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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA SHÉRIDA ANNY TEIXEIRA ALVES ANÁLISE DAS OPERAÇÕES NO SISTEMA ELÉTRICO DE MÉDIA TENSÃO REALIZADAS PELO CENTRO DE CONTROLE DO SISTEMA DO ESTADO DO CEARÁ FORTALEZA 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE … ANNY TEIXEIRA ALVES.pdf · Palavras-chave: Operações no sistema elétrico de potência, média tensão, centro de operação, operador

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

SHÉRIDA ANNY TEIXEIRA ALVES

ANÁLISE DAS OPERAÇÕES NO SISTEMA ELÉTRICO DE MÉDIA TENSÃO

REALIZADAS PELO CENTRO DE CONTROLE DO SISTEMA DO ESTADO DO

CEARÁ

FORTALEZA

2014

SHÉRIDA ANNY TEIXEIRA ALVES

ANÁLISE DAS OPERAÇÕES NO SISTEMA ELÉTRICO DE MÉDIA TENSÃO

REALIZADAS PELO CENTRO DE CONTROLE DO SISTEMA DO ESTADO DO

CEARÁ

Trabalho final de curso submetido à

Universidade Federal do Ceará como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Graduado

em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. José Almeida do

Nascimento.

Fortaleza

2014

A Deus,

Aos meus pais Suêrda e Pedro Junior,

Ao meu irmão Pedro Neto,

Aos meus familiares e amigos.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar força, sabedoria, minha família, meus amigos e tudo o que

eu tenho e sou.

Aos meus pais, Suêrda e Pedro Junior, por me darem tanto amor, sempre

buscando a minha felicidade agora e no futuro, por não terem deixado eu desistir nos

momentos que era o que eu mais queria, por aguentarem com paciência os meus momentos

de estresse e mau humor e por sempre acreditarem em mim.

Ao meu irmão, Pedro Neto, por sempre demonstrar, apesar do seu jeito calado,

o seu amor por mim e por me usar como exemplo de pessoa, me forçando a sempre buscar

o meu melhor.

Aos meus queridos amigos, da faculdade e fora dela. Aos amigos que estudaram

comigo nas madrugadas e fins de semana, que me ensinaram, que me ajudaram e tiraram

muitas dúvidas. Aos amigos também que me ajudaram a aliviar o estresse, conversando,

rindo, cantando, dançando ou indo para o Órbita.

Aos meus familiares, por todas as orações, carinho e pensamentos positivos.

A todos que eu conheci nos dois anos de Coelce, pela amizade, paciência,

compreensão, incentivo e ajuda que me deram. Em especial, ao Lucas Colares, que, além

de ter me ajudado nesse trabalho com toda disponibilidade e paciência possível, virou um

amigo pro resto da vida.

Aos professores do departamento, pelos conhecimentos transmitidos com tanto

empenho, muitas vezes nos forçando ao máximo. Em especial, meu orientador, Prof.

Almeida, por me apoiar desde o começo da faculdade e me ajudar na realização desse

trabalho.

Agradeço a todos e sei que, apesar de muitas noites em claro e muito sofrimento,

sentirei saudades de vários momentos que vivi nesses cinco anos de engenharia elétrica.

“Engineering, where the noble semi-skilled

laborers execute the vision of those who think

and dream. Hello, Oompa-Loompas of

science!”

Sheldon Cooper

RESUMO

Atualmente, com os padrões de qualidade de energia cada vez mais rígidos e uma

legislação rigorosa, as distribuidoras trabalham intensamente para garantir qualidade do

fornecimento dentro dos níveis estabelecidos. Sabendo-se disso, foi realizada uma análise das

operações no sistema elétrico de média tensão da Companhia Energética do Ceará, abordando

os tópicos que permitem que essas operações atinjam os padrões de qualidade necessários e

detalhando as principais funções dos operadores de média tensão, tais como o monitoramento

da rede e a operação de incidências programadas e não programadas. É apresentada uma visão

geral do sistema elétrico de potência brasileiro até o Centro de Controle do Sistema do Estado

do Ceará, mencionando todas as áreas da Operação Técnica que contribuem direta ou

indiretamente na operação do sistema.

Palavras-chave: Operações no sistema elétrico de potência, média tensão, centro de operação,

operador do sistema, incidências, monitoramento da rede.

ABSTRACT

Currently, the standards of electric power quality are becoming more rigid and the

legislation is getting stricter, so the distributors are working harder to ensure these standards

are reached. Knowing this, an analysis of the operations in medium voltage network of the

Energy Company of Ceará was performed, presenting the topics that allow these operations

reach the required quality standards and detailing the main functions of medium voltage's

operators, that are network monitoring and operation of scheduled or unscheduled incidences.

An explanation of the Brazilian electric power system and the system's control center of Ceará

state is also presented, mentioning all areas of Technical Operations that directly or indirectly

influence the system operation.

Keywords: Operation of electric power system, medium voltage, operation center, system's

operator, incidences, network monitoring.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: Estrutura Institucional do Setor Elétrico Brasileiro ............................................. 17

Figura 2.2: Mapa do Sistema de Transmissão do SIN, 2014 ................................................. 20

Figura 3.1: Representação Gráfica da Estrutura Formal da Organização Coelce ................... 25

Figura 3.2: Mapeamento da Operação Técnica ..................................................................... 26

Figura 4.1: Centro de Controle do Sistema ........................................................................... 35

Figura 4.2: Distribuição Geográfica das Áreas da Diretoria Técnica ..................................... 38

Figura 5.1: Tela Principal do SAC........................................................................................ 49

Figura 5.2: Os quatro estados do Semáforo de Estado do Sistema ........................................ 50

Figura 5.3: Ícone Áreas de Responsabilidade ....................................................................... 50

Figura 5.4 - Ícone Logout ..................................................................................................... 50

Figura 5.5: Os dois estados do Estado de Mobilidade ........................................................... 51

Figura 5.6: Ícone Incremento ............................................................................................... 51

Figura 5.7: Os dois estados do Ícone Alerta .......................................................................... 51

Figura 5.8: Os dois estados do Ícone de Mensagens ............................................................. 52

Figura 5.9: Barra de Menu ................................................................................................... 52

Figura 5.10: Botão SAC 7 Menu .......................................................................................... 52

Figura 5.11: Ícones de Acesso Direto ................................................................................... 52

Figura 5.12: Quadro de Controle .......................................................................................... 53

Figura 5.13: Acompanhamento do Carregamento de Alimentadores ..................................... 54

Figura 5.14: Acompanhamento do Nível de Tensão das SED ............................................... 55

Figura 5.15: Diagrama Unifilar da SED PCI visto pela média tensão.................................... 56

Figura 5.16: Diagrama Unifilar do Alimentador 01C2 da SED PCI ...................................... 67

Figura 5.17: Visor de Incidências do SAC ............................................................................ 69

Figura 5.18: Ferramenta de Finalização de Incidências da Média Tensão ............................. 70

Figura 5.19: Programa de Manobra de MT ........................................................................... 72

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Alfabeto Fonético para Comunicação Verbal ..................................................... 46

Tabela 4.2: Numeração Fonética para Comunicação Verbal ................................................. 46

Tabela 5.1: Legenda dos Símbolos dos Equipamentos do SAC ............................................ 57

Tabela 5.2: Relatório de Acompanhamento dos Desligamentos Programados ....................... 58

Tabela 5.3: Primeira Parte do Relatório de Cargas Transferidas ........................................... 59

Tabela 5.4: Segunda Parte do Relatório de Cargas Transferidas ........................................... 59

Tabela 5.5: Relatório de Equipamentos Fora de Operação ou Operando com Restrição ........ 60

Tabela 5.6: Relatório de Anomalias...................................................................................... 61

Tabela 5.7: Endereço de Chaves do Alimentador 01C2 da SED PCI .................................... 64

Tabela 5.8: Carregamento de Transformadores e Alimentadores da SED PCI e Envolvidas.. 65

Tabela 5.9: Análise de Encontros de Alimentadores da SED PCI ......................................... 66

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL

ARCE

AT

BISE

CCEE

CCR

CCS

Chesf

CMSE

CNPE

Coelce

DEC

DEMEF

DEMEM

DIC

DIT

DMIC

DMS

DU

EPE

ERAC

FEC

FIC

Agência Nacional de Energia Elétrica

Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará

Alta Tensão

Boletim de Interrupção de Suprimento de Energia

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

Centros de Controle Regionais

Centro de Controle do Sistema

Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

Conselho Nacional de Política Energética

Companhia Energética do Ceará

Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

Departamento de Manutenção de Média e Baixa Tensão Fortaleza

Departamento de Manutenção de Média e Baixa Tensão Metropolitana

Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora

Demais Instalações de Transmissão

Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora

Distribution Management System

Diagrama Unifilar

Empresa de Pesquisa Energética

Esquema Regional de Alívio de Carga

Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora

HIS

MME

MT

NMS

NR 10

ONS

OT

POE

Prodist

RAO

RDP

ROS

SAC

SCADA

SDE

SED

SGD

SIN

UAM

UTR

Historical Information System

Ministério de Minas e Energia

Média Tensão

Network Management System

Norma Regulamentadora nº 10

Operador Nacional do Sistema Elétrico

Ordem de Trabalho

Posto de Operação Elétrica

Procedimentos de Distribuição

Relatório de Análise de Ocorrência

Relatório Diário Parcial

Relatório de Ocorrência Significativa

Sistema de Ajuda à Condução

Supervisory Control and Data Acquisition

Sistema de Distribuição da Endesa

Subestação de Distribuição

Sistema de Gestão de Desligamentos

Sistema Interligado Nacional

Unidade de Apoio à Manutenção

Unidade Terminal Remota

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15

1.1 Objetivos .............................................................................................................. 16

1.2 Estrutura do Trabalho ........................................................................................... 16

2 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO ......................................... 17

2.1 Estrutura Institucional ........................................................................................... 17

2.2 Rede Básica .......................................................................................................... 19

2.3 Rede de Distribuição ............................................................................................ 20

2.4 Procedimentos de Distribuição.............................................................................. 21

2.4.1 Módulo 4 – Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição................... 22

2.4.2 Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica ....................................................... 23

3 OPERAÇÃO TÉCNICA DA COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ ............ 25

3.1 Pré-Operação ........................................................................................................ 26

3.1.1 Estudos Elétricos .............................................................................................. 26

3.1.2 Gestão de Intervenções ..................................................................................... 27

3.1.3 Estudos de Proteção ......................................................................................... 27

3.1.4 Coordenação do Comissionamento ................................................................... 28

3.2 Tempo Real .......................................................................................................... 28

3.2.1 Operação de Incidências Programadas de MT e AT ......................................... 28

3.2.2 Operações de Incidências Não Programadas de MT e AT ................................. 29

3.2.3 Monitoramento da Rede .................................................................................... 29

3.3 Atendimento Emergencial .................................................................................... 30

3.3.1 Operações de Incidências de BT ....................................................................... 30

3.4 Pós-Operação ....................................................................................................... 30

3.4.1 Desempenho da Operação ................................................................................ 31

3.4.2 Gestão da Qualidade do Serviço ....................................................................... 31

3.4.3 Normatização da Operação .............................................................................. 31

3.4.4 Análise de Ocorrência ...................................................................................... 32

3.5 Sistema de Informação Técnica ............................................................................ 32

3.5.1 Cadastro de Cliente e Cadastro de Rede ........................................................... 33

3.6 Manutenção das Proteções e Automação............................................................... 33

3.6.1 Manutenção da Proteção .................................................................................. 33

3.6.2 Manutenção da Automação............................................................................... 33

3.6.3 Comissionamento da Automação e Proteção..................................................... 34

3.6.4 Planejamento de Intervenções........................................................................... 34

4 CENTRO DE CONTROLE DO SISTEMA (CCS) ................................................... 35

4.1 Atribuições ........................................................................................................... 36

4.2 Áreas de Responsabilidade Operacional................................................................ 37

4.3 Operador de Sistema ............................................................................................. 39

4.4 Supervisor do CCS ............................................................................................... 40

4.5 Engenheiro de Sobreaviso..................................................................................... 42

4.6 Codificação Operacional ....................................................................................... 42

4.7 Comunicação Verbal ............................................................................................ 45

4.8 Comunicação entre Centro de Controle do Sistema e Central de Relacionamento . 47

5 OPERAÇÕES NA MÉDIA TENSÃO ....................................................................... 48

5.1 O Sistema de Ajuda à Condução (SAC) ................................................................ 48

5.1.1 Características Funcionais ............................................................................... 48

5.1.2 Tela Principal do SAC ...................................................................................... 49

5.2 Monitoramento da Rede........................................................................................ 53

5.2.1 Acompanhamento do Carregamento de Alimentadores ..................................... 53

5.2.2 Acompanhamento do Nível de Tensão das Subestações de Distribuição ............ 55

5.2.3 Acompanhamento dos Equipamentos de Linha Telecomandados ...................... 56

5.2.4 Atualização dos Relatórios ............................................................................... 57

5.3 Instruções de Operação ......................................................................................... 61

5.3.1 Instrução de Operação de Recomposição de Alimentador ................................. 63

5.4 Operação de Incidências Não Programadas ........................................................... 68

5.5 Operação de Incidências Programadas .................................................................. 71

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 74

6.1 Sugestão de trabalhos futuros................................................................................ 75

7 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

15

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a energia elétrica passou a ser um recurso indispensável e estratégico para o

desenvolvimento socioeconômico de muitos países e regiões. Com os avanços tecnológicos em

geração, transmissão e distribuição, permite-se que a eletricidade chegue a quase todos os

cantos do planeta, incluindo lugares de difícil acesso da região norte do Brasil. (ANEEL, 2008)

Seguindo o exemplo de outros países, o Brasil começou um processo de privatização das

concessionárias estaduais e federais de energia elétrica, além da criação da Agência Nacional

de Energia Elétrica (ANEEL) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com o intuito

de melhorar a qualidade e a continuidade do fornecimento de energia elétrica. Com isso a

Companhia Energética do Ceará (Coelce) ganhou a concessão da área que abrange os 184

municípios do Estado do Ceará, constituindo um território de aproximadamente 149 (cento e

quarenta e nove) mil quilômetros quadrados. (COELCE, 2014a)

A Rede Básica no Brasil é composta por linhas de transmissão e equipamentos que

trabalham em tensão igual ou superior a 230 kV e a Rede de Distribuição, sistema de

propriedade de concessionárias que é suprido pela Rede Básica, trabalham com tensão inferior

a 230 kV, sendo dividida em alta, média e baixa tensão. A alta tensão possui valor eficaz inferior

a 230 kV e igual ou superior a 69 kV, a média tensão inferior a 69 kV e superior 1 kV e a baixa

tensão valor inferior ou igual a 1 kV. A alta, média e baixa tensão da Coelce é, respectivamente

69 kV, 13,8 kV e 380 V/ 220 V.

