

5.1.1 Inseminação Artificial em Tempo Fixo

A empresa J.L. Agropecuária atualmente conta com modernos métodos de

reprodução que já são desenvolvidos nas propriedades do mundo inteiro. Estas

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biotecnologias direcionadas à reprodução dos seus rebanhos são empregadas com

o intuito de elevar os índices zootécnicos. Sendo assim, por meio da sincronização

da ovulação na inseminação artificial em tempo fixo, as matrizes inseminadas se

tornam gestantes no início da estação de monta, o que consequentemente diminui o

período de serviço e aumenta a eficiência reprodutiva do rebanho.

Na propriedade são realizados dois tipos de protocolos de sincronização (oito

ou nove dias) durante o período da estação de monta, que para o rebanho PO

estende-se por cinco meses (setembro à janeiro) e para o rebanho comercial apenas

quatro meses (setembro à dezembro). São implantados dois tipos de protocolos

devido à necessidade de se planejar os dias dos manejos a fim de não coincidir com

feriados e finais de semana.

Somente dois grupos de manejo por dia são disponibilizados aos protocolos

de inseminação artificial em tempo fixo, devido ao tempo necessário para o

desenvolvimento eficiente da atividade. Estes grupos são direcionados ao curral,

apartados de suas crias, e então os protocolos são desenvolvidos.

O rebanho PO (Senepol e Nelore) passam por dois protocolos de

sincronização e repasse por meio de monta natural com touros PO destas raças. O

rebanho Nelore comercial e o rebanho cruzado passam apenas por um dos

protocolos de sincronização (oito ou nove dias), e tem repasse feito por meio de

monta natural de acordo com o planejamento do rebanho.

No protocolo de sincronização de oito dias as matrizes individualmente são

apartadas no tronco, onde inicialmente (Dia 0) recebem implante auricular por meio

de aplicador metálico, ou implante intravaginal por meio de aplicador de plástico,

ambos desinfetados em solução antisséptica após cada uso, evitando-se assim

possíveis infecções. Estes implantes promoverão o aumento de progesterona,

regressão do folículo dominante, aceleração da retroca da onda folicular e inibição

da secreção de estrógenos. As matrizes também recebem 2 mL de benzoato de

estradiol (Gonadiol), via intramuscular na região da garupa, o qual é responsável por

promover a liberação de hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e

consequentemente as gonadotrofinas (LH e FSH) que promovem a maturação da

próxima onda folicular. No Dia 8, as matrizes voltam ao curral para a retirada do

implante de progesterona e também recebem 0,5 mL de cipionato de estradiol

(E.C.P - Zoetis), 1,5 mL de eCG (Novormon – Zoetis) e 2 mL de prostaglandina

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(Croniben – Biogénesis-Bagó ou Ciosin - Intervet), via intramuscular na região da

garupa. Esse procedimento visou promover a correção de anestros,

desenvolvimento folicular, secreção de estrógenos para a manifestação do cio e

ovulação.

Após dois dias da retirada dos implantes (Dia 10) ocorre a inseminação

artificial no tempo determinado do protocolo, sendo esta atividade muitas vezes nos

permitida a prática.

Quanto ao protocolo de nove dias as matrizes no dia 0 (zero) recebiam o

implante auricular de progesterona e dose única (2 mL) de valerato de estradiol

(Crestar – Intervet) via intramuscular, com a função de bloquear a liberação dos

hormônios gonadotróficos pela hipófise. No dia 9 ocorre a retirada do implante

auricular de progesterona e aplicação de 1,5 mL de ECG (Novormon – Zoetis), via

intramuscular, para favorecer o desenvolvimento folicular e secreção de estrógenos

para a manifestação do cio e ovulação. Após dois dias (Dia 11) deve ocorrer a

inseminação no tempo programado.

