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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE EXPERIMENTAL DE PILARES EM AÇO FORMADO A FRIO SOB ALTAS TEMPERATURAS COM DILATAÇÃO TÉRMICA LIVRE E RESTRINGIDA LEONARDO MEDEIROS DA COSTA Fevereiro/2013 Recife/PE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO...temperaturas com dilatação térmica livre e restringida. Recife, 2013. Dissertação (Mestrado) – Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE PILARES EM AÇO FORMADO A FRIO

SOB ALTAS TEMPERATURAS COM DILATAÇÃO TÉRMICA

LIVRE E RESTRINGIDA

LEONARDO MEDEIROS DA COSTA

Fevereiro/2013

Recife/PE

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Análise experimental de pilares em aço formado a frio

sob altas temperaturas com dilatação térmica livre e restringida

Leonardo Medeiros da Costa

Dissertação de Mestrado apresentada à Comissão de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração de Engenharia de Estruturas.

Orientador: Prof. PhD. José Jéferson do Rêgo Silva

Fevereiro/2013

Recife/PE

iii

Catalogação na fonte

Bibliotecária Margareth Malta, CRB-4 / 1198

C837a Costa, Leonardo Medeiros da.

Análise experimental de pilares em aço com perfis formados a frio

submetidos a altas temperaturas com dilatação axial livre e restringida /

Leonardo Medeiros da Costa. - Recife: O Autor, 2013.

190 folhas, il., tabs.

Orientador: Prof. Dr. José Jéferson do Rêgo Silva.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2013.

Inclui Referências e Anexos.

1. Engenharia Civil. 2. Forno Elétrico. 3. Estruturas em situação de

incêndio. 4. Pilares. 5. Perfis formado a frio. 6. Níveis de carregamento. 7.

Dilatação térmica axial. 8. Restrição à dilatação. I. Silva, José Jéferson do

Rêgo. (Orientador). II. Título.

UFPE

624 CDD (22. ed.) BCTG/2014-224

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

A comissão examinadora da Defesa de Dissertação de Mestrado

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE PILARES EM AÇO FORMADO A FRIO

SOB ALTAS TEMPERATURAS COM DILATAÇÃO TÉRMICA

LIVRE E RESTRINGIDA

defendida por

Leonardo Medeiros da Costa

Considera o candidato APROVADO

Recife, 28 de fevereiro de 2013

Banca Examinadora:

___________________________________________

Prof. Dr. José Jéferson do Rêgo Silva – UFPE

(orientador)

___________________________________________

Prof. Dr. Walnório Graça Ferreira – UFES

(examinador externo)

__________________________________________

Prof. Dr. Romilde Almeida de Oliveira – UFPE

(examinador interno)

__________________________________________

Prof. Dr. Ézio da Rocha Araújo – UFPE

(examinador interno)

v

AGRADECIMENTOS

Aos Céus, em princípio.

Póstumo: ao meu pai.

À minha mãe, que beira ao tudo!

À minha irmã, irmãos e amigos que,

de quando em quando,

confundem-se em um.

À família que esteve presente!

Ao prof. Jéferson pelo apoio e esforço incondicional

e por acreditar no meu trabalho.

A FINEP/MCT e a Rede RISTEC.

Aos professores da pós-graduação, sem exceção.

Aos professores Paulo Régis e Ézio Araújo pelo apoio e sugestões.

A Tiago Ancelmo pela contribuição para o programa experimental.

Aos técnicos Ezequiel e Cazuza.

Ao bolsista Pablo.

À empresa Zipco e aos colegas de trabalho, todos!

Às pessoas que o Recife me proporcionou.

Ao empecilho – que dá tropeço, empurra

e num golpe inverso, lança-me à frente.

Àquele dia, que nem lembro bem.

Mas sim, a ele.

E sem fuçar à busca de elo:

laçar todos num aperto cego.

Sou grato.

vi

RESUMO

COSTA, L.M. Análise experimental de pilares de aço formado a frio sob altas

temperaturas com dilatação térmica livre e restringida. Recife, 2013.

Dissertação (Mestrado) – Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade

Federal de Pernambuco – UFPE.

É crescente o uso de estruturas em aço no Brasil, concomitantemente a isso,

aumenta a necessidade de disseminação do conhecimento técnico e

ferramentas capazes de proporcionar o uso racional desses elementos.

Chama-se, a isto, desenvolvimento. E, com isso, as construções tornam-se

mais sofisticadas e cuja importância social e econômica é proporcional; assim,

as exigências de estruturas e elementos mais esbeltos e seguros estão

constantemente à tona, ou seja, construir com eficiência funcional, econômica

e segurança são essenciais. Neste contexto, surge a verificação estrutural em

situação de incêndio, que é orientada por prescrições normativas em todo o

mundo. No entanto, os estudos experimentais acerca do comportamento de

elementos nestas condições ainda são reduzidos, pois a infraestrutura

necessária para simulações de incêndio com elementos estruturais em escala

real demanda recursos, tempo e disposição. A partir deste cenário, foi

desenvolvido este projeto financiado pela FINEP/MCT cujo objetivo foi montar

uma infraestrutura no Laboratório de Materiais e Estruturas/UFPE capaz de

viabilizar investigações de elementos, em escala real, com aplicação de

carregamento mecânico e térmico simultaneamente, assim como, iniciar os

trabalhos nesta linha de pesquisa. Paralelamente à aquisição de um forno

elétrico, capaz de reproduzir a curva-padrão ISO834, foi adquirido

equipamentos, feita a montagem e adequação laboratorial e um programa

experimental- a fim de avaliar o comportamento de pilares em aço formado a

frio-, em situação de incêndio e com pré-carregamento mecânico, considerando

a dilatação térmica axial livre e os efeitos de sua restrição em dois níveis de

carregamento.

Palavras-chave: Forno Elétrico, Estruturas em situação de incêndio, Pilares,

Perfis formado a frio, Níveis de carregamento, Dilatação térmica axial,

Restrição à dilatação.

vii

ABSTRACT

COSTA, L.M. Experimental analysis of columns in steel cold formed under high

temperatures with free and constrained axial elongation. Recife, 2013. Thesis

(MA) – Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de

Pernambuco – UFPE.

A growing use of structural steel in Brazil has simultaneously increased the

need to disseminate technical knowledge as well as the tools necessary to

make use of it. The buildings become larger with a proportionally larger social

and economic importance, so the demands of structures and elements become

scarce and insurance is constantly afloat; to build with functional efficiency,

economy and security are essential. In this case, the structural verification

arises in a burning state, which leads to international prescriptive requirements.

However, experimental studies of the behavior of elements in these conditions

are also reduced because of the necessary infrastructure for burning

simulations with structural elements in exact scale demand resources, time and

inclination. From this scenario, we developed this project funded by FINEP /

MCT aimed to build an infrastructure at the Laboratory of Materials and

Structures / UFPE able to facilitate investigations of elements in exact scale,

with the application of simultaneous mechanical and thermal load, initiating

work in this line of research. At the same time, the construction of an electric

furnace was developed capable of reproducing the standard curve ISO834,

adquirement of equipments, assembly and fitness laboratory, an experimental

program to evaluate the behavior of columns in steel cold formed in a burning

state and mechanical preload, considering the free axial thermal expansion and

the effects of its stint at two loading levels.

Keywords: Electric furnace, high temperature, columns, cold-formed steel, load

levels, axial thermal expansion, restraint dilatation.

viii

LISTA DE FIGURAS

Capitulo 1

Figura 1.1 – Incêndios ocorridos recentemente no Brasil

Figura 1.2 - Incêndios ocorridos recentemente pelo mundo.

Figura 1.3 - Incêndios ocorridos recentemente pelo mundo.

23

24

25

Capitulo 2

Figura 2.1 - Ruptura das amostras C-34 (esquerda) e C-13 (direita),

ambas por instabilidade global.

Figura 2.2 - à esquerda preenchimento por concreto simples, ao centro

concreto armado, à direita concreto com fibras.

Figura 2.3 - Aspecto final da amostra ensaiada sob carga térmica.

Figura 2.4 – Amostra após ser ensaiada sob altas temperaturas.

35

37

40

42

Capitulo 3

Figura 3.1 – Curva temperatura-tempo de um incêndio real.

Figura 3.2 – Curva temperatura-tempo do incêndio-padrão.

Figura 3.3 – Comparação entre as curvas padronizadas temperatura-

tempo.

46

48

49

Capitulo 4

Figura 4.1 – Situação de ensaio com temperatura constante (steady-

state).

Figura 4.2 – Situação de ensaio no estado transiente de temperatura.

Figura 4.3 – Ensaio residual, com e sem carregamento durante

aquecimento.

Figura 4.4 – Imagem do pórtico e forno, bem como, a amostra a ser

ensaiada.

Figura 4.5 – Forno elétrico vertical para ensaios de pilares em situação

de incêndio.

51

51

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56

ix

Figura 4.6 – Cilindro hidráulico e célula de carga.

Figura 4.7 – Vedação do forno com manta cerâmica.

Figura 4.8 - Sistema de aplicação de carga com a exposição a altas

temperaturas.

Figura 4.9 – Ruptura da amostra situada dentro do forno elétrico.

57

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Capitulo 5

Figura 5.1 – Processo de Perfilagem (a) Roletes para definição da seção

(b) Corte do perfil.

Figura 5.2 – Processo descontínuo (Prensa dobradeira).

Figura 5.3 – Seções transversais empregadas em pórtico estrutural.

Figura 5.4 – Flambagem local nos perfis (a) U e (b) U enrijecido.

Figura 5.5 – Flambagem local de perfis U sob compressão centrada.

Figura 5.6 – Flambagem global por (a) flexão (b) torção e (c) flexo-

torção.

Figura 5.7 – Exemplos de flambagem distorcional.

Figura 5.8 – Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à

ruptura, num perfil formado a frio por perfiladeira.

Figura 5.9 - Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à

ruptura, num perfil formado a frio por prensa dobradeira.

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72

Capitulo 6

Figura 6.1 - Variação dos fatores de redução para a resistência ao

escoamento e o módulo de elasticidade dos aços com a temperatura.

Figura 6.2 – Elevação da temperatura no perfil do aço.

Figura 6.3 – Alongamento do aço em função da temperatura.

Figura 6.4 – Calor específico do aço em função da temperatura.

Figura 6.5 – Condutividade térmica do aço em função da temperatura.

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Capitulo 7

Figura 7.1 – Tipos de elementos componentes de perfis formados a frio.

Figura 7.2 – Elementos com (a) borda livre e (b) borda enrijecida

Figura 7.3 – Elemento enrijecido.

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85

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x

Figura 7.4 – Elemento uniformemente comprimido com enrijecedor de

borda.

Figura 7.5 – Exemplos de flambagem distorcional da seção transversal.

Figura 7.6 - Fluxograma resumido para o dimensionamento de estruturas

de aço em situação de incêndio.

Figura 7.7 - Comportamento estrutural de pilares em estruturas de

pequena deslocabilidade.

93

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104

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Capitulo 8

Figura 8.1 – Forno elétrico bipartido.

Figura 8.2 – Resistência elétrica.

Figura 8.3 – Forno elétrico.

Figura 8.4 – Vista interna de um módulo do forno.

Figura 8.5 – Quadro de controle do forno elétrico.

112

113

118

118

120

Capitulo 9

Figura 9.1 – Seção transversal tipo caixa.

Figura 9.2 – Perspectiva do pórtico de reação.

Figura 9.3 – Detalhe do ensaio de determinação da rigidez do pórtico.

Figura 9.4 – Distribuição dos termopares ao longo do comprimento e da

seção .transversal na metade do pilar misto.

Figura 9.5 – Esquema do pilar a ser ensaiado no forno.

Figura 9.6 – Seção Transversal e longitudinal instrumentadas.

Figura 9.7 – Amostras confeccionadas.

Figura 9.8 – Preparação das amostras para aplicação de carga centrada.

Figura 9.9 – Disposição do ensaio e monitoramento das variáveis

125

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137

.Capítulo 10

Figura 10.1 – Curva-típica do forno elétrico

Figura 10.2 – Curvas logarítmicas do forno

Figura 10.3 – Curvas logarítmicas do forno

Figura 10.4 – Curvas desenvolvidas durante pré-testes

Figura 10.5 - Evolução de Temperaturas – FC-T168-C00-50-2

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141

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142

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xi

Figura 10.6 - Curvas de elevação de temperatura do pilar misto EFS 13

Tubo ø 114 x 6,02

Figura 10.7 - Elevação de temperatura da média dos termopares a 10 cm

do pilar – FC-TQ140-C00-50-2

Figura 10.8 – elevação de temperatura nos experimente

Figura 10.9 – ilustração da disposição das rigidezes

Figura 10.10 – Determinação da rigidez do pórtico de reação

Figura 10.11 – Determinação da “rigidez maior” do pórtico.

Figura 10.12 – Determinação da “rigidez menor” do pórtico

Figura 10.13 – Curva de aquecimento PI40-L01

Figura 10.14 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.15 – Curva de aquecimento PI40-L02

Figura 10.16 – Carga x Temperatura ao longo do tempo

Figura 10.17 – Curva de aquecimento PI80-L01

Figura 10.18 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.19 – Curva de aquecimento PI80-L02

Figura 10.20 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.21 – Curva de aquecimento PI40-R01

Figura 10.22 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.23 – Curva de aquecimento PI40-R02

Figura 10.24 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.25 – Curva de aquecimento PI80-R01

Figura 10.26 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.27 – Curva de aquecimento PI80-R02

Figura 10.28 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Figura 10.29 – Disposição dos LVDT’S

Figura 10.30 – Carga x Deslocamento (Dilatação livre)

Figura 10.31 – Carga x Deslocamento (Dilatação restringida)

Figura 10.32 - Detalhes e modos típicos de ruptura das amostras

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167

xii

LISTA DE TABELAS

Capitulo 2

Tabela 2.1 - Resumo dos ensaios realizados por Lie & Chabot (1992).

Tabela 2.2 - Valores do parâmetro “f” para Eq. 3.1.

Tabela 2.3 - Limites de Aplicabilidade para Equação 3.1.

Tabela 2.4 – Série de ensaios em situação de incêndio.

Tabela 2.5 – Série de ensaios sob altas temperaturas.

34

38

38

39

41

Capitulo 5

Tabela 5.1 - Séries comerciais de perfis estruturais e respectivas

designações.

Tabela 5.2 – Comparativo entre os métodos de fabricação.

63

65

Capitulo 6

Tabela 6.1 – Fatores de redução para o aço. 76

Capitulo 7

Tabela 7.1 – Valores máximos da relação largura-espessura.

Tabela 7.2 – Largura efetiva e coef. de flambagem local para elementos

AA.

Tabela 7.3 – Largura efetiva e coef. de flambagem local para elementos

AL.

Tabela 7.4 - Valores mínimos da relação D/bw de barras com seção U

enrijecido e seção Z enrijecida submetidas à compressão centrada, para

dispensar a verificação da flambagem distorcional.

Tabela 7.5 - Coeficiente de flambagem local kl para a seção completa em

barras sob compressão centrada.

Tabela 7.6 - Valores do coeficiente de flambagem local kl para barras sob

compressão centrada.

Tabela 7.7 - Fator de redução para a resistência ao escoamento de

seções sujeitas à flambagem local.

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xiii

Capitulo 8

Tabela 8.1 – Propriedades físicas e mecânicas das ligas Kanthal.

Tabela 8.2 – Dimensões e propriedades do fio Kanthal.

114

115

Capitulo 9

Tabela 9.1 – Situações de ensaio dos pilares de aço e mistos.

Tabela 9.2 – Dimensionamento sob compressão à temperatura

ambiente.

Tabela 9.3 – Resistência em situação de incêndio

129

130

131

Capítulo 10

Tabela 10.1 – Limites inferior e superior

Tabela 10.2 – Quadro resumo dos parâmetros experimentais

Tabela 10.3 – Resistências teórica e experimental em situação de

incêndio

140

164

167

xiv

LISTA DE SÍMBOLOS

R : tempo de resistência ao fogo [minutos]

f : parâmetro obtido a partir de variáveis de influência na resistência

ao fogo

cf : resistência característica à compressão do concreto [MPa]

kL : comprimento efetivo do pilar [mm]

C : carga solicitante, em situação de incêndio [kN].

g : temperatura dos gases quentes no ambiente em chamas, no

instante t

0 : temperatura dos gases no instante tm=0, adotado igual a 20ºC

tm : tempo em minutos

th : tempo em horas

yf : resistência ao escoamento

uf : resistência à ruptura

yaf : resistência ao escoamento do aço modificada

A : área da seção

yP : resistência ao escoamento

crP : carga crítica de Euller

E : módulo de elasticidade

I : momento de inércia

fll : comprimento de flambagem

rC : é a relação entre a área total das dobras e a área total da seção

para barras submetidas à compressão; ou a relação entre a área das dobras da

mesa comprimida e a área total da mesa comprimida para barras submetidas à

flexão

yff : é a resistência ao escoamento média das partes planas

estabelecida por ensaios ou a resistência ao escoamento do aço virgem fy na

ausência de ensaios

ycf : é a resistência ao escoamento para a região das dobras

xv

ir : é o raio interno de dobramento

b : é a largura do elemento

t : é a espessura do elemento

,Ek : fator de redução do módulo de elasticidade do aço do perfil em

temperatura elevada relativo ao valor à temperatura ambiente

,yk : fator de redução da resistência ao escoamento do aço do perfil

em temperatura elevada relativo ao valor à temperatura ambiente

,k : fator de redução da resistência ao escoamento do aço de seções

sujeitas à flambagem local em temperatura elevada relativa à temperatura

ambiente

shk : é um fator de correção para o efeito de sombreamento

: é valor do fator de massividade

/ gu A : é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem

revestimento contra fogo

u : é o perímetro exposto ao incêndio do elemento estrutural de aço,

em m²

gA : é a área bruta da seção transversal do elemento estrutural, em m²

a : é a massa específica do aço, em quilogramas por metro cúbico

ac : é o calor específico do aço, em joules por quilograma e por grau

Celsius

: é o valor do fluxo de calor por unidade de área, em watts por

metro quadrado

: é o intervalo de tempo, em segundos (não maior que 5 segundos)

c : é o componente do fluxo de calor devido à convecção, em watts

por metro quadrado

r : é o componente do fluxo de calor devido à radiação, em watts por

metro quadrado

c : é o coeficiente de transferência de calor por convecção, podendo

ser tomado, para efeitos práticos, igual a 25 W/m² °C no caso de exposição ao

incêndio-padrão, ou 35 W/m² °C para outros tipos de exposição ao fogo

t

xvi

g : é a temperatura dos gases, em graus Celsius

a : é a temperatura na superfície do aço, em graus Celsius

res : é a emissividade resultante

al : comprimento do aço a 20ºC

al : expansão térmica da peça de aço provocada pela temperatura

a : condutividade térmica do aço

cb : é a largura da região comprimida do elemento, calculada com

base na seção efetiva

p : é o índice de esbeltez reduzido do elemento

k : é o coeficiente de flambagem local do elemento

: é o coeficiente de Poisson do aço, adotado igual a 0,3

: é a tensão normal de compressão

D : enrijecedor de borda

sI : é o momento de inércia da seção bruta do enrijecedor em relação

ao eixo que passa pelo seu centróide e é paralelo ao elemento a ser enrijecido

aI : é o momento de inércia de referência do enrijecedor borda

efb : é a largura efetiva do elemento

efd : é a largura efetiva do enrijecedor

sd : é a largura efetiva reduzida do enrijecedor e adotada

n : é a máxima tensão normal de compressão, calculada para a

seção transversal efetiva e considerando as combinações de ações para os

estados limites de serviço

: é o fator de redução da força axial de compressão resistente

0 : é o índice de esbeltez reduzido associado à flambagem global

eN : é a resistência axial de flambagem global elástica

efA : é a área efetiva da seção transversal da barra

lN : é a força axial de flambagem local elástica

wC : é a constante de empenamento da seção

G : é o módulo de elasticidade transversal

J : é a constante de torção da seção

xvii

x xK L : é o comprimento efetivo de flambagem global por flexão em

relação ao eixo x

y yK L : é o comprimento efetivo de flambagem global por flexão em

relação ao eixo y

z zK L : é o comprimento efetivo de flambagem global por torção

or : é o raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de

torção

xr e yr são os raios de giração da seção bruta em relação aos eixos

principais de inércia x e y, respectivamente.

ox e oy são as distâncias do centro de torção ao centróide, na direção dos

eixos principais x e y, respectivamente.

dist : é o fator de redução da força axial de compressão resistente,

associado à flambagem distorcional

distN : resistência a flambagem distorcional elástica

fi : é o fator de redução associado à resistência à compressão em

situação de incêndio

0, fi : o índice de esbeltez reduzido em situação de incêndio

,k : é o fator de redução para perfis sujeitos a flambagem local

,fi RdR : resistência à compressão em situação de incêndio

bD : diâmetro exterior da bobina

fd : diâmetro do fio

mR : resistência por metro do fio

Re st : resistência do fio

p : carga de superfície

V : tensão elétrica

I : corrente elétrica

fI : corrente de fase

s : espaçamento entre espiras

bP : potência da bonina

fP : potência do forno

xviii

cL : comprimento do condutor aquecido

Le : comprimento da bobina

SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................................ 21

1.1. Considerações iniciais .............................................................................. 21

1.2. Justificativa .................................................................................................. 25

1.3. Objetivos ....................................................................................................... 27

2. Revisão sobre estruturas em situação de incêndio ................................. 28

2.1. Estruturas de aço formado a frio ............................................................ 29

2.2. Estruturas mistas de aço-concreto ........................................................ 31

2.3. Definição do objeto de estudo ................................................................ 42

3. Incêndio e curvas-padrão ................................................................................ 44

3.1. Caracterização do incêndio...................................................................... 44

3.2. Curvas-padrão de incêndio ...................................................................... 46

4. Metodologias da pesquisa experimental .................................................... 49

4.1. Variáveis envolvidas .................................................................................. 51

4.2. Infraestrutura e equipamentos ................................................................ 54

5. Perfis em aço formado a frio .......................................................................... 59

5.1. Aplicações .................................................................................................... 60

5.2. Processos de fabricação .......................................................................... 61

5.3. Comportamento mecânico ....................................................................... 64

5.3.1. Flambagem local .................................................................................. 66

5.3.2. Flambagem global ............................................................................... 67

5.3.3. Flambagem distorcional .................................................................... 69

5.4. Aumento de resistência e tensões residuais ...................................... 70

6. Propriedades mecânicas e térmicas do aço .............................................. 74

6.1. Propriedades mecânicas .......................................................................... 74

6.2. Propriedades térmicas .............................................................................. 76

7. Dimensionamento de pilares em aço formado a frio ............................... 82

7.1. Fundamentos básicos ............................................................................... 82

7.1.1. Flambagem local .................................................................................. 86

7.1.2. Flambagem distorcional .................................................................... 93

7.2. Barras sob compressão axial a temperatura ambiente conforme a

ABNT NBR 14762:2010 ......................................................................................... 95

7.2.1. Flambagem da barra por flexão, torção ou flexo-torção .......... 95

7.2.2. Flambagem distorcional .................................................................. 100

7.2.3. Limitação de esbeltez ....................................................................... 101

7.2.4. Barras compostas comprimidas ................................................... 101

7.3. Barras sob compressão axial em situação de incêndio conforme a

ABNT NBR 14323/2011 ....................................................................................... 102

7.3.1. Perfis não sujeitos à flambagem local ......................................... 103

7.3.2. Perfis sujeitos à flambagem local ................................................. 105

8. Montagem e adequação laboratorial .......................................................... 108

8.1. Forno elétrico à resistência.................................................................... 109

20

8.1.1. Características e materiais do forno elétrico ............................. 110

8.1.2. Resistência elétrica ........................................................................... 112

8.1.3. Quadro de distribuição e controle do forno ............................... 118

8.2. Aquisições – equipamentos e materiais permanentes ................... 119

8.2.1. Sistema de aplicação de carga ...................................................... 119

8.2.2. Célula de carga ................................................................................... 120

8.2.3. Transdutores de deslocamento (LVDT) ....................................... 121

8.2.4. Termopares e conectores de compensação .............................. 121

8.2.5. Máquina de solda para termopares .............................................. 121

9. Programa experimental .................................................................................. 123

9.1. Variáveis analisadas ................................................................................ 123

9.2. Série de ensaios ........................................................................................ 124

9.2.1. Aferição e programação do forno elétrico .................................. 125

9.2.2. Determinação da “rigidez” do pórtico espacial ........................ 125

9.2.3. Análise experimental dos pilares em aço ................................... 128

9.3. Preparação das amostras ....................................................................... 130

9.4. Aquisição de dados .................................................................................. 135

10. Resultados ...................................................................................................... 137

10.1. Forno elétrico ......................................................................................... 137

10.2. Rigidez axial do pórtico de reação ................................................... 145

10.3. Amostras ensaiadas ............................................................................. 148

10.3.1. Dilatação térmica livre .................................................................. 148

10.3.2. Dilatação térmica restringida ...................................................... 154

10.3.3. Deslocamentos ............................................................................... 161

10.3.4. Análise comparativa e modos de ruptura ............................... 164

11. Conclusões..................................................................................................... 169

Referências bibliográficas .................................................................................... 171

ANEXOS ..................................................................................................................... 175

21

1. Introdução

1.1. Considerações iniciais

O fogo foi a maior conquista do ser humano na pré-história. Juntamente

com a sua descoberta, surgiu o desejo em pormenorizar e dominar o

fenômeno, utilizando-o em seu proveito a fim de evitar acidentes provocados

pelas altas temperaturas características da combustão. Quando sob controle,

torna-se funtamental para o desenvolvimento da sociedade e sua utilidade

abrange diversos segmentos de aplicação como, por exemplo, instalações

industriais para fornos, exaustores e reatores nucleares. No entanto, ao passo

que cresce sua aplicação, deve-se crescer proporcionalmente a preocupação

com a segurança e gerenciamento dos riscos inerentes ao processo de seu

uso e em eventos inesperados, como o incêndio, sinistro indesejável que

provoca danos de grande proporção devido ao risco de morte e perdas

materiais.

