107
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR- TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO E MONTAGEM DE CARTEIRAS DE AÇÕES BASEADO EM DOIS PERFIS DE RISCO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao De- partamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requi- sito parcial para a obtenção do título em Engenharia, área Civil, habilitação em Produção. Orientador: Prof. Daniel Christian Henrique. Florianópolis 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-

TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

Frederico Werner de Mascarenhas

FILTROS PARA SELEÇÃO E MONTAGEM DE CARTEIRAS

DE AÇÕES BASEADO EM DOIS PERFIS DE RISCO

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao De-

partamento de Engenharia

de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de

Santa Catarina, como requi-

sito parcial para a obtenção

do título em Engenharia,

área Civil, habilitação em

Produção. Orientador: Prof.

Daniel Christian Henrique.

Florianópolis

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa

de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Frederico Werner de Mascarenhas

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

FERRAMENTAL PARA SELEÇÃO E MONTAGEM DE CAR-

TEIRAS DE AÇÕES BASEADO EM DOIS PERFIS DE RISCO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e

aprovado, em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia

de Produção Civil, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 30 de novembro de 2018.

Profª. Marina Bouzon

Coordenadora dos Cursos de

Graduação em Engenharia de Produção

Banca Examinadora:

Prof. Daniel Christian Henrique

Orientador

Universidade Federal De Santa Catarina

Prof. Lynceo Falavigna Braghirolli

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Ricardo Villarooel Dávalos

Universidade Federal de Santa Catarina

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

Dedico a todos aqueles que me

ajudaram na fomentação do conheci-

mento na área de investimentos.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

AGRADECIMENTOS

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina que me

proporcionou a oportunidade de crescer academicamente e profissio-

nalmente.

A minha família por ter dado suporte nesses longos anos de es-

tudos.

Ao professor Daniel Christian Henrique por ter orientado neste

trabalho, acreditando na proposta e dando o suporte necessário para a

conclusão.

Aos colegas da Reivax e amigos pelo suporte nas ideias de in-

vestimentos e troca de experiencias.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO
Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

“The wise investor can profit if he can think inde-

pendently of the crowd and reach the rich answer

when the majority of financial opinion is leaning

the other way.”

Philip Fisher

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO
Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

RESUMO

A participação de investidores individuais na Bolsa de valores brasileira

é de aproximadamente 3,2%, segundo dados atuais da B3 (Brasil, bolsa

e balcão), número muito baixo para um país como o Brasil com 207,7

milhões de habitantes. Parte dos que investem, se aventuram na escolha

dos ativos com base em casas de análises pagas, por indicações de ami-

gos e familiares, ou mais frequentemente por meio de fundos de inves-

timentos, os quais muitas vezes cobram altíssimas taxas. Frente a isto o

presente trabalho tem o intuito de auxiliar na escolha e na montagem de

carteira de ações baseadas em dois perfis de risco, com uma rigorosa

filtragem sob o ponto de vista da filosofia de investimento em valor.

Foram utilizados os 10 setores econômicos da B3, para montar carteiras

diversificadas, e por meio da filtragem das ações por setor, foi possível

ranquear as melhores ações, baseado nos critérios de escolha previamen-

te selecionado para os dois perfis de risco: agressivo e conservador.

Com o ranqueamento, foi possível montar 4 carteiras por perfil, tendo a

carteira 1 com a melhor ação de cada setor, totalizando-se de 10 ativos,

a carteira 2 com as duas melhores de cada setor, a carteira 3 com as três

melhores e a carteira 4 com as quatro melhores. Dessa forma, foi possí-

vel identificar o número ideal de ativos por perfil de risco, com a utiliza-

ção da Moderna Teoria do Portfólio, desenvolvido por Markowitz, e

suas variantes com a possibilidade de venda a descoberto, para perfis

mais agressivos.

Palavras chave: otimização de carteiras; investimento em valor; fron-

teiras eficientes; Moderna Teoria do Portfólio; venda a descoberto.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO
Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

ABSTRACT

The participation of individual investors in the Brazilian stock exchange

is approximately 3,2%, according to current data from B3 (Brasil bolsa e

balcão), a very low number for a country the size of Brazil with 207.7

million inhabitants. Many investors choose their stocks based on 3rd

party paid reports, family and friends’ advice, or through investment

funds, which often charge very high fees. The purpose of this study is to

assist individual investors in the selection of the stock portfolio compo-

sition. The model is based on two risk profiles (conservative and aggres-

sive), using a rigorous stock screening based on value investing philoso-

phy. The 10 economic sectors of B3 were used to build diversified port-

folios. Through stock screening within each sector, it was possible to

rank the best stocks based on the pre-selected selection criteria for two

risk profiles: aggressive and conservative. Four portfolios were built

based on the rankings. Portfolio 1 was composed of the best ranked

stock in each sector for a total of ten assets. Portfolio 2 included the top

two stocks by ranking for a total of 20 assets. Portfolio 3 and Portfolio 4

were composed of the top 3 and top 4 ranked stocks respectively. Ap-

pling Markowitz theory and it´s modifications, it was possible to identi-

fy the ideal number of assets per risk profile. For the aggressive profile,

short selling was allowed to generate efficient frontiers with better re-

turns.

Keywords: portfolio optimization; value investing; efficient frontiers;

Modern Portfolio Theory; short sale.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO
Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cálculo do VaR a partir da distribuição de probabilidade da

mudança no valor do portfólio .............................................................. 30

Figura 2 - Curvas de Indiferença ........................................................... 31

Figura 3 - Efeito da Diversificação ....................................................... 33

Figura 4 - Diversificação aleatória do risco pelo número de ativos ...... 34

Figura 5 - Retornos anualizados em função do prazo de investimento . 35

Figura 6 - Fronteira Eficiente ................................................................ 38

Figura 7 - Fronteiras Eficientes com venda a descoberto e sem venda a

descoberto ............................................................................................. 41

Figura 8 - Estratégia 130/30 .................................................................. 42

Figura 9 - Fluxograma do Método .......... Erro! Indicador não definido.

Figura 10 - Filtros iniciais para o perfil conservador do setor econômico

de consumo cíclico ................................................................................ 63

Figura 11 - Ranqueamento de dois indicadores de direção de preferência

opostas para o perfil conservador do setor econômico de consumo

cíclico .................................................................................................... 65

Figura 12 - Melhores empresas de consumo cíclico da B3 para o perfil

conservador ........................................................................................... 66

Figura 13 - Suavização dos outliers ...................................................... 67

Figura 14 - Carteira 4 do perfil conservador ......................................... 68

Figura 15 - Teste de Verificação ........................................................... 70

Figura 16 - Tela de projeção dos retornos ............................................. 71

Figura 17 - Tela de restrições dos ativos ............................................... 72

Figura 18 - Fronteiras Eficientes - perfil conservador- projeção para 3

anos ....................................................................................................... 75

Figura 19 - Fronteiras Eficientes - perfil agressivo- projeção para 3 anos

............................................................................................................... 77

Figura 20 - Ponto de Análise – perfil agressivo – 3 anos ...................... 78

Figura 21 - Fronteiras Eficientes - perfil agressivo 130/30- projeção para

3 anos .................................................................................................... 79

Figura 22 - Fronteiras Eficientes- perfil conservador – projeção para 5

anos ....................................................................................................... 80

Figura 23 - Fronteiras Eficientes- perfil conservador – projeção para 10

anos ....................................................................................................... 81 Figura 24 - Fronteiras Eficientes- perfil agressivo – projeção para 5 anos

............................................................................................................... 81

Figura 25 - Fronteiras Eficientes- perfil agressivo – projeção para 10

anos ....................................................................................................... 82

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

Figura 26 - Fronteiras Eficientes- perfil agressivo 130/30 – projeção

para 5 anos ............................................................................................ 82

Figura 27 - Fronteiras Eficientes- perfil agressivo 130/30 – projeção

para 10 anos .......................................................................................... 83

Figura 28 - Agressivo x Conservador - carteiras 1................................ 84

Figura 29 - Agressivo x Conservador - carteiras 2................................ 85

Figura 30 - Agressivo x Conservador - carteiras 3................................ 85

Figura 31 - Agressivo x Conservador - carteiras 4................................ 86

Figura 32 - Venda a descoberto x Sem venda a descoberto .................. 87

Figura 33 - Backtest - perfil conservador .............................................. 89

Figura 34 - Backtest - perfil agressivo .................................................. 90

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

B3 Brasil, Bolsa, Balcão

CAPM Capital Asset Pricing Model

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DY Dividendo Yield

EBIT Earnings Before Income Taxes

EBITDA Earnings before interest, taxes, depreciation and amor-

tization

EV Enterprise Value

IS Índice de Sharpe

LFT Letra Financeira do Tesouro

ON Ação Ordinária

P Preço da ação

PN Ação Preferencial

PSR Price Sales Ratio

ROE Return on Equity

ROIC Return on Invested Capital

SEC Securities and Exchange Commission

VaR Value at Risk

VPA Valor Patrimonial por Ação

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO
Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 21

1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ............................................ 21

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................ 22

1.3 OBJETIVOS .................................................................................... 22

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................ 22

1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................. 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................... 25

2.1 AÇÕES ............................................................................................ 25

2.2 RISCO E RETORNO ...................................................................... 26

2.2.1 Retorno......................................................................................... 26

2.2.2 Risco.............................................................................................. 27

2.2.2.1 Value at Risk (VaR) e Tracking Error .................................. 29

2.2.3 Relação entre Risco e Retorno .................................................. 31

2.3 DIVERSIFICAÇÃO DO RISCO ..................................................... 32

2.4 MODELO DE MARKWOTIZ PARA OTIMIZAÇÃO DE

CARTEIRAS ......................................................................................... 35

2.5 VENDA A DESCOBERTO ............................................................ 39

2.6 CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) ............................. 43

2.7 PERFIS DE RISCO ......................................................................... 44

2.8 SELEÇÃO DE ATIVOS (STOCK-PICKING) ................................ 45

2.8.1 Indicadores Fundamentalistas .................................................. 46

3 METODOLOGIA ............................................................................ 53

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................... 53

3.2 ETAPAS METODOLÓGICAS ....................................................... 53

4 DESENVOLVIMENTO .................................................................. 57

4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS FILTROS PARA CADA PERFIL DE

RISCO..... .............................................................................................. 57

4.2 COLETA DOS DADOS .................................................................. 61

4.3 TRATAMENTO DOS DADOS E VERIFICAÇÃO DOS

FILTROS................................................................................................62

4.4 MONTAGEM DAS CARTEIRAS E VERIFICAÇÃO DOS

FILTROS............................................................................................... 67

4.5 OTIMIZAÇÃO DAS CARTEIRAS E VERIFICAÇÃO DAS

RESTRIÇÕES ....................................................................................... 71

5 RESULTADOS E COMENTÁRIOS .............................................. 75

5.1 FRONTEIRAS EFICIENTES ......................................................... 75

5.1.1 Perfil Conservador ..................................................................... 75

5.1.2 Perfil Agressivo ........................................................................... 76

5.1.2.1 Perfil Agressivo 130/30 ............................................................. 78

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

5.2 HORIZONTES TEMPORAIS ........................................................ 79

5.3 AGRESSIVO X CONSERVADOR ................................................ 83

5.4 VENDA A DESCOBERTO X SEM VENDA A DESCOBERTO .. 86

5.5 SIMULAÇÃO HISTÓRICA ........................................................... 88

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS ........................ 93

6.1 CONCLUSÕES............................................................................... 93

6.2 RECOMENDAÇÕS FINAIS .......................................................... 94

REFÊRENCIAS .................................................................................. 95

APÊNDICE A - COMPOSIÇÃO DAS CARTEIRAS ....................101

APÊNDICE B - EXEMPLO DO RANQUEAMENTO ..................107

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

21

1 INTRODUÇÃO

São descritas nesta seção o problema e a justificativa do traba-

lho, bem como os objetivos que se buscam alcançar.

1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O mercado de ações no Brasil ainda é pouco acessado, segundo

dados atuais da B3 (Bolsa, Brasil, Balcão) (2018) existiam 663.270

cadastros de pessoas físicas até o final de abril de 2018. Além do mais, a

metodologia usada pela B3, o investidor pode ser contabilizado mais de

uma vez, caso possua mais de uma conta ativa em uma corretora. Em

um país como o Brasil com uma população de 207,7 milhões (IBGE,

2018), este número é muito baixo comparado com outros países. De

acordo com Magliano Filho, (2002) “no Brasil temos um número muito

reduzido de pessoas que participam do mercado acionário, enquanto nos

EUA, 50% das famílias aplicam na Bolsa; na Inglaterra, esse percentual

chega aos 30%”.

Daqueles que investem, segundo um estudo de Santos Júnior

(2012), investidores individuais tendem a possuir poucos ativos.

Statman (2004) diz que a média de ativos de investidores dos EUA é de

3 a 4. Será que o número de poucos ativos em uma carteira é adequado?

Existem diversos métodos para a composição de carteiras dife-

rentes, alguns utilizam-se de estratégias mais arriscadas, como a venda a

descoberto, será que é uma estratégia eficaz para quem busca maiores

retornos? Qual o número ideal de ativos e uma carteira diversificada?

Será que com um trabalho adequado de diversificação, consegue-se

obter melhores relações de risco e retorno?

Tendo como premissa que o investidor racional tende a maxi-

mizar seus retornos com os níveis de risco mais baixos, este estudo bus-

cará por ativos que satisfazem estas condições.

Para atingir tais objetivos, pode-se utilizar métricas para escolha

de bons ativos, sendo possível identificar empresas saudáveis que geram

retornos ao longo prazo, desde que seus fundamentos se mantenham no

tempo. Além disso, uma diversificação adequada, diminui o risco não-

sistemático de um portfólio.

Com a escolha fundamentada dos ativos, é necessária uma mon-

tagem do portfólio que atenda a necessidade do investidor de acordo

com seu perfil de risco. Diante desta necessidade, a utilização de opti-

mização de portfólios, desenvolvida por Markowitz (1952), auxilia no

processo de alocação.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

22

1.2 JUSTIFICATIVA

O trabalho justifica-se pela necessidade de elaborar

uma ferramenta que auxilie no processo de decisão dos investi-

dores, para que estes montem carteiras adequadas ao seu perfil

de risco.

Segundo Lopes (2001, apud RANGEL;

DALMÁCIO; TEIXEIRA, 2005) “os estudos, no mercado bra-

sileiro de capitais, seguem, de forma geral, as abordagens reali-

zadas em países desenvolvidos”, havendo uma carência de tra-

balhos acadêmico relevantes em países emergentes.

Desta forma, o trabalho deverá ajudar na fomentação

de conhecimento deste tema tão comum em mercados desen-

volvidos, mas ainda em desenvolvimento no Brasil.

1.3 OBJETIVOS

Nesta seção serão mostrados: o objetivo geral

e os objetivos específicos desse trabalho.

1.3.1 Objetivo Geral

Propor uma ferramenta que possa identificar os me-

lhores ativos do exercício fiscal vigente através de filtros fun-

damentalistas para perfis agressivos e conservadores com o

intuito de gerar carteiras diversificadas e otimizadas através

das adaptações do modelo de Markowitz.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar os melhores ativos de cada setor econômico

da B3 para cada perfil de risco;

b) Averiguar a credibilidade dos filtros usados na seleção dos

melhores ativos no exercício fiscal, através de um backtest

e da verificação da situação financeira dos mesmos dentre

2015 a 2017;

b) Montar diferentes portfólios para obter o número ideal

de ativos, para um investidor agressivo e outro conserva-

dor;

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

23

c) Avaliar a relação de risco e retorno para diferentes prazos

de investimento;

d) Comparar a relação de risco e retorno das carteiras

montadas para os dois perfis de risco;

e) Testar a eficácia da venda a descoberto para o investidor

agressivo.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

24

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica discorre a respeito dos temas e con-

ceitos abordados para o desenvolvimento deste trabalho. Os princi-

pais tópicos abordados serão: mercado acionário, relação risco versus

retorno, diversificação do risco, modelo de otimização de

Markowitz, venda a descoberto, modelo de precificação de ativos,

perfis de risco e por fim será abordado tópicos de seleção de ativos.

2.1 AÇÕES

Ações constituem-se em títulos que representam a menor fração

do capital social de uma empresa (ASSAF NETO, 2014). De acordo

com Elton et al. (2012) não possuem prazo de resgate, são vistas como

títulos de prazo infinito, e apesar das remunerações periódicas, chama-

das de dividendos e juros, não possuem devolução do principal.

