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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS SCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DECISO JULIANY HELEN DAS GRAÇAS PINTO O TERMO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” NOS PRONUNCIAMENTOS DE POLÍTICA EXTERNA NA ERA LULA CURITIBA 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS ... · Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, para conclusão do ... 4.4 O TERCEIRO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS – SCH

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – DECISO

JULIANY HELEN DAS GRAÇAS PINTO

O TERMO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” NOS PRONUNCIAMENTOS

DE POLÍTICA EXTERNA NA ERA LULA

CURITIBA

2015

JULIANY HELEN DAS GRAÇAS PINTO

O TERMO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” NOS PRONUNCIAMENTOS

DE POLÍTICA EXTERNA NA ERA LULA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, para conclusão do curso e obtenção do grau de Bacharel em Ciências Sociais com habilitação em Ciência Política. Orientador: Profº. Dr. Alexsandro Eugenio Pereira

CURITIBA

2015

Ao meu amor

AGRADECIMENTOS

Ao meu amigo, companheiro e essencial Levy Neto, pela resiliência, atenção

e respeito perante as minhas decisões. Por ter ido além das prerrogativas de marido,

sendo mister para que eu não desistisse do que já considerava inalcançável. Suas

dicas, seus abraços e sua companhia dia a dia me tornaram mais forte.

Ao meu núcleo familiar que, mesmo desprovido de recursos, sempre me

incentivou à conclusão da graduação. Ao meu pai, Edson, pela austeridade na

minha educação; à minha mãe, Mary, pela sua incondicional amizade; ao meu

irmão, Juninho, por suas conversas.

À experiência acadêmica na Universidade de Brasília (UnB), viabilizada pela

bolsa da Assessoria de Relações Internacionais (ARI-UFPR). Pois, na ensolarada

capital desenvolvi exaustivos fichamentos, conquistei maiores referências, ganhei

um segundo lar. Eis que sou grata à Kátia M. de Souza, por ter sido minha segunda

mãe e ter aberto as portas de sua casa, além de me estimular à empreitada de

minha carreira.

À Laura Sloboda, quem se tornou fundamental não só nas parcerias dos

trabalhos, dos artigos, das discussões do grupo de pesquisa, mas como uma amiga

para a vida inteira. Agradeço também à Vanessa Ladaniuski, por ter sido tão amável

e deferente à iniciativa de leitura do trabalho.

Ao Prof.º Alexsandro Eugenio Pereira, pela paciência com minhas indecisões

e ansiedades com prazos. E por ter me concedido oportunidade, logo na primeira

semana de faculdade, em participar do Grupo de Pesquisa em Relações

Internacionais (NEPRI-UFPR). No qual iniciei as pesquisas teóricas, em contato com

autores, métodos e regras, bem como a descobrir que não era tão teórica quanto

imaginava, conquanto amasse a Teoria. Também, agradeço aos membros da banca,

Caroline Viana e Silva e João Marcon, por terem aceitado gentilmente participar

desse momento ímpar.

RESUMO

A discussão sobre Desenvolvimento Sustentável no âmbito internacional iniciou-se na década de 1970, mas somente 20 anos mais tarde, na ECO92, os dirigentes brasileiros passaram a integrar a questão ambiental às pautas político-econômicas. Nesse momento, o projeto começou a ser moldado pelos sucessivos Chefes de Estado, inclusive Luís Inácio Lula da Silva, juntamente aos delegados do Itamaraty, durante seus dois mandatos presidenciais (2003-2010). O qual representou o país em 263 viagens ao exterior e criou um rico repertório de discursos, por meio da sua diplomacia presidencial. Dentre os 749 pronunciamentos oficiais à comunidade internacional (MRE, 2011), 92 foram inerentes ao meio ambiente. Logo, o objetivo da pesquisa foi o de responder como o termo “desenvolvimento sustentável” esteve associado a outros temas (palavras-chave) da Política Externa Brasileira (PEB). O recorte das fontes de pesquisa foram os documentos que continham em seu conteúdo, ou título, o termo “desenvolvimento sustentável”. Método adotado a partir de Laurence Bardin (2002), que caracterizou três fases da análise do conteúdo da mensagem: análise prévia, exploração e interpretação dos resultados. Na primeira, obteve-se o material teórico e banco de dados. Na segunda, se descreveu os trechos percebidos pela autora como uma associação direta ao meio ambiente, e não apenas o termo isolado em meio a outros. Na última fase, se fez as inferências quanto às frequências de associações do meio ambiente em face aos outros temas da PEB. Considerou-se, também, para os efeitos do trabalho, que as menções no discurso não se confundem diretamente com a prática, mas observou-se que Lula buscou a defesa da soberania e dos interesses nacionais, reforçando as alianças com Estados em desenvolvimento. Com efeito, no estágio atual da pesquisa, verificou-se ser fulcral, para o enunciador do discurso, mencionar o “desenvolvimento sustentável”, para angariar parcerias com aqueles que tiveram realidades de desigualdade social parecidas com as do Brasil, além de realizar a inserção sem destoar da agenda internacional. Diante do exposto, procurou-se investigar, primeiramente, a Política Externa Brasileira por meio de autores da área e identificar os seus vértices. No segundo momento, se apresentou detalhadamente as fontes de informação e a metodologia fundamentalmente qualitativa. E, por conseguinte, se expos as maneiras pela qual Lula relacionou o termo durante suas viagens ao exterior, ou na qualidade de anfitrião diplomático. A partir dos resultados, sugeriu-se que o esquadrinhamento fosse aperfeiçoado por meio de outras técnicas e olhares acadêmicos.

Palavras-chave: Política externa brasileira. Desenvolvimento Sustentável. Pronunciamentos de Lula.

ABSTRACT

The discussion about sustainable development in the international area began in the 70's, but only twenty years later, at ECO92, people from Brazil's government took part into the environmental issues combined with economical and political ones. At this moment, the project started being designed by a sequence of high politicians of the nation, including Luís Inácio Lula da Silva, during his two presidential mandates, together with some deputies from Itamaraty. Lula travelled 263 times to foreign countries representing Brazil, and created a rich speech repertoire through his presidential diplomacy. 92 of Lula's speeches in a group of 749, were about the environment (MRE, 2011). So, the main point of this research, is to identify if the term "sustainable development" has been associated with other topics in brazilian foreign policies. The material used as source for this research were documents with contained, in their titles, the term "sustainable development". The method adopted here was taken from Laurence Bardin (2002), who caracterizes three phases of message content analyses: previous analysis, exploration and results interpretation. At the first phase, it was obtained theoretical material and data. At the second phase, it was described the parts seen by the author as directly associated with environment, and, at the last phase, inferences were made about the frequency of association of environment with other topics of Brazil's foreign policy. It was considered, for all purposes, that speech citations do not imply practical consequences. It was noticed, however, that Lula, building alliances with developing countries, aimed to establish Brazil's interests and sovereignty. In the present stage of this research, it was noticed that the use of the term "sustainable development" had the objective of attracting partnership with countries which have social similarities with Brazil, and also include Brazil in the international agenda. Therefore, in this research, Brazil's foreign policy is investigated through its authors and pluralities. In a second moment, it is presented in details, the sources of information and the qualitative metodology. Finally, are exposed the ways in which Lula related the term during his travels or as a diplomatic host. From the results, it was the suggested that the rummage should be improved through other techniques and academic view. Key words: Brazilian foreign policy. Sustainable development. Lula's pronouncements.

.

LISTA DE SIGLAS

BIRD - Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento

DS – Desenvolvimento Sustentável

EUA – Estados Unidos da América

FAO - Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

FHC – Fernando Henrique Cardoso

FMI - Fundo Monetário Internacional

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MRE – Ministério das Relações Exteriores

OIT - Organização Internacional do Trabalho

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PEB – Política Externa Brasileira

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Temas e regiões nos pronunciamentos de Lula 28

Figura 2 - Etapas do método de Laurence Bardin 34

Figura 3 - Os três eixos da sustentabilidade 40

Quadro 1 - Períodos e posições políticas brasileiras 16

Quadro 2 - Síntese dos paradigmas da PEB 18

Quadro 3 - Posições brasileiras no sistema internacional 43

Gráfico 1- Evoluções no total anual de visitas 22

Gráfico 2 - Evolução das visitas bilaterais por região 24

Gráfico 3 – Pronunciamentos utilizados para a análise 36

Gráfico 4 – Trechos com menções ao termo “desenvolvimento sustentável” 37

Gráfico 5 – Desenvolvimento sustentável com relação contextual 38

Gráfico 6 – Meio ambiente ao longo do tempo 74

Gráfico 7 – Associações do “desenvolvimento sustentável” ao longo do tempo 75

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Percentual de citações simultâneas de temas e regiões 28

Tabela 2- Municípios brasileiros com disparidades de IDH 30

Tabela 3- Exemplo de preenchimento da análise de frequências 47

Tabela 4- Resumo das frequências de associações – 2002 50

Tabela 5- Resumo das frequências de associações – 2003 56

Tabela 6- Resumo das frequências de associações – 2004 59

Tabela 7- Resumo das frequências de associações – 2005 62

Tabela 8- Resumo das frequências de associações – 2006 65

Tabela 9- Resumo das frequências de associações – 2007 68

Tabela 10- Resumo das frequências de associações – 2008 70

Tabela 11- Resumo das frequências de associações – 2009 71

Tabela 12- Sistematização final de associações ano a ano 72

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08

2 POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA ...................................................................... 13

2.1 PEB E DEFINIÇÕES .......................................................................................... 13

2.2 A POLÍTICA EXTERNA DE LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010) E OS

SEUS TEMAS PRINCIPAIS ...................................................................................... 20

2.2.1 Temas principais da PEB de Lula ................................................................ 26

2.2.2 Desigualdade social e Meio ambiente: Eixos concomitantes? .................. 30

3 FONTES DE INFORMAÇÃO E ASPECTOS METODOLÓGICOS ........................ 33

3.1 ANÁLISE DO CONTEÚDO DE DISCURSO ........................................................ 33

3.2 PERSPECTIVAS CONCEITUAIS ....................................................................... 39

4 O TERMO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” NOS PRONUNCIAMENTOS

DE LULA ................................................................................................................... 49

4.1 O ANO EM QUE LULA FOI ELEITO: 2002 ........................................................ 49

4.2 O PRIMEIRO ANO DE MANDATO: 2003 .......................................................... 51

4.3 O SEGUNDO ANO: 2004 ................................................................................... 56

4.4 O TERCEIRO ANO: 2005 ................................................................................... 60

4.5 O ÚLTIMO ANO DO PRIMEIRO MANDATO: 2006 ............................................ 62

4.6 O PRIMEIRO ANO APÓS REELEIÇÃO: 2007 .................................................... 65

4.7 O SEXTO ANO DE MANDATO: 2008 ................................................................. 68

4.8 O SÉTIMO ANO DE MANDATO E ÚLTIMO AO QUAL MENCIONA

“DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”: 2009 ....................................................... 70

4.9 INFERÊNCIAS .................................................................................................... 72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 76

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79

APÊNDICE A ............................................................................................................ 84

8

1 INTRODUÇÃO

Desde a primeira etapa da Revolução Industrial a sociedade passou a ter

uma nova concepção de progresso e de relação com a natureza. No século XVIII,

essa transformação econômica e social se deu, principalmente, pela invenção da

máquina a vapor e sua utilização na produção têxtil. Esse processo modificou até

mesmo o espaço geográfico, em função do aumento de profissões e mercadorias

elaboradas nas inúmeras unidades de produção.

A Revolução Industrial dentro de suas primeiras fases trouxe consigo um

conjunto de transformações caracterizadas principalmente pela passagem do

trabalho braçal para o mecânico. Em seus dois primeiros momentos, destacavam-se

o uso da máquina a vapor, uso do carvão, petróleo e eletricidade, que foram

propulsoras para a 3ª fase: a Revolução tecnocientífica.

Essa terceira fase atinge não somente a indústria, como também os

processos tecnológicos que acarretaram na globalização1 (engenharia genética,

celular, internet) (GOBBI; KERBAUY, 2010), ou seja, o setor de serviços se uniu com

o conhecimento científico e a própria produção industrial. Sendo que a busca por

bens de consumo neste período foi uma revolução na seara tecnológica, social e

ambiental (OLIVEIRA, 2008, p. 19).

A demanda desenfreada por aquisições fez com que o mundo se

preocupasse com as consequências sobre o ambiente natural. Por isso,

Organizações Internacionais iniciaram o processo de construção de um conceito que

abarcasse a seara econômica, social e ambiental: o “desenvolvimento sustentável”.

1 Sabendo-se que a palavra gera paradoxos dentro das Ciências Sociais, nesta monografia foi

considerada a partir dos cinco pilares descritos por Therborn (2001, p. 124): “O principal deles é o econômico, que se refere a novos padrões de comércio, investimento, produção e empreendimento. Um segundo tipo, geralmente derivado do primeiro, é o sócio-político, concentrando-se no papel cada vez menor do estado e de um tipo de organização social a ele associada. Em terceiro lugar, a globalização surgiu como centro de um discurso e de um protesto sócio-críticos, como uma nova forma que assumem as forças adversas: o inimigo da justiça social e de valores culturais particulares. Há outros dois outros discursos, mais especializados, mas igualmente importantes. Existe o discurso cultural, dos estudos antropológicos e culturais, que apresenta a globalização como fluxos, encontros e hibridismo culturais. Por fim, como responsabilidade social, a globalização é parte de um discurso ecológico e de preocupações ambientais planetárias”.

9

O desenvolvimento sustentável poderia ser definido, em poucas palavras,

como o crescimento econômico equitativo para todas as nações sem prejudicar o

meio ambiente e presentes e futuras gerações. Estas deveriam ter as mesmas

condições que aquelas tiveram para a sobrevivência.

No Brasil, em especial, preocupou-se em adicionar às pautas políticas o

crescimento econômico, a partir da preservação da natureza, somente em meados

da década de 1990. Para compreender a relação deste tema com outros da política

externa, esta monografia analisou o período a partir da permanência de Luís

Inácio Lula da Silva na presidência do país: de 2003 a 2010.

Com efeito, o tema de pesquisa consistiu na análise da variável de

“desenvolvimento sustentável” dentro da Política Externa Brasileira (PEB) nos anos

de 2003 a 2010. Por meio desta proposta, o objetivo geral foi o de compreender

a inter-relação de palavras-chave durante os pronunciamentos de Lula perante a

sociedade internacional. Para atingir tal objetivo buscou-se responder,

portanto, "como o termo 'desenvolvimento sustentável' foi relacionado

com outros temas de Política Externa nos pronunciamentos de Lula em suas

viagens oficiais ao exterior?".

Para responder o problema temático, optou-se pelo método de análise do

conteúdo de documentos que apresentaram transcritas as falas do ex-presidente

como Chefe de Estado - consideradas pelo Ministério das Relações

Exteriores (MRE) como oficiais. Além deste material, procurou-se privilegiar a

literatura que abarcou tanto trabalhos concentrados na Política Externa Brasileira,

como àquela que apresentou o desenvolvimento sustentável de modo geral.

A análise de conteúdo se baseou na proposta de Laurence Bardin (2002),

estudiosa que defendeu esse método como um conjunto de técnicas para analisar

determinadas comunicações por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo da mensagem. Portanto, foi compreendido que “o teste por

associação de palavras, o mais antigo dos testes projectivos, permite, em psicologia

clínica, ajudar a localizar as zonas de bloqueamento e de recalcamento de um

indivíduo” (BARDIN, 2002, p. 52). Em outras palavras, pode-se afirmar que o método

propõe a ligação e interpretação dos estímulos e das respostas do falante.

10

Bardin apontou que para um bom resultado devem-se seguir os seguintes

passos: análise prévia, exploração do material e, por fim, a inferência e interpretação

dos resultados. De forma análoga aos estágios sugeridos, nesse trabalho, foi

utilizada a análise prévia desenvolvida em projeto de Iniciação Científica2 (edital

2014/2015 - CNPq), pesquisando e relatando o conceito de desenvolvimento

sustentável, associado à desigualdade social presente no Brasil. Através da

interdisciplinaridade entre as Ciências Sociais e as Relações Internacionais.

A exploração do material se resumiu em sua separação e leitura -

sendo organizada a partir das informações disponibilizadas pelo MRE (2011), no

qual apresentou as proporções de viagens ao exterior realizadas por Lula. Ele

representou o país em 263 viagens oficiais para outros Estados com o propósito de

negociar elementos da política externa. Tais missões geraram um rico repertório de

discursos proferidos pelo Chefe de Estado, o qual atuou de forma ativa nos

acordos internacionais, em consonância com os delegados do Itamaraty. Desse

material somaram o total de 749 pronunciamentos presidenciais, dentre os quais

92 inerentes ao meio ambiente.

Tais dados revelaram as proporções consideráveis referentes às questões

ambientais. O termo presente no conteúdo do pronunciamento presidencial não

significou que o locutor tivesse sido estimulado para tecer informações

aprofundadas. Por isso a seleção dos trechos de análise passou por

determinados critérios: (i) seleção de pronunciamentos que fizeram menção ao

termo "desenvolvimento sustentável"; (ii) leitura de todos os trechos e discriminação

daqueles que apenas citaram o termo com alguma relação específica. Para este fim,

o filtro de “meio ambiente” desenvolvido por Elaine Vilela e Pedro Neiva (2011) foi

utilizado:

ambiental (proteção, questão, conservação, etc.); aquecimento global; desaquecimento (do planeta); Quioto (Kyoto); meio ambiente; emissão de gás; efeito estufa; combustível renovável; biocombustível; energia renovável; energia limpa; desmatar; desmatamento; mudança de clima; poluição; carbono; CO2; ecologia; ECO_92; recurso hídrico; agenda 21; Rio92; ecossistema; sustentável; poluente; Amazônia; floresta; queimada; cerrado (VILELA e NEIVA, 2001, p. 94).

2 Intitulado “Política Externa Brasileira para Desenvolvimento Sustentável de 1994 a 2010: uma

crítica ao conceito” (no prelo).

11

Feito isso, pode-se passar para a terceira fase de Bardin - inferência e

interpretação dos resultados. Esse aspecto foi desenvolvido por meio de leitura e

descrição dos elementos, julgados pela pesquisadora e outros estudiosos da área

como relevantes para análise, além de identificar os eixos da política externa

brasileira que poderiam estar relacionados ao tema. Em outras palavras, nessa fase

da pesquisa testou-se, sob o olhar social e político, a hipótese de pesquisa a partir

da tipificação que os autores supracitados elaboraram: meio ambiente, cooperação

internacional, instituições internacionais, desigualdade social, paz e segurança

internacional, economia, democracia e direitos humanos que serão explicados

detalhadamente nos capítulos seguintes.

A resposta para a problemática de pesquisa foi desenvolvida ao longo da

monografia e há expectativa de respondê-la com aspectos da história brasileira. Isto

é, a hipótese foi a de que determinados temas da agenda externa brasileira se

mantiveram ao longo do tempo nos pronunciamentos de Lula e que foram

considerados como princípios norteadores das parcerias dentro do sistema

internacional, como por exemplo, a pobreza, a desigualdade, a segurança, a busca

por autonomia, as instituições internacionais e o meio ambiente como os principais

temas do período.

Ademais, especificamente neste governo o tema de Desenvolvimento

Sustentável obteve destaque se associado ao de pobreza, pois em consequência da

história brasileira ser marcada pela busca contínua de crescimento econômico

(DORATIOTO e VIDIGAL, 2014), associar-se a países com percursos

parecidos foi uma estratégia para atingir equiparação com os países do Norte

(VIGEVANI e CEPALUNI, 2007). Ao longo do trabalho explorar-se-á mais essa

característica da PEB de Lula, nessa introdução apenas mencionamos que este

aspecto teve relevância - para o Desenvolvimento Sustentável - nas

parcerias firmadas com os países do hemisfério sul.

A monografia foi dividida em três capítulos além desta introdução, que

contou como capítulo primeiro. O segundo capítulo preocupou-se com a política

externa de Lula de maneira geral, pois se faz importante compreender

minuciosamente quais os princípios de seu plano político, para, então, afunilá-los

para os eixos principais, desenvolvidos nos oito anos de mandato. Por meio deste

12

objetivo específico será possível definir as principais variáveis de pesquisa e

identificar dentre elas o desenvolvimento sustentável.

