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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
A ESCOLA E O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: UMA INVESTIGAÇÃO DAS PRÁTICAS
ESCOLARES
Aline Fávaro Dias1
São Carlos, 2005
1 Bolsista CNPq/Pibic
Monografia realizada como parte das exigências para obtenção do Grau de Bacharel no Curso de Graduação em Psicologia da UFSCar, sob a orientação da Profª Dra. Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams, com a co-orientação do Profº MS Ricardo da Costa Padovani.
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Agradeço, em primeiro lugar, aos meus amigos pela paciência, compreensão
e ajuda fornecida nos momentos de dificuldades. Em especial, sou muito
grata a minha grande amiga Letícia por todo acolhimento em situações
difíceis e pela sua amizade, sempre muito valiosa.
Obrigada, Ricardo por todo auxílio, dedicação e, principalmente, por
acreditar em mim e em meu trabalho.
Lúcia, agradeço por me orientar a cada dificuldade encontrada, além
de todo apoio e paciência.
A todo o pessoal do LAPREV, também sou grata pelas conversas e
pelas contribuições importantíssimas fornecidas sempre que possível.
E, por fim, meu agradecimento a todos os participantes desta pesquisa.
3
Índice
Resumo..............................................................................................................4
Introdução..........................................................................................................5
Metodologia.....................................................................................................15
Resultados........................................................................................................18
Discussão..........................................................................................................30
Conclusão.........................................................................................................34
Referências.......................................................................................................36
Anexos..............................................................................................................39
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Resumo
A infração praticada por crianças e adolescentes tem-se apresentado como um fenômeno universal, constituindo-se em um desafio a ser enfrentado pela sociedade. Estudos mostram que o fracasso e evasão escolar estão entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da conduta infracional. O objetivo do presente projeto consistiu em investigar os procedimentos utilizados por professores e diretores quando se deparam com estudantes envolvidos em atos infracionais. Participaram desse estudo 28 professores do primeiro e segundo grau de escolas estaduais do estado de São Paulo, e, até o momento, foram entrevistados 3 diretores das mesmas escolas. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário para os professores e de um roteiro de entrevista para os diretores, contendo ambos 24 questões. Os dados indicam que 39% dos professores relataram já ter havido algum caso de infração cometida por adolescentes dentro da escola. Dessas, as mais graves relatadas foram agressão física entre alunos, aluno urinar no lixo da sala e aluno riscar o carro da diretora. Desses alunos que cometeram infração dentro da escola, 82% já havia se comportado de maneira inapropriada anteriormente, como, por exemplo, indisciplina em sala de aula, roubo de materiais, depredação do patrimônio e agressões físicas e/ou verbais. 43% dos professores já tiveram em sua sala de aula algum adolescente infrator. As estratégias comumente utilizadas pelos professores para o controle de comportamentos inadequados em sala de aula foram: relembrar as normas da escola, saber se o aluno está dando problemas em outras disciplinas e ameaçar mandá-lo à diretoria. A maioria (75%) dos professores acha que esse adolescente infrator abandonaria a escola antes de concluir os estudos. Questionados sobre quais as causas para o comportamento infracional, as respostas mais apresentadas foram a família desestruturada, más companhias e falta de apoio familiar, sendo que, somente um participante mencionou o abandono escolar como uma possível causa. Ao serem interrogados se a escola está preparada para lidar com essa população, 64% dos professores responderam que não, sendo a justificativa mais citada a ausência de informações/orientações para os professores e para a escola em geral. Com relação aos diretores, verifica-se uma tendência a investir na punição dos comportamento indesejados, em detrimento de programas preventivos. Evidencia-se como práticas comuns o encaminhar bilhetes para os pais, a suspensão e transferência compulsória para outras escolas. Nota-se uma falta de um procedimento padrão nos casos em que o adolescente em conflito com a lei praticou um ato infracional dentro da escola. Foi recorrente a menção a parcerias com a Ronda Escolar, e com a Polícia local, sendo que uma escola utiliza seguranças como inspetores de alunos. Os diretores afirmaram que a escola não tem preparo e nem recursos para lidar com tais adolescentes. Portanto, fica evidente a necessidade de desenvolvimento de programas que venham capacitar os professores a identificar e manejar comportamentos infracionais no ambiente escolar. Além de garantir o engajamento desses alunos nas atividades escolares, tais programas poderiam diminuir a freqüência de evasão escolar dessa população.
Palavras-chave: escola, adolescente em conflito com a lei, professor, diretor, evasão escolar
5
A infração praticada por crianças e adolescentes tem-se apresentado como
fenômeno universal, constituindo-se um desafio a ser enfrentado pela sociedade (Oliveira &
Assis, 1999; Gomide, 2001; Padovani, 2003; Carvalho, Gomide, Ingberman, 2004;
Padovani & Williams, 2005; Gallo & Williams, 2005). De acordo com Carvalho e cols.
(2004), a sociedade, numa reação direta e auto-protetora, fecha as portas para esses
adolescentes favorecendo a emergência de relações e comportamentos anti-sociais.
Ao realizar uma revisão da literatura, Padovani (2003) constatou uma concordância
nas características de jovens autores de atos infracionais dentre as quais pode-se destacar:
violação persistente de normas e regras sociais, comportamento desviante das práticas
culturais vigentes, uso precoce de tabaco, drogas e bebidas alcoólicas, histórico de
comportamento anti-social, envolvimento em brigas, impulsividade, humor depressivo,
tentativas de suicídio, ausência de sentimento de culpa, hostilidade, destruição de
patrimônio público, conflitos com a lei, institucionalização, reincidência de atos
infracionais, incidentes de atear fogo, vandalismo, rejeição por parte de professores e pares,
envolvimento com pares desviantes, baixo rendimento acadêmico, fracasso e evasão
escolar.
Estudos mostram que o comportamento infrator é mais comum entre adolescentes
do sexo masculino e ainda, que as infrações cometidas pelas adolescentes são menos graves
e ocorrem em menor freqüência (Silva & Rosseti-Ferreira, 1999; Mayer, 1995; Kauffman,
2001). Nessa direção, a pesquisa de Gallo (2004) mostrou que 87,8% dos adolescentes
autores de ato infracional eram do sexo masculino. No entanto, embora o número de
meninas fosse reduzido, não foram encontradas diferenças com relação à medida sócio-
educativa aplicada (Gallo, 2004).
Dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da conduta infracional
pode-se destacar: história familiar de criminalidade, histórico de violência doméstica,
padrão consistente de comportamento agressivo e anti-social na dinâmica familiar; alta
incidência de conflitos entre pais e o adolescente; vivência em uma violenta comunidade;
presença de subcultura delinqüente; associação com grupos anti-sociais; história de
exposição a situações de risco, disciplina inconsistente dos pais; supervisão ineficaz e não
freqüente do filho; baixo nível de envolvimento dos pais na vida da criança; rejeição e
negligência por parte dos pais; uso de droga, álcool; institucionalização, desemprego e
condições socioeconômicas desfavorecidas, uso pouco freqüente de reforçamento positivo;
6
fracasso e evasão escolar (Mayer, 1995; Kauffman, 2001; Gomide, 2001; Morrison,
Robertson, Laurie & Kelly, 2002; Padovani, 2003; Gallo, 2004).
Ao analisar dados sócio-demográficos sobre adolescentes envolvidos em processos
na cidade do Rio de Janeiro, Oliveira e Assis (1999) encontraram que 72,6% dos jovens
infratores não estavam estudando no momento da internação; 108 (de um total de 537)
eram analfabetos e apenas 9% dos adolescentes haviam estudado além da sexta-série.
Segundo a mesma autora, o nível de escolaridade dos adolescentes infratores é baixo, sendo
que metade dos entrevistados tinha cursado até a 4ª série no máximo e nenhum deles
chegou ao 2º grau. Dados dessa pesquisa também indicam que pouco mais da metade dos
adolescentes infratores sabe ler e escrever; mais de 70% de todos os jovens entrevistados já
tinham abandonado os estudos, e a repetência escolar foi regra comum entre os
entrevistados (Assis, 1999). Nessa mesma direção, os resultados de Gallo (2004) apontaram
que 60,17% dos adolescentes infratores não freqüentavam a escola; 61,81% dos
participantes tinham o primeiro grau (5ª a 8ª séries); 27,63% estudaram até a 4ª série e
14,62% fazia algum curso profissionalizante.
Investigações realizadas em diversos países mostram uma relação significativa entre
baixo desempenho acadêmico e comportamento infrator (Brier, 1989; Kauffman, 2001).
Uma possível explicação para esse fenômeno seria que a emissão de comportamentos anti-
sociais, comum entre adolescentes em conflito com a lei, limita suas oportunidades de obter
recompensas no ambiente escolar, favorecendo o fracasso e evasão escolar (Kauffman,
2001).
Diversos estudos discutem a influência protetora da escola no desenvolvimento
psicossocial da criança e do adolescente. Marturano e Loureiro (2003) destacaram o
aumento da auto-estima, melhoria do repertório de enfrentamento dos desafios do dia-a-dia
e o surgimento de oportunidades futuras tanto no ambiente acadêmico quanto social.
O impacto da escola no bem estar do estudante também foi discutido por Blum,
McNeely e Nonnemker, (2002), que também destacaram o acesso a recursos
proporcionados por esta, tais como: atividades extracurriculares, investimentos individuais
por parte dos professores e oportunidades de se relacionar com estudantes que exibem
comportamentos adequados socialmente.
Ainda em relação ao envolvimento nas atividades acadêmicas, Morrison, Robertson,
Lauriee Kelly (2002) apontaram que o estar engajado em tais atividades favorece a
7
prevenção do fracasso e evasão escolar, delinqüência juvenil e abuso de substâncias. Nessa
direção, Kauffman (2001) destacou o impacto da vinculação com a instituição na promoção
de comportamentos ajustados socialmente.
Destacando o papel da escola como agente de formação e desenvolvimento do
indivíduo, Abramovay e Rua (2003) afirmam que a educação influência os indivíduos no
sentido de os tornarem capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora no
ambiente social. Nesse prisma, ressaltam que a escola e seus profissionais são capazes de
promover o desenvolvimento do aluno e criar condições para que ocorram aprendizagens
significativas e interações entre alunos, professores, diretores e demais funcionários.
O estudo de Ferigolo, Barbosa, Arbo, Malysz, Stein e Barros (2004) corrobora os
dados que se referem à escola como um fator protetivo na manutenção de comportamentos
pró-sociais. No estudo desenvolvido com crianças gaúchas institucionalizadas na FEBEM,
os autores (Ferigolo e cols., 2004) apresentam índices muito mais elevados de consumo de
drogas ilícitas do que os apresentados por estudantes da rede estadual ou por jovens em
situação de rua que freqüentam a escola e têm família razoavelmente estruturada.
