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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas MARCAÇÃO DE ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS DO SISTEMA ABO COM NANOPARTÍCULAS FLUORESCENTES DE SEMICONDUTORES ANTONIO TEIXEIRA DE SALES NETO Recife-PE, Brasil Fevereiro, 2012

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Ciências Farmacêuticas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

MARCAÇÃO DE ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS DO SISTEMA ABO COM

NANOPARTÍCULAS FLUORESCENTES DE SEMICONDUTORES

ANTONIO TEIXEIRA DE SALES NETO

Recife-PE, Brasil

Fevereiro, 2012

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Ciências Farmacêuticas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

MARCAÇÃO DE ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS DO SISTEMA ABO COM

NANOPARTÍCULAS FLUORESCENTES DE SEMICONDUTORES

ANTONIO TEIXEIRA DE SALES NETO

(Bolsista CAPES)

Orientação: Profª Dra. Beate Saegesser Santos

Co-orientação: Profª Dra. Adriana Fontes

Recife-PE, Brasil

Fevereiro, 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPE como parte dos requisitos necessários para a obtenção de título de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

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Recife, 28 de fevereiro de 2012.

Defesa de Dissertação de Mestrado de Antonio Teixeira Sales Neto defendida e

APROVADA, por decisão unânime, em 28 de fevereiro de 2012 e cuja Banca

Examinadora foi constituída pelos seguintes professores:

PRESIDENTE E PRIMEIRA EXAMINADORA INTERNA: Beate Saegesser

Santos do Depto. de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de

Pernambuco - UFPE.

Assinatura:___________________________________

SEGUNDA EXAMINADORA INTERNA: Ana Cristina Lima Leite do Depto. de

Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.

Assinatura: ___________________________________

PRIMEIRA EXAMINADORA EXTERNA: Norma Lucena Cavalcante Licínio da

Silva do Depto. De Imunologia do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães da

Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ.

Assinatura: __________________________________

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

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Dedico este trabalho a minha mãe, Maria da Paz,

e minhas irmãs, Rosanny e Rosimery.

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A todos que me ajudaram nesta empreitada...

... a equipe do laboratório de Citometria de Fluxo da Fundação Hemocentro de Ribeirão

Preto: Patrícia Palma, Daiane dos Santos, Camila Menezes e Carmen Simão que me

receberam com muito carinho e atenção;

...a Fundação HEMOPE Recife, pelas amostras fornecidas;

...Dra. Valéria Pereira, pelo auxílio nas análises em citometria de fluxo no Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhães;

...do grupo de pesquisa NanoBio (Nanotecnologia Biomédica), que colaboraram

diretamente neste projeto pelo apoio essencial;

...minha co-orientadora, Profa . Dra. Adriana Fontes, pela valiosa contribuição e amizade;

...minha orientadora, Profa. Dra. Beate Saegesser Santos por ter aceitado me conduzir no

desenvolvimento deste trabalho e pelo conhecimento e disposição diante das minhas

limitações;

...e a todos que indiretamente contribuíram a cada dia...

...os meus fraternos agradecimentos.

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Resumo

Os Quantum dots (QDs) ou ponto quânticos vem sendo cada vez mais aplicados na área

de diagnóstico por fluorescência como uma alternativa mais estável em comparação com

os corantes orgânicos usualmente aplicados. Em comparação a estes, os QDs têm

características ópticas peculiares que os dão vantagens como: resistência ao

fotoescurecimento, possuírem um estreito espectro de emissão e uma larga banda de

absorção. Uma vez recobertos, estas nanoestruturas podem ser bioconjugadas a alvos

biológicos ou mesmo a anticorpos tornando-se fluoroimunoensaios com grande

especificidade. Este foi o objetivo deste manuscrito, onde CdS/Cd(OH)2 - emissão no

verde - tendo como agente estabilizante o polifosfato de sódio ([(NaPO3)]n) e CdTe

sintetizados com telúrio metálico, Cd(ClO4)2, ácido mercaptosuccínico (AMS) - emissão

no laranja - e ácido mercaptopropiônico (AMP) - emissão no verde - como agentes

estabilizantes, foram bioconjugados por formação de bases de Shiff e por adsorção a

anticorpos do sistema sanguíneo ABO e, posteriormente, usados na marcação simples (A

e B) e dupla (AB) de eritrócitos previamente fenotipados sendo o tipo O foi usado como

controle negativo. Os QDs foram caracterizados opticamente através de espectroscopias

de absorção e emissão e estruturalmente através de técnicas de microscopias eletrônica

de transmissão, pela qual pode ser confirmada a sua cristalinidade, e também a difração

de raio-X, revelando diâmetros médios de ~3 nm para o QD-AMS, ~2 nm para o QD-AMP

e ~7,5 nm para o CdS/Cd(OH)2. Através da Citometria de Fluxo, os sistemas QDs-

anitocorpos demonstraram especificidade obtendo-se valores de 28,4% para os

bioconjugados com CdS/Cd(OH)2-anti-A, 70,64% para o tipo A com o sistema CdTe/CdS-

anti-A em FL2 (canal laranja), 37,73% para o tipo B com o sistema CdTe/CdS-anti-B em

FL1 (canal verde) e 58,24% de dupla marcação detectada em ambos os canais. Os

resultados dos QDs CdS/Cd(OH)2, QD-AMS e QD-AMP bioconjugados a anticorpos do

sistema ABO mostram especificidade da técnica e abrem a possibilidade de

determinação de fenótipos fracos desse sistema. Além disso, serve de modelo para a

bioconjugação com outros anticorpos e consequentemente, para o diagnóstico de várias

doenças.

Palavras-chave: Quantum dots, imunohematologia, bioconjugação, adsorção.

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Abstract

The quantum dots (QD) or quantum point has been increasingly applied in the diagnostic

area fluorescence as a more stable in comparison with organic dyes is usually applied. In

comparison to these, QD have optical characteristics which provide unique advantages

such as resistance fotoescurecimento, having a narrow emission spectrum and a

broadband absorption. Once coated, these nanostructures to be bioconjugadas biological

targets or even becoming fluoroimunoensaios antibodies with high specificity. This was

the aim of this manuscript, where CdS/Cd(OH)2 - emission in the green - as having a

stabilizing agent sodium polyphosphate ([(NaPO 3)]n) and synthesized CdTe with tellurium

metal, Cd(ClO4)2, acid mercaptosuccínico (AMS) - emission in the orange -

mercaptopropionic acid (MPA) - emission in the green - as stabilizing agents, by formation

of bioconjugates were of Schiff bases and adsorption system ABO blood antibodies and

subsequently used in single marking ( A and B) and double (AB) of erythrocytes and the

type previously phenotyped O was used as negative control. The optically QD were

characterized by absorption and emission spectroscopies and structurally by techniques

of transmission electronic microscopy, in which can be confirmed its crystallinity, and also

the X-ray diffraction, showing an average diameter of ~3 nm to QD-AMS, ~2 nm for the

QD-AMP and ~ 7.5 nm for the CdS/Cd(OH)2. By Flow Cytometry, QD-anitocorpos

systems showed specificity to yield values of 28.4% for the bioconjugate with

CdS/Cd(OH)2 anti-a, 70.64% type A with the system CdTe-anti-A FL2 (channel orange),

37.73% type B with the system CdTe-anti-B-FL1 (green) and 58.24% of double labeling

found in both channels . The results of the QDs CdS/Cd(OH)2, QD-AMS and QD-AMP

bioconjugates to antibodies of the ABO system show specificity of the technique and open

the possibility of determining weak phenotypes of the system. Moreover, it serves as a

model for bioconjugation with other antibodies and hence for the diagnosis of various

diseases.

Keywords: Quantum dots, immunohematology, bioconjugation, adsorption.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

[(NaPO3)]n Polifosfato de Sódio

AMP Ácido Mercaptopropiônico

AMS Ácido Mercaptosuccínico

anti-A anticorpos anti-A

Anti-B anticorpos anti-B

Cd(ClO4)2 Perclorato de Cádmio

Cd(OH)2 Hidróxido de Cádmio

CdO Óxido de Cádmio

CdS Sulfeto de Cádmio

CdSe Seleneto de Cádmio

CdSe Seleneto de Cádmio

CdTe Telureto de Cádmio

EDC 1-etil-3-3-dimetilaminopropil-carbodiimida

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

FSC "Forward Scatter" ou Ângulo de dispersão Frontal

Fuc L-Fucose

G Guanina

g/mL Gramas por militro

Gal D-Galactose

GalNAc N-acetilgalactosamina

GlcNAc N-acetilglucosamina

Glut Glutaraldeído

HCl Ácido Clorídrico

HClO4 Ácido Perclórico

He Hemácias

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IgA Imunoglobulina A

IgG Imunoglobulina G

IgM Imunoblobulina M

ISBT International Society of Blood Transfusion

˗N=C= carbodiimida

NaOH Hidróxido de Sódio

nm Nanômetro

PBS 1X Tampão Fosfato

QD Quantum dots

SSC "Side Scatter" ou Ângulo de Dispersão Lateral

sulfo-NHS N-hidroxi-sulfo-sucinamida

TPSA Antígeno Prostático Específico Total

ua Unidades Arbitrárias

UV Ultra Violeta

ZnS Sulfeto de Zinco

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Emissão de suspensões contendo nanocristais de CdSe/ZnS de diferentes

diâmetros, excitadas com lâmpada na região do UV.

Figura 2: Esquema de um quantum dot (QD) passivado (camada cinza) e

funcionalizada com Glutaraldeído.

Figura 3: Fotodegradação em função do tempo. Linha superior: antígenos nucleares

marcados com CdSe 630 estreptavidina (vermelho) e microtúbulos

marcados com Alexa Fluor 488 (verde), simultaneamente. Linha inferior:

microtúbulos foram marcados com quantum dots 630-estreptavidina

(vermelho), e antígenos nucleares foram corados com Alexa 488 (verde). O

tempo de exposição é indicado em segundos.

Figura 4: Comparação dos perfis de emissão e excitação entre a Rodamina 6G e

CdSe (ua: unidades arbitrárias)

Figura 5: Comparação entre diferentes quantum dots e fluoróforos utilizados em

análises

Figura 6: Estruturas químicas dos Ácidos mercaptopropiônico AMP (superior) e

mercaptosuccínico AMS (inferior).

Figura 7: Bioconjugação de quantum dot (funcionalizado com terminações

carboxílicas) a anticorpos mostrando dois tipos de ligação, covalente e

sufidril-amina.

Figura 8: Modelo da membrana eritrocitária que carrega os grupos sangüíneos.

Figura 9: Síntese dos antígenos ABO.

Figura 10: Configuração de filtros e espelhos para compor 5 parâmetros específicos:

FSC, SSC e fluorescências verde, laranja e infravermelho (> 650nm).

Figura 11: Perfis de dot-plots de sangue total características das populações celulares

nos parâmetros FSC x SSC e posterior separação em Gates para análise

das populações mais homogêneas separadamente.

Figura 12: Exemplo de gráfico de citometria de fluxo mostrando em seus quatro

quadrantes a positividade e negatividade de marcação para dois antígenos

celulares numa população celular sendo analizados por fluoróforo

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detectados nos filtros FL1 e FL2 (verde e laranja, respectivamente).

Figura 13: Esquematização da bioconjugação QDs-anti-A e sua ligação aos antígenos

eritrocitários (1) e imagens de microscopia de fluorescência de hemácias

(2).

Figura 14: Esquema de síntese e passivação do CdS/Cd(OH)2 (1) (CHAVES, 2006,

adaptada); Aspecto final da suspensão (2) e a mesma sob UV (3).

Figura 15: Monitoramento visual das fases da redução do telúrio. A coloração violeta

refere-se à presença da espécie Na-Te-Te-Na(aq).

Figura 16: Solução precursora de cádmio (1) e a mesma após injeção de solução

contendo íons Te2- (2).

Figura 17: Aspecto final da suspensão de CdTe - AMS (1); Suspensões de AMS

(esquerda) e AMP (direita) (2) e as mesmas sob UV (3).

Figura 18: Da esquerda para direita tobserva-se as proporções de bioconjugados 50:1,

25:1 e 12,5:1 (v/v) do AMP (amareladas) e as mesmas proporções de

bioconjugados para o AMS ( esverdeadas).

Figura 19: Difratograma de raios-X de pó representativo de amostra de CdS/Cd(OH)2.

Figura 20: Espectros de Absorção e emissão normalizada do CdS/Cd(OH)2 (excitado

em 337 nm).