Ao identificar a relevância do tema dentro da política externa de Lula, julgou-

se necessário explicar de maneira detalhada todos os critérios e o porquê da

seleção de determinados pronunciamentos para análise. Isto foi feito no terceiro

capítulo, em que a metodologia de pesquisa foi esboçada. O foco deste capítulo foi,

em especial, a explicação do método de análise de conteúdo do discurso, pois

envolve mais do que uma contagem de palavras. Envolve, também, a interpretação

do pesquisador a partir de uma realidade a partir de determinados conceitos que

serão discutidos detalhadamente como, por exemplo, o desenvolvimento sustentável

que engloba o título desta monografia e foi o principal filtro de seleção dos

pronunciamentos.

No quarto capítulo, foram explorados e descritos os discursos proferidos

por Lula para a sociedade internacional, de modo a identificar como o tema se

articulou com outros assuntos basilares na política de Lula. Nas considerações

finais sugeriu-se a continuação da investigação sob outras metodologias e olhares

acadêmicos.

13

2 POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA (PEB)

Neste capítulo o objetivo principal será o de apresentar as definições de

Política Externa e as compreensões acerca do cenário brasileiro. Num primeiro

momento julgou-se necessário apresentar a redefinição conceitual da política

voltada ao cenário exterior e as ramificações que surgem ao estuda-la. O

universalismo e autonomia são alguns dos exemplos de assuntos que deveriam ser

compreendidos para que, posteriormente, as Teorias aplicadas ao cenário brasileiro

pudessem ser delimitadas. Isso foi elaborado a partir de autores como Letícia

Pinheiro, Amado Cervo e Antonio Carlos Lessa.

2.1 PEB E DEFINIÇÕES

As definições clássicas de Política Externa são dadas em diferentes

perspectivas, mas, em geral, buscam analisar o conjunto de ações que determinado

Estado pratica com outros Estados no Sistema Internacional. Entretanto, com um

mundo mais globalizado e com as crescentes diferenças na dinâmica das relações

internacionais, essas concepções se mostram insuficientes.

A redefinição do conceito se faz importante, pois além das relações entre

países e parcerias bi ou multilaterais, existem outros atores que impactam na

efetivação de políticas externas. Deve-se considerar os inúmeros agentes que, de

algum modo, alteram as decisões dos responsáveis pela implementação de políticas

voltadas ao cenário externo, sendo eles: as organizações internacionais, as

corporações e os atores transnacionais. Em outras palavras, a definição de Política

Externa a partir de Letícia Pinheiro:

[seria] o conjunto de ações e decisões de um determinado ator, geralmente mas não necessariamente o Estado, em relação a outros Estados ou atores externos - tais como organizações internacionais, corporações multinacionais ou atores transnacionais -, formulada a partir de oportunidades e demandas de natureza doméstica e/ou internacional, Nesse sentido, trata-se da conjugação dos interesses e ideias dos representantes de um Estado sobre sua inserção no sistema internacional tal como este se apresenta ou em direção à sua reestruturação, balizados por seus recursos de poder (PINHEIRO, 2010, p. 07 – sem grifos no original).

14

Num Sistema Internacional anárquico3(sem um governo mundial), um país

não pode se apresentar como autossuficiente, pois adotará políticas equivocadas.

Faz-se necessário que haja o balanceamento entre a própria soberania e uma

cooperação que reforce os interesses nacionais, considerando que o Estado está no

centro interagindo com outros atores em busca de poder (PINHEIRO, 2010, p. 09-

10).

Nota-se que as demandas de caráter interno também se tornam relevantes

para o desenvolvimento e aplicação das políticas externas. Como Claude Cheysson,

em 1981, afirmou que:

[...] Não há mais assuntos estrangeiros. Há uma tradução externa das políticas internas, há uma capacidade de expansão para o exterior daquilo que constitui as prioridades internas (apud REMÓND, 2003, p. 369).

Portanto, para compreender dada prática não se pode descartar que o Brasil

possui extremas desigualdades sociais em seu território. Entende-se por

desigualdade social a condição de acesso desproporcional a bens, materiais ou

simbólicos, pelas camadas da população. A divisão social não se restringe ao

processo de implementação, se faz presente na formulação da política externa, pois

há elites dirigentes (PINHEIRO, 2010) que deixam de fora a sociedade, como um

todo, do debate político em si. Essas elites possuem o poder de manter a maioria

marginalizada e, com isso, conseguem pressionar os dirigentes – seja o Presidente

da República ou o próprio Instituto que formula as políticas externas, o Ministério4.

Vigevani et al (2008) acreditam que para a formulação da PEB, além da

concepção de que há elites dominantes, existem também as variáveis que eles

nomeiam como universalismo e autonomia5. Sendo esta a capacidade de um

Estado ter poder de decisão dentro de debates internacionais, para atingir

determinada soberania no Sistema Internacional. O universalismo seria composto

pelas características inerentes ao Estado, sua pluralidade e cultura (Ibid, p. 06-07).

3 Considerando algumas características da Teoria Realista das Relações Internacionais, delimitadas

por Griffiths (2004, p. 269), seriam que os Estados são centrais e relevantes dentro do Sistema Internacional, que a força usada por eles é legítima e os assuntos da agenda são colocados numa linha hierárquica – dando prioridade ao tema de segurança. 4 O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), também conhecido como Itamaraty, que é um

órgão do Poder Executivo, responsável pelo assessoramento do Presidente da República na formulação, no desempenho e no acompanhamento das relações do Brasil com outros países e Organismos internacionais. 5Que são considerados por RAMANZINI JUNIOR (2010, p. 62) como enraizados na sociedade e no

Estado.

15

Com efeito, a política externa é fundamental para o país. Por meio de um

planejamento pode-se angariar diversas parcerias internacionais, com o objetivo de

obter vantagens para o bem estar. Nesse sentido:

A política externa correspondeu, nos dois últimos séculos, a um dos instrumentos com que os governos afetaram o destino de seus povos, mantendo a paz ou fazendo a guerra, administrando os conflitos ou a cooperação, estabelecendo resultados de crescimento e desenvolvimento ou de atraso e de dependência (CERVO e BUENO, 2010, p. 11)

Considera-se, então, que o Brasil passou por momentos distintos em sua

história, desde o modo escolhido para inserção internacional até o contexto interno -

os seus aspectos sociais e econômicos. Modificam-se, assim, os conceitos de

universalismo e autonomia, pois variam conforme a dinâmica internacional

(VIGEVANI; RAMANZINI JÚNIOR, 2014, p. 03). A busca por essa autonomia muitas

vezes deixou o Brasil numa situação paradoxal: para atingir poder houve a

necessidade de estar atrelado a uma determinada potência, pois existem

determinadas regras do jogo (como poder de barganha), ditadas pelos Estados

Unidos. O interesse brasileiro pelo desenvolvimento se manteve ao longo do tempo

para passar a ser industrializado e a ser balizado pelo Estado. Os caminhos

traçados pelos diferentes governantes podem ter sido distintos ao longo do século

XX, mas o pano de fundo sempre foi ser um país desenvolvido (PINHEIRO, 2010, p.

08).

Numa leitura histórica, Lessa (1998), Pinheiro (2000) e Cervo (2011) criaram

modelos para analisar os períodos da PEB. Doratioto e Vidigal (2014, p. 04)

mencionam o período de alternâncias de modelos como uma “dança de paradigmas”

na história econômica brasileira. Esses paradigmas, segundo Cervo (2011, p. 06),

foram a explanação no real, um método de análise por meio de conceitos

elaborados para o dado período histórico, ou seja, a interpretação de um período a

partir de suas peculiaridades.

Durante o século XX o Brasil teve uma diplomacia voltada aos EUA

(americanismo) em função de sua posição geográfica ocidental (PINHEIRO, 2000).

Mas, a história brasileira também foi marcada pelo globalismo que, em poucas

palavras, seria a diversificação das relações brasileiras para o aumento de poder e

barganha, sendo regido por uma matriz realista das Relações Internacionais. Essa

perspectiva tem a subdivisão hobessiana e grotiana, esta busca ganhos absolutos

16

para diminuir os custos de transação, num sistema anárquico de regulações, sendo,

portanto, marcados por uma estratégia multilateral pragmática. A hobbesiana

mantém o princípio da autoajuda e o Brasil neutro em relação a temas polêmicos da

agenda internacional, com o objetivo de garantir determinados benefícios

(PINHEIRO, 2000).

O americanismo, sendo o eixo condutor da PEB, segundo a autora (idem),

transpassa pelo modo em que o Brasil conseguiria elevar o poder de negociação

mundialmente. Também sendo subdivido na perspectiva (i) ideológica e (ii)

pragmática. A primeira era justificada em função da base política do Brasil e dos

Estados Unidos, ambos republicanos. Já a segunda tinha a parceria como um

instrumento para “garantir certos espaços de autonomia” (ibid, p. 66). O quadro a

seguir expõe as divisões propostas por Pinheiro:

QUADRO 1- PERÍODOS E POSIÇÕES POLÍTICAS BRASILEIRAS

PERÍODO AMERICANISMO GLOBALISMO

1946-51 e 1964-67 Ideológico

1902-45, 1951-61 e 1967-74 Pragmático

1961-64 Grotiano

1974-90 Hobbesiano

FONTE: A autora baseada em PINHEIRO, 2000

A Política Externa Brasileira passou por inúmeras fases e Cervo (2011) as

classificou de um modo distinto de Pinheiro. O autor também apresentou a

concepção de que o Brasil buscou, ao longo de sua trajetória política, o

desenvolvimento nacional atrelado à autonomia perante o cenário internacional.

Bem como Lessa (1998, p. 30) classificou uma constante do método universalista

que “quando foi plenamente atingido, o universalismo passava a proporcionar uma

maior complexidade e densidade nas relações com as potências ocidentais, e a

abertura de novos espaços na África, na Ásia e Oriente Médio”.

Dando continuidade, Amado Cervo (2011) distingue determinados períodos

e paradigmas brasileiros: o nomeado como paradigma “Liberal-conservadorismo”,

que se manteve entre 1822 e 1930; o “Desenvolvimentismo”, de 1920 a 1989; na

17

década de 1990 houve uma “dança de paradigmas”, com predominância do

“Normal”; e nos anos 2000 o paradigma “Logístico” entrou em vigor.

O primeiro paradigma de 1810 a 1930 foi caracterizado pela adoção de

atitudes definidas como liberal-conservadoras. Porque foi um momento pelo qual a

Europa definia as políticas com tratados bilaterais e por meio da “política das portas

abertas”, fazendo com que a periferia não tivesse opção: deveria focar em atividades

primárias e abrir seu mercado aos manufatureiros, ou seja, exportações primárias e

importações industriais (CERVO, 2011, p. 9, 11).

Acarretando, no século XIX, uma política liberal aos moldes europeus. Além

disso, a “subserviência e soberania imperavam a política exterior e o modelo de

inserção internacional do país”, este constituído por uma sociedade simples de

apenas dois segmentos: os proprietários de terras e o resto da sociedade. Com isso,

entende-se que o interesse nacional confundia-se com as ganâncias particulares do

primeiro grupo (ibid, p. 10).

De 1930 até meados da década de 1980, um novo paradigma entra em

vigor, o de Estado Desenvolvimentista. Momento em que as ações de “boa

vizinhança” imperavam, considerando os elementos internos e externos para as

decisões políticas. Atitude tomada em função da época, pois com o mundo dividido

em dois blocos era interessante que o Brasil se mostrasse neutro para conseguir

benefícios de ambos, ou seja, saber “manobrar em meio à divisão” (ibid, p. 11-12).

Em face dessa situação, era interessante para o país promover um projeto

nacional de desenvolvimento que superasse as desigualdades entre as nações, para

atingir autonomia. Para efetuar tal ganância, o projeto do período se restringiu a

implantação de grande indústria de base e inovação tecnológica (Ibid, p. 14).

No final do século XX, mais especificamente a partir dos anos 1990, o

paradigma de Estado Normal6, essencialmente latino-americano, “irrompeu com

tamanha força, coerência e convergência regional entre os países, que nada se lhe

compara em outras partes do mundo”. O neoliberalismo esteve na política brasileira

6 “Normal” é a capacidade de seguir instruções, isto é, “o conjunto dessas instruções dizia respeito à

abertura dos mercados de consumo, abertura dos mercados de valores, abertura do sistema produtivo e de serviços, eliminação do Estado empresário, privatizações, superávit primário, proteção ao capital e ao empreendimento estrangeiros e adaptação das instituições e da legislação por modo a produzir esse novo ordenamento.” (CERVO, 2011, p. 16).

18

a modo de prover a estabilidade econômica (ibid, p. 15). Entretanto, por mais que a

busca de desenvolvimento estivesse atrelada ao próprio Estado, as forças externas

agiram fortemente nas decisões, pois “dirigentes da América Latina haveriam de

seguir instruções do centro7, sem o que os empréstimos não seriam concedidos”

(Ibid, p. 16). Contudo, com a vulnerabilidade e dependência econômica, a

estabilidade e credibilidade brasileira perante a sociedade internacional se

deteriorou:

Sem projeto de desenvolvimento e sem recursos, a era Cardoso, era dos normais, provocou a estagnação da economia brasileira e interrompeu um ciclo de sessenta anos de desenvolvimento caracterizado pelas mais elevadas taxas de crescimento entre os países do mundo capitalista (CERVO, 2011, p. 18).

Após os oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, um novo

paradigma surge para explicar a PEB. O Estado Logístico, definido por Cervo como

uma política liberal externamente e a prática de uma atitude desenvolvimentista

internamente. O Brasil recuperou a autonomia política num mundo interdependente -

correlacionando uma doutrina mais clássica do capitalismo ao estruturalismo latino-

americano. Esse paradigma se atrelou às nações avançadas e agrupou diversos

interesses da sociedade (dos agricultores, empresários, operários, consumidores,

entre outros) (Ibid, p. 21-22).

QUADRO 2- SÍNTESE DOS PARADIGMAS DA PEB

PARADIGMA BRASILEIRO ÉPOCA

Liberal-Conservador Século XIX a 1930

Estado Desenvolvimentista 1930-1989

Estado Normal A partir de 1990

Estado Logístico Idem – ênfase anos 2000

FONTE: A autora baseada em CERVO, 2003.

Com a exposição dos quatro paradigmas desenvolvidos por Cervo,

evidencia-se que embora os meios tenham sido distintos, o fim buscado pelo

governo brasileiro foi o de atingir o desenvolvimento nacional. Isso se deu em função

da política adotada no país desde o século XIX, a política de Estado. Segundo

7Do comando capitalista

19

Fernandes (2004), essa política reflete os interesses mais consolidados do Estado

brasileiro, isto é, há diretrizes de continuidade na PEB. Esse fato ocorreu, pois o

Itamaraty possui papel preponderante que se manteve ao longo do tempo, não

sendo subtraído com as mudanças de governo.

Desse modo, um modelo de interesse nacional não impediu que existissem

várias políticas externas, pois estas estavam acima do governo e dos partidos. Logo,

“os mesmos interesses pode[ria]m ser alcançados por meio de estratégias e mesmo

com base em princípios político-ideológicos distintos” (PINHEIRO, 2010, p.09-10).

Nesse sentido, percebe-se que, mesmo com as alternâncias de pessoas no poder,

os objetivos da PEB se mantiveram.

Elementos novos apareceram a partir da década de 1990 com Fernando

Henrique Cardoso e se fortaleceram nos anos 2000 com Lula, que passou a

diferenciar o elemento governamental do estadista na política externa (LIMA, 1996).

Surgindo uma característica na PEB denominada como Diplomacia presidencial.

Tal Diplomacia se compreendeu, segundo Danese, como “a condução

pessoal de assuntos de política externa, fora da mera rotina ou das atribuições ex

officio, pelo presidente” (1999, p. 51). Para Albuquerque (1996, p. 10) a diplomacia

presidencial envolveu “a participação pessoal do chefe do governo nas relações

internacionais, seja por meio de pronunciamentos, seja de participação em foros

internacionais, seja atuando diretamente em negociações”. A pessoa do presidente

passou a ser importante nas negociações externas e com a credibilidade interna, por

estar negociando com diferentes blocos no território nacional, conseguindo angariar

novas parcerias no âmbito mundial.

Se a pessoa do presidente foi importante para as negociações externas e na

presente monografia analisou-se o período de 2003 a 2010, julgou-se necessário

fazer uma análise aprofundada desse governo, pois se investigou os

pronunciamentos de Luís Inácio Lula da Silva quanto à questão do desenvolvimento

sustentável.

20

2.2 A POLÍTICA EXTERNA DE LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010) E OS

SEUS TEMAS PRINCIPAIS

Ao assumir a Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva passou a

discursar sobre seu objetivo como presidente. Neves de Carvalho (2010) apresentou

o encontro no “National Press Club”, 2002, em Washington (EUA) como o evento

pelo qual Lula apresentou o que seria aplicado ao longo dos próximos anos após ser

eleito.

Lula, nesse evento, demonstrou características diversas como a

universalista, ao expor o desejo de continuar a abertura econômica do governo

brasileiro ao mundo, “os EUA, União Europeia e os países semelhantes ao Brasil

como Rússia, China e Índia” (ibid, p. 22); o desenvolvimento social e “seu

organograma multilateral”; o meio ambiente sendo reforçado a partir da necessidade

de aprofundar as preocupações iniciadas na ECO92; a segurança sendo mesclada

por temas como operações de paz, a Reforma do Conselho de Segurança da ONU,

combate ao narcotráfico e ao terrorismo.

Essas ambições também foram expressas em seu discurso de posse do

primeiro mandato:

Esta Nação que se criou sob o céu tropical tem que dizer a que veio; internamente, fazendo justiça à luta pela sobrevivência em que seus filhos se acham engajados; externamente, afirmando a sua presença soberana e criativa no mundo. Nossa política externa refletirá também os anseios de mudança que se expressaram nas ruas. No meu Governo, a ação diplomática do Brasil estará orientada por uma perspectiva humanista e será, antes de tudo, um instrumento do desenvolvimento nacional. Por meio do comércio exterior, da capacitação de tecnologias avançadas, e da busca de investimentos produtivos, o relacionamento externo do Brasil deverá contribuir para a melhoria das condições de vida da mulher e do homem brasileiros, elevando os níveis de renda e gerando empregos dignos.

8 (sem grifos no original)

Desde o primeiro momento Lula pretendeu delimitar suas diretrizes,

destacadas na passagem acima, nada díspares das apregoadas ao longo da história

brasileira, como no período de Independência e Primeira República9 (VIGEVANI e

CEPALUNI, 2007, p. 276).

8 Discurso do Presidente Lula na Sessão de Posse no Congresso Nacional. Brasília, 1o de janeiro de

2003 9 Como apresentamos na seção anterior, a partir de Pinheiro e Cervo.

21

Como precursor do paradigma Logístico, que foi apresentado na seção

anterior, Lula adotou medidas mescladas: que chamam de neodesenvolvimentismo10

como também atrelando as relações Sul-Sul (DORATIOTO; VIDIGAL, 2014). Dando

prioridade a todas as camadas da população, com políticas internas que mesclavam

interesses tanto das elites como dos mais pobres – que refletiu em suas atitudes no

cenário externo. Ainda que essas características não sejam inovações de Lula,

tiveram renovada centralidade em função de aspectos da conjuntura interna e

externa (RAMANZINI JUNIOR, 2010).

Lula buscou participar ativamente da PEB e colocou em prática a diplomacia

presidencial iniciada por seu antecessor, FHC. Isso explicou as diversas visitas

diplomáticas11que aumentou em 110% em comparação àquele. Esse crescimento se

deu em função da busca de parcerias estratégicas (LIMA e DUARTE, 2013).

Conforme o próximo gráfico, o ex-presidente Lula aumentou exponencialmente ao

longo do tempo a quantidade de visitas a outros países, mostrando-se presente.

Essa característica pode ser associada à pessoa do presidente, que pareceu ter

mais gosto pelo discurso (VILELA e NEIVA, 2011).

