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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA Estudos pré-clínicos do efeito gastroprotetor da mangiferina, uma glicosilxantona isolada de Mangifera indica L., em modelos experimentais de lesão gástrica aguda ANA CARLA DA SILVA CARVALHO FORTALEZA-CE 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA

Estudos pré-clínicos do efeito gastroprotetor da mangiferina,

uma glicosilxantona isolada de Mangifera indica L., em

modelos experimentais de lesão gástrica aguda

ANA CARLA DA SILVA CARVALHO

FORTALEZA-CE

2008

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Ana Carla da Silva Carvalho

Estudos pré-clínicos do efeito gastroprotetor da mangiferina,

uma glicosilxantona isolada de Mangifera indica L., em

modelos experimentais de lesão gástrica aguda

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Farmacologia da

Universidade Federal do Ceará como

requisito parcial para obtenção do título

de Mestre em Farmacologia.

Orientador:

Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao

2008

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Ana Carla da Silva Carvalho

Estudos pré-clínicos do efeito gastroprotetor da mangiferina, uma glicosilxantona isolada de Mangifera indica L., em

modelos experimentais de lesão gástrica aguda

Esta dissertação foi submetida como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Farmacologia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca setorial da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que realizada de acordo com as normas da ética científica.

Data da aprovação: 30 de janeiro de 2008

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao (Orientador)

Universidade Federal do Ceará

______________________________________________

Prof. Dr. Aldo Ângelo Moreira Lima

Universidade Federal do Ceará

______________________________________________

Profa. Drª. Maria Teresa Salles Trevisan

Universidade Federal do Ceará

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A Deus, pela proteção e bênçãos

concedidas

À minha mãe Maria do Carmo,

meus irmãos Júnior e Ricardo, ao

meu amore Thiago Costa, e à

minha princesa Ana Carollina,

pelo amor e apoio incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao pela confiança em mim

depositada, pela orientação, incentivo e amizade durante a realização deste

trabalho. Meu muito obrigada.

Às Profas. Dras. Maria Tereza Trevisan e Antonia Lúcia pelo

fornecimento da mangiferina, a base de realização deste trabalho.

À Profa. Dra. Flávia Almeida Santos pela colaboração em muitos

momentos.

A todos os professores do departamento de Fisiologia e Farmacologia

da Faculdade de Medicina da UFC, pelos ensinamentos transmitidos.

Aos meus amigos da Pós-graduação Alana Fonteles, Cinthya Iamille,

Caroline Mourão, Deive Campos, Iana Bantim, Danilo Gonçalves, Tiago Olinda,

Otacílio Deocleciano, em especial a Marjorie Guedes e Silvéria Lira pela

amizade e parceria durante os experimentos.

Aos bolsistas do Laboratório de Produtos Naturais Daniel, Patrícia,

Rafaela, Rhandell, Sâmia, Saulo e Tiago pelo auxílio e amizade demonstrados

nestes meses de convívio saudável e proveitoso.

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Ao amigo Roberto César pela amizade e inestimável ajuda no início do

curso.

A minha querida professora e amiga Drª Rosilene Moretti Marçal (UFS),

que mesmo distante não deixou de me incentivar.

Aos funcionários do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Aura,

Chiquinho, Edmílson, Fernando, Íris e Joana.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro;

Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização desse trabalho.

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"Não deixe que a saudade sufoque, que a

rotina acomode, que o medo impeça de

tentar. Desconfie do destino e acredite em

você. Gaste mais horas realizando que

sonhando, fazendo que planejando, vivendo

que esperando porque, embora quem

quase morre esteja vivo, quem quase vive

já morreu.”

(Luís Fernando Veríssimo)

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SUMÁRIO Lista de Abreviaturas Lista de Tabelas Lista de Figuras RESUMO ABSTRACT 1.INTRODUÇÃO 21 1.1. Plantas Medicinais 21 1.1.1. Plantas Medicinais e Gastroproteção 22 1.2. Xantonas 34 1.3. Mangifera indica Linn. 36 1.4. Mangiferina 39 1.5. Fisiologia Gastrintestinal 23 1.5.1. Fisiologia da Secreção Gástrica 24 1.5.2. Mecanismos de Defesa da Mucosa Gástrica 25 1.6. Doença Ulcerosa Péptica 29 2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS 42 2.1. Justificativa 42 2.2. Objetivos 44 3. MATERIAL 46 3.1. Material Botânico 46 3.2. Animais Experimentais 46 3.3. Drogas e Reagentes 47 3.4. Equipamentos 48 4. MÉTODOS 49 4.1. Obtenção da mangiferina 49 4.2. Lesão gástrica induzida por etanol 51 4.2.1. Estudo do envolvimento dos neurônios aferentes primários sensíveis à capsaicina

51

4.2.2. Estudo do envolvimento do óxido nítrico 52 4.2.3. Estudo do envolvimento das prostaglandinas 53 4.2.4. Estudo do envolvimento dos canais de potássio ATP-dependentes 53 4.2.5. Estudo da ação sobre os grupos sulfidrilas não protéicos (NP-SH) 54 4.2.6 Avaliação da peroxidação lipídica: dosagem de malonildealdeído (MDA)

55

4.3. Lesão gástrica induzida por etanol acidificado 56 4.4. Lesão gástrica induzida por indometacina 57 4.5. Lesão gástrica induzida pelo composto 48/80 58 4.6. Atividade antisecretória gástrica 59 4.7. Esvaziamento gástrico 59 4.8. Análise estatística 60 5. RESULTADOS 61 5.1. Obtenção da mangiferina 61 5.2. Efeito protetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol 61

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em camundongos 5.2.1. Efeito gastroprotetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol: papel dos neurônios aferentes primários sensíveis à capsaicina

65

5.2.2. Efeito gastroprotetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol: papel do óxido nítrico

68

5.2.3. Efeito gastroprotetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol: participação das prostaglandinas

68

5.2.4. Efeito gastroprotetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol: papel dos canais de potássio ATP - dependentes

73

5.2.5. Efeito gastroprotetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol: papel dos grupos sulfidrilas não protéicos (NP-SH) gástricos

73

5.2.6 Efeito gastroprotetor da mangiferina na lesão gástrica induzida por etanol: ação sobre a peroxidação lipídica

78

5.3. Efeito da mangiferina na úlcera gástrica induzida por etanol acidificado em camundongos

81

5.4. Efeito da mangiferina sobre as úlceras gástricas induzidas por indometacina em camundongos

84

5.5. Efeito da mangiferina sobre a lesão gástrica induzida pelo composto 48/80 em camundongos

87

5.6. Efeito da mangiferina sobre a secreção gástrica no modelo de ligação do piloro em ratos

90

5.7. Efeito da mangiferina sobre o esvaziamento gástrico em ratos 94 6. DISCUSSÃO 97 7. CONCLUSÕES 109 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111 9. ANEXO – ARTIGO PUBLICADO 131

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LISTA DE ABREVIATURAS

% Percentagem

± Mais ou menos

® Marca registrada

µg Micrograma

5-HT Serotonina

5-HT4 Receptores serotoninérgicos do tipo 4

AINES Antiinflamatórios não-esteroidais

AMPc Adenosina Monofosfato cíclico

ANOVA Análise de variância

ATP Adenosina trifosfato

Ca2+ Íon cálcio

CEPA Comitê de Ética em Pesquisa Animal

CGRP Peptídio Relacionado ao Gene da Calcitonina

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

cNOS Óxido nítrico sintase constitutiva

COX Ciclooxigenases

COX-1 Ciclooxigenase tipo 1

COX-2 Ciclooxigenase tipo 2

COX-3 Ciclooxigenase tipo 3

Da Daltons

DL50 Dose letal 50%

DMSO Dimetilfulfóxido

DNA Ácido desoxiribonucleico

E.P.M. Erro padrão da média

EDTA Ácido Etilenodiaminotetraacético sal dissódico

eNOS Óxido nítrico sintase endotelial

EP3 Receptor prostanóide tipo 3

ERO Espécies reativas de oxigênio

et al. ...e colaboradores

g Grama

Gi Proteína G inibitória

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GSH Glutationa reduzida

h Hora

H+, K+-ATPase Bomba de prótons

HCl Ácido clorídrico

i.p. Intraperitoneal

IgE Imunoglobulina E

iNOS Óxido nítrico sintase induzível

IV Infravermelho

KATP Canais de potássio sensíveis a ATP

KCl Cloreto de potássio

kg Quilograma

L Litros

L-NAME NG-nitro-L-arginina-metilester

M Molar

M3 Receptor muscarínico tipo 3

MDA Malonildealdeído

MeOH Metanol

mg Miligrama

min. Minuto

mL Mililitro

mm2 Milímetros quadrados

NAC N-acetilcisteína

NaOH Hidróxido de sódio

NK2 Receptor taquicininas tipo 2

nm Nanômetros

nmoles Nanomoles

nNOS Óxido nítrico sintase neuronal

NO Óxido nítrico

NOS Óxido nítrico sintase

NP-SH Grupos sulfidrílicos não-protéicos oC Grau centígrado

p Nível de significância

P.A. Para análise

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PGE2 Prostaglandina E2

PGI2 Prostaciclina

PGs Prostaglandinas

PKA Proteína Kinase A

PKC Proteína Kinase C

RMN Ressonância Magnética Nuclear

rpm Rotações por minuto

s.c. Sub-cutâneo

SNC Sistema Nervoso Central

SNE Sistema Nervoso Entérico

SST Somatostatina

TBA Ácido tiobarbitúrico

TCA Ácido tricloroacético

TGI Trato gastrintestinal

TNB Ácido trinitrobenzeno sulfônico

TRPV1 Canal de potencial transiente tipo vanilóide subtipo 1

U.S.A. United States of America

UV Ultravioleta

v.o. Via oral

vs Versus

α Alfa

β Beta

δ Delta

µL Microlitro

µM Micromolar

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LISTA DE TABELAS

TABELA PÁGINA

TABELA 1. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) no

modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em

camundongos.

63

TABELA 2. Efeito da capsazepina na proteção gástrica da

mangiferina no modelo de úlcera gástrica induzida

por etanol em camundongos.

66

TABELA 3. Efeito do L-NAME na gastroproteção da mangiferina

no modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em

camundongos.

69

TABELA 4. Efeito da indometacina na gastroproteção da

mangiferina no modelo de úlcera gástrica induzida

por etanol em camundongos.

71

TABELA 5. Efeito da glibenclamida na gastroproteção da

mangiferina no modelo de úlcera gástrica induzida

por etanol em camundongos.

74

TABELA 6. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre

os níveis de grupos sulfidrilas não protéicos (NP-SH)

no modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em

camundongos.

76

TABELA 7. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre

os níveis de malonildealdeído no modelo de úlcera

gástrica induzida por etanol em camundongos.

79

TABELA 8. Efeito da mangiferina e lansoprazol no modelo de 82

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úlcera gástrica induzida por etanol acidificado em

camundongos.

TABELA 9. Efeito da mangiferina e lansoprazol no modelo de

úlcera gástrica induzida por indometacina em

camundongos.

85

TABELA 10. Efeito da mangiferina e ciproheptadina no modelo de

lesão gástrica induzida pelo composto 48/80 em

camundongos.

88

TABELA 11. Efeito da mangiferina e cimetidina sobre o volume

secretório gástrico e acidez gástrica total em ratos

com piloro ligado.

91

TABELA 12. Efeito da mangiferina e atropina sobre o

esvaziamento gástrico em ratos.

95

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA PÁGINA

FIGURA 1. Estrutura básica das xantonas. 24

FIGURA 2. Mangifera indica L. 27

FIGURA 3. Estrutura química da mangiferina. 29

FIGURA 4. Mecanismos de defesa e injúria da mucosa gástrica. 38

FIGURA 5. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) nas

lesões gástricas induzidas por etanol em

camundongos.

64

FIGURA 6. Efeito da capsazepina na gastroproteção da

mangiferina à lesão gástrica induzida por etanol

absoluto em camundongos.

67

FIGURA 7. Efeito do L-NAME na proteção gástrica da

mangiferina à lesão gástrica induzida por álcool em

camundongos.

70

FIGURA 8. Efeito da indometacina na gastroproteção da

mangiferina à lesão gástrica induzida por etanol

absoluto em camundongos.

72

FIGURA 9. Efeito do tratamento com glibenclamida na proteção

da mangiferina frente às lesões gástricas induzidas

por etanol absoluto em camundongos.

75

FIGURA 10. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre

os níveis de grupos sulfidrilas não protéicos nas

lesões gástricas induzidas por etanol em

camundongos.

77

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FIGURA 11. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre

os níveis de malonildealdeído nas lesões gástricas

induzidas por etanol em camundongos.

80

FIGURA 12. Efeito da mangiferina e lansoprazol nas lesões

gástricas induzidas por etanol acidificado em

camundongos.

83

FIGURA 13. Efeito da mangiferina e lansoprazol sobre a úlcera

gástrica induzida por indometacina em

camundongos.

86

FIGURA 14. Efeito da mangiferina e ciproheptadina sobre a lesão

gástrica induzida pelo composto 48/80 em

camundongos.

89

FIGURA 15. Efeito da administração intraduodenal mangiferina e

cimetidina no volume secretório gástrico em ratos.

92

FIGURA 16. Efeito da administração intraduodenal da mangiferina

e cimetidina na acidez total gástrica em ratos.

93

FIGURA 17. Efeito da mangiferina e atropina sobre o

esvaziamento gástrico em ratos.

96

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RESUMO Estudos pré-clínicos do efeito gastroprotetor da mangiferina, uma glicosilxantona isolada de Mangifera indica L., em modelos experimentais de lesão gástrica aguda. Autora: Ana Carla da Silva Carvalho. Orientador:

Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao. Dissertação de Mestrado. Programa de

Pós-Graduação em Farmacologia. Departamento de Fisiologia e Farmacologia.

Universidade Federal do Ceará, 2008.

Mangiferina, uma glicosilxantona isolada da árvore frutífera Mangifera

indica L. (Anacardiaceae), foi avaliada em modelos experimentais de lesão

gástrica aguda. Mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg, v.o.) atenuou significativamente

(p<0,001) as lesões gástricas induzidas por etanol (30, 35 e 63% de redução),

etanol acidificado (27, 44 e 78% de inibição), indometacina (22, 23 e 57% de

redução) e composto 48/80. Esta xantona (30 mg/kg) foi capaz de diminuir de

forma significativa (p<0,01) a depleção dos grupos sulfidrilas não-proteicos e o

aumento nos níveis de malonildealdeído, associados à administração de

etanol. O pré-tratamento com o antagonista dos receptoes TRPV1 capsazepina

(5 mg/kg, i.p.) não foi capaz de reverter (p>0,05) o efeito gastroprotetor da

mangiferina (30 mg/kg) frente às lesões induzidas por etanol. Adicionalmente, o

efeito da mangiferina foi significativamente reduzido (p<0,01) em camundongos

pré-tratados com indometacina, L-NAME e glibenclamida. Mangiferina (30

mg/kg) causou diminuição significativa (p<0,001) do volume secretório e da

acidez total gástrica e aumentou significativamente (p<0,001) o esvazimento

gástrico em ratos. Os resultados do presente estudo indicam uma ação

citoprotetora da mangiferina conferindo efeito gastroprotetor contra injúria

gástrica induzida por diversos agentes, que pode ser atribuído, ao menos em

parte, às prostaglandinas endógenas, liberação de óxido nítrico, abertura de

canais de potássio sensíveis a ATP e ação antioxidante.

Palavras-chave: Anacardiaceae, Mangifera indica, Xantonas, Úlcera Gástrica.

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ABSTRACT Pre-clinical study of gastroprotective effect of mangiferin, a glucosylxanthone from Mangifera indica L., in experimental models of acute gastric mucosal injury. Author: Ana Carla da Silva Carvalho. Advisor:

Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao. Master’s thesis. Post-Graduate Program in

Pharmacology. Department of Physiology and Pharmacology, UFC, 2008.

