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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação Engenharia Ambiental Mestrado em Engenharia Ambiental Heloísa Cristina França Cavallieri ESTUDO DA BIODEGRADAÇÃO DE ÉTER-AMINAS UTILIZADAS NA FLOTAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre, em Engenharia Ambiental, área de concentração: Tecnologias Ambientais. Orientador: Prof. Dr. Cornélio de Freitas Carvalho Co-orientador: Profª. Drª. Silvana de Queiroz Silva Ouro Preto, MG 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Heloísa Cristina França Cavallieri

ESTUDO DA BIODEGRADAÇÃO DE ÉTER-AMINAS

UTILIZADAS NA FLOTAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Engenharia Ambiental da

Universidade Federal de Ouro Preto, como parte

integrante dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre, em Engenharia Ambiental, área de

concentração: Tecnologias Ambientais.

Orientador: Prof. Dr. Cornélio de Freitas Carvalho

Co-orientador: Profª. Drª. Silvana de Queiroz Silva

Ouro Preto, MG

2011

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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Heloísa Cristina França Cavallieri

ESTUDO DA BIODEGRADAÇÃO DE ÉTER-AMINAS

UTILIZADAS NA FLOTAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO

Dissertação de mestrado submetida à banca examinadora designada pelo Colegiado do

mestrado em Engenharia Ambiental, como parte integrante dos requisitos necessários para a

obtenção do grau em Mestre em Engenharia Ambiental.

Ouro Preto, 02 de março de 2011.

Banca examinadora:

Prof. Dr. Cornélio de Freitas Carvalho UFOP

Profª. Drª. Silvana de Queiroz Silva UFSJ

Prof. Dr. Luiz Henrique Rosa UFMG

Profª. Drª. Mônica Cristina Teixeira UFOP

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“É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em

vão, que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios

em casa me esconder. Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver.”

Martin Luther King

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À minha mãe, Marlene, pelo amor, apoio e incentivo

aos meus irmãos, Hugo e Salete, por, mesmo que à

distância, sempre acreditarem em mim.

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Dedico este trabalho aos professores Cornélio

Carvalho e Silvana Queiroz, meus orientadores, pela

paciência e competência. Pessoas incríveis, pelas

quais tenho muita admiração e alegria de ter tido a

oportunidade de conhecer e conviver.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pois me reservou uma família, amigos e oportunidades maravilhosas.

Ao Fabiano, pelo amor e compreensão em todos os momentos e por me fazer feliz.

A toda minha família, pelo interesse e incentivo durante todo o curso.

Aos professores do curso por todo o conhecimento compartilhado e amizade e aos colegas

do mestrado pelo companheirismo durante as disciplinas cursadas.

A Ludmila von Randow e Luiz Henrique por toda ajuda e incentivo inicial. Vocês foram

fundamentais para que tudo se tornasse realidade.

Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa

vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança diante dos desafios e pela amizade.

As amigas do Laboratório de Microbiologia, Débora e Keici, pelo companheirismo,

amizade, carinho e ajuda incondicional.

A todos os colegas do Laboratório de Resíduos e Efluentes, em especial, a Cris, pela

agradável convivência, auxílio e amizade.

Aos técnicos dos laboratórios, em especial à Marly, pelo apoio e amizade, e por tornar os

dias de trabalho mas descontraídos.

Ao Prof. Lydston, uma pessoa especial que esteve presente na hora de grandes desafios.

Sua participação foi muito importante para a conclusão deste trabalho.

Ao Prof. Luiz Henrique Rosa pela ajuda incondicional nos momentos mais difíceis.

A Prof. Eneida Eskinazi e Milene Mendes pela atenção e ajuda. Obrigada pela fotos.

A Prof. Maria Célia Lanna, pela disponibilização do Laboratório de

Microbiologia/DECBI/UFOP.

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A SAMARCO, especialmente ao Batisteli, pela confiança e atenção.

A Isabela França pela ajuda na hora certa.

Ao CETESC pela oportunidade e incentivo.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudo.

A todos que contribuíram de alguma maneira para a realização desse trabalho. Obrigada!

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ xii

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................xv

LISTA DE NOTAÇÕES .......................................................................................................... xvii

RESUMO .................................................................................................................................. xix

ABSTRACT .............................................................................................................................. xxi

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS ...................................................................................................... 4

2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 4

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 4

CAPÍTULO 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 5

3.1. ASPECTOS GERAIS DA MINERAÇÃO .................................................................................. 5

3.2. BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE FERRO ................................................................... 5

3.3. O PROCESSO DE FLOTAÇÃO ............................................................................................... 6

3.3.1. Reagentes utilizados na flotação de minério de ferro ..................................................... 10

3.3.1.1. Amido ................................................................................................................. 11

3.3.1.2. Amina ................................................................................................................. 12

3.3.2. Resíduos e efluentes gerados no processo de flotação de minério de ferro .................... 18

3.4. UTILIZAÇÃO E REAPROVEITAMENTO DAS AMINAS ................................................... 19

3.5. BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS ................................................................. 24

3.5.1. Modelos cinéticos de biodegradação de compostos orgânicos ........................................ 28

3.5.2. Microrganismos degradadores de aminas...........................................................................40

3.5.3. Metabolismo e bioquímica de degradação ...................................................................... 46

3.6. RISCOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS ÀS AMINAS.................................................................53

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................56

4.1. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................................... 56

4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS .......................................................................... 56

4.3. QUANTIFICAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS ............................................................................. 56

4.3.1. Método Verde de Bromocresol (ARAÚJO et al., 2009) ................................................... 56

4.3.2. Método do Orange II ...................................................................................................... 58

4.3.2.1. Validação do método químico do Orange II (INMETRO, 2003) ........................... 59

4.4. TESTES DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS PELA SERRATIA

MARCESCENS..............................................................................................................................................61

4.5. COLETA DAS AMOSTRAS ..................................................................................................... 62

4.6. ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS BACTÉRIAS ISOLADAS

.......................................................................................................................................................... 64

4.6.1. Condições de isolamento e caracterização dos isolados .................................................. 64

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4.6.2. Identificação dos isolados................................................................................................ 65

4.6.2.1. Extração de DNA ................................................................................................ 65

4.6.2.2. Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) .............................................................. 66

4.7. ANÁLISE DA DIVERSIDADE BACTERIANA PELA TÉCNICA DE PCR-DGGE ............... 67

4.8. TESTE DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS PELAS BACTÉRIAS

ISOLADAS ....................................................................................................................................... 68

4.9. CINÉTICA DE BIODEDEGRADAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS PELAS LINHAGENS

ISOLADAS EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES E TEMPERATURAS ................................ 69

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................71

5.1. QUANTIFICAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS ............................................................................. 71

5.1.1. Método do Verde de Bromocresol .................................................................................. 71

5.1.2. Método do Orange II ...................................................................................................... 73

5.1.2.1. Faixa de Trabalho e Faixa Linear de Trabalho ...................................................... 73

5.1.2.2. Limite de Detecção................................................................................................. ...77

5.2. TESTES DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS PELA BACTÉRIA Serratia

marcescens ....................................................................................................................................... 81

5.3. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................................................... 87

5.4. ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS BACTÉRIAS

PRESENTES NAS AMOSTRAS BRUTAS .................................................................................... 90

5.5. COMPARAÇÃO DA DIVERSIDADE BACTERIANA NAS AMOSTRAS DE REJEITO

COMPOSTO E DA BARRAGEM DE REJEITOS PELA TÉCNICA PCR-DGGE ................... 106

5.6. TESTES DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS PELAS BACTÉRIAS

ISOLADAS .................................................................................................................................... 111

5.7. CINÉTICA DE BIODEGRADAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS PELAS LINHAGENS

ISOLADAS EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES E TEMPERATURAS..............................121

5.7.1. Aspectos Gerais....................................................................................................................121

5.7.2. Determinação do modelo cinético ................................................................................. 123

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES .............................................................................................. 131

CAPÍTULO 7 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 132

CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 133

CAPÍTULO 9 – ANEXOS ........................................................................................................ 147

ANEXO I - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS MEIOS DE CULTURA ......................................... 147

ANEXO II - PROTOCOLO DE PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES............................................. 149

ANEXO III - BIODEGRADAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS ............................................................ 152

ANEXO IV - CURVAS TEÓRICAS............................................................................................... 157

ANEXO V - SOLUÇÕES PARA DGGE......................................................................................... 178

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Fórmula estrutural simplificada de uma amina graxa primária..........................13

Figura 3.2. Rota de produção de éter-monoamina e éter-diamina (NEDER, 2005)...........15

Figura 3.3. Espectro de massas com ionização por eletrospray da EDA 3B em modo

positivo (ARAÚJO et al., 2008)...........................................................................................17

Figura 3.4. Espectro de massas com ionização por eletrospray da F 2835 em modo positivo

(ARAÚJO et al., 2008).........................................................................................................17

Figura 3.5. Percentual de desembolso por insumo de uma grande mineradora de MG

(BATISTELI, 2007)..............................................................................................................20

Figura 3.6. Crescimento de P. aeruginosa, analisado pela densidade óptica, em relação ao

tempo, em diferentes concentrações iniciais de endosulfan (HUSSAIN et al., 2009)..........38

Figura 3.7. Proposta de degradação de sais de amônio por amostra de lodo ativado

(NISHIYAMA et al., 1995)..................................................................................................47

Figura 3.8. Esquema proposto para o metabolismo da metilamina, dimetilamina e

trimetilamina por Hyphomicrobium X (MEIBERG e HARDER, 1978)..............................49

Figura 3.9. A. Cultura mista de B. cepacia e S. maltophila crescendo em meio com

dodecildimetilamina como única fonte de carbono e energia em relação de comensalismo.

B. Relação de mutualismo em uma cultura mista de B. cepacia e S. maltophila sob

condições limitadas de nitrogênio (KROON e VAN GINKEL, 2001).................................51

Figura 3.10. Provável mecanismo de degradação de diaminas (DEO E NATARAJAN,

1998a)....................................................................................................................................52

Figura 3.11. Provável mecanismo de degradação de dodecilamina (DEO e NATARAJAN,

1998a)....................................................................................................................................53

Figura 4.1. Fluxograma evidenciando o delineamento experimental na fase do

desenvolvimento metodológico adotado...............................................................................57

Figura 4.2. Fluxo de rejeitos da empresa (Arquivo da empresa Samarco)...........................63

Figura 5.1. Curvas de calibração do método Verde de Bromocresol....................................72

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Figura 5.2. Curvas de calibração do método Orange II........................................................75

Figura 5.3. Distribuição dos resíduos....................................................................................77

Figura 5.4. Limite de Detecção do Equipamento (LDE)......................................................79

Figura 5.5. Análise pelo método do Verde de Bromocresol da biodegradação das éter-

aminas, utilizando o meio Caldo Nutriente, pela bactéria Serratia marcescens...................81

Figura 5.6. Análise pelo método do Verde de Bromocresol da biodegradação das éter-

aminas, utilizando o meio Bromfield modificado, pela bactéria Serratia marcescens.........83

Figura 5.7. Degradação das éter-aminas nas amostras de rejeito..........................................88

Figura 5.8. Fotografias das placas de Petri mostrando crescimento bacteriano em ágar

nutriente (1, 2, 3, 4, 5) e Bromfield modificado sólido (6, 7, 8, 9).......................................91

Figuras 5.9. Fotografias dos tubos de ensaio contendo meio líquido para crescimento de

microrganismos................................................................................................................... ..94

Figura 5.10a. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração de

Gram dos 22 isolados, chamados de A à R, em aumento de 1.000x....................................95

Figura 5.10b. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração de

Gram dos 22 isolados, chamados de S à V, em aumento de 1.000x.....................................96

Figura 5.11a. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração

Verde de Malaquita dos 22 isolados, chamados de A à F, em aumento de 1.000x..............96

Figura 5.11b. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração

Verde de Malaquita dos 22 isolados, chamados de G à V, em aumento de 1.000x..............97

Figura 5.12. Gel de agarose 1,0%, corado com SyberSafe DNA Gel Stain (Invitrogen)......99

Figura 5.13. Árvore filogenética contendo sequências do gene DNAr 16S(~1.300pb)

construída pelo método Neighbor-Joining. Análise de Bootstrap com 1000 réplicas.

Números de referência no GenBank se encontram entre parênteses. Barra corresponde a

0,5%....................................................................................................................................100

Figura 5.14. Gel PCR do DGGE.........................................................................................106

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xiv

Figura 5.15. Gel de DGGE corado com brometo contendo fragmentos de DNA ribossomal

16S amplificado com iniciadores universais para

Bacteria...............................................................................................................................108

Figura 5.16. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado A (a), B (b), C (c), J (d)

e N (e) através do Método do Orange II.............................................................................112

Figura 5.17. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado D (a), G (b), R (c) e , T

(d) através do Método do Orange II....................................................................................113

Figura 5.18a. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado F (a), H (b), I (c), K

(d), L (e), Q (f), R (g), U (h) e V (i) através do Método do Orange II................................114

Figura 5.18b. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado F (a), H (b), I (c), K

(d), L (e), Q (f), R (g), U (h) e V (i) através do Método do Orange II................................115

Figura 5.19. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado E (a) , M (b), O (c) e P

(d) através do Método do Orange II....................................................................................116

Figura 5.20. Análise da biodegradação das éter-aminas por todos os isolados através do

Método do Orange II...........................................................................................................117

Figura 5.21. Biodegradação das éter-aminas pelo isolado K - 3mL de inóculo, 50mg.L-1

de

éter-amina e diferentes temperaturas..................................................................................121

Figura 5.22. Curva teórica. (a) primeira ordem; (b) segunda ordem..................................125

Figura 5.23. Gráficos lnK x 1/tempo para cinética de primeira ordem (a, b, c) Todos

isolados, 1, 2 e 3mL, respectivamente; (d, e, f) Isolado K, 1, 2 e 3mL..............................129

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Equações utilizadas para avaliar a biodegradação do endosulfan com e sem

crescimento...........................................................................................................................37

Tabela 3.2. Parâmetros dos modelos de cinética de degradação de substrato adequados para

as diferentes concentrações iniciais de endosulfan pela P. aeruginosa (HUSSAIN et al.,

2009)............................................................................................................................. ........38

Tabela 3.3. Classificação nutricional das bactérias (TORTORA, 2005)..............................41

Tabela 3.4. Valores de referência da concentração de aminas nas águas para consumo

humano e efluentes, de acordo com EPA/EUA (PERES et al., 2000)..................................55

Tabela 4.1. Soluções e volumes da extração de DNA pela técnica fenol/clorofórmio

(GRIFFITHS et al., 2000).....................................................................................................65

Tabela 4.2. Reagentes utilizados para a preparação da mistura de reação da PCR para a

amplificação do gene DNAr 16S. ........................................................................................66

Tabela 5.1. Valores das Variâncias (S2) utilizadas para calcular LDM................................80

Tabela 5.2. Limite de Detecção do Método Orange II..........................................................80

Tabela 5.3. Absorbâncias e concentrações encontradas nos testes sem a adição de éter-

aminas...................................................................................................................................85

Tabela 5.4. Varredura dos meios de cultura, de 450 à 550nm..............................................87

Tabela 5.5. Valores de pH das frações sólida e líquida das amostras de rejeito...................88

Tabela 5.6. Origem e características das 22 colônias isoladas..............................................93

Tabela 5.7. Concentrações iniciais e finais e taxas de biodegradação dos isolados

bacterianos durante 20 dias de monitoramento...................................................................118

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xvi

Tabela 5.8. Coeficientes de determinação (R2) para o modelo de Monod aplicado ao isolado

K e aos isolados em conjunto..............................................................................................123

Tabela 5.9. Coeficientes de determinação (R2) encontrados para os modelos de primeira e

segunda ordens aplicado ao isolado K e aos isolados em conjunto....................................124

Tabela 5.10. Constantes de velocidades (K) para cinética de primeira ordem...................126

Tabela 5.11. Energia de Ativação (EA) e coeficiente de determinação (R2) para o modelo

de primeira ordem...............................................................................................................130

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LISTA DE NOTAÇÕES

ATP Adenosina Trifosfato

BSA Soro Albumina Bovina

CL50 Concentração letal

CO Monóxido de carbono

CO2 Dióxido de carbono

CO32-

Carbonato

COS Sulfeto de carbonila

COV Composto orgânico volátil

CS2 Dissulfeto de carbono

DECBI Departamento de Ciências Biológicas

DEQUI Departamento de Química

DL50 Dose letal

DNA Ácido Desoxirribonucléico

DNAr 16S Ácido Desoxirribonucléico da porção 16S ribossomal

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

dNTP Desoxirribonucleotídeo

DQO Demanda Química de Oxigênio

EPA Agência de Proteção Ambiental Americana (USA)

HCO-3 Bicarbonato

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

LDE Limite de detecção do equipamento

LDM Limite de detecção do método

MBR Minerações Brasileiras Reunidas

MgCl2 Cloreto de magnésio

MIBK Metil iso-butil cetona

NaOH Hidróxido de Sódio

NCBI National Center of Biotechonogy Information

NH+

4 Íon amônio

NO-2 Nitrito

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NO3- Nitrato

OD Oxigênio dissolvido

Pb Pares de bases

PBS Tampão fosfato salino

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

PCR-DGGE Reação em Cadeia da Polimerase - Eletroforese em Gel de Gradiente

Desnaturante

pH Potencial Hidrogeniônico

PNP p-nitrofenol

PVPP Polivinilpolipirrolidona

RNAr16S Ácido Ribonucléico da porção 16S ribossomal

RC Rejeito Composto

RB Rejeito da Barragem

RPM Rotações por Minuto

SDS Dodecil sulfato de sódio

SO42-

Sulfato

TAE Solução Tampão com Tris-Acetato-EDTA

Taq Termophilus aquaticus (Taq DNA polimerase)

TNP 2,4,6-trinitrofenol

Tris Tris(hidroximetil)aminometano

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

UV Ultra-Violeta

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RESUMO

As éter-aminas são os coletores orgânicos mais utilizados na flotação do minério de ferro e

estão presentes no rejeito depositado nas barragens. Estas aminas podem ser biodegradadas

em poucos dias após chegarem às barragens e utilizadas como fonte de carbono e

nitrogênio para o metabolismo microbiano. A biodegradação é intensificada pela presença

do minério de ferro, o qual provavelmente fornece elementos essenciais para a

sobrevivência destes seres vivos. Este trabalho teve como objetivo isolar e identificar

culturas bacterianas a partir dos rejeitos contendo aminas bem como investigar a

capacidade de degradação das éter-aminas pelas bactérias isoladas e da bactéria Serratia

marcescens, previamente identificada na barragem de rejeitos. Além disso, realizou-se a

comparação da diversidade bacteriana nas duas amostras pela técnica PCR-DGGE. De

acordo com os resultados obtidos, os testes de biodegradação das éter-aminas, na presença

de minério de ferro e em meios de cultura diferentes, caldo nutriente e Bromfield

modificado, pela S. marcescens, não apresentaram perfil de degradação, sugerindo que essa

bactéria pode estar presente na barragem de rejeito, mas que não atua sozinha no processo

de degradação dos coletores. Das amostras brutas de rejeito composto da flotação e da

barragem de rejeitos foram obtidos 22 isolados, todos caracterizados como bacilos retos,

Gram-positivos e formadores de esporos. A comparação filogenética da sequência do

DNAr 16S do isolado K revelou alta similaridade com as espécies Bacillus

amyloliquefasciens e Bacillus subtilis. A utilização da técnica de PCR-DGGE permitiu

observar que a amostra da barragem de rejeitos possui uma menor diversidade, comparada

à amostra do rejeito composto do processo de flotação, porém nesta verificou-se a presença

do isolado K, indicando uma participação considerável desta bactéria na comunidade

bacteriana predominante nesta amostra. Os testes de degradação das aminas utilizando os

isolados bacterianos apresentaram resultados com baixos perfis de degradação (em torno de

20-25%), sendo que para alguns não houve consumo do coletor. No entanto, na presença

conjunta de todos os isolados a degradação das éter-aminas apresentou maior taxa (62%),

indicando que as espécies obtidas atuam em conjunto no consumo desse coletor. O isolado

K, que apresentou maior taxa de degradação, e todas as linhagens juntas, foram utilizados

para a realização do testes de cinética de degradação em diferentes concentrações de

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insumo, temperaturas e volume de inóculo. Pode-se observar que à temperatura de 45°C

não ocorreu consumo de substrato e que à 25mg.L-1

, para o isolado K, também não houve

degradação. A taxa de degradação foi maior na presença de maior volume de inóculo para o

isolado K, mas não sofreu alterações quando estes estiveram em conjunto. Foram testados

os modelos de Monod, primeira e segunda ordens para traduzir a cinética de degradação e o

modelo de primeira ordem se mostrou mais adequado.

Palavras-chave: biodegradação, éter-aminas, flotação, cinética, Bacillus

amyloliquefasciens, Bacillus subtilis.

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xxi

ABSTRACT

The ether-amines are the most widely used organic collectors in the flotation of iron ore

and are present in the waste deposited in the dams. These amines can be biodegraded within

a few days after reaching the dams and are used with source of carbon and nitrogen for

microbial metabolism. Biodegradation is enhanced by the presence of iron ore, which

probably provides the essential elements for the survival of these living beings. This study

aimed to isolate and identify bacterial cultures from the tailings containing amines as well

as conduct experiments to investigate the ability of degradation of ether-amines by isolated

bacteria and the bacterium Serratia marcescens, previously identified in the tailings dam. In

addition there is the comparison of bacterial diversity in the two samples by PCR-

DGGE. According to the results obtained, the biodegradation tests of biodegradation of

ether-amines, in the presence of iron ore and in different culture media, nutrient broth and

Bromfield modified by S. marcescens, showed no degradation profile, suggesting that this

bacterium can be present in the tailings dam, but that does not act alone in the degradation

process of collectors. From raw samples of flotation tailings and composite tailings dam

were obtained 22 isolated, all characterized as straight rods, Gram-positive and spore

forming. The phylogenetic comparison of 16S rDNA sequence of strain K showed high

similarity with the species Bacillus amyloliquefasciens and Bacillus subtilis. The use of

PCR-DGGE allowed to observe that the sample from the tailings dam has a lower diversity,

compared to the sample of composite tailings from the flotation process, however in this

was verified the presence of strain K, indicating a considerable share of this predominant

bacterial community isolated in this sample. Degradation tests of amines with the bacterial

isolated showed results with low degradation profiles (around 20-25%), and for some there

was no consumption of the collector. However, in the joint presence of all isolated the

degradation of ether-amines showed higher degradation (62%), indicating that the species

obtained act together to degrade. The strain K, which had the highest rate of degradation,

and all strains together, were used to perform the tests decay kinetics at different

concentrations of input, temperature and inoculum volume. It can be observed that at the

temperature of 45°C substrate consumption did not occur and that at the 25mg.L-1

, for

strain K, there was also no degradation. The degradation rate was higher in the presence of

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higher inoculum volume for strain K, but did not change when they were together. The

models of Monod, first and second order were tested to translate the degradation process

and the first order model was more appropriate.

Keywords: biodegradation, ether-amines, flotation, kinetics, Bacillus amyloliquefasciens,

Bacillus subtilis.

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

O estilo de vida que se herda, pratica e que certamente se passa para as próximas gerações é

inegavelmente dependente do uso e de aplicações de recursos minerais. São muitos os

exemplos de situações cotidianas que viabilizam a base da extração de recursos minerais.

Basta olhar atentamente ao ambiente em que se está para identificar uma série de objetos

cuja fabricação envolve uma variedade de produtos derivados de bens minerais de todas as

classes como metais, não-metálicos, combustíveis fósseis, metais preciosos, gemas. As

atividades industriais modernas em diferentes áreas de metalurgia, química, fertilizantes,

cimentos, construção civil e elétrica usam e transformam bens minerais, gerando produtos

manufaturados, inimagináveis no passado, que permitem a execução das atividades com

eficiência e certo conforto.

O minério de ferro é um metal essencial na indústria extrativa no Brasil, tanto em relação

ao volume da produção quanto nos investimentos financeiros. É utilizado na fabricação de

aço e ferro fundido, possui aplicações nas indústrias de ferro-liga e de cimento, e também é

utilizado na construção e manutenção de estradas (DNMP, 2009). Ao se analisar os usos

que a humanidade faz dos diversos bens minerais, percebe-se a dependência que se tem

deles e, somando-se as quantidades utilizadas, pode-se chegar a números no mínimo

curiosos em termos do consumo per capita desses bens, em particular nos países altamente

industrializados.

Diferentemente dos outros recursos naturais, tais como os de origem vegetal ou animal, a

maioria dos recursos minerais não é renovável, e a extração se dá numa velocidade bem

maior do que aquela com que eles se formam (milhares ou mesmo milhões de anos). Uma

vez lavrados e utilizados, eles podem não mais se formar na escala de tempo da vida

humana. Decorre daí a disponibilidade finita de bens minerais, pelo menos em termos dos

tipos de depósitos que atualmente se conhece e que se está habituado a lavrar. Apesar de a

crosta terrestre dispor de gigantescas quantidades de substâncias minerais úteis não

renováveis, esses minerias ocorrem em concentrações menores do que aquelas atualmente

exigidas para que sejam lavradas. No entanto, a utilização de recursos minerais a teores

progressivamente decrescentes, implicando maiores custos energéticos, será viável somente

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se dispuser de fontes abundantes e baratas de energia, pois esta é um insumo essencial na

extração e tratamento de bens minerais, assim como na fabricação de seus produtos

variados.

O ferro é um metal de grande incidência na crosta terrestre, representando 4,2% em massa

(DNPM, 2009). Os principais minerais que contêm ferro são hematita (Fe2O3), magnetita

(Fe3O4), goethita (FeO/OH) e siderita (FeCO3). As formações ferríferas compostas de

hematita e sílica, chamadas de itabiritos, estão presentes nos maiores depósitos de ferro

(DNPM, 2009). Devido à grande utilização dos depósitos de minérios de altos teores de

ferro (>64% Fe) (ROSIÈRE e CHEMALE JR., 2000) torna-se de fundamental importância

a extração de jazidas de minérios com teores de ferro cada vez mais baixos, os quais

contêm partículas de minério que não são de interesse, conhecidas como ganga (FARNESE

e BARROZO, 2006). O minério itabirito não era explorado há alguns anos devido ao baixo

teor de ferro (< 50-60%Fe), de acordo com os interres comerciais (ALVES, 2006) e

granulometria fina (BATISTELI, 2007), mas tornou-se alternativa para as explorações

atuais. As partículas de quartzo e sílica, presentes no minério itabirito, são indesejáveis e

devem ser retiradas durante o processo de concentração do minério (COSTA, 2009).

Nos dias atuais, o processo de concentração de minérios mais utilizado pela indústria

mineral, o qual torna possível o aproveitamento de minerais complexos e/ou com baixo teor

é a flotação catiônica reversa, metodologia esta na qual é utilizado um coletor e um

depressor dos óxidos de ferro (SILVA, 2004). Os principais reagentes utilizados processo

de flotação são as éter-aminas e o amido. O primeiro possui a função de coletor dos

minerais de quartzo e o segundo tem a função de deprimir os minerais de ferro, impedindo

que eles sejam flotados (SAMARCO MINERAÇÃO, 2009). Durante a flotação, a maior

parte das éter-aminas fica contida na polpa do rejeito, juntamente com a sílica. Esta polpa é

descartada para as barragens de rejeito, as quais são fontes potenciais de contaminação das

águas no meio ambiente.

Os reagentes orgânicos utilizados na concentração dos óxidos de ferro reduzem a taxa de

absorção de oxigênio no ambiente aquático, diminuindo a velocidade de autodepuração dos

rios (ARAÚJO, 2007). Diante da crescente preocupação com as condições ambientais, as

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barragens de rejeito, contendo éter-aminas, merecem mais atenção devido às alterações que

podem causar no ambiente natural.

Não se sabe ao certo os produtos formados durante a decomposição das éter-aminas, mas

estudos indicam que não são formados compostos inorgânicos e que estas éter-aminas são

decompostas rapidamente na barragem de rejeitos (CHAVES, 2001). Os fatores que

influenciam as etapas de degradação das éter-aminas também não são bem definidos

(CHAVES, 2001).

O coletor orgânico possui elevado valor comercial e sua recuperação pode levar a uma

grande economia para a indústria de minério de ferro. A reciclagem das éter-aminas com

possível reutilização no processo de flotação do minério é uma das alternativas estudadas

para evitar o lançamento junto aos rejeitos do processo e reduzir custos operacionais

(BATISTELI, 2007). Estudos anteriores demostraram que a degradação das éter-aminas nas

barragens de rejeito ocorre rapidamente; em 12 dias a quantidade de éter-aminas pode ser

reduzida a menos da metade da quantidade inicial (CHAVES, 2001), o que dificulta o

processo de recuperação e reuso desse coletor. Diante dessas informações, o presente

trabalho foi proposto com o objetivo de estudar o processo de biodegradação das éter-

aminas, visando, futuramente, elucidar a recuperação desse coletor orgânico.

Este trabalho analisou o processo de biodegradação das éter-aminas isolando e

identificando bactérias potencialmente degradadoras, bem como a velocidade desta

degradação. Os procedimentos experimentais para isolamento e identificação das bactérias

foram realizados nos Laboratórios de Microbiologia do Departamento de Ciências

Biológicas (DECBI/UFOP); já os procedimentos de análise das éter-aminas e de

biodegradabilidade e cinética foram realizados no Laboratório de Resíduos e Efluentes do

Departamento de Química (DEQUI/UFOP).

Acredita-se que o conhecimento sobre o envolvimento de bactérias com capacidade de

degradação de éter-aminas pode contribuir para aplicações práticas na indústria, tais como

para promover a inibição do processo de biodegradação das éter-aminas na barragem de

rejeitos e também para futura identificação dos produtos formados durante o processo de

degradação.

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CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Estudar os rejeitos da flotação do minério de ferro, buscando identificar as bactérias

responsáveis pela biodegradação do coletor orgânico.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Validar o método químico de quantificação das éter-aminas Orange II;

Realizar testes de biodegradação das éter-aminas pela bactéria Serratia marcescens;

Isolar bactérias em diferentes meios de cultura, caracterizá-las segundo suas

características morfológicas e identificá-las com base na sequência do gene RNA

ribossomal 16S;

Comparar a diversidade bacteriana presente nas amostras brutas do rejeito composto e

rejeito da barragem utilizando a técnica do PCR-DGGE;

Realizar testes de degradabilidade das éter-aminas pelos isolados bacterianos;

Estudar a cinética de degradação das éter-aminas pelas linhagens isoladas em

diferentes concentrações e temperaturas.

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CAPÍTULO 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. ASPECTOS GERAIS DA MINERAÇÃO

A Crosta Terrestre é constituída principalmente por oxigênio, silício, alumínio e ferro,

sendo que este último é o quinto mais abundante, correspondendo a 4,2%. Os principais

minerais que possuem ferro são: hematita (Fe2O3), goethita (FeO.OH), magnetita (Fe3O4) e

siderita (FeCO3), sendo, portanto, o quarto mineral mais abundante da crosta terrestre

(DNPM, 2009). Os recursos brasileiros de minério de ferro, reconhecidos oficialmente pelo

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) são da ordem de 73,7 bilhões de

toneladas. As reservas brasileiras representam 7,2% das reservas mundiais, o que coloca o

Brasil em quinto lugar entre os países detentores das maiores quantidades de minério de

ferro, sendo que os altos teores de ferro nos minérios brasileiros levam o país a ocupar um

lugar de destaque no cenário mundial, em termos de ferro contido no minério (DNPM,

2009). No Brasil, as principais reservas de minério de ferro estão em Minas Gerais

(66,97%), Pará (15,97%) e Mato Grosso do Sul (15,47%) (DNPM,2009) e são

denominadas itabiritos, as quais compreendem formações ferríferas metamórficas e

fortemente oxidadas apresentando descontinuamente corpos de minério de alto teor de ferro

(>64% Fe), de morfologia mais ou menos lenticular e dimensões variáveis desde alguns

centímetros até centenas de metros (ROSIÈRE e CHEMALE JR., 2000). De acordo com o

DNPM, em 2008 o Brasil produziu 351,2 milhões de toneladas de minério de ferro, com

teor médio de 60,9% de Fe (DNPM, 2009), o que representou 61,2% do valor total da

produção mineral brasileira. Cerca de 66,0% da produção foram destinados ao mercado

externo (DNPM, 2009).

3.2. BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE FERRO

Normalmente os minerais presentes na natureza apresentam-se numa forma diferente

daquelas utilizadas pela indústria, seja pela granulometria ou associação com outros

minerais, os quais não são de interesse ou são indesejáveis para o processo industrial ao

qual se destinam. É exatamente para a adequação dos minerais aos processos industriais

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que se utiliza o beneficiamento dos minérios devido à escassez cada vez maior das reservas

de minérios de altos teores de ferro, visando concentrar os minérios com baixos teores.