10

De fome sucinta Sampaio Jr (2002) afirma que “o desafio do neodesenvolvimentismo consiste,

portanto, em conciliar os aspectos “positivos” do neoliberalismo — compromisso incondicional com a estabilidade da moeda, austeridade fiscal, busca de competitividade internacional, ausência de qualquer tipo de discriminação contra o capital internacional — com os aspectos “positivos” do velho desenvolvimentismo — comprometimento com o crescimento econômico, industrialização, papel regulador do Estado, sensibilidade social” (p. 679). 11

Visitas bem acima da média se comparado a outros presidentes, para ver mais sobre este assunto: LIMA, Maria Regina Soares de; DUARTE, Rubens de S. “Diplomacia presidencial e politização da política externa: Uma comparação dos governos FHC e Lula”. Observador On-line v.8, n.09, 2013.

22

GRÁFICO 1 - EVOLUÇÕES NO TOTAL ANUAL DE VISITAS

FONTE: Ministério das Relações Exteriores, 2011, p. 11.

O que salientou o caráter objetivo da iminente condução do Brasil como

protagonista na conjuntura mundial, portanto as visitas a outros países podem ter

sido a preparação para a inserção “no mundo globalizado” (LIMA e DUARTE, 2013,

p. 13). Ou seja, o modo escolhido pelo ex-presidente para atingir determinada

centralidade nos acordos da agenda internacional. De modo plural, a diplomacia

simbolizou “a ação externa dos governos expressa em objetivos, valores e padrões

de conduta vinculados a uma agenda de compromissos pelos quais se pretende

realizar determinados interesses” (CERVO, 2008, p. 08).

Nesse sentido, podemos elencar algumas oportunidades e ameaças que o

Brasil passou em função do contexto histórico vivido à época. As visitas

presidenciais tendem novos acordos e adequações a determinados temas, o

“sistema mundial encontra-se em um ponto de inflexão histórica que convivem

múltiplas dimensões econômico-produtivas e de organização da ordem mundial”

(ACIOLY et al, 2010, p. 15). As oportunidades, segundo Acioly et al (2010, p. 16),

seriam: (i) redução de vulnerabilidade externa; (ii) inserção internacional mais ativa;

(iii) maior articulação “comercial, produtiva e comercial” com os países do Sul; e (iv)

cooperação técnica para o desenvolvimento.

As ameaças se basearam nas mudanças da divisão internacional do

trabalho, pois estas aumentam a competitividade e o arsenal industrial brasileiro

23

poderia ter uma queda brusca em função da intensidade tecnológica (idem).

Vigevani e Ramanzini Júnior (2014, p. 03-04) listam outras mudanças que alteraram

a PEB, como: o unilateralismo americano na Era G. W. Bush, a ascensão chinesa,

valorização das commodities agrícolas, reestruturação “dos eixos do

desenvolvimento mundial” (relacionado aos países em desenvolvimento), fluxos de

comércio alterados e o papel do Brasil nos fóruns multilaterais, como o G-20

comercial12.

Na superação dessas ameaças e o fortalecimento das oportunidades na

ordem internacional, a PEB de Lula priorizou alterações nas relações

preponderantes de Norte sobre o Sul - servindo para ampliar o número de parcerias

e facilitar de modo geográfico. Denominou-se “Sul-Sul” as relações com os países

abaixo no globo terrestre (num primeiro momento). Posteriormente, com a Rússia

pode-se delimitar para relações entre países em desenvolvimento. Nas palavras de

Lula esse objetivo ficou claro: “aprofundar as relações já muito relevantes com

nossos tradicionais parceiros da América do Norte e da Europa, buscamos ampliar e

diversificar nossa [do Brasil] presença internacional”13.Nessa fala, ficou evidente que

as relações Norte-Sul não seriam cortadas, pois isso não seria vantajoso; mas tais

atitudes não impediriam de priorizar outras cooperações. Lula afirmou que:

A política externa brasileira alcançou um novo nível de maturidade. Não estamos mais limitados por fronteiras imaginárias ou fórmulas prontas. Estamos explorando oportunidades de diálogo, cooperação e negócios, onde quer que elas existam. Desenvolvemos parcerias diversificadas e relações mais equilibradas com todas as regiões do mundo

14

Nações que partilham de desafios semelhantes e quando atingidos certos

benefícios poderiam partilhar, também, dos resultados. Esse novo cenário de

interesses e esforços para angariar novos benefícios ficou claro quando visualizada

a quantidade de visitas feitas por Lula, organizadas por regiões, conforme o gráfico a

seguir:

12

Grupo composto por países que atuam de forma conjunta nas negociações agrícolas na OMC (RAMANZINI JÚNIOR, 2010, p. 63), que são: África do Sul, Argentina, Bolívia,Brasil, Chile, China, Cuba, Egito, Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia, México, Nigéria,Paquistão, Paraguai, Tailândia, Tanzânia, Uruguai, Venezuela e Zimbábue. 13

Discurso na Abertura da 58ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. 23∕09∕2003. 14

Discurso do Presidente Lula na cerimônia de formatura da Turma “Celso Furtado” do Instituto Rio Branco. Brasília, 1o de setembro de 2005

24

GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DAS VISITAS BILATERAIS POR REGIÃO

FONTE: Ministério das Relações Exteriores, 2011, p. 11.

As idas à Europa e à América do Norte se mantiveram, contudo à América

do Sul houve prioridade, como revelam os picos de visitas, demonstrando que

existiu “uma vontade política de maior diálogo e de estreitamento de laços políticos”

(LIMA e DUARTE, 2013, p. 07), assim como à África. Deixando claro que os países

presentes nesses continentes, maioria em desenvolvimento, foram importantes na

modelação da PEB de Lula. Conforme LIMA (2005, p. 31), a cooperação Sul-Sul não

exclui as relações tradicionais com os EUA, ampliando o comércio exterior brasileiro

ao elencar países emergentes em suas visitas e políticas. Essas nações meridionais

visariam à manutenção isonômica, uma vez que suas realidades são próximas. Por

isso, suas pretensões não seriam mais do que melhores oportunidades de

participação e de debate.

A PEB de Lula se baseou na cooperação com os seus “iguais”; iguais

historicamente, em desigualdades sociais, em dificuldades de inserção, dentre

outros aspectos. Seriam os motes para se unirem e atingirem a participação e

poderes sobre determinados assuntos basilares no sistema internacional, tais como:

Desenvolvimento Sustentável; Desenvolvimento Comunitário; Capacitação; Micro-crédito; Desenvolvimento Rural; Segurança Alimentar; Saúde; Educação para o Desenvolvimento; Educação formal; Formação técnica; Saneamento básico e melhoria ou reabilitação de habitat; Cooperação Descentralizada; Igualdade de Género; Direitos Humanos;

25

Ambiente e Desenvolvimento; Participação e cidadania; Influência Política (Lobby e Advocacy) em torno das políticas de cooperação para o desenvolvimento e da educação para o desenvolvimento; Responsabilidade Social das Empresas; Estudos e Investigação, entre outras.

15 (sem grifos no

original)

Percebeu-se que se tornaram inúmeros os temas que os países ao Sul

poderiam incorporar em suas respectivas políticas e ações para inserirem-se no

cenário externo em condições mais igualitárias. O Brasil, em específico, poderia

alcançar esses objetivos com a “ajuda mútua”. Para tanto, além de visitas ao

exterior, a PEB de Lula priorizou dois tipos de cooperação, a bilateral e a multilateral,

que poderiam ser a “ponte” para atingir esses benefícios listados na citação anterior.

Conforme a ONGD, entendidos:

por cooperação bilateral aquela em que os governos doadores mobilizam os seus fundos de cooperação para o desenvolvimento directamente para os “receptores” da ajuda, sejam estes os governos dos países ou outras organizações.

[...] cooperação multilateral é aquela em que os doadores remetem os fundos para organizações multilaterais (Comissão Europeia, ONU, Bancos de Desenvolvimento, etc), para que estas os utilizem no financiamento das suas actividades e do seu funcionamento. (idem, sem grifos no original)

Conceitos também expostos no Programa de Governo de 2002:

Nosso Governo conduzirá a aproximação com países de importância regional, como África do Sul, índia, China e Rússia. Trata-se de construir sólidas relações bilaterais e articular esforços para democratizar as relações internacionais e os organismos multilaterais, como a ONU, o FMI, a OMC e o Banco Mundial.

16 (sem grifos no original)

Sendo que os fóruns multilaterais foram enfatizados em diversos momentos

no governo de Lula, como meios de negociação, ação ou regulação (RAMANZINI

JÚNIOR, 2010, p. 61).

O Brasil é um firme defensor das organizações multilaterais como espaço de cooperação e diálogo. Não há modo mais efetivo de aproximar os Estados, manter a paz, proteger os direitos humanos, promover o desenvolvimento sustentável e construir soluções negociadas para os problemas comuns.

17 (ITAMARATY, 2012, p. 05, sem grifos no original)

Neste ponto, Vigevani e Ramanzini Júnior (2014, p. 02) destacaram que a

importância do multilateralismo na PEB tornou-se a tentativa de tirar a supremacia

15

ONGD. Disponível em: http://www.plataformaongd.pt/plataforma/areasactuacao/area.aspx?id=1430. Acesso em 09 jul. 2015. 16

Balanço da Política Externa 2003/2010, p. 03 17

Discurso do Presidente Lula na LXI Assembléia Geral das Nações Unidas. Nova York, 19 de novembro de 2006

26

de grandes potências, ou seja, a união dos “pequenos” para criar força de

competição contra os “grandes” - no jogo do Sistema Internacional. Além de ser o

reflexo do objetivo das elites “em projetar o país como um ator relevante”

(RAMANZINI JÚNIOR, 2010, p. 61). Marcon (2014, p. 25) listou as delegações

criadas ao longo do governo Lula: “Genebra (Organização Mundial do Comércio),

Lisboa (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), Montreal (Organização da

Aviação Civil Internacional) e Viena (Agência Internacional de Energia Atômica).”

Além dos Regimes Internacionais que o Brasil assinou e a sua participação ativa na

Organização das Nações Unidas (ONU).

A PEB se baseou na lógica da diversificação, como Vigevani e Cepaluni

(2007) a definiram:

a adesão do país aos princípios e às normas internacionais por meio de alianças Sul-Sul, inclusive regionais, e de acordos com parceiros não tradicionais (China, Ásia-Pacífico, África, Europa Oriental, Oriente Médio etc.), pois acredita-se que eles reduzem as assimetrias nas relações externas com países mais poderosos e aumentam a capacidade negociadora nacional (Ibid, p. 283).

Logo, o Brasil priorizou novos rumos para contrabalancear as potências

mundiais. Buscando o desenvolvimento nacional, sendo parceiro dos Estados

Unidos, mas não se restringindo apenas a eles, visou a inserção de temas sociais e

mundiais dentro da agenda externa, sendo o governo da “autonomia pela

diversificação”.

2.2.1 Temas Principais da PEB de Lula

A PEB de Lula buscou uma contínua autonomia e cooperação com as

grandes potências (Estados Unidos, Europa), atrelando, também, esforços com

países de menor expressão mundial, porém em ascensão. Visando igualdade de

competitividade dentro do Sistema Internacional, que historicamente foi desigual em

relação ao Sul. Tendo em vista que a cooperação parte através de temas chaves:

Operações de paz, desarmamento, biocombustíveis, petróleo e gás natural, energia nuclear, mudança do clima, biodiversidade, florestas, mar, Antártida, espaço, direitos humanos; temas sociais, combate aos ilícitos transnacionais, metas do milênio, sociedade da informação, Aliança de Civilizações. (ITAMARATY, 2012, 02)

27

Portanto, alguns fundamentos políticos e diplomáticos significativos do

governo Lula poderiam ser resumidos, a partir de Ramanzini Júnior (2010):

criação do grupo IBAS (India, Brasil e África do Sul) em junho de 2003 e do G-20 comercial, na reunião de Cancun da OMC; a contribuição para o adiamento sine–die das negociações da ALCA (Área de Livre–Comércio das Américas) em 2005; participação em Missões de Paz da ONU, especialmente no caso do Haiti; a contribuição para conferir uma instrumentalidade prática ao conceito de BRICs; esforços para fortalecer a democracia e as relações pacíficas entre os países latino – americanos, inclusão do tema da pobreza na agenda internacional, busca de diversificação das relações comerciais e políticas, com destaque para o papel da China, Índia, África do Sul e Rússia.

Para o objetivo da monografia podemos acrescentar à listagem do autor as

Instituições, cooperação Sul-Sul, desenvolvimento por meio da sustentabilidade,

pobreza, biocombustíveis, direitos humanos, energia nuclear, gás natural, uma vez

que a abordagem desses temas assumiu eminente importância na conjuntura

internacional, urgindo acordos e políticas comerciais que visassem à preservação

ambiental. Para elucidar tal efeito, tem se que

A agenda diplomática tem-se tornado a cada dia mais complexa. Temas como as negociações comerciais multilaterais, os direitos humanos, o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável, o combate à fome e à pobreza, entre outros, afetam cada vez mais a vida do cidadão. É fundamental, portanto, que a política externa esteja sintonizada com os anseios da sociedade.

18

No próximo gráfico, elaborado por Vilela e Neiva (2011), visualiza-se o rol de

assuntos tratados por Lula e apresentados pelo MRE, condensados e associados

por regiões, tendo como banco de dados para elaboração todos os pronunciamentos

oficiais de Lula19 ligados à PEB:

18

Orientação Estratégica do Ministério das Relações Exteriores, Plano Plurianual 2008-2011. Brasília, 4 de maio de 2007 19

No total foram 749 pronunciamentos feitos por Lula para o público externo, confirmado pelo Itamaraty. Sobre estes pronunciamentos e os que sugerem uma linha argumentativa sobre o desenvolvimento sustentável serão apresentados no próximo capítulo e trabalhados no capítulo 4.

28

FIGURA 1: TEMAS E REGIÕES NOS PRONUNCIAMENTOS DE LULA

FONTE: VILELA e NEIVA, 2011.

Como se percebe, houve temas que tiveram maior destaque, como o da

Economia, Desigualdade Social, Instituições Internacionais e o meio ambiente.

Considera-se a ligação desses quatro temas como destaque, pois nos

pronunciamentos Lula pode ter mencionado o crescimento econômico por meios

sustentáveis, para diminuir a desigualdade social, não descartando as parcerias e

ações das instituições internacionais. Na tabela a seguir, pode-se observar a

correlação entre os temas considerados na pesquisa pertencentes à PEB de Lula

com as regiões visitadas ao longo dos mandatos:

TABELA 1: PERCENTUAL DE CITAÇÕES SIMULTÂNEAS DE TEMAS E REGIÕES

FONTE: VILELA e NEIVA, 2011.

29

Conforme os autores, Lula praticou uma PEB mais plural, porém enfatizou

parcerias com América do Sul e África, além de atender às Instituições

Internacionais (que aqui consideraremos a forma pela qual Lula quis atingir suas

parcerias por meio de fóruns multilaterais). A tabela auxiliou na elucidação da

aproximação diplomática com as nações austrais, tal qual na abordagem das

questões em voga como: o meio ambiente, a cooperação internacional, paz e

segurança, economia, desigualdade social, democracia e direitos humanos e

instituições internacionais tão destacadas nos pronunciamentos de Lula e, por

consequência, em sua Política Externa. Pois, a premissa foi a de que as mais

citadas foram relevantes para o autor do discurso.

Dentre todas essas questões, a preocupação central da monografia

concentrou-se na análise da variável de meio ambiente que engloba a busca

histórica do Brasil pelo desenvolvimento, nesse momento, em especial, o que foi

ligado à sustentabilidade. Observou-se que o tema meio ambiente teve uma relação

forte quando associado ao continente Africano (21,8%). Tal dado pode ser explicado

pelo fato de Lula, em seus pronunciamentos, ter buscado apresentar as

semelhanças entre África e Brasil para atingir desenvolvimento social e ecológico,

em função das semelhanças de desigualdades de ambos. Correlacionado à Europa

(22,9%) o tema pode ter sido pronunciado em função da história do continente

voltada a questões ecológicas, principalmente a Alemanha.

Não será realizada uma longa explicação sobre os outros temas, contudo

tais conjecturas servirão, no capítulo 4, para analisar em que contexto, dentro dos

pronunciamentos, o termo de desenvolvimento sustentável apareceu. Mas antes

disso, o objetivo de análise da próxima seção foi o de fazer uma introdução do tema

perante a desigualdade social brasileira, pois

o projeto interno do governo Lula também tem um significativo impacto internacional na medida em que suas propostas sociais vão ao encontro da agenda que busca corrigir as distorções criadas pela globalização, centrada apenas em comércio e investimentos livres. A campanha de combate à fome, representa o elemento simbólico que sinaliza a construção de um modelo sócio-econômico alternativo, respondendo à crise da globalização neoliberal (VIZENTINI, 2003, p. 389).

30

2.2.2 Desigualdade social e Meio ambiente: Eixos concomitantes?

Os Estados para exercerem o seus desenvolvimentos, suas soberanias e

suas autonomias devem garantir o bem estar das presentes e futuras gerações. O

Brasil é um país em desenvolvimento e ainda com extremas desigualdades entre

sua população, por isso há a necessidade de apresentar qualquer uma dessas

questões internacionais associadas ao contexto interno, mesmo que de forma

sucinta.

Carneiro (2012) dentro de sua pesquisa apresentou uma palavra referente

ao contexto vivido no Brasil que foi dita pelo economista Edmar Bacha (1972):

“Belíndia”. Referindo-se à Bélgica e à Índia dentro do Brasil, pois neste país há uma

região pequena com condições de vida de um país rico e uma grande parte da

população e do território em condições de miséria, como a Índia. E, portanto,

o modelo de desenvolvimento é desigual tanto social quanto ambiental. Desde 1972

como agora (CARNEIRO et al, 2012, p. 1420).Por meio dos dados a seguir, do início

dos anos 2000, podemos observar essa disparidade.

TABELA 2: MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM DISPARIDADES DE IDH

FONTE: PNUD, a partir de CARNEIRO, 2012, p. 1422

Como Duarte (2004) ressaltou, a pobreza levou à degradação ambiental por

falta de conhecimento da população e acesso a novas tecnologias. Entretanto, sabe-

se que a riqueza também pode gerar ataques ambientais pelo uso excessivo de

tecnologias e um consumo cada vez maior. Acarretando, assim, numa forma

perseguida de crescimento econômico, de acesso a tecnologias e novas formas

consumistas que não chegam a todas as parcelas da população. Dupas (1999)

afirma que a exclusão social está associada a uma espécie de “estratégia” para o

31

desenvolvimento, pois para que haja esse crescimento econômico pode “levar a

distribuições totalmente diferentes de benefícios” (ibid, p. 20).

A desigualdade social pode ser compreendida como todo o processo e

situação de diferenciação social e/ou econômica que conseguem “legitimar a

dominação e as hierarquias sociais” (CARDOSO, 2010, p. 27). Para a Sociologia a

desigualdade é: social na medida em que essa diferenciação é produto da interação

entre sujeitos sociais; nesse sentido, tanto o acesso diferenciado às oportunidades

como à riqueza econômica se realiza dentro de um sistema de relações de sentido e

poder que geram distinção, estigma, vulnerabilidade, exclusão, tanto no nível

individual como no nível coletivo, inclusive, tal diferenciação pode dar-se entre

regiões (SALGADO, 2010). Ademais,

basta lembrar o flagelo da fome em alguns países da África, ou a miséria reiterada de gerações inteiras nos sertões do Nordeste brasileiro, limitando as possibilidades objetivas das pessoas (DUPAS, 1999, p. 20).

A desigualdade pode tomar aspectos de exclusão social, pois esta apresenta

inúmeros aspectos da vida nacional (CAMPOS, 2003). Sendo que podem mesclar

tanto formas antigas como novas do capitalismo para essa exclusão de alguns

perante a política, ao acesso a bens ou, até mesmo, ao seu próprio cotidiano em

relações interpessoais. Pois, a exclusão social e, em consequência, as

desigualdades promovidas por ela são “multidimensionais, incluindo uma ideia de

falta de acesso não só a bens e serviços, mas também à segurança, à justiça e à

cidadania” (DUPAS, p. 20-21), além do próprio acesso ao mínimo de

sustentabilidade.

