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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA ROBERTO ANTONIO CORDEIRO DA SILVA AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO DE ATERROS SANITÁRIOS COM BASE NA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO FORTALEZA 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ... · recalque, dos RSU na Célula Experimental e no Aterro Antigo, de uma placa de 50 cm de diâmetro,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

ROBERTO ANTONIO CORDEIRO DA SILVA

AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO DE

ATERROS SANITÁRIOS COM BASE NA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE

LABORATÓRIO E DE CAMPO

FORTALEZA

2017

ROBERTO ANTONIO CORDEIRO DA SILVA

AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÃNICO DE

ATERROS SANITÁRIOS COM BASE NA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE

LABORATÓRIO E DE CAMPO

Tese de Doutorado apresentada à coordenação

do Curso de Pós-Graduação em Geologia do

Centro de Ciências da Universidade Federal do

Ceará, como um dos requisitos para a obtenção

do Título de Doutor em Geologia. Área de

concentração: Geologia.

Orientadora: Profa. Dra. Sônia Maria Silva

Vasconcelos,

Coorientador: Prof. Dr. Alfran Sampaio Moura

FORTALEZA

2017

ROBERTO ANTONIO CORDEIRO DA SILVA

AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÃNICO DE

ATERROS SANITÁRIOS COM BASE NA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE

LABORATÓRIO E DE CAMPO

Tese de Doutorado apresentada à Coordenação do Curso

de Pós-Graduação em Geologia do Centro de Ciências da

Universidade Federal do Ceará, como um do requisito

para obtenção do Título de Doutor em Geologia. Área de

concentração: Geologia.

Aprovada em: 19/12/2017

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profa. Dra. Sônia Maria Silva Vasconcelos

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________

Prof. Dr. Alfran Sampaio Moura

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________

Prof. Dr. Anderson Borghetti Soares

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________

Profa. Dra. Carísia Carvalho Gomes

Faculdades Nordeste (FANOR)

_____________________________________________

Prof. Dr. Gemmelle Oliveira Santos

Instituto Federal do Ceará (IFCE)

A Deus

A meus pais (in memoria)

À minha esposa e filhos

AGRADECIMENTOS

Ao Aterro Sanitário Metropolitano de Caucaia – ASMOC, pelo total apoio em

todos os trabalhos de campo. Especialmente à Priscila Siqueira pela compreensão e apoio

técnico às pesquisas realizadas. Agradecer aos técnicos, Valdenízio, Júnior e Rubens pela

presteza durante as etapas de campo, por todas às vezes solicitados.

Ao Programa de Pós-Graduação em Geologia (PPGG/UFC), por seus

coordenadores, professores e funcionários sempre dedicados e solícitos. Destaco aminha

orientadora Profa. Dra. Sônia Vasconcelos, pelo trabalho incansável de orientação e de

preocupação sobre o andamento dos trabalhos.

Ao Prof. Dr. Alfran Sampaio Moura, meu coorientador, pelo incentivo,

orientação, discussões e correções deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Anderson Borghetti, pelas discussões, orientações e críticas ao

trabalho.

À Profa. Dra. Carísia Gomes não só pela convivência, amizade e aprendizado,

mas também dedicação e profissionalismo, durante a minha vida profissional.

Ao professor Gemmelle Oliveira Santos, membro externo da banca examinadora

pela disponibilidade.

Ao Laboratório de Mecânica dos Solos, local de realização dos ensaios, mas

também local de aprendizado durante toda a minha vida profissional.

Aos amigos da EEFM Prof. Paulo Freire pelo apoio, compreensão e exemplo de

dedicação e amizade.

Aos professores da UFC, Francisco Chagas, Silvrano Dantas, Rosiel Ferreira,

Camila Lima e Suelly Barroso pelos conhecimentos compartilhados. Ao funcionário da UFC

de Russas, Fernando Dácio pela ajuda durante os ensaios de campo.

Aos meus amigos e companheiros que passaram pelo Laboratório de Mecânica

dos Solos e me ajudaram na realização dos trabalhos: Ana Queiroz, Carlos Germano, Rafael

Diógenes, Larissa Augusto, Deyvid Elias, Henrique Lima, Eugênio Silva, Beatriz Gomes,

Anselmo Clemente, Francisco da Silva, Ricardo Buiu, David Rodrigues e Alex Duarte.

Aos amigos Claudia e Beethoven.

A minha esposa Elieni, e meus filhos Lorena e Roberto, pelo amor, carinho e

compreensão.

―El mundo

Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de

Colombia, pudo subir al alto cielo. A la vuelta, contó.

Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida

humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos. - El

mundo es eso -reveló- un montón de gente, un mar de

fueguitos. Cada persona brilla con luz propia entre todas

las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos

grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores.

Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y

gente de fuego loco, que llena el aire de chispas.

Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman;

pero otros arden la vida con tantas ganas que no se

puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se

enciende.‖ (Eduardo Galeano)

RESUMO

A produção de lixo é a grande característica da sociedade de consumo atual, por isso os

aterros sanitários tornam-se elementos fundamentais para a disposição ambientalmente

adequada (Lei nº 12.305/10). É necessário projetá-los, administrá-los, desativá-los e

revitalizá-los. Originalmente longe dos centros urbanos, quando desativados tornam-se áreas

abandonadas e entraves ao desenvolvimento da malha urbana. Com o objetivo de avaliar o

comportamento geomecânico de aterros sanitários com base na realização de ensaios de

laboratório e de campo é que se realizou esta pesquisa. A metodologia adotada foi a de

escolha do local para execução do estudo, coleta de amostras deformadas do solo de cobertura

e do RSU, caracterização física do solo de cobertura e do RSU, realização de ensaios de

laboratório e campo, apresentação dos resultados, análise dos resultados. O local escolhido foi

o Aterro Sanitário Metropolitano da Caucaia – ASMOC. Foram realizadas 2 baterias de

ensaios, um de laboratório e outro de campo. Os ensaios de laboratório realizados foram:

composição gravimétrica e que, na porção sólida formam: granulometria, índice de

plasticidade, densidade real, teor de matéria orgânica, compactação, índice de suporte

Califórnia, expansão e ensaio de cisalhamento direto. No caso dos ensaios de campo, foram

realizados ensaios de sondagem à percussão (SPT), ensaios de prova de carga direta (PCD),

todos no RSU da Célula Experimental e no RSU do Aterro Antigo. Os ensaios com o

GeoGauge também foram realizados no RSU da Célula Experimental e no RSU do Aterro

Antigo, mas também no solo de cobertura. A partir destes ensaios o módulo de elasticidade

foi estimado e comparado suas estimativas. Foi realizada a previsão da relação pressão x

recalque, dos RSU na Célula Experimental e no Aterro Antigo, de uma placa de 50 cm de

diâmetro, considerando os mesmos estágios de pressão aplicados em ensaios de placa

realizados nos mencionados maciços de RSU. Várias observações foram feitas: (1) as

estimativas do módulo de elasticidade (E) conduzem a parâmetros associados a diferentes

níveis de deformação; (2) o GeoGauge se mostrou um ensaio adequado para medidas do E de

maciços de RSU; (3) as previsões mais concordantes de recalques foram realizadas pelo SPT

e pelo GeoGauge e (4) o Aterro Antigo apresentou rigidez mais elevada que a Célula

Experimental por causa da estabilização de materiais que antes eram maleáveis.

Palavras-Chave: Aterro sanitário. Comportamento geomecânico. GeoGauge

ABSTRACT

Waste production is the great characteristic of the present consumer society, for this reason

sanitary landfills become fundamental elements for environmentally adequate disposal (Law

12305/10). It’s necessary to design, manage, deactivate, and revitalize them. Originally far

from the urban centers, when they are deactivated they become abandoned areas and obstacles

to the development of the urban network. This research was carried out aiming to contribute

to the evaluation of the investigation of the sanitary landfills geomechanics behavior based on

laboratory and field tests. The adopted methodology was to select the site for the execution of

the study, to collect deformed samples from the covering soil and the MSW (municipal solid

waste), physical characterization of the covering soil and MSW, laboratory and field tests,

results presentation, results analysis and thesis writing. The place chosen was the

Metropolitan Sanitary Landfill of Caucaia - ASMOC. Two sets of tests were performed, one

of laboratory and one of field. The laboratory tests performed were: gravimetric composition

and, in the solid portion: granulometry, plasticity index, real density, organic matter content,

compaction, California support index, expansion and direct shear test. In the case of the field

tests, percussion drilling tests (SPT), direct load tests (PCD) were performed, all in the MSW

of the Experimental Cell and in the MSW of the Old Landfill. The GeoGauge tests were also

performed at the MSW of Experimental Cell and in the MSW of the Old Landfill, but also in

the covering soil. From these tests the modulus elasticity was estimated and compared its

estimates. It was predicted the relation of pressure vs. hold pressure of the MSW in the

Experimental Cell and in the Old Landfill from a 50 cm diameter plate, considering the same

pressure stages applied in plate tests carried out in the mentioned MSW masses. Several

conclusions were made: (1) the E estimates leads to parameters associated with different

levels of deformation; (2) the GeoGauge proved to be an adequate test for E measures of

MSW masses; (3) the most consistent estimates of hold pressure were made by the SPT and

GeoGauge and (4) the Old Landfill presented higher rigidity than the Experimental Cell

because of the stabilization of materials that previously were malleable.

Keywords: Sanitary landfills. Geomechanical behavior. GeoGauge

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – RSU gerados e coletados em 2011 no Brasil........................................... 27

Figura 2 – Detalhes da célula de RSU célula fechada a) e RSU antes da

compactação b)........................................................................................... 29

Figura 3 – Avaliação qualitativa do comportamento de resistência e densidade em

função do tempo de aterramento proposta por Walter................................ 46

Figura 4 – Curvas tensão x deformação típicas para o resíduo sólido

urbano......................................................................................................... 48

Figura 5 – Faixa recomendada para projetos de aterros de resíduos - parâmetros

de resistência ao cisalhamento de RSU...................................................... 48

Figura 6 – Resultados típicos de ensaios de SPT...................................................... 52

Figura 7 – Campo de futebol..................................................................................... 63

Figura 8 – Playground............................................................................................... 63

Figura 9 – Localização da CE................................................................................... 66

Figura 10 – Localização das células trabalhadas........................................................ 67

Figura 11 – Localização das coletas das amostras...................................................... 68

Figura 12 – Composição gravimétrica dos constituintes do RSU, S-1 a) e S-2 b).... 70

Figura 13 – Picnômetros usados nos ensaios. Picnômetro de 500 ml com amostra

de RSU a) e picnômetro de 2000 ml com RSU e água b).......................... 71

Figura 14 – Ensaio de determinação da Matéria Orgânica. a) cadinhos na mufla, b)

diferença de cor após a realização do ensaio.............................................. 72

Figura 15 – Corpo de prova de RSU compactado...................................................... 73

Figura 16 – Ensaio de cisalhamento do RSU, a) na caixa de cisalhamento, b)

corpo de prova de RSU após o cisalhamento............................................. 73

Figura 17 – a) Ensaio de cisalhamento direto b) vista da adaptação........................... 74

Figura 18 – Vista da realização da sondagem à percussão (SPT) a) Equipamento de

sondagem; b) amostra de RSU obtida com o amostrador bipartido........... 75

Figura 19 – Equipamento GeoGauge.......................................................................... 75

Figura 20 – Execução do Ensaio como GeoGauge. No fundo da vala a) e na

superfície b)................................................................................................ 78

Figura 21 – Escavação de uma vala na célula experimental para execução das

provas de carga direta................................................................................. 79

Figura 22 – a) vista da prova de carga direta e sistema de reação b) Placa utilizada

nas provas de Carga.................................................................................... 80

Figura 23 – Vista geral dos componentes do equipamento de prova de carga

direta........................................................................................................... 80

Figura 24 – Retirada do caminhão utilizado com auxílio de um trator de

esteiras........................................................................................................ 81

Figura 25 – a) Equipamento de Proteção respiratória 3.17b) Pá mecânica como

sistema de reação........................................................................................ 81

Figura 26 – Observação dos recalques ocorridos após a realização de uma prova de

carga direta a) trincas no solo de cobertura da célula experimental b)

abatimento no RSU no Aterro Antigo........................................................ 82

Figura 27 – Curvas granulométricas das amostras do solo da camada de cobertura

da CE ............................................................................................................................................. 84

Figura 28 – Limite de liquidez das amostras do solo da camada de cobertura da

CE. ............................................................................................................................................ 85 85

Figura 29 – Curvas de compactação das amostras do solo da camada de cobertura

da CE......................................................................................................... 87

Figura 30 – Índice de Suporte Califórnia das amostras do solo de cobertura da CE ................................ 88 88

Figura 31 – Curva Granulométrica dos RSU............................................................. 91

Figura 32 – Curvas de compactação do RSU.............................................................. 93

Figura 33 – Curvas dos ensaios de CBR no RSU ......................................................................................... 94

Figura 34 – Curvas dos ensaios de Expansão no RSU................................................ 94

Figura 35 – Curvas tensão de cisalhamento x deslocamento horizontal do RSU....... 95

Figura 36 – Gráfico deslocamento vertical x deslocamento horizontal .................................................... 96 96

Figura 37 – Tensão normal x Tensão Cisalhante do RSU.......................................... 97

Figura 38 – a) Amostrador obstruído b) Amostra de RSU........................................ 98

Figura 39 – Perfis de resistência na CE....................................................................... 99

Figura 40 – Perfis de resistência no Aterro Antigo..................................................... 100

Figura 41 – Comparação das rigidezes obtidas com o GeoGauge em 2014............... 102

Figura 42 – Comparação dos módulos de elasticidade obtidos com o GeoGauge em

2014............................................................................................................ 103

Figura 43 – Comparação dos resultados da rigidez na CE e no AA ...................................................... 104 104

Figura 44 – Variação dos módulos de elasticidade em função do tempo .............................................. 105 105

Figura 45 – Comparação dos valores médios da Rigidez determinados a partir do

GeoGauge a) na Célula Experimental b) no Aterro Antigo. ......................................................... 107

Figura 46 – Comparação dos valores médios Módulo de Elasticidade determinados

a partir do GeoGauge a) na Célula Experimental b) no Aterro Antigo. ....................................... 107

Figura 47 – Gráfico Carga x Recalque na Célula Experimental – Ensaio 1............... 108

Figura 48 – Gráfico Carga x Recalque na Célula Experimental – Ensaio 2............... 109

Figura 49 – Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 3......................... 109

Figura 50 – Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 4......................... 110

Figura 51 – Gráfico Carga x Recalque na CE – Ensaio 5 ....................................................................... 110 110

Figura 52 – Gráfico Carga x Recalque na CE – Ensaio 6........................................... 111

Figura 53 – Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 7......................... 111

Figura 54 – Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 8 112

Figura 55 – Todas as provas de cargas diretas a) realizadas na Célula Experimental

e b) no Aterro Antigo.................................................................................. 113

Figura 56 – Curvas pressão x recalque de todos os ensaios de prova de carga direta

realizadas nos RSU da Célula Experimental e no Aterro Antigo............... 114

Figura 57 – Método da NBR 6122 a) no ensaio 1e b) no ensaio 2............................. 115

Figura 58 – Método da NBR 6122 a) no ensaio 3 b) no ensaio 4............................... 116

Figura 59 – Método da NBR 6122 a) no ensaio 5 e b) no ensaio 6............................ 116

Figura 60 – Método da NBR 6122 a) no ensaio 7 e b) no ensaio 8............................ 117

Figura 61 – Comparação entre as tensões de ruptura determinadas a partir da

realização das provas de cargas diretas na Célula Experimental e no

Aterro Antigo.............................................................................................. 118

Figura 62 – Gráfico dos Resultados dos ensaios de campo. a) Nspt x profundidade,

b) rigidez x profundidade, e c) carga x recalque......................................... 120

Figura 63 – Previsão dos módulos de elasticidade a) na Célula Experimental e b)

no Aterro Antigo ........................................................................................................................... 121

Figura 64 – Módulos de elasticidade obtidos no equipamento GeoGauge. a) Na

Célula Experimental e b) no Aterro Antigo................................................ 122

Figura 65 – Estimativas do E realizadas a partir das PCD’s a) CE e b) AA............... .................................. 122

Figura 66 – Comparação dos módulos de elasticidade estimados pelos ensaios

SPT, GeoGauge e PCD, a) CE e b) AA...................................................... 123

Figura 67 – Gráfico ―E‖x ―‖para o maciço de RSU da Célula Experimental.......... 124

Figura 68 – Gráfico ―E‖x ―‖para o maciço de RSU Do Aterro Antigo................... 125

Figura 69 – Comparação das previsões dos recalques a partir do módulo de 126

elasticidade obtidos por SPT, GeoGauge e PCD........................................

Figura 70 – Comparação das previsões dos recalques a partir do módulo de

elasticidade obtidos por SPT, GeoGauge e PCD no Aterro Antigo........... 126

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estimativa da quantidade de Resíduos Domiciliares Coletados e/ou

Resíduos Coletados por Habitante Urbano................................................. 25

Tabela 2 – Composição gravimétrica do RSU ......................................................... 26

Tabela 3 – Peso específico de materiais mais utilizados .......................................... 29

Tabela 4 – Fatores de Segurança recomendados para projetos de obras de

estabilização em locais sem processos de estabilização instalados............ 31

Tabela 5 – Composição, em percentagem de peso, para diferentes cidades............. 33

Tabela 6 – Composição gravimétrica do resíduo destinado à Célula Experimental. 34

Tabela 7 – Umidade dos Componentes do RSU Aterro Bandeirantes (São Paulo) ................................ 37 36

Tabela 8 – Valores de peso específico de RSU encontrados na literatura 39

Tabela 9 – Valores de Coeficiente de Permeabilidade de Aterros de RSU no

Brasil........................................................................................................... 41

Tabela 10 – Conteúdo de matéria orgânica nos RSU, de acordo com a metodologia

de Matos (2006). ....................................................................................................................... 49 48

Tabela 11 – Valores de j e w ...................................................................................................................... 51 50

Tabela 12 – Dados granulométricos da camada de cobertura de aterro encontrados

na literatura ................................................................................................................................... 85

Tabela 13 – Dados da literatura dos limites de consistência da camada de cobertura

da CE. 86

Tabela 14 – Dados da curva de compactação (camada de cobertura de aterro) na

literatura ........................................................................................................................................ 87

Tabela 15 – Resumo dos ensaios de caracterização, de compactação, CBR e

Expansão realizada no solo de cobertura da Célula Experimental. .............................................. 88

Tabela 16 – Composição gravimétrica dos RSU do Aterro Antigo e de outros

autores da literatura ....................................................................................................................... 90

Tabela 17 – Limites de consistência............................................................................ 91

Tabela 18 – Densidade Real........................................................................................ 92

Tabela 19 – Teor de Matéria Orgânica ...................................................................................................... 92 92

Tabela 20 – Resultados dos ensaios de ISC e expansão realizados no RSU............... 94

Tabela 21 – Condição dos corpos de prova e valores da tensão cisalhante do RSU ..................................... 95

Tabela 22 – Coesão e ângulo de atrito do RSU de acordo com a percentagem de

deslocamento horizontal............................................................................. 97

Tabela 23 – Resultados dos ensaios de GeoGauge - rigidez no ano de 2014 ................................................ 101

Tabela 24 – Resultados dos ensaios de GeoGauge - módulo de elasticidade no ano

de 2014 .................................................................................................................................... 103 102

Tabela 25 – Resultados ensaios com o GeoGauge em função do tempo ................................................ 104 103

Tabela 26 – Resultados ensaios com o Geogauge em função do tempo..................... 104

Tabela 27 – Resumo das médias de rigidez e das determinações do módulo de

elasticidade ao longo do tempo................................................................... 105

Tabela 28 – Resumo das provas de carga direta realizadas nos maciços de RSU da

Célula Experimental e do Aterro Antigo ................................................................................ 112 112

Tabela 29 – Cálculo do qult e do qadm das provas de carga diretas ........................................................... 117 117

LISTA DE SÍMBOLOS

E Módulo de elasticidade

Kg Quilograma

t Tonelada

d Dia

% Porcentagem

m2 Metro quadrado

m3 Metro cúbico

≤ Menor ou igual que

Tg/ano Teragrama por ano

CH4 Metano

CO2 Dióxido de carbono

NH3 Amônia

H2 Hidrogênio

H2S Gás sulfídrico

N2 Nitrogênio

O2 Oxigênio

kN/m3 Quilo Newton por metro quadrado

k Coeficiente de permeabilidade

Tensão normal

Tensão cisalhante

T Força

mm Milímetro

kPa Quilo Pascal

o Graus

Ângulo

cm Centímetro

m Metro

Ph Tensão de ruptura da placa

D Espessura do solo de cobertura

B Diâmetro da placa

c1 Resistência ao cisalhamento não drenada do solo

Prs Tensão atuante sobre os resíduos

q Sobrecarga

S’ Fator de forma (placa circular = 0,2)

c2 Resistência não drenada dos resíduos sólidos

Tensão de puncionamento

P Tensão atuante na placa

Nc Coeficiente da carga de ruptura

t Diferença entre o tempo de interesse e o tempo inicial

H Recalque medido entre ti e t0

Hult Recalque último esperado em t0

Taxa de recalque inicial em t0.

t Tempo

km Quilômetro

ha Hectare

g Grama

pol/min Polegadas por minuto

oC Graus Celsium

ml Milílitro

cm3 Centímetro cúbico

wL Limite de liquidez

wP Limite de plasticidade

wI Índice de plasticidade

h Horas

ruptura Tensão de ruptura

w Recalque

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 21

1.1 Contexto geral..................................................................................................... 21

1.2 Motivação e justificativa.................................................................................... 21

1.3 Objetivos............................................................................................................. 22

1.3.1 Objetivo geral....................................................................................................... 22

1.3.2 Objetivos específicos............................................................................................ 22

1.4 Metodologia........................................................................................................ 23

1.5 Estrutura da tese................................................................................................ 23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 24

2.1 Resíduos sólidos urbanos (RSU)....................................................................... 24

2.2 Aterro sanitário.................................................................................................. 27

2.3 As fundações de edificações............................................................................... 28

2.4 Fator de segurança............................................................................................. 31

2.5 Propriedades físicas dos RSU............................................................................ 32

2.5.1 Composição.......................................................................................................... 32

2.5.2 Distribuição do Tamanho das Partículas........................................................... 34

2.5.3 O Teor de Umidade.............................................................................................. 35

2.5.4 Temperatura......................................................................................................... 36

2.5.5 Biodegradação..................................................................................................... 37

2.5.6 Produção de Chorume........................................................................................ 37

2.5.7 Produção de Gases.............................................................................................. 37

2.5.8 Peso Específico.................................................................................................... 38

2.5.9 Compactação....................................................................................................... 40

2.5.10 Permeabilidade dos RSU..................................................................................... 41

2.5.11 Propriedades Mecânicas dos RSU...................................................................... 42

2.5.12 Compressibilidade dos RSU................................................................................ 42

2.5.13 Resistência ao Cisalhamentos dos RSU............................................................. 43

2.5.14 Ensaio de Matéria Orgânica............................................................................... 48

2.6 Ensaios de Campo.............................................................................................. 49

2.6.1 Sondagem à Percussão (SPT)............................................................................ 49

2.6.2 Ensaio de GeoGauge........................................................................................... 51

2.7 Previsão do Comportamento Geomecânico de Aterros Sanitários................ 53

2.7.1 Modelos de Previsão de Capacidade de Maciços de RSU.................................. 53

2.7.2 Ensaio de Placa................................................................................................... 53

2.7.2.1 Hipótese da Resistência Nula dos Resíduos....................................................... 54

2.7.2.2 Hipótese Considerando Resistência Total dos Resíduos................................... 54

2.7.2.3 Hipótese de Comportamento Elástico.................................................................. 55

2.7.2.4 Hipótese Baseada na Teoria de Brown e Meyerhorf (1969)............................... 56

2.7.3 Modelos de Previsão de Capacidade de Recalques......................................... 56

2.7.3.1 Modelos Tradicionais........................................................................................... 57

2.7.3.1.1 Modelo de Sowers................................................................................................ 57

2.7.3.1.2 Modelo de Bjarngard e Edgers............................................................................. 57

2.7.3.1.3 Modelo de Yen e Scanlon (1975)......................................................................... 58

2.7.3.1.4 Modelo Hiperbólico de Ling et al. (1998)........................................................... 58

2.7.3.2 Modelos Convencionais....................................................................................... 59

2.7.3.2.1 Modelo de Meruelo (1995).................................................................................. 59

2.8 Tendência Mundial............................................................................................ 60

3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 64

3.1 Local de Estudo................................................................................................. 64

3.2 Coleta de Amostras........................................................................................... 66

3.3 Ensaios de Laboratório..................................................................................... 66

3.3.1 Ensaios no Solo de Cobertura............................................................................ 67

3.3.1.1 Ensaios de Granulometria................................................................................... 67

3.3.1.2 Ensaios de Plasticidade....................................................................................... 68

3.3.1.3 Ensaios de Compactação..................................................................................... 68

3.3.1.4 Ensaios de Índice de Suporte Califórnia............................................................. 68

3.3.2 Ensaios nos RSU................................................................................................. 69

3.3.2.1 Composição Gravimétrica................................................................................... 69

3.3.2.2 Distribuição do Tamanho das Partículas............................................................ 70

3.3.2.3 Ensaio de Plasticidade......................................................................................... 70

3.3.2.4 Ensaio de Densidade Real................................................................................... 70

3.3.2.5 Ensaio de Teor de Matéria Orgânica.................................................................. 71

3.3.2.6 Ensaio de Compactação...................................................................................... 72

3.3.2.7 Ensaio de Resistência ao Cisalhamento Direto.................................................. 73

3.4 Ensaios de Campo.............................................................................................. 74

3.4.1 Sondagens à Percussão...................................................................................... 74

3.4.2 GeoGauge............................................................................................................ 75

3.4.3 Ensaios de Prova de Carga Direta..................................................................... 78

3.5 Comparação dos resultados dos ensaios de campo......................................... 82

3.6 Previsões do módulo de elasticidade e comparação das previsões................ 82

3.7 Previsão de deslocamentos nos RSU Comparação dos Resultados............... 82

4 RESULTADOS E ANÁLISES.......................................................................... 84

4.1 Resultados dos Ensaios de Laboratório Realizados........................................ 84

4.1.1 Ensaios Realizados no Solo de Cobertura.......................................................... 84

4.1.2 Ensaios Realizados nos RSU.............................................................................. 89

4.1.2.1 Composição Gravimétrica................................................................................... 89

4.1.2.2 Distribuição Granulométrica............................................................................... 90

4.1.2.3 Ensaio de Limites de Consistência....................................................................... 91

4.1.2.4 Ensaio de Densidade Real................................................................................... 91

4.1.2.5 Ensaio de Teor de Matéria Orgânica.................................................................. 92

4.1.2.6 Ensaio de Compactação....................................................................................... 92

4.1.2.7 Ensaio de ISC e Expansão ........................................................................................................ 94 93

4.1.2.8 Ensaio de Cisalhamento Direto........................................................................... 94

4.2 Ensaio de Campo................................................................................................ 97

4.2.1 Sondagens à Percussão (SPT)........................................................................... 98

4.2.1.1 Sondagens à Percussão realizadas Célula Experimental.................................... 98

4.2.1.2 Sondagens à Percussão relizadas no Aterro Antigo............................................. 103

4.3 Ensaios com o GeoGauge................................................................................... 104

4.4 Ensaios de Prova de Carga Direta.................................................................... 111

4.5 Comparação dos resultados dos ensaios de campo......................................... 123

4.6 Previsão dos Módulos de Elasticidade e Comparação das Previsões............ 125

4.7 Previsão de Recalques no Maciço de RSU....................................................... 129

5 CONCLUSÃO E SUGETÕES DE PESQUISA.............................................. 133

REFERÊNCIAS................................................................................................. 137

21

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto geral

Os aterros sanitários são locais destinados à deposição final dos resíduos sólidos

gerados pela atividade humana. Estes são compostos de resíduos domésticos, comerciais, de

serviço de saúde, da indústria de construção, enfim, resíduos que não sofreram nenhum

destino nobre como a reutilização, reciclagem, compostagem, aproveitamento energético e

mesmo os resíduos não aproveitados de usinas de reciclagem.

