92
Universidade Federal do Paraná Setor de Tecnologia Departamento de Engenharia Elétrica - DELT IMPLEMENTAÇÃO DE BIPOLOS DISCRETOS NO MÉTODO DE ANÁLISE ELETROMAGNÉTICA POR ELEMENTOS FINITOS NO DOMÍNIO DO TEMPO USANDO A TÉCNICA DE NEWMARK CURITIBA DEZEMBRO 2005

Universidade Federal do Paraná - cricte2004.eletrica.ufpr.brcricte2004.eletrica.ufpr.br/ufpr2/tccs/50.pdf · Salmo 91,9 . iii AGRADECIMENTOS Bendito seja o D’US de Avraham, Yitschac

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Universidade Federal do Paraná

Setor de Tecnologia

Departamento de Engenharia Elétrica - DELT

IMPLEMENTAÇÃO DE BIPOLOS DISCRETOS NO MÉTODO DE

ANÁLISE ELETROMAGNÉTICA POR ELEMENTOS FINITOS NO

DOMÍNIO DO TEMPO USANDO A TÉCNICA DE NEWMARK

CURITIBA DEZEMBRO 2005

ISMAEL CHIAMENTI

IMPLEMENTAÇÃO DE BIPOLOS DISCRETOS NO MÉTODO DE

ANÁLISE ELETROMAGNÉTICA POR ELEMENTOS FINITOS NO

DOMÍNIO DO TEMPO USANDO A TÉCNICA DE NEWMARK

CURITIBA DEZEMBRO 2005

Projeto Final de Curso apresentado à disciplina Projeto de Graduação como requisito parcial à conclusão do Curso de Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Wilson Arnaldo Artuzi Junior

ii

Pois disseste: “O Eterno é meu refúgio”, e

fizeste tua a morada do Altíssimo.

Salmo 91,9

iii

AGRADECIMENTOS

Bendito seja o D’US de Avraham, Yitschac e Yaacov, pelo livre arbítrio!

Ao Prof. Dr. Wilson A. Artuzi Jr. pela orientação e paciência.

À minha mãe Marta e o meu pai Vilson pelo apoio, amor e educação.

À minha tia Edite por acolher-me em sua casa e ser minha segunda mãe.

Ao meu irmão de sangue Moisés pela camaradagem e amizade.

À todos os Professores e Funcionários do Departamento de Engenharia Elétrica da

Universidade Federal do Paraná pelo ensino e serviços prestados.

Ao LACTEC, especialmente as unidades de Metrologia Elétrica – UTME e de

Compatibilidade Eletromagnética – UTCE, pelo apoio e infra-estrutura

disponibilizados.

iv

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................vi

LISTA DE TABELAS...............................................................................................viii

LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS............................................................................ix

RESUMO......................................................................................................................xi

ABSTRACT.................................................................................................................xii

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

2 PARÂMETROS DE ADMITÂNCIA E DE ESPALHAMENTO.........................3

2.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................3

2.2 PARÂMETROS Y: ADMITÂNCIAS...................................................................4

2.3 PARÂMETROS DE ESPALHAMENTO OU PARÂMETROS S....................6

2.3.1 ADMITÂNCIAS A PARTIR DOS PARÂMETROS S........................................9

3 APROXIMAÇÃO DA ADMITÂNCIA POR UMA SÉRIE DE

FRAÇÕES PARCIAS...........................................................................................11

3.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................11

3.2 APROXIMAÇÃO DA RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA DA

ADMITÂNCIA.....................................................................................................11

3.2.1 VERIFICAÇÃO DA APROXIMAÇÃO ............................................................14

4 MÉTODO FDTD e FETD.......................................................................................19

4.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................19

4.2 DEFINIÇÕES GEOMÉTRICAS E DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL............20

4.3 MATRIZES DA EQUAÇÃO DE ONDA...........................................................23

4.4 MODELAGEM DE SUPERFÍCIES CONDUTORAS.....................................26

4.5 MODELAGEM DE FIOS CONDUTORES......................................................27

4.6 DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL......................................................................27

4.6.1 PARÂMETROS DE DISCRETIZAÇÃO...........................................................29

4.7 INCLUSÃO DE PÓLOS E RESÍDUOS.............................................................30

4.7.1 MÉTODO A – USANDO CONVOLUÇÃO NO TEMPO.................................30

v

4.7.2 MÉTODO B – USANDO A TÉCNICA DE NEWMARK.................................33

5 MODELO COMPUTACIONAL...........................................................................35

5.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................35

5.2 LINHA DE TRANSMISSÃO STRIPLINE........................................................36

5.2.1 DIMENSÕES......................................................................................................37

5.3 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS..........................................................38

5.3.1 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL.................................................................39

5.3.1.1 Tipo de Problema.............................................................................................40

5.3.1.2 Geometria.........................................................................................................40

5.3.1.3 Materiais...........................................................................................................44

5.3.1.4 Condições de Contorno....................................................................................46

5.3.1.5 Geração da Malha Tetraédrica e do Cálculo Estrutural....................................51

5.3.1.6 Processamento e Pós-processamento Matemático no MATLAB......................52

5.4 OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS A PARTIR DA SIMULAÇÃO.............53

5.4.1 DA ESTRUTURA DE SIMULAÇÃO DO BIPLO............................................53

5.4.2 DA ESTRUTURA DE SIMULAÇÃO DA CHAVE..........................................55

6 RESULTADOS........................................................................................................59

6.1 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS ATRAVÉS DA SIMULAÇÃO DO

BIPOLO...............................................................................................................59

6.2 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS ATRAVÉS DA SIMULAÇÃO DA

CHAVE................................................................................................................61

7 CONCLUSÃO..........................................................................................................66

7.1 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................67

ANEXO A: Especificações do Transistor MGF4400A Series da Mitsubishi.........69

ANEXO B: Algoritmo da Família de Newmark.......................................................72

ANEXO C: Diferenças Finitas Centradas.................................................................75

ANEXO D: Memorial de Trabalho e Cronograma..................................................78

vi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – Analogia com a luz.................................................................................3

FIGURA 2.2 – Dispositivo de duas portas ou quadripólo...............................................4

FIGURA 2.3 – Quadripólo caracterizado por uma matriz de parâmetros-S...................6

FIGURA 3.1 – Magnitudes medida e da aproximação da Yin......................................15

FIGURA 3.2 – Fases medida e da aproximação da Yin................................................15

FIGURA 3.3 – Magnitudes medida e da aproximação da Yout....................................16

FIGURA 3.4 – Fases medida e da aproximação da Yout..............................................16

FIGURA 4.1 – Uma célula tetraédrica..........................................................................20

FIGURA 5.1 – Secção transversal da linha de transmissão stripline............................37

FIGURA 5.2 – Tela principal do software GID............................................................39

FIGURA 5.3 – Comandos de definição do tipo de problema.......................................40

FIGURA 5.4 – Comandos para a criação das linhas da estrutura.................................41

FIGURA 5.5 – Linhas de contorno de um quarto da estrutura simulada......................41

FIGURA 5.6 – Comandos de criação das superfícies da estrutura...............................42

FIGURA 5.7 – Estrutura com as superfícies definidas.................................................42

FIGURA 5.8 – Comandos de criação do volume da estrutura......................................43

FIGURA 5.9 – Estrutura com o volume definido.........................................................43

FIGURA 5.10 – Comandos para inclusão de novos materiais......................................44

FIGURA 5.11 – Preenchimento do volume com teflon................................................44

FIGURA 5.12 – Características do teflon......................................................................45

FIGURA 5.13 – Definição das superfícies condutoras com PEC.................................45

FIGURA 5.14 – Características do PEC.......................................................................46

FIGURA 5.15 – Local da fonte de excitação e da resistência de casamento................47

FIGURA 5.16 – Características da resistência da fonte................................................47

FIGURA 5.17 – Pulso de corrente de excitação do circuito.........................................48

FIGURA 5.18 – Parâmetros gerais da simulação..........................................................49

FIGURA 5.19 – Características de modelamento a) da chave e, b) do bipólo..............50

FIGURA 5.20 – Estrutura de modelamento a) da chave e, b) do bipólo......................51

FIGURA 5.21 – Malha tetraédrica da estrutura de simulação da chave.......................52

vii

FIGURA 5.22 – Amostras de tensão a) na chave e, b) no bipólo.................................53

FIGURA 5.23 – Ondas incidente e refletida segundo a fonte e o bipólo......................54

FIGURA 5.24 – Ondas incidente a1 e a2 segundo a posição da chave.........................56

FIGURA 5.25 – Circuito equivalente da chave modelada............................................57

FIGURA 5.26 – Detalhe das indutâncias e capacitâncias parasitas..............................58

FIGURA 6.1 – Magnitude do parâmetro S11 medido e dos métodos A e B..................59

FIGURA 6.2 – Fase do parâmetro S11 medido e dos métodos A e B............................60

FIGURA 6.3 – Magnitude do parâmetro S22 medido e dos métodos A e B..................60

FIGURA 6.4 – Fase do parâmetro S22 medido e dos métodos A e B............................61

FIGURA 6.5 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =10nH, usando

o método A....................................................................................................................62

FIGURA 6.6 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =10nH, usando

o método B....................................................................................................................62

FIGURA 6.7 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =1nH, usando

o método A....................................................................................................................63

FIGURA 6.8 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =1nH, usando

o método B....................................................................................................................63

FIGURA 6.9 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =0,1nH, usando

o método A....................................................................................................................64

FIGURA 6.10 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =0,1nH, usando

o método B....................................................................................................................64

viii

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1 – Erros das aproximações das magnitudes para Yin e Yout....................17

TABELA 3.2 – Erros das aproximações das fases para Yin e Yout..............................17

TABELA 3.3 – Pólos das aproximações das magnitudes das Yin e Yout.....................18

TABELA 3.4 – Resíduos das aproximações das magnitudes das Yin e Yout................18

TABELA B.1 – Métodos da família de Newmark........................................................74

ix

LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS

e Vetor campo elétrico

h Vetor campo magnético

d Vetor densidade de fluxo elétrico

b Vetor densidade de fluxo magnético

j Vetor densidade de corrente elétrica

ρ Densidade de carga

σ Condutividade elétrica

mn,δ Delta de Kronecker

µ Permeabilidade magnética

ε Permissividade elétrica

c Velocidade da luz no vácuo

rε Permissividade elétrica relativa

ν Relutividade magnética

fmax Freqüência máxima de operação

fc Freqüência de corte

oµ Permeabilidade elétrica no vácuo

oε Permissividade elétrica no vácuo

s Passo do tempo normalizado

γ Constante de propagação da onda

i Corrente de excitação

v Vetor de tensão desconhecido

T Duração do pulso de excitação

t∆ Passo da simulação

n Número do passo do tempo

Rs Resistência superficial

RL Resistência linear

x

Zo Impedância característica

ZS Impedância da fonte de excitação

ZL Impedância da carga

ZC Impedância da chave eletrônica

ZC Impedância da chave eletrônica

LC Indutância da chave eletrônica

LP Indutância parasita da chave eletrônica

CP Capacitância parasita da chave eletrônica

pR Vetor de posicionamento vértice p

pR Vetor de posicionamento vértice q

pqL Comprimento vetorial da aresta primária

mL Comprimento médio das arestas

L Matriz de comprimentos de arestas primárias

SS Área vetorial de face primária

S Matriz de áreas primárias

pqS Área vetorial de face secundária

S’ Matriz de áreas secundárias

C Matriz de capacitância de uma célula

G Matriz de condutância de uma célula

K Matriz de relutância de uma célula

ppm Partes por milhão

S Condutância

PEC Condutor elétrico perfeito (Perfect electric conductor)

PMC Condutor magnético perfeito (Perfect magnetic conductor)

FETD Elementos Finitos no Domínio do Tempo (Finite Element Time Domain)

FDTD Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (Difference Element Time

Domain)

TEFLON Politetrafluoroetileno (PTFE)

MESFET Transistor de Efeito de Campo Metal - Semicondutor

xi

RESUMO

Este projeto apresenta um estudo sobre diferentes formas de inclusão de bipólos

discretos no método de análise eletromagnética FETD (Finite Element Time Domain).

