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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ESTUDO DA FORMAÇÃO DE MICROEMULSÕES
CONTENDO ÓLEO ESSENCIAL DE Citrus sinensis (L.)
OSBECK: EFEITO DOS CO-TENSOATIVOS E AVALIAÇÃO
DA INTERAÇÃO DAS MICROEMULSÕES COM MODELO DE
ESTRATO CÓRNEO
QUÊNNIA GARCIA MORENO RESENDE
SÃO CRISTÓVÃO
2013
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ESTUDO DA FORMAÇÃO DE MICROEMULSÕES
CONTENDO ÓLEO ESSENCIAL DE Citrus sinensis (L.)
OSBECK: EFEITO DOS CO-TENSOATIVOS E
AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DAS MICROEMULSÕES
COM MODELO DE ESTRATO CÓRNEO
QUÊNNIA GARCIA MORENO RESENDE
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Orientadora: Profª. Drª. Rogéria de Souza Nunes Co-orientador: Prof. Dr. Victor Hugo Vitorino Sarmento
SÃO CRISTÓVÃO
2013
iii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
R433e
Resende, Quênnia Garcia Moreno Estudo da formação de microemulsões contendo óleo essencial
de Citrus sinensis (L.) Osbeck : efeito dos co-tensoativos e avaliação da interação das microemulsões com modelo de estrato córneo / Quênnia Garcia Moreno Resende ; orientadora Rogéria de Souza Nunes. – São Cristóvão, 2014.
115 f. : il.
Dissertação (mestrado em Ciências Farmacêuticas)–Universidade Federal de Sergipe, 2014.
1. Microemulsões. 2. Essências e óleos essenciais. 3. Laranja. 4. Nifedipina. I. Nunes, Rogéria de Souza, orient. II. Título.
CDU 615.451.2
iv
QUÊNNIA GARCIA MORENO RESENDE
ESTUDO DA FORMAÇÃO DE MICROEMULSÕES
CONTENDO ÓLEO ESSENCIAL DE Citrus sinensis (L.)
OSBECK: EFEITO DOS CO-TENSOATIVOS E
AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DAS MICROEMULSÕES
COM MODELO DE ESTRATO CÓRNEO
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Aprovada em: 13/11/2013
_____________________________________________________
Orientadora: Profª. Drª. Rogéria de Souza Nunes
_____________________________________________________
1º Examinador (a): Prof. Dr. Leandro Ramos Souza Barbosa
_____________________________________________________
2º Examinador (a): Profª. Drª. Francilene Amaral da Silva
PARECER
v
Dedico este trabalho à minha família, por todo apoio incondicional na
realização desta etapa em minha vida
vi
"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende."
Leonardo da Vinci
vii
AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por estar
presente nesta encarnação com a família maravilhosa que tenho e
por me guiar nos momentos mais difíceis nesta jornada evolutiva.
Aos meus pais, Eduardo e Margarida, por todo o apoio
incondicional na realização de mais uma etapa em minha vida, por
todas as palavras de conforto e sabedoria nos momentos de difícil
decisão: MUITO OBRIGADA! AMO VOCÊS!
Aos meus irmãos, Eduardo e Laila, por toda a paciência que
tiveram comigo, principalmente, nos momentos mais difíceis,
incluindo, na organização deste trabalho (amo vocês!).
A minha Tia Maria, por todo o amor de segunda mãe, pelas
orações, apoio nos momentos críticos e por ser um alicerce em minha
vida e na vida de meus irmãos!
Aos meus avós Pedro e Neildes (in memorian) que torcem por
mim, por meu sucesso, onde quer que estejam e ao meu avô Gonçalo.
Ao meu namorado, Thiago Pimentel, por toda a paciência em
me escutar, entender minhas ausências, reclamações, frustrações, por
me fazer rir nos momentos de conflito, por tudo! Muito Obrigada! TE
AMO!
Aos meus amigos de longa jornada, Jean e Fernanda, pela
amizade e companheirismo. Apesar da distância, tenho vocês sempre
em pensamento! Obrigada.
A minha orientadora Rogéria, pela oportunidade de ter me
acolhido nesta família chamada “Ladef” e por ter tido confiança em
mim, na realização deste trabalho; MUITO OBRIGADA!
Ao meu co-orientador Víctor, muito obrigada pela confiança,
auxílio e contribuição no entendimento das técnicas utilizadas neste
trabalho.
viii
Aos meus colegas-amigos do LADEF: Viviane, Adélia,
Patrícia, Fernanda, Alyne, Leandro, Joyce, Júlio, Juliana, Sarah,
Adriana, Ellen, Dani, Dayane, Givalda, bem como a galera da
graduação: Dill, Gaby, Ju, Daiane, Gisele, Amanda e minhas
“pupilas”, pois sem vocês eu não teria realizado este trabalho:
Valéria, Marília e Glauce; MUITO OBRIGADA a todos vocês e a
contribuição que cada um fez em meu trabalho!
Aos amigos que fiz durante essa jornada UFS, em especial a
Elisdete, Luciana, Gaby, Vivi, Sandra, Américo, Jaqueline, Amanda,
Rosângela, Marcelly, Fábio, Alessandra. Muito obrigada pela
oportunidade de conhecê-los e por toda a ajuda no laboratório!
Ao pessoal do trabalho, na Secretaria de Saúde de Socorro, em
especial a minha coordenadora Clauderci, por ter sido uma mãe e
por ter entendido meus momentos de ausência, minhas colegas Kátia,
Rose e Judivan, pela amizade; as meninas do setor de medicamentos
(Luana, Paula e Cris) pelo aprendizado e amizade; às farmacêuticas
Sarah e Polyana por todo o conhecimento adquirido e
companheirismo e ao Secretário de Saúde, Saulo Eloy, pela
oportunidade e confiança. MUITO OBRIGADA, de coração, a todos
vocês!
Ao CNPQ e FAPITEC/SE pelo apoio financeiro.
Aos laboratórios Labam, Nuesc (Unit), Agronomia e
Departamento de Física pelo apoio na realização dos experimentos.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente na
realização deste trabalho, MUITO OBRIGADA!
ix
RESUMO
As microemulsões (MEs) são sistemas dispersos, termodinamicamente estáveis, isotrópicos, transparentes, estabilizados por um filme interfacial de compostos tensoativos. Neste trabalho foram obtidas MEs a partir de diferentes co-tensoativos (etanol-ET, isopropanol-ISO e propilenoglicol-PG), óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck (OECS), Tween 80® e tampão fosfato (pH 5.0). Os co-tensoativos foram selecionados por serem toleráveis pela pele. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência dos co-tensoativos na formação de MEs contendo Tween 80, OECS bem como avaliar a influência da nifedipina (NFD) na estrutura dos sistemas formados. As MEs foram obtidas pela construção de diagramas de fase pseudoternário com o propósito de avaliar a influência do co-tensoativo na zona de formação das MEs. A caracterização estrutural desses sistemas foi realizada por Microscopia de Luz Polarizada (MLP), ensaios de condutividade elétrica e espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS). De cada diagrama, foram selecionadas duas formulações, cujo critério foi o sentido de fases, na região de óleo-água (O/A) e bicontínuas, nas quais a NFD foi incorporada. As formulações foram reavaliadas pelas técnicas citadas, a fim de observar a influência da NFD, além de caracterizadas por pH, tamanho de gotícula, índice de polidispersividade (IPD), tensão superficial e reologia. Estudos de interação com modelo de estrato córneo (EC) foram realizados através das técnicas de Calorimetria exploratória diferencial (DSC) e Espectroscopia na região de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Nos diagramas foi observada uma maior região de formação das MEs para o ISO (acima de 40% de T/Cot) ao contrário dos co-tensoativos ET e PG. Ao avaliar a condutividade elétrica foi observado que o aumento da fração aquosa proporcionou um aumento na condutividade. As curvas de SAXS demonstraram que todos os sistemas foram característicos de estruturas micelares e à medida que o conteúdo aquoso foi adicionado, observou-se a formação de estruturas com maiores dimensões. Logo, a partir dos resultados obtidos, a NFD foi incorporada nas formulações selecionadas. As MEs apresentaram-se como sistemas estáveis, isotrópicos, translúcidos, tamanho de gotículas entre 16 e 34 nm, IPD abaixo de 0,5 e pH na faixa de 5,64 a 6,07, compatíveis com a pele e pH de estabilidade da NFD. Nos ensaios de condutividade para cada co-tensoativo, as MEs foram classificadas como bicontínuas e O/A. As MEs apresentaram redução da tensão superficial, sendo que as formulações contendo ISO apresentaram um valor de tensão (24,764 mN/m) inferior aos demais co-tensoativos (ET- 29,512 mN/m e PG- 31,784 mN/m), confirmado pela avaliação do diâmetro de gotas e obtenção do diagrama de fases. As MEs apresentaram comportamento newtoniano, com os índices de consistência (k) maiores nas formulações com proporções mais elevadas de T/Cot, resultado que corroborou com as estruturas observadas por SAXS. As técnicas de DSC e FTIR demonstraram a utilização das MEs como promotores de permeação, a partir das interações proporcionadas com modelo de EC. Logo, os diagramas elucidaram a influência do co-tensoativo na área de formação de MEs e os mesmos não sofreram interferência da NFD, sugerindo a sua utilização como promotores de permeação em aplicação sobre a pele. PALAVRAS-CHAVES: Microemulsão, óleo Citrus sinensis, co-tensoativos, nifedipina, estrato córneo.
x
ABSTRACT
Microemulsions (MEs) are dispersed systems, thermodynamically stable, isotropic, transparent, and stabilized by an interfacial film of surfactant compounds. In this study were obtained MEs from differents co - surfactant (ethanol - ET, isopropanol-ISO and propylene glycol - PG), Citrus sinensis (L.) Osbeck essential oil (CSEO), Tween 80 ® and phosphate buffer (pH 5.0). The co - surfactants were selected because they are tolerated by the skin. Therefore, the aim of the study was to evaluate the influence of co - surfactants in the formation of MEs containing Tween 80, CSEO and evaluate the influence of nifedipine (NFD) in the structure of systems formed. The MEs were obtained by constructing diagrams of pseudo-ternary phase in order to evaluate the influence of co-surfactant in the formation of MEs. The structural characterization of these systems was obtained by Polarized Light Microscopy (MLP), test electrical conductivity and Small angle X-ray scattering (SAXS). In each diagram, two formulations were selected, which was the criterion sense phase, in the O / A and bicontinuous, in which the NFD is incorporated. The formulations were evaluated by the techniques mentioned, to observe the influence of NFD and characterized by pH, droplet size, polydispersity index (PDI), surface tension and rheology. Interaction studies with model stratum corneum (SC) were performed using the techniques of differential scanning calorimetry (DSC) and Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR). In the diagrams showed the greatest formation region of the MEs to the ISO (above 40 % T / Cot) instead of the co- surfactants ET and PG. When assessing the electrical conductivity has been observed that increasing the aqueous fraction resulted in an increase in conductivity. The SAXS curves demonstrated that all systems are characteristic of micellar structures and as the water content was added, it was observed the formation of larger structures. Therefore, from the results obtained, the NFD has been incorporated in the formulations selected. The MEs presented as stable systems, isotropic, translucent droplet size between 16 and 34 nm, PDI below 0.5 and pH in the range of 5.64 to 6.7, compatible with the skin and pH stability of the NFD. In conductivity tests for each co - surfactant, the MEs were classified as bicontinuous and O / A. The MEs exhibited reduced surface tension and the formulations containing ISO submitted a surface tension value (24,764 mN / m) lower than the other co - surfactants (ET – 29.512 mN/m PG – 31.784 mN/m), confirmed by the evaluation of the droplet diameter and obtaining the phase diagram. The MEs exhibited Newtonian behavior, with consistency indices (k) higher in formulations with higher proportions of T / Cot, result corroborated the structures observed by SAXS. The DSC and FTIR techniques have demonstrated the use of the MEs as permeation promoters, provided from interactions with SC model. Therefore, the diagrams have elucidated the effect of co- surfactant in the formation of MEs and the same interference suffered no NFD, suggesting their use as permeation enhancers on the skin on application. KEYWORDS: microemulsion, Citrus sinensis oil, co-surfactants, nifedipine, stratum corneum.
xi
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS ..................................................................................... xiii
ÍNDICE DE TABELAS ................................. .................................................... xv
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................... ......................................... 19
2.1. Anatomia e histologia da pele................. ....................................................... 19
2.2. A pele como via de administração para fármacos ....................................... 21
2.3. Promotores de permeação ...................... ....................................................... 23
2.4. Óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck ............................................ . 26
2.5. Microemulsões................................. ............................................................... 30
2.7. Diagrama de fases ............................ .............................................................. 39
2.8. Métodos de caracterização .................... ........................................................ 41 2.8.1. Microscopia de luz polarizada .................................................................................... 41 2.8.2. Condutividade elétrica................................................................................................ 42 2.8.3. Espalhamento dinâmico de luz .................................................................................. 43 2.8.4. Tensão superficial ...................................................................................................... 44 2.8.5. Reologia ..................................................................................................................... 45 2.8.6. Espalhamentos de raios-X a baixo ângulo (SAXS) ................................................... 47
2.9 Técnicas de Calorimetria Exploratória Diferenci al (DSC) e Espectroscopia de absorção na região do Infravermelho com Transfor mada de Fourrier (FTIR) para avaliação da interação de promotores de permea ção com EC.................. 50
2.9.1 DSC ............................................................................................................................. 50 2.9.2. FTIR ........................................................................................................................... 52
2.10. Nifedipina- Fármaco modelo para estudos de pe rmeação cutânea .......... 56
3. Objetivos ...................................... ............................................................... 59
3.1. Geral ........................................ ........................................................................ 59
3.2. Específicos .................................. .................................................................... 59
4. Material e métodos ............................. ........................................................ 60
4.1. Material ..................................... ....................................................................... 60 4.1.1. Solventes e reagentes ............................................................................................... 60 4.1.2. Equipamentos e vidrarias .......................................................................................... 60
4.2. Métodos ...................................... ..................................................................... 61 4.2.1. Extração e Caracterização do OECS ........................................................................ 61
4.2.1.1. Extração do óleo essencial ................................................................................. 61 4.2.1.2. Análise de Densidade do OECS ......................................................................... 62 4.2.1.3. Identificação dos constituintes químicos do OECS ............................................. 62
4.2.2. Obtenção das microemulsões através de diagrama de fases pseudo ternário......... 63 4.2.3. Seleção das formulações e incorporação do fármaco de estudo .............................. 64 4.2.4. Caracterização das microemulsões obtidas .............................................................. 65
4.2.4.1. Microscopia de luz Polarizada ............................................................................. 65 4.2.4.2. Espalhamento dinâmico de luz ........................................................................... 65 4.2.4.3. Condutividade elétrica ......................................................................................... 66 4.2.4.4. Determinação do pH............................................................................................ 66 4.2.4.5. Espalhamento de Raios-X a baixo ângulo .......................................................... 66 4.2.4.6. Reologia .............................................................................................................. 66 4.2.4.7. Determinação da tensão superficial das formulações selecionadas .................. 67
xii
4.2.5. Estudo de interação das MEs com modelo de EC .................................................... 67 4.2.5.1. Preparação das amostras ................................................................................... 68 4.2.5.2. Avaliação por DSC .............................................................................................. 68 4.2.5.3. FTIR ..................................................................................................................... 68
4.2.6. Análise estatística ...................................................................................................... 68
5. Resultados e discussão.......................... ................................................... 69
5.1. Rendimento e densidade do OECS ............... ................................................ 69 5.1.1. Constituintes químicos do OECS ............................................................................... 69
5.2. Obtenção do diagrama de fases ................ .................................................... 70
5.3. Caracterização estrutural das microemulsões .. ........................................... 73
5.4. Caracterização das microemulsões selecionadas ....................................... 78
5.5. Estudo da interação das MEs com modelo de EC . ...................................... 91 5.5.1. Avaliação da interação por DSC ................................................................................ 91 5.5.2. Avaliação da interação por FTIR ............................................................................... 93
6. Conclusões ..................................... ............................................................ 96
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 98
xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Representação esquemática das três camadas da pele humana. .. 19
Figura 2 - Representação esquemática dos locais de ação dos promotores de permeação nos lipídios intercelulares do EC ...................................................... 23
Figura 3 - Partes aéreas da planta Citrus sinensis (L.) Osbeck. ....................... 28
Figura 4 - Estrutura química do D-limoneno ...................................................... 29
Figura 5 - Representação esquemática dos três tipos de ME mais comumente encontradas (1) óleo/água; (2) bicontínua e (3) água/óleo ................................ 31
Figura 6 - Representação esquemática de uma molécula tensoativa .............. 34
Figura 7 - Estrutura química do Tween 80® ....................................................... 35
Figura 8 - Esquema do comportamento do tensoativo em função da tensão superficial, indicando a CMC ............................................................................... 36
Figura 9 - Estrutura química dos co-tensoativos Etanol absoluto (A), Álcool Isopropílico (B) e Propilenoglicol (C) ................................................................... 39
Figura 10 - Representação esquemática do diagrama de fases, sendo (T) tensoativo, (A) fase aquosa e (O) fase oleosa .................................................... 41
Figura 11 - Tipos de comportamento de fluxo.................................................... 46
Figura 12 - Organização molecular dos lipídios do EC. Esquemas da conformação da cadeia e da cadeia lateral, nos formatos ortorrômbico (OR), hexagonal (HEX) e líquido-cristalina (LIQ) .......................................................... 56
Figura 13 - Estrutura química da nifedipina ....................................................... 57
Figura 14 - Esquema de extração de OECS ...................................................... 62
Figura 15 - Cromatograma do OECS. ................................................................ 70
Figura 16 - Diagrama de fases pseudo ternário. (A) sistema contendo álcool etílico, (B) sistema contendo álcool isopropílico, (C) sistema contendo propilenoglicol, (OECS) óleo essencial de Citrus sinensis, (TF) tampão fosfato pH 5.0, (T/EtOH) Tween® 80/etanol absoluto, (T/ISO) Tween® 80/álcool isopropílico,(T/PG) Tween® 80/propilenoglicol, (ME) Microemulsão, (E) Emulsão e (SF) Separação de Fases. ................................................................ 73
Figura 17 - Fotomicrografia representativa de um comportamento isotrópico (campo escuro), obtida da Microemulsão (ME) do Ensaio 1, 6:4 (co-tensoativo: etanol absoluto). A seta indica a presença de bolha de ar para comprovar o campo escuro. ...................................................................................................... 74
Figura 18 - Condutividade elétrica das formulações contendo OECS: Tween® 80 e os co-tensoativos etanol absoluto, álcool isopropílico e propilenoglicol. ... 75
Figura 19 - Avaliação estrutural das formulações referentes a cada co-tensoativo (etanol absoluto (A), álcool isopropílico (B) e propilenoglicol (C)) por SAXS. ................................................................................................................... 77
xiv
Figura 20 - Microemulsões (ME) selecionadas (ET1, PG1, ISO1 e ET2, ISO2, PG2), a partir do diagrama de fases, na ausência (A) e presença da Nifedipina (NFD) (B). ............................................................................................................. 78
Figura 21 - Tensão superficial das formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2 e PG2 na ausência e presença da Nifedipina (NFD), n=12 .................................. 81
Figura 22 - Reogramas das formulações ET1, ISO1, PG1 (A) e ET2, ISO2, PG2 (B), na ausência e presença de Nifedipina (NFD). ..................................... 85
Figura 23 - Avaliação estrutural das formulações ET1 (A), ISO1 (B), PG1 (C) na ausência e presença de Nifedipina (NFD) por SAXS. ................................... 88
Figura 24 - Avaliação estrutural das formulações ET2 (A), ISO2 (B), PG2 (C) na ausência e presença de Nifedipina (NFD) por SAXS. ................................... 90
Figura 25 - Curva de DSC do EC tratado com controle (água destilada), solução hidroaloólica de OECS 4% e formulações ET1, ISO1 e PG1. ............. 92
Figura 26 - Curva de DSC do EC tratado com controle (água destilada), solução hidroalcoólica de OECS 4% e formulações ET2, ISO2 e PG2. ............ 93
Figura 27 - Espectros de FTIR do EC tratado com controle (água destilada), solução hidroalcoólica de OECS 4% e formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2 e PG2. ......................................................................................................... 94
xv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Formas de empacotamento crítico possíveis para moléculas de substâncias tensoativas em função de diferentes valores de empacotamento crítico .................................................................................................................... 37
Tabela 2 - Grupamentos químicos de moléculas orgânicas do EC e as frequências características no infravermelho ...................................................... 54
Tabela 3 - Composição centesimal dos sistemas obtidos a partir do diagrama de fases. ............................................................................................................... 65
Tabela 4 - Constituintes Químicos do OECS. .................................................... 70
Tabela 5 - Valores de pH, condutividade, tamanho de gotícula e índice de polidispersividade (IPD) na ausência (S/NFD) e presença (C/NFD) de Nifedipina (NFD), nas formulações selecionadas a partir do diagrama de fases.80
Tabela 6 - Valores de tensão superficial das formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2, PG2 na ausência (S/NFD) e presença de Nifedipina (C/NFD) ....... 83
Tabela 7 - Valores de tensão superficial dos constituintes individuais presentes nas formulações. .................................................................................................. 83
Tabela 8 - Comportamento reológico das formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2, PG2, na ausência (S/NFD) e presença de Nifedipina (C/NFD) pelo Modelo de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potência) ................................................ 87
16
1. INTRODUÇÃO
A pele tem sido descrita como uma via alternativa para a administração
de fármacos, podendo ser esperado um efeito local (liberação tópica) ou
sistêmico (liberação transdérmica), com a vantagem na conveniência da
aplicação (PRAUSNITZ; MITRAGOTRI; LANGER, 2004). A possibilidade de
uma baixa penetração de fármacos, condicionada às características físico-
químicas destes, devem ser consideradas. Esta limitação está associada à
função barreira, exercida principalmente pelo estrato córneo (EC), subcamada
mais externa da pele (GRATIERI; GELFUSO; LOPEZ, 2008).