Com efeito, a problemática de exclusão social está relacionada, também, a

forma pela qual o país buscou desenvolvimento de forma sustentável, pois não

foram todos os estratos que possuíam acesso ao conhecimento e à prática de

preservação dos meios naturais. A partir da bibliografia da área, observou-se que o

contraste interno foi refletido nos discursos proferidos pelo Chefe de Estado, em

especial, a partir do ano de 2002.

Isso demonstra que políticas internas voltadas à pobreza e, portanto, ao

combate da desigualdade social poderiam estar diretamente relacionadas a outros

eixos de impacto à política externa. Por isso, optou-se apresentar no próximo

capítulo a metodologia privilegiada para associação de meio ambiente perante os

32

outros temas destacados no final da seção anterior – isso tudo a partir dos

pronunciamentos oficiais de Lula perante a sociedade internacional.

33

3 FONTES DE INFORMAÇÃO E ASPECTOS METODOLÓGICOS

Notou-se que os contrastes internos brasileiros – a desigualdade social,

principalmente - foram pauta da política externa do ex-presidente Lula e para

analisar uma determinada seara, no caso a de Desenvolvimento Sustentável, não se

pode excluir as inter-relações que o locutor está predisposto a fazer nos discursos.

Isto é, o assunto que o Chefe de Estado dá ênfase nos pronunciamentos foi com

algum objetivo específico, seja ele para mostrar determinados avanços, buscar

parcerias para melhorar alguma política ou apenas para exemplificar outra questão

em pauta.

Por isso, não se pode analisar um termo de pesquisa e excluir os demais,

sendo necessário relacioná-los para verificar em que medida estão próximos ou não

possuem ligação. Neste capítulo o objetivo será, portanto, o de delimitar o método

de análise de conteúdo, principalmente a partir de Laurence Bardin e outros autores

da área, para delimitação conceitual dos termos Meio ambiente, Cooperação

Internacional, Paz e Segurança Internacional, Economia, Desigualdade social,

Democracia e Direitos Humanos e Instituições internacionais.

3.1 ANÁLISE DO CONTEÚDO DE DISCURSO

A partir do capítulo anterior, se tem os eixos da PEB e os que foram

colocados como principais: aproximação com países não centrais, a busca de

autonomia para atingir a soberania, combate a pobreza (desigualdades sociais).

Outros autores, como VILELA e NEIVA (2011), fizeram as interconexões por meio

do software QDAMiner para mapear os pronunciamentos de Lula. Encontrou-se, por

exemplo, que o tema economia engloba o de desigualdades sociais, instituições

internacionais e de meio ambiente. Portanto, se o Brasil buscou atingir determinada

autonomia desde o século XX, como salientaram Vigevani e Cepaluni (2007), é

compreensível que a pauta econômica também seja enfatizada no governo Lula.

Contudo, é importante que haja a compreensão de como esse anseio se modelou ao

longo dos anos 2003-2010 nos discursos.

34

Como propósito inicial do trabalho, buscou-se responder de que maneira o

termo desenvolvimento sustentável se relacionou com outros temas da PEB, nos

pronunciamentos realizados por Lula e em suas viagens oficiais ao exterior. Neste

capítulo a explicação da ferramenta utilizada para chegar à resposta da pergunta-

problema será apresentada. Primeiramente, optou-se pela análise do conteúdo do

discurso defendida por Laurence Bardin (2002), ou seja, o estudo que efetuou a

associação de palavras por meio de técnica rigorosa que passou por três etapas:

análise prévia, exploração e interpretação dos resultados. Para elucidar tais etapas,

temos como exemplo o modelo a seguir:

FIGURA 2: ETAPAS DO MÉTODO DE LAURENCE BARDIN

FONTE: Bardin, 2002, p. 102.

Para atingir esse fim da interpretação do material, se deve seguir algumas

etapas. A primeira delas foi a de análise prévia, ou seja, a busca por materiais que

poderiam auxiliar na pesquisa. Essa etapa foi desenvolvida em projeto de Iniciação

35

Científica (Edital 2014/2015 CNPq) por meio de leituras sistemáticas de autores da

área de Ciências Sociais para optar pela teoria que melhor desenharia o objeto e

definiria o termo escolhido para análise

Nessa primeira etapa, a escolha dos documentos norteadores da pesquisa

foi feita a partir do banco de dados elaborados por Elaine Vilela e Pedro Neiva

(2011). Neste banco de dados existem 749 pronunciamentos de Lula, com 2635

páginas e mais de 1 milhão de palavras que foi reelaborado para fins desta

pesquisa. Primeiramente, chamaremos de pronunciamentos, pois o banco de dados

engloba entrevistas, discursos, artigos (VILELA; NEIVA, 2011, p. 76) de 2003 a 2010

e aqui foram separados ano a ano. E, posteriormente, efetuada uma busca manual

do termo “desenvolvimento sustentável”. Com efeito, os artigos que tivessem ao

menos uma menção a essas duas palavras juntas, no título ou no corpo do texto,

seriam separados para leitura.

Por meio dessa leitura flutuante (BARDIN, 2002, p. 96), momento pelo qual

houve o contato mais direto com o conjunto de documentos, formulou-se hipótese

de pesquisa. Quando o presidente Lula menciona o termo “desenvolvimento

sustentável” ele o relaciona a dois principais aspectos: o da cooperação e o do meio

ambiente. Este, principalmente, nas reuniões específicas sobre o tema e aquele

quando tange às parcerias dentro do sistema internacional. Ou seja, se menciona

projetos econômicos e cita a busca por um “desenvolvimento sustentável”, se pode

inferir que o locutor associou o termo à busca por parcerias internacionais para

angariar desenvolvimento econômico no território brasileiro.

Como ilustração da quantidade de documentos que ajudarão a responder à

pergunta-problema, colocamos em prática a etapa de recorte de material proposta

por Bardin, por meio da regra de pertinência: quando os documentos se adequam

ao conteúdo e a finalidade geral que nos propomos para a pesquisa (BARDIN, 2002,

p. 96-98). Abaixo segue o gráfico dividido ano a ano com o total de 92

pronunciamentos que constaram no título ou conteúdo o termo de “desenvolvimento

sustentável”, ou seja, foi o primeiro recorte feito a partir dos 749 disponibilizados

pelo banco de dados supracitado.

36

GRÁFICO 3 – PRONUNCIAMENTOS UTILIZADOS PARA A ANÁLISE

FONTE: Filtragem e elaboração própria. Banco de dados VILELA; NEIVA (2011)

Observa-se que 92 pronunciamentos, todos listados em apêndice, servirão

como apoio argumentativo do tema na Política Externa do Presidente Lula. Todos

esses documentos foram retirados do site do Itamaraty e, conforme informações

prestadas pelo mesmo, “o conjunto abrange todas as manifestações” de Lula – em

visitas ao exterior ou recebimento de chefes de Estado em território nacional (idem).

Logo, 12,28% dos pronunciamentos tiveram ao menos uma menção ao

termo “desenvolvimento sustentável”. Considera-se, portanto, um tema importante

dentro da Política Externa de Lula. Isso porque existem inúmeros temas, tais como

direitos humanos, pobreza, desigualdades, saúde, segurança, como o capítulo

anterior demonstrou, que estão presentes nos pronunciamentos.

Conforme Bardin (2002, p. 51) a análise documental une o aspecto

quantitativo20 ao qualitativo, ou seja, a contagem de palavras feitas no próximo

capítulo facilitará o acesso à informação da quantidade de pronunciamentos que

Lula fez e, dentre os quais, quantos tiveram menção ao termo “desenvolvimento

sustentável”. Para que, posteriormente, uma análise mais qualitativa, de leitura e

compreensão, pudesse colaborar apresentando uma interpretação desta realidade.

20

De contagem, não de análise quantitativa em si. Pois este seria o método que abarca tanto as modalidades de coleta de informações como o tratamento de dados por técnicas estatísticas, tais como as correlações, regressões e outras. Na presente monografia não será feito testes estatísticos, mas apresentaremos as frequências de dadas palavras.

10

25

6

11

18

12 10

0 0

5

10

15

20

25

30

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Quantidade de pronunciamentos que o termo "desenvolvimentosustentável" apareceu no título ou conteúdo

37

A partir de determinado conceito ou fato descrito, um trecho do discurso, artigo,

mensagem ou entrevista do presidente ou dados dispostos nos documentos serão

citados e, a partir disso, poderão inferir algo.

Não se livrando da subjetividade, pois “toda a linguagem tem um continuum

discursivo com polos de mais ou menos subjetividade, mas em parte alguma, sem

qualquer subjetividade” (ELICHIRIGOITY, 2007, p. 18), espera-se contribuir da

forma mais científica e isenta de opinião possível sobre os trechos que a pesquisa

se baseará. Como se pode verificar, no próximo gráfico, serão 111 trechos.

GRÁFICO 4 – TRECHOS COM MENÇÕES AO TERMO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”

FONTE: Filtragem e elaboração própria. Banco de dados VILELA; NEIVA (2011)

Contudo, ao final do recorte da codificação temos apenas 57 - destes 111

trechos que apresentam o termo – com alguma ligação direta ao tema, não sendo

apenas uma numeração de temas importantes para Lula ou uma simples citação.

12

31

6

12

19 16

14

0 0

5

10

15

20

25

30

35

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Quantidade de trechos que o "Desenvolvimento Sustentável" foimencionado

38

GRÁFICO 5 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM RELAÇÃO CONTEXTUAL

FONTE: Filtragem e elaboração própria. Banco de dados VILELA; NEIVA (2011)

Privilegiou-se, então, analisar esses 57 discursos que tiveram relação com o

meio ambiente de forma geral, ou qualquer outra forma que relacione ao meio

ambiente em si. Além destes pronunciamentos, documentos oficiais disponíveis nos

sites da Presidência da República e Ministério das Relações Exteriores servirão

como apoio argumentativo.

Na etapa de codificação, cuja passa por três critérios de organização: o

recorte quando se faz a escolha das unidades; a enumeração de regras de

contagens das palavras e; a classificação com as categorias listadas (BARDIN,

2002, p. 104). Nessa etapa, utilizar-se-á da literatura para definir sucintamente o que

foi considerado por cada palavra. Para essa elaboração das características textuais,

privilegiou-se a categorização elaborada por Elaine Vilela e Pedro Neiva (2011) e de

outros autores para a análise textual de cada eixo da PEB – detalhados no capítulo

2. Feito isso, foi delimitada as regras de contagem por meio de uma linha de corte

de até 10 linhas antes ou depois da menção para determinar se uma palavra estava

ou não relacionada ao termo “desenvolvimento sustentável”.

5

16

1 2

12

10 10

0 0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Quantidade de vezes que o termo "desenvolvimento sustentável" apareceuligado ao contexto do conceito de meio ambiente

39

3.2 PERSPECTIVAS CONCEITUAIS

Após a Segunda Guerra Mundial, deu-se o início a discussão sobre o

desenvolvimento. Pois, antes disso, no século XIX, por exemplo, não se falava em

“desenvolvimento”, mas em “progresso” ou em “civilização”. Observa-se que perante

a economia o

desenvolvimento é, basicamente, aumento do fluxo de renda real, isto é, incremento na quantidade de bens e serviços por unidade de tempo à disposição de determinada coletividade (FURTADO, 1961, p.115-116).

Ao contrário, na concepção das Relações Internacionais esse conceito

organizado a partir do documento da Carta das Nações Unidas considera outras

esferas sociais. Pois, houve a criação oficial, em 1945, da Organização das Nações

Unidas (ONU), cuja finalidade seria manter e melhorar a qualidade de vida

abarcando o âmbito econômico e a distribuição das benesses dentro da sociedade.

Com a ONU as discussões sobre o conceito de “desenvolvimento” se

intensificaram e diversos Organismos foram criados para ajudar os países a tratarem

de seus problemas econômicos e sociais, tais como os apontados por PORTELA

(2013): Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução

e Desenvolvimento (BIRD), o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o Programa das

Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Programa para a Educação,

Ciência e Cultura, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização

Internacional do Trabalho (OIT). Contudo, ainda outros termos “como progresso,

crescimento, industrialização, transformação, modernização, têm sido usados

frequentemente como sinônimos de desenvolvimento.” (STACOLIN, 1989, p. 06).

Nesse sentido, é compreensível que existam diversas críticas em relação ao

termo e a forma pela qual foi utilizado, pois o “crescimento econômico só se

metamorfoseia em desenvolvimento quando o projeto social prioriza a efetiva

melhoria das condições de vida da população” (ELI DA VEIGA, p. 03).

Segundo Barbosa (2008), o desenvolvimento econômico englobaria as

questões de desenvolvimento social e a preservação e conservação da natureza, ou

seja, a necessidade de inclusão social e a eco eficiência21 na exploração dos

21

O termo “eco eficiência” foi introduzido em 1992 pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) (Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável) por

40

recursos naturais. Percebe-se que a definição é muito complexa, uma vez que para

um país ser desenvolvido não basta ter o crescimento econômico, mas distribuí-lo

para toda população. Num país como o Brasil, a aplicabilidade desse conceito se faz

em longo prazo, pois existem problemas estruturais que dificultam a sua efetivação.

Se a palavra “desenvolvimento” gera ambiguidades, o termo incita ainda

mais debate pelo Brasil ser adepto do “desenvolvimento sustentável”22. Barbosa

(idem) ainda acrescentou que a fórmula sustentável contém a intersecção do

desenvolvimento social com preservação e conservação do meio ambiente,

juntamente ao desenvolvimento econômico. No esquema de conjuntos a seguir se

observa as intersecções propostas para atingir um pleno desenvolvimento

sustentável:

FIGURA 3 - OS TRÊS EIXOS DA SUSTENTABILIDADE

FONTE: http://www.infap.org.br/page1.php

meio da publicação do livro Changing Course, sendo endossado pela Conferência Rio-92 como uma forma das organizações implementarem a Agenda 21 no setor privado. [...] De acordo com o WBCSD, a ecoeficiência é obtida pela “entrega de bens e serviços com preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e trazem qualidade de vida, reduzindo progressivamente impactos ambientais dos bens e serviços, através de todo o ciclo de vida, em linha com a capacidade estimada da Terra em suportar”. (Banco do Brasil, responsabilidade socioambiental na prática). Disponível: em: http://www.bb.com.br/docs/pub/sitesp/sustentabilidade/dwn/Agenda21.pdf. Acesso 13 de novembro 2015. 22

Ainda que o termo se caracterize por itens paradoxais a pesquisa o considera verossímil.

41

Na década de 1970 iniciaram-se as discussões sobre a degradação do

planeta23. Movimentos ambientalistas se organizaram para compreender e deter a

busca excessiva por crescimento econômico. A Organização das Nações

Unidas engendrou uma Conferência específica para a governança ambiental

nomeada como "Meio Ambiente Humano", na cidade de Stockholm (SWE).

A Conferência ocorreu no ano de 1972, dando origem ao

PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). No mesmo

ano, estudiosos do "Clube de Roma" relataram24 que as consequências da produção

desenfreada, poluição e degradação do ambiente seriam catastróficas.

O III Relatório de Roma (1976) afirmou que, ao esgotar os limites físicos do

planeta, ocorreriam vários transtornos sociais em função da disparidade entre os

países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. Pois, os países do

Norte obtiveram benefícios a partir da degradação ambiental, que os do Sul não

poderiam explorar com as novas regras e limites de exploração. Nesse sentido,

tornou-se necessário elaborar uma nova forma de desenvolvimento que abarcasse a

concepção da natureza e a sua preservação, considerando as diferenças

econômicas e sociais entre os Estados.

Na Conferência de Ottawa (Carta de Ottawa, 1986) se firmaram cinco

“objetivos” que levariam a essa nova forma de desenvolvimento, identificado como

sustentável: integração do desenvolvimento e conservação, satisfação das

necessidades básicas dos seres humanos, alcance da equidade social e justiça,

autodeterminação social e diversidade cultural e a integração

ecológica. Apenas em 1987 com o relatório “Nosso Futuro Comum” - elaborado pela

Comissão de Brundtland25 - que se elaborou uma definição para o

desenvolvimento sustentável: "é aquele que atende as necessidades do presente

sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias

necessidades” (CMMAD, 1991, p. 10). Contudo,

23

Vale ressaltar que até então as Relações Internacionais estavam voltadas para a questão política, econômica e militar - desconsiderando as discussões sociais e ambientais, ainda mais no momento tenso da Guerra Fria. 24

No documento intitulado The LimitstoGrowth (Os limites do crescimento). 25

O termo adotado pela ONU foi estabelecido pela ex-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, contudo o relatório foi elaborado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD).

42

quando declararmos, com otimismo, que o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente podem ocorrer paralelamente, é preciso ressalvar logo: só se for dada prioridade máxima à preservação da ecosfera. O desenvolvimento econômico tem de ser secundário e orientar-se por rígidos padrões ecológicos. Ainda falta muito para que essas idéias fundamentais sejam aceitas universalmente. (CMMAD, 1991, p. 328 – sem grifos no original).

No ano de 1992, a ONU fez sua primeira Conferência para a discussão

de meio ambiente relacionada ao desenvolvimento econômico (ECO92), na cidade

do Rio de Janeiro (BRA). Essa reunião recebeu 116 Chefes de Estado, ao contrário

daquela de 197226 -, e tinha como objetivo encontrar uma forma aplicável do

desenvolvimento sustentável sem comprometer a sociedade. Pois, para, o então

Chefe de Estado, Collor de Mello, “não pode[ría]mos ter um planeta ambientalmente

sadio num mundo socialmente injusto” (apud SEIXAS CORRÊA, 2007, p. 517).

A partir desse momento os presidentes da República do Brasil passaram

a efetivar políticas voltadas para o meio ambiente, com o propósito de manter

proximidade com a agenda internacional. Atitude que não se afasta do conceito

de Política Externa, considerado como a interação com outros Estados, como junto

às Organizações Internacionais, visando inserção e busca de poder no âmbito

internacional (PINHEIRO, 2010, p. 07). Essas ações são realizadas com o intuito de

atingir o desenvolvimento econômico e social.

A posição do discurso brasileiro variou entre reativo e proativo dentro do

Sistema Internacional no que tange a determinados eixos, entre eles o complexo

desenvolvimento por meios sustentáveis. Essa dicotomia esteve presente nas

últimas décadas do século XX e início do XXI. Isso em função das retaliações que o

país poderia sofrer se não acatasse determinados temas em voga. Podemos nos

basear em FRANÇA (2015) que explica essas duas posições brasileiras divididas, a

primeira, em 1970 e a segunda, em 2002.

26

A ECO92 foi mais expressiva, pois além de contar com 116 Chefes de Estado, reuniu, também, 1400 ONGs, 9000 jornalistas. Já a “Meio Ambiente Humano” (1972) foi composta meramente por representantes de 113 países, com 250 ONGs, sem a presença de Chefes de Estado (ACORDOS GLOBAIS, 2012).

43

QUADRO 3- POSIÇÕES BRASILEIRAS NO SISTEMA INTERNACIONAL

DATA BRASIL REATIVO PROATIVO

1970 Sendo um mau jogador e

combativo -

2002 - Acatando as regras do jogo

Jogo: Desenvolvimento Sustentável. Jogadores: Países em desenvolvimento [Brasil] e os desenvolvidos. Regras: Desenvolvimento para os em desenvolvimento e Sustentabilidade para os

desenvolvidos.

FONTE: A autora baseada em FRANÇA, 2015, p. 29.

Para ilustrar essas posições brasileiras, pode-se citar o caso de Stockholm,

em 1972, em que a busca era por uma “defesa do desenvolvimento”, unicamente; “o

regime militar temia o movimento ambientalista por aproximá-lo dos movimentos de

esquerda” (CORRÊA DO LAGO, 2007, p. 115). Ao contrário da conjuntura

internacional que já se preocupava com a questão ambiental em função do consumo

desenfreado e suas consequências.

Com todo o debate internacional, o Brasil precisou entrar no “jogo” com

concepções que se adequassem à realidade mundial. No governo Sarney (1985-

1989), por exemplo, para tentar recuperar certo prestígio do Brasil, tentou fortalecer

as bases democráticas. Esse tema ajudou na atuação externa do governo (SEIXAS

CORRÊA - 2006, p. 481).

Foi o momento que o Brasil passou a querer um desenvolvimento com

conservação ambiental, mas sem abandonar sua herança desenvolvimentista.

