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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL: PROTEÍNA
BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS JAPONESAS E EUROPEIAS
RAFFAELLA CASTRO LIMA
Zootecnista
AREIA - PB
DEZEMBRO – 2012
ii
RAFFAELLA CASTRO LIMA
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL:
PROTEÍNA BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS
JAPONESAS E EUROPEIAS
Tese apresentada ao Programa de
Doutorado Integrado em Zootecnia, da
Universidade Federal da Paraíba, do qual
participam a Universidade Federal Rural
de Pernambuco e Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em
Zootecnia.
Área de concentração: Nutrição Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador
Prof. Dr. José Humberto Vilar da Silva – Co-orientador
Prof. Dr. Ednardo Rodrigues Freitas – Co-orientador
AREIA - PB
DEZEMBRO – 2012
iii
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
L732d Lima, Raffaella Castro.
Determinação da relação energia metabolizável:proteína bruta na alimentação de codornas japonesas e européias. / Raffaella Castro Lima. - Areia: UFPB/CCA, 2012.
163 f. : il.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2012.
Bibliografia. Orientador: Fernando Guilherme Perazzo Costa.
1. Avicultura – nutrição animal 2. Codornas Japonesas – eficiência energética 3. Codornas Européias – eficiência energética 4. Codornas – desempenho I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II.Título.
UFPB/CCA CDU: 636.5(043.2)
iii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
RAFFAELLA CASTRO LIMA – Nasceu em Fortaleza, capital do Ceará, no dia
20 de Junho de 1980. Filha de Suely Elisa Lima e Vicente de Paula Castro, prestou
vestibular para o curso de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará no ano 2002,
formando-se em 2006. Em 2007 ingressou no Programa de Pós-graduação em Zootecnia
da Universidade Federal do Ceará, concluindo o curso de mestrado em 2009. Durante o
curso de mestrado, foi aprovada no processo seletivo para professor substituto da
Universidade Federal do Ceará para as disciplinas de Avicultura e de Criação de Não
Ruminantes, permanecendo no cargo por um período de seis meses. Em setembro de
2009 iniciou o curso de doutorado através do Programa de Doutorado Integrado em
Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba, concluindo o curso em dezembro de
2012.
iv
À minha mãe Suely Elisa Lima,
pelo exemplo de coragem, amor e
dedicação à família.
À minha avó Erotildes Elisa Lima
(In memorian), pela indiscutível falta
que faz em minha vida e saudades sem
fim.
Ao meu pai Vicente de Paula
Castro (In memorian), por seu exemplo
de força e altivez, até o fim.
Ao meu irmão Jorge Luis Moreira
Lima, que com sua alegria e amizade
torna os meus dias mais felizes.
Ao meu namorado Sérgio Dantas,
que trouxe leveza e tranquilidade para
minha vida durante a construção desta
tese.
Aos meus verdadeiros amigos.
DEDICO
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar.
Ao Programa de Pós-graduação em Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba – UFPB, pela oportunidade de realização do curso de
Doutorado em Zootecnia.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq)
pela concessão da bolsa de estudo.
Ao Laboratório de Nutrição Animal pela realização das análises químicas.
Ao Setor de Avicultura, representado pelos funcionários Josa, Ramalho e
Francisco Ademir, todos muito queridos e solícitos na época da realização dos
experimentos, ajudando em todas as situações possíveis e imagináveis.
A todos os amigos do GETA (Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas) que
durante o doutorado muito contribuíram para a minha formação profissional.
Aos estudantes de graduação Lavosier, Leonilson (Leo), Ana Paula e
Robervânia pela grande contribuição durante a realização dos experimentos e à Márcia
Paloma, por ter me ajudado em momentos onde eu não pude estar presente, se tornando
essencial para a realização das atividades de campo.
Ao meu namorado Sérgio Dantas, que veio como um presente em minha vida.
Muito obrigada pela amizade, compreensão e todo o carinho que tens por mim. Minha
passagem pela Paraíba depois de te conhecer, tem agora um novo sentido.
À minha amiga Geovânia Canafístula, pela amizade e companheirismo.
Obrigada pelo carinho sincero, amiga. Aprendi a ser mais “gente” com você.
Aos amigos do curso de Pós-Graduação, Milka, Roseane, Valéria, Kleber e
Danilo Vargas que durante a jornada de estudos foram companheiras.
À Profa. Cláudia de Castro Goulart, extremamente atenciosa e parceira durante
todo o curso de doutorado, me orientando e repassando seus conhecimentos nesse
período de aprendizagem. Tornou-se uma amiga para a vida. Obrigada, Cláudia.
Ao Prof. Fernando Guilherme Perazzo Costa pela orientação, compreensão e
toda a atenção que destinou a mim durante o curso. Aprendi com você que para sermos
bons pesquisadores não necessitamos ostentar estrelismo. Carregarei sempre comigo o
vi
seu exemplo de dinamismo e simplicidade. Obrigada pela grande oportunidade de
trabalhar com você.
A todos que, direta ou indiretamente, tornaram possível a realização deste
trabalho.
vii
SUMÁRIO
Página
Lista de Tabelas ................................................................................................................ x
Resumo Geral ................................................................................................................. xiv
Abstract .......................................................................................................................... xvi
Considerações Iniciais ....................................................................................................... 1
Capítulo I – Referencial Teórico
Introdução ...................................................................................................................... 4
Revisão de Literatura ..................................................................................................... 6
Classificação, histórico e características das codornas japonesas e europeias .............. 6
Energia metabolizável e proteína bruta na alimentação de aves ................................... 9
A energia nos alimentos ............................................................................................. 9
Partição de energia ................................................................................................... 10
Aspectos que interferem nos valores de energia metabolizável ............................... 11
Importância da proteína bruta na alimentação animal .............................................. 15
Influência da energia metabolizável sobre o desempenho de codornas de corte ....... 18
Influência da energia sobre o desempenho, produção e qualidade de ovos de codornas
de postura .................................................................................................................... 21
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 26
Capítulo II – Determinação da proteína bruta na alimentação de codornas japonesas e
europeias ......................................................................................................................... 34
Experimento 1 – Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas
(Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias ................................... 35
Resumo ................................................................................................................... 35
Abstract .................................................................................................................... 36
Introdução ................................................................................................................ 37
Material e métodos .................................................................................................. 38
Resultados e discussão ............................................................................................. 41
Conclusões ............................................................................................................... 48
Referências Bibliográficas ...................................................................................... 49
viii
Experimento 2 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas
(Coturnix coturnix japonica) na fase de postura ......................................................... 54
Resumo ................................................................................................................... 54
Abstract .................................................................................................................... 55
Introdução ................................................................................................................ 56
Material e métodos .................................................................................................. 58
Resultados e discussão ............................................................................................. 61
Conclusões ............................................................................................................... 69
Referências Bibliográficas ...................................................................................... 70
Experimento 3 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas europeias
(Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias ..................................... 75
Resumo ................................................................................................................... 75
Abstract .................................................................................................................... 76
Introdução ................................................................................................................ 77
Material e métodos .................................................................................................. 77
Resultados e discussão ............................................................................................. 81
Conclusões ............................................................................................................... 92
Referências Bibliográficas ...................................................................................... 93
Capítulo III– Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas e europeias.............................................................. 97
Experimento 4 – Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e
21 a 42 dias .................................................................................................................. 98
Resumo ................................................................................................................... 98
Abstract .................................................................................................................... 99
Introdução .............................................................................................................. 100
Material e métodos ................................................................................................ 101
Resultados e discussão ........................................................................................... 105
Conclusões ............................................................................................................. 114
Referências Bibliográficas .................................................................................... 115
ix
Experimento 5 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de postura
................................................................................................................................... 119
Resumo ................................................................................................................. 119
Abstract .................................................................................................................. 120
Introdução .............................................................................................................. 121
Material e métodos ................................................................................................ 123
Resultados e discussão ........................................................................................... 126
Conclusões ............................................................................................................. 136
Referências Bibliográficas .................................................................................... 137
Experimento 6 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21
a 42 dias ..................................................................................................................... 141
Resumo ................................................................................................................. 141
Abstract .................................................................................................................. 142
Introdução .............................................................................................................. 143
Material e métodos ................................................................................................ 144
Resultados e discussão ........................................................................................... 148
Conclusões ............................................................................................................. 159
Referências Bibliográficas .................................................................................... 160
Considerações Finais ..................................................................................................... 163
x
LISTA DE TABELAS
Capítulo II – Determinação da proteína bruta na alimentação de codornas
japonesas e europeias
Experimento 1 – Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas
(Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade
Página
1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase
de 1 a 21 dias ....................................................................................................... 39
2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase
de 21 a 42 dias .................................................................................................... 40
3. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido
úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função dos
diferentes níveis de proteína bruta ..................................................................... 42
4. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase
de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta ........ 43
5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido
úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de
codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes
níveis de proteína bruta ...................................................................................... 45
6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, concentração sérica de ácido úrico e coeficiente de digestibilidade
de nitrogênio de codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função
dos diferentes níveis de proteína bruta ............................................................... 47
Experimento 2 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas
(Coturnix coturnix japonica) na fase de postura
1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas em
fase de produção ................................................................................................. 59
2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase de
produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta ............................. 62
3. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e retenção de
nitrogênio de codornas japonesas em fase de produção em função dos diferentes
níveis de proteína bruta ...................................................................................... 64
xi
4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em
fase de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta ................. 67
5. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de qualidade
de ovos de codornas japonesas em fase de produção em função dos diferentes
níveis de proteína bruta ...................................................................................... 68
6. Valores médios da concentração sérica de ácido úrico, retenção de nitrogênio e
coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase de
produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta ............................. 69
Experimento 3 - Exigência nutricional de proteína bruta para codornas europeias
(Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade
1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase
de 1 a 21 dias ....................................................................................................... 79
2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase
de 21 a 42 dias ..................................................................................................... 80
3. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido
úrico de codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função dos
diferentes níveis de proteína bruta ..................................................................... 82
4. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na fase
de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta ........ 83
5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido
úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de
codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes
níveis de proteína bruta ...................................................................................... 86
6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos
diferentes níveis de proteína bruta ..................................................................... 87
7. Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras
comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em
função dos diferentes níveis de proteína bruta ................................................... 89
8. Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de carcaça,
cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal de codornas
europeias aos 42 dias de idade em função dos níveis de proteína bruta ............ 90
xii
Capítulo III– Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas e europeias
Experimento 4 – Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21
a 42 dias de idade
Página
1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase
de 1 a 21 dias ..................................................................................................... 102
2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas na fase
de 21 a 42 dias ................................................................................................... 104
3. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido
úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função das
diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta ............................... 106
4. Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase
de 1 a 21 dias em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína
bruta .................................................................................................................. 107
5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido
úrico, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio retido de
codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função das diferentes
relações energia metabolizável: proteína bruta ................................................ 111
6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase
de 21 a 42 dias em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta ................................................................................................... 112
Experimento 5 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de postura
1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas em
fase de produção ................................................................................................ 124
2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase de
produção em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína
bruta .................................................................................................................. 127
3. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, qualidade de ovo, retenção de nitrogênio e concentração sérica de
ácido úrico de codornas japonesas em fase de produção em função das diferentes
relações energia metabolizável: proteína bruta ................................................ 130
xiii
4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em
fase de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta ................................................................................................... 132
5. Valores médios da retenção de nitrogênio, concentração sérica de ácido úrico e
coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase de
produção em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína
bruta .................................................................................................................. 135
Experimento 6 - Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a
42 dias de idade
1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase
de 1 a 21 dias ..................................................................................................... 145
2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias na fase
de 21 a 42 dias ................................................................................................... 146
3. Médias das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido úrico de
codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função das diferentes
relações energia metabolizável: proteína bruta ................................................ 148
4. Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na fase
de 1 a 21 dias de idade em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta ................................................................................................... 149
5. Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido
úrico de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função das
diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta ............................... 152
6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na fase
de 21 a 42 dias em função das relações energia metabolizável: proteína bruta
........................................................................................................................... 153
7. Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras
comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em
função das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta ............. 157
8. Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de carcaça,
cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal de codornas
europeias aos 42 dias de idade em função das relações energia metabolizável:
proteína bruta .................................................................................................... 158
xiv
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ENERGIA METABOLIZÁVEL: PROTEÍNA
BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS JAPONESAS E EUROPEIAS
RESUMO GERAL
Foram realizados 6 experimentos com o objetivo de determinar a relação energia
metabolizável: proteína bruta (EM: PB) na alimentação de codornas japonesas
(Coturnix coturnix japonica) na fase de crescimento (1 a 21 e 21 a 42 dias ) e de
produção e europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de crescimento. Os três
primeiros ensaios (1, 2 e 3) foram realizados para determinar o melhor nível de proteína
bruta nas diferentes fases de criação e os três restantes (4, 5 e 6) para determinar a
melhor relação EM: PB. Em todos os experimentos foram utilizadas 300 codornas em
um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos, seis repetições com
dez aves por unidade experimental. As aves na fase de crescimento foram criadas em
piso (boxes) e na fase de produção em gaiolas. O experimento 1 teve como objetivo
determinar o nível de proteína bruta na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade para
codornas japonesas. Na fase de 1 a 21 dias foram utilizados os níveis 19, 22, 25, 28 e
31% de proteína bruta e na fase de 21 a 42 dias utilizou-se os níveis 16, 19, 22, 25 e
28% de proteína bruta. Na fase de 1 a 21 dias, foi verificado efeito quadrático para
consumo de ração, ingestão de energia e concentração sérica de ácido úrico e linear para
ganho de peso, conversão alimentar e ingestão de proteína. Para a fase de 21 a 42 dias,
houve efeito quadrático para consumo de ração, ganho de peso e ingestão de energia e
linear para conversão alimentar, ingestão de proteína, concentração sérica de ácido úrico
e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio. Recomenda-se 31% para a fase de 1 a 21
dias e 22% para a fase de 21 a 42 dias. O objetivo do experimento 2 foi determinar o
nível de proteína bruta para codornas japonesas em fase de postura. Os níveis avaliados
foram 14, 17, 20, 23 e 26% de proteína bruta, com dietas formuladas para serem
isoenergéticas. Foi verificado efeito quadrático para consumo de ração, peso de ovo,
massa de ovo, ingestão de energia, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio,
porcentagem de casca, retenção de nitrogênio, peso de gema, casca e albúmen. Efeito
linear foi verificado para produção de ovos, ingestão de proteína, conversão alimentar
por massa de ovos, eficiência energética, peso final e porcentagem de gema.
Recomenda-se o nível de 20% de proteína bruta para codornas japonesas na fase de
postura. Objetivou-se no experimento 3 determinar a exigência nutricional de proteína
bruta para codornas europeias nas fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Na fase de 1 a
21 dias foram utilizados os níveis 19, 22, 25, 28 e 31% de proteína bruta e na fase de 21
a 42 dias, utilizou-se os níveis 16, 19, 22, 25 e 28% de proteína bruta. Na fase de 1 a 21
dias foi verificado efeito quadrático para ganho de peso, com máximo ganho com 28%
de PB. Foi verificado efeito linear crescente para ingestão de proteína e linear
decrescente para consumo de ração, conversão alimentar, ingestão de energia e
concentração sérica de ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias foi verificado efeito linear
crescente para ingestão de proteína e retenção de nitrogênio, linear decrescente para
consumo de ração, ingestão de energia e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio.
Recomenda- se 28 e 22% de proteína bruta para as fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias,
respectivamente. O objetivo do experimento 4 foi avaliar a melhor relação EM: PB
sobre o desempenho de codornas japonesas na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Na
xv
fase de 1 a 21 foram utilizados as relações EM: PB 116; 80,64; 87,09; 93,54 e 100 e na
fase de 21 a 42 dias as relações EM: PB 120,45; 129,54; 138,63; 147,72 e 156,81. Na
fase 1 a 21 dias, com exceção da ração controle (116), verificou-se efeito linear
decrescente para o consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína e
linear crescente para concentração sérica de ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias foi
verificado efeito quadrático para ingestão de energia e concentração sérica de ácido
úrico, linear crescente para ganho de peso, linear decrescente para consumo de ração,
conversão alimentar e ingestão de proteína. Recomenda-se a relação EM: PB de 116,
com 2.900 kcal/kg e 25% de proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21
a 42 dias recomenda-se a relação EM:PB de 156,81 com 3.450 kcal/kg e 22% de
proteína bruta. O objetivo do experimento 5 foi avaliar a melhor relação EM: PB sobre
o desempenho e qualidade de ovos de codorna de postura. As relações EM: PB
estabelecidas nas rações experimentais foram 125; 132,5; 140; 147,5 e 155. O aumento
da energia metabolizável da dieta teve efeito significativo sobre os valores de consumo
de ração, ingestão de proteína, peso de ovo, massa de ovo, peso de gema, casca e
albúmen, reduzindo linearmente seus valores. Recomenda-se dieta com relação EM: PB
140, equivalente a 2.800 kcal de EM/kg de energia metabolizável e 20% de proteína
bruta. O objetivo do experimento 6 foi determinar a melhor relação energia
metabolizável: proteína bruta para codornas europeias na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias.
Para a fase 1 a 21 foram utilizadas as relações 116; 89,28; 96,42; 103,57 e 110,71 e para
a fase 21 a 42 as relações 108,92; 120,45; 129,54; 138,63 e 147,72. Na fase 1 a 21 foi
verificado diminuição do consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína
com o aumento dos níveis de energia efeito e quadrático para concentração sérica de
ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias, verificou-se efeito linear decrescente para consumo
de ração, conversão alimentar e concentração sérica de ácido úrico e linear crescente
para ganho de peso. Recomenda-se a relação EM: PB 110,71 com 3.100 kcal/kg e 28%
de proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a
relação 129,54 com 2.850 kcal/kg e 22% de proteína bruta.
Palavras-chave: ácido úrico, carne, eficiência energética, gema, ovo, produção
xvi
DETERMINATION OF THE ENERGY METABOLIZABLE: CRUDE PROTEIN
IN FOOD FOR EUROPEAN AND JAPANESE QUAILS
ABSTRACT
6 experiments were conducted in order to determine the metabolizable energy: crude
protein (ME: CP) in the diet of Japanese quails (Coturnix coturnix japonica) during the
growth phase (1 to 21 and 21 to 42 days) and production and European (Coturnix
coturnix coturnix) during growth. The first three trials (1, 2 and 3) were conducted to
determine the best level of crude protein in different stages of creation and the
remaining three (4, 5 and 6) to determine the best: CP ratio. In all experiments, 300
quails were used in a completely randomized design with five treatments, six replicates
with ten birds each. The birds in the growth phase were raised on floor (boxes) and in
production in cages. Experiment 1 aimed to determine the best level of crude protein in
phase 1 to 21 and 21 to 42 days of age for Japanese quail. From 1 to 21 days were used
levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein and the phase used 21 to 42 days the levels
16, 19, 22, 25 and 28% crude protein. From 1 to 21 days, was observed quadratic effect
on feed intake, energy intake and serum uric acid and linear weight gain, feed
conversion and protein intake. For the period from 21 to 42 days, there was a quadratic
effect on feed intake, weight gain and linear energy intake and feed conversion, protein
intake, serum uric acid and digestibility of uric acid. It is recommended to 31% for stage
1 to 21 days and 22% for the period from 21 to 42 days. The purpose of experiment 2
was to determine the best level of crude protein for Japanese quail production phase.
The levels evaluated were 14, 17, 20, 23 and 26% crude protein and diets were
formulated to be isoenergetic. Quadratic effect was observed for feed intake, egg
weight, egg mass, energy intake, digestibility of nitrogen, shell percent, nitrogen
retention, weight of yolk, albumen and shell. Linear effect was observed for egg
production, protein intake, feed conversion by egg mass, energy efficiency, body weight
and yolk percentage. Recommended level of 20% crude protein for Japanese quail
laying phase. The purpose of experiment 3 was to determine the nutritional requirement
of crude protein to stage European quail 1-21 and 21 to 42 days old. From 1 to 21 days
were used levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein and the phase used 21 to 42
days the levels 16, 19, 22, 25 and 28% crude protein . From 1 to 21 days was observed
quadratic effect on weight gain, with maximum gain with 28% CP. Increasing linear
effect was observed for protein intake and decreasing linear feed intake, feed
conversion, energy intake and serum uric acid. In the period from 21 to 42 days was
found to linearly increasing protein intake and nitrogen retention, decreasing linear feed
intake, energy intake and digestibility of nitrogen. It is recommended to 28% crude
protein for the stage of 1 to 21 days and 22% for the period from 21 to 42 days. The
goal of the experiment was to evaluate the best 4: CP ratio on the performance of
Japanese quails from 1 to 21 and 21 to 42 days old. From 1 to 21 were used relations:
CP 116, 80.64, 87.09, 93.54 and 100 and in the period from 21 to 42 days: CP ratio
120.45, 129.54, 138, 63; 147.72 and 156.81. In phase 1 to 21 days, excluding the
control diet (116) was found decreasing linear effect on feed intake, feed conversion and
protein intake and increasing linear for serum uric acid. In the period from 21 to 42 days
was observed quadratic effect on energy intake and serum uric acid, linear increase to
xvii
weight gain, decreasing linear feed intake, feed conversion and protein intake. It is
recommended that the relationship: CP 116, with 2,900 kcal / kg and 25% crude protein
for phase 1 to 21 days and for the period from 21 to 42 days is recommended: CP ratio
with 156.81 3450 kcal / kg and 22% crude protein. The goal of the experiment was to
evaluate the five best: CP ratio on the performance and egg quality of laying quail.
Relationships: CP established in experimental diets were 125, 132.5, 140, 147.5 and
155. The increase in the metabolizable energy of the diet had a significant effect on the
amounts of feed intake, protein intake, egg weight, egg mass, yolk weight, albumen and
shell, reducing their values linearly. It is recommended regarding diet: CP 140,
equivalent to 2,800 kcal / kg metabolizable energy and 20% crude protein. The goal of
the experiment was to determine the best 6 metabolizable energy: crude protein for
quail in European phase 1 to 21 and 21 to 42 days. For phase 1 to 21 were used
relationships 116; 89.28, 96.42, 103.57 and 110.71 and the phase relations 21-42
108.92, 120.45, 129.54; 138 63 and 147.72. In stage 1-21 was observed decreased feed
intake, feed conversion and protein intake with increased energy levels and quadratic
effect for serum uric acid. In the period from 21 to 42 days, there was a negative linear
effect on feed intake, feed conversion and serum uric acid and a linear increase to
weight gain. It is recommended that the ratio: CP 110, with 3,100 kcal / kg and 28%
crude protein for the stage of 1 to 21 days and the period from 21 to 42 days is
recommended with respect 129,54, 2.850 kcal / kg and 22% crude protein.
Keywords: uric acid, meat, energy efficiency, yolk, egg, production
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As exigências nutricionais das aves são formuladas de acordo com a quantidade
de nutrientes requeridas para realizar as funções básicas do organismo e as funções
produtivas de forma mais eficiente. Porém, essas exigências não são constantes,
variando com a idade, sexo, ambiente, níveis de energia, proteína e aminoácidos da
ração, entre outros fatores. Por isso, faz- se necessário avaliações periódicas dos níveis
de nutrientes adequados para cada região como também suas relações com a energia
metabolizável presente na dieta.
A energia e proteína da ração são extremamente influentes no desempenho e
produção das aves. O nível energético constitui um dos itens mais importantes na
formulação de rações, considerando que as aves consomem alimentos para que suas
necessidades energéticas sejam atendidas. Portanto, todos os nutrientes devem estar
relacionados com o conteúdo de energia da dieta. Em consumo de ração à vontade, a
energia limita a ingestão dos nutrientes, mas em casos de restrição na oferta de
alimentos, mecanismos compensatórios são acionados para aumentar a utilização da
energia corporal.
O aumento dos níveis de energia das rações resulta em redução do consumo,
maior ganho de peso e deposição de gordura na carcaça, com evidentes prejuízos no
desenvolvimento corporal das aves. Excesso de gordura no fígado e no ovário podem
ser verificados como possíveis resultados promovidos pelo desequilíbrio energético das
dietas de poedeiras e, portanto, repercutindo na produção de ovos.
O requerimento de energia varia de acordo com o peso corporal, fase de
produção, tamanho de ovo, linhagem e temperatura ambiente. A ave aumenta o
consumo de ração quando a densidade energética da ração está baixa para regular o
consumo de energia, até o ponto em que esse atenda às suas necessidades.
Quanto às proteínas, seu fornecimento adequado na alimentação de aves em
crescimento permite a formação de massa muscular, desenvolvimento do aparelho
reprodutor e empenamento adequado. Níveis proteicos nas dietas de aves em
crescimento influenciam diretamente o ganho de peso, variável importante para que a
ave atinja a maturidade sexual com uma boa conformação, já que seu peso nesta fase
está correlacionado diretamente com o seu desempenho na postura.
2
Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no
crescimento e produção de ovos, por conta do desvio de parte da proteína para funções
menos vitais, prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Seu excesso
pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer gasto
extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico. De acordo com
pesquisas, o gasto energético na incorporação de um aminoácido na cadeia proteica é
estimado em torno de 4 mols de ATP e para excreção de um aminoácido, são gastos de
6 a 18 mols de ATP, desviando assim, a energia que deveria ser utilizada para
manutenção e ganho corporal.
Baseado na importância da proteína e energia metabolizável na nutrição das aves
e na relação existente entre energia e nutrientes presentes na dieta, várias relações
energia metabolizável: proteína bruta (EM: PB) têm sido testadas nas formulações de
rações, e, geralmente, são acompanhadas de mudanças na composição corporal,
especialmente na deposição de proteína e de gordura, pois, ao se estabelecer a relação
energia: nutrientes da dieta, o consumo de proteína (aminoácidos) e de outros nutrientes
pode ser afetado.
Assim, no primeiro capítulo foram abordados a classificação, histórico e
características das codornas japonesas e europeias, a energia metabolizável e proteína
bruta na alimentação de aves, a energia nos alimentos, partição de energia, aspectos que
interferem nos valores de energia metabolizável, importância da proteína bruta na
alimentação animal, a influência da energia metabolizável sobre o desempenho de
codornas de corte e a influência da energia metabolizável sobre o desempenho,
produção e qualidade de ovos de codorna de postura.
O segundo capítulo foi composto por três experimentos que determinaram a
exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix coturnix
japonica) na fase de crescimento (experimento 1) e na fase de produção (experimento 2)
e para codornas europeias destinada à produção de carne (Coturnix coturnix coturnix)
na fase de crescimento (experimento 3).
O terceiro capítulo foi composto por três experimentos que determinaram a
melhor relação EM:PB na dieta de codornas japonesas na fase de crescimento
(experimento 4) e na fase de produção (experimento 5) e para codornas europeias
destinada à produção de carne na fase de crescimento (experimento 6).
3
CAPÍTULO I
Referencial Teórico
Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas e europeias
4
INTRODUÇÃO
Com a modernização da produção animal, tornou-se importante a diversificação
da criação de aves nas propriedades rurais (ALBINO; BARRETO, 2003). Assim,
atividades antes consideradas de subsistência passaram a integrar o mercado a nível
industrial e dentre estas, podemos destacar a coturnicultura.
No Brasil, a criação de codornas cresceu consideravelmente ao longo dos
últimos anos. De 2005 a 2010 o efetivo com a maior taxa de crescimento foi o de
codornas (aves de corte e para produção de ovos), com um crescimento de 13,7%.
Suínos tiveram um crescimento médio de 2,7%; galinhas, 2,5%; e demais galináceos,
4,8%. Para o mesmo período de avaliação, dos produtos de origem animal (ovos de
galinha, leite, mel e lã), a produção de ovos de codorna foi a que mais cresceu,
chegando a 14,5% (IBGE, 2011).
O efetivo de codornas teve crescimento de 13,1% em 2010 (13,0 milhões)
relativamente a 2009 (11,5 milhões). Quanto à produção de ovos de codorna, verificou-
se aumento significativo (20,8%) em 2010 comparado ao ano imediatamente anterior.
Foram produzidas 232,398 milhões de dúzias do produto e o preço médio da dúzia
também variou positivamente no período, apresentando aumento de 15,0% (IBGE,
2011).
O crescimento observado na atividade está possivelmente associado ao uso de
novas tecnologias na atividade, instalações mais apropriadas, novos equipamentos,
plantéis com alta produtividade e da experiência da avicultura de postura e de corte na
produção e comercialização. As mudanças nos hábitos alimentares do consumidor
também foram fundamentais para o desenvolvimento da atividade, onde através do
aumento da demanda por refeições prontas, houve a expansão de estabelecimentos
comerciais que aumentaram a utilização de ovos e carne de codorna, como restaurantes
do tipo self- service e churrascarias.
De acordo com Costa et al. (2007), os principais fatores que têm contribuído
para a criação de codornas são o rápido crescimento, a maturidade sexual precoce (40 a
45 dias), a alta taxa de postura (em média 300 ovos/ave/ano), a elevada densidade de
criação (90 a 106 aves/m2), a elevada vida produtiva (14 a 18 meses), o baixo
investimento, a idade de abate (40 a 42 dias) e o rápido retorno do capital investido.
5
Essas vantagens têm despertado interesses de pesquisadores da área avícola, no sentido
de desenvolver trabalhos que contribuam com maior aprimoramento desta exploração.
Para que a atividade se torne cada vez mais rentável, pesquisas na área da
nutrição animal têm sido realizadas objetivando reduzir o custo direcionado para a
alimentação das aves, que chega a representar 75% do custo total de produção.
Inúmeras pesquisas foram realizadas para determinar as exigências nutricionais
de codornas de corte e de postura com o objetivo de promover o máximo crescimento
corporal e melhor qualidade dos ovos, respectivamente. O conteúdo energético da ração
participa diretamente do processo de formação dos constituintes do ovo e influencia a
composição corporal das aves, motivo pelo qual pesquisadores avaliam e determinam os
melhores níveis energéticos a serem recomendados na alimentação de forma a
proporcionar maior ganho de peso, melhor desempenho produtivo e qualidade de ovos.
Na atualidade dispomos de tabelas brasileiras para codornas japonesas e
europeias (SILVA; COSTA, 2009) que apresentam informações fundamentais para
melhor expressão do desempenho animal, pois trazem dados mais próximos da atual
necessidade em termos nutricionais, mas ainda hoje se observa em algumas pesquisas, a
utilização de tabelas de exigências nutricionais disponibilizadas pelo National Research
Council (NRC) em 1994, inadequadas para as condições tropicais brasileiras e
compiladas com resultados realizados com outras espécies de aves e ajustadas para
codornas.
6
REVISÃO DE LITERATURA
Classificação, histórico e características das codornas japonesas e europeias
As codornas pertencem à ordem dos galináceos, família dos Fasianídeos
(Phasianidae), a mesma família das galinhas e perdizes, sub-família dos Perdicinidae,
gênero Coturnix e espécie coturnix (MURAKAMI; ARIKI, 1998; ALBINO;
BARRETO, 2003).
Os primeiros dados históricos sobre a procedência da codorna europeia
(Coturnix coturnix coturnix) datam do século XII. No entanto, tudo indica que esta ave
foi introduzida no Japão no século XI, a partir da China, via Coréia (MURAKAMI;
ARIKI, 1998).
Em 1910 no Japão, através de diversos cruzamentos realizados entre a codorna
europeia com outras espécies selvagens obteve-se a codorna doméstica conhecida como
japonesa (Coturnix coturnix japonica), com a finalidade de produzir ovos e carne
(MURAKAMI; ARIKI, 1998).
Os excelentes resultados obtidos foram logo difundidos no Oriente, sendo as
codornas introduzidas nos Estados Unidos em 1950, e em pouco tempo se expandiram
pelos países europeus. Entretanto, durante o segundo período da 2ª Guerra Mundial
(1941-1945), ocorreu um verdadeiro declínio na exploração provocando o seu
desaparecimento na Europa. As codornas só não foram completamente extintas graças a
um pequeno numero de aves que conseguiram sobreviver no Japão (MURAKAMI;
ARIKI, 1998).
No Brasil, a codorna doméstica teria chegado na década de 50 onde inicialmente
servia exclusivamente para caça no interior do estado de São Paulo e somente a partir de
1971 iniciou-se a criação para fins comerciais (PINTO et al., 2002).
Desta forma, desde os anos 90 tem-se utilizado três tipos de codornas em
explorações industriais: a Coturnix coturnix coturnix ou codorna europeia; a Coturnix
coturnix japonica ou codorna japonesa e a Bobwhite Quail ou codorna americana. Essas
aves possuem diferentes características de tamanho, peso, precocidade, tipo de ovo
(branco ou pintado), taxa de postura, caracterizando assim, a aptidão de cada uma, carne
ou ovos (PINTO et al., 2002).
7
No Brasil o objetivo principal da coturnicultura é a produção de ovos sendo essa
a principal finalidade da criação de codornas japonesas. As codornas originárias da
Europa, conhecidas como codornas europeias são destinadas principalmente à produção
de carne, embora produzam ovos maiores do que os produzidos pelas japonesas.
A codorna apresenta pouca característica de dimorfismo sexual, tornando difícil
a identificação visual em aves muito jovens. Após aproximadamente 14 dias, tempo
suficiente para iniciar o desenvolvimento de penas no peito, a diferenciação é feita com
mais facilidade onde se verifica a presença de pintas pretas no peito das fêmeas,
inexistindo no macho.
A seleção genética na atualidade no que diz respeito à sexagem, tem
proporcionado agilidade no momento da diferenciação do sexo imediatamente após
nascimento das codornas, acabando com o atraso no envio das codornas de 1 dia e
evitando debilidade ou hemorragias em muitas delas o que aumentava as perdas em
viagens mais longas. No novo processo de identificação, ao eclodirem, as codornas
nascem com tonalidades diferentes das listas naturais de sua penugem, evidenciando os
machos aqueles que se apresentam com uma coloração escura e as fêmeas com
coloração clara.
A codorna japonesa fêmea é ligeiramente mais pesada que o macho em virtude
do maior desenvolvimento do aparelho reprodutivo, apresentando peso 10% superior.
Esta característica não é observada em codornas europeias, onde os pesos de machos e
fêmeas são bem semelhantes (ALBINO; BARRETO, 2003).
As codornas japonesas apresentam cor castanha clara e comportamento agitado,
apresentando voos constantes e rápido deslocamento dentro das instalações. As
codornas europeias são maiores do que as codornas japonesas possuem coloração
marrom mais viva, temperamento nitidamente mais calmo, peso e tamanho de ovos
maiores e menor produção de ovo.
As codornas apresentam curto intervalo entre gerações (16 dias de incubação) e
desenvolvimento físico muito rápido. Nascem com peso médio de 8g, o que
corresponde a 70% do peso do ovo, e aos 7 dias as codornas japonesas triplicam os seus
pesos corporais e aos 28 dias apresentam peso dez vezes maior que o inicial, enquanto
as europeias, nesta mesma idade, alcançam peso médio vinte vezes maior que o seu
peso ao nascimento (ALBINO; BARRETO, 2003).
8
De acordo com Silva e Ribeiro (2001) apud Silva et al. (2004a), codornas
japonesas aumentam o peso vivo em cerca de sete vezes de 1 a 14 dias de idade, em
função da hipertrofia, principalmente, dos músculos peitorais, do crescimento dos ossos
e das vísceras. Com a proximidade da maturidade sexual, o crescimento é fortemente
influenciado pela formação das reservas de gordura, especialmente, nas vísceras, no
fígado, ovário e oviduto. Na fase de 15 a 32 dias não encontraram a mesma evolução no
ganho de peso (SILVA et al., 2004b). Já com codornas europeias, verificou-se que até
os 21 dias de idade estas aves chegam a ganhar cerca de 200g, representando até 25
vezes o peso inicial (SILVA et al., 2007).
O rápido crescimento das codornas europeias em relação às japonesas ocorre,
provavelmente, devido a maior deposição de proteína e gordura corporal. Isto sugere
diferenças comportamentais na curva de crescimento das espécies, repercutindo
possivelmente em exigências nutricionais diferentes entre os dois tipos de codornas.