Mangiferin, a glucosylxanthone from the fruiting tree Mangifera indica Linn.

(Anacardiaceae), was evaluated for the first time in acute models of gastric

injury. Mangiferin (3, 10 and 30 mg/kg, p.o.) significantly attenuated (p<0,001)

the gastric damage induced by ethanol (30, 35 and 63% of reduction), acidified

ethanol (27, 44 and 78% of inhibition), indomethacin (22, 23 and 57% of

reduction) and compound 48/80. This xanthonoid (30 mg/kg) markedly

attenuated (p<0,01) the depletion of gastric mucosal non-protein sulfhydryl and

the increase of malonyldialdehyde levels ethanol associated. While

pretreatment with TRPV1 antagonist capsazepine (5 mg/kg, i.p.) failed to block

effectively (p>0,05) the gastroprotective effect of mangiferin (30 mg/kg) against

ethanol damage. Furthermore, the mangiferin effect was significantly (p<0,01)

reduced in mice pretreated with indomethacin, L-NAME and glibenclamide.

Mangiferin (30 mg/kg) caused significant diminutions (p<0,001) in gastric

secretory volume and total acidity and significantly enhanced (p<0,001) gastric

emptying in rats. Taken together, the results of this study strongly indicate a

cytoprotective role for mangiferin affording gastroprotection against gastric

damage induced by various ulcerogens, which is possibly mediated, in part, by

endogenous prostaglandins, nitric oxide release, K+ ATP channel opening and

antioxidant action.

Key words: Anacardiaceae, Mangifera indica, Xantonas, Úlcera Gástrica.

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21

1. INTRODUÇÃO

1.1. PLANTAS MEDICINAIS

O uso de plantas medicinais é milenar e difundido por todo o mundo,

seja no uso em rituais místicos/religiosos ou como medicamento. O emprego

empírico de produtos naturais era e continua sendo, uma das formas usuais de

se buscar cura e alívio para as doenças que acometem o homem (LI &

OHIZUMI, 2004; FIRENZOULI et al., 2005).

Plantas e seus derivados são as maiores fontes de drogas,

movimentando cerca de 30% do mercado farmacêutico mundial

(KIRKPATRICK, 2002). Entre os anos de 1981 e 2002, de 877 novas moléculas

introduzidas no mercado, em torno de 49% eram substâncias isoladas de

produtos naturais, semi-sintéticos ou moléculas sintetizadas tomando como

modelo estruturas de origem natural (NEWMAN et al., 2003). Em termos

históricos, a pesquisa com plantas medicinais tomou impulso após o

isolamento da morfina no século XIX. As plantas possibilitaram a descoberta

de vários medicamentos, podemos citar os alcalóides bisindólicos vimblastina e

vincristina isolados de Catharanthus roseus G., a atropina, obtida a partir de

Atropa belladona e também a lactona sesquiterpênica artemisina isolada de

Artemisia Annua L., utilizada como antimalárico. Apesar do enorme

desenvolvimento da síntese química, atualmente 25% das drogas prescritas no

mundo são de origem vegetal (BALUNAS et al., 2005).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 80% da população

mundial utiliza plantas medicinais, em sua maioria nos países em

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22

desenvolvimento (GURIB-FAKIM, 2006). No Brasil, 20% da população são

responsáveis por 63% do consumo de medicamentos alopáticos; os 80%

restantes encontram nos produtos de origem natural, especialmente as plantas

medicinais, a única fonte de recursos terapêuticos (FOGLIO et al., 2006).

Apesar do uso de plantas medicinais e seus derivados ser bastante

difundido, muitas espécies são usadas empiricamente, sem respaldo científico

quanto à eficácia e segurança. Em todo o mundo, apenas 17% das plantas

foram estudadas de alguma maneira quanto ao seu emprego medicinal e, na

maioria dos casos, sem grande aprofundamento nos aspectos fitoquímicos e

farmacológicos (FOGLIO et al., 2006).

O Brasil possui uma enorme biodiversidade, detendo aproximadamente

um terço da flora mundial. Este fato aliado à escassez de estudos

farmacológicos para a maioria das espécies vegetais demonstra o enorme

potencial do estudo de plantas para a descoberta de novas moléculas

terapeuticamente úteis (YUNES et al., 2001).

1.1.2. PLANTAS MEDICINAIS E GASTROPROTEÇÃO

Em recentes publicações têm sido evidenciada a ação gastroprotetora

de diversas plantas medicinais e de substâncias isoladas a partir delas

(BRZOZOWSKI et al., 2005; NAVARRETE et al., 2005; NARAYAN et al., 2005;

ANDREO et al., 2006; DA ROCHA LAPA et al., 2007). Os compostos obtidos a

partir de plantas medicinais com atividade antiulcerogênica apresentam

estruturas químicas diversas e distintos mecanismos de ação (SCHMEDA-

HIRSCHMANN & YESILADA, 2005).

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23

O extrato obtido a partir das folhas e frutos de Sapindus saponaria L.,

rico em triterpenos pentacíclicos, apresentou atividade antiulcerogênica e

antisecretória gástrica, diminuindo a concentração de ácido clorídrico e o pH

gástrico (MEYER et al., 2002). Lactonas sesquiterpênicas com atividade

antiulcerogênica foram isoladas de Artemisia douglasiana (GUARDIÃ et al.,

1994). Dihidro-epideoxiartenuína b, isolada de Artemisia annua, apresentam

ação antiulcerogênica, estimulando a produção de muco através do aumento

dos níveis gástricos de prostaglandinas (FOGLIO et al., 2002; DIAS, 2004).

Estudos realizados no Laboratório de Produtos Naturais da Universidade

Federal do Ceará evidenciaram a ação gastroprotetora de uma variedade de

plantas medicinais e de seus princípios ativos, dentre eles podemos citar a

ação gastroprotetora do guaraná (Paullinia cupana Mart.) (CAMPOS et al.,

2003), do 1,8-cineol (SANTOS et al., 2001), da resina bruta e da mistura

contendo α- e β-amirina isolada de Protium heptaphyllum (OLIVEIRA et al.,

2004a; OLIVEIRA et al., 2004b), dentre outros.

Nesse contexto, as plantas medicinais e os compostos isolados a partir

delas (como os terpenos e as xantonas), apresentam importância como

agentes terapêuticos, visto sua ampla utilização na medicina popular, no

tratamento de desordens gástricas tais como úlceras gástricas e gastrites

(SCHMEDA-HIRSCHMANN & YESILADA, 2005).

1.2. XANTONAS

Xantonas são compostos polifenólicos naturais presentes em plantas

superiores, fungos e liquens (VIEIRA et al., 2005). Elas são metabólitos

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secundários derivados da dibenzo-γ-pirona. Seu nome é proveniente do grego

xanthos que significa amarelo, decorrente de sua coloração característica

(KUSTER et al., 2003). Podem ser classificadas em cinco grandes grupos: (a)

xantonas simples oxigenadas, (b) xantonas glicosiladas, (c) xantonas

preniladas e seus derivados, (d) xantonolignoides, e (e) xantonas variadas

(JIANG et al., 2004).

As xantonas são formadas pela combinação das vias do chiquimato e do

acetato e possuem a mesma estrutura básica (Figura 2). Neste esqueleto

básico das xantonas podemos observer os carbonos numerados de 1-4,

derivados do anel acetato A, e os carbonos 5-8 derivados do chiquimato. Hoje

em dia as xantonas e seus derivados são isolados das plantas ou sintetizados

quimicamente (KUSTER et al., 2003).

Figura1. Estrutura básica das xantonas (KUSTER et al., 2003).

As xantonas são quimicamente diferentes dos flavonóides, porém são

muito similares em suas reações de coloração e em sua mobilidade

cromatográfica. Sua presença pode ser detectada por cromatografia em

camada delgada por sua coloração sob luz UV. Para seu isolamento são

utilizadas frequentemente técnicas cromatográficas. Diversas técnicas

espectroscópicas podem ser utilizadas para determinação estrutural das

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xantonas. Os espectros obtidos na região do infravermelho, assim como

aqueles de RMN-1H e RMN-13C apresentam sinais característicos para essas

substâncias (KUSTER et al., 2003).

De 2000 a 2004 foram identificadas 278 novas xantonas naturais

oriundas de 20 famílias de plantas superiores (122 espécies e 44 gêneros), de

19 espécies de fungos e de 3 espécies de liquens (VIEIRA et al., 2005). No

total foram descritas em torno de 1.000 diferentes xantonas com substituintes

em diferentes posições, o que promove uma grande variedade de atividades

biológicas e farmacológicas a esses compostos (JIANG et al., 2004; SOUSA et

al., 2005).

O estudo de xantonas é interessante não só pela investigação

quimiossistemática, mas também devido à sua importância farmacológica. Um

número substancial de estudos demonstra que as xantonas e seus derivados

apresentam diversas atividades farmacológicas tais como antiinflamatória, anti-

hepatotóxica, antialérgica, anticonvulsivante, anti-diabética, gastroprotetora,

entre outras (MARONA, 1998; WANG et al., 2002; JIANG et al., 2004).

Diversos trabalhos têm apresentado as xantonas como potenciais

substâncias para o tratamento de diversos tipos de câncer, como o de pulmão,

fígado e estômago (PACHUTA et al., 1986; LIOU et al., 1993; PERMANA et al.,

1994; LIN et al., 1996; ASANO et al. 1996; MATSUMOTO et al., 2004;

PATTANAPRATEEB et al., 2005). Algumas xantonas (naturais e sintéticas)

apresentaram, ainda, ação antimicrobiana, inclusive contra Mycobacterium

tuberculosis (GHOSAL et al., 1978) e ação antifúngica (WANG et al., 2005).

Xantonas também são excelentes antioxidantes, atuando através da

eliminação de radicais livres, inibindo a peroxidação lipídica e quelando metais

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(CASTANHEIRO et al., 2007). Os antioxidantes naturais, como as xantonas,

protegem o corpo humano dos radicais livres e retardam a progressão de

muitas doenças crônicas, além de desempenhar papel importante na

patogênese de várias doenças degenerativas (MONTILLA et al., 2003). Neste

sentido, o uso das xantonas naturais como agentes antioxidantes em

patologias que envolvem estresse oxidativo, como a úlcera gástrica, tem se

mostrado promissor.

1.3. Mangifera indica Linn.

Mangifera indica L. (mangueira) é uma espécie pertencente à família

Anacardiaceae, gênero Mangifera, que se disseminou por uma ampla região do

globo terrestre, climaticamente favorável ao seu desenvolvimento (CUNHA et

al.,2002). A mangueira (Figura 3) é uma planta nativa do sul e do sudeste

asiático, desde o leste da Índia até as Filipinas, e vem sendo cultivada há mais

de quatro mil anos. Seu fruto, a manga, é o segundo fruto tropical mais

importante cultivado no mundo (RIBEIRO, 2006). O cultivo da mangueira está

presente em vários países do mundo, constituindo uma importante atividade

econômica em muitos deles (Índia, China, Tailândia, México, Paquistão,

Indonésia, Filipinas, Brasil e Nigéria) (RIBEIRO, 2006).

As mangueiras são grandes árvores, atingindo até 35-40 m de altura,

com um raio de sua copa próximo de 10 m. Suas folhas são perenes, com 15-

35 cm de comprimento e 6-16 cm de largura; quando jovens estas folhas são

rosa-alaranjadas. As flores são diminutas, em inflorescências paniculadas nas

extremidades dos ramos e com perfume agradável. (LONDON FRUIT, 2002).

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Figura 2. Mangifera indica L. (à direita detalhe das flores e dos frutos)

(modificado de http://www.vilamada.com.br/conteudo/vila_viva/arvores_praca.

htm – acesso: 09/10/2007)

A utilização das cascas de M. indica em diversos países para o

tratamento de menorragia, diarréia, sífilis, diabetes, escabiose, infecções

cutâneas, anemia etc. sob a forma de extrato aquoso, obtido por decocção,

está descrito no Napralert Database (NÚÑEZ-SELLÉS et al., 2007).

Nos últimos anos, estudos realizados em Cuba com o extrato aquoso

das cascas de uma variedade selecionada de M. indica resultaram em uma

formulação farmacêutica com nome fantasia de Vimang®. O principal

componente deste extrato é a xantona glicosilada mangiferina. Porém, além

desta substância, o extrato contém também uma mistura de componentes

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terpenóides, esteróides, ácidos graxos e microelementos (CORREIA et al.,

2006).

Encontra-se descrito na literatura que Vimang® apresenta atividades

imunoestimulante (MAKARE et al., 2001), antiiflamatória (GARRIDO et al.,

2004), antioxidante (SANCHEZ et al., 2000; MURUGANANDAN et al., 2002;

SELLES et al., 2002), citotóxica e antineoplásica (BELTRÁN et al., 2004).

Estudos realizados com o extrato aquoso das cascas de M. indica

demonstraram que ele é um poderoso seqüestrador de radicais hidroxil e ácido

hipocloroso, exercendo efeito inibitório sobre a peroxidação de fosfolipídios em

cérebro de ratos e inibição de danos ao DNA. Além destes, apresenta

propriedades de proteção contra a produção de espécies reativas de oxigênio,

sendo mais ativo que as vitaminas C e E, mangiferina e β-caroteno. Vimang®

mostrou proteção dos tecidos hepático e cerebral de camundongos contra o

estresse oxidativo induzido (SÁNCHEZ et al., 2000).

O extrato de M. indica também demonstrou efeito inibitório sobre a

produção de radicais livres em macrófagos de ratos, mostrando-se interessante

para o tratamento de doenças de origem imunopatológica, especificamente em

certas desordens auto-imunes (GARCÍA et al., 2002).

Recentemente foi descrita a ação antiulcerogênica do extrato aquoso

das flores de M. indica. Ele mostrou-se eficaz em inibir as lesões gástricas

induzidas por etanol, etanol acidificado, estresse e piroxican. O extrato também

reduziu a acidez total gástrica em ratos com piloro ligado e acelerou o processo

de cicatrização num modelo subagudo de úlcera induzida por ácido acético. O

efeito gastroprotetor deste extrato parece envolver a participação de grupos

sulfidrilas não-proteicos endógenos (LIMA et al., 2006). A contribuição da

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mangiferina no efeito gastroprotetor do extrato aquoso das flores de M. indica

ainda não foi elucidado.

1.4. MANGIFERINA

Mangiferina (1,3,6,7-tetrahidroxixantona-C2-beta-D-glicose; Figura 4) é

uma glicosilxantona presente em várias plantas, incluindo Mangifera indica L.

(CHOPRA et al., 1956).

Figura 3. Estrutura química da mangiferina (CORREIA et al., 2006).

Encontra-se descrito na literatura que a biogênese da mangiferina

assemelha-se a dos flavonóides. Isto pode ser explicado com base no fato da

mangiferina ocorrer em algumas plantas na presença de flavonas C-

glicosiladas e não de outras xantonas. Além disso, o núcleo da mangiferina é

formado a partir de um precursor flavonóide do tipo C6C3 (p-hidroxicinamato)

conjugado a dois malonatos. Aparentemente o ácido benzóico não está

envolvido na rota biossintética da mangiferina, diferentemente do que é

observado para as demais xantonas. Dessa forma a rota biossintética da

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mangiferina assemelha-se mais à descrita para as flavonas do que para as

outras xantonas (JENSEN et al., 2002).

Diversas atividades farmacológicas da mangiferina têm sido descritas na

literatura (CORREIA et al., 2006). Mangiferina apresentou ação antidiabética

em camundongos KK/Ay, um modelo genético de diabetes mellitus não

insulino-dependente com hiperinsulinemia (MIURA et al., 2001). Mangiferina

exibiu também potente atividade antidiabética, antihiperlipidêmica e

antiaterogênica em ratos com diabetes mellitus induzida por estreptozotocina,

mostrando-se uma droga promissora para o tratamento de diabetes melittus e

distúrbios lipidêmicos associados (MURUGANANDAN et al., 2005).