De acordo com Rassier (2009), ações podem ser classificadas

em dois tipos: ordinárias (ON) e as preferenciais (PN). As ações ordiná-

rias, dão ao detentor do título o direito a voto nas assembleias das em-

presas, proporcionalmente à quantidade possuída pelo mesmo

(GITMAN, 2009). São representadas pelo número três depois das quatro

letras do ativo.

Diferentemente das ações ordinárias, as preferenciais são aque-

las que detêm preferência quanto ao recebimento de dividendos, frente

ao acionista detentor da ação ordinária, e a vantagem da fixação de um

dividendo mínimo ou fixo, de acordo com o estatuto social da empresa.

Ainda possuem preferência no reembolso do capital em caso da dissolu-

ção da sociedade (ASSAF NETO, 2014).

Conforme Rassier (2009), as empresas podem emitir classes de

ações para o tipo preferencial, cada uma representando uma característi-

ca diferente, como valores diferenciados de dividendos ou proventos

especiais de acordo com o estatuto social da empresa. A classe comum

para as preferenciais é representada pelo número quatro após as quatro

letras do ativo, já as classes PNA e PNB, são representadas pelos núme-

ros cinco e seis, respectivamente.

Nesse contexto, Gitman (2009, p. 288) afirma que “os verdadei-

ros proprietários das empresas são os acionistas ordinários”.

Ao lado destas classificações, também se negociam os certifica-

dos de depósito de ações (Units), que são ativos compostos por mais de

uma classe de valores mobiliários como, por exemplo, um conjunto de

ações ordinárias e preferenciais (B3, 2018). São negociadas no mercado

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

26

como uma unidade e são representadas pelo número onze, após as qua-

tro letras do ativo.

A bolsa de valores do brasil, onde são negociadas as ações é a

B3, antigamente chamada de BM&FBOVESPA. Conforme Ross et al.,

(2015) a B3 é a principal instituição brasileira de intermediação de ope-

rações do mercado de capitais. De acordo com Assaf Neto (2014) a

bolsa de valores possui como principal objetivo garantir a liquidez dos

títulos, unindo ofertas de venda e compra, realizando assim, operações

no menor tempo possível.

2.2 RISCO E RETORNO

O investidor racional em ações tem o objetivo de maximizar seu

ganho, para isto deve-se ter o entendimento de dois fatores principais:

risco e retorno. De acordo com Bernstein, (2017, p. 27), “não se pode

esperar maiores retornos, sem maiores riscos, eles sempre andam jun-

tos”.

2.2.1 Retorno

Para Ross et al. (2015) o retorno nominal do investimento em

ação é composto pelo fluxo de pagamentos de dividendos e juros duran-

te um período, somados ao ganho de capital, que é a diferença entre o

preço inicial de um período e seu preço posterior. Sejam t o ano que

está sendo analisado, 𝑃𝑡 o preço da ação no início do ano, 𝑃𝑡+1 o preço

da ação no fim do ano e 𝐷𝑖𝑣𝑡+1 o dividendo pago pela ação durante o

ano. O retorno nominal de uma ação no final do período, representado

por 𝑅𝑡+1, pode ser escrita pela equação (1):

𝑅𝑡+1 =𝐷𝑖𝑣𝑡+1

𝑃𝑡+

(𝑃𝑡+1−𝑃𝑡)

𝑃𝑡 (1)

Elton et al. (2012) descreve como retorno esperado um conjunto

de resultados e probabilidades de ocorrência associadas a cada um ativo,

chamada de distribuição de retornos. O retorno esperado de uma carteira

de ações é determinado pela média ponderada dos retornos esperados

dos ativos individuais e pode ser calculada da seguinte forma:

𝑅𝑃 = ∑ (𝑋𝑖 ∗ 𝑅𝑖)𝑁𝑖=1 (2)

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

27

Em que:

𝑅𝑃 representa o retorno esperado da carteira “P”

N representa o número de ativos

𝑋𝑖 representa o percentual investido na ação “i”

𝑅𝑖 representa o retorno individual da ação “i”

2.2.2 Risco

A palavra risco pode ser definida de várias formas, do ponto de

vista estatístico Damodaram (2002) define como a variância dos retor-

nos esperados, quanto maior a variância, maior o seu risco. Já do ponto

de vista para finanças, risco é a diferença do ocorrido para o que está-

vamos esperando. Podendo ser positivo (upside) ou negativo (downsi-

de).

Na ótica de Assaf Neto, (2014, p. 14) risco é definido como

“uma medida de incerteza associada aos retornos esperados de uma

decisão de investimento”.

Tendo o conceito de risco definido, Elton et al. (2012) colabora

com os principais fatores que podem afetar o risco de um determinado

ativo:

a) A liquidez do ativo, facilidade de vender um ativo ao preço jus-

to, concluindo que quanto menos líquido, mais arriscado será o

ativo;

b) As características do risco e a credibilidade do emissor;

c) A maturidade de um instrumento, em geral quanto mais alto o

prazo de maturidade, mais alto será o seu risco;

d) Prioridade e natureza dos direitos ao recebimento dos investi-

mentos, quanto menor a prioridade, mais arriscado será.

De acordo com Ross et al. (2015), a variância e sua raiz qua-

drada, o desvio-padrão, são as medidas mais comuns para mensurar a

variabilidade, i.e., o risco. No que concerne apenas a variância, Haugen

(1997), define a como uma medida que indica o potencial de variação do

retorno em relação ao seu valor esperado. Para Marques et al. (2013),

seu cálculo pode ser feito da seguinte forma:

𝜎𝑖2 =

∑ (𝑅𝑖𝑗−𝑅𝑖)2𝑇

𝑗=1

𝑇 (3)

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

28

Em que:

𝜎𝑖2 representa a variância do ativo “i”

𝑅𝑖𝑗 representa o retorno do ativo “i” no período “j”

𝑅𝑖 representa o retorno esperado do ativo “i”

T representa o número de períodos passados

Já o cálculo do desvio-padrão, é obtido por meio da raiz qua-

drada da variância (MARQUES et al., 2013), sua fórmula é demonstrada

pela equação (4):

𝜎𝑖 = √𝜎𝑖2 = √∑ (𝑅𝑖𝑗−𝑅𝑖)

2𝑇𝑗=1

𝑇 (4)

Em que:

𝜎𝑖 representa o desvio-padrão do ativo “i”

O risco de uma combinação de ativos, não é simplesmente a

média ponderada dos riscos dos ativos, Elton et al. (2012) deduz sua

fórmula matematicamente partindo do quadrado da diferença do retorno

esperado da carteira para o retorno obtido em um período, chegando a

expressão:

𝜎𝑃2 = ∑ (𝑋2

𝑗 ∗ 𝜎2𝑗) + ∑ ∑ (𝑋𝑗 ∗ 𝑋𝑘 ∗ 𝜎𝑗𝑘)

𝑁𝑘=1𝑘#𝑗

𝑁𝑗=1

𝑁𝑗=1 (5)

Em que:

𝜎𝑃2 representa a variância da carteira “P”

𝑋𝑗 representa a proporção do ativo “j” na carteira “P”

𝑋𝑘 representa a proporção do ativo “k” na carteira “P”

𝜎2𝑗 representa a variância do ativo “j”

𝜎𝑗𝑘 covariância entre os ativos “j” e “k”

N representa o número de ativos na carteira

A covariância (𝜎𝑗𝑘) descrita na equação 5 de Elton et al. (2012),

pode ser definida por ele como o valor esperado do produto de dois

desvios: os desvios do ativo 1 em relação à sua média no período “j”

(𝑅1𝑗 − 𝑅1), e os desvios do ativo 2 em relação à sua média (𝑅2𝑗 − 𝑅2)

no período “j”, dividida pelo número de resultados igualmente prováveis

“M”, podendo ser expressa como:

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

29

𝜎𝑗𝑘 = ∑(𝑅1𝑗−𝑅1)∗(𝑅2𝑗−𝑅2)

𝑀

𝑀𝑗=1 (6)

Elton et al. (2012) descreve a interpretação da covariância da

seguinte forma:

• 𝜎𝑗𝑘 > 0: O resultado dos retornos dos ativos se move

em conjunto na mesma direção, tanto na direção posi-

tiva, como negativa;

• 𝜎𝑗𝑘 = 0: Movimentos positivos e negativos não tem re-

lação entre si;

• 𝜎𝑗𝑘 < 0: Resultados bons de um ativo estão relaciona-

dos a resultados ruins de outro.

Para várias finalidades, a covariância de dois ativos é

padronizada dividindo-se pelo produto do desvio padrão de cada ativo.

Tendo como resultado um coeficiente que varia dentro do intervalo [-1,

+1], chamado de coeficiente de correlação (𝜌𝑗𝑘), podendo ser expressa

pela equação (7) e tendo seu resultado, a mesma interpretação da covari-

ância (ELTON et al., 2012):

𝜌𝑗𝑘 =𝜎𝑗𝑘

𝜎𝑗∗𝜎𝑘 (7)

A variância de uma carteira também pode ser escrita pela equa-

ção (8), proposta por Markowitz, (1952):

𝜎𝑃2 = ∑ ∑ 𝜎𝑗𝑘

𝑁𝑘=1

𝑁𝑗=1 ∗ 𝑋𝑗 ∗ 𝑋𝑘 (8)

2.2.2.1 Value at Risk (VaR) e Tracking Error

Na prática, é comum que investidores estejam preocupados não

só com valores absolutos de risco e retorno, mas também como sua car-

teira está desempenhando em relação a um benchmark ou até mesmo

quantificar a máxima perda do seu portfólio que pode ocorrer em um

determinado período (BERNSTEIN; DAMODARAN, 1998).

Value at Risk (VaR) e Tracking Error são medidas alternati-

vas de risco comumente utilizadas no mercado financeiro. VaR mede a

perda máxima de um portfólio ou ativo, dentro de um intervalo de

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

30

confiança em um determinado período. Normalmente é utilizada para

períodos curtos. O Tracking Error é baseado no desvio-padrão da

carteira em comparação com um benchmark e serve para medir o

quanto aproximadamente um portfólio o replica, quanto menor seu

valor, mais próximo do benchmark o portfólio segue. Diferentemente

do VaR, o Tracking Error é utilizado para períodos maiores. Normal-

mente essas duas medidas são utilizados em conjunto (SIMONS,

2000).

Hull (2014) define VaR como uma tentativa de fornecer um

único número que resuma o risco total em um portfólio de ativos fi-

nanceiros. Seu cálculo é em função de dois parâmetros: o horizonte

temporal (N dias) e o nível de confiança (X%). Uma perda é um ganho

negativo, portanto o VaR trata da cauda esquerda da distribuição nor-

mal, e pode ser representada pela figura 1:

Figura 1 Cálculo do VaR a partir da distribuição de probabilidade da mudança

no valor do portfólio

Fonte: Hull (2014)

A fórmula geral para o cálculo do VaR descrita por Huang

(2009), pode ser escrita conforme as equações (8) e (9):

𝑉𝑎𝑅(𝑃, 𝛼, 𝛿𝑡) = 𝑃 ∗ 𝑘 ∗ 𝜎√𝜎𝑡 , onde (8)

𝑃𝑟(𝛿𝑃 ≥ 𝑘 ∗ 𝜎 ∗ √𝜎𝑡) = 𝛼 (9)

Em que:

VaR representa o VaR do portfólio

P representa o valor monetário no portfólio

𝛼 percentual da cauda esquerda da distribuição normal

𝛿𝑡 representa um intervalo de tempo

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

31

𝑘 representa o número de desvios padrões

𝑃𝑟 representa a função de probabilidade

𝛿𝑃 é o valor absoluto de retorno negativo de P

Bernstein e Damodaran, (1998) definem Tracking Error como

uma medida que indica o retorno líquido de um portfólio em relação a

um benchmark, podendo ser escrita conforme a equação (10):

𝑇𝐸 = √∑ (𝑅𝑃−𝑅𝐵)2𝑇

𝑖=1

𝑇−1 (10)

Em quem:

𝑇𝐸 representa o Tracking Error do portfólio

𝑅𝑃 representa o retorno do portfólio 𝑅𝐵 representa o retorno do benchmark 𝑇 representa número de períodos

2.2.3 Relação entre Risco e Retorno

A relação entre risco e retorno depende da função utilidade,

que é uma medida do grau de satisfação do investidor. Um investidor

racional só aceitará correr maiores riscos, na possibilidade de obter

maiores retornos. Deste modo então, as curvas de utilidade, origina-

das de suas funções, demonstram as preferências dos investidores

(BERNSTEIN; DAMODARAN, 1998). Na Figura 2 é demonstrada

curvas de indiferença de investidores com aversão a risco.

Figura 2 Curvas de Indiferença

Fonte: Fabozzi e Markowitz (2011)

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

32

Uma das formas para quantificar a relação risco e retorno em

um único indicador, afim de comparar diferentes carteiras ou ativos,

foi proposta por Sharpe (1966), chamado de Índice de Sharpe e calcu-

lado da seguinte forma:

𝐼𝑆 =𝐸(𝑅𝑟)−𝑅𝑓

𝜎𝑟 (11)

Em que:

𝐼𝑆 representa o Índice de Sharpe

𝐸(𝑅𝑟) representa a expectativa de retorno do ativo com risco

𝑅𝑓 representa o retorno do ativo livre de risco

𝜎𝑟 representa o desvio-padrão do ativo

Sendo assim, o Índice de Sharpe é determinado pela função

utilidade do investidor. Se o investidor tem total aversão a risco, este

demandará um Índice de Sharpe elevado (BERNSTEIN;

DAMODARAN, 1998).

É de longa data a correlação positiva de risco e retorno em

qualquer mercado financeiro. Mercados com retornos acima do espe-

rado, terão a maior incerteza de que esse retorno ocorrerá no curto

prazo. Esse conhecimento pode ser usado para construir carteiras de

investimentos, utilizando-se de ativos com características de riscos

diferentes. O objetivo é montar um portfólio que atenda boas expecta-

tivas de retornos a níveis aceitáveis de risco, para que o investidor

tenha boas probabilidades de atingir seu grau de satisfação (FERRI,

2010).

2.3 DIVERSIFICAÇÃO DO RISCO

Por meio do conceito da diversificação, uma carteira de ativos

pode ter seu risco reduzido, desde que os retornos dos ativos não sejam

perfeitos e positivamente correlacionados entre si. Entretanto, a redução

do risco atinge um certo limite, sendo impraticável sua eliminação total.

Isto se deve ao fato que na prática há uma enorme dificuldade de encon-

trar ativos com correlação perfeitamente negativa (ASSAF NETO,

2014).

A parte do risco que não pode ser eliminada através da diversi-

ficação, chama-se risco não diversificável (ou risco sistemático). Ele

afeta todos os ativos ao mesmo tempo, como por exemplo uma recessão

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

33

econômica. Já a parte do risco que pode ser eliminada, se chama risco

diversificável (ou risco não-sistemático) que representa a parcela do

risco de um ativo que está associada a causas aleatórias, como por

exemplo greves, processos judicias, regulamentação em uma determina-

da empresa (GITMAN, 2009).

Existem diversos estudos na literatura que tentam responder à

questão de quantos ativos são necessários para a eliminação do risco

diversificável. Em um estudo de carteiras igualmente ponderadas com

ações nos Estados Unidos, Elton et al. (2012) descrevem que 80,6% do

risco diversificável de uma carteira é eliminada com o aumento da di-

versificação de 1 para 20 ativos, acrescentando 10 ativos há uma adicio-

nal de somente 2% em sua eliminação. Tendendo o número de ativos ao

infinito, o máximo de eliminação do risco diversificável se daria em

torno de 85%. A figura 3 demonstra este estudo:

Figura 3 Efeito da diversificação

Fonte: Adaptado de Elton et al. (2012)

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

34

Chong e Phillips (2013) concluem que, o número ideal de ati-

vos em uma carteira depende do objetivo do investidor, porém para 18

medidas estatísticas de risco testadas no estudo, chegam em uma média

de 31 ativos. Número parecido com o achado de Gupta, Khoon e

Shahnon (2001), que concluem que um portfólio bem diversificado deve

ter algo em torno de 27 ativos, pois além disso há muito pouco ganho na

eliminação do risco como demonstra a figura 4.