Para garantir que os sistemas de distribuição operem com segurança, eficiência,

qualidade, confiabilidade e disciplina, a ANEEL elaborou os Procedimentos de Distribuição

(Prodist), os quais todas as concessionárias, incluindo a Coelce, devem seguir. Além de

estabelecer procedimentos relativos a qualidade de energia, como nível de tensão e

continuidade do fornecimento, que são de extrema importância e devem ser criteriosamente

seguidos pela operação do sistema, estabelece os próprios procedimentos operativos do sistema

de distribuição. O Prodist estipula os procedimentos para que as distribuidoras elaborem os

planos e programas operacionais, incluindo previsão de carga, programação em instalações,

coordenação operacional, entre outros. (PRODIST, 2012a)

16

1.1 Objetivos

Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise das operações no sistema elétrico

de média tensão, com ênfase nos procedimentos realizados no Centro de Controle do Sistema

(CCS) da Companhia Energética do Ceará (Coelce). Abordando também todos os processos da

Operação Técnica que são necessários para garantir uma correta operação do sistema elétrico.

1.2 Estrutura do Trabalho

Este trabalho foi organizado em 6 (seis) capítulos facilitando a compreensão da análise a

qual foi destinado.

O capítulo 1 contém a introdução, que inclui também os objetivos do trabalho e a estrutura

que neste item está sendo apresentada.

O capítulo 2 aborda o sistema elétrico de potência brasileiro, definindo a estrutura

institucional, a Rede Básica e a Rede de Distribuição. Trata também sobre os Procedimentos de

Distribuição (Prodist), enfatizando os módulos 4 e 8, respectivamente, os módulos dos

procedimentos operativos do sistema de distribuição e da qualidade da energia elétrica.

O capítulo 3 explana a Operação Técnica da Coelce, que abrange os processos de Pré-

Operação, Tempo Real, Atendimento Emergencial, Pós-Operação, Sistema de Informação

Técnica e Manutenção das Proteções e Automação, responsáveis por toda a infraestrutura que

mantem a operação do sistema em perfeito funcionamento.

O capítulo 4 expõe o Centro de Controle do Sistema (CCS) e todos os procedimentos

envolvidos nele. Esse capítulo aborda as atribuições, as áreas de responsabilidade operacional,

a comunicação que deve ter com a Central de Relacionamento, as funções e obrigações de todos

os colaboradores que trabalham especificamente no CCS, como operador de sistema, supervisor

e engenheiro de sobreaviso, além de explicar a codificação operacional e a comunicação verbal.

O capítulo 5 apresenta as operações na média tensão, detalhando as principais funções

dos operadores de média tensão, que são o monitoramento da rede e a operação de incidências

programadas ou não. Esse capítulo explana o Sistema de Ajuda à Condução (SAC), software

utilizado pelos operadores, e as Instruções de Operação (IO), documentos com os

procedimentos detalhados para a operação do sistema elétrico.

O capítulo 6 consta as considerações finais do trabalho a partir da análise apresentada.

17

2 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO

2.1 Estrutura Institucional

Uma grande mudança ocorreu na estrutura institucional do sistema elétrico brasileiro em

2004, quando foi introduzido o Novo Modelo do Setor Elétrico e o Estado retomou a

responsabilidade do planejamento desse setor. Esse novo modelo garantiu a segurança no

suprimento de energia, além de promover a tarifa acessível para todos os cidadãos e a inserção

social, em particular pelos programas como o “Luz para Todos”.

O Governo Federal, com a implantação desse novo modelo, manteve o Poder Executivo

Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), responsável pela formulação de

políticas para o setor de energia elétrica, com assessoramento do Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE) e do Congresso Nacional. Foi mantido também a Agencia Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). E foram criados

novos agentes, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Câmara de Comercialização

de Energia Elétrica (CCEE), além da instituição do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

(CMSE). (ANEEL, 2008)

Figura 2.1: Estrutura Institucional do Setor Elétrico Brasileiro

Fonte: ANEEL, 2008

18

Dentro da rede de instituições e agentes que desempenham diferentes funções no setor

elétrico brasileiro, temos que:

O Ministério de Minas e Energia (MME) encarrega-se das ações do governo federal

no âmbito da política energética nacional;

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é o órgão de assessoramento do

Presidente da República para formulação de políticas nacionais e diretrizes de energia.

É órgão interministerial presidido pelo MME;

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é uma empresa pública federal dotada de

personalidade jurídica de direito privado, vinculada ao MME, que tem por finalidade

prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento

do setor energético;

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), constituído no âmbito do

MME e sob sua coordenação direta, tem a função de acompanhar e avaliar

permanentemente a continuidade e a segurança do suprimento de energia em todo o

território nacional;

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade jurídica de direito

privado, sem fins lucrativos, sob regulação e fiscalização da ANEEL, tem a finalidade

de comercializar a energia elétrica no SIN e de administrar os contratos de compra e

venda de energia elétrica, sua contabilização e liquidação;

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), entidade jurídica de direito privado,

sem fins lucrativos, sob regulação e fiscalização da ANEEL, é responsável pelas

atividades de coordenação e controle da operação da geração e da transmissão de

energia elétrica do SIN;

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia sob regime especial,

vinculada ao MME, tem a finalidade de regular e fiscalizar a produção, a transmissão,

a distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas

e diretrizes do governo federal.

19

2.2 Rede Básica

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Rede Básica dos Sistemas

Elétricos Interligados é composta por todas as subestações e linhas de transmissão em tensões

de 230 kV ou superior. Poderá compor também a Rede Básica ativos em tensões inferiores a

230 kV desde que interliguem áreas de mercado ou sejam considerados relevantes para a

operação dessa rede. Não são consideradas Rede Básica linhas de transmissão e suas conexões

destinadas ao uso exclusivo de centrais geradoras ou de um único consumidor, nem as

instalações destinadas à conexão de linhas de transmissão e de distribuição. As instalações de

transmissão de uso exclusivo de interligações internacionais também não são incluídas entre os

ativos da Rede Básica. (ANEEL, 1998)

Os procedimentos de rede, elaborados pelo ONS e aprovados pela ANEEL, tem como

principal objetivo estruturar e sistematizar as premissas, as diretrizes, os critérios e os

procedimentos operacionais a serem seguidos pelo ONS, pelos agentes de geração e

transmissão que atuam diretamente na rede de operação ou nas interligações internacionais,

pelos agentes de distribuição, importação e exportação e pelos consumidores cujas instalações

estejam conectadas à Rede Básica. (PROREDE, 2010)

O Sistema Interligado Nacional (SIN) é o sistema de produção e transmissão de energia

elétrica do Brasil, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com vários proprietários,

cujas instalações são operadas por empresas de natureza privada, pública e de sociedade mista,

regulado e fiscalizado pela ANEEL, cabendo ao ONS sua coordenação e controle, de acordo

com as disposições dos Procedimentos de Rede. O SIN engloba as regiões Sul, Sudeste, Centro-

Oeste, Nordeste e parte da região Norte. (ONS, 2014)

20

Figura 2.2: Mapa do Sistema de Transmissão do SIN, 2014

Fonte: www.ons.org.br

2.3 Rede de Distribuição

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), correlativamente, define a Rede de

Distribuição como a composição de subestações, linhas e equipamentos que possuam nível de

tensão inferior a 230 kV.

As redes de distribuição são compostas por linhas de alta, média e baixa tensão. Grande

parte das linhas de transmissão com tensão entre 69 kV e 138 kV, consideradas alta tensão, são

de responsabilidade das empresas distribuidoras e são também conhecidas no setor como linhas

21

de subtransmissão. As linhas de média tensão são aquelas com tensão elétrica entre 2,3 kV e 44

kV, nas redes de distribuição de média tensão são, frequentemente, encontrados equipamentos

auxiliares, tais como capacitores e reguladores de tensão para corrigir anomalias na rede. As

redes de baixa tensão, com tensão elétrica entre 110 e 440 V, são aquelas que levam energia

elétrica até as residências e pequenos comércios/indústrias por meio dos chamados ramais de

ligação.

A rede de energia elétrica da distribuição é composta por fios condutores,

transformadores e equipamentos diversos de medição, controle e proteção das redes elétricas.

Porém, diferente do sistema de transmissão, o de distribuição é muito extenso e ramificado,

pois deve chegar aos domicílios e endereços de todos os seus consumidores. As subestações de

distribuição (SED) são as unidades responsáveis pela recepção da energia elétrica proveniente

de redes de subtransmissão e pelo rebaixamento do nível de tensão a valores caracterizados

como média tensão. Para a transformação dos níveis de média em baixa tensão, existem

transformadores de distribuição, localizados em postes, alimentando as redes de baixa tensão,

as quais efetivamente entregam a energia elétrica para consumidores residenciais ou de pequeno

porte. (ABRADEE, 2014)

2.4 Procedimentos de Distribuição

Os Procedimentos de Distribuição (Prodist), elaborados pela ANEEL, têm como

principais objetivos garantir que os sistemas de distribuição operem com segurança, eficiência,

qualidade e confiabilidade, assegurar igual tratamento entre agentes, disciplinar os

procedimentos técnicos e estabelecer o fluxo de informações, complementando de forma

harmônica os Procedimentos de Rede

Operador Nacional do Sistema Elétrico, concessionárias, permissionárias e autorizadas

dos serviços de geração distribuída e de distribuição de energia elétrica, consumidores de

energia elétrica com instalações conectadas ao sistema de distribuição, em qualquer classe de

tensão (BT, MT e AT), agente importador ou exportador de energia elétrica conectados ao

sistema de distribuição e instalações integrantes de concessões de transmissão não classificadas

como Rede Básica estão sujeitos ao Prodist. (PRODIST, 2012a)

O Prodist é subdividido em 9 (nove) módulos, abaixo, cada um deles:

Módulo 1 – Introdução;

22

Módulo 2 – Planejamento da Expansão do Sistema de Distribuição;

Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição;

Módulo 4 – Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição;

Módulo 5 – Sistemas de Medição;

Módulo 6 – Informações Requeridas e Obrigações;

Módulo 7 – Cálculo de Perdas na Distribuição;

Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica;

Módulo 9 – Ressarcimento de Danos Elétricos.