As ações imunomodulatória, analgésica e antiinflamatória da mangiferina

também foram demonstradas. Estudos sobre a atividade imunomodulatória da

mangiferina evidenciaram que esta xantona modula a expressão de vários

genes críticos para a regulação da apoptose, replicação viral, tumorigênese,

inflamação e doenças auto-imunes, o que traz a possibilidade do seu uso no

tratamento de doenças inflamatórias e/ou de câncer (LEIRO et al., 2004; DAR

et al., 2005). Mangiferina protegeu linfócitos humanos de lesões ao DNA

quando expostos à radiação gama, apontando para a possibilidade de seu uso

em pacientes submetidos à radioterapia ou indivíduos expostos

ocupacionalmente às radiações (JAGETIA & BAIGA, 2005; JAGETIA &

VENKATESHA, 2006).

Muruganandan et al. (2002) mostraram que a mangiferina exerce

proteção dos tecidos cardíaco e renal de ratos contra o estresse oxidativo

induzido. O efeito inibitório da mangiferina na carcinogênese intestinal em ratos

também foi demonstrado (YOSHIMI et al., 2001).

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Outra atividade farmacológica descrita para a mangiferina é sua ação

antialérgica, que ocorre através de uma inibição dose-dependente da produção

de IgE e reação anafilática em roedores, redução da permeabilidade vascular

induzida pela histamina e sua liberação estimulada pelo composto 48/80 em

mastócitos de ratos (RIVERA et al., 2006).

A mangiferina apresenta potente atividade antioxidante, eliminando o

radical superóxido (testes in vitro), sendo que 100 µM de mangiferina mostrou-

se equivalente à atividade de 1 U/mL de superóxido dismutase (LEIRO et al.,

2003). Mangiferina também mostrou-se capaz de inibir a lipoperoxidação

experimentalmente induzida por ferro-citrato em mitocôndria isolada de fígado

de rato (PARDO-ANDREU et al., 2005; ANDREU et al., 2005).

1.5. FISIOLOGIA GASTRINTESTINAL

O trato gastrintestinal (TGI) é um dos sistemas do organismo de

importância fundamental, considerando sua função de provê-lo de água,

eletrólitos e alimentos (GUYTON & HALL, 2006).

As suas funções dependem de propriedades inerentes à musculatura

lisa intestinal, reflexos de neurônios intrínsecos no intestino e no sistema

nervoso central (SNC), efeitos parácrinos de mediadores químicos e hormônios

gastrintestinais. Porém, a maioria de suas funções é autônoma e controlada

predominantemente pelo sistema nervoso entérico (SNE) através de dois

plexos intramurais principais no trato - o plexo mioentérico (plexo de Auerbach)

e o plexo de Meissner (RANG et al., 2003; HOOGERWERF & PASRICHA,

2006). Os neurônios no interior dos plexos secretam acetilcolina, noradrenalina,

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e também serotonina (5-HT), purinas, óxido nítrico e uma variedade de

peptídios farmacologicamente ativos. O plexo entérico contém neurônios

sensoriais que respondem a estímulos mecânicos e químicos (RANG et al.,

2003).

Os hormônios do trato gastrintestinal incluem tanto secreções

endócrinas quanto parácrinas. As secreções endócrinas (substâncias liberadas

na corrente sangüínea) são principalmente peptídios sintetizados por células

endócrinas existentes na mucosa, sendo o mais importante a gastrina. As

secreções parácrinas, ou hormônios locais, muitas das quais consistem em

peptídios reguladores, são liberadas por células especializadas, que se

distribuem por toda a parede do trato gastrintestinal. Esses hormônios atuam

sobre as células vizinhas e, no estômago, o mais importante deles é a

histamina. Algumas dessas secreções parácrinas também atuam como

neurotransmissores (RANG et al., 2003; HOOGERWERF & PASRICHA, 2006).

1.5.1. FISIOLOGIA DA SECREÇÃO GÁSTRICA

A secreção de ácido gástrico é um processo contínuo e complexo, em

que múltiplos fatores centrais e periféricos contribuem para uma meta comum:

a secreção de H+ pelas células parietais. Os fatores neuronais (acetilcolina),

parácrinos (histamina) e endócrinos (gastrina) regulam a secreção de ácido.

Seus receptores específicos (M3, H2 e CCK2, respectivamente) localizam-se na

membrana basolateral das células parietais no corpo e fundo gástricos. Nessas

células o AMP cíclico e as vias dependentes de Ca2+ ativam a H+, K+-ATPase

(a bomba de prótons), que efetua a troca de íons hidrogênio e potássio através

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da membrana celular parietal. Essa bomba gera o maior gradiente iônico

conhecido nos vertebrados, com um pH intracelular de cerca de 7,3 e um pH

intracanalicular de cerca de 0,8 (HOOGERWERF & PASRICHA, 2006).

A gastrina, que é produzida pelas células G do antro, é o indutor mais

potente da secreção de ácido. A liberação de gastrina é estimulada por

múltiplas vias, incluindo ativação do SNC, distenção local e componentes

químicos do conteúdo gástrico. A gastrina estimula a secreção ácida

indiretamente ao induzir a liberação de histamina pelas células

enterocromafins; um efeito direto sobre as células parietais também

desempenha um papel menos importante (HOOGERWERF & PASRICHA,

2006).

A somatostatina (SST), que é produzida pelas células D do antro, inibe a

secreção de ácido gástrico. A acidificação do pH luminal gástrico para valores

menores que três estimula a liberação de SST que, por sua vez, suprime a

produção de gastrina em uma alça de retroalimentação negativa. As células

produtoras de SST estão diminuídas em pacientes com infecção por

Helicobacter pylori, e a conseqüente redução do efeito inibitório da SST pode

contribuir para produção excessiva de gastrina (SCHUBERT, 2007).

1.5.2. MECANISMOS DE DEFESA DA MUCOSA GÁSTRICA

A concentração extremamente elevada de H+ no lúmen gástrico requer

mecanismos vigorosos de defesa para proteger o esôfago e o estômago. A

principal defesa do esôfago é proporcionada pelo esfíncter esofágico inferior,

que impede o refluxo do conteúdo gástrico ácido para dentro do esôfago. A

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secreção de uma camada de muco constitui importante defesa na proteção das

células epiteliais gástricas. O muco gástrico é formado por 95% de água e 5%

de glicoproteínas (REPETTO, 2002), é solúvel quando secretado, porém forma

rapidamente um gel insolúvel que reveste toda a superfície mucosa do

estômago, retarda a difusão de íons e impede a lesão da mucosa por

macromoléculas, como a pepsina (HOOGERWERF & PASRICHA, 2006).

A secreção de bicarbonato pelas células epiteliais gástricas é um dos

mecanismos de defesa da mucosa contra os efeitos nocivos do ácido. Ela é

regulada por diversos fatores tais como prostaglandinas, óxido nítrico,

neurônios aferentes sensíveis a capsaicina, peptídeos e fatores neuronais

(AIHARA et al., 2007).

As prostaglandinas endógenas têm um importante papel mediando

muitos aspectos da defesa da mucosa gastrintestinal (MAITY et al., 2003). As

prostaglandinas são sintetizadas a partir do ácido araquidônico, através das

enzimas ciclooxigenases (COX). Há duas formas de ciclooxigenase, a COX-1 e

a COX-2. Já foram descritas variantes de remontagem da COX-1 que retém a

atividade enzimática, uma das quais foi chamada de “COX-3” (HOOGERWERF

& PASRICHA, 2006). Enquanto a isoforma COX-1 (constitutiva) produz a maior

parte das prostaglandinas na mucosa gástrica normal, a COX-2 (induzida) atua

como um fator importante na cicatrização das úlceras. Inicialmente acreditou-se

que a COX-2 contribuía para a cicatrização das úlceras unicamente através da

produção de prostaglandinas. Entretanto, estudos sugerem que a inibição da

COX-2 aumenta o tempo de cicatrização das úlceras tanto por via dependente

quanto independente de prostaglandinas (PERINI et al., 2003).

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A prostaglandina E2 (PGE2) e a prostaciclina (PGI2) constituem as

principais prostaglandinas sintetizadas pela mucosa gástrica. Atuam sobre o

receptor prostanóide EP3 nas células parietais e estimulam a via G inibitória

(Gi), diminuindo, assim, o AMP cíclico intracelular e a secreção de ácido

gástrico. A PGE2 também pode evitar a lesão gástrica através de efeitos

citoprotetores, que incluem a estimulação da secreção de muco e bicarbonato

e o aumento do fluxo sanguíneo da mucosa (HOOGERWERF & PASRICHA,

2006; AIHARA et al., 2007).

O estômago protege a si próprio da lesão ácida por diversos

mecanismos que exigem um fluxo sanguíneo adequado, devido à elevada

atividade metabólica e necessidade de oxigênio da mucosa gástrica. A

elevação do fluxo sangüíneo é importante quando a barreira protetora mucosa

do estômago é rompida e ocorre retrodifusão de íons H+ para as células da

mucosa (MAITY et al., 2003). Atribui-se o controle do fluxo sanguíneo gástrico

principalmente às prostaglandinas endógenas (FUNATSU et al., 2007).

O óxido nítrico (NO) tem sido reconhecido recentemente como um

mediador fundamental nos mecanismos de defesa gástrica, devido a sua

habilidade de aumentar o fluxo sangüíneo da mucosa e a produção de muco,

além de inibir a aderência de neutrófilos às células endoteliais (CORUZZI et al.,

2000). O NO é sintetizado pela NO sintase (NOS) a partir do oxigênio

molecular (O2) e L-arginina. Existem três isoformas conhecidas da NOS: uma

forma induzida - iNOS (expressa em macrófagos, células de Kupffer,

neutrófilos, fibroblastos, músculo liso vascular e células endoteliais em resposta

a estímulos patológicos como microrganismos invasores) e duas dita

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constitutivas (cNOS), que estão presentes em condições fisiológicas no

endotélio (eNOS) e nos neurônios (nNOS) (CHO, 2001; UCHIDA et al., 2001).

Embora a produção de NO pela cNOS seja importante na manutenção

da integridade da mucosa gástrica, recentes estudos demonstram que o NO

atua de maneira bifásica na resposta ulcerogênica da mucosa gastrointestinal

dependendo da isoforma da NOS, ou seja, o NO produzido pela cNOS

apresentaria em efeito protetor, e o NO originário da iNOS teria um efeito pró-

ulcerogênico (NISHIO et al., 2006). O NO também é importante no controle da

secreção ácida e alcalina, no fluxo sangüíneo da mucosa gástrica e na

secreção de muco gástrico (BAYIR et al., 2006).

A geração de espécies reativas de oxigênio (ERO) ocorre durante o

metabolismo celular normal e está relacionada com a patogênese de diversas

doenças (AGNIHOTRI et al., 2007). As ERO causam inflamação e morte

celular através da modulação das vias de transdução de sinal, por afetar as

enzimas redox-sensíveis e fatores de transcrição, por auxiliar a atividade de

proteases e por estimular a expressão de mediadores inflamatórios e

moléculas de adesão (UZUN et al., 2005).

Os compostos sulfidrílicos estão envolvidos na manutenção da

integridade gástrica, principalmente quando as ERO estão envolvidas na

patofisiologia da lesão tecidual. A glutationa reduzida (GSH) participa em

muitos aspectos do metabolismo oxidativo, incluindo remoção de

hidroperóxidos, proteção contra radiação ionizada, manutenção do padrão

fisiológico de proteínas sulfidrílicas e condensação com xenobióticos ou

compostos reativos endógenos, para ajudar na sua detoxificação e excreção. A

GSH atua como um varredor de radicais livres e substâncias tóxicas ingeridas

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na alimentação e/ou produzidas diretamente no TGI, desta forma a

manutenção dos níveis de GSH contribui para integridade da mucosa gástrica

(SHIRIN et al., 2001).

Outro componente da defesa gástrica são os fatores de crescimento que

estimulam importantes elementos celulares de cicatrização da úlcera como a

angiogênese, formação de tecido de granulação e reepitelização, mas sua

especificidade e potência variam (SZABO & VINCZE, 2000; TÉTREAULT et al.,

2007).

1.6. DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA

A úlcera péptica é uma lesão profunda da mucosa, onde tanto os

componentes dos tecidos epitelial e conectivo, incluindo miofibroblastos

subepiteliais, como células do músculo liso, vasos e nervos, podem ser

destruídos (MILANI & CALABRÒ, 2001).

As úlceras ocorrem freqüentemente no duodeno (úlcera duodenal), onde

mais de 95% estão localizadas na sua primeira porção, e 90% próximo à

junção do piloro com a mucosa duodenal. No estômago (úlcera gástrica), as

úlceras se localizam mais comumente no antro (60%) e na junção do antro com

o corpo, na pequena curvatura (25%). A incidência de úlceras gástricas parece

ser ligeiramente maior em homens em relação às mulheres (1,3: 1), sendo que

a faixa etária de maior ocorrência das úlceras duodenais é de 30-55 anos, e

das úlceras gástricas é de 50-70 anos (ABITBOL, 2007).

A úlcera duodenal é mais freqüente nas populações ocidentais, e as

úlceras gástricas são mais comuns nos países orientais, particularmente o

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Japão. Embora menos prevalente do que a úlcera duodenal, a úlcera gástrica

(0,1% da população em países desenvolvidos) apresenta maior grau de

mortalidade e morbidade associados, resultantes de hemorragias, perfurações

e obstruções (SIVRI, 2004).

A patogenia da doença ulcerosa péptica é mais bem representada como

um complexo cenário envolvendo o desequilíbrio entre os fatores de defesa da

mucosa (bicarbonato, muco, prostaglandinas, fluxo sanguíneo, óxido nítrico,

fatores de crescimento, etc.) e fatores agressivos que compreendem os

agentes químicos, que podem ser endógenos (HCl, pepsina) ou exógenos

(etanol, anti-inflamatórios não esteroidais), e agentes biológicos (Helicobacter

pylori) (Figura 1) (NATALE et al., 2004).

Figura 4. Mecanismos de defesa e injúria da mucosa gástrica (Adaptado de

ROBBINS & COTRAN, 2005).

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Nos últimos anos, a infecção H. pylori e as drogas antiinflamatórias não-

esteroidais (AINES) foram identificadas como as duas principais causas de

úlcera péptica. Diversos estudos mostram que mais de 90% dos pacientes com

úlcera duodenal e 70% daqueles que apresentam úlcera gástrica estão

infectados por H. pylori (SIVRI, 2004). Essa infecção pode resultar em

comprometimento na produção de somatostatina pelas células D e, com o

decorrer do tempo, em redução da inibição da produção de gastrina, resultando

em aumento da produção de ácido e redução da produção duodenal de

bicarbonato (HOOGERWERF & PASRICHA, 2006).

Os AINES também estão freqüentemente associados a úlceras pépticas

(em até 60% dos pacientes, particularmente naqueles com complicações, como

sangramento). A lesão tópica causada pela presença do fármaco no lúmen

parece desempenhar um papel menos importante na patogenia dessas úlceras,

conforme evidenciado pelo fato de que podem ocorrer úlceras com doses muito

baixas de ácido acetilsalicílico (10 mg) ou com administração parenteral de

AINES. Os efeitos desses fármacos são, em vez disso, mediados por via

sistêmica; o elemento crítico consiste na supressão da forma constitutiva da

ciclooxigenase (COX-1) na mucosa e na produção diminuída das

prostaglandinas citoprotetoras, a PGE2 e a PGI2 (GANOC, 2003;

HOOGERWERF & PASRICHA, 2006).

O uso crônico de AINES pode aumentar de 2 a 4% o risco de

desenvolver uma úlcera sintomática, sangramento gastrintestinal ou até mesmo

perfuração. A conduta ideal consiste em suspender os AINES em pacientes

com úlcera, se possível. Se houver necessidade de terapia contínua, pode-se

considerar o uso de inibidores da COX-2 seletivos, embora isso não elimine o

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risco de formação subseqüente de úlcera (HOOGERWERF & PASRICHA,

2006).