São apresentadas duas formas de implementação numérica: uma é feita a partir de uma

convolução no domínio do tempo [1] e a outra é feita na forma de inclusão de frações

parciais no domínio da freqüência usando a técnica de estabilidade de Newmark [2].

Foram criados modelos para a linha de transmissão stripline, usadas nas simulações,

usando um software de modelagem computacional GID (Geometry and Data).

Inicialmente foi verificada a precisão dos métodos estudados através dos parâmetros

de admitância de entrada e de saída de um transistor MESFET comercial caracterizado

por pólos e resíduos obtidos a partir de uma aproximação [1] por funções parciais da

resposta ao impulso. Depois foi modelada uma chave eletrônica para verificar a

estabilidade das duas formas de implementação ao operarem em sistemas com baixa

indutância. As duas formas apresentadas tiveram uma boa precisão, porém, a primeira

forma apresentou instabilidade em condições de operação com baixa indutância.

Palavras-chave: bipólos discretos, FETD, técnica de estabilidade de Newmark.

xii

ABSTRACT

This project shows a study about differents kinds of inclusion of discreet dipoles in the

method for electromagnetic analysis FETD (Finite Element Time Domain). It shows

two kinds of numerical implementions: one is made through a convolution in the time

domain [1] and another one is made in the form of inclusion of partial fractions in the

frequency domain using the Newmark stability technique [2]. It has been created a

model for a stripline transmission line to be used in simulations using a computational

modeling software GID (Geometry and Data). Initially it was verified the accuracy of

the studied methods using the input and output admittance parameters of a commercial

MESFET transistor which are characterized with poles and residues gotten from an

approach [1] for partial functions of the impulse response. Later an electronic switch

was modeled to verify the stability of the two forms of implementation when operating

in systems with low inductance. The two presented forms have shown good precision,

however, the first form presented instabilities in conditions of operation with low

inductance.

Keywords: discrete dipoles, FETD, Newmark stability technique.

1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho são comparados os resultados entre duas formas de implementar

bipólos discretos operando em altas freqüências no método numérico de análise

eletromagnética FETD (Finite Element Time Domain).

A primeira forma de inclusão foi feita por uma convolução da transformada de

Laplace [1] das aproximações por frações parciais das admitâncias dos bipólos

analisados com as tensões amostradas.

A segunda forma foi feita pela inclusão dessas frações parciais utilizando a

técnica de estabilidade de Newmark [2].

As comparações foram realizadas de duas maneiras: usando as impedâncias de

entrada e de saída de um transistor MESFET comercial e usando diferentes estados de

operação de uma chave eletrônica.

O transistor utilizado é caracterizado por seus parâmetros de espalhamento ou

simplesmente parâmetros S, medidos no domínio da freqüência.

As simulações realizadas neste trabalho foram feitas no domínio do tempo e por

isso foi necessário obter parâmetros neste domínio que descrevessem o transistor

usado, para isso foram extraídos os parâmetros de admitância ou parâmetros Y a partir

dos parâmetros S [1] que caracterizam tal transistor.

Os parâmetros S foram desenvolvidos devido a necessidade de técnicas de

análise de redes elétricas que operam em altas freqüências e teve início em 1967,

quando o Hewlett-Packard Journal publicou um artigo de Dick Anderson, com as

colaborações de Lee Smith e Jeff Gruszynski. Nele eram definidos parâmetros de

espalhamento (scattering parameters) [3], que apresentam como principal vantagem o

fato de não necessitarem conexões em curto-circuito ou em circuito aberto para serem

determinados, possibilitando medidas precisas em altas freqüências.

Na construção das estruturas onde operaram os bipólos foram simuladas linhas

de transmissão do tipo stripline utilizando o software GID (Geometry and Data). Este

2

software usou como rotina de cálculo numérico o método FETD para a análise

eletromagnética das estruturas construídas.

O diferencial deste método numérico de análise eletromagnética, em contraste

com os métodos de análise de circuitos elétricos, é que ele considera a distribuição de

campo eletromagnético que gera elementos parasitas, não contemplados na análise de

circuitos elétricos.

Os dados fornecidos pelo GID foram processados pelo software MATLAB

(através do método FETD) onde foram gerados os gráficos usados nas comparações

entre os métodos A e B.

O capítulo dois apresenta uma descrição das características e formulações dos

parâmetros Y e S e a relação entre eles é obtida, pois ela será necessária nos capítulos

seguintes.

No capítulo três descreve-se a metodologia matemática usada na aproximação

da resposta em freqüência da admitância por uma série de frações parciais [1] e

verifica-se a melhor aproximação obtida.

O capítulo quatro descreve o método numérico de simulação eletromagnética

FETD e as formas de inclusão de pólos e resíduos que caracterizam os bipólos

simulados.

No capítulo cinco é descrita a metodologia de construção, as etapas de

processamento das estruturas simuladas e a obtenção dos parâmetros necessários para

as análises a partir das simulações.

O capítulo seis contém os resultados. Primeiramente é verificada a precisão dos

resultados obtidos das simulações realizadas com as duas diferentes formas de

implementação dos bipolos através de uma comparação com os dados retirados de um

catálogo comercial (Anexo A). Posteriormente é analisada a estabilidade das formas

de implementação fazendo a comparação entre os resultados da simulação de uma

chave com os resultados de um circuito equivalente que modela a estrutura simulada

da chave.

No capítulo sete são apresentadas as conclusões gerais do projeto bem como

perspectivas de trabalhos futuros.

3

2 PARÂMETROS DE ADMITÂNCIA E DE ESPALHAMENTO

2.1 INTRODUÇÃO

A caracterização de sistemas elétricos em altas freqüências envolve a medida de

ondas de sinal incidente, refletida e transmitida, em analogia com a onda da luz, como

mostra a FIGURA 2.1.

FIGURA 2.1 – Analogia com a luz.

Em altas freqüências o comprimento de onda do sinal é comparável ou menor

que o comprimento dos condutores num circuito elétrico, surge então a importância de

se estudar referências que caracterizem o componente de acordo com as ondas

existentes no circuito.

Neste capitulo é realizado uma abordagem sobre parâmetros de admitância e de

espalhamento, suas formulações e algumas de suas características.

4

2.2 PARÂMETROS Y: ADMITÂNCIAS

A FIGURA 2.2 mostra um dispositivo de duas portas, ou quadripólo, com as

tensões aplicadas e correntes que entram nas portas 1 e 2.

FIGURA 2.2 – Dispositivo de duas portas ou quadripólo.

Este dispositivo pode ser caracterizado pela matriz de admitâncias:

=

2221

1211

YY

YYY (2.1)

Pode-se excitar o quadripólo por uma tensão V1 na porta 1 e uma tensão V2 na

porta 2, tendo as duas correntes I1 e I2 como respostas da rede. Neste caso V1 e V2 são

as variáveis independentes e I1 e I2 são as variáveis dependentes, este funcionamento é

descrito pelas equações:

2121111 VYVYI += (2.2)

2221212 VYVYI += (2.3)

5

ou na forma matricial:

=

2

1

2221

1211

2

1

V

V

YY

YY

I

I (2.4)

sendo as admitâncias definidas por:

01

111

2 =

=V

V

IY (2.5)

02

112

1 =

=V

V

IY (2.6)

01

221

2 =

=V

V

IY (2.7)

02

222

1 =

=V

V

IY (2.8)

As Ys são conhecidas como admitâncias em curto-circuito (V1 ou V2 = 0), ou

parâmetros em curto-circuito, ou simplesmente parâmetros Y. Os parâmetros Y11 e Y22

são admitâncias vistas a partir de uma entrada, com a outra curto-circuitada, e Y12 e Y21

são admitâncias de transferência ou relações entre a corrente de uma entrada pela

tensão na outra, nas condições apropriadas de curto-circuito.

A obtenção de curto-circuito e as medidas de correntes em altas freqüências são

muito difíceis de se fazerem, tornando a obtenção dos parâmetros Y complicada.

6

2.3 PARÂMETROS DE ESPALHAMENTO OU PARÂMETROS S

Os parâmetros de espalhamento foram desenvolvidos para facilitar a

caracterização das redes elétricas em alta freqüência. Não se pode simplesmente

conectar um voltímetro ou uma ponta de prova para corrente e obter medidas precisas

devido à impedância das ponteiras e à dificuldade de colocar as ponteiras em posições

desejadas. No mais, dispositivos ativos podem oscilar ou se destruir com as conexões

de curto-circuito e circuito aberto. Tais parâmetros foram primeiramente mencionados

no artigo S-Parameters Theory and Applications publicado em fevereiro de 1967 pelo

Hewlett-Packard Journal [3].

Caracterizam-se dispositivos de duas ou mais portas, projetados para

trabalharem em altas freqüências, utilizando a matriz de espalhamento ou de

parâmetros S [4]:

=

2221

1211

SS

SSS (2.9)

A partir desta matriz são relacionas as ondas de sinal incidentes e refletidas nas

portas dos dispositivos, para a matriz (2.9) um quadripólo. A FIGURA 2.3 mostra um

quadripólo com a representação dessas ondas.

FIGURA 2.3 – Quadripólo caracterizado por uma matriz de parâmetros-S.