Figura 4 Diversificação aleatória do risco pelo número de ativos

Fonte: Gupta; Khoon e Shahnon (2001)

Alguns autores defendem que a diversificação do risco, pode se

dar também pelo prazo de horizonte do investimento, a chamada diversi-

ficação no tempo. Kritzman (2015) define a diversificação no tempo

como a ideia de que retornos acima da média tendem a compensar retor-

nos abaixo da média em um longo período. Especialmente, se estes re-

tornos forem independentes de um ano para o outro, o desvio padrão dos

retornos anualizados, tende a decair no tempo. Para um intervalo de confiança de 95% dos retornos anualiza-

dos como uma função de horizonte do investimento, supondo um retor-

no esperado de 10% e um desvio padrão de 15%, fica evidente pela

figura 5 que a distribuição anualizada tende a convergir à medida que o

Risco Sistemático

Risco Não-Sistemático

Número de ativos

Risco do

Portfólio

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

35

tempo de investimento aumenta, diminuindo consideravelmente a chan-

ce do investidor perder dinheiro (KRITZMAN, 2015).

Figura 5 Retornos anualizados em função do prazo de investimento

Fonte: Kritzman (2015)

Em um estudo publicado Blanchett et al. (2013) demonstram

que para 18 de 20 países testados através da construções de portfólios

otimizados, cada um com 113 anos de retornos passados, os efeitos da

diversificação no tempo se mostram positivas.

Investidores diversificam suas carteiras, porque nunca sabem

qual é a melhor oportunidade entre as escolhas que terão de enfrentar.

Visto que eles não podem saber qual é o melhor período, eles investem

em vários períodos. Sendo assim, sentem-se mais à vontade investindo

em aplicações de risco a longo prazo (BERNSTEIN; DAMODARAN,

1998).

2.4 MODELO DE MARKWOTIZ PARA OTIMIZAÇÃO DE CAR-

TEIRAS

Harry Markowitz (1952) foi pioneiro na solução de otimização

de portfólios relacionando risco e retorno. Em seu artigo “Portfolio Selection” descreve que através da diversificação é possível reduzir o

risco da carteira, e sugere que investidores devem fazer suas escolhas

baseadas em suas preferências de risco e retorno, ou seja, suas funções

de utilidade.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

36

Chen et al. (2010) descrevem que o modelo de portfólio de

Markowitz, chamado de média variância, é aquele em que nenhuma

diversificação adicional pode reduzir o risco da carteira para uma deter-

minada expectativa de retorno, alternativamente, nenhum retorno espe-

rado adicional pode ser obtido, sem aumentar o risco do portfólio. A

partir do resultado do modelo, surge o conceito de fronteiras eficientes,

que pode ser definida como um conjunto de todas as carteiras das quais

os retornos esperados atingem o máximo, dado um certo nível de risco.

O modelo de Markowitz, é baseado em uma série de hipóteses,

listadas abaixo (MARKOWITZ, 1952):

1. A distribuição da probabilidade de retornos esperados em

um período, é possível de ser determinada;

2. Os investidores têm funções de utilidade de período único,

nas quais a maximizam;

3. A variabilidade sobre os possíveis valores de retornos espe-

rados é utilizada pelos investidores para mensurar o risco;

4. Os investidores preocupam-se apenas com as médias e a

variação dos retornos de suas carteiras durante um período

específico;

5. O retorno e o risco esperados utilizados pelos investidores,

são medidos pelos dois primeiros desvios da distribuição

probabilística do retorno esperado e variância;

6. O retorno é desejável; o risco deve ser evitado;

7. Os mercados financeiros são sem atrito.

O problema de otimização de Markowitz pode ser resolvido

para diferentes objetivos e restrições, conforme desejado pelo investidor.

O caso específico em que o investidor tem total aversão ao risco, se

chama de portfólio da mínima variância, e pode ser obtido como um

problema de pesquisa operacional com função objetivo de minimização

da variância, sujeita a restrição de soma dos pesos dos ativos individuais

serem igual a 1. Seu resultado fornece ao investidor, a alocação ideal

dos pesos dos ativos individuais de sua carteira. A função objetivo pode

ser escrita pelo modelo a seguir (12)(CHEN et al., 2010):

𝑀𝑖𝑛 𝜎𝑝2 = ∑ ∑ 𝜎𝑗𝑘𝑋𝑗

𝑁𝑘=1

𝑁𝑗=1 𝑋𝑘 (12)

Sujeita a ∑ 𝑋𝑗𝑁𝑗=1 = 1

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

37

Conforme Chen et al., (2010), o problema pode ser resolvido

pelos multiplicadores de Lagrange, sendo assim a função de

minimização de Lagrange C, pode ser escrita da seguinte forma:

𝐶 = ∑ ∑ 𝑋𝑗𝑁𝑘=1

𝑁𝑗=1 𝑋𝑘𝐶𝑜𝑣(𝑟𝑗𝑟𝑘) + 𝜆1(1 − ∑ 𝑋𝑗

𝑁𝑗=1 ) (13)

Onde 𝜆1 representa o multiplicador de Lagrange, 𝐶𝑜𝑣(𝑟𝑗𝑟𝑘) a

covariância dos retornos dos ativos “j” e “k”, e as outras variáveis já

definidas anteriormente.

A resolução do problema requer tomar as derivadas parciais da

função C em relação a cada variável, 𝑋1, 𝑋2,..... 𝑋𝑁, 𝜆1 colocando os

resultados das derivadas iguais a zero, resolvendo assim um sistema de

equações, determinando como resultado os respectivos pesos dos ativos

que representam o portfólio da mínima variância (ELTON et al., 2012).

Caso o investidor deseja obter vários portfólios para diferentes

objetivos de retornos, assim formando uma fronteira eficiente, deve-se

adicionar na função objetivo (12), a seguinte restrição (FRANCIS,

2010):

∑ 𝑋𝑗𝑁𝑗=1 𝐸(𝑅𝑗) = 𝐸´ onde E´ é o retorno alvo (14)

Desta forma, a função C de Lagrange, pode ser escrita confor-

me Chen et al., (2010), da seguinte forma:

𝐶 = ∑ ∑ 𝑋𝑗𝑁𝑘=1

𝑁𝑗=1 𝑋𝑘𝐶𝑜𝑣(𝑟𝑗𝑟𝑘) + 𝜆1[𝐸´ − ∑ 𝑋𝑗

𝑁𝑗=1 𝐸(𝑅𝑗)] + 𝜆2(1 − ∑ 𝑋𝑗

𝑁𝑗=1 ) (15)

A partir dos vários resultados do problema de Markowitz, surge

a fronteira eficiente, exemplificada na figura 6. Nota-se que o gráfico da

fronteira eficiente é uma hipérbole, quando o retorno esperado é traçado

contra o risco, porque as características de risco e retorno de uma cartei-

ra mudam de maneira não-linear à medida que o peso dos ativos é alte-

rado. Além disso, pontos abaixo do chamado ponto de mínima variância

são rejeitados pelo investidor, pois este sempre escolherá o ponto de

maior retorno, dado um mesmo nível de risco.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

38

Figura 6 Fronteira Eficiente

Fonte: Adaptado de Chen et al. (2010)

Para Michaud e Michaud (2008), o modelo tradicional de

Markowitz apresenta algumas limitações e deve ser ajustado conforme

as restrições de preferência dos investidores. Os dados de entrada devem

ser bem trabalhados para gerar um bom trabalho de otimização, como

por exemplo selecionar os ativos baseados em seus fundamentos. Outra

forma normalmente usada por investidores, é de se adicionar inequações

lineares para restringir os pesos dos ativos, desta forma a otimização do

portfólio evita a concentração em determinados ativos, ou setores

econômicos, pois a concentração tende a prejudicar o trabalho da diver-

sificação. Um modelo sem os devidos ajustes, pode ser ineficaz, preju-

dicando o investidor.

Uma generalização da representação analítica de restrição de

pesos dos ativos de Rubesam e Beltrame (2013), que será utilizada neste

trabalho, pode ser escrita conforme a inequação (16). Devendo assim,

ser inserida na função objetivo (12), como uma das restrições do pro-

blema.

𝐿𝑏 ≤ 𝑋𝑗 ≤ 𝑈𝑏 ∀𝑗 , ∑ 𝑋𝐽 = 1𝑁𝑗=1 (16)

Em que:

𝐿𝑏 representa o limite inferior

𝑋𝑗 representa o peso do ativo “j”

𝑈𝑏 representa o limite superior

0

Fronteira Eficiente

Risco

Reto

rn

o E

sp

era

do

Ativos

individuais

Ponto de

mínima

variância

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

39

2.5 VENDA A DESCOBERTO

No mercado de ações quando um investidor compra um ativo

na espera de sua valorização, diz que o investidor está comprado (long).

Na ponta contrária, os investidores podem vender ativos que não possu-

em, alugando-o do mercado, para posteriormente comprar a preços mais

baixos e ganhar com o mercado em queda, esta prática é chamada de

venda a descoberto (short sale) (ELTON et al., 2012). Quando o inves-

tidor pratica a venda a descoberto, diz que este está vendido (short). Na indústria de fundos de investimentos, é comum utilizarem-

se da estratégia de venda a descoberto. Segundo a ANBIMA (2015), um

fundo que utiliza-se de posições compradas e vendidas, pode ser classi-

ficado como um fundo de estratégia long and short ou long bias quando

o fundo mantém pelo menos 67% da carteira comprada, já o fundo que

pratica somente posições compradas, é chamado de long only.

O modelo tradicional de Markowitz não se utiliza da estratégia

long and short, i.e., não permite que haja pesos negativos para os ativos.

Na época em que foi escrito, esta estratégia estava distante dos investi-

dores. Porém, com o avanço das ferramentas computacionais e redução

dos custos de transação, a estratégia long and short ficou economica-

mente viável, e ganhou popularidade entre os investidores (MICHAUD;

MICHAUD, 2008).

Michaud (1993) afirma que a estratégia long and short é capaz

de propiciar maiores retornos ao investidor, porém ela é acompanhada

de maiores riscos. O benefício da estratégia vem da retirada da restrição

de pesos negativos para os ativos, dando a possibilidade de alavancagem

ao investidor. O autor diz que tal estratégia é destinada a um nicho espe-

cífico de investidores que aceitam maiores riscos na possibilidade de

maiores retornos, pois na ponta vendida o limite de perda tende ao infi-

nito.

Grinold e Kahn (2000) concluem que há um aumento na eficá-

cia da estratégia long and short, tomando como definição de eficácia o

coeficiente de excesso de retorno esperado do portfólio (𝛼), em relação

a estratégia long only. Os autores afirmam que a eficiência da estratégia,

dá-se pela retirada da restrição de pesos negativos dos ativos, como

Michaud (1993) havia concluído. Acrescenta ainda, que tal estratégia é

eficaz quando o universo de ativos é grande, a volatilidade dos ativos é

baixa e a estratégia de investimento apresenta um elevado grau de risco

ativo.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

40

Em um estudo mais recente, Kumar, Mitra e Roman (2008)

afirmam que a estratégia de long and short propicia melhores relações

de risco e retorno, para certas proporções, em relação a estratégia long only. Assim como os outros autores, afirma que ao retirar a restrição de

venda a descoberto, o investidor tem maiores possibilidades de escolha

nas decisões do seu portfólio, aumentando suas chances de maiores

retornos.

Analiticamente, o modelo de Markowitz com a implantação da

venda a descoberto, pode ser escrito conforme o problema de pesquisa

operacional (FRANCIS, 2010):

𝑀𝑖𝑛 𝜎𝑝2 = ∑ ∑ 𝜎𝑗𝑘𝑋𝑗

𝑁𝑘=1

𝑁𝑗=1 𝑋𝑘 (17)

Sujeita a ∑ 𝑋𝑗𝑁𝑗=1 𝐸(𝑅𝑗) = 𝐸´

∑ |𝑋𝑗|𝑁𝑗=1 = 1

Utilizando-se da restrição ∑ |𝑋𝑗|𝑁𝑗=1 = 1, permite que o modelo

possa atribuir pesos negativos aos ativos (short sale), mas mantém o

requerimento que o total absoluto de dinheiro investido, seja igual a 1. A

solução do problema dá-se de forma similar ao modelo tradicional e a

função de Lagrange C neste caso, fica conforme a equação (18)

(FRANCIS, 2010):

𝐶 = ∑ ∑ 𝑋𝑗

𝑁𝑘=1

𝑁𝑗=1 𝑋𝑘𝐶𝑜𝑣(𝑟𝑗𝑟𝑘) + 𝜆1[𝐸´ − ∑ 𝑋𝑗

𝑁𝑗=1 𝐸(𝑅𝑗)] + 𝜆2(1 − ∑ |𝑋𝑗|

𝑁𝑗=1 ) (18)

De forma análoga, a solução do problema dá se pela tomada das

derivadas parciais da função C em relação a cada variável de peso (𝑋𝑗) e

de cada multiplicador (𝜆) de Lagrange e colocando seu resultado igual a

zero. Francis (2010) escreve o resultado das equações na forma de ma-

triz, conforme é mostrado:

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

41

C X K

[ 2𝜎11 2𝜎12 ⋯ 2𝜎1𝑛 𝐸(𝑅1) 1

2𝜎21 2𝜎22 ⋯ 2𝜎2𝑛 𝐸(𝑅2) 1

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮2𝜎𝑛1 2𝜎𝑛2 ⋯ 2𝜎𝑛𝑛 𝐸(𝑅𝑛) 1𝐸(𝑅1) 𝐸(𝑅2) ⋯ 𝐸(𝑅𝑛) 0 0

1 1 ⋯ 1 0 0]

×

[ 𝑋1

𝑋2

⋮𝑋𝑛

𝜆1

𝜆2 ]

=

[ 00⋮0𝐸´1 ]

(19)

Para resolução da matriz:

CX = K

C−1CX = C−1K (20)

IX = C−1K

X = C−1K

Em que:

C−1 representa a matriz inversa de C

I representa a matriz identidade

A solução irá dar os respectivos pesos 𝑋𝑗 para cada ativo em

função do retorno esperado E´. Para diferentes retornos, pode-se traçar a

fronteira eficiente para venda a descoberto, podendo assim ser compara-

da com a fronteira eficiente com a restrição exemplificada pela figura 7.

Figura 7 Fronteiras Eficientes com venda a descoberto e sem venda a descober-

to

Fonte: Adaptado de Chen et al. (2010)

0

MV

Reto

rn

o E

sperad

o

Risco

sem short sales

com short sales

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

42

Uma das formas mais utilizadas da estratégia de venda a desco-

berto, é através da imposição de limite total de 30% da carteira. Lo e

Patel (2008) afirmam que na indústria de fundos de investimentos dos

Estados Unidos, a estratégia 130/30, no qual a carteira pode ficar vendi-

da em um limite máximo de 30%, é uma das estratégias que mais cresce

entre os gestores. No Brasil a ANBIMA (2015) classifica estes fundos

como long bias.

Na estratégia de 130/30 o gestor fica alavancado em uma pro-

porção de 1,6, pois ele vende a descoberto 30% da carteira e com o di-

nheiro obtido do mercado, ele fica comprado em 130%. Partindo de um

portfólio com $100.000, o gestor pode obter $30.000 com a venda a

descoberto e utiliza este dinheiro na ponta comprada, a estratégia pode

ser exemplificada pela figura 8 (J.P. MORGAN, 2012).

Figura 8 Estratégia 130/30

Fonte: J.P. Morgan Asset Management (2012)

Um dos motivos de se limitar a alavancagem total da carteira, é

que no mercado acionário dos Estados Unidos há série de limitações

impostas pela SEC (U.S. Securities and Exchange Comission) nos fun-

dos de investimentos (SEC, 2015). Já no Brasil, os fundos multimerca-

dos podem estar altamente alavancados, e os limites máximos de ala-

vancagem dependem do regulamento de cada fundo (CVM, 2014).

Para fins deste trabalho, será testada a carteira 130/30, mas o

foco se dará na carteira que não tem limite de alavancagem total pela

carteira, mas sim pelas restrições individuais dos ativos.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

43

2.6 CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM)

Segundo Póvoa (2015) um investidor que aplica em qualquer

ativo de risco tem a expectativa de receber no mínimo a rentabilidade

que auferiria um investimento de risco próximo de zero, mais um “prê-

mio” exatamente pelo fato de estar se arriscando. A magnitude desse

adicional, ou “prêmio”, deve ser proporcional ao tamanho do risco in-

corrido.

O retorno mínimo de retorno que o investidor exige na aplica-

ção em ações, chama-se custo de capital próprio (𝜅𝑒) e pode ser calcula-

da com base em taxa de juros de mercado e no risco (ASSAF NETO,

2017).

O método de cálculo do CAPM, desenvolvido por William F.

Sharpe (1964), estabelece uma relação entre risco e retorno de forma

linear, para todos os ativos, permitindo apurar-se, para cada nível assu-

mido, a taxa de retorno que premia esta situação. Embora apresente

algumas limitações, o modelo é extremamente útil para avaliar e relaci-

onar risco e retorno, sendo o mais utilizado pela literatura financeira

para estimar o custo de capital próprio (ASSAF NETO, 2003).