Figura 21: Difratograma de Raios-X de pó do CdTe - AMS.

Figura 22: Espectros de absorção e emissão normalizados da suspensão de CdTe -

AMS sintetizada.

Figura 23: Imagem HR-MET de nanopartículas de CdTe - AMS. Barra: 5 nm.

Figura 24: Difratograma de Raios X de pó de CdTe - AMP.

Figura 25: Imagens HR-MET de nanopartículas de CdTe - AMP. Barra: 2 nm.

Figura 26: Espectros de absorção e emissão normalizados da suspensão de CdTe -

AMP sintetizada.

Figura 27: Dot-plots obtidos na citometria de fluxo na marcação com CdS/Cd(OH)2. 1:

Células tipo A não marcadas; 2: Células tipo A incubadas com

CdS/Cd(OH)2-Glut; 3: Células tipo A incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-

A 100:1; 4: Células tipo A incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-A 20:1; 5:

Células tipo O incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-A 100:1.

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Figura 28: Histogramas de hemácias marcadas com CdTe - AMS - anti-A. 1: hemácias

tipo A com QD; 2: hemácias tipo A com QD-anti-A; 3: hemácias tipo O com

QD-anti-A.

Figura 29: Gráfico que demonstra a diferença percentual da marcação de hemácias

em duas concentrações diferentes quantificadas através de citometria de

fluxo.

Figura 30: Gráfico evidenciando a diferença percentual da marcação com a variação

de bioconjugado em cada amostra observada através de citometria de fluxo.

Figura 31: Dot-plots de hemácias duplo marcadas com QD - AMS e Glicoforina - FITC.

Em (1) hemácias tipo A evidenciando a dupla marcação e em (2) hemácias

tipo O demonstrando marcação apenas da glicoforina.

Figura 32: Gráfico dos percentuais de hemácias marcadas com bioconjugados após 2

h, 24 h e formalizados, observados através de citometria de fluxo.

Figura 33: Histogramas de hemácias tipo A (1) e tipo O (2) onde o bioconjugado CdTe

- AMS - anti-A foram incubados com as duas suspensões celulares a 1%.

Figura 34: Histogramas de hemácias tipo A (1) e tipo O (2) onde o bioconjugado CdTe

- AMP - anti-B foram incubados com as duas suspensões celulares a 1%.

Figura 35: Dot-plots da dupla marcação com os sistemas CdTe - AMS - anti-A e CdTe -

AMP - anti-B em hemácias tipo AB a 1% nas proporções 1,5:1 (1) e 3:1 (2)

bioconjugado:células.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Descrição dos componentes da síntese com seus respectivos valores para

cada QD preparado.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16

CAPÍTULO 2: OBJETIVOS .............................................................................................. 19

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 19

CAPÍTULO 3: REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................. 20

3.1 NANOESTRUTURAS ................................................................................................ 20

3.2 QUANTUM DOTS ....................................................................................................... 21

3.2.1 Aplicações Biológicas ............................................................................................. 23

3.3 SISTEMA ABO ............................................................................................................. 30

3.3.1 Grupos Sanguíneos ................................................................................................ 30

3.3.2 Sistema ABO ............................................................................................................. 31

3.3.3 Estrutura e Biossíntese do Sistema ABO......................................................... 33

3.4 CITOMETRIA DE FLUXO ......................................................................................... 35

3.4.1 Fundamentos ............................................................................................................ 35

3.4.2 Aplicações em Eritrócitos ...................................................................................... 40

CAPÍTULO 4: METODOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................... 42

4.1 QUANTUM DOTS DO TIPO CdS/Cd(OH)2 ......................................................... 42

4.1.1 Síntese e Passivação ............................................................................................. 42

4.1.2 Funcionalização ....................................................................................................... 43

4.1.3 Bioconjugação .......................................................................................................... 44

4.1.4 Imunomarcação Simples com CdS/Cd(OH)2 .................................................. 44

4.2 QUANTUM DOTS DO TIPO CdTe - AMS e CdTe - AMP ............................. 45

4.2.1 Síntese e Funcionalização .................................................................................... 45

4.2.2 Bioconjugação QDs - anticorpos ........................................................................ 48

4.2.3 Imunomarcação Simples com CdTe - AMS e CdTe - AMP ........................ 49

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4.2.3.1 Formalização (Fixação da Fluorescência) ................................................... 50

4.2.3.2 Imunomarcação Dupla com CdTe - AMS e CdTe - AMP ........................ 50

4.3. CARACTERIZAÇÃO ÓPTICA E ESTRUTURAL DOS QDs ......................... 51

4.3.1 Caracterização Estrutural ...................................................................................... 51

4.3.2 Caracterização Óptica ............................................................................................ 52

CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 54

5.1 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E ÓPTICA DOS QDs .......................... 54

5.1.1 Caracterização Óptica e Estrutural do CdS/Cd(OH)2 ................................... 54

5.1.2 Caracterização Óptica e Estrutural do CdTe - AMS ..................................... 56

5.1.3 Caracterização Óptica e Estrutural do CdTe - AMP ..................................... 58

5.2 ANÁLISES DE CITOMETRIA DE FLUXO ........................................................... 60

5.2.1 Imunomarcação Simples de Eritrócitos com CdS/Cd(OH)2........................ 60

5.2.2 Imunomarcações Simples com CdTe ................................................................ 62

5.2.2.1 Otimização parâmetros da marcação ............................................................ 63

Variação do Hematócrito .................................................................................................. 64

Avaliação da Concentração do Bioconjugado ........................................................... 65

5.2.2.2 Dupla Marcação QD e Glicoforina .................................................................. 65

5.2.2.3 Estabilidade do Bioconjugado após 24 horas e Formalização .............. 67

5.2.2.4 Imunomarcações Simples ................................................................................. 68

Hemácias tipo A com CdTe - AMS - anti-A ................................................................ 68

Hemácias tipo B com CdTe - AMP - anti-B ................................................................ 69

5.2.2.5 Imunomarcações Duplas ................................................................................... 70

5.2.2.6 Discussão ............................................................................................................... 71

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ................................................. 73

CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS ....................................................................................... 75

APÊNDICE I ......................................................................................................................... 80

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16

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Uma ferramenta muito útil como método de diagnóstico é a

imunofluorescência. Essa técnica baseia-se em uma reação imunológica revelada

com um corante fluorescente, ou fluorocromos, que conjugado a um anticorpo,

favorece a localização da reação entre os antígenos e os anticorpos conjugados.

Estas reações antígeno-anticorpo podem ser visualizadas por microscopias

adequadas ou outras técnicas como a citometria de fluxo e desta forma, o padrão

da fluorescência da sonda ou mesmo sua ausência podem ser utilizados na

obtenção de diagnósticos confiáveis e importantes para a clínica médica.

Na maioria dos casos, os marcadores fluorescentes empregados nesta, e

em outras técnicas de fluorescência, são corantes orgânicos com características

limitantes como a fotodegradação e a citotoxicidade. No campo de novos classes

de fluorocromos os quantum dots (QD), ou pontos quânticos, surgem como

alternativas viáveis e seguras com algumas características superiores aos

corantes orgânicos mais utilizados. Entre essas características podem ser citadas:

elevada fotoestabilidade; largo espectro de absorção; estreito espectro de

emissão; marcação de estruturas biológicas em células ou fixadas ou em

suspensão; emissão em diversos comprimentos de onda para um mesmo

material; obtenção de resultados com tempos de incubação da ordem de alguns

minutos e baixa citotoxicidade (SANTOS, 2008).

Foi publicado em 1982 por Henglein e colaboradores um dos primeiros

trabalhos sobre síntese e caracterização óptica de QDs de Sulfeto de Cádmio

(CdS) e co-colóides de Sulfeto de Cádmio e Zinco (CdS-ZnS) obtidos em meio

coloidal aquoso (HENGLEIN, 1982). Porém, apenas em 1998 é que essa nova

classe de materiais passou a ser utilizada com finalidades para análises

biológicas (ALIVISATOS, 1998; CHAN, 1998). Desde então, inúmeras aplicações

vem surgindo em diversos campos das ciências da saúde como no diagnóstico de

câncer (NIDA et al, 2005), em métodos microbiológicos (XUE, 2009) e em

imunohematologia (LIRA, 2010).

A aplicação biológica dos QDs é possível através da funcionalização das

nanopartículas onde os nanocristais inorgânicos são recobertos com moléculas,

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geralmente orgânicas, que farão o elo entre estes e os alvos biológicos que se

pretendem marcar. Podendo ser efetuadas funcionalizações com estruturas

complexas usando, por exemplo, concanavalina (SANTOS et al., 2006) ou

imunoglobulinas (FARIAS et al., 2005). A funcionalização com imunoglobulinas,

por exemplo, permite a marcação de antígenos específicos, tais como os do

sistema ABO, importantes para a classificação sangüínea.

O sistema ABO norteia transfusões sangüíneas e, até mesmo, transplantes

de órgãos, visto a distribuição destes antígenos em várias células do corpo.

Dependendo da tipagem sangüínea de um indivíduo, a imunoglobulina anti-A e/ou

anti-B presentes no soro do indivíduo naturalmente podem constituir uma barreira

para as transfusões de sangue e para o transplante de órgãos ABO incompatíveis

(BATISSOCO & NOVARETT, 2003). Desta forma, transfusões de sangue com

antígenos não compatíveis podem levar a graves reações imunológicas

chamadas reações ou incidentes transfusionais que podem ocorrer com o

paciente durante ou após a transfusão sangüínea podendo levá-lo a morte

(LUDWIG & ZILLY, 2011).

Apesar dos anticorpos monoclonais anti-A e/ou anti-B reconhecerem e

aglutinarem a maioria dos grupos do sistema ABO, a determinação daqueles que

apresentam baixa expressão de antígenos é laboratorialmente trabalhosa, tendo

que algumas vezes utilizar protocolos morosos e até mesmo técnicas de biologia

molecular. Além disso, nos subgrupos ou variantes, há uma distinção na

quantidade de antígenos e consequentemente também no padrão de distribuição

destes nos eritrócitos A, B e O (H) (HOSOI, 2008) o que pode dificultar o método

de hemaglutinação utilizado comumente.

Desta forma, a imunofluorescência com fluorocromos mais estáveis e

versáteis, seja avaliada por microscopias ou pela citometria de fluxo, apresenta-se

como uma ferramenta útil para as análises imunohematológicas, e diagnósticas,

através da verificação dos padrões e perfis de intensidade de fluorescência

característicos de cada tipo celular analisado. Por conseguinte, estes aspectos

motivaram a realização deste trabalho onde QDs foram preparados,

caracterizados e bioconjugados a anticorpos do sistema ABO para a fenotipagem

de eritrócitos através da citometria de fluxo. Foram realizadas marcações com

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QDs com emissões no verde e no laranja, além de duplas marcações simultâneas

com corantes orgânicos e QDs, e com dois QDs distintos.

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CAPÍTULO 2: OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Marcação de antígenos eritrocitários do sistema ABO com QDs do tipo

CdS/Cd(OH)2 e CdTe conjugados a anticorpos anti-A e anti-B, respectivamente,

para imunofenotipagem do sistema ABO usando quantificação por citometria de

fluxo como metodologia de avaliação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Síntese de QDs do tipo CdS/Cd(OH)2 em meio aquoso e

funcionalizados com glutaraldeído;

2. Síntese de QDs do tipo CdTe em meio aquoso e funcionalizados com

ácido mercaptosuccínico (AMS) ou ácido mercaptopropiônico (AMP);

3. Caracterização óptica e estrutural dos nanocristais obtidos;

4. Bioconjugação dos nanocristais aos anticorpos anti-A e anti-B;

5. Imunomarcação, com os bioconjugados, eritrócitos do tipo A e do tipo B

usando o tipo O como controle negativo;

6. Quantificação das células marcadas por citometria de fluxo.

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CAPÍTULO 3: REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 NANOESTRUTURAS

Nos últimos anos, pesquisas em química e física têm focado em grande

parte na síntese de nanopartículas de semicondutores, metálicas e/ou

magnéticas, tais como: nanofios, pontos quânticos (quantum dots), nanotubos e

nanobastões.

As razões para isso são as novas propriedades que esses materiais

apresentam por estarem em escala nanométrica, as quais geram novas

aplicações em vários campos extremamente importantes, como, por exemplo, em

catálise, revestimentos, têxteis, armazenamento de dados, biotecnologia e

indústrias biomédicas e farmacêuticas (DRBOHLAVOVA et al., 2009).