A concentração mineral ocorre por meio da exploração das propriedades físicas ou físico-

químicas diferenciadoras, específicas dos minerais, que não alterem a estrutura química dos

minerais presentes, como cor, peso específico, densidade, forma, tamanho relativo das

partículas, susceptibilidade magnética, condutividade elétrica e características de superfície

(BATISTELI, 2007).

A flotação é o processo atualmente mais utilizado para o tratamento de quase todos os tipos

de minérios, devido á grande versatilidade e seletividade (PAVLOVIC e BRANDAO,

2003; HOUOT, 1983). Este processo permite a obtenção de um produto final com elevados

teores do mineral de importância e expressivas recuperações. A característica da superfície

do mineral é a propriedade determinante neste processo, que ocorre em suspensão aquosa.

Há utilização de reagentes químicos para que ocorra a recuperação seletiva dos minerais

por adsorção em bolhas de ar.

3.3. O PROCESSO DE FLOTAÇÃO

As primeiras patentes relacionadas ao método de flotação surgiram no século XIX na

Inglaterra e ocorreram três etapas de desenvolvimento: Flotação em óleo (bulk oil

flotation), Flotação pelicular (skin flotation) e Flotação em espuma (froth flotation)

(JAFELICCI JR et al., 2008; ATKINS e JONES, 2001). A flotação catiônica reversa

iniciou-se na década de 1960, empregando-se íons de cálcio para a ativação da sílica, que

era flotada em condições básicas por ácido graxo (REIS, 2004; HOUOT, 1983). No Brasil,

em 1977, a Samarco foi pioneira na implantação da flotação de minério de ferro, sendo esta

técnica empregada até os dias atuais, mesmo após ocorrem etapas de expansão da produção

de minério de ferro (BATISTELI, 2007). Atualmente, o Brasil é o país que possui maior

número de colunas de flotação de minério de ferro do mundo, as quais são indispensáveis

para o tratamento desse mineral, tendo em vista seu excelente desempenho com materiais

finos (ARAÚJO et al., 2005; MARTINS et al., 2002). Mas essa técnica também é utilizada

no tratamento de outros minerais como fosfato, nióbio, ouro, cobre, zinco oxidado,

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chumbo-zinco, grafita, carvão, potássio, níquel, fluorita, magnesita, feldspato, barita, talco,

tungstênio e resíduo hidrometalúrgico contendo prata, sendo o processo mais indicado para

a produção de super-concentrados. (JAFELICCI JR. et al., 2008).

Desta forma, a flotação é uma técnica físico-química de separação de misturas baseada nas

diferenças das características da superfície dos vários minerais presentes na polpa. Essas

características estão relacionadas ao conceito de hidrofobicidade, que corresponde à

dificuldade das partículas em se interagir com a água, sendo que uma partícula hidrofóbica

tem aversão por água, e é pouco molhável, e uma partícula hidrofílica, é ávida por água,

sendo mais molhável (COSTA, 2009). Esta técnica consiste na introdução de bolhas de ar

produzidas, comumente, pela dispersão de ar comprimido (ENGLERT et al., 2009), a uma

suspensão de partículas, sendo que no caso do minério de ferro, os minerais mais

importantes são a hematita (Fe2O3), chamado underflow, e o quartzo (SiO2), considerado o

mineral de ganga, que é o overflow (COSTA, 2009; PERES et al., 2000). Assim, as

partículas se aderem às bolhas de ar formando uma espuma que deve ser removida da

solução para separar os componentes efetivamente. Esta técnica ocorre devido à tensão

superficial do meio de dispersão e ao ângulo de contato formado entre a bolha e as

partículas (DE SOUSA et al., 2003).

A seletividade no processo de flotação requer a adição de reagentes químicos para induzir a

propriedade diferencial. Na faixa de pH em que ocorre a flotação, próximo de 10, tanto as

partículas de hematita quanto as de quartzo são carregadas negativamente, apresentando

propriedades hidrofílicas, e poderiam adsorver a amina, embora a atração seja maior pelo

quartzo. Para evitar que a hematita seja flotada é adicionado o amido como depresssor, que

irá adsorver a superfície da hematita, tornando-as ainda mais carregadas negativamente e

consequentemente mais hidrofílicas. As partículas de quartzo tornam-se avessas pela água

após a adição da amina no sistema, quando esta se liga às partículas de quartzo. A amina

tem ainda, a função de estabilizar a espuma gerada pela adição de ar no sistema, facilitando

dessa forma, a cinética de interação entre as partículas de quartzo e as bolhas de ar. As

partículas de quartzo hidrofóbicas terão afinidade pelo ar e serão arrastadas juntamente com

a espuma, enquanto que as partículas hidrofílicas de hematita permanecerão em suspensão

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na água. Assim, é possível a separação seletiva entre as espécies minerais, ocorrendo então,

a concentração do minério de ferro (PERES et al., 2000; HOUOT, 1983).

A interação entre a amina e a superfície negativa do quartzo ocorre por atração eletrostática

e com baixa transferência de calor (SMITH e AKHTAR (1976) apud BATISTELI, 2007;

FUERSTENAU, 1991). As espécies H+ e OH

- são íons determinantes do potencial para

silicatos. Desta forma, a carga elétrica, na superfície do quartzo, e, consequentemente, a

densidade de adsorção de amina dependem do pH do sistema. Em meio ácido, a espécie H+

é responsável pela redução de sítios negativos na superfície do quartzo, o que resulta na

dessorção da amina (BLEIER et al., 1976). Por estas características, este processo de

adsorção pode ser considerado reversível em condições alcalinas ou ácidas, não

necessitando de condições extremas (OLIVEIRA et al., 1996).

Devido ao elevado custo de alguns reagentes utilizados no processo de flotação ou por, às

vezes, não serem altamente eficazes na separação seletiva de minerais de baixo teor e

constituírem prováveis poluentes, novas pesquisas estão sendo realizadas para a produção

de novos reagentes de flotação, a fim de que estes apresentem maior seletividade de

separação, não sejam agressivos ao meio ambiente e não modifiquem o fluxograma do

processo (BOTERO et al., 2008).

Novas pesquisas introduziram uma técnica que remove seletivamente os componentes

minerais indesejáveis, a partir de um minério, por meio da interação com os

microrganismos (BOTERO et al., 2008; ANAND et al., 1996), os quais possuem paredes

com macromoléculas de polímeros, proteínas, enzimas e ácidos orgânicos. Tem-se

verificado que essas macromoléculas possuem afinidade com diferentes sistemas minerais,

modificando as propriedades químicas da superfície após a adesão microbiana e cumprindo

as mesmas funções dos reagentes convencionais de beneficiamento mineral (BOTERO et

al., 2008; SMITH e MIETTINEN, 2006; POORTIGA, 2002; SHASHIKALA e RAICHUR,

2002; DEO e NATARAJAN, 1999; NORDE et al., 1997). Este emprego de

microrganismos no processo de separação mineral é chamado de biobeneficiamento,

bioflotação ou biofloculação (FARAHATA et al., 2009; SHARMA e RAO, 2003,

SHASHIKALA e RAICHUR, 2002; ANAND et al., 1996; SMITH et al., 1993).

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Muitos microrganismos estão associados naturalmente aos depósitos de minerais e podem

agir naturalmente sobre o processo de flotação, ou agentes floculantes, de maneira positiva

ou negativa. Para atuarem nos processos, há necessidade de que estejam presentes em

grandes quantidades (SMITH e MIETTINEN, 2006). Uma análise preliminar de amostras

de água de jazidas de bauxita na Índia mostrou a presença de bactérias heterotróficas

pertencentes ao gênero Bacillus (Bacillus polymyxa e Bacillus coagulans) (OGURTSOVA

et al., 1990). A presença desses microrganismos associados aos minerais é importante para

o processo de bioflotação, pois se sabe que, especialmente o B. polymyxa, remove tanto o

cálcio como o ferro do sistema de separação de partículas (VASAN et al., 2001; ANAND

et al., 1996).

DEO e NATARAJAN (1999, 1997) estudaram o comportamento dos polissacarídeos

extracelulares e das proteínas das células de B. polymyxa na presença dos minerais calcita,

hematita, coríndon e quartzo, e NATARAJAN e DEO (2001) e DEO e NATARAJAN

(1998b) estudaram esse comportamento nos mesmo minerais e também na caulinita, com o

mesmo microrganismo. A interação do B. polymyxa com os minerais levou a mudanças

significativas na superfície tanto dos minerais como no microrganismo devido às moléculas

presentes na parede celular bacteriana e produtos do metabolismo, o que facilitou o

processo de flotação (BOTERO et al., 2008; DEO e NATARAJAN, 1999 e 1997). Uma

característica importante, que auxiliou esse processo de separação é que uma maior

quantidade de células de B. polymyxa adsorve nas partículas de hematita do que no quartzo

(PATRA e NATARAJAN, 2003; SHASHIKALA e RAICHUR, 2002).

Para a flotação aniônica da apatita e dolomita foi demonstrado que Bacillus subtilis e

Bacillus lichenformis e seus produtos metabólicos agem com a função de depressores da

flotação (ZHENG e SMITH, 1997a,b apud SMITH e MIETTINEN, 2006). Staphylococcus

carnous, Bacillus firmus, Bacillus subtilis e Bacillus lichenformis por outro lado atuam

como agentes coletores no processo de flotação da apatita e calcita (MIETTINEN et al.,

2003a,b apud SMITH e MIETTINEN, 2006). Acidithiobacillus ferrooxidans e

Acidithiobacillus thiooxidans, quando cultivados na presença de sulfetos são capazes de

afetar as características da superfície dos minerais e, portanto, são capazes de afetar o

comportamento de flotação dos minerais (SANTHIYA et al., 2001). Os estudos utilizando

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esses microrganismos para promover mudanças químicas na superfície da pirita e da

calcopirita demonstraram que após um pré-condicionamento dos minerais com as bactérias,

antes da adição do coletor, houve uma redução significativa na flotabilidade da pirita, mas

não afetou essa característica na calcopirita (HOSSEINI et al., 2005).

Desulfovibrio desulfuricans NCIM 2047, uma bactéria que está naturalmente associada aos

depósitos de minério de ferro e relacionada com a biomineralização de vários óxidos de

ferro, foi utilizada no sistema quartzo/hematita. A presença dos minerais foi importante

para a secreção de proteínas, que aumentaram a hidrofobicidade do quartzo, e de

polissacarídeos, que deprimiu a hematita (PRAKASAN e NATARAJAN, 2010).

Rhodococcus opacus foi utilizado como biocoletor de calcita e magnesita e foi observado

que a bioflotação desses minerais na presença do microrganismo apresentou valores em

torno de 93% utilizando 100mg.L-1

de R. opacus e 55% quando a concentração da bactéria

foi de 200mg.L-1

(BOTERO et al., 2007). No sistema de flotação de quartzo/hematita com

essa mesma bactéria, foi possível observar que os dois minerais apresentraram maior

flotabilidade (MESQUITA et al., 2003). A bactéria Escherichia coli também é utilizada

em processos de separação seletiva de minerais, atuando como agente coletor da flotação de

quartzo em condições ácidas (FARAHATA et al., 2009).

3.3.1. Reagentes utilizados na flotação de minério de ferro

Os reagentes utilizados na flotação do minério de ferro podem ser compostos orgânicos ou

inorgânicos, os quais são adicionados ao sistema com o objetivo de controlar as

características das interfaces envolvidas no processo. Dependendo da função específica que

a substância vai exercer no processo de flotação, o reagente pode ser classificado como

espumante, coletor, depressor e modificador (PERES, 2002). Os espumantes são moléculas

neutras com afinidade pela água e ar, mas a contribuição da característica hidrofóbica não é

tão forte quanto a conferida pelos coletores. Os grupos apolares desses compostos são

sempre uma hidroxila, normalmente na forma de álcool ou glicol. O principal mecanismo

de ação dos espumantes é reduzir a tensão interfacial entre a água e o ar, formando assim

uma espuma que detém o mineral flotado na superfície da polpa borbulhada, a qual é

posteriormente removida do sistema (PEARSE, 2005). Os espumantes também podem ter

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outras interações durante o processo de flotação como co-adsorver com o coletor na

interface mineral/água, diminuindo a dosagem de coletor no sistema, pois ocorre a

formação de hemi-micelas que promovem a flotação, ou serem usados intencionalmente

para dissolver ou emulsificar alguns coletores insolúveis em água. O tipo e a dosagem de

espumantes adicionados ao sistema controlam o tamanho e a distribuição das bolhas de ar

na polpa (PEARSE, 2005).

3.3.1.1. Amido

Alguns coletores não são seletivos, tendendo a recobrir, indiferentemente, partículas de

todas as espécies minerais presentes. No entanto, adicionam-se substâncias auxiliares com

o objetivo de fazer com que a coleta torne-se seletiva, isto é, que o coletor escolha uma

delas sem modificar as demais. Assim é possível realizar a flotação das partículas de

determinada espécie e deixar todas as demais no interior da polpa. Esta substância auxiliar

é denominada depressora, pois, tem a função de deprimir a ação do coletor nas partículas

indesejadas. Na flotação catiônica reversa do minério de ferro é utilizado o amido de milho

como depressor, sendo utilizado largamente devido à sua disponibilidade em grandes

quantidades. O amido também pode ser extraído de outras espécies vegetais, como

mandioca, batata, trigo, arroz e araruta (ARAÚJO et al., 2005). Todos os tipos de amido

não modificados e de grande peso molecular podem ser utilizados para a flotação

(ARAÚJO et al., 2010).

O amido adsorve preferencialmente na superfície da hematita em relação ao quartzo

(PERES e CORREA, 1996; SCHULZ e COOKE, 1953) devido à melhor capacidade que a

superfície da hematita tem para formar pontes de hidrogênio com o depressor e também

porque a superfície do quartzo é mais negativa do que a da hematita (PERES e CORREA,

1996). O amido de milho é gelatinizado pela adição de NaOH (MONTE e PERES, 2002) e

essa solução auxilia também na flotação, pois eleva o pH do meio, uma vez que o pH ótimo

para o processo de flotação está na faixa de 9,5 a 10,5, no qual a superfície do quartzo é

altamente negativa e incide a maior diferença das cargas superficiais entre a hematita e o

quartzo (BATISTELI, 2007; PERES e CORREA, 1996; SCHULZ e COOKE, 1953). Dessa

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forma o amido é fortemente adsorvido na hematita, impondo forte hidrofilicidade, e

também previne a adsorção das aminas nesse mineral (ARAÚJO et al., 2010).

3.3.1.2. Amina

Os coletores são compostos heterogêneos que contêm um grupo inorgânico ligado a uma

cadeia de hidrocarboneto. Geralmente, o grupo inorgânico é a porção da molécula que se

adsorve na superfície polar do mineral. A cadeia de hidrocarbonetos tem natureza não-

iônica e promove a hidrofobicidade da superfície do mineral depois da adsorção do coletor.

Existem vários coletores que são classificados pela composição, podendo existir em

solução como cátion, ânion ou molécula neutra.

A flotação é realizada em uma faixa de pH que estabiliza tanto as espécies catiônicas,

quanto as espécies moleculares de amina, tornando possível que as primeiras atuem como

coletoras e as segundas como espumantes (ARAÚJO et al., 2005). As aminas são

compostos orgânicos que reduzem a tensão superficial da água em função do número de

carbonos na cadeia e contém o grupo NH2 vinculado a uma radical alquil ou um radical

aromático, utilizadas em diversos setores industriais como aditivos de petróleo,

emulsificantes de asfalto, germicidas, anti-sépticos e agentes da mineração (ARAÚJO et

al., 2010), mas somente as alquilaminas são utilizadas na flotação de minérios (PERES et

al., 2000). Desde 1939, as aminas são o único coletor catiônico industrial utilizado na

flotação de minérios (NEDER, 2005). Sua ionização ocorre em solução aquosa por

protonação, conforme a equação 3.1:

OHRNHOHRNHaqaq )(32)(2 Equação 3.1

Equação de ionização da amina em água (FONTE: ARAÚJO, 2007).

Os coletores catiônicos são adsorvidos e dessorvidos de forma rápida e fácil. Em função

disso, são menos seletivos que os coletores aniônicos e mais afetados por modificadores de

coleta. Sua aplicação típica é na flotação de não-metálicos, tais como o quartzo no

beneficiamento do minério itabirito, silicatos, aluminosilicatos e vários óxidos, talcos e

micas (REIS, 2004).

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13

As aminas graxas são compostos alifáticos derivados de amônia, cujas matérias primas

principais são óleos ou gorduras, saturadas ou não. Podem ser classificadas como primárias,

secundárias, terciárias ou sais quaternários e possuem uma cadeia carbônica com um

número par de carbonos variando entre 8 e 22. Apenas as aminas primárias são utilizadas

como coletores na flotação de minerais (PERES et al., 2000), sendo que quanto maior o

comprimento da cadeia de hidrocarboneto, menor a solubilidade em água.

As aminas primárias, secundárias e terciárias são bases fracas, enquanto os sais

quaternários são bases fortes. Esses são completamente ionizáveis em todos os valores de

pH, mas as primeiras possuem a solubilidade dependente do pH (FUERSTENAU, 1982,

apud ANDRADE et al., 2002). A fórmula estrutural simplificada de uma amina primária

está representada na Figura 3.2 e pode-se observar que ela possui uma porção polar e outra

apolar, caracterizando o caráter anfipático. A porção polar está relacionada ao nitrogênio, e

apresenta características iônicas e hidrofílicas, e o grupo R, cuja cadeia carbônica é apolar,

apresenta características hidrofóbicas (PERES, 2002).

Figura 3.1. Fórmula estrutural simplificada de uma amina graxa primária.

As características de polaridade e apolaridade, citadas anteriormente, são importantes para

a função de coletores no processo de flotação catiônica de minerais. O termo graxo

empregado na nomeação dessas aminas faz referência aos grupos alquil ligados ao átomo

de nitrogênio. Esses grupos têm origem nos óleos vegetais e gorduras animais. Os reagentes

da flotação que possuem o caráter anfipático são chamados de surfactantes e exercem dois

papéis principais na flotação. Primeiro, tornam hidrofóbica a superfície de certos minerais

após se adsorverem na interface sólido/líquido, agindo como coletores. Esses reagentes

também influenciam na cinética de ligação bolha/mineral, agindo como espumantes

(COELHO, 1980).

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Existem diferentes rotas para a produção de variados tipos de aminas. A parte graxa das

aminas (cadeia carbônica longa), que tem origem nos óleos e gorduras, é encontrada na

natureza sob a forma de triglicerídeo. A partir da molécula do triglicerídeo é possível obter

ácidos graxos e álcoois graxos, os quais são utilizados, principalmente na produção de éter-

aminas (ARAÚJO, 2007). O ácido é obtido pela reação do triglicerídeo com a água

enquanto o álcool é oriundo da reação do triglicerídeo com o metanol ou hidróxido de

sódio. O radical de álcool graxo geralmente é constituído por 10 ou 12 átomos de carbono,

sendo mais comum 12 átomos. Essa cadeia tem que ser, obrigatoriamente, sem dupla

ligação e linear. Uma amima primária pode ser transformada em uma éter-amina através da

introdução, entre os radicais alquil e o átomo de hidrogênio, de um grupo O-(CH2)3,

conforme a equação 3.2. Para a flotação do minério de ferro, somente são utilizadas as éter-

aminas (PERES et al., 2000).

222 3)( NHCHORRNH Equação 3.2

Fórmula estrutural simplificada de uma éter-amina (Fonte: PERES et al., 2000).

A principal propriedade das éter-aminas utilizadas na flotação do minério de ferro, em

soluções aquosas, é a hidrólise ou dissociação da molécula, sendo que as espécies

moleculares são favorecidas pela acidez e estabilizadas pela alcalinidade (PERES et al.,

2000). A equação 3.3 apresenta a dissociação de uma éter-amina.

332232 )()( NHCHORHNHCHOR Equação 3.3

Dissociação de uma éter-amina (Fonte: PERES et al., 2000).

O equilíbrio nesta situação ocorre em pH 10,5, sendo que para um pH de 9,5, a

concentração de cátions se aproxima de 100% e o mesmo ocorre com a espécie molecular

para pH 11,5. A espécie iônica é solúvel em água e adsorve facilmente sobre a superfície do

quartzo através da atração eletrostática, pois, a superfície deste mineral é carregada

negativamente em valores de pH maiores que 2,5 (PERES et al., 2000).

As éter-monoaminas empregadas na flotação reversa de minério de ferro são obtidas

através de reações químicas, tendo como insumo os alcoóis graxos. O emprego de éter-

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monoaminas na flotação é devido, principalmente, à presença da ligação covalente C-O.

Esse grupo hidrofílico aumenta a solubilidade do reagente, facilitando o seu acesso às

interfaces sólido-líquido e líquido-gás (PERES et al., 2004). Segundo NEDER (2005), as

éter-monoaminas são obtidas em duas etapas a partir da reação de um álcool graxo com a

acrilonitrila, conforme a reação de adição ilustrada na equação 3.4.

NCCHORNCHCHOHR 22 Equação 3.4

Reação de adição do álcool graxo com a acrilonitrila (NEDER, 2005).

Posteriormente, o produto dessa reação, chamada de éter-nitrila, é hidrogenado

cataliticamente a alta pressão, conforme a equação ilustrada na equação 3.5.

2222222 NHCHCHCHORHNCCHCHOR Equação 3.5

Hidrogenação catalítica de éter-nitrila (NEDER, 2005).

As éter-diaminas são fruto da reação das éter-monoaminas com a molécula de acrilonitrila,

formando uma éter-nitrila, posteriormente hidrogenada cataliticamente a alta pressão,

conforme reações 3.6 (I) e (II).

232322232 )()()( NHCHNHCHORNCCHCHCHNHCHOR

Equação 3.6(I)

2323222232 )()()()( NHCHNHCHORHNCCHNHCHOR

Equação 3.6(II)

(I): Reação de éter-monoamina com acrilonitrila. (II): Hidrogenação catalítica de éter-monoamina (NEDER,

2005).

Dessa forma, as rotas de produção da éter-monoamina e da éter-diamina podem ser

visualizadas na Figura 3.3.

Figura 3.2. Rota de produção de éter-monoamina e éter-diamina (NEDER, 2005).

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As aminas coletoras são sempre adquiridas através de marcas comerciais, como a

distribuidora Akzo Nobel e a empresa Clariant®, que divulgou em seu boletim informativo

em 1999, segundo REIS (2004), que as éter-aminas são parcialmente neutralizadas para

aumentar a solubilidade em água, pois, elas são insolúveis em água. Em relação ao grau de

neutralização, a empresa divulgou que a éter-monoamina possui de 18 a 22% de

neutralização, enquanto que a éter-diamina possui de 48 a 56%. Quanto maior o grau de

neutralização maior a solubilidade da amina em água.

Dentre os compostos de amina utilizados na flotação do minério de ferro destacam-se as

éter-monoaminas e éter-diaminas. Neste trabalho foi utilizado a éter-monoamina Flotigan

EDA 3B e a éter-diamina Flotigam 2835, produzidas e distribuídas pela Empresa Clariant®

e que são utilizadas nos processos de flotação por várias empresas.

De acordo com o boletim informativo da empresa Clariant (1999), as éter-aminas supra-

citadas apresentam, respectivamente, as seguintes composições químicas:

COOCHNHCHOR 3332 ])([ éter-monoamina Flotigan EDA 3B

COOCHNHCHNHCHOR 333232 ])()([ éter-diamina Flotigam 2835

A diferença entre a éter-monoamina Flotigan EDA 3B e a éter-diamina Flotigam 2835 está

na cadeia carbônica R-, sendo que a primeira é composta por uma cadeia carbônica linear e

a segunda por uma cadeia carbônica ramificada, ambas saturadas. Com o aumento do

comprimento da cadeia carbônica de hidrocarboneto, a solubilidade da amina é reduzida.

ARAÚJO et al. (2008) realizaram a caracterização estrutural das aminas Flotigan EDA 3B

e Flotigam 2835 através da espectrometria de massas com ionização por eletrospray. O

espectro de massas da Flotigam EDA 3B, conforme Figura 3.4, mostrou a razão

massa/carga (m/z) em 216, o que mostra que o composto principal presente na amostra

analisada possui massa molar de 216.

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Figura 3.3. Espectro de massas com ionização por eletrospray da EDA 3B em modo positivo. (Fonte:

ARAÚJO et al., 2008).

Segundo a empresa CLARIANT (1999), a éter-monoamina Flotigam EDA 3B teria o grupo

R composto de 10 a 14 átomos de carbono. Assim, de acordo com o espectro obtido por

ARAÚJO et al. (2008), o grupo R desta éter-amina possui predominantemente 10 átomos

de carbono, o que resulta na seguinte fórmula estrutural: H3C(CH2)9-O-(CH2)3-NH3+.

No espectro da Flotigam 2835, obtido também por ARAÚJO et al. (2008), Figura 3.5, a

razão massa/carga (m/z) em 315 é predominante. Assim, essa éter-amina possui o grupo R

composto predominantemente por 13 átomos de carbono. Mas há ainda cerca de 20% de

m/z em 301, o que corresponde ao grupo R com 12 átomos de carbono. Então a fórmula

estrutural da éter-diamina é: H3C(CH2)11-O-(CH2)3-NH3+ ou H3C(CH2)12-O-(CH2)3-NH3

+.

Figura 3.4. Espectro de massas com ionização por eletrospray da F 2835 em modo positivo. (Fonte: ARAÚJO

et al., 2008).

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As demais razões m/z presentes nos espectros anteriores são devidas às impurezas e aos

produtos secundários presentes nas amostras, uma vez que estas amostras são amostras

comerciais e contêm impurezas.

3.3.2. Resíduos e efluentes gerados no processo de flotação de minério de ferro

A flotação do minério de ferro gera dois produtos, o concentrado contendo minério de

ferro, que é de interesse comercial, e o rejeito que é depositado em barragens. Na Samarco

Mineração, o rejeito é encaminhado através de canaletas desde a usina até a barragem de

Germano. A água, que carrega ainda algumas partículas sólidas, segue para a barragem de

Santarém. Nesta barragem grande parte das partículas sólidas se decanta. Parte da água é

reciclada pela empresa e a outra parte passa pelo vertedouro e deságua no Córrego

Santarém. Os efluentes e resíduos gerados contêm, basicamente, sílica, compostos

orgânicos constituídos de aminas alifáticas (primárias, secundárias e terciárias), e ainda

alguma concentração de minério de ferro, além de outros metais (ARAÚJO, 2007). De

acordo com REIS (2004), o rejeito da flotação que segue por gravidade para a barragem de

rejeito, na usina da Samarco, em Germano, possui ainda cerca de 13% de ferro.

CHAVES (2001) realizou um trabalho de quantificação de aminas em efluentes e rejeitos

gerados na Samarco Mineração e constatou que os resíduos coletados próximos à usina,

antes da barragem de Germano, apresentaram concentrações de éter-aminas de 31,5 a

22,2mg.L-1

. As amostras de resíduos coletadas na barragem de Germano não apresentaram

concentrações detectáveis pelo método utilizados, sendo que este resultado foi atribuído à

decomposição das aminas. As amostras de água parada na barragem apresentaram

concentrações de aproximadamente 12,2mg.L-1

. A água parada escoa da barragem de

Germano para a de Santarém, que também apresentou concentrações de éter-aminas da

mesma ordem. Mas a água coletada na saída da barragem de Santarém para o córrego de

Santarém, não apresentou concentrações de éter-aminas detectáveis pela metodologia usada

e esta ausência dos coletores orgânicos também foi atribuída à decomposição das éter-

aminas no sistema.

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3.4. UTILIZAÇÃO E REAPROVEITAMENTO DAS AMINAS

As éter-aminas são reagentes de grande importância no processo de concentração mineral,

mas apresentam custo elevado. Estima-se que aproximadamente 6.000 toneladas de

derivados de amina sejam utilizadas anualmente no Brasil em processos de flotação de

minerais (NEDER, 2005). Segundo BATISTELI (2007), a mineradora Samarco utiliza,

aproximadamente, 1.500 toneladas de éter-aminas por ano, para uma produção de 16

milhões de toneladas de concentrado por ano, o que, de acordo com a Figura 3.6,

representou 48% dos gastos totais com reagentes da referida empresa em 2006

(BATISTELI e PERES, 2008; BATISTELI, 2007).

De acordo com PERES et al. (2000), dependendo da composição do minério e da qualidade

desejada do concentrado, geralmente são utilizados de 20 a 200g de éter-aminas por

tonelada de minério que alimenta o processo de flotação. Segundo BATISTELI (2007),

alguns fatores propiciaram a redução do consumo de aminas pela Empresa Samarco entre

os anos de 2005 e 2007, de 1.755 para 1.520t/ano, mesmo havendo um aumento nas metas

de produção de concentrado para o ano de 2007. Podem-se destacar os seguintes fatores:

• alterações de circuitos;

• aumento do volume de flotação com acréscimo de novas células mecânicas;

• alteração na relação éter-monoamina versus éter-diamina a partir de setembro de 2006,

sendo substituída a proporção de 75% de éter-monoamina e 25% de éter-diamina por 25% e

75% respectivamente;

• controle da dosagem a partir da análise da concentração de éter-amina residual presente

nos rejeitos da flotação;

• conhecimento dos valores de concentração de éter-amina residual presente na água em

cada ponto do rejeito a partir do início do trabalho realizado por BATISTELI (2007).

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Figura 3.5. Percentual de desembolso por insumo de uma mineradora de MG. (Fonte: BATISTELI, 2007).

Outra alternativa para reduzir o custo com os coletores, bem como reduzir o descarte deste

composto no meio ambiente, é avaliar a possibilidade de reutilizar as éter-aminas contidas

na água do rejeito de flotação como coletor para nova flotação de minério de ferro.

Em 1977, BAHR estudou a concentração de aminas em efluentes provenientes da flotação.

Os estudos encontrados normalmente na literatura envolvem a reutilização das aminas em

solução para uma nova flotação de minério de ferro (REIS, O. B., 2004; STAPELFELDT et

al., 2002; OLIVEIRA et al.,1996).

OLIVEIRA et al. (1996) apresentaram o primeiro trabalho realizado no Brasil visando a

recuperação da amina residual adsorvida na sílica da polpa de rejeito ou contida na água

flotada. O trabalho foi realizado com a água do rejeito final rougher, da coluna de flotação

da planta industrial da Mina do Pico, em Itabirito - MG, pertencente à MBR. Testes

preliminares de flotação utilizando Amidex como depressor e a dodecil-amina contida nos

filtrados recuperados dos rejeitos como coletores, numa dosagem correspondente à

utilizada industrialmente, apresentaram baixa recuperação. Mas, os testes de flotação

utilizando os filtrados do rejeito final rougher como água de diluição para a preparação das

soluções de amina, apresentaram bons resultados. Após os testes de adsorção, realizados

com amostras de quartzo de elevada pureza, colocou-se esse mineral recuperado em contato

com 100ml de água sob agitação por 10 minutos, em duas diferentes condições de pH, 4,0 e

6,4. A suspensão foi filtrada e o filtrado analisado para a determinação da quantidade de

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dodecil-amina dessorvida. Os resultados indicaram que mais de 60% da dodecil-amina

adicionada para recobrir o quartzo, pode ser recuperada.

Testes realizados internamente na Samarco Mineração com a água do rejeito de uma das

quatro linhas da flotação convencional, objetivando verificar a influência da amina contida

na água de rejeito no desempenho da flotação, concluíram que a água do rejeito não tem

influência nos teores de sílica do concentrado e que a amina presente nesta água não é

significativa para justificar o seu reaproveitamento na flotação convencional.

(MANGABEIRA e TURRER, 2000)

Entretanto, resultados significativos foram obtidos por STAPELFELDT et al. (2002) que

realizou testes de flotação em bancada com várias dosagens de coletor e a água do rejeito

destes ensaios foi reutilizada em ensaios de flotação subseqüentes. Os resultados indicaram

que 50% da amina que é descartada junto ao rejeito podem ser reaproveitadas para outro

processo de flotação. Assim, as aminas que atualmente são descartadas nas barragens de

rejeitos, podem ser reaproveitadas, possibilitando uma redução significativa no consumo do

coletor sem que ocorram perdas na recuperação e na qualidade do concentrado final e

também menor dano ao meio ambiee.

BATISTELI (2007) mostrou que é possível reutilizar a amina residual do rejeito da flotação

catiônica reversa do minério de ferro através da recirculação da água. Mas, para que essa

reutilização seja otimizada, a água do rejeito não deve conter grandes quantidades de

partículas ultrafinas em suspensão, as quais podem prejudicar os resultados da flotação.