Forma escolhida pelo governo para evitar custos em função de sua imagem

deteriorada perante a comunidade internacional.

Na Conferência ECO92 que se realizou o marco histórico brasileiro para a

conservação de meio ambiente ligada à política externa, acarretando em um êxito

diplomático (FRANÇA, 2015, p. 20). O resultado dessa conferência se deu na

elaboração de um relatório (Agenda 21) que define, dentre outros assuntos, o termo

sustentabilidade econômica, sendo definido, posteriormente, por Sachs (1993):

“refere-se a uma gestão eficiente dos recursos em geral e caracteriza-se pela

regularidade de fluxos do investimento público e privado. Implica a avaliação da

eficiência por processos macro sociais”.

44

O termo “processos macro sociais” dentro da psicologia adquire sentido

dicotômico, que segundo MORAES (1999, p. 76) “a complexidade dos fenômenos

econômicos, políticos e sociais se processam ao nível macro e ainda não sabemos

definir e prever, de forma consensual, quais são as consequências a curto e longo

prazo, nos planos micro e macro”. Portanto, a definição elaborada pela Agenda 21

demonstra certa generalidade que não permite saber qual a real aplicação da

sustentabilidade, pois manter a gestão eficiente dos recursos naturais não significa

que todas as parcelas da população se manterão sustentáveis.

Em 2002, a Cúpula para desenvolvimento Sustentável (Rio +10), realizada

em Johanesburgo, na África do Sul, trouxe o tema atrelado às questões sociais

(DINIZ, 2002) para o debate, com a representação de 189 países, porém os

resultados não foram muito significativos. Os países integrantes da OPEP, por

exemplo, juntamente com os EUA não assinaram o acordo de utilização de pelo

menos 10% de fontes renováveis de energia. Em 2012, na Rio+20, no Brasil houve

a reafirmação sobre o comprometimento dos países com a interação dos pilares

social, econômico e ambiental para o futuro (RIO+20, 2015)27

Mesmo com a definição de conceitos e eventos específicos para o meio

ambiente, as palavras “desenvolvimento” e “sustentável” são muito criticadas dentro

da literatura acadêmica. Autores como VEIGA (2005), CANEPA (2007) e

ASCELARD (1999) são alguns dos exemplos de críticos ao assunto. Mesmo o

conceito sendo questionável, por não definir ao certo o que seriam as necessidades

do presente e das futuras gerações, o mundo foi chamado à atenção sobre a

necessidade de pensar em formas alternativas de desenvolvimento econômico.

A seguir segue a classificação das definições que aqui foram tratadas como

critério de associação de palavras para interpretação do pronunciamento no capítulo

seguinte desta monografia.

MEIO AMBIENTE: Esse eixo será considerado como associado ao

desenvolvimento sustentável toda vez que a junção das palavras “meio” e

“ambiente” aparecerem juntas como justificativa, além de ser contabilizado quando

Lula remeter a concepção de “ambiental (proteção, questão, conservação, etc.);

27

Disponível em: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20.html

45

aquecimento global; desaquecimento (do planeta); Quioto (Kyoto); meio ambiente;

emissão de gás; efeito estufa; combustível renovável; biocombustível;

energia renovável; energia limpa; desmatar; desmatamento; mudança de clima;

poluição; carbono; CO2; ecologia; ECO_92; recurso hídrico; agenda 21; Rio92;

ecossistema; sustentável; poluente; Amazônia; floresta; queimada;

cerrado” (VILELA e NEIVA, 2001, p. 94).

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: Esse eixo foi bastante discutido no capítulo

anterior desta monografia, aqui apenas o reapresentaremos como critério de

associação. Ou seja, a cooperação internacional foi considerada no pronunciamento

quando o ex-presidente se remete a alguma parceria ou expectativa de parceria no

Estado que está visitando ou quando recebe um Chefe de Estado. Além de quando

estiver relacionada à variável de meio ambiente, na proximidade de linhas do termo

“desenvolvimento sustentável”. Por exemplo, cooperação internacional “deve ser

entendida através da ação política coordenada de seus agentes, uma vez que eles

responderão à mudança comportamental recíproca a fim de gerar uma

conformidade de ações para atingir seus objetivos individuais.” (FERNANDES;

COSTA, 2013). Quando as palavras “cooperação”, “parceria”, “objetivos”, “área de

afinidade”, “realidades próximas” ou sinônimos consideraremos como uma

associação a este eixo – apenas se próximo ao “desenvolvimento sustentável”.

PAZ E SEGURANÇA INTERNACIONAL: Toda vez que no pronunciamento

aparecer a palavra “paz” ou “segurança” ou “narcotráfico; tráfico de drogas; fronteira

(relacionada a conflito); terror; militar; guerra; defesa nacional; defesa internacional;

defesa do território; conflito; arma; armas; armada; desarmar; nuclear (teste, guerra,

bomba, etc.); segurança nacional; segurança internacional; conselho de segurança.”

(VILELA e NEIVA, 2001, p. 94)como um modo de “desenvolvimento sustentável” ou

como “os realistas tendem a ver a segurança como um derivativo do poder: um ator

com suficiente poder que atinja uma posição dominante adquiriria como resultado a

sua segurança. Já os idealistas tendem a ver a segurança como a consequência da

paz. Uma paz duradoura proveria segurança para todos.” (RUDZIT, 2005, p. 299).

Em outras palavras, quando o ex-presidente se remeter a questões de poder,

segurança e paz o eixo será contabilizado.

ECONOMIA: Quando o ex-presidente remeter o “desenvolvimento sustentável” a

46

critérios puros de crescimento econômico, apresentar dados de investimento e em

algumas situações quando afirmar que um país apenas conseguirá ser

desenvolvido economicamente por meio da educação. Encaixamos a questão

educacional nessa variável, uma vez que ela aparece apenas associada à

economia. Isto é, a economia foi contabilizada no momento que for mencionado

algo que possamos inferir que Lula apresentou o desenvolvimento sustentável como

modo de aumentar a renda da população (recursos repartidos) e, em consequência,

a alteração do status de país em desenvolvimento (para desenvolvido), em outras

palavras, utilizamos a codificação de VILELA e NEIVA (2001, p. 94): “economia;

inflação; financeira (estabilidade ou instabilidade); comércio; desenvolvimento

(econômico); subsídio; protecionismo; barreira não tarifária; tarifa; investir; indústria;

Produto interno bruto (PIB); agricultura; riqueza natural; produção; produtivo; força

de trabalho; geração de renda; geração de emprego; geração de postos de trabalho;

crise (financeira ou econômica); credor; devedor; privatizar; empresa; exploração

(econômica; capitalista; ligada a questão econômica); monopólio; barreira comercial;

banco; superavit, deficit; orçamento; exportação; importação; agroindústria;

agronegócio; agropecuária; BNDES; mercado”

DESIGUALDADE SOCIAL: Toda vez que as palavras “desigualdade; igualdade;

combate à fome; exclusão social; inclusão social; justiça social; injustiça social;

pobre; rico; distribuição de renda; proteção social; indigência; indigente; miséria;

favela; MST; segregação; programa social (bolsa-família, bolsa-escola, bolsa-renda

e bolsa-alimentação); vulnerável; menos favorecidos; universalização da educação;

universalização dos serviços públicos; contra a fome” (VILELA e NEIVA, 2001, p.

94). Além da concepção quando Lula apresenta que a única forma de

desenvolvimento sustentável seria por meio de um país mais justo e sem tantas

disparidades sociais.

DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS: “Direitos; democracia; xenofobia;

discriminação; racismo; justiça; injustiças; minoria étnica sexual ou racial;

emancipação do país ou política; cidadania; exploração sexual; exploração do

trabalho infantil” (VILELA e NEIVA, 2001, p. 95)

INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS: Toda vez que Lula remeter às parcerias com

organizações internacionais será feita uma leitura detalhada do trecho para

47

identificar se a menção será contabilizada como “instituições” ou como “cooperação”

ou como ambas. Por isso, conseguiremos apenas por meio das instituições

internacionais “União Europeia (UE); Comunidade dos Países de Língua

Portuguesa (CPLP); Organização das Nações Unidas (ONU); Banco Mundial;

Organização dos Estados Americanos (OEA); G7 ou G8; Organização Internacional

do Trabalho (OIT); Área de Livre Comércio das Américas (Alca); Mercado Comum

do Sul (Mercosul); Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura

(Unesco); Fundo Monetário Internacional (FMI); Fundo das Nações Unidas para a

Infância (Unicef); Organização Mundial do Comércio (OMC); Organização Mundial

da Saúde (OMS); Instituições Financeiras Multilaterais; Comunidade Ibero-

Americana; Governança Global; Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID);

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); Programa

das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); Associação Latino-Americana

de Integração (Aladi).” (VILELA e NEIVA, 2001, p. 94). Por meio destas que o Brasil

conseguiu angariar cooperações com os Estados membros.

A tabela a seguir privilegia a frequência como medida de contagem, pois ela

se torna significativa quanto mais se repetir, e será preenchida no final de cada

seção do próximo capítulo, conforme menções que remetam às definições

apresentadas anteriormente:

TABELA 3: EXEMPLO DE PREENCHIMENTO DA ANÁLISE DE FREQUÊNCIAS

Desenvolvimento sustentável associado a/ao Frequência

Meio ambiente Cooperação internacional

Paz e segurança internacional ECONOMIA/educação Desigualdade social

Democracia e direitos humanos

Instituições internacionais FONTE: Elaboração própria

Para melhor compreender essas nuances e as frequências que forem

relacionadas aos eixos da PEB, busca-se atingir a última etapa proposta por Bardin:

a de tratamento e interpretação dos resultados. Procurou-se, portanto, responder

o objetivo de identificar quais os temas que estiveram presentes atrelados ao meio

ambiente/desenvolvimento sustentável nos pronunciamentos de Lula.

48

Reconhecendo que o discurso sobre a política externa não se confunde com a sua

implementação.

49

4 O TERMO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” NOS PRONUNCIAMENTOS

DE LULA

O conceito de “desenvolvimento sustentável” foi considerado como aplicável

à realidade brasileira. Por isso o objetivo deste capítulo será apresentar como esse

conceito apareceu nos pronunciamentos oficiais de Lula perante a comunidade

internacional. Sabendo-se que os títulos destes, local e data foram listados em

apêndice, buscaremos responder às indagações deixadas no último capítulo; de

compreender quais foram os temas que estiveram no mesmo contexto dentro do

discurso. A metodologia privilegiada foi exposta no capítulo 3 e a partir desse

momento colocaremos em prática o último ponto proposto por Bardin (2002):

interpretação dos dados.

A sequência do texto foi dividida por ordem cronológica, apresentando no

final de cada seção a frequência que determinada variável da PEB esteve associada

ao termo “desenvolvimento sustentável”, após a análise de descrição qualitativa.

4.1 O ANO EM QUE LULA FOI ELEITO: 2002

A cooperação foi um tema muito presente na PEB de Luís Inácio Lula da

Silva, observou-se que o ex-presidente buscou parcerias por todo o mundo e viajou

muito mais que seu antecessor. A presença se fez importante num mundo

interdependente, como ele afirmou ser o meio ambiente uma área viável para a

parceria, em dezembro de 2002, numa visita aos Estados Unidos:

Uma área particularmente propícia a essa cooperação é a do meio ambiente. O mundo não pode fechar os olhos às políticas de preservação ambiental decididas pela Rio 92. Da mesma maneira que cabe aos países menos adiantados pensar em formas de desenvolvimento sustentável, cabe aos países ricos diminuírem a poluição no planeta.

28 (sem grifos no

original)

28

Discurso do Presidente Eleito Luiz Inácio Lula da Silva proferido no Clube de Imprensa Nacional dos Estados Unidos durante visita a Washington

50

Essa concepção de cooperação, também foi compreendida nesse mesmo

pronunciamento, como uma medida propícia para que haja a reforma do Conselho

de Segurança da ONU e o ex-presidente cita em especial que:

[o] âmbito que requer intensa cooperação internacional é o da segurança. Nós, brasileiros, felizmente, não temos sido alvos de terrorismo. Nem, por isso, deixamos de participar dos esforços internacionais para combatê-lo com a máxima energia e determinação, para que nunca mais aconteça o horror que desabou sobre o mundo em 11 de setembro do ano passado. A nossa solidariedade às vítimas do terror é inequívoca. (idem)

Nesse momento, Lula associa o ataque de 11 de setembro e a solidariedade

brasileira como uma maneira de pressionar a reforma do Conselho de Segurança.

Tal reforma diz respeito a uma das marcas da PEB, pois o Brasil buscou um assento

permanente nesse Conselho. E mais:

Em tal luta, iremos promover maior cooperação externa, seja com os nossos vizinhos, seja com organizações multilaterais, ou com outros países, entre eles os Estados Unidos. (idem)

O que mencionamos no capítulo 2, sobre a PEB de Lula, se confirma

também no trecho acima, pois aqui o ex-presidente deixou explícito que gostaria de

promover maior cooperação externa por meio de organizações multilaterais ou

com outros países – já introduzindo sua intenção de angariar parcerias por todo o

mundo, mas, claro, não descartando seu parceiro histórico: os Estados Unidos.

No ano de 2002, o termo de desenvolvimento sustentável esteve atrelado

ao propósito de atingir cooperação no sistema internacional e, também, ao meio

ambiente. Portanto, antes mesmo de tomar posse no Palácio do Planalto, Lula

buscou enfatizar suas premissas de cooperação. Percebeu-se, portando, que ele

mesclou a concepção de Estado Normal com a de Estado Logístico - modelos

mencionados nos capítulos anteriores, a partir do autor Amado Cervo.

TABELA 4: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2002

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 1

Cooperação internacional 1

FONTE: Elaboração própria

51

4.2 O PRIMEIRO ANO DE MANDATO: 2003

Ao contrário, em 2003, no pronunciamento de prestação de contas referente

ao ano, no próprio território brasileiro, o termo se associou diretamente a variável de

meio ambiente e os recursos liberados ao mesmo:

O Fundo da Marinha Mercante investiu este ano na indústria naval 640 milhões de reais, mais 160% do que os 250 milhões de reais investidos em 2002. Criamos a Secretaria Nacional de Aqüicultura e Pesca para inaugurar um novo tempo no setor pesqueiro em nosso País. Construímos, com os empresários do setor e os pescadores artesanais, um Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável para a Aqüicultura e Pesca, específico para cada uma das regiões brasileiras. Estamos ampliando a infra-estrutura de desembarque, beneficiamento, armazenamento e comercialização do pescado. Subvencionamos o preço do óleo diesel para embarcações. Liberamos R$ 300 milhões do Fundo de Marinha de Mercante para construção de frota nacional para pesca oceânica e R$ 600 milhões para a modernização da pesca artesanal. (sem grifos no original)

29

Ao apresentar os investimentos ligados à indústria naval, Lula os apresentou

em comparação a 2002, quando FHC ainda presidia o país. Nesse momento, se

pode compreender que as comparações com anos anteriores demonstram

determinado conhecimento político-histórico por parte do governante. Ao criar um

Plano Nacioanl de Desenvolvimento Sustentável, para cada uma das regiões

brasileiras, Lula demonstrou interesse na criação de nuances dentro do tema –

como a criação da Secretaria Nacional de Aquicultura e pesca.

No mesmo pronunciamento, Lula buscou enfatizar o que o governo dele

considerou “ser sustentável” e a parceria interna com os Ministérios para atingir o

desenvolvimento, nas palavras dele:

Para ser sustentável, o desenvolvimento tem que ter por base a harmonia entre o ser humano e a Natureza. A política ambiental do nosso governo é preventiva. Ela não corre atrás dos efeitos colaterais do crescimento, mas está inscrita, previamente, na dinâmica de cada projeto, através de agendas bilaterais entre o Ministério do Meio Ambiente e os demais Ministérios. É o caso, por exemplo, das iniciativas para exploração florestal em assentamentos – elaboradas com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O mesmo ocorre com a nova abordagem sobre infra-estrutura, envolvendo os Ministérios dos Transportes e o Ministério das Minas e Energia, entre outros. (idem)

29

Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Ato de Prestação de Contas do Ano de 2003

52

Ainda que o mesmo tivesse utilizado a concepção de senso comum sobre o

Desenvolvimento Sustentável, de que seja tão somente a correlação entre ser

humano e natureza, foi de suma importância que o Brasil, tendo um enorme território

e possuindo uma área verde extensíssima, valorizasse a Amazônia de forma

preventiva:

[...] esforços que reuniu 11 Ministérios para elaborar o Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Brasileira, que privilegia o desenvolvimento sustentável da região, concentrando-se, preliminarmente, numa área mais crítica de 60 municípios, no chamado Arco do Desflorestamento.(idem)

Em nossa conversa [com o presidente do Equador, Lucio Gutérrez], nós nos referimos também à instalação, em Brasília, da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, que nesta primeira etapa está sendo dirigida por um cidadão boliviano. Trata-se de um valioso mecanismo de coordenação política e de canalização de recursos extra-regionais para projetos de interesse de nossos dois países, na busca do

desenvolvimento sustentável da região amazônica.30

No trecho acima houve uma mescla de significados para o desenvolvimento

sustentável, pois, além da preservação da Amazônia, houve a incitação de privilegiar

a região Amazônica. Ou seja, quis demonstrar que 60 munícipios sairiam

beneficiados a partir da Cooperação entre o Brasil e o Equador para promover o

desenvolvimento.

No Líbano, no mesmo ano, o foco para falar de desenvolvimento sustentável

foi um modo de aproximar as realidades dos dois países. Pois, “como no Líbano,

enfrentamos o desafio de promover reformas difíceis, por vezes amargas, mas que

nos colocam na rota do desenvolvimento sustentável e da plena cidadania”31. Nesse

momento, Lula novamente esclareceu que o Brasil promoveu reformas complexas

para atingir um crescimento econômico de forma sustentável. Como apresentado

nos capítulos anteriores, sabe-se que a desigualdade social foi um fator relevante

para as motivações de assuntos dentro dos pronunciamentos, principalmente

quando relacionados ao meio ambiente.

30

Declaração do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à imprensa, durante visita do Presidente do Equador, Lucio Gutiérrez 31

Palavras do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Plenário da Assembléia Nacional Libanesa

53

A questão desigual de recursos no território nacional fez com que o ex-

presidente angariasse parcerias, buscasse recursos e efetivasse determinadas

políticas, pois, ao comparar as realidades, muitos Estados sentem-se mais à

vontade para auxiliar. Até mesmo o Brasil prometeu beneficiar alguns locais que

passavam por dificuldades similares. Portanto, mais uma vez a cooperação foi o

tema em voga para citar o termo “desenvolvimento sustentável”, como podemos

observar no próximo trecho:

Somos países com a aspiração comum ao desenvolvimento sustentável e ao bem-estar de nossos concidadãos. Nossos governos estão empenhados na renovação da vida econômica e política. Minha visita tem como objetivo explorar essas afinidades e pontos de aproximação. Queremos ampliar nosso intercâmbio econômico-comercial, ainda muito aquém de seu potencial. Demonstração viva desta disposição é a expressiva comitiva de empresários que me acompanha. Vamos expandir a cooperação em diversas áreas. (idem)

Além de confirmar a cooperação associada ao termo, observa-se a

aproximação de realidades. Essa esteve diretamente ligada à política Sul-Sul,

central no governo Lula. Em Pretória, 2003, o objetivo foi o mesmo: aproximação

entre os Estados, além do tema de Democracia:

Somos países que temos responsabilidade especial nas negociações internacionais sobre meio ambiente. Vamos desenvolver nosso patrimônio ambiental e biológico em favor do desenvolvimento sustentável. Queremos a adoção de padrões globais equilibrados e mais solidários nesse terreno. Acreditamos no ideal de um mundo em que predominem a paz, a cooperação e a democracia.

32

Democracia, sendo um dos pilares da PEB, foi definida no capítulo 3 como a

superação das injustiças como as do racismo ou, até mesmo, da inexistência de

exploração sexual. Podemos complementar a definição com as palavras de Lula

(2005):

A democracia é, para nós, um valor fundamental. Muitos dos nossos países sofreram, no passado, privação de liberdades públicas. Por essa razão, sabemos valorizá-las. A democracia não é apenas um modelo de governo ou um fim a ser alcançado. É também um processo, um caminho que nos leva, sem hesitações ou esmorecimento, a uma sociedade cada vez mais livre e participativa.

