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i UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL: PROTEÍNA BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS JAPONESAS E EUROPEIAS RAFFAELLA CASTRO LIMA Zootecnista AREIA - PB DEZEMBRO 2012

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL: PROTEÍNA

BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS JAPONESAS E EUROPEIAS

RAFFAELLA CASTRO LIMA

Zootecnista

AREIA - PB

DEZEMBRO – 2012

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RAFFAELLA CASTRO LIMA

DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL:

PROTEÍNA BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS

JAPONESAS E EUROPEIAS

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia, da

Universidade Federal da Paraíba, do qual

participam a Universidade Federal Rural

de Pernambuco e Universidade Federal

do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em

Zootecnia.

Área de concentração: Nutrição Animal

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador

Prof. Dr. José Humberto Vilar da Silva – Co-orientador

Prof. Dr. Ednardo Rodrigues Freitas – Co-orientador

AREIA - PB

DEZEMBRO – 2012

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Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da

Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.

L732d Lima, Raffaella Castro.

Determinação da relação energia metabolizável:proteína bruta na alimentação de codornas japonesas e européias. / Raffaella Castro Lima. - Areia: UFPB/CCA, 2012.

163 f. : il.

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2012.

Bibliografia. Orientador: Fernando Guilherme Perazzo Costa.

1. Avicultura – nutrição animal 2. Codornas Japonesas – eficiência energética 3. Codornas Européias – eficiência energética 4. Codornas – desempenho I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II.Título.

UFPB/CCA CDU: 636.5(043.2)

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iii

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

RAFFAELLA CASTRO LIMA – Nasceu em Fortaleza, capital do Ceará, no dia

20 de Junho de 1980. Filha de Suely Elisa Lima e Vicente de Paula Castro, prestou

vestibular para o curso de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará no ano 2002,

formando-se em 2006. Em 2007 ingressou no Programa de Pós-graduação em Zootecnia

da Universidade Federal do Ceará, concluindo o curso de mestrado em 2009. Durante o

curso de mestrado, foi aprovada no processo seletivo para professor substituto da

Universidade Federal do Ceará para as disciplinas de Avicultura e de Criação de Não

Ruminantes, permanecendo no cargo por um período de seis meses. Em setembro de

2009 iniciou o curso de doutorado através do Programa de Doutorado Integrado em

Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba, concluindo o curso em dezembro de

2012.

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iv

À minha mãe Suely Elisa Lima,

pelo exemplo de coragem, amor e

dedicação à família.

À minha avó Erotildes Elisa Lima

(In memorian), pela indiscutível falta

que faz em minha vida e saudades sem

fim.

Ao meu pai Vicente de Paula

Castro (In memorian), por seu exemplo

de força e altivez, até o fim.

Ao meu irmão Jorge Luis Moreira

Lima, que com sua alegria e amizade

torna os meus dias mais felizes.

Ao meu namorado Sérgio Dantas,

que trouxe leveza e tranquilidade para

minha vida durante a construção desta

tese.

Aos meus verdadeiros amigos.

DEDICO

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar.

Ao Programa de Pós-graduação em Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Paraíba – UFPB, pela oportunidade de realização do curso de

Doutorado em Zootecnia.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq)

pela concessão da bolsa de estudo.

Ao Laboratório de Nutrição Animal pela realização das análises químicas.

Ao Setor de Avicultura, representado pelos funcionários Josa, Ramalho e

Francisco Ademir, todos muito queridos e solícitos na época da realização dos

experimentos, ajudando em todas as situações possíveis e imagináveis.

A todos os amigos do GETA (Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas) que

durante o doutorado muito contribuíram para a minha formação profissional.

Aos estudantes de graduação Lavosier, Leonilson (Leo), Ana Paula e

Robervânia pela grande contribuição durante a realização dos experimentos e à Márcia

Paloma, por ter me ajudado em momentos onde eu não pude estar presente, se tornando

essencial para a realização das atividades de campo.

Ao meu namorado Sérgio Dantas, que veio como um presente em minha vida.

Muito obrigada pela amizade, compreensão e todo o carinho que tens por mim. Minha

passagem pela Paraíba depois de te conhecer, tem agora um novo sentido.

À minha amiga Geovânia Canafístula, pela amizade e companheirismo.

Obrigada pelo carinho sincero, amiga. Aprendi a ser mais “gente” com você.

Aos amigos do curso de Pós-Graduação, Milka, Roseane, Valéria, Kleber e

Danilo Vargas que durante a jornada de estudos foram companheiras.

À Profa. Cláudia de Castro Goulart, extremamente atenciosa e parceira durante

todo o curso de doutorado, me orientando e repassando seus conhecimentos nesse

período de aprendizagem. Tornou-se uma amiga para a vida. Obrigada, Cláudia.

Ao Prof. Fernando Guilherme Perazzo Costa pela orientação, compreensão e

toda a atenção que destinou a mim durante o curso. Aprendi com você que para sermos

bons pesquisadores não necessitamos ostentar estrelismo. Carregarei sempre comigo o

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seu exemplo de dinamismo e simplicidade. Obrigada pela grande oportunidade de

trabalhar com você.

A todos que, direta ou indiretamente, tornaram possível a realização deste

trabalho.

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vii

SUMÁRIO

Página

Lista de Tabelas ................................................................................................................ x

Resumo Geral ................................................................................................................. xiv

Abstract .......................................................................................................................... xvi

Considerações Iniciais ....................................................................................................... 1

Capítulo I – Referencial Teórico

Introdução ...................................................................................................................... 4

Revisão de Literatura ..................................................................................................... 6

Classificação, histórico e características das codornas japonesas e europeias .............. 6

Energia metabolizável e proteína bruta na alimentação de aves ................................... 9

A energia nos alimentos ............................................................................................. 9

Partição de energia ................................................................................................... 10

Aspectos que interferem nos valores de energia metabolizável ............................... 11

Importância da proteína bruta na alimentação animal .............................................. 15

Influência da energia metabolizável sobre o desempenho de codornas de corte ....... 18

Influência da energia sobre o desempenho, produção e qualidade de ovos de codornas

de postura .................................................................................................................... 21

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 26

Capítulo II – Determinação da proteína bruta na alimentação de codornas japonesas e

europeias ......................................................................................................................... 34

Experimento 1 – Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas

(Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias ................................... 35

Resumo ................................................................................................................... 35

Abstract .................................................................................................................... 36

Introdução ................................................................................................................ 37

Material e métodos .................................................................................................. 38

Resultados e discussão ............................................................................................. 41

Conclusões ............................................................................................................... 48

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 49

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viii

Experimento 2 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas

(Coturnix coturnix japonica) na fase de postura ......................................................... 54

Resumo ................................................................................................................... 54

Abstract .................................................................................................................... 55

Introdução ................................................................................................................ 56

Material e métodos .................................................................................................. 58

Resultados e discussão ............................................................................................. 61

Conclusões ............................................................................................................... 69

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 70

Experimento 3 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas europeias

(Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias ..................................... 75

Resumo ................................................................................................................... 75

Abstract .................................................................................................................... 76

Introdução ................................................................................................................ 77

Material e métodos .................................................................................................. 77

Resultados e discussão ............................................................................................. 81

Conclusões ............................................................................................................... 92

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 93

Capítulo III– Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas e europeias.............................................................. 97

Experimento 4 – Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e

21 a 42 dias .................................................................................................................. 98

Resumo ................................................................................................................... 98

Abstract .................................................................................................................... 99

Introdução .............................................................................................................. 100

Material e métodos ................................................................................................ 101

Resultados e discussão ........................................................................................... 105

Conclusões ............................................................................................................. 114

Referências Bibliográficas .................................................................................... 115

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ix

Experimento 5 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de postura

................................................................................................................................... 119

Resumo ................................................................................................................. 119

Abstract .................................................................................................................. 120

Introdução .............................................................................................................. 121

Material e métodos ................................................................................................ 123

Resultados e discussão ........................................................................................... 126

Conclusões ............................................................................................................. 136

Referências Bibliográficas .................................................................................... 137

Experimento 6 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21

a 42 dias ..................................................................................................................... 141

Resumo ................................................................................................................. 141

Abstract .................................................................................................................. 142

Introdução .............................................................................................................. 143

Material e métodos ................................................................................................ 144

Resultados e discussão ........................................................................................... 148

Conclusões ............................................................................................................. 159

Referências Bibliográficas .................................................................................... 160

Considerações Finais ..................................................................................................... 163

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LISTA DE TABELAS

Capítulo II – Determinação da proteína bruta na alimentação de codornas

japonesas e europeias

Experimento 1 – Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas

(Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade

Página

1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase

de 1 a 21 dias ....................................................................................................... 39

2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase

de 21 a 42 dias .................................................................................................... 40

3. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido

úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função dos

diferentes níveis de proteína bruta ..................................................................... 42

4. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase

de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta ........ 43

5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido

úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de

codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes

níveis de proteína bruta ...................................................................................... 45

6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, concentração sérica de ácido úrico e coeficiente de digestibilidade

de nitrogênio de codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função

dos diferentes níveis de proteína bruta ............................................................... 47

Experimento 2 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas

(Coturnix coturnix japonica) na fase de postura

1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas em

fase de produção ................................................................................................. 59

2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase de

produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta ............................. 62

3. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e retenção de

nitrogênio de codornas japonesas em fase de produção em função dos diferentes

níveis de proteína bruta ...................................................................................... 64

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xi

4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em

fase de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta ................. 67

5. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de qualidade

de ovos de codornas japonesas em fase de produção em função dos diferentes

níveis de proteína bruta ...................................................................................... 68

6. Valores médios da concentração sérica de ácido úrico, retenção de nitrogênio e

coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase de

produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta ............................. 69

Experimento 3 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas europeias

(Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade

1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase

de 1 a 21 dias ....................................................................................................... 79

2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase

de 21 a 42 dias ..................................................................................................... 80

3. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido

úrico de codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função dos

diferentes níveis de proteína bruta ..................................................................... 82

4. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na fase

de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta ........ 83

5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido

úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de

codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes

níveis de proteína bruta ...................................................................................... 86

6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos

diferentes níveis de proteína bruta ..................................................................... 87

7. Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras

comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em

função dos diferentes níveis de proteína bruta ................................................... 89

8. Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de carcaça,

cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal de codornas

europeias aos 42 dias de idade em função dos níveis de proteína bruta ............ 90

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Capítulo III– Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas e europeias

Experimento 4 – Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21

a 42 dias de idade

Página

1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase

de 1 a 21 dias ..................................................................................................... 102

2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase

de 21 a 42 dias ................................................................................................... 104

3. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido

úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função das

diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta ............................... 106

4. Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase

de 1 a 21 dias em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína

bruta .................................................................................................................. 107

5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido

úrico, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio retido de

codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função das diferentes

relações energia metabolizável: proteína bruta ................................................ 111

6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase

de 21 a 42 dias em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta ................................................................................................... 112

Experimento 5 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de postura

1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas em

fase de produção ................................................................................................ 124

2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase de

produção em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína

bruta .................................................................................................................. 127

3. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, qualidade de ovo, retenção de nitrogênio e concentração sérica de

ácido úrico de codornas japonesas em fase de produção em função das diferentes

relações energia metabolizável: proteína bruta ................................................ 130

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xiii

4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em

fase de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta ................................................................................................... 132

5. Valores médios da retenção de nitrogênio, concentração sérica de ácido úrico e

coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase de

produção em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína

bruta .................................................................................................................. 135

Experimento 6 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a

42 dias de idade

1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase

de 1 a 21 dias ..................................................................................................... 145

2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase

de 21 a 42 dias ................................................................................................... 146

3. Médias das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido úrico de

codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função das diferentes

relações energia metabolizável: proteína bruta ................................................ 148

4. Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na fase

de 1 a 21 dias de idade em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta ................................................................................................... 149

5. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido

úrico de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função das

diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta ............................... 152

6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na fase

de 21 a 42 dias em função das relações energia metabolizável: proteína bruta

........................................................................................................................... 153

7. Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras

comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em

função das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta ............. 157

8. Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de carcaça,

cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal de codornas

europeias aos 42 dias de idade em função das relações energia metabolizável:

proteína bruta .................................................................................................... 158

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xiv

DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL: PROTEÍNA

BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS JAPONESAS E EUROPEIAS

RESUMO GERAL

Foram realizados 6 experimentos com o objetivo de determinar a relação energia

metabolizável: proteína bruta (EM: PB) na alimentação de codornas japonesas

(Coturnix coturnix japonica) na fase de crescimento (1 a 21 e 21 a 42 dias ) e de

produção e europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de crescimento. Os três

primeiros ensaios (1, 2 e 3) foram realizados para determinar o melhor nível de proteína

bruta nas diferentes fases de criação e os três restantes (4, 5 e 6) para determinar a

melhor relação EM: PB. Em todos os experimentos foram utilizadas 300 codornas em

um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos, seis repetições com

dez aves por unidade experimental. As aves na fase de crescimento foram criadas em

piso (boxes) e na fase de produção em gaiolas. O experimento 1 teve como objetivo

determinar o nível de proteína bruta na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade para

codornas japonesas. Na fase de 1 a 21 dias foram utilizados os níveis 19, 22, 25, 28 e

31% de proteína bruta e na fase de 21 a 42 dias utilizou-se os níveis 16, 19, 22, 25 e

28% de proteína bruta. Na fase de 1 a 21 dias, foi verificado efeito quadrático para

consumo de ração, ingestão de energia e concentração sérica de ácido úrico e linear para

ganho de peso, conversão alimentar e ingestão de proteína. Para a fase de 21 a 42 dias,

houve efeito quadrático para consumo de ração, ganho de peso e ingestão de energia e

linear para conversão alimentar, ingestão de proteína, concentração sérica de ácido úrico

e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio. Recomenda-se 31% para a fase de 1 a 21

dias e 22% para a fase de 21 a 42 dias. O objetivo do experimento 2 foi determinar o

nível de proteína bruta para codornas japonesas em fase de postura. Os níveis avaliados

foram 14, 17, 20, 23 e 26% de proteína bruta, com dietas formuladas para serem

isoenergéticas. Foi verificado efeito quadrático para consumo de ração, peso de ovo,

massa de ovo, ingestão de energia, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio,

porcentagem de casca, retenção de nitrogênio, peso de gema, casca e albúmen. Efeito

linear foi verificado para produção de ovos, ingestão de proteína, conversão alimentar

por massa de ovos, eficiência energética, peso final e porcentagem de gema.

Recomenda-se o nível de 20% de proteína bruta para codornas japonesas na fase de

postura. Objetivou-se no experimento 3 determinar a exigência nutricional de proteína

bruta para codornas europeias nas fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Na fase de 1 a

21 dias foram utilizados os níveis 19, 22, 25, 28 e 31% de proteína bruta e na fase de 21

a 42 dias, utilizou-se os níveis 16, 19, 22, 25 e 28% de proteína bruta. Na fase de 1 a 21

dias foi verificado efeito quadrático para ganho de peso, com máximo ganho com 28%

de PB. Foi verificado efeito linear crescente para ingestão de proteína e linear

decrescente para consumo de ração, conversão alimentar, ingestão de energia e

concentração sérica de ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias foi verificado efeito linear

crescente para ingestão de proteína e retenção de nitrogênio, linear decrescente para

consumo de ração, ingestão de energia e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio.

Recomenda- se 28 e 22% de proteína bruta para as fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias,

respectivamente. O objetivo do experimento 4 foi avaliar a melhor relação EM: PB

sobre o desempenho de codornas japonesas na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Na

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fase de 1 a 21 foram utilizados as relações EM: PB 116; 80,64; 87,09; 93,54 e 100 e na

fase de 21 a 42 dias as relações EM: PB 120,45; 129,54; 138,63; 147,72 e 156,81. Na

fase 1 a 21 dias, com exceção da ração controle (116), verificou-se efeito linear

decrescente para o consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína e

linear crescente para concentração sérica de ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias foi

verificado efeito quadrático para ingestão de energia e concentração sérica de ácido

úrico, linear crescente para ganho de peso, linear decrescente para consumo de ração,

conversão alimentar e ingestão de proteína. Recomenda-se a relação EM: PB de 116,

com 2.900 kcal/kg e 25% de proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21

a 42 dias recomenda-se a relação EM:PB de 156,81 com 3.450 kcal/kg e 22% de

proteína bruta. O objetivo do experimento 5 foi avaliar a melhor relação EM: PB sobre

o desempenho e qualidade de ovos de codorna de postura. As relações EM: PB

estabelecidas nas rações experimentais foram 125; 132,5; 140; 147,5 e 155. O aumento

da energia metabolizável da dieta teve efeito significativo sobre os valores de consumo

de ração, ingestão de proteína, peso de ovo, massa de ovo, peso de gema, casca e

albúmen, reduzindo linearmente seus valores. Recomenda-se dieta com relação EM: PB

140, equivalente a 2.800 kcal de EM/kg de energia metabolizável e 20% de proteína

bruta. O objetivo do experimento 6 foi determinar a melhor relação energia

metabolizável: proteína bruta para codornas europeias na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias.

Para a fase 1 a 21 foram utilizadas as relações 116; 89,28; 96,42; 103,57 e 110,71 e para

a fase 21 a 42 as relações 108,92; 120,45; 129,54; 138,63 e 147,72. Na fase 1 a 21 foi

verificado diminuição do consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína

com o aumento dos níveis de energia efeito e quadrático para concentração sérica de

ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias, verificou-se efeito linear decrescente para consumo

de ração, conversão alimentar e concentração sérica de ácido úrico e linear crescente

para ganho de peso. Recomenda-se a relação EM: PB 110,71 com 3.100 kcal/kg e 28%

de proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a

relação 129,54 com 2.850 kcal/kg e 22% de proteína bruta.

Palavras-chave: ácido úrico, carne, eficiência energética, gema, ovo, produção

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DETERMINATION OF THE ENERGY METABOLIZABLE: CRUDE PROTEIN

IN FOOD FOR EUROPEAN AND JAPANESE QUAILS

ABSTRACT

6 experiments were conducted in order to determine the metabolizable energy: crude

protein (ME: CP) in the diet of Japanese quails (Coturnix coturnix japonica) during the

growth phase (1 to 21 and 21 to 42 days) and production and European (Coturnix

coturnix coturnix) during growth. The first three trials (1, 2 and 3) were conducted to

determine the best level of crude protein in different stages of creation and the

remaining three (4, 5 and 6) to determine the best: CP ratio. In all experiments, 300

quails were used in a completely randomized design with five treatments, six replicates

with ten birds each. The birds in the growth phase were raised on floor (boxes) and in

production in cages. Experiment 1 aimed to determine the best level of crude protein in

phase 1 to 21 and 21 to 42 days of age for Japanese quail. From 1 to 21 days were used

levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein and the phase used 21 to 42 days the levels

16, 19, 22, 25 and 28% crude protein. From 1 to 21 days, was observed quadratic effect

on feed intake, energy intake and serum uric acid and linear weight gain, feed

conversion and protein intake. For the period from 21 to 42 days, there was a quadratic

effect on feed intake, weight gain and linear energy intake and feed conversion, protein

intake, serum uric acid and digestibility of uric acid. It is recommended to 31% for stage

1 to 21 days and 22% for the period from 21 to 42 days. The purpose of experiment 2

was to determine the best level of crude protein for Japanese quail production phase.

The levels evaluated were 14, 17, 20, 23 and 26% crude protein and diets were

formulated to be isoenergetic. Quadratic effect was observed for feed intake, egg

weight, egg mass, energy intake, digestibility of nitrogen, shell percent, nitrogen

retention, weight of yolk, albumen and shell. Linear effect was observed for egg

production, protein intake, feed conversion by egg mass, energy efficiency, body weight

and yolk percentage. Recommended level of 20% crude protein for Japanese quail

laying phase. The purpose of experiment 3 was to determine the nutritional requirement

of crude protein to stage European quail 1-21 and 21 to 42 days old. From 1 to 21 days

were used levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein and the phase used 21 to 42

days the levels 16, 19, 22, 25 and 28% crude protein . From 1 to 21 days was observed

quadratic effect on weight gain, with maximum gain with 28% CP. Increasing linear

effect was observed for protein intake and decreasing linear feed intake, feed

conversion, energy intake and serum uric acid. In the period from 21 to 42 days was

found to linearly increasing protein intake and nitrogen retention, decreasing linear feed

intake, energy intake and digestibility of nitrogen. It is recommended to 28% crude

protein for the stage of 1 to 21 days and 22% for the period from 21 to 42 days. The

goal of the experiment was to evaluate the best 4: CP ratio on the performance of

Japanese quails from 1 to 21 and 21 to 42 days old. From 1 to 21 were used relations:

CP 116, 80.64, 87.09, 93.54 and 100 and in the period from 21 to 42 days: CP ratio

120.45, 129.54, 138, 63; 147.72 and 156.81. In phase 1 to 21 days, excluding the

control diet (116) was found decreasing linear effect on feed intake, feed conversion and

protein intake and increasing linear for serum uric acid. In the period from 21 to 42 days

was observed quadratic effect on energy intake and serum uric acid, linear increase to

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weight gain, decreasing linear feed intake, feed conversion and protein intake. It is

recommended that the relationship: CP 116, with 2,900 kcal / kg and 25% crude protein

for phase 1 to 21 days and for the period from 21 to 42 days is recommended: CP ratio

with 156.81 3450 kcal / kg and 22% crude protein. The goal of the experiment was to

evaluate the five best: CP ratio on the performance and egg quality of laying quail.

Relationships: CP established in experimental diets were 125, 132.5, 140, 147.5 and

155. The increase in the metabolizable energy of the diet had a significant effect on the

amounts of feed intake, protein intake, egg weight, egg mass, yolk weight, albumen and

shell, reducing their values linearly. It is recommended regarding diet: CP 140,

equivalent to 2,800 kcal / kg metabolizable energy and 20% crude protein. The goal of

the experiment was to determine the best 6 metabolizable energy: crude protein for

quail in European phase 1 to 21 and 21 to 42 days. For phase 1 to 21 were used

relationships 116; 89.28, 96.42, 103.57 and 110.71 and the phase relations 21-42

108.92, 120.45, 129.54; 138 63 and 147.72. In stage 1-21 was observed decreased feed

intake, feed conversion and protein intake with increased energy levels and quadratic

effect for serum uric acid. In the period from 21 to 42 days, there was a negative linear

effect on feed intake, feed conversion and serum uric acid and a linear increase to

weight gain. It is recommended that the ratio: CP 110, with 3,100 kcal / kg and 28%

crude protein for the stage of 1 to 21 days and the period from 21 to 42 days is

recommended with respect 129,54, 2.850 kcal / kg and 22% crude protein.

Keywords: uric acid, meat, energy efficiency, yolk, egg, production

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As exigências nutricionais das aves são formuladas de acordo com a quantidade

de nutrientes requeridas para realizar as funções básicas do organismo e as funções

produtivas de forma mais eficiente. Porém, essas exigências não são constantes,

variando com a idade, sexo, ambiente, níveis de energia, proteína e aminoácidos da

ração, entre outros fatores. Por isso, faz- se necessário avaliações periódicas dos níveis

de nutrientes adequados para cada região como também suas relações com a energia

metabolizável presente na dieta.

A energia e proteína da ração são extremamente influentes no desempenho e

produção das aves. O nível energético constitui um dos itens mais importantes na

formulação de rações, considerando que as aves consomem alimentos para que suas

necessidades energéticas sejam atendidas. Portanto, todos os nutrientes devem estar

relacionados com o conteúdo de energia da dieta. Em consumo de ração à vontade, a

energia limita a ingestão dos nutrientes, mas em casos de restrição na oferta de

alimentos, mecanismos compensatórios são acionados para aumentar a utilização da

energia corporal.

O aumento dos níveis de energia das rações resulta em redução do consumo,

maior ganho de peso e deposição de gordura na carcaça, com evidentes prejuízos no

desenvolvimento corporal das aves. Excesso de gordura no fígado e no ovário podem

ser verificados como possíveis resultados promovidos pelo desequilíbrio energético das

dietas de poedeiras e, portanto, repercutindo na produção de ovos.

O requerimento de energia varia de acordo com o peso corporal, fase de

produção, tamanho de ovo, linhagem e temperatura ambiente. A ave aumenta o

consumo de ração quando a densidade energética da ração está baixa para regular o

consumo de energia, até o ponto em que esse atenda às suas necessidades.

Quanto às proteínas, seu fornecimento adequado na alimentação de aves em

crescimento permite a formação de massa muscular, desenvolvimento do aparelho

reprodutor e empenamento adequado. Níveis proteicos nas dietas de aves em

crescimento influenciam diretamente o ganho de peso, variável importante para que a

ave atinja a maturidade sexual com uma boa conformação, já que seu peso nesta fase

está correlacionado diretamente com o seu desempenho na postura.

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Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no

crescimento e produção de ovos, por conta do desvio de parte da proteína para funções

menos vitais, prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Seu excesso

pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer gasto

extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico. De acordo com

pesquisas, o gasto energético na incorporação de um aminoácido na cadeia proteica é

estimado em torno de 4 mols de ATP e para excreção de um aminoácido, são gastos de

6 a 18 mols de ATP, desviando assim, a energia que deveria ser utilizada para

manutenção e ganho corporal.

Baseado na importância da proteína e energia metabolizável na nutrição das aves

e na relação existente entre energia e nutrientes presentes na dieta, várias relações

energia metabolizável: proteína bruta (EM: PB) têm sido testadas nas formulações de

rações, e, geralmente, são acompanhadas de mudanças na composição corporal,

especialmente na deposição de proteína e de gordura, pois, ao se estabelecer a relação

energia: nutrientes da dieta, o consumo de proteína (aminoácidos) e de outros nutrientes

pode ser afetado.

Assim, no primeiro capítulo foram abordados a classificação, histórico e

características das codornas japonesas e europeias, a energia metabolizável e proteína

bruta na alimentação de aves, a energia nos alimentos, partição de energia, aspectos que

interferem nos valores de energia metabolizável, importância da proteína bruta na

alimentação animal, a influência da energia metabolizável sobre o desempenho de

codornas de corte e a influência da energia metabolizável sobre o desempenho,

produção e qualidade de ovos de codorna de postura.

O segundo capítulo foi composto por três experimentos que determinaram a

exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix coturnix

japonica) na fase de crescimento (experimento 1) e na fase de produção (experimento 2)

e para codornas europeias destinada à produção de carne (Coturnix coturnix coturnix)

na fase de crescimento (experimento 3).

O terceiro capítulo foi composto por três experimentos que determinaram a

melhor relação EM:PB na dieta de codornas japonesas na fase de crescimento

(experimento 4) e na fase de produção (experimento 5) e para codornas europeias

destinada à produção de carne na fase de crescimento (experimento 6).

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CAPÍTULO I

Referencial Teórico

Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas e europeias

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INTRODUÇÃO

Com a modernização da produção animal, tornou-se importante a diversificação

da criação de aves nas propriedades rurais (ALBINO; BARRETO, 2003). Assim,

atividades antes consideradas de subsistência passaram a integrar o mercado a nível

industrial e dentre estas, podemos destacar a coturnicultura.

No Brasil, a criação de codornas cresceu consideravelmente ao longo dos

últimos anos. De 2005 a 2010 o efetivo com a maior taxa de crescimento foi o de

codornas (aves de corte e para produção de ovos), com um crescimento de 13,7%.

Suínos tiveram um crescimento médio de 2,7%; galinhas, 2,5%; e demais galináceos,

4,8%. Para o mesmo período de avaliação, dos produtos de origem animal (ovos de

galinha, leite, mel e lã), a produção de ovos de codorna foi a que mais cresceu,

chegando a 14,5% (IBGE, 2011).

O efetivo de codornas teve crescimento de 13,1% em 2010 (13,0 milhões)

relativamente a 2009 (11,5 milhões). Quanto à produção de ovos de codorna, verificou-

se aumento significativo (20,8%) em 2010 comparado ao ano imediatamente anterior.

Foram produzidas 232,398 milhões de dúzias do produto e o preço médio da dúzia

também variou positivamente no período, apresentando aumento de 15,0% (IBGE,

2011).

O crescimento observado na atividade está possivelmente associado ao uso de

novas tecnologias na atividade, instalações mais apropriadas, novos equipamentos,

plantéis com alta produtividade e da experiência da avicultura de postura e de corte na

produção e comercialização. As mudanças nos hábitos alimentares do consumidor

também foram fundamentais para o desenvolvimento da atividade, onde através do

aumento da demanda por refeições prontas, houve a expansão de estabelecimentos

comerciais que aumentaram a utilização de ovos e carne de codorna, como restaurantes

do tipo self- service e churrascarias.

De acordo com Costa et al. (2007), os principais fatores que têm contribuído

para a criação de codornas são o rápido crescimento, a maturidade sexual precoce (40 a

45 dias), a alta taxa de postura (em média 300 ovos/ave/ano), a elevada densidade de

criação (90 a 106 aves/m2), a elevada vida produtiva (14 a 18 meses), o baixo

investimento, a idade de abate (40 a 42 dias) e o rápido retorno do capital investido.

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Essas vantagens têm despertado interesses de pesquisadores da área avícola, no sentido

de desenvolver trabalhos que contribuam com maior aprimoramento desta exploração.

Para que a atividade se torne cada vez mais rentável, pesquisas na área da

nutrição animal têm sido realizadas objetivando reduzir o custo direcionado para a

alimentação das aves, que chega a representar 75% do custo total de produção.

Inúmeras pesquisas foram realizadas para determinar as exigências nutricionais

de codornas de corte e de postura com o objetivo de promover o máximo crescimento

corporal e melhor qualidade dos ovos, respectivamente. O conteúdo energético da ração

participa diretamente do processo de formação dos constituintes do ovo e influencia a

composição corporal das aves, motivo pelo qual pesquisadores avaliam e determinam os

melhores níveis energéticos a serem recomendados na alimentação de forma a

proporcionar maior ganho de peso, melhor desempenho produtivo e qualidade de ovos.

Na atualidade dispomos de tabelas brasileiras para codornas japonesas e

europeias (SILVA; COSTA, 2009) que apresentam informações fundamentais para

melhor expressão do desempenho animal, pois trazem dados mais próximos da atual

necessidade em termos nutricionais, mas ainda hoje se observa em algumas pesquisas, a

utilização de tabelas de exigências nutricionais disponibilizadas pelo National Research

Council (NRC) em 1994, inadequadas para as condições tropicais brasileiras e

compiladas com resultados realizados com outras espécies de aves e ajustadas para

codornas.

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REVISÃO DE LITERATURA

Classificação, histórico e características das codornas japonesas e europeias

As codornas pertencem à ordem dos galináceos, família dos Fasianídeos

(Phasianidae), a mesma família das galinhas e perdizes, sub-família dos Perdicinidae,

gênero Coturnix e espécie coturnix (MURAKAMI; ARIKI, 1998; ALBINO;

BARRETO, 2003).

Os primeiros dados históricos sobre a procedência da codorna europeia

(Coturnix coturnix coturnix) datam do século XII. No entanto, tudo indica que esta ave

foi introduzida no Japão no século XI, a partir da China, via Coréia (MURAKAMI;

ARIKI, 1998).

Em 1910 no Japão, através de diversos cruzamentos realizados entre a codorna

europeia com outras espécies selvagens obteve-se a codorna doméstica conhecida como

japonesa (Coturnix coturnix japonica), com a finalidade de produzir ovos e carne

(MURAKAMI; ARIKI, 1998).

Os excelentes resultados obtidos foram logo difundidos no Oriente, sendo as

codornas introduzidas nos Estados Unidos em 1950, e em pouco tempo se expandiram

pelos países europeus. Entretanto, durante o segundo período da 2ª Guerra Mundial

(1941-1945), ocorreu um verdadeiro declínio na exploração provocando o seu

desaparecimento na Europa. As codornas só não foram completamente extintas graças a

um pequeno numero de aves que conseguiram sobreviver no Japão (MURAKAMI;

ARIKI, 1998).

No Brasil, a codorna doméstica teria chegado na década de 50 onde inicialmente

servia exclusivamente para caça no interior do estado de São Paulo e somente a partir de

1971 iniciou-se a criação para fins comerciais (PINTO et al., 2002).

Desta forma, desde os anos 90 tem-se utilizado três tipos de codornas em

explorações industriais: a Coturnix coturnix coturnix ou codorna europeia; a Coturnix

coturnix japonica ou codorna japonesa e a Bobwhite Quail ou codorna americana. Essas

aves possuem diferentes características de tamanho, peso, precocidade, tipo de ovo

(branco ou pintado), taxa de postura, caracterizando assim, a aptidão de cada uma, carne

ou ovos (PINTO et al., 2002).

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No Brasil o objetivo principal da coturnicultura é a produção de ovos sendo essa

a principal finalidade da criação de codornas japonesas. As codornas originárias da

Europa, conhecidas como codornas europeias são destinadas principalmente à produção

de carne, embora produzam ovos maiores do que os produzidos pelas japonesas.

A codorna apresenta pouca característica de dimorfismo sexual, tornando difícil

a identificação visual em aves muito jovens. Após aproximadamente 14 dias, tempo

suficiente para iniciar o desenvolvimento de penas no peito, a diferenciação é feita com

mais facilidade onde se verifica a presença de pintas pretas no peito das fêmeas,

inexistindo no macho.

A seleção genética na atualidade no que diz respeito à sexagem, tem

proporcionado agilidade no momento da diferenciação do sexo imediatamente após

nascimento das codornas, acabando com o atraso no envio das codornas de 1 dia e

evitando debilidade ou hemorragias em muitas delas o que aumentava as perdas em

viagens mais longas. No novo processo de identificação, ao eclodirem, as codornas

nascem com tonalidades diferentes das listas naturais de sua penugem, evidenciando os

machos aqueles que se apresentam com uma coloração escura e as fêmeas com

coloração clara.

A codorna japonesa fêmea é ligeiramente mais pesada que o macho em virtude

do maior desenvolvimento do aparelho reprodutivo, apresentando peso 10% superior.

Esta característica não é observada em codornas europeias, onde os pesos de machos e

fêmeas são bem semelhantes (ALBINO; BARRETO, 2003).

As codornas japonesas apresentam cor castanha clara e comportamento agitado,

apresentando voos constantes e rápido deslocamento dentro das instalações. As

codornas europeias são maiores do que as codornas japonesas possuem coloração

marrom mais viva, temperamento nitidamente mais calmo, peso e tamanho de ovos

maiores e menor produção de ovo.

As codornas apresentam curto intervalo entre gerações (16 dias de incubação) e

desenvolvimento físico muito rápido. Nascem com peso médio de 8g, o que

corresponde a 70% do peso do ovo, e aos 7 dias as codornas japonesas triplicam os seus

pesos corporais e aos 28 dias apresentam peso dez vezes maior que o inicial, enquanto

as europeias, nesta mesma idade, alcançam peso médio vinte vezes maior que o seu

peso ao nascimento (ALBINO; BARRETO, 2003).

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De acordo com Silva e Ribeiro (2001) apud Silva et al. (2004a), codornas

japonesas aumentam o peso vivo em cerca de sete vezes de 1 a 14 dias de idade, em

função da hipertrofia, principalmente, dos músculos peitorais, do crescimento dos ossos

e das vísceras. Com a proximidade da maturidade sexual, o crescimento é fortemente

influenciado pela formação das reservas de gordura, especialmente, nas vísceras, no

fígado, ovário e oviduto. Na fase de 15 a 32 dias não encontraram a mesma evolução no

ganho de peso (SILVA et al., 2004b). Já com codornas europeias, verificou-se que até

os 21 dias de idade estas aves chegam a ganhar cerca de 200g, representando até 25

vezes o peso inicial (SILVA et al., 2007).