Neste sentido, muitas estratégias têm sido utilizadas para aumentar a
permeação de fármacos na pele. Dentre estas, pode-se elencar os sistemas
supersaturados de fármacos (PELLETT et al., 1997b; LEVEQUE et al., 2006;
SANTOS et al., 2011), a técnica da iontoforese (TROMMER; NEUBERT, 2006;
GRATIERI; GELFUSO; LOPEZ, 2008; NICOLI et al., 2009), a eletroporação ou
sonoforese (GUOQIANG et al., 2007; GRANOT; RUBINSKY, 2008; SAMMETA;
VAKA; MURTHY, 2010), a utilização dos promotores de permeação químicos
(MARTINS; VEIGAS, 2002; WILLIAMS; BARRY, 2004; MOHAMMED et al.,
2007), a encapsulação de fármacos em sistemas de liberação vesicular (EL
MAGHRABY, 2006; KUMAR; RAJESHWARSAO, 2011; MAHALE et al., 2012)
e/ou microemulsões (ME) (KOGAN; GARTI, 2006; EL MAGHRABY,
2008;FASOLIN; SANTANA; CUNHA, 2012).
Os promotores de permeação químicos, representados por alcoóis,
pirrolidonas, tensoativos, monoterpenos e ácidos graxos (OLIVEIRA et al.,
2004) tem sido amplamente estudados. Esses aumentam a difusão de
fármacos, através da pele, possivelmente pela alteração reversível da
composição e/ou organização lipídica e proteica, inter e intracelular do EC
(THOMAS; PANCHAGNULA, 2003; LIRA et al., 2004; CHORILLI et al., 2007;
SILVA et al., 2010).
Os sistemas de liberação de fármacos, tais como MEs, nanoemulsões
e lipossomas, apresentam-se como atrativos ao promoverem o aumento da
permeação de fármacos, pois são capazes de compartimentalizar substâncias
17
ativas e direcioná-las para os alvos onde deverão exercer o seu efeito
farmacológico (SILVA et al., 2009). Esses sistemas são classificados como
reservatórios, nos quais o fármaco se encontra separado do meio de
dissolução, através de uma interface (ME) ou uma membrana (lipossomas)
(OLIVEIRA et al., 2004).
Neste sentido, as MEs apresentam-se como sistemas reservatórios
em que a fase interna constitui um microambiente restrito, com propriedades
particulares, podendo compartimentalizar moléculas com diferentes polaridades
(OLIVEIRA et al., 2004; SILVA et al., 2010). Esses sistemas representam
formulações farmacêuticas versáteis para diversas aplicações, entre elas, a
liberação do fármaco na/através da pele (SINTOV; BOTNER, 2006). Os
sistemas microemulsionados podem ser definidos como sistemas
termodinamicamente estáveis, isotrópicos, transparentes, obtidos a partir da
mistura de dois líquidos imiscíveis, usualmente água e óleo, estabilizados por
um filme interfacial de compostos tensoativos, localizados na interface
óleo/água (FORMARIZ et al., 2005). Oferecem vantagens quando comparados
aos sistemas tradicionais de liberação de fármacos, devido as suas
características, como formação espontânea, estabilidade termodinâmica e alta
capacidade de solubilização de moléculas (KARANDE; MITRAGOTRI, 2009).
Os sistemas microemulsionados vêm sendo amplamente pesquisados
quanto a sua capacidade em promover a permeação de fármacos hidrofílicos e
lipofílicos, através da pele, quando comparados a outras formas farmacêuticas,
como soluções aquosas, soluções micelares, emulsões e lipossomas
(KREILGAARD, 2002; SILVA et al., 2010; YUAN et al., 2010). Estudos in vitro e
in vivo, envolvendo esses sistemas, com fármacos analgésicos e
antiinflamatórios, demonstraram que houve uma maior permeação desses
fármacos em experimentos com pele de rato, sugerindo que as MEs são
eficientes promotores de permeação (DJORDJEVIC et al., 2004; LEE et al.,
2005; YUAN et al., 2006; OKUR et al., 2011).
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi desenvolver sistemas
microemulsionados utilizando o diagrama de fases pseudoternário, a partir de
diferentes co-tensoativos e do óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck
18
(OECS), como fase interna oleosa. A influência dos co-tensoativos, na
formação das MEs, foi avaliada, assim como a interferência da Nifedipina
(NFD), fármaco modelo, na organização estrutural do sistema. O OECS, cujo
constituinte majoritário é o monoterpeno D-limoneno, foi selecionado devido a
relatos que indicam o seu componente majoritário como promotor de
permeação cutânea (CALPENA et al., 1994; OKABE et al., 1994; LIM et al.,
2006, BRITO, 2011).
19
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Anatomia e histologia da pele
A pele (Figura 1), maior órgão do corpo humano, é um órgão de
revestimento complexo e heterogêneo, constituído essencialmente por três
camadas: superior (epiderme), intermediária (derme) e profunda (a hipoderme
ou gordura subcutânea). Apresenta a função de proteção exercendo o papel de
barreira térmica, química, microbiana, assim como na função de proteção,
frente às radiações solares, a partir da pigmentação (BATISTELA; CHORILLI;
LEONARDI, 2007).
Figura 1 - Representação esquemática das três camadas da pele humana. Fonte: http://www.saudeparavoce.com.br/pintanapele/anatomia.htm.
A camada mais externa da pele, a epiderme, é subdividida em várias
camadas anatômicas, cada qual representando um estágio de diferenciação
celular: a camada mais superficial é chamada camada córnea ou estrato
córneo (EC). As demais camadas são a granulosa, espinhosa e basal. As
diferentes camadas mostram as fases de diferenciação celular, que, a partir
dos estratos mais profundos, sofrem processo de modificação o qual leva a
cornificação à medida que atingem os estratos mais superficiais (CEVC;
VIERL, 2006).
20
A camada basal, conhecida também por germinativa, é a mais
profunda, separa a epiderme da derme. É chamada germinativa por possuir
células-tronco, de linhagem já comprometida com a diferenciação epitelial de
revestimento. Desta forma, essas células são responsáveis, juntamente com a
porção mais superficial da camada espinhosa, pela renovação epidérmica. As
células da camada espinhosa são mais poligonais e apresentam projeções
citoplasmáticas que ancoram as células umas às outras, dando resistência ao
atrito. As células da camada granulosa são constituídas por células
pavimentosas com núcleo central achatado e citoplasma com grânulos
basófilos. Com a diferenciação e amadurecimento celular, esses grânulos
aumentam de tamanho pelo maior conteúdo proteico e o núcleo se desintegra,
resultando na morte das células mais superficiais dessa camada, promovendo
uma constante renovação celular (ROCHA, 2009).
Dentre essas camadas, o EC encontra-se na porção mais externa da
epiderme, sendo formado por várias camadas de células anucleadas envoltas
em uma matriz lipídica. O EC é basicamente proteico (75-80%), sendo que a
maior parte é constituída de α-queratina e uma pequena porção de β-queratina
amorfa. Juntos, esses componentes tornam os corneócitos (denominação
celular para as células desta camada) densos e impermeáveis aos solutos.
Cerca de 10-15% do conteúdo proteico é solúvel em água e os demais
constituintes são formados por uma mistura lipídica complexa (5-15%) e
material não identificado (5-10%) (HARDING, 2004).
A composição lipídica do EC é constituída por ceramidas (50%),
colesterol (25%), ácidos graxos (10%) e os demais constituintes são o sulfato
de colesterol e ésteres. O alto conteúdo de ceramidas com cadeias alifáticas
saturadas, longas e rígidas, formam membranas semipermeáveis e ordenadas,
promovendo à pele resistência as variações de temperatura, exposição a raios
ultravioleta (UV) e oxidação do ar (NARISHETTY; PANCHAGNULA, 2005).
A derme é constituída por espessa camada de tecido conjuntivo que se
apoia à epiderme e se une à hipoderme. Essa compreende as fibras elásticas,
reticulares e colágenas, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, possuindo ainda
receptores especializados, sensíveis à temperatura, pressão, tato e dor. As
21
fibras colágenas promovem a capacidade de distensão à pele, sendo
importante ressaltar a função de nutrição, drenagem linfática, suporte,
elasticidade e resistência à compressão que essa camada proporciona à pele
(CEVC; VIERL, 2006).
A hipoderme une a derme aos tecidos subjacentes; é formada por
tecido conjuntivo associado a grande quantidade de tecido adiposo que quando
desenvolvido, constitui o panículo adiposo que forma uma camada
anatomicamente heterogênea e age como isolante térmico, além de fornecer
reserva de energia sob a forma de triglicerídeos e modelar a superfície corporal
através de influências hormonais do sistema nervoso autônomo e da dieta
(GUIRRO; GUIRRO, 2002; ROCHA, 2009).
Dentre os mecanismos de permeação de fármacos na pele, a via
transcelular (entre os lipídios do EC) representa a principal alternativa
(SAWAMURA; FRANCO, 2004) e depende, principalmente, de suas
propriedades físico-químicas, do seu comportamento quando inserido em um
dispositivo farmacêutico apropriado e da pele (CHORILLI et al., 2007). Logo, a
combinação fármaco/forma farmacêutica deve ser avaliada individualmente
com relação à permeação cutânea e eficácia (SILVA et al., 2010).
Considerando a via cutânea como alternativa e complemento a outras
vias de administração de fármacos, tem-se buscado alternativas para modular
a função barreira do EC e facilitar o transporte de fármacos e macromoléculas
através da pele, utilizando técnicas físicas, compostos químicos e sistemas de
liberação (KARANDE; JAIN; MITRAGOTRI, 2002; PRAUSNITZ; MITRAGOTRI;
LANGER, 2004; BARRY, 2004).
2.2. A pele como via de administração para fármacos
A função essencial da pele é a proteção do organismo diante da
diversidade do meio externo, como agentes físicos, químicos e biológicos. A
pele humana intacta apresenta-se como uma eficiente barreira contra a
penetração e permeação de substâncias exógenas (WILLIAMS e BARRY,
2004).
22
A administração de fármacos, utilizando a pele como via de
administração, é extremamente atrativa não apenas pela possibilidade do seu
direcionamento para doenças cutâneas (administração tópica), mas também
para obtenção de efeito sistêmico (administração transdérmica) (PRAUSNITZ;
MITRAGOTRI; LANGER, 2004). Os objetivos dessa última são evitar
administrações repetidas, manter a concentração plasmática constante e
adequada ao tratamento.
As vantagens dos sistemas de liberação transdérmicos em relação aos
sistemas que são destinados a via oral, por exemplo, são: diminuir as variações
plasmáticas do fármaco; diminuir a frequência de administração; anular a
variabilidade da absorção oral; anular o metabolismo pré-sistêmico; estabelecer
a possibilidade imediata de interromper a administração e constituir-se em boa
alternativa às vias tradicionais de administração de fármacos (MARTINS;
VEIGA, 2002).
Os fármacos que são bons candidatos para serem administrados
através de sistemas de liberação transdérmicos possuem características
específicas, como alta potência; ausência de irritabilidade, quando em contato
com a pele; tempo de meia-vida curto; extensa metabolização hepática; baixa
polaridade; permanência no estado molecular para uma adequada difusão e
baixa massa molecular (MARTINS; VEIGA, 2002).
A permeação cutânea de fármacos pode ser descrita em três fases
principais: 1) liberação do fármaco da formulação para a superfície da pele; 2)
partilha e difusão do fármaco pela pele; e 3) distribuição da molécula no local
de ação pela circulação sistêmica. Modificações nas propriedades do fármaco
(coeficiente de partição, solubilidade, etc.) e/ou da formulação ou sistema de
liberação podem facilitar a penetração de fármacos de interesse (SIMONSEN;
PETERSEN; GROTH, 2002; CHORILLI et al., 2007).
As dificuldades observadas na administração transdérmica de
fármacos estão baseadas no fato de ultrapassar a barreira do EC, visto que
nem todos os fármacos apresentam características adequadas à administração
transdérmica, devido as suas propriedades físico-químicas, incluindo massa
molecular, solubilidade, coeficiente de partição e constante de dissociação
(ALLEN; LOYD, 2007). Dessa forma, estudos vêm sendo desenvolvidos com
fármacos que possuem dificuldades em
esteroides, analgésicos, antivirais
PANCHAGNULA, 2003; DJORDJEVIC et al., 2004; NARISHETTY
PANCHAGNULA, 2005), com o intuito de melhorar a permeação cutânea.
A obtenção de um resultado satisfatório na utilização
transdérmica está baseada
EC. A minimização desse efeito pode ocorrer a partir de uma modificação
reversível da estrutura e/ou composição do EC, alterando a sua função
barreira. Essa modificação pode ser obtida através de promotor
permeação (tais como o álcool e ácidos graxos). Esses vão interagir com a
estrutura da bicamada lipídica, com os grupos das cabeças polares dos lipídios
e com as cadeias hidrofóbicas da bicamada, possivelmente resultando em uma
maior fluidez da membr
representação na Figura 2.
Figura 2 - Representação esquemática dos locais de ação dos promotores de permeação nos lipídios intercelulares do EC. Fonte: MARTINS; VEIGAS, 2002.
2.3. Promotores de permeação
A habilidade de um fármaco, presente em formulações transdérmicas,
em permear a pele depende de sua capacidade de liberação do veículo para a
pele e da difusão por esta barreira para o seu sítio de ação
MITRAGOTRI, 2009; GAMAL; EL MAGHRABY, 2010).
molecular, solubilidade, coeficiente de partição e constante de dissociação
LOYD, 2007). Dessa forma, estudos vêm sendo desenvolvidos com
possuem dificuldades em permear a pele, como corticoides,
cos, antivirais (CALPENA et al., 1994; THOMAS
PANCHAGNULA, 2003; DJORDJEVIC et al., 2004; NARISHETTY
PANCHAGNULA, 2005), com o intuito de melhorar a permeação cutânea.
obtenção de um resultado satisfatório na utilização
transdérmica está baseada na superação do efeito barreira proporcionada pelo
. A minimização desse efeito pode ocorrer a partir de uma modificação
reversível da estrutura e/ou composição do EC, alterando a sua função
barreira. Essa modificação pode ser obtida através de promotor
permeação (tais como o álcool e ácidos graxos). Esses vão interagir com a
estrutura da bicamada lipídica, com os grupos das cabeças polares dos lipídios
e com as cadeias hidrofóbicas da bicamada, possivelmente resultando em uma
r fluidez da membrana (MARTINS; VEIGAS, 2002), conforme
representação na Figura 2.
Representação esquemática dos locais de ação dos promotores de permeação nos lipídios intercelulares do EC. Fonte: MARTINS; VEIGAS, 2002.
2.3. Promotores de permeação
habilidade de um fármaco, presente em formulações transdérmicas,
em permear a pele depende de sua capacidade de liberação do veículo para a
pele e da difusão por esta barreira para o seu sítio de ação
MITRAGOTRI, 2009; GAMAL; EL MAGHRABY, 2010). A difusão de compostos
23
molecular, solubilidade, coeficiente de partição e constante de dissociação
LOYD, 2007). Dessa forma, estudos vêm sendo desenvolvidos com
permear a pele, como corticoides,
(CALPENA et al., 1994; THOMAS;
PANCHAGNULA, 2003; DJORDJEVIC et al., 2004; NARISHETTY;
PANCHAGNULA, 2005), com o intuito de melhorar a permeação cutânea.
obtenção de um resultado satisfatório na utilização da via
na superação do efeito barreira proporcionada pelo
. A minimização desse efeito pode ocorrer a partir de uma modificação
reversível da estrutura e/ou composição do EC, alterando a sua função
barreira. Essa modificação pode ser obtida através de promotores de
permeação (tais como o álcool e ácidos graxos). Esses vão interagir com a
estrutura da bicamada lipídica, com os grupos das cabeças polares dos lipídios
e com as cadeias hidrofóbicas da bicamada, possivelmente resultando em uma
IGAS, 2002), conforme
Representação esquemática dos locais de ação dos promotores de permeação nos
habilidade de um fármaco, presente em formulações transdérmicas,
em permear a pele depende de sua capacidade de liberação do veículo para a
pele e da difusão por esta barreira para o seu sítio de ação (KARANDE;
A difusão de compostos
24
através da pele pode ser descrita pela 1ª lei de Fick (MARTINS; VEIGA, 2002),
conforme a equação 1:
= , .
Onde:
Dm = coeficiente de difusão;
Cs,m = solubilidade do composto na membrana;
L= espessura da membrana;
Cv= concentração do composto no veículo;
Cs,v= solubilidade do composto no veículo.
Baseados nessa lei, três diferentes estratégias podem ser utilizadas
para aumentar a penetração de fármacos na pele (MOSER et al., 2001): o
aumento do coeficiente de difusão do composto (Dm); o aumento da
solubilidade do composto na membrana (Cs,m) e o aumento da concentração do
composto no veículo versus a solubilidade desse composto (Cv / Cs,v) . Essa
última estratégia é a alternativa mais simples e consiste na supersaturação do
veículo com o fármaco, de modo a aumentar sua atividade termodinâmica. As
duas primeiras estratégias baseiam-se num efeito do veículo sobre o EC,
resultando na alteração da função barreira desta camada ou aumento da
partição do composto para a pele (DAMASCENO et al., 2011).
Neste contexto, os promotores de permeação ao interagirem com a
camada mais externa da pele, podem alterar reversivelmente a composição
e/ou organização lipídica e proteica, inter e intracelular do EC, proporcionando
a difusão adequada do fármaco através da pele (NOKHODCHI et al., 2007).
Os promotores de permeação são substâncias que diminuem,
temporariamente, a semipermeabilidade da pele, são farmacologicamente
inativos, podem permear ou interagir com constituintes do EC quando
incorporados em uma formulação transdérmica, diminuindo assim, à resistência
(Eq. 1)
25
da pele a difusão do fármaco, resultando em aumento do seu fluxo (MARTINS;
VEIGA, 2002).
Karande e Mitragotri (2009) descrevem que os promotores podem agir
no aumento da absorção dos fármacos através de alguns mecanismos, tais
como aumento da sua difusibilidade na pele, através da fluidificação lipídica do
EC ou extração de lipídios, ocasionando decréscimo na função de barreira
(ação reversível); aumento e aperfeiçoamento da ação termodinâmica do
fármaco no veículo e na pele, servindo como reservatório do fármaco na pele e
alterando o coeficiente de partição do mesmo, aumentando sua liberação a
partir da formulação para as camadas mais internas da pele.
Dentre as várias substâncias ou classes de substâncias utilizadas
como promotoras de permeação podem-se citar os sulfóxidos e substâncias
químicas similares, como por exemplo, DMSO (dimetilsulfóxido), solvente
aprótico utilizado em várias áreas das ciências farmacêuticas; azona, primeira
molécula desenvolvida especificamente com essa finalidade; pirrolidonas, que
agem preferencialmente em substâncias hidrofílicas; ácidos graxos; alcoóis,
alcoóis graxos e glicóis; tensoativos; fosfolipídios; solventes em altas
concentrações; óleos essenciais e terpenos (CHORILLI et al., 2007).
Os terpenos, dentre os promotores de permeação, são substâncias
clinicamente aceitáveis devido à baixa toxicidade sistêmica, possuem alta
atividade promotora de substâncias e baixa irritação cutânea em baixas
concentrações (1-5%). Aumentam os parâmetros de permeação percutânea
para um grande número de substâncias, incluindo compostos lipofílicos e
hidrofílicos (MONTI et al., 2002). O efeito dos terpenos nas propriedades de
barreira pode ser atribuído à sua habilidade de afetar o empacotamento
intercelular dos lipídios do EC. Entretanto, a alteração lipídica é considerada
reversível e causa baixa irritação cutânea, sendo consideradas moléculas
promissoras em aplicações farmacêuticas (MOHAMMED et al., 2007).
O principal mecanismo de ação dos promotores de permeação é a
desestruturação da bicamada lipídica, promovendo uma maior fluidez,
aumentando assim, o coeficiente de difusão do fármaco. Esse efeito é
26
demonstrado por estudos através das técnicas de Calorimetria Exploratória
Diferencial (DSC) e Espectroscopia de absorção na região do Infravermelho
com Transformada de Fourrier (FTIR), geralmente empregadas para
determinar o modo de ação dos terpenos na permeação de fármacos através
da pele (JAIN; THOMAS; PANCHAGNULA, 2002). A técnica de DSC fornece
informações com relação as mudanças no comportamento termotrópico de
proteínas e lípidios do EC em interação com os promotores, enquanto a técnica
do FTIR fornece informações sobre as alterações moleculares e
conformacionais (VADDI et al., 2002).
Os promotores de permeação devem diminuir temporariamente a
semipermeabilidade da pele, apresentar segurança quanto ao uso e não
devem ser tóxicos para uso pela rota dérmica, ser compatíveis e bons
solventes com os fármacos e excipientes, inodoros e insípidos (WILLIAMS;
BARRY, 2004; MOHAMMED et al., 2007).
Dentre os promotores de permeação, os terpenos são os constituintes
químicos mais frequentes nos óleos essenciais (monoterpenos),
correspondendo a cerca de 90% da composição desses óleos e sendo
compostos por oxigênio, carbono e hidrogênio (WILLIAMS; BARRY, 2004;
BAKKALI et al., 2008).
2.4. Óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck
Os óleos essenciais, também conhecidos por óleos voláteis, são
produtos obtidos de partes aéreas de plantas, secas ou frescas, através de
destilação por arraste com vapor d’água, hidrodestilação, fluido supercrítico,
prensagem, dentre outras técnicas (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009). De
forma geral, são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas,
geralmente odoríferas e líquidas. São solúveis em solventes orgânicos
apolares, como o éter; em água, apresentam solubilidade limitada, mas,
suficiente para aromatizar as soluções aquosas, que são denominadas
hidrolatos (SIMÕES, 2001; BAKKALI et al., 2008; NERIO; OLIVERO-VERBEL;
STASHENKO, 2010).