Segundo este autor, os ganhos relacionados ao reaproveitamento dependem da quantidade

de amina residual, da quantidade disponível de água e do volume a ser empregado para

alimentar o ponto onde se deseja recuperar a amina. Neste mesmo estudo, BATISTELI

(2007) não obteve resultados satisfatórios com os testes de dessorção das aminas, mesmo

trabalhando com faixas de pH semelhante ao da polpa de rejeito e em faixa ácida de pH.

Foi recomendado monitorar a concentração de amina residual presente na água do rejeito

para otimizar o consumo desse reagente, pois, elevadas concentrações de amina nessas

águas sugere uma dosagem excessiva de amina no início do processo de flotação.

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Estudos realizados por TEODORO et al. (2004) mostraram a possibilidade de remoção das

aminas através da adsorção em zeólitas, seguidas da dessorção dos produtos adsorvidos e

seu possível reuso. Zeólitas são aluminosilicatos de metais alcalinos e alcalinos terrosos

que, devido ás suas características físicas, possuem propriedades ímpares como troca

iônica, adsorção e hidratação/desidratação.

A vermiculita expandida também é uma opção de material adsorvente que possui

propriedade de troca iônica, semelhante às zeólitas e algumas argilas, que pode se utilizada

para a remoção de compostos orgânicos poluentes e na purificação de águas residuárias

contendo sais dissolvidos (ANDRADE et al., 2002).

O caulim é o nome comercial da argila branca ou quase branca, constituída principalmente

de caolinita, sendo um material argiloso, com baixo teor de ferro e de cor branca. Mesmo

não possuindo histórico de aplicação como material adsorvente, este material apresenta

características que permitem testá-lo para esta finalidade como área superficial e

capacidade de troca catiônica (ANDRADE et al., 2002).

Diante das propriedades da zeólita, natural e modificada, vermiculita e do resíduo de

caulim, ANDRADE et al. (2002) testaram a capacidade de recuperação de aminas coletoras

e a percentagem de recuperação após 3 e 28 horas de contato com cada um dos sólidos,

para os valores de pH de 7,8 e 9,9, utilizando espectroscopia de infravermelho. A adsorção

de amina foi constada em todos os minerais e para todas as condições analisadas. Para o pH

de 7,8, a quantidade de amina adsorvida variou de 1,12 a 1,93x10-4

g.m-2

e a média de

recuperação, para os quatro minerais testados, foi de 60%. Entretanto, a elevação do pH

para 9,9, ampliou a recuperação e a quantidade de amina adsorvida para o mesmo tempo de

contato. A média dos valores de recuperação elevou-se para 74% e a quantidade adsorvida

da amina elevou-se para valores entre 1,41 e 2,59 x 10-4

g.m-2

. A caolinita foi o mineral que

apresentou a menor quantidade adsorvida e uma maior área superficial em ambos os testes,

quando comparada aos demais minerais. A diferença de recuperação entre os minerais não

é significativa para os testes com duração de 3 ou 28 horas para um mesmo pH, sendo que

o grande tempo de adsorção não favoreceu maior recuperação. Os valores de pH utilizados

no processo de adsorção são fundamentais para a eficiência da recuperação, pois definirão a

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quantidade de cátions da amina em solução, já que a ionização da amina é dependente do

valor do pH da solução. Estes resultados são promissores, pois, estes coletores são

moléculas grandes e podem dificultar a atração eletrostática dos minerais com a parte

iônica da molécula, por isso não foi encontrado recuperação de 100% das aminas

(ANDRADE et al., 2002).

MAGRIOTIS et al. (2010) determinaram a influência de parâmetros físico-químicos na

adsorção de um acetato de éter-amina (Flotigam EDA – Clariant) contendo um radical

dodecil e neutralizada a 30% com ácido acético, na caulinita branca, rosa e amarela, sendo

que esse mineral já foi retratado na literatura como adsorvente na remoção de azo corantes,

polímeros, poluentes orgânicos e metais pesados. A caulinita foi selecionada como mineral

adsorvente devido ao baixo custo e sua ampla ocorrência natural. A adsorção foi favorecida

em pH10,0 para a concentração inicial de éter-amina de 200mg.L-1

, provavelmente devido

às formas iônica e molecular de éter-amina que ocorrem simultaneamente nesse pH, o que

permite a formação de complexos iônico-molecular, os quais são mais ativos na superfície

da caulinita. O equilíbrio da adsorção foi alcançado após 30 minutos e as eficiências de

remoção da éter-amina na caulinita branca, rosa e amarela foi, respectivamente, 77%,

80% e 69%. Dessa forma, sabe-se que as caulinitas oferecem um potencial significativo no

tratamento de efluentes provenientes do tratamento de ferro por flotação.

ARAÚJO et al. (2008) realizaram testes em bancada em pH10,5 utilizando o amido como

depressor dos óxidos de ferro e as éter-aminas Flotigam EDA 3B e F2835 como coletores

para a sílica, para avaliar a possibilidade de recuperação de aminas. Verificou-se através

dos testes de flotação em bancada que as amostras de rejeito contêm significativa

concentração de éter-amina e que essas podem ser reutilizadas, não sendo descartadas nas

barragens de rejeito. Ao utilizar a água contendo a amina residual, juntamente com

quantidades novas de éter-aminas, observaram que há possibilidade de diminuir o consumo

do coletor em até 50%, ocorrendo economia dos reagentes e menor degradação do meio

ambiente. Neste mesmo trabalho, após a realização de testes de dessorção das éter-aminas

contidas nos rejeitos sólidos, adicionando água ao resíduo em diferentes valores de pHs e

massa do resíduo, foi observado que mais de 95% da amina adicionada pode ser recuperada

quando os testes foram feitos em pH5 (ARAÚJO et al., 2008). O maior rendimento da

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extração em pH de valor mais baixo que o do processo de flotação, pode ser devido ao fato

de que na faixa de pH5, os compostos das éter-aminas tornam-se mais solúveis em solução

aquosa, o que facilita a sua extração. A diluição das aminas resulta na quebra do equilíbrio

eletroquímico do sistema, tendendo à dessorção da amina, cujo processo é refletido na

brusca variação do potencial zeta do quartzo (OLIVEIRA et al., 1996).

Testes realizados por BATISTELI e PERES (2008) indicaram que quando a amina estiver

presente na fase líquida do rejeito da flotação, esta pode ser reutilizada para um segundo

processo de separação de quartzo e minério de ferro, necessitando da adição de uma menor

quantidade de amina nova. A eficiência dessa reutilização está diretamente relacionada com

a concentração da amina na água residual e o processo pode ser prejudicado caso partículas

ultrafinas estejam presentes (BATISTELI e PERES, 2008).

REIS (2004) estudou sobre a reciclagem das aminas utilizadas no processo de flotação

otimizando o uso da água do rejeito contendo aminas em uma segunda etapa de flotação.

Os resultados foram satisfatórios, indicando que há possibilidade de se recuperar até 50%

do reagente coletor. Desta forma, o uso da água contendo aminas junto a uma razão extra

de amina nova pode gerar uma redução de custos com o reagente e também uma grande

redução de descarte das aminas no meio ambiente.

No mesmo estudo, REIS (2004) observou que depois de 14 dias após a primeira extração de

amina, não foi encontrado mais coletor no líquido da flotação e em 6 dias, a concentração

de amina era de aproximadamente a metade da quantidade encontrada no primeiro dia de

extração. De acordo com os autores, as aminas estão sendo degradadas na água de rejeito,

por processos químicos ou biológicos ainda não conhecidos. Diante de tal resultado,

adimitiu-se que as aminas devem ser utilizadas em um curto espaço de tempo para a

segunda etapa de flotação, de forma a manter a eficiência do sistema de concentração do

minério de ferro.

3.5. BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS

Reações irreversíveis podem ocorrer com alguns compostos e resultar em produtos, a partir

do qual as aminas não são facilmente recuperadas. Este é o processo chamado de

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25

degradação e no caso das aminas pode ocorrer seguindo algumas rotas diferenciadas, como

degradação térmica, degradação induzida por CO2, degradação causada pelo COS e CS2,

degradação pelo CO, oxidação ou degradação sulfídrica (ABDI, 2000). A taxa de

degradação das éter-aminas depende principalmente da estrutura destes compostos

(KENNARD e MEISEN, 1985). Alguns autores inferem que aminas aromáticas são

lentamente degradadas por evaporação e pela autoxidação na ausência de luz, enquanto que

a presença de substâncias húmicas aumenta a velocidade de degradação destes insumos

orgânicos (LYONS et al., 1984). Mas, segundo estudos de AFZAL KHAN et al. (2006),

que analisaram a autoxidação do 4-aminofenol, as propriedades de autoxidação até existem

para as aminas aromáticas, mas é muito pequena quando comparada à taxa de degradação

biológica por microrganismos. Da mesma forma, LYONS et al. (1984) observaram que a

remoção de anilinas por processos microbianos, foi de longe, o mecanismo de remoção

mais eficaz.

ANDRADE et al. (2002) que estudaram sobre a recuperação das aminas pela adsorção em

minerais industriais como a vermiculita e a zeólita, admitiram que as aminas presentes nas

barragens de rejeitos se degradam naturalmente, seja de forma biológica ou química, em

um período de 28 dias. Mas admitiram também que o assoreamento das barragens de

rejeitos diminui o tempo de residência do efluente contendo os coletores na barragem, o

que se torna insuficiente para que ocorra a completa degradação.

HONGWEI et al. (2006) estudaram sobre a biodegradabilidade anaeróbia de 23 compostos

derivados de nitrogênio, heterocíclicos ou não, entre eles algumas aminas. Os compostos

heterocíclicos aromáticos apresentaram certa dificuldade de biodegradação anaeróbia, mas

as aminas alifáticas não-aromáticas foram rapidamente ou parcialmente degradadas

anaerobicamente. Uma substituição etil também dificultou a biodegradação dos compostos

de nitrogênio em maior grau do que uma substituição metil, pois, a biodegradabilidade

anaeróbia da dietilamina foi menor do que a da dimetilamina. Quanto maior o número de

substituições na cadeia alquil, maior a biodegradabilidade dos compostos, sendo que a

trimetilamina foi mais facilmente biodegradada do que a dimetilamina, assim como a

dietilamina também apresentou taxas de degradação maiores que a etilamina.

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26

Alguns pesquisadores sugerem que a completa degradação da maioria dos compostos

derivados de aminas graxas é atingida por grupos de microrganismos, nos quais um

determinado microrganismo depende ativamente dos subprodutos gerados pelo

metabolismo de uma espécie anterior (KROON e VAN GINKEL, 2001). Outros estudos

com culturas puras demonstram que a degradação dos derivados de aminas graxas é

iniciada por uma clivagem direta da ligação C-N, seguida pela utilização da cadeia de

carbono, que resulta na liberação de moléculas polares (KROON et al., 1994; VAN

GINKEL e KROON, 1993; VAN GINKEL et al, 1992). Assim, de acordo com estes

autores a completa mineralização dos derivados de aminas graxas só pode ocorrer através

da atividade de um consórcio de pelo menos dois microrganismos (VAN GINKEL, 1996).

Quando lançadas no meio ambiente, as aminas estão sujeitas à ação de diversos

microrganismos, pois os coletores são fonte de carbono e de nitrogênio. Esta biodegradação

pode ser benéfica se houver a remoção desses compostos por parte dos microrganismos,

gerando produtos menos tóxicos. Mas a biodegradação também pode gerar produtos mais

tóxicos que os compostos iniciais.

Segundo ARAÚJO et al. (2010), não se sabe quais são os produtos gerados pela

decomposição das éter-aminas nas barragens de rejeito. Análises in situ de nitrito, nitrato e

amônio foram realizadas para avaliar a conversão das éter-monoamina e éter-diamina

nesses compostos simples, mas os resultados mostraram baixas concentrações desses

prováveis produtos. Mas sabe-se que os coletores são degradados na presença de

microrganismos devido à redução da concentração encontrada após 40 dias de análise,

sendo que após 5 dias, 34% das éter-aminas já havia sido consumida, e após 10 dias de

observação, 75% da concentração inicial foi degradada (ARAÚJO et al., 2010).

De acordo com o monitoramento de degradabilidade das éter-aminas no resíduo da flotação

do minério de ferro da Samarco, sabe-se que o tempo de decomposição do coletor é

bastante curto. Em 12 dias de monitoramento, observou-se que a quantidade de amina

encontrada foi de 4,7mg.L-1

, menos da metade da quantidade inicial, quantificada como

31,7mg.L-1

. Após esse período, houve estabilização na quantidade da aminas, pois com 17

dias havia 2,8mg.L-1

e com 21 dias de monitoramento, foram encontrados 2,1mg.L-1

.

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27

CHAVES (2001). Estes resultados são muito importante pois evidenciam a velocidade do

processo de degradação das aminas e que o reaproveitamento das mesmas, em um segundo

processo de flotação, só poderá apresentar resultados satisfatórios se utilizadas

imediatamente após a primeira etapa de flotação. Caso contrário, a quantidade de coletor

presente no efluente é muito baixa e torna-se inviável economicamente realizar a

reutilização na flotação.

ARAÚJO (2007) monitorou a biodegradabilidade das aminas e mostrou que em amostras

reais com concentrações de amina de aproximadamente 30mg.L-1

, após 5 dias de

monitoramento, 34% da amina foi consumida, e em 10 dias 75% havia sido consumida.

Para as amostras com aminas preparadas em laboratório, após 21 dias de monitoramento

não houve degradação. Os autores sugeriram que a diferença observada nos resultados

ocorreu pela presença de componentes provenientes do minério de ferro presentes nas

amostras reais, o que favoreceu o crescimento das bactérias responsáveis pela

biodegradação.

Os testes de biodegradação realizados por ARAÚJO (2007) com Serratia marcescens bizio

1823L nas concentrações de 10, 40 e 60mg.L

-1, e nas temperaturas de 25, 30, 35 e 38°C,

indicaram que as taxas de biodegradação são inicialmente lentas, especialmente em altas

concentrações de amina. A 38ºC, a reação acelerou ligeiramente, e após 16 horas de

monitoramento, 70,6% da amina havia sido degradada, enquanto que a 25ºC, apenas 45%

da amina havia sido consumida neste mesmo período de tempo. Após 24 horas, as

concentrações de amina eram praticamente as mesmas em todas as temperaturas testadas.

Para a menor concentração, as taxas de biodegradação foram muito próximas para todas as

temperaturas, o que significa que a temperatura teve baixa interferência nesses resultados.

Nas concentrações de 40 e 60mg.L-1

, a temperatura teve uma influência significativa

sobre as taxas de biodegradação, principalmente a 38°C, na qual após 36 horas de

observação, 93,80% do coletor havia sido degradado para a concentração inicial de

40mg.L-1

, enquanto que para 60mg.L-1

, a degradação atingiu 91,30%, após o mesmo

período de tempo. Dessa forma, esses dados revelaram uma grande influência da

temperatura e da concentração de insumo na velocidade de degradação da éter-amina EDA

3B.

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28

Avaliando a biodegradação das éter-aminas em amostras provenientes do processo de

flotação de uma mineradora do Estado de Minas Gerais, SILVA (2009) observou a

velocidade de degradação dos compostos à 30ºC e 35ºC, na concentração de 10mg.L-1

e

também estudou sobre a degradação à 35ºC na presença de 10mg.L-1

e 25mg.L-1

, estando

sempre em agitação o sistema. Foi observado que para as temperaturas maiores, a reação

possui maior velocidade de degradação, uma vez que o tempo de decomposição foi de 3

horas para 35ºC e 6 horas para 30ºC. Já para as diferentes concentrações de éter-aminas em

uma mesma temperatura, a reação de degradação foi mais acelerada para os menores

valores, tendo observado um tempo de 7 horas para 25mg.L-1

e 3 horas para a

decomposição de 10mg.L-1

de coletor. Determinar a taxa de degradação de certo insumo,

assim como a taxa de crescimento microbiano na presença desse mesmo composto é de

suma importância para o modelamento da cinética de reação, que visa estabelecer, a

velocidade das reações químicas e os fatores que as influenciam.

3.5.1. Modelos cinéticos de biodegradação de compostos orgânicos

Como o crescimento microbiano é resultado das atividades enzimáticas catabólicas e

anabólicas, tais processos, ou seja, a utilização do substrato ou a formação do produto

associada ao crescimento, também podem ser descritos em termos quantitativos, com base

em modelos matemáticos de crescimento. Assim, a relação entre a taxa de crescimento

específico (µ) de uma população de microrganismos e a concentração de substrato (S) é

uma ferramenta valiosa nos processos de biodegradação (RAGHUVANSHI e BABU,

2010).

Esta relação é expressa por um conjunto de leis empíricas de velocidade que são

considerados como modelos teóricos. Vários modelos teóricos, como o modelo cinético de

Monod (MONOD, 1949), o modelo cinético Powell (POWELL, 1967), o modelo de

Haldane (ANDREWS, 1968), o modelo Luong (LUONG, 1986) e o modelo de Edwards

(EDWARDS, 1970) estão descritos na literatura e são frequentemente utilizados no

modelamento de cinéticas de crescimento versus concentração do substrato

(RAGHUVANSHI e BABU, 2010).

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A cinética de Monod, um modelamento simples para o crescimento microbiano e adequado

para tratar dados de crescimento, mas não considera a inibição pelo substrato. É diferente

dos modelos clássicos na forma de introduzir o conceito de crescimento controlado pelo

substrato. Ele relaciona a taxa específica de crescimento (µ) com um único substrato

controlador do crescimento (S) através de dois parâmetros, a taxa máxima específica de

crescimento (µmax) e a constante de afinidade pelo substrato (Ks), conforme a equação 3.7

(RAGHUVANSHI e BABU, 2010):

SK

S

s max

Equação 3.7

mas essa equação apresenta dois parâmetros desconhecidos, µmax e Ks, e foi então

linearizada, sendo apresentada conforme a equação 3.8 (RAGHUVANSHI e BABU, 2010):

maxmax

111

S

Ks Equação 3.8

Assim, um gráfico de 1/µ versus 1/S tem como inclinação Ks/max e intercepto igual a

1/Max.

A presença de um composto facilmente metabolizável, misturado com alguns poluentes

orgânicos, pode aumentar a biodegradação do substrato secundário, o que é vantajoso tanto

no contexto ecológico, quanto na aplicação dos seres vivos no tratamento de resíduos, pois

alguns organismos têm a capacidade de degradar os poluentes. Isso ocorre com freqüência

em ecossistemas naturais, que geralmente são ambientes limitados de carbono e com uma

variedade de substâncias orgânicas presentes em baixas concentrações (SALEHI et al.,

2010). Nessa situação o modelo de Monod pode ser falho, pois, descreve apenas a

dependência da taxa de biodegradação sobre a concentração de biomassa. A limitação desse

modelo clássico é que a equação não leva em conta o fato de que células podem precisar de

outro substrato ou podem sintetizar um produto mesmo quando elas não crescem.

A equação original do modelo de Monod foi modificada por POWELL (1967),

introduzindo os termos de manutenção, expresso em termos da concentração de substrato

(Smin) e da taxa de manutenção (m). Essa alteração conduziu à equação 3.9:

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30

m

SK

Sm

s

)( max

Equação 3.9

A relação entre o substrato e a taxa de crescimento microbiano (µ) durante a adaptação

biológica dos microrganismos, a partir de um poluente orgânico, pode ser quantificado

através da utilização de alguns modelos matemáticos que sofreram adaptações das equações

de derivadas, a partir de teorias sobre a inibição de um único substrato (SALEHI et al.,

2010).

A cinética de Haldane é outro modelo que trabalha com um crescimento indeterminado das

células, sendo que na realidade, uma concentração definida do substrato exerce um limite

acima do qual o crescimento microbiano cessa (SALEHI et al., 2010; LUONG, 1987).

O modelo de Haldane (ANDREWS, 1968) considera a inibição do crescimento pelo

substrato e é amplamente utilizado devido à simplicidade matemática (SHEN et al., 2009).

A taxa específica de crescimento (µ) é representada pela equação 3.10:

I

SK

SSK

S2

max

Equação 3.10

onde KI é a constante de inibição do substrato (mg.L-1

).

Para sistemas com altas concentrações do substrato inibitório, sendo S»Ks, a equação pode

ser simplificada conforme equação 3.11:

IK

SS

S2

max

Equação 3.11

Ou pode ser ainda linearizada, tornando-se a seguinte equação de Haldane, equação 3.12:

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31

maxmax

11

Ig K

S Equação 3.12

Para os compostos auto-inibitórios, há também uma concentração crítica de substrato (Scrt)

acima da qual a taxa de remoção de substrato cai devido ao efeito de auto-inibição, que é

definida pela equação 3.13:

)( ISsrt KKS Equação 3.13

Outro modelo que considera o efeito inibitório do substato foi proposto por LUONG

(1987). Este modelo é baseado em certas suposições que incluem a fase lag e a de morte,

respiração endógena, substrato utilizado como fonte de energia, manutenção ou inibição

por produtos. Há incorporação da concentração crítica inibitória, Sm (mg.L-1

), conforme

equação 3.14:

n

mS S

S

SK

S

1max

Equação 3.14

onde n é o número inteiro positivo no modelo de Luong.

EWARDS (1970) estudou os motivos da inibição do substrato que podem ser a formação

de intermediários ou produtos, a atividade alterada de uma ou mais enzimas, a dissociação

de uma ou mais enzimas ou a formação de agregados metabólicos. Esse estudo também

focou no desenvolvimento de modelos de inibição que podem explicar a natureza altamente

complexa dos microrganismos que degradam compostos orgânicos e podem agir na

biodegradação de altas concentrações de substrato. Foram propostos modelos diferentes de

inibição que são derivados do modelo de Haldane, mas que descrevem os mecanismos que

causam a inibição do substrato em uma ampla gama de concentrações, conforme a equação

3.15:

K

S

K

SKS

S

I

S 12

Equação 3.15

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32

onde Ks é a constante de afinidade do substrato, KI é a

constante de inibição do substrato (mg.L-1

) e K é uma constante positiva que aparece no

modelo de Edward.

ZISSI et al. (1999) utilizaram uma cultura pura de Stenotrophomonas maltophilia,

atualmente uma bactéria integrante do gênero Xanthomonas, capaz de utilizar a anilina

como única fonte de carbono, para a realização de experimentos cinéticos, com o objetivo

de desenvolver um modelo matemático que descrevesse, com precisão, as taxas de

crescimento e a utilização do insumo. Essas taxas foram bem descritas usando as

expressões de Monod, tendo o substrato como fator não limitante para o crescimento

microbiano, uma vez que a presença de uma fonte alternativa de carbono não reprimiu o

catabolismo da anilina, mas foi observada a utilização simultânea dos compostos.

SALEHI (2010) avaliou a taxa de degradação do p-nitrofenol (PNP), um composto muito

utilizado na produção de pesticidas, herbicidas e explosivos e que tem grandes impactos na

poluição ambiental, pela bactéria Rastonia eutropha. Considerando que o PNP na presença

do microrganismo forma produtos simples, uma reação autocatalítica foi assumida gerando

a equação 3.16:

cPP CkC

dt

dC

Equação 3.16

onde Cp e Cc são as concentrações de PNP e microrganismo, respectivamente, e k é um

coeficiente de segunda ordem. Aplicando a equação proposta por LUONG (1987),

µ=(µmS/Ks+S)(1−(S/Sm)n), mas considerando „n‟ igual a zero, esta equação foi reduzida,

sugerindo uma equação de Monod, como segue a equação 3.17:

pc

pcc

CK

CC

dt

dC

max Equação 3.17

onde Kc é a constante de Monod e µmax é a taxa máxima específica de crescimento. Ao

dividir a equação da reação catalítica (3.16) pela equação de Monod (3.17) e integrar os

termos, foi obtida a equação 3.18:

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pc

pc

cc

c

CK

CK

KCC

C

0

0

max

0

ln1

Equação 3.18

onde Cc0 e Cp0 são as concentrações iniciais de bactérias e PNP, respectivamente.

Fazendo algumas substituições matemáticas nesta equação 3.18, foi encontrada a equação

3.19 para descrever a taxa de conversão do PNP em função apenas da concentração inicial

desse composto e da concentração inicial de células:

pc

pc

pc

p

pCKC

CK

CKC

dt

dC0

0

max ln

Equação 3.19

Nessa equação 3.19, os três parâmetros cinéticos, µmax, K, Kc, devem ser determinados

experimentalmente em função da concentração de PNP e do tempo. O coeficiente

de determinação (R2) deste modelo foi calculado como 98,3%, determinando que a

aplicabilidade deste modelo cinético de biodegradação de PNP foi razoavelmente bom.

RAGHUVANSHI e BABU (2010) estudaram sobre a biodegradação do metil iso-butil

cetona (MIBK), um solvente utilizado na fabricação de tintas e borrachas, considerado um

composto orgânico volátil (COV), que é altamente tóxico para a natureza e tem efeitos

adversos significativos em seres humanos e animais. Os microrganismos utilizados como

uma cultura mista foram amostrados em uma planta de tratamento de efluentes por lodos

ativados. Inicialmente foi observado que o aumento da concentração de MIBK, entre 200 e

700mg.L-1

, implicou em um aumento correspondente da fase lag dos microrganismos e,

consequentemente, a degradação ocorreu em um maior intervalo de tempo. Esse resultado

preliminar sugeriu que a concentração inicial de MIBK teve um efeito significativo sobre a

taxa de biodegradação. Observando o efeito do tempo na concentração da biomassa celular,

pode ser analisado que a concentração da biomassa apresentou um aumento exponencial até

que ocorresse total depleção de MIBK, mas esse aumento foi observado entre as

concentrações de 200 a 500mg.L-1

, não sofrendo efeitos inibitórios desse composto

orgânico. Mas, acima dessa concentração, o crescimento da biomassa não acompanhou a

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34

tendência exponencial, indicando um aparente efeito inibitório do substrato sobre os

microrganismos.

Como a degradação do contaminante ocorreu por causa da atividade microbiana, sabe-se

que a cinética de degradação do MIBK está intimamente relacionada com a cinética do

crescimento microbiano. Assim, a concentração da biomassa obtida anteriormente e a

concentração do substrato nos diferentes intervalos para as várias concentrações iniciais de

MIBK, foram utilizados para calcular a taxa de crescimento específico (µ), determinada

pela equação 3.20:

dt

dx

x

1 Equação 3.20

onde µ representa a taxa de crescimento específico (h-1

), x é a concentração da biomassa

(g.L-1

) no tempo t (h), e dt é mudança no tempo (h) para a alteração da concentração da

biomassa, dx. Após a integração, a equação 3.20 pode ser apresentada pela equação 3.21,

onde, x0 é a concentração inicial de biomassa (g.L-1

) no t=0.

txx 0lnln Equação 3.21

Esses dados foram plotados em um gráfico de (1/µ) em função de (1/S), conforme o modelo

de Monod, e o coeficiente de determinação (R2) obtido foi de 49,7%. Para o modelo de

POWELL (1967), onde só foram analisados os dados da fase log através da regressão dos

dados, o R2 obtido foi 53,3%. Já o modelo de Haldane (ANDREWS, 1968), que foi

desenvolvido com os dados da fase log, o R2 encontrado foi de 70,2%. Utilizando os

mesmos dados da fase log, as constantes cinéticas para o modelo de LUONG (1987)

determinaram R2 de 90,4%, enquanto que para o modelo de EDWARD (1970), que possui

a vantagem de incorporar o termo [1+ (S/K)] no denominador e incluir uma constante

positiva K, o (R2) foi de 78,6%. Dessa forma o melhor modelo testado foi o de Luong, mas

não se ajustou completamente aos dados.

A taxa de desaparecimento do substrato foi dependente da sua concentração e a cinética de

segunda ordem depende tanto da concentração de substrato e da biomassa ou da

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concentração de substrato e do tempo. Considerando que a biomassa é diretamente

proporcional ao tempo, tem-se a equação diferencial de ordem dois. Verificou-se então que

tanto a cinética de ordem um e a de ordem dois não foram suficientes para explicar a

cinética de biodegradação do MIBK. Estes conceitos e as dificuldades matemáticas levaram

à determinação de outro modelo de ordem três, conforme mostrado na equação 3.22

(BRUNNER e FOCHT, 1984):

aESkdt

dS 1

Equação 3.22

onde k1 é a constante de proporcionalidade (tempo-1

), E é a concentração de células e a é a

constante de proporcionalidade (biomassa/concentração-1

/tempo-1

). Depois da integração e

simplificação a equação 3.22 pode ser reduzida conforme equação 3.23:

2

21

tkkY Equação 3.23

onde t

aEk 2 ,

0

00ln1

S

kPS

tY t e

t

tktk

O keSP 0

2

22

1

1

.

P é a taxa de formação de produto (CO2), que está diretamente relacionada com a alteração

da concentração de biomassa. O modelo de ordem três incluiu o termo para explicar a

formação de biomassa, que pode ser medida em termos de P.k0 e S0, que são a taxa

constante de ordem zero e a concentração do substrato no tempo zero, respectivamente.

Assim, os valores obtidos dos R2 para a cinética de ordem três foi de 93,7-99,4%, indicando

que o modelo cinético de ordem três é o mais adequado para explicar a taxa de

biodegradação do MIBK (RAGHUVANSHI e BABU, 2010).

SHEN et al.(2009) investigaram sobre a degradação biológica do 2,4,6-trinitrofenol (TNP),

um composto de difícil degradação biológica e que é tóxico para plantas, microrganismos,

animais e humanos, causando sérios impactos ambientais, pela bactéria Rhodococcus sp.

NJUST16 em um meio mineral, contendo várias concentrações de TNP. Inicialmente

observaram que uma maior concentração de inóculo reduziu a fase lag e ajudou o sistema a

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36

chegar na fase log mais rapidamente. Os resultados mostraram uma tendência de aumento

da taxa específica de crescimento (µ) como consequência do aumento da concentração de

TNP, mas isso ocorreu até 60mg.L-1

, pois a partir dessa concentração, até 800mg.L-1

, µ

diminuiu mesmo ocorrendo o aumento da concentração de substrato disponível. Essa

tendência de declínio do crescimento microbiano além de 60mg.L-1

de TNP indicou que

esse composto é um tipo de substrato inibidor. Assim, sabendo-se que o substrato em

questão tem efeito inibitório em determinadas concentrações, foi utilizado o modelo de

Haldane para encontrar os valores de µmax, Ks e Ki, estando esses de acordo com os

intervalos encontrados na literatura. O coeficiente de determinação (R2) encontrado foi

93,58%, indicando que os dados se enquadraram no referido modelo matemático.

COKGOR et al. (2009) analisaram as características da biodegradação aeróbia de um

efluente industrial contendo uma mistura de compostos orgânicos solúveis, os quais

apresentaram diferentes características de biodegradação. O sistema de tratamento aeróbio

era do tipo lodos ativados, sendo utilizadas as taxas de DQO para avaliação do sistema.

Foram identificados quatro tipos de compostos biodegradáveis, mas a cinética de

biodegradação encontrada para cada um deles foi significativamente diferentes, e, além

disso, a concentração inicial do substrato apresentou um efeito de inibição sobre o

crescimento da biomassa heterotrófica. Assim, o sistema foi modelado com base no modelo

de degradação de Haldane, que considera o efeito inibitório do substrato e no qual a fase

logarítmica de crescimento microbiano inicial foi seguida por etapas consecutivas de

degradação dos substratos.

HUSSAIN et al. (2009) estudaram sobre as taxas de degradação do endosulfan, um

inseticida organoclorado que é utilizado mundialmente na agricultura como parte do

controle de pragas, e é considerado um contaminante do solo, ar e ambientes aquáticos,

pela bactéria Pseudomonas aeruginosa. Foram testadas as concentrações de 50 à 250mg.L-1

do composto, variando a cada 50mg.L-1

. Os resultados revelaram que a cinética de

degradação variou de acordo com a concentração inicial do contaminante pois a curva de

degradação para 10, 200 e 250mg.L-1

foi quase linear, assim como a curva dos testes

controles sem inóculo. Mas para as concentrações de 50, 100 e 150mg.L-1

, a curva foi

côncava para baixo, apresentando uma degradação maior do que nos controles. Diante

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37

dessas diferenças, foram testados os modelos cinéticos de ordem zero, Monod com e sem

crescimento, primeira ordem, logística e logarítmica, de acordo com as equações da Tabela

3.1.

Tabela 3.1. Equações utilizadas para avaliar a biodegradação do endosulfan com e sem crescimento

microbiano (Fonte: HUSSAIN et al., 2009).