Além disso, o ganho corporal das codornas sofre uma desaceleração com o avançar da
idade, de modo que codornas jovens exigem maior nível de proteína na ração e
apresentam maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes para ganho de peso em
relação às aves em idade próxima à maturidade (JORDÃO FILHO, 2008).
O abate de codornas europeias pode ocorrer com machos e fêmeas entre 42 e 49
dias de idade, quando alcançam peso vivo médio de 230 a 250 gramas, com rendimento
de carcaça aproximado de 72% em relação ao seu peso vivo, considerando vísceras
comestíveis e gordura abdominal, ou 67% considerando-se apenas a carcaça limpa
(ALBINO; BARRETO, 2003).
Há alguns anos atrás, as codornas destinadas ao abate no Brasil eram eventuais
machos classificados erroneamente no processo de sexagem ou fêmeas em final de
postura. Entretanto, em virtude do aumento do consumo de carne, pesquisadores estão
buscando alternativas que possam satisfazer as novas exigências de produtos de origem
animal e uma delas está relacionada à produção de carne de codornas de corte (MÓRI et
al., 2005).
Nos dias atuais, empresas já disponibilizam a venda de codornas europeias,
assim como produtores rurais já apresentam plantéis específicos para essa finalidade.
Verifica-se também uma maior tendência do consumo dessa carne em bares e
9
restaurantes, confirmando a aceitação de um produto altamente palatável com
significativo valor nutritivo e de preparação fácil e rápida.
Energia metabolizável e proteína bruta na alimentação de aves
A energia nos alimentos
Devido à complexidade que envolve o conceito de energia, diversos
pesquisadores procuraram definir ao longo dos anos a ideia chave que melhor
descrevesse este componente.
De acordo com Sibbald (1982), energia é o requerimento decisivo para aves e um componente
muito importante em todos os alimentos, pois o consumo alimentar é regulado pela densidade energética
da ração e pela exigência nutricional dos animais. Para Silva e Costa (2009) a energia não é um
nutriente, mas uma propriedade da combustão de carboidratos, lipídios e proteínas. De forma geral,
todos os componentes orgânicos do alimento sujeitos à digestão e absorção pelo animal, contribuem para
a energia útil deste alimento, embora tenham diferentes destinos no organismo animal. Porém, a energia
útil de um alimento é uma característica do animal que o consome e não do alimento (PENZ JR et al.,
1999).
O potencial energético dos alimentos varia em função da composição química deste alimento. Os
nutrientes (gordura, carboidratos e proteína) possuem diferentes potenciais energéticos. Os carboidratos
fornecem em média 3,95 kcal/g (amido 4,2 kca/g e glicose 3,7 kcal/g), as proteínas fornecem 5,65 kcal/g
e as gorduras 9,40 kcal/g de energia bruta (NRC, 1998 apud SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007). Essas
variações se devem ao fato de que quanto menos oxidado for a composição química maior o poder
calorífico. Assim, as gorduras por possuírem em suas moléculas menos oxigênio em relação ao carbono,
do que os outros nutrientes apresentam um potencial calorífico maior.
O conhecimento do conteúdo energético dos alimentos, é prática indispensável na formulação de
rações seja para monogástricos, pois é necessário fornecer uma quantidade adequada de energia e
nutrientes para que estes animais possam expressar ao máximo seu potencial produtivo.
Partição de energia
A energia presente nos alimentos pode ser apresentada na forma de energia
bruta, digestível, metabolizável e líquida.
10
Para que se tenha o conhecimento da energia metabolizável de um alimento,
inicialmente deve-se saber o valor de energia bruta (EB) presente nele, expresso em
calorias e medido a partir de um equipamento chamado bomba calorimétrica.
Nutricionalmente, o valor da EB das matérias primas não tem maior importância,
representa apenas o ponto de partida, pois os animais não aproveitam integralmente a
EB, precisam para tal digerir os constituintes energéticos para obter outras medidas
energéticas. Assim, a partir da EB, e calculando-se as perdas oriundas das fezes, urina,
gases, incremento calórico e excreções endógenas metabólicas, torna-se possível obter
os demais níveis de energia.
A energia digestível aparente (ED) é a energia bruta do alimento consumido
menos a energia bruta das fezes (EF). A energia das fezes é constituída de dois
componentes que são a energia dos resíduos dos alimentos não digeridos (EFa) e a
energia metabólica (EFm), que consiste na energia proveniente da bile, escamações das
células da parede intestinal e de sucos digestivos (SIBBALD, 1982). Na ED a energia
fecal de origem endógena (metabólica) não é descontada.
Na formulação de rações para aves a ED não é utilizada, pois a mesma não é
usualmente determinada devido à dificuldade de separar as fezes da urina que são
excretadas juntas.
Para aves utiliza-se a energia metabolizável que segundo Mello et al. (2009) é
considerada uma estimativa da energia dietética que está disponível para ser
metabolizada pelo tecido animal. A energia metabolizável aparente (EMA) dos
alimentos é definida como sendo a diferença entre a EB do alimento consumido menos
a EB excretada nas fezes, urina e gases da digestão. Nas aves, a energia perdida na
forma de gases é insignificante e pode ser ignorada.
A energia da urina apresenta três partes que são a energia de origem alimentar
não utilizada (EUa), a energia endógena (EUe) originada de subprodutos nitrogenados
dos tecidos em renovação e a energia metabólica proveniente dos subprodutos
nitrogenados da utilização de nutrientes (SIBBALD, 1982).
A energia metabolizável aparente corrigida (EMAn) difere da EMA pela
correção associada ao balanço de nitrogênio. A origem da correção deve-se ao fato de
que a proteína retida no organismo e consequentemente não catabolizada até os
produtos de excreção nitrogenados, não contribui para a energia das fezes mais urina.
11
Aves de diferentes graus de retenção nitrogenada, consequentemente, tem diferentes
valores para energia excretada, para uma mesma digestibilidade do alimento.
Foi convencionado que para a tabulação da EMA dos alimentos seria usada a
EMA em situação de retenção zero de nitrogênio, mais próximas do medido em animais
adultos e em mantença. Portanto, há necessidade de correção quando a medição é
realizada em aves com balanço positivo de nitrogênio, como naquelas em crescimento,
por exemplo, e também quando este balanço for negativo. Esta é a forma mais comum
de energia utilizada na formulação de rações para aves (PENZ JR et al., 1999).
A energia metabolizável verdadeira (EMV) é a energia bruta do alimento
consumido menos a energia bruta da excreta, corrigida pelas perdas de energia fecal
metabólica e urinária endógena. Quando se faz referência à energia metabolizável
verdadeira corrigida (EMVn) está se fazendo referencia à EMV corrigida pelo balanço
de nitrogênio.
Energia líquida (EL) é a energia metabolizável menos a energia perdida como
incremento calórico (IC). Pode incluir a energia usada só para mantença (ELm) e/ou a
energia usada para mantença e produção (ELm + ELp). A ELm é muito próxima da
produção basal de calor, que é medida com animais em jejum, em conforto térmico,
num calorímetro. Já a ELp pode ser medida diretamente com a determinação, como a
energia retida como produção animal, ou seja, basicamente, a energia bruta dos
componentes do ganho de peso e da produção de ovos.
Segundo Matterson et al. (1965), os valores de EM dos alimentos são a forma
mais utilizada no cálculo de rações para aves em razão de ser pouco influenciada pelo
balanço nutricional, além das variações comuns ao método serem de fácil determinação.
Aspectos que interferem nos valores de energia metabolizável
O valor de energia metabolizável dos alimentos pode sofrer influencia de
diversos fatores, os quais podem ser inerentes ao animal, ao alimento e ao método
utilizado.
O avanço da idade em aves promove mudanças naturais em suas atividades
enzimáticas, assim como modificações na taxa de passagem do alimento pelo trato
digestório. Desta forma, aves mais velhas apresentam sistema digestório completamente
desenvolvido e maior tamanho do trato digestivo, fato que possibilita maior
12
permanência dos alimentos em contato com as enzimas digestivas e secreções gástricas,
fazendo com que o alimento seja melhor aproveitado. Ao contrario das aves adultas, as
mais jovens não apresentam o sistema digestório completamente desenvolvido,
resultando em uma menor capacidade de digestão e absorção de nutrientes,
principalmente para gorduras, resultado da baixa secreção de lipase e sais biliares
(BRUMANO et al., 2006). Sakomura et al. (2004a) observaram que o aproveitamento
da energia dos alimentos foi afetado pela idade das aves em função da dependência da
produção das enzimas digestivas. Segundo Nascimento et al. (2002), aves adultas
parecem utilizar mais energia que aves jovens, para determinados alimentos, pois alguns
nutrientes são melhor metabolizados por elas.
Mello et al. (2009) realizaram ensaios de metabolismo com a finalidade de
determinar a EMA e a EMAn de alguns alimentos em aves em diversas idades.
Verificaram que os valores de EMA e EMAn do farelo de soja, do sorgo, do farelo de
arroz integral, das farinhas de penas e do plasma sanguíneo aumentam de acordo com a
idade das aves. Segundo os autores, ao formular rações para aves, deve-se considerar
que os valores energéticos dos alimentos diferem em cada idade.
Calderano et al. (2010) trabalhando com frangos em diversas fases de criação,
testou o farelo de soja 45%, farelo de soja 48%, soja integral extrusada, soja integral
desativada, soja integral micronizada, farinha de soja desativada, concentrado proteico
de soja, farelo de glúten de milho 21% e gérmen de milho e observou melhora
significativa nos valores de EMAn com o aumento da idade das aves. Os autores
relatam que a variação dos resultados observados, bem como daqueles encontrados na
literatura, mostram que a adoção de um único valor de EM para todas as idades pode
levar à utilização de valores superestimados, principalmente para aves nas primeiras
semanas de idade.
De acordo com Araújo et al. (2011), a espécie estudada também é fonte de
diferenciação dos valores energéticos mesmo para alimentos convencionais. As dietas
destinadas à alimentação de codornas são frequentemente balanceadas empregando-se
valores de energia metabolizável que de acordo com Rostagno et al. (2011), foram
determinados com pintos, galos e galinhas poedeiras. Contudo, essa pode ser
considerada uma extrapolação incorreta (MURAKAMI; FURLAN, 2002; ROSTAGNO
et al., 2011), pois codornas possuem maior taxa de passagem dos alimentos no trato
13
digestivo e maior proporção do aparelho digestivo em relação ao peso corporal. Esse
fato pode gerar diferenças na digestibilidade, no aproveitamento e na determinação do
valor energético dos alimentos. De acordo com Silva e Costa (2009) e Rostagno et al.
(2011), recomenda- se 2.800 kcal de EM/kg de ração para codornas japonesas em fase
de produção, enquanto que para poedeiras comerciais, Rostagno et al. (2011)
publicaram diferentes exigências energéticas em função do peso (leves e semipesadas) e
outras características, com variações de 2.800 a 2.900 kcal/kg de ração.
O consumo de alimentos também pode influenciar os valores de EM. Borges et
al. (2004) conduziram um trabalho com o objetivo de avaliar o efeito dos níveis de
consumo de alimentos (25 e 50 g) sobre os valores de EM para frangos de corte e
verificaram que os valores de EMA e EMAn foram superiores nos níveis de maior
consumo. Isso se deve ao fato de que quando o consumo é alto a influência das perdas
endógenas e metabólicas diminui, enquanto que quando o consumo é baixo, as perdas
podem reduzir a EMA. Silva et al. (2006) comentaram existir uma relação inversa em
baixos níveis de consumo, onde o aumento de perdas endógenas e metabólicas em
relação a este resulta em diminuição dos valores de EMA e EMAn.
O nível de substituição de um alimento pode influenciar os valores de EMA,
dependendo do seu tipo. Nascimento et al. (2005) avaliando valores de energia
metabolizável das farinhas de vísceras e de penas com vários níveis de substituição dos
alimentos (5, 10, 20, 30 e 40%) para frangos de corte observaram que com o aumento
do nível de substituição das farinhas de vísceras e penas pela dieta referência, ocorreu
diminuição no valor energético das mesmas. Segundo Dolz e Blas (1992) apud
Nascimento et al. (2005), níveis mais altos de substituição podem subestimar o valor
energético do alimento, sobretudo em alimentos de baixa palatabilidade.
Soares et al.(2007) estudando o efeito da inclusão de farelo de amêndoa da
castanha de caju (FACC) sobre a utilização dos nutrientes da dieta de codornas
japonesas em postura verificaram que a digestibilidade do extrato etéreo (EE) e da EB e
os valores de EMA das dietas não foram influenciados pelos níveis de FACC.
Considerando que esse alimento é rico em EE e que a gordura foi igualmente digerida
pelas aves de todos os níveis de inclusão, é possível que o aumento da proporção de EE
nas dietas com FACC tenha promovido a manutenção dos valores de EM das dietas. De
acordo com Sakomura et al. (2004b), o efeito extra metabólico das gorduras melhora a
14
eficiência energética, pois aumenta a energia líquida da dieta, em virtude de seu menor
incremento calórico.
A presença de fibra na alimentação pode promover modificações no
aproveitamento dos alimentos em função da idade das aves e de acordo com cada
espécie. De acordo com Generoso et al. (2008), com o avançar da idade as aves
apresentam um melhor aproveitamento da fibra em função do maior desenvolvimento
fisiológico do trato digestório, fato que favorece a metabolização da energia em aves
com mais idade aumentando o valor da EMA dos alimentos consumidos por elas.
Entre espécies, esta diversidade está associada à diferença no aproveitamento da
energia proveniente da fibra da ração, onde a variação do tempo de passagem do
alimento no trato digestório influencia nesse processo, chegando a durar de 3 a 5 horas
em galinhas e cerca de 1 a 1,5 hora em codornas, fazendo com que estas aproveitem
melhor a energia do que aquelas (SAKAMOTO et al., 2006). Observa-se também,
segundo Murakami e Ariki (1998) que o maior tamanho relativo do ceco de codornas
resulta em uma maior digestibilidade da fibra, contribuindo para o maior valor de
energia metabolizável dos alimentos fibrosos.
Deficiências de alguns nutrientes como aminoácidos, vitaminas, assim como
níveis de cálcio e fósforo podem influenciar os valores de energia determinados em
ensaios cujas rações testes não são corrigidas (COELHO, 1983 apud SOUZA, 2009).
Ávila et al. (2006) avaliando o efeito dos minerais e vitaminas da dieta sobre a
determinação da EMA e EMAn do farelo de soja verificaram que a ração que teve
correção da quantidade de cloreto de colina e dos premixes vitamínico e micromineral
apresentaram valores de EMA e EMAn maiores do que aquela sem correção. Esse
resultado provavelmente foi ocasionado pelo maior desbalanceamento em vitaminas e
microminerais, que determinou menor absorção e metabolismo de carboidratos e
lipídios e, consequentemente, gerou menores valores de EM.
De acordo com Brumano et al. (2006) o excesso de íons cálcio no lúmen
intestinal pode interferir na absorção das gorduras através da saponificação da gordura
do alimento, reduzindo sua utilização.
O método de determinação da EMA dos alimentos também influencia nos
valores encontrados. Borges et al. (2004) encontraram maiores valores de EMA do trigo
e seus subprodutos quando determinados pelo método tradicional de coleta total de
15
excretas quando comparado com o método de alimentação forçada, concordando com
Nascimento et al. (2002) que ao avaliarem valores de EM de farinha de vísceras e de
penas encontraram maiores valores de EM pelo método tradicional. Além disso, o
período (número de dias) de coletas das excretas pode influenciar os valores de EM.
Importância da proteína bruta na alimentação animal
As proteínas são nutrientes orgânicos nitrogenados presentes em todas as células
vivas, portanto, essenciais à vida de todo animal. Do ponto de vista nutricional o que
distingue uma proteína de outra é o seu aporte de aminoácidos. São conhecidos 23
aminoácidos que compõem as proteínas, no entanto apenas 11 são considerados
dieteticamente essenciais (BERTECHINI, 2006).
O desempenho produtivo dos animais encontra-se dependente, assim como de
outros nutrientes, do suprimento de proteína na alimentação e sua ausência pode
promover a queda no desempenho.
As exigências de proteínas e aminoácidos variam de acordo com a taxa de
crescimento e a produção de ovos. Os aminoácidos obtidos a partir da proteína exercem
inúmeras funções como constituintes primários dos tecidos estruturais e de proteção,
como a pele, matriz óssea, ligamentos, tecidos dos órgãos, músculos e penas. Assim, os
aminoácidos e peptídeos resultantes dos processos de digestão e absorção dos alimentos
podem ser utilizados para várias funções metabólicas e como precursores de inúmeros
constituintes corporais não proteicos.
Níveis proteicos nas dietas de aves em crescimento influenciam diretamente o
ganho de peso, variável importante para que a ave chegue à maturidade sexual com uma
boa conformação, já que seu peso nesta fase está correlacionado diretamente com o seu
desempenho na postura (LIMA NETO et al., 2008) . De acordo com Barros et al.
(2006), a proteína é um nutriente crítico, que assegura a boa qualidade dos constituintes
internos do ovo, e por isso deve estar em níveis adequados e bem equilibrados nas
rações para poedeiras.
Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no
crescimento e produção de ovos, por conta do desvio de parte da proteína para funções
menos vitais, prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Já o seu
excesso pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer
16
gasto extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO
FILHO et al., 2006). Segundo Freitas et al. (2006), o gasto energético na incorporação
de um aminoácido na cadeia proteica é estimado em torno de 4 mols de ATP e para
excreção de um aminoácido, são gastos de 6 a 18 mols de ATP, desviando assim, a
energia que deveria ser utilizada para manutenção e ganho corporal.
Portanto, o excesso de proteína, ou seja, além das necessidades do organismo é
desperdiçada com relação à sua função específica, tendo em vista que não poderá ser
armazenada (ANDRIGUETTO et al., 1990; DJOUVNOV; MIHAILOV, 2005;
BARROS et al., 2006).
De acordo com Leeson e Summers (1997) a produção de ovos aumenta
rapidamente quando se eleva o nível de energia metabolizável da dieta, ao passo que
níveis crescentes de proteína somente influenciam a produção de ovos quando o
consumo de energia é baixo. Entretanto, para Murakami (2002) a exigência de PB da
poedeira é usualmente considerada como estando diretamente relacionada com a
produção de ovos.
De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui correlação positiva
com o teor proteico da ração e o menor consumo de proteína pelas aves submetidas a
rações de altos níveis energéticos, resulta em menor produção de ovos.
Quanto ao tamanho do ovo, este é altamente dependente da ingestão diária de
proteína pelo fato das aves poedeiras terem pouca habilidade em estocar proteína e
desse modo, o nível de proteína bruta e o consumo de ração tem sido importantes para
controlar o consumo de proteína em função da produção de ovos (MURAKAMI, 2002).
Para Barreto et al. (2007), sabe-se que em condições de deficiência de proteína
na ração, o tamanho dos ovos tende a reduzir, enquanto a produção é mantida com o
objetivo de perpetuar a espécie.
Durante muitos anos, estudos na área da nutrição de aves avaliaram o
desempenho animal com base nos níveis de proteína bruta da ração. Entretanto, devido
o aumento nos custos de produção, associados ao encarecimento dos alimentos
utilizados como fontes proteicas na ração das aves, pesquisas passaram a avaliar as
exigências nutricionais das aves com relação aos níveis de aminoácidos essenciais.
Verificou- se que as aves não apresentam uma exigência específica para proteína bruta,
17
mas para aminoácidos essenciais e não essenciais, sendo estes últimos sintetizados a
partir de nitrogênio não específico.
De acordo com Goulart (2010), os aminoácidos não essenciais são assim
chamados em razão de serem sintetizados no organismo das aves a partir de precursores
nitrogenados e não terem que necessariamente ser fornecidos na dieta. No entanto, são
tão importantes ao bom funcionamento do organismo quanto os aminoácidos essenciais
e em caso de deficiência de aminoácidos não essenciais na dieta, aminoácidos essenciais
são utilizados para a sua síntese.
De acordo com Peganova e Eder (2003), pensava-se numa progressiva redução
nos níveis de proteína da dieta, no entanto alguns aminoácidos não essenciais precisam
estar presentes para suprir funções metabólicas primárias. Os níveis de proteína bruta
devem ser suficientes para que a poedeira possa garantir um satisfatório “pool” de
nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais, assegurando também a
presença de aminoácidos essenciais através da utilização de aminoácidos industriais.
Vale ressaltar a importância de níveis de proteína e aminoácidos na dieta de poedeiras,
tendo em vista que o requerimento de proteína está associado com a taxa de produção e
tamanho dos ovos.
O balanceamento adequado de aminoácidos e de proteína para aves é de
fundamental importância, seja pelo peso da proteína no custo total da formulação, seja
pelo resultado esperado em função dos níveis de aminoácidos empregados.
A formulação de dietas com base em aminoácidos digestíveis já é consagrada
pelos nutricionistas e facilitada pela disponibilidade de aminoácidos industriais.
Entretanto, deve ser utilizada certa quantidade de proteína bruta nas dietas, em função
da importância também dos aminoácidos não essenciais (VASCONCELLOS et al.,
2010).
Influência da energia metabolizável sobre o desempenho de codornas de corte
No Brasil, as dietas para codornas de corte são formuladas de acordo com o
NRC (1994), com informações muito antigas e dados determinados com espécies
diferentes da codorna de corte. Outras vezes, são utilizadas as exigências de frangos de
corte, situações que comprometem o desempenho produtivo das codornas quando
18
consomem dietas cujos valores de energia metabolizável são diferentes de suas
exigências.
As tabelas disponibilizadas no NRC (1994) são para codorna japonesa (Coturnix
coturnix japonica) e para codorna americana (Bobwhite quail). Para a primeira sugere-
se 2.900 kcal de EM/kg de ração na fase de crescimento e reprodução e para a segunda
o nível recomendado é 2.800 kcal de EM/kg para todas as fases de vida. Contudo,
atualmente dispomos de um compilado de informações na literatura de Silva e Costa
(2009) onde estes recomendam níveis diferentes de energia metabolizável para cada
fase de criação de codornas pesadas, sugerindo 2.900 kcal de EM/kg para a fase de 1 a
21 dias, 3.050 kcal de EM/kg para a fase de 21 a 42 dias, para o período total (1 a 42
dias) o nível de 2.950 kcal de EM/kg e para a fase de postura 2.800 kcal de EM/kg.
Verifica-se a necessidade de mais pesquisas para determinação das exigências
nutricionais para as codornas nas condições tropicais brasileiras, entretanto poucos e
esparsos estudos foram realizados no Brasil para estimar as exigências de linhagens
pesadas em crescimento (SILVA; COSTA, 2009).
A escassez de pesquisas é um dos fatores que limita a exploração racional para a
produção de carne, embora para codornas de postura já existam mais informações na
literatura sobre os requerimentos nutricionais. De acordo com Martins (2002), são
poucas as instituições nas quais se utiliza este tipo de ave e a variação do material
genético existente no mercado consiste em uma das barreiras no desenvolvimento dessa
atividade.
Freitas et al. (2006) avaliaram níveis de proteína (20, 22, 24 e 26%) e energia
metabolizável (2.565, 2.715, 2.865 e 3.015 kcal/kg) sobre o desempenho de codornas de
corte no período de 1 a 42 dias e sugeriram que as rações podem ser formuladas com
2.865 kcal de EM/kg. O consumo de ração foi influenciado apenas pelo nível
energético, diminuindo linearmente com o aumento do nível de EM da ração,
concordando com Rezende et al. (2004), Ton et al. (2011) e Veloso et al. (2012). De
acordo com os autores, os animais tendem a regular o consumo de ração de forma a
ingerir quantidades constantes de energia, por isso alteram o consumo de ração de
acordo com o nível energético. Os resultados obtidos nessa pesquisa indicam que as
codornas de corte se alimentaram para satisfazer, primeiramente, suas exigências de
19
energia, comportamento semelhante ao de frangos de corte. Estas informações também
corroboram com a teoria quimiostática da ingestão de alimentos (ÁVILA et al., 2003).
Entretanto, nem sempre o mecanismo regulador do consumo é eficiente
(OLIVEIRA et al., 2002; FREITAS et al., 2006; MENDONÇA et al. 2008). Mendonça
et al. (2007) estudando níveis de energia metabolizável (2.600, 2.750, 2.900, 3.050 e
3.200 kcal de EM/kg) e relações energia: proteína para aves de corte em crescimento (1
a 21 dias) observaram redução no consumo de ração com o aumento da densidade
energética, entretanto verificou-se aumento da ingestão de energia com os maiores
níveis de energia na ração. Segundo os autores, isso pode ser consequência das aves
jovens não regularem o consumo de energia tão bem como as aves adultas, desta forma
a ingestão de energia metabolizável aumenta ligeiramente com o nível energético da
ração.
Em um trabalho avaliando as exigências de lisina digestível e de energia
metabolizável (2.800, 2.900, 3.000 e 3.100 kcal/kg de ração) para codornas de corte em
crescimento (4 a 35 dias), Ton et al. (2011) verificaram que o peso corporal e o ganho
de peso foram influenciados apenas pelos níveis de lisina. Segundo os autores, isso
ocorre por conta da grande importância do aminoácido no desenvolvimento muscular
das aves, sendo a lisina mais importante do que a energia metabolizável na
determinação do desempenho de codornas de corte na fase de crescimento. De acordo
com Gonzáles e Sartori (2002), a taxa relativa de síntese proteica é maior no animal
jovem em crescimento, enquanto a taxa relativa de deposição de gordura é maior no
animal mais velho.
Contudo, pesquisas revelam efeito da energia sobre o ganho de peso de codornas
de corte, onde Freitas et al. (2006) e Oliveira et al. (2002) verificaram maior ganho em
aves que receberam ração com maiores níveis energéticos, em virtude da maior ingestão
de energia. Para Veloso et al. (2012), o maior ganho de peso associado aos mais altos
níveis energéticos indica a influência da energia sobre o desempenho de codornas nas
primeiras fases de crescimento em função de sua maior demanda energética para
aumento de tamanho corporal. Desta forma, a maior exigência energética pode estar
ligada à alta taxa de crescimento e, portanto, maior demanda metabólica, principalmente
para demanda de mantença das codornas.
20
Scherer et al. (2011) verificaram diminuição linear do peso corporal e no ganho
de peso com o aumento dos níveis de energia metabolizável das rações. Esses resultados
foram atribuídos à redução no consumo de ração à medida que aumentou a densidade
energética. Desta forma, a redução no consumo como tentativa de manter o nível da
ingestão de energia resultou em menor ingestão dos demais nutrientes da ração,
considerando que os mesmos foram mantidos constantes. Sendo assim, podemos inferir
que apesar de a energia não exercer efeito direto sobre a deposição de proteína corporal,
a redução do consumo promovida pelo aumento da densidade energética pode
proporcionar alterações na ingestão de nutrientes associados à formação de massa
muscular, como a proteína e aminoácidos, por exemplo.
O controle da ingestão de energia é importante não somente por seu efeito na
taxa de crescimento, mas também pelos efeitos negativos da ingestão em excesso, que
deprecia a qualidade da carcaça pelo maior acúmulo de gordura (LEESON et al., 1996).
Isso ocorre porque o excesso de energia metabolizável na ração pode exercer
influência sobre a porcentagem de gordura na carcaça das aves. Ton et al. (2011)
verificaram que o rendimento da gordura abdominal (%) aumentou com o aumento dos
níveis de energia na ração. Scherer et al. (2011) observaram que o aumento dos níveis
de energia promoveu aumento no teor de extrato etéreo dos cortes de codornas e maior
deposição de gordura na carcaça. De acordo com Kessler et al. (2000) apud Mendonça
et al. (2007), a quantidade de gordura depositada é diretamente proporcional à
quantidade de energia disponível para síntese, portanto, a energia consumida em
excesso está correlacionada com a deposição de lipídeos na maioria dos animais.
Mendonça et al. (2008) avaliando níveis de energia metabolizável (2.900, 3.000
e 3.100 kcal/kg) para machos de corte de crescimento lento observaram que o aumento
dos níveis de energia promoveram redução no consumo de ração, aumento da ingestão
de energia metabolizável e maior deposição de gordura na carcaça. Esse efeito pode ser
atribuído principalmente à maior ingestão de EM com o aumento da energia da ração, o
que promoveu excedente de energia além da mantença e deposição de tecido, que foi
depositado como gordura (MENDONÇA et al., 2008). Observou-se com estes
resultados, a tendência de haver retenção de energia na forma de gordura quando há
aumento no consumo de energia da dieta.
21
Corrêa et al. (2005) entretanto, não verificaram variações no peso e rendimento
de gordura abdominal na carcaça de codornas europeias (7 a 42 dias) ao avaliarem
diferentes níveis de proteína (22, 24, 26 e 28%) e energia metabolizável (2.900 e 3.100
kcal/kg) nas rações. Segundo os autores, os níveis avaliados não foram suficientes para
promover alterações significativas nas carcaças de codornas de corte.
De acordo com Bertechini (2006), o aumento dos níveis de energia
metabolizável na ração de frangos de corte reduz o consumo alimentar e melhora a
conversão alimentar, porém aumenta a deposição de gordura na carcaça, efeito
prejudicial à qualidade da carcaça desses animais.
Rezende et al. (2004) observaram que o aumento no nível energético da ração
proporcionou melhoria na conversão alimentar quando houve um aumento de 2.900 kcal
de EM/kg para 3.000 kcal de EM/kg de ração. Níveis semelhantes de energia para
conversão alimentar foram obtidos também por Oliveira et al. (2002), Freitas et al.
(2006), Scherer et al. (2011) e Veloso et al. (2012), sugerindo 3.200, 2.865, 2.997 e
3.000 kcal de EM/kg de ração, respectivamente. De acordo com Mendonça et al. (2007),
as rações de alta energia são melhores em termos de conversão alimentar porque é
necessário menos alimento para satisfazer a exigência energética da ave.
Influência da energia sobre o desempenho, produção e qualidade de ovos de
codornas de postura
Estudos no Brasil para determinação das exigências de energia metabolizável
para codornas em fase de produção foram conduzidos inicialmente por Murakami et al.
(1993), e em seguida pela literatura internacional através do NRC (1994) que publicou a
última edição da tabela com informações obtidas até a metade da década de oitenta
(SILVA et al., 2011).
São informações com dados obtidos há muito tempo e possivelmente não
condizem com a realidade atual das exigências destas aves, tendo em vista que
mudanças importantes nos requerimentos nutricionais aconteceram ao longo dos anos.
Além disso, devido à escassez de dados científicos para a elaboração das tabelas do
NRC (1994), foram utilizadas naquela época, algumas informações nutricionais de
outras espécies e ajustadas para codornas japonesas, fato que prejudica o desempenho
das aves por não serem estas as reais exigências para ótima resposta produtiva.
22
A recomendação de energia metabolizável pelo NRC (1994) para codornas
japonesas em qualquer idade é 2.900 kcal/kg, enquanto que para Silva e Costa (2009)
recomendam níveis de 2.800 kcal/kg na fase de 1 a 21 dias, 3.050 kcal/kg de 21 a 42
dias e 2.800 kcal/kg na fase de postura. Rostagno et al. (2011) sugere 2.900 kcal/kg na
fase de cria e recria e 2.800 kcal/kg na fase de postura.
Observa-se que as recomendações de energia metabolizável para codornas de
postura nas diferentes fontes de pesquisa são relativamente próximas entre si, com uma
ressalva para os níveis, geralmente inferiores aos observados para codornas de corte,
situação que indica que codornas europeias, devido seu maior peso corporal e
metabolismo mais acelerado, necessitam de maior aporte energético diário para
manutenção de suas atividades vitais.
Apesar da aproximação entre os níveis de energia acima citados, mas avaliando
os diversos resultados de desempenho e produção verificados na literatura científica,
verifica-se que os níveis de energia metabolizável variam entre 2.600 e 3.150 kcal/kg
para codornas japonesas em postura. Essa diversidade obtida pode esta associada a
variações genéticas, climáticas e até mesmo experimentais, afetando de forma
expressiva o desempenho das codornas e influenciando provavelmente em alterações na
qualidade dos ovos.
Belo et al. (2000) avaliando níveis de energia metabolizável (2.600, 2.700,
2.800, 2.900 e 3.000 kcal de EM/kg) em rações de codornas japonesas na fase inicial de
postura verificaram que com a elevação da energia metabolizável ocorreu menor
consumo de ração e diminuição no peso de ovo, contudo a produção de ovos, conversão
alimentar e ingestão de energia metabolizável não foram influenciados pelos níveis
energéticos. Recomendou-se neste trabalho o uso de dietas contendo 2.600 kcal de
EM/kg.
Determinando níveis de proteína (16,18, 20, 22 e 24%) e energia metabolizável
(2.850, 2.950 e 3.050 kcal/kg) na alimentação de codornas japonesas em postura, Pinto
et al. (2002) não observaram efeito da energia sobre a taxa de postura, massa de ovo,
percentagem de casca e peso final das aves, mas houve efeito linear para peso do ovo e
consumo de ração, com recomendação de níveis de 2.850 kcal de EM/kg de ração.
Tarasewicz et al. (2006) avaliando três níveis de energia (kcal/kg) e proteína (%)
(2.794/21, 2794/19 e 2.538/17), mantendo as relações 133; 147 e 149, respectivamente,
23
verificaram que quando se manteve a relação energia: proteína entre as dietas, a redução
proteica não influenciou o desempenho das aves, entretanto, a redução proteica sem
correção de energia metabolizável da dieta, diminui o ganho de peso e prejudica a
conversão alimentar.
Avaliando o efeito de diferentes níveis de proteína bruta (16, 18, 20 e 22%) e
energia metabolizável (2.585, 2.685, 2.785 e 2.885 kcal de EM/kg) na dieta sobre o
desempenho de codornas de postura, Freitas et al. (2005) verificaram redução no
consumo de ração e da ingestão de proteína com o aumento dos níveis de energia,
porém com manutenção constante da ingestão de energia. A energia não influenciou a
produção de ovos, conversão alimentar e ganho de peso, mas alterou o peso e massa de
ovo, diminuindo nos maiores níveis energéticos. De acordo com os autores, as rações
para codornas na fase de postura podem ser formuladas com 2.585 kcal de EM/kg, o
que corresponde a um consumo de 66 kcal de EM/ave/dia.
Estudando o efeito de níveis nutricionais de energia (2.650, 2.750, 2.850, 2.950 e
3.050 kcal de EM/kg) sobre o desempenho e a qualidade de ovos de codornas europeias
na fase inicial de postura, Barreto et al. (2007a) verificaram que o aumento dos níveis
de energia na ração ocasionou redução linear do consumo de ração e do peso de ovo, de
gema e de albúmen e melhora linear da conversão alimentar (por massa e por dúzia de
ovos) e de eficiência da utilização de energia para produção de uma dúzia de ovos.
Verificou-se comportamento quadrático para a produção de ovos, indicando maior
produção em aves alimentadas com ração contendo 2.900 kcal de EM/kg. Não houve
efeito significativo para o consumo de energia, massa de ovo, peso de casca e ganho de
peso corporal. Nesta pesquisa foi recomendado 3.050 kcal/kg para melhor conversão
alimentar por massa e por dúzia ou 2.900 kcal/kg para melhor produção de ovos.
Moura et al. (2008) avaliando dietas de diferentes densidades energéticas (2.900,
2.800, 2.700, 2.600 e 2.500 kcal de EM/kg) mantendo constante a relação energia
metabolizável: nutrientes para codornas japonesas em postura, verificaram que a
redução dos níveis de energia promoveu um aumento do consumo de ração e piora da
conversão alimentar por massa e por dúzia de ovos, não havendo influência dos níveis
de energia sobre a produção de ovos, ingestão de energia, eficiência energética por
massa e por dúzia de ovos e ganho de peso das aves.
24
Avaliando níveis de energia metabolizável (2.650, 2.750, 2.850, 2.950 e 3.050
kcal de EM/kg) para codornas japonesas na fase inicial de postura, Barreto et al.