O rápido crescimento das codornas europeias em relação às japonesas ocorre,

provavelmente, devido a maior deposição de proteína e gordura corporal. Isto sugere

diferenças comportamentais na curva de crescimento das espécies, repercutindo

possivelmente em exigências nutricionais diferentes entre os dois tipos de codornas.

Além disso, o ganho corporal das codornas sofre uma desaceleração com o avançar da

idade, de modo que codornas jovens exigem maior nível de proteína na ração e

apresentam maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes para ganho de peso em

relação às aves em idade próxima à maturidade (JORDÃO FILHO, 2008).

O abate de codornas europeias pode ocorrer com machos e fêmeas entre 42 e 49

dias de idade, quando alcançam peso vivo médio de 230 a 250 gramas, com rendimento

de carcaça aproximado de 72% em relação ao seu peso vivo, considerando vísceras

comestíveis e gordura abdominal, ou 67% considerando-se apenas a carcaça limpa

(ALBINO; BARRETO, 2003).

Há alguns anos atrás, as codornas destinadas ao abate no Brasil eram eventuais

machos classificados erroneamente no processo de sexagem ou fêmeas em final de

postura. Entretanto, em virtude do aumento do consumo de carne, pesquisadores estão

buscando alternativas que possam satisfazer as novas exigências de produtos de origem

animal e uma delas está relacionada à produção de carne de codornas de corte (MÓRI et

al., 2005).

Nos dias atuais, empresas já disponibilizam a venda de codornas europeias,

assim como produtores rurais já apresentam plantéis específicos para essa finalidade.

Verifica-se também uma maior tendência do consumo dessa carne em bares e

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restaurantes, confirmando a aceitação de um produto altamente palatável com

significativo valor nutritivo e de preparação fácil e rápida.

Energia metabolizável e proteína bruta na alimentação de aves

A energia nos alimentos

Devido à complexidade que envolve o conceito de energia, diversos

pesquisadores procuraram definir ao longo dos anos a ideia chave que melhor

descrevesse este componente.

De acordo com Sibbald (1982), energia é o requerimento decisivo para aves e um componente

muito importante em todos os alimentos, pois o consumo alimentar é regulado pela densidade energética

da ração e pela exigência nutricional dos animais. Para Silva e Costa (2009) a energia não é um

nutriente, mas uma propriedade da combustão de carboidratos, lipídios e proteínas. De forma geral,

todos os componentes orgânicos do alimento sujeitos à digestão e absorção pelo animal, contribuem para

a energia útil deste alimento, embora tenham diferentes destinos no organismo animal. Porém, a energia

útil de um alimento é uma característica do animal que o consome e não do alimento (PENZ JR et al.,

1999).

O potencial energético dos alimentos varia em função da composição química deste alimento. Os

nutrientes (gordura, carboidratos e proteína) possuem diferentes potenciais energéticos. Os carboidratos

fornecem em média 3,95 kcal/g (amido 4,2 kca/g e glicose 3,7 kcal/g), as proteínas fornecem 5,65 kcal/g

e as gorduras 9,40 kcal/g de energia bruta (NRC, 1998 apud SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007). Essas

variações se devem ao fato de que quanto menos oxidado for a composição química maior o poder

calorífico. Assim, as gorduras por possuírem em suas moléculas menos oxigênio em relação ao carbono,

do que os outros nutrientes apresentam um potencial calorífico maior.

O conhecimento do conteúdo energético dos alimentos, é prática indispensável na formulação de

rações seja para monogástricos, pois é necessário fornecer uma quantidade adequada de energia e

nutrientes para que estes animais possam expressar ao máximo seu potencial produtivo.

Partição de energia

A energia presente nos alimentos pode ser apresentada na forma de energia

bruta, digestível, metabolizável e líquida.

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Para que se tenha o conhecimento da energia metabolizável de um alimento,

inicialmente deve-se saber o valor de energia bruta (EB) presente nele, expresso em

calorias e medido a partir de um equipamento chamado bomba calorimétrica.

Nutricionalmente, o valor da EB das matérias primas não tem maior importância,

representa apenas o ponto de partida, pois os animais não aproveitam integralmente a

EB, precisam para tal digerir os constituintes energéticos para obter outras medidas

energéticas. Assim, a partir da EB, e calculando-se as perdas oriundas das fezes, urina,

gases, incremento calórico e excreções endógenas metabólicas, torna-se possível obter

os demais níveis de energia.

A energia digestível aparente (ED) é a energia bruta do alimento consumido

menos a energia bruta das fezes (EF). A energia das fezes é constituída de dois

componentes que são a energia dos resíduos dos alimentos não digeridos (EFa) e a

energia metabólica (EFm), que consiste na energia proveniente da bile, escamações das

células da parede intestinal e de sucos digestivos (SIBBALD, 1982). Na ED a energia

fecal de origem endógena (metabólica) não é descontada.

Na formulação de rações para aves a ED não é utilizada, pois a mesma não é

usualmente determinada devido à dificuldade de separar as fezes da urina que são

excretadas juntas.

Para aves utiliza-se a energia metabolizável que segundo Mello et al. (2009) é

considerada uma estimativa da energia dietética que está disponível para ser

metabolizada pelo tecido animal. A energia metabolizável aparente (EMA) dos

alimentos é definida como sendo a diferença entre a EB do alimento consumido menos

a EB excretada nas fezes, urina e gases da digestão. Nas aves, a energia perdida na

forma de gases é insignificante e pode ser ignorada.

A energia da urina apresenta três partes que são a energia de origem alimentar

não utilizada (EUa), a energia endógena (EUe) originada de subprodutos nitrogenados

dos tecidos em renovação e a energia metabólica proveniente dos subprodutos

nitrogenados da utilização de nutrientes (SIBBALD, 1982).

A energia metabolizável aparente corrigida (EMAn) difere da EMA pela

correção associada ao balanço de nitrogênio. A origem da correção deve-se ao fato de

que a proteína retida no organismo e consequentemente não catabolizada até os

produtos de excreção nitrogenados, não contribui para a energia das fezes mais urina.

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Aves de diferentes graus de retenção nitrogenada, consequentemente, tem diferentes

valores para energia excretada, para uma mesma digestibilidade do alimento.

Foi convencionado que para a tabulação da EMA dos alimentos seria usada a

EMA em situação de retenção zero de nitrogênio, mais próximas do medido em animais

adultos e em mantença. Portanto, há necessidade de correção quando a medição é

realizada em aves com balanço positivo de nitrogênio, como naquelas em crescimento,

por exemplo, e também quando este balanço for negativo. Esta é a forma mais comum

de energia utilizada na formulação de rações para aves (PENZ JR et al., 1999).

A energia metabolizável verdadeira (EMV) é a energia bruta do alimento

consumido menos a energia bruta da excreta, corrigida pelas perdas de energia fecal

metabólica e urinária endógena. Quando se faz referência à energia metabolizável

verdadeira corrigida (EMVn) está se fazendo referencia à EMV corrigida pelo balanço

de nitrogênio.

Energia líquida (EL) é a energia metabolizável menos a energia perdida como

incremento calórico (IC). Pode incluir a energia usada só para mantença (ELm) e/ou a

energia usada para mantença e produção (ELm + ELp). A ELm é muito próxima da

produção basal de calor, que é medida com animais em jejum, em conforto térmico,

num calorímetro. Já a ELp pode ser medida diretamente com a determinação, como a

energia retida como produção animal, ou seja, basicamente, a energia bruta dos

componentes do ganho de peso e da produção de ovos.

Segundo Matterson et al. (1965), os valores de EM dos alimentos são a forma

mais utilizada no cálculo de rações para aves em razão de ser pouco influenciada pelo

balanço nutricional, além das variações comuns ao método serem de fácil determinação.

Aspectos que interferem nos valores de energia metabolizável

O valor de energia metabolizável dos alimentos pode sofrer influencia de

diversos fatores, os quais podem ser inerentes ao animal, ao alimento e ao método

utilizado.

O avanço da idade em aves promove mudanças naturais em suas atividades

enzimáticas, assim como modificações na taxa de passagem do alimento pelo trato

digestório. Desta forma, aves mais velhas apresentam sistema digestório completamente

desenvolvido e maior tamanho do trato digestivo, fato que possibilita maior

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permanência dos alimentos em contato com as enzimas digestivas e secreções gástricas,

fazendo com que o alimento seja melhor aproveitado. Ao contrario das aves adultas, as

mais jovens não apresentam o sistema digestório completamente desenvolvido,

resultando em uma menor capacidade de digestão e absorção de nutrientes,

principalmente para gorduras, resultado da baixa secreção de lipase e sais biliares

(BRUMANO et al., 2006). Sakomura et al. (2004a) observaram que o aproveitamento

da energia dos alimentos foi afetado pela idade das aves em função da dependência da

produção das enzimas digestivas. Segundo Nascimento et al. (2002), aves adultas

parecem utilizar mais energia que aves jovens, para determinados alimentos, pois alguns

nutrientes são melhor metabolizados por elas.

Mello et al. (2009) realizaram ensaios de metabolismo com a finalidade de

determinar a EMA e a EMAn de alguns alimentos em aves em diversas idades.

Verificaram que os valores de EMA e EMAn do farelo de soja, do sorgo, do farelo de

arroz integral, das farinhas de penas e do plasma sanguíneo aumentam de acordo com a

idade das aves. Segundo os autores, ao formular rações para aves, deve-se considerar

que os valores energéticos dos alimentos diferem em cada idade.

Calderano et al. (2010) trabalhando com frangos em diversas fases de criação,

testou o farelo de soja 45%, farelo de soja 48%, soja integral extrusada, soja integral

desativada, soja integral micronizada, farinha de soja desativada, concentrado proteico

de soja, farelo de glúten de milho 21% e gérmen de milho e observou melhora

significativa nos valores de EMAn com o aumento da idade das aves. Os autores

relatam que a variação dos resultados observados, bem como daqueles encontrados na

literatura, mostram que a adoção de um único valor de EM para todas as idades pode

levar à utilização de valores superestimados, principalmente para aves nas primeiras

semanas de idade.

De acordo com Araújo et al. (2011), a espécie estudada também é fonte de

diferenciação dos valores energéticos mesmo para alimentos convencionais. As dietas

destinadas à alimentação de codornas são frequentemente balanceadas empregando-se

valores de energia metabolizável que de acordo com Rostagno et al. (2011), foram

determinados com pintos, galos e galinhas poedeiras. Contudo, essa pode ser

considerada uma extrapolação incorreta (MURAKAMI; FURLAN, 2002; ROSTAGNO

et al., 2011), pois codornas possuem maior taxa de passagem dos alimentos no trato

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digestivo e maior proporção do aparelho digestivo em relação ao peso corporal. Esse

fato pode gerar diferenças na digestibilidade, no aproveitamento e na determinação do

valor energético dos alimentos. De acordo com Silva e Costa (2009) e Rostagno et al.

(2011), recomenda- se 2.800 kcal de EM/kg de ração para codornas japonesas em fase

de produção, enquanto que para poedeiras comerciais, Rostagno et al. (2011)

publicaram diferentes exigências energéticas em função do peso (leves e semipesadas) e

outras características, com variações de 2.800 a 2.900 kcal/kg de ração.

O consumo de alimentos também pode influenciar os valores de EM. Borges et

al. (2004) conduziram um trabalho com o objetivo de avaliar o efeito dos níveis de

consumo de alimentos (25 e 50 g) sobre os valores de EM para frangos de corte e

verificaram que os valores de EMA e EMAn foram superiores nos níveis de maior

consumo. Isso se deve ao fato de que quando o consumo é alto a influência das perdas

endógenas e metabólicas diminui, enquanto que quando o consumo é baixo, as perdas

podem reduzir a EMA. Silva et al. (2006) comentaram existir uma relação inversa em

baixos níveis de consumo, onde o aumento de perdas endógenas e metabólicas em

relação a este resulta em diminuição dos valores de EMA e EMAn.

O nível de substituição de um alimento pode influenciar os valores de EMA,

dependendo do seu tipo. Nascimento et al. (2005) avaliando valores de energia

metabolizável das farinhas de vísceras e de penas com vários níveis de substituição dos

alimentos (5, 10, 20, 30 e 40%) para frangos de corte observaram que com o aumento

do nível de substituição das farinhas de vísceras e penas pela dieta referência, ocorreu

diminuição no valor energético das mesmas. Segundo Dolz e Blas (1992) apud

Nascimento et al. (2005), níveis mais altos de substituição podem subestimar o valor

energético do alimento, sobretudo em alimentos de baixa palatabilidade.

Soares et al.(2007) estudando o efeito da inclusão de farelo de amêndoa da

castanha de caju (FACC) sobre a utilização dos nutrientes da dieta de codornas

japonesas em postura verificaram que a digestibilidade do extrato etéreo (EE) e da EB e

os valores de EMA das dietas não foram influenciados pelos níveis de FACC.

Considerando que esse alimento é rico em EE e que a gordura foi igualmente digerida

pelas aves de todos os níveis de inclusão, é possível que o aumento da proporção de EE

nas dietas com FACC tenha promovido a manutenção dos valores de EM das dietas. De

acordo com Sakomura et al. (2004b), o efeito extra metabólico das gorduras melhora a

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eficiência energética, pois aumenta a energia líquida da dieta, em virtude de seu menor

incremento calórico.

A presença de fibra na alimentação pode promover modificações no

aproveitamento dos alimentos em função da idade das aves e de acordo com cada

espécie. De acordo com Generoso et al. (2008), com o avançar da idade as aves

apresentam um melhor aproveitamento da fibra em função do maior desenvolvimento

fisiológico do trato digestório, fato que favorece a metabolização da energia em aves

com mais idade aumentando o valor da EMA dos alimentos consumidos por elas.

Entre espécies, esta diversidade está associada à diferença no aproveitamento da

energia proveniente da fibra da ração, onde a variação do tempo de passagem do

alimento no trato digestório influencia nesse processo, chegando a durar de 3 a 5 horas

em galinhas e cerca de 1 a 1,5 hora em codornas, fazendo com que estas aproveitem

melhor a energia do que aquelas (SAKAMOTO et al., 2006). Observa-se também,

segundo Murakami e Ariki (1998) que o maior tamanho relativo do ceco de codornas

resulta em uma maior digestibilidade da fibra, contribuindo para o maior valor de

energia metabolizável dos alimentos fibrosos.

Deficiências de alguns nutrientes como aminoácidos, vitaminas, assim como

níveis de cálcio e fósforo podem influenciar os valores de energia determinados em

ensaios cujas rações testes não são corrigidas (COELHO, 1983 apud SOUZA, 2009).

Ávila et al. (2006) avaliando o efeito dos minerais e vitaminas da dieta sobre a

determinação da EMA e EMAn do farelo de soja verificaram que a ração que teve

correção da quantidade de cloreto de colina e dos premixes vitamínico e micromineral

apresentaram valores de EMA e EMAn maiores do que aquela sem correção. Esse

resultado provavelmente foi ocasionado pelo maior desbalanceamento em vitaminas e

microminerais, que determinou menor absorção e metabolismo de carboidratos e

lipídios e, consequentemente, gerou menores valores de EM.

De acordo com Brumano et al. (2006) o excesso de íons cálcio no lúmen

intestinal pode interferir na absorção das gorduras através da saponificação da gordura

do alimento, reduzindo sua utilização.

O método de determinação da EMA dos alimentos também influencia nos

valores encontrados. Borges et al. (2004) encontraram maiores valores de EMA do trigo

e seus subprodutos quando determinados pelo método tradicional de coleta total de

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excretas quando comparado com o método de alimentação forçada, concordando com

Nascimento et al. (2002) que ao avaliarem valores de EM de farinha de vísceras e de

penas encontraram maiores valores de EM pelo método tradicional. Além disso, o

período (número de dias) de coletas das excretas pode influenciar os valores de EM.

Importância da proteína bruta na alimentação animal

As proteínas são nutrientes orgânicos nitrogenados presentes em todas as células

vivas, portanto, essenciais à vida de todo animal. Do ponto de vista nutricional o que

distingue uma proteína de outra é o seu aporte de aminoácidos. São conhecidos 23

aminoácidos que compõem as proteínas, no entanto apenas 11 são considerados

dieteticamente essenciais (BERTECHINI, 2006).

O desempenho produtivo dos animais encontra-se dependente, assim como de

outros nutrientes, do suprimento de proteína na alimentação e sua ausência pode

promover a queda no desempenho.

As exigências de proteínas e aminoácidos variam de acordo com a taxa de

crescimento e a produção de ovos. Os aminoácidos obtidos a partir da proteína exercem

inúmeras funções como constituintes primários dos tecidos estruturais e de proteção,

como a pele, matriz óssea, ligamentos, tecidos dos órgãos, músculos e penas. Assim, os

aminoácidos e peptídeos resultantes dos processos de digestão e absorção dos alimentos

podem ser utilizados para várias funções metabólicas e como precursores de inúmeros

constituintes corporais não proteicos.

Níveis proteicos nas dietas de aves em crescimento influenciam diretamente o

ganho de peso, variável importante para que a ave chegue à maturidade sexual com uma

boa conformação, já que seu peso nesta fase está correlacionado diretamente com o seu

desempenho na postura (LIMA NETO et al., 2008) . De acordo com Barros et al.

(2006), a proteína é um nutriente crítico, que assegura a boa qualidade dos constituintes

internos do ovo, e por isso deve estar em níveis adequados e bem equilibrados nas

rações para poedeiras.

Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no

crescimento e produção de ovos, por conta do desvio de parte da proteína para funções

menos vitais, prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Já o seu

excesso pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer

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gasto extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO

FILHO et al., 2006). Segundo Freitas et al. (2006), o gasto energético na incorporação

de um aminoácido na cadeia proteica é estimado em torno de 4 mols de ATP e para

excreção de um aminoácido, são gastos de 6 a 18 mols de ATP, desviando assim, a

energia que deveria ser utilizada para manutenção e ganho corporal.

Portanto, o excesso de proteína, ou seja, além das necessidades do organismo é

desperdiçada com relação à sua função específica, tendo em vista que não poderá ser

armazenada (ANDRIGUETTO et al., 1990; DJOUVNOV; MIHAILOV, 2005;

BARROS et al., 2006).

De acordo com Leeson e Summers (1997) a produção de ovos aumenta

rapidamente quando se eleva o nível de energia metabolizável da dieta, ao passo que

níveis crescentes de proteína somente influenciam a produção de ovos quando o

consumo de energia é baixo. Entretanto, para Murakami (2002) a exigência de PB da

poedeira é usualmente considerada como estando diretamente relacionada com a

produção de ovos.

De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui correlação positiva

com o teor proteico da ração e o menor consumo de proteína pelas aves submetidas a

rações de altos níveis energéticos, resulta em menor produção de ovos.

Quanto ao tamanho do ovo, este é altamente dependente da ingestão diária de

proteína pelo fato das aves poedeiras terem pouca habilidade em estocar proteína e

desse modo, o nível de proteína bruta e o consumo de ração tem sido importantes para

controlar o consumo de proteína em função da produção de ovos (MURAKAMI, 2002).

Para Barreto et al. (2007), sabe-se que em condições de deficiência de proteína

na ração, o tamanho dos ovos tende a reduzir, enquanto a produção é mantida com o

objetivo de perpetuar a espécie.

Durante muitos anos, estudos na área da nutrição de aves avaliaram o

desempenho animal com base nos níveis de proteína bruta da ração. Entretanto, devido

o aumento nos custos de produção, associados ao encarecimento dos alimentos

utilizados como fontes proteicas na ração das aves, pesquisas passaram a avaliar as

exigências nutricionais das aves com relação aos níveis de aminoácidos essenciais.

Verificou- se que as aves não apresentam uma exigência específica para proteína bruta,

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mas para aminoácidos essenciais e não essenciais, sendo estes últimos sintetizados a

partir de nitrogênio não específico.

De acordo com Goulart (2010), os aminoácidos não essenciais são assim

chamados em razão de serem sintetizados no organismo das aves a partir de precursores

nitrogenados e não terem que necessariamente ser fornecidos na dieta. No entanto, são

tão importantes ao bom funcionamento do organismo quanto os aminoácidos essenciais

e em caso de deficiência de aminoácidos não essenciais na dieta, aminoácidos essenciais

são utilizados para a sua síntese.

De acordo com Peganova e Eder (2003), pensava-se numa progressiva redução

nos níveis de proteína da dieta, no entanto alguns aminoácidos não essenciais precisam

estar presentes para suprir funções metabólicas primárias. Os níveis de proteína bruta

devem ser suficientes para que a poedeira possa garantir um satisfatório “pool” de

nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais, assegurando também a

presença de aminoácidos essenciais através da utilização de aminoácidos industriais.

Vale ressaltar a importância de níveis de proteína e aminoácidos na dieta de poedeiras,

tendo em vista que o requerimento de proteína está associado com a taxa de produção e

tamanho dos ovos.

O balanceamento adequado de aminoácidos e de proteína para aves é de

fundamental importância, seja pelo peso da proteína no custo total da formulação, seja

pelo resultado esperado em função dos níveis de aminoácidos empregados.

A formulação de dietas com base em aminoácidos digestíveis já é consagrada

pelos nutricionistas e facilitada pela disponibilidade de aminoácidos industriais.

Entretanto, deve ser utilizada certa quantidade de proteína bruta nas dietas, em função

da importância também dos aminoácidos não essenciais (VASCONCELLOS et al.,

2010).

Influência da energia metabolizável sobre o desempenho de codornas de corte

No Brasil, as dietas para codornas de corte são formuladas de acordo com o

NRC (1994), com informações muito antigas e dados determinados com espécies

diferentes da codorna de corte. Outras vezes, são utilizadas as exigências de frangos de

corte, situações que comprometem o desempenho produtivo das codornas quando

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consomem dietas cujos valores de energia metabolizável são diferentes de suas

exigências.

As tabelas disponibilizadas no NRC (1994) são para codorna japonesa (Coturnix

coturnix japonica) e para codorna americana (Bobwhite quail). Para a primeira sugere-

se 2.900 kcal de EM/kg de ração na fase de crescimento e reprodução e para a segunda

o nível recomendado é 2.800 kcal de EM/kg para todas as fases de vida. Contudo,

atualmente dispomos de um compilado de informações na literatura de Silva e Costa

(2009) onde estes recomendam níveis diferentes de energia metabolizável para cada

fase de criação de codornas pesadas, sugerindo 2.900 kcal de EM/kg para a fase de 1 a

21 dias, 3.050 kcal de EM/kg para a fase de 21 a 42 dias, para o período total (1 a 42

dias) o nível de 2.950 kcal de EM/kg e para a fase de postura 2.800 kcal de EM/kg.

Verifica-se a necessidade de mais pesquisas para determinação das exigências

nutricionais para as codornas nas condições tropicais brasileiras, entretanto poucos e

esparsos estudos foram realizados no Brasil para estimar as exigências de linhagens

pesadas em crescimento (SILVA; COSTA, 2009).

A escassez de pesquisas é um dos fatores que limita a exploração racional para a

produção de carne, embora para codornas de postura já existam mais informações na

literatura sobre os requerimentos nutricionais. De acordo com Martins (2002), são

poucas as instituições nas quais se utiliza este tipo de ave e a variação do material

genético existente no mercado consiste em uma das barreiras no desenvolvimento dessa

atividade.

Freitas et al. (2006) avaliaram níveis de proteína (20, 22, 24 e 26%) e energia

metabolizável (2.565, 2.715, 2.865 e 3.015 kcal/kg) sobre o desempenho de codornas de

corte no período de 1 a 42 dias e sugeriram que as rações podem ser formuladas com

2.865 kcal de EM/kg. O consumo de ração foi influenciado apenas pelo nível

energético, diminuindo linearmente com o aumento do nível de EM da ração,

concordando com Rezende et al. (2004), Ton et al. (2011) e Veloso et al. (2012). De

acordo com os autores, os animais tendem a regular o consumo de ração de forma a

ingerir quantidades constantes de energia, por isso alteram o consumo de ração de

acordo com o nível energético. Os resultados obtidos nessa pesquisa indicam que as

codornas de corte se alimentaram para satisfazer, primeiramente, suas exigências de

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energia, comportamento semelhante ao de frangos de corte. Estas informações também

corroboram com a teoria quimiostática da ingestão de alimentos (ÁVILA et al., 2003).

Entretanto, nem sempre o mecanismo regulador do consumo é eficiente

(OLIVEIRA et al., 2002; FREITAS et al., 2006; MENDONÇA et al. 2008). Mendonça

et al. (2007) estudando níveis de energia metabolizável (2.600, 2.750, 2.900, 3.050 e

3.200 kcal de EM/kg) e relações energia: proteína para aves de corte em crescimento (1

a 21 dias) observaram redução no consumo de ração com o aumento da densidade

energética, entretanto verificou-se aumento da ingestão de energia com os maiores

níveis de energia na ração. Segundo os autores, isso pode ser consequência das aves

jovens não regularem o consumo de energia tão bem como as aves adultas, desta forma

a ingestão de energia metabolizável aumenta ligeiramente com o nível energético da

ração.

Em um trabalho avaliando as exigências de lisina digestível e de energia

metabolizável (2.800, 2.900, 3.000 e 3.100 kcal/kg de ração) para codornas de corte em

crescimento (4 a 35 dias), Ton et al. (2011) verificaram que o peso corporal e o ganho

de peso foram influenciados apenas pelos níveis de lisina. Segundo os autores, isso

ocorre por conta da grande importância do aminoácido no desenvolvimento muscular

das aves, sendo a lisina mais importante do que a energia metabolizável na

determinação do desempenho de codornas de corte na fase de crescimento. De acordo

com Gonzáles e Sartori (2002), a taxa relativa de síntese proteica é maior no animal

jovem em crescimento, enquanto a taxa relativa de deposição de gordura é maior no

animal mais velho.

Contudo, pesquisas revelam efeito da energia sobre o ganho de peso de codornas

de corte, onde Freitas et al. (2006) e Oliveira et al. (2002) verificaram maior ganho em

aves que receberam ração com maiores níveis energéticos, em virtude da maior ingestão

de energia. Para Veloso et al. (2012), o maior ganho de peso associado aos mais altos

níveis energéticos indica a influência da energia sobre o desempenho de codornas nas

primeiras fases de crescimento em função de sua maior demanda energética para

aumento de tamanho corporal. Desta forma, a maior exigência energética pode estar

ligada à alta taxa de crescimento e, portanto, maior demanda metabólica, principalmente

para demanda de mantença das codornas.

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Scherer et al. (2011) verificaram diminuição linear do peso corporal e no ganho

de peso com o aumento dos níveis de energia metabolizável das rações. Esses resultados

foram atribuídos à redução no consumo de ração à medida que aumentou a densidade

energética. Desta forma, a redução no consumo como tentativa de manter o nível da

ingestão de energia resultou em menor ingestão dos demais nutrientes da ração,

considerando que os mesmos foram mantidos constantes. Sendo assim, podemos inferir

que apesar de a energia não exercer efeito direto sobre a deposição de proteína corporal,

a redução do consumo promovida pelo aumento da densidade energética pode

proporcionar alterações na ingestão de nutrientes associados à formação de massa

muscular, como a proteína e aminoácidos, por exemplo.

O controle da ingestão de energia é importante não somente por seu efeito na

taxa de crescimento, mas também pelos efeitos negativos da ingestão em excesso, que

deprecia a qualidade da carcaça pelo maior acúmulo de gordura (LEESON et al., 1996).

Isso ocorre porque o excesso de energia metabolizável na ração pode exercer

influência sobre a porcentagem de gordura na carcaça das aves. Ton et al. (2011)

verificaram que o rendimento da gordura abdominal (%) aumentou com o aumento dos

níveis de energia na ração. Scherer et al. (2011) observaram que o aumento dos níveis

de energia promoveu aumento no teor de extrato etéreo dos cortes de codornas e maior

deposição de gordura na carcaça. De acordo com Kessler et al. (2000) apud Mendonça

et al. (2007), a quantidade de gordura depositada é diretamente proporcional à

quantidade de energia disponível para síntese, portanto, a energia consumida em

excesso está correlacionada com a deposição de lipídeos na maioria dos animais.

Mendonça et al. (2008) avaliando níveis de energia metabolizável (2.900, 3.000

e 3.100 kcal/kg) para machos de corte de crescimento lento observaram que o aumento

dos níveis de energia promoveram redução no consumo de ração, aumento da ingestão

de energia metabolizável e maior deposição de gordura na carcaça. Esse efeito pode ser

atribuído principalmente à maior ingestão de EM com o aumento da energia da ração, o

que promoveu excedente de energia além da mantença e deposição de tecido, que foi

depositado como gordura (MENDONÇA et al., 2008). Observou-se com estes

resultados, a tendência de haver retenção de energia na forma de gordura quando há

aumento no consumo de energia da dieta.

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Corrêa et al. (2005) entretanto, não verificaram variações no peso e rendimento

de gordura abdominal na carcaça de codornas europeias (7 a 42 dias) ao avaliarem

diferentes níveis de proteína (22, 24, 26 e 28%) e energia metabolizável (2.900 e 3.100

kcal/kg) nas rações. Segundo os autores, os níveis avaliados não foram suficientes para

promover alterações significativas nas carcaças de codornas de corte.

De acordo com Bertechini (2006), o aumento dos níveis de energia

metabolizável na ração de frangos de corte reduz o consumo alimentar e melhora a

conversão alimentar, porém aumenta a deposição de gordura na carcaça, efeito

prejudicial à qualidade da carcaça desses animais.

Rezende et al. (2004) observaram que o aumento no nível energético da ração

proporcionou melhoria na conversão alimentar quando houve um aumento de 2.900 kcal

de EM/kg para 3.000 kcal de EM/kg de ração. Níveis semelhantes de energia para

conversão alimentar foram obtidos também por Oliveira et al. (2002), Freitas et al.

(2006), Scherer et al. (2011) e Veloso et al. (2012), sugerindo 3.200, 2.865, 2.997 e

3.000 kcal de EM/kg de ração, respectivamente. De acordo com Mendonça et al. (2007),

as rações de alta energia são melhores em termos de conversão alimentar porque é

necessário menos alimento para satisfazer a exigência energética da ave.

Influência da energia sobre o desempenho, produção e qualidade de ovos de

codornas de postura

Estudos no Brasil para determinação das exigências de energia metabolizável

para codornas em fase de produção foram conduzidos inicialmente por Murakami et al.

(1993), e em seguida pela literatura internacional através do NRC (1994) que publicou a

última edição da tabela com informações obtidas até a metade da década de oitenta

(SILVA et al., 2011).

São informações com dados obtidos há muito tempo e possivelmente não

condizem com a realidade atual das exigências destas aves, tendo em vista que

mudanças importantes nos requerimentos nutricionais aconteceram ao longo dos anos.

Além disso, devido à escassez de dados científicos para a elaboração das tabelas do

NRC (1994), foram utilizadas naquela época, algumas informações nutricionais de

outras espécies e ajustadas para codornas japonesas, fato que prejudica o desempenho

das aves por não serem estas as reais exigências para ótima resposta produtiva.

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A recomendação de energia metabolizável pelo NRC (1994) para codornas

japonesas em qualquer idade é 2.900 kcal/kg, enquanto que para Silva e Costa (2009)

recomendam níveis de 2.800 kcal/kg na fase de 1 a 21 dias, 3.050 kcal/kg de 21 a 42

dias e 2.800 kcal/kg na fase de postura. Rostagno et al. (2011) sugere 2.900 kcal/kg na

fase de cria e recria e 2.800 kcal/kg na fase de postura.

Observa-se que as recomendações de energia metabolizável para codornas de

postura nas diferentes fontes de pesquisa são relativamente próximas entre si, com uma

ressalva para os níveis, geralmente inferiores aos observados para codornas de corte,

situação que indica que codornas europeias, devido seu maior peso corporal e

metabolismo mais acelerado, necessitam de maior aporte energético diário para

manutenção de suas atividades vitais.

Apesar da aproximação entre os níveis de energia acima citados, mas avaliando

os diversos resultados de desempenho e produção verificados na literatura científica,

verifica-se que os níveis de energia metabolizável variam entre 2.600 e 3.150 kcal/kg

para codornas japonesas em postura. Essa diversidade obtida pode esta associada a

variações genéticas, climáticas e até mesmo experimentais, afetando de forma

expressiva o desempenho das codornas e influenciando provavelmente em alterações na

qualidade dos ovos.

Belo et al. (2000) avaliando níveis de energia metabolizável (2.600, 2.700,

2.800, 2.900 e 3.000 kcal de EM/kg) em rações de codornas japonesas na fase inicial de

postura verificaram que com a elevação da energia metabolizável ocorreu menor

consumo de ração e diminuição no peso de ovo, contudo a produção de ovos, conversão

alimentar e ingestão de energia metabolizável não foram influenciados pelos níveis

energéticos. Recomendou-se neste trabalho o uso de dietas contendo 2.600 kcal de

EM/kg.

Determinando níveis de proteína (16,18, 20, 22 e 24%) e energia metabolizável

(2.850, 2.950 e 3.050 kcal/kg) na alimentação de codornas japonesas em postura, Pinto

et al. (2002) não observaram efeito da energia sobre a taxa de postura, massa de ovo,

percentagem de casca e peso final das aves, mas houve efeito linear para peso do ovo e

consumo de ração, com recomendação de níveis de 2.850 kcal de EM/kg de ração.

Tarasewicz et al. (2006) avaliando três níveis de energia (kcal/kg) e proteína (%)

(2.794/21, 2794/19 e 2.538/17), mantendo as relações 133; 147 e 149, respectivamente,

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verificaram que quando se manteve a relação energia: proteína entre as dietas, a redução

proteica não influenciou o desempenho das aves, entretanto, a redução proteica sem

correção de energia metabolizável da dieta, diminui o ganho de peso e prejudica a

conversão alimentar.

Avaliando o efeito de diferentes níveis de proteína bruta (16, 18, 20 e 22%) e

energia metabolizável (2.585, 2.685, 2.785 e 2.885 kcal de EM/kg) na dieta sobre o

desempenho de codornas de postura, Freitas et al. (2005) verificaram redução no

consumo de ração e da ingestão de proteína com o aumento dos níveis de energia,

porém com manutenção constante da ingestão de energia. A energia não influenciou a

produção de ovos, conversão alimentar e ganho de peso, mas alterou o peso e massa de

ovo, diminuindo nos maiores níveis energéticos. De acordo com os autores, as rações

para codornas na fase de postura podem ser formuladas com 2.585 kcal de EM/kg, o

que corresponde a um consumo de 66 kcal de EM/ave/dia.

Estudando o efeito de níveis nutricionais de energia (2.650, 2.750, 2.850, 2.950 e

3.050 kcal de EM/kg) sobre o desempenho e a qualidade de ovos de codornas europeias

na fase inicial de postura, Barreto et al. (2007a) verificaram que o aumento dos níveis

de energia na ração ocasionou redução linear do consumo de ração e do peso de ovo, de

gema e de albúmen e melhora linear da conversão alimentar (por massa e por dúzia de

ovos) e de eficiência da utilização de energia para produção de uma dúzia de ovos.