Inicialmente, a exposição a um incêndio pode produzir a morte,

geralmente pela inalação dos gases, ou pelo desmaio causado por eles ou

posteriormente pelas queimaduras graves. Historicamente, a mortalidade por

incêndios é baixa e a probabilidade da perda de vidas humanas devido ao

colapso da estrutura é menor ainda, porém, há algum tempo os incêndios têm

sido mais frequentes e com proporções cada vez maiores, causando perdas

irreparáveis. Neste sentido, garantir a segurança estrutural é fundamental para

minizar os riscos, proporcionando tempo sufientente para evacuação das

pessoas e domínio da situação, bem como, para que não haja grandes danos

à estrutura, viabilizando sua reutilização com o mínimo de reparos. Deste

modo, credita-se aos elementos portantes um papel fundamental no que tange

à segurança estrutural, necessitando-se para essa atribuição um

conhecimento mais amplo dos materiais e seus comportamentos quando

submetidos a cargas térmicas.

Em breve abordagem sobre a ocorrência de incêndios no Brasil, é

possível citar alguns casos recentes. As figuras 1.1(a) a 1.1(d), abaixo,

ilustram sinistros acontecidos em alguns estados brasileiros.

22

(a) Depósito da Secretaria de Defesa

Social no Recife (1) (15/09/2010) (b) Prédio da operadora de telefonia

Oi em Salvador (2) (21/12/2010)

(c) Prédio do INSS em Belém (3) (01/08/2010)

(d) Prédio do antigo Hospital de São Paulo (4) (05/04/2010)

Figura 1.1 – Incêndios ocorridos recentemente no Brasil.

Fontes:

(1) http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/09/incendio-destroi-deposito-da-

secretaria-de-defesa-social-no-recife.html

(2) http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/849331-incendio-atinge-predio-

de-operadora-em-salvador-ba-e-prejudica-telefone-da-pm.shtml

(3) http://noticias.r7.com/cidades/noticias/incendio-destroi-predio-do-inss-

em-belem-pa-20100801.html

(4) http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u716638.shtml

Os incêndios mostrados acima se referem ao ano de 2010 e não houve

vítimas fatais. Não obstante, prejuízos financeiros e culturais não foram

23

evitados. Apesar dos casos recentes não serem de grande expressão, no

Brasil, já ocorreram diversos acidentes de grande proporção, a ilustrar: Edifício

Joelma (São Paulo, 1974), Ed. Andorinha (Rio de Janeiro, 1986), Edifício

Cacique (Porto Alegre, 1996), Min. do Trabalho (Rio de Janeiro, 2002) e INSS

(Brasília, 2005), como ressalta Oliveira (2006).

No mundo, a ocorrência de danos devido ao incêndio toma uma

dimensão maior principalmente nos países desenvolvidos, visto que há maior

incidência de edifícios altos e construções em aço, o que torna a estrutura

mais vulnerável à ação do fogo. As figuras 1.2 e 1.3, a seguir, ilustram casos

recentes de incêndios pelo mundo.

(a) Prédio de 30 andares, em Xangai,

na China (5) (15/11/2010) (b) Prédio de 38 andares em Busan,

na Coréia do Sul (6) (01/10/2010) Figura 1.2 - Incêndios ocorridos recentemente pelo mundo

(5) http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/11/16/china-prende-4-apos-

incendio-que-matou-mais-de-50-em-xangai.jhtm

(6) http://www1.folha.uol.com.br/mundo/807678-incendio-atinge-predio-de-

38-andares-na-coreia-do-sul-e-fere-quatro.shtml

24

(a) Estação de trem histórica em

Istambul, na Turquia (7) (28/11/2010) (b) Prédio de 10 andares, em

Mumbai, Índia (8) (18/11/2010) Figura 1.3 - Incêndios ocorridos recentemente pelo mundo

(7) http://www1.folha.uol.com.br/mundo/837492-incendio-destroi-telhado-

de-estacao-de-trem-historica-em-istambul-na-turquia.shtml

(8) http://g1.globo.com/.../incendio-atinge-predio-de-10-andares-na-

india.html

Dentre os sinistros mostrados, destacam-se o incêndio em Xangai com

53 mortos e a estação de trem em Istambul, construída em 1908 e de grande

valor cultural e histórico.

É razoável perceber que as causas do incêndio são as mais diversas e

o risco de sua ocorrência numa edificação, assim como a sua intensidade e

duração, está associado às atividades desenvolvidas no local. Dentre os

fatores, o tipo e a quantidade de material combustível (denominado

tecnicamente como carga de incêndio e que compreende mobiliários,

equipamentos e acabamentos); a forma da edificação; as condições de

ventilação do ambiente (que são influenciadas pela dimensão e posição das

janelas); as propriedades térmicas dos materiais constituintes das paredes e

do teto e, finalmente, aos sistemas de segurança contra incêndio [Vargas &

Silva, 2003].

Dentre os materiais portantes, ou seja, com finalidade estrutural,

destacam-se na construção civil o uso do concreto e do aço. Tais materiais

quando submetidos a altas temperaturas têm suas propriedades mecânicas

(módulo de elasticidade e tensão de escoamento) reduzidas e suas

propriedades químicas alteradas. A depender da intensidade e duração da

25

exposição do elemento estrutural sua capacidade resistente é reduzida

significamente podendo ter sua utilização comprometida do ponto de vista do

estado limite de serviço ou, até mesmo, chegar ao colapso. No que diz respeito

aos materiais, vários fatores influenciam o comportamento destes quando

submetidos a temperaturas elevadas, a citar: classe de resistência, forma da

seção, tipo de solicitação (nível de carregamento), esbeltez, rigidez da

estrutura circundante, entre outras. Em resumo, são desenvolvidos na literatura

estudos referentes aos elementos compostos por:

Concreto: densidade baixa e normal, refratário, resistência normal (até

50 MPa) e alta, agregado silicoso e calcário;

Aço estrutural: perfis laminados, soldados e formados a frio;

Mistos: elementos compostos por aço estrutural e concreto;

Madeira.

Neste contexto, é destacável a real necessidade em se desenvolver

pesquisas teóricas e experimentais acerca da aplicabilidade desses materiais

enquanto elementos como pilares, vigas e lajes. Em especial, destaca-se o

objeto de estudo desta pesquisa que são pilares em aço formado a frio sob

altas temperaturas. Tais abordagens surgem da carência existente na literatura

técnica e referências normativas.

1.2. Justificativa

A utilização de perfis formados a frio na indústria da construção civil no

Brasil, e no mundo, é impulsionada pela leveza e menor custo na fabricação e

montagem desses elementos, além de apresentar uma relação inércia/peso

maior que os perfis laminados e soldados, favorecendo-os devido à rapidez,

versatilidade e economia exigidos pelo mercado.

Neste cenário, para o fomento de sua aplicabilidade surge a

necessidade e importância de publicações e pesquisas no país, compatíveis

com o material e os perfis aqui empregados [Almeida & Munaiar Neto, 2009].

Assim, o emprego desses elementos demanda não somente de viabilidade

26

técnica (servicibilidade e segurança) e econômica, mas também do

desenvolvimento e divulgação do conhecimento acerca do seu comportamento

à temperatura ambiente e em incêndio. A avaliação experimental de um

elemento em condições específicas necessita que suas hipóteses e

considerações de dimensionamento sejam representadas o mais próximo

possível dos modelos teóricos. Daí, então, a necessidade de estudos

experimentais em escala real de estruturas, situação ainda pouco explorada no

contexto nacional haja visto o árduo trabalho que demanda, bem como, custos

e dificuldades na representação real de considerações teóricas no

experimento.

Portanto, o projeto financiado pela FINEP/MCT, através da Rede Risco,

enquadrado no subprojeto “Risco Estrutura” do Projeto “Planejamento de

Emergência de Complexos Industriais e no seu Entorno” visa montar uma

estrutura e adequar o Laboratório de Materiais e Estruturas/UFPE para deixa-

lo apto a promover ensaios, em escala real, com carregamento mecânico e

térmico aplicados simultaneamente em elementos estruturais. Para isso, houve

a necessidade de projetar e construir um forno elétrico vertical e adquirir um

sistema de aplicação de carga compatível com os objetivos do trabalho, como

também, adequação da infraestrutura e instrumentação para controle das

variáveis envolvidas no ensaio.

27

1.3. Objetivos

O presente estudo tem como objetivo principal montar uma infraestrutura

no Laboratório de Materiais e Estruturas da Universidade Federal de

Pernambuco (Campus Recife) capaz de realizar ensaios, em escala real, de

estruturas metálicas, concreto, mistas e de madeira sob elevadas

temperaturas.

Os principais pontos a serem abordados para adaptação são:

construção de forno elétrico com dimensões internas de 1m³ capaz de

representar uma curva de aquecimento semelhante a ISO-834; aquisição de

sistema de aplicação de carga com capacidade de 250 tf à compressão e 100

tf à tração, unidade hidráulica para acionamento e válvulas controladoras de

vazão e pressão para constituir um sistema semiautomatizado; célula de carga

com capacidade de 200 tf à compressão e 100 tf à tração; transdutores de

deslocamentos LVDT’s com 50mm de curso; termopares e cabos de extensão

para termopar; máquina de solda para instrumentação de termopares em

elementos de aço e demais adequações civis e elétricas necessárias ao pleno

funcionamento do sistema para ensaios experimentais em situação de

incêndio.

Objetiva-se, concomitantemente à montagem laboratorial, dar início às

pesquisas com elementos estruturais em situação de incêndio a serem

continuadamente desenvolvidos. O presente estudo, assim, marca o início dos

estudos experimentais em situação de incêndio com toda infraestrutura

pertencente ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de

Pernambuco.

O programa experimental proposto visa analisar o comportamento de

pilares de aço formados a frio, quando submetidos a um pré-carregamento

mecânico e posteriormente a um carregamento térmico (simulação de

incêndio) através do forno elétrico. A análise será feita no estado transiente de

temperatura, ou seja, no qual a distribuição ao longo da seção transversal não

é constante, bem como, avaliar a influência do nível de carregamento e da

restrição à dilatação térmica.

28

2. Revisão sobre estruturas em situação de incêndio

No Brasil, os estudos de elementos estruturais de aço e mistos aço-

concreto submetidos a cargas térmicas teve início em 1995, porém, com maior

intensidade a partir de 1999, quando foi editada, e validada, a NBR

14323/1999 - Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação

de incêndio - Procedimento. As pesquisas têm visado verificar as premissas da

referida Norma, com o intuito de avaliar sua confiabilidade, limites de

aplicabilidade e demais adequações às situações correntes e de materiais

usados no país.

É razoável observar, nos trabalhos a seguir, que o Brasil ainda carece

de “literatura própria” acerca do tema, principalmente, no que se refere a

ensaios experimentais, ou seja, análise do comportamento de estruturas em

escala real ensaiadas sob altas temperaturas. Destaca-se, neste sentido, o

programa que vem sendo desenvolvido pela FEC-UNICAMP, cujo objetivo

principal é avaliar experimentalmente o comportamento, em situação ambiente

e em incêndio, de pilares esbeltos tubulares de aço sem preenchimento, de

pilares mistos de aço preenchidos com concreto de resistência usual e de alta

resistência. No aspecto teórico/numérico, algumas universidades como a

Universidade de São Paulo – USP, a Universidade Federal de Minas Gerais –

UFMG e Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, merecem destaque.

Mais recentemente estas universidades, principalmente, têm desenvolvido

trabalhos sobre perfis formados a frio, porém, as pesquisas são mais

direcionadas ao estudo teórico e numérico, ficando o campo experimental

ainda carente de resultados.

Neste capítulo, serão descritas algumas pesquisas realizadas sobre o

comportamento de perfis em aço formado a frio e mistos de aço e concreto sob

altas temperaturas. A revisão, aqui apresentada, irá abranger a maior

diversidade de elementos em aço formado a frio e mistos em situação de

incêndio, não somente se restringindo aos pilares.

29

2.1. Estruturas de aço formado a frio

A literatura técnica acerca de estruturas em aço formado a frio em

situação de incêndio, como já dito, ainda é bastante reduzida e recente.

Somente no fim dos anos 70, como ressaltam Soares (2002) et al, é que os

primeiros trabalhos foram realizados, na ocasião em que Klippstein (1978)

examinou a resistência do aço formado a frio exposto ao fogo.

Klippstein (1978) apud Ranawaka (2006) examinou elementos em aço

formado a frio sob altas temperaturas e desenvolveu uma expressão para

determinar a carga de ruptura em situação de incêndio. No entanto, a

expressão está limitada a seções U e não incluem o fenômeno da flambagem

distorcional. Em 1995, Gerlich, baseado nos experimentos de Klippstein,

apresentou outra expressão que considera as tensões correspondentes às

temperaturas e respectivos fatores de redução das propriedades mecânicas.

Ala-Outinen e Myllymaki (1995) apud Ranawaka (2006) realizaram um

estudo experimental e numérico da flambagem local de elementos sem

proteção, em temperatura elevada. Eles analisaram os elementos no estado

transiente de temperatura. Baseando-se nas equações do Eurocode 3, parte 1-

3 e seguindo a curva de temperatura do incêndio padrão, foi proposto um

método de cálculo. Segundo os autores, a largura efetiva das placas deve ser

calculada usando as mesmas fórmulas em condições de fogo e em

temperatura ambiente, com a exceção dos valores do limite de escoamento e

do módulo de elasticidade de aço que devem ser reduzidos de acordo com

Eurocode 3, parte 1-2.

Randy (1998) estudou o comportamento de chapas finas de aço

estrutural em situação de incêndio; verificou como a temperatura varia ao longo

da seção transversal; o fenômeno da flambagem local do aço em temperatura

elevada e os efeitos do gradiente térmicos ao longo da seção transversal do

perfil. Baseado em extensos testes e modelos em elementos finitos, afirmou

que as equações do Eurocode 3 Part. 1.3 (ECS, 1993) podem ser usadas

diretamente no dimensionamento em situação de incêndio aplicando

30

simplesmente a redução das propriedades mecânicas do aço em função da

temperatura.

Kaitila (2000) apud Soares (2002) et al, resumiu o procedimento de

cálculo simplificado do Eurocode 3 e fez uma breve descrição do modelo

avançado de cálculo. Apresentou as principais propriedades térmicas e

mecânicas do aço, com base nas informações extraídas do Eurocode 3 Parte

1.2 (2001) e em resultados experimentais. Ele destaca, ainda, que a dilatação

térmica global conduz, possivelmente, ao surgimento de importantes esforços

nas extremidades dos elementos e compartimentos estruturais adjacentes, que

estão a uma temperatura mais baixa e que podem resistir à expansão das

partes aquecidas.

Soares (2002) analisou o problema da estabilidade e apresentou

critérios para o cálculo da resistência de elementos estruturais de aço

constituídos por perfis formados a frio em situação de incêndio, implementando

ainda um software específico para o dimensionamento das barras. O programa

desenvolvido abrange uma variedade de perfis formados a frio submetidos a

vários tipos de esforços segundo o método dos estados limites e visou auxiliar

no projeto de estruturas com perfis formados a frio, em temperatura ambiente e

elevada, possibilitando um dimensionamento racional, automático e seguro.

Feng et al (2003) apud Ranawaka (2006) realizou uma série de testes

em colunas curtas em temperaturas elevadas. Os testes foram realizados em

um forno aquecido eletricamente. Cinco termopares foram usados para

monitoração da temperatura na amostra e quatro transdutores de

deslocamento (dois no topo e dois na base) foram usados para medir o

deslocamento longitudinal dos pilares. Os ensaios foram realizados no estado

uniforme de temperatura e usados quatro níveis de temperatura: 200, 400, 550

e 700ºC. Primeiro, o forno tinha a temperatura elevada ao nível desejado e

depois mantinha-se constante até a temperatura da seção transversal ficar

constante. A dilatação térmica das colunas foi totalmente livre até a aplicação

da carga após a distribuição uniforme de temperatura.

31

Lee (2004) realizou uma série de ensaios em escala real para investigar

a flambagem local de perfis leves de aço formado a frio sobre altas

temperaturas. Todos os testes foram realizados em um forno elétrico

especialmente dimensionado por ele. O método do controle de deslocamento

foi usado para aplicação da carga de compressão e termopares foram usados

para monitorar a temperatura no forno e nas amostras ensaiadas. Nos testes, o

estado de temperatura uniforme (steady-state) e estado transiente de

temperatura (transient-state) foram considerados.

Mendes (2004) realizou um estudo teórico sobre perfis em aço formado

a frio com base em pesquisas bibliográficas, obteve informações com relação

aos tipos de materiais para revestimento térmico (argamassa projetada, por

exemplo) e suas aplicações; analisou a possibilidade de usar ou não

revestimento térmico, bem como discutiu uma possível maneira de

dimensionamento ou proteção desses perfis em situação de incêndio. Por fim,

propôs um método de dimensionamento simplificado em incêndio baseada na

norma brasileira.

2.2. Estruturas mistas de aço-concreto

O desenvolvimento econômico, técnico e científico fez surgir diversos

sistemas estruturais e construtivos, entre eles, os sistemas formados por

elementos mistos aço-concreto, cuja combinação de perfis de aço e concreto

visa aproveitar as vantagens de cada material, tanto em termos estruturais e

construtivos, como na segurança em incêndios.

O uso de estruturas mistas, no Brasil, ainda é pouco usual. Não

obstante, os profissionais da engenharia e arquitetura já têm despertado para

o emprego desses elementos, o que pode ser observado nos estudos recentes

realizados sobre elementos estruturais mistos de aço e concreto em situação

de incêndio por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Os trabalhos

publicados envolvem pesquisas experimentais e teóricas sobre o assunto,

abordando diversas variáveis que serão descritas. Porém, como será possível

observar, as pesquisas estão restritas ao estudo de pilares mistos de concreto

32

e aço laminado ou soldado, ou seja, não existe literatura técnica sobre o

comportamento de pilares mistos de aço formado a frio e concreto. Neste

sentido, este item tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre o

estudo e aplicação de pilares mistos, e mais, introduzir uma base teórica para

o estudo de pilares mistos usando perfis em aço formado a frio.

Com isso, visa-se fundamentar teoricamente o presente trabalho com

resultados obtidos e pontos ainda duvidosos quanto ao comportamento

estrutural de elementos submetidos a elevadas temperaturas, fornecendo uma

visão geral sobre o estado-da-arte de pilares mistos de aço preenchidos com

concreto.

Lie & Chabot (1992), publicaram um trabalho, no qual relatam o

comportamento de pilares mistos de aço preenchidos por concreto simples. Ao

todo foram ensaiadas 44 amostras, sendo 38 de seção circular e 6 de seção

quadrada. As características das amostras ensaiadas, bem como, suas

resistências ao fogo, estão dispostas na tabela 2.1.

A classe de resistência do concreto utilizado foi de 30 e 35 MPa. Todas

as amostras possuíam altura de 3,81 m, incluindo duas chapas dispostas nas

extremidades do pilar para garantir a distribuição de carga para a seção

composta. Em todas as amostras foram feitos furos para saída do vapor de

água presente no concreto em elevadas temperaturas.

As amostras foram instrumentadas com termopares dispostos no núcleo

de concreto, na interface aço-concreto e do lado externo do perfil de aço. Os

valores de temperatura foram registrados durante todo o ensaio.

33

Tabela 2.1 - Resumo dos ensaios realizados por Lie & Chabot (1992)

O forno utilizado era acionado a gás e tinha dimensões de 2,60 m x 2,60

m x 3,00 m. A temperatura no forno é obtida através de termopares dispostos

a aproximadamente 30 cm das amostras. O aquecimento foi realizado a partir

do incêndio-padrão proposto pela ASTM E119.

O nível de carga utilizado variou de 9 a 47% da resistência do pilar

misto (C/Crc), ou de 46 a 165% da resistência do núcleo de concreto (C/C’r). O

carregamento foi feito 45 minutos antes do início do ensaio ao fogo e, mantido

constante, ao longo do ensaio. Também, foram instalados relógios automáticos

para medida do deslocamento axial da amostra ao longo do ensaio.

34

A condição de vinculação adotada foi bi-engastada, obtida a partir da

fixação de parafusos nas extremidades da amostra, exceto para as amostras

C-06, C-15 e C-16, nas quais, a condição de vinculação foi birrotulada. O

critério de ruptura adotado foi que, quando o macaco hidráulico estivesse à

velocidade máxima, e a amostra não conseguisse manter o carregamento,

indicando a ruptura da seção.

As rupturas típicas das amostras foram por compressão do núcleo do

concreto e depois a flambagem local do perfil de aço, ou por instabilidade

global da amostra. A figura 2.1 mostra a ruptura de algumas amostras.

Figura 2.1 - Ruptura das amostras C-34 (esquerda) e C-13 (direita), ambas

por instabilidade global. (Fonte: LIE & CHABOT, 1992)

Lie & Chabot (1992) propõem que no pilar misto preenchido, em

situação ambiente, a carga seja distribuída tanto para o perfil de aço quanto

para o núcleo de concreto. Em situação de incêndio, verifica-se inicialmente

uma expansão da seção. O perfil de aço expande-se mais rapidamente que o

concreto, sendo responsável por resistir ao carregamento imposto.

Quando as temperaturas aumentam, o perfil de aço começa a perder

sua capacidade resistente e repentinamente se contrai. Usualmente, isto

acontece entre 20 e 30 minutos de incêndio. A partir disso, o carregamento

35

começa a ser transferido gradualmente para o núcleo de concreto que, está

menos solicitado e com uma menor temperatura que o perfil de aço.

Kodur (1999) apresenta uma equação simplificada para determinação

do tempo de resistência ao fogo para pilares mistos circulares e quadrados

preenchidos por concreto simples, concreto armado ou concreto com fibras de

aço.

A equação simplificada tem por base os estudos experimentais

desenvolvidos pelo IRC-NRC coordenados por Lie. O estudo experimental

completo compreendeu 75 pilares mistos preenchidos, sem material de

proteção, expostos ao incêndio-padrão dado pela ASTM E119.

Os estudos experimentais compreenderam pilares mistos de seção

circular, com diâmetro variando entre 141,3 e 406,4mm, e de seção quadrada,

com lado variando de 152 a 305mm. A espessura dos perfis variou de 4,8 a

12,7mm. O concreto possuía agregados silicosos e, também, calcários. O nível

de carregamento variou de 10 a 45% da resistência à temperatura ambiente e

foi mantido constante ao longo do ensaio. A figura 2.2 mostra um esquema dos

pilares ensaiados pelo IRC-NRC.

É observado a partir dos ensaios experimentais, que no pilar preenchido

por concreto simples, a resistência ao fogo variou de 1 a 2 horas enquanto os

pilares preenchidos com concreto armado ou com fibras, a resistência ao fogo

chegou a 3 horas, dependendo das dimensões da seção, notando-se que, este

tipo de preenchimento, proporciona à seção uma deformação mais lenta e um

maior confinamento do concreto.

36

Figura 2.2 - à esquerda preenchimento por concreto simples, ao centro

concreto armado, à direita concreto com fibras. Fonte: Kodur & Mackinnon (2000) apud Sant’Anna (2009)

Destaca-se a dificuldade de locação das barras de aço em perfis

tubulares, principalmente se estes forem de pequeno diâmetro, inferiores a

200mm. Com isso, o uso de fibras de aço proporciona uma maior rapidez e

racionalidade na execução, apesar do custo mais elevado.

A partir de estudos paramétricos da influência de variáveis sobre a

resistência ao fogo dos pilares mistos preenchidos, Kodur (1999) propôs uma

formula simplificada para determinação do tempo de resistência ao fogo, dado

pela Eq. 2.1.

( 20). . ².( 1000)

cf DR f D

kL C

2.1

Onde:

R : tempo de resistência ao fogo [minutos];

f : parâmetro obtido a partir de variáveis de influência na resistência ao fogo;

cf : resistência característica à compressão do concreto [MPa];

kL : comprimento efetivo do pilar [mm];

D : diâmetro da seção circular ou lado da seção quadrada [mm];

C : carga solicitante, em situação de incêndio [kN].

37

O parâmetro “ f ” é obtido a partir da tabela 2.2. Os limites de

aplicabilidade da Eq. 2.1 são dados na Tabela 2.3.

Tabela 2.2 - Valores do parâmetro “ f ” para Eq. 2.1.

Fonte: Adaptada de Kodur (1999) apud Sant’Anna (2009)

Tabela 2.3 - Limites de Aplicabilidade para Equação 2.1.

Fonte: Adaptada de Kodur (1999) apud Sant’Anna (2009)

38

Os resultados obtidos a partir da Eq. 2.1 foram comparados a resultados

experimentais obtidos pelo IRC-NRC e, também, pelo CIDECT. A partir dessa

comparação, Kodur (1999) afirma que os resultados obtidos pela equação

proposta são, na maioria dos casos, favoráveis a segurança, ou seja, resultam

em tempos de resistência ao fogo inferiores aos obtidos experimentalmente.

Gomide (2008) realizou um estudo teórico a partir da literatura

existente, e um estudo experimental, abordando o comportamento de colunas

de aço e mistas, preenchidas por concreto de resistência usual, em situação

ambiente e em situação de incêndio sob diferentes níveis de carregamento

axiais. Foram confeccionadas duas amostras para cada configuração de

ensaio, a fim de se obter a média. A tabela 2.4 descreve as situações de

ensaios em que as amostras foram submetidas.

