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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CURSO DE ZOOTECNIA
CINTHIA SIQUEIRA SILVA
Análise dos fatores não genéticos que interferem no desempenho de bovinos
do nascimento à desmama.
Cuiabá
2015
CINTHIA SIQUEIRA SILVA
Análise dos fatores não genéticos que interferem no desempenho de bovinos
do nascimento à desmama.
Trabalho de Conclusão do Curso de
Graduação em Zootecnia da
Universidade Federal de Mato Grosso,
apresentado como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Zootecnia.
Orientador: Prof.º Dr.º Felipe Gomes da
Silva
Orientador do Estágio Supervisionado:
Walber Mendonça Onorato
Cuiabá
2015
Dedico com todo carinho este presente
trabalho aos meus pais, Sueli e José, a
quem devo minha vida e minha formação
moral, pelo incentivo, compreensão, amor e
apoio que me deram durante toda minha
vida, em especial durante esses anos de
faculdade, por acreditarem em mim, nos
meus sonhos e não medirem esforços para
que eu pudesse realizá-los.
Agradecimentos
À Universidade Federal do Mato Grosso, Faculdade de Agronomia Medicina
Veterinária e Zootecnia, por proporcionar uma graduação sólida.
À J. L. Agropecuária pela oportunidade de estágio, em especial ao Diretor
Amauri, agradeço também aos membros do conselho Dona Neide e Dona
Sônia, ao Senhor Nelson e ao Senhor Antônio, não só pela acolhida mas pelo
enorme carinho.
À toda a equipe da Fazenda Bama, aos funcionários pela atenção,
companheirismo e respeito, aos Médicos Veterinários Diogo Rosetto e Nelson
Rodrigo e ao Agrônomo João Paulo por contribuírem para a minha formação
acadêmica, dividindo seus conhecimentos, permitindo a utilização dos dados
da fazenda para a elaboração deste trabalho, por todos os conselhos e
amizade.
A Professor Doutor Felipe Gomes da Silva por me orientar com enorme
paciência e por dividir comigo toda sua sabedoria. Por acreditar no meu
trabalho, pela ajuda e pela contribuição.
Ao Professor Doutor Heder José D’Avilla Lima pela compreensão diante da
minha mudança e por todo conhecimento passado.
À banca examinadora deste trabalho.
À minha companheira de estágio Morgana, por dividir comigo a oportunidade.
Aos meus amigos, que não me abandonaram, apesar da minha ausência.
À Deus, pela vida.
“Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo!
Se você é gentil, podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil assim mesmo!
Se você é um vencedor terá alguns falsos amigos e alguns inimigos
verdadeiros.
Vença assim mesmo!
Se você é bondoso e franco poderão enganá-lo.
Seja bondoso e franco assim mesmo!
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora
para a outra.
Construa assim mesmo!
Se você tem paz e é feliz, poderão sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo!
O bem que você faz hoje, poderão esquecê-lo amanhã.
Faça o bem assim mesmo!
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo!
Veja você que, no final das contas é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e os outros.”
Madre Teresa de Calcutá
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa da Área Útil da Fazenda Bama.....................................................8
Figura 2. Inseminação Artificial em Vaca Nelore P.O., Retiro Esquisito..............12
Figura 3. Fêmeas Comerciais Cruzadas no Curral Esperando para Serem
Inseminadas.......................................................................................................13
Figura 4. Implantes de progesterona auriculares, sobre nome comercial de
Crestar...............................................................................................................14
Figura 5. Ficha de Controle de Nascimentos......................................................15
Figura 6. Animal sendo tatuado na Fazenda Bama............................................16
Figura 7. Animal sendo desverminado, através de um produto a base de
doramectina.......................................................................................................17
Figura 8. Umbigo com parasitas recebendo tratamento.....................................18
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Média Geral do regime pluviométrico da Fazenda Bama......................9
Tabela 2. Índices Zootécnicos da Fazenda Bama nos últimos anos...................10
Tabela 3. Índices zootécnicos médios do rebanho brasileiro e em sistemas
tecnológicos mais evoluídos...............................................................................10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................1
2. OBJETIVO................................................................................................3
3. REVISÃO..................................................................................................4
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO......................................................................7
4.1Descrição da Propriedade...................................................................7
4.2Índices Zootécnicos.............................................................................9
4.3Reprodução........................................................................................11
4.3.1Maternidade..........................................................................15
4.3.2Identificação..........................................................................16
4.3.3Manejo Sanitário............................................................ ......17
4.3.4Desmama.............................................................................18
4.4Geneplus............................................................................................19
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS...........................................................21
6. DISCUSSÃO...........................................................................................23
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................27
ANEXO.........................................................................................................29
RESUMO
O estágio curricular supervisionado realizado na J. L. Agropecuária – Fazenda
Bama permitiu um aprimoramento sobre a criação de bovinos de corte,
fortalecendo os conhecimentos obtidos dentro da sala de aula. Por ser uma
fazenda de grande porte e apresentar o ciclo completo de produção, possibilitará
um melhor preparo para a vida profissional. A propriedade conta com rebanhos
de duas raças puras, Nelore e Senepol, ambas utilizadas para a produção de
matrizes e reprodutores superiores. As fêmeas puras da raça Nelore também
são utilizadas em cruzamentos industriais com machos Aberdeen Angus.
Fêmeas “meio sangue” produzidas neste cruzamento são cruzadas com machos
das raças Senepol, Simental, Simbrasil, Charolês ou Canchim, o produto deste
cruzamento tricross apresenta grande aptidão para produção de carne. Foi
possível acompanhar todas as fases de criação e atividades, principalmente as
relacionadas a reprodução e coletas de dados para o programa de
melhoramento, coordenado pela Geneplus – Embrapa. Em face disso, segue um
estudo sobre o desenvolvimento de bezerros, com foco para a raça Senepol, do
nascimento até a desmama e os fatores não genéticos que podem influenciar no
ganho de peso durante esse período.