Verificou-se comportamento quadrático para a produção de ovos, indicando maior

produção em aves alimentadas com ração contendo 2.900 kcal de EM/kg. Não houve

efeito significativo para o consumo de energia, massa de ovo, peso de casca e ganho de

peso corporal. Nesta pesquisa foi recomendado 3.050 kcal/kg para melhor conversão

alimentar por massa e por dúzia ou 2.900 kcal/kg para melhor produção de ovos.

Moura et al. (2008) avaliando dietas de diferentes densidades energéticas (2.900,

2.800, 2.700, 2.600 e 2.500 kcal de EM/kg) mantendo constante a relação energia

metabolizável: nutrientes para codornas japonesas em postura, verificaram que a

redução dos níveis de energia promoveu um aumento do consumo de ração e piora da

conversão alimentar por massa e por dúzia de ovos, não havendo influência dos níveis

de energia sobre a produção de ovos, ingestão de energia, eficiência energética por

massa e por dúzia de ovos e ganho de peso das aves.

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Avaliando níveis de energia metabolizável (2.650, 2.750, 2.850, 2.950 e 3.050

kcal de EM/kg) para codornas japonesas na fase inicial de postura, Barreto et al.

(2007b) observaram que o aumento dos níveis de energia promoveram redução linear do

consumo de ração, do peso de ovo e de gema, melhora da conversão alimentar e efeito

quadrático nos pesos de albúmen, de casca e da massa de ovo. Os autores

recomendaram o nível 2.650 kcal/kg para melhores resultados de desempenho e

produção de ovos.

Moura et al. (2010) estudando os efeitos da redução da densidade energética

(2.900, 2.800, 2.700, 2.600 e 2.500 kcal de EM/kg) de dietas sobre as características do

ovo de codorna japonesa verificaram que a redução dos níveis energéticos promoveu

aumento do consumo de ração mas nenhum efeito foi verificado para ingestão de

energia metabolizável e de proteína, produção de ovos, peso e massa de ovo, peso e

percentagem de gema, albúmen e casca. Os níveis 2.800 e 2.900 kcal de EM/kg foram

sugeridos, mantendo a mesma relação EM: nutrientes da dieta, quando o objetivo for a

qualidade de ovo.

A maioria dos autores citados justifica a variação do consumo de ração que

ocorre em função da variação dos níveis energéticos, como estando associada à

capacidade das codornas em regular a ingestão de ração de acordo com suas

necessidades energéticas.

Desta forma, aves alimentadas com ração contendo excesso de energia

possivelmente reduzem o consumo de ração na tentativa de regular a ingestão de

energia (kcal/ave/dia), até o ponto em que suas necessidades energéticas sejam

atendidas. Entretanto, este comportamento ingestivo pode vir a comprometer o consumo

de nutrientes presentes na dieta, caso estes não venham a manter uma relação com a

energia (relação energia: nutriente).

De acordo com Murakami et al. (1993), para codornas também é possível aplicar

a teoria quimiostática, baseada no conceito de que as aves regulam seu consumo de

acordo com as necessidades energéticas, contudo, outros fatores também podem

influenciar o consumo, como a necessidade da ave, peso corporal, fase de postura, o

crescimento, mantença e o ambiente de criação.

O ganho de peso e o peso corporal final das aves, em alguns casos (PINTO et al.,

2002; BARRETO et al., 2007ab; FREITAS et al., 2005; MOURA et al., 2008) não são

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influenciados pelos níveis energéticos da ração, geralmente, em situações onde há o

controle da ingestão de energia metabolizável pela ave. Ocorre que, o ajuste do

consumo de ração em benefício do equilíbrio da ingestão diária de energia

possivelmente controla as variações significativas do peso corporal, considerando que o

peso da ave depende principalmente do consumo de energia. Segundo Freitas et al.

(2005), o ajuste do consumo de ração em função dos níveis de energia contribui para

que a ingestão de energia não varie e como consequência, o ganho de peso não varia

com o aumento dos níveis de energia da ração, uma vez que esta variável depende da

ingestão, principalmente dos níveis de energia para ser alterada.

Pesquisas corroboram com a ideia da influência da energia metabolizável sobre

o peso de ovos de codornas. De acordo com a literatura, os resultados verificados por

Pinto et al., 2002; Freitas et al., 2005 e Barreto et al., 2007a, o peso do ovo depende da

ingestão diária de proteína e em caso de deficiência deste nutriente, o tamanho dos ovos

tende a reduzir, enquanto que a produção é mantida constante com o objetivo de

perpetuar a espécie (BARRETO et al., 2007a). Desta forma, a redução do consumo

ocasionada pelo aumento da densidade energética pode interferir na ingestão de proteína

e aminoácidos necessários à formação de componentes do ovo, influenciando o seu

peso.

Trabalhos avaliando as porções (gramas ou porcentagem) dos constituintes dos

ovos, como gema (BARRETO et al., 2007ab) , albúmen (BELO et al., 2000;

BARRETO et al., 2007ab; COSTA et al., 2004) e casca (MURAKAMI et al., 1993;

BELO et al., 2000; COSTA et al., 2004) verificaram que estes podem ser influenciados

pelos níveis energéticos da dieta, considerando que na tentativa de ajustar o consumo de

ração em função de suas necessidades energéticas, a ingestão de ingredientes presentes

na ração pode ser prejudicada e os nutrientes necessários à formação destes constituintes

sejam insuficientes a ponto de prejudicar os componentes formadores do ovo. Contudo,

há trabalhos que contradizem os resultados obtidos, como Costa et al. (2004) e

Tarasewicz et al. (2006) para gema, Pinto et al. (2000) para casca, Moura et al. (2010)

para gema, albúmen e casca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO II

Determinação da proteína bruta na alimentação de codornas japonesas e

europeias

EXPERIMENTO 1

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Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix

coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade

RESUMO

O trabalho teve como objetivo determinar o melhor nível de proteína bruta para

codornas japonesas nas fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Nos dois experimentos

foram utilizadas 300 codornas em um delineamento inteiramente casualizado com cinco

tratamentos, seis repetições com dez aves por unidade experimental. Na fase de 1 a 21

dias foram utilizados os níveis de 19, 22, 25, 28 e 31% de proteína bruta e na fase de 21

a 42 dias utilizou-se os níveis de 16, 19, 22, 25 e 28% de proteína bruta. As rações

foram formuladas para serem isoenergéticas. Na fase de 1 a 21 dias, foi verificado efeito

quadrático para consumo de ração, ingestão de energia e concentração sérica de ácido

úrico e linear para ganho de peso, conversão alimentar e ingestão de proteína. Para a

fase de 21 a 42 dias, houve efeito quadrático para consumo de ração, ganho de peso e

ingestão de energia e linear para conversão alimentar, ingestão de proteína,

concentração sérica de ácido úrico e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio.

Recomendam-se os níveis 31% e 22% de proteína bruta para as fases de 1 a 21 e 21 a 42

dias, respectivamente.

Palavras-chave: ácido úrico, conversão alimentar, desempenho, digestibilidade

Nutritional requirement of crude protein for japanese quail (Coturnix coturnix

japonica) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days

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36

ABSTRACT

The study aimed to determine the best level of crude protein in phase 1 to 21 and 21 to

42 days old. In both experiments we used 300 quails in a completely randomized design

with five treatments, six replicates with ten birds each. From 1 to 21 days were used

levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein and the phase used 21 to 42 days the levels

16, 19, 22, 25 and 28% crude protein . Diets were formulated to be isocaloric. From 1 to

21 days, was observed quadratic effect on feed intake, energy intake and serum uric acid

and linear weight gain, feed conversion and protein intake. For the period from 21 to 42

days, there was a quadratic effect on feed intake, weight gain and linear energy intake

and feed conversion, protein intake, serum uric acid and digestibility of uric acid. It is

recommended to 31% for stage 1 to 21 days and 22% for the period from 21 to 42 days.

Keywords: uric acid, feed conversion, performance, digestibility

INTRODUÇÃO

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A coturnicultura se destaca, atualmente, como uma das principais atividades

avícolas no cenário do agronegócio brasileiro. O franco desenvolvimento da atividade é

reforçado pela maior participação de grandes empresas avícolas, que aperfeiçoam as

técnicas de manejo e investem em modernas instalações, o que possibilita alojar um

número cada vez maior de aves em um mesmo galpão (BERTECHINI et al., 2002).

Além disso, o melhoramento genético e a nutrição animal caminham na busca por

linhagens mais produtivas e formulações mais adequadas às exigências nutricionais das

codornas japonesas (MOURA et al., 2007).

No Brasil o objetivo principal da coturnicultura é a produção de ovos sendo essa

a principal finalidade da criação de codornas japonesas. Para que estas alcancem

excelentes índices de produção de ovos na fase adulta, necessitam ainda na fase de

crescimento (1 a 42 dias), de nutrientes em quantidade e qualidade adequados, para o

atendimento de suas exigências nutricionais.

A proteína bruta (PB) é um nutriente crítico na alimentação de aves, por

influenciar diretamente o crescimento e desenvolvimento de codornas japonesas na fase

inicial. Níveis proteicos nas dietas de aves em crescimento influenciam diretamente o

ganho de peso, variável importante para que a ave chegue à maturidade sexual com uma

boa conformação, já que seu peso nesta fase está correlacionado diretamente com o seu

desempenho na postura (LIMA NETO et al., 2008).

As exigências de proteína bruta ao longo da fase de crescimento variam em

função da necessidade fisiológica das codornas japonesas, de forma que o ganho de

peso sofre uma desaceleração com o avançar da idade, e assim as codornas jovens

exigem maior nível de proteína na ração e apresentam maior eficiência no

aproveitamento dos nutrientes para ganho de peso em relação às aves em idade próxima

à maturidade (JORDÃO FILHO, 2008).

Poucas pesquisas com dados recentes sobre as atuais exigências em proteína

bruta, para codornas japonesas na fase de crescimento, são encontradas na literatura

científica. Portanto, são necessários mais estudos sobre essas reais necessidades, tendo

em vista sua grande importância nutricional no crescimento das codornas.

Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar o nível de proteína bruta para

as fases 1 a 21 e 21 a 42 dias, sobre o desempenho de codornas japonesas.

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, no período de

05/06/2010 a 26/06/2010 para a fase de 1 a 21 dias, e 26/06/2010 a 17/07/2010 para a

fase de 21 a 42 dias de idade. Foram utilizadas 300 codornas japonesas de 1 dia de idade

para a fase de 1 a 21 dias e paralelo a estas, foram criadas outras 300 codornas até

atingirem 21 dias de idade para que fosse dado início à fase experimental de 21 a 42

dias. Nas duas fases de criação, as aves foram alojadas em boxes dotados de

aquecimento, em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e

seis repetições de 10 aves por unidade experimental. O peso inicial das aves na fase 1 a

21 dias foi de 7,54 ± 0,08g e na fase de 21 a 42 dias foi de 89,05 ± 0,39g.

Os tratamentos consistiram de uma ração basal composta por milho e farelo de soja,

formulada segundo as recomendações de Silva e Costa (2009) para cada fase de

criação, exceto para os níveis de proteína bruta (PB), onde os tratamentos da fase de

1 a 21dias (Tabela 1) foram constituídos por 19, 22, 25, 28 e 31% de PB e na fase de

21 a 42 dias (Tabela 2) por 16, 19, 22, 25 e 28% de PB.

As dietas foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e suplementadas

com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL e L-treonina, atendendo

ou excedendo as recomendações dos aminoácidos essenciais. Todas as dietas foram

isoenergéticas, seguindo as recomendação de Silva e Costa (2009) para exigências

nutricionais. Os dados de composição de alimentos foram baseados segundo

Rostagno et al. (2005) e as análises realizadas no Laboratório de Nutrição

Animal/DZ/UFPB.

Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho

de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de

proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido

úrico (mg/dL).

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Além dos parâmetros anteriormente citados, na fase de 21 a 42 dias foram avaliados

também o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) e retenção de

nitrogênio (g/ave/dia).

Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas

na fase de 1 a 21 dias

Níveis de proteína bruta (%)

19 22 25 28 31

Ingredientes

Milho 66,112 58,961 50,858 40,399 29,989

Soja 45% 27,645 36,509 42,365 51,222 60,003

Farinha de carne e ossos 40% 0,000 0,000 3,275 3,152 3,032

Óleo de soja 0,000 0,691 1,830 3,656 5,468

Calcário 1,230 1,216 0,688 0,686 0,685

Fosfato bicálcico 1,174 1,119 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,542 0,543 0,487 0,492 0,498

Dl- metionina 0,281 0,203 0,134 0,069 0,004

L-treonina 0,281 0,149 0,040 0,000 0,000

L - lisina HCL 0,453 0,180 0,000 0,000 0,000

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 1,959 0,107 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 19 22 25 28 31

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900

Relação EM:PB 152,63 131,81 116 103,57 93,55

Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850 0,850

Cloro (%) 0,410 0,411 0,396 0,398 0,400

Potássio (%) 0,707 0,848 0,955 1,085 1,215

Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240

Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320 0,320

Arginina dig.(%) 1,123 1,381 1,624 1,867 2,107

Isoleucina dig. (%) 0,702 0,854 0,971 1,113 1,254

Lisina dig.(%) 1,190 1,190 1,234 1,437 1,638

Leucina dig. (%) 1,527 1,742 1,910 2,091 2,270

Met.+cist.dig. (%) 0,800 0,799 0,800 0,800 0,800

Metionina dig. (%) 0,537 0,501 0,468 0,439 0,410

Treonina dig.(%) 0,870 0,870 0,870 0,943 1,051

Triptofano dig.(%) 0,189 0,235 0,268 0,312 0,356

Valina dig.(%) 0,763 0,909 1,035 1,168 1,300

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg. ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Colistin;

6Areia lavada

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Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas

na fase de 21 a 42 dias

Níveis de proteína bruta (%)

16 19 22 25 28

Ingredientes

Milho 76,650 69,284 58,081 47,529 37,152

Soja 45% 15,568 24,629 34,419 43,415 52,150

Farinha de carne e osso 40% 3,397 3,229 3,090 2,965 2,845

Óleo de soja 0,000 0,757 2,804 4,657 6,451

Calcário 0,529 0,541 0,541 0,539 0,537

Fosfato bicálcico 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,479 0,483 0,489 0,494 0,500

Dl- metionina 0,293 0,215 0,142 0,075 0,040

L-treonina 0,370 0,237 0,102 0,000 0,000

L - lisina HCL 0,574 0,298 0,008 0,000 0,000

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

Antibiotico5 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005

Inerte6 1,814 0,000 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 16 19 22 25 28

Energia Metabolizável

(kcal/kg) 3.050 3.050 3.050 3.050 3.050

Relação EM:PB 190,62 160,52 138,63 88,51 108,93

Cálcio (%) 0,750 0,750 0,750 0,750 0,750

Cloro (%) 0,392 0,394 0,396 0,398 0,399

Potássio (%) 0,540 0,683 0,829 0,962 1,090

Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240

Fósforo disponível (%) 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300

Arginina dig.(%) 0,863 1,122 1,391 1,638 1,877

Isoleucina dig. (%) 0,525 0,678 0,836 0,980 1,120

Lisina dig.(%) 1,050 1,050 1,050 1,249 1,449

Leucina dig. (%) 1,301 1,518 1,721 1,906 2,084

Met.+cist.dig. (%) 0,740 0,740 0,740 0,740 0,768

Metionina dig. (%) 0,508 0,473 0,440 0,410 0,410

Treonina dig. (%) 0,820 0,820 0,820 0,838 0,945

Triptofano dig. (%) 0,132 0,178 0,227 0,272 0,315

Valina dig. (%) 0,609 0,756 0,904 1,040 1,171

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Estafac;

6Areia lavada

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41

Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho de

peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração foi

determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de peso

foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A

conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o

ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da

quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração

ingerida.

A retenção de nitrogênio e o CDN foram determinados pelo método de coleta total

de excretas segundo metodologia de Matterson et al. (1965), com uma duração de 4

dias. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia (08:00 h e 16:00 h) e

acondicionadas em “freezer” para posterior determinação de N em laboratório, de

acordo com Silva e Queiroz (2002). O cálculo da retenção de nitrogênio foi feito

através da diferença entre o N ingerido e o N excretado.

A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade

da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último

dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi

estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através

de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as

instruções do fabricante.

Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas das

exigências foram determinadas pelos modelos de regressão polinomial. No modelo

quadrático as exigências de proteína bruta foram obtidas por derivação das equações e

corresponderam ao nível que maximizou a variável dependente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram

26ºC e 19,6ºC, respectivamente, e a umidade relativa 85%. Na fase de 1 a 21 dias de

idade, foi verificado efeito quadrático para consumo de ração, ingestão de energia e

concentração sérica de ácido úrico, com máximos valores em 26,25; 26,12 e 25,55% de

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42

PB. Observou-se efeito linear crescente para ganho de peso e ingestão de proteína e

decrescente para conversão alimentar.

Para o consumo de ração da fase de 1 a 21 dias de idade (Tabela 3), houve um

aumento até o nível 26,25% de proteína, reduzindo em seguida. Este resultado se

aproxima do recomendado por Silva e Costa (2009), onde os autores sugerem 25% de

proteína bruta em dietas para codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade.

Observa-se desta forma, que pode haver aumento do consumo de ração quando o nível

proteico desta é baixo, mas segundo Duke (1996), se for exageradamente alto ou baixo,

a ave terá melhor consumo em um nível intermediário, situação visualizada no presente

estudo.

Sabe-se que nos primeiros dias de vida, as codornas japonesas apresentam

exigências elevadas em proteína, pois chegam a aumentar o peso vivo em cerca de onze

vezes de 1 a 21 dias de idade, em função da hipertrofia, principalmente, dos músculos

peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras (Silva e Ribeiro, 2001 apud Silva et

al., 2004). Contudo, algumas pesquisas sugerem que o consumo de ração das aves não é

necessariamente controlado pelo nível de proteína bruta (GONZALES, 2002; COSTA

et al., 2004; FREITAS et al., 2006; VELOSO et al., 2012), mas pela sua qualidade, isto

é, da concentração e balanceamento dos aminoácidos.

Tabela 3.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de

ácido úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função

dos diferentes níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 19 22 25 28 31 CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)²** 9,67 9,99 10,27 10,14 9,92 1,10

Ganho de peso (g/ave/dia)¹** 3,60 3,67 3,72 3,93 4,05 1,44

Conversão alimentar (g/g)¹** 2,61 2,56 2,54 2,46 2,45 0,83

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 28,08 28,98 29,79 29,43 28,76 1,10

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 1,84 2,20 2,57 2,84 3,07 1,10

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)²* 2,55 4,39 4,36 3,88 3,43 18,56 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação

De acordo com Shirisvastav e Panda (1999) a qualidade da proteína é mais

importante que seu nível na ração. Entretanto, em razão dos efeitos da proteína na fase

inicial sobre o consumo e ganho de peso, o nível de PB da ração não deve ser

menosprezado (OLIVEIRA et al. 2001), pois diversas pesquisas apontam seu efeito

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sobre o desempenho e a mortalidade de codornas, principalmente nas primeiras fase de

vida (SILVA et al., 2006).

Para a ingestão de energia da fase de 1 a 21 dias, houve aumento até o nível

26,12% de proteína bruta da ração, com redução em seguida. A maior ingestão de

energia ocorreu praticamente no mesmo nível de maior consumo de ração, inferindo que

o consumo de ração exerceu influência direta sobre a ingestão de energia. Pesquisas

apontam a capacidade das aves de ajustar o consumo de ração em função de suas

necessidades energéticas, entretanto este comportamento regulador parece ser mais

evidente em aves adultas. De acordo com Mendonça et al. (2007), aves jovens não

regulam o consumo de energia tão bem como aves adultas, possivelmente por conta do

metabolismo acelerado nas primeiras semanas de vida, o que pode estar relacionado à

possibilidade de as aves ainda não digerirem eficientemente os lipídios nesta idade

(NASCIMENTO et al., 2004).

A ingestão de proteína da fase de 1 a 21 dias aumentou linearmente com os

níveis de proteína da ração, onde para cada 1% de aumento da proteína da ração houve

aumento de 0,103g na ingestão diária de proteína (Tabela 4).

Tabela 4.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na

fase de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y= 2,0529+0,6308x – 0,0122x² 0,97

Ganho de peso (g/ave/dia) Y= 2,8359 + 0,0383x 0,94

Conversão alimentar (g/g) Y= 2,8704 – 0,0138x 0,95

Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y= 5,9511+1,8294x – 0,0353x² 0,97

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y= 0,0929 +0,1039x 0,99

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= - 21,638 + 2,0441x – 0,04x² 0,84

Apesar do consumo de ração ter diminuído a partir de 26,25% de PB, a ingestão

diária de proteína aumentou linearmente com o aumento da proteína bruta da ração. Este

resultado está relacionado ao fato de que rações com maiores níveis de proteína

apresentaram mais proteína em 1g de ração e, assim, embora tenha havido menor

consumo de ração a partir de 26,25% de PB, essa redução não foi suficiente para

promover uma menor ingestão diária de proteína.

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Desta forma, as aves acabaram ingerindo mais proteína devido a essa maior

adição de PB na ração, colaborando possivelmente para o ganho de peso das codornas.

O resultado obtido no presente trabalho concorda com o observado por Silva et al.

(2001) com frangos de corte, que verificaram forte correlação negativa entre o consumo

de proteína e a relação energia: proteína.

O ganho de peso da fase de 1 a 21 dias das codornas apresentou efeito linear

crescente com o aumento dos níveis de proteína, indicando a influência da PB sobre o

desempenho nas primeiras fases de crescimento em codornas japonesas, em função de

sua maior demanda para aumento de tamanho corporal.

Este resultado concorda com os apresentados por Oliveira et al. (2002), que

testando cinco níveis de proteína (18, 20, 22, 24 e 26%) para codornas japonesas,

verificaram aumento do ganho de peso no período de 5 a 27 dias de idade com o

aumento dos níveis de PB da ração.

As aves na fase inicial apresentam alta síntese proteica e alta capacidade de

utilização de nutrientes, principalmente proteína (aminoácidos), para deposição de

massa magra. De acordo com Ton et al. (2011), o aumento do peso corporal e do ganho

de peso de codornas nas primeiras semanas de vida com o aumento dos níveis de lisina

na ração, está relacionado ao acelerado desenvolvimento muscular e esquelético das

codornas nesse período. De acordo com Gonzales e Sartori (2002), a taxa relativa de

síntese proteica é maior no animal jovem em crescimento, enquanto a taxa relativa de

deposição de gordura é maior no animal mais velho.

A conversão alimentar da fase de 1 a 21 dias melhorou linearmente com o

aumento dos níveis de proteína bruta na ração. De acordo com a equação de regressão,

cada 1% de aumento da PB promoveu uma redução de 0,013 pontos na conversão

alimentar. Este fato está associado possivelmente ao crescente ganho de peso observado

com o acréscimo de proteína na ração, juntamente com a redução do consumo de ração

a partir de 26,25% de PB.

A concentração sérica de ácido úrico aumentou até o nível 25,55% de PB e em

seguida diminuiu com o aumento dos níveis de proteína da ração. É possível que o

aumento linear da ingestão diária de proteína tenha contribuído para o aumento do ácido

úrico no sangue, entretanto este fato não prejudicou o aproveitamento da proteína para o

crescimento das aves nesta fase. De fato, após o nível 25,55% de PB, o ácido úrico

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diminuiu em concentração no sangue, sugerindo ter havido maior aproveitamento de

nitrogênio para síntese de massa muscular das codornas, atividade anabólica primordial

nessa fase de vida das aves.

Na fase de 21 a 42 dias de idade a média das temperaturas máxima e mínima

foram 25,2ºC e 18,6ºC, respectivamente, e umidade relativa 86%.

Houve efeito quadrático para o consumo de ração, ganho de peso e ingestão de

energia, com máximos resultados aos 22,23; 22,96 e 20,89% de PB (Tabela 5). Houve

efeito linear decrescente para conversão alimentar e coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio e crescente para ingestão de proteína e concentração sérica de ácido úrico.

Não foi verificado efeito significativo para retenção de nitrogênio.

Tabela 5.Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido

úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de

codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes

níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 16 19 22 25 28 CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)²** 15,95 16,19 16,37 16,30 15,56 2,26

Ganho de peso (g/ave/dia)²* 2,36 2,40 2,41 2,40 2,37 1,55

Conversão alimentar (g/g)¹* 6,75 6,74 6,74 6,60 6,56 2,81

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 48,65 49,29 49,80 49,50 47,45 2,25

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 2,55 3,07 3,59 4,14 4,35 2,27

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 1,36 2,03 2,10 3,01 2,89 34,53

Retenção de nitrogênio (g/ave/dia)³ 0,175 0,196 0,125 0,140 0,163 22,52

CDN (%)¹** 35,58 33,01 26,58 22,74 21,90 2,76 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CDN – coeficiente de digestibilidade

de nitrogênio; CV- coeficiente de variação

O consumo de ração na fase de 21 a 42 dias aumentou até o nível de 22,23% e

diminuiu em seguida. Este nível está próximo dos 22% de PB recomendado por Silva e

Costa (2009) para codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade.

Assim como na fase de 1 a 21 dias de idade, houve um aumento no consumo de

ração por conta dos menores níveis de proteína e ao atingirem determinado nível

proteico, as codornas reduziram o consumo de ração. Entretanto, Murakami et al. (1993)

avaliando níveis de proteína (20, 22, 24 e 26%) e energia metabolizável (2.800 e 3.000

kcal de EM/kg) em rações para codornas japonesas em crescimento (1 a 42 dias de

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idade), não verificaram efeito da proteína sobre o consumo de ração, somente da energia

metabolizável.

Concordando como Murakami et al. (1993), Freitas et al. (2006) ao avaliar o

efeito da PB sobre o desempenho de codornas de corte, sugeriram que para estas não há

muita influência da PB sobre o consumo de ração pois a possível ação da proteína não é

resultado apenas da quantidade de PB fornecida na ração, mas também da qualidade

(em relação aos aminoácidos) que esta ração contém. As informações de Freitas et al.

(2006) concordam com os resultados obtidos por Fridrich et al. (2005) e Veloso et al.

(2012), mas discordam de Oliveira et al. (2002) e Corrêa et al. (2007a), todos

trabalhando com codornas de corte.

O presente trabalho sugere que as codornas japonesas nas fases iniciais de vida

parecem responder aos níveis de proteína bruta da ração, aumentando o consumo nas

rações de níveis proteicos inferiores, e desta forma respondendo de maneira diferente ao

verificado em alguns dos trabalhos citados com codornas de corte e de postura. De

acordo com Chwalibog e Baldwin (1995), se o conteúdo proteico da ração é baixo, as

aves podem vir a aumentar o seu consumo alimentar para compensar parcialmente o

menor conteúdo em aminoácidos.

A ingestão de energia na fase de 21 a 42 dias acompanhou o comportamento

quadrático observado para o consumo de ração, obtendo maior consumo com 20,89% de

PB. Assim como na fase de 1 a 21 dias de idade, as codornas de 21 a 42 dias ingeriram

mais energia com o aumento dos níveis de proteína bruta da ração e ao atingirem um

nível intermediário de PB, reduziram a ingestão energética diária.

A regulação do consumo de ração para ajustar a ingestão de energia em função

das próprias necessidades energéticas parece não ser completamente eficiente em aves

jovens e em alguns casos em aves adultas também. De acordo com Mendonça et al.

(2007) isso pode ocorrer, uma vez que esse mecanismo de regulação não é

fisiologicamente perfeito e as aves acabam ingerindo maior quantidade de energia.

A ingestão de proteína aumentou linearmente (Tabela 6) com o aumento da

proteína bruta da ração, semelhante ao ocorrido na fase de 1 a 21 dias de idade. De

acordo com a equação de regressão, para cada aumento de 1% de PB na ração houve

aumento de 0,16g no consumo diário de proteína.

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Observa-se que, apesar da redução no consumo de ração a partir de 22,23%, as

aves mantiveram em constante ascensão o consumo de proteína diária, possivelmente

por conta da maior ingestão de proteína presente por grama de ração consumida.

Embora tenha havido redução no consumo de ração, esta não foi suficiente para

proporcionar a mesma redução na ingestão proteica diária, apesar de nesta fase as

codornas necessitarem de menos proteína do que de 1 a 21 dias de idade.

Para ganho de peso na fase de 21 a 42 dias, verificou-se aumento até o nível

22,96% seguido de uma diminuição. Assim, houve aumento do ganho de peso à medida

que se aumentou o consumo de proteína até certo limite, e a partir desse ponto, devido o

excesso presente na dieta, estas aves passaram a perder peso. Esse resultado ressalta, à

semelhança do que ocorre com frangos de corte, que o ganho de peso em codornas

japonesas é limitado tanto pela quantidade de aminoácidos essenciais em dietas com

baixos níveis de proteína, como também pela redução da eficiência de utilização dos

aminoácidos em dietas com níveis proteicos acima da exigência (CORRÊA et al.,

2007c).

Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, concentração sérica de ácido úrico e coeficiente de

digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de

idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y= 8,3155+0,7569x-0,0177x² 0,91

Ganho de peso (g/ave/dia) Y= 1,7525+0,0597x-0,0013x² 0,99

Conversão alimentar (g/g) Y= 7,0566-0,0172x 0,82

Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y= 27,636+2,0894x-0,0491x² 0,92

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y= 0,1197+0,1555x 0,98

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= -0,6851+0,1347x 0,88

CDN (%) Y= 55,55-1,25x 0,94 CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio

Observa-se que, comparado à fase de 1 a 21 dias, as codornas de 21 a 42

apresentaram menor exigência de proteína para ganho de peso, corroborando com os

resultados obtidos por Shim e Vohra (1984), Oliveira et al. (2002), Fridrich et al. (2005)

e Corrêa et al. (2007b). De acordo com Corrêa et al. (2008), há uma diminuição no nível

nutricional exigido para máximo desempenho das codornas com o avanço da idade, o

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que segundo os autores, pode estar relacionado ao menor ganho de peso da fase final de

criação comparado com o da fase inicial.

A conversão alimentar na fase de 21 a 42 dias melhorou linearmente com o

aumento dos níveis de proteína na ração, chegando a uma redução de 0,017 pontos na

conversão para cada 1% de aumento da proteína bruta da ração. Os resultados

demonstram a importância da proteína bruta na nutrição de codornas na fase final de

crescimento (21 a 42 dias), que embora não seja tão acentuado como na fase de 1 a 21

dias, mas ainda sim permaneceu em melhora constante dentro do período avaliado.

Fridrich et al. (2005) estudando níveis de proteína bruta na alimentação de

codornas de corte verificaram efeito da PB sobre a conversão alimentar apenas na fase

de 1 a 21 dias, pelo fato de que a velocidade de crescimento, o ganho de peso e a

exigência de proteína bruta na fase de 36 a 39 dias, diminuem.

A concentração sérica de ácido úrico aumentou linearmente com o aumento dos

níveis de proteína, enquanto que para a retenção de nitrogênio não foi verificado efeito

significativo. O coeficiente de digestibilidade de nitrogênio diminuiu com o aumento

dos níveis proteicos.

O aumento do ácido úrico no sangue juntamente com a redução da

digestibilidade do nitrogênio sugere que na fase de 21 a 42 dias de idade essa exigência

é menor se comparado às primeiras três semanas de vida. Desta forma, com o aumento

da proteína da ração e a menor exigência nutricional, as codornas passaram a excretar

mais ácido úrico no sangue, diminuindo o aproveitamento do nitrogênio no

metabolismo da ave.

CONCLUSÕES

Recomenda-se para a fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade, 31% e 22% de

proteína bruta, respectivamente.

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EXPERIMENTO 2

Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix

coturnix japonica) na fase de postura

RESUMO

O objetivo do trabalho foi determinar o melhor nível de proteína bruta na alimentação

de codornas japonesas em fase de produção. Foram utilizadas 300 codornas com 16

semanas de idade alojadas em gaiolas em um delineamento inteiramente casualizado

com cinco tratamentos, seis repetições e dez aves por unidade experimental. Os níveis

avaliados foram 14, 17, 20, 23 e 26% de proteína bruta e as dietas foram formuladas

para serem isoenergéticas. Foi verificado efeito quadrático para consumo de ração, peso

de ovo, massa de ovo, ingestão de energia, eficiência energética, coeficiente de

digestibilidade de nitrogênio, porcentagem de casca, retenção de nitrogênio, peso de

gema, casca e albúmen. Efeito linear foi verificado para produção de ovos, ingestão de

proteína, conversão alimentar por massa de ovos, eficiência energética, peso final e

porcentagem de gema e gravidade específica. Não houve efeito significativo para

conversão alimentar por dúzia, porcentagem de albúmen, espessura de casca e

concentração sérica de ácido úrico. Recomenda-se nível de 20% de proteína bruta para

codornas japonesas em fase de postura.

Palavras- chave: ácido úrico, digestibilidade, gema, ovo, retenção de nitrogênio

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Nutritional requirement of crude protein for japanese quail (Coturnix coturnix

japonica) production phase

ABSTRACT

The objective of this study was to determine the best level of crude protein in the diet of

Japanese quails in production. A total of 300 quails at 16 weeks of age housed in cages

in a completely randomized design with five treatments and six replicates of ten birds

per experimental unit. The levels evaluated were 14, 17, 20, 23 and 26% crude protein

and diets were formulated to be isoenergetic. Quadratic effect was observed for feed

intake, egg weight, egg mass, energy intake, digestibility of nitrogen, shell percent,

nitrogen retention, weight of yolk, albumen and shell. Linear effect was observed for

egg production, protein intake, feed conversion by egg mass, energy efficiency, body

weight and yolk percentage. There was no significant effect on feed conversion per

dozen, percentage of albumen, shell thickness and serum uric acid. Recommended level

of 20% crude protein for Japanese quail laying phase.

Keywords: uric acid digestibility, egg yolk, egg, nitrogen retention

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INTRODUÇÃO

A criação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) a nível industrial

teve inicio nos anos 90 com o aumento do consumo de ovos desta espécie, juntamente

com o aumento da procura por refeições rápidas, alavancando a venda em restaurantes

do tipo self service. Aliado a isso, o surgimento de eventos e o volume expressivo de

trabalhos técnicos sobre manejo e a criação tem despertado a atenção do consumidor

para o sabor e a qualidade dos ovos de codorna.

Durante muito tempo as exigências nutricionais de codornas japonesas foram

supridas fazendo-se uso de tabelas de exigências nutricionais de outros países como o

NRC (1994), não sendo essas ideais para as condições tropicais brasileiras

(PIZZOLANTE et al., 2006), além do que a maioria dos dados compilados nessa

publicação foi obtida há mais de vinte e quatro anos com aves que apresentavam

potencial genético bastante diferente das codornas criadas atualmente.

Dentre os nutrientes importantes para o desempenho e produção de ovos,

podemos destacar a proteína bruta, tendo em vista que as exigências variam de acordo

com a taxa de crescimento e produção de ovos. Os aminoácidos obtidos a partir da

proteína exercem inúmeras funções como constituintes primários dos tecidos estruturais

e de proteção, como a pele, matriz óssea, ligamentos, tecidos dos órgãos, músculos e

penas. Assim, os aminoácidos e peptídeos resultantes dos processos de digestão e

absorção dos alimentos podem ser utilizados para várias funções metabólicas e como

precursores de inúmeros constituintes corporais não proteicos.

Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no

crescimento e produção de ovos, por conta do desvio de parte desta para funções menos

vitais, prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Já o seu excesso

pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer gasto

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extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO FILHO

et al., 2006). Segundo Freitas et al. (2006), o gasto energético na incorporação de um

aminoácido na cadeia proteica é estimado em torno de 4 mols de ATP e para excreção

de um aminoácido, são gastos de 6 a 18 mols de ATP, desviando assim, a energia que

deveria ser utilizada para manutenção e ganho corporal.

Portanto, o excesso de proteína, ou seja, além das necessidades do organismo é

desperdiçada com relação à sua função específica, tendo em vista que não poderá ser

armazenada (ANDRIGUETTO et al., 1990; DJOUVNOV; MIHAILOV, 2005;

BARROS et al., 2006).

De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui correlação positiva

com o teor proteico da ração e o menor consumo de proteína pelas aves submetidas a

rações de altos níveis energéticos, resulta em menor produção de ovos.

Durante muitos anos, estudos na área da nutrição de aves avaliaram o

desempenho animal com base nos níveis de proteína bruta da ração. Entretanto, devido

o aumento nos custos de produção, associados ao encarecimento dos alimentos

utilizados como fontes proteicas na ração das aves, pesquisas passaram a avaliar as

exigências nutricionais das aves com relação aos níveis de aminoácidos essenciais.

Verificou- se que as aves não apresentam uma exigência específica para proteína bruta,

mas para aminoácidos essenciais e não essenciais, sendo estes últimos sintetizados a

partir de nitrogênio não específico.

De acordo com Peganova e Eder (2003), pensava-se numa progressiva redução

nos níveis de proteína da dieta, no entanto alguns aminoácidos não essenciais precisam

estar presentes para suprir funções metabólicas primárias. Assim, os níveis de proteína

bruta devem ser suficientes para que a poedeira possa garantir um satisfatório “pool” de

nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais, assegurando também a

presença de aminoácidos essenciais através da utilização de aminoácidos industriais.

Vale ressaltar a importância de níveis de proteína e aminoácidos na dieta de poedeiras,

tendo em vista que o requerimento de proteína está associado com a taxa de produção e

tamanho dos ovos.

A formulação de dietas com base em aminoácidos digestíveis já é consagrada

pelos nutricionistas e facilitada pela disponibilidade de aminoácidos industriais.

Entretanto, deve ser utilizada certa quantidade de proteína bruta nas dietas, em função

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da importância também dos aminoácidos não essenciais (VASCONCELLOS et al.,

2010).

Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar o nível de proteína bruta

sobre o desempenho e qualidade de ovos de codornas na fase de produção.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, no período de

10/05/2010 a 23/08/2010. Foram utilizadas 300 codornas japonesas com 16 semanas

de idade com peso médio inicial de 189,61± 6,34g. As aves foram alojadas em

gaiolas de postura (33 x 33 x 33cm) em um delineamento experimental inteiramente

casualizado com cinco tratamentos e seis repetições de 10 aves, durante cinco

períodos de 21 dias.

Para a escolha dos níveis de proteína bruta a serem utilizados nas rações

experimentais, utilizou-se na ração intermediária o nível 20%, recomendado por

Silva e Costa (2009) e os demais níveis variando em três pontos percentuais para

mais e para menos. Sendo assim, os níveis estudados foram 14, 17, 20, 23 e 26% de

proteína bruta.

As dietas (Tabela 1) foram formuladas para serem isoenergéticas, seguindo a

recomendação para energia metabolizável de Silva e Costa (2009) de 2.800 kcal de

EM/kg de ração, com base em aminoácidos digestíveis e suplementadas com os

aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL e L-isoleucina, podendo

atender ou exceder as recomendações dos aminoácidos essenciais. Os dados de

composição de alimentos foram baseados segundo Rostagno et al. (2005).

Os parâmetros avaliados foram consumo de ração (g/ave/dia), percentagem de

postura (%), peso de ovo (g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão alimentar (kg de

ração/kg de massa e kg de ração/dúzia de ovo), ingestão de proteína (g/ave/dia) e

energia (kcal/ave/dia), eficiência energética (kcal de EM/dúzia de ovo e kcal de

EM/massa de ovo em kg), percentagem e peso (g) de gema, casca e albúmen,

espessura de casca (mm), gravidade específica (GE) (g/cm³), peso final da ave (g),

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retenção de nitrogênio (g/ave/dia), concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) e

coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) (%).

Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas em

fase de produção

Níveis de proteína bruta (%)

14 17 20 23 26

Ingredientes

Milho 70,001 65,108 56,783 46,012 50,576

Soja 45% 15,302 23,736 32,849 41,943 35,634

Óleo de soja 0,000 0,000 1,167 3,163 5,004

Calcário 7,107 7,097 7,081 7,059 7,039

Fosfato bicálcico 1,062 1,001 0,948 0,906 0,867

Sal comum 0,521 0,519 0,521 0,525 0,527

DL- metionina 0,307 0,227 0,150 0,082 0,043

L-isoleucina 0,394 0,245 0,092 0,000 0,000

L - lisina HCL 0,643 0,378 0,099 0,000 0,000

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Inerte4 4,354 1,379 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 14 17 20 23 26

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.800 2.800 2.800 2.800 2.800

Cálcio (%) 3,050 3,050 3,050 3,050 3,050

Cloro (%) 0,393 0,394 0,395 0,397 0,398

Potássio (%) 0,492 0,632 0,775 0,909 1,037

Sódio (%) 0,230 0,230 0,230 0,230 0,230

Fósforo disponível (%) 0,280 0,280 0,280 0,280 0,280

Arginina dig.(%) 0,742 0,995 1,256 1,508 1,747

Isoleucina dig. (%) 0,870 0,870 0,870 0,870 0,870

Lisina dig.(%) 1,030 1,030 1,030 1,162 1,362

Leucina dig. (%) 1,169 1,392 1,604 1,792 1,968

Met.+cist.dig. (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700

Metionina dig. (%) 0,498 0,461 0,425 0,395 0,390

Treonina dig.(%) 0,432 0,551 0,671 0,785 0,892

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Triptofano dig.(%) 0,122 0,167 0,214 0,259 0,302

Valina dig.(%) 0,538 0,684 0,831 0,969 1,099 1Suplemento vitamínico: Vit A: 7.000.000 UI; Vit D3: 2100000 UI; Vit E: 50000mg; Vit K3: 2000mg;

Vit B1: 2000mg; Vit B2: 4000mg; Vit B6: 3000mg; Vit B12: 3000mg; Niacina: 39800mg; Ácido

Pantotênico: 15620mg; Folato: 1000mg; Selênio: 200mg; Biotina: 100mg; Antioxidante: 100000mg e

Veículo-1000g.; 2Suplemento mineral: Mn: 75000mg; Zn: 70000mg; Fe: 50000mg; Cu: 8500mg; I:

1500mg; Co: 200mg; Veículo: 1000g.; ³ Etoxiquin;4Areia lavada

O consumo de ração foi obtido através da pesagem do fornecimento no início e da

sobra, ao final de cada período experimental. A produção de ovos foi registrada

diariamente pela manhã e no final de cada período foram calculadas as percentagens de

postura. A massa de ovo (g/ave/dia) foi calculada multiplicando-se o número de ovos

produzidos pelo peso médio do ovo (g).

A conversão alimentar por massa (kg de ração/kg de massa) foi determinada

através da relação entre a ração consumida e a massa de ovo produzida dentro do

período. A conversão alimentar por dúzia (kg de ração/dúzia de ovo) foi calculada pela

relação entre o consumo de ração e a quantidade de dúzias produzidas no período. O

peso final das codornas foi obtido ao final do experimento, com a pesagem de todas as

codornas da parcela experimental para obtenção do peso médio.

A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da quantidade de

proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração ingerida. A

eficiência energética por dúzia (kcal de EM/dúzia de ovo) foi determinada através da

relação entre a quantidade de energia consumida e as dúzias de ovos produzidas, e a

eficiência energética por massa de ovo (kcal de EM/massa de ovo em kg) foi

determinada através da relação entre a quantidade de energia consumida e a massa de

ovos produzida.

Para a percentagem de gema, casca e albúmen, foram utilizados dois ovos nos

três últimos dias de cada período experimental, onde se calculou o peso individualmente

de cada um dos componentes para em seguida estabelecer-se a devida proporção com o

peso do ovo.

A espessura de casca foi avaliada através de um micrômetro digital e a GE foi

determinada pelo método de flutuação salina, conforme metodologia descrita por

Hamilton (1982). Para GE, a cada final do período experimental foram selecionadas

amostras representativas de dois ovos por parcela. Em seguida, foram feitas imersões

dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25

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litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025.

Os ovos foram colocados em baldes com as soluções, da menor para a maior densidade

e foram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades

correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades

foram conferidas com densímetro de petróleo. Mais dois ovos foram utilizados para as

demais avaliações de qualidade interna.

Para avaliar os efeitos dos níveis de proteína bruta na ração sobre a retenção de

nitrogênio e determinação do coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN),

iniciou-se a coleta total de excretas, que foi realizada duas vezes ao dia, às 8 h e 16 h,

durante os quatro últimos dias do quinto período experimental, segundo metodologia de

Matterson et al. (1965).

Após a última coleta, o material foi encaminhado ao laboratório para secagem

em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. Em seguida, as amostras foram

trituradas em moinho tipo faca e, assim como as rações experimentais, foram

acondicionadas em frascos e encaminhadas ao laboratório para determinação dos teores

de nitrogênio (N), segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Com base

nos resultados, foi calculada a retenção de nitrogênio e o CDN.

A excreção de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade da proteína

ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no final do

experimento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a –20ºC e

posteriormente analisada a concentração sérica de ácido úrico, através de “kit”

comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do

fabricante.

Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas das

exigências foram determinadas pelo modelo de regressão polinomial. No modelo

quadrático as exigências de proteína bruta foram obtidas por derivação das equações e

corresponderam ao nível que maximizou a variável dependente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Durante o período experimental, a média das temperaturas máxima e mínima

foram 25,63ºC e 18,9ºC, respectivamente, e umidade relativa 85%. Foi observado efeito

quadrático para consumo de ração, peso do ovo, massa de ovo, ingestão de energia e

eficiência energética (kcal/dúzia) com melhores resultados aos níveis 19,72; 21,65;

21,85; 19,56 e 19,30% de proteína bruta, respectivamente. A retenção de nitrogênio e o

coeficiente de digestibilidade de nitrogênio apresentaram menores valores nos níveis

17,84 e 19,84% de PB, respectivamente. Efeito linear crescente foi verificado para

produção ovos, ingestão de proteína e peso final, e linear decrescente para conversão

alimentar por massa de ovo e eficiência energética (kcal/kg). Não houve efeito

significativo para conversão alimentar por dúzia de ovos e concentração sérica de ácido

úrico.

O consumo de ração (Tabela 2) aumentou até o nível 19,72% de proteína bruta,

diminuindo em seguida. Efeito semelhante foi verificado por Pinto et al. (2002), com

aumento do consumo até o nível 21,80% de proteína bruta. Ribeiro et al. (2003),

avaliando dois níveis de proteína (20 e 30%) em rações isoenergéticas (3.000 kcal/kg),

observaram que com o aumento da proteína da ração houve aumento no consumo.

Tabela 2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase

de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 14 17 20 23 26 CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)²** 25,99 27,78 28,88 26,62 25,92 5,64

Produção de ovos (%)¹* 88,56 91,54 92,28 93,66 92,50 3,37

Peso do ovo (g)²** 10,49 11,66 12,21 11,90 11,58 2,76

Massa de ovo (g/ave/dia)²** 9,25 10,52 11,22 11,10 10,68 4,72

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 3,64 4,72 5,78 6,12 6,74 5.61

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 72,78 77,77 78,00 74,54 72,58 5,51

Conversão alimentar (kg/massa)¹** 2,82 2,67 2,58 2,40 2,43 6,70

Conversão alimentar (kg/dz)³ 0,355 0,372 0,373 0,343 0,340 6,89

Eficiência energética (kcal/dz)²** 964 1.030 1.047 980 940 4,87

Eficiência energética (kcal/kg)¹** 7.897 7.633 7.128 6.391 6.525 5,40

Peso final (g)¹** 171,00 178,77 182,21 183,21 186,27 3,97 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação

Baker (1993) afirma que pode ocorrer aumento no consumo alimentar em rações

com baixo nível de proteína bruta; entretanto se o nível proteico for exageradamente

alto ou baixo, a ave terá melhor consumo em um nível intermediário (DUKE, 1996). De

acordo com Moura et al. (2010), se o conteúdo proteico da ração é baixo, as aves podem

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vir a aumentar o seu consumo alimentar para compensar parcialmente o menor conteúdo

em aminoácidos.

Entretanto, para Freitas et al. (2006) e Veloso et al. (2012), não há efeito da

proteína bruta sobre o consumo de ração porque a ação da proteína não é resultado

apenas da quantidade fornecida na ração, mas também de sua qualidade, ou seja, da

concentração e do balanceamento dos aminoácidos. No presente experimento, as rações

foram formuladas para atende as exigências de aminoácidos digestíveis sugeridas por

Rostagno et al. (2005), podendo variar além da necessidade, e com isso, as proporções

de aminoácidos foram diferentes entre as rações experimentais, fato que pode ter

contribuído para o resultado do consumo de ração.

Com o aumento dos níveis de proteína bruta da ração, verificou-se que as aves

aumentaram linearmente a ingestão diária de proteína, onde para cada aumento de 1%

na proteína da ração, houve aumento médio de 0,25g na ingestão proteica. Apesar do

consumo de ração ter diminuído a partir de 19,72% de proteína, as aves permaneceram

aumentando a ingestão proteica, fato que pode ser explicado possivelmente por conta da

maior concentração de proteína presente por grama de ração ingerida.

O nível de 26% de proteína bruta promoveu a maior ingestão de proteína (6,74

g/ave/dia), valor próximo ao recomendado por Pinto et al. (2002), que sugeriram que

codornas em produção devem ingerir em média, 6,02 g de proteína diariamente. Já

Freitas et al. (2005) e Moura et al. (2010) verificaram consumo diário de 4,4 e 4,8 g,

respectivamente. As diferenças nos resultados obtidos na literatura podem ser atribuídas

a variações das condições experimentais como produção de ovos, peso da ave, balanço

de aminoácidos, condições de alojamento dentre outros.

A ingestão de energia aumentou até o nível de 19,56% de proteína bruta (PB),

diminuindo em seguida, possivelmente acompanhando a diminuição do consumo de

ração que ocorreu a partir de 19,72% de PB. Pelo fato de as rações terem sido

formuladas como isoenergéticas, a redução do consumo de ração fez com que houvesse

uma menor ingestão de energia por grama de ração consumida. Apesar de as aves

normalmente apresentarem uma capacidade de regular a ingestão de energia através do

controle do consumo de ração, esse mecanismo regulatório pode ser ineficiente em

alguns casos (OLIVEIRA et al., 2002; FREITAS et al., 2006; MENDONÇA et al.

2008). Diversos fatores podem interferir nas exigências de proteína e energia e dentre

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estes, Oliveira et al. (2002) citam a genética, peso, idade, condições de alojamento da

ave, balanço e disponibilidade de aminoácidos na dieta.

Para o peso de ovo, observou-se efeito quadrático (Tabela 3) com máximo peso

aos 21,65% de PB, concordando com Freitas et al. (2005) que verificou aumento do

peso do ovo até o nível de 21,16% e Pinto et al. (2002), que verificou aumento linear

com o aumento dos níveis de proteína. De acordo com Murakami (2002), o tamanho do

ovo é altamente dependente da ingestão diária de proteína pelo fato das aves poedeiras

terem pouca habilidade em estocá-la. Desta forma, o aumento da ingestão de proteína

promoveu máximo aumento no peso dos ovos, em nível bem próximo ao recomendado

por Silva e Costa (2009), que é de 20% de PB.

Tabela 3.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e retenção de

nitrogênio de codornas japonesas em fase de produção em função dos

diferentes níveis de proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Produção de ovos (%) Y=85,03+0,333x 0,68

Consumo de ração (g/ave/dia) Y = 2,629 + 2,603x -0,066x2 0,79

Massa de ovo (g/ave/dia) Y = - 4,419+ 1,442x -0,033x2 0,99

Peso do ovo (g) Y = - 1,688+ 1,299x - 0,030x2 0,96

Conversão alimentar/massa Y=3,273-0,034x 0,91

Eficiência energética (Kcal/kg) Y=9773,8-132,94x 0,90

Eficiência energética (kcal/dz) Y=159,8+90,781x-2,3523x² 0,89

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=0,3323+0,2534x 0,96

Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y=24,205+5,4655x-0,1397x² 0,84

Peso final (g) Y=156,97+1,1659x 0,89

Retenção de nitrogênio (g/ave/dia) Y=0,935-0,0678x+0,0019x² 0,73

CDN (%) Y=181,5-14,29x+0,360x² 0,91 CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio

Ao mesmo tempo em que o peso do ovo atingiu sua máxima resposta, verificou-

se paralelamente uma redução no consumo de ração a partir de 19,72% de PB, fato esse

que provavelmente promoveu consumo insuficiente de nutrientes para a manutenção do

bom peso dos ovos. Apesar de ter havido um aumento linear da ingestão de proteína,

esta não foi suficiente para manter constante o peso dos ovos, tendo em vista que além

de proteína (aminoácidos), os ovos são compostos por outros nutrientes como lipídeos,

carboidratos, minerais e vitaminas. Por conta disso, houve uma redução no tamanho do

ovo a partir de 21,65%.

A produção de ovos aumentou linearmente com o aumento dos níveis de

proteína da ração. Pinto et al. (2002) verificaram efeito quadrático enquanto que

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Murakami et al. (1993) e Freitas et al. (2005) não verificaram efeito significativo do

aumento dos níveis proteicos da ração na produção de ovos de codornas japonesas.

Outros pesquisadores (VOHRA; ROUDYBUSH, 1971; BEGIN; INSKO JR., 1972;

SAKURAI, 1981) também observaram aumento significativo na produção de ovos com

o aumento do nível de proteína da ração.

De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui correlação positiva

com o teor proteico da ração e, portanto, o aumento linear observado na ingestão de

proteína pode ter contribuído para o comportamento semelhante observado na produção

de ovos. Porém, segundo Leeson et al. (1996), a energia é o fator de maior importância

para que sejam obtidos ótimos índices de postura.

No presente trabalho, a ingestão de energia apresentou efeito quadrático com o

aumento dos níveis de proteína e mesmo nestas condições, a produção de ovos manteve-

se crescente. Sendo assim, é possível inferir que o aumento do consumo de proteína

ocasionado pelos maiores níveis de PB da ração foi suficiente para promover o aumento

da produção de ovos, mesmo com a redução da ingestão de energia a partir de 19,56%

de PB.

Para massa de ovo foi observado efeito quadrático, com máximo valor em

21,85% de PB. Efeito semelhante foi apresentado por Pinto et al. (2002), com maior

valor em 23,45% de PB. Considerando que a massa de ovo é uma variável calculada

através do peso médio e do número de ovos produzidos, o resultado obtido no presente

trabalho está dentro do esperado por ter sido influenciado pelo peso dos ovos. Para Johri

e Vohra (1977) e Ribeiro et al. (2003), o aumento da proteína bruta na ração promove

aumento na massa produzida, já que o peso e a massa de ovo são influenciados pela

ingestão diária de proteína em poedeiras (MURAKAMI; FURLAN, 2002).

A conversão alimentar por massa de ovo melhorou linearmente com o aumento

dos níveis de proteína bruta da ração. Resultados semelhantes foram obtidos por Freitas

et al. (2005) e Murakami (1991). O resultado do presente estudo está associado ao

comportamento das equações de regressão observado para o consumo de ração e massa

de ovo, onde ambos apresentaram efeito quadrático. Desta forma, a relação numérica

estabelecida entre as duas variáveis determinou o efeito linear verificado para a

conversão alimentar (kg/massa).

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Observou-se que para cada 1% a mais de proteína bruta na ração as codornas

apresentaram redução de 0,034 pontos na conversão alimentar. No presente estudo,

entre o menor (14%) e o maior (26%) nível estudado de proteína bruta, houve uma

variação de 0,07g/ave/dia no consumo de ração e para a massa de ovo produzida, a

diferença foi de 1,43g/ave/dia. Verifica-se que, a diferença entre os consumos de ração

foi consideravelmente inferior à diferença entre as massas de ovo produzidas, que

mesmo diminuindo a partir de 21,85% de PB, foi sempre superior ao consumo de ração,

fazendo assim, com que a conversão alimentar melhorasse ao longo dos níveis

estipulados.

Verificou-se que a eficiência energética para produção de uma dúzia de ovos

apresentou efeito quadrático com máximo valor em 19,30% de PB, enquanto que a

eficiência para produção de 1 kg de massa de ovo melhorou linearmente com o aumento

dos níveis de proteína da ração. Já para a eficiência energética para produção de dúzia

de ovos, o ponto de máxima resposta desta ficou próximo dos apresentados pelo

consumo de ração (19,72%) e ingestão de energia (19,56%).

Observa-se que com o aumento inicial da ingestão de energia, as codornas

disponibilizaram mais EM para produção de uma dúzia de ovos; com o menor consumo

de ração e a consequente redução da ingestão energética (a partir de 19,56%), houve

uma melhora na eficiência energética (kcal/dz) e as aves conseguiram manter crescente

a produção de ovos, embora o peso do ovo tenha sido reduzido.

De acordo com Barreto et al. (2007), a energia no metabolismo animal sofre

partição, de modo que somente pequena parte (20 a 27%) do total de energia consumida

é destinada à produção. Isso indica que o baixo aporte energético na ração, muitas

vezes, não é suficiente para atender à manutenção e à produção das aves e, portanto,

uma deficiência energética pode vir a prejudicar o desempenho produtivo destas.

Contudo, no presente estudo, foi possível manter a produção de ovos em níveis

crescentes, mesmo com um menor aporte energético.

O peso final das codornas aumentou linearmente sob o efeito dos níveis de

proteína da ração. Para cada aumento de 1% na proteína bruta da ração, houve aumento

de 1,16g no peso final da codorna. Este resultado concorda com Shrivastav et al. (1993),

Pinto et al. (2002) e Freitas et al. (2005), que também verificaram que as codornas

aumentavam seu peso em função do aumento dos níveis de proteína. De acordo com

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Freitas et al. (2005), durante o ciclo de postura, as aves necessitam de proteína para

manutenção, crescimento corporal e aumento da massa de ovos produzida.

Além da proteína como nutriente essencial para manutenção e crescimento

corporal, o componente energia também pode ter influenciado na variação de peso

corporal observada, pois, segundo Freitas et al. (2005), a ingestão de energia é uma

variável que influencia o ganho de peso. Assim, considerando que com o aumento dos

níveis de proteína da ração, as aves não mantiveram constante a ingestão de energia, é

possível que essa variação tenha promovido aumento do peso final, uma vez que esta

variável depende da ingestão de energia para ser alterada.

Para a qualidade dos ovos (Tabela 4), foi verificado efeito quadrático para

porcentagem de casca, peso de gema, de albúmen e de casca, com máximo valor com

19,84; 23,22; 21,13 e 22,46%, respectivamente. Para porcentagem de gema e gravidade

específica foi verificado efeito linear crescente. Não foi verificado efeito significativo

para porcentagem de albúmen e espessura de casca.

Tabela 4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em

fase de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 14 17 20 23 26 CV (%)

Gema (%)¹** 31,72 31,73 32,43 32,80 33,60 3,59

Casca (%)²** 8,37 8,10 8,14 8,17 8,30 2,67

Albúmen (%)³ 53,65 54,30 54,73 53,83 53,36 2,14

Gema (g)²** 3,40 3,70 3,94 3,92 3,92 5,19

Casca (g)²** 0,842 0,893 0,927 0,921 0,916 2,85

Albúmen (g)²** 5,40 5,93 6,22 6,02 5,84 4,23

Gravidade específica (g/cm³)¹* 1,0710 1,0710 1,0712 1,0715 1,0715 0,07

Espessura de casca (mm)³ 0,227 0,217 0,225 0,232 0,227 3,22 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação

Observou-se efeito dos níveis de proteína bruta sobre o peso de gema, albúmen e

casca, fato que corroborou com o efeito quadrático observado para o peso do ovo. A

redução no peso dos constituintes do ovo pode estar associada à redução no consumo de

ração que como consequência, reduziu o consumo de nutrientes e de energia necessários

à formação do ovo. Observa-se que essa redução do peso dos constituintes do ovo

ocorreu em níveis muito próximos de PB e todos com comportamento quadrático,

semelhante ao do consumo de ração e da ingestão de energia.

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As porcentagens de gema, casca e albúmen, diferentemente dos resultados para o

peso deles, apresentaram respostas distintas entre si, com efeito linear crescente para

gema, quadrático para casca e não significativo para albúmen (Tabela 5). Considerando

que são variáveis associadas ao peso do ovo, as considerações a cerca dos resultados

devem ser feitas com relação a ele.

O efeito linear para porcentagem de gema ocorreu em função da redução do peso

do ovo ter sido numericamente sempre mais acentuada do que a redução do peso da

gema ao longo dos níveis estudados, provocando essa linearidade nos resultados. Para a

porcentagem de casca, observou-se uma relação direta entre o peso de casca e de ovo,

fazendo assim com que a variável seguisse o comportamento quadrático semelhante ao

observado para peso de casca e de ovo. A porcentagem de albúmen não apresentou

efeito significativo, sugerindo a existência de uma proporcionalidade existente entre o

peso do albúmen e do ovo.

Tabela 5.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

qualidade de ovos de codornas japonesas em fase de produção em função dos

diferentes níveis de proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Gema (%) Y=29,23+0,161x 0,93

Casca (%) Y=10,65-0,252x+0,006x² 0,85

Gema (g) Y=0,3701+0,3112x-0,0067x² 0,98

Casca (g) Y=0,324+0,0539x-0,0012x² 0,98

Albúmen (g) Y= -0,5509+0,638x-0,0151x² 0,95

Gravidade específica (g/cm³) Y=1,0703+0,00005x 0,93

A gravidade específica aumentou linearmente com os níveis de proteína bruta,

onde para cada 1% de aumento da proteína verificou-se aumento de 5 x 10-7

g/cm³ na

gravidade específica. Freitas et al. (2004) relataram que a gravidade específica dos ovos

apresenta relação direta com o percentual de casca, podendo ser utilizado como método

indireto na determinação da qualidade desta. Observa-se que, embora tenha sido

determinado efeito quadrático para a variável porcentagem de casca, seu R² sugere

apenas 85% de representação dos dados, e de fato, em temos absolutos, verifica-se

numericamente que esse percentual de casca tende a aumentar gradualmente,

corroborando com o resultado obtido para gravidade específica. Contudo, essa

constatação é apenas numérica e não estatística.

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Para espessura de casca não houve efeito significativo, o que nos sugere que

embora o peso da casca tenha diminuído, este foi acompanhado de uma redução no

tamanho do ovo, situação que manteve constante a espessura de casca. Isto ocorre

porque a deposição de cálcio no ovo é feita em menor área específica, concentrando

mais carbonato de cálcio em um menor espaço.

O teor de ácido úrico (Tabela 6) no plasma sanguíneo não foi influenciado

significativamente pelos níveis de proteína bruta, variando no presente estudo de 1,61 a

2,44 mg/dL. Estes dados encontram-se dentro dos valores normais para aves poedeiras,

que segundo Schmidt et al. (2007) para aves em postura estão entre 2 a 7 mg/mL.

Tabela 6. Valores médios da concentração sérica de ácido úrico, retenção de nitrogênio

e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase

de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 14 17 20 23 26 CV (%)

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)² 1,62 2,09 1,61 2,44 2,14 36,47

Retenção de N (g/ave/dia)¹** 0,339 0,347 0,341 0,324 0,456 9,53

CDN (%)¹** 50,95 45,19 40,00 41,25 55,00 6,18 ¹ Efeito quadrático; ² Não significativo; **(P<0,01); CDN- Coeficiente de digestibilidade de nitrogênio; CV-

coeficiente de variação

De acordo com Bell (1971), os valores de ácido úrico para aves estão

relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de excreção de

bases nitrogenadas. A excreção de ácido úrico é utilizada como indicador da qualidade

da proteína ingerida pelas aves, pois menos proteína é depositada no músculo e mais

ácido úrico é excretado quando as aves recebem na alimentação proteína de baixa

qualidade, ou quando são sujeitas ao desequilíbrio de aminoácidos.

A retenção de nitrogênio (Tabela 3) diminuiu até o nível 17,84% de PB e depois

aumentou novamente. Observa-se assim, que o aumento dos níveis de proteína fez com

que houvesse maior ingestão de proteína e que esta pode ser aproveitada pela ave

através de sua menor excreção e consequentemente, maior retenção.

O coeficiente de digestibilidade de nitrogênio apresentou redução até o nível

19,84% de proteína bruta e depois aumentou, corroborando com os resultados obtidos

para retenção de nitrogênio.

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CONCLUSÕES

Recomenda-se nível de 20% de proteína bruta para codornas japonesas em fase

de postura.

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EXPERIMENTO 3

Exigência nutricional de proteína bruta para codornas europeias (Coturnix

coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade

RESUMO

O objetivo do trabalho foi determinar a exigência nutricional de proteína bruta para

codornas europeias nas fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Nos dois

experimentos foram utilizadas 300 codornas em um delineamento inteiramente

casualizado com cinco tratamentos, seis repetições com dez aves por unidade

experimental. Na fase de 1 a 21 dias foram utilizados os níveis 19, 22, 25, 28 e 31%

de proteína bruta e na fase de 21 a 42 dias utilizou-se os níveis 16, 19, 22, 25 e 28%

de proteína bruta. As rações foram formuladas para serem isoenergéticas. Na fase de

1 a 21 dias foi verificado efeito quadrático para ganho de peso, com máximo ganho

com 28% de PB. Foi verificado efeito linear crescente para ingestão de proteína e

linear decrescente para consumo de ração, conversão alimentar, ingestão de energia e

concentração sérica de ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias foi verificado efeito

linear crescente para ingestão de proteína e retenção de nitrogênio, linear decrescente

para consumo de ração, ingestão de energia e coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio. Não houve efeito significativo para ganho de peso, conversão alimentar e

concentração sérica de ácido úrico. Recomenda- se 28% de proteína bruta para a fase

de 1 a 21 dias e 22% para a fase de 21 a 42 dias.

Palavras- chave: ácido úrico, carne, consumo de ração, digestibilidade

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Nutritional requirement of crude protein for european quail (Coturnix coturnix

coturnix) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days

ABSTRACT

The objective of this study was to determine the nutritional requirement of crude protein

to stage european quail 1 to 21 and 21 to 42 days old. In both experiments we used 300

quails in a completely randomized design with five treatments, six replicates with ten

birds each. From 1 to 21 days were used levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein

and the phase used 21 to 42 days the levels 16, 19, 22, 25 and 28% crude protein. Diets

were formulated to be isocaloric. From 1 to 21 days was observed quadratic effect on

weight gain, with maximum gain with 28% CP. Increasing linear effect was observed

for protein intake and decreasing linear feed intake, feed conversion, energy intake and

serum uric acid. In the period from 21 to 42 days was found to linearly increasing

protein intake and nitrogen retention, decreasing linear feed intake, energy intake and

digestibility of nitrogen. No significant effects on weight gain, feed conversion and

serum uric acid. It is recommended to 28% crude protein for the stage of 1 to 21 days

and 22% for the period from 21 to 42 days.

Keywords: uric acid, meat, feed intake, digestibility

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77

INTRODUÇÃO

A proteína bruta é o segundo nutriente mais caro na formulação de rações para

codornas de corte. Sendo assim, deve estar em quantidade adequada e devidamente

balanceada para o atendimento das exigências nutricionais das aves e maior rendimento

econômico da criação.

Contudo, ainda são limitadas as informações sobre os níveis proteicos exigidos

pelas codornas destinadas à produção de carne, devido às controvérsias acerca dessas

recomendações. Alguns trabalhos utilizam as exigências de codornas japonesas ou de

frangos de corte como sendo semelhantes às exigências de codornas de corte, gerando

equívocos na determinação dos verdadeiros níveis proteicos. Segundo Corrêa et al.

(2007b) as exigências nutricionais de codornas de corte são diferentes já que essas

apresentam peso e taxas de crescimento maiores que as de postura.

Diferentemente dos carboidratos e dos lipídeos, que podem ser armazenados

tanto como glicogênio hepático ou muscular e em reservas de lipídeos corporais,

respectivamente, os aminoácidos e/ou proteínas, quando fornecidos em excesso, não são

armazenados pelos animais. Dessa forma, o consumo de aminoácidos em excesso é

dispendioso, pois o excesso é catabolizado para formar energia, que é suprida por

carboidratos e lipídeos a custo mais baixo (CORRÊA et al., 2008).

Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar o nível de proteína bruta nas

fases 1 a 21 e 21 a 42 dias que proporcione os melhores resultados de desempenho de

codornas europeias.

MATERIAL E MÉTODOS

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O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de

07/12/2011 a 28/12/2011 para a fase de 1 a 21 dias e no período de 28/12/2011 a

18/01/2012 para a fase de 21 a 42 dias de idade. Foram utilizadas 300 codornas

europeias de 1 dia de idade para a fase de 1 a 21 dias e paralelo a estas, foram criadas

outras 300 codornas até atingirem 21 dias de idade para que fosse dado início à fase

experimental de 21 a 42 dias.

Nas duas fases de criação, as aves foram alojadas em boxes dotados de

aquecimento, em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e

seis repetições de 10 aves por unidade experimental. O peso inicial das aves na fase 1 a

21 dias foi de 8,33 ± 0,12g e na fase de 21 a 42 dias foi de 142,66 ± 1,42g.

Os tratamentos consistiram de uma ração basal, composta por milho, farelo de soja e

farelo de carne e ossos, formulada segundo as recomendações de Silva e Costa

(2009) para cada fase de criação, exceto para os níveis de proteína bruta (PB), onde

os tratamentos da fase de 1 a 21dias (Tabela 1) foram constituídos por 19, 22, 25, 28

e 31% de PB e na fase de 21 a 42 dias (Tabela 2) por 16, 19, 22, 25 e 28% de PB.

As dietas das duas fases foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e

suplementadas com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL e L-

treonina, podendo atender ou exceder as recomendações dos aminoácidos essenciais.

Todas as dietas foram isoenergéticas, seguindo as recomendação de Silva e Costa

(2009), os dados de composição de alimentos foram baseados segundo Rostagno et

al. (2005) e as análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal/DZ/UFPB.

Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho

de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de

proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido

úrico (mg/dL).

Além dos parâmetros anteriormente citados, na fase de 21 a 42 dias foram avaliados

também o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) e retenção de

nitrogênio (g/ave/dia).

Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho

de peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração

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foi determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de

peso foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A

conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o

ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da

quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração

ingerida.

Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias

na fase de 1 a 21 dias

Níveis de proteína bruta (%)

19 22 25 28 31

Ingredientes

Milho 64,776 60,438 53,551 43,564 39,381

Soja 45% 26,494 31,589 40,517 48,318 45,977

Óleo de soja 0,116 0,000 0,607 2,182 1,332

Farinha de carne e osso 40% 0,000 3,413 3,228 3,087 3,015

Calcário 1,181 0,631 0,630 0,625 0,665

Farelo de glúten 60% 0,000 0,000 0,000 1,218 8,864

Fosfato bicálcico 1,177 0,000 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,334 0,267 0,259 0,255 0,260

Dl- metionina 0,543 0,469 0,392 0,308 0,170

L-treonina 0,492 0,384 0,252 0,122 0,013

L - lisina HCL 0,734 0,510 0,240 0,000 0,000

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 3,829 1,977 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 19 22 25 28 31

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900

Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850 0,850

Cloro (%) 0,234 0,213 0,205 0,198 0,202

Potássio (%) 0,681 0,786 0,928 1,040 1,000

Sódio (%) 0,170 0,170 0,170 0,170 0,170

Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320 0,320

Arginina dig.(%) 1,068 1,302 1,553 1,782 1,835

Leucina Dig 1,477 1,659 1,876 2,151 2,812

Isoleucinadig. (%) 0,677 0,790 0,942 1,094 1,221

Lisina dig.(%) 1,370 1,370 1,370 1,370 1,370

Met.+cist.dig.(%) 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040

Metionina dig.(%) 0,791 0,756 0,722 0,688 0,638

Treonina dig.(%) 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040

Triptofanodig.(%) 0,190 0,229 0,271 0,315 0,320

Valina dig.(%) 0,728 0,852 0,996 1,141 1,290

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¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Colistin;

6Areia lavada.

A retenção de nitrogênio e o CDN foi determinado pelo método de coleta total de

excretas segundo metodologia de Matterson et al. (1965), com uma duração de 4

dias. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia (08:00 h e 16:00 h) e

acondicionadas em “freezer” para posterior determinação de N em laboratório, de

acordo com Silva e Queiroz (2002). O cálculo da retenção de nitrogênio foi feito

através da diferença entre o N ingerido e o N excretado.

Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias

na fase de 21 a 42 dias

Níveis de proteína bruta (%)

16 19 22 25 28

Ingredientes

Milho 75,548 70,451 59,714 49,326 39,006

Soja 45% 16,250 24,841 34,457 43,301 52,034

Óleo de soja 0,000 0,000 1,916 3,742 5,548

Farinha de carne e osso 40% 2,882 2,684 2,528 2,391 2,256

Calcário 0,554 0,560 0,546 0,532 0,517

Sal comum 0,242 0,234 0,228 0,222 0,217

Dl- metionina 0,354 0,275 0,202 0,136 0,072

L-treonina 0,322 0,191 0,058 0,000 0,000

L - lisina HCL 0,530 0,266 0,000 0,000 0,000

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,035 0,035 0,035 0,035 0,035

Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 2,967 0,147 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 16 19 22 25 28

Energia Metabolizável (kcal/kg) 3.050 3.050 3.050 3.050 3.050

Cálcio (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700

Cloro (%) 0,201 0,193 0,184 0,176 0,167

Potássio (%) 0,545 0,687 0,830 0,961 1,090

Sódio (%) 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

Fósforo disponível (%) 0,270 0,270 0,270 0,270 0,270

Arginina dig.(%) 0,859 1,106 1,367 1,604 1,838

Leucina Dig (%) 1,304 1,526 1,726 1,909 2,087

Isoleucinadig. (%) 0,531 0,681 0,836 0,978 1,118

Lisina dig.(%) 1,020 1,020 1,032 1,233 1,430

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81

Met.+cist.dig.(%) 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800

Metionina dig.(%) 0,572 0,537 0,506 0,479 0,451

Treonina dig.(%) 0,780 0,780 0,780 0,836 0,943

Triptofano dig.(%) 0,139 0,187 0,238 0,284 0,330

Valina dig.(%) 0,607 0,750 0,893 1,024 1,152

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Poulcox;

5Colistin;

6Areia lavada.

A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade

da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último

dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi

estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através

de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as

instruções do fabricante.

Ao final do período experimental (42 dias de idade), três aves de cada parcela

foram selecionadas para serem abatidas para a avaliação das características de carcaça.

Foram selecionadas aves com peso semelhante ao peso médio da parcela.

Após jejum alimentar de oito horas, as aves foram novamente pesadas e abatidas

e, em seguida, depenadas, evisceradas e retiradas a cabeça, os pés e a gordura

abdominal para a pesagem da carcaça e cálculo do rendimento de carcaça (%). Em

seguida procederam-se os cortes.

O rendimento de carcaça (%) foi calculado em relação ao peso vivo das

codornas e os rendimentos (%) de peito, coxa+sobrecoxa e vísceras comestíveis (moela,

fígado, coração) em relação ao peso da carcaça. Toda a gordura encontrada ao redor da

cloaca, moela, proventrículo e ao redor dos músculos (se houver) foi considerada como

gordura corporal.

Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas das

exigências foram determinadas pelos modelos de regressão polinomial. No modelo

quadrático as exigências de proteína bruta foram obtidas por derivação das equações e

corresponderam ao nível que maximizou a variável dependente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram

29ºC e 19,8ºC, respectivamente, e a umidade relativa 78%. Houve efeito quadrático

para ganho de peso, com máximo ganho com 28% de PB. Foi verificado efeito linear

crescente para ingestão de proteína e linear decrescente para consumo de ração,

conversão alimentar, ingestão de energia e concentração sérica de ácido úrico (Tabela

3).

Observou-se uma redução linear do consumo de ração com o aumento dos níveis

proteicos, onde para cada aumento de 1% da proteína da ração, a codorna reduziu o

consumo em 0,137g. O mesmo comportamento ingestivo foi observado por Corrêa et al.

(2007ab) e Corrêa et al. (2008), onde a partir dos níveis 30,8; 26,6 e 29,02% de PB,

respectivamente, as codornas diminuíram a ingestão de ração com o aumento dos níveis

proteicos.

Tabela 3.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de

ácido úrico de codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função

dos diferentes níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 19 22 25 28 31 CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)¹** 15,62 14,85 14,62 14,60 13,68 4,27

Ganho de peso (g/ave/dia)²* 6,67 6,89 7,34 7,40 7,23 4,05

Conversão alimentar (g/g)¹** 2,34 2,16 2,00 2,06 1,90 5,13

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)¹** 45,29 43,06 42,38 41,60 39,65 4,26

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 2,96 3,26 3,65 4,25 4,23 4,69

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 3,30 3,53 2,57 2,51 2,41 13,77 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; *(P<0,05); **(P<0,01); CV – coeficiente de variação

Ton et al. (2011) estudando diferentes níveis de lisina na alimentação de

codornas de corte em crescimento, verificaram redução linear do consumo com o

aumento de lisina da dieta. De acordo com os autores, as codornas que consumiram a

ração de menor conteúdo aminoacídico compensaram esse baixo suprimento com maior

quantidade de alimento como forma de estabelecer o mecanismo regulador de consumo.

O resultado do consumo de ração do presente estudo discorda dos apresentados

por Oliveira et al. (2002), Freitas et al. (2006) e Veloso et al. (2012). Segundo estes

autores, não há efeito da proteína bruta sobre o consumo de ração em codornas de corte

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porque a ação da proteína sobre o consumo não é resultado apenas da quantidade de PB

fornecida na ração, mas também da qualidade (em relação aos aminoácidos) que esta

ração contém. Citam ainda que o ajuste do consumo de ração ocorre apenas em função

dos níveis energéticos.

Contudo, pesquisas mostram que pode haver uma resposta da ave em função dos

níveis de proteína da dieta. De acordo com Moura et al. (2010), se o conteúdo proteico

da ração é baixo, as aves podem vir a aumentar o seu consumo alimentar, para

compensar parcialmente o menor conteúdo em aminoácidos. O inverso ocorre quando

há um alto conteúdo de proteína e neste caso, as aves reduzirão o consumo por conta

deste excesso.

Para Shirisvastav e Panda (1999), a qualidade da proteína é mais importante que

seu nível na ração, entretanto, em razão dos efeitos da proteína na fase inicial sobre o

consumo e ganho de peso, o nível de PB da ração não deve ser menosprezado

(OLIVEIRA et al. 2002).

Observa-se que a ingestão de energia reduziu linearmente com o aumento dos

níveis de proteína da dieta (Tabela 4) na fase de 1 a 21 dias. Para cada aumento de 1%

da PB, as codornas reduziram sua ingestão diária de energia em 0,424 kcal.

Considerando que as rações eram isoenergéticas, a redução da ingestão de energia deve

estar associada à redução também linear do consumo de ração, fato que fez com que as

codornas ingerissem menos energia por grama de ração consumida. Este resultado

mostrou que o mecanismo de regulação da ingestão de energia não é fisiologicamente

perfeito.

Tabela 4.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na

fase de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y=18,11-0,137x 0,88

Ganho de peso (g/ave/dia) Y= 0,144+0,5162x- 0,0092x² 0,91

Conversão alimentar (g/g) Y=2,915-0,033x 0,85

Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y=53-0,424x 0,95

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=0,732+0,117x 0,94

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y=5,2046-0,0937x 0,75

Nem sempre é possível observar em codornas jovens, a mesma eficiência na

capacidade de regulação do consumo de ração geralmente vista em aves adultas. Alguns

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autores (NASCIMENTO et al., 2004; MENDONÇA et al., 2008) afirmam que na fase

inicial as aves têm metabolismo acelerado, não sendo possível controlar bem o consumo

de ração pelo nível de energia da dieta. Segundo Maiorka et al. (1997), o consumo de

ração só deve ser adequadamente regulado pela energia após a terceira semana de idade,

o que pode estar relacionado à possibilidade de as aves ainda não digerirem

eficientemente os lipídios.

A ingestão diária de proteína na fase de 1 a 21 dias aumentou linearmente com o

aumento dos níveis proteicos da ração. Para cada 1% de aumento da PB as codornas

aumentaram a ingestão proteica em 0,117g. Observa-se que apesar de ter havido

redução de 0,137g no consumo de ração para cada 1% de aumento de PB, a ingestão de

proteína permaneceu aumentando em 0,117g nessa mesma proporção.

O aumento dos níveis proteicos da dieta eleva naturalmente a concentração de

proteína em 1 grama de ração. Desta forma, as aves alimentadas com as rações com os

maiores níveis consumiram mais proteína, mesmo quando diminuíram o consumo de

ração, devido à concentração superior de PB. Este pode ser o motivo de as aves terem

diminuído o consumo de ração, justamente por conta do excesso de proteína,

considerando que não houve regulação da ingestão de energia.

O ganho de peso na fase de 1 a 21 dias aumentou até o nível 28% de PB e em

seguida diminuiu. Resultados semelhantes foram observados por Corrêa et al. (2007a),

Fridrich et al. (2005) e Veloso et al. (2012), com máximo ganho de peso nos níveis

30,1; 25,67 e 26% de PB. Silva et al. (2006) verificaram diminuição do ganho de peso

com a redução da proteína bruta da dieta. Entretanto, Freitas et al. (2006) não

encontraram efeito significativo dos níveis de PB sobre o ganho de peso das codornas

de corte.

O crescimento de codornas de corte é acentuado na fase inicial devido o

acelerado crescimento corporal. De acordo com Silva e Ribeiro (2001) apud Scherer et

al. (2011), esse crescimento ocorre em função da hipertrofia, principalmente dos

músculos peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras. As exigências nutricionais

variam de acordo com a idade das aves, de modo que, nas primeiras semanas de vida, a

exigência de proteína e aminoácidos é maior devido ao rápido crescimento das codornas

(ENKE et al., 2005).

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Observa-se no presente estudo, uma redução no ganho de peso a partir de 28%

de PB, mesmo com o aumento da ingestão diária de proteína bruta. Podemos inferir com

isso, que o aumento do ganho de peso ocorreu até o ponto em que se estabeleceu o

limite fisiológico para a expressão dessa característica. De acordo com Corrêa et al.

(2007a), à semelhança do que ocorre em frangos de corte, o peso e ganho de peso em

codornas de corte são limitados, tanto pela quantidade de aminoácidos essenciais em

dietas com baixos níveis de proteína bruta, como pela redução da eficiência de

utilização dos aminoácidos em dietas com níveis proteicos acima da exigência.

Segundo Leeson (1995), a redução da eficiência do uso da proteína ocorre

porque a síntese muscular é geneticamente controlada, havendo, portanto, um limite

para a deposição diária de proteína, independentemente de sua ingestão. De acordo com

Sklan e Plavnik (2002), rações para frangos de corte devem ser formuladas para

fornecer aminoácidos suficientes para síntese proteica, de modo que o excesso pode

diminuir a eficiência de utilização dos aminoácidos essenciais. A redução no

desempenho e na eficiência alimentar com o aumento da ingestão de PB pode ser

atribuída à menor eficiência de uso dos aminoácidos excedentes, visto que o excesso de

proteína, ou de aminoácidos ingeridos, é catabolizado na forma de ácido úrico gerando

um custo energético para que esse processo ocorra.

Esse custo é relativamente alto, pois o gasto de energia para incorporar um

aminoácido na cadeia proteica é estimado em torno de 4 mols de ATP e, para excretar

um aminoácido, são gastos de 6 a 18 mols de ATP, desviando para a excreção de

nitrogênio (N) a energia que deveria ser utilizada para manutenção corporal

(LECLERCQ, 1996, apud COSTA et al., 2001).

Além da redução na eficiência alimentar, a diminuição da ingestão diária de

energia pode ter sido outro fator a contribuir para a redução do ganho de peso a partir de

28% de PB. Para Veloso et al. (2012), o aumento do ganho de peso pode estar associado

a níveis energéticos mais elevados, indicando a influência da energia sobre o

desempenho de codornas nas primeiras fases de crescimento em função de sua maior

demanda energética para aumento de tamanho corporal. Desta forma, a maior exigência

energética pode estar ligada à alta taxa de crescimento e, portanto, à uma maior

demanda metabólica.

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A conversão alimentar melhorou linearmente na fase de 1 a 21 dias, onde para

cada aumento de 1% de PB verificou-se diminuição de 0,033 pontos na conversão. Por

ser uma variável calculada através do consumo de ração e do ganho de peso, o resultado

era esperado tendo em vista que a redução do consumo de ração com o aumento dos

níveis proteicos foi mais expressiva do que a redução do ganho de peso observada a

partir de 28% de PB. Resultados semelhantes foram observados por Fridrich et al.

(2005) e Veloso et al. (2012).

A concentração sérica de ácido úrico na fase de 1 a 21 dias diminuiu linearmente

com o aumento dos níveis de proteína bruta da ração. Esperava-se efeito contrário, onde

o aumento da ingestão de proteína juntamente com a redução no ganho de peso (a partir

de 28% de PB) promovesse uma maior concentração de ácido úrico devido o aumento

do catabolismo proteico. Isso porque com a redução do ganho de peso, menos proteína

ingerida seria retida e mais seria excretada na forma de ácido úrico, já que a síntese

proteica não estava sendo eficientemente realizada (redução de ganho de peso).

Entretanto, observa-se que a redução no ganho de peso ocorreu a partir de 28%

de PB, ou seja, em um nível muito próximo ao ultimo nível estudado (31%). Esta

situação limítrofe pode ter contribuído para o não surgimento do efeito esperado

(aumento da concentração de ácido úrico) dentro da margem de níveis avaliados (19 a

31%), contudo evidenciou a retenção de nitrogênio (diminuição da concentração de

ácido úrico) ocorrida até o nível de 28% de PB. É possível que se tivessem sido

estudados níveis acima de 31% de PB, fosse verificado um aumento na concentração

sérica de ácido úrico.

Durante a fase de 21 a 42 dias, a média das temperaturas máxima e mínima

foram 28,3ºC e 19,7ºC, respectivamente, e umidade relativa 83%. Foi verificado efeito

linear crescente para ingestão de proteína e retenção de nitrogênio, linear decrescente

para consumo de ração, ingestão de energia e coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio. Não houve efeito significativo para ganho de peso, conversão alimentar e

concentração sérica de ácido úrico (Tabela 5).

Tabela 5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido

úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de

codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes

níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

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VARIÁVEIS 16 19 22 25 28 CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)¹** 31,55 31,20 31,10 30,60 30,63 1,70

Ganho de peso (g/ave/dia)² 7,18 6,97 7,00 6,66 6,89 5,24

Conversão alimentar (g/g)² 4,41 4,46 4,54 4,57 4,46 5,13

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)¹** 96,22 94,59 94,60 93,70 93,43 1,70

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 5,05 5,89 6,96 7,59 8,58 1,58

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)² 2,15 2,82 2,41 1,96 3,54 17,38

Retenção de nitrogênio (g/ave/dia)¹** 0,563 0,617 0,628 0,780 0,865 10,15

CDN (%)¹** 72,43 69,91 66,23 66,27 63,52 2,87 ¹ Efeito linear; ² Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio; CV-

coeficiente de variação

O consumo de ração diminuiu linearmente com o aumento dos níveis de proteína

bruta. De acordo com a equação de regressão, para cada 1% de aumento da proteína,

as codornas diminuíram 0,081g o consumo de ração (Tabela 6). Assim com na fase

de 1 a 21 dias, é possível que as aves tenham reduzido o consumo por conta do

excesso de proteína bruta, considerando que as rações eram isoenergéticas.

Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função

dos diferentes níveis de proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y=32,79-0,081x 0,91

Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y=99,25-0,215x 0,87

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=0,391+0,291x 0,99

Retenção de nitrogênio (g/ave/dia) Y=0,1284+0,0256x 0,91

CDN (%) Y=83,40-0,715x 0,94 CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio

Algumas pesquisas apontam a capacidade das codornas de corte de regular o

consumo de ração em função dos níveis de energia. Entretanto, verifica-se também

alguma influencia dos níveis proteicos sobre o comportamento ingestivo destas aves.

De acordo com Moura et al. (2010), se o conteúdo proteico da ração é baixo, as aves

podem vir a aumentar o consumo alimentar, para compensar parcialmente o menor

conteúdo em aminoácidos.

A ingestão de energia na fase de 21 a 42 dias diminuiu linearmente com o aumento

dos níveis de proteína das rações. Para cada aumento de 1% da PB, as codornas

diminuíram em 0,215 kcal a ingestão diária de energia.

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Observa-se que a redução da ingestão de energia apresentou resposta estatística

semelhante à do consumo de ração. Desta forma, a diminuição do consumo de ração

fez com que as aves reduzissem consequentemente o consumo de energia,

considerando que as raçoes eram isoenergéticas.

Pesquisas apontam o comportamento ingestivo das codornas em regular o consumo

de ração de acordo com suas necessidades energéticas (REZENDE et al., 2004;

FREITAS et al., 2006; TON et al., 2011; VELOSO et al., 2012). Entretanto, nem

sempre o mecanismo regulador do consumo é eficiente (OLIVEIRA et al., 2002;

MENDONÇA et al., 2008), principalmente na fase de crescimento. Segundo os

autores, isso pode ser consequência das aves jovens não regularem o consumo de

energia tão bem como as aves adultas, devido à digestão ineficiente de lipídeos

(MAIORKA et al., 1997) nessa fase.

Para a ingestão de proteína na fase de 21 a 42, verificou-se efeito linear crescente. De

acordo com a equação de regressão, cada 1% de aumento dos níveis de proteína da

dieta, as codornas aumentaram em 0,291g o consumo de proteína. Este fato está

associado ao aumento dos níveis de proteína da dieta, que fizeram com que as

codornas consumissem mais proteína por grama de ração ingerida.

O ganho de peso não diferiu estatisticamente entre os níveis de proteína avaliados.

Embora o ganho de peso seja dependente da ingestão de nutrientes, as alterações na

ingestão de energia e proteína com o aumento da proteína bruta da ração não

promoveram diferenças significativas nesta variável. Resultado semelhante foi

observado por Oliveira et al. (2002) e Freitas et al. (2006), mas contradizem os

apresentados por Fridrich et al. (2005), Corrêa et al. (2007a) e Veloso et al. (2012).

Segundo Albino (2000), a deposição proteica é controlada pela genética da ave.

Independente da quantidade de nutrientes ingerida, existe um limite de deposição

corporal que não consegue ser ultrapassado. Desta forma, podemos inferir que houve

uma estabilização do ganho de peso até o limite de crescimento da codorna.

A conversão alimentar na fase de 21 a 42 não foi influenciada pelos níveis de

proteína bruta, possivelmente por conta do ganho de peso que se manteve estável ao

longo dos níveis avaliados. Este resultado concorda com Corrêa et al. (2007a), que

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ao avaliarem as exigências de proteína bruta para codornas de corte em crescimento,

verificaram efeito sobre o consumo de ração, mas não sobre a conversão alimentar.

Observa-se no presente estudo que a conversão alimentar da fase de 21 a 42 dias foi

pior quando comparada à fase de 1 a 21 dias. De acordo com Veloso et al. (2012), a

conversão alimentar piora com o aumento da idade. Fridrich et al. (2005) observaram

o efeito da PB sobre a conversão alimentar apenas na fase de crescimento, pelo fato

de que a velocidade de crescimento, o ganho de peso e a exigência de proteína bruta

na fase de terminação diminuem.

A retenção de nitrogênio aumentou e o coeficiente de digestibilidade diminuiu com

os níveis de proteína bruta. Não foi verificado efeito dos níveis de proteína sobre a

concentração sérica de ácido úrico.

Com o aumento dos níveis de proteína da ração, houve um aumento da ingestão e da

excreção de N, contudo a ingestão foi quantitativamente superior à excreção (N

ingerido > N excretado) com o aumento dos níveis, situação que fez com que a

retenção permanecesse em ascensão. Desta forma, ela aumentou 0,025g para cada

1% de aumento nos níveis de proteína bruta da ração.

Já o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio diminuiu linearmente por conta do

aumento da quantidade de nitrogênio ingerido ter sido muito superior à quantidade

de nitrogênio retido, fazendo com que a relação N retido/ N ingerido diminuísse com

o aumento dos níveis de proteína. Assim, para cada aumento de 1% nos níveis de

proteína bruta, o CDN diminuiu em 0,715%.

A concentração sérica de ácido úrico não foi influenciada pelo aumento dos níveis de

PB, assim com o ganho de peso. Este fato corrobora com a ideia de que as codornas

conseguiram ajustar a utilização de nitrogênio ao longo dos níveis em benefício da

estabilidade do ganho de peso.

Os níveis de proteína bruta não influenciaram o peso vivo (Tabela 7), semelhante ao

observado para o ganho de peso, portanto, esse resultado está dentro do esperado

para a resposta da variável.

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Tabela 7.Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras

comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em

função dos diferentes níveis de proteína bruta

Proteína bruta (%)

VARIÁVEIS 16 19 22 25 28 CV (%)

Peso vivo (g)³ 270,37 260,53 262,50 251,91 271,84 6,00

Carcaça (%)²* 74,72 76,42 76,94 76,79 73,54 2,68

Coxa+sobrecoxa (%)¹* 23,85 23,30 22,98 22,90 22,50 3,60

Peito (%)²* 39,06 38,90 39,01 38,20 37,84 2,74

Gordura corporal (%)¹* 1,74 1,61 1,20 1,30 1,22 26,54

Moela (%)²* 1,49 1,70 1,85 1,70 1,70 16,12

Fígado (%)³ 2,43 3,13 2,49 2,57 2,67 11,98

Coração (%)³ 1,2 0,92 1,06 1,08 1,02 13,04 ¹ Efeito linear; ²Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,01); CV- coeficiente de variação

O rendimento de carcaça foi influenciado pelos níveis de proteína bruta, onde o

máximo resultado foi obtido com 21,81% de PB (Tabela 8). Corrêa et al. (2005)

avaliando 4 níveis de PB (22, 24, 26 e 28%) e Corrêa et al. (2008) testando 6 níveis

(23, 25, 27, 29, 31 e 33%) não encontraram efeito dos níveis proteicos sobre o

rendimento de carcaça. Ton et al. (2011) estudando níveis de lisina e Silva et al.

(2006) avaliando redução proteica, todos com codornas de corte, também não

verificaram diferenças significativas dos níveis proteicos sobre a variável.

Tabela 8.Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de

carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal

de codornas europeias aos 42 dias de idade em função dos níveis de proteína

bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Rendimento de carcaça (%) Y= 38,07 +3,622x - 0,083x² 0,94

Peito (%) Y= 36,02 + 0,356x - 0,010x2 0,92

Coxa + sobrecoxa (%) Y= 25,38 - 0,103x 0,94

Gordura corporal (%) Y = 2,409 - 0,045x 0,75

Moela (%) Y= - 1,292 + 0,266x -0,005x2 0,83

O maior rendimento de carcaça foi obtido com 21,81% de PB, resultado muito

próximo ao nível recomendado por Silva e Costa (2009) que é de 22% de PB para a

fase de 21 a 42 dias. Comparando o rendimento obtido com 22% de PB (76,94%)

com os verificados por Corrêa et al. (2005) (74,28%), Silva et al. (2006) (71,56%) e

Corrêa et al. (2008) (71,56%), observa-se que as codornas ao longo dos anos tem

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modificado suas exigências nutricionais em função da melhor genética e

adaptabilidade, gerando melhores resultados de desempenho. São aves com maior

crescimento corporal e assim, expressam maiores rendimentos de carcaça com um

menor consumo de ração.

Portanto, é possível que em anos anteriores os diferentes níveis de proteína bruta não

exercessem efeito sobre as variáveis de rendimento, mas com o perfil das codornas

de corte na atualidade, novas recomendações desse nutriente são necessárias para o

atendimento dessa exigência e assim, as codornas possam expressar sua real

capacidade como produtora de carne.

O rendimento de peito apresentou efeito quadrático, com máximo valor no nível

17,8% de PB. A mesma variável não foi influenciada pelos níveis de PB nos

trabalhos apresentados por Corrêa et al. (2005) e Silva et al. (2006).

Corrêa et al. (2008) e Ton et al. (2011), verificaram que o aumento dos níveis de

proteína bruta promoveram aumento linear do rendimento de peito. De acordo com

Suida (2001), esse resultado pode ser justificado pelo fato de que proteína

(aminoácidos) é orientada principalmente para a deposição de proteína corporal e o

peito é o local de maior deposição de tecido muscular.

Desta forma, observa-se que o consumo moderadamente elevado de proteína pode

originar incrementos na produção de carne da codorna de corte. De acordo com

Leeson (1995), à medida que há incremento da ingestão proteica, em razão do maior

conteúdo de proteína da dieta, há aumento do rendimento de peito.

Entretanto, considerando os dados obtidos neste trabalho, os rendimentos de peito

nos níveis mais altos não foram máximos. Nos níveis mais altos de PB da dieta, o

pior rendimento de peito, pode estar relacionado à menor digestibilidade de

nitrogênio e disponibilidade de energia para síntese de proteína muscular.

O rendimento de coxa+sobrecoxa diminuiu linearmente com o aumento dos níveis de

proteína bruta da ração, discordando dos resultados apresentados por Corrêa et al.

(2005 e 2008) e Ton et al. (2011). Observa-se no presente estudo que, assim como

para o rendimento de carcaça e de peito, os maiores níveis de proteína bruta

prejudicaram o rendimento de coxa+sobrecoxa, corroborando mais uma vez com a

ideia de que a proteína quando disponibilizada acima da necessidade da ave, pode

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interferir no rendimento de partes nobres. Isso pode ocorrer por conta da energia

gasta pela ave na realização do catabolismo das proteínas, desviando-a para esta

atividade ao invés de ser utilizada na manutenção corporal.

O rendimento de gordura diminuiu linearmente com o aumento dos níveis de

proteína. Para cada 1% de aumento da proteína bruta as codornas reduziram a

gordura corporal em 0,045g. Observa-se no presente estudo que com o aumento dos

níveis proteicos houve uma redução da ingestão diária de energia (Tabela 6). Este

fato deve ter contribuído para a redução da porcentagem de gordura corporal, tendo

em vista a relação positiva existente entre ambas as variáveis.

De acordo com Mendonça et al. (2007), a quantidade de gordura depositada é

diretamente proporcional à quantidade de energia disponível para síntese, portanto, a

energia alimentar em excesso é bem correlacionada com a deposição de lipídios na

maioria dos animais. Para Leeson et al. (1996), o controle da ingestão de energia é

importante não somente por seu efeito na taxa de crescimento, mas também pelos

efeitos negativos da ingestão em excesso, que deprecia a qualidade da carcaça pelo

maior acúmulo de gordura. Reduções da ingestão de energia da ração resultam em

menor acúmulo de gordura na carcaça.

Quanto às vísceras comestíveis, apenas a moela (%) foi influenciada pelos níveis de

proteína, apresentando maior proporção no nível 26,6% de PB. Oliveira (2001)

demonstrou que a porcentagem de vísceras comestíveis é afetada pelo nível de PB da

ração de codornas de 1 a 49 dias de idade, observando-se os melhores resultados com

22% e o pior com 24% de PB. Corrêa et al. (2005 e 2008) não verificaram efeito da

proteína bruta sobre as vísceras comestíveis.

CONCLUSÕES

Recomenda-se para a fase de 1 a 21 dias e 21 a 42 dias de idade, 28% e 22% de

proteína bruta, respectivamente.

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CAPÍTULO III

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Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na

alimentação de codornas japonesas e europeias

EXPERIMENTO 4

Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na alimentação de

codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de

idade

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar a melhor relação energia metabolizável: proteína bruta

sobre o desempenho de codornas japonesas na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade.

Para ambas as fases foram utilizadas 300 codornas em um delineamento inteiramente

casualizado com 5 tratamentos, 6 repetições com 10 aves por unidade experimental. Na

fase de 1 a 21 foram utilizados as relações energia metabolizável: proteína bruta (EM:

PB) 116; 80,64; 87,09; 93,54 e 100 e na fase de 21 a 42 dias as relações EM: PB

120,45; 129,54; 138,63; 147,72 e 156,81. Na fase 1 a 21 dias, excluindo a ração controle

(116) verificou-se efeito linear decrescente para o consumo de ração, conversão

alimentar e ingestão de proteína e linear crescente para concentração sérica de ácido

úrico. Não houve efeito significativo para ganho de peso e ingestão de energia. Na fase

de 21 a 42 dias foi verificado efeito quadrático para ingestão de energia e concentração

sérica de ácido úrico, linear crescente para ganho de peso, linear decrescente para

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consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína. Não houve efeito

significativo para coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio retido.

Recomenda-se a relação EM: PB 116, com 2.900 kcal/kg e 25% de proteína bruta para a

fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a relação EM: PB 156,81

com 3.450 kcal/kg e 22% de proteína bruta.

Palavras- chave: ácido úrico, crescimento, desempenho, ganho de peso

Determination of metabolizable energy: crude protein in the diet of Japanese

quails (Coturnix coturnix japonica) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the best metabolizable energy: crude protein

on performance of Japanese quails from 1 to 21 and 21 to 42 days old. For both phases

of 300 quails were in a completely randomized design with 5 treatments and 6

repetitions with 10 birds each. From 1 to 21 were used relations metabolizable energy:

crude protein (ME: CP) 116, 80.64, 87.09, 93.54 and 100 and in the period from 21 to

42 days relations: CP 120, 45, 129.54, 138.63, 147.72 and 156.81. In phase 1 to 21

days, excluding the control diet (116) there was a negative linear effect for feed intake,

feed conversion and protein intake and increasing linear for serum uric acid. There was

no significant weight gain and energy intake. In the period from 21 to 42 days was

observed quadratic effect on energy intake and serum uric acid, linear increase to weight

gain, decreasing linear feed intake, feed conversion and protein intake. There was no

significant effect on nitrogen digestibility and nitrogen retention. It is recommended that

the relationship: CP 116, with 2,900 kcal / kg and 25% crude protein for phase 1 to 21

days and for the period from 21 to 42 days is recommended: CP ratio with 156.81 3450

kcal / kg and 22% crude protein.

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100

Keywords: uric acid, growth, performance, weight gain

INTRODUÇÃO

O nível energético é um dos componentes mais importantes na formulação de

rações, se considerarmos que as aves consomem alimentos para atender suas

necessidades energéticas. Quando ingerida, a energia segue prioritariamente três

destinos: gasto com atividade normal, gasto com a produção de calor para manutenção

da homeotermia corporal e gasto com a deposição ou perda de nutrientes do corpo das

aves, caso seja consumida em excesso.

De acordo com Moura et al. (2010), o consumo de ração é regulado pela

densidade energética da dieta e pela exigência nutricional, o que consequentemente,

afeta o desempenho. Desta forma, segundo Bertechini (2006), todos os nutrientes devem

estar relacionados com o conteúdo de energia da dieta.

Várias relações energia metabolizável: proteína bruta (EM: PB) tem sido

estudadas na formulação de rações para animais monogástricos e normalmente ocorrem

mudanças na composição corporal, especialmente na deposição de proteína e gordura.

Penz Jr. et al. (1999) citaram que quando se altera a relação EM:PB da dieta, o consumo

de proteína (aminoácidos) e de outros nutrientes pode ser afetado.

Quando o teor energético de uma dieta não é suficiente ou se a proteína for de

baixa qualidade, o organismo buscará através da desaminação, a energia necessária para

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101

o metabolismo. Uma baixa relação EM: PB pode reduzir a taxa de crescimento devido

ao aumento da demanda metabólica para excreção de nitrogênio. Ao contrário, o

excesso de energia pode causar deposição excessiva de gordura na carcaça, reduzir o

consumo de alimento e inibir a utilização de outros nutrientes. Porém, se o conteúdo

proteico da ração é baixo, as aves podem vir a aumentar o seu consumo alimentar, para

compensar parcialmente o menor conteúdo em aminoácidos (MOURA et al., 2010)

Portanto, é importante ajustar o nível proteico e outros nutrientes à densidade

energética, de forma que a quantidade de ração ingerida satisfaça nutricionalmente os

animais (SMITH et al., 1999).

O objetivo do trabalho foi determinar a melhor relação EM: PB para codornas

japonesas na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de

28/09/2011 a 19/10/2011 para a fase de 1 a 21 dias e no período de 19/10/2011 a

09/11/2011 para a fase de 21 a 42 dias de idade. Foram utilizadas 300 codornas

japonesas de 1 dia de idade para a fase de 1 a 21 dias e paralelo a estas, foram criadas

outras 300 codornas até atingirem 21 dias de idade para que fosse dado início à fase

experimental de 21 a 42 dias. Nas duas fases de criação, as aves foram alojadas em

boxes dotados de aquecimento em um delineamento inteiramente casualizado com cinco

tratamentos e seis repetições de 10 aves por unidade experimental. O peso inicial das

aves na fase 1 a 21 dias foi de 7,46 ± 0,15g e na fase de 21 a 42 dias foi de 82,53 ±

0,38g.

Para a eleição das relações energia metabolizável: proteína bruta a serem

utilizadas neste experimento, foi necessário a obtenção do nível de proteína bruta que

proporcionou melhores resultados de desempenho nas fases de 1 a 21 e de 21 a 42 dias

de idade do experimento 1.

Desta forma, os tratamentos nas duas fases de criação consistiram de uma ração basal

composta por milho, farelo de soja e farinha de carne e ossos, formulada segundo as

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102

recomendações de Silva e Costa (2009), exceto para energia metabolizável (EM) e

proteína bruta (PB). As dietas foram formuladas com base em aminoácidos

digestíveis e suplementadas com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina

HCL e L-treonina na fase 1 a 21 e DL-metionina, L-lisina HCL, L-treonina e L-

triptofano na fase 21 a 42 dias, podendo atender ou exceder as recomendações dos

aminoácidos essenciais. Os dados de composição de alimentos foram baseados

segundo Rostagno et al. (2005).