Tabela 2.4 – Série de ensaios em situação de incêndio.

Fonte: Adaptado de Gomide, 2008

39

Figura 2.3 - Aspecto final da amostra ensaiada sob carga térmica.

Fonte: Adaptado de Gomide, 2008.

Do estudo, pôde-se concluir que em situação ambiente, o

preenchimento de colunas de aço com concreto aumenta, consideravelmente,

a capacidade resistente da seção, além de ocorrer um aumento na rigidez da

seção. Em situação ambiente, as normas EUROCODE 3 (prEN 1993-1-

1:2001) e EUROCODE 4 (prEN 1994-1-1:2003) de dimensionamento

apresentam propostas bastante condizentes com o comportamento real de

colunas de aço, preenchidas ou não.

As amostras ensaiadas de colunas de aço, em situação de incêndio,

tiveram seus resultados experimentais de resistência ao fogo comparados aos

previstos pelo EUROCODE 3 (prEN 1993-1-2:2002). Essa análise comparativa

mostrou que os valores teóricos da referida norma podem ser desfavoráveis à

segurança do elemento estrutural. Os resultados obtidos em situação de

incêndio foram, em geral, inferiores ao tempo mínimo de resistência ao fogo de

30 minutos, definido pela ABNT NBR 14432:2000. Com isso, esses mesmos

elementos estruturais, da forma como ensaiados, não poderiam ter utilização

em estruturas nas quais houvesse a necessidade de verificação em situação

de incêndio. Concluiu-se, também, que para pequenos diâmetros e níveis de

carregamento superiores a 50% o aço pode ser responsável por praticamente

70% da capacidade resistente em situação de incêndio. Sendo o aço o

40

material mais susceptível à ruína, já que é um excelente condutor de calor, a

vantagem atribuída ao elemento misto (aço e concreto) pode não ser tão

grande, sendo, neste caso, talvez mais vantajosa a proteção do aço por outros

materiais de revestimento contrafogo, o que diminuiria a elevação de

temperatura no elemento estrutural e, consequentemente, aumentaria o tempo

de resistência ao fogo da seção.

Sant’Anna (2009) avaliou o comportamento de pilares de aço e mistos,

com seção quadrada, preenchidos com concreto de resistência usual e de alta

resistência, em situação ambiente e em situação de incêndio. A vinculação

adotada foi bi-rotulada (rotação livre e translação impedida nos dois extremos

dos pilares). A tabela 2.5 descreve as situações de ensaio das amostras.

Tabela 2.5 – Série de ensaios sob altas temperaturas.

Fonte: Adaptado de Sant’Anna, 2009

O forno tem seu módulo com diâmetro interno de 35cm e altura útil de

100cm e suas resistências atingem uma taxa de aquecimento de até

41

200ºC/min. As amostras da série FC foram submetidas a ensaio de

compressão axial, em conjunto, com a simulação de um incêndio padronizado

dado pela curva temperatura x tempo fornecida pela norma ISO 834-1 (1999),

por meio de um forno vertical elétrico composto por três módulos

independentes, acoplado à estrutura de reação.

Visou-se, também, verificar a influência das diferentes resistências à

compressão do núcleo de concreto e dos níveis de carregamento, sobre a

resistência ao fogo do pilar misto, comparando-os a resultados da resistência

ao fogo de pilares de aço sem preenchimento de mesmas seções, submetidos

aos mesmos níveis de carregamento.

Figura 2.4 – Amostra após ser ensaiada sob altas temperaturas.

Fonte: Adaptado de Sant’Anna, 2009

Dos resultados obtidos experimentalmente foi realizada uma

comparação aos resultados propostos pelo EUROCODE 4 (prEN 1994-1-

2:2002). O carregamento previamente aplicado à amostra foi mantido

constante ao longo do ensaio até que houvesse a ruptura da amostra. Da

42

análise dos resultados, pôde-se concluir que em situação ambiente, o

preenchimento de pilares de aço com concreto aumenta consideravelmente

sua capacidade resistente, além de aumentar sua rigidez. A análise

comparativa realizada para os pilares de aço, preenchidos e não preenchidos

em situação ambiente, com suas respectivas normas de dimensionamento,

EUROCODE 4 (prEN 1994-1-1:2003) e EUROCODE 3 (prEN 1993-1-1:2001),

revelou uma aproximação bastante conveniente entre os resultados teóricos e

experimentais. Exceto no caso de pilares preenchidos com concreto de alta

resistência à compressão, 74,78 MPa, onde o EUROCODE 4 (prEN 1994-1-

1:2003) pareceu desfavorável à segurança. Entretanto, a referida resistência à

compressão do concreto encontrava-se fora do limite de aplicabilidade da

norma.

Os pilares ensaiados, preenchidos ou não, conforme já esperado,

tiveram sua resistência ao fogo diminuída com o aumento nos níveis de

carregamento. Ao analisar-se o preenchimento dos pilares conclui-se que

houve uma melhora significativa no tempo de resistência ao fogo em

comparação com os pilares sem preenchimento. Entretanto, nos ensaios

realizados, essa melhora não foi proporcional à resistência do concreto, pelo

contrário, uma maior resistência do concreto resultou em menores tempos de

resistência ao fogo.

Por fim, apesar da redução da resistência ao fogo com o aumento do

nível de carregamento, o preenchimento com concreto dos pilares formados

por perfis tubulares de seção quadrada proporcionou uma melhora significativa

na segurança contra incêndio das estruturas. Tal fato pode levar a uma

economia considerável na aplicação de materiais de revestimento contra fogo,

geralmente, de elevado custo.

2.3. Definição do objeto de estudo

Do exposto, ao longo deste capítulo, é perceptível que pesquisas

analisando elementos com chapa fina (aço formado a frio) em programas

experimentais em situação de incêndio é bastante reduzido. Destaca-se,

também, a reduzida quantidade de trabalhos desenvolvidos considerando a

condição circundante de um elemento quando aquecido, ou seja, poucas

43

pesquisas são desenvolvidas considerando a dilatação térmica, isto é, às

restrições axiais e rotacionais dos elementos que a estrutura fora do

compartimento incendiado impõe ao elemento isolado.

Neste aspecto, o programa proposto neste trabalho visa avaliar

comportamento estrutural desses tipos de perfis quando submetidos a um pré-

carregamento mecânico e posteriormente térmico, simulando incêndio. Será

considerada, ainda, a influência do nível de carregamento imposto na

estrutura, bem como, a influência da dilatação térmica axial no elemento

incendiado. Para tanto, será desenvolvida uma série de ensaios em pilares

com as mesmas propriedades geométricas e mecânicas, ensaiando duas

amostras para cada condição de exposição: níveis de 40 e 80% do

carregamento último à temperatura ambiente e dilatação livre e restringida. Os

perfis definidos para essa série de ensaios foram perfis U enrijecidos, unidos

longitudinalmente de modo a constituir uma seção tubular (seção caixão). Esta

disposição foi escolhida a fim de dar continuidade e avaliar o comportamento

dos mesmos elementos, em trabalhos futuros, preenchidos com concreto, ou

seja, como pilares mistos. Essa proposta foi potencialmente motivada devido à

norma brasileira não apresentar nenhuma prescrição acerca de pilares mistos

de concreto e aço formados a frio.

O programa, portanto, será desenvolvido conforme premissas

supracitadas, orientado em trabalhos desenvolvidos a fim de montar uma

infraestrutura compatível com os recursos disponíveis. Nos capítulos que

seguem será melhor descrita abordagem experimental.

44

3. Incêndio e curvas-padrão

A ação térmica é descrita pelos fluxos de calor radiativo e convectivo. O

primeiro é gerado pelas chamas e pela superfície aquecida dos elementos

estruturais e de compartimentação. O segundo, pela diferença de densidade

entre os gases do ambiente em chamas: os gases quentes são menos densos

e tendem a ocupar a atmosfera superior, enquanto os gases frios, de

densidade menor, tendem a se movimentarem para e a atmosfera inferior do

ambiente [Silva, 2004].

Os materiais combustíveis queimam pela ação conjunta do oxigênio do

ar (comburente) e de calor, em condições propícias a se desenvolverem

reações em cadeia, sendo produzidas várias substâncias intermediárias

durante esse processo, não sendo conhecidas totalmente suas ações, devido

à complexidade desse fenômeno [Landi, 1986 apud Gomide, 2008].

Para facilitar a determinação da ação térmica nas estruturas, modelos

matemáticos de incêndio foram formulados para descreverem a variação da

temperatura do compartimento em função do tempo do sinistro. A relação

temperatura x tempo é representada pelas “curvas temperatura-tempo” ou

“curvas de incêndio”, as quais podem ser padronizadas (curva-padrão) ou

parametrizadas pelas características do cenário do incêndio (curvas naturais)

[Costa & Silva, 2006].

3.1. Caracterização do incêndio

O incêndio é modelado por meio de curvas temperatura-tempo; elas

associam a elevação da temperatura em função do tempo de duração do

incêndio, permitindo estimar a máxima temperatura dos gases quentes no

ambiente em chamas.

O incêndio real apresenta três estágios básicos (Figura 3.1):

Ignição: região que representa o início da inflamação (t = 0), com

crescimento gradual de temperatura, quase sem influência das características

do compartimento (aberturas, material da compartimentação, etc.) e sem risco

45

à vida humana ou ao patrimônio, por colapso estrutural. Esse estágio é

também conhecido como “pré-flashover” [Purkiss, 1996] e termina no instante

conhecido por “flashover” (instante de inflamação generalizada). Se as

medidas de proteção ativa forem eficientes, o fogo é extinto rapidamente e,

portanto, não há necessidade de verificação estrutural [Silva, 2001].

Fase de aquecimento: região caracterizada por uma mudança súbita

de crescimento da temperatura. Nesse estágio, todo o material combustível no

compartimento entra em combustão; a temperatura dos gases quentes é

superior a 300 °C e de crescimento veloz [Walton & Thomas, 1995] até atingir

o pico da curva – a temperatura máxima do incêndio, correspondente a

máxima temperatura dos gases do ambiente. Em incêndio compartimentado, é

possível a temperatura máxima dos gases quentes possa ser superior aos

1000 °C [Purkiss, 1996].

Fase de resfriamento: região que representa a redução gradativa da

temperatura dos gases no ambiente, após a completa extinção do material

combustível durante a fase de aquecimento [Silva, 2001]. Deve-se notar que

devido à inércia térmica, a temperatura no elemento estrutural continuará a

aumentar por alguns minutos durante o período de resfriamento, havendo,

portanto, um pequeno “atraso” no início do resfriamento [Purkiss, 1996].

Figura 3.1 – Curva temperatura-tempo de um incêndio real.

Fonte: Adaptado de Costa & Silva, 2006.

46

Os estágios de um incêndio podem ser definidos pelos seguintes

pontos: início do “pré-flashover”, “flashover” e temperatura máxima. Os

instantes correspondentes ao “flashover” e à temperatura máxima variam de

incêndio para incêndio, bem como as respectivas temperaturas. Os fatores que

determinam a variabilidade de um incêndio em relação a outro são carga de

incêndio, grau de ventilação e características da compartimentação [Costa &

Silva, 2006].

3.2. Curvas-padrão de incêndio

O incêndio-padrão é o modelo de incêndio idealizado para análises

experimentais, admitindo-se que a temperatura dos gases quentes no

compartimento em chamas obedeça às curvas padronizadas. Na ausência de

dados realísticos, as curvas padronizadas podem ser consideradas como a

função temperatura da atmosfera do ambiente compartimentado [Costa &

Silva, 2006].

A necessidade de se reproduzir em laboratório ensaios que

possibilitassem comparar diversos materiais quanto à sua capacidade de

suportar a ação do fogo, por um tempo determinado, proporcionou um modelo

de incêndio teórico cuja lei de variação de temperatura em função do tempo

fosse perfeitamente definida [Landi, 1986 apud Gomide, 2008]. As curvas-

padrão para incêndios não representam o comportamento real do incêndio em

estruturas, já que o comportamento, a quantidade e a qualidade dos materiais

combustíveis são diversos de acordo com cada incêndio.

As curvas-padrão possuem apenas o ramo ascendente (Figura 3.2),

com a temperatura crescendo em relação ao tempo, independente da

influência da carga de incêndio e do grau de ventilação do compartimento e

das propriedades térmicas dos materiais. Portanto, as curvas-padrão não

representam uma situação real de incêndio, uma vez que as características do

cenário do incêndio podem variar de um compartimento para o outro [Costa,

2002, Costa & Silva, 2003, Silva, 2004]; contudo, elas são usadas para facilitar

os ensaios em série de elementos construtivos para avaliar a sua resistência a

fogo, com isso, essas curvas apresentam-se com a finalidade de fornecer

parâmetros de projeto.

47

Figura 3.2 – Curva temperatura-tempo do incêndio-padrão.

Fonte: Adaptado de Costa & Silva, 2006

As curvas padronizadas mais citadas na literatura técnica são as curvas

da International Organization for Standardzation – ISO – 834-1 (1999) – Eq.

3.1 e American Society for Testing and Materials – ASTM – E119 (2000) – Eq.

3.2. A NBR 14432:2001 e a NBR 5628:2001 recomendam a curva ISO 834-1

como curva temperatura tempo padrão.

0 345.log(8 1)g tm 3.1

Onde:

g : temperatura dos gases quentes no ambiente em chamas, no instante t (ºC)

0 : temperatura dos gases no instante tm=0, adotado igual a 20ºC

tm : tempo em minutos

( 3,79533. )20 750.[1 ] 170,41.th

g e th 3.2

Onde:

th : tempo em horas

O Eurocode 1 (prEN 1991-1-2:2002) adota a curva ISO 834 como curva-

padrão temperatura-tempo, apresentando, também, outra curva, considerando

que os materiais combustíveis do ambiente sejam formados por

hidrocarbonetos, representada pela Eq. 3.3.

-0,167 -2,5 1080 . (1-0,325 -0,675 ) 20tm tm

g e e Eq. 3.3

48

A Figura 3.3 apresenta as curvas-padrão definidas pela norma ISO 834-

1 (1999), pela ASTM E119 (2000) e pelo Eurocode 1 (prEN 1991-1-2:2002).

Figura 3.3 – Comparação entre as curvas padronizadas temperatura-tempo.

Fonte: Adaptado de Gomide, 2008.

Em pesquisa realizada por Costa & Silva (2006), eles observam que

curvas padronizadas não representam um incêndio real, mas são

internacionalmente recomendadas em normas e procedimentos de ensaios por

questões práticas. As exigências prescritivas de segurança contra incêndio

apresentadas em normas e regulamentos, baseiam-se na curva-padrão ISO

834, para materiais celulósicos.

49

4. Metodologias da pesquisa experimental

O estudo de um objeto, experimentalmente, caracteriza-se inicialmente

por identificar as variáveis que influenciam direta ou indiretamente o

comportamento da amostra, sabidos os parâmetros relevantes é possível

investigar a influência destes definindo-se as formas de controle durante o

experimento. Assim, ao variar determinados parâmetros e mantendo os demais

nas mesmas condições é possível obter dados comparativos sobre a influência

daqueles. Tal procedimento experimental é identificado por ex-post-facto,

traduzido como “a partir do fato passado”. A metodologia, assim, é

fundamentada numa análise analítica da resistência dos perfis à temperatura

ambiente e no seu estudo experimental em altas temperaturas.

O comportamento de estruturas expostas a incêndio é normalmente

descrito em função de sua resistência ao fogo, que corresponde ao período de

tempo de exposição para o qual a ruptura acontece. O prognóstico deste

comportamento sob ação de incêndio é comumente definido através de

ensaios em fornos nos quais os elementos são submetidos isoladamente.

As propriedades mecânicas em temperaturas elevadas são usualmente

determinadas através de ensaios com ou sem pré-carregamento,

preferencialmente com a amostra em escala real. Para tanto, há necessidade

de elaboração de um programa de experimento consistente e ter à disposição

uma estrutura laboratorial adequada.

Dentre as metodologias utilizadas para ensaio, existem duas formas de

abordagem:

Estado estável de temperatura (i.e. steady-state): situação em que

analisa a amostra sob temperatura constante, situação que a literatura

vem atentando aos resultados, devido não condizer com a realidade de

um incêndio, onde a estrutura está submetida a altos gradientes de

temperatura, vide Figura 4.1.

Estado transiente de temperatura (i.e. transient-state): situação onde a

distribuição de temperatura na amostra é heterogênea, ou seja, existem

50

gradientes de temperatura na seção transversal do corpo, vide Figura

4.2.

Figura 4.1 – Situação de ensaio com temperatura constante (steady-state).

Fonte: Adaptado de Phan (1996) apud Oliveira (2006)

Figura 4.2 – Situação de ensaio no estado transiente de temperatura (transient-state)

Fonte: Adaptado de Phan (1996) apud Oliveira (2006)

Existem também os ensaios realizados para análise da resistência

residual do elemento, ou seja, visam identificar o quanto o elemento após ser

51

submetido à elevada temperatura pode suportar. Esse tipo de ensaio pode ser

realizado com ou sem carregamento, como ilustra a Figura 4.3.

Figura 4.3 – Ensaio residual, com e sem carregamento durante aquecimento.

Fonte: Adaptado de Phan (1996) apud Oliveira (2006)

Neste tópico, serão investigados os programas desenvolvidos

experimentalmente em pilares de aço e mistos submetidos a altas

temperaturas, tanto na literatura nacional quanto internacional. O intuito da

abordagem é identificar a melhor estrutura laboratorial que possa ser

desenvolvida a partir dos recursos disponíveis.

4.1. Variáveis envolvidas

A partir da revisão bibliográfica, é possível identificar diversos

parâmetros que interferem no desempenho de pilares de aço e mistos, sejam

eles com maior ou menor intensidade. Neste item, serão descritos alguns

parâmetros que têm influência sobre comportamento dos elementos quando

submetidos a situações de incêndio. A listar, temos:

A forma e as dimensões da seção transversal;

Tipo de perfil de aço: laminado, soldado ou formado a frio;

Espessura do perfil de aço;

52

Índice de esbeltez;

Restrição à dilatação térmica;

Rigidez do pórtico de reação;

A resistência do concreto de preenchimento, bem como, o tipo do

agregado;

Tipo e espessura do revestimento de proteção ao fogo;

Tipo e nível de carregamento imposto ao elemento;

Presença e taxa de armadura de aço, no concreto (armado);

Tipo de vinculação;

Tempo de Resistência ao Fogo;

Distribuição da temperatura;

Do exposto, percebe-se que os parâmetros que podem analisados são

os mais diversos. Cabe ao pesquisador, como já descrito, selecionar, dentro da

estrutura laboratorial à disposição, os parâmetros que possam ser melhor

controlados para identificar sua influência nos elementos. Ainda da literatura, é

pertinente destacar as variáveis e o quão podem influenciar na resistência do

elemento estrutural. São eles:

Lie et al (1991), no IRC-NRC, abordaram diversas variáveis, tais como,

forma da seção, área da seção, espessura do perfil de aço, resistência ao

escoamento do perfil de aço, resistência característica a compressão do

concreto, índice de esbeltez, excentricidade, nível de carga, tipo de agregados

do concreto, presença de armaduras ou fibras de aço.

Com isso, concluíram que o diâmetro externo, o nível de carga e o

comprimento efetivo têm grande influência sobre a resistência ao fogo dos

pilares mistos. A influência do nível de carga na resistência ao fogo dos pilares

é maior quando se aumenta o diâmetro da seção. Para um pilar de diâmetro

406,4 mm, uma redução de carga de 35% dobra a resistência ao fogo de 1

para 2 horas. Para o pilar de referência, com 273,1 mm de diâmetro, para se

obter a mesma configuração de resistência ao fogo a carga deveria ser

reduzida em 70 %.

53

A resistência do concreto e o tipo de agregado têm moderada influência

sobre a resistência ao fogo do pilar. A influência da resistência do concreto

torna-se maior quando a carga aplicada é maior. Ao se duplicar a resistência

do concreto, para carregamentos altos, a resistência ao fogo é aumentada em

100%, enquanto, para carregamentos baixos, este índice é de 40%.

A espessura do perfil de aço exerce pequena influência sobre a

resistência ao fogo da seção, notando-se, quando do incremento da espessura,

para pequenos diâmetros, um aumento da resistência ao fogo e, para

diâmetros maiores, uma diminuição.

Han et al (2003) concluíram que, sobre a resistência ao fogo da seção

mista e, o diâmetro da seção transversal e a espessura do revestimento contra-

fogo, têm grande influência na resistência ao fogo da seção, ou seja,

aumentando-se o diâmetro e a espessura do revestimento contra-fogo obtêm-

se tempos maiores de resistência ao fogo.

A excentricidade do carregamento possui moderada influência na

resistência ao fogo da amostra, causando a diminuição desta, apesar de que,

essa diferença não foi muito grande nos ensaios apresentados, já que, o nível

de carregamento foi mantido em todas as amostras; excêntricas ou não.

Sant’Anna (2009), ao analisar o preenchimento dos pilares concluí-se

que houve uma melhora significativa no tempo de resistência ao fogo em

comparação com os pilares sem preenchimento. Entretanto, nos ensaios

realizados, essa melhora não foi proporcional à resistência do concreto, pelo

contrário, uma maior resistência do concreto resultou em menores tempos de

resistência ao fogo. Talvez este fato tenha ocorrido devido ao desempenho

inferior do forno na série de pilares preenchidos com concreto de resistência

usual (31,39MPa), proporcionando a esta série um maior tempo de resistência

ao fogo.

Concluiu, também, que apesar da redução da resistência ao fogo com o

aumento do nível de carregamento, o preenchimento com concreto dos pilares

formados por perfis tubulares de seção quadrada proporcionou uma melhora

significativa na segurança contra incêndio das estruturas; o que pode levar a

uma economia considerável na aplicação de materiais de revestimento contra

fogo, geralmente, de elevado custo.

54

4.2. Infraestrutura e equipamentos

A infraestrutura mínima necessária e equipamentos para simular uma

situação de incêndio, aplicação de carga, monitoração e aquisição de dados,

são listados abaixo:

Pórtico de reação: estrutura metálica capaz de reagir contra a amostra

para criar situações carregamento (vide Figura 4.4);

Forno: forno elétrico vertical com dimensões suficientes para aplicação

da carga térmica na amostra em escala real, e assim, avaliar o

comportamento do elemento ensaiado; (vide Figura 4.4 e Figura 4.5);

Sistema de aplicação de aplicação de carga: composto por cilindro

hidráulico e bomba com motor elétrico capaz de aplicar carregamentos;

(vide Figura 4.6);

Célula de carga: sistema ligado a computador com a finalidade de medir

aplicação de carga. (vide Figura 4.6);

Transdutores de deslocamento: a fim de monitorar o deslocamento

(alongamento/encurtamento) da amostra quando submetido a altas

temperaturas;

Termopares: responsáveis por monitorar a temperatura do corpo

ensaiado e dentro do forno, conectado ao sistema de aquisição de

dados;

Isolantes: mantas de fibra cerâmica responsáveis por isolar os

equipamentos e estruturas situados na proximidade do forno. (vide

Figura 4.7)

55

Figura 4.4 – Imagem do pórtico e forno, bem como, a amostra a ser ensaiada. Fonte: Sant’Anna (2009)

Figura 4.5 – Forno elétrico vertical para ensaios de pilares em situação de incêndio.

Fonte: Sant’Anna (2009)

56

Figura 4.6 – Cilindro hidráulico e célula de carga. Fonte: Sant’Anna (2009)

Figura 4.7 – Vedação do forno com manta cerâmica. Fonte: Sant’Anna (2009)

57

A Figura 4.8, abaixo, ilustra o ensaio realizado por Araújo (2008) com

pilares curtos, no qual foi analisada a resistência residual após serem expostos

a níveis de Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) de 30 e 60min,

como prescreve a NBR 14432/2000. Os pilares foram submetidos à carga

térmica com e sem carregamento.

Figura 4.8 - Sistema de aplicação de carga com a exposição a altas temperaturas

Fonte: Araújo (2008)

Como já referido na revisão, Han (2003), analisou amostras constituídas

de perfis de aço formados a frio, soldados, preenchidos por concreto

constituído de agregados calcários. A altura total dos pilares é de 3,81m,

incluindo duas chapas de extremidade foram colocadas para garantir que a

carga fosse aplicada ao conjunto aço-concreto. A altura exposta ao fogo no

forno é de 3,00 m e os tipos de ruptura dos pilares, em situação de incêndio,

podem ser vistos na Figura 4.9.

58

Figura 4.9 – Ruptura da amostra situada dentro do forno elétrico. Fonte: Han (2003) apud Gomide (2008)

O programa experimental, portanto, pode ser desenvolvido a partir das

revisões feitas sobre os estudos experimentais de estruturas em situação de

incêndio, bem como, os equipamentos necessários para realização dos

ensaios.

59

5. Perfis em aço formado a frio

Um perfil estrutural em aço formado a frio, como define a

NBR14762/2010, é aquele perfil obtido por dobramento, em prensa dobradeira,

de tiras cortadas de chapas ou bobinas; ou por conformação contínua em

conjunto de matrizes rotativas, a partir de bobinas laminadas a frio ou a quente,

revestidas ou não, sendo ambas as operações realizadas com o aço em

temperatura ambiente.

Conforme cita Mendes (2004), aqui no Brasil, somente no final da

década de 60 foram adquiridos alguns equipamentos para a confecção de

perfis formados a frio, como dobradeiras e mesas de rolete. Paralelamente ao

início da produção e consequente utilização de perfis dobrados, surgiram as

primeiras prescrições normativas, procedimento e dimensionamento, com a P-

NB-143 - Cálculo de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis Leves, de 1967.