A cicatrização das úlceras apesar do uso contínuo de AINES é possível

com a administração de agentes supressores da secreção ácida, habitualmente

em doses mais elevadas e por um período consideravelmente mais longo do

que os esquemas padrões (p. ex., 8 semanas ou mais). Nessa situação os

inibidores da bomba de prótons são superiores aos antagonistas dos

receptores H2 e aos análogos das prostaglandinas (misoprostol) na promoção

da cicatrização das úlceras ativas (taxas de cicatrização de 80 a 90% para os

inibidores da bomba de prótons versus 60 a 75% para os antagonistas dos

receptores H2) e na prevenção da recidiva das úlceras gástricas e duodenais

em caso de administração contínua de AINES (LANZA, 1998; HOOGERWERF

& PASRICHA, 2006).

O pantoprazol, ou o lansoprazol, por via intravenosa constituem

claramente a terapia preferida para pacientes com úlceras hemorrágicas

agudas. O benefício teórico da supressão máxima da secreção de ácido nesse

contexto consiste na aceleração da cicatrização da úlcera subjacente. Além

disso, um pH gástrico mais elevado aumenta a formação de coágulo e retarda

a sua dissolução (HOOGERWERF & PASRICHA, 2006). Atualmente, estes

agentes anti-secretórios representam uma das melhores opções na terapia

contra úlcera péptica (GISBERT, 2005), entretanto seu uso prolongado tem

sido associado à incidência de fraturas e câncer (YANG et al., 2006; LEEDHAM

et al., 2007).

O emprego de inibidores seletivos da COX-2, como alternativa para

evitar os efeitos pró-ulcerogênicos dos demais AINES, tem sido largamente

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reduzido em virtude da possível associação desses fármacos a eventos

cardiovasculares adversos. Adicionalmente, diversos autores têm especulado

acerca da contribuição da COX-2 nos mecanismos de defesa da mucosa

gástrica e de cicatrização de úlceras (JUGDUTT, 2007).

Dispepsia não-ulcerosa, ou dispepsia funcional, é um termo que se

refere a uma desordem gastrintestinal cujos sintomas são semelhantes aos da

úlcera em pacientes que não apresentam ulceração gastroduodenal franca.

Isso pode ocorrer em associação com gastrite (com ou sem infecção por H.

pylori) ou com o uso de AINES, porém a patogenia dessa síndrome permanece

controvertida, no entanto, três importantes fatores parecem estar envolvidos: a)

anormalidades da motilidade gastrointestinal, b) aumento da sensibilidade a

estímulos provenientes do lúmen do tubo digestivo e c) anormalidades da

esfera psicoemocional. Estas alterações podem resultar em retardo do

esvaziamento gástrico, que ocorre em cerca de metade dos casos de dispepsia

funcional (TRONCON, 2001).

Embora o tratamento empírico da dispepsia funcional com agentes

supressores da secreção ácida seja utilizado rotineiramente em pacientes com

dispepsia não-ulcerosa, não há evidências convincentes de seu benefício em

estudos clínicos controlados (HOOGERWERF & PASRICHA, 2006).

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2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

2.1. JUSTIFICATIVA

A doença ulcerosa péptica e as gastropatias associadas às drogas

antiinflamatórias não-esteroidais representam alguns dos principais problemas

que afetam negativamente a qualidade de vida. Atualmente, os fármacos com

ação antisecretória gástrica, como os inibidores da bomba de prótons,

representam uma das principais opções na terapia destas patologias

(GISBERT et al., 2005), porém o uso prolongado destes agentes está

associado à uma alta incidência de fraturas e câncer (YANG et al., 2006;

LEEDHAM et al., 2007).

Gastropatias associadas à AINES continuam sendo um grave problema

clínico que não foi solucionado com a introdução dos inibidores seletivos da

ciclooxigenase-2. A indicação do tratamento com esses fármacos está em

declínio devido aos efeitos colaterais cardíacos de certos inibidores da COX-2

(JUGDUTT et al., 2007).

Dessa forma, ainda existe um vasto campo para pesquisa de novos

agentes farmacológicos úteis no combate à doença ulcerosa péptica e às

gastropatias associadas aos AINES.

A utilização das plantas como medicamento para o tratamento das

enfermidades que acometem a espécie humana, remonta à idade antiga.

(CALIXTO, 2001). São inúmeros os exemplos de medicamentos que foram

desenvolvidos, direta ou indiretamente, a partir de fontes naturais,

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especialmente de plantas (FARNSWORTH & BINGEL, 1997; CALIXTO, 2001;

NEWMAN et al., 2003; BOLDI, 2004).

Muitas substâncias presentes em plantas como terpenos, taninos,

xantonas, flavonóides, cumarinas e alcalóides apresentam atividade

gastroprotetora (COE et al., 1996; OLIVEIRA et al., 2004; ZAYACHKIVSKA et

al., 2004). Mangiferina é uma xantona glicosilada presente em Mangifera

indica L. (Anacardiaceae) que apresenta diversas ações farmacológicas

descritas na literatura como antioxidante, analgésica, imunomodulatória, dentre

outras (DAR et al., 2005; PINTO et al., 2005; RIVERA et al., 2006).

Recentemente foi demonstrada a ação antiulcerogênica do extrato aquoso das

flores de M. indica (LIMA et al., 2006), porém a contribuição da mangiferina

neste efeito permanece desconhecida, visto que no extrato estão presentes

diversas outras substâncias não determinadas como taninos, flavonóides,

esteróides e triterpenos.

Evidências clínicas e experimentais sugerem que o estresse oxidativo

apresenta um papel fundamental na etiologia da úlcera gástrica e compostos

antioxidantes podem oferecer citoproteção gástrica (REPETTO et al., 2002).

Dessa maneira, a importância deste estudo, se justifica na investigação

da ação gastroprotetora da mangiferina, tendo como base suas diversas

atividades farmacológicas descritas na literatura, em modelos animais de

úlcera gástrica aguda, bem como os possíveis mecanismos de ação

envolvidos.

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2.2. OBJETIVOS

GERAL

Investigar a ação gastroprotetora da mangiferina em modelos agudos de

lesão gástrica em animais.

ESPECÍFICOS

Estudar a atividade gastroprotetora da mangiferina nos modelos agudos

de lesão gástrica induzida por etanol, etanol acidificado, indometacina e

composto 48/80 em camundongos;

Avaliar a participação do receptor da capsaicina (TRPV1), óxido nítrico,

prostaglandinas e canais de potássio ATP-dependentes no mecanismo

gastroprotetor da mangiferina no modelo de úlcera induzida por etanol;

Verificar a ação da mangiferina sobre a produção dos grupos sulfidrílicos

não-protéicos (NP-SH) gástricos em camundongos;

Avaliar a ação da mangiferina sobre o nível de peroxidação lipídica,

através da dosagem de malonildealdeído na mucosa gástrica no modelo

de lesão gástrica induzida por etanol;

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Estudar o efeito da mangiferina sobre a secreção gástrica, utilizando o

modelo de ligadura do piloro em ratos;

Averiguar a ação da mangiferina sobre o esvaziamento gástrico em

ratos.

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3. MATERIAL

3.1. MATERIAL BOTÂNICO

As cascas de Mangifera indica L. (Anacardiaceae) foram coletadas em

agosto de 2003, em uma plantação pertencente ao Departamento de

Agronomia, no Campus do Pici, Universidade Federal do Ceará. A espécie

vegetal foi autenticada pelo Dr. Francisco Edson de Paula, e uma excicata foi

registrada sob o Nº. 32628 no Herbário Prisco Bezerra da mesma universidade.

3.2. ANIMAIS EXPERIMENTAIS

Foram utilizados camundongos albinos (Mus musculus), variedade

Swiss Webster, adultos, machos, pesando entre 25-30 g e ratos albinos (Rattus

norvegicus), variedade Wistar, adultos, machos, pesando entre 180-200 g,

provenientes do Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da

Universidade Federal do Ceará. Os animais foram acondicionados em caixas

de polipropileno, à temperatura ambiente de 22-24 oC, com ciclos de

claro/escuro de 12 em 12 h, recebendo ração padrão (Purina Chow) e água “ad

libitum”. Os animais foram colocados em jejum de sólidos 18 h antes da

realização dos experimentos.

Os protocolos utilizados neste trabalho possuem aprovação do Comitê

de Ética em Pesquisa Animal (CEPA) do Departamento de Fisiologia e

Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

(Protocolo nº088/07).

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3.3. DROGAS E REAGENTES

PRODUTO ORIGEM

Ácido clorídrico P.A. Merck, Brasil

Ácido Etilenodiaminotetraacético sal dissódico (EDTA) Proanalysi, Brasil

Ácido tricloroacético P.A. Sigma, USA

Ácido trinitrobenzeno sulfônico - TNB Sigma, USA

Álcool etílico absoluto P.A. Synth, Brasil

Capsaicina Sigma, USA

Capsazepina Sigma, USA

Carboximetilcelulose Merck, Brasil

Carvão Ativado pó Reagen, Brasil

Cimetidina (Tagamet®) SmithKline Beecham, Brasil

Ciproeptadina (Periatin®) Prodome, Brasil

Cloreto de sódio Vetec, Brasil

Composto 48/80 Sigma, USA

Diazóxido Sigma, USA

Dimetilfulfóxido (DMSO) Reagen, Brasil

Ester metil NG nitro-L-arginina (L-NAME) Sigma, USA

Éter etílico Labsynth, Brasil

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Fenolftaleína Reagen, Brasil

Formaldeído P.A. Sigma, USA

Glibenclamida Sigma, USA

Glicose Vetec, Brasil

Glutation reduzido Sigma, USA

Goma Arábica Sigma, USA

Hidróxido de sódio Reagen, Brasil

Indometacina (Indocid®) Merck, Brasil

Lansoprazol (Prazol®) Medley, Brasil

L-arginina Sigma, Brasil

N-Acetilcisteína (Fluimucil®) Zambon, Brasil

Sulfato de atropina Sigma, Brasil

Sulfato de Morfina (Dimorf®) Cristália, Brasil

Tween 80 Sigma, USA

Vermelho de fenol Reagen, Brasil

3.4. EQUIPAMENTOS

EQUIPAMENTO ORIGEM

Balança para animais (mod. MF-6) Filizola, Brasil

Balança analítica (mod. AX-200) Shimadzu, Japão

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Centrifuga refrigerada, modelo CT 5500 DR CIENTEC®, Brasil

Freezer –75ºC Legaci System®

Lavadora ultrasônica, modelo USC 700 UNIQUE®

Material cirúrgico ---

Pipetas automáticas Jencons®

Seringas plásticas B-D-Plastipak

Vidrarias Pirex, U.S.A.

4. MÉTODOS

4.1. OBTENÇÃO DA MANGIFERINA

O material vegetal seco (2,03 kg de cascas de M. indica L.) foi extraído

duas vezes com etanol (13L). O extrato etanólico bruto teve seu solvente

removido em evaporador rotatório, sob pressão reduzida. O resíduo sólido foi

redissolvido em metanol, resultando na formação de um precipitado amorfo,

que foi separado logo em seguida por filtração simples. Após repetidas

recristalizações em acetato de etila, foram obtidos cristais amarelados de

mangiferina (40 g). A estrutura e pureza da mangiferina foram confirmadas

utilizando-se técnicas espectroscópicas (RMN de 1H e 13C, infravermelho) e

cromatografia líquida alta eficiência (CLAE).

A metodologia de extração e caracterização da mangiferina foi realizada

pela Profa. Dra. Maria Teresa Salles Trevisan e Profa. Dra. Antonia Lúcia de

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Souza do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade

Federal do Ceará.

Cascas secas (2,03 kg)

Extrato etanólico fluido

Extrato etanólico seco

Precipitado amorfo

Extração em etanol (13 L)

Filtração e evaporação do solvente em rotavapor

Dissolução em metanol seguida de filtração simples

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4.2. LESÃO GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL

A atividade antiulcerogênica da mangiferina foi primeiramente avaliada

no modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos (ROBERT

et al., 1979).

Camundongos, em jejum de sólidos de 18h, foram divididos em grupos

de 8 animais, tratados com veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10

mL/kg, v.o.), mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg; v.o.) ou N-acetilcisteína (NAC - 750

mg/kg, i.p.). Uma hora após os tratamentos com veículo e mangiferina, e 30

minutos após o tratamento com N-acetilcisteína, os animais receberam 0,2 mL

de etanol 96% via oral.

Decorridos 30 minutos, os animais foram sacrificados; os estômagos

retirados, abertos pela grande curvatura, lavados com solução salina 0,9 % e

comprimidos entre dois vidros de relógio para uma melhor visualização. A área

de lesão gástrica glandular foi determinada com o auxílio de um programa de

Mangiferina

(40 g)

Recristalização em acetato de etila Análise (RMN 1H e 13 C, IV, CLAE e dados na literatura)

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planimetria computadorizada (ImageJ). Os dados foram expressos em termos

de porcentagem de área lesada em relação à área total do corpo gástrico.

4.2.1. ESTUDO DO ENVOLVIMENTO DOS NEURÔNIOS AFERENTES

PRIMÁRIOS SENSÍVEIS À CAPSAICINA

Camundongos divididos em grupos de 8 animais foram tratados com

veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10 mL/kg, v.o.), mangiferina (30

mg/kg; v.o.) 1h antes ou capsaicina (5 mg/kg; i.p.) 30 minutos antes de

receberem etanol 96% (0,2 mL/animal; v.o.).

A participação dos neurônios sensoriais sensíveis à capsaicina foi

investigado segundo MATSUDA et al. (1999) através da administração de

capsazepina (5 mg/kg; i.p.) 30 min antes da mangiferina (30 mg/kg; v.o.) ou

capsaicina (5 mg/kg; i.p.). Após 30 min da administração da capsaicina e 1 h

após a administração da mangiferina os animais receberam etanol 96% (0,2

mL/animal; v.o.).

Os animais foram sacrificados 30 minutos após a administração do

etanol, e a área de lesão gástrica glandular determinada pelo método descrito

anteriormente.

4.2.2. ESTUDO DO ENVOLVIMENTO DO ÓXIDO NÍTRICO

Camundongos foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com

veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10 mL/kg, v.o.), mangiferina (30

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mg/kg; v.o.) 1 h antes ou L-arginina (450 mg/kg; i.p.) 30 minutos antes de

receberem etanol 96% (0,2 mL/animal; v.o.).

O envolvimento do óxido nítrico foi avaliado pela administração de L-

NAME (20 mg/kg; i.p.) 30 min antes da mangiferina (30 mg/kg; v.o.) ou L-

arginina (450 mg/kg; i.p.). Após 30 min da administração da L-arginina e 1 h

após a administração da mangiferina os animais receberam etanol 96% (0,2

mL/animal; v.o.) (MATSUDA et al., 1999).

Decorridos 30 minutos da administração do etanol, os animais foram

sacrificados; os estômagos foram retirados e a área de lesão gástrica

determinada como descrito anteriormente.

4.2.3. ESTUDO DO ENVOLVIMENTO DAS PROSTAGLANDINAS

Camundongos divididos em grupos de 8 animais foram tratados com

veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10 mL/kg, v.o.), mangiferina (30

mg/kg; v.o.) ou misoprostol (0,016 mg/kg, v.o.) 1h antes de receberem etanol

96% (0,2 mL/animal; v.o.).

A participação das prostaglandinas foi investigada através da

administração de indometacina (10 mg/kg; v.o.) 2 horas antes da mangiferina

(30 mg/kg; v.o.) ou misoprostol (0,016 mg/kg, v.o.). Após 1 h da administração

da mangiferina ou misoprostol os animais receberam etanol 96% (0,2

mL/animal; v.o.) (MATSUDA et al., 1999).

Os animais foram sacrificados 30 minutos após a administração do

etanol, e a área de lesão gástrica glandular determinada de acordo com o

método descrito previamente.