(2007b) observaram que o aumento dos níveis de energia promoveram redução linear do
consumo de ração, do peso de ovo e de gema, melhora da conversão alimentar e efeito
quadrático nos pesos de albúmen, de casca e da massa de ovo. Os autores
recomendaram o nível 2.650 kcal/kg para melhores resultados de desempenho e
produção de ovos.
Moura et al. (2010) estudando os efeitos da redução da densidade energética
(2.900, 2.800, 2.700, 2.600 e 2.500 kcal de EM/kg) de dietas sobre as características do
ovo de codorna japonesa verificaram que a redução dos níveis energéticos promoveu
aumento do consumo de ração mas nenhum efeito foi verificado para ingestão de
energia metabolizável e de proteína, produção de ovos, peso e massa de ovo, peso e
percentagem de gema, albúmen e casca. Os níveis 2.800 e 2.900 kcal de EM/kg foram
sugeridos, mantendo a mesma relação EM: nutrientes da dieta, quando o objetivo for a
qualidade de ovo.
A maioria dos autores citados justifica a variação do consumo de ração que
ocorre em função da variação dos níveis energéticos, como estando associada à
capacidade das codornas em regular a ingestão de ração de acordo com suas
necessidades energéticas.
Desta forma, aves alimentadas com ração contendo excesso de energia
possivelmente reduzem o consumo de ração na tentativa de regular a ingestão de
energia (kcal/ave/dia), até o ponto em que suas necessidades energéticas sejam
atendidas. Entretanto, este comportamento ingestivo pode vir a comprometer o consumo
de nutrientes presentes na dieta, caso estes não venham a manter uma relação com a
energia (relação energia: nutriente).
De acordo com Murakami et al. (1993), para codornas também é possível aplicar
a teoria quimiostática, baseada no conceito de que as aves regulam seu consumo de
acordo com as necessidades energéticas, contudo, outros fatores também podem
influenciar o consumo, como a necessidade da ave, peso corporal, fase de postura, o
crescimento, mantença e o ambiente de criação.
O ganho de peso e o peso corporal final das aves, em alguns casos (PINTO et al.,
2002; BARRETO et al., 2007ab; FREITAS et al., 2005; MOURA et al., 2008) não são
25
influenciados pelos níveis energéticos da ração, geralmente, em situações onde há o
controle da ingestão de energia metabolizável pela ave. Ocorre que, o ajuste do
consumo de ração em benefício do equilíbrio da ingestão diária de energia
possivelmente controla as variações significativas do peso corporal, considerando que o
peso da ave depende principalmente do consumo de energia. Segundo Freitas et al.
(2005), o ajuste do consumo de ração em função dos níveis de energia contribui para
que a ingestão de energia não varie e como consequência, o ganho de peso não varia
com o aumento dos níveis de energia da ração, uma vez que esta variável depende da
ingestão, principalmente dos níveis de energia para ser alterada.
Pesquisas corroboram com a ideia da influência da energia metabolizável sobre
o peso de ovos de codornas. De acordo com a literatura, os resultados verificados por
Pinto et al., 2002; Freitas et al., 2005 e Barreto et al., 2007a, o peso do ovo depende da
ingestão diária de proteína e em caso de deficiência deste nutriente, o tamanho dos ovos
tende a reduzir, enquanto que a produção é mantida constante com o objetivo de
perpetuar a espécie (BARRETO et al., 2007a). Desta forma, a redução do consumo
ocasionada pelo aumento da densidade energética pode interferir na ingestão de proteína
e aminoácidos necessários à formação de componentes do ovo, influenciando o seu
peso.
Trabalhos avaliando as porções (gramas ou porcentagem) dos constituintes dos
ovos, como gema (BARRETO et al., 2007ab) , albúmen (BELO et al., 2000;
BARRETO et al., 2007ab; COSTA et al., 2004) e casca (MURAKAMI et al., 1993;
BELO et al., 2000; COSTA et al., 2004) verificaram que estes podem ser influenciados
pelos níveis energéticos da dieta, considerando que na tentativa de ajustar o consumo de
ração em função de suas necessidades energéticas, a ingestão de ingredientes presentes
na ração pode ser prejudicada e os nutrientes necessários à formação destes constituintes
sejam insuficientes a ponto de prejudicar os componentes formadores do ovo. Contudo,
há trabalhos que contradizem os resultados obtidos, como Costa et al. (2004) e
Tarasewicz et al. (2006) para gema, Pinto et al. (2000) para casca, Moura et al. (2010)
para gema, albúmen e casca.
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34
CAPÍTULO II
Determinação da proteína bruta na alimentação de codornas japonesas e
europeias
EXPERIMENTO 1
35
Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix
coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade
RESUMO
O trabalho teve como objetivo determinar o melhor nível de proteína bruta para
codornas japonesas nas fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Nos dois experimentos
foram utilizadas 300 codornas em um delineamento inteiramente casualizado com cinco
tratamentos, seis repetições com dez aves por unidade experimental. Na fase de 1 a 21
dias foram utilizados os níveis de 19, 22, 25, 28 e 31% de proteína bruta e na fase de 21
a 42 dias utilizou-se os níveis de 16, 19, 22, 25 e 28% de proteína bruta. As rações
foram formuladas para serem isoenergéticas. Na fase de 1 a 21 dias, foi verificado efeito
quadrático para consumo de ração, ingestão de energia e concentração sérica de ácido
úrico e linear para ganho de peso, conversão alimentar e ingestão de proteína. Para a
fase de 21 a 42 dias, houve efeito quadrático para consumo de ração, ganho de peso e
ingestão de energia e linear para conversão alimentar, ingestão de proteína,
concentração sérica de ácido úrico e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio.
Recomendam-se os níveis 31% e 22% de proteína bruta para as fases de 1 a 21 e 21 a 42
dias, respectivamente.
Palavras-chave: ácido úrico, conversão alimentar, desempenho, digestibilidade
Nutritional requirement of crude protein for japanese quail (Coturnix coturnix
japonica) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days
36
ABSTRACT
The study aimed to determine the best level of crude protein in phase 1 to 21 and 21 to
42 days old. In both experiments we used 300 quails in a completely randomized design
with five treatments, six replicates with ten birds each. From 1 to 21 days were used
levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein and the phase used 21 to 42 days the levels
16, 19, 22, 25 and 28% crude protein . Diets were formulated to be isocaloric. From 1 to
21 days, was observed quadratic effect on feed intake, energy intake and serum uric acid
and linear weight gain, feed conversion and protein intake. For the period from 21 to 42
days, there was a quadratic effect on feed intake, weight gain and linear energy intake
and feed conversion, protein intake, serum uric acid and digestibility of uric acid. It is
recommended to 31% for stage 1 to 21 days and 22% for the period from 21 to 42 days.
Keywords: uric acid, feed conversion, performance, digestibility
INTRODUÇÃO
37
A coturnicultura se destaca, atualmente, como uma das principais atividades
avícolas no cenário do agronegócio brasileiro. O franco desenvolvimento da atividade é
reforçado pela maior participação de grandes empresas avícolas, que aperfeiçoam as
técnicas de manejo e investem em modernas instalações, o que possibilita alojar um
número cada vez maior de aves em um mesmo galpão (BERTECHINI et al., 2002).
Além disso, o melhoramento genético e a nutrição animal caminham na busca por
linhagens mais produtivas e formulações mais adequadas às exigências nutricionais das
codornas japonesas (MOURA et al., 2007).
No Brasil o objetivo principal da coturnicultura é a produção de ovos sendo essa
a principal finalidade da criação de codornas japonesas. Para que estas alcancem
excelentes índices de produção de ovos na fase adulta, necessitam ainda na fase de
crescimento (1 a 42 dias), de nutrientes em quantidade e qualidade adequados, para o
atendimento de suas exigências nutricionais.
A proteína bruta (PB) é um nutriente crítico na alimentação de aves, por
influenciar diretamente o crescimento e desenvolvimento de codornas japonesas na fase
inicial. Níveis proteicos nas dietas de aves em crescimento influenciam diretamente o
ganho de peso, variável importante para que a ave chegue à maturidade sexual com uma
boa conformação, já que seu peso nesta fase está correlacionado diretamente com o seu
desempenho na postura (LIMA NETO et al., 2008).
As exigências de proteína bruta ao longo da fase de crescimento variam em
função da necessidade fisiológica das codornas japonesas, de forma que o ganho de
peso sofre uma desaceleração com o avançar da idade, e assim as codornas jovens
exigem maior nível de proteína na ração e apresentam maior eficiência no
aproveitamento dos nutrientes para ganho de peso em relação às aves em idade próxima
à maturidade (JORDÃO FILHO, 2008).
Poucas pesquisas com dados recentes sobre as atuais exigências em proteína
bruta, para codornas japonesas na fase de crescimento, são encontradas na literatura
científica. Portanto, são necessários mais estudos sobre essas reais necessidades, tendo
em vista sua grande importância nutricional no crescimento das codornas.
Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar o nível de proteína bruta para
as fases 1 a 21 e 21 a 42 dias, sobre o desempenho de codornas japonesas.
38
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, no período de
05/06/2010 a 26/06/2010 para a fase de 1 a 21 dias, e 26/06/2010 a 17/07/2010 para a
fase de 21 a 42 dias de idade. Foram utilizadas 300 codornas japonesas de 1 dia de idade
para a fase de 1 a 21 dias e paralelo a estas, foram criadas outras 300 codornas até
atingirem 21 dias de idade para que fosse dado início à fase experimental de 21 a 42
dias. Nas duas fases de criação, as aves foram alojadas em boxes dotados de
aquecimento, em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e
seis repetições de 10 aves por unidade experimental. O peso inicial das aves na fase 1 a
21 dias foi de 7,54 ± 0,08g e na fase de 21 a 42 dias foi de 89,05 ± 0,39g.
Os tratamentos consistiram de uma ração basal composta por milho e farelo de soja,
formulada segundo as recomendações de Silva e Costa (2009) para cada fase de
criação, exceto para os níveis de proteína bruta (PB), onde os tratamentos da fase de
1 a 21dias (Tabela 1) foram constituídos por 19, 22, 25, 28 e 31% de PB e na fase de
21 a 42 dias (Tabela 2) por 16, 19, 22, 25 e 28% de PB.
As dietas foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e suplementadas
com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL e L-treonina, atendendo
ou excedendo as recomendações dos aminoácidos essenciais. Todas as dietas foram
isoenergéticas, seguindo as recomendação de Silva e Costa (2009) para exigências
nutricionais. Os dados de composição de alimentos foram baseados segundo
Rostagno et al. (2005) e as análises realizadas no Laboratório de Nutrição
Animal/DZ/UFPB.
Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho
de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de
proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido
úrico (mg/dL).
39
Além dos parâmetros anteriormente citados, na fase de 21 a 42 dias foram avaliados
também o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) e retenção de
nitrogênio (g/ave/dia).
Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas
na fase de 1 a 21 dias
Níveis de proteína bruta (%)
19 22 25 28 31
Ingredientes
Milho 66,112 58,961 50,858 40,399 29,989
Soja 45% 27,645 36,509 42,365 51,222 60,003
Farinha de carne e ossos 40% 0,000 0,000 3,275 3,152 3,032
Óleo de soja 0,000 0,691 1,830 3,656 5,468
Calcário 1,230 1,216 0,688 0,686 0,685
Fosfato bicálcico 1,174 1,119 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,542 0,543 0,487 0,492 0,498
Dl- metionina 0,281 0,203 0,134 0,069 0,004
L-treonina 0,281 0,149 0,040 0,000 0,000
L - lisina HCL 0,453 0,180 0,000 0,000 0,000
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 1,959 0,107 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 19 22 25 28 31
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900
Relação EM:PB 152,63 131,81 116 103,57 93,55
Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850 0,850
Cloro (%) 0,410 0,411 0,396 0,398 0,400
Potássio (%) 0,707 0,848 0,955 1,085 1,215
Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240
Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320 0,320
Arginina dig.(%) 1,123 1,381 1,624 1,867 2,107
Isoleucina dig. (%) 0,702 0,854 0,971 1,113 1,254
Lisina dig.(%) 1,190 1,190 1,234 1,437 1,638
Leucina dig. (%) 1,527 1,742 1,910 2,091 2,270
Met.+cist.dig. (%) 0,800 0,799 0,800 0,800 0,800
Metionina dig. (%) 0,537 0,501 0,468 0,439 0,410
Treonina dig.(%) 0,870 0,870 0,870 0,943 1,051
Triptofano dig.(%) 0,189 0,235 0,268 0,312 0,356
Valina dig.(%) 0,763 0,909 1,035 1,168 1,300
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg. ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Colistin;
6Areia lavada
40
Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas
na fase de 21 a 42 dias
Níveis de proteína bruta (%)
16 19 22 25 28
Ingredientes
Milho 76,650 69,284 58,081 47,529 37,152
Soja 45% 15,568 24,629 34,419 43,415 52,150
Farinha de carne e osso 40% 3,397 3,229 3,090 2,965 2,845
Óleo de soja 0,000 0,757 2,804 4,657 6,451
Calcário 0,529 0,541 0,541 0,539 0,537
Fosfato bicálcico 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,479 0,483 0,489 0,494 0,500
Dl- metionina 0,293 0,215 0,142 0,075 0,040
L-treonina 0,370 0,237 0,102 0,000 0,000
L - lisina HCL 0,574 0,298 0,008 0,000 0,000
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
Antibiotico5 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005
Inerte6 1,814 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 16 19 22 25 28
Energia Metabolizável
(kcal/kg) 3.050 3.050 3.050 3.050 3.050
Relação EM:PB 190,62 160,52 138,63 88,51 108,93
Cálcio (%) 0,750 0,750 0,750 0,750 0,750
Cloro (%) 0,392 0,394 0,396 0,398 0,399
Potássio (%) 0,540 0,683 0,829 0,962 1,090
Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240
Fósforo disponível (%) 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300
Arginina dig.(%) 0,863 1,122 1,391 1,638 1,877
Isoleucina dig. (%) 0,525 0,678 0,836 0,980 1,120
Lisina dig.(%) 1,050 1,050 1,050 1,249 1,449
Leucina dig. (%) 1,301 1,518 1,721 1,906 2,084
Met.+cist.dig. (%) 0,740 0,740 0,740 0,740 0,768
Metionina dig. (%) 0,508 0,473 0,440 0,410 0,410
Treonina dig. (%) 0,820 0,820 0,820 0,838 0,945
Triptofano dig. (%) 0,132 0,178 0,227 0,272 0,315
Valina dig. (%) 0,609 0,756 0,904 1,040 1,171
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Estafac;
6Areia lavada
41
Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho de
peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração foi
determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de peso
foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A
conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o
ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da
quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração
ingerida.
A retenção de nitrogênio e o CDN foram determinados pelo método de coleta total
de excretas segundo metodologia de Matterson et al. (1965), com uma duração de 4
dias. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia (08:00 h e 16:00 h) e
acondicionadas em “freezer” para posterior determinação de N em laboratório, de
acordo com Silva e Queiroz (2002). O cálculo da retenção de nitrogênio foi feito
através da diferença entre o N ingerido e o N excretado.
A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade
da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último
dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi
estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através
de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as
instruções do fabricante.
Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas das
exigências foram determinadas pelos modelos de regressão polinomial. No modelo
quadrático as exigências de proteína bruta foram obtidas por derivação das equações e
corresponderam ao nível que maximizou a variável dependente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram
26ºC e 19,6ºC, respectivamente, e a umidade relativa 85%. Na fase de 1 a 21 dias de
idade, foi verificado efeito quadrático para consumo de ração, ingestão de energia e
concentração sérica de ácido úrico, com máximos valores em 26,25; 26,12 e 25,55% de
42
PB. Observou-se efeito linear crescente para ganho de peso e ingestão de proteína e
decrescente para conversão alimentar.
Para o consumo de ração da fase de 1 a 21 dias de idade (Tabela 3), houve um
aumento até o nível 26,25% de proteína, reduzindo em seguida. Este resultado se
aproxima do recomendado por Silva e Costa (2009), onde os autores sugerem 25% de
proteína bruta em dietas para codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade.
Observa-se desta forma, que pode haver aumento do consumo de ração quando o nível
proteico desta é baixo, mas segundo Duke (1996), se for exageradamente alto ou baixo,
a ave terá melhor consumo em um nível intermediário, situação visualizada no presente
estudo.
Sabe-se que nos primeiros dias de vida, as codornas japonesas apresentam
exigências elevadas em proteína, pois chegam a aumentar o peso vivo em cerca de onze
vezes de 1 a 21 dias de idade, em função da hipertrofia, principalmente, dos músculos
peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras (Silva e Ribeiro, 2001 apud Silva et
al., 2004). Contudo, algumas pesquisas sugerem que o consumo de ração das aves não é
necessariamente controlado pelo nível de proteína bruta (GONZALES, 2002; COSTA
et al., 2004; FREITAS et al., 2006; VELOSO et al., 2012), mas pela sua qualidade, isto
é, da concentração e balanceamento dos aminoácidos.
Tabela 3.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de
ácido úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função
dos diferentes níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 19 22 25 28 31 CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)²** 9,67 9,99 10,27 10,14 9,92 1,10
Ganho de peso (g/ave/dia)¹** 3,60 3,67 3,72 3,93 4,05 1,44
Conversão alimentar (g/g)¹** 2,61 2,56 2,54 2,46 2,45 0,83
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 28,08 28,98 29,79 29,43 28,76 1,10
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 1,84 2,20 2,57 2,84 3,07 1,10
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)²* 2,55 4,39 4,36 3,88 3,43 18,56 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação
De acordo com Shirisvastav e Panda (1999) a qualidade da proteína é mais
importante que seu nível na ração. Entretanto, em razão dos efeitos da proteína na fase
inicial sobre o consumo e ganho de peso, o nível de PB da ração não deve ser
menosprezado (OLIVEIRA et al. 2001), pois diversas pesquisas apontam seu efeito
43
sobre o desempenho e a mortalidade de codornas, principalmente nas primeiras fase de
vida (SILVA et al., 2006).
Para a ingestão de energia da fase de 1 a 21 dias, houve aumento até o nível
26,12% de proteína bruta da ração, com redução em seguida. A maior ingestão de
energia ocorreu praticamente no mesmo nível de maior consumo de ração, inferindo que
o consumo de ração exerceu influência direta sobre a ingestão de energia. Pesquisas
apontam a capacidade das aves de ajustar o consumo de ração em função de suas
necessidades energéticas, entretanto este comportamento regulador parece ser mais
evidente em aves adultas. De acordo com Mendonça et al. (2007), aves jovens não
regulam o consumo de energia tão bem como aves adultas, possivelmente por conta do
metabolismo acelerado nas primeiras semanas de vida, o que pode estar relacionado à
possibilidade de as aves ainda não digerirem eficientemente os lipídios nesta idade
(NASCIMENTO et al., 2004).
A ingestão de proteína da fase de 1 a 21 dias aumentou linearmente com os
níveis de proteína da ração, onde para cada 1% de aumento da proteína da ração houve
aumento de 0,103g na ingestão diária de proteína (Tabela 4).
Tabela 4.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na
fase de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y= 2,0529+0,6308x – 0,0122x² 0,97
Ganho de peso (g/ave/dia) Y= 2,8359 + 0,0383x 0,94
Conversão alimentar (g/g) Y= 2,8704 – 0,0138x 0,95
Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y= 5,9511+1,8294x – 0,0353x² 0,97
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y= 0,0929 +0,1039x 0,99
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= - 21,638 + 2,0441x – 0,04x² 0,84
Apesar do consumo de ração ter diminuído a partir de 26,25% de PB, a ingestão
diária de proteína aumentou linearmente com o aumento da proteína bruta da ração. Este
resultado está relacionado ao fato de que rações com maiores níveis de proteína
apresentaram mais proteína em 1g de ração e, assim, embora tenha havido menor
consumo de ração a partir de 26,25% de PB, essa redução não foi suficiente para
promover uma menor ingestão diária de proteína.
44
Desta forma, as aves acabaram ingerindo mais proteína devido a essa maior
adição de PB na ração, colaborando possivelmente para o ganho de peso das codornas.
O resultado obtido no presente trabalho concorda com o observado por Silva et al.
(2001) com frangos de corte, que verificaram forte correlação negativa entre o consumo
de proteína e a relação energia: proteína.
O ganho de peso da fase de 1 a 21 dias das codornas apresentou efeito linear
crescente com o aumento dos níveis de proteína, indicando a influência da PB sobre o
desempenho nas primeiras fases de crescimento em codornas japonesas, em função de
sua maior demanda para aumento de tamanho corporal.
Este resultado concorda com os apresentados por Oliveira et al. (2002), que
testando cinco níveis de proteína (18, 20, 22, 24 e 26%) para codornas japonesas,
verificaram aumento do ganho de peso no período de 5 a 27 dias de idade com o
aumento dos níveis de PB da ração.
As aves na fase inicial apresentam alta síntese proteica e alta capacidade de
utilização de nutrientes, principalmente proteína (aminoácidos), para deposição de
massa magra. De acordo com Ton et al. (2011), o aumento do peso corporal e do ganho
de peso de codornas nas primeiras semanas de vida com o aumento dos níveis de lisina
na ração, está relacionado ao acelerado desenvolvimento muscular e esquelético das
codornas nesse período. De acordo com Gonzales e Sartori (2002), a taxa relativa de
síntese proteica é maior no animal jovem em crescimento, enquanto a taxa relativa de
deposição de gordura é maior no animal mais velho.
A conversão alimentar da fase de 1 a 21 dias melhorou linearmente com o
aumento dos níveis de proteína bruta na ração. De acordo com a equação de regressão,
cada 1% de aumento da PB promoveu uma redução de 0,013 pontos na conversão
alimentar. Este fato está associado possivelmente ao crescente ganho de peso observado
com o acréscimo de proteína na ração, juntamente com a redução do consumo de ração
a partir de 26,25% de PB.
A concentração sérica de ácido úrico aumentou até o nível 25,55% de PB e em
seguida diminuiu com o aumento dos níveis de proteína da ração. É possível que o
aumento linear da ingestão diária de proteína tenha contribuído para o aumento do ácido
úrico no sangue, entretanto este fato não prejudicou o aproveitamento da proteína para o
crescimento das aves nesta fase. De fato, após o nível 25,55% de PB, o ácido úrico
45
diminuiu em concentração no sangue, sugerindo ter havido maior aproveitamento de
nitrogênio para síntese de massa muscular das codornas, atividade anabólica primordial
nessa fase de vida das aves.
Na fase de 21 a 42 dias de idade a média das temperaturas máxima e mínima
foram 25,2ºC e 18,6ºC, respectivamente, e umidade relativa 86%.
Houve efeito quadrático para o consumo de ração, ganho de peso e ingestão de
energia, com máximos resultados aos 22,23; 22,96 e 20,89% de PB (Tabela 5). Houve
efeito linear decrescente para conversão alimentar e coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio e crescente para ingestão de proteína e concentração sérica de ácido úrico.
Não foi verificado efeito significativo para retenção de nitrogênio.
Tabela 5.Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido
úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de
codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes
níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 16 19 22 25 28 CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)²** 15,95 16,19 16,37 16,30 15,56 2,26
Ganho de peso (g/ave/dia)²* 2,36 2,40 2,41 2,40 2,37 1,55
Conversão alimentar (g/g)¹* 6,75 6,74 6,74 6,60 6,56 2,81
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 48,65 49,29 49,80 49,50 47,45 2,25
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 2,55 3,07 3,59 4,14 4,35 2,27
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 1,36 2,03 2,10 3,01 2,89 34,53
Retenção de nitrogênio (g/ave/dia)³ 0,175 0,196 0,125 0,140 0,163 22,52
CDN (%)¹** 35,58 33,01 26,58 22,74 21,90 2,76 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CDN – coeficiente de digestibilidade
de nitrogênio; CV- coeficiente de variação
O consumo de ração na fase de 21 a 42 dias aumentou até o nível de 22,23% e
diminuiu em seguida. Este nível está próximo dos 22% de PB recomendado por Silva e
Costa (2009) para codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade.
Assim como na fase de 1 a 21 dias de idade, houve um aumento no consumo de
ração por conta dos menores níveis de proteína e ao atingirem determinado nível
proteico, as codornas reduziram o consumo de ração. Entretanto, Murakami et al. (1993)
avaliando níveis de proteína (20, 22, 24 e 26%) e energia metabolizável (2.800 e 3.000
kcal de EM/kg) em rações para codornas japonesas em crescimento (1 a 42 dias de
46
idade), não verificaram efeito da proteína sobre o consumo de ração, somente da energia
metabolizável.
Concordando como Murakami et al. (1993), Freitas et al. (2006) ao avaliar o
efeito da PB sobre o desempenho de codornas de corte, sugeriram que para estas não há
muita influência da PB sobre o consumo de ração pois a possível ação da proteína não é
resultado apenas da quantidade de PB fornecida na ração, mas também da qualidade
(em relação aos aminoácidos) que esta ração contém. As informações de Freitas et al.
(2006) concordam com os resultados obtidos por Fridrich et al. (2005) e Veloso et al.
(2012), mas discordam de Oliveira et al. (2002) e Corrêa et al. (2007a), todos
trabalhando com codornas de corte.
O presente trabalho sugere que as codornas japonesas nas fases iniciais de vida
parecem responder aos níveis de proteína bruta da ração, aumentando o consumo nas
rações de níveis proteicos inferiores, e desta forma respondendo de maneira diferente ao
verificado em alguns dos trabalhos citados com codornas de corte e de postura. De
acordo com Chwalibog e Baldwin (1995), se o conteúdo proteico da ração é baixo, as
aves podem vir a aumentar o seu consumo alimentar para compensar parcialmente o
menor conteúdo em aminoácidos.
A ingestão de energia na fase de 21 a 42 dias acompanhou o comportamento
quadrático observado para o consumo de ração, obtendo maior consumo com 20,89% de
PB. Assim como na fase de 1 a 21 dias de idade, as codornas de 21 a 42 dias ingeriram
mais energia com o aumento dos níveis de proteína bruta da ração e ao atingirem um
nível intermediário de PB, reduziram a ingestão energética diária.
A regulação do consumo de ração para ajustar a ingestão de energia em função
das próprias necessidades energéticas parece não ser completamente eficiente em aves
jovens e em alguns casos em aves adultas também. De acordo com Mendonça et al.
(2007) isso pode ocorrer, uma vez que esse mecanismo de regulação não é
fisiologicamente perfeito e as aves acabam ingerindo maior quantidade de energia.
A ingestão de proteína aumentou linearmente (Tabela 6) com o aumento da
proteína bruta da ração, semelhante ao ocorrido na fase de 1 a 21 dias de idade. De
acordo com a equação de regressão, para cada aumento de 1% de PB na ração houve
aumento de 0,16g no consumo diário de proteína.
47
Observa-se que, apesar da redução no consumo de ração a partir de 22,23%, as
aves mantiveram em constante ascensão o consumo de proteína diária, possivelmente
por conta da maior ingestão de proteína presente por grama de ração consumida.
Embora tenha havido redução no consumo de ração, esta não foi suficiente para
proporcionar a mesma redução na ingestão proteica diária, apesar de nesta fase as
codornas necessitarem de menos proteína do que de 1 a 21 dias de idade.
Para ganho de peso na fase de 21 a 42 dias, verificou-se aumento até o nível
22,96% seguido de uma diminuição. Assim, houve aumento do ganho de peso à medida
que se aumentou o consumo de proteína até certo limite, e a partir desse ponto, devido o
excesso presente na dieta, estas aves passaram a perder peso. Esse resultado ressalta, à
semelhança do que ocorre com frangos de corte, que o ganho de peso em codornas
japonesas é limitado tanto pela quantidade de aminoácidos essenciais em dietas com
baixos níveis de proteína, como também pela redução da eficiência de utilização dos
aminoácidos em dietas com níveis proteicos acima da exigência (CORRÊA et al.,
2007c).
Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, concentração sérica de ácido úrico e coeficiente de
digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de
idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y= 8,3155+0,7569x-0,0177x² 0,91
Ganho de peso (g/ave/dia) Y= 1,7525+0,0597x-0,0013x² 0,99
Conversão alimentar (g/g) Y= 7,0566-0,0172x 0,82
Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y= 27,636+2,0894x-0,0491x² 0,92
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y= 0,1197+0,1555x 0,98
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= -0,6851+0,1347x 0,88
CDN (%) Y= 55,55-1,25x 0,94 CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio
Observa-se que, comparado à fase de 1 a 21 dias, as codornas de 21 a 42
apresentaram menor exigência de proteína para ganho de peso, corroborando com os
resultados obtidos por Shim e Vohra (1984), Oliveira et al. (2002), Fridrich et al. (2005)
e Corrêa et al. (2007b). De acordo com Corrêa et al. (2008), há uma diminuição no nível
nutricional exigido para máximo desempenho das codornas com o avanço da idade, o
48
que segundo os autores, pode estar relacionado ao menor ganho de peso da fase final de
criação comparado com o da fase inicial.
A conversão alimentar na fase de 21 a 42 dias melhorou linearmente com o
aumento dos níveis de proteína na ração, chegando a uma redução de 0,017 pontos na
conversão para cada 1% de aumento da proteína bruta da ração. Os resultados
demonstram a importância da proteína bruta na nutrição de codornas na fase final de
crescimento (21 a 42 dias), que embora não seja tão acentuado como na fase de 1 a 21
dias, mas ainda sim permaneceu em melhora constante dentro do período avaliado.
Fridrich et al. (2005) estudando níveis de proteína bruta na alimentação de
codornas de corte verificaram efeito da PB sobre a conversão alimentar apenas na fase
de 1 a 21 dias, pelo fato de que a velocidade de crescimento, o ganho de peso e a
exigência de proteína bruta na fase de 36 a 39 dias, diminuem.
A concentração sérica de ácido úrico aumentou linearmente com o aumento dos
níveis de proteína, enquanto que para a retenção de nitrogênio não foi verificado efeito
significativo. O coeficiente de digestibilidade de nitrogênio diminuiu com o aumento
dos níveis proteicos.
O aumento do ácido úrico no sangue juntamente com a redução da
digestibilidade do nitrogênio sugere que na fase de 21 a 42 dias de idade essa exigência
é menor se comparado às primeiras três semanas de vida. Desta forma, com o aumento
da proteína da ração e a menor exigência nutricional, as codornas passaram a excretar
mais ácido úrico no sangue, diminuindo o aproveitamento do nitrogênio no
metabolismo da ave.
CONCLUSÕES
Recomenda-se para a fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade, 31% e 22% de
proteína bruta, respectivamente.
49
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54
EXPERIMENTO 2
Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix
coturnix japonica) na fase de postura
RESUMO
O objetivo do trabalho foi determinar o melhor nível de proteína bruta na alimentação
de codornas japonesas em fase de produção. Foram utilizadas 300 codornas com 16
semanas de idade alojadas em gaiolas em um delineamento inteiramente casualizado
com cinco tratamentos, seis repetições e dez aves por unidade experimental. Os níveis
avaliados foram 14, 17, 20, 23 e 26% de proteína bruta e as dietas foram formuladas
para serem isoenergéticas. Foi verificado efeito quadrático para consumo de ração, peso
de ovo, massa de ovo, ingestão de energia, eficiência energética, coeficiente de
digestibilidade de nitrogênio, porcentagem de casca, retenção de nitrogênio, peso de
gema, casca e albúmen. Efeito linear foi verificado para produção de ovos, ingestão de
proteína, conversão alimentar por massa de ovos, eficiência energética, peso final e
porcentagem de gema e gravidade específica. Não houve efeito significativo para
conversão alimentar por dúzia, porcentagem de albúmen, espessura de casca e
concentração sérica de ácido úrico. Recomenda-se nível de 20% de proteína bruta para
codornas japonesas em fase de postura.
Palavras- chave: ácido úrico, digestibilidade, gema, ovo, retenção de nitrogênio
55
Nutritional requirement of crude protein for japanese quail (Coturnix coturnix
japonica) production phase
ABSTRACT
The objective of this study was to determine the best level of crude protein in the diet of
Japanese quails in production. A total of 300 quails at 16 weeks of age housed in cages
in a completely randomized design with five treatments and six replicates of ten birds
per experimental unit. The levels evaluated were 14, 17, 20, 23 and 26% crude protein
and diets were formulated to be isoenergetic. Quadratic effect was observed for feed
intake, egg weight, egg mass, energy intake, digestibility of nitrogen, shell percent,
nitrogen retention, weight of yolk, albumen and shell. Linear effect was observed for
egg production, protein intake, feed conversion by egg mass, energy efficiency, body
weight and yolk percentage. There was no significant effect on feed conversion per
dozen, percentage of albumen, shell thickness and serum uric acid. Recommended level
of 20% crude protein for Japanese quail laying phase.
Keywords: uric acid digestibility, egg yolk, egg, nitrogen retention
56
INTRODUÇÃO
A criação de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) a nível industrial
teve inicio nos anos 90 com o aumento do consumo de ovos desta espécie, juntamente
com o aumento da procura por refeições rápidas, alavancando a venda em restaurantes
do tipo self service. Aliado a isso, o surgimento de eventos e o volume expressivo de
trabalhos técnicos sobre manejo e a criação tem despertado a atenção do consumidor
para o sabor e a qualidade dos ovos de codorna.
Durante muito tempo as exigências nutricionais de codornas japonesas foram
supridas fazendo-se uso de tabelas de exigências nutricionais de outros países como o
NRC (1994), não sendo essas ideais para as condições tropicais brasileiras
(PIZZOLANTE et al., 2006), além do que a maioria dos dados compilados nessa
publicação foi obtida há mais de vinte e quatro anos com aves que apresentavam
potencial genético bastante diferente das codornas criadas atualmente.
Dentre os nutrientes importantes para o desempenho e produção de ovos,
podemos destacar a proteína bruta, tendo em vista que as exigências variam de acordo
com a taxa de crescimento e produção de ovos. Os aminoácidos obtidos a partir da
proteína exercem inúmeras funções como constituintes primários dos tecidos estruturais
e de proteção, como a pele, matriz óssea, ligamentos, tecidos dos órgãos, músculos e
penas. Assim, os aminoácidos e peptídeos resultantes dos processos de digestão e
absorção dos alimentos podem ser utilizados para várias funções metabólicas e como
precursores de inúmeros constituintes corporais não proteicos.
Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no
crescimento e produção de ovos, por conta do desvio de parte desta para funções menos
vitais, prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Já o seu excesso
pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer gasto
57
extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO FILHO
et al., 2006). Segundo Freitas et al. (2006), o gasto energético na incorporação de um
aminoácido na cadeia proteica é estimado em torno de 4 mols de ATP e para excreção
de um aminoácido, são gastos de 6 a 18 mols de ATP, desviando assim, a energia que
deveria ser utilizada para manutenção e ganho corporal.
Portanto, o excesso de proteína, ou seja, além das necessidades do organismo é
desperdiçada com relação à sua função específica, tendo em vista que não poderá ser
armazenada (ANDRIGUETTO et al., 1990; DJOUVNOV; MIHAILOV, 2005;
BARROS et al., 2006).
De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui correlação positiva
com o teor proteico da ração e o menor consumo de proteína pelas aves submetidas a
rações de altos níveis energéticos, resulta em menor produção de ovos.
Durante muitos anos, estudos na área da nutrição de aves avaliaram o
desempenho animal com base nos níveis de proteína bruta da ração. Entretanto, devido
o aumento nos custos de produção, associados ao encarecimento dos alimentos
utilizados como fontes proteicas na ração das aves, pesquisas passaram a avaliar as
exigências nutricionais das aves com relação aos níveis de aminoácidos essenciais.
Verificou- se que as aves não apresentam uma exigência específica para proteína bruta,
mas para aminoácidos essenciais e não essenciais, sendo estes últimos sintetizados a
partir de nitrogênio não específico.
De acordo com Peganova e Eder (2003), pensava-se numa progressiva redução
nos níveis de proteína da dieta, no entanto alguns aminoácidos não essenciais precisam
estar presentes para suprir funções metabólicas primárias. Assim, os níveis de proteína
bruta devem ser suficientes para que a poedeira possa garantir um satisfatório “pool” de
nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais, assegurando também a
presença de aminoácidos essenciais através da utilização de aminoácidos industriais.