A utilização de nanopartículas, com ênfase na química coloidal, aliada às

técnicas microscópicas, eletroquímicas e espectroscópicas, tem gerado grande

contribuição para a melhoria da visualização e caracterização de materiais

biológicos nas últimas décadas. O uso de diferentes sondas nanoestruturadas

(como, por exemplo, nanopartículas de metais e óxidos, nanotubos de carbono e

nanoestruturas poliméricas) associadas a biomoléculas vem sendo utilizadas

tanto em técnicas físico-químicas que auxiliam uma melhor compreensão de

sistemas biológicos bem como em ferramentas terapêuticas. A síntese de novos

marcadores fluorescentes, como os QDs, tem possibilitado o aumento da

capacidade de visualização, manipulação, caracterização de sistemas biológicos

e no desenvolvimento de aplicações médicas (CHAVES, 2006).

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3.2 QUANTUM DOTS

Quantum dots, ou nanocristais de semicondutores, são uma nova classe de

marcadores fluorescentes de tamanhos nanométricos constituídos de poucas

centenas a poucos milhares de átomos que exibem propriedades ópticas

diferentes dos cristais macroscópicos do mesmo material, conhecidos como

“bulks”. (MICHALET, 2008).

Eles são geralmente formados de materiais binários de átomos dos grupos

II - VI, III - V ou IV - VI da tabela periódica e possuem propriedades ópticas

diferenciadas dos materiais originais macroscópicos (devido aos efeitos de

quantização dos estados eletrônicos que descrevem o material) as quais podem

superar as apresentadas pelos corantes orgânicos convencionais (MEDINTZ,

2005; MICHALET, 2008). Controlando-se o tamanho dos quantum dots, pode-se

conseguir a sintonização do comprimento de onda de emissão para um mesmo

material. As partículas menores tendem a emitir em regiões próximas ao azul,

enquanto que as maiores devem apresentar luminescência em regiões mais

próximas ao vermelho chegando ao infravermelho (CHAVES, 2006;

DRBOHLAVOVA, 2009).

A Figura 1 mostra dez diferentes emissões de cor do quantum dot

CdSe/ZnS excitado com uma lâmpada próxima ao UV (Ultravioleta). Da esquerda

para a direita, do azul ao vermelho, a emissão máxima é localizada em 443, 473,

481, 500, 518, 543, 565, 587, 610 e 655 nm.

Figura 1: Emissão de suspensões contendo nanocristais de CdSe/ZnS de diferentes diâmetros, excitadas com lâmpada na região do UV. (FORTINA, 2005)

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A síntese das nanopartículas pode ser feita basicamente de duas formas:

“top-down” e “bottom-up”. No caso do “top-down”, se constrói um material

macroscópico e esse vai sendo desgastado, por um laser, até se chegar à

estrutura e no tamanho desejado. Já no “bottom-up”, o material é construído

juntando-se átomos e/ou moléculas através de reações químicas (SCHMID,

2004).

A síntese coloidal, um exemplo de síntese bottom up, ocorre por reações

que permitem relativo controle da nucleação e crescimento dos nanocristais. O

precursor é uma molécula, ou um complexo, que contem um ou mais átomos

necessários para o crescimento do nanocristal que uma vez introduzidos na

reação, se decompõem, dando forma a uma nova espécie reativa (os

monômeros). Estes irão causar a nucleação e o crescimento dos nanocristais

suspensos em meio líquido (CHAVES, 2004).

A síntese coloidal de QDs pode ser realizada em meio orgânico ou aquoso.

A síntese em solvente orgânico envolve tipicamente três principais componentes:

um ou vários precursores organometálicos, algum surfactante orgânico e um

solvente, todos misturados juntos no mesmo recipiente (MICHALET, 2008). Neste

caso o crescimento dos cristais é controlado pela reação a temperaturas altas

(200 - 300oC). Recentemente QDs fluorescentes usados para imagem biológica

tem sido obtidos através de reações químicas de precursores inorgânicos a

temperaturas relativamente baixas (80-90oC). De uma forma geral a síntese dos

QDs envolve duas etapas principais, a formação do núcleo (core) e a passivação,

que é a formação de uma casca de algumas monocamadas de átomos

(conhecida por shell). A função desta nova camada é reduzir a quantidade de

defeitos presentes na superfície dos nanocristais, que surgem a partir de ligações

não compartilhadas. A nova camada balanceia o equilíbrio iônico destas ligações

aumentando a eficiência da emissão original do cristal através da formação de

uma camada fina de um novo semicondutor com melhor fluorescência. A

formação da casca pode ser induzida pela deposição de outro composto numa

etapa posterior á formação do core ou pela reação de hidrólise dos agentes

estabilizantes a base de tióis, os quais acabam sendo incorporados na estrutura

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externa das partículas. Esta deposição de certa forma ocorre de forma não

controlada e contínua.

A ligação com sistemas biológicos se dá através da funcionalização dos

nanocristais, uma etapa na qual pequenas moléculas orgânicas, capazes de

formar interações químicas com a superfície dos quantum dots, introduzem novos

grupos funcionais a estes para que possam se complexar com diferentes

componentes biológicos (CHAVES, 2006). A Figura 2 mostra o esquema de um

quantum dot passivado e funcionalizado, pronto para a bioconjugação.

Figura 2: Esquema de um quantum dot (QD) passivado (camada cinza) e funcionalizada com Glutaraldeído.

3.2.1 Aplicações Biológicas

Os QDs são nanopartículas com notáveis propriedades ópticas com

aplicações in vivo, in vitro e in situ (CHAN, 2002; SUKHANOVA & NABIEV, 2008).

Quando conjugados à biomoléculas específicas QDs tem sido utilizados em

hibridização de DNA, imunoensaios e imagens fluorescentes de cortes

histológicos com tempo limitado. Podemos dividir suas aplicações em dois

principais grupos, a saber: biosensores e marcadores para imagens biológicas

(DRBOHLAVOVA, 2008).

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Diferentes cristais apresentando diferentes cores de emissão podem ser

usados para imagens simultâneas em marcações internas e/ou de superfícies de

células vivas. Além disso, com uma camada inerte recobrindo-os acredita-se que

os nanocristais adquirem menor toxicidade em relação a alguns corantes

orgânicos. Outra importante vantagem é a alta fotoestabilidade que permite o

monitoramento em tempo real de caminhos/processos intracelulares por longos

períodos, minutos ou até horas (CHAN, 2002). Segundo Chan & Nie (1998), a

emissão do CdSe (t1/2= 960 s) é quase 100 vezes maior que a da rodamina 6G

(t1/2= 10 s). A Figura 3 mostra o efeito do fotoescurecimento em uma marcação de

fibroblastos com CdSe- estreptavidina e AlexaFluor 488 (CHAN, 1998).

Figura 3: Fotodegradação em função do tempo. Linha superior: antígenos nucleares marcados com CdSe 630 estreptavidina (vermelho) e microtúbulos marcados com Alexa Fluor 488 (verde), simultaneamente. Linha inferior: microtúbulos foram marcados com quantum dots 630-estreptavidina (vermelho), e antígenos nucleares foram corados com Alexa 488 (verde). O tempo de exposição é indicado em segundos (MEDINTZ, 2005).

Os quantum dots são altamente luminescentes (a intensidade de

fluorescência de um único CdSe é de aproximadamente 20 moléculas de

rodamina 6G) (CHAN, 1998) e apresentam larga faixa de comprimento de onda

para excitação com picos de fluorescência simétricos e larguras relativamente

estreitas (20 - 50 nm). A Figura 4 ilustra o exemplo comparativo entre os perfis de

absorção e emissão do CdSe e da Rodamina 6G.

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Figura 4: Comparação dos perfis de emissão e excitação entre a Rodamina 6G e CdSe (ua: unidades arbitrárias) (CHAN, 2002).

Eles possuem comprimento de fluorescência ajustável pelo tamanho da

partícula. Sob circunstâncias ideais, estes nanocristais podem ter um elevado

rendimento quântico, elevada absorbância e faixas estreitas de emissão podendo

também fornecer diferentes emissões (mudando o tamanho dos nanocristais)

usando um único comprimento de onda para excitação. O que significa que com

diferentes composições químicas e diâmetros eles podem substituir todos os

corantes orgânicos conhecidos utilizados nas suas atuais áreas de aplicação para

detecção e diagnóstico médico (SUKHANOVA & NABIEV, 2008), como

demonstrado na Figura 5. Teoricamente, com o uso de seis cores e dez níveis de

intensidade, pode-se marcar um milhão de proteínas ou seqüências de ácidos

nucléicos (CHAN, 2002).

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Figura 5: Comparação entre diferentes quantum dots e fluoróforos utilizados em análises (SUKHANOVA & NABIEV, 2008, adaptada)

Para que os QDs tenham especificidade por células e tecidos é necessário

fazer a suas conjugações com biomoléculas que sejam capazes de reconhecer

moléculas alvo nas células ou tecidos, como por exemplo, as imunoglobulinas.

Uma boa conjugação é aquela onde o sistema resultante tem compatibilidade

com os sistemas biológicos, como: pH fisiológico, baixa toxicidade, isotonicidade,

hidrofilicidade e que as propriedades fluorescentes das sondas e das

biomoléculas conjugadas sejam mantidas.

Os tipos de conjugações de QD com biomoléculas mais conhecidos são:

(1) utilização de um agente de acoplamento, como por exemplo, o EDC, 1-etil-3-

(3-dimetilaminopropil) carbodiimida; (2) ligação direta da superfície do QD com

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proteínas que tenham grupamentos tiol ou resíduos de polihistidina; (3) utilizando

o glutaraldeído formando bases de Schiff com a superfície do QD a qual contenha

grupamento amina, e após redução do glutaraldeído forma-se uma amina

secundária estável, e; (4) adsorção ou ligação não covalente (HERMANSON,

2008).

Especificamente para a conjugação de pontos quânticos funcionalizados

com moléculas que possuam grupamento carboxilatos como o ácido

mercaptopropiônico (AMP) ou o ácido mercaptosuccínico (AMS), pode-se utilizar

os agentes de acoplamento o 1-etil-3-3-dimetilaminopropil-carbodiimida (EDC) e o

N-hidroxi-sulfo-sucinamida (sulfo-NHS) para ativar esse carboxilatos e possibilitar

a formação de ligações amidas entre o QD e a proteína que se deseja conjugar. O

sulfo-NHS por meio de formação de seu intermediário (éster), que apresenta

maior estabilidade frente ao formado pelo EDC, ao interagir com uma amina

primária oriunda da proteína, promove a formação da ligação amida pela

conjugação. Isso ocorre via formação do intermediário reativo instável o-

acilisouréia, produto de um carbono do grupamento ˗N=C= (carbodiimida) da

molécula do EDC e o grupamento carboxilato dos QDs (HERMANSON, 2008). A

Figura 6 ilustra a estrutura do AMP e AMS.

Figura 6: Estruturas químicas dos Ácidos mercaptopropiônico AMP (superior) e

mercaptosuccínico AMS (inferior).

O glutaraldeído é uma molécula que contém dois grupamentos aldeídicos,

sendo um em cada uma de suas extremidades, esse fato possibilita a ligação

dessa molécula à porção amina das proteínas, formando bases de Schiff. Por

possuir essa afinidade por aminas o glutaraldeído pode ser usado como agente

funcionalizante inespecífico para qualquer tipo de proteínas ou como agente de

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ligação entre os QDs e biomoléculas capazes de se ligar especificamente a certas

estruturas biológicas, como os anticorpos. Para estas finalidades o glutaraldeído

deve ser utilizado em concentrações menores que 0,1%, pois em concentrações

maiores pode causar fixação de estruturas biológicas, bem como fazer ligações

indesejáveis ou inativar biomoléculas (MENEZES, 2006).

Um outro mecanismo de conjugação que pode ser feito como

anteriormente citado é a adsorção. Este é um termo utilizado para descrever o

fenômeno no qual moléculas que estão presentes em um líquido ou gás,

concentram-se espontaneamente sobre uma superfície sólida. O mecanismo de

adsorção é baseado em atrações hidrofóbicas (Van der Waals do tipo London) ou

por interação eletrostática, sendo, portanto, um método simples e flexível,

largamente utilizado atualmente e será o método adotado nesta monografia. Na

adsorção não há desnaturação do anticorpo como pode acontecer quando se usa

o EDC, sendo esta um método economicamente satisfatório pois dispensa o uso

de outras substâncias.