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4.2.4. ESTUDO DO ENVOLVIMENTO DOS CANAIS DE POTÁSSIO ATP-

DEPENDENTES

Camundongos foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com

veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10 mL/kg, v.o.), mangiferina (30

mg/kg; v.o.) 1h antes ou diazóxido (3 mg/kg; i.p.) 30 minutos antes de

receberem etanol 96% (0,2 mL/animal; v.o.).

O papel dos canais de K+ ATP-dependentes foi investigado pela

administração de glibenclamida (5 mg/kg; i.p.) 30 min antes da mangiferina (30

mg/kg; v.o.) ou diazóxido (3 mg/kg; i.p.). Após 30 min da administração do

diazóxido e 1 h após a administração da mangiferina os animais receberam

etanol 96% (0,2 mL/animal; v.o.) (RAHGOZAR et al., 2001)

Após 30 minutos da administração do etanol, os animais foram

sacrificados e a área de lesão gástrica glandular determinada através do

método descrito anteriormente.

4.2.5. ESTUDO DA AÇÃO SOBRE OS GRUPOS SULFIDRILAS NÃO

PROTÉICOS (NP-SH)

Grupos de 8 camundongos cada, em jejum de sólidos de 18 horas,

foram tratados com mangiferina (30mg/kg, v.o.), N-acetilsisteína (750 mg/kg,

i.p.) ou veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg). Uma hora após

os tratamentos com veículo e mangiferina, e 30 minutos após o tratamento com

N-acetilcisteína, os animais receberam 0,2 mL de etanol 96% por via oral. Um

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grupo controle normal, que recebeu apenas solução salina, e não etanol, foi

incluído.

Trinta minutos após a administração do etanol, os animais foram

sacrificados e um segmento glandular de cada estômago foi retirado, pesado e

homogeneizado em EDTA gelado (0.02 M, pH 8.9), obtendo-se um

homogenato a 10%. Uma alíquota de 4 mL de cada amostra foi retirada e

adicionado 3,2 mL de água destilada e 0,8 mL de ácido tricloroacético - TCA

50% em solução aquosa. Em seguida, os tubos de ensaio contendo a mistura

foram centrifugados a 3000 rpm por 15 minutos. Um volume de 2 mL foi

retirado do sobrenadante e adicionado 4 mL de Tris (0,4M, pH 8,9) e 0,1 mL de

DTNB (0,01M).

A absorbância foi medida dentro de 5 minutos a 412 nm. A concentração

de NP-SH foi calculada através de uma curva de calibração de glutationa

reduzida (GSH) e os resultados expressos em µg de NP-SH/g de tecido

(SEDLACK & LINDSAY, 1968).

4.2.6 AVALIAÇÃO DA PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA: DOSAGEM DE

MALONILDEALDEÍDO (MDA)

A atividade antioxidante foi medida pela dosagem das substâncias

reativas com o ácido Tiobarbitúrico (TBA), um indicador de peroxidação lipídica

(AGAR et al.,1999). Nesta reação, duas moléculas de TBA reagem

estequiometricamente com uma molécula de MDA para formar uma solução de

cor rosa, que tem absorbância máxima em pH ácido de 532 a 535 nm.

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Grupos de 8 camundongos cada, em jejum de sólidos de 18 horas,

foram tratados com mangiferina (30mg/kg, v.o.), N-acetilsisteína (750 mg/kg,

i.p.) ou veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg). Uma hora após

os tratamentos com veículo e mangiferina, e 30 minutos após o tratamento com

N-acetilcisteína, os animais receberam 0,2 mL de etanol 96% por via oral. Um

grupo controle normal, que recebeu apenas solução salina, e não etanol, foi

incluído.

Trinta minutos após a administração do etanol, os animais foram

sacrificados e um segmento glandular de cada estômago foi retirado, pesado e

homogeneizado em tampão KCl 10% (pH 7.4) numa concentração de 1 g de

peso molhado do estômago para 60 mL de tampão. 250 µl do homogenato

foram introduzidos em tubos de ensaio e incubados em banho de água a

temperatura de 37ºC por 60 minutos. Após a incubação, 400 µl de ácido

perclórico 35% foi adicionado, a fim de parar a peroxidação, os tubos foram

agitados e centrifugados a 14000 rpm por 10 minutos. Em seguida 600µl do

sobrenadante foram adicionados a 200µl de ácido tiobarbitúrico 1,2%. A

mistura foi levada ao banho de água por 30 minutos a uma temperatura

variável de 95 - 100ºC. Em seguida a solução foi retirada e colocada para

esfriar à temperatura ambiente. A leitura da absorbância foi realizada a 532nm.

A absorbância das amostras foi realizada a um comprimento de onda de 532

nm. A curva padrão foi obtida por diluições em série (1; 0,5; 0,25; 0,12; 0,06;

0,03 mM) utilizando uma solução de MDA. A concentração de MDA foi

expressa em nmoles/g de tecido (AGAR et al., 1999).

4.3. LESÃO GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL ACIDIFICADO

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Os camundongos foram divididos em grupos de 8 animais cada, em

jejum de sólidos de 18h, e foram tratados, via oral, com veículo (3% de Tween

80 em água destilada, 10 mL/kg), mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg) ou

lanzoprazol (30 mg/kg). Uma hora após os tratamentos os animais receberam

0,2 mL de uma solução 0,3M de HCl em etanol 60% e após 1h foram

sacrificados (MIZUI et al., 1987). Os estômagos foram retirados e a área de

lesão gástrica glandular determinada por planimetria e os dados expressos em

termos de percentagem.

4.4. LESÃO GÁSTRICA INDUZIDA POR INDOMETACINA

Os camundongos, em jejum de sólidos de 18 h, divididos em grupos de

8 animais, foram tratados, via oral, com veículo (3% de Tween 80 em salina

0,9%, 10 mL/kg), mangiferina (3, 10 e 30mg/kg) ou lansoprazol (30 mg/kg,

v.o.). Após uma hora, os animais foram tratados por via oral com indometacina

(30 mg/kg, preparada com 0,5 % de carboximetilcelulose). Oito horas após este

tratamento, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical, os

estômagos retirados e instilados com formalina a 5 % por 15 minutos

(BHARGAVA, 1973). Em seguida foram abertos ao longo da grande curvatura,

lavados em salina e inspecionados para atribuições de escores de acordo com

SZABO et al. (1985) abaixo descrito, onde n corresponde ao número de úlceras

encontradas.

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1. Perda de pregas da mucosa......................................................

2. Descoloração da mucosa...........................................................

3. Edema........................................................................................

4. Hemorragias...............................................................................

5. Número de petéquias

- até 10...........................................................................................

- mais de 10...................................................................................

6. Intensidade da ulceração

- úlceras ou erosão de até 1 mm...................................................

- úlceras ou erosão maiores que 1 mm..........................................

- úlceras perfuradas.......................................................................

1 ponto

1 ponto

1 ponto

1 ponto

2 pontos

3 pontos

n x 2 pontos

n x 3 pontos

n x 4 pontos

4.5. LESÃO GÁSTRICA INDUZIDA PELO COMPOSTO 48/80

O efeito da mangiferina na lesão gástrica induzida pelo composto 48/80,

um conhecido degranulador de mastócitos, foi avaliado utilizando-se

camundongos em jejum de sólidos de 18h, divididos em grupos de 8 animais.

Estes foram pré-tratados com veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10

mL/kg, v.o.), mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg; v.o.) ou ciproeptadina (10 mg/kg,

v.o.). Meia hora após os tratamentos, os animais receberam uma injeção

intraperitonial do composto 48/80 (0,75 mg/kg). Após três horas da

administração do composto 48/80, os animais foram sacrificados; os

estômagos retirados, inflados com solução salina 0,9%, e colocados em uma

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solução de formalina 5% por 10 min. Em seguida os estômagos foram abertos

ao longo da grande curvatura e a porção glandular examinada. A intensidade

da lesão da mucosa foi estimada de acordo com Ohta et al. (2004), utilizando a

escala abaixo descrita:

grau 0, ausência de lesão(normal);

grau I, somente edema;

grau II, área lesada de 1–10 mm2;

grau III, área lesada de 11–20 mm2;

grau IV, área lesada de 21–30 mm2;

grau V, área lesada de 31–40 mm2;

grau VI, área lesada de 41–50 mm2;

grau VII, área lesada>51 mm2.

4.6. ATIVIDADE ANTISECRETÓRIA GÁSTRICA

Ratos em jejum de 16 horas, com livre acesso à solução de glicose 5 %,

foram anestesiados com éter, fixados em decúbito dorsal e realizada a

tricotomia da parede abdominal. Através de uma incisão de 2 cm na região

epigástrica, o estômago foi localizado e o piloro amarrado. Administrou-se o

tratamento, mangiferina (30 mg/kg), cimetidina (100 mg/kg) ou veículo (3% de

Tween 80 em salina 0,9%), todos por via intraduodenal, em um volume de 2,5

mL/kg, imediatamente após a ligadura do piloro. Foram suturadas a parede do

abdômen e a pele. Transcorridas 4 horas da cirurgia, os animais foram

sacrificados por anestesia etérea profunda, a cárdia foi amarrada para evitar

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60

perda do material secretado e o estômago foi removido. Os estômagos foram

lavados com água destilada, secos com papel de filtro e mantidos em béquer

sobre placa de gelo. Seccionou-se o estômago ao longo da grande curvatura, e

o suco gástrico foi recolhido em tubos de ensaio imersos em gelo. Os tubos

foram centrifugados a 3500 rpm / 30 min. O sobrenadante do suco gástrico foi

transferido para uma proveta e o volume foi verificado. A acidez total foi

determinada através de titulação com NaOH 0,1 N utilizado fenolftaleína 2%

como indicador ácido-básico (REITMAN et al., 1970).

4.7. ESVAZIAMENTO GÁSTRICO

Grupos de 6 ratos cada, em jejum de sólidos de 18 horas, foram pré-

tratados com veículo (3% de Tween 80 em água destilada, 10 mL/kg, v.o.),

mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg, v.o.) ou atropina (3 mg/kg, v.o.). Decorridos 45

minutos dos tratamentos os animais receberam vermelho de fenol (0,5 mg/kg).

Após 15 minutos da administração do vermelho de fenol os animais

foram sacrificados, o piloro e a cárdia amarrados e os estômagos removidos,

lavados externamente, abertos ao longo da grande curvatura e o conteúdo

gástrico coletado. A superfície interna do estômago foi lavada utilizando 7 mL

de água destilada. Em seguida, o volume obtido foi centrifugado a 1500 rpm

por 15 minutos. A 1 mL do sobrenadante foi adicionado 1 mL de NaOH 1N. As

amostras foram levadas ao espectrofotômetro e as absorbâncias medidas a

560 nm.

Os resultados foram interpolados com uma curva padrão de vermelho de

fenol (25; 12,5; 6,25; 3,215 µg/mL em NaOH 1N) para calcular a concentração

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61

do corante retido no estômago (GUPTA & BRANS, 1978). Os resultados foram

expressos em µg de vermelho de fenol retidos no estômago.

4.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística foi realizada com auxílio do programa Graph Pad

Prism 4.0 (USA). Os resultados foram expressos como a média ± erro padrão

da média (E.P.M.). A comparação entre as médias foi realizada utilizando-se

análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Student Newman Keul,

para dados paramétricos, e teste de Kruskall-Wallis seguido do teste de

Dunnett, para dados não paramétricos (escores das lesões gástricas induzidas

por indometacina e composto 48/80). As diferenças foram consideradas

estatisticamente significativas quando p<0,05.

5. RESULTADOS

5.1. OBTENÇÃO DA MANGIFERINA

A extração da mangiferina a partir das cascas de Mangifera indica L.

apresentou um rendimento de aproximadamente 1,97%.

O estudo dos espectros de 1H e 13C permitiram a identificação da

estrutura da mangiferina como sendo 1,3,6,7-tetrahidroxixantona-C2-β-D-

glucosideo (Figura 3), por comparação com a literatura (GÓMEZ-ZALETA et

al., 2006). A mangiferina isolada apresentou um grau de pureza de 95%

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(confirmada por CLAE) (BARRETO et al., 2007), peso molecular de 422,5 Da e

ponto de fusão de 271°C.

5.2. EFEITO PROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO GÁSTRICA

INDUZIDA POR ETANOL EM CAMUNDONGOS

Os efeitos da mangiferina e da N-acetilcisteína sobre as lesões gástricas

induzidas por etanol estão demonstrados na Tabela 1 e Figura 5.

O etanol promoveu intensos danos à mucosa gástrica sob a forma de

erosões hemorrágicas no grupo de animais que recebeu apenas o veículo. A

área lesionada (mm2), expressa como percentual em relação à área total do

corpo gástrico, no grupo controle foi de 26,03 ± 1,67%.

Nas doses testadas, mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg) atenuou

significativamente (p<0,001) a lesão gástrica induzida pelo etanol (18,21 ± 2,00;

17,05 ± 2,22 e 9,66 ± 1,80%, respectivamente), o que corresponde a uma

inibição de 30, 35 e 63%. Este efeito apresentou dose dependência nas doses

de 10 e 30 mg/kg.

N-acetilcisteína (NAC – 750 mg/kg), fármaco de referência, também

inibiu significativamente (p<0,01) as lesões gástricas (12,9 ± 1,39%) quando

comparada ao controle em 50%.

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TABELA 1. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) no modelo de

úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

ÁREA DE LESÃO GÁSTRICA

(mm2)

% INIBIÇÃO

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64

Controle (veículo) - 26,03 ± 1,67 -

3 18,21 ± 2,00** 30,04

10 17,05 ± 2,22** 34,50 Mangiferina

30 9,66 ± 1,80*** 62,88

NAC 750 12,9 ± 1,39** 50,44

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais/grupo. Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg) e mangiferina

(3, 10 e 30 mg/kg) foram administrados por via oral e N-acetilcisteína (NAC - 750

mg/kg) por via intraperitoneal, 1 hora antes da administração de etanol absoluto

(0,2 mL/animal v.o.). Os animais foram sacrificados 30 minutos após a

administração do etanol. **p<0,01; ***p<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste

de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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FIGURA 5. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) nas lesões

gástricas induzidas por etanol em camundongos. Os valores representam a

média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais/grupo. Os animais foram

tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg,

v.o.) e NAC (750 mg/kg, i.p.) 1 hora antes da administração de etanol absoluto

(0,2 mL/animal, v.o.). Os animais foram sacrificados 30 minutos após a

administração do etanol. **p<0,01; ***p<0,001 vs controle veículo (ANOVA e

Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

Visto que a dose de 30 mg/kg da mangiferina apresentou maior proteção

no modelo de lesão gástrica induzida por etanol, esta dose foi selecionada para

o estudo dos possíveis mecanismos de ação envolvidos na gastroproteção da

mangiferina.

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5.2.1. EFEITO GASTROPROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO

GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL: PAPEL DOS NEURÔNIOS

AFERENTES PRIMÁRIOS SENSÍVEIS À CAPSAICINA

Os grupos tratados com capsaicina (5 mg/kg, i.p.) ou com mangiferina

(30 mg/kg, v.o.) apresentaram uma diminuição significativa (p<0,01) na injúria

gástrica provocada pelo etanol (10,53 ± 1,87%; 14,01 ± 2,56%,

respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (38,30 ±

1,90%). O tratamento com capsazepina (5 mg/kg, i.p.) promoveu uma reversão

significativa (p<0,01) na gastroproteção da capsaicina (31,68 ± 2,56%). Já a

mangiferina não teve seu efeito protetor (16,95 ± 1,66%) significativamente

alterado (p>0,05) pelo pré-tratamento com capsazepina (Tabela 2 e Figura 6).