A formulação básica da taxa de retorno esperada (𝜅𝑒) de uma

companhia pelo método do CAPM é representada pela equação (21)

(ASSAF NETO, 2017).

𝜅𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) (21)

Em que:

𝜅𝑒 representa a expectativa de retorno

𝑅𝑓 representa a taxa de juro livre de risco

𝑅𝑚 representa o retorno da carteira de mercado

𝛽 representa o coeficiente beta da ação

(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) representa o prêmio pelo risco de mercado

𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) representa o prêmio de risco pelo ativo

De acordo Assaf neto (2017), a definição para cada elemento da

equação pode ser resumida conforme o quadro 1:

Quadro 1 Definição dos elementos da equação do 𝜅𝑒

Taxa Livre

de Risco

Revela o retorno de um ativo livre de risco, no qual o

investidor terá certeza de que receberá o principal

aplicado, acrescido dos juros prometidos, exatamente

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

44

na data de vencimento prevista. Uma boa aproxima-

ção de um ativo livre de risco é o retorno dos títulos

públicos emitidos pelo governo federal.

Prêmio pelo

Risco de

Mercado

Representa o ágio pelo risco de mercado. O retorno

da carteira de mercado (𝑅𝑚) é obtido pela remunera-

ção do índice da bolsa, sendo o prêmio pelo risco de

mercado calculado pela diferença do retorno da car-

teira de mercado pela taxa livre de risco.

Coeficiente

Beta

Mede o risco de uma empresa em relação ao risco

sistemático de mercado. O beta pode ser obtido pela

inclinação da reta de regressão linear do retorno da

ação com o retorno do mercado. Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2017)

Lee et. al (2010) salienta que o coeficiente beta tem implicações

na escolha dos ativos. Ele é usado como uma medida de risco e mede a

sensitividade de uma ação ou portfólio em relação ao mercado, podendo

ter diferentes interpretações. O beta de uma carteira de mercado é igual

a 1, i.e., se o mercado sobe 1%, a carteira sobe 1%, apresentando assim

o mesmo risco médio da carteira de mercado. Valores de beta elevados,

são classificados como agressivos, já valores baixos são referidos como

defensivos.

Gitman (2009) adverte que o modelo de CAPM é utilizado

como uma aproximação da realidade, pois se baseia em dados históricos

podendo ou não refletir corretamente a variabilidade futura dos retornos.

Apesar de suas limitações, o CAPM fornece um arcabouço conceitual

útil para a mensuração do retorno esperado do investidor.

2.7 PERFIS DE RISCO

De acordo com Rassier (2009) o investimento em ações é con-

siderado de risco, pois não há garantias de se ter o rendimento do capital

em um prazo determinado, e se trata de renda variável. O grau de tole-

rância ao risco depende das características pessoais do investidor e de

seu momento de vida. Antes de montar sua estratégia, este deve estar

ciente da capacidade de suportar eventuais perdas ou oscilações do pa-

trimônio. Os perfis mais comuns de investidores são (RASSIER, 2009):

• Conservador: Busca pela preservação do capital, não

tem pressa de obter os ganhos, normalmente busca in-

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

45

vestimentos que possuem retornos de médio e longo

prazo;

• Moderado: Possui características tanto agressivas,

tanto conservadoras e tenta equilibrá-las para, de certa

forma, se proteger, por um lado, de um risco que as-

sume do outro;

• Agressivo: Busca por performance, abrem mão da

segurança na tentativa de obter maiores retornos.

Cada instituição financeira adepta dos códigos de melhores

práticas da ANBIMA (2015), deve aplicar um questionário ao cliente

para identificação de seu perfil e o produto de investimento adequado a

este. Tradicionalmente, questionários aplicados por instituições financei-

ras, não caracterizam um investidor que investe em ações, como um

investidor conservador (CADORE, 2007).

No livro clássico de investimentos, “The Intelligent Investors” publicado originalmente em 1949, de Benjamin Graham (2006), é pro-

posto que os investidores em ações podem ser classificados em dois

perfis, através de filtros específicos para cada tipo: o investidor defensi-

vo com uma série de regras rígidas, buscando a preservação do capital e

o investidor empreendedor com regras mais frouxas em comparação ao

defensivo, na busca por maiores retornos.

De forma prática, a classificação de Graham (2006) é muito

similar a classificação tradicional, porém há a exclusão do perfil inter-

mediário, o moderado, e é proposto uma lista de filtros que classificam

os perfis dos investidores em ações. Para fins deste trabalho, será utili-

zado a ideia de classificação dos dois perfis de risco por filtros, utilizan-

do-se dos nomes tradicionais, agressivo e conservador.

2.8 SELEÇÃO DE ATIVOS (STOCK-PICKING)

Markowitz (1952) descreve que o processo de seleção de port-

fólios pode ser dividido em duas partes: na primeira etapa o investidor

seleciona os ativos baseados em observações, experiências e crenças

sobre suas perspectivas futuras de retorno, e a segunda parte sobre a

alocação destes ativos com o objetivo de escolher o melhor portfólio,

foco do seu artigo “Portfolio Selection”.

A seleção de ativos, primeira etapa na seleção de portfólios,

pode ser feita através da estratégia de investimento chamada Stock-

Picking, onde o investidor utiliza métricas para determinar se um ativo

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

46

tem boas oportunidades de proporcionar bons retornos futuros. Existem

diferentes métricas de determinação usadas para a seleção de ativos,

uma das formas mais consagradas existentes é a chamada investimento

em valor (Value Investing), amplamente difundida por Warren Buffet.

De acordo com Silva, Neves e Horta (2016) o investimento em

valor é uma filosofia de investimento que abrange a seleção de ativos

baseado no estudo da análise fundamentalista para a seleção de bons

ativos, que estejam sendo negociados a preços relativamente baixos,

proporcionando uma boa margem de segurança ao investidor, para que

este tenha bons resultados a longo prazo.

Para Zaremba e Shemer (2017) a estratégia de Value Investing

pode ser implementada de várias maneiras de modo mais completa com

estudos de cenário macroeconômico, valor da marca, etc. ou com formas

mais simples e mais utilizadas pelos analistas de mercado

(DEMIRAKOS; STRONG; WALKER, 2004), através de indicadores

fundamentalistas. Sob esta abordagem, as ações são classificadas por

grupos com características similares e selecionadas pelos indicadores

determinados pelo investidor.

Zaremba e Shemer (2017) descrevem que os investidores em

valor, procuram por empresas que estejam sendo negociadas a preços de

barganha, e são diferentes dos investidores de crescimento (Value Growth) que buscam por empresas sólidas com altos níveis de cresci-

mento.

Para fins deste trabalho, a seleção de ativos será feita através da

estratégia de Value Investing utilizando-se de indicadores fundamenta-

listas aliadas com indicadores estatísticos.

2.8.1 Indicadores Fundamentalistas

A utilização dos indicadores serve para conduzir análises quan-

titativas que usam informações sobre a empresa, podendo ser usados em

diferentes períodos para mensurar a performance da empresa ao longo

do prazo, bem como utilizar para comparar empresas de mesmo setor,

afim de elencar as melhores empresas (SILVA; NEVES; HORTA,

2016). Nas tabelas 2, 3, 4, 5 e 6 são mostrados os principais indicadores

utilizados pelos investidores.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

47

Tabela 2 Indicadores de Liquidez

Indicador Fórmula Descrição

Liquidez Cor-

rente

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑐𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Indica a capaci-

dade de uma

empresa honrar

seus compromis-

sos de curto

prazo (próximos

12 meses)

(PÓVOA, 2015).

Liquidez Seca 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑐𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Índice mais

rigoroso que

mede a capaci-

dade de paga-

mento de curto

prazo, sem levar

em consideração

o estoque

(PÓVOA, 2015).

Liquidez Geral 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐴𝑟𝑡𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 𝐿𝑃

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑐𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝐿𝑃

Descreve de

maneira genera-

lizada, o equilí-

brio entre os

potenciais rece-

bimentos e de-

sembolsos da

empresa ao

longo do tempo

(PÓVOA, 2015).

Fonte: Adaptado de Póvoa (2015)

Os indicadores de liquidez demonstram a capacidade de uma

empresa honrar seus compromissos. De modo geral, quanto maior o

índice, mais líquida a empresa, porém varia de setor para setor

(GITMAN, 2009).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

48

Tabela 3 Indicadores de Endividamento

Indicador Fórmula Descrição

Dívida Líqui-

da/EBITDA

𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴

Indica quantos anos que

seriam necessários para uma

empresa pagar suas dívidas.

Caso uma empresa tenha

mais dinheiro, do que dívi-

da, o índice pode ser negati-

vo. Ele é muito utilizado por

analistas, pois indica a capa-

cidade de pagamento das

dívidas frente a sua geração

de caixa (CORPORATE

FINANCE INSTITUTE,

2018).

Índice de endivi-

damento

𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Indica o quanto do ativo

total é financiado com re-

cursos de terceiros. Quanto

maior o quociente, mais

endividada está a empresa

(ROSS et al., 2015).

Fonte: Adaptado de Ross et al. (2015) e Corporate Finance Institute (2018)

Tabela 4 Indicadores de Lucratividade

Indicador Fórmula

Margem Líquida 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

Margem EBIT 𝐸𝐵𝐼𝑇

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

Margem EBITDA 𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

Fonte: Adaptado de Póvoa (2015)

Os indicadores de margem medem a proporção de cada conta

no resultado (lucro líquido, EBITDA, EBIT) em relação a receita líqui-

da. Quando uma empresa apresenta uma margem líquida de 10%, signi-fica que ela tem a capacidade de gerar 10 centavos de unidade monetária

de lucro líquido para cada 1 unidade de receita. Para as demais contas

EBIT e EBITDA, o mesmo raciocínio pode ser aplicado.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

49

Quanto maior o indicador de margem, melhor é para a compa-

nhia, pois indica que ela está gerando uma melhor lucratividade para um

mesmo nível de receita (PÓVOA, 2015).

Póvoa (2015) salienta que os indicadores de margem caracteri-

zam as indústrias e indicam as estratégias tomadas por elas, pois depen-

dendo da estratégia, indústrias podem optar por vender mais, porém com

margens mais baixas.

Tabela 5 Indicadores de Rentabilidade

Indicador Fórmula Descrição

Retorno

sobre o

patrimônio

líquido

(ROE)

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ó𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜

Indica a capacidade da

empresa de gerar valor

aos acionistas. Expressa

qual rentabilidade do

negócio em relação ao

capital dos acionistas. Ele

é muito utilizado por

analistas como forma de

payback (PÓVOA,

2015).

Retorno

sobre o

capital

investido

(ROIC)

𝐸𝐵𝐼𝑇 ∗ (1 − 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎)

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜

O ROIC é muito similar

ao ROE, a diferença é

que o ROIC utiliza o

capital total investido, ao

invés do capital de tercei-

ros. Damodaran (2002),

diz que o ROIC é uma

medida que indica a real

geração de retorno sobre

o capital total investido.

Fonte: Adaptado de Póvoa (2015) e Damodaran (2002)

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

50

Tabela 6 Indicadores de Mercado e Outros

Indicador Fórmula Descrição

P/L 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝐴çã𝑜

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝐴çã𝑜

Um dos múltiplos

mais utilizados no

mercado. Descreve

quanto que o inves-

tidor está pagando

para cada lucro

gerado pela empre-

sa. A resultante

dessa combinação

desemboca na

busca do menor

P/L possível

(PÓVOA, 2015).

P/VPA 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝐴çã𝑜

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑙 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜

Indica quanto que

está sendo pago,

para cada valor

patrimonial da

empresa. Tendo

como valor patri-

monial da empresa,

o valor total dela,

caso venha a ser

liquidada. Quanto

menor o valor,

indica que mais

barata a ação está

(LUEDERS, 2017).

Price sales Ratio

(PSR)

𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝐴çã𝑜

𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐴çã𝑜

Indica quanto que

está sendo pago

para cada unidade

de venda da empre-

sa. Damodaram,

(2002) descreve

que é uns dois

indicadores mais

usados para indica-

ção de receita das

vendas. Quanto

mais baixo, mais

tem-se de retorno

em vendas, pelo

preço pago.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

51

EV/EBITDA 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎

𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴

Diante de vários

fatores contábeis

que afetam o lucro

líquido, como

depreciação ou

resultados não-

recorrentes, a utili-

zação deste indica-

dor serve para

neutralizar tais

efeitos e identificar

empresas que ge-

ram fluxo de caixa

operacional, sendo

negociadas a pre-

ços relativamente

baixos (LUEDERS,

2017).

Dividendo Yield

(DY)

𝐷𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑔𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜

𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝐴çã𝑜

Indica quanto que a

empresa paga de

proventos aos

acionistas. Muitos

investidores consi-

deram o DY o mais

importante na

atratividade de

investimento

(LUEDERS, 2017).

Liquidez em bolsa

100𝑝

𝑃√(

𝑛

𝑁

𝑣

𝑉)

Em que:

p = número de dias em que

houve pelo menos um negócio

com a ação dentro do período

escolhido

P = número total de dias do

período escolhido

n = número de negócios com a

ação dentro do período escolhido

N = número de negócios com

todas as ações dentro do período

escolhido

v = volume em dinheiro com a

Indica a liquidez do

ativo em bolsa.

Quanto maior o

valor, maior é sua

liquidez.

(ECONOMÁTICA,

2018)

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

52

ação dentro do período escolhido

V = volume em dinheiro com

todas as ações dentro do período

escolhido

Free Float c/

direito a voto

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 𝑜𝑟𝑑𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎𝑠

𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠

Indica o percentual

de ações ordinárias

que estão em circu-

lação no mercado.

Quanto maior o

valor, maior será a

diluição do contro-

le da empresa

(RASSIER, 2009).

Fonte: Adaptado de Póvoa (2015), Rassier (2009), Economática (2018), Damo-

daran (2002) e Lueders (2017).

Existem outros indicadores fundamentalistas utilizados na ava-

liação das empresas, porém para fins deste trabalho, os indicadores cita-

dos são os necessários para o entendimento das próximas seções.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

53

3 METODOLOGIA

A classificação da pesquisa de acordo com o seu tipo, bem como

o planejamento do trabalho, é descrita neste capítulo.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Todo trabalho científico deve ser baseado em procedimentos

metodológicos. O método é a escolha dos procedimentos sistemáticos

para a explicação e a descrição do estudo, formada por um conjunto de

etapas ordenadamente dispostas (FACHIN, 2006).

Uma das formas clássicas de classificação da pesquisa científica

para a engenharia de produção pode ser feita em quatro grandes grupos,

quanto a: sua natureza, seus objetivos, sua abordagem e o seu método

(TURRIONI;MELLO, 2012).

Os resultados têm caráter de interesse prático e podem ser apli-

cados imediatamente. Desta forma conforme Marconi e Lakatos (2003),

este estudo pode ser considerado de natureza aplicada.

Como os objetivos desta pesquisa visam comparar várias estra-

tégias relativas a um problema específico, bem como encontrar soluções

ótimas para um problema, ela pode ser classificada como pesquisa nor-

mativa (TURRIONI;MELLO, 2012).

Por fim, a utilização de números para traduzir informações para

classifica-las e analisá-las, bem como a utilização de apoio computacio-

nal para tratamento destes números, o trabalho pode ser enquadrado em

abordagem quantitativa e caracterizado por seu método de modelagem e

simulação (TURRIONI;MELLO, 2012).

3.2 ETAPAS METODOLÓGICAS

Após o levantamento do referencial teórico para o entendimento

da pesquisa, as próximas etapas do trabalho foram listadas na Figura 9 e

explicadas na sequência:

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

54

Figura 9 Fluxograma do método

Fonte: Autor

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

55

1. Identificação dos filtros para cada perfil de risco: para

cada perfil de risco, foram levantados quais as regras e

indicadores que seriam utilizados na composição das me-

lhores ações de cada setor econômico da B3.

2. Coleta dos dados: a partir dos indicadores previamente

estabelecidos, foi utilizada o módulo Screening do sof-

tware Economática® para a coleta de todos os dados ne-

cessários para os tratamentos destes.

3. Tratamento dos dados: Com os dados coletados do Eco-

nomática®, montou-se 20 planilhas no Excel®, 10 plani-

lhas para o perfil conservador e 10 planilhas para o perfil

agressivo, cada planilha representando um setor econô-

mico da B3. Com as planilhas montadas, as ações foram

ranqueadas conforme será descrito detalhadamente no

capítulo 4.3.