Os protocolos de sincronização para IATF objetivam induzir a emergência de

uma nova onda de crescimento folicular, controlar a duração do crescimento folicular

até o estágio pré-ovulatório, sincronizar a inserção e a retirada da fonte de

progesterona exógena (implante auricular ou dispositivo intravaginal) e endógena

(prostaglandina) e induzir a ovulação sincronizada em todos os animais

simultaneamente.

Portanto, com a utilização dos programas de sincronização e aplicação do

método de inseminação artificial em tempo fixo pode-se: permitir maior quantidade

de matrizes inseminadas por dia sem a necessidade de observar seus cios; utilizar

matrizes em anestro e obter boas taxas de prenhez; regularização de cio de

matrizes que não emprenharam após os protocolos, melhorando assim as chances

de prenhez quando houver o repasse com touros; diminui a necessidade de compra

e manutenção de touros para repasse; diminui a necessidade de descarte das

matrizes que ficaram vazias no final da estação de monta; permite altas taxas de

prenhez já no início da estação de monta; diminui o intervalo de partos e aumenta

consequentemente a eficiência reprodutiva; permite a produção de crias melhoradas

geneticamente e concentra o nascimento dos bezerros num determinado período do

ano fazendo com que apresentem maior peso ao desmame.

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A propriedade apresenta taxas de prenhez de 30-40% nos protocolos de

inseminação artificial em tempo fixo, porém ainda os considero baixos, sendo que de

acordo com Borges et al. (2008) a média nacional varia de 25 a 70% de prenhes.

5.1.2 Produção de embriões in vitro

Foi possível acompanhar o processo de produção in vitro de embriões de 12

doadoras de raça Senepol PO na propriedade, desde a preparação e aspiração dos

oócitos das doadoras até a transferência dos embriões às receptoras.

Inicialmente as doadoras foram submetidas à um protocolo hormonal sendo

realizado da seguinte forma: Dia 0 (zero) – implante de progesterona auricular +

2 mL de benzoato de estradiol (Gonadiol) para início de uma nova onda folicular +

aplicação de 2 mL de agente luteolítico (Croniben) para evitar a presença de corpo

lúteo na data da aspiração. Para melhores resultados deveriam ser implantados dois

implantes auriculares de progesterona, para que se tenha maior produção de oócitos

viáveis no momento da aspiração destes. No quarto dia (Dia 4) fez-se a aplicação de

1,5 mL de eCG (Novormon – Zoetis) para melhorar o crescimento da onda folicular

em recrutamento, pois ainda não ocorreu a divergência folicular. No Dia 5 ocorre a

aspiração dos oócitos (Figura 15), onde as doadoras foram inicialmente submetidas

à anestesia raquidiana e coleta por meio uma guia de biópsia com agulha conectada

a uma linha de aspiração e bomba de vácuo, sendo esta aliada a uma probe

ultrassonográfica especial que é projetada até o final da vagina.

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Figura 15. Aspiração dos oócitos

Fonte: Internet (BIOTECNOLOGIAS NA REPRODUÇÃO BOVINA, 2009)

Durante e após a aspiração dos oócitos, o material coletado fica imerso em

um meio composto de PBS (Phosphate buffered saline – tampão fosfato salino),

heparina e soro fetal bovino, sendo este ultimo responsável por impedir que os

oócitos se fixem à parede do sistema de aspiração ou tenham maturação

embrionária, sendo finalmente depositados em um tubo coletor com o mesmo meio.

O material aspirado e depositado no tubo coletor é então transferido para um

filtro de colheita de oócitos (Figura 16) e lavado com a mesma solução utilizada na

aspiração para a separação das sujidades.

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Figura 16. Filtro de colheita de oócitos

Fonte: Arquivo pessoal

O sedimento restante no filtro é depositado em placas de Petri para análise

(Fig. 17).

Figura 17. Análise e seleção dos oócitos

Fonte: Arquivo pessoal

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Foram selecionados então os oócitos conforme a presença das células do

Cumulus e definidos em graus I, II e III possuindo os oócitos com grau I mais de três

camadas de células do cumulus; grau II três camadas de cumulus ou menos e grau

III com cumulus presente, porém expandido. Após as análises, as amostras foram

levadas ao laboratório por meio de um transportador adaptado (Figura 18), o qual

mantém sob temperatura controlada.