Essa mesma opinião de que a escola pode atuar como um fator de proteção foi
apontada por Carvalho e cols. (2004), ao analisar o locus de causalidade do comportamento
infrator. Segundo esse estudo, 26,8% da amostra de adolescentes estudaram somente até a
5ª série e 34,15% têm o primeiro grau incompleto, o que está em desacordo com a idade
média dos mesmos (16 anos). Esses dados indicam que grande parte da amostra possui
muito tempo ocioso, o que se constitui também como fator de risco para o comportamento
infrator (Carvalho & cols., 2004).
No estudo de Gallo (2004), a maioria dos participantes com menor escolaridade
cumpria uma medida mais severa, enquanto que os participantes que tiveram um nível
educacional maior cumpriam medidas menos severas. Outro achado desse mesmo estudo
que merece ser destacado foi que o não freqüentar a escola estava associado ao número de
reincidências, ao uso de armas e de entorpecentes. Os adolescentes que freqüentavam a
escola e curso profissionalizante apresentaram menor uso de drogas e armas, corroborando
o papel protetor desempenhado pela escola.
A partir desses dados, pode-se sugerir que a escola desempenha um papel central na
formação do adolescente em desenvolvimento e torna-se um importante instrumento para
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se compreender e prevenir comportamentos anti-sociais, como por exemplo, a violência
(Mayer, 1995; Abramovay & cols., 2003; Njaine & Minayo, 2003).
Entretanto, Marturano e Loureiro (2003) alertam que a escola também pode atuar
como fator de risco. Segundo os autores uma experiência escolar adversa (como por
exemplo, repetência, suspensões) pode limitar o repertório do adolescente ao dificultar o
acesso a recursos importantes, tornando o indivíduo menos competente para enfrentar
desafios posteriores. Outra conseqüência adversa, apontada pelos mesmos autores, se
refere à influência negativa do insucesso escolar na auto-estima e no aumento da
vulnerabilidade a fatores de risco presentes no seu ambiente físico e social.
Discutindo as repercussões do fracasso escolar na vida de adolescentes em conflito
com a lei, Assis (1999) afirma que os jovens com problemas familiares tendem a ir mal na
escola; o desempenho pobre favorece a ampliação do grupo de amigos, em muitos casos,
ligados ao mundo infracional e, contribui também para o sentimento de fracasso na vida e
para a baixa auto-estima, fatores associados à delinqüência .
Kauffman (2001) alerta para o fato de que tanto o sucesso quanto o fracasso
acadêmico influencia os comportamentos em outros ambientes além da escola (casa,
comunidade). Assim, se um comportamento problema é favorecido por certas práticas
escolares, então, providências devem ser tomadas para modificar tais práticas. Desse
modo, os profissionais da educação precisam estar cientes do papel da escola no
desenvolvimento de desordens emocionais ou comportamentais, porque ela é o ambiente ao
qual professores e administradores podem exercer um controle direto (Kauffman, 2001).
Segundo Pereira e Mestriner (1999), a evasão escolar, um fenômeno muito comum
entre adolescentes infratores, deve-se à ineficácia dos métodos educacionais em ensinar as
habilidades acadêmicas necessárias, e também, devido à exclusão social por parte dos
colegas e professores da escola. Por serem tachados de alunos problemáticos, colegas
agressivos e outros estereótipos estigmatizantes, os adolescentes em conflito com a lei
evadem-se das escolas e preferem assumir a “identidade do bandido” (Pereira & Mestriner,
1999).
Assim, apesar de ser considerada como um ambiente capaz de propiciar o
desenvolvimento do aluno e de aprendizagens e interações significativas, a escola pode ser
também palco de brigas, atos de agressividade, de violência e exclusão social (Abramovay
& col., 2003). Segundo Abramovay e col. (2003), a escola “pode discriminar e
9
estigmatizar, marginalizando o indivíduo formal ou informalmente, nos seus direitos de
cidadania e no seu acesso às oportunidades de estudo, profissionalização, trabalho, cultura,
lazer, entre outros bens e serviços do acervo de uma civilização” (pág. 41).
Os fatores de risco presentes na escola que podem contribuir para as dificuldades
sociais e as incompetências acadêmicas apresentados por Kauffman (2001), revelam que é
possível identificar condições em sala de aula e comportamentos do professor que
favorecem a emergência de comportamentos inadequados. Dentre as características
apontadas pelo autor, pode-se destacar: insensibilidade às características individuais do
estudante, expectativa inapropriada dos professores, manutenção inconsistente do
comportamento indesejado, contingências de reforçamento inadequadas, modelo
instrucional não funcional e irrelevante no ensino de habilidades críticas e determinação de
conduta escolar indesejável. Ainda segundo o mesmo autor, a disciplina empregada pela
escola pouco se diferencia das práticas disciplinares utilizadas pelos pais; há um
superinvestimento na punição (expulsão, suspensão, detenção) e em medidas de segurança.
Ao analisar as características do ambiente escolar que contribuem ao
comportamento anti-social, Mayer (1995) sugere que a escola adquire uma propriedade
aversiva, pois professores e administradores gastam mais tempo implementando medidas
punitivas do que medidas positivas ou preventivas; muitos professores usam mais a
desaprovação do que a aprovação para consequenciar o comportamento dos estudantes.
Outra variável importante citada pelo autor é a motivação ou operações estabelecedoras.
Por exemplo, os eventos aversivos podem aumentar a probabilidade de subseqüentes
estímulos discriminativos ocasionarem respostas anti-sociais. A ausência de clareza nas
regras e políticas disciplinares, suporte pessoal fraco ou inconsistente para funcionários e
alunos e pouca ou nenhuma consideração às diferenças individuais foram outros fatores
mencionados como influentes no comportamento anti-social.
De acordo com Abramovay e col. (2003), as regras e a disciplina dos projetos
pedagógicos das escolas, o sistema de punições, assim como a prática educativa dos
professores são aspectos que ajudam a compreender o fenômeno da violência dentro do
âmbito escolar. Os autores argumentam que a democratização do ambiente escolar e a
adequação da estrutura física da escola podem produzir mudanças positivas no processo de
prevenção à violência.
10
Sawaya (2002) apresentou uma nova tendência em analisar este fracasso como
sendo produzido na instituição escolar. De acordo com essa visão, muitas práticas
pedagógicas, como remanejamento de alunos por classe, certas práticas disciplinares e
alguns critérios sobre o bom professor e o bom aluno têm mostrado-se como um empecilho
ao bom aproveitamento escolar. Segundo a autora, as práticas disciplinares muito rígidas
que afetam alunos e professores geram violência e indisciplina; critérios arbitrários para
seleção de alunos e professores criam desavenças e podem gerar indisciplina.
Ainda nessa perspectiva, Sawaya (2002) afirma que alguns estudos têm mostrado
que a qualidade da relação entre professor-aluno constitui-se em uma variável determinante
do processo de aprendizagem. De acordo com a autora,
"a percepção do professor sobre si mesmo e sobre o seu aluno conduz as formas de
interação com o aluno e os resultados escolares, de tal modo que aqueles
professores que conseguem perceber e desenvolver as qualidades dos alunos
promovem a sua acentuação, mas aqueles que estão permeados por preconceitos, ou
só conseguem ver os aspectos negativos dos seus alunos, não conseguem um bom
aproveitamento escolar por parte deles" (pág. 207).
Alguns autores, nessa mesma direção, sugerem que as relações na sala de aula
podem constituir-se em fator de proteção, motivando crianças e adolescentes a explorarem
favoravelmente o ambiente escolar e a lidarem com maior facilidade e aproveitamento as
oportunidades sociais e de aprendizagem que a escola oferece (Birch & Ladd, 1996 apud
Lisboa & Koller, 2004). Entretanto, relações negativas com professores podem acarretar
comprometimento do sucesso acadêmico e social, gerando um ambiente ansioso e até
mesmo agressivo com repercussões na motivação para participar do ambiente escolar
(Birch & Ladd, 1996 apud Lisboa & Koller, 2004).
Nessa direção, Assis (1999) verificou em sua pesquisa que um dos motivos mais
citados por adolescentes em conflito com a lei para o abandono escolar foi o
desentendimento com professores e colegas, incluindo agressão física. Outras razões
apontadas foram sentimento de discriminação social, reprovação, o fato de não se sentirem
atraídos pela escola, as dificuldades de aprendizagem, dentre outras.
Alguns autores propõem certas medidas a serem tomadas no ambiente escolar para
diminuir o comportamento agressivo, tais como: manutenção de um clima positivo
(Kauffman, 2001; Abramovay & col., 2003) e participativo (Abramovay & col., 2003) na
11
escola em geral e, principalmente, na sala de aula (Blum e col., 2002); destruição de
crenças errôneas e mitos a respeito do comportamento agressivo (Williams, 2004).
Quanto a estratégias e conteúdos programáticos destacam a importância de envolver
temas relacionados à ética, a sensibilidade e a valorização do jovem (Abramovay & col.,
2003); de implementar programas de abertura da escola nos finais de semana,
desenvolvendo atividades culturais, artísticas e de lazer em conjunto com a comunidade e a
família dos alunos, promovendo a interação entre escola, família e comunidade
(Abramovay & col., 2003) e realizar campanhas de combate à violência, envolvendo os
meios de comunicação (Abramovay & col., 2003), os pais e todo o staff escolar em tais
programas de prevenção e intervenção (Williams, 2004; Del Prette & Del Prette, 2003).
Outras recomendações para diminuir o comportamento violento dadas por
Abramovay e col., (2003) são: cuidar da estrutura física e da limpeza da escola,
providenciar espaços com boa ventilação e iluminação e espaços adequados para lazer,
desenvolver sentido de pertencimento à escola, ter normas claras de punição em caso de
violência de professores e funcionários contra alunos e vice-versa, ter normas sobre
direitos e deveres de todos dentro da escola, estimular criação de grêmios estudantis e
instruir o corpo docente e demais funcionários sobre questões relacionadas à violência,
culturas juvenis, drogas, etc.
Desse modo, ao invés de atribuir o problema da escola ao aluno, tomando o seu mau
ou bom desempenho como algo em si, decorrente de suas características individuais, várias
propostas de estratégias para diminuição da violência no âmbito escolar analisam o
desempenho do aluno como uma conseqüência das práticas e processos que se
desenvolvem na instituição escolar como um todo (Sawaya, 2002).