4. Elaboração das carteiras para cada perfil: 4 carteiras fo-

ram montadas para cada perfil de risco. Sendo que, a car-

teira número 1 apresenta 10 ativos, a carteira número 2

apresenta 20 ativos, a 3 com 30 ativos e pôr fim a cartei-

ra de número 4 com 40 ativos.

5. Verificação das carteiras montadas: Tendo as carteiras

montadas, foi verificado se os filtros aplicados ao perfil

conservador geraram carteiras satisfatórias através de um

filtro adicional de identificação se a empresa apresentou

fluxo de caixa operacional, lucro descontando por ação, e

retorno sobre o capital investido constante, não negati-

vos, nos anos de 2015, 2016 e 2017, no caso do setor Fi-

nanceiro foi usado somente o lucro descontado por ação

constante. Foi tolerado um erro de 10%, ou seja, limite

de quatro empresas que não obedeceram a este filtro adi-

cional para a carteira de 40 ativos. Caso os filtros iniciais

tenham gerado mais de 10% de erro, novos filtros foram

aplicados e as etapas anteriores foram repetidas.

6. Otimização das carteiras: A otimização de carteiras se

deu pela utilização do módulo de otimização do Econo-

mática®. Inicialmente entrou-se com valores de restri-

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

56

ções de pesos dos ativos sem verificação. Utilizou-se três

períodos de projeções para cada perfil: 3, 5 e 10 anos.

7. Teste das restrições de pesos dos ativos: Foi testado de

forma empírica os limites inferiores e superiores de res-

trição de pesos dos ativos para cada carteira. Caso a car-

teira conservadora, tenha apresentando uma variação de

risco de mais de 50% do seu ponto de mínima variância

mantendo o princípio da diversificação, novas restrições

foram testadas. Já para o perfil agressivo, foram testadas

as restrições que pudessem atingir os maiores retornos,

independentemente do nível de risco, porém limitando a

concentração de um determinado ativo. Também foi tes-

tada, as carteiras com restrições de alavancagem, a estra-

tégia 130/30.

8. Análise e discussão dos resultados: Com os resultados do

módulo de otimização do Economática®, foi possível

elaborar fronteiras eficientes com a ajuda do Excel® para

atingir os objetivos da pesquisa.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

57

4 DESENVOLVIMENTO

Este capítulo tem como escopo a apresentação do desenvolvi-

mento do método do capítulo anterior, sendo composto pela caracteriza-

ção dos indicadores para cada perfil de risco, coleta dos dados, trata-

mento, elaboração das carteiras para cada perfil de risco e verificação

dos filtros, otimização dos portfólios e posteriormente no capítulo 5,

serão realizadas as análises e discussões dos resultados gerados.

4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS FILTROS PARA CADA PERFIL DE

RISCO

A premissa para a escolha de quais filtros seriam utilizados para

cada perfil de risco, foi de que todos os investidores desejam ter retornos

e não gostam de riscos. Porém, o perfil conservador tem como caracte-

rística principal a preservação do capital, desta forma busca-se por ati-

vos com menores riscos. Já o perfil agressivo, busca por ativos que pos-

sam gerar maiores retornos, mesmo correndo maiores riscos.

Utilizando a ideia de Benjamin Graham (2006), de que investi-

dores conservadores utilizam filtros mais rigorosos, e os investidores

agressivos deixem os filtros mais flexíveis na seleção de ativos, buscou-

se uma combinação de filtros que gerassem resultados satisfatórios com

base no teste de verificação, que será explicado na seção 4.3.

A identificação dos filtros deu-se em duas etapas: a primeira

etapa, por aplicar filtros iniciais afim de excluir empresas que não satis-

fazem as condições pré-estabelecidas para as análises, e a segunda parte

foram escolhidas os indicadores utilizados para o tratamento dos dados.

Assim sendo, para o perfil conservador, os filtros iniciais fo-

ram:

• Exclusão de empresas com menos de três anos na bol-

sa, pois empresas mais recentes na bolsa, podem ter ti-

do seus balanços não auditados priori a abertura de ca-

pital;

• Exclusão de empresas com retorno sobre o patrimônio

(ROE) negativo nos últimos 12 meses;

• Exclusão de empresas com indicadores P/L e P/VPA

negativos, por questões de análise;

• Exclusão de empresas com indicador de liquidez em

bolsa dos últimos três anos igual a zero;

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

58

• Empresas com mais de um código de negociação, foi esco-

lhida o tipo ordinária, mas caso a ordinária não tenha liqui-

dez em bolsa, ficou-se com a classe com mais liquidez;

• Exclusão de empresas em recuperação judicial;

• Exclusão de empresas que não apresentam dados de risco

nos últimos três anos.

Na segunda etapa, os indicadores foram separados em quatro

grandes grupos: Indicadores de Liquidez/Endividamento, Indicadores de

Margem/Rentabilidade, Indicadores de Mercado e Indicadores Estatísti-

cos, e foram listados quanto a sua direção de preferência, para o posteri-

or ranqueamento. Abaixo, tem se os indicadores escolhidos do perfil

conservador, para os setores econômicos da B3, exceto para o setor

Financeiro e Outros que apresenta características diferentes:

Indicadores de Liquidez/Endividamento:

• Exigível/ Ativo Total: Menor melhor;

• Dívida Líquida/ EBITDA: Menor melhor;

• Liquidez corrente: Maior melhor;

• Liquidez seca: Maior melhor;

• Liquidez geral: Maior melhor.

Indicadores de Margem/Rentabilidade:

• Margem EBITDA: Maior melhor;

• Margem EBIT: Maior melhor;

• Margem Líquida: Maior melhor;

• ROE: Maior melhor;

• ROIC: Maior melhor.

Indicadores de Mercado:

• P/L: Menor melhor;

• P/VPA: Menor melhor;

• PSR: Menor melhor;

• EV/EBITDA: Menor melhor;

• Dividendo yield: Maior melhor.

Indicadores Estatísticos:

• Risco da ação: Menor melhor;

• Liquidez na bolsa: Maior melhor;

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

59

• Indicador de Free-Float com direito a voto: Maior melhor;

• Índice de Sharpe: Maior melhor;

• Tracking Error: Menor melhor;

• Beta: Menor melhor.

O setor financeiro e outros não apresenta uma série de indicado-

res, tendo em vista suas características, portanto os escolhidos para o

perfil conservador foram:

Indicadores de Liquidez/Endividamento:

• Exigível/ Ativo Total: Menor melhor;

• Liquidez corrente: Maior melhor;

• Liquidez geral: Maior melhor.

Indicadores de Margem/Rentabilidade:

• Margem Líquida: Maior melhor;

• ROE: Maior melhor.

Indicadores de Mercado:

• P/L: Menor melhor;

• P/VPA: Menor melhor;

• Dividendo yield: Maior melhor.

Indicadores Estatísticos:

• Risco da ação: Menor melhor;

• Liquidez na bolsa: Maior melhor;

• Indicador de Free-Float com direito a voto: Maior melhor;

• Índice de Sharpe: Maior melhor;

• Tracking Error: Menor melhor;

• Beta: Menor melhor.

Para o perfil agressivo, utilizou-se filtros iniciais mais flexíveis,

foram usados menos indicadores e algumas mudanças na direção de

preferência, afim de elencar empresas que possam ter maiores retornos.

Os filtros foram:

• Exclusão de empresas com menos de três anos na bolsa, pois

empresas mais recentes na bolsa, podem ter tido seus balanços

não auditados priori a abertura de capital;

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

60

• Exclusão de empresas com retorno sobre o patrimônio (ROE)

negativo nos últimos 12 meses;

• Exclusão de empresas com indicadores P/L e P/VPA negativos,

por questões de análise;

• Empresas com mais de um código de negociação, foi escolhida

aquela com maior liquidez;

• Exclusão de empresas em recuperação judicial;

• Exclusão de empresas sem dados.

Os indicadores escolhidos para o perfil agressivo e sua direção

de preferência, exceto para o setor financeiro e outros, foram:

Indicadores de Liquidez/Endividamento:

• Exigível/ Ativo Total: Menor melhor;

• Dívida Líquida/ EBITDA: Menor melhor;

• Liquidez corrente: Maior melhor.

Indicadores de Margem/Rentabilidade:

• Margem EBITDA: Maior melhor;

• Margem Líquida: Maior melhor;

• ROE: Maior melhor;

• ROIC: Maior melhor.

Indicadores de Mercado:

• P/L: Menor melhor;

• P/VPA: Menor melhor;

• PSR: Menor melhor;

• EV/EBITDA: Menor melhor.

Indicadores Estatísticos:

• Retorno da ação: Maior melhor;

• Beta: Maior melhor.

Para o setor financeiro e outros, os escolhidos foram:

Indicadores de Endividamento:

• Exigível/ Ativo Total: Menor melhor;

• Liquidez corrente: Maior melhor.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

61

Indicadores de Rentabilidade:

• ROE: Maior melhor;

• Margem Líquida: Maior melhor.

Indicadores de Mercado:

• P/L: Menor melhor;

• P/VPA: Menor melhor.

Indicadores Estatísticos:

• Retorno da ação: Maior melhor;

• Beta: Maior Melhor.

A B3 classifica que o setor financeiro e outros é composto por

empresas do segmento de bancos e por outras empresas, como de explo-

ração de imóveis, seguradoras e etc. Como o trabalho tem o intuito de

utilizar a classificação setorial econômica da B3, sem nenhuma altera-

ção, os indicadores escolhidos, para este setor, foram aqueles que pudes-

sem ser comparados entre todas estas empresas, mesmo sendo de seg-

mentos distintos.

4.2 COLETA DOS DADOS

Tendo o plano de definição de quais filtros inicias, indicadores

usados e sua direção de preferência para cada perfil, deu-se o início da

coleta dos dados através do módulo Screening do software Economáti-

ca®.

Neste módulo, o usuário coloca os indicadores e o período da

amostra que deseja coletar. Primeiramente foi selecionada todas as ações

listadas na B3, e em seguida foram selecionados todos os indicadores

listados para o perfil conservador para todos os setores econômicos de

acordo com a classificação da B3, pois desta forma, no tratamento dos

dados, os indicadores que não fossem utilizados para o setor financeiro e

para o perfil agressivo, pudessem ser facilmente excluídos, bem como a

exclusão das empresas que não satisfaçam as condições iniciais para

cada perfil. Na tabela 7, são mostrados os prazos de análises dos indica-

dores coletados.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

62

Tabela 7 Prazos de Análises dos Indicadores

Indicador Prazo

Indicadores de Liquidez,

Endividamento, Renta-

bilidade, Margem e

Free-float

Utilizado os dados mais

recentes disponíveis dos

últimos 12 meses em

relação ao dia

14/05/2018

Indicadores de Mercado,

exceto DY

Utilizado os dados das

cotações do dia

14/05/2018

Indicadores Estatísticos

e DY

Utilizados os dados dos

últimos três anos

Fonte: Autor

Por limitações de tempo de pesquisa, não foi possível realizar as

médias históricas dos indicadores com prazos de análises de menos de

três anos. Desta forma, para a validação dos filtros, foi utilizado um

filtro adicional que considera a variação no tempo e será explicado na

seção 4.4.

4.3 TRATAMENTO DOS DADOS E VERIFICAÇÃO DOS FILTROS

Com todos os dados levantados, exportou-se para o Excel®

uma planilha base. A partir deste ponto, para o tratamento dos dados,

deu-se em montar 10 planilhas para cada perfil, sendo que cada planilha

representa um setor econômico da B3. Isto decorre da necessidade de

que para a aplicação dos filtros e ranqueamento, as empresas devem ser

comparadas em seu determinado setor econômico.

Tendo cada planilha representando um setor econômico por

perfil de risco, os filtros inicias foram aplicados excluindo as empresas

que não obedecessem às regras pré-definidas. A figura 10 exemplifica as

empresas resultantes da aplicação dos filtros iniciais para o setor de

Consumo Cíclico, para o perfil conservador.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

63

Figura 10 Filtros iniciais para o perfil conservador do setor econômico de Con-

sumo Cíclico

Fonte: Autor

Na data de coleta dos dados, dia 14 de maio de 2018, haviam

564 códigos de negociação com 329 empresas, listadas na B3. Para o

perfil conservador, somente 106 foram selecionadas. Já do perfil agres-

sivo, esse número aumentou para 136. Em decorrência da eliminação de

empresas com prejuízo nos últimos 12 meses em seus resultados. Além

disso, demonstra que o mercado de capitais no Brasil ainda está em

desenvolvimento, comparando com os EUA que apresenta 4336 empre-

sas listadas (THE WORLD BANK, 2018). Na tabela 8, é mostrado o

número de empresas por setor econômico de cada perfil de risco que

passaram nos filtros.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

64

Tabela 8 Número de Empresas que passaram nos filtros iniciais

Setor Econômico B3 Perfil Agressivo Perfil Con-

servador

Bens Industriais 18 15

Consumo Cíclico 30 23

Consumo Não-Cíclico 10 9

Financeiro e Outros 25 18

Materiais Básicos 12 10

Petróleo, gás e biocombustíveis 6 6

Saúde 9 5

Tecnologia da Informação 3 2

Telefonia 2 2

Utilidades Públicas 21 16 Fonte: Autor

O sistema de ranqueamento foi feito seguindo a preferência de

direção de cada indicador por perfil. Seguindo da seguinte forma: para a

empresa que tivesse o maior valor de Liquidez Corrente, por exemplo,

esta recebe o número 1, pois é a que melhor apresenta a capacidade de

honrar suas obrigações no curto prazo dentro do seu setor econômico. A

que apresentasse o segundo melhor valor, receberia o número 2, e assim

por diante. Já para os indicadores que apresentassem direção de prefe-

rência contrária, a lógica se mantém: a de menor valor recebe o número

1 e assim por diante. A figura 11 exemplifica o ranqueamento de dois

indicadores de direção de preferência opostas, para o setor de Consumo

Cíclico do perfil conservador.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

65

Figura 11 Ranqueamento de dois indicadores de direção de preferência opostas

para o perfil conservador do setor econômico de Consumo Cíclico

Fonte: Autor

Neste caso, a empresa Grendene recebeu a nota 1 para o indica-

dor de liquidez corrente, pois é a que tem o maior valor e recebeu nota 8

para o indicado de P/L, em decorrência que o valor não é tão baixo

quanto as outras empresas. A nomenclatura de NOTA 3 e NOTA 11,

nada mais é do que a ordem dos indicadores, tendo como NOTA 3 aque-

la definida ao Indicador de Liquidez Corrente, e assim por diante afim

de organizar os dados. Como o perfil conservador apresenta 21 indica-

dores, tem-se 21 notas.

Tendo todas as notas definidas para cada indicador, é feito um

somatório de todas as notas, afim de elencar a melhor empresa de cada

setor econômico. A empresa que tiver o menor valor da nota geral, é a

melhor empresa do setor. Caso uma empresa tivesse obtido 21 notas 1,

esta teria no final uma nota geral 21, ficando em primeiro lugar. A figu-

ra 12, exemplifica o resultado do ranqueamento do setor de Consumo

Cíclico do perfil conservador.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

66

Figura 12 Melhores Empresas de Consumo Cíclico da B3 para o perfil conser-

vador

Fonte: Autor

A empresa Grendene, seguindo todas as regras estabelecidas,

foi eleita a melhor empresa do setor de Consumo Cíclico para o perfil

conservador, pois foi a que apresentou a menor soma de notas dos indi-

cadores. Algumas empresas, apresentaram notas idênticas, necessitando

a adição de um critério de desempate. Para o perfil conservador, o crité-

rio foi da empresa com menor indicador de risco, já para o perfil agres-

sivo foi da empresa com maior valor de retorno.

Este método de ranqueamento, foi utilizado para todos os seto-

res para cada perfil, tendo como resultado 20 planilhas. No Apêndice B

encontra-se um exemplo da planilha completa para o perfil conservador

e outra para o perfil agressivo, devido ao tamanho de cada planilha.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

67

A criação deste método suaviza o efeito de empresas que apre-

sentam um valor de indicador muito alto, um outilier, pois o ranquea-

mento é sequencial e a combinação dos indicadores, sem a utilização de

pesos, ajuda neste fato. Um exemplo que pode ser citado, é de empresas

de fidelização, como a Multiplus.

Figura 13 Suavização dos outliers

Fonte: Autor

Observa-se na figura 12, que a Multiplus tem a pior colocação

de 23 empresas para o indicador de P/VPA, porém ela tem a melhor nota

de ROE. Isto se deve ao fato da empresa trabalhar basicamente com

float de dinheiro, não possuindo um patrimônio elevado e apresentando

um elevado retorno de suas operações. Portanto, os indicadores não

devem ser analisados de forma individual, mas em conjunto. Além disso

este método permite combinar indicadores com unidades distintas e sua

aplicação é relativamente fácil, sendo uma boa ferramenta para o inves-

tidor individual.

