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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS TROPICAIS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PATOLOGIA DAS DOENÇAS TROPICAIS Elivam Rodrigues Vale Qualidade bacteriológica da água domiciliar e superficial na área insular do município de Belém-Pará Belém 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS TROPICAIS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PATOLOGIA DAS DOENÇAS TROPICAIS

Elivam Rodrigues Vale

Qualidade bacteriológica da água domiciliar e superficial na área

insular do município de Belém-Pará

Belém 2006

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Elivam Rodrigues Vale

Qualidade bacteriológica da água domiciliar e superficial na área

insular do município de Belém

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Doenças Tropicais, área de concentração Patologia das Doenças Tropicais, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Doenças Tropicais. Orientador: Prof. Dr. José Luiz Fernandes Vieira

Belém 2006

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Elivam Rodrigues Vale

Qualidade bacteriológica da água domiciliar e superficial na área

insular do município de Belém-Pará

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Doenças Tropicais, área de concentração Patologia das Doenças Tropicais, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, pela comissão formada pelos professores:

Orientador: Prof. Dr. José Luiz Fernandes Vieira Núcleo de Medicina Tropical - UFPA

Prof. Dr. José Maria Vieira Departamento de Farmácia - UFPA

Profa. Dra. Antonia Benedita Rodrigues Vieira Departamento de Patologia - UFPA

Profa. Dra.Karla Tereza Silva Ribeiro Departamento de Patologia - UFPA Prof. Dr.Jorge Pereira da Silva (Suplente) Departamento de Farmácia - UFPA

Belém 2006

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Dedicatória Aos meus pais, Fátima e Pedro, pelo amor a mim

dedicado em todos os momentos da vida. Aos meus irmãos, Elisâgela, Pedro Jr e Eliane,

pelo convívio com alegria sempre. Aos meus parentes (tias, tios e primos), pelo

carinho e apoio dedicado. Aos meus amigos, pelo companheirismo de

todas as horas.

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Agradecimentos

À Deus, por sua infinita bondade e misericórdia. À minha família, pelo convívio e apoio em todos os momentos. Ao meu orientador Prof. Dr. José Luiz Fernandes Vieira, pela responsabilidade e sabedoria com que orientou este trabalho.

À minha eterna professora Dra.Karla Tereza Silva Ribeiro, pelo incentivo dedicação e atenção voltados a mim, sempre que solicitada. À minha grande amiga Dra Lena Líllian Canto de Sá, chefe do Laboratório de microbiologia Ambiental da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas, pelo auxílio e dedicação nos momentos solicitados. À Universidade Federal do Pará e ao Curso de Pós Graduação do Núcleo de Medicina Tropical, pela oportunidade de crescimento profissional ofertado com a conclusão do curso. Aos Professores do curso de mestrado em Doenças Tropicais do NMT, que dedicaram sua atenção e conhecimento para aprimoramento do saber. Ao Instituto Evandro Chagas, na pessoa da Diretora Dra. Elisabeth Conceição de Oliveira Santos, pelo suporte estrutural que permitiu a realização deste estudo. À Dra. Iracina Maura de Jesus, chefe da Seção de Meio ambiente do IEC, pela oportunidade ofertada para aprimorar e desenvolver novos conhecimentos e apoio. Aos técnicos do Laboratório de Microbiologia Ambiental do Instituto Evandro Chagas: Sra. Geralda Rezende, Sr.Luciano Oliveira, Sr. Raimundo Pio, pelo apoio nas atividades de laboratório. Aos pesquisadores, técnicos e estagiários da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas, pelo convívio harmonioso durante as atividades realizadas. Aos moradores das ilhas Grande e Murutucu, pela participação e compreensão. Para todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente desta etapa da minha vida, agradeço do fundo do meu coração.

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"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver ..." Martin Luther King

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RESUMO O saneamento ambiental é um dos mais importantes meios de prevenção de doenças, mas infelizmente não é uma realidade em todos os setores da população, gerando uma situação preocupante para os profissionais de Saúde Pública. A problemática relativa à saúde e meio ambiente mostra-se particularmente importante para a região norte do Brasil, onde pessoas habitam as margens de rios e igarapés com carência ou até mesmo, ausência de infra-estrutura de saneamento, estando expostas a possíveis riscos de contaminação. Neste estudo, de caráter descritivo exploratório, utilizou-se métodos quali-quantitativos, visando diagnóstico bacteriológico da água consumida pelos ribeirinhos habitantes da região insular, mais especificamente nas ilhas de Paulo da Cunha (ilha Grande) e Murutucu na zona rural do município de Belém-Pa. Foram coletadas 96 amostras de água armazenada nas residências e 80 amostras de água superficial em dez pontos localizados ao entorno das ilhas. Foi avaliado o número de Coliformes termotolerantes e Contagem Padrão de Bactérias Heterotróficas na água armazenada para consumo, assim como Coliformes termotolerantes Estreptococos/Enterococos fecais e enteropatógenos bacterianos na água superficial. Na ilha Grande os resultados revelam concentrações que variaram de 25 a 3600, 15 a 420 e 15 a 420, para Coliformes termotolerantes, Estreptococos e Enterococos fecais, respectivamente, em relação à ilha Murutucu estes valores variaram de 540 a 2600, 44 a 680 e 44 a 448, respectivamente para os mesmos indicadores. A presença de Salmonella spp foi observada em 27,5% na ilha grande e 12,5% na ilha Murutucu. Foi verificado que 58,7% e 66%, das amostras de água de consumo nas ilhas Grande e Murutucu, respectivamente foram consideradas impróprias para consumo, com presença de coliformes termotolerantes. Em relação a bactérias heterotróficas, 41,3% na ilha Grande e 15% na ilha Murutucu possuíam mais de 500 UFC/mL Considerando-se os resultados obtidos no presente trabalho verificamos que a água utilizada nas zonas rurais pode funcionar como um fator de risco à saúde dos seres humanos que a utilizam.

Palavras-chave: Água, Saneamento Ambiental, Saúde Pública, Diagnóstico Bacteriológico

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ABSTRACT

The ambient sanitation is one of the most important ways of prevention of illnesses, but unhappyly it is not a reality in all the sectors of the population, generating a preoccupying situation for the professionals of Public Health. Problematic relative to the health and the environment reveals particularly important for the brazilian north region, where people inhabit the edges of rivers and igarapés with lack or even though, infrastructure of sanitation absence, being displayed to possible risks of contamination. In this study, of expedition descriptive character, were used quali-quantitative methods, aiming at bacteriological disgnostic of the water consumed for the marginal inhabitants of the region of the islands, more specifically in the islands of Paulo da Cunha (Grande island) and Murutucu in the agricultural zone of the city of Belém-Pará. 96 water samples stored in the residences and 80 superficial water samples had been collected in ten points located surrounding area of the islands. It was evaluated the number of Termotolerants Coliforms and Standard Counting of Heterotrofics Bacteria in the water stored for consumption, as well as Termotolerants coliforms, fecals Estreptococos/Enterococos and bacterial enteropathogens in the superficial water. In the Grande island the results disclose concentrations that had varied of 25 to 3600, 15 to 420 and 15 to 420, for termotolerants Coliforms, fecals Estreptococos and Enterococos, respectively, in relation to the Murutucu island these values had varied of 540 to 2600, 44 to 680 and 44 to 448, respectively for the same pointers. The presence of Salmonella spp was observed in 27,5% in Grande island and 12.5% in the Murutucu island. It was verified that 58.7% and 66%, of the water samples of consumption in the islands Grande and Murutucu, had been respectively considered improper for consumption, with presence of termotolerants coliforms. In relation to heterotrofics bacteria, 41.3% in Grande island e 15% in the Murutucu island had 500 more than UFC/mL. Considering itself the results gotten in the present work verify that the water used in the agricultural zones can function as a factor of risk to the human health that use it.

Keywords: Water, Environmental Sanitation, Public Health, Bacteriological Diagnostic

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

APA, Água Peptonada Alcalina APHA American Public Health Association APT Água Peptonada Tamponada BHI Brain Heart Infusion CALDO-GN Caldo Gram Negativo CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente COSANPA Companhia de Saneamento do Pará CPH Contagem Padrão de Bactérias Heterotróficas DAEC Escherichia coli Difusamente Aderente DAOUT Distrito administrativo de Outeiro EAEC Escherichia coli Entero Aderente EHEC Escherichia coli Entero Hemorrágica EIEC Escherichia coli Entero Invasora EPEC Escherichia coli Patogênica Clásica ETEC Escherichia coli Entero Toxigênica ETA Estação de Tratamento de Água IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KIA Kligler Iron Ágar LIA Lysine Iron Ágar LPS Lipopolissacarídeo MC Mac Conkey NaCl Cloreto de Sódio OMS Organização Mundial de saúde OPAS Organização Panamericana de Saúde SAAEB Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém SS Salmonela shigela SUS Sistema Único de saúde TCBS Tiossulfato Citrato Bile Sacarose TSI Triple Sugar Iron UFC/Ml Unidade Formadora de Colônia por mililitro VB Verde Brilhante WHO World Health Organization XLD Xilose Lysine Desoxycholate

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LISTAS DE QUADROS

QUADRO 1: Doenças de Transmissão Hídrica causadas por Bactérias.

QUADRO 2: Doenças de transmissão hídrica causadas por vírus.

QUADRO 3:Doenças de transmissão hídrica causadas por protozoários e helmintos.

QUADRO 4:População por faixa etária e sexo nas ilhas Grande Murutucu, Município

de Belém, Pará, 2002.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Tratamento da água para consumo humano nas Ilhas Grande e

Murucutu.

TABELA 2: Formas de armazenamento da água nas comunidades estudadas.

TABELA 3: Casos de diarréia por faixa etária nas Ilhas Grande e Murutucu

TABELA 4: Valores médios, máximos e mínimos de Coliformes Termotolerantes

na água domiciliar das ilhas Grande e Murutucu, Belém(Pa).

TABELA 5: Resultados da análise bacteriológica de amostras da água

domiciliar coletadas na ilha Grande, em Belém-PA.

TABELA 6: Resultados da análise bacteriológica de amostras de água de beber

coletadas em domicílios da ilha Murutucu, em Belém-PA, 2002.

TABELA 7: Valores médios, máximos e mínimos de coliformes termotolerantes

nas amostras de água superficial, coletadas no entorno das ilhas Grande e

Murutucu, Belém-PA, de acordo com o período das chuvas.

TABELA 8: Valores médios, máximos e mínimos de estreptococos fecais nas

amostras de água superficial, coletadas no entorno das ilhas Grande e

Murutucuu, Belém-PA, de acordo com o período das chuvas.

TABELA 9: Valores médios, máximos e mínimos de enterococos fecais nas

Mamostras de água superficial, coletadas no entorno das ilhas Grande e Murutucu,

Belém-PA, de acordo com o período das chuvas.

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

FIGURA 1: Área do estudo, região insular do município de Belém (PA).

FIGURA 2: Localização dos pontos de coleta de amostra de água superficial das

ilhas Grande e Murutucu

FIGURA 3 : Coleta de água superficial, ilha Murutucu, 2004.

FIGURA 4: Coleta de água superficial, ilha Murutucu, 2004.

FIGURA 5: Representação esquemática da Pesquisa de Coliformes termotolerantes

e Estreptococos/Enterococos fecais pela técnica da Membrana filtrante.

FIGURA 6: Representação esquemática da diferenciação entre Estreptococos e

Enterococos fecais.

FIGURA 7: Representação esquemática da pesquisa de enteropatógenos

bacterianos em amostras de água.

FIGURA 8: Características das habitações das áreas de estudo

FIGURA 9: Padrão habitacional das áreas de estudo.

FIGURA 10: Representação esquemática dos sanitários.

FIGURA 11: Armazenamento de água nas comunidades estudadas.

FiGURA 12: Vista de um poço utilizado pelas comunidades estudadas.

GRÁFICO 1: Sorovares de Salmonella isolados de amostras de água superficial

coletadas no entorno da ilha Grande, Belém, Pará, em 2002 e 2004.

GRÁFICO 2: Sorovares de Salmonella isolados de amostras de água superficial,

coletadas no entorno da ilha Murutucu, Belém, Pará, em 2002 e 2004.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 13 1.2 PADRÕES DE QUALIDADE DE ÁGUA NO BRASIL 15 1.3 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELÉM 16 1.4 DOENÇAS VEICULADAS PELA ÁGUA 18 1.5 INDICADORES MICROBIOLÓGICOS DA QUALIDADE DA ÁGUA 21 1.5.1 Coliformes 22 1.5.2 Estreptococos fecais 23 1.5.3 Bactérias Heterotróficas 25 1.5.4 Família Enterobacteriaceae 27 1.5.5 FamíliaVibrionaceae 32 1.5.6 Família Aeromonadaceae 34 2 JUSTIFICATIVA 37 3 OBJETIVOS 38 3.1 OBJETIVO GERAL 38 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 38 4 MATERIAL E MÉTODOS 39 4.1 ÁREA DE ESTUDO 39 4.2 INQUÉRITO POPULACIONAL 41 4.3 QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA 42 4.3.1 Coleta das Amostras de Água de Consumo 42 4.3.2 Coleta das Amostras de Água Superficial 43 4.4 PESQUISA DE COLIFORMES 44 4.5 PESQUISA DE ESTREPTOCOCOS FECAIS 46 4.6 PESQUISA DE BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS 47 4.7 PESQUISA DE BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS 48 4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA 50 5 RESULTADO 51 5.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CONDICIONANTES AMBIENTAIS DAS ÁREAS DE ESTUDO

51

5.1.1 Caracterização da População 51 5.1.2 Habitação 52 5.1.3 Atividade econômica 54 5.1.4 Armazenamento, Tratamento e Procedência da água consumida

54

5.1.5 Condições de saúde das populações das ilhas Grande e Murutucu

57

5.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA 58 5.2.1 Domicílio 58 5.2.1.1 Ilha Grande 58 5.2.1.2 Ilha Murutucu 59 5.2.2 Água superficial 60 6 DISCUSSÃO 65 7 CONCLUSÕES 76 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78 ANEXO 92

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O estudo ambiental permite a identificação do quadro físico, biótico e

antrópico de uma dada região, mediante análises dos fatores ambientais, das

relações e dos ciclos, de modo a evidenciar o comportamento e as funcionalidades

dos ecossistemas, identificando suas potencialidades de uso, de ocupação, suas

vulnerabilidades e seu desempenho futuro (Macedo, 1995).

A investigação da relação entre fatores ambientais e os efeitos à saúde,

pressupõe uma sequência de eventos na produção da doenças representada pelo

acúmulo dos riscos delimitáveis e identificáveis no tempo e no espaço (Corvalán et

al., 1996).

Desta maneira, os agravos à saúde dos grupos populacionais, podem ser

decorrentes da distribuição desigual no espaço, da contaminação ambiental, da

dispersão ou concentração dos agentes de risco, da exposição dos indivíduos a

estes agentes e das características de susceptibilidade destes grupos (Corvalán et

al., 1996).

Neste enfoque, é fundamental analisar dados epidemiológicos e

ambientais, que possam contribuir para uma melhor compreensão do contexto em

que se produzem estes processos, estabelecendo o quadro geral de riscos à saúde,

relacionados com as formas de uso do estuário amazônico (Susser, 1994).