Palavras chave: bovino de corte, coleta de dados, fator ambiental, peso ao
desmama
1
1. INTRODUÇÃO
A bovinocultura brasileira tende a crescer em 2015 de acordo com o relatório
divulgado pelo CEPEA (2014), apesar do relatório semestral do USDA (Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos) apontar que a produção mundial de carne bovina
de 2015 irá recuar 1,4%.
A pecuária nacional inicia o ano com bons prospectos, boa parte devido ao
aumento de exportação de carne bovina para a Rússia que pode chegar a 10%,
enquanto o consumo interno segue mais modesto com 1,2%, segundo dados da
Secretaria Nacional da Agricultura.
Isso exigirá que o país aumente a produção nacional de carne para atender ao
mercado, esse aumento deve ocorrer não só no referente ao tamanho efetivo do
rebanho, mas também nos esforços para intensificar a cadeia e torna-la mais
competitiva frente a outros mercados.
O aumento de produtividade só será possível se os produtores investirem em
suas propriedades, aumentando a tecnificação, com a utilização de mão de obra
qualificada, investimento em infraestrutura aliado a técnicas eficientes de manejo
animal, estratégias nutricionais e sobretudo melhoramento genético dos rebanhos.
A produção de bezerros tem sido um dos maiores entraves no setor, é uma
atividade que requer muitos cuidados e é pouco rentável perante as demais fases de
criação, devido ao preço do bezerro oscilar muito de ano a ano. Esses cuidados
exigidos nessa fase possivelmente serão a chave do sucesso da atividade no futuro.
Vários são os fatores que podem influenciar no peso a desmama, eles podem
ser genéticos ou ambientais. Na fazenda Bama onde foi realizado o estágio há
diversos investimentos para o melhoramento genético do rebanho, um deles está no
plantel de Senepol.
Essa raça é totalmente taurina o que lhe confere boa conformação de carcaça,
precocidade e docilidade e é adaptada aos trópicos, apresentando tolerância a
parasitas, bom desenvolvimento a pasto e resistente ao calor. Além disso a fazenda
participa de um programa de melhoramento criado pela Embrapa, o Geneplus que
vem aprimorando a seleção do rebanho.
O peso a desmama é o primeiro dado significativo do desempenho do animal,
como ele é dependente da mãe, essa variável serve para analisar não só o bezerro
2
mas também as características maternas, como a produção de leite e a habilidade
materna. Um animal da raça Senepol quando é desmamado apresenta cerca de 50 a
60% do peso da mãe, isso ocorre em média aos oitos meses de idade, numa faixa de
220 à 300 Kg, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Criadores de
Bovinos Senepol.
Para participar de forma eficiente e contributiva com o programa de
melhoramento coordenado pela Geneplus, é fundamental que além das estratégias
rotineiras de manejo sejam coletados dados de produção, reprodução e fatores
ambientais que possam influenciar o desempenho dos animais.
Com uma base genética tão consolidada, os fatores ambientais seriam
preponderantes ao bom desenvolvimento do animal até a desmama, para que os
bezerros Senepol cresçam usufruindo de todo potencial genético que possui e possa
ser abatido cada vez mais cedo, com uma carne de qualidade. A coleta e avaliação
dos fatores ambientais permite não só controlar o manejo em busca da melhoria
destes fatores como também a correção adequada das variáveis respostas
submetidas às avaliações genéticas permitindo a predição de valores genéticos de
forma mais acurada.
3
2. OBJETIVO
O objetivo com presente trabalho é analisar os fatores não genéticos que
influenciam o desenvolvimento de bezerros, do nascimento até a desmana, tendo
enfoque para a raça Senepol, levando em consideração o que foi observado no
estágio curricular obrigatório realizado na Fazenda Bama.
4
3. REVISÃO
O peso de bovinos ao desmame é influenciado por duas ordens de fatores, os
fatores genéticos do indivíduo que é determinado pela mãe, pelo pai e pelos
descendentes, formando a base genética que ele carregará a vida toda, e aos fatores
ambientais, que envolvem uma série de efeitos que vão interferir na expressão das
características genéticas.
Enquanto os efeitos genéticos permitem prevê respostas, índices e formular um
planejamento para seleção, os efeitos não genéticos permitem avaliar a estrutura do
ambiente de criação, além de mostrar os animais verdadeiramente superiores no
rebanho. Pouco adiantará investimentos em ganho genético, se não for oferecido um
meio para que as características possam se desenvolver.
Dentre os fatores ambientais, o sexo do animal é responsável pela primeira
fonte de variação do peso, sabe-se que fêmeas são mais leves do que os machos em
torno de 10%, tanto pela estrutura corporal que elas possuem, como na capacidade
de ganhar peso. De acordo com Souza e Ramos (1995) com animais da raça nelore,
os valores médios de peso ao nascimento e aos 210 dias foram de 32,99 e 157,70
para machos e para fêmeas de 29,99 e 144,00, respectivamente.
Em um estudo realizado por Bocchi et al (2004) também com animais da raça
Nelore o peso das fêmeas aos 205 dias foi inferior ao dos machos. Os dados foram
divididos em regiões e na região centro-oeste a média do peso das fêmeas foi de
156,04kg enquanto dos machos foi 169,43kg.
O mês de nascimento do bezerro também tem grande influência sobre o seu
peso ao nascer e sobre seu desenvolvimento, devido as variações anuais e mensais
na pluviosidade e temperatura, que tem influência direta nos animais que são criados
à pasto, sujeitos a intemperes.
Na época das águas que as plantas tendem a apresentarem seu pico de
produção, o aumento na massa vegetal além de garantir quantidade adequada de
forragem aos animais, ainda apresentam maior densidade nutricional, o que garantem
nutrição adequada das mães, para o fornecimento de leite, e parte da nutrição dos
bezerros.
Na épocas das secas apresentam baixa produtividade de alimento, não só
quanto a volume da massa forrageira, mais quanto ao valor nutricional. Isso acarreta
5
transtornos na criação de bezerros, muitas vezes levando a adoção de suplementação
das mães e/ou uso de creep feeding para os bezerros. A vantagem dessa época seria
apenas quanto ao conforto do animal, um ambiente seco, com menor risco de
patógenos.