4.4 MONTAGEM DAS CARTEIRAS E VERIFICAÇÃO DOS FIL-

TROS

Tendo o ranqueamento pronto para cada perfil, o processo de

montagem de carteira seguiu a seguinte lógica: para cada perfil de risco,

foram criadas 4 carteiras diferentes, a carteira de número 1 foi composta

pelas melhores ações de cada setor, totalizando 10 ações. A carteira 2,

foi composta pelas duas melhores ações de cada setor, totalizando 20

ações. A carteira 3, foi composta por 30 ações e a carteira 4 com 40

ações, seguindo a mesma lógica de montagem.

Devido ao fato da B3 não apresentar muitas empresas, os seto-

res de Telecomunicações e de Tecnologia da Informação, não apresenta-

ram candidatas suficientes. Desta forma, para o preenchimento das car-

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

68

teiras 3 e 4, a lógica foi: utilizar as empresas dos outros setores com

maior número de representantes, até o total preenchimento das carteiras.

A figura 14, mostra um exemplo da carteira 4, montada para o perfil

conservador. As demais carteiras são mostradas no Apêndice A.

Figura 14 Carteira 4 do perfil conservador

Fonte: Autor

Como já mencionado anteriormente, uma das limitações de

pesquisa foi de utilizar indicadores momentâneos. Para contornar a limi-

tação, foi aplicado um filtro adicional para identificar se as empresas

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

69

ranqueadas para as carteiras foram rentáveis de 2015 a 2017. No perfil

conservador, verificou-se se a empresa apresentou fluxo de caixa opera-

cional, retorno sobre o capital investido e lucro descontado por ação

constantes, não negativos, nos anos de 2015, 2016 e 2017. Segundo o

estudo de Bastos et al., (2009), estás variáveis, apesar de não apresenta-

rem uma forte correlação com o retorno da ação, foram as melhores

medidas de verificação de geração de valor ao acionista. Foi tolerado um

erro de 10%, ou seja, limite de quatro empresas que não obedeceram a

este filtro adicional para a carteira de 40 ativos. Caso os filtros iniciais

tenham gerado mais de 10% de erro, novos filtros foram aplicados e as

etapas anteriores foram repetidas.

Quatro empresas não passaram no filtro adicional: Vale, Brasi-

lagro, Suzano e Petrorio. Verificando nos relatórios da administração

das empresas, obtidos do site de relacionamento com o investidor, assim

como na B3, alguns dos motivos foram:

• Vale: Apresentou prejuízo líquido no ano de 2015 de R$ 44,213

bilhões devido, principalmente: à menor margem EBITDA, aos

maiores impairments registrados em 2015 e ao efeito negativo

nos resultados financeiros da depreciação ponta a ponta do Real

(BRL) contra o Dólar (USD) de 47% em 2015. Além dos acon-

tecimentos da ruptura da barragem da Samarco. • Brasilagro: Apresentou resultados negativos no fluxo de caixa

operacional e no ROIC, nos anos de 2015 e 2017, em decorrên-

cia das variações do dólar bem como nas oscilações das com-

modities agrícolas.

• Suzano: Em 2015 a empresa apresentou prejuízo líquido de R$

959,2 milhões, devido aos resultados com operações em deriva-

tivos e principalmente com a variação cambial, porém apresen-

tou geração de caixa recorde, no valor de R$ 3,5 bilhões.

• Petrorio: Fluxo de caixa operacional negativo no ano de 2015,

em decorrência das variações cambiais, bem como foi registra-

do um dos menores valores para o Brent em uma década.

O resultado deu-se por satisfatório, levando em conta o pequeno

número de empresas por setor econômico na B3, assim como os aconte-cimentos pontuais ocorridos nas empresas, principalmente por variações

cambiais. Na figura 15, é mostrado o resultado do teste de verificação,

onde a palavra SIM indica que a empresa foi aprovada, NÃO significa

que não foi aprovada e NA, não aplicável.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

70

Figura 15 Teste de Verificação

Fonte: Autor

Foi necessário ajustar os filtros uma vez, pois na primeira tenta-

tiva as empresas geradas não passaram na verificação adicional. Inicial-

mente foram usados 15 indicadores para o perfil conservador. Então,

este número foi aumentado para 21, acrescentando-se mais indicadores

de endividamento, margem e rentabilidade e retirado o indicador de

VaR, pois observou-se que este movia-se na mesma direção e ordem do

indicador de risco, dando um peso adicional.

Esta verificação foi feita somente para o perfil conservador,

pois entendesse que o perfil agressivo aceita empresas que são possíveis

turnarounds, afim de obter altos retornos. No capítulo 5.5 é mostrado uma simulação histórica das carteiras montadas.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

71

4.5 OTIMIZAÇÃO DAS CARTEIRAS E VERIFICAÇÃO DAS RES-

TRIÇÕES

O módulo de otimização de carteiras do Economática®, permite

ao usuário inserir os ativos que deseja afim de obter fronteiras eficientes.

Para tal, o usuário necessita indicar alguns parâmetros de entrada, lista-

dos abaixo, bem como a forma utilizada neste trabalho:

• Indicar o método de cálculo de retorno projetado: CAPM;

• Indicar o período projetado: Foram usados três períodos de aná-

lise: 3, 5 e 10 anos em relação ao dia 14/05/2018;

• Indicar o ativo livre de risco: Tesouro Selic (LFT);

• Indicar o benchmark: Ibovespa;

• Indicar o período para cálculo das correlações: 36 meses;

• Indicar as restrições: Módulo de restrição de peso dos ativos,

permitindo pesos negativos para o perfil agressivo.

As figuras 16 e 17, ilustram um exemplo da carteira 1 para o

perfil conservador, das telas de entrada e de restrições dos ativos, res-

pectivamente.

Figura 16 Tela de Projeção dos Retornos

Fonte: Autor

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

72

Figura 17 Tela de Restrições dos Ativos

Fonte: Autor

Inicialmente foi inserido restrições de pesos dos ativos sem

verificação, pois não era possível saber o resultado das fronteiras efici-

entes de antemão. Os valores foram sendo testados até que as condições

para cada perfil fossem atingidas: Para o perfil conservador, o risco do

ponto de mínima variância até o ponto de maior risco, não tivesse uma

variação de mais de 50% e ainda respeitando a ideia da diversificação,

impondo que todos os ativos estejam presentes. Já para o perfil agressi-

vo, testou-se as restrições que pudessem atingir os maiores retornos

possíveis, independentemente do nível de risco, porém não deixando

haver concentração exagerada de um ativo. Foram necessárias 5 roda-

das, até que o objetivo fosse atingido. As restrições para cada carteira

por perfil de risco são mostradas na tabela 9.

Tabela 9 Restrição de Pesos dos Ativos

Perfil de Risco Carteira Limite Inferior

(%)

Limite Superior

(%)

Perfil Conservador

Carteira 1 7 13

Carteira 2 3 8

Carteira 3 2 6

Carteira 4 1 4

Perfil Agressivo

Carteira 1 -30 30

Carteira 2 -25 25

Carteira 3 -20 20

Carteira 4 -15 15 Fonte: Autor

Ainda para o perfil agressivo, foi testada a carteira 130/30, que

limita a alavancagem total da carteira agressiva em 30% para a venda a

descoberto, mantendo-se as restrições individuais por ativo.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

73

Por falta de dados suficientes para o módulo de otimização de

carteiras, duas ações que foram inicialmente elencadas para o perfil

agressivo, tiveram que ser excluídas, desta forma a ação subsequente no

rank, foi inserida.

O modelo de pesquisa operacional utilizado para o perfil con-

servador carteira 1 no trabalho pode ser expresso a seguir:

𝑀𝑖𝑛 𝜎𝑝2 = ∑∑ 𝜎𝑗𝑘𝑋𝑗

𝑁

𝑘=1

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑘

Sujeita a

∑𝑋𝑗

𝑁

𝑗=1

= 1

∑𝑋𝑗

𝑁

𝑗=1

𝐸(𝑅𝑗) = 𝐸´

7 ≤ 𝑋𝑗 ≤ 13

Para as carteiras 2, 3 e 4 a alteração é nos limites inferiores e

superiores. Já para o perfil agressivo carteira 1, o modelo pode ser repre-

sentado como:

𝑀𝑖𝑛 𝜎𝑝2 = ∑∑ 𝜎𝑗𝑘𝑋𝑗

𝑁

𝑘=1

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑘

Sujeita a

∑|𝑋𝑗|

𝑁

𝑗=1

= 1

∑𝑋𝑗

𝑁

𝑗=1

𝐸(𝑅𝑗) = 𝐸´

−30 ≤ 𝑋𝑗 ≤ 30

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

74

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

75

5 RESULTADOS E COMENTÁRIOS

Nesta seção serão discutidos os resultados encontrados para os

objetivos da pesquisa, bem como comentados em relação as pesquisas

previamente realizadas por outros autores. Para o entendimento desta

seção, considera-se a nomenclatura de perfil agressivo, aquele que não

há limitação total de alavancagem da carteira, já o perfil agressivo

130/30 é aquele que apresenta a limitação total de 30% para a venda a

descoberta.

5.1 FRONTEIRAS EFICIENTES

5.1.1 Perfil Conservador

A partir dos resultados do módulo de otimização do Economá-

tica®, fronteiras eficientes foram montadas individualmente e depois

foram transportadas para um único gráfico com a utilização do Excel®.

Na figura 18, são mostradas as fronteiras de todas as carteiras do perfil

conservador para a projeção de 3 anos.

Figura 18 Fronteiras Eficientes - Perfil Conservador- Projeção para 3 anos

Fonte: Autor

Pode-se notar que o formato das fronteiras eficientes são muito

similares as obtidas por Chen et al. (2010). Também, é visível que com

o aumento do número de ativos nas carteiras, levando em conta somente

o risco, este diminuí até o limite de 24,2% no ponto de mínima variância

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

76

da carteira 4. O aumento de 10 ativos, da carteira 1 para a carteira 2, há

uma redução de 7% do risco no ponto de mínima variância; ao passo

que para a carteira de 3, há redução adicional é próxima a 1%, um pouco

abaixo do encontrado por Elton et al. (2012) que foi de uma redução de

2%. Esta limitação da redução do risco da carteira, confirma que não se

pode excluir o risco sistemático. Levando em conta a utilidade do inves-

tidor pelas fronteiras eficientes, as carteiras 3 e 4 andam praticamente

juntas, demonstrando que uma carteira bem diversificada que maximiza

a utilidade do investidor contém algo em torno de 30 ativos. Este achado

segue em linha com o encontrado por Chong e Phillips (2013) e Gupta;

Khoon e Shahnon (2001), que encontraram 31 e 27 ativos, respectiva-

mente. Estas analises são válidas também para as projeções de 5 e 10

anos.

Para um nível de risco de 31%, o investidor pode obter um

ganho 2,7% ao se direcionar para a carteira 2 e um adicional de 1,5% se

escolher a carteira 3 ou 4. Demonstrando que há um grande benefício de

se possuir pelo menos 20 ativos em uma carteira conservadora diversifi-

cada.

5.1.2 Perfil Agressivo

Para o perfil agressivo, onde não há restrições quanto a venda a

descoberto, pela figura 19, nota-se que para níveis de risco mais baixos,

as carteiras com 3 e 4 ativos andam praticamente juntas, porém para

níveis de retornos mais altos, a carteira 4 com 40 ativos, mostra-se mais

eficiente. Isso se deve ao fato da flexibilidade das restrições dos ativos,

dando a possibilidade do investidor agressivo de obter maiores retornos

através da venda a descoberto e da possibilidade de concentração em

determinados ativos, sem que este seja obrigado a possuir todas as

ações.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

77

Figura 19 Fronteiras Eficientes - Perfil Agressivo- Projeção para 3 anos

Fonte: Autor

Nota-se também, que o aumento de 10 ativos, da carteira 1 para

a 2, há diminuição de 14,7% no risco da carteira no ponto de mínima

variância. No que concerne a carteira 3, há um acréscimo de 12,2% na

redução do risco; enquanto que na movimentação para a carteira 4, apre-

senta um acréscimo de 3,3%. Desta forma, este último portfólio, mostra-

se a melhor escolha para um investidor agressivo, que busca maiores

retornos. Semelhante ao perfil conservador, as análises são válidas para

as projeções de 5 e 10 anos.

Para um nível de risco de 83%, o investidor obtém um ganho

adicional de 10% ao escolher a carteira 2 em comparação com a carteira

1 e um adicional de 7% para a carteira 3 e 4% para a carteira 4. Porém o

ganho não é tão expressivo para níveis de risco mais baixo. Usando

como referência o nível de risco de 33%, demonstrado pela figura 20, o

ganho adicional do investidor, ao se mover da carteira 1 para a 2, é de

4%, já para as carteiras 3 e 4, os ganhos adicionais são de 0,5% e 1%,

respectivamente.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

78

Figura 20 Ponto de Análise – Perfil Agressivo – 3 anos

Fonte: Autor

5.1.2.1 PERFIL AGRESSIVO 130/30

A carteira 130/30 é uma variação da carteira do perfil agressivo,

porém limitando a alavancagem total em 1,6, ou seja, limita-se a carteira

em 30% para a venda a descoberto, e 130% para a posição comprada.

As mesmas análises, obtidas para o perfil agressivo comum,

podem ser usadas para a carteira 130/30, pois nota-se pela figura 21 que

com o limite de alavancagem, há uma redução para parte prolongada das

fronteiras eficientes, porém o início é praticamente igual, como será

explicada na seção 5.4. O perfil agressivo 130/30 alcança um limite

máximo de 53% de retorno, enquanto que na figura 19, o retorno máxi-

mo é dado na faixa de 76%, um diferencial de 23% de retorno.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

79

Figura 21 Fronteiras Eficientes - Perfil Agressivo 130/30- Projeção para 3 anos

Fonte: Autor

5.2 HORIZONTES TEMPORAIS

Foram usadas projeções para três diferentes períodos: 3, 5 e 10

anos para o perfil conservador e para o perfil agressivo. Pode-se notar

que no geral, com o aumento do horizonte temporal, a relação de risco e

retorno aumenta de forma positiva, dando vantagem ao investidor que

investe por um horizonte maior. Para a comparação na mesma base, foi

obtido o maior valor de Índice de Sharpe anualizado para cada fronteira

eficiente. Nas tabelas 9, 10 são mostrados os resultados do Índice de

Sharpe máximo anualizado, para o perfil conservador e agressivo, res-

pectivamente.

Tabela 10 – Máximo Índice de Sharpe anualizado – Perfil Conservador

Carteira 3 anos 5 anos ∆3−5% 10 anos ∆5−10%

Carteira 1 0,291 0,291 = 0,288 -1,03%

Carteira 2 0,329 0,330 0,304% 0,331 0,303%

Carteira 3 0,352 0,354 0,568% 0,359 1,412%

Carteira 4 0,350 0,351 0,285% 0,354 0,854% Fonte: Autor

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

80

Tabela 11 – Máximo Índice de Sharpe anualizado – Perfil Agressivo e

Agressivo 130/30

Carteira 3 anos 5 anos ∆3−5% 10 anos ∆5−10%

Carteira 1 0,269 0,268 -0,371% 0,261 -2,612%

Carteira 2 0,333 0,334 0,300% 0,338 1,197%

Carteira 3 0,341 0,344 0,879% 0,353 2,616%

Carteira 4 0,357 0,362 1,400% 0,381 5,248% Fonte: Autor

Em ambos os perfis houve uma redução no Índice de Sharpe

das carteiras 1, mostrando-se ineficiente com o aumento do prazo tem-

poral. Para todas as outras carteiras, o aumento do tempo, mostra-se

benéfica, dando os investidores maiores probabilidades de obter maiores

retornos, com um mesmo nível de risco, apenas com o aumento do prazo

de investimento, dando suporte a teoria da diversificação no tempo.

Para o perfil agressivo, o máximo Índice de Sharpe, foi obtido

nos pontos iniciais das fronteiras eficientes, onde a alavancagem não

está presente, desta forma os Índices de Sharpe da estratégia 130/30 é a

mesma do perfil agressivo sem a restrição de alavancagem total. Nas

figuras a seguir, são apresentadas as fronteiras eficientes para os dois

perfis de risco nas projeções de 5 e 10 anos. As projeções de 3 anos, já

foram apresentadas na seção anterior.

