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O PRAGMATISMO NO SERVIÇO SOCIAL: reflexões sobre teoria e prática do
Assistente Social.
Lilian de Souza Ribeiro1
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o
pragmatismo no Serviço Social fazendo um retorno histórico sobre o curso e suas influencias para a profissão na atualidade, buscando reflexões sobre a teoria e a prática profissional do Assistente Social. Para esta análise foi feita pesquisa bibliográfica do arcabouço teórico dos autores: Ana Elizabete Mota, Angela Amaral, Cézar Maranhão, José Paulo Neto, Jamerson Murilo Anunciação de Souza, Yolanda Guerra, Nobuco Kameyma, Raquel Raichelis. Palavras-chave: Serviço Social, Pragmatismo,
Assistente Social. ABSTRACT: This article aims to analyze or pragmatism
not Serviço Social fazendo a historical return on or course and its influences for a professão na atualidade, seeking reflection on theory and practical practice of Social Assistant. For this analysis foi feita bibliographic research do arcabouço theoretical two authors: Ana Elizabete Mota, Angela Amaral, Cézar Maranhão, José Paulo Neto, Jamerson Murilo Announcement of Souza, Yolanda Guerra, Nobuco Kameyma, Raquel Raichelis Keywords: Social Service, Pragmatism, Social Assistant.
1 Estudante de Pós. Universidade Federal do Pará. [email protected]
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda o pragmatismo no Serviço Social e suas implicações na
atuação profissional de Assistentes Sociais, a busca pela imediaticidade2 que desde a
sua inscrição na divisão social e técnica do trabalho a profissão sofre fortes influencias
do mundo capitalista que cobra uma resposta imediata ao problema e não busca
compreender o real motivo dele dentro de um contexto mais amplo, uma prática
mecânica que não busca reflexões da realidade. Essa resposta imediata faz com que
a profissão perca a criticidade e impossibilita o profissional de acompanhar todo o
processo histórico da realidade a qual está inserido e sem a reflexão do contexto há
uma interpretação errônea, pois interpreta o problema exposto superficialmente como
uma verdade absoluta. E isso faz com que o significado das coisas, dos fenômenos
das práticas sociais resida neles próprios e rebate sobremaneira nas intervenções
sociais e profissionais.
A falta de uma reflexão teórica na perspectiva do movimento dialético contribui
para a manutenção da ordem burguesa o que implica em mudanças superficiais para
o cotidiano de usuários das políticas sociais, o profissional é inserido na divisão social
e técnica do trabalho como um trabalhador assalariado para desenvolver funções que
amenizem os conflitos sociais de forma que o profissional faça uma mediação para
conter esses conflitos. A anulação das mediações teóricas e ideopolíticas, própria da
compreensão da realidade em que o imediato é visto como verdade do cotidiano, e
leva a uma apropriação da realidade ao qual há carência destas mediações. A
abstração das mediações como resultado de uma apreensão da realidade na sua
imediaticidade sendo uma atuação influenciada pelo senso comum, própria do
cotidiano, sem questionamentos da realidade.
2 O padrão de comportamento próprio da cotidianidade é a relação direta entre pensamento e ação; a
conduta específica da vida cotidiana é a conduta imediata, na qual o espontaneísmo e o automatismo são as resposta adequadas ás demandas que surgem. (Maranhão, 2016,173)
O Assistente Social nos espaços ocupacionais se depara com as varias
demandas sociais em ambientes institucionais influenciados pelo pragmatismo em que
o pensamento empirista está dentro da dinâmica das políticas sociais, e a burocracia
direciona a práxis nos espaços profissionais, não permitindo a construção de
alternativas críticas para que permeie o cotidano do Assistente Social. As instituições
fortalecem esse tipo de prática que se distancia da base teórica que norteia o
profissional não dando suporte para a atuação, e esta atuação tende a ter uma
aparência dicotômica da realidade onde se separa a teoria da pratica. A prática é a
materialização da teoria sendo que essa teoria deve ser compreendida e
fundamentada por uma construção histórica dialética indissociáveis.