Ao ser submetido as condições de campo, bezerros nascidos em épocas
chuvosas tem maior risco de contaminação de endo e ectoparasitas além de
infecções, já a temperatura elevada afeta o controle homeostático. Segundo Rhoad
(1936) citado por Almeida et al (1990) constatou que bovinos de raças europeias
aumentam sensivelmente a sua taxa metabólica quando submetidos à temperatura
superior a 23°C.
Os animais da raça Senepol apesar de serem taurinos do tronco europeu são
bastante adaptadas as condições tropicais do Brasil devido ao local de origem da raça
ser o caribe. Os animais são tolerantes ao calor, que é facilitado por seus pelos serem
curtos e assentados, resistente a parasitas, seus cascos negros resistem bem aos
solos pantanosos, o que torna os efeitos climáticos brasileiros menos danosos ao bom
desenvolvimento dos animais.
A suplementação alimentar para os bezerros também contribuirá para
diferenças no peso a desmama. A suplementação pode ser de volumoso ou
concentrado, se a forrageira da propriedade for de baixa palatabilidade o fornecimento
de volumoso apetecível estimulará o consumo e consequentemente o ganho de peso.
O fornecimento de concentrado, em creep feeding, não só prove o consumo de
alimentos sólidos, como o desenvolvimento das papilas ruminais e melhora a
motilidade estomacal, contribui para a independência alimentar do bezerro diminuindo
os transtornos na desmama e melhorando o escore da vaca.
O estado corporal da matriz também influência no desenvolvimento do bezerro,
fêmeas que tem baixa condição corporal ao parto, dificilmente terão condições para
alimentar o bezerro. O metabolismo do animal passa a exigir maior quantidade de
energia para o funcionamento, porque além de se manter, tem que produzir alimento
para o filho. De acordo com o proposto por Dias (1991), se o escore corporal estiver
abaixo de 4, ao parto, a cria que já nascerá leve, ficara ainda mais prejudicada e a
mãe terá muita dificuldade para se recuperar devido ao pico de lactação.
Outro fator é a idade da fêmea, segundo Souza et al (2000) fêmeas com idade
abaixo de 36 meses, ainda em estágio de crescimento, ou acima de 174 meses, final
da vida produtiva, tendem a produzir crias mais leves. O que também afeta a
6
quantidade de leite que a fêmea irá produzir no período, desmamando crias mais leves
também.
De acordo com Daly (1977) citado por Souza et al (2000) bezerros de vacas
maduras ostentam ser melhor do que realmente são, por motivo do ambiente materno
mais favorável, sendo as comparações de performance entre bezerros filhos de vacas
jovens e os bezerros filhos de vacas maduras, injustas.
As comparações devem ocorrer com a correção para o ambiente materno,
visando suprimir a influência não genética da idade da vaca quando se comparam
fêmeas de diferentes idades.
As variações do meio não têm poder para mudar o potencial genético do animal,
porém um ambiente adequado terá total contribuição no desenvolvimento do animal,
do útero da mãe até o abate. Para Euclides Filho (1996), deve-se ter maior
entendimento das relações existentes entre genótipo e ambiente para que se possa
otimizar a produção, não só alcançando maiores produtividade, competitividade e
eficiência, mas também, estabelecendo-se sistemas de produção que sejam
sustentados a médio e longo prazo. Por isso para que a pecuária nacional responda
as expectativas de crescimento é necessário que ações sejam tomadas no campo
para aumentar a produtividade animal.
7
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
4.1. Descrição da Propriedade
O estágio supervisionado foi realizado na Fazenda Bama, pertencente a J. L.
Agropecuária, situada no município de Juara – MT, na estrada Juara – Tabaporã no
Km 63. A história da fazenda inicia-se no ano de 1954 quando o Senhor José
Lonardoni Meneguetti (in memorian) adquiriu terras do governo do Estado e
denominou de Fazenda São Paulo, porém o desenvolvimento da propriedade com a
formação da área só foi possível no ano de 1980, devido à falta de infraestrutura na
época. No ano de 1984 surgiu a oportunidade de comprar uma fazenda próxima que
se chamava Bama, além de outros pedaços de terra, anexados formam hoje a área
total da propriedade.
Atualmente a Fazenda Bama tem uma área total de 21.341,7 hectares sendo
que destas, aproximadamente, 12 mil hectares são de áreas desmatadas, de pastos
ou de infraestrutura. São 10 retiros, São Francisco, Bama, Esquisito, Vai quem qué,
Piau, São Paulo, Figueira, Fim da Picada, Conquista e Monte Belo, destes, quatro são
retiros principais, Bama, Esquisito, São Paulo e Monte Belo, com infraestrutura de
currais e funcionários próprios. Na figura 1 pode ser observado o mapa da área útil da
propriedade. São 66 funcionários diretos na fazenda, divididos no manejo do gado,
parte administrativa, maquinário e técnicos, sendo dois médicos veterinários, um
zootecnista e um engenheiro agrônomo.
8
Figura 1 – Mapa da Área Útil da Fazenda Bama.
Fonte: Acervo Pessoal
A área aberta da fazenda é formada por pastos dos gêneros Brachiaria
brizantha cultivares Xaraes/MG5 e Marandu, Panicum maximum cultivar Massai e do
híbrido Convert HD 364. Anualmente é feito a seleção de áreas para a recuperação
ou renovação. Nas áreas de recuperação através da análise de solo eles identificam
as necessidades e adubam o solo. Em algumas áreas de renovação, eles reformam
fazendo o plantio integrado de milho + capim, utilizando o milho para a produção de
silagem para o confinamento. Áreas em que a logística não viabilizar a integração é
feito apenas os tratos culturais e a semeadura do capim.
O rebanho atualmente é de aproximadamente 24500 cabeças, sendo 4349
animais Nelores P.O., destes 1837 são matrizes (novilhas e vacas) e 225 são machos
reprodutores, os demais são bezerros e animais fora de idade reprodutiva. Outros
1048 são animais P.O. da raça Senepol, sendo 321 matrizes (novilhas e vacas), 71
machos reprodutores e 656 bezerros e animais fora de idade reprodutiva. O restante
19103 compreende matrizes cruzadas, reprodutores charolês, bezerros cruzados,
novilhas e garrotes cruzados e anelorados que não estão em idade reprodutiva,
animais de descarte que serão abatidos e animais de compra. A fazenda realiza a cria
e recria somente à pasto, a terminação de fêmeas tricross é feita a pasto e o restante
dos animais são terminados no confinamento.