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TABELA 2. Efeito da capsazepina na proteção gástrica da mangiferina no

modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

ÁREA DE LESÃO GÁSTRICA

(mm2)

Controle (veículo)

-

38,30 ± 1,90

Capsaicina 5 10,53 ± 1,87a

Mangiferina 30 14,01 ± 2,56a

Capsaicina + Capsazepina 3 + 5 31,68 ± 2,56b

Mangiferina + Capsazepina 30 + 5 16,95 ± 1,66a,c

Os valores representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais/grupo. Os animais foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.),

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou capsaicina (5 mg/kg, i.p.). Capsazepina (5 mg/kg,

i.p.) foi administrada 30 minutos antes dos tratamentos com mangiferina ou

capsaicina. Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora ou 30

minutos após os tratamentos com mangiferina ou capsaicina, respectivamente. a

p<0,01 vs Controle; b p<0,01 vs Capsaicina; c p>0,05 vs Mangiferina (ANOVA e

Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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FIGURA 6. Efeito da capsazepina na gastroproteção da mangiferina à

lesão gástrica induzida por etanol absoluto em camundongos. Os valores

representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais/grupo.

Os animais foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina

(30 mg/kg, v.o.) ou capsaicina (5 mg/kg, i.p.). Capsazepina (5 mg/kg, i.p.) foi

administrada 30 minutos antes dos tratamentos com mangiferina ou capsaicina.

Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora ou 30 minutos

após os tratamentos com mangiferina ou capsaicina, respectivamente. a p<0,01

vs Controle; b p<0,01 vs Capsaicina; c p>0,05 vs Mangiferina (ANOVA e Teste

de Student Newman Keul, como teste post hoc).

5.2.2. EFEITO GASTROPROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO

GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL: PAPEL DO ÓXIDO NÍTRICO

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O tratamento dos animais com L-Arginina (450 mg/Kg, i.p.) ou com

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,01) do

percentual de área lesionada (15,13 ± 2,56%; 19,46 ± 2,30%,

respectivamente), quando comparado ao grupo controle veículo (41,37 ±

2,15%. O pré-tratamento com L-NAME (20 mg/kg, i.p.) atenuou

significativamente (p<0,01) a inibição da lesão gástrica promovida pela

mangiferina (48,61 ± 6,95%) e pela L-arginina (50,23 ± 3,50%) (Tabela 3 e

Figura 7).

5.2.3. EFEITO GASTROPROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO

GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL: PARTICIPAÇÃO DAS

PROSTAGLANDINAS

Os grupos tratados com misoprostol (0,016 mg/kg, v.o.) ou com

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) apresentaram uma diminuição significativa

(p<0,001) na injúria gástrica provocada pelo etanol (11,34 ± 1,39%; 11,40 ±

2,55%, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (30,90

± 2,15%). O pré-tratamento com indometacina (10 mg/kg, v.o.) promoveu uma

reversão significativa (p<0,01) na gastroproteção do misoprostol (23,93 ±

1,83%) e também da mangiferina (27,72 ± 2,95%) (Tabela 4 e Figura 8).

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TABELA 3. Efeito do L-NAME na gastroproteção da mangiferina no modelo

de úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

ÁREA DE LESÃO GÁSTRICA

(mm2)

Controle (veículo)

-

41,37 ± 2,15

L-Arginina 450 19,46 ± 2,30a

Mangiferina 30 15,13 ± 2,56a

L-Arginina + L-NAME 450 + 20 50,23 ± 3,50b

Mangiferina + L-NAME 30 + 20 48,61 ± 6,95c

Os valores representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais/grupo. Os animais foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.),

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou L-Arginina (450 mg/kg, i.p.). L-NAME (20 mg/kg,

i.p.) foi administrado 30 minutos antes dos tratamentos com mangiferina ou L-

Arginina. Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora ou 30

minutos após os tratamentos com mangiferina ou L-Arginina, respectivamente. a

p<0,01 vs Controle; b p<0,01 vs L-Arginina; c p<0,01 vs Mangiferina (ANOVA e

Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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FIGURA 7. Efeito do L-NAME na proteção gástrica da mangiferina à lesão

gástrica induzida por álcool em camundongos. Os valores representam a

média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais/grupo. Os animais foram

tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou L-

Arginina (450 mg/kg, i.p.). L-NAME (20 mg/kg, i.p.) foi administrado 30 minutos

antes dos tratamentos com mangiferina ou L-Arginina. Etanol absoluto (0,2

mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora ou 30 minutos após os tratamentos com

mangiferina ou L-Arginina, respectivamente. a p<0,01 vs Controle; b p<0,01 vs L-

Arginina; c p<0,01 vs Mangiferina (ANOVA e Teste de Student Newman Keul,

como teste post hoc).

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TABELA 4. Efeito da indometacina na gastroproteção da mangiferina no

modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

ÁREA DE LESÃO GÁSTRICA

(mm2)

Controle (veículo)

-

30,90 ± 2,15

Misoprostol 0,016 11,34 ± 1,39a

Mangiferina 30 11,40 ± 2,55a

Misoprostol + Indometacina 0,016 + 10 23,93 ± 1,83b

Mangiferina + Indometacina 30 + 10 27,72 ± 2,95c

Os valores representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais/grupo. Os animais foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.),

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou misoprostol (0,016 mg/kg, v.o.). Indometacina (10

mg/kg, i.p.) foi administrada 2 horas antes dos tratamentos com mangiferina ou

misoprostol. Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora após os

tratamentos com mangiferina ou misoprostol. a p<0,001 vs Controle; b p<0,01 vs

Misoprostol; c p<0,01 vs Mangiferina (ANOVA e Teste de Student Newman Keul,

como teste post hoc).

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FIGURA 8. Efeito da indometacina na gastroproteção da mangiferina à

lesão gástrica induzida por etanol absoluto em camundongos. Os valores

representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais/grupo.

Os animais foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina

(30 mg/kg, v.o.) ou misoprostol (0,016 mg/kg, v.o.). Indometacina (10 mg/kg,

i.p.) foi administrada 60 minutos antes dos tratamentos com mangiferina ou

capsaicina. Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora após

os tratamentos com mangiferina ou misoprostol. a p<0,001 vs Controle; b

p<0,01 vs Misoprostol; c p<0,01 vs Mangiferina (ANOVA e Teste de Student

Newman Keul, como teste post hoc).

5.2.4. EFEITO GASTROPROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO

GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL: PAPEL DOS CANAIS DE POTÁSSIO

ATP - DEPENDENTES

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O tratamento dos animais com diazóxido (3 mg/kg, i.p.) ou com

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) promoveu uma redução significativa (p<0,01) da

lesão gástrica induzida pelo etanol (15,11 ± 2,85%; 18,50 ± 1,50%,

respectivamente), quando comparado ao grupo controle veículo (40,40 ±

2,07%). O pré-tratamento com glibenclamida (5 mg/kg, i.p.) reverteu

significativamente (p<0,01) a gastroproteção da mangiferina (32,25 ± 7,74) e do

diazóxido (19,38 ± 6,32) (Tabela 5 e Figura 9).

5.2.5. EFEITO GASTROPROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO

GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL: PAPEL DOS GRUPOS SULFIDRILAS

NÃO PROTÉICOS (NP-SH) GÁSTRICOS

Os animais que receberam etanol mostraram significativa redução

(p<0,001) nos níveis de NP-SH (180,5 ± 12,47 µg/g de tecido) quando

comparado ao controle que recebeu apenas o veículo. Mangiferina (30 mg/kg)

foi capaz de atenuar a depleção dos grupos sulfidrilas produzida pelo etanol

(276,1 ± 11,40 µg/g de tecido) de forma significativa (p<0,01). A N-acetilcisteína

(750 mg/kg) inibiu significativamente (p<0,001) a depleção dos grupos

sulfidrilas (318,1 ± 18,93 µg/g de tecido) produzida pelo etanol (Tabela 6 e

Figura 10).

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TABELA 5. Efeito da glibenclamida na gastroproteção da mangiferina no

modelo de úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

ÁREA DE LESÃO GÁSTRICA

(mm2)

Controle (veículo)

-

40,40 ± 2,07

Diazóxido 3 18,50 ± 1,50a

Mangiferina 30 15,11 ± 2,85a

Diazóxido + Glibenclamida 3 + 5 44,71 ± 4,02b

Mangiferina + Glibenclamida 30 + 5 38,52 ± 1,35c

Os valores representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais/grupo. Os animais foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.),

mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou diazóxido (3 mg/kg, i.p.). Glibenclamida (5 mg/kg,

i.p.) foi administrada 30 minutos antes dos tratamentos com mangiferina ou

diazóxido. Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi administrado 1 hora ou 30

minutos após os tratamentos com mangiferina ou diazóxido, respectivamente. a

p<0,01 vs Controle; b p<0,01 vs Diazóxido; c p<0,01 vs Mangiferina (ANOVA e Teste

de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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FIGURA 9. Efeito do tratamento com glibenclamida na proteção da

mangiferina frente às lesões gástricas induzidas por etanol absoluto em

camundongos. Os valores representam a média ± erro padrão da média

(E.P.M.) para 8 animais/grupo. Os animais foram tratados com veículo (3% de

Tween 80, v.o.), mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou diazóxido (3 mg/kg, i.p.).

Glibenclamida (5 mg/kg, i.p.) foi administrada 30 minutos antes dos tratamentos

com mangiferina ou diazóxido. Etanol absoluto (0,2 mL/animal, v.o.) foi

administrado 1 hora ou 30 minutos após os tratamentos com mangiferina ou

diazóxido, respectivamente. a p<0,01 vs Controle; b p<0,01 vs Diazóxido; c

p<0,01 vs Mangiferina (ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como teste

post hoc).

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TABELA 6. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre os

níveis de grupos sulfidrilas não protéicos (NP-SH) no modelo de

úlcera gástrica induzida por etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

NP-SH

(µg/g tecido)

Controle (veículo)

-

435,6 ± 16,79

Controle (etanol) - 180,5 ± 12,47a

Mangiferina 30 276,1 ± 11,40b

NAC 750 318,1 ± 18,93c

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.)

para os níveis gástricos de glutationa (NP-SH) de 8 animais/grupo. Os níveis

foram analisados 30 minutos após a administração oral de etanol. Veículo

(3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg) e mangiferina (30 mg/kg) foram

administrados por via oral e N-acetilcisteína (NAC - 750 mg/kg) por via

intraperitoneal, 1 hora antes da administração de etanol absoluto (0,2

mL/animal v.o.). ap<0,001 vs controle veículo; bp<0,01 vs controle etanol;

cp<0,001 vs controle etanol (ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como

teste post hoc).

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FIGURA 10. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre os níveis

de grupos sulfidrilas não protéicos nas lesões gástricas induzidas por

etanol em camundongos. Os valores representam a média ± erro padrão da

média (E.P.M.) para 8 animais/grupo. Os níveis de glutationa foram analisados

30 minutos após a administração oral de etanol. Os animais foram tratados

com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou NAC (750

mg/kg, i.p.) 1 hora antes da administração de etanol absoluto (0,2 mL/animal).

ap<0,001 vs controle veículo; bp<0,01 vs controle etanol; cp<0,001 vs controle

etanol (ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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79

5.2.6 EFEITO GASTROPROTETOR DA MANGIFERINA NA LESÃO

GÁSTRICA INDUZIDA POR ETANOL: AÇÃO SOBRE A PEROXIDAÇÃO

LIPÍDICA

Os animais que receberam etanol mostraram significativo aumento

(p<0,001) nos níveis de malonildealdeído (86,44 ± 9,47 nmol/g de tecido)

quando comparado ao controle que recebeu apenas o veículo (54,53 ± 6,22

nmol/g de tecido). Mangiferina (30 mg/kg) foi capaz de atenuar a produção de

malonildealdeído produzida pelo etanol (54,0 ± 7,43 nmol/g de tecido) de forma

significativa (p<0,01). A N-acetilcisteína (750 mg/kg) inibiu significativamente

(p<0,001) o aumento nos níveis de malonildealdeído (31,73 ± 4,65 nmol/g de

tecido) produzida pelo etanol (Tabela 7 e Figura 11).

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TABELA 7. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre os

níveis de malonildealdeído no modelo de úlcera gástrica induzida por

etanol em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

MALONILDEALDEÍDO

(nmol/g tecido)

Controle (veículo)

-

54,53 ± 6,22

Controle (etanol) - 86,44 ± 9,47

Mangiferina 30 54,0 ± 7,43a, b

NAC 750 31,73 ± 4,65a, c

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.)

para os níveis gástricos de malonildealdeído de 8 animais/grupo. Os níveis

foram analisados 30 minutos após a administração oral de etanol. Veículo

(3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg) e mangiferina (30 mg/kg) foram

administrados por via oral e N-acetilcisteína (NAC - 750 mg/kg) por via

intraperitoneal, 1 hora antes da administração de etanol absoluto (0,2

mL/animal v.o.). ap<0,001 vs controle etanol; bp>0,05 vs controle veículo;

cp<0,05 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como

teste post hoc).

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81

Controle Controle 30 7500

20

40

60

80

100

120

(veículo) (Etanol) Mangiferina NAC

mg/kg

a, b

a, c

nmol

/g d

e te

cido

FIGURA 11. Efeito da mangiferina e N-acetilcisteína (NAC) sobre os

níveis de malonildealdeído nas lesões gástricas induzidas por etanol

em camundongos. Os valores representam a média ± erro padrão da média

(E.P.M.) para 8 animais/grupo. Os níveis de malonildealdeído foram

analisados 30 minutos após a administração oral de etanol. Os animais foram

tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina (30 mg/kg, v.o.) ou

NAC (750 mg/kg, i.p.) 1 hora antes da administração de etanol absoluto (0,2

mL/animal). ap<0,001 vs controle etanol; bp>0,05 vs controle veículo; cp<0,05

vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como teste

post hoc).

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82

5.3. EFEITO DA MANGIFERINA NA ÚLCERA GÁSTRICA INDUZIDA POR

ETANOL ACIDIFICADO EM CAMUNDONGOS

Os efeitos da mangiferina e do lansoprazol sobre as lesões gástricas

induzidas por etanol acidificado estão demonstrados na Tabela 8 e Figura 12.

A administração de etanol acidificado promoveu grandes lesões

hemorrágicas na mucosa gástrica no grupo controle que recebeu apenas

veículo (33,50 ± 2,17 %).

Mangiferina, em todas as doses testadas (3, 10 e 30 mg/kg), foi capaz

de atenuar significativamente (p<0,001) o dano à mucosa gástrica induzida

pelo etanol acidificado (24,38 ± 1,32; 18,54 ± 2,18 e 7,09 ± 2,18%;

respectivamente), inibindo em 27, 44 e 78% as lesões. Este efeito foi dose

dependente nas doses de 10 e 30 mg/kg.

Da mesma forma lansoprazol (30 mg/kg), fármaco de referência, reduziu

significativamente (23,94 ± 2,40%) as lesões gástricas (p<0,01) induzidas pelo

etanol acidificado em 28,53%.

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TABELA 8. Efeito da mangiferina e lansoprazol no modelo de úlcera gástrica

induzida por etanol acidificado em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

ÁREA DE LESÃO GÁSTRICA

(mm2)

% INIBIÇÃO

Controle (veículo)

-

33,50 ± 2,17

-

3 24,38 ± 1,32** 27,22

10 18,54 ± 2,18*** 44,65 Mangiferina

30 7,09 ± 2,18*** 78,83

Lansoprazol 30 23,94 ± 2,40** 28,53

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais/grupo. Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg), mangiferina

(3, 10 e 30 mg/kg) e N-acetilcisteína (NAC - 750 mg/kg) foram administrados por

via oral, 1 hora antes da administração de uma solução de 0,3M de HCl em etanol

60% (0,2 mL/animal v.o.). Os animais foram sacrificados 1 hora após a

administração do etanol acidificado. **p<0,01; ***p<0,001 vs controle veículo

(ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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FIGURA 12. Efeito da mangiferina e lansoprazol nas lesões gástricas

induzidas por etanol acidificado em camundongos. Os valores representam

a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais/grupo. Os animais

foram tratados com veículo (3% de Tween 80, v.o.), mangiferina (3, 10 e 30

mg/kg, v.o.) e lansoprazol (30 mg/kg, v.o.) 1 hora antes da administração de

uma solução de 0,3M de HCl em etanol 60% (0,2 mL/animal, v.o.). Os animais

foram sacrificados 1 hora após a administração do etanol acidificado. **p<0,01;

***p<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul,

como teste post hoc).