O aterro não é somente um local de armazenamento, mas também é um

empreendimento projetado de acordo com normas específicas de engenharia para

administração e deposição final dos resíduos sólidos de cidades que fazem uso de suas

capacidades. Isto porque a solução que muitas pequenas cidades estão encontrando é o

consórcio de cidades vizinhas para construção de aterros sanitários coletivos.

O aterro sanitário é a solução mais indicada de disposição final de Resíduos

Sólidos Urbanos (RSU) no solo, sem causar danos e riscos à saúde, e à segurança das pessoas,

com impactos ambientais minimizados, pois permite, ou pelo menos deveria o monitoramento

e tratamento dos líquidos e gases gerados pela decomposição dos resíduos.

O gerenciamento de um aterro sanitário correto exige o cumprimento rigoroso das

várias etapas da deposição dos RSU, como a impermeabilização do solo, o confinamento e a

compactação do RSU com uma camada de solo, a captação e tratamento do chorume, e a

extração e queima controlada dos gases gerados.

Apesar da grande heterogeneidade que os RSU apresentam em sua composição,

quando estão dispostos no corpo do maciço do aterro, compactados e após os recalques, com a

retirada dos gases de efeito estufa (GEE) e do lixiviado, podem tornar-se estáveis, com

características muito próximas as de materiais geotécnicos convencionais.

As principais propriedades mecânicas dos RSU relacionadas ao seu uso como

suporte de pequenas obras de engenharia estão relacionadas à sua resistência ao cisalhamento,

à sua compressibilidade e à sua permeabilidade. Todas estas propriedades são bastante

influenciadas pela composição e estado de alteração do resíduo consolidado, bem como pelos

índices físicos e pelo comportamento mecânico individual de cada um de seus componentes.

22

1.2 Motivação e justificativa

Os aterros sanitários são áreas de extrema importância para a sociedade

consumista atual, desativados, representam espaços em ¨standby¨ para o poder público. Sem

definição, tornam-se áreas ocupadas ilegalmente, onde as famílias convivem com mau cheiro

e doenças inerentes ao ambiente. Assumidas pelo governo poderiam ter suas finalidades

definidas oficialmente, como parque, campo de futebol, estacionamentos.

Existe uma dificuldade de definição de parâmetros para a ocupação destas áreas,

seja pela complexidade do comportamento geomecânico do maciço dos resíduos sólidos, seja

pela ausência de estudos das características quando submetidos a carregamentos dos resíduos

sólidos no Brasil, dessa forma, é necessária a definição de técnicas e metodologias que melhor

se enquadrem na realidade das cidades ou do ambiente urbano.

O encerramento da vida útil do ASMOC tem sido marcado por sucessivos

adiamentos, graças à união de células desativadas, o fechamento definitivo está programado

para o ano de2018. Uma nova área para expansão do ASMOC já está em fase de implantação,

localizado na área adjacente ao aterro atual. E a captação de gás da Gás Natural Renovável -

GRN Fortaleza que irá tratar o biogás está em fase de início de operação.

O trabalho com o maciço de RSU mostrou-se como um desafio, uma

oportunidade de empregar conhecimento acumulado em geotecnia, agora em resíduos, cujos

parâmetros técnicos e equipamentos precisam ser testados, o que exigem bastante pesquisa e

parâmetros que ainda estão a ser investigados.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

A avaliação da evolução do comportamento geomecânico de Aterros Sanitários do

Estado do Ceará através da realização de ensaios de laboratório e de campo.

1.3.2 Objetivos específicos

- Realizar ensaios geotécnicos de campo ao longo do tempo, como o

Standard Penetration Test – SPT; módulo de deformação – GeoGauge; e

ensaios de prova de carga direta (PCD), em uma célula experimental,

assim como em células desativadas com características semelhantes;

23

- Realizar ensaios geotécnicos de laboratório, como composição

granulométrica, granulometria, plasticidade; densidade real, teor de

matéria orgânica, compactação, índice de suporte Califórnia, e

cisalhamento direto, em RSU de células desativadas, com características

semelhantes;

- Comparar o comportamento do Aterro Antigo (aleatório) com a Célula

Experimental (planejada).

- Realizar medidas de rigidez nos RSU através do GeoGauge, para

verificar, de forma pioneira, sua aplicabilidade em obras de maciços de

aterros sanitários;

- Avaliar se determinação de parâmetros de deformabilidade por diferentes

ensaios conduzem a diferentes valores e porque isso ocorre;

- Avaliar tendências na mudança de comportamento nos RSU ao longo do

tempo.

1.4 Metodologia

A metodologia adotada para a realização desta pesquisa tem como base a

execução das seguintes etapas: pesquisa bibliográfica; escolha do local para execução do

estudo; coleta de amostras deformadas do solo de cobertura e de RSU; realização dos ensaios

de caracterização no solo de cobertura (granulometria, plasticidade, compactação e índice de

suporte Califórnia) e caracterização dos RSU (umidade, composição gravimétrica,

granulometria, plasticidade, densidade real, teor de matéria orgânica, compactação, índice de

suporte Califórnia, e cisalhamento direto).

Os ensaios de campo realizados foram sondagem à percussão (standard

penetration test - SPT), GeoGauge e provas de carga direta; apresentação; análise dos

resultados e proposição de procedimentos de investigação e de projeto que considerem as

peculiaridades desse tipo de obra.

1.5 Estrutura da tese

A presente tese foi estruturada em 6 capítulos. No capítulo 1 é apresentada uma

introdução sobre o assunto abordado, a metodologia e a estrutura da tese.

24

O capítulo 2 contém uma revisão bibliográfica dos diversos temas enfocando-se

basicamente, os conceitos gerais, tipos e técnicas empregadas na execução de aterros

sanitários, enfatizando os principais elementos estruturais de um aterro.

No capítulo 3 apresentam-se os métodos e os equipamentos utilizados na

realização dos diversos ensaios, escolha do local de estudo, o Aterro Sanitário Metropolitano

Oeste de Caucaia – ASMOC, e descrição da área de investigação. Coleta de amostras, ensaios

de laboratório e de campo. Comparação dos resultados e previsão dos módulos de elasticidade

e dos recalques no maciço de RSU.

No capítulo 4 apresentam-se os resultados obtidos e análises através dos ensaios

de campo e de laboratório. Os resultados dos ensaios de caracterização de laboratório

realizados do solo de cobertura e no RSU. Resultados dos ensaios de campo – ensaios de

sondagem à percussão na Célula Experimental e no Aterro Antigo; ensaios de GeoGauge na

Célula Experimental e no Aterro Antigo; ensaios de placa na Célula Experimental e no Aterro

Antigo. Comparação e previsão dos módulos de elasticidade e dos recalques no maciço de

RSU.

Finalmente, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões inerentes à pesquisa,

como também às sugestões para pesquisas futuras que venham a ser realizadas em

continuidade a este trabalho.

25

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para melhor compreensão deste trabalho, apresenta-se a seguir a revisão bibliográfica

realizada para contextualizar os objetivos, os procedimentos e as conclusões obtidas durante o

desenvolvimento desta pesquisa.

2.1 Resíduos sólidos urbanos (RSU)

Atualmente, as pessoas vivem numa sociedade de consumo, cuja grande

característica é produzir lixo. Nos últimos dez anos, a população do Brasil aumentou 9,65%,

enquanto que, no mesmo período, o volume de lixo cresceu mais do que o dobro disso, 21%

(ABRELPE, 2012). A questão da destinação final dos RSU no Brasil é muito complexa, tendo

em vista a dimensão continental do país e as realidades diversas de suas regiões. Algumas

grandes cidades possuem estrutura para se dar ao lixo o destino correto, porém muitas outras

não dispõem dessa estrutura e convivem ainda com a realidade dos lixões, contribuindo para a

contaminação ambiental e populacional.

Zanta e Ferreira (2003) definem resíduos sólidos urbanos como os materiais

resultantes das inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com aglomerações humanas,

abrangendo resíduos de várias origens, como residencial, comercial, de estabelecimentos de

saúde, industriais, da limpeza pública (varrição, capina, poda e outros), da construção civil e,

finalmente, os agrícolas.

Para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), no Brasil, foi

aprovada a Lei nº 12.305/10, regulamentada pelo Decreto 7.404/10. Essa política propõe a

prática de hábitos de consumo sustentável e contém instrumentos variados para propiciar o

incentivo à reciclagem e à reutilização dos resíduos sólidos, bem como a destinação

ambientalmente adequada dos rejeitos.

A lei ainda cria metas importantes para a eliminação dos lixões até o ano de 2016,

mas vem sofrendo vários adiamentos, por conta da falta de prioridade do tema nas prefeituras

brasileiras; determina, ainda, a elaboração de um Plano Nacional de Resíduos Sólidos com

ampla participação social, contendo metas e estratégias nacionais sobre o tema.

Atualmente, observa-se com freqüência uma polêmica entre empreiteiras, governo e

moradores na tentativa de ocupação de terrenos de antigos lixões, como é o caso da ocupação

e expansão da construção civil na área onde funcionava o antigo lixão da capital de Alagoas,

Maceió, em Cruz das Almas. Um desabamento, ocorrido em maio de 2015, do muro de contenção

26

de uma obra executada no local, causou grande preocupação. No lugar do acidente, está sendo

construído um condomínio de prédios residenciais.

De acordo com o IPEA- Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos 2012, por

diversos motivos, tais como disposição irregular, coleta informal, ou insuficiência do sistema

de coleta pública, não necessariamente todo o resíduo sólido gerado é coletado, isto é, mesmo

onde existe a estrutura, parte destes RSU não chega aonde deveria ser seu ponto final.

Segundo o ABRELPE (2016), o Brasil gerou 78,3 milhões de toneladas de RSU em

2016. No entanto, só foram coletadas 71,3 toneladas, o que evidencia que 7 milhões de

toneladas de resíduos não foram coletadas, tendo destino impróprio.

Dos resíduos coletados em 2011, 58% foram destinados a aterros sanitários, 24% em

aterros controlados e 17% em lixões. Isso significa que cerca de 75 mil toneladas diárias ainda

têm destinação inadequada, sendo encaminhadas para lixões ou aterros controlados, os quais

não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção do meio ambiente

contra danos e degradações (ABRELPE, 2012).

Outro aspecto importante é o volume de RSU gerados e o seu crescimento, segundo a

PNSB, coleta-se diariamente no Brasil cerca de 259.547 toneladas de resíduos sólidos, sendo

183.488 toneladas referentes aos resíduos domiciliares. O valor médio dos resíduos

domiciliares produzidos no Brasil era de 0,74 kg por habitante ao dia, destacando-se a região

Norte com a menor taxa (0,58 kg/hab./dia) e a região Sudeste com a maior taxa,

correspondente a 1,3kg/hab/dia (JUCÁ, 2003). Esse fato, de certa forma, reflete a influência

do nível de desenvolvimento do local na produção de resíduos sólidos.

A Tabela 1, adaptada do IBGE (2002) com a ABRELPE (2016), mostra a estimativa

da quantidade de resíduos sólidos coletados em 2000 e 2016. Enquanto, no Brasil, o

acréscimo foi de 31,13%, em 16 anos, na região Nordeste esse acréscimo foi de apenas

15,59%.

Tabela 1- Estimativa da quantidade de Resíduos Domiciliares Coletados e/ou Resíduos Coletados por Habitante

Urbano

Fonte: Datasus e IBGE (2002, 2010a); ABRELPE (2016).

Unidade de análise

Brasil

Quantidade de resíduos coletados

2000 2016

(t/dia) (t/dia)

Quantidade de resíduos por habitante urbano

2000 2016

(kg/hab. dia)(kg/hab. dia)

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

1,04

1,2

1,1

1,1

0,918.006,20 20.987

8.495,30 15.990

1,1149.049,30 195.452

10.991,40 12.500

37.507,40 43.355

79.094,00 102.620

0,8

0,87

0,97

1,21

0,75

1,09

27

A Figura 1 mostra um comparativo dos RSU gerados e coletados em 2011, no Brasil,

por região. Nota-se que a região Nordeste é a com maior disparidade entre resíduos gerados e

coletados.

Figura 1 - RSU gerados e coletados em 2011 no Brasil

Fonte: Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético (2013)

Os RSU são constituídos de três fases: sólida, líquida e gasosa. No entanto, há

variação da proporção dessas fases ao longo do tempo, em função dos processos de

biodegradação. Daí a importância da compreensão da interação existente entre as três fases e

as alterações destas com o tempo. Um exemplo da heterogeneidade dos RSU está apresentado

naTabela 2 que mostra um arranjo típico de percentuais dos constituintes dos resíduos sólidos

urbanos.

Tabela 2- Composição gravimétrica do RSU

Componente %

Matéria Orgânica 51,4

Plásticos 13,7

Papel e Papelão 13,1

Têxteis e Couro 2,8

Madeira 1,2

Borracha 0,5

Inertes 17,3

Soma 100,0

Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos, MMA (2012)

Na composição inicialmente dos RSU, há o predomínio de componentes sólidos, e

segundo Santos & Presa (1995), o processo de degradação biológica transforma a matéria

28

orgânica sólida inicial numa considerável quantidade de gases e líquidos, dependendo do teor

de umidade, do conteúdo orgânico e das condições climáticas locais, mais especificamente da

temperatura.

2.2 Aterro sanitário

Na cidade de Fortaleza, de acordo com Santos et al. (2008), existiram 5 lixões ao

longo da história: Lixão do João Lopes, no bairro Monte Castelo (1956 a 1960); Lixão da

Barra do Ceará (1961 a 1965); Lixão do Buraco da Jia, no bairro Antônio Bezerra (1966 a

1967); Lixão do Henrique Jorge (1968 a 1977); e o Lixão do Jangurussu (1978 a 1998). Com

exceção do último, todos foram ocupados indiscriminadamente.

Desativado há dezenove anos, o Lixão do Jangurussu até hoje carece de um plano

de controle dos poluentes e de uma política de destinação da área. Enquanto isso, o referido

lixão continua sendo ocupado paulatinamente por famílias carentes que convivem com a

insalubridade alarmante do local, insetos, roedores e doenças diversas.

De acordo com a NBR 13.896 (ABNT, 1997), aterro sanitário é a forma de

disposição de RSU que obedece a critérios de Engenharia e normas operacionais específicas,

permitindo o confinamento seguro em termos de controle de poluição ambiental e proteção à

saúde pública.

Segundo a NBR 8419 (ABNT, 1992), ―Aterro sanitário é um método de

disposição de resíduos sólidos no solo, sem provocar prejuízos ou ameaças à saúde e à

segurança, utilizando–se princípios de engenharia, de tal modo, a confinar o lixo no menor

volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra, ao final do trabalho de cada dia, ou

mais frequentemente, conforme o necessário‖.

De acordo com FEAM (2006), o aterro sanitário é uma técnica de disposição de

resíduos sólidos urbanos no solo que não causa danos à saúde pública e ao meio ambiente.

Mesmo assim, esse método de disposição final dos resíduos deve contar com todos os

elementos de proteção ambiental, listados a seguir:

a) Sistema de impermeabilização de base e laterais;

b) Sistema de recobrimento diário e cobertura final;

c) Sistema de coleta e drenagem de líquidos percolados;

d) Sistema de coleta e tratamentos dos gases;

e) Sistema de drenagem superficial;

f) Sistema de tratamento de líquidos percolados;

29

g) Sistema de monitoramento.

A Figura 2 mostra detalhes da célula de RSU, o sistema de drenagem numa célula

fechada e o RSU antes da compactação.

Figura 2 - Detalhes da célula de RSU célula fechada a) e RSU antes da compactação b)

a) b)

Fonte: Elaborado pelo autor

1.3 As fundações de edificações

As fundações são elementos estruturais artificiais intermediários entre o terreno e

a obra de engenharia e têm a função de transmitir ao terreno as cargas da construção, devendo

ter a resistência necessária para suportar esses esforços.

Por sua vez, o solo deve ter resistência e rigidez para não sofrer deformações que

possam comprometer a obra. De acordo com Barros (2011), o sistema de fundações é

formado pelo elemento estrutural do edifício que fica abaixo do solo, podendo ser constituído

por bloco, estaca ou tubulão, por exemplo, e o maciço de solo envolvente sob a base e ao

longo desta.

Gusmão (1998) cita ainda que a superestrutura e a vizinhança são elementos que

devem ser considerados integrantes do sistema solo-fundação.

São diversas as variáveis a serem consideradas para a escolha do tipo de fundação.

Em relação às características do maciço do solo, os parâmetros para escolha da fundação são:

- Variabilidade das camadas e a profundidade de cada uma delas;

- Existência de camadas resistentes ou adensáveis;

- Compressibilidade ou resistência do solo;

- Posição do nível d’água.

Com relação à topografia, devem-se considerar dados sobre taludes e encostas do

terreno; dados sobre erosão, devido às grandes diferenças de cota dos platôs; presença de

30

obstáculos, como os drenos; e necessidade de efetuar corte e aterro, nesse caso, jamais

assentar a base da fundação na camada de RSU e sim na camada de solo.

Os dados da obra são considerados de acordo com a arquitetura, o tipo e o uso da

estrutura, como, por exemplo, se consiste em um edifício, caixa d’água ou ponte e as cargas

atuantes.

Realizado esse estudo, são descartadas as fundações que oferecem limitações de

emprego para a obra que se está realizando a análise. Ainda assim, devem-se levar em

consideração diversas condições para que o construtor escolha o tipo mais adequado de

fundação de acordo com o custo, disponibilidade financeira e o prazo desejado.

As cargas da edificação são projetadas através de plantas de cargas da estrutura,

onde são considerados vários tipos de cargas:

Cargas vivas: cargas operacionais (ocupações, armazenamento,

passagem de veículos, frenagens, etc.) ambientais (ventos) e

acidentais (colisão, explosão, fogo, etc.).

Cargas mortas: peso próprio da construção e equipamentos fixos,

empuxo de terra.

Cargas excepcionais: as que têm duração extremamente curta e muito

baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da obra, mas que

precisam ser consideradas no projeto de determinadas estruturas

(enchentes, incêndios, sismos, etc.).

A Tabela 3fornece o peso específico dos materiais mais utilizados nos elementos

constituintes de uma construção para se ter uma informação sobre os valores dos

carregamentos.

Tabela 3- Peso específico de materiais mais utilizados

Material Peso específico Unidade

Alvenaria de pedra 2200 a 2400 kg/m3

Alvenaria de tijolo maciço revestido 1600 kg/m3

Alvenaria de tijolo furado revestido 1300 kg/m3

Concreto simples 2200 kg/m3

Concreto armado 2500 kg/m3

Revestimento com madeira (taco) 45 kg/m2

Ladrilho e pedras de piso 50 kg/m2

Mármore de 2 a5 cm de espessura 50 a 90 kg/m2

Revestimento de tetos e pisos de lajes com

argamassa 25 kg/m

2

31

Material Peso específico Unidade

Telhado completo – telha francesa 125 kg/m2

Telhado completo – telha canal 150 kg/m2

Telhado completo – cimento amianto 90 kg/m2

Madeira de lei 900 kg/m3

Fonte: Barros (2011)

Para solos com alta capacidade de suporte são indicadas as fundações diretas ou

rasas, que são aquelas em que a carga da estrutura é transmitida diretamente ao solo pela

fundação. São executadas em valas rasas, com profundidade máxima de três metros, e

caracterizadas por apresentarem formato de blocos, vigas de fundação, sapatas associadas e

radiers.

As fundações superficiais, rasas ou diretas, são aquelas em que a profundidade de

assentamento da fundação no solo é menor ou igual a sua largura. A distribuição de carga do

pilar para o solo ocorre pela base do elemento da fundação, sendo que a carga

aproximadamente pontual que ocorre no pilar é transformada em carga distribuída, num valor

tal que o solo seja capaz de suportá-la. Outra característica da fundação é a necessidade da

abertura da cava para construção do elemento de fundação no fundo dela.

Deve-se sempre executar sondagens geotécnicas no sentido de reconhecer o

subsolo e escolher o tipo de fundação mais adequada para o tipo de solo de suporte. A

sondagem mais utilizada é o SPT ou Standard Penetration Test. Com ela, obtem-se:

- Os tipos de solos que ocorrem no subsolo até a profundidade de interesse do

projeto.

- As condições de compacidade (areia) ou consistência (argila) em que ocorrem os

diversos tipos de solos.

- Determinação da espessura das camadas constituintes do subsolo e avaliação da

orientação dos planos (superfície) que as separam.

- Informação completa sobre a ocorrência de água no subsolo.

As fundações profundas são aquelas em que a profundidade de assentamento deve

ser maior que o dobro da menor dimensão em planta do elemento de fundação ou, segundo a

ABNT, NBR 6122 (2010), fundação profunda é aquela que transmite a carga proveniente da

superestrutura ao terreno pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral

(resistência de fuste) ou pela combinação das duas.

32

1.4 Fator de segurança

Segundo Borella (2004), as principais condicionantes de risco para a utilização

pós-encerramento do aterro são: o deslocamento vertical (recalque), a estabilidade global

(escorregamento dos taludes do maciço/deslocamento horizontal do maciço), a variação de

produção de líquidos percolados e os gases.

O deslocamento vertical ou recalque é o processo de afundamento do terreno que

provoca deformações verticais na área de disposição de resíduos. O monitoramento

geotécnico responsável pelo controle, não apenas desse deslocamento vertical, mas também

dos deslocamentos horizontais do maciço, é realizado através de marcos superficiais (marcos

planaltimétricos ou marcos de referências fixas) que são observados e acompanhados

periodicamente.

Os chamados marcos superficiais são instrumentos incorporados superficialmente

que têm a função de servir como orientadores dos deslocamentos, aos quais o aterro está

sujeito.

No que toca aos deslocamentos verticais, são analisados o recalque total, o

recalque parcial e a velocidade vertical dos deslocamentos, o que permite agilizar a definição

de ações passíveis de serem tomadas, no caso de ocorrência de situações adversas ao

normalmente observado.

Os fatores de segurança são critérios estabelecidos com base em condições em

que a obra é realizada, levando-se em consideração fatores, como carregamento, fluxo d’água

e saturação do solo, e parâmetros de resistência dos materiais. A Tabela 4 apresenta os fatores

de segurança estabelecidos pela NBR 11.682 (ABNT, 2004):

Tabela 4- Fatores de Segurança recomendados para projetos de obras de estabilização em locais sem processos

de estabilização instalados.

Grau de Segurança

Necessário para o local

Fatores de Segurança recomendados para projetos de estabilização

FSm* FSc**

Muito alto 1,5 1,2

Alto 1,4 1,15

Médio 1,3 1,1

Baixo 1,2 1,05

Fonte: NBR 11682 (ABNT, 2004).

*FSm: Fator de Segurança calculado para as condições mais prováveis

(estatisticamente).

33

**FSc: Fator de Segurança calculado para condições críticas (estatisticamente):

seja de carregamentos, inclusive os efeitos de fluxo d’água e saturação do solo, seja para os

parâmetros de resistência dos materiais (ABNT NBR 11682, p. 28, 2004).

Isto posto, Borella (2004) afirma que, pelo comportamento do maciço, pequena

variação de recalques e estabilidade, e até mesmo a execução de construções poderiam ser

possíveis, desde que os materiais e o tipo de fundações utilizadas fossem adequados à situação

do local.

Quanto à produção de líquidos percolados, esse item pode ter pouca importância

para utilização sequencial da área, uma vez que toda a produção nesse local deve ser

transportada para estações de tratamento de esgoto, para ser diluído, bem como o local de

acumulação poderá ser isolado.

A condicionante que leva mais tempo para desaparecer numa Área de Resíduos

Desativada - ARD é a produção de gás, que não pode ser negligenciada, visto que poderá

causar riscos aos futuros usuários do local. A solução seria o reaproveitamento do biogás

gerado pela decomposição da matéria orgânica.

1.5 Propriedades Físicas dos RSU

A composição é uma característica fundamental para o estudo físico dos materiais.

No entanto, o RSU possui a propriedade de alteração de sua composição devido aos materiais

degradáveis.

O resíduo sólido urbano é altamente heterogêneo, apresentando tanto

componentes inertes como os degradáveis (matéria orgânica), os quais passam por processos

de degradação, gerando gás e chorume. A degradação pode provocar alterações significativas

nas propriedades mecânicas desses materiais (CARVALHO, 1999).

2.5.1 Composição

A composição física ou gravimétrica define o percentual dos diversos

componentes presentes no lixo. A composição gravimétrica normalmente reflete o nível de

renda da população. Desse modo, é de se esperar que populações mais ricas apresentem, por

exemplo, um menor percentual de material orgânico e maiores percentuais de vidro e material

plástico, em consequência de uma menor manipulação de alimentos, e maior utilização de

alimentos semiprontos.

34

A fase sólida dos RSU é constituída por uma mistura de materiais de diferentes

tipos, formas e dimensões, tais como papel, plástico, tecido, borracha, madeira, vidros, metais,

resíduos alimentares e de feiras, entulhos e outros. Esta composição é muito heterogênea,

variando tanto no percentual como nas dimensões desses materiais. Carvalho (1999) apresenta

dados compilados de alguns autores da composição dos RSU de diversas localidades,

representados na Tabela 5.