Em um levantamento das concepções e atitudes de 140 professores de segunda série
do ensino fundamental feito por Del Prette e Del Prette (1999a, apud Del Prette & Del
Prette, 2003) descobriu-se que a maioria dos professores utilizava estratégias
potencialmente efetivas para lidar com conflitos e melhorar as relações interpessoais (tais
como: combinar normas, promover atividades instigadoras e incentivar a colaboração). No
entanto, houve também alta incidência de estratégias pouco efetivas – como conselhos e
sermões, que muitas vezes reforçavam o comportamento indesejado. O número de
professores que relatou a utilização de contingências aversivas e de meios efetivos de
controle do comportamento indesejado ou de promoção dos desejados foi pequeno (Del
12
Prette & Del Prette, 2003). Talvez o pequeno número de relatos afirmando a utilização de
contingências aversivas deva-se ao receio dos professores de uma ação punitiva e/ou
coercitiva se relatassem o uso de punição.
Em uma pesquisa desenvolvida por Njaine e Minayo (2003) a fim de analisar os
significados que a violência assume em diferentes contextos e as formas como se manifesta
no ambiente escolar, verificou-se que os educadores não se julgam preparados para lidar
com comportamentos violentos e inadequados, relatando impotência, medo, angústia e
revolta. Ainda segundo esse estudo, os professores viam seus alunos como agressivos,
intolerantes, apáticos e com baixa auto-estima. Quando questionados sobre a causa para
tais comportamentos, os professores apontaram à família composta por muitos membros,
nas quais os pais dedicam pouco tempo à educação dos filhos. Afirmaram ainda que os
pais e responsáveis estariam passando a sua função de educar esses jovens aos professores.
Como afirma Abramovay e col., (2003), os professores não se sentem responsabilizados
pelo fracasso escolar, atribuindo a culpa aos alunos e suas famílias ou às péssimas
condições de trabalho. Verifica-se, assim, uma tendência a enfatizar fatores externos à
escola como responsáveis por comportamentos violentos, amenizando a responsabilidade
do sistema escolar (Abramovay e col., 2003).
O aluno, por sua vez, reclama do descaso da escola, da violência verbal e
comportamento autoritário por parte dos professores e funcionários da escola (Njaine &
col., 2003), da falta de comunicação, atenção e diálogo entre professores e alunos
(Abramovay & col., 2003); e menciona a falta de atividades extracurriculares que tornam a
vida acadêmica desinteressante (Njaine & col., 2003).
Esses dados corroboram a crítica de que a escola apresenta uma proposta
pedagógica deficitária à medida que não atende às necessidades e diversidades de sua
população-alvo, não estando preparada para lidar com a multiplicidade (Del Prette & Del
Prette, 2003; Guzzo, 2001; Sawaya, 2002). Paralelamente, nota-se que a escola não possui
uma proposta que venha a favorecer o desenvolvimento socioemocional dos estudantes, que
comumente constitui-se um subproduto da aprendizagem não planejada, sendo, portanto,
pouco eficiente (Del Prette & Del Prette, 2003).
Como afirmam tais autores, a escola há muito vem sendo chamada a assumir um
papel mais abrangente na socialização e educação da criança, entretanto, vêm sendo
amplamente criticada pela sua ineficiência em alcançar objetivos acadêmicos e por sua
13
negligência na promoção do desenvolvimento humano e na preparação do aluno para a vida
social (Del Prette & Del Prette, 2003). Assim, a escola vem perdendo sua legitimidade
como local de produção e transmissão de conhecimentos, além de estar passando por um
período de abalo em sua ideologia e estar sendo questionada por não preparar para o
mercado de trabalho e por, freqüentemente, não abrir possibilidades futuras para os jovens
(Abramovay & col., 2003).
Nessa mesma direção, Padovani (2003) afirma que o que se verifica na prática é um
total despreparo do sistema educacional brasileiro, que não dispõe de uma proposta
pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais específicos para garantir a
educação escolar e para promover o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes
que apresentam problemas comportamentais como a agressividade e a indisciplina –
aspectos comuns entre jovens em conflito com a lei. Portanto, ao se deparar com jovens que
apresentam tais comportamentos, destacou Kauffman (2001), que o comumente observado
é a sensação de alívio por parte dos professores quando tais jovens são expulsos ou
abandonam o sistema educacional.
De acordo com Pereira e Mestriner (1999), a educação, para todos os adolescentes
constitui-se em um aspecto fundamental para sua reinserção social; portanto, faz-se
necessário estimular a igualdade de condições de acesso, regresso, permanência e sucesso
escolar aos adolescentes, por meio de uma ampliação das possibilidades de trocas culturais,
ultrapassando as noções e práticas da escola convencional.
Um estudo realizado por Camacho (2001) aponta que as escolas analisadas davam
maior ênfase aos conteúdos acadêmicos a serem ensinados em detrimento da proposta
educativa, não reproduzindo, assim, os valores sociais e permitindo que noções de
discriminação e preconceito se estabeleçam no ambiente escolar. Paralelamente, Pereira e
Mestriner (1999), afirmam que as instituições que colaboram para a reinserção do
adolescente em conflito com a lei, tais como as relacionadas à cultura, esporte, assistência
social, formação profissional e educação, devem enfatizar “princípios como o da não-
discriminação e o da não-estigmatização, evitando-se atitudes e procedimentos que marcam
os adolescentes e os expõem a situações vexatórias ...” (p. 34)
Com relação ao papel das instituições escolares como facilitadoras do processo de
reinserção psicossocial de adolescentes em conflito com a lei, Camacho (2001) afirma que
a problemática de o modo como o professor deveria atuar na sala de aula, as dificuldades,
14
seu despreparo e a falta de formação inicial e continuada não são deficiências do professor,
mas dos mecanismos institucionais, em sua forma de trabalho escolar ou na maneira como
a própria cultura escolar está organizada. A formação falha dos profissionais favorece o
desconhecimento de quais caminhos percorrer, como lidar com determinados problemas,
como agir em algumas situações.
Apesar da presença freqüente do adolescente em conflito com a lei na escola
inexiste na literatura nacional e estrangeira pesquisas que investigam os procedimentos
empregados por diretores e professores quando se deparam com estudantes envolvidos em
atos infracionais. (Para realizar a pesquisa bibliográfica foram consultadas as seguintes
bases de dados: Web of Science, Scielo, Capes e Acervo da Biblioteca Comunitária da
Universidade Federal de São Carlos e do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência).
O pouco conhecimento acerca dos elementos envolvidos na relação entre jovens
infratores e a escola, e do papel desempenhado por esta na reinserção social do adolescente
em conflito com a lei, dificulta as ações na área e aponta, muitas vezes, para falsas
conclusões. A relevância do estudo se torna mais expressiva quando se trata de um campo
de pesquisa pouco explorado no Brasil.
O objetivo do presente projeto consistiu em investigar os procedimentos relatados
por diretores e professores para intervir quando se deparam com estudantes envolvidos em
atos infracionais, quer na situação em que recebem a matrícula de um estudante que
cometeu um ato infracional fora do ambiente escolar, quer na situação em que o ato foi
cometido dentro da própria escola.
15
Método
Participantes
Participaram desse estudo três diretores e 28 professores de quinta série a ensino
médio de escolas estaduais do interior de São Paulo.
Local e Material
A pesquisa foi realizada em três escolas públicas, sendo duas da cidade de São
Carlos e uma de Ibaté. Foram escolhidas escolas estaduais mediante a constatação da
presença de adolescentes infratores estudando em tais instituições. Para tanto foram
consultadas a Secretaria de Ensino do Município de São Carlos, a instituição Salesianos e o
NAI (Núcleo de Atendimento Integrado), no sentido de averiguar quais escolas seriam
indicadas.
O Salesianos São Carlos é uma instituição que visa à promoção e assistência à
criança e ao jovem carente por meio de programas de abrigo, de iniciação profissional, de
medidas socioeducativas, dentre outros.
O NAI é uma entidade mantida por meio de uma parceria entre o Estado e a
Prefeitura que tem como objetivo agilizar procedimentos que envolvem o adolescente
desde o momento que este tenha praticado a infração, detido pela autoridade policial até o
momento final de cumprimento da medida sócio-educativa a ele imposta. Essa entidade
compõe-se dos seguintes programas: Semi-liberdade, Liberdade Assistida e Internação
Provisória.
.
Consentimento Livre e Esclarecido
Segundo os princípios éticos de condução de pesquisas com seres humanos, é
necessário a autorização dos participantes para a realização do estudo. Sendo assim,
participaram da pesquisa somente os professores e diretores que concordaram com os
termos propostos no Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I), estando claro que a não
participação não implicaria em quaisquer posturas punitivas ou coercitivas.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Carlos a fim de estar em concordância com os princípios
16
éticos de condução de pesquisas com seres humanos, sendo aprovado pelo mesmo. O
parecer encontra-se disponível no Anexo II.
Coleta de dados
a) Roteiro de Entrevista Individual com os Diretores
O Roteiro de entrevista foi elaborado pela autora e contém 24 questões semi-
estruturadas que visam investigar a relação do adolescente em conflito com a lei e a escola
e as práticas educacionais e disciplinas empregadas nessa relação. Dentre os tópicos
abordados no instrumento, pode-se destacar: verificação de ocorrência de infração/agressão
cometida por um adolescente, em caso afirmativo, breve descrição da ocorrência de maior
gravidade, providências tomadas pela professora e pela direção da escola, caracterização do
desempenho escolar (ver Anexo III ).
b) Questionário para os Professores
O questionário foi desenvolvido pela autora e contém 24 questões estruturadas,
sendo que a questão número 14 deste questionário foi adaptada do Questionário de
Relações Interpessoais de Del Prette, A. e Del Prette, Z. A. P. (2003). O presente
instrumento investigará as práticas educativas apresentadas pelos professores quando se
deparam com um aluno em conflito com a lei ou com aluno que apresenta problemas de
comportamento, como por exemplo, discussão, envolvimento em lutas corporais (Anexo
IV). Optou-se por um questionário em virtude do pouco tempo disponível por estes, sendo
inviável a realização de entrevistas.
Procedimento
Inicialmente, foi agendado um horário no Núcleo de Atendimento Inicial (NAI), na
Secretaria de Ensino do município de São Carlos, e no Salesianos para explanar os
objetivos da pesquisa, dar detalhes sobre o procedimento, referência do laboratório que
estava coordenando o estudo, assim como a relevância acadêmica e social do mesmo. Após
a explanação, a pesquisadora verificou a possibilidade e procedimentos necessários para
adquirir a relação das instituições de ensino para as quais os adolescentes em conflito com a
lei que estejam em regime de medida sócio-educativa são encaminhados.
17
Segundo dados da Secretaria de Ensino e do NAI não há uma escola específica para
a qual os adolescentes em conflito com a lei são encaminhados. Os adolescentes são
encaminhados para as escolas mais próximas do bairro onde residem ou às escolas onde há
vagas disponíveis. Ainda segundo a Secretaria de Ensino, a instituição escolar não pode
recusar a matrícula desse adolescente, sendo que, algumas vezes, a escola não tem
conhecimento de que o adolescente está cumprindo alguma medida sócio-educativa.