Figura 18. Transportador de oócitos

Fonte: Arquivo pessoal

Nos processos de maturação e fertilização não foi possível o

acompanhamento, mas a transferência dos embriões às receptoras de cruzamentos

industriais pôde ser assistido e auxiliado. Poucas horas antes do início do processo

de transferência, os embriões eram selecionados, classificados conforme seu grau

de desenvolvimento sendo: blastocisto expandido (Bx), blastocisto (Bl) e blastocisto

inicial (Bi) e são transferidos para palhetas separadamente (Figura 19).

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Figura 19. Palhetas com embriões classificados quanto ao grau de desenvolvimento (Bx, Bl e Bi)

A transferência (Figura 20) ocorre por meio de inovulação, onde o embrião foi

depositado no corno em que havia a existência de corpo lúteo, pelo método

transcervical com auxílio do inovulador que contém a palheta com o embrião e

recoberta por bainha estéril e camisa sanitária (Figura 21) para que não se adquiram

contaminações.

Figura 20. Transferência do embrião à receptora

Fonte: Arquivo pessoal

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Figura 21. Inovulador montado com palheta contendo embrião, bainha estéril e camisa sanitária

Fonte: Arquivo pessoal

As receptoras devem estar sincronizadas com os embriões por meio de

protocolo hormonal semelhante ao utilizado nas matrizes dos retiros para a técnica

de inseminação artificial em tempo fixo, objetivando melhores resultados a serem

obtidos.

Após 30 dias, o diagnóstico de gestação deve ser realizado por meio de

aparelho de ultrassonografia via retal, visando um diagnóstico da presença do

embrião mais rapidamente e menor manipulação do trato reprodutivo da fêmea

prenhe, reduzindo assim o risco de induzir morte embrionária.

O processo de produção de embriões in vitro, vem com o intuito de aumentar

o número de animais com qualidade genética superior àqueles oriundos dos demais

processos reprodutivos, que consequentemente possibilita à empresa J.L.

Agropecuária a composição de rebanho altamente melhorado pela introdução de

animais reconhecidos mundialmente pelo seu desempenho.

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5.2 Avaliações dos rebanhos

As avaliações foram realizadas tanto para o rebanho Nelore e Senepol PO

quando para o rebanho comercial são destinadas ao controle dos índices

zootécnicos e ao abastecimento dos programas em que a propriedade participa.

No momento da realização do diagnóstico final de gestação as matrizes foram

avaliadas para o recolhimento de informações como peso atual e escore de

condição corporal.

A avaliação do peso ocorre por meio de balança digital e a descrição do

escore de condição corporal é realizada através de avaliação visual da quantidade

de reservas teciduais, especialmente gordura e músculos, pelo técnico responsável.

As regiões do corpo do animal analisadas foram: costelas, processos espinhosos e

transversos da coluna vertebral, vazio, ponta de íleo, base da cauda, sacro e

vértebras lombares, atribuindo-lhes notas (1-5). O problema questionado a esta

variedade de avaliação se dá pela veracidade das informações, pois a atribuição das

notas do escore de condição corporal depende muito do conhecimento técnico do

responsável, que muitas vezes não se encontra capacitado à esta operação. Porém,

a realização desta avaliação é considerada de extrema importância visto que, é um

método rápido, prático e barato onde as reservas energéticas dos animais são

refletidas, além de servirem de auxilio na tomada de decisões na implantação de

práticas para um manejo nutricional adequado do rebanho. Por meio dessas

avaliações foi possível ajustar as épocas de desmame das crias e definir quando e

quanto suplementar a dieta das matrizes, visando redução do período de anestro

pós-parto, até mesmo fazer a predição do desempenho produtivo e reprodutivo.

