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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ SIMULAÇÃO DE VEÍCULOS PROPELIDOS A CÉLULA A COMBUSTÍVEL: TOYOTA MIRAI. Lucas Fonseca Alexandre de Oliveira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida Rio de Janeiro, RJ - Brasil Setembro de 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10025267.pdf · o desempenho da configuração do veículo híbrido Plug-in

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

SIMULAÇÃO DE VEÍCULOS PROPELIDOS A CÉLULA A COMBUSTÍVEL:

TOYOTA MIRAI.

Lucas Fonseca Alexandre de Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia

Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Setembro de 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

SIMULAÇÃO DE VEÍCULOS PROPELIDOS A CÉLULA A COMBUSTÍVEL:

TOYOTA MIRAI.

Lucas Fonseca Alexandre de Oliveira

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

______________________________________________

Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida

______________________________________________

Prof. David Alves Castelo Branco

______________________________________________

Prof. Anna Carla Monteiro de Araújo

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

SETEMBRO DE 2018

i

Oliveira, Lucas Fonseca Alexandre

Simulação de veículos propelidos a célula a combustível:

Toyota Mirai. / Lucas Fonseca Alexandre de Oliveira. – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2018.

IX, 75 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Mecânica, 2018.

Referências Bibliográficas: p.68

1.Introdução. 2. Veículo elétrico e elétrico híbrido. 3.

Veículo de célula a combustível. 4. Célula a Combustível. 5.

Software. 6. Modelagem e simulação. 7- Resultados e Análises 8.

Conclusões 9. Sugestões para futuros trabalhos I. Almeida, Silvio

Carlos Anibal. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,

Estudo de parâmetros para avaliação do consumo de combustível

para veículos movidos a célula a combustível através de simulação

usando o software Advisor.

ii

Agradecimentos

À minha mãe, Sônia Aparecida Fonseca Santos, que sempre me motivou a estudar

e lutou contra todas as adversidades para que eu pudesse cursar Engenharia Mecânica na

UFRJ, sendo minha referência em honestidade e perseverança.

Ao meu orientador, Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida, que me acolheu

primeiramente como monitor e me acompanhou nos últimos anos da graduação, sendo

exemplo de bom profissional e acadêmico.

Aos meus amigos do curso de engenharia mecânica, Deborah Canabarro, Iago

Rocha, Carlos Eduardo, Bruna Lamas, Felliphe Goes, Pedro Rodrigues, Vinicius Dennis,

Anna e Luma pelos momentos de descontração que tornaram a graduação mais agradável.

Ao meu amigo, Ayron Ráfaga, por me incentivar a explorar novas áreas.

Aos meus amigos Carlos e Lyang pela amizade e força nesses 5 anos de

graduação.

iii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

SIMULAÇÃO DE VEÍCULOS PROPELIDOS A CÉLULA A COMBUSTÍVEL:

TOYOTA MIRAI.

Lucas Fonseca Alexandre de Oliveira

setembro 2018

O presente trabalho apresenta uma simulação de veículos propelidos por células

a combustível usando como modelo o veículo Toyota Mirai. O foco dos estudos foi na

redução do consumo de combustível, visando uma maior autonomia dos veículos frente

os atuais obstáculos que esses veículos encontram para aumentar sua penetrabilidade no

mercado automotivo e superar a deficiência de postos de recarga de hidrogênio.

Para o impacto do estado de carga inicial da bateria sobre o consumo do

combustível foi feita uma comparação do desempenho de veículos Plug-in e veículos

híbridos simples. Para o veículo estudado, o Toyota Mirai, os resultados mostraram que

o desempenho da configuração do veículo híbrido Plug-in é significativo maior até cerca

de 300 km.

O grau de hibridização do veículo foi estudo alterando a potência da bateria e

mantendo-se constante a potência da célula a combustível. Os resultados apresentaram

uma melhora no consumo de combustível.

Por fim, avaliou-se o impacto da redução da massa total do veículo no consumo

de energia. Os resultados mostraram uma redução do consumo de aproximadamente

proporcional a redução da massa.

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida

Curso: Engenharia Mecânica

Palavras-chave: Advisor, veículo elétrico, célula a combustível.

iv

Undergraduate Project Abstract presented to DEM/UFRJ as a partial fulfilment of the

requirements to obtain the degree of Mechanical Engineer

SIMULATION OF VEHICLES PROPELLED TO FUEL CELL: TOYOTA MIRAI

Lucas Fonseca Alexandre de Oliveira

September 2018

The present work presents a simulation of vehicles propelled by fuel cells using

as model the vehicle Toyota Mirai. The focus of the studies was on reducing fuel

consumption, aiming for greater autonomy of the vehicles in the face of the current

obstacles that these vehicles encounter in order to increase their penetrability in the

automotive market and to overcome the deficiency of hydrogen recharging stations.

For the impact of the initial charge state of the battery on fuel consumption a

comparison was made of the performance of Plug-in vehicles and simple hybrid vehicles.

For the vehicle studied, the Toyota Mirai, the results showed that the configuration

performance of the Plug-in hybrid vehicle is significant up to about 300 km.

The degree of hybridization of the vehicle was studied by altering the power of

the battery and keeping the power of the fuel cell constant. The results showed an

improvement in fuel consumption.

Finally, the impact of the reduction of the total mass of the vehicle in the energy

consumption was evaluated. The results showed a reduction of the consumption of

approximately proportional to reduction of massLucas Fonseca Alexandre de Oliveira

Advisor: Silvio Carlos Anibal de Almeida

Course: Mechanical Engineering

Keywords: Advisor, Fuel cell, Fuel Cell Vehicles

v

Sumário Agradecimentos ................................................................................................................ ii

Índice de Figuras ............................................................................................................ vii

Índice de Tabelas ............................................................................................................. ix

1 Introdução ............................................................................................................... 1

1.1 História dos veículos elétricos ........................................................................... 1

1.2 Objetivo do trabalho .......................................................................................... 3

1.3 Descrição dos capítulos ..................................................................................... 4

2 Veículos elétrico e híbrido ...................................................................................... 5

2.1 Veículo elétrico .................................................................................................. 5

2.2 Veículo Híbrido ................................................................................................. 6

2.2.1 Arquitetura em série ................................................................................... 8

2.2.2 Arquitetura em paralelo .............................................................................. 9

3 Veículo a célula a combustível ............................................................................. 11

3.1 Arquitetura do veículo movida a célula a combustível .................................... 11

3.2 Fluxo de Potência ............................................................................................. 13

3.3 Principais componentes do veículo a célula a combustível ............................. 13

3.4 Grau de hibridização do veículos a célula a combustível ................................ 14

4 Célula a Combustível ........................................................................................... 15

4.1 Energia e eficiência da célula a combustível ................................................... 16

4.2 Tensão da célula a combustível ....................................................................... 17

4.3 Tipos de combustível para a célula a combustível .......................................... 20

4.3.1 Hidrogênio puro ........................................................................................ 20

4.3.2 Metanol ..................................................................................................... 21

4.4 Tipos de células a combustível ........................................................................ 22

4.4.1 Célula a ácido fosfórico – PAFC .............................................................. 24

4.4.2 Célula de óxido sólido – SOFC ................................................................ 24

vi

4.4.3 Célula de membrana polimérica – PFMC ................................................ 25

4.4.4 Células Alcalinas – AFC .......................................................................... 26

4.4.5 Célula de combustível de carbonato fundido – MCFC ............................ 26

4.4.6 Célula de metanol direto ........................................................................... 27

5 Software ................................................................................................................. 28

5.1 Como o ADVISOR funciona ........................................................................... 30

5.2 Usando o ADVISOR ....................................................................................... 31

5.3 O modelo de célula a combustível ................................................................... 35

6 Modelagem e simulação ....................................................................................... 37

6.1 Especificações do Mirai ................................................................................... 37

6.2 Ciclos de Condução ......................................................................................... 38

6.3 Validação do modelo ....................................................................................... 41

7 Resultados e Análises ........................................................................................... 46

7.1 Análise do estado de carga inicial da bateria ................................................... 46

7.2 Estudo do grau de hibridização - DOH ........................................................... 53

7.3 Estudo da temperatura ..................................................................................... 60

7.4 Estudo da redução da massa total do veículo................................................... 63

8 Conclusões ............................................................................................................. 66

9 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 67

Referências ..................................................................................................................... 68

Apêndice A – Código Matlab para geração de gráficos ................................................. 70

Apêncie B – Milhas por galão Gasolina Equivalente (MPGGe).....................................75

vii

Índice de Figuras

Figura 2-1 Sistemas de um carro elétrico (EHSANI, et al., 2010) ................................... 6

Figura 2-2- Fluxo de energia para arquitetura em série de veículos híbridos (EHSANI, et

al., 2010) ........................................................................................................................... 9

Figura 2-3 - Fluxo de energia para arquitetura em paralelo (EHSANI, et al., 2010) .... 10

Figura 3-1 - Arquitetura de um veículo de célula a combustível (EHSANI, et al., 2010)

........................................................................................................................................ 12

Figura 4-1 - Funcionamento de uma célula a combustível (EHSANI, et al., 2010)....... 15

Figura 4-2 - Tensão gerada pela célula a combustível (EHSANI, et al., 2010) ............. 19

Figura 4-3 - Curva de potência e eficiência da célula a combustível em função da

densidade de corrente (EHSANI, et al., 2010) ............................................................... 20

Figura 5-1 - Evolução dos Softwares ao longo dos anos (TURKMEN et al, S/D) ........ 29

Figura 5-2 - Diagrama de blocos geral utilizado no Advisor ......................................... 30

Figura 5-3 - Tela 1 do Advisor ....................................................................................... 32

Figura 5-4 - Tela 2 Advisor ............................................................................................ 34

Figura 5-5 - Tela 3 Advisor ............................................................................................ 35

Figura 5-6 - Modelo de veículo movido a célula a combustível do Advisor ................. 36

Figura 6-1 - Velocidade vs Tempo ciclo HWFET ......................................................... 39

Figura 6-2 - Velocidade vs Tempo ciclo UDDS ............................................................ 40

Figura 6-3 - Velocidade vs Tempo ciclo NEDC ............................................................ 41

Figura 6-4 -SOC x Tempo do ciclo - HWFET ............................................................... 44

Figura 6-5 - SOC x Tempo do ciclo - HWFET .............................................................. 44

Figura 6-6 - SOC x Tempo do ciclo – NEDC ................................................................ 45

Figura 7-1 - Comparação MPGGE veículo Plug-In vs não Plug-In Ciclo UDDS ......... 47

Figura 7-2 - Comparação MPGGE veículo Plug-In vs não Plug-In Ciclo HWFET ...... 48

Figura 7-3 - Comparação MPGGE veículo Plug-In vs não Plug-In Ciclo NEDC ......... 48

Figura 7-4 - Consumo em L/km – HWFET ................................................................... 51

Figura 7-5 - Consumo em L/km – UDDS ...................................................................... 51

Figura 7-6 - Consumo em L/km - NEDC ....................................................................... 52

Figura 7-7- Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) - EPA

........................................................................................................................................ 54

Figura 7-8 - Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) - NEDC

........................................................................................................................................ 55

viii

Figura 7-9 - Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH) - EPA e

NEDC ............................................................................................................................. 56

Figura 7-10 - Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) – EPA

........................................................................................................................................ 57

Figura 7-11 - Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) –

NEDC ............................................................................................................................. 58

Figura 7-12 - Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH) – EPA 59

Figura 7-13 - Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH) - EPA e

NEDC ............................................................................................................................. 60

Figura 7-14 - Consumo (L/km) x Temperatura inicial da célula a combustível ............ 62

Figura 7-15 - MPGGe x Temperatura inicial da célula a combustível .......................... 62

Figura 7-16 - MPGGe x Massa do veículo - HWFET .................................................... 64