9
Por estar localizada na região norte do Mato Grosso, a fazenda conta com um
regime de precipitações intenso. Na tabela 1, estão relacionadas as médias dos anos
de 2011, 2012 e 2013. Nota-se claramente a divisão em época seca e época das
águas, sendo a primeira entre Maio e Setembro e a segunda de Outubro a Abril.
Tabela 1 – Média Geral do regime pluviométrico da Fazenda Bama.
Meses 2011 2012 2013
Janeiro 446,5 512 497,5
Fevereiro 276,5 318,2 406
Março 212,2 213,5 563,5
Abril 116,7 169,7 299,7
Maio 10 45,5 15,2
Junho 0 22,7 12,5
Julho 0 10,7 6,7
Agosto 12 0 0
Setembro 32 87,2 29,7
Outubro 231 178,5 189
Novembro 285 311 465
Dezembro 318 161,7 440
Fonte: Relatório Anual da Fazenda ( 2014)
4.2. Índices Zootécnicos
Os índices Zootécnicos constituem uma importante ferramenta para a
propriedade, através deles são tomadas atitudes para melhorar a eficiência da
fazenda. Os dados referentes ao ano de 2014 só serão disponibilizados em Março de
2015, por isso por meio dos índices dos últimos anos podemos conhecer a
propriedade. Cada ano são estipuladas metas para esses índices, de forma que a
fazenda esteja em constante melhoria.
A fazenda utiliza os índices de prenhez, natalidade, desmame, eficiência de
desmama, relação de desmama, fertilidade real, mortalidade intrauterina, mortalidade
do rebanho, desfrute, lotação e produção de carne, sendo esses dados apresentados
no relatório anual da fazenda.
10
Tabela 2 – Índices Zootécnicos da Fazenda Bama nos últimos anos.
Índices 2011 2012 2013
Prenhez (%) 72 78 78
Natalidade (%) 71 76 79
Desmame (%) 94 98 98
Eficiência de Desmama (%) 71 70 72
Relação de Desmama (%) 46 44 49
Fertilidade Real (Kg) 140 154 172
Mortalidade Intrauterina (%) 1,6 2,2 1,2
Mortalidade do Rebanho (%) 1,12 1,2 1,2
Desfrute (%) 24 32 42
Lotação Anual (UA/ha) 1 1 1,37
Produção de Carne (Kg/ha) 97 90 134
Fonte: Relatório anual da fazenda (2014)
Comparando-se os dados da propriedade, tabela 2, com dados da literatura
apresentados na tabela 3, pode-se verificar que os índices da Fazenda Bama
encontram-se acima da média nacional brasileira, aproximando-se do que foi
qualificado por Zimmer e Euclides Filho (1997) como um sistema de tecnologia
avançada. Nota-se como as ações realizadas na fazenda estão sendo benéficas e
tornando-a referência no cenário nacional.
Tabela 3 – Índices zootécnicos médios do rebanho brasileiro e em sistemas
tecnológicos mais evoluídos.
Índices Média Brasileira Sistema Melhorado¹ Sistema com Tecnologia
Avançada¹
Natalidade (%)¹ 60 70-80 >80
Desmame (%)¹ 54 65 75
Lotação (UA/ha)¹ 0,9 1,2 1,6
Produção de Carne
(kg/ha)¹
34 53 80
Desfrute(%)² 19,2 - -
¹ adaptado de Zimmer e Euclides Filho (1997), ²adaptado de Scot Consultoria (2012).
Fonte: Zimmer e Euclides Filho (1997) e Scot Consultoria (2012).
11
4.3. Reprodução
A fazenda realiza estação de monta, ela inicia-se em setembro e termina em
Janeiro, para aproveitar a melhor qualidade da forragem nos que interferirá na
recuperação das fêmeas que ainda estiverem debilitadas devido ao parto e
amamentação, garantindo assim que a maior parte dos animais em reprodução
terminem a estação gestantes. São acasaladas novilhas a partir de 16 meses e com
mais de 260 kg, vacas são acasaladas 35 dias pós parto em média, todos as fêmeas
são avaliadas pelos veterinários para verificar se encontra-se aptas a reprodução.
Na propriedade foram observados quatro métodos de reprodução, a primeira é
a monta natural, que é utilizada em algumas novilhas aneloradas ou nelores
comerciais. A segunda é inseminação artificial, alguns lotes de fêmeas P.O. foram
acompanhados diariamente para a identificação do cio com a utilização de rufiões. O
terceiro seria a inseminação artificial em tempo fixo, como demonstrado na figura 2,
que é feita na maior parte dos lotes da fazenda, cerca de 85%; e o quarto foi a
transferência de embriões, que foi realizada por uma empresa contratada, a
BIOembrio, a partir de ovócitos coletados de fêmeas Senepol da fazenda.
Os acasalamentos dos rebanhos P.O. Nelore e Senepol são orientados por
técnico do Geneplus – Embrapa, programa de melhoramento genético que
acompanha a fazenda, de acordo com as combinações genéticas, de forma a produzir
animais superiores em cada raça, para isso utilizam de inseminação artificial, na
maioria das vezes em inseminação com tempo fixo. Os animais P.O. ficam em um
único retiro da fazenda.
12
Figura 2 – Inseminação Artificial em Vaca Nelore P.O., Retiro Esquisito.
Fonte: Acervo Pessoal
Após a inseminação as coberturas são lançadas no site da associação
correspondente, depois de 30 dias da inseminação é realizado o diagnóstico de
gestação através do uso de um aparelho de ultrassonografia por um dos Médicos
Veterinários da Fazenda.