Para a fase de 1 a 21 dias, a primeira relação EM: PB foi formulada com 25% de

PB e 2.900 kcal/kg (ração controle) de acordo com Silva e Costa (2009) e as demais

relações, com 31% de PB e 2.500, 2.700, 2.900 e 3.100 kcal de EM/kg de ração,

estabelecendo assim as relações 116; 80,64; 87,09; 93,54 e 100 nas rações

experimentais (Tabela 1). O nível 31% de PB foi utilizado neste experimento, por ter

sido o que mais influenciou o bom desempenho na fase de 1 a 21 do experimento 1. Por

ser um alto valor de proteína bruta, utilizou-se para comparação uma ração referência

(controle) atendendo a recomendação nutricional de PB sugerida por Silva e Costa

(2009).

Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas

na fase de 1 a 21 dias

Relação EM:PB

116 80,64 87,09 93,54 100

Ingredientes

Milho 53,000 31,322 36,322 33,186 30,529

Soja 45% 40,426 60,226 58,551 56,465 53,541

Farinha de carne e ossos 40% 3,211 0,000 2,898 2,953 3,013

Farelo de glúten 60% 1,060 1,466 0,024 1,944 4,396

Óleo de soja 0,739 0,000 0,800 4,000 7,000

Calcário 0,637 1,064 0,617 0,615 0,615

Fosfato bicálcico 0,000 0,963 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,437 0,475 0,423 0,427 0,432

DL- metionina 0,126 0,016 0,027 0,016 0,000

L-treonina 0,045 0,003 0,019 0,023 0,029

L - lisina HCL 0,000 0,000 0,000 0,053 0,126

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

Antibiotico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 0,000 4,147 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

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Proteína bruta (%) 25 31 31 31 31

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.500 2.700 2.900 3.100

Relação EM:PB 116 80,64 87,09 93,54 100

Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850 0,850

Cloro (%) 0,310 0,305 0,293 0,295 0,298

Potássio (%) 0,927 1,204 1,206 1,162 1,105

Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240

Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320 0,320

Arginina dig.(%) 1,568 2,037 2,051 2,012 1,958

Isoleucina dig. (%) 0,964 1,273 1,2421 1,240 1,236

Lisina dig.(%) 1,190 1,601 1,601 1,601 1,601

Leucina dig. (%) 1,975 2,385 2,284 2,384 2,515

Met.+cist.dig. (%) 0,800 0,826 0,826 0,826 0,826

Metionina dig. (%) 0,474 0,445 0,445 0,443 0,440

Treonina dig.(%) 0,870 1,062 1,062 1,062 1,062

Triptofano dig.(%) 0,273 0,375 0,368 0,360 0,348

Valina dig.(%) 1,021 1,293 1,275 1,278 1,281

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Colistin;

6Areia lavada

A fase de 21 a 42 dias foi composta por rações contendo 22% de PB

(isoproteicas), com EM variando em 200 kcal/kg para mais e para menos, considerando

como base para variação a recomendação de Silva e Costa (2009) em energia

metabolizável para a fase 21 a 42 dias (3.050kcal/kg). O nível de 22% de PB foi

utilizado por ter sido o escolhido na fase de 21 a 42 dias do experimento 1 por ter

influenciado os melhores resultados de desempenho. Desta forma, as rações

experimentais foram formuladas com 2.650, 2.850, 3.050, 3.250 e 3.450 kcal/kg,

estabelecendo assim as relações 120,45; 129,54; 138,63; 147,72 e 156,81 (Tabela 2).

Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho

de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de

proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido

úrico (mg/dL).

Além dos parâmetros anteriormente citados, na fase de 21 a 42 dias foram avaliados

também o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) e retenção de

nitrogênio (g/ave/dia).

Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho de

peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração foi

determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de peso

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foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A

conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o

ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da

quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração

ingerida.

A retenção de nitrogênio e o CDN foi determinado pelo método de coleta total de

excretas segundo metodologia de Matterson et al. (1965), com uma duração de 4

dias. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia (08:00 h e 16:00 h) e

acondicionadas em “freezer” para posterior determinação de N em laboratório, de

acordo com Silva e Queiroz (2002). O cálculo da retenção de nitrogênio foi feito

através da diferença entre o N ingerido e o N excretado.

A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade

da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último

dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi

estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através

de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as

instruções do fabricante.

Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas

na fase de 21 a 42 dias

Relação EM: PB

120,45 129,54 138,63 147,72 156,81

Ingredientes

Milho 51,5124 58,769 59,319 54,483 56,754

Soja 45% 37,021 34,128 34,024 34,937 23,850

Farinha de carne e ossos 40% 0,014 3,035 3,031 3,065 3,190

Farelo de glúten 60% 0,952 0,000 0,000 0,000 7,200

Óleo de soja 0,000 0,000 2,090 6,008 7,000

Calcário 0,949 0,492 0,494 0,477 0,513

Fosfato bicálcico 1,006 0,000 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,501 0,447 0,447 0,448 0,461

DL - metionina 0,139 0,144 0,143 0,148 0,097

L -treonina 0,087 0,106 0,106 0,105 0,135

L -lisina HCL 0,000 0,026 0,028 0,010 0,280

L -triptofano 0,000 0,000 0,000 0,000 0,200

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

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105

Antibiotico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 7,500 2,535 0,000 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 22 22 22 22 22

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.650 2.850 3.050 3.250 3.450

Relação EM:PB 120,45 129,54 138,63 147,72 156,81

Cálcio (%) 0,750 0,750 0,750 0,750 0,750

Cloro (%) 0,328 0,317 0,317 0,316 0,328

Potássio (%) 0,837 0,825 0,825 0,827 0,643

Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240

Fósforo disponível (%) 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300

Arginina dig.(%) 1,370 1,366 1,365 1,377 1,174

Isoleucina dig. (%) 0,868 0,832 0,831 0,837 0,804

Lisina dig.(%) 1,050 1,050 1,050 1,050 1,050

Leucina dig. (%) 1,784 1,718 1,720 1,703 2,104

Met.+cist.dig. (%) 0,740 0,740 0,740 0,740 0,740

Metionina dig. (%) 0,451 0,448 0,447 0,451 0,438

Treonina dig.(%) 0,820 0,820 0,820 0,820 0,820

Triptofano dig.(%) 0,248 0,237 0,236 0,239 0,381

Valina dig.(%) 0,908 0,891 0,891 0,892 0,887

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Colistin;

6Areia lavada

Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). Na fase de 1 a 21, os

resultados obtidos com cada uma das relações EM:PB foram comparados aos

encontrados com a ração controle utilizando-se o teste Dunnett (5%). Além do teste de

médias, nesta fase foram estimadas também as exigências pelo modelo de regressão

polinomial, excluindo-se a ração controle. Na fase de 21 a 42 dias, foi utilizado apenas o

modelo de regressão polinomial.

Nas duas fases, foi realizado o cálculo do custo por 100g de codorna produzida,

tendo em vista que são codornas em fase de crescimento e não apresentam produtos

finais destinados à comercialização como carne e ovos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram

26,5ºC e 18,5ºC, respectivamente, e a umidade relativa 86%. Para a análise de regressão

da mesma fase, excluindo-se a ração controle, foi verificado efeito linear decrescente

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106

para consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína e linear crescente

para concentração sérica de ácido úrico. Não houve efeito significativo para ganho de

peso e ingestão de energia.

Para o consumo de ração de 1 a 21 dias, a comparação das médias pelo teste de

Dunnett (Tabela 3) mostrou que as aves alimentadas com as relações EM: PB 80,64 e

87,09 consumiram mais ração do que as aves alimentadas com ração controle (EM: PB

116). De acordo com a análise de regressão, excluindo-se a ração controle, verificou-se

redução do consumo de ração com o aumento dos níveis de energia, ou seja, com o

aumento da relação EM: PB.

Observa-se que comparado à ração controle (116), a menor relação EM: PB

promoveu maior consumo de ração, inferindo que as aves alimentadas com 31% de PB

consumiram mais ração do que as alimentadas com 25%. Podemos inferir ainda com a

comparação das médias, que as codornas alimentadas com menores níveis de energia

metabolizável (2.500 e 2.700 kcal/kg) consumiram mais ração do que as alimentadas

com 2.900 kcal/kg da ração controle. Desta forma verificou-se que, a diminuição da

relação EM: PB, quer pelo aumento da proteína bruta, quer pela diminuição da energia

metabolizável, promoveu aumento do consumo de ração.

Tabela 3.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de

ácido úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função

das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta

Relação EM: PB 116 80,64 87,09 93,54 100

EM da ração (kcal/kg) 2900 2500 2700 2900 3100

PB (%) 25 31 31 31 31

VARIÁVEIS CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)¹* 10,18 12,84● 11,67

● 11,16 10,39 5,96

Ganho de peso (g/ave/dia)² 3,98 4,20● 4,15 4,15 4,06 3,35

Conversão alimentar (g/g)¹* 2,55 3,05● 2,81

● 2,69 2,55 5,92

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)² 29,55 32,12 31,53 32,38● 32,21 5,72

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 2,54 3,98● 3,62

● 3,46

● 3,22

● 6,08

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 3,11 6,48● 6,32

● 8,54

● 9,16

● 6,83

● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ efeito linear; ² não significativo; *P<0,01

Pesquisas que estudam o efeito da proteína bruta sobre o consumo de ração na

fase inicial de vida das codornas mostraram que pode haver aumento do consumo

quando o nível proteico desta é baixo, considerando que nos primeiros dias de vida as

codornas japonesas apresentam exigências elevadas em proteína, chegando a aumentar

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107

o peso vivo em cerca de onze vezes de 1 a 21 dias de idade, em função da hipertrofia,

principalmente, dos músculos peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras

(SILVA; RIBEIRO, 2001 apud SILVA et al., 2004).

Na análise de regressão, o aumento da relação EM: PB diminuiu o consumo

diário de ração em 3,9mg para cada kcal de aumento na energia da ração (Tabela 4).

Esse resultado concorda com o observado na comparação de médias, onde o aumento

dos níveis de energia promoveu menor consumo de ração. Situação semelhante foi

apresentada por Angulo et al. (1993) e Oliveira et al. (2002).

Murakami et al. (1993) estudando níveis de proteína (20, 22, 24 e 26%) e

energia (2.800 e 3.000) em rações para codornas japonesas em crescimento verificaram

que as codornas submetidas à dieta com menor nível energético consumiram mais ração

quando comparadas àquelas que receberam 3.000 kcal/kg. Segundo os autores, estes

resultados reafirmam a teoria quimiostática do controle da ingestão de alimento, onde as

aves alimentadas com dietas com menores valores energéticos consomem mais ração.

Tabela 4. Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase de 1 a

21 dias em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y=22,55-0,0039x 0,97

Conversão alimentar (g/g) Y=5,0595-0,0008x 0,97

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=6,9923-0,0012x 0,97

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y=- 6,7695+0,0051x 0,84

Para ingestão de energia de 1 a 21 dias, o teste de comparação de médias

mostrou que a ração com relação 93,54 proporcionou maior ingestão de energia do que

a ração controle. Vale ressaltar, que a diferença entre as duas rações está no nível

proteico, onde a ração com 31% de PB promoveu maior ingestão diária de energia. Essa

diferença pode estar associada ao maior consumo de ração, em termos absolutos, obtido

com a relação 93,54 quando comparada ao consumo de ração com a relação 116 (ração

controle), o que fez com que a ingestão de energia metabolizável aumentasse

ligeiramente com o nível proteico da ração.

De acordo com a análise de regressão, não houve efeito significativo dos níveis

de energia da ração sobre a ingestão diária de energia. Desta forma podemos inferir a

capacidade de codornas japonesas de regularem o consumo de energia em função de

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suas próprias necessidades energéticas. Segundo Leeson et al. (1996), os animais

tendem a regular o consumo de ração de forma a ingerir quantidades constantes de

energia e por isso, alteram o consumo de ração de acordo com o nível energético.

Entretanto, nem sempre essa regulação é eficiente nessa fase de vida da codorna, tendo

em vista a possibilidade de as aves ainda não digerirem eficientemente os lipídios

(NASCIMENTO et al., 2004) e apresentarem metabolismo acelerado (MENDONÇA et

al., 2007).

Para ingestão de proteína (Tabela 3), através da comparação de médias

verificou-se que todas as rações promoveram maior ingestão do que a ração controle.

Este resultado é explicável pelo fato de as codornas alimentadas com 31% de proteína

terem ingerido mais proteína em cada grama de ração consumida, e aliado a isso, terem

consumido mais ração do que as aves alimentadas com 25% de PB.

A equação de regressão da ingestão de proteína (Tabela 4) mostra que para cada

kcal de aumento de EM da ração houve diminuição de 1,2mg na ingestão proteica. É

possível que a ingestão de proteína tenha sido influenciada diretamente pelo consumo

de ração, concordando com os resultados da equação de regressão, onde claramente se

verifica o efeito dos níveis proteicos sobre o consumo de ração. Desta forma, o nível de

EM influenciou o consumo de ração e este último, exerceu influência direta sobre a

ingestão de proteína. Este mesmo resultado foi obtido por Mendonça et al. (2007 e

2008) ao avaliarem o efeito dos níveis de energia metabolizável sobre o desempenho de

aves de corte de crescimento lento.

Para a variável ganho de peso na fase 1 a 21 dias, o teste de médias mostrou que

as aves alimentadas com a ração de relação 80,64 (31% de PB) ganharam mais peso do

que as alimentadas com 116 (25% de PB). Sabe-se que a proteína é um dos nutrientes

mais importantes no crescimento das aves, principalmente na fase inicial devido ao

acelerado desenvolvimento muscular (TON et al. 2001) das codornas nesse período. Por

conta disso, houve maior ganho de peso das aves alimentadas com 31% de PB.

Contudo, ao avaliar a equação de regressão com a exclusão da ração controle, as

demais rações isoproteicas (31% de PB) não influenciaram significativamente o ganho

de peso. Ocorre que, por serem isoproteicas, o efeito está relacionado aos níveis de EM

das rações e estes não influenciaram a ingestão diária de energia metabolizável, fazendo

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com que não houvesse influência também no ganho de peso. Verifica-se, portanto, que

as rações foram eficientes em manter o peso corporal das codornas.

Oliveira et al. (2002) determinando as exigências de proteína bruta (18, 20, 22,

24 e 26%) e energia metabolizável (2.800, 3.000 e 3.200 kcal/kg) para codornas

japonesas observaram que no período de 16 a 27 dias de idade, as codornas não tiveram

influência da energia metabolizável sobre o ganho de peso, indicando que as mesmas

não exigiram alta energia ou usaram melhor a baixa energia da dieta.

Segundo Freitas et al. (2005) trabalhando com codornas japonesas, o controle no

consumo de ração em função do nível de energia contribuiu para que a ingestão de

energia não variasse entre os níveis avaliados. Consequentemente, era de se esperar que

o ganho de peso não variasse com o aumento dos níveis de energia da ração, uma vez

que esta variável depende da ingestão, principalmente dos níveis de energia para ser

alterada.

Com a comparação das médias para conversão alimentar de 1 a 21 dias,

verificou-se que as rações com relações EM: PB de 80,64 e 87,09 apresentaram pior

conversão alimentar do que a ração com relação 116 (ração controle). Podemos sugerir

que, a diminuição da relação EM: PB promoveu aumento do consumo de ração, fato que

piorou a conversão alimentar.

De acordo com a análise de regressão, a conversão alimentar melhorou com o

aumento dos níveis de energia. Segundo a equação, para cada kcal de aumento na

energia da ração, houve redução média de 0,0008 pontos na conversão alimentar. O

aumento da energia da ração promove redução no consumo de ração e, como o ganho de

peso não é alterado, as aves alimentadas com as rações mais energéticas apresentam

melhor conversão alimentar (LEESON et al., 1996).

Resultado semelhante foi verificado por Freitas et al. (2006) com codornas de

corte e por Murakami et al. (1993), que verificaram maior consumo de ração e pior

conversão alimentar em codornas japonesas alimentadas com menor nível energético.

Outro fator que pode influenciar o resultado para conversão alimentar é o

ingrediente fornecedor de energia na formulação da ração. Segundo Oliveira Neto et al.

(1999), o aumento do nível de energia por meio de inclusão de óleo de soja nas rações

pode proporcionar menor incremento calórico, consequentemente, aumentar a energia

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disponível para a ave, além de modificar a taxa de passagem e a digestibilidade do

alimento, fatores que em parte justificam a melhora da conversão alimentar.

De acordo com o teste de médias para a concentração sérica de ácido úrico na

fase 1 a 21 dias, verificou-se que todas as rações contendo 31% de proteína bruta

promoveram aumento do nível de ácido úrico no sangue, comparado à ração controle

(25% de PB). Observa-se facilmente que o aumento dos níveis de proteína promoveu

aumento da concentração de ácido úrico no sangue.

Para análise de regressão, houve aumento da concentração sérica de ácido úrico

com o aumento dos níveis de energia metabolizável. Observa-se que mesmo com a

redução da ingestão diária de proteína, a concentração de ácido úrico permaneceu

aumentando, sugerindo que mais nitrogênio foi excretado e menos foi utilizado para

síntese de proteína corporal. Esta informação concorda com o resultado obtido para

ganho de peso, que não variou ao longo dos níveis de energia avaliados. Desta forma,

como não houve variação no ganho de peso (anabolismo), mais nitrogênio foi perdido

(excretado) na forma de ácido úrico.

As fontes de proteína bruta utilizadas na formulação das rações exercem

influência sobre o nitrogênio (ácido úrico) sérico e em maiores quantidades pode

aumentar sua concentração. De acordo com Bell (1971), os valores de ácido úrico para

aves estão relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de

excreção de bases nitrogenadas.

Desta forma, a utilização de farinha de carne e ossos com 40% de proteína bruta

e do farelo de glúten de milho com 60% de proteína bruta podem ter contribuído para os

altos níveis de ácido úrico no sangue, considerando que para aves jovens estes valores

deveriam variar entre 1 até 2 mg/dL, segundo Schmidt et al. (2007).

De acordo com Vasconcellos et al. (2011), ao se diminuírem os teores de

proteína bruta da dieta, reduzem-se, também, a desaminação do excesso de aminoácidos

e, com isso, a síntese e a excreção de ácido úrico nas excretas das aves. Então, podemos

inferir que o alto nível de proteína bruta das rações promoveu um excesso de

aminoácidos e por conta da excreção desse excesso, verificou- se maiores quantidades

de ácido úrico no sangue.

Os resultados da fase de 1 a 21 dias mostraram que apesar de o ganho de peso

das aves alimentadas com a relação 80,64 ter sido maior do que o das aves alimentadas

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com a relação 116, a conversão alimentar destas últimas foi melhor, juntamente com sua

menor concentração sérica de ácido úrico.

Na fase de 21 a 42 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram 28ºC

e 19,5ºC, respectivamente, e umidade relativa 82%. As médias dos resultados de

desempenho, concentração sérica de ácido úrico, coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio e nitrogênio retido encontram-se na Tabela 5.

Para a análise de regressão foi verificado efeito quadrático para ingestão de

energia e concentração sérica de ácido úrico com máximo valor nos níveis 2.885 e 2.657

kcal/kg, respectivamente. Houve efeito linear crescente para ganho de peso e

decrescente para consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína. Não

houve efeito significativo para coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio

retido.

De acordo com a análise de regressão, o aumento da relação EM: PB promoveu

redução do consumo de ração. Observa-se na equação que para cada kcal de aumento na

energia metabolizável da ração houve redução de 4,9mg no consumo diário.

Tabela 5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido

úrico, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio retido de

codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função das diferentes

relações energia metabolizável: proteína bruta

Relação EM: PB 120,45 129,54 138,63 147,72 156,81

EM da ração (kcal/kg) 2650 2850 3050 3250 3450

PB (%) 22 22 22 22 22

VARIÁVEIS CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)¹* 19,98 19,30 19,70 16,99 16,26 3,38

Ganho de peso (g/ave/dia)¹* 2,89 3,13 3,16 3,28 3,41 5,39

Conversão alimentar (g/g)¹* 6,94 6,19 6,25 5,18 4,78 6,08

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 52,38 53,58 58,29 57,93 56,66 6,97

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 4,35 4,14 4,20 3,92 3,61 7,04

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)²* 6,80 7,84 10,27 10,83 8,05 12,46

CDN (%)³ 65,62 65,48 64,87 64,82 67,74 4,02

Nitrogênio retido (g/ave/dia)³ 0,495 0,533 0,432 0,429 0,425 11,65 ¹ efeito linear; ² efeito quadrático; ³ não significativo; *P<0,01;**P<0,05; CDN – coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio; CV- coeficiente de variação

Este resultado foi semelhante ao encontrado para a fase de 1 a 21 dias,

confirmando mais uma vez a capacidade das codornas japonesas de regularem o

consumo de ração em situações com alto ou baixo nível energético.

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Angulo et al. (1993) relataram que o consumo de ração de codornas japonesas

alimentadas com dietas contendo 3.000 kcal/kg de ração foi maior que o daquelas

alimentadas com 3.200 kcal/kg de ração, nos períodos de 1 a 14 e 14 a 33 dias de idade.

De acordo com os autores, tem-se verificado maior consumo de ração de codornas

quando alimentadas com dietas contendo menores níveis de EM, comparadas a aves

alimentadas com maiores valores energéticos nas dietas.

A ingestão de energia na fase de 21 a 42 dias apresentou efeito quadrático

(Tabela 6) com aumento até o nível 2.885 kcal/kg, seguido de uma redução. Verifica-se

com o resultado, que a redução do consumo de ração das codornas foi necessária para

que estas diminuíssem a ingestão de energia metabolizável, mesmo que não

gradualmente.

No presente trabalho, os altos níveis de energia metabolizável fornecidos às

codornas fizeram com que estas reduzissem o consumo de ração para o atendimento de

suas necessidades energéticas. Inicialmente, a ingestão de energia aumentou mesmo

com a redução do consumo de ração. Isso pode ter ocorrido por conta do aumento da

quantidade de energia presente em um grama de ração com o avançar dos níveis

energéticos. Contudo, ao atingir o nível 2.885 kcal/kg, as aves passaram a reduzir a

ingestão de energia, por conta da redução continuada do consumo de ração. Assim, o

comportamento regulador da ingestão de alimentos foi essencial para que as codornas

conseguissem reduzir a ingestão de energia nos seus níveis mais altos sem comprometer

o desempenho (crescimento).

Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na

fase de 21 a 42 dias em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y=33,331- 0,0049x 0,82

Ganho de peso (g/ave/dia) Y = 1,3684+0,0006x 0,94

Conversão alimentar (g/g) Y= 14,001-0,0027x 0,93

Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y= -128,69+ 0,1154x -0,00002x2 0,84

Ingestão de proteína (g/ave/dia) y = 6,6126-0,0008x 0,87

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y = - 156,16+ 0,1063x -0,00002x2 0,80

De acordo com Murakami et al. (1993), para codornas também é possível aplicar

a teoria quimiostática, baseada no conceito de que as aves regulam seu consumo de

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113

acordo com as necessidades energéticas, contudo, outros fatores também podem

influenciar o consumo, como a necessidade da ave, peso corporal, fase de postura, o

crescimento, mantença e o ambiente de criação.

A ingestão de proteína na fase de 21 a 42 dias diminuiu linearmente com o

aumento da relação EM: PB. De acordo com a equação de regressão, cada kcal de

aumento da energia da ração promoveu redução de 0,8mg na ingestão diária de proteína.

Este resultado assemelha-se ao verificado na fase de 1 a 21 dias e pode ser explicado

através da redução do consumo de ração.

Ocorre que, com o aumento da relação EM: PB as aves reduziram o consumo de

ração, contudo como as rações eram isoproteicas, essa redução linear no consumo fez

com que as codornas reduzissem gradativamente a proteína ingerida, mas não a ponto

de interferir negativamente no ganho de peso das codornas.

O ganho de peso na fase de 21 a 42 dias aumentou linearmente com o aumento

da relação EM: PB, onde para cada kcal de aumento da energia da ração houve um

ganho de peso de 0,6mg. Observa- se que apesar da redução da ingestão de proteína e de

energia, o ganho de peso não foi prejudicado. Dessa forma, é possível que as codornas

tenham aproveitado eficientemente, no processo de crescimento e desenvolvimento

corporal, a energia metabolizável e a proteína disponível na alimentação.

Veloso et al. (2012) estudando níveis de proteína e energia metabolizável para

codornas de corte verificaram que os maiores níveis de energia e de proteína

proporcionaram o maior ganho de peso. De acordo com os autores, a maior exigência

energética pode estar ligada à alta taxa de crescimento e, portanto, maior demanda

metabólica, principalmente para a demanda de mantença das codornas. Efeito

semelhante foi observado por Freitas et al. (2006), também com codornas de corte.

A proteína bruta também influencia o desempenho de codornas japonesas,

devido sua importância fundamental na deposição de proteína muscular verificada na

fase de crescimento da ave. Contudo, pesquisas sugerem que após as três primeiras

semanas de vida essa exigência pode ser reduzida em função do menor ganho de peso

da fase final comparado com o da fase inicial (OLIVEIRA et al., 2002; FRIDRICH et

al., 2005; CORRÊA et al., 2008).

Observa-se no presente estudo que a média de consumo de ração das codornas

foi elevada, se comparado ao esperado para a fase de 21 a 42 dias (15 a 16 g/ave/dia).

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114

Com o passar dos anos, as codornas modificaram suas características de desempenho e

atualmente apresentam maior peso corporal consumindo uma quantidade menor de

ração.

Sendo assim, podemos inferir que o consumo de ração acima do esperado

promoveu, consequentemente, uma ingestão média de proteína e de energia além do

verificado normalmente para a fase, e este fato pode ter garantido o ganho de peso das

codornas ao longo dos níveis de energia metabolizável das rações experimentais.

A conversão alimentar melhorou com o aumento da relação EM: PB. O

resultado era esperado tendo em vista a redução do consumo de ração e o aumento do

ganho de peso. Resposta semelhante foi observada por Murakami et al. (1993) e

Oliveira et al. (2002).

De acordo com a equação de regressão, houve uma redução de 0,0027 pontos na

conversão alimentar para cada kcal de aumento de energia da ração. Observa-se nas

equações de regressão, que o consumo de ração diminuiu 4,9 mg (Y= 33,331 – 0,0049x)

e o ganho de peso aumentou 0,6 mg ( Y= 1,3684 + 0,0006x) com o aumento dos níveis

energéticos da ração. Apesar de mínimos, os números apresentados foram suficientes

para expressar a melhora significativa da conversão com o aumento da relação EM: PB.

A concentração sérica de ácido úrico apresentou efeito quadrático na fase 21 a

42 dias, aumentando até o nível 2.658 kcal/kg e seguindo com uma redução. O

coeficiente de digestibilidade do nitrogênio e a retenção de nitrogênio não foram

influenciados pelo aumento da relação EM: PB.

A redução do ácido úrico no sangue pode estar associada à redução da proteína

ingerida. Esta informação quando relacionada com os resultados do CDN e do

nitrogênio retido, nos sugere que houve um bom aproveitamento da proteína da ração

em função do desempenho animal. Desta forma, o nitrogênio disponibilizado na ração

na forma de proteína e aminoácidos manteve- se constante em seu aproveitamento pelo

metabolismo da ave, contribuindo para o ganho de peso como verificado nos resultados

já apresentados.

Observa-se ainda, níveis de ácido úrico no sangue em quantidades além das

esperadas para essa idade. É possível que, assim como na fase de 1 a 21 dias, a

utilização de farinha de carne e ossos e de farelo de glúten de milho tenha contribuído

para esse resultado já que são fontes de proteína bruta utilizadas na alimentação animal.

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CONCLUSÕES

Recomenda-se a relação EM: PB de 116, equivalente a 2.900 kcal/kg e 25% de

proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a

relação EM: PB de 156,81, equivalente a 3.450 kcal/kg e 22% de proteína bruta.

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EXPERIMENTO 5

Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na alimentação de

codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de postura

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar a melhor relação energia metabolizável: proteína bruta

sobre o desempenho e qualidade de ovos de codorna de postura. Foram utilizadas 300

codornas japonesas com 16 semanas de idade, distribuídas em um delineamento

inteiramente casualizado, com cinco densidades energéticas (2.500, 2.650, 2.800, 2.950

e 3.100 Kcal/Kg de energia metabolizável) e seis repetições de 10 aves por unidade

experimental. As relações energia metabolizável: proteína bruta estabelecidas nas rações

experimentais foram 125; 132,5; 140; 147,5 e 155. Os parâmetros avaliados foram

consumo de ração, peso final, percentagem de postura, peso de ovo, massa de ovo,

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conversão alimentar por massa e por dúzia, ingestão de proteína e energia, eficiência

energética por dúzia e por massa de ovo em kg, percentagens e peso de gema, casca e

albúmen, cor de gema espessura da casca, gravidade específica, peso final, coeficiente

de digestibilidade de nitrogênio (CDN), concentração sérica de ácido úrico e retenção

de nitrogênio. O aumento da energia metabolizável da dieta teve efeito significativo

sobre os valores de consumo de ração, ingestão de proteína, peso de ovo, massa de ovo,

peso de gema, casca e albúmen, reduzindo linearmente seus valores. Não foi verificado

efeito significativo dos níveis de energia metabolizável para as variáveis de produção de

ovos, ingestão de energia, percentagem de gema, casca e albúmen, cor de gema,

gravidade específica, espessura de casca, eficiência energética (kcal/kg e kcal/dz) e peso

final da ave. Recomenda-se dieta com relação EM: PB 140, equivalente a 2.800 kcal de

EM/kg de energia metabolizável e 20% de proteína bruta.

Palavras-chave: albúmen, eficiência energética, gema, ovo

Determination of metabolizable energy: crude protein in the diet of Japanese

quails (Coturnix coturnix japonica) in the stance phase

ABSTRACT

The aim of this experiment was to evaluate the effects of different levels of

metabolizable energy, keeping constant the level of crude protein on performance and

quality of quail eggs. It was used 300 japanese quails from 16 weeks of age, distributed

in a complete randomized design with five energetic densities (2.500, 2.650, 2.800,

2.950 and 3.100 kcal / kg metabolizable energy), six replicates and 10 birds per

experimental unit. The parameters evaluated were feed intake, body weight, egg

production, egg weight, egg mass, feed conversion, protein intake and energy, energy

efficiency, percentages and weight of yolk, albumen and shell, yolk color shell

thickness, specific gravity and final weight of the bird. The increase in energy level

caused a linear increase in feed intake, protein intake, egg weight, egg mass, yolk

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121

weight, albumen and shell, reducing their values linearly. The treatments did not

showed significantly effect on the egg production variables, energy intake, percentage

of yolk, albumen and shell, yolk color, specific gravity, shell thickness, energy

efficiency and final weight of the bird. Rations for Japanese quail should contain 2.800

kcal / kg and 20% de CP.

Keywords: albumen, energy efficiency, yolk, egg

INTRODUÇÃO

As exigências nutricionais das aves são formuladas de acordo com a quantidade

de nutrientes requerida para realização das funções básicas do organismo e as atividades

produtivas de forma mais eficiente. Porém, essas exigências não são constantes, variam

com a idade, sexo, ambiente, níveis de energia, proteína e aminoácidos da ração, entre

outros fatores. Por isso, faz- se necessário avaliações periódicas dos níveis adequados

dos nutrientes como também suas relações com a energia metabolizável presente na

dieta.

A energia e proteína da ração são extremamente influentes no desempenho e

produção das aves. O nível energético constitui um dos itens mais importantes na

formulação de rações, considerando que as aves consomem alimentos para que suas

necessidades energéticas sejam atendidas. Desta forma, é importante que os nutrientes

estejam numa proporção relacionada com o conteúdo de energia presente na dieta.

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122

Em situação de consumo de ração à vontade as aves passam a regular o consumo

em função de suas necessidades energéticas, contudo em casos de restrição na oferta de

alimentos, mecanismos compensatórios são acionados para aumentar a utilização da

energia corporal através das vias metabólicas glicogenólise e lipólise.

O aumento dos níveis de energia das rações resulta em redução do consumo,

maior ganho de peso e deposição de gordura na carcaça, com evidentes prejuízos no

desenvolvimento corporal das aves. O excesso no consumo de energia é armazenado

principalmente na forma de lipídeos, resultando em aumento do peso corporal e redução

na eclodibilidade e fertilidade. De acordo com Bertechini (2006), o excesso de gordura

no fígado e no ovário são alguns dos possíveis resultados promovidos pelo desequilíbrio

energético das dietas de poedeiras e, portanto, repercutindo na produção de ovos.

O requerimento de energia varia de acordo com o peso corporal, fase de produção,

tamanho de ovo, linhagem e temperatura ambiente (COON, 2002). Segundo Morris

(2004), a ave aumenta o consumo quando a densidade energética da ração está baixa

para regular a ingestão de energia, até o ponto em que essa atenda as suas necessidades.

Quanto às proteínas, seu fornecimento adequado na alimentação de aves em

crescimento permite a formação de massa muscular, desenvolvimento do aparelho

reprodutor e empenamento adequado (LONGO et al., 2001). A ingestão apropriada de

proteína é fator de extrema importância para que a ave inicie a maturidade sexual com

um peso adequado e assim, sua boa conformação nesta fase proporcione um bom

desempenho na fase de postura, considerando que entre ambas as características, peso e

produção, há uma correlação positiva.

Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no

crescimento e produção de ovos por conta do desvio de parte do seu aporte para funções

menos vitais prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Seu excesso

pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer gasto

extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO FILHO

et al., 2006).

Baseado na importância da proteína e energia metabolizável na nutrição das aves

e na relação existente entre energia e nutrientes presentes na dieta, varias relações

energia: proteína tem sido testadas nas formulações de rações, e geralmente, são

acompanhadas de mudanças na composição corporal, especialmente na deposição de

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proteína e de gordura (SILVA et al., 2003), pois, ao se estabelecer a relação energia:

nutrientes da dieta, o consumo de proteína (aminoácidos) e de outros nutrientes pode ser

afetado (PENZ JR. et al., 1999).

Apesar da importância da determinação da relação energia: proteína bruta (EM:

PB) na alimentação de aves, não foram verificados na literatura, trabalhos realizados

com codornas japonesas com dados atualizados para suas exigências nutricionais.

Observam- se pesquisas utilizando tabelas estrangeiras (NRC, 1994) com informações

muito antigas, onde os resultados sugeridos para codornas japonesas foram obtidos com

poedeiras e em ambiente diferente das condições tropicais brasileiras. Em outros casos,

foram utilizadas as exigências nutricionais destinadas a poedeiras comerciais

(ROSTAGNO et al., 2005), não sendo esta a correta recomendação para codornas

japonesas.

Desta forma, faz- se necessário o desenvolvimento de pesquisas no intuito de

verificar o efeito da relação energia: proteína no desempenho e produção de ovos de

codornas, assim como sua influência na qualidade dos ovos.

O objetivo deste trabalho foi determinar a melhor relação EM: PB na

alimentação de codornas japonesas em fase de produção.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de

17/06/2011 a 30/09/2011, totalizando 5 períodos de 21 dias. Foram utilizadas 300

codornas japonesas com 16 semanas de idade com peso médio inicial de 182,34 ±

3,45g. As aves foram alojadas em gaiolas de postura (33 x 33 x 33cm) em um

delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis

repetições de 10 aves.

