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Os negros, dizia ele, receberam promes- sas de igualdade, mas a América ainda não as honrara. Pagaram com um che- que sem fundo. Em meio a uma estonte- ante prosperidade de um país riquíssi- mo, os afro-americanos viviam isolados em ilhas de miséria, em guetos urbanos, atormentados pela segregação e pela brutalidade policial. Mas, alertou, esta- vam fartos. O verão do descontenta- mento chegara. A América só teria paz, se os negros tivessem garantidos seus Direitos Civis. Quando fossem realmen- te integrados à sociedade mais pujante da terra. Voltando-se para a sua comu- nidade, alertou-lhes que de maneira nenhuma permitissem abrigar em seus corações ódio e amargura contra os brancos. “Não podemos marchar sozi- nhos!” Grande admirador de Mahatma Gandhi, ele encontrara no caminho da “não violência”, uma arma válida e po- derosa em sua luta. Novamente, ele repetiu que tinha um grande sonho, de que algum dia, mesmo em sua racista Geórgia, os filhos de escravos e o dos senhores de escravos se sentariam à mesa da fraternidade e até o Mississipi, viraria um oásis de irmandade. Que ninguém jamais seria julgado pela sua cor e sim pelo seu ca- ráter. Que se ouviria, por toda a Améri- ca, o clarim da liberdade. Todos então, independente da raça, sexo ou religião se dariam as mãos e, em júbilo, repetiri- am; “Finalmente livres! Graças a Deus, finalmente estamos livres!” A grandiosidade de Martin Luther King, só pode ser entendida, ao conhe- cermos um pouco do inimigo contra qual ele lutava, usando apenas a retórica da “não violência”. A escravidão nos Estados Unidos foi extinta, em 1863, pelo presidente Abra- ham Lincoln, assassinado dois anos mais tarde. Porém, no mesmo ano de sua morte, em Lulanski, no Tennessee, é fundada a Ku Klux Klan, principal Acima de tudo, Martin Luther King tinha um grande sonho que não tinha fim. O sonho de que um dia, seus filhos, viveriam num mundo onde não seriam julgados pela cor da sua pele, mas pela essência do seu caráter. Em 23 de agosto de 1963, à sombra do Memorial de Lincoln, em Washington, ele vinha cobrar uma promessa feita cem anos antes, pelo então presidente da república, Abraham Lincoln, de “uma nova nação, concebida em liber- dade e dedicada à idéia de que todos os homens são iguais”. Na sua frente uma multidão de 250 mil pessoas formava a maior concentração, até então vista no país, a favor dos Direitos Civis. 58 www.dialogoscontraoracismo.org.br O Diálogos Contra o Racismo, reúne mais de 40 instituições da sociedade civil, na luta pela igualdade racial no Brasil. Coragem Martin Luther King, mártir na luta pelos direitos humanos e de igualdade racial. MUNDO Martin Luther King, uma vida em nome do amor Divulgação

Martin Luther King, uma vida em nome do amor

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Matéria da revista “Meu sonho não tem fim” sobre o “grande sonhador” Martin Luther King.

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Os negros, dizia ele, receberam promes-sas de igualdade, mas a América ainda não as honrara. Pagaram com um che-que sem fundo. Em meio a uma estonte-ante prosperidade de um país riquíssi-mo, os afro-americanos viviam isolados em ilhas de miséria, em guetos urbanos, atormentados pela segregação e pela brutalidade policial. Mas, alertou, esta-vam fartos. O verão do descontenta-mento chegara. A América só teria paz, se os negros tivessem garantidos seus Direitos Civis. Quando fossem realmen-te integrados à sociedade mais pujante da terra. Voltando-se para a sua comu-nidade, alertou-lhes que de maneira nenhuma permitissem abrigar em seus corações ódio e amargura contra os brancos. “Não podemos marchar sozi-nhos!” Grande admirador de Mahatma Gandhi, ele encontrara no caminho da “não violência”, uma arma válida e po-derosa em sua luta.