Figura 7-17 - MPGGe x Massa do veículo - UDDS ...................................................... 64

Figura 7-18 - MPGGe x Massa do veículo – NEDC ...................................................... 65

ix

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Resumo das características dos tipos de veículos Híbridos ............................ 7

Tabela 2 - Tipos de célula a combustpivel ( WENDET, et. all ) .................................... 23

Tabela 3 - Softwares de simulação de veículos disponíveis no mercado (TURKMEN, et

al, S/D) ............................................................................................................................ 28

Tabela 5 - Dados Toyota Mirai (FASTSim) .................................................................. 37

Tabela 6 - Características do ciclo HWFET (ADVISOR) ............................................. 39

Tabela 7 - Características do ciclo UDDS (ADVISOR) ................................................ 39

Tabela 8 - Características do ciclo NEDC (ADVISOR) ................................................ 40

Tabela 9 - Variáveis usadas no Advisor para construção do Mirai ................................ 41

Tabela 10 - Validação do modelo com consumo de combustível .................................. 43

Tabela 11 - Validação da modelo pelo tempo de aceleração ......................................... 43

Tabela 12 - Validação modelo pela velocidade máxima ................................................ 43

Tabela 13 - Variação percentual MPGGe pela distância - HWFET............................... 49

Tabela 14 - Variação percentual MPGGe pela distância - UDDS ................................. 50

Tabela 15 - Variação percentual MPGGe pela distância - NEDC ................................. 50

Tabela 16 - Distância média Rio de Janeiro ................................................................... 52

Tabela 17 – Influência do grau de hibridização na massa do veículo ............................ 53

Tabela 18 - Variação em percentual do MPGGe entre a máxima e a mínima temperatura

de partida da célula a combustível .................................................................................. 61

Tabela 19 - Variação em percentual do consumo em L/km entre a máxima e a mínima

temperatura de partida da célula a combustível.............................................................. 61

Tabela 20 - Variação MPGGe em % em relação a redução da massa do veículo .......... 65

1

1 Introdução

1.1 História dos veículos elétricos

A história dos veículos elétricos não é recente apesar dos atuais avanços na área e

destaque na mídia. Sua história remonta ao século XVII quando em 1859 foi inventada a

bateria de chumbo e ácido pelo físico francês Gasto Planté, essa bateria tinha uma

vantagem em relação as existentes de sua época por ser recarregável. (BARAN et al.,

2011).

Entre os anos 1832 e 1839 são desenvolvidos os primeiros veículos elétricos na

França e na Inglaterra. Em 1881 os cientistas ingleses John Perry e Willian Aryton

inventaram um triciclo elétrico com capacidade para uma pessoa.

Em 1885 Karl Benz patenteia um motor de combustão interno à gasolina, que foi

inserido em um triciclo dando origem a uma nova forma de veículo se contrapondo aos

veículos elétricos.

“Em 1891, Willian Morrison construiu o primeiro veículo elétrico dos Estados

Unidos. Com capacidade para até 12 passageiros, o veículo atingia uma velocidade

máxima de 32 km/h e possuía 24 baterias de chumbo-ácido, que pesavam 2 toneladas. As

baterias precisavam ser recarregadas a cada 80 km, já que possuíam capacidade de 112

Ah” (LACERDA, 2016). Até o ano de 1900 foram vendidos 4200 veículos nos Estados

Unidos, sendo que 40% eram movidos a vapor, 38% elétricos e 22% a gasolina.

(HUSAIN, 1964).

Em 1889 o veículo elétrico criado por Camille Jenatzy ultrapassava a velocidade

de 100 km/h um marco para a época. Em 1901, Thomas Edsion desenvolvia a bateria de

níquel-ferro com capacidade de armazenamento 40% maior que a bateria de chumbo-

ácido. (BARAN et al., 2011).

Apesar dos avanços tecnológicos e melhorias nas baterias da época os veículos

elétricos vivenciaram um declínio nos anos seguintes. Diversos fatores contribuíram para

o ocorrido. O desenvolvimento da partida elétrica em 1912 tornou o acionamento dos

veículos a gasolina mais fácil. Além disso o custo dos veículos a gasolina caiu

consideravelmente em relação aos veículos elétricos devido ao modelo de produção

fordista e a descoberta de petróleo no Texas, que reduziu o custo da gasolina. Além disso,

2

durante a década de 20, cidades já eram interligadas por estradas fazendo com que a

demanda do consumidor fosse voltada para veículos que possuíssem maior autonomia.

Logo, a facilidade de adquirir combustível favoreceu os veículos a gasolina frente aos

elétricos, estes que não podiam ter sua bateria trocada com a mesma facilidade limitando

a distância máxima percorrida por eles. (BARAN et al., 2011).

Com isso os carros elétricos quase que desapareceram do mercado enquanto os

carros à gasolina passaram a ser comercializados mundo afora. Picos de produção de

veículos elétricos vieram a ocorrer em momentos de crise onde houve racionamento de

combustíveis, como é o caso do Japão no pós-guerra. (BARAN et al., 2011).

Nos últimos anos alguns fatores têm contribuído para o desenvolvimento de

veículos elétricos e híbridos. Crises recorrentes no petróleo aumentaram o desejo das

grandes potências como Estados Unidos e países da Europa em se tornarem menos

dependentes do petróleo estrangeiro incentivando o desenvolvimento de energia e

veículos alternativos. Além disso as consequências à saúde nas grandes cidades advinda

do uso de veículos a gasolina e as mudanças climáticas tem movido a opinião pública a

favor dos veículos elétricos.

Desde da década de noventa vem sendo observado um esforço de algumas

companhias e governos em promover o desenvolvimento de veículos elétricos. Em 1993

o governo de Clinton criou uma iniciativa com o nome de Patnership for a New

Generation Vehicles (PNGV) que tinha como objetivo um desenvolvimento de um

automóvel com consumo de 4 litros/100 km. O programa resultou na criação de 3

protótipos, todos híbridos. Em 1997 era lançado pela Toyota o Prius, veículo sedã híbrido

de quatro portas. Ao mesmo tempo a Audi lançava o Duo, um modelo híbrido no mercado

europeu. Em 1999 a Honda lança seu híbrido, Insight, nos Estados Unidos e em 2000 o

Prius chega no mercado americano. Em 2003 a Honda lança o Civic híbrido e em 2004 a

Ford lançava o Escape com versão híbrida. (BARAN et al., 2011).

Uma alternativa que surgiu aos veículos são os veículos movidos à célula a

combustível. Em 1997 a Daimler-Benz se comprometeu em até 2004 inserir veículos com

células a combustível no mercado. Em 2006 a Volkswagen desenvolveu um ônibus

movido à célula a combustível. O desenvolvimento de tais Ônibus também tem ocorrido

no Brasil, em 2013 a Empresa metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo

(EMTU/SP) em parceria com o Ministério de Minas e Energia e outros institutos de

pesquisa tem conduzido o desenvolvimento de um Ônibus movido a célula a combustível.

3

Nos últimos anos o desenvolvimento de tais veículos tem ganhado mais destaque

dentro das montadoras. Montadoras alemãs como Audi, Daimler, BMW já possuem

protótipos e produção em pequena escala. A Audi divulgou em 2018 um plano para o

desenvolvimento de modelos movidos a célula a combustível para os próximos anos. O

destaque do mercado tem sido, no entanto da montadora japonesa Toyota que lançou em

2014 no Japão o seu modelo movido a célula a combustível chamado de Mirai com

autonomia de 500 km usando dois tanques de hidrogênio. Atualmente o modelo já se

encontra sendo comercializado em outros países como Estados Unidos e países da

Europa.

1.2 Objetivo do trabalho

O desenvolvimento de veículos híbridos, elétricos e movidos a célula a combustível

tem sido de extrema importância na redução dos impactos ambientais e conseguido

grandes avanços. No entanto, tais veículos ainda encontram algumas limitações para

maior penetrabilidade no mercado.

Especialmente para os veículos movidos a células a combustível o principal

limitante é baixa infraestrutura hoje presente nas grandes cidades para a recarga de

combustível no veículo. Na Alemanha as estações têm sido construídas pela Daimler em

parceria com a empresa Linde, Shell, H2 Mobility e com apoio do governo alemão. Até

o ano 2017 a Alemanha contava com apenas 32 estações de recarga espalhadas pelo País.

(SAPO).

Com poucas estações disponíveis os veículos a célula a combustível encontram dois

cenários para o futuro. Em um, os governos participarão de forma ativa na construção e

ampliação dos postos de recarga de hidrogênio, no outro a propagação será reduzida e

praticamente estimulada pela indústria privada.

Visando o pior cenário, para que os veículos a célula a combustível possam penetrar

o mercado deverão apresentar um menor consumo de combustível de forma a

proporcionar maior liberdade ao motorista permitindo que o mesmo possa percorrer

longas distâncias sem a necessidade de encher o tanque.

Este trabalho se propõe a avaliar a influência de alguns parâmetros sobre o consumo

de combustível. São eles:

• Impacto do estado de carga inicial da bateria sobre o consumo de

combustível

4

• O grau de hibridização.

• Temperatura Inicial da célula a combustível

• A massa total do veículo

O objetivo deste trabalho é de levantar quais mudanças produziriam um impacto

positivo na redução de consumo de combustível. Como modelo foi utilizado o veículo

produzido pela Toyota, o Mirai.

1.3 Descrição dos capítulos

O presente trabalho foi dividido em 9 capítulos, que apresentam o conceito de

veículos elétricos e híbridos, os veículos movidos a célula a combustível dando pequeno

destaque as células, apresenta também a ferramenta usada para as simulações, o modelo

nela construída e os resultados das simulações.

O segundo capítulo apresenta o conceito de veículos elétricos e elétricos híbridos,

apresentando sua estrutura, gerenciamento de energia, tipos, suas vantagens e

desvantagens.

O terceiro capítulo apresenta os veículos movidos a célula a combustível, foco deste

trabalho. É apresentado sua estrutura, seu gerenciamento de energia e outros conceitos

relevantes como o grau de hibridização.

O quarto capítulo apresenta um pouco da teoria por detrás das células a combustível,

explicando seu funcionamento e perpassando pelos seis principais tipos de célula a

combustível atuais.

O quinto capítulo apresenta a ferramenta usada para as simulações. É apresentado

seu funcionamento, as telas da interface gráfica e a comparação com outros softwares.

O sexto capítulo apresenta o modelo que foi criado no software e os parâmetros que

foram utilizados para recriação do veículo Toyota Mirai. São apresentados também

alguns resultados e o seu desvio dos valores reais.

O sétimo capítulo apresenta as análises que foram conduzidas neste trabalho e seus

resultados. O capítulo avalia o consumo de combustível pela perspectiva de duas variáveis

e em três diferentes ciclos de condução.

O oitavo capítulo contém as conclusões em cima dos resultados encontrados no

sétimo capítulo.

O nono capítulo contém sugestões para trabalhos futuros levando em conta os

resultados aqui obtidos e as limitações encontradas durante a execução deste trabalho.

5

2 Veículos elétrico e híbrido

Esse capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos chaves sobre veículos

elétricos e híbridos.

2.1 Veículo elétrico

Os veículos elétricos possuem dois componentes principais, o motor elétrico e uma

fonte de energia. O motor elétrico é responsável por converter a energia elétrica

proveniente da fonte em torque, tracionando o veículo. A fonte de energia, que pode ser

uma bateria, uma célula a combustível ou ultra capacitores, é responsável por fornecer

energia elétrica ao veículo. Justamente por não usar um motor de combustão interna, os

veículos elétricos são livres da emissão de poluentes além de possuírem alta eficiência e

operação silenciosa. O veículo elétrico pode ser subdivido em três subsistemas:

1) Subsistema de propulsão

a) Controle do veículo

b) Conversor eletrônico

c) Motor elétrico

d) Transmissão mecânica

e) Pneus

2) Subsistema de fonte energia

a) Fonte de energia

b) Unidade de gerenciamento de energia

c) Unidade de reabastecimento de energia

3) Subsistema auxiliar

a) Unidade de direção hidráulica

b) Unidade de suprimento auxiliar

c) Unidade de controle de clima

6

A figura 2-1 exibe uma visão esquemática de todos os subsistemas e o seu fluxo de

comunicação.