7

onde:

- a1 é a amplitude da onda de sinal incidente na porta 1;

- b1 é a amplitude da onda de sinal refletida na porta 1;

- a2 é a amplitude da onda de sinal incidente na porta 2;

- b2 é a amplitude da onda de sinal refletida na porta 1;

- Zo a impedância característica das linhas de transmissão;

- ZS a impedância da fonte de excitação;

- ZL a impedância da carga e;

- VS a fonte de excitação do circuito.

Descreve-se o funcionamento do quadripólo entre seus terminais pelas

equações:

2121111 aSaSb += (2.10)

2221212 aSaSb += (2.11)

Escrevendo as equações (2.10) e (2.11) na forma matricial tem-se:

=

2

1

2221

1211

2

1

a

a

SS

SS

b

b (2.12)

8

Sendo os parâmetros de espalhamento definidos como:

01

111

2 =

=a

a

bS (2.13)

02

112

1 =

=a

a

bS (2.14)

01

221

2 =

=a

a

bS (2.15)

02

222

1 =

=a

a

bS (2.16)

Eles representam os:

- Coeficiente de reflexão de entrada: S11;

- Coeficiente de transmissão inverso (isolamento): S12;

- Coeficiente de transmissão direto (ganho): S21;

- Coeficiente de reflexão de saída: S22.

Os parâmetros S relacionam ondas incidentes e refletidas em todas as portas e a

partir destas relações podem-se obter medidas importantes como ganho, atenuação,

impedância de entrada, etc. Podendo também ser obtidos os parâmetros Y, Z e H a

partir dos parâmetros S. Todas as portas estão terminadas nas impedâncias de

funcionamento, habitualmente com 50Ω e com menos freqüência 75Ω.

9

2.3.1 ADMITÂNCIAS A PARTIR DOS PARÂMETROS S

As admitâncias de entrada inY e de saída outY do quadripólo são obtidas a partir

dos parâmetros S [4] da seguinte forma:

0

1

1

1

ZY

in

in

inΓ+

Γ−= (2.17)

0

1

1

1

ZY

out

out

outΓ+

Γ−= (2.18)

sendo:

L

L

inS

SSS

Γ−

Γ+=Γ

22

122111 1

(2.19)

S

S

outS

SSS

Γ−

Γ+=Γ

11

122122 1

(2.20)

e

0

0

ZZ

ZZ

L

L

L+

−=Γ (2.21)

0

0

ZZ

ZZ

S

S

S+

−=Γ (2.22)

onde inΓ , outΓ , SΓ e LΓ são os coeficientes de reflexão da entrada, da saída, da fonte e da

carga, respectivamente.

10

Neste trabalho considerou-se a linha de transmissão casada com a fonte e com a

carga, ou seja, Ω=== 500ZZZ LS e portanto 0=Γ=Γ LS , tendo 11Sin =Γ e 22Sout =Γ

e:

011

11 1

1

1

ZS

SYin

+

−= (2.23)

022

22 1

1

1

ZS

SYout

+

−= (2.24)

11

3 APROXIMAÇÃO DA ADMITÂNCIA POR UMA SÉRIE DE

FRAÇÕES PARCIAS [1]

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo é feita uma abordagem sobre o modelo matemático para a

obtenção da resposta em freqüência da admitância.

A partir de funções racionais, observando-se os vários pontos de freqüência

que seriam estudados, pode-se reduzir a função racional à uma série de frações

parciais, obtendo-se seus pólos e resíduos.

3.2 APROXIMAÇÃO DA RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA DA ADMITÂNCIA

Fez-se o modelamento das inY e outY , representadas por Y neste capítulo, a partir

de uma função definida por um quociente de dois polinômios como:

N

N

N

N

sasasasa

sbsbsbsbbsY

+++++

+++++=

L

L

33

221

33

2210

1)( (3.1)

sendo fjs π2= a freqüência complexa.

12

Considerou-se um componente cujo fabricante realizou as medidas de seus

parâmetros em função de vários pontos de freqüência (ver Anexo A) logo:

Mmsasasasa

sbsbsbsbbsY

N

mNmmm

N

mNmmm

m ,,1,1

)(3

32

21

33

2210

KL

L=

+++++

+++++= (3.2)

onde o índice m representa o número de pontos de freqüência usados pelo fabricante,

que vai de 1 até M.

A partir da equação (3.2) montou-se o seguinte sistema de equações:

)()()(

)()()(

)()()(

110

2222122102

1111111101

M

N

MNMM

N

MNMM

N

N

N

N

N

N

N

N

sYsasYsasbsbbsY

sYsasYsasbsbbsY

sYsasYsasbsbbsY

−−−+++=

−−−+++=

−−−+++=

LL

MM

LL

LL

(3.3)

Representando o sistema anterior na seguinte forma matricial:

−−−

−−−

−−−

=

NN

MMMMMM

N

MMM

NN

NN

M a

b

b

ssYssYssYsss

ssYssYssYsss

ssYssYssYsss

sY

sY

sY

1

0

22

22222222

222

11211111

211

2

1

)()()(1

)()()(1

)()()(1

)(

)(

)(

LL

MMM

LL

LL

M (3.4)

13

ou, resumidamente:

Ax =B (3.5)

sendo:

−−−

−−−

−−−

=

N

MMMMMM

N

MMM

NN

NN

ssYssYssYsss

ssYssYssYsss

ssYssYssYsss

A

)()()(1

)()()(1

)()()(1

22

22222222

222

11211111

211

LL

MMM

LL

LL

(3.6)

[ ]T

NN aabbx LL 10= (3.7)

[ ]T

MsYsYsYB )()()( 21 L= (3.8)

Na primeira linha de A, estão os elementos que vão de 1 até Ns1 , podendo ser

reais ou imaginários. Logo depois deste último, estão os elementos que vão de

11 )( ssY− até NssY 11 )(− , compostos de parte real e parte imaginária.

Foram colocados nas primeiras linhas a parte real da matriz e em seguida as

partes imaginárias, ficando a matriz A como:

=

ImIm00Im0

ImIm00Im0

ReReReRe01

ReReReRe01

LL

MMM

LL

LL

MMM

LL

A (3.9)

Desta forma trabalhou-se apenas com os coeficientes reais.

14

Foram obtidos dos coeficientes as e bs da função (3.2) resolvendo-se o sistema

de equações lineares supradeterminado (3.5) utilizando-se a rotina QR do software

MATLAB na forma:

x= B / A (3.10)

Tendo calculado os coeficientes as e bs fez-se uma aproximação da função (3.2)

por uma série de frações parciais e obteve-se a função:

Gps

r

ps

rsY

N

N +−

++−

= L

1

1)( (3.11)

onde ri e pi são os resíduos e os pólos, respectivamente e G um termo constante,

equivalente a uma condutância pura, ou seja, independente da freqüência complexa s.

Numericamente, estes valores também foram obtidos através do software MATLAB,

pelo comando residue.

3.2.1 VERIFICAÇÃO DA APROXIMAÇÃO

Verificou-se a validade do método matemático exposto comparando-o com as

impedâncias de entrada e de saída obtidas a partir de uma tabela dos parâmetros S, de

um catálogo da Mitsubishi, medidos no domínio da freqüência em módulo e fase para

o transistor GaAs FET MGF4403A (Anexo A). O fabricante usou uma linha

microstrip com Ω= 500Z e fez 40 amostras em diferentes freqüências que vão de 0,5 a

20GHz. Nas FIGURAS 3.1 e 3.2 estão plotadas as magnitudes e fases,

respectivamente, das aproximações da Yin segundo a equação (3.11) com 2, 3, 4 e 5

pólos e a magnitude e fase da Yin a partir da equação (2.23) usando os valores de S11

medidos do catálogo, tendo os mesmos 40 valores de freqüência.

15

FIGURA 3.1 – Magnitudes medida e da aproximação da Yin.

FIGURA 3.2 – Fases medida e da aproximação da Yin.

16

As FIGURAS 3.3 e 3.4 mostram as aproximações da magnitude e da fase, respectivamente, para a admitância de saída Yout.

FIGURA 3.3 – Magnitudes medida e da aproximação da Yout.

FIGURA 3.4 – Fases medida e da aproximação da Yout.

17

Para saber com qual número de pólos houve a melhor aproximação calculou-se

o erro médio quadrático em cada situação [1].

O erro médio quadrático é uma medida dos valores calculados em relação aos

valores originais. Este erro é estimado tomando-se uma amostra dos valores calculados

e comparando-a com seus valores reais. As diferenças entre elas são elevadas ao

quadrado e somadas. A soma é então dividida pelo número de medidas, para obter-se a

média cuja raiz quadrada fornece uma medida característica de erro na mesma unidade

das medidas originais e é dado por:

( )∑=

−=M

m

ii aproximadomedidoM

Erro1

21 (3.12)

As TABELAS 3.1 e 3.2 mostram os valores dos erros das aproximações das

magnitudes e fases para Yin e Yout.

TABELA 3.1 – Erros das aproximações das magnitudes para Yin e Yout.

Erros com: Admitância

2 pólos 3 pólos 4 pólos 5 pólos

Yin (S) 0,017188355352 0,001254200564 0,000122312797 0,000015496329

Yout (S) 0,000681394423 0,000076130879 0,000197219103 0,000296192659

TABELA 3.2 – Erros das aproximações das fases para Yin e Yout.

Erros com: Fase

2 pólos 3 pólos 4 pólos 5 pólos

Yin (o) 3,524463 3,747531 3,512576 3,727962

Yout (o) 9,553926 9,694467 9,694666 9,688485

18

As diferenças entre os erros das aproximações feitas para as fases de Yin e Yout

foram pequenas sendo, assim, irrelevantes na escolha da aproximação usada.

Porém, os menores erros para as magnitudes de Yin e Yout foram os das

aproximações feitas com 4 e com 5 pólos. Com 4 pólos foram de 122 ppm e 196 ppm

e com 5 pólos foram de 15 ppm e 296 ppm, respectivamente.

Escolheu-se a aproximação com 4 pólos porque os erros entre as aproximações

das magnitudes das Yin e Yout tiveram uma diferença de 74 ppm, enquanto que com 5

pólos a diferença foi de 285 ppm entre eles. Manteve-se assim uma simetria entre os

erros das aproximações.

As TABELAS 3.3 e 3.4 mostram os 4 pólos e os 4 resíduos obtidos para as

aproximações usadas na caracterização da resposta em freqüência da admitância

TABELA 3.3 – Pólos das aproximações das magnitudes das Yin e Yout.

Admitância Pólos

Yin Yout

p1 [rad/ns] -56,338 + j 153,78 -162,86

p2 [rad/ns] -56,338 - j 153,78 -23,158 + j 117,31

p3 [rad/ns] -14,092 + j 67,657 -23,158 - j 117,31

p4 [rad/ns] -14,092 - j 67,657 -66,953

TABELA 3.4 – Resíduos das aproximações das magnitudes das Yin e Yout.