Os bezerros foram avaliados em três momentos: fase de maternal, à

desmama e ao sobreano. No maternal o bezerro é contido individualmente no

tronco, onde então são coletados dados de altura e peso corporal, assim como

foram designadas notas de seu escore de conformação (1-6). Esta avaliação tem

como objetivo avaliar o desenvolvimento do bezerro desde o momento de seu

nascimento até seus 120 dias de vida. Acredito que nos cuidados iniciais com o

bezerro, a identificação do peso ao nascer destes animais deveria ser realizada por

meio de balança, visto que muitas delas são fabricadas para este propósito. Desse

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modo, pode-se evitar que a obtenção de informações errôneas subestime ou

superestime os dados das demais avaliações realizadas durante vida destes

animais.

Na avaliação feita à desmama, os bezerros foram pesados, tiveram suas

alturas medidas em tronco de contenção individual, e também passam por

determinação de notas de escore de conformação (1-6). Objetiva-se o

acompanhamento do desenvolvimento destes animais no período referente dos 120

dias de idade até o desmame com 225 dias de idade. Quando os animais atingirem

o sobreano (16 meses) passam por avaliação de peso, altura, escore de

conformação (1-6) e determinação da circunferência escrotal para os animais

machos. Estas avaliações visam o diagnosticar o desenvolvimento do animal

durante o período que se estende do desmame aos seus 480 dias de vida. Estas

avaliações também foram obtidas por demonstrarem herdabilidade moderada a alta

que se correlaciona ao ganho de peso (peso ao nascimento, peso ao desmame e

peso ao sobreano), às características reprodutivas das fêmeas (idade ao primeiro

parto, probabilidade de prenhez, número de dias para o parto e intervalo entre

partos) e às características reprodutivas dos machos (volume testicular, formato

testicular e defeitos espermáticos).

Estas três avaliações também objetivam determinar a precocidade de

crescimento que também é mediadora de maior ganho econômico anual do rebanho.

Por meio dela, pode-se aumentar a eficiência para ganho de peso, reduzir o tempo

de permanência dos animais a pasto e a quantidade de suplementos utilizados,

obter conversão alimentar mais eficiente e minimizar tanto os gastos quanto o tempo

até o abate.

Também foi acompanhada a seleção dos animais Nelore e Senepol PO na

fase de recria que por meio de análise do mapa genealógico dos animais, dos seus

respectivos desenvolvimentos nas avaliações do maternal e desmame, e da

conformação corporal, o zootecnista responsável do Programa de Melhoramento

Genético da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) toma as

decisões de destiná-los à comercialização, descarte ou permanecerem na fazenda

para reprodução. É por meio desta seleção, que são obtidos os melhores e mais

adaptados animais que poderão vir a ser grandes matrizes e reprodutores de suas

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raças, fornecendo genética e possibilidades de melhores índices de produtividade à

bovinocultura de corte.

5.3 Manejo sanitário

O manejo sanitário realizado na fazenda pôde ser acompanhado no mês de

novembro, uma vez que pelo calendário de vacinações do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), o estado de Mato Grosso deve realizar as

vacinações contra a febre aftosa, carbúnculo e brucelose. Aliado a esse

procedimento, a propriedade procura também fornecer doses de vermífugos e

suplementação vitamínico-mineral a todo rebanho.

Os animais foram deslocados aos currais, contidos em troncos individuais e

então recebem a vacinação no local indicado buscando-se sempre a forma mais

adequada de aplicação.

Na vacinação, são obedecidas as dosagens indicadas por cada fabricante dos

produtos, sendo todos administrados via subcutânea, na tábua do pescoço e com

troca de agulha a cada 50 animais vacinados, porém a recomenda-se troca a cada

10 animais que passam pela vacinação. Assim sendo, foram aplicados 5 mL de

vacina contra a febre aftosa (Bovicel – Vallé), 5 mL contra carbúnculo (Excell 10 –

Vencofarma/ ou 2 mL de Vision – Intervet), 10 mL de suplementação vitamínico-

mineral (Bovitam – Dispec do Brasil) e 1 mL a cada 50 kg de peso corporal de

vermífugo à base de ivermectina 1% (Ivermic – Microsules).