33 (sem grifos no original)

32

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar oferecido em sua homenagem pelo Presidente Thabo Mbeki 33

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no VI Fórum Global sobre Reinvenção do Governo

54

Considerando a sociedade como “livre e participativa”, pode-se inferir que no

governo Lula a participação popular teve prioridade pelo menos no discurso. No

momento da posse do primeiro mandato ele faz menção à Logística em todas as

searas da população. Adequaria suas políticas tanto aos mais humildes, para que

deixassem a linha de pobreza, como também auxiliaria os empresários a obterem

mais lucros, com menos juros, para fazerem da sociedade um local melhor. Pois, a

parceria entre Estado e Sociedade seria fundamental para atingir os objetivos

propostos e manter a segurança do país.

O tema de segurança correlacionado aos países do Sul também foi

destaque, pois “não haverá estabilidade, nem desenvolvimento sustentável, sem o

fim das guerras que afligem alguns países africanos. A atuação da África do Sul tem

sido exemplar na busca de soluções pacíficas para esses conflitos.” (idem). Mas,

além disso, o ex-presidente utiliza o termo “desenvolvimento sustentável” apenas

como um exemplo a ser buscado. Isto é, utilizou para elencar quais foram as

políticas que o governo brasileiro aceitou e praticou, como pode-se notar no trecho:

“estamos comprometidos com os valores democráticos, os direitos humanos, a

justiça social, a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável”. (idem).

No Suriname essa interpretação se manteve: “estou convencido de que

Brasil e Suriname estabelecerão uma sólida parceria, com impacto positivo sobre o

projeto de integração sul-americano, fundada no nosso compromisso comum com a

preservação da democracia, o respeito aos direitos humanos e a busca do

desenvolvimento sustentável.”34 (sem grifos no original).Nesse pronunciamento,

observa-se que o termo esteve relacionado tanto às parcerias internacionais quanto

à democracia e aos direitos humanos. Contudo ele não fez nenhuma explanação do

que seria e como se aplicaria o compromisso comum, apenas citou formas

possíveis.

Lula teve o hábito de relembrar políticas anteriores, seja de FHC ou de

governos bem anteriores na linha histórica. Quando menciona temas ligados ao

meio ambiente, remete a compromissos firmados na ECO92 e que deveriam ser

aplicados no governo dele, mas, para que isso fosse possível, haveria a

34

Palavras do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na declaração conjunta dos Presidentes do Suriname e Brasil

55

necessidade de cooperação internacional - para atingir a paz e a solidariedade em

situações complexas como às da igualdade e de gênero:

Somente com o pleno exercício da cooperação internacional para a paz e a solidariedade será possível preservar, e tornar realidade, bandeiras como as que levantamos nas grandes conferências dos anos 90: as dos direitos humanos, do desenvolvimento sustentável, da igualdade dos gêneros, do combate ao racismo e das múltiplas formas de discriminação e de exclusão social.

35 (sem grifos no original)

Isso demonstra que temas como direitos humanos, justiça social e proteção

ambiental foram aqueles que se deveriam ser pronunciados para mostrar que o

Estado não distoou dos outros no sistema internacional, principalmente quando a

visita presidencial fosse num Estado desigual. Coube também ao Itamaraty manter a

política externa de forma que seja aplicado o que se diz no território estrangeiro.

Outra definição dada por Lula, a respeito do desenvolvimento sustentável, foi

proferida em almoço oferecido aos formandos diplomatas:

Cabe ao Itamaraty, na execução da política externa brasileira, representar e defender os interesses de um país que busca os mesmos objetivos, nos planos nacional e internacional: o fortalecimento das formas democráticas de concertação política, o crescimento econômico com justiça social e a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos. Internamente, é este o caminho para o desenvolvimento sustentável. Nas relações internacionais é esta a via que conduz à paz duradoura.

36

Pode-se extrair dessa definição que Lula almejou, no discurso, um

desenvolvimento sustentável interno e externo, ou seja, manifestou o interesse, junto

aos delegados do Itamaraty, de melhorar a qualidade de vida da população.

Externamente a forma de atingi-lo seria com base na paz entre as nações. Aqui

obseva-se outra característica apresentada no capítulo 2: a legitimidade e autonomia

que o MRE tem no governo brasileiro.

Com o Peru, Lula buscou o desenvolvimento sustentável por meio da

cooperação, em busca da paz e do reconhecimento das populações, de forma

similar ao trecho anterior que foi pronunciado em território nacional, tem-se que:

[...] É importante que tenhamos coragem de transformar a relação entre Brasil e Peru numa relação estratégica, em defesa da nossa soberania,

35

Intervenção do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Reunião de Trabalho sobre multilateralismo - III Cúpula América Latina e Caribe - União Européia, em 2004. 36

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em almoço oferecido aos formandos do Instituto Rio Branco

56

em defesa da nossa cultura, em defesa da nossa economia, em defesa da nossa Amazônia e em defesa de um modelo de desenvolvimento sustentável, que possa despertar, na consciência dos milhões de brasileiros e peruanos. [...]

37

Observamos, portanto, no ano de 2003 uma atenção maior ao tema de

cooperação quando associado ao de desenvolvimento sustentável. Lula demonstrou

que viagens para determinados países tinham a função de criar relações

estratégicas para atingir a paz e segurança mundial, angariar recursos para políticas

bilaterais, superar as desigualdades sociais englobando a democracia e os direitos

humanos.

TABELA 5: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2003

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 2

Cooperação internacional 4

Paz e segurança internacional 3

Economia 2

Desigualdade social 1

Democracia e direitos humanos 4

FONTE: Elaboração própria

4.3 O SEGUNDO ANO: 2004

Em 2004, o discurso se manteve ligado às questões de cooperação e

democracia, afirmando ser o Brasil uma “nação de grande variedade e contrastes,

mas unida na vontade de avançar no caminho do desenvolvimento sustentável, da

democracia e da justiça social.”38

Para o ministro do Canadá a expectativa foi de parcerias econômicas: “o

Canadá, sob a liderança de Vossa Excelência, foi um parceiro decisivo do Brasil na

busca do desenvolvimento sustentável e do crescimento econômico eqüitativo.”39O

crescimento economico equitativo ao qual Lula se refere diz respeito a aplicabilidade

do conceito de desenvolvimento sustentável considerando a seara econômica, social

e ambiental, como intersecção apresentada por Barbosa (2008) e exposta no

37

Declaração do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à Imprensa, durante visita de trabalho do Presidente do Peru, Alejandro Toledo 38

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante almoço oferecido ao presidente do Paquistão, Pervez Musharraf 39

Declaração à Imprensa do Presidente da República, por ocasião da visita do Primeiro-Ministro Paul Martin ao Brasil

57

capítulo 2. Contudo, o ex-presidente apresentou áreas cruciais de interesse ao

Brasil, como o da pesca:

A preocupação com o desenvolvimento sustentável se reflete na nossa busca por uma maior coordenação internacional no combate à pesca excessiva dos estoques globais. Esse esforço é crucial para garantir a

segurança alimentar de grandes parcelas da população mundial.40

Nesse momento a segurança citada está diretamente relacionada à

desigualdade social, uma vez que as camadas mais pobres da população acabariam

sendo prejudicadas pela falta de alimentos disponíveis. A segurança alimentar não

está relacionada apenas ao âmbito interno, mas também à “coordenação

internacional”.

Perante outro parceiro estratégico, a Rússia, a visão que Lula passou foi a

de promover novas alternativas de desenvolvimento sustentável e, novamente,

remeteu aos projetos do passado ao parabenizar a Rússia - pela retificação ao

Protocolo de Quioto:

No campo energético, reiterei ao Presidente Putin minhas felicitações pela recente ratificação russa do Protocolo de Quioto. Essa decisão é altamente significativa, pois permitirá, em 2005, a entrada em vigor de instrumento crucial para a preservação do meio ambiente. Ao mesmo tempo, oferece novas alternativas para a promoção do desenvolvimento sustentável, através da utilização de fontes de energia renováveis. Esse é caso do etanol, onde o Brasil detém reconhecida experiência e capacitação

41

A energia renovável está diretamente relacionada tanto ao meio ambiente

como à economia e ao âmbito social. Acredita-se ser a política que mais satisfaz o

conceito de desenvolvimento sustentável, explicado na introdução e no capítulo 2,

porque o Brasil, ao optar por produzir energia nos campos eólicos, por exemplo,

deixa de contaminar o meio ambiente com o carvão natural ou pelos meios

nucleares. Quando produz energia limpa, atinge status de um país que se preocupa

com as futuras gerações e, em consequência, obtém recursos para a construção e

aperfeiçoamento de novas técnicas.

Tanto a questão energética como a natural, nos campos agrícolas, foram

destaque nas visitas aos países que compartilhavam contextos similares ao do

Brasil. Como na China que a cooperação Sul-Sul foi relacionada à agricultura: “[o]

40

idem 41

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de assinatura de atos por ocasião da visita oficial do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin

58

projeto de cooperação de alta tecnologia entre dois países em desenvolvimento.

Ele nos tornou proprietários de um sistema de sensoriamento remoto com

aplicações em setores decisivos para o desenvolvimento sustentável de nossas

cidades e agricultura”. (sem grifos no original)42

Na Índia a cooperação que o Brasil demonstrou buscar foi o da elaboração

do conceito e aplicação do desenvolvimento sustentável que no início do século

obteve ainda mais êxito:

Este é o primeiro evento sobre desenvolvimento sustentável que se realiza entre Brasil e Índia. Permitirá melhor conhecimento mútuo, maior compreensão de nossos desafios e a identificação de parcerias em diversos níveis. Brasil e Índia contam com rica experiência de pesquisa em desenvolvimento sustentável e um importante acervo de projetos implantados. Dispõem de experiência na elaboração de leis de projeção ambiental e sua implementação, por vezes muito difícil.

43

O ex-presidente Lula também mencionava o termo desenvolvimento

sustenável ligado à educação e as políticas que criou: “no que diz respeito à

educação superior, estamos promovendo uma profunda reforma universitária. Ela

será decisiva para capacitar o nosso país a enfrentar e superar os grandes desafios

desse novo ciclo histórico de desenvolvimento sustentável que estamos iniciando.”44

A paz, ou melhor, uma forma de manter a segurança do país foi mencionada

em diferentes contextos, como para demonstrar que “a diplomacia e o diálogo

político fortaleceram-se, desde então, como valiosos instrumentos para promover a

paz e impulsionar o desenvolvimento sustentável de nossa região.”45 Ou quando

demonstra a importancia do multilateralismo: “uma ordem internacional fundada no

multilateralismo é a única capaz de promover a paz e o desenvolvimento sustentável

das nações.”46

A política do multilateralismo é central da PEB de Lula, pois desde o primeiro

momento de seu governo foi enfatizado que por meio das instituições multilaterais

42

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar com o Presidente da China, Hu Jintao 43

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na solenidade de abertura do Encontro "Brasil-Índia - Desenvolvimento Sustentável: Perspectivas e Possibilidades" 44

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 4ª reunião do Grupo de Alto Nível do “Programa Educação para Todos” da Unesco 45

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no ato inaugural da 18ª Cúpula Presidencial do Grupo do Rio 46

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na 59ª Assembléia-Geral da ONU

59

seria possível obter maior segurança, paz e o desenvolvimento sustentável entre as

nações. Não somente no âmbito externo, como no combate da pobreza. Depois de

um ano e meio de governo, em São Paulo:

A eliminação da fome, a redução da pobreza, a promoção do desenvolvimento sustentável devem ser uma preocupação de todos os países, inclusive e, sobretudo, dos mais ricos. Trata-se de um imperativo, se quisermos garantir a paz e o efetivo cumprimento dos direitos humanos.

47

Considerando que ao se adequar a essa política externa, milhões de

brasileiros terão uma vida mais digna, por meio dos investimentos vindos de fora

para “possibilitar ter um modelo de desenvolvimento sustentável, em que a

preservação do meio ambiente passe a ser uma fonte de atração de novos

investimentos e para que a Amazônia cresça e dê dignidade aos milhões de homens

e mulheres que moram aqui.”48

Ao tentar fazer uma política de Estado Logístico, Lula adequou os benefícios

para todos os setores.

Que este Governo não vai deixar de adotar nenhuma medida para que o Brasil tenha um desenvolvimento sustentável e que os empresários e a sociedade brasileira acreditem que nós não estamos brincando ou fazendo insinuações, quando afirmamos que a economia brasileira vai ter um crescimento sustentável. E ele será crescente a cada ano daqui para frente.

49

Na citação anterior percebemos que o foco era para os mais humildes,

posteriormente ele faz uma declaração aos empresários, demonstrando que os

Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia não atrapalhariam o trabalho

dos donos de empresas, ao pedir produções mais sustentáveis. Ao contrário, esses

Ministérios poderiam ajudá-los na produção e trazer o desenvolvimento ao país.

TABELA 6: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2004

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 3

Cooperação internacional 3

47

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da XI UNCTAD 48

Discurso do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de inauguração do restaurante Prato Cidadão 49

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de lançamento do programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e de assinatura de Acordo de Cooperação Técnica entre os Ministérios de Minas e Energia e Meio Ambiente, no Palácio do Planalto.

60

Paz e segurança internacional 1

Economia 3

Desigualdade social Educação

2

Democracia e direitos humanos 1

Instituições internacionais 1

FONTE: Elaboração própria

4.4 O TERCEIRO ANO: 2005

Em 2005, em função da visita do presidente da Gâmbia, Lula mencionou o

termo associado às aproximações que ambos países possuem em sua trajetória. Ou

seja, aplica mais uma vez o que caracteriza o Estado Logístico com as parcerias

Sul-Sul:

O Acordo-Quadro de Cooperação Técnica, que também acabamos de assinar, nos permitirá explorar experiências comuns e conhecimentos complementares em benefício do desenvolvimento sustentável de ambos os países. O Brasil bem conhece os fortes dilemas que a Gâmbia enfrenta para, de um lado, preservar o meio ambiente e a justiça social e, de outro lado, atender as demandas, igualmente legítimas, por progresso e bem-estar

50. (sem grifos no original)

As duas últimas palavras do trecho anterior, “progresso” e “bem-estar”,

foram as que, geralmente, Lula utilizou para se aproximar dos países do hemisfério

Sul. Sendo o Brasil um “ator global”, como apresentado no Colóquio na França, tem

a capacidade de reunir “todas as condições para tornar sua inserção na economia

internacional cada vez mais proveitosa e, o que é muito importante, preservando

nossa autonomia para executar políticas públicas indispensáveis para um

desenvolvimento sustentável, com justiça social.”51

A inserção que o ex-presidente se referiu diz respeito a todas as políticas

voltadas para o desenvolvimento brasileiro no mundo globalizado, seja com os

países do Sul, da Europa ou da América do Norte. Foi fato e necessário manter

estratégias para alçar e manter a autonomia no Sistema Internacional, isso, também,

50

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita oficial do Presidente da República da Gâmbia, Yahya Jammeh

51

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do Colóquio “Brasil: Ator Global”

61

por meio dos países vizinhos como a Argentina, além “[d]a consolidação do

Mercosul e a integração sul-americana são para nós prioritárias. Mais que isso: são

inseparáveis de nosso projeto nacional de desenvolvimento. E isso não é retórica; é

realidade, é fato.”52

O Mercosul também ocupou muitos parágrafos dos pronunciamentos de

Lula, a modo exemplificativo seguem alguns trechos que demonstram a importância

desse bloco econômico para a integração:

[...]O Mercosul é uma realidade

O Mercosul não pode reduzir-se apenas a uma zona de livre comércio ou mesmo a uma união aduaneira. Ele tem a vocação de ser um efetivo espaço de integração econômica, política, cultural e de construção de uma nova e ampliada cidadania. [...]

Mercosul, voltado para a redução das assimetrias entre os países membros e suas regiões, promovendo a competitividade e a coesão social.

53

Além de utilizar a integração entre as nações, dessa vez destinada ao

presidente da Coréia, para promover o desenvolvimento sustentável:

Em nossa região, por meio da integração, o Brasil e seus vizinhos sul-americanos estão buscando respostas democráticas e solidárias para o desafio do desenvolvimento sustentável. Foi com esta convicção que meu governo patrocinou no início deste mês, em Brasília, a Primeira Cúpula América do Sul – Países Árabes. Estamos construindo consensos, baseados no conhecimento mútuo e na tolerância. São essas nossas armas na construção de um mundo de paz, segurança e prosperidade.

54

No que tange às respostas democráticas e solidárias, Lula remeteu a

questão de distribuição equitativa de bens dentro da sociedade. Em outras palavras,

poderíamos aludir à questão de desigualdade social - que abordamos no capítulo 2-,

pois “é fundamental criar condições para um longo período de desenvolvimento

sustentável, que aumente a renda e reduza as desigualdades.

A boa política econômica, essencial para uma boa governança, tem de combinar a

racionalidade das soluções técnicas com a compreensão das demandas sociais

legítimas.”55 (sem grifos no original)

52

idem 53

idem 54

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião do jantar oferecido pelo Presidente da Coréia, Roh Moo-Hyun 55

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no VI Fórum Global sobre Reinvenção do Governo

62

Para que isso seja possível, Lula afirmou ser necessário que haja mais

valores democráticos para garantir “o bem-estar, a justiça social, o

desenvolvimento sustentável e o respeito aos direitos humanos do povo. Ela

se fortalece e produz consensos quando articulada com medidas de democracia

econômica e social. Com vontade política, podemos traduzir esses valores em ações

para o combate à fome e à pobreza.”56 (sem grifos no original). Nesse momento

percebe-se que o termo da pesquisa, o “desenvolvimento sustentável”, aparece

apenas citado como uma das formas para garantir a democracia, os direitos

humanos e o bem-estar social.

TABELA 7: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2005

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Cooperação internacional 2

Economia 2

Desigualdade social 1

Democracia e direitos humanos 2

FONTE: Elaboração própria

4.5 O ÚLTIMO ANO DO PRIMEIRO MANDATO: 2006

Em 2006, Lula manteve o discurso de defesa do Mercosul e citando o DS

como mais um item que deve ser alcançado por meio de políticas de integração,

como observamos no trecho: “ele [o Mercosul] cumprirá as tarefas fundamentais de

promover e defender a democracia, a liberdade, a paz e o desenvolvimento

sustentável com justiça social.”57

Outra maneira utilizada pelo ex-presidente para se remeter a promoção do

DS foi por meio de alguns fundamentos políticos e diplomáticos como a OMC ou das

Nações Unidas, que são organizações multilaterais:

O comércio justo, assentado em bases sólidas, consensuais, e uma OMC transparente, sensível às necessidades dos países em desenvolvimento, constituem um dos pilares da nova ordem mundial que defendemos. Outro pilar no campo da paz e da segurança internacional é constituído pelas Nações Unidas. O Brasil é um firme defensor das organizações multilaterais como espaço de cooperação e diálogo. Não há modo mais efetivo de aproximar os estados, manter a paz, proteger os direitos humanos, promover o desenvolvimento sustentável e construir soluções

56

Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sessão especial da Assembléia Nacional da Guiana 57

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Sessão Solene de constituição do Parlamento do Mercosul

63

negociadas para os problemas comuns. 58

(sem grifos no original)

Sobre o IBAS, ele foi enfático:

O IBAS é muito mais do que uma construção diplomática. É a expressão natural de identidades de visão sobre grandes temas internacionais. É também uma manifestação concreta de objetivos compartilhados por Brasil, Índia e África do Sul. Somos democracias plenamente consolidadas, que dão exemplo de convivência harmônica entre as várias etnias e culturas que formaram nossas sociedades. Somos economias emergentes, destinadas a ter presença internacional sempre mais relevante. Somos, também, países que ainda enfrentam o desafio de combater a pobreza extrema e lograr um desenvolvimento sustentável. (sem grifos no original)

59

Tratando específicamente da India, pode-se tratar da realidade de ambos os

países e os intercâmbios feitos, que “enfrentam desafios semelhantes na promoção

do desenvolvimento sustentável e na superação da pobreza extrema. Temos um

enorme patrimônio de experiências e políticas sociais que podemos intercambiar.