27
O produto da extração pode variar na quantidade e na qualidade em
função do clima, composição do solo, órgão da planta, idade e fase vegetativa
do ciclo, assim como a técnica de extração. Logo, para a obtenção de óleos
essenciais de composição constante, as condições de extração, órgão da
planta, características agronômicas, clima, entre outros fatores, devem ser
observados (MASOTTI et al., 2003; ANGIONI et al., 2006).
Atualmente, cerca de 300 óleos essenciais são conhecidos e
empregados comercialmente pela indústria alimentícia, cosmética,
domissanitárias e farmacêutica (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009).
Constituem matéria-prima de grande importância para a indústria farmacêutica
onde são utilizados para diversos fins terapêuticos, como antibacterianos,
antifúngicos, antissépticos, sedativo, antiinflamatório, anestésico local,
miorrelaxante, antiespasmódico. Apresentam densidade geralmente mais baixa
do que a da água. (BAKKALI et al., 2008).
São misturas naturais, complexas, contendo 20-60 componentes de
diferentes concentrações. São caracterizados por dois ou três grupos
majoritários em comparação a outros componentes presentes em quantidades
vestigiais. Geralmente, os componentes principais determinam as propriedades
biológicas dos óleos essenciais. São classificados como terpenóides,
subdivididos em monoterpenos (cerca de 90% dos óleos essenciais),
sesquiterpenos e constituintes aromáticos (derivados dos fenil-propanóides)
que são menos frequentes (SIMÕES, 2001; CHEN et al., 2006; BAKKALI et al.,
2008). Os terpenóides constituem uma grande variedade de substâncias
vegetais e esse termo é empregado para designar todas as substâncias cuja
origem biossintética deriva de unidades de isopreno (EDRIS, 2007).
Os óleos essenciais e os terpenos isolados, na terapêutica,
demonstraram uma variedade de ações farmacológicas como, por exemplo,
cardiovascular, antiespasmódica, estimuladora de secreções gastrointestinais,
anestésica local, antiinflamatória e larvicida (CAVALCANTI et al., 2004;
CHANG et al., 2006). Estudos presentes na literatura têm sugerido o uso de
óleos essenciais como promotores de permeação para fármacos hidrofílicos e
lipofílicos, devido à sua alta habilidade em promover a permeação de maneira
28
reversível e produzir baixo potencial de irritação cutânea (ZHANG et al.,2006;
EL MAGHRABY, 2008).
O óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck (OECS), laranja pera,
ilustrado na Figura 3, é obtido das cascas da laranja e apresenta um
rendimento percentual em torno de 10%. Há em sua composição em torno de
98% de D-limoneno e os dois por cento restantes são constituídos de uma
mistura de outros terpenos (entre eles mirceno, α-pineno, alguns aldeídos
monoterpênicos) e aldeídos alifáticos (decanal, octanal, etc.) (BRUNETON,
1993).
Figura 3 - Partes aéreas da planta Citrus sinensis (L.) Osbeck. Fonte: http://pur-element.fr/
O D-limoneno (Figura 4), componente majoritário do OECS, tem sido
utilizado em estudos de permeação de fármacos com o objetivo de aumentar a
permeabilidade desses através da pele (CALPENA et al., 1994; LIM et al.,
2006). Lim et al. (2006) avaliaram a influência dos terpenos D-limoneno
(hidrocarboneto), linalol e 1,8 cineol (esses últimos compostos oxigenados)
empregando-os como promotores de permeação em uma formulação
organogel para a permeação do haloperidol. Os autores concluíram que o D-
limoneno foi o terpeno que apresentou maior efetividade como promotor para
permeação e diminuição do lag time, em experimento empregando pele
humana.
29
CH3
C
H2C
CH3H
Figura 4 - Estrutura química do D-limoneno. Fonte: JUNIOR; PASTORE, 2007.
Ota et al. (2003) estudaram a permeação in vitro do midazolan
empregando os terpenos L-mentol, D-limoneno, β-citronelol e geraniol. Os
autores observaram que a eficácia desses promotores é consideravelmente
maior (principalmente para o D-limoneno) quando comparados a idênticas
quantidades de outros promotores não-terpênicos. Os resultados dos estudos
realizados com pele de rato demonstraram que a formulação contendo
midazolan e o D-limoneno, como promotor de permeação, foi capaz de
favorecer a permeação do fármaco através da pele. Tal fato não ocorreu com
os demais terpenos testados.
Calpena et al. (1994) obtiveram resultados satisfatórios com o D-
limoneno em permeação in vitro, utilizando as peles humana e de rato, estudo
esse que demonstrou uma maior permeação dos fármacos domperidona e
nifedipina com relação ao aumento do fluxo, assim como uma maior
solubilidade dos mesmos, em menor tempo, nas membranas utilizadas.
Estudos com Espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS) indicam
que o D-limoneno e 1,8 cineol desestruturam a bicamada lipídica do EC,
enquanto o sesquiterpeno nerolidol reforça a bicamada, possivelmente por
reorientação ao longo dos lipídios do EC (WILLIANS; BARRY, 2004). Esses
fatos podem sugerir que os possíveis mecanismos de ação dos terpenos, como
promotores de permeação, estejam relacionados com a propriedade de
solubilizar os lipídios do EC, assim como aperfeiçoar a partição do fármaco
nessa camada.
30
Além da utilização dos terpenos, como promotores de permeação, tem
sido bastante relatado o uso de sistemas de liberação como estratégia para
aumentar a permeação de fármacos na pele (SILVA et al., 2009; ZHAO et al.,
2009b; MAHALE et al., 2012). Dentre esses sistemas, as MEs tem apresentado
excelente taxa de penetração no EC, quando comparadas a formulações
convencionais, sendo consideradas, portanto, sistemas terapêuticos que
apresentam grandes possibilidades de promover a permeação e o
direcionamento eficiente de fármacos através da pele (SILVA et al., 2010).
2.5. Microemulsões
As microemulsões (ME) são definidas como sistemas transparentes,
caracterizados pela mistura de óleo, água, tensoativo e co-tensoativo,
formando um sistema termodinamicamente estável. São geralmente
denominados como agregados esféricos com diâmetro muito pequeno, na faixa
de 5 a 140 nm, enquanto que o diâmetro das gotículas de uma emulsão é da
ordem de 0,1 µm a 100 µm. As MEs são classificadas como sistemas coloidais
com diâmetro de partícula menor que ¼ do comprimento de onda da luz
incidente e, portanto, não espalham luz. Esse fato explica porque as MEs são
sistemas opticamente transparentes. (LAWRENCE; REES, 2000; KAWAKAMI
et al., 2002a; KAWAKAMI et al., 2002b).
O sistema microemulsionado possui propriedades como transparência,
isotropia óptica, baixa viscosidade, estabilidade termodinâmica, alta
capacidade de solubilização de componentes em meios de baixa afinidade e
grande área interfacial específica (MOULIK; PAUL, 1998; JÖNSSON et al.,
1998; DAMASCENO et al., 2011).
São capazes de solubilizar fármacos hidrofílicos, lipofílicos e anfifílicos
e se formam espontaneamente com a mistura, em proporções adequadas, de
seus componentes. Esses agregados normalmente são polidispersos, sendo
que a polidispersividade, em geral, aumenta com o tamanho das gotas
(ESPOSITO et al., 2003).
As MEs são superiores às soluções micelares em termos de potencial
de solubilização de substâncias, por isso, são utilizadas para aumentar a
31
solubilização e a absorção de fármacos lipofílicos. Sua estabilidade
termodinâmica oferece vantagens sobre as dispersões instáveis, tais como as
suspensões e emulsões, possuindo tempo de vida útil muito mais amplo
(FORMARIZ et al., 2005). As diferenças importantes entre as emulsões e as
ME são que as primeiras devem apresentar excelente estabilidade física do
ponto de vista farmacêutico, mas são fundamentalmente instáveis
termodinamicamente e, eventualmente, separam fases. Além disso, existe uma
importante diferença em relação à aparência: EMs são opacas enquanto que
MEs são transparentes (LAWRENCE et al.,2000; NARANG; DELMARRE;
GAO, 2007).
A depender da polaridade da fase dispersa, é possível distinguir três
tipos de ME: óleo-água (O/A), água-óleo (A/O) e bicontínuas (Figura 5).
Quando moléculas lipossolúveis estão localizadas no interior de reduzidas
gotículas esféricas de óleo e envolvidas por moléculas de tensoativos em um
meio contínuo de água, esse sistema é conhecido como sendo do tipo O/A.
Inversamente, quando moléculas hidrossolúveis estão localizadas no interior de
reduzidas gotículas esféricas de água e envolvidas por moléculas de
tensoativos em um meio contínuo de óleo, a fase aquosa é a interna, dispersa
ou descontínua, ao passo que o óleo compõe a fase externa, dispersante ou
contínua, conhecido como sendo do tipo A/O (DAMASCENO et al., 2011).
Entretanto, entre esses dois tipos de MEs, há a formação de uma estrutura
sem ser esférica (gotícula), que é a ME bicontínua. Essa formação pode ser
observada por três mecanismos: (1) quando se aumenta gradativamente, por
titulação, o volume da fase interna dos sistemas; (2) durante a migração de O/A
para A/O ou de A/O para O/A; e (3) quando o volume das duas fases está
próximo (TENJARLA, 1999; KREILGAARD, 2002; DAMASCENO et al., 2011).
Figura 5 - Representação esquemática dos três tipos de ME mais comumente encontradas (1) óleo/água; (2) bicontínua e (3) água/óleo. Fonte: JÚNIOR et al., 2003.
águaóleo
água
óleo
1 2 3
32
A formação de sistemas microemulsionados depende do balanço entre
as propriedades hidrofílicas e lipofílicas do tensoativo, determinada não
somente pela sua estrutura química, mas também por outros fatores como
temperatura, força iônica e a presença de co-tensoativo. A mistura de
tensoativos com equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL) adequado proporciona a
condição máxima de solubilização do óleo e da água. Assim, a formação da
ME geralmente envolve a combinação de três a cinco componentes, sendo que
a orientação para sistemas O/A ou A/O é dependente das propriedades físico
químicas do tensoativo e do óleo, da relação entre as proporções
tensoativo/co-tensoativo e entre as proporções água/óleo (FORMARIZ et al.,
2005).
Estudos científicos vêm abordando o uso de MEs com o intuito de
promover um aumento da penetração cutânea de fármacos lipofílicos e
hidrofílicos (SINTOV; BOTNER, 2006; YUAN et al., 2006; HEUSCHKET et al.,
2008; AZEEM et al., 2009; YUAN; ACOSTA, 2009; LIU; CHANG; HUNG, 2011;
OKUR et al., 2011; ZHANG; KOHN, 2011; FANUN, 2012).
Thacharodi; Rao (1994) demonstraram que formulações contendo a
nifedipina, fármaco lipofílico, em sistemas microemulsionados, resultaram em
um maior efeito promotor de permeação desse fármaco em relação a soluções
contendo apenas terpenos, comprovando assim, a eficácia da ME como
promotor de permeação de fármacos.
Estudos demonstraram que MEs contendo fármacos lipofílico
(cetoprofeno) e hidrofílico (cafeína), promoveram um maior efeito promotor
desses fármacos, ressaltando que os sistemas microemulsionados que
continham, em sua fase interna, a fase oleosa, proporcionaram uma maior
permeação dos fármacos lipofílicos (ZHANG; KOHN, 2011). Sintov; Shapiro
(2004) estudaram a interação da lidocaína com MEs de um sistema glicerol
oleato: polioxil 40/tetraglicol/isopropil palmitato/água. A lidocaína solubilizada
nas MEs apresentou uma difusividade na pele de ratos maior do que o mesmo
fármaco suspenso em um creme comercial.
33
Sistemas microemulsionados compostos por terpenos, Tween 80,
etanol e água foram desenvolvidos para proporcionar a permeação
transdérmica do curcumin, fármaco com várias características biológicas, como
antiinflamatório, antimicrobiano, antioxidante, possuindo baixa solubilidade e
biodisponibilidade por via oral. Os autores verificaram que, dentre os terpenos
avaliados, o D-limoneno foi o mais eficaz em promover a permeação
transdérmica do fármaco, através de estudos de permeação/liberação,
demonstrando que o terpeno selecionado, bem como a ME, devido as suas
propriedades físico-químicas, podem ser uma ferramenta promissora à
promoção da permeação transdérmica desse fármaco (LIU; CHANG; HUNG,
2011).
Diante do exposto e considerando o potencial das MEs em promover a
permeação cutânea de fármacos, dois possíveis mecanismos norteiam a
otimização da permeação cutânea de fármacos a partir desses sistemas: (i) os
altos gradientes de concentração promovidos por seu alto poder solubilizante
de fármacos sem, contudo, aumentar a afinidade do veículo pelo fármaco, e/ou
(ii) propriedades físico-químicas dos constituintes utilizados e da razão entre
seus componentes (KREILGAARD et al., 2002; DAMASCENO et al., 2011).
Os componentes polares e apolares contribuem para o aumento da
atividade do sistema microemulsionado, através da redução da tensão
interfacial entre a pele e o veículo devido ao contato próximo com os lipídios do
epitélio, resultando na permeação mais rápida através das camadas mais
profundas da pele. Logo, a localização das substâncias nas camadas mais
profundas desse tecido pode ser determinada pelas interações entre os
diferentes componentes da formulação e alguns domínios estruturais do EC
(OLIVEIRA et al., 2004; FORMARIZ et al., 2005).
Dessa forma, faz-se necessário o conhecimento dos sistemas
microemulsionados com relação a fatores intrínsecos à formulação, bem como
a respeito das propriedades barreira da pele, as possibilidades de rotas de
permeação cutânea, local de ação do fármaco, estabilidade da formulação
(WILLIAMS; BARRY, 2004; CHORILLI et al., 2007), além da escolha adequada
do tensoativo e co-tensoativo, visto que os mesmos podem desencadear
irritação cutânea, devido a quantidade requerida nas formulações
(DAMASCENO et al., 2011).
2.6. Tensoativo
Tensoativos (Figura 6)
possuem em sua estrutura uma
hidrofílica (WHITEHURST, 2004
propriedade em reduzir as tensões superficial e interfacial d
estes se encontram (MULLIGAN, 2005).
Figura 6 - Representaçãohttp://www.ecosafety.com.br
Os tensoativos podem ser classificados de acordo com a polaridade de
sua molécula em iônicos (catiônicos, aniônicos e anfóteros) e não iônicos. Os
tensoativos iônicos apresentam cargas elétricas na
dissociarem em água, formando íons carregados negativamente (tensoativos
aniônicos) ou positivamente (tensoativos catiônicos). Os tensoativos anfóteros,
conhecidos também por zwiteriônico
carga aniônica (pH entre 9 e 10) quanto catiônica (pH de 4 a 9). Os
tensoativos não iônicos
solubilidade em água se deve à presença, em suas moléculas, de grupamentos
funcionais que possuem
polioxietileno 20 monooleato de sorbitano (Tween 80
estudos como tensoativo para MEs (NARANG
MAGHRABY, 2008; FASOLIN
presente estudo.
irritação cutânea, devido a quantidade requerida nas formulações
(DAMASCENO et al., 2011).
(Figura 6) são substâncias naturais ou sintéticas
sua estrutura uma região lipofílica (ou hidrofóbica) e uma
WHITEHURST, 2004; ROSSI et al., 2006) e
em reduzir as tensões superficial e interfacial dos líquidos onde
(MULLIGAN, 2005).
Representação esquemática de uma molécula tensoativa.
Os tensoativos podem ser classificados de acordo com a polaridade de
sua molécula em iônicos (catiônicos, aniônicos e anfóteros) e não iônicos. Os
tensoativos iônicos apresentam cargas elétricas na parte hidrofílica ao se
dissociarem em água, formando íons carregados negativamente (tensoativos
aniônicos) ou positivamente (tensoativos catiônicos). Os tensoativos anfóteros,
conhecidos também por zwiteriônicos, a depender do pH, apresentam tanto
niônica (pH entre 9 e 10) quanto catiônica (pH de 4 a 9). Os
ônicos não fornecem íons em solução aquosa e a sua
solubilidade em água se deve à presença, em suas moléculas, de grupamentos
funcionais que possuem forte afinidade pela água. Como exemplo, tem
polioxietileno 20 monooleato de sorbitano (Tween 80®), muito utilizado em
estudos como tensoativo para MEs (NARANG; DELMARRE; GAO, 2007; EL
FASOLIN; SANTANA; CUNHA, 2012) e avaliado no
34
irritação cutânea, devido a quantidade requerida nas formulações
naturais ou sintéticas que
hidrofóbica) e uma região
apresentam a
os líquidos onde
lécula tensoativa. Fonte:
Os tensoativos podem ser classificados de acordo com a polaridade de
sua molécula em iônicos (catiônicos, aniônicos e anfóteros) e não iônicos. Os
parte hidrofílica ao se
dissociarem em água, formando íons carregados negativamente (tensoativos
aniônicos) ou positivamente (tensoativos catiônicos). Os tensoativos anfóteros,
, a depender do pH, apresentam tanto
niônica (pH entre 9 e 10) quanto catiônica (pH de 4 a 9). Os
íons em solução aquosa e a sua
solubilidade em água se deve à presença, em suas moléculas, de grupamentos
omo exemplo, tem-se o
), muito utilizado em
GAO, 2007; EL
) e avaliado no
35
O Tween 80 (Figura 7) é um tensoativo não iônico, proveniente do
sorbitano polietoxilado e ácido oleico. A característica hidrofílica da cadeia de
polioxietileno faz do Tween, tensoativo hidrofílico (alto EHL), geralmente
solúvel ou dispersivo em água, empregado na obtenção de MEs do tipo A/O
(SIMÕES et al., 2005; NETO, 2009; RODRIGUES, 2011). Os polissorbatos, em
especial o Tween 80, são empregados na indústria farmacêutica e de
cosméticos devido ao baixo custo, toxicidade reduzida e dentre as várias
aplicabilidades, são utilizados em estudos de permeação transdérmica
(SIMÕES et al., 2005), como tensoativos para os sistemas microemulsionados
(YUAN et al., 2006; TSAI et al., 2010; FASOLIN; SANTANA; CUNHA, 2012).
Devido à natureza anfifílica, o Tween 80 pode reduzir a tensão interfacial entre
os componentes dos sistemas e dispersar uma variedade de substâncias
imiscíveis (WEISZHAR et al., 2012).
O
OCH2CH2OH
OCH2CH2
HOCH2CH2O OCH2CH2OH
O C17H33
O
Figura 7 - Estrutura química do Tween 80®. Fonte: MARTINI, 2005.
Como os tensoativos podem ser adsorvidos às superfícies de duas
fases, a hidrofilia e a lipofilia dos mesmos deverão estar equilibradas ou eles
serão totalmente adsorvidos no interior de uma das fases. Para isso, o cientista
Griffin desenvolveu, em 1949, um método para o balanço hidrófilo-lipófilo, com
a finalidade de ajudar na escolha do tensoativo a ser utilizado para preparar
sistemas O/A ou A/O. A partir de dois tensoativos de referência, ácido oléico e
oleato de sódio, com 1 e 20 os números de EHL, respectivamente, o
pesquisador propôs, em uma escala numérica dimensional, valores entre 1 e
20, sendo que os valores de EHL aumentam de acordo com a hidrofilia da
molécula, ocorrendo o inverso nos tensoativos mais lipofílicos, com relação aos
valores de EHL (LAWRENCE; RESS, 2000; SOUZA FILHO, 2004).
Uma das propriedades fundamentais
de adsorção nas interfaces (limite entre
dado sistema. As propriedades físico
maioria, não variam significativamente,
entanto, para uma dada concentração
como Concentração Micelar Crítica (CMC),
nessas propriedades. Abaixo da CMC, as
presentes na forma de monômeros dispersos e
forma de agregados (micelas).
micelização (ROSSI et al.,
A concentração
característica de cada tensoativo. A Figura
micelas, onde no ponto A não existe micela no meio aquoso, à medida que é
adicionado o tensoativo, formam
do ponto C a interface é saturada, formando um filme e em D as micelas
começam a surgir ao atingir a CMC, a partir da qual não ocorre mais alteração
na tensão interfacial (SANTOS et al., 2007).
Figura 8 - Esquema do comportamento do tensoativo em função da tensão superficialindicando a CMC. Fonte: SANTOS et al
A micela é a configuração das moléculas de tensoativo com melhor
estabilidade na solução, com as cadeias hidrofóbicas agrupadas e a parte
hidrofílica das moléculas voltadas para água (SANTOS
assim, a CMC é definida como a concentração mínima
Uma das propriedades fundamentais dos tensoativos é a propriedade
de adsorção nas interfaces (limite entre fases imiscíveis) ou superfícies de
dado sistema. As propriedades físico-químicas de tensoativos, na sua grande
maioria, não variam significativamente, mesmo em baixas concentrações. No
entanto, para uma dada concentração específica de tensoativo, conhecida
Concentração Micelar Crítica (CMC), ocorre uma mudança brusca
propriedades. Abaixo da CMC, as moléculas de tensoativo estão
na forma de monômeros dispersos e acima, estão presentes na
agregados (micelas). Este processo de formação é conhecido como
(ROSSI et al.,2007).
A concentração que define a CMC, numa referida temper
característica de cada tensoativo. A Figura 8 apresenta a formação das
micelas, onde no ponto A não existe micela no meio aquoso, à medida que é
adicionado o tensoativo, formam-se monômeros na interface (ponto B), a partir
do ponto C a interface é saturada, formando um filme e em D as micelas
a surgir ao atingir a CMC, a partir da qual não ocorre mais alteração
na tensão interfacial (SANTOS et al., 2007).