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5.4. EFEITO DA MANGIFERINA SOBRE AS ÚLCERAS GÁSTRICAS

INDUZIDAS POR INDOMETACINA EM CAMUNDONGOS

A Tabela 9 e Figura 13 mostram os efeitos da mangiferina e do

lansoprazol nas lesões gástricas induzidas por indometacina.

A administração oral de indometacina (30 mg/kg) produziu lesões

gástricas com uma média de escores de 15,54 ± 1,46. O pré-tratamento dos

animais com mangiferina, nas doses testadas (3, 10 e 30 mg/kg), reduziu

significativamente (p<0,001) a média de escores das lesões (12,07 ± 1,03;

11,69 ± 1,28 e 6,60 ± 1,70, respectivamente), representando uma inibição de

22, 24 e 57%. Este efeito apresentou dose dependência nas doses de 10 e 30

mg/kg.

De forma semelhante, os animais pré-tratados com lansoprazol (30

mg/kg) apresentaram uma redução significativa (p<0,001) dos escores de lesão

gástrica (3,66 ± 1,39) correspondendo a uma inibição de 76,44%.

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TABELA 9. Efeito da mangiferina e lansoprazol no modelo de úlcera gástrica

induzida por indometacina em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

LESÃO GÁSTRICA

(escores)

% INIBIÇÃO

Controle (veículo)

-

15,54 ± 1,46

-

3 12,07 ± 1,03* 22,32

10 11,69 ± 1,28* 24,27 Mangiferina

30 6,60 ± 1,70*** 57,52

Lansoprazol 30 3,66 ± 1,39*** 76,44

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8

animais. Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg), mangiferina (3, 10 e

30 mg/kg) e lansoprazol (30 mg/kg) foram administrados por via oral, 1 hora antes da

administração de indometacina (30 mg/kg, v.o.). Os animais foram sacrificados 8

horas após a administração da indometacina. *p<0,05; ***p<0,001 vs controle veículo

(ANOVA e Teste de Kruskal Wallis - Dunnett).

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FIGURA 13. Efeito da mangiferina e lansoprazol sobre a úlcera gástrica induzida

por indometacina em camundongos. Os resultados são expressos como média ±

erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais. Veículo (3% de Tween 80 em salina

0,9%, 10 mL/kg), mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg) e lansoprazol (30 mg/kg) foram

administrados por via oral, 1 hora antes da administração de indometacina (30 mg/kg,

v.o.). Os animais foram sacrificados 8 horas após a administração da indometacina.

*p<0,05; ***p<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Kruskal Wallis - Dunnett).

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88

5.5. EFEITO DA MANGIFERINA SOBRE A LESÃO GÁSTRICA INDUZIDA

PELO COMPOSTO 48/80 EM CAMUNDONGOS

Os efeitos da mangiferina e da ciproheptadina sobre as lesões gástricas

induzidas pelo composto 48/80 estão demonstradas na Tabela 10 e Figura 14.

A administração intraperitonial do composto 48/80 (0,75 mg/kg) produziu

lesões gástricas no grupo controle com uma média de escores de 6,30 ± 0,26.

Os grupos tratados com mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg) apresentaram

significativa redução (p<0,05) dos escores apenas nas doses de 10 e 30 mg/kg

(3,90 ± 0,31 e 1,80 ± 0,21 respectivamente), de forma dose dependente.

Ciproheptadina (10 mg/kg), um conhecido antialérgico, reduziu

significativamente (p<0,01) os escores de lesão (3,30 ± 0,36) quando

comparado ao grupo controle.

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TABELA 10. Efeito da mangiferina e ciproheptadina no modelo de lesão

gástrica induzida pelo composto 48/80 em camundongos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

LESÃO GÁSTRICA

(escores)

Controle (veículo)

-

6,30 ± 0,26

3 4,40 ± 0,22

10 3,90 ± 0,31* Mangiferina

30 1,80 ± 0,21***

Ciproheptadina 10 3,30 ± 0,36**

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.)

para 8 animais/grupo. Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg),

mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg) e ciproheptadina (10 mg/kg) foram

administrados por via oral, 30 minutos após a injeção intraperitonial do

composto 48/80 (0,75 mg/kg). Os animais foram sacrificados 3 horas após o

tratamento com o composto 48/80. *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 vs controle

veículo (ANOVA e Teste de Kruskal Wallis – Dunnett).

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FIGURA 14. Efeito da mangiferina e ciproheptadina sobre a lesão gástrica

induzida pelo composto 48/80 em camundongos. Os resultados são

expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 8 animais/grupo.

Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%, 10 mL/kg), mangiferina (3, 10 e 30

mg/kg) e ciproheptadina (10 mg/kg) foram administrados por via oral, 30

minutos após a injeção intraperitonial do composto 48/80 (0,75 mg/kg). Os

animais foram sacrificados 3 horas após o tratamento com o composto 48/80.

*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Kruskal

Wallis - Dunnett).

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5.6. EFEITO DA MANGIFERINA SOBRE A SECREÇÃO GÁSTRICA NO

MODELO DE LIGAÇÃO DO PILORO EM RATOS

A administração intraduodenal da mangiferina (30 mg/kg), em ratos com

piloro ligado por 4 horas, diminuiu significativamente (p<0,05) o volume

secretório gástrico (3,20 ± 0,21 mL), quando comparado ao controle (4,72 ±

0,39 mL).

Mangiferina também foi capaz de inibir, significativamente (p<0,001), a

acidez total gástrica (61,67 ± 5,90 µEq/h) em relação ao grupo controle (128,9

± 9,38 µEq/h). Cimetidina (100 mg/kg), um conhecido antagonista H2, não

alterou o volume secretório gástrico em comparação com o controle. Já a

acidez total gástrica foi significativamente reduzida também pela cimetidina

(27,32 ± 3,71 µEq/h), quando comparada ao controle (Tabela 11 e Figuras 15 e

16).

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TABELA 11. Efeito da mangiferina e cimetidina sobre o volume secretório

gástrico e acidez gástrica total em ratos com piloro ligado.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

Volume Secretório

Gástrico (mL)

Acidez Total Gástrica

(µEq/h)

Controle (veículo)

-

4,72 ± 0,39

128,9 ± 9,38

Mangiferina 30 3,20 ± 0,21* 61,67 ± 5,90***

Cimetidina 100 4,11 ± 0,43 27,32 ± 3,71***

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 6

animais do volume secretório gástrico (mL) e da acidez gástrica total (µEq/h). Veículo

(3% de Tween 80 em salina 0,9%), mangiferina (30 mg/kg) e cimetidina (100 mg/kg)

foram administrados por via intraduodenal, imediatamente após a ligação do piloro.

Os animais foram sacrificados 4 horas após a ligação do piloro. *p<0,05 vs controle

normal; ***p<0,001 vs controle normal (ANOVA e Teste de Student Newman Keul,

como teste post hoc).

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FIGURA 15. Efeito da administração intraduodenal mangiferina e

cimetidina no volume secretório gástrico em ratos. Os valores

representam a média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 6

animais/grupo. Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%), mangiferina

(30 mg/kg) e cimetidina (100 mg/kg) foram administrados por via

intraduodenal, imediatamente após a ligação do piloro. Os animais foram

sacrificados 4 horas após a ligação do piloro. *p<0,05 vs controle normal

(ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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FIGURA 16. Efeito da administração intraduodenal da mangiferina e

cimetidina na acidez total gástrica em ratos. Os valores representam a

média ± erro padrão da média (E.P.M.) para 6 animais/grupo. Veículo (3% de

Tween 80 em salina 0,9%), mangiferina (30 mg/kg) e cimetidina (100 mg/kg)

foram administrados por via intraduodenal, imediatamente após a ligação do

piloro. Os animais foram sacrificados 4 horas após a ligação do piloro.

***p<0,001 vs controle normal (ANOVA e Teste de Student Newman Keul,

como teste post hoc).

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5.7. EFEITO DA MANGIFERINA SOBRE O ESVAZIAMENTO GÁSTRICO EM

RATOS

Os efeitos da mangiferina e atropina sobre o esvaziamento gástrico em

ratos estão demonstrados na Tabela 12 e Figura 17.

Os animais que receberam vermelho de fenol (0,5 mg/kg) e foram

tratados apenas com veículo, apresentaram uma média de 29,62 ± 2,33 µg/mL

de corante por estômago. Apenas o grupo tratado com mangiferina na dose de

30 mg/kg reduziu significativamente (p<0,001) a quantidade média de corante

(8,65 ± 2,58 µg/mL) em comparação com o grupo controle, aumentando o

esvaziamento gástrico. O antagonista dos receptores muscarínicos, atropina (3

mg/kg) diminuiu o esvaziamento gástrico, aumentando de forma significativa

(p<0,01) a concentração média de corante por estômago (46,31 ± 3,24 µg/mL).

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TABELA 12. Efeito da mangiferina e atropina sobre o

esvaziamento gástrico em ratos.

GRUPOS

DOSE

(mg/kg)

VERMELHO DE FENOL

(µg/mL)

Controle (veículo)

-

29,62 ± 2,33

3 29,63 ± 1,55

10 29,73 ± 1,69 Mangiferina

30 8,65 ± 2,58a

Atropina 3 46,31 ± 3,24b

Os resultados são expressos como média ± erro padrão da

média (E.P.M.) do conteúdo gástrico de vermelho de fenol

(µg/mL) para 6 animais/grupo. Veículo (3% de Tween 80 em

salina 0,9%), mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg) e atropina (3 mg/kg)

foram administrados por via oral 45 minutos antes do vermelho

de fenol. Os animais foram sacrificados 15 minutos após a

administração do vermelho de fenol. a p<0,001; b p<0,01 vs

Controle (veículo) (ANOVA e Teste de Student Newman Keul,

como teste post hoc).

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FIGURA 17. Efeito da mangiferina e atropina sobre o esvaziamento

gástrico em ratos. Os resultados são expressos como média ± erro padrão

da média (E.P.M.) do conteúdo gástrico de vermelho de fenol (µg/mL) para 6

animais/grupo. Veículo (3% de Tween 80 em salina 0,9%), mangiferina (3, 10

e 30 mg/kg) e atropina (3 mg/kg) foram administrados por via oral 45 minutos

antes do vermelho de fenol. Os animais foram sacrificados 15 minutos após a

administração do vermelho de fenol. a p<0,001; b p<0,01 vs Controle (veículo)

(ANOVA e Teste de Student Newman Keul, como teste post hoc).

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98

6. DISCUSSÃO

Embora existam muitos produtos disponíveis no mercado para o

tratamento de desordens gastrintestinais, incluindo antiácidos, inibidores da

bomba de prótons, anticolinérgicos e antagonistas histaminérgicos, a maioria

destas drogas produzem severas reações adversas, como ginecomastia,

alterações hematopoiéticas, nefrite intestinal aguda (RA & TOBE, 2004),

trombocitopenia (ZLABEK & ANDERSON, 2002), reações anafiláticas

(GONZALEZ et al., 2002), nefrotoxidade e hepatotoxidade (FISHER & LE

COUTEUR, 2001). Além disso, em países de terceiro mundo como o Brasil, o

tratamento para patologias que acometem o sistema gastrintestinal é muito

caro, o que impede o acesso da maioria da população a terapia. Assim, existe

a necessidade do desenvolvimento de agentes efetivos, seguros e de baixo

custo para o combate de doenças como úlcera péptica e dispepsia.

As plantas medicinais estão entre as mais atrativas fontes de novas

drogas, e foi demonstrado que elas apresentam resultados promissores no

tratamento de gastropatias (BORRELLI & IZZO, 2000). No Brasil, um grande

número de preparações a partir de plantas é utilizado na medicina popular para

o tratamento de vários tipos de desordens gástricas (GRACIOSO et al., 2002;

TOMA et al., 2002; ALMEIDA et al., 2003). Este fato, aliado a grande

biodiversidade existente no Brasil, impulsiona a pesquisa por novas drogas

gastroprotetoras a partir de produtos naturais.

Frutas e vegetais contém constituintes químicos bioativos, incluindo

flavonóides, terpenos, xantonas, saponinas, alcalóides e taninos, capazes de

oferecer gastroproteção (RAO et al., 1997; SANTOS & RAO, 2001; BAGGIO et

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99

al., 2005; MORIKAWA et al., 2006). Mangiferina é uma glicosilxantona isolada

da mangueira (Mangifera indica L.) para qual se encontram descritas na

literatura diversas ações farmacológicas, dentre elas ação antioxidante (LEIRO

et al., 2003; NÚÑEZ-SELLÉS et al., 2007), imunomodulatória (DAR et al.,

2005), antialérgica (RIVERA et al., 2006) e cardioprotetora (YOSHIMI et al.,

2001). Evidências clínicas e experimentais sugerem que o estresse oxidativo

está estreitamente relacionado à etiopatologia da doença ulcerosa péptica, e

que substâncias antioxidantes, como a mangiferina, podem desempenhar ação

gastroprotetora (REPETTO et al., 2002; THOMPSON et al., 2006).

Os modelos animais desempenham um papel importante na busca de

novas drogas com propriedades gastroprotetoras. Considerando que a etiologia

da úlcera é multifatorial, as lesões na mucosa gástrica podem ser induzidas por

diferentes modelos experimentais, utilizando diversos mecanismos

(SAMONINA et al., 2004). Alguns dos modelos agudos mais utilizados para

avaliação de substâncias antiulcerogênicas em animais são os de lesão

gástrica induzida por etanol e por indometacina (PANDIAN et al., 2002). No

presente trabalho, além de utilizar esses modelos, nós também avaliamos o

efeito da mangiferina em outros modelos como os de ulceração gástrica

induzida por etanol acidificado e pelo composto 48/80 em camundongos.

A úlcera gástrica induzida por etanol ocorre predominantemente na

porção glandular do estômago, sendo resultante de uma ação necrotizante

direta além da redução dos fatores de defesa como secreção de bicarbonato e

muco além de aumento do estresse oxidativo (RUJJANAWATE et al., 2005).

Mangiferina (3, 10 e 30 mg/kg), foi capaz de prevenir as lesões gástricas

induzidas pela administração de etanol e etanol acidificado, demonstrando

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100

ação gastroprotetora e eficácia por via oral. As doses utilizadas neste estudo

podem ser consideradas não tóxicas com base nos dados da literatura que

descrevem uma DL50 de 400 mg/kg para mangiferina em camundongos

(JAGETIA et al., 2005).

Os radicais livres são lesivos através de uma variedade de mecanismos,

dentre eles a peroxidação dos ácidos graxos das membranas celulares. As

mudanças conformacionais nos ácidos graxos resultantes da peroxidação

lipídica alteram a permeabilidade e fluidez da membrana, prejudicando as

funções dos receptores, canais iônicos e outras proteínas que fazem parte da

membrana (FREEMAN & CRAPO, 1982). Compostos sulfidrilas desempenham

um importante papel no reparo de danos celulares quando agentes oxidantes

estão envolvidos no processo de injúria (SZABO et al., 1981). O tratamento

agudo com etanol promove estresse oxidativo com conseqüente aumento da

peroxidação lipídica, aumentando os níveis de malonildealdeído, e depleção

dos níveis dos grupos sulfidrilas não-proteicos (REPETTO et al., 2002).

No presente estudo, mangiferina foi capaz de diminuir significativamente

os níveis de malonildealdeído formados pela administração de etanol.

Semelhante ao observado para N-acetilcistéina, um doador de sulfidrilas,

mangiferina atenuou a depleção dos níveis de grupos sulfidrilas não protéicos

nas lesões gástricas induzidas por etanol. Dessa forma, torna-se plausível

sugerir que a ação gastroprotetora da mangiferina se deva, ao menos em

parte, a suas propriedades antioxidantes.