I- O PRAGMATISMO NO SERVIÇO SOCIAL
Dentro do capitalismo monopolista podemos analisar as principais
consequências desse modelo de produção para a classe trabalhadora como a
acumulação de pobreza e miséria, situações precárias e subalternas da vida cotidiana
destes trabalhadores, o que tornam alvos de intervenções do Estado. Nesse contexto
nascem as políticas sociais impulsionadas pelas expressões ou refrações da “Questão
Social”, que se apresentam como a fome, miséria, desemprego, necessidade de
moradia, ausência de escolas e creches, o aumento da violência, ausência de
hospitais e outras.
Conforme Netto (1992) o aparato estatal burguês busca o enfrentamento dessas
refrações sociais por uma via privilegiada, através de políticas que atuam na coerção
de classes, a intervenção é aparente para solucionar a problemática que ameaça o
sistema, não vai além de regulações que mudam as condições da reprodução das
relações sociais burguesas. Desse modo a intervenção profissional do Assistente
Social na divisão social e técnica do trabalho tem a responsabilidade de buscar
soluções para as demandas que surgem de forma imediata para que não haja uma
desordem social.
“A funcionalidade histórico social do Serviço social aparece definida precisamente enquanto uma tecnologia de organização dos componentes heterogêneos de cotidianidade de grupos sociais determinados para ressituá- los no âmbito desta mesma estrutura do cotidiano ____ O disciplinamento da família operária, a ordenação de
orçamentos domésticos, a recondução ás normas vigentes de comportamentos transgressores, a ocupação de tempos livres, processos compactos de ressocialização dirigida etc.” (NETTO, 1992, p. 92).
A profissão de Assistente Social se consolida dentro de uma composição de
organização social que atua dentro dos grupos sociais, operacionalizando diretamente
nas condições de reordenamento das práticas cotidianas, como forma de amenizar os
conflitos gerados pelo acirramento de lutas de classes e empobrecimento que são
consequências da acumulação do capital monopolista, esse fato não condiciona a
profissão ao status de profissão apenas por isso, mas há uma articulação na nova
dinâmica econômica e política que tende a reproduzir a sociabilidade burguesa e as
expressões ditas contraditórias existentes na sociedade.
As contradições presentes na sociedade interferem diretamente na prática
profissional e isso não está somente ligado ao Assistente Social, mas em outras áreas
profissionais, pois as demandas surgem e são colocadas para que os profissionais
respondam mediante ao dinamismo imediato. A moralização da sociedade a
sinalização de individualidade dos problemas sociais com componentes teórico-
culturais, econômicos e sociais que se desenvolvem dentro da consolidação da ordem
monopólica. Guerra (2013) diz que:
“Na sociedade capitalista, cujas contradições convertem-se em conflitos individuais, e podem ameaçar o ordenamento social, impera o que as teorias positivistas denominam de anomia, de onde a necessidade de profissões que possam contemporizar as situações limites que ameaçam a reprodução social. O Serviço Social surge como uma das profissões chamadas a buscar o consenso para os supostos conflitos individuais, adequar comportamentos "desviantes" e anômicos e incidir em situações de tensionamento que ameaçam e colocam em "risco" o ordenamento social”.
O Estado é autoritário e seus interesses refletem os interesses das classes
dominantes diante das necessidades reais ele não busca uma intervenção para que
os problemas das massas sejam resolvidos em sua totalidade, e assim trabalha para o
controle e repressão das manifestações sociais populares, com uma aparência política
social de participação que faz com que o trabalhador seja hábil, alienando se da
criticidade, buscando apenas responder o seu cotidiano exigido pela sociedade, o que
interfere diretamente nas estruturas econômicas, sociais, políticas e ideológicas. As
demandas sociais que legitima a profissão do Assistente Social surgem das
contradições do sistema capitalista como forma de amenizar estes conflitos individuais
e dos grupos com pensamentos que acompanham ações.
A emergência do Serviço Social tem suas bases nas políticas sociais essas
políticas são atraídas pelo Estado burguês, em sua intervenção é regido pelos
componentes estruturais do cotidiano e por sua relação com as demandas do estado.
O pensamento burguês se refere basicamente a feitichização da vida social,
reafirmando práticas e ideias conservadoras para que assim continue reproduzindo
respostas as necessidades de forma imediata, que coloca a profissão dentro desta
tendência socializando os interesses de uma minoria e generaliza para toda uma
sociedade. Portanto a profissão tem estratégias para enfrentar os problemas que
surgem para assim se articular com as lutas sociais.