Tabela 5- Composição, em percentagem de peso, para diferentes cidades

RSU

Cidade/País

Bangkok

Tailândia

Pequim

China

New York

USA

Istambul

Turquia

Atenas

Grécia

Cochabamba

Bolívia

Recife

Brasil

São Paulo

Brasil

Metal 1 1 5 2 4 1 2 5

Papel 25 5 22 10 19 2 15 14

Plástico - 1 - 3 7 3 8 14

Borracha

Couro e

madeira

7 1 3 6 4 1 - 7

Têxtil 3 - - 3 - - - 3

Mat.Org. 44 45 20 61 59 71 60 51

Vidro 1 1 6 1 2 1 2 1

Outros 19 46 46 14 5 21 13 5

Fonte: Carvalho (1999)

Devido à falta de padronização, há diferença na nomenclatura e dificuldade em

classificar os materiais no momento do ensaio. Por outro lado, de forma geral, observa-se uma

semelhança, como, por exemplo, o grande predomínio da porção materiais putrescíveis e

outros: no Rio de Janeiro é 59%, na Célula Experimental do ASMOC (Fortaleza) são 51%.

Segundo ABRELPE (2012), a composição dos resíduos sólidos no Brasil é 31,9% de

recicláveis, 51,4% material orgânico e 16,7% considerados como outros.

Porém, Jucá (2003) afirma que nossas normas técnicas sobre aterros de resíduos

sólidos foram elaboradas, em sua maioria, há duas décadas e praticamente não incorporam os

conceitos mais recentes de Geotecnia Ambiental. No entanto, aspectos de Geotecnia

Ambiental são aplicados atualmente a projetos de aterros de RSU, sendo primordiais na

elaboração deles, alguns podendo ser destacados.

Lamare Neto (2004), ao analisar a composição gravimétrica do resíduo da cidade

do Rio de Janeiro, constatou que os resíduos gerados em bairros mais pobres possuíam maior

peso específico que aqueles gerados nas regiões mais nobres da cidade. Ressalta-se que a

35

composição gravimétrica dos resíduos é influenciada também pelos hábitos e grau de

desenvolvimento da população.

Na Tabela 6, encontra-se a composição gravimétrica dos resíduos destinados à

Célula Experimental do ASMOC realizado por Carneiro e Moura (2016).

Tabela 6- Composição gravimétrica do resíduo destinado à Célula Experimental

Componentes

% em massa da amostra de

200 kg

Média

Materiais putrescíveis 38,8

Outros 12,6

Plástico 15,6

Fraldas 8,4

Trapos 7,7

Papel 9,8

PET 1,5

Vidro 2,5

Ferro 1,3

Borracha 1,1

Alumínio 0,8

Fonte: Adaptada de Carneiro e Moura (2016)

2.5.2 Distribuição do Tamanho das Partículas

O conhecimento dos elementos que compõem a massa de RSU e o percentual que

cada grupo de substância individualmente participa é de particular importância no estudo das

propriedades geomecânicas, haja vista que esse parâmetro regerá o comportamento global em

um aterro de resíduos sólidos.

A recomendação técnica GDA E 1-7, segundo DGGT (1994), traz que os

componentes individuais dos RSU são escolhidos de tal maneira que cada grupo de

substâncias apresente materiais com características similares e referentes ao comportamento

mecânico e estabilidade bioquímica. Os grupos de substâncias são:

- Peças grandes: substâncias residuais de grande porte, que são compostas de

diversos componentes como móveis, colchões, etc.;

- Papel / Papelão: substâncias residuais compostas basicamente de papel ou fibras

semelhantes ao papel, como papelão, embalagens de papel, impressos, etc.;

- Plásticos filmes: despejos que se componham basicamente de substâncias

sintéticas macias ou cujas características sejam dominadas por tais substâncias,

como embalagens plásticas macias, lâminas plásticas, têxteis, borracha macia,

couro macio, etc.;

36

- Plásticos duros: despejos que se componham basicamente de substâncias

sintéticas duras, como embalagens plásticas rígidas, copos de iogurte, garrafa

PET, plásticos rígidos, couro duro, borracha rígida, etc.;

- Metais: metais ferrosos e não ferrosos;

- Minerais: despejos que se componham basicamente de substâncias minerais ou

que apresentem um comportamento mecânico ou biológico similar (inertes),

como vidro, cerâmica, pedra, solo, etc.;

- Madeira;

- Material Misto: despejos com granulometria ≤ 20 mm que, de uma forma geral,

são constituídos por materiais orgânicos e minerais. O material misto ou

residual é dividido em dois grupos a seguir: a) 8 – 20 mm e b) ≤ 8 mm.

Os RSU são materiais multifásicos constituídos por fase sólida, líquida e gasosa,

assim como os solos. Existe uma variação do percentual das fases com o tempo, devido aos

processos de biodegradação que estão relacionados com teor de umidade, conteúdo orgânico

do RSU e condições climáticas. O ponto básico para a compreensão do comportamento dos

maciços de RSU é o conhecimento das interações existentes entre as três fases e as alterações

destas com o tempo.

O percentual de matéria orgânica dos RSU brasileiros, típicos de países em

desenvolvimento, varia na faixa de valores de 50 a 60% do peso total da amostra. Altos

percentuais de componentes orgânicos proporcionam elevados teores de umidade nos corpos

dos aterros de resíduos, elevando-se a produção de chorume, dentre outros efeitos

(BORGATTO, 2010).

2.5.3 O Teor de Umidade

O teor de umidade é muito importante na velocidade de degradação dos materiais

putrescíveis e depende da composição inicial do material, das condições climáticas locais, do

processo de operação dos aterros, da taxa de decomposição biológica, da capacidade e

funcionamento dos sistemas de coleta de líquidos percolados e do sistema de recolhimento.

Observam-se, na Tabela 7, os componentes papel e têxteis como os que retêm maiores teores

de umidade.

37

Tabela 7- Umidade dos Componentes do RSU Aterro Bandeirantes (São Paulo)

Componente Teor de Umidade (%)

Base Seca Base Úmida

Metais 19,6 16,4

Papel 74,8 42,8

Vidro 5,9 5,7

Plástico 41,5 29,3

Borracha 24,5 19,6

Têxteis 55,0 35,5

Pedra 12,6 11,2

Madeira 69,8 41,1

Pasta Orgânica 47,0 32,0

Fonte: Carvalho (1999)

2.5.4 Temperatura

Durante o processo de aterramento, em função da presença de oxigênio, a

decomposição é aeróbica, gerando gás carbônico, vapor de água e sais minerais.

As temperaturas dos RSU normalmente variam de 30 a 60º C, aumentando

conforme se avança a profundidade, em alguns aterros ela tende a se estabilizar entre cinco a

dez metros de profundidade, em outros casos isto é muito variável, existem aterros com

temperatura aumentando até 30 metros de profundidade. Sua importância deve-se à evolução

dos processos de degradação dos RSU, podendo deflagrá-los, acelerá-los ou mesmo retardá-

los.

Em alguns aterros sanitários logo após a compactação, o oxigênio cessa e as

temperaturas tendem a diminuir, devido à decomposição anaeróbica dos resíduos, que é um

processo biológico, envolvendo diversos tipos de micro-organismos, com cada grupo

realizando uma etapa específica, na transformação de compostos orgânicos complexos em

produtos simples, como os gases metano e sulfídrico.

2.5.5 Biodegradação

A biodegradação consiste em transformar componentes orgânicos, modificando

componentes sólidos, em gás e líquidos, influenciando as variações das propriedades

geotécnicas dos resíduos ao longo do tempo.

A biodegradação dos RSU é influenciada pelo tamanho das partículas, idade de

geração, composição, teor de umidade, temperatura no aterro (no corpo do aterro e ambiente

38

externo), aspectos quantitativos e qualitativos de nutrientes, pH dos líquidos presentes,

densidade e grau de compactação.

Os aterros sanitários podem ser entendidos como verdadeiros e heterogêneos

reatores biológicos, tendo como principais componentes de entrada e alimentação, os resíduos

sólidos e a água, e como principais elementos de saída, os líquidos percolados e o biogás

(MARQUES, 2001).

2.5.6 Produção de Chorume

Também chamado de lixiviado ou percolado, o chorume é um líquido com grande

quantidade de poluentes de coloração escura e de odor desagradável, encontrado normalmente

em recipiente onde ficou armazenado lixo por algum tempo. O chorume é o principal

contaminador de rios e do lençol freático. Ele é originário de três diferentes fontes: da

umidade natural do lixo, aumentando no período chuvoso; da água de constituição da matéria

orgânica, que escorre durante o processo de decomposição; e das bactérias existentes no lixo,

que expelem enzimas que dissolvem a matéria orgânica com formação de líquido.

2.5.7 Produção de Gases

Os fatores que podem influenciar na produção de biogás são composição dos

resíduos dispostos, umidade, tamanho das partículas, temperatura, pH, idade dos resíduos,

projeto do aterro e sua operação.

A geração de biogás inicia-se após a disposição dos resíduos sólidos,

encontrando-se registros de metano ainda nos primeiros três meses após a disposição,

podendo continuar por um período de 20, 30 ou até mais anos depois do encerramento do

aterro. O gás proveniente dos aterros contribui consideravelmente para o aumento das

emissões globais de metano. As estimativas das emissões globais desse gás, provenientes dos

aterros, oscilam entre 20 e 70 Tg/ano, enquanto que o total das emissões globais pelas fontes

antropogênicas equivale a 360 Tg/ano, indicando que os aterros podem produzir cerca de 6 a

20 % do total de metano (IPCC, 2005).

O gás de aterro é formado por vários componentes, alguns presentes em grandes

quantidades, como o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2), e outros em quantidades

em traços. Os gases presentes nos aterros de resíduos incluem metano, dióxido de carbono,

amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). O

metano e o dióxido de carbono são os principais gases provenientes da decomposição

39

anaeróbia dos compostos biodegradáveis dos resíduos orgânicos. A distribuição exata do

percentual de gases irá variar conforme todos os parâmetros já apontados e também conforme

a idade do aterro.

2.5.8 Peso Específico

O peso específico representa a relação entre a sua massa e o volume unitário da

massa de resíduos, sendo que seu valor sofre permanentes variações de acordo com a etapa

em que está sendo abordada, desde sua geração, lançamento, compactação e continua ao

longo do tempo.

Os fatores principais que influenciam o peso específico dos RSU são a sua

composição física (teor de material orgânico, recicláveis, etc.), sua granulometria (tamanho

médio de partículas), o grau de compactação durante a deposição (método executivo do

aterro) e seu estágio de degradabilidade. O valor do peso específico está diretamente ligado à

sua composição gravimétrica (distribuição dos grupos de substâncias), sendo que quanto

maior for a quantidade de componentes leves (papel, papelão, plásticos, etc.) ou quanto menor

for a quantidade de matéria orgânica, menor será seu valor. Observa-se que em áreas de maior

poder aquisitivo, com maior consumo de materiais supérfluos, o peso específico dos RSU é

menor, quando comparado a áreas de menor poder aquisitivo e com maior descarte de matéria

orgânica.

Uma das características determinantes no comportamento geotécnico de qualquer

aterro é o estado de tensões induzido pelo peso próprio dos materiais que o constituem. Desta

forma, torna-se incoerente o estudo do comportamento mecânico de qualquer material

aterrado sem que seja conhecido seu peso específico.

Apesar de não haver ensaios normalizados para a determinação do peso específico

dos RSU, ele pode ser determinado como sendo a relação entre o peso e o volume da massa

de resíduo. A Tabela 8apresenta valores de peso específico publicados na bibliografia

científica do assunto.

Tabela 8- Valores de peso específico de RSU encontrados na literatura

Autor Peso Específico

(kN/m3)

Local/Condições

KAIMOTO e CEPOLINA, 1997

5,0 – 7,0 Resíduos novos não decompostos e pouco

compactos

9,0 – 13,0 Resíduo após compactação

GABR e VALERO, 1995 8,0 Resíduo saturado

40

Autor Peso Específico

(kN/m3)

Local/Condições

BENVENUTO e CUNHA, 1991 10,0 Condição Drenada

13,0 Condição Saturada

SANTOS e PRESA, 1995 7,0 Resíduos novos

10,0 Resíduos após ocorrência de recalque

MAHLER e ITURRI, 1998 10,5 Sítio São João com 10 meses de alteamento

SARSBY, 2000 1,2 – 3,0 Resíduo lançado no aterro

KAVAZANJIAN, 2001 10,0- 20,0 EUA

SILVEIRA, 2004

12,2 – 14,8 Ensaio Percâmetro - Paracambi - RJ

18,2 Ensaio tipo vala, Gramacho – RJ

9,15 Ensaio tipo vala, Nova Iguaçu - RJ

BAUER, 2006 8,6 – 15,6 Aterro com Resíduos Degradados

CATAPRETA et al. 2005 7,0 – 11,0 Aterro Sanitário

CARVALHO, 2006 9,47 – 16,36 Paracambi – RJ

9,99 – 11,75 Ensaio Percâmetro, Santo André - SP

OCHS e SHANE, 2006

7,35 Resíduo Fresco, População Baixa Renda

4,9 Resíduo Fresco, População Classe Média

1,96 Resíduo Fresco, População Classe Alta

Fonte: Borgatto, 2010

Segundo Silveira (2004), propriedades como peso específico e permeabilidade

devem ser determinadas como função da porosidade, que, por sua vez, é função do método de

deposição, da sobrecarga aplicada e da idade do aterro. Uma grande parte dessas propriedades

sofre mudanças significativas com o tempo. A decomposição da matéria orgânica e os

processos de compressão primária e secundária alteram, de forma significativa, seus valores.

Lamare Neto (2004) verificou que o peso específico dos resíduos reduziu de (2,50

kN/m3), em 1986, para (1,70 kN/m

3), em 1998, no município do Rio de Janeiro. Segundo ele,

essa redução se deveu ao desenvolvimento tecnológico, o qual tem proporcionado a produção

de materiais mais leves, concluindo, portanto, que essa redução é uma tendência mundial.

2.5.9 Compactação

A compactação é o processo de abatimento da camada de RSU através da

passagem de uma máquina compactadora sobre a camada de RSU. Dessa forma, ocorre uma

variação do peso específico seco dos RSU, cujo comportamento é semelhante ao encontrado

em solos.

41

A compactação em RSU em aterros sanitários provoca a redução de volume da

massa de resíduos, por conta da aplicação de uma determinada pressão realizada com o

emprego de tratores. Ao longo do tempo, com a constante deposição de camadas sobrepostas

de RSU, o processo de decomposição da matéria orgânica acaba por promover uma redução

volumétrica do aterro e alterar o seu comportamento geotécnico, principalmente em relação à

sua estabilidade e aos possíveis recalques. Portanto, uma boa compactação garante, também,

aos maciços de um aterro sanitário, condições estruturais e de estabilidade (CATAPRETA et

al., 2003).

A compactação dos RSU exerce influência na resistência, estabilidade e

compressibilidade. Esse processo depende de fatores, como a composição dos RSU, espessura

da camada a ser compactada, massa e tipo de compactação realizada. Segundo Boscov (2008),

no Brasil, a compactação dos RSU geralmente é realizada por meio de tratores de esteiras,

embora existam rolos compactadores específicos para aterros sanitários.

A redução de volume de um maciço de lixo compactado pode ser de 30 a 40% do

seu volume inicial, dependendo da sua composição e do grau de rapidez de sua estabilidade e

do tempo. Os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento de recalques em aterros de

RSU são complexos, podendo ser ocasionados por processos físicos, químicos e biológicos,

devido à decomposição da matéria orgânica e dissipação das poro-pressões de líquidos e

gases, bem como à adição de novas camadas de lixo ou cobertura de solo e à

compressibilidade de suas frações constituintes (SIMÕES, 2000).

A variação do peso específico seco dos RSU com o teor de umidade de

compactação apresenta comportamento semelhante encontrado em solos, com base em

análises de um conjunto de curvas de compactação apresentadas por KÖNIG &

JESSBERGER (1997).

GABR e VALERO (1995) ensaiaram resíduos domiciliares com idade entre quinze e

trinta anos, utilizando energia do Proctor Normal. Nestes, obtiveram-se peso específico seco

máximo de 9,3 kN/m3, associado a um teor de umidade ótimo de 31%. A saturação completa foi

atingida com um teor de umidade de cerca de 70%, correspondendo a um peso específico seco de

aproximadamente de 8,0 kN/m3.

2.5.10 Permeabilidade dos RSU

O coeficiente de permeabilidade do resíduo sólido é um importante parâmetro de

projeto e operação de aterros. Seu conhecimento é necessário para o dimensionamento do

42

sistema de drenagem dos percolados e da estabilidade do maciço de resíduo, para a

estabilidade de fundação e taludes.

A permeabilidade (k) do RSU é influenciada pela sua composição gravimétrica e

pelo grau de compactação da massa de resíduo. Sua variação no RSU é devida a densidade e a

idade do resíduo. Vale observar que em estudos realizados por CEPOLLINA et al. (1994) em

poços de 50,0 cm de diâmetro e profundidade de 30,0 m em maciço de resíduos com elevados

percentuais de matéria orgânica e doze anos de deposição, foram obtidos valores da ordem de

10-E07cm/s para coeficiente de permeabilidade. Na Tabela 9, é observada uma coletânea de

resultados de ensaios de permeabilidade encontrados na literatura nacional e internacional.

Tabela 9- Valores de Coeficiente de Permeabilidade de Aterros de RSU no Brasil

Fonte: Izzo, 2008

De acordo com MÜNNICH et al. (2006), em RSU a permeabilidade horizontal é

maior que a permeabilidade vertical, sendo de 1 a 2 ordens de grandeza. Também, com o

aumento da densidade dos RSU, ocorre uma redução na diferença entre as permeabilidades

horizontais e as verticais.

43

2.5.11 Propriedades Mecânicas dos RSU

Os aterros sanitários são obras geotécnicas recentes de cerca de trinta anos, sendo

ainda raros os relatos sobre o comportamento geotécnico de maciços sanitários, isto é, da

massa de resíduos, uma vez que essa preocupação somente surgiu a partir da necessidade de

aproveitamento máximo de cada área de disposição, resultando na verticalização dos aterros

sanitários. (CURTY, 2005).

A técnica de execução de um aterro sanitário, segundo TIVERON et al. (1995),

consiste, basicamente, na compactação do resíduo em células com a altura variando de 2 a 4

metros e inclinação máxima do talude de 1:2. O resíduo deve ser espalhado e compactado

pelo talude de baixo para cima, com 3 a 5 passadas do trator de esteira (SCHALCH et al.,

1990), de modo a obter um peso específico mínimo de 10 kN/m3,TIVERON et al. (1995).

As principais propriedades mecânicas dos RSU são resistência ao cisalhamento e

compressibilidade, bastante influenciados pela composição e estado de alteração do RSU,

bem como pelo comportamento mecânico individual de cada componente.

No entanto, segundo CARVALHO (1999) a quantificação dessas propriedades é

difícil, devido à heterogeneidade do material, o qual apresenta diferentes tipos, formas e

dimensões de constituintes e componentes que podem degradar com o tempo, gerando gases e

lixívia.

Materiais como plásticos, panos e trapos, couros, borrachas, e outros se

constituem como os componentes fibrosos da massa de RSU, afetando diretamente o

comportamento do maciço quanto à resistência ao cisalhamento, pois conferem valores

elevados de ―falsa coesão‖. Já a presença de materiais inertes e dimensionalmente estáveis,

como entulhos e solo, proporcionam ao RSU resistência ao atrito entre as partículas

(CARDIM, 2008).

2.5.12 Compressibilidade dos RSU

A compressibilidade é a capacidade que um corpo ou substância tem de reduzir o

seu volume quando se encontra submetido a pressões. A compressibilidade dos aterros de

RSU está relacionada, basicamente, ao carregamento imposto e às transformações

bioquímicas de seus materiais constituintes. Os mecanismos envolvidos nos recalques, que

são muito complexos devido à heterogeneidade dos resíduos, à deformabilidade das partículas

e à presença de grandes vazios, fizeram com que MANASSERO et al. (1996) propusessem os

seguintes mecanismos:

44

- Compressão física, devido à quebra e reorientação dos elementos sólidos;

- Recalques de desagregação, devido à migração de pequenas partículas

para os vazios das partículas maiores;

- Comportamento viscoso e fenômeno de consolidação, envolvendo o

esqueleto sólido e partículas simples ou componentes;

- Recalques de decomposição, devido à biodegradação dos componentes

orgânicos;

- Colapso dos componentes devido às alterações físico-químicas, como a

corrosão, oxidação e degradação dos componentes inorgânicos.

2.5.13 Resistência ao Cisalhamento dos RSU

Qualquer ponto no interior da massa de solo está sujeito a esforços devido ao peso

próprio, além daqueles gerados pela ação de forças externas. Esses esforços resultam em um

estado de tensão, de forma que se tem tensão normal () e cisalhante (), que variam em

função do plano considerado.

A resistência ao cisalhamento dos resíduos sólidos urbanos é um parâmetro

geotécnico de interesse fundamental na descrição de suas propriedades geomecânicas,

essencial ao projeto e operação de aterros de resíduos, em especial, ao cálculo de estabilidade

de taludes.

Quando um aterro é submetido a deformações sob uma dada tensão normal

efetiva, sua resistência ao cisalhamento é capaz de suportar esforços até uma condição limite.

A ruptura do solo é alcançada quando as forças cisalhantes se igualam às forças resistentes e

uma superfície de cisalhamento crítica se desenvolve. A resistência ao cisalhamento é a

tensão cisalhante no plano de ruptura no momento da ruptura.

A resistência ao cisalhamento de um solo em qualquer direção é a tensão de

cisalhamento máximo que pode ser aplicada à estrutura do solo naquela direção. Quando esse

máximo é atingido, diz-se que o solo rompeu, tendo sido totalmente mobilizada sua

resistência.

A resistência ao cisalhamento dos resíduos sólidos urbanos, da mesma forma que

para solos, é de interesse fundamental no entendimento de seu comportamento geomecânico,

sendo um elemento essencial ao projeto e à operação de aterros de resíduos, em especial ao

cálculo de estabilidade de taludes (BORGATTO, 2010).

45

A ruptura de um solo produzida por cisalhamento ao longo de uma superfície de

ruptura ocorre por deslizamento de uma parte do maciço sobre uma zona de apoio fixa. A

tensão de cisalhamento é a tensão que rege a relação que une, no momento da ruptura e ao

longo da superfície de ruptura, a tensão normal ou tensão de compressão (σ) e a tensão

tangencial ou tensão de cisalhamento (τ).

Segundo Ortigão (2007) uma vez iniciada a aplicação da força T, o campo de

deformações passa a ser desuniforme, ou seja, diferente para cada ponto considerado no

interior do corpo de prova. As deformações específicas lineares ou distorcionais não podem

ser determinadas a partir de observações na superfície da amostra.

Em RSU, a ruptura de aterros é quase sempre um fenômeno de cisalhamento

associado a rupturas por tensão de tração. Isso ocorre devido à presença de materiais fibrosos

nos componentes constituintes dos RSU, tais como plásticos, têxteis, dentre outros, que

promovem um incremento nos parâmetros de resistência. Esse comportamento dos aterros de

RSU se assemelha aos aterros de solos reforçados, que apresentam, geralmente nas curvas

tensão-deformação, um ganho de resistência com o acréscimo de deformação que não

apresentam comportamento de pico (MOTTA, 2011).

Apesar de existirem grandes diferenças entre RSU e solos, a utilização da

Mecânica dos Solos clássica, ainda hoje, com grande proveito, aplica-se com a mesma

associação dos RSU ao ângulo de atrito interno e uma coesão, definidos a partir da envoltória

de resistência Mohr-Coulomb.

Gonzalez (1995) afirma que a redução da resistência ao cisalhamento,

principalmente da coesão, é resultado da degradação físico-química e biológica que ocorre no

RSU, ocasionando o enfraquecimento do efeito de reforço e que, após concluído o período de

degradação da matéria orgânica, o aumento da densidade do material tende a acarretar um

melhor entrosamento entre partículas, resultando em melhoria das propriedades de resistência

(CARDIM 2008).

Segundo Cardim (2008), não há dados conclusivos a respeito das variações de

resistência com a idade do aterro. Por sua vez, Walter (1992) citado por Gonzalez (1995),

apresenta uma avaliação qualitativa do comportamento de resistência e densidade em função

do tempo de aterramento, conforme mostrado na Figura 3

.

46

Figura 3 - Avaliação qualitativa do comportamento de resistência e densidade em função do tempo de

aterramento proposta por Walter

Fonte: Walter (1992) apud Gonzalez (1995)

Segundo Boscov (2008), os RSU podem apresentar elevadas deformações sem

atingir um estado de ruptura, com resistência crescente em função da deformação. Assim, a

coesão e o ângulo de atrito dos RSU devem ser sempre especificados para um nível de

deformação aceitável para o maciço sanitário.

Gabr e Valero (1995) realizaram ensaios de cisalhamento direto em amostras de

resíduos sólidos antigos, retiradas do aterro de Pioneer Crossing, na Pensilvânia. As amostras

foram compactadas em uma caixa de cisalhamento circular de diâmetro de 63,5 mm e altura

de 23 mm. Durante o ensaio, a velocidade permitiu a dissipação do excesso de poro-pressão

durante a fase de cisalhamento. Como exemplo, para uma tensão normal de 69 kPa, foi

adotada uma velocidade de 0,024 mm/minuto. Os referidos ensaios mostraram um ganho de

resistência com os deslocamentos horizontais sem haver pico de resistência. Os valores

efetivos de coesão e ângulo de atrito medidos foram avaliados para 5 e 10% de deslocamentos

horizontais. Em um gráfico apresentado pelos autores, no qual estão presentes pares de

parâmetros de resistência obtidos por eles e por outros autores, constatou-se que para 5% de

deslocamento, a coesão e o ângulo de atrito foram de aproximadamente 17 kPa e 21º

respectivamente. Para um deslocamento horizontal de 10%, estes valores aumentaram para 20

kPa e 32,7º, aproximadamente. Por meio desses ensaios, constataram que os valores de ângulo

de atrito aumentaram com os níveis de deslocamento, enquanto que a coesão permaneceu

praticamente constante.