Figura 22 Fronteiras Eficientes- Perfil Conservador – Projeção para 5 anos

Fonte: Autor

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

81

Figura 23 Fronteiras Eficientes- Perfil Conservador – Projeção para 10 anos

Fonte: Autor

Figura 24 Fronteiras Eficientes- Perfil Agressivo – Projeção para 5 anos

Fonte: Autor

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

82

Figura 25 Fronteiras Eficientes- Perfil Agressivo – Projeção para 10 anos

Fonte: Autor

Figura 26 Fronteiras Eficientes- Perfil Agressivo 130/30 – Projeção para 5 anos

Fonte: Autor

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

83

Figura 27 Fronteiras Eficientes- Perfil Agressivo 130/30 – Projeção para 10

anos

Fonte: Autor

Todas as análises feitas anteriormente se mantém válidas, pois a

única alteração que há no aumento do horizonte de tempo, é o prolon-

gamento das fronteiras eficientes. Como a relação entre risco e retorno

não é linear, o aumento do retorno se deu de forma mais acelerada do

que o risco, com o aumento do horizonte de tempo, tendo como resulta-

do uma melhora no Índice de Sharpe.

5.3 AGRESSIVO X CONSERVADOR

A comparação se deu utilizando o período projetado de 3 anos,

entre o perfil conservador e o perfil agressivo sem limite de alavanca-

gem total da carteira. A variação 130/30 do perfil agressivo, apresenta o

mesmo início de fronteira, e o intuito do trabalho é de fornecer uma

ferramenta para o investidor individual, que não apresenta tantas restri-

ções como em fundos de investimentos.

De forma geral, as carteiras agressivas e conservadoras se com-

portam de forma similar em níveis de risco mais baixos, porém a partir de certo ponto, a carteira agressiva da a possibilidade do investidor de

obter grandes retornos em níveis de riscos mais altos. Uma forma de

comparar, além das fronteiras eficientes, foi a utilização do VaR (Value

at Risk) nos pontos extremos das fronteiras eficientes de ambos os per-

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

84

fis. Para um nível de confiança de 95%, o percentual máximo de perda

em um dia de cada portfólio é mostrado pela tabela 12.

Tabela 12 – VaR diário máximo com nível de confiança de 95%

Carteiras Perfil Agressivo Perfil Conserva-

dor ∆𝐴−𝐶

Carteira 1 5,22% 1,87% 279,14%

Carteira 2 6,40% 1,90% 336,84%

Carteira 3 6,37% 2,03% 313,79%

Carteira 4 6,21% 1,97% 315,22% Fonte: Autor

Em média, para todas as carteiras, o perfil agressivo, no ponto máximo

de risco, apresenta 3 vezes mais chances de perder dinheiro. As figuras a

seguir mostram a comparação das fronteiras eficientes de cada perfil,

por carteira para um horizonte de análise de 3 anos. Os resultados são os

mesmos para o período de 5 e 10 anos.

Figura 28 Agressivo x Conservador - Carteiras 1

Fonte: Autor

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

85

Figura 29 Agressivo x Conservador - Carteiras 2

Fonte: Autor

Figura 30 Agressivo x Conservador - Carteiras 3

Fonte: Autor

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

86

Figura 31 Agressivo x Conservador - Carteiras 4

Fonte: Autor

Utilizando-se do máximo Índice de Sharpe, para a comparação

entre os portfólios, as carteiras 1 e 3 do perfil conservador são mais

eficientes, em relação ao perfil agressivo. Já para as carteiras 2 e 4, o

perfil agressivo é mais eficiente.

Tabela 13 – Índice de Sharpe Máximo projeção de 3 anos por perfil de risco.

Fonte: Autor

5.4 VENDA A DESCOBERTO X SEM VENDA A DESCOBERTO

Para testar a eficácia da venda a descoberto para o perfil agres-

sivo, utilizou-se da carteira mais eficiente para o perfil, carteira 4, e simulou-se três diferentes restrições. A primeira restrição foi de travar o

limite inferior em 0%, ou seja, não deixar que a carteira ficasse vendida,

mas mantendo o limite superior em 15%. A segunda restrição foi de

utilizar a estratégia 130/30, deixando que a carteira ficasse vendida,

Carteira Agressivo Conservador

Carteira 1 0,269 0,291

Carteira 2 0,333 0,329

Carteira 3 0,341 0,352

Carteira 4 0,357 0,350

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

87

porém limitada em 30% do total, e a terceira a carteira do perfil agressi-

vo sem limite total de alavancagem, somente pelas restrições individuais

dos ativos. A tabela 14, resume as restrições e a figura 32 o resultado

das fronteiras eficientes.

Tabela 14 – Restrições

Restrições Perfil Agressi-

vo sem venda a

descoberto

Perfil

Agressivo

130/30

Perfil

Agressivo

Limite Inferior 0% -15% -15%

Limite Superior 15% 15% 15%

Limite total

vendida

Não permite -30% Limitada

pelas res-

trições

individuais

Fonte: Autor

Figura 32 Venda a descoberto x sem venda a descoberto

Fonte: Autor

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

88

Fica evidente a similaridade com as fronteiras eficientes obtidas

por Chen et al. (2010) quando introduzida a venda a descoberto na car-

teira. O prolongamento das fronteiras se dá a medida que a alavancagem

aumenta, a carteira sem a venda a descoberto atinge o máximo retorno

na faixa de 46%, já a carteira agressiva 130/30 atinge um pouco mais,

por volta dos 53% e por fim a carteira do perfil agressivo atinge valores

próximos a de 76% para projeções de 3 anos. O aumento dos retornos,

são acompanhados por maiores riscos, porém em determinados pontos

de risco, a utilização da venda a descoberto é mais eficiente. Usando

como exemplo o ponto de risco de 50%, nota-se que o portfólio com a

flexibilização das restrições quanto a venda a descoberto, é mais eficien-

te.

A fim de verificar a eficácia de obter maiores retornos, foi le-

vantando o ponto de maior Alpha de Jensen1 anualizado, mencionado

por Grinold e Kahn (2000) para confirmar a eficácia da estratégia de

venda a descoberto. Na tabela 15 encontram-se os resultados:

Tabela 15 – Máximo Alpha de Jensen anualizado

Fonte: Autor

Com a flexibilização das restrições, nota-se que quanto mais

alavancada a carteira, maiores as chances de se obter retornos acima do

esperado. Assim, um investidor agressivo, pode obter bons retornos com

a estratégia da venda a descoberto.

5.5 BACKTEST

A otimização de carteiras utiliza-se de retornos projetados atra-

vés dos dados históricos. A fim de verificar como que se deu o compor-

tamento das carteiras para cada perfil de risco no passado, um backtest

foi feito com os dados entre 14/05/2015 e 14/05/2018 e as carteiras fo-

ram comparadas entre si e com o principal benchmark da bolsa brasilei-ra, o Ibovespa e o Tesouro LFT que é o título de renda fixa de menor

risco do mercado.

1 Alpha de Jensen refere-se ao indicador que mede o excesso de retorno obtido além do espe-

rado.

Agressivo sem

venda a desco-

berto

Agressivo

130/30

Agressivo

0,25% 0,36% 2,86%

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

89

O objetivo principal do backtest foi de averiguar como que as

ações escolhidas através de indicadores fundamentalistas se comporta-

ram na bolsa de valores. Notou-se que empresas com bons fundamentos

apresentaram bons retornos para os acionistas.

Simulou-se um portfólio inicial de R$10,000 igualmente ponde-

rado e para os ativos do perfil agressivo, foi considerado somente posi-

ções compradas. As figuras 33 e 34 e as tabelas 16 e 17, mostram os

resultados do perfil conservador e agressivo respectivamente.

Figura 33 Backtest - Perfil Conservador

Fonte: Autor

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

90

Tabela 16 – Resultados do Perfil Conservador

Fonte: Autor

O Índice de Sharpe modificado se dá pela retirada do ativo livre

de risco do cálculo, para simplificação. Nota-se que todas as carteiras do

perfil conservador foram superiores ao Ibovespa e ao Tesouro LFT. A

carteira com 40 ativos foi a de melhor performance, com Índice de

Sharpe de 2,64 no período.

Figura 34 Backtest - Perfil Agressivo

Fonte: Autor

AtivoRetorno no

período (R$)

Retorno no

período (%)

Retorno

relativo ao

Ibov (%)

Retorno

relativo ao

LFT(%)

Risco no

período

(%)

Índice de

Sharpe

modificado

Carteira 1 R$ 17,879.07 78.79% 122.90% 128.32% 33.35% 2.36

Carteira 2 R$ 17,741.76 77.42% 121.96% 127.33% 30.32% 2.55

Carteira 3 R$ 17,401.06 74.01% 119.61% 124.89% 34.23% 2.16

Carteira 4 R$ 20,711.00 107.11% 142.37% 148.64% 40.60% 2.64

Ibovespa R$ 14,547.69 45.48% - 104.41% 24.99% 1.82

Tesouro

LFT R$ 13,933.28 39.33% 95.78% - - -

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

91

Tabela 17 – Resultados do Perfil Agressivo

Fonte: Autor

Como no perfil conservador, todas as carteiras forma superiores

ao Ibovespa e ao Tesouro LFT. A carteira 3 foi a que apresentou melhor

índice de Sharpe, seguida de perto pela carteira 4. Por fim, a tabela 18

apresenta os resultados comparado os dois perfis.

Tabela 18 – Perfil Agressivo x Perfil Conservador

O perfil agressivo obteve os maiores retornos, porém acompa-

nhado de maiores riscos, o que demonstra que a identificação de filtros

de cada perfil de risco mostrou-se eficaz.

AtivoRetorno no

período (R$)

Retorno

no

período

(%)

Retorno

relativo ao

Ibov (%)

Retorno

relativo ao

LFT(%)

Risco no

período

(%)

Índice de

Sharpe

modificado

Carteira 1 R$ 20,809.39 108.09% 143.04% 149.35% 60.16% 1.80

Carteira 2 R$ 20,371.85 103.72% 140.03% 146.21% 53.38% 1.94

Carteira 3 R$ 25,189.21 151.89% 173.15% 180.78% 58.30% 2.61

Carteira 4 R$ 23,823.71 138.24% 163.76% 170.98% 54.99% 2.51

Ibovespa R$ 14,547.69 45.48% - 104.41% 24.99% 1.82

Tesouro

LFT R$ 13,933.28 39.33% 95.78% - - -

AtivoRetorno Perfil

Agressivo

Retorno Perfil

Conservador

Risco Perfil

Agressivo

Risco Perfil

Conservador

IS Perfil

Agressivo

IS Perfil

Conservador

Carteira 1 R$ 20,809.39 R$ 17,879.07 R$ 2,930.32 60.16% 33.35% 26.81% 1.80 2.36

Carteira 2 R$ 20,371.85 R$ 17,741.76 R$ 2,630.09 53.38% 30.32% 23.06% 1.94 2.55

Carteira 3 R$ 25,189.21 R$ 17,401.06 R$ 7,788.15 58.30% 34.23% 24.07% 2.61 2.16

Carteira 4 R$ 23,823.71 R$ 20,711.00 R$ 3,112.71 54.99% 40.60% 14.40% 2.51 2.64

∆𝐴−𝐶 ∆𝐴−𝐶

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

92

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

93

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

6.1 CONCLUSÕES

O presente estudo atingiu os objetivos propostos no sentido de

montar uma ferramenta de forma simples e eficaz para o investidor indi-

vidual capaz de selecionar bons ativos em um exercício fiscal vigente,

que se mostraram lucrativas entre 2015 e 2018 para a composição das

carteiras. A utilização do módulo de otimização de carteiras, comple-

mentou o trabalho, para que o investidor pudesse ter noção dos possíveis

retornos e riscos, para cada estratégia estabelecida.

Foram analisadas todas as ações listadas na B3 e notou-se o

grande número de ativos que foram excluídos devido à baixa perfor-

mance em seus resultados. Identificou-se 106 ações elegíveis para o

perfil conservador e 136 para o perfil agressivo. Através da ferramenta

criada, os melhores ativos de cada setor foram identificados, dando a

possiblidade de montar diferentes carteiras com bons ativos e altamente

diversificada.

Com a otimização das carteiras, pode-se identificar o número de

ativos ideal para cada perfil de risco, além da determinação das restri-

ções individuais dos pesos das ações, a fim de evitar concentrações ex-

cessivas em determinados ativos. O número ideal de ativos depende das

características que o investidor busca, para o perfil conservador, uma

carteira com 30 ativos é uma boa escolha, já para o perfil agressivo 40

ativos se tornam mais eficiente. Foi testado ainda diferentes prazos de

investimentos, e notou-se que para maiores prazos, o Índice de Sharpe

aumenta para as carteiras mais eficientes.

No perfil agressivo, foi testada a eficácia da venda a descoberto

e encontrou-se que com a aplicação da estratégia investidores podem

correr altos riscos em busca de maiores retornos. Para determinados

pontos de risco, a estratégia de venda a descoberto alcançou maiores

retornos em relação a uma carteira sem venda a descoberto, mostrando-

se mais eficiente. A eficácia da estratégia deu-se pela flexibilização das

restrições quanto a pesos negativos.

Por fim, analisou-se através de simulações históricas a perfor-

mance dos ativos escolhidos para cada perfil. Todas as carteiras perfor-

maram melhor do que o Ibovespa e mostraram-se condizente com as

características de cada perfil, tendo as carteiras do perfil conservador

com menores riscos em relação as do perfil agressivo.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

94

6.2 RECOMENDAÇÕS FINAIS

Percebeu-se que a classificação setorial econômica da B3 con-

sidera empresas de seguimentos totalmente distintos em um mesmo

grupo, dificultando a comparação entre elas por setor econômico. Além

disso, os setores de telecomunicações e de tecnologia da informação, são

os que menos apresentam representantes, dificultando a formação de

carteiras totalmente diversificadas. Um dos motivos se dá pelo baixo

número de empresas listadas na B3. Para trabalhos futuros, seria interes-

sante em aplicar os filtros com outros países emergentes, como a Índia,

que apresenta um número muito mais expressivo de empresas listadas.

Alguns indicadores fundamentalistas, utilizam-se de dados

momentâneos, portanto, sugere-se trabalhar com médias históricas, para

observar a evolução da companhia e comparar com os dados atuais.

Na otimização de carteiras, recomenda-se testar outros modelos

de otimização, como o DEA (Data Envelopment Analysis), e comparar

com os resultados obtidos por Markowitz. No caso da venda a descober-

ta, recomenda-se modificar o modelo para incluir simulações de custos

do aluguel dos ativos.

Outro aspecto a considerar é de realizar simulações históricas

em um prazo de 3 anos para comparar com os resultados obtidos neste

trabalho e verificar a adesão dos filtros aplicados.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

95

REFÊRENCIAS

ANBIMA. Classificação de Fundos -Visão Geral e Nova Estrutura.

p. 1–19, 2015a.

ANBIMA. Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas

Certificação Continuada. p. 1–21, 2015b.

ASSAF NETO, A. Contribuição Ao Estudo Da Avaliação De

Empresas No Brasil - Uma Aplicação Prática. p. 1–203, 2003.

ASSAF NETO, A. MERCADO FINANCEIRO. 12 ed. São Paulo:

Atlas, 2014.

ASSAF NETO, A. Valuation: métricas de valor & avaliação de

empresas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2017.

B3. BM&FBOVESPA Histórico pessoas físicas. Disponível em:

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/servicos/market-

data/consultas/historico-pessoas-fisicas/>. Acesso em: 14 maio. 2018a.

B3. Units. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-

servicos/negociacao/renda-variavel/certificado-de-deposito-de-acoes-

units.htm>. Acesso em: 20 jun. 2018b.

BANK, T. W. US Public companies. Disponível em:

<https://data.worldbank.org/indicator/CM.MKT.LDOM.NO?locations=

US&view=chart>. Acesso em: 15 set. 2018.

BASTOS, D. D. et al. A relação entre o retorno das ações e as métricas

de desempenho: evidências empíricas para as companhias abertas no

Brasil. Revista de Gestão, v. 16, n. 3, p. 65–79, 2009.

BERNSTEIN, P. L.; DAMODARAN, A. Investment Management. 1

ed. ed. New York: John Willey & Sons, 1998.

BERNSTEIN, W. J. The Intelligent Asset Allocator: how to build

your portfolio to maximize returns and minimize risk. 1 ed. New

York: Mc Graw Hill, 2017.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

96

BLANCHETT, D.; FINKE, M. S.; PFAU, W. D. Optimal Portfolios for

the Long Run. SSRN, p. 1–26, 2013.

CADORE, B. R. Perfil Do Investidor Diante Do Portfólio De

Possibilidades Para Investimentos Financeiros no Banco do Brasil

Agência de Xaxim S.C. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

2007.