Admitância Resíduos

Yin Yout

r1 [S/ns] 0,11869 + j 0,8255 1,7272

r2 [S/ns] 0,11869 - j 0,8255 2,1552 + j 0,29422

r3 [S/ns] 1,226 + j 0,30889 2,1552 - j 0,29422

r4 [S/ns] 1,226 - j 0,30889 -0,80174

Obteve-se também, conforme a equação (3.11), uma condutância pura de

0,010531 [S] para Yin e 0,003034 [S] para Yout.

19

4 MÉTODO FDTD e FETD

4.1 INTRODUÇÃO

Soluções numéricas no domínio do tempo das equações de Maxwell

demonstram ser poderosas ferramentas para prever fenômenos e analisar dispositivos

que envolvem a propagação de ondas eletromagnéticas. Dentre estes, destaca-se o

método FDTD (Finite Difference Time Domain) que teve origem em 1966. Neste ano,

Kane S. Yee desenvolveu um trabalho que chamou de Numerical Solution of Initial

Boundary Value Problems Involving Maxwell’s Equations in Isotropic Media [5]. O

trabalho de Yee marcou o início do estudo do método FDTD.

O termo FDTD foi utilizado pela primeira vez por Allen Taflove em 1980 [6].

O método FDTD é baseado num arranjo de grades ortogonais entrelaçadas para

discretizar o espaço contínuo e transformá-lo num problema numérico. O uso do

método FDTD difundiu-se rapidamente com o avanço da tecnologia de computadores

com alta velocidade de processamento e grande capacidade de armazenamento de

dados. O maior entrave, entretanto, reside no fato de que estruturas de forma arbitrária

não casam com a grade de discretização ortogonal. Diversos algoritmos surgiram com

o objetivo de amenizar tal problema. Alguns mantiveram a base de discretização

ortogonal [7]. Outros utilizaram malhas não estruturadas, porém seu uso acabou não

sendo difundido devido à ocorrência de instabilidades numéricas associadas a

determinados tipos de malhas [8],[9].

Mais recentemente, métodos baseados em elementos finitos FETD [10] com

funções de aresta têm atraído a atenção dos pesquisadores devido a sua boa precisão

em malhas não estruturadas apesar de sua formulação ser aparentemente mais

complexa que a do método FDTD.

Usou-se neste trabalho o método FETD com malha tetraédrica de discretização

espacial [2].

20

A análise por elementos finitos de um problema qualquer envolve, basicamente,

quatro etapas:

- discretização do domínio em um número finito de sub-regiões ou elementos;

- obtenção das equações que regem um elemento típico;

- conexão de todos os elementos no domínio e;

- resolução do sistema de equações obtido.

4.2 DEFINIÇÕES GEOMÉTRICAS E DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL

Usou-se no desenvolvimento do método FETD foi utilizada uma formulação

diferente daquela que é convencionalmente adotada por Taflove [6]. Tal formulação

foi inicialmente apresentada por Artuzi [2] e é detalhada neste capítulo.

A região de meio homogêneo compreendida entre determinado número de faces

chama-se de célula, contendo uma malha elementar primária (arestas que compõem as

faces) e outra secundária (arestas interiores que partem de um ponto no interior da

célula até um ponto localizado em cada uma das suas faces). O método foi baseado em

uma célula tetraédrica, como a da FIGURA 4.1, podendo ser ampliado a qualquer

célula poliédrica convexa.

FIGURA 4.1 - Uma célula tetraédrica.

21

Sendo que os pontos 1, 2, 3 e 4 compõem a malha primária (linhas sólidas) e os

pontos 0, 1`, 2`, 3` e 4` referem-se à malha secundária (linhas pontilhadas). As

superfícies hachuradas indicam a face primária 3` (azul) e face secundária 23 (laranja).

O ponto P` é o baricentro da aresta.

Os pontos 1, 2, 3 e 4 são fornecidos por meio de softwares geradores de malha e

a reta formada por dois destes pontos é chamada de aresta primária e é identificada

pelos dois índices dos pontos que a formam, sendo seu comprimento vetorial:

qppq RRL −= (4.1)

sendo pR e qR os vetores de posicionamento dos vértices p e q. Estes vetores foram

arranjados em uma matriz de comprimentos primários como:

=

zyx

zyx

zyx

zyx

zyx

zyx

LLL

LLL

LLL

LLL

LLL

LLL

343434

242424

232323

141414

131313

121212

L (4.2)

Três destas arestas formam uma face primária, que é denominada pelo índice do

ponto que não faz parte de nenhuma destas arestas. A área vetorial de uma face

primária, direcionada para fora da célula é:

( )qrpq

S

S LLS ×−

=2

1 (4.3)

onde p, q, r e s representam permutações cíclicas dos índices 1, 2, 3 e 4. Estas áreas

são reagrupadas em uma matriz de áreas primárias:

22

=

zyx

zyx

zyx

zyx

SSS

SSS

SSS

SSS

444

333

222

111

S (4.4)

A malha secundária é formada pelo ponto 0 no interior da célula (baricentro do

poliedro) e por um ponto no baricentro de cada face 1`, 2` ,3` e 4`. A reta formada pelo

ponto 0 e pelo baricentro da face primária é denominada aresta secundária, cujo índice

é dado pelo índice do ponto da face na qual está ligada, sendo seu comprimento

vetorial definido como:

12rsqspq

s

LLLL

++= (4.5)

Estes comprimentos formam a matriz de comprimentos secundários:

=

zyx

zyx

zyx

zyx

LLL

LLL

LLL

LLL

444

333

222

111

L` (4.6)

Duas destas arestas secundárias definem uma face secundária que tem como

índice os pontos que não fazem parte desta face, sendo a área vetorial:

12qp

pq

SSS

−= (4.7)

23

Que formam a matriz de áreas secundárias:

=

zyx

zyx

zyx

zyx

zyx

zyx

SSS

SSS

SSS

SSS

SSS

SSS

343434

242424

232323

141414

131313

121212

S` (4.8)

Os comprimentos e áreas vetoriais são úteis na discretização espacial das

equações de Maxwell descrita na próxima secção.

4.3 MATRIZES DA EQUAÇÃO DE ONDA

Como no método dos elementos finitos [11], a formulação matricial revela-se

como compacta e permite a implementação direta no algoritmo computacional,

portanto, tal notação foi aqui usada em lugar da notação usual das formulações em

FDTD.

As matrizes da equação de onda são derivadas das equações de Maxwell na

forma integral:

∫ ∫∂

∂−=

L SSdb

tLde .. (4.9)

SdjSddt

LdhSSL

... ∫∫∫ +∂

∂= (4.10)

dVSddVS

.. ∫∫ = ρ (4.11)

0. =∫ SdbS

(4.12)

24

sendo e e h as intensidades de campos elétrico e magnético, d e b as densidades de

fluxo elétrico e magnético, ρ e j as densidades de carga e corrente, respectivamente.

A discretização espacial é baseada em uma aproximação por partes constantes

das quantidades eletromagnéticas, ou seja, é assumido que elas sejam constantes

dentro de uma célula e, portanto, as equações (4.11) e (4.12) são automaticamente

satisfeitas uma vez que a acumulação de carga é desconsiderada.

A aplicação da equação (4.9) em cada uma das faces triangulares primárias

resulta em:

bSt

eL∂

∂−=Σ (4.13)

onde as letras minúsculas representam as matrizes dos vetores da célula dependentes

do tempo:

e =[ex ey ez ]T (4.14)

b =[bx by bz ]T (4.15)

e as letras maiúsculas e a letra grega Σ representam matrizes independentes do tempo.

A matriz Σ informa a relação entre as faces e as arestas:

−−

−−

001011

010101

100110

111000

(4.16)

25

A primeira linha da matriz efetua a circulação sobre a face triangular 1` da

FIGURA 4.1, a qual é definida pelos vértices 2, 3, e 4, logo, as colunas com elementos

não nulos são aquelas cujos índices p e q contém dois destes vértices.

A orientação positiva é dada pela regra da mão direita em relação às faces que

são orientadas para fora da célula em conformidade com a equação (4.9). De maneira

análoga formam-se as demais linhas da matriz.

A aplicação de (4.10) em cada uma das faces triangulares secundárias resulta

em:

ΣT L` ν b =

t∂

∂S`ε e + S`σ e + S`j (4.17)

onde ν, ε e σ são a relutividade magnética (inverso da permeabilidade magnética), a

permissividade elétrica e a condutividade elétrica, respectivamente, e:

j = [ jx jy jz ]T (4.18)

é o vetor da densidade de corrente de excitação.

As matrizes de equações (4.13) e (4.17) são combinadas, sendo organizadas em

uma equação de onda matricial:

Cdt

dv + G v + K ∫

t

dt0v = i (4.19)

onde:

i = S`j e v = -Le (4.20)

são a corrente de excitação i e v o vetor de tensão desconhecido ao longo das arestas

primárias e:

26

C = S`ε (LTL)-1LT (4.21)

G = S`σ (LTL)-1LT (4.22)

K = ΣT L`ν (STS)-1ST Σ (4.23)

são as matrizes de capacitância, condutância e relutância de cada uma das células,

respectivamente. Não sendo L e S matrizes quadradas, suas inversas não são possíveis

de se realizar. Contudo, a solução pode ser obtida através da aplicação da inversão

generalizada de Moore-Penrose .

A equação global da onda é formada pela superposição dos elementos das

matrizes C, G e K que tem todas as posições das arestas submetidas a um

procedimento de numeração global [12].

4.4 MODELAGEM DE SUPERFÍCIES CONDUTORAS

Para se fazer a modelagem das superfícies, foi utilizada a equação:

pqrs

pqS

pqrsLR

SG ,2,

3δ= (4.24)

onde RS é a resistência superficial do material e S é a área da face em contato com a

superfície condutora. Os valores resultantes desta matriz são superpostos na matriz

global G. Valores de RS na ordem de 10-6 Ω mostram ser adequados na prática para a

implementação de condutores elétricos perfeitos PEC (Perfect Electric Conductor).

27

Para o condutor magnético perfeito PMC (Perfect Magnetic Conductor) o valor

utilizado para a RS é ∞ .

4.5 MODELAGEM DE FIOS CONDUTORES

No caso dos fios, é feita a modelagem através de:

L

pq

pqrsR

LG =, (4.25)

em que LR é a resistência linear do material [1].