Para a escolha das relações energia metabolizável: proteína a serem utilizadas

neste experimento utilizou-se como valor fixo nas cinco dietas experimentais, o nível

de 20% de proteína bruta, recomendado no experimento 2. Para os valores de energia

metabolizável utilizou-se na ração intermediária a recomendação de Silva e Costa

(2009) e nas demais uma variação de 150 kcal/kg para mais e para menos. Desta

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forma foram estabelecidos os valores 2.500, 2.650, 2.800, 2.950 e 3.100 kcal de

EM/kg de ração, estabelecendo uma relação EM: PB de 125; 132,5; 140; 147,5 e

155, respectivamente.

As dietas (Tabela 1) foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e

suplementadas com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL, L-

valina e L-isoleucina, podendo atender ou exceder as recomendações dos

aminoácidos essenciais. Os dados de composição de alimentos foram baseados

segundo Rostagno et al. (2005).

Os parâmetros avaliados foram consumo de ração (g/ave/dia), percentagem de

postura (%), peso de ovo (g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão alimentar (kg de

ração/kg de massa e kg de ração/dúzia de ovo), ingestão de proteína (g/ave/dia) e

energia (kcal/ave/dia), eficiência energética (kcal de EM/dúzia de ovo e kcal de EM/

massa de ovo em kg), percentagens e peso (g) de gema, casca e albúmen, espessura

de casca (mm), gravidade específica (g/cm³), peso final (g), coeficiente de

digestibilidade de nitrogênio (CDN) (%), concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)

e retenção de nitrogênio (g/ave/dia) .

Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas

em fase de produção

Relação EM: PB

125 132,5 140 147,5 155

Ingredientes

Milho 50,750 54,451 54,451 51,110 47,575

Soja 45% 33,967 33,232 33,232 34,927 35,563

Óleo de soja 0,000 0,464 2,171 4,817 7,725

Calcário 7,069 7,076 7,076 7,090 7,086

Fosfato bicálcico 0,964 0,955 0,955 0,933 0,937

Sal comum 0,525 0,523 0,523 0,536 0,538

Dl- metionina 0,158 0,154 0,154 0,149 0,154

Valina 0,038 0,040 0,040 0,019 0,019

L-isoleucina 0,086 0,090 0,090 0,067 0,064

L - lisina HCL 0,079 0,093 0,093 0,042 0,030

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Inerte 4 6,056 2,613 0,906 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

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Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 20 20 20 20 20

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.500 2.650 2.800 2.950 3.100

Relação EM:PB 125 132,5 140 147,5 155

Cálcio (%) 3,050 3,050 3,050 3,050 3,050

Cloro (%) 0,395 0,395 0,395 0,371 0,395

Potássio (%) 0,777 0,775 0,775 0,787 0,775

Sódio (%) 0,230 0,230 0,230 0,230 0,230

Fósforo disponível (%) 0,280 0,280 0,280 0,280 0,280

Arginina dig.(%) 1,270 1,260 1,260 1,265 1,275

Isoleucina dig. (%) 0,870 0,870 0,870 0,870 0,870

Lisina dig.(%) 1,030 1,030 1,030 1,030 1,030

Met.+cist.dig. (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700

Metionina dig. (%) 0,430 0,427 0,427 0,429 0,431

Treonina dig.(%) 0,673 0,671 0,671 0,672 0,673

Triptofano dig.(%) 0,217 0,214 0,214 0,215 0,218

Valina dig.(%) 0,870 0,870 0,870 0,870 0,870 1Suplemento vitamínico: Vit A: 7.000.000 UI; Vit D3: 2100000 UI; Vit E: 50000mg; Vit K3: 2000mg;

Vit B1: 2000mg; Vit B2: 4000mg; Vit B6: 3000mg; Vit B12: 3000mg; Niacina: 39800mg; Ácido

Pantotênico: 15620mg; Folato: 1000mg; Selênio: 200mg; Biotina: 100mg; Antioxidante: 100000mg e

Veículo-1000g.; 2Suplemento mineral: Mn: 75000mg; Zn: 70000mg; Fe: 50000mg; Cu: 8500mg; I:

1500mg; Co: 200mg; Veículo: 1000g.; ³Etoxiquin; 4Areia lavada

O consumo de ração foi obtido através da pesagem do fornecimento no início e da

sobra, ao final de cada período experimental. A produção de ovos foi registrada

diariamente pela manhã e no final de cada período foram calculadas as percentagens de

postura. A massa de ovo (g/ave/dia) foi calculada multiplicando-se o número de ovos

produzidos pelo peso médio do ovo (g).

A conversão alimentar por massa (kg de ração/kg de massa) foi determinada

através da relação entre a ração consumida e a massa de ovo produzida dentro do

período. A conversão alimentar por dúzia (kg de ração/dúzia de ovo) foi calculada pela

relação entre o consumo de ração e a quantidade de dúzias produzidas no período. O

peso final das codornas foi obtido ao final do experimento, com a pesagem de todas as

codornas da parcela experimental para obtenção do peso médio.

A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da quantidade de

proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração ingerida. A

eficiência energética por dúzia (kcal de EM/dúzia de ovo) foi determinada através da

relação entre a quantidade de energia consumida e as dúzias de ovos produzidas, e a

eficiência energética por massa de ovo (kcal de EM/massa de ovo em kg) foi

determinada através da relação entre a quantidade de energia consumida e a massa de

ovos produzida.

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126

Para a percentagem de gema, casca e albúmen, foram utilizados dois ovos nos

três últimos dias de cada período experimental, onde se calculou o peso individualmente

de cada um dos componentes para em seguida estabelecer-se a devida proporção com o

peso do ovo.

A espessura de casca foi avaliada através de um micrômetro digital e a GE foi

determinada pelo método de flutuação salina, conforme metodologia descrita por

Hamilton (1982). Para GE, a cada final do período experimental foram selecionadas

amostras representativas de dois ovos por parcela. Em seguida, foram feitas imersões

dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25

litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025.

Os ovos foram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade

e foram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades

correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades

foram conferidas com densímetro de petróleo. Mais dois ovos foram utilizados para as

demais avaliações de qualidade interna. A espessura de casca foi avaliada através de um

micrômetro digital.

Para avaliar os efeitos dos níveis de proteína bruta na ração sobre a retenção de

nitrogênio e sua digestibilidade, iniciou-se a coleta total de excretas, que foi realizada

duas vezes ao dia, às 8 h e 16 h, durante os quatro últimos dias do quinto período

experimental, segundo metodologia de Matterson et al. (1965).

Após a última coleta, o material foi encaminhado ao laboratório para secagem

em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. Em seguida, as amostras foram

trituradas em moinho tipo faca e, assim como as rações experimentais, foram

acondicionadas em frascos e encaminhadas ao laboratório para determinação dos teores

de nitrogênio (N), segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Com base

nos resultados, foi calculada a retenção de nitrogênio e o CDN.

A excreção de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade da proteína

ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no final do

experimento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a –20ºC e

posteriormente analisada a concentração sérica de ácido úrico, através de “kit”

comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do

fabricante.

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127

Os dados experimentais foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas

das exigências foram determinadas pelos modelos de regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período experimental, a média das temperaturas máxima e mínima

foram 24,45ºC e 18,17ºC, respectivamente, e umidade relativa 83%. O aumento da

relação EM: PB da dieta teve efeito significativo sobre os valores de consumo de ração,

conversão alimentar (kg de ração/kg de massa e kg de ração/dúzia de ovo), ingestão de

proteína, peso de ovo, massa de ovo, peso de gema, casca e albúmen, reduzindo

linearmente seus valores. Não foi verificado efeito significativo dos níveis de energia

metabolizável para as variáveis de produção de ovos, ingestão de energia, percentagem

de gema, casca e albúmen, cor de gema, gravidade específica, espessura de casca,

eficiência energética (kcal/kg e kcal/dz) e peso final.

A redução no consumo de ração com o aumento da relação ocorreu

possivelmente devido o excesso de energia metabolizável presente na dieta (Tabela 2).

É sabido que as aves regulam a ingestão de energia através do consumo de ração, até o

ponto em que suas necessidades sejam atendidas. Freitas et al. (2005) estudando o efeito

da energia metabolizável na dieta de codornas japoneses verificaram que o consumo de

ração diminuiu linearmente com o aumento desse componente da dieta, de modo que o

menor consumo foi obtido para as aves alimentadas com o maior teor energético (2.885

kcal/kg). Este fato assemelha-se ao verificado no presente estudo, onde para cada kcal

de aumento na energia da ração, houve redução média de 0,010g no consumo. Também

foi observado por Pinto et al. (2002), Barreto et al.(2007a) e Moura et al. (2010),

redução linear no consumo de ração quando aumentado o nível energético nas dietas

para codornas.

Tabela 2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase

de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta

Relação EM: PB 125 132,5 140 147,5 155

EM da ração (kcal/kg) 2500 2650 2800 2950 3100

PB (%) 20 20 20 20 20

VARIÁVEIS CV (%)

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128

Consumo de ração (g/ave/dia)¹** 29,77 28,15 27,38 25,26 23,35 4,96

Produção de ovos (%)² 91,83 91,69 94,05 91,67 93,2 2,87

Peso do ovo (g)¹ ** 12,08 11,92 11,90 11,64 11,59 2,89

Massa de ovo

(g/ave/dia)¹* 11,05 10,89 10,86 10,70 10,68 2,00

Ingestão de proteína (g/ave/dia) ¹** 5,95 5,63 5,48 5,05 4,67 4,96

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)² 74,43 74,60 76,67 74,52 72,40 5,13

Conversão alimentar (g/massa em g) ¹** 2,70 2,61 2,43 2,40 2,19 5,22

Conversão alimentar (kg/dz) ¹** 0,384 0,377 0,347 0,349 0,313 8,13

Eficiência energética (kcal/dz)² 961,43 1.002 974 1.030 971 8,51

Eficiência energética (kcal/kg)² 6.759 6.981 6.912 7.655 6.982 9,80

Peso final (g)² 184,70 184,50 184 182,60 182,45 2,39 ¹ Efeito linear; ² Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação

Apesar de ter sido verificado uma redução linear no consumo de ração, não

houve diferença significativa entre os consumos médios diários de energia

metabolizável (kcal/ave/dia) das aves alimentadas com diferentes níveis de energia. O

comportamento ingestivo de energia metabolizável observado corrobora com a ideia de

que as codornas japonesas ajustam o seu consumo de ração em função de suas

necessidades energéticas. Este resultado concorda com os apresentados por Barreto et

al. (2007a), que avaliando cinco níveis de energia metabolizável (2.650, 2.750, 2.850,

2.950 e 3.050 kcal/kg de ração) sobre o desempenho de codornas europeias na fase de

postura observaram que os níveis de energia não influenciaram significativamente o

consumo diário de energia metabolizável, apesar do consumo de ração ter diminuído

linearmente com o aumento da relação energia:proteina da dieta. De acordo com Coon

(2002) e Moura et al. (2008), a quantidade de energia metabolizável consumida

depende, além do nível energético da dieta como fator regulador de ingestão, das

necessidades da ave, do peso corporal, da fase de postura, tamanho do ovo, do

crescimento, dos níveis de mantença e do ambiente de criação.

A ingestão média de energia metabolizável no presente trabalho variou entre

72,4 e 76,67 kcal/ave/dia, quando alimentadas com relação 155 e 140, respectivamente.

A grande amplitude entre os níveis de energia metabolizável da ração evidencia o

quanto foi pequena a variação na ingestão de energia metabolizável, tornando-a

insignificante estatisticamente. Esta variação ocorreu possivelmente em virtude da

redução no consumo de ração com o aumento da relação EM:PB, corroborando assim

com a ideia de que o consumo por codornas, em relação ao nível de energia da ração, é

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129

similar ao de galinhas poedeiras (BEGIN, 1968; PINTO et al., 2002; MOURA et al.,

2008).

O consumo de energia observado neste experimento foi superior ao verificado

por Freitas et al. (2005) e Moura et al. (2008) que concluíram ter havido ingestão média

de 66 kcal/ave/dia e 67,5 a 71,03 kcal/ave/dia, respectivamente. Segundo Murakami

(2002), os resultados obtidos por diferentes autores indicam que a exigência diária de

energia para ótima produção de ovos de codorna é de aproximadamente 62,5

kcal/ave/dia. A maior ingestão de energia observada no presente trabalho (72,4 a 76,67

kcal/ave/dia) pode estar associada ao peso corporal das codornas utilizadas no

experimento. As aves utilizadas na pesquisa de Freitas et al.(2005) e Moura et al. (2008)

pesavam 126,25 e 155± 15,5 g aos 168 e 160 dias de idade, respectivamente, enquanto

que aos 112 dias as aves do presente trabalho apresentavam peso médio de 182,34 g.

Ao longo do tempo as exigências nutricionais de codornas têm sido modificadas

em função de suas novas características de desempenho e produção. O que observamos

na atualidade são codornas com maior peso corporal, maior peso de ovo, porém

consumindo praticamente a mesma quantidade de ração observada antigamente (25 a 35

g de ração/dia), fato que tem contribuído para melhores resultados de conversão

alimentar, tanto para a fase de crescimento quanto para a fase de produção de ovos.

Um dos fatores que podem influenciar o consumo de energia metabolizável é a

atividade metabólica e o peso da ave, ocorrendo um aumento na quantidade de energia

requerida por unidade de ganho de peso. Desta forma, os resultados de ingestão de

energia metabolizável apresentados mostram que, por seu maior peso corporal e

metabólico, estas codornas necessitaram de maior aporte energético diário para

manutenção de suas atividades vitais.

A ingestão diária de proteína foi influenciada inversamente pelo aumento da

relação EM: PB da ração. De acordo com a equação obtida (Tabela 3), para cada kcal de

aumento na energia da ração, houve redução média de 2 mg na ingestão de proteína. É

possível que, para manter constante o consumo diário de energia, as codornas

modificaram seu comportamento ingestivo reduzindo o consumo de ração, fato que

promoveu uma consequente redução no consumo de proteína por grama de ração

consumida. Este resultado contraria o observado por Moura et al. (2008), que avaliando

dietas de diferentes densidades energéticas (2.900, 2.800, 2.700, 2.600 e 2.500 kcal/kg

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130

de ração) mas mantendo constante a relação energia metabolizável: nutriente para

codornas japonesas em postura, não observaram variação significativa para o consumo

diário de proteína bruta e de energia metabolizável entre as aves. De acordo com os

autores, a correção dos níveis proteicos para a adequação da relação energia

metabolizável: nutriente nas dietas corrigiu o consumo de proteína e assim, este não foi

afetado pela densidade energética. De fato, é possível inferir que a redução do consumo

de ração verificado com o aumento de energia metabolizável resultou em consumo

insuficiente de nutrientes para manutenção do bom peso dos ovos, visto que as rações

não foram formuladas para apresentar concentração de nutrientes idêntica por kcal de

energia metabolizável da ração.

Pinto et al., (2002), Freitas et al.(2005) e Moura et al.(2010) verificaram um

consumo diário de proteína por codornas japonesas de 6,0; 4,4 e 4,8 g de

proteína/ave/dia, respectivamente. Neste estudo, as aves alimentadas com 3.100 kcal/kg

(maior nível) apresentaram consumo diário de proteína de 4,67 g (menor consumo),

enquanto aquelas alimentadas com ração contendo 2.500 kcal (menor nível) tiveram

consumo diário de 5,95 g (maior consumo) e maior média de peso de ovo, reafirmando

o efeito do consumo de proteína sobre o tamanho dos ovos.

Tabela 3.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho, qualidade de ovo, retenção de nitrogênio e concentração sérica

de ácido úrico de codornas japonesas em fase de produção em função das

diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y= 56,14-0,010484x 0,97

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y= 11,228-0,0021x 0,98

Peso do ovo (g) Y= 14,17-0,00103889x 0,94

Massa de ovo (g/ave/dia) Y= 12,56-0,00068222x 0,94

Conversão alimentar/massa Y= 4,737-0,000805x 0,95

Conversão alimentar/dz Y= 0,675-0,0001143x 0,91

Gema (g) Y= 4,729-0,0004x 0,95

Casca (g) Y= 1,0797-0,00004x 0,96

Albúmen (g) Y= 8,3549-0,0005x 0,93

Retenção de nitrogênio (g/ave/dia) Y=0,731-0,0002x 0,88

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= -492,84+0,3592x-0,00006x² 0,89

O peso do ovo diminuiu linearmente com o aumento da relação EM: PB. De

acordo com a equação de regressão, para cada kcal de aumento na energia da ração,

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131

houve redução média de 1mg no peso do ovo, que pode ter sido ocasionado pelo menor

consumo de ração, gerando consequentemente menor ingestão de proteína para

constituição dos ovos. Desta forma, a redução de ingestão de 2 mg de proteína para cada

kcal de aumento de energia metabolizável foi possivelmente um fator influente na

redução de peso de ovo e consequentemente da massa de ovo, considerando que esta

variável depende do valor do peso do ovo para ser calculada.

Os resultados para a variável peso do ovo do presente estudo concordam com

Pinto et al. (2002), Freitas et al. (2005) e Barreto et al.(2007a), que também notaram

redução no peso do ovo com o aumento da relação EM: PB. No presente estudo, a

redução na ingestão de proteína promoveu uma variação de 0,49 g no peso de ovo, entre

os pesos obtidos para o menor e o maior nível de energia metabolizável avaliado. O

peso do ovo é altamente dependente da ingestão diária de proteína, pois as poedeiras

dependem da ingestão diária desse nutriente para suprir suas exigências. De acordo com

Barreto et al.(2007a), sabe-se que em condições de deficiência de proteína, o tamanho

dos ovos tende a reduzir, enquanto a produção é mantida com o objetivo de perpetuar a

espécie.

Para a variável produção de ovo não foi verificado efeito significativo das

relações EM: PB, concordando com os resultados apresentados por Barreto et al.

(2007b). De acordo com Leeson e Summers (1997) a produção de ovos aumenta

rapidamente quando se eleva o nível de energia metabolizável da dieta, ao passo que

níveis crescentes de proteína somente influenciam a produção de ovos quando o

consumo de energia é baixo. Neste trabalho, ao contrário do apud Leeson e Summers

(1997), verificou-se a manutenção constante da ingestão de energia entre as aves de

todas as relações EM:PB avaliados, o que provavelmente favoreceu a estabilidade da

produção de ovos das codornas experimentais.

Barreto et al.(2007a) utilizando cinco níveis de energia ( 2.650, 2.750, 2.850,

2.950 e 3.050 kcal/kg) e 20% de proteína bruta (relações 132,5; 137,5; 142,5; 147,5 e

152,5), verificaram efeito quadrático dos níveis de energia sobre a produção de ovos,

com maior produção para as aves alimentadas com ração contendo 2.900 kcal/kg de

ração (relação EM:PB 145). No presente estudo, apesar de não ter havido efeito

significativo do nível energético sobre a produção de ovos, podemos observar que a

produção média (Tabela 2) das aves alimentadas com a relação 140, valor recomendado

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132

por Silva e Costa (2009), foi numericamente maior se comparada às demais relações.

Segundo Leeson et al. (1996), a energia é o fator de maior importância para que sejam

obtidos ótimos índices de postura. Desta forma, 2.800 kcal de EM/kg parece ser

adequado para o nível de produção observado.

A redução de 0,01 g do consumo de ração e de 0,68 mg de massa de ovo para

cada kcal de aumento de energia da ração promoveu uma melhora linear da conversão

alimentar por massa de ovo. De acordo com os valores médios, houve uma redução de

21,56% do consumo de ração entre o maior e o menor nível de energia da dieta

juntamente com uma redução de apenas 3,35% da massa de ovo. Esta grande redução

no consumo de ração associada à pequena redução observada para massa de ovo pode

explicar o comportamento linear decrescente observado no presente estudo. A

conversão alimentar por dúzia também melhorou significativamente com o aumento da

relação EM: PB, possivelmente por conta da produção de ovos ter se mantido inalterada

durante todo o período experimental.

Os resultados para conversão alimentar concordam com os encontrados por

Pinto et al. (2002), Barreto et al. (2007a), Barreto et al. (2007b) e Moura et al. (2008),

mas contradizem Freitas et al. (2005) que observaram ausência de efeito significativo

com o aumento da relação EM:PB. Maiores níveis de energia metabolizável devem ser

avaliados para se determinar a melhor resposta para conversão alimentar.

Não houve efeito significativo das relações EM: PB para as percentagens de

gema, casca e albúmen (Tabela 4). De acordo com os resultados, é possível que tenha

ocorrido a estabilidade da proporção entre os componentes constituintes do ovo, pois a

relação estabelecida de cada porção é feita com o peso do ovo de cada nível avaliado.

Desta forma, a redução do peso do ovo, promovida pela conjunta diminuição em gramas

dos pesos de gema, albúmen e casca, manteve a proporção (%) entre os constituintes do

ovo quando relacionados ao seu próprio peso. Já para o peso de gema, casca e albúmen

foram verificados diminuição com o aumento dos níveis de energia metabolizável da

ração.

Tabela 4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em

fase de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta

Relação EM: PB 125 132,5 140 147,5 155

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133

EM da ração (kcal/kg) 2500 2650 2800 2950 3100

PB (%) 20 20 20 20 20

VARIÁVEIS CV (%)

Gema (%)² 31,31 31,50 31,58 31,00 31,46 3,91

Casca (%)² 8,15 8,17 8,19 8,16 8,22 3,17

Albúmen (%)² 55,44 55,37 54,91 55,30 55,15 2,26

Gema (g)*¹ 3,77 3,76 3,69 3,61 3,56 6,50

Casca (g) **¹ 0,974 0,970 0,963 0,953 0,951 4,06

Albúmen (g) **¹ 7,11 7,08 7,02 6,95 6,81 3,85

Gravidade específica (g/cm³)² 1,072 1,072 1,071 1,072 1,073 0,11

Espessura de casca (mm) ² 0,233 0,227 0,229 0,232 0,226 3,47 ¹ Efeito linear; ² Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV – coeficiente de variação

Os dados de percentagem de gema do presente trabalho sugerem inicialmente

que as codornas não tiveram influência da densidade energética na sua formação.

Entretanto, quando se observa o peso de gema verifica-se que esta foi reduzida com o

aumento dos níveis de energia metabolizável (aumento da relação EM:PB). Barreto et

al. (2007b) avaliando níveis de energia metabolizável em dietas isoproteicas (20%) para

codornas japonesas na fase inicial de postura também observaram redução linear do

peso de gema com o aumento da relação EM:PB. Assim, é possível inferir que o baixo

consumo de ração verificado com o aumento de energia metabolizável pode resultar em

consumo insuficiente de nutrientes para formação dos constituintes do ovo,

demonstrando o ajuste pela ave entre o consumo e a energia, em detrimento dos

processos produtivos.

Contrariando os resultados obtidos no presente estudo, Moura et al.(2010) ao

avaliar o efeito da densidade energética de dietas sobre as características do ovo de

codorna japonesa não verificaram influencia desta na formação da gema. Segundo os

autores, esta situação foi possível devido à correção dos nutrientes a cada nível de

energia das dietas, fato não ocorrido no presente estudo.

O peso do albúmen foi influenciado significativamente pela relação EM: PB da

ração. Verificou-se que à medida que aumentou o nível energético (aumento da relação

EM: PB), houve uma tendência em diminuir o peso do albúmen. O aumento da relação

EM:PB fez com que as codornas reduzissem o consumo para ajustar suas necessidades

energéticas. Porém, essa redução no consumo fez com que as aves reduzissem a

ingestão de nutrientes essencialmente formadores de albúmen, como a proteína por

exemplo. No presente trabalho, houve uma redução de 2,1 mg na ingestão de proteína

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para cada aumento de kcal de energia da ração, fato que possivelmente contribuiu para a

redução de 0,5 mg de albúmen para o mesmo aumento de kcal de energia.

De acordo com Costa et al. (2004), sabe-se que os sólidos do albúmen do ovo

são quase inteiramente proteicos e a demanda de proteína e aminoácidos é grande, ou

seja, uma carência de proteína resultaria num decréscimo da quantidade de albúmen e

consequentemente do tamanho do ovo. Estes dados concordam com os observados por

Barreto et al. (2007a), mas discordam dos apresentados por Barreto et al. (2007b) e

Moura et al. (2010).

O albúmen participa com 56% da composição total do ovo. É constituído de

mais de 13 proteínas de alto valor biológico, sendo as principais a ovoalbumina e a

ovotransferrina que representa 66% de todas as proteínas da clara. No albúmen, a

proteína varia entre 11 e 10% para os ovos de codorna e galinha, respectivamente.

Portanto sua adequada utilização na nutrição de codornas é importante para que não

haja prejuízos à qualidade dos ovos.

Para a variável referente à casca, houve diminuição do peso com o aumento da

relação EM: PB. Este resultado concorda com Murakami et al. (1993) e Costa et al.

(2004) mas discorda de Belo et al. (2000) e Moura et al. (2010), que não verificaram

diferença para peso e percentagem de casca e de Barreto et al. (2007b), que sugeriram

3.014 kcal/kg de ração para maior conteúdo de casca.

De acordo com Costa et al. (2004), o nível energético e proteico da ração, nos

parâmetros de qualidade da casca, exerce função principalmente no fornecimento de

energia para mobilização do cálcio para a casca. Entretanto, o aumento da relação

EM:PB no presente estudo promoveu prejuízos à qualidade da casca. Considerando que

todas as dietas atenderam às recomendações nutricionais para cálcio, vitaminas e

minerais, através da suplementação adequada de calcário, fosfato bicálcico, suplementos

vitamínico e mineral, é provável que os níveis mais altos de energia tenham promovido

a redução do consumo de ração, diminuindo assim a ingestão destes ingredientes.

Não houve efeito significativo dos níveis de energia metabolizável para

gravidade específica e espessura de casca. O comportamento da gravidade específica era

esperado, considerando que a variável apresenta relação direta com o percentual de

casca e este não foi influenciado pelas relações EM: PB.

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135

Embora tenha havido menor deposição de carbonato de cálcio para formação da

casca, houve também uma redução do peso do ovo com o aumento da relação EM: PB,

situação esta que manteve constante o percentual de casca ao longo dos níveis de

energia. Segundo Moura et al. (2010), existe uma relação inversa entre o peso do ovo e

a percentagem de casca, mas como no presente estudo a redução do peso da casca (g)

foi acompanhada pela redução do tamanho do ovo (g), a deposição de cálcio no ovo foi

feita em uma menor área específica, concentrando mais carbonato de cálcio e assim

mantendo a espessura da casca e gravidade específica inalteradas entre os níveis de

energia.

A eficiência energética por massa e por dúzia de ovos não foi influenciada pelo

aumento da relação EM: PB (aumento dos níveis de energia). Os resultados concordam

com os apresentados por Moura et al. (2008) e Barreto et al. (2007b), mas discordam de

Barreto et al. (2007a), que verificaram efeito dos níveis de energia sobre a eficiência

energética por dúzia de ovos. Os resultados mostram que todas as dietas foram

eficientes para a produção de ovos. Contudo é importante considerar que houve

influência não apenas da densidade energética, mas também da capacidade das codornas

em ajustar o consumo de ração em função de suas necessidades energéticas, fato que

manteve constante a produção, porém interferindo no peso dos constituintes do ovo e

em seu tamanho.

As diferentes relações EM: PB não proporcionaram efeito significativo sobre o

peso final das codornas, corroborando com Pinto et al. (2002) e Barreto et al. (2007ab).

De acordo com os resultados, verifica-se que as rações foram eficientes em manter o

peso corporal das codornas. Segundo Freitas et al. (2005), o controle no consumo de

ração em função do nível de energia contribuiu para que a ingestão de energia não

variasse entre os níveis avaliados. Consequentemente, era de se esperar que o ganho de

peso não variasse com o aumento dos níveis de energia da ração, uma vez que esta

variável depende da ingestão, principalmente dos níveis de energia para ser alterada.

Para concentração sérica de ácido úrico observou-se efeito quadrático (Tabela

5), com máxima concentração com 2.993 kcal de EM/kg de ração (relação 149,65),

diminuindo em seguida. Para retenção de nitrogênio, foi observada redução linear com o

aumento dos níveis de energia da ração. Não foi verificado efeito significativo para

CDN.

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136

Tabela 5. Valores médios da retenção de nitrogênio, concentração sérica de ácido úrico

e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase

de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:

proteína bruta

Relação EM: PB

EM da ração (kcal/kg)

PB (%)

125 132,5 140 147,5 155

2500 2650 2800 2950 3100

20 20 20 20 20

VARIÁVEIS CV(%)

Retenção de N (g/ave/dia)¹** 0,357 0,303 0,289 0,287 0,248 8,05

Concentração sérica de ácido

úrico (mg/dL)²* 4,61 7,33 11,24 8,09 4,23

20,04

CDN (%)³ 46,73 41,63 42,21 45,69 44,91 6,08 ¹Efeito linear; ²Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CDN- Coeficiente de digestibilidade de

nitrogênio; CV- coeficiente de variação

Observa-se a partir das informações citadas, que as aves diminuíram a retenção

de nitrogênio possivelmente por conta da menor ingestão de N ocasionada pela menor

ingestão de proteína. Além da redução da retenção de nitrogênio, as aves aumentaram a

concentração de ácido úrico no sangue com o aumento da relação EM: PB. Isso mostra

que, associado à menor ingestão de N houve também um aumento da excreção de N,

situação que gerou maior concentração de ácido úrico no sangue.

A presença de maior concentração de ácido úrico sanguíneo infere que, menos

nitrogênio foi utilizado para formação do ovo e composição corporal e mais foi

excretado. De acordo com Bell (1971), os valores de concentração sérica de ácido úrico

para aves estão relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de

excreção de bases nitrogenadas.

CONCLUSÕES

Recomenda-se dieta com relação EM: PB de 140, equivalente a 2.800 kcal de

EM/kg de energia metabolizável e 20% de proteína bruta.

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EXPERIMENTO 6

Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na alimentação de

codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de

idade

RESUMO

O objetivo do trabalho foi determinar a melhor relação energia metabolizável:

proteína bruta (EM: PB) na criação de codornas europeias na fase de 1 a 21 e 21 a 42

dias de idade. Nos dois experimentos foram utilizadas 300 codornas em um

delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos, seis repetições com dez

aves por unidade experimental. Na fase de 1 a 21 foram utilizados as relações energia

metabolizável: proteína bruta (EM: PB) 116; 89,28; 96,42; 103,57 e 110,71 e na fase de

21 a 42 dias as relações EM: PB 108,92; 120,45; 129,54; 138,63 e 147,72. Para a

análise de regressão na fase de 1 a 21 dias, excluindo-se a ração controle verificou-se

efeito quadrático para concentração sérica de ácido úrico, com máxima concentração no

nível 2.850 kcal/kg de ração. Houve diminuição do consumo de ração, conversão

alimentar e ingestão de proteína com o aumento dos níveis de energia e para as demais

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variáveis, não foi verificado efeito significativo. Para a análise de regressão na fase de

21 a 42 dias, excluindo-se a ração controle verificou-se efeito linear decrescente para

consumo de ração, conversão alimentar e concentração sérica de ácido úrico e linear

crescente para ganho de peso. Não houve efeito das relações EM: PB para rendimento

de carcaça, coxa+sobrecoxa e peito, mas efeito linear crescente para peso vivo e gordura

corporal e quadrático para rendimento de moela. Recomenda-se a relação EM: PB

110,71 com 3.100 kcal/kg e 28% de proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a

fase de 21 a 42 dias recomenda-se a relação 129,54 com 2.850 kcal/kg e 22% de

proteína bruta.

Palavras-chave: ácido úrico, carcaça, carne, desempenho, peito, rendimento

Determination of metabolizable energy: crude protein in the diet of European

quail (Coturnix coturnix coturnix) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days of age

ABSTRACT

The objective of this study was to determine the best metabolizable energy: crude

protein (ME: CP) in creating European quail in phase 1 to 21 and 21 to 42 days old. In

both experiments we used 300 quails in a completely randomized design with five

treatments, six replicates with ten birds each. From 1 to 21 were used relations

metabolizable energy: crude protein (ME: CP) 116, 89.28, 96.42, 103.57 and 110.71

and the period from 21 to 42 days relations: CP 108.92, 120.45, 129.54, 138.63 and

147.72. For the regression analysis in phase 1 to 21 days, excluding the control diet

there was a quadratic effect for serum uric acid, with maximum concentration level in

2850 kcal / kg diet. There was a decrease in feed intake, feed conversion and protein

intake with increased energy levels and other variables, no significant effect was

observed. For the regression analysis in the period from 21 to 42 days, excluding the

control diet was found decreasing linear effect on feed intake, feed conversion and

serum uric acid and a linear increase to weight gain. No effect of: CP ratio for carcass

yield, thigh + drumstick and breast, but increased linearly for body weight and body fat

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and quadratic yield gizzard. It is recommended that the ratio: CP 110,71 with 3,100 kcal

/ kg and 28% crude protein for the stage of 1 to 21 days and the period from 21 to 42

days is recommended with respect 129.54, 2.850 kcal / kg and 22% crude protein.

Keywords: uric acid, carcass, meat, performance, breast, efficiency

INTRODUÇÃO

A carne de codorna é uma fonte de proteína de excelente qualidade e com

grande aceitação em todas as camadas sociais. Murakami e Ariki (1998) afirmaram que

a coturnicultura de corte é muito expressiva na Europa, principalmente na região do

Mediterrâneo. No Brasil, a produção de ovos é mais representativa, mas, em virtude da

elevada taxa de crescimento e do reduzido consumo de ração, a produção de codornas

de corte pode constituir uma nova alternativa para o setor avícola (OLIVEIRA et al.,

2002).

O crescimento da atividade, dentre outros fatores, está associado ao maior

conhecimento das exigências nutricionais, fato que favorece a expressão do máximo

desempenho produtivo. Entre as exigências nutricionais, a de energia é muito

importante, pois este é o componente nutricional que regula o consumo e,

consequentemente, o desempenho das aves e, tanto o excesso quanto a deficiência no

consumo de ração ocasiona perda de produtividade (BARRETO et al., 2007).

Níveis inadequados de energia promovem desbalanceamento nutricional, pois no

caso de excesso na dieta, a ave reduzirá o consumo de ração e os nutrientes lá contidos

podem ser consumidos em quantidades inferiores às suas reais necessidades.

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Dentre estes, podemos destacar a proteína bruta (PB) como nutriente de grande

importância para o crescimento de codornas de corte, considerando que nas primeiras

semanas de vida, o acelerado metabolismo e síntese de massa muscular acabam por

demandar mais desse nutriente.

Desta forma, verifica-se a importância de se estabelecer uma relação entre o

nível energético e a proteína bruta, como forma de garantir o bom aproveitamento

nutricional pelas aves em todas as fases de criação.

Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar a melhor relação energia

metabolizável: proteína bruta (EM: PB) na criação de codornas europeias na fase de 1 a

21 e 21 a 42 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de .Foram

utilizadas 300 codornas europeias de 1 dia de idade para a fase de 1 a 21 dias e paralelo

a estas, foram criadas outras 300 codornas até atingirem 21 dias de idade para que fosse

dado início à fase experimental de 21 a 42 dias. Nas duas fases de criação, as aves

foram alojadas em boxes dotados de aquecimento, em um delineamento inteiramente

casualizado com cinco tratamentos e seis repetições de 10 aves por unidade

experimental. O peso inicial das aves na fase 1 a 21 dias foi de 9,5 ± 0,1g e na fase de

21 a 42 dias foi de 178,31 ± 2,04g.