De acordo com a Secretaria de Ensino, a grande maioria dos adolescentes em
conflito com a lei encontra-se matriculados em escolas da rede estadual de ensino. Por
meio da instituição Salesianos, foram levantadas oito escolas nas quais os adolescentes
infratores que passaram por essa instituição estudavam. Todas essas escolas faziam parte
da rede estadual de ensino.
Após a indicação de escolas estaduais por esses órgãos, foi agendando um horário
com o diretor de algumas instituições de ensino a fim de expor os objetivos do estudo e
obter o consentimento para a realização da pesquisa. Concedida à autorização das escolas,
foi agendado um horário com o diretor para a obtenção do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e realização da entrevista. Essas foram realizadas pelo próprio pesquisador, que
fazia a leitura das questões e gravava as respostas fornecidas.
Posteriormente, os questionários dos professores foram deixados com a
coordenação das escolas com a instrução de serem entregues somente a professores de
quinta série a terceiro colegial que concordassem em assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Uma data para recolhimento dos questionários respondidos foi
agendada com a coordenação.
Foram encontradas dificuldades na coleta dos dados, tanto com os professores
quanto com diretores. Com relação aos professores, vários questionários entregues não
foram devolvidos ou estavam parcialmente respondidos. Para agendar as entrevistas com
diretores foram encontrados alguns problemas de horários, devido aos vários compromissos
e responsabilidades destes.
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Resultados
Com relação à análise dos questionários respondidos pelos professores, os dados
indicaram que 39% dos mesmos relataram já ter havido algum caso de infração cometida
por adolescentes dentro da escola. A Figura 1 ilustra essa distribuição.
Figura 1. Porcentagem de professores que relataram haver ou não presença de infração cometida por adolescentes dentro da escola.
A maioria dos professores (61%) relatou nunca ter ocorrido uma infração cometida
por adolescentes dentro da escola.
Dessas infrações cometidas dentro da escola, as mais relatas foram agressão física
entre alunos (5 participantes), aluno urinar no lixo da sala (3 participantes), aluno riscar o
carro da diretora (2 participantes) e danificar patrimônio (2 participantes). A Tabela 1
apresenta as infrações citadas pelos participantes.
Tabela 1. Infrações cometidas por adolescentes dentro da escola, categorizadas de acordo com sua gravidade.
Infração Cometida Participantes que relataram o evento
total
Agredir fisicamente outro aluno P2, P5, P10, P11, P12 5 Agredir verbalmente P11 1 Agredir o professor P2 1 Danificar patrimônios, P4, P11 2 Urinar no lixo da sala de aula P9, P12, P15 3 Discutir com o diretor P6 1 Empilhar carteiras e derrubar "como boliche"
P14 1
Riscar o carro da diretora. P15, P17 2
0
50
100
Sim Não
Presença de infração na escola
Per
cen
tual
19
Dentro da categoria “agredir fisicamente outro aluno”, os relatos envolveram
arremesso de cadeiras, socos, um aluno furando o outro com caneta e problemas
relacionados a ciúmes das namoradas. Com relação à categoria “urinar no lixo da sala de
aula”, os professores afirmaram que, após o sinal, indicando o término das aulas, dois
alunos praticaram tal ato. Na categoria “riscar o carro da diretora”, dois alunos, que foram
retirados da sala por terem agredido a professora, riscaram o carro da diretora ao saírem da
escola.
Quando questionados sobre o que aconteceu após o incidente com o infrator, ou
seja, qual foi a providência tomada, 36% dos professores afirmaram que um conselho foi
convocado para decidir o que fazer com o aluno, 27% disseram que o aluno infrator fora
expulso da escola, pois já era reincidente e 27% relatou que a direção da escola chamou a
polícia a fim de fazer uma ocorrência. A Tabela 2 apresenta as providências mais relatadas
e outras que ocorreram com menor freqüência.
Tabela 2. Providências tomadas com o infrator após o incidente, citadas pelos professores.
Providência tomada Participantes que relataram a medida
Total
Convocação de conselho P9, P11, P12, P15
4
Expulsão por reincidência P9, P12, P15 3 Polícia foi chamada P2, P6, P17 3 Remanejamento para outras salas
P2 1
Encaminhamento para a diretoria
P4 1
Advertência, suspensão P10 1 Encaminhamento para o NAI P12 1 Punição de toda a turma P14 1 Solicitação da ajuda da ronda escolar
P17 1
Dos 11 professores que relataram já ter havido alguma infração cometida por
adolescentes dentro da escola, 82% afirmaram que o aluno que cometeu a infração já tinha
se comportado de maneira inapropriada anteriormente. Os comportamentos inadequados
citados foram indisciplina em sala de aula, respostas ríspidas e xingamentos dirigidos aos
20
professores, brigas, aluno não faz as atividades propostas, agressões verbais, roubo de
materiais e depredação de patrimônio.
Com relação a esses comportamentos inadequados, a providência mais tomada foi
chamar/conversar com pais ou responsáveis, utilizada por 72% dos professores que
relataram já ter havido uma infração cometida por adolescentes dentro da escola. 27%
afirmaram que a providência consistiu em conversar e orientar o aluno, ao passo que, 18%
dos mesmos professores indicaram a advertência oral. Outras providências como
encaminhar para o Conselho Tutelar, enviar para diretoria, chamar a polícia, adverter por
escrito e suspender o aluno apresentaram-se com pequena freqüência (cada uma com 9%).
Entretanto, 54% dos professores que citaram as providências tomadas, afirmaram
que estas não foram eficazes. 43% dos participantes já tiveram em sua sala de aula algum
adolescentes infrator. A Figura 2 ilustra esse dado.
Dos 61% de professores que afirmaram que a direção da escola lhe transmite (ou
transmitiria) informações sobre a infração cometida pelo adolescente, metade (50%)
disseram que não recebem de órgão algum orientação sobre como devem proceder com os
adolescentes infratores.
A Tabela 3 apresenta as estratégias utilizadas pelos professores quando seus alunos
se comportam inadequadamente em sala de aula e a efetividade atribuída a cada uma delas.
Figura 2. Porcentagem de professores que relataram já terem tido ou não em sua sala de aula algum adolescente infrator
0
50
100
Sim Não
Presença de aluno infrator na sala de aula
Per
cent
ual
21
Tabela 3. Estratégias utilizadas pelos professores e a efetividade atribuída a cada uma delas.
Estratégias Porcentagem de professores que a utilizam
Efetividade atribuída pela maioria dos professores
Explicar o que acontecerá se continuar se comportando inadequadamente
68% Efetividade total
Relembrar as normas da escola 64% Boa efetividade Saber se o aluno vem apresentando problemas de comportamento em outras disciplinas
64% Boa efetividade
Ameaçar mandar à diretoria 57% Boa efetividade Avisar outros professores sobre o comportamento inadequado do aluno
54% Boa efetividade
Encaminhar bilhetes aos pais 50% Boa efetividade Dar atenção diferenciada ao aluno que está se comportando inadequadamente
46% Boa efetividade
Enviar para a diretoria 43% Boa efetividade Chamar sua atenção na frente dos demais alunos
43% Boa efetividade
Desenvolver atividades específicas para esse aluno
36% Boa efetividade
Ameaçar tirar pontos da nota 29% Efetividade total Retirar pontos da nota 21% Pouca efetividade Ignorar o aluno que está se comportando inadequadamente
14% Não efetiva
Separar o aluno com comportamentos inadequados dos outros alunos
14% Não efetiva; Pouca efetividade; Boa efetividade
Retirar privilégios 11% Não efetiva
A partir desses dados, constata-se que as estratégias mais utilizadas pelos
professores são: relembrar as normas da escola, saber se o aluno está dando problemas em
outras disciplinas e ameaçar mandá-lo à diretoria. A maioria dos professores (75%) acha
que esse adolescente infrator abandonaria a escola antes de concluir os estudos. Do mesmo
modo, 25% dos participantes acham que esse adolescente tem pouca chance de chegar à
universidade, e apenas 11% pensa que, se ele tiver um bom acompanhamento e orientação,
terá grandes chances.
22
Como mostra a Figura 3, as causas mais apresentadas para o comportamento
infracional de um jovem foram: a “família desestruturada”, “más companhias” e “falta de
apoio familiar”, sendo que, somente um participante mencionou o abandono escolar como
uma possível causa.
Figura 3. Causas do comportamento infracional mais citadas pelos professores.
De acordo com 19% dos professores, o papel desempenhado pela escola seria o de
encaminhar o aluno para um órgão competente ou para atendimento profissional; outros
11% indicaram a socialização (inclusão social), e a mesma porcentagem de professores
apontou o orientar, aconselhar e informar. De modo semelhante, o papel do professor é,
para 25% dos participantes, conversar, orientar, entender a respeito dos problemas de tais
jovens. Nessa mesma direção, 25% dos professores afirmaram que a estratégia mais eficaz
para lidar com estudantes infratores é a conversa e conscientização.
Ao serem interrogados se a escola está preparada para lidar com adolescentes
infratores, 64% dos professores responderam que não, sendo a justificativa mais citada a
ausência de informações/orientações para os professores e para a escola em geral. Apenas
7% dos professores afirmaram que a escola está preparada e 14% acreditam que em alguns
casos, a escola é capaz de lidar com tais adolescentes, havendo outros casos, porém, que ela
não está preparada para resolver. A Figura 4 ilustra esses dados.
0
50
100
Famíliadesestruturada
Más Companhias Falta de apoio dafamília
Causas do comportamento infracional
Per
cent
ual
23
Figura 4. Porcentagem de professores que acham que a escola está preparada ou não para lidar com adolescentes em conflito com a lei.
Diante da falta de programas que venham capacitar professores e diretores a lidar
com alunos infratores, questionou-se aos participantes se tais programas seriam úteis. De
acordo com 89% dos professores, a existência desses programas traria benefícios, pois
forneceria orientações de como agir e como lidar com algumas situações.
Com relação às entrevistas realizadas com os diretores, observa-se que a idade
média dos entrevistados é de 48,5 anos, sendo que o diretor 1 (D1) não respondeu a tal
pergunta. Dos três diretores entrevistados, dois eram do sexo feminino e somente um, do
sexo masculino. A média de tempo que estes participantes exercem o cargo de diretor na
escola é de 7,3 meses.
A escola dirigida por D1 (que a partir de agora será representada pela sigla E1)
possui 1.700 alunos, a escola dirigida por D2 (a escola E2) têm 1.300 alunos e a dirigida
por D3 (E3), 1.248 alunos. As escolas E1 e E2 localizam-se na cidade de São Carlos e a
escola E3, na cidade de Ibaté.