4.6 DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL

A discretização temporal baseia-se na amostragem de v a intervalos regulares

t∆ , supondo que v varia linearmente dentro de cada intervalo. Usando o método de

estabilidade de Newmark [2] e reescrevendo a equação de onda global (4.19) tem-se:

C2

2

dt

d w + G

dt

d w + K w = i (4.26)

28

com:

w ∫=t

0v dt (4.27)

A discretização temporal é realizada através de diferenças finitas centradas (ver

Apêndice C) e uma média ponderada de w (Técnica de Newmark) conforme:

n

nnnnnnnn iwww

Kt

wwG

t

wwwC =

+++

−+

+− −+−+−+

4

2

2

2 11112

11 (4.28)

onde t∆ é o passo do tempo e o índice n representa o instante de tempo tnt ∆= . A

equação diferencial (4.28) foi reorganizada como o seguinte conjunto de equações

recursivas:

( )nnnn KwGviKt

Gt

Cu −−

∆+

∆+= −

2/1

12

.42

(4.29)

nnn tuvv ∆+= −+ 2/12/1 (4.30)

2/11 ++ ∆+= nnn tvww (4.31)

Como as matrizes C e G são diagonais, suas inversas são triviais.

29

4.6.1 PARÂMETROS DE DISCRETIZAÇÃO

Na divisão do espaço computacional em poliedros, neste caso em tetraedros,

são respeitados alguns critérios de dispersão e estabilidade numérica do método [13].

Para estabelecer esses critérios foi determinado o limite máximo de freqüência da

excitação da simulação. O princípio básico para o dimensionamento da célula é que a

célula na qual a estrutura foi discretizada deve ser bem menor que o menor

comprimento de onda excitado na simulação. Quanto menor for à célula maior será a

precisão da resposta. O que se deve ter em mente é que deve-se respeitar o limite de

amostragem de Nyquist, onde, mL∆= 2λ , com mL∆ sendo o comprimento médio das

arestas. Porém, adotam-se dimensões de células bem menores do que o comprimento

de onda, fazendo 10/λ≈∆ mL . Isso foi verificado a partir de resultados numéricos

obtidos segundo Karl [13] que, para se respeitar o limite de dispersão numérica, deve

ser observada a seguinte equação:

rmáx

m

f

cL

ε.10≅ (4.32)

onde, através da equação (4.32), definindo o limite máximo de freqüência de excitação

máxf , obtém-se o comprimento médio das arestasmL . Onde c é a velocidade da luz no

vácuo e rε é a permissividade elétrica relativa do material dielétrico de maior

permissividade aplicado na estrutura a ser simulada.

O valor do passo do tempo foi normalizado de acordo com [14]:

µεminL

ts

∆= (4.33)

30

onde Lmin é o comprimento da menor aresta primária. Esta fórmula está de acordo com

a definição de fator de estabilidade para métodos condicionalmente estáveis [6] Neste

trabalho o passo de tempo usado foi s = 1.

4.7 INCLUSÃO DE PÓLOS E RESÍDUOS

Os métodos de inclusão dos pólos e resíduos descritos a seguir foram realizados

com o objetivo de verificar estabilidade do método FETD usando a técnica de

Newmark através da comparação com outro método proposto [1].

A inclusão dos pólos e resíduos realizou-se de forma a não interferir

eletromagneticamente no restante da estrutura em análise. Assim, os dispositivos

puderam ser modelados através de sua admitância no domínio da freqüência.

No método de implementação A admitância foi convertida [1] de forma a

realizar uma eficiente convolução no domínio do tempo.

No método de inclusão B a equação (4.19) foi passada para o domínio da

freqüência e os pólos e resíduos inseridos usando a técnica de Newmark.

Estes métodos de inclusão permitem que dispositivos cujo comportamento seja

obtido através de medições também possam ser parte integrante da simulação.

4.7.1 MÉTODO A - USANDO CONVOLUÇÃO NO TEMPO

A modelagem seria igual à modelagem do fio condutor caso sua admitância não

apresentasse variação com a freqüência. A fim de incluir tal comportamento, a

31

admitância deve ser transformada para o domínio do tempo e a convolução da mesma

deve ser realizada com v. Assim a equação de onda (4.19) assume a forma:

ivdtKvtyGvvdt

dC

t

=+∗++ ∫0

)( (4.34)

onde:

)]([£)( 1 sYty −= (4.35)

sendo Y(s) a admitância do bipolo no domínio da freqüência complexa e £-1 representa

a transformada inversa de Laplace. Utilizando a aproximação de Y(s) na forma de uma

série de frações parciais no domínio s, sua transformada inversa de Laplace passa a

ser:

]...[)( 2121

tp

n

tptp nerererty +++= (4.36)

Para demonstrar o procedimento da convolução, apenas o primeiro termo de y(t)

será considerado, ou seja, com apenas um pólo e resíduo, valendo o princípio da

superposição para os demais termos. Utilizando a definição de convolução tem-se:

∫ −=∗=t

dtytvtvtytj0

)()()()()( ττ (4.37)

Assumindo que a discretização temporal se dá em intervalos regulares ∆t e que

a variação de v é linear dentro de um intervalo, a convolução pode ser aproximada pelo

somatório [1]:

32

−−−−

−∆−+

∆+

∆+= ∆

−−

n

tp

n

tp

nnn

tp

n jevrp

eKwGvir

p

tpeK

tG

tCu 1

11

2/111

2/1

1

121

12 11

42

m

tp

n

tp

n

tp

n jetutp

tpev

tp

etrj

−+ +

−∆−+

−∆= 1

11

21

12/1

111 )(

11

nnn tuvv ∆+= −+ 2/12/1

2/11 ++ ∆+= nnn tvww

[ ]∑∫=

∆+

∆−−−+ −∆++=

n

m

tm

tm

p

mnmnn dertmuvj0

)1(

12/111)1( ττ τ (4.38)

Na expressão (4.38) o termo )( τ−tv foi aproximado pela equação de uma reta

com tnt ∆= e tmtm ∆+≤≤∆ )1(τ .Resolvendo-se a integral tem-se:

tmpn

m

mn

tp

mn

tp

n etutp

tpev

tp

etrj

=

−−−+ ∑

−∆−+

−∆= 1

11

02

1

12/1

111 )(

11 (4.39)

Cujo somatório pode ser eliminado através da forma recursiva, ficando:

m

tp

n

tp

n

tp

n jetutp

tpev

tp

etrj

∆−+ +

−∆−+

−∆= 1

11

21

12/1

111 )(

11 (4.40)

Juntando esta expressão ao conjunto de equações recursivas (4.29), (4.30) e

(4.31) obtém-se o novo arranjo:

(4.41)

33

Nota-se que um aumento do esforço computacional é esperado pela inclusão do

cálculo de 1+nj a cada interação, entretanto, caso o somatório presente na equação

(4.39) não fosse eliminado, o aumento do esforço computacional inviabilizaria sua

aplicação na prática [1].

4.7.2 MÉTODO B – USANDO A TÉCNICA DE NEWMARK

Passando a equação de onda (4.19) para o domínio da freqüência, tem-se:

ivKs

GsC =

++

1 (4.42)

As características do elemento a ser implementado são inseridas na forma de

frações parciais. Para demonstrar o procedimento será considerada uma modelagem

feita por apenas um pólo e um resíduo, valendo o princípio da superposição para os

demais casos. Assim, a equação (4.42) será:

ivps

rK

sGsC =

−+++

1

11 (4.43)

Considerando a fração parcial inserida na equação (4.43) como uma nova

variável e organizando-a em termos independentes tem-se:

34

vps

rj

1

1

−= →

s

jp

s

vrj 11 += (4.44)

Organizando o sistema de duas equações e duas incógnitas formado a partir das

equações (4.43) e (4.44) tem-se:

( )s

jpivrK

sGsC 11

1−=

+++

(4.45)

s

vr

s

jp

p

s11

1

1 =

As seguintes considerações são feitas para a discretização temporal da equação

(4.45):

svu =

s

vw =

(4.46)

s

jpk 1=

Por analogia ao método de estabilidade de Newmark [2] explicado

anteriormente e reescrevendo o sistema de equações (4.45) na forma recursiva tem-se:

35

+

∆−

∆+

∆−

∆+= +

+ 22

2

2

2 11

1

1

1

11

nn

nn

wwr

tp

tpk

tp

tpk

(4.47)

nnn tuvv ∆+= −+ 2/12/1

2/11 ++ ∆+= nnn tvww

A segunda equação do sistema de equações (4.47) representa a inclusão do

bipólo pela técnica de Newmark aplicada na segunda equação do sistema de equações

(4.45).

5 MODELO COMPUTACIONAL

5.1 INTRODUÇÃO

Para a análise dos métodos de inclusão a partir das características das Yin e Yout

do quadripólo construiu-se uma linha de transmissão do tipo stripline [4] com a

mesma impedância característica da linha usada pelo fabricante para realizar as

medidas dos parâmetros S. Esses parâmetros independem do tipo da linha de

transmissão utilizada, logo, não há problema de incompatibilidade.

Também foi modelada uma chave em diferentes estados de operação na linha de

transmissão stripline a fim de verificar as respostas dos métodos em diferentes

( ) ( )nnnnn kwrKGvirKt

Gt

Cu −+−−

+

∆+

∆+= −

)(42 12/1

1

1

2

36

situações de operação, principalmente naquelas que possuem uma baixa impedância

agregada.

5.2 LINHA DE TRANSMISSÃO STRIPLINE

Escolheu-se a linha de transmissão stripline pelo fato de sua simetria auxiliar a

implementação e por não apresentar dispersão já que é construída com material

homogêneo. É uma das estruturas comumente utilizadas como linha de transmissão em

freqüências de microondas. Em geral ela é leve, pequena e tem a grande vantagem na

fabricação e no seu custo. Ela consiste de uma fita condutora situada simetricamente

entre dois planos de terra, e o espaço entre os mesmos é preenchido com um dielétrico

homogêneo.

A FIGURA 5.1 mostra a secção transversal de uma stripline.

FIGURA 5.1 – Secção transversal da linha de transmissão stripline.

Um parâmetro importante verificado foi a impedância característica Z0 [14],

como:

37

+

−+

−−+= 27,6

8841ln

4

12

0w

tb

w

tb

w

tbZ

πππε

µ

π (5.1)

onde 0µµ = e 0εεε r= , b é a distância entre os planos condutores e w e t são as

larguras e a espessura da fita condutora, respectivamente. A fórmula utilizada para o

cálculo de Z0 , possui um erro menor que 0,5%, quando 10)( <− tbw .

A freqüência de corte, a qual é a máxima freqüência para operação da stripline,

obedece a seguinte equação:

+

=

4

15

πε

b

wb

f

r

c (5.2)

sendo b e w em centímetros e f em GHz.