Um tempo depois, surgiu a NBR 6355:1980 - Perfis estruturais de aço

formados a frio. Em agosto de 1997 foi constituído um grupo de trabalho para a

elaboração de uma norma brasileira para projeto de estruturas constituídas por

perfis formados a frio, adequada ao uso com outras normas brasileiras, tais

como NBR 8800:1986 e NBR 14323:1999. Só então, em 2001, foi publicada

um a NBR 14762 - Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por

perfis formados a frio - Procedimento. Em seguida, surgiu uma nova versão da

NBR 6355:2003 - Perfis estruturais de aço formados a frio – Padronização.

Atualmente, dispomos da recém-publicada NBR 14762/2010 e da ainda em

vigor NBR 6355:2003, para temperatura ambiente. Em situação de incêndio,

vigora a NBR 14323/1999 - Dimensionamento de estruturas de aço e de

estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio,

porém, desde 2003 surgiram revisões a fim de compatibilizá-la com as versões

mais atuais de normas de referência como NBR 8800/2008 e NBR 14762/2012.

Assim, a norma avaliada neste presente trabalho será a NBR 14323/2011

(Projeto de Revisão) - Dimensionamento de estruturas de aço e de estruturas

mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio.

Neste contexto, este capítulo irá abordar as diversas características dos

perfis formados a frio abrangendo as diretrizes de fabricação e uso desses

60

elementos baseados nas normas supracitadas, direcionando a abordagem,

sempre que possível, para as peças em situação de incêndio que é o objeto

principal de estudo.

5.1. Aplicações

No Brasil, a construção civil tem como seu carro-chefe a utilização de

estruturas em concreto armado nos projetos de engenharia. Isto se deve, em

grande parte, a questões socioeconômicas e culturais que se consolidam na

indústria da construção devido a não exigência de mão de obra tão qualificada

e de materiais facilmente encontrados nas regiões do país. Não obstante, há

alguns anos a construção em aço vem ganhando espaço no mercado brasileiro

devido a fatores como: exigências estéticas, necessidade de estruturas leves,

disponibilidade de ferramentas técnicas, produção nacional do aço, rapidez na

execução, menos desperdício, alívio de cargas na fundação, etc.

O uso de perfis formados a frio em substituição aos clássicos perfis

laminados nas chamadas “estruturas leves” tem origem na década de 60.

Como destaca Chodraui (2003), o motivo dessa mudança foi a escassez de

laminados leves no mercado, pois a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)

iniciava a desativação dos seus laminadores de perfis, além evidentemente das

vantagens que os perfis formados a frio traziam: maior disponibilidade no

mercado para pequenas e elevadas quantidades, e maior possibilidade de

otimização de perfis nos projetos, resultando em perfis de maior relação

inércia/peso que os laminados, cuja consequência imediata é o menor

consumo de material. Soma-se a isto, a grande distância dos centros

siderúrgicos para grande parte das regiões do país, bem como, produção

mínima da indústria o que inviabiliza a utilização em pequenas construções

devido ao alto custo. Neste contexto, começou a ser desenvolvida em maior

escala a produção de aços planos que deram origem aos perfis soldados (em

substituição dos perfis laminados de médias e grandes dimensões) e aos perfis

formados a frio nas estruturas leves.

Apesar de um cenário ainda em desenvolvimento tendo em vista a

carência de mão de obra qualificada, literatura técnica, profissionais,

construtores e sociedade ainda pouco habituados à construção em aço, os

61

perfis formados a frio têm sido mais fortemente empregados na construção civil

como sistemas de coberturas, galpões, edifícios industriais e residenciais,

indústria automobilística e aeronáutica, reservatórios e estruturas mistas.

5.2. Processos de fabricação

Os processos de fabricação podem ser: perfilar o aço (processo

contínuo) ou por dobragem (processo não contínuo). A fim de incentivar o

processo produtivo e o uso nas estruturas por parte de arquitetos e projetistas,

a Norma NBR 6355:2003, padroniza uma série de perfis formados com chapas

de espessuras entre 1,50 mm a 4,75 mm, indicando suas características

geométricas, pesos e tolerâncias de fabricação. A tabela 5.1 exemplifica os

perfis de seção aberta mais usuais.

No processo de perfilação, a tira de aço passa por uma série de roletes,

formando a seção transversal do perfil, esse processo é adequado à fabricação

em série. As figuras 5.1(a) e (b), abaixo, ilustram o equipamento para

produção.

(a)

(b)

Figura 5.1 – Processo de Perfilagem (a) Roletes para definição da seção (b) Corte do perfil

Fonte: http://www.stam.it/sistemas-para-perfis-estruturais.php

62

Tabela 5.1 - Séries comerciais de perfis estruturais e respectivas designações

Fonte: Adaptada da NBR 6355/2003

63

O processo descontínuo, adequado a pequenas quantidades de perfis, é

realizado mediante o emprego de uma prensa dobradeira. No processo de

dobragem, a tira de aço é prensada por punção contra a matriz, sendo cada

dobra obtida isoladamente. Geralmente são necessárias várias operações para

se obter a geometria da seção, limitando-se o comprimento da peça ao

tamanho da dobradeira. As figuras 5.2(a) e (b) abaixo exemplificam o processo.

(a)

(b)

Figura 5.2 – Processo descontínuo (Prensa dobradeira) Fonte: http://www.perfitecmg.com.br/equipamentos.html

Em ambos os processos, o dobramento de uma chapa provoca um

fenômeno conhecido como envelhecimento (carregamento até a zona plástica,

descarregamento, e posterior, porém não imediato, carregamento),

proporcionando um aumento da resistência ao escoamento (fy) e da resistência

à ruptura (fu). A redução de ductilidade significa uma menor capacidade de o

material se deformar; por essa razão, a chapa deve ser conformada com raio

de dobramento adequado ao material e à sua espessura, a fim de se evitar o

aparecimento de fissuras. (Dimensionamento de perfis formados a frio - Série

Manual de Construção em Aço, 2008).

A tabela 5.2, abaixo, lista um comparativo entre os métodos de

fabricação supracitados.

.

64

Tabela 5.2 – Comparativo entre os métodos de fabricação.

Prensa Dobradeira Perfiladeira

Muita flexibilidade para produzir

diversas formas de seção transversal

Pouca flexibilidade para produzir

seções transversais

Com poucas ferramentas se produz

uma série grande de perfis

Cada tipo de perfil necessita de um

trem de perfilação

Baixo custo do equipamento Alto custo de equipamento

Tensões residuais mais concentradas

nos cantos dobrados da seção

transversal

Tensões residuais distribuídas na

seção e reduzidas nos cantos

dobrados da seção transversal

Perfis curtos (limitados ao tamanho da

dobradeira)

Perfis mais longos

Razoável mão de obra envolvida Pouca mão de obra envolvida.

Menor produção Maior produção

Fonte: Adaptada de Carvalho et al (2006) apud Almeida (2007).

O aumento das resistências ao escoamento e à ruptura se concentra na

região das curvas quando o processo é descontínuo, pois apenas a região da

curva está sob carregamento. No processo contínuo esse acréscimo atinge

outras regiões do perfil, pois na linha de perfilação toda a parte do perfil entre

roletes está sob tensão. (Dimensionamento de perfis formados a frio - Série

Manual de Construção em Aço, 2008).

É imprescindível, também, ressaltar que ao passo que há um aumento

da resistência nos perfis, surgem as tensões residuais nos perfis e chapas

antes mesmo destes serem colocados em uso, pois o elemento estrutural

apresenta um estado inicial de tensões ao qual se superpõem às tensões

originárias das ações externas. Por isso, é importante analisar cada caso antes

de considerar os efeitos citados como discorre o item a seguir.

5.3. Comportamento mecânico

A análise do comportamento dos perfis metálicos necessita, além do

conhecimento acerca das propriedades mecânicas, o conhecimento das

65

propriedades geométricas das seções transversais. As figuras 5.3 (a) a (p),

abaixo, ilustram as seções transversais usualmente empregadas na construção

civil.

Na figura 5.3, como é possível observar, as seções transversais podem

ter as mais variadas formas, sendo: monosimétricas, simétricas e assimétricas.

Sendo sua eficiência, obviamente, relacionada à sua aplicação. Segundo

Almeida (2007) et al, a relação peso/resistência dos perfis formados a frio é

menor se comparada aos perfis soldados e laminados a quente, sendo uma

característica favorável sob a ótica operacional e que deve ser considerada nas

etapas de armazenamento, transporte e montagem. No entanto, o

comportamento mecânico desses perfis está sujeito a três modos de

flambagem quando submetidos à compressão e/ou flexão, são eles:

flambagem local, global e distorcional.

Figura 5.3 – Seções transversais empregadas em pórtico estrutural Fonte: Almeida (2007)

Os modos de instabilidade supracitados além de ocorrerem

isoladamente, podem ainda, interagir entre eles. Nos itens, a seguir, será

66

abordado cada um dos modos de flambagem, bem como, serão abordados os

procedimentos normativos nos capítulos se seguem.

5.3.1. Flambagem local

A flambagem local é um modo de instabilidade no qual o componente da

seção transversal de um elemento comprimido (alma, aba ou enrijecedor de

bordo) sofre flexão, ou seja, há um deslocamento ou mudança de ângulo

formando as arestas do elemento. A instabilidade local da placa é dominante

em perfis de aço formados a frio devido a elevada esbeltez dos elementos

(elevada relação b/t). Santos (2010) et al, destacam que o fenômeno da

flambagem local pode se manifestar antes do início do escoamento, sendo a

carga última inferior à carga de escoamento (Py = A.fy). As figuras 5.4 e 5.5

ilustram este tipo de instabilidade.

(a)

(b)

Figura 5.4 – Flambagem local nos perfis (a) U e (b) U enrijecido

Fonte: Almeida (2007)

67

Figura 5.5 – Flambagem local de perfis U sob compressão centrada. Fonte: Pravia & Kripka (2008)

A flambagem local, por consequência, provoca a redução da rigidez dos

perfis e, portanto, deve ser considerada no cálculo da resistência como perfis

esbeltos. Neste sentido, a NBR 14762/2010 avalia a redução dos elementos

sujeitos a esta instabilidade através do Método das Larguras Efetivas ou do

Método da Seção Efetiva. Alternativamente, a resistência dessas barras pode

ser considerada com base no Método da Resistência Direta. No capítulo 6 os

critérios de dimensionamento serão abordados.

5.3.2. Flambagem global

As barras em aço formado a frio, além da instabilidade local, estão

sujeitos à flambagem global. Este é um fenômeno que ocorre nas barras com

elevada esbeltez global, onde há deslocamento de translação ou de rotação de

corpo rígido da seção transversal do perfil.

Como destaca Pfeil (2009), os primeiros resultados teóricos sobre

instabilidade foram obtidos pelo matemático suíço Leonhardt Euler (1707-

68

1783), que investigou o equilíbrio de uma coluna comprimida na posição

deformada com deslocamentos laterais em colunas idealmente perfeitas, ou

seja: isenta de imperfeições geométricas e tensões residuais; material de

comportamento elástico linear e carga perfeitamente centrada. Nestas

condições os deslocamentos se mantêm nulos até atingir a carga crítica (Euler)

por flexão, dada por:

2

2cr

fl

EIP

l

5.1

Dependendo do tipo da seção transversal, a flambagem global pode ser

por flexão, torção ou flexo-torção. A figura 5.6 exemplifica esses modos de

instabilidade global.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.6 – Flambagem global por (a) flexão (b) torção e (c) flexo-torção.

Fonte: Almeida (2007) Conforme destaca Machado (2000), a flambagem global pode ser:

69

(a) por flexão: ocorre em perfis duplamente simétricos ou de seção cheia, e

é caracterizada por apresentar a deformada do perfil flambado idêntica à

deformada de um perfil fletido.

(b) por torção: ocorre em perfis duplamente simétricos com rigidez torcional

muito pequena, e é caracterizada por apresentar a deformada do perfil

flambado idêntica à deformada de um perfil torcido.

(c) por flexo-torção: ocorre em perfis com um ou nenhum eixo de simetria, e

é caracterizada pela interação da flambagem global por flexão com a

flambagem global por torção em torno do centro de cisalhamento.

É destacável, ainda, que se o comprimento da coluna for muito longo o

fenômeno da flambagem global por flexão é dominante, mesmo em perfis com

um ou nenhum eixo de simetria. A resistência de barras constituídas por perfis

de aço formados a frio sujeitos a flambagem global pode ser calculada

conforme procedimentos prescritos pela NBR 14762/2010.

5.3.3. Flambagem distorcional

Machado (2000) observou que os perfis leves de chapa dobrada com

seção transversal aberta e com enrijecedores de bordo podem, ainda,

apresentar instabilidade por distorção da seção. No modo de flambagem

distorcional ocorre abertura ou fechamento das mesas da seção transversal do

perfil, e consequentemente, deslocamento de flexão do elemento de placa da

alma da seção transversal do perfil.

Segundo Santos (2010), a flambagem distorcional é dominante nos

perfis de aço formados a frio que apresentam:

(i) seção transversal com tendência de relação entre largura de alma e largura

de mesa em torno da unidade;

(ii) seção transversal com enrijecedor de borda ineficiente.

O uso de enrijecedores de borda se destina à prevenção da flambagem

local, entretanto o seu uso facilita o surgimento da flambagem distorcional.

70

Dessa forma, a flambagem distorcional não afeta os perfis tipo U simples (sem

enrijecedor de borda). A figura 5.7 exemplifica a flambagem distorcional.

Figura 5.7 – Exemplos de flambagem distorcional Fonte: NBR 14672/2010

As seções transversais de barras, conforme ilustrado na figura 5.7,

podem apresentar flambagem distorcional. Dependendo da forma da seção e

das dimensões dos elementos, o modo de flambagem distorcional pode

corresponder ao modo crítico, devendo, portanto, ser considerado no

dimensionamento como ressalta a norma brasileira NBR 14762/2010.

5.4. Aumento de resistência e tensões residuais

A conformação a frio altera as propriedades mecânicas do aço, ou seja,

modifica as características do aço virgem (antes do dobramento). Dentre as

principais modificações estão: aumento da resistência ao escoamento,

aumento da resistência à ruptura na tração, redução da ductilidade e

surgimento de tensões residuais.

Segundo CHODRAUI (2006), os efeitos supracitados são influenciados

pelo tipo da tensão (tração ou compressão), da direção da tensão com relação

à direção do trabalho a frio, da relação fu/fy, da relação entre o raio de

dobramento e da espessura ri/t, e de quanto trabalho a frio foi executado. As

figuras 5.8 e 5.9 ilustram o ganho de resistência nos perfis após a conformação

a frio.

71

Figura 5.8 – Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura, num perfil formado a frio por perfiladeira

Fonte: Revista Portuguesa de Estruturas apud Dimensionamento de perfis formados a frio - Série Manual de Construção em Aço, 2008.

Figura 5.9 - Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura, num perfil formado a frio por prensa dobradeira.

Fonte: Revista Portuguesa de Estruturas apud Dimensionamento de perfis formados a frio - Série Manual de Construção em Aço, 2008.

Embora seja real o aumento da resistência, principalmente nas regiões

de dobramento, é preciso cautela ao considerar as propriedades oriundas do

trabalho a frio no dimensionamento, visto que estas considerações podem

implicar na consideração das tensões residuais nestas regiões de canto, o que

reduz a resistência dos perfis e, portanto, os efeitos seriam opostos e

possivelmente quase que se equilibrariam [Chodraui, 2006]. Fato este que fez

com que Schafer & Peköz (1998) apud Chodraui (2006), alertassem que deve

72

haver coerência ao se assumir nos modelos numéricos o efeito do trabalho a

frio nas regiões dos cantos da seção (aumento de fy), a fim de se considerar

também a elevação das tensões residuais nesses locais, ou não se considerar

nenhum dos efeitos.

A NBR 14762/2010, prescreve a equação 5.2 com a qual é possível

considerar o aumento da resistência ao escoamento no dimensionamento de

barras submetidas à compressão ou à flexão não sujeitas à flambagem local.

No entanto, não traz nenhuma referência às tensões residuais. A resistência ao

escoamento modificada fya deve ser determinada com base em um dos

seguintes procedimentos:

a) ensaios de tração em corpos-de-prova constituídos por segmentos da

barra (ensaio na seção completa);

b) ensaios de compressão em corpos-de-prova constituídos por

segmentos da barra (ensaio na seção completa);

c) calculada como indicado a seguir:

(1 )ya r yc r yt uf C f C f f 5.2

A equação anterior é aplicável somente quando u y i/ 1,2; / 7 f f r t e

o ângulo de dobramento for igual ou inferior a 120°.

Onde:

yaf é a resistência ao escoamento do aço modificada;

rC é a relação entre a área total das dobras e a área total da seção para barras

submetidas à compressão; ou a relação entre a área das dobras da mesa

comprimida e a área total da mesa comprimida para barras submetidas à

flexão;

yff é a resistência ao escoamento média das partes planas estabelecida por

ensaios ou a resistência ao escoamento do aço virgem fy na ausência de

ensaios;

ycf é a resistência ao escoamento para a região das dobras, avaliada por:

73

( / )

c y

yc m

i

B ff

r t 5.3

Com:

23,69( / ) 0,819( / ) 1,79

0,192( / ) 0,068

c u y u y

u y

B f f f f

m f f

yf é a resistência ao escoamento do aço virgem;

uf é a resistência à ruptura do aço virgem;

ir é o raio interno de dobramento;

t é a espessura.

74

6. Propriedades mecânicas e térmicas do aço

A exposição de materiais construtivos a altas temperaturas tais como,

aço e concreto, degenera as características mecânicas e químicas destes

materiais, causando redução da resistência e da rigidez, o que deve ser levado

em conta no dimensionamento das estruturas em situação de incêndio. No

Brasil, a NBR 14323:1999 (em processo de revisão, 2011) aborda tais

características dos materiais, bem como, seu dimensionamento enquanto

materiais portantes.

As propriedades mecânicas e térmicas aqui apresentadas são adotadas

pela NBR 14323/2011 e aplicam-se, em princípio, em temperatura elevada,

aos aços de uso estrutural permitido pela NBR 8800 ou NBR 14762. Caso

algum aço estrutural possua propriedades diferentes das apresentadas, ou

fique com propriedades diferentes em virtude de trabalhos realizados para

formação ou revestimento de perfis ou composição da estrutura, os valores

destas propriedades devem ser utilizados.

6.1. Propriedades mecânicas

6.1.1. Resistência ao escoamento e módulo de elasticidade

Para taxas de aquecimento entre 2°C/min e 50°C/min, a tabela 6.1

fornece fatores de redução, relativos aos valores a 20°C, para a resistência ao

escoamento do aço em temperatura elevada, respectivamente y, E, ,k , k e k ,

de modo que:

, ,

y, E, ,k ; k ; ky y

y y

f fE

f E f

6.1

Onde:

75

,Ek

- fator de redução do módulo de elasticidade do aço do perfil em

temperatura elevada relativo ao valor à temperatura ambiente;

,yk - fator de redução da resistência ao escoamento do aço do perfil em

temperatura elevada relativo ao valor à temperatura ambiente;

,k - fator de redução da resistência ao escoamento do aço de seções sujeitas

à flambagem local em temperatura elevada relativo ao valor à temperatura

ambiente;

Tabela 6.1 – Fatores de redução para o aço.

Fonte: Adaptado da NBR 14323/2011

Figura 6.1 - Variação dos fatores de redução para a resistência ao escoamento

e o módulo de elasticidade dos aços com a temperatura. Fonte: Adaptado da NBR 14323/1999

76

6.1.2. Massa específica

A massa específica do aço pode ser considerada independente da

temperatura, e igual a:

a =7850 kg/m³

6.2. Propriedades térmicas

As variações do alongamento, calor específico e condutividade térmica

dos aços estruturais com a temperatura serão abordados neste item.

A elevação de temperatura a,t em graus Celsius, de um elemento

estrutural de aço sem revestimento contra fogo, situado no interior da

edificação, durante um intervalo de tempo t , pode ser considerado o mesmo

procedimento para normas em análise. Portanto, a elevação da temperatura no

aço é dada por:

6.2

Onde:

shk é um fator de correção para o efeito de sombreamento, que pode ser

tomado igual a 1,0 (para seções tubulares), para demais seções:

( / )0,9

( / )

g b

sh

g

u Ak

u A 6.3

Com:

é valor do fator de massividade, definido como a relação entre o

perímetro exposto ao incêndio de uma caixa hipotética que envolve o perfil e

sua área da seção transversal (em uma seção I ou H com altura d e largura das

77

mesas b, exposta ao incêndio pelos quatro lados, o perímetro é igual a 2(d+b)

– se a seção for exposta ao incêndio pelos lados inferior e laterais, o perímetro

é igual a 2d+b).

/ gu A é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem

revestimento contra fogo, em um por metro;

u é o perímetro exposto ao incêndio do elemento estrutural de aço, em metros;

gA é a área bruta da seção transversal do elemento estrutural, em metros

quadrados;

a é a massa específica do aço, em quilogramas por metro cúbico;

ac é o calor específico do aço, em joules por quilograma e por grau Celsius;

é o valor do fluxo de calor por unidade de área, em watts por metro

quadrado;

t é o intervalo de tempo, em segundos (não maior que 5 segundos).

O valor de , em watt por metro quadrado, é dado por:

6.4

Com:

Onde:

c é o componente do fluxo de calor devido à convecção, em watts por metro

quadrado;

r é o componente do fluxo de calor devido à radiação, em watts por metro

quadrado;

c é o coeficiente de transferência de calor por convecção, podendo ser

tomado, para efeitos práticos, igual a 25 W/m² °C no caso de exposição ao

incêndio-padrão, ou 35 W/m² °C para outros tipos de exposição ao fogo;

g é a temperatura dos gases, em graus Celsius;

a é a temperatura na superfície do aço, em graus Celsius;

78

res é a emissividade resultante, podendo ser tomada para efeitos práticos igual

a 0,7.

A figura 5.2 apresenta um exemplo de elevação de temperatura de um

perfil de aço, submetido a aquecimento por todas as faces, segundo a curva-

padrão ISO 834-1 (1999).

Figura 6.2 – Elevação da temperatura no perfil do aço.

Fonte: Adaptado de Gomide, 2008.

6.2.1. Alongamento

O alongamento do aço ( a al / l ) pode ser determinado da seguinte

forma:

a

5 8 2 4

2

Para 20ºC <750ºC:

1,2 10 0,4 10 2,416 10

Para 750ºC 860º :

1,1 10

aa a

a

a

a

a

lx x x

l

C

lx

l

79

a

5 3

Para 860ºC< 1200º :

2 10 6,2 10aa

a

C

lx x

l

Onde:

al : comprimento do aço a 20ºC

al : expansão térmica da peça de aço provocada pela temperatura

Figura 6.3 – Alongamento do aço em função da temperatura.

Fonte: NBR 14323/2011

6.2.2. Calor específico

O calor específico do aço ( ac ), em joule por quilograma e por grau

Celsius (J/kg°C), pode ser determinado da seguinte forma:

a

1 3 2 6 3

Para 20 <600ºC:

425 7,73 10 1,69 10 2,22 10a a a ac x x x

80

a

a

Para 600 <735ºC:

13002666

738

Para 735ºC θ <900ºC:

17820545

731

900º 1200º :

650

a

a

a

a

a

a

c

c

Para C C

c

Figura 6.4 – Calor específico do aço em função da temperatura.

Fonte: NBR 14323/2011

6.2.3. Condutividade térmica

A condutividade térmica do aço ( a ), em watt por metro e por grau

Celsius (W/m°C), pode ser determinada da seguinte forma:

a

2

a

Para 20ºC θ <800ºC:

54 3,33 10

Para 800 <1200ºC:

27,3

a a

a

x

81

Figura 6.5 – Condutividade térmica do aço em função da temperatura.

Fonte: NBR 14323/2011

82

7. Dimensionamento de pilares em aço formado a

frio

No dimensionamento de perfis formados a frio (chapa dobrada) é

necessário verificar os elementos devido à instabilidade por flambagem local,

visto que a seção transversal dos elementos é formada de chapas finas, ou

seja, possuem elevada relação largura/espessura.

Os elementos planos que constituem a seção do perfil nas estruturas de

chapa dobradas podem deformar-se (flambar) localmente quando solicitados à

compressão axial, à compressão com flexão, ao cisalhamento, etc.

Diferentemente da flambagem de barra, a flambagem local não implica

necessariamente no fim da capacidade portante do perfil, mas, apenas uma

redução de sua rigidez global à deformação. Isso significa que o correto

dimensionamento desses elementos depende de uma análise não-linear.

Costuma-se substituí-la por expressões diretas, deduzidas a partir de teorias

simplificadas e calibradas empiricamente.

Atualmente, na norma brasileira para o dimensionamento de perfis

formados a frio, a NBR 14762:2010 recomenda o método das larguras efetivas

e o método da resistência direta.

7.1. Fundamentos básicos

A condição de contorno dos elementos de chapa, tal qual nas barras,

influi na capacidade resistente. A NBR 14762/2010 designa dois tipos de

condição de contorno para os elementos de chapa, AA e AL, conforme

exemplificado na figura 7.1. A relação largura-espessura de um elemento,

desconsiderando enrijecedores intermediários, não deve ultrapassar os valores

estabelecidos na tabela 7.1.

83

Figura 7.1 – Tipos de elementos componentes de perfis formados a frio. Fonte: NBR14762/2010

Tabela 7.1 – Valores máximos da relação largura-espessura

Caso a ser analisado

Valor máximo da

relação largura-

espessura ª

Elemento comprimido AA, tendo uma borda vinculada a alma ou mesa e a outra a enrijecedor de borda simples

(b/t)máx = 60

Elemento comprimido AA, tendo uma borda vinculada a alma e a outra a mesa ou outro tipo de enrijecedor de borda com Is Ia .