Lamare Neto (2004) realizou ensaios de cisalhamento direto em equipamento

convencional com dimensões de 100 x 100 x 70 mm (b x l x h). O autor realizou ensaios para

amostras de resíduos oriundos do pré-tratamento mecânico-biológico do RSU com

47

granulometria inferior a 3/8 de polegada. Na primeira amostra, utilizando-se tensões normais

de 25, 50, 75, 100, 200 e 400 kPa, ele obteve valores de coesão de 7, 10 e 12 kPa e de ângulo

de atrito de 35º, 36º e 37º para deslocamentos horizontais de 4, 7 e 10% respectivamente.

Fucale (2005) também realizou ensaios de cisalhamento direto em equipamento

convencional (100 x 100 x 30 mm). Em seu trabalho, a autora teve o objetivo principal de

avaliar a influência dos componentes de reforço na resistência do RSU. As amostras eram

oriundas de resíduos com idades entre doze e quinze anos do aterro sanitário de Ihlenberg, na

Alemanha. Para esta situação, foram definidas duas composições diferentes. A primeira era

denominada de ―Matriz básica‖, na qual a quantidade de fibras era inferior a 2% do peso total

da amostra. Já a segunda, denominada de ―Matriz básica reforçada‖, possuía 3,5% de fibras

em relação ao peso total da amostra, cujas dimensões variavam entre 5 a 10 mm de largura e

15 a 30 mm de comprimento.

Como forma de apresentar alguns valores de parâmetros de resistência, nos

ensaios com o equipamento convencional, para a matriz básica reforçada do aterro de

Ihlenberg, com 20% de deslocamento horizontal (20 mm), obteve-se uma coesão próxima de

26,8 kPa e um ângulo de atrito de 37,4º, para tensões normais de 100, 200, 300 e 500 kPa. Já

a matriz básica, apresentou uma coesão de 23,3 kPa e ângulo de atrito de 38,3º para tensões

normais de 100, 200 e 300 kPa.

Como os constituintes dos RSU incluem partículas com grandes dimensões

mesmo quando se utilizam equipamentos de grande porte para os ensaios, há a necessidade de

separar ou tratar os constituintes, cujas dimensões são excessivas com relação às dimensões

da caixa de ensaios (ABREU, 2015).

Não existe um critério estabelecido para a dimensão máxima de partícula a ser

incluída nos corpos de prova. A norma D3080 (ASTM, 2011) estabelece que as partículas

ensaiadas podem ter dimensão de até 1/12 do lado ou diâmetro da caixa de ensaio.

Manassero et al. (1996) apresentam resultados de ensaios de compressão triaxial

em resíduos sólidos de alguns pesquisadores. Verifica-se que os RSU apresentam grandes

deformações sem demonstrar uma mobilização de pico da tensão cisalhante (Figura 4).

48

Figura 4 - Curvas tensão x deformação típicas para o resíduo sólido urbano

Fonte: MANASSERO et al.(1996)

Costuma-se apresentar parâmetros de resistência ao cisalhamento de RSU, obtidos

por diferentes métodos e autores, em gráficos do tipo coesão (c) x ângulo de atrito (),

estabelecendo-se uma faixa recomendada para projetos. Como exemplo dessas faixas, pode-se

citar aquelas propostas por SANCHEZ – ALCITURRI et al.(1993) apresentadas na Figura 5.

Figura 5 - Faixa recomendada para projetos de aterros de resíduos - parâmetros de resistência ao cisalhamento de

RSU.

Fonte: SANCHEZ-ALCITURRI et al. 1993.

2.5.14 Ensaio de Matéria Orgânica

Magdoff (1992) definiu matéria orgânica em sentido amplo, como organismos

vivos, resíduos de plantas e animais pouco ou bem decompostos, que variam

consideravelmente em estabilidade, susceptibilidade ou estágio de alteração.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 5 10 15 20 25 30 35 40

tensã

o d

esvia

tóri

a (k

Pa)

deformação axial (%)

Grisolia et al. (1991)

Jessberger & Kockel (1993)

3 = 300 kPa

3 = 200 kPa

3 = 100 kPa

3 = 50 kPa

49

A molécula orgânica é um conjunto químico composto de carbono e forma

ligações carbono-carbono e carbono-hidrogênio e em alguns casos também pode conter

nitrogênio, enxofre, fósforo, oxigênio, entre outros. Destaca-se especialmente por ser grande,

complexa, diversificada, como é o caso dos carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos

nucléicos.

Os resultados da determinação da matéria orgânica, através da metodologia de

Matos (2006) estão apresentados na Tabela 10. Estes foram determinados a partir da média

aritmética de duas determinações, com base nos valores obtidos nos ensaios de determinação

do teor de carbono.

Tabela 10- Conteúdo de matéria orgânica nos RSU, de acordo com a metodologia de Matos (2006).

MATÉRIA ORGÂNICA

RSU NOVOS RSU VELHOS

M.O. (%) 62,65 4,55

Fonte: Rocha (2008)

Comparando-se os valores do teor de sólidos voláteis e os de conteúdo de matéria

orgânica, observa-se a proximidade dos resultados, comprovando que as duas metodologias

são eficientes para mostrar a quantidade de matéria orgânica que ainda há para ser degradada

nos RSU.

Segundo Braida et al. (2011), a matéria orgânica interfere no comportamento

físico do solo por seus efeitos sobre a agregação e consistência dele, atuando na formação de

agregados e, portanto, na distribuição do tamanho de poros, bem como na sua estabilidade.

Para compreender os efeitos da matéria orgânica do solo sobre o comportamento

mecânico deste, deve-se, primeiro, compreender os efeitos da matéria orgânica sobre a coesão

e o atrito existente entre suas partículas que, teoricamente, definem sua resistência ao

cisalhamento (BRAIDA et al., 2011).

1.6 Ensaios de Campo

Nos ensaios de campo, os procedimentos apresentam menos controle das

variáveis para a realização de ensaios, no entanto, mais reais em relação aos resultados. Em

muitos casos, apresentam também maiores custos quanto à contratação dos serviços, pois

exigem equipamentos específicos e mobilizações de várias equipes, o que encarece o trabalho,

no qual o fator tempo também é importante.

50

Outro fator importante nos ensaios de campo é ajustar a programação da equipe

executora dos ensaios com a direção do aterro, pois devido a este último apresentar-se em

atividade, são necessárias intervenções que não prejudiquem o aterro.

2.6.1 Sondagem à Percussão (SPT)

Segundo Pinto (2006), a resistência à penetração é um índice intensamente

empregado em projetos de fundação. A escolha do tipo de fundação para prédios comuns e as

definições de projetos, como tipo e comprimento de estacas, etc., são costumeiramente

baseadas apenas nos resultados de sondagens (identificação visual e SPT), analisadas de

acordo com a experiência regional e o conhecimento geológico do local.

A principal dificuldade na execução de ensaios de sondagem à percussão (SPT) é

a heterogeneidade do material, que provoca alteração dos valores de resistência medidos,

devido às hastes dos equipamentos e avarias do amostrador.

Vários autores (SIEGEL et al., 1990, SÁNCHEZ-ALCITURRI et al., 1993,

COUMOULOS et al., 1995 e JUCÁ et al., 1997) têm avaliado a resistência dos RSU por

meio de ensaios in situ como sondagem à percussão (SPT) e ensaio de placa. Na maioria dos

casos, esses ensaios são difíceis de serem executados, devido à presença de materiais

resistentes como plásticos, madeira, borracha etc., os quais fornecem grandes valores de

resistência e avarias nos equipamentos.

Segundo Sowers (1968) e Jucá et al. (1997), os valores de penetração do

amostrador ―Nspt‖ raramente ultrapassam dez golpes. Já Coumoulos et al. (1995) e Sánchez-

Alciturri et al.(1993) encontraram valores crescentes de N com a profundidade, sendo que os

resultados obtidos com Coumoulos et al. (1995) para o aterro Ano Liossia (Grécia)

apresentaram-se bem maiores, com N variando cerca de 25 golpes, para a profundidade de 5

metros, até cerca de 65 golpes, para a profundidade de 25 m.

Esses ensaios apresentam um alto grau de dispersão nos resultados, o que torna

difícil sua interpretação e obtenção das propriedades de resistência do RSU através de

correlações com o número de golpes (KNOCHENMUS et al., 1998).

Já no aterro sanitário de Valdemingómez, Madrid, Espanha, Pereira e Sopeña

(2000) encontraram grande dispersão dos dados, com valores de N variando entre 6e 63,

devido à heterogeneidade dos materiais que constituem o aterro e ao valor pontual que têm

estes ensaios.

51

No entanto, Teixeira e Godoy (1996) apresentaram uma correlação mais direta

entre os valores de Nspt e E, como pode ser visto na equação 16. Os fatores j e w necessários

para aplicação da equação podem ser obtidos na Tabela 11.

NsptwjE .. (2.1)

Tabela 11- Valores de j e w

Solo j w (MN/m2)

Areia Pedregulhosa

3,0

0,10

Areia 0,90

Areia siltosa 0,70

Areia argilosa 0,55

Silte arenoso

5,0

0,45

Silte 0,35

Silte argiloso 0,25

Argila arenosa 7,0

0,30

Argila siltosa 0,20

FONTE: Teixeira e Godoy, 1996.

A Figura 6 apresenta resultados típicos de ensaios de SPT, executados em vários

aterros sanitários. Nesta figura estão apresentados os resultados obtidos por COUMOULOS et

al. (1995) para o aterro de Ano Liossia, em Atenas (Grécia), os resultados obtidos por

SÁNCHES-ALCITURRI et al. (1993) para o aterro de Meruelo (Espanha), bem como os

resultados obtidos por JUCÁ et al. (1997) para o aterro de Muribeca (Recife) e resultados

obtidos por SOWERS (1968) para aterros não controlados da Geórgia (USA).

52

Figura 6 - Resultados típicos de ensaios de SPT

2.6.2 Ensaio de Geogauge (EG)

Dentro da proposta mecanicista de análise do comportamento dos RSU, pode-se

utilizar um teste de campo de medida da rigidez do solo (Soil Stiffness Gauge - SSG), que

permite obter diretamente medidas das propriedades dos materiais e das estruturas das

camadas de um pavimento, ou maciço de solo qualquer.

Criado originalmente para melhorar o controle tecnológico do processo de

compactação e de construção de pavimentos, foi utilizado nesta pesquisa como elemento

inovador na análise do comportamento de um aterro de RSU, pela sua simplicidade e rapidez.

53

Esse equipamento encontra-se normalizado pela ASTM, com a norma D6758-02.

O ensaio é de realização rápida, sendo que, em ambiente de obra, torna-se interessante,

porque também não provoca interferência ou atraso significativo dos trabalhos, para liberação

de camadas.

É possível estabelecer correlações entre parâmetros obtidos pelo GeoGauge

(EG) e os obtidos por outros ensaios. Em seguida, apresentam-se algumas correlações

relativas ao módulo resiliente de solos, determinado por diversos ensaios, tanto laboratoriais

como de campo.

Vários autores (CHEN et al., 1999; LENKE et al., 1999) têm apresentado

significativas correlações entre o EG e o cálculo do módulo resiliente do FWD (MFWD), o

módulo inicial e de recarga de PLT, [EPLT (i) e EPLT (R2)] e os valores de CBR,

principalmente para dados de ensaios de campo.

Investigações realizadas (SAAWANGSURIYA, 2002; SEYMAN, 2003) sobre a

avaliação do GeoGauge concluíram que a densidade, a umidade e as condições de fronteira e

rigidez das camadas subjacentes afetam a medição do módulo do GeoGauge (GUDISHALA,

2004).

Segundo Abu-Farsakh et al. (2004), as medições da rigidez no GeoGauge são

muito sensíveis à umidade e podem obter-se valores nulos de rigidez para altos teores de

umidade. O mesmo autor refere-se também a influência da profundidade comas edições do

GeoGauge (ABU-FARSAKH et al., 2004)

Duas possíveis correlações entre o GeoGauge e o ensaio de carga em placa (PLT),

descritas no próximo item, foram investigadas por Abu-Farsakh et al. (2004). As Eq. 2-1 e

Eq. 2-2 apresentam as correlações entre EG e o módulo inicial (EPLT (i)) e o módulo de

recarga [EPLT (2)], respectivamente, obtidos a partir de ensaios PLT em laboratório.

(2.2)

(2.3)

54

2.7 Previsão do Comportamento Geomecânico de Aterros Sanitários

2.7.1 Modelos de Previsão de Capacidade de Maciços de RSU

O interesse do reaproveitamento das áreas de aterros sanitários pós-fechamento

induz à necessidade de maior conhecimento da capacidade de carga dos maciços de RSU.

A capacidade de carga dos maciços de RSU é geralmente reduzida e depende de

fatores, como espessura de solo de cobertura, métodos construtivos, composição e densidade

dos resíduos.

Segundo SOWERS (1968), o fator mais significativo na capacidade de carga é a

espessura do solo de cobertura sobre o resíduo. O autor admite que em resíduos muito

compressíveis, carregamentos pequenos e camadas de solo de cobertura relativamente espessas,

a distribuição de tensões ocorre de forma que os acréscimos de tensões que atingem os

resíduos são mínimos e, só quando a camada de cobertura não for espessa o suficiente, ocorrerão

movimentos diferenciais no solo, que não suporta a sobrecarga, puncionando parte da cobertura.

Segundo SOWERS (1968), a capacidade de carga para aterros sanitários está

entre 25 e 40 kPa. De acordo com OLIVEIRA (2002), as características tensões x deformação

são tão diferentes que, considerando-se uma parcela de contribuição dos resíduos, é difícil

esperar que a capacidade de carga seja obtida com deformações admissíveis para uma

fundação.

2.7.2 Ensaio de Placa

O Ensaio de placa ou prova de carga direta consiste, basicamente, na instalação de

uma placa rígida com uma área não inferir a 0,5 m2 instalada sobre o solo natural na mesma

cota prevista no projeto das fundações superficiais. Aplicam-se cargas verticalmente no centro

da placa, em estágios, e medem-se as deformações simultaneamente com os incrementos de

carga. Os resultados são apresentados em gráficos de pressão x recalque.

PALMA (1995) apresenta resultados de uma campanha de ensaios de

carregamento de placa, com diversos diâmetros de espessuras de solos de cobertura,

realizados no Aterro Controlado de Meruelo, Espanha. O autor admitiu, como a capacidade de

carga, a menor tensão obtida entre a deformação corresponde a 10% do diâmetro da placa ou

5 cm. As curvas obtidas de cargas x recalques foram crescentes, quase lineares, alcançando

55

valores elevados de deformação. Só foi verificado o mecanismo de ruptura por

puncionamento.

As cargas de ruptura, estimadas pelo autor, são de: 360 kPa para uma cobertura de

solo de 30 cm, 250 kPa para uma espessura de 20cm, e 180 kPa diretamente sobre os

resíduos. Vale ressaltar que o perfil típico do aterro de Meruelo segue um sistema

multicamada com espessuras médias de resíduos de 1,7 m, intercaladas por solos de cobertura

com espessuras médias de 20 cm.

O mesmo autor relata que, devido às características multicamadas dos resíduos,

tratando-se de fundações reais, não se deve empregar os valores diretamente obtidos por

ensaios in situ e, portanto, são necessárias formulações teóricas para determinar cargas

admissíveis, propondo os modelos apresentados a seguir.

2.7.2.1 Hipótese da Resistência Nula dos Resíduos

Uma primeira aproximação é desconsiderar a resistência dos resíduos, admitindo

a cobertura como material rígido. Dessa forma, a ruptura ocorrerá por puncionamento e a

carga será totalmente suportada pela resistência ao cisalhamento vertical (não drenada) do

solo na superfície perimetral formada ao redor da fundação. Em caso de placa circular, tem-se

a seguinte expressão:

(2.4)

Onde:

Ph = tensão de ruptura da placa

D = espessura do solo de cobertura

B = diâmetro da placa

c1 = resistência ao cisalhamento não drenada do solo

A aplicação desse modelo é adequada para relações de D/B da ordem de 0,5. Para

valores maiores ou menores, o modelo não se adequa ao fenômeno físico que realmente

ocorre. Para relações de D/B maiores que 1,5, o mecanismo de ruptura afeta unicamente o

solo de cobertura, apresentando mecanismo de ruptura generalizado.

56

2.7.2.2 Hipótese Considerando Resistência Total dos Resíduos

Esta hipótese considera resistência total dos resíduos e também considera um

mecanismo de ruptura por puncionamento.

(2.5)

Onde:

Prs = tensão atuante sobre os resíduos

Considera-se a tensão atuante sobre os resíduos como a tensão de ruptura

correspondente à ruptura generalizada clássica de solos que pode ser expressa por:

(2.6)

Onde:

Q = sobrecarga

s’ = fator de forma (placa circular = 0,2)

c2 = resistência não drenada dos resíduos sólidos

2.7.2.3 Hipótese de Comportamento Elástico

Para alcançar a carga de ruptura segundo o modelo anterior, são requeridas

grandes deformações, devido ao comportamento tensão x deformação observada nos resíduos.

Normalmente considerada uma limitação dos recalques, essa condição de ruptura nunca é

alcançada (ruptura generalizada dos resíduos).

Dessa forma, a tensão de puncionamento é simplesmente regida pela resistência

não drenada do solo de cobertura e por uma parcela de resistência dos resíduos. Para uma

placa circular, pode ser expressa pela equação:

(2.7)

Onde:

= tensão de puncionamento

= tensão transmitida aos resíduos.

A tensão transmitida ao resíduo depende do comportamento tensão x deformação

do solo de cobertura e dos resíduos, sendo sua obtenção complicada. Uma primeira

57

aproximação pode ser suposta, admitindo-se um espraiamento da carga em um ângulo com a

vertical (a), obtendo-se a seguinte expressão:

(2.8)

Onde:

P = tensão atuante na placa

2.7.2.4 Hipótese Baseada na Teoria de Brown e Meyerhorf (1969)

Devido ao comportamento completamente distinto entre o solo de cobertura e os

resíduos, é difícil esperar que a carga de ruptura, expressada anteriormente, seja atingida sem

chegar a grandes deformações. Brown e Meyerhorf analisaram a carga de ruptura de um

sistema de duas camadas de solo, sendo o estrato inferior com uma resistência menor que o

superior, e a espessura da camada superior menor que a inferior. Partem da hipótese que essas

condições conduzem a um fenômeno de ruptura progressiva, o qual conduz ao puncionamento

da camada superior. Para relações D/B < 1,5 carga de ruptura é expressa por:

(2.9)

Onde:

Nc = Coeficiente da carga de ruptura (≈6,05 para fundações circulares)

Comparações realizadas por PALMA (1995) entre análises por elementos finitos e

os resultados analíticos desta última equação demonstraram boa adequação a esse modelo.

3.7.3 Modelos de Previsão de Capacidade de Recalques

Em decorrência da grande quantidade de variáveis dos maciços de RSU, como

natureza dos resíduos, composição gravimétrica, umidade, compactação, permeabilidade,

tempo etc., é muito complexo determinar qual será o recalque sofrido pela massa de RSU.

Vários estudos e pesquisas têm sido realizados para contribuir e solucionar esse problema,

com base em métodos empíricos e teóricos.

De acordo com Abreu (2000), não há um modelo aplicável que considere todas as

variáveis envolvidas no processo de recalque de resíduos sólidos urbanos. Segundo

Nascimento (2007), a maioria dos modelos existentes podem ser divididos nas seguintes

58

categorias: i) modelo de consolidação, no qual a teoria do adensamento de Terzaghi

normalmente é utilizada; ii) modelo reológico, como, por exemplo, o modelo exponencial de

creep de Gibson e Lo; iii) modelo de biodegradação, no qual se observa a degradação da

matéria orgânica, podendo ser avaliada através de modelos de geração de gás; iv) modelos

baseados em regressões (por exemplo, logarítmicas, hiperbólicas, bilinear, multilinear),

obtidas através de dados de recalques do aterro. De forma mais simples, podendo os modelos

ser considerados tradicionais ou convencionais.

2.7.3.1 Modelos Tradicionais

Segundo Tapahuasco (2009), desde a década de 1970 até os dias atuais, muitos

pesquisadores tentam desenvolver modelos matemáticos para expressar os recalques ocorridos

em aterros sanitários. Os modelos tradicionais são predominantemente empíricos, ou seja,

desenvolvidos a partir da observação de aterros sanitários e estudos de casos, sem considerar

as propriedades e fatores que causam os recalques ocorridos no maciço.

2.7.3.1.1 Modelo de Sowers

Sowers (1968) foi quem primeiro idealizou um modelo de previsão de recalques

para os aterros de resíduos sólidos, considerando a compressão inicial, primária e secundária.

O modelo de Sowers (1979) foi feito utilizando-se o modelo clássico de Terzaghi para solos,

adaptando-o para resíduos sólidos urbanos.

No modelo de Sowers, os recalques são divididos em duas etapas: recalques

primários e secundários. Os recalques primários podem ser determinados pela teoria clássica

da mecânica dos solos, pois eles são ocasionados pelo peso da massa de resíduos e pela

eliminação das pressões intersticiais, durante aproximadamente trinta dias.

A segunda etapa é caracterizada pelo desenvolvimento de mudanças físico-

químicas, decomposição biológica e a deformação mecânica do tipo viscoso, possuindo uma

relação linear com o logaritmo do tempo.

Apesar da simplicidade de sua aplicação, o modelo de Sowers é inadequado para a

estimativa de recalques em RSU, por não considerar diretamente os recalques ocasionados

pelo fenômeno da biodegradação e utilizar-se de suposições simplificadoras da Teoria de

Terzaghi, que não são válidas para o caso dos RSU (Validade da Lei de Darcy, solo saturado,

sólidos incompressíveis, fluxo unidimensional). Por essa razão, deve haver muitas ressalvas

na aplicação desse modelo (BARBOSA, 2016).

59

2.7.3.1.2 Modelo de Bjarngard e Edgers

O modelo de Bjarngard e Edgers (1990) foi proposto a partir da compilação e

análise de 24 casos históricos de monitoramento de aterros sanitários (PARK et al., 2002

apud DENARDIM, 2013). Através do monitoramento e análise de dados, foi observado que a

compressão secundária era dividida em duas fases distintas. A primeira, ocorrida em prazo

intermediário, e a segunda a longo prazo (COMPARIN, 2011). A equação proposta continha

parâmetros referentes à compressão primária e secundária, ou seja, considerava a compressão

mecânica dos vazios e a redução dos vazios existentes, o que elimina a necessidade de

determinação do índice de vazios inicial (SIMÕES, 2000).

Segundo Tapahuasco (2009), o modelo de Bjarngarde Edgers (1990) apresenta

um melhor comportamento para estimar os recalques que o modelo de Sowers (1971), mas o

modelo é inconsistente devido a dois fatores: as duas primeiras parcelas (compressão inicial e

secundária) serem baseadas na teoria da consolidação primária e secundária de solos e por

considerar um comportamento homogêneo dos fatores de degradação influenciadores dos

recalques.

2.7.3.1.3 Modelo de Yen e Scanlon (1975)

O modelo foi desenvolvido a partir dos resultados obtidos no monitoramento de

três aterros sanitários distintos, durante um período de nove anos (SIMÕES, 2000). No

modelo, as taxas de recalques crescem com a altura do aterro e decrescem linearmente com o

logaritmo do tempo. O modelo só é aplicável a recalques secundários, ou seja, recalques em

um longo prazo.

De acordo com Simões (2000), os dados de recalque obtidos devem ser ajustados

de acordo com os dados de campo, e o modelo apresenta-se inconsistente para tempos muito

grandes, uma vez que, dependendo da combinação das constantes, o recalque poderia tornar-

se negativo.

2.7.3.1.4 Modelo Hiperbólico de Ling et al. (1998)

O modelo hiperbólico de Ling et al. (1998) foi formulado através das limitações

dos modelos de Yen e Scanlon (1975). No modelo hiperbólico, as compressões primárias e

secundárias foram dispostas em uma única equação. O tempo inicial corresponde ao início das

60

medidas de recalque, podendo ser arbitrado em t=0, ou em algum outro tempo de interesse

(MARQUES, 2001). A magnitude dos recalques pode ser determinada pela seguinte equação:

(2.10)

Onde:

Δt = Diferença entre o tempo de interesse e o tempo inicial;

ΔH = Recalque medido entre ti e t0;

ΔHult = Recalque último esperado em t0; e

= Taxa de recalque inicial em t0.

Os parâmetros e ΔHult podem ser determinados pela relação de t/H versus t,

através de uma análise de regressão linear. Logo, os inversos do intercepto e da inclinação

fornecem os parâmetros e ΔHult. A relação pode ser reescrita da seguinte forma:

(2.11)

De acordo com Tapahuasco (2009), a aplicabilidade do modelo é função das taxas

(velocidades) dos recalques, sendo as melhores correlações obtidas quando as taxas diminuem

com o tempo. Outro fator importante é que os parâmetros das equações são próprios e

característicos ao comportamento de cada curva de recalque.

2.7.3.2 Modelos Convencionais

Devido à importância dos fenômenos de biodegradação nos recalques ocorridos nos

maciços sanitários, alguns pesquisadores desenvolveram modelos matemáticos de previsão de

recalques, levando em consideração esse processo (Tapahuasco, 2009). Os principais modelos

foram desenvolvidos, levando-se em consideração os fatores mais importantes que intervêm

no processo de biodegradação da matéria orgânica e serão citados a seguir.

2.7.3.2.1 Modelo de Meruelo (1995)

Em aterros sanitários, geralmente, a maior parte dos resíduos dispostos nas células

não são biodegradáveis (orgânicos), quando comparados ao montante de inservíveis mais

recicláveis. De acordo com Palma (1995), a quantidade de material degradado, poderia ser

determinada pela diferença de material acrescido e a quantidade de material remanescente em

um certo tempo ―t‖, ou seja, a quantidade total de material adicionada ao maciço, subtraída da

61

quantidade de material que sofreu o processo de degradação por meio da ação de micro-

organismos.

O modelo de Meruelo (1995) foi elaborado considerando os principais parâmetros

que determinam a biodegradação da matéria orgânica: tempo, teor de matéria orgânica nos

resíduos, umidade, ritmo de desenvolvimento dos processos de degradação, dentre outros

(DENARDIN, 2013).

Segundo Melo (2003), o aterro é considerado como uma massa homogênea, com

densidades constantes, em qualquer tempo e em qualquer célula de estudo do aterro sanitário.

A principal hipótese adotada admite o coeficiente de hidrólise como agente

limitante do processo de biodegradação, uma vez que a hidrólise é o processo mais

frequentemente utilizado pelos micro-organismos para transformar compostos orgânicos

complexos em compostos mais simples, fornecendo condições favoráveis à decomposição

total da matéria orgânica nos estágios sucessivos de construção e operação de um aterro

sanitário. A hidrólise é um parâmetro que depende principalmente das condições de umidade

e segundo os próprios autores pode variar em até quatro ordens de grandeza (SIMÕES, 2000).