2.4.1 Módulo 4 – Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição

O módulo 4 do Prodist estipula procedimentos de operação dos sistemas de distribuição,

estabelecendo a uniformidade no relacionamento operacional entre os centros de operação das

distribuidoras, das transmissoras, dos centros de despacho de geração distribuída e demais

órgãos de operação. (PRODIST, 2010)

Esse módulo é composto por 7 (sete) seções:

1. Introdução;

2. Dados de carga e de despacho de geração: aborda os procedimentos e os requisitos

para o fornecimento de informações de carga e de despacho de geração por parte dos

acessantes para as distribuidoras. Essas informações devem estar em conformidade,

compatibilidade de prazos, periodicidade, horizonte de abrangência, qualidade,

requisitos e compromissos com as informações que são fornecidas pelas distribuidoras

ao ONS, cujos requisitos são estabelecidos nos Procedimentos de Rede;

3. Programação de intervenções em instalações: contém os procedimentos e os requisitos

para a programação de intervenções em instalações de distribuição, nas demais

instalações de transmissão (DIT) que não pertençam à rede de operação do SIN e das

instalações de conexão dos acessantes, visando garantir a operacionalidade dos

equipamentos e minimizar os riscos para o sistema elétrico;

4. Controle da carga: trata dos procedimentos para o controle de carga do sistema de

distribuição junto às distribuidoras acessantes, às unidades consumidoras e às centrais

23

geradoras não despachadas ou centro de despacho de geração distribuída, em situações

de contingência ou emergência;

5. Teste das instalações: estabelece os procedimentos e as responsabilidades para a

realização de testes das instalações nas atividades de comissionamento, aceitação das

instalações e avaliação da qualidade de atendimento no ponto de conexão;

6. Coordenação Operacional: objetiva a operação coordenada e segura das instalações e

do sistema de distribuição, apresentando os requisitos mínimos para o relacionamento

operacional entre os Centros de Operação da distribuidora, do agente de transmissão

detentor de DIT, do centro de despacho de geração distribuída e demais órgãos de

operação;

7. Recursos de comunicação de voz e dados: estabelece os recursos mínimos de

comunicação de voz e de dados do Centro de Operação da distribuidora com o Centro

de Operação de Agente de Transmissão do agente de transmissão detentor de DIT,

com o centro de despacho de geração distribuída e com os acessantes.

2.4.2 Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica

O módulo 8 do Prodist estipula procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica,

tratando a qualidade do produto e a qualidade do serviço prestado.

Para a qualidade do produto, este módulo estabelece parâmetros e valores de referência a

diversos fenômenos elétricos e magnéticos. Relativo à conformidade de tensão em regime

permanente, considera-se um valor de variação na qual a tensão ainda será dita adequada,

acrescentando em suas margens uma variação de tensão na qual esta será considerada precária e

tendo faixas superior e inferior à precária definidas como condição de tensão crítica. Relativo ao

fator de potência, unidades consumidoras atendidas em tensões menores que 230 kV, o fator de

potência deve estar entre os valores de 0,92 e 1,00 indutivo, ou 1,00 e 0,92 capacitivo, passível de

cobrança de excedentes reativos para clientes conectados no sistema de distribuição primário.

(PRODIST, 2012b)

Para a qualidade dos serviços prestados, este módulo define a metodologia para apuração dos

indicadores de continuidade e dos tempos de atendimento a ocorrências emergenciais, definindo

padrões e responsabilidades. Oferecendo mecanismos para gestão do desempenho das

distribuidoras e parâmetros para a avaliação do serviço prestado. Alguns dos indicadores são:

24

DEC - Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora: revela, em hora e

centésimos de hora, a quantidade de tempo que um conjunto de unidades consumidoras

fica fora de operação, geralmente por mês;

FEC - Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora: revela, em

número de interrupções, a frequência que um conjunto de unidades consumidoras fica fora

de operação, geralmente por mês;

DIC - Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de

Conexão: revela, em hora e centésimos de hora, a quantidade de tempo individual por

unidade consumidora fica fora de operação por mês;

FIC - Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de

Conexão: revela o número de interrupções individuais por unidade consumidora;

DMIC - Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora ou por

Ponto de Conexão: revela, em hora e centésimos de hora, o maior tempo que uma unidade

consumidora permaneceu fora de operação.

25

3 OPERAÇÃO TÉCNICA DA COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ

A Companhia Energética do Ceará (Coelce) é a distribuidora da energia elétrica no Estado do

Ceará controlada pela Grupo Endesa S.A. Atualmente a empresa Enel possui o controle

acionário do Grupo Endesa, controlando indiretamente a Coelce. De acordo com a concessão

da Coelce, a mesma tem obrigação de atender toda a população cearense, incluindo áreas rurais

de difícil acesso e população de baixa renda, com tarifas homologadas pela ANEEL e seguindo

as normas do Prodist. A Coelce tem suas atividades fiscalizadas e regulamentadas pela ANEEL

e por sua representante estadual, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do

Estado do Ceará (ARCE). (COELCE, 2014a)

Figura 3.1: Representação Gráfica da Estrutura Formal da Organização Coelce

Fonte: www.coelce.com.br

A Operação Técnica, subordinada a Diretoria Técnica, é responsável pela operação do

sistema elétrico da Coelce, ou seja, responsável por toda a infraestrutura para manter a operação

do sistema em perfeito funcionamento. Abrange os processos de Pré-Operação, Tempo Real,

Atendimento Emergencial, Pós-Operação, Sistema de Informação Técnica e Manutenção das

Proteções e Automação. (COELCE, 2014b)

26

Figura 3.2: Mapeamento da Operação Técnica

Fonte: COELCE, 2014b

3.1 Pré-Operação

O processo Pré-Operação é composto por Estudos Elétricos, Gestão de Intervenções,

Estudos de Proteção e Coordenação do Comissionamento. É responsável por analisar e aprovar

programações, com o auxílio de análises elétricas e de proteção, permitindo a manutenção do

sistema e o ingresso de novas instalações, otimizando os recursos de forma efetiva e segura

para as pessoas e para os equipamentos.

3.1.1 Estudos Elétricos

O Estudos Elétricos analisa e descreve o comportamento do sistema em relação ao seu

desempenho na condição operacional ou em contingência, visando garantir a qualidade da

energia. Essa área fornece ao processo Gestão de Intervenções avaliações sobre as condições

27

elétricas do sistema para a realização de intervenções mantendo os níveis de tensão adequados

e evitando sobrecargas nas linhas e nos equipamentos da rede. Esse processo também avalia

quanto a mais de carga um alimentador tem capacidade de suprir em casos que, para manter um

fornecimento de energia elétrica para os consumidores, seja necessária uma transferência de

carga entre alimentadores.

3.1.2 Gestão de Intervenções

A Gestão de Intervenções é o processo responsável pela análise e aprovação de

programações que resultam em intervenções no sistema elétrico, recebendo as informações de

todos os processos, como análise de riscos e estudo de transferências de carga, visando aprovar

ou negar a solicitação de intervenção, garantindo a qualidade da energia recebida e entregue.

Sabendo que intervenção é toda e qualquer atuação sobre o sistema elétrico, como

adicionar novas instalações, equipamentos e linhas, fazer serviços de manutenção ou reparo em

instalações, equipamentos e linhas e realizar ensaios e testes no sistema e em equipamentos,

quando é necessário fazer algum dessas atuações, a área responsável deve elaborar uma

solicitação de desligamento, preparando também a Ordem de Trabalho (OT), onde define a

equipe, o material e o trabalho a ser executado.

Após a análise, caso seja negada, o solicitante deve alterar o que for necessário e

encaminhar uma nova solicitação. Caso seja aprovada, ela é confirmada pelo solicitante no dia

da execução do trabalho, sendo então transferida a responsabilidade para o Centro de Controle

do Sistema (CCS).

3.1.3 Estudos de Proteção

O Estudos de Proteção analisa e ajusta as proteções do sistema elétrico da Coelce e das

proteções de fronteira de outros agentes, como clientes conectados em alta tensão, protegendo

a integridade de pessoas e equipamentos do sistema. Esse processo informa as condições das

proteções para manter a coordenação e a seletividade do sistema em diversos casos, o sistema

operando em condição normal ou em contingência. Para a aprovação de uma intervenção, essa

28

área deve avaliar como essa atuação irá afetar as proteções do sistema, verificando se irá manter

a segurança do sistema elétrico.

3.1.4 Coordenação do Comissionamento

A Coordenação do Comissionamento é responsável pelo acompanhamento das diferentes

etapas de execução das obras próprias que ocorram nas linhas de distribuição de alta tensão e

nas subestações de distribuição ou das obras na Rede Básica que possam impactar o sistema de

transmissão da Coelce, garantindo as condições técnicas do sistema elétrico. A Gestão da

Intervenção relaciona-se com esse processo principalmente para obter informações quanto ao

acompanhamento das obras, a fim de saber sobre o dia da energização, o andamento da obra,

possíveis adequações de projeto, implantação dos projetos eletromecânico e elétrico, dentre

outras informações importantes para a autorização de intervenções. (COELCE, 2014b)

3.2 Tempo Real

O processo Tempo Real é composto por Operação de Incidências Programadas de MT e

AT, Operação de Incidências Não Programadas de MT e AT e Monitoramento da Rede. É

responsável por toda a supervisão, comando e ações tomadas para a continuidade do

fornecimento de energia elétrica. A operação em tempo real é realizada, supervisionada e

controlada pelo Centro de Controle do Sistema (CCS). (COELCE, 2014b)

3.2.1 Operação de Incidências Programadas de MT e AT

A Operação de Incidências Programadas de MT e AT executa e autoriza os trabalhos

programados, como solicitações de intervenção, controlando que se cumpra cada passo de

forma segura para as instalações e para as pessoas. Os operadores de alta e média tensão devem,

em todos os turnos, solicitar as equipes de campo para executar manobras, acompanhar a

execução das manobras, ativar as programações solicitadas, registrar início e fim da atividade

programada, entre outros.

29

3.2.2 Operações de Incidências Não Programadas de MT e AT

A Operação de Incidências Não Programadas de MT e AT é responsável por restabelecer

o serviço das instalações na ocorrência de incidentes imprevistos de forma segura para as

pessoas e para as instalações no menor tempo possível. Uma incidência não programada pode

ser uma ocorrência de abertura automática de equipamentos, que atuou e permaneceu aberto

completando ou não o ciclo de religamento, pode ser uma ocorrência na Companhia Hidro

Elétrica do São Francisco (Chesf), uma ocorrência envolvendo clientes, como industrias e

eólicas, entre outras. Caso ocorra a incidência na alta tensão da Chesf, é necessário realizar

transferências fluentes, verificar o número de transformadores disponíveis no regional receptor

e realizar transferências coordenadas, apurar com a Chesf quais equipamentos atuaram e

permaneceram abertos e quais as proteções associadas desses equipamentos, seguir a instrução

de operação específica e informar à Central de Relacionamento as cargas afetadas.

3.2.3 Monitoramento da Rede

O Monitoramento da Rede consiste em coordenar, supervisionar, controlar e comandar

as operações do sistema elétrico da Coelce, assim como atender contingências.

O operador de média tensão deve acompanhar o carregamento de alimentadores e os

equipamentos de linha telecomandados, além de atualizar a planilha de acompanhamento dos

desligamentos programados, a planilha de cargas transferidas, a planilha de equipamentos fora

de operação ou operando com restrição e a planilha de anomalias.

Já o operador de alta tensão deve acompanhar o nível de tensão nos barramentos das

subestações de distribuição da Coelce e o carregamento de transformadores e linha de

distribuição de alta tensão, verificar os equipamentos abertos e os equipamentos com

religamentos automáticos bloqueados, além de atualizar a planilha de cargas transferidas, a

planilha de equipamentos fora de operação ou operando com restrição e a planilha de anomalias.

(COELCE, 2013a)

30

3.3 Atendimento Emergencial

O processo Atendimento Emergencial é composto pela Operação de Incidências de BT.

É responsável pela gestão da operação da rede de baixa tensão com o auxílio da Central de

Relacionamento.

A Coelce possui a Central de Relacionamento que disponibiliza aos consumidores o

serviço telefônico gratuito para todo o Estado do Ceará, estando disponível 24 (vinte e quatro)

horas por dia e 7 (sete) dias por semana, registrando as ligações e fornecendo informações para

seus clientes. Essa Central de Relacionamento é responsável por receber e direcionar as ligações

de reclamação por falta de energia aos centros de operação, serviço que identifica as ocorrências

de falta de energia em baixa tensão.

3.3.1 Operações de Incidências de BT

A Operação de Incidências de BT executa e autoriza as incidências programadas e não

programadas para manter a continuidade do fornecimento de energia na baixa tensão, com

reparação provisória ou definitiva. Essas incidências são iniciadas através do registro de

reclamação do cliente na Central de Relacionamento, designadas a uma equipe de campo para

normalização do sistema elétrico e finalizadas com o retorno e com as informações do

atendimento. (COELCE, 2014b)

3.4 Pós-Operação

O processo Pós-Operação é composto por Desempenho da Operação, Gestão da

Qualidade do Serviço, Normatização da Operação e Análise de Ocorrência. É responsável pela

gestão de documentos específicos da operação do sistema elétrico da Coelce, pela análise das

ocorrências e perturbações, pela apuração e gestão dos indicadores legais, como os indicadores

de qualidade, e pela avaliação do desempenho da empresa, detectando problemas e sugerindo

melhorias, a fim de garantir que a operação do sistema seja efetiva e segura. A etapa da Pós-

Operação realiza tarefas posteriores a uma falta no sistema, buscando a melhoria contínua no

31

serviço de entrega de energia e segurança para os operadores, além de ajudar a evitar multas

aplicadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

3.4.1 Desempenho da Operação

O Desempenho da Operação analisa e controla indicadores de desempenho do tempo real,

realiza o acompanhamento de desempenho dos operadores de sistema e dos operadores de

subestação, acompanhando e fiscalizando as atividades dos mesmos, elabora os relatórios de

desempenho do sistema elétrico da Coelce, que envolve o estudo de carregamento de todo o

sistema, analise do fluxos de carga, entre outras informações, bem como, elabora Acordos

Operativos entre Coelce e os Grandes Clientes conectados em 69 kV, realizando treinamentos

para corpo técnico desses Grandes Clientes sobre esse acordo.