Novamente, ele repetiu que tinha um

grande sonho, de que algum dia, mesmo em sua racista Geórgia, os filhos de escravos e o dos senhores de escravos se sentariam à mesa da fraternidade e até o Mississipi, viraria um oásis de irmandade. Que ninguém jamais seria julgado pela sua cor e sim pelo seu ca-ráter. Que se ouviria, por toda a Améri-ca, o clarim da liberdade. Todos então, independente da raça, sexo ou religião se dariam as mãos e, em júbilo, repetiri-am; “Finalmente livres! Graças a Deus, finalmente estamos livres!”

A grandiosidade de Martin Luther King, só pode ser entendida, ao conhe-cermos um pouco do inimigo contra qual ele lutava, usando apenas a retórica da “não violência”.

A escravidão nos Estados Unidos foi extinta, em 1863, pelo presidente Abra-ham Lincoln, assassinado dois anos mais tarde. Porém, no mesmo ano de sua morte, em Lulanski, no Tennessee, é fundada a Ku Klux Klan, principal

Acima de tudo, Martin Luther King tinha um grande sonho que não tinha fim. O sonho de que um dia, seus filhos, viveriam num mundo onde não seriam julgados pela cor da sua pele, mas pela essência do seu caráter.

Em 23 de agosto de 1963, à sombra do Memorial de Lincoln, em Washington, ele vinha cobrar uma promessa feita cem anos antes, pelo então presidente da república, Abraham Lincoln, de “uma nova nação, concebida em liber-dade e dedicada à idéia de que todos os homens são iguais”. Na sua frente uma multidão de 250 mil pessoas formava a maior concentração, até então vista no país, a favor dos Direitos Civis.

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www.dialogoscontraoracismo.org.br

O Diálogos Contra o Racismo, reúne mais de 40 instituições da sociedade civil, na luta pela igualdade racial no Brasil.

Coragem

Martin Luther King, mártir na luta pelos direitos humanos e de igualdade racial.

MUNDO

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responsável por mais de cem anos de atentados terroristas, linchamentos e outras violências racistas. Apesar de clandestina, era uma organização que agia com total liberdade de forma públi-ca e muitas vezes, com participação ou cobertura das próprias autoridades polí-ticas e policiais locais, principalmente nos Estados do sul do país.

Enquanto leis federais afirmavam que “os afro-americanos eram cidadãos ple-nos dos Estados Unidos” e proibiam que “os Estados lhes negassem proteção igualitária e um justo processo judici-al”, cada Estado americano tinha suas próprias leis segregacionistas, com di-reitos e deveres, diferentes para negros e brancos, que também eram mais rigo-rosas no sul.

Elas proibiam os negros de residir em determinados bairros, estudar na maio-ria das escolas, hospedar-se em hotéis reservados à brancos, utilizar elevado-res sociais e comprar em certos estabe-lecimentos. Os obrigavam a utilizar salas de espera "só para negros" em terminais rodoviários, ferroviários e aeroportos. Eram servidos em lanchone-tes no balcão, sem fazer uso de copos de vidro ou pratos de louça e só lhes permitiam que se sentassem em alguns bancos ao fundo dos coletivos, mesmo que houvessem lugares vazios no res-tante do ônibus. Era comum ver em bancos de praças, bebedouros, hospeda-rias, estabelecimentos comerciais e até em igrejas, cartazes com os dizeres “No black!” (Proibido para negros). Foi uma época de sonhos e pesadelos para os americanos. Uma história nascida no século XIX e que ganhou dramaticidade com o passar do tempo, até o começo

da reação, uma virada na história, com contornos ainda mais trágicos e definiti-vos nos anos 1960, quando sua luta virou a América pelo avesso.