(b/t)máx = 90

Alma de perfis U não enrijecidos sujeita à compressão uniforme

(b/t)máx = 90

Elemento comprimido com ambas as bordas vinculadas a elementos AA

(b/t)máx = 500 c

Elemento comprimido AL ou AA com enrijecedor de borda tendo Is<Ia .

(b/t)máx = 60 b

Alma de vigas sem enrijecedores transversais (b/t)máx = 200

Alma de vigas com enrijecedores transversais apenas nos apoios e satisfazendo as exigências de 9.5.1 da norma.

(b/t)máx = 260

Alma de vigas com enrijecedores transversais nos apoios e intermediários, satisfazendo as exigências de 9.5.1 da norma.

(b/t)máx = 300

a b é a largura do elemento; t é a espessura. b Para evitar deformações excessivas do elemento, recomenda-se (b/t)máx = 30. c Para evitar deformações excessivas do elemento, recomenda-se (b/t)máx = 250.

Fonte: Adaptada da NBR 14762/2010

Os enrijecedores e as mesas não enrijecidas dos perfis de aço, figura

7.2, são elementos com um dos lados constituídos de borda livre, AL indicados

da figura 7.2 (a). Essa condição reduz significativamente a capacidade

resistente, pois, não ocorrem na configuração deformada (figura 7.2 (b)), as

diversas semiondas que aproximam seu comportamento ao de uma chapa

84

quadrada e nem há colaboração de “barras horizontais” como um modelo de

grelha. Em elementos muito esbeltos, ou seja, com altos valores da relação

largura/espessura, a largura efetiva calculada é muito pequena (Manual de

Dimensionamento, CBCA).

(a)

(b)

Figura 7.2 – Elementos com (a) borda livre e (b) borda enrijecida Fonte: Dimensionamento de perfis formados a frio - Série Manual de

Construção em Aço, 2008. Os elementos com enrijecedores de borda não podem ser

incondicionalmente considerados como biapoiados. Como se pode notar no

modelo adotado para representar o enrijecedor de borda na figura 7.2(b), um

enrijecedor pode não ser suficientemente rígido para se comportar como um

apoio adequado e assim, comprometer a estabilidade da mesa enrijecida.

Quando o carregamento na chapa não é uniforme, há uma diminuição dos

esforços de compressão ao longo da borda carregada, consequentemente

aumentando a largura efetiva calculada. O valor da tensão, obviamente, é

fundamental na determinação da largura efetiva. Altos valores de tensões

atuantes conduzem a menores larguras efetivas (Manual de Dimensionamento,

CBCA).

O coeficiente de flambagem, k, é o fator inserido nas expressões para o

cálculo das larguras efetivas que quantifica as diversas condições de contorno

e de carregamento das chapas, sendo obtido por meio da Teoria da

Estabilidade Elástica. As tabelas 7.2 e 7.3 mostram os valores adotados pela

norma brasileira para o coeficiente k.

85

Tabela 7.2 – Largura efetiva e coef. de flambagem local para elementos AA

Fonte: Adaptada da NBR14762/2010

86

Tabela 7.3 – Largura efetiva e coef. de flambagem local para elementos AL

Fonte: Adaptada da NBR 14762/2010

7.1.1. Flambagem local

Nesta Norma são previstos os seguintes métodos simplificados para o

dimensionamento de barras considerando o efeito da flambagem local:

a) método da largura efetiva (MLE), em que a flambagem local é

considerada por meio de propriedades geométricas efetivas (reduzidas) da

87

seção transversal das barras, oriundas do cálculo das larguras efetivas dos

elementos totalmente ou parcialmente comprimidos. Adicionalmente, deve ser

considerada a flambagem distorcional, se houver necessidade;

b) método da seção efetiva (MSE), em que a flambagem local é

considerada por meio de propriedades geométricas efetivas (reduzidas) da

seção transversal das barras, calculadas diretamente para barras submetidas à

compressão e para barras submetidas à flexão. Adicionalmente, deve ser

considerada a flambagem distorcional, se houver necessidade;

c) método da resistência direta (MRD), com base nas propriedades

geométricas da seção bruta e em análise geral de estabilidade elástica que

permita identificar, para o caso em análise, todos os modos de flambagem e

suas respectivas cargas críticas. Esse método pode ser empregado como

alternativa às subseções para cálculo de Nc,Rd, MRd e para cálculo de

deslocamentos.

7.1.1.1. Método das larguras efetivas

7.1.1.1.1. Elementos totalmente ou parcialmente comprimidos

A largura efetiva de elementos totalmente ou parcialmente comprimidos

deve ser calculada conforme as equações abaixo, para os casos de cálculo do

esforço resistente e de deslocamentos. A largura efetiva bef deve ser calculada

conforme descrito a seguir:

- todos os elementos AA indicados na Tabela 7.2 e os elementos AL

indicados na Tabela 7.3 sem inversão no sinal da tensão ( 0 ):

0,673

(1 0,22 / ) 0,673

ef p

p

ef p

p

b b para

bb para

88

- elementos AL indicados na Tabela 7.2 com inversão no sinal da tensão

( 0 ):

0,673

(1 0,22 / ) 0,673

ef c p

c p

ef p

p

b b para

bb para

Onde:

b é a largura do elemento;

bc é a largura da região comprimida do elemento, calculada com base na seção

efetiva;

λp é o índice de esbeltez reduzido do elemento, definido como:

0,5

0,5

/

0,95( / )

b tp

cr kE

7.1

Para p 0,673 , a largura efetiva é a própria largura do elemento;

cr é a tensão convencional de flambagem elástica do elemento, dada por:

2 2

²

12(1 )( / )cr

Ek

b t

7.2

t é a espessura do elemento;

k é o coeficiente de flambagem local do elemento, calculado de acordo com a

tabela 7.2 para elementos AA ou de acordo com a Tabela 6.3 para elementos

AL;

é o coeficiente de Poisson do aço, adotado igual a 0,3;

é a tensão normal de compressão, definida conforme descrito a seguir:

a) estado-limite último de escoamento da seção

Para cada elemento totalmente ou parcialmente comprimido, é a

máxima tensão de compressão, calculada para a seção efetiva, que ocorre

quando a seção atinge o início do escoamento. Se a máxima tensão for de

89

tração, pode ser calculada admitindo-se distribuição linear de tensões. A

seção efetiva, neste caso, deve ser determinada por aproximações sucessivas.

b) estado-limite último de instabilidade da barra

Se a barra for submetida à compressão, yf , sendo , o fator de

redução da força axial de compressão resistente, associado à flambagem

global. Se a barra for submetida à flexão, FLT yf , sendo

FLT o fator de

redução do momento fletor resistente, associado à flambagem lateral com

torção.

7.1.1.1.2. Elementos uniformemente comprimidos com enrijecedor de

borda simples

Para calcular a largura efetiva de um elemento com enrijecedor de borda

é necessário considerar as dimensões do elemento (b) e as do enrijecedor de

borda (D) (figura 7.3). Se o elemento b for pouco esbelto (valor de b/t pequeno

até cerca de 12) não haverá necessidade de enrijecedor para aumentar sua

capacidade resistente de compressão e sua largura efetiva será igual à largura

bruta. Para elementos esbeltos o enrijecedor de borda deverá servir como um

apoio “fixo” na extremidade do elemento, que além de servir como apoio, o

enrijecedor, também se comporta como um elemento de borda livre (AL) sujeito

à flambagem local (Dimensionamento de perfis formados a frio - Série Manual

de Construção em Aço, 2008).

Figura 7.3 – Elemento enrijecido Fonte: Dimensionamento de perfis formados a frio - Série Manual de

Construção em Aço, 2008.

90

Para o cálculo das larguras efetivas do elemento com enrijecedor de

borda uniformemente comprimido são analisados dois casos conforme as

expressões a seguir:

0

/

0,623p

b t

E

Eq. 7.3

Onde:

b é a largura plana do elemento;

t é a espessura do elemento;

é a tensão normal de compressão no elemento.

De acordo com o valor de 0p são estabelecidos os seguintes casos:

Caso I: 0 0,623p (Não é necessário enrijecedor de borda)

bef = b

ds = def para enrijecedor de borda simples

As = Aef para outro tipo de enrijecedor

Caso II: 0 0,623p (É necessário o uso de enrijecedor de borda)

,1

,2 ,1

( / )( / 2) ( / 2)

( / )

ef s a ef ef

ef ef ef

s s a ef ef

b I I b b

b b b

d I I d d

Onde:

sI é o momento de inércia da seção bruta do enrijecedor em relação ao eixo

que passa pelo seu centróide e é paralelo ao elemento a ser enrijecido. A

região da dobra entre o enrijecedor e o elemento a ser enrijecido não deve ser

considerada parte integrante do enrijecedor. Portanto, para o enrijecedor

representado na figura 7.5:

91

( ³ ² ) /12sI td sen

aI é o momento de inércia de referência do enrijecedor borda, dado por:

4 4

0 0399 [0,48 0,328]³ [56 5]a p pI t t

é a tensão normal;

efb é a largura efetiva do elemento, calculada conforme item anterior e com o

seguinte valor de k (considerando / 1s aI I ) :

Para / 0,25D b :

Para 0,25 / 0,8D b :

(4,82 5 / )( / ) 0,43 4nk D b Is Ia

0(0,582 0,122 ) 1/ 3pn

bef,1 e bef,2 são as parcelas da largura efetiva do elemento (Figura 7.4);

D é a dimensão nominal do enrijecedor de borda (Figura 7.4);

efd é a largura efetiva do enrijecedor calculada conforme item anterior (Figura

7.4);

sd é a largura efetiva reduzida do enrijecedor e adotada no cálculo das

propriedades da seção efetiva do perfil (Figura 7.4);

é o ângulo formado pelo elemento e o enrijecedor de borda, sendo

40º 140º

3,57( / ) 0,43 4n

s ak I I

92

Figura 7.4 – Elemento uniformemente comprimido com enrijecedor de borda

Fonte: NBR 14762/2010

7.1.1.1.3. Cálculo dos Deslocamentos

(a) Elementos totalmente ou parcialmente comprimidos

O cálculo de deslocamentos em barras com seções transversais

constituídas por elementos esbeltos deve ser feito por aproximações

sucessivas, considerando a redução de sua rigidez associada à flambagem

local. Para isto, devem ser calculadas as larguras efetivas bef dos elementos da

seção transversal que se encontrem totalmente ou parcialmente submetidos a

tensões normais de compressão, conforme item anterior, substituindo λp por

λpd. Onde:

0,5

/

0,95( / )pd

n

b t

kE

7.4

93

k é o coeficiente de flambagem local do elemento, calculado de acordo com a

Tabela 6.2 para elementos AA ou de acordo com a tabela 7.3 para elementos

AL.

n é a máxima tensão normal de compressão, calculada para a seção

transversal efetiva e considerando as combinações de ações para os estados

limites de serviço.

(b) Elementos uniformemente comprimidos com enrijecedor de borda

simples

Deve ser adotado o mesmo procedimento estabelecido em (a),

substituindo por n , que é a tensão calculada considerando as combinações

de ações para os estados-limites de serviço.

7.1.2. Flambagem distorcional

As seções transversais de barras podem apresentar flambagem

distorcional, conforme ilustrado na figura 7.5. Dependendo da forma da seção e

das dimensões dos elementos, o modo de flambagem distorcional pode

corresponder ao modo crítico, devendo, portanto, ser considerado no

dimensionamento.

Esse fenômeno torna-se mais evidente em: aços de alta resistência;

elementos com maior relação (largura da mesa)/(largura da alma); elementos

com menor largura do enrijecedor de borda; seção cujos elementos são poucos

esbeltos (menor b/t). Nesse caso, a carga crítica de flambagem distorcional

pode ser menor do que a da flambagem local.

94

Figura 7.5 – Exemplos de flambagem distorcional da seção transversal Fonte: NBR 14762/2010

A Tabela 7.4 indica as dimensões mínimas que deve ter o enrijecedor de

borda (em relação à dimensão da alma, D/bw) de perfis Ue de forma a

dispensar maiores verificações à flambagem por distorção. Essa tabela foi

construída com base nas tensões críticas de flambagem, em regime elástico,

pelo método das faixas finitas.

95

Tabela 7.4 - Valores mínimos da relação D/bw de barras com seção U enrijecido e seção Z enrijecida submetidas à compressão centrada, para

dispensar a verificação da flambagem distorcional

Fonte: NBR 14762/2010

7.2. Barras sob compressão axial a temperatura ambiente conforme a

ABNT NBR 14762:2010

Barras comprimidas estão sujeitas à flambagem por flexão (ou

flambagem de Euler), à flambagem por torção ou à flambagem por flexotorção.

Essas denominações devem-se às formas da deformação pós-critíca. Em

peças excessivamente esbeltas a tensão crítica de flambagem global é muito

pequena, menor que da flambagem local, não havendo redução das larguras

efetivas, ou seja, a seção efetiva é a própria seção bruta. Nesses casos é a

flambagem global que determina a capacidade resistente do perfil. Em peças

curtas as cargas críticas da flambagem global são altíssimas e a capacidade

resistente do perfil é determinada pela resistência do material (o aço) somado

aos efeitos da flambagem local (Dimensionamento de perfis formados a frio -

Série Manual de Construção em Aço, 2008).

7.2.1. Flambagem da barra por flexão, torção ou flexo-torção

A força axial de compressão resistente de cálculo Nc,Rd deve ser

calculada por:

96

,

ef y

c Rd

A fN

7.5

Onde:

1,2

é o fator de redução da força axial de compressão resistente, associado à

flambagem global, calculado conforme indicado a seguir 0 não supere 3,0:

- Para: 0 ²

0 1,5: 0,658

- Para: 0

0

0,8771,5 :

²

0 é o índice de esbeltez reduzido associado à flambagem global, dado por:

0,5

0

y

e

Af

N

eN é a força axial de flambagem global elástica;

A é a área bruta da seção transversal da barra;

efA é a área efetiva da seção transversal da barra, calculada com base em uma

das duas opções apresentadas a seguir:

a) no método da largura efetiva (MLE), adotando yf ;

b) no método da seção efetiva (MSE), conforme indicado a seguir:

efA A para 0,776p

0,8 0,8

0,15 11́ef

p p

A A

para 0,776p

0,5

y

p

l

Af

N

lN é a força axial de flambagem local elástica, calculada por meio de análise

de estabilidade elástica, ou, de forma direta, segundo a expressão:

²

12(1 ²)( / )²l l

w

EN k A

b t

7.6

97

Os valores do coeficiente de flambagem local para a seção completa, kl,

podem ser calculados pelas expressões indicadas na tabela 7.5 ou obtidos

diretamente da tabela 7.6. Os valores da tabela 7.6 são mais precisos que os

fornecidos pelas expressões da tabela 7.5, uma vez que correspondem a

valores obtidos diretamente da análise geral de estabilidade elástica.

Tabela 7.5 - Coeficiente de flambagem local kl para a seção completa em barras sob compressão centrada

Fonte: NBR 14762/2010

98

Tabela 7.6 - Valores do coeficiente de flambagem local kl para barras sob compressão centrada

Fonte: NBR 14762/2010

7.2.1.1. Perfis com dupla simetria ou simétricos em relação a um ponto

A força axial de flambagem global elástica Ne é o menor valor dentre os

obtidos por a), b) e c):

a) força axial de flambagem global elástica por flexão em relação ao eixo

principal x:

²

( )²

xex

x x

EIN

K L

7.7

b) força axial de flambagem global elástica por flexão em relação ao eixo

principal y:

²

( )²

y

ey

y y

EIN

K L

7.8

c) força axial de flambagem global elástica por torção:

99

0

²1

² ( )²

wez

z z

ECN GJ

r K L

7.9

Onde:

wC : é a constante de empenamento da seção;

G : é o módulo de elasticidade transversal;

J : é a constante de torção da seção;

x xK L : é o comprimento efetivo de flambagem global por flexão em relação ao

eixo x;

y yK L : é o comprimento efetivo de flambagem global por flexão em relação ao

eixo y;

z zK L : é o comprimento efetivo de flambagem global por torção, quando não

houver garantia de impedimento ao empenamento, deve-se tomar Kz igual a

1,0;

or : é o raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de torção,

dado por:

0,5

0 0 0[ ² ² ² ²]x yr r r x y

xr e yr são os raios de giração da seção bruta em relação aos eixos principais

de inércia x e y, respectivamente.

ox e oy são as distâncias do centro de torção ao centróide, na direção dos eixos

principais x e y, respectivamente.

7.2.1.2. Perfis monossimétricos

A força axial de flambagem global elástica Ne de um perfil com seção

monossimétrica, cujo eixo x é o eixo de simetria, é o menor valor dentre os

obtidos por a) e b):

a) força axial de flambagem global elástica por flexão em relação ao eixo y:

100

²

( )²

y

ey

y y

EIN

K L

7.10

b) força axial de flambagem global elástica por flexo-torção:

0 0

0 0

4 [1 ( / )²]1 1

2[1 ( / )²] ( )²

ex ez ex ezexz

ex ez

N N N N x rN

x r N N

7.11

Onde:

Nex e Nez são as forças axiais de flambagem global elástica;

Caso o eixo y seja o eixo de simetria: substituir y por x em (a); x por y e x0 por

y0 em (b).

7.2.1.3. Perfis assimétricos

A força axial de flambagem global elástica Ne de um perfil com seção

assimétrica é dada pela menor das raízes da equação cúbica seguinte:

0 0 0² ( )( )( ) ²( ) ² ²( ) ² 0e ex e ey e ez e ey e e exr N N N N N N N Ne N x N N N y

Eq. 7.12

Onde:

Nex; Ney; Nez; x0; y0 e r0 são conforme definidos.

7.2.2. Flambagem distorcional

Para as barras com seção transversal aberta sujeitas à flambagem

distorcional, a força axial de compressão resistente de cálculo Nc,Rd deve ser

calculada por:

,

dist y

c Rd

AfN

7.13

Onde:

1,2

101

dist é o fator de redução da força axial de compressão resistente, associado à

flambagem distorcional, calculado por:

1dist para 0,561dist

1,2 1,2

0,25 11dist

dist dist

para 0,561dist

A é área bruta da seção transversal da barra;

0,5

y

dist

dist

Af

N

é o índice de esbeltez reduzido associado à flambagem

distorcional;

distN é a força axial de flambagem distorcional elástica, a qual deve ser

calculada com base na análise de estabilidade elástica.

7.2.3. Limitação de esbeltez

O índice de esbeltez KL/r das barras comprimidas não deve exceder

200.

7.2.4. Barras compostas comprimidas

Para barras compostas comprimidas, isto é, aquelas constituídas por um

ou mais perfis associados, além de atender ao disposto nos itens anteriores, o

índice de esbeltez de cada perfil componente da barra deve ser inferior:

a) à metade do índice de esbeltez máximo do conjunto, para o caso de

presilhas (chapas separadoras);

b) ao índice de esbeltez máximo do conjunto, para o caso de travejamento em

treliça deve ser inferior a 140.

A substituição de travejamento em treliça por chapas regularmente

espaçadas (talas), formando travejamento em quadro, não é prevista na norma.

Neste caso, a redução da força normal de compressão resistente de cálculo

102

devida à deformação por cisalhamento não deve ser desprezada. O

procedimento do EN 1993-1-1 pode ser empregado para a consideração desse

efeito.

7.3. Barras sob compressão axial em situação de incêndio conforme a

ABNT NBR 14323/2011

O dimensionamento de perfis em aço formados a frio em situação de

incêndio, utilizando-se o método simplificado de cálculo é realizado conforme a

formulação apresentada na NBR 14323/2011 e baseia-se na NBR 14762/2010,

porém com as suas devidas adaptações para a situação de incêndio.

Para determinação dos esforços resistentes os estados-limites últimos a

serem verificados são os mesmos previstos pela NBR 14762, para o

dimensionamento à temperatura ambiente, com exceção daqueles

relacionados à ruptura da seção líquida, que não precisam ser considerados

em situação de incêndio. Os esforços resistentes de cálculo para os estados-

limites últimos aplicáveis, Rfi,d, devem ser determinados considerando a

variação das propriedades mecânicas do aço com a temperatura. As

expressões para obtenção dos valores da capacidade resistente dos elementos

estruturais de aço se aplicam à situação em que a distribuição de temperatura

na seção transversal seja uniforme. No caso de ser adotada a exposição ao

incêndio-padrão, essas expressões podem também ser empregadas, de forma

conservadora, quando se tem uma distribuição não uniforme, com os fatores de

redução da resistência ao escoamento e do módulo de elasticidade

correspondendo à maior temperatura da seção transversal.

Inicialmente deve-se determinar o TRRF conforme a NBR 14432/2001,

considerando o tipo de estrutura, ocupação e material presente. Conhecido o

TRRF, calcula-se a temperatura máxima atingida pelo elemento estrutural, a

partir da curva-padrão de incêndio (ISO 834), prescrita na norma supracitada.

Na sequência é determinada a resistência do elemento estrutural, que deve ser

superior ao esforço solicitante. Soares (2002) apresentou um fluxograma

(figura 7.6) resumindo o procedimento de dimensionamento de estruturas de

aço em situação de incêndio.

103

Figura 7.6 - Fluxograma resumido para o dimensionamento de estruturas de

aço em situação de incêndio. Fonte: Adaptada de Soares (2002)

7.3.1. Perfis não sujeitos à flambagem local

As barras com perfis previstos pela ABNT NBR 14762 que não

apresentam flambagem local em situação de incêndio são aquelas cujos

índices de esbeltez reduzido p de todos os elementos componentes da seção

transversal ou da seção transversal completa não são superiores ao limite

, ,limp fi . Os limites , ,limp fi são tomados como os valores à temperatura ambiente

que não implicam em redução da área bruta da seção transversal da barra,

decorrente da flambagem local, multiplicados pelo fator de correção igual a

0,85.

A força axial resistente de cálculo, Nfi,Rd, de uma barra de aço,

considerando o estado-limite último de instabilidade da barra como um todo, é

dada por:

, ,fi Rd fi y g yN k A f 7.14

Onde:

fi é o fator de redução associado à resistência à compressão em situação de

incêndio:

104

0, 0, 0,

1

² ²fi

fi fi fi

Com:

0, 0, 0,0,5(1 ² )

0,022

fi fi fi

y

e

E

f

Sendo 0, fi o índice de esbeltez reduzido em situação de incêndio,

calculado com as mesmas expressões do índice de esbeltez reduzido à

temperatura ambiente, 0 , fornecidas na ABNT NBR 8800, mas multiplicando-

se a resistência ao escoamento fy e o módulo de elasticidade E por , , y Ek e k

respectivamente, e determinando-se o comprimento de flambagem.

Simplificadamente pode-se adotar:

00,

0,85fi

O comprimento de flambagem para o dimensionamento em situação de

incêndio, Le,fi, pode ser determinado como no dimensionamento à temperatura

ambiente. Entretanto, os pilares contínuos dos andares intermediários de

edifícios de vários andares podem ser considerados com a rotação

perfeitamente impedida abaixo e acima do compartimento incendiado, desde

que a resistência ao fogo dos componentes que isolam esse compartimento

não seja menor que a resistência ao fogo do pilar e que a estrutura seja de

pequena ou média deslocabilidade (figura 7.7). Os pilares do primeiro

pavimento devem ser considerados com rotação impedida acima do

compartimento incendiado e os pilares do último pavimento devem ser

considerados com rotação impedida apenas abaixo do compartimento

incendiado.

105

Figura 7.7 - Comportamento estrutural de pilares em estruturas de pequena

deslocabilidade Fonte: NBR 14323/2011

Nas barras de aço axialmente comprimidas com perfis previstos pela

ABNT NBR 14762, sujeitos à flambagem distorcional, a força axial resistente de

cálculo deve ser a menor entre a obtida de acordo com a equação 7.14 e a

seguinte:

, ,fi Rd dist y g yN k A f 7.15

Onde dist é o fator de redução da força axial de compressão resistente,

associado à flambagem distorcional, calculado conforme previsto na NBR

14762/2010.

7.3.2. Perfis sujeitos à flambagem local

As barras com perfis previstos pela NBR 14762/2010 que não estão de

acordo com 7.3.1 apresentam flambagem local em situação de incêndio. A

força axial de compressão resistente de cálculo, Nfi,Rd, de uma barra de aço

sujeita à flambagem local pode ser obtida pela seguinte expressão:

, ,fi Rd fi ef yN k A f 7.16

106

Onde:

fi é o fator de redução associado à resistência à compressão em situação de

incêndio (caso a área efetiva à temperatura ambiente tenha sido determinada

com a tensão normal de compressão igual a yf , conforme NBR 14762, o fator

de redução fi não pode ser tomado com valor superior a , sendo o fator

de redução da força axial de compressão resistente à temperatura ambiente

definido na ABNT NBR 14762);

,k é o fator de redução conforme tabela 7.7;

efA é a área efetiva da seção transversal com base no método das larguras

efetivas ou das seções efetivas conforme a NBR 14762.

Tabela 7.7 - Fator de redução para a resistência ao escoamento de seções sujeitas à flambagem local

Temperatura do Aço θa (ºC)

Fator de Redução Kσ,θ

20 1

100 1

200 0,89

300 0,78

400 0,65

500 0,53

600 0,3

700 0,13

800 0,07

900 0,05

1000 0,03

1100 0,02

1200 0 Fonte: Adaptada da NBR14323/2011

Nas barras de aço axialmente comprimidas com perfis previstos pela

NBR 14762, sujeitos à flambagem distorcional, a força axial resistente de

cálculo deve ser a menor entre a obtida entre a equação 7.16 e a seguinte:

, ,fi Rd dist ef yN k A f 7.17

107

Onde fi é o fator de redução da força axial de compressão resistente

associado à flambagem distorcional, calculado conforme previsto na ABNT

NBR 14762.