A adsorção de proteínas é um processo que tem um papel fundamental na

área de biomateriais. Na verdade, superfícies de biomateriais em contato com o

meio biológico, como sangue ou soro, são imediatamente revestidos por

proteínas. A adsorção passiva tem sido estudada extensivamente para

imobilização de imunoglobulinas em microplacas de poliestireno e em

microesferas (HERMANSON, 2008).

Independentemente do tipo de conjugação utilizado, três fatores são

crucias para o resultado final do conjugado: (1) o planejamento estratégico da

conjugação; (2) a capacidade de controlar com precisão as proporções de

QD/proteína; (3) resultados homogêneos com orientação homogênea das

proteínas na superfície do QD. No entanto, quando um desses três fatores não é

seguido criteriosamente podem ser produzidos conjugados de proteínas que não

são funcionais (MEDINTZ, 2005)

É grande o número de trabalhos de marcação de diversos antígenos como

proteínas e carboidratos, em vários imunoensaios (DRBOHLAVOVA, 2009).

Kerman et al. (2007) estudou a aplicação dos quantum dots em imunoensaio tipo

sanduíche para detecção de antígeno prostático específico total (TPSA), um

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importante marcador tumoral (KERMAN, 2007). Yang et al. (2004) desenvolveu

um imunoensaio para detecção de traços abaixo de 0,1 ng/mL de antígenos de

Hepatite B com sucesso (YANG, 2004; SEYDACK, 2005). Já Goldman et al.

(2004), desenvolveu vários trabalhos com anticorpos IgG para marcação de

diversos antígenos como, por exemplo, toxina colérica e enterotoxina

estafilocócica B (GOLDMAN, 2004; HUANG, 2005). A Figura 7 ilustra um exemplo

de duas possíveis ligações dos quantum dots a anticorpos.

Figura 7: Bioconjugação de quantum dot (funcionalizado com terminações carboxílicas) a anticorpos mostrando dois tipos de ligação, covalente e sufidril-amina (GAO, 2005, adaptada).

Alguns passos para o uso de anticorpos conjugados a quantum dots são

descritos por Zhang et al. (2003) onde a imunoreação ocorre no mesmo meio em

que o antígeno está disperso. Inicialmente os anticorpos são ligados a partículas.

Então esta suspensão é incubada com o meio contendo antígenos. Considerando

que uma molécula de antígeno pode ligar-se a dois anticorpos (e, portanto, a

nanocristais bioconjugados a eles), a imunoreação resulta, assim, em um

processo de agregação. A detecção é tipicamente baseada nas mudanças das

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propriedades ópticas, uma vez que duas ou mais partículas estão em íntima

proximidade (ZHANG, 2003; SEYDACK, 2005).

No campo da hematologia, podemos citar alguns trabalhos publicados que

descrevem o uso dos quantum dots CdSe/ZnS para marcação fixa de eritrócitos

humanos (TOKUMASU, 2003), linfomas de células T (HOSHINO, 2004) e

aplicações em citometria de fluxo (LIRA, 2010).

3.3 SISTEMA ABO

3.3.1 Grupos Sanguíneos

O mosaico fluido no qual constitui a membrana eritrocitária e os sistemas

de grupos sanguíneos são testemunhos inequívocos da hereditariedade onde a

diversidade expressa na membrana eritrocitária define a identidade biológica de

cada indivíduo (MURADOR, 2007).

O significado biológico da grande variedade de antígenos eritrocitários

ainda é pouco compreendido. E é possível que vários destes antígenos devem ter

proporcionado uma vantagem seletiva no passado para terem alcançado uma

freqüência maior que 1% na população humana. Algumas das funções atribuídas

a esses antígenos na superfície das hemácias incluem: transporte de membrana,

adesão celular, atividade enzimática e participação na eritropoiese (DANIELS,

2001).

A maioria dos antígenos eritrocitários corresponde a moléculas de

carboidratos associadas a proteínas da membrana plasmática, formando as

glicoproteínas, ou a moléculas de fosfolipídios da membrana, que forma os

glicolipídios (SAMPEDRO, 1998). A Figura 8 mostra um esquema de membrana

eritrocitária na qual estão representados alguns antígenos de grupos sangüíneos.

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Figura 8 - Modelo da membrana eritrocitária que carrega os grupos sangüíneos. (HOSOI,

2008, adaptada)

De acordo com International Society of Blood Transfusion (ISBT), existem

308 antígenos reconhecidos, dos quais 270 estão descritos em 30 sistemas de

grupos sanguíneos (DANIELS, 2001). O conhecimento destes tem contribuído

para o entendimento de alguns dos mecanismos básicos da herança genética e a

mais de um século de sua descoberta continua sendo de grande interesse prático

e conceitual (DEL PEON-HIDALGO, 2002).

3.3.2 Sistema ABO

Em 1900 o cientista austríaco Karl Landsteiner encontrou, através de

diferenças sorológicas no sangue de diferentes pacientes, três diferentes tipos

sangüíneos (A, B, e O) (LANDSTEINER, 1900). Dois anos depois, em 1902, von

DeCastello e Stürli, seus colaboradores, descobriram um quarto tipo, o AB (VON

DECASTELLO & STÜRLI, 1902). Estava formado assim o primeiro grupo

sanguíneo da história.

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O sistema de grupo sangüíneo ABO é até hoje considerado o mais

importante sistema de grupo sangüíneos na medicina clínica transfusional e é

caracterizado pela expressão de dois antígenos carboidratos (A e B) expressados

na membrana das hemácias. Não estando restritos apenas à membrana dos

eritrócitos, podendo ser encontrados também em uma grande variedade de

células como linfócitos, plaquetas, endotélio capilar venoso e arterial, células

sinusoidais do baço, medula óssea, mucosa gástrica, além de secreções e outros

fluidos como saliva, urina e leite (BATISSOCO & NOVARETTI, 2003). Possui

também dois anticorpos plasmáticos (anti-A e anti-B) que aparecem após o

nascimento (MATTOS & MOREIRA, 2004; HOSOI, 2008).

Indivíduos que não apresentam um antígeno particular de grupo sangüíneo

podem produzir anticorpos naturais contra aquele antígeno ausente. Quando os

eritrócitos do indivíduo possuem antígeno A e/ou B, os anticorpos

correspondentes, anti-A e/ou anti-B, estão ausentes no soro. Por outro lado, se o

indivíduo carece de antígenos A e/ou B, o plasma contém o anticorpo contra

ambos os antígenos ausentes. Por conseguinte, o indivíduo do tipo A terá

anticorpos anti-B no soro; o indivíduo do tipo B terá anticorpos anti-A no soro; o

indivíduo do tipo O terá isoanticorpos anti-A e anti-B no soro e, o indivíduo AB não

apresentará isoanticorpos no soro (BATISSOCO & NOVARETTI, 2003; HOSOI,

2008).

As imunoglobulinas anti-A e anti-B podem ser IgM, IgG ou IgA e alguns

soros podem conter as três classes. Indivíduos não imunizados possuem,

predominantemente IgM, embora, IgG e IgA também possam estar presentes.

Estes anticorpos não estão presentes em recém nascidos, mas aparecem no

primeiro ano de vida. Os anticorpos detectados no soro de neonatos são

usualmente IgG de origem materna, porém podem ocasionalmente ser IgM

produzidas pelo feto. Geralmente, aglutininas são detectadas primeiro aos três

meses de idade e continuam aumentando em título até alcançar níveis adultos

entre 5 e 10 anos (DANIELS, 2001).

Ainda não está totalmente esclarecida a razão pela qual o organismo é

estimulado a produzir anticorpos contra os antígenos A ou B ausentes, todavia,

aparentemente existem antígenos semelhantes às estruturas ABO na natureza

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que de algum modo produzem sensibilização natural. A hipótese mais

disseminada é a de uma reação cruzada com epítopos de antígenos expressos

em bactérias, vírus, plantas e até mesmo em alimentos que possuem estrutura

similar a dos antígenos A e B levando a produção destes anticorpos (DANIELS,

2001; HOLSOI, 2008).

Esse perfil que o sistema ABO apresenta quanto a distribuição de

antígenos e presença de anticorpos naturais circulantes contra o antígeno

ausente gera um grande obstáculo para a transfusão sangüínea podendo resultar

em respostas imunológicas expressivas entre os anticorpos preexistentes que se

ligam às células transfundidas, ou os anticorpos do sangue transfundido se ligam

às células do paciente (WITTIG, 2006).

Estas reações podem provocar: hemólise imediata, mediada pelo sistema

complemento; fagocitose extensiva das hemácias revestidas por anticorpos e

complemento; liberação exacerbada de hemoglobina que pode chegar a níveis

tóxicos para células renais; febre alta; choque; coagulação intravascular

disseminada, etc. (LUDWIG & ZILLY, 2007).

3.3.3 Estrutura e Biossíntese do Sistema ABO

Os alelos responsáveis por esses antígenos não os codificam diretamente,

pois são carboidratos, e não proteínas. Eles codificam enzimas chamadas

glicosiltransferases, que adicionam moléculas de carboidrato às moléculas de

proteína ou de lipídio presentes na membrana celular da hemácia anticorpos

(DANIELS, 2001). No caso do sistema ABO elas são responsáveis pela

transferência de resíduos específicos de açúcar. Estas enzimas catalisam as

reações de transglicolização entre o substrato aceptor e o açúcar receptor

(BATISSOCO & NOVARETTI, 2003).

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A transferase A, a α1→3-N-acetilgalactosamina transferase, e a transferase

B, a α1→3-N-galactosil transferase, têm estruturas similares, sendo que sua

especificidade será determinada pelos aminoácidos localizados próximos ao sítio

de ligação da enzima com seu respectivo açúcar resultando na adição dos

resíduos de N-acetilgalactosamina (GalNAc), transferase A, e Galactose (Gal),

transferase B, na ligação α1→3 da galactose terminal do antígeno H. O grupo

sangüíneo AB apresenta a atividade das duas transferases (A e B), enquanto o

grupo O não possui as transferases A e B, mas apresenta o antígeno H em

grande quantidade na superfície das hemácias tipo O pela ação da transferase H.

O primeiro passo para síntese dos antígenos ABO é a adição da L-fucose

na ligação α1→2 no terminal galactose (Gal) de um precursor comum ligado a

lipídeos ou proteínas pela α1,2-fucosiltransferase (H transferase), resultando no

antígeno H ou O. Seis diferentes tipos de precursores são conhecidos, sendo o

Tipo 1 (Galβ1→3GlcNAcβ-R) e o Tipo 2 (Galβ1→4GlcNAcβ-R) as estruturas mais

freqüentes. O Tipo 1 é a substância em secreções e tecidos e o Tipo 2 é o

antígeno da superfície da hemácias. Os antígenos A, B, O (H) na superfície dos

eritrócitos são definidos por carboidratos determinantes,

GalNAcα1→(Fucα1→2)3Galβ1→ 4GlcNAcβ-R, Galα1→(Fucα1→

2)3Galβ1→4GlcNAcβ-R e (Fucα1→ 2)Galβ1→ 4GlcNAcβ-R, respectivamente, os

quais são sintetizados a partir da estrutura do antígeno H pela ação das

glicosiltransferases específicas produtos dos genes ABO (PORETZ, 1972;

SHACHTER, 1973; HAKOMORI, 1984).

A Figura 9 esquematiza a biossíntese dos antígenos ABO a partir do

precursor tipo 2 que está na superfície dos eritrócitos.

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Figura 9: Síntese dos antígenos ABO. (HOSOI, 2008, adaptada)

3.4 CITOMETRIA DE FLUXO

3.4.1 Fundamentos

A citometria de fluxo é um recurso emergente na medicina que permite

uma rápida análise qualitativa e quantitativa de células em suspensão (NAKAGE,

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2005). Por meio desta técnica, propriedades físicas e biológicas de uma célula

podem ser estudadas. População e subpopulações celulares em uma amostra

podem ser determinadas pelo número e tipo de antígeno da membrana celular,

citoplasma ou mesmo do núcleo, propiciando a sua quantificação e classificação

imunológica (imunofenótipo) (GUILHERME, 2008). Ela também possibilita a

análise multiparamétrica, fornecendo informações adicionais tais como análise

simultânea de dois ou mais antígenos, e informações morfológicas (CAVALCANTI

JÚNIOR, 2004).