Na vida humana, vários aspectos estão associados direta e indiretamente

à saúde, influenciando o perfil de morbi-mortalidade de uma dada comunidade.

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Sabe-se também, que fatores sócio-econômicos, como distribuição de renda,

condições gerais de saneamento, trabalho, moradia, escolaridade e outros, exercem

influência direta no processo saúde-doença e a mudança positiva, em um destes,

pode alterar o quadro, levando a melhoria da qualidade de vida das populações

beneficiadas (Cvjetanovic, 1986).

Um destes fatores, talvez o mais importante, devido à sua posição vital e

estratégica para a manutenção da vida e geração de riquezas necessárias ao

desenvolvimento, é sem dúvida a água. Porém, 99% deste recurso existente no

planeta não esta disponível para consumo humano, uma vez que 97% é salgada,

estando presente nos mares e oceanos, 2% formam as geleiras polares e somente

1% é água doce disponível para consumo, encontrada nos lençóis subterrâneos, rios

e lagos (Shiklomanov, 2000; OMM, 2000).

O Brasil detém 8% de toda a água superficial do planeta, concentrando-se

cerca de 80% na Região Amazônica. O restante está distribuído desigualmente pelo

País. Esta imensa reserva confronta-se com os problemas mundiais de escassez e

degradação dos recursos hídricos. Ressalte-se que até o momento, não se observou

a sensibilização de grande parte da população nacional e setores políticos sobre a

importância de sua preservação (Rebouças, 1999).

Na Amazônia, os rios além de constituírem caminho natural da região,

representam fontes de subsistência de grande parte da população ribeirinha que

vive às suas margens - camponeses, pescadores e extratores, os quais manejam os

recursos florestais e aquáticos para seu sustento (Diegues, 1992; Hiraoca, 1993).

Entretanto, apesar da grande quantidade de água que drena a região, a

qualidade do ecossistema aquático está seriamente comprometida em vários

municípios, onde há insuficiência de infra-estrutura básica, ocupação de áreas

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inundáveis, destruição de reservas ecológicas, contaminação por substâncias

químicas e biológicas, acarretando a poluição do meio e, conseqüentemente, o

comprometimento da qualidade de vida da população local. Desta forma, os cursos

d’água (rios e igarapés) tornam-se a “lata de lixo” mais próxima destas comunidades

ribeirinhas e, de modo geral, da sociedade brasileira (PMB/ PGU,1999 ; Pará,1990).

Na avaliação do desempenho do País em relação aos serviços de

saneamento, observa-se que o fornecimento de água tratada alcança 85% da

população. Porém, quando são analisados os dados relativos à prestação de

serviços de esgoto coletados e tratados adequadamente, os valores se reduzem

para 28% e 2,5%, respectivamente (OPAS, 2001).

Nesta questão, a Região Norte, apresenta um cenário grave, com os

piores índices de atendimento da população, com serviços de abastecimento de

água, correspondendo a 70,1% das ligações ativas e, carência, quase absoluta, de

sistema de coleta e tratamento dos esgotos, cerca 3,9% (OPAS, 2001).

Em Belém, a maior cidade da Amazônia, com população estimada em

1.428.368 habitantes, são visíveis as formas de degradação ambiental, em particular

do ambiente hídrico. A qualidade dos cursos de água sofreu intenso processo de

degradação, a partir da década de 70, através da ocupação urbana acelerada e das

atividades antrópicas ao longo de suas margens, ocasionando modificações

significativas nas características físicas, químicas e biológicas (Belém,1999).

1.2 PADRÕES DE QUALIDADE DE ÁGUA NO BRASIL

A água, como produto indispensável à manutenção da vida no planeta,

tem despertado o interesse dos mais diversos setores, motivados a elaborarem

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modelos de uso e gestão, capazes de compatibilizar as demandas crescentes com a

relativa escassez do produto na qualidade desejada (OPAS, 2001).

Para os profissionais de saúde, o provimento de água em quantidade e

qualidade adequadas, é medida básica de promoção à saúde (OPAS, 2001). Desde

1854, quando John Snow descobriu a relação entre o consumo de água

contaminada e a incidência de cólera em Londres, as ações relativas à manutenção

da potabilidade, passaram a ser consideradas prioritárias no âmbito da Saúde

Pública (Snow, 1999). Dentre estas, figura a vigilância da qualidade da água,

atribuição que a autoridade sanitária deve exercer simultaneamente ao controle de

qualidade, de responsabilidade do órgão operador do sistema, destacando-se os

padrões de potabilidade da água (Brasil, 2004).

No Brasil, a Portaria nº 518 do Ministério da Saúde de 25 de março de

2004 estabelece as normas, procedimentos e responsabilidades relativas ao controle

e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade (Brasil, 2004).

1.3 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELÉM

Na Região Metropolitana de Belém e adjacências o serviço de

abastecimento de água é prestado por duas concessionárias: Companhia de

Saneamento do Pará (COSANPA), órgão estadual, e o Serviço Autônomo de Água e

Esgoto de Belém (SAAEB) (Belém, 1999a).

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém é um órgão municipal

que atende aos distritos de Icoaraci, Mosqueiro, Outeiro, parte do Benguí e áreas de

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expansão e periféricas da zona urbana, com água captada do manancial

subterrâneo (Aquífero da formação Pirabas) (Belém, 1999a; 2002).

A água superficial fornecida pela COSANPA provém do sistema de

captação do Utinga, oriunda do rio Guamá, com posterior bombeamento para os

lagos Água Preta e Bolonha, seguindo em direção às Estações de Tratamento de

Água (ETAs) do Bolonha, de São Brás e do bairro do Marco (Dias, 1991).

A água dos mananciais subterrâneos é outra fonte de abastecimento da

cidade, cuja captação é feita pela COSANPA através da perfuração de poços com

capacidade que variam de 60 a 360m3/h (Belém, 1999a).

Atualmente, o serviço de abastecimento de água, pode ser considerado

razoável no município, tendo em vista o aumento da demanda decorrente do

crescimento demográfico da cidade, que conta atualmente com população estimada

em 1.428.368 habitantes, sendo que 1.419.154 habitantes vivem na área urbana e

9.214, na rural (Belém, 2002).

Considerando o número atual de domicílios na parte urbanizada de

294.532 em comparação com a área rural, de 1.820, verifica-se que o abastecimento

de água está praticamente restrito à área urbana do município, enquanto que a

maioria das ilhas que fazem parte da área rural, não possui acesso à água tratada

da cidade (Belém, 2002).

Por outro lado, verificou-se com o passar do tempo, uma melhoria na

cobertura do abastecimento de água em Belém, através das fontes de água

superficial e subterrânea, quando 15,1% da população em 1991, era atendida com

água encanada e em 2000, este índice se elevou para 25,5% (Belém, 1999; 2002).

Analisando o número de domicílios, nos oitos distritos administrativos de

Belém, atendidos por um dos serviços de abastecimento de água, COSANPA ou

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SAAEB, observa-se que 73,6% são servidos pela rede geral do sistema de

distribuição, 22,7% utilizam água de poços ou nascentes e cerca de 3,7%, água de

outra procedência, incluindo os inúmeros igarapés que drenam a cidade (Belém,

1999; 2002).

1.4 DOENÇAS VEICULADAS PELA ÁGUA

As doenças de transmissão hídrica causadas por vírus, bactérias,

protozoários e helmintos são comuns, e se constituem no principal agravo à saúde

pública resultante da contaminação da água. Os microrganismos patogênicos

atingem os cursos d'água através dos dejetos humanos ou de animais infectados

(Feachem et al, 1983).

A presença de portadores assintomáticos nas comunidades, constitui

importante fator para manutenção das doenças no ciclo homem-ambiente-homem,

pois estes, eliminam regularmente para o ambiente aquático, através das fezes,

microrganismos patogênicos. Assim, a utilização de água contaminada para beber,

preparar alimentos e para lavagem e banho, pode resultar em infecção, freqüente

nos Países cujo saneamento básico é deficiente (OPAS, 2001).

Os quadros 1, 2 e 3 mostram as principais bactérias, vírus, helmintos e

protozoários, respectivamente, veiculados pela água, a doença e os seus

respectivos reservatórios.

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QUADRO 1: Doenças de Transmissão Hídrica causadas por Bactérias. Bactérias Doenças Reservatórios

Campylobacter jejuni / coli Diarréia Homem e animal

Escherichia coli Enteropatogênicas*

Diarréia Homem

Salmonella

S. Typhi Febre tifóide S. Paratyphi Febre paratifóide

Homem

Outras salmonelas Salmoneloses Homem e animal

Shigella spp. Disenteria bacilar

Homem

Vibrio V. cholerae O:1 e O:139 Cólera

Outros vibrios Diarréia Homem

Leptospira Leptospirose Homem e animal

Helicobacter pylori Gastrite, úlcera

Homem

adaptado de Feachem et al., 1983. * EPEC, EIEC, ETEC, EHEC. QUADRO 2: Doenças de transmissão hídrica causadas por vírus. Vírus (n.º de tipos) Doenças Reservatórios

Enterovírus:

Poliovírus Poliomielite, meningite, febre Echovírus Meningite, doença respiratória, diarréia, rash, febre

Coxsackievirus A (23) Herpangina, doença respiratória, meningite, febreCoxsackievirus B (6) Miocardite, anomalias cardíacas congênitas,

pleurodinia, febre, rash, meningiteNovos enterovírus (4)

Meningite, encefalite, febre, conjuntivite hemorrágica aguda, doença respiratória

Homem

Hepatite A (1) Hepatite infecciosa Hepatite E (1) Hepatite

Homem

Adenovírus (>30) Diarréia, doença respiratória, infecção ocular Homem Reovírus (3) Numerosas condições

Rotavírus (10) Diarréias e vômitos Homem e animal

Norwalk (4) Diarréia e vômitos Astrovírus (5) Diarréia

Homem

Coronavírus (2) Diarréia Homem e animal Adaptado de Feachen et al., 1983; Fields et al., 1996.

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QUADRO 3: Doenças de transmissão hídrica causadas por protozoários e helmintos.

Parasitos Doenças ou sintomas causados Reservatório

Protozoarios:

Giardia lamblia Diarréia e má absorção Homem e animal Entamoeba histolytica Disenteria, úlcera de colo, abcesso hepático Homem

Balantidium coli Disenteria, diarréia, úlcera de colo Homem e animal Crypstoporidium spp Diarréia Homem e animal Helmintos: Ancylostoma duodenalis Anemia Ascaris lumbricoides Acaríase

Homem

Trichuris trichiura Tricuríase Homem e animal Necator americanus Anemia Enterobius vermiculares Enterobíase

Homem

Strongyloides stercoralis Anemia Taenia saginata Teníase

Homem, bovino

Taenia solium Teníase Homem, suíno Schistossoma mansoni Esquistossomose Homem Adaptado de Feachen et al., 1983.

A classificação ambiental das infecções relacionadas à água, proposta

originalmente por White, Bradley e adaptada por Cairncross, (1997), destaca pelo

menos quatro categorias:

1) Transmissão hídrica ou relacionada à higiene, da categoria feco-oral,

onde se destacam as diarréias e disenterias, as febres entéricas, a poliomielite,

hepatite A, leptospirose, ascaridíase e tricuríase; 2) A transmissão relacionada a

higiene propriamente dita como as infecções dos olhos e pele; 3) Baseada na água,

quando o patógeno desenvolve parte do seu ciclo vital em um animal aquático, como

a esquistossomose e 4) A transmissão por um inseto vetor, na qual insetos que

procriam na água ou cuja picada ocorre próximo a ela; nesta categoria se destacam

a malária, a filariose e as arboviroses (dengue e febre amarela).

Ressalte-se que a quantidade insuficiente de água, pode resultar em má

higiene, o que aliado ao acondicionamento inadequado em vasilhames, para fins de

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armazenamento e conservação, favorece a procriação de vetores e, ao mesmo

tempo, são ambientes vulneráveis à deterioração da qualidade (Freitas et al., 1997).

1.5 INDICADORES MICROBIOLÓGICOS DA QUALIDADE DA ÁGUA.

O indicador de contaminação “ideal” deve preencher os seguintes

requisitos: presente na água de esgoto e na contaminada na presença dos

patógenos; quando existir risco de contaminação, deve estar presente em maior

número do que os patógenos; não deve se multiplicar em condições ambientais

inadequadas para os patógenos; deve se correlacionar com o grau de contaminação

fecal; o tempo de sobrevivência sob condições ambientais desfavoráveis deve ser

maior do que o dos patógenos; devem ser mais resistentes aos desinfetantes e

outras condições de stress do que os patógenos; não representar risco a saúde;

identificáveis e quantificáveis por métodos simples e possuir características estáveis

e apresentar reações constantes nestas análises (OMS, 1995).

Nenhum organismo apresenta todas estas características

simultaneamente, entretanto, as legislações vigentes no Brasil que tratam da

qualidade sanitária da água (Portaria nº 518 de 2004; CONAMA nº274 de 2000 e

Resolução CONAMA nº357 de 2005), referem-se aos coliformes, bactérias

heterotróficas e enterococos fecais como indicadores de contaminação (Brasil, 2000,

2004 e 2005).

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1.5.1 Coliformes

A detecção dos agentes patogênicos, principalmente bactérias,

protozoários e vírus, em uma amostra de água é difícil, em razão de sua baixa

densidade populacional, grande variedade e metodologias dispendiosas e não

padronizadas. Portanto, a avaliação da potencialidade de um corpo de água albergar

agentes causadores de doenças tais como febre tifóide, febre paratifóide, desinteria

bacilar e cólera, pode ser feita de forma indireta, através dos organismos indicadores

de contaminação fecal do grupo dos coliformes (Toranzos e McFeters, 1997; APHA,

1998). Neste sentido, os principais indicadores de contaminação fecal são as

concentrações de coliformes totais e dos termotolerantes (coliformes fecais),

expressas em número de organismos por 100 mL de água (Kay et al., 1999; APHA,

1998). O emprego dos últimos para indicar poluição sanitária, mostra-se mais

significativo que os coliformes totais, pois a maioria destes é restrita ao trato

gastrintestinal de animais de sangue quente. (Toranzos e McFeters, 1997; APHA,

1998).

Os coliformes totais são bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios

facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativa, capazes de se

desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos, fermentam a

lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5 ºC em 24 - 48 horas e

podem apresentar atividade da enzima β – galactosidase. A maioria das bactérias do

grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e

Enterobacter. (Rompré et al., 2001; APHA, 1998).

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O coliforme termotolerante é um subgrupo que fermenta a lactose a 44,5

± 0,2 ºC em 24 horas; tendo como principal representante a Escherichia coli, de

origem exclusivamente fecal (Rompré et al., 2001; APHA, 1998).