Martin Luther King Jr., filho primogê-nito de Martin Luther King e Alberta Williams nasceu no dia 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos. Ele freqüentou escolas públicas onde havia segregação racial. Foi um aluno brilhante, se formou no colegial aos 15 anos de idade e concluiu a facul-dade aos 19. Em 1951, formou-se em um Seminário Teológico. Quatro anos depois, obteve seu doutorado em Teolo-gia pela Universidade de Boston, onde

conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou em 1953. O casal teve quatro filhos. Em 1954, aceitou um emprego como pastor na Igreja Batista em Montgomery, no Esta-do do Alabama. Essa igreja era uma poderosa instituição negra e possuía um público politicamente consciente, que já se manifestava contra a discriminação. Após o envolvimento em 1956, no caso Rosa Parks, ele realiza durante vários anos, diversas manifestações pacíficas, e, em certos momentos, irônicas, como quando o então candidato a presidência John F. Kennedy, disse que acabaria com a discriminação nas moradias fi-nanciadas pelo governo federal “com uma penada”. Dois anos depois, já co-mo presidente e sem ter resolvido o problema, começou a receber pelo Cor-reio, milhares de canetas enviadas pela população negra. “Se era por falta de caneta...”

Em 1963 organiza a “Marcha para Wa-shington”, protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pesso-as, que se manifestaram em prol dos Direitos Civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. Foi nesta marcha, que ele fez o seu mais famoso discurso, “I have a dream” (Eu tenho um sonho). A marcha serviu como um último passo em direção à promulgação da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proibiu a segregação racial em locais públicos, empresas e escolas.

Fruto estranho, de Billie Holiday

Billie Holiday, considerada por muitos, a primeira dama do jazz, gravou entre 1933 e 1944 mais de 200 canções, po-rém, nenhuma delas foi mais polêmica do que Strange Fruit.

Escrita por Abel Meeropol em 1939, esta canção anti-linchamento e precur-sora dos direitos civis nos Estados Uni-dos, demonstra todo o horror vivido pelos afro-americanos, principalmente, nos Estados sulistas na primeira meta-de do século XX.

“As árvores do sul carregam a fruta estranha, sangue nas folhas e na raiz, corpos pretos que balançam na brisa do sul, fruta estranha que pendura das árvores”. *

* Trecho da música “Strange Fruit”

Martin Luther King durante seu famoso discurso “I have a dream” (Eu tenho um sonho).

Divulgação

Você sabia? A música Pride (in the name of love), um dos maiores sucessos da banda irlandesa U2, é uma homenagem à Martin Luther King. Uma, dentre as centenas de músicas escritas em sua homenagem, desde a década de 50.

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www.afrobras.org.br

A Afrobras é uma ONG que tem por objeti-vo trabalhar para o pro-gresso, desenvolvimento social, cultural e educacional da comuni-dade de afrodescendentes brasileiros.

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Os postais que envergonharam uma grande nação

Na primeira metade do século XX, principalmente nos Estados sulistas dos Estados Unidos, tão comum quan-to cartões postais da “Estátua da Li-berdade” ou das “Cataratas do Niága-ra”, eram postais com imagens da execução sumária de afro-americanos linchados, enforcados e queimados. Um homem negro corria o risco de ter esse fim em diversas situações do

cotidiano como, caso olhasse ou con-versasse com uma mulher branca sem a prévia autorização.

Imagem de um postal, horror e vergonha.

O exemplo de Rosa Parks

As leis de segregação racial nos Esta-dos Unidos, obrigavam passageiros negros a ocupar apenas os assentos no fundo dos ônibus e a conceder seus lugares à passageiros brancos, no caso do ônibus estar lotado. Mes-mo cumprindo estas leis, eles eram, freqüentemente, humilhados e agredi-dos por racistas brancos. No dia 1 de dezembro de 1955, na cidade de Montgomery, no Estado do Alabama,

Rosa Parks, uma líder da Associação Nacional de Avanço do Povo Negro (NAACP), recebeu ordem de um moto-rista de ônibus para ceder seu assento à um passageiro branco. Por se recu-sar a seguir a ordem do motorista, Ro-sa Parks foi detida e levada à prisão.

Martin Luther King, foi eleito presidente da Associação para o Avanço de Mont-gomery (MIA) para coordenar o boicote à lei de segregação no transporte pú-blico. Em fevereiro de 1956, dois me-ses após o incidente com Rosa Parks, um advogado da MIA entrou com um processo no Tribunal Federal contra a lei de segregação dos ônibus da cida-de de Montgomery. O Tribunal decre-tou que a lei era inconstitucional, o governo de Montgomery apelou contra a decisão, mas sem sucesso. A primei-ra batalha pelos direitos civis nesta região, extremamente segregacionista, havia sido vencida.