Nossa cooperação educacional já é uma realidade.”60

Ao tratar das parcerias feitas entre Brasil e Gana, Lula afirmou que poderia

auxiliar este país a conquistar o DS61. Contudo, necessita de recursos provenientes

da União Europeia, tanto para reforçar a cooperação bilateral como para atingir o DS

no Brasil e “reforçar nossa parceria em matéria social, em ciência e tecnologia,

turismo, segurança energética, meio ambiente [...]”62

Nesse ano de 2006, somente ao estar especificamente numa Convenção

para o Meio ambiente, Lula tratou do tema de DS com mais ênfase e descrições

mais longas de métodos para atingi-lo. Isso ocorreu por ocasião da Oitava

Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), na

cidade de Curitiba. Essa cidade foi considerada como a que reúne qualidade de vida

e sustentabilidade, segundo o site do governo brasileiro63, dando mote para o

discurso.

58

idem 59

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Sessão de Abertura da I Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) 60

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Cerimônia de Assinatura de Atos e Declaração à Imprensa, por ocasião da Visita Oficial ao Brasil do Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan Singh 61

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita do Presidente de Gana, John Agyekum Kufuor 62

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita do Presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso 63

Disponível no link http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/05/curitiba-reune-qualidade-de-vida-e-sustentabilidade . Acesso em 23/10/2015.

64

Uma lógica ambiental sustentável é incompatível com uma engrenagem econômica que se apóie em desigualdades sociais crescentes e asfixiantes. Hoje, 25% dos habitantes mais ricos do Planeta consomem 80% dos recursos disponíveis na Terra. Um bilhão, novecentos e cinqüenta milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, com menos de 2 dólares por dia.

64

Mais uma vez o tema esteve associado às desigualdades sociais e Lula

aproveitou para enfatizar o que fez nos primeiros anos de governo, nacionalmente,

para fazer o país sustentável:

No período de 2004-2005, logramos uma redução de 31% nos índices de desmatamento da Amazônia, a primeira queda em nove anos. Aprovamos uma Lei de Gestão de Florestas Públicas, que vai promover o uso sustentável de 13 milhões de hectares na região, criando 140 mil novos empregos diretos, além de gerar receita e impostos que serão aplicados na gestão florestal. Das 58 mil 373 famílias assentadas pela reforma agrária na região amazônica, em 2005, grande parte já vive em projetos de desenvolvimento sustentável, em assentamentos florestais e agroextrativistas.

65

No âmbito internacional, o foco se deu, novamente, para redução da

pobreza: “a comunidade internacional só será verdadeiramente democrática e

representativa quando os países em desenvolvimento puderem conduzir seu próprio

destino e incidir sobre as questões internacionais, como o comércio justo, a garantia

da paz, a eliminação da fome e da pobreza e a promoção do desenvolvimento

sustentável.”66 Além da parceria com o Reino Unido a modo de “uma preocupação

comum em estender, para a esfera internacional, nosso compromisso doméstico

com a justiça social e a eqüidade. Daí nosso engajamento conjunto nas iniciativas

internacionais de combate à fome e à pobreza e de preservação do meio

ambiente”67 (sem grifos no original).

Listou também quais os campos para novas associações entre Brasil e

Reino Unido: “além da ciência e tecnologia, das energias alternativas e do

desenvolvimento sustentável, importantes progressos foram iniciados nas áreas da

educação e da saúde, essenciais ao crescimento de nossas economias e do bem-

64

Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do segmento de alto nível da Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8) 65

idem 66

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita ao Parlamento Britânico 67

idem

65

estar de nossos povos.”68 Economia bem sucedida para Lula foiquando o Estado

consegue “caminhar com as próprias pernas” para, somente assim, atingir o

desenvolvimento de forma sustentável.69

TABELA 8: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2006

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 2

Cooperação internacional 3

Paz e segurança internacional 2

ECONOMIA/educação 3/1

Desigualdade social 4

Democracia e direitos humanos 2

Instituições internacionais 3

FONTE: Elaboração própria

4.6 O PRIMEIRO ANO APÓS REELEIÇÃO: 2007

Em 2007, no seu segundo mandato como presidente da República Lula,

num debate sobre mudanças climáticas na ONU, criticou o modelo de

desenvolvimento até então aplicado: “não nos iludamos: se o modelo de

desenvolvimento global não for repensado, crescem os riscos de uma catástrofe

ambiental e humana sem precedentes”70. Uma das formas para reverter esse

desastre social e ambiental, seria por meio da

eqüidade social[, pois] é a melhor arma contra a degradação do Planeta. Cada um de nós deve assumir sua parte nessa tarefa. Mas não é admissível que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da Terra. Os países mais industrializados devem dar o exemplo. É imprescindível que cumpram os compromissos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto

71(sem grifos no original)

No trecho acima, percebemos duas características essenciais da PEB de

Lula: primeiramente, alusão à desigualdade presente entre os países do Norte sobre

os do Sul; por conseguinte, quando remete, novamente, aos acordos firmados em

68

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião do Banquete de Estado oferecido pela Rainha Elizabeth II 69

Discurso por ocasião de reunião com o Diretor-Gerente do FMI, Rodrigo de Rato - Mensagem do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Congresso Nacional, pela instalação da 4ª Sessão Legislativa Ordinária da 52ª Legislatura 70

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do Debate-Geral da 62ª Assembléia-Geral das Nações Unidas 71

idem

66

Quioto. Remissão esta integrante das ações tomadas pelo ex-presidente para

defender o tema global sobre o clima e a Amazônia, pois

o Brasil não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania e nem de suas responsabilidades sobre a Amazônia. Os êxitos recentes são fruto da presença cada vez maior e mais efetiva do Estado Brasileiro na região, promovendo o desenvolvimento sustentável – econômico, social, educacional e cultural – de seus mais de 20 milhões de habitantes. Estou seguro de que nossa experiência no tema pode ser útil a outros países.

72 (sem grifos no original)

Experiência pioneira no que tange ao biocombustível, por exemplo, “o etanol

ajuda a combater, há um tempo, a escassez do petróleo e o aquecimento global:

reduzimos em 40% nosso consumo de gasolina e deixamos de emitir, desde 2003,

120 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente.”73 O ex-presidente ainda

justificou a atuação brasileira como forma de “garantir milhões de postos de trabalho

que estão sendo criados demonstram como os combustíveis verdes podem

favorecer o desenvolvimento sustentável de todo o mundo, sobretudo nas regiões

mais pobres da América Latina, do Caribe e da África.”74(sem grifos no original)

Argumento que foi reforçado no Seminário próprio para o tema de

combustíveis, quando tratou das taxas de desmatamento paralelamente às áreas de

preservação:

Com a substituição dos derivados do petróleo por biocombustíveis, evitamos a emissão de 640 milhões de toneladas de gás carbônico, desde a década de 70. Paralelamente à expansão da produção e do uso de biocombustíveis no Brasil, conseguimos uma redução da ordem de 60% na taxa de desmatamento. Criamos 20 milhões de hectares de áreas de preservação ecológica e reservas de desenvolvimento sustentável.

75

Quando tratamos de meio ambiente, englobamos a problemática de

biocombustíveis, energia renovável, preservação da Amazônica, dentre outros, mas

percebe-se que os dois primeiros tem forte correlação com o termo de

desenvolvimento sustentável, pois ao utilizar o biocombustível76 consegue-se uma

72

idem 73

Artigo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intitulado "Brasil-Escandinávia: parceria ambiciosa ", publicado pelo jornal "Folha de São Paulo" 74

idem 75

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da abertura do Seminário sobre Biocombustíveis 76

Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após visita à Transpetro com o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush

67

fonte alternativa de energia veicular; “oferecem respostas concretas aos desafios da

fome e da miséria nos países mais pobres”77e, também, “aumentam a segurança

energética, ajudam a conter os efeitos da mudança climática e promovem o

desenvolvimento sustentável”78. Por isso, Lula demonstra para a PEB que o Senegal

é importante:

Senegal e Brasil têm o desenvolvimento sustentável como meta maior. Por isso, estamos construindo uma parceria voltada para as gerações futuras. Com esse objetivo, estamos assinando um acordo de cooperação técnica para viabilizar a produção de energia renovável no Senegal.

79

Ao tratar da promoção de energia elétrica brasileira, foi necessário

“estabelecer as bases para o desenho de políticas energéticas regionais, que são

imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável. A América do Sul é uma das

poucas regiões do mundo auto-suficientes em energia.”80 Pois,

precisamos trabalhar para que toda a nossa capacidade hidrelétrica, as abundantes reservas de petróleo e gás e o potencial dos biocombustíveis sejam plenamente aproveitados. Além de serem fontes alternativas baratas, renováveis e limpas, o etanol e o biodiesel oferecem resposta eficaz e inovadora a alguns dos principais desafios de nossa época.

Essa opção eólica, que foi estudada para implantação no território nacional

gerando “o desenvolvimento sustentável, empregos e renda, sobretudo para os

trabalhadores da agricultura familiar”81. A biomassa também acarretou na

“criação de empregos, geração de renda e combate à mudança do clima formam o triângulo virtuoso que desejamos para nossos países. As biomassas podem ser determinantes para concretizar nossa aspiração comum ao desenvolvimento sustentável e à erradicação da fome e da pobreza”

82

Lula associou o desenvolvimento sustentável à geração de empregos e à

distribuição de renda, talvez isso se dê em função da “definição” apresentada no

primeiro ano de seu mandato, como abordado no início desse capítulo. Ou em

função do que o país aprendeu com “Nehru [que] acreditava que a democracia e a

77

Palavras do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encerramento do Seminário Brasil-Finlândia sobre Oportunidades de Investimentos 78

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Sessão Plenária da Cimeira Empresarial Brasil-União Européia 79

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de assinatura de atos, por ocasião da visita ao Brasil do Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade 80

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da sessão de encerramento do Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina 81

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Sessão Plenária da Cimeira Empresarial Brasil-União Européia 82

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da cerimônia de inauguração da Usina de Etanol da Jamaica Broilers Group

68

tolerância eram as melhores armas para combater a pobreza e a miséria. Antes

mesmo que essa expressão se tornasse moda, Nehru defendia o desenvolvimento

sustentável, centrado na pessoa humana”83. Senão, com a experiência do Vietnã,

que também buscou alcançar o DS por meio da inclusão social84.

Em face dessa discussão, foi salientado que o Brasil deveria sediar a

Conferência Rio+20 para o meio ambiente, em 2012, pois seria “muito importante o

tratamento político integrado de toda a agenda ambiental”.85 Não se esquecendo da

cooperação da “comunidade internacional[, porque] deve engajar-se solidariamente

em missões de verdadeira construção da paz e da cooperação para o

desenvolvimento sustentável.”86

TABELA 9: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2007

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 6

Cooperação internacional 2

Paz e segurança internacional 2

Economia 2

Desigualdade social 6

FONTE: Elaboração própria

4.7 O SEXTO ANO DE MANDATO: 2008

Em 2008, Lula novamente priorizou o DS como um tema que deve ser

mencionado em seus pronunciamentos, para atingir um

diálogo condizente [...]. Vamos falar sobre direitos humanos, educação, cultura, juventude e esportes. Vamos examinar de que forma podemos contribuir para a governança global em temas cruciais como desarmamento e não-proliferação, desenvolvimento sustentável, mudança do clima e política energética.

87

83

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de entrega do Prêmio Jawaharlal Nehru 84

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante almoço oferecido ao secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nong Duc Manh 85

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do Debate-Geral da 62ª Assembléia-Geral das Nações Unidas 86

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após assinatura de atos entre Brasil e Itália, por ocasião da visita de Estado do Presidente do Conselho de Ministros da República Italiana, Romano Prodi 87

Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após Reunião de Cúpula Brasil-União Européia

69

Além da cooperação Sul-Sul colocada implicitamente no trecho: “Podemos

nos orgulhar do papel que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

desempenhou e desempenha na caminhada do Timor rumo à paz e ao

desenvolvimento soberano. Por meio da CPLP, somos mais fortes e unidos na

defesa de nossos objetivos comuns”88 (sem grifos no original). No destacado em

negrito, podemos observar que a união dos países menos desenvolvidos pode

resultar na força de um bloco econômico. Pois, “no Brasil, aprendemos que não há

desenvolvimento sustentável sem a luta contra a pobreza, a miséria e a exclusão

social. Queremos que também no Timor o combate à fome, ao analfabetismo e ao

desemprego ajude a criar novas perspectivas para a juventude e um futuro melhor

para todos”89

Essa discussão se dá em razão da PEB adotada ao longo do governo Lula:

O desenvolvimento sustentável de países mais pobres não será possível sem a conclusão justa e equilibrada das negociações da Rodada de Doha. Também estamos engajados em relançar, no mais breve prazo possível, as negociações Mercosul-União Européia. Contamos com a Áustria para chegar a acordos que reflitam, adequadamente, as assimetrias entre ambas as regiões

Nesse ano o debate em torno dos biocombustúiveis e da Amazônia90

também existiu, por que “temos consciência de que a preservação de nosso

patrimônio é essencial para assegurar desenvolvimento sustentável.”91, ademais

Os biocombustíveis são área à qual devemos dar especial atenção. O etanol e o biodiesel geram renda e empregos no campo, contribuem para diminuir as emissões de gases de efeito estufa e constituem, acima de tudo, ferramentas para a construção de políticas de desenvolvimento sustentável, compatíveis com os anseios de nossas populações.

92

Nos dados informados por Lula, nos parágrafos seguintes, demonstram um

resumo da real preocupação para ter um desenvolvimento sustentável dentro do

Brasil:

88

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Parlamento Nacional do Timor-Leste 89

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Parlamento Nacional do Timor-Leste 90

O “etanol e o biodiesel podem conviver em harmonia com os nossos princípios do desenvolvimento sustentável e políticas sociais prioritárias.” (Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de abertura de encontro empresarial) 91

Artigo do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para a revista do jornal Financial Times, do Reino Unido - A Mudança do Clima e as Responsabilidades Globais 92

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de encerramento do seminário empresarial "Brasil-Vietnã: Construindo Novas Parcerias"

70

Nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável está demonstrado em números. Entre 2004 e 2007, o Brasil criou quase metade do total das áreas protegidas do mundo. No mesmo período, o desmatamento caiu 59%. É por isso que 69% da floresta brasileira ainda estão preservados e que 28% das florestas de nosso Planeta estão em nosso País. Mas não basta aumentar a fiscalização e reprimir os crimes ambientais. Lançamos o Plano Amazônia Sustentável com o objetivo de melhorar as condições de vida da população da Amazônia, que será a guardiã principal desse enorme patrimônio. Esse mesmo compromisso explica que nossa matriz energética seja uma das mais limpas do mundo, com quase 45% de sua produção oriunda de fontes renováveis. Toda a gasolina no Brasil recebe, no mínimo, 25% de etanol. Quase 90% dos veículos produzidos no ano passado possuem motores habilitados a combinar gasolina e etanol, e 22% de nossa frota de transportes utiliza biocombustíveis. São fatos que provam nossa determinação em proteger o meio ambiente. Mas vamos fazer ainda mais. Para isso, contamos com nossos parceiros para avançar na produção em escala mundial de biocombustíveis sustentáveis do ponto de vista ambiental e social.

93

TABELA 10: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2008

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 4

Cooperação internacional 2

Paz e segurança internacional 1

ECONOMIA/educação /1

Desigualdade social 2

Democracia e direitos humanos 1

Instituições internacionais 2

FONTE: Elaboração própria

4.8 O SÉTIMO ANO DE MANDATO E ÚLTIMO AO QUAL MENCIONA O

“DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”: 2009

Em 2009, foi o penúltimo ano de governo e o último ao qual o termo

desenvolvimento sustentável foi mencionado nos pronunciamentos oficiais de Lula

perante a comunidade internacional. E, mais uma vez, o ex-presidente reforça seu

comprometimento com o DS, em função “[d]a posição de liderança que o Brasil

assumiu na COP 15 e os importantes avanços alcançados na redução do

desmatamento”94.

Em Portugal, Lula foi enfático ao afirmar que o DS só seria possível, com as

ambições propostas pela COP 15 (por exemplo, reduzir o desmatamento da

93

Declaração à imprensa e entrevista coletiva conjunta por ocasião da visita oficial da Chanceler Federal da Alemanha, Angela Merkel, com perguntas respondidas pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva 94

Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, ao jornal El Mundo, da Espanha

71

Amazônia em 80% até 2020), sendo necessárias “inovações” por meio da

utilizaçãodos biocombustíveis.95 Outrossim, para diminuir as emissões de gases na

atmosfera se julgava importante, por meio de parcerias96, construir projetos para os

países pobres, a fim de que consiguissem atingir o DS por intermedio da agricultura

planejada97.

Estou seguro ser possível preservar o planeta, sem atentar contra o desenvolvimento dos países mais pobres. Sei que podemos contar com a Bélgica nessa batalha por um futuro voltado para o desenvolvimento sustentável. Um futuro que começa com a revolução dos biocombustíveis.

98

Ao tratar da preservação do planeta sem prejudicar os países mais pobres,

percebe-se a similaridade de uma característica proferida pelo governo brasileiro no

ano de 1972: não era possível que o país deixasse de crescer economicamente

porque tinha que ser sustentável, uma vez que os mais ricos tiveram a oportunidade

de poluir, desmatar e atentar outros ambientes sem pensar no futuro dos demais.

Lula não foi tão radical, mas o comprometimento para atingir desenvolvimento

sustentável teria que ser de todos, principalmente dos já desenvolvidos.

Com efeito, os em relação a outros Estados, Lula afirmou que Brasil e

México são países “megadiversos, multiétnicos e multiculturais”99 e, por isso, sabem

que não se atinge DS sem decisões coletivas que defendam os direitos humanos. Já

na relação bilateral com a Colômbia, se acreditou na “cooperação nas áreas de

desenvolvimento sustentável na Amazônia, ciência e tecnologia, agroindústria,

educação e cultura.”100

TABELA 11: RESUMO DAS FREQUÊNCIAS DE ASSOCIAÇÕES - 2009

“Desenvolvimento sustentável” relacionado a Frequência

Meio ambiente 3

Cooperação internacional 2

ECONOMIA/educação 1

95

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão de abertura da 19ª Reunião de Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo 96

Cita conversas com Obama, Sarkozy e Angela Merkel 97

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à rede britânica Independent Television News (ITN) 98

Discurso do President da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de assinatura de atos 99

Declaração à imprensa concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em conjunto com o presidente do México, Felipe Calderón, após cerimônia de assinatura de atos 100

Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após assinatura de atos, por ocasião da visita do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe

72

Desigualdade social 1

Democracia e direitos humanos 1

FONTE: Elaboração própria

4.9 INFERÊNCIAS

Terminada toda a exploração e descrição dos pronunciamentos, buscaremos

nos próximos parágrafos elaborar a síntese e relação dos resultados.

Cinquenta e sete trechos foram analisados no capítulo anterior, de forma

qualitativa e descritiva, para apresentar em que momentos e formas Lula mencionou

o termo desenvolvimento sustentável. Agora, a sistematização dos dados será

apresentada de maneira tabular, por meio das variáveis expostas no capítulo 2, a

respeito dos temas da PEB entre os anos de 2002101-2010.

TABELA 12: SISTEMATIZAÇÃO FINAL DE ASSOCIAÇÕES ANO A ANO

Desenv. Sust. associado a 2002* 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL

Meio ambiente 1 2 3 0 2 6 4 3 0 20

Cooperação internacional 1 4 3 2 3 2 2 2 0 19

Paz e segurança internacional 0 3 1 0 2 2 1 0 0 9

Economia 0 2 3 2 3 2 0 1 0 13

Desigualdade social 0 1 2 1 4 6 2 1 0 17

Democracia e direitos humanos 0 4 1 2 2 0 1 1 0 11

Instituições internacionais 0 0 1 0 3 0 2 0 0 6

FONTE: Elaboração própria

* Pronunciamento feito após a vitória de Lula.

A partir dos trechos em que o tema apareceu relacionado ao meio ambiente

em si - e que foram analisados-, 95 formas distintas de associação foram

percebidas. Isso significou que ao tratar de sustentabilidade, o ex-presidente Lula

associou a situação ecológica com mais de uma seara da PEB - no mesmo

parágrafo.