1.5.2 Estreptococos fecais

Assim como os coliformes, os estreptococos fecais não representam por

si só, um risco a saúde, pois constituem um grupo de bactérias, cujo habitat normal

é o trato gastrintestinal humano e de outros animais de sangue quente, e sua

importância como indicador de qualidade sanitária da água consiste no fato destes

microrganismos, normalmente, não ocorrerem em águas e solos de áreas não

poluídas, sendo que sua incidência está relacionada diretamente aos animais de

vida livre ou às drenagens dos solos por enxurradas (Hagedorn et al., 1999; APHA,

1998). Os estreptococos fecais geralmente não se multiplicam nas águas poluídas,

sendo sua presença, portanto, indicativo de contaminação fecal recente (Hagedorn

et al., 1999; APHA, 1998).

Atualmente, o grupo dos estreptococos fecais é composto pelas seguintes

espécies dos gêneros Enterococcus e Streptococcus : Enterococcus faecalis,

Enterococcus faecium, Enterococcus avium, Enterococcus gallinarum (sub-gupo dos

enterococos) além de Streptococcus bovis e Streptococcus equinus (APHA, 1998).

As espécies incluídas no grupo dos estreptococos fecais apresentam

diferente resistência às condições ambientais. Assim, aquelas pertencentes ao

subgrupo dos enterococos são mais resistente e diferenciadas, principalmente pela

sua habilidade de crescer em pH = 9,6, em concentração de 6,5% de NaCl e nas

temperaturas de 10º e 45º C (Poutcher et al., 1991; Anderson et al., 2005).

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Algumas espécies apresentam significado sanitário relativo, pois não são

restritas ao intestino do homem e de outros animais de sangue quente, sendo

encontradas associadas à vegetação e a certos tipos de solos; entretanto assumem

grande valor nos estudos que visam investigar a origem da poluição fecal (Hagedorn

et al., 1999).

A investigação da origem da contaminação pode ser realizada através da

caracterização bioquímica das espécies, onde a predominância de S. bovis e S.

equinus é indicativa de contaminação fecal animal (não humana). Neste sentido,

estudos têm demonstrado elevado número destas espécies associadas à poluição

envolvendo indústrias de processamentos de carnes, de derivados do leite e da

drenagem das águas de pastagens em fazendas (Poutcher et al., 1991; Wiggns,

1996). Outra maneira de investigar a origem da contaminação é através da relação

entre a densidade de coliformes termotolerantes e a de estreptococos fecais, uma

vez que estudos demonstraram que quando é superior a 4,0 há indicações de que a

contaminação seja de origem humana (esgotos domésticos), ao passo que valores

inferiores a 0, 7, sugerem poluição fecal de origem não humana. Ressalte-se que

valores neste intervalo usualmente indicam poluição mista (Geldreich e Kenner,

1969).

Estudos comparativos relacionados à resistência dos vários indicadores,

têm demonstrado que a remoção dos estreptococos fecais pelos diferentes

processos de tratamento de esgoto é consideravelmente menor, quando comparada

aos outros indicadores. Neste sentido, este grupo de bactérias é de interesse para

avaliação da eficácia dos métodos de tratamento dos esgotos (APHA, 1998).

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1.5.3 Bactérias Heterotróficas

As bactérias heterotróficas são microrganismos que requerem um ou mais

compostos orgânicos como fonte de carbono, e sua presença em grande número no

ambiente aquático, pode fornecer informações sobre a disponibilidade de nutrientes

na água, os quais favorecem o crescimento bacteriano, o que pode resultar em

problemas estéticos, bem como o crescimento de microrganismos patogênicos

oportunistas (Reasoner, 2004). A água contém uma série destes microrganismos,

alguns naturais no ecossistema aquático e outros transitórios, provenientes do solo,

do ar e dos despejos industriais e domésticos (Allen et al., 2004).

Sabe-se que os processos de tratamento não têm por finalidade produzir

água estéril, mas torná-la livre de patógenos e segura para o consumo humano.

Portanto, é possível se detectar a presença destes microrganismos nas águas de

abastecimento, fazendo parte de sua microbiota normal (Edberg e Allen, 2004).

O controle desta população é de fundamental importância, visto que a

presença de densidade elevada das bactérias heterotróficas na água pode

determinar a deterioração de sua qualidade, com desenvolvimento de odores,

sabores desagradáveis e produção de biofilmes (Edberg e Allen, 2004).

Soma-se ao fato que, densidade bacteriana elevada pode representar

risco à saúde dos consumidores, pois algumas podem atuar como patógenos

oportunistas. Como por exemplo, alguns gêneros, como Pseudomonas e

Flavobacterium podem constituir risco à saúde dos pacientes debilitados em

hospitais, nas creches, nos berçários, nas casas de repouso, etc. (Rusin et al.,

1997).

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Outro aspecto importante é a influência inibidora de alguns

microrganismos, os quais, quando presentes em número elevado, podem impedir a

detecção dos coliformes, seja devido à produção de fatores de inibição, ou por

competição bacteriana (Edberg e Smith, 1989; Lechevallier e McFeters, 1985).

Neste sentido, estudos comparativos demonstraram uma relação direta

entre a freqüência de detecção de coliformes e a densidade bacteriana até níveis de

500 bactérias /mL. Quando este valor excede a 1000/mL, a detecção de coliformes

decresce. Tal fato é comprovado por diversos estudos que demonstraram a ação

inibidora de Pseudomonas, Micrococcus, Flavobacterium, Proteus, Bacillus,

Actinomyces e leveduras (Edberg e Smith, 1989; Lechevallier e McFeters, 1985).

Dada à importância da determinação da densidade de bactérias

heterotróficas, tanto nas águas brutas, objetivando determinar as condições

higiênicas da fonte, quanto nas águas tratadas, para o acompanhamento da

eficiência das diversas etapas de tratamento e avaliação das condições de higiene

ao longo da rede de distribuição, tem havido interesse crescente no

desenvolvimento e avaliação de novos métodos para a quantificação destas

bactérias (Jackson et al., 2000).

No entanto, é importante ressaltar que, independente do método utilizado,

é impossível obter uma contagem total, pois a água contém diferentes tipos de

bactérias cujas necessidades nutricionais e temperaturas ótimas para crescimento

são variáveis, e um único meio de cultura e temperatura de incubação não pode

satisfazer as necessidades fisiológicas de todas as bactérias que possam estar

presente em determinada amostra (Reasone, 2004).

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1.5.4 Família Enterobacteriaceae

As enterobactérias são bastonetes Gram-negativos, móveis por flagelos

peritríquios ou imóveis, que medem de 0,3 a 1,8 µm; são aeróbios ou anaeróbios

facultativos e quimiorganotróficos; possuem metabolismo respiratório e fermentativo;

a grande maioria das espécies cresce à temperatura de 37ºC; a glicose e outros

carboidratos são fermentados com a produção de ácidos com ou sem gás, não

possuem atividade da enzima citocromo-oxidase e são catalase-positivas (Brenner

et al., 2005).

São cosmopolitas e podem estar presentes no solo, águas, frutas,

vegetais, grãos e fazem parte da microbiota intestinal normal da maioria dos

animais, inclusive o homem (Brenner et al., 2005).

Estes microrganismos podem ocasionar varias doenças nos seres

humanos, como septicemias, infecções urinárias, meningites e gastrintestinais.

Algumas enterobactérias como Salmonella spp, Shigella spp e Yersinia pestis estão

sempre associadas a doenças nos seres humanos, enquanto outras, como

Escherichia coli não enteropatogênicas, Klebsiella pneumonie, Proteus mirabilis, são

membros da microbiota normal, que podem causar infecções oportunistas (Brenner

et al., 2005).

Gênero Escherichia

Os integrantes do gênero Escherichia possuem forma de bastonetes

Gram-negativos, com dimensões de 1,1 a 1,5µm de diâmetro por 2,0 a 6,0µm de

comprimento, sendo encontrados isolados ou aos pares; muitas cepas apresentam

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cápsulas ou micro cápsulas; são móveis (flagelos peritríquios) ou imóveis; possuem

metabolismo respiratório ou fermentativo; são anaeróbios facultativos com melhor

crescimento à temperatura de 37 ºC; fermentam a glicose e outros carboidratos com

formação de ácido e gás (Bettelheim,1994).

Possuem o seguinte perfil bioquímico: oxidase-negativo, catalase-positivo,

vermelho de metila positivo, Voges-Proskauer negativo e citrato negativo, não

produzem H2S e não hidrolisam a uréia. A maioria das espécies fermenta a L-

arabinose, maltose, D-manitol, D-manose, L-raminose, D-xilose (Bettelheim,1994).

A taxonomia organiza o gênero Escherichia em cinco espécies: E. coli, E.

blattae, E. fergusonii, E. hermanii e E. vulneris, das quais a Escherichia coli é a mais

comum e relacionada às infecções humanas (Brenner et al., 2005).

A Escherichia coli é a espécie predominante na microbiota normal do

intestino humano, entretanto muitas cepas são associadas a uma variedade de

doenças incluindo diarréia, disenteria, síndrome hemolítica urêmica, infecções das

vias urinárias, septicemia, pneumonia e meningites (Nataro and Kaper, 1998;

Foxman et al., 2000; Kaper et al., 2004).

As E. coli são divididas em sorogrupos e sorotipos, conforme diferentes

combinações dos antígenos O (somático – LPS, Lipopolissacarídeo da parede

celular), K (capsular) e H (flagelar). O sistema de classificação utiliza a fórmula

(O:H), na qual o antígeno O identifica os sorogrupos e o antígeno H os sorotipos

(Lior, 1996).

Existem sete categorias de E.coli que possuem a capacidade de causar

infecções intestinais nos seres humanos, são elas: E. coli enteropatogênica clássica

I (EPEC I) e E.coli enteropatogênica clássica II (EPEC II), importante causa de

diarréia infantil; E. coli enterotoxigênica (ETEC), maior causa de diarréias em

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viajantes e crianças nos países em desenvolvimento; E. coli enteroinvasora (EIEC),

causa de disenteria; E. coli enterohemorrágica (EHEC), causa de colite hemorrágica

e síndrome hemolítica urêmica; E. coli enteroagregativa (EAEC) e E. coli aderente

difusa (DAEC) associadas à diarréia persistente em crianças (Lior, 1996; Nataro and

Kaper, 1998; Kaper et al., 2004).

Gênero Shigella

O gênero Shigella compreende microrganismos, imóveis, anaeróbios

facultativos, que crescem melhor em condições aeróbias quando incubados a 37 º C;

todas as espécies fermentam glicose, manitol (exceção da S. dysenteriae) e não

fermentam a lactose (exceção da S. sonnei), não possuem lisina descarboxilase e

não produzem gás a partir da fermentação dos carboidratos (Niyogy, 2005).

Atualmente, o gênero é classificado em quatro espécies diferentes: S

dysenteriae, S. flexneri, S. boydii e S.sonnei, constituídas por vários sorotipos e sub-

tipos, de acordo com suas características bioquímicas e antigênicas, como a

fermentação dos carboidratos, a variação da cadeia externa de polissacarídeos que

constituem o lipopolissacarídeo (LPS) da parede celular (antígeno O) e os perfis

plasmidiais e de DNA cromossomal de restrição das endonucleases digestivas

(Litwin et al., 1991; Shears, 1996; López et al., 2000; Niyogy, 2005).

O homem representa o único reservatório destes microrganismos, e as

infecções limitam-se ao trato gastrintestinal, sendo na maioria das vezes,

autolimitadas, porém podem invadir a corrente sangüínea e causar septicemias e

outras complicações, como a síndrome hemolítica urêmica (Koster et al., 1978;

Ferraccio et al., 1991; Voyer et al, 1994; Prado et al., 1999;).

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É considerada a causa mais comum de diarréia aguda com sangue

(disenteria bacilar), e no Brasil é o segundo enteropatógeno bacteriano isolado dos

casos de diarréia aguda em crianças (Kotloff et al.,1999; Andrade et al., 1999;

Fagundes-Neto et al. 2000; WHO, 2005).

As shigelas apresentam propriedades biológicas que incluem baixa dose

infectante e a facilidade de transmissão interpessoal por meios das mãos, alimentos

e água contaminados, bem como a diversidade dos fatores de virulência implicados

na patogênese da doença (Dupont et al. 1989; WHO, 2005).

Gênero Salmonella

As salmonelas são bacilos Gram-negativos, medindo cerca de 2 – 5 µm

de diâmetro por 0,7 – 1,5µm de comprimento, a maioria é móvel com flagelo

peritríquio, apresentam metabolismo respiratório e fermentativo, são anaeróbias

facultativas que crescem bem à temperatura de 37º C (Popoff e Lê Minor, 2005).

Possuem o seguinte perfil bioquímico: oxidase-negativo, catalase-positivo,

fermentam a glicose com produção de ácido e gás (exceção Salmonella typhi), são

indol e Voges-Proskauer negativos e citrato de Simmons positivo, são produtoras de

H2S, lisina e ornitina descarboxilase-positiva (Hohmann, 2001).

A taxonomia atual do gênero está baseada na técnica de hibridização do

DNA que o divide em duas espécies, S.enterica e S. bongori, de acordo com a

análise seqüencial do RNA ribossômico 16S (Lê Minor e Popoff, 1997; Reeves et al.,

1988; Popoff e Lê Minor, 2005).

A Salmonella enterica foi subdividida em seis subespécies ou sorotipos

(S. enterica subsp. enterica, S. enterica subsp. salamae, S. enterica subsp. arizonae,

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S.enterica subsp. diarizonae, S. enterica subsp. houtenae e S. enterica subsp.

indica) e 2307 sorotipos. A espécie Salmonella bongori apresenta 17 sorotipos

(Reeves et al., 1989; Brenner, 2000; Popoff, 2001; Popoff & Le Minor, 2005).

As subespécies são classificadas de acordo com o esquema de

Kaufmann & White em diferentes tipos sorológicos (sorogrupos e sorotipos ou

sorovares). Esta classificação tem por base a composição antigênica das

salmonelas com relação aos seus antígenos O, Vi e H. Os antígenos somáticos O

caracterizam os sorogrupos, o antígeno capsular Vi é encontrado apenas nos

sorotipos Salmonella Typhi, Salmonella Paratyphi C e Salmonella Duplin. E os

antígenos flagelares H caracterizam os sorotipos ou sorovares de salmonella

(Campos, 1999; Brenner, 2000; Popoff et al., 2003).

As salmonelas possuem como habitat o trato intestinal do homem e de

várias espécies animais, sendo que alguns sorotipos são encontrados

exclusivamente em hospedeiros específicos, como a Salmonella Typhi e Salmonella

Paratyphi A, cujo único reservatório é o homem. A presença de salmonella em

outros locais como ambientes naturais, água e alimentos são indicativos de

contaminação fecal de origem humana ou animal (Grimont et al., 2000).

Alguns estudos têm demonstrado a presença de salmonelas em uma

variedade de ambientes aquáticos (rios, praias, esgotos e estação de tratamento de

água) e ampla distribuição em vários tipos de alimentos de origem animal,

confirmando a importância destes na manutenção e transmissão dos surtos de

salmoneloses (Solari et al., 1986; Sant’ana et al.,1988., Martins et al., 1988; Pelayo

& Saridakis, 1988; Holt et al., 1994; Kaku et al.,1995).