A entrevista iniciou-se questionando os diretores se já houve algum caso de infração
cometida por adolescentes dentro da escola, no período em que o participante ocupa o
cargo de diretor. D1 e D2 responderam afirmativamente. D1 afirmou que em sua escola já
houve casos de alunos “discutirem agressivamente”, e em seguida disse: “ mas isso é
normal! Toda escola passa por esse processo!”.
0
50
100
Preparada Despreparada
Situação da escola para lidar com jovens infratores
Per
cent
ual
24
Apesar de D3 afirmar que sua escola “não possui este tipo de problema”, referindo-
se à presença de infração cometida por adolescentes dentro da escola, ao longo da
entrevista este participante citou alguns problemas relacionados a este tipo de infração.
Aos diretores que responderam positivamente à pergunta anterior, foi questionado
sobre qual foi a infração mais grave cometida por um adolescente dentro da escola e em
que circunstâncias ela havia ocorrido. D1 citou o problema de uso de bebidas alcoólicas
por adolescentes com idades variando de 11 a 14 anos. Esses adolescentes levavam a
bebida para a escola, consumiam-na antes de entrarem para as salas de aula e deixavam as
garrafas escondidas no banheiro (geralmente, eram encontradas garrafas de pinga e
refrigerante). Quando questionada, D1 afirmou não ter feito denúncia nem na Delegacia
nem no Conselho Tutelar. Segundo D1, foi chamada a Ronda Escolar que passou a dar
atendimento à escola, “as portas da escola também passou a estar aberta à polícia militar,
que realiza alguns projetos aqui”. Do mesmo modo, D1 relatou que a Ronda Policial e a
Ronda Escolar também têm um parceria com a escola. A fim de evitar outros episódios
como este, D1 decidiu colocar alguns inspetores de alunos que são seguranças, que
passaram a ficar mais atentos aos alunos.
D2 relatou que em sua escola houve a detonação de uma bomba e episódios de
depredação do patrimônio. Com relação à detonação da bomba, D2 afirmou que o fato
ocorreu no pátio da escola, na hora do intervalo, havendo muitas outras pessoas no local.
De acordo com esse diretor, os alunos responsáveis pelo ato eram alunos de que estavam de
dependência (o que, segundo D2, dificulta o controle da entrada e saída de alunos da
escola). Esse participante relatou que foi feita uma denúncia na Vara da Infância e da
Juventude. Afirmou que, após o incidente, houve uma audiência e a escola passou a enviar
um acompanhamento destes alunos (como por exemplo, boletins e relatórios sobre o
comportamento do adolescente) para o juiz da Vara da Infância e da Juventude. De acordo
com explicações de D2, a escola possui contatos com o Conselho Tutelar, que por sua vez é
ligado ao NAI, que é supervisionado pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude.
Quando questionados sobre o que aconteceu com o infrator após o incidente, D1
afirmou que foi reunido o Conselho de Escola e, como alguns dos alunos já tinham um
histórico de registros por indisciplina, foi proposto à transferência compulsória para tais
alunos, sendo que alguns já haviam sido expulsos de outras escolas. Segundo D1, “esses
25
alunos que estavam dando problemas aqui eram alunos problemas de outras escolas, e por
fim, eles acabaram voltando para a escola de origem”.
A providência da escola E2 foi identificar os responsáveis pela detonação da bomba
e enviá-los para a Vara da Infância e da Juventude. De acordo com D2, o juiz aplicou aos
adolescentes responsáveis uma espécie de redução de liberdade, principalmente após as 22
horas. Os alunos também foram proibidos de, mesmo durante o dia, ficar nas proximidades
de qualquer escola, principalmente de E2. Houve também um acompanhamento familiar e
a escola passou a ter de emitir um relatório quinzenal sobre as atitudes dos alunos e o
desempenho escolar de cada um deles.
D1 e D2 afirmaram que as famílias dos adolescentes foram notificadas, sendo que
algumas ficaram assustadas e outras não acreditaram na versão apresentada pela escola.
Esses dois diretores relataram que os alunos que cometeram a infração dentro da
escola já haviam se comportado de maneira inapropriada anteriormente. Em E1, havia
registros de outros comportamentos inadequados desses alunos, tais como: desacatar o
professor, brigar com colegas, entrar na sala embriagado e causar problemas. D2 citou o
fato dos alunos responsáveis pela infração já terem ficado de dependência em várias
disciplinas, o que significa para esse diretor, que tais alunos já não estavam valorizando a
escola, a aprendizagem como um meio de ascensão social.
Ao serem questionado sobre que medidas foram tomadas com relação a esses outros
comportamentos inadequados, D1 disse geralmente seguir o seguinte protocolo: o professor
comunica ao inspetor de alunos sobre o aluno que está dando problema, tira-se esse aluno
da sala de aula, e, dependendo do caso, o aluno é encaminhado para a direção e é feita uma
advertência a ele. Quando a infração é grave, o aluno assina a advertência e, a partir do
segundo aviso, os pais terão de vir à escola para assinar. Quando todas essas medidas já
tiverem sido aplicadas sem sucesso, reúne-se um conselho para suspensão do aluno. D1
julga que essas providências têm sido eficazes por mostrar aos alunos que há “uma
autoridade a qual eles têm que obedecer”, e pelo fato de E1, segundo o diretor, ser a escola
que menos tem incidência de agressão e de depredação.
A essa mesma questão, D2 respondeu não estar na direção da escola quando outros
comportamentos inadequados ocorreram por parte dos alunos responsáveis pela infração,
mas relatou não haver outros registros de encaminhamentos (seja para a Vara da Infância,
Conselho Tutelar ou NAI), havendo somente algumas “ocorrências internas”, que não
26
chegaram a dar resultados. D2 justifica que tais medidas não foram eficazes, pois se essas
“ocorrências internas” não incluírem chamar o responsável pelo adolescente ou punir
alguns alunos como exemplo, infelizmente não se obtém resultados.
Quando questionados se suas escolas já haviam recebido algum pedido de matrícula
para adolescentes em conflito com a lei, todos os diretores (D1, D2 e D3) responderam
positivamente, afirmando que a matrícula foi feita e que não é possível recusá-la, contanto
que haja vaga na escola e o pedido seja feito pelo juiz.
Questionados sobre quais pessoas na escola têm conhecimento de que o adolescente
está em conflito com a lei, D1 afirmou que somente a coordenadora e a direção da escola.
Segundo este diretor, dificilmente essa informação é passada aos professores, a fim de
garantir que o aluno seja tratado como um “aluno normal”. Entretanto, o coordenador que
possui a informação “fica mais atento a esse aluno”.
De acordo com D2, em sua escola as pessoas que têm conhecimento de que o aluno
está em conflito com a lei são professores, coordenadores e a direção. Já na escola E3,
quem detém essa informação é a direção, coordenação e, algumas vezes, o professor
conselheiro da sala, “se for de confiança”. D3 afirma que não gosta de transmitir a
informação a muitas pessoas, pois não gosta de “fazer propaganda negativa”; o aluno tem
que chegar à escola, algumas pessoas têm que saber da informação, mas isso não deve ser
comentado, pois senão o aluno já será visto como um problema, e então, “a escola terá
dois problemas”.
Segundo D1 e D3, a escola recebe informações a respeito da infração cometida pelo
adolescente. D1 relatou que, geralmente quando o adolescente vem encaminhado pelo
NAI, a assistente social já traz um histórico do adolescente, mesmo sem a solicitação da
escola. De acordo com D3, a informação sobre a infração cometida é recebida através do
juiz que encaminha o adolescente para a escola. Entretanto, D2 afirmou que, na maioria
das vezes, a escola não recebe esse tipo de informação; só tem conhecimento da medida
aplicada pelo juiz e quais os deveres do adolescente perante essa medida.
Na opinião de D1, essa informação é importante para a direção, pois se passa a
“tomar certos cuidados com relação às outras crianças e a ficar mais atento aos
comportamentos do aluno, porque eles são agressivos, eles não são bonzinhos, não são
como os alunos regulares”.
27
Para D2 e D3, essa informação é importante, porque a escola passa a “ficar de olho
no aluno para que ele não reproduza nenhum ato infracional dentro da escola, como
passar drogas, etc.” (D2). D3 afirma que, tendo posse dessa informação, a escola pode
estar “vigiando” , “cuidando melhor” desse aluno para que ele não tenha chance de
cometer outras infrações e para que a escola possa orientá-lo. De acordo com suas próprias
palavras, D3 retrata-se: “eu acho que é uma questão de orientar, não vigiar”.
Em seguida, foi perguntado aos diretores o que deveria ser feito caso um
adolescente em conflito com a lei cometesse uma nova infração dentro da escola. D1 disse
que a escola deveria notificar o responsável pelo adolescente no NAI, a assistente social e a
psicóloga desta instituição. De acordo com D1, existe um compromisso da escola em
notificar ao NAI tudo o que acontece com o adolescente infrator, por meio de um relatório
do comportamento desse aluno.
Segundo D2, se for um adolescente encaminhado pelo juiz, à escola envia o jovem
novamente para o juiz. Além das providências tomadas por este, a escola tenta conversar
com a família para saber o que ocorreu, tenta engajá-la no acompanhamento do
adolescente.
Para D3, a escola acionaria o Conselho Tutelar para apurar o caso e, então, reuniria
um conselho de escola para decidir o que fazer com o aluno. Entretanto, D3 relatou que
isso nunca aconteceu em sua escola e que não saberia como agir, nem que procedimentos
empregar.
Indagados sobre se o adolescente em conflito com a lei recebe algum apoio
(acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais, etc.), D1 e D2 afirmaram que recebe
orientação por parte do NAI, somente nos casos em que o adolescente é recolhido por esta
instituição. D1 relatou que a escola não tem condições de fornecer-lhe tal apoio. De
acordo com D2, no NAI, o adolescente recebe uma assistência, palestras, acompanhamento
psicológico; a escola fornece apoio no sentido de orientar à família a procurar o NAI e até
mesmo o departamento de psicologia da UFSCar.
Segundo D3, diretor da escola localizada em Ibaté, esse adolescente infrator não
recebe nenhum apoio, mas afirmou que sua escola está tentando conseguir algum apoio,
pois o considera muito necessário, na medida em que a escola é um grande meio de se
“ajudar” tais alunos.
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Todos os diretores afirmaram que a escola não recebe nenhuma orientação sobre
como deve lidar com os adolescentes infratores. D1 relatou que a escola trata o aluno em
conflito com a lei como um “aluno normal”. De acordo com este participante, há algumas
estratégias que a escola utiliza para lidar com este aluno, tais como: relevar algumas coisas
e conversar mais. Para D2, apesar da escola não receber orientação, o ECA diz que esta
deve fornecer uma vida escolar normal a estes alunos, contanto que “ele não cometa uma
infração dentro da escola ou que a presença dele na escola não prejudique a
aprendizagem da maioria”. Segundo D3, “a escola é que tem quer ir atrás, pescando,
pegando, buscando, conversando”, a fim de obter algumas poucas informações.