Se não identificada a gestação, o animal será ressincronizado, novamente
inseminado e passará por um novo diagnóstico de gestação e se vazio novamente vai
para repasse com touro. As fêmeas que terminarem a estação de monta vazias, seja
13
por inseminação, ou por monta natural, serão descartados e entram para o rebanho
comercial.
As fêmeas cruzadas ficam no retiro Bama e no retiro São Paulo. As fêmeas que
são aneloradas ou provêm dos descartes do Nelore P.O., são chamadas de nelore
comercial, são inseminadas com sêmen de Aberdeen Angus Black, apenas uma vez.
Após realizado o diagnóstico de gestação são colocadas com touro de repasse que
pode ser Senepol ou Nelore. Alguns lotes não são inseminados e se destinam a monta
natural com touros Senepol.
Os filhos formam o rebanho meio-sangue, seja Nelore/Angus ou
Nelore/Senepol, e Nelore comercial. As fêmeas ficam para reposição e os machos vão
para a engorda. As fêmeas meio-sangue, representadas pela figura 3, são
inseminadas com sêmen de Senepol, Simental, Simbrasil, Canchim ou Charolês, no
repasse utilizados touros Senepol, Charolês e Nelore. Todos os filhos tricross são
destinados a engorda.
Figura 3 – Fêmeas Cruzadas no Curral Esperando para Serem Inseminadas.
Fonte: Acervo Pessoal
Para a sincronização dos animais para a realização da inseminação eles
utilizam dois protocolos, um protocolo no dia 0 é colocado o implante de progesterona
e aplicado benzoato de estradiol, no dia 8 retira-se o implante e aplica-se
14
prostaglandina, gonadotrofina coriônica equina (ECG) e ciprionato de estradiol e no
dia 10 realiza-se a inseminação. O outro protocolo no dia 0 aplica-se valerato de
estradiol e é colocado o implante de progesterona, no dia 9 é feita a retirada do
implante e aplica-se o ECG e no dia 11 é realizado a inseminação.
Os implantes de progesterona utilizados são auriculares, figura 4, porém em
alguns lotes estava sendo testada a utilização do implante intravaginal monodose, o
implante auricular tem causado certo estresse nos animais o que é ruim para a
ovulação, e riscos de acidentes devido aos chifres de algumas fêmeas. A escolha
entre um ou outro protocolo era feita pelos veterinários de acordo com a
disponibilidade dos currais e de pessoal.
Figura 4 – Implantes de progesterona auriculares, sobre nome comercial de Crestar.
Fonte: Acervo Pessoal
A fase de cria é o ponto chave da fazenda, além de ser o mais crítico. Como há
um período fixo de estação de monta, há uma época onde se concentra os
nascimentos, que vai de Junho a Outubro. Esse calendário tenta evitar nascimentos
na época de chuva intensa na região que se inicia em novembro, como observado na
tabela 1. Os nascimentos ocorrem na transição seca-águas, reduzindo a incidência
de doenças, como pneumonia e o risco de parasitoses.
Todos os nascimentos ocorrem no retiro Bama, concentrando assim as
atividades de cuidado com os bezerros, além de destinarem áreas próximas a sede,
chamados maternidade, no caso de terem que auxiliar em partos distócicos. Os
piquetes maternidades também apresentam forragens de boa qualidade, bem
manejadas, para alimentar mãe e bezerro.
15
4.3.1. Maternidade
Durante a estação de nascimentos as equipes passam acompanhar as fêmeas
na maternidade todos os dias sendo uma equipe para o rebanho P.O. e outra para as
Meio-Sangue. O rodeio como é chamado a ronda, é feito de forma que todo o piquete
maternidade seja abrangido, inclusive entrar na mata, movimentando o gado.
Quando for constatado fêmea com algum sinal de parto ou recém-nascido, é
feita a anotação do número da fêmea parida notificando sobre o observado. No caso
de sinal de parto eles esperam alguns instantes, observando a distância, para tomar
conhecimento se a fêmea necessitará de auxilio ou se está tudo normal. Caso seja
um parto distócico, é chamado um dos Médicos Veterinários da Fazenda para auxiliar
no que for necessário.
No caso de observarem um recém-nascido no piquete, eles não se aproximam
para evitar que a mãe abandone o filhote ao fugir da aproximação, eles apenas
anotam o número da fêmea, a data de nascimento do bezerro, o sexo caso seja
possível verificar e se há a necessidade de atendimento médico por causa de algum
problema. Caso haja problemas com o fornecimento do colostro ou seja um animal
demasiadamente fraco, são imediatamente recolhidos para o curral para poder
reverter a situação. Na figura 5 pode ser observada uma ficha que é utilizada para
fazer o controle dos nascimentos na fazenda.
Figura 5 – Ficha de Controle de Nascimentos
Fonte: Acervo Pessoal
16
4.3.2. Identificação
Na Fazenda Bama todos os animais são tatuados ao nascimento (figura 6).
Essa identificação é feita colocando o número da mãe na orelha direita e o número do
bezerro na esquerda, juntamente com o nome da fazenda. Na desmama é feita a
marcação a ferro dos animais com a marca da fazenda e colocado um brinco que
consta a mesma numeração da tatuagem. É feito também uma marcação a ferro
desse mesmo número na perna direita, nos animais de reposição e em todos os P.O.
ao sobreano.
Essas marcações facilitam no reconhecimento dos animais e no
acompanhamento deles na fazenda, devido à dificuldade de visualização a campo e
no tronco a tatuagem, foram escolhidas essas duas outras formas de identificação,
marca a fogo e brinco.
Figura 6 – Animal sendo tatuado na Fazenda Bama.
Fonte: Acervo Pessoal
17
4.3.3. Manejo Sanitário
Os cuidados com o bezerro iniciam no dia do nascimento sendo realizado
tatuagem na orelha, desverminados, cura do umbigo e aplicação de medicamentos
se observado animais com diarreia, figuras 6 e 8.
Em torno dos 240 dias, os animais são vacinados para raiva, clostridiose,
botulismo e as fêmeas para Brucelose. Recebem a vacina contra febre aftosa de
acordo com o calendário do governo para o estado do Mato Grosso, no mês de
novembro.