Esquema do comportamento do tensoativo em função da tensão superficialFonte: SANTOS et al., 2007.
a é a configuração das moléculas de tensoativo com melhor
estabilidade na solução, com as cadeias hidrofóbicas agrupadas e a parte
hidrofílica das moléculas voltadas para água (SANTOS et al., 2007). Sendo
CMC é definida como a concentração mínima
36
dos tensoativos é a propriedade
fases imiscíveis) ou superfícies de um
de tensoativos, na sua grande
mesmo em baixas concentrações. No
específica de tensoativo, conhecida
ocorre uma mudança brusca
culas de tensoativo estão
acima, estão presentes na
Este processo de formação é conhecido como
a CMC, numa referida temperatura, é uma
apresenta a formação das
micelas, onde no ponto A não existe micela no meio aquoso, à medida que é
se monômeros na interface (ponto B), a partir
do ponto C a interface é saturada, formando um filme e em D as micelas
a surgir ao atingir a CMC, a partir da qual não ocorre mais alteração
Esquema do comportamento do tensoativo em função da tensão superficial,
a é a configuração das moléculas de tensoativo com melhor
estabilidade na solução, com as cadeias hidrofóbicas agrupadas e a parte
., 2007). Sendo
CMC é definida como a concentração mínima de tensoativo
37
necessária para atingir os valores mais baixos de tensão superficial, a partir da
qual se inicia a formação de micelas. Tensoativos eficientes apresentam baixa
CMC, ou seja, menor quantidade de tensoativo necessário para reduzir a
tensão superficial (MULLIGAN, 2005). Os tensoativos utilizados em MEs são os
não iônicos e anfóteros, visto que apresentam baixa toxicidade nas membranas
e maior estabilidade, baixa irritabilidade e promovem uma grande
permeabilidade do fármaco através da pele (HO; HSIAO; SHEU, 1996;
DAMASCENO et al., 2011).
Logo, moléculas de tensoativos podem se auto-agregar na presença de
água, formando uma rica variedade de estruturas. Quando são incorporadas
em misturas imiscíveis de óleo e água, elas podem se localizar na interface
O/A, resultando em diferentes estruturas de escala macroscópica ou
microscópica. As possíveis estruturas que os tensoativos podem formar na
presença de água, óleo ou na combinação de ambos (LAWRENCE; REES,
2000; KREILGAARD et al., 2002) estão demonstradas na Tabela 1 . Esse
fenômeno comum de auto-organização molecular para atingir a estabilidade
termodinâmica é a base para a aplicação tecnológica dos tensoativos como
potencial sistema de liberação de fármacos (CARVALHO, 2009).
Tabela 1 - Formas de empacotamento crítico possíveis para moléculas de substâncias tensoativas em função de diferentes valores de empacotamento crítico. Adaptado de CARVALHO, 2009.
Tensoativo Parâmetro de
empacotamento
crítico (v/a 01c)
Forma do
empacotamento
crítico
Estruturas
formadas
Cadeia simples com áreas de cabeça polar grandes (ex.: SDS em
presença de baixos teores de sal)
< 1/3 Cone
Micelas esféricas
Cadeia simples com áreas de cabeça polar
pequenas (ex.: SDS em presença de altos teores
de sal )
1/3 – 1/2 Cone truncado
Micelas cilíndricas
38
Considerações geométricas da parte apolar da molécula permitem
estimar que tensoativos com cadeias hidrocarbônicas moderadamente longas e
não ramificadas favorecem a formação de MEs O/A, enquanto tensoativos com
cadeias hidrofóbicas volumosas tendem a formar MEs bicontínuas e
tensoativos com cadeias hidrofóbicas, altamente ramificadas, facilitam a
formação de MEs A/O (CARVALHO, 2009).
O co-tensoativo, presente em formulações de MEs, tem como função
proporcionar a diminuição da tensão interfacial para valores abaixo dos limites
proporcionados pelo tensoativo e se posiciona na monocamada do tensoativo,
aumentando assim, a flexibilidade e diminuindo a tensão interfacial, e,
consequentemente, ocasionando uma curvatura de superfície favorável
energicamente à formação de uma dispersão (MOULIK; PAUL, 1998;
OLIVEIRA et al., 2004).
Alternativas na utilização de alcoóis de cadeia curta e glicóis como co-
tensoativos são de interesse científico por apresentarem toxicidade baixa e
serem relativamente toleráveis para a pele em relação a outros alcoóis (ALANY
et al., 2000; EL MAGHRABY, 2008). Geralmente apresentam massa molecular
pequena ou média e apresentam uma cadeia contendo entre dois e dez
carbonos (VANDAME, 2002). Segundo Alany et al. (2000), a natureza anfifílica
Cadeias duplas com área de cabeça polar grandes
(ex.: fosfatidilcolina)
1/2 – 1 Cone truncado
Bicamadas flexíveis,
vesículas
Cadeias duplas com área
de cabeça polar pequenas (ex.:
fosfatidiletanolamina)
≈ 1
Cilindro
Bicamadas planares
Cadeias duplas com área
de cabeça polar pequenas (ex.:
fosfatidiletanolamina
>1
Cone truncado
invertido
Micelas inversas
39
do co-tensoativo e a massa molecular pequena podem influenciar na curvatura
da interface e na energia interfacial dos sistemas, proporcionando uma menor
quantidade de tensoativo utilizado. Como exemplos desses co-tensoativos,
descritos em estudos na literatura e avaliados no presente estudo, tem-se o
etanol absoluto, álcool isopropílico e propilenoglicol (ABOOFAZELI;
LAWRENCE, 1994; ABOOFAZELI et al.,1995; EL MAGHRABY, 2008; LIU;
CHANG; HUNG, 2011; SANTANA; FASOLIN; CUNHA, 2012), cuja
representação das estruturas químicas está demonstrada na Figura 9.
Figura 9 - Estrutura química dos co-tensoativos Etanol absoluto (A), Álcool Isopropílico (B) e Propilenoglicol (C). Fonte: http://www.iq.ufrgs.br
Sendo assim, a estrutura do tensoativo e co-tensoativo, bem como a
fase oleosa são fatores essenciais na formulação de sistemas
microemulsionados. A construção do diagrama de fases pode ser uma
ferramenta para caracterizar em que condições experimentais as MEs existem
e em que proporções dos componentes outras estruturas podem estar
presentes. A partir desses dados, pode-se selecionar a região do diagrama que
seja apropriada para a incorporação do fármaco desejado (FORMARIZ et al.,
2005).
2.7. Diagrama de fases
A construção do diagrama de fases é uma ferramenta importante para
caracterizar o domínio das regiões de ME, cuja interpretação descreve as
estruturas presentes e contidas nesses diagramas, podendo selecionar a
região cuja viscosidade é mais apropriada para o fármaco a ser incorporado
(SILVA et al., 2009a).
40
Os diagramas de fases ternários e pseudoternários são geralmente
construídos em duas dimensões a partir de dados obtidos por titulação ou pela
preparação de um amplo número de amostras de diferentes composições. A
vantagem do primeiro método é que este pode ser usado para estudar um
amplo número de amostras de diferentes composições de uma maneira mais
rápida, indicando as proporções nas quais os componentes devem ser
misturados (LAWRENCE; RESS, 2000; DAMASCENO et al., 2011).
Como a existência dos diferentes tipos de agregados é decorrente do
comportamento termodinâmico exibido pelas diferentes combinações dos
componentes do sistema, pode ser utilizado um diagrama ternário para avaliar
o comportamento de fases de sistemas dessa natureza. Eles são constituídos
na forma de triângulos equiláteros, onde os lados são usados como eixos,
correspondendo aos constituintes. Geralmente, a proporção de cada
componente é representada como porcentagem de peso total da formulação, e
assim, cada vértice corresponde a 100% do componente indicado
(DAMASCENO et al., 2011).
Durante o desenvolvimento de um diagrama de fases, as propriedades
dos triângulos equiláteros devem ser extremamente exploradas, ou seja, a
soma dos lados perpendiculares de um determinado ponto no triângulo é igual
a sua altura. A Figura 10 mostra um triângulo equilátero em que cada lado
(dividido em dez partes correspondentes à composição centesimal de cada
ponto) é representado por um dos componentes da mistura. Os vértices do
diagrama de fases (A, T, O) representam os componentes puros.
Normalmente, o diagrama de fases utilizando um triângulo equilátero é
chamado de diagrama ternário, pois ocorre a mistura de três componentes.
Porém, no caso de MEs, esses diagramas são chamados de pseudoternários,
pois o ponto “T”, que representa normalmente apenas o tensoativo, passa a
representar a mistura de tensoativo/co-tensoativo. Portanto, o diagrama é a
representação da mistura de quatro substâncias no triângulo equilátero
(OLIVEIRA et al., 2004; DAMASCENO et al., 2011).
Figura 10 - Representação esquemática do diagrama de fases, sendo (T) tensoativo, (A) fase aquosa e (O) fase oleosa. Fonte: DAMASCENO et al.,2011.
No interior do triângulo, o comportamento termodinâmico é descrito
delimitando-se as regiões em que ocorrem M
separação de fases. Tais diagramas possibilitam a visualização simultânea
entre a quantidade relativa dos constituintes e o decorrente comportamento
físico-químico do sistema obtido. Desta forma, os diagramas são como
ferramentas capazes de identificar as regiões em que ocorrem as MEs e
demais fases e, através deles
viscosidade, estrutura
(OLIVEIRA et al., 2004).
2.8. Métodos d e caracterização
2.8.1. Microscopia de luz polarizada
A microscopia de luz polarizada (
sistemas microemulsionados
microscópio comum, aonde junto ao condensador se coloca um
que orienta as ondas luminosas provenientes da fonte de luz em uma só
direção, em um só plano. As alterações que uma substância birrefringente
provoca na direção da propagação da luz, em um equipamento desse tipo, são
feitas graças ao analisad
O máximo de luz é obtido quando o polarizador e analisador estão com eixos
Representação esquemática do diagrama de fases, sendo (T) tensoativo, (A) fase . Fonte: DAMASCENO et al.,2011.
No interior do triângulo, o comportamento termodinâmico é descrito
se as regiões em que ocorrem MEs, Cristais Líquidos (CLs),
separação de fases. Tais diagramas possibilitam a visualização simultânea
entre a quantidade relativa dos constituintes e o decorrente comportamento
químico do sistema obtido. Desta forma, os diagramas são como
ramentas capazes de identificar as regiões em que ocorrem as MEs e
e, através deles, os pesquisadores podem escolher sistemas com
e características apropriadas aos seus propósitos
e caracterização
Microscopia de luz polarizada
microscopia de luz polarizada (MLP) permite verificar a isotropia do
s microemulsionados. O microscópio de luz polarizada é um
onde junto ao condensador se coloca um
que orienta as ondas luminosas provenientes da fonte de luz em uma só
direção, em um só plano. As alterações que uma substância birrefringente
provoca na direção da propagação da luz, em um equipamento desse tipo, são
feitas graças ao analisador, um segundo sistema de polarização, junto à ocular.
de luz é obtido quando o polarizador e analisador estão com eixos
41
Representação esquemática do diagrama de fases, sendo (T) tensoativo, (A) fase
No interior do triângulo, o comportamento termodinâmico é descrito
íquidos (CLs), EM ou
separação de fases. Tais diagramas possibilitam a visualização simultânea
entre a quantidade relativa dos constituintes e o decorrente comportamento
químico do sistema obtido. Desta forma, os diagramas são como
ramentas capazes de identificar as regiões em que ocorrem as MEs e
os pesquisadores podem escolher sistemas com
e características apropriadas aos seus propósitos
permite verificar a isotropia dos
. O microscópio de luz polarizada é um
onde junto ao condensador se coloca um polarizador,
que orienta as ondas luminosas provenientes da fonte de luz em uma só
direção, em um só plano. As alterações que uma substância birrefringente
provoca na direção da propagação da luz, em um equipamento desse tipo, são
zação, junto à ocular.
de luz é obtido quando o polarizador e analisador estão com eixos
42
em paralelo e, ao contrário, a luz extingue quando são perpendiculares
(ABRAMOWITZ; PARRY-HILL; DAVIDSON, 2005).
As estruturas isotrópicas como as MEs e as fases cúbicas, por não
desviarem a propagação da luz polarizada, são visualizadas como campo
escuro. Alguns CLs exibem estruturas anisotrópicas e com isso são obtidas
imagens características do tipo de fase formada. Por exemplo, a fase lamelar
pode ser identificada através da visualização das “cruzes de malta” e a fase
hexagonal através da presença de estrias ou estruturas parecidas com fibras
(CARVALHO, 2009).
2.8.2. Condutividade elétrica
A condutividade elétrica, também chamada de condutância específica,
é a capacidade de uma solução conduzir corrente elétrica e é dada em
Siemens/cm na temperatura de 20 ºC. A condução da corrente elétrica em
soluções eletrolíticas difere dos metais por ser composta unicamente de
elétrons livres, já nos líquidos a condução é feita por íons (BRITISH
PHARMACOPEIA, 2001).
Condutividade elétrica é uma ferramenta sensível e frequentemente
usada na investigação de mudanças estruturais em MEs e apresenta-se como
uma técnica importante na determinação desses sistemas por possuírem
domínios contínuos aquosos ou oleosos (LAWRENCE; REES, 2000; SINTOV;
SHAPIRO, 2004; DJORDJEVIC et al., 2005).
A condutividade de uma ME pode variar dependendo do tipo da ME
(O/A, A/O ou bicontínua). MEs O/A têm condutividade próxima à do meio
aquoso, enquanto MEs A/O apresentam valores de condutividade muito baixos.
Nas MEs bicontínuas a condutividade também é significativamente alta
(MOULIK; PAUL, 1998). Dessa forma, a condutividade das MEs pode ser
extremamente importante na determinação do tipo de ME formada em um
sistema.
43
2.8.3. Espalhamento dinâmico de luz
O espalhamento dinâmico de luz (DLS – Dynamic Light Scattering)
trata-se de uma técnica não invasiva para a medição do tamanho das
partículas de fase interna de um sistema microemulsionado, com tamanho
menor que 1 µm. As gotículas são iluminadas por um feixe de luz laser,
ocorrendo o espalhamento desse, que, sendo detectado em um ângulo
determinado, varia em uma taxa dependente do movimento browniano da
partícula, ou seja, da sua velocidade de difusão, a qual, por sua vez, é
governada pelo seu tamanho, fornecendo informações diretas sobre o
movimento translacional das gotículas e permitindo o cálculo do tamanho
dessas, através de relações empíricas adequadas. Caso o sistema esteja em
elevadas concentrações, a interpolação torna-se dificultada em razão das
interações intergotículas, sendo necessário, nesses casos, fazer uma diluição
para facilitar a sua identificação (FORMARIZ et al., 2006).
Em equipamentos convencionais de DLS, a luz é espalhada pelas
partículas em todos os ângulos; porém, é detectada apenas em 90o
convencionalmente e as variações na medição da intensidade da luz espalhada
são convertidas em pulsos elétricos, os quais são armazenados em um
correlacionador digital, em que as informações com relação ao tamanho das
partículas são geradas a partir desses dados (MENDONÇA; BICA; PIATNICKI,
2003). Nessa técnica DLS, o tamanho das gotículas submicroscópicas é
determinada através da técnica de espalhamento de luz dinâmica, também
denominada espectroscopia de correlação de fótons (PCS), cuja técnica
fornece o raio hidrodinâmico das gotículas coloidais, o qual é calculado pela
equação Stokes-Einstein (Equação 2) e em que é determinado o coeficiente de
difusão dessas gotículas através da variação do espalhamento de luz causado
pelo seu movimento Browniano (FORMARIZ et al., 2006).
44
=6(Eq. 2)
Onde:
Rh = raio hidrodinâmico
k = constante de Boltzmann
T = temperatura absoluta
η = viscosidade do meio
D = coeficiente de difusão das partículas.
2.8.4. Tensão superficial
Os tensoativos são moléculas anfifílicas caracterizadas por possuírem
ambas as regiões estruturais hidrofílica e hidrofóbica, apresentando geralmente
doze ou mais átomos de carbono em sua estrutura química (DA SILVA, 2008).
Essas moléculas formam grandes agregados moleculares de dimensões
coloidais, denominadas micelas (MORAES; REZENDE, 2004).
Uma das propriedades fundamentais dos tensoativos é a propriedade
de adsorção nas interfaces (limite entre fases imiscíveis) ou superfícies de um
dado sistema. As propriedades físico-químicas do tensoativos, na sua grande
maioria, não variam significativamente, mesmo em baixas concentrações. No
entanto, para uma dada concentração específica de tensoativo, conhecida
como Concentração Micelar Crítica (CMC), ocorre uma mudança brusca
nessas propriedades. Abaixo da CMC, as moléculas de tensoativo estão
presentes na forma de monômeros dispersos e acima, estão presentes na
forma de agregados (micelas). Este processo de formação é conhecido como
micelização (ROSSI, 2007).
Por apresentarem tais propriedades, os tensoativos alteram o
comportamento interfacial e o modo como outras moléculas se comportam nas
interfaces e nas soluções, possibilitando a redução na tensão superficial e
interfacial, além da formação de MEs em que os hidrocarbonetos podem
solubilizar-se em água e vice-versa (VAN HAMME et al., 2006; SILVA et al.,
2009). Essa redução no valor da tensão superficial depende da natureza do
óleo e do tensoativo e co-tensoativo utilizados.
45
A formação e a estabilidade das MEs derivam essencialmente da
redução da interface óleo/água, da formação de um filme interfacial fluido
composto de moléculas de tensoativo e da penetração e associação de fase
oleosa neste filme de tensoativos (EL MAGHRABY, 2008; LIU; CHANG;
HUNG, 2011). Porém, geralmente se faz necessária à presença de um co-
tensoativo para que o filme interfacial se torne mais flexível e ocorra a redução
da tensão. Devido a maior flexibilidade do filme interfacial com a inclusão do
co-tensoativo, pode ocorrer à expansão da área de ME em sistemas contendo
as fases aquosa, oleosa e tensoativo (OLIVEIRA et al., 2004).
2.8.5. Reologia
Reologia é o estudo da deformação e fluidez dos materiais sob a
influência de forças externas. Através da reologia pode-se descrever o fluxo de
líquidos e a deformação de sólidos. A resistência ao escoamento, ou fluxo, é
expressa através da viscosidade de modo que, quanto maior for à viscosidade,
maior será a resistência (SINKO, 2008).
Refere-se ao comportamento macroscópico de um material sob fluxo
ou deformação e determina suas propriedades não lineares. O estudo reológico
visa estabelecer relação entre o processo microestrutural e o comportamento
macroscópico e consiste no estudo do escoamento ou deformação do material
quando submetido a uma tensão (SCHRAMM, 2006).
A correlação entre tensão de cisalhamento e taxa de cisalhamento que
define o comportamento de fluxo de um líquido é demonstrada graficamente
em diagramas chamados de curvas de fluxo. Os diferentes tipos de curva de
fluxo têm seus correspondentes tipos de curva de viscosidade. As curvas de
fluxo representam duas partes do experimento: a curva ascendente que indica
o aumento da taxa de cisalhamento e a curva descendente, quando a taxa de
cisalhamento é reduzida continuamente (SCHRAMM, 2006).
A curva ascendente representa o comportamento do fluxo, que pode
ser comportamento de fluxo newtoniano, pseudoplástico, plástico e dilatante
(Figura 11). O fluxo newtoniano é representado por uma reta e a razão de
todos os pares de valores de tensão e taxa de cisalhamento, pertencentes a
essa reta, é constante. Isso significa que a
mudanças na taxa de cisalhamento, já que ela é a tangente
fluxo é pseudoplástico quando sofre diminuição de viscosidade
de cisalhamento aumenta. Esse aumento favorece a reorientação das
partículas rígidas na direção do fluxo e as interações intermoleculares que
causam resistência ao fluxo tornam
fluxo, conhecido por shear
pseudoplásticos, mas com limite
ordenada não na origem, mas no ponto crítico
de fluxo dilatante é caracterizado pelo aumento da
de cisalhamento aumenta (SCHRAMM, 2006).
Figura 11- Tipos de comportamento de fluxo
A partir da curva descendente obtemos in
do sistema. Um líquido tixotrópico é definido pelo seu
estrutura reversível, sempre que a amostra for mantida em repouso, e essa
mudança deve ser reprodutível diversas vezes. A reconstrução pode ser tempo
independente quando as
que o sistema reverte rapidamente
dependente quando a viscosidade retorna a
diminuiu inicialmente com o
área de histerese, que define a magnitude da
é constante. Isso significa que a viscosidade não é afetada por
mudanças na taxa de cisalhamento, já que ela é a tangente do ângulo
fluxo é pseudoplástico quando sofre diminuição de viscosidade
de cisalhamento aumenta. Esse aumento favorece a reorientação das
rígidas na direção do fluxo e as interações intermoleculares que
fluxo tornam-se menores, provocando o afinamento do
shear thinning. O fluxo plástico é descrito como os líquidos
pseudoplásticos, mas com limite de escoamento, e na curva intercepta a
ordenada não na origem, mas no ponto crítico (yield point). O comportamento
de fluxo dilatante é caracterizado pelo aumento da viscosidade quando a taxa
de cisalhamento aumenta (SCHRAMM, 2006).
Tipos de comportamento de fluxo (SCHRAMM, 2006)
A partir da curva descendente obtemos informações quanto à tixotropia
sistema. Um líquido tixotrópico é definido pelo seu potencial de ter uma
reversível, sempre que a amostra for mantida em repouso, e essa
reprodutível diversas vezes. A reconstrução pode ser tempo
independente quando as curvas de ida e de volta se sobreporem, indicando
a reverte rapidamente para sua estrutura original. Será tempo
dependente quando a viscosidade retorna a aumentar mais lentamente do que
diminuiu inicialmente com o shear thining e entre as duas curvas forma uma
área de histerese, que define a magnitude da tixotropia. Essa
46
viscosidade não é afetada por
do ângulo α. O
fluxo é pseudoplástico quando sofre diminuição de viscosidade quando a taxa
de cisalhamento aumenta. Esse aumento favorece a reorientação das
rígidas na direção do fluxo e as interações intermoleculares que
se menores, provocando o afinamento do
. O fluxo plástico é descrito como os líquidos
de escoamento, e na curva intercepta a
). O comportamento
scosidade quando a taxa
(SCHRAMM, 2006).
formações quanto à tixotropia
potencial de ter uma
reversível, sempre que a amostra for mantida em repouso, e essa
reprodutível diversas vezes. A reconstrução pode ser tempo
curvas de ida e de volta se sobreporem, indicando
para sua estrutura original. Será tempo
aumentar mais lentamente do que
duas curvas forma uma
tixotropia. Essa área indica a
47
energia necessária para quebrar a estrutura tixotrópica. Graficamente, a
histerese da curva de fluxo gira no sentido horário (SCHRAMM, 2006).