O modelo de Meruelo se aplica melhor a células sanitárias com períodos de

construção pequenos (menores de 150 dias) Tapahuasco (2009), e em aterros sanitários

antigos, onde os mecanismos de solicitação mecânica e dissipação das pressões neutras têm

pouca ou nenhuma influência (Palma, 1995).

2.8 Tendência Mundial

Nos Estados Unidos, áreas abandonadas/desativadas de antigas usinas de

mineração e aterros levam o nome de brownfields, que são regidas por lei específica, ainda na

década de 1980, a CERLA (Responsabilidade, Compensação e Resposta Ambiental

Compreensiva). Dessa forma, o programa dos Estados Unidos para os brownfields tem sido

um grande sucesso na recuperação e na reutilização de áreas antes contaminadas. A Agência

de Proteção Ambiental (EPA) já contemplou 552 projetos, para os quais forneceu recursos a

fim de inventariar, caracterizar, avaliar e conduzir o planejamento e o envolvimento de

comunidades afetadas por brownfields (BROMM, 2004 Apud Leite2005).

O Ministry for the Environmentof New Zeland (2001) disponibiliza, no Guia de

Aterros do Ministério do Meio Ambiente da Nova Zelândia (MENZ), os seguintes exemplos

de reutilização, uso pós-desativação ou encerramento em diferentes países:

62

- Austrália: a maioria dos aterros desativados, depois de algum tempo, são

transformados e preparados para atividades públicas, como parques, jardins e as poucas áreas

que são usadas para fins residenciais têm um rígido controle;

- Canadá: na maior parte, os aterros são utilizados para fins de recreação, como

parques e campos de golfe. Somente são implantadas edificações quando é desenvolvido

projeto de controle do gás;

- Irlanda: tem aumentado a utilização de aterros desativados para áreas verdes,

com o plantio de árvores para estabilização do local;

- Holanda: predominantemente o pós-uso é para recreação, como parques,

campos de esportes e campos de golfe;

- França: tradicionalmente, os aterros desativados são cercados e monitorados

por um período de tempo não-definido e convertidos em áreas industriais, por exemplo, de

produtos químicos e farmacêuticos ou de tratamento de lixo.

- Hong Kong: existem 13 aterros desativados que ocupam uma área de 300

hectares. Considerando as poucas áreas de recreação disponíveis, o governo efetuou um

programa de restauração desses espaços, assegurando a qualidade ambiental do entorno. Entre

os usos novos têm-se o Jordan Valley, onde foi desenvolvido um projeto de parque ecológico,

pista de aeromodelismo e um centro de educação ambiental; no ShuenWan foram implantados

nove campos de golfe; no Sai TsoWan foi implantado projeto para construção de campo de

beisebol e futebol e área de diversão para crianças.

Para a rápida reutilização dessas áreas, foi executada a captação do gás gerado

pela decomposição da matéria orgânica, com o posterior reaproveitamento da energia elétrica

para abastecimento local, bem como a utilização da energia para o tratamento do percolado.

Segue-se uma tendência mundial atual de uso dessas áreas como suporte para

fundações de pequenas edificações, subleito para estradas de veículos leves, área para

recreação ou área verde. Atualmente na elaboração dos Planos de Fechamento de um Aterro

já deve constar o Plano Diretor para definição do uso futuro e ocupação da área, limitações e

condicionantes.

A primeira experiência de implantação de parque em área de resíduo desativada

ARD do Brasil e da América do Sul foi no Aterro Raposo Tavares. Administrado pela

Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo, esse parque foi inaugurado

em janeiro de 1981, passou por uma pequena adaptação antes de se tornar uma área de lazer,

mas não foram realizadas nessa época as intervenções necessárias para a sua recuperação

63

ambiental, no sentido de reduzir o potencial impactante do solo contaminado com 1,9 milhões

de toneladas de resíduos, e sem estudos que atestassem o fim dos riscos antes que este

estivesse apto para suportar um novo uso.

Nesse sentido, observa-se que a área desse parque está apresentando aspectos

negativos resultantes da falta de intervenções necessárias para a sua recuperação ambiental

(Figura 7 e Figura 8). Por causa de sua origem, o solo do parque não permite que árvores de

grande porte se desenvolvam. Assim, sua vegetação é constituída basicamente por gramíneas,

arbustos e árvores de pequeno porte. Com cerca de 190 mil m², o parque coloca à disposição

de seus visitantes playground, pista de cooper, campo de futebol e área para piquenique.

Figura 7 - Campo de futebol

Fonte: Leite (2005)

Figura 8 - Playground

Fonte: Leite (2005)

64

Trabalhos referem como padrão de estabilidade do maciço apenas o

comportamento do deslocamento horizontal, que é acompanhado através da leitura da

observação de marcos superficiais, sendo analisados o deslocamento acumulado, o

deslocamento parcial e a velocidade do deslocamento.

Segundo Milititsky et al. (2008), nos últimos anos, devido ao crescimento urbano,

locais de disposição de resíduos passaram a ter valor imobiliário para a construção de prédios

comerciais e residenciais, bem como de toda infraestrutura circundante. Projetos geotécnicos

nesses materiais requerem o estudo do comportamento reológico de rejeitos, considerando os

recalques em razão da degradação do material existente no aterro em função do tempo.

65

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia adotada para a realização desta pesquisa tem como base a

execução das seguintes etapas:

a) Escolha do local para execução do estudo;

b) Coleta de amostras deformadas do solo de cobertura e do RSU;

c) Caracterização física do solo de cobertura e do RSU;

d) Realização de ensaios de laboratório e de campo;

e) Apresentação dos resultados;

f) Análise dos resultados;

g) Escrita da tese.

3.1 Local de estudo

Para a realização desta pesquisa, foi escolhido o Aterro Sanitário Metropolitano

Oeste de Caucaia (ASMOC), pela sua proximidade, localizando-se a 1,6 km da BR-020, em

Caucaia-Ceará, aproximadamente, 30 km do centro de Fortaleza pela BR-020. Também pelo

histórico de trabalhos já desenvolvidos no local, existindo já algumas dissertações e teses

publicadas, além do bom relacionamento institucional, por ser um aterro em atividade, o que

possibilita o aproveitamento de equipamentos utilizados na operação do aterro para o apoio

nas pesquisas, e, por fim, por existir uma célula experimental (CE), construída em condições

projetadas, com dados de outros trabalhos de pós-graduação.

O ASMOC começou a operar em 1991, recebendo RSU coletados no Município

de Caucaia e só a partir de 1998 passou a receber os RSU da cidade de Fortaleza. Sua área

total equivale a 123,20 hectares, sendo 78,47 ha destinados a disposição de resíduos; 32,15 ha

de área de preservação ambiental; 7,04 ha de faixa de preservação de contorno; 3,19 ha de

sistema viário interno; 2,35 ha de administração, urbanização e estacionamento. Na Figura

9pode ser observada a exata localização da CE a partir de uma sequência de imagens: Brasil –

Ceará – Caucaia – ASMOC – CE (destacada em amarelo – vista da célula cercada).

De acordo com ACFOR (2010), o solo de cobertura do aterro, determinado a

partir de sondagens geotécnicas, é composto por uma camada inicial de 30 a 80 cm de areia

fina e média, siltosa, com matéria orgânica e pedregulho cinza escuro. Em seguida, encontra-

se uma espessa camada de areia argilosa de baixa permeabilidade, com uma condutividade

hidráulica média de 10-6

cm/s a 10-5

cm/s. Esse solo areno-argiloso é também utilizado como

material de cobertura dos resíduos – o solo escavado das trincheiras é reaproveitado com esse

66

fim. Foi constatado ainda, em investigação geotécnica realizada pela sondagem, que não há

sinais de lençol freático no local, fato que, combinado com a baixa permeabilidade do solo,

pode tornar improvável a poluição das águas subterrâneas.

Figura 9 - Localização da CE

Fonte: Santos, 2012

Em 2017, completam-se 19 anos de operação da ASMOC. O seu limite de

operação tinha sido estimado até o ano de 2015, entretanto sua sobrevida tem sido estendida

devido a um maior rigor na compactação dos resíduos e a utilização do espaço entre as

trincheiras já desativadas, garantindo sua operação até o ano de 2018.

Ao todo, 300 veículos circulam no local e despejam cerca de 5.500 toneladas de

resíduos por dia. Muitos veículos chegam a fazer mais de uma viagem. Apenas 400 toneladas

são provenientes da cidade de Caucaia, sendo o restante da capital cearense, Fortaleza.

Dessa forma, a presente pesquisa teve como base a realização de ensaios em duas

condições: a primeira do aterro recente, com cerca de 5 anos na Célula Experimental (CE) –

S6, onde as condições, isto é, localização, dimensões, e características foram controladas ou

conhecidas. Já a segunda, é a de aterro antigo (AA) – S9 e é uma área interna do ASMOC,

onde os RSU foram depositados há aproximadamente 13 anos. Para essa última condição, foi

considerado que os processos de biodegradação já tenham cessado.

67

3.2 Coleta de Amostras

Foram coletadas duas amostras deformadas do solo de cobertura da Célula

Experimental – CE e duas amostras deformadas do RSU, coletadas nas células encerradas do

ASMOC S-1 e S-2. Na Figura 10, indica-se a localização da célula do ASMOC e das áreas

S1, S2 e S9 onde foram realizadas as coletas e os ensaios de campo.

Figura 10 - Localização das células trabalhadas

Fonte: Elaborado pelo Autor

Após a coleta, todas as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos e

encaminhadas para o Laboratório de Mecânica dos Solos da UFC. Vale observar que todos os

procedimentos executados para amostragem seguiram as recomendações da Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

3.3 Ensaios de Laboratório

Os ensaios de caracterização foram realizados em duas amostras do solo de

cobertura da CE e em duas amostras de RSU, coletadas na Célula S-1 e na Célula S-2, ou seja,

condição de Aterro Antigo (material com mais de 15 anos), a 1 m de profundidade. Vale

mencionar que não havendo normas específicas para ensaios em resíduos sólidos urbanos

(RSU), os ensaios serão baseados em normas de solos com as devidas, e necessárias,

adaptações.

68

3.3.1 Ensaios no Solo de Cobertura

Foram realizados ensaios de caracterização, compactação e CBR, em duas

amostras do solo de cobertura da Célula Experimental (aterro novo) e também do aterro

antigo. As localizações da retirada das amostras são, esquematicamente, mostradas na Figura

11.

Figura 11- Localização das coletas das amostras

Fonte: Elaborado pelo Autor.

3.3.1.1 Ensaios de Granulometria

O ensaio de granulometria consistiu em determinar as porcentagens, em peso das

diferentes frações sólidas dos solos, seguindo as recomendações da NBR 7181 (ABNT,

1984). Para a realização desse ensaio, foi destorroado todo o solo coletado e, após isso,

realizou-se o quarteamento dele.

Logo em seguida, foi pesado 1 kg do solo para o peneiramento e sedimentação, e

o ensaio seguiu de acordo com as recomendações da norma mencionada.

3.3.1.2 Ensaios de Plasticidade

Para o ensaio de limite de liquidez, NBR 6459 (ABNT, 2016), utilizaram-se 70 g

da amostra que passa na peneira Nº. 40 (0,42mm) e adicionou-se água destilada, em pequenos

incrementos, até se obter uma pasta homogênea. Em seguida, uma parte da mistura foi

69

transferida para a concha do aparelho de Casagrande, moldando-a de forma que a parte central

apresentasse uma espessura da ordem de 10 mm.

Em seguida, foi aberto um sulco com o cinzel no centro da concha e aplicados os

golpes para o fechamento em torno de 1 cm do sulco na longitudinal. Posteriormente, o

número de golpes foi anotado e utilizado cerca de 10g do centro da massa para determinação

da umidade em estufa.

O ensaio de limite de plasticidade normatizado pela NBR 7180 (ABNT, 2016) foi

realizado, tomando-se 50 g do solo que passa na peneira número 40 (0,42mm) e adicionando-

se água destilada em pequenos incrementos até a obtenção uma pasta homogênea. Em seguida

a amostra foi levada para a placa de vidro esmerilhada, onde foram retiradas pequenas

porções para se fazer a rolagem na placa, com o objetivo de se obter os cilindros de solo com

fissuras iniciadas. Nesse momento, foi utilizado solo dos cilindros moldados para

determinação da umidade.

3.3.1.3 Ensaios de Compactação

O ensaio de compactação foi realizado de acordo com as recomendações da

norma NBR 7182 (ABNT, 1986) utilizando-se a energia Proctor normal e com reuso do

material. Realizou-se o ensaio com 6 kg de solo, adicionando-se gradativamente água

destilada, revolvendo continuamente o material, de forma que o teor de umidade fosse cerca

de 5% abaixo da umidade ótima presumível. Após a homogeneização do material, o solo foi

compactado em 5camadas. O procedimento foi repetido até que se obtivessem pelo menos

dois pontos no ramo úmido da curva de compactação.

3.3.1.4 Ensaios de Índice de Suporte Califórnia

O ensaio de índice de suporte Califórnia normatizado pela NBR 9895 (ABNT,

1987) foi realizado com os 6 kg de solo na umidade ótima, na energia do Proctor normal,

compactado em cinco camadas. No espaço deixado pelo disco espaçador, colocou-se o prato

perfurado, os sobrepesos, o tripé porta-extensômetro e o extensômetro para realização do

ensaio de expansão, imerso em água por quatro dias para determinação do aumento do

volume.

Após a leitura da expansão, o corpo de prova foi submetido na prensa de CBR, ou ISC,

com uma velocidade de 0,63 pol/min, que possibilitou a construção da curva pressão x

penetração.

70

3.3.2 Ensaios nos RSU

3.3.2.1 Composição Gravimétrica

A composição do RSU foi realizada nas 2 amostras do resíduo antigo. Foi obtida

por meio de ensaio de caracterização física, o qual consistiu na separação manual acima da

malha de 4,76mm e na quantificação de cada um dos constituintes do resíduo. Dentre eles,

destaca-se a ocorrência de papel, plástico, madeira, metal, têxteis, vidros e pedras. Após a

retirada destes componentes, manualmente, o restante foi passado na peneira de 4,76 mm, o

que resultou numa grande quantidade de madeira e vegetação. Assim, a fração abaixo de 4,76

mm constituiu-se por uma mistura de areia fina e matéria orgânica, conforme representado na

Figura 12.

Figura 12- Composição gravimétrica dos constituintes do RSU, S-1 (A) e S-2 (B)

a) b)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

3.3.2.2 Distribuição do Tamanho das Partículas

Para caracterizar o tamanho dos componentes dos RSU, procedeu-se à pesagem

do resíduo seco (sob temperatura de 60oC) através de uma série de peneiras pré-selecionadas

(2‖, 1 ½‖, 1‖, 3/4", 1/2", 3/8‖, 4,76mm, 2,00mm, 1,2mm, 0,6mm, 0,3mm, 0,15mm e

0,074mm). Assim, obtiveram-se as porcentagens das partículas que passam em cada peneira,

possibilitando o traçado da curva representativa dos diâmetros dos componentes.

71

3.3.2.3 Ensaio de Plasticidade

Para a verificação da plasticidade do RSU foi seguidas as mesmas orientações das

normas de limite de liquidez (NBR 6459) e de limite de plasticidade (NBR 7180).

3.3.2.4 Ensaio de Densidade Real

O ensaio de densidade real dos RSU foi realizado através de uma adaptação da

metodologia de densidade dos solos, conforme as recomendações da NBR 6508 (ABNT,

1984). Para realização desse ensaio, preparou-se uma amostra de RSU seca em estufa a 60oC,

passada na peneira de 1/2" (12,7 mm). Utilizou-se um picnômetro de 2000 ml e outro de 500

ml. Em um deles, foi utilizada a bomba de vácuo e, no outro, foi utilizado o chamado banho

maria. Na Figura 13são mostrados os picnômetros utilizados para a determinação da

densidade real dos grãos

O ensaio consiste em quatro pesagens, primeiro o picnômetro limpo e seco (P1),

depois o picnômetro + solo (P2), depois de retirado o ar, completa-se o volume com água

destilada e pesa-se o conjunto picnômetro + solo + água (P3) e, por último, esvazia-se o

picnômetro, lava-o e enche-o completamente com água e pesa-se o picnômetro + água (P4). O

resultado de pelo menos duas determinações não deve diferir de 0,02 gramas.

Figura 13- Picnômetros usados nos ensaios. Picnômetro de 500 ml com amostra de RSU a) e picnômetro de 2000

ml com RSU e água b).

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

72

3.3.2.5 Ensaio de Teor de Matéria Orgânica

Primeiramente, as amostras foram secas em estufa a 105° C, por duas horas, em

seguida, pesados 4g da amostra em cadinho de porcelana pré-pesado e, por fim, levadas para a

mufla 440° C, por cinco horas. A norma adotada foi a NBR 13600 (ABNT, 1996), que trata

da determinação do teor de matéria orgânica de solos por queima a 440 oC. Os teores de

matéria orgânica foram alcançados por diferença entre os pesos obtidos a 105oC e a 440

oC.

A Figura 14mostra os cadinhos dispostos na mufla a) e a diferença da cor das

amostras antes e após a realização do ensaio b).

Figura 14- Ensaio de determinação da Matéria Orgânica. a) cadinhos na mufla, b) diferença de cor após a

realização do ensaio

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

3.3.2.6 Ensaio de Compactação

O ensaio de compactação dos resíduos foi realizado através de uma adaptação da

metodologia de compactação de solos, conforme a NBR 7182 (ABNT, 2016). Após secagem

ao ar dos resíduos, tomaram-se 7 kg de RSU para execução do ensaio com reuso. Como parte

da adaptação da norma, foi utilizado um molde do cilindro grande, padrão ISC com volume

de 2085 cm3, soquete manual grande, com peso de 4.640 g, caindo de uma altura de 46,5 cm.

Foram realizados um ensaio com a energia Proctor Normal e outro com a energia modificada,

sendo necessário utilizar o cilindro maior para melhor acomodação dos resíduos, que

apresentam composição e tamanho dos grãos diferentes das partículas que compõem o solo.

Inicialmente, adicionou-se uma quantidade aleatória de água à amostra de RSU

até se verificar uma consistência adequada. Em seguida, realizou-se a homogeneização da

73

mistura (água + amostra de RSU). A compactação foi realizada com adição de 4 % de água

para o primeiro ponto e 2 % para os outros pontos subsequentes. Em cada ponto, foram

distribuídas cinco camadas iguais e, em cada camada, aplicaram-se 12 golpes, que

correspondem à energia normal, e 55 golpes, no caso da energia modificada, distribuídos

uniformemente nas superfícies de cada camada. A Figura 15 mostra o corpo de prova de RSU

após a compactação e para uma umidade de 13%.

Figura 15- Corpo de prova de RSU compactado

Fonte: Elaborado pelo Autor.

3.3.2.7 Ensaio de Resistência ao Cisalhamento Direto

Para realização dos ensaios de resistência ao cisalhamento direto, foram tomadas

amostras de RSU das células s-1 e s-2 que correspondem à condição antiga (mais de 15 anos)

secadas ao ar. As amostras foram passadas na peneira de 6,3mm, ao contrário do que fez

Lamare Neto (2004), que passou os resíduos na peneira de 9,5 mm, para que os componentes

dos resíduos ensaiados não fossem maiores que os 10% da menor dimensão da caixa de

cisalhamento. Posteriormente os corpos de prova foram moldados na umidade ótima e peso

específico seco máximo, ou seja, energia do Proctor normal (Figura 16).

Figura 16- Ensaio de cisalhamento do RSU, a) na caixa de cisalhamento,b) corpo de prova de RSU após o

cisalhamento.

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

74

Foi utilizado equipamento convencional com algumas modificações na caixa para

alcançar 70 mm de altura, ficando 100 x 100 x 70 mm (b x l x h) (Figura 17), utilizando-se

tensões normais de 50, 100, 200 e 300 kPa, para deslocamentos horizontais de 10, 15 e 20%

respectivamente, de acordo com Lamare Neto (2004).

Foram executados quatro corpos de prova nas tensões normais de 50 – 100 – 200

e 300 kPa, saturados por no mínimo doze horas e, em seguida, adensados nas tensões

normais, adotados e realizadas suas rupturas.

Figura 17- a) Ensaio de cisalhamento direto b) vista da adaptação.

a)

b)

Fonte: elaborado pelo Autor.

3.4 Ensaios de campo

Foram realizadas três baterias de ensaios de campo. A primeira bateria (2014),

com quatro ensaios de SPT, sendo 2 na Célula Experimental (CE) e 2 no Aterro Antigo

(AA),e, em seguida, 10 ensaios com o GeoGauge, 8 na Célula Experimental (CE) e 2 no

Aterro Antigo (AA). A segunda bateria (2015), com dois ensaios de SPT (1 na Célula

Experimental (CE) e outro no Aterro Antigo (AA), 4 ensaios de GeoGauge (2 na Célula

Experimental (CE) e 2 no Aterro Antigo (AA). Além desses, ainda na segunda bateria, foram

realizados 4 ensaios de prova de carga direta (2 na Célula Experimental (CE) e 2 no Aterro

Antigo (AA). A terceira bateria (2016) constou de 2 ensaios de sondagem à percussão (SPT),

1 na Célula Experimental (CE) e outro no Aterro Antigo (AA), 5 ensaios de GeoGauge, sendo

2 na CE e 3 foram realizados no AA), Além de 4 ensaios de prova de carga direta (2 na Célula

Experimental (CE) e 2 no Aterro Antigo (AA).

3.4.1 Sondagens à Percussão

A sondagem à percussão (SPT) é o mais conhecido e utilizado método de

investigação geotécnica de campo existente. O procedimento adotado para o ensaio consta da

75

perfuração realizada por trado manual. A cada metro de profundidade, coletam-se amostras do

solo, ou no caso dos resíduos por meio de um amostrador padrão, de diâmetro externo de 50

mm, que foi cravado no fundo da perfuração, usando um peso de 65 kg, caindo de uma altura

de 75 cm. Dessa forma, o valor do índice de resistência à penetração (Nspt) foi obtido pelo

número de golpes necessários para penetrar 30 cm o amostrador, após uma cravação inicial de

15 cm (Figura 18 e Figura 17)

Figura 18- Vista da realização da sondagem à percussão (SPT) a) Equipamento de sondagem; b) amostra de RSU

obtida com o amostrador bipartido.

a)

b)

Fonte: elaborado pelo Autor.

Vale destacar que os procedimentos adotados para a realização das sondagens à

percussão (SPT) seguiram as orientações da NBR 6484 (ABNT, 2001).

3.4.2 GeoGauge

O equipamento para medida de rigidez do solo (Soil Stiffness Gauge – SSG),

conhecido como GeoGauge, também foi utilizado nessa pesquisa para a obtenção do módulo

de elasticidade e, portanto, da deformabilidade, tanto do solo de cobertura quanto do maciço

de RSU. A Figura 19apresenta uma vista superior do GeoGauge.

76

Figura 19- Equipamento GeoGauge

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Os procedimentos para a utilização do equipamento GeoGauge são padronizados

pela Norma ASTM D6758-02 e rigorosamente adotados nessa pesquisa. Para a realização de

ensaios, o equipamento foi, inicialmente, colocado sobre a camada a ser avaliada.

Usualmente, as superfícies das camadas a serem ensaiadas dispensam preparações que não

vão além de uma limpeza e raspagem prévias, quando necessárias. Para assegurar uma

razoável área de contato entre a base do equipamento e a superfície da camada, capaz de

prover uma distribuição uniforme das tensões aplicadas pelo equipamento, aplicou-se uma

leve prensagem e rotação do equipamento sobre a camada. Com o equipamento posicionado

sobre a camada, iniciou-se o ensaio, que dura aproximadamente 75 segundos, quando, então,

apresentam-se, na tela do equipamento, as leituras obtidas da camada de material escavado.

O GeoGauge é um equipamento que é utilizado, mais comumente, em solo natural

e compactado. Nesta pesquisa é um equipamento utilizado, pioneiramente, para a obtenção de

parâmetros de deformação de maciços de RSU.

O GeoGauge trabalha medindo a tensão imposta à superfície do solo e à

velocidade resultante na superfície, como uma função do tempo. Trata-se de medir a

impedância na superfície do solo. Uma razão entre força e deflexão, a rigidez resulta

diretamente da medida de impedância. Para a realização do ensaio, o equipamento impõe ao

solo pequenos deslocamentos (<1,27x10-6

m) a 25 frequências fixas entre 100 e 196 Hz.

A rigidez é determinada para cada um desses 25 estágios de frequência, e a média

dos valores é, então, exibida. Ainda a frequências baixas, a impedância da superfície do solo

corresponde à rigidez e é proporcional ao módulo cisalhante do solo. Cabe ao usuário do

77

equipamento fornecer ao equipamento o coeficiente de Poisson (v) do material, sendo os

módulos cisalhantes e de elasticidade do solo determinados pelo equipamento.

O equipamento possui um pé circular, o qual permite ser posicionado diretamente

sobre o solo. As principais características dele são os seguintes:

- Peso 10 kg;

- Altura 28 centímetros;

- Diâmetro 27 centímetros;

- Rigidez - 3 até 70 MN/m;

- Módulo de Young - 26 até 607 MPa;

- Coeficiente de Poisson: 0.20 até 0.50 em incrementos de 0.05;

- Profundidade de medida - 220 até 310 mm;

- Duração da bateria - 500 a 1.500 medidas;

- Temperatura de operação: 0 a 38°C.

Vale comentar que o equipamento GeoGauge impõe tensões que se encontram

dentro da fase elástica do solo, e somente nesta fase é que se pode determinar valores reais de

módulos de elasticidade para o solo.

O GeoGauge permite monitorar a variabilidade de propriedades ao longo da

camada que se pretende avaliar, possibilitando a identificação de alterações nessas

propriedades e exibindo, durante o processo de compactação das camadas, as porções menos

rígidas.

Todos os ensaios de módulo de elasticidade realizados nesta tese foram

executados por equipes diferentes, mas com o mesmo equipamento, reduzindo o erro de

repetibilidade.

Na primeira campanha, de 2014, foram realizados 10 ensaios GeoGauge na célula

experimental, sendo 1 sobre o solo de cobertura, posicionando o equipamento na cobertura

vegetal, em outras 2 a base do equipamento foi posicionada em alturas médias e outros dois

no topo do maciço de RSU. No Aterro antigo, foram realizados quatro ensaios, dois ensaios

em alturas médias e dois ensaios no contato com o RSU, com cerca de 13 anos de repouso.