Figura 2-1 Sistemas de um carro elétrico (EHSANI, et al., 2010)

A figura mostra as comunicações elétricas entre os subsistemas de fonte de energia,

subsistema auxiliar e o subsistema de propulsão elétrica. A fonte de energia, no

subsistema de fonte de energia, faz a comunicação com os dois outros subsistemas. Os

controladores se comunicam principalmente com as fontes de energia, sendo responsáveis

pelo gerenciamento de energia. Por fim, a comunicação mecânica ocorre apenas entre o

motor elétrico e a transmissão mecânica e entre a transmissão mecânica e os pneus.

2.2 Veículo Híbrido

Os veículos elétricos híbridos (VEH) combinam diferentes formas de propulsão

com o objetivo de aumentar a autonomia dos veículos. Os sistemas de propulsão

utilizados são um motor de combustão interna (MCI) que pode utilizar gasolina, diesel

ou etanol e um sistema de propulsão elétrica. Devido a presença do motor de combustão

interna os veículos híbridos apresentam uma melhor performance por não ficarem apenas

7

na dependência da bateria e podendo operar o MCI apenas nos pontos de máxima

eficiência.

Nestes veículos ainda estão presentes um banco de baterias para armazenamento

de energia e um conversor de frequência. A forma como o sistema de propulsão elétrica

se comunica com os demais sistemas do veículo define a arquitetura do mesmo, que pode

ser em série ou em paralelo. Na configuração em série apenas uma fonte de energia está

ligada diretamente ao sistema de tração, a outra fonte energia alimenta a fonte primária.

Portanto temos duas conversões de energia, da fonte secundária para a primária e da

primária para o sistema de tração. Por executar duas conversões de energia esse tipo de

configuração apresenta uma menor eficiência em relação à configuração em paralelo. A

configuração em paralelo apresenta ambas as fontes de energia ligadas ao sistema de

tração. Tais arquiteturas serão apresentadas em seções subsequentes.

Quanto ao grau de hibridização, que é determinada pelas características

operacionais de tração do veículo, os veículos híbridos podem ser classificados em quatro

classes, denominadas Micro Híbrido, Meio Híbrido, Híbrido Completo, Híbrido “Plug-

in”. A Tabela 1 mostra as principais características presentes em cada classe.

Tabela 1 - Resumo das características dos tipos de veículos Híbridos

Micro

Híbrido

Meio Híbrido Híbrido

Completo

Híbrido

Plug-In

Automaticamente

liga/desliga o

MCI conforme o

veículo anda/para

x

x

x

x

Freio

regenerativo

x x x

Motor elétrico

auxilia MCI

x x x

Pode ser

tracionado

apenas pelo

Motor elétrico

x x

Recarrega a

bateria na rede

x

8

Observa-se da tabela que o veículo Plug-In é o que apresenta o maior número de

características, se caracterizando principalmente por poder recarregar a bateria em rede.

O veículo Híbrido apresenta como principais características a utilização do motor elétrico

de forma a auxiliar o motor de combustão interna em momentos de alta demanda de

potência, além do freio regenerativo recuperando parte da energia na frenagem

aumentando a eficiência energética do sistema.

2.2.1 Arquitetura em série

Na arquitetura em série o motor elétrico é o único responsável pela tração do

veículo. Este recebe energia da bateria que é recarregada pelo motor de combustão. Como

o motor de combustão opera independentemente das demandas de tração sua operação

pode ser otimizada de forma a alcançar melhores eficiências e reduzir a emissão de

poluentes.

Em situações de baixas demandas de potência apenas a bateria fornece energia

elétrica para o motor elétrico. No entanto, em situação de aceleração onde a demanda de

potência é alta o motor de combustão fornece energia ao gerador, e o gerador juntamente

com a bateria fornecem energia para o motor elétrico. Em situações de cruzeiro, o motor

de combustão fornece energia ao motor elétrico e à bateria. A figura 2-2 ilustra a árvore

de decisão do fluxo de energia para a arquitetura em série.

9

Figura 2-2- Fluxo de energia para arquitetura em série de veículos híbridos (EHSANI, et al., 2010)

2.2.2 Arquitetura em paralelo

Nessa configuração ambos os motores, o elétrico e o de combustão interna, podem

ser acionados separadamente para tracionarem o veículo. Em baixas velocidades a

bateria, completamente carregada, fornece energia para o motor elétrico e este traciona o

veículo. Em situações de aceleração o motor de combustão traciona o veículo juntamente

com o motor elétrico. Em cruzeiro o motor de combustão interna traciona o veículo e

simultaneamente pode carregar a bateria.

Nessa configuração o motor elétrico e o motor de combustão estão diretamente

acoplados. O acoplamento pode ser de dois tipos, de velocidade ou de torque. O

acoplamento de torque soma o torque dos dois motores ou divide o torque do motor de

combustão interna entre acionamento e recarga da bateria. O acoplamento de velocidade

pode ser feito de duas maneiras, uma delas usando engrenagens planetárias e a outra

usando um motor elétrico. É possível ainda combinar os dois tipos de acoplamento. Na

figura 2-3 é apresentando o esquema lógico do fluxo de energia para arquitetura em

paralelo.

10

Figura 2-3 - Fluxo de energia para arquitetura em paralelo (EHSANI, et al., 2010)

11

3 Veículo a célula a combustível

Esse capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos chaves sobre os veículos a

célula a combustível.

3.1 Arquitetura do veículo movida a célula a combustível

Os veículos de célula a combustível utilizam um sistema de células a combustível,

também denominado pilha a combustível, para gerar energia elétrica que pode ser usada

tanto para carregar a bateria quanto para acionar o motor elétrico. Esse tipo de veículo

apresenta algumas vantagens como baixa emissão de poluentes e uma boa eficiência

energética. Porém o uso da célula a combustível apresenta algumas desvantagens:

• Unidade de energia pesada, uma vez que a densidade energética da célula a

combustível é baixa.

• Tempo de inicialização longo

• Tempo de resposta longo

• Baixa eficiência em aplicações de propulsão, com alta saída de energia em

momentos de aceleração e baixa potência em velocidades baixas. (EHSANI,

et al., 2010)

Uma forma de contornar as desvantagens acima listadas é o uso de uma fonte de

potência auxiliar para as situações de pico (PPS), como por exemplo o uso de uma bateria.

O uso da bateria reduz o consumo de energia por permitir freio regenerativo,

recuperando assim energia da frenagem e a implementação de estratégias de

gerenciamento de energia que operem o sistema de células a combustível em condições

de melhor eficiência. (ROCHE, et al., 2015)

Uma esquematização da estrutura de um veículo de célula a combustível é

apresentada na figura 3-1.

12

Figura 3-1 - Arquitetura de um veículo de célula a combustível (EHSANI, et al., 2010)

Na figura 3-1 o veículo movido a célula a combustível apresenta os seguintes

componentes: 1: pedal de aceleração, 2- pedal de frenagem, 3- Controlador do veículo,

4- Sistema de células a combustível, 6 – interface eletrônica, 7- Controlador do Motor, 8

– Motor de tração, 9 – sinal de energia da fonte do pico de potência. O funcionamento

segue como descrito: o controlador do veículo (3), de acordo com os sinais que recebe

de aceleração (1) ou frenagem (2), controla a saída de potência, torque e energia que flui

do sistema de célula a combustível (4) para a fonte de pico de potência (bateria) (5) e para

o sistema de transmissão (9). Em situações onde a potência máxima é requerida, tanto a

célula a combustível quanto a fonte de pico de potência fornecem energia ao motor

elétrico. Durante a frenagem o motor elétrico opera como um gerador armazenando parte

da energia na fonte de pico de potência. A mesma ainda pode ser carregada pela célula a

combustível em situações onde a demanda de potência for baixa. (EHSANI, et al., 2010)].

13

3.2 Fluxo de Potência

Uma bateria pode ser usada como fonte de potência auxiliar. Essa configuração

exige um bom controle do fluxo de potência entre o sistema auxiliar, célula a combustível

e o motor elétrico, de forma a assegurar que a saída de potência do motor atenda a

demanda do veículo e que tanto o sistema auxiliar de energia quanto a célula a

combustível operem em uma faixa ótima.

Há três modos de operações:

1) Modo de paralização: Nenhuma das fontes de potência fornecem energia ao motor

elétrico.

2) Modo de frenagem: A célula a combustível é mantida inativa e o sistema auxiliar de

potência, no caso a bateria, é carregada pelo motor elétrico.

3) Modo de tração: O modo de tração varia de acordo com a demanda de potência.

Se a potência requerida for maior que a potência nominal da célula a combustível

o sistema auxiliar de potência é acionado de forma a suprir a diferença. É importante

ressaltar que a potência nominal da célula a combustível não necessariamente é a

maior potência que ela pode fornecer, mas sim a maior potência fornecida na faixa de

operação ótima.

Se a potência requerida for menor que a nominal da célula a combustível e o

sistema auxiliar de potência encontra-se em um estado de carga abaixo do mínimo

permitido pelas configurações do sistema, a célula fornece a potência nominal que

será distribuída entre o motor e o sistema auxiliar.

Se a potência requeria for menor que a potência nominal da célula a combustível

e o sistema auxiliar não precisa ser carregado, quem fornece potência ao motor é o

sistema auxiliar.

3.3 Principais componentes do veículo a célula a combustível

Segundo (EHSANI, et al., 2010) há três parâmetros principais para o design de um

veículo movido a célula a combustível. Sendo eles o motor elétrico, a célula a combustível

e a fonte auxiliar de potência.

A característica do motor elétrico de maior importância é a sua potência que deve ser

tal que atenda aos requisitos de performance da aceleração.

14

A célula a combustível deve ser projetada de tal forma que forneça potência ao veículo

em condições de cruzeiro em altas velocidades, pois o sistema auxiliar é projetado apenas

para fornecer potência em curtos períodos de alta demanda.

A fonte auxiliar de potência tem a potência calculada pela equação 1,

Ppps =Pm

ηm− Pc

(1)

Na fórmula (1) o prefixo m significa motor e c, célula a combustível. Outro parâmetro

relevante para a fonte de energia auxiliar é a capacidade energética, que é dada pela

varrição energia entre a energia que ela fornece ao sistema de tração e a energia recebida

durante frenagem através do freio regenerativo. A equação 2 mostra como ela é calculada.

E = ∫(Ppps,c − Ppps,d)dt

(2)

Na fórmula (2) o prefixo c significa carregado e d, descarregado.

O sistema auxiliar de potência não demanda uma capacidade energética muito

grande para auxiliar em condições normais de condução. Devido ao tempo longo para

que a célula a combustível entre em total operação, quem assume a propulsão do veículo

é o sistema auxiliar e é com base nessa situação que o tamanho da capacidade energética

do sistema auxiliar deve ser calculado.

3.4 Grau de hibridização do veículos a célula a combustível

Segundo (CAI et al., S/D) o grau de hibridização para véiculos movidos a célula a

combustível pode ser calculada pela equação 3,

DOH =(Pt − Pc)

Pt

(3)

Na fórmula (3) o prefixo “t” significa total e o “c”, célula a combustível.

15

4 Célula a Combustível

A célula a combustível desempenha um papel central nos veículos que a usam como

fonte de energia. Uma célula a combustível é uma célula galvânica que converte energia

química em energia elétrica através de reações químicas. Sua alta eficiência para veículos

elétricos advém do fato que ela converte a energia da combustão do combustível

diretamente em energia elétrica.