Para relacionar as propriedades reológicas de um fluido, os modelos
reológicos são bastante úteis. A descrição do comportamento reológico é
realizada através de modelos empíricos como o modelo de Ostwald-de-Waelle
(Lei da Potência), descrito na Equação 3, utilizado para relacionar os dados de
tensão e taxa de cisalhamento.
=
Onde:
= Tensão de Cisalhamento (Pa)
= Taxa de Deformação (s -1)
K = Índice de Consistência (Pa sn)
ƞ = Índice de fluxo (adimensional)
Nesse modelo, há dois parâmetros reológicos: o índice de fluxo n e o
índice de consistência K. Se n > 1, o fluido é dilatante, n < 1, o fluido é
pseudoplástico e n = 1, o fluido é Newtoniano (K = m) (KLEIN, 2007). O índice
de consistência é um indicativo do grau de resistência do fluido diante do
escoamento. Sendo assim, quanto maior o valor de K, mais consistente será o
fluido, e consequentemente, maior sua viscosidade (MELO, 2009).
O método é aplicável na caracterização de sistemas
microemulsionados, pois o comportamento do fluido está com o tipo e grau de
organização do sistema (interações entre seus componentes), assim como
permite a avaliação do efeito de aditivos na formulação (FORMARIZ et al.,
2005).
2.8.6. Espalhamentos de raios-X a baixo ângulo (SAX S)
A técnica de SAXS na caracterização de sistemas é explicada pela
possibilidade de se determinar o tamanho médio e distância entre os objetos
espalhadores, como gotículas, transições de fases em sistemas micelares e de
MEs, bem como estruturas cristalinas e permite avaliar a estrutura de objetos
(Eq. 3)
48
espalhadores mesmo que eles não estejam organizados de forma ordenada
(HYDE, 2001; KREILGAARD, 2002).
O SAXS tem sido utilizado na obtenção de informações com relação à
estrutura tridimensional dos sistemas microemulsionados. As medidas de
SAXS, associadas à MLP, permitem estudar as fases formadas, resultantes
das diferentes proporções de tensoativo e fase oleosa (OLIVEIRA et al., 2004;
FORMARIZ et al.2005).
Modificações na composição dos sistemas podem promover mudanças
estruturais e, consequentemente, podem restringir a mobilidade das moléculas
dissolvidas no sistema. Sabe-se que as MEs são sistemas menos ordenados,
com baixa viscosidade, enquanto que sistemas mais ordenados, como fase
lamelar, hexagonal e cúbica apresentam propriedades elásticas de sólidos. A
mobilidade das moléculas é maior em líquidos do que em sólidos e as
modificações estruturais podem alterar o perfil de liberação de fármacos
(FORMARIZ et al., 2007).
Ao irradiar uma amostra bifásica com um feixe de luz monocromático
(luz visível, raios-X, nêutrons, elétrons), observa-se o espalhamento da
radiação na vizinhança angular próxima a do feixe transmitido. O espalhamento
de raios-X deve-se às heterogeneidades na densidade eletrônica das
estruturas do sistema. Considerando uma partícula de tamanho e forma
qualquer, a intensidade espalhada I(q) é proporcional ao fator de forma P(q)
desta partícula, em que q é o vetor de espalhamento (NIELSEN et al., 1993;
URBAN, 2004).
É possível observar diferentes regiões na curva de intensidade do feixe
espalhado em função do vetor de espalhamento q, as quais são exploradas na
técnica de SAXS, como a região de Porod para altos valores de q, e para
valores em baixos limites de q tem-se a região de Guinier. Nessas regiões é
onde ocorre o SAXS, que fornece informações a respeito da morfologia e
mecanismos de agregação estrutural (CHIAVACCI, 1996).
Num sistema diluído, em que as partículas são isoladas uma das
outras e não interagem entre si, a intensidade espalhada é descrita unicamente
49
pelo fator de forma P(q) (GUINIER, 1964). Sistemas formados pela associação
de água, óleo, estabilizados com quantidades de tensoativo abaixo da CMC
requerida, a intensidade obtida pelo SAXS pode ser similar à observada em
partículas diluídas ou monodispersas. A intensidade resultante (Equação 04) é
a soma das contribuições de cada partícula, de modo que, para n partículas
distribuídas ao acaso têm-se:
() ∝!"(#)
Em um sistema concentrado, as partículas espalhadoras são
numerosas e interagem entre si e o espalhamento medido refletirá sua
geometria e arranjo. Sistemas cuja concentração de tensoativo é superior à
CMC, as interações entre as moléculas de tensoativo começam a ocorrer em
diferentes graus de organização. O padrão de espalhamento poderá então ser
similar ao observado em partículas dispersas numa matriz homogênea
(FORMARIZ et al., 2007). Para N partículas idênticas, distribuídas ao acaso, a
intensidade espalhada é descrita pela Equação 05, em que S(q) é o fator de
estrutura do conjunto:
() = $. "(#). %(#)
Entretanto S(q) pode assumir formas muito variadas, de
acordo com o arranjo das entidades espalhadoras e será difícil separar as
contribuições de P(q) e S(q). De modo geral, quando a curva de espalhamento
apresenta um máximo de espalhamento a baixos ângulos, pode relacioná-la
com a presença de correlações entre as posições dos centros espalhadores.
Pode-se deduzir uma distância média d entre duas gotículas ou planos
vizinhos, a partir do valor da posição do vetor de espalhamento quando a
intensidade é máxima (qmax), empregando a relação descrita na Equação 06
(CRAIEVICH, 2002; URBAN, 2004):
& = 2'(
(Eq. 4)
(Eq. 5)
(Eq.6)
50
A técnica de SAXS é uma das únicas técnicas que fornece detalhes
estruturais, suas interações e transições de fases em sistemas micelares e de
MEs, obtendo-se informações sobre o tamanho, a forma, a quantidade e o
arranjo dos sistemas microemulsionados (CARVALHO, 2009).
2.9 Técnicas de Calorimetria Exploratória Diferenci al (DSC) e
Espectroscopia de absorção na região do Infravermel ho com
Transformada de Fourrier (FTIR) para avaliação da i nteração de
promotores de permeação com EC.
2.9.1 DSC
A técnica de DSC mede a diferença de energia fornecida à substância
e a um material de referência (termicamente estável), em função da
temperatura, enquanto a substância e o material de referência são submetidos
a uma programação controlada de temperatura (SILVA; PAOLA; MATOS,
2007).
Há dois tipos de DSC: (a) DSC com compensação de potência e (b)
DSC com fluxo de calor. Na primeira o material analisado e o de referência são
aquecidos em compartimentos separados, ou seja, individualmente e em
condições isotérmicas (SILVA, PAOLA e MATOS, 2007). Logo, se a amostra
sofre alterações de temperatura em função do aquecimento ou resfriamento a
que é submetida, ocorre modificação na potência de entrada do forno
correspondente, de modo a anular esta diferença (MATOS; MERCURI;
BARROS, 2009).
Na técnica de DSC com fluxo de calor, o material analisado e a
referência são aquecidos por uma única fonte de calor e são colocados em
cápsulas de amostra idênticos, onde o fluxo de calor é controlado por
termopares conectados aos suportes metálicos das cápsulas de amostra e do
material de referência, ambos contidos no mesmo forno (SALIM, 2005;
MOTHÉ; MIRANDA, 2009).
Assim, registra-se o fluxo de calor diferencial suficiente para manter o
material analisado e a referência na mesma temperatura. A variação da
51
temperatura entre a amostra e a referência é devido a fenômenos químicos,
como decomposição e combustão e fenômenos físicos, como mudanças de
estado e sublimação (SILVA; PAOLA; MATOS, 2007). As variações de
temperatura na amostra são devido às transições entálpicas ou reações
endotérmicas ou exotérmicas. Os picos ascendentes caracterizam os eventos
exotérmicos e os descendentes os endotérmicos (GIRON, 2002; SILVA;
PAOLA; MATOS, 2007).
A técnica de DSC pode proporcionar informações sobre o fluxo de calor
que está associado à taxa de evento térmico e pode ser mensurado em função
do tempo e temperatura. Essas medidas fornecem dados qualitativos e
quantitativos sobre transformações físicas e químicas que envolvem processos
endotérmicos e exotérmicos (PICCOLI et al., 2006).
Pode ser utilizada na compreensão dos mecanismos físico-químicos
relativos a processos de decomposição térmica, interação entre substâncias ou
no estudo e desenvolvimento de novos compostos (ANDRADE et al., 2007). As
curvas de DSC fornecem informações importantes sobre as propriedades
físicas das substâncias como estabilidade, compatibilidade, cinética,
decomposição térmica, fase de transição e polimorfismo (SANTOS et al.,
2008).
Essa técnica é usada na indústria farmacêutica para caracterizar o
comportamento térmico dos fármacos, além de permitir a determinação das
temperaturas de transição vítrea, de fusão e de cristalização. Esse método
também é utilizado para a avaliação de mudanças estruturais no EC,
permitindo o estudo dos efeitos que compostos aplicados por via cutânea
exercem sobre o comportamento termotrópico dos componentes do EC (BABY
et al., 2006b).
A técnica DSC tem sido aplicada para avaliar as transições térmicas
em EC de mamíferos (AL-SAIDAN; WILLIAMS; BARRY, 1998). Logo, o EC
apresenta quatro transições endotérmicas características nas temperaturas de
40 ºC, 75 ºC, 85 ºC e 105 ºC. A primeira transição endotérmica, inicialmente
relacionada à transição dos lipídios, é atribuída à mudança das bicamadas do
52
estado cristalino (ortorrômbico) para o estado de gel (hexagonal). As duas
transições a 75 ºC e 85 ºC tem sido atribuídas à permuta de fase do estado de
gel lamelar para líquido. Estudos relacionam a alteração de 85 ºC às
modificações envolvendo lipídios associados às proteínas. A quarta transição a
105 ºC representa a desnaturação da porção proteica (queratina) do EC e
requer a presença de certa concentração de água (no mínimo 15%) na amostra
para ser aparente (LEOPOLD; LIPPOLD, 1994; BABY et al., 2006b).
Modificações nas entalpias envolvidas nas transições de fases de
lipídios e alterações no pico de desnaturação da queratina indicam uma
interação entre compostos aplicados no EC, permitindo melhor compreensão
dos mecanismos envolvidos nas interações proporcionadas pelo promotor de
permeação (LEOPOLD; LIPPOLD, 1994; BONCHEVA; DAMIEN; NORMAND,
2008).
Frente ao exposto, pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo
de avaliar a influência dos tensoativos, como promotores de permeação, na
permeabilidade cutânea dos fármacos, utilizando técnicas de análise térmica
para avaliação das modificações no EC e fornecendo informações úteis sobre o
comportamento dos tensoativos (VADDI et al., 2002; NARISHETTY;
PANCHAGNULA, 2005; BABY et al., 2006a; BONCHEVA; DAMIEN;
NORMAND, 2008).
2.9.2. FTIR
A técnica de FTIR é um método muito empregado, que permite a
identificação e caracterização de amostras opacas e hidratadas, como a pele.
Sua utilização permite obter informações quantitativas e qualitativas sobre
hidratação, proteínas e lipídios que são componentes das estruturas da pele. O
espectro revela, pelas regiões de absorção, a composição química e pelas
áreas dos picos, a concentração dos componentes (PELLETI et al., 1997;
LAURIDSEN et al., 2003).
Pode ser empregado para avaliar a interação entre promotores de
permeação e o EC, corroborando para a descrição de prováveis mecanismos
de ação. Devido à sua rapidez e grau de reprodutibilidade, essa técnica vem
53
sendo utilizada em estudos científicos (WARTEWIG; REINHARD; NEUBERT,
2005).
O infravermelho corresponde à parte do espectro eletromagnético
situado entre as regiões do visível e micro-ondas. Quando a radiação no
infravermelho é absorvida por uma molécula orgânica na faixa aproximada de
10.000 a 100 cm–1, converte-se em energia de vibração molecular. Este
processo de absorção é quantificado, obtendo-se um espectro vibracional
caracterizado por uma série de bandas de vibração-rotação (LAURIDSEN et
al., 2003).
Basicamente, as vibrações moleculares podem ser classificadas em
dois tipos: vibrações de deformação axial e de deformação angular. As
deformações axiais, ou estiramento, são oscilações radiais das distâncias entre
os núcleos, enquanto angulares envolvem mudanças dos ângulos entre as
ligações ou, como no modo de deformação assimétrica fora do plano,
alterações do ângulo entre o plano que contém as ligações e um plano de
referência (TANOJO; JUNGINGER; BODDÉ., 1997; LAURIDSEN et al., 2003).
Os grupamentos funcionais de compostos orgânicos absorvem em
frequências características no infravermelho. Assim, em um gráfico de
intensidade de radiação versus frequência, o espectrograma de infravermelho
permite caracterizar os grupos funcionais de um padrão ou de um material
desconhecido (LAURIDSEN et al., 2003).
Na técnica de FTIR, a radiação, contendo todos os comprimentos de
onda, é separada em dois feixes, um deles percorrendo uma distância fixa e o
outro uma distância variável (espelho móvel). No divisor de feixe, os dois raios,
são então, combinados opticamente, podendo, pois, gerar uma interferência
construtiva (se estiverem em fase) ou destrutiva (se estiverem fora de fase),
quando este feixe combinado de luz atravessa a amostra, é absorvido
seletivamente e, dependendo das absorções apresentadas pela amostra, gera
um interferograma. Esse interferograma pode ser tratado por meio de um
processo matemático, denominado transformada de Fourier, originando um
espectro ou padrão de absorção da amostra, ou seja, seu espectro no
54
infravermelho, que pode ser tanto de transmitância quanto de absorbância
(WARTEWIG; REINHARD; NEUBERT, 2005). As posições das bandas no
espectro de infravermelho são apresentadas em números de ondas, cuja
unidade é o centímetro inverso (cm–1) (REREK et al., 2005).
Para uma melhor resolução e identificação dos espectros de absorção,
estudos utilizam a segunda derivada (ARAGÃO; MESSADDEQ, 2008;
CHRISTY, 2010; BOUHEKKA; BURGI, 2012) que tem por finalidade a distinção
dos picos de absorção, mal definidos, referentes a cada constituinte químico,
oferecendo assim, meios para aumentar a especificidade desses picos
(RIEPPO et al., 2012).
O FTIR permite a investigação biofísica e química do EC, fornecendo
informações sobre o conteúdo de água, quantidade de sebo, tipos de
substâncias graxas e o grau de ordem do filme lipídico lamelar do EC (MILAN
et al., 2007).
Na Tabela 2 estão descritas as frequências características no
infravermelho de grupamentos químicos de proteínas, lipídios e água,
presentes no EC e em sua superfície.
Tabela 2 - Grupamentos químicos de moléculas orgânicas do EC e as frequências características no infravermelho. Adaptada de Tanojo; Junginger; Boddé, 1997; Pellett et al., 1997a; Lauridsen et al., 2003.
Componentes Comprimento de Onda (cm -1)
Correspondênc ia
Água 3200-3400, 1650 - Proteína 3277, 1456, 1646, 1535,
1238 NH2, CH2, Amida I, II e III
Lipídios 2919, 2850, 1742 deformação axial simétrico/ assimétrico de CH2, éster
Todos 3059, 1115, 1079, 1030/1048 CH2, C-C trans/cis
O EC possui uma composição complexa e muitas bandas de absorção,
na região do infravermelho são obtidas (OBATA et al., 2010). A maioria das
bandas é devido a vibrações de grupos funcionais de lipídios e proteínas. A
proteína do EC promove estiramentos amida I e II a 1650 e 1550 cm -1,
respectivamente. A banda da amida I é devido ao estiramento C = O e a
vibração da banda de amida II é devido ao alongamento C-N e N-H. As
55
frequências dessas duas bandas, especialmente a banda de amida I, são
sensíveis e deslocam-se para frequências mais altas ou mais baixas de acordo
com a alteração na conformação da proteína (VADDI et al., 2002).
Os lípidos tem um papel crucial na manutenção da função de barreira
do EC. Os espectros de FTIR de bicamadas lipídicas mostram padrões de
absorção típicas em 3000-2800 cm-1 (MERWE; RIVIERE, 2005). Nessa região,
as cadeias de hidrocarbonetos de lípidos promovem vibrações assimétricas e
simétricas referentes ao alongamento de CH2 em 2920 e 2850 cm-1,
respectivamente (OBATA et al., 2010).
A existência de lípidos nas fases ordenada (ortorrômbico- OR e
hexagonal- HEX) e desordenada (líquido-cristalina, LIQ) tem sido
demonstradas em EC isolado (Figura 12). A fase OR é a mais organizada, as
cadeias alifáticas adotam conformação trans e são organizadas em uma
estrutura retangular cristalina. Na fase HEX, as cadeias alifáticas são inclinadas
em relação ao plano cristal e estão organizadas numa estrutura menos densa,
hexagonal. Na fase LIQ, há um aumento na fluidez da bicamada lipídica, que é
devido a um elevado grau de isomerização e a organização lateral é
completamente perdida. Rompimento de estruturas de bicamadas lipídicas leva
a alterações identificáveis no espectro de absorção de infravermelho. A posição
e largura do alongamento da banda simétrica de CH2 são marcadores
sensíveis da ordem conformacional da cadeia: o movimento de rotação do
aumento das cadeias alquila, durante a transição OR-HEX e a introdução de
deformidades nas cadeias gauche durante a transição HEX-LIQ, alargamento
da banda e a sua transição para números de onda mais elevados
(BONCHEVA; DAMIEN; NORMAND, 2008).
56
Figura 12 - Organização molecular dos lipídios do EC. Esquemas da conformação da cadeia e da cadeia lateral, nos formatos ortorrômbico (OR), hexagonal (HEX) e líquido-cristalina (LIQ). Adaptado de Bolzinger et al., 2012.
Sendo assim, o FTIR mostra-se um método empregado para avaliação
de parâmetros de interação de substâncias com o EC, contribuindo para a
descrição da função de barreira da pele, a partir do grau de ordenação e
conteúdo lipídico, hidratação e conteúdo proteico, sendo considerado um
método não invasivo, rápido e de grande sensibilidade (BONCHEVA; DAMIEN;
NORMAND, 2008).
2.10. Nifedipina- Fármaco modelo para estudos de pe rmeação cutânea
A nifedipina (NFD), ilustrada na Figura 13, é uma substância do tipo
das diidropiridinas, antagonista do cálcio, sendo denominada como
“bloqueadores dos canais de cálcio” (RANG; DALE; RITTER, 2003). A NFD
apresenta-se como cristais amarelos, com ponto de fusão na faixa entre 172º-
174º, baixa solubilidade em água (10 µg mL-1 em água a 37 °C), levemente
solúvel em álcool e muito solúvel em clorofórmio ou acetona (GENNARO,
2000; MOFFA; OSSELTON; WIDDOP, 2004).
Ortorrômbico (OR) Hexagonal (HEX) Líquido-cristalina (LIQ)
57
Figura 13 - Estrutura química da nifedipina. Fonte: http://www.people.ufpr.br
O fármaco é classificado como um ácido fraco (pKa= 3,93), com
massa molecular de 346,33 Da (FRIEDRICH; NADA; BODMEIER, 2005),
sendo que fármacos com massa molecular inferior a 1000 Da são permeados
de modo eficaz através da pele (AGRAWAL; PRUTHI, 2011); possui
características de fotosensibilidade e apresenta coeficiente de partição
octanol/água (log K) igual a 2,2 (GENNARO, 2000; MOFFA; OSSELTON;
WIDDOP, 2004). Segundo Oliveira (2004), fármacos com valores de log K
entre 1 e 3 apresentam um EHL favorável a penetração cutânea, visto que
fármacos com elevada hidrofilia não penetram facilmente o EC, enquanto
fármacos com altos valores de log K são tão lipofílicos que permanecem retidos
no EC.
A NFD possui uma biodisponibilidade sistêmica limitada por via oral,
devido a uma combinação de efeitos enzimáticos ao longo do trato
gastrointestinal, principalmente pela P 450 redutase e citocromo P 450
nifedipina oxidase (CYP 3) (ZHANG et al., 2007). Entretanto, devido à sua curta
duração de ação e rápida instalação da vasodilatação, estão frequentemente
associadas a efeitos adversos (NIGRO; FORTES, 2005), incluindo hipotensão
pronunciada, diarreia, hepatotoxicidade, confusão mental e aumento na
mortalidade em pacientes com doenças coronárias (FURBERG et al., 1995).
Esses efeitos colaterais são o resultado de doses altas e excessivas ou como o
fármaco é requerido em formulações atuais.
N
OH3C
OCH3
H3C CH3
O O
NO2
58
Estudos relatam a utilização da NFD, fármaco com caráter lipofílico e
com baixo perfil de permeação cutânea, veiculada em MEs, tendo o D-
limoneno como promotor de permeação, obtendo resultados satisfatórios com
relação a uma maior permeação desse fármaco, bem como uma maior
solubilidade do mesmo, em menor tempo, nos modelos de EC utilizados
(CALPENA et al., 1994; THACHARODI; RAO, 1994).
Diante do exposto, a NFD foi utilizada como fármaco modelo no
presente estudo, por apresentar características desejáveis para fármacos
candidatos à administração por via transdérmica (MCDAID; DEASY, 1996).
Segundo Martins; Veiga (2002), esses fármacos apresentam características
específicas como alta potência; ausência de irritabilidade, quando em contato
com a pele; tempo de meia-vida curto; extensa metabolização hepática;
permanência no estado molecular para uma adequada difusão e baixa massa
molecular.