108

8. Montagem e adequação laboratorial

Este trabalho de pesquisa possibilitou a montagem de uma infraestrutura

que proporciona a realização de estudos experimentais sobre o comportamento

mecânico de elementos estruturais submetidos a altas temperaturas, a partir da

realização de ensaios isolados em elementos de concreto, madeira, aço e

mistos, submetidos à ação do fogo.

O item de destaque no planejamento laboratorial foi a construção de um

forno elétrico que, juntamente com a aquisição de equipamentos e serviços de

adequação da estrutura civil e elétrica do laboratório, foram viabilizados através

de um convênio com a FINEP/MCT e do Departamento de Engenharia

Civil/UFPE. Os recursos envolvidos foram destinados de modo a montar uma

infraestrutura capaz de atender aos objetivos, sendo todas as aquisições feitas

(serviços, materiais, equipamentos e mão-de-obra) norteadas pelos itens

apoiados sem que ultrapasse os valores do orçamento.

Um estudo do estado da arte foi realizado a fim de obter um

entendimento das metodologias utilizadas nos ensaios de elementos

estruturais em escala real, visando reproduzir com uniformidade uma

infraestrutura que possa promover estudos comparativos aos realizados em

laboratórios existentes. Com isso, é possível uma generalização dos

resultados, uma vez que além dos fatores relacionados diretamente à

composição e propriedades dos materiais, outros aspectos como: taxa de

aquecimento, temperatura máxima, tempo e tipo de exposição (números de

faces da peça estrutural exposta ou não), tipo de resfriamento (lento ou

abrupto) e restrição à dilatação térmica, apresentam substancial grau de

variabilidade.

Por fim, concomitantemente à montagem laboratorial, objetivou-se dar

início às pesquisas com elementos estruturais em situação de incêndio a serem

continuadamente desenvolvidos no Laboratório de Materiais e Estruturas da

Universidade Federal de Pernambuco.

109

8.1. Forno elétrico à resistência

A simulação de incêndio por meio da aplicação de cargas térmicas em

pilares em escala real é possível através de fornos com grandes dimensões e

que possam reproduzir taxas de aquecimento próximas às curvas

normatizadas, como a ISO834-1.

A construção de um sistema que possa simular uma situação com

aplicação de carga mecânica e térmica simultaneamente é um grande passo

para o desenvolvimento e avanço de programas experimentais mais próximos

de situações reais e modelos analíticos. Neste âmbito, foi desenvolvido com

este fim um projeto de um forno elétrico vertical com dimensões que

atendessem à situação de ensaio supracitada.

Os fornos elétricos podem ser classificados em três grupos:

Fornos à Resistência;

Forno de Indução;

Forno a Arco.

Optou-se pela construção de um forno à resistência pela menor

complexidade e custos envolvidos na sua construção, com isso, mostrou-se ser

a solução mais viável dentro das características desejadas e recursos

existentes. Foi ponderado, também, o fato de fornos semelhantes já terem sido

desenvolvidos para o mesmo objetivo deste trabalho. Acrescenta-se a isto o

fato de os fornos à indução e arco serem empregados amplamente com

objetivo de fundição de materiais na metalurgia e siderurgia.

O forno de indução é caracterizado por induzir fortes campos

eletromagnéticos operando como um transformador com bobinas de indução,

enquanto o forno a arco utiliza o calor gerado pela corrente elétrica que passa

entre dois eletrodos, porém são fontes permanentes de poluição ambiental.

O desenvolvimento e características da construção do forno elétrico a

resistência podem ser acompanhados nos subitens que seguem.

110

8.1.1. Características e materiais do forno elétrico

Um forno elétrico a resistência funciona basicamente pelo efeito Joule,

ou seja, pelo calor gerado quando a corrente elétrica percorre uma resistência.

O seu dimensionamento, portanto, é fundamentado nas variáveis temperatura

e tempo, bem como, no material a ser utilizado.

As dimensões do forno foram escolhidas visando proporcionar uma área

útil suficiente para que fosse possível uma trabalhabilidade dentro do forno,

bem como, viabilizasse uma maior diversidade de ensaios no espaço destinado

à carga térmica imposta pelas resistências. A temperatura máxima do forno

aproxima-se de 1200ºC, logo, a liga a ser utilizada para confecção das

resistências elétricas precisa atender a este pico, bem como, apresentar

propriedades que proporcionem a confecção de resistências em espirais a fim

de viabilizar maior carga superficial. Devido à alta taxa de aquecimento, nos

primeiros minutos, assim como, as altas temperaturas alcançadas pelo forno foi

necessário fazer a devida isolação das paredes do mesmo a fim de evitar fuga

de calor o que acarretaria na perda de eficiência.

As características do forno e as especificações dos materiais utilizados

para construção do forno elétrico são listadas abaixo. De tal modo, são listados

seus principais componentes.

Forno elétrico, bipartido – composto por 2 módulos em formato “U” (ver

figura 8.1);

As tampas são separadas, possibilitando a ampliação do forno com

outros módulos similares sobrepostos;

Uma base estruturada foi fabricada para suportar seu peso e

movimenta-lo através de 8 rodas com 15cm de diâmetro;

Dimensões externas: 1500x1500x1500mm (área útil interna 1m² com 1m

de altura);

Estruturado em aço A36, e chapas finas de 3 mm;

Extensão de 20m, para movimentação do forno no laboratório, e quadro

industrial composto por: tomada industrial de sobrepor 200A IP67 3P+T

111

380V; quadro para fixação da tomada industrial de sobrepor 200A;

plugue 200A IP67 3P+T 380V; cabo de cobre flexível 70mm² com

isolamento XLPE 90º 0,6/1kV e disjuntor tripolar 200A 10KA;

Quadro de comando capaz de produzir curvas através de patamares

programados através das variáveis temperatura e tempo;

Isolação térmica com manta cerâmica DURABLANKET 1400 com

capacidade de isolamento de 1400 ºC e densidade de 128kg/m³ e

placas refratárias.

As resistências elétricas confeccionadas com liga Kanthal A-1,

capacidade até 1400ºC - Resistividade de 1,45 ohm.mm2.m-1 e

densidade = 7,10 g/cm3.

Figura 8.1 – Forno elétrico bipartido

112

O forno, com estas características e materiais, foi fabricado durante o

período de vigência do projeto financiado pela Finep e pelo tempo disponível

pelo programa de pós-graduação.

8.1.2. Resistência elétrica

A resistência elétrica é caracterizada pela medida da dificuldade que

uma corrente elétrica tem para passar por um dispositivo resistivo. Logo,

quanto maior for a quantidade de energia necessária para por em movimento

as cargas elétricas do circuito, maior é a chamada resistência elétrica de tal

circuito. O seu dimensionamento foi fundamentado em materiais técnicos

fornecidos pela empresa Kanthal (http://www2.kanthal.com/, acesso em

junho/2010).

A liga Kanthal A-1 foi escolhida para construção das resistências do

forno devido suas características que proporcionam seu uso em fornos

industriais de altas temperaturas, assim como, apresenta maior limite de

temperatura que viabiliza um maior campo de trabalho, favorecendo inclusive a

alta taxa de aquecimento necessária para o forno. As propriedades

geométricas, mecânicas e físicas da liga podem ser visualizadas na tabela 8.1

e 8.2.

A figura 8.2 mostra uma resistência elétrica confeccionada com o fio

Kanthal A-1, nela é possível observar a bobina logo após ser confeccionada,

onde estava iniciando o processo de abertura (espaçamento) entre as espirais

da bobina, conforme dimensionamento mostrado a seguir.

Figura 8.2 – Resistência elétrica

113

Tabela 8.1 – Propriedades físicas e mecânicas das ligas Kanthal.

Fonte: Manual “Resistance Heating alloys and Systems for Industrial Furnaces,

2001”.

114

Tabela 8.2 – Dimensões e propriedades do fio Kanthal

Fonte: Manual “Resistance Heating alloys and Systems for Industrial Furnaces,

2001”.

Os parâmetros do fio Kanthal A-1 para confecção das resistências

elétricas foram escolhidos com base na temperatura máxima de trabalho,

115

ponderando as variáveis custo e durabilidade. Neste aspecto, as propriedades

e dimensionamento das resistências estão listados abaixo.

Dados das tabelas 8.1 e 8.2:

Para a temperatura de trabalho 1200ºC:

De onde encontramos a corrente:

A resistência é, então, calculada através da lei de Ohm:

Com a resistência por metro (Rm) do tipo escolhido de fio, é possível

determinar o comprimento necessário do fio para produção da espiral. Assim,

determinamos:

O espaçamento entre as espirais é determinado pela equação:

√( )

Adotando um comprimento de 50,0 m para o fio, com uma bonina de 3,5

m de comprimento, podemos determinar o espaçamento entre as espirais da

bobina:

116

√( )

O forno é composto por 9 bobinas em cada módulo do forno, totalizando

18 bobinas com diâmetro de 20mm e comprimento de 3,5m,espirais espaçadas

de 4mm e diâmetro do fio de 2mm.

A potência da bobina é, portanto:

Com o forno é composto por 18 bobinas com ligação trifásica em triângulo,

temos a potência do forno:

Onde:

bD : diâmetro exterior da bobina

fd : diâmetro do fio;

mR : resistência por metro do fio;

Re st : resistência do fio

p : carga de superfície;

V : tensão elétrica;

I : corrente elétrica;

fI : corrente de fase;

s : espaçamento entre espiras;

bP : potência da bonina;

fP : potência do forno;

cL : comprimento do condutor aquecido;

Le : comprimento da bobina.

117

Figura 8.3 – Forno elétrico

Figura 8.4 – Vista interna de um módulo do forno

118

O forno, objetivando aproximar-se da ISO834 foi pré-aquecido a uma

temperatura constante e aproximada a 100ºC durante todos os ensaios

realizados. Este princípio é prática comum nos ensaios experimentais

utilizando fornos elétricos na literatura.

8.1.3. Quadro de distribuição e controle do forno

O forno tem seu acionamento feito através de um quadro geral

(distribuição) que é responsável pela alimentação de todo o sistema “quadro de

controle – forno”. Ele recebe a energia da subestação do Centro de Tecnologia

e Geociências/UFPE através de um ramal ligado diretamente e tem um

disjuntor de 200A.

O quadro de controle do forno é móvel, podendo ser deslocado quando

conveniente por pela comodidade de seu manuseio. Nele, estão dispostos os

displays que controlam a temperatura do forno através de 1 indicador e um

controlador de temperatura. Este controle é feito por um equipamento fornecido

pela Novus, modelo N1100 com o qual é possível programar a curva de

aquecimento do forno alimentado as variáveis temperatura e tempo. Com estes

parâmetros é possível fazer uma programação com 7 programas e 7

patamares cada, ou seja, a curva programada pode ser discretizada em até 49

trechos, com diferentes taxas de aquecimento, se necessário.

A figura 8.5 ilustra o quadro de controle. A programação de seu

controlador foi feita utilizando 2 programa, com isso, foram programadas 14

curvas com as quais foi objetivado proporcionar uma suavização da curva

programada para aproximar-se da ISO834. Este fato, também, foi necessário

para evitar quedas bruscas na taxa de aquecimento do forno, comportado

característico da função logarítmica da curva-padrão.

119

Figura 8.5 – Quadro de controle do forno elétrico

8.2. Aquisições – equipamentos e materiais permanentes

O processo de implantação da infraestrutura abrange, também, a

aquisição de equipamentos e materiais pertinentes à adequação do laboratório

de estruturas, habilitando-o para ensaios de elementos sob altas temperaturas.

Neste âmbito, após definida a proposta experimental do laboratório e

verificação de equipamentos e materiais disponíveis, foi feito um levantamento

dos itens mais importantes para a montagem laboratorial mínima necessária

que estivesse dentro do orçamento aprovado para o projeto. Este item,

portanto, descreve os equipamentos adquiridos e serviços realizados.

Este tópico objetiva, por fim, destacar os elementos utilizados nos

experimentos e que fizeram parte do planejamento físico e financeiro do

projeto, abrangendo: a pesquisa, decisão, cotações, análise custo/recurso

disponível e efetuação da compra/contratação.

8.2.1. Sistema de aplicação de carga

O sistema de aplicação de carga foi necessário devido à limitação dos

equipamentos existentes no laboratório que não estavam aptos a realizar os

tipos de ensaios desejados.

120

O sistema é composto por um cilindro hidráulico com capacidade de

aplicação de carga de 250 toneladas, dupla-ação, pistão com curso de 300mm

e adaptado com rótula; um conjunto motor-bomba capaz de acionar o cilindro,

controlando avanço e recuo, sendo o conjunto composto ainda por válvulas

reguladoras de vazão e pressão, além de manômetro glicerinado de 700bar de

capacidade.

A aquisição deste sistema foi fundamentada, principalmente, por ser

capaz de simular duas situações prezadas para realização dos ensaios: manter

o pistão sem recuar, ou seja, restringindo a dilação axial do pilar quando

aquecido e manter o carregamento constante durante o ensaio, com isso, o

elemento ao ser aquecido o pistão recua permitindo que a amostra dilate sem

incremento de tensões devido à carga térmica.

8.2.2. Célula de carga

Adquirido o sistema de aplicação de carga, ainda havia a necessidade

de controlar durante o ensaio o carregamento imposto pelo sistema, isto

porque o conjunto é controlado através da pressão aplicada (via manômetro).

De tal modo, não seria possível adquirir os dados de carga do ensaio para

posterior avaliação.

Para monitoração do carregamento durante o ensaio, bem como, sua

gravação foi necessário adquirir uma célula de carga compatível com o sistema

de aplicação de carga. Neste sentido, uma célula de carga com capacidade de

200 toneladas foi comprada para compor o sistema. O equipamento foi

adquirido pela HBM (Hottinger Baldwin Messtechnik) haja visto que o

laboratório já dispunha de equipamento e softwares para aquisição de dados

compatíveis, eliminando problemas com compatibilidade.

O certificado de calibração do equipamento pode ser visualizado no

Anexo A.

121

8.2.3. Transdutores de deslocamento (LVDT)

O programa experimental proposto necessitava da utilização de

instrumentação capaz de adquirir e gravar seus dados ao longo do ensaio,

impossibilitando medidas manuais devido à estrutura montada.

Visando monitorar a variável deslocamento, foram adquiridos 2

transdutores de deslocamentos indutivos (LVTD’s) para aquisição de

deslocamentos no topo dos pilares. A quantidade, inferior a desejada, foi

limitada devido aos recursos disponíveis para composição do laboratório. No

entanto, são instrumentos importantes para composição do laboratório que

objetiva captar mais recursos para dar continuidade nas melhorias.

Os certificados de calibração dos equipamentos podem ser visualizados

nos anexos B e C.

8.2.4. Termopares e conectores de compensação

A instrumentação do ensaio, sob altas temperaturas, necessita

obviamente do controle dessa variável. O controle das temperaturas no forno,

na seção transversal e ao longo dos pilares foi feita através de termopares.

A fim de viabilizar a monitoração das temperaturas nos pilares, optou-se

pela aquisição de 100 metros de cabos de extensão de termopares para

instrumentação e medição das temperaturas no aço. Com isso, os cabos foram

utilizados como termopares após a sua confecção, fundamentada no seu

princípio de funcionamento.

Foram adquiridos, também, conectores de compensação responsáveis

pela transferência das leituras captadas para o sistema de aquisição de dados,

sem comprometimento das leituras.

8.2.5. Máquina de solda para termopares

A instrumentação para monitorar as temperaturas nos pilares em aço,

como já descrito, é feita através de cabos de extensão termopar. No entanto,

para que fosse possível a medição real do aço e não dos gases próximos à

122

amostra (na situação de o ponto de medição facear a peça), era necessário

fixar o ponto sensor do termopar na peça.

Para isto, foi adquirida uma máquina capaz de “soldar” os fios

termopares no aço. O seu princípio de funcionamento é através de descarga

capacitiva, com isso, é realizado um ponto de fixação leve resistência

mecânica, porém, capaz de fixar os pontos minimizando riscos de a fixação ser

desfeita.

123

9. Programa experimental

O programa experimental é realizado a fim de validar o adequado

funcionamento do forno elétrico e do sistema de aplicação de carga, através da

elaboração de ensaios caracterizados pela aplicação de carga mecânica e

térmica, simultaneamente.

Detalhes pertinentes à composição do ensaio são descritos neste

capítulo. Juntamente com a análise experimental foi feito o dimensionamento

dos perfis à temperatura ambiente através dos softwares CFS (AISI/2010),

DimPerfil (NBR14762/2001) e uma rotina de dimensionamento elaborada pelo

autor, no MathCad, segundo a NBR14762/2010. Estas análises, em diferentes

fontes foram submetidas devido a não realização de ensaios à temperatura

ambiente, para identificação da capacidade resistiva dos pilares, bem como,

fundamentar de forma mais próxima do real os níveis de carregamentos

impostos para ensaio com alta temperatura. Paralelamente, foi desenvolvida

uma rotina para dimensionamento de pilares sob compressão em situação de

incêndio conforme a NBR14323/2011 (Revisão). O software STRAP também

foi utilizado para avaliação do pórtico espacial na determinação da sua rigidez.

O capítulo, portanto, aborda todas as questões pertinentes ao ensaio:

hipóteses adotadas, variáveis controladas, características das amostras,

condições de vinculação e limitações.

9.1. Variáveis analisadas

As variáveis escolhidas para desenvolvimento e avaliação são: influência

da restrição à dilatação térmica, nível de carregamento e tempo de resistência

ao fogo. Os ensaios que contemplam os parâmetros supracitados são

analisados a partir das características descritas nos itens abaixo:

Utilização de perfis formados a frio com seção “caixão” (ou seja, 2 perfis

U enrijecidos unidos por solda continua, conforme figura 9.1) com

dimensões 100x100x17x3.

Altura: 2m de comprimento, mantida constante em todas as amostras;

124

Curva-padrão: o aquecimento das amostras será realizado segundo as

prescrições da norma ISO 834-1 (1999);

A carga térmica será aplicada no comprimento de 1m, comprimento útil

do forno, sendo aplicada na região central do pilar;

Aço: ASTM A36;

Níveis de carregamento: os níveis de carregamento, impostos às

colunas, são de 40% e 80% de sua resistência última à compressão

axial, obtida por análise analítica;

Dilatação térmica livre e restringida;

Rigidez do pórtico de reação: R1=75 kN/mm;

Séries de Ensaio: 8 pilares em aço formado a frio submetidos à situação

de incêndio.

Figura 9.1 – Seção transversal tipo caixa

9.2. Série de ensaios

A avaliação do comportamento dos pilares em situação de incêndio,

utilizando o forno elétrico construído, assim como, usando a restrição à

dilatação térmica imposta pelo conjunto: cilindro hidráulico x pórtico de reação,

necessitava do conhecimento desses dois parâmetros (taxa de aquecimento e

rigidez do pórtico) para alcance de todos os objetivos do trabalho.

Neste contexto, o trabalho experimental pode ser descrito em três

estágios experimentais: aferição e programação do forno elétrico conforme a

ISO834, determinação da “rigidez” do pórtico espacial de reação utilizado para

125

aplicação da carga e uma série de ensaios em pilares de aço utilizando todo o

sistema laboratorial: carga mecânica e térmica.

A seguir, serão apresentados, em tópicos, os 3 estágios

correspondentes para o desenvolvimento dos experimentos.

9.2.1. Aferição e programação do forno elétrico

Concluída a etapa de construção do forno, foi necessário dar início a

uma nova etapa correspondente ao seu funcionamento. Mas não somente o

seu mero funcionamento, foi preciso conduzi-lo através de um sistema de

controle térmico a níveis de temperatura e tempo o mais próximos da curva-

padrão ISO834.

Neste sentido, inúmeros testes foram realizados no forno durante a fase

preliminar para compreensão do seu comportamento e do seu sistema de

controle de temperatura a fim de encontrar uma curva mais próxima do

objetivo. Muitas, também, foram as curvas programadas a fim de refinar o

conhecimento sobre o seu real comportamento. Durante esta etapa alguns

pontos foram observados, afinal, é praticando que as dificuldades surgem e as

melhorias são promovidas.

A programação do forno foi feita alimentando o controlador através de

curvas com taxas de aquecimento conforme a necessidade, sendo

programados para a configuração deste trabalho 14 segmentos de retas, com

taxas de aquecimento diferentes de modo a tornar o acréscimo de temperatura

mais suave, sem mudanças bruscas de temperatura fato que fugiria da função

logarítmica que prescreve a ISO834.

9.2.2. Determinação da “rigidez” do pórtico espacial

A rigidez do pórtico de reação é um parâmetro importante para análise

dos resultados haja visto que a estrutura que circunda um elemento estrutural

isolado tem contribuição no seu comportamento devido estar relacionado com

a condição de vinculação do elemento.

126

Neste aspecto, foram desenvolvidos dois testes no pórtico de reação

(ver figura 9.2), em dois pontos possíveis de realização de ensaios com

aplicação de carga.

Figura 9.2 – Perspectiva do pórtico de reação (“rigidez maior”)

A figura 9.2 acima exemplifica o ponto onde o programa de ensaios dos

pilares de aço foi feito. No entanto, neste estágio de entendimento da estrutura

duas “rigidezes” foram determinadas, uma situada no vão menor entre os

pilares (denominado: rigidez maior) e outra no vão da viga principal do pórtico

espacial (denominado: “rigidez menor”). A figura 9.3 abaixo detalha a

montagem do experimento realizado para determinação destas variáveis.

Destaca-se que este mesmo esquema foi desenvolvido para ambos os casos

descritos.

127

Figura 9.3 – Detalhe do ensaio de determinação da rigidez do pórtico

O ensaio foi realizado em 3 ciclos de carga e descarga, nos quais, as

cargas e os deslocamentos eram medidos a cada segundo e gravados. Com

isso, cada incremento de carga correspondendo a um deslocamento, deste

modo, foi possível encontrar uma correlação linear conferindo ao pórtico sua

rigidez (kN/mm).

A fim de fundamentar os resultados encontrados experimentalmente, as

propriedades geométricas e mecânicas do pórtico foram identificadas e um

lançamento da estrutura foi feito no software STRAP, no qual foi feita uma

análise analítica sobre o comportamento teórico do pórtico aos incrementos de

carga x deslocamento.

128

9.2.3. Análise experimental dos pilares em aço

Aferido o funcionamento do forno elétrico, assim como, a determinação

do parâmetro “rigidez” do pórtico, pôde-se proceder com o desenvolvimento do

planejamento experimental. A tabela 9.1 dispõe as situações de ensaio para

cada série, totalizando 10 pilares, sendo 8 pilares analisados e 2 usados para

ajustes do programa experimental do pilar, pórtico de reação e forno

Tabela 9.1 – Situações de ensaio dos pilares de aço e mistos

Série de Ensaios

Quantidade Carregamento Situação de ensaio

2 40% Dilatação Livre

2 40% Dilatação Restringida

2 80% Dilatação Livre

2 80% Dilatação Restringida

2 Testes

A proposta, conforme exposta, visa analisar os pilares no estado

transiente de temperatura (transient-state), com pré-carregamento mecânico

em todas as amostras, assim como, a influência na resistência ao fogo da

dilatação térmica axial restringida. O programa, deste modo, configura uma

maior confiabilidade dos resultados visto que serão realizadas duas amostras

com as mesmas características e submetidas às mesmas condições, o que

proporcionará a utilização de um valor médio. As cargas determinadas segundo

as normas brasileira e americana para temperatura ambiente estão resumidas

na Tabela 9.2.

As situações de ensaio com dilatação térmica livre e dilatação

restringida, conforme exposto, foram representadas através do sistema de

aplicação de carga composto pelo cilindro hidráulico (dupla ação), conjunto

motor-bomba e válvulas de vazão e pressão. O sistema era acionado

manualmente até a carga (pressão) desejava, nesta etapa, era configurada

uma disposição das válvulas de modo que os tipos de ensaios descritos

fossem representados.

Neste sentido, o princípio do sistema pode ser resumido:

129

Dilatação livre: a amostra é submetida ao carregamento desejado, nesta

etapa, o conjunto motor-bomba é configurado para que o circuito seja

mantido acionado e trabalhando a uma pressão constante, ou seja, o

pilar quando aquecido e tender a dilatar o pistão do cilindro recua, de tal

modo, o pilar não sofre acréscimo de carga, mantendo-se constante o

carregamento inicial durante todo o ensaio até que a temperatura seja

suficiente para que o aço comece a perder propriedades mecânicas e

consequentemente capacidade resistente, estágio configurado pela

perda de carga culminando na ruptura da peça. A ruptura da amostra é

caracterizada quando o avanço do cilindro for máximo;

Dilatação restringida: amostra é submetida ao carregamento desejado,

nesta etapa, o conjunto motor-bomba tem suas válvulas fechadas,

mantendo a válvula de pressão constante, com isso, o pistão permanece

na posição inicial sem avançar ou recuar; consequentemente, quando o

pilar é aquecido e tender a dilatar sofrerá aumento de carga ocasionado

pela restrição à dilatação, assim, a amostra se comporta até o aço

atingir uma temperatura suficiente para que haja perda de capacidade. A

ruptura da amostra é caracterizada quando o pilar atingir o

carregamento inicial imposto, fato que ocorre após atingir um acréscimo

máximo de carga devido à restrição e começar a perder carga.

Tabela 9.2 – Dimensionamento sob compressão à temperatura ambiente

Resistência Nominal a Temperatura Ambiente

Norma Carga (t)

NBR14762/2001 26,96

NBR14762/2010 27,79

AISI/2010 27,34

Para determinação das capacidades resistivas dos pilares à temperatura

ambiente foram utilizadas as seguintes ferramentas: DimPerfil 1.2

(NBR14762/2001 – Ver Anexo D), rotina desenvolvida no MathCad pelo autor

(NBR14762/2010 – Ver Anexo E) e CFS 7.0 (AISI/2010 – Ver Anexo F).