As salmonelas são importantes causas de gastrinterites, sendo um dos

principais enteropatógenos responsável por quadro de diarréia aguda em adultos e

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crianças (Germani et al., 1994; Asensi & Hofer, 1994; Pegues et al., 2004 ; Pelludat

et al., 2005). Alguns sorotipos não se limitam ao trato gastrintestinal, pois invadem a

circulação e ocasionam variadas manifestações extra-intestinais, nas quais se

destacam bacteremias, endocardites, pericardites, infecção vascular, infecções

pulmonares, infecções abominais e urogenitais, osteomielite, artrite e infecção do

sistema nervoso central (Lorenço, 1999).

As manifestações clínicas gerais da infecção aparecem entre 6 a 24 horas

pós-ingestão de alimentos ou água contaminada, e podem se prolongar por até uma

semana, sendo a maioria autolimitadas (Salyer & Whitt, 1994).

1.5.5 Família Vibrionaceae

A família Vibrionaceae compreende, entre outros, o gênero Vibrio,

constituído por bactérias Gram-negativas na forma de bastonetes curvos, medindo

cerca de 1,4 – 2,6 µm de comprimento. A maioria das espécies são anaeróbios

facultativos, móveis por um ou mais flagelos polares, apresentam metabolismo

respiratório e fermentativo, são oxidase-positivas; a glicose e outros carboidratos

são fermentados com produção de ácido, sem produção de gás; são sensíveis ao

agente vibriostático O/129; são halotolerantes e os íons de sódio estimulam o

crescimento de algumas espécies, sendo necessários para seu crescimento (Colaço

et al., 1998; Thompson et al., 2004).

Os víbrios encontram-se naturalmente distribuídos em ambientes

aquáticos marinhos e de água doce (Colaço et al., 1998; Barbieri et al., Hervio-Healh

et al., 2002; Thompson et al., 2004), estando presentes, com freqüência, na

superfície e cavidade intestinal dos animais marinhos, que funcionam com potenciais

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fontes de infecção para o homem (Levine & Griffiin, 1993; Baugeri et al., 2000;

Thompson et al., 2004).

Das espécies pertencentes ao gênero, doze são relacionadas às

infecções em humanos (V. cholerae, V. alginolyticus, V. parahaemolyticus, V.

vulnificus, V. mimicus, V. fluvialis, V. damsela, V. cincinnatiensis, V. furnissii, V.

hollisae, V. metschnikovii, V. harveyi) (Brenner et al., 2005). Estas espécies são

consideradas patogênicas para o homem por terem sido isoladas de diferentes

processos infecciosos, tais como gastrinterites, bacteremias e septicemias com

casos fatais, feridas na pele e otitis (Rank et al., 1988; Thekdi et al., 1990; Chuang et

al., 1992; Dornstrup & Hansen, 1993; Hansen et al., 1993; Aboott & Janda, 1994;

Rodrigues et al., 2001).

A diarréia é a manifestação mais comum das infecções, onde se

destacam o V. cholerae e V. parahaemolyticus, como as espécies mais importantes,

porém casos de diarréia também são observados com V. furnissii, V. mimicus e V.

metschnikovii (Utsalo et al., 1992; Magalhães et al., 1993; John & Jesudason,1995;

Gonçalves et al., 1997; Dalsgaard et al., 1997; Acuña et al.,1999).

O V. cholerae é classificado em 140 sorogrupos, de acordo com o tipo de

antígeno somático O (lipopolissacarídeo da parede celular) que constitui a base do

esquema de sorotipificação; e dois biótipos (Clássico e El Tor) de acordo com testes

específicos. Os sorogrupos de V. cholerae O1 e O139 são conhecidos como os

agentes etiológicos da cólera epidêmica e pandêmica, as cepas de V. cholerae O1

são subdivididas em três sorotipos (Inaba, Ogawa e Hikojima) e as cepas que não

aglutinam com antisoros O1 e O139 são denominadas V. cholerae não O1 e não

O139 (Karaolis et al., 1988; Holt et al., 1994).

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As cepas de V. cholerae não O1 e não O139 são consideradas

importantes causa de diarréias em adultos e crianças. A manifestação intestinal vem

acompanhada de dor abdominal e vômitos, e alguns casos associados com V.

vulnificus, foram observados bacteremia, peritonite e cirrose (Bravo et al., 1998; Ko

et al., 1998; Lesmana et al., 2001).

Outro importante enteropatógeno bacteriano que possui sua transmissão

relacionada à contaminação da água, pertencente ao gênero Vibrio é o V.

parahaemolyticus, agente etiológico de gastrenterites e diarréias com características

semelhantes à cólera, sendo bastante identificado nos surtos e epidemias em todo o

globo (Daniels et al., 2000; Chiou et al., 2000).

1.5.6 Família Aeromonadaceae

O gênero Aeromonas é formado por bactérias com forma de bacilos ou

cocobacilos Gram-negativos, com extremidades arredondadas, medindo de 0,3 -

1,0µm de diâmetro e 1,0-3,5 µm de comprimento, podendo ocorrer aos pares ou em

cadeias curtas. Geralmente possuem mobilidade (flagelo polar), apresentam

metabolismo respiratório ou fermentativo em relação à glicose, são oxidase e

catalase positivas e apresentam resistência ao agente vibriostático O/129 (Altwegg,

1999).

O gênero foi classificado (Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology)

em dois grupos diferentes. O primeiro formado por bactérias psicrófilas e imóveis,

representado pela A. salmonicida e suas subespécies (A. salmonicida salmonicida,

A. salmonicida achromogenes e A. salmonicida masoucida) (Martin-Carnahan &

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Joseph, 2005) somado de uma quarta subespécie designada de A. salmonicida

smithia por Austin et al. em 1989.

O segundo grupo, formado por bactérias mesófilas e móveis, envolvem as

seguintes espécies fenotípicas: A. hidrophila, A. caviae e A. sobria. Popoff et al

(1981), Kuijper et al (1989) e Janda & Abott (1998) utilizando técnicas de biologia

molecular, dividiram as três espécies fenotípicas do grupo das mesófilas em 14

genoespécies: A. hidrophila, A. bestiarum, A. salmonicida, A. caviae, A. media, A.

eucrenophila, A. sobria, A. veronii biovar sobria, A. jandaei, A. veronii biovar veronii,

A. allosaccharoplila, A. schubertii, A. trota e A. popoffii (Popoff et al.,1981, Kuijper et

al., 1989, Janda & Abott , 1998, Joseph & Carnahan, 2000 e Abbott et al., 2003).

As Aeromonas sp possuem distribuição cosmopolita em ambiente

aquático (Janda et al.,1995; Rodrigues & Ribeiro, 2004), e têm sido isoladas das

mais variadas fontes como: peixes de água doce (rios, lagos ) e salgada, frutos do

mar e, inclusive, água tratada de abastecimento público, sendo a espécie A.

hydrophila a mais freqüentemente encontrada (Millership et al. 1986; Knochel &

Jeppesen, 1990; Monfort & Baleux, 1991; Leitão & Silveira, 1991; Parveen et al.,

1995; Fiorentini et al., 1998; Hänninen et al.,1997; Ghenghesh et al., 2001).

Atualmente, o gênero Aeromonas é considerado patógeno emergente

(Merino et al., 1995), causador de gastroenterites e infecções extra-intestinais no

homem, tendo sido isolados de quadros de septicemias, osteomielites, meningites,

pneumonias e infecções urinárias (Holberg et al. 1986; Millership et al. 1986; Sawle

et al., 1986; Gonçalves et al., 1992; Ashiru et al., 1993; Thornley, 1997).

Estudos realizados destacaram a importância deste gênero como um

potencial agente causador de infecções intestinais, destacando-se as espécies A.

hidrophila, A. caviae, A. sobria, A. veronnii, e A. schubertii (Figura et al., 1986;

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Holberg et al., 1986; Kuijper & Peeters, 1991; Krovacek et al., 1994; Kuhn et al.,

1997; Hofer et al., 2006).

A manifestação intestinal mais observada foi diarréia aquosa por mais de

duas semanas com 2-10 evacuações por dia, acompanhada de dor abdominal,

cólica, náuseas, vômitos e febre (Kuijper et al., 1989).

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2 JUSTIFICATIVA

Na Amazônia, uma prática comum entre os ribeirinhos ou os residentes

em pequenos municípios e vilarejos é o consumo de água, direto de cacimbas,

poços rasos, rios, lagos e igarapés, sem qualquer tipo de tratamento prévio ou

simples desinfecção (Diegues, 1992; Hiraoca, 1993).

Este cenário propicia a instalação de um quadro favorável à proliferação

de doenças com elevadas incidência, gravidade e proporção, criando obstáculos à

melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento da região.

Acredita-se que o desenvolvimento de um trabalho de educação sanitária

para a população do meio rural, destinado a adoção de medidas preventivas visando

à preservação das fontes de água e o tratamento das águas já comprometidas,

aliados às técnicas de tratamento de dejetos, sejam as ferramentas necessárias

para diminuir o risco de ocorrência de enfermidades de veiculação hídrica e

proteção dos mananciais e reservais naturais de água. O presente estudo contempla

um dos enfoques a ser dado na preservação e manutenção da qualidade da água,

que envolve também questões de natureza social, ambiental, sanitária, política e

econômica, alertando para a importância da qualidade da água e sua relação à

promoção da saúde.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a qualidade bacteriológica da água utilizada pela população

ribeirinha da região metropolitana de Belém, identificando possíveis riscos à saúde

da população.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar aspectos sanitários referentes à utilização da água pela

população que possam representar fatores de risco para veiculação de doenças;

b) Isolar e identificar bactérias de veiculação hídrica, que possam atuar

como possíveis enteropatógenos, em amostras de água superficial e de consumo

humano nos locais selecionados para o estudo.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

Considerando-se os objetivos propostos nesta investigação, optou-se pelo

método qualitativo aliado ao quantitativo, em busca de uma melhor compreensão da

realidade a ser estudada. Segundo Serapioni (2000), ocorre uma complementação

entre estes métodos, possibilitando uma integração favorável a prática da

investigação, principalmente na área da saúde.

4.1 ÁREA DE ESTUDO

O município de Belém encontra-se situado geograficamente, a 01°27'

20“(lat. Sul) e 48°30' 20" (long. WG) e a quatro metros do nível do mar. Limita-se ao

norte com a baia do Marajó, ao leste com os municípios de Santo Antônio do Tauá,

Ananindeua, Benevides e Santa Bárbara, a oeste com a baias do Guajará e Marajó

e ao sul com o município de Acará e com o rio Guamá, que separa as ilhas de Paulo

da Cunha (ilha Grande) e Murutucu, da parte continental (Pará, 1995; IBGE, 2000).

A cidade está dividida administrativamente em duas regiões, uma

continental com 173,7864 Km2 (34,36%) e outra insular (formada por 43 ilhas), com

332,367 Km2 (65,64%). Portanto, dois terços de seu território é formado por ilhas,

algumas em estado primitivo, sem nome e pouco habitadas e outras maiores, com

particularidades do ponto de vista econômico para região (Pará, 1995; IBGE, 2000).

A área de abrangência desta investigação corresponde à zona rural da

cidade de Belém, na região insular, especificamente nas ilhas de Paulo da Cunha

(ilha Grande), que possui 9,291 km2, e Murutucu com 8,798 Km2, pertencentes ao

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distrito administrativo de outeiro (DAOUT), cuja localização pode ser visualizada no

mapa apresentado na Figura 1.

FIGURA 1: Área do estudo, região insular do município de Belém (PA). FONTE: Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM).

Em relação ao centro da cidade de Belém, as ilhas Paulo da Cunha e

Murutucu distam 12,2 e 9,2 Km, respectivamente, percurso que atualmente só é

possível através de via fluvial. Em ambas, destacam-se atividades de extrativismo

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vegetal, como o cultivo de açaí, cacau e cupuaçú, além das culturas domiciliares

(Pará, 1995; IBGE, 2000).

O escoamento da produção das referidas ilhas é feito através de

pequenas e médias embarcações, para os municípios de Belém e circunvizinhanças.

Estas áreas desempenham papel importante no aspecto geográfico, econômico e

urbanístico da metrópole (Belém, 2002).

No aspecto geográfico, porque configuram e delimitam a baía do Guajará,

a oeste, seccionando longitudinalmente o estuário; urbanística, pelo que prenuncia,

e sugere como futura dependência da cidade (possibilidade de expansão) e no

aspecto econômico, por constituírem uma das fontes de suprimento de gêneros

agrícolas da capital (Belém, 2002).

4.2 INQUÉRITO POPULACIONAL

Para investigar possíveis fatores que comprometam a utilização da água

pelos residentes nas áreas de estudo, foi adotada uma abordagem qualitativa que

considera a compreensão da realidade social, a partir das características físicas e

sociais do ambiente, incluindo o indivíduo enquanto ator social de suas práticas

(Serapione, 2000).

Para isso, os seguintes procedimentos foram adotados: identificação dos

líderes comunitários, para informação dos objetivos da pesquisa e solicitação do

apoio da comunidade, assim com apresentação do questionário utilizado na

entrevista com os grupos familiares (Anexo I).

Após esta etapa, foram iniciadas as visitas aos domicílios existentes nas

ilhas. Em cada um deles, o morador ou responsável por aqueles que forem menores

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de idade, foram convidados a participar do estudo, assinando um termo de

compromisso e aceitando prestar informações acerca de seus domicílios e de outros

aspectos socioeconômicos e de saúde (Anexo I).

4.3 QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA

No estudo quantitativo, os indicadores microbiológicos foram analisados

de acordo com as recomendações da 20º edição do Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998).

4.3.1 Coleta das amostras de água de consumo

Volumes de aproximadamente 250 mL de amostra foram coletados, em

frascos de polipropileno previamente esterilizados, diretamente das garrafas, potes

ou outros vasilhames, onde a água de consumo estava armazenada na moradia, em

seguida, as amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas e mantidas sob

refrigeração para transporte até o Laboratório de Microbiologia Ambiental, Seção de

Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas, para análise microbiológica.

Foram utilizados recipientes de polipropileno esterilizados, com

capacidade para 500 mL. As coletas foram realizadas obedecendo aos cuidados de

assepsia conforme as recomendações descritas na 20º edição do Standard Methods

for the Examination of Water and Wastewater (APHA/ AWWA/WEF, 1998).

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4.3.2 Coleta de amostras de água superficial

As coletas de água de água de rio/igarapé foram realizadas nos períodos

de estiagem e chuvoso, objetivando verificar a influência da sazonalidade nos dados

obtidos. Foram selecionados dez pontos localizados no entorno das ilhas Grande (5)

e Murutucu (5). Os diversos locais de amostragem estão apresentados na Figura 2.

FIGURA 2: Localização dos pontos de coleta de amostra de água superficial das ilhas Grande e Murutucu. A coleta da água superficial para análise bacteriológica nos pontos de

amostragem das ilhas Grande e Murutucu foi manual, empregando-se recipientes de

polipropileno esterilizados, com capacidade de 500mL e 5000mL, os quais foram

imersos, cerca de 15 a 30 cm abaixo da superfície da água, com a boca voltada para

baixo, a fim de evitar a introdução de contaminantes superficiais (Figuras 3 e 4). Em

seguida, os recipientes foram direcionados no sentido contrário ao da correnteza, e

posteriormente inclinados lentamente para cima, a fim de permitir à saída do ar e dar

início ao enchimento com água superficial (APHA, 1998).