59
3. Objetivos
3.1. Geral
Estudar a formação de MEs a partir do efeito de diferentes co-
tensoativos e avaliar a interação das MEs em modelo de EC.
3.2. Específicos
• Extrair e caracterizar o OECS;
• Obter as MEs a partir da construção do diagrama de fases pseudo
ternário;
• Avaliar a área de formação de ME em função do co-tensoativo
• Caracterizar as MEs obtidas;
• Avaliar a influência da NFD na organização estrutural das MEs;
• Avaliar os mecanismos envolvidos nas interações proporcionadas
pelas MEs com modelo de EC.
60
4. Material e métodos
4.1. Material
4.1.1. Solventes e reagentes
• Nifedipina (HENRIFARMA®);
• Água ultra pura Milli-Q;
• Óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck;
• Tween® 80 (VETEC®);
• Etanol absoluto (SYNTH®);
• Fosfato de potássio monobásico (KH2PO4) (VETEC®);
• Álcool isopropílico (QEEL®);
• Propilenoglicol (ISOFAR®);
• Hidróxido de Sódio (TEC PHARMA®);
4.1.2. Equipamentos e vidrarias
• Agitador magnético (FISATOM®);
• Balança analítica (DENVER® APX 200);
• Banho de ultra-som (UNIQUE® USC 1450);
• Bomba de vácuo (FISATON®);
• Condutivímetro (Mettler Toledo InLab 731)
• Zetasizer Nano ZS (MALVERN®);
• pHmetro (PHTEK®);
• Microscópio de luz polarizada (Olympus modelo BX51);
• Cromatógrafo gasoso acoplado a espectrômetro de massa,
(Shimadzu QP 5050 A);
• Reômetro Anton Paar (MCR -301);
• Densímetro Anton Paar (DMA 4500);
• FTIR (Perkin-Elmer- FTIR System Spectrum BX);
• DSC-50 (Shimadzu®);
• Macromoinho de rotor vertical com facas móveis e fixas MA 680
(MARCONI®);
61
• Clevenger modificado;
• Pipeta de Pasteur;
• Pipetas graduadas de 1,0 ml a 10,0 ml;
• Bequérs de 5,0 ml a 150 ml;
• Tensiômetro Attension da Biolim Scientific (Sigma 700).
4.2. Métodos
4.2.1. Extração e Caracterização do OECS
4.2.1.1. Extração do óleo essencial
O óleo essencial foi obtido das cascas de Citrus sinensis (laranja pera),
em único lote, as quais foram secas em uma estufa de ar circulante, à
temperatura de 40 °C, por um período de 72 horas. A pós esse período, as
cascas foram trituradas em um moinho de facas e levadas a um aparelho
extrator do tipo Clevenger modificado por ± 3 h para obtenção do óleo (Figura
14). Resíduos de água foram removidos com a adição de sulfato de sódio
(FERHAT et al., 2006). O óleo foi acondicionado em frasco âmbar e
armazenado sob refrigeração. As laranjas foram adquiridas no CEASA- Centro
de Abastecimento de Alimentos em Aracaju-SE, sendo procedentes do
Município de Lagarto-SE.
62
Figura 14 - Esquema de extração de OECS. Fonte: Adaptado de COSTA et al., 2005.
4.2.1.2. Análise de Densidade do OECS
As análises de densidade foram realizadas em um equipamento digital
da marca Anton Paar, modelo DMA 4500. O equipamento funciona com base
no princípio de tubo oscilatório e fornece a densidade da mistura líquida em
g/cm³, com cinco casas decimais (10-5). Foram realizados alguns dos testes
exigidos pela American Society for Testing and Materials (ASTM) na calibração
com água deionizada. As amostras foram injetadas diretamente no
equipamento e após a estabilização da temperatura, forneceu o resultado
direto da densidade. Todas essas medidas foram realizadas em triplicata
(RUSCHELL, 2010).
4.2.1.3. Identificação dos constituintes químicos d o OECS
A análise qualitativa da composição química do OECS foi realizada em
um cromatógrafo gasoso acoplado a um espectrômetro de massas (CG-EM),
equipado com um autoinjetor AOC-20i (Shimadzu) e coluna capilar de sílica
63
fundida - J&W Scientific (5%-phenil-95%-dimethilpolisiloxano) - de 30 m x 0,25
mm i.d., 0,25 µm de filme; usando He como gás de arraste, com fluxo de 1,0
mL/min. A temperatura foi programada mantendo 50 ºC por 1,5 min, seguido de
um aumento de 4 ºC/min, até atingir 200 ºC; depois a 10 ºC/min até atingir 250
ºC, mantendo constante esta temperatura por 5 min; a temperatura do injetor
foi de 250 ºC e a temperatura do detector (ou interface), de 280 ºC; foi injetado
um volume de 0,5µL em acetato de etila; a taxa de partição do volume injetado
foi de 1:83 e a pressão na coluna de 64,20 kPa. As condições do CG-EM
foram: detector de captura iônica operando por impacto eletrônico e energia de
impacto de 70 eV; velocidade de varredura 1000 u/s; intervalo de varredura de
0,50 fragmentos/s e fragmentos detectados na faixa de 40 a 500 Da. A análise
foi realizada no Departamento de Química da Universidade Federal de Sergipe
(COSTA, 2010).
4.2.2. Obtenção das microemulsões através de diagra ma de fases
pseudoternário
As MEs foram preparadas através da construção de diagramas de
fases pseudoternário. Os diagramas de fases foram inicialmente compostos
pelos seguintes componentes: tensoativo não iônico, alcoóis de cadeia curta e
glicol (co-tensoativos) e fase oleosa. O tensoativo e os co-tensoativos utilizados
foram combinados na razão de 1:1, misturados e deixados em equilíbrio
durante o período de 12 horas (CHEN et al., 2004; EL MAGHRABY, 2008,
BRITO, 2011).
Na construção do diagrama de fases utilizou-se o OECS, tensoativo
(Tween 80®- polioxietileno 20 monooleato de sorbitano), co-tensoativos (etanol
absoluto, álcool isopropílico e propilenoglicol) e fase aquosa (tampão fosfato
pH 5,0). A mistura de Tensoativo/ Co-tensoativo (T/Co-t), na proporção de 1:1,
foi homogeneizada por agitação magnética, à temperatura ambiente, nas
seguintes proporções de fase oleosa e mistura de tensoativo e co-tensoativo:
1:9, 2:8, 3:7, 4:6, 5:5, 6:4, 7:3, 8:2, 9:1. As misturas foram diluídas com a fase
aquosa, também a temperatura ambiente, nas mesmas proporções anteriores.
Após a adição da fase aquosa, as misturas foram homogeneizadas em agitador
magnético, por 10 minutos e as mudanças do aspecto visual foram observadas.
64
Considerando-se as proporções dos componentes (tensoativo, co-tensoativos,
fase oleosa e fase aquosa), os pontos obtidos, após a adição da fase aquosa,
foram plotados em forma de diagrama ternário, observando-se as possíveis
transições dos sistemas opticamente transparentes ou translúcidos, líquido ou
gel ou de ME para sistema opaco líquido ou emulsão; dispersão opaca ou
ainda separação de fases, para cada diagrama. (EL MAGHRABY, 2008).
4.2.3. Seleção das formulações e incorporação do fá rmaco de estudo
Após a construção dos diagramas de fase, totalizando noventa e uma
formulações, foram fixados os valores da fase oleosa (4%), sendo que os
valores da fase aquosa (60 e 80%) e da mistura T/Co-t (36 e 16%) foram
variados. Desta forma, duas formulações de cada diagrama, contendo co-
tensoativos diferentes (etanol absoluto, álcool isopropílico e propilenoglicol)
foram selecionadas, com a finalidade de se verificar a influência do co-
tensoativo na interação com modelo de EC. A NFD foi incorporada na
concentração de 2 mg/ml, em cada formulação, obtendo-se assim um valor fixo
de concentração, a fim de avaliar a influência do fármaco nos sistemas
selecionados. Será avaliada a permeação da NFD, nos diferentes sistemas
selecionados, em estudos posteriores. O uso do tampão fosfato pH 5,0 como
fase aquosa deve-se a compatibilidade desse com a NFD, visto que a mesma
possui caráter lipofílico e com a pele (pH fisiológico). As MEs foram preparadas
cinco dias antes dos testes para garantir a estabilização termodinâmica das
gotículas em temperatura ambiente.
As composições percentuais das formulações selecionadas de cada
diagrama, com os diferentes co-tensoativos (ET1 e ET2- álcool etílico, ISO1 e
ISO2- álcool isopropílico, PG1 e PG2- propilenoglicol), estão ilustradas na
Tabela 3.
65
Tabela 3 - Composição centesimal dos sistemas obtidos a partir do diagrama de fases. Formulação Fase
Aquosa (%) Fase
Oleosa (%) Tensoativo
(%) Co-tensoativo
(%) Co-tensoativo
(tipo) ET1 60 4 18 18 Etanol
ISO1 60 4 18 18 Álcool Isopropílico
PG1 60 4 18 18 Propilenoglicol
ET2 80 4 8 8 Etanol
ISO2 80 4 8 8 Álcool Isopropílico
PG2 80 4 8 8 Propilenoglicol
4.2.4. Caracterização das microemulsões obtidas
4.2.4.1. Microscopia de luz Polarizada
A identificação de isotropia nos sistemas obtidos, na presença e
ausência do fármaco, nos diagramas de fase pseudo-ternário foi realizada por
MLP (Olympus modelo BX51) equipado com uma câmera digital (Evolution LC
Color) e Software analisador de Imagem (Pixel Link), depois de percorrido o
tempo mínimo de 5 dias para o equilíbrio dos sistemas e as medições feitas à
temperatura ambiente (25ºC) (CARVALHO, 2009).
4.2.4.2. Espalhamento dinâmico de luz
Para determinação do tamanho de gotícula foi realizada uma análise
por DLS ou espectroscopia de correlação de fóton (PCS) usando um Zetasizer
Nano system ZS (Malvern-UK). Os sistemas isotrópicos na presença e
ausência do fármaco foram colocados em cela de vidro de 1 cm de caminho
óptico e as medições feitas à temperatura ambiente (25ºC). O equipamento
realiza em média 12 determinações para cada análise. O diâmetro foi calculado
por função de autocorrelação da intensidade espalhada pelas gotículas (YUAN
et al., 2006). As análises foram realizadas no Departamento de Física da
Universidade Federal de Sergipe.
O índice de polidispersividade (IPD) é uma medida da homogeneidade
da dispersão em relação ao diâmetro e varia de 0 a 1. Valores próximos de
66
zero indicam homogeneidade da dispersão, enquanto valores que se
aproximam de 1 indicam alta heterogeneidade (YUAN et al., 2006).
4.2.4.3. Condutividade elétrica
A condutividade elétrica dos sistemas isotrópicos foi medida em
condutivímetro aferido em escala até 2000 uΩ/cm com solução padrão de KCl
de 1412 uΩ/cm, em temperatura ambiente. Foi medida a condutividade elétrica
com a presença e ausência do fármaco (LI et al., 2010).
4.2.4.4. Determinação do pH
O pH das formulações, com a presença e ausência do fármaco, foi
avaliado utilizando um potenciômetro digital com eletrodo de vidro e sensor de
temperatura da marca Phtek PH 3B, previamente calibrado com soluções
tampão pH 4,0 e 7,0 a uma temperatura de 25 ± 0,5 ºC (MEHTA et al., 2007).
4.2.4.5. Espalhamento de Raios-X a baixo ângulo
O arranjo estrutural das MEs foi analisado a partir de medidas de SAXS
a temperatura ambiente. Os dados foram coletados em uma estação de
medidas do Laboratório Nacional de Luz Sincrontron (LNLS) em Campinas-SP,
na estação D11A, equipada com um monocromador do tipo Si (111), com
comprimento de onda de 1,499 Å. A intensidade de espalhamento I(q) foi
expressa em unidades arbitrárias e o espalhamento de ar parasita
(espalhamento de partículas existentes no sistema sem amostra) foi subtraído
da intensidade total da amostra (CARVALHO, 2009).
4.2.4.6. Reologia
As medidas reológicas foram realizadas em um reômetro de tensão
controlada fabricada pela Anton Paar (modelo Physica MCR 301). A
caracterização reológica das formulações selecionadas, na presença e
ausência do fármaco, foi realizada através de testes rotacionais de varredura
da taxa de cisalhamento (entre 0,1 e 1000 s-1, com variação logarítmica) para
amostras submetidas à temperatura controlada (25 ± 0,1 ºC). Todos os
experimentos foram realizados em triplicata, sendo empregada a geometria
67
cilindro coaxial com 27 mm de raio (CC27). As curvas de taxa de deformação
versus tensão de cisalhamento foram ajustadas pelo modelo de Ostwald-de-
Waelle (Lei da Potência), usando o software ORIGIN 8.0. As medidas foram
realizadas no Núcleo de estudos de sistemas coloidais (NUESC) da
Universidade Tiradentes-SE.
4.2.4.7. Determinação da tensão superficial das for mulações selecionadas
As medidas de tensão superficial das amostras selecionadas foram
determinadas através do Tensiômetro Attension (Sigma 700), à temperatura
ambiente, em triplicata. Durante a medição, a placa de Wilhelmy é submersa
nas MEs e o tensiômetro mede a força de empuxo das MEs sobre a placa,
calculando assim, a tensão superficial através do tamanho da placa conhecida
(LIU; CHANG; HUNG, 2011). As medidas foram realizadas no Laboratório de
Biotecnologia Ambiental (Labam) da Universidade Federal de Sergipe.
4.2.5. Estudo de interação das MEs com modelo de EC
As técnicas de DSC e FTIR foram utilizadas para avaliar as mudanças
estruturais do EC, ou seja, o DSC avalia a temperatura de transição de fases e
o FTIR a modificação na conformação dos grupos funcionais característicos,
com o objetivo de averiguar a influência das MEs, como promotores de
permeação, na permeabilidade cutânea de fármacos (NARISHETTY;
PANCHAGNULA, 2005; BABY et al., 2006a).
O modelo de EC utilizado foi a muda de pele de cobra da espécie Boa
constrictor, por contemplar o aspecto da ética experimental com animais e
humana (WIDLER et al., 2002). A pele de cobra fornece uma barreira similar ao
EC humano e pode ser obtida sem a morte do animal, uma vez que a troca da
pele ocorre regularmente a cada dois ou três meses, sendo de fácil
armazenamento e não sofrendo degradação microbiológica (BABY et al.,
2006a).
As análises por DSC e FTIR foram realizadas no Departamento de
Física da Universidade Federal de Sergipe.
68
4.2.5.1. Preparação das amostras
A pele de cobra foi utilizada como modelo de EC e cedida por criadouro
local. Essa foi cortada em pequenos discos circulares com um diâmetro
aproximado de 3 cm e submersa em água destilada, durante 12 h. Após esse
período, retirou-se o excesso de água destilada com o auxílio de papel filtro e
inseriu-se as peles em soluções contendo as MEs com T/Co-t selecionadas,
por um período de 12h (BRITO et al., 2009). As amostras foram tratadas,
conforme descrito anteriormente, sendo que o excesso foi retirado com água
corrente e as amostras foram enxugadas levemente com papel absorvente e
então levadas para avaliação.
4.2.5.2. Avaliação por DSC
Realizou-se o ensaio de DSC no equipamento TA Instruments DSC
2010, em que as amostras (1,6 mg) foram pesadas em cadinho de alumínio e
aquecidas em atmosfera de nitrogênio, de 25 a 130 ºC, numa razão de
aquecimento de 10 ºC/min-1 e com vazão de 50ml/min-1. A célula de DSC foi
calibrada e/ou verificada antes dos ensaios no eixo de temperatura, utilizando
padrões de platina e índio (Tfusão=156,6 ºC; ∆Hfus = 28,54 J g–1) (BRITO et al.,
2009).
4.2.5.3. FTIR
Os espectros de FTIR foram obtidos utilizando um espectrofotômetro
Perkin-Elmer FTIR System Spectrum BX. As amostras foram caracterizadas no
FTIR com resolução 4 cm-1, 16 varreduras, faixa de frequência de 4000-700
cm-1,em temperatura ambiente (BRITO et al., 2009).
4.2.6. Análise estatística
Os resultados da tensão superficial das MEs selecionadas, contendo
diferentes co-tensoativos, foram expressos como a média ± desvio padrão. A
análise de variância (ANOVA) de uma via seguido do pós-teste de Tukey foi
utilizada para avaliar a significância das diferenças entre as médias (quando
69
cabível). Os cálculos foram realizados através do Software Estatístico Graph
Pad Prism versão 5.0. Valores de p<0,05 foram considerados significativos.
69
5. Resultados e discussão
5.1. Rendimento e densidade do OECS
A técnica de extração do óleo, a forma de secagem e o tempo de
extração podem influenciar no rendimento e na composição química dos óleos
essenciais (COSTA, 2010). No processo de extração do OECS foi empregado
o método de hidrodestilação, que é um processo simples e bastante utilizado
para extração de óleos voláteis. Neste equipamento, quando as misturas
formadas por água em uma matriz vegetal entram em ebulição, os vapores de
água e os voláteis são conduzidos para o condensador, onde ocorre uma troca
térmica e os vapores são condensados. O óleo volátil é separado da água por
densidade e a água volta para o balão (BORSATO et al., 2008).
O rendimento médio obtido da extração do OECS a partir das cascas
secas do fruto foi de 9,71% ± 1,11. A densidade determinada do óleo essencial
foi de 0,837 g/cm3. Fernandes; Cardoso; Hohffmann (2006), utilizando o
mesmo método de extração do OECS do presente trabalho, obtiveram um
rendimento em torno de 9,38% e a densidade em torno de 0,8275 g/cm3. De
acordo com o resultado obtido e com os dados da literatura, pode-se afirmar
que o método de extração foi adequado e reprodutível para a obtenção do
OECS.
5.1.1. Constituintes químicos do OECS
A composição química do OECS, obtido a partir da extração das
cascas do fruto, está representada na Figura 15 e Tabela 4. O OECS
apresentou como principal constituinte o D-limoneno, com 96,30%, além de
outros terpenos, como o mirceno, com 2,11% e α-pineno, com 0,36%.
REZZOUG; LOUKA (2009) encontraram 94,4% de D-limoneno no OECS.
COSTA (2010) também confirmou o D-limoneno como componente majoritário
do OECS (88,53%), além de outros terpenos como o mirceno com 6,93% e α-
pineno com 1,58%. O resultado obtido está de acordo com o relatado na
literatura.
70
Tempo (min)
Figura 15 - Cromatograma do OECS. Tabela 4 - Constituintes Químicos do OECS.
Pico TR (min) Composto (%) GC-MS
IRR exp.*
IRR lit.**
1 7,500 α-pineno 0,36 931 932 2 8,808 Sabineno 0,13 971 969 3 9,375 Mirceno 2,11 988 988 4 9,875 n-octanal 0,11 1003 998 5 10,058 d-3-careno 0,19 1008 1008 6 10,867 D-limoneno 96,30 1030 1024 7 13,425 Linalol 0,55 1099 1095 8 17,433 n-decanal 0,25 1205 1201
TR (min): Tempo de refração GC-MS(%):Cromatógrafo gasoso com detector de massa IRR exp.: índice de refração relativo-experimental IRR lit.: índice de refração relativo-literatura
5.2. Obtenção do diagrama de fases
Os diagramas de fase pseudo ternários, os quais descrevem em que
condições experimentais os componentes devem ser combinados para formar
preparações transparentes, são de extrema relevância para a caracterização
dos sistemas microemulsionados (OLIVEIRA et al., 2004). Os diagramas de
fase pseudo ternário (Figura 16), contendo tensoativo (Tween® 80) e co-
tensoativos (etanol absoluto, álcool isopropílico e propilenoglicol), em razão fixa
de 1:1, OECS e tampão fosfato pH 5,0, foram construídos com o intuito de
avaliar a influência do co-tensoativo na zona de formação de ME. As MEs
foram preparadas cinco dias antes dos testes, para garantir a estabilidade
termodinâmica das gotículas em temperatura ambiente.
5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0(x10,000,000)
TIC
1 23
4 56
7 8
71
A Figura 16 mostra as fases formadas pelas misturas entre os
componentes de cada sistema. Uma atenção especial foi dada a área de
formação das MEs. Cada diagrama foi formado a partir de nove ensaios,
preparados à temperatura ambiente, nas seguintes proporções de fase oleosa
e mistura de T/Co-t: 1:9, 2:8, 3:7, 4:6, 5:5, 6:4, 7:3, 8:2, 9:1. A fase aquosa foi
adicionada nas formulações, nas mesmas proporções descritas anteriormente.
Após a adição da fase aquosa, foram observados sistemas transparentes (ME),
assim como emulsão e separação de fases.
A formação das MEs indicou que as proporções entre seus
componentes foram apropriadas para reduzir a tensão interfacial na formação
das mesmas. De acordo com Oliveira et al. (2004), em proporções adequadas
entre seus componentes e em condições de temperatura, pressão e força
iônica constantes, as MEs formam-se espontaneamente, quando a energia
remanescente da interface está próxima de zero.
O fator determinante para a formação de MEs são as propriedades
físico-químicas da fase oleosa, fase aquosa e T/Co-t. A formação das MEs
deriva essencialmente da redução da tensão na interface água/óleo, da
formação de um filme interfacial fluido composto de moléculas do tensoativo e
da penetração e associação de moléculas da fase oleosa neste filme de
tensoativos (EL MAGHRABY, 2008; LIU; CHANG; HUNG, 2011). A introdução
do co-tensoativo proporciona uma maior redução na tensão superficial e fluidez
interfacial, que pode expandir a área de existência do sistema
microemulsionado. Sendo assim, estudos com alcoóis de cadeia curta e glicóis
foram testados com sucesso como co-tensoativos (ABOOFAZELI;
LAWERENCE, 1994; ABOOFAZELI et al., 1995; ALANY et al., 2000; EL
MAGHRABY, 2008).