Esse modo de tratar os problemas sociais como problemas morais ou de conduta,
da aparência que visa o empiricismo como forma de mudança no comportamento do
sujeito o que só reproduz a ordem social, reincidindo na atualidade a prática
profissional, os fenômenos que surgem levam o profissional a abandonar o método
que pode identificar o movimento real e uma visão da totalidade do problema. Para
solucionar ou responder o problema aplica se o pragmatismo onde às teorias para
serem comprovadas necessitam passar primeiramente pelas consequências da
aplicabilidade.
“Dados o quadro sócio-historico brasileiro, a particularidade do Serviço Social, a configuração das políticas sociais contemporâneas e as respostas que os profissionais tem dado no âmbito das políticas sociais, o pragmatismo se encontra com o traço sincrético do Serviço Social, constituindo-se no momento atual, em uma alternativa teórico profissional á perspectiva legatária da tradição marxista, que, a partir da intenção de ruptura, tem dinamizado a elaboração de sólidos fundamentos para compreender os processos sociais.”(MOTA &AMARAL, 2016.p.42)
O Serviço Social passou por um processo que precisou se reinventar através de
uma reflexão crítica sobre a sociedade capitalista na luta pelos direitos dentro de um
cenário contraditório que produz tensões sociais. Com a ruptura houve uma ampliação
e qualificação das problemáticas abordadas pelo Serviço Social e as contradições
contribuíram para o amadurecimento da profissão em relação ao conhecimento, com
um debate teórico problematizando assim a forma de intervir tendo um debate teórico
inédito tendo novas formas de intervenção e consolidando um terreno fértil para
superar o ecletismo como cita (Souza, 2016), mas o Serviço Social contemporâneo
necessita assegurar o pluralismo mais ao mesmo tempo manter o pensamento
dialético numa conjuntura altamente conservadora.
“Uma análise da trajetória da profissão e sua relação com as "teorias" permite afirmar que, no Serviço Social, o pragmatismo converte-se numa tendência, cuja orientação teórica é mais comum do que possamos supor, incidindo tanto sobre os profissionais que se localizam na academia como nos que se inserem na execução/planejamento/avaliação das políticas sociais.” (GUERRA, 2013, p.3).
As mudanças societárias produziram diversas demandas para os profissionais do
Serviço Social, fazendo com que ampliasse os espaços ocupacionais conquistados
pelos avanços do cotidiano profissional e enriqueceu o ensino superior com debates
críticos e efusivos dos problemas sociais da atualidade com respostas subsidiadas
pela teoria marxiana, mas sua base tem sofrido ataques por um ecletismo teórico que
acaba retrocedendo e colaborando com a lógica conservadora. Sendo necessária uma
reflexão de como tem sido a atuação profissional diante das condições históricas
dentro da realidade brasileira, onde a cada ano tem se constatado a retração dos
investimentos do Estado para as políticas sociais, em que o neoliberalismo favorece e
atua através do lucro do capital, defendendo cada vez mais o estado mínimo
culminando assim para os desmontes dos direitos sociais.
II- A CONSTRUÇÃO DO PROJETO ETICO POLITICO PROFISSIONAL
Dentro do contexto histórico brasileiro a preocupação com a profissão surge
como um componente forte para execução da Política Social, o que a coloca no
campo do debate dos interesses particulares da classe dominante interferindo, assim,
numa redefinição de estratégias para combater os problemas sociais, o Serviço Social
tem buscado enfrentar esses problemas através do projeto ético político profissional
que se iniciou na década de 70 com um grande avanço ideopolítico e teórico
metodológico, traçando assim uma nova direção social estratégica para a profissão, a
regulamentação do código de ética marca e consolida com fundamentação teórica
crítica, direcionando assim valores importantes para a atuação dos profissionais.
Na década de 70 com a vertente modernizadora caracterizada pela incorporação
de abordagens estruturalistas, funcionalistas e positivistas, imprimiram uma
modernização conservadora com viés ao desenvolvimento de comunidades para a
obtenção de um desenvolvimento social e do enfrentamento da marginalidade e da
pobreza na perspectiva de integração da sociedade, dentro de um projeto tecnocrático
fundado na busca da eficácia e eficiência para direcionar a produção do conhecimento
e a intervenção do profissional, na década de 90 até meados de 2000 a pobreza
passa a ser diretamente relacionada à questão social, com ideário burguês projetado
para políticas de enfrentamento a pobreza.