O citômetro de fluxo é o aparelho utilizado para avaliação da emissão de

fluorescência das células (FACS – “Fluorescence Activated Cell Sorter”) podendo

alguns aparelhos serem capazes de separar fisicamente as células, de acordo

com as características citométricas estabelecidas.

Sua estrutura é composta basicamete de três diferentes sistemas físicos

complementares:

1. de fluxo: onde com o auxílio de um líquido isotônico as células são

transportadas, uma a uma, na câmara de fluxo ou “flow cell” para que

sejam posicionadas no centro de um feixe de laser;

2. óptico: que consiste em um feixe de laser que ao interagir com a célula

sofre espalhamento e pode gerar fluorescência, que é captada por um

conjunto de filtros ópticos que separam estas pelos seus comprimentos de

onda para detecção;

3. eletrônico: responsável pela conversão dos sinais de luz detectados em

sinais eletrônicos que são processados e analisados por sistema

computacional.

A Figura 10 mostra uma representação de um citômetro FACScalibur

(Becton Dickinson, San Jose, CA, USA) para leitura de cinco parâmetros.

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Figura 10: Configuração de filtros e espelhos para compor 5 parâmetros específicos: FSC, SSC e fluorescências verde, laranja e infravermelho (> 650nm) (BD Bioscience, 2000, adaptada).

A suspensão é introduzida por aspiração no citômetro, e conduzida através

de um fluxo de líquido isotônico até a câmara de fluxo. Nesse compartimento, o

laser incide sobre cada célula, sendo uma parte, bloqueada frontalmente

("Forward Scatter" ou FSC) e outra parte dispersada lateralmente ("Side Scatter"

ou SSC). A fração FSC é relativa ao tamanho da célula e a SSC representa a

complexidade intracitoplasmática, que nas células sangüíneas caracteriza a

granulosidade interna (CAVALCANTI JÚNIOR, 2004). Correlacionando as

medidas FSC e SSC é possível diferenciar grupos celulares em uma população

de células heterogêneas. Na Figura 11 são representadas diferentes populações

celulares onde o eixo X do gráfico representa a complexidade e granulosidade da

célula (SSC) e o eixo Y representa o tamanho da célula (FSC).

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Figura 11: Perfis de dot-plots de sangue total características das populações celulares nos parâmetros FSC x SSC e posterior separação em Gates para análise das populações mais homogêneas separadamente. (http://www.dpmdiagnostica.com.br/produtos_infinicyt.html, 2012)

Uma vez que uma célula ou partícula passa através da luz laser, os sinais

de SSC, FSC e os sinais de fluorescência, são encaminhados para

fotomultiplicadoras (detectores) através de um sistema de espelhos e filtros

ópticos. A detecção da fluorescência de um corante particular é otimizada através

da presença de um filtro na frente da fotomultiplicadora, o qual permite que

apenas uma faixa estreita de comprimento de onda atinja o detector. Esta faixa

espectral de luz está perto do pico máximo de emissão do corante fluorescente.

Esses filtros são chamados bandpass (passa banda). Por exemplo, o filtro

utilizado para o FITC (Isotiocianato de Fluoresceína) é rotulado 530/30. Este

número dá as características da banda espectral transmitida: 530 ± 15 nm. Outros

filtros utilizados no citômetro de fluxo são tipo shortpass (filtros que transmitem

comprimentos de onda da luz igual ou inferior a um determinado comprimento de

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onda), e o filtro tipo longpass, (o qual transmitem comprimentos de onda igual ou

superior a um determinado comprimento de onda) (BD Biosciences, 2000).

A incidência do laser sobre fluoróforos causará a emissão de luz de

diferentes comprimentos de onda (por exemplo: FITC - verde; Ficoeritrina -

laranja) que será captada pelos detectores/filtros (FL1, FL2), cujo número e

quantidade será dependente de cada aparelho (CAVALCANTI JUNIOR, 2004),

gerando o gráfico de resultados do tipo histogramas ou dot plot (Figura 11). Caso

as células expressem o antígeno em estudo, elas serão detectadas pelo citômetro

através da fluorescência emitida pelo marcador ligado ao anticorpo.

No caso da expressão de mais que um antígeno de interesse, pode-se

efetuar marcação múltipla e as células mostrarão diferentes combinações de

anticorpos - fluoróforos, dando o perfil multiparamétrico que a técnica possui, ou

seja, várias avaliações podem ser feitas ao mesmo tempo.

A imunofenotipagem consiste na identificação de populações de células

distintas com diferentes antígenos marcados com anticorpos fluorescentes

específicos (ROITT, 1999). Caso as células expressem o antígeno em estudo, ela

será detectada pelo citômetro, pois estarão marcadas com um anticorpo

conjugado a um fluorocromo. No caso das mesmas expressarem outros

antígenos para os quais se inclui a incubação com diferentes anticorpos

específicos, as células mostrarão diferentes combinações de anticorpos-

fluoróforos.

A Figura 12 mostra um exemplo de gráfico gerado para análise de

fluorescência.

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Figura 12: Exemplo de gráfico de citometria de fluxo mostrando em seus quatro quadrantes a positividade e negatividade de marcação para dois antígenos celulares numa população celular sendo analizados por fluoróforo detectados nos filtros FL1 e FL2 (verde e laranja, respectivamente).

3.4.2 Aplicações em Eritrócitos

Segundo Weiss (2002) a análise dos eritrócitos pode ser realizada usando

sangue total com anticoagulante ou com hemácias isoladas da camada

eritrocitária após a centrifugação. As aplicações da citometria de fluxo na

avaliação dos eritrócitos geralmente consiste na quantificação de reticulócitos,

pesquisa de eritroparasitas e detecção de anticorpos anti-eritrocitários (WEISS,

2000; NAKAGE, 2005). Além de detecção e quantificação de pequenas

populações de eritrócitos com alterações genéticas, de hemácias transfundidas e

de hemácias fetais em sangue materno (GARRATTY & ARNDT, 1999) e também

registros de trabalhos com imunofenotipagem do sitema ABO.

Farias e col. (2005) mostraram um novo capítulo nesse campo da

imunohematologia, bioconjugando QDs a anticorpos anti-A na marcação de

eritrócitos humanos e sua avaliação por microscopia de fluorescência Figura 13.

Outro trabalho utilizando QDs em células sanguíneas humanas foi o realizado por

Lira e cols. (2010) no qual análises por citometria de fluxo foram realizadas.

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Figura 13: Esquematização da bioconjugação QDs-anti-A e sua ligação aos antígenos eritrocitários (1) e imagens de microscopia de fluorescência de hemácias (2).

1 2

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CAPÍTULO 4: METODOLOGIA EXPERIMENTAL

4.1 QUANTUM DOTS DO TIPO CdS/Cd(OH)2

4.1.1 Síntese e Passivação

A síntese do CdS seguida da sua passivação com Cd(OH)2 foi realizada

segundo metodologia Weller e colaboradores (FOJTIK, 1984). A funcionalização

com Glutaraldeído (Glut) seguiu o trabalho de Menezes (2006).

O primeiro passo é a preparação das nanopartículas de sulfeto de cádmio

(CdS). Em um balão contendo água deionizada (95,5 mL) são adicionados

estabilizante polifosfato de sódio [(NaPO3)]n 0,0051 g/mL (com n igual à 9) (2,0

mL) e uma solução 0,01 molL-1 perclorato de cádmio Cd(ClO4)2 (2,5 mL)

preparado a partir de óxido de cádmio (CdO) (0,642 g) e ácido perclórico (HClO4)

(1,44 mL), também com água deionizada, e sob agitação. Para 0,005 mols de

CdO, foi utilizado 0,01 mol de HClO4.

Em seguida, o pH da solução é elevado com NaOH até o valor de 8,5;

(valor necessário para uma luminescência no comprimento de onda de 500nm

após passivação). O balão é vedado com um septum de borracha.

Com auxílio de uma seringa é adicionado à solução gás sulfídrico H2S (750

μl). A solução resultante é agitada continuamente durante 10 min, na qual após

este tempo observamos a mudança da coloração de incolor para amarelo.

Através desta observação, verificamos a formação das nanopartículas de sulfeto

de cádmio. A solução é mantida à temperatura de aproximadamente 10o C até a

passivação realizada aproximadamente após 24 h de preparação das

nanopartículas de sulfeto de cádmio.

Para esta etapa o pH da suspensão é novamente ajustado com solução de

NaOH, elevando-o para 10,5. Em seguida, é adicionado lentamente perclorato de

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cádmio Cd(ClO4)2 à 0,01 molL-1 (6 mL), sob agitação constante. A adição lenta do

Cd(ClO4)2 evita a formação de grandes aglomerados de hidróxido de cádmio.

O esquema geral da síntese e passivação do CdS/Cd(OH)2 está

demonstrado na Figura 14.

Figura 14: Esquema de síntese e passivação do CdS/Cd(OH)2 (1) (CHAVES, 2006, adaptada); Aspecto final da suspensão (2) e a mesma sob UV (3).

4.1.2 Funcionalização

Finda a etapa de passivação, segue-se a funcionalização do CdS/Cd(OH)2,

neste caso com Glutaraldeído (Glut), um agente bidentado utilizado para fixação

de células em microscopia, mas quando utilizado em pequenas quantidades,

pode ter outra função como a interação com as nanopartículas de CdS e dar a

estas a possibilidade de ligação a materiais biológicos (SALES-NETO, 2009).

A funcionalização dos nanocristais foi realizada usando-se Glut a 0,01% do

volume de suspensão de QD, deixando-os por 2 horas ao abrigo da luz antes da

bioconjugação. O pH foi corrigido para um valor próximo ao fisiológico usando-se

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NaOH e HCl (pH ~ 8.0), e após esta etapa, 14 mL de suspensão de QDs foram

funcionalizados utilizando-se 1,4 mL de Glut a 0,01%.

4.1.3 Bioconjugação

A partir da etapa de funcionalização, os QDs funcionalizados com Glut

foram incubados em duas proporções com anticorpos anti-A sendo elas: 100:1 e

20:1 QD-anti-A (v/v). Os sistemas ficaram overnight (tempo de 24 h) a

temperatura ambiente para a formação do bioconjugado CdS/Cd(OH)2 - Glut -

anti-A.

4.1.4 Imunomarcação Simples com CdS/Cd(OH)2

O sangue utilizado foi coletado a partir de vasos periféricos em tubo de

EDTA e posteriormente lavado, com PBS 1X ou solução salina (NaCl) a 0,9%,

para serem obtidos hematócritos a 5% suspensos no mesmo fluido isotônico

utilizado na lavagem. Os seguintes sistemas foram incubados na marcação sendo

a concentração CdS/Cd(OH)2 - Glut - anti-A:células, de 3:1 (v/v):

1. Suspensão de hemácias tipo A com QDs não funcionalizados (controle

negativo 1);

2. Suspensão de hemácias tipo A com QDs-Glut (controle negativo 2);

3. Suspensão de hemácias tipo A com QDs-Glut-anti-A 100:1;

4. Suspensão de hemácias tipo A com QDs-Glut-anti-A 20:1;

5. Suspensão de hemácias tipo O com QDs-Glut-anti-A 100:1.

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Após a incubação, o material foi submetido à centrifugação (rpm: 1800;

145 g) por 30 s e após este procedimento, o sobrenadante foi desprezado sendo

adicionado ao pellet de hemácias 500 µL por amostra teste.

4.2 QUANTUM DOTS DO TIPO CdTe - AMS e CdTe - AMP

4.2.1 Síntese e Funcionalização

QDs de CdTe em meio aquoso foram sintetizados a partir de uma

adaptação de metodologia publicada anteriormente Santos et. al, 2007 (SANTOS,

2007). A síntese é realizada usando-se dois balões nos quais segue-se o seguinte

procedimento para síntese de 100 mL de QD:

1. Em um balão (1) adiciona-se 0,013 g de telúrio (Te0) (Sigma Aldrich),

100 µL de NaOH a 2 M (ou 100 µL a 1 M) e 0,144 g de Boridreto de

Sódio (NaBH4) (Sigma Aldrich). Em atmosfera inerte, contendo

Nitrogênio (White Martins), necessária para a redução do Telúrio, a

reação seguirá sob aquecimento em temperatura controlada de 70 - 80°

C e sob agitação constante até a completa redução do telúrio. A

coloração desta reação passará de grafite inicialmente, passando por

um roxo vívido característico da espécie química Na-Te-Te-Na, até a

incolor (Te2-) que indicará o fim da redução; A Figura 15 ilustra as

etapas da redução do telúrio visivelmente notada através da variação

de coloração da solução. A formação de Te2- (incolor) passa pelo

intermediário Na-Te-Te-Na de coloração lilás.