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FIGURAS 3 e 4: Coleta de água superficial, ilha Murutucu, 2004.

4.4 PESQUISA DE COLIFORMES

Para a determinação do número de coliformes termotolerantes nas

amostras de água, foi utilizada a técnica da membrana filtrante, de acordo com as

recomendações descritas na 20º edição do Standard Methods for the Examination of

Water and Wastewater (APHA, 1998) e das normas técnicas L5.214 e L5.221 da

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (CETESB, 1992

e 1994).

Após a diluição apropriada de cada amostra, volumes de 1 a 10 mL

foram transferidos para o equipo de filtração (Millipore), com membrana Millipore

esterilizada tipo HAWG 047–SO, de 47mm de diâmetro e porosidade de 0,45 μm. A

seguir, as membranas foram transferidas para a superfície do meio de cultura ágar

M-FC (DIFCO®). As placas foram acondicionadas em sacos plásticos apropriados e

incubadas em banho-maria sob agitação, a temperatura de 44,5 ± 0,2°C por 24 ± 2

horas.

Foram selecionadas as placas, que apresentaram de 20 a 60 colônias

para contagem das colônias típicas de coliformes termotolerantes (colônias típicas

de coloração azul), com auxílio de um contador do tipo Phoenix EC 589.

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A representação esquemática da pesquisa de coliformes termotolerantes

e Estreptococos/Enterococos fecais pela técnica da Membrana filtrante, encontra-se

na Figura 5.

FIGURA 5: Representação esquemática da Pesquisa de Coliformes termotolerantes e Estreptococos/Enterococos fecais pela técnica da Membrana filtrante. FONTE: Adaptado das Normas Técnicas (LT L5 211 e L5221) da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo- CETESB.

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4.5 PESQUISA DE ESTREPTOCOCOS FECAIS

Foi empregada a técnica da membrana filtrante, utilizando-se membrana

Millipore tipo HAWG 047–SO, esterilizada, de 47mm de diâmetro e porosidade de

0,45 μm. Para este fim, foram filtrados volumes de 10 e 20mL das amostras, com

auxílio do equipo de filtração (Millipore). A seguir, as membranas foram removidas

com auxílio de uma pinça estéril para a superfície do meio m-Enterococos (DIFCO®)

e incubadas em estufa bacteriológica, a temperatura de 35-37°C, sob condições de

umidade, durante 24 horas (APHA, 1998) conforme ilustrado na figura 5.

Ao término da incubação, foi realizada a contagem das colônias típicas de

enterococos, caracterizadas pela coloração rosa à vermelha escura, com precipitado

preto ou marrom avermelhado na superfície inferior da membrana. O cálculo final foi

realizado com base nas diluições das amostras, e os valores expressos em

unidades formadoras de colônia em 100 mL de amostra de água analisada

(UFC/100mL) (APHA, 1998).

A diferenciação entre os estreptococos do grupo D de Lancefield e os

enterococos, foi realizada a partir da seleção de cinco colônias isoladas de

tonalidade rosa a vermelho escuro, as quais foram semeadas em tubos (ou placas)

contendo ágar Infusão de Cerebro e Coração (BHI) e incubadas a 35 ± 0.5oC por 24

a 48 horas.

Após a incubação, foram repicadas em caldo Infusão de Cerebro e

Coração (BHI) sem cloreto de sódio (incubadas a 45 ± 0.50C por 24 a 48 horas); em

caldo Infusão de Cerebro e Coração (BHI) com 6,5% de cloreto de sódio (incubadas

a 35 ± 0.5oC por 24 a 48 horas), e placas de ágar Bile Esculina (incubados a 35 ±

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0.5oC por 24 a 48 horas). Foram também realizadas a bacterioscopia e a prova da

Catalase.

A confirmação das bactérias do gênero Enterococcus foi realizada através

dos resultados positivos em caldo BHI acrescido de NaCl a 6,5%, incubados a 35 ±

0.5C por 24 horas (APHA, 1998; CETESB, 2000) conforme demonstrado na figura 6.

FIGURA 6: Representação esquemática da diferenciação entre Estreptococos e Enterococos fecais. FONTE: Normas técnicas da CETESB

4.6 PESQUISA DE BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS

Para a contagem padrão de Bactérias Heterotróficas, as amostras de

água foram processadas através da técnica de “Pour Plate”. Após a

homogeneização adequada da amostra, com o auxílio de uma pipeta estéril de

10mL e obedecendo aos cuidados de assepsia, foram realizadas diluições decimais

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de cada amostra em valores de 10-1 a 10-5, em tubos de ensaio contendo 9mL de

água de diluição. A seguir, os tubos de ensaio foram homogeneizados e transferiu-

se 1mL de cada diluição para placas de Petri, identificadas com o volume da diluição

correspondente, seguindo a adição de 10 a 15mL do meio Plate Count ágar

(DIFCO®), previamente fundido e mantido em banho-maria para estabilização da

temperatura a 45-50°C. Após a solidificação do meio, as placas foram incubadas a

35,0 ± 0,5°C por um período de 24 a 48 horas. A contagem das unidades

formadoras de colônias foi efetuada com auxílio de um contador do tipo Phoenix EC

589, e os resultados foram expressos em unidades formadoras de colônias de

bactérias heterotróficas por mililitro (UFC/mL) (APHA, 1998).

4.7 PESQUISA DE BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS

O isolamento e identificação das bactérias das famílias

Enterobacteriaceae, Vibrionaceae e Aeromonadaceae (Escherichia coli

enteropatogênicas (EPECs), Aeromonas, Víbrio, Salmonella e Shigella) nas

amostras de água, foi realizada de acordo com as recomendações descritas no

Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998) e nas

normas técnicas L5.507, L5.218 e L5.232 da CETESB, 1990 e 1992 (Figura 7).

Para estas determinações, as amostras, em volume de 5 litros, foram

concentradas em membrana de éster de celulose com 0,45μm de porosidade, a qual

foi dividida em partes iguais e inoculada em meios de enriquecimento (APT, pH7,0

Rappaport /42,5ºC por 18 horas, APA, pH8,5 e caldo-GN, pH7,0/35ºC por 6 horas).

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Posteriormente, os cultivos foram semeados em meios seletivos

indicadores: ágar TCBS, ágar XLD, ágar SS e ágar MC. A identificação bioquímica e

sorológica seguiu as recomendações de Ewing e Ewing (Ewing e Ewing, 1986).

FIGURA 7: Representação esquemática da pesquisa de enteropatógenos bacterianos em amostras de água. FONTE : Adaptado das Normas Técnicas da CETESB

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4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos foram armazenados em bancos de dados com auxílio

do software Dbase. Foram utilizados os testes do Qui-quadrado e T de Student, com

auxílio dos programas Microsoft® Excel 2003 e InStat®. O nível de significância

estatística aceita foi de 5%.

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5 RESULTADOS

5.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CONDICIONANTES AMBIENTAIS DAS

ÁREAS DE ESTUDO

5.1.1 Caracterização da População

Na ilha Grande residem, atualmente, 49 famílias distribuídas em 46

domicílios, totalizando 222 indivíduos. E na ilha Murutucu, 60 famílias em 54

domicílios, com 271 indivíduos.

Na população destas ilhas predomina o gênero masculino, de modo que

dos 222 entrevistados da ilha Grande,119 (53,6%) eram do gênero masculino e 103

(45,9%) feminino. Na ilha Murutucu 140 (48,3%) eram do gênero masculino e 131

(51,7%) feminino, do total de 271 entrevistados.

No que se refere à distribuição por faixa etária, na ilha Grande, percebe-

se que a maioria está concentrada entre 0 a 29 anos com uma freqüência de 70,2%

(156/222), o que equivale mais da metade da população entrevistada (quadro 7).

Na ilha Murutucu a concentração maior da população concentra-se na

mesma faixa, resultando em 72,3% (196/271), conforme visualizado no quadro 7.

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QUADRO 4: População por faixa etária e gênero nas ilhas Grande, Murutucu, Município de Belém, Pará, 2002.

ILHA GRANDE ILHA MURUTUCU

Faixa Etária

Masculino Feminino Sub

Total

% Masculino Feminino

Sub

Total

%

TOTAL

0 – 4 18 16 34 5,3 28 17 45 16,6 79 16,0%5 – 9 19 13 32 14,4 16 18 34 12,5 66 13,3%

10 – 14 11 12 23 10,4 22 19 41 15,1 64 13,0%15 – 19 9 10 19 8,5 10 20 30 1,1 49 10,0%20 – 24 13 13 26 11,7 10 14 24 8,9 50 10,1%25 – 29 14 8 22 9,9 13 9 22 8,1 44 9,0% 30 – 34 7 8 15 6,8 7 12 19 7,0 34 7,0% 35 – 39 9 6 15 6,8 14 4 18 6,6 33 7,0% 40 – 44 4 3 7 3,1 3 7 10 3,7 17 3,4% 45 – 49 5 4 9 4,1 2 2 4 1,5 13 2,6% 50 – 54 1 2 3 1,3 6 2 8 3,0 11 2,2% 55 – 59 6 3 9 4,1 0 3 3 1,1 12 2,4%

60+ 3 5 8 3,6 9 4 13 4,8 21 4,0% TOTAL 119 103 222 100 140 131 271 100 493 100

FONTE: Trabalho de Campo, 2002 5.1.2 Habitação

O padrão habitacional encontrado não foge ao regional dos ribeirinhos

da Amazônia. São casas pequenas, na sua maioria com dois cômodos, onde o

material de construção predominante é a madeira tanto nas paredes quanto no piso,

e como cobertura as telhas de barro ou de palha (gênero Geonoma), e em menor

proporção as telhas de fibrocimento e madeira (Figura 8).

FIGURA 8: Características das habitações das áreas de estudo, I Grande, Belém-Pa.

Tanto na ilha Murutucu quanto na ilha Grande, as casas estão localizadas

geralmente as margens do rio Guamá, do furo da Paciência ou do rio Bijogo, que

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53

também é chamado de São Francisco, a partir de determinado trecho. Possuindo

estivas como meio de acesso entre a água e as residências, as casas são

suspensas do chão (palafitas), devido ao alagamento sazonal que ocorre em função

do regime das chuvas e da oscilação dos níveis das marés (Figura 9).

FIGURA 9: Padrão habitacional das áreas de estudo, ilha Murutucu, Belém-Pa.

Em decorrência dos alagamentos periódicos, a questão sanitária é

extremamente precária. Na ilha Murutucu, 72,22% dos domicílios não dispõe de

sanitário, já na ilha Grande, 63,04% dizem possuir sanitário próprio externo.

Ressalte-se que a noção de sanitário nestas comunidades, trata-se apenas de uma

“tapagem”, que serve de proteção e que pode ser apenas no nível da estiva de

acesso, ou alcançar o solo, diminuindo o acesso de animais aos dejetos, conforme

representação esquemática constante na figura 10.

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54

FIGURA 10: Representação esquemática dos sanitários, ilhas grande e Murutucu, Belém-Pa. FONTE: Trabalho de Campo, 2002, desenho de J.Mardock.

5.1.3 Atividade econômica

A população destas duas ilhas tem no extrativismo vegetal sua principal

base econômica, destacando-se a coleta de açaí e palmito, além do cacau e

cupuaçú, em menor escala.

Estes produtos são destinados ao consumo e comercialização em Belém.

Na ilha Grande, 30,2 % da população (homens e mulheres) se inserem na atividade

de coleta e na ilha Murucutu 24,4%, sendo que algumas pessoas desempenham

outras atividades paralelas, como barqueiro, comerciante, caseiro, mecânicos e

domésticas.

5.1.4 Armazenamento, tratamento e procedência da água consumida

O encharcamento do solo durante parte do ano, inviabiliza a abertura de

fossas do tipo tradicional e a perfuração de poços artesianos. Assim, apenas duas

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55

opções de abastecimento de água estão disponíveis para a população local: coletar

água nos poços existentes em Boa Vista do Acará (município vizinho) ou consumir a

água do rio Guamá e igarapés próximos às suas residências. (figuras 11).

A água coletada do rio e igarapés é ingerida diretamente ou através dos

alimentos, durante seu preparo. Portanto, o tratamento da água restringe-se, via de

regra, a coagem (tabela 1), significando que apenas os resíduos trazidos pelas

enxurradas, como os dejetos humanos e de animais são retirados.

TABELA 1: Tratamento da água para consumo humano nas Ilhas Grande e Murutucu, Belém-Pa.

Formas de Tratamento Ilha Grande Ilha Murutucu

Filtração em filtros de

barro

2 2

Fervura 3 1

Coagem 20 20

Nenhum 21 28

Outros 0 3

TOTAL 46 54

FONTE: Trabalho de Campo, 2002.

Em relação à higienização dos poços existentes em Boa Vista do Acará,

os resultados das entrevistas demonstram que as famílias da ilha Murutucu nunca

participaram desta atividade, inclusive desconhecendo sua realização. Quanto aos

moradores da ilha Grande, algumas famílias informaram que, às vezes, ajudam a

limpar os poços, tirando o capim e adicionando “água sanitária”, para desinfetá-lo.

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56

FIGURA 11 : Armazenamento de água nas comunidades estudadas, ilha Murutucu, Belém-Pa.

FIGURA 12: Vista de um poço utilizado pelas comunidades estudadas, município Boa Vista do Acará-Pa.

As formas de armazenamento da água no interior das residências das

comunidades avaliadas encontram-se descritas na Tabela 2.

TABELA 2: Formas de armazenamento da água nas comunidades estudadas.

Utensílios

ilha Grande ilha Murutucu Caixa de fibrocimento 5 5

Camburão de plástico 18 43

Latão de metal 10 6

Camburão de ferro 3 -

Balde de plástico 6 -

Outros 4 -

TOTAL 46 54

FONTE: Trabalho de Campo, 2002.

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57

5.1.5 Condições de saúde das populações das ilhas Grande e Murutucu

Na ilha Grande, 62,6% (139/222) dos indivíduos, não relataram problema

de saúde no último mês, 32,9% (73/222) informaram que sim e 4,5% (10/220) não

responderam a este item. Na ilha Murutucu, 71,6% (194/271) das pessoas não

relataram problemas de saúde, 27,3% (74/271) afirmaram que sim e 1,1% (3/271)

não informaram este item.

Os problemas de saúde mais referidos pelos 222 moradores

entrevistados na ilha Grande foram: febre em 12 casos, diarréia em 9 casos e

cefaléia com 8 indicações. Entre as 271 pessoas da ilha Murutucu, obteve-se os

seguintes resultados: febre com 15 relatos, diarréia com 9, asma com 4 e cefaléia

com apenas 2 ocorrências.

As doenças preexistentes mais relatadas na ilha Grande foram: Sarampo

(76 casos), rubéola (7 casos), dengue (8 casos), dentre outras. Em relação à ilha

Murutucu as mesmas doenças foram mais relatadas pela população: 71 registros de

sarampo (71 casos), rubéola (6 casos), dengue (12 casos).

Não foram relatados, durante as entrevistas, casos de febre tifóide e

tuberculose na ilha grande. Por outro lado, na ilha de Murutucu, foram registrados 6

casos de tuberculose e 1 de febre tifóide.