“Ao considerar as conjunturas que emergiram a partir dos anos 1990 a década do desmonte da nação e dos anos 2000, as décadas da restauração ideopolítica e econômica do capital no campo do Serviço Social também é possível identificar os rebatimentos particulares desse movimento cultural e teórico que tem representatividade política de esquerda , mas epistemologia conservadora , desaguando no ecletismo político e teórico.” (MOTA & AMARAL, 2016,p.33)
O Serviço Social teve mudanças históricas que contribuíram para a consolidação
da profissão, em consequência dos debates sobre a intervenção profissional durante
todo o processo de organização e realização dos Congressos Brasileiros de
Assistentes Sociais, teóricos debateram sobre a prática do Assistente Social diante do
processo de ruptura com o conservadorismo, através destes debates da categoria
ouve grande repercussão que contribuiu para produção cientifica. Buscando uma
renovação para a profissão com a perspectiva histórica dialética dentro da tradição
marxista. Fazendo com que o projeto ético político direcione o profissional a uma
pratica comprometida com os interesses da classe trabalhadora através de um projeto
social igualitário.
A produção intelectual com viés marxista não fez com que acabasse com as
tendências conservadoras dentro da profissão, as outras correntes contrárias a este
pensamento sempre esteve presente embora por um tempo não foi exposto, mas em
meio às mudanças sociais sofridas pela contra reforma nos últimos anos, elas
ganharam força e se tornaram mais expressivas na fala e na atuação dos
profissionais do Serviço Social, o que historicamente aparece como uma profissão em
caráter caritativo sem comprometimento com a classe trabalhadora e sem caráter
crítico que desconsidera toda a dinâmica societária como a negação de luta de
classes.
Com a ruptura do conservadorismo o código de ética passa por uma mudança
na década de 80 responsabilizando o profissional a assumir uma nova postura ética
que se opõe a neutralidade profissional. E, pelo fato da questão ética atingir
diretamente o cotidiano da vida profissional, esta discussão configurou-se como uma
das mediações entre o saber teórico-metodológico e as determinações da prática
profissional a partir de um novo entendimento sobre o individuo, considerando o seu
caráter histórico e social. Assim o profissional teria compromisso com as lutas de
classes, e não seria apenas um técnico das políticas sociais, mas passa a participar
dos espaços e das decisões dos espaços de intervenção.
“O trabalho do assistente social é, nesses termos, expressão de um movimento que articula conhecimentos e luta por espaços no mercado de trabalho; competências e atribuições privativas que têm reconhecimento legal nos seus estatutos normativos e reguladores (Lei de Regulamentação Profissional, Código de Ética, Diretrizes Curriculares da formação profissional), cujos sujeitos que a exercem, individual e coletivamente, se subordinam às normas de enquadramento institucional, mas também se organizam e se mobilizam no interior de um movimento dinâmico e dialético de trabalhadores que repensam a si mesmos e a sua intervenção no campo da ação profissional.” (RAICHELIS, 2011, p. 5)
Mesmo com a mudança na dimensão teórica e ética no Serviço Social, ainda
existiam lacunas na atuação profissional, em 1990 houve um debate acerca da
dimensão ideopolítica da intervenção profissional do Assistente Social. Apenas entre
os anos de 1992 e 1993 a questão ética aponta para uma direção sócio-política para a
profissão consolidando seu Projeto Ético-Político Profissional articulando com os
movimentos sociais, sindicais e político-partidários progressistas, tendo assim um
compromisso político com a classe trabalhadora, se rompendo com o caráter
filantrópico e assistencialista de base conservadora e empiricista que o sistema
capitalista impregnou na história do Serviço Social.
III - OS ESPAÇOS OCUPACIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL E AS REFLEXÕES
SOBRE A TEORIA E A PRATICA.
Historicamente o Serviço Social teve sua trajetória marcada pela viabilização
do Estado e pela Doutrina social da igreja católica, com valores neotomistas que
justifica o modo de exploração capitalista e que muitas vezes foi considerada como
vocação e uma pratica de ajudar aos pobres atuando de forma assistencialista
combatendo os conflitos sociais gerados pelo capital, e assume a função de
administrar a pobreza com posturas voluntaristas e messiânicas.Com as mudanças
de pensamento teórico pelo projeto ético político e avança no modo de refletir e ter
uma intervenção teórica dialética expondo as contradições e direcionando para uma
elaboração de mudanças societárias.