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Figura 15: Monitoramento visual das fases da redução do telúrio. A coloração violeta refere-se à presença da espécie Na-Te-Te-Na(aq).

2. Em um segundo balão (2), o precursor de cádmio (Cd2+), 20 mL de

Cd(ClO4)2 (Sigma Aldrich) em solução aquosa de concentração 0,01 M

e o estabilizante escolhido, o ácido mercaptosuccínico (AMS) (Sigma

Aldrich), 0,3603 g em 5 mL de H2O, ou ácido mercaptosuccínico (AMP)

(Sigma Aldrich), 1,2 mL (4,9% (m/v) a pH 2,5), são adicionados. O pH

desta solução é ajustado para aproximadamente 10,5 sob a

temperatura ambiente;

3. O conteúdo do balão 1 é transferido com o auxílio de uma seringa para

o balão 2 e a reação prosseguirá sob agitação e refluxo com a

temperatura controlada entre 80 - 90° C por 4 h no caso do uso de AMP

como estabilizante e 8 h no caso do AMS. A Figura 16 mostra a solução

precursora de cádmio e o momento da injeção do telúrio reduzido.

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Figura 16: Solução precursora de cádmio (1) e a mesma após injeção de solução contendo íons Te2- (2).

Ao final do processo de síntese, as suspensões apresentaram-se límpidas

e com colorações acastanhadas para o AMS e laranja para o AMP, indicativo da

formação dos QD. A Figura 17 ilustra o aspecto da suspensão de QDs ao término

da síntese.

Figura 17: Aspecto final da suspensão de CdTe - AMS (1); Suspensões de AMS (esquerda) e AMP (direita) (2) e as mesmas sob UV (3).

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A proporção molar de síntese utilizada de Cd:Te:AMS e Cd:Te:AMP foram

2:1:2,4 e 2:1:5,7, respectivamente. A Tabela 1 descreve os volumes de cada

componente da síntese de 100 mL de QD.

Tabela 1: Descrição dos componentes da síntese com seus respectivos valores para

cada QD preparado.

Volume/Massa de

Estabilizante

(g/mL)

Volume de

Cd(ClO4)2

(mL)

Massa do

Telúrio

(g)

Massa de

NaBH4

(g)

CdTe - AMS 0,3603 g

(em 5 mL de H2O)

20,00 0,0130 0,1440

CdTe - AMP 1,2 mL a 4,9 % 20,00 0,0130 0,1440

4.2.2 Bioconjugação QDs - anticorpos

No caso deste QD, não há a etapa de funcionalização visto que os

estabilizantes já cumprem também esta função. Ao final da síntese, o CdTe já

está recoberto por AMS, ou AMP, que fará a ligação com a molécula alvo, neste

caso, anticorpos anti-A e anti-B, respectivamente.

O CdTe - AMS e CdTe - AMP foram bioconjugados com as biomoléculas, o

anticorpo monoclonal anti-A e anti-B (Fresenius Kabi e Lorne), respectivamente,

por adsorção (SHI, 2009). Foi realizado o ajuste do pH dos QDs para 8,0 e os

anticorpos ficaram em contato com os QDs por 2 horas a 25 ºC e ao abrigo da luz.

As proporções entre QD-AMS:anti-A e QD-AMP:anti-B foram de 50:1, 25:1 e

12,5:1 (v/v). A estabilidade dos bioconjugados também foi testada após 24 horas

de preparados. A Figura 18 ilustra os bioconjugados citados.

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Figura 18: Da esquerda para direita observa-se as proporções de bioconjugados 50:1, 25:1 e 12,5:1 (v/v) do AMP (amareladas) e as mesmas proporções de bioconjugados para o AMS ( esverdeadas).

4.2.3 Imunomarcação Simples com CdTe - AMS e CdTe - AMP

Dois hematócritos foram feitos a 5% e 1% com hemácias previamente

lavadas e ressuspensas no mesmo fluido isotônico utilizado na lavagem.

Os bioconjugados foram colocados em contato com uma suspensão a 5%

e 1% na proporção de bioconjugado:células de 3:1 (v/v) seguido de uma

incubação a temperatura ambiente por 30 minutos. Após esse tempo, o material

incubado foi submetido a uma lavagem com o tampão escolhido, sob

centrifugação (rpm: 1800; g: 652) por 30 segundos.

O pellet foi ressuspenso com 300 µL no mesmo tampão utilizado na

lavagem e posteriormente, foi analisado em um citômetro de fluxo FACScalibur

(Becton Dickinson, San Jose, CA, USA) e as análises foram realizadas com

aquisição de 10.000 eventos/células para os filtros FL1 (λ = 515 - 530 nm)

emissão correspondente a cor verde do CdTe - AMP, e FL2 (λ = 560 - 580 nm)

emissão correspondente ao alaranjado emitido pelo CdTe - AMS. Para fins de

comparação, todos os experimentos foram realizados nestas condições.

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O software utilizado para o tratamento dos dados foi o Cell Pro (Cell Quest

TM Software, Becton Dickinson Immunocytometry System, San Jose, CA, USA).

4.2.3.1 Formalização (Fixação da Fluorescência)

A tentativa de formalização foi realizada colocando-se um pool de

hemácias incubadas junto com 500 µL de PBS - Formol que consiste numa

solução de PBS 1X a 1% de formol. Esta solução é utilizada na rotina laboratorial

para fixação de fluorescência em amostras que não serão processadas na

citometria em um breve espaço de tempo logo após a incubação.

No momento da leitura, a amostra é centrifugadas nas mesmas condições

já citadas e o pellet formado é ressuspenso em 300 µL de PBS 1X ou salina 0,9%.

4.2.3.2 Imunomarcação Dupla com CdTe - AMS e CdTe - AMP

Os mesmos passos iniciais da marcação simples foram aplicados neste

experimento, porém as proporções de bioconjugados diferiram.

Na primeira situação 150 µL de cada QDs, CdTe - AMS e CdTe - AMP,

bioconjugados a anticorpos anti-A e anti-B, respectivamente, foram incubados

com uma suspensão de eritrócitos a 1% ficando em uma proporção final de 3:1

bioconjugado:células (150 µL de CdTe - AMS - anti-A + 150 µL CdTe - AMP - anti-

B: 100 µL de células tipo AB).

Já na segunda, 300 µL de cada bioconjugado supracitado foi colocado para

incubação com a suspensão de eritrócitos (300 µL de CdTe - AMS - anti-A + 300

µL CdTe - AMP - anti-B: 100 µL de células tipo AB).

Em resumo, duas proporções de bioconjugados foram aplicados nas

hemácias sendo estes 1,5:1 e 3:1 (v/v), de cada sistema (CdTe - AMS - anti-A e

CdTe - AMP - anti-B), para cada incubação.

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Posteriormente as mesmas condições de lavagem e centrifugação citadas

para a simples marcação foram realizadas como procedimento pré-analítico da

citometria.

4.3. CARACTERIZAÇÃO ÓPTICA E ESTRUTURAL DOS QDs

Para confirmar a formação dos QDs, bem como a sua qualidade, é

necessário caracterizá-las óptica e estruturalmente.

4.3.1 Caracterização Estrutural

Para confirmar a cristalinidade, a distribuição de tamanho e a geometria

desses QDs, é necessário caracterizá-las estruturalmente. Para esta finalidade

duas técnicas foram aplicadas: Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) e

Difração do Raio-X em pó (DRX).

A microscopia foi realizada através de MET de alta resolução em

Microscópio Eletrônico de Transmissão Tecnai - G2 - 20 - FEI 2006, 200 KV no

Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS). É indicado que as amostras

tenham uma espessura de 500 a 5000 Å e estas são depositadas em um suporte

de carbono apoiados em pequenas grades de níquel e cobre. A amostra é diluída

em água deionizada na diluição 1:5 e deixada em ultra-som por 15 minutos para

redispersão. Após este passo, 12 µL são pingados nas grades e espera-se secar

após 24 h em dessecador.

Os difratogramas foram obtidos no difratômetro da Siemens Nixford D5000

digital (com biblioteca cristalográfica), com radiação incidente Kα(Cu) = 1,542 Å,

voltagem de 40 KV e corrente de 40 mV. Os difratogramas de Raios-X foram

obtidos entre 2 = 10 e 60º.

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A preparação das amostras para esta técnica foi processada com a

precipitação dos nanocristais utilizando isopropanol na proporção 3:2 -

isopropanol:QD - (v/v) seguido de centrifugação por 15 minutos e g = 1585.

Posteriormente o sobrenadante é desprezado direto do tubo centrifugado

vertendo-o e o pellet foi ressuspenso no volume residual. O material ressuspenso

é então gotejado em uma lâmina fosca e é deixando secar lentamente dentro de

um dessecador para minimizar processos oxidativos das partículas.

Os difratogramas foram utilizados para calcular o diâmetro médio das

partículas a partir da largura da linha mais intensa dos difratogramas através da

fórmula de Scherrer (WEST, 1997)

0,9. = d.B.cos

onde:

d = diâmetro médio das partículas (em nm)

= comprimento de onda utilizado pelo instrumento ( = 0,1542 nm)

B = largura de linha do pico de difração na metade da intensidade máxima

(em radianos)

= ângulo de incidência do feixe de raios-X no pico do difratograma de

máxima intensidade

4.3.2 Caracterização Óptica

Através de espectroscopias de absorção e emissão, as nanopartículas

foram caracterizadas química, física e estruturalmente. Estas medidas foram

realizadas utilizando o instrumento UV/VIS Spectrophotometer, Perkin-Elmer,

modelo LLS 55, e o espectrofotômetro Ocean Optics, modelo HR4000, utilizando

a água ultra-pura como referência. Uma estimativa de tamanho das partículas

pode ser realizada através da interpolação com dados empíricos de outras

sínteses descritas na literatura. Para o tamanho das nanoestruturas de CdS foi

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utilizada a relação experimental feita por Vossmeyer et al. (1994) enquanto que

para CdTe foi utilizada a relação empírica de Dagtepe et al. (2007).

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CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E ÓPTICA DOS QDs

Para calcular o tamanho médio das nanopartículas sintetizadas através da

Difração de Raios - X foi aplicada a fórmula de Scherrer e em

complementaridade, a análise morfológica através da Microscopia Eletrônica de

Transmissão.

5.1.1 Caracterização Óptica e Estrutural do CdS/Cd(OH)2

A Figura 19 mostra um difratograma representativo das amostras

sintetizadas. Comparando os dados de difração com o banco de dados

internacional, JCPDS nº 75 – 2086 observou-se que a estrutura cristalina é cúbica

tipo blenda de zinco com picos de difração intensos em 2: 26,5; 32,29; 44,09;

52,16, correspondendo, respectivamente, aos planos cristalinos (111), (200),

(220) e (311) do semicondutor CdS (CHAVES, 2011).

O plano (111) foi utilizado para estimar o tamanho médio dos cristais

utilizando-se a equação de Debye-Scherrer resultando em um tamanho médio (d)

das partículas de d = 7,5 nm. Os picos alargados são característicos de amostra

de dimensões nanométricas.

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10 20 30 40 50 60

0

10

20

30

40

(311)(220)

(200)

Inte

nsid

ade

2(Graus)

(111)

Figura 19: Difratograma de raios-X de pó representativo de amostra de CdS/Cd(OH)2.

A Figura 20 mostra os espectros de absorção e emissão da suspensão de

CdS/Cd(OH)2-Glut utilizada nas marcações. Os espectros de absorção

concordam com dados anteriores obtidos na literatura para partículas com

diâmetro médio em torno de d = 6 nm (SANTOS, 2002). Observa-se que a banda

de emissão apresenta um máximo em = 493 nm, mas com um comportamento

log normal estendendo sua banda de emissão até a região do vermelho distante.

400 450 500 550 600400 600

Absorç

ao

Comprimento de Onda (nm)

Inte

nsid

ade N

orm

aliz

ada

Figura 20: Espectros de Absorção e emissão normalizada do CdS/Cd(OH)2 (excitado em 337 nm) .

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O espectro de emissão mostra emissão com coloração azul turqueza, com

uma largura de banda em torno de FWFH = 29 nm.

5.1.2 Caracterização Óptica e Estrutural do CdTe - AMS

A Figura 21 mostra o difratograma das amostras sintetizadas de

CdTe- AMS cujo pico mais intenso encontra-se em 2 = 23,8o.