Modelo Equação na forma integral

Ordem Zero tkSS 10 Equação 3.24

Monod, sem

crescimento tkSSSS

SKs 100

0

ln

Equação 3.25

Primeira Ordem tkeSS 3

0

Equação 3.26

Logística tXSk OOe

S

XXSS

4

0

000

1

Equação 3.27

Monod, com

crescimento tXSX

XKXS

S

SK Ss max00

0

00

0

lnln

Equação 3.28

Logarítmica teXSS max100

Equação 3.29

S = concentração de substrato; S0 = concentração inicial do substrato; Xo = quantidade de substrato necessário

para produzir a população inicial; X = quantidade de substrato para produzir a densidade populacional; Ks =

concentração de substrato na qual a taxa decrescimento é metade da taxa máxima; µmax = taxa máxima de

crescimento específico; k1 = µmaxXo; k3= µmaxXo/Ks; k4 µmax/Ks

A Tabela 3.2 apresenta os valores iniciais de concentração de endosulfan e o melhor

modelo ajustado para cada situação.

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38

Tabela 3.2. Parâmetros dos modelos de cinética de degradação de substrato adequados para as diferentes

concentrações iniciais de endosulfan pela P. aeruginosa (Fonte: HUSSAIN et al., 2009)

Concentração

inicial de

endosulfan

(mg.L-1

)

Modelo

Taxa constante

Ks

Coeficiente de

determinação

para os dados

ajustados (R2)

10 Monod sem crescimento k1 = 0,37 ± 0,012a 4,9 ± 0,002 0,99

50 Monod com crescimento µmax = 14,83 ± 0,2b 10,2 ± 0,06 0,89

100 Monod com crescimento µmax = 17,50 ± 0,34b 11,5 ± 0,03 0,74

150 Monod com crescimento µmax = 14,40 ± 0,52b 10,9 ± 0,001 0,78

200 Ordem zero k1 = 4,03 ± 0,20a NAc 0,98

250 Ordem zero k1 = 4,10 ± 0,24a NAc 0,99

Neste mesmo trabalho foi monitorado o crescimento de P. aeruginosa MN2B14, através da

densidade óptica (DO). Os resultados revelaram que o crescimento das bactérias apresentou

um mesmo perfil em relação aos testes iniciais de degradação, pois para as concentrações

de 10, 200 e 250mg.L-1

não houve aumento significativo na DO com o tempo, mas um

aumento substancial na DO foi observado para as concentrações iniciais de 50, 100

e 150mg.L-1

, conforme ilustrado na Figura 3.7 (HUSSAIN et al., 2009).

Figura 3.6. Crescimento de P. aeruginosa, analisado pela densidade óptica, em relação ao tempo, em

diferentes concentrações iniciais de endosulfan (Fonte: HUSSAIN et al., 2009).

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39

Esses resultados do crescimento microbiano sugerem que a concentração de insumo inibe o

crescimento das bactérias em determinadas concentrações (HUSSAIN et al., 2009).

STANCHEV et al. (2008) utilizaram o fungo Aspergillus awamori para estudar sobre a

biodegradação do catecol, um bezenodiol, como única fonte de carbono nos nutrientes do

sistema. Foram determinados os valores das constantes cinéticas dos modelos de Andrew e

Harris para as concentrações de 1,0, 2,0 e 3,0g.L-1

de substrato disponível. Os resultados

mostraram que para a concentração inicial de 1,0g.L-1

, a biodegradação ocorreu em

condições de limitação de substrato, mas para as concentrações de 2,0 e 3,0g.L-1

, processo

aconteceu na presença de inibição pelo substrato. Dessa forma, de acordo com a

concentração inicial de carbono disponível no meio, um determinado modelamento cinético

tornou-se mais ajustado aos dados.

CHEN et al.(2008) avaliaram a biodegradação de fenantreno, um hidrocarboneto aromático

policíclico, por uma cultura de Sphingomonas sp., isolado de um sedimento de manguezal.

Foram testadas diversas condições de temperatura (20, 25, 30 e 35°C), razão

carbono:nitrogênio (100:1, 60:1, 30:1 e 10:1), concentração de fenantreno (5, 25, 35,

55mg.kg-1

de sedimento), salinidade (5, 15, 25, 35ppt) e tamanho do inóculo (103, 10

4, 10

5,

106NMP.g

-1 de sedimento), e os dados foram utilizados para ajustar o modelo cinético de

Monod e também um modelo de primeira ordem. Os resultados dos parâmetros cinéticos

mostraram que o modelo de primeira ordem se ajustou melhor aos dados, sendo que os R2

estiveram entre 0,69 e 0,99.

PRIYA et al. (2009) avaliaram a biodegradação do formaldeído, uma substância química

fundamental para a produção de penta eritritol, etileno glicol , resinas sintéticas, produtos

de papel, processamento de madeira, tintas, remédios e drogas, além de ser usado como

desinfetante para matar alguns insetos, presente em águas residuárias, através de um reator

anaeróbio de leito fixo, e a eficiência do processo foi analisada através da DQO. Diferentes

modelos matemáticos foram aplicados aos dados do reator, sendo que o modelo de segunda

ordem, conforme Equação 3.30, se ajustou melhor aos dados, sendo que a taxa de remoção

do substrato (K2(s)) foi de 3,2h-1

.

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40

2

0

2 .

S

SK

dt

dss

Equação 3.30

onde: ds/dt – taxa de remoção do substrato (g.L-1

.d-1

)

K2(s) – taxa constante de remoção de substrato (segunda ordem)

S e S0 – concentração do substrato no afluente e no efluente (mg.L-1

)

3.5.2. Microrganismos degradadores de aminas

As bactérias são microrganismos procariontes, não contendo membrana nuclear e sem

estruturas intercelulares comuns aos eucariotos. A reprodução bacteriana ocorre com

grande rapidez, dando origem a um número muito grande de descendentes em apenas

poucos minutos (TORTORA, 2005).

O metabolismo bacteriano pode ser caracterizado como todas as reações químicas que

ocorrem na célula, destinadas a atender as necessidades biológicas dos organismos vivos,

incluindo tanto as reações que produzem energia como as que utilizam a energia para a

biossíntese ou outras funções celulares. A célula transforma a energia existente em

compostos químicos ou na luz, em energia útil ao seu funcionamento, que é a energia

química presente em certos compostos, principalmente no ATP.

As bactérias possuem grande variedade de metabolismos, visto que podem utilizar vários

substratos ou compostos sob as mais variadas condições de ambiente. Os processos

metabólicos podem ser autotróficos, quando a fonte de carbono é o CO2, ou heterotróficos,

quando a fonte de carbono são compostos orgânicos. Estes dois grupos são divididos em

quatro grupos fisiológicos, tendo como base a fonte de energia utilizada na biossíntese,

conforme descrito na Tabela 3.3. Entre os grupos fisiológicos apresentados na Tabela 3.3,

os quimioheterotróficos são os mais abundantes na natureza, visto que a disponibilidade de

compostos orgânicos na natureza é maior.

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41

Tabela 3.3. Classificação nutricional das bactérias (TORTORA, 2005).

Grupo nutricional Fonte de Carbono Fonte de Energia

Quimioautotrófico CO2 C inorgânico

Quimioheterotrófico C orgânico C orgânico

Fotoautotrófico CO2 Luz

Fotoheterotrófico C orgânico Luz

A respiração é um processo de geração de ATP em que as moléculas são oxidadas e o

aceptor final de elétrons é quase sempre uma molécula inorgânica. Quando o organismo é

aeróbio, há utilização de oxigênio no metabolismo, e o aceptor final de elétrons é o O2, mas

quando o organismo é anaeróbio, não há utilização de oxigênio na respiração, e o aceptor

final de elétrons é uma molécula inorgânica diferente do O2, como NO3-, SO4

2-, CO3

2-

(TORTORA, 2005). Quando o aceptor final de elétrons é uma molécula orgânica, o

processo metabólico é caracterizado como fermentação, o qual também não requer a

presença do oxigênio e não participa do ciclo de Krebs, ocorrendo a oxidação incompleta

da molécula de glicose.

A quantidade de ATP gerada na respiração anaeróbia varia com o microrganismo e a via,

mas devido à somente uma parte do ciclo de Krebs funcionar sob condições anaeróbias, e

desde que nem todos transportadores participam da cadeia de transporte de elétron nessa

respiração, o rendimento de ATP nunca é tão alto quanto na respiração aeróbia. Já para a

fermentação, somente uma ou duas moléculas de ATP, para cada molécula inicial é

formada, pois grande parte da energia inicial do composto permanece nas ligações químicas

dos produtos orgânicos finais (TORTORA, 2005).

Para a maioria das bactérias, o pH ótimo de crescimento se localiza entre 6,6 e 7,5.

Entretanto há bactérias que se desenvolvem em pH9,0 e outras bactérias que crescem em

pH 1 (PELCZAR, 1996). Os requisitos nutricionais das bactérias incluem nitrogênio,

enxofre, fósforo, vitaminas e elementos metálicos como sódio, potássio, cálcio, magnésio,

ferro, cobalto, cobre e níquel. Algumas espécies necessitam ainda de pequenas quantidades

adicionais de elementos como selênio, vanádio ou boro.

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42

Dentre as bactérias já reportadas na literatura com capacidade de degradar aminas pode-se

citar Pseudomonas putida (VAN GINKEL et al. 1995; YOSHIMURA et al., 1980;),

Xanthomonas sp (DEAN-RAYMOND e ALEXANDER 1997), Bacillus polymyxa (DEO e

NATARAJAN 1998b), Burkholderia cepacia e Stenotrophomonas maltophilia (KROON e

VAN GINKEL, 2001). YOSHIMURA et al. (1980) estudaram a biodegradação de várias

aminas graxas utilizando a bactéria Gram negativa P. putida, através do monitoramento da

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Observaram que essa bactéria pode degradar

amina primária n-C12H25NH2 e outras alquilaminas primárias, mas não alquilaminas

secundárias e terciárias e surfactantes catiônicos. Além disso, essa linhagem isolada pode

utilizar n-C12H25NH2 como única fonte de carbono e nitrogênio para o seu crescimento. A

biodegradação da dodecilamina pela Pseudomonas sp. foi estudada por VAN GINKEL et

al. (1995) através do monitoramento da DBO e observaram que em 7 dias houve a

degradação de cerca de 80% da amina pela referida bactéria. Em ambos os estudos não

foram investigados os possíveis intermediários ou produtos formados durante o processo de

degradação.

DEAN-RAYMOND e ALEXANDER (1997) utilizaram técnicas padrões de medidas de

oxigênio dissolvido no meio para avaliar a degradação de 10 compostos de amônio

quaternário, nas concentrações de 10, 25 e 100µg.mL-1

, sendo que as concentrações de

oxigênio foram medidas em intervalos de 5 a 8 dias, em um período de 60 dias. Os

compostos cloreto de benziltrimetilamônio, brometo de feniltrimetilamônio, brometo de

benziltrietilamôniocloreto, brometo de didodecildimetilamônio, brometo de

dioctadecildimetilamônio, cloreto de hexadecildimetilbenzilamônio, cloreto de

fenildimetilbenzilamônio e hyamine 10-X foram resistentes ao ataque dos microrganismos

inoculados. O composto brometo de deciltrimetilamônio (DTM) foi completamente

degradado dentro de 8 a 10 dias, para as três concentrações analisadas, mas, a degradação

do brometo de hexadeciltrimetilamônio foi evidente apenas nos níveis de 10 e 25µg.mL-1

de insumo, em um tempo de 15 a 43 dias de observação. Para este mesmo composto, a

ausência de biodegradação em 100µg.mL-1

foi associada à sua toxicidade. Os

microrganismos utilizados foram retirados de amostras do solo e também de efluente

doméstico, e foram posteriormente caracterizados, sendo que duas colônias apresentaram

crescimento satisfatório em placas contendo meio ágar nutriente, diferenciando-se pelas

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colorações branca e amarelada. As colônias diferenciadas eram compostas por bacilos

Gram-negativos com flagelo polar, oxidase positivas e não produziam pigmentos

fluorescentes. Assim, essas culturas foram identificados como Pseudomonas e

Xanthomonas.

O Bacillus polymyxa, espécie de bactéria renomeada como Paenibacillus polymyxa após

uma análise comparativa da sequência do RNAr 16S (ASH et al.,1993), é uma bactéria

Gram positiva, quimiorganotrófica fixadora de nitrogênio e anaeróbia facultativa, que

produz diversos metabólitos como ácido acético, fórmico, lático e succínico, além de

etanol. Na presença de oxigênio esse microrganismo também produz polissacarídeos

extracelulares que formam sua cápsula celular. Além disso, seu metabolismo é dependente

de cálcio, pois esse íon é requerido durante a produção de enzimas, como as amilases e

proteases, e também para a síntese de dipicolinato de cálcio, um componente essencial para

a formação de endosporos (VASAN et al., 2001).

CHOCKALINGAM et al. (2003), a fim de avaliar se o crescimento da Bacillus polymyxa é

inibido ou não pela presença de coletores orgânicos, realizou estudos de crescimento

bacteriano em concentrações de 50, 100 e 200mg.L-1

de isopropil xantato de sódio, acetato

de dodecilamônio e oleato de sódio. Para o xantato não foi observada a fase lag,

caracterizada como fase de adaptação às condições estabelecidas, e a fase estacionária,

onde não ocorre crescimento microbiano e inicia uma competição por espaço e alimento,

foi alcançada após 3 horas para as concentrações de 50 e 100mg.L-1

, e após 5 horas quando

a concentração do coletor foi de 200 mg.L-1

. Foi encontrado pH final 3 para todas as

concentrações testadas desse coletor. Já para as análises com acetato de dodecilamônio, a

fase lag foi de 3 horas para todas as concentrações e a fase estacionária foi observada após

5 horas para 50mg.L-1

e 6 horas para 100 e 200mg.L-1

. Enquanto o pH final foi de 3,5 para

as duas primeiras concentrações, o valor para a concentração máxima foi igual a 4. Para o

oleato de sódio não houve fase lag na presença de qualquer concentração desse coletor,

enquanto que a fase estacionária foi de 3 horas para 50mg.L-1

e de 4 horas para as demais

concentrações. O pH3,5 foi encontrado em todos os testes com esse coletor. O número

máximo de células obtidas nestes testes foi de 109células/mL em todos os casos. Estes

resultados indicaram que o B. polymyxa, uma bactéria associada aos depósitos de minerais,

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pode ser cultivada na presença destes coletores orgânicos e há indicação de esporulação das

células durante o crescimento na presença dos insumos. Foi observado também que a

biodegradação do acetato de dodecilamônio é bastante efetiva durante o crescimento

bacteriano do B. polymyxa.

KROON e VAN GINKEL (2001) isolaram grupos de bactérias utilizando compostos

derivados de aminas alifáticas, como dodecildimetilamina e dimetilamina, sendo que no

meio de cultura contendo o primeiro composto houve o crescimento de apenas um tipo de

colônia caracterizada como ADM12D e nas placas contendo o segundo insumo, foram

caracterizados os grupos DMA1, DMA2, DMA3 E DMA4. Todos estes grupos isolados

eram de bacilos Gram-negativos e oxidase e catalase positivos. Os grupos ADM12D, capaz

de degradar dodecildimetilamina, e DMA1, que apresentou maior taxa de crescimento e foi

capaz de degradar dimetilamina, foram selecionados e estudadas as seqüências do 16S

rDNA. A seqüência do grupo ADM12D apresentou similaridade de 99,6% com

Burkholderia cepacia, sendo que o perfil de ácidos graxos celulares foi característico para

esta espécie e a utilização nutricional e propriedades bioquímicas de B. cepacia são

similares para o isolado descrito por KROON et al. (1994). Já o grupo DMA1, identificado

também através da utilização nutricional e pelo conjunto de ácidos graxos celulares,

apresentou uma seqüência com similaridade de 99,3% com Stenotrophomonas maltophilia

(KROON e VAN GINKEL, 2001).

B. cepacia é capaz de degradar dodecilmetilamina liberando dimetilamina no sistema,

enquanto que S. maltophila degrada dimetilamina, formando amônio. Uma cultura mista

contendo estes microrganismos foi inoculada em um reator, contendo apenas

dodecildimetilamina como fonte de carbono e energia, e após duas semanas não foi

encontrado o insumo, nem dimetilamina, subproduto de degradação do primeiro. Esta

ausência de compostos derivados de aminas graxas sugeriu total mineralização e

caracterizou que B. cepacia e S. maltophila, presentes em uma cultura mista, são capazes de

mineralizar completamente dodecildimetilamina (KROON e VAN GINKEL, 2001).

Pesquisas realizadas por AFZAL KHAN et al. (2006) para analisar a eficiência de

degradação do para-diaminobenzeno pelo grupo Pseudomonas sp. ST-4 indicou que, para

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um efluente com demanda bioquímica de oxigênio inicial de 470mg.L-1

, 84% do insumo foi

biodegradado.

Em outra pesquisa, WANG et al. (2007) isolaram um grupo de bactérias da planta de

tratamento por lodos ativados, de efluentes petroquímicos no nordeste da China, ricos em

pentil-amina, uma amina primária alifática, e anilina, uma amina aromática. De acordo com

as características morfológicas, bioquímicas e fisiológicas, este grupo, chamado de

PN1001, foi identificado como membro da família Pseudomonas. A maior taxa de

biodegradação dessa mistura de aminas aromáticas foi encontrada para uma concentração

de 150 a 200mg.L-1

de insumo, em 24 horas de reação e com, no máximo, 6mgO2.L-1

de

oxigênio dissolvido, à 30°C e pH7,0. Dessa forma, a eficiência de remoção dos

contaminantes pode chegar a 91%.

Os testes realizados por ARAÚJO (2007), analisando amostras brutas provenientes da

barragem de rejeitos da flotação do minério de ferro, para identificação de microrganismos

responsáveis pela biodegradação das aminas, mostraram que nas amostras reais foi

identificada a Serratia marcescens bizio 1823AL

e nas amostras da flotação em bancada, foi

identificada a Enterobcter cloacae. Tanto a Serratia marcescens como a Enterobcter

cloacae são bactérias Gram-negativas, não esporuladas, móveis e anaeróbias facultativas.

Os estudos realizados sobre o crescimento dessas bactérias na presença e ausência de

minério de ferro, composto de 52,54% de Fe, 32,5% de SiO2, 0,026% de P, 0,012% de Ca,

0,21% de Al, 0,017% de Mn e 0,012% de Mg, demonstraram que o minério de ferro exerce

papel fundamental no metabolismo microbiano, fornecendo, provavelmente, os minerais

essenciais para o seu crescimento (ARAÚJO et al., 2010; ARAÚJO 2007).

Serratia marcescens ITRC S7, identificada por SINGH et al. (2007), é um potente isolado

bacteriano aeróbio, capaz de degradar pentaclorofenol (PCP), sendo passível a utilização

deste grupo de microrganismo para processos de bioremediação em ambientes

contaminados com este composto.

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3.5.3. Metabolismo e bioquímica de degradação

Algumas bactérias possuem o metabolismo dependente da presença de um determinado

composto ou íon. Os testes realizados em bancada sobre o comportamento das bactérias, na

presença e ausência de minério de ferro, confirmam essa necessidade nutricional, sendo que

o metabolismo da Serratia marcescens é fundamentalmente dependente da presença do

minério de ferro, o qual fornece alguns minerais essenciais (SILVA, 2009; ARAÚJO,

2007).

Estudo realizado por SILVA (2009) mostrou que nas amostras contendo éter-amina e meio

de cultura líquido, houve biodegradação lenta, sendo que em 7 dias apenas 38% do insumo

havia sido degradado, mas quando adicionado minério de ferro e sulfato ferroso, a

biodegradação em 7 dias foi de 73% a 77%, respectivamente. Pode-se então concluir que a

degradação pela ação de microrganismos foi intensificada pela presença de sais de ferro e

minério de ferro, em relação à amostra com meio de cultura e éter-amina, pois, esses

minerais forneceram os elementos essenciais para o metabolismo microbiano.

YOSHIMURA et al. (1980) estudaram a biodegradação de várias aminas graxas pela

bactéria Pseudomonas putida. Após a constatação de que essa bactéria degrada

alquilaminas primárias, que são aminas alifáticas, mas não degrada outros derivados, foram

sugeridos duas prováveis vias de biodegradação, como: (1) ocorre desaminação oxidativa

pela enzima amina oxidase, formando ácidos graxos correspondentes e amoníaco, ou (2) ω-

oxidação do grupo metil terminal, resultando em ácido graxo ω-amino, seguido por β-

oxidação em qualquer caso.

Mais recentemente VAN GINKEL et al. (2005) investigaram a degradação de alquilaminas

por Pseudomonas sp e sugeriram que a bactéria inicia a degradação através da clivagem C-

N, seguida pela oxidação da amina para aldeído e por fim a formação de ácido graxo.

NISHIYAMA et al. (1995) utilizando uma amostra de lodo ativado de uma estação

municipal de tratamento de efluentes domésticos de uma cidade do Japão, estudaram sobre

a biodegradabilidade dos seguintes sais quarternátios de amônio: decil-, dodecil-, tetradecil-

, hexadecil- e octadeciltrimetilamônio, em 117 horas de incubação. Foi observado, em

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todos os experimentos, a formação de trimeti-, dimetil- e metilamina durante o processo de

degradação, mas ao final das 117 horas, esses produtos não foram encontrados no meio,

assim como o substrato adicionado inicialmente. Diante desses dados, foi proposto que o

sal de trimetilamônio é inicialmente degradado em trimetilamina por N-dealquilação.

Seguindo a rota de degradação, esse produto é então degradado à dimetilamina por N-

dimetilação, a qual é metabolizada em metilamina pela mesma reação. Não foram

desenvolvidos estudos de biodegradação com os microrganismos isolados desta amostra de

lodo ativado, para observar quais são as etapas limitantes do processo de biodegradação

desses sais. A Figura 3.8 ilustra o processo de degradação dos sais de trimetilamônio pela

amostra de lodo ativado.

Figura 3.7. Proposta de degradação de sais de amônio por amostra de lodo ativado (Fonte: NISHIYAMA et

al., 1995).

Nos estudos de WANG et al. (2007) foi analisado a provável rota de degradação da anilina

presente em efluentes petroquímicos do nordeste da China, ricos em pentil-amina e anilina.

A presença de ambos os compostos foi importante no processo de degradação, sendo que

potencializou a quebra destes derivados de amina. A pentil-amina foi facilmente degradada

em derivados simples, como CO2 e NO-3. Durante o processo de degradação da anilina,

foram encontrados alguns produtos como p-aminofenol, m-aminofenol, o-aminofenol,

ácido oxálico, ácido malônico, ácido fórmico e outros produtos simples, como NH+

4 e NO-

2/NO-3. Com base nestes produtos, a via de degradação da anilina foi descrita da seguinte

forma: a anilina é desaminada, formando o p-aminofenol, que então é clivado em ácido

oxálico e malônico, e em seguida transformados em HCO-3. Depois da desaminação, NH

+4

é oxidado para NO-2 e NO

-3. Essa possível rota de degradação indica que o grupo, chamado

PN1001, caracterizado como membro da família Pseudomonas, possui um sistema multi-

enzimas capaz de clivar toda a estrutura química da anilina, uma molécula relativamente

resistente em sistemas de tratamento de efluentes.

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O gênero Hyphomicrobium está amplamente distribuído na natureza pelo solo, água do

mar, água doce, águas frescas, água ácida de minas e esgoto. Muitas cepas foram isoladas

de habitats com deficiência de nutrientes, o que representa que são bons modelos para o

estudo da adaptação microbiana às condições de estresse. São organismos Gram-negativos

que são capazes de crescimento aeróbio, mas o crescimento em condições anaeróbias na

presença de nitrato também é observado. Algumas cepas são capazes de formar uma

ligação permanente às superfícies sólidas e têm sido observadas em seu habitat natural

acompanhadas de fungos e algas. A característica marcante desse gênero é a capacidade de

utilizar compostos de apenas um carbono, como metanol e metilamina, como a única fonte

de carbono e energia (MOORE, 1981).

MEIBERG e HARDER (1978) analisaram a degradação aeróbia da trimetilamina e

dimetilamina pela Hyphomicrobium, utilizadas como única fonte de carbono e energia.

Através da cinética de utilização da trimetilamina, foi observado que há uma conversão

estequiométrica desta amina em dimetilamina durante a fase exponencial de crescimento

microbiano, o que torna aparente que o microrganismo foi incapaz de metabolizar a

dimetilamina e o crescimento foi exclusivamente devido à conversão da trimetilamina em

dimetilamina. Após a diminuição da concentração de trimetilamina, o catabolismo da

dimetilamina foi estimulado. Assim, acredita-se que quando a trimetilamina era

indetectável, o crescimento exponencial microbiano ocorreu exclusivamente à custa da

dimetilamina. Esses resultados sugerem que a dimetilamina é um intermediário do

metabolismo da Hyphomicrobium, ao usar a trimetilamina. No mesmo trabalho, utilizando

dimetilamina e metilamina como fonte de carbono e energia, foi observado mesmo perfil de

acúmulo e degradação, sendo que a dimetilamina foi inicialmente degradada, transformada

em metilamina, e após o decaimento dos níveis da primeira, a metilamina foi consumida

pelo metabolismo bacteriano, o que afirma que a dimetilamina é um intermediário

metabólico.

MEIBERG e HARDER (1978) realizaram os mesmos testes citado acima, mas em

condições anaeróbias de crescimento. Foi observado um padrão complicado de utilização

da trimetilamina, mas da mesma forma, o crescimento inicial se deu exclusivamente pela

oxidação da trimetilamina em dimetilamina, e durante a oxidação desta, houve pequeno

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acúmulo de metilamina no sistema, sendo utilizada concomitantemente à dimetilamina.

Nestas análises, foi observado também inibição do crescimento bacteriano quando o

aceptor de elétrons, o nitrato, havia esgotado, mesmo ainda havendo carbono suficiente

para suportar o crescimento e que a presença de nitrito inibiu completamente o crescimento

do Hyphomicrobium.

De acordo com os resultados encontrados para os metabolismos aeróbio e anaeróbio,

MEIBERG e HARDER (1978) propuseram um esquema para o metabolismo de trimetil-,

dimetil- e metilamina pelo Hyphomicrobium, conforme mostrado na Figura 3.9.

Figura 3.8. Esquema proposto para o metabolismo da metilamina, dimetilamina e trimetilamina por

Hyphomicrobium. As enzimas da via são: (l), trimetilamina desidrogenase; (2) dimetilamina desidrogenase;

(3) γ-glutamilmetilamida sintetase; (4) enzima ainda não caracterizada; (5) N-metilglutamato desidrogenase;

(6) formaldeído desidrogenase; (7) formato desidrogenase (Fonte MEIBERG e HARDER, 1978).

Segundo VAN GINKEL e KROON (2005) existe uma interação metabólica entre os

microrganismos que degradam compostos derivados de aminas graxas, sendo que esta

relação pode ser de comensalismo ou de mutualismo. A maioria dos consórcios de

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microrganismos degradadores de surfactantes possui relação de comensalismo, sendo que

há produção e liberação no meio, por um microrganismo, de uma substância que outra

espécie utiliza como substrato de crescimento (VAN GINKEL, 1996; NISHIYAMA et al.,

1995). A relação de mutualismo foi encontrada entre comunidades microbianas em

ambientes naturais, após estudos sobre a mineralização do alquilbenzenosulfonato linear e

do cloreto de deciltrimetilamônio (HRSAK et al., 1982; DEAN-RAYMOND e

ALEXANDER, 1977).

Ao analisar o metabolismo aeróbio do brometo de deciltrimetilamônio (DTM) por

Pseudomonas e Xanthomonas, DEAN-RAYMOND e ALEXANDER (1977) observaram

que apenas a segunda bactéria cresceu sozinha na presença deste insumo. Então, por meio

de técnicas de cromatografia, avaliaram os subprodutos no substrato, uma vez que não

ocorria completa degradação de DTM. Foram encontrados picos nos espectros dos

substratos, que caracterizaram o 7-carboxiheptiltrimetilamônio e o 9-

carboxinoniltrimetilamônio. Assim, sugeriram que essa bactéria oxida o carbono terminal

da cadeia longa alquil do composto quaternário de amônio quebrando-o em unidades acetil

pela β-oxidação. Ácidos carboxílicos, em pequenas quantidades, também foram

encontrados no substrato. A presença destes compostos no substrato, liberados pelas

Xanthomonas, pode ser de grande importância como substrato para o crescimento das

Pseudomonas, pois, ambos os grupos de microrganismos em análise cresceram juntos na

presença de DTM. Provavelmente existe uma relação de mutualismo entre eles, sendo que

Pseudomonas fornece fatores de crescimento para Xanthomonas, e essas convertem o DTM

em compostos utilizados pelo metabolismo das outras.

A relação entre os microrganismos de uma cultura mista provavelmente depende das

condições ambientais. Por exemplo, em condições limitadas de fonte de carbono para uma

cultura mista de Burkholderia cepacia e Stenotrophomona maltophila, não há dependência

metabólica da primeira em relação à segunda, caracterizando uma relação comensal. Mas

em condições limitadas de nitrogênio, B.cepacia depende metabolicamente da produção de

amônio pelo metabolismo de S. maltophila, a qual é dependente da produção de

dimetilamina pela anterior. Neste caso, caracterizam uma relação de mutualismo, onde um

grupo dependente ativamente do outro (KROON e VAN GINKEL, 2001).

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51

A Figura 3.10 ilustra as relações de comensalismo e mutualismo entre B. cepacia e S.

maltophila em condições limitante de carbono e excesso de nitrogênio (A) e em condições

limitantes de nitrogênio (B).

Figura 3.9. A. Cultura mista de B. cepacia e S. maltophila crescendo em meio com dodecildimetilamina como

única fonte de carbono e energia em relação de comensalismo. B. Relação de mutualismo em uma cultura

mista de B. cepacia e S. maltophila sob condições limitadas de nitrogênio. (Fonte: KROON e VAN GINKEL,

2001).

As bactérias são capazes de satisfazer suas necessidades de nitrogênio total, e também de

carbono, através da degradação de aminas e amônia presentes no meio. DEO e

NATARAJAN (1998) estudaram sobre a remoção biológica de coletores em partículas de

minerais e puderam observar que os coletores derivados de aminas, acetato de

dodecilamônio (DDA) e isododecil oxipropil aminopropil amina (DA16), foram removidos

do sistema e foram também degradados pelo Bacillus polymyxa, bactéria utilizada nos

experimentos. Há indícios que levam à conclusão que um aldeído é formado quando as

aminas são oxidadas. A degradação da maioria das aminas forma H2O2 como produto

metabólico e suspeita-se que este produto é destruído pela catalase endógena, uma enzima

específica, conforme a equação 3.31:

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52

Equação 3.31

Destruição de H2O2 pela enzima catalase endógena (Fonte: DEO E NATARAJAN, 1998a).

Segundo os autores, a biodegradação destes coletores ocorre por meio de reações em

sequências de acordo com as condições ambientais, envolvendo descarboxilação,

desaminação, hidrólise e oxidação. No entanto, o primeiro passo é sempre a degradação de

um aminoácido e outros produtos formados a partir de aminoácidos. A Figura 3.11 ilustra

este provável mecanismo de degradação da diamina utilizada (DEO e NATARAJAN,

1998a).

Figura 3.10. Provável mecanismo de degradação de diaminas. (Fonte: DEO E NATARAJAN, 1998a).

O NH3, produto da última reação, pode ser utilizado pelas bactérias como fonte de

nitrogênio e o ácido acético (CH3COOH), também presente nesta reação, pode entrar

diretamente no ciclo do ácido tricarboxílico (TCA) como fonte de carbono (DEO e

NATARAJAN, 1998a).

2222 21 OOHOH catalase

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53

Similarmente ao que foi apresentado para a diamina, a biodegradação da dodecilamina

segue o esquema proposto na Figura 3.12, sendo que neste caso, o ácido acético entra

diretamente no metabolismo bacteriano.

Figura 3.11. Provável mecanismo de degradação de dodecilamina (Fonte: DEO e NATARAJAN, 1998a).

As propostas apresentadas acima se referem à aplicação de culturas puras no processo de

degradação. Porém o processo de degradação das aminas nas barragens de rejeito da

flotação de minério de ferro, onde existe uma variedade de microrganismos, ainda não é

conhecido, assim como quais fatores, biológico e/ou químico que teriam maior influência

no processo, e, principalmente, quais produtos estariam sendo formados.

3.6. RISCOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS ÀS AMINAS

A preocupação com o impacto ambiental das atividades de mineração sempre foi um tema

bastante debatido. O uso de produtos químicos em processos de flotação se insere nesse

contexto porque muitos dos compostos usados na etapa de concentração acabam de alguma

forma sendo carreados para uma unidade de tratamento ou para as barragens de rejeito. A

introdução de altos níveis de aminas graxas pode ser prejudicial aos organismos aquáticos

(PRADYOT, 2002; CHAVES et al., 2001; BELIN, 1983).