Vale ressaltar a importância de níveis de proteína e aminoácidos na dieta de poedeiras,
tendo em vista que o requerimento de proteína está associado com a taxa de produção e
tamanho dos ovos.
A formulação de dietas com base em aminoácidos digestíveis já é consagrada
pelos nutricionistas e facilitada pela disponibilidade de aminoácidos industriais.
Entretanto, deve ser utilizada certa quantidade de proteína bruta nas dietas, em função
58
da importância também dos aminoácidos não essenciais (VASCONCELLOS et al.,
2010).
Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar o nível de proteína bruta
sobre o desempenho e qualidade de ovos de codornas na fase de produção.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, no período de
10/05/2010 a 23/08/2010. Foram utilizadas 300 codornas japonesas com 16 semanas
de idade com peso médio inicial de 189,61± 6,34g. As aves foram alojadas em
gaiolas de postura (33 x 33 x 33cm) em um delineamento experimental inteiramente
casualizado com cinco tratamentos e seis repetições de 10 aves, durante cinco
períodos de 21 dias.
Para a escolha dos níveis de proteína bruta a serem utilizados nas rações
experimentais, utilizou-se na ração intermediária o nível 20%, recomendado por
Silva e Costa (2009) e os demais níveis variando em três pontos percentuais para
mais e para menos. Sendo assim, os níveis estudados foram 14, 17, 20, 23 e 26% de
proteína bruta.
As dietas (Tabela 1) foram formuladas para serem isoenergéticas, seguindo a
recomendação para energia metabolizável de Silva e Costa (2009) de 2.800 kcal de
EM/kg de ração, com base em aminoácidos digestíveis e suplementadas com os
aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL e L-isoleucina, podendo
atender ou exceder as recomendações dos aminoácidos essenciais. Os dados de
composição de alimentos foram baseados segundo Rostagno et al. (2005).
Os parâmetros avaliados foram consumo de ração (g/ave/dia), percentagem de
postura (%), peso de ovo (g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão alimentar (kg de
ração/kg de massa e kg de ração/dúzia de ovo), ingestão de proteína (g/ave/dia) e
energia (kcal/ave/dia), eficiência energética (kcal de EM/dúzia de ovo e kcal de
EM/massa de ovo em kg), percentagem e peso (g) de gema, casca e albúmen,
espessura de casca (mm), gravidade específica (GE) (g/cm³), peso final da ave (g),
59
retenção de nitrogênio (g/ave/dia), concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) e
coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) (%).
Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas em
fase de produção
Níveis de proteína bruta (%)
14 17 20 23 26
Ingredientes
Milho 70,001 65,108 56,783 46,012 50,576
Soja 45% 15,302 23,736 32,849 41,943 35,634
Óleo de soja 0,000 0,000 1,167 3,163 5,004
Calcário 7,107 7,097 7,081 7,059 7,039
Fosfato bicálcico 1,062 1,001 0,948 0,906 0,867
Sal comum 0,521 0,519 0,521 0,525 0,527
DL- metionina 0,307 0,227 0,150 0,082 0,043
L-isoleucina 0,394 0,245 0,092 0,000 0,000
L - lisina HCL 0,643 0,378 0,099 0,000 0,000
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte4 4,354 1,379 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 14 17 20 23 26
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.800 2.800 2.800 2.800 2.800
Cálcio (%) 3,050 3,050 3,050 3,050 3,050
Cloro (%) 0,393 0,394 0,395 0,397 0,398
Potássio (%) 0,492 0,632 0,775 0,909 1,037
Sódio (%) 0,230 0,230 0,230 0,230 0,230
Fósforo disponível (%) 0,280 0,280 0,280 0,280 0,280
Arginina dig.(%) 0,742 0,995 1,256 1,508 1,747
Isoleucina dig. (%) 0,870 0,870 0,870 0,870 0,870
Lisina dig.(%) 1,030 1,030 1,030 1,162 1,362
Leucina dig. (%) 1,169 1,392 1,604 1,792 1,968
Met.+cist.dig. (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700
Metionina dig. (%) 0,498 0,461 0,425 0,395 0,390
Treonina dig.(%) 0,432 0,551 0,671 0,785 0,892
60
Triptofano dig.(%) 0,122 0,167 0,214 0,259 0,302
Valina dig.(%) 0,538 0,684 0,831 0,969 1,099 1Suplemento vitamínico: Vit A: 7.000.000 UI; Vit D3: 2100000 UI; Vit E: 50000mg; Vit K3: 2000mg;
Vit B1: 2000mg; Vit B2: 4000mg; Vit B6: 3000mg; Vit B12: 3000mg; Niacina: 39800mg; Ácido
Pantotênico: 15620mg; Folato: 1000mg; Selênio: 200mg; Biotina: 100mg; Antioxidante: 100000mg e
Veículo-1000g.; 2Suplemento mineral: Mn: 75000mg; Zn: 70000mg; Fe: 50000mg; Cu: 8500mg; I:
1500mg; Co: 200mg; Veículo: 1000g.; ³ Etoxiquin;4Areia lavada
O consumo de ração foi obtido através da pesagem do fornecimento no início e da
sobra, ao final de cada período experimental. A produção de ovos foi registrada
diariamente pela manhã e no final de cada período foram calculadas as percentagens de
postura. A massa de ovo (g/ave/dia) foi calculada multiplicando-se o número de ovos
produzidos pelo peso médio do ovo (g).
A conversão alimentar por massa (kg de ração/kg de massa) foi determinada
através da relação entre a ração consumida e a massa de ovo produzida dentro do
período. A conversão alimentar por dúzia (kg de ração/dúzia de ovo) foi calculada pela
relação entre o consumo de ração e a quantidade de dúzias produzidas no período. O
peso final das codornas foi obtido ao final do experimento, com a pesagem de todas as
codornas da parcela experimental para obtenção do peso médio.
A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da quantidade de
proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração ingerida. A
eficiência energética por dúzia (kcal de EM/dúzia de ovo) foi determinada através da
relação entre a quantidade de energia consumida e as dúzias de ovos produzidas, e a
eficiência energética por massa de ovo (kcal de EM/massa de ovo em kg) foi
determinada através da relação entre a quantidade de energia consumida e a massa de
ovos produzida.
Para a percentagem de gema, casca e albúmen, foram utilizados dois ovos nos
três últimos dias de cada período experimental, onde se calculou o peso individualmente
de cada um dos componentes para em seguida estabelecer-se a devida proporção com o
peso do ovo.
A espessura de casca foi avaliada através de um micrômetro digital e a GE foi
determinada pelo método de flutuação salina, conforme metodologia descrita por
Hamilton (1982). Para GE, a cada final do período experimental foram selecionadas
amostras representativas de dois ovos por parcela. Em seguida, foram feitas imersões
dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25
61
litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025.
Os ovos foram colocados em baldes com as soluções, da menor para a maior densidade
e foram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades
correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades
foram conferidas com densímetro de petróleo. Mais dois ovos foram utilizados para as
demais avaliações de qualidade interna.
Para avaliar os efeitos dos níveis de proteína bruta na ração sobre a retenção de
nitrogênio e determinação do coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN),
iniciou-se a coleta total de excretas, que foi realizada duas vezes ao dia, às 8 h e 16 h,
durante os quatro últimos dias do quinto período experimental, segundo metodologia de
Matterson et al. (1965).
Após a última coleta, o material foi encaminhado ao laboratório para secagem
em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. Em seguida, as amostras foram
trituradas em moinho tipo faca e, assim como as rações experimentais, foram
acondicionadas em frascos e encaminhadas ao laboratório para determinação dos teores
de nitrogênio (N), segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Com base
nos resultados, foi calculada a retenção de nitrogênio e o CDN.
A excreção de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade da proteína
ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no final do
experimento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a –20ºC e
posteriormente analisada a concentração sérica de ácido úrico, através de “kit”
comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do
fabricante.
Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas das
exigências foram determinadas pelo modelo de regressão polinomial. No modelo
quadrático as exigências de proteína bruta foram obtidas por derivação das equações e
corresponderam ao nível que maximizou a variável dependente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
62
Durante o período experimental, a média das temperaturas máxima e mínima
foram 25,63ºC e 18,9ºC, respectivamente, e umidade relativa 85%. Foi observado efeito
quadrático para consumo de ração, peso do ovo, massa de ovo, ingestão de energia e
eficiência energética (kcal/dúzia) com melhores resultados aos níveis 19,72; 21,65;
21,85; 19,56 e 19,30% de proteína bruta, respectivamente. A retenção de nitrogênio e o
coeficiente de digestibilidade de nitrogênio apresentaram menores valores nos níveis
17,84 e 19,84% de PB, respectivamente. Efeito linear crescente foi verificado para
produção ovos, ingestão de proteína e peso final, e linear decrescente para conversão
alimentar por massa de ovo e eficiência energética (kcal/kg). Não houve efeito
significativo para conversão alimentar por dúzia de ovos e concentração sérica de ácido
úrico.
O consumo de ração (Tabela 2) aumentou até o nível 19,72% de proteína bruta,
diminuindo em seguida. Efeito semelhante foi verificado por Pinto et al. (2002), com
aumento do consumo até o nível 21,80% de proteína bruta. Ribeiro et al. (2003),
avaliando dois níveis de proteína (20 e 30%) em rações isoenergéticas (3.000 kcal/kg),
observaram que com o aumento da proteína da ração houve aumento no consumo.
Tabela 2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase
de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 14 17 20 23 26 CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)²** 25,99 27,78 28,88 26,62 25,92 5,64
Produção de ovos (%)¹* 88,56 91,54 92,28 93,66 92,50 3,37
Peso do ovo (g)²** 10,49 11,66 12,21 11,90 11,58 2,76
Massa de ovo (g/ave/dia)²** 9,25 10,52 11,22 11,10 10,68 4,72
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 3,64 4,72 5,78 6,12 6,74 5.61
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 72,78 77,77 78,00 74,54 72,58 5,51
Conversão alimentar (kg/massa)¹** 2,82 2,67 2,58 2,40 2,43 6,70
Conversão alimentar (kg/dz)³ 0,355 0,372 0,373 0,343 0,340 6,89
Eficiência energética (kcal/dz)²** 964 1.030 1.047 980 940 4,87
Eficiência energética (kcal/kg)¹** 7.897 7.633 7.128 6.391 6.525 5,40
Peso final (g)¹** 171,00 178,77 182,21 183,21 186,27 3,97 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação
Baker (1993) afirma que pode ocorrer aumento no consumo alimentar em rações
com baixo nível de proteína bruta; entretanto se o nível proteico for exageradamente
alto ou baixo, a ave terá melhor consumo em um nível intermediário (DUKE, 1996). De
acordo com Moura et al. (2010), se o conteúdo proteico da ração é baixo, as aves podem
63
vir a aumentar o seu consumo alimentar para compensar parcialmente o menor conteúdo
em aminoácidos.
Entretanto, para Freitas et al. (2006) e Veloso et al. (2012), não há efeito da
proteína bruta sobre o consumo de ração porque a ação da proteína não é resultado
apenas da quantidade fornecida na ração, mas também de sua qualidade, ou seja, da
concentração e do balanceamento dos aminoácidos. No presente experimento, as rações
foram formuladas para atende as exigências de aminoácidos digestíveis sugeridas por
Rostagno et al. (2005), podendo variar além da necessidade, e com isso, as proporções
de aminoácidos foram diferentes entre as rações experimentais, fato que pode ter
contribuído para o resultado do consumo de ração.
Com o aumento dos níveis de proteína bruta da ração, verificou-se que as aves
aumentaram linearmente a ingestão diária de proteína, onde para cada aumento de 1%
na proteína da ração, houve aumento médio de 0,25g na ingestão proteica. Apesar do
consumo de ração ter diminuído a partir de 19,72% de proteína, as aves permaneceram
aumentando a ingestão proteica, fato que pode ser explicado possivelmente por conta da
maior concentração de proteína presente por grama de ração ingerida.
O nível de 26% de proteína bruta promoveu a maior ingestão de proteína (6,74
g/ave/dia), valor próximo ao recomendado por Pinto et al. (2002), que sugeriram que
codornas em produção devem ingerir em média, 6,02 g de proteína diariamente. Já
Freitas et al. (2005) e Moura et al. (2010) verificaram consumo diário de 4,4 e 4,8 g,
respectivamente. As diferenças nos resultados obtidos na literatura podem ser atribuídas
a variações das condições experimentais como produção de ovos, peso da ave, balanço
de aminoácidos, condições de alojamento dentre outros.
A ingestão de energia aumentou até o nível de 19,56% de proteína bruta (PB),
diminuindo em seguida, possivelmente acompanhando a diminuição do consumo de
ração que ocorreu a partir de 19,72% de PB. Pelo fato de as rações terem sido
formuladas como isoenergéticas, a redução do consumo de ração fez com que houvesse
uma menor ingestão de energia por grama de ração consumida. Apesar de as aves
normalmente apresentarem uma capacidade de regular a ingestão de energia através do
controle do consumo de ração, esse mecanismo regulatório pode ser ineficiente em
alguns casos (OLIVEIRA et al., 2002; FREITAS et al., 2006; MENDONÇA et al.
2008). Diversos fatores podem interferir nas exigências de proteína e energia e dentre
64
estes, Oliveira et al. (2002) citam a genética, peso, idade, condições de alojamento da
ave, balanço e disponibilidade de aminoácidos na dieta.
Para o peso de ovo, observou-se efeito quadrático (Tabela 3) com máximo peso
aos 21,65% de PB, concordando com Freitas et al. (2005) que verificou aumento do
peso do ovo até o nível de 21,16% e Pinto et al. (2002), que verificou aumento linear
com o aumento dos níveis de proteína. De acordo com Murakami (2002), o tamanho do
ovo é altamente dependente da ingestão diária de proteína pelo fato das aves poedeiras
terem pouca habilidade em estocá-la. Desta forma, o aumento da ingestão de proteína
promoveu máximo aumento no peso dos ovos, em nível bem próximo ao recomendado
por Silva e Costa (2009), que é de 20% de PB.
Tabela 3.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e retenção de
nitrogênio de codornas japonesas em fase de produção em função dos
diferentes níveis de proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Produção de ovos (%) Y=85,03+0,333x 0,68
Consumo de ração (g/ave/dia) Y = 2,629 + 2,603x -0,066x2 0,79
Massa de ovo (g/ave/dia) Y = - 4,419+ 1,442x -0,033x2 0,99
Peso do ovo (g) Y = - 1,688+ 1,299x - 0,030x2 0,96
Conversão alimentar/massa Y=3,273-0,034x 0,91
Eficiência energética (Kcal/kg) Y=9773,8-132,94x 0,90
Eficiência energética (kcal/dz) Y=159,8+90,781x-2,3523x² 0,89
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=0,3323+0,2534x 0,96
Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y=24,205+5,4655x-0,1397x² 0,84
Peso final (g) Y=156,97+1,1659x 0,89
Retenção de nitrogênio (g/ave/dia) Y=0,935-0,0678x+0,0019x² 0,73
CDN (%) Y=181,5-14,29x+0,360x² 0,91 CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio
Ao mesmo tempo em que o peso do ovo atingiu sua máxima resposta, verificou-
se paralelamente uma redução no consumo de ração a partir de 19,72% de PB, fato esse
que provavelmente promoveu consumo insuficiente de nutrientes para a manutenção do
bom peso dos ovos. Apesar de ter havido um aumento linear da ingestão de proteína,
esta não foi suficiente para manter constante o peso dos ovos, tendo em vista que além
de proteína (aminoácidos), os ovos são compostos por outros nutrientes como lipídeos,
carboidratos, minerais e vitaminas. Por conta disso, houve uma redução no tamanho do
ovo a partir de 21,65%.
A produção de ovos aumentou linearmente com o aumento dos níveis de
proteína da ração. Pinto et al. (2002) verificaram efeito quadrático enquanto que
65
Murakami et al. (1993) e Freitas et al. (2005) não verificaram efeito significativo do
aumento dos níveis proteicos da ração na produção de ovos de codornas japonesas.
Outros pesquisadores (VOHRA; ROUDYBUSH, 1971; BEGIN; INSKO JR., 1972;
SAKURAI, 1981) também observaram aumento significativo na produção de ovos com
o aumento do nível de proteína da ração.
De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui correlação positiva
com o teor proteico da ração e, portanto, o aumento linear observado na ingestão de
proteína pode ter contribuído para o comportamento semelhante observado na produção
de ovos. Porém, segundo Leeson et al. (1996), a energia é o fator de maior importância
para que sejam obtidos ótimos índices de postura.
No presente trabalho, a ingestão de energia apresentou efeito quadrático com o
aumento dos níveis de proteína e mesmo nestas condições, a produção de ovos manteve-
se crescente. Sendo assim, é possível inferir que o aumento do consumo de proteína
ocasionado pelos maiores níveis de PB da ração foi suficiente para promover o aumento
da produção de ovos, mesmo com a redução da ingestão de energia a partir de 19,56%
de PB.
Para massa de ovo foi observado efeito quadrático, com máximo valor em
21,85% de PB. Efeito semelhante foi apresentado por Pinto et al. (2002), com maior
valor em 23,45% de PB. Considerando que a massa de ovo é uma variável calculada
através do peso médio e do número de ovos produzidos, o resultado obtido no presente
trabalho está dentro do esperado por ter sido influenciado pelo peso dos ovos. Para Johri
e Vohra (1977) e Ribeiro et al. (2003), o aumento da proteína bruta na ração promove
aumento na massa produzida, já que o peso e a massa de ovo são influenciados pela
ingestão diária de proteína em poedeiras (MURAKAMI; FURLAN, 2002).
A conversão alimentar por massa de ovo melhorou linearmente com o aumento
dos níveis de proteína bruta da ração. Resultados semelhantes foram obtidos por Freitas
et al. (2005) e Murakami (1991). O resultado do presente estudo está associado ao
comportamento das equações de regressão observado para o consumo de ração e massa
de ovo, onde ambos apresentaram efeito quadrático. Desta forma, a relação numérica
estabelecida entre as duas variáveis determinou o efeito linear verificado para a
conversão alimentar (kg/massa).
66
Observou-se que para cada 1% a mais de proteína bruta na ração as codornas
apresentaram redução de 0,034 pontos na conversão alimentar. No presente estudo,
entre o menor (14%) e o maior (26%) nível estudado de proteína bruta, houve uma
variação de 0,07g/ave/dia no consumo de ração e para a massa de ovo produzida, a
diferença foi de 1,43g/ave/dia. Verifica-se que, a diferença entre os consumos de ração
foi consideravelmente inferior à diferença entre as massas de ovo produzidas, que
mesmo diminuindo a partir de 21,85% de PB, foi sempre superior ao consumo de ração,
fazendo assim, com que a conversão alimentar melhorasse ao longo dos níveis
estipulados.
Verificou-se que a eficiência energética para produção de uma dúzia de ovos
apresentou efeito quadrático com máximo valor em 19,30% de PB, enquanto que a
eficiência para produção de 1 kg de massa de ovo melhorou linearmente com o aumento
dos níveis de proteína da ração. Já para a eficiência energética para produção de dúzia
de ovos, o ponto de máxima resposta desta ficou próximo dos apresentados pelo
consumo de ração (19,72%) e ingestão de energia (19,56%).
Observa-se que com o aumento inicial da ingestão de energia, as codornas
disponibilizaram mais EM para produção de uma dúzia de ovos; com o menor consumo
de ração e a consequente redução da ingestão energética (a partir de 19,56%), houve
uma melhora na eficiência energética (kcal/dz) e as aves conseguiram manter crescente
a produção de ovos, embora o peso do ovo tenha sido reduzido.
De acordo com Barreto et al. (2007), a energia no metabolismo animal sofre
partição, de modo que somente pequena parte (20 a 27%) do total de energia consumida
é destinada à produção. Isso indica que o baixo aporte energético na ração, muitas
vezes, não é suficiente para atender à manutenção e à produção das aves e, portanto,
uma deficiência energética pode vir a prejudicar o desempenho produtivo destas.
Contudo, no presente estudo, foi possível manter a produção de ovos em níveis
crescentes, mesmo com um menor aporte energético.
O peso final das codornas aumentou linearmente sob o efeito dos níveis de
proteína da ração. Para cada aumento de 1% na proteína bruta da ração, houve aumento
de 1,16g no peso final da codorna. Este resultado concorda com Shrivastav et al. (1993),
Pinto et al. (2002) e Freitas et al. (2005), que também verificaram que as codornas
aumentavam seu peso em função do aumento dos níveis de proteína. De acordo com
67
Freitas et al. (2005), durante o ciclo de postura, as aves necessitam de proteína para
manutenção, crescimento corporal e aumento da massa de ovos produzida.
Além da proteína como nutriente essencial para manutenção e crescimento
corporal, o componente energia também pode ter influenciado na variação de peso
corporal observada, pois, segundo Freitas et al. (2005), a ingestão de energia é uma
variável que influencia o ganho de peso. Assim, considerando que com o aumento dos
níveis de proteína da ração, as aves não mantiveram constante a ingestão de energia, é
possível que essa variação tenha promovido aumento do peso final, uma vez que esta
variável depende da ingestão de energia para ser alterada.
Para a qualidade dos ovos (Tabela 4), foi verificado efeito quadrático para
porcentagem de casca, peso de gema, de albúmen e de casca, com máximo valor com
19,84; 23,22; 21,13 e 22,46%, respectivamente. Para porcentagem de gema e gravidade
específica foi verificado efeito linear crescente. Não foi verificado efeito significativo
para porcentagem de albúmen e espessura de casca.
Tabela 4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em
fase de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 14 17 20 23 26 CV (%)
Gema (%)¹** 31,72 31,73 32,43 32,80 33,60 3,59
Casca (%)²** 8,37 8,10 8,14 8,17 8,30 2,67
Albúmen (%)³ 53,65 54,30 54,73 53,83 53,36 2,14
Gema (g)²** 3,40 3,70 3,94 3,92 3,92 5,19
Casca (g)²** 0,842 0,893 0,927 0,921 0,916 2,85
Albúmen (g)²** 5,40 5,93 6,22 6,02 5,84 4,23
Gravidade específica (g/cm³)¹* 1,0710 1,0710 1,0712 1,0715 1,0715 0,07
Espessura de casca (mm)³ 0,227 0,217 0,225 0,232 0,227 3,22 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação
Observou-se efeito dos níveis de proteína bruta sobre o peso de gema, albúmen e
casca, fato que corroborou com o efeito quadrático observado para o peso do ovo. A
redução no peso dos constituintes do ovo pode estar associada à redução no consumo de
ração que como consequência, reduziu o consumo de nutrientes e de energia necessários
à formação do ovo. Observa-se que essa redução do peso dos constituintes do ovo
ocorreu em níveis muito próximos de PB e todos com comportamento quadrático,
semelhante ao do consumo de ração e da ingestão de energia.
68
As porcentagens de gema, casca e albúmen, diferentemente dos resultados para o
peso deles, apresentaram respostas distintas entre si, com efeito linear crescente para
gema, quadrático para casca e não significativo para albúmen (Tabela 5). Considerando
que são variáveis associadas ao peso do ovo, as considerações a cerca dos resultados
devem ser feitas com relação a ele.
O efeito linear para porcentagem de gema ocorreu em função da redução do peso
do ovo ter sido numericamente sempre mais acentuada do que a redução do peso da
gema ao longo dos níveis estudados, provocando essa linearidade nos resultados. Para a
porcentagem de casca, observou-se uma relação direta entre o peso de casca e de ovo,
fazendo assim com que a variável seguisse o comportamento quadrático semelhante ao
observado para peso de casca e de ovo. A porcentagem de albúmen não apresentou
efeito significativo, sugerindo a existência de uma proporcionalidade existente entre o
peso do albúmen e do ovo.
Tabela 5.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
qualidade de ovos de codornas japonesas em fase de produção em função dos
diferentes níveis de proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Gema (%) Y=29,23+0,161x 0,93
Casca (%) Y=10,65-0,252x+0,006x² 0,85
Gema (g) Y=0,3701+0,3112x-0,0067x² 0,98
Casca (g) Y=0,324+0,0539x-0,0012x² 0,98
Albúmen (g) Y= -0,5509+0,638x-0,0151x² 0,95
Gravidade específica (g/cm³) Y=1,0703+0,00005x 0,93
A gravidade específica aumentou linearmente com os níveis de proteína bruta,
onde para cada 1% de aumento da proteína verificou-se aumento de 5 x 10-7
g/cm³ na
gravidade específica. Freitas et al. (2004) relataram que a gravidade específica dos ovos
apresenta relação direta com o percentual de casca, podendo ser utilizado como método
indireto na determinação da qualidade desta. Observa-se que, embora tenha sido
determinado efeito quadrático para a variável porcentagem de casca, seu R² sugere
apenas 85% de representação dos dados, e de fato, em temos absolutos, verifica-se
numericamente que esse percentual de casca tende a aumentar gradualmente,
corroborando com o resultado obtido para gravidade específica. Contudo, essa
constatação é apenas numérica e não estatística.
69
Para espessura de casca não houve efeito significativo, o que nos sugere que
embora o peso da casca tenha diminuído, este foi acompanhado de uma redução no
tamanho do ovo, situação que manteve constante a espessura de casca. Isto ocorre
porque a deposição de cálcio no ovo é feita em menor área específica, concentrando
mais carbonato de cálcio em um menor espaço.
O teor de ácido úrico (Tabela 6) no plasma sanguíneo não foi influenciado
significativamente pelos níveis de proteína bruta, variando no presente estudo de 1,61 a
2,44 mg/dL. Estes dados encontram-se dentro dos valores normais para aves poedeiras,
que segundo Schmidt et al. (2007) para aves em postura estão entre 2 a 7 mg/mL.
Tabela 6. Valores médios da concentração sérica de ácido úrico, retenção de nitrogênio
e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase
de produção em função dos diferentes níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 14 17 20 23 26 CV (%)
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)² 1,62 2,09 1,61 2,44 2,14 36,47
Retenção de N (g/ave/dia)¹** 0,339 0,347 0,341 0,324 0,456 9,53
CDN (%)¹** 50,95 45,19 40,00 41,25 55,00 6,18 ¹ Efeito quadrático; ² Não significativo; **(P<0,01); CDN- Coeficiente de digestibilidade de nitrogênio; CV-
coeficiente de variação
De acordo com Bell (1971), os valores de ácido úrico para aves estão
relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de excreção de
bases nitrogenadas. A excreção de ácido úrico é utilizada como indicador da qualidade
da proteína ingerida pelas aves, pois menos proteína é depositada no músculo e mais
ácido úrico é excretado quando as aves recebem na alimentação proteína de baixa
qualidade, ou quando são sujeitas ao desequilíbrio de aminoácidos.
A retenção de nitrogênio (Tabela 3) diminuiu até o nível 17,84% de PB e depois
aumentou novamente. Observa-se assim, que o aumento dos níveis de proteína fez com
que houvesse maior ingestão de proteína e que esta pode ser aproveitada pela ave
através de sua menor excreção e consequentemente, maior retenção.
O coeficiente de digestibilidade de nitrogênio apresentou redução até o nível
19,84% de proteína bruta e depois aumentou, corroborando com os resultados obtidos
para retenção de nitrogênio.
70
CONCLUSÕES
Recomenda-se nível de 20% de proteína bruta para codornas japonesas em fase
de postura.
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75
EXPERIMENTO 3
Exigência nutricional de proteína bruta para codornas europeias (Coturnix
coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade
RESUMO
O objetivo do trabalho foi determinar a exigência nutricional de proteína bruta para
codornas europeias nas fases de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade. Nos dois
experimentos foram utilizadas 300 codornas em um delineamento inteiramente
casualizado com cinco tratamentos, seis repetições com dez aves por unidade
experimental. Na fase de 1 a 21 dias foram utilizados os níveis 19, 22, 25, 28 e 31%
de proteína bruta e na fase de 21 a 42 dias utilizou-se os níveis 16, 19, 22, 25 e 28%
de proteína bruta. As rações foram formuladas para serem isoenergéticas. Na fase de
1 a 21 dias foi verificado efeito quadrático para ganho de peso, com máximo ganho
com 28% de PB. Foi verificado efeito linear crescente para ingestão de proteína e
linear decrescente para consumo de ração, conversão alimentar, ingestão de energia e
concentração sérica de ácido úrico. Na fase de 21 a 42 dias foi verificado efeito
linear crescente para ingestão de proteína e retenção de nitrogênio, linear decrescente
para consumo de ração, ingestão de energia e coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio. Não houve efeito significativo para ganho de peso, conversão alimentar e
concentração sérica de ácido úrico. Recomenda- se 28% de proteína bruta para a fase
de 1 a 21 dias e 22% para a fase de 21 a 42 dias.
Palavras- chave: ácido úrico, carne, consumo de ração, digestibilidade
76
Nutritional requirement of crude protein for european quail (Coturnix coturnix
coturnix) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days
ABSTRACT
The objective of this study was to determine the nutritional requirement of crude protein
to stage european quail 1 to 21 and 21 to 42 days old. In both experiments we used 300
quails in a completely randomized design with five treatments, six replicates with ten
birds each. From 1 to 21 days were used levels 19, 22, 25, 28 or 31% of crude protein
and the phase used 21 to 42 days the levels 16, 19, 22, 25 and 28% crude protein. Diets
were formulated to be isocaloric. From 1 to 21 days was observed quadratic effect on
weight gain, with maximum gain with 28% CP. Increasing linear effect was observed
for protein intake and decreasing linear feed intake, feed conversion, energy intake and
serum uric acid. In the period from 21 to 42 days was found to linearly increasing
protein intake and nitrogen retention, decreasing linear feed intake, energy intake and
digestibility of nitrogen. No significant effects on weight gain, feed conversion and
serum uric acid. It is recommended to 28% crude protein for the stage of 1 to 21 days
and 22% for the period from 21 to 42 days.
Keywords: uric acid, meat, feed intake, digestibility
77
INTRODUÇÃO
A proteína bruta é o segundo nutriente mais caro na formulação de rações para
codornas de corte. Sendo assim, deve estar em quantidade adequada e devidamente
balanceada para o atendimento das exigências nutricionais das aves e maior rendimento
econômico da criação.
Contudo, ainda são limitadas as informações sobre os níveis proteicos exigidos
pelas codornas destinadas à produção de carne, devido às controvérsias acerca dessas
recomendações. Alguns trabalhos utilizam as exigências de codornas japonesas ou de
frangos de corte como sendo semelhantes às exigências de codornas de corte, gerando
equívocos na determinação dos verdadeiros níveis proteicos. Segundo Corrêa et al.
(2007b) as exigências nutricionais de codornas de corte são diferentes já que essas
apresentam peso e taxas de crescimento maiores que as de postura.
Diferentemente dos carboidratos e dos lipídeos, que podem ser armazenados
tanto como glicogênio hepático ou muscular e em reservas de lipídeos corporais,
respectivamente, os aminoácidos e/ou proteínas, quando fornecidos em excesso, não são
armazenados pelos animais. Dessa forma, o consumo de aminoácidos em excesso é
dispendioso, pois o excesso é catabolizado para formar energia, que é suprida por
carboidratos e lipídeos a custo mais baixo (CORRÊA et al., 2008).
Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar o nível de proteína bruta nas
fases 1 a 21 e 21 a 42 dias que proporcione os melhores resultados de desempenho de
codornas europeias.
MATERIAL E MÉTODOS
78
O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de
07/12/2011 a 28/12/2011 para a fase de 1 a 21 dias e no período de 28/12/2011 a
18/01/2012 para a fase de 21 a 42 dias de idade. Foram utilizadas 300 codornas
europeias de 1 dia de idade para a fase de 1 a 21 dias e paralelo a estas, foram criadas
outras 300 codornas até atingirem 21 dias de idade para que fosse dado início à fase
experimental de 21 a 42 dias.
Nas duas fases de criação, as aves foram alojadas em boxes dotados de
aquecimento, em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e
seis repetições de 10 aves por unidade experimental. O peso inicial das aves na fase 1 a
21 dias foi de 8,33 ± 0,12g e na fase de 21 a 42 dias foi de 142,66 ± 1,42g.
Os tratamentos consistiram de uma ração basal, composta por milho, farelo de soja e
farelo de carne e ossos, formulada segundo as recomendações de Silva e Costa
(2009) para cada fase de criação, exceto para os níveis de proteína bruta (PB), onde
os tratamentos da fase de 1 a 21dias (Tabela 1) foram constituídos por 19, 22, 25, 28
e 31% de PB e na fase de 21 a 42 dias (Tabela 2) por 16, 19, 22, 25 e 28% de PB.
As dietas das duas fases foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e
suplementadas com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL e L-
treonina, podendo atender ou exceder as recomendações dos aminoácidos essenciais.
Todas as dietas foram isoenergéticas, seguindo as recomendação de Silva e Costa
(2009), os dados de composição de alimentos foram baseados segundo Rostagno et
al. (2005) e as análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal/DZ/UFPB.
Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho
de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de
proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido
úrico (mg/dL).
Além dos parâmetros anteriormente citados, na fase de 21 a 42 dias foram avaliados
também o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) e retenção de
nitrogênio (g/ave/dia).
Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho
de peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração
79
foi determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de
peso foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A
conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o
ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da
quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração
ingerida.
Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias
na fase de 1 a 21 dias
Níveis de proteína bruta (%)
19 22 25 28 31
Ingredientes
Milho 64,776 60,438 53,551 43,564 39,381
Soja 45% 26,494 31,589 40,517 48,318 45,977
Óleo de soja 0,116 0,000 0,607 2,182 1,332
Farinha de carne e osso 40% 0,000 3,413 3,228 3,087 3,015
Calcário 1,181 0,631 0,630 0,625 0,665
Farelo de glúten 60% 0,000 0,000 0,000 1,218 8,864
Fosfato bicálcico 1,177 0,000 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,334 0,267 0,259 0,255 0,260
Dl- metionina 0,543 0,469 0,392 0,308 0,170
L-treonina 0,492 0,384 0,252 0,122 0,013
L - lisina HCL 0,734 0,510 0,240 0,000 0,000
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 3,829 1,977 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 19 22 25 28 31
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900
Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850 0,850
Cloro (%) 0,234 0,213 0,205 0,198 0,202
Potássio (%) 0,681 0,786 0,928 1,040 1,000
Sódio (%) 0,170 0,170 0,170 0,170 0,170
Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320 0,320
Arginina dig.(%) 1,068 1,302 1,553 1,782 1,835
Leucina Dig 1,477 1,659 1,876 2,151 2,812
Isoleucinadig. (%) 0,677 0,790 0,942 1,094 1,221
Lisina dig.(%) 1,370 1,370 1,370 1,370 1,370
Met.+cist.dig.(%) 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040
Metionina dig.(%) 0,791 0,756 0,722 0,688 0,638
Treonina dig.(%) 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040
Triptofanodig.(%) 0,190 0,229 0,271 0,315 0,320
Valina dig.(%) 0,728 0,852 0,996 1,141 1,290
80
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Colistin;
6Areia lavada.
A retenção de nitrogênio e o CDN foi determinado pelo método de coleta total de
excretas segundo metodologia de Matterson et al. (1965), com uma duração de 4
dias. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia (08:00 h e 16:00 h) e
acondicionadas em “freezer” para posterior determinação de N em laboratório, de
acordo com Silva e Queiroz (2002). O cálculo da retenção de nitrogênio foi feito
através da diferença entre o N ingerido e o N excretado.
Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias
na fase de 21 a 42 dias
Níveis de proteína bruta (%)
16 19 22 25 28
Ingredientes
Milho 75,548 70,451 59,714 49,326 39,006
Soja 45% 16,250 24,841 34,457 43,301 52,034
Óleo de soja 0,000 0,000 1,916 3,742 5,548
Farinha de carne e osso 40% 2,882 2,684 2,528 2,391 2,256
Calcário 0,554 0,560 0,546 0,532 0,517
Sal comum 0,242 0,234 0,228 0,222 0,217
Dl- metionina 0,354 0,275 0,202 0,136 0,072
L-treonina 0,322 0,191 0,058 0,000 0,000
L - lisina HCL 0,530 0,266 0,000 0,000 0,000
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,035 0,035 0,035 0,035 0,035
Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 2,967 0,147 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 16 19 22 25 28
Energia Metabolizável (kcal/kg) 3.050 3.050 3.050 3.050 3.050
Cálcio (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700
Cloro (%) 0,201 0,193 0,184 0,176 0,167
Potássio (%) 0,545 0,687 0,830 0,961 1,090
Sódio (%) 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150
Fósforo disponível (%) 0,270 0,270 0,270 0,270 0,270
Arginina dig.(%) 0,859 1,106 1,367 1,604 1,838
Leucina Dig (%) 1,304 1,526 1,726 1,909 2,087
Isoleucinadig. (%) 0,531 0,681 0,836 0,978 1,118
Lisina dig.(%) 1,020 1,020 1,032 1,233 1,430
81
Met.+cist.dig.(%) 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800
Metionina dig.(%) 0,572 0,537 0,506 0,479 0,451
Treonina dig.(%) 0,780 0,780 0,780 0,836 0,943
Triptofano dig.(%) 0,139 0,187 0,238 0,284 0,330
Valina dig.(%) 0,607 0,750 0,893 1,024 1,152
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Poulcox;
5Colistin;
6Areia lavada.
A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade
da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último
dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi
estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através
de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as
instruções do fabricante.
Ao final do período experimental (42 dias de idade), três aves de cada parcela
foram selecionadas para serem abatidas para a avaliação das características de carcaça.
Foram selecionadas aves com peso semelhante ao peso médio da parcela.
Após jejum alimentar de oito horas, as aves foram novamente pesadas e abatidas
e, em seguida, depenadas, evisceradas e retiradas a cabeça, os pés e a gordura
abdominal para a pesagem da carcaça e cálculo do rendimento de carcaça (%). Em
seguida procederam-se os cortes.
O rendimento de carcaça (%) foi calculado em relação ao peso vivo das
codornas e os rendimentos (%) de peito, coxa+sobrecoxa e vísceras comestíveis (moela,
fígado, coração) em relação ao peso da carcaça. Toda a gordura encontrada ao redor da
cloaca, moela, proventrículo e ao redor dos músculos (se houver) foi considerada como
gordura corporal.
Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas das
exigências foram determinadas pelos modelos de regressão polinomial. No modelo
quadrático as exigências de proteína bruta foram obtidas por derivação das equações e
corresponderam ao nível que maximizou a variável dependente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
82
Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram
29ºC e 19,8ºC, respectivamente, e a umidade relativa 78%. Houve efeito quadrático
para ganho de peso, com máximo ganho com 28% de PB. Foi verificado efeito linear
crescente para ingestão de proteína e linear decrescente para consumo de ração,
conversão alimentar, ingestão de energia e concentração sérica de ácido úrico (Tabela
3).
Observou-se uma redução linear do consumo de ração com o aumento dos níveis
proteicos, onde para cada aumento de 1% da proteína da ração, a codorna reduziu o
consumo em 0,137g. O mesmo comportamento ingestivo foi observado por Corrêa et al.
(2007ab) e Corrêa et al. (2008), onde a partir dos níveis 30,8; 26,6 e 29,02% de PB,
respectivamente, as codornas diminuíram a ingestão de ração com o aumento dos níveis
proteicos.
Tabela 3.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de
ácido úrico de codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função
dos diferentes níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 19 22 25 28 31 CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)¹** 15,62 14,85 14,62 14,60 13,68 4,27
Ganho de peso (g/ave/dia)²* 6,67 6,89 7,34 7,40 7,23 4,05
Conversão alimentar (g/g)¹** 2,34 2,16 2,00 2,06 1,90 5,13
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)¹** 45,29 43,06 42,38 41,60 39,65 4,26
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 2,96 3,26 3,65 4,25 4,23 4,69
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 3,30 3,53 2,57 2,51 2,41 13,77 ¹ Efeito linear; ² Efeito quadrático; *(P<0,05); **(P<0,01); CV – coeficiente de variação
Ton et al. (2011) estudando diferentes níveis de lisina na alimentação de
codornas de corte em crescimento, verificaram redução linear do consumo com o
aumento de lisina da dieta. De acordo com os autores, as codornas que consumiram a
ração de menor conteúdo aminoacídico compensaram esse baixo suprimento com maior
quantidade de alimento como forma de estabelecer o mecanismo regulador de consumo.
O resultado do consumo de ração do presente estudo discorda dos apresentados
por Oliveira et al. (2002), Freitas et al. (2006) e Veloso et al. (2012). Segundo estes
autores, não há efeito da proteína bruta sobre o consumo de ração em codornas de corte
83
porque a ação da proteína sobre o consumo não é resultado apenas da quantidade de PB
fornecida na ração, mas também da qualidade (em relação aos aminoácidos) que esta
ração contém. Citam ainda que o ajuste do consumo de ração ocorre apenas em função
dos níveis energéticos.
Contudo, pesquisas mostram que pode haver uma resposta da ave em função dos
níveis de proteína da dieta. De acordo com Moura et al. (2010), se o conteúdo proteico
da ração é baixo, as aves podem vir a aumentar o seu consumo alimentar, para
compensar parcialmente o menor conteúdo em aminoácidos. O inverso ocorre quando
há um alto conteúdo de proteína e neste caso, as aves reduzirão o consumo por conta
deste excesso.
Para Shirisvastav e Panda (1999), a qualidade da proteína é mais importante que
seu nível na ração, entretanto, em razão dos efeitos da proteína na fase inicial sobre o
consumo e ganho de peso, o nível de PB da ração não deve ser menosprezado
(OLIVEIRA et al. 2002).
Observa-se que a ingestão de energia reduziu linearmente com o aumento dos
níveis de proteína da dieta (Tabela 4) na fase de 1 a 21 dias. Para cada aumento de 1%
da PB, as codornas reduziram sua ingestão diária de energia em 0,424 kcal.
Considerando que as rações eram isoenergéticas, a redução da ingestão de energia deve
estar associada à redução também linear do consumo de ração, fato que fez com que as
codornas ingerissem menos energia por grama de ração consumida. Este resultado
mostrou que o mecanismo de regulação da ingestão de energia não é fisiologicamente
perfeito.
Tabela 4.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na
fase de 1 a 21 dias de idade em função dos diferentes níveis de proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y=18,11-0,137x 0,88
Ganho de peso (g/ave/dia) Y= 0,144+0,5162x- 0,0092x² 0,91
Conversão alimentar (g/g) Y=2,915-0,033x 0,85
Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y=53-0,424x 0,95
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=0,732+0,117x 0,94
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y=5,2046-0,0937x 0,75
Nem sempre é possível observar em codornas jovens, a mesma eficiência na
capacidade de regulação do consumo de ração geralmente vista em aves adultas. Alguns
84
autores (NASCIMENTO et al., 2004; MENDONÇA et al., 2008) afirmam que na fase
inicial as aves têm metabolismo acelerado, não sendo possível controlar bem o consumo
de ração pelo nível de energia da dieta. Segundo Maiorka et al. (1997), o consumo de
ração só deve ser adequadamente regulado pela energia após a terceira semana de idade,
o que pode estar relacionado à possibilidade de as aves ainda não digerirem
eficientemente os lipídios.
A ingestão diária de proteína na fase de 1 a 21 dias aumentou linearmente com o
aumento dos níveis proteicos da ração. Para cada 1% de aumento da PB as codornas
aumentaram a ingestão proteica em 0,117g. Observa-se que apesar de ter havido
redução de 0,137g no consumo de ração para cada 1% de aumento de PB, a ingestão de
proteína permaneceu aumentando em 0,117g nessa mesma proporção.
O aumento dos níveis proteicos da dieta eleva naturalmente a concentração de
proteína em 1 grama de ração. Desta forma, as aves alimentadas com as rações com os
maiores níveis consumiram mais proteína, mesmo quando diminuíram o consumo de
ração, devido à concentração superior de PB. Este pode ser o motivo de as aves terem
diminuído o consumo de ração, justamente por conta do excesso de proteína,
considerando que não houve regulação da ingestão de energia.
O ganho de peso na fase de 1 a 21 dias aumentou até o nível 28% de PB e em
seguida diminuiu. Resultados semelhantes foram observados por Corrêa et al. (2007a),
Fridrich et al. (2005) e Veloso et al. (2012), com máximo ganho de peso nos níveis
30,1; 25,67 e 26% de PB. Silva et al. (2006) verificaram diminuição do ganho de peso
com a redução da proteína bruta da dieta. Entretanto, Freitas et al. (2006) não
encontraram efeito significativo dos níveis de PB sobre o ganho de peso das codornas
de corte.
O crescimento de codornas de corte é acentuado na fase inicial devido o
acelerado crescimento corporal. De acordo com Silva e Ribeiro (2001) apud Scherer et
al. (2011), esse crescimento ocorre em função da hipertrofia, principalmente dos
músculos peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras. As exigências nutricionais
variam de acordo com a idade das aves, de modo que, nas primeiras semanas de vida, a
exigência de proteína e aminoácidos é maior devido ao rápido crescimento das codornas
(ENKE et al., 2005).
85
Observa-se no presente estudo, uma redução no ganho de peso a partir de 28%
de PB, mesmo com o aumento da ingestão diária de proteína bruta. Podemos inferir com
isso, que o aumento do ganho de peso ocorreu até o ponto em que se estabeleceu o
limite fisiológico para a expressão dessa característica. De acordo com Corrêa et al.
(2007a), à semelhança do que ocorre em frangos de corte, o peso e ganho de peso em
codornas de corte são limitados, tanto pela quantidade de aminoácidos essenciais em
dietas com baixos níveis de proteína bruta, como pela redução da eficiência de
utilização dos aminoácidos em dietas com níveis proteicos acima da exigência.
Segundo Leeson (1995), a redução da eficiência do uso da proteína ocorre
porque a síntese muscular é geneticamente controlada, havendo, portanto, um limite
para a deposição diária de proteína, independentemente de sua ingestão. De acordo com
Sklan e Plavnik (2002), rações para frangos de corte devem ser formuladas para
fornecer aminoácidos suficientes para síntese proteica, de modo que o excesso pode
diminuir a eficiência de utilização dos aminoácidos essenciais. A redução no
desempenho e na eficiência alimentar com o aumento da ingestão de PB pode ser
atribuída à menor eficiência de uso dos aminoácidos excedentes, visto que o excesso de
proteína, ou de aminoácidos ingeridos, é catabolizado na forma de ácido úrico gerando
um custo energético para que esse processo ocorra.
Esse custo é relativamente alto, pois o gasto de energia para incorporar um
aminoácido na cadeia proteica é estimado em torno de 4 mols de ATP e, para excretar
um aminoácido, são gastos de 6 a 18 mols de ATP, desviando para a excreção de
nitrogênio (N) a energia que deveria ser utilizada para manutenção corporal
(LECLERCQ, 1996, apud COSTA et al., 2001).
Além da redução na eficiência alimentar, a diminuição da ingestão diária de
energia pode ter sido outro fator a contribuir para a redução do ganho de peso a partir de
28% de PB. Para Veloso et al. (2012), o aumento do ganho de peso pode estar associado
a níveis energéticos mais elevados, indicando a influência da energia sobre o
desempenho de codornas nas primeiras fases de crescimento em função de sua maior
demanda energética para aumento de tamanho corporal. Desta forma, a maior exigência
energética pode estar ligada à alta taxa de crescimento e, portanto, à uma maior
demanda metabólica.
86
A conversão alimentar melhorou linearmente na fase de 1 a 21 dias, onde para
cada aumento de 1% de PB verificou-se diminuição de 0,033 pontos na conversão. Por
ser uma variável calculada através do consumo de ração e do ganho de peso, o resultado
era esperado tendo em vista que a redução do consumo de ração com o aumento dos
níveis proteicos foi mais expressiva do que a redução do ganho de peso observada a
partir de 28% de PB. Resultados semelhantes foram observados por Fridrich et al.
(2005) e Veloso et al. (2012).
A concentração sérica de ácido úrico na fase de 1 a 21 dias diminuiu linearmente
com o aumento dos níveis de proteína bruta da ração. Esperava-se efeito contrário, onde
o aumento da ingestão de proteína juntamente com a redução no ganho de peso (a partir
de 28% de PB) promovesse uma maior concentração de ácido úrico devido o aumento
do catabolismo proteico. Isso porque com a redução do ganho de peso, menos proteína
ingerida seria retida e mais seria excretada na forma de ácido úrico, já que a síntese
proteica não estava sendo eficientemente realizada (redução de ganho de peso).
Entretanto, observa-se que a redução no ganho de peso ocorreu a partir de 28%
de PB, ou seja, em um nível muito próximo ao ultimo nível estudado (31%). Esta
situação limítrofe pode ter contribuído para o não surgimento do efeito esperado
(aumento da concentração de ácido úrico) dentro da margem de níveis avaliados (19 a
31%), contudo evidenciou a retenção de nitrogênio (diminuição da concentração de
ácido úrico) ocorrida até o nível de 28% de PB. É possível que se tivessem sido
estudados níveis acima de 31% de PB, fosse verificado um aumento na concentração
sérica de ácido úrico.
Durante a fase de 21 a 42 dias, a média das temperaturas máxima e mínima
foram 28,3ºC e 19,7ºC, respectivamente, e umidade relativa 83%. Foi verificado efeito
linear crescente para ingestão de proteína e retenção de nitrogênio, linear decrescente
para consumo de ração, ingestão de energia e coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio. Não houve efeito significativo para ganho de peso, conversão alimentar e
concentração sérica de ácido úrico (Tabela 5).
Tabela 5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido
úrico, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de
codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função dos diferentes
níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
87
VARIÁVEIS 16 19 22 25 28 CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)¹** 31,55 31,20 31,10 30,60 30,63 1,70
Ganho de peso (g/ave/dia)² 7,18 6,97 7,00 6,66 6,89 5,24
Conversão alimentar (g/g)² 4,41 4,46 4,54 4,57 4,46 5,13
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)¹** 96,22 94,59 94,60 93,70 93,43 1,70
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹** 5,05 5,89 6,96 7,59 8,58 1,58
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)² 2,15 2,82 2,41 1,96 3,54 17,38
Retenção de nitrogênio (g/ave/dia)¹** 0,563 0,617 0,628 0,780 0,865 10,15
CDN (%)¹** 72,43 69,91 66,23 66,27 63,52 2,87 ¹ Efeito linear; ² Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio; CV-
coeficiente de variação
O consumo de ração diminuiu linearmente com o aumento dos níveis de proteína
bruta. De acordo com a equação de regressão, para cada 1% de aumento da proteína,
as codornas diminuíram 0,081g o consumo de ração (Tabela 6). Assim com na fase
de 1 a 21 dias, é possível que as aves tenham reduzido o consumo por conta do
excesso de proteína bruta, considerando que as rações eram isoenergéticas.
Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, retenção de nitrogênio e coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função
dos diferentes níveis de proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y=32,79-0,081x 0,91
Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y=99,25-0,215x 0,87
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=0,391+0,291x 0,99
Retenção de nitrogênio (g/ave/dia) Y=0,1284+0,0256x 0,91
CDN (%) Y=83,40-0,715x 0,94 CDN – coeficiente de digestibilidade de nitrogênio
Algumas pesquisas apontam a capacidade das codornas de corte de regular o
consumo de ração em função dos níveis de energia. Entretanto, verifica-se também
alguma influencia dos níveis proteicos sobre o comportamento ingestivo destas aves.
De acordo com Moura et al. (2010), se o conteúdo proteico da ração é baixo, as aves
podem vir a aumentar o consumo alimentar, para compensar parcialmente o menor
conteúdo em aminoácidos.
A ingestão de energia na fase de 21 a 42 dias diminuiu linearmente com o aumento
dos níveis de proteína das rações. Para cada aumento de 1% da PB, as codornas
diminuíram em 0,215 kcal a ingestão diária de energia.
88
Observa-se que a redução da ingestão de energia apresentou resposta estatística
semelhante à do consumo de ração. Desta forma, a diminuição do consumo de ração
fez com que as aves reduzissem consequentemente o consumo de energia,
considerando que as raçoes eram isoenergéticas.
Pesquisas apontam o comportamento ingestivo das codornas em regular o consumo
de ração de acordo com suas necessidades energéticas (REZENDE et al., 2004;
FREITAS et al., 2006; TON et al., 2011; VELOSO et al., 2012). Entretanto, nem
sempre o mecanismo regulador do consumo é eficiente (OLIVEIRA et al., 2002;
MENDONÇA et al., 2008), principalmente na fase de crescimento. Segundo os
autores, isso pode ser consequência das aves jovens não regularem o consumo de
energia tão bem como as aves adultas, devido à digestão ineficiente de lipídeos
(MAIORKA et al., 1997) nessa fase.
Para a ingestão de proteína na fase de 21 a 42, verificou-se efeito linear crescente. De
acordo com a equação de regressão, cada 1% de aumento dos níveis de proteína da
dieta, as codornas aumentaram em 0,291g o consumo de proteína. Este fato está
associado ao aumento dos níveis de proteína da dieta, que fizeram com que as
codornas consumissem mais proteína por grama de ração ingerida.
O ganho de peso não diferiu estatisticamente entre os níveis de proteína avaliados.
Embora o ganho de peso seja dependente da ingestão de nutrientes, as alterações na
ingestão de energia e proteína com o aumento da proteína bruta da ração não
promoveram diferenças significativas nesta variável. Resultado semelhante foi
observado por Oliveira et al. (2002) e Freitas et al. (2006), mas contradizem os
apresentados por Fridrich et al. (2005), Corrêa et al. (2007a) e Veloso et al. (2012).
Segundo Albino (2000), a deposição proteica é controlada pela genética da ave.
Independente da quantidade de nutrientes ingerida, existe um limite de deposição
corporal que não consegue ser ultrapassado. Desta forma, podemos inferir que houve
uma estabilização do ganho de peso até o limite de crescimento da codorna.
A conversão alimentar na fase de 21 a 42 não foi influenciada pelos níveis de
proteína bruta, possivelmente por conta do ganho de peso que se manteve estável ao
longo dos níveis avaliados. Este resultado concorda com Corrêa et al. (2007a), que
89
ao avaliarem as exigências de proteína bruta para codornas de corte em crescimento,
verificaram efeito sobre o consumo de ração, mas não sobre a conversão alimentar.
Observa-se no presente estudo que a conversão alimentar da fase de 21 a 42 dias foi
pior quando comparada à fase de 1 a 21 dias. De acordo com Veloso et al. (2012), a
conversão alimentar piora com o aumento da idade. Fridrich et al. (2005) observaram
o efeito da PB sobre a conversão alimentar apenas na fase de crescimento, pelo fato
de que a velocidade de crescimento, o ganho de peso e a exigência de proteína bruta
na fase de terminação diminuem.
A retenção de nitrogênio aumentou e o coeficiente de digestibilidade diminuiu com
os níveis de proteína bruta. Não foi verificado efeito dos níveis de proteína sobre a
concentração sérica de ácido úrico.
Com o aumento dos níveis de proteína da ração, houve um aumento da ingestão e da
excreção de N, contudo a ingestão foi quantitativamente superior à excreção (N
ingerido > N excretado) com o aumento dos níveis, situação que fez com que a
retenção permanecesse em ascensão. Desta forma, ela aumentou 0,025g para cada
1% de aumento nos níveis de proteína bruta da ração.
Já o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio diminuiu linearmente por conta do
aumento da quantidade de nitrogênio ingerido ter sido muito superior à quantidade
de nitrogênio retido, fazendo com que a relação N retido/ N ingerido diminuísse com
o aumento dos níveis de proteína. Assim, para cada aumento de 1% nos níveis de
proteína bruta, o CDN diminuiu em 0,715%.
A concentração sérica de ácido úrico não foi influenciada pelo aumento dos níveis de
PB, assim com o ganho de peso. Este fato corrobora com a ideia de que as codornas
conseguiram ajustar a utilização de nitrogênio ao longo dos níveis em benefício da
estabilidade do ganho de peso.
Os níveis de proteína bruta não influenciaram o peso vivo (Tabela 7), semelhante ao
observado para o ganho de peso, portanto, esse resultado está dentro do esperado
para a resposta da variável.
90
Tabela 7.Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras
comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em
função dos diferentes níveis de proteína bruta
Proteína bruta (%)
VARIÁVEIS 16 19 22 25 28 CV (%)
Peso vivo (g)³ 270,37 260,53 262,50 251,91 271,84 6,00
Carcaça (%)²* 74,72 76,42 76,94 76,79 73,54 2,68
Coxa+sobrecoxa (%)¹* 23,85 23,30 22,98 22,90 22,50 3,60
Peito (%)²* 39,06 38,90 39,01 38,20 37,84 2,74
Gordura corporal (%)¹* 1,74 1,61 1,20 1,30 1,22 26,54
Moela (%)²* 1,49 1,70 1,85 1,70 1,70 16,12
Fígado (%)³ 2,43 3,13 2,49 2,57 2,67 11,98
Coração (%)³ 1,2 0,92 1,06 1,08 1,02 13,04 ¹ Efeito linear; ²Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,01); CV- coeficiente de variação
O rendimento de carcaça foi influenciado pelos níveis de proteína bruta, onde o
máximo resultado foi obtido com 21,81% de PB (Tabela 8). Corrêa et al. (2005)
avaliando 4 níveis de PB (22, 24, 26 e 28%) e Corrêa et al. (2008) testando 6 níveis
(23, 25, 27, 29, 31 e 33%) não encontraram efeito dos níveis proteicos sobre o
rendimento de carcaça. Ton et al. (2011) estudando níveis de lisina e Silva et al.
(2006) avaliando redução proteica, todos com codornas de corte, também não
verificaram diferenças significativas dos níveis proteicos sobre a variável.
Tabela 8.Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de
carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal
de codornas europeias aos 42 dias de idade em função dos níveis de proteína
bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Rendimento de carcaça (%) Y= 38,07 +3,622x - 0,083x² 0,94
Peito (%) Y= 36,02 + 0,356x - 0,010x2 0,92
Coxa + sobrecoxa (%) Y= 25,38 - 0,103x 0,94
Gordura corporal (%) Y = 2,409 - 0,045x 0,75
Moela (%) Y= - 1,292 + 0,266x -0,005x2 0,83
O maior rendimento de carcaça foi obtido com 21,81% de PB, resultado muito
próximo ao nível recomendado por Silva e Costa (2009) que é de 22% de PB para a
fase de 21 a 42 dias. Comparando o rendimento obtido com 22% de PB (76,94%)
com os verificados por Corrêa et al. (2005) (74,28%), Silva et al. (2006) (71,56%) e
Corrêa et al. (2008) (71,56%), observa-se que as codornas ao longo dos anos tem
91
modificado suas exigências nutricionais em função da melhor genética e
adaptabilidade, gerando melhores resultados de desempenho. São aves com maior
crescimento corporal e assim, expressam maiores rendimentos de carcaça com um
menor consumo de ração.
Portanto, é possível que em anos anteriores os diferentes níveis de proteína bruta não
exercessem efeito sobre as variáveis de rendimento, mas com o perfil das codornas
de corte na atualidade, novas recomendações desse nutriente são necessárias para o
atendimento dessa exigência e assim, as codornas possam expressar sua real
capacidade como produtora de carne.
O rendimento de peito apresentou efeito quadrático, com máximo valor no nível
17,8% de PB. A mesma variável não foi influenciada pelos níveis de PB nos
trabalhos apresentados por Corrêa et al. (2005) e Silva et al. (2006).
Corrêa et al. (2008) e Ton et al. (2011), verificaram que o aumento dos níveis de
proteína bruta promoveram aumento linear do rendimento de peito. De acordo com
Suida (2001), esse resultado pode ser justificado pelo fato de que proteína
(aminoácidos) é orientada principalmente para a deposição de proteína corporal e o
peito é o local de maior deposição de tecido muscular.
Desta forma, observa-se que o consumo moderadamente elevado de proteína pode
originar incrementos na produção de carne da codorna de corte. De acordo com
Leeson (1995), à medida que há incremento da ingestão proteica, em razão do maior
conteúdo de proteína da dieta, há aumento do rendimento de peito.
Entretanto, considerando os dados obtidos neste trabalho, os rendimentos de peito
nos níveis mais altos não foram máximos. Nos níveis mais altos de PB da dieta, o
pior rendimento de peito, pode estar relacionado à menor digestibilidade de
nitrogênio e disponibilidade de energia para síntese de proteína muscular.
O rendimento de coxa+sobrecoxa diminuiu linearmente com o aumento dos níveis de
proteína bruta da ração, discordando dos resultados apresentados por Corrêa et al.
(2005 e 2008) e Ton et al. (2011). Observa-se no presente estudo que, assim como
para o rendimento de carcaça e de peito, os maiores níveis de proteína bruta
prejudicaram o rendimento de coxa+sobrecoxa, corroborando mais uma vez com a
ideia de que a proteína quando disponibilizada acima da necessidade da ave, pode
92
interferir no rendimento de partes nobres. Isso pode ocorrer por conta da energia
gasta pela ave na realização do catabolismo das proteínas, desviando-a para esta
atividade ao invés de ser utilizada na manutenção corporal.
O rendimento de gordura diminuiu linearmente com o aumento dos níveis de
proteína. Para cada 1% de aumento da proteína bruta as codornas reduziram a
gordura corporal em 0,045g. Observa-se no presente estudo que com o aumento dos
níveis proteicos houve uma redução da ingestão diária de energia (Tabela 6). Este
fato deve ter contribuído para a redução da porcentagem de gordura corporal, tendo
em vista a relação positiva existente entre ambas as variáveis.
De acordo com Mendonça et al. (2007), a quantidade de gordura depositada é
diretamente proporcional à quantidade de energia disponível para síntese, portanto, a
energia alimentar em excesso é bem correlacionada com a deposição de lipídios na
maioria dos animais. Para Leeson et al. (1996), o controle da ingestão de energia é
importante não somente por seu efeito na taxa de crescimento, mas também pelos
efeitos negativos da ingestão em excesso, que deprecia a qualidade da carcaça pelo
maior acúmulo de gordura. Reduções da ingestão de energia da ração resultam em
menor acúmulo de gordura na carcaça.
Quanto às vísceras comestíveis, apenas a moela (%) foi influenciada pelos níveis de
proteína, apresentando maior proporção no nível 26,6% de PB. Oliveira (2001)
demonstrou que a porcentagem de vísceras comestíveis é afetada pelo nível de PB da
ração de codornas de 1 a 49 dias de idade, observando-se os melhores resultados com
22% e o pior com 24% de PB. Corrêa et al. (2005 e 2008) não verificaram efeito da
proteína bruta sobre as vísceras comestíveis.
CONCLUSÕES
Recomenda-se para a fase de 1 a 21 dias e 21 a 42 dias de idade, 28% e 22% de
proteína bruta, respectivamente.
93
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CAPÍTULO III
98
Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na
alimentação de codornas japonesas e europeias
EXPERIMENTO 4
Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na alimentação de
codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de
idade
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar a melhor relação energia metabolizável: proteína bruta
sobre o desempenho de codornas japonesas na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade.
Para ambas as fases foram utilizadas 300 codornas em um delineamento inteiramente
casualizado com 5 tratamentos, 6 repetições com 10 aves por unidade experimental. Na
fase de 1 a 21 foram utilizados as relações energia metabolizável: proteína bruta (EM:
PB) 116; 80,64; 87,09; 93,54 e 100 e na fase de 21 a 42 dias as relações EM: PB
120,45; 129,54; 138,63; 147,72 e 156,81. Na fase 1 a 21 dias, excluindo a ração controle
(116) verificou-se efeito linear decrescente para o consumo de ração, conversão
alimentar e ingestão de proteína e linear crescente para concentração sérica de ácido
úrico. Não houve efeito significativo para ganho de peso e ingestão de energia. Na fase
de 21 a 42 dias foi verificado efeito quadrático para ingestão de energia e concentração
sérica de ácido úrico, linear crescente para ganho de peso, linear decrescente para
99
consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína. Não houve efeito
significativo para coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio retido.
Recomenda-se a relação EM: PB 116, com 2.900 kcal/kg e 25% de proteína bruta para a
fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a relação EM: PB 156,81
com 3.450 kcal/kg e 22% de proteína bruta.
Palavras- chave: ácido úrico, crescimento, desempenho, ganho de peso
Determination of metabolizable energy: crude protein in the diet of Japanese
quails (Coturnix coturnix japonica) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the best metabolizable energy: crude protein
on performance of Japanese quails from 1 to 21 and 21 to 42 days old. For both phases
of 300 quails were in a completely randomized design with 5 treatments and 6
repetitions with 10 birds each. From 1 to 21 were used relations metabolizable energy:
crude protein (ME: CP) 116, 80.64, 87.09, 93.54 and 100 and in the period from 21 to
42 days relations: CP 120, 45, 129.54, 138.63, 147.72 and 156.81. In phase 1 to 21
days, excluding the control diet (116) there was a negative linear effect for feed intake,
feed conversion and protein intake and increasing linear for serum uric acid. There was
no significant weight gain and energy intake. In the period from 21 to 42 days was
observed quadratic effect on energy intake and serum uric acid, linear increase to weight
gain, decreasing linear feed intake, feed conversion and protein intake. There was no
significant effect on nitrogen digestibility and nitrogen retention. It is recommended that
the relationship: CP 116, with 2,900 kcal / kg and 25% crude protein for phase 1 to 21
days and for the period from 21 to 42 days is recommended: CP ratio with 156.81 3450
kcal / kg and 22% crude protein.
100
Keywords: uric acid, growth, performance, weight gain
INTRODUÇÃO
O nível energético é um dos componentes mais importantes na formulação de
rações, se considerarmos que as aves consomem alimentos para atender suas
necessidades energéticas. Quando ingerida, a energia segue prioritariamente três
destinos: gasto com atividade normal, gasto com a produção de calor para manutenção
da homeotermia corporal e gasto com a deposição ou perda de nutrientes do corpo das
aves, caso seja consumida em excesso.
De acordo com Moura et al. (2010), o consumo de ração é regulado pela
densidade energética da dieta e pela exigência nutricional, o que consequentemente,
afeta o desempenho. Desta forma, segundo Bertechini (2006), todos os nutrientes devem
estar relacionados com o conteúdo de energia da dieta.
Várias relações energia metabolizável: proteína bruta (EM: PB) tem sido
estudadas na formulação de rações para animais monogástricos e normalmente ocorrem
mudanças na composição corporal, especialmente na deposição de proteína e gordura.
Penz Jr. et al. (1999) citaram que quando se altera a relação EM:PB da dieta, o consumo
de proteína (aminoácidos) e de outros nutrientes pode ser afetado.
Quando o teor energético de uma dieta não é suficiente ou se a proteína for de
baixa qualidade, o organismo buscará através da desaminação, a energia necessária para
101
o metabolismo. Uma baixa relação EM: PB pode reduzir a taxa de crescimento devido
ao aumento da demanda metabólica para excreção de nitrogênio. Ao contrário, o
excesso de energia pode causar deposição excessiva de gordura na carcaça, reduzir o
consumo de alimento e inibir a utilização de outros nutrientes. Porém, se o conteúdo
proteico da ração é baixo, as aves podem vir a aumentar o seu consumo alimentar, para
compensar parcialmente o menor conteúdo em aminoácidos (MOURA et al., 2010)
Portanto, é importante ajustar o nível proteico e outros nutrientes à densidade
energética, de forma que a quantidade de ração ingerida satisfaça nutricionalmente os
animais (SMITH et al., 1999).
O objetivo do trabalho foi determinar a melhor relação EM: PB para codornas
japonesas na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de
28/09/2011 a 19/10/2011 para a fase de 1 a 21 dias e no período de 19/10/2011 a
09/11/2011 para a fase de 21 a 42 dias de idade. Foram utilizadas 300 codornas
japonesas de 1 dia de idade para a fase de 1 a 21 dias e paralelo a estas, foram criadas
outras 300 codornas até atingirem 21 dias de idade para que fosse dado início à fase
experimental de 21 a 42 dias. Nas duas fases de criação, as aves foram alojadas em
boxes dotados de aquecimento em um delineamento inteiramente casualizado com cinco
tratamentos e seis repetições de 10 aves por unidade experimental. O peso inicial das
aves na fase 1 a 21 dias foi de 7,46 ± 0,15g e na fase de 21 a 42 dias foi de 82,53 ±
0,38g.
Para a eleição das relações energia metabolizável: proteína bruta a serem
utilizadas neste experimento, foi necessário a obtenção do nível de proteína bruta que
proporcionou melhores resultados de desempenho nas fases de 1 a 21 e de 21 a 42 dias
de idade do experimento 1.
Desta forma, os tratamentos nas duas fases de criação consistiram de uma ração basal
composta por milho, farelo de soja e farinha de carne e ossos, formulada segundo as
102
recomendações de Silva e Costa (2009), exceto para energia metabolizável (EM) e
proteína bruta (PB). As dietas foram formuladas com base em aminoácidos
digestíveis e suplementadas com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina
HCL e L-treonina na fase 1 a 21 e DL-metionina, L-lisina HCL, L-treonina e L-
triptofano na fase 21 a 42 dias, podendo atender ou exceder as recomendações dos
aminoácidos essenciais. Os dados de composição de alimentos foram baseados
segundo Rostagno et al. (2005).
Para a fase de 1 a 21 dias, a primeira relação EM: PB foi formulada com 25% de
PB e 2.900 kcal/kg (ração controle) de acordo com Silva e Costa (2009) e as demais
relações, com 31% de PB e 2.500, 2.700, 2.900 e 3.100 kcal de EM/kg de ração,
estabelecendo assim as relações 116; 80,64; 87,09; 93,54 e 100 nas rações
experimentais (Tabela 1). O nível 31% de PB foi utilizado neste experimento, por ter
sido o que mais influenciou o bom desempenho na fase de 1 a 21 do experimento 1. Por
ser um alto valor de proteína bruta, utilizou-se para comparação uma ração referência
(controle) atendendo a recomendação nutricional de PB sugerida por Silva e Costa
(2009).
Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas
na fase de 1 a 21 dias
Relação EM:PB
116 80,64 87,09 93,54 100
Ingredientes
Milho 53,000 31,322 36,322 33,186 30,529
Soja 45% 40,426 60,226 58,551 56,465 53,541
Farinha de carne e ossos 40% 3,211 0,000 2,898 2,953 3,013
Farelo de glúten 60% 1,060 1,466 0,024 1,944 4,396
Óleo de soja 0,739 0,000 0,800 4,000 7,000
Calcário 0,637 1,064 0,617 0,615 0,615
Fosfato bicálcico 0,000 0,963 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,437 0,475 0,423 0,427 0,432
DL- metionina 0,126 0,016 0,027 0,016 0,000
L-treonina 0,045 0,003 0,019 0,023 0,029
L - lisina HCL 0,000 0,000 0,000 0,053 0,126
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
Antibiotico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 0,000 4,147 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
103
Proteína bruta (%) 25 31 31 31 31
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.500 2.700 2.900 3.100
Relação EM:PB 116 80,64 87,09 93,54 100
Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850 0,850
Cloro (%) 0,310 0,305 0,293 0,295 0,298
Potássio (%) 0,927 1,204 1,206 1,162 1,105
Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240
Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320 0,320
Arginina dig.(%) 1,568 2,037 2,051 2,012 1,958
Isoleucina dig. (%) 0,964 1,273 1,2421 1,240 1,236
Lisina dig.(%) 1,190 1,601 1,601 1,601 1,601
Leucina dig. (%) 1,975 2,385 2,284 2,384 2,515
Met.+cist.dig. (%) 0,800 0,826 0,826 0,826 0,826
Metionina dig. (%) 0,474 0,445 0,445 0,443 0,440
Treonina dig.(%) 0,870 1,062 1,062 1,062 1,062
Triptofano dig.(%) 0,273 0,375 0,368 0,360 0,348
Valina dig.(%) 1,021 1,293 1,275 1,278 1,281
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Colistin;
6Areia lavada
A fase de 21 a 42 dias foi composta por rações contendo 22% de PB
(isoproteicas), com EM variando em 200 kcal/kg para mais e para menos, considerando
como base para variação a recomendação de Silva e Costa (2009) em energia
metabolizável para a fase 21 a 42 dias (3.050kcal/kg). O nível de 22% de PB foi
utilizado por ter sido o escolhido na fase de 21 a 42 dias do experimento 1 por ter
influenciado os melhores resultados de desempenho. Desta forma, as rações
experimentais foram formuladas com 2.650, 2.850, 3.050, 3.250 e 3.450 kcal/kg,
estabelecendo assim as relações 120,45; 129,54; 138,63; 147,72 e 156,81 (Tabela 2).
Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho
de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de
proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido
úrico (mg/dL).
Além dos parâmetros anteriormente citados, na fase de 21 a 42 dias foram avaliados
também o coeficiente de digestibilidade de nitrogênio (CDN) e retenção de
nitrogênio (g/ave/dia).
Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho de
peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração foi
determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de peso
104
foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A
conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o
ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da
quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração
ingerida.
A retenção de nitrogênio e o CDN foi determinado pelo método de coleta total de
excretas segundo metodologia de Matterson et al. (1965), com uma duração de 4
dias. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia (08:00 h e 16:00 h) e
acondicionadas em “freezer” para posterior determinação de N em laboratório, de
acordo com Silva e Queiroz (2002). O cálculo da retenção de nitrogênio foi feito
através da diferença entre o N ingerido e o N excretado.
A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade
da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último
dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi
estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através
de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as
instruções do fabricante.
Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas
na fase de 21 a 42 dias
Relação EM: PB
120,45 129,54 138,63 147,72 156,81
Ingredientes
Milho 51,5124 58,769 59,319 54,483 56,754
Soja 45% 37,021 34,128 34,024 34,937 23,850
Farinha de carne e ossos 40% 0,014 3,035 3,031 3,065 3,190
Farelo de glúten 60% 0,952 0,000 0,000 0,000 7,200
Óleo de soja 0,000 0,000 2,090 6,008 7,000
Calcário 0,949 0,492 0,494 0,477 0,513
Fosfato bicálcico 1,006 0,000 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,501 0,447 0,447 0,448 0,461
DL - metionina 0,139 0,144 0,143 0,148 0,097
L -treonina 0,087 0,106 0,106 0,105 0,135
L -lisina HCL 0,000 0,026 0,028 0,010 0,280
L -triptofano 0,000 0,000 0,000 0,000 0,200
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
105
Antibiotico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 7,500 2,535 0,000 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 22 22 22 22 22
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.650 2.850 3.050 3.250 3.450
Relação EM:PB 120,45 129,54 138,63 147,72 156,81
Cálcio (%) 0,750 0,750 0,750 0,750 0,750
Cloro (%) 0,328 0,317 0,317 0,316 0,328
Potássio (%) 0,837 0,825 0,825 0,827 0,643
Sódio (%) 0,240 0,240 0,240 0,240 0,240
Fósforo disponível (%) 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300
Arginina dig.(%) 1,370 1,366 1,365 1,377 1,174
Isoleucina dig. (%) 0,868 0,832 0,831 0,837 0,804
Lisina dig.(%) 1,050 1,050 1,050 1,050 1,050
Leucina dig. (%) 1,784 1,718 1,720 1,703 2,104
Met.+cist.dig. (%) 0,740 0,740 0,740 0,740 0,740
Metionina dig. (%) 0,451 0,448 0,447 0,451 0,438
Treonina dig.(%) 0,820 0,820 0,820 0,820 0,820
Triptofano dig.(%) 0,248 0,237 0,236 0,239 0,381
Valina dig.(%) 0,908 0,891 0,891 0,892 0,887
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Colistin;
6Areia lavada
Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). Na fase de 1 a 21, os
resultados obtidos com cada uma das relações EM:PB foram comparados aos
encontrados com a ração controle utilizando-se o teste Dunnett (5%). Além do teste de
médias, nesta fase foram estimadas também as exigências pelo modelo de regressão
polinomial, excluindo-se a ração controle. Na fase de 21 a 42 dias, foi utilizado apenas o
modelo de regressão polinomial.
Nas duas fases, foi realizado o cálculo do custo por 100g de codorna produzida,
tendo em vista que são codornas em fase de crescimento e não apresentam produtos
finais destinados à comercialização como carne e ovos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram
26,5ºC e 18,5ºC, respectivamente, e a umidade relativa 86%. Para a análise de regressão
da mesma fase, excluindo-se a ração controle, foi verificado efeito linear decrescente
106
para consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína e linear crescente
para concentração sérica de ácido úrico. Não houve efeito significativo para ganho de
peso e ingestão de energia.
Para o consumo de ração de 1 a 21 dias, a comparação das médias pelo teste de
Dunnett (Tabela 3) mostrou que as aves alimentadas com as relações EM: PB 80,64 e
87,09 consumiram mais ração do que as aves alimentadas com ração controle (EM: PB
116). De acordo com a análise de regressão, excluindo-se a ração controle, verificou-se
redução do consumo de ração com o aumento dos níveis de energia, ou seja, com o
aumento da relação EM: PB.
Observa-se que comparado à ração controle (116), a menor relação EM: PB
promoveu maior consumo de ração, inferindo que as aves alimentadas com 31% de PB
consumiram mais ração do que as alimentadas com 25%. Podemos inferir ainda com a
comparação das médias, que as codornas alimentadas com menores níveis de energia
metabolizável (2.500 e 2.700 kcal/kg) consumiram mais ração do que as alimentadas
com 2.900 kcal/kg da ração controle. Desta forma verificou-se que, a diminuição da
relação EM: PB, quer pelo aumento da proteína bruta, quer pela diminuição da energia
metabolizável, promoveu aumento do consumo de ração.
Tabela 3.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de
ácido úrico de codornas japonesas na fase de 1 a 21 dias de idade em função
das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta
Relação EM: PB 116 80,64 87,09 93,54 100
EM da ração (kcal/kg) 2900 2500 2700 2900 3100
PB (%) 25 31 31 31 31
VARIÁVEIS CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)¹* 10,18 12,84● 11,67
● 11,16 10,39 5,96
Ganho de peso (g/ave/dia)² 3,98 4,20● 4,15 4,15 4,06 3,35
Conversão alimentar (g/g)¹* 2,55 3,05● 2,81
● 2,69 2,55 5,92
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)² 29,55 32,12 31,53 32,38● 32,21 5,72
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 2,54 3,98● 3,62
● 3,46
● 3,22
● 6,08
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 3,11 6,48● 6,32
● 8,54
● 9,16
● 6,83
● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ efeito linear; ² não significativo; *P<0,01
Pesquisas que estudam o efeito da proteína bruta sobre o consumo de ração na
fase inicial de vida das codornas mostraram que pode haver aumento do consumo
quando o nível proteico desta é baixo, considerando que nos primeiros dias de vida as
codornas japonesas apresentam exigências elevadas em proteína, chegando a aumentar
107
o peso vivo em cerca de onze vezes de 1 a 21 dias de idade, em função da hipertrofia,
principalmente, dos músculos peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras
(SILVA; RIBEIRO, 2001 apud SILVA et al., 2004).
Na análise de regressão, o aumento da relação EM: PB diminuiu o consumo
diário de ração em 3,9mg para cada kcal de aumento na energia da ração (Tabela 4).
Esse resultado concorda com o observado na comparação de médias, onde o aumento
dos níveis de energia promoveu menor consumo de ração. Situação semelhante foi
apresentada por Angulo et al. (1993) e Oliveira et al. (2002).
Murakami et al. (1993) estudando níveis de proteína (20, 22, 24 e 26%) e
energia (2.800 e 3.000) em rações para codornas japonesas em crescimento verificaram
que as codornas submetidas à dieta com menor nível energético consumiram mais ração
quando comparadas àquelas que receberam 3.000 kcal/kg. Segundo os autores, estes
resultados reafirmam a teoria quimiostática do controle da ingestão de alimento, onde as
aves alimentadas com dietas com menores valores energéticos consomem mais ração.
Tabela 4. Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na fase de 1 a
21 dias em função das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y=22,55-0,0039x 0,97
Conversão alimentar (g/g) Y=5,0595-0,0008x 0,97
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=6,9923-0,0012x 0,97
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y=- 6,7695+0,0051x 0,84
Para ingestão de energia de 1 a 21 dias, o teste de comparação de médias
mostrou que a ração com relação 93,54 proporcionou maior ingestão de energia do que
a ração controle. Vale ressaltar, que a diferença entre as duas rações está no nível
proteico, onde a ração com 31% de PB promoveu maior ingestão diária de energia. Essa
diferença pode estar associada ao maior consumo de ração, em termos absolutos, obtido
com a relação 93,54 quando comparada ao consumo de ração com a relação 116 (ração
controle), o que fez com que a ingestão de energia metabolizável aumentasse
ligeiramente com o nível proteico da ração.
De acordo com a análise de regressão, não houve efeito significativo dos níveis
de energia da ração sobre a ingestão diária de energia. Desta forma podemos inferir a
capacidade de codornas japonesas de regularem o consumo de energia em função de
108
suas próprias necessidades energéticas. Segundo Leeson et al. (1996), os animais
tendem a regular o consumo de ração de forma a ingerir quantidades constantes de
energia e por isso, alteram o consumo de ração de acordo com o nível energético.
Entretanto, nem sempre essa regulação é eficiente nessa fase de vida da codorna, tendo
em vista a possibilidade de as aves ainda não digerirem eficientemente os lipídios
(NASCIMENTO et al., 2004) e apresentarem metabolismo acelerado (MENDONÇA et
al., 2007).
Para ingestão de proteína (Tabela 3), através da comparação de médias
verificou-se que todas as rações promoveram maior ingestão do que a ração controle.
Este resultado é explicável pelo fato de as codornas alimentadas com 31% de proteína
terem ingerido mais proteína em cada grama de ração consumida, e aliado a isso, terem
consumido mais ração do que as aves alimentadas com 25% de PB.
A equação de regressão da ingestão de proteína (Tabela 4) mostra que para cada
kcal de aumento de EM da ração houve diminuição de 1,2mg na ingestão proteica. É
possível que a ingestão de proteína tenha sido influenciada diretamente pelo consumo
de ração, concordando com os resultados da equação de regressão, onde claramente se
verifica o efeito dos níveis proteicos sobre o consumo de ração. Desta forma, o nível de
EM influenciou o consumo de ração e este último, exerceu influência direta sobre a
ingestão de proteína. Este mesmo resultado foi obtido por Mendonça et al. (2007 e
2008) ao avaliarem o efeito dos níveis de energia metabolizável sobre o desempenho de
aves de corte de crescimento lento.
Para a variável ganho de peso na fase 1 a 21 dias, o teste de médias mostrou que
as aves alimentadas com a ração de relação 80,64 (31% de PB) ganharam mais peso do
que as alimentadas com 116 (25% de PB). Sabe-se que a proteína é um dos nutrientes
mais importantes no crescimento das aves, principalmente na fase inicial devido ao
acelerado desenvolvimento muscular (TON et al. 2001) das codornas nesse período. Por
conta disso, houve maior ganho de peso das aves alimentadas com 31% de PB.
Contudo, ao avaliar a equação de regressão com a exclusão da ração controle, as
demais rações isoproteicas (31% de PB) não influenciaram significativamente o ganho
de peso. Ocorre que, por serem isoproteicas, o efeito está relacionado aos níveis de EM
das rações e estes não influenciaram a ingestão diária de energia metabolizável, fazendo
109
com que não houvesse influência também no ganho de peso. Verifica-se, portanto, que
as rações foram eficientes em manter o peso corporal das codornas.
Oliveira et al. (2002) determinando as exigências de proteína bruta (18, 20, 22,
24 e 26%) e energia metabolizável (2.800, 3.000 e 3.200 kcal/kg) para codornas
japonesas observaram que no período de 16 a 27 dias de idade, as codornas não tiveram
influência da energia metabolizável sobre o ganho de peso, indicando que as mesmas
não exigiram alta energia ou usaram melhor a baixa energia da dieta.
Segundo Freitas et al. (2005) trabalhando com codornas japonesas, o controle no
consumo de ração em função do nível de energia contribuiu para que a ingestão de
energia não variasse entre os níveis avaliados. Consequentemente, era de se esperar que
o ganho de peso não variasse com o aumento dos níveis de energia da ração, uma vez
que esta variável depende da ingestão, principalmente dos níveis de energia para ser
alterada.
Com a comparação das médias para conversão alimentar de 1 a 21 dias,
verificou-se que as rações com relações EM: PB de 80,64 e 87,09 apresentaram pior
conversão alimentar do que a ração com relação 116 (ração controle). Podemos sugerir
que, a diminuição da relação EM: PB promoveu aumento do consumo de ração, fato que
piorou a conversão alimentar.
De acordo com a análise de regressão, a conversão alimentar melhorou com o
aumento dos níveis de energia. Segundo a equação, para cada kcal de aumento na
energia da ração, houve redução média de 0,0008 pontos na conversão alimentar. O
aumento da energia da ração promove redução no consumo de ração e, como o ganho de
peso não é alterado, as aves alimentadas com as rações mais energéticas apresentam
melhor conversão alimentar (LEESON et al., 1996).
Resultado semelhante foi verificado por Freitas et al. (2006) com codornas de
corte e por Murakami et al. (1993), que verificaram maior consumo de ração e pior
conversão alimentar em codornas japonesas alimentadas com menor nível energético.
Outro fator que pode influenciar o resultado para conversão alimentar é o
ingrediente fornecedor de energia na formulação da ração. Segundo Oliveira Neto et al.
(1999), o aumento do nível de energia por meio de inclusão de óleo de soja nas rações
pode proporcionar menor incremento calórico, consequentemente, aumentar a energia
110
disponível para a ave, além de modificar a taxa de passagem e a digestibilidade do
alimento, fatores que em parte justificam a melhora da conversão alimentar.
De acordo com o teste de médias para a concentração sérica de ácido úrico na
fase 1 a 21 dias, verificou-se que todas as rações contendo 31% de proteína bruta
promoveram aumento do nível de ácido úrico no sangue, comparado à ração controle
(25% de PB). Observa-se facilmente que o aumento dos níveis de proteína promoveu
aumento da concentração de ácido úrico no sangue.
Para análise de regressão, houve aumento da concentração sérica de ácido úrico
com o aumento dos níveis de energia metabolizável. Observa-se que mesmo com a
redução da ingestão diária de proteína, a concentração de ácido úrico permaneceu
aumentando, sugerindo que mais nitrogênio foi excretado e menos foi utilizado para
síntese de proteína corporal. Esta informação concorda com o resultado obtido para
ganho de peso, que não variou ao longo dos níveis de energia avaliados. Desta forma,
como não houve variação no ganho de peso (anabolismo), mais nitrogênio foi perdido
(excretado) na forma de ácido úrico.
As fontes de proteína bruta utilizadas na formulação das rações exercem
influência sobre o nitrogênio (ácido úrico) sérico e em maiores quantidades pode
aumentar sua concentração. De acordo com Bell (1971), os valores de ácido úrico para
aves estão relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de
excreção de bases nitrogenadas.
Desta forma, a utilização de farinha de carne e ossos com 40% de proteína bruta
e do farelo de glúten de milho com 60% de proteína bruta podem ter contribuído para os
altos níveis de ácido úrico no sangue, considerando que para aves jovens estes valores
deveriam variar entre 1 até 2 mg/dL, segundo Schmidt et al. (2007).
De acordo com Vasconcellos et al. (2011), ao se diminuírem os teores de
proteína bruta da dieta, reduzem-se, também, a desaminação do excesso de aminoácidos
e, com isso, a síntese e a excreção de ácido úrico nas excretas das aves. Então, podemos
inferir que o alto nível de proteína bruta das rações promoveu um excesso de
aminoácidos e por conta da excreção desse excesso, verificou- se maiores quantidades
de ácido úrico no sangue.
Os resultados da fase de 1 a 21 dias mostraram que apesar de o ganho de peso
das aves alimentadas com a relação 80,64 ter sido maior do que o das aves alimentadas
111
com a relação 116, a conversão alimentar destas últimas foi melhor, juntamente com sua
menor concentração sérica de ácido úrico.
Na fase de 21 a 42 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram 28ºC
e 19,5ºC, respectivamente, e umidade relativa 82%. As médias dos resultados de
desempenho, concentração sérica de ácido úrico, coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio e nitrogênio retido encontram-se na Tabela 5.
Para a análise de regressão foi verificado efeito quadrático para ingestão de
energia e concentração sérica de ácido úrico com máximo valor nos níveis 2.885 e 2.657
kcal/kg, respectivamente. Houve efeito linear crescente para ganho de peso e
decrescente para consumo de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína. Não
houve efeito significativo para coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio
retido.
De acordo com a análise de regressão, o aumento da relação EM: PB promoveu
redução do consumo de ração. Observa-se na equação que para cada kcal de aumento na
energia metabolizável da ração houve redução de 4,9mg no consumo diário.
Tabela 5. Valores médios das variáveis de desempenho, concentração sérica de ácido
úrico, coeficiente de digestibilidade de nitrogênio e nitrogênio retido de
codornas japonesas na fase de 21 a 42 dias de idade em função das diferentes
relações energia metabolizável: proteína bruta
Relação EM: PB 120,45 129,54 138,63 147,72 156,81
EM da ração (kcal/kg) 2650 2850 3050 3250 3450
PB (%) 22 22 22 22 22
VARIÁVEIS CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)¹* 19,98 19,30 19,70 16,99 16,26 3,38
Ganho de peso (g/ave/dia)¹* 2,89 3,13 3,16 3,28 3,41 5,39
Conversão alimentar (g/g)¹* 6,94 6,19 6,25 5,18 4,78 6,08
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)²** 52,38 53,58 58,29 57,93 56,66 6,97
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 4,35 4,14 4,20 3,92 3,61 7,04
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)²* 6,80 7,84 10,27 10,83 8,05 12,46
CDN (%)³ 65,62 65,48 64,87 64,82 67,74 4,02
Nitrogênio retido (g/ave/dia)³ 0,495 0,533 0,432 0,429 0,425 11,65 ¹ efeito linear; ² efeito quadrático; ³ não significativo; *P<0,01;**P<0,05; CDN – coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio; CV- coeficiente de variação
Este resultado foi semelhante ao encontrado para a fase de 1 a 21 dias,
confirmando mais uma vez a capacidade das codornas japonesas de regularem o
consumo de ração em situações com alto ou baixo nível energético.
112
Angulo et al. (1993) relataram que o consumo de ração de codornas japonesas
alimentadas com dietas contendo 3.000 kcal/kg de ração foi maior que o daquelas
alimentadas com 3.200 kcal/kg de ração, nos períodos de 1 a 14 e 14 a 33 dias de idade.
De acordo com os autores, tem-se verificado maior consumo de ração de codornas
quando alimentadas com dietas contendo menores níveis de EM, comparadas a aves
alimentadas com maiores valores energéticos nas dietas.
A ingestão de energia na fase de 21 a 42 dias apresentou efeito quadrático
(Tabela 6) com aumento até o nível 2.885 kcal/kg, seguido de uma redução. Verifica-se
com o resultado, que a redução do consumo de ração das codornas foi necessária para
que estas diminuíssem a ingestão de energia metabolizável, mesmo que não
gradualmente.
No presente trabalho, os altos níveis de energia metabolizável fornecidos às
codornas fizeram com que estas reduzissem o consumo de ração para o atendimento de
suas necessidades energéticas. Inicialmente, a ingestão de energia aumentou mesmo
com a redução do consumo de ração. Isso pode ter ocorrido por conta do aumento da
quantidade de energia presente em um grama de ração com o avançar dos níveis
energéticos. Contudo, ao atingir o nível 2.885 kcal/kg, as aves passaram a reduzir a
ingestão de energia, por conta da redução continuada do consumo de ração. Assim, o
comportamento regulador da ingestão de alimentos foi essencial para que as codornas
conseguissem reduzir a ingestão de energia nos seus níveis mais altos sem comprometer
o desempenho (crescimento).
Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas japonesas na
fase de 21 a 42 dias em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y=33,331- 0,0049x 0,82
Ganho de peso (g/ave/dia) Y = 1,3684+0,0006x 0,94
Conversão alimentar (g/g) Y= 14,001-0,0027x 0,93
Ingestão de energia (kcal/ave/dia) Y= -128,69+ 0,1154x -0,00002x2 0,84
Ingestão de proteína (g/ave/dia) y = 6,6126-0,0008x 0,87
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y = - 156,16+ 0,1063x -0,00002x2 0,80
De acordo com Murakami et al. (1993), para codornas também é possível aplicar
a teoria quimiostática, baseada no conceito de que as aves regulam seu consumo de
113
acordo com as necessidades energéticas, contudo, outros fatores também podem
influenciar o consumo, como a necessidade da ave, peso corporal, fase de postura, o
crescimento, mantença e o ambiente de criação.
A ingestão de proteína na fase de 21 a 42 dias diminuiu linearmente com o
aumento da relação EM: PB. De acordo com a equação de regressão, cada kcal de
aumento da energia da ração promoveu redução de 0,8mg na ingestão diária de proteína.
Este resultado assemelha-se ao verificado na fase de 1 a 21 dias e pode ser explicado
através da redução do consumo de ração.
Ocorre que, com o aumento da relação EM: PB as aves reduziram o consumo de
ração, contudo como as rações eram isoproteicas, essa redução linear no consumo fez
com que as codornas reduzissem gradativamente a proteína ingerida, mas não a ponto
de interferir negativamente no ganho de peso das codornas.
O ganho de peso na fase de 21 a 42 dias aumentou linearmente com o aumento
da relação EM: PB, onde para cada kcal de aumento da energia da ração houve um
ganho de peso de 0,6mg. Observa- se que apesar da redução da ingestão de proteína e de
energia, o ganho de peso não foi prejudicado. Dessa forma, é possível que as codornas
tenham aproveitado eficientemente, no processo de crescimento e desenvolvimento
corporal, a energia metabolizável e a proteína disponível na alimentação.
Veloso et al. (2012) estudando níveis de proteína e energia metabolizável para
codornas de corte verificaram que os maiores níveis de energia e de proteína
proporcionaram o maior ganho de peso. De acordo com os autores, a maior exigência
energética pode estar ligada à alta taxa de crescimento e, portanto, maior demanda
metabólica, principalmente para a demanda de mantença das codornas. Efeito
semelhante foi observado por Freitas et al. (2006), também com codornas de corte.
A proteína bruta também influencia o desempenho de codornas japonesas,
devido sua importância fundamental na deposição de proteína muscular verificada na
fase de crescimento da ave. Contudo, pesquisas sugerem que após as três primeiras
semanas de vida essa exigência pode ser reduzida em função do menor ganho de peso
da fase final comparado com o da fase inicial (OLIVEIRA et al., 2002; FRIDRICH et
al., 2005; CORRÊA et al., 2008).
Observa-se no presente estudo que a média de consumo de ração das codornas
foi elevada, se comparado ao esperado para a fase de 21 a 42 dias (15 a 16 g/ave/dia).
114
Com o passar dos anos, as codornas modificaram suas características de desempenho e
atualmente apresentam maior peso corporal consumindo uma quantidade menor de
ração.
Sendo assim, podemos inferir que o consumo de ração acima do esperado
promoveu, consequentemente, uma ingestão média de proteína e de energia além do
verificado normalmente para a fase, e este fato pode ter garantido o ganho de peso das
codornas ao longo dos níveis de energia metabolizável das rações experimentais.
A conversão alimentar melhorou com o aumento da relação EM: PB. O
resultado era esperado tendo em vista a redução do consumo de ração e o aumento do
ganho de peso. Resposta semelhante foi observada por Murakami et al. (1993) e
Oliveira et al. (2002).
De acordo com a equação de regressão, houve uma redução de 0,0027 pontos na
conversão alimentar para cada kcal de aumento de energia da ração. Observa-se nas
equações de regressão, que o consumo de ração diminuiu 4,9 mg (Y= 33,331 – 0,0049x)
e o ganho de peso aumentou 0,6 mg ( Y= 1,3684 + 0,0006x) com o aumento dos níveis
energéticos da ração. Apesar de mínimos, os números apresentados foram suficientes
para expressar a melhora significativa da conversão com o aumento da relação EM: PB.
A concentração sérica de ácido úrico apresentou efeito quadrático na fase 21 a
42 dias, aumentando até o nível 2.658 kcal/kg e seguindo com uma redução. O
coeficiente de digestibilidade do nitrogênio e a retenção de nitrogênio não foram
influenciados pelo aumento da relação EM: PB.
A redução do ácido úrico no sangue pode estar associada à redução da proteína
ingerida. Esta informação quando relacionada com os resultados do CDN e do
nitrogênio retido, nos sugere que houve um bom aproveitamento da proteína da ração
em função do desempenho animal. Desta forma, o nitrogênio disponibilizado na ração
na forma de proteína e aminoácidos manteve- se constante em seu aproveitamento pelo
metabolismo da ave, contribuindo para o ganho de peso como verificado nos resultados
já apresentados.
Observa-se ainda, níveis de ácido úrico no sangue em quantidades além das
esperadas para essa idade. É possível que, assim como na fase de 1 a 21 dias, a
utilização de farinha de carne e ossos e de farelo de glúten de milho tenha contribuído
para esse resultado já que são fontes de proteína bruta utilizadas na alimentação animal.
115
CONCLUSÕES
Recomenda-se a relação EM: PB de 116, equivalente a 2.900 kcal/kg e 25% de
proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a
relação EM: PB de 156,81, equivalente a 3.450 kcal/kg e 22% de proteína bruta.
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119
EXPERIMENTO 5
Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na alimentação de
codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) na fase de postura
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar a melhor relação energia metabolizável: proteína bruta
sobre o desempenho e qualidade de ovos de codorna de postura. Foram utilizadas 300
codornas japonesas com 16 semanas de idade, distribuídas em um delineamento
inteiramente casualizado, com cinco densidades energéticas (2.500, 2.650, 2.800, 2.950
e 3.100 Kcal/Kg de energia metabolizável) e seis repetições de 10 aves por unidade
experimental. As relações energia metabolizável: proteína bruta estabelecidas nas rações
experimentais foram 125; 132,5; 140; 147,5 e 155. Os parâmetros avaliados foram
consumo de ração, peso final, percentagem de postura, peso de ovo, massa de ovo,
120
conversão alimentar por massa e por dúzia, ingestão de proteína e energia, eficiência
energética por dúzia e por massa de ovo em kg, percentagens e peso de gema, casca e
albúmen, cor de gema espessura da casca, gravidade específica, peso final, coeficiente
de digestibilidade de nitrogênio (CDN), concentração sérica de ácido úrico e retenção
de nitrogênio. O aumento da energia metabolizável da dieta teve efeito significativo
sobre os valores de consumo de ração, ingestão de proteína, peso de ovo, massa de ovo,
peso de gema, casca e albúmen, reduzindo linearmente seus valores. Não foi verificado
efeito significativo dos níveis de energia metabolizável para as variáveis de produção de
ovos, ingestão de energia, percentagem de gema, casca e albúmen, cor de gema,
gravidade específica, espessura de casca, eficiência energética (kcal/kg e kcal/dz) e peso
final da ave. Recomenda-se dieta com relação EM: PB 140, equivalente a 2.800 kcal de
EM/kg de energia metabolizável e 20% de proteína bruta.
Palavras-chave: albúmen, eficiência energética, gema, ovo
Determination of metabolizable energy: crude protein in the diet of Japanese
quails (Coturnix coturnix japonica) in the stance phase
ABSTRACT
The aim of this experiment was to evaluate the effects of different levels of
metabolizable energy, keeping constant the level of crude protein on performance and
quality of quail eggs. It was used 300 japanese quails from 16 weeks of age, distributed
in a complete randomized design with five energetic densities (2.500, 2.650, 2.800,
2.950 and 3.100 kcal / kg metabolizable energy), six replicates and 10 birds per
experimental unit. The parameters evaluated were feed intake, body weight, egg
production, egg weight, egg mass, feed conversion, protein intake and energy, energy
efficiency, percentages and weight of yolk, albumen and shell, yolk color shell
thickness, specific gravity and final weight of the bird. The increase in energy level
caused a linear increase in feed intake, protein intake, egg weight, egg mass, yolk
121
weight, albumen and shell, reducing their values linearly. The treatments did not
showed significantly effect on the egg production variables, energy intake, percentage
of yolk, albumen and shell, yolk color, specific gravity, shell thickness, energy
efficiency and final weight of the bird. Rations for Japanese quail should contain 2.800
kcal / kg and 20% de CP.
Keywords: albumen, energy efficiency, yolk, egg
INTRODUÇÃO
As exigências nutricionais das aves são formuladas de acordo com a quantidade
de nutrientes requerida para realização das funções básicas do organismo e as atividades
produtivas de forma mais eficiente. Porém, essas exigências não são constantes, variam
com a idade, sexo, ambiente, níveis de energia, proteína e aminoácidos da ração, entre
outros fatores. Por isso, faz- se necessário avaliações periódicas dos níveis adequados
dos nutrientes como também suas relações com a energia metabolizável presente na
dieta.
A energia e proteína da ração são extremamente influentes no desempenho e
produção das aves. O nível energético constitui um dos itens mais importantes na
formulação de rações, considerando que as aves consomem alimentos para que suas
necessidades energéticas sejam atendidas. Desta forma, é importante que os nutrientes
estejam numa proporção relacionada com o conteúdo de energia presente na dieta.
122
Em situação de consumo de ração à vontade as aves passam a regular o consumo
em função de suas necessidades energéticas, contudo em casos de restrição na oferta de
alimentos, mecanismos compensatórios são acionados para aumentar a utilização da
energia corporal através das vias metabólicas glicogenólise e lipólise.
O aumento dos níveis de energia das rações resulta em redução do consumo,
maior ganho de peso e deposição de gordura na carcaça, com evidentes prejuízos no
desenvolvimento corporal das aves. O excesso no consumo de energia é armazenado
principalmente na forma de lipídeos, resultando em aumento do peso corporal e redução
na eclodibilidade e fertilidade. De acordo com Bertechini (2006), o excesso de gordura
no fígado e no ovário são alguns dos possíveis resultados promovidos pelo desequilíbrio
energético das dietas de poedeiras e, portanto, repercutindo na produção de ovos.
O requerimento de energia varia de acordo com o peso corporal, fase de produção,
tamanho de ovo, linhagem e temperatura ambiente (COON, 2002). Segundo Morris
(2004), a ave aumenta o consumo quando a densidade energética da ração está baixa
para regular a ingestão de energia, até o ponto em que essa atenda as suas necessidades.
Quanto às proteínas, seu fornecimento adequado na alimentação de aves em
crescimento permite a formação de massa muscular, desenvolvimento do aparelho
reprodutor e empenamento adequado (LONGO et al., 2001). A ingestão apropriada de
proteína é fator de extrema importância para que a ave inicie a maturidade sexual com
um peso adequado e assim, sua boa conformação nesta fase proporcione um bom
desempenho na fase de postura, considerando que entre ambas as características, peso e
produção, há uma correlação positiva.
Quando fornecida em níveis marginais, a proteína promove redução no
crescimento e produção de ovos por conta do desvio de parte do seu aporte para funções
menos vitais prejudicando assim o desenvolvimento corporal e a produção. Seu excesso
pode limitar o desempenho das aves, pois o catabolismo aminoacídico requer gasto
extra de energia para excreção de nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO FILHO
et al., 2006).
Baseado na importância da proteína e energia metabolizável na nutrição das aves
e na relação existente entre energia e nutrientes presentes na dieta, varias relações
energia: proteína tem sido testadas nas formulações de rações, e geralmente, são
acompanhadas de mudanças na composição corporal, especialmente na deposição de
123
proteína e de gordura (SILVA et al., 2003), pois, ao se estabelecer a relação energia:
nutrientes da dieta, o consumo de proteína (aminoácidos) e de outros nutrientes pode ser
afetado (PENZ JR. et al., 1999).
Apesar da importância da determinação da relação energia: proteína bruta (EM:
PB) na alimentação de aves, não foram verificados na literatura, trabalhos realizados
com codornas japonesas com dados atualizados para suas exigências nutricionais.
Observam- se pesquisas utilizando tabelas estrangeiras (NRC, 1994) com informações
muito antigas, onde os resultados sugeridos para codornas japonesas foram obtidos com
poedeiras e em ambiente diferente das condições tropicais brasileiras. Em outros casos,
foram utilizadas as exigências nutricionais destinadas a poedeiras comerciais
(ROSTAGNO et al., 2005), não sendo esta a correta recomendação para codornas
japonesas.
Desta forma, faz- se necessário o desenvolvimento de pesquisas no intuito de
verificar o efeito da relação energia: proteína no desempenho e produção de ovos de
codornas, assim como sua influência na qualidade dos ovos.
O objetivo deste trabalho foi determinar a melhor relação EM: PB na
alimentação de codornas japonesas em fase de produção.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de
17/06/2011 a 30/09/2011, totalizando 5 períodos de 21 dias. Foram utilizadas 300
codornas japonesas com 16 semanas de idade com peso médio inicial de 182,34 ±
3,45g. As aves foram alojadas em gaiolas de postura (33 x 33 x 33cm) em um
delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis
repetições de 10 aves.
Para a escolha das relações energia metabolizável: proteína a serem utilizadas
neste experimento utilizou-se como valor fixo nas cinco dietas experimentais, o nível
de 20% de proteína bruta, recomendado no experimento 2. Para os valores de energia
metabolizável utilizou-se na ração intermediária a recomendação de Silva e Costa
(2009) e nas demais uma variação de 150 kcal/kg para mais e para menos. Desta
124
forma foram estabelecidos os valores 2.500, 2.650, 2.800, 2.950 e 3.100 kcal de
EM/kg de ração, estabelecendo uma relação EM: PB de 125; 132,5; 140; 147,5 e
155, respectivamente.
As dietas (Tabela 1) foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e
suplementadas com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCL, L-
valina e L-isoleucina, podendo atender ou exceder as recomendações dos
aminoácidos essenciais. Os dados de composição de alimentos foram baseados
segundo Rostagno et al. (2005).
Os parâmetros avaliados foram consumo de ração (g/ave/dia), percentagem de
postura (%), peso de ovo (g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão alimentar (kg de
ração/kg de massa e kg de ração/dúzia de ovo), ingestão de proteína (g/ave/dia) e
energia (kcal/ave/dia), eficiência energética (kcal de EM/dúzia de ovo e kcal de EM/
massa de ovo em kg), percentagens e peso (g) de gema, casca e albúmen, espessura
de casca (mm), gravidade específica (g/cm³), peso final (g), coeficiente de
digestibilidade de nitrogênio (CDN) (%), concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)
e retenção de nitrogênio (g/ave/dia) .
Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas japonesas
em fase de produção
Relação EM: PB
125 132,5 140 147,5 155
Ingredientes
Milho 50,750 54,451 54,451 51,110 47,575
Soja 45% 33,967 33,232 33,232 34,927 35,563
Óleo de soja 0,000 0,464 2,171 4,817 7,725
Calcário 7,069 7,076 7,076 7,090 7,086
Fosfato bicálcico 0,964 0,955 0,955 0,933 0,937
Sal comum 0,525 0,523 0,523 0,536 0,538
Dl- metionina 0,158 0,154 0,154 0,149 0,154
Valina 0,038 0,040 0,040 0,019 0,019
L-isoleucina 0,086 0,090 0,090 0,067 0,064
L - lisina HCL 0,079 0,093 0,093 0,042 0,030
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte 4 6,056 2,613 0,906 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
125
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 20 20 20 20 20
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.500 2.650 2.800 2.950 3.100
Relação EM:PB 125 132,5 140 147,5 155
Cálcio (%) 3,050 3,050 3,050 3,050 3,050
Cloro (%) 0,395 0,395 0,395 0,371 0,395
Potássio (%) 0,777 0,775 0,775 0,787 0,775
Sódio (%) 0,230 0,230 0,230 0,230 0,230
Fósforo disponível (%) 0,280 0,280 0,280 0,280 0,280
Arginina dig.(%) 1,270 1,260 1,260 1,265 1,275
Isoleucina dig. (%) 0,870 0,870 0,870 0,870 0,870
Lisina dig.(%) 1,030 1,030 1,030 1,030 1,030
Met.+cist.dig. (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700
Metionina dig. (%) 0,430 0,427 0,427 0,429 0,431
Treonina dig.(%) 0,673 0,671 0,671 0,672 0,673
Triptofano dig.(%) 0,217 0,214 0,214 0,215 0,218
Valina dig.(%) 0,870 0,870 0,870 0,870 0,870 1Suplemento vitamínico: Vit A: 7.000.000 UI; Vit D3: 2100000 UI; Vit E: 50000mg; Vit K3: 2000mg;
Vit B1: 2000mg; Vit B2: 4000mg; Vit B6: 3000mg; Vit B12: 3000mg; Niacina: 39800mg; Ácido
Pantotênico: 15620mg; Folato: 1000mg; Selênio: 200mg; Biotina: 100mg; Antioxidante: 100000mg e
Veículo-1000g.; 2Suplemento mineral: Mn: 75000mg; Zn: 70000mg; Fe: 50000mg; Cu: 8500mg; I:
1500mg; Co: 200mg; Veículo: 1000g.; ³Etoxiquin; 4Areia lavada
O consumo de ração foi obtido através da pesagem do fornecimento no início e da
sobra, ao final de cada período experimental. A produção de ovos foi registrada
diariamente pela manhã e no final de cada período foram calculadas as percentagens de
postura. A massa de ovo (g/ave/dia) foi calculada multiplicando-se o número de ovos
produzidos pelo peso médio do ovo (g).
A conversão alimentar por massa (kg de ração/kg de massa) foi determinada
através da relação entre a ração consumida e a massa de ovo produzida dentro do
período. A conversão alimentar por dúzia (kg de ração/dúzia de ovo) foi calculada pela
relação entre o consumo de ração e a quantidade de dúzias produzidas no período. O
peso final das codornas foi obtido ao final do experimento, com a pesagem de todas as
codornas da parcela experimental para obtenção do peso médio.
A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da quantidade de
proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração ingerida. A
eficiência energética por dúzia (kcal de EM/dúzia de ovo) foi determinada através da
relação entre a quantidade de energia consumida e as dúzias de ovos produzidas, e a
eficiência energética por massa de ovo (kcal de EM/massa de ovo em kg) foi
determinada através da relação entre a quantidade de energia consumida e a massa de
ovos produzida.
126
Para a percentagem de gema, casca e albúmen, foram utilizados dois ovos nos
três últimos dias de cada período experimental, onde se calculou o peso individualmente
de cada um dos componentes para em seguida estabelecer-se a devida proporção com o
peso do ovo.
A espessura de casca foi avaliada através de um micrômetro digital e a GE foi
determinada pelo método de flutuação salina, conforme metodologia descrita por
Hamilton (1982). Para GE, a cada final do período experimental foram selecionadas
amostras representativas de dois ovos por parcela. Em seguida, foram feitas imersões
dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25
litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025.
Os ovos foram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade
e foram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades
correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades
foram conferidas com densímetro de petróleo. Mais dois ovos foram utilizados para as
demais avaliações de qualidade interna. A espessura de casca foi avaliada através de um
micrômetro digital.
Para avaliar os efeitos dos níveis de proteína bruta na ração sobre a retenção de
nitrogênio e sua digestibilidade, iniciou-se a coleta total de excretas, que foi realizada
duas vezes ao dia, às 8 h e 16 h, durante os quatro últimos dias do quinto período
experimental, segundo metodologia de Matterson et al. (1965).
Após a última coleta, o material foi encaminhado ao laboratório para secagem
em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. Em seguida, as amostras foram
trituradas em moinho tipo faca e, assim como as rações experimentais, foram
acondicionadas em frascos e encaminhadas ao laboratório para determinação dos teores
de nitrogênio (N), segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Com base
nos resultados, foi calculada a retenção de nitrogênio e o CDN.
A excreção de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade da proteína
ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no final do
experimento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a –20ºC e
posteriormente analisada a concentração sérica de ácido úrico, através de “kit”
comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do
fabricante.
127
Os dados experimentais foram analisados utilizando o SAS (2003). As estimativas
das exigências foram determinadas pelos modelos de regressão polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período experimental, a média das temperaturas máxima e mínima
foram 24,45ºC e 18,17ºC, respectivamente, e umidade relativa 83%. O aumento da
relação EM: PB da dieta teve efeito significativo sobre os valores de consumo de ração,
conversão alimentar (kg de ração/kg de massa e kg de ração/dúzia de ovo), ingestão de
proteína, peso de ovo, massa de ovo, peso de gema, casca e albúmen, reduzindo
linearmente seus valores. Não foi verificado efeito significativo dos níveis de energia
metabolizável para as variáveis de produção de ovos, ingestão de energia, percentagem
de gema, casca e albúmen, cor de gema, gravidade específica, espessura de casca,
eficiência energética (kcal/kg e kcal/dz) e peso final.
A redução no consumo de ração com o aumento da relação ocorreu
possivelmente devido o excesso de energia metabolizável presente na dieta (Tabela 2).
É sabido que as aves regulam a ingestão de energia através do consumo de ração, até o
ponto em que suas necessidades sejam atendidas. Freitas et al. (2005) estudando o efeito
da energia metabolizável na dieta de codornas japoneses verificaram que o consumo de
ração diminuiu linearmente com o aumento desse componente da dieta, de modo que o
menor consumo foi obtido para as aves alimentadas com o maior teor energético (2.885
kcal/kg). Este fato assemelha-se ao verificado no presente estudo, onde para cada kcal
de aumento na energia da ração, houve redução média de 0,010g no consumo. Também
foi observado por Pinto et al. (2002), Barreto et al.(2007a) e Moura et al. (2010),
redução linear no consumo de ração quando aumentado o nível energético nas dietas
para codornas.
Tabela 2. Valores médios das variáveis de desempenho de codornas japonesas em fase
de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta
Relação EM: PB 125 132,5 140 147,5 155
EM da ração (kcal/kg) 2500 2650 2800 2950 3100
PB (%) 20 20 20 20 20
VARIÁVEIS CV (%)
128
Consumo de ração (g/ave/dia)¹** 29,77 28,15 27,38 25,26 23,35 4,96
Produção de ovos (%)² 91,83 91,69 94,05 91,67 93,2 2,87
Peso do ovo (g)¹ ** 12,08 11,92 11,90 11,64 11,59 2,89
Massa de ovo
(g/ave/dia)¹* 11,05 10,89 10,86 10,70 10,68 2,00
Ingestão de proteína (g/ave/dia) ¹** 5,95 5,63 5,48 5,05 4,67 4,96
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)² 74,43 74,60 76,67 74,52 72,40 5,13
Conversão alimentar (g/massa em g) ¹** 2,70 2,61 2,43 2,40 2,19 5,22
Conversão alimentar (kg/dz) ¹** 0,384 0,377 0,347 0,349 0,313 8,13
Eficiência energética (kcal/dz)² 961,43 1.002 974 1.030 971 8,51
Eficiência energética (kcal/kg)² 6.759 6.981 6.912 7.655 6.982 9,80
Peso final (g)² 184,70 184,50 184 182,60 182,45 2,39 ¹ Efeito linear; ² Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV- coeficiente de variação
Apesar de ter sido verificado uma redução linear no consumo de ração, não
houve diferença significativa entre os consumos médios diários de energia
metabolizável (kcal/ave/dia) das aves alimentadas com diferentes níveis de energia. O
comportamento ingestivo de energia metabolizável observado corrobora com a ideia de
que as codornas japonesas ajustam o seu consumo de ração em função de suas
necessidades energéticas. Este resultado concorda com os apresentados por Barreto et
al. (2007a), que avaliando cinco níveis de energia metabolizável (2.650, 2.750, 2.850,
2.950 e 3.050 kcal/kg de ração) sobre o desempenho de codornas europeias na fase de
postura observaram que os níveis de energia não influenciaram significativamente o
consumo diário de energia metabolizável, apesar do consumo de ração ter diminuído
linearmente com o aumento da relação energia:proteina da dieta. De acordo com Coon
(2002) e Moura et al. (2008), a quantidade de energia metabolizável consumida
depende, além do nível energético da dieta como fator regulador de ingestão, das
necessidades da ave, do peso corporal, da fase de postura, tamanho do ovo, do
crescimento, dos níveis de mantença e do ambiente de criação.
A ingestão média de energia metabolizável no presente trabalho variou entre
72,4 e 76,67 kcal/ave/dia, quando alimentadas com relação 155 e 140, respectivamente.
A grande amplitude entre os níveis de energia metabolizável da ração evidencia o
quanto foi pequena a variação na ingestão de energia metabolizável, tornando-a
insignificante estatisticamente. Esta variação ocorreu possivelmente em virtude da
redução no consumo de ração com o aumento da relação EM:PB, corroborando assim
com a ideia de que o consumo por codornas, em relação ao nível de energia da ração, é
129
similar ao de galinhas poedeiras (BEGIN, 1968; PINTO et al., 2002; MOURA et al.,
2008).
O consumo de energia observado neste experimento foi superior ao verificado
por Freitas et al. (2005) e Moura et al. (2008) que concluíram ter havido ingestão média
de 66 kcal/ave/dia e 67,5 a 71,03 kcal/ave/dia, respectivamente. Segundo Murakami
(2002), os resultados obtidos por diferentes autores indicam que a exigência diária de
energia para ótima produção de ovos de codorna é de aproximadamente 62,5
kcal/ave/dia. A maior ingestão de energia observada no presente trabalho (72,4 a 76,67
kcal/ave/dia) pode estar associada ao peso corporal das codornas utilizadas no
experimento. As aves utilizadas na pesquisa de Freitas et al.(2005) e Moura et al. (2008)
pesavam 126,25 e 155± 15,5 g aos 168 e 160 dias de idade, respectivamente, enquanto
que aos 112 dias as aves do presente trabalho apresentavam peso médio de 182,34 g.
Ao longo do tempo as exigências nutricionais de codornas têm sido modificadas
em função de suas novas características de desempenho e produção. O que observamos
na atualidade são codornas com maior peso corporal, maior peso de ovo, porém
consumindo praticamente a mesma quantidade de ração observada antigamente (25 a 35
g de ração/dia), fato que tem contribuído para melhores resultados de conversão
alimentar, tanto para a fase de crescimento quanto para a fase de produção de ovos.
Um dos fatores que podem influenciar o consumo de energia metabolizável é a
atividade metabólica e o peso da ave, ocorrendo um aumento na quantidade de energia
requerida por unidade de ganho de peso. Desta forma, os resultados de ingestão de
energia metabolizável apresentados mostram que, por seu maior peso corporal e
metabólico, estas codornas necessitaram de maior aporte energético diário para
manutenção de suas atividades vitais.
A ingestão diária de proteína foi influenciada inversamente pelo aumento da
relação EM: PB da ração. De acordo com a equação obtida (Tabela 3), para cada kcal de
aumento na energia da ração, houve redução média de 2 mg na ingestão de proteína. É
possível que, para manter constante o consumo diário de energia, as codornas
modificaram seu comportamento ingestivo reduzindo o consumo de ração, fato que
promoveu uma consequente redução no consumo de proteína por grama de ração
consumida. Este resultado contraria o observado por Moura et al. (2008), que avaliando
dietas de diferentes densidades energéticas (2.900, 2.800, 2.700, 2.600 e 2.500 kcal/kg
130
de ração) mas mantendo constante a relação energia metabolizável: nutriente para
codornas japonesas em postura, não observaram variação significativa para o consumo
diário de proteína bruta e de energia metabolizável entre as aves. De acordo com os
autores, a correção dos níveis proteicos para a adequação da relação energia
metabolizável: nutriente nas dietas corrigiu o consumo de proteína e assim, este não foi
afetado pela densidade energética. De fato, é possível inferir que a redução do consumo
de ração verificado com o aumento de energia metabolizável resultou em consumo
insuficiente de nutrientes para manutenção do bom peso dos ovos, visto que as rações
não foram formuladas para apresentar concentração de nutrientes idêntica por kcal de
energia metabolizável da ração.
Pinto et al., (2002), Freitas et al.(2005) e Moura et al.(2010) verificaram um
consumo diário de proteína por codornas japonesas de 6,0; 4,4 e 4,8 g de
proteína/ave/dia, respectivamente. Neste estudo, as aves alimentadas com 3.100 kcal/kg
(maior nível) apresentaram consumo diário de proteína de 4,67 g (menor consumo),
enquanto aquelas alimentadas com ração contendo 2.500 kcal (menor nível) tiveram
consumo diário de 5,95 g (maior consumo) e maior média de peso de ovo, reafirmando
o efeito do consumo de proteína sobre o tamanho dos ovos.
Tabela 3.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho, qualidade de ovo, retenção de nitrogênio e concentração sérica
de ácido úrico de codornas japonesas em fase de produção em função das
diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y= 56,14-0,010484x 0,97
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y= 11,228-0,0021x 0,98
Peso do ovo (g) Y= 14,17-0,00103889x 0,94
Massa de ovo (g/ave/dia) Y= 12,56-0,00068222x 0,94
Conversão alimentar/massa Y= 4,737-0,000805x 0,95
Conversão alimentar/dz Y= 0,675-0,0001143x 0,91
Gema (g) Y= 4,729-0,0004x 0,95
Casca (g) Y= 1,0797-0,00004x 0,96
Albúmen (g) Y= 8,3549-0,0005x 0,93
Retenção de nitrogênio (g/ave/dia) Y=0,731-0,0002x 0,88
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= -492,84+0,3592x-0,00006x² 0,89
O peso do ovo diminuiu linearmente com o aumento da relação EM: PB. De
acordo com a equação de regressão, para cada kcal de aumento na energia da ração,
131
houve redução média de 1mg no peso do ovo, que pode ter sido ocasionado pelo menor
consumo de ração, gerando consequentemente menor ingestão de proteína para
constituição dos ovos. Desta forma, a redução de ingestão de 2 mg de proteína para cada
kcal de aumento de energia metabolizável foi possivelmente um fator influente na
redução de peso de ovo e consequentemente da massa de ovo, considerando que esta
variável depende do valor do peso do ovo para ser calculada.
Os resultados para a variável peso do ovo do presente estudo concordam com
Pinto et al. (2002), Freitas et al. (2005) e Barreto et al.(2007a), que também notaram
redução no peso do ovo com o aumento da relação EM: PB. No presente estudo, a
redução na ingestão de proteína promoveu uma variação de 0,49 g no peso de ovo, entre
os pesos obtidos para o menor e o maior nível de energia metabolizável avaliado. O
peso do ovo é altamente dependente da ingestão diária de proteína, pois as poedeiras
dependem da ingestão diária desse nutriente para suprir suas exigências. De acordo com
Barreto et al.(2007a), sabe-se que em condições de deficiência de proteína, o tamanho
dos ovos tende a reduzir, enquanto a produção é mantida com o objetivo de perpetuar a
espécie.
Para a variável produção de ovo não foi verificado efeito significativo das
relações EM: PB, concordando com os resultados apresentados por Barreto et al.
(2007b). De acordo com Leeson e Summers (1997) a produção de ovos aumenta
rapidamente quando se eleva o nível de energia metabolizável da dieta, ao passo que
níveis crescentes de proteína somente influenciam a produção de ovos quando o
consumo de energia é baixo. Neste trabalho, ao contrário do apud Leeson e Summers
(1997), verificou-se a manutenção constante da ingestão de energia entre as aves de
todas as relações EM:PB avaliados, o que provavelmente favoreceu a estabilidade da
produção de ovos das codornas experimentais.
Barreto et al.(2007a) utilizando cinco níveis de energia ( 2.650, 2.750, 2.850,
2.950 e 3.050 kcal/kg) e 20% de proteína bruta (relações 132,5; 137,5; 142,5; 147,5 e
152,5), verificaram efeito quadrático dos níveis de energia sobre a produção de ovos,
com maior produção para as aves alimentadas com ração contendo 2.900 kcal/kg de
ração (relação EM:PB 145). No presente estudo, apesar de não ter havido efeito
significativo do nível energético sobre a produção de ovos, podemos observar que a
produção média (Tabela 2) das aves alimentadas com a relação 140, valor recomendado
132
por Silva e Costa (2009), foi numericamente maior se comparada às demais relações.
Segundo Leeson et al. (1996), a energia é o fator de maior importância para que sejam
obtidos ótimos índices de postura. Desta forma, 2.800 kcal de EM/kg parece ser
adequado para o nível de produção observado.
A redução de 0,01 g do consumo de ração e de 0,68 mg de massa de ovo para
cada kcal de aumento de energia da ração promoveu uma melhora linear da conversão
alimentar por massa de ovo. De acordo com os valores médios, houve uma redução de
21,56% do consumo de ração entre o maior e o menor nível de energia da dieta
juntamente com uma redução de apenas 3,35% da massa de ovo. Esta grande redução
no consumo de ração associada à pequena redução observada para massa de ovo pode
explicar o comportamento linear decrescente observado no presente estudo. A
conversão alimentar por dúzia também melhorou significativamente com o aumento da
relação EM: PB, possivelmente por conta da produção de ovos ter se mantido inalterada
durante todo o período experimental.
Os resultados para conversão alimentar concordam com os encontrados por
Pinto et al. (2002), Barreto et al. (2007a), Barreto et al. (2007b) e Moura et al. (2008),
mas contradizem Freitas et al. (2005) que observaram ausência de efeito significativo
com o aumento da relação EM:PB. Maiores níveis de energia metabolizável devem ser
avaliados para se determinar a melhor resposta para conversão alimentar.
Não houve efeito significativo das relações EM: PB para as percentagens de
gema, casca e albúmen (Tabela 4). De acordo com os resultados, é possível que tenha
ocorrido a estabilidade da proporção entre os componentes constituintes do ovo, pois a
relação estabelecida de cada porção é feita com o peso do ovo de cada nível avaliado.
Desta forma, a redução do peso do ovo, promovida pela conjunta diminuição em gramas
dos pesos de gema, albúmen e casca, manteve a proporção (%) entre os constituintes do
ovo quando relacionados ao seu próprio peso. Já para o peso de gema, casca e albúmen
foram verificados diminuição com o aumento dos níveis de energia metabolizável da
ração.
Tabela 4. Valores médios das variáveis de qualidade de ovos de codornas japonesas em
fase de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta
Relação EM: PB 125 132,5 140 147,5 155
133
EM da ração (kcal/kg) 2500 2650 2800 2950 3100
PB (%) 20 20 20 20 20
VARIÁVEIS CV (%)
Gema (%)² 31,31 31,50 31,58 31,00 31,46 3,91
Casca (%)² 8,15 8,17 8,19 8,16 8,22 3,17
Albúmen (%)² 55,44 55,37 54,91 55,30 55,15 2,26
Gema (g)*¹ 3,77 3,76 3,69 3,61 3,56 6,50
Casca (g) **¹ 0,974 0,970 0,963 0,953 0,951 4,06
Albúmen (g) **¹ 7,11 7,08 7,02 6,95 6,81 3,85
Gravidade específica (g/cm³)² 1,072 1,072 1,071 1,072 1,073 0,11
Espessura de casca (mm) ² 0,233 0,227 0,229 0,232 0,226 3,47 ¹ Efeito linear; ² Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CV – coeficiente de variação
Os dados de percentagem de gema do presente trabalho sugerem inicialmente
que as codornas não tiveram influência da densidade energética na sua formação.
Entretanto, quando se observa o peso de gema verifica-se que esta foi reduzida com o
aumento dos níveis de energia metabolizável (aumento da relação EM:PB). Barreto et
al. (2007b) avaliando níveis de energia metabolizável em dietas isoproteicas (20%) para
codornas japonesas na fase inicial de postura também observaram redução linear do
peso de gema com o aumento da relação EM:PB. Assim, é possível inferir que o baixo
consumo de ração verificado com o aumento de energia metabolizável pode resultar em
consumo insuficiente de nutrientes para formação dos constituintes do ovo,
demonstrando o ajuste pela ave entre o consumo e a energia, em detrimento dos
processos produtivos.
Contrariando os resultados obtidos no presente estudo, Moura et al.(2010) ao
avaliar o efeito da densidade energética de dietas sobre as características do ovo de
codorna japonesa não verificaram influencia desta na formação da gema. Segundo os
autores, esta situação foi possível devido à correção dos nutrientes a cada nível de
energia das dietas, fato não ocorrido no presente estudo.
O peso do albúmen foi influenciado significativamente pela relação EM: PB da
ração. Verificou-se que à medida que aumentou o nível energético (aumento da relação
EM: PB), houve uma tendência em diminuir o peso do albúmen. O aumento da relação
EM:PB fez com que as codornas reduzissem o consumo para ajustar suas necessidades
energéticas. Porém, essa redução no consumo fez com que as aves reduzissem a
ingestão de nutrientes essencialmente formadores de albúmen, como a proteína por
exemplo. No presente trabalho, houve uma redução de 2,1 mg na ingestão de proteína
134
para cada aumento de kcal de energia da ração, fato que possivelmente contribuiu para a
redução de 0,5 mg de albúmen para o mesmo aumento de kcal de energia.
De acordo com Costa et al. (2004), sabe-se que os sólidos do albúmen do ovo
são quase inteiramente proteicos e a demanda de proteína e aminoácidos é grande, ou
seja, uma carência de proteína resultaria num decréscimo da quantidade de albúmen e
consequentemente do tamanho do ovo. Estes dados concordam com os observados por
Barreto et al. (2007a), mas discordam dos apresentados por Barreto et al. (2007b) e
Moura et al. (2010).
O albúmen participa com 56% da composição total do ovo. É constituído de
mais de 13 proteínas de alto valor biológico, sendo as principais a ovoalbumina e a
ovotransferrina que representa 66% de todas as proteínas da clara. No albúmen, a
proteína varia entre 11 e 10% para os ovos de codorna e galinha, respectivamente.
Portanto sua adequada utilização na nutrição de codornas é importante para que não
haja prejuízos à qualidade dos ovos.
Para a variável referente à casca, houve diminuição do peso com o aumento da
relação EM: PB. Este resultado concorda com Murakami et al. (1993) e Costa et al.
(2004) mas discorda de Belo et al. (2000) e Moura et al. (2010), que não verificaram
diferença para peso e percentagem de casca e de Barreto et al. (2007b), que sugeriram
3.014 kcal/kg de ração para maior conteúdo de casca.
De acordo com Costa et al. (2004), o nível energético e proteico da ração, nos
parâmetros de qualidade da casca, exerce função principalmente no fornecimento de
energia para mobilização do cálcio para a casca. Entretanto, o aumento da relação
EM:PB no presente estudo promoveu prejuízos à qualidade da casca. Considerando que
todas as dietas atenderam às recomendações nutricionais para cálcio, vitaminas e
minerais, através da suplementação adequada de calcário, fosfato bicálcico, suplementos
vitamínico e mineral, é provável que os níveis mais altos de energia tenham promovido
a redução do consumo de ração, diminuindo assim a ingestão destes ingredientes.
Não houve efeito significativo dos níveis de energia metabolizável para
gravidade específica e espessura de casca. O comportamento da gravidade específica era
esperado, considerando que a variável apresenta relação direta com o percentual de
casca e este não foi influenciado pelas relações EM: PB.
135
Embora tenha havido menor deposição de carbonato de cálcio para formação da
casca, houve também uma redução do peso do ovo com o aumento da relação EM: PB,
situação esta que manteve constante o percentual de casca ao longo dos níveis de
energia. Segundo Moura et al. (2010), existe uma relação inversa entre o peso do ovo e
a percentagem de casca, mas como no presente estudo a redução do peso da casca (g)
foi acompanhada pela redução do tamanho do ovo (g), a deposição de cálcio no ovo foi
feita em uma menor área específica, concentrando mais carbonato de cálcio e assim
mantendo a espessura da casca e gravidade específica inalteradas entre os níveis de
energia.
A eficiência energética por massa e por dúzia de ovos não foi influenciada pelo
aumento da relação EM: PB (aumento dos níveis de energia). Os resultados concordam
com os apresentados por Moura et al. (2008) e Barreto et al. (2007b), mas discordam de
Barreto et al. (2007a), que verificaram efeito dos níveis de energia sobre a eficiência
energética por dúzia de ovos. Os resultados mostram que todas as dietas foram
eficientes para a produção de ovos. Contudo é importante considerar que houve
influência não apenas da densidade energética, mas também da capacidade das codornas
em ajustar o consumo de ração em função de suas necessidades energéticas, fato que
manteve constante a produção, porém interferindo no peso dos constituintes do ovo e
em seu tamanho.
As diferentes relações EM: PB não proporcionaram efeito significativo sobre o
peso final das codornas, corroborando com Pinto et al. (2002) e Barreto et al. (2007ab).
De acordo com os resultados, verifica-se que as rações foram eficientes em manter o
peso corporal das codornas. Segundo Freitas et al. (2005), o controle no consumo de
ração em função do nível de energia contribuiu para que a ingestão de energia não
variasse entre os níveis avaliados. Consequentemente, era de se esperar que o ganho de
peso não variasse com o aumento dos níveis de energia da ração, uma vez que esta
variável depende da ingestão, principalmente dos níveis de energia para ser alterada.
Para concentração sérica de ácido úrico observou-se efeito quadrático (Tabela
5), com máxima concentração com 2.993 kcal de EM/kg de ração (relação 149,65),
diminuindo em seguida. Para retenção de nitrogênio, foi observada redução linear com o
aumento dos níveis de energia da ração. Não foi verificado efeito significativo para
CDN.
136
Tabela 5. Valores médios da retenção de nitrogênio, concentração sérica de ácido úrico
e coeficiente de digestibilidade de nitrogênio de codornas japonesas em fase
de produção em função das diferentes relações energia metabolizável:
proteína bruta
Relação EM: PB
EM da ração (kcal/kg)
PB (%)
125 132,5 140 147,5 155
2500 2650 2800 2950 3100
20 20 20 20 20
VARIÁVEIS CV(%)
Retenção de N (g/ave/dia)¹** 0,357 0,303 0,289 0,287 0,248 8,05
Concentração sérica de ácido
úrico (mg/dL)²* 4,61 7,33 11,24 8,09 4,23
20,04
CDN (%)³ 46,73 41,63 42,21 45,69 44,91 6,08 ¹Efeito linear; ²Efeito quadrático; ³ Não significativo; *(P<0,05); **(P<0,01); CDN- Coeficiente de digestibilidade de
nitrogênio; CV- coeficiente de variação
Observa-se a partir das informações citadas, que as aves diminuíram a retenção
de nitrogênio possivelmente por conta da menor ingestão de N ocasionada pela menor
ingestão de proteína. Além da redução da retenção de nitrogênio, as aves aumentaram a
concentração de ácido úrico no sangue com o aumento da relação EM: PB. Isso mostra
que, associado à menor ingestão de N houve também um aumento da excreção de N,
situação que gerou maior concentração de ácido úrico no sangue.
A presença de maior concentração de ácido úrico sanguíneo infere que, menos
nitrogênio foi utilizado para formação do ovo e composição corporal e mais foi
excretado. De acordo com Bell (1971), os valores de concentração sérica de ácido úrico
para aves estão relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de
excreção de bases nitrogenadas.
CONCLUSÕES
Recomenda-se dieta com relação EM: PB de 140, equivalente a 2.800 kcal de
EM/kg de energia metabolizável e 20% de proteína bruta.
137
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141
EXPERIMENTO 6
Determinação da relação energia metabolizável: proteína bruta na alimentação de
codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) na fase de 1 a 21 e 21 a 42 dias de
idade
RESUMO
O objetivo do trabalho foi determinar a melhor relação energia metabolizável:
proteína bruta (EM: PB) na criação de codornas europeias na fase de 1 a 21 e 21 a 42
dias de idade. Nos dois experimentos foram utilizadas 300 codornas em um
delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos, seis repetições com dez
aves por unidade experimental. Na fase de 1 a 21 foram utilizados as relações energia
metabolizável: proteína bruta (EM: PB) 116; 89,28; 96,42; 103,57 e 110,71 e na fase de
21 a 42 dias as relações EM: PB 108,92; 120,45; 129,54; 138,63 e 147,72. Para a
análise de regressão na fase de 1 a 21 dias, excluindo-se a ração controle verificou-se
efeito quadrático para concentração sérica de ácido úrico, com máxima concentração no
nível 2.850 kcal/kg de ração. Houve diminuição do consumo de ração, conversão
alimentar e ingestão de proteína com o aumento dos níveis de energia e para as demais
142
variáveis, não foi verificado efeito significativo. Para a análise de regressão na fase de
21 a 42 dias, excluindo-se a ração controle verificou-se efeito linear decrescente para
consumo de ração, conversão alimentar e concentração sérica de ácido úrico e linear
crescente para ganho de peso. Não houve efeito das relações EM: PB para rendimento
de carcaça, coxa+sobrecoxa e peito, mas efeito linear crescente para peso vivo e gordura
corporal e quadrático para rendimento de moela. Recomenda-se a relação EM: PB
110,71 com 3.100 kcal/kg e 28% de proteína bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a
fase de 21 a 42 dias recomenda-se a relação 129,54 com 2.850 kcal/kg e 22% de
proteína bruta.
Palavras-chave: ácido úrico, carcaça, carne, desempenho, peito, rendimento
Determination of metabolizable energy: crude protein in the diet of European
quail (Coturnix coturnix coturnix) in phase 1 to 21 and 21 to 42 days of age
ABSTRACT
The objective of this study was to determine the best metabolizable energy: crude
protein (ME: CP) in creating European quail in phase 1 to 21 and 21 to 42 days old. In
both experiments we used 300 quails in a completely randomized design with five
treatments, six replicates with ten birds each. From 1 to 21 were used relations
metabolizable energy: crude protein (ME: CP) 116, 89.28, 96.42, 103.57 and 110.71
and the period from 21 to 42 days relations: CP 108.92, 120.45, 129.54, 138.63 and
147.72. For the regression analysis in phase 1 to 21 days, excluding the control diet
there was a quadratic effect for serum uric acid, with maximum concentration level in
2850 kcal / kg diet. There was a decrease in feed intake, feed conversion and protein
intake with increased energy levels and other variables, no significant effect was
observed. For the regression analysis in the period from 21 to 42 days, excluding the
control diet was found decreasing linear effect on feed intake, feed conversion and
serum uric acid and a linear increase to weight gain. No effect of: CP ratio for carcass
yield, thigh + drumstick and breast, but increased linearly for body weight and body fat
143
and quadratic yield gizzard. It is recommended that the ratio: CP 110,71 with 3,100 kcal
/ kg and 28% crude protein for the stage of 1 to 21 days and the period from 21 to 42
days is recommended with respect 129.54, 2.850 kcal / kg and 22% crude protein.
Keywords: uric acid, carcass, meat, performance, breast, efficiency
INTRODUÇÃO
A carne de codorna é uma fonte de proteína de excelente qualidade e com
grande aceitação em todas as camadas sociais. Murakami e Ariki (1998) afirmaram que
a coturnicultura de corte é muito expressiva na Europa, principalmente na região do
Mediterrâneo. No Brasil, a produção de ovos é mais representativa, mas, em virtude da
elevada taxa de crescimento e do reduzido consumo de ração, a produção de codornas
de corte pode constituir uma nova alternativa para o setor avícola (OLIVEIRA et al.,
2002).
O crescimento da atividade, dentre outros fatores, está associado ao maior
conhecimento das exigências nutricionais, fato que favorece a expressão do máximo
desempenho produtivo. Entre as exigências nutricionais, a de energia é muito
importante, pois este é o componente nutricional que regula o consumo e,
consequentemente, o desempenho das aves e, tanto o excesso quanto a deficiência no
consumo de ração ocasiona perda de produtividade (BARRETO et al., 2007).
Níveis inadequados de energia promovem desbalanceamento nutricional, pois no
caso de excesso na dieta, a ave reduzirá o consumo de ração e os nutrientes lá contidos
podem ser consumidos em quantidades inferiores às suas reais necessidades.
144
Dentre estes, podemos destacar a proteína bruta (PB) como nutriente de grande
importância para o crescimento de codornas de corte, considerando que nas primeiras
semanas de vida, o acelerado metabolismo e síntese de massa muscular acabam por
demandar mais desse nutriente.
Desta forma, verifica-se a importância de se estabelecer uma relação entre o
nível energético e a proteína bruta, como forma de garantir o bom aproveitamento
nutricional pelas aves em todas as fases de criação.
Desta forma, o objetivo do trabalho foi determinar a melhor relação energia
metabolizável: proteína bruta (EM: PB) na criação de codornas europeias na fase de 1 a
21 e 21 a 42 dias de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba no período de .Foram
utilizadas 300 codornas europeias de 1 dia de idade para a fase de 1 a 21 dias e paralelo
a estas, foram criadas outras 300 codornas até atingirem 21 dias de idade para que fosse
dado início à fase experimental de 21 a 42 dias. Nas duas fases de criação, as aves
foram alojadas em boxes dotados de aquecimento, em um delineamento inteiramente
casualizado com cinco tratamentos e seis repetições de 10 aves por unidade
experimental. O peso inicial das aves na fase 1 a 21 dias foi de 9,5 ± 0,1g e na fase de
21 a 42 dias foi de 178,31 ± 2,04g.
Para a eleição das relações energia metabolizável: proteína bruta a serem
utilizadas neste experimento, foi necessário a obtenção do nível de proteína bruta que
proporcionou melhores resultados de desempenho nas fases de 1 a 21 e de 21 a 42 dias
de idade do experimento 3.
Desta forma, os tratamentos nas duas fases de criação consistiram de uma ração
basal composta por milho, farelo de soja e farinha de carne e ossos, formulada segundo
145
as recomendações de Silva e Costa (2009), exceto para energia metabolizável (EM) e
proteína bruta (PB).
As dietas foram formuladas com base em aminoácidos digestíveis e suplementadas
com os aminoácidos industriais DL-metionina, L-lisina HCl e L-treonina na fase 1 a
21 e DL-metionina e L-treonina na fase 21 a 42 dias, podendo atender ou exceder as
recomendações dos aminoácidos essenciais. Os dados de composição de alimentos
foram baseados segundo Rostagno et al. (2005).
Para a fase de 1 a 21 dias, a primeira relação EM: PB foi formulada com 25% de
PB e 2.900 kcal/kg (ração controle) de acordo com Silva e Costa (2009) e as demais
relações, com 28% de PB e 2.500, 2.700, 2.900 e 3.100 kcal de EM/kg de ração,
estabelecendo assim as relações 116; 89,28; 96,42; 103,57 e 110,71 nas rações
experimentais (Tabela 1). O nível 28% de PB foi utilizado neste experimento, por ter
sido o que mais influenciou o bom desempenho na fase de 1 a 21 do experimento 3. Por
ser um alto valor de proteína bruta, utilizou-se para comparação uma ração referência
(controle) atendendo a recomendação nutricional de PB sugerida por Silva e Costa
(2009).