D1, D2 e D3 relataram que suas escolas possuem um código de conduta, e que este é
claramente explicitado para os alunos. D1 afirma que tal código é explicitado por meio de
certas proibições (como fumar dentro da escola, uso de boné, mini-blusa) que são passadas
para os professores e estes devem repassar as informações para os alunos. Esse mesmo
meio de transmissão através dos professores foi relatado por D2, que disse que são
definidas algumas normas e a orientação da direção é que se discuta com os alunos tais
normas. Entretanto, D2 reconhece que, no ano de 2005, esse procedimento ficou a desejar.
Na escola de D3, há a definição de um regimento que consta os direitos e deveres dos
alunos e é explicitado para os alunos e seus pais e afixado dentro da escola.
Quando solicitados a darem sua opinião sobre quais as causas para o comportamento
infracional de um jovem, D1 declarou ser a “necessidade de auto-afirmação e a falta de
uma estrutura familiar que dirija o jovem para outros caminhos”. A desestrutura familiar
também foi citada por D3. D2, por sua vez, afirmou que as causas são de ordem
econômicas e sócio-culturais, e “como a escola é uma célula da sociedade, acaba
dividindo com a sociedade esses problemas que existem. A escola acaba sendo caixa de
ressonância desses problemas sociais, sem ter muito como lidar com isso”.
Sobre qual o papel desempenhado pela escola nessa problemática do adolescente
infrator, D1 afirmou que a escola tenta contribuir na prevenção do desenvolvimento de
comportamentos inadequados, mas que só obtém sucesso em poucos casos. Esse diretor
relatou que falta à escola uma assistência, por exemplo, de um psicólogo, de uma assistente
social; que seria importante os professores receberem instruções de como lidar com esses
alunos, mas considera limitado o poder de ação dos professores, considerando que estes
têm apenas algumas aulas de 50 minutos.
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D3 afirmou que a escola tenta desempenhar um papel para orientar, construir
cidadãos, que têm direitos e deveres. Entretanto, também compartilha a idéia de que “a
escola tenta (...), mas consegue pouco”.
De acordo com D2, “o governo tenta transformar as escolas, principalmente as
públicas, em centros sociais”, sendo que, segundo sua opinião, a função da escola é dar
educação de qualidade. Para D2, devido aos problemas sociais, o governo cria inúmeros
projetos tentando resgatar a questão da socialização através da escola, colocando em
segundo lugar a questão principal, que é o conteúdo, a educação de qualidade. Segundo
esse participante, os projetos sociais são criados para tentar amenizar problemas que
dificultam a questão da convivência e da aprendizagem.
Diante da questão sobre quais estratégias os diretores consideravam mais eficazes
para lidar com estudantes infratores, D1 respondeu que age de acordo com o seguinte
princípio: “o que eu quero pro meu filho, eu quero pro meu aluno” . Relatou como
estratégias que considera eficazes orientar; conversar; “dar todas as chances possíveis”;
explicar ao aluno as regras, o que ele pode fazer, e o que acontecerá caso ele as descumpra;
penalizar quando houver transgressão das normas; cobrar também do professor as mesmas
condutas que cobra do aluno; e, em último caso, transferência compulsória. As condutas
adotadas por D2 constituem em trabalhar junto com a família e não assumir papel policial,
mas sim, de educador, cumprindo a finalidade da escola.
D3 relatou que com os adolescentes em geral, a estratégia é “chamar a criança,
conversar, mostrar para ela que ela tem direitos sim, mas tem deveres também”. Nos
casos em que tais estratégias não funcionam, os pais são chamados, e realiza-se uma
reunião com os pais, adolescentes, professores e direção. Uma outra estratégia citada é
reunir o conselho de escola para pedir uma solução para o caso. D3 citou que o conselho
pode optar pela transferência compulsória, mas, de acordo com sua opinião, isso não
resolve o problema. Entretanto, esse diretor afirmou que nenhuma dessas estratégias
citadas está sendo eficaz para lidar com o estudante infrator presente em sua escola.
Quando solicitados a relatarem as providências que suas escolas têm tomado para
prevenir/combater a violência no ambiente escolar, D1, disse não ter problemas com
violência, mas quando ocorrem brigas dentro da escola, dependendo da gravidade, chama-
se os pais e o aluno é suspenso das aulas. Se for um caso muito sério, ocorre a
transferência compulsória. Com relação às medidas de prevenção, a escola de D1 possui
30
quatro inspetores de aluno que são seguranças o que, segundo D1, tem dado certo. Há
também um rígido controle da entrada e saída de alunos e a presença de câmeras espalhadas
pela escola.
Já de acordo com D2, um ponto importante é o modo como se relacionar com esses
alunos. Segundo esse diretor, deve-se tentar aumentar a auto-estima desse adolescente.
Além disso, a utilização de metodologias de ensino que dêem maior motivação para os
alunos também se faz necessário. Segundo D2, em último caso, a escola conta também
com o conselho de escola e com o Juizado da Vara da Infância e da Juventude, havendo
também uma parceria com a polícia militar, que mantêm um programa que discute questões
sociais, indisciplina, comportamentos na escola, menores infratores e busca uma
contribuição dos adolescentes. A existência de outros projetos culturais, tais como o
resgate da história do Tijuco Preto, projeto de preservação e uso da escola, visam a
diminuição da depredação do patrimônio e a manutenção de uma escola limpa e parecem
estar dando bons resultados, de acordo com D2.
Na escola de D3, a providência tomada tem sido com relação à prevenção de
bullying, mas, segundo o diretor, a escola não conta ainda com nenhuma estratégia
concreta.
Discussão
De acordo com os dados apresentados, pode-se notar que uma parte expressiva
(39%) dos professores relatou já ter havido algum caso de infração cometida por
adolescentes dentro da escola. Por outro lado, fica evidente que as providências tomadas a
fim de conter tais infrações ou comportamentos inadequados mostram-se ineficientes.
A maioria dos professores (61%) e um diretor (D3) relataram nunca ter ocorrido
uma infração cometida por adolescentes dentro da escola. Entretanto, a adoção de uma
definição própria e talvez incorreta do que seja uma infração e, no caso dos professores, o
receio de responder a verdade (pois o questionário foi recolhido pela coordenação da
escola), podem ter exercido influência sobre os números apresentados.
Pode-se hipotetizar que D3 respondeu negativamente a essa questão, pois as
infrações cometidas por alguns alunos de sua escola eram mais leves, quando comparadas
com outros problemas apresentados por outras escolas. Ao longo de toda entrevista, notou-
se que esse participante apresentou dificuldades na definição do que seria uma infração,
31
considerando algumas como simples “peraltices” . Essa dúvida quanto ao que era
considerado uma infração pela pesquisadora também foi apontada por D1, que questionou
sobre que tipo de infração a pesquisadora referia-se, pois “todo adolescente comete
infração saindo da sala de aula sem autorização, por exemplo” (D1). Verifica-se, então,
que a ausência de uma definição prévia do que estava sendo considerado como infração
pode ter interferido nos resultados apresentados.
Segundo os dados coletados, 43% do professores afirmaram já ter tido em sua sala
de aula algum adolescente infrator, e todos os diretores relataram que suas respectivas
escolas já haviam recebido pedido de matrícula para um adolescente em conflito com a lei.
Porém, todos os diretores participantes afirmaram que a escola não recebe nenhuma
orientação sobre como deve proceder com alunos em conflito com a lei. Do mesmo modo,
vários professores (30,5%) relataram carência de orientação, proveniente da direção ou
algum outro órgão, sobre como lidar com adolescentes infratores; e 64% deles acham que a
escola não está preparada para atender essa população, sendo a justificativa mais citada a
ausência de informações/orientações para os professores e para a escola em geral.
Corroborando esses dados, a pesquisa de Njaine e Minayo (2003) encontrou que os
professores revelaram despreparo para lidar com a violência nas escolas.
Como afirma Aquino (1998), os educadores sofrem de um sentimento de “mãos
atadas” quando se deparam com situações e aluno diferentes do “plácido ideário
pedagógico” (p. 8).
Os dados indicam que as infrações cometidas nas escolas participantes da pesquisa
podem ser consideradas graves, na medida em que envolvem agressões físicas a outras
pessoas, uso de bebidas alcoólicas no ambiente escolar, dano de patrimônio, detonação de
bomba e ações desrespeitosas, como urinar no lixo da sala de aula e riscar o carro do
diretor.
No geral, as providências tomadas com relação aos responsáveis por tais infrações
consistiram em chamar a polícia ou a Ronda Escolar, reunir o conselho de escola, transferir
compulsoriamente para outra escola e expulsar o aluno. Algumas medidas, como
transferência compulsória e expulsão, contribuem para o fracasso e evasão escolar de tal
população, constituindo-se, então, em fatores de risco. A falta de orientação para os
professores e diretores pode propiciar a utilização de estratégias inadequadas ao lidar com
jovens em conflito com a lei.
32
Como afirma Aquino (1998), o “encaminhamento” passa a ser a estratégia
dominante. Encaminha-se para o inspetor, para o coordenador, para o diretor, para os pais,
para a polícia e, na impossibilidade do encaminhamento, a decisão, muitas vezes, é a
“exclusão velada sob a forma das ‘transferências’ ou mesmo do ‘convite’ à auto-retirada”
(p. 8).
Nota-se que há um superinvestimento na punição (expulsão, suspensão, detenção) e
em medidas de segurança, como no caso da escola E1, que contratou seguranças para
trabalharem como inspetores de aluno e instalou câmeras pela escola.
Como afirmam Gonçalves e Sposito (2002), observou-se, na década de 80, uma
ênfase nas medida de segurança, tais como rondas escolares, zeladorias, instalação de
alarmes e etc.. Tal ênfase culminou com a colocação de policiais dentro da instituição
escolar. Desse modo, problemas de indisciplinas fora da sala de aula, ameaças de agressão
ou brigas resulta em interferência da polícia na vida escolar. De acordo com os autores,
disseminou-se a prática de registrar ocorrências em delegacias policiais ou de chamar a
polícia para intervir nas escolas (Gonçalves & Sposito, 2002).
Alguns professores e diretores afirmaram que o aluno que cometeu a infração já
tinha se comportado de maneira inapropriada anteriormente. Esse fato pode sinalizar que
as medidas aplicadas anteriormente para conter ou punir tais comportamentos não foram
eficazes. Apesar de alguns professores e diretores utilizarem algumas estratégias eficientes
quando seus alunos apresentam comportamentos inadequados, ainda observam-se relatos de
utilização de estratégias que pouco contribuem na eliminação ou prevenção de desde
indisciplina em sala de aula até comportamentos infracionais.