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Muitas aminas de cadeia carbônica inferior possuem efeitos nocivos para os seres vivos. A

toxicidade das aminas pode ser considerada de baixa a moderada, exceto da aziridina

(PRADYOT, 2002). Todas as aminas alifáticas de pequena cadeia carbônica irritam

fortemente a pele, olhos, membranas mucosas e vias respiratórias (BELIN, 1983). As

nitrosaminas são fortes carcinogênicos para animais e seres humanos e há evidências

provas para relacioná-las com o desenvolvimento de câncer nas mucosas estomacais

(ARAÚJO, 2007). Elas podem ser formadas pela reação de uma amina com um nitrito ou

podem ser produzidas pela ação de uma bactéria redutora de nitrato (PRADYOT, 2002).

Isto tem levado a maioria dos países europeus a proibir o emprego de compostos

nitrosamínicos em aditivos alimentares (KROSS et al., 1993).

Trabalhos financiados pela Empresa Clariant, para a éter-monoamina EDA-3B, apresentou

Dose Letal (DL50) de 1.536 ± 186 mg.kg-1

para ratos machos albinos, linhagem Wistar, e

1.425 ± 179mg.kg-1

para ratos fêmeas albinos, linhagem Wistar. Como a ABNT NBR

10.004 (2006) normaliza que o resíduo é classificado como tóxico se apresentar DL50 via

oral para ratos menor que 50mg.kg-1

, sabe-se que essa éter-amina não é tóxica, mas

exposições contínuas podem ocasionar um acúmulo dessa substância química no organismo

(CHAVES, 2001). GARCÍA et al. (2007) avaliou a toxicidade de aminas em meio aquático

para a bactéria Photobacterium phosphoreum e para o crustáceo Daphnia magna e os

resultados provaram que a bactéria mostrou-se mais sensível aos efeitos tóxicos da amina

estudada, apresentando DL50 entre 0,11 e 11mg.L-1

, enquanto o crustáceo apresentou DL50

entre 6,8 e 45mg.L-1

. Estudos realizados por PERES et al. (2000) indicaram que o coletor

Flotigam EDA se adsorve fortemente às partículas de quartzo no estágio de

condicionamento do coletor com a polpa. Nas concentrações em que se encontra em

efluentes industriais, o reagente é biodegradável e não apresenta riscos a organismos

usualmente empregados em testes de toxicidade.

A maioria dos compostos nitrogenados em águas naturais tende a se converter em nitrato.

Assim, todas as fontes de nitrogênio combinado, particularmente nitrogênio orgânico e

amônia, devem ser considerados como fontes potenciais de nitrato. As fontes primárias de

nitratos orgânicos incluem esgotos humanos e estrume de gado. Já para os nitratos

inorgânicos, que podem contaminar a água potável, destaca-se o nitrato de potássio e o

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nitrato de amônio, ambos largamente utilizados como fertilizantes. Os nitratos ocorrem

naturalmente na água, em baixas concentrações, como produtos de estabilização aeróbia de

matéria orgânica nitrogenada. As concentrações mais elevadas ocorrem por estabilização de

esgotos, ou drenagem de áreas fertilizadas, ou ainda, oxidação de amônia de origem

industrial (BRANCO et al., 1977). Uma intoxicação crônica devido a altos níveis de nitrato

pode causar outros problemas à saúde, como por exemplo, efeitos cancerígenos

(BRUNING-FANN e KANEENE, 1993).

Nos Estados Unidos da América existem normas para a concentração de determinadas

aminas consideradas tóxicas (PERES et al., 2000), diferentes das utilizadas como coletores

da flotação, estabelecidas pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA – EPA –

Qualidade da Água, conforme dados da Tabela 3.4.

Tabela 3.4 – Valores de referência da concentração de aminas nas águas para consumo humano e efluentes, de

acordo com EPA/EUA (Fonte: PERES et al., 2000).

Parâmetro Concentração ng/L em água para

consumo humano*

Concentração ng/L em

efluentes*

N-nitrosodimetilamina 14 160000

N-nitrosodietilamina 8 12400

N-nitrosodi-n-butilamina 64 5868

N-nitrosodifenilamina 49000 161000

*Os valores refere-se ao risco de câncer de 10E-5.

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56

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Com o objetivo de sintetizar todos os passos que foram seguidos durante a execução da

metodologia, optou-se por criar um fluxograma (Figura 4.1), de forma que se possa

visualizar de uma maneira ampla e geral, o delineamento experimental contido nas

metodologias adotadas neste trabalho.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS

Os coletores orgânicos utilizados no presente trabalho foram a éter-monoamina Flotigam

EDA 3B e a éter-diamina Flotigam 2835, ambas produzidas e distribuídas pela empresa

Clariant®.

4.3. QUANTIFICAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS

4.3.1. Método Verde de Bromocresol (ARAÚJO et al., 2009)

Os métodos colorimétricos que envolvem o uso de corantes orgânicos foram utilizados

intensamente para análise qualitativa e quantitativa de surfactantes e sais de amônio

(MUKERJEE, 1956; AUERBACH, 1943). Estes métodos consistem na formação de sais

coloridos de amina-corante orgânico que são extraídos com solventes orgânicos. Estes

corantes orgânicos são solúveis em solução aquosa e insolúveis em solventes orgânicos e,

após a reação com os sais de amina, o composto formado torna-se solúvel em solventes

orgânicos. O método do verde do bromocresol é caracterizado por uma satisfatória acurácia

e precisão, possuindo uma detecção limite abaixo de 1mg.L-1

. A recuperação dessa

metodologia é de 98,53% (ARAÚJO et al., 2009).

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Figura 4.1. Fluxograma evidenciando o delineamento experimental na fase do desenvolvimento

metodológico adotado.

Coleta das amostras do rejeito composto (RC) e do rejeito da barragem (RB)

Aquisição da cultura de

Serratia marcescens

(ATCC 13880O)

Teste de bidegradabilidade

das éter-aminas por S.

marcescens ATCC 138800 Isolamento em cultura pura

Caracterização

morfológica

Extração de DNA

PCR-16S

Sequenciamento

Análise filogenética

Desenvolvimento e

Validação do Orange II

DGGE

Testes de

biodegradação

Análise da

diversidade bacteriana

Cinética de

biodegradação

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A amina na presença de verde de bromocresol pode formar dois tipos de compostos: em

soluções alcalinas é formado um sal de diamina de coloração verde, enquanto que em

soluções ácidas é formado um sal de monoamina de coloração amarelada (MUKERJEE,

1956; AUERBACH, 1943).

O princípio do método verde de bromocresol consiste na formação de um sal de amônio

quartenário, entre a éter-amina e o corante, em clorofórmio, e através da colorimetria é

medida a intensidade da cor formada que está diretamente relacionada com a concentração

de amina presente na solução. Assim, se há um sistema de duas fases, clorofórmio e

solução aquosa de verde de bromocresol, tamponada em pH5, coloca-se uma solução

diluída de sal amínico e se agita, o clorofórmio se tinge de amarelo. Dessa forma, através

da comparação com as curvas padrões, é possível determinar fotometricamente a

intensidade da tonalidade de amarelo fazendo uma quantificação indireta da éter-amina

presente na amostra.

Foram utilizados padrões de 5, 10, 25, 40, 50, 80 e 100mg.L-1

de éter-monoamina Flotigam

EDA-3B), éter-diamina (Flotigam F 2835) e de uma solução de 25% e 75% em massa de

éter-onoamina e éter-diamina respectivamente, para a elaboração da curva de calibração.

Colocou-se em um funil de separação de 250mL, 25mL de clorofórmio, adicionou-se 10mL

de solução de verde de bromocresol, acrescentou 10mL da amostra a ser quantificada.

Agitou-se o funil. Retirou-se o solvente orgânico, já com coloração amarelada, para

posterior leitura da absorbância no espectrofotômetro Biospectro SP220, no comprimento

de onda de 405nm, em cubeta de vidro de 10mm. O branco utilizado para a leitura foi feito

com 10mL de água destilada, substituindo a amostra.

4.3.2. Método do Orange II

Este método de análise colorimétrica de éter-aminas foi desenvolvido no presente trabalho.

O processo de extração é semelhante ao método do Verde de Bromocresol, sendo utilizado

o Orange II como corante no sistema. A absorbância foi determinada no comprimento de

onda de 485nm.

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59

4.3.2.1. Validação do método químico do Orange II (INMETRO, 2003)

É fundamental que os laboratórios demonstrem, através da validação, que os métodos de

ensaio que executam conduzem a resultados confiáveis e adequados à qualidade pretendida.

Se um método existente for modificado para atender aos requisitos específicos, ou um

método totalmente novo for desenvolvido, o laboratório deve se assegurar de que as

características de desempenho do método atendem aos requisitos para as operações

analíticas pretendidas. Para tanto, deve-se ser feita a validação, comprovação através do

fornecimento de evidências objetiva, de que os requisitos para uma aplicação ou uso

específicos pretendidos foram atendidos.

De acordo com as orientações do INMETRO, foram realizados testes para a padronização

do método de quantificação das éter-aminas utilizando o orange II como corante. Os testes

específicos para a validação foram faixa de trabalho e faixa linear de trabalho e limite de

detecção.

- Faixa de Trabalho e Faixa Linear de Trabalho: Para qualquer método quantitativo, existe

uma faixa de concentrações do analito ou valores da propriedade no qual o método pode ser

aplicado, chamada de faixa de trabalho. A faixa linear de trabalho de um método de ensaio

é o intervalo entre os níveis inferior e superior de concentração do analito no qual foi

demonstrado ser possível a determinação com a precisão, exatidão e linearidade exigidas,

sob as condições especificadas para o ensaio. Essa faixa linear de trabalho é definida como

a faixa de concentrações na qual a sensibilidade pode ser considerada constante e é

normalmente expressa nas mesmas unidades do trabalho obtido pelo método analítico.

Foram utilizadas soluções padrões nas concentrações de 5, 10, 20, 25, 30, 40, 60, 80 e

100mg.L-1

de éter-monoamina, éter-diamina e uma mistura de 25% de Flotigam EDA-3B e

75% de Flotigam F 2835 em massa, para a elaboração das curvas de calibração. A extração

foi realizada conforme procedimento descrito para o Método do Verde de Bromocresol,

mas utilizando o Orange II como corante. A leitura das absorbâncias foi realizada no

espectrofotômetro Biospectro SP220 no comprimento de onda de 485nm.

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60

Verificou-se, visualmente, nos gráficos a existência de pontos dispersos que pudessem

interferir na regressão e esses foram removidos. Foi calculado então o coeficiente de

determinação (R2).

Calculou-se os resíduos, ou seja, a diferença entre o valor observado e o valor calculado

pela equação da reta de regressão para cada valor de x. Uma distribuição aleatória em torno

da linha reta confirmou a veracidade dos dados.

– Limite de Detecção: Quando são realizadas medidas em amostras com baixos níveis do

analito ou de uma propriedade, como por exemplo, análise de traços, é importante saber

qual o menor valor de concentração do analito ou da propriedade que pode ser detectado

pelo método.

O limite de detecção do equipamento (LDE) é definido como a concentração do analito que

produz um sinal de três a cinco vezes a razão ruído/sinal do equipamento e o limite de

detecção do método (LDM) é a menor concentração que o método pode detectar com

precisão nos resultados.

Foram feitas soluções padrões nas concentrações de 0,10, 0,25, 0,50, 0,75 e 1,00mg.L-1

da

éter-monoamina, éter-diamina e da solução de 25% de éter-monoamina e 75% de éter-

diamina, e realizadas as extrações conforme descrito pra o Método do Verde de

Bromocresol, mas utilizando o Orange II como corante do sistema. A leitura da absorbância

foi realizada no espectrofotômetro Biospectro SP220 no comprimento de onda de 485nm.

Os resultados foram plotados em gráficos e utilizados para estabelecer o LDE. Para a

determinação do LDM, foram calculadas as variâncias (S2)de cada concentração, de acordo

com a equação 4.1:

1

02

n

XXS i Equação 4.1

onde: Xi – absorbância teórica

Xo – absorbância observada

n – número de análises

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61

Para o cálculo da absorbância teórica foram utilizadas as equações de regressão linear

obtidas nos gráficos da curva de calibração, para cada concentração.

Em seguida foi calculado o desvio padrão (s) de cada concentração e esse valor utilizado

para calcular o LDM, segundo a equação 4.2:

stLDM n .1,1

Equação 4.2

onde: LDM = limite de detecção do método

t(n-1, 1-α) = valor da abscissa t (Student) para (1-α) x 100% nível de confiança e (n-1)

graus de liberdade.

s = desvio padrão das análises em replicata

Foram utilizados 6 graus de liberdade, pois foram realizadas 7 replicatas para cada

concentração trabalhada. O valor t unilateral, para 99% de confiança, foi de 3,707 de

acordo com a tabela de distribuição t (student test). Para encontrar a concentração do LDM,

foram utilizadas novamente as equações de regressão linear de cada curva de calibração.

4.4. TESTES DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS

POR Serratia marcescens

De acordo com a literatura, a bactéria Serratia marcescens bizio 1823AL

é um

microrganismo degradador de éter-aminas, identificada em uma amostra da barragem de

rejeitos de uma mineradora de Minas Gerais (ARAÚJO, 2007). Testes iniciais para análise

da biodegradação das éter-aminas utilizadas no presente trabalho foram realizados com

uma cultura pura de Serratia marcescens (ATCC 13880O) adquirida da Coleção de Cultura

Tropical – Fundação André Tosello.

Foram utilizados o meio de cultura caldo nutriente e o meio Bromfield modificado

(BROMFIELD, 1954), na presença das éter-aminas, para observar o potencial degradador

desse microrganismo. A composição dos meios de cultura estão descritos no Anexo I.

Foram autoclavados tubos de ensaio contendo 15mL de meio de cultura à 120°C por 20

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minutos. Após resfriamento foi adicionado 1mL de S. marcescens crescida no mesmo meio

de cultura e 1mL de solução 480mg.L-1

de éter-monoamina Flotigam EDA-3B, ou éter-

diamina Flotigam F 2835, ou em mistura de 25,0% e 75,0% em massa de éter-monoamina e

éter-diamina, respectivamente. Foi acrescido também 0,3g de resíduo de minério de ferro

autoclavado à 120° por 20 minutos.

Os tubos foram mantidos a 37°C ± 2°C na estufa de cultura 002CB Fanem e monitorados

por 20 dias. Foram realizadas quantificações das éter-aminas nos dias 0, 3, 7, 13, 15 e 20

após incubação na estufa através do Método do Verde de Bromocresol. Testes semelhantes,

mas sem a adição de éter-aminas, foram realizados para avaliar possíveis interferências do

meio de cultura nos resultados da quantificação de aminas. Foi realizada uma varredura dos

meios de cultura caldo nutriente e Bromfield modificado entre os comprimentos de onda de

450 e 550nm, para observar em qual faixa de leitura não haveria interferência nos

resultados.

4.5. COLETA DAS AMOSTRAS

As amostras de rejeitos utilizadas para os testes em laboratório foram coletadas na planta

industrial e na barragem de rejeitos de uma mineradora do Estado de Minas Gerais. Uma

amostra de rejeito, proveniente da planta industrial, foi coletada no ponto 6, que de acordo

com a Figura 4.2, é chamada de caixa de passagem, e nomeado de rejeito composto (RC)

por possuir diferentes rejeitos.

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Figura 4.2. Fluxo de rejeitos da empresa (Fonte: Arquivo da empresa Samarco).

Uma segunda amostra, chamada RB, foi coletada na barragem de rejeitos em um ponto a

mais ou menos 100m à jusante do ponto de desaguamento do rejeito. No local da coleta, o

rejeito estava misturado à lama, que também deságua na barragem de rejeitos. Em

laboratório procedeu-se a centrifugação das amostras à 15.000rpm por 15 minutos, em

tubos de 15mL contendo 14 mL de amostra. As frações sólida e líquida foram utilizadas,

separadamente, para a leitura do pH e para a quantificação das éter-aminas. A extração das

éter-aminas nas frações líquidas ocorreu como mencionado anteriormente, pelo método do

Orange II. Para as quantificações do coletor orgânico nas frações sólidas foram pesados 10g

de amostra seca e adicionados 100mL de clorofórmio. Promoveu-se a agitação da solução

por 20 minutos em agitador magnético. 25 mL deste clorofórmio, juntamente com 10mL de

Orange II e 10mL de água destilada, foram utilizados para a extração das éter-aminas.

Todos os testes foram feitos em triplicata. Todas as frações foram acondicionadas em

frascos âmbar e monitoradas durante 20 dias para avaliar a degradação natural das éter-

aminas.

Outra sessão de centrifugação para recuperação da biomassa microbiana foi realizada com

as amostras brutas, à 15.000rpm por 15 minutos, em tubos contendo 14 mL de amostra.

Nesta etapa a fração líquida foi descartada e adicionados cerca de 8mL de tampão fosfato

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salino (PBS 1X) (Anexo II). A fração sólida foi homogeneizada com o tampão e

centrifugada pelo mesmo tempo e velocidade. Novamente o sobrenadante foi descartado e

as frações sólidas armazenadas à -20°C, envolvidas por papel alumínio. Outros tubos foram

completados com PBS 1X, homogeneizados e conservados à mesma temperatura. Estas

amostras foram utilizadas para a análise da diversidade bacteriana pela técnica PCR-

DGGE, conforme descrito à frente.

4.6. ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

DAS BACTÉRIAS ISOLADAS

4.6.1. Condições de isolamento e caracterização dos isolados

O isolamento das bactérias presentes nas amostras brutas foi realizado em meio ágar

nutriente e meio Bromfield modificado (BROMFIELD, 1954) acrescido de 30g.L-1

de ágar

bacteriológico e 100mL de solução de 0,1g.L-1

de éter-monoamina Flotigam EDA-3B e

éter-diamina Flotigam F 2835 em mistura de 25,0% e 75,0% em massa, respectivamente.

Os meios de cultura, sem adição das éter-aminas, foram esterilizados em autoclave a 120ºC

por 20 minutos e só após o resfriamento a solução de aminas foi adicionada ao meio. Os

meios foram transferidos para placas de Petri descartáveis estéreis para posterior

inoculação.

Apenas a fração líquida das amostras de rejeitos foi utilizada no isolamento de

microrganismos cultiváveis. 1,0mL do sobrenadante foi transferido para um tubo de ensaio

contendo 9mL de solução salina 0,85%. Foram realizadas diluições seriadas para 10-1

e 10-2

e utilizados 0,5mL dessas diluições no paqueamento a fim de promover o crescimento das

colônias viáveis. As placas foram incubadas à 35°C ± 2°C por 24 horas na estufa de cultura

002CB Fanem.

As colônias isoladas crescidas nas placas de Petri foram transferidas para tubos de ensaio

individuais esterilizados contendo 4,0mL de meio de cultura líquido, previamente

autoclavado, correspondente ao meio utilizado no isolamento. As culturas foram incubadas

a 35°C ± 2°C por 48 horas e repicadas novamente em meios de cultura sólido, para

confirmar a presença de um único tipo de colônia Este procedimento foi realizado duas

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65

vezes até que o isolamento estivesse confirmado. Ao final do isolamento, 1,0mL de isolado

crescido em meio líquido foi preservado à -20°C em microtubos de 1,5mL contendo 0,5mL

de glicerol 80% autoclavado.

Foram obtidas fotografias das placas de petri com crescimento bacteriano isolado, realizada

a caracterização morfológica das colônias, coloração de Gram das células isoladas para

diferenciação da estrutura da parede celular (RENDE e OKURA, 2008) e coloração de

esporos pelo Verde Malaquita (RENDE e OKURA, 2008).

Para identificação mais precisa dos isolados, foram utilizadas técnicas de biologia

molecular baseadas na extração de DNA genômico e amplificação do gene DNA

ribossomal 16S conforme descrito a seguir.

4.6.2. Identificação dos isolados

4.6.2.1 - Extração de DNA

As culturas obtidas foram utilizadas para extração de DNA pelo método fenol/clorofórmio

(GRIFFITHS et al., 2000), assim como as amostras brutas coletadas na etapa de

concentração do minério de ferro e na barragem de rejeitos. Para cada cultura isolada ou

amostra bruta foram adicionados os componentes de acordo com a Tabela 4.1, em

microtubos de 2,0mL

Tabela 4.1. Soluções e volumes da extração de DNA pela técnica fenol/clorofórmio (FONTE: GRIFFITHS et

al., 2000).

Componente Quantidade

Cultura isolada/amostra bruta 5 colônias/0,5g

Pérola de vidro estéril 0,5g

SDS10%* 10µL

Fenol/Clorofórmio/Álcool isoamílico* (24:24:1) 0,3mL

PBS 1X* + PVPP* 1% 0,3mL

* Composição das soluções descritas no Anexo II

Promoveu-se 2 agitações de 30 segundos cada no vórtex, mantendo as amostras imersas no

gelo durante o intervalo entre as agitações. Centrifugou-se, utilizando a Microcentrífuga

Refrigerada Novatécnica NT805, por 5 minutos à 14.000rpm à 5°C e o sobrenadante foi

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66

transferido para novo microtubo. Adicionou-se igual volume de clorofórmio/álcool

isoamílico (24:1) (Anexo II) e agitou-se manualmente. Nova centrifugação foi realizada por

5 minutos à 14.000rpm e 5°C. O sobrenadante foi transferido para outro microtubo e

precipitado com 0,1V de acetato de sódio (3M, 5,2) (Anexo II) e 2V de etanol 100%. Os

microtubos foram incubados à -20°C por 1 hora e centrifugados por 10 minutos à

14.000rpm e 5°C. O sobrenadante foi então descartado e o pellet lavado com 200µL de

etanol 70%. Procedeu-se nova centrifugação por 3 minutos à 14.000rpm e 5°C e o

sobrenadante foi descartado. O pellet foi deixado à temperatura ambiente por 16 horas para

secagem, ressuspendido em 50µL de Tris (tris(hidroximetil)aminometano, 10mM e pH8) e

estocado à -20°C até a utilização para a amplificação do gene DNA ribssomal 16S.

4.6.2.2. Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

As reações de amplificação por PCR a partir do DNA genômico extraído das cultura puras

ocorreram na presença dos reagentes descritos na Tabela 4.2 e dos iniciadores universais

para o domínio Bacteria 27F (5‟-AGAGTTTGATCMTGGCTCAG-3‟) e 1492R (5'-

TACGGYTACTTGTTACGACTT-3') (LANE,1991).

Tabela 4.2: Reagentes utilizados para a preparação da mistura de reação da PCR para a amplificação do gene

DNAr 16S. (*reagentes da marca Fermentas; **Sintetizados pela empresa Bioneer)

Componentes Concentração estoque Concentração por reação Volume por reação (µL)

Água Milli– Q ---- ---- 15,85

Tampão* 10x 1x 2,5

MgCl2* 25mM 2,0mM 2,0

Iniciador 1** 10pmol/µL 500nM 1,25

Iniciador 2** 10pmol/µL 500nM 1,25

dNTP‟s* 10mM total 0,2mM 0,5

BSA* 5mg/L 0,2mg/L 1,0

Taq polimerase* 5µ/µL 1,5u/µL 0,1

DNA template ---- ---- 0,5

VOLUME FINAL ---- ---- 25

Após a adição de todos os reagentes, estes foram transferidos para microtubos e em

seguida, foi adicionada à mistura de reação, 0,5µL da amostra a ser analisada.

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67

A amplificação foi realizada no Termociclador Automático Biocycler TM

MJ96+, seguindo

o programa de 3 minutos a 94ºC (desnaturação inicial); 30 ciclos de 1 minuto a 94ºC

(desnaturação), 1 minuto a 55ºC (ligação dos iniciadores) e 1 minuto a 72ºC (extensão); 7

minutos a 72º C (extensão final). Após a amplificação, as amostras foram armazenadas a

4°C. Os fragmentos amplificados foram analisados em gel de agarose 1% (p/v) em TAE

(tampão Tris-Acetato-EDTA, pH8) 1X (Anexo II), durante 30 minutos a uma voltagem de

100V, corados com SybrSafe DNA Gel Stain (Invitrogen), seguida de observação em um

transiluminador de luz UV.

O sequenciamento do DNA das culturas isoladas foi realizado a partir dos produtos das

amplificações (PCR) utilizando os iniciadores das extremidades 27f e 1492R, por serviço

terceirizado pela empresa Genomic Engenharia Molecular (São Paulo), assim como a

purificação e quantificação de DNA presente nos amplicons. As sequências obtidas foram

analisadas nos programas BLASTn (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) e RDP X (Ribossomal

Database Project Release 10 – (COLE et al., 2009) para o alinhamento das mesmas com

sequências depositadas no seu banco de dados utilizando o modelo de Jukes-Cantor. A

árvore filogenética contendo sequências do gene DNAr 16S alinhados foi construída pelo

método Neighbor Joining modificado, disponível no RDP (BRUNO et al., 2000 ).

Para montagem da árvore filogenética foram reunidas as sequências de DNA que codificam

para o RNAr 16S do isolado K desse estudo e suas respectivas espécies de referência

obtidas no Bando de Dados RDB. Todas as sequências foram alinhadas usando esse

programa. Após a montagem, a árvore filogenética foi editada usando o software de edição

do MEGA 4.1, com o objetivo de formatação.

4.7. ANÁLISE DA DIVERSIDADE BACTERIANA PELA

TÉCNICA DE PCR-DGGE

Para análise da diversidade bacteriana utilizando a técnica PCR-DGGE (Eletroforese em

Gel de Gradiente Desnaturante) as amostras brutas foram inicialmente submetidas à

extração de DNA (item 4.6.2.1) e posterior amplificação do DNAr 16S utilizando os

iniciadores 357F-GC (5‟-CGC CCG CCG CGC GGC

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68

GGCGGGGCGGGGGCACGGGGGGCCTACGGGAGGCAGCAG-3‟) e 907R (5‟-

CCGTCAATTCCTTTGAGTTT-3‟) (MUYZER et al., 1995) e dos demais reagentes,

conforme apresentado na Tabela 4.2. A amplificação foi realizada em um termociclador

automático (BiocyclerTM

) seguindo o programa de 3 minutos a 94ºC (desnaturação inicial);

30 ciclos de 1 minuto a 94ºC (desnaturação), 2 minutos a 50ºC (ligação dos iniciadores) e 2

minutos a 72ºC (extensão); 20 minutos a 72º C (extensão final). Após a amplificação, as

amostras foram armazenadas a 4°C para posterior separação eletroforética por DGGE.

A separação eletroforética dos fragmentos de DNA com diferentes sequências ocorreu pela

técnica DGGE (MUYZER et al., 1995). Para os fragmentos originados com o par de

iniciadores 357F-GC 907R utilizou-se o gel de bis-acrilamida 6% com um gradiente

desnaturante de uréia-formamida compreendido entre 30 a 70% com 80μL de APS e 5μL

de TEMED (Anexo V). Em cada canaleta do gel, colocaram-se 20 μL de cada uma das

amostras. As corridas eletrofóreticas tiveram duração de 16 horas e foram realizadas a

100V à 60°C. Os géis foram corados em solução de brometo de etídio por 60 minutos e

visualizados sob luz ultravioleta em transiluminador.

4.8. TESTE DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS

PELAS BACTÉRIAS ISOLADAS

Foram autoclavados 50mL de meio líquido de cultura, caldo nutriente ou Bromfield

modificado, em cada Elenmeyer de 500mL à 120°C por 20 minutos e, após o resfriamento,

foi adicionada a cultura isolada, preservada à -0°C na presença de glicerol 80%, e levados

para a estufa à 37°C±2°C, onde permaneceram por 5 dias. Após esse tempo, foram

adicionados 250mL do mesmo meio de cultura já presente no crescimento bacteriano e 5g

de resíduo de minério de ferro, ambos previamente autoclavados à mesma temperatura e

tempo, e ainda 25mL de solução 480mg.L-1

de éter-aminas contendo 25% de éter-

monoamina Flotigam EDA-3B e 75% de éter-diamina Flotigam 2835 em massa.

Utilizando essa mesma metodologia, foi executado o teste de biodegradação das éter-

aminas contendo todas as culturas isoladas. O sistema foi então incubado na estufa à

37°C±2°C e a concentração de éter-amina foi monitorada nos tempos de 0, 3, 7, 14, 17 e 20

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69

dias após a incubação, através da retirada de alíquotas de 30mL para a execução do Método

do Orange II. Os dados foram plotados em gráficos para análise do perfil de biodegradação

de cada cultura isolada, assim como o perfil de biodegradação das culturas em conjunto.

Esses dados foram utilizados também para selecionar as culturas com maior poder de

degradação e o meio de cultura em que ocorreu a maior taxa de degradação para que os

testes de cinética fossem executados.

4.9. CINÉTICA DE BIODEDEGRADAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS

PELAS LINHAGENS ISOLADAS EM DIFERENTES

CONCENTRAÇÕES E TEMPERATURAS

Por meio dos resultados dos testes de biodegradabilidade foi selecionada a cultura que

apresentou maior perfil de degradação das éter-aminas e o meio de cultura no qual esse

perfil foi identificado. Foram autoclavados 50mL de caldo nutriente em cada Erlenmeyer

de 250mL, à 120°C por 20 minutos. Após o resfriamento na estufa à 37°C±2°C, foi

inoculada a cultura isolada, ou todas as culturas. Estes Erlenmeyers foram mantidos na

estufa à 37°C±2°C por 5 dias para crescimento microbiano. Após esse tempo, centrifugou-

se o volume em tubos de 50mL, à 15.000rpm por 10 minutos e o sobrenadante foi

descartado, permanecendo um volume final de 5mL. Desse volume foram retiradas

alíquotas de 1, 2 ou 3mL para realização do teste de degradação de aminas. Em

Erlenmeyers contendo 200mL de caldo nutriente previamente autoclavados à 120°C por 20

minutos, foram adicionados 5g de resíduo de minério de ferro, uma alíquota de 1, 2 ou 3mL

de microrganismos crescidos e concentrados em 5mL, e 50mL de solução de 25% de éter-

monoamina e 75% de éter-diamina, nas concentrações de 500, 250 ou 125mg.L-1

, para

concentrações finais de 100, 50 ou 25mg.L-1

respectivamente. Os frascos foram incubados

em uma incubadora refrigerada com agitação Tecnal TE-424 sob agitação de 160rpm

durante 8 horas, nas temperaturas de 20, 30, 36,5, 40 e 45°, sendo que foram retiradas

alíquotas de 30mL para o monitoramento, através do método do Orange II, da

concentração das éter-aminas após 0, 1, 2, 4, 5, 6, 7 e 8 horas de incubação. Os dados dos

testes de biodegradação foram plotados em gráficos para análise do perfil de degradação

em diferentes concentrações de éter-aminas de microrganismos e em diferentes

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70

temperaturas. Para modelamento da cinética, foram testados o modelo de Monod, primeira

e segunda ordem.

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71

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. QUANTIFICAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS

5.1.1. Método do Verde de Bromocresol

As curvas de calibração, conforme Figura 5.1, foram realizadas por

espectrofotometria com uma correlação linear de 0,99125 para éter-monoamina, 0,9916 pra

éter-diamina e 0,99871 para a solução contendo 25% e 75% de éter-monoamina e éter-

diamina respectivamente. A curva de calibração é linear nas concentrações de 1 a 40mg.L-1

para a éter-monoamina e éter-diamina e de 1 a 100 mg.L-1

para a solução de 25% de éter-

monoamina e 75% de éter-diamina. Essas curvas foram utilizadas para a determinação de

todas as concentrações de aminas quando se utilizou o método do Verde de Bromocresol.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Curva de Calibração éter-monoamina

Método: Verde de Bromocresol

Comprimento de ondas:405nm/Cubeta 10mm

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 0,04331 0,01868

B 0,02274 7,57333E-4

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,99125 0,03787 18 <0.0001

Ab

so

rbân

cia

(n

m)

Concentração (mg.L-1)

(a)

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72

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 0,04304 0,01443

B 0,01444 5,95517E-4

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,9916 0,02825 12 <0.0001

Curva de Calibração éter-diamina

Método: Verde de Bromocresol

Comprimento de ondas:405nm/Cubeta 10mm

Ab

so

rbân

cia

(n

m)

Concentração (mg.L-1)

(b)

0 20 40 60 80 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Y = A + B * X

Parameter Value Error

-----------------------------------------------------------

A 0,05192 0,00915

B 0,01423 1,65987E-4

-----------------------------------------------------------

R SD N P

-----------------------------------------------------------

0,99871 0,02493 21 <0.0001

-----------------------------------------------------------

Curva de Calibração éter-monoamina e éter-diamina

Método: Verde de Bromocresol

Comprimento de ondas:405nm/Cubeta 10mm

Ab

so

rbâ

nc

ia (

nm

)

Concentração (mg.L-1)

(c)

Figura 5.1. Curvas de calibração do método Verde de Bromocresol. (a) éter-monoamina Flotigam EDA-3B;

(b) éter-diamina Flotigam F 2835; (c) solução de éter-aminas, 25% Flotigam EDA-3B e 75% de Flotigam F

2835.