20 30 40 50 60

0

5

10

15

20

25

30

35

2 (Graus)

Inte

nsid

ade (

u.a

.)

(111)

(220)

(311)

Figura 21: Difratograma de Raios-X de pó do CdTe - AMS.

Aplicando-se a equação de Scherrer, obteve-se o tamanho médio das

partículas de d = 3 nm. E através da equação de Dagtepe et al, (2007) cuja

estimativa é obtida empregando o valor do primeiro máximo de absorção, o

diâmetro estimado foi de d = 3,2 nm, em concordância com o resultado obtido

através de DRX.

A Figura 22 mostra os espectros de absorção e emissão representativos de

uma suspensão de CdTe - AMS sintetizada.

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0.0

0.5

1.0

1.5

450 500 550 600 650 700 7500.0

0.5

1.0

1.5

Absorb

ância

Inte

nsid

ade N

orm

aliz

ada

Comprimento de Onda (nm)

Figura 22: Espectros de absorção e emissão normalizados da suspensão de CdTe - AMS sintetizada.

Tomando como base o primeiro máximo de absorção em 551nm essas

nanopartículas apresentam um diâmetro aproximado de d = 3,2 nm (DAGTEPE,

2007; ROGACH, 2007) em concordância com as técnicas anteriores. O espectro

de emissão mostra emissão de coloração vermelho alaranjado e com largura de

banda FWHM = 49 nm.

Após análise das imagens obtidas a partir de MET das suspensões de QDs

(Figura 23) foi estimado uma faixa de dimensão de partículas d = 3 - 5 nm apesar

do difícil contraste e grande superposição das partículas.

Figura 23: Imagem HR-MET de nanopartículas de CdTe - AMS. Barra: 5 nm.

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Nas imagens observadas na Figura 23 podemos notar, apesar dos

aglomerados mais escurecidos, que existem arranjos definidos e lineares de

átomos em alguns pontos (círculos vermelhos denotando planos cristalinos

regulares) diferente das regiões mais claras e sem organização do fundo da

imagem que corresponde ao suporte usado para a análise. O arranjo de

pequenos pontos ordenados é indicativo da presença de planos cristalinos e

consequentemente, da presença de cristais bem definidos na amostra de CdTe -

AMS.

5.1.3 Caracterização Óptica e Estrutural do CdTe - AMP

Através da Figura 24, que representa o difratograma dos nanocristais de

CdTe - AMP sintetizados, obtivemos os dados estruturais dessa amostra: fase

cúbica, tipo blenda de zinco e com planos (111), (220) e (311)) característicos do

semicondutor CdTe.

20 30 40 50 60

0

5

10

15

20

25

Inte

nsid

ade (

u.a

.)

2 (Graus)

(111)

(220)

(311)

Figura 24: Difratograma de Raios X de pó de CdTe - AMP.

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Aplicando-se a equação de Scherrer, obteve-se um diâmetro médio das

partículas em torno de d = 2,6 nm. As imagens obtidas através de HR-MET

evidenciam partículas cristalinas e com dimensão nanométrica (Figura 25).

Figura 25: Imagens HR-MET de nanopartículas de CdTe - AMP. Os círculos verdes

delimitam o diâmetro das nanopartículas evidenciando os planos cristalinos. Barra: 2 nm.

Em ambas as imagens da Figura 25 os planos cristalinos são melhor

visualizados em contraste com o padrão do suporte (mais claro). Podem ser

observados nitidamente vários planos cristalinos se sobrepondo em diferentes

sentidos (horizontais, verticais, inclinados) confirmando a presença dos cristais de

CdTe - AMP.

A análise aproximada de estimativa de tamanho evidencia partículas entre

2 - 5 nm concordando assim com os dados empíricos para o tamanho das

nanopartículas obtidos pela análise de DRX.

A Figura 26 mostra os espectros de absorção e de emissão representativos

das suspensões de CdTe - AMP preparadas neste trabalho. Tomando como base

o primeiro máximo de absorção verificado nos espectros ( = 486 nm) e

aplicando-se a equação de Dagtepe et al (2007) o diâmetro estimado também foi

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de d = 2,6 nm. As caracterizações estrutural e óptica confirmaram o tamanho

nanométrico para o CdTe - AMP.

400 450 500 550 600 650 700

Inte

nsid

ade N

orm

aliz

ada

Comprimento de Onda (nm)

Absorb

ância

Figura 26: Espectros de absorção e emissão normalizados da suspensão de CdTe - AMP sintetizada

O espectro de emissão mostra emissão de coloração verde e com largura

de banda FWHM = 49 nm.

5.2 ANÁLISES DE CITOMETRIA DE FLUXO

5.2.1 Imunomarcação Simples de Eritrócitos com CdS/Cd(OH)2

Os primeiros experimentos realizados com os QDs marcando eritrócitos

foram obtidos utilizando-se nanocristais de CdS/Cd(OH)2 funcionalizados com

glutaraldeído (Glut). A capacidade de conjugação do glutaraldeído a proteínas e

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outras estruturas que possuam grupamentos amino já é bastante conhecida e

utilizada em bioensaios. Neste caso o glutaraldeído pode ser então utilizado como

agente funcionalizante inespecífico, permitindo a ligação de QDs, por exemplo, a

qualquer estrutura protéica; ou como agente intercalante entre QDs e

biomoléculas capazes de se ligar especificamente a certas estruturas biológicas

(MENEZES, 2006).

Nos presentes testes, uma suspensão de hemácias a 5%, previamente

lavada, foi incubada da seguinte forma:

1. Suspensão de hemácias tipo A com QDs não funcionalizados (controle

negativo 1);

2. Suspensão de hemácias tipo A com QDs-Glut (controle negativo 2);

3. Suspensão de hemácias tipo A com QDs-Glut-anti-A 100:1;

4. Suspensão de hemácias tipo A com QDs-Glut-anti-A 20:1;

5. Suspensão de hemácias tipo O com QDs-Glut-anti-A 100:1.

A Figura 27 ilustra o panorama obtido na citometria de fluxo para as

hemácias marcadas.

Figura 27: Dot-plots obtidos na citometria de fluxo na marcação com CdS/Cd(OH)2. 1: Células tipo A não marcadas; 2: Células tipo A incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut; 3: Células tipo A incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-A 100:1; 4: Células tipo A incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-A 20:1; 5: Células tipo O incubadas com CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-A 100:1.

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Neste experimento foram aplicados controles negativos para averiguação

de autofluorescência e quanto à inespecificidade do QD funcionalizado. Observa-

se, através da análise destes controles que, no dot-plot 1 que não houve detecção

de auto-fluorescência e no dot-plot 2, houve uma pequena marcação inespecífica

do QD-Glut que pode ser notada através da análise do dot-plot.

O dot-plot 3 (Figura 27) é o primeiro sistema teste. Observa-se a marcação

parcial das hemácias com o bioconjugado CdS/CdS(OH)2-Glut-anti-A num total de

28,40% da população. Já no dot-plot 4, que também apresentou marcação parcial

em FL1, a população marcada foi de 19,30%. O dot-plot 5 mostra a marcação das

hemácias tipo O (controle negativo papa o antígeno A) incubadas com o sistema

CdS/Cd(OH)2-Glut-anti-A 100:1 na qual não houve detecção de sinal de

fluorescência comprovando a especificidade do complexo aplicado.

De uma forma geral as marcações com CdS/Cd(OH)2 não foram muito

eficazes em termos quantitativos. Nestas pode ser observada muita marcação

inespecífica pela afinidade do Glutaraldeído com proteínas da superfície dos

eritrócitos e conseqüente inespecificidade da marcação (Figura 27). Isto fica

evidenciado quando é analisado o tipo A incubado com QD - Glut no qual

apresenta certa fração de marcação na ausência de anticorpos anti-A.

Porém há especificidade da técnica quando comparamos com os

resultados da incubação do QD-Glut-anti-A com o tipo O, o que alavanca a

possibilidade de expansão do uso de outros QDs na imunofenotipagem.

5.2.2 Imunomarcações Simples com CdTe

Depois do uso do CdS/Cd(OH)2, um segundo QD foi aplicado na busca de

melhores resultados. O CdTe estabilizado com AMS (emissão no laranja) foi

utilizado com anti-A para a marcação de hemácias tipo A obtendo-se os

resultados mostrados nos histogramas de citometria de fluxo (Figura 28).

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Figura 28: Histogramas de hemácias marcadas com CdTe - AMS - anti-A. 1: hemácias tipo A com QD; 2: hemácias tipo A com QD-anti-A; 3: hemácias tipo O com QD-anti-A.

Nestes resultados observa-se a especificidade esperada do bioconjugado

QD-anti-A para as hemácias tipo A em uma suspensão a 5%. No histograma 1,

7,24% da população apresentou marcação inespecífica. Já no dot-plot 2, 25,47%

da população apresentaram marcação, sendo 18,23% o valor sem

inespecificidade (valor descontado da fração relacionada à marcação in

específica). O dot-plot 3 não apresentou marcação das hemácias tipo O com o

bioconjugado QD-anti-A.

5.2.2.1 Otimização parâmetros da marcação

Dois parâmetros foram variados de forma a testar a eficiência da

bioconjugação de QDs de CdTe a hemácias: (i) variação da concentração de

hemácias (hematócrito) e (ii) variação da concentração relativa do bioconjugado

CdTe/Anti A. Nestes experimentos foram utilizados os QDs CdTe - AMS, anti-A e

eritrócitos do tipo A para todas as proporções de bioconjugados aplicadas.

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Variação do Hematócrito

Os testes realizados foram ordenados em busca do melhor protocolo para

o modelo experimental por adsorção proposto neste trabalho.

O primeiro teste foi uma rápida análise com a variação da concentração da

suspensão de hemácias. A concentração usual nos experimentos iniciais, e

também comumente aplicada nos bancos de sangue e laboratórios de análises

clínicas, é de 5% de hemácias lavadas em PBS 1X ou solução salina 0,9%

suspensas na mesma solução isosmótica da lavagem. Neste caso, foi utilizada

uma segunda concentração a 1% obtendo-se os resultados expressados no

gráfico comparativo da Figura 29.

Figura 29: Gráfico que demonstra a diferença percentual da marcação de hemácias em duas concentrações diferentes quantificadas através de citometria de fluxo.

Foi observado que na proporção inicial de QD:anticorpos, utilizada até

então de 50:1, a mudança da concentração da suspensão de hemácias de 5%

para 1% teve significativa relevância, aumentando a concentração de células

marcadas de 12,58%, na concentração a 5%, para 43,99% na concentração de

1% de hemácias. A concentração da suspensão de hemácias a 1% ficou

estabelecida como sendo a melhor para os experimentos.

Estes experimentos foram realizados com o QD CdTe - AMS - anti-A em

eritrócitos do tipo A com relação bioconjugado:células de 3:1.

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Avaliação da Concentração do Bioconjugado

O segundo teste realizado visou chegar a uma relação ideal da proporção

bioconjugado:suspensão de hemácias (1%). Neste caso as proporções de

QD:anticorpos foram 50:1, 25:1 e 12,5:1, chamadas de bioconjugado 1,

bioconjugado 2 e bioconjugado 3, respectivamente. Estas foram testadas e na

Figura 30 através do gráfico comparativo 2 podemos ver os resultados.

Figura 30: Gráfico evidenciando a diferença percentual da marcação com a variação de bioconjugado em cada amostra observada através de citometria de fluxo.

Nesse teste observa-se que a proporção mais relevante foi a de 25:1 com

76,87% de marcação das hemácias, em comparação com 50,22% de marcação

no caso de 50:1. A proporção de 12,5:1 não apresentou marcação. A hipótese

para este fenômeno é que uma maior quantidade de anticorpos nesta proporção

dificulta a interação do bioconjugado com o antígeno tanto pela maior oferta de

anticorpos não conjugados como pela maior formação de hemaglutinados.

5.2.2.2 Dupla Marcação QD e Glicoforina

A Glicoforina é uma proteína específica da membrana dos eritrócitos com a

função de transporte de açúcares e que confere um caráter hidrofílico às

hemácias permitindo que estas circulem sem aderir a outras células ou aos vasos.

As glicoforinas podem ser subdivididas em três tipos: Glicoforina A, a mais

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abundante, B e C e está presente em todos os eritrócitos independente da

tipagem ABO.

Esta proteína foi utilizada como marcador para a confirmação de que a

população marcada nos experimentos era essencialmente de hemácias e assim

comprovar que o procedimento de preparo da suspensão de eritrócitos é eficaz.