Na segunda campanha, de 2015, foram realizados 2 ensaios GeoGauge na célula

experimental, ambos posicionando a base do equipamento no topo do maciço do RSU. No

Aterro antigo, foram realizados outros 2 ensaios em posição análoga aos realizados na Célula

Experimental.

78

Na campanha de 2016, foram realizados apenas 4 ensaios com o GeoGauge: 2 ensaios

na célula experimental e dois ensaios na célula S-1, no aterro antigo. A célula S-9 não foi

ensaiada porque no momento dos ensaios recebeu uma descarga de resíduos.

Vale comentar que uma dificuldade adicional para a realização dos ensaios era a

execução das escavações e a preparação das superfícies ensaiadas, devido à necessidade de

utilização de um veículo para escavação e a própria natureza do material escavado.

Na Figura 20, mostra-se o equipamento utilizado nas escavações da Célula

Experimental, posicionado no interior de uma vala aberta, a cerca de 75 cm de profundidade,

por uma retroescavadeira utilizada nas escavações da Célula Experimental. a) escavação b)

posicionamento do equipamento.

Figura 20- Execução do Ensaio como GeoGauge. No fundo da vala a) e na superfície b)

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

3.4.3 Ensaios de Prova de Carga Direta

Conforme relatado anteriormente, realizaram-se provas de cargas diretas, tanto na

célula experimental quanto no aterro antigo. Os ensaios foram executados conforme as

orientações da norma NBR 6489 (ABNT, 1984), com exceção do tamanho da placa, uma

placa de aço rígida, que foi carregada em estágios por um macaco hidráulico, reagindo contra

um sistema de reação, neste caso foram utilizados veículos aproveitados da própria obra de

operação do Aterro Sanitário.

79

Vale ressaltar que, para compatibilizar os ensaios com o sistema de reação,

utilizou-se em todos os ensaios uma placa circular de aço rígido com 50 cm de diâmetro.

Assim, foram realizadas quatro provas de carga direta. De forma a simular uma

condição não drenada, foram aplicados estágios de carga do tipo rápido, com cada estágio de

carga sendo aplicado em intervalos de 10 minutos, independente da estabilização dos

recalques.

Foram realizados ensaios tanto no solo de cobertura quanto nos RSU do maciço

do aterro sanitário, na Célula Experimental e no Aterro Antigo.

Na Célula Experimental foram realizados 2 ensaios no solo de cobertura e 2

ensaios no RSU no topo do maciço sanitário. Já no Aterro Antigo, foram realizados apenas 2

ensaios no topo dos RSU do maciço sanitário.

Vale ressaltar que todos os ensaios de prova de carga direta realizados nesta

pesquisa foram executados pela mesma equipe e mesmo equipamento, reduzindo possíveis

erros de repetibilidade.

Na primeira campanha de ensaios, ocorrida em 2015, foram realizados 4 ensaios

de prova de carga, sendo 2 ensaios na célula experimental e 2 ensaios na célula 10, no aterro

antigo. Nos ensaios realizados no Aterro Antigo, eles foram feitos em um local que não havia

solo de cobertura e sobre o topo dos resíduos. Já na campanha de 2016, foram realizados

apenas 4 ensaios de prova de carga, 2 na célula experimental e outros2 ensaios na célula 9, do

aterro antigo.

Na Célula Experimental, foram realizadas escavações até atingir o topo da camada

de RSU. Neste caso, o solo de cobertura encontrava-se a cerca de 75 cm de espessura. A

Figura 21 mostra a escavação da vala para a realização da prova de carga direta na Célula

Experimental (CE).

A Figura 22mostra uma vista das provas de carga realizadas, cujo sistema de

reação utilizado foi um caminhão carregado, assim como a placa de aço utilizada para a

realização dos ensaios e os extensômetros com os cursores liberados após o recalque.

80

Figura 21- Escavação de uma vala na célula experimental para execução das provas de carga direta

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Vale mencionar que foi realizado manutenção anteriormente à realização dos

ensaios, de forma a evitar possíveis vazamentos durante a realização dos ensaios.

Figura 22- a) vista da prova de carga direta e sistema de reação b) Placa utilizada nas provas de carga

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Na Figura 23, observa-se o equipamento de prova de carga montado com a placa

de aço, o macaco hidráulico, os pesos complementares, a régua, extensômetros apoiados na

régua para as leituras dos recalques, no caso, com o cursor totalmente estendido, sinal que o

recalque máximo permitido pelo cursor foi alcançado.

81

Figura 23- Vista geral dos componentes do equipamento de prova de carga direta

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Na Figura 24, mostra-se um caminhão carregado sendo deslocado por um trator

de esteiras, para retirá-lo do local da realização de uma prova de carga direta na Célula

Experimental (CE).

Figura 24- Retirada do caminhão utilizado com auxílio de um trator de esteiras

Fonte: Elaborado pelo Autor.

A respeito da realização dos ensaios nos RSU, quando se atinge o chorume, ou

quando ele estava umedecido, por exemplo, no inverno, o odor no local dos ensaios era muito

forte, tornando indispensável o uso do equipamento de proteção respiratória como ilustra a

Figura 25a. Na Figura 25b, ilustra-se a pá mecânica como sistema de reação para os ensaios

nos resíduos.

82

Figura 25- a) Equipamento de Proteção respiratória 3.17b) Pá mecânica como sistema de reação

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Na Figura 26, observam-se detalhes dos recalques ocorridos após a realização de

um ensaio de prova de carga direta. Na Figura 26a) mostram-se trincas no solo de cobertura

da Célula Experimental (CE) e na Figura 26b) mostra-se o abatimento da superfície no topo

dos resíduos, no local do aterro antigo.

Figura 26- Observação dos recalques ocorridos após a realização de uma prova de carga direta a) trincas no solo

de cobertura da célula experimental b) abatimento no RSU no Aterro Antigo.

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

3.5 Comparação dos resultados dos ensaios de campo

Os resultados dos ensaios SPT, GeoGauge e Prova de Carga Direta foram

comparados, inicialmente, entre o maciço de RSU novo, da Célula Experimental, e o

velho,obtido no Aterro Antigo. Para tanto foram gerados os gráficos Nspt x prof; rigidez x

prof; pressão x recalque, para os RSU novo e antigo, e comparados no capítulo 4.

3.6 Previsões do módulo de elasticidade e comparação das previsões

O módulo de Elasticidade ( foi estimado a partir da sondagem à percussão

(SPT), do GeoGauge, e da prova de carga direta (PC).

Para as estimativas do GeoGauge foi adotado um Poisson de 0,35, pois o

equipamento fornece diretamente o valor de .

83

O foi estimado ainda para as Provas de Cargas realizadas nos RSU, dessa forma

foi utilizada a expressão da Teoria da Elasticidade.

(2.12)

A comparação dos obtidos para os 3 ensaios de campo ocorreu através do

acréscimo de cargas de 20 em 20 MPa para os ensaios e GeoGauge, e o mesmo procedimento

para os ensaios de sondagem à percussão (SPT) nas profundidades de 1m e 2 m.

3.7 Previsão de deslocamentos nos RSU Comparação dos Resultados

Foi feita a previsão dos deslocamentos (verticais) da placa usada nas provas de

carga diretas (PCEs), foi feita usando os mesmos carregamentos (pressões) que foram

aplicadas nos ensaios de placa, realizados no maciço de RSU (tanto na CE quanto no Aterro

Antigo).

O foi estimado a partir do NSPT e, considerando a fórmula da teoria da

elasticidade Posteriormente foi utilizado os ’s obtidos a partir do GeoGauge para, a partir da

mesma fórmula da teoria da elasticidade, onde obteve-se também os (para as mesmas

cargas das PCEs na CE e no Aterro Antigo).

Os valores previstos de são confrontados com os obtidos nas PCDs feitas nos

RSU, da CE e Aterro Antigo.

A avaliação das previsões de E, do ensaio de sondagem à percussão (SPT) ou do

GeoGauge ou da prova de carga direta (PCD) refletem de fato o comportamento do maciço de

RSU. Dava-se para estimar as PCDs dos solos de cobertura também, mas só se fossem

realizadas análises numéricas, o que não feito nesta tese devido o fator tempo.

84

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISES

Os ensaios de laboratório foram realizados no solo de cobertura e no material dos

RSU e os ensaios de campo foram realizados tanto na célula experimental e no aterro antigo.

A seguir, serão apresentados os resultados dos ensaios realizados tanto os de

laboratório quanto os em campo.

4.1 Resultados dos Ensaios de Laboratório

4.1.1 Ensaios Realizados no Solo de Cobertura

Conforme relatado no capítulo 3 de metodologia, foram realizados os ensaios de

granulometria em duas amostras do solo de cobertura da Célula Experimental – CE, estes

foram realizados segundo a NBR 7181. Foi realizada a granulometria por peneiramento,

assim como a sedimentação.

A Figura 27apresenta as curvas granulométricas nas amostras de solos de

cobertura da Célula Experimental ensaiadas.

Figura 27 - Curvas granulométricas das amostras do solo da camada de cobertura da CE

Fonte: Elaborada pelo Autor

As amostras apresentam na sua composição: 41% e 29% de pedregulho, 49% e

55% de areia, 6% e 9% de silte e 4% e 7% de argila para as amostras1 e 2 respectivamente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,001 0,01 0,1 1 10

amostra S1

amostra S2

Po

rce

nta

gem

qu

e p

assa

(%

)

85

A Tabela 12 apresenta os dados granulométricos de diversos autores encontrados

na literatura, com destaque para Santos (2012), que realizou esta análise no mesmo aterro

(ASMOC). Observa-se que o maior percentual de pedregulho encontrado foi o desta pesquisa.

Em termos de areia, foi o menor percentual de todos; e em termos de silte e argila está entre

os valores mais altos, porém dentro dos valores encontrados por Santos (2012).

Tabela 12 - Dados granulométricos da camada de cobertura de aterro encontrados na literatura

Autor(es)/Ano Composição granulométrica (%)

Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Pedregulho

A 16 18 43 24

57 10,3 32,8 -

B 23,3 55,7 21,1 -

C 10,3 - 24,8 25 - 44 33 - 52 1,6 - 14,8

D 13,8 31,8 16,8 19,3 15,4 2,9

E 21,2 - 49,1 10,9 - 28,1 34,5 - 50,1 1,8 - 3,3

F 46 - 49 24 - 30 17 - 23 4 - 8

G 16 21 17 26 17 3

H 5,5 - 36,9 9,1 - 37,1 25,6 - 54,6 8,3 - 35,6 0,4 - 7,1 -

I 23 - 29 30 - 35 18 - 24 11 - 18 4 - 5 1 - 4

J 27 33 4 5 3 28 A: Brito Filho (2005) - Aterros de Nova Iguaçu e Terra Brava (RJ), B: Franceschet et al. (2005), C: Freitas Magalhães et al. (2005) - Aterro de Belo Horizonte (MG), D: Huse (2007) - Aterro de Nova Iguaçu (RJ), E: Tozetto (2008) - Aterro de

Curitiba (PR), F: Catapreta (2008), G: Lopes dos Santos (2009) - Aterro Morro do Céu (RJ), H: Soares et al. (2011) - Aterro

de São Leopoldo (RS), I: Santos (2012) ASMOC; J: o Autor.

Fonte: Adaptada de Santos 2012

Foram realizados 2 ensaios de limite de liquidez, cujos valores encontrados foram

de 34% para a amostra 1 e 35% para a amostra 2. A Figura 28 mostra os valores dos ensaios

de limite de liquidez realizados no solo de cobertura da Célula Experimental (CE).

Figura 28- Limite de liquidez das amostras do solo da camada de cobertura da CE.

Foram realizados 2 ensaios de limite de plasticidade nas amostras do solo de

cobertura da Célula Experimental, cujos valores encontrados foram de 26% para a amostra 1 e

27% para a amostra 2.

86

Para fins comparativos, foram coletados na literatura valores dos índices de

consistência obtidos para solos de cobertura de aterros sanitários do Brasil. A Tabela 13

apresenta diversos valores dos limites de consistência de solos de cobertura encontrados na

literatura.

Tabela 13 - Dados da literatura dos limites de consistência da camada de cobertura da CE.

Aterro Autor(es)/Ano Limites de Consistência (%)

LL LP IP

Lins (2003)1 49 - 55 - 29 - 36

Freitas Magalhães et al. (2005) 29 - 43 15 - 32 10 - 19

Brito Filho (2005) 75,3 33,99 41,4

Franceschet et al. (2005) 56 - 11

Huse (2007) 44,5 21,12 -

Catapreta (2008) 43 - 49 29 - 30 13 - 20

Lopes dos Santos (2009) 32 18 14

Lúcia Lopes et al. (2011) 42 - 13

Soares et al. (2011) 25,23 - 27,42 20,36 -24,84 1,0 - 6,6

Santos (2012) 27 - 31 13 - 17 12 -15

Dados encontrados 35-34 26/27 8/9

1Aterro experimental da Muribeca (PE).

Fonte: Adaptada de Santos 2012

Pela Tabela, observa-se que os solos de cobertura registrados apresentaram limite

de liquidez que variaram de 25% a 49%; limites de plasticidade de 34% a 13%; e índices de

plasticidade de 41% a 1%; confrontando-se essas faixas de valores da literatura com os

valores obtidos nesta pesquisa, observa-se que os solos de cobertura da célula experimental

encontram-se dentro da faixa dos limites de consistência da literatura.

Sendo assim, pode-se afirmar que o solo de cobertura usado na Célula

Experimental - CE é um solo semelhante a um usualmente empregado nas coberturas de

outros aterros sanitários, portanto são solos mais plásticos, ou seja, com índices de

Plasticidades - IP maiores.

Conforme relatado anteriormente, foram realizados ensaios de compactação nas

duas amostras do solo de cobertura que apresentaram os valores de 18,25 kN/m3 para a

amostra 1 e de 18,05 kN/m3 para a amostra 2. Foi utilizada a energia de compactação normal

para estes ensaios. A Figura 29apresenta as curvas de compactação do solo da camada de

cobertura da Célula Experimental.

87

Figura 29- Curvas de compactação das amostras do solo da camada de cobertura da CE

Fonte: Elaborado pelo Autor

Para fins comparativos, foram coletados na literatura valores das massas

específicas aparentes secas máximas e umidades ótimas obtidas para solos de cobertura de

aterros sanitários do Brasil.

Pela Tabela 14, observa-se que os valores das massas específicas aparentes

máximas estão entre 27,8 kN/m3 e 14,4 kN/m

3 e as umidades ótimas estão entre 11,1% e

32,1%; sendo os valores encontrados de 18,25 kN/m3 e 18,05 kN/m

3 para as massas

específicas aparente máxima e 14,0 e 14,6% para as umidades ótimas, conclui-se que estes

valores encontrados estão dentro dos valores de compactação da camada de cobertura de

aterros encontrados em diversos trabalhos publicados.

Tabela 14 - Dados da curva de compactação (camada de cobertura de aterro) na literatura

Autor(es)/Ano

Resultados da Compactação

Umidade ótima (%) Massa específica seca(kN/m3)

Lins (2003) – 15,01 – 15,84

Brito Filho (2005) 28,2 14,40

Franceschet et al. (2005) 32,1 23,19

Catapreta (2008) – 27,80 – 28,50

Lopes dos Santos (2009) 14,1 17,60

Soares et al. (2011) – 23,80 – 27,40

Santos (2012) 11,1 – 12,2 19,89 – 20,08

Dados encontrados 14,0 – 14,6 18,25 – 18,05

Fonte: Adaptada de Santos 2012

Vale lembrar que a energia aplicada nos ensaios de compactação e Índice de

17,2

17,3

17,4

17,5

17,6

17,7

17,8

17,9

18,0

18,1

18,2

18,3

18,4

9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

amostra 1

amostra 2

M.E

spec

ific

a A

p. S

eca

(kN

/m3)

Umidade (%)

88

Suporte Califórnia correspondem à energia do Proctor Normal.

Foram realizados 2 ensaios de índice de suporte Califórnia (ISC) nas amostras do

solo de cobertura da Célula Experimental – CE, a partir do gráfico da Figura 4.4 e utilizando-

se a seguinte expressão: ISC = (pressão encontrada/pressão padrão) *100, determinaram-se os

ISC da amostra 1 com valor de 7% e da amostra 2 com valor de 5%.

A Figura 30 apresenta as curvas dos ensaios de índice de suporte Califórnia (ISC)

do solo de cobertura da Célula Experimental.

Figura 30- Índice de Suporte Califórnia das amostras do solo de cobertura da CE

Fonte: Elaborado pelo Autor

Os valores de 7% e 5% são considerados baixos, no entanto com a compreensão

de que os solos de cobertura devem ser plásticos para evitar a infiltração de água, logo solos

plásticos possuem baixos valores de ISC, portanto são usualmente empregados em solos de

cobertura de aterros sanitários.

A Tabela 15 mostra os resultados dos ensaios de caracterização realizados nas

amostras de solos de cobertura da Célula Experimental. Observa-se que o material é

predominantemente fino e de média plasticidade.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

amostra 1

amostra 2

Penetração (pol.)

Pre

ssão

(kN

/m2 )

89

Tabela 15 - Resumo dos ensaios de caracterização, de compactação, CBR e Expansão realizada no solo de

cobertura da Célula Experimental.

AMOSTRA 01 02

ABERTURA DAS

PENEIRAS (mm) 1 2

%

P

A

S

S

A

A

3/4 100 100

12,7 98 99

9,5 97 98

4,8 87 89

2,0 70 74

0,60 68 70

0,42 65 67

0,30 63 65

0,075 59 61

0,005 26 28

LL (%) 34 35

LP (%) 27 26

IP (%) 8 9

MASSA ESP. APAR. SECA

MÁXIMA (kN/m3) 18,25 18,05

UMIDADE ÓTIMA (%) 14,0 14,6

CBR (%) 7 5

EXPANSÃO (%) 2,55 2,60

Energia de compactação: normal

Fonte: Elaborado pelo Autor

4.1.2 Ensaios Realizados nos RSU

Foram realizados dois ensaios de composição gravimétrica nos RSU do maciço

sanitário do Aterro Antigo e posteriormente no solo contido na massa; no material inerte,

foram realizados ensaios de granulometria, densidade real, compactação, CBR e expansão, e

cisalhamento direto.

4.1.2.1 Composição Gravimétrica

Realizou-se a composição gravimétrica dos RSU coletados em duas células do

aterro antigo (S-1) e (S-2) para determinação do percentual de cada componente em relação

ao peso total da amostra de RSU analisada. Segundo Boscov (2008), a composição

gravimétrica é uma das características de maior influência nas propriedades geomecânicas dos

RSU e quanto maior a quantidade de um determinado componente mais as características

gerais do maciço se assemelharão às características desse componente.

Conforme descrito no capítulo 3, as amostras coletadas foram secas ao ar, após o

quarteamento, de forma a reduzir a quantidade inicial coletada para cerca de 8 kg. Uma vez

obtida a amostra do ensaio, procedeu-se à separação manual de cada um dos componentes do

90

RSU, conforme foram surgindo. Apesar de ser um procedimento simples, necessita-se de

muita atenção, porque muitas vezes surgem dúvidas quanto à natureza de alguns componentes

encontrados.

A Tabela 16 apresenta os resultados da composição física média dos resíduos

coletados nas células S-1 e S-2 a 1,0 m de profundidade. Comparando-se ainda os resultados

obtidos com os de outros autores discriminados na literatura. A composição apresentada para

cada material está em termos de peso seco. Pôde-se observar na massa a ocorrência de grande

quantidade de pedregulho. Não foi encontrada pasta orgânica, devido ao fato do material

encontrar-se seco.

Tabela 16 - Composição gravimétrica dos RSU do Aterro Antigo e de outros autores da literatura

Componentes

% em massa da amostra Média

Autor

(ASMOC)

Santos

(ASMOC)

Carneiro

(ASMOC)

Carvalho

(Bandeirantes)

Materiais

Putrescíveis 61,89 36,8 38,8 54,8

Outros 11,1 (areia) 12,6 ---

Plásticos 0,48 15,6 15,6 16,7

Fralda 8,4 8,4

Trapos 0,07 8,3 7,7 2,7

Papel 0,17 5,3 8,9 2,2

Resíduo de

Jardim 3,0 --

PET 1,5 ---

Vidro 0,05 2,3 2,6 2,5

Borracha 0,6 1,1 1,9

Alumínio 0,7 0,8

Madeira 1,87 -- -- 4,0

Pedregulho 34,72 -- -- 9,9

Metal 0,75 1,3 1,3 5,6

Fonte: Elaborado pelo Autor

4.1.2.2 Distribuição Granulométrica

Para a representação da distribuição granulométrica dos RSU, adotou-se a

separação dos constituintes, em porcentagem por peso, através de peneiras com abertura de

19,1 mm -12,7 mm - 9,5 mm - 4,8 mm - 2,00 mm - 0,42 mm e 0,074 mm. Acima de 4,8 mm,

os materiais foram separados visualmente. Na Figura 4.1, apresenta-se a curva granulométrica

dos RSU.

91

A amostra apresenta 35% de pedregulho, 53% de areia e 12% de silte, argila e

matéria orgânica. A Figura 31mostra as curvas granulométricas das amostras de RSU.

Figura 31- Curva Granulométrica dos RSU.

Fonte: Elaborado pelo Autor

De acordo com a distribuição granulométrica, o solo contido no RSU pode ser

classificado com base no Sistema de Classificação Unificado de Solos – SUCS, como SM-

SW (areia siltosa bem graduada).

4.1.2.3 Ensaio de Limites de Consistência

Realizaram-se ainda ensaios para a determinação dos índices de consistência da

(WL e WP). A Tabela 17apresenta os resultados dos ensaios de limites de consistência.

Ambas as amostras não apresentaram plasticidade.

Tabela 17 - Limites de consistência

Amostra S-1 S-2

WL - Limite de liquidez (%) NL NL

WP - Limite de plasticidade (%) NP NP

WI - Índice de plasticidade (%) NP NP

Fonte: Elaborado pelo Autor

4.1.2.4 Ensaio de Densidade Real

Os resultados dos ensaios de densidade real foram considerados satisfatórios,

sendo que, mesmo utilizando métodos (bomba de vácuo e banho-maria quente) e picnômetros

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,001 0,01 0,1 1 10

amostra 1

amostra 2

PO

RC

ENTA

GEM

QU

E P

ASS

A(%

)

Diâmetro dos grãos (mm)

92

diferentes (500 ml e 2000 ml), os resultados convergiram em torno de um mesmo valor,

conforme consta nos valores apresentados na Tabela 18.

Tabela 18 - Densidade Real

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.2.5 Ensaio de Teor Matéria Orgânica

O teor de matéria orgânica foi obtido segundo a norma NBR 13600 (ABNT,

1996) e cujos procedimentos já foram apresentados no capítulo 3.

Dessa forma, foram realizados 2 ensaios de determinação do teor de matéria

orgânica e os valores obtidos situaram-se entre 5,29 e 6,31%. A Tabela 19 a seguir apresenta

os resultados obtidos no mencionado ensaio.

Esses valores encontram-se pouco acima dos valores obtidos por Rocha (2008),

reforçando a percepção da variação das características do RSU ao longo do tempo, pois suas

análises mostraram que os RSU novos apresentam 62,65% de teor de matéria orgânica,

enquanto os RSU antigos apresentaram teor de apenas 4,55%.

É necessário que se passe a realizar este ensaio, para que se deixe de chamar tudo

que passa na peneira de 4,8 mm de matéria orgânica.

Tabela 19 - Teor de Matéria Orgânica

Amostra Matéria Orgânica

(%)

M.O. Média

(%)

S-1 5,29 5,8

S-2 6,31

Fonte: Elaborado pelo Autor

4.1.2.6 Ensaio de Compactação

Realizaram-se ainda ensaios de compactação no solo presente nos resíduos das

células S-1 e S-2, seguindo as orientações da norma NBR 7182 na energia normal (12 golpes)

e modificada (55 golpes). O uso do equipamento utilizado para RSU no ensaio de

compactação não diferem muito da compactação de solos. No entanto, algumas observações

devem ser feitas.

Amostra Densidade Real

S-1 2,58

S-2 2,58

93

Os resultados obtidos no ensaio de compactação do RSU permitiram a construção da

curva de compactação (Figura 32), numa relação entre o peso específico aparente seco e teor

de água dos RSU. Assim, determinou-se a massa específica aparente seca máxima na energia

normal de 16,77 kN/m3 e 15% de umidade ótima, já na energia modificada os resultados

foram de 21,55 kN/m3 e 8,5%.

Figura 32- Curvas de compactação do RSU

Fonte: Elaborado pelo Autor

Gabriel e Valero (1995) obtiveram curvas de compactação de resíduos

semelhantes à apresentada na Figura 32.

- O efeito da água adicionada é mais acentuado nos RSU, pois se acrescentam 2%

de água e a variação da umidade é bem maior;

- Como a variação da água é maior em RSU, a curva ocupa um maior espaço do

eixo da umidade;

- A morfologia da curva de compactação dos RSU tem uma grande semelhança

com um solo do tipo arenoso;

- A variação da curva com energia normal para energia modificada em RSU se

assemelha muito à variação da curva com energia normal para energia modificada para solos;

- Os valores encontrados neste trabalho diferem muito do encontrado por KONIG

& JESSBERGER (1997), que foi umidade ótima de 32% e massa específica aparente seca

máxima de 0,97 kN/m3, apesar das curvas apresentarem formato semelhante.

Energia normal: 16,77 kN/m3

Energia modificada: 21,55 kN/m3

94

4.1.2.7 Ensaio de ISC e Expansão

Os ensaios de ISC foram realizados seguindo as orientações da norma NBR 9895

(ABNT, 1987), no qual os corpos de prova foram compactados na energia normal (12 golpes).

Os ensaios de CBR apresentaram valores de 7% para a amostra 1 e de 6% para a

amostra 2, valores baixos, mas que são compatíveis com o também baixo valor do peso

específico aparente seco máximo, vale observar que, para a penetração de 0,2‖, nos corpos de

prova de RSU, foram aplicadas baixíssimas pressões, conforme mostra-se na Figura 33.

Na Figura 33 apresentam-se os gráficos dos ensaios de ISC em RSU e Figura 34

mostra os gráficos dos ensaios de expansão realizados. Vale comentar que a existência de

expansão elevada em corpos de prova de RSU não é esperada, uma vez que as amostras não

apresentaram plasticidade.

Figura 33 - Curvas dos ensaios de CBR no RSU

Figura 34 - Curvas dos ensaios de Expansão no RSU

Fonte: Elaborado pelo autor

A Tabela 20 mostra o resumo dos resultados dos ensaios realizados de ISC e

expansão para o RSU, apesar de apresentarem valores próximos de CBR, e não terem

plasticidade apresentam valores de expansão significativos e diferentes.