Ônibus em Montgomery, antes e depois do ato de coragem de Rosa Parks (sentada no ônibus, na foto a direita).

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Ao contrário de Martin Luther King, Malcom X, líder negro muçulmano, pas-sa a pregar que violência se combate com violência. Porém, crescem as manifesta-ções pacíficas organizadas pelos defenso-res dos Direitos Civis. Negros mostram o poder de compra, entrando em supermer-cados e enchendo o carrinho. Chegando ao caixa, perguntavam pelo funcionário negro do local. Como nunca havia, aban-donavam tudo e iam embora.

Em 1965, os protestos organizados conti-nuaram e ele lidera uma nova marcha, que teve como conseqüência a aprovação da Lei dos Direitos de Voto, que abolia o uso de exames, que eram realizados na população negra com o intuito de dificul-tar a possibilidade destes votarem. Ele também passou a trabalhar para melhorar a situação econômica dos negros nos Estados Unidos e aos 35 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz.

Seis dias após a premiação ele foi preso no Alabama ao participar de uma mani-festação pacifista contra o racismo. Em junho Malcom X é assassinado e este fato desencadeia a retirada da expressão "não-violência" de comitês estudantis negros, substituindo-as, pela primeira vez, pelo termo Black Power.

Em 4 de abril de 1968, Martin Luther King estava em Memphis, no Tennessee, para apoiar a greve de lixeiros, predomi-

O vendedor de balões Era uma vez, um homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões.

Havia ali perto, um menino negro. Ele estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões.

Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e finalmente um branco. Todos foram subindo até sumirem de vista.

O menino, de olhar atento, imaginava mil coisas, mas uma coisa o aborrecia muito, o homem não soltava o balão preto. En-tão aproximou-se do vendedor e lhe perguntou:

- Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria como os outros?

O vendedor sorriu para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares disse:

Não é a cor filho, é o que está dentro dele que o faz subir.

“Quem aceita o mal sem protestar, coopera realmente com ele”. - Martin Luther King

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Uma lenda chamada Jesse Owens

Em 12 de setembro de 1913, nascia em Oakville, no segregacionista Es-tado do Alabama, EUA, um pequenino garoto negro chamado James Cleveland “Jesse” Owens.

Ninguém – nem o mais otimista dos homens – poderia supor que naquele momento, não nascia apenas mais uma possível vítima da terrível segre-gação racial que atormentava – e iria atormentar por décadas vindouras – o sul dos EUA e sim, um homem que se tornaria sinônimo de superação e exemplo maior, de que não nos diferenciamos pela cor de nossa pele, mas, pela nossa capacidade, pelo que carregamos em nossa mente e dentro de nossos corações.

Mesmo vivendo em um ambiente turbulento e alvo constante da segrega-ção racial, que crescia num ritmo terrivelmente vertiginoso na primeira metade do século XX nos EUA, Owens chegou confiante na Olimpíada de Berlim em 1936. Sempre dizia, sem querer ser presunçoso, que acre-ditava que ganharia três medalhas de ouro naquela Olimpíada. Motivos para tal confiança não lhe faltavam. Jesse tornou-se um excepcional atle-ta, especialista em provas curtas (100 e 200 metros rasos) e salto em distância. Um ano antes da Olimpíada de 1936, já havia estabelecido quatro recordes mundiais (100 metros, 220 jardas, 220 jardas com barrei-ra e salto em distância).

Porém, ao invés das três medalhas de ouro, ganhou quatro, um fato ina-creditável, ainda mais, se tratando de quatro provas clássicas (100 e 200 metros rasos, salto em distância e revezamento 4 x 100 metros).

Diz a lenda, que Adolf Hitler, o ditador nazista – em plena ascensão com seu infernal “Terceiro Reich” – adepto da supremacia e pureza da raça ariana, recusou-se a entregar as medalhas à Jesse Owens e retirou-se do estádio após uma de suas incontestáveis vitórias.