3.4.2 Gestão da Qualidade do Serviço

A Gestão da Qualidade do Serviço coleta e valida as ocorrências do sistema elétrico da

Coelce, realizando a apuração e a divulgação dos indicadores de continuidade coletivos e

individuais e de atendimento emergencial. É o processo que pode emitir respostas oficiais sobre

as ocorrências do sistema elétrico da Coelce.

3.4.3 Normatização da Operação

A Normatização da Operação é responsável pela elaboração, controle e divulgação dos

documentos específicos utilizados pelo Tempo Real, como a Instrução de Operação de

Recomposição de Alimentador, que será melhor abordada no quarto capítulo. (COELCE,

2014b)

32

3.4.4 Análise de Ocorrência

A Análise de Ocorrência apura a origem das causas e dificuldades encontradas durante a

operação do sistema elétrico da Coelce, a fim de identificar medidas preventivas e corretivas a

serem adotadas pela Coelce e outros Agentes, melhorando a entrega de energia. Para a análise

dessas ocorrências são realizadas duas reuniões e a elaboração de um relatório:

Na Reunião do Relatório de Ocorrência Significativa (ROS), realizada diariamente,

são analisadas todas as ocorrências significativas do dia anterior para identificar os

motivos das mesmas e propor ações para evitar as mesmas ou similares ocorrências,

além de avaliar o desempenho dos colaboradores envolvidos na solução dessas

situações. Nessas reuniões são definidas recomendações para diversas áreas, como

inspeção termográfica no alimentador, verificação das proteções, entre outras;

Na Reunião do Relatório de Análise de Ocorrência (RAO), realizada quando

solicitada, as ocorrências são analisadas mais detalhadamente, incluindo histórico das

medições, gravações da comunicação realizada, entre outros. Essa reunião, a maioria

das vezes, é solicitada quando a ocorrência é de grande porte e existe uma demora para

o restabelecimento das cargas depois de uma ocorrência ou quando há risco para o

sistema ou para as pessoas. Nessa reunião é elaborado um relatório com a descrição

da ocorrência, a análise de documentos e do desempenho da equipe, além das

recomendações com prazos definidos;

O Relatório de Ocorrências Reiteradas, elaborado quinzenalmente, contém todas as

ocorrências significativas que aconteceram no sistema elétrico da Coelce, incluindo

subestações, alimentadores e linhas de transmissão. Esse relatório apresenta a

descrição de todos os acontecimentos da ocorrência, desde a interrupção até o

restabelecimento completo das cargas, incluindo a causa do problema.

3.5 Sistema de Informação Técnica

O processo Sistema de Informação Técnica é composto por Cadastro de Cliente e

Cadastro da Rede. É responsável por incorporar, armazenar e preservar as informações dos

33

clientes e da rede, gestionando e disponibilizando aos clientes internos e externos informações

sobre o comportamento da infraestrutura da rede.

3.5.1 Cadastro de Cliente e Cadastro de Rede

O Cadastro de Cliente é responsável por manter correto e atualizado o cadastro de todos

os clientes da Coelce, sendo conectados na alta, média ou baixa tensão.

O Cadastro de Rede atualiza o cadastro cartográfico e ortogonal de toda a rede elétrica da

Coelce, alta, média, e baixa tensão, sendo responsável pela verificação, aprovação, confirmação

e realização de incrementos no Sistema de Distribuição da Endesa (SDE). (COELCE, 2014b)

3.6 Manutenção das Proteções e Automação

O processo Manutenção das Proteções e Automação é composto por Manutenção da

Proteção, Manutenção da Automação, Comissionamento da Automação e Proteção e

Programação de Intervenções. Esse processo é responsável pela manutenção dos sistemas

proteção das redes de distribuição e da automação das subestações e equipamentos de

telecontrole.

3.6.1 Manutenção da Proteção

A Manutenção da Proteção é responsável pelo gerenciamento e execução dos serviços de

manutenção preventiva e corretiva dos sistemas de proteção de distribuição da Coelce mantendo

a robustez e a segurança do sistema elétrico.

3.6.2 Manutenção da Automação

A Manutenção da Automação gestiona as atividades de manutenção preventiva e

corretiva dos sistemas de automação das subestações e das redes de distribuição, assegurando

34

a realização de manobras automáticas, autônomas e remotas em alguns equipamentos, como os

relés digitais, que funcionam com microprocessadores.

3.6.3 Comissionamento da Automação e Proteção

Comissionamento da Automação e Proteção é responsável pela gestão das atividades

necessárias à execução dos serviços de assegurar que os sistemas de proteção e de automação

das Coelce estejam projetados, instalados, testados e mantidos de acordo com suas necessidades

e requisitos operacionais. O comissionamento pode ser aplicado tanto a novos sistemas quanto

a já existentes.

3.6.4 Planejamento de Intervenções

O Planejamento de Intervenções planeja, programa e gestiona as atividades que

necessitem intervenção em equipamentos energizados ou desenergizados para serviços de

manutenção preventiva, corretiva ou realização de ensaios e testes para o comissionamento dos

sistemas. (COELCE, 2014b)

35

4 CENTRO DE CONTROLE DO SISTEMA (CCS)

A operação do sistema elétrico em tempo real na Coelce é desempenhada pelos Centros de

Operação, divididos em Centro de Controle do Sistema (CCS), Centros de Controle Regionais

(CCR) e Unidades de Apoio à Manutenção (UAM), sendo o CCS o de maiores responsabilidades,

localizado em Fortaleza. Cada Centro de Operação tem suas atribuições e sua área de

responsabilidade operacional, o que será abordado nos tópicos desse capítulo.

O CCS é dividido em baixa, média e alta tensão. Operando em alta tensão em todo o Estado

do Ceará e em média e baixa tensão somente na área de Fortaleza e Região Metropolitana,

sendo as demais localidades atendidas pelos CCRs e pelas UAMs. Diferente das interrupções

em alta e média tensão, que os operadores têm o conhecimento de forma instantânea, as

interrupções de baixa tensão são identificadas através da Central de Relacionamento, que recebe

ligações sobre a falta de energia, e, a partir disso, o operador de baixa tensão organiza as equipes

de campo para solucionar essas interrupções.

O CCS possui três linhas diretas, uma com a Chesf e duas com o Operador Nacional do

Sistema Elétrico (ONS). Além dessas linhas, cada operador de alta e média tensão conta com

cinco monitores, um rádio e quatro telefones, o quais todas as ligações são gravadas e

arquivadas.

Figura 4.1: Centro de Controle do Sistema

Fonte: Própria autora

36

4.1 Atribuições

Considerando que o principal objetivo do Centro de Controle do Sistema (CCS) é manter a

continuidade no abastecimento de energia elétrica da região administrada pela Coelce, temos

que o CCS de alta, média e baixa tensão deve:

Coordenar, supervisionar, controlar e comandar:

o As ações para o início e o término da execução de uma intervenção na rede de

operação de alta tensão (AT) da capital e região metropolitana e no interior com o

auxílio dos CCRs e das UAMs;

o As ações para o início e o término da execução de uma intervenção na rede de

operação de média tensão (MT) da capital e região metropolitana do sistema elétrico

da Coelce;

o As ações na rede de operação de AT e MT, dentro da sua área de responsabilidade,

necessárias à garantia da qualidade do fornecimento e segurança do sistema durante

a execução de uma intervenção;

o As solicitações para intervenções não previstas e as alterações das intervenções

programadas na rede de operação de AT e MT de sua responsabilidade, solicitando

a atualização do Programa de Manobra, programa com diretrizes elaboradas pela

Pré-Operação para uma determinada intervenção;

Monitorar a execução das programações, tarefas definidas pela Pré-Operação para

acontecer naquele período, aplicando os novos incrementos após o término dos serviços

que alterem a configuração da rede sob sua responsabilidade e verificar o retorno da

configuração normal do sistema;

Realizar, com as condições de segurança necessárias e com a compatibilidade com as

intervenções previstas, intervenções de urgência e emergência em instalações da rede de

operação de AT e MT de sua responsabilidade;

Aprovar e emitir procedimentos e recomendações operativas para intervenções de

urgência em instalações da rede de operação de AT e MT;

O CCS deverá solicitar e confirmar com o Chefe de Trabalho, responsável pela equipe que

estará realizando um trabalho em campo, a realização das 5 (cinco) Regras de Ouro antes

de liberar o início do serviço. (COELCE, 2014c)

37

As 5 (cinco) Regras de Ouro, que estão na Norma Regulamentadora nº 10 - Segurança em

Instalações e Serviços em Eletricidade, estabelecem os requisitos e as condições mínimas para

garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interajam em instalações elétricas. (NR-10,

2004) Essas regras são:

1. Abrir: abrir os circuitos elétricos através de dispositivos de seccionamento com corte

visível;

2. Bloquear: bloquear o equipamento de seccionamento dos circuitos elétricos;

3. Testar: testar a ausência de tensão no local de abertura dos circuitos com o detector de

tensão;

4. Aterrar: aterrar quanto pontos ao adjacentes ao local de trabalho forem necessários para

formar a chamada zona protegida;

5. Sinalizar: sinalizar com placas de segurança locais visíveis e próximos aos dispositivos de

seccionamento.

4.2 Áreas de Responsabilidade Operacional

O Centro de Controle do Sistema (CCS) é responsável por todos os vãos de interligações

das redes AT e MT da Coelce com as Demais Instalações de Transmissão (DIT) da empresa

supridora Chesf. O CCS é responsável também por todos os vãos, MT e AT, das Subestações

Distribuidoras (SED) automatizadas e não automatizadas de Fortaleza e Região Metropolitana

e por todos os vãos de AT das SED automatizadas no interior.

Os Centros de Controle Regionais (CCR) e as Unidades de Apoio a Manutenção (UAM)

são responsáveis por todos os vãos das SED não automatizadas e por todos os vãos de MT das

SED automatizadas pertencentes à área do seu regional.

Onde o Centro de Controle Regional de Sobral (CCRS) é responsável pelo regional Norte

e pelo regional Atlântico, o Centro de Controle Regional de Juazeiro do Norte (CCRJ) é

responsável pelo regional Sul, a Unidade de Apoio à Manutenção de Canindé (UAMC) é

responsável pelo regional Centro Norte, a Unidade de Apoio à Manutenção de Limoeiro do

Norte (UAML) é responsável pelo regional Leste e a Unidade de Apoio à Manutenção de Iguatu

(UAMI) é responsável pelo regional Centro Sul. A distribuição das áreas da diretoria técnica

do Estado do Ceará em regionais está apresentada na figura 4.2.

38

O CCS tem autorização de delegar a qualquer CCR ou UAM uma área de

responsabilidade diferente e, também, de assumir uma outra área de responsabilidade, por meio

de comunicação ao CCR ou UAM responsável por essa área.

Figura 4.2: Distribuição Geográfica das Áreas da Diretoria Técnica

Fonte: COELCE, 2014b

Quando houver necessidade de interrupção, transferência de carga entre áreas de

responsabilidades diferentes ou negociação com clientes externos, compete à Gestão de

Intervenção, da Pré-Operação, coordenar as tratativas entre as áreas envolvidas. Nestes casos o

39

CCS é o responsável pela execução das manobras, pelo acompanhamento dos serviços e

aplicação dos incrementos, podendo delegar aos CCR e UAM.

Para o CCS delegar uma manobra ao CCR ou UAM nas subestações automatizadas é

necessário que o mesmo esteja com mais de 2 (duas) manobras para liberar naquele momento,

ou esteja em contingência ou com problemas no sistema de comunicação impedindo a

realização da manobra de forma segura e confiável. Para o CCR ou UAM delegar uma manobra

ao CCS é necessário que o mesmo esteja inseguro em realiza-la ou em contingencia ou com

problemas no sistema de comunicação. (COELCE, 2014c)

4.3 Operador de Sistema

O Centro de Controle do Sistema (CCS) possui, durante 24 (vinte e quatro) horas por dia

e 7 (sete) dias por semana, quatro operadores que atendem as ocorrências de baixa tensão em

Fortaleza e Região Metropolitana, um operador de média tensão, um operador de alta tensão e

um supervisor. Para manter esse quadro, os operadores do CCS trabalham em regime de plantão

de seis horas, onde cada colaborador trabalha cinco dias e folga dois dias, sendo necessários

cinco operadores de alta e média tensão, cinco supervisores e vinte operadores de baixa tensão.