A Figura 31 ilustra os dot-plots com hemácias A e O, marcadas com

QD:anti-A na proporção 25:1 com a relação bioconjugado:células de 3:1.

Figura 31: Dot-plots de hemácias duplo marcadas com QD - AMS e Glicoforina - FITC. Em (1) hemácias tipo A evidenciando a dupla marcação e em (2) hemácias tipo O demonstrando marcação apenas da glicoforina.

No dot-plot 1 (Figura 31), onde foram marcadas hemácias tipo A, observa-

se que houve significativa contagem de eventos no quadrante superior direito com

93,36% de marcação dos eritrócitos. A dupla marcação foi efetuada com CdTe -

AMS:anti-A, captado em FL2 (laranja), e glicoforina - FITC, captado em FL1

(verde).

No dot-plot 2, com hemácias marcadas tipo O, observa-se que no

quadrante inferior direito houve a maior marcação de células, contabilizando

93,36% de eventos. Pode-se verificar também que o quadrante superior esquerdo

não apresentou células marcadas.

A análise destes dois dot-plots confirma que a população marcada nos

experimentos é essencialmente de eritrócitos. Outra observação relevante é a

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constatação de que os bioconjugados têm especificidade, visto a não marcação

do tipo O no teste.

Por último, neste teste, fica evidenciado o potencial dos QDs para o uso em

marcações simultâneas com corantes orgânicos já usados em uma gama de

finalidades sem que haja a interposição de sinais e obtendo-se boa resolução.

5.2.2.3 Estabilidade do Bioconjugado após 24 horas e Formalização

Mesmo já sendo notada significativa queda do sinal após 24 h de

bioconjugação, a formalização, para aplicação em QD, não se mostra aplicável

resultando em significativa perda da detecção de fluorescência.

Outro teste realizado foi a verificação da estabilidade do bioconjugado após

24 h de sua formulação sendo este aplicado a eritrócitos nas mesmas condições

do teste realizado no dia da bioconjugação. O sistema aplicado neste caso foi o

CdTe - AMS - anti-B em eritrócitos tipo B na proporção bioconjugado:células de

3:1.

Os resultados dispostos na Figura 32 evidenciam que houve uma redução

no número de eventos contabilizados para o mesmo bioconjugado após 24 h da

sua formulação. Os testes foram realizados nas mesmas condições e o

bioconjugado ficou armazenado overnight sob refrigeração (2-8°C).

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0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%

2h 24h Formol

47,75%

24,43%

6,74%

Percentual demarcação

Figura 32: Gráfico dos percentuais de hemácias marcadas com bioconjugados

após 2 h, 24 h e formalizados, observados através de citometria de fluxo.

A formalização é uma técnica usada para a fixação da fluorescência onde

uma solução de PBS 1X - formol é adicionada nas células marcadas para que

estas sejam observadas muito tempo depois da incubação sem que haja perdas

de detecção. A técnica é utilizada na rotina laboratorial sem que haja prejuízo na

leitura da amostra quando esta for analisada na citometria de fluxo.

Neste teste o sistema CdTe - AMS - anti-B foi aplicado em hemácias tipo

B. A mesma amostra de bioconjugado lida na citometria posteriormente foi

formalizada e lida após 24 h.

5.2.2.4 Imunomarcações Simples

Hemácias tipo A com CdTe - AMS - anti-A

Esta marcação foi realizada efetuando os mesmos passos anteriormente já

descritos e utilizando o Bioconjugado 2 (25:1 - QD:anti-A) e a proporção de

bioconjugado:células foi de 3:1. O QD utilizado foi o CdTe - AMS.

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A Figura 33 mostra os histogramas obtidos nestes testes. Através do

histograma 1 notamos que a população celular que apresentou marcação foi de

70,64%. No histograma 2, onde o controle negativo é o tipo O, notamos quem não

há evidências de marcação.

Figura 33: Histogramas de hemácias tipo A (1) e tipo O (2) onde o bioconjugado CdTe - AMS - anti-A foram incubados com as duas suspensões celulares a 1%.

Hemácias tipo B com CdTe - AMP - anti-B

Esta marcação foi realizada efetuando-se os mesmos passos

anteriormente já descritos e utilizando o Bioconjugado 2 (25:1 - QD:anti-A) e a

proporção de bioconjugado:células foi de 3:1. O QD utilizado foi o CdTe - AMP.

A Figura 34 mostra os histogramas obtidos nestes testes. Através do

histograma 1 notamos que a população celular que apresentou marcação foi de

37,73%. No histograma 2, controle negativo tipo O, nota-se que não há evidência

de eventos.

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Figura 34: Histogramas de hemácias tipo A (1) e tipo O (2) onde o bioconjugado CdTe - AMP - anti-B foram incubados com as duas suspensões celulares a 1%.

5.2.2.5 Imunomarcações Duplas

Neste teste a dupla marcação com QDs foi realizada sendo aplicados os

sistemas CdTe - AMS - anti-A e CdTe - AMP - anti-B em eritrócitos tipo AB a 1%

sendo o controle negativo o tipo O.

A Figura 35 mostra o panorama das marcações através dos dot-plots

obtidos por citometria de fluxo.

Figura 35: Dot-plots da dupla marcação com os sistemas CdTe - AMS - anti-A e CdTe - AMP - anti-B em hemácias tipo AB a 1% nas proporções 1,5:1 (1) e 3:1 (2) bioconjugado:células.

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Através da imagem dos dot plots apresentados na Figura 36 fica

evidenciada a dupla marcação no quadrante superior direito dos dot-plots 1 e 2.

No dot-plot 1, com a proporção bioconjugado:células de 1,5:1 (metade do volume

aplicado nos testes de simples marcação) verificou-se que houve uma contagem

de 58,24% de eritrócitos duplo-marcados. No mesmo dot-plot, no quadrante

inferior direito, referente à detecção do CdTe - AMP, verificamos uma contagem

de 23,65%. No quadrante superior esquerdo não é observada a marcação que

seria correspondente ao CdTe - AMS.

No dot-plot 2 verificamos uma evolução no percentual de marcação

detectado. Neste, a contagem foi de 77,75% no quadrante superior direito. Os

volumes utilizados neste teste correspondem aos aplicados nas marcações

simples onde a proporção bioconjugado:células é de 3:1. No quadrante inferior

direito, referente à detecção do CdTe - AMP, 16,82% dos eritrócitos foram

marcados.

5.2.2.6 Discussão

A técnica de adsorção empregada para os QDs de CdTe, seja com AMS ou

AMP, evidencia melhor reprodutibilidade que a funcionalização realizada com Glut

apresentando o mínimo de marcação inespecífica. Relatos na literatura indicam

que o mecanismo de adsorção é baseado em ligações hidrofóbicas/hidrofílicas

através de forças de Van der Waals podendo também ocorrer por interações

eletrostáticas entre os grupos tióis disponíveis do CdTe - AMS/AMP e os

anticorpos (SHI, 2009).

Existem alguns pontos que ainda podem ser observados apontando para

possíveis melhorias: (i) ajuste da temperatura ideal para a bioconjugação, (ii)

osmolaridade da suspensão de hemácias e QDs, (iii) estabilidade e manutenção

das propriedade ópticas dos QDs na pós manipulação e (iv) outros fatores, como

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amostras de sangue coletadas em outro anticoagulante, são variantes que podem

melhorar a eficiência da ligação entre o anticorpo e as nanopartículas.

Também observamos que aumentando a quantidade de anticorpo, há

aumento significativo da aglutinação dificultando a quantificação da marcação e

aumentando a quantidade de debris nas análises.

A utilização da adsorção como metodologia de conjugação por não ser tão

efetiva provavelmente leva a oferta de poucos conjugados por células justificando

o fato de não se conseguir a plena marcação em populações celulares 100%

positiva para o antígeno alvo. Neste ponto, vale ressaltar que quaisquer variações

de PI (Ponto Isoelétrico) da proteína e da carga do QD, podem mudar a sua

probabilidade de acontecer.

Nos experimentos de simples marcação nota-se que há um maior

percentual de eventos evidenciados quando foi utilizado CdTe - AMS comparado

ao CdTe - AMP. A explicação para essa evidência é a presença de dois tióis na

estrutura molecular do AMS que facilitam as interações dos QDs com os

anticorpos e assim proporcionam uma maior adsorção mais efetiva no sistema

CdTe - AMS - anticorpo.

Nos testes relativos à estabilidade do bioconjugado com o tempo e

tentativa de formalização observou-se através dos resultados que este só é

estável para algumas horas após a bioconjugação QD-anticorpo. Houve

significativas perdas de marcação com o tempo de 24 h provavelmente pela perda

da atividade da biomolécula visto que ainda houve detecção de sinal de

fluorescência mesmo que em menor número de eventos. Já a tentativa de

formalização não se mostrou aplicável possivelmente pela possibilidade de

reação das nanopartículas com o formol.

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CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

As sínteses dos QDs utilizados nesse experimento foram realizadas com

sucesso e os dados das caracterizações óptica e estrutural confirmaram o

tamanho nanométrico para as nanopartículas de CdS/Cd(OH)2 de 6 nm, CdTe -

AMS de 3 nm e CdTe - AMP de 2,6 nm. Todas fluorescências dos QDs foram

detectáveis na citometria de fluxo.

Os resultados obtidos na citometria de fluxo usando eritrócitos humanos

fenotipados quanto ao sistema ABO, mostraram que a técnica pode ser usada na

imunofenotipagem celular usando QDs como fluoróforos com excelente detecção.

Os QDs de CdTe com anti-A e anti-B, se mostraram eficazes e com alta

especificidade conseguindo-se até 70,64% de marcação com o CdTe - AMS e

37,73% com o CdTe - AMP nas marcações simples. Já em marcações duplas, os

QDs de CdTe se mostraram eficazes conseguindo-se até 77,75% de população

duplo-marcadas nos experimentos realizados. O controle negativo (tipo O) não

apresentou marcação em nenhum experimento comprovando assim, que os

anticorpos mantiveram a sua funcionalidade biológica.

O protocolo proposto neste trabalho pode ser considerado de baixo custo

visto que os equipamentos aplicados já são utilizados como rotina dos

hemocentros para imunofenotipagem e, além disso, as nanopartículas são

sintetizadas em meio aquoso com pouca quantidade de reagentes e volumes

muito pequenos são utilizados nos processos de bioconjugação.

A manipulação dos QDs é fácil e mais rápida quando comparada com as

técnicas de biologia molecular e possui grande sensibilidade quando comparada

com as reações de hemaglutinações, aplicadas rotineiramente na

imunofenotipagem dos grupos sanguíneos nos bancos de sangue, especialmente

quando se trata da investigação de subgrupos.

A técnica proposta demonstra grande potencial de inovação tecnológica na

complementaridade de testes de imunofenotipagem do sistema ABO e seus

subgrupos, apresentando-se também, como um modelo para outras aplicações na

imunofluorescência.

Como perspectivas para a continuidade deste trabalho tem-se:

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(i) busca de uma bioconjugação por ligações covalentes que não desnature

os anticorpos;

(ii) bioconjugação com anticorpos para outros antígenos de detecção mais

laboriosa;

(iii) marcação e avaliação da distribuição de sub-grupos sanguíneos (A1,

A2, B1, B2, etc);

(iv) associação da citometria de fluxo com técnicas de microscopias de

fluorescência e;

(v) validação da técnica.

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CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS

<http://www.dpmdiagnostica.com.br/produtos_infinicyt.html> acesso em 19/01/2012;

ALIVISATOS, P. et al. Semiconductor nanocrystals as fluorescent biological labels. Science, v. 281, p. 2013 - 2016 (1998);

BATISSOCO, A. C. & NOVARETTI, M. C. Z. Aspectos moleculares do Sistema Sangüíneo ABO. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. v. 25, n. 1, p. 47 - 58 (2003);

BD Bioscience. Introduction to Flow Cytometry: A Learning Guide, manual Part Number 11-11032-01, 2000;

BIRD, G.W. Relationship of the blood sub-groups A1, A2 and A1B, A2B to hawmagglutinis presente in the deeds of Dolichos biflorus. Nature. v. 170, p. 674 (1952);

CARTRON, J.P.; GERBAL, A.; HUGHES-JONES, N.C.; SALMON, C. Weak A phenotypes relationship between red cell agglutinability and antigen site density. Immunology. v. 27 (4), p. 723 - 727. (1974);

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APÊNDICE I

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