No diagrama contendo o etanol como co-tensoativo (Figura 16-A),
verificou-se que a área de formação de ME foi obtida em preparações contendo
baixas quantidades de fase oleosa (0 - 40%) nos sistemas, atingindo toda a
extensão da concentração da mistura T/Co-T e da fase aquosa (0-100%). No
entanto, uma maior formação de sistemas microemulsionados foi observada
em proporções altas da mistura T/Co-t (acima de 60%). As demais fases
72
(emulsão e separação de fases), obtidas com os constituintes, ocorreram em
uma proporção menor da mistura T/Co-t (0-60%) à medida que a formação de
MEs foi diminuindo.
Com o co-tensoativo álcool isopropílico (Figura16-B), foi possível
observar a formação dos sistemas homogêneos em baixas concentrações de
fase oleosa (0-50%) e em quantidades crescentes da fase aquosa e mistura,
nos sistemas. No entanto, uma maior formação desses sistemas foi observada
em concentrações da mistura T/Co-t acima de 40%. Em baixas concentrações
de T/Co-t (0-40%), quando há baixa quantidade de fase oleosa, formaram-se
sistemas emulsionados e quando a quantidade da mesma aumenta, tende a
ocorrer à separação das fases.
No propilenoglicol como co-tensoativo (Figura 16-C), observou-se que
a fase microemulsionada formou-se em baixas concentrações da fase oleosa
(0-30%), em toda a extensão de concentração da mistura e da fase aquosa.
Todavia, uma maior área desses sistemas foi obtida apenas a partir de 70% da
mistura T/Co-t. Quando a concentração de mistura tende a diminuir (70-0%), a
área de formação desses sistemas também diminui e verificou-se a formação
de uma pequena área de sistemas emulsionados e uma grande área de
separação de fases.
A partir dos diagramas de fase obtidos com os co-tensoativos avaliados
(Figura 16), observou-se uma maior região de formação de sistemas
microemulsionados no álcool isopropílico, visto que uma área de formação
maior desses sistemas, em toda a sua plenitude, foi obtida: acima de 40% da
quantidade de mistura de T/Co-T e até 50% da concentração de fase oleosa,
ao contrário dos demais co-tensoativos, etanol e propilenoglicol, que só
obtiveram essa maior área de ME acima de 60% e 70% da quantidade de
T/Co-t e até 40% e 30% da concentração de fase oleosa, respectivamente.
73
OECS0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
T/EOH
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TF
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
SF
E
ME
OECS0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
T/ISO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TF
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ME
SF
E
OECS0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
T/PG
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TF
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
E
ME
SF
Figura 16 - Diagrama de fases pseudoternário. (A) sistema contendo álcool etílico, (B) sistema contendo álcool isopropílico, (C) sistema contendo propilenoglicol, (OECS) óleo essencial de Citrus sinensis, (TF) tampão fosfato pH 5.0, (T/EtOH) Tween® 80/etanol absoluto, (T/ISO) Tween® 80/álcool isopropílico,(T/PG) Tween® 80/propilenoglicol, (ME) Microemulsão, (E) Emulsão e (SF) Separação de Fases.
Segundo Yuan et al. (2006), a incorporação de álcool etílico ou álcool
isopropílico, alcoóis de cadeia curta e massa molecular pequena, nos sistemas,
proporciona um aumento na zona de ME, devido a diminuição da energia
interfacial e tensão superficial. No entanto, o aumento do número de grupos
hidroxila, na estrutura química do co-tensoativo, reduz a área de formação de
ME (ALANY et al., 2000), como observado com o propilenoglicol.
5.3. Caracterização estrutural das microemulsões
A caracterização estrutural dos sistemas obtidos foi avaliada através
das técnicas de MLP, ensaios de condutividade elétrica e SAXS. O ensaio 1 de
cada diagrama foi selecionado para representar a caracterização estrutural.
A B
C
74
Essa escolha foi baseada na estabilidade de todas as formulações obtidas em
cada ensaio de seus respectivos diagramas.
Na Figura 17 está representada a fotomicrografia obtida da formulação
do ensaio 1, contendo o etanol como co-tensoativo. Sob um plano de luz
polarizada a amostra é considerada anisotrópica se for capaz de desviar o
plano de luz incidente e isotrópica se não desviar a luz (HYDE, 2001; DJEKIC;
PRIMORAC; JOCKOVIC, 2011). A formulação descrita anteriormente
representa as demais formulações dos diagramas obtidos, onde, as MEs não
apresentaram desvio ou vibração de luz polarizada, as quais se apresentaram
com as mesmas propriedades ópticas em todas as direções.
Figura 17 - Fotomicrografia representativa de um comportamento isotrópico (campo escuro), obtida da Microemulsão (ME) do Ensaio 1, 6:4 (co-tensoativo: etanol absoluto). A seta indica a presença de bolha de ar para comprovar o campo escuro.
A condutividade elétrica é uma ferramenta frequentemente utilizada na
investigação de mudanças estruturais em MEs (ROSSI et al., 2007). Logo, nos
sistemas obtidos, pode-se avaliar que o aumento do volume de fração aquosa
nas MEs proporcionou um aumento na condutividade elétrica (Figura 18), visto
que quando a fase aquosa é adicionada ao sistema, as gotículas interagem
entre si, formando outras estruturas e provocando mudanças nas propriedades
estruturais dos sistemas (DJORDJEVIC et al.,2004). Segundo Kogan et al
(2009), os sistemas com até 30% de fase aquosa, a condutividade é
inicialmente baixa, sugerindo a existência de estruturas reversas em meio
oleoso não condutor (A/O). Na região de 30% a 70% de fase aquosa, o
75
aumento na condutividade não é linear, sendo um indicativo que estruturas
bicontínuas são formadas. Quando mais que 70% de fase aquosa é
adicionada, a condutividade aumenta linearmente, indicando a formação de
estruturas O/A.
A condutividade elétrica dos sistemas contendo os co-tensoativos
etanol, álcool isopropílico e propilenoglicol, ilustrada na Figura 18, demonstra
que o co-tensoativo que apresentou a maior condutividade foi o álcool
isopropílico, seguido do propilenoglicol e etanol. Sugere-se que, de acordo com
os diagramas de fase obtidos para cada co-tensoativo (Figura 16), o
propilenoglicol apresentou uma maior região de MEs O/A, aonde a fase externa
aquosa proporcionou uma maior condutividade elétrica, em relação ao etanol.
O álcool isopropílico, devido à presença do grupo hidroxila nas extremidades
de sua estrutura química (Figura 9), apresenta uma maior miscibilidade em
água, o que pode ser inferido uma maior condutividade elétrica das
formulações em relação aos demais co-tensoativos.
0 20 40 60 80 100
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Bicontinua O/A
Con
dutiv
idad
e (µ
S/c
m-1
)
Fração aquosa (%)
A/OEtanol
Propilenoglicol
A. Isopropílico
Figura 18 - Condutividade elétrica das formulações contendo OECS: Tween® 80 e os co-tensoativos etanol absoluto, álcool isopropílico e propilenoglicol.
76
O estudo nanoestrutural das MEs foi realizado por SAXS para os
diferentes co-tensoativos. A Figura 19 mostra a intensidade de espalhamento
I(q) em função do vetor espalhamento q. Para cada co-tensoativo, o perfil das
curvas exibem uma banda larga centrada em q, apresentando diferentes
comportamentos para as regiões com baixa, média e alta razão de fase aquosa
da formulação (quantidades crescentes sobre a linha de diluição OECS: T/Co-
T).
Os sistemas microemulsionados (Figura 19), para cada co-tensoativo,
apresentaram picos alargados e simétricos a menores conteúdos de fase
aquosa (10-30%), sendo característicos de MEs. Em maiores conteúdos
aquosos (30-60%), as curvas são assimétricas e deslocam progressivamente
em direção a baixos valores de q, indicando a formação de estruturas com
maiores dimensões. Adicionalmente, acima de 30%, outro pico aparece com
valores de q mais altos, característicos de estruturas bicontínuas. Pode-se
observar que o surgimento desse segundo pico é incomum para sistemas
homogêneos, no entanto, fez-se a MLP das formulações e verificou-se que não
houve imagens birrefringentes, característicos de sistemas cristalinos. A
diluição do sistema com mais de 60% de fase aquosa ocasionou o
desaparecimento do primeiro pico. Eventualmente, um único pico foi registrado
a 60-90% de conteúdo aquoso, sugerindo a formação de ME O/A (KOGAN et
al, 2009). Estes resultados estão de acordo com os obtidos por condutividade.
77
1 2 3
10%
20%
30%
40%
A
50%
60%
70%
80%
q (nm-1)
Inte
nsid
ade
(u. a
)
90%
1
10%
B
20% 30%
40%
50%
60%
70% 80%
Inte
nsid
ade
(u. a
)
q (nm-1)
90%
1
10%
C
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
q (nm -1)
Inte
nsid
ade
(u. a
)
90%
Figura 19 - Avaliação estrutural das formulações referentes a cada co-tensoativo (etanol absoluto (A), álcool isopropílico (B) e propilenoglicol (C)) por SAXS.
A partir dos resultados obtidos por MLP (Figura 17), dos ensaios de
condutividade elétrica (Figura 18) e confirmados por SAXS (Figura 19), foram
selecionadas as formulações fixando a quantidade de fase oleosa e variando a
fase aquosa e a mistura T/Co-t. Sendo assim, duas formulações de cada
diagrama, contendo co-tensoativos diferentes (ET1, ET2, ISO1, ISO2, PG1,
78
PG2) foram selecionadas, com a finalidade de se verificar a influência do co-
tensoativo na interação com modelo de EC. As formulações foram
selecionadas visando à obtenção de MEs bicontínuas e O/A para garantir que a
NFD se incorpore na fase interna devido ao seu caráter lipofílico e para futuros
estudos de avaliação dos perfis de liberação do fármaco. O fármaco foi
incorporado na concentração de 2 mg/ml, em cada formulação, obtendo-se
assim um valor fixo de concentração.
As formulações selecionadas foram caracterizadas visualmente como
sistemas homogêneos, límpidos e translúcidos, característicos de ME e cujas
composições centesimais podem ser visualizadas na Tabela 3.
5.4. Caracterização das microemulsões selecionadas
As MEs selecionadas foram caracterizadas após um período de cinco
dias de sua preparação, na presença e ausência da NFD. Foram avaliados os
parâmetros de aspecto macroscópico, pH, condutividade, tamanho de gotícula
de fase interna, índice de polidispersividade (IPD), tensão superficial, reologia e
SAXS.
Após a incorporação da NFD nas MEs (Figura 20), os sistemas obtidos
apresentaram-se com a mesma limpidez e transparência, demonstrando que o
fármaco não influenciou na estabilidade das formulações e os aspectos
macroscópicos dos sistemas microemulsionados foram mantidos em todas as
formulações selecionadas.
A B Figura 20 – Microemulsões (ME) selecionadas (ET1, PG1, ISO1 e ET2, ISO2, PG2), a partir do diagrama de fases, na ausência (A) e presença da Nifedipina (NFD) (B).
79
Na Tabela 5 encontram-se os resultados das caracterizações
realizadas nos sistemas microemulsionados selecionados. O pH ideal de uma
formulação é padronizado de acordo com o pH de estabilidade dos
componentes ativos utilizados e o de tolerância biológica para produtos
cutâneos (5,5 a 8,0) (DA SILVA et al., 2009). Os sistemas selecionados neste
estudo apresentaram pH compatível com o da pele (5,64 a 6,07) e sem
maiores alterações após a adição do fármaco (5,60 a 5,92), o que pode ser
justificado devido ao caráter ácido fraco da NFD (pKa= 3,93) (FRIEDRICH;
NADA; BODMEIER, 2005). Semelhante observação foi descrita por Djekic et al.
(2012), avaliando os valores de pH das MEs contendo o ibuprofeno, fármaco
lipofílico e com caráter ácido fraco (pKa=4.5).
A medida da condutividade é uma forma para se determinar o tipo de
ME quanto às fases: O/A, bicontínua ou A/O (LAWRENCE; REES, 2000). A
presença de ME O/A na forma de gotículas ocorre quando o volume de óleo é
baixo. Diferentemente, ME A/O na forma de gotículas ocorre quando o volume
de água é baixo e em sistemas onde a quantidade de água e óleo se equivale,
resulta-se numa ME bicontínua (KREILGAARD, 2002; DAMASCENO et al.,
2011). Desta forma, através dos resultados obtidos nas curvas de SAXS
(Figura 19) e dos ensaios de condutividade para cada co-tensoativo (Figura
18), as MEs selecionadas foram classificadas como bicontínuas (ET1, ISO1 e
PG1) e MEs O/A (ET2, ISO2 e PG2).
A condutividade elétrica dos sistemas microemulsionados selecionados
(Tabela 5) variou de 1405-3540 µS/cm-1 e de 977-3000 µS/cm-1 na ausência e
presença do fármaco, respectivamente. A incorporação da NFD conduziu a
uma redução nos valores de condutividade das MEs bem como o aumento da
fração aquosa nos sistemas proporcionou um aumento nos valores de
condutividade, fato esse observado em estudos na literatura (DJORDJEVIC et
al., 2004; GARTI et al., 2006; FANUN, 2008; KOGAN et al., 2009) e nos
ensaios de condutividade para cada co-tensoativo (Figura 18).
Observam-se na Tabela 5 que todas as MEs obtidas apresentaram
pequenos diâmetros de gotícula, entre 16 e 34 nm, tanto na ausência quanto
na presença da NFD, sendo viável sua aplicação para via cutânea, podendo
80
ser utilizadas como sistemas de liberação prolongada (TROTTA, 1999; DA
SILVA et al., 2009). Os valores do IPD, apresentados na Tabela 5,
demonstraram que todas as MEs possuem distribuição de tamanho menor que
0,5, demonstrando certa homogeneidade dos sistemas.
De acordo com relatos na literatura (TROTA et al., 1999; FORMARIZ et
al., 2005; CHEN et al., 2006; YUAN et al., 2008), uma maior concentração de
T/Co-t reduz a energia interfacial livre do sistema microemulsionado,
proporcionando uma redução no diâmetro de gotículas do sistema, fato esse
observado neste trabalho, onde as MEs com maior concentração de T/Co-t
(ET1, ISO1 e PG1) apresentaram um menor tamanho de gotículas (Tabela 5),
ao contrário dos sistemas (ET2, ISO2 e PG2) com menor concentração de
T/Co-t. Esses valores foram observados também nos sistemas com o fármaco
incorporado.
Tabela 5 - Valores de pH, condutividade, tamanho de gotícula e índice de polidispersividade (IPD) na ausência (S/NFD) e presença (C/NFD) de Nifedipina (NFD), nas formulações selecionadas a partir do diagrama de fases.
A tensão superficial das MEs foi realizada com o objetivo de avaliar a
influência dos co-tensoativos na formação e estabilidade dos sistemas
microemulsionados, visto que proporcionam uma maior flexibilidade do filme
interfacial (VAN HAMME et al., 2006), resultando numa expansão da área de
ME em sistemas contendo as fases aquosa, oleosa e tensoativo (OLIVEIRA et
al., 2004).
Na Figura 21 está demonstrada a tensão superficial das MEs inertes e
contendo a NFD, referentes ao ensaio 01 (ET1, ISO1 e PG1) e ensaio 02 (ET2,
Formulação pH
S/NFD C/NFD
Condutividade (µS/cm -1)
S/NFD C/NFD
Tamanho de gotícula (nm)
S/NFD C/NFD
IPD
S/NFD C/NFD
ET1 6,07±0,02 5,60±0,04 1405 977 22,32±0,19 25,94±0 ,51 0,3 0,25
ISO1 5,84±0,04 5,89±0,05 2700 2530 16,19±0,48 19,26±1,21 0,3 0,3
PG1 5,64±0,03 5,76±0,01 3012 2500 26,29±0,57 29,38±0,55 0,4 0,32
ET2 6,03±0,02 5,92±0,01 3540 2800 27,36±0,51 29,32±0,18 0,1 0,25
ISO2 5,81±0,05 5,81±0,03 3050 2890 19,32±0,92 23,05±0,18 0,06 0,1
PG2 5,71±0,01 5,75±0,04 3076 3000 34,98±0,13 31,43±0,42 0,2 0,07
81
ISO2 e PG2), obtidos do diagrama de fases de cada co-tensoativo (Figura 16).
Aplicando-se o teste de variância ANOVA, seguido pelo teste de comparação
múltipla (teste de Tukey) com significância de p<0.05, observou-se que dentre
os valores de tensão superficial das MEs na ausência e presença do fármaco,
há diferença estatisticamente significante e que todos os co-tensoativos
apresentaram redução da tensão superficial das MEs analisadas. A diluição
das MEs do ensaio 02 (80%) promoveu um aumento da tensão superficial em
relação às formulações do ensaio 01, com concentração inferior de fração
aquosa (60%). Com a diluição nas MEs, o co-tensoativo tende a migrar para a
fase aquosa, diminuindo sua concentração na interface água-óleo, podendo
desestabilizar as gotículas das MEs (GOMES, 2010) e proporcionando um
aumento da tensão superficial entre a água e o óleo. Liu; Chang; Hung (2011)
obtiveram resultados semelhantes ao observar que com o acréscimo de água
nos sistemas microemulsionados, a tensão superficial aumentava devido à
migração do co-tensoativo para a fase dispersa, diminuindo assim a sua
concentração na interface e consequentemente, aumentando a tensão
superficial dos sistemas.
ET1
ET1(NFD
)
ISO1
ISO1(
NFD)
PG1
PG1(NFD
)
0
10
20
30
40
Ensaio 1
x xxx
x xx
x xx
Ten
são
Sup
erfic
ial (
mN
/m)
Ensaio 2
ET2
ET2(NFD
)IS
O2
ISO2(
NFD)PG2
PG2(NFD
)0
10
20
30
40x xx
x xx
x XX
Ten
são
Sup
erfic
ial (
mN
/m)
Figura 21- Tensão superficial das formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2 e PG2 na ausência e presença da Nifedipina (NFD), n=12. * Diferença significativa (p<0,05) da média comparada entre as formulações contendo diferentes co-tensoativos e ** formulações com a presença e ausência da NFD , usando ANOVA de uma via com pós teste de Tukey.
Os valores de tensão superficial das MEs estão descritos na Tabela 6,
aonde se verificou que dentre os sistemas microemulsionados, os que contêm
o álcool isopropílico como co-tensoativo apresentaram os menores valores de
82
tensão, sendo de 24,764 mN/m (ISO1) e 26,868 mN/m (ISO2) para as MEs
inertes e 24,256 mN/m e 26,514 mN/m para as MEs contendo o fármaco,
respectivamente, seguidos do etanol, com os valores de tensão de 29,512
mN/m (ET1) e 31,602 mN/m (ET2) das MEs sem fármaco e 29,327 mN/m e
31,480 mN/m das MEs contendo a NFD, respectivamente. Os sistemas
microemulsionados contendo o propilenoglicol como co-tensoativo
apresentaram os valores maiores de tensão de 31,784 mN/m (PG1) e 33,967
mN/m (PG2) para as MEs inertes e 31,159 mN/m e 33,362 mN/m para as
formulações com o fármaco, respectivamente.
Logo, pode-se averiguar que quando a concentração de T/Co-T
aumenta, a tensão superficial diminui significativamente, confirmando os
resultados obtidos de tamanho de gotículas (Tabela 5) e nos diagramas de fase
pseudo ternários (Figura 16), obtidos para cada co-tensoativo, aonde, a maior
área de ME obtida foi com o álcool isopropílico, assim como o menor diâmetro
de gotas, seguido do etanol e propilenoglicol. A incorporação de alcoóis de
cadeia curta e massa molecular pequena, nos sistemas microemulsionados,
proporciona um aumento na zona de ME, devido à diminuição da energia
interfacial e tensão superficial. (ALANY et al., 2000; BACHHAV; DATE;
PATRAVALE, 2006; EL MAGHARABY, 2008).
A inserção da NFD nas MEs promoveu uma diminuição nos valores de
tensão superficial, como demonstrados na Tabela 6. Segundo Garti et al.
(2006) a presença do co-tensoativo pode influenciar na solubilização do
fármaco, visto que a molécula do co-tensoativo compete com o fármaco por
locais livres na região interfacial e, consequentemente, proporciona a redução
da tensão superficial.
83
Tabela 6 - Valores de tensão superficial das formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2, PG2 na ausência (S/NFD) e presença de Nifedipina (C/NFD).
Formulação Tensão Superficial (mN/m)
S/ NFD C/NFD
ET1 29,512 29,327 ISO1 24,764 24,256 PG1 31,784 31,159 ET2 31,602 31,480 ISO2 26,868 26,514 PG2 33,967 33,362
Os valores de tensão superficial dos constituintes individuais estão
apresentados na Tabela 7, aonde, pode-se observar que todos os
componentes das MEs reduziram os valores de tensão em relação à água
(controle), a qual apresentou o valor de tensão superficial de 72 mN/m. O
Tween 80 (30,232 mN/m) e os co-tensoativos etanol (32,831 mN/m), álcool
isopropílico (30,928 mN/m) e propilenoglicol (34,403 mN/m) apresentaram
valores de tensão maiores do que associados, com os valores da mistura T/Co-
T obtidos de Tween/etanol (25,062 mN/m), Tween/álcool isopropílico (23,726
mN/m) e Tween/propilenoglicol (27,282 mN/m). É importante ressaltar que o
álcool isopropílico, associado ao Tween 80 ou isolado, apresentou os valores
de tensão superficial menores do que os demais constituintes, confirmando o
que foi descrito anteriormente. O OECS apresentou valor de tensão superficial
de 27,520 mN/m. Segundo Gomes (2010), as moléculas de óleo com cadeias
hidrocarbônicas mais curtas apresentam maior facilidade de penetração do
filme interfacial, logo, podem influenciar na fluidez do filme, interferindo na
tensão superficial do sistema microemulsionado.
Tabela 7 - Valores de tensão superficial dos constituintes individuais presentes nas formulações.