A célula a combustível pode ter seu funcionamento interpretado analogicamente

como o de uma bateria de funcionamento contínuo. Nela um combustível gasoso,

normalmente hidrogênio por ser altamente reativo, é fornecido de maneira contínua à um

dos eletrodos (ânodo) onde é oxidado produzindo uma corrente elétrica contínua. No

eletrodo oposto, o cátodo, os elétrons reagem com os íons positivos e com o oxigênio

produzindo essencialmente água. Os eletrodos são separados por um eletrólito que possui

como principal função impedir a mistura dos gases reagentes de cada eletrodo. A figura

4-1 ilustra seu princípio de funcionamento.

Figura 4-1 - Funcionamento de uma célula a combustível (EHSANI, et al., 2010)

A célula a combustível necessita de componentes auxiliares para o seu perfeito

funcionamento. Os principais componentes são a bomba de ar, a bomba de combustível,

a bomba de circulação de refrigerante, o ventilador e controladores eletrônicos. Todos os

16

componentes demandam potência que na situação ideal deve ser fornecida pela própria

célula a combustível. Desses componentes a bomba de ar é a que mais consome energia,

em torno de 10% da energia gerada pela célula. Outro fator importante para o

funcionamento da célula a combustível é a pressão do ar sobre o eletrodo, que deve ser

maior que a pressão atmosférica. Essa compressão do ar também consome uma grande

quantidade de energia. Levando em consideração estes componentes a faixa de operação

ótima da célula é entre 7%-55% da corrente máxima. O limite superior se deve as quedas

de tensão e o limite inferior se deve a mínima energia necessária para alimentar os

equipamentos auxiliares.

Existem atualmente 6 tipos de célula a combustível quanto ao material e

combustível utilizado que serão apresentados nas seções subsequentes.

4.1 Energia e eficiência da célula a combustível

A energia liberada pela reação química é calculada pela variação da energia livres

de Gibb’s. Em um processo reversível a variação da energia livre de Gibb’s é convertida

completamente em energia elétrica, evidenciado na equação 4,

Δ𝐺 = ΔH − 𝑇Δ𝑆

(4)

E a eficiência da célula a combustível é dada pela equação 5,

𝜂𝑖𝑑 =Δ𝐺

Δ𝐻= 1 −

Δ𝑆

(Δ𝐻 ∗ 𝑇)

(5)

Observa-se que a eficiência está diretamente relacionada com a temperatura.

Quanto maior for a temperatura da célula maior será a sua eficiência. Numa comparação

com máquinas de Carnot, a eficiência teórica da célula a combustível é superior quando

operada nas faixas de temperatura de 100°C a 1000°C, segundo (EHSANI, et al., 2010).

A conversão eletroquímica do metano tem eficiência teórica beirando nos 100%

tornando-o o armazenador primário preferido para células a combustível. As equações

acima consideram que as reações químicas que ocorrem na célula a combustível ocorrem

isotermicamente e são reversíveis.

17

4.2 Tensão da célula a combustível

A tensão gerada por uma célula a combustível pode ser expressa conforme a equação 6,

𝑉𝑟0 = −

Δ𝐺0

𝑛𝐹

(6)

A dependência da tensão gerada das reações químicas é descrita pela equação 7,

𝑉𝑟 = 𝑉𝑟0 −

𝑅𝑇

𝑛𝐹∑ 𝑉𝑖

𝑖

ln [∏(𝑎𝑐𝑡𝑖𝑣𝑖𝑡𝑖𝑒𝑠 𝑜𝑓 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑐𝑡𝑠)

∏(𝑎𝑐𝑡𝑖𝑣𝑖𝑡𝑖𝑒𝑠 𝑜𝑓 𝑟𝑒𝑎𝑐𝑡𝑎𝑛𝑡𝑠)]

(7)

Se os reagentes e produtos foram gasosos a equação se reduz à equação 8,

𝑉𝑟 = 𝑉𝑟0 −

𝑅𝑇

𝑛𝐹∑ 𝑉𝑖

𝑖

ln (𝑝𝑖

𝑝𝑖0)

(8)

Onde 𝑝𝑖0é a pressão em condições normais e Vi o número de mols.

A tensão de fato gerada pela célula é menor do que calculada pelas fórmulas acima

apresentadas. A diversos fatores que causam uma queda na tensão gerada. Em (EHSANI,

et al., 2010) é apresentado uma hipótese de funcionamento que considera que a reação

que ocorre no eletrodo sofre impedimento cinético que gera uma queda de tensão que é

influenciada pelo material do eletrodo e pelo tipo de eletrólito usado e pode ser descrita

pela equação 9,

ΔVΩ = Rei

(9)

Onde 𝑅𝑒 é a resistência do eletrólito. Outra perda de tensão é causada pelo fato de

parte da energia é perdida para elevar a energia dos reagentes químicos à energia de

ativação, para que assim possam reagir quimicamente. Essa queda de tensão é descrita

pela equação 10,

18

Δ𝑉𝑎 =𝑅𝑇

β𝑛𝐹∑ 𝑉𝑖

𝑖

ln (𝑖

𝑖0)

(10)

Há ainda uma queda de tensão denominada queda de tensão por concentração e se

deve a diferença de concentração de íons nos eletrodos. Quando a densidade de corrente

é pequena essa queda é insignificante. Porém conforme a densidade de corrente aumenta

essa queda assume valores cada vez mais expressivos até atingir um limite. O cálculo

dessa queda de voltagem no anodo e no cátodo é dada pelas equações 11 e 12,

respectivamente.

Δ𝑉𝑐1 =𝑅𝑇

𝑛𝐹ln (

𝑖𝐿

𝑖𝐿 − 𝑖)

(11)

Δ𝑉𝑐2 =𝑅𝑇

𝑛𝐹ln (

𝑖𝐿 + 𝑖

𝑖𝐿)

(12)

Por fim, há uma queda de tensão causada pela mudança de pressão, oriunda do

consumo de oxigênio na superfície do eletrodo que reduz imediatamente a pressão parcial

na superfície. É calculada pela equação 13,

Δ𝑉𝑐𝑔 =𝑅𝑇

𝑛𝐹ln (

𝑝𝑠

𝑝0)

(13)

A figura 4-2 descreve a curva da tensão gerada pela densidade de corrente

considerando todas as quedas de tensões acima mencionadas.

19

Figura 4-2 - Tensão gerada pela célula a combustível (EHSANI, et al., 2010)

Observa-se que a queda na tensão devido as perdas acima descritas podem chegar

a quase 50% em densidades de corrente maiores do que 1 𝐴/𝑐𝑚2.

A figura 4-3 apresenta a curva de potência e de eficiência da célula a combustível

em função da densidade de corrente.

20

Figura 4-3 - Curva de potência e eficiência da célula a combustível em função da densidade de corrente (EHSANI, et

al., 2010)

Observa-se que a eficiência decai com o aumento da densidade corrente enquanto

que a densidade de potência aumenta. Logo, a região de melhor eficiência gera uma

menor potência. Por isso deve-se se atentar a quantidade de potência que está sendo

gerada pela célula pois ela deve no mínimo se igualar a potência demanda pelos

componentes auxiliares da célula a combustível.

4.3 Tipos de combustível para a célula a combustível

4.3.1 Hidrogênio puro

O hidrogênio puro no estado líquido ou gasoso é o combustível ideal para a célula

a combustível. Considerando o hidrogênio como combustível as reações típicas presentes

nos eletrodos são descritas pelas equações 14, 15 e 16,

21

𝐻2 → 2 𝐻+ + 2 𝑒−

(14)

2 𝐻+ + 2 𝑒− +1

2𝑂2 → 𝐻2𝑂

(15)

𝐻2 +1

2𝑂2 → 𝐻2𝑂

(16)

As reações fundamentais das células a combustível são a de dissociação do

hidrogênio e do oxigênio. Tais reações são catalisadas nas superfícies do eletrodo. O

material a ser empregado no eletrodo para atuar como catalisador dependerá da

temperatura de operação da célula. Em baixas temperaturas é comumente empregado

metais nobres como a platina. Já em altas temperaturas utiliza-se o próprio metal do

eletrodo como catalisador das reações.

Eletrodos de difusão gasosa possuem uma estrutura porosa condutora de elétrons

que maximiza a interface trifásica sólido-líquido-gasoso acelerando as reações químicas.

Esse tipo de eletrodo deve apresentar duas características importantes, a alta atividade

catalítica de forma a produzir uma alta densidade de corrente e força capilares baixas nos

poros, de forma a evitar que os mesmos expulsem o eletrólito. Esse tipo de eletrodo

possui espessuras variando de 0,1 mm à 0,5 mm.

Uma unidade de célula a combustível tem o potencial aberto entre 1 a 1,2V, e

libera sob solicitação 0,5 a 0,7 V DC. Devido a esses valores baixos vem a necessidade

de empilhamento de várias unidades de células (200 a 300) de forma a gerar potenciais

práticos entre 150 a 200 V. (WENDT, et al., 1999)

A partir das reações acima apresentadas identifica-se uma das grandes vantagens

advindas do uso das células a combustível, a ausência da emissão de poluentes.

4.3.2 Metanol

A produção de hidrogênio gasoso e líquido ainda é custosa, soma-se a isso o fato

de que o armazenamento do hidrogênio como combustível é de alta complexidade com

várias medidas de segurança necessárias e o fato de ainda não haver uma rede de

distribuição desse combustível. Todos esses fatores limitam a propagação dos veículos

movidos a células a combustível utilizando hidrogênio puro.

22

A indústria buscou uma alternativa para essa situação, extraindo o hidrogênio de

outras fontes, sendo uma delas o metanol. Sua reforma é simples (e ocorre a 200°C) e

pode ser realizada a bordo do veículo. O problema em se utilizar o metanol é que sua

reforma produz gás de síntese que contêm até 1% de CO, que é venenoso e danifica a

platina. A solução é ou a metanização desse CO ou a sua oxidação. Conforme as equações

17 e 18 demonstram.

CO + 3 H2 → CH4 + H2O

(17)

CO +1

2O2 → CO2

(18)

O ideal seria oxidação direta do metanol, para isso seria necessária ter

catalisadores que não fossem envenenados pela alta quantidade de CO. O catalisador

comumente usado é o binário Ru/Pt, porém seu custo é inviável para ser inserido em

veículos automotores.

Uma outra solução é o aumento da temperatura da célula de 90°C para 200°C.

Isso aceleraria todas as etapas de oxidação direta do metanol e diminuiria a adsorção do

CO pela platina. Porém essa temperatura inviabiliza o uso da membrana de Nafion.

4.4 Tipos de células a combustível

A Tabela 2 resume as principais informações das células a combustível hoje

comercialmente disponíveis.

23

Tabela 2 - Tipos de célula a combustível ( WENDET, et. all )

Tipo Eletrólito Faixa de

temperatura

(°C)

Vantagens Desvantagens Aplicações

Alcalina (AFC) KOH (OH-) 60 -90 Alta eficiência

(83% teórica)

- Sensível a gás

carbônico

- Sem reforma

de combustível

- Espaçonaves

- Aplicações

militares

Membrana

(PEMFC)

Polímero

Nafíon(𝐻3𝑂−)

80-90 Alta densidade - Custo da

membrana

- Contaminação

do catalisador

com CO

- Veículos

automotores e

catalisador

- Espaçonaves

- Mobilidade

Ácido fosfórico

(PAFC)

𝐻3𝑃𝑂3 (𝐻3𝑂+) 160-200 Maior

desenvolvimento

tecnológico

- Controle da

porosidade do

eletrodo.

- Sensibilidade a

CO

- Eficiência

limitada pela

corrosão

- Unidades

estacionárias até

100 kW.