A tabela 3 indica que a maior incidência de casos de diarréia nas duas

áreas ocorreu entre a população com faixa etária maior que onze anos de idade.

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58

TABELA 3: Casos de diarréia por faixa etária nas ilhas Grande e Murutucu ilha Grande

ilha Murutucu

Faixa etária (em anos)

Nº de Casos % Nº de Casos % - 1 0 0 1 1,4

1 a 5 10 10,6 18 24,3 6 a 10 7 7,4 5 6,7 + 11 77 82,0* 50 67,6* Total 94 100,0 74 100,0%

p<0,05 FONTE: Trabalho de Campo, 2002.

Foram registrados 3 casos de óbitos em crianças menores de 5 anos por

diarréia na ilha Grande no período de outubro a dezembro de 2002, enquanto que

na ilha do Murutucu não houve relatos desta ocorrência.

5.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DA ÁGUA

5.2.1 Domicílio

5.2.1.1 Ilha Grande

Os resultados dos valores médios e a amplitude dos coliformes

termotolerantes, nas amostras de água, destinadas ao consumo humano nos 46

domicílios da ilha Grande e 53 de Murutucu analisados, encontram-se descritos na

Tabela 4.

TABELA 4: Valores médios, máximos e mínimos de Coliformes Termotolerantes na água domiciliar das ilhas Grande e Murutucu, Belém(Pa).

Local n Média Máximo Mínimo

Ilha Grande 46 118,413 >1350 <1

Ilha Murutucu 53 239 2040 <1

Total 99 - - -

n= número de determinações

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59

Em 51,8% (14/27) das amostras coletadas na Ilha grande, foi possível

isolar e confirmar a presença de espécimes de Escherichia coli, conforme dados

apresentados na Tabela 5, na qual está representada também, nas amostras

negativas, a contagem de bactérias heterotróficas. Ressalte-se que a Portaria

518/2004 do Ministério da Saúde determina a ausência de Escherichia coli.

TABELA 5: Resultados da análise bacteriológica de amostras da água domiciliar coletadas na ilha Grande, em Belém-PA.

Col. Termotolerantes

E. coli Negativo >500 UFC/mL*

CPH

Nº de amostras

N % n % N % N %

46

27

58,7

14

30,4

19

41,3

19

41,3

* Contagem Padrão de bactérias heterotróficas em unidades formadoras de colônias por m/L

Nas 19 amostras onde o número de coliformes termotolerantes foi <1 em

100mL, ou seja, que seriam consideradas próprias para o consumo humano, foi

observado elevado número de bactérias heterotróficas (mínimo=1600/máximo=5,1 x

106), as quais podem comprometer a identificação dos coliformes e representar risco

à saúde dos consumidores.

5.2.1.2 Ilha Murutucu

Os valores máximo e mínimo de coliformes termotolerantes nas análises

das amostras coletadas nos 53 domicílios da ilha Murucutu, juntamente com a

média, encontram-se descritos na Tabela 4. Em 68% das amostras analisadas, foi

possível o isolamento de cepas de Escherichia coli, conforme dados apresentados

na tabela 6, na qual está representada também, nas amostras negativas, a

contagem de bactérias heterotróficas.

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60

Dentre as amostras que apresentaram número de coliformes

termotolerantes <1 (n=18), observou-se em 44% (8/18), um elevado número de

bactérias heterotróficas (500=mínimo e 4,1 x 105=máximo). Nesta ilha, as amostras

de água dentro dos padrões recomendados para consumo humano, estavam

presentes em apenas19% (10/53) dos domicílios avaliados.

TABELA 6: Resultados da análise bacteriológica de amostras de água de beber coletadas em domicílios da ilha Murutucu, em Belém-PA, 2002.

Col. termotolerantes

E. coli Negativo >500 UFC/mL*

CPH

Número de amostras

N % n % N % n %

53

35

66

24

45

18

34

8

15

* Contagem Padrão de bactérias heterotróficas em unidades formadoras de colônias por m/L

5.2.2 Água superficial

Nas ilhas Grande e Murutucu, foram coletadas, para análise

bacteriológica, em um período de dois anos, 80 amostras de água superficial em 10

pontos distintos, situados no entorno das referidas ilhas. As coletas foram realizadas

no período de estiagem e chuvoso.

Os resultados da pesquisa de coliformes termotolerantes, nas amostras

de água superficial, coletadas no entorno da ilha Grande e da ilha Murutucu, estão

apresentados na tabela 7.

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61

TABELA 7: Valores médios, máximos e mínimos de coliformes termotolerantes nas amostras de água superficial, coletadas no entorno das ilhas Grande e Murutucu, Belém-PA, de acordo com o período das chuvas. Período de estiagem 2002 Período chuvoso 2004 N Média Máximo Mínimo n Média Máximo Mínimo ILHA GRANDE

20 1067 >3600 25 20 153,6 360 36

ILHA MURUTUCU

20

1518

2600

766

20

1249

2600

450

n=número de determinações

O emprego de teste estatístico paramétrico para comparação dos valores

médios de coliformes termotolerantes nos dois períodos estudados, na ilha grande

apresentou diferença estatística significativa (p<0,05). Por outro lado, não se

observou diferença significativa no mesmo parâmetro na ilha Murutucu (p>0,05).

Na classificação das águas superficiais do entorno da ilha de Murutucu,

de acordo com a Resolução Nº357/2005 do CONAMA, observou-se que em 85%

(17/20) das colimetrias, o número de coliformes termotolerantes excedeu 1000, em

100 mL de água na estiagem, já naquelas coletadas no período chuvoso, este

percentual caiu para 55% (11/20).

Os resultados da pesquisa de estreptococos fecais e enterococos nas

ilhas Grande e Murutucu, encontram-se descritos nas Tabelas 8 e 9,

respectivamente.

TABELA 8: Valores médios, máximos e mínimos de estreptococos fecais nas amostras de água superficial, coletadas no entorno das ilhas Grande e Murutucu, Belém-PA, de acordo com o período das chuvas. Período de estiagem 2002 Período chuvoso 2004

N Média Máximo Mínimo n Média Máximo Mínimo

ILHA GRANDE

20

195,82

420

95

20

135

360

15

ILHA MURUTUCU

20 275,35 680 53 20 249 550 44

n= número de determinações

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62

Não se observou diferença estatística significativa nos valores médios da

contagem de estreptococos fecais nas Ilhas Grande e Murutucu, nos períodos de

estiagem e chuvoso (p>0,05).

TABELA 9. Valores médios, máximos e mínimos de enterococos fecais nas amostras de água superficial, coletadas no entorno das ilhas Grande e Murutucu, Belém-PA, de acordo com o período das chuvas. Período de estiagem 2002 Período chuvoso 2004

N Média Máximo Mínimo n Média Máximo Mínimo

ILHA GRANDE

20 157 420 72 20 121 360 15

ILHA MURUTUCU

20 201 448 20 20 245 550 44

n=número de determinações

Não se observou diferença estatística significativa nos valores médios da

contagem de enterococos fecais nas ilhas Grande e Murutucu, nos períodos de

estiagem e chuvoso. (p>0,05)

A pesquisa de bactérias patogênicas no entorno da ilha Grande,

demonstrou a presença de Salmonella sp em 7/20 (35%) das amostras com 52

cepas isoladas, no ano de 2002. Por outro lado, foram isoladas em 2004, 44 cepas

de Salmonella sp em 20% das amostras analisadas. Na figura 14, estão

apresentados os diferentes sorovares identificados, nos períodos de estudo.

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63

2% 4% 4%6%

8%

12%

39%

25%

Salmonella enterica subsp. enterica (RUGOSA)Salmonella enterica subsp. houtenae (035:Z4,Z23:-)Salmonella enterica subsp. enterica (016:-:1.7)Salmonella enterica subsp. enterica (04.5)Salmonella enterica subsp. enterica (0:9.12)Salmonella enterica subsp. enterica sorovar GaminaraSalmonella enterica subsp. enterica sorovar PanamaSalmonella enterica subsp. enterica sorovar Saintpaul

FIGURA 1: Sorovares de Salmonella isolados de amostras de água superficial coletadas no entorno da ilha Grande, Belém, Pará, em 2002 e 2004.

Na ilha Grande, também foram isoladas 7 cepas de Escherichia coli

sorbitol negativas, 15 cepas de Vibrio cholerae, 2 de Vibrio mimicus e 145 de

Aeromonas sp.

A pesquisa de bactérias patogênicas em amostras de água superficial,

coletadas no entorno da ilha de Murutucu, apresentou em 2002 a ocorrência de

Salmonella sp, em 3/20 (15%) das amostras analisadas, com um total de 19 cepas

isoladas. Em 2004, foi realizado o isolamento de 18 cepas de Salmonella,

correspondendo a 10% das amostras analisadas. Na figura 15, encontram-se os

diferentes sorovares identificados.

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64

5% 5%5%

37%48%

Salmonella enterica subsp. enterica (04.5)Salmonella enterica subsp. enterica sorovar EnteritidesSalmonella enterica subsp. houtenae (RUGOSA)Salmonella enterica subsp. houtenae (035:Z4,Z23:-)Salmonella enterica subsp. houtenae (016:Z4,Z24:-)

FIGURA 2: Sorovares de Salmonella isolados de amostras de água superficial, coletadas no entorno da ilha Murutucu, Belém, Pará, em 2002 e 2004.

Também foram isoladas 13 cepas de E.coli sorbitol negativas, 8 cepas de

Vibrio cholerae, 29 de Vibrio mimicus e 89 de Aeromonas sp.

6 DISCUSSÃO

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65

A qualidade da água apresenta influência direta sobre a saúde de

determinada comunidade. Neste sentido, é dever dos órgãos municipais o

provimento desta, em qualidade e quantidade apropriadas, para o suprimento das

demandas diárias do ser humano. Portanto, a busca pela adequação aos padrões

de qualidade, estabelecidos em legislação específica, é constante e fundamental

para a melhoria dos indicadores de qualidade de vida (OPAS, 2001).

Segundo dados da OMS, 80% das doenças que ocorrem nos Países em

desenvolvimento são ocasionadas pela contaminação da água. Sabe-se também

que a cada ano, 15 milhões de crianças de zero a cinco anos morrem direta ou

indiretamente pela falta ou deficiência dos sistemas de abastecimento de água e

esgotos (Reaverá & Martins, 1996).

Os dados disponíveis sobre mortalidade por doenças de veiculação

hídrica mostram que no Brasil, especificamente na região Norte, foram confirmados

nos últimos vinte anos cerca de 10 casos de cólera, 6.653 de febre tifóide e 7.219 de

leptospirose (SUS, 2002).

As normas sobre a qualidade da água nos Países da América Latina e

Caribe foram elaboradas ou adotadas, usando como referência os "Critérios de

Qualidade da Água Potável" da OMS (GORCHEV & OZOLINS, 1984), os quais

enfatizam a qualidade microbiológica da água potável, visto que esta forma de

contaminação é responsável pelas principais doenças infecciosas e parasitárias.

De acordo com os resultados dos questionários socioeconômicos e

condicionantes ambientais aplicados aos residentes das áreas de estudo, percebe-

se que a população é jovem, conforme apresentado no quadro 7, sem perspectivas

locais de educação (as escolas locais só atendem de 1a a 4a séries do ensino

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66

fundamental) e trabalho, acarretando assim a formação precoce de novos núcleos

familiares, aumentando o contingente populacional. Tal situação é comum em

grande parte do interior da região, onde as oportunidades de educação e trabalho

são menores.

Em relação às condições de habitação, percebe-se que a pobreza em

algumas residências é evidente, que muitas delas sequer possuem todas as paredes

externas. Foram encontradas casas com apenas a parede da frente e a lateral, que

servem como proteção no período chuvoso, conforme apresentadas na Figura 8. Em

alguns casos, o material utilizado na construção é reaproveitado de outras moradias

anteriores, não oferecendo, na maioria das vezes, condições mínimas de habitação

e segurança aos integrantes do núcleo familiar.

Os resultados deste estudo demonstram a presença de uma fonte

potencial de contaminação das águas superficiais e profundas, quer seja, a ausência

de um sistema eficaz de deposição dos dejetos humanos, preferencialmente as

fezes, uma vez que, 72,22% e 63,04% das residências pesquisadas nas ilhas

Murutucu e Grande, respectivamente, não dispõem de esgotamento sanitário e

fossas sépticas. E quando os possuem (fossas escavadas), geralmente não

obedecem, os requisitos mínimos de higiene e segurança, conforme apresentado na

figura 10.

Poucas casas possuem filtro de barro para filtração da água.

Ressaltando-se que algumas famílias utilizam sulfato de alumínio ou pedra-ume,

para sedimentar o material em suspensão, tirando a cor barrenta da água do rio

antes do consumo. O uso de hipoclorito não é comum, uma vez que raramente este

produto está disponível para a população, e os dados da Tabela 1 demonstram que

o principal tratamento é a coagem da água. Portanto, não há um cuidado efetivo

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67

com a higienização da água a ser consumida nas mais variadas atividades

domésticas (lavar louça, cozinhar, tomar banho, etc).

As principais formas de armazenamento da água nestas comunidades

estão apresentadas na Tabela 2. Ressalte-se que muitos utensílios utilizados, além

de inadequados, não sofrem manutenção preventiva ou corretiva, como cobertura

dos recipientes, lavagem periódica dos vasilhames e a falta do hábito de

higienização das mãos antes da retirada do produto.

Este hábito faz com que a água acondicionada nestes recipientes se

constitua em potencial fonte de exposição às doenças infecto-contagiosas. Uma vez

que a falta de cuidado na manipulação ou acondicionamento da água no domicílio,

compromete sua qualidade.

No que se refere aos dados de morbi-mortalidade, relatados nas diversas

entrevistas, percebe-se que estes não se diferem da maioria das cidades e

municípios que compõem a região amazônica, onde as condições de pobreza e

suas conseqüências sobressaem. Destacando-se os casos de febre tifóide e os três

óbitos por diarréia infantil registrados na ilha Grande no período de estudo, os quais

podem estar intimamente associados à qualidade da água consumida.

Este fato é corroborado pelos dados apresentados nas tabelas 5 e 6, que

demonstram a situação de risco dos habitantes das ilhas, visto que, na ilha Grande,

de um total de 46 amostras analisadas, 58,7% estavam positivas para coliformes

termotolerantes, sendo que em 51,8% destas foi possível a identificação de

Escherichia coli.

Mesmo nas amostras onde o número de coliformes termotolerantes foi <1

em 100mL, ou seja, que seriam consideradas próprias para o consumo humano, foi

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68

observado elevado número de bactérias heterotróficas, as quais podem interferir na

determinação dos coliformes na água (APHA, 1998).

Resultados semelhantes foram observados na ilha Murutucu, pois de um

total de 53 amostras, 66% apresentavam contaminação por coliformes

termotolerantes, conforme as mesmas tabelas, sendo possível à confirmação de

Escherichia coli em 45%, evidenciando a contaminação fecal da água consumida

pela população residente.

Nesta ilha as amostras de água dentro dos padrões recomendados para

consumo humano estavam presentes em apenas 19% (10/53) dos domicílios

existentes, haja vista que, nas amostras onde o número de coliformes

termotolerantes foi <1 em 100 mL, foi observado que oito amostras apresentavam

número de bactérias heterotróficas superior a 500 UFC/100 mL.