Figura 7 – Animal sendo desverminado, através de um produto a base de doramectina.
Fonte: Acervo Pessoal
18
Figura 8 – Umbigo com parasitas recebendo tratamento.
Fonte: Acervo Pessoal
4.3.4. Desmama
A desmama ocorre aos 240 dias, de acordo com a média das datas de
nascimento dos animais do lote, ela é feita de forma abrupta, levando-se mães e filhos
para o curral onde são separados e levados para piquetes distantes, que apresentam
forragem de bom valor nutricional, com sal mineral e água a vontade. Na desmama é
feito a coleta de dados dos bezerros, eles são pesados, mede-se a altura e recebem
uma nota de conformação frigorifica.
A conformação frigorifica é feita atribuindo-se uma nota de acordo com a
conformação de carcaça do animal, busca-se animais que independentemente do
tamanho, peso, raça ou idade tenho características de interesse comercial, no caso
ganho de massa muscular e acabamento. A nota varia de 1 a 6, sendo que 1 são os
animais fracos e 6 os com melhor desenvolvimento.
No caso dos animais P.O. Senepol e Nelore, eles serão tratados com ração
especifica com consumo de 700g cabeça/dia durante 45 dias, após isso são avaliados
19
por um técnico do Geneplus para seleção dos animais com potencial reprodutivo e os
que devem ser descartados.
4.4. Geneplus
A parceria da Bama com o programa Geneplus da Embrapa iniciou no ano de
2000, por intermédio do Prof. Elias Nunes Martins a fazenda tomou conhecimento do
programa Geneplus-Embrapa e a partir daí passou a ser assessorada no
melhoramento genético do se rebanho.
O Geneplus-Embrapa é um programa de melhoramento de gado de corte, que
foi fundado pela Embrapa no ano de 1996, com a missão de auxiliar os criadores não
só no planejamento do melhoramento genético, como também nos acasalamentos,
avaliação genética do rebanho e comercialização.
O corpo técnico que acompanha a propriedade é formado pelo pesquisador da
Embrapa, Dr. Luiz Otávio Campos Silva, pelo Professor da Universidade Estadual de
Maringá, Dr. Elias Nunes Martins e pelo Zootecnista, Dr. Luis Amadeu Vendrame
Cardoso, todos vinculados ao Programa Geneplus.
Assim a parceria entre a Fazenda e o Programa, tem norteado as metas e
decisões da mesma, sendo todo rebanho acompanhado pelos técnicos, para
promover aumento na qualidade genética dos animais e como consequência, maior
produtividade.
Por meio de um software, atualizado pela fazenda, a equipe Geneplus
acompanha tudo que ocorre na propriedade. Nas visitas anuais ocorrem as avaliações
visuais do rebanho e por meio desta são tomadas as ações. Esse software exige que
sejam coletados uma série de dados e um constante monitoramento. As rotinas de
coletas são determinadas de acordo com as metas da fazenda, no caso da Bama, a
meta é ser o mais eficiente e simples.
São realizadas coletas de dados para acasalamentos, nascimentos, cria e
recria, como exemplo dos dados necessários, tem-se como base o escore corporal da
matriz ao parto e ao inseminar, idade, número de crias, pai e mãe da matriz; peso e
20
tamanho do bezerro ao nascer; peso, tamanho e conformação frigorifica dos bezerros
aos 120 dias, 240 dias e 490 dias.
Esses dados permitem que a equipe possa realizar avaliações genéticas, para
cada animal, com valores sendo expressos em DEP – Diferença Esperada na
Progênie e respectivas acurácias e percentis. Com base no perfil genético de cada
animal são formados lotes na propriedade e são feitas estratégias para tornar o
ambiente adequado para a expressão dessas características.
21
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades eram baseadas nas atividades dos técnicos da propriedade. Não
houve um planejamento anterior para separar uma função especifica para o estagiário.
O estágio iniciou-se no mês de setembro mesmo período que inicia-se a estação de
monta na fazenda, então pode-se acompanhar atividades desde a observação natural
de cio, sincronização dos lotes, inseminação e diagnóstico de gestação participando
ativamente de todos.
Ao setor de cria realizou-se visitas periódicas, observando desde a condição
dos piquetes maternidade, acompanhamento de parto, bem como os manejos com os
bezerros, como a cura do umbigo, tatuação, aplicação de antiparasitários e
medicamentos, auxilio para o fornecimento do colostro e resgate de animais
debilitados.
Essas atividades foram desenvolvidas pelos meses subsequentes. No mês de
Novembro iniciou-se o período de vacinação contra a febre aftosa, carbúnculo
sintomático e brucelose, concomitantemente foi realizado a desverminação. As rotinas
de reprodução diminuíram, porém o trabalho no curral continuou intenso.
Nesse período foi possível acompanhar algumas coletas de dados, realizadas
ao nascimento, aos 120 dias, aos 240 dias e aos 490 dias. Os dados são referentes
ao peso, altura e nota de conformação frigorifica, eles são utilizados pelos técnicos da
fazenda para verificar o desempenho do rebanho.
Durante o período de estagio, setembro a novembro, houveram 3 coletas de
ovócitos para que pudessem realizar a transferência de embriões, sempre do rebanho
Senepol.
O confinamento da fazenda estava em pleno funcionamento e semanalmente
ocorriam os embarques. Para isso os animais eram previamente pesados e
analisados a sua conformação de carcaça.
Puderam ser acompanhas também as ações de manejo do solo para o plantio
de forragem, como aração, gradagem, calagem, adubação do solo e semeadura.
Assim como as medidas de recuperação como adubação de cobertura e controle de
pragas.
Enfim as atividades eram a mostra da atuação profissional de um Zootecnista
em uma fazenda, criando-se então um elo entre a teoria e a prática, promovendo a
23
6. DISCUSSÃO
A fazenda Bama destaca-se no setor agropecuário pelos investimentos
estratégicos, sua gestão visionaria e o grande suporte técnico. A principal chave para
sucesso da empresa tem sido o seu largo controle de dados, que influem no trabalho
da equipe e nos resultados financeiros.