- Cogeração

Carbonatos

fundidos

(MCFC)

Carbonatos

Fundidos

(𝐶𝑂32−)

650 – 700 - Eletrodos à

base de Ni

- Tolerância a

CO

- Problemas de

materiais

- Necessidade

de reciclagem

de Co2

- Interface

trifásica de

difícil controle

Unidades

estacionárias

- Cogeração

Cerâmicas

(SOFC) 𝑍𝑟𝑂2(𝑂2−) 800 - 900 - Alta eficiência

- A reforma do

combustível

pode ser feita na

célula

- Problemas de

materiais

- Expansão

térmica

- Necessidade

de pré-reforma

Unidades

estacionárias

- Cogeração

24

4.4.1 Célula a ácido fosfórico – PAFC

O ácido fosfórico é um liquido viscoso contido na capilaridade de uma matriz

porosa de carbeto de silício. O íon conduzido no eletrólito é o H+, e as reações são bem

similares às reações presentes nas células de membrana polimérica.

O ácido fosfórico (eletrólito barato) deve ser mantido acima dos 42°C (seu ponto

de congelamento). Portanto, é necessário um sistema para aquecer o conjunto, o que

dificulta a aplicação desse tipo de célula em veículos elétricos. Há ainda uma grande perda

de energia na forma de calor que ocorre quando a célula é desligada. Essa célula também

emprega um catalisador de platina encarecendo-a. A célula ainda apresenta as seguintes

desvantagens como baixa eficiência, risco de corrosão e emissão de gás carbônico.

A sua principal aplicação é no setor espacial. A células de ácido fosfórico foram

as primeiras a terem aplicabilidade na indústria, tanto que seu desenvolvimento foi

voltado para a queima de metano. A principal vantagem delas é que não se contaminam

com dióxido de carbono e suportam até 1% CO no gás.

Uma estação de célula desse tipo tem potência na faixa de 200 kW. É importante

salientar que a reforma do combustível é externa a célula.

4.4.2 Célula de óxido sólido – SOFC

Esse tipo de célula possui uma membrana cerâmica para a condução de íon de

oxigênio ou hidrogênio, e opera a altas temperaturas (1000-1200°C) o que permite que

funcione com hidrocarbonetos ao invés de hidrogênio puro. As altas temperaturas

praticamente reduzem as perdas de energia por energia de ativação.

Essa célula possui as mesmas desvantagens advindas das altas temperaturas além

da cerâmica ser frágil, o que o torna pouca aplicável à veículos uma vez que vibrações

comuns em veículos podem vir a danifica-la.

Além disso as altas temperaturas dificultam a escolha dos materiais da célula, uma

vez que causam corrosão, tensões térmicas, fadiga, etc.

As etapas que ocorrem numa célula SOFC são:

25

𝐶𝑂 + 𝐻2𝑂 → 𝐶𝑂2 + 𝐻2

(19)

𝑂2− + 𝐻2 → 𝐻2𝑂 + 2𝑒−

(20)

𝑂2 + 4 𝑒− → 2𝑂2−

(21)

--------------------------------------------------

𝐻2 +1

2𝑂2 → 𝐻2𝑂

(22)

𝐶𝑂 +1

2𝑂2 → 𝐶𝑂2

(23)

A reação da equação 19 ocorre no ânodo, a reação representada na equação 20

ocorre na interface do ânodo com o eletrólito, a reação da equação 21 no cátodo. As

reações das equações 22 e 23 são as reações globais.

4.4.3 Célula de membrana polimérica – PFMC

As células de membrana polimérica, comumente conhecidas de PFMC, utilizam

uma membrana polimérica como eletrólito. A partir da Tabela 2 contata-se que é a célula

com a aplicação mais adequada em veículos automotores. Isso se deve as suas principais

características de baixo peso, alta densidade de corrente, temperaturas baixas, fácil

fabricação, longevidade, fácil acionamento e desligamento. Além disso funciona a baixas

temperaturas e possui emissão zero de nitretos.

A membrana mais usada é a de Nafion. Incialmente usava-se fios de platina no

eletrodo o que encarecia seu custo significativamente. Atualmente usa-se carvão ativo,

ativado com platina. Porém ainda possui um custo elevado, além disso tem

envenenamento por gás carbônico e necessidade de um controle da umidade da célula.

26

4.4.4 Células Alcalinas – AFC

Esse tipo de célula usa uma solução aquosa de hidróxido de potássio (KOH), de

forma que o íon carregado no eletrólito é OH-. Água é produzida no anodo e requerida

no catodo, o que gera uma necessidade dessa célula por um gerenciamento de água. A

água que não é consumida nas reações químicas é eliminada na forma de vapor. Essa

célula é capaz de operar em maiores temperaturas (80 a 230°C) e em pressões variando

de 2.2 a 45 atm.

A cinética rápida do OH-, pois a reação do oxigênio é mais rápida numa solução

alcalina do que numa solução ácida, a baixa energia de ativação e a possibilidade de

utilização do níquel e cobre como catalisadores fornecem a célula uma boa relação de

eficiência com custo.

O grande problema dessa célula é a grande afinidade do eletrólito com o gás

carbônico, formando um íon que não reage nas reações químicas da célula, diminuindo

assim a sua performance. Ainda há o risco de o carbono precipitar e obstruir os eletrodos.

Uma forma de evitar isso seria na aplicação de um filtro de gás carbônico na entrada de

ar.

A vantagem dessa célula é que ela usa catalisadores baratos, tem boa eficiência e

trabalha em baixas temperaturas.

4.4.5 Célula de combustível de carbonato fundido – MCFC

São células de alta temperatura (550°C a 800°C). Utilizam-se de um sal fundido

para condução de íons, geralmente carboneto de lítio-potássio ou carboneto de lítio-sódio,

sendo o carbeto como íon conduzido. As reações consomem dióxido de carbono, e não

usam hidrogênio na forma pura retirando-o dos hidrocarbonetos. Essa é a sua maior

vantagem e o que torna interessante para aplicação em veículos. As altas temperaturas

também aumentam a velocidade das reações químicas permitindo o uso de catalisadores

mais baratos.

Porém sua alta temperatura o torna perigoso para o uso em veículos, e como é

alcalino é altamente corrosivo. A alta temperatura também pode derreter o eletrodo, o que

limita o uso das células em situação estacionária. Outra desvantagem da célula é o seu

27

início demorado já que precisa atingir as altas temperaturas para estar em melhor

operação, porém quando o atinge apresenta ótima eficiência.

4.4.6 Célula de metanol direto

Esse tipo de célula utiliza o metanol como combustível. Como o metanol é líquido

pode ser facilmente armazenado no veículo, e sua distribuição poderia usar a

infraestrutura de postos de gasolina, ele se torna uma opção atraente para aplicação em

veículos. O metanol ainda pode ser produzido de fontes naturais como petróleo e gás

natural. Como catalisador é usado platina ou ligas de platina.

O eletrólito é o ácido triflourometano sulfúrico. As reações que ocorrem no anodo

e no catodo são dadas pelas equações 24 e 25 respectivamente. A equação 26 representa

a reação global:

𝐶𝐻3𝑂𝐻 + 𝐻2𝑂 → 𝐶𝑂2 + 6𝐻+ + 6𝑒−

(24)

3

2𝑂2 + 6𝐻+ + 6𝑒− → 3𝐻2𝑂

(25)

𝐶𝐻3𝑂𝐻 +3

2𝑂2 → 𝐶𝑂2 + 2𝐻2𝑂

(26)

Operam geralmente ente 50°C e 100°C. É uma tecnologia nova em comparação

com as outras células a combustível. Apresenta menor densidade de potência, resposta de

devagar a demanda de potência e baixa eficiência.

28

5 Software

Para executar os estudos que foram mencionados no capítulo 1 avaliou-se os

softwares presentes no mercado e recorrentes na literatura. Segundo, (TURKMEN et al,

S/D) um software deve permitir a construção de modelos completos e sólidos

matematicamente e fisicamente, o que aqui significa a construção dos diversos tipos de

veículos (híbridos e não-híbridos) e de diferentes células a combustível.

A Tabela 3 retirada do mesmo artigo traz um levantamento de alguns softwares

disponíveis para o estudo.

Tabela 3 - Softwares de simulação de veículos disponíveis no mercado (TURKMEN, et al, S/D)

Nome Fonte Célula a Combustível

HYZEM Ricardo Consulting Engineers

Ltd.

Não

Elvis Southwest Research Institute Não

Path Southwest Research Institute Não

PSAT Southwest Research Institute

ans Argonne National

Laboratories

Sim

Advisor National Renewable Research

Laboratory

Sim

Simplev Idaho National Engineering

and Enviromental Laboratory

Não

Avte UC-Davis, ITS Não

UC Davis -

Hydrogen

UC-Davis, ITS Sim

29

A figura 5-1 mostra o desenvolvimento desses Softwares entre 1990 e os anos 2000.

Figura 5-1 - Evolução dos Softwares ao longo dos anos (TURKMEN et al, S/D)

A “Southwest Research Institute (SWRI)” desenvolveu os programas Elvis, path,

Apace e o seu último PSAT, que foi desenvolvido inicialmente em uma parceria com o

setor privado. A “National Renewable Energy Institute (NREL)” desenvolveu o software

Advisor e o disponibiliza publicamente para download o que facilitou a sua propagação

e uso nos meios acadêmicos. É também responsável pelo FASTSim, também utilizado

neste trabalho para validação de dados do Mirai.

A UC-Davis desenvolveu inicialmente o “Advanced Vehicle Test Emulator

(AVTE)” e o “AVTE direct hydrogen fuel cell vehicle model” voltado especificamente

para veículos movidos a célula a combustível. Ambos os softwares advêm do Advisor.

Como o ADVISOR não apresentava custo para aquisição, é correntemente

referido na literatura, já possui uma quantidade considerável de trabalhos executados em

cima de sua plataforma tanto na indústria quanto em centros de pesquisa, foi selecionado

para ser usado neste trabalho.

Além do mais o software apresentava ainda as seguintes vantagens:

• É opensource e pode ser usado offline. Dessa forma a NREL fez parcerias com

universidade e fabricantes automobilísticas para tornar os modelos cada vez mais

acurados. (KATRASNIK , 2010)

30

• Interface gráfica amigável

• Utiliza o Simulink para executar as simulações, o que proporciona flexibilidade

na construção de modelos, facilidade em fazer mudanças no algoritmo e no

entendimento do algoritmo.

• Desenvolvido para suportar análise de sistemas lineares e não lineares.

• Disponibilização de diversos ciclos de condução já configurados entre eles o ciclo

oficial utilizado pela Environmental Protection Agency (EPA).

5.1 Como o ADVISOR funciona

O ADVISOR foi desenvolvido pela NREL em 1990 e descontinuado em 2003,

apesar disso o software continua a ser utilizado em pesquisas. Foi desenvolvido para

permitir modelagem tanto direta quanto reversa. Ele possui como foco principal a

simulação de veículos elétricos, híbridos e movidos a célula a combustível. O programa

já oferece um banco de dados com diversos modelos para os veículos acima mencionados

e até mesmo para veículos convencionais.

A figura 5-2 mostra a lógica de funcionamento por detrás do ADVISOR.

Figura 5-2 - Diagrama de blocos geral utilizado no Advisor

No fluxo de dados podemos estabelecer 4 grandes tipos de “agente”.

• Input Scripts: São os arquivos que definem as variáveis no ambiente de trabalho

ou os arquivos que chamam outros arquivos do tipo input.

• Diagrama de blocos: São os diagramas de bloco feitos no Simulink. São eles que

possuem as funções de transferência que vão calcular as saídas do sistema, como

por exemplo, o consumo de combustível. Eles são efetivamente os modelos.

31

• Output Scripts: São os arquivos que plotam os resultados obtidos no espaço de

trabalho e as mensagens de erro.

• Control Scripst: São arquivos que podem desenvolver entradas e processar saídas.