Os operadores de sistema têm a autoridade de, durante ocorrências sob sua

responsabilidade que envolvam a Chesf ou o ONS, solicitar abertura ou fechamento de

disjuntores dos mesmos. Eles têm autoridade também de permitir ou não trabalhos na rede

elétrica por equipes de campo, de iniciar, parar ou continuar procedimentos para o

restabelecimento de energia e de providenciar instruções para os operadores de subestação e

eletricistas.

Os operadores de sistema devem estar sempre monitorando as linhas de distribuição de

alta tensão, alimentadores, que são as linhas de distribuição de média tensão, e subestações,

para perceber anomalias e providências serem tomadas. Os operadores também devem receber,

analisar e registrar anomalias encontradas por outros colaboradores.

Esses operadores têm a responsabilidade de manter a Chesf e o Operador Nacional do

Sistema Elétrico (ONS) informados de ocorrências que envolvam seus sistemas de transmissão,

de manter os centros de operação (CCS, CCRs ou UAM) informados de ocorrências que

envolvam suas respectivas responsabilidades operacionais e de manter a chefia imediata ou

engenheiro de sobreaviso informado de significativas ocorrências no sistema elétrico. Os

40

operadores também têm a responsabilidade de informar a Central de Relacionamento sobre

saídas de carga, informando os clientes afetados e a previsão de retorno, o que será melhor

abordado ainda nesse capítulo.

Os operadores de sistema devem sempre atender com agilidade e educação os clientes

internos e externos que se dirigem ao CCS, CCRs ou UAM em situações normais e de

contingência, além de registrar no relatório diário de ocorrências as reclamações dos

consumidores especiais e empresas de geração que estejam interligados a Coelce. Esses

operadores devem também orientar os operadores de subestação e eletricistas sobre

determinadas operações e coordenar os procedimentos necessários para a energização de novos

circuitos e novas subestações.

Outras responsabilidades dos operadores de sistema são preencher de forma clara e

concisa o relatório diário de ocorrências normais e significativas com todos os fatos relevantes

ocorridos no sistema e transmitir para seu operador substituto as condições operacionais do

sistema elétrico no ato da troca de turno. (COELCE, 2011a)

4.4 Supervisor do CCS

Como dito anteriormente, o Centro de Controle do Sistema (CCS) possui cinco

supervisores trabalhando em regime de escala para que sempre tenha um supervisor no CCS. O

supervisor deve coordenar, supervisionar, controlar, comandar e orientar as atividades dos

operadores de sistema em tudo o que diz respeito ao sistema elétrico da Coelce, com o objetivo

de manter o fornecimento de energia elétrica dentro dos padrões de qualidade mencionados no

tópico dos Procedimentos de Distribuição (Prodist). O supervisor pode ser considerado a

retaguarda da operação, por isso ele deve ter um maior conhecimento do sistema para tomar

decisões rápidas e confiáveis em favor da operação.

O supervisor do CCS tem a autoridade de permitir ou não o trabalho de equipes em redes

energizadas e desenergizadas, de liberar o acesso de pessoas às subestações em casos especiais

e de disciplinar o acesso de pessoas ao Centro de Controle do Sistema.

Uma das responsabilidades do supervisor do CCS é monitorar todas as grandezas elétricas

das subestações, das linhas de alta tensão e dos alimentadores da sua área de responsabilidade

através do Sistema de Ajuda à Condução (SAC), supervisionando todos os alarmes emitidos

por esse sistema, acompanhando equipamentos que estejam fora de operação ou operando com

41

alguma restrição e acionando técnicos de suportes das áreas de manutenção ou da proteção para

intervenções emergenciais.

São também responsabilidades do supervisor do CCS acompanhar a energização de novos

equipamentos e subestações, divulgando via e-mail a finalização dessas energizações, avaliar

as manobras elaboradas pela Pré-Operação antes de sua execução, analisar solicitações de

intervenções de emergência no sistema elétrico e solicitações de liberação de linhas ou de

equipamentos realizadas em tempo real pela Chesf ou pelo ONS, dar suporte ao operador de

sistema durante programações e ocorrências intempestivas, determinar as providências

operativas a serem seguidas pelos operadores de sistema em situação de contingência e fazer a

convocação, caso seja necessário, de operadores de sistema extras para realização de

programações com muitas manobras ou em caso de contingências no sistema elétrico.

O supervisor do CCS deve elaborar ou atualizar as Instruções de Operação de

recomposição de transformador, elaborar e emitir relatórios para o corpo gerencial, como o

Relatório de Análise de Ocorrências (RAO) e o Relatório Diário Parcial (RDP), emitir os

relatórios Informativo Preliminar e dados para composição do Boletim de Interrupção de

Suprimento de Energia (BISE) do SIN feito pelo ONS em ocorrências sistêmicas, elaborar o

relatório “passo-a-passo” para compor o RAO sempre que houver uma ocorrência com grande

impacto para o Sistema Elétrico da Coelce, utilizando, gerar incidências para composição dos

índices de qualidade DEC e FEC que tenham sido originadas na Rede Básica ou nas demais

instalações da transmissão e gerar incidências para registros de oscilações no sistema elétrico.

O supervisor deve também manter os operadores de baixa tensão informados de

ocorrências no sistema de distribuição de alta tensão, com repercussão na distribuição de média

tensão, deve manter a Chesf e o ONS informados de ocorrências que envolvam os respectivos

sistemas de distribuição de alta tensão, deve manter contato com as áreas responsáveis por

quaisquer problemas de automação, telecomunicação e sistema de apoio, deve manter o

responsável imediato ou engenheiro de sobreaviso informado de todas as ocorrências no sistema

consideradas significativas e deve manter contato direto com a central de relacionamento,

informando sobre ocorrências intempestivas e desligamentos programados e recebendo

informações de falta de energia em clientes eletro dependentes e informações que ajudem a

localizar pontos de defeitos, como postes abalroados.

Ao realizar a troca de turno, o supervisor do CCS deve repassar ao seu substituto as

condições operacionais do sistema no momento, avisando as alterações provisórias ou

42

definitivas feitas nas redes ou nas subestações e registrando as informações relevantes na

ferramenta da planilha da troca de turno. (COELCE, 2013b)

4.5 Engenheiro de Sobreaviso

Os engenheiros de sobreaviso da operação desempenham as atividades como

coordenadores da operação do sistema elétrico da Coelce durante os finais de semanas e

feriados. Enquanto os operadores e os supervisores trabalham em regime de escala, o

coordenador trabalha em regime normal, oito horas por dia, sendo substituído pelos engenheiros

de sobreaviso nos finais de semana e feriados. O engenheiro que estiver em regime de

sobreaviso deve permanece em local ajustado com seu empregador, como sua própria

residência, para que, em caso de convocações, possa comparecer para executar determinadas

atividades.

Permitir abertura de equipamentos em situações de risco a pessoas, instalações ou outros

equipamentos, serviços em instalações elétricas de forma não programada e sem caráter

emergencial e realização de manobras em situações emergenciais são algumas das autoridades

dos engenheiros de sobreaviso.

São responsabilidades do engenheiro que está em sobreaviso acompanhar a logística das

programações, recursos humanos, materiais e sistemas de apoio, para atendimento das

intervenções do sistema elétrico, manter-se informado das programações em andamento e das

programações concluídas e acompanhar a execução de serviços no sistema elétrico.

O engenheiro de sobreaviso deve participar da reunião de Análise de Ocorrência do

Sistema no primeiro dia útil após seu sobreaviso e da reunião de Programação de Intervenção

para conhecer as programações previstas e os possíveis riscos existentes. (COELCE, 2012a)

4.6 Codificação Operacional

Codificação Operacional é uma metodologia utilizada para identificar componentes

elétricos do sistema. Iremos abordar a codificação padronizada da Coelce para os seus

equipamentos de subestações e linhas de transmissão que se aplica a todas as redes de alta,

43

média e baixa tensão que atendam as instalações de sua propriedade ou de propriedade de outros

agentes que compartilhem suas instalações.

Novos equipamentos e linhas de transmissão, assim como equipamentos transferidos de

um lugar para outro, somente deverão ser energizados após terem suas codificações implantadas

pela operação e manutenção. Apesar da implantação ser da área de operação e manutenção, a

área de operação em tempo real que é responsável por encaminhar toda a codificação

operacional para introduzir aos usuários. Nas manobras, nas solicitações de desligamento e nos

relatórios operacionais todos os equipamentos deverão estar de acordo com esses códigos de

operação. Cada equipamento deve ter ser código alfanumérico registrados em placa de 30 x 6

cm, com fundo amarelo e letreiro preto, podendo ser pintado no próprio cubículo ou estrutura

do equipamento.

O código é formado por 6 (seis) caracteres com a seguintes sequência:

1°. Tipo de equipamento;

2°. Tensão de operação do equipamento;

3°. Função ou nome do equipamento;

4°. Função associada ou sequência do equipamento;

5°. Hífen para separação de dígitos; e

6°. Posição ou função específica.

O primeiro caractere define se o equipamento é um interruptor ou não, se não for, qual o

equipamento. O 0 (zero) significando que não é interruptor, o 1 (um) que é um disjuntor, o 2

(dois) que é um religador ou seccionalizador, o 3 (três) que é uma chave seccionadora, o 4

(quatro) que é uma chave fusível, o 5 (cinco) que é uma chave a óleo e o 6 (seis) que é uma

chave de aterramento rápido. A Chesf utiliza também no primeiro caractere os números 7 (sete),

8 (oito) e 9 (nove) para representar, respectivamente, para-raios, transformador de potencial e

transformador de corrente.

O segundo caractere indica a faixa de tensão que o equipamento opera, no caso de

transformadores a tensão considerada é a de operação do lado da fonte, por exemplo um

transformador de alta para média tensão, considera-se o lado de alta tensão. O código para a

esse segundo caractere é:

1 (um) para a faixa de tensão de 01 a 25 kV;

9 (nove) para a faixa de tensão de 26 a 50 kV;

2 (dois) para a faixa de tensão de 51 a 75 kV;

44

3 (três) para a faixa de tensão de 76 a 150 kV;

4 (quatro) para a faixa de tensão de 151 a 250 kV; e

5 (cinco) para a faixa de tensão de 251 a 550 kV.

O terceiro caractere é uma indicação alfabética definindo qual a função do equipamento,

o mesmo é relacionado da seguinte maneira:

A para transformador de aterramento;

B para barramento;

D para equipamento de transferência;

E para reator;

G para gerador;

K para compensador síncrono;

H para banco de capacitor;

PO para para-raios, como nesse caso são dois caracteres, o quarto caractere será

identificado através do sexto caractere;

R para regulador de tensão;

T para transformador de força e para transformador de serviço auxiliar, podendo ser

diferenciados devido o quarto caractere do transformador de força ser do 1 ao 5 e do

transformador de serviço auxiliar ser do 6 ao 9;

X para conjunto de medição;

U para transformador de potencial;

Z para transformador de corrente;

W para resistor de aterramento; e

C, F, I, J, L, M, N, P, S, V e Y para nomear linhas de distribuição.

O quarto caractere define a função associada ou a sequência do equipamento, podendo

ser alfabético, depois que os números de 1 a 9 forem utilizados.

O quinto caractere é um hífen (-).

O sexto caractere é utilizado para indicar posição, sequência, função especifica ou quando

houver coincidências dos quatros primeiros caracteres. Algumas das situações que esse

caractere é utilizado são:

Para seccionadora de seleção de barramento, utiliza-se 1 (um), 2 (dois) e 3 (três);

45

Para seccionadora de disjuntor, religador, transformador ou regulador do lado do

barramento, utiliza-se 4 (quatro);

Para seccionadora de disjuntor, religador, transformador ou regulador do lado

contrário ao barramento, utiliza-se 5 (cinco);

Para chave seccionadora ou fusível bypass, utiliza-se 6 (seis);

Para seccionadora de aterramento, utiliza-se 7 (sete);

Entre outras.

Para as subestações da Coelce foram utilizados alguns critérios para determinar suas

siglas, como não pode haver repetição, deve conter apenas três caracteres alfabéticos, as

subestações com o mesmo nome e vizinhas devem ser diferenciadas pelo terceiro caractere

indicando uma sequência, como U para um, D para dois, T para três e assim sucessivamente, e

as com o mesmo nome e não vizinhas devem ter siglas diferenciadas. (COELCE, 2013c)

4.7 Comunicação Verbal

Os operadores de sistema, de subestação, equipes de campo e todos os colaboradores que

tem acesso direto ou indireto as comunicações envolvendo as instalações elétricas do sistema

Coelce devem seguir certas recomendações e diretrizes para melhorar a comunicação verbal

entre si, evitando falhas operacionais devido à falta de entendimento.

A Comunicação Verbal na Operação é composta da estrutura padrão de comunicação, da

codificação alfanumérica, da terminologia operacional básica, termos de caráter específico para

cada equipamento, e da fraseologia padrão, expressões de acordo com os diversos casos típicos.