Na tabela acima se percebe, em média, 37% de associações de trechos,

que continham o termo “desenvolvimento sustentável”, ao conceito de meio

ambiente - delimitado no capítulo 3. Isso demonstra expressividade dentro da PEB,

101

Considerando o pronunciamento após vitória de Lula

73

uma vez que 12,28% corresponde a relação de menções do termo na pesquisa.

Logo, 4,63%102 equivaleu somente a ligações às palavras de energia renovável,

biocombustíveis, preservação da natureza, entre outros assuntos já delimitados

anteriormente.

Em segundo lugar, com uma diferença de apenas um ponto, tem-se a

cooperação. Esse tema esteve diretamente ligado ao “desenvolvimento

sustentável” com o propósito de buscar recursos, firmar parcerias e mostrar as

similaridades entre o Brasil e os países visitados. Com isso, percebeu-se que,

muitas vezes, como descrito no capítulo anterior, num mesmo trecho houve várias

associações. A busca contínua por parcerias no âmbito internacional não esteve

distante da insistência em ter oportunidades de ser membro do Conselho de

Segurança da ONU, por exemplo.

Em terceiro lugar, as desigualdades sociais tiveram destaque na ligação

ao termo “desenvolvimento sustentável”. Muitas vezes notou-se que Lula solicitou a

oportunidade de atingir esse modo de desenvolvimento para as regiões mais

carentes do Brasil, isto é, para aqueles que não têm acesso ao emprego e renda

digna. Por isso, a injustiça social e os direitos humanos apareceram com

expressividade quando relacionados ao meio ambiente.

Ao não preservar o meio ambiente, as famílias mais pobres seriam atingidas

por enchentes, problemas de saúde e falta de emprego. Pois, os mais bem

aquinhoados, moram em apartamentos com ar condicionado e possuem estabilidade

financeira103. Não entraremos nesse debate, pois já foi descrito em capítulos

anteriores sobre a relação e consequências da desigualdade social versus meio

ambiente.

Nesse sentido, avançamos à análise para compreender determindos picos

em que o tema de meio ambiente apresentou nos pronunciamentos de Lula:

102

Cálculo efetuado por regra de três simples: temos 57 trechos e 20 associações à COOPERAÇÃO,

logo obtemos 37% do total. Contudo, isso não explica o que buscamos analisar. Mas ao obter a percentagem que a cooperação tem na representatividade do desenvolvimento sustentável (12,28%) conseguimos chegar aos 4% em média de associações. 103

A autora se refere de maneira geral, sem apresentar nenhuma conclusão ideológica, apenas em

desfecho às literaturas estudadas. Contudo, admite-se que existem especificidades e diferenças dentro da população.

74

GRÁFICO 6 – MEIO AMBIENTE AO LONGO DO TEMPO

FONTE: VILELA e NEIVA (2011)

No gráfico acima, observamos a linha do tempo desde o governo FHC,

apenas como comparação, e temos que foi no final do governo deste que as

menções ao meio ambiente aumentaram. No início do governo Lula, tivemos uma

queda. Isso pode ser inferido através de algumas características, por meio da nossa

tabela anterior. No ano de 2003 o termo “desenvolvimento sustentável” esteve mais

relacionado à cooperação, logo este dado também pode ser generalizado para todos

os outros pronunciamentos de Lula e, em consequência, o meio ambiente ficou em

segundo plano.

Tanto na pesquisa quantitativa apresentada por Vilela e Neiva (2011),

resumida à variável de meio ambiente no último gráfico, quanto os resultados

qualitativos descritos nessa monografia em relação ao termo “desenvolvimento

sustentável” perante os outros temas da PEB, obtém-se semelhantes

características:

75

GRÁFICO 7 – ASSOCIAÇÕES DO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” AO LONGO DO

TEMPO

FONTE: Elaboração própria

Isso significa que Lula priorizou, no segundo mandato, a associação do

elemento sustentável ao objetivo de crescer econômica e socialmente. No final de

seu governo não mencionou o tema e também não incentivou a adesão. Pois, até

mesmo a candidata apoiada por ele, Dilma Rousseff, englobou a seara sustentável

somente na campanha eleitoral do segundo turno, quando buscava os votos de

Marina Silva – defensora e ex-Ministra do Meio ambiente.

76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como objetivo identificar as características do tema de

desenvolvimento sustentável dentro da Política Externa do ex-presidente Luís Inácio

Lula da Silva. Tendo o ponto de partida a pergunta-problema de como o

termo “desenvolvimento sustentável” foi relacionado com outros temas de Política

Externa nos pronunciamentos de Lula em suas viagens oficiais ao exterior? Para

cumprir tal escopo, buscou-se dividir o trabalho em cinco partes, considerando a

introdução e as considerações finais.

No segundo capítulo intitulado A política externa brasileira (PEB), buscou-se

apresentar os elementos conceituais e características que permearam a história do

Brasil ao longo dos últimos dois séculos. Iniciamos a apresentação por meio da

literatura da área e, principalmente, através dos autores Letícia Pinheiro e Amado

Cervo. Ambos fizeram uma análise histórica e buscaram sistematizar determinados

períodos. Percebeu-se, então, que a PEB sempre esteve voltada à busca por

desenvolvimento nacional e autonomia no âmbito internacional.

Alguns paradigmas como o do Estado Normal e Estado Logístico também

foram esboçados, como mote para compreender o período de 2003 a 2010. Nesse

período, Lula foi quem presidiu o país e defendeu determinadas políticas, pois

colocou em prática a diplomacia presidencial. Participou ativamente dos planos de

ação do Itamaraty e viajou muito ao redor do mundo em busca de parcerias

estratégicas e poder no sistema internacional.

Encontramos que determinados temas tiveram mais destaque, como os de

instituições internacionais, democracia, direitos humanos, desigualdade social e de

meio ambiente. Os dois últimos foram explicados como concomitantes na seção do

capítulo, pois se considerou a desigualdade social como central na política do

governo Lula.

O tema da pesquisa se mescla ora no meio ambiente ora na política externa

de Lula. Por isso se fez necessário apresentar as fontes e os aspectos

metodológicos para análise dos pronunciamentos em si, pois o objetivo da

monografia foi o de explicar os conceitos principais para identificá-los dentro dos

77

pronunciamentos e, depois, inferir determinadas conclusões. Portanto, o método

privilegiado foi a análise de conteúdo de Laurence Bardin. Essa estudiosa delimitou

técnicas que foram desde a separação do material até as suas interpretações.

O método escolhido foi esmiuçado no capítulo três: Fontes de informação e

aspectos metodológicos. A partir de então, preferiu-se organizar a monografia por

meio das técnicas de análise prévia, pela exploração do material e da interpretação

dos resultados.

No capítulo O termo desenvolvimento sustentável nos pronunciamentos de

Lula desenvolveu-se a descrição de todo o banco de dados disponível. Sendo

possível apresentar determinadas relações entre temas e apresentá-los

qualitativamente. Posterior a essa descrição, realizou-se determinadas inferências e

análises frequenciais para obter a explicação da realidade proposta no inicio.

Dentro dos limites de uma monografia, o trabalho atingiu o objetivo principal

de demonstrar como o termo “desenvolvimento sustentável” apareceu dentro dos

pronunciamentos, por meio de descrições e relações. Ademais, confirmou a hipótese

de pesquisa dentro dos discursos: o termo esteve mais associado à busca contínua

por desenvolvimento com diferentes técnicas, sejam elas por meios sustentáveis,

pela cooperação ou através da superação da pobreza. Isto é, determinados temas

se mantiveram nas falas de Lula ao longo dos oito anos de mandato, entre eles

encontraram-se o meio ambiente, a segurança, a pobreza, a economia.

Ao buscar desenvolver-se de forma sustentável o Brasil poderia firmar

parcerias com diversos Estados com semelhantes realidades, além de angariar

melhorias nacionais para diminuir as desigualdades sociais. Por fim, Lula tratou do

tema com mais afinco somente em conferências ou reuniões específicas para o

meio ambiente.

Espera-se que a partir desse trabalho se possa aprofundar o tema, por meio

de softwares rigorosos de estatística, para complementar as descrições qualitativas.

Além da possibilidade de associá-lo diretamente aos fatos da sociedade brasileira

nos anos analisados. Seria satisfatória a junção do discurso à realidade, desde os

investimentos voltados ao meio ambiente, como as políticas públicas no âmbito

78

nacional que foram aplicadas para atingir o desenvolvimento sustentável nos

parâmetros conceituais.

79

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84

APÊNDICE A

Lista dos títulos dos pronunciamentos

Ano No

título Desenvolvimento Sustentável em seu corpo

Quantidade de vezes que o

termo aparece

2002

Washington, E.U.A, 10/12/2002 - Discurso do Presidente Eleito Luiz Inácio Lula da Silva proferido no Clube de Imprensa Nacional dos Estados Unidos durante visita a Washington.

1

2003

Brasília - Palácio do Planalto, 18/12/2003 - Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Ato de Prestação de Contas do Ano de 2003

2

Beirute - Líbano, 05/12/2003 - Palavras do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Plenário da Assembléia Nacional Libanesa

1

Palácio Damasceno - Damasco - Síria, 03/12/2003 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar oferecido pelo Presidente Bashar Al-Assad

1

Pretória, 08/11/2003 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar oferecido em sua homenagem pelo Presidente ThaboMbeki

2

Palácio Itamaraty - Brasília, DF, 07/10/2003 - Discurso por ocasião de almoço oferecido aos Reis da Noruega

1

Brasília, Palácio Itamaraty, 18/09/2003 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em almoço oferecido aos formandos do Instituto Rio Branco

1

Brasília, Palácio Itamaraty, 22/07/2003 - Palavras do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na declaração conjunta dos Presidentes do Suriname e Brasil

1

Palácio Itamaraty, 27/05/2003 - Declaração do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à imprensa, durante visita do Presidente do Equador, Lucio Gutiérrez

1

Palácio Itamaraty, 25/04/2003 - Declaração do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita de trabalho do Presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada

1

Palácio Itamaraty, 11/04/2003 - Declaração do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à Imprensa, durante visita de trabalho do Presidente do Peru, Alejandro Toledo

1

85

2004

Salvador - Bahia, 01/12/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Cerimônia de Abertura do Fórum Mundial do Turismo

1

Palácio do Planalto, 29/11/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante almoço oferecido ao presidente do Paquistão, Pervez Musharraf

1

Palácio Itamaraty, 23/11/2004 - Declaração à Imprensa do Presidente da República, por ocasião da visita do Primeiro-Ministro Paul Martin ao Brasil

2

Palácio do Planalto, 22/11/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de assinatura de atos por ocasião da visita oficial do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin

1

Palácio Itamaraty, 12/11/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar com o Presidente da China, Hu Jintao

1

Palácio Itamaraty, 08/11/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 4ª reunião do Grupo de Alto Nível do “Programa Educação para Todos” da Unesco

1

São Paulo - SP, 08/11/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na solenidade de posse da Diretoria da Fiesp

2

Rio de Janeiro-RJ, 04/11/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no ato inaugural da 18ª Cúpula Presidencial do Grupo do Rio

1

Nova York, EUA, 21/09/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na 59ª Assembléia-Geral da ONU

1

Brasília - DF, 31/08/2004 - Brinde do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o almoço em homenagem ao Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano

1

Santiago, Chile, 23/08/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar oferecido pelo presidente do Chile, Ricardo Lagos

1

Cidade da Praia, Cabo Verde, 29/07/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na sessão solene da Assembléia Nacional, por ocasião da visita oficial a Cabo Verde

1

Nova York, 23/06/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro de alto nível com investidores estrangeiros

1

São Paulo, 15/06/2004 - Palavras do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro com representantes do Fórum da Sociedade Civil, na XI UNCTAD - parte II

2

86

São Paulo, 14/06/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da XI UNCTAD

1

Sim

Brasília/DF, 08/06/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião do encerramento do Seminário Agenda para o Desenvolvimento Sustentável da Infra-Estrutura

1

Guadalajara - México , 28/05/2004 - Intervenção do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Reunião de Trabalho sobre Coesão Social - III Cúpula América Latina e Caribe - União Européia

1

Guadalajara - México , 28/05/2004 - Intervenção do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Reunião de Trabalho sobre Multilateralismo - III Cúpula América Latina e Caribe - União Européia

1

Xangai, China, 26/05/2004 - Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da Conferência do Banco Mundial sobre Combate à Pobreza

1

Manaus, Amazonas, 23/04/2004 - Discurso do Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de inauguração do restaurante Prato Cidadão

1

Brasília, 30/03/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de lançamento do programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e de assinatura de Acordo de Cooperação Técnica entre os Ministérios de Minas e Energia e Meio Ambiente, no Palácio do Planalto.

1

Genebra, 30/01/2004 - Declaração dos Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Jacques Chirac, Ricardo Lagos e Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan (Versões em português, inglês, francês e espanhol

1

Genebra, 30/01/2004 - Declaração dos Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Jacques Chirac, Ricardo Lagos e Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan (Versões em português, inglês, francês e espanhol

1

Sim

Nova Delhi - Índia, 27/01/2004 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na solenidade de abertura do Encontro "Brasil-Índia - Desenvolvimento Sustentável: Perspectivas e Possibilidades"

6

Nova Delhi - Índia , 25/01/2004 - Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no banquete oferecido pelo presidente da Índia

1

2005

Salamanca, Espanha, 15/10/2005 - Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na XV Cúpula Ibero-Americana: “A Projeção Internacional da Comunidade Ibero-Americana”

1

87

Brasília, Palácio Itamaraty, 09/08/2005 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita oficial do Presidente da República da Gâmbia, YahyaJammeh

1

Paris, França, 13/07/2005 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do Colóquio “Brasil: Ator Global”

1

Seul, Coréia, 25/05/2005 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião do jantar oferecido pelo Presidente da Coréia, Roh Moo-Hyun

1

Seul, Coréia, 24/05/2005 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no VI Fórum Global sobre Reinvenção do Governo

1

Georgetown, Guiana, 15/02/2005 - Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sessão especial da Assembléia Nacional da Guiana

1

2006

Senado Federal, Brasília - DF, 14/12/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Sessão Solene de constituição do Parlamento do Mercosul

1

Nova York, Estados Unidos, 19/09/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do debate geral da LXI Assembléia Geral das Nações Unidas

1

Palácio Itamaraty, Brasília, DF, 13/09/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro dos Chefes de Estados e de Governo do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) com Empresários

1

Palácio da Alvorada, Brasília, DF, 12/09/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Cerimônia de Assinatura de Atos e Declaração à Imprensa, por ocasião da Visita Oficial ao Brasil do Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan Singh

1

Palácio do Planalto - Brasília, DF, 10/07/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita do Presidente de Gana, John AgyekumKufuor

1

Brasília - Palácio Itamaraty, 31/05/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita do Presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso

1

Curitiba, Paraná, 27/03/2006 - Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do segmento de alto nível da Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8)

2

Londres, Inglaterra, 08/03/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita ao Parlamento Britânico

1

88

Londres, Inglaterra, 07/03/2006 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião do Banquete de Estado oferecido pela Rainha Elizabeth II

1

Brasília - DF, 15/02/2006 - Mensagem do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Congresso Nacional, pela instalação da 4ª Sessão Legislativa Ordinária da 52ª Legislatura

1

Palácio do Planalto, Brasília, DF, 10/01/2006 - Discurso por ocasião de reunião com o Diretor-Gerente do FMI, Rodrigo de Rato

1

2007

Nova York, 25/09/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do Debate-Geral da 62ª Assembléia-Geral das Nações Unidas

1

Brasília - DF, 19/09/2007 - Artigo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intitulado "Brasil-Escandinávia: parceria ambiciosa ", publicado pelo jornal "Folha de São Paulo"

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Estocolmo, Suécia, 12/09/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da abertura do Seminário sobre Biocombustíveis

1

Helsinque, Finlândia, 10/09/2007 - Palavras do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encerramento do Seminário Brasil-Finlândia sobre Oportunidades de Investimentos

1

Port Esquivel, Jamaica , 09/08/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da cerimônia de inauguração da Usina de Etanol da Jamaica BroilersGroup

1

Lisboa, Portugal, 04/07/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Sessão Plenária da Cimeira Empresarial Brasil-União Européia

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Brasília, DF, 20/06/2007 - Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita ao Brasil do Presidente da República Dominicana, Leonel Fernández

1

Brasília, DF, 13/06/2007 - Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da Visita Oficial ao Brasil da Presidente da República da Letônia, Vaira Vike-Freiberga

1

Nova Delhi, Índia, 04/06/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de entrega do Prêmio JawaharlalNehru

1

Palácio Itamaraty, Brasília, 29/05/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante almoço oferecido ao secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nong Duc Manh

1

89

Brasília, 25/05/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita do Presidente da República do Panamá, Martín Torrijos, ao Brasil

1

Brasília, DF, 16/05/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de assinatura de atos, por ocasião da visita ao Brasil do Presidente do Senegal, AbdoulayeWade

1

Santiago, Chile, 26/04/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da sessão de encerramento do Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina

1

Brasília, 27/03/2007 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após assinatura de atos entre Brasil e Itália, por ocasião da visita de Estado do Presidente do Conselho de Ministros da República Italiana, Romano Prodi

1

Guarulhos, SP, 09/03/2007 - Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após visita à Transpetro com o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush

1

São Paulo, SP, 09/03/2007 - Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após almoço de trabalho sobre biocombustível com o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush

1

Palácio do Planalto, 08/03/2007 - Declaração à Imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da Visita de Estado do Presidente da República Federal da Alemanha, Horst Köhler

1

Brasília, 12/02/2007- Programa Café com o Presidente 1

2008

Rio de Janeiro, RJ, 22/12/2008 - Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após Reunião de Cúpula Brasil-União Européia

1

São Paulo, SP, 21/11/2008- Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão plenária de encerramento da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis

1

Reino Unido, 16/09/2008 - Artigo do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para a revista do jornal Financial Times, do Reino Unido - A Mudança do Clima e as Responsabilidades Globais

1

Díli - Timor -Leste, 11/07/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Parlamento Nacional do Timor-Leste

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90

Hanói – Vietnã, 10/07/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de encerramento do seminário empresarial "Brasil-Vietnã: Construindo Novas Parcerias"

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São Salvador - El Salvador, 29/05/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de abertura de encontro empresarial

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Nova Yorque, Estados Unidos, 20/05/2008 - Mensagem do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião de encontro especial do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas sobre a crise alimentar mundial

1

Brasília, DF, 14/05/2008 - Declaração à imprensa e entrevista coletiva conjunta por ocasião da visita oficial da Chanceler Federal da Alemanha, Angela Merkel, com perguntas respondidas pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

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Brasília - DF, 13/05/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da Visita de Trabalho do Chanceler Federal da República da Áustria, Alfred Gusenbauer

1

Acra, Gana, 20/04/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de abertura da XII Reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento - Unctad

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Haia, Países Baixos, 11/04/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante discussão sobre temas de interesse global

1

Haia, Países Baixos, 11/04/2008 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de encerramento do seminário empresarial “Brasil-Países Baixos, Oportunidades de Negócios”

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2009

Brasília - DF, 29/12/2009 - Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, ao jornal El Mundo, da Espanha

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Copenhague, 17/12/2009 - Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aos jornais Politiken (Dinamarca) e Dagbladet (Noruega)

1

Montevidéu - Uruguai, 08/12/2009 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a 38ª Reunião do Conselho do Mercado Comum

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Estoril-Portugal, 30/11/2009 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão de abertura da 19ª Reunião de Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo

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91

Manaus-AM, 26/11/2009 - Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à rede britânica IndependentTelevision News (ITN)

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Estocolmo-Suécia, 06 de outubro de 2009, 06/10/2009 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante jantar oferecido pelos Reis da Suécia

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Bruxelas, Bélgica, 04/10/2009 - Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de assinatura de atos

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Brasília-DF, Palácio Itamaraty, 17/08/2009 - Declaração à imprensa concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em conjunto com o presidente do México, Felipe Calderón, após cerimônia de assinatura de atos

1

Palácio do Planalto - Brasília, DF, 17/02/2009 - Declaração à imprensa do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após assinatura de atos, por ocasião da visita do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe

2

Belém, Pará, 29/01/2009 - Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à revista Teoria e Debate

4

2010

Nenhum