Quando se questiona aos diretores o que deveria ser feito caso um estudante em
conflito com a lei cometesse uma nova infração dentro da escola, verifica-se a falta de um
procedimento padrão a ser seguido. Assim, cada escola busca, à sua maneira e através de
diferentes órgãos, resolver a situação-problema. Talvez a existência de um protocolo a ser
seguido nesses casos auxiliaria a melhor e mais rápida resolução do problema.
D1, D2 e D3 afirmaram que suas escolas possuem um código de conduta e que este
é claramente explicitado para os alunos. Isto se constitui em um fator positivo, visto que
pesquisas sobre programas de prevenção à violência (Abramovay e col., 2003) e à
delinqüência (Ashcroft, Daniels & Hart, 2004) apontam a comunicação de regras, políticas
e ações disciplinares da escola como uma prática adequada.
33
Os dados apresentados evidenciam que os diretores atribuem o comportamento
infracional à necessidade de auto-afirmação, desestrutura familiar e a problemas de ordem
econômica e social. Do mesmo modo, a maioria dos professores atribui os
comportamentos infracionais de um jovem à família desestruturada, sendo citadas também
as más companhias e a falta de apoio familiar. Tais concepções estão de acordo com uma
visão que situa na família, no ambiente social e no indivíduo as causas de seu fracasso
escolar (Sawaya, 2002) e de seus comportamentos inadequados; esquecendo-se de analisar
o desempenho dos adolescentes e seus comportamentos em função das práticas e dos
processos que se desenvolvem na instituição escolar, vista como um todo (Sawaya, 2002).
Corroborando esses achados, na pesquisa de Njaine e Minayo (2003), professores
apontaram a família composta por muitos membros como causa de comportamentos
violentos dos alunos. Como afirma Abramovay e col., (2003), os professores não se
sentem responsabilizados pelo fracasso escolar, atribuindo a culpa aos alunos e suas
famílias ou às péssimas condições de trabalho. Verifica-se, assim, uma tendência a
enfatizar fatores externos à escola como responsáveis por comportamentos violentos,
amenizando a responsabilidade do sistema escolar (Abramovay e col., 2003).
De acordo com os dados obtidos, observa-se uma dificuldade, principalmente por
parte dos professores, em identificar o seu real papel e o papel da escola. Questionados a
respeito do papel da escola, as respostas citadas foram encaminhar o aluno para um órgão
ou profissional competente, socialização e orientar, aconselhar e informar. Entretanto, para
Lisboa e Koller (2004), a função da escola é prover um contexto de educação e
socialização, além da aquisição de conhecimentos. A escola deve ser um espaço
institucional de aprendizagem de conteúdos pedagógicos, formativos e educacionais, bem
como de promoção de saúde e prevenção de problemas psicossociais; tem a função de
educar para a cidadania, favorecer o senso de pertencimento, de autonomia e de respeito às
diferenças (Lisboa & Koller, 2004).
Com relação ao papel do professor, conversar, orientar, entender a respeito dos
problemas de tais jovens foram as respostas mais apresentadas. Segundo Lisboa e Koller,
2004, aos professores, não cabe somente ensinar conteúdos acadêmicos, mas sim,
constituir-se em agentes de exercício de cidadania. Espera-se dos professores que ofereçam
aos seus alunos oportunidades de vínculos saudáveis e estáveis, baseados na comunicação
34
próxima, na troca de afeto, na reciprocidade e no equilíbrio de poder (Lisboa & Koller,
2004).
Outro ponto importante a ser discutido é a evidência de que a maioria dos
professores acha que o adolescente infrator abandonaria a escola antes de concluir os
estudos e que tem poucas chances de chegar à universidade. Tal crença pode ocasionar o
fenômeno conhecido como profecia auto-realizadora: quando acreditamos em algo,
apresentamos determinados comportamentos que acabam contribuindo para que esse algo
aconteça (Rosenthal & Jacobson, 1968, 1989).
Um fator preocupante é a evidência de que poucas estratégias de prevenção estão
sendo adotas pelas escolas participantes dessa pesquisa, podendo-se observar a
predominância de ações somente de caráter paliativo.
Conclusões
O presente estudo que teve como objetivo investigar os procedimentos relatados por
diretores e professores para intervir quando se deparam com estudantes envolvidos em atos
infracionais, quer na situação em que recebem a matrícula de um estudante que cometeu
um ato infracional fora do ambiente escolar, quer na situação em que o ato foi cometido
dentro da própria escola, deixou evidente a necessidade de desenvolvimento de programas
que venham capacitar os professores a identificar e manejar comportamentos infracionais
no ambiente escolar. Mostrou também que tais programas poderiam garantir o
engajamento desses alunos nas atividades escolares, diminuindo a ocorrência de evasão
escolar dessa população.
Considerando a dificuldade dos professores em identificar o seu real papel e o papel
da escola, a elaboração de programas que venham informar sobre estratégias de manejo do
comportamento infrator e de comportamentos inadequados dentro da sala de aula e da
escola, além de noções de prevenção da delinqüência, seria de grande utilidade para a
instituição escolar no geral. Considerando que a escola é uma instituição potencialmente
transformadora, faz-se importante também capacitar professores e toda a direção da escola,
no sentido de lhes dar instrumentos e habilidades para identificar esse adolescente e para
lidar com o mesmo. Revela-se, então, a necessidade de formar pessoal técnico e docente
para compreender a multiplicidade de fatores presentes no sistema educacional produtores
35
de fracasso ou de práticas sociais transformadoras (Sawaya, 2002) e das várias facetas da
infração juvenil, suas múltiplas causas, seu manejo e sua prevenção.
Decorre daí a necessidade de instrumentalizar educadores a fim de que estes pensem
ativamente a realidade escolar, seu papel e sua própria inserção nesse contexto,
favorecendo uma visão mais ampla da realidade. Além disso, intervenções no sentido de
modificar as representações e concepções que o professor e a instituição escolar têm do
aluno infrator – de suas habilidades, suas características e suas dificuldades – poderiam
levar a práticas mais apropriadas, visando à socialização desse aluno.
Parcerias com o NAI (no caso das escolas de São Carlos), com a Vara da Infância e
da Juventude, com o Conselho Tutelar, poderiam render bons resultados em termos de
prevenção e redução da violência no âmbito escolar.
Considerando o fato das escolas participantes dessa pesquisa serem estaduais, fica
evidente que a constante desvalorização da educação no Brasil reflete-se na baixa
remuneração e na falta de aperfeiçoamento dos educadores, gerando profissionais
desmotivados e despreparados para lidar com o cotidiano funcional e que favorecem os
fatores de risco e pouco investem na prevenção de problemas de comportamento (Lisboa &
Koller, 2004; Guzzo, 2001). Desse modo, além de modificações no âmbito institucional,
faz-se necessário também algumas alterações de políticas públicas que melhorem as
condições de trabalho da escola pública, bem como de seus profissionais. A recuperação
das relações dos educadores com o seu trabalho, minimizando representações negativas e
de desvalorização, poderia constituir-se em mais uma possibilidade de intervenção, a fim de
melhorar as relações escola-aluno.
Quanto ao instrumento utilizado para coleta de dados com os professores, algumas
alterações podem ser feitas a partir de algumas constatações de dificuldades, tais como:
apresentar uma definição do que é considerado infração, pois a adoção de uma definição
própria e talvez incorreta do que seja uma infração pode ter exercido influência sobre
alguns relatos. Um número maior de linhas para resposta deve ser incluído, a fim de
permitir uma melhor expressão dos participantes. Alguma providência faz-se necessária no
sentido de reduzir as chances de o receio de responder a verdade – pois os questionários
foram recolhidos pela coordenação da escola – influencias nos dados relatados.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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39
Anexo I.
40
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, , aceito participar do
projeto intitulado “A escola e o adolescente em conflito com a lei: uma investigação das
práticas escolares”, que tem como objetivo investigar os procedimentos utilizados por
diretores e professores quando se deparam com estudantes envolvidos em atos infracionais.
A infração praticada por crianças e adolescentes tem-se apresentado como um
fenômeno universal, constituindo-se em um desafio a ser enfrentado pela sociedade.
Estudo mostram que o fracasso e evasão escolar estão entre os principais fatores de risco
para o desenvolvimento da conduta infracional. Segundo alguns autores uma experiência
escolar adversa pode influenciar negativamente o desenvolvimento da criança e do
adolescente.
É preocupante constatar que, apesar da universalidade desse fenômeno, ainda é
escassa na literatura nacional pesquisas que investigam o fenômeno do jovem infrator.
Infelizmente, por se tratar de um campo de pesquisa pouco explorado no Brasil, as práticas
e procedimentos empregados por diretores e professores quando se deparam com
estudantes envolvidos em atos infracionais podem se apresentar não eficazes, favorecendo
indiretamente o abandono do ambiente escolar. Em uma primeira análise, pode-se afirmar
que o pouco conhecimento acerca dos elementos envolvidos na relação entre jovens em
conflito com a lei e a escola dificulta a determinação de ações de prevenção e intervenção
na área.
Participarão desse estudo diretores e professores do primeiro e segundo grau de
escolas estaduais de São Carlos. A coleta de dados será realizada por meio de um roteiro
de entrevista com os diretores e de um questionário para os professores. O roteiro de
entrevista e o questionário foram elaborados pela autora, contendo, respectivamente, 25 e
24 questões. Os dados serão analisados em termos da descrição da instituição de ensino,
caracterização dos diretores e professores e análise quantitativa e qualitativa das respostas
dos participantes.
LAPREV Laboratório de Análise e Prevenção da Violência
Universidade Federal de São Carlos Departamento de Psicologia
Caixa Postal 676 13.565-905 São Carlos – SP Fone: (16) 3351-8745 - Fax: (16) 3351-8357
41
Esse projeto é supervisionado pela Dra. Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams,
professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) e pelo doutorando Ricardo da Costa Padovani, sendo o estudo realizado pela
aluna do curso de Psicologia Aline Fávaro Dias.
A pesquisa terá início em maio de 2005 e terminará em setembro do mesmo ano.
Minha participação será voluntária e constará de entrevistas a serem realizadas. Os
resultados obtidos poderão ser eventualmente publicados ou divulgados em eventos
científicos sendo mantida minha identidade em completo sigilo. As entrevistas serão
conduzidas na própria instituição escolar.
Os participantes dessa pesquisa poderão beneficiar-se da possibilidade diálogo com
o pesquisador e da possibilidade de uma reflexão acerca das práticas disciplinares
empregadas.
Poderei me desligar do projeto de pesquisa a qualquer momento que esteja
interessado, sem quaisquer prejuízos pessoais/profissionais.