Exemplo, Advisor Guide User Interface (GUI) e o arquivo de otimização de

rotinas.

É possível aprimorar o ADVISOR de acordo com as necessidades do usuário. Devido

ao alto número de variáveis envolvidas o mais recomendado a se fazer para a

implementação de algum novo modelo é reescrever um arquivo de algum modelo já

existente e salva-lo com outro nome. Há, portanto, duas formas de se criar um modelo de

veículo: Editando um arquivo original ou alterando as variáveis na interface gráfica do

software. Durante este trabalho todas as mudanças foram feitas através da interface

gráfica ou GUI.

5.2 Usando o ADVISOR

O programa oferece uma interface gráfica amigável, GUI. Ao todo o usuário

perpassa por três telas. Na primeira tela, exposta na figura 5-3, o usuário pode configurar

as características de seu modelo. A tela é dividida em duas partes, do lado esquerdo o

usuário visualiza as informações do modelo criado e do lado direito o usuário pode alterar

as configurações do modelo.

32

Figura 5-3 - Tela 1 do Advisor

Abaixo são enunciadas algumas configurações possíveis nessa tela:

• Em “Load File” o usuário pode escolher um modelo entre os diversos

disponíveis ou carregar um modelo próprio criado diretamente no

Matlab/Simulink.

• Em “Vehicle” estão listados os tipos de carroceria existentes.

• Em “Energy/Storage” o usuário pode escolher o tipo de bateria que deseja

utilizar. Lateralmente o usuário pode configurar o número de módulos da

bateria, sendo mostrado automaticamente a nova voltagem nominal da

bateria e o seu peso.

• Em “Motor” o usuário pode escolher um dos motores disponíveis na

plataforma e lateralmente alterar sua potência máxima e sua eficiência.

• Em “Variable List” é possível selecionar qualquer uma das variáveis do

modelo e alterar seu valor. Por exemplo, nela alterou-se para a criação do

modelo utilizado neste trabalho o coeficiente de arrasto, coeficiente de

rolamento, área frontal, massa da carroceria, estado de carga máximo e

33

mínimo, potência requerida pelos acessórios, raio da roda e distância do

centro de gravidade.

A figura 5-4 mostra a tela seguinte. Após configurar as características do modelo o

usuário deverá escolher qual tipo de simulação será executada. Do lado esquerdo são

exibidas informações gerais sobre o ciclo selecionado. Do lado direito o usuário pode:

• Escolher qual ciclo será executado e quantos vezes em sequência.

• Em “Trip Builder” o usuário pode criar o próprio ciclo através da

combinação de ciclos existente, infelizmente durante este trabalho esta

opção apresentava erros que podem estar ligados à versão do Matlab

utilizada (2018).

• É possível ainda alterar as condições iniciais do veículo, como o estado de

carga inicial e temperatura inicial dos componentes.

• Configurar o teste de aceleração

• Configurar o teste de “gradeability”

• Configurar estudo paramétrico

• Carregar as informações referente a simulação

34

Figura 5-4 - Tela 2 Advisor

Na última tela, exibida na figura 5-5, o usuário obtém as informações referentes a

simulação. Em “Plot Control” o usuário pode configurar a exibição dos resultados nos

gráficos da forma que achar mais adequado.

35

Figura 5-5 - Tela 3 Advisor

5.3 O modelo de célula a combustível

O ADVISOR apresenta as seguintes opções de modelo de veículo: Convencional,

series, paralel, paralel_sa, fuel cell, Eletric vehicle, prius_jpng, insight e custom. O

modelo denominado como “fuel cell” representa os veículos movidos a célula a

combustível.

A figura 5-6 mostra o esquema do modelo de célula a combustível utilizado no

ADVISOR.

36

Figura 5-6 - Modelo de veículo movido a célula a combustível do Advisor

Na imagem “Energy Storage System” significa sistema de estocagem de energia;

“Power Bus” é o gerenciador de energia; “Fuel Converter”, conversor de combustível e

neste caso representa a célula a combustível; “Gearbox” é a caixa de marchas, “Final

Drive” é a transmissão e “Wheel” são os pneus.

Da tradução direta da documentação do ADVISOR obtém-se a seguinte descrição do

modelo: “Os componentes do veículo da célula a combustível incluem um conversor de

combustível, baterias e um motor. É muito semelhante ao híbrido da série, com uma célula

de combustível substituindo o conversor de combustível e o gerador. A caixa de

velocidades padrão é de uma velocidade. A estratégia de controle padrão é um

“termostato”, no qual o conversor de combustível liga quando o SOC alcança o ponto de

ajuste baixo (cs_lo_soc) e desliga quando o SOC alcança o ponto de ajuste alto

(cs_hi_soc). Os acessórios híbridos possuem uma carga elétrica constante.”

37

6 Modelagem e simulação

O objetivo deste capítulo é de apresentar o modelo criado no Advisor para

representação do Mirai, se atentando nos principais detalhes da configuração do veículo

e da ferramenta. E de apresentar os ciclos que foram utilizados para validação dos dados

e nas análises posteriormente executadas.

6.1 Especificações do Mirai

A Tabela 4 apresenta um compilado das informações do ADVISOR. As

informações do Mirai foram retiradas do programa FASTSim da NREL e do arquivo

oficial da Toyota.

Tabela 4 - Dados Toyota Mirai (FASTSim)

Toyota Mirai

Nome Valor Unidade

Célula a Combustível

Tipo Célula de combustível de eletrólito de

polímero sólido

-

Potência 114 kW

Motor

Tipo Motor de Ima permanente síncrono - AC -

Potência 113 kW

Torque máximo 335 Nm

Bateria

Tipo NiMH -

Número de módulos 34 -

Voltagem Nominal 244,8 V

Potência 33 kW

SOC máximo 0,8 -

SOC mínimo 0,4 -

Tração

Tipo Tração dianteira -

38

Tanque

Volume interno 122,4 L

Pressão do tanque 70 MPa

Combustível

Tipo Hidrogênio gasoso -

Características do veículo

Coeficiente de arrasto 0,29 -

Coeficiente de rolamento 0,0076 -

“Curb Mass” 1848,4 kg

Massa da carroceria 1172 kg

Área Frontal 2,786 𝑚2

Distância do centro de massa

ao solo

0,53 m

Pneus

Raio 0,335 m

6.2 Ciclos de Condução

O ADVISOR disponibiliza em seu banco de dados uma variedade de ciclos de

condução. Com objetivo de validar o modelo comparando-se o consumo de combustível

em milhas por galão equivalente se fez necessário reproduzir o ciclo “Urban

Dynamometer Driving Schedule” (UDDS) e o “Highway Fuel Economy Test” (HWFET)

ambos utilizados pela EPA que utiliza 55% do UDDS e 45% do HWFET, o cálculo do

MPPGe é apresentado na equação 27.

MPPGe =1

0,55MPPGeUDDS

+0,45

MPGGeHWFET

(27)

A EPA é um órgão governamental americano responsável por fazer a avaliação de

emissão de poluentes nos veículos automotores. Em 2014, eles lançaram a medida

MPGGe com o objetivo de poder comparar veículos híbridos e elétricos com veículos

convencionais. A unidade foi bastante aceita e se tornou recorrente na literatura e nos

dados técnicos dos veículos.

Os dados característicos dos ciclos são apresentados nas Tabelas 5, 6 e 7.

39

Tabela 5 - Características do ciclo HWFET (ADVISOR)

Highway Fuel Economy Test - HWFET

Nome Valor

Tempo (s) 765

Distância (km) 16,51

Velocidade media (km/h) 77,58 km

Velocidade máxima (km/h) 96,4 km/h

Máxima aceleração (𝑚/𝑠2) 1,43

A figura 6-1 apresenta a velocidade pelo tempo ao longo ciclo HWFET.

Figura 6-1 - Velocidade vs Tempo ciclo HWFET

Tabela 6 - Características do ciclo UDDS (ADVISOR)

Urban Dynamometer Driving Schedule - UDDS

Nome Valor

Tempo (s) 1369

Distância (km) 11,99

Velocidade media (km/h) 31,51

Velocidade máxima (km/h) 96,25

Máxima aceleração (𝑚/𝑠2) 1,48

40

A figura 6-2 observa-se a velocidade pelo tempo ao longo do ciclo UDDS.

Figura 6-2 - Velocidade vs Tempo ciclo UDDS

Adicionalmente, também se avaliou neste trabalho os resultados do ciclo “New

European Driving Cicle” (NEDC), ciclo utilizado pela união europeia tendo em vista que

os mercados mais promissores para penetração dos veículos elétricos são o Europeu e o

Americano. A Tabela 7 contém as características do ciclo.

Tabela 7 - Características do ciclo NEDC (ADVISOR)

New European Driving Cycle - NEDC

Nome Valor

Tempo (s) 1184

Distância (km) 10,93

Velocidade media (km/h) 33,21

Velocidade máxima (km/h) 120

Máxima aceleração (𝑚/𝑠2) 1,06

A figura 6-3 mostra velocidade ao longo do ciclo.

41

Figura 6-3 - Velocidade vs Tempo ciclo NEDC

É possível observar que os ciclos UDDS e NEDC se assemelham por possuírem

mais momentos de aceleração e desaceleração, enquanto que o ciclo HWFET permanece

a maior parte de seu trajeto a uma velocidade constante. Essas características determinam

qual ciclo exige mais potência do sistema e, portanto, qual cenário consome mais

combustível.

6.3 Validação do modelo

Todas as variáveis presentes na tabela podiam ser inseridas diretamente no modelo

do ADVISOR, exceto a potência da bateria que tinha que ser inserida indiretamente

combinando o número de módulos com a voltagem nominal de cada módulo.

A Tabela 8 apresenta o nome da variável e o valor fornecido a ela para a criação do

modelo que reproduzisse o ADVISOR.

Tabela 8 - Variáveis usadas no Advisor para construção do Mirai

Modelo - Toyota Mirai

Nome/Comentário Valor Unidade Váriavel

Célula a Combustível

Tipo de célula e combustível FC_ANL50H2 - Fuel Converter

Potência 114 kW Fc_max_pwr

Motor

Tipo Motor AC - MC_AC83

42

Potência 113 kW Max_pwr

Escala de torque: altera o

torque máximo do motor

1,3624 - Mc_trq_scale

Bateria

Tipo ESS_NiMH28_Ovonic - Energy Storage

Número de módulos 32 - Ess_module_num

Escala que altera a

capacidade em Ah.

0,55 - Ess_cap_scale

SOC máximo 0,8 - cs_soc_hi

SOC mínimo 0,4 - cs_soc_lo

Características do veículo

Coeficiente de arrasto 0,29 - Veh_CD

Coeficiente de rolamento 0,0076 - Wh_1st_rrc

“Curb Mass”: deixou-se ser

calculada automaticamente

1848,4 kg -

Massa da carroceria 1172 kg Veh_glider_mass

Área Frontal 2,786 𝑚2 Veh_FA

Distância do centro de massa

ao solo

0,53 m Veh_cg_height

Pneus

Raio 0,335 m Wh_radius

É importante salientar que algumas variáveis presentes na Tabela 8 não foram

diretamente inseridas no ADVISOR e sim construídas usando-se outras variáveis como

no caso da bateria.

Além disso, a massa total é calculada somando-se a massa de cada componente, é

possível escrever uma massa total desejada que irá se sobrepor a massa total calculada.

Neste modelo a massa total calculada foi de 1856 kg apenas 8 kg acima da massa ideal o

que representa uma variação de apenas 0,4%. Por isso optou-se por manter a massa total

calculada pelo próprio ADVISOR.

Os resultados obtidos em comparação com os resultados reais para economia de

combustível e tempo de aceleração estão apresentados nas Tabelas 9, 10 e 11.