130

Por fim, assim como os resultados determinados para temperatura

ambiente, os resultados encontrados durante os experimentos em situação de

incêndio foram confrontados com os resultados determinados conforme as

prescrições da norma brasileira de incêndio NBR14323/2011, em rotina de

cálculo feita no MathCad pelo autor conforme situações prescritas no capítulo

6.3.1.

Tabela 9.3 – Resistência em situação de incêndio

T Rfi,Rd* Rfi,Rd**

ºC tf tf

30 23,16 23,16

100 21,49 19,58

200 20,91 19,58

300 20,21 19,58

400 19,38 19,58

450 17,49 17,43

500 15,58 15,27

550 12,27 12,24

600 8,93 9,2

700 4,13 4,5

800 2,23 2,15

(*) Resistência calculada usando 0, fi com as mesmas expressões do

índice de esbeltez reduzido à temperatura ambiente, 0 , fornecidas na

ABNT NBR 8800, mas multiplicando-se a resistência ao escoamento fy e

o módulo de elasticidade E por , , y Ek e k respectivamente.

(**) Resistência calculada adotando a simplificação: 00,

0,85fi

.

9.3. Preparação das amostras

As amostras foram confeccionadas no Laboratório de Estruturas e

Materiais da Universidade Federal de Pernambuco, com auxílio dos técnicos do

departamento e serviços contratados quando exigida qualificação específica

131

para sua realização. As características dos elementos estão dispostas nos

itens abaixo:

10 pilares terão 2m de comprimento, com seção transversal composta

por 2 perfis Ue;

Perfis soldados longitudinalmente;

Placas de base e topo com espessura 19 mm e dimensões 250x250mm

foram soldadas nos pilares;

2 amostras com iguais características e condições de ensaios serão

experimentados a fim de se obter um valor médio;

Os pilares serão identificados da seguinte forma:

- Dilatação Livre (PI**-L**):

PI40-L01; PI-40-L02; PI80-L01 e PI-80-L02;

- Dilatação Restringida (PI**-R**):

PI40-R01; PI-40-R02; PI80-R01 e PI-80-R02;

8 termopares serão utilizados em cada ensaio, sendo 6 no pilar (3

distribuídos ao longo do pilar e 3 distribuídos na seção transversal do

meio) e 1 distante a 10cm do pilar (medir temperatura dos Gases) e 1

para temperatura do Forno, distante 10cm das resistências elétricas de 1

módulo do Forno);

2 transdutores de deslocamento LVDT’s com curso de 50mm no topo

para medição do deslocamentos axiais do pilar;

O pilar será birotulado;

Rigidez axial livre e restringida;

Rigidez rotacional livre;

Manta cerâmica de 1200ºC (128kg/m³) será utilizada para isolamento do

forno, no topo e na base do pilar.

A figura 9.4 ilustra a distribuição dos termopares na seção transversal e

na altura do pilar, tal distribuição tem o intuito de verificar a variação da

temperatura ao longo comprimento de carga térmica, bem como, ao longo da

seção transversal.

132

Figura 9.4 – Distribuição dos termopares ao longo do comprimento e da seção transversal na metade do pilar misto.

A figura 9.5 apresenta um esquema da montagem experimental.

Figura 9.5 – Esquema do pilar a ser ensaiado no forno.

A figura 9.6 ilustra a instrumentação dos termopares nos perfis, na seção

do meio do pilar e longitudinalmente ao longo do trecho aquecido.

133

Figura 9.6 – Seção Transversal e longitudinal instrumentadas

Os pilares foram nivelados e colocados em prumo para que estivessem

aptos para receber as chapas de topo e base. A figura 9.7 apresenta as

amostras confeccionadas.

Figura 9.7 – Amostras confeccionadas

A dificuldade para aplicação de carga centrada nos pilares estendeu-se

além de colocar os perfis alinhados e soldados em prumo nas chapas. Foi

necessária, também, uma série de procedimentos a fim de minimizar cargas

excêntricas nos pilares. Dentre eles, podemos listar: transferência do centro de

134

gravidade dos perfis para o topo da chapa, travamento e prumo do cilindro de

aplicação de carga através de cabos de aço e esticadores, transferência do

eixo de aplicação de carga para base rotulada e alinhamento do pilar, seguido

do incremento de uma leve carga a fim de deixa-lo centrado antes de fechar o

forno. As figuras 9.8(a) a (f) abaixo ilustram essas etapas.

(a)

(b)

(c)

(d)

135

(e)

(f)

Figura 9.8 – Preparação das amostras para aplicação de carga centrada

Após a preparação das amostras e toda a estrutura auxiliar para

realização dos ensaios, deu-se início aos trabalhos conforme a descrição

apresentada na tabela 9.1.

9.4. Aquisição de dados

A aquisição de dados foi programada para uma duração máxima de

ensaio de 30 minutos, do início da aplicação da carga à ruptura da amostra.

Durante esse intervalo foram monitorados os seguintes equipamentos com a

mesma taxa de aquisição, sendo 1 dado/segundo (totalizando um máximo de

1800 pontos). Abaixo, estão listados os dados monitorados durante o ensaio:

Temperaturas do forno, gases e da amostra;

Célula de carga (carregamento);

LVDT’s (deslocamentos);

Na figura 9.9 abaixo, é possível visualizar a disposição típica do

ambiente de ensaio para o controle dessas variáveis.

136

Figura 9.9 – Disposição do ensaio e monitoramento das variáveis

A aquisição dos dados foi realizada com o auxílio dos seguintes

equipamentos e software:

1 Notebook;

3 Equipamentos Spider8, ligados em série;

Software Catman.

Fundamentado neste programa experimental e munido com estes

equipamentos, bem como, auxílio de mão-de-obra foi possível a conclusão

deste projeto envolvendo montagem, adequação laboratorial e série de

ensaios.

137

10. Resultados

O presente tópico vem descrever os pontos a serem analisados a partir

do programa experimental proposto. De acordo com os parâmetros escolhidos

e com o planejamento experimental, foi possível verificar o comportamento do

forno elétrico, sistema de aplicação de carga e comportamento dos pilares

quando submetidos a elevadas cargas térmicas.

Objetivando apresentar os resultados obtidos mais claramente, este

capítulo, foi organizado em subcapítulos, abordando os pontos macros

analisados no trabalho e verificando a funcionalidade do sistema em conjunto.

10.1. Forno elétrico

O forno elétrico, como já descrito, foi construído com dimensões,

potência e características capazes de simular uma taxa de aquecimento o mais

próximo possível da curva-padrão da ISO834, bem como, viabilizar a

montagem e ensaio de amostras em escala real ou reduzida para realização de

experimentos com ou sem pré-carregamento.

Neste sentido, este subcapítulo vem apresentar e discutir o desempenho

e funcionamento do forno elétrico, dissertando sobre os pontos relevantes e

pertinentes acerca de seu comportamento comparando-o com fornos similares.

O forno, como apresentado, foi testado inúmeras vezes a fim de se

observar o melhor desempenho e de reproduz sua melhor curva; neste

aspecto, a literatura destaca que fornos elétricos não conseguem reproduzir

fielmente a curva-padrão (função logarítmica) devido à alta taxa de

aquecimento nos primeiros minutos. Visando minimizar essa diferença, o forno

foi pré-aquecido a uma temperatura constante e aproximada a 100ºC, cujo

objetivo foi desenvolver uma curva mais próxima à padronizada. A figura 10.1

ilustra o comportamento típico do aquecimento do forno durante os ensaios

realizados.

138

Figura 10.1 – Curva-típica do forno elétrico

A curva reproduzida foi programada através de um controlador instalado

no quadro de comando do forno, sua programação foi feita baseando-se na

curva ISO834, como já observado. Destaca-se, nesta programação, o fato de

ser considerado um pré-aquecimento no forno, fato que configura o startup do

forno, ponto análogo ao flashover acontecido num incêndio natural.

Observando a curva apresentada na figura 10.1, podemos discorrer

sobre alguns pontos pertinentes sobre seu desenvolvimento: a curva do forno

ultrapassa/acompanha a curva-padrão aproximadamente há 1,5 minutos; a

curva apresenta uma leve oscilação (comportamento semelhante à histerese),

a partir deste ponto, estágio caracterizado pela mudança mais brusca na taxa

de aquecimento, mesmo sua programação sendo discretizada em vários

segmentos de reta, objetivando sua suavização; a temperatura do aço é inferior

à temperatura do forno, tendendo a uniformizar após os 10 minutos de ensaio;

a temperatura no aço distribuída ao longo do trecho aquecido é

aproximadamente uniforme (pontos: topo, meio baixo); é traçada no gráfico,

também, a curva de tendência logarítmica do forno, com sua respectiva

correlação próxima de um, acompanhando quase perfeitamente a ISO834.

Como destaca Gomide/2008 e pode ser observada, a curva-padrão ISO

834-1 (1999) apresenta uma taxa de aquecimento muita elevada nos primeiros

R² = 0,9526

,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

900,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Forno

Topo

Meio

Baixo

Logarítmica (Forno)

139

minutos. A mesma norma permite algumas variações de temperatura, ao longo

do tempo, identificadas na tabela 10.1, como limites inferior e superior.

Tabela 10.1 – Limites inferior e superior

Fonte: Adaptado de GOMIDE/2008

Analisando as curvas desenvolvidas pelo forno durante toda a série de

ensaios para os pilares, foi possível observar que em nenhum momento,

mesmo nos primeiros minutos de aquecimento, a curva do forno foi superior ou

inferior a 100ºC.

140

As curvas de aquecimento do forno durante cada ensaio serão

apresentadas através da sua respectiva linha de tendência logarítmica. Na

análise das amostras, quando feita isoladamente, será apresentada a curva

logarítmica do forno e as temperaturas do pilar para cada ensaio. A figura 10.2

apresenta as curvas logarítmicas desenvolvidas em todos os ensaios

realizados.

Figura 10.2 – Curvas logarítmicas do forno

Do exposto na figura 10.2, percebe-se que as curvas logarítmicas do

forno apresentaram um desempenho muito próximo, e superior à curva-padrão

prescrita. Satisfazendo, deste modo, a expectativa e o objetivo proposto.

Retoma-se, ainda, a discussão sobre o pré-aquecimento aplicado no

forno com o objetivo de reproduzir uma curva mais aproximada à curva-padrão

adotada no presente trabalho. As curvas do forno, como observado, têm o seu

acionamento a partir de uma temperatura próxima aos 100ºC, enquanto a

curva ISO834 foi considerada com temperatura ambiente de 30ºC, dentro do

forno, quando fechado e no início do ensaio. Nesta configuração, a temperatura

do forno se igualou à curva-padrão entre 350 e 400ºC, ou seja, entre 1 e 2

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Curvas-forno x Tempo

ISO834

Logaritmo (PI40-L01)

Logaritmo (PI40-L02)

Logaritmo (PI80-L01)

Logaritmo (PI80-L02)

Logaritmo (PI40-R01)

Logaritmo (PI40-R02)

Logaritmo (PI80-R01)

Logaritmo (PI80-R02)

141

minutos, em todos os ensaios. A apresentação dos valores, para cada ensaio,

será feita durante a análise dos pilares em aço.

Objetivando comparar o desempenho do forno construído com fornos

utilizados no Brasil e em Portugal, para ensaios do mesmo caráter, foi que a

discussão levantada anteriormente veio à tona. A figura 10.3 apresenta a

mesma a mesma configuração apresentada na figura 10.2, no entanto,

acrescenta-se a curva ISO834, plotada no gráfico com temperatura inicial,

“flashover”, igual aos 100ºC utilizados para o pré-aquecimento do forno.

Figura 10.3 – Curvas logarítmicas do forno

Na figura 10.3, podemos observar que as temperaturas do forno, em

todos os testes, estiveram compreendidas entre as curvas ISO834

considerando as temperaturas iniciais de 30 e 100ºC. Ressalta-se, aqui, que a

programação foi desenvolvida considerando a curva-padrão a partir da

temperatura ambiente de 30ºC, ou seja, as curvas desenvolvidas não

representam a taxa máxima de aquecimento do forno nos primeiros minutos,

podendo, ainda, ter melhor desempenho. A figura 10.4 apresenta 2 resultados

obtidos durante os pré-testes a partir de uma programação do controlador

considerando a temperatura inicial da curva-padrão igual à temperatura de

startup do forno.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Curvas-forno x Tempo

ISO834-30

ISO834-100

Logaritmo (PI40-L01)

Logaritmo (PI40-L02)

Logaritmo (PI80-L01)

Logaritmo (PI80-L02)

Logaritmo (PI40-R01)

Logaritmo (PI40-R02)

Logaritmo (PI80-R01)

Logaritmo (PI80-R02)

142

Figura 10.4 – Curvas desenvolvidas durante pré-testes

Na figura 10.4 é perceptível o desempenho do forno inferior, no entanto,

destaca-se o tempo e a temperatura onde a curva do forno alcança a ISO834:

aproximadamente 2 minutos e uma temperatura de 500ºC. A taxa de

aquecimento do forno, portanto, mostra-se muito satisfatória comparando-se

seu desempenho aos fornos utilizados para o mesmo propósito. As figuras 10.5

a 10.8 mostram curvas de aquecimento em fornos usados na literatura nacional

e internacional.

Figura 10.5 - Evolução de Temperaturas – FC-T168-C00-50-2

Fonte: Gomide, 2008

0

100

200

300

400

500

600

700

0 1 2 3

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

Teste1

Teste2

ISO834

143

Figura 10.6 - Curvas de elevação de temperatura do pilar misto EFS 13 Tubo ø 114 x 6,02

Fonte: Araújo (2008)

Figura 10.7 - Elevação de temperatura da média dos termopares à 10cm do pilar – FC-TQ140-C00-50-2

Fonte: Sant’anna, 2009

144

Figura 10.8 – Elevação de temperatura nos experimentos

Fonte: Oliveira, 2012

Do exposto, nos gráficos de temperatura-tempo desenvolvidos em

trabalhos na literatura, é possível observar que as curvas dos fornos atingem

temperatura do forno próximo aos 600ºC, ou não alcançam a curva-padrão.

Observa-se, ainda, que esta temperatura é alcançada com o forno pré-

aquecido e a ISO834 à temperatura ambiente, enquanto o forno desenvolvido

neste projeto alcança à curva-padrão aproximadamente aos 500ºC com startup

do mesmo patamar, e entre 350 e 400ºC, nas condições expostas nos

trabalhos supracitados.

É pertinente destacar, neste ponto, que a curva-padrão é uma

referência, ou seja, não implica necessariamente que ensaios experimentais a

reproduzam fielmente para validação de um teste, haja visto que a mesma não

representa um incêndio real, mas sim, representa uma disposição adotada para

fins de comparação e dimensionamento de estruturas. Neste aspecto, é

importante aproximar-se dela para fins de estudos comparativos entre

trabalhos produzidos em diferentes lugares e situações, porém, preza-se mais

que para uma mesma série de ensaios sejam reproduzidas as mesmas

condições de aquecimento para as amostras em estudo. E tal condição, pode

ser observada na figura 10.2 para este trabalho.

145

10.2. Rigidez axial do pórtico de reação

A determinação deste parâmetro fez-se necessário devido ser uma

variável que influencia nos testes em que a restrição à dilatação térmica é

levada em consideração. Neste sentido, foi desenvolvido um breve programa

experimental, como já descrito, a fim de determina-lo.

A série de ensaios consistiu na determinação da rigidez em dois pontos

do pórtico espacial utilizado para os ensaios: no meio da viga principal (rigidez

menor) e entre os pilares (rigidez maior). A figura 10.9 apresenta uma

ilustração do pórtico identificando as posições supracitadas.

Figura 10.9 – ilustração da disposição das rigidezes

Os ensaios foram realizados em 3 ciclos de carga e descarga na

determinação de cada rigidez. As variáveis monitoradas durante o ensaio foram

carga e deslocamento. A determinação dos parâmetros foi possível a partir da

aplicação de carga em um bloco de concreto armado com seção transversal

500x500mm, ou seja, suficientemente rígido. As figuras 10.10(a) e (b) trazem

imagens do ensaio. Maiores detalhes foram descritos durante o capítulo 9.

146

(a)

(b)

Figura 10.10 – Determinação da rigidez do pórtico de reação

Os resultados encontrados durantes as séries experimentais são

comparadas aos resultados analíticos encontrados com uso do STRAP. A

figura 10.11 apresenta os dados encontrados durante os ensaios para

determinação da “rigidez maior” do pórtico.

Figura 10.11 – Determinação da “rigidez maior” do pórtico.

K1 y = 7,5533x R² = 0,9828

K2 y = 7,5715x R² = 0,9848

K3 y = 7,5438x R² = 0,9805

05

101520253035404550556065

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Car

ga (

t)

Flecha (mm)

Carga x Flecha

K1

K2

K3

STRAP

Linear (K1)

Linear (K2)

Linear (K3)

147

No gráfico, figura 10.11, estão plotados os valores analíticos e

experimentos. Pode-se observar cada incremento de carga-deslocamento

aplicado durante o ensaio para o ciclo de carga e descarga; com esses valores

experimentos foi aplicada uma regressão linear através de uma linha de

tendência que implica numa correlação de 0,98. Valor muito próximo a 1,0,

correlação encontrada para os valores determinados analiticamente.

O mesmo procedimento foi seguido para determinação da “rigidez

menor” situada no meio do vão da viga principal do pórtico. A figura 10.12

apresenta os dados encontrados.

Figura 10.12 – Determinação da “rigidez menor” do pórtico

Analisando os resultados apresentados para ambas às situações

abordadas, podemos concluir a determinação da rigidez axial dos pórticos a

partir dos ensaios experimentais, embasados nos resultados analíticos. Assim,

para a estrutura hoje existente no laboratório existem duas situações

considerando a rigidez do pórtico:

Rigidez Maior: K1= 75 kN/mm;

Rigidez Menor: K2= 50 kN/mm.

K1 y = 5,0446x R² = 0,9981

K2 y = 5,1083x R² = 0,9992

K3 y = 5,0848x R² = 0,999

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Car

ga (

t)

Flecha (mm)

Carga x Flecha

K1

K2

K3

STRAP

Linear (K1)

Linear (K2)

Linear (K3)

148

Por fim, destaca-se que, para fins deste trabalho, o programa

experimental desenvolvido para análise dos pilares a rigidez considerada foi a

maior: K1=75 kN/mm.

10.3. Amostras ensaiadas

A série de ensaios desenvolvida no programa experimental, como

exposto no capítulo anterior, foi desenvolvida analisando os resultados obtidos

em 8 pilares com as mesmas características geométricas e mecânicas. Na

série de ensaios foi usado 2 amostras para cada condição de exposição.

Os resultados serão apresentados em subtópicos a fim de melhor avalia-

los. A apresentação, assim, será desenvolvida isoladamente e, posteriormente,

os resultados serão comparados.

10.3.1. Dilatação térmica livre

Ensaiados 4 pilares, 2 para cada nível de carregamento: 40 e 80%.

PI40-L01:

A figura 10.13 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

Figura 10.13

R² = 0,9526

,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

900,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x tempo

ISO834

Logarítmica (Forno)

149

– Curva de

aquecimento

PI40-L01

A curva-padrão foi alcançada em 1,57min na temperatura 420ºC. A

figura 10.14 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

Figura 10.14 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

É razoável observar, na figura 10.13, que a carga de 11 tf permaneceu

constante durante a fase de aquecimento até a amostra perder propriedades

devido ao aquecimento e ter sua capacidade resistente reduzida rapidamente a

partir de 8 minutos (550ºC), chegando ao colapso (máxima velocidade do

cilindro) aos 8,75 minutos a uma temperatura aproximada de 600ºC.

PI40-L02:

A figura 10.15 apresenta a curva de aquecimento para este ensaio.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI40-L01

Carga

Temperatura Pilar

150

Figura 10.15 – Curva de aquecimento PI40-L02

A curva-padrão foi alcançada em 1,12min ao 375ºC. A figura 10.16

apresenta o comportamento da carga durante a fase de aquecimento da

amostra.

Figura 10.16 – Carga x Temperatura ao longo do tempo

R² = 0,946

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tem

pe

ratu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI40-L02

Carga

Temperatura Pilar

151

Como já observado, neste ensaio, o forno apresentou um desempenho

levemente superior à primeira amostra, ou seja, teve um aquecimento maior

nos primeiros minutos. A amostra, por conseguinte, apresentou perda de

capacidade um pouco antes: aproximadamente aos 7 minutos (600ºC),

chegando ao colapso aos 8,6 minutos a uma temperatura de 670ºC.

PI80-L01:

A figura 10.17 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

Figura 10.17 – Curva de aquecimento PI80-L01

A curva-padrão foi alcançada em 1,08min na temperatura 370ºC. A

figura 10.18 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

R² = 0,9417

,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

152

Figura 10.18 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Observa-se, na figura 10.18, que a carga de 21 tf permaneceu constante

durante a fase de aquecimento até a amostra perder propriedades devido ao

aquecimento e ter sua capacidade resistente reduzida rapidamente a partir de

5,5 minutos (500ºC).

PI80-L02:

A figura 10.19 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI80-L01

Carga

Temperatura Pilar

153

Figura

10.19 –

Curva de

aquecimen

to PI80-

L02

A curva-padrão foi alcançada em 1,05min na temperatura 365ºC. A

figura 10.20 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

R² = 0,9405

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

154

Figura 10.20 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Observa-se, na figura 10.20, que a carga de 21 tf permaneceu constante

durante a fase de aquecimento até a amostra perder propriedades devido ao

aquecimento e ter sua capacidade resistente reduzida rapidamente a partir de

4 minutos (450ºC).

É pertinente ressaltar, neste ensaio, que houve um fator externo

contribuiu para redução da capacidade da amostra: durante a sua preparação

(prumo, alinhamento e aplicação da carga centrada) foi esquecido um material

combustível na amostra, que inflamou localmente e as chamas influenciaram

aumentando a temperatura (como pode ser observado no aumento brusco da

temperatura aos 4 minutos).

A fim de não descartar os resultados obtidos para este pilar, foi decidido

apresentar seus resultados com a ressalva feita.

10.3.2. Dilatação térmica restringida

Ensaiados 4 pilares, 2 para cada nível de carregamento: 40 e 80%.

PI40-R01:

0

100

200

300

400

500

600

700

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

0 2 4 6 8 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI80-L02

Carga

Temperatura Pilar

155

A figura 10.21 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

Figura

10.21 –

Curva de

aqueciment

o PI40-R01

A curva-padrão foi alcançada em 1,03min na temperatura 363ºC. A

figura 10.22 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

R² = 0,9417

,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

156

Figura 10.22 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Observa-se, na figura 10.22, que a carga de 11 tf teve um leve

incremento de carga devido ao pré-aquecimento chegando a 13 tf no início da

reprodução da curva do forno. A partir daí, a carga imposta no pilar aumentou

até a carga de 23,6 tf (450ºC) quando começou a perder capacidade resistente

e romper aos 5,7 minutos a uma temperatura de 540ºC.

Ressalta-se que o critério de ruptura para esta série de ensaios é

tomada como o tempo e temperatura no qual a carga no pilar retorne a carga

inicialmente aplicada, após imposta a restrição.

PI40-R02:

A figura 10.23 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

02468

101214161820222426

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI40-R01

Carga

Termopar Pilar

157

Figura 10.23 – Curva de aquecimento PI40-R02

A curva-padrão foi alcançada em 1,22min na temperatura 385ºC. A

figura 10.24 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

Figura 10.24 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Observa-se, na figura 10.24, que a carga de 11 tf teve um leve

incremento de carga devido ao pré-aquecimento chegando a 13,7 tf no início

da reprodução da curva do forno. A partir daí, a carga imposta no pilar

R² = 0,9501

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

02468

101214161820222426

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI40-R02

Carga

Temperatura Pilar

158

aumentou até a carga de 23,7 tf (430ºC) quando começou a perder capacidade

resistente e romper aos 5,7 minutos a uma temperatura de 520ºC.

PI80-R01

A figura 10.25 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

Figura 10.25

– Curva de

aqueciment

o PI80-R01

A curva-padrão foi alcançada em 1,23min na temperatura 387ºC. A

figura 10.26 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

R² = 0,9366

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

159

Figura 10.26 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Observa-se, na figura 10.26, que a carga de 20 tf teve um leve

incremento de carga devido ao pré-aquecimento chegando a 21 tf no início da

reprodução da curva do forno. A partir daí, a carga imposta no pilar aumentou

até a carga de 23,8 tf (210ºC) quando começou a perder capacidade resistente

e romper aos 3,3 minutos a uma temperatura de 320ºC.

É pertinente destacar que, durante o ensaio, no trecho próximo ao

critério de ruptura adotado, houve o rompimento de um dos esticadores usados

para alinhar e minimizar as chances de aplicação de cargas excêntricas pelo

cilindro. Este momento é caracterizado pelo alívio da carga aplicada

representado pelo declínio súbito da carga a zero. O pouco incremento de

carga devido à restrição e rápida perda de capacidade da amostra podem ter

sido influenciados pela excentricidade causada pelo pistão do cilindro.

PI80-R02:

A figura 10.27 apresenta a curva de aquecimento desenvolvida para este

ensaio.

0

100

200

300

400

500

600

700

02468

101214161820222426

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI80-R01

Carga

Temperatura Pilar

160

Figura

10.27 –

Curva de

aqueciment

o PI80-R02

A curva-padrão foi alcançada em 0,9 min na temperatura 345ºC. A

figura 10.28 apresenta o comportamento da carga durante o aquecimento da

amostra.