Para a eleição das relações energia metabolizável: proteína bruta a serem

utilizadas neste experimento, foi necessário a obtenção do nível de proteína bruta que

proporcionou melhores resultados de desempenho nas fases de 1 a 21 e de 21 a 42 dias

de idade do experimento 3.

Desta forma, os tratamentos nas duas fases de criação consistiram de uma ração

basal composta por milho, farelo de soja e farinha de carne e ossos, formulada segundo

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as recomendações de Silva e Costa (2009), exceto para energia metabolizável (EM) e

proteína bruta (PB).

As dietas foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e suplementadas

com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCl e L-treonina na fase 1 a

21 e DL-metionina e L-treonina na fase 21 a 42 dias, podendo atender ou exceder as

recomendações dos aminoácidos essenciais. Os dados de composição de alimentos

foram baseados segundo Rostagno et al. (2005).

Para a fase de 1 a 21 dias, a primeira relação EM: PB foi formulada com 25% de

PB e 2.900 kcal/kg (ração controle) de acordo com Silva e Costa (2009) e as demais

relações, com 28% de PB e 2.500, 2.700, 2.900 e 3.100 kcal de EM/kg de ração,

estabelecendo assim as relações 116; 89,28; 96,42; 103,57 e 110,71 nas rações

experimentais (Tabela 1). O nível 28% de PB foi utilizado neste experimento, por ter

sido o que mais influenciou o bom desempenho na fase de 1 a 21 do experimento 3. Por

ser um alto valor de proteína bruta, utilizou-se para comparação uma ração referência

(controle) atendendo a recomendação nutricional de PB sugerida por Silva e Costa

(2009).

Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias

na fase de 1 a 21 dias

Relação EM: PB

Ingredientes 116 89,28 96,42 103,57 110,71

Milho 53,551 36,504 43,551 42,563 38,244

Soja 45% 40,517 54,035 49,940 50,118 50,340

Óleo de soja 0,607 0,000 0,000 2,612 6,321

Farinha de carne e osso 40% 3,228 0,000 3,068 3,076 3,125

Calcário 0,630 1,078 0,619 0,616 0,599

Fosfato bicálcico 0,000 1,016 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,259 0,306 0,253 0,253 0,255

Dl- metionina 0,392 0,322 0,319 0,320 0,566

L-treonina 0,252 0,101 0,120 0,120 0,228

L - lisina HCL 0,240 0,000 0,000 0,000 0,000

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 0,000 6,000 1,807 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 25 28 28 28 28

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.500 2.700 2.900 3.100

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Relação EM:PB 116 89,28 96,42 103,57 110,71

Cálcio (%) 0,850 0,852 0,850 0,850 0,850

Cloro (%) 0,205 0,206 0,196 0,196 0,195

Potássio (%) 0,928 1,107 1,071 1,071 1,062

Sódio (%) 0,170 0,170 0,170 0,170 0,170

Fósforo disponível (%) 0,320 0,321 0,320 0,320 0,320

Arginina dig.(%) 1,553 1,839 1,810 1,812 1,805

Leucina Dig 1,876 2,094 2,079 2,075 2,041

Isoleucinadig. (%) 0,942 1,136 1,096 1,097 1,090

Lisina dig.(%) 1,370 1,445 1,399 1,402 1,400

Met.+cist.dig.(%) 1,040 1,043 1,040 1,040 1,270

Metionina dig.(%) 0,722 0,698 0,691 0,691 0,927

Treonina dig.(%) 1,040 1,043 1,040 1,040 1,129

Triptofano dig.(%) 0,271 0,338 0,321 0,322 0,321

Valina dig.(%) 0,996 1,157 1,138 1,138 1,128

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Colistin;

6Areia lavada

Para a fase de 21 a 42 dias, a primeira relação EM: PB foi formulada com 28%

de PB e 3.050 kcal/kg (ração controle) e as demais relações, com 22% de PB e 2.650,

2.850, 3.050 e 3.250 kcal de EM/kg de ração, estabelecendo assim as relações 108,92;

120,45; 129,54; 138,63 e 147,72 nas rações experimentais (Tabela 2). O nível 22% de

PB foi utilizado nesta fase, por ter influenciado o bom desempenho ao final dos 42 dias

do experimento 3. Já o nível 28% de PB foi utilizado como ração controle por ter

apresentado resultados para as variáveis ganho de peso e conversão alimentar,

semelhantes aos encontrados com o nível 22%, necessitando assim de comparação entre

ambos.

Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias

na fase de 21 a 42 dias

Relação EM:PB

Ingredientes 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72

Milho 39,065 51,679 58,655 59,773 54,977

Soja 45% 52,023 38,157 34,648 34,446 35,312

Óleo de soja 5,528 0,000 0,000 1,896 5,803

Farinha de carne e osso 40% 2,256 0,100 2,536 2,527 2,563

Calcário 0,518 0,903 0,542 0,547 0,530

Fosfato bicálcico 0,000 0,810 0,000 0,000 0,000

Sal comum 0,217 0,271 0,228 0,228 0,229

Dl- metionina 0,072 0,208 0,203 0,202 0,207

L-treonina 0,000 0,042 0,058 0,058 0,057

Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Antioxidante³ 0,010 0,010 0,100 0,010 0,010

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Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007

Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Inerte6 0,000 7,400 2,807 0,000 0,000

Total 100 100 100 100 100

Composição Nutricional Calculada

Proteína bruta (%) 28 22 22 22 22

Energia Metabolizável (kcal/kg) 3.050 2.652 2.850 3.050 3.250

Relação EM: PB 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72

Cálcio (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700

Cloro (%) 0,167 0,192 0,184 0,184 0,183

Potássio (%) 1,090 0,858 0,831 0,830 0,832

Sódio (%) 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

Fósforo disponível (%) 0,270 0,270 0,270 0,270 0,270

Arginina dig.(%) 1,553 1,839 1,810 1,812 1,805

Leucina dig 2,088 1,728 1,724 1,729 1,711

Isoleucinadig. (%) 1,118 0,868 0,837 0,836 0,841

Lisina dig.(%) 1,430 1,073 1,035 1,032 1,045

Met.+cist. dig.(%) 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800

Metionina dig.(%) 0,451 0,513 0,507 0,506 0,510

Treonina dig.(%) 0,943 0,780 0,780 0,780 0,780

Triptofano dig.(%) 0,330 0,252 0,238 0,238 0,240

Valina dig.(%) 1,152 0,906 0,893 0,893 0,894

¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:

1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;

Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,

sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do

produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:

1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;

5Colistin;

6Areia lavada

Após jejum alimentar de oito horas, as aves foram novamente pesadas e abatidas

e, em seguida, depenadas, evisceradas e retiradas a cabeça, os pés e a gordura

abdominal para a pesagem da carcaça e cálculo do rendimento de carcaça (%). Em

seguida procederam-se os cortes.

O rendimento de carcaça (%) foi calculado em relação ao peso vivo das

codornas e os rendimentos (%) de peito, coxa+sobrecoxa e vísceras comestíveis (moela,

fígado, coração) em relação ao peso da carcaça. Toda a gordura encontrada ao redor da

cloaca, moela, proventrículo e ao redor dos músculos (se houver) foi considerada como

gordura corporal.

Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). Na fase de 1 a 21 e 21 a 42

dias, os resultados obtidos com cada uma das relações EM:PB foram comparados aos

encontrados com a ração controle utilizando-se o teste Dunnett (5%). Além do teste de

médias, foram estimadas também as exigências pelo modelo de regressão polinomial,

excluindo-se a ração controle.

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148

Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho

de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de

proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido

úrico (mg/dL).

Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho de

peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração foi

determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de peso

foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A

conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o

ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da

quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração

ingerida.

A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade

da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último

dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi

estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através

de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as

instruções do fabricante.

Ao final do período experimental (42 dias de idade), três aves de cada parcela

foram selecionadas para serem abatidas para a avaliação das características de carcaça.

Foram selecionadas aves com peso semelhante ao peso médio da parcela.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram

25,7ºC e 18,2ºC, respectivamente, e 80% de umidade relativa. O resultado da

comparação de médias pelo teste de Dunnett (5%) para a fase de 1 a 21 dias encontra-se

na Tabela 3.

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Tabela 3. Médias das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido úrico

de codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função das

diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta

Relação EM: PB 116 89,28 96,42 103,57 110,71

EM da ração (kcal/kg) 2900 2500 2700 2900 3100

PB (%) 25 28 28 28 28

VARIÁVEIS CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)¹ * 15,96 19,36● 17,86

● 16,59 15,24 4,76

Ganho de peso (g/ave/dia)³ 7,70 7,40 7,85 7,74 7,58 4,92

Conversão alimentar (g/g)¹* 2,07 2,61● 2,28

● 2,14 2,01 5,10

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)³ 46,31 48,42 48,22 48,13 47,27 4,61

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 3,99 5,42● 5,00

● 4,64

● 4,27 4,79

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)²* 1,85 2,41 4,04● 2,18 2,30 11,46

● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ efeito linear; ² efeito quadrático; ³ não significativo;

*P<0,01; CV – coeficiente de variação

Para a análise de regressão na mesma fase (Tabela 4), excluindo-se a ração

controle verificou-se efeito quadrático para concentração sérica de ácido úrico, com

máxima concentração no nível 2.850 kcal/kg de ração. Houve diminuição do consumo

de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína com o aumento dos níveis de

energia e para as demais variáveis, não foi verificado efeito significativo.

Tabela 4.Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na

fase de 1 a 21 dias de idade em função das diferentes relações energia

metabolizável: proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y=36,344-0,0068x 0,99

Conversão alimentar (g/g) Y=4,9971-0,001x 0,93

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=10,176-0,0019x 0,99

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= -67,105+0,0513x-0,000009x² 0,34

Para o consumo de ração, a comparação das medias pelo teste de Dunnett (5%)

mostrou que as aves alimentadas com as dietas de relação EM: PB 89,28 e 96,42

apresentaram maior consumo de ração do que as codornas alimentadas com a ração

controle (relação EM: PB 116). De acordo com a análise de regressão, ao excluir a

ração controle, verificou-se que o aumento da relação EM: PB provocou uma redução

do consumo de ração. De acordo com a equação, para cada kcal de aumento na energia,

houve redução de 6 mg no consumo de ração por ave.

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150

As codornas alimentadas com ração contendo menos energia (no teste de medias

e na análise de regressão) consumiram mais ração do que as alimentadas com maiores

níveis energéticos. Estes resultados mostram que as codornas que consomem dietas com

menor teor calórico tendem a compensar a baixa concentração energética ingerindo

maior quantidade da dieta.

Este comportamento assemelha-se ao verificado com frangos de corte, que

controlam o consumo de ração em função de suas necessidades energéticas. O mesmo

pode ser verificado por Oliveira et al. (2002), Rezende et al. (2004), Freitas et al.

(2006), Ton et al. (2011) e Veloso et al. (2012). De acordo com os autores, os animais

tendem a regular o consumo de ração de forma a ingerir quantidades constantes de

energia, por isso alteram o consumo de ração de acordo com o nível energético. Os

resultados obtidos nessa pesquisa indicam que as codornas de corte se alimentaram para

satisfazer, primeiramente suas exigências de energia e assim, corroborando com a teoria

quimiostática da ingestão de alimentos (ÁVILA et al., 2003).

Para ingestão de energia de 1 a 21 dias, a comparação das médias não

evidenciou diferença significativa entre as relações EM: PB estabelecidas na presente

pesquisa, assim como também não houve diferença significativa entre as relações na

análise de regressão. Os resultados do presente estudo mostram que houve eficiência

das codornas na regulação da ingestão de energia, ou seja, as codornas conseguiram

através da redução do consumo de ração, estabilizar a ingestão diária de energia em

aproximadamente 47,67 kcal/kg.

Vale ressaltar, que nem sempre esse mecanismo regulador é eficiente em aves

jovens. Mendonça et al. (2007) estudando níveis de energia metabolizável (2.600,

2.750, 2.900, 3.050 e 3.200 kcal de EM/kg) e relações energia: proteína para aves de

corte em crescimento (1 a 21 dias) observaram redução no consumo de ração com o

aumento da densidade energética, entretanto verificou-se aumento da ingestão de

energia com os maiores níveis de energia na ração. Segundo os autores, isso pode ser

consequência das aves jovens não regularem o consumo de energia tão bem como as

aves adultas, desta forma a ingestão de energia metabolizável aumenta ligeiramente com

o nível energético da ração.

Para ingestão de proteína (Tabela 3), através da comparação das médias

verificou-se que as relações EM: PB 89,28; 96,42 e 103,57 promoveram maior ingestão

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151

do que a ração controle. A menor ingestão observada com a ração controle pode estar

associada ao menor consumo de ração quando comparado com as demais dietas e

associado a isso, à menor quantidade de proteína da ração controle (25%) que reduz a

concentração de proteína presente por grama de ração.

Através da equação de regressão, verificou-se que o aumento da relação EM:

PB reduziu a ingestão proteica da codorna. Para cada kcal de aumento de EM da ração

houve diminuição de 1,9 mg na ingestão proteica. Considerando que as dietas foram

isoproteicas, podemos inferir que essa menor ingestão de proteína está diretamente

associada à redução do consumo de ração com o aumento da relação EM: PB. Esse

resultado se assemelha ao apresentado por Silva et al. (2001), que observaram forte

correlação positiva (r = -0,935; P<0,0001) entre o consumo de proteína e a relação

energia: proteína de dietas para frangos de corte no período de 21 a 42 dias.

Para o ganho de peso de 1 a 21 dias, observa-se através da comparação de

médias pelo teste Dunnett (5%) que a ração controle não diferiu significativamente das

demais dietas. Pela análise de regressão, também não houve efeito dos níveis de energia

sobre o ganho de peso. Os resultados para ganho de peso indicam a importância da

energia metabolizável sobre esta variável.

Quando as codornas conseguem ajustar a ingestão de energia mesmo em dietas

com maiores densidades energéticas, o ganho de peso sofre pouca ou nenhuma alteração

ao longo desses níveis. Isso ocorre devido a influência da energia sobre o desempenho

de codornas nas primeiras semanas de vida em função de sua maior demanda energética

para aumento de tamanho corporal (VELOSO et al., 2012) e alta demanda metabólica.

Pesquisas revelam o efeito da energia sobre o ganho de peso de codornas de

corte, onde Freitas et al. (2006) e Oliveira et al. (2002) verificaram maior ganho em

aves que receberam ração com maiores níveis energéticos, em virtude da maior ingestão

de energia. Desta forma, se nestes casos a ingestão tivesse sido controlada pela ave,

possivelmente não teria havido diferença entre os ganhos de peso.

Para conversão alimentar, o teste de médias mostrou que as relações EM: PB

89,28 e 96,42 apresentaram piores resultados do que a ração controle (116). O melhor

resultado para a relação 116 está associado ao menor consumo de ração das aves desse

grupo, já que o ganho de peso não variou entre as três relações citadas.

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152

Na análise de regressão, excluindo a ração controle, observou-se melhora da

conversão com o aumento da relação EM: PB. Para cada kcal de aumento da EM da

ração houve redução de 0,001 pontos da conversão alimentar. Por ser uma variável que

depende dos resultados de consumo de ração e ganho de peso, este resultado era

esperado tendo em vista a redução do consumo e a estabilidade do ganho de peso. Uma

melhor conversão alimentar foi observada também por Freitas et al. (2006) e Ton et al.

(2011). Ávila et al. (2003) observaram melhora na conversão alimentar com o aumento

da EM e recomendaram o nível 3.050 kcal/kg.

O resultado encontrado por Ávila está próximo do recomendado no presente

estudo para conversão alimentar, pois, considerando que foi efeito linear, indica dizer

que a exigência de EM para esta variável deve ser superior ou igual ao maior nível

avaliado (3.100 kcal/kg).

Para a concentração sérica de ácido úrico de 1 a 21 dias, através do teste de

média observou-se que apenas a ração com relação EM:PB 96,42 (2.700 kcal/kg)

proporcionou maior concentração do que a ração controle. De acordo com a análise de

regressão, a concentração sérica aumentou até o nível 2.850 kcal/kg de EM e diminuiu

em seguida. Este comportamento quadrático pode explicar o resultado obtido no teste de

médias, pois o nível 2.850 kcal/kg (maior concentração de ácido úrico) encontra-se

próximo do encontrado no teste de médias (2.700 kcal/kg) como sendo o que apresentou

maior concentração de ácido úrico.

Nenhum fator em específico foi encontrado para explicar precisamente o

resultado encontrado para o ácido úrico. Sabe-se, contudo, que este resultado é obtido

através de análise sorológica individual (1 ave/parcela), situação que por vezes pode

aumentar a variação dos resultados e/ou não representar adequadamente o

comportamento de uma parcela inteira. Isso ocorre por ser um dado biológico

extremamente variável entre as aves e inerente a cada uma, podendo apresentar grandes

diferenças mesmo em uma mesma parcela.

Durante a fase de 21 a 42 dias, a média das temperaturas máxima e mínima

foram 25,8ºC e 18,2ºC, respectivamente, e umidade relativa 80%. Para a análise de

regressão na mesma fase, excluindo-se a ração controle verificou-se efeito linear

decrescente para consumo de ração, conversão alimentar e concentração sérica de ácido

úrico e linear crescente para ganho de peso (Tabela 5).

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Tabela 5.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de

ácido úrico de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função

das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta

Relação EM: PB 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72

EM da ração (kcal/kg) 3050 2650 2850 3050 3250

PB (%) 28 22 22 22 22

VARIÁVEIS CV (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)¹* 34,72 38,06● 37,91

● 37,33

● 32,00

● 3,93

Ganho de peso (g/ave/dia)¹* 5,12 5,73 5,96● 6,43

● 7,04

● 8,74

Conversão alimentar (g/g)¹* 6,90 6,68 6,40 5,81● 4,55

● 8,39

Ingestão de energia (kcal/ave/dia)² 102,85 101,75 105,21 109,29 103,99 6,82

Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 9,44 8,44● 8,12

● 7,88

● 7,04

● 6,89

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 6,74 5,02● 3,85

● 1,92

● 2,48

● 3,72

● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ efeito linear; ² não significativo; *P<0,01; CV-

coeficiente de variação

A comparação das médias para o consumo de ração de 21 a 42 dias mostrou que

todas as rações diferiram da dieta controle. As relações EM: PB 120,45; 129,54 e

138,63 promoveram maior consumo de ração do que a controle (108,92), enquanto que

a relação 147,72 teve consumo inferior.

É possível que o maior consumo de ração nas relações 120,06; 129,91 e 138,33

tenha ocorrido por conta do menor nível proteico nestas dietas. De acordo com Baker

(1993), ocorre aumento no consumo alimentar em rações com baixo nível de proteína

bruta. Desta forma, verifica-se que as codornas tentaram compensar a menor ingestão de

proteína consumindo maiores quantidades de ração.

Ainda sobre o teste de médias, observa-se que a relação 138,63 (consumo maior)

difere da relação 108,92 (consumo menor) apenas pelo nível de proteína. Este fato vem

ratificar o que já foi dito anteriormente sobre o efeito da proteína no consumo de ração.

Neste caso, as aves alimentadas com ração contendo 28% de PB consumiram menos

ração do que as alimentadas com 22% por conta do excesso de proteína da dieta. Para

Shirisvastav e Panda (1999), a qualidade da proteína é mais importante do que seu nível

na ração. Contudo, em razão dos efeitos da redução da PB no período inicial sobre o

consumo de ração, o nível de PB da ração não deve ser menosprezado (OLIVEIRA,

2001).

De acordo com a equação de regressão para o consumo de ração de 21 a 42 dias

(Tabela 6), excluindo-se a ração controle, observa-se que o consumo diminuiu

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linearmente com o aumento dos níveis de energia metabolizável. Este mesmo

comportamento foi verificado na fase de 1 a 21 dias e está associado à capacidade das

codornas de regularem o consumo de ração para ajustar suas necessidades energéticas.

Desta forma, nas dietas com maiores densidades energéticas elas passam a reduzir o

consumo de ração para não se excederem na ingestão de energia.

Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de

desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na

fase de 21 a 42 dias em função das relações energia metabolizável: proteína

bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Consumo de ração (g/ave/dia) Y=64,254-0,0095x 0,72

Ganho de peso (g/ave/dia) Y= -0,1917+0,0022x 0,96

Conversão alimentar (g/g) Y=16,138-0,0035x 0,90

Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=14,45-0,0022x 0,91

Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y=17,427-0,0048x 0,78

Efeito semelhante foi verificado por Freitas et al. (2006) que avaliando níveis de

proteína (20, 22, 24 e 26%) e energia metabolizável (2.565, 2.715, 2.865 e 3.015

kcal/kg) sobre o desempenho de codornas de corte no período de 1 a 42 dias e sugeriram

que as rações podem ser formuladas com 2.865 kcal de EM/kg. Os autores verificaram

que o consumo de ração foi influenciado apenas pelo nível energético, diminuindo

linearmente com o aumento do nível de EM da ração.

A ingestão de energia de 21 a 42 dias não apresentou efeito significativo na

análise de regressão e nem no teste de médias. De acordo com os resultados, as

codornas mantiveram constante a ingestão diária de energia, mesmo com as grandes

variações dos níveis energéticos das dietas. Isso evidencia a capacidade destas aves de

regular o consumo de ração para atendimento de suas necessidades energéticas.

Os resultados obtidos nessa pesquisa indicam que as codornas de corte se

alimentaram para satisfazer, primeiramente, suas exigências de energia, comportamento

semelhante ao de frangos de corte. De acordo com Murakami et al. (1993), para

codornas também é possível aplicar a teoria quimiostática, ou seja, de que regulam seu

consumo de acordo com as necessidade de energia, no entanto, outros fatores também

podem influenciar o consumo, como a necessidade da ave, o peso corporal, o

crescimento, a mantença e o ambiente de criação.

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De acordo com o teste de médias para ingestão de proteína na fase de 21 a 42

dias, a ração controle (28% de PB) foi a que apresentou maior ingestão quando

comparada às demais rações (22% de PB). O fato pode ser explicado por conta da maior

concentração de proteína presente na ração controle, embora esse tenha sido o

tratamento que menos consumiu ração (Tabela 5). Contudo, apesar do menor consumo,

essa redução não foi suficiente em reduzir a ingestão de proteína pelas codornas da

ração controle.

De acordo com a equação de regressão, ao se excluir a ração controle, o aumento

da relação EM: PB promoveu redução linear na ingestão de proteína, onde para cada

kcal de aumento de EM da ração houve redução de 2 mg na ingestão proteica. Esta

mesma situação foi verificada na fase de 1 a 21 dias de idade.

Na fase de 21 a 42 dias, todas as dietas referentes à equação de regressão foram

formuladas para serem isoproteicas (22% de PB) variando apenas a energia

metabolizável, fato que promoveu aumento da relação EM:PB. Desta forma podemos

concluir que, o aumento da relação EM: PB promoveu redução do consumo de ração e

consequentemente, as codornas passaram a ingerir menos proteína diariamente.

Para o ganho de peso de 21 a 42 dias, o teste de médias mostrou que as relações

EM: PB 129,54; 138,63 e 147,72 promoveram maior ganho do que a ração controle

(108,92). Observa-se no presente estudo que as aves alimentadas com a ração controle

(28% de PB) tiveram a maior ingestão de proteína e a maior concentração sérica de

ácido úrico do que as demais rações (22% de PB), sugerindo que houve uma maior

excreção de ácido úrico e consequentemente gasto excedente de energia para essa

atividade. Além disso, estas aves apresentaram um dos menores consumos de ração

(34,72 g/ave/dia) entre as relações avaliadas, fato que pode ter comprometido a

disponibilidade de nutrientes para o desenvolvimento corporal das aves.

Sabe-se que o excesso de aminoácidos prejudica a eficiência de utilização dos

mesmos, devido à necessidade de catabolismo para excreção de nitrogênio (N) na forma

de ácido úrico. De acordo com Corrêa et al. (2007a), à semelhança do que ocorre em

frangos de corte, o peso e ganho de peso em codornas de corte são limitados, tanto pela

quantidade de aminoácidos essenciais em dietas com baixos níveis de proteína bruta,

como pela redução da eficiência de utilização dos aminoácidos em dietas com níveis

proteicos acima da exigência.

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156

Na análise de regressão, com a exclusão da ração controle podemos observar que

o ganho de peso aumentou linearmente com o aumento dos níveis de energia. Para cada

kcal de aumento da EM da ração o ganho de peso aumentou em 2 mg. Algumas

pesquisas (OLIVEIRA et al., 2002; FREITAS et al., 2006; VELOSO et al., 2012)

revelam o efeito da energia sobre o ganho de peso de codornas, onde esta influência

sobre o desempenho esta relacionada à maior demanda energética destas aves nas

primeiras semanas de vida para crescimento corporal e própria mantença.

Observa-se no presente estudo que a ingestão de energia permaneceu inalterada

e que o consumo de proteína diminuiu ao longo dos energéticos, portanto não

contribuíram substancialmente para o aumento no ganho de peso verificado no presente

estudo. Contudo podemos notar que o aumento da energia das dietas foi obtido com a

utilização de óleo de soja e esta suplementação de gordura, segundo Sakomura et al.

(2004) vem acompanhada de efeito extra calórico, que consiste no aumento da

disponibilidade dos nutrientes dos ingredientes da ração, assim como de efeito extra

metabólico da gordura, que resulta em melhoria da eficiência energética pelo

incremento da energia líquida da ração.

Para conversão alimentar na fase de 21 a 42 dias, o teste de médias mostrou que

a conversão obtida com a relação EM: PB 108,92 (ração controle) foi pior do que as

obtidas com a relação 138,63 e 147,72. O menor ganho de peso das aves alimentadas

com a ração controle foi o fator que determinou sua pior conversão alimentar, quando

comparado às outras duas relações EM: PB citadas.

Com a exclusão da ração controle, o teste de médias mostrou que o aumento da

relação EM: PB melhorou a conversão alimentar das codornas de corte. Para cada kcal

de aumento de EM da ração verificou-se um redução de 0,0035 pontos na conversão

alimentar. Este resultado era esperado, considerando que o aumento da relação EM: PB

promoveu aumento do ganho de peso acompanhado de redução no consumo de ração.

Resultado semelhante foi observado por Freitas et al. (2006), onde o aumento do nível

de EM promoveu redução média de 0,001 pontos na conversão alimentar de codornas

de corte.

Oliveira Neto et al. (1999) citam que o aumento do nível de energia por meio da

inclusão de óleo de soja nas raçoes pode proporcionar menor incremento calórico e,

consequentemente, aumentar a energia disponível para a ave, além de modificar a taxa

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de passagem do alimento, fatores que justificam, em parte, a melhora na conversão

alimentar em frangos de corte.

O teste de médias para concentração sérica de ácido úrico na fase de 21 a 42 dias

mostrou que todas as rações (22% de PB) apresentaram nível de ácido úrico menor do

que a ração controle (28% de PB). Esse resultado está associado ao maior nível de PB

da ração controle, fazendo com que as aves aumentem sua concentração de ácido úrico

no sangue, forma pela qual o nitrogênio em excesso no organismo é excretado.

De acordo com a análise de regressão, com o aumento da relação EM: PB houve

redução linear da concentração de ácido úrico. Observa-se que o aumento da relação

EM: PB promoveu uma redução da ingestão de proteína e foi possivelmente isso que

diminuiu a concentração de ácido úrico no sangue, pois menos nitrogênio estava

disponível para excreção.

Para o peso vivo aos 42 dias de idade, verifica-se através do teste de médias que

as relações EM: PB 138,63 e 147,72 promoveram maior peso vivo do que a ração

controle (108,92). De acordo com a análise de regressão, com o aumento da relação

EM: PB houve aumento do peso vivo. Estes resultados estão em concordância com os

apresentados para ganho de peso, que também aumentou com a adição de energia na

ração.

De acordo com o teste de médias, a ração controle (relação EM: PB 108,92)

proporcionou um maior rendimento de carcaça do que a relação 120,45. Observa-se que

das rações experimentais que continham 22% de proteína bruta, a que apresentou menor

rendimento de carcaça (68,04%) teve também o menor peso vivo (275,77g) (Tabela 7).

Este fato pode ter contribuído para o menor rendimento de carcaça observado na relação

120,45, tendo em vista que o cálculo desta variável depende do valor do peso vivo como

fator limitante do resultado final.

De acordo com a análise de regressão, excluindo a ração controle, não houve

efeito dos níveis de energia sobre o rendimento de carcaça, de coxa+sobrecoxa e de

peito. Corrêa et al. (2005) avaliando dois níveis de energia (2.900 e 3.100 kcal/kg) sobre

o rendimento de carcaça de codornas europeias não verificaram nenhum efeito dos

níveis energéticos. Segundo os autores, os níveis utilizados não foram suficientes para

promover alterações significativas nas características de carcaça de corte.

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Tabela 7.Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras

comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em

função das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta Relação EM: PB 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72

EM da ração (kcal/kg) 3050 2650 2850 3050 3250 CV(%)

PB (%) 28 22 22 22 22

Peso vivo (g)¹* 263,66 275,77 279,88 292,55● 293,44

● 6,26

Carcaça (%)³ 72,20 68,04● 70,50 69,62 70,57 4,65

Coxa+sobrecoxa (%)³ 20,20 20,57 20,29 20,07 19,90 8,48

Peito (%)³ 36,18 37,18 37,41 35,73 38,13 7,13

Gordura corporal (%)¹* 1,43 0,98 2,23 2,69● 2,59

● 47,44

Moela (%)²* 1,65 1,69 1,86 1,66 1,36 17,60

Fígado (%)³ 2,95 2,69 2,38 2,57 2,31 20,80

Coração (%)³ 1,11 1,18 1,29 1,20 1,18 21,11 ● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ Efeito linear; ² efeito quadrático; ³Não significativo;

*(P<0,01)

Assim como Corrêa et al. (2005), pesquisas realizadas por Ton et al. (2011) e

Mendonça et al. (2007) também não encontraram efeito dos níveis de energia sobre

estas variáveis. É possível que a influência da EM esteja mais associada à deposição de

gordura e não diretamente à de tecido magro.

Parece haver influência dos níveis de proteína bruta sobre a carcaça e cortes

nobres (SILVA et al., 2006; CORRÊA et al., 2008), entretanto no presente estudo, a

redução da ingestão de proteína e do consumo de ração com o aumento da relação EM:

PB não afetou os rendimentos.

Para gordura corporal ao final dos 42 dias, verifica-se que as relações 138,63 e

147,72 apresentaram mais gordura do que a ração controle. De acordo com a equação de

regressão, a gordura corporal aumentou linearmente com o aumento dos níveis

energéticos, onde para cada kcal de aumento da EM houve acréscimo de 0,026g de

gordura corporal nas aves.

Segundo Waldroup (1996), quanto maior a relação energia: proteína, maior a

quantidade de gordura abdominal. Para Mendonça et al. (2007), a gordura depositada é

diretamente proporcional à quantidade de energia disponível para síntese, portanto, a

energia alimentar em excesso é bem correlacionada com a deposição de lipídios na

maioria dos animais.

Os resultados de gordura corporal do presente estudo mostram o efeito direto do

aumento dos níveis de energia sobre esta variável. Observa-se que mesmo controlando a

ingestão diária de energia (Tabela 5), as aves apresentaram alterações na qualidade da

carcaça, nos maiores níveis energéticos (Tabela 8). Nota-se que embora o teste de

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médias não tenha detectado diferença estatística da ingestão de energia, numericamente

houve variações perceptíveis e estas podem ter influenciado no aumento da gordura

corporal.

Tabela 8.Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de

carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal

de codornas europeias aos 42 dias de idade em função das relações energia

metabolizável: proteína bruta

VARIÁVEIS Regressão R²

Peso vivo (g) Y=188,56+0,0328x 0,90

Gordura corporal (%) Y= -5,6623+0,0026x 0,75

Moela (%) Y= -22,69+0,017x-0,000003x² 0,97

Pesquisadores têm relatado que, com o aumento da proteína bruta da dieta ou a

redução na relação energia: proteína ocorre diminuição no conteúdo de gordura da

carcaça e aumento na proporção de água e proteína (Morris et al., 1999). Para Leeson et

al. (1996), o controle da ingestão de energia é importante não somente por seu efeito na

taxa de crescimento, mas também pelos efeitos negativos da ingestão em excesso, que

deprecia a qualidade da carcaça pelo maior acúmulo de gordura.

Observa-se também, que com o aumento da relação EM: PB houve redução da

concentração sérica de ácido úrico (Tabela 6), devido à menor ingestão de PB. Desta

forma, como os custos energéticos de síntese de ácido úrico reduzem de acordo com o

aumento dessa relação, mais energia torna-se disponível para a deposição de gordura na

carcaça (Silva et al., 2001).

De acordo com o teste de médias para as vísceras comestíveis (moela, fígado e

coração), não houve diferença do rendimento (%) entre a ração controle e as demais

rações. Na análise de regressão, apenas a moela apresentou diferença significativa, com

maior rendimento no nível 2.833 kcal /kg. De acordo com Lilja et al. (1985) apud

Rezende et al. (2004), o aumento do tamanho da moela melhora a capacidade de

ingestão e digestão dos alimentos.

Observa-se no presente estudo, que com o aumento da relação EM: PB as

codornas aumentaram o ganho de peso, melhoraram a conversão alimentar, contudo

sem alterar o rendimento (%) de carcaça, de coxa+sobrecoxa e de peito. Portanto, o

aumento do ganho de peso verificado, pode estar associado ao acúmulo de gordura

corporal, que aumentou com as maiores relações EM: PB.

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Contudo, ao observar os resultados das aves alimentadas com a relação 129,54

verifica-se que estes se encontram em situação intermediária, ou seja, apresentam

menores níveis de gordura corporal e menor peso vivo do que as maiores relações EM:

PB (138,63 e 147,72). Entretanto possuem menor concentração sérica de ácido úrico,

menor peso vivo e menos gordura abdominal do que a ração controle (28% de PB), sem

diferir entre ambos, o rendimento (%) de carcaça, coxa+sobrecoxa e peito. Desta forma,

por ser uma ração que requer menos proteína bruta em sua composição, a dieta com

relação 129,54 (22% de PB) parece ser a mais viável.

CONCLUSÕES

Recomenda-se a relação EM: PB 110,71 com 3.100 kcal/kg e 28% de proteína

bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a relação

129,54 com 2.850 kcal/kg e 22% de proteína bruta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação de codornas deve ser entendida nos dias atuais como uma atividade

lucrativa e em franca expansão no mercado avícola. A visão de uma atividade voltada

para subsistência tem sido deixada de lado, podendo ser vista na atualidade como um

investimento financeiro com retorno econômico satisfatório.

A determinação das relações EM: PB favorece este desenvolvimento quando

disponibiliza para as aves, quantidades adequadas de energia e de nutrientes na

alimentação, fazendo com que ocorram melhores resultados na produção de carne e de

ovos de codorna.

Quando uma dieta tem seus nutrientes relacionados adequadamente à quantidade

de energia, reduz-se a oportunidade de consumo insuficiente destes, considerando que

as aves tentarão manter a ingestão de energia primeiramente, e assim atender suas

necessidades energéticas. Essa adequada relação EM: nutriente deve ser melhorada à

custa de pesquisas, como esta abordada na tese em questão.

Diante da importância da coturnicultura no cenário nacional, há a necessidade de

aprofundamento de pesquisas no que concerne os efeitos das relações EM:PB sobre as

diferentes fases de criação de codornas japonesas e europeias, tendo em vista a escassez

de literatura científica que ainda prevalece sobre o assunto.

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