43

Tabela 9 - Validação do modelo com consumo de combustível

Consumo de Combustível em Milha por galão equivalente - MPGGe

Valor Real Simulação Variação

67 68,6 2,44%

Tabela 10 - Validação da modelo pelo tempo de aceleração

Teste de aceleração 0 km/h – 96,6 km/h [s]

Valor Real Simulação Variação

9 11,4 27,7%

Tabela 11 - Validação modelo pela velocidade máxima

Velocidade máxima [km/h]

Valor Real Simulação Variação

178 158 11,1%

Os resultados apresentados foram considerados satisfatórios para que o modelo

fosse usado no resto do trabalho.

O consumo de combustível representado pela varável “milhas por galão

equivalente” (MPGGe) apresentou uma variação de apenas 2,44% um resultado

considerado ótimo tendo em vista que o objetivo do trabalho é de avaliar o consumo de

combustível.

A performance da aceleração apresentou a maior variação em relação ao valor real

com 27,7%, apesar dos esforços em melhorar o resultado.

As figuras 6-4, 6-5 e 6-6 apresentam o comportamento do estado de carga da

bateria ao longo do ciclo.

44

Figura 6-4 -SOC x Tempo do ciclo - HWFET

Figura 6-5 - SOC x Tempo do ciclo - HWFET

45

Figura 6-6 - SOC x Tempo do ciclo – NEDC

Como esperado o estado de carga da bateria decresce, significando que a bateria

está fornecendo potência para o motor elétrico. Em todos os ciclos, a duração dos mesmos

não é longa o suficiente para levar a bateria ao estado de carga mínimo a partir do qual a

bateria teria que ser carregada pelos sistemas de células a combustível.

Há momentos no qual o estado de carga apresenta leve elevação, esse fenômeno

está associado as situações de frenagem no ciclo que devido ao freio regenerativo

destinam energia à bateria.

46

7 Resultados e Análises

O objetivo deste capítulo é o de apresentar a análises que foram conduzidas e seus

resultados utilizando-se do modelo apresentado no capítulo 6.

Foram conduzidas no total quatro análises diferentes, todas com o objetivo de avaliar

o impacto no consumo do combustível que foi avaliado em milhas por galão gasolina

equivalente (MPGGe), por ser um dado comumente apresentado pelas fabricantes e L/km,

para assim sugerir mudanças tanto na configuração do veículo quanto nas suas condições

de operação. As simulações foram feitas em três ciclos diferentes. Os ciclos UDDS e

HWEFT foram utilizados por serem os ciclos utilizados pela EPA.

A primeira análise estudada foi o impacto do estado de carga em longas distâncias,

esse estudo foi feito para ciclos consecutivos de forma a abranger uma maior distância

percorrida.

O segundo estudo conduzido foi o grau de hibridização do veículo. A terceira análise

foi sobre a temperatura de partida da célula a combustível e a quarta sobre o impacto da

redução da massa no consumo de combustível utilizando-se (GONZÁLEZ et al., 2015)

como referência.

7.1 Análise do estado de carga inicial da bateria

O veículo Plug-in apresenta a vantagem de poder carregar a bateria em rede, de

forma que podemos partir do princípio que no início de cada ciclo ou quando o motorista

começa a utilizar o veículo a bateria se encontra inicialmente com 100% da carga.

Para avaliar o verdadeiro impacto da carga inicial da bateria fez-se um estudo

comparativo avaliando o consumo de combustível para longas distâncias percorridas em

dois cenários: partindo com a bateria com um estado de carga de 100% e partindo-se de

um estado de carga de 0%, representando um veículo sem a possibilidade recarga na rede.

A simulação foi conduzida nos ciclos UDDS, HWFET e NEDC. Para aumentar a

quilometragem percorrida ao longo do ciclo o método utilizado foi aplicar ciclos idênticos

subsequentes. Os resultados são apresentados nas figuras 7-1,7-2 e 7-3.

A figura 7-1 mostra os resultados para o ciclo UDDS. Nela podemos observar que

a diferença do consumo equivalente de combustível (MPGGe) entre o veículo Plug-In e

o veículo não Plug-In até aproximadamente 100 km percorridos é significativa indo de

47

quase 45 para 10. A partir dos 100 km percorridos os valores continuam numa tendência

de aproximação, porém à uma taxa mais baixa de forma que aos 600 km a diferença é de

aproximadamente 2.

Para curtas distâncias percorridas o veículo Plug-In aproveita o potencial energético

presente na bateria acionando o sistema de células a combustível com menor frequência

e assim consumindo menos combustível e melhorando o consumo equivalente de

combustível (MPGGe). Conforme o veículo percorre longas distâncias a bateria será

descarregada e passará a entrar no ciclo de carregamento e descarregamento conforme as

demandas do veículo, exigindo mais do sistema de células a combustível. Nesse cenário

o ganho energético trazido pelo potencial inicial da bateria se torna cada vez mais

insignificante em relação a energia gasta pela célula de combustível aproximando os

valores do consumo equivalente de combustível (MPGGe) para os veículos Plug-In e não

Plug-In, como é observado em todos os ciclos de condução avaliados.

Figura 7-1 - Comparação MPGGE veículo Plug-In vs não Plug-In Ciclo UDDS

48

Figura 7-2 - Comparação MPGGE veículo Plug-In vs não Plug-In Ciclo HWFET

Figura 7-3 - Comparação MPGGE veículo Plug-In vs não Plug-In Ciclo NEDC

49

As figuras 7-1, 7-2 e 7-3 mostram que quanto maior a quilometragem percorrida

mais insignificante se torna o estado de carga inicial da bateria, uma vez que a partir de

aproximadamente 300 km para os ciclos UDDS e NEDC e aproximadamente 400 km

para o HWFET. A tendência de queda da diferença no consumo e alinhamento dos

consumos entre os veículos se aproxima conforme a distância percorrida aumenta. Para o

ciclo UDDS a diferença no consumo é de aproximadamente 0,2 L/km à 600 km

percorridos.

As Tabelas 12, 13 e 14 contém a diferença em porcentagem entre os valores do

consumo equivalente de combustível (MPGGe) entre os veículos Plug-In e não Plug-In

para cada um dos ciclos. Observa-se que a queda na variação em pontos percentuais é

mais acentuada para pequenas distâncias percorridas e se atenua para grandes distâncias,

devido ao fato dos valores do consumo equivalente de combustível (MPGGe)

convergirem. Esses resultados reforçam que o estado de carga inicial da bateria se dilui

com a distância.

Tabela 12 - Variação percentual MPGGe pela distância - HWFET

Variação em percentual do MPGGe - HWFET

Variação % Distância percorrida [km]

35,6 16,5

28,1 49,5

22,9 66

19,1 82,5

16,4 99

10,5 165,1

5,4 330,1

3,7 495,2

2,8 660,3

2,2 825,3

50

Tabela 13 - Variação percentual MPGGe pela distância - UDDS

Variação em percentual do MPGGe - UDDS

Variação % Distância percorrida [km]

65,3 12

32,6 36

26,3 48

22,1 60

19,1 71,9

12,5 119,9

6,5 239,8

4,4 359,7

2,8 479,6

2,6 599,5

Tabela 14 - Variação percentual MPGGe pela distância - NEDC

Variação em percentual do MPGGe - NEDC

Variação % Distância percorrida [km]

68,7 12

37,4 36

29,7 48

25,1 60

21,5 71,9

14 119,9

7,35 239,8

5,2 359,7

3,9 479,6

3 599,5

Para uma melhor visualização do impacto no consumo de combustível plotou-se

o consumo em litros por cada quilometro rodado. As figuras 7-4, 7-5 e 7-6 mostram os

resultados.

51

Figura 7-4 - Consumo em L/km – HWFET

Figura 7-5 - Consumo em L/km – UDDS

52

Figura 7-6 - Consumo em L/km - NEDC

Oberava-se que em média para longas distância a diferença entre os consumos se

reduz de 1 L/km para 0,1~0,2 L/km

Dos dados acima conclui-se que o impacto do estado de carga inicial sobre o

consumo do combustível é relevante para pequenas distâncias percorridas diariamente.

Considerando os seguintes trajetos de carro, apresentados na Tabela 15.

Tabela 15 - Distância média Rio de Janeiro

Ponto de partida Destino Distância [km] Ida e Volta [km]

Barra da Tijuca Ilha do Fundão 34,5 69

Duque de Caxias Centro 24,5 49

A distância média percorrida diariamente em uma grande cidade como o Rio de

Janeiro é entre 50 km e 70 km, ou seja, na faixa no qual o veículo Plug-In apresenta um

menor consumo de combustível em relação ao não Plug-In. Para situações diárias dentro

de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo o efeito do estado de carga inicial

da bateria se torna relevante.

53

7.2 Estudo do grau de hibridização - DOH

O estudo do grau de hibridização proporciona um maior entendimento sobre a

configuração do veículo a célula a combustível. A análise aqui efetuada fixou o valor da

potência da célula a combustível, levando em consideração que todos as células

encontradas nos modelos das montadoras possuíam a mesma faixa de potência, e

aumentou-se a potência da bateria.

Para efetuar a variação na potência da bateria alterou-se sua capacidade em Ah e o

número de módulos. As mudanças foram feitas sempre em conjunto de forma a seguir um

padrão e usou-se a nova massa total, que variava conforme a massa da bateria aumentava

com as mudanças.

Os valores das potências, a massa total e o grau de hibridização são mostrados na

Tabela 16.

Tabela 16 – Influência do grau de hibridização na massa do veículo

DOH % Potência bateria

[kW]

Potência Célula a

Combustível [kW]

Massa total [kg]

22,4 33 114 1856

25 38 114 1869

30 49 114 1889

45 61 114 1914

40 76 114 1933

45 93 114 1972

50 114 114 2016

55 139 114 2062

Os resultados do MPPGe e do consumo em L/km para cada um dos ciclos são

mostrados 7-7, 7-8 e 7-9.

A figura 7-7 mostra a variação do consumo equivalente de combustível (MPGGe)

para os ciclos UDDS e HWFET e o resultado combinado delas. O ciclo UDDS apresenta

uma taxa de variação baixa até o grau de hibridização de 45%. A partir deste valor ele

apresenta uma variação no consumo equivalente de combustível (MPGGe) de quase

54

1264%. O resultado levantou suspeitas quanto a precisão do software em representar a

situação real em tais circunstâncias. Em (ROCHE, et al., 2015) é apresentado um estudo

de otimização de um veículo movido à célula a combustível, e o ganho apresentando no

veículo otimizado ao final do estudo para um ciclo semelhante foi de apenas 30%.

A curva para o ciclo HWFET também apresenta um comportamento semelhante,

apresentado um crescimento no consumo equivalente de combustível (MPGGe) de quase

900%. A curva do ciclo combinado acompanha o comportamento das outras curvas.

Figura 7-7- Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) - EPA

55

Figura 7-8 - Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) - NEDC

56

Figura 7-9 - Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH) - EPA e NEDC

A figura 7-8 apresenta o comportamento para o ciclo NEDC semelhante ao

observado na figura 7-7, apresentando uma variação de 328%. A figura 7-9 mostra o

resultado para o consumo em L/km. Acompanhando o resultado do consumo equivalente

de combustível (MPGGe), o consumo cai drasticamente chegando a valores menores que

0,1 L/km.

Pode se concluir que o a potência da bateria se tornou de tal forma significativa ao

veículo que em todos os ciclos avaliados se tornou capaz de atender as altas demandas de

potência sem a necessidade de utilizar a célula a combustível, reduzindo

significativamente o consumo de combustível. Para averiguar tal hipótese avaliou-se o

grau de hibridização para distâncias maiores. Todos os ciclos foram percorridos 10 vezes

em sequência, de forma aumentar a distância final percorrida. Para o ciclo UDDs

percorreu-se no final 119 km, para o ciclo HWEFT 165,1 km, para a combinação de

ambos os ciclos 137,8 km e para o ciclo NEDC percorreu-se 109,3 km. Os resultados para

o consumo equivalente de combustível (MPGGe) são mostrados nas figuras 7-10 e 7-11.