Tabela 1. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias
na fase de 1 a 21 dias
Relação EM: PB
Ingredientes 116 89,28 96,42 103,57 110,71
Milho 53,551 36,504 43,551 42,563 38,244
Soja 45% 40,517 54,035 49,940 50,118 50,340
Óleo de soja 0,607 0,000 0,000 2,612 6,321
Farinha de carne e osso 40% 3,228 0,000 3,068 3,076 3,125
Calcário 0,630 1,078 0,619 0,616 0,599
Fosfato bicálcico 0,000 1,016 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,259 0,306 0,253 0,253 0,255
Dl- metionina 0,392 0,322 0,319 0,320 0,566
L-treonina 0,252 0,101 0,120 0,120 0,228
L - lisina HCL 0,240 0,000 0,000 0,000 0,000
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 0,000 6,000 1,807 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 25 28 28 28 28
Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.500 2.700 2.900 3.100
146
Relação EM:PB 116 89,28 96,42 103,57 110,71
Cálcio (%) 0,850 0,852 0,850 0,850 0,850
Cloro (%) 0,205 0,206 0,196 0,196 0,195
Potássio (%) 0,928 1,107 1,071 1,071 1,062
Sódio (%) 0,170 0,170 0,170 0,170 0,170
Fósforo disponível (%) 0,320 0,321 0,320 0,320 0,320
Arginina dig.(%) 1,553 1,839 1,810 1,812 1,805
Leucina Dig 1,876 2,094 2,079 2,075 2,041
Isoleucinadig. (%) 0,942 1,136 1,096 1,097 1,090
Lisina dig.(%) 1,370 1,445 1,399 1,402 1,400
Met.+cist.dig.(%) 1,040 1,043 1,040 1,040 1,270
Metionina dig.(%) 0,722 0,698 0,691 0,691 0,927
Treonina dig.(%) 1,040 1,043 1,040 1,040 1,129
Triptofano dig.(%) 0,271 0,338 0,321 0,322 0,321
Valina dig.(%) 0,996 1,157 1,138 1,138 1,128
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Colistin;
6Areia lavada
Para a fase de 21 a 42 dias, a primeira relação EM: PB foi formulada com 28%
de PB e 3.050 kcal/kg (ração controle) e as demais relações, com 22% de PB e 2.650,
2.850, 3.050 e 3.250 kcal de EM/kg de ração, estabelecendo assim as relações 108,92;
120,45; 129,54; 138,63 e 147,72 nas rações experimentais (Tabela 2). O nível 22% de
PB foi utilizado nesta fase, por ter influenciado o bom desempenho ao final dos 42 dias
do experimento 3. Já o nível 28% de PB foi utilizado como ração controle por ter
apresentado resultados para as variáveis ganho de peso e conversão alimentar,
semelhantes aos encontrados com o nível 22%, necessitando assim de comparação entre
ambos.
Tabela 2. Ingredientes e composição nutricional calculada para codornas europeias
na fase de 21 a 42 dias
Relação EM:PB
Ingredientes 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72
Milho 39,065 51,679 58,655 59,773 54,977
Soja 45% 52,023 38,157 34,648 34,446 35,312
Óleo de soja 5,528 0,000 0,000 1,896 5,803
Farinha de carne e osso 40% 2,256 0,100 2,536 2,527 2,563
Calcário 0,518 0,903 0,542 0,547 0,530
Fosfato bicálcico 0,000 0,810 0,000 0,000 0,000
Sal comum 0,217 0,271 0,228 0,228 0,229
Dl- metionina 0,072 0,208 0,203 0,202 0,207
L-treonina 0,000 0,042 0,058 0,058 0,057
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Vitamina¹ 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Mineral² 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Antioxidante³ 0,010 0,010 0,100 0,010 0,010
147
Anticoxidiano4 0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
Antibiótico5 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Inerte6 0,000 7,400 2,807 0,000 0,000
Total 100 100 100 100 100
Composição Nutricional Calculada
Proteína bruta (%) 28 22 22 22 22
Energia Metabolizável (kcal/kg) 3.050 2.652 2.850 3.050 3.250
Relação EM: PB 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72
Cálcio (%) 0,700 0,700 0,700 0,700 0,700
Cloro (%) 0,167 0,192 0,184 0,184 0,183
Potássio (%) 1,090 0,858 0,831 0,830 0,832
Sódio (%) 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150
Fósforo disponível (%) 0,270 0,270 0,270 0,270 0,270
Arginina dig.(%) 1,553 1,839 1,810 1,812 1,805
Leucina dig 2,088 1,728 1,724 1,729 1,711
Isoleucinadig. (%) 1,118 0,868 0,837 0,836 0,841
Lisina dig.(%) 1,430 1,073 1,035 1,032 1,045
Met.+cist. dig.(%) 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800
Metionina dig.(%) 0,451 0,513 0,507 0,506 0,510
Treonina dig.(%) 0,943 0,780 0,780 0,780 0,780
Triptofano dig.(%) 0,330 0,252 0,238 0,238 0,240
Valina dig.(%) 1,152 0,906 0,893 0,893 0,894
¹Suplemento vitamínico: vit. A:10.000.000 U.I; vit D3: 2.500.000 U.I; vit. E: 6.000 U.I; vit. K:
1.600mg; vit B12: 11.000; Niacina: 25.000mg; Ácido fólico: 400mg; Ácido pantotênico: 10.000mg;
Selênio: 300mg; Antioxidante: 20g.; ²Suplemento mineral: monóxido de manganês, óxido de zinco,
sulfato de ferro, sulfato de cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do
produto: Manganês: 150.000mg; Zinco: 100.000mg; Ferro: 100.000mg; Cobre: 16.000mg; Iodo:
1.500mg.; ³Etoxiquin; 4Coxistac;
5Colistin;
6Areia lavada
Após jejum alimentar de oito horas, as aves foram novamente pesadas e abatidas
e, em seguida, depenadas, evisceradas e retiradas a cabeça, os pés e a gordura
abdominal para a pesagem da carcaça e cálculo do rendimento de carcaça (%). Em
seguida procederam-se os cortes.
O rendimento de carcaça (%) foi calculado em relação ao peso vivo das
codornas e os rendimentos (%) de peito, coxa+sobrecoxa e vísceras comestíveis (moela,
fígado, coração) em relação ao peso da carcaça. Toda a gordura encontrada ao redor da
cloaca, moela, proventrículo e ao redor dos músculos (se houver) foi considerada como
gordura corporal.
Os dados foram analisados utilizando o SAS (2003). Na fase de 1 a 21 e 21 a 42
dias, os resultados obtidos com cada uma das relações EM:PB foram comparados aos
encontrados com a ração controle utilizando-se o teste Dunnett (5%). Além do teste de
médias, foram estimadas também as exigências pelo modelo de regressão polinomial,
excluindo-se a ração controle.
148
Os parâmetros avaliados nas duas fases foram: consumo de ração (g/ave/dia), ganho
de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g ração/g de ganho de peso), ingestão de
proteína (g/ave/dia), ingestão de energia (kcal/ave/dia) e concentração sérica de ácido
úrico (mg/dL).
Ao final de cada fase de criação foi determinado o consumo de ração, o ganho de
peso, conversão alimentar, ingestão de energia e de proteína. O consumo de ração foi
determinado através da diferença entre a ração consumida e a sobra. O ganho de peso
foi calculado pela diferença entre o peso final e o peso inicial das parcelas. A
conversão alimentar foi calculada através da relação entre o consumo de ração e o
ganho de peso. A ingestão de proteína e energia foi calculada em função da
quantidade de proteína bruta e energia metabolizável consumida por grama de ração
ingerida.
A concentração sérica de ácido úrico foi utilizada como indicador da qualidade
da proteína ingerida pelas aves. Foram colhidos 2 ml de sangue de cada ave no último
dia de cada fase experimental. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi
estocado a –20ºC para posterior análise das concentrações séricas de ácido úrico, através
de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as
instruções do fabricante.
Ao final do período experimental (42 dias de idade), três aves de cada parcela
foram selecionadas para serem abatidas para a avaliação das características de carcaça.
Foram selecionadas aves com peso semelhante ao peso médio da parcela.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a fase de 1 a 21 dias, a média das temperaturas máxima e mínima foram
25,7ºC e 18,2ºC, respectivamente, e 80% de umidade relativa. O resultado da
comparação de médias pelo teste de Dunnett (5%) para a fase de 1 a 21 dias encontra-se
na Tabela 3.
149
Tabela 3. Médias das variáveis de desempenho e da concentração sérica de ácido úrico
de codornas europeias na fase de 1 a 21 dias de idade em função das
diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta
Relação EM: PB 116 89,28 96,42 103,57 110,71
EM da ração (kcal/kg) 2900 2500 2700 2900 3100
PB (%) 25 28 28 28 28
VARIÁVEIS CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)¹ * 15,96 19,36● 17,86
● 16,59 15,24 4,76
Ganho de peso (g/ave/dia)³ 7,70 7,40 7,85 7,74 7,58 4,92
Conversão alimentar (g/g)¹* 2,07 2,61● 2,28
● 2,14 2,01 5,10
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)³ 46,31 48,42 48,22 48,13 47,27 4,61
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 3,99 5,42● 5,00
● 4,64
● 4,27 4,79
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)²* 1,85 2,41 4,04● 2,18 2,30 11,46
● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ efeito linear; ² efeito quadrático; ³ não significativo;
*P<0,01; CV – coeficiente de variação
Para a análise de regressão na mesma fase (Tabela 4), excluindo-se a ração
controle verificou-se efeito quadrático para concentração sérica de ácido úrico, com
máxima concentração no nível 2.850 kcal/kg de ração. Houve diminuição do consumo
de ração, conversão alimentar e ingestão de proteína com o aumento dos níveis de
energia e para as demais variáveis, não foi verificado efeito significativo.
Tabela 4.Equações de regressão e coeficiente de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na
fase de 1 a 21 dias de idade em função das diferentes relações energia
metabolizável: proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y=36,344-0,0068x 0,99
Conversão alimentar (g/g) Y=4,9971-0,001x 0,93
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=10,176-0,0019x 0,99
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y= -67,105+0,0513x-0,000009x² 0,34
Para o consumo de ração, a comparação das medias pelo teste de Dunnett (5%)
mostrou que as aves alimentadas com as dietas de relação EM: PB 89,28 e 96,42
apresentaram maior consumo de ração do que as codornas alimentadas com a ração
controle (relação EM: PB 116). De acordo com a análise de regressão, ao excluir a
ração controle, verificou-se que o aumento da relação EM: PB provocou uma redução
do consumo de ração. De acordo com a equação, para cada kcal de aumento na energia,
houve redução de 6 mg no consumo de ração por ave.
150
As codornas alimentadas com ração contendo menos energia (no teste de medias
e na análise de regressão) consumiram mais ração do que as alimentadas com maiores
níveis energéticos. Estes resultados mostram que as codornas que consomem dietas com
menor teor calórico tendem a compensar a baixa concentração energética ingerindo
maior quantidade da dieta.
Este comportamento assemelha-se ao verificado com frangos de corte, que
controlam o consumo de ração em função de suas necessidades energéticas. O mesmo
pode ser verificado por Oliveira et al. (2002), Rezende et al. (2004), Freitas et al.
(2006), Ton et al. (2011) e Veloso et al. (2012). De acordo com os autores, os animais
tendem a regular o consumo de ração de forma a ingerir quantidades constantes de
energia, por isso alteram o consumo de ração de acordo com o nível energético. Os
resultados obtidos nessa pesquisa indicam que as codornas de corte se alimentaram para
satisfazer, primeiramente suas exigências de energia e assim, corroborando com a teoria
quimiostática da ingestão de alimentos (ÁVILA et al., 2003).
Para ingestão de energia de 1 a 21 dias, a comparação das médias não
evidenciou diferença significativa entre as relações EM: PB estabelecidas na presente
pesquisa, assim como também não houve diferença significativa entre as relações na
análise de regressão. Os resultados do presente estudo mostram que houve eficiência
das codornas na regulação da ingestão de energia, ou seja, as codornas conseguiram
através da redução do consumo de ração, estabilizar a ingestão diária de energia em
aproximadamente 47,67 kcal/kg.
Vale ressaltar, que nem sempre esse mecanismo regulador é eficiente em aves
jovens. Mendonça et al. (2007) estudando níveis de energia metabolizável (2.600,
2.750, 2.900, 3.050 e 3.200 kcal de EM/kg) e relações energia: proteína para aves de
corte em crescimento (1 a 21 dias) observaram redução no consumo de ração com o
aumento da densidade energética, entretanto verificou-se aumento da ingestão de
energia com os maiores níveis de energia na ração. Segundo os autores, isso pode ser
consequência das aves jovens não regularem o consumo de energia tão bem como as
aves adultas, desta forma a ingestão de energia metabolizável aumenta ligeiramente com
o nível energético da ração.
Para ingestão de proteína (Tabela 3), através da comparação das médias
verificou-se que as relações EM: PB 89,28; 96,42 e 103,57 promoveram maior ingestão
151
do que a ração controle. A menor ingestão observada com a ração controle pode estar
associada ao menor consumo de ração quando comparado com as demais dietas e
associado a isso, à menor quantidade de proteína da ração controle (25%) que reduz a
concentração de proteína presente por grama de ração.
Através da equação de regressão, verificou-se que o aumento da relação EM:
PB reduziu a ingestão proteica da codorna. Para cada kcal de aumento de EM da ração
houve diminuição de 1,9 mg na ingestão proteica. Considerando que as dietas foram
isoproteicas, podemos inferir que essa menor ingestão de proteína está diretamente
associada à redução do consumo de ração com o aumento da relação EM: PB. Esse
resultado se assemelha ao apresentado por Silva et al. (2001), que observaram forte
correlação positiva (r = -0,935; P<0,0001) entre o consumo de proteína e a relação
energia: proteína de dietas para frangos de corte no período de 21 a 42 dias.
Para o ganho de peso de 1 a 21 dias, observa-se através da comparação de
médias pelo teste Dunnett (5%) que a ração controle não diferiu significativamente das
demais dietas. Pela análise de regressão, também não houve efeito dos níveis de energia
sobre o ganho de peso. Os resultados para ganho de peso indicam a importância da
energia metabolizável sobre esta variável.
Quando as codornas conseguem ajustar a ingestão de energia mesmo em dietas
com maiores densidades energéticas, o ganho de peso sofre pouca ou nenhuma alteração
ao longo desses níveis. Isso ocorre devido a influência da energia sobre o desempenho
de codornas nas primeiras semanas de vida em função de sua maior demanda energética
para aumento de tamanho corporal (VELOSO et al., 2012) e alta demanda metabólica.
Pesquisas revelam o efeito da energia sobre o ganho de peso de codornas de
corte, onde Freitas et al. (2006) e Oliveira et al. (2002) verificaram maior ganho em
aves que receberam ração com maiores níveis energéticos, em virtude da maior ingestão
de energia. Desta forma, se nestes casos a ingestão tivesse sido controlada pela ave,
possivelmente não teria havido diferença entre os ganhos de peso.
Para conversão alimentar, o teste de médias mostrou que as relações EM: PB
89,28 e 96,42 apresentaram piores resultados do que a ração controle (116). O melhor
resultado para a relação 116 está associado ao menor consumo de ração das aves desse
grupo, já que o ganho de peso não variou entre as três relações citadas.
152
Na análise de regressão, excluindo a ração controle, observou-se melhora da
conversão com o aumento da relação EM: PB. Para cada kcal de aumento da EM da
ração houve redução de 0,001 pontos da conversão alimentar. Por ser uma variável que
depende dos resultados de consumo de ração e ganho de peso, este resultado era
esperado tendo em vista a redução do consumo e a estabilidade do ganho de peso. Uma
melhor conversão alimentar foi observada também por Freitas et al. (2006) e Ton et al.
(2011). Ávila et al. (2003) observaram melhora na conversão alimentar com o aumento
da EM e recomendaram o nível 3.050 kcal/kg.
O resultado encontrado por Ávila está próximo do recomendado no presente
estudo para conversão alimentar, pois, considerando que foi efeito linear, indica dizer
que a exigência de EM para esta variável deve ser superior ou igual ao maior nível
avaliado (3.100 kcal/kg).
Para a concentração sérica de ácido úrico de 1 a 21 dias, através do teste de
média observou-se que apenas a ração com relação EM:PB 96,42 (2.700 kcal/kg)
proporcionou maior concentração do que a ração controle. De acordo com a análise de
regressão, a concentração sérica aumentou até o nível 2.850 kcal/kg de EM e diminuiu
em seguida. Este comportamento quadrático pode explicar o resultado obtido no teste de
médias, pois o nível 2.850 kcal/kg (maior concentração de ácido úrico) encontra-se
próximo do encontrado no teste de médias (2.700 kcal/kg) como sendo o que apresentou
maior concentração de ácido úrico.
Nenhum fator em específico foi encontrado para explicar precisamente o
resultado encontrado para o ácido úrico. Sabe-se, contudo, que este resultado é obtido
através de análise sorológica individual (1 ave/parcela), situação que por vezes pode
aumentar a variação dos resultados e/ou não representar adequadamente o
comportamento de uma parcela inteira. Isso ocorre por ser um dado biológico
extremamente variável entre as aves e inerente a cada uma, podendo apresentar grandes
diferenças mesmo em uma mesma parcela.
Durante a fase de 21 a 42 dias, a média das temperaturas máxima e mínima
foram 25,8ºC e 18,2ºC, respectivamente, e umidade relativa 80%. Para a análise de
regressão na mesma fase, excluindo-se a ração controle verificou-se efeito linear
decrescente para consumo de ração, conversão alimentar e concentração sérica de ácido
úrico e linear crescente para ganho de peso (Tabela 5).
153
Tabela 5.Valores médios das variáveis de desempenho e da concentração sérica de
ácido úrico de codornas europeias na fase de 21 a 42 dias de idade em função
das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta
Relação EM: PB 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72
EM da ração (kcal/kg) 3050 2650 2850 3050 3250
PB (%) 28 22 22 22 22
VARIÁVEIS CV (%)
Consumo de ração (g/ave/dia)¹* 34,72 38,06● 37,91
● 37,33
● 32,00
● 3,93
Ganho de peso (g/ave/dia)¹* 5,12 5,73 5,96● 6,43
● 7,04
● 8,74
Conversão alimentar (g/g)¹* 6,90 6,68 6,40 5,81● 4,55
● 8,39
Ingestão de energia (kcal/ave/dia)² 102,85 101,75 105,21 109,29 103,99 6,82
Ingestão de proteína (g/ave/dia)¹* 9,44 8,44● 8,12
● 7,88
● 7,04
● 6,89
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL)¹* 6,74 5,02● 3,85
● 1,92
● 2,48
● 3,72
● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ efeito linear; ² não significativo; *P<0,01; CV-
coeficiente de variação
A comparação das médias para o consumo de ração de 21 a 42 dias mostrou que
todas as rações diferiram da dieta controle. As relações EM: PB 120,45; 129,54 e
138,63 promoveram maior consumo de ração do que a controle (108,92), enquanto que
a relação 147,72 teve consumo inferior.
É possível que o maior consumo de ração nas relações 120,06; 129,91 e 138,33
tenha ocorrido por conta do menor nível proteico nestas dietas. De acordo com Baker
(1993), ocorre aumento no consumo alimentar em rações com baixo nível de proteína
bruta. Desta forma, verifica-se que as codornas tentaram compensar a menor ingestão de
proteína consumindo maiores quantidades de ração.
Ainda sobre o teste de médias, observa-se que a relação 138,63 (consumo maior)
difere da relação 108,92 (consumo menor) apenas pelo nível de proteína. Este fato vem
ratificar o que já foi dito anteriormente sobre o efeito da proteína no consumo de ração.
Neste caso, as aves alimentadas com ração contendo 28% de PB consumiram menos
ração do que as alimentadas com 22% por conta do excesso de proteína da dieta. Para
Shirisvastav e Panda (1999), a qualidade da proteína é mais importante do que seu nível
na ração. Contudo, em razão dos efeitos da redução da PB no período inicial sobre o
consumo de ração, o nível de PB da ração não deve ser menosprezado (OLIVEIRA,
2001).
De acordo com a equação de regressão para o consumo de ração de 21 a 42 dias
(Tabela 6), excluindo-se a ração controle, observa-se que o consumo diminuiu
154
linearmente com o aumento dos níveis de energia metabolizável. Este mesmo
comportamento foi verificado na fase de 1 a 21 dias e está associado à capacidade das
codornas de regularem o consumo de ração para ajustar suas necessidades energéticas.
Desta forma, nas dietas com maiores densidades energéticas elas passam a reduzir o
consumo de ração para não se excederem na ingestão de energia.
Tabela 6.Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis de
desempenho e concentração sérica de ácido úrico de codornas europeias na
fase de 21 a 42 dias em função das relações energia metabolizável: proteína
bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Consumo de ração (g/ave/dia) Y=64,254-0,0095x 0,72
Ganho de peso (g/ave/dia) Y= -0,1917+0,0022x 0,96
Conversão alimentar (g/g) Y=16,138-0,0035x 0,90
Ingestão de proteína (g/ave/dia) Y=14,45-0,0022x 0,91
Concentração sérica de ácido úrico (mg/dL) Y=17,427-0,0048x 0,78
Efeito semelhante foi verificado por Freitas et al. (2006) que avaliando níveis de
proteína (20, 22, 24 e 26%) e energia metabolizável (2.565, 2.715, 2.865 e 3.015
kcal/kg) sobre o desempenho de codornas de corte no período de 1 a 42 dias e sugeriram
que as rações podem ser formuladas com 2.865 kcal de EM/kg. Os autores verificaram
que o consumo de ração foi influenciado apenas pelo nível energético, diminuindo
linearmente com o aumento do nível de EM da ração.
A ingestão de energia de 21 a 42 dias não apresentou efeito significativo na
análise de regressão e nem no teste de médias. De acordo com os resultados, as
codornas mantiveram constante a ingestão diária de energia, mesmo com as grandes
variações dos níveis energéticos das dietas. Isso evidencia a capacidade destas aves de
regular o consumo de ração para atendimento de suas necessidades energéticas.
Os resultados obtidos nessa pesquisa indicam que as codornas de corte se
alimentaram para satisfazer, primeiramente, suas exigências de energia, comportamento
semelhante ao de frangos de corte. De acordo com Murakami et al. (1993), para
codornas também é possível aplicar a teoria quimiostática, ou seja, de que regulam seu
consumo de acordo com as necessidade de energia, no entanto, outros fatores também
podem influenciar o consumo, como a necessidade da ave, o peso corporal, o
crescimento, a mantença e o ambiente de criação.
155
De acordo com o teste de médias para ingestão de proteína na fase de 21 a 42
dias, a ração controle (28% de PB) foi a que apresentou maior ingestão quando
comparada às demais rações (22% de PB). O fato pode ser explicado por conta da maior
concentração de proteína presente na ração controle, embora esse tenha sido o
tratamento que menos consumiu ração (Tabela 5). Contudo, apesar do menor consumo,
essa redução não foi suficiente em reduzir a ingestão de proteína pelas codornas da
ração controle.
De acordo com a equação de regressão, ao se excluir a ração controle, o aumento
da relação EM: PB promoveu redução linear na ingestão de proteína, onde para cada
kcal de aumento de EM da ração houve redução de 2 mg na ingestão proteica. Esta
mesma situação foi verificada na fase de 1 a 21 dias de idade.
Na fase de 21 a 42 dias, todas as dietas referentes à equação de regressão foram
formuladas para serem isoproteicas (22% de PB) variando apenas a energia
metabolizável, fato que promoveu aumento da relação EM:PB. Desta forma podemos
concluir que, o aumento da relação EM: PB promoveu redução do consumo de ração e
consequentemente, as codornas passaram a ingerir menos proteína diariamente.
Para o ganho de peso de 21 a 42 dias, o teste de médias mostrou que as relações
EM: PB 129,54; 138,63 e 147,72 promoveram maior ganho do que a ração controle
(108,92). Observa-se no presente estudo que as aves alimentadas com a ração controle
(28% de PB) tiveram a maior ingestão de proteína e a maior concentração sérica de
ácido úrico do que as demais rações (22% de PB), sugerindo que houve uma maior
excreção de ácido úrico e consequentemente gasto excedente de energia para essa
atividade. Além disso, estas aves apresentaram um dos menores consumos de ração
(34,72 g/ave/dia) entre as relações avaliadas, fato que pode ter comprometido a
disponibilidade de nutrientes para o desenvolvimento corporal das aves.
Sabe-se que o excesso de aminoácidos prejudica a eficiência de utilização dos
mesmos, devido à necessidade de catabolismo para excreção de nitrogênio (N) na forma
de ácido úrico. De acordo com Corrêa et al. (2007a), à semelhança do que ocorre em
frangos de corte, o peso e ganho de peso em codornas de corte são limitados, tanto pela
quantidade de aminoácidos essenciais em dietas com baixos níveis de proteína bruta,
como pela redução da eficiência de utilização dos aminoácidos em dietas com níveis
proteicos acima da exigência.
156
Na análise de regressão, com a exclusão da ração controle podemos observar que
o ganho de peso aumentou linearmente com o aumento dos níveis de energia. Para cada
kcal de aumento da EM da ração o ganho de peso aumentou em 2 mg. Algumas
pesquisas (OLIVEIRA et al., 2002; FREITAS et al., 2006; VELOSO et al., 2012)
revelam o efeito da energia sobre o ganho de peso de codornas, onde esta influência
sobre o desempenho esta relacionada à maior demanda energética destas aves nas
primeiras semanas de vida para crescimento corporal e própria mantença.
Observa-se no presente estudo que a ingestão de energia permaneceu inalterada
e que o consumo de proteína diminuiu ao longo dos energéticos, portanto não
contribuíram substancialmente para o aumento no ganho de peso verificado no presente
estudo. Contudo podemos notar que o aumento da energia das dietas foi obtido com a
utilização de óleo de soja e esta suplementação de gordura, segundo Sakomura et al.
(2004) vem acompanhada de efeito extra calórico, que consiste no aumento da
disponibilidade dos nutrientes dos ingredientes da ração, assim como de efeito extra
metabólico da gordura, que resulta em melhoria da eficiência energética pelo
incremento da energia líquida da ração.
Para conversão alimentar na fase de 21 a 42 dias, o teste de médias mostrou que
a conversão obtida com a relação EM: PB 108,92 (ração controle) foi pior do que as
obtidas com a relação 138,63 e 147,72. O menor ganho de peso das aves alimentadas
com a ração controle foi o fator que determinou sua pior conversão alimentar, quando
comparado às outras duas relações EM: PB citadas.
Com a exclusão da ração controle, o teste de médias mostrou que o aumento da
relação EM: PB melhorou a conversão alimentar das codornas de corte. Para cada kcal
de aumento de EM da ração verificou-se um redução de 0,0035 pontos na conversão
alimentar. Este resultado era esperado, considerando que o aumento da relação EM: PB
promoveu aumento do ganho de peso acompanhado de redução no consumo de ração.
Resultado semelhante foi observado por Freitas et al. (2006), onde o aumento do nível
de EM promoveu redução média de 0,001 pontos na conversão alimentar de codornas
de corte.
Oliveira Neto et al. (1999) citam que o aumento do nível de energia por meio da
inclusão de óleo de soja nas raçoes pode proporcionar menor incremento calórico e,
consequentemente, aumentar a energia disponível para a ave, além de modificar a taxa
157
de passagem do alimento, fatores que justificam, em parte, a melhora na conversão
alimentar em frangos de corte.
O teste de médias para concentração sérica de ácido úrico na fase de 21 a 42 dias
mostrou que todas as rações (22% de PB) apresentaram nível de ácido úrico menor do
que a ração controle (28% de PB). Esse resultado está associado ao maior nível de PB
da ração controle, fazendo com que as aves aumentem sua concentração de ácido úrico
no sangue, forma pela qual o nitrogênio em excesso no organismo é excretado.
De acordo com a análise de regressão, com o aumento da relação EM: PB houve
redução linear da concentração de ácido úrico. Observa-se que o aumento da relação
EM: PB promoveu uma redução da ingestão de proteína e foi possivelmente isso que
diminuiu a concentração de ácido úrico no sangue, pois menos nitrogênio estava
disponível para excreção.
Para o peso vivo aos 42 dias de idade, verifica-se através do teste de médias que
as relações EM: PB 138,63 e 147,72 promoveram maior peso vivo do que a ração
controle (108,92). De acordo com a análise de regressão, com o aumento da relação
EM: PB houve aumento do peso vivo. Estes resultados estão em concordância com os
apresentados para ganho de peso, que também aumentou com a adição de energia na
ração.
De acordo com o teste de médias, a ração controle (relação EM: PB 108,92)
proporcionou um maior rendimento de carcaça do que a relação 120,45. Observa-se que
das rações experimentais que continham 22% de proteína bruta, a que apresentou menor
rendimento de carcaça (68,04%) teve também o menor peso vivo (275,77g) (Tabela 7).
Este fato pode ter contribuído para o menor rendimento de carcaça observado na relação
120,45, tendo em vista que o cálculo desta variável depende do valor do peso vivo como
fator limitante do resultado final.
De acordo com a análise de regressão, excluindo a ração controle, não houve
efeito dos níveis de energia sobre o rendimento de carcaça, de coxa+sobrecoxa e de
peito. Corrêa et al. (2005) avaliando dois níveis de energia (2.900 e 3.100 kcal/kg) sobre
o rendimento de carcaça de codornas europeias não verificaram nenhum efeito dos
níveis energéticos. Segundo os autores, os níveis utilizados não foram suficientes para
promover alterações significativas nas características de carcaça de corte.
158
Tabela 7.Peso vivo, rendimento de carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras
comestíveis e gordura corporal de codornas europeias aos 42 dias de idade em
função das diferentes relações energia metabolizável: proteína bruta Relação EM: PB 108,92 120,45 129,54 138,63 147,72
EM da ração (kcal/kg) 3050 2650 2850 3050 3250 CV(%)
PB (%) 28 22 22 22 22
Peso vivo (g)¹* 263,66 275,77 279,88 292,55● 293,44
● 6,26
Carcaça (%)³ 72,20 68,04● 70,50 69,62 70,57 4,65
Coxa+sobrecoxa (%)³ 20,20 20,57 20,29 20,07 19,90 8,48
Peito (%)³ 36,18 37,18 37,41 35,73 38,13 7,13
Gordura corporal (%)¹* 1,43 0,98 2,23 2,69● 2,59
● 47,44
Moela (%)²* 1,65 1,69 1,86 1,66 1,36 17,60
Fígado (%)³ 2,95 2,69 2,38 2,57 2,31 20,80
Coração (%)³ 1,11 1,18 1,29 1,20 1,18 21,11 ● Diferente em relação ao controle pelo teste Dunnett (5%); ¹ Efeito linear; ² efeito quadrático; ³Não significativo;
*(P<0,01)
Assim como Corrêa et al. (2005), pesquisas realizadas por Ton et al. (2011) e
Mendonça et al. (2007) também não encontraram efeito dos níveis de energia sobre
estas variáveis. É possível que a influência da EM esteja mais associada à deposição de
gordura e não diretamente à de tecido magro.
Parece haver influência dos níveis de proteína bruta sobre a carcaça e cortes
nobres (SILVA et al., 2006; CORRÊA et al., 2008), entretanto no presente estudo, a
redução da ingestão de proteína e do consumo de ração com o aumento da relação EM:
PB não afetou os rendimentos.
Para gordura corporal ao final dos 42 dias, verifica-se que as relações 138,63 e
147,72 apresentaram mais gordura do que a ração controle. De acordo com a equação de
regressão, a gordura corporal aumentou linearmente com o aumento dos níveis
energéticos, onde para cada kcal de aumento da EM houve acréscimo de 0,026g de
gordura corporal nas aves.
Segundo Waldroup (1996), quanto maior a relação energia: proteína, maior a
quantidade de gordura abdominal. Para Mendonça et al. (2007), a gordura depositada é
diretamente proporcional à quantidade de energia disponível para síntese, portanto, a
energia alimentar em excesso é bem correlacionada com a deposição de lipídios na
maioria dos animais.
Os resultados de gordura corporal do presente estudo mostram o efeito direto do
aumento dos níveis de energia sobre esta variável. Observa-se que mesmo controlando a
ingestão diária de energia (Tabela 5), as aves apresentaram alterações na qualidade da
carcaça, nos maiores níveis energéticos (Tabela 8). Nota-se que embora o teste de
159
médias não tenha detectado diferença estatística da ingestão de energia, numericamente
houve variações perceptíveis e estas podem ter influenciado no aumento da gordura
corporal.
Tabela 8.Equações de regressão e coeficientes de determinação do rendimento de
carcaça, cortes especiais da carcaça, vísceras comestíveis e gordura corporal
de codornas europeias aos 42 dias de idade em função das relações energia
metabolizável: proteína bruta
VARIÁVEIS Regressão R²
Peso vivo (g) Y=188,56+0,0328x 0,90
Gordura corporal (%) Y= -5,6623+0,0026x 0,75
Moela (%) Y= -22,69+0,017x-0,000003x² 0,97
Pesquisadores têm relatado que, com o aumento da proteína bruta da dieta ou a
redução na relação energia: proteína ocorre diminuição no conteúdo de gordura da
carcaça e aumento na proporção de água e proteína (Morris et al., 1999). Para Leeson et
al. (1996), o controle da ingestão de energia é importante não somente por seu efeito na
taxa de crescimento, mas também pelos efeitos negativos da ingestão em excesso, que
deprecia a qualidade da carcaça pelo maior acúmulo de gordura.
Observa-se também, que com o aumento da relação EM: PB houve redução da
concentração sérica de ácido úrico (Tabela 6), devido à menor ingestão de PB. Desta
forma, como os custos energéticos de síntese de ácido úrico reduzem de acordo com o
aumento dessa relação, mais energia torna-se disponível para a deposição de gordura na
carcaça (Silva et al., 2001).
De acordo com o teste de médias para as vísceras comestíveis (moela, fígado e
coração), não houve diferença do rendimento (%) entre a ração controle e as demais
rações. Na análise de regressão, apenas a moela apresentou diferença significativa, com
maior rendimento no nível 2.833 kcal /kg. De acordo com Lilja et al. (1985) apud
Rezende et al. (2004), o aumento do tamanho da moela melhora a capacidade de
ingestão e digestão dos alimentos.
Observa-se no presente estudo, que com o aumento da relação EM: PB as
codornas aumentaram o ganho de peso, melhoraram a conversão alimentar, contudo
sem alterar o rendimento (%) de carcaça, de coxa+sobrecoxa e de peito. Portanto, o
aumento do ganho de peso verificado, pode estar associado ao acúmulo de gordura
corporal, que aumentou com as maiores relações EM: PB.
160
Contudo, ao observar os resultados das aves alimentadas com a relação 129,54
verifica-se que estes se encontram em situação intermediária, ou seja, apresentam
menores níveis de gordura corporal e menor peso vivo do que as maiores relações EM:
PB (138,63 e 147,72). Entretanto possuem menor concentração sérica de ácido úrico,
menor peso vivo e menos gordura abdominal do que a ração controle (28% de PB), sem
diferir entre ambos, o rendimento (%) de carcaça, coxa+sobrecoxa e peito. Desta forma,
por ser uma ração que requer menos proteína bruta em sua composição, a dieta com
relação 129,54 (22% de PB) parece ser a mais viável.
CONCLUSÕES
Recomenda-se a relação EM: PB 110,71 com 3.100 kcal/kg e 28% de proteína
bruta para a fase de 1 a 21 dias e para a fase de 21 a 42 dias recomenda-se a relação
129,54 com 2.850 kcal/kg e 22% de proteína bruta.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação de codornas deve ser entendida nos dias atuais como uma atividade
lucrativa e em franca expansão no mercado avícola. A visão de uma atividade voltada
para subsistência tem sido deixada de lado, podendo ser vista na atualidade como um
investimento financeiro com retorno econômico satisfatório.
A determinação das relações EM: PB favorece este desenvolvimento quando
disponibiliza para as aves, quantidades adequadas de energia e de nutrientes na
alimentação, fazendo com que ocorram melhores resultados na produção de carne e de
ovos de codorna.
Quando uma dieta tem seus nutrientes relacionados adequadamente à quantidade
de energia, reduz-se a oportunidade de consumo insuficiente destes, considerando que
as aves tentarão manter a ingestão de energia primeiramente, e assim atender suas
necessidades energéticas. Essa adequada relação EM: nutriente deve ser melhorada à
custa de pesquisas, como esta abordada na tese em questão.
Diante da importância da coturnicultura no cenário nacional, há a necessidade de
aprofundamento de pesquisas no que concerne os efeitos das relações EM:PB sobre as
diferentes fases de criação de codornas japonesas e europeias, tendo em vista a escassez
de literatura científica que ainda prevalece sobre o assunto.
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