Estou ciente de que caso a participação no estudo atrapalhe a minha rotina como ou
a temática provoque algum desconforto, a pesquisa poderá ser interrompida, se assim julgar
necessário.
Quaisquer outras informações sobre o projeto poderão ser obtidas com a Dra. Lúcia
Williams, pelo telefone do Departamento de Psicologia (3351-8361).
Data __/__/__. Estou ciente e concordo em participar:
Aline Fávaro Dias ___________________________________
Ricardo da Costa Padovani (CRP-06/676992) Participante
Lúcia C. de A. Williams (CRP-06/03497-4)
42
Anexo II
43
44
Anexo III
45
Laboratório de Análise e Prevenção da Violência Universidade Federal de São Carlos
Departamento de Psicologia Caixa Postal 676 13.565-905 São Carlos – SP Fone: (16)3351-8745 - Fax: (16) 3351-8357
ROTEIRO DE ENTREVISTA – DIRETORES
Nome:
Idade:
Nome da escola:
Número de alunos:
Tempo que exerce o cargo de diretor nessa escola:
1. No período que ocupa o cargo de diretor, houve algum caso de infração cometida por
adolescentes dentro da escola?
( ) SIM ( ) NÃO
Se não, vá para a questão 12.
Se sim,
2. Qual foi a mais grave? Dê uma breve descrição. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Em que circunstâncias ocorreu? Forneça detalhes sobre o fato. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Foi feita denúncia na delegacia ou Conselho Tutelar? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. O que aconteceu após o incidente com o infrator (qual foi a providência tomada)? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Como professores e alunos reagiram a esse episódio? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________
46
7. A família foi notificada?
( ) SIM Como reagiu à informação?_________________________________________
( ) NÃO 8. O aluno que cometeu uma infração na escola já havia se comportado de maneira
inapropriada anteriormente?
( ) SIM Dê exemplos:_____________________________________________________
( ) NÃO
Se não, vá para a questão 11.
Se sim,
9. Que medidas foram tomadas em relação a esses comportamentos inadequados?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
10. Essas medidas foram eficazes?
( ) SIM Por que?__________________________________________________________
( ) NÃO
11. A escola já recebeu algum pedido de matrícula para adolescentes em conflito com a
lei?
( ) SIM ( ) NÃO Se não, imagine um caso hipotético, no qual a sua escola recebeu um pedido de matrícula para um adolescente em conflito com a lei e responda: 12. A matrícula foi (seria) feita?
( ) SIM
( ) NÃO Por que? _________________________________________________________ 13. É possível a direção da escola recusar a matrícula?
( ) SIM ( ) NÃO
Justifique: ________________________________________________________________ 14. Quais pessoas na escola têm (teriam) conhecimento de que o adolescente está em conflito com a lei?
47
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15. A escola possui (possuiria) informação a respeito da infração cometida pelo
adolescente?
( ) SIM ( ) NÃO 16. Na sua opinião, qual a importância de se ter conhecimento de que o adolescente está em conflito com a lei e qual infração foi cometida? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17. Caso um adolescente em conflito com a lei cometa uma nova infração na escola, o que deve (deveria) ser feito? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18. Esse adolescente infrator recebe algum apoio (acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais, etc.)? ( ) SIM Forneça detalhes: __________________________________________________
( ) NÃO 19. A escola recebe alguma orientação sobre como deve lidar com os adolescentes infratores? ( ) SIM Que tipo de informação?____________________________________________
É fornecida por quem? _____________________________________________
( ) NÃO 20. A escola possui um código de conduta? Se sim, este é claramente explicitado para os alunos? De que maneira? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 21. Na sua opinião, quais as causas para o comportamento infracional de um jovem? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Na sua opinião, qual o papel desempenhado pela escola? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
48
23. Quais estratégias você considera mais eficazes para lidar com estudantes infratores? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24. Que providências sua escola tem tomado para prevenir/combater a violência no ambiente escolar? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________
49
Anexo IV
50
LAPREV
Laboratório de Análise e Prevenção da Violência Universidade Federal de São Carlos
Departamento de Psicologia Caixa Postal 676 13.565-905 São Carlos – SP
Fone: (16)3351-8745 - Fax: (16) 3351-8357
QUESTIONÁRIO – PROFESSORES
Instruções
Caro professor, este questionário2 foi desenvolvido pela pesquisadora (aluna da graduação do curso de Psicologia da UFSCar) como requisito do projeto intitulado “A escola e o adolescente em conflito com a lei: uma investigação das práticas escolares”. Tal instrumento tem como objetivo investigar os procedimentos utilizados por professores quando se deparam com estudantes envolvidos em atos infracionais. Não se trata de uma avaliação, não havendo, portanto, respostas corretas ou erradas. Salienta-se que os participantes deste projeto terão assegurada a sua não identificação e suas respostas serão analisadas de maneira grupal. Portanto, não é necessário colocar seu nome completo, podendo escrever somente as iniciais. As questões referentes à idade, nome da escola e as demais referentes às práticas disciplinares são de grande ajuda e importância. Desta forma, peço encarecidamente que você não as deixe em branco. Desde já agradeço sua atenção e sua valiosa colaboração.
Nome:
Idade:
Matéria que leciona:
Série(s) para a qual(is) leciona:
Nome da escola:
Número aproximado de alunos por sala:
1. No período que você trabalha nessa escola, houve algum caso de infração cometida por
adolescentes dentro da escola?
2 Questionário desenvolvido por Aline Fávaro Dias, aluna do curso de Psicologia da UFSCar, sob orientação da Profª Dra Lúcia C. A. Williams e do doutorando do Programa de Pós Graduação em Educação Especial Ricardo da Costa Padovani.
51
( ) SIM ( ) NÃO
Se não, vá para a questão 9.
Se sim,
2. Qual foi a mais grave? Dê uma breve descrição. ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Em que circunstâncias ocorreu? Forneça detalhes sobre o fato. ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. O que aconteceu após o incidente com o infrator (qual foi a providência tomada)? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Como professores e alunos reagiram a esse episódio? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. O aluno que cometeu uma infração na escola já havia se comportado de maneira
inapropriada anteriormente?
( ) SIM Dê exemplos:_____________________________________________________
( ) NÃO
Se não, vá para a questão 9.
Se sim,
7. Que medidas foram tomaram em relação a esses comportamentos inadequados?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
8. Essas medidas foram eficazes?
( ) SIM Por que?__________________________________________________________
( ) NÃO 9. Você já teve em sua sala de aula algum adolescente infrator?
52
( ) SIM ( ) NÃO
Se não, imagine um caso hipotético, no qual um adolescente em conflito com a lei tenha sido matriculado em sua sala de aula. Considere todas as perguntas como hipotéticas e responda: Se sim, 10. A direção da escola lhe transmite (transmitiria) informações sobre a infração cometida
pelo adolescente?
( ) SIM ( ) NÃO Se não, vá para a pergunta 13. Se sim, 11. Na sua opinião, qual a relevância de se ter conhecimento que o adolescente está em
conflito com a lei e qual infração foi cometida?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
12. Os professores recebem da direção, ou algum outro órgão, orientações sobre como
devem lidar com os adolescentes infratores?
( ) SIM Que tipo de informação?____________________________________________
É fornecida por quem? _____________________________________________
( ) NÃO
13. Esses adolescentes em conflito com a lei costumam (costumariam) apresentar
comportamentos inadequados em sala de aula?
( ) SIM Quais? ___________________________________________________________
( ) NÃO
Se não, vá para a questão 15.
Se sim,
14. Das estratégias abaixo, marque com um X aquelas que você utiliza quando seus alunos
apresentam comportamentos inadequados em sala de aula (como por exemplo, não seguir
as recomendações sugeridas, discutir, xingar, brigar) e, ao lado, circule o grau de
53
efetividade que você atribui a cada uma delas: em uma escala que vai de 0 a 3: 1(não
efetiva), 1 (pouca efetividade), 2 (boa efetividade) e três (efetividade total).3
Estratégias Utilizo Efetividade
1. Relembro as normas da escola. 0-1-2-3
2.Ameaço mandá-lo à diretoria 0-1-2-3
3. Envio para a diretoria. 0-1-2-3
4. Encaminho bilhetes aos pais informando o comportamento de seu filho.
0-1-2-3
5. Ameaço tirar pontos da nota. 0-1-2-3
6. Retiro pontos da nota. 0-1-2-3
7. Explico o que acontecerá se continuar se comportando inadequadamente.
0-1-2-3
8. Aviso outros professores sobre o comportamento inadequado do aluno.
0-1-2-3
9. Procuro saber se o aluno vem apresentando problemas de comportamento em outras disciplinas.
0-1-2-3
10. Procuro desenvolver atividades específicas para esse aluno.
0-1-2-3
11. Dou atenção diferenciada ao aluno que está se comportando inadequadamente.
0-1-2-3
12. Ignoro o aluno que está se comportando inadequadamente.
0-1-2-3
13. Retiro privilégios (não deixo sair para o intervalo, não permito a participação em atividades de lazer, etc).
0-1-2-3
14. Separo o aluno com comportamentos inadequados dos outros alunos.
0-1-2-3
15. Chamo sua atenção na frente dos demais alunos.
0-1-2-3
16. Outros: ____________________________________________________________________________________________________________
0-1-2-3
15. Quanto à relação do adolescente infrator com a escola, marque um ponto ao longo da
linha da escala o qual represente a sua opinião sobre :
- Desempenho escolar:
3 Essa questão foi adaptada do Questionário de Relações Interpessoais de Del Prette, A. e Del Prette, Z. A. P (2003).
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Freqüência às aulas: ___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente Notas: ___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente
Repetência:
___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente
Participação nas aulas:
___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente Atenção às aulas: ___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente
Relação com professores:
___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente
Relação com colegas de sala:
___________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ruim Razoável Excelente 16. Você acha que esse adolescente:
(1) concluiria o segundo grau (2) abandonaria a escola antes de concluir os estudos
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17. Na sua opinião, quais as causas para o comportamento infracional de um jovem?
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18. Qual o papel desempenhado pela escola?
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19. Qual o papel desempenhado pelo professor?
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20. Quais estratégias você considera mais eficaz para lidar com estudantes infratores?
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21. Você acha que a escola está preparada para lidar com essa população? O que leva você
a ter essa opinião?
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22. Você acha que se existisse um programa educacional específico para essa população, a
escola, o professor e o aluno seriam beneficiados? Se sim, em que circunstâncias seriam
beneficiados?
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23. Na sua opinião, programas que venham capacitar os professores e diretores a lidar com
essa população seria útil?
( ) SIM
( ) NÃO
Por que?__________________________________________________________________
24. Segundo sua opinião, qual é a chance desse adolescente chegar à universidade?
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