Portanto, as características observadas na maioria das amostras de água

de consumo nas duas ilhas, não seguem as recomendações estabelecidas pela

Portaria Nº518/2004 do Ministério da Saúde, evidenciando a situação de risco

potencial à saúde da população ribeirinha, pela confirmação de bactérias

indicadoras da presença de microrganismos patogênicos eliminados pelas fezes do

homem ou animais de sangue quente.

O acesso à água potável não é um problema enfrentado apenas pelos

habitantes das áreas rurais, pois os residentes nas grandes cidades, também

encontram dificuldades no fornecimento deste produto, fazendo uso da água de

poços escavados a céu aberto, e geralmente, localizados próximos às fossas

negras.

Em estudo semelhante realizado na cidade de Belém do Pará, Ribeiro

(2002) analisou a água consumida pelos habitantes das margens de dois igarapés

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localizados em áreas de influencia antrópica diferentes, observando percentuais

menores de contaminação em relação ao presente estudo, isto é, 31% e 26% das

amostras analisadas estavam contaminadas por coliformes termotolerantes.

Sá et al, em outro estudo relizado no ano de 2000, verificaram a

qualidade microbiológica da água consumida por uma comunidade residente em

duas áreas do Projeto de Macrodrenagem da bacia do Una na periferia de Belém,

precisamente no bairro do Barreiro, localizado as proximidades do canal São

Joaquim, e no Conjunto Paraíso dos Pássaros, local com melhor infra estrutura, para

onde eram remanejados as pessoas que tinham suas residências desapropriadas

pelo referido projeto. Os resultados deste demonstraram que em 48,6% e 55,7% das

residências localizadas nas referidas áreas, a água do sistema público chegava aos

domicílios em condições próprias para consumo, entretanto, ao ser amarzenada,

passava a apresentar altos índices de coliformes totais e/ou termotolerantes (Sá et

al. 2005).

Nesse contexto, verifica-se que as dificuldades para obtenção de água

pela ausência de rede de distribuição, a contaminação dos corpos aquáticos por

bactérias do grupo coliformes, bem como a captação em mananciais, poços rasos,

fontes ou outros locais, sem tratamento ou sujeitos a contaminação eventual,

constitui-se em risco para a saúde humana. Some-se a contaminação no próprio

domicílio, devido à manipulação e ao acondicionamento em locais impróprios,

perfeitamente evidenciada pelos autores (Sá et al. 2005).

Seguindo a classificação das águas superficiais, de acordo com seus

usos preponderantes, como disposto na Resolução CONAMA Nº357/2005, as

amostras de água superficial deste estudo, foram enquadradas em classes, de

acordo com o nível de contaminação, como disposto na referida resolução.

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Os resultados desta classificação demonstraram que durante o período

de estiagem na ilha Grande, em 15% (6/40) das amostras o número de coliformes

termotolerantes excedeu 1000 em 100mL, extrapolando o limite máximo

estabelecido para água doce classe 2 (Resolução CONAMA Nº357/2005). O mesmo

não ocorreu no período chuvoso, conforme os dados apresentados na tabela 7, o

que caracteriza a diluição dos contaminantes, nesta estação do ano.

Vale ressaltar que a maioria das coletas do período de estiagem foi

realizada na maré enchente, o que favoreceu a lixiviação dos contaminantes para o

leito do rio. Em contrapartida, todas as coletas do período chuvoso foram realizadas

na maré seca, quando o índice de contaminação foi notadamente menor (tabela 7).

Estes dados chamam atenção para a influência da maré na qualidade microbiológica

da água superficial no entorno da ilha Grande.

Na ilha Murutucu, conforme os dados apresentados na tabela 7, os níveis

de contaminação da água superficial foram notadamente maiores do que aqueles

observados na ilha Grande, independente da maré ou estação do ano, visto que,

70% (28/40) das amostras de água superficial analisadas foram enquadradas na

classe 3.

Os valores médios de coliformes termotolerantes na ilha Murutucu foram

de 1518 UFC/ 100mL na estiagem e 1249 UFC/ 100mL no período de chuva. Em

relação aos estreptococos e enterococos fecais os valores médios foram de 275

UFC/ 100mL e 201 UFC/ 100mL na estiagem e 249 UFC/ 100mL e 245 UFC/ 100mL

na estação das chuvas, sugerindo contaminação fecal de origem humana (tabelas 8

e 9).

Os dados são corroborados por estudos realizados por Ribeiro em 2004,

que analisou amostras de água superficial do igarapé do Combu, localizado próximo

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à área do presente estudo, o qual não demonstrou diferença sazonal significativa,

dos valores médios de coliformes termotolerantes encontrados no período chuvoso e

estiagem, que foram 2500 UFC/ 100mL e 2800 UFC/ 100mL, respectivamente

(Ribeiro, 2002, 2004).

Ressalte-se que o efeito da chuva sobre a contaminação da água nesta

ilha é mais discreto ou insignificante em relação à ilha Grande, o que pode ser

creditado a localização geográfica da mesma em relação à contribuição por

contaminantes oriundos do continente (esgotamento sanitário, doméstico e industrial

da continente despejados in natura nos corpos hídricos receptores) e pelos fatores

hidrodinâmicos do rio Guáma e da baia do Guajará.

A avaliação da balneabilidade no entorno da ilha Grande, seguindo-se a

Resolução Nº274 de 2000 do CONAMA, que considera como parâmetro a contagem

dos coliformes termotolerantes, demonstrou que na estiagem, 85% das amostras

apresentaram resultados acima de 1000 por 100mL de água, caracterizando a

condição imprópria para banho em todas as amostras. No período chuvoso,

observou-se discreta melhora, visto que, o percentual de amostras com coliformes

termotolerantes acima de 1000 reduziu para 55%. O que pode ser creditado a

diluição causada pelas chuvas.

A concentração média de estreptococos na ilha Grande foi de 135

UFC/100mL na época chuvosa e de 195 UFC/100mL, na estiagem. Em relação aos

enterococos fecais os valores médios foram de 157 na estiagem e 121 no período

de chuva, como observado nas tabelas 8 e 9.

Os dados apresentados demonstram que a variação sazonal não foi

significativa na ilha Grande. Já na ilha do Murutucu, foi observado que na estiagem,

aproximadamente 65% das amostras se encontravam em condições próprias para

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banho, subdividindo-se em excelente (15%), muito boa (20%) e satisfatória (30%).

No período chuvoso, todas (100%) estavam próprias para banho sendo 80% delas

excelentes e 20% na condição muito boa.

Na ilha do Murutucu, quando a contagem de enterococos fecais foi

empregada como parâmetro microbiológico, notou-se que os percentuais foram

modificados. Na estiagem, por exemplo, apenas 30% das amostras apresentaram

condições próprias para banho, sendo todas satisfatórias (50 a 100 enterococos

fecais em 100mL) e no período chuvoso, este percentual se elevou para 55%

(11/20), subdividindo-se em excelente (10%), muito boa (25%) e satisfatória (20%)

A concentração elevada dos indicadores de contaminação fecal na água

superficial das ilhas Grande e Murutucu sugeriu, fortemente, a presença de bactérias

enteropatogênicas como V.cholerae, Salmonella Typhi e Paratyphi, outras

salmonelas, Shigella, Aeromonas, entre outras. Os resultados apresentados nas

figuras 14 e 15 mostram o isolamento de oito sorovares de Salmonella na ilha

Grande e cinco na ilha Murutucu. Verifica-se que o maior isolamento deste

enteropatógeno ocorreu na ilha Grande, com 11 (27.5%) amostras positivas contra 5

(12.5%) da ilha Murutucu.

Estes dados não diferem de outros estudos conduzidos no sentido de

avaliar as condições das amostras de água provenientes de rios, poços freáticos e

esgotos, na cidade de Belém, como por exemplo, Ribeiro et. al (1995), no período de

1993 a 1995, isolaram o Vibrio choierae 01 em 4 (uma procedente de água de rio e

três de água de esgoto) de 77 amostras analisadas.

Loureiro et al. (1990) isolaram 43 cepas de Salmonella spp oriundas da

água de esgoto. Dentre estes isolados, foi notada a presença de S. Typhi, na água

da Estação de Tratamento de Esgoto do Una, em Belém.

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No monitoramento ambiental realizado nas águas de rio, igarapé e

esgotos da região metropolitana de Belém, Loureiro et al. (1996) obtiveram o

isolamento de Salmonella sp em 41 (57,7%) das 71 amostras de água analisadas.

Em estudos realizados em diferentes ambientes aquáticos, Sá et al (1997)

e Souza et al (1997), isolaram a partir de amostras de água de poços freáticos

utilizada para consumo, bactérias do gênero Salmonella em 8%, Aeromonas spp em

53%, Aeromonas hydrophíia em 34%, Plesiomonas shigelloides em 10% e do grupo

coliformes fecais em 93% das amostras analisadas.

Loureiro et al. (1999) verificaram a presença de vários sorovares de

SalmoneIla spp em espécimes ambientais, fornecendo subsídios para a

implementação de vigilância epidemiológica deste patógeno na cidade de Belém

(Loureiro et al.,1999).

Vale (1999) detectou variedades patogênicas de E. coli em estudo de

balneabilidade de algumas praias da ilha do Mosqueiro em Belém. Foram isoladas

57 cepas Escherichia coli enteropatogênica clássica e 3 de Escherichia coli

enteropatogênica invasora. Na avaliação da sensibilidade destas cepas frente a

diferentes antimicrobianos, este estudo revelou que 36,7% eram resistentes a um ou

mais antibióticos testados.

Braz et al (1999) investigando as condições sanitárias das praias da Ilha

de Mosqueiro, isolaram indicadores de contaminação fecal, mostrando a presença

de descargas poluidoras nestas praias, constituindo-se em riscos para a saúde da

população (Braz et al, 1999).

Outro estudo realizado por Ramos et al. (1999 e 2001) nos Municípios de

Moju e Anajás, respectivamente, reportou surtos de febre tifóide, e a água foi o

veículo de transmissão deste patógeno (Ramos et al. 1999 e 2001).

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O estudo realizado por Ribeiro (2004), isolou 497 cepas de salmonelas,

sendo que 57%, oriundas de amostras de águas provenientes do igarapé do Combú

e 43% do Igarapé Paracuri, próximas a área de coleta das amostras deste trabalho

(Ribeiro 2004).

A vigilância ambiental dos ecossistemas aquáticos é de suma

importância, levando-se em consideração o potencial hídrico da região e seu papel

estratégico no contexto atual da crise dos recursos hídricos, aliado ao planejamento

orientado pelo conceito de desenvolvimento sustentável, que deve ser priorizado nas

políticas ambientais da Amazônia com finalidade de preservar o ambiente aquático

desta região para as gerações futuras.

Uma vez que os problemas relacionados à degradação ambiental dos

ecossistemas aquáticos, decorrem de um modelo de desenvolvimento

ambientalmente destrutivo e da falta de consciência e educação ambiental, no que

se refere à proteção dos recursos hídricos de superfície e subterrâneos.

Por outro lado, a redução da poluição deste ambiente só será possível a

partir da gestão ambiental dos recursos hídricos integrada às políticas sócio-

ambientais (meio ambiente, saneamento e saúde pública), tendo ainda como aliado

os instrumentos econômicos, como princípio do poluidor-pagador, ou seja, aquele

que polui deve pagar pela degradação, incluindo o saneamento e outras atividades

oriundas dos impactos antropogênicos.

Os resultados deste estudo confirmam a vulnerabilidade da população

estudada em relação aos riscos desenvolver doenças infecto-parasitárias,

veiculadas pela água, possivelmente contaminada, bem como, apontam para a

necessidade de investimento na melhoria das condições de vida da população,

visando atender às propostas da Agenda 21, baseadas em ações que incluem a

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saúde, a sociedade e o ambiente, direcionadas para a melhoria da qualidade de

vida dos moradores das periferias urbanas.

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7 CONCLUSÕES

Os padrões de educação, a falta de esgotamento sanitário, a maneira

inadequada de armazenamento e tratamento da água foram os principais fatores

que comprometeram a qualidade da água consumida pelas comunidades estudadas;

Na ilha Grande, 58,7% das amostras apresentavam contaminação por

coliformes termotolerantes, e nas amostras que seriam consideradas próprias para o

consumo humano, foi observado elevado número de bactérias heterotróficas;

Na ilha Murutucu, 66% das amostras analisadas apresentavam

contaminação por coliformes termotolerantes, e nas amostras com ausência deste

indicador, observou-se em 44% um elevado número de bactérias heterotróficas,

apenas 19% estavam dentro dos padrões recomendados para consumo humano;

Foi confirmada a presença de Escherichia coli em 51,8% e 68% das

amostras de água para consumo nas ilhas Grande e Murutucu, respectivamente;

O percentual de amostras positivas para Salmonella na ilha Grande foi de

27,5% com 96 cepas isoladas e 8 sorovares diferentes, e na ilha Murutucu foi de

12,5% com 37 cepas isoladas distribuídas em 5 sorovares diferentes;

Entre os patógenos bacterianos identificados foi verificada a ocorrência de

Vibrio cholerae não O:1 e não O: 139, Vibrio mimicus, Aeromonas spp;

É necessária uma intervenção sócio-cultural e sanitária na área do

estudo, de forma a minimizar os riscos de exposição da população, proporcionando

a ela uma chance de melhoria do conhecimento no processo saúde-doença, mais

relacionada à importância da água potável para saúde humana e consequentemente

promoção da saúde. Além disso, é também necessário a busca de solução

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intersetorial junto aos órgãos públicos sanitários e de meio ambiente, no sentido de

se garantir condições de saneamento e água potável a toda à população.

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ANEXOS

1.Carta aberta a população

INSTITUTO EVANDRO CHAGAS/IEC

MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI/MPEG UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ/UFPA

"Saúde: Direito de todos e Dever do Estado"

(Constitutição Federal de 1998) Carta Aberta à População O Instituto Evandro Chagas (IEC), o Museu Paraense Emíliuo Goeldi e a Universidade Federal do Pará estão desenvolvendo na área insular do município de Belém, mais precisamente nas Ilhas Paulo da Cunha ou Ilha Grande e Murucutu, um trabalho de pesquisa sobre Qualidade de vida e condições de saúde de uma população ribeirinha e sua relação com a qualidade da água consumida na área insular do município de Belém-Pará. O Objetivo é obter informações precisas sobre estas populações, visando ações integradas entre as atividades de saúde e saneamento, oferecendo assim instrumentos para a busca, no âmbito governamental, de políticas públicas, ações ou estratégias que conduzam a uma melhoria na qualidade de vida em perfeito equilíbrio com a natureza. A pesquisa pretende identificar as atividades transformadoras, que reduzem sensivelmente a qualidade do sistema hídrico no estuário amazônico, comprometendo o ambiente e provocando problemas à saúde da população que utiliza este recurso para fins de abastecimento, lazer, atividades econômicas, dentre outras. Nesta perspectiva, busca-se a compreensão do inter-relacionamento de fatores sócio-ambientais e de saúde, examinando dentro de uma abordagem interdisciplinar, a situação sanitária da água utilizada pela população que habita as Ilhas. No momento, estamos entrando em contato com a comunidade para pedir apoio para essa pesquisa. Quando nossa equipe bater na sua porta, por favor, esteja pronto para colaborar. Precisamos que a população responda algumas perguntas, e nos permita conhecer as suas realidades diárias para termos um retrato da situação em que vivem. A pesquisa será feita incluindo homens, mulheres e crianças. Caso sejam necessários exames clínicos e laboratoriais o material clínico será solicitado e enviado ao Instituto Evandro Chagas para análise. Durante o tempo em que a equipe de pesquisa estiver presente, estaremos viabilizando atendimento aos que precisarem de alguma atenção especial. A pesquisa precisa de seu auxilio. Afinal todo cidadão tem direito a saúde, mas todo cidadão também tem interesse e responsabilidade em colaborar com a saúde pública na obtenção da sua própria qualidade de vida. As Instituições envolvidas agradecem a colaboração.