Dado esse modelo de Estado e de políticas sociais, as requisições socioprofissionais e políticas colocadas ás assistentes sociais são para atuarem em diversos programas de controle social, que incluem de remoções compulsórias (desalojamento), internação compulsória , depoimentos sem dano, testagem toxicológica , exame criminológico ao cumprimento de condicionalidades das próprias políticas, utilizando várias formas de intimidação e pressão , e dos Programas de Aceleração do Crescimento (PAC), do que decorre um conjunto de demandas de regras previstas nos manuais de operacionalização e conectadas com as exigências dos bancos multilaterais.(MOTA &AMARAL, 2016, p.100)
Os espaços ocupacionais do Serviço Social tiveram algumas mudanças dentro
dos seus espaços como na previdência social onde as competências interferem nas
relações de trabalho nas áreas urbanas e rurais onde há precarização do trabalho,
condições desfavoráveis para a saúde do trabalhador, gerando adoecimento do
trabalhador e isso interfere na atuação profissional. As Mudanças na legislação
trabalhista e previdenciária afetam as requisições no uso das regulações profissionais
e das condições institucionais e técnicas, também para o assistente social.
Na Assistência Social dentro do Sistema único de Assistência Social (SUAS) teve um
crescimento dos serviços gerando modificações nos parâmetros de atuação e
gerenciamento. Na área sociojurídica surge novas frentes de trabalho nos Tribunais de
justiça, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas onde o Assistente Social atua no
atendimento e emissão de pareceres, elaboração de plano individual de atendimento
de crianças e adolescentes dos espaços de acolhimento institucional atuando em
parceria com as instituições com demandas de articulação entre as instituições.
Um dos problemas com o aumento das novas áreas de trabalho para o
Assistente Social e a terceirização do trabalho como é feito na área jurídica, a falta de
profissionais nos tribunais e juízes fazem documentos solicitando estudos, relatórios e
pareceres sociais elaborados pelos profissionais alocados nas prefeituras. Com isso
há uma precarização no trabalho destes profissionais que já possuem demandas do
município e recebem uma demanda que é responsabilidade do estado e pela falta de
concursos e contratações de profissionais para atuarem no judiciário, o conselho
federal de Assistência Social se pronunciou em relação a fatos como estes, onde
respalda o profissional para não executar tais funções sem vinculo empregatício, pois
existem os contratados que recebem um valor de hora técnica muito aquém da tabela
referencial de honorários do Serviço Social conforme as resoluções CFESS 418/2001e
467/2005.
Com as novas demandas na atual conjuntura brasileira o Assistente Social tem
que buscar não perder a identidade crítica e dialética da sua formação teórica e aplicar
na pratica, os desafios são muitos diante do cenário de desmonte de direitos sociais
que impulsiona o trabalhador para um trabalho mecanizado, burocrático com intuito de
monitorar as políticas sociais, ficando alheio da analise critica do processo ao qual a
sociedade vivencia no sistema capitalista. Quando o profissional se afasta do
pensamento dialético a sua interpretação da realidade é desfocada e recai na sua
pratica o que alguns profissionais afirmam que a teoria é diferente da pratica.
A teoria e a pratica constituem, portanto, aspectos inseparáveis do processo de conhecimento e devem ser consideradas na sua unidade, levando em conta que a teoria não se nutre na pratica social e histórica como também representa uma força transformadora que indica a pratica os caminhos da transformação. (KAMEYMA, 1989, p.99)
A prática fundamenta a teoria, ela sustenta o pensamento como resultado de
uma transformação da realidade de determinado conhecimento, pois o conhecimento
teórico se desenvolve através da percepção da veracidade ou negação, as ciências se
desenvolvem como respostas as necessidades da vida. Dizer que na teoria o Serviço
Social é diferente da prática é anular todo o processo histórico dialético do fenômeno a
ser estudado ou analisado pois o conhecimento teórico dá suporte para uma dimensão
da práxis na sua totalidade , não apenas na pratica profissional mais no sentido mais
amplo sendo uma atividade racional e social dos homens de acordo com Kameyma,
serve de transformação da natureza e da sociedade que vai interferir na produção
material , social e política da sociedade.