A estrutura padrão de comunicação começa com a identificação dos interlocutores, depois

a transmissão da mensagem pelo emissor, depois a repetição da mensagem pelo receptor, a

confirmação do emissor e enfim a conclusão. (COELCE, 2008)

A codificação alfanumérica é a forma de transmitir a posição ou o código operacional de

qualquer equipamento ou linha. O alfabeto e a numeração fonéticos utilizados nessa codificação

são os seguintes:

46

Tabela 4.1: Alfabeto Fonético para Comunicação Verbal

Fonte: COELCE, 2008

Tabela 4.2: Numeração Fonética para Comunicação Verbal

Fonte: COELCE, 2008

A terminologia operacional básica e a fraseologia padrão não abrangem todas as situações

possíveis, podendo, se necessário, serem utilizados outros termos, afastando-se o quanto menos

possível do padrão durante conversações operacionais.

47

4.8 Comunicação entre Centro de Controle do Sistema e Central de Relacionamento

Para o melhor atendimento dos clientes sobre assuntos relacionados ao fornecimento de

energia, é de extrema importância uma eficiente comunicação entre o CCS e a Central de

Relacionamento, que é o canal de comunicação entre a Coelce e os consumidores.

Os operadores do Centro de Controle do Sistema, dos Centros de Controle Regionais, das

Unidades de Apoio à Manutenção e os da Central de Relacionamento devem usar corretamente

a terminologia operacional, as recomendações e as diretrizes da comunicação verbal, sempre se

identificando e repassando o mais rápido possível as informações importantes.

Caso tenha uma ocorrência em uma subestação ou em um alimentador, o CCS deve

repassar a Central de Relacionamento qual foi a subestação e/ou quais alimentadores foram

afetados, informando assim que possível o motivo da ocorrência e a previsão para normalizar

essas cargas. E, em caso de ocorrência, a Central de Relacionamento deverá informar ao CCS

qualquer informação que possa ajudar a identificar o defeito, facilitando o procedimento de

normalização das cargas.

O CCS também avisará à Central de Relacionamento a existência de uma ocorrência na

Chesf ou na Rede Básica, informando o horário da ocorrência, quais os eixos que estão sendo

afetados e a previsão de retorno de carga.

Os operadores da Central de Relacionamento possuem um sistema com as informações

dos desligamentos programados, onde é possível obter detalhes da programação, como data e

horário do início e do fim, motivo, incidência, causa, nível de tensão, entre outros. Quando essa

consulta não é possível, é necessário que o CCS repasse as informações da programação para a

Central de Relacionamento. O operador de sistema deverá informar o número do desligamento,

o local que ocorrerá a falta de energia, o motivo do serviço e o horário de início e fim da

programação através do telefone. (COELCE, 2011b)

48

5 OPERAÇÕES NA MÉDIA TENSÃO

5.1 O Sistema de Ajuda à Condução (SAC)

O sistema de supervisão, controle e comando do sistema elétrico de distribuição de média

e alta tensão é realizado através do módulo Sistema de Ajuda à Condução (SAC). Esse sistema

é uma plataforma computacional que permite a integração de todos os sistemas necessários para

a operação de redes de distribuição, evitando a duplicidade de entrada de informações.

O SAC encontra-se em terminais chamados de Posto de Operação Elétrica (POE),

encontrados nos centros de operação e em outras áreas de acordo com a necessidade, sendo

operado por usuários encarregados do controle e monitorização da Rede de Distribuição. Essa

plataforma fornece um conjunto de visões, formatos e primitivas gráficas que facilitam a rápida

obtenção da informação desejada, além de possuir uma janela de mensagens do sistema, uma

listagem de alarmes, entre outras funções, facilitando o trabalho dos operadores. (ENDESA,

2012)

5.1.1 Características Funcionais

As características funcionais do SAC são o conjunto das funcionalidades dos diferentes

sistemas que o integram. Esses sistemas são:

O Sistema de Gestão de Rede (Network Management System - NMS), incorpora as

funções básicas que são necessárias para a integração dos dados apresentados pelos

outros diferentes sistemas, apresentando esses dados como um sistema único;

O sistema Controle Supervisor e Aquisição de Dados (Supervisory Control And Data

Acquisition - SCADA), administra os protocolos de comunicações com as Unidades

Terminais Remota (UTR) permitindo a captação dos dados que estas geram e a

interação com os dispositivos telecontrolados. A UTR é um equipamento formado por

software e hardware, instalado nas subestações e interligado ao sistema de

telecomunicações, que realiza o telecontrole e a telesupervisão do processo;

O Sistema de Gestão da Distribuição (Distribution Management System - DMS),

contribui com mecanismos para a gestão de redes de distribuição, como o Power Flow,

a Gestão de Incidências e a Gestão de Desligamentos. O Power Flow consiste na

49

execução de uma aplicação de rede que se encarrega de propor diferentes manobras a

serem realizadas com a finalidade de otimizar o número de distorções, de perdas e de

recirculações que possam ser produzidas na rede elétrica;

O Sistema de Informação Histórica (Historical Information System - HIS), registra

qualquer dado do sistema com a frequência que foi programada anteriormente, seja

recebido pelas UTRs ou calculados por outros sistemas.

5.1.2 Tela Principal do SAC

A tela principal do SAC é a interface do Sistema de Gestão de Rede (NMS), sendo a única

interface dessa plataforma, devido o sistema NMS ser responsável pela integração de todos os

outros sistemas. Todas as operações do sistema são ativadas e apresentam resultados através da

tela principal, sendo possível o operador acessar qualquer funcionalidade do SAC a partir dela.

Essa interface tem o objetivo de disponibilizar a visão integrada de todas as funções do SAC,

permitindo ao operador uma fácil gestão.

Figura 5.1: Tela Principal do SAC

Fonte: Própria autora

O primeiro ícone é o Semáforo de Estado do Sistema que possui quatro estados:

Execução: esse estado indica que o sistema está iniciado, com todas as tarefas ativas e

com conexão, significando que é possível trabalhar com o sistema e todas suas

funcionalidades. O semáforo estará com a cor verde;

50

Parada: esse estado indica que o sistema se encontra parado, impedindo de realizar

qualquer trabalho, pois nenhum pedido será atendido. O semáforo estará com a cor

vermelha e a barra de progresso aparecerá inativa;

Carga: esse estado indica que o sistema está carregando, porém ainda não é possível

utilizar o sistema, pois nem todos os serviços críticos estarão carregados;

Carga NC: esse estado indica que o sistema tem todas as tarefas críticas iniciadas,

porém está pendente alguma tarefa não crítica. Será possível manusear o sistema,

apesar de não dispor da totalidade das funções.

Figura 5.2: Os quatro estados do Semáforo de Estado do Sistema

Fonte: Própria autora

Em seguida tem o ícone que indica o número de áreas de responsabilidade controladas

por aquele Posto de Operação Elétrica (POE).

Figura 5.3: Ícone Áreas de Responsabilidade

Fonte: Própria autora

Tem também o ícone com o relógio digital, que ao clicar com o botão esquerdo se

converte em analógico. Após o relógio fica o ícone Logout, que ao clicar nesse ícone o usuário

sai do POE.

Figura 5.4 - Ícone Logout

Fonte: Própria autora

51

Ao lado encontra-se o ícone Estado de Mobilidade que possui dois estados. Se o fundo

for verde, significa que a plataforma de mobilidade está em estado disponível. E se for

vermelho, significa que a plataforma de mobilidade está em estado indisponível, sendo possível

abrir a listagem de recursos com mobilidade, com automação.

Figura 5.5: Os dois estados do Estado de Mobilidade

Fonte: Própria autora

O ícone Incremento ao piscar indica que no momento está sendo aplicado algum

incremento no SAC. Não há restrições sobre as manobras enquanto esse ícone está piscando.

Figura 5.6: Ícone Incremento

Fonte: Própria autora

O ícone Alerta ao piscar, acompanhado de um sinal acústico, indica que há um ou vários

alarmes, que afetam às áreas de responsabilidade atribuídas ao POE, pendentes de serem

reconhecidos. Ao interromper o som desse ícone, o mesmo aparecerá riscado e em cor

vermelha. Quando todos os alarmes são reconhecidos e apagados, o botão volta para a cor

inicial.

Figura 5.7: Os dois estados do Ícone Alerta

Fonte: Própria autora

O ícone de Mensagens indica que existe uma mensagem quando o led verde do botão

passa a ser vermelho, voltando para seu estado original, verde, no momento em que se clica no

botão. Apenas o administrador e o supervisor podem abrir a lista de mensagens.

52

Figura 5.8: Os dois estados do Ícone de Mensagens

Fonte: Própria autora

A barra de menu permite ao operador acessar diferentes funções do sistema diretamente

da tela principal. Quando o usuário não estiver na tela principal, é possível acessar as opções

da barra menu clicando no botão “SAC 7 Menu” que aparece na barra de título de todas as

janelas.

Figura 5.9: Barra de Menu

Fonte: Própria autora

Figura 5.10: Botão SAC 7 Menu

Fonte: Própria autora

Existem dois ícones de acesso direto na tela principal do SAC. Ao clicar no primeiro

aparece uma lista de elementos telecontrolados que naquele momento estão com seu estado

diferente do estado que foi configurado como padrão. O segundo é o Relatório CC, clicando

sobre esse ícone é aberto o relatório que permite aos usuários gerarem comentários e descrições

sobre curto-circuitos que ocorreram.

Figura 5.11: Ícones de Acesso Direto

Fonte: Própria autora

O Quadro de Controle é uma barra de ícones com o objetivo de informar rapidamente

situações que estão ocorrendo no sistema SAC, facilitando o controle do operador. Ao clicar no

53

ícone é mostrado uma lista com todos esses alarmes ativos referentes aquela função. Quando

está da cor laranja sem piscar, indica que existem alarmes reconhecidos associados ao ícone. O

Quadro de Controle é composto, respectivamente, pelos ícones Mudança de Estado, Críticas,

Grau de Criticidade, Violação de Limites, Conexões Remotas, Automatismos, Não

Reconhecimento de Alarme e Alarmes Ativos.

Figura 5.12: Quadro de Controle

Fonte: Própria autora

5.2 Monitoramento da Rede

O operador de média tensão do CCS tem a função de monitorar toda a Rede de

Distribuição da sua área de responsabilidade. O mesmo deve acompanhar, coordenar e

supervisionar o carregamento de alimentadores, os níveis de tensão das SED, os equipamentos

de linha telecomandados. Deve também ter conhecimento sobre as anomalias, os desligamentos

programados, as cargas transferidas, entre outros fatores que aconteceram ou estão acontecendo

no sistema elétrico, sendo de extrema importância o acompanhamento e a atualização dos

relatórios. (COELCE, 2013a)

5.2.1 Acompanhamento do Carregamento de Alimentadores

O acompanhamento do carregamento de alimentadores é de extrema importância para

evitar situações de contingência, podendo acontecer a perda do alimentador, além de facilitar a

decisão de transferência de carga, tornando as decisões rápidas e seguras. O acompanhamento

acontece em tempo real comparando a intensidade da corrente no momento com a corrente de

pick-up ajustada para o relé daquele alimentador. Sabendo que a corrente de pick-up é a menor

corrente que realiza a atuação do relé, a corrente de operação do alimentador não deve atingir

ou se aproximar do valor da corrente de pick-up. A tela que é exibida no SAC para os operadores

mostra o carregamento dos alimentadores do Departamento de Manutenção de Média e Baixa

54

Tensão Fortaleza (DEMEF) e do Departamento de Manutenção de Média e Baixa Tensão

Metropolitana (DEMEM), que envolve as áreas de responsabilidade do CCS. Cada alimentador

é indicado por uma barra com o código da sua subestação, que aparecem em ordem de maior

para o menor carregamento. Ao clicar na barra é possível obter informações sobre qual o

alimentador da devida subestação (elemento), além da intensidade real da corrente e a

porcentagem. É importante ressaltar que o carregamento considerado 100% é apenas 80% da

corrente de pick-up, já representando um valor crítico. O 100% da corrente de pick-up é

indicado pelo 125% na tela.

Figura 5.13: Acompanhamento do Carregamento de Alimentadores

Fonte: Própria autora

55

5.2.2 Acompanhamento do Nível de Tensão das Subestações de Distribuição

Como mencionado no Capítulo 2, a ANEEL, através dos Procedimentos de Distribuição

(Prodist), módulo 8, estipula procedimentos relativos à conformidade de tensão em regime

permanente, garantindo a qualidade do fornecimento de energia elétrica. Sabendo-se disso, os

operadores de média tensão possuem no SAC uma tela com os dados de tensão de todas as

subestações da sua área de responsabilidade, divididas pelos regionais

A porcentagem é calculada a partir da classe de tensão no valor de 15 kV, sendo a

tensão máxima adequada 14,2 kV e a mínima de 13,5 kV. Ao clicar na barra da subestação é

informado o valor real da tensão naquele instante.