5.2.1 DIMENSÕES

Escolheu-se as dimensões de acordo com a equação (5.1) para que as estruturas

tivessem uma impedância característica de Ω= 500Z . As dimensões usadas para as

linhas de transmissão foram w = 0,1 cm, b = 0,14 cm e t = 0. A freqüência de corte foi

verificada para garantir o comportamento esperado nas estruturas e de acordo com a

equação (5.2) fc = 49,3 GHz.

Utilizou-se o teflon como material dielétrico nas linhas. Ele possui

permissividade elétrica relativa 2,2=rε e a permeabilidade magnética relativa 1=rµ .

38

5.3 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

Neste trabalho foram utilizados dois softwares. Para a fase de pré-

processamento foi usado o software GID (Geometry and Data) e para o processamento

e o pós-processamento foi utilizado o software MATLAB. O software GID fez a

estruturação física e o software MATLAB os cálculos

O software GID [15] é uma interface gráfica interativa usada para definição,

preparação e visualização de todos os dados relacionados à simulação numérica. Estes

dados incluem a definição da geometria, materiais, condições de contorno e outros

parâmetros. Apesar de ser um software de pré e pós-processamento, neste projeto ele

foi utilizado apenas na fase de pré-processamento. O GID é um recurso computacional

muito útil e versátil, pois através dele a geometria das estruturas a serem simuladas

podem ser esquematizadas com precisão. Além disto, através do GID, os materiais que

foram atribuídos aos componentes das estruturas podem ter suas características

eletromagnéticas completamente definidas, assim como as condições de contorno da

situação simulada. O MATLAB é um software matemático interativo, de alta

performance, utilizado em cálculos numéricos de cientistas, engenheiros,

pesquisadores, estudantes, etc. Ele é composto de um módulo matemático básico ao

qual podem-se agregar as mais variadas caixas de ferramentas como: estatística,

matemática financeira, matemática simbólica, otimização, etc.

Concluindo, com o software GID, usando o método FETD, esquematizou-se e

atribuíram-se materiais e condições de contorno às estruturas simuladas (fase de pré-

processamento), enquanto que o MATLAB realizou o processamento [2] dos dados

gerados no pré-processamento. Com os dados do processamento foram realizados os

cálculos necessários na obtenção dos parâmetros estudados, possibilitando a

visualização gráfica dos resultados.

39

5.3.1 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

A seguir são descritos os principais passos da construção da estrutura usada

para a análise com os bipólos, sendo citadas as diferenças com a estrutura de analise da

chave quando necessário. A FIGURA 5.2 mostra a tela principal do software GID com

suas principais ferramentas.

FIGURA 5.2 – Tela principal do software GID.

As cinco primeiras fases descritas a seguir são de pré-processamento e a última

a de processamento e pós-processamento:

- definição do tipo de problema;

- esquematização da geometria da estrutura;

- atribuição dos materiais de cada parte da estrutura;

- atribuição das condições de contorno às entidades geométricas;

- geração da malha e calculo estrutural da simulação;

- processamento e pós-processamento matemático.

40

5.3.1.1 Tipo de Problema

Neste trabalho usaram-se dois tipos de problemas: a forma de implementação A

e a forma de implementação B.

A FIGURA 5.3 mostra a localização destas opções no GID a partir dos

comandos: Data→Problem type.

FIGURA 5.3 – Comandos de definição do tipo de problema.

5.3.1.2 Geometria

Consideraram-se as simetrias geométricas, elétricas e magnéticas das estruturas

para economizar substancialmente os recursos computacionais sendo utilizado apenas

um quarto da estrutura.

O GID obedece à hierarquia de identidades geométricas: pontos, linhas,

superfícies, volumes – nesta ordem, ou seja, primeiro construiu-se os pontos, em

seguida as linhas, depois as superfícies e então os volumes.

41

A construção das linhas de contorno da estrutura foi feita a partir do menu de

comandos: Geometry→Create →Line, como mostra a FIGURA 5.4. As linhas foram

formadas pela ligação entre dois pontos definidos pelas coordenadas x, y e z digitadas

na linha de comando, mostrada na FIGURA 5.2.

FIGURA 5.4 – Comandos para a criação das linhas da estrutura.

A FIGURA 5.5 mostra o inicio da construção da estrutura, sendo somente as

linhas de contorno e os pontos definidos.

FIGURA 5.5 – Linhas de contorno de um quarto da estrutura simulada.

Definiram-se as superfícies da estrutura a partir das linhas de contorno. Para

criá-las, utilizou-se os comandos: Geometry →Create →NURBSsurface→By

contour, mostrados na FIGURA 5.6.

42

FIGURA 5.6 – Comandos de criação das superfícies da estrutura.

No GID as superfícies são identificadas pela cor rosa. A estrutura com as

superfícies definidas é mostrada na FIGURA 5.7.

FIGURA 5.7 – Estrutura com as superfícies definidas.

43

Criou-se o volume da estrutura segundo os seguintes comandos:

Geometry →Create →Volume→By contour, mostrada na FIGURA 5.8.

FIGURA 5.8 – Comandos de criação do volume da estrutura.

No GID o volume é identificado pela cor azul clara. A estrutura com o volume

definido é mostrada na FIGURA 5.9.

FIGURA 5.9 – Estrutura com o volume definido.

44

5.3.1.3 Materiais

Precisaram-se criar os materiais necessários, pois inicialmente existe apenas o

AR definido como material no GID. Os materiais foram adicionados seguindo os

comandos Data → Materials e a partir do ícone New material abriu-se uma janela

como a mostrada na FIGURA 5.10. Nela foram inseridos os materiais necessários e

suas características.

FIGURA 5.10 – Comandos para inclusão de novos materiais.

A FIGURA 5.11 mostra o volume da estrutura preenchida com o material

teflon.

FIGURA 5.11 – Preenchimento do volume com teflon.

45

A FIGURA 5.12 mostra as características do teflon inseridas na ferramenta

GID.

FIGURA 5.12 – Características do teflon.

A FIGURA 5.13 mostra as superfícies condutoras definidas com o material

PEC.

FIGURA 5.13 – Definição das superfícies condutoras com PEC.

46

A FIGURA 5.14 mostra as características do PEC inseridas na ferramenta GID.

FIGURA 5.14 – Características do PEC.

5.3.1.4 Condições de Contorno

Utilizou-se um pulso de corrente como fonte de excitação dos circuitos

colocada na extremidade da stripline como mostra a FIGURA 5.15, com duração de

0,15ns.

Foi conectada uma resistência de Ω50 em paralelo com a fonte de corrente de

excitação com o objetivo de manter a rede casada.

47

FIGURA 5.15 – Local da fonte excitação e da resistência de casamento.

A FIGURA 5.16 mostra as características da resistência inserida.

FIGURA 5.16 – Características da resistência da fonte.

48

O pulso comporta-se como mostra a FIGURA 5.17.

FIGURA 5.17 – Pulso de corrente de excitação do circuito.

O pulso de corrente aplicado é descrito pela equação:

( )( )

−=

2cos

1)(

2

ππ

π

u

uusenti (5.3)

sendo ( )[ ]3/6 −= Ttu , t é o tempo e T é a duração do pulso.

Na análise feita a partir da chave, a fonte de excitação utilizada teve um tempo

de duração de 0,15 ns e conforme a equação (5.4) uma freqüência máxima de

aproximadamente 20 GHz.

49

max

3

fT = (5.4)

Na análise feita a partir dos parâmetros S a freqüência máxima de operação do

circuito também foi de 20 GHz. Esse valor de freqüência, de acordo com a equação

(5.2), está abaixo da freqüência de corte da linha de transmissão utilizada que é de 49,3

GHz.

O tempo de duração da fonte e outros parâmetros para simular os modelos

propostos foram especificados na janela Problem Data, a partir do menu de comandos

Data→Problem Data, como mostra a FIGURA 5.18.

FIGURA 5.18 – Parâmetros gerais da simulação.

Os pólos e resíduos foram inseridos a partir dos comandos Data→Materials

para o método de implementação A e para o método de implementação B a partir dos

comandos Data → Conditions. A FIGURA 5.19 a) mostra as características e onde

50

foram inseridos o pólo e o resíduo que simularam a chave e a FIGURA 5.19 b) mostra

onde foram inseridos os pólos e resíduos usados na aproximação do bipolo.

FIGURA 5.19 – Características de modelamento a) da chave e, b) do bipolo.

A FIGURA 5.20 a) mostra a estrutura usada na simulação da chave e a

FIGURA 20 b) mostra a estrutura usada na simulação do bipolo.

51

FIGURA 5.20 – Estrutura de modelamento a) da chave e, b) do bipolo.

5.3.1.5 Geração da Malha Tetraédrica e do Cálculo Estrutural

Fez-se a discretização das estruturas por uma malha tetraédrica gerada após as

atribuições dos materiais e das condições de contorno, explicadas anteriormente.

Inicialmente estabeleceram-se as entidades (linhas e superfícies) para as quais o

software deve gerar elementos (linhas e tetraedros) de malha de discretização da

estrutura. Gerou-se a malha a partir dos comandos Meshing →Generate.

A FIGURA 5.21 mostra o resultado da geração na estrutura de simulação da

chave, sendo a geração da malha na estrutura de simulação do bipolo semelhante.

52

FIGURA 5.21 – Malha tetraédrica da estrutura de simulação da chave.

Após a geração da malha de discretização da estrutura, realizou-se o cálculo

estrutural a partir dos comandos Calculate →Calculate. O programa criou três

arquivos relacionados à fonte de excitação, o tipo de problema e à estrutura simulada.

Estes arquivos são fundamentais para o processamento e pós-processamento dos

resultados no MATLAB.

5.3.1.6 Processamento e Pós-processamento Matemático no MATLAB

No software MATLAB foram feitos o processamento e o pós-processamento da

simulação digitando-se os comandos, FETD e POSTP, respectivamente, aberto no

diretório com o nome do simulação (arquivo que tem a extensão .GID).

53

5.4 OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS A PARTIR DAS SIMULAÇÕES

Foram coletadas três amostras de tensão para a obtenção das constantes de

propagação e das amplitudes das ondas de sinal incidentes e refletidas. A FIGURA

5.22 mostra o local dessas amostras nas duas estruturas simuladas.

FIGURA 5.22 – Amostras de tensão a) na chave e, b) no bipolo.

5.4.1 DA ESTRUTURA DE SIMULAÇÃO DO BIPOLO

No cálculo da constante de propagação da onda na estrutura de simulação do

bipolo, considerou-se uma linha de transmissão com uma fonte alocada em uma de

suas extremidades e uma carga na outra extremidade; e que a direção de propagação da

onda incidente é + z e da onda refletida - z. A origem da coordenada z foi estabelecida

em um ponto no centro da linha de transmissão que coincide com a amostra de tensão

V2, como mostra a FIGURA 5.23.