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2.Inquérito de saúde

Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde/Instituto Evandro Chagas Seção de Meio Ambiente - Laboratório de Microbiologia Ambiental

QUALIDADE DE VIDA E CONDIÇÕES DE SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO

RIBEIRINHA E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA NA ÁREA INSULAR DO MUNICÍPIO DE BELÉM-PARÁ.

IDENTIFICAÇÃO

1. Registro Individual: ___________ 2. Registro do Domicílio:________

3. DATA:____/____/____

4.

Nome:________________________________________________________________________

_5. Sexo M ( ) / F ( )

6. Filiação[Menor de 15 anos]: Pai:_______________________________7.

Mãe:______________________________

8. Endereço:

_____________________________________________________________________________

__________

9. Idade:_____anos 10. Data do Nascimento: ___/___/___ 11. Naturalidade:

_______________________ 12. UF:____

13.Escolaridade: ( )Estuda. Que série?_________ ( ) Estudou. Até que

série?_________________( ) Não estudou

14. Tempo de moradia na Ilha: ________ anos 15. Morava antes

em:________________________16. UF:_________

17. Estado Civil: ______ 1.solteiro 2.casado ou amasiado 4.viúvo 5.separado/divorciado

6. n.s.a.

DADOS REPRODUTIVOS

18. No. de filhos vivos _____ M _____ F ______Não se aplica

19. Nasceram mortos _____ M _____ F

20. Falecidos: Menor que um ano de vida _____ M _____ F

De 1 a 4 anos de vida _____ M _____ F

21. Número de abortos: espontâneos ( ) provocados ( ) não se aplica ( )

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DIETA

22. Número de refeições diárias: ( )

23. Número de refeições que faz em casa: ( )

24. Número de vezes por dia que come fora de casa: ( )

25. Quando come fora de casa: come na vizinhança ( ) come fora da vizinhança ( )

26. Descreva a sua alimentação

principal:______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_______________

27. Descreva como foi a sua alimentação de ontem:

_____________________________________________________________________________

________

28. Descreva como foi ou como será a sua alimentação de hoje:

_____________________________________________________________________________

________

29. Quais os alimentos consumidos com freqüência diária?

Feijão Arroz Farinha MacarrãCarne Frango Caça Legume VerduraFrutas Leite Café

Açai Peixe Ovo

30. Consome bebida alcoólica? S / N

31. Durante quanto tempo? ______ anos

32. Qual é a sua ocupação principal ?

___________________________________________________________________

33. Há quantos anos trabalha nessa atividade ? ______ anos

34. Trabalhava em outra atividade anteriormente ? ( ) S ( ) N Qual ? _______________

35. Você teve algum problema de saúde no último mês? ( ) S ( ) N

36. Se afirmativo, que problema? ________________________________________________

37. Se afirmativo, fez tratamento? ( ) S ( ) N

38. São freqüentes os casos de diarréia em sua família? Não ( ) Sim ( ): adultos ( ) jovens ( )

crianças ( )

39. Houve algum caso de morte na família em função desta doença? Sim ( ) Quantos casos?____

Não ( )

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40. Já morreu alguma criança menor de 5 anos em sua casa? Sim ( )

Quantas?_________________Em que ano?_____Qual a

doença?____________________________________

41. Onde voçês enterram os

mortos?________________________________________________________

42. Costumam utilizar com mais freqüencia remédios da farmácia ( ) ou naturais (do mato) ( )?

43. No caso dos naturais, Cite os mais

usados?________________________________________________

44. Para que

servem?____________________________________________________________________

45. Voçê cultiva estas plantas medicinais em sua casa? sim ( ) não ( )

46. Voçê as colhe no mato ou compra? Coleta no mato ( ) Compra ( )

47. Deixou de trabalhar no último ano por problema de saúde? ( ) S ( ) N

48. Se afirmativo, qual problema?

________________________________________________________________________

49. Você já teve alguma das doenças listadas abaixo ?

S N Doença Data aproximad

S N Doença Data aproximada

S N Doença Data aproximad

Sarampo Dengue Gonoréia Rubéola Leptospiros Asma Tuberculos Febre tifóid Hanseníase Sífilis

50. Que outras doenças voçê já teve?

____________________________________________________________________

51. Já teve malária? ( ) S ( ) N

52. Local do último episódio: ________________

53. Data:_____________

54. Já teve hepatite? ( ) S ( ) N

55. Você já teve algum acidente com animais (cobra, morcego, cão, peixe, etc.) ? ( ) S ( ) N

56. Se afirmativo, que animal ? ____________________________

57. Quando ? _________________________________

58. Quando alguém de sua família adoece, a quem você procura?

______________________________

59.Onde?___________________________________________________________________

________

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PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

60. Nos arredores ou vizinhança existe:

( ) Não sabe ( ) Centro comunitário-CC ( ) Associação de moradores-AS ( )

Sindicato-S ( ) Outros

61. O CC, AM ou S existente faz alguma ação em favor dos moradores? ( ) sim ( ) não

62. Voçê de alguma forma participa das atividades no CC, Am ou S: ( ) sim ( ) não

( ) porque paga alguma contribuição

( ) porque vai as reuniões

( ) porque faz parte da organização

( ) porque em algum momento foi convocado para ajudar

( ) outros

63. Como voçê acha que o CC, AM ou S poderia contribuir para as melhorar a qualidade de

vida na região das Ilhas?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

________________

64. Existe igreja, templo ou terreiro na Ilha? ( ) sim ( ) não ( ) não sabe

65. Voçê freqüenta algum destes espaços? ( ) sim ( ) igreja ( ) templo ( ) terreiro ( ) não

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3.Inquérito sócio-econômico

INSTITUTO EVANDRO CHAGAS/MS

Seção de Meio Ambiente MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI/MCT

Coordenação de Ciências Humanas Avaliação dos impactos ambientais e qualidade da água no domicílio na área insular do

município de Belém Pará / PNOPG/CNPq UFPA

CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA ÁREA DE ESTUDO CÓDIGO DO DOMICÍLIO: MU001 (ILHA MURUTUCU) IG001 (ILHA GRANDE OU PAULO DA CUNHA) ENTREVISTADOR: DATA: LOCAL: DADOS DOS INFORMANTES:

Nome completo do casal ou chefe

Idade Estadocivil

Religião Escolar. Ocupa- ção

R.G S N

Caso sejam casados: ( ) Civil ( ) Religioso Local de nascimento e moradia anterior do casal:

Local de Nascimento Moradias anteriores Homem::

Mulher:

Quem mora na casa: ( por família )

Nome

Parentesco Sexo Est. Civil Ocupação Agr Pes Col Caç

Tem Regist. sim não

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obs: registrar quantas famílias moram na unidade e enumerar por prioridade a ocupação Escolaridade da família:

Nome Série q. faz

Onde estuda

Série q. parou

Por que parou

Onde estudou

Nunca estudou A L E

Obs: A = assina o nome L= Lê E= escreve

Com que freqüência você vai à cidade ? Qual cidade ( s ) ? Para que ? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Caso não tenha nascido em ilha de terra, por que veio morar aqui? A quanto tempo? Com que idade chegou?Tem perspectiva de sair ou de ficar ? Por que ?E seus filhos?. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Tem parentes morando aqui? Não ( ) Sim ( ) Quantos? Quem? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tem casa em outro lugar? Não( ) Sim( ) Quem mora lá? Pagam aluguel? ___________________________________________________________________________________ Você tem título de propriedade (posse) da terra em que está morando? Não ( ) Sim ( ) Desde quando? ________________________________________________________________ DADOS SOBRE HABITAÇÃO. Fonte de abastecimento de água: a)- Poço: próprio( ) coletivo( ) igarapé e/ou rio( ) olho d’água( ) b)- Alguma vez foi realizada a desinfecção do poço: não ( ) sim ( ) Quando e como?_______________________________________________________________________

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c)- Sobre a retirada da água do poço: balde e corda ( ) roldana e manivela ( ) bomba hidráulica ( ) outros ( ) d)- Como é armazenada a água para uso doméstico: caixa d'água de fibrocimento ( ) caixas d'água de fibra ( ) camburão de ferro ( ) camburão de plástico ( ) latas de manteiga ( ) bacias de alumínio ( ) baldes plásticos ( ) outros_____________________________________________ e)- Como é armazenada água para beber: filtros de barro ( ) potes de barro ( ) garrafas plásticas ( ) outros______________________________________________________________________ f)-Tratamento dado à água de beber: filtragem( ) fervura ( ) coagem( ) nenhum( ) g)- Existe água canalizada no interior do domicílio? Não ( ) Sim ( ) h)- Distância do poço para a fossa : menos de 5 m ( ) de 6 a 10 m ( ) 11 a 15 m ( ) mais de 15m ( ) i)- Distância da fossa para o poço do vizinho: menos de 5 m ( ) de 6 a 10 m ( ) 11 a 15 m ( ) mais de 15m ( ) j)- Tipo de sanitário: próprio: interno( ) externo( ) coletivo( ) não tem( ) k)-Tipo de escoadouro para esgotamento sanitário: fossa séptica( ) fossa de madeira( ) escavação( ) céu aberto( ) rio( ) outros( ) l)- Tipo de banheiro: próprio: interno( ) externo( ) coletivo( ) não tem( ) m)- Material de construção do banheiro: alvenaria ( ) palha ( ) madeira ( ) outros______________________________________________________________________ Material de construção da casa: a) -Parede : taipa( ) madeira( ) tijolo( ) misto( ) palha / nome( ) b)-Piso : cerâmica( ) chão batido( ) cimento( ) tábua( ) misto( ) outro _____________________________________________________________________ c)-Tipo de iluminação: lamparina( ) candeeiro( ) lampião( ) vela( ) outro ______________________________________________________________________ d)-Cobertura: cavaco ( ) palha /nome ( ) telha de barro ( ) fibrocimento ( ) outro ______________________________________________________________________

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e)-Número de cômodos: quarto( ) sala( ) cozinha( ) outro ________________________ f)-Qual o tipo de palha mais resistente? Onde obtêm? Quanto custa? Qual a durabilidade? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ g)- Condição da superfície do terreno: constantemente alagada ( ) alagada em alguns períodos do ano ( ) seco ( ) outros _______________________________________________________ O que você faz com o lixo de sua casa? queima( ) enterra( ) lugares baldios( ) joga no rio( ) outros______________________________________________________________________ Qual o destino dos restos de comida, caso sejam enterrados, onde?_______________________________________________________________________ O que faz com os restos de caroços de açaí e cascas de mandioca?________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Você já encontrou ou apenas sabe da existência de alguma área onde exista: Material

Sim Não Onde

Terra preta

Cacos de cerâmica Pedra de corisco Objetos de pedra Obs: Quem faz cerâmica e de onde tira o material necessário. ATIVIDADES ECONÔMICAS: a)Agricultura: O Sr. tem roçado próprio? Sim( ) Não( ) .Em caso negativo, com quem trabalha e qual a forma de parceria?_____________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Onde fica a roça? Foi o Sr. quem escolheu esta área para plantar? Qual o critério de escolha?_____________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Produtos cultivados: Produtos

Época plantio

Ëpoca colheita

Local

C/quem trabalha

Destino da Produção _________________ Cons. | Venda | Troca

Há quanto tempo cultiva

Mandioca Milho Melancia Feijão Banana Arroz Cará Jerimum Macaxeira Açaí Caso já tenha plantado outros produtos, o que plantou? Onde? Por que parou?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O Sr. tem “casa de farinha”? Sim ( ) Não( ). Onde torra sua farinha?____________________________ Paga pela utilização do forno__________________ Qual o tipo de farinha produzido?________________________________ Quais os tipos de mandiocas mais utilizados?________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O que o Sr. produz em seu roçado é dividido com alguém? De que forma? Com quem?_______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________Obs: Plotar a roça (formato,área em pousio, tipos de cultura, intervalos, consórcio b) Pesca O Sr. pesca? todo o pescado é consumido pela família no mesmo dia?

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Sim ( ) Não ( ). O que é feito da sobra?_______________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Quais os tipos de peixe que pesca com mais freqüência ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Costumam comer moluscos? Quais ? Onde coleta/compra? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Coleta Quais os produtos mais coletados por sua família? E o destino deles ? Produto época local com quem

trabalha Destino da Produção Cons.| Venda | Troca

seringa castanha andiroba Copaíba Palmito Vocês extraem madeira? Para que? De onde? _________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Quais as principais madeiras extraídas? São vendidas para quem?________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

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Vocês entregam parte da castanha coletada para o IBAMA ?Quanto ?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ No caso da extração do palmito, açaí e madeira, existem áreas específicas para estas atividades ? Não ( ) Sim( ) :Onde?___________________________________________________________ Quais as frutas mais consumidas/coletadas? De onde retiram? Como consomem? O que fazem com os resíduos? d) Caça Costuma ir caçar? Com quem ? Em que horário ? Por que ? Com que frequência vai caçar ? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ O que caça : Produto Instru-

mento Época local com

quem Destino consumo

da pro venda

dução. troca

Paca Tatu Capivara Veado Camaleão Macaco Caititu Quati Cutia Após a caçada, o que é feito com o que não foi consumido no mesmo dia?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Criação de animais para: Tipos de animais Consumo Comercialização Galinha Perú

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Picota Codorna Pato Suínos Bovino Equino Caprino e)Comercilaização Em caso de venda: a)Quais os produtos comercializados? ______________________________________________ _______________________________________________________________________________ b)Onde é realizada ?_____________________________________________________________ c)Por quem é efetuada ?__________________________________________________________ d)Para quem ?__________________________________________________________________ Em caso de troca:

a) Com quem é feita?_________________________________________________________ b)Quais os produtos envolvidos na transação?_____________________________________ c)Onde é realizada e por quem ? ________________________________________________ d) Em acaso de deslocamento para a comercialização, como isso ocorre?________________ De onde vem os alimentos que vocês não produzem e demais itens necessários à sua família? Produtos onde adquiriu como adquiriu Existe na família alguém que trabalhe como assalariado, ou que tenha outra fonte de renda? Não ( ) Sim ( ) -Quantas pessoas ?_______________________________ -Onde ?________________________________________

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-Quem ? _______________________________________ -O que fazem ? __________________________________ -Em que época ? _________________________________ Vocês visitam seus vizinhos com frequência?_____________________________________ ____________________________________________________________________________