CHEN, W. et al. Portfolio Optmization Models and Mean-Variance

Spanning Tests. In: LEE, C.-F.; LEE, A. C.; LEE, J. C. (Eds.).

Handbook of Quantitative Finance and Risk Management. 1 ed.

Springer, 2010. p. 165–184.

CHONG, J.; PHILLIPS, G. M. Portfolio Size Revisited. The Journal of

Wealth Management, v. 15, n. 4, p. 49–60, 2013.

CORPORATE FINANCE INSTITUTE. Net Debt to EBITDA Ratio.

Disponível em:

<https://corporatefinanceinstitute.com/resources/knowledge/finance/net-

debt-ebitda-ratio/>. Acesso em: 29 ago. 2018.

COMISSÃO DE VALORES IMOBILIÁRIOS. CVM No 555. n. 21, p.

120, 2014.

DAMODARAN, A. Investment valuation: Tools and techniques for

determining the value of any asset. Second Edition, v. 188, p. 1008,

2002.

DEMIRAKOS, E. G.; STRONG, N. C.; WALKER, M. What valuation

models do analysts use? Accounting Horizons, v. 18, n. 4, p. 221–240,

2004.

ECONOMÁTICA. Manual do Economática. Disponível em:

<http://economatica.com/support/manual/pt_javas/Indicadores/Indicador

es_tecnicos.htm#Liquidez em Bolsa>. Acesso em: 29 ago. 2018.

ELTON, E. J. et al. MODERNA TEORIA DE CARTEIRAS E

ANÁLISES DE INVESTIMENTOS. Elsevier, 2012.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

97

FABOZZI, F. J.; MARKOWITZ, H. M. The Theory and Practice of

Investment Management. 2 ed. John Willey & Sons, 2011.

FACHIN, O. Fundamentos de Metodologia. 5 ed. São Paulo: Saraiva,

2006.

FERRI, R. A. C. All About Asset Allocation. 2 ed. New York: Mc

Graw Hill, 2010.

FRANCIS, J. C. Portfolio Analysis. In: LEE, C.-F.; LEE, A. C.; LEE, J.

C. (Eds.). . Handbook of Quantitative Finance and Risk

Management. 1 ed. Springer, 2010. p. 259–266.

GITMAN, L. J. PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO

FINANCEIRA. 12 ed. São Paulo: Pearson, 2009.

GRAHAM, B. The Intelligent Investor: The definite book of value

investing. Rev ed. 4 New York: HarperCollins, 2006.

GRINOLD, R. C.; KAHN, R. N. The Efficiency Gains of Long-Short

Investing. Financial Analysts Journal, v. 56, n. 6, p. 40–53, 2000.

GUPTA, G.; KHOON, C.; SHAHNON, S. How many securities make a

diversified portfolio in KLSE stocks. Asian Academy of Management

Journal, v. 6, n. 1, p. 63–79, 2001.

HAUGEN, R. A. Modern Investment Theory. 4 ed. New York:

Prentice Hall, 1997.

HUANG, A. Y. Forecast of value at risk for equity indices : an

analysis from developed and emerging markets. v. 10, n. 4, p. 393–

409, 2009.

HULL, J. C. Options, Futures and Other Derivatives. 9 ed. New

York: Pearson Prentice Hall, 2014.

IBGE. População: projeções e estimativas da população do Brasil. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>.

Acesso em: 10 maio. 2018.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

98

KRITZMAN, M. What practitioners need to know about time

diversification. Financial Analysts Journal, v. 71, n. 1, p. 29–34, 2015.

KUMAR, R.; MITRA, G.; ROMAN, D. Long-Short Portfolio

Optimisation in the Presence of Discrete Asset Choice Constraints and

Two Risk Measures. Ssrn, v. 13, n. 2, 2008.

LEE, C.-F.; LEE, A. C.; LEE, J. C. Handbook of Quantitative Finance

and Risk Management. [s.l.] Springer, 2010.

LEE, C.; FINNERTY, J. E.; WORT, D. H. Capital Asset Pricing Model

and Beta Forecasting. In: LEE, C.-F.; LEE, A. C.; LEE, J. C. (Eds.).

Handbook of Quantitative Finance and Risk Management. 1 ed.

[s.l.] Springer, 2010. p. 93–109.

LO, A. W.; PATEL, P. N. 130/30: The New Long-Only. The Journal

of Portfolio Management, p. 12–38, 2008.

LUEDERS, A. Investindo em Small Caps: um roteiro completo para

se tornar um investidor de sucesso. 2 ed. Rio de Janeiro: Alta Books,

2017.

MAGLIANO FILHO, R. Revolução na bolsa. Sala do empresário, v.

17, n. 546, 2002.

MANAGEMENT, J. P. M. A. Spotlight on: 130/30. J.P. Morgan

Investiment Insights, 2012.

MARCONI, M.; LAKATOS, E. Fundamentos de metodologia

científica. 5 ed. Atlas, 2003.

MARKOWITZ, H. Portfolio Selection. The Journal of Finance, v. 7,

n. 1, p. 77–91, 1952.

MARQUES, S. et al. Comparação de Desempenhos de Carteiras

Otimizadas pelo Modelo de Markowitz e a Carteira de Ações do

Ibovespa. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, v. 1, n. 1, p. 20–37, 2013.

MICHAUD, R. O. Are Long-hort Equity Strategies Superor ? Financial

Analysts Journal, v. 49, n. 6, p. 44–49, 1993.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

99

MICHAUD, R. O.; MICHAUD, R. O. Efficient Asset Management: A

Practical Guide to Stock Portfolio Optimization and Asset

Allocation. 2 ed. New York: Oxford University Press, 2008.

PÓVOA, A. Valuation: Como precificar ações. 2 ed. Elsevier, 2012.

RANGEL, L. L.; DALMÁCIO, F. Z.; TEIXEIRA, A. J. C. A

Relevância dos Indicadores Contábeis para Estimativa de Retorno das

Ações: um Estudo Empírico no Setor de Metalurgia e Siderurgia.

SIMPÓSIO FUCAPE DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA, n. 3, p. 1–16,

2005.

RASSIER, L. H. Entenda o mercado de ações. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2009.

ROSS, S. et al. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. 10 ed. São

Paulo: Mc Graw Hill, 2015.

RUBESAM, A.; BELTRAME, A. L. Carteiras de Variância Mínima no

Brasil. Revista Brasileira de Finanças, v. 11, n. 1, p. 81–118, 2013.

SANTOS JUNIOR, L. C. ANÁLISE EXPERIMENTAL DO EFEITO

DA DIVERSIFICAÇÃO EM CARTEIRAS DE AÇÕES: A

RELAÇÃO ENTRE RISCO E QUANTIDADE DE ATIVOS SOB A

ÓTICA DA ESTRATÉGIA INGÊNUA. [s.l.] Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, 2012.

SEC. Short Sale Restriction. Disponível em:

<https://www.sec.gov/answers/shortrestrict.htm>. Acesso em: 18 set.

2018.

SHARPE, W. Capital Asset Prices: A Theory of Market Equilibrium

Under Conditions of Risk. The Journal of Finance, v. 19, n. 3, p. 425–

442, 1964.

SHARPE, W. F. Mutual Fund Performance. The Journal of Business,

v. 39, n. 1, p. 119–138, 1966.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

100

SILVA, A. D.; NEVES, R. F.; HORTA, N. Portfolio Optimization

Using Fundamental Indicators Based on Multi-Objective EA. 1 ed.

Warsaw, Poland: SpringerBriefs in Applied Sciences and Technology,

2016.

SIMONS, K. The Use of Value at Risk by Institutional. New England

Economic Review, 2000.

STATMAN, M. The Diversification Puzzle. Financial Analysts

Journal, v. 60, n. 4, p. 44–53, 2004.

TURRIONI, J. B.; MELLO, C. H. P. Metodologia de pesquisa em

engenharia de produção. Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI,

p. 191, 2012.

ZAREMBA, A.; SHEMER, J. Country asset allocation: Quantative

Country Selection Strategies in Global Factor Investing. 1 ed.

Palgrave Macmillan US, 2017.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

101

APÊNDICE A - COMPOSIÇÃO DAS CARTEIRAS

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 1

Consumo Cíclico Grendene GRND3 1

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA3 1

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Saúde Hypera HYPE3 1

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Utilidades Básicas Trans Paulista TRPL4 1

Perfil Conservador - Carteira 1

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 1

Bens Industriais Ecorodovias ECOR3 2

Consumo Cíclico Grendene GRND3 1

Consumo Cíclico Eztec EZTC3 2

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Consumo Não Cíclico SLC Agricola SLCE3 2

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA3 1

Financeiro e Outros B3 B3SA3 2

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Materiais Básicos Suzano SUZB3 2

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Petróleo e Gás Cosan CSAN3 2

Saúde Hypera HYPE3 1

Saúde Odontoprev ODPV3 2

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Tecnologia da Informação Totvs TOTS3 2

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Telecomunicações Vivo VIVT3 2

Utilidades Básicas Trans Paulista TRPL4 1

Utilidades Básicas Taesa TAEE11 2

Perfil Conservador - Carteira 2

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

102

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 1

Bens Industriais Ecorodovias ECOR3 2

Bens Industriais Csu Cardsystem CARD3 3

Consumo Cíclico Grendene GRND3 1

Consumo Cíclico Eztec EZTC3 2

Consumo Cíclico Cia Hering HGTX3 3

Consumo Cíclico Kroton KROT3 4

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Consumo Não Cíclico SLC Agricola SLCE3 2

Consumo Não Cíclico Ambev ABEV3 3

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA3 1

Financeiro e Outros B3 B3SA3 2

Financeiro e Outros Sul America SULA11 3

Financeiro e Outros Multiplan MULT3 4

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Materiais Básicos Suzano SUZB3 2

Materiais Básicos Vale VALE3 3

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Petróleo e Gás Cosan CSAN3 2

Petróleo e Gás Ultrapar UGPA3 3

Saúde Hypera HYPE3 1

Saúde Odontoprev ODPV3 2

Saúde Qualicorp QUAL3 3

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Tecnologia da Informação Totvs TOTS3 2

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Telecomunicações Vivo VIVT3 2

Utilidades Básicas Trans Paulista TRPL4 1

Utilidades Básicas Taesa TAEE11 2

Utilidades Básicas Sanepar SAPR4 3

Perfil Conservador - Carteira 3

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

103

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 1

Bens Industriais Ecorodovias ECOR3 2

Bens Industriais Csu Cardsystem CARD3 3

Bens Industriais Weg WEGE3 4

Bens Industriais CCR CCRO3 5

Consumo Cíclico Grendene GRND3 1

Consumo Cíclico Eztec EZTC3 2

Consumo Cíclico Cia Hering HGTX3 3

Consumo Cíclico Kroton KROT3 4

Consumo Cíclico Smiles SMLS3 5

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Consumo Não Cíclico SLC Agricola SLCE3 2

Consumo Não Cíclico Ambev ABEV3 3

Consumo Não Cíclico Mdias MDIA3 4

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA3 1

Financeiro e Outros B3 B3SA3 2

Financeiro e Outros Sul America SULA11 3

Financeiro e Outros Multiplan MULT3 4

Financeiro e Outros Cielo CILE3 5

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Materiais Básicos Suzano SUZB3 2

Materiais Básicos Vale VALE3 3

Materiais Básicos Unipar UNIP6 4

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Petróleo e Gás Cosan CSAN3 2

Petróleo e Gás Ultrapar UGPA3 3

Petróleo e Gás Petrorio PRIO3 4

Saúde Hypera HYPE3 1

Saúde Odontoprev ODPV3 2

Saúde Qualicorp QUAL3 3

Saúde Raia Drogaria RADL3 4

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Tecnologia da Informação Totvs TOTS3 2

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Telecomunicações Vivo VIVT3 2

Utilidades Básicas Trans Paulista TRPL4 1

Utilidades Básicas Taesa TAEE11 2

Utilidades Básicas Sanepar SAPR4 3

Utilidades Básicas Equatorial EQTL3 4

Utilidades Básicas Sabesp SBSP3 5

Perfil Conservador - Carteira 4

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

104

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Csu Cardsyst CARD3 1

Consumo Cíclico Vulcabras VULC3 1

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Financeiro e Outros General Shop GSHP3 1

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Saúde Qualicorp QUAL3 1

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Utilidades Básicas Emae EMAE4 1

Perfil Agressivo - Carteira 1

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Csu Cardsyst CARD3 1

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 2

Consumo Cíclico Vulcabras VULC3 1

Consumo Cíclico Grendene GRND3 2

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Consumo Não Cíclico Excelsior BAUH4 2

Financeiro e Outros General Shop GSHP3 1

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA4 2

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Materiais Básicos Cristal CRPG5 2

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Petróleo e Gás Petrorio PRIO3 2

Saúde Qualicorp QUAL3 1

Saúde Hypera HYPE3 2

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Tecnologia da Informação Totvs TOTS3 2

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Telecomunicações Vivo VIVT4 2

Utilidades Básicas Emae EMAE4 1

Utilidades Básicas Sanepar SAPR4 2

Perfil Agressivo - Carteira 2

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

105

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Csu Cardsyst CARD3 1

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 2

Bens Industriais Schulz SHUL4 3

Consumo Cíclico Vulcbras VULC3 1

Consumo Cíclico Grendene GRND3 2

Consumo Cíclico Grazziotin CGRA4 3

Consumo Cíclico Eztec EZTC3 4

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Consumo Não Cíclico Excelsior BAUH4 2

Consumo Não Cíclico SLC Agricola SLCE3 3

Financeiro e Outros General Shop GSHP3 1

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA4 2

Financeiro e Outros Banrisul BRSR6 3

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Materiais Básicos Cristal CRPG5 2

Materiais Básicos Unipar UNIP6 3

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Petróleo e Gás Petrorio PRIO3 2

Petróleo e Gás Cosan Ltd CZLT33 3

Saúde Qualicorp QUAL3 1

Saúde Hypera HYPE3 2

Saúde Odontoprev ODPV3 3

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Tecnologia da Informação Totvs TOTS3 2

Tecnologia da Informação Senior Solution SNLS3 3

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Telecomunicações Vivo VIVT4 2

Utilidades Básicas Emae EMAE4 1

Utilidades Básicas Sanepar SAPR4 2

Utilidades Básicas Tran Paulista TRPL4 3

Perfil Agressivo - Carteira 3

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

106

Setor Nome Código Rank

Bens Industriais Csu Cardsyst CARD3 1

Bens Industriais Fras-Le FRAS3 2

Bens Industriais Schulz SHUL4 3

Bens Industriais Tegma TGMA3 4

Consumo Cíclico Vulcbras VULC3 1

Consumo Cíclico Grendene GRND3 2

Consumo Cíclico Grazziotin CGRA4 3

Consumo Cíclico Eztec EZTC3 4

Consumo Cíclico Ser Educa SEER3 5

Consumo Não Cíclico Brasilagro AGRO3 1

Consumo Não Cíclico Excelsior BAUH4 2

Consumo Não Cíclico SLC Agricola SLCE3 3

Consumo Não Cíclico M. Dias Branco MDIA3 4

Financeiro e Outros General Shop GSHP3 1

Financeiro e Outros Itaúsa ITSA4 2

Financeiro e Outros Banrisul BRSR6 3

Financeiro e Outros Abc Brasil ABCB4 4

Financeiro e Outros Sierra Brasil SSBR3 5

Materiais Básicos Ferbasa FESA4 1

Materiais Básicos Cristal CRPG5 2

Materiais Básicos Unipar UNIP6 3

Materiais Básicos Vale VALE3 4

Petróleo e Gás Qgep Part QGEP3 1

Petróleo e Gás Petrorio PRIO3 2

Petróleo e Gás Cosan Ltd CZLT33 3

Petróleo e Gás Cosan CSAN3 4

Saúde Qualicorp QUAL3 1

Saúde Hypera HYPE3 2

Saúde Odontoprev ODPV3 3

Saúde Fleury FLRY3 4

Tecnologia da Informação Linx LINX3 1

Tecnologia da Informação Totvs TOTS3 2

Tecnologia da Informação Senior Solution SNLS3 3

Telecomunicações Tim TIMP3 1

Telecomunicações Vivo VIVT4 2

Utilidades Básicas Emae EMAE4 1

Utilidades Básicas Sanepar SAPR4 2

Utilidades Básicas Tran Paulista TRPL4 3

Utilidades Básicas Copasa CSMG3 4

Utilidades Básicas Sabesp SBSP3 5

Perfil Agressivo - Carteira 4

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPAR-TAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Frederico Werner de Mascarenhas FILTROS PARA SELEÇÃO

107

APÊNDICE B