54

FIGURA 5.23 – Ondas incidente e refletida segundo a fonte e o bipólo.

Gerou-se um sinal a partir da fonte (pulso Gaussiano) representado na FIGURA

5.23 pela onda incidente - a e teve-se conseqüentemente uma onda refletida – b. As

tensões Vs amostradas no domínio do tempo na origem, em um ponto a uma distância

–d e em um ponto a uma distância d são dadas por [4]:

dd beZaeZV γγ001 += − (5.5)

bZaZV 002 += (5.6)

ddbeZaeZV

γγ −+= 003 (5.7)

onde a e b são as amplitudes da ondas incidente e refletida, respectivamente, no ponto

zero e γ é a constante de propagação, calculada por:

2

13

2cosh

1

V

VVar

d

+−=γ (5.8)

sendo d a distância entre as amostras, no caso 0,2 cm.

55

Isolaram-se os termos de interesse das equações (5.5) e (5.7) tendo:

[ ]4

231

0)(1

)(d

dd

e

eeVVZa

γ

γγ

−= (5.9)

[ ]4

213

0)(1

)(d

dd

e

eeVVZb

γ

γγ

−= (5.10)

Aplicou-se transformada de Fourier nas amostras Vs obtidas no domínio do

tempo para que pudessem ser realizadas as análises no domínio da freqüência.

A partir das equações (5.9) e (5.10) obteve-se, de acordo com as equações

(2.13) e (2.16) os parâmetros S11 e S22, respectivamente, que são aqui generalizados

pos S:

a

b

eVV

eVVS

d

d

=−

−=

231

213

)(

)(γ

γ

(5.11)

Com esta equação calculou-se os parâmetros necessários para a definição das

Yin e Yout, conforme as equações (2.23) e (2.24), respectivamente. Estes resultados

foram comparados com as Yin e Yout obtidas a partir dos valores de S11 e S22 medidos

pelo fabricante.

5.4.2 DA ESTRUTURA DE SIMULAÇÃO DA CHAVE

Na comparação dos métodos realizada através do modelamento de uma chave a

análise da onda refletida não foi necessária. Neste caso o interesse esteve na onda que

56

é transmitida depois da chave e na onda que incidente nela, ou seja, o ganho. Tal

situação é mostrada na FIGURA 5.24.

FIGURA 5.24 – Ondas incidente a1 e a2 segundo a posição da chave.

As duas ondas são descritas pela equação (5.9). Dividiu-se a onda incidente a2

pela onda incidente a1 para obter o parâmetro desejado S21, conforme a equação (2.15)

tendo:

[ ][ ] 1

2

231

264

21)(

)(

a

a

eVV

eVVS

d

d

=−

−=

γ

γ

(5.12)

Com a equação (5.12) compararam-se os coeficientes de transmissão obtidos

pelos métodos A e B com uma curva de referência formada a partir de um circuito

equivalente com parâmetros concentrados que simulou as condições de modelamento

da chave, conforme a FIGURA 5.25.

57

FIGURA 5.25 – Circuito equivalente da chave modelada.

A seguinte equação descreve o coeficiente de transmissão (ganho) entre os

terminais da chave do circuito mostrado na FIGURA 5.25:

( )( ) 12

21

+++

+++

+=

PCPPC

PC

LS

LS

CsZCLLs

LLsZZ

ZZS (5.13)

onde Lp e Cp são as indutâncias e capacitâncias parasitas, respectivamente. SZ e LZ

são as impedâncias da fonte e da carga, respectivamente, e valem Ω50 . Zc e Lc são a

impedância e indutância que simularam a chave. Foram usados os seguintes valores

para Lc = 10 nH, 1 nH e 0,1 nH e para cada valor de indutância foram utilizados os

valores Zc = 0 Ω , 50 Ω , 150 Ω , 500 Ω e 10000 Ω . O primeiro valor da Zc simulou o

estado fechado da chave e o último o estado aberto. Os outros valores simularam

estados intermediários entre os dois citados.

Os valores das capacitâncias e indutâncias parasitas adicionadas no circuito

equivalente da chave foram extraídas a partir de ajustes para fazer coincidir a curva do

coeficiente de transmissão calculada pelo circuito equivalente com a curva obtida

através da simulação.

O valor da capacitância parasita foi ajustado considerando-se o caso simulado

com Zc = 10000Ω e Lc = 1 nH, fornecendo um valor de Cp = 58 fF. E o valor da

indutância parasita foi ajustado considerando-se o caso simulado com Zc = 0 e

58

Lc = 1 nH, em paralelo com a capacitância parasita obtida anteriormente, fornecendo

um valor de Lp = 0,2 nH.

A FIGURA 5.26 mostra o local de implementação da chave e as indutâncias e

capacitância parasitas existentes.

FIGURA 5.26 – Detalhe das as indutâncias e capacitâncias parasitas.

59

6 RESULTADOS

6.1 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS ATRAVÉS DA SIMULAÇÃO DO

BIPOLO

As FIGURAS 6.1 à 6.4 mostram os resultados obtidos da comparação dos

métodos A e B através da simulação do bipólo, sendo a legenda medido usada para os

coeficientes calculados a partir dos dados do catálogo do fabricante do transistor

(Anexo A).

FIGURA 6.1 – Magnitude do parâmetro S11 medido e dos métodos A e B.

60

FIGURA 6.2 – Fase do parâmetro S11 medido e dos métodos A e B.

FIGURA 6.3 – Magnitude do parâmetro S22 medido e dos métodos A e B.

61

FIGURA 6.4 – Fase do parâmetro S22 medido e dos métodos A e B.

As simulações realizadas mostram que os dois métodos utilizados tiveram uma

boa precisão, aproximando-se dos valores medidos pelo fabricante.

Nas FIGURAS 6.1 à 6.4 é observado que em baixas freqüências ocorre uma

distorção a qual é proveniente de uma imprecisão numérica no cálculo do coeficiente

de propagação γ através da equação (5.8). Nas FIGURAS 6.2 e 6.3 a simulação foi

feita sem levar em conta os elementos parasitas da estrutura que podem ser os

causadores do aumento do erro com a freqüência.

6.2 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS ATRAVÉS DA SIMULAÇÃO DA

CHAVE

As FIGURAs 6.5 à 6.10 mostram os resultados da comparação entre os métodos

A e B através da simulação da chave eletrônica, sendo a legenda circuito usada para os

dados obtidos a partir da equação (5.13).

62

FIGURA 6.5 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =10nH, usando o método A.

FIGURA 6.6 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =10nH, usando o método B.

63

FIGURA 6.7 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =1nH, usando o método A.

FIGURA 6.8 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =1nH, usando o método B.

64

FIGURA 6.9 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =0,1nH, usando o método A.

FIGURA 6.10 – Coeficientes de Transmissão S21 da chave com LC =0,1nH, usando o método B.

65

Nas FIGURAS 6.5, 6.7 e 6.9 foi usado um valor de 1m Ω ao invés de zero,

porque a solução pelo método A não convergiu para este valor. Também na FIGURA

6.9 houve uma instabilidade deste método para o valor de 10k Ω , não sendo possível a

obtenção da curva.

Percebe-se que o método A apresenta um aumento gradual de divergência com

a diminuição dos valores das indutâncias usadas no circuito equivalente. Esse

comportamento é confirmado por outros autores e sua causa é ainda pesquisada [16].

66

7 CONCLUSÃO

Duas formas de inclusão de bipólos discretos no método numérico de análise

eletromagnética FETD foram estudados neste trabalho. O primeiro método estudado,

chamado de método A, realizou a inclusão dos bipólos no domínio do tempo [1] e o

segundo, chamado de método B, fez a inclusão no domínio da freqüência.

O método A realizou a inclusão através de uma convolução no tempo, enquanto

o método B apresentou uma forma mais simples de implementação, sendo incluído os

bipólos através de frações parciais, utilizando a técnica de estabilidade de Newmark

[14].

A precisão e a estabilidade desses dois métodos foram comprovadas através de

suas aplicações em simulações das impedâncias de entrada e de saída de um transistor

e nas simulações de diferentes estados de operação de uma chave eletrônica.

Os dois métodos tiveram uma boa precisão nas simulações que utilizaram as

impedâncias de entrada e de saída do transistor comparados com os valores medidos

pelo fabricante.

Nas simulações com a chave eletrônica o método A apresentou instabilidade à

medida que os valores de indutância e admitância resistiva diminuíram [16], enquanto

o método B manteve-se estável por utilizar a técnica de estabilidade de Newmark [14].

Com isso o trabalho alcançou os objetivos desejados, que eram verificar a

precisão e estabilidade dos dois métodos estudados.

7.1 TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros é sugerido usar o método B para analises dos parâmetros

S21 e S12 de um quadripolo e da operação dinâmica de uma chave eletrônica.

67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] OLIVEIRA, C. H.: “Modelagem de Bipólos Lineares no Domínio do Tempo Baseada em Medidas no Domínio da Freqüência”, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) UFPR – 2004, pp.6-18; 28-31. [2] W. A. ARTUZI JR: “An Unconditionally Stable FETD Method Using Tetrahedral Cells”, Departamento de Engenharia Elétrica UFPR, pp. 1-3. [3] ANDERSON, D. L et al: “S-Parameter Theory and Applications”, Hewlett-Packard Journal, 1966. [4] LUDWIG, R. and BRETCHKO, P.: RF Cricuit Design: Theory and Applications. Prentice Hal, 2000, pp. 168-175. [5] YEE, K. S.: Numerical Solution of Initial Boundary Value Problems Involving Maxwell s Equations in Isotropic Media. IEEE Trans. Antennas Propagat., vol. 14, pp. 302-307, May 1966. [6] TAFLOVE, A.: Computational Electrodynamics: The Finite Difference Time-Domain Method, Artech House, Boston, 1995. [7] RAILTON, C. J. and SCHNEIDER, J. B.: "An analytical and numerical analysis of several locally conformal FDTD schemes," IEEE Transactions on Microwave Theory and Tech., vol.47, pp.56-66, Jan. 1999. [8] MADSEN, N. K.: "Divergence Preserving Discrete Surface Integral Methods for Maxwell's curl Equations using non-orthogonal Unstructured Grids " Journal of Computational Physics, vol.119, pp.34-45, 1995. [9] SANGANI, H. et al: "An Explicit Time-Domain Method Using Three-Dimensional Whitney Elemants" Microwave Theory and Opt. Technol. Lett., vol. 7, no.13, pp. 607-609. [10] S. D. GEDNE, F. S. LANSING and D. L. RASCOE: "Full wave analysis of microwave monolithic circuit devices using a generalized yee-algorithm based on unstructured grid", IEEE Trans. Microwave Theory and Tech., vol.44, pp.1393-1400, Aug. 1996. [11] SADIKU, M. N. O.: Elements of Electromagnetics, Oxford University Press, 2000, pp. 598-636.