Baseado nos resultados obtidos, que demonstraram o efeito gastroprotetor

da mangiferina frente às lesões gástricas induzidas por etanol, decidimos

investigar os possíveis mecanismos envolvidos nessa atividade. Dentre os

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vários fatores envolvidos na manutenção da integridade na mucosa gástrica e

proteção contra injúria provocada pelo etanol, dedicamos nossa atenção à

contribuição das fibras aferentes sensíveis à capsaicina, óxido nítrico

endógeno, prostaglnadinas (PGs) e canais de potássio sensíveis a ATP (KATP)

(ZAYACHKIVSKA et al., 2004; BRZOZOWSKI et al., 2005) na atividade

gastroprotetora da mangiferina. Seguindo este propósito, investigamos se o

efeito protetor da mangiferina nas lesões induzidas por etanol é sensível ao

bloqueio das prostaglandinas, capsaicina, síntese de óxido nítrico ou da

ativação dos canais de KATP pela indometacina, capsazepina, L-NAME ou

glibenclamida, respectivamente.

A inervação da mucosa apresenta importante papel na proteção

gástrica, em particular, as fibras aferentes sensíveis a capsaicina têm sido

implicadas diretamente na resposta aguda à agressão na mucosa, promovendo

a dilatação das arteríolas da submucosa e aumentando rapidamente a

circulação sangüínea local. Seu efeito estaria envolvido com a ativação dos

receptores TRPV1 (canal de potencial transiente tipo vanilóide subtipo 1) e com

a liberação de taquicininas e de peptídio relacionado ao gene da calcitonina

(CGRP), visto que a eliminação deste efeito foi observada com vagotomia,

administração de capsazepina, um antagonista TRPV1 (SCHUBERT, 2004),

antagonistas NK2 de taquicininas e antagonistas dos receptores CGRP

(MINOWA et al., 2004). A ativação dos neurônios sensoriais por compostos

como a capsaicina promove também um aumento na produção de óxido nítrico

através da ativação da cNOS, com conseqüente aumento no fluxo sanguíneo

da mucosa o que reduz a susceptibilidade do estômago à danos

(EVANGELISTA, 2006).

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Assim, a ativação das terminações destes neurônios aferentes protegeria

a mucosa gástrica da formação das lesões (HOLZER, 1998; HOLZER, 1991).

Este fato foi comprovado por estudos como os de Park e colaboradores (2000)

e Kagawa e colaboradores (2003), onde demonstrou-se que a capsaicina inibe

significativamente as lesões hemorrágicas induzidas por etanol em ratos, além

de inibir a peroxidação lipídica, a atividade da mieloperoxidase e aumentar a

secreção de bicarbonato.

A fim de verificar a participação dos neurônios aferentes sensíveis à

capsaicina na gastroproteção oferecida pela mangiferina os animais foram

tratados com o antagonista seletivo dos receptores TPPV1 capsazepina. Os

resultados obtidos revelaram que a gastroproteção proporcionada pela

mangiferina é resistente à capsazepina, sugerindo que os neurônios aferentes

sensíveis à capsaicina não participam da sua ação gastroprotetora.

O óxido nítrico é outro fator relevante na prevenção e reparo de injúrias

no TGI, participando no controle da produção de muco e secreção de

bicarbonato, na regulação do fluxo sanguíneo capilar da parede gastrintestinal,

além de atuar como agente citoprotetor, antiinflamatório e como complemento

aos efeitos protetores das prostaglandinas no estômago (WALLACE &

GRANJIER, 1996; MUSCARA & WALLACE, 1999). O NO reduz efetivamente a

injúria na mucosa gástrica provocada por agentes químicos, além de facilitar a

cicatrização do tecido lesado e a inibição da sua síntese aumenta a

susceptibilidade do estômago à injúria provocada por agentes químicos como o

etanol (MASUDA et al., 1995; KAWANO & TSUJI, 2000). A presença de NO em

baixas concentrações está associada aos efeitos benéficos no TGI, enquanto o

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NO em altas concentrações pode induzir a formação de radicais derivados do

nitrogênio, que são altamente citotóxicos (WALLACE & MILLER et al., 2000).

O nosso estudo demonstra que o efeito gastroprotetor da mangiferina

contra a lesão gástrica induzida por etanol em camundongos é revertido pelo

tratamento com L-NAME (um inibidor não específico das enzimas NO

sintases). Assim, nossos resultados sugerem que o efeito da mangiferina

depende da presença de NO, pois a inibição da produção de NO endógeno

reverteu seu efeito gastroprotetor.

É conhecido que a prostaglandina E2 possui uma ação protetora contra a

lesão gástrica provocada pelo etanol (GLAVIN et al., 1996). As PGs mantêm a

integridade da mucosa gástrica pela inibição da secreção ácida, estimulação da

secreção de muco e bicarbonato, inibição da ativação de mastócitos,

diminuição da aderência leucocitária ao endotélio vascular, inibição da

apoptose, aumento e manutenção do fluxo sangüíneo da mucosa (BATISTA et

al., 2004). As prostaglandinas apresentam particular importância na integridade

da mucosa gástrica quando mecanismos de defesa neuronal estão danificados

(PESKAR, 2001). No presente trabalho, a gastroproteção promovida pela

mangiferina é resistente à capsazepina havendo, portanto, a possibilidade da

participação das prostaglandinas endógenas neste mecanismo protetor.

A inibição da síntese de prostaglandinas endógenas mediada pela

administração de indometacina aos animais foi capaz de reverter o efeito

gastroprotetor da mangiferina frente às lesões gástricas induzidas por etanol, o

que nos leva a inferir que a produção de prostaglandinas está envolvida no

mecanismo protetor desta xantona.

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Estudos demonstram que o efeito lesivo direto da indometacina na

mucosa gástrica de rato pode ser agravado pelo uso da glibenclamida.

Entretanto esse efeito pode ser inibido com o uso de cromokalim e diazóxido

(GOMES et al., 2006). Peskar e colaboradores (2002) demonstraram que a

gastroproteção por vários agentes é inibida não somente pela indometacina,

mas também pelo bloqueador dos canais de KATP, glibenclamida. Estes dados

sugerem que o mecanismo de ação das prostaglandinas endógenas e

exógenas envolve a ativação dos canais de KATP (PESKAR et al., 2002). Assim,

todos esses trabalhos sugerem que a regulação da abertura e fechamento dos

canais de KATP no estômago pode ser um mecanismo de defesa da mucosa

gástrica agressões externas.

Nossos estudos evidenciaram que a glibenclamida reverteu o efeito

protetor da mangiferina. Visto que esta proteção é adicionalmente sensível à

indometacina, podemos sugerir que, nestas condições, as prostaglandinas

endógenas ativam os canais de KATP, e este mecanismo é responsável, ao

menos em parte, pela ação gastroprotetora da mangiferina. Dessa forma, uma

explicação possível para o nosso resultado é que a mangiferina poderia

aumentar a síntese de prostaglandinas, ativando consequentemente os canais

de KATP.

Sabe-se que a administração de drogas antiinflamatórias não-

esteroidais, como a indometacina, leva à alta incidência de inflamação e

úlceras no aparelho digestivo, especialmente no estômago. Além disso, o

tratamento com AINES é suspenso em 5% a 15% dos pacientes com artrite

reumatóide por causa de distúrbios gastrintestinais. Portanto, drogas capazes

de prevenir as lesões na mucosa gástrica são de suma importância na melhoria

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da qualidade de vida dos pacientes em uso crônico de AINES (FUNATSU et

al., 2007).

Indometacina é um agente ulcerogênico conhecido, especialmente no

estômago vazio, sendo as úlceras induzidas por este AINE presentes

predominantemente na porção glandular do estômago (NWAFOR et al., 2007).

No modelo de lesões gástricas induzidas por indometacina, mangiferina

mostrou-se eficaz em prevenir o dano à mucosa, semelhante ao observado

para o inibidor da bomba de prótons lanzoprazol.

Garrido e colaboradores (2004) relatam o efeito antiinflamatório da

mangiferina, e apesar desta ação é interessante que no presente estudo

mangiferina demonstrou ação antiulcerogênica contra lesões gástricas

induzidas por etanol e indometacina, sugerindo um provável envolvimento das

prostaglandinas endógenas na sua ação protetora. No entanto, se mangiferina

promove ou não a liberação de prostaglandinas e, assim, promove uma melhor

microcirculação e uma conseqüente gastroproteção, ainda necessita de

estudos para confirmação.

A acidez da mucosa não representa um fator importante no modelo de

úlcera gástrica induzida por etanol (TARNAWSKI, et al., 1985), porém tem

enorme relevância no efeito ulcerogênico do etanol acidificado e da

indometacina (FUNATSU et al., 2007). Dessa forma a redução do volume e da

acidez total gástrica promovido pela mangiferina no teste em animais com

piloro ligado por 4 horas, nos leva a sugerir que este efeito pode estar

envolvido no seu mecanismo gastroprotetor.

Além de reduzir a secreção total ácida, verificamos que a mangiferina

(30 mg/kg) é capaz de aumentar o esvaziamento gástrico de forma

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significativa. Sabe-se que a modulação farmacológica do esvaziamento

gástrico e da mistura ácido-base representa um mecanismo de defesa gástrica

importante na dispepsia funcional. Os mecanismos que participam da origem

dos sintomas na dispepsia funcional não são perfeitamente conhecidos e as

anormalidades da motilidade antro-piloro-duodenal constituem, provavelmente,

o grupo de fatores etiopatogênicos que tem sido demonstrado há mais tempo e

com maior freqüência (TRONCON, 2001).

O conceito de que pacientes com dispepsia funcional podem apresentar

diminuição anormal da contratilidade antral e retardo do esvaziamento gástrico,

fundamenta o uso racional de drogas pró-cinéticas, como a metoclopramida, a

cisaprida, a bromoprida e a domperidona. Estas drogas pró-cinéticas

aumentam tanto a amplitude, como a freqüência das contrações antrais pós-

prandiais e aceleram o esvaziamento gástrico. Estes efeitos são conseqüentes

à estimulação de receptores serotoninérgicos do tipo 4 (5-HT4) que, por sua

vez, aumentam a liberação de acetilcolina de terminações nervosas do plexo

mioentérico (TRONCON, 2001). Dessa forma podemos inferir uma possível

participação dos receptores 5-HT4 na ação pró-cinética da mangiferina, porém

estudos mais detalhados são necessários para confirmação desta hipótese.

Fármacos que inibem a secreção gástrica de ácido também são utilizados

rotineiramente no tratamento desta patologia (HOOGERWERF & PASRICHA,

2006). Diante do exposto torna-se plausível afirmar que a mangiferina

apresenta-se como droga potencialmente últil no tratamento da dispepsia

funcional principalmente devido à sua ação sobre a secreção ácida e o

esvaziamento gástrico.

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RIVERA e colaboradores (2006) demonstraram que a mangiferina é

capaz de inibir a liberação de histamina estimulada pelo composto 48/80 em

mastócitos isolados de rato. O composto 48/80 é um conhecido degranulador

de mastócitos, e a estimulação dos mastócitos por esta substância parece

envolver uma trilha de sinais de transdução, culminando com a secreção de

serotonina e histamina. A infecção por H. pylori promove inflamação e redução

do fluxo sanguíneo da mucosa gástrica através da degranulação de mastócitos

(OHTA et al., 2004).

Estudos demonstram que animais tratados com composto 48/80

desenvolvem lesões gástricas que ocorrem com diminuição dos níveis de

glutationa peroxidase e aumento da peroxidação lipídica. Além disso, foi

demonstrado em ratos tratados com composto 48/80, que a liberação aguda de

serotonina contribui para a lesão da mucosa gástrica, enquanto a liberação de

histamina contribui principalmente com a progressão da lesão (OHTA et al.,

2006). Os resultados do presente estudo mostram que a administração oral de

mangiferina (30 mg/kg) previne efetivamente a progressão da lesão gástrica

induzida pelo composto 48/80.

Podemos inferir que a proteção exercida pela mangiferina neste modelo

agudo de lesão gástrica pode ser atribuída a sua ação antioxidante, prevenindo

a depleção de enzimas antioxidantes como a glutationa peroxidase e reduzindo

os níveis de peroxidação lipídica, além de sua capacidade inibitória sobre a

liberação de histamina pelos mastócitos. Novos testes se fazem necessários

para confirmação deste possível mecanismo.

O conjunto de nossos resultados atesta a ação gastroprotetora da

mangiferina, e mostra que esta ação envolve as prostaglandinas endógenas, a

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produção de óxido nítrico, ativação dos canais de KATP, diminuição da secreção

ácida e efeito antioxidante. No entanto, maiores esclarecimentos se fazem

necessários sobre os mecanismos moleculares que envolvem estes efeitos. O

presente estudo nos permite afirmar que a xantona glicosilada mangiferina

apresenta enorme potencial terapêutico para desenvolvimento de um fármaco

adjuvante no tratamento de patologias gastrintestinais como a úlcera gástrica e

dispepsia funcional promovida por AINES e quimioterápicos. Neste contexto, é

importante relembrar que as drogas inibidoras seletivas da COX-2, conhecidas

como coxibs (celecoxib e rofecoxib), as quais têm sido enfatizadas pelos

poucos efeitos colaterais gastrintestinais, foram responsáveis por um

importante evento no ano de 2004: o rofecoxib foi retirado do mercado devido

aos seus graves efeitos cardiovasculares, colocando consequentemente os

outros coxibs sob a suspeita de apresentar esta reação adversa, ainda que em

grau variável (RAINSFORD, 2007). Além disso, dados clínicos disponíveis na

literatura revelam que antiácidos, sais de bismuto e sucralfato não são mais

eficientes que placebo no tratamento da dispepsia funcional (SAAD & CHEY,

2006).

Em suma, nós demostramos pela primeira vez que a glicosilxantona isolada

da árvore frutífera Mangifera indica L. oferece gastroproteção contra lesão

gástrica aguda induzida por etanol absoluto, etanol acidificado, indometaccina

e composto 48/80 em camundongos. Os resultados deste estudo indicam uma

ação citoprotetora da mangiferina conferindo efeito gastroprotetor contra injúria

gástrica induzida por esses agentes, o qual pode ser devido, ao menos

parcialmente, às prostaglandinas endógenas, liberação de óxido nítrico e

abertura de canais de potássio sensíveis a ATP, e torna a mangiferina uma

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substância promissora para o desenvolvimento de novas terapias para o

combate de gastropatias associadas à AINES e doença ulcerosa péptica.

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7. CONCLUSÕES

Mangiferina apresentou atividade gastroprotetora em modelos

experimentais de lesão gástrica aguda (etanol, etanol acidificado,

indometacina e composto 48/80), de forma dose dependente,

demonstrando eficácia por via oral.

Mangiferina atenuou a depleção dos grupos sulfridrilas não-proteicos, e

reduziu a formação de malonildealdeído no modelo de lesão gástrica

induzida por etanol, indicando uma ação antioxidante como parte do seu

mecanismo de ação gastroprotetora;

O estudo do mecanismo citoprotetor da mangiferina indica um

envolvimento, em parte, das prostaglandinas endógenas, óxido nítrico e

abertura de canais de potássio sensíveis a ATP.

A investigação do envolvimento do receptor TRPV1 revelou que as fibras

aferentes sensíveis à capsaicina não estão envolvidas no mecanismo

gastroprotetor da mangiferina.

O mecanismo gastroprotetor da mangiferina também envolve a diminuição

da secreção ácida, demonstrada no teste em animais com piloro ligado por

4 horas, além de uma ação pró-cinética aumentando o esvaziamento

gástrico

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Esse estudo demonstra a ação gastroprotetora da mangiferina e fornece

evidências de que esta xantona é uma substância promissora para o

desenvolvimento de novas terapias no combate a gastropatias associadas à

AINES e doença ulcerosa péptica.

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9. ANEXO - ARTIGO PUBLICADO

Artigo publicado: Gastroprotective Effect of Mangiferin, a Xanthonoid from

Mangifera indica, against Gastric Injury Induced by Ethanol and Indomethacin in

Rodents.

Revista: Planta Medica, vol. 73(13), pág. 1372-1376, Outubro, 2007.