Tabela 20 - Resultados dos ensaios de ISC e expansão realizados no RSU

Amostra ISC (%) Expansão (%)

S-1 7,0 0,79

S-2 6,0 0,33 Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.2.8 Ensaio de Cisalhamento Direto

O ensaio de cisalhamento direto foi realizado de acordo com a norma americana

ASTM D3080, os corpos de prova foram moldados e ensaiados de acordo com os

procedimentos já descritos no capítulo 3.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

amostra 1

amostra 2

Penetração (pol.)

Pre

ssão

(kN

/m2 )

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 20 40 60 80 100

am 1

am 2

(%)

Horas (h)

95

A Figura 35 apresenta as curvas tensão de cisalhamento x deslocamento

horizontal de ensaios de cisalhamento direto em corpos de prova de RSU.

Figura 35- Curvas tensão de cisalhamento x deslocamento horizontal do RSU

Fonte: Elaborado pelo autor.

As tensões usadas foram de 50 – 100 – 200 e 300 kPa, quanto maior for a tensão

() maior será a tensão de ruptura (ruptura.

A Tabela 21 apresenta as condições dos corpos de prova ensaiados e valores de

tensão cisalhante do RSU.

Tabela 21 - Condição dos corpos de prova e valores da tensão cisalhante do RSU

CP

PESO ESP.

APAR.

SECO

(kN/m3)

UMIDADE

(%)

TENSÃO

NORMAL

(kPa)

Tensão Cisalhante (kPa)

5% 10% 15% 20%

1 16,26 13,7 50 42,1 47,2 50,2 55,02

2 16,29 13,5 100 91,1 98,5 107,0 113,93

3 16,64 13,8 200 143,3 181,0 197,0 208,59

4 16,42 13,8 300 212,1 250,0 265,0 275,4 Fonte: Elaborado pelo autor.

0

50

100

150

200

250

300

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Tensão C

isalh

am

ento

(kP

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50 kPa

100 kPa

200kPa

300 kPa

96

A Figura 36 apresenta o Gráfico deslocamento vertical x deslocamento horizontal,

quanto maior a tensão normal, mais o corpo de prova comprimiu na vertical e, como

esperado, foi observado que houve elevada deformação dos corpos de prova ensaiados

durante o cisalhamento.

Figura 36- Gráfico deslocamento vertical x deslocamento horizontal

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os corpos de prova estão todos na mesma condição, pois os pesos específicos

aparentes secos e as umidades de todos eles são, praticamente, iguais.

A Figura 37 apresenta as retas de tensão cisalhante para os deslocamentos

horizontais de 5% - 10% - 15% - 20%.

-3,5

-2,5

-1,5

-0,5

0,5

1,5

2,5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Var

iaçã

o V

olu

mét

rica

(cm

³)

Deslocamento Horizontal (mm)

50 kPa

100 kPa

200kPa

300 kPa

97

Figura 37- Tensão normal x Tensão Cisalhante do RSU

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Tabela 22apresenta os valores das coesões e dos ângulos de atrito obtidas para

os corpos de prova de RSU ensaiados. Observa-se que, com o aumento das tensões normais,

enquanto a coesão vai aumentando, o ângulo de atrito aumenta também.

Tabela 22 - Coesão e ângulo de atrito do RSU de acordo com a percentagem de deslocamento horizontal

PORCEN

TAGEM

Coesão

(kPa)

Ângulo de

atrito

()

5% 15,9 33,1

10% 13,3 38,8

15% 16,0 40,5

20% 20,5 40,6 Fonte: Elaborado pelo autor.

O ângulo de atrito foi elevado ficando numa ordem de grandeza de solos

granulares. Já a coesão foi baixa, o que também é compatível com a coesão de solos

granulares.

4.2 Ensaios de Campo

4.2.1 Sondagens à Percussão (SPT)

As 5 sondagens à percussão (SPT) foram realizadas sem revestimentos, já que não

houve desmoronamento de paredes e tampouco houve utilização de água para lavagem. Os

valores de N adotados correspondem à soma dos valores medidos para penetrar os 30 cm

finais do mostrador. Conforme relatado na primeira campanha de 2014, foram realizados 4

y = 0,653x + 15,91

y = 0,805x + 13,31

y = 0,854x + 16,03

y = 0,878x + 20,54

0

50

100

150

200

250

300

0 100 200 300 400

50 kPa

100 kPa

200 kPa

300 kPa

Tensão Normal (kPa)

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to(k

Pa)

98

ensaios de sondagem à percussão, sendo 2 ensaios na célula experimental e outros 2 na célula

9 (aterro antigo).

Já na campanha de 2015, foram realizados apenas 2 ensaios de sondagem à

percussão, 1 na célula experimental e 1 ensaio na célula 9, condição de aterro antigo.

Na campanha de 2016, foram realizados outros 2 ensaios de sondagem à

percussão: 1 na célula experimental e 1 ensaio na célula 9, do aterro antigo. Vale comentar

que, durante o ano de 2016, a célula 9 voltou a ser utilizada para disposição de RSU, por isso

não foi mais alvo de novos ensaios.

Vale destacar que as sondagens à percussão realizadas na Célula Experimental

foram executadas até a profundidade do fundo da escavação da Célula Experimental, ou seja,

4,0 m. Durante a execução do ensaio, não era raro não virem amostras de RSU no mostrador,

conforme ilustra a Figura 38a. Já na Figura 38b, mostra-se amostra de RSU, obtida durante a

execução das sondagens à percussão realizada na Célula Experimental.

Figura 38- a) Amostrador obstruído b) Amostra de RSU

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2.1.1 Sondagens à Percussão realizadas Célula Experimental

A Figura 39 mostra todos os perfis de resistência obtidos com as 5 sondagens à

percussão realizadas na Célula Experimental. Vale comentar que a sondagem à percussão,

realizada em 2013, foi executada por Carneiro (2013). Nesses perfis podem ser confrontados

os valores de resistência à penetração (Nspt) ao longo da profundidade e do tempo.

99

Figura 39- Perfis de resistência na CE

Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir do gráfico da Figura 39, observa-se que os valores do Nspt, obtidos a

partir da sondagem de 2013, apresentam a menor variação de resultados, com valores que

oscilam entre 5 e 12 golpes.

As sondagens realizadas em 2014.1 apresentaram valores que variaram

consideravelmente, logo na posição mais superior dos RSU, a 1 m de profundidade,

evidenciando um obstáculo encontrado, em seguida os valores do Nspt apresentaram valores

menores entre 7 e 13 golpes.

Já as sondagens realizadas em 2014.2 forneceram resultados com baixa variação,

neste caso, o Nspt variou apenas entre 7 e 11.

O ensaio de sondagem à percussão de 2015 apresenta, na profundidade de 1 m,

valores de Nspt próximos dos demais, mas logo na profundidade de 2 m, inicia uma

discrepância que atinge o valor máximo de 27 a 4 m de profundidade.

Os valores de Nspt de 2016 são os que apresentam resultados mais concentrados,

com valores de Nspt variando apenas entre 5 e 9.

0

1

2

3

4

5

0 10 20 30

2013

2014.1

2014.2

2015

2016

Nspt

Pro

fun

did

ade

(m

)

100

No ensaio de sondagem à percussão de 2015, observa-se um distanciamento dos

valores de Nspt nas últimas profundidades, evidenciando algum resíduo mais resistente.

Excluindo-se estes valores de Nspt de 2015 (de 3 m e 4 m), a variação de Nspt fica entre 5 e

19, sendo a média de N igual a 10.

4.2.1.2 Aterro Antigo

A Figura 40 apresenta os perfis de resistência obtidos com as 5 sondagens à

percussão (SPT) realizadas no Aterro Antigo, as sondagens executadas no ano de 2013 foram

executadas por Carneiro (2013). Nesses perfis, podem ser evidenciados os valores de

resistência à penetração N e a profundidade.

Figura 40- Perfis de resistência no Aterro Antigo

Fonte: Elaborado pelo autor.

Por meio do gráfico da Figura 40 pode-se notar que o SPT de 2013 apresenta-se

homogêneo, com valores de Nspt entre 9 e 15.

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30

2013

2014.1

2014.2

2015

2016

Pro

fun

did

ade

(m

)

Nspt

101

O ensaio de sondagem à percussão de 2014.1 mostra valores de Nspt de 8 a 1 m;

12 a 2 m; 18 a 3 m; 8 a 4 m; e 9 a 5 m.

O ensaio de sondagem à percussão de 2014.2 apresenta resultados nas

profundidades iniciais próximos, o Nspt varia de 8 a 13 de 1 a 4 m, só a 5 m que seu valor

passa para 17.

Os resultados do ensaio de sondagem à percussão de 2015 mostraram-se bastante

concentrados com valores de Nspt entre 6 e 10.

O ensaio de sondagem à percussão de 2016 apresentou resultado discrepante no

primeiro metro, Nspt de 17, evidenciando obstáculos, porém, muito concentrado, sendo os

mais baixos valores em relação aos demais, com Nspt variando de 4 a 7, evidenciando,

possivelmente, que os processos de biodegradação já não estão mais ocorrendo.

Há uma proximidade de valor de Nspt e de tendência de variação ao longo da

profundidade nos anos de 2015 e 2016.

Há uma mesma concentração dos resultados de Nspt entre 5 e 15. O Nspt variou

de 6 a 18, sendo a média de 10, com valores ligeiramente crescentes com a profundidade.

4.3 Ensaios com o GeoGauge

Para avaliar a rigidez do maciço de RSU, da Célula Experimental e do Aterro

Antigo, realizam-se ensaios com o GeoGauge.

Inicialmente realizaram-se ensaios no solo de cobertura da Célula Experimental e,

posteriormente, realizaram-se ensaios nos resíduos do maciço do Aterro Sanitário da Célula

Experimental e do Aterro Antigo no ano de 2014. Nos contatos dos RSU, o coeficiente de

Poisson adotado foi de 3,5, e no solo de cobertura, o coeficiente de Poisson adotado foi de

4,0.

Na Tabela 23 mostram-se os resultados dos ensaios realizados no solo de

cobertura da Célula Experimental, no RSU da Célula Experimental e no RSU do Aterro

Antigo no ano de 2014.

Tabela 23 - Resultados dos ensaios de GeoGauge - rigidez no ano de 2014

Ensaio

Rigidez (MN/m)

SOLO DE

COBERTURA

CÉLULA

EXPERIMENTAL

ATERRO

ANTIGO

01 14,24 5,38 2,12

02 11,09 5,50 3,16

03 13,12 5,54 3,34

102

Ensaio

Rigidez (MN/m)

SOLO DE

COBERTURA

CÉLULA

EXPERIMENTAL

ATERRO

ANTIGO

Média 12,82 5,47 2,87

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pelos resultados apresentados acima se pode dizer que os valores da rigidez da

Célula Experimental ficaram cerca da metade da rigidez do solo de cobertura, sendo que a

rigidez do Aterro Antigo também ficou cerca de metade na rigidez no solo de cobertura.

Na Figura 41 comparam-se os valores das rigidezes obtidas com a realização dos

ensaios com o GeoGauge em 2014.

Figura 41- Comparação das rigidezes obtidas com o GeoGauge em 2014

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pela Figura 41 observa-se que a rigidez do solo de cobertura é consideravelmente

mais elevada que as dos 2 maciços de RSU avaliados. Comparando agora apenas os resíduos,

observam-se que a rigidez da Célula Experimental é cerca de 2 vezes maior que o valor da

rigidez do Aterro Antigo.

Considerando-se um coeficiente de Poisson 0,35 estima-se, no próprio visor do

equipamento, os módulos de elasticidade (E) do solo de cobertura da CE e dos maciços de

RSU tanto na Célula Experimental quanto no Aterro Antigo. Na Tabela 24 comparam-se os

valores dos módulos de elasticidade estimados.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

solo de cobertura célula experimental aterro antigo

Rig

ide

z (M

N/m

)

103

Tabela 24 - Resultados dos ensaios de GeoGauge - módulo de elasticidade no ano de 2014

Ensaio

Módulo de Elasticidade (MPa)

SOLO DE

COBERTURA

CÉLULA

EXPERIMENTAL

ATERRO

ANTIGO

01 123,54 46,67 18,40

02 96,21 47,73 23,77

03 113,85 48,02 25,14

Média 111,20 47,47 22,47

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se que os valores dos módulos de elasticidade são cerca de 2,5 os valores

encontrados na Célula experimental e estes, por sua vez, são também mais de 2vezes os

valores encontrados no Aterro Antigo.

Figura 42- Comparação dos módulos de elasticidade obtidos com o GeoGauge em 2014

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pela Figura 42 observa-se que o módulo de elasticidade do solo de cobertura é

consideravelmente mais elevado que os dos 2 maciços de RSU avaliados. Comparando agora

apenas os resíduos, observam-se que o módulo de elasticidade da Célula Experimental é cerca

de 2 vezes maior que o valor do módulo de elasticidade do Aterro Antigo.

Ao longo do tempo realizaram-se ensaios nos resíduos da Célula Experimental e

no Aterro Antigo nos anos de 2015 e 2016. Na Tabela 25 mostram-se os resultados dos

ensaios realizados com o GeoGauge nos resíduos da Célula Experimental e do Aterro Antigo

ao longo do tempo, nos anos de 2014, 2015 e 2016.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

solo de cobertura célula experimental aterro antigo

du

lo d

e E

last

icid

ade

(M

Pa)

104

Tabela 25 - Resultados ensaios com o GeoGauge em função do tempo

Rigidez (MN/m)

2014 2015 2016

CÉLULA

EXPERIMENTAL

5,38

5,50

5,54

3,12

3,24

3,25

4,62

3,08

4,61

MÉDIA 5,47 3,20 4,10

ATERRO

ANTIGO

2,12

3,16

3,34

8,84

4,16

6,10

7,21

7,96

7,47

MÉDIA 2,87 6,37 7,55

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 43 compara todos os resultados encontrados com o GeoGauge ao longo

do tempo.

Figura 43- Comparação dos resultados da rigidez na CE e no AA

Fonte: Elaborado pelo autor.

Através da Figura 43observa-se que nos resíduos da Célula Experimental houve

uma redução significativa da rigidez entre os anos de 2014 e 2015, e em seguida um rápido

aumento de 2015 para 2016. Já em relação ao Aterro Antigo mais que dobrou os valores nos

anos de 2014 e 2015, seguido por um relativo acréscimo entre os anos de 2015 e 2016.

Novamente, considerando um Poisson para os resíduos, tanto na CE quanto no

AA, de 0,35 determinaram-se os módulos de elasticidade ao longo do intervalo de tempo dos

ensaios. A Tabela 26mostra os valores dos módulos de elasticidade ao longo do tempo.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

2014 2015 2016

CE

AA

Rig

ide

z (M

N/m

)

105

Tabela 26 - Resultados ensaios com o Geogauge em função do tempo

Módulo de Elasticidade (MPa)

2014 2015 2016

CÉLULA

EXPERIMENTAL

46,67

47,73

48,02

27,06

28,12

28,20

26,70

27,16

26,85

MÉDIA 47,47 27,79 26,90

ATERRO

ANTIGO

18,40

23,77

25,14

76,68

36,13

46,52

62,58

64,82

65,17

MÉDIA 22,44 53,11 64,19

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 44 mostra a variação obtida com relação às determinações do módulo de

elasticidade realizadas ao longo do tempo.

Figura 44- Variação dos módulos de elasticidade em função do tempo

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pode-se observar que houve uma significativa redução nos valores do módulo de

elasticidade na Célula Experimental do ano de 2014 para 2015 e que depois essa redução

tornou-se muito pequena (de 2015 para 2016). Já no Aterro Antigo ocorreu um acréscimo

significativo no módulo de elasticidade entre os anos de 2014 e 2015, entretanto entre os anos

de 2015 e 2016 esse acréscimo foi um pouco menor.

Na Tabela 27 apresenta-se o resumo dos ensaios realizados nos resíduos da Célula

Experimental e do Aterro Antigo, nela apresentam-se as médias das medidas das rigidezes e

das determinações do módulo de elasticidade de cada ano de realização dos ensaios.

0

10

20

30

40

50

60

70

2014 2015 2016

CE

AA

du

lo d

e El

asti

cid

ade

(MP

a)

106

Tabela 27 - Resumo das médias de rigidez e das determinações do módulo de elasticidade ao longo do tempo

CÉLULA EXPERIMENTAL ATERRO ANTIGO

ANO Rigidez

(MN/m)

Modulo de Elasticidade

(MPa)

Rigidez

(MN/m)

Módulo de Elasticidade

(MPa)

2014 5,47 47,47 2,87 22,44

2015 3,20 27,79 6,37 53,11

2016 4,10 26,90 7,55 64,19

Média 4,26 34,05 5,60 39,91

Fonte: Elaborado pelo Autor

Assim como observado nas Tabela 23 a Tabela 26 e nas Figura 41 a Figura 44,

observa-se pela Tabela 27 que enquanto a rigidez teve seus valores reduzidos ao longo dos

anos na Célula Experimental, no Aterro Antigo esse valor cresceu muito. No caso do módulo

de elasticidade aconteceu o contrário, os valores na Célula Experimental foram reduzindo

seus valores ao longo dos anos, enquanto que no Aterro Antigo os valores cresceram

significativamente.

Entre as determinações feitas nos anos de 2015 e 2016, uma grande proximidade

de valores do módulo de elasticidade e da rigidez na Célula Experimental, além de uma

grande diferença destes valores em relação ao ano de 2014, tratando-se, portanto, de uma

redução não regular, mas recorrente em todos os valores.

Pode ser um indício de maiores processos de biodegeneração entre os anos de

2014 e 2015 e um indício de estabilização de processos de biodegeneração entre os anos de

2015 e 2016. Isso é, esta pesquisa pode ter identificado o momento da estabilização dos

processos de biodegeneração na célula experimental construída em 2011, portanto, quatro

anos após a sua construção.

No aterro antigo, aparece um aumento significativo e regular nos valores do

módulo de elasticidade e também na rigidez, o que era de se esperar, pois os processos de

biodegeneração já se encerraram nessa idade. O interessante é a regularidade desses

acréscimos, quase o mesmo valor entre os anos, tanto para o módulo de elasticidade como

para a rigidez.

Os valores mais elevados das médias tanto dos módulos de elasticidade como da

rigidez com relação a esses valores na CE corroboram a melhoria da resistência do maciço de

RSU após os processos de biodegeneração.

107

A clareza dos valores encontrados como aparelho GeoGauge pode indicar sua

utilização na medição de dados de módulo de elasticidade e rigidez em maciços de RSU;

São necessários mais ensaios para os resultados serem representativos, uma vez

que, possivelmente, o aterro antigo não é representativo da Célula Experimental.

Na Figura 45 são apresentados os resultados das determinações da rigidez em

gráficos de barras obtidos com o equipamento GeoGauge, onde se observam uma

proximidade de valores na Célula Experimental e uma acentuada diferença de valores para o

aterro antigo.

Figura 45- Comparação dos valores médios da Rigidez determinados a partir do GeoGauge a)na Célula

Experimental b) no Aterro Antigo.

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na Célula Experimental a média da rigidez diminuiu muito de 2014 para 2015 e

depois aumentou relativamente de 2015 para 2016, enquanto que no Aterro Antigo a rigidez

média mais que dobrou de 2014 para 2015 e que de 2015 para 2016 a rigidez continuou

aumentando menos um pouco, mas de forma praticamente linear.

Na Figura 46, são comparadas as médias dos resultados das determinações do

módulo de elasticidade com o equipamento GeoGauge a partir dos gráficos de barras.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2014 2015 2016

MÉDIA4,26

Rig

ide

z (M

N/m

)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2014 2015 2016

MÉDIA5,60

Rig

ide

z (M

N/m

)

108

Figura 46- Comparação dos valores médios Módulo de Elasticidade determinados a partir do GeoGauge a) na

Célula Experimental b) no Aterro Antigo.

a)

b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na Célula Experimental a média do módulo de elasticidade diminuiu como tempo

enquanto que no Aterro Antigo o módulo de elasticidade médio aumentou como tempo de

forma e este aumento foi praticamente.

4.4 Ensaios de Prova de Carga Direta

Nas Figura 47 e Figura 48, são apresentadas as curvas pressão x recalque, obtidas

com a realização dos ensaios de prova de carga direta na Célula Experimental, enquanto que

nos Gráficos das Figura 49e Figura 50, são apresentadas os resultados dos ensaios de prova de

carga direta realizados no Aterro Antigo.

Figura 47- Gráfico Carga x Recalque na Célula Experimental – Ensaio 1

CARGA (kPa)

w (mm)

0 0

25 0,270

51 1,680

76 2,495

102 3,453

127 5,085

153 5,730

178 7,330

204 8,400

229 9,015

291 11,085

178 11,023

127 10,878

076 10,620

00 9,110

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

10

20

30

40

50

60

70

2014 2015 2016

MÉDIA34,05

Elas

tici

dad

e

(MP

a)

0

10

20

30

40

50

60

70

2014 2015 2016

MÉDIA46,58

Elas

tici

dade

(M

Pa)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

109

No local do ensaio 1, realizado com a placa assente no RSU a 0,75m, observa-se

que os RSU estavam bastante contaminados com o solo de cobertura, conferindo uma maior

rigidez ao maciço ensaiado. Por meio do gráfico da Figura 47, observa-se que a máxima

tensão aplicada na prova de carga foi de 291 kPa, provocando o máximo recalque de apenas

11,09 mm. Já o recalque residual foi de 9,11mm, indicando a presença majoritária de

deformações irrecuperáveis.

Figura 48- Gráfico Carga x Recalque na Célula Experimental – Ensaio 2

CARGA (kPa)

w (mm)

0 0

25 8,115

51 14,130

76 19,255

102 24,098

127 28,695

Fonte: Elaborado pelo Autor

Também o ensaio 2 foi realizado com a placa a 0,75 m de profundidade. Pelo

gráfico da Figura 48, observa-se que a máxima tensão aplicada na prova de carga direta foi de

127 kPa, e o máximo recalque obtido foi de 28,70 mm. Observa-se ainda uma relação

bastante linear entre a pressão aplicada e o recalque da placa ao longo de toda a curva,

indicando ausência de ruptura física, que é típico do comportamento de análises de RSU.

Nas Figura 49 e Figura 50, são apresentadas as curvas pressão x recalque, obtidas

com a realização dos ensaios de prova de carga direta no Aterro Antigo.

Figura 49- Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 3

CARGA (kPa)

w (mm)

0 0

25 0,440

51 1,765

76 3,180

102 4,495

127 7,515

153 9,490

178 13,135

229 18,250

255 25,320

273 29,270

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

10

20

30

40

0 20 40 60 80 100 120 140 160

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

110

Através do gráfico da Figura 49, observa-se que a máxima tensão aplicada na

prova de carga direta foi de 273 kPa, sendo o máximo recalque obtido de apenas 29,27 mm.

Para as mesmas tensões a prova de carga direta da Célula Experimental – ensaio 1 com a

prova de carga direta do Aterro Antigo – ensaio 3, verifica-se que para a tensão máxima dos

ensaios, da ordem de 300 kPa, obtiveram-se recalques bastante mais elevadas para o AA, da

ordem de 3 vezes maior, por outro lado, comparando-se com PCD – ensaio 2 observa-se

justamente o contrário, os maiores recalques ocorrem na Célula Experimental.

Figura 50- Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 4

CARGA (kPa)

w (mm)

0 0

25 1,533

51 4,735

76 7,450

102 9,680

127 14,125

153 16,600

178 21,160

229 25,300

255 28,480

291 29,270

Fonte: Elaborado pelo Autor

No gráfico da Figura, observa-se que a máxima tensão aplicada na prova de carga

foi de 291 kPa, o máximo recalque obtido de 29,27 mm, muito semelhante ao ensaio anterior.

Comparando-se a curva da Figura 50 com os gráficos das Figura 47 e Figura 48 obtiveram-se

as mesmas tendências das mencionadas com relação à prova de carga direta realizada no

ensaio 3 (Figura 49).

Figura 51- Gráfico Carga x Recalque na CE – Ensaio 5

CARGA (kPa)

w

(mm) 25 8,545

51 15,63

76 22,645

102 28,5

127 28,5

153 28,5

178 28,5

204 28,5

229 28,5

291 28,5

178 28,47

127 28

76 26,22

0 17,475

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

0

5

10

15

20

25

30

0 20 40 60 80 100 120 140 160

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

111

Pelo gráfico da Figura 51, observa-se que a máxima tensão aplicada na prova de

carga foi de 291 kPa, e o máximo recalque obtido de 28,50 mm, por outro lado, os resultados

obtidos com o ensaio foram bastante semelhantes dos obtidos com a realização do ensaio 2 da

Célula Experimental.

Figura 52- Gráfico Carga x Recalque na CE – Ensaio 6

CARGA (kPa)

w

(mm)

0 0,000

25 11,185

51 20,100

76 27,380

102 29,575

127 29,575

153 29,575

178 29,575

204 29,575

229 29,575

291 26,520

178 26,265

127 24,840

76 22,395

0 8,625

Fonte: Elaborado pelo Autor

Por meio do gráfico da Figura 52, observa-se que a máxima tensão aplicada na

prova de carga foi de 291 kPa, o máximo recalque obtido de 29,58 mm. Novamente, os

resultados dessa prova de carga direta foram bastante semelhantes aos do ensaio 5, realizado

no Aterro Antigo.

Figura 53- Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 7

CARGA (kPa)

w (mm)

0 0,000

25 2,610

51 6,595

76 10,130

102 13,565

127 21,730

153 25,980

178 29,030

204 29,030

229 29,030

291 27,805

178 27,225

127 24,895

76 20,515

0 13,590

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

5

10

15

20

25

30

0 20 40 60 80 100 120 140 160

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

112

Pelo gráfico da Figura 53, observa-se que a máxima tensão aplicada na prova de

carga foi de 291 kPa, e o máximo recalque obtido de 29,03 mm. Neste caso, observa-se uma

maior rigidez do maciço de RSU. Comparando-se com os ensaios 5 e 6, realizados também no

Aterro Antigo, observa-se que para a tensão de 150 kPa o recalque obtido foi cerca da metade

dos obtidos nos ensaios 5 e 6. Foi observado ainda uma descontinuidade na curva do ensaio 7,

para a tensão de 100 kPa que é atribuída a possibilidade do efeito das fibras no maciço.