68

[12] TAFLOVE, A. and BRODWIN, M. E.: “Numerical Solutions of steady-state electromagnetic scattering problems using the time-dependent Maxwell’s equations” IEEE Trans. Microwave Theory Tech., vol. MTT-23, pp. 623-630, agosto de 1975. [13] KARL S. KUNZ; RAYMOND J. LUEBBERS, The Finite Difference Time Domain Method for Eletromagnetics, New York: CRC Press LLC, 1993. [14] W. A. ARTUZI JR: “Improving the Newmark Time Integration Scheme in Finite Element Time Domain Methods”, IEEE Transactions on Microwave Theory and Tech., pp.898-900, Nov 2005. [15] SCHMIDKE, W.: Simulação Eletromagnética: Curso de Simulação de Interferência Eletromagnética pelo Método FDTD - Esquematização da Geometria, Dos Materiais e Condições de Contorno Da Estrutura Simulada, 2004, pp. 1-30. [16] RILEY, D. J. and RILEY, N. W.: "Firs Order Models for Thin-Material Sheets and Coatings in the Finite-Element Time Domain Method" Northrop Grumman Mission Systems

69

ANEXO A

70

71

72

ANEXO B

73

ALGORITMOS DA FAMÍLIA NEWMARK

Dentre as famílias de algoritmos de integração, a família NEWMARK (1959)

possui os mais populares algoritmos de integração. Consiste basicamente em

expressar as velocidades e deslocamentos segundo aproximações por diferenças

finitas no domínio do tempo, dadas por:

( )

+−

∆+∆+= +

•••••

+ 1

2

1221

2. nnnn uu

tutuu ββ (B.1)

( )

+−∆+= +

•••••

+

11 1 nnnn uutuu γγ (B.2)

Os parâmetros β e γ determinam propriedades de estabilidade e precisão dos

métodos. HUGHES (1987) apresenta uma análise de estabilidade para os métodos

da família Newmark, para problemas lineares, colocando que se:

2

12 ≥≥ γβ (A.3)

os algoritmos são incondicionalmente estáveis.

Muitos métodos conhecidos podem ser gerados a partir de particularizações

das expressões (B.1) e (B.2). A TABELA B.1 apresenta alguns desses métodos e

suas características.

74

TABELA B.1 – Métodos da família Newmark

Método TIPO β γ CONDIÇÃO DE

ESTABILIDADE

ORDEM DE

PRECISÃO

Aceleração Média

(Regra Trapezoidal) Implicito 1/4 1/2 Incondicional 2

Aceleração Linear Implicito 1/6 1/2 Condicional 2

Diferença Central Explícito 0 1/2 Condicional 2

Outras informações sobre cada método em particular podem ser encontradas

em literaturas tradicionais como HUGHES (1987), COOK e outros (1989), BATHE

(1996) entre outros.

BATHE, K.J. (1996) Finite Element Procedures. Prentice-Hall International

Editions.

COOK, R.D.; MALKUS, D.S. e PLESHA, M.E. (1989) Concepts and

Applications of

Finite Element Analysis, Third Edition, Jonh Wiley & Sons.

HUGHES, T.J.R. (1987) The Finite Element Method – Linear static and

dynamic finite

element analysis. Prentice-Hall International Editions.

NEWMARK, N. M. (1959) A Method of Computation for Structural Dynamics,

ASCE

Journal of Engineering Mechanics Division, Vol. 85, 67-94.

75

ANEXO C

76

DIFERENÇAS FINITAS CENTRADAS

Problemas de base matemática, envolvendo a solução de equações

diferenciais, são o núcleo da maioria dos problemas de exatas, tecnologia e

indústria, ou seja, daquela classe de problemas associados a meios contínuos, à

evolução no tempo de corpos imersos em meios contínuos, ou associados a

evolução temporal do próprio meio contínuo. Os fenômenos associados com

contínuos resultam, quando modelados matematicamente, em equações ou

sistemas de equações diferenciais parciais, exigindo a solução destas em meios

reais com infinitas variáveis, de coordenadas infinitas. Tal modelo requer

discretização do contínuo em um sistema discreto composto por uma malha

geométrica (1D, 2D ou 3D), que reduz o número de variáveis do problema a uma

quantidade finita tornando tratável um sistema contínuo a partir de um modelo

discreto equivalente. As equações diferenciais representam assim o fenômeno

associado ao meio contínuo discretizado. A solução numérica de equações

diferenciais está relacionada a métodos de discretização e integração de variáveis

sobre um contínuo, como o Método da Diferenças Finitas e o Método dos Elementos

Finitos. Outros Métodos, além desses historicamente mais antigos, surgiram nas

últimas décadas, podendo-se referenciá-los como Diferenças Finitas Energéticas,

Elementos de Contorno, Tiras Finitas, dentre outros.

O Método das Diferenças Finitas busca efetuar diretamente a substituição das

formas derivadas da função / variável dependente, por suas formas de diferenças

finitas, obtidas pela expansão em Série de Taylor e truncamento a nível da ordem de

erro desejada:

)()(')()(2

hOxxfxfxxf +∆+=∆+

(C.1)

)()(')()(2

hOxxfxfxxf +∆−=∆−

As duas equações em (C.1) são o desenvolvimento em Taylor,

respectivamente a vante e a ré, em torno do ponto x da função f(x), assim,

considerando a soma da 1ª com o simétrico da 2ª,

)()('2)()(2

hOxxfxxfxxf +∆=∆−−∆+ (C.2)

77

resultando a forma em diferença finita central, da derivada primeira da função, a

menos de um erro de 2ª ordem,

)(2

)()()('

2hO

x

xxfxxfxf +

∆−−∆+= (C.3)

analogamente, tomando as equações em (C.1), resultam, respectivamente, as

formas em diferenças finitas a vante e a ré da primeira derivada,

)(2

)()()(' hO

x

xfxxfxf +

−∆+= (C.4)

)(2

)()()(' hO

x

xxfxfxf +

∆+−= (C.5)

Formulações análogas podem ser desenvolvidas para formas em diferenças

finitas centradas, a vante e a ré, para derivadas de ordem superior, assim para a 2ª

derivada resulta a forma central:

2

),(),(2),(),(''

x

yxxfyxfyxxfyxf xx

∆−+−∆+= (C.5)

2

),(),(2),(),(''

y

yyxfyxfyyxfyxf yy

∆−+−∆+= (C.6)

A aplicação dessas formas em diferenças finitas em equações diferenciais resulta

em obter uma formulação algébrica dessas equações, que integram contribuições

pontuais do valor da função no domínio contínuo agora discretizado em uma malha

de pontos, em cujos vértices são tomados os valores da função (ver FIGURA 5.21)

http://www.uesc.br/arbelos/arquivo/sm/2002/mc.03.doc, em 12/12/2005 às 7:40 hrs.

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ASSUNTO:

Histórico de desenvolvimento do projeto de final. RELATOR:

Ismael Chiamenti

PARTICIPANTES COMO RUBRICA PARTICIPANTES COMO RUBRICA

Wilson Arnaldo Artuzi Junior Orientador Ismael Chiamenti Orientado

ASSUNTOS TRATADOS E DECISÕES TOMADAS

02/06 Confirmação de orientação para Projeto de Final de Curso para o segundo semestre de 2005; 27/06 Decisão sobre qual as configurações físicas da stripline e o quadripólo usado; 02/08 Tirado dúvidas sobre o método de extração da admitância através de frações parciais e análise do método matemático a ser usado para simular o quadripólo; 10/08 Feito o cronograma de trabalho, datas das avaliações e prazo de entrega; 17/08 Decidido refazer o programa de extração das admitâncias; 24/08 Entrega do resumo da proposta de trabalho para o Prof. Horácio; 25/08 Confirmação das extrações ; 30/08 Verificação das aproximações das admitâncias, decidido usar 110,7 graus. Decidido usar as dimensões de estruturas conforme trabalho anteriormente realizado [1]. Início da modulação computacional; 20/09 Esclarecido dúvidas sobre dimensões usadas. Definição dos materiais e suas características, tempo de duração do pulso e construção da malha estrutural; 26/09 PRIMEIRA AVALIAÇÃO PARCIAL (1/2) 27/09 Término da etapa anterior. Início da extração dos parâmetros a partir das simulações; 06/10 Verificação do calculo do coeficiente de reflexão para carga de 50 ohms. Corrigidos erros de fórmulas; 11/10 Corrigido erro na altura da stripline; 14/10 Verificação da aproximação da fase e tentativa de correção da mesma. Análise sobre o andamento do projeto. Comparação dos métodos e diferença do grau do numerador, aparecendo os termos sA+B, sendo B a constante já existente e A a capacitância. Neste método não é preciso multiplicar os parâmetros por 0,1 (gap de inserção) somente pela ordem da fração da estrutura simulada; 18/10 Início da análise do segundo método. Feita a análise teórica e tentativa de correção das curvas obtidas; 20/10 Verificação do método. Revisão do algoritmo pelo professor. Início da extração dos pólos e resíduos com o grau do numerador maior que o do denominador, tendo o objetivo de considerar as capacitâncias existentes; 25/10 Constatado a não solução do sistema proposto. Feita correção da fase. Decisão de realizar a análise de uma chave eletrônica com estudo do parâmetro S21 (coeficiente de transferência); 27/10 Sanada dúvidas sobre a extração do parâmetro S21 e definido método de análise das capacitâncias e indutâncias parasita da estrutura; 01/11 Verificado o porque da ondulação inesperada na magnitude da capacitância parasita: largura do pulso

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de corrente. Foi diminuído para aumentar a largura de banda. Realizado tentativas de obter os resultados diretamente das amostras de tensão e não dos coeficientes de propagação. Permaneceram os coeficientes; 03/11 Realizados os ajustes entre os resultados simulados e o circuito equivalente, tendo extraído os valores dos elementos parasitas; 07/11 Decidido à forma de exposição dos resultados obtidos; 08/11 Apresentação dos gráficos finais e início da elaboração do texto; 11/11 Entregado a primeira parte do texto para revisão; 18/11 Entregado a segunda parte do texto para revisão; 21/11 SEGUNDA AVALIAÇÃO PARCIAL (2/2); 23/11 Agendada a data de apresentação para o dia 05/12/2005 ás 9:00 horas; 24/11 Entregada a versão final; 25/11 FIM DO PRAZO PARA ENTREGAR VERSÃO FINAL.