Constituinte Tensão Superficial (mN/m)
Água 72,000 OECS 27,520 Tween 80 30,232 Etanol 32,831 A.isopropílico 30,928 Propilenoglicol 34,403 Tween + Etanol 25,062 Tween + A. isopropílico 23,726 Tween + Propilenoglicol 27,282
84
Sendo assim, a partir dos resultados obtidos das MEs (Figura 21 e
Tabela 6) e dos constituintes individuais (Tabela 7), pode-se inferir que a
natureza anfifílica do Tween 80 e as cadeias curtas dos co-tensoativos podem
influenciar na fluidez da interface e na tensão superficial (CHARINPANITKUL et
al., 2005), sendo o álcool isopropílico o co-tensoativo que proporcionou uma
menor tensão superficial, confirmado pela avaliação do diâmetro de gotas
(Tabela 05) e obtenção do diagrama de fases (Figura 16).
A reologia consiste no estudo do escoamento ou deformação do
material em estudo quando submetido a uma tensão. O método é aplicável na
caracterização de MEs, pois o comportamento do fluído está relacionado com o
tipo e grau de organização do sistema (FORMARIZ et al., 2005). Esses
sistemas apresentam-se, na maioria das vezes, como sistemas newtonianos e
suas viscosidades são comparados às da água, até mesmo em elevadas
concentrações de gotículas, muito provavelmente devido à coalescência
reversível das mesmas (DAMASCENO et al., 2011).
Os reogramas presentes na Figura 22 A e B representam a relação
entre tensão e taxa de cisalhamento para as formulações ET1, ISO1 e PG1 (A);
ET2, ISO2 e PG2 (B). Os resultados obtidos das MEs apresentaram
comportamento newtoniano, característico de sistemas microemulsionados,
aonde as formulações analisadas apresentaram uma relação linear entre a
tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento. Esse comportamento se
repete nas formulações adicionadas do fármaco, aonde podem ser visualizadas
na mesma figura.
85
Figura 22 – Reogramas das formulações ET1, ISO1, PG1 (A) e ET2, ISO2, PG2 (B), na ausência e presença de Nifedipina (NFD).
Os valores dos parâmetros de ajuste do modelo de Ostwald-de-Waele
(Lei da potência) para as formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2, PG2 estão
demonstrados na Tabela 8. Constatou-se que o modelo apresentou bons
ajustes aos dados experimentais e valores do coeficiente de correlação (R2)
acima de 0,99 foram obtidos, incluindo as formulações contendo o fármaco.
O índice de consistência de uma formulação, K, é um valor relacionado
com a viscosidade do sistema. Quanto maior a viscosidade maior o valor deste
fator (MELO, 2009). Na Tabela 8 pode ser observado que os sistemas ET1,
ISO1 e PG1, com menor porcentagem de fase aquosa (60%) e maior da
proporção T/Co-t (36%), apresentaram uma maior viscosidade, concluindo-se
que o aumento da fase dispersa e a redução de conteúdo aquoso na fase
contínua proporcionaram um aumento da viscosidade. As formulações ET2,
ISO2 e PG2 apresentaram uma menor viscosidade, decorrentes de uma maior
porcentagem de fase aquosa (80%) e, consequentemente, de uma proporção
T/Co-t (16%) inferior às primeiras formulações mencionadas. A presença do
fármaco nas formulações analisadas mostrou que este não altera,
significativamente, o comportamento reológico dos sistemas, ocorrendo apenas
uma pequena mudança na viscosidade e esta não segue uma regra geral.
Os resultados obtidos com relação à viscosidade das formulações
(Tabela 8) confirmam os dados demonstrados na Tabela 5, referentes ao
tamanho de gotículas dos sistemas microemulsionados, aonde, as formulações
0 50 100 150 2000
10
Ten
sao
de C
isal
ham
ento
[Pa]
Taxa de Cisalhamento [1/s]
ET1 ET1 (NFD) ISO1 ISO1 (NFD) PG1 PG1 (NFD)
0 50 100 150 2000,0
0,5
1,0
Ten
sao
de C
isal
ham
ento
[Pa]
Taxa de Cisalhamento [1/s]
ET2 ET2 (NFD) ISO2 ISO2 (NFD) PG2 PG2 (NFD)
A B
86
com maior concentração de T/Co-t apresentaram a maior viscosidade e o
menor diâmetro de gotas, promovendo assim a redução da energia interfacial
livre das MEs e, por conseguinte, o aumento de sua estabilidade. Quando o
tamanho das gotas da fase dispersa é menor, a área total da superfície das
gotas aumenta, favorecendo assim, o aumento da viscosidade (OLIVEIRA et
al., 2004). Dentre as formulações analisadas, a ISO1 apresentou os maiores
valores de K e, portanto, os menores diâmetros de gotas, mesmo após a
inserção do fármaco.
Para avaliar o comportamento dos sistemas, observou-se o índice de
fluxo (n) das formulações (Tabela 8). Esse índice tem valores de 0 a 1, aonde,
para líquidos newtonianos n é igual a 1, para líquidos pseudoplásticos n é
menor que 1, sendo que valores como 0,99 os líquidos podem ser
considerados como líquidos newtonianos (KLEIN, 2007). Logo, as formulações
apresentaram valores de n que variaram de 0,99 a 1,06, sendo considerados
como sistemas newtonianos. Esses valores demonstraram ser influenciados
pelo teor de fase aquosa, seguindo uma tendência em que o sistema que
possui maior conteúdo aquoso, apresentou o maior índice de fluxo, sendo que
PG1 e PG2 apresentaram os valores de n maiores em relação às demais
formulações. A presença da NFD nas formulações não modificou seus
comportamentos, resultando apenas uma diferença de viscosidades entre as
formulações inertes e as formulações contendo o fármaco.
87
Tabela 8 - Comportamento reológico das formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2, PG2, na ausência (S/NFD) e presença de Nifedipina (C/NFD) pelo Modelo de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potência).
A partir dos reogramas obtidos das formulações analisadas (Figura 22)
e dos índices de consistência (K) e fluxo (n), demonstrados na Tabela 8,
observou-se que não ocorreram alterações relevantes ao adicionar o fármaco,
resultando apenas em pequenas diferenças nas viscosidades. As formulações
contendo uma maior porcentagem de conteúdo aquoso (ET2, ISO2 e PG2)
apresentaram um índice de fluxo maior, porém, todas as formulações
demonstraram um comportamento newtoniano.
Os dados obtidos por SAXS permitiram confirmar a estrutura dos
sistemas selecionados em função do teor de fase aquosa, T/Co-t e presença
ou ausência de NFD. As Figuras 23 e 24 apresentam as curvas das
intensidades de espalhamento em função do vetor de espalhamento q das
formulações com 60% e 80% de conteúdo aquoso, respectivamente e exibem
um pico alargado centrado em q, comportamento esse característico de
sistemas microemulsionados, confirmados por MLP (Figura 17) que
demonstrou isotropia dos sistemas.
O perfil das curvas de SAXS na Figura 23 mostra que todas as
formulações apresentaram um segundo ombro ou pico. As imagens de MLP
(Figura 17) mostram que estas formulações apresentam ausência de estruturas
birrefringentes o que indica a ausência de fases liquido cristalinas. Desta forma
assumimos que se trata de MEs bicontínuas.
Formulação
K
S/NFD C/NFD
Parâmetros Ƞ
S/NFD C/NFD
R2
S/NFD C/NFD
ET1 0,015 0,013 1,01 1,01 0,999 0,999
ISO1 0,028 0,017 0,99 1,00 0,999 0,999
PG1 0,012 0,011 1,01 1,01 0,999 0,999
ET2 0,001 0,001 1,06 1,06 0,999 0,999
ISO2 0,001 0,001 1,06 1,06 0,999 0,999
PG2 0,001 0,001 1,06 1,06 0,999 0,999
88
A incorporação da NFD nas formulações (Figura 23) ocasionou o
deslocamento das curvas para menores valores de q, resultando em aumento
da distância entre os objetos espalhadores, o que caracteriza a formação de
estruturas com diâmetros maiores. Estes resultados confirmam os valores de
tamanho de gotículas, demonstrados na Tabela 5, aonde a inserção do
fármaco ocasionou em um maior diâmetro de gotas em relação às formulações
inertes.
O aumento da intensidade das curvas de SAXS obtidas com as
formulações contendo o etanol como co-tensoativo (Figura 23 A), ao se
adicionar o fármaco, denota um aumento da densidade eletrônica das
estruturas dos sistemas, porém, não alterou o tipo de fase formada. As demais
formulações (Figura 23 B e C) não apresentaram essa característica.
Figura 23 - Avaliação estrutural das formulações ET1 (A), ISO1 (B), PG1 (C) na ausência e presença de Nifedipina (NFD) por SAXS.
1
0,01
Inte
nsid
ade
(u. a
)
q (nm -1)
ET1 ET1 (NFD)
1
0,01
Inte
nsid
ade
(u. a
)
q (nm-1)
ISO1 ISO1 (NFD)
1
1E-3
0,01
0,1
Inte
nsid
ade
(u. a
)
q (nm -1)
PG1 PG1 (NFD)
A B
C
89
Nas curvas de SAXS referentes às formulações contendo 80% de
conteúdo aquoso (Figura 24), foram observados picos alargados e simétricos,
centralizados na região q, característicos de estruturas microemulsionados
confirmados por MLP (Figura 17), cuja fotomicrografia demonstrou campo
escuro. O aumento do volume de fração aquosa nos sistemas
microemulsionados ocasionou mudanças nas propriedades estruturais,
formando estruturas com dimensões maiores, devido à interação entre as
gotículas (DJORDJEVIC et al.,2004). Logo, o aumento do componente aquoso
nas formulações ocasionou o surgimento de um único pico, característico de
MEs O/A, concordando assim com os resultados obtidos com as curvas de
SAXS do ensaio 01 de cada co-tensoativo (Figura 19) e em estudos presentes
na literatura (KOGAN et al., 2009).
A inserção do fármaco nas formulações (Figura 24) ocasionou o
deslocamento das curvas para menores valores de q, caracterizando a
formação de estruturas com diâmetros maiores, exceto as formulações
presentes na Figura 24 C, aonde as MEs inertes apresentaram um diâmetro de
gotículas maior que as formulações contendo a NFD. Os resultados obtidos
estão condizentes com os valores de tamanho de gotículas, demonstrados na
Tabela 5, aonde a adição do fármaco ocasionou um maior tamanho de
gotículas em relação às formulações inertes, com exceção da formulação PG2.
Foi observado, além das formulações contendo o etanol como co-
tensoativo (Figura 24 A), os sistemas contendo o álcool isopropílico como co-
tensoativo (Figura 24 B), um aumento da intensidade das curvas de SAXS,
obtidas com a inserção do fármaco, denotando assim um aumento da
densidade eletrônica das estruturas dos sistemas, porém, não houve alteração
no tipo de fase formada. As MEs contendo o propilenoglicol como co-tensoativo
não apresentaram essa diferença de intensidade.
90
Figura 24 - Avaliação estrutural das formulações ET2 (A), ISO2 (B), PG2 (C) na ausência e presença de Nifedipina (NFD) por SAXS.
Com as análises obtidas por SAXS (Figuras 23 e 24) das formulações
em estudo, pode-se concluir que a inserção da NFD e dos co-tensoativos
avaliados não alteraram o comportamento de fases das MEs, no entanto, as
formulações contendo o fármaco apresentaram diâmetro de gotas maiores em
relação às formulações inertes, o que denota a formação de estruturas com
diâmetros maiores.
1
0,01
Inte
nsid
ade
(u. a
)
q (nm -1)
ET2 ET2 (NFD)
1
0,01
Inte
nsid
ade
(u. a
)
q (nm -1)
ISO2 ISO2 (NFD)
1
0,01
q (nm -1)
Inte
nsid
ade
(u. a
)
PG2 PG2 (NFD)
A B
C
91
5.5. Estudo da interação das MEs com modelo de EC
O estudo da interação foi realizado com as formulações selecionadas
(ET1; ISO1; PG1 e ET2; ISO2 e PG2) com modelo de EC e foi investigado
através das técnicas de DSC e FTIR.
5.5.1. Avaliação da interação por DSC
A utilização da técnica de DSC possibilita a avaliação do efeito que os
promotores de permeação exercem sobre a estrutura e a organização do EC,
através de alterações observadas nas temperaturas características dos
eventos endotérmicos relativos tanto à porção lipídica quanto a porção proteica
do tecido (BABY et al., 2006b).
As transições endotérmicas ocorrem nas temperaturas de 35-42ºC, 60-
77ºC, 70-90ºC e 95-120 ºC e referem-se a T1, T2, T3 e T4, respectivamente. A
transição térmica relacionada a T1 é atribuída à transição dos lipídios do EC do
estado cristalino (ortorrômbico) para o estado de gel (hexagonal). As transições
T2 e T3 têm sido atribuídas a transição de fase do estado de gel lamelar para
líquido. A quarta transição (T4) é associada à desidratação e desnaturação da
porção proteica do EC (LEOPOLD; LIPPOLD, 1994; AL-SAIDAN; BARRY;
WILLIAMS, 1998; BABY et al., 2006b; BABY et al., 2009). No EC humano, uma
quinta transição a 51-55°C (T5) foi identificada e atribuída à ligação covalente
de lipídios ao envelope de queratinócitos (CORNWELL et al., 1996; AL-
SAIDAN; BARRY; WILLIAMS, 1998; TAKAOKA et al., 2010).
Na curva de DSC (Figura 25) obtida para as amostras de EC, da pele
de muda de cobra da espécie Boa constrictor, tratada com água destilada
(controle), solução hidroalcoólica de OECS a 4% e com as formulações
selecionadas (ET1, ISO1 e PG1), pode-se observar que o controle apresentou
três eventos endotérmicos: 43 ºC (T1), 60 ºC (T2) e 73 ºC (T3). O EC tratado
com solução hidroalcoólica de OECS 4% deslocou os picos para valores mais
baixos: 41 ºC (T1), 59 ºC (T2) e 69 ºC (T3), apresentando um quarto evento
endotérmico a 51ºC (T5). Essa mudança nos eventos endotérmicos demonstra
a capacidade do óleo essencial testado neste estudo em alterar a temperatura
de transição de fases dos lipídios, tornando-os menos organizados. Fato esse
92
demonstrado em estudos semelhantes com óleo e modelo de EC diferentes
(LEOPOLD; LIPPOLD, 1994; BRITO et al., 2009).
As formulações ET1, ISO1 e PG1 (Figura 25) demonstraram eventos
endotérmicos semelhantes ao óleo essencial, porém, houve decréscimo nas
temperaturas. Os endotermas referentes a formulação ET1 apresentaram
valores de temperatura de 36 ºC (T1), 57 ºC (T2), 67 ºC (T3) e 47 ºC (T5). Os
eventos endotérmicos identificados na formulação ISO1 foram 40 ºC (T1), 59
ºC (T2), 62 ºC(T3) e 49 ºC (T5) e os da formulação PG1 foram 38 °C (T1), 52
ºC (T2), 63 °C (T3) e 43 ºC (T5). Esses resultados demonstraram a influência
da ME, contendo o OECS, nos lípidos do EC.
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
63 °C
52 °C
38 °C
43 °C
Temperatura (°C)
PG1
62 °C59 °C
49 °C
40 °C67 °C
47 °C
57 °C36 °C
43 °C
51 °C
41 °C
73 °C
ET1
60 °C
OECS 4%
ISO1
69 °C
59 °CT5
T2T1
T1
T2
CONTROLE
End
o F
uxo
de c
alor
(m
W)
T3T3
Figura 25 - Curva de DSC do EC tratado com controle (água destilada), solução hidroaloólica de OECS 4% e formulações ET1, ISO1 e PG1.
Apenas dois eventos endotérmicos (Figura 26) foram observados nas
formulações ET2, ISO2 e PG2 em comparação ao controle, aonde ocorreu um
deslocamento dos picos endotérmicos para temperaturas menores. Os
resultados obtidos foram 44 ºC e 57 ºC referentes a ET2, 40 ºC e 59 ºC a ISO2,
42 ºC e 56 ºC para PG2.
93
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
63 °C
52 °C
38 °C
43 °C
Temperatura (°C)
PG1
62 °C59 °C
49 °C
40 °C67 °C
47 °C
57 °C36 °C
43 °C
51 °C
41 °C
73 °C
ET1
60 °C
OECS 4%
ISO1
69 °C
59 °CT5
T2T1
T1
T2
CONTROLE
End
o F
uxo
de c
alor
(m
W)
T3T3
Figura 26 - Curva de DSC do EC tratado com controle (água destilada), solução hidroalcoólica de OECS 4% e formulações ET2, ISO2 e PG2.
Os resultados demonstraram que as alterações em eventos
endotérmicos ocorreram nos modelos de EC tratados com as MEs contendo os
co-tensoativos e o OECS em comparação ao controle, sugerindo uma
mudança na organização estrutural dos lípidios para um estado menos
organizado. Essas alterações estão relacionadas com a estrutura da ME, sua
composição e sua capacidade de solubilizar lipídios (YUAN et al., 2006; BABY
et al., 2006b; YUAN et al., 2010), bem como o desempenho dos co-tensoativos
em promover a desestruturação da bicamada lipídica, resultando assim, em
uma maior fluidez (VADDI et al., 2002; BABY et al., 2006b).
5.5.2. Avaliação da interação por FTIR
A técnica de FTIR é um dos métodos espectroscópicos vibracionais
que vem sendo empregado no estudo da estrutura do EC e nas modificações
causadas pela ação de promotores de permeação, avaliando o grau de ordem
dos lipídios (HANH et al., 2001; BABY et al., 2006 a; BABY et al., 2006b).
As análises de FTIR, no presente trabalho, foram realizadas para
investigar o impacto das formulações selecionadas sobre a organização
molecular dos lípidos do EC. Sendo assim, para uma melhor identificação dos
picos de absorção referentes a cada formulação, foi utilizada a segunda
derivada do espectro de infravermelho.
94
As bandas de infra vermelho do EC (Figura 27), tratados com água
destilada (controle), solução hidroalcoólica de OECS 4% e formulações (ET1,
ISO1, PG1, ET2, ISO2, PG2), ocorreram na região compreendida entre 3000 e
2800 cm-1, referentes as cadeias de hidrocarboneto dos lipídios. Todas as
formulações selecionadas apresentaram bandas nessa região, características
de vibrações de estiramento assimétrico e simétrico de CH2, relacionadas às
cadeias lipídicas, ocorrendo em 2920 cm -1 e 2850 cm -1, respectivamente.
Esses resultados estão em concordância com dados na literatura, aonde as
vibrações características de estiramentos simétricos e assimétricos das
cadeias de hidrocarbonetos dos lipídios são compreendidos na região de 2920-
2850 cm-1 (WILLIAMS; BARRY, 1994; VADDI et al., 2002; BABY et al., 2006b;
BRITO et al., 2009). Verificou-se que ocorreu uma atenuação dessas bandas
no EC, tratados com as formulações, quando comparados ao controle, sendo
mais evidente nas formulações ET1 e ISO1. Logo, sugere-se que o mecanismo
de ação dessas formulações, como promotoras de permeação, esteja
relacionado com a extração de lipídios, conforme estudos demonstrados por
Brito et al (2009).
3000 2975 2950 2925 2900 2875 2850 2825 2800
ET2
2ª D
eriv
ada
da A
bsor
bânc
ia
ISO2
OESC 4%
PG1
Nº de Onda (cm-1)
PG2
CONTROLE
ISO1
ET1
Figura 27 - Espectros de FTIR do EC tratado com controle (água destilada), solução hidroalcoólica de OECS 4% e formulações ET1, ISO1, PG1 e ET2, ISO2 e PG2.
95
A capacidade dessas formulações em interagir com o EC pode ser
atribuída ao OECS, ao tensoativo e aos co-tensoativos. Estudos vem
demonstrando que agentes tensoativos e co-tensoativos agem como
promotores de permeação (BABY et al., 2006a; YUAN et al., 2010) e o D-
limoneno, componente principal do óleo de laranja, um terpeno, têm sido
estudado como promotor de permeação (CALPENA et al., 1994; YAMANE;
WILLIAMS; BARRY, 1995; MONTI et al., 2002).
Esses resultados dão uma previsão quanto a possível utilização desses
sistemas como promotores de permeação, a partir da evidenciação das
interações proporcionadas com o modelo de EC.
96
6. Conclusões
Os resultados obtidos permitem concluir que:
• A composição química do óleo extraído das cascas de C. sinensis está
de acordo com os resultados obtidos na literatura, com o seu
componente majoritário, o D-limoneno, permanecendo em altas
concentrações (96.3%);
• Observou-se que a zona de formação de MEs é modificada com a
adição de diferentes co-tensoativos, sendo o álcool isopropílico o que
proporcionou a maior área de formação de ME;
• Os sistemas microemulsionados selecionados apresentaram-se como
sistemas estáveis, isotrópicos, translúcidos, do tipo bicontínuo e O/A,
confirmados através das técnicas de MLP, condutividade elétrica e
SAXS, com tamanho médio de gotículas entre 16 e 34 nm e índice de
polidispersividade (IPD) menor que 0.5, demonstrando a
homogeneidade dos sistemas e pH das formulações compatíveis com a
pele;
• A reologia das MEs selecionadas apresentou sistemas com
comportamento newtoniano, às formulações com a viscosidade maior
foram as com a proporção T/Co-T a 36% e o índice de fluxo obtido foi
para as formulações com a maior proporção de conteúdo aquoso (80%),
confirmando os dados obtidos com o diâmetro de gotas;
• Os estudos de tensão superficial das formulações selecionadas, a partir
dos diferentes co-tensoativos, confirmaram o álcool isopropílico como o
co-tensoativo que promoveu uma maior redução na tensão superficial
das MEs;
• O fármaco não alterou as características das MEs selecionadas;
97
• As técnicas de DSC e FTIR demonstraram a possível utilização desses
sistemas como promotores de permeação, a partir da evidenciação das
interações proporcionadas em modelo de EC.
98
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