Figura 54- Gráfico Carga x Recalque no Aterro Antigo – Ensaio 8

CARGA (kPa)

w (mm)

0 0,000

25 2,610

51 6,595

76 10,130

102 13,565

127 21,730

153 25,980

178 29,030

204 29,030

229 29,030

291 27,805

178 27,225

127 24,895

76 20,515

0 13,590

Fonte: Elaborado pelo Autor

Finalmente no gráfico da Figura 54, observa-se que para a máxima tensão

aplicada na prova de carga, de 291 kPa, o máximo recalque obtido de 29,03 mm. Neste caso,

a rigidez obtida foi ainda maior e ocorreu o efeito fibra, observado pela descontinuidade

observada no ensaio, que neste caso, ocorreu para a tensão de cerca de 150 kPa.

Na Tabela 28, encontra-se um resumo dos resultados dos ensaios de prova de

carga direta. Nelas apresentam-se com as cargas máximas aplicadas nos ensaios se os

recalques correspondentes.

Tabela 28 - Resumo das provas de carga direta realizadas nos maciços de RSU da Célula Experimental e do

Aterro Antigo

ANO

CÉLULA EXPERIMENTAL ATERRO ANTIGO

CARGA MÁX. (kPa)

RECALQUE (mm)

RESIDUAL (mm)

CARGA MÁX. (kPa)

RECALQUE (mm)

RESIDUAL (mm)

2015 291 11,085 9,11 273 29,270 -

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

113

ANO

CÉLULA EXPERIMENTAL ATERRO ANTIGO

CARGA MÁX. (kPa)

RECALQUE (mm)

RESIDUAL (mm)

CARGA MÁX. (kPa)

RECALQUE (mm)

RESIDUAL (mm)

127 28,695 - 291 29,270 -

2016 291 28,500 17,48 291 29,030 13,59

291 29,575 8,62 291 29,030 13,59

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na Figura 55a) apresentam-se as curvas de todas as provas de cargas diretas

realizadas na Célula Experimental e na Figura 55 b) mostram-se todas as curvas das provas de

carga diretas realizadas no Aterro Antigo.

Figura 55- Todas as provas de cargas diretas a) realizadas na Célula Experimental e b) no Aterro Antigo.

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Pela Figura 55 a) referente à Célula Experimental, observa-se 2 padrões de curvas,

um desses padrões (ensaio 1) o maciço de RSU apresentou resposta mais rígida, de forma que

foi aplicada uma pressão de 291 kPa para obtenção de um recalque de apenas 11,09mm. Por

outro lado, no outro padrão de curvas (ensaios 2, 5 e 6), aplicando-se apenas 127 kPa obteve-

se um recalque de cerca de 28,7mm. A mudança de rigidez observada está associada a

diferentes porções de RSU mobilizados, ou seja, a prova de carga direta realizada mais

superficialmente (ensaio 1), em que o maciço está contaminado com solo, fez com que o solo

ficasse mais rígido. A Figura 55 b) refere-se às PCD no Aterro Antigo.

114

Na Figura 56apresentam-se as curvas pressão x recalque dos ensaios 1 e 2, 5 e 6

realizados na Célula Experimental e as curvas dos ensaios 3 e 4,7 e 8 realizados no Aterro

Antigo.

Figura 56- Curvas pressão x recalque de todos os ensaios de prova de carga direta realizadas nos RSU da Célula

Experimental e no Aterro Antigo.

Fonte: Elaborado pelo Autor

As curvas dos ensaios realizados na Célula Experimental à exceção da curva do

ensaio 1 são muito próximas e apresentam ruptura localizada típica de solos muito

compressíveis fofos ou moles. As curvas dos ensaios no Aterro Antigo são muito mais

sinuosas comparadas às curvas em solos, apresentam-se menos próximas umas das outras do

que as realizadas na Célula Experimental, e com características do efeito de fibras, e segundo

MARANGON (2013), apresentam uma reação insuficiente.

Na sequência foram determinadas as capacidades de carga (qult), tanto nos RSU

da Célula Experimental como do Aterro Antigo a partir das provas de carga realizadas. Para

isso, utilizaram-se os métodos da NBR 6122 (ABNT, 2010). O referido método foi escolhido

pelo formato das curvas que, quase sempre, apresenta formato nitidamente linear e, portanto,

não sendo possível extrapolar a carga de ruptura física.

As Figura 57 apresentam as curvas de recalque x método de determinação da

carga de ruptura da pelo método da NBR 6122 para os ensaios 1 e 2 na Célula Experimental

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

célulaexperimental

Aterro Antigo

Carga(kPa)

Rec

alq

ue(

mm

)

ensaio 1

ensaio 8

ensaio 4

ensaio 3

ensaio 2

ensaio 7

ensaio 5

ensaio 6

115

Figura 57- Método da NBR 6122 a) no ensaio 1e b) no ensaio 2

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

O método da NBR 6122 (ABNT, 2010) não se aplica ao ensaio 1, conforme

mostra a Figura 57a, pois a reta definida em norma para aplicação do método não apresenta

intercessão com a curva carga x recalque. Por outro lado, pela Figura 57b, a reta definida em

norma encontra a curva carga x recalque, definindo uma carga de ruptura de 60 kPa.

Pela Figura 58a, observa-se que não houve a interseção da reta da norma com a

curva experimental, dessa forma fazendo-se um prolongamento da reta haverá por

extrapolação o encontro com a curva experimental, de forma que o valor da carga de ruptura

pode ser estimada em 200 kPa. Na Figura 58b, a reta PL/AE+D/30 vai encontrar a curva carga

x recalque e definir o valor de qult em 150 kPa.

Figura 58- Método da NBR 6122 a) no ensaio 3 b) no ensaio 4

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

10

20

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 1

PL/AE+D/30

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100 120 140 160

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 2

PL/AE+D/30

0

10

20

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 3

PL/AE+D/30

0

10

20

30

0 50 100 150 200 250 300

RE

CA

LQU

E (

mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 4

PL/AE+D/30

116

Na Figura 59a, a reta PL/AE+D/30 cruza a curva carga x recalque definindo o

valor de qult em 55 kPa. Na Figura 59b, a reta PL/AE+D/30 cruza a curva carga x recalque e

define o valor de qult em 55 kPa.

Figura 59- Método da NBR 6122 a) no ensaio 5 e b) no ensaio 6

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na Figura 60a, a reta PL/AE+D/30 cruza a curva carga x recalque definindo o

valor de qult em 110 kPa. Na Figura 60b, fazendo-se um prolongamento da reta PL/AE+D/30,

a mesma vai encontrar a curva carga x recalque e definir o valor de qult em 260 kPa.

Figura 60- Método da NBR 6122 a) no ensaio 7 e b) no ensaio 8

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 5

PL/AE+D/30

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 6

PL/AE+D/30

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100 120 140 160

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 7

PL/AE+D/30

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

REC

ALQ

UE

(mm

)

CARGA (kPa)

ensaio 8

PL/AE+D/30

117

Vale ressaltar que, para a previsão da carga de ruptura, o método de Van der Veen

(1953) não foi aplicado porque as curvas pressão x recalque das provas de carga apresentaram

relação carga x recalque bastante linear, o que não permite aplicar o método.

Na Tabela 29, encontra-se um resumo dos resultados dos ensaios de prova de

carga direta realizadas com as respectivas cargas de ruptura calculadas a partir da utilização

do método da NBR 6122 (ABNT, 2010).

Tabela 29 - Cálculo do qult e do qadm das provas de carga diretas

ANO ENSAIO

CÉLULA

EXPERIMENTAL ANO ENSAIO

ATERRO

ANTIGO

qult

(kPa) qult

(kPa)

2015

1 x

2015

3 200

2 60 4 150

2016

5 55

2016

7 110

6 40 8 260

Média 52 Média 180

Fonte: Elaborado pelo Autor

A Figura 61 apresenta uma comparação entre as tensões de ruptura determinadas a

partir da realização das provas de cargas diretas na Célula Experimental e no Aterro Antigo.

Figura 61- Comparação entre as tensões de ruptura determinadas a partir da realização das provas de cargas

diretas na Célula Experimental e no Aterro Antigo.

Fonte: Elaborado pelo Autor

Analisando a Figura 61, conforme se pode observar, a carga de ruptura (qult)

determinada pelo método da NBR 6122 (ABNT, 2010), foi cerca de 3 vezes maior no Aterro

Antigo (RSU) do que na Célula Experimental (RSD). O que corresponde à valores na

literatura Carneiro (2016).

ens3

ens2

ens4

ens5

ens7

ens6

ens 8

0

50

100

150

200

250

300

célula experimental aterro antigo

qu

lt(k

Pa)

118

Influenciaram neste comportamento o tempo e o tipo de resíduo, além da

existência de camadas intermediárias no Aterro Antigo.

Os valores de qult na Célula Experimental apresentaram quedas anuais embora

pequenas, enquanto que os valores de qult no Aterro Antigo apresentaram variações muito

grandes, também com redução anuais, embora apresente um valor alto no último ensaio (8).

4.5 Comparação dos Resultados dos Ensaios de Campo

Para a comparação dos resultados dos ensaios de campo SPT, GeoGauge, e prova

de carga direta foram confrontados, inicialmente, entre o maciço de RSU novo, obtido na

Célula Experimental, e o velho, obtido no Aterro Antigo. Conforme descrito no capítulo 3.

Para isso são gerados gráficos Nspt x profundidade, rigidez x profundidade, e carga x

recalque para os RSU novos e antigos e comparados.

A Figura 62a apresenta o gráfico Nspt x profundidade, comparando os dois

materiais observa-se um valor ligeiramente menor do Nspt para o Aterro Antigo.

Já a Figura 62b apresenta o gráfico carga x recalque, onde observa-se grandes

recalques para ambos os casos, mas o Aterro Antigo apresenta recalques consideravelmente

menores que o RSU da Célula Experimental.

A Figura 62c apresenta os resultados dos ensaios de GeoGauge ao longo da

escavação

Para se atingir o topo do RSU. Observa-se a redução no valor da rigidez.

119

Figura 62- Gráfico dos Resultados dos ensaios de campo. a) Nspt x profundidade, b) rigidez x profundidade, e c)

carga x recalque.

(b)

(a)

0

1

2

3

4

5

6

0 5 10 15

célulaexperimental

aterro antigo

Pro

fun

did

ade

(m

)

Nspt

120

(c)

Fonte: Elaborado pelo Autor

4.6 Previsão dos Módulos de Elasticidade e Comparação das Previsões

Utilizando-se da formulação de Teixeira e Godoy (1996) para a previsão dos

módulos de elasticidade a partir do SPT, podem-se apresentar os gráficos abaixo na Figura 63.

Figura 63- Previsão dos módulos de elasticidade a) na Célula Experimental e b) no Aterro Antigo

Fonte: Elaborado pelo Autor

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

célulaexperimental

aterro antigo

Carga(kPa)R

eca

lqu

e(m

m)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 20 40 60 80

média 2013 2014.1

2014.2 2105 2016

E (MPa)

Pro

fun

did

ade

(m

)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 20 40 60 80

média 2013 2014.12014.2 2105 2016

E (MPa)

Prof

undi

dade

(m

)

121

Para as estimativas do GeoGauge, foi adotado também um coeficiente de Poisson

de 0,35 e como explicado anteriormente, o equipamento já fornece o módulo de elasticidade,

mostrado na Figura 64.

Figura 64- Módulos de elasticidade obtidos no equipamento GeoGauge. a) Na Célula Experimental e b) no

Aterro Antigo.

________________________________

Solo de cobertura

________________________________

Maciço de RSU

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Finalmente, estimou-se o módulo de elasticidade a partir das provas de carga

diretas realizada. A Figura 65apresenta as estimativas dos módulos de elasticidade a partir das

provas de carga diretas a) obtidas na Célula Experimental e b) obtidas no Aterro Antigo.

Figura 65- Estimativas do E realizadas a partir das PCD’s a) CE e b) AA

(b) (b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ao comparar os valores estimados dos módulos de elasticidade, na Célula

Experimental estes valores foram aumentando com o aumento da deformação (), no entanto

no Aterro Antigo, ocorreu o inverso, com o aumento da deformação () houve a diminuição

dos valores do módulo de elasticidade.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 20 40 60 80 100 120 140

Solo decoberturaEnsaio 1 - CE

Ensaio 2 - CE

Ensaio 3 - CE

Ensaio 1 - AA

Ensaio 2 - AA

Ensaio 3 - AA

Ensaio 4 - AA

Ensaio 4 - AA

Ensaio 5 - AA

E (MPa)

Pro

fun

did

ade

(m)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

du

lo d

e El

asti

cid

ade

MP

a)

Deformação (%)

ENSAIO 2 ENSAIO 5

ENSAIO 6

0

5

10

15

20

25

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

du

lo d

e E

last

icid

ade

MP

a)

Deformação (%)

ENSAIO 3 ENSAIO 4

ENSAIO 7 ENSAIO 8

122

Já na Figura 66 comparam-se todos os valores dos módulos de elasticidade (E)

estimados para a CE e para o AA pelos ensaios de campo SPT, GeoGauge e Prova de Carga

Direta.

Figura 66- Comparação dos módulos de elasticidade estimados pelos ensaios SPT, GeoGauge e PCD, a) CE e b)

AA.

a) b)

Fonte: Elaborado pelo Autor

As faixas de variação das previsões do módulo de elasticidade (E) para o ensaio

de SPT foram de 18,9 a 32,4 MPa na Célula Experimental e entre 14,9 a 31,1 MPa no Aterro

Antigo.

As faixas de variação das previsões do módulo de elasticidade (E) para o ensaio

de GeoGauge foram de 27,1 MPa a 47,5 MPa na Célula Experimental e entre 16,8 MPa a 77,7

MPa no Aterro Antigo.

As faixas de variação das previsões do módulo de elasticidade (E) para o ensaio

de Prova de Carga Direta foram de 2,5 MPa a 2,6 MPa na Célula Experimental e entre 3,2

MPa a 6,3 MPa no Aterro Antigo.

Os módulos de elasticidade obtidos pelo método do GeoGauge foram os que

deram os maiores valores na Célula Experimental, já no aterro antigo pode-se dizer que o

método do GeoGauge ficou compatível com o método do SPT.

Já o método do ensaio de prova de carga direta apresentou valores bem maiores

no Aterro Antigo do que na Célula Experimental.

Há vários motivos que explicam, ou justificam, a obtenção de valores diferentes

para o módulo de elasticidade (E). Diferenças de materiais, de idade e de estado já

explicariam as diferenças obtidas.

Além disso, sabe-se que o E varia com o nível de deformação de cada ensaio.

Dessa forma, para avaliar a influência do nível de deformação na previsão do módulo de

elasticidade (E) por diferentes ensaios, determinaram-se valores do E da deformação de cada

0

10

20

30

40

50

60

70

SPT GEO PLACA

du

lo d

e E

last

icid

ade

(M

Pa)

0

10

20

30

40

50

60

70

SPT GEO PLACA

du

lo d

e E

last

icid

ade

(M

Pa)

123

ensaio, dessa forma, na Figura 67 os pares de valores de ―E” e ―” obtidos em cada ensaio

são confrontados da Célula Experimental.

Figura 67- Gráfico ―E”x ―”para o maciço de RSU da Célula Experimental

Fonte: Elaborado pelo Autor

Conforme pode ser observado na Figura 67, os módulos obtidos por diferentes

ensaios estão diretamente relacionados com o nível de deformação imposto durante os

ensaios. Dessa forma, ―E‖ obtidos por ensaios que implicam ao solo menores deformações

(4,1x10-4

%) conduzem a ―E” mais elevados, que é o caso do GeoGauge (32,12 MPa), embora

diferente do indicado por Quinta-Ferreira (2008) de (10-6

).

Por outro lado, previsões do ―E‖ a partir de sondagens à percussão (SPT)

conduzem a maiores deformações (1,0x10-1

%) e ―E‖ menores (28,35 Mpa). Os valores para

prova de carga de deformações 2,49% e módulo de elasticidade de 2,57 Mpa. Dessa forma

observa-se a importância de compatibilizar a obtenção do ―‖com o nível de imposto na obra

que se deseja prever os deslocamentos.

Na Figura 68 apresentam-se os pares de valores de ―E” e ―” obtidos em cada

ensaio são confrontados do Aterro Antigo.

-10

0

10

20

30

40

50

60

1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02

du

lo d

e El

asti

cid

ade

(MP

a)

Deformação (%)

GEOGAUGE

Ensaio SPT - Prof.:1,00m

Ensaio SPT - Prof.:2,00m

PLACA - ENSAIO 2

PLACA - ENSAIO 5

PLACA - ENSAIO 6

124

Figura 68- Gráfico ―E”x ―”para o maciço de RSU Do Aterro Antigo

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na Figura 68 as menores deformações são confirmadas para o método GeoGauge

para as menores deformações (4,1x10-4

%) com os maiores módulos de elasticidade (35,17

MPa). As previsões do ―E‖ a partir de sondagens à percussão (SPT) conduzem a maiores

deformações (1,0x10-1

%) e ―E‖ menores (24,03 MPa). Os valores para as deformações das

prova de carga foram da ordem de 1,45% e para módulo de elasticidade de 5,37 MPa.

4.7 Previsão de Recalques no Maciço de RSU

Conforme relatado anteriormente, e com o objetivo de avaliar se as estimativas do

módulo de elasticidade são consistentes, determinaram-se os deslocamentos de uma placa

rígida de 50 cm de diâmetro e considerando-se uma faixa de variação de carga de até 160 kPa.

Vale observar que essa carga foi definida com base na consideração de que a partir desse

valor já poderia se ter deformações irrecuperáveis e, portanto, determinações de

deslocamentos elásticos não corresponderiam à realidade, para isso, utilizou-se a expressão da

Teoria da Elasticidade considerando que ―B‖ seja igual a 0,50 m, Poisson (v) de 0,35, Fator de

forma (Is) de 0,95, módulo de elasticidade (E) de cada ensaio realizado, conforme relatado em

item anterior, e pressões (q) variáveis de 0 a 160 kPa.

A Figura 69 mostra a comparação das previsões dos recalques efetivadas para o

maciço de RSU da Célula Experimental, considerando como referência os valores obtidos nos

ensaios de prova de carga direta (PCD) dos ensaios 2, 5 e 6.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01

Mód

ulo

de E

last

icid

ade

(MPa

)

Deformação (%)

GEOGAUGE

Ensaio SPT - Prof.:1,00m

Ensaio SPT - Prof.:2,00m

PLACA - ENSAIO 3

PLACA - ENSAIO 4

PLACA - ENSAIO 7

PLACA - ENSAIO 8

125

Figura 69- Comparação das previsões dos recalques a partir do módulo de elasticidade obtidos por SPT,

GeoGauge e PCD.

Fonte: Elaborado pelo Autor

As previsões dos recalques (w) da Célula experimental (CE) foram concordantes e

as do módulo de elasticidade (E) proporcionaram as previsões mais precisas.

A Figura 70 mostra a comparação das previsões dos recalques efetivadas para o

maciço de RSU do Aterro Antigo, considerando como referência os valores obtidos nas

Provas de carga direta (PCD) dos ensaios 3, 4 e 7.

0

5

10

15

20

25

0 20 40 60 80 100 120 140 160

GEOGAUGE SPT - 1m SPT - 2 m

PLACA - ENSAIO 2 PLACA - ENSAIO 5 PLACA - ENSAIO 6

tensão (KPa)

reca

lqu

e(m

m)

126

Figura 70- Comparação das previsões dos recalques a partir do módulo de elasticidade obtidos por SPT,

GeoGauge e PCD no Aterro Antigo.

Fonte: Elaborado pelo Autor

127

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISA

A realização desta tese permitiu o estabelecimento das seguintes conclusões:

Os processos de degradação dos RSU em aterros sanitários alteram as características

dos materiais a ponto de dificultar sua classificação.

Com relação à composição gravimétrica dos RSU dos aterros, foi obtido uma grande

quantidade de materiais putrescíveis, típico de aterros de regiões menos desenvolvidas, e com

relação aos sólidos, a fração pedregulho foi predominante.

Foi observado que o formato da curva de compactação dos RSU tem uma semelhança

bastante aproximada das curvas geralmente obtidas para solo do tipo granular.

Com base nos ensaios de cisalhamento direto, foi observado que quanto maior a

tensão normal aplicada no ensaio, maior a tensão de cisalhamento necessária para a ruptura do

corpo de prova de RSU ensaiado, demonstrando o que se conhece por efeito fibra.

Foi observado, a partir do ensaio de cisalhamento direto, que o aumento da

deformação cisalhante implica no aumento do ângulo de atrito do RSU durante a deformação

de 5% a 10%, a partir daí o ângulo de atrito torna-se constante e a coesão também apresenta

um ligeiro aumento, praticamente desprezível.

Os ensaios de cisalhamento direto nos RSU apresentaram parâmetros de resistência -

coesão e ângulo de atrito - compatíveis com valores de solos granulares.

Os ensaios de sondagens à percussão (SPT), em alguns pontos, apresentaram uma

variabilidade dos resultados em função da heterogeneidade do material, tempo de degradação

e compactação, e por serem realizados em locais diferentes;

A sondagem a percussão na Célula Experimental apresentam resultados de Nspt

menos dispersos que os do Aterro Antigo indicando que houve menos controle na

compactação neste último do que na Célula Experimental.

Observou-se também, no mesmo momento, que os índices de resistência à penetração

Nspt são praticamente constantes ao longo da profundidade.Também para o Aterro Antigo

não foi observado o aumento do Nspt ao longo do tempo.

Foi observado a importância da utilização dos ensaios de provas de carga direta (PCD)

e GeoGauge, este último, de forma pioneira, para avaliação do comportamento geomecânico

de obras de maciço de aterros sanitários.

128

Com base nos ensaios com o GeoGauge, observa-se que a rigidez do solo de cobertura

da Célula Experimental é consideravelmente mais elevada do que a rigidez dos RSU dos

maciços ensaiados, mostrando que o aterro antigo não sofreu controle tecnológico.

A rigidez da Célula Experimental apresentou valores cerca de 2 vezes maior que a

rigidez medida no Aterro Antigo. Esse fato pode ser explicado pelo efeito de reforço das

fibras que possibilita maiores áreas de contato entre as partículas e incentiva a ancoragem, e

também ao controle da compactação feito na célula.

Considerando os ensaios com o GeoGauge realizados ao longo do tempo, foi

observado que na Célula Experimental não houve uma tendência observada, no entanto, com

o Aterro Antigo, observou-se que há um aumento da rigidez ao longo do tempo, com grande

influência do tempo de aterramento dos RSU.

Da mesma forma, o módulo de elasticidade do Aterro Antigo continuou a crescer ao

longo do tempo. Por outro lado, foi observado que o módulo de elasticidade da Célula

Experimental apresentou uma tendência de redução.

No Aterro Antigo aparece um aumento significativo e regular nos valores do módulo

de elasticidade e também da rigidez, o que era de se esperar, pois os processos de

biodegradação provavelmente já se encerraram nessa idade. Vale destacar a regularidade

desses acréscimos, quase o mesmo valor entre os anos, tanto para o módulo de elasticidade

como para a rigidez.

Os valores mais elevados das médias, tanto dos módulos de elasticidade como da

rigidez da Célula Experimental corroboram com a melhoria de seu comportamento

geomecânico.

A partir das provas de cargas diretas, foi observada, em praticamente todos os ensaios

realizados, tanto na Célula Experimental quanto no Aterro Antigo, uma relação bastante linear

entre a pressão aplicada e o recalque obtido com a placa, isso indica ausência da ruptura física

e este comportamento é típico de maciços de aterros sanitários.

Em 2 ensaios de prova de carga direta realizados no Aterro Antigo – ensaios 7 e 8 – a

curva carga x recalque apresentou uma descontinuidade e a presença dessa descontinuidade

foi atribuída ao efeito fibra presente no comportamento do maciço.

De forma geral, as provas de cargas diretas realizadas na Célula Experimental,

apresentaram comportamento mais deformável em relação ao Aterro Antigo, mantendo

relação com o tipo de material disposto em cada um.

129

A partir das provas de carga direta realizadas, as tensões de ruptura da Célula

Experimental foram bastante inferiores aos valores das tensões de ruptura obtidos para o

Aterro Antigo, mantendo relação com o material disposto.

Os módulos de elasticidade estimados, a partir das provas de carga direta, foram

inferiores aos valores estimados em função do SPT e do GeoGauge para o caso da Célula

Experimental.

Os valores do módulo de elasticidade estimados, a partir do GeoGauge, foram

ligeiramente superiores aos valores estimados a partir do SPT.

Os valores superiores estimados, a partir do GeoGauge, no módulo de elasticidade

ocorreram devido a este ensaio mobilizar os resíduos em um nível de deformação inferior

quando comparado ao ensaio de prova de carga direta.

A partir da relação observada entre o módulo de elasticidade e o nível de deformação

imposto no ensaio, destaca-se a importância de se compatibilizar a obtenção do módulo de

elasticidade com o nível de deformação compatível.

Comparando-se previsões de recalques de uma placa com módulos de elasticidades

obtidos a partir do GeoGauge e do SPT, observa-se que os menores valores estimados foram

alcançados usando o GeoGauge e os valores intermediários utilizando os resultados de

ensaios de SPT. Esta tendência ocorreu tanto para a Célula Experimental quanto para o Aterro

Antigo, sendo que, para a Célula Experimental, a diferença entre valores previstos e valores

experimentais foram maiores que para o Aterro Antigo.

A determinação dos módulos de elasticidade, em função da deformação, apresentou

uma tendência de crescimento do módulo E em função da deformação para o caso do aterro

novo da Célula Experimental, por outro lado, no caso do Aterro Antigo, houve uma tendência

de decrescimento, ou seja, quanto maior a deformação menor o módulo de elasticidade.

A clareza dos valores encontrados com o aparelho GeoGauge indica que ele pode ser

utilizado na medição de dados de módulo de elasticidade e rigidez em maciços de RSU.

Mesmo em células experimentais controladas os resíduos respondem diferentes às

cargas e recalques.

130

SUGESTÕES DE PESQUISAS

. Realização de ensaios de resistência ao cisalhamento direto com amostras de grandes

dimensões.

. Estudos dos parâmetros de reforço das fibras na resistência ao cisalhamento para os

RSU com diferentes idades.

. Repetir os ensaios realizados nesta tese em momentos futuros na Célula

Experimental e assim avaliar melhora mudança de comportamento do maciço de RSU.

. Realizar ensaios especiais de laboratório de resistência ao cisalhamento triaxial não

drenados (CU) e drenados (CD).

. Realizar outros ensaios de campo como o cone (CPT), pressiômetro (PMT) e o Vane

Test ao longo do tempo.

. Realizar ensaios de compressão confinada, executados num consolidômetro de

grande diâmetro (385 mm).

. Ensaios cross-hole para estimar os parâmetros dinâmicos (módulo de deformação e

de cisalhamento) do resíduo sólido urbano.

131

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