O estágio permitiu observar a forma com que uma propriedade de grande porte
lida para evitar que os fatores ambientais influenciam negativamente no
desenvolvimento dos bezerros, sendo assim a propriedade adota uma série de
medidas para produzir bezerros de qualidade.
Iniciando na seleção das fêmeas reprodutoras, as fêmeas Senepol são
separadas dos machos na desmama, são apartadas por um técnico do programa
Geneplus da Embrapa, para que no plantel não haja a presença de animais que
desqualifiquem a raça, bem como não tenham doenças hereditárias, problemas
reprodutivos, defeitos de aprumos e que apresentem características de interesse
comercial.
Ao atingir a maturidade sexual, em torno de 14 meses e com 300 kg,
aproximadamente, a fêmea Senepol encontra-se apta a acasalar. Nesse momento é
feita uma avaliação do rebanho pela a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos
Senepol, que avalia se os animais encontram-se no padrão, recebem registro com a
marca da Associação e entram para os lotes de reprodução.
Os acasalamentos são programados a fim de aproveitar ao máximo as
características da mãe, escolhendo um pai que complemente, gerando um produto de
alto vigor pelos benefícios da heterose, para isso eles contam com a ajuda de um
técnico da Geneplus que analisa os machos disponíveis no mercado que melhor se
adequem as fêmeas do plantel.
Na propriedade não é utilizado sêmen sexado, tendo em vista que é de
interesse da fazenda a obtenção de machos e fêmeas, porém sabe-se que machos
são mais pesados e mais rentáveis, quando se pensa na produção de carne.
Devido a características raciais, as fêmeas Senepol tendem a produzir
quantidade suficiente de leite para nutrir os bezerros, além de serem longevas
podendo produzir até os 15-20 anos de idade, porém na fazenda eles analisam as
reprodutoras pela qualidade da sua prole.
24
Na ocasião da inseminação, apenas aquelas que se encontrarem com bom
escore corporal e suas crias dos últimos dois anos não tiverem sido fracas serão
inseminadas. Isso serve não só para evitar o descarte de uma boa matriz, como
também para não manter no plantel fêmeas que já estão declinando na produção.
Na maternidade há um extremo cuidado com as matrizes, para evitar abortos,
transtornos no parto, quebra da relação mãe-cria e mortalidade por predadores,
doenças e parasitas. Diariamente eles são observados cuidadosamente e na ocasião
da marcação já recebem os primeiros cuidados sanitários a fim de proporcionar um
bom ambiente para o desenvolvimento do bezerro.
Não realizam suplementação dos bezerros via creep-feeding, porém sabem
dos seus benefícios e tem estudado a implantação. Nota-se que esse é o único fator
dos que podem ser facilmente controlados que ainda não é realizado. Dentre os
fatores ambientais, os de ordem climática e mais complexos de se controlar tem sido
contornado por meio da adoção de algumas medidas.
Por ocasião da localização da propriedade, região noroeste do estado de Mato
Grosso, eles concentraram os nascimentos num período onde o regime pluviométrico
é menor, para diminuir a incidência de parasitas e facilitar o trabalho dos funcionários.
Esse fato seria um problema, devido a essa época seca ter menor disponibilidade de
alimentos para as fêmeas, porém é contornado com a vedação de pasto, deixando
áreas de melhor capim para as fêmeas lactantes, o que consequentemente garante
boa nutrição das proles.
Contudo muito pode ser melhorado na fazenda. A maior parte das atividades
realizadas de manejo com os animais ocorreram no curral, a fazenda conta com quatro
currais, sendo todos de madeira, formato padrão quadrado, com cobertura na parte
do tronco, seringa e balança, porém devido ao tempo de construção, será necessário
realizar modificações.
O manejo na instalação era muito difícil e estressante, tanto para os animais
quanto para os funcionários. Tendo em vista o bem estar geral e levando em
consideração o manejo racional dos animais, a reforma ou até mesmo a construção
de currais anti-stress e a realização de cursos de manejo para os funcionários, se faz
necessária para minimizar os efeitos maléficos do estresse.
Com o conhecimento adquirido na universidade e colocado em prática na
propriedade, pode-se afirmar que o estresse animal tem influenciado muito nos
índices zootécnicos da fazenda, nas tabelas 3 e 4, é notado que a fazenda
25
encontrasse acima da média nacional brasileira, relativo aos dados apresentados, o
que poderia ser ainda melhor se medidas simples fossem adotadas.
As vacas com cria ainda ao pé são levadas ao centro de manejo para a
sincronização, para evitar o estresse no manejo nos piquetes e transporte dos animais
até o curral, não correndo, nem gritando excessivamente com os animais e batendo.
Na sincronização utilizar técnicas menos agressivas do que a que vem sendo
utilizada, como os dispositivos intravaginais em substituição aos auriculares.
Quando for necessário colocar os animais no tronco, utilizar bandeiras e
manejar os animais em grupos pequenos, respeitando o habito social gregário dos
bovinos, evitando ao máximo bater, gritar e o uso de choque. Assim como no contato
com os bezerros para a aplicação de medicamentos, há uma elevada quantidade de
animais que sofrem choques e até mesmo fraturas pelo excesso de força dos
funcionários ao lidar com os animais o que afeta no seu desenvolvimento.
De modo geral a propriedade tentar fornecer o melhor ambiente para o
desenvolvimento dos seus animais, eles compreendem que os esforços realizados na
fase de cria iram influenciar nas fases futuras e por isso tem buscado soluções e
alternativas para suprir os seus déficits e promover uma constate melhora no seu
rebanho, sendo exemplo para demais propriedade no setor.
26
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção de bezerros tem sido um problema por muito tempo no Brasil, seja
pela dificuldade na criação dos animais, seja por baixos índices reprodutivos do
rebanho, seja por falta de investimento e mão de obra ou por falta de planejamento,
porém, com todo conhecimento que se tem a respeito se conduzido de maneira
adequada, traz muitos benefícios para o produtor, a fazenda Bama é a prova disso.