R² = 0,9494

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (min)

Temperatura x Tempo

ISO834

Logaritmo (Gases)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

02468

1012141618202224262830

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Car

ga (

t)

Tempo (min)

PI80-R02

Carga

Temperatura Pilar

161

Figura 10.28 – Carga x Temperatura da amostra ao longo do tempo

Observa-se, na figura 10.28, que a carga de 20 tf teve um leve

incremento de carga devido ao pré-aquecimento chegando a 21 tf no início da

reprodução da curva do forno. A partir daí, a carga imposta no pilar aumentou

até a carga de 27 tf (400ºC) quando começou a perder capacidade resistente e

romper aos 4,6 minutos a uma temperatura de 450ºC.

Neste ensaio, diferentemente de todas as outras amostras foi o pilar que

apresentou maior carga imposta, chegando às 27 tf. Em resumo, apresentou

maior carga imposta e suportou maior tempo e temperatura de ensaio

comparado ao PI80-R01, comungando ainda mais com a observação feita

acerca da excentricidade possivelmente aplicada durante o experimento

anterior.

10.3.3. Deslocamentos

Os deslocamentos das amostras foram monitorados através de 2

transdutores de deslocamentos, como descrito. A disposição desses

equipamentos pode ser visualizada na 10.29.

Figura 10.29 – Disposição dos LVDT’S

162

Foi objetivado com a instrumentação com LVDT’S monitorar os

deslocamentos no topo do pilar. No entanto, devido à quantidade insuficiente,

disposição limitada e a condição rotulada do pilar, esta variável medida teve

contribuição tanto do alongamento/encurtamento como da rotação,

incorporando incertezas na sua aquisição.

A fim de representar os dados nas situações ensaiadas, estão plotados

gráficos carga-deslocamento nas figuras 10.30(a) e (b) e figura 10.31(a) e (b)

para dilatação livre e restringida, respectivamente. Atenta-se que os

deslocamentos foram medidos a uma distância fixa do topo do pilar, sendo

necessária interpolação linear para converter a medida encontrada para o

ponto desejado. Nos gráficos, o sinal negativo para o deslocamento configura

encurtamento, enquanto o sinal positivo, alongamento.

(a)

0

2

4

6

8

10

12

14

-01 -01 00 01 01 02 02 03

Car

ga (

t)

Deslocamento (mm)

Carga x Deslocamento PI40-L

LVDT1

LVDT2

163

(b)

Figura 10.30 – Carga x Deslocamento

(Dilatação livre)

(a)

0

5

10

15

20

25

-04 -03 -02 -01 00 01

Car

ga (

t)

Deslocamento (mm)

Carga x Deslocamento PI80-L

LVDT1

LVDT2

0

5

10

15

20

25

-01 -01 00 01 01 02 02 03

Car

ga (

t)

Deslocamento (mm)

Carga x Deslocamento PI40-R

LVDT1

LVDT2

164

(b)

Figura 10.31 – Carga x Deslocamento (Dilatação restringida)

Observa-se, a partir dos gráficos, que o comportamento tende a seguir o

mesmo padrão. Na figura 10.30, sem restrição à dilatação, observa-se que o

pilar sofre encurtamento até o nível de carregamento imposto para início do

ensaio, a partir daí, a amostra sofre dilatação até o nível em que colapsa e

sobre encurtamento brusco. Vê-se, também, que o alongamento na amostra

com menor nível de carregamento é bem superior ao com maior nível de carga.

Nos gráficos da figura 10.31 observa-se que para pequenas cargas o

comportamento é uniforme durante o encurtamento, enquanto que no momento

de aquecimento da amostra as medidas apresentam um distanciamento no

deslocamento entre o LVDT1 e LVDT2, ou seja, fenômeno semelhante à

rotação, incorporando também deslocamento axial.

Os resultados apresentados correspondentes a esses deslocamentos

não representaram informações mais precisas que pudessem contribuir para

uma posição mais categórica e conclusiva, no entanto, ajudam a entender e

confirmar o comportamento do elemento quando submetido à carga mecânica

e térmica.

10.3.4. Análise comparativa e modos de ruptura

0

5

10

15

20

25

-02 -02 -01 -01 00 01 01 02 02 03 03 04

Car

ga (

t)

Deslocamento (mm)

Carga x Deslocamento PI80-R

LVDT1

LVDT2

165

Abordar-se-á neste item uma análise global dos resultados encontrados

durante a série de ensaios desenvolvidos no capítulo 10.3.2.

É possível, após exposição dos resultados, apresentarmos a tabela 10.2

com um resumo dos parâmetros tempo, temperatura, carga máxima e taxa de

restrição.

Tabela 10.2 – Quadro resumo dos parâmetros experimentais

Amostra Tempo Temperatura Ri Rmáx Restrição (Rmáx/Ri)

- min ºC t t -

PI40-L01 8,75 600 11,00 11,00 1,00

PI40-L02 8,60 670 11,00 11,00 1,00

PI80-L01 5,50 500 21,00 21,00 1,00

PI80-L02 4,00 450 21,00 21,00 1,00

PI40-R01 5,70 540 11,00 23,60 2,15

PI40-R02 5,70 520 11,00 23,70 2,15

PI80-R01 3,20 310 21,00 23,80 1,13

PI80-R02 4,60 450 21,00 27,00 1,29

Pode-se, a partir da tabela 10.2 acima extrair com menor dificuldade

conclusões acerca do comportamento das amostras segundo cada condição.

Destaca-se que as comparações são feitas considerando os valores médios.

As amostras com menor nível de carregamento apresentaram um

comportamento mais uniforme, atingindo tempos e temperaturas muito

próximas quando comparadas as amostras do mesmo grupo. Mas, quanto à

dilatação, infere-se que o pilar quando considerado com restrição à dilatação

teve em torno de 34% a menos no tempo de resistência ao fogo, atingindo uma

temperatura média de 105ºC a menos.

As amostras com maior nível de carregamento tiveram uma variação

entre as duas amostras do mesmo grupo, fato possivelmente motivo pelas

considerações feitas na abordagem individual no item anterior (resultados

destacados em vermelho, Tabela 10.2). Avaliando os valores médios podemos

observar que os pilares restringidos resistiram um tempo 17,9% a menos,

atingindo uma temperatura de 95ºC menor na ruptura.

Considerando, agora, apenas a condição livre à dilatação, ou seja,

variando apenas o nível de carregamento pode-se verificar que o nível aplicado

166

de carga em um pilar influenciou no seu tempo de resistência ao fogo e

temperatura, 45,21% e 25,19% a menos, respectivamente.

Analisando a condição de restrição à dilatação, variando-se o nível de

carregamento, o fato já verificado anteriormente na dilatação livre é repetido: o

nível de carregamento reduziu o tempo e a temperatura de resistência ao fogo

da amostra, 31,57% e 28,3% a menos, respectivamente.

Ainda nesta verve, é verificado que o aumento de carga imposta no pilar

devido à restrição do pilar aumenta inversamente proporcional ao nível de

carregamento, ou seja, para amostras com menor nível de carregamento o

incremento de carga devido à ação térmica é superior. Para os resultados

desta série, em valores médios, enquanto o nível de 40% atingiu uma carga

2,15 maior (atingindo 23,65t), o nível 80% atingiu 1,21 a mais (atingindo 25,4t).

O programa, como proposto, variou situações de carregamento e

restrição nos pilares, no entanto, em todas as amostras ensaiadas predominou

o modo de flambagem global, seguindo de instabilidade local dos perfis. Na

figura 10.32 (a) a (f) é possível visualizar o modo típico de ruptura.

(a)

(b)

167

(c)

(d)

(e)

(f)

Figura 10.32 - Detalhes e modos típicos de ruptura das amostras

Analisando os resultados à luz da NBR14323/2011, conforme tabela 9.3,

podemos avaliar o atendimento da norma perante a situação de ensaio com

dilatação térmica livre. A escolha dos elementos sem restrição para comparar

as capacidades resistivas dá-se pelo fato de que a norma supracitada não traz

prescrições acerca da consideração da estrutura circundante no tempo e

resistência dos elementos em situação de incêndio. A tabela 10.3 apresenta

um resumo comparativo desta análise.

168

Tabela 10.3 – Resistências teórica e experimental em situação de incêndio

Amostra Temperatura (ºC) Resistência (t) Texp/Tteo

- Experimental Teórica Experimental Teórica -

PI40-L01 600,00 570,00 11,00 10,97 1,05

PI40-L02 670,00 570,00 11,00 10,97 1,18

PI80-L01 500,00 200,00 21,00 20,91 2,50

PI80-L02 450,00 200,00 21,00 20,91 2,25

É pertinente ressaltar que os valores de resistência teórica apresentados

na tabela 10.3 são de projeto e não resistências nominais, como apresentadas

para a temperatura ambiente. Este fato se dá pelo fato de as equações já

terem inerentes os fatores redutores, não sendo um fator aplicado no valor

nominal da resistência.

Da tabela, acima, verifica-se que a norma brasileira atendeu ao

dimensionamento dos elementos estudados. No entanto, ressalta-se que os

perfis usados para este trabalho não poderiam ser utilizados como pilares em

estruturas sujeitas a incêndio, haja visto que o tempo requerido de resistência

ao fogo (TRRF) mínimo é de 30min, e como foi possível constatar no decorrer

da dissertação, os elementos não suportaram tempo superior a 10min.

É oportuno, neste momento, frisar que os parâmetros tempo e

temperatura estão intrinsicamente ligados e são influenciados diretamente pela

taxa de aquecimento desenvolvida pelo forno. Neste sentido, é importante e

exige cautela fazer qualquer tipo de comparação a respeito dessas duas

variáveis.

169

11. Conclusões

A construção e adequação da infraestrutura necessária para a conclusão

do projeto foi fruto do desenvolvimento de um planejamento e programa

experimental definido e fundamentado nas necessidades e recursos

disponíveis para tal.

Apesar das limitações e empecilhos enfrentados na execução deste

programa, dentre os pontos macros abordados durante o projeto, podemos

listar algumas questões que puderam ser observadas durante o trabalho e que

confirmam situações previstas teoricamente bem como tendências

comportamentais das amostras ensaiadas nas questões ainda não bem

esclarecidas na literatura técnica. É possível, assim, destacar:

O desempenho de um forno elétrico muito dificilmente consegue

representar perfeitamente a curva-padrão prevista na ISO834 devido

sua função logarítmica que exige grandes taxas de aquecimento nos

primeiros minutos;

O forno construído apresentou taxa de aquecimento de 250ºC/min,

desempenho que o habilita a atingir a curva-padrão em 2 minutos a

partir da temperatura ambiente;

As curvas de aquecimento desenvolvidas pelo forno elétrico

presentaram uma curva logarítmica com correlação média de 0,945;

O pré-aquecimento não apresentou, aparentemente, nenhuma influência

nos resultados, fato minimizado pela baixa taxa de aquecimento nesta

etapa;

O pórtico utilizado para esta série de ensaios possui, nas situações

estudadas, duas “rigidezes axiais” que podem ser usadas em análises

de restrição à dilatação: K1=75 kN/mm e K2=50 kN/mm;

Os pilares com maior nível de carregamento resistiram menos tempo se

comparados às amostras com as mesmas condições;

A restrição à dilatação diminuiu o tempo e a temperatura de resistência

dos pilares;

170

A carga devido à restrição aumenta inversamente ao nível de

carregamento, ou seja, as amostras com menor nível de carga

apresentaram maior aumento de carga mecânica devido à ação térmica;

O dimensionamento de pilares de aço a compressão centrada conforme

a norma brasileira NBR14323/2011 é atendido. No entanto, o método é

simplificado e não considera as condições de impostas pela estrutura

circundante como, por exemplo, a restrição à dilatação axial e rotacional.

Apesar da quantidade de ensaios não ser suficientemente grande para

produzir resultados mais categóricos e conclusivos, bem como, as limitações

laboratoriais, o comportamento das amostras nas condições experimentadas

apresentaram um padrão coerente. Neste sentido, os resultados e abordagem

teórica-experimental desenvolvidos indicam uma tendência que deve ser

melhor explorada a fim de produzir resultados mais conclusivos.

Por fim, após a conclusão de todo o programa proposto e visando iniciar

a linha de Pesquisa de Estruturas em Situação de Incêndio, o trabalhado dá-se

como objetivo alcançado.

171

Referências bibliográficas

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Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis

formados a frio. Rio de Janeiro, 2010.

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perfis formados a frio em situação de Incêndio. Belo Horizonte, 2002.

Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia – UFMG.

175

ANEXOS

ANEXO A – Certificado de calibração da Célula de Carga

176

ANEXO B – Certificado de calibração LVDT WA50mm

177

ANEXO C – Certificado de calibração LVDT WA50mm

178

ANEXO D - Resultados DimPerfil (NBR 14762/2001)

Ue: bw=10 bf=5 D=1,7 t=0,3 α=0 β=90 fy= 25 kN/cm2 E= 20500 kN/cm2 G= 7884,615 kN/cm2 1 - Barras submetidas à compressão centrada [NBR 14762-7.7] 1.1 - Flambagem por distorção da seção transversal [NBR 14762-7.7.3] 1.1.1 - Cálculo de σdist [NBR 14762-Anexo D4] NBR 14762 - Anexo D3: Seções Ue submetidos a compressão uniforme t=0,3 cm bw=10 cm bf=5 cm D=1,7 cm Ad=1,74637 cm2 E=20500 kN/cm2 Ix=0,30718 cm4 Iy=3,68658 cm4 Ixy=-0,60227 cm4 It=0,60957 cm4 Cw=0 cm6 hx=-2,7360291788 cm hy=0,2074509723 cm x0=0 cm y0=-0 cm α1,1ªaprox=0,030320581 α2=0,0296112229 α3=0,0008379647 β1=9,7727479067 β2=7,6795 β3=-3,01135 β4=7,6795 Ld=35,0536731221 cm η=0,0080321661 kφ =-0,7716282365 σdist,1ªaprox=260,8388765887 kN/cm2 kφ < 0 => kφ=0 α1=0,030320581 α3=0,0008379647 σdist=260,8388765887 kN/cm2 γ= 1,1 λdist= 0,31 λdist < 1.414 A= 13,011 cm2 fy= 25 kN/cm2 Ndist= 288,619 kN 1.2 - Flambagem da barra por flexão, por torção ou por flexo-torção [NBR 14762-7.7.2] 1.2.1 - Cálculo Ne Lx= 200 cm Ly= 200 cm Lt= 200 cm r0= 5,344 cm xc= 0 cm yc= 0 cm Ix=201,971 cm4 Iy=169,574 cm4 It=260,754 cm4 Cw=0 cm6 A=13,011 cm2

179

Nex= 1021,604 kN Ney= 857,734 kN Net= 71996,233 kN Perfil duplamente simétrico ou simetrico em relação a um ponto [NBR14762 - 7.7.2.1] Ne= 857,734 kN Fe= 65,924 kN/cm2 flambagem por flexão Y-Y Seção Caixão composta 2Ue: α= 0,34 β= 0,76 Aef[=A]= 13,011 cm2 λ0[Aef=A]= 0,616 ρ[Aef=A]= 0,829 (aproximado) σ= 20,726 kN/cm2 (com ρ aproximado) Aef= 13,011 cm2 β= 0,76 λ0= 0,616 (usando a área efetiva calculada) ρ= 0,829 (novo valor de ρ usando λ0 calculado com Aef) γ = 1,1 Nc= 245,152 kN A força normal de compressão de cálculo deve ser o menor valor calculado: [NBR 14762-7.7.1] Nc= 245,152 kN Ndist= 288,619 kN Nrd= 245,152 kN

180

ANEXO E - Rotina no MathCad (NBR14762/2010 e NBR14323/2011)

Norma: NBR 14323/2011 (Revisão)

Referência: NBR 8800/08 e NBR 14762/2010

Dados: Entrada Saída

Dados de Entrada:

Fatores de Redução do Aço e do Concreto

Dimensionamento de Pilares de Aço Formado a Frio

Temperatura Ambiente e Situação de Incêndio Sob Compressão Centrada

A 13.01 Ix 201.97 Iy 171.39 It 261.92 fy 25 l 200

rx 3.94 ry 3.63 r0 5.35 t 0.3 cw 0 E 20500

bf 5 bw 10 D 1.7 f 4.1 w 9.1 d 1.25

I Ix Ix Iyif

Iy otherwise

r rx rx ryif

ry otherwise

y t l

r G

E

2 1 0.3( )

T

1200

1100

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

20

KEA

0

0.225

0.045

0.675

0.09

0.13

0.31

0.6

0.7

0.8

0.9

1

1

KFA

0

0.02

0.04

0.06

0.11

0.23

0.47

0.78

1

1

1

1

1

KP

0

0.02

0.03

0.05

0.07

0.13

0.30

0.53

0.65

0.78

0.89

1

1

181

Distribuição de Temperatura no Aço e no Concreto:

Interpolação Linear dos Fatores de Redução:

Carga de Euller

Fator de redução a flambagem por compressão

Verificações devido a flambagem local

Cálculo da área efetiva

Largura efetiva dos enrijecedores de borda AL

Caso a:

Ta

550

600

500

kea0.31

0.6

kfa0.47

0.78

kp0.78

0.89

Ka

Ta2

Ta1

Ta1

Ta3

kEa

kea1

Ka kea2

1 Ka kFa

kfa1

Ka kfa2

1 Ka k

kp1

Ka kp2

1 Ka

Nex

2E Ix

l2

Ney

2E Iy

l2

Nez1

r02

2

E cw

l2

G It

Ne minNex Ney Nez( ) Ne 866.92

0A fy

Ne

0.6580

2

0 1.5if

0.877

02

otherwise

fy 21.367

ke 0.43

p

d

t

0.95 keE

0.216

def d p 0.850.673if

d

p1

0.22

p

otherwise

def 1.25

182

Largura efetiva das mesas enrijecidas AA

Largura efetiva da alma AA

Caso a:

Cálculo da área efetiva

2

p0

f

t

0.623E

0.708 Ist d

3 sin ( )

2

12 Ia1 399 t

4 0.487p0 0.328( )

3

Ia2 t4

56p0 5( ) Ia min Ia1 Ia2( )

n 0.582 0.122p0 0.496 aIs

Ia x a a 1if

1 otherwise

kme 3.57 x( )n

0.43 D

f0.25if

4.82 5D

f

x( )n

0.43

otherwise

k kme kme 4if

4 otherwise

m

f

t

0.95 kE

0.261 ds d p0 0.850.673if

x d( ) otherwise

bef f m 0.850.673if

bf

m1

0.22

m

otherwise

bef 4.1

bef1Is

Ia

bef

2

bef2 bef bef1

ka 4

pa

w

t

0.95 kaE

0.515 hef w pa 0.850.673( )if

w

pa1

0.22

pa

otherwise

hef1hef

2 hef2 hef hef1 hef 9.1

rm tt

2 lm 2 rm

Aef A bef f def d hef wif

2hef 4bef 4def( ) t lm t[ ] otherwise

Aef 13.01 A 13.01

183

Verificação da flambagem distorcional

Tabela 11 - NBR 14672/2010

Consultar Tabela 11 e verificar dispensa

Cálculo da capacidade resistente a temperatura ambiente

Cálculo da capacidade resistente em situação de incêndio

bw

t33.333

bf

bw0.5

D

bw0.17

a 1.20ef

Aef fy

Ne0.613

ef 0.6580ef

2

0ef 1.5if

0.877

0ef2

otherwise

Pef Aef fy

a P 231.653 Pk P a 277.984

Nex

2E kEa Ix

l2

Ney

2E kEa Iy

l2

Nez1

r02

2

E kEa cw

l2

G It

Ne minNex Ney Nez( ) Ne 394.449

0A fy kFa

Ne0.718 0.022

E

fy 0 0.5 1 0 0

2

01

0 02

02

0 0 efif

ef otherwise

P kFa Aef fy

P 122.717

0fi0

0.850.721 0fi 0.5 1 0fi 0fi

2

01

0fi 0fi2

0fi2

fi 0 0 efif

ef otherwise

fi 0.602

Pfi fi kFa Aef fy Pfi 122.419

184

ANEXO F – Resultados CFS 7.0 (AISI/2010)

CFS Version 7.0.0 Box 100x50x17x3

Member Check - 2010 North American Specification - US (LRFD) ¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯

¯¯

Material Type: A36, Fy=248,21 MPa

Design Parameters:

Lx 2,0000 m Ly 2,0000 m Lt 2,0000 m

Kx 1,0000 Ky 1,0000 Kt 1,0000

Cbx 1,0000 Cby 1,0000 ex 0,0000 mm

Cmx 1,0000 Cmy 1,0000 ey 0,0000 mm

Braced Flange: None k 0 kN Red. Factor, R: 0 Lm 2,0000 m

Loads: P Mx Vy My Vx

(kN) (kN-m) (kN) (kN-m) (kN)

Entered 1,00 0,0000 0,00 0,0000 0,00

Applied 1,00 0,0000 0,00 0,0000 0,00

Strength 233,40 8,8703 74,70 7,9124 64,52

Effective section properties at applied loads:

Ae 1285,6 mm^2 Ixe 1985387 mm^4 Iye 1770984 mm^4

Sxe(t) 39708 mm^3 Sye(l) 35420 mm^3

Sxe(b) 39708 mm^3 Sye(r) 35420 mm^3

Interaction Equations

NAS Eq. C5.2.2-1 (P, Mx, My) 0,004 + 0,000 + 0,000 = 0,004 <= 1.0

NAS Eq. C5.2.2-2 (P, Mx, My) 0,004 + 0,000 + 0,000 = 0,004 <= 1.0

NAS Eq. C3.3.2-1 (Mx, Vy) Sqrt(0,000 + 0,000)= 0,000 <= 1.0

NAS Eq. C3.3.2-1 (My, Vx) Sqrt(0,000 + 0,000)= 0,000 <= 1.0

Calculation Details - 2010 North American Specification - US (LRFD) ¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯

¯¯

Axial Load Eccentricity, P=1 kN Effective width calculations for part 1: Left Channel Element 1: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 2: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 2: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2

185

b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 3: Stiffened, w=88 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,030173 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=88 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=44 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=44 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 5: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 4: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 4: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Effective width calculations for part 2: Right Channel Element 1: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 2: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 2: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 3: Stiffened, w=88 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,030173 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=88 mm NAS Eq. B2.1-2

186

b1=44 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=44 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 5: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 4: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 4: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Center of gravity shift: x=0 mm, y=0 mm Initial eccentricity: x=5,963e-7 mm, y=0 mm Specified eccentricity: x=0 mm, y=0 mm Overall eccentricity: x=5,963e-7 mm, y=0 mm Additional moments: My=5,963e-10 kN-m, Mx=0 kN-m Axial Compression Strength (KL/r)x=50,894, (KL/r)y=53,887

x=775,01 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-11

y=691,31 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-8

t=56919 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-9 Fe=691,31 MPa Fy=248,21 MPa

c=0,5992 NAS Eq. C4.1-4 Fn=213,58 MPa NAS Eq. C4.1-2 Effective width calculations for part 1: Left Channel Element 1: Unstiffened, w=11 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,19062 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 2: Check for lip stiffener reduction S=39,5 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 2: Stiffened, w=38 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,2159 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 3: Stiffened, w=88 mm

187

f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,49998 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=88 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=44 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=44 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 5: Unstiffened, w=11 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,19062 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 4: Check for lip stiffener reduction S=39,5 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 4: Stiffened, w=38 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,2159 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Effective width calculations for part 2: Right Channel Element 1: Unstiffened, w=11 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,19062 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 2: Check for lip stiffener reduction S=39,5 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 2: Stiffened, w=38 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,2159 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 3: Stiffened, w=88 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,49998 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=88 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=44 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=44 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 5: Unstiffened, w=11 mm

188

f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,19062 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 4: Check for lip stiffener reduction S=39,5 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 4: Stiffened, w=38 mm f1=213,58 MPa, f2=213,58 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,2159 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Ae=1285,6 mm^2 Pn=274,59 kN NAS Eq. C4.1-1

c=1,8, c=0,85 Flexural Strength about X-axis

y=691,31 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-8

t=56919 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-9 Cb=1 NAS Eq. C3.1.2.1-6 Fy=248,21 MPa Fe=10978 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-4 Fc=248,21 MPa Not subject to lateral-torsional buckling - same as fully braced strength Flexural Strength about Y-axis

x=775,01 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-11

t=56919 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-9 Cb=1 NAS Eq. C3.1.2.1-6 Fy=248,21 MPa Fe=13031 MPa NAS Eq. C3.1.2.1-4 Fc=248,21 MPa Not subject to lateral-torsional buckling - same as fully braced strength Compression and Bending Interaction

x=0,999 NAS Eq. C5.2.2-4

y=0,99887 NAS Eq. C5.2.2-5 Effective section at applied loads Effective width calculations for part 1: Left Channel Element 1: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 2: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 2: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1

189

k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 3: Stiffened, w=88 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,030173 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=88 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=44 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=44 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 5: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 4: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 4: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Effective width calculations for part 2: Right Channel Element 1: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 2: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 2: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 3: Stiffened, w=88 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1

190

k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,030173 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=88 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=44 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=44 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective) Element 5: Unstiffened, w=11 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B3.2-1 k=0,43 NAS Eq. B3.2-3

=0,011503 NAS Eq. B2.1-4

<0.673 (fully effective) NAS Eq. B2.1-1 Element 4: Check for lip stiffener reduction S=654,55 NAS Eq. B4-7 w/t < 0.328S (no lip reduction) Element 4: Stiffened, w=38 mm f1=0,77782 MPa, f2=0,77782 MPa

=1 NAS Eq. B2.3-1 k=4 NAS Eq. B2.3-8

=0,013029 NAS Eq. B2.1-4

=1 NAS Eq. B2.1-3 be=38 mm NAS Eq. B2.1-2 b1=19 mm NAS Eq. B2.3-9 b2=19 mm NAS Eq. B2.3-10 b1+b2 > compression width (fully effective)