As barras dos níveis de tensão das subestações podem aparecer com quatro diferentes

cores, a rosa significa que o SAC não está recebendo os dados da subestação, portanto não pode

informar qual o nível de tensão, a azul significa que o nível de tensão está adequado, variando

entre 13,8 kV e 14,1 kV, respectivamente, 92% e 94%, a amarela significa que o nível de tensão

está considerado precário, não estando na faixa adequada, porém maior que 13,65 kV ou menor

que 14,4 kV, respectivamente, 91% e 96%, e a vermelha significa que está na faixa superior ou

inferior à tensão precária, sendo definida como condição de tensão crítica.

Figura 5.14: Acompanhamento do Nível de Tensão das SED

Fonte: Própria autora

56

5.2.3 Acompanhamento dos Equipamentos de Linha Telecomandados

Pelo SAC é possível visualizar todos os alimentadores e subestações do sistema elétrico

da Coelce, contendo todos os elementos de campo, os estáticos, com as barras e os

transformadores, e os dinâmicos, com as chaves e os disjuntores. Com isso é possível

acompanhar os equipamentos no SAC, além de verificar os equipamentos com religamentos

automáticos bloqueados.

No diagrama unificar das subestações de distribuição, a cor azul representa a média tensão

e a cor vermelha a alta tensão.

Figura 5.15: Diagrama Unifilar da SED PCI visto pela média tensão

Fonte: Própria autora

Cada equipamento, além do seu código de acordo com a codificação operacional

mencionada no Capítulo 4, possui um símbolo específico, indicando inclusive se o mesmo está

aberto, fechado, com religamento bloqueado, operando com ventilação forçada, entre outros.

57

Tabela 5.1: Legenda dos Símbolos dos Equipamentos do SAC

Fonte: Própria autora

5.2.4 Atualização dos Relatórios

Para o monitoramento adequado da rede, os operadores devem ter todas as informações

do que aconteceu ou está acontecendo no sistema elétrico que possam influenciar nas operações

e na continuidade do fornecimento de energia durante o seu turno de trabalho. Devido a isso

eles devem preencher, acompanhar e manter atualizados os relatórios de acompanhamento dos

desligamentos programados, de cargas transferidas, de equipamentos fora de operação ou

58

operando com restrição e de anomalias, fazendo que o operador substituto tenha acesso a essas

informações.

Relatório de acompanhamento dos desligamentos programados

Esse relatório informa qual o departamento que solicitou o desligamento, qual o número

dado pelo Sistema de Gestão de Desligamentos (SGD), a hora prevista e a hora real de início e

fim, sendo assim calculado o tempo de entrega, além de observações que possam ser necessárias

tanto sobre o início como o fim da programação.

Tabela 5.2: Relatório de Acompanhamento dos Desligamentos Programados

Fonte: Própria autora

Relatório de cargas transferidas

No relatório de cargas transferidas consta na primeira parte a incidência que fez ser

necessária a transferência, o alimentador que transferiu e o que recebeu a carga, a chave que foi

aberta e a que foi fechada, a forma da transferência e do encontro, se foi parcial ou total e se o

encontro é faseado ou não, a data da transferência e a data que foi liberada a retransferência,

caso não seja definitiva. Na segunda parte consta informações sobre a retransferência, como a

data e a duração, além de informar qual operador realizou e de outras observações.

59

Tabela 5.3: Primeira Parte do Relatório de Cargas Transferidas

Fonte: Própria autora

Tabela 5.4: Segunda Parte do Relatório de Cargas Transferidas

Fonte: Própria autora

60

Relatório de equipamentos fora de operação ou operando com restrição

Esse relatório informa os equipamentos da média tensão que estão fora de operação ou

operando com restrição. Nele é informado o operador que está ingressando o equipamento na

tabela, a data, a subestação e o alimentador que o equipamento pertence, o código e o tipo do

equipamento, a descrição, o órgão responsável e o estado de operação. Voltando ao seu

funcionamento normal, o equipamento sai da planilha desse relatório e passa a constar em uma

relação de equipamentos normalizados.

Tabela 5.5: Relatório de Equipamentos Fora de Operação ou Operando com Restrição

Fonte: Própria autora

Relatório de anomalias

O relatório de anomalias controla qualquer problema com a comunicação de alguma

Unidade Terminal Remota (UTR). Nele é informado a subestação que está interligada a UTR

referida, a data e o horário do início e do término, sendo calculado o tempo de duração do

problema, a descrição e o tipo da anomalia, o número do chamado, o órgão responsável pela

UTR, o responsável pelo CCS no momento da anomalia e qualquer outra observação que for

julgada importante.

61

Tabela 5.6: Relatório de Anomalias

Fonte: Própria autora

5.3 Instruções de Operação

As Instruções de Operação (IO) são documentos da Operação Técnica, utilizados nos

Centros de Controle em tempo real, onde são definidos procedimentos detalhados para a

coordenação, supervisão, controle, comando e execução da operação do sistema elétrico que

são colocados em prática tanto em situações de operação normal como em situações de

contingências pelos operadores de sistema da alta e média tensão, pelos operadores de

subestação e pelos supervisores. (COELCE, 2012b) As Instruções de Operação são divididas

em seis grupos, que são:

Instrução de Operação de Esquemas Especiais: define as características do esquema

de controle de emergência que afetam as cargas da Coelce, sendo dividido em

subfrequência e subtensão. O esquema especial por subfrequência estabelece os

procedimentos a serem seguidos quando ocorre a atuação do Esquema Regional de

Alívio de Carga (ERAC), sendo definidos os procedimentos para recomposição das

cargas cortadas pelo ERAC, para o corte manual de cargas quando atuação do ERAC

se mostrar insuficiente para recuperar a frequência e para o acompanhamento das

atuações do ERAC. O esquema especial por subtensão define as características do

esquema de controle de emergência por subtensão que afetam as cargas no Sistema

62

Elétrico da Coelce, estabelecendo os procedimentos para recomposição das cargas

afetadas, para envio das informações para o Boletim de Interrupção de Suprimento de

Energia (BISE) e para a elaboração do informativo preliminar;

Instrução de Operação de Diretriz Operativa: estabelece os procedimentos para a

recomposição com ou sem transferência das cargas dos pontos de suprimento da

Coelce, nos aspectos de interesse sistêmico definido pelo ONS. O número de

tentativas e o intervalo de religamento para a recomposição é definida pela Coelce e

estão escritas na Ordem de Ajuste de Proteção (OAP) de cada subestação. Na atuação

de esquemas especiais, com consequente desligamento de equipamentos e circuitos, a

recomposição dependerá de contato com a ONS, devendo ser utilizados também os

procedimentos das IO de Esquemas Especiais para o retorno à condição normal;

Instrução de Operação Normal: unifica os procedimentos a serem executados pelos

operadores de sistema e operadores de subestação para a liberação e normalização de

equipamentos em configuração normal do sistema. Consta a manobra para a liberação

e normalização dos transformadores de potência, dos disjuntores, dos transformadores

de serviço auxiliar, dos bancos de capacitores e dos religadores de cada subestação;

Instrução de Operação de Recomposição: estabelece os critérios a serem seguidos

pelos Centros de Operação para recomposição de cargas afetadas, que podem ser geral,

fluente, em transformador ou em alimentador. A IO de recomposição geral do sistema

elétrico determina os procedimentos operativos para supervisão, controle e comando

da reposição das cargas diante de um apagão na área norte da Região Nordeste. A IO

de recomposição fluente define os critérios e procedimentos a serem seguidos para as

transferências emergenciais de cargas de modo fluente entre pontos de suprimento. A

IO de recomposição do transformador contém os procedimentos a serem executados

pelos operadores de sistema e operadores de subestação para recomposição das cargas

de transformadores, tendo como anexo os endereços das chaves da subestação e as

manobras que devem ser realizadas. A IO de recomposição de alimentador, que é

utilizada pela operação de média tensão, será melhor detalhada no item 5.3.1;

Instrução de Operação de Contingência: determina os procedimentos operativos a

serem adotados para o gerenciamento das cargas da Coelce quando ocorre

subfrequência causada pelo carregamento dos transformadores. Nessa IO são

definidos os procedimentos para o gerenciamento de carga por corte manual;

63

Instrução de Operação de Emergência Máxima: estabelece os procedimentos a serem

adotados diante de uma contingência de emergência máxima em um barramento ou

em um transformador, com o intuito de normalizar, quando possível, as cargas afetadas

no menor intervalo de tempo, mantendo a integridade das pessoas e dos equipamentos.

5.3.1 Instrução de Operação de Recomposição de Alimentador

A IO de recomposição de alimentador contém os procedimentos a serem executados

pelos operadores de sistema e operadores de subestação para recomposição de cargas de um

alimentador e as informações para energizar no menor período de tempo a maior quantidade

possível das cargas afetadas devido uma ocorrência. Existe uma IO de recomposição de

alimentador para cada subestação, sendo que em cada uma são determinados os procedimentos

para cada alimentador dessa subestação. São incluídos também nessa IO alguns anexos para

facilitar e agilizar a ação dos operadores, diminuindo o tempo de recomposição com segurança.

Esses anexos são endereço de chaves dos alimentadores, carregamentos dos transformadores e

alimentadores, análise de encontro de alimentadores e diagramas unifilares.

Endereço de chaves dos alimentadores

Esse anexo contém todas as chaves de todos os alimentadores da subestação que a IO

se refere, informando o alimentador, o poste que a chave está localizada, o encontro, caso exista,

o tipo da chave, se a mesma é faseada, o endereço, incluindo o bairro, e a posição da chave.

64

Tabela 5.7: Endereço de Chaves do Alimentador 01C2 da SED PCI

Fonte: COELCE, 2013d

Carregamento dos transformadores e alimentadores

Esse anexo informa o carregamento dos transformadores e dos alimentadores da

subestação da IO e de todas as subestações que possam receber ou transferir carga para a

referida. Exibe informações como o carregamento máximo (corrente nominal) e a folga que o

transformador ou alimentador têm para receber carga. O acréscimo de 5% nos valores das

cargas refere-se a uma previsão de crescimento e nos transformadores refere-se a sobrecarga

permitida.

65

Tabela 5.8: Carregamento de Transformadores e Alimentadores da SED PCI e Envolvidas

Fonte: COELCE, 2013d

Análise de encontros de alimentadores

Esse anexo mostra todos os encontros que os alimentadores da subestação da IO

possuem, sendo na sua própria subestação ou em outras. É informando o código da chave desses

encontros, além de apresentar os dados de carregamento dos alimentadores, sendo considerados

receptores os alimentadores que estão ligados ao alimentador da SED referida.

66

Tabela 5.9: Análise de Encontros de Alimentadores da SED PCI

Fonte: COELCE, 2013d

Diagrama Unifilar

Na IO é anexado o diagrama unifilar (DU) de todos os alimentadores da devida

subestação. No DU é mostrado todo o alimentador, todas as chaves, encontros com outros

alimentadores, tipos de encontros, se são faseados ou não, quantidade de clientes conectados

em cada ponto do alimentador, religadores de linha, outros equipamentos automatizados, alguns

pontos de referência e outras informações que forem julgadas necessárias.

67

Figura 5.16: Diagrama Unifilar do Alimentador 01C2 da SED PCI

Fonte: COELCE, 2013d

A IO de recomposição de alimentador deve ser executada após a abertura automática do

religador ser percebida, com a intenção de deixar a menor quantidade de carga possível sem

fornecimento. (COELCE, 2013d) A IO determina, entre outros, os seguintes procedimentos:

Caso haja mais de uma opção de transferência devem ser considerados os

carregamentos máximos dos alimentadores envolvidos, a disponibilidade de

automação, os encontros faseados, o alimentador da mesma subestação e de

preferência do mesmo transformador, o encontro mais próximo da subestação e o

alimentador com maior folga de carga;

Para evitar problemas com níveis de tensão, toda transferência total de cargas, em

horário de carga médio-pesada considerado para aquela subestação, deverá ser feito,

se possível, utilizando mais de um encontro de alimentadores. Na SED PCI, por

exemplo, o horário de carga médio-pesada é entre 07:31 e 21:00 h e de carga leve entre

21:01 e 07:30 h;

68

É necessário observar se o religador fez o seu ciclo completo de religamentos

automáticos ou se o mesmo estava bloqueado, além de identificar alguma informação

oriunda de clientes ou terceiros que possam auxiliar na localização do defeito, como

abalroamento, por isso a importância da comunicação com a central de

relacionamento;

A normalização dos alimentadores deve ser feita por partes, no sentido da fonte até a

carga, energizando primeiramente o trecho da SED até a 1ª chave de reposição, exceto

os casos em que o defeito se localize nesse trecho. Analisando a IO de recomposição

de alimentador da SED PCI, obtemos que o primeiro trecho do alimentador 01C2 é da

SED PCI até a chave B35W/0531. Ao olhar para o DU desse alimentador na Figura

22, temos ao lado dessa chave os valores “3728/72%”, que significam que daquele

ponto até o fim do alimentador ainda existem 3728 (três mil setecentos e vinte e oito)

clientes, que representam 72% de todos os clientes do 01C2, ou seja, ao energizar o

trecho 1, teremos restabelecido 28% da carga. É possível realizar essa mesma análise

em todos os outros trechos de qualquer alimentador;

Os operadores do CCS devem orientam as inspeções dos alimentadores sabendo onde

estão instalados UTR, religadores, chaves seccionadoras e chaves fusíveis que possam

ser utilizadas para manobras. Ao concluir a inspeção de cada parte do alimentador, o

operador deve proceder com as manobras para normalização da parte com defeito.