Mesmo assim, com seu feito extraordinário e exemplo de superação, ao voltar aos EUA ele passou por grandes dificuldades, a ponto de que para sobreviver aceitou desafios absurdos, como correr contra cavalos, ca-chorros e motocicletas. Certa vez desabafou dizendo, que apesar de seu feito, não podia fazer publicidade de alcance nacional, porque não seria aceito na região sul de seu país e que mais doloroso do que Hitler não ter lhe cumprimentado, foi não ter sido convidado para ir à Casa Branca, receber os cumprimentos do presidente dos EUA, que ele defendeu e amou por toda a sua vida.

Posteriormente, já na década de 50, ele finalmente conseguiu estabilida-de financeira ao abrir uma firma de relações públicas, onde dava confe-rências pelos EUA, principalmente, nos Estados não segregacionistas e, com uma vida financeira mais tranqüila, passou a patrocinar e participar de vários programas esportivos para jovens.

O reconhecimento tardio de seu país, veio apenas em 1976, quando re-cebeu do presidente Gerald Ford a Medalha da Liberdade, a maior con-decoração que um civil pode receber nos EUA.

Quatro anos depois, em 31 de março de 1980, em Tucson, Arizona, Jes-se Ownens faleceu, aos 66 anos, vítima de câncer, porém, o seu exemplo de que a nobreza do espírito humano sempre triunfará frente a ditadores populistas e adeptos de segregações étnicas, raciais e religiosas, jamais deverá ser esquecido.

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Jesse Owens treinando pela Universidade de Ohio, em 1933.

Jesse Owens na cerimônia de premiação do salto em distân-cia, na Olimpíada de Berlim, em 1936. Owens ganhou nesta prova uma de suas quatro medalhas de ouro no evento. Ao seu lado esquerdo o japonês Naoto Tajima, terceiro coloca-do na prova e do lado direito, o segundo colocado, o “ariano” Carl Ludwig Lutz, fazendo a saudação nazista.

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“Aprendemos a voar como pássaros, a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver

como irmãos”.

Martin Luther King

nantemente negros. Criticado por hos-pedar-se no elegante hotel Holiday Inn,

mudou-se imediatamente para o Lorrai-ne Hotel, no bairro negro da cidade. Foi assassinado, neste hotel, por um franco atirador chamado James Earl Ray, fugi-tivo branco, que admitiu a autoria do crime. Sua morte fez explodir distúrbios de ponta a ponta do país.

Seu sonho foi relembrado e festejado oficialmente, nas Olimpíadas de Atlan-ta, sua terra natal, em 1996. Ali, seus herdeiros ideológicos, viram negros e brancos de mãos dadas conquistando vitórias neste novo tempo de globaliza-ção e o mundo inteiro pôde assistir, ao vivo e a cores, à confirmação de uma de suas principais pregações: "Estou con-vencido de que a arma mais poderosa do povo oprimido na luta pela liberdade e justiça, é a arma da não-violência".

Martin Luther King foi morto, mas suas palavras, seus ideais, sua luta, seu sacri-fício e principalmente, seu sonho de um mundo melhor, mais justo e igualitário,

serve de exemplo para milhões de pes-soas em todo o mundo.

Passadas algumas décadas de seu covar-de assassinato, todos nós devemos, de alguma forma, lutar pela igualdade, não só racial, como completa, de todos os seres humanos. Temos a obrigação de passar adiante os ensinamentos, sonhos e o legado deixado por este ser humano tão especial, para que eles jamais te-nham fim. Lições, como a intrínseca em uma de suas célebres frases, uma dentre inúmeras outras, na qual dizia, “nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos, quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos”.

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Trechos adaptados do discurso “I have a dream”!, realizado em Washington D.C., EUA, em 28/08/1963, por Martin Luther King.

Martin Luther King Memorial, em Atlanta, EUA. Em sua lápide os dizeres “Livre finalmente, livre final-mente, obrigado Deus Onipotente, eu estou livre finalmente”.

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