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73

5.1.2. Método do Orange II

Este método de análise colorimétrica de éter-aminas foi desenvolvido no laboratório de

resíduos e efluentes, n° 62, do DEQUI/UFOP, com base no Método do Verde de

Bromocresol, mas utilizando o Orange II como corante no sistema. A absorbância é

determinada no comprimento de onda de 485nm, comprimento esse em que os meios de

cultura testados não interferem no valor final da concentração de éter-aminas.

Para que essa metodologia pudesse ser utilizada com confiança nos resultados, prosseguiu

os testes para a validação do método químico, de acordo com o manual elaborado pelo

INMETRO de Orientações Sobre Validação de Métodos de Ensaios Químicos.

5.1.2.1. Faixa de Trabalho e Faixa Linear de Trabalho

Para análise da faixa de concentrações do analito no qual o método do Orange II pode ser

aplicado foram utilizadas soluções padrões nas concentrações de 5, 10, 20, 25, 30, 40, 60,

80 e 100mg.L-1

de éter-monoamina, éter-diamina e da solução das éter-aminas, em mistura

de 25% de Flotigam EDA-3B e 75% de Flotigam F 2835 em massa, para a elaboração de

curvas de calibração. A extração foi realizada conforme procedimento descrito para o

Método do Verde de Bromocresol, mas utilizando o Orange II como corante. A leitura das

absorbâncias foi realizada no comprimento de onda de 485nm.

Os resultados das absorbâncias foram plotados nos gráficos, conforme Figuras 5.2, que

correspondem às curvas de calibração para éter-monoamina, éter-diamina e solução de

aminas, respectivamente.

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74

0 20 40 60 80 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CURVA DE CALIBRAÇÃO éter-monoamina

Método: Orange II

Comprimento de onda: 485nm/Cubeta 10mm

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 0,01568 0,00425

B 0,01081 8,2908E-5

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,99927 0,01319 27 <0.0001

AB

SO

RB

ÂN

CIA

CONCENTRAÇÃO (mg.L-1)

(a)

0 20 40 60 80 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CURVA DE CALIBRAÇÃO éter-diamina

Método: Orange II

Comprimento de onda: 485nm/Cubeta 10mm

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 0,00653 0,00942

B 0,01013 1,94631E-4

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,9956 0,02868 26 <0.0001

AB

SO

RB

ÂN

CIA

CONCENTRAÇÃO (mg.L-1)

(b)

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75

0 20 40 60 80 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CURVA DE CALIBRAÇÃO éter-monoamina e éter-diamina

Método: Orange II

Comprimento de onda: 485nm/Cubeta 10mm

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 0,0204 0,0116

B 0,01075 2,40437E-4

-------- ----------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,9943 0,0357 25 <0.0001

AB

SO

RB

ÂN

CIA

CONCENTRAÇÃO (mg.L-1)

(c)

Figura 5.2. Curvas de calibração do método Orange II. (a) éter-monoamina; (b) éter-diamina; (c) solução de

éter-aminas, 25% Flotigam EDA-3B e 75% de Flotigam F 2835.

Os resultados das curvas de calibração foram utilizados para se calcular os resíduos, os

quais consistem na diferença entre o valor da absorbância observado e o valor da

absorbância calculado pela equação da reta de regressão linear para cada valor de x, e esses

valores plotados em um gráfico conforme Figura 5.3.

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76

0 20 40 60 80 100

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

RESÍDUO ÉTER-MONOAMINA

Resíd

uo

Concentração (mg.L-1)

(a)

0 20 40 60 80 100

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

RESÍDUO ÉTER-DIAMINA

Re

síd

uo

Concentração (mg.L-1)

(b)

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77

0 20 40 60 80 100

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

RESÍDUO SOLUÇÃO 25% ÉTER-MONOAMINA

E 75% ÉTER-DIAMINA

Re

síd

uo

Concentração (mg.L-1)

(c)

Figura 5.3. Distribuição dos resíduos. (a) éter-monoamina; (b) éter-diamina; (c) solução de 25% éter-

monoamina e 75% éter-diamina.

A distribuição aleatória dos resíduos em torno da linha de regressão linear confirmou a

veracidade dos dados, o que confirma que a faixa de concentrações utilizada, de 5 à

100mg.L-1

, é considerada válida para a aplicação do método do Orange II.

5.1.2.2. Limite de Detecção

Quando são realizadas medidas em amostras com baixos níveis do analito ou de uma

propriedade, como por exemplo, análise de traços, é importante saber qual o menor valor de

concentração do analito ou da propriedade que pode ser detectado pelo método.

Foram feitas soluções padrões nas concentrações de 0,10, 0,25, 0,50, 0,75 e 1,00mg.L-1

de

éter-monoamina, éter-diamina e das éter-aminas, em 25% de éter-monoamina e 75% de

éter-diamina, e realizadas as extrações seguindo a metodologia do Orange II, procedendo a

leitura das absorbâncias em 485nm. Para cada concentração trabalhada foram realizadas 7

replicatas. A Figura 5.4 apresenta os resultados das leituras para éter-monoamina, éter-

diamina e para a solução contendo as duas éter-aminas.

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78

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

LIMITE DE DETECÇÃO: ÉTER-MONOAMINA

Ab

so

rbân

cia

Concentração (mg.L-1)

(a)

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

LIMITE DE DETECÇÃO: ÉTER-DIAMINA

Ab

so

rbân

cia

Concentração (mg.L-1)

(b)

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79

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

LIMITE DE DETECÇÃO: ÉTER-MONOAMINA E ÉTER-DIAMINA

Ab

so

rbân

cia

Concentração (mg.L-1)

(c)

Figura 5.4. Limite de Detecção do Equipamento (LDE). (a) éter-monoamina; (b) éter-diamina; (c) solução das

éter- aminas.

A análise dos gráficos permite inferir que para a éter-monoamina, não houve diferença

significativa entre as concentrações de 0,10, 0,25 e 0,50mg.L-1

, assim como para a éter-

diamina. Dessa forma, acredita-se que a concentração limite que o equipamento determina

(LDE) com precisão pelo método do Orange II é de 0,75mg.L-1

para as éter-aminas

separadamente.

Para a solução das éter-aminas, o LDE apresentou semelhança para as medidas de 0,10 e

0,25mg.L-1

, mas para a concentração de 0,50mg.L-1

houve diferença significativa, o que

indica que para a solução de aminas, a concentração limite precisa determinada pelo

equipamento é de 0,50mg.L-1

, menor do que a concentração encontrada quando as éter-

aminas encontraram-se separadas.

Para calcular o limite de detecção do método (LDM), os mesmos dados do LDE foram

utilizados para calculadar as variâncias (S2) para as éter-aminas separadas e também na

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80

solução. A Tabela 5.1 apresenta os valores da variância para cada concentração em cada

condição de análise.

Tabela 5.1. Valores das Variâncias (S2) utilizadas para calcular LDM.

Concentração

(mg.L-1

)

Éter-monoamina Éter-diamina Éter-monoamina e

éter-diamina

0,10 0,000162 6,63797E-05 0,000296

0,25 0,000192 9,58171E-05 0,000341

0,50 0,000246 0,000156851 0,00034

0,75 0,000137 0,00015221 0,000369

1,0 0,000159 0,000129855 0,0003

Após o cálculo da variância, foi calculado o desvio padrão (s), que corresponde à raiz

quadrada da variância, e finalmente o LDM. Esses valores estão apresentados na Tabela

5.2.

Tabela 5.2. Limite de Detecção do Método Orange II.

Concentração

(mg.L-1

)

Éter-monoamina Éter-diamina Éter-monoamina e

éter-diamina

0,10 s – 0,0127

LDM(A) – 0,047

LDM(mg.L-1) – 2,91

s – 0,081

LDM(A) – 0,030

LDM(mg.L-1) – 2,34

s – 0,0172

LDM(A) – 0,064

LDM(mg.L-1) – 4,03

0,25 s – 0,0139

LDM(A) – 0,051

LDM(mg.L-1) – 3,31

s – 0,098

LDM(A) – 0,036

LDM(mg.L-1) – 2,94

s – 0,0185

LDM(A) – 0,068

LDM(mg.L-1) – 4,47

0,50 s – 0,0157

LDM(A) – 0,058

LDM(mg.L-1) – 3,93

s – 0,0125

LDM(A) – 0,046

LDM(mg.L-1) – 3,94

s – 0,0184

LDM(A) – 0,068

LDM(mg.L-1) – 4,46

0,75 s – 0,0117

LDM(A) – 0,043

LDM(mg.L-1) – 2,56

s – 0,0123

LDM(A) – 0,046

LDM(mg.L-1) – 3,87

s – 0,0192

LDM(A) – 0,071

LDM(mg.L-1) – 4,72

1,0 s – 0,0126

LDM(A) – 0,047

LDM(mg.L-1) – 2,87

s – 0,0114

LDM(A) – 0,042

LDM(mg.L-1) – 3,53

s – 0,0173

LDM(A) – 0,064

LDM(mg.L-1) – 4,07

Diante da análise dos valores encontrados para o LDM, pode-se dizer que o Método do

Orange II detecta com precisão as concentrações acima de 4,0mg.L-1

quando a análise é

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81

realizada apenas com as éter-aminas separadamente, e acima de 5,0mg.L-1

quando as éter-

aminas estão em solução, na proporção de 25% de éter-monoamina e 75% éter-diamina em

massa.

5.2. TESTES DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS

PELA BACTÉRIA Serratia marcescens

Os testes de biodegradação das éter-aminas foram realizados inicialmente para avaliar o

potencial degradador da bactéria Serratia marcescens, caracterizada na literatura como um

microrganismo presente na barragem de rejeito da flotação do minério de ferro de uma

mineradora de Minas Gerais (ARAÚJO, 2007). Os testes foram realizados com a éter-

monoamina e a éter-diamina separadamente e também em uma solução aquosa contendo

25% e 75% em massa, respectivamente. Todos os sistemas continham a concentração

inicial calculada de 28mg.L-1

. A quantificação do coletor orgânico presente nas amostras,

ao longo dos testes, foi realizada pelo Método do Verde de Bromocresol. A Figura 5.5

apresenta o perfil encontrado utilizando o meio de cultura caldo nutriente, durante os 20

dias de observação.

0 5 10 15 20

15

20

25

30

35

40

45

BIODEGRADAÇÃO - Caldo Nutriente

Serratia marcescens

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (dias)

Monoamina

Diamina

Solução

Figura 5.5. Análise pelo método do Verde de Bromocresol da biodegradação das éter-aminas, utilizando o

meio Caldo Nutriente, pela bactéria Serratia marcescens.

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82

A concentração inicial de éter-monoamina foi de 38,3mg.L-1

, seguida de 37,1mg.L-1

após 3

dias de incubação. No 7° dia a concentração encontrada foi de 33mg.L-1

, e no 13° dia havia

31,2mg.L-1

. A quantificação no 15° dia não mostrou diferença significativa com a análise

anterior, sendo a concentração de 31,8mg.L-1

. Ao final dos 20 dias de observação foram

quantificados 30,7mg.L-1

de éter-monoamina. Já para a éter-diamina, a concentração inicial

foi de 39,0mg.L-1

, seguida de 37,1mg.L-1

após 3 dias de incubação. No 7° dia a

concentração encontrada foi de 32,6mg.L-1

, e no 13° dia havia 31,5mg.L-1

. A quantificação

no 15° apresentou a concentração de 32,5mg.L-1

. Ao final dos 20 dias de observação foram

quantificados 29,6mg.L-1

. Nas análises dos testes contendo a solução das aminas a

concentração inicial foi de 37,4mg.L-1

, seguida de 36,7mg.L-1

após 3 dias de incubação. No

7° dia a concentração encontrada foi de 32,1mg.L-1

, e no 13° dia havia 31,0mg.L-1

. A

quantificação no 15° apresentou a concentração de 31,8mg.L-1

. Ao final dos 20 dias de

observação foram quantificados 29,6mg.L-1

de éter-aminas.

As concentrações iniciais encontradas para todos os testes utilizando o caldo nutriente

apresentaram valores maiores do que o valor calculado, sendo de 38,3, 39,0 e 37,4mg.L-1

para éter-monoamina, éter-diamina e solução de aminas, respectivamente, permanecendo

maior que o valor calculado ao longo de todo o monitoramento.

A Figura 5.6 apresenta o perfil encontrado para os testes de degradabilidade das aminas

pela Serratia marcescens utilizando o meio de cultura Bromfield modificado, durante os 20

dias de observação. Neste meio de cultura a concentração inicial foi de 27,7mg.L-1

de éter-

monoamina. Houve um aumento da concentração para 31,3mg.L-1

após 3 dias de

observação e foram encontrados 30mg.L-1

em 7 dias. Após 13 dias, a concentração não

sofreu alteração, permanecendo em cerca de 30mg.L-1

, mas no 15° dia, foram encontrados

apenas 28,5mg.L-1

. No último dia de análise a concentração de éter-monoamina encontrada

foi de 30,2mg.L-1

.

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83

0 5 10 15 20

15

20

25

30

35

40

45

BIODEGRADAÇÃO - Bromfield modificado

Serratia marcescens

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (dias)

Monoamina

Diamina

Solução

Figura 5.6. Análise pelo método do Verde de Bromocresol da biodegradação das éter-aminas, utilizando o

meio Bromfield modificado, pela bactéria Serratia marcescens.

A concentração inicial de éter-diamina foi de 28,7mg.L-1

. Houve um aumento da

concentração para 30,9mg.L-1

após 3 dias de observação e foram encontrados 30,1mg.L-1

em 7 dias. A quantificação no 13° dia resultou na concentração de 30,7mg.L-1

e no 15° dia,

foram encontrados apenas 28,8mg.L-1

. No último dia de análise a concentração de éter-

diamina encontrada foi de 29,8mg.L-1

. Para a solução das aminas a concentração inicial foi

de 29,1mg.L-1

, aumentando para 31,2mg.L-1

após 3 dias de observação. Foram encontrados

30,4mg.L-1

em 7 dias, 30,2mg.L-1

no 13° e no 15° dia, foram encontrados apenas

29,7mg.L-1

. No último dia de análise a concentração de éter-diamina encontrada foi de

31,6mg.L-1

.

As concentrações iniciais encontradas para todos os testes utilizando o meio Bromfield

modificado como meio de crescimento microbiano estão de acordo com a concentração

calculada, que foi de 28mg.L-1

. Já as quantidades de éter-aminas encontradas após 3, 7, 13,

15 e 20 dias de incubação são maiores do que a concentração calculada.

Era esperado que as concentrações iniciais de aminas fossem próximas à concentração

calculada e que ao longo do monitoramento esse valor fosse diminuindo independente do

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84

meio de cultura utilizado, pois a bactéria S. marcescens é descrita na literatura como

degradadora desse coletor orgânico, estando presente nas barragens de rejeito da flotação

do minério de ferro (ARAÚJO, 2007), e que o período de degradação é relativamente

pequeno, como apontado por CHAVES (2001), que também analisou amostras de uma

barragem de rejeitos da flotação de minério de ferro e observou que o tempo de

decomposição da amina é bastante curto, sendo que em 12 dias de monitoramento a

quantidade de amina foi reduzida para menos da metade da quantidade inicial. Assim como

CHAVES (2001), REIS (2004) observou que depois de 14 dias após a primeira extração da

amina, não foram encontrados mais coletores no líquido da flotação e em 6 dias, a

concentração de amina era de aproximadamente a metade da quantidade encontrada no

primeiro dia de extração.

Ainda nos estudos conduzidos por ARAÚJO et al. (2010), foi avaliaada a biodegradação

das éter-aminas pela Serratia marcescens bizio 1823AL

, nas concentrações de 10, 40 e

60mg.L-1

, em diferentes temperaturas, (25, 30, 35 e 38°C) e os resultados mostraram,

inicialmente, lentas taxas de biodegradação, especialmente em altas concentrações de

amina. Para concentração de 10mg.L-1

, as taxas de biodegradação foram muito próximas

umas das outras em todas as temperaturas testadas, o que mostrou baixa interferência da

temperatura para este parâmetro. No entanto, para as concentrações de 40 e 60mg.L-1

, a

temperatura influenciou significativamente nas taxas de biodegradação das éter-aminas,

sendo a maior influência para a temperatura de 38°C.

Uma hipótese para a diferença na concentração inicial observada e a calculada, assim como

a concentração final acima da calculada para os dados com o caldo nutriente, e o aumento

da concentração durante os experimentos com o Bromfield modificado está nas colorações

encontradas para os meios de cultura testados. O meio de cultura Bromfield modificado,

após a autoclavação, apresenta coloração bastante transparente e depois da inoculação e

crescimento bacteriano, esse mesmo meio de cultura torna-se pouco turvo esbranquiçado.

Como inicialmente o meio não apresentou qualquer tipo de coloração, a metodologia de

quantificação utilizada foi eficaz para a análise da concentração de éter-aminas,

quantificando exatamente a quantidade de coletor presente no meio. Mas após alguns dias

de incubação, o meio Bromfield modificado sofreu alteração da cor e essa mudança pode

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85

ter influenciado a metodologia de quantificação do coletor, alterando a concentração

encontrada ao longo do monitoramento.

O meio caldo nutriente apresenta coloração amarelada transparente após a autoclavação e,

assim como o meio Bromfield modificado, sofre alteração da cor após a inoculação e

crescimento de microrganismos, tornando-se amarelado opaco. A concentração inicial

observada pode ter sofrido interferência da cor inicial do meio de cultura e, como a

metodologia utilizada é colorimétrica, o resultado pode ter sofrido alguma alteração. As

concentrações observadas ao longo dos testes foram menores do que a inicial, mas ainda

maiores do que a inicial calculada, o que pode significar uma menor interferência da cor do

meio de cultura turvo ou ainda que a interferência tenha sido constante, mas as éter-aminas

tenham realmente sido degradadas pela Serratia marcescens.

Diante dos resultados encontrados para os dois meios de cultura testados e dos perfis de

degradação de éter-aminas discutidos na literatura, foram realizadas análises, em

duplicatas, sem a adição de aminas para observar a interferência que o meio de cultura

estaria provocando nos resultados. A Tabela 5.3 apresenta os valores das absorbâncias,

assim como as concentrações correspondentes.

Tabela 5.3. Absorbâncias e concentrações encontradas nos testes sem a adição de éter-aminas.

Bromfield modificado Caldo Nutriente

Tempo

(dias)

Absorbância Concentração (mg.L-1

) Absorbância Concentração (mg.L-1

)

Teste A Teste B Teste A Teste B Teste A Teste B Teste A Teste B

0 0,005 0,008 -1,68 -1,55 0,271 0,281 10,01 10,45

3 0,093 0,092 2,185 2,141 0,226 0,277 8,034 10,28

7 0,076 0,078 1,438 1,526 0,158 0,163 5,044 5,263

13 0,08 0,089 1,613 2,009 0,15 0,13 4,692 3,812

15 0,074 0,076 1,35 1,438 0,181 0,124 6,055 3,548

20 0,099 0,103 2,449 2,625 0,095 0,083 2,273 1,745

O meio Bromfield modificado apresentou pequenas absorbâncias nos testes com ausência

de éter-aminas, enquanto o meio caldo nutriente apresentou valores significativos durante

todo o período de observação. Os resultados encontrados inferem que os meios de cultura

utilizados, principalmente o caldo nutriente, interferem nos resultados, uma vez que suas

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absorbâncias são diferentes de zero. Assim, para avaliar em qual faixa de comprimento de

onda esses meios de cultura não apresentam resultados que comprometem a metodologia de

quantificação de éter-aminas, foi realizada uma varredura no espectrofotômetro para os dois

meios, de 450 à 550nm. Os valores obtidos desse procedimento podem ser observados na

Tabela 5.4. Os resultados da varredura indicaram que para o Bromfield modificado,

comprimentos acima de 453nm não apresentaram absorbância suficiente para interferir no

resultado final de quantificação dos coletores e para o caldo nutriente, comprimentos de

onda acima de 470nm não interferem nos resultados. Os resultados da varredura indicaram

que para o meio Bromfield modificado, a existência de um perfil não degradador do coletor

encontrada não sofreu significativas interferências do meio de cultura, indicando que neste

meio a bactéria não degradou as aminas. Já no caldo nutriente, os resultados sofreram

interferência do meio, mas mesmo assim não foi detectado o perfil de degradação esperado.

Essas observações sugerem que na barragem de rejeito a S. marcescens pode estar presente,

mas associada a um grupo de microrganismos biodegradadores das éter-aminas.

A interferência do meio de cultura nos resultados finais foi eliminada uma vez que no

laboratório de resíduos e efluentes, n°62, do DEQUI/UFOP, foi desenvolvida uma nova

metodologia de quantificação de éter-aminas, utilizadas na flotação do minério de ferro, na

qual a leitura no espectrofotômetro era realizada no comprimento de onda de 485nm,

comprimento este no qual os meios de cultura não apresentaram valores de interferência

nos resultados finais.

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87

Tabela 5.4. Varredura dos meios de cultura, de 450 à 550nm.

Bromfield modificado Caldo Nutriente

Comprimento

de onda (nm)

Absorbância

A

Absorbância

B

Absorbância

A

Absorbância

B

450 0,005 0,009 0,059 0,031

451 0,007 0,004 0,036 0,023

452 0,002 0,001 0,031 0,021

453 0 0 0,025 0,016

454 0 0 0,022 0,014

455 0 0 0,018 0,012

456 0 0,017 0,011

457 0 0 0,014 0,010

458 0 0 0,013 0,009

459 0 0 0,013 0,007

460 0 0 0,012 0,007

465 0 0 0,008 0,004

470 0 0 0,004 0,002

475 0 0 0,001 0,001

480 0 0 0,001 0

485 0 0 0,000 0

490 0 0 0 0

495 0 0 0 0

500 0 0 0 0

505 0 0 0 0

510 0 0 0 0

515 0 0 0 0

520 0 0 0 0

525 0 0 0 0

530 0 0 0 0

535 0 0 0 0

540 0 0 0 0

545 0 0 0 0

550 0 0 0 0

5.3. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS

As análises do pH, no dia da coleta, das frações sólidas e líquidas das amostras brutas de

rejeito, após a centrifugação, estão indicadas na Tabela 5.5.

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88

Tabela 5.5. Valores de pH das frações sólida e líquida das amostras de rejeito.

Rejeito Composto (RC) Rejeito da Barragem (RB)

Fração Sólida Fração Líquida Fração Sólida Fração Líquida

pH 9,7 10,1 9,7 10,1

As frações sólidas e líquidas apresentaram valores elevados de pH, mas estão de acordo

com os dados de pH mencionados na literatura, na faixa de 9,5 e 10,5 (ARAÚJO et al.,

2008; CHAVES, 2001). Esse valor elevado está relacionado à presença das aminas e outros

reagentes da flotação, que elevam o pH do sistema para que ocorra a maior taxa de flotação

das partículas de quartzo.

A concentração de aminas nas frações das amostras brutas foi determinada pelo método do

Orange II, no dia da coleta e monitorada durante os 20 dias seguintes. A Figura 5.7

apresenta o perfil da concentração das éter-aminas presente nas amostras brutas de rejeitos,

durante o monitoramento.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

Degradação das éter-aminas nas amostras de rejeito

CO

CE

NT

RA

ÇÃ

O (

mg

.L-1)

TEMPO (dias)

Rejeito Líquido Barragem

Rejeito Líquido Composto

Rejeito Sólido Barragem

Rejeito Sólido Composto

Figura 5.7. Degradação das éter-aminas nas amostras de rejeito.

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89

Pode-se observar que o rejeito líquido da barragem não apresentou éter-aminas desde o

início do monitoramento, enquanto a fração líquida do rejeito composto apresentou cerca

de 3,0mg.L-1

de éter-aminas, mas após o 6° dia de monitoramento não foram mais

encontradas éter-aminas nesta fração do rejeito composto. A fração sólida do rejeito da

barragem apresentou inicialmente 14,3mg.L-1

do coletor orgânico, mas seguiu a mesma

tendência de degradação, não sendo detectada mais aminas nesta amostra após o 6° dia de

análise. No entanto, a fração sólida do rejeito composto foi a amostra que apresentou maior

concentração inicial de éter-aminas, 19,3mg.L-1

, sendo que no 15° dia de monitoramento

essa fração ainda continha 1,3mg.L-1

. Apenas na quantificação do 20° dia, não foram

encontradas as éter-aminas na fração sólida do rejeito composto.

Ao estudar a biodegradabilidade das éter-aminas, CHAVES (2001) observou que após 21

dias de monitoramento, ainda existia acerca de 2,0mg.L-1

nos resíduos analisados. Essa

diferença nos valores encontrados por CHAVES (2001) e nas amostras do presente trabalho

pode ter ocorrido uma vez que as concentrações iniciais de éter-aminas das amostras desse

estudo eram menores do que as encontradas na literatura citada, e assim podem ter sido

degradadas em menor período de tempo conforme encontrado por SILVA (2009), que ao

analisar diferentes concentrações de aminas numa mesma temperatura e observou que as

menores concentrações estão sujeitas a um menor tempo de degradação.

As frações sólidas do rejeito composto e da barragem apresentaram maiores concentrações

de éter-aminas do que as frações líquidas dos mesmos rejeitos. Esses valores de

concentração encontrados estão divergentes dos resultados encontrados por CHAVES

(2001), que realizou a quantificação das éter-aminas em efluentes e rejeitos gerados na

Samarco Mineração. Nesse estudo, foi constatado que os resíduos coletados próximos à

usina, que correspondem ao rejeito composto do presente trabalho, apresentaram

concentrações de éter-aminas de a 22,2 a 31,5mg.L-1

. Já nas amostras de resíduos coletadas

na barragem de rejeitos de Germano, não foram encontradas concentrações detectáveis de

éter-aminas, o que foi atribuído à decomposição da amina. As amostras de água parada na

barragem apresentam concentrações de aproximadamente 12,2mg.L-1

, mas a água coletada

na saída da barragem de Santarém para o córrego Santarém, uma segunda barragem após a

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90

barragem de Germano, não apresentou nenhuma quantidade de aminas, o que também foi

atribuído à decomposição do coletor no sistema.

No trabalho de CHAVES (2001), a quantificação das éter-aminas nas amostras de rejeito

foi realizada pelo método da ninidrina, um método colorimétrico considerado não

específico pois, a ninidrina reage com aminoácidos, peptídeos, aminas primárias e

secundárias, amônia ou amino álcool. Dessa forma, as concentrações de aminas

encontradas por CHAVES (2001) podem ter sofrido interferência de diversos outros

compostos que podem estar presentes nas amostras e serem quantificados pela metodologia

utilizada (ARAÚJO, 2007).

5.4. ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

DAS BACTÉRIAS PRESENTES NAS AMOSTRAS BRUTAS

Os procedimentos para isolamento de bactérias foi realizado com a fração líquida das duas

amostras brutas, do composto (RC) e da barragem (RB). Os cultivos em meio sólido foram

realizados nos dois meios a saber: meio mínimo Bromfield acrescido de éter-aminas e ágar

e o meio rico ágar nutriente. Adicionou-se às placas 0,5mL de amostra bruta e submetida a

diluições seriadas, correspondendo a 10-1

e 10-2

a fim de permitir o crescimento do maior

número de colônias isoladas possível. Após 24 horas de incubação a 35°C±2, as placas

contendo meios de cultura sólidos foram analisadas. Imagens das colônias crescidas nas

placas estão apresentadas na Figura 5.8. Em geral, as placas que continham ágar nutriente

como meio de cultura apresentaram colônias maiores do que as placas que tinham meio

sólido Bromfield modificado acrescido de solução de éter-amina.

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91

Figura 5.8. Fotografias das placas de Petri mostrando crescimento bacteriano em ágar nutriente (1, 2, 3, 4, 5) e

Bromfield modificado sólido (6, 7, 8, 9). 1: Colônias irregulares (nuvem) brancas; 2: Colônias transparentes

cremosas; 3: Colônias espaçadas, arredondadas brancas; 4: Colônias arredondadas transparentes; 5: Colônias

ramificadas e brancas; 6: Colônias ramificadas e esbranquiçadas; 7: Pequenas colônias transparentes; 8:

Colônias arredondadas e transparentes; 9: Grandes colônias transparentes.

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92

As colônias que cresceram no meio Bromfield modificado apresentaram coloração

transparente ou esbranquiçada e espaçadas pelo meio sólido, enquanto as colônias crescidas

no ágar nutriente apresentaram coloração esbranquiçada, e algumas transparentes, bordas

regulares ou não, preenchendo grande parte da placa de cultivo. Isso indica que as

condições de crescimento no meio Bromfield modificado não são ideais para o crescimento

das bactérias, seja pela ausência de nutrientes importantes, seja pela incapacidade de usar a

amina como fonte de carbono, ou até pela condição adversa de pH neste meio (em torno de

10), decorrente da adição das aminas. No entanto, o isolamento neste meio foi importante

na tentativa de obter alguma bactéria que fosse incapaz de crescer no ágar nutriente.

Um total de 22 colônias foi selecionado, sendo que algumas apresentavam mesmas

características, mas eram de amostras de rejeito diferentes ou de diluições seriadas

diferentes. A Tabela 5.6 apresenta a origem e as características dessas colônias.

Todas as colônias selecionadas foram transferidas para os meios líquidos correspondentes e

seu crescimento analisado pela turvação do meio, no caso do caldo nutriente, e pela

transparência, no caso do meio Bromfield modificado, como pode ser visto na Figura 5.9.

Posteriormente estas culturas foram transferidas para meios sólidos para a confirmação e

obtenção das colônias isoladas. Observações microscópicas diretas das células presentes

nos cultivos revelaram que o número de células no cultivo com caldo nutriente foi maior do

que no cultivo em meio Bromfield modificado (resultados não mostrados).

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93

Tabela 5.6. Origem e características das 22 colônias isoladas

Colônia Origem da amostra/diluição Meio de Isolamento Características da Colônia

A Rejeito Composto/ 100 Ágar nutriente Espaçadas, arredondadas e brancas

B Rejeito Composto/ 10-1 Ágar nutriente Isolada, arredondada e branca

C Rejeito Composto/ 10-2 Ágar nutriente Isoladas, irregulares e brancas

D Rejeito Composto/ 100 Bromfield modificado Pequenas, redondas e transparentes

E Rejeito Composto/ 100 Bromfield modificado Pequenas, redondas e transparentes

F Rejeito Composto/ 10-1 Ágar nutriente Pequenas, redondas e transparentes

G Rejeito Composto/ 10-1

Ágar nutriente Isoladas, irregulares e brancas

H Rejeito da Barragem/ 100 Ágar nutriente Ramificadas e brancas

I Rejeito da Barragem/ 10-1 Ágar nutriente Isoladas, redondas e transparentes

J Rejeito da Barragem/ 10-1 Ágar nutriente Isoladas, irregulares e brancas

K Rejeito Composto/ 100 Bromfield modificado Pequenas, redondas e transparentes

L Rejeito da Barragem/ 10-2 Ágar nutriente Pequenas, transparentes e cremosas

M Rejeito da Barragem/ 10-2 Ágar nutriente Isoladas, irregulares e brancas

N Rejeito Composto/ 10-2 Ágar nutriente Pequenas, transparentes e cremosas

O Rejeito Composto/ 10-1 Bromfield modificado Grandes, ramificadas e brancas

P Rejeito da Barragem/ 100 Bromfield modificado Pequenas, ramificadas e brancas

Q Rejeito da Barragem/ 10-1 Bromfield modificado Pequenas e transparentes

R Rejeito da Barragem/ 10-2

Bromfield modificado Grandes e transparentes

S Rejeito Composto/ 10-1 Bromfield modificado Grandes, ramificadas e brancas

T Rejeito da Barragem/ 100 Bromfield modificado Pequenas, ramificadas e brancas

U Rejeito da Barragem/ 10-1 Bromfield modificado Pequenas e transparentes

V Rejeito da Barragem/ 10-2 Bromfield modificado Grandes e transparentes

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94

(a)

(c)

(b)

(d)

Figuras 5.9. Fotografias dos tubos de ensaio contendo meio líquido para crescimento de microrganismos. (a)

Tubos com coloração amarelada contêm caldo nutriente e tubo com coloração transparente contém meio

Bromfield modificado; (b, c, d) Tubos com caldo nutriente.

A técnica de coloração diferencial de Gram é muito utilizada na microbiologia para

diferenciar a estrutura da parede celular, classificando os organismos em Gram negativos,

quando a parede celular é constituída por estruturas de múltiplas camadas de

peptidoglicano, lipoproteínas e lipopolissacarídeo bastantes complexas, ou Gram positivos,

quando a parede celular consiste de única camada de peptidoglicano, característica essa que

auxilia o processo de identificação de microrganismos. Foram confeccionadas lâminas de

Gram das 22 culturas isoladas crescidas em meio sólido, como pode ser observado na

Figura 5.10 (a e b).