5.4 Operação de Incidências Não Programadas

Ao ocorrer uma abertura automática em algum equipamento de uma subestação ou em

uma rede de média tensão, o SAC, além de alarmar, abre uma nova incidência. Essa incidência

é considerada uma Incidência Não Programada. O visor de incidências do SAC contém todas

as incidências, programadas ou não programadas, estando de cor vermelha as da média tensão

e de cor rosa as incidências que afetam a média tensão, mas se originaram na baixa tensão.

69

Figura 5.17: Visor de Incidências do SAC

Fonte: Própria autora

Caso a incidência tenha ocorrido em algum alimentador, é necessário seguir os

procedimentos da IO de recomposição de alimentador, que foi anteriormente detalhada. Sendo

necessário solicitar aos operadores de sistema de baixa tensão o apoio das equipes do

atendimento emergencial para o restabelecimento do sistema e informar sobre a incidência para

a Central de Relacionamento, para o responsável do CCS e para o engenheiro de sobreaviso,

caso ocorra em finais de semana ou feriados. É importante também identificar informações de

terceiros que possam auxiliar na localização do defeito e, em caso de dano permanente, como

poste abalroado, acionar as equipes da manutenção para reparos ou reposição do equipamento

danificado.

Se a atuação da incidência for em um ramal, os operadores da baixa tensão receberão

muitas reclamações no mesmo alimentador, sendo necessário informar ao operador de média

tensão para ser analisado o carregamento do alimentador referido visando identificar se houve

alguma perda de carga. Ao perceber essa perda, o operador de MT deve acionar uma equipe de

70

manutenção para inspecionar o local e o operador de BT deve direcionar uma equipe de

atendimento emergencial para confirmar se a ocorrência de fato é na média tensão. Caso seja,

essa incidência será convertida para o SAC-MT e a correção do defeito deverá ser realizada.

Atualmente, a meta da operação de média tensão é restabelecer o fornecimento de 70%

do alimentador em até 23 (vinte e três) minutos, com a ajuda dos equipamentos telecomandados

e, se preciso, dos operadores de subestação. Sendo possível restabelecer o sistema totalmente

apenas após a autorização e a liberação das equipes em campo. (COELCE, 2013a)

Após o encerramento da afetação é necessário preencher todas as informações e fechar a

incidência no SAC. Para isso existe uma ferramenta que auxilia os operadores de média tensão

na finalização das incidências. Nessa ferramenta contém a maioria dos possíveis problemas que

possam ocorrer na MT, sendo divididas em proteções intermediárias, anomalias, avarias,

transferências e equipamentos de linha, além de incluir modelos para relatórios.

Figura 5.18: Ferramenta de Finalização de Incidências da Média Tensão

Fonte: Própria autora

71

5.5 Operação de Incidências Programadas

Incidências programadas são todas as intervenções que foram aprovadas pela área da Pré-

Operação, mais especificamente pela área Gestão de Intervenções mencionada no capítulo 3,

depois de uma análise de riscos e estudo de transferências de carga, sendo elaborado o programa

de manobra da intervenção. Intervenção é toda e qualquer procedimento sobre o sistema

elétrico, podendo ser uma intervenção com ou sem afetação. A intervenção é com afetação

quando é necessário que o fornecimento de energia seja interrompido, sendo necessário

informar os clientes que serão afetados sobre a data e a duração do desligamento. A intervenção

sem afetação é quando a energia não é interrompida, a não ser que haja a atuação de algum

equipamento de proteção, o que causaria uma incidência não programada. A maioria das

incidências programadas são intervenções sem afetação. (COELCE, 2014d)

O programa de manobra elaborada pela Gestão de Intervenções contém o passo a passo

da incidência que será realizada. Nele encontra-se a data e o horário da programação, o operador

de campo (agente) que irá solicitar o desligamento e a finalidade da programação. No programa

de manobra existe também um espaço reservado para ser colocado qual o operador de MT que

realizou a manobra e qual o supervisor naquele momento.

72

Figura 5.19: Programa de Manobra de MT

Fonte: Própria autora

O operador de média tensão deve, em todos os turnos, solicitar as equipes de campo a

execução das manobras, acompanhar essa execução, ativar a programações que foram

73

solicitadas no SAC, registrar o horário real do início e do término da atividade programada e

fechar as programações no SAC. Quando a intervenção for com afetação, ou seja, envolver

desligamento de clientes, o operador deve confirmar com o responsável pelo serviço o horário

final da intervenção 30 (trinta) minutos antes, possibilitando a realização de alguma

providência.

No turno da noite, o operador de sistema deve organizar as incidências que foram

realizadas durante o dia e as que serão realizadas no dia seguinte, anulando as programações

não solicitas, gerando a planilha de controle de desligamentos e bloqueios do dia seguinte e

preencher o Relatório de Acompanhamento dos Desligamentos Programados. (COELCE,

2013a)

74

6 CONCLUSÃO

Com a grande mudança que ocorreu na introdução do Novo Modelo do Setor Elétrico em

2004 e no Estado reassumindo a responsabilidade do planejamento desse setor, as distribuidoras

de energia elétrica tiveram que se adequar para seguir os novos padrões e continuar garantindo

a segurança no suprimento de energia e evitar multas de altos valores.

As distribuidoras de energia elétrica, incluindo a Coelce, estão sujeitas ao Prodist, que

são procedimentos para garantir a segurança, eficiência, qualidade e confiabilidade dos sistemas

de distribuição, sendo estipulados, entre outros, procedimentos de operação dos sistemas e

procedimentos relativos à qualidade da energia. A fiscalização e a regulamentação dessas

atividades realizadas pela Coelce são de responsabilidade da ANEEL e da sua representante

estadual, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (ARCE).

A área responsável por toda a infraestrutura para manter a operação do sistema da Coelce

em perfeito funcionamento é a Operação Técnica, que abrange diversos processos. O processo

Pré-Operação é responsável por analisar e aprovar programações, permitindo a manutenção do

sistema e o ingresso de novas instalações. O Tempo Real supervisiona, comanda e toma ações

para a continuidade do fornecimento de energia elétrica, sendo as operações desse processo,

inclusive a operação de média tensão, realizadas, supervisionadas e controladas pelo CCS. O

processo Atendimento Emergencial é a gestão da operação da rede de baixa tensão com o

auxílio da Central de Relacionamento. A Pós-Operação busca a melhoria no serviço de entrega

de energia e segurança para os operadores e ajuda a evitar multas aplicadas pela ANEEL. O

processo Sistema de Informação Técnica incorpora, armazena e preserva as informações dos

clientes e da rede. E, por fim, a Manutenção das Proteções e Automação realiza a manutenção

dos sistemas de proteção e a automação das subestações e equipamentos de telecontrole.

Operando em alta tensão em todo o Estado do Ceará e em média e baixa tensão na área de

Fortaleza e Região Metropolitana, o CCS tem o objetivo de manter a continuidade no

abastecimento de energia elétrica, tendo uma eficiente comunicação com a Central de

Relacionamento, que é o canal de comunicação entre a Coelce e os consumidores.

As linhas de média tensão da Coelce são bastante extensas e ramificadas, pois alimentam

todos os transformadores de distribuição, localizados em postes, que transformam a média em

baixa tensão, e alimentam também a maioria dos clientes do Grupo A. Devido a isso, as

75

operações no sistema elétrico de média tensão são bastante complexas, com mais casos de

intervenções programadas ou não, merecendo uma atenção especial.

Com o intuito de garantir maior facilidade, velocidade e segurança para os operadores de

sistema, a supervisão, o controle e o comando do sistema elétrico de média tensão pode ser

realizado através do módulo Sistema de Ajuda à Condução (SAC).

Os operadores de média tensão devem monitorar toda a rede de distribuição,

acompanhando, coordenando e supervisionando o carregamento de alimentadores, os níveis de

tensão e os equipamentos de linha telecomandados, além de sempre estarem atualizados sobre

o que aconteceu ou estão acontecendo no sistema elétrico.

Uma incidência não programada ocorre quando acontece uma abertura automática em

algum equipamento de uma subestação ou em uma rede de média tensão. Caso a incidência

tenha ocorrido em algum alimentador, é necessário seguir a Instrução de Operação de

recomposição desse alimentador, que contém todos os procedimentos a serem executados e as

informações para energizar no menor período de tempo a maior quantidade possível das cargas

afetadas, além de conter anexos para facilitar e agilizar a ação dos operadores, diminuindo o

tempo de recomposição com segurança. Atualmente, a meta é restabelecer o fornecimento de

70% do alimentador em até 23 (vinte e três) minutos.

Incidências programadas são todas as intervenções que foram aprovadas e possuem um

programa de manobra, que contém o passo a passo da incidência que será realizada. A

intervenção pode ser com ou sem afetação, com afetação é quanto o fornecimento de energia é

interrompido, podendo afetar os índices de qualidade

6.1 Sugestão de trabalhos futuros

Devido a constante busca pela qualidade no fornecimento de energia, sabendo da

importância de todo o processo que envolve as operações em média tensão, recomenda-se como

trabalhos futuros propostas alternativas para a melhoria dessas operações e estudos sobre as

mudanças que estão ocorrerão.

Estudos devem ser feito para analisar essas operações quando as redes elétricas

inteligentes, smart grids, estiverem em pleno funcionamento, com a inserção da micro e

minigeração no sistema de distribuição, cenário que já está se tornando realidade.

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7 REFERÊNCIAS

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Brasília, 2008, Brasília.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Sobre a Coelce. 2014a. Disponível em:

<https://www.coelce.com.br/sobrecoelce/conheca.aspx>. Acesso em: 06 out. 2014.

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Módulo 1 – Introdução. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Revisão 6, 2012a.

Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Critérios para Composição da Rede Básica

dos Sistemas Elétricos Interligados. 1998. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia_publica/audiencia_proton/ap004/Regulament

o%20refer%EAncia%20n%209.doc>. Acesso em: 01 out. 2014.

Procedimentos de rede - PROREDE. Submódulo 10.1 - Manual de Procedimentos da

Operação: conceituação geral. Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. Revisão 1.1,

2010.

Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. O que é o SIN - Sistema Interligado Nacional.

Disponível em: <http://www.ons.org.br/conheca_sistema/o_que_e_sin.aspx>. Acesso em: 01

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Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. Mapas do SIN. Disponível em:

<http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx>. Acesso em: 01 out. 2014.

Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica – ABRADEE. Redes de Energia

Elétrica. Disponível em: <http://www.abradee.com.br/setor-eletrico/redes-de-energia-

eletrica>. Acesso em: 01 out. 2014.

77

Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST.

Módulo 4 – Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição. Agência Nacional de

Energia Elétrica – ANEEL. Revisão 1, 2010.

Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST.

Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

Revisão 4, 2012b.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Organograma. Disponível em:

<https://www.coelce.com.br/sobrecoelce/conheca/estrutura/organograma.aspx>. Acesso em:

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Companhia Energética do Ceará – COELCE. Manual de Gestão da Qualidade – MGQ -

001/2014 R-11: Manual de Gestão da Qualidade da Operação Técnica. 2014b.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Instrução de Trabalho – IT-053/2013 R-01:

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Companhia Energética do Ceará – COELCE. Procedimento Operacional – POP-025/2014 R-

08: Operação por Área de Responsabilidade. 2014c.

Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Norma Regulamentadora - NR-10 - Segurança em

Instalações e Serviços em Eletricidade. Ed 2004.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Procedimento Operacional – POP-017/2011 R-

10: Autoridades e Responsabilidades do Operador de Sistema. 2011a.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Procedimento Operacional – POP-016/2013 R-

01: Autoridades e Responsabilidades do Supervisor do Centro de Controle do Sistema.

2013b.

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Companhia Energética do Ceará – COELCE. Procedimento Operacional – POP-014/2012 R-

00: Autoridades e Responsabilidades do Engenheiro de Sobreaviso do Sistema Elétrico.

2012a.

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12: Codificação Operacional. 2013c.

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08: Comunicação Verbal. 2008.

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08: Comunicação entre Centro de Controle e Central de Relacionamento. 2011b.

ENDESA S.A., Manual Usuário Final SAC 7.3.0, 30 de julho de 2012.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Norma Técnica – NT-000/2012 R-06:

Elaboração, divulgação e implantação de documentos técnicos normativos. 2012b.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Instrução de Operação - IO-RR-AL.PCI-CO/2013

R-27: Recomposição de alimentador. 2013d.

Companhia Energética do Ceará – COELCE. Instrução de Trabalho – IT-052/2014 R-02:

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