A teoria marxiana tem uma especificidade na medida em que é a única teoria que resgata a totalidade e que também coloca a questão
da transformação. O que vem a ser essa teoria? Pode se dizer que a teoria é a forma de organização do conhecimento cientifico que nos proporciona um quadro integral de leis, de conexões e de relações substanciais num determinado domínio de realidade. (KAMEYMA, 1989, p.100)
A argumentação que o Serviço social tem uma prática funcionalista e teoria
dialética é errônea, pois a teoria marxista está ligada ao método do conhecimento,
tendo uma função explicativa direcionando o pesquisador como ele deve abordar o
objeto ao qual pretende conhecer, atender e como deve realizar a sua prática para
chegar ao objetivo concreto. Compreendendo que o método cientifico reflete a pratica
e ele que faz com que se chegue ao concreto sendo um trabalho de mediação que é o
resultado do conhecimento. Dentro da perspectiva marxista o Serviço Social tem o
desafio de atuar com a as variáveis empíricas, pois seu cotidiano é diverso dentro dos
espaços ocupacionais e a práxis burocrática dificulta o entendimento da realidade
social. O profissional do necessita encontrar alternativas criticas para desenvolver sua
pratica profissional, analisando os processos sociais da vida cotidiana com a
perspectiva critico dialética que vai alem da aparência sendo que o Serviço Social
critico dependerá de todo um esforço coletivo e das condições sociais, políticas,
econômicas e culturais conforme diz Wellen & Carli (2016).
3 CONCLUSÃO
Dentro do contexto de atuação profissional onde as respostas para as diversas
problemáticas sociais surgem o profissional é cobrado uma atuação acrítica e
superficial, o Estado não da suporte para uma intervenção apropriada e se anula
diante do problema com neutralidade, sendo um instrumento a serviço do projeto do
capital, na concepção de prática de ajuda visando o sujeito, e ajustamento de conduta
e moral.
O Serviço Social como profissão vinculada as políticas sociais reproduz a
cotidianidade as políticas sociais funcionam como instrumento de preservação e
controle da força de trabalho pelo Estado capitalista, no sentido de assegurar
condições adequadas ao desenvolvimento do capital, conformando um sistema de
consensos, no sentido de adquirir legitimação das categorias e setores beneficiados.
O processo de construção da política de assistência social foi resultado da correlação
de forças progressistas e conservadoras vivenciadas pela sociedade brasileira, a
política de assistência social assim como a profissão de Assistente Social tem um
protagonismo nos debates políticos e acadêmicos e nos espaços de gestão. O Estado
intervém sobre as expressões da questão social mas reproduz o arranjo liberal.
Diante da realidade das demandas impostas para o profissional é necessário
um entendimento e apropriação teórico do conhecimento dialético totalizante para
legitimar e dar suporte a sua prática profissional, não se distanciando da teoria e do
seu código de ética que norteia para que o profissional tenha um comprometimento
ético, político e um engajamento sócio político para compreender a totalidade através
de censo crítico e fomentando ideias e reflexões para a sociedade. Portanto, os
profissionais precisam conhecer a realidade social para superar a cotidianidade e para
isso precisa se de um trabalho que perceba o sujeito como ser social, com suas
demandas individuais, projetando ações, e construindo condições materiais e teóricas
para seu instrumental de trabalho analisando possíveis resultados, realizando uma
prática que caminhe para uma ação política e coletiva.
REFERÊNCIAS
________. Código de ética do Assistente Social. 3ª ed. Brasília. CFESS, 1993.
GUERRA, Yolanda Aparecida Demetrio. “Expressões do pragmatismo no Serviço
Social: Reflexões preliminares”. Revista Katálysis. Florianópolis v. 16 n. 1. 2013.
KAMEYAMA, Nobucco. Concepção de Teoria e Metodologia. A Metodologia em
Serviço Social. ABESS. São Paulo: Cortez (3), 1989. (p. 99-116)
MOTA, Ana Elizabete. AMARAL, Angela (org.). Cenários, contradições e pelejas do
serviço social brasileiro. São Paulo: Cortez, 2016.
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez,
1992.
RAICHELIS, Raquel. O Assistente Social como trabalhador assalariado: desafios
frente às violações de seus direitos. Revista Serviço Social e Sociedade n107. 2011
ed. São Paulo: Cortez, 2011.