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95

Figura 5.10a. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração de Gram dos 22

isolados, chamados de A à R, em aumento de 1.000x..

A B C

D E F

G H I

J K L

M N O

P Q R

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Figura 5.10b. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração de Gram dos 22

isolados, chamados de S à V, em aumento de 1.000x..

Todos os isolados apresentaram forma bacilar e classificados como Gram positivos, pois

apresentaram coloração roxa. As lâminas de Gram apresentaram uma estrutura não

diferenciada ao fundo e, então foi testada a capacidade de produção de esporos através da

coloração específica de esporos, chamada Verde de Malaquita. As imagens das lâminas

coradas pela coloração de esporos estão nas Figura 5.11 (a e b).

Figura 5.11a. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração Verde de Malaquita

dos 22 isolados, chamados de A à F, em aumento de 1.000x.

S T U

V

A B C

D E F

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Figura 5.11b. Imagens de microscopia óptica das lâminas confeccionadas com coloração Verde de Malaquita

dos 22 isolados, chamados de A à V, em aumento de 1.000x.

G H I

J K L

M N O

P Q R

S T U

V

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98

Pode-se observar que todos os isolados apresentaram grande número de esporos, corados

em verde pelo corente verde de malaquita. Essas imagens confirmaram a capacidade dos

isolados em produzir esporos. A capacidade de produzir esporos é uma característica

comum dentro do grupo das bactérias Gram-positivas. Dentre elas destacam-se dois

gêneros: Clostridium e Bacillus.

Quando os nutrientes essenciais se esgotam, bactérias dos gêneros Clostridium e Bacillus

formam células especializadas de “repouso”, chamadas de endosporos. Exclusivo das

bactérias, esses endosporos são células desidratadas altamente duráveis, com paredes

espessas e camadas adicionais, formados dentro da membrana celular bacteriana. Quando

liberados no ambiente, podem sobreviver a temperaturas extremas, falta de água e

exposição a muitas substâncias químicas tóxicas e radiação. Os endosporos podem

permanecer dormentes por milhares de anos e então retornar ao seu estado vegetativo pelo

processo de germinação, formando uma célula (TORTORA, 2005).

Os indivíduos do gênero Clostridium são anaeróbios obrigatórios e não conseguiriam

crescer nas condições aeróbias das amostras analisadas. Assim, de acordo com os

resultados, pode-se supor que os isolados obtidos a partir dos cultivos das amostras da

barragem e a do rejeito composto sejam bactérias pertencentes ao gênero Bacillus, pois

apresentaram a forma de bastonetes, foram caracterizados como Gram- positivos e são

microrganismos aeróbios, características essas presentes nos indivíduos do referido gênero

(SLEPECKY et al., 2006).

O procedimento de extração do DNA bacteriano foi realizado para todas as culturas

isoladas, mas provavelmente a qualidade dos extratos eram ruins (resultado não mostrado).

Todos os extratos genômicos foram submetidos ao procedimento de amplificação da região

DNAr 16S do domínio Bacteria, com os iniciadores 27F e 1492R, porém o resultado só foi

positivo para o isolado K. A presença do fragmento de DNA de interesse foi confirmada

após eletroforesse em gel de agarose 1% corado com SyberSafe DNA Gel Stain (Invitrogen)

(Figura 5.12).

De acordo com os resultados de diversas tentativas de amplificação dos produtos da

extração de DNA dos isolados das amostras de rejeito, apenas o isolado K foi amplificado e

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99

esse amplicon foi enviado para o sequenciamento genético. Foram obtidas as sequências do

DNA com ambos os iniciadores a fim de obter a totalidade do fragmento que corresponde

ao gene DNAr 16S. De posse das duas sequências, a sequência consenso foi obtida, de

ótima qualidade, que permitiu a realização das comparações no banco de dados do

GenBank e obtenção da árvore filogenética utilizando as ferramentas disponíveis no site

“Ribossomal Data Base 10” (COLE et al., 2009).

Figura 5.12. Gel de agarose 1,0%, corado com SyberSafe DNA Gel Stain (Invitrogen). As bandas fluorescente

indicam o resultado positivo da reação de amplificação dos fragmentos do DNA ribossomal 16S dos isolados

A à V e a amostra controle “branco”.

Os resultados da comparação da sequência do isolado K com outras bactérias cultiváveis e

não cultiváveis resultou em níveis de similaridade superiores a 98% com espécies do

gênero Bacillus, chegando a 99% de similaridade com as espécies B. amyloliquefaciens e B.

subtilis. A Figura 5.13 mostra a árvore filogenética gerada com as sequências relacionadas,

onde é possível visualizar uma maior proximidade do isolado K com a espécie B.

amyloliquefaciens cultura Ba-B128, uma bactéria associada a corais.

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100

Bacillus amyloliquefaciens| Ba-B128 AY620954

cultura K

Bacillus subtilis subsp. subtilis MO4 AY553097

Bacillus subtilis DSM10 AJ276351

Bacillus licheniformis DSM13 X68416

Bacillus cohnii DSM6307 X76437

Bacillus gibsonii DSM8722 X76446

Bacillus sp. DSM 8724 X76448

Bacillus thuringiensis ATCC33679 AF290549

Bacillus cereus ATCC 27877 Z84581

Enterococcus faecium DSM20477 AJ276355

93

77

74

91

100

47

32

83

100

0.005

Figura 5.13. Árvore filogenética contendo sequências do gene DNAr 16S (~ 1.300 pb) construída pelo

método Neighbor-Joining. Análise de Bootstrap com 1000 réplicas. Barra corresponde a 0,5%.

Dessa forma, de acordo com os resultados morfológicos e moleculares, pode-se considerar

o isolado K pertencente ao gênero Bacillus, com alta similaridade com a espécie B.

amyloliquefaciens.

Os membros do gênero Bacillus são organismos onipresentes, em forma de bastão, Gram

positivos e catalase positivos. Esse é um dos gêneros com maior diversidade 16S e

diversidade ambiental. Os indivíduos desse grupo têm a capacidade de formar um duro e

protetor endósporo, que é formado em épocas de estresse nutricional, permitindo que o

organismo persista no ambiente até que as condições se tornem favoráveis.

Apesar de não plenamente identificados, os isolados obtidos em ambos os meios a partir

dos cultivos das amostras da barragem de rejeitos e do rejeito composto parecem pertencer

ao gênero Bacillus, porém provavelmente há diferentes espécies, visto as diferenças

observadas no crescimento das colônias (Figura 5.15) e dos esporos (Figura 5.18).

O isolamento exclusivo de Bacillus a partir da metodologia empregada sugere que este

gênero bacteriano seja um membro dominante na comunidade bacteriana aeróbia presente

nas amostras. Sua característica de esporulação provavelmente o torna um genêro adaptado

às condições adversas presentes nas barragens e rejeitos da flotação, principalmente pela

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101

elevada alcalinidade do meio (pH~10, subitem 5.3). Desta forma, bactérias esporulantes

teriam vantagem seletiva frente a outras bactérias e dominariam o ambiente.

Especificamente Bacillus amyloliquefaciens é uma bactéria aeróbia, encontrados em

amostras de solo na natureza. Esse microrganismo é conhecido por sua capacidade de

degradar algumas proteínas extracelulares, por produzir algumas proteínas como o

antibiótico natural, a proteína rionuclease barnase, alfa-amilase utilizada na hidrólise do

amido, protease subtilisina, uma enzima que catalisa a quebra de proteínas de forma

semelhante à tripsina, usada em detergentes, cosméticos e processamento de alimentos

(SLEPECKY et al., 2006; TORTORA, 2005). A capacidade de hidrolisar o amido pode ser

considerada uma característica importante para as bactérias presentes nos rejeitos de

flotação, uma vez que o amido é utilizado no processo de flotação como depressor dos

óxidos de ferro, sendo constituído basicamente pela condensação de moléculas de glicose,

além de proteínas, fibras, material mineral e óleos (PERES E CORREA, 1996). O amido

poderia ser, portanto, também um substrato para o crescimento destas bactérias no

ambiente.

Bacillus subtilis, conhecido também como o bacilo de feno ou bacilo de grama, é também

uma bactéria flagelada comumente encontrada no solo, aeróbia estrita, catalase positivos e

produtora da enzima proteolítica subtilisina. São indivíduos mesofílicos, que vivem à

temperatura média de 25-35°C (SLEPECKY et al., 2006; TORTORA, 2005).

Na literatura não há registros sobre a presença de Bacillus subtilis e Bacillus

amyloliquefaciens em barragem de rejeitos da flotação do minério de ferro, mas sabe-se que

esse gênero possui vários representantes associados aos depósitos de minerais (DEO e

NATARAJAN, 1998a), os quais estão sendo utilizados como “reagentes” em processo de

separação de determinados minerais, com resultados satisfatórios, como é o caso do

biobeneficiamento da bauxita, para a remoção de sílica, utilizando bactérias heterotróficas,

como Bacillus circulans e Bacillus mucilaginous (OGURTSOVA et al., 1990).

DEO e NATARAJAN (1998) estudaram o processo de biodegradação das aminas graxas

pela bactéria Bacillus polymyxa, a qual está associada a vários depósitos do minério de

ferro. Foi observado que essa bactéria é capaz de degradar acetato de dodecilamônio para

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102

retirar carbono e nitrogênio requeridos para o seu crescimento, gerando, no meio, produtos

como polissacarídeos, aminoácidos e ácidos graxos como produto do metabolismo.

CHOCKALINGAM et al. (2003), a fim de avaliar se o crescimento da Bacillus polymyxa é

inibido ou não pela presença de coletores orgânicos, realizaram estudos de crescimento

bacteriano em concentrações de 50, 100 e 200mg.L-1

de isopropil xantato de sódio, acetato

de dodecilamônio e oleato de sódio. Os resultados indicaram que o B. polymyxa, uma

bactéria associada aos depósitos de minerais, pode ser cultivada na presença destes

coletores orgânicos e há indicação de esporulação das células durante o crescimento na

presença dos insumos. Foi observado também que a biodegradação do acetato de

dodecilamônio é bastante efetiva durante o crescimento bacteriano do B. polymyxa.

DEO e NATARAJAN (1998b) estudaram sobre a remoção biológica de coletores em

partículas de minerais e puderam observar que os coletores derivados de aminas, acetato de

dodecilamônio (DDA) e isododecil oxipropil aminopropil amina (DA16), foram removidos

do sistema e foram também degradados pelo Bacillus polymyxa. Há indícios que levam à

conclusão que um aldeído é formado quando as aminas são oxidadas. A degradação da

maioria das aminas forma H2O2 como produto metabólico e suspeita-se que este produto é

destruído pela catalase endógena, uma enzima específica.

Uma análise preliminar de amostras de água de jazidas de bauxita na Índia mostrou a

presença de um número de bactérias heterotróficas pertencentes ao gênero Bacillus, como

Bacillus polymyxa e Bacillus coagulans. Entre as várias espécies, Bacillus polymyxa, uma

bactéria anaeróbia facultativa, é um organismo interessante, pois remove tanto o cálcio

como o ferro do sistema de separação de partículas (ANAND et al., 1996).

DEO e NATARAJAN (1999, 1997) estudaram o comportamento dos polissacarídeos

extracelulares e das proteínas das células de Bacillus polymyxa na presença dos minerais

calcita, hematita, coríndon e quartzo, e observou que a interação do B. polymyxa com os

minerais levou a mudanças significativas tanto na superfície dos minerais como no

microrganismo, sendo que o quartzo tornou-se mais hidrofóbico e a calcita, a hematita, o

coríndon tornaram-se mais hidrofílicos. Assim, uma eficiente remoção da sílica de outros

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103

minerais pode ser alcançada através do processo de bioflotação (BOTERO et al., 2008;

DEO e NATARAJAN, 1999 e 1997).

NATARAJAN e DEO (2001, 1998b) estudando sobre a interação das proteínas e

metabólitos do Bacillus polymyxa com a hematita, coríndon, calcita, quartzo e caulinita,

observaram novamente significativas mudanças da superfície química dos minerais e da

bactéria, comprovando maior hidrofobicidade do quartzo e da caulinita, e maior

hidrofilicidade da hematita, coríndon e da calcita.Foi observado também que a presença de

determinado mineral influencia o crescimento microbiano e, consequentemente, a produção

de proteínas, na presença de caulinita e quartzo, ou de polissacarídeos, na presença de

calcita, hematita e coríndon. Os testes de flotação realizados com os minerais, após um

tratamento preliminar com os metabólitos bacterianos, indicaram que as taxas de

sedimentação da calcita, hematita e coríndon aumentaram, assim como as taxas da caulinita

e quartzo diminuíram, facilitando o processo de flotação e viabilizando o

biobeneficiamento.

Analisando a adsorção do Bacillus polymyxa às partículas de hematita e quartzo,

SHASHIKALA e RAICHUR (2002) observaram que uma maior quantidade de células é

adsorvida na superfície da hematita do que na do quartzo. Essa diferença foi atribuída,

também, à hidrofobicidade, pois, a hematita e as bactérias possuem cargas opostas, o que

provavelmente leva a uma maior atração e adsorção, ao contrário do quartzo, que é

hidrofílico, não atraindo intensamente as células microbianas.

PATRA e NATARAJAN (2003) também utilizaram o Bacillus polymyxa para analisar a

interferência dessa bactéria nas taxas de sedimentação do quartzo, pirita e calcita.

Observaram que as células de B. polymyxa apresentaram maior afinidade pela pirita do que

pelas partículas de quartzo e de calcita, mas significativas alterações na composição

química da superfície foram encontradas para esses últimos após a interação bacteriana. A

separação da pirita do quartzo, após o tratamento com células ou produtos metabólicos

extracelulares, foi eficiente através da flotação. Assim, a remoção da pirita das pilhas de

rejeitos da flotação convencional pode ser realizada pelo biobeneficiamento.

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104

Muitos microrganismos precisam de determinados elementos químicos como importante

mineral biológico para seus processos metabólicos. Nos estudos realizados por ANAND et

al (1996), utilizando uma cultura pura de Bacillus polymyxa NCIM 2539, foi observado

que estes microrganismos apresentam um metabolismo dependente de cálcio, uma vez que

houve crescimento reduzido quando na ausência desse composto. O número de células

bacterianas presentes nestes experimentos foram compatíveis com a presença de CaCO3 ou

de minério bauxita, o que sugeriu que o Bacillus polymyxa é capaz de utilizar o cálcio

presente na bauxita para o seu crescimento e metabolismo. A fonte e a quantidade de

carbono presente no meio determinaram a geração de polissacarídeos extracelulares, sendo

que a maior taxa de crescimento e de produção de metabólitos ocorreram na presença de

2% de sacarose. Além disso, essa bactéria gerou produtos metabólicos secundários, como

os ácidos acético, nítrico e oxálico, o que foi evidenciado pela diminuição significativa do

pH durante o crescimento microbiano (VASAN et al., 2001; ANAND et al., 1996;

MANKAD e NAUMAN, 1992).

Para a flotação aniônica da apatita e dolomita, já foi demonstrado que Bacillus subtilis e

Bacillus lichenformis e seus produtos metabólicos agem com a função de depressores da

flotação (ZHENG e SMITH, 1997a,b apud SMITH e MIETTINEN, 2006). Staphylococcus

carnous, Bacillus firmus, B. subtilis e B. lichenformis também atuam como agentes

coletores no processo de flotação da apatita e calcita (MIETTINEN et al., 2003a,b apud

SMITH e MIETTINEN, 2006).

Além de indivíduos do gênero Bacillus, na literatura há registros de outras bactérias que

também podem interferir no processo de separação de minerais, como o Acidithiobacillus

ferrooxidans e o Acidithiobacillus thiooxidans, que são capazes de afetar as características

da superfície dos minerais e afetar o comportamento de flotação dos minerais (HOSSEINI

et al., 2005; SANTHIYA et al., 2001).

PRAKASAN e NATARAJAN (2010) estudaram sobre a separação do quartzo e da

hematita utilizando Desulfovibrio desulfuricans NCIM 2047, uma bactéria Gram-negativa,

redutora de sulfato, anaeróbia facultativa, que está naturalmente associada aos depósitos de

minério de ferro e está relacionada com a biomineralização de vários óxidos de ferro. A

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105

adaptação do microrganismo ao mineral influenciou a produção de proteínas e

polissacarídeos, que adsorveram nos minerais, sendo que a superfície do quartzo tem alta

afinidade pelos compostos protéicos e a hematita pelos polissacarídeos. Assim, foi possível

separar os minerais, uma vez que as proteínas bacterianas aumentaram a hidrofobicidade do

quartzo, e a adsorção dos polissacarídeos deprimiu a hematita.

MESQUITA et al. (2003) avaliaram a interação de Rhodococcus opacus no sistema de

flotação de quartzo/hematita e observaram que os dois minerais apresentraram maior

flotabilidade na presença desta bactéria. Cerca de 90% da hemaita pode ser flotada para o

pH em torno de 4,0, e 72% para pH entre 6 e 12. Em contrapartida, o quartzo apresentou

maior flotabilidade em pH em torno de 3, alcançando 42%, e para valores de pH maiores

que 4, este mineral praticamente não apresentou flotabilidade. Apesar de as partículas de

hematita e quartzo apresentarem superfícies polares, dando carácter hidrofílico à estes

minerais, o mecanismo de interação entre as células bacterianas e as partículas minerais

pareceram ser diferentes e por isso a separação seletiva entre hematita e quartzo, utilizando

apenas R. opacus como reagente em pH7, foi alcançada nos testes de microflotação.

A bactéria Escherichia coli também é utilizada em processos de separação seletiva de

minerais, atuando como agente coletor da flotação de quartzo em condições ácidas

(FARAHATA et al., 2009).

Os estudos a respeito do biobeneficiamento estão em períodos de aprofundamento e análise

uma vez que se sabe do potencial da utilização de bactérias e outros microrganismos, e seus

produtos metabólicos, na flotação e floculação (SMITH e MIETTINEN, 2006), sendo que o

uso de seres vivos naturalmente presentes no ambiente torna o processo não oneroso e

também diminui os impactos ambientais causados pelos coletores químicos, mesmo

sabendo que para atuarem nos processos esses microrganismos, ou derivados metabólicos,

devem estar presentes em grandes quantidades (SMITH e MIETTINEN, 2006).

Dessa forma, sabendo do potencial do biobeneficiamento, pode-se avaliar o grau de

interferência natural do Bacillus identificado neste estudo no processo de flotação do

minério de ferro, de maneira positiva ou negativa.

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106

5.5. COMPARAÇÃO DA DIVERSIDADE BACTERIANA NAS

AMOSTRAS DE REJEITO COMPOSTO E DA BARRAGEM DE

REJEITOS PELA TÉCNICA PCR-DGGE

O mesmo procedimento de extração de DNA dos isolados foi aplicada à fração sólida das

amostras brutas do rejeito composto (RC) e da barragem (RB), sendo possível obter o DNA

genômico total extraído dos microrganismos presentes nas amostras. A partir destes

extratos, realizou-se o procedimento de amplificação do gene DNAr 16S utilizando

iniciadores específicos para análise de bactérias por DGGE (357F-GC e 907R).

Simultaneamente foram realizadas amplificações com estes iniciadores a partir dos extratos

genômicos das culturas isoladas (Figura 5.14).

(a)

(b)

Figura 5.14. Gel PCR do DGGE. (a) Amostras brutas; (b) culturas puras.

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107

Para o estudo de ecologia microbiana, a DGGE oferece um caminho rápido, pois independe

do cultivo dos microrganismos ela possibilita a identificação de populações predominantes

no ambiente. A DGGE é uma técnica usada para separar fragmentos de DNA de mesmo

comprimento, mas de diferentes sequências de pares de bases. Pelos fragmentos de RNAr

16S amplificados, diferentes perfis de banda podem ser visualizados representando a

diversidade filogenética de uma comunidade.

A análise por DGGE requer uma quantidade significativa de DNA e por isso, a necessidade

de uma amplificação por PCR antes da técnica. Uma amplificação completa do gene pode

ser obtida usando-se iniciadores universais para os domínios Bacteria. Depois da reação de

amplificação tem-se uma mistura dos genes rRNA 16S de todas as bactérias presentes nas

amostras.

A DGGE tem sido usada para caracterizar populações microbianas complexas em

ambientes naturais. Usando DGGE pode-se obter informações qualitativas sobre a

diversidade presente nas amostras, mas essas metodologias não fornecem dados

quantitativos, informação chave para a ecologia microbiana.

No geral, essas técnicas de eletroforese somente indicam as espécies predominantes na

comunidade. Vários estudos revelaram que populações bacterianas de 1% ou mais podem

ser detectadas por PCR-DGGE (MUYZER e WAAL, 1993). Um valor similar também foi

encontrado por LEE et al. (1996) usando PCR para caracterizar estruturas de comunidades

microbianas. No entanto, assim como todos os métodos, a DGGE possui suas limitações

sendo necessária a busca de novas estratégias para o isolamento e a caracterização

fisiológica de microrganismos a fim de revelar o papel da diversidade microbiana no

funcionamento dos ecossistemas.

Os produtos amplificados foram submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida com

gradiente desnaturante de 30-70% a fim de separar os diferentes fragmentos de DNA

presentes nas amostras brutas. A Figura 5.15 (a) apresenta uma imagem do gel ilustrando o

perfil de bandas encontradas para as amostras RC e RB, observadas em duplicata.

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108

(a) (b)

Figura 5.15. Gel de DGGE corado com brometo contendo fragmentos de DNA ribossomal 16S amplificado

com primers universais para Bacteria. (K e K‟) Isolado K; (RC e RC‟) Amostra bruta do rejeito composto;

(RB e RB‟) Amostra bruta do rejeito da barragem.

Por meio da caracterização microbiana presente nas amostras pela técnica de PCR-DGGE,

se obteve em geral, um pequeno número de bandas para as duas amostras envolvidas neste

trabalho. Como o perfil de bandas gerado pela técnica PCR-DGGE representa a diversidade

de bactérias dominante presente nas amostras, pode-se supor que poucas espécies compõem

a comunidade bacteriana nas amostras de rejeito composto e da barragem.

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109

Uma das hipóteses para explicar essa baixa diversidade pode ser o fato de que as espécies

pobremente representadas não foram amplificadas ou foram amplificadas, mas foram

mascaradas por bandas mais intensas provenientes das espécies predominantes. Há de se

considerar ainda que o ambiente físico das amostras é bastante extremo considerando os

valores de pH medidos (~10), que certamente tem um impacto na diversidade bacteriana

presente.

YANG et al. (2010) analisaram a diversidade bacteriana no efluente alcalino de celulose,

chamado de licor negro, o qual é gerado a partir da tecnologia de extração alcalina. As

amostras foram coletadas no verão, outono, inverno e primavera e os valores de pH foram

de aproximadamente 8,5 no verão e outono, mas acima de 10 no inverno e na primavera.

Através da técnica PCR-DGGE foi observado que a diversidade bacteriana sofreu

alterações de acordo com as condições da amostra, sendo encontrada maior diversidade nas

amostras do verão e do outono, as quais apresentaram menor pH e temperatura entre 20 e

40°C. Nas amostras do inverno e da primavera foi observado uma menor diversidade

bacteriana, sendo essa justificada pelo alto valor de pH e, também, pela temperatura

extrema de -15°C.

Aparentemente a abundância de algumas bactérias presentes no resíduo composto diminui

na barragem uma vez que algumas bandas presentes na amostra RC não apareceram na

amostra RB. Este resultado pode ser visto nas réplicas das corridas do DGGE mostradas na

Figura 5.15 (a). A barragem recebe, além dos resíduos provenientes da flotação do minério,

águas residuárias de outros processos, permanecendo neste ambiente por longo período de

detenção. Apesar desta diferença, os motivos que explicam o resultado comparativo entre

os dois pontos de amostragem permanece desconhecido, uma vez que somente com uma

plena caracterização dos ambientes de coleta poderia mostrar o que de fato difere entre eles.

Infelizmente não foi possível comparar o perfil de bandas das amostras brutas com todos os

isolados obtidos, pois, mesmo após várias tentativas a qualidade dos produtos de PCR

gerados não foram suficientemente bons para serem detectados pela técnica DGGE. Porém

foi possível comparar o perfil de bandas das amostras brutas com o fragmento

correspondente ao isolado K, identificado como pertencente ao gênero Bacillus.

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110

O produto da PCR obtido do isolado K foi comparado com produtos das amostras brutas

RC e RB, conforme Figura 5.15 (b), onde pode ser confirmada a presença considerável do

isolado K nas amostras do rejeito composto. A elevada intensidade correspondente à banda

do isolado K na amostra RC indica que esta bactéria é de fato um membro bacteriano

dominante no ambiente, o que justifica a obtenção de isolados similares, provavelmente

pertencentes ao gênero Bacillus, tal como o isolado K.

YANG et al. (2010) estudaram sobre a diversidade bacteriana no licor negro da celulose e

identificaram os principais grupos bacterianos em amostras coletadas no verão, outono,

inverno e primavera, sendo que essas amostras apresentaram variados valores de pH e

temperatura e diferente diversidade bacteriana. Foram encontrados 10 gêneros nessas

amostas, como Alkalibacterium, Atopostipes, Bacillus, Halolactibacillus, Amphibacillus,

Clostridium, Actinobacuus, Halomonas, Desulfobacterium e Aquabacterium, sendo a maior

a parte deles pertencentes ao filo Firmicutes, no qual a grande maioria dos indivíduos é

formadora de esporos, o que justifica então a diversidade bacteriana encontrada. Cerca de

50% dos indivíduos nas amostras da primavera e do inverno pertenceram ao gênero

Alkalibacterium, o qual apresenta capacidade de crescimento em temperaturas abaixo de

45ºC e pH entre 9 a 12. A espécie anaeróbia Clostridium apareceu com proporções elevadas

nas amostras do verão e do outono e representou menor proporção nas demais amostras, o

que pode ser justificado pelas temperaturas mais elevadas no verão e outono, o que fez com

que muitas bactérias aeróbias consumissem mais oxigênio dissolvido e, em seguida,

formou-se um melhor ambiente anaeróbico para o crescimento de espécies de Clostridium.

Mas, diferente da variação encontrada nesses grupos, o gênero Bacillus apareceu em todas

as amostras e apresentou uma pequena variação, sendo considerado o grupo mais estável

encontrado nas amostras. Por ser este um gênero com capacidade de esporulação, foi

sugerido que as condições alcalinas extremas e a grande variação da temperatura não

afetaram esse grupo de microrganismos.

Tentou-se realizar a purificação das bandas obtidas no gel de poliacrilamida das amostras

brutas para posterior sequenciamento e identificação por meio de análises comparativas em

bancos de dados. No entanto as amplificações não apresentaram resultados satisfatórios,

não sendo possível realizar a identificação desse material.

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111

Cabe ressaltar que a técnica PCR-DGGE aplicada à este estudo, utilizou apenas iniciadores

para o domínio Bacteria, e que portanto possui amplitude restrita ao grupo das bactérias.

Outros microrganismos podem estar presentes nas amostras isoladas, tais como fungos

filamentosos, leveduras e arquéias, e que ainda podem ter alguma participação no processo

de biodegradação in situ das aminas, porém ainda é um campo para ser investigado,

5.6. TESTES DE BIODEGRADABILIDADE DAS ÉTER-AMINAS

PELAS BACTÉRIAS ISOLADAS

Os microrganismos isolados foram utilizados nos testes de biodegradação das éter-aminas

para análise do potencial degradador de cada um, e também para análise da degradação de

todos esses isolados em conjunto. Os sistemas contendo microrganismo, éter-aminas,

resíduo de ferro e meio de cultura foram incubados na estufa à 35°C±2°C e a concentração

de éter-aminas foi monitorada nos tempos de 0, 3, 7, 14, 17 e 20 dias após a incubação,

através da retirada de alíquotas de 30mL para a execução do Método do Orange II. Os

resultados foram plotados em gráficos, conforme as Figuras 5.16. 5.17, 5.18(a e b), 5.19 e

5.20. As análises dos testes com os isolados permite observar que há uma tendência à

inibição da degradação em torno de 25mg.L-1

, sendo que nos testes em que a concentração

atinge esse valor, não se observa mais consumo do coletor.

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112

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO A

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55BIODEGRADAÇÃO ISOLADO B

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo Nutriente

Bromfield modificado

(a) (b)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO C

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO J

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (c) (d)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO N

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (e)

Figura 5.16. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado A (a), B (b), C (c), J (d) e N (e) através do

Método do Orange II.

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113

Os isolados A, B, C, J e N apresentaram rápida degradação dos coletores nos três dias

inciais do experimento, para o caldo nutriente, e ao longo do monitoramento a concentração

de éter-amina se manteve quase constante. Para as análises com o meio Bromfield

modificado, a concentração de amina se manteve constante em alguns casos e em outros a

degradação ocorreu lentamente ao longo dos 20 dias de monitoramento.

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO D

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo Nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55BIODEGRADAÇÃO ISOLADO G

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (a) (b)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO R

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO T

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (c) (d)

Figura 5.17. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado D (a), G (b), R (c) e , T (d) através do

Método do Orange II.

Os testes com os isolados D, G, R e T apresentaram taxas de degradação pouco acentuadas

para os testes realizados com o caldo nutriente nos dia iniciais e mantendo-se pequenas ao

longo de todo o monitoramento. Quando utilizou-se o meio mínino, as taxas de degradação

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114

também mantiveram-se baixas em todo o experimento, mantendo-se constante apenas para

o isolado G.

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO F

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO H

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (a) (b)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55BIODEGRADAÇÃO ISOLADO I

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (c) (d)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO L

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO Q

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (e) (f)

Figura 5.18a. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado F (a), H (b), I (c), K (d), L (e), Q (f), R

(g), U (h) e V (i) através do Método do Orange II.

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115

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO SC

ON

CE

NT

RA

ÇÃ

O (

mg

.L-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO U

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

(g) (h)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO V

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (i)

Figura 5.18b. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado F (a), H (b), I (c), K (d), L (e), Q (f), R

(g), U (h) e V (i) através do Método do Orange II.

A taxa de degradação das éter-aminas no caldo nutriente, para os isolados F, H, I, K, L, Q,

R, U e V, foram pequenas, mas constante, ao longo de todo período de observação,

enquanto que para os testes utilizando o meio Bromfield modificado, o consumo do coletor

foi muito baixo, mas também constante durante os 20 dias. O isolado K apresentou uma

grande diferença entre as concentrações iniciais e finais, mostrando-se como um potencial

degradador desses coletores orgânicos.

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116

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO E

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55 BIODEGRADAÇÃO ISOLADO M

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nitriente

Bromfield modificado

(a) (b)

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO O

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

25

30

35

40

45

50

55

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO P

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

DIAS Caldo nutriente

Bromfield modificado (c) (d)

Figura 5.19. Análise da biodegradação das éter-aminas pelo isolado E (a) , M (b), O (c) e P (d) através do

Método do Orange II.

Para os isolados E, M, O e P as concentrações de éter-aminas mantiveram-se praticamente

constante durante todo o monitoramento, apresentando taxas degradação do insumo muito

pequenas para os dois meios de cultura testados.

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117

0 100 200 300 400 500

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

34

BIODEGRADAÇÃO TODOS OS ISOLADOS

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (HORAS) Caldo nutriente

Bromfield modificado

Figura 5.20. Análise da biodegradação das éter-aminas por todos os isolados através do Método do Orange II.

O testes de biodegradabilidade das éter-aminas realizados com todos os isolados juntos,

mostrou uma elevada taxa de degradação, independente do meio de cultura utilizado. O

perfil de degradação foi bastante diferente, sendo que a degradação ocorre até cerca de

10mg.L-1

durante os 20 dias de observação.

Os testes realizados anteriormente para avaliar a degradação das éter-aminas utilizando

uma cultura pura de Serratia marccescens mostraram que essa bactéria sozinha não

apresentou perfil de degradação dos coletores. Quando se analisa as variações nas

concentrações iniciais e finais de amina nos testes com os isolados, pode-se perceber que

alguns isolados apresentaram taxas muito baixas de degradação, hipotetizando que,

sozinhos, esses isolados também não têm a capacidade de degradar a amina. Mas os

resultados do teste com todos os isolados juntos permitem inferir que a presença desses

microrganismos é indispensável para que o substrato seja consumido.

A Tabela 5.7 apresenta as concentrações iniciais e finais desses testes de biodegradação e a

taxa de degradação para cada teste.

Pode-se observar que para os isolados, a concentração final não foi menor do que 25mg.L-1

em nenhum teste, enfatizando que há uma inibição da degradação do coletor, independente

do meio de cultura utilizado, mas para todos os isolados juntos, observa-se uma

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118

concentração final de 12,20mg.L-1

para o caldo nutriente e 15,20mg.L-1

para o Bromfield

modificado.