Ao se adotar programas de melhoramento genético na propriedade é
necessário que utilizem animais que possam promover um ganho genético no
rebanho. A raça Senepol tem mostrado uma series de fatores que provam sua
complementariedade ao rebanho nacional. Assegurando a qualidade genética.
O produtor deve-se manter atento ao ambiente que está proporcionando aos
seus animais para que ele não prive o animal de nada que seja inerente ao seu
desenvolvimento.
Fatores ambientais como os relacionados a sanidade e nutrição do rebanho
são primordiais e facilmente controlados, Técnicos como um Zootecnista podem
avaliar a situação e criar um programa estratégico para cada caso. Outros fatores
como os relacionados com a vaca podem ser avaliados por meio de controle dos
dados do rebanho, evitando manter animais improdutivos, que tem apresentado crias
fracas e com baixa habilidade materna.
Condições climáticas como a pluviometria e a temperatura são dificilmente
controlados e variáveis de ano para ano, contudo pode-se fazer um planejamento para
aproveitar os fatores de cada região a favor da criação.
27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. J. L.; GUARAGNA, G. P.; GONÇALVES, G. C.; PIRES, F. L. Efeito dos
fatores ambientais e genéticos no peso de bezerros da raça holandesa preta e branca,
aos 90 dias de idade. Boletim da Indústria Animal, v.47, n.1, p.01-87, 1990.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE BOVINOS SENEPOL.
Características. Disponível em: http://senepol.org.br/sobre-a-raca/caracteristicas/.
Acessado em 05 de Dezembro de 2014.
BOCCHI, A. L.; TEIXEIRA, R. A.; ALBUQUERQUE, L. G. Idade da vaca e mês de
nascimento sobre o peso ao desmame de bezerros nelore nas diferentes regiões
brasileiras. Acta Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v. 26, no. 4, p. 475-482,
2004.
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Perspectivas
para o agronegócio em 2015. Piracicaba, 2014. Disponível em:
http://cepea.esalq.usp.br/pib/. Acessado em: 16 de Janeiro de 2015.
DIAS, F. M. G. N. Efeito da condição corporal, razão peso/altura e peso vivo sobre o
desempenho reprodutivo pós-parto de vacas de corte zebuínas. Belo Horizonte:
UFMG – Escola de Veterinária, 1991. (Dissertação, mestrado em zootecnia).
EUCLIDES FILHO, K. O melhoramento genético e os cruzamentos em bovinos de
corte. Campo Grande: EMBRAPA:CNPGC, 1996. 35 p.(Documento, n. 63).
FAZENDA BAMA. Relatório Anual da Propriedade. Juara. 2014
SCOT CONSULTORIA. Taxa de Desfrute. Abril de 2012. Disponível em:
https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/23681/taxa-de-desfrute.htm.
Acessado em 11 de Dezembro de 2014.
28
SOCIEDADE NACIONAL DA AGRICULTURA. Brasil deve ampliar produção e
exportação de carnes em 2015. Disponível em: http://sna.agr.br/brasil-deve-ampliar-
producao-e-exportacao-de-carnes-em-2015/. Acessado em 03 de Dezembro de 2014.
SOUZA, J. C.; RAMOS, A. A.; SILVA, L. O.C.et al. Fatores do ambiente sobre o peso
ao desmame de bezerros da raça Nelore em regiões tropicais brasileiras. Ciência
Rural, Santa Maria, v. 30, n. 5, p. 881 885,2000b.
SOUZA, J.C. e RAMOS, A. A. Efeitos de fatores genéticos e de meio sobre o peso de
bovinos da raça Nelore. Rev. Soc. Bras. Zootec. v. 24, p. 164-172. 1995.
ZIMMER, A.H.; EUCLIDES FILHO, K. As pastagens e a pecuária de corte brasileira.
In: Gomide, J.A. (ed.). SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL
EM PASTEJO, 1, 1997, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV-DZO, 1997. p.349-79.
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ANEXO
Cálculos dos índices zootécnicos da Fazenda Bama, extraído do relatório anual da
Fazenda.
Índice de natalidade
Nº de bezerros nascidos (2013) = 4988 = 79%
Nº de vacas em cobertura (2012) 6339
Índice de mortalidade intra-uterina
Nº de vacas prenhas (geral) – Nº de bezerros nascidos = 5042 – 4984 * 100 = 1,2%
Nº de vacas Prenhas (geral) 5042
Intervalo entre partos (IEP)
Nº de vacas em reprodução ativa (geral) * 12 (meses) = 6309 * 12 = 15 meses
Nº de bezerros produzidos nos 12 meses (2012) 4984
Índice de desmame
Nº de bezerros desmamados (2013) = 4753 * 100 = 98%
Nº de bezerros nascidos (2012) 4868
Porcentagem de desmame
Nº de bezerros desmamados = 4753 * 100 = 72%
Nº de vacas em cobertura (2011) 6636
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Relação de desmama
Percentual do peso da mãe, que ela desmamou seu bezerro no dia da desmama.
Peso do bezerro * 100 = 216 * 100 = 49%
Peso da sua mãe 440
Fertilidade Real
Mostra quantos Kg de bezerro a vaca desmamou no ano.
Peso do bezerro * 12(meses) = 216 * 12 = 172kg
Intervalo entre partos de sua mãe 15
Porcentagem de mortalidade do rebanho
Nº de animais mortos = 257 * 100 = 1,2%
Nº de animais do rebanho 20472
Taxa de abate
Nº de animais abatidos * 100 = 5980 * 100 = 29%
Nº de animais do rebanho 20472
Taxa de venda
Nº de animais vendidos = 234 * 100 = 1%
Nº de animais do rebanho 20472
31
Taxa de desfrute
Crescimento vegetativo + taxa de abates + taxa de venda = 12+29+1 = 42%
Lotação Média Anual
Rebanho Médio(UA) = 15309 UA = 1,37 UA/Ha
Área de pastagem 11099 Ha
Produção de Carne
No total de Kg de carne estão incluídos os touros e os animais que foram vendidos
para outras propriedades e vacas abatidas para consumo.
Total de Kg produzidos = 1492256,80 Kg = 134kg carne/Ha/ano
Área de pastagem 11099 Ha