Alguns cuidados no momento da aplicação das vacinas devem ser

considerados, como exemplos, a avaliação do local de aplicação quanto a higiene, a

forma correta de deposição da vacina e o acondicionamento dos frascos sob

temperatura adequada. A vacinação nunca deve ser realizada nos locais

contaminados por lama ou fezes, devendo-se promover a higienização antes do

início do procedimento. Quanto à forma correta de deposição, deve-se fazer uma

prega na pele do animal e então transferir a vacina para a camada subcutânea,

evitando o refluxo do produto ou a formação de abscesso nos animais. O

acondicionamento deve ser realizado da maneira que o fabricante informa, porém

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muitas vezes não se tem os equipamentos adequados, devendo-se então mantê-los

próximos à temperatura adequada.

Estas medidas servem para evitar problemas maiores que possam ser

responsáveis por acometer o rendimento da produção, elevar as taxas de

mortalidade ou promover distúrbios reprodutivos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante todo o período de permanência na propriedade, que teve inicio no dia

15 de setembro e término dia 28 de novembro de 2014, transcorrendo-se 480 horas

de estágio, uma ampla variedade de conhecimentos foram adquiridos. Aprendizados

relacionados à simples convivência com funcionários e proprietários ou até mesmo

àqueles que exigiam maiores responsabilidades de execução.

Conhecimentos teóricos sobre manejo sanitário, nutricional, reprodutivo

puderam ser colocados em prática e ser complementados com novas informações

aplicadas a realidade da atividade pecuária.

O estágio realizado na empresa J.L. Agropecuária permitiu o contato entre as

diferentes realidades, proporcionando vivência e experiência para o

desenvolvimento de pensamento crítico e a capacidade de interferir sobre estas da

melhor maneira possível. Também foi possível a identificação de eventuais falhas,

que insistentemente vêm sendo corrigida pelos responsáveis a fim de aperfeiçoar a

atividade pecuária.

Os aspectos destacados para aprimoramento são de cunho reprodutivo e

sanitário, onde muitas vezes durante a graduação foram abordados com menor

importância, mas que demonstram notável diferença no sistema de produção.

Através do empenho em que os técnicos se propuseram em transferir

conhecimento, foi possível adequar os conceitos aprendidos durante a graduação e

aplicá-los à realidade, formando a base para as futuras ações como profissional.

Além de nos integrar ao ambiente profissional o estágio permite o início da

criação de redes de relacionamentos profissionais e também a comprovação dos

interesses na área de atuação escolhida. As experiências concebidas durante todo o

período de estágio tiveram grande influência para a decisão de maior

comprometimento com a produção de bovinos de corte. Por meio do estágio

realizado na Fazenda Bama – empresa J.L.Agropecuária, as intenções de seguir na

ramo da produção de ruminantes puderam ser concretizadas, fato este considerado

de grande importância pessoal e profissional.

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REFERÊNCIAS

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ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. Disponível em: <http://www.abiec.com.br/2_abate.asp>. Acesso em: 10 jan 2015. (INTERNET)

ALVES, D.D.; MANCIO, A.B.; GOES, R.H.T.B.; ALBUQUERQUE, C.J.B.; PORTO, E.M.V.; GOMES, V.M. Suplementação de bovinos de corte em pastejo com ênfase na região norte de minas gerais. In: Agronegócio: meio ambiente, produtividade e sustentabilidade: Anais da VI Semana das Ciências Agrárias da Unimontes, 7 a 11 de maio de 2012, Janaúba, MG: UNIMONTES, 2012. 226 p. Disponível em: <http://www.cienciasagrarias.com.br/download/seagri2012/anais_seagri2012_unimontes_cienciasagrarias.pdf#page=40>. Acesso em: 24 fev 2015. (INTERNET)

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