Apesar de não mensurado, é de se esperar que a quantidade de bactérias adicionadas nos

testes com isolados separados e misturados seja a mesma uma vez que foi preparada

utilizando as mesmas condições e volumes para produção do inóculo de 50mL de cada

experimento. Sendo assim, a diferença observada no ensaio com a cultura mista de

bactérias pode se referir a diferenças metabólicas das bactérias no consumo das aminas,

sendo algumas toleráveis a concentrações maiores, outras menores, e mesmo diferentes

graus de tolerância aos produtos de sua degradação. No entanto mais estudos necessitam ser

conduzidos para elucidar este mecanismo conjunto de biodegradação.

Tabela 5.7. Concentrações iniciais e finais e taxas de biodegradação dos isolados durante monitoramento.

CALDO NUTRIENTE BROMFIELD MODIFICADO

Concentrações Inicial

(mg.L-1

)

Final

(mg.L-1

)

Taxa de

degradação (%)

Inicial

(mg.L-1

)

Final

(mg.L-1

)

Taxa de

degradação (%)

Isolado A 42,00 31,5 25,00 42,20 42,40 0,00

Isolado B 49,60 36,60 26,21 46,10 40,90 11,28

Isolado C 52,1 37,80 27,45 45,00 40,80 9,33

Isolado D 41,60 33,80 18,75 41,40 39,50 4,59

Isolado E 30,30 26,90 11,22 37,30 35,00 6,17

Isolado F 36,50 29,90 18,08 40,20 40,70 0,00

Isolado G 37,50 27,30 27,20 41,80 39,70 5,02

Isolado H 37,70 31,30 16,98 43,60 39,20 10,09

Isolado I 36,50 25,20 30,96 33,30 30,90 7,21

Isolado J 36,50 29,00 20,55 34,90 24,90 28,65

Isolado K 41,30 26,40 36,07 43,50 31,30 28,05

Isolado L 38,90 29,00 25,45 36,60 34,70 5,19

Isolado M 32,10 28,10 12,46 31,00 28,20 9,03

Isolado N 31,40 22,70 26,75 30.40 29,20 3,95

Isolado O 33,00 30,20 8,48 36,20 33,10 8,56

Isolado P 34,70 31,50 9,22 33,6 32,50 3,27

Isolado Q 31,50 23,40 25,71 38,10 33,30 12,60

Isolado R 36,40 28,70 21,15 38,60 33,70 12,69

Isolado S 30,80 27,10 12,01 29,80 25,90 13,09

Isolado T 33,30 28,10 15,62 38,20 32,10 15,97

Isolado U 35,80 25,70 28,21 34,10 29,60 15,20

Isolado V 38,50 33,90 11,95 34,90 26,20 24,93

Todos isolados 32,60 12,20 62,58 32,80 15,20 53,66

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119

Para os isolados O e T as taxas de biodegradação não sofreram interferência da composição

dos diferentes meios de cultura, pois foram encontradas taxas de biodegradação

significativamente iguais. Para os isolados J, S, V as taxas foram maiores para os testes

realizados com o meio Bromfield modificado, enquanto que para todos os outros 18 testes,

com os isolados A, B, C, D, E, F, G, H, I, K, L, M, N, P, Q, R, T, U e com todos os

isolados, as taxas de biodegradação foram maiores utilizando o caldo nutriente.

Nos testes realizados com S. marcescens, utilizando o verde de bromocresol para

quantificar as aminas, os resultados também não sofreram interferência do meio de cultura

utilizado, mas sim da metodologia de quantificação.

Na literatura há registros de vias de degradação de alguns compostos orgânicos pela ação

de microrganismos em conjunto, como o estudo que utilizou uma amostra de lodo ativado

de uma estação municipal de tratamento de efluentes domésticos de uma cidade do Japão,

para observar a biodegradabilidade de alguns sais quaternários de amônio. Durante as

análises foi observada a formação de alguns compostos durante o processo de

biodegradação, como trimeti-, dimetil- e metilamina, mas ao final das 117 horas de análise,

esses produtos não foram encontrados no meio, assim como o substrato adicionado

inicialmente. Assim, foi proposta uma rota de degradação, no qual o sal é inicialmente

degradado em trimetilamina, seguida pela degradação à dimetilamina, a qual é

metabolizada em metilamina pela mesma reação (NISHIYAMA et al., 1995).

Segundo VAN GINKEL e KROON (2007) existe uma relação de comensalismo ou

mutualismo entre os microrganismos que degradam compostos derivados de aminas graxas.

A maioria dos consórcios de microrganismos degradadores de surfactantes possui relação

de comensalismo, sendo que há produção e liberação no meio, por um microrganismo, de

uma substância que outra espécie utiliza como substrato de crescimento (VAN GINKEL,

1996; NISHIYAMA et al., 1995). Já a relação de mutualismo pode ser encontrada entre

comunidades microbianas em ambientes naturais, após estudos sobre a mineralização do

alquilbenzenosulfonato linear e do cloreto de deciltrimetilamônio (HRSAK et al., 1982;

DEAN-RAYMOND e ALEXANDER, 1977).

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120

Outro consórcio microbiano foi representado por Pseudomonas e Xanthomonas, ao serem

analisadas através do metabolismo aeróbio do brometo de deciltrimetilamônio (DTM). Foi

observado que apenas a segunda bactéria cresceu sozinha na presença do insumo. Então,

através de técnicas de cromatografia, os subprodutos foram avaliados, uma vez que a não

ocorria completa degradação de DTM. Foram encontrados picos nos espectros dos

substratos, o que sugeriu que Xanthomonas oxida o carbono terminal da cadeia longa alquil

do composto quaternário de amônio quebrando-o em unidades acetil pela β-oxidação. A

presença de ácidos carboxílicos, liberados pelas Xanthomonas, pode ser de grande

importância como substrato para o crescimento das Pseudomonas, pois, os dois grupos de

microrganismos cresceram juntos na presença de DTM. Assim, provavelmente existe uma

relação de mutualismo entre os grupos, sendo que Pseudomonas fornece fatores de

crescimento para Xanthomonas, e essas convertem o DTM em compostos utilizados pelo

metabolismo das outras (DEAN-RAYMOND e ALEXANDER (1977).

Sabe-se também que a relação entre os microrganismos de uma cultura mista

provavelmente depende das condições ambientais. Em condições limitadas de fonte de

carbono para uma cultura mista de Burkholderia cepacia e Stenotrophomona maltophila,

não há dependência metabólica da primeira em relação à segunda, caracterizando uma

relação comensal. Mas em condições limitadas de nitrogênio, B.cepacia depende

metabolicamente da produção de amônio pelo metabolismo de S. maltophila, a qual é

dependente da produção de dimetilamina pela anterior. Neste caso, caracteriza-se uma

relação de mutualismo, sendo que um grupo dependente ativamente do outro (KROON e

VAN GINKEL, 2001).

Diante dessas diferenças nas taxas de biodegradação, foi selecionado o meio de cultura

caldo nutriente para que os testes de cinética pudessem ser realizados, pois esse apresentou

maior taxa de degradação na maior parte dos testes.

Por fim, dentre os isolados testados, a cultura K foi a que apresentou maior capacidade de

degradação das aminas, e assim foi escolhida para a realização de testes mais detalhados a

fim de determinar a cinética do consumo de aminas sob diferentes condições ambientais,

cujos resultados estão apresentados no item a seguir.

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121

5.7. CINÉTICA DE BIODEDEGRADAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS

PELAS LINHAGENS ISOLADAS EM DIFERENTES

CONCENTRAÇÕES E TEMPERATURAS

5.7.1. Aspectos Gerais

Os testes de cinética de biodegradação foram realizados com o isolado K e também com

todos os isolados juntos, utilizando apenas o meio de cultura caldo nutriente. Foram

testadas condições variadas de temperatura, 45, 40, 36,5, 30 e 20°C, de concentração de

éter-aminas, 25, 50 e 100mg.L-1

, e também de volume de cultura inoculado após 5 dias de

crescimento bacteriano. As análises das concentrações de éter-aminas foram realizadas, em

triplicata, pelo método do Orange II.

Na temperatura de 45°C, em todos os testes realizados (Anexo III), não foi observada

degradação do coletor, conforme ilustra a Figura 5.21. Esse fato pode ser explicado pela

capacidade de formação de esporos presente no gênero Bacillus. A presença de algum

estresse no ambiente induz a formação de esporos e como a temperatura de 45°C é bastante

superior à temperatura ambiente, esses microrganismos podem ter sido induzidos a produzir

esporos e esporulado, pois estão adaptados à temperaturas menores uma vez que são

bactérias presentes no meio ambiente terrestre.

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (3mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

Figura 5.21. Biodegradação das éter-aminas pelo isolado K - 3mL de inóculo, 50mg.L-1 de éter-amina e

diferentes temperaturas.

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122

O monitoramento das concentrações de éter-aminas durante 8 horas permitiu observar que a

temperatura influenciou a taxa de degradação, sendo que a temperatura de 40°C foi a que

apresentou maior taxa de degradação em todos os testes e a de 20°C a que apresentou a

menor taxa de redução da concentração. As temperaturas de 36,5 e 30°C apresentaram

taxas intermediárias às encontradas para 40 e 20°C.

Os testes que continham 3mL de inóculo apresentaram maior perfil de degradação, assim

como os testes com 1mL desse mesmo inóculo apresentaram a menor taxa de

biodegradação, característica essa observada para todas as condições de temperatura.

Não foram realizadas contagens do número de células, mas espera-se que para um mesmo

tempo de crescimento, às mesmas condições, o número de células presente no inóculo de

3mL foi maior que o número presente em 2mL e este maior que em 1mL. Dessa forma,

para um maior número de células presente em um mesmo sistema, a capacidade de

degradação é considerada maior do que quando a concentração de células é menor.

As concentrações de éter-aminas testadas não inibiram a atividade microbiana em nenhuma

condição analisada. Foi observado que em todas as condições houve degradação, sendo que

para os testes com todos os isolados à 25mg.L-1

, para 2 e 3mL, a concentração final, após 8

horas de observação foi próxima de zero. Mas nos testes realizados apenas com o isolado

K, a biodegradação das éter-aminas ocorreu até a concentração de 25mg.L-1

, nunca sendo

encontrada abaixo desse valor (Anexo III). Assim, devido à ausência de degradação após

25mg.L-1

, para o isolado K, parece haver uma inibição da atividade metabólica quando a

concentração chega nesse nível.

Não se sabe ao certo a rota de degradação das éter-aminas, mas esses resultados

encontrados para o isolado K são bastante curiosos e levantam a idéia de que os isolados

separadamente não apresentam o mesmo perfil de degradação de quando estão em conjunto

no meio ambiente, partindo para a idéia de que a presença de todos esses microrganismos

na barragem de rejeitos é de fundamental importância para que os coletores possam ser

completamente degradados.

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123

A relação entre os microrganismos de uma cultura mista provavelmente depende das

condições ambientais, sendo que um determinado organismo possa depender

incondicionalmente da presença de um outro e de produtos metabólitos desse, como em

condições limitadas de nitrogênio, em que a B.cepacia depende metabolicamente da

produção de amônio pelo metabolismo de S. maltophila, a qual é dependente da produção

de dimetilamina pela anterior, como ilustrado na Figura 3.10 (B) (KROON e VAN

GINKEL, 2001).

5.7.2. Determinação do modelo cinético

Os resultados dos testes de cinética com as condições variadas de temperatura,

concentração de insumo e volume de inóculo foram utilizados para construção do

modelamento cinético da biodegradação das éter-aminas, no qual foram testados os

modelos de Monod, primeira e segunda ordens. O modelo de ordem zero não é adequado,

em virtude do gráfico concentração em função do tempo não ser uma reta.

A Tabela 5.8 contém os coeficientes de determinação (R2) encontrados para o modelo de

Monod, conforme equação 3.7, aplicado ao isolado K e aos isolados em conjunto.

Tabela 5.8: Coeficiente de determinação (R2) para o modelo de Monod aplicado ao isolado K e aos isolados

em conjunto.

Isolado K Todos os isolados

Volume de cultura

Temperatura (0C)

3mL 2mL 1mL 3mL 2mL 1mL

R2 R

2 R

2 R

2 R

2 R

2

20 0,9450 0,9465 -0,94307 -0,45758 0,94678 0,52829

30 0,9450 -0,8369 0,94621 0,18322 -0,94353 0,50597

36,5 0,9464 0,9496 -0,94332 -0,79162 0,94443 -0,66041

40 0,9534 0,9487 0,95088 -0,9128 0,94553 -0,85928

45 0,7656 -0,8567 -0,85449 0,76234 -0,85671 -0,80292

Pode-se observar que os coeficientes de determinação encontrados mostram que o modelo

de Monod não representa a cinética de biodegradação das éter-aminas.

Os modelos de cinética de primeira e segunda ordens (equações 3.26 e 3.30,

respectivamente) foram também aplicados para os mesmos testes de biodegradação. A

Tabela 5.9 apresenta o coeficiente de determinação para os dois modelamentos. No caso da

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124

cultura K, na concentração de 25mg.L-1

, não foram testados os modelos, assim como para a

temperatura de 45°C em todos os testes, pois conforme discutido anteriormente, não ocorre

biodegradação nestes casos.

Tabela 5.9. Coeficientes de determinação (R2) encontrados para os modelos de primeira e segunda ordens

aplicado ao isolado K e aos isolados em conjunto.

Temperatura

(°C) / inóculo

Concentração inicial

de amina (mg/L)

100

(1°ordem) (2°ordem)

50

(1°ordem) (2°ordem)

25

(1°ordem) (2°ordem)

Volume de inóculo R2 R

2 R

2 R

2 R

2 R

2

20°C/

Isolados

1 mL 0,995 0,992 0,968 0,955 0,858 0,864

2 mL 0,993 0,989 0,982 0,994 0,989 0,984

3 mL 0,989 0,981 0,985 0,967 0,966 0,955

20°C/

Isolado K

1 mL 0,985 0,987 0,963 0,972 - -

2 mL 0,992 0,994 0,982 0,972 - -

3 mL 0,994 0,996 0,947 0,962 - -

30°C/

Isolados

1 mL 0,988 0,984 0,975 0,955 0,938 0,915

2 mL 0,996 0,984 0,993 0,989 -0,430 0,976

3 mL 0,992 0,983 0,978 0,940 0,97 0,950

30°C/

Isolado K

1 mL 0,986 0,989 0,986 0,981 - -

2 mL 0,996 0,992 0,993 0,987 - -

3 mL 0,994 0,997 0,953 0,971 - -

36,5°C/

Isolados

1 mL 0,990 0,985 0,987 0,976 0,968 0,944

2 mL 0,997 0,996 0,988 0,966 0,620 0,951

3 mL 0,992 0,978 0,969 0,893 0,974 0,896

36,5°C/

Isolado K

1 mL 0,981 0,986 0,975 0,974 - -

2 mL 0,997 0,998 0,988 0,992 - -

3 mL 0,984 0,994 0,951 0,976 - -

40°C/

Isolados

1 mL 0,995 0,988 0,989 0,978 0,985 0,967

2 mL 0,998 0,993 0,832 0,954 0,174 0,828

3 mL 0,989 0,955 0,947 0,817 0,977 0,835

40°C/

Isolado K

1 mL 0,995 0,990 0,974 0987 - -

2 mL 0,958 0,975 0,832 0,841 - -

3 mL 0,920 0,939 0,732 0,861 - -

De acordo com os coeficientes encontrados pode-se observar que os dados ajustam-se a

ambos os modelos. Mas, ao analisar as curvas teóricas tanto do modelo de primeira quanto

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125

de segunda ordem, conforme ilustra a Figura 5.22, verificou-se que o modelo de primeira

ordem foi o mais adequado (Anexo IV).

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica (a) (b)

Figura 5.22. Curva teórica. (a) primeira ordem; (b) segunda ordem.

A Tabela 5.10 apresenta os valores da constante de velocidade (K) obtidos, para a

biodegradação, considerando o modelo de primeira ordem.

Os valores de K para os testes com todos os isolados permite observar que, para 1 e 3mL de

inóculo, a velocidade de degradação tende à aumentar. Se o volume de inóculo é maior, a

quantidade de células presente no meio também é maior, o que justifica uma aceleração no

consumo do coletor. Os dados para 2mL de microrganismos com 25mg.L-1

, e alguns com

50mg.L-1

de éter-aminas, apresentaram-se muito baixos, indicando que possa ter ocorrido

algum erro durante as análises experimentais.

Para os testes realizados apenas com o isolado K, para todos os volumes de

microrganismos, mostraram que a taxa de consumo é maior na presença de maior volume

de células, exceto para as análises realizadas á 40°C, nas quais as taxas de degradação

mostraram-se semelhantes, não ocorrendo interferência do volume de inóculo.

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126

Tabela 5.10. Constantes de velocidades (K) para cinética de primeira ordem.

Concentração inicial de amina (mg.L-1

) 100 50 25

Temperatura(°C)/inóculo Volume de bactéria K (d-1) K (d-1) K (d-1)

20°C/Isolados 1 mL 0,027 0,029 0,025

2 mL 0,041 0,035 0,002

3 mL 0,058 0,094 0,058

20°C/Isolado K 1 mL 0,021 0,016 -

2 mL 0,041 0,035 -

3 mL 0,048 0,046 -

30°C/Isolados 1 mL 0,040 0,047 0,037

2 mL 0,056 0,052 0,003

3 mL 0,069 0,129 0,097

30°C/Isolado K 1 mL 0,034 0,030 -

2 mL 0,056 0,052 -

3 mL 0,070 0,066 -

36,5°C/Isolados 1 mL 0,051 0,069 0,066

2 mL 0,059 0,060 0,005

3 mL 0,094 0,175 0,186

36,5°C/Isolado K 1 mL 0,051 0,043 -

2 mL 0,075 0,060 -

3 mL 0,090 0,080 -

40°C/Isolados 1 mL 0,062 0,095 0,109

2 mL 0,074 0,067 0,001

3 mL 0,147 0,254 0,368

40°C/Isolado K 1 mL 0,178 0,085 -

2 mL 0,172 0,067 -

3 mL 0,162 0,061 -

Conforme modelo de Arrhenius, a constante de velocidade (K) de uma reação é expressa da

seguinte forma:

RT

EAK aexp0

Equação 5.1

Onde: K = constante de velocidade (d-1

)

A0 = fator-pré-exponencial

Ea = energia de ativação (J)

T = Temperatura absoluta (k)

R = constante dos gases ideais (8,314 J.K-1

.mol-1

)

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127

Desta forma um gráfico de lnK, utilizando a média das concentrações iniciais, versus 1/T

fornece a energia de ativação da reação, ou seja, inclinação –Ea/RT, como mostrado na

Figura 5.23.

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-3,8

-3,6

-3,4

-3,2

-3,0

-2,8

-2,6

-2,4

TODOS OS ISOLADOS (1mL)

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 14,25114 2,46969

B -5255,13293 751,98497

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

-0,98013 0,12491 4 0,01987

lnK

1/T (a)

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-3,7

-3,6

-3,5

-3,4

-3,3

-3,2

-3,1

-3,0

TODOS OS ISOLADOS (2mL)

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 5,65187 0,56949

B -2730,24585 173,40115

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

-0,99599 0,0288 4 0,00401

lnK

1/T

(b)

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128

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-2,8

-2,6

-2,4

-2,2

-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

TODOS OS ISOLADOS (3mL)

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 15,13701 3,53232

B -5244,16855 1075,53758

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

-0,96042 0,17865 4 0,03958

lnK

1/T (c)

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

ISOLADO K (1mL)

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 22,52754 8,07867

B -7813,22375 2459,83583

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

-0,91354 0,40859 4 0,08646

lnK

1/T (d)

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129

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-3,4

-3,2

-3,0

-2,8

-2,6

-2,4

-2,2

-2,0

ISOLADO K (2mL)

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 12,57396 4,37269

B -4668,52983 1331,41925

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

-0,92741 0,22115 4 0,07259

lnK

1/T (e)

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-3,2

-3,0

-2,8

-2,6

-2,4

-2,2

ISOLADO K (3mL)

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 9,67957 1,4272

B -3740,22184 434,56059

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

-0,98677 0,07218 4 0,01323

lnK

1/T (f)

Figura 5.23. Gráficos lnK x 1/tempo para cinética de primeira ordem (a, b, c) Todos isolados, 1, 2 e 3mL,

respectivamente. (d, e, f) Isolado K, 1, 2 e 3mL.

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130

Os coeficientes de determinação (R2) foram retirados destes gráficos e estão apresentados

na Tabela 5.11, juntamente às Ea (J) para cada sistema.

Tabela 5.11. Energia de Ativação (EA) e coeficiente de determinação (R2) para o modelo de primeira ordem.

Energia de Ativação (EA) (J) R2

Cultura mista (1mL) 43693,28 -0,98013

Cultura mista (2mL) 22700,36 -0,99599

Cultura mista (3mL 43602,11 -0,96042

Cultura K (1mL) 64962,27 -0,91354

Cultura K (2mL) 38816,02 -0,92741

Cultura K (3mL) 31097,70 -0,98677

Os cálculos das Ea do sistema permitem inferir que a concentração de inóculo do isolado K

está interferindo no processo de degradação do substrato, pois, quando havia apelas 1mL

dessa cultura crescida no sistema, a energia de ativação encontrada foi de 64.962,27J,

enquanto que para 2mL de microrganismos, a energia diminuiu para 38.816,02J e para 3mL

foi de 31.097,70J. Isso indica que quando mais células há no sistema, menor é a energia

necessária para que se inicie a degradação.

Quando se utilizou os isolados juntos, a energia de ativação encontrada para 1mL foi de

43.693,28J, enquanto para 2mL foi de 22.700,36J. Para 3mL de bactérias foram

encontrados 43.602,11J, valor muito semelhante ao encontrado para 1mL. A discrepância

encontrada para a Ea utilizando 2mL de inóculo pode indicar que esse modelo de primeira

ordem não está ajustando aos dados da biodegradação das éter-aminas para essas

condições, ou que possa ter ocorrido algum erro experimental. No entanto, encontrar

valores próximos para 1 e 3mL indica que o volume de microrganismos inoculados não

interferiu no proceso de degradação das aminas, sendo necessário uma mesma quantidade

de energia para iniciar o processo de degradação do coletor orgânico.

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131

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho pode-se concluir que:

O método do Verde de Bromocresol não foi adequado para a análises das éter-aminas

em cultivo e meio de cultura Caldo Nutriente e Bromfield modificado, porém a

interferência foi eliminada pela aplicação do método do Orange II para a

concentração das éter-monoamina e éter-diamina nos referidos meios de cultura.

A bactéria Serratia marcenscens não degrada as éter-monoamina e éter-diamina

quando presentes isoladamente em um sistema, mesmo na presença de minério de

ferro como substrato.

Um total de 22 isolados bacterianos foram obtidos das amostras brutas do rejeito

composto e da barragem de rejeitos da flotação do minério de ferro, sendo todos

caracterizados como indivíduos do gênero Bacillus, Gram-positivos e com

capacidade de produção de esporos. A identificação de um dos isolados, cultura K,

foi realizada com base na sequência do DNAr 16S como pertencente à espécie

Bacillus amyloliquefasciens.

Os testes de biodegradabilidade das éter-aminas pelos isolados mostraram que

separadamente o perfil de degradação é muito baixo, sendo que para alguns isolados

não foi encontrada nenhuma degradação do substrato. O isolado K foi o que

apresentou maior perfil de degradação individual das éter-aminas. Porém, quando

inoculados em conjunto, a cultura mista composta por todos os isolados apresentou

maior capacidade de degradação, e em alguns casos 100% da amina adicionada foi

degradada.

O estudo da cinética de degradação das éter-aminas mostrou que a temperatura

influencia a taxa de degradação, sendo que a 45°C não foi encontrada degradação

do coletor, a 40°C foi encontrada a maior taxa de degradação e a 20°C a menor taxa

de degradação do substrato.

O modelamento matemático da cinética de degradação mostrou que o modelo de

primeira ordem ajusta melhor aos dados, avaliado através dos coeficientes de

determinação encontrados, indicando que a velocidade de degradação das éter-

aminas é proporcional ao aumento do substrato.

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132

CAPÍTULO 7 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Determinar e quantificar os possíveis produtos formados pela degradação das éter-

aminas;

Identificar as bactérias detectadas pela técnica PCR-DGGE a fim de se conhecer a

diversidade bacteriana presente nas amostras;

Identificar outros microrganismos, tais como arquéias e fungos, nas amostras de

rejeito e determinar seu potencial de degradação de éter-aminas.

Investigar mecanismos de inibição destes microrganismos in situ a fim de minimizar a

degradação de éter-aminas no ambiente, permitindo o reuso dos coletores no

processo de flotação.

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144

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145

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147

CAPÍTULO 9 – ANEXOS

ANEXO I

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS MEIOS DE CULTURA

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148

CALDO NUTRIENTE

Peptona - 5 g

Extrato de Carne - 3 g

H2O destilada - 1000 ml

Ajustar o pH 7,0 antes de autoclavar.

* Para solidificar o meio, acrecentar 15g de ágar. O pH deve ser ajustado antes da adição.

BROMFIELD MODIFICADO

KH,PO4 – 0,5g

MgSO4. 7H2 - 0,2g

(NH4) 2SO4 – 1,0 g

Extrato de levedura – 0,15g

H2O destilada - 1000 ml

Ajustar o pH7,0 antes de autoclavar.

* Para solidificar o meio, acrecentar 15g de ágar. O pH deve ser ajustado antes da adição.

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149

ANEXO II

PROTOCOLO DE PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES

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150

TAMPÃO FOSFATO SALINO (PBS 10X)

NaCl - 80,0g; KCl - 2,0g; Na2HPO4 - 14,4g (Se dihidratado, usar 18g) (dissolver aos

poucos); KH2PO4 - 2,4g; 800 mL de água mili-Q para dissolver.

Completar o volume para 1000 mL e ajustar o pH7,2. Autoclavar e estocar em geladeira.

SDS10%

SDS (dodecil sulfato de sódio) – 10,0g; 100mL de água milli-Q.

Aquecer para dissolver. Acertar o pH7,2 e armazenar em temperatura ambiente.

FENOL/CLOROFÓRMIO/ÁLCOOL ISOAMÍLICO (24:24:1)

Fenol – 24mL; Clorofórmio – 24mL; Álcool isoamílico – 1mL).

Estocar à -20°C.

CLOROFÓRMIO/ÁLCOOL ISOAMÍLICO (24:1)

Clorofórmio – 24mL; Álcool isoamílico – 1mL).

Estocar à -20°C.

PBS 1X + PVPP 1%

PBS 10X – 2mL; Polivinilpolipirrolidona (PVPP) - 1g; Água mili-Q – 100mL

ACETATO DE SÓDIO (3M)

Acetato de sódio - 24,6g; H2O milli-Q – 100mL.

Filtrar em nitrocelulose

TRIS (tris(hiroximetil)aminometano) (2mM)

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151

Tris – 24,225g; H2O milli-Q – 100mL

TAE (tampão Tris-Acetato-EDTA, pH7,5) 50X

Tris-Base – 121,0g; Ácido acético glacial – 28,55mL; EDTA 0,5M – 50mL.

Acertar o volume para 500mL. Ajustar o pH7,5.

EDTA 0,5M

EDTA – 93,06g; Água destilada – 500mL

Ajustar o pH8,0

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152

ANEXO III

BIODEGRADAÇÃO DAS ÉTER-AMINAS

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153

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (3mL)

ÉTER-AMINAS - 25mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (3mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(a) (b)

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (3mL)

ÉTER-AMINAS - 100mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (2mL)

ÉTER-AMINAS - 25mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(c) (d)

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (2mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (2mL)

ÉTER-AMINAS - 100mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(e) (f)

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154

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (1mL)

ÉTER-AMINAS - 25mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (1mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(g) (h)

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO TODOS ISOLADOS (1mL)

ÉTER-AMINAS - 100mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(i)

Biodegradação das éter-aminas pelos isolados. (a, b,c) 3mL de cultura e 25, 50 e 100mg.L-1 de éter-aminas;

(d, e, f) 2mL de cultura e 25, 50 e 100mg.L-1 de éter-aminas; (g, h, i) 1mL de cultura e 25, 50 e 100mg.L-1 de

éter-aminas.

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (3mL)

ÉTER-AMINAS - 25mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (3mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(a) (b)

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155

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (3mL)

ÉTER-AMINAS - 100mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (2mL)

ÉTER-AMINAS - 25mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (HORAS)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(c) (d)

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (2mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (2mL)

ÉTER-AMINAS - 100mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(e) (f)

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (1mL)

ÉTER-AMINAS - 25mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (1mL)

ÉTER-AMINAS - 50mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(g) (h)

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156

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

BIODEGRADAÇÃO ISOLADO K (1mL)

ÉTER-AMINAS - 100mg.L-1

CO

NC

EN

TR

ÃO

(m

g.L

-1)

TEMPO (horas)

45°C

40°C

36,5°C

30°C

20°C

(i)

Biodegradação das éter-aminas pelo isolado K. (a, b, c) 3mL de cultura e 25, 50 e 100mg.L-1 de éter-aminas;

(d, e, f) 2mL de cultura e 25, 50 e 100mg.L-1 de éter-aminas; (g, h, i) 1mL de cultura e 25, 50 e 100mg.L-1 de

éter-aminas.

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157

ANEXO IV

CURVAS TEÓRICAS

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158

CINÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM – TODOS ISOLADOS

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

traç

ão

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 181: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

159

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/20°C)

Co

ncen

traç

ão

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

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90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 182: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

160

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

35

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

35

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

35

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

35

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 183: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

161

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

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70

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90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 184: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

162

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

traç

ão

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 185: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

163

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

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o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

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30

40

50

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100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 186: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

164

CINÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM – ISOLADO K

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 187: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

165

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

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70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 188: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

166

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

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60

70

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90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 189: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

167

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 190: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

168

CINÉTICA DE SEGUNDA ORDEM – TODOS ISOLADOS

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/25mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/50mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 191: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

169

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (3mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 192: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

170

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/25mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/50mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 193: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

171

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (2mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 194: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

172

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

5

10

15

20

25

30

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/25mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/40°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/50mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 195: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

173

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/30°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CURVA TEÓRICA

Todos isolados (1mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 196: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

174

CINÉTICA DE SEGUNDA ORDEM –ISOLADO K

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/50mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

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70

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100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 197: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

175

0 2 4 6 8

0

10

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30

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50

60

70

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100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

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100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (3mL/100mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/50mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

Page 198: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO‡ÃO... · Aos parceiros de iniciação científica, Marcos, Kênia, Luiza e Wellington, pela boa vontade, dedicação ao trabalho, pela perseverança

176

0 2 4 6 8

0

10

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30

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100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

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40

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100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

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CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

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100

110

CURVA TEÓRICA

Isolado K (2mL/100mg.L-1/20°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

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30

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50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/36,5°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

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177

0 2 4 6 8

0

10

20

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60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/50mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

çã

o (

mg

.L-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

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CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/40°C)

Co

ncen

tração

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

0

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CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/36,5°C)

Co

nc

en

tra

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(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

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CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/30°C)

Co

nc

en

tra

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(m

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-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

0 2 4 6 8

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CURVA TEÓRICA

Isolado K (1mL/100mg.L-1/20°C)

Co

nc

en

tra

ção

(m

g.L

-1)

Tempo (horas) Dados experimentais

Curva teórica

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178

ANEXO V

SOLUÇÕES PARA DGGE

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179

SOLUÇÃO DE ACRILAMIDA 30%

Acrilamida - 58,0g; Bisacrilamida - 2,0g.

Adicionar água destilada, misturando-se com um agitador magnético até a completa

dissolução. Completar volume para 100 mL. Armazenar no escuro e a 4°C.

SOLUÇÃO 0% DESNATURANTE

Acrilaminda 30% - 40mL; TAE 50X – 1mL; Água mili-Q – 159mL.

Armazenar no escuro e a 4°C.

SOLUÇÃO 80% DESNATURANTE

Acrilamida 30% - 40mL; TAE 50X – 1mL; Uréia – 67,6g; Formamida – 64mL.

Dissolver com a ajuda de um agitador magnético. Acertar o volume para 200mL com água

mili-Q. Armazenar no escuro e a 4°C.

APS (Persulfato de Amônio) 10%

APS – 0,2g; Água mili-Q – 2mL.

Armazenar no escuro e a 4°C.

PREPARO DE GRADIENTE 30% – 70%

Gradiente 30% Gradiente 70%

Solução 0% 7,5mL 1,5mL

Soluçao 80% 4,5mL 10,5ml

APS 10% 80µL 80µL

TEMED 5µL 5µL