Nas figuras 7-12 e 7-13 são mostrados os resultados para o consumo de combustível em

L/km.

57

Figura 7-10 - Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) – EPA

58

Figura 7-11 - Consumo de combustível (MPGGe) x Grau de Hibridização (DOH) – NEDC

Os novos resultados se mostram mais plausíveis com uma elevação do consumo de

combustível em MPGGe para os ciclos UDDS, HWEFT, combinado e NEDC de 9,72 %,

11,7 % ,10,4% e 12,7%, respectivamente.

59

Figura 7-12 - Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH) – EPA

60

Figura 7-13 - Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH) - EPA e NEDC

Para o consumo em L/km, as figuras 7-12 e 7-13 mostraram uma redução no

consumo menos abrupta que anteriormente. Para o ciclo NEDC a redução no consumo

foi de 11,20% e para o ciclo combinado foi de 8,16%. Já o ciclo HWEFT apresentou

redução de 11,1% e o UDDS de apenas 6,25%, o que condiz com as suas características

por possuir mais situações de aceleração e desaceleração exigindo mais do sistema como

um todo.

7.3 Estudo da temperatura

Do capítulo 4 foi apresentado os diferentes tipos de célula combustível e na figura

4-5 a sua faixa de temperatura de operação. O modelo de célula a combustível utilizado

no modelo deste trabalho procura reproduzir a célula PFMC, que é a célula a combustível

utilizada no Mirai. Ela possui faixa de operação entre 60°C e 110° C.

O ADVISOR seta como default a temperatura inicial da célula a combustível em

20°C. O que se propôs aqui foi de alterar a temperatura inicial da célula a combustível

para se avaliar o ganho na eficiência da célula a combustível. O esperado era uma redução

61

no consumo do combustível e uma elevação no consumo equivalente de combustível

(MPGGe).

Os resultados podem ser visualizados nas figuras 7-14 e 7-15. As Tabelas 17 e 18

mostram a variação em percentual no consumo equivalente de combustível (MPGGe) e

no consumo em L/km, respectivamente, entre a temperatura mínima usada, 0° C e a

máxima, 110°C. Observa-se que o ganho foi de apenas 10% para o consumo equivalente

de combustível (MPGGe) e de 9% para o consumo em litros.

A figura 7-14 mostra a decaimento no consumo em L/km conforme a temperatura

aumenta até que se estabiliza a partir da temperatura de 80 °C.

Tabela 17 - Variação em percentual do MPGGe entre a máxima e a mínima temperatura de partida da célula a

combustível

Variação do MPGGe -%

UDDS HWFET Combinado NEDC

9,91 9,73 9,83 9,97

Tabela 18 - Variação em percentual do consumo em L/km entre a máxima e a mínima temperatura de partida da

célula a combustível

Variação do Consumo L/km -%

UDDS HWFET Combinado NEDC

8,95 8,79 8,88 9,05

62

Figura 7-14 - Consumo (L/km) x Temperatura inicial da célula a combustível

Figura 7-15 - MPGGe x Temperatura inicial da célula a combustível

63

O mesmo observado na figura 7-14 se reflete na figura 7-15, onde observa-se que

todos os ciclos apresentam o mesmo comportamento em relação a temperatura inicial da

célula a combustível e que a partir dos 80°C não houve mais mudanças no consumo

equivalente de combustível (MPGGe) que permaneceu constante. A causa para isso

acredita ser alguma configuração no modelo que limita temperatura máxima em 80°C.

7.4 Estudo da redução da massa total do veículo

O objetivo neste estudo era o de avaliar o impacto da redução da massa. Como base

tomou-se o (GONZÁLEZ et al., 2015) que faz um estudo da redução da massa visando a

melhoria nas emissões de forma a atender as demandas dos países Europeus e dos Estados

Unidos. Neste trabalho, reduzimos em 10% a massa total do Mirai.

O ADVISOR permite um estudo paramétrico na tela de simulação. É possível

inserir qual parâmetro deverá ser analisado e sob quais extremos. Os resultados para cada

um dos ciclos são apresentados nas figuras 7-16, 7-17 e 7-18. Para o estudo utilizou-se

20 pontos levando-se em consideração tempo de simulação e impacto na precisão dos

resultados.

64

Figura 7-16 - MPGGe x Massa do veículo - HWFET

Figura 7-17 - MPGGe x Massa do veículo - UDDS

65

Figura 7-18 - MPGGe x Massa do veículo – NEDC

A Tabela 19 evidencia o ganho em percentual no consumo equivalente de combustível

(MPGGe) para cada ciclo,

Tabela 19 - Variação MPGGe em % em relação a redução da massa do veículo

Variação do MPGGe -%

UDDS HWFET NEDC

7,73 4,65 6,75

A média para os 3 ciclos é uma melhora de 6,4% no consumo equivalente de combustível

(MPGGe).

66

8 Conclusões

O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o impacto que alguns parâmetros

possuíam sobre o consumo de combustível em um veículo movido a célula a combustível

usando o ADVISOR, software gratuito desenvolvido pela NREL.

O trabalho simulou o veículo Toyota Mirai que é um dos veículos comerciais

propelidos a célula a combustível.

Quatro simulações foram conduzidas, cada uma avaliando o impacto sobre o

consumo de combustível.

A primeira simulação mostrou que o efeito do estado de carga inicial da bateria

sobre o consumo de combustível é desprezível quando se analisa grandes distâncias

percorridas já que a energia do potencial inicial da bateria é bem menor do que o gerado

pelo sistema de células a combustível. Em contrapartida em distâncias menores que 100

km o estado de carga inicial da bateria apresenta vantagens significativas para o consumo

de combustível, uma vez que a bateria passa a atuar como fonte principal de energia do

motor acionando o sistema de células a combustível com menos frequência.

O estudo grau de hibridização apresentou para curtas distâncias percorridas um

aumento elevado no consumo equivalente de combustível (MPGGe), refletindo que a

bateria estava tracionando de maneira praticamente por conta própria o veículo. Após

elevar a distância percorrida pode se observar valores mais próximos da realidade, além

da tendência do consumo se reduzir conforme o grau de hibridização se eleva. Importante

ressaltar o fato do aumento do consumo equivalente de combustível (MPGGe) apesar do

aumento de quase 200 kg na massa total do veículo, devido a bateria mais pesada, o que

representa quase 10% da massa total do Mirai.

A variação da temperatura inicial da célula a combustível apresentou resultados

positivos para a economia de combustível, apesar de menores do que o observado pelo

estado de carga da bateria. Da mesma forma a redução de massa também trouxe uma

redução no consumo de combustível com valores menores do que os constatados pelas

análises percussoras.

Os resultados aqui obtidos neste trabalho indicam que pequenos ganhos ainda

podem ser adquiridos nos atuais modelos de veículos a célula a combustível sem a

necessidade de se alterar o atual sistema de células a combustível. Bons resultados podem

vir da combinação de uma redução da massa total do veículo com um aquecimento da

célula a combustível.

67

9 Sugestões para trabalhos futuros

Futuros trabalhos poderiam empregar outras ferramentas de simulação para efeito

voltadas para veículos a célula a combustível, como o “Advanced Vehicle Test Emulator

(AVTE)” e o “AVTE direct hydrogen fuel cell vehicle model” da UC-Davis que são

voltados especificamente para veículos movidos a célula combustível.

O modelo aqui estudado foi construído através da interface gráfica do Advisor, que

possui suas limitações. A construção de um modelo mais fiel ao real pode ser feita

criando-se um arquivo novo no diretório do Matlab, o que permite a inserção de

características mais especificas do modelo como a criação de uma bateria mais fiel a

bateria utilizada pelo Mirai.

Um estudo do impacto da bateria usada também é sugestão do autor, levando em

conta que a baterias de Lítio-Íon apresentam melhores resultados que as de níquel metal

hidreto.

68

Referências

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setembro de 2018

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69

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70

Apêndice A – Código Matlab para geração de gráficos

Consumo por longa distância percorrida

figure(1)

x_UDDS_PI=[0.509 0.619 0.626 0.63 0.633 0.638 0.642 0.643 0.644 0.644];

x_UDDS_NPI=[1.464 0.919 0.851 0.809 0.782 0.728 0.687 0.673 0.662 0.662];

y_UDDS=[12 36 48 60 71.9 119.9 239.8 359.7 479.6 599.5];

h=plot(y_UDDS,x_UDDS_PI,'ok-',y_UDDS,x_UDDS_NPI,'dr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (L/km) x Distância percorrida (km) - UDDS');

legend('Plug-In','Não Plug-In');

ylabel('Consumo em L/km')

xlabel('Distância percorrida [km]')

grid('on')

figure(2)

x_HWFET_PI=[0.505 0.522 0.528 0.53 0.532 0.536 0.539 0.54 0.541 0.541];

x_HWFET_NPI=[0.786 0.727 0.684 0.656 0.637 0.599 0.571 0.561 0.556 0.554];

y_HWFET=[16.5 49.5 66 82.5 99 165.1 330.1 495.2 660.3 825.3];

h=plot(y_HWFET,x_HWFET_PI,'ok-',y_HWFET,x_HWFET_NPI,'dr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (L/km) x Distância percorrida (km) - HWFET');

legend('Plug-In','Não Plug-In');

ylabel('Consumo em L/km')

xlabel('Distância percorrida [km]')

grid('on')

figure(3)

x_NEDC_PI=[0.471 0.583 0.596 0.602 0.607 0.616 0.622 0.624 0.625 0.626];

x_NEDC_NPI=[1.503 0.92 0.847 0.804 0.775 0.716 0.672 0.658 0.65 0.646];

y_NEDC=[10.9 32.8 43.7 54.7 65.6 109.3 218.6 327.9 437.3 546.6];

h=plot(y_NEDC,x_NEDC_PI,'ok-',y_NEDC,x_NEDC_NPI,'dr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (L/km) x Distância percorrida (km) - NEDC');

legend('Plug-In','Não Plug-In');

ylabel('Consumo em L/km')

xlabel('Distância percorrida [km]')

grid('on')

Comparação veículos Plug-In com Híbridos simples

figure(1)

x_UDDS_pi=[68.3 56.1 55.5 55.1 54.5 54.1 54 54 53.9];

x_UDDS_npi=[23.7 37.8 40.9 42.9 47.7 50.6 51.6 52.5 52.5];

y=[12 36 48 60 119.9 239.8 359.7 479.6 599.5];

h=plot(y,x_UDDS_pi,'ok-',y,x_UDDS_npi,'dr-')

set(h(1),'linewidth',2);

71

set(h(2),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPGGe) x Distância percorrida (km) - Ciclo UDDS');

legend('Plug-In','Não Plug-In');

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

xlabel('Distância percorrida (km)')

grid('on')

figure(2)

x_UDDS_pi=[68.7 66.5 65.9 65.5 65.3 64.8 64.4 64.3 64.3 64.2];

x_UDDS_npi=[44.2 47.8 50.8 53 54.6 58 60.9 61.9 62.5 62.8];

y=[16.5 49.5 66 82.5 99 165.1 330.1 495.2 660.3 825.3];

h=plot(y,x_UDDS_pi,'ok-',y,x_UDDS_npi,'dr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPGGe) x Distância percorrida (km) - Ciclo

HWFET');

legend('Plug-In','Não Plug-In');

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

xlabel('Distância percorrida (km)')

grid('on')

figure(3)

x_UDDS_pi=[73.8 59.6 58.3 57.7 57.2 56.4 55.8 55.7 55.6 55.5];

x_UDDS_npi=[23.1 37.3 41 43.2 44.9 48.5 51.7 52.8 53.4 53.8];

y=[10.9 32.8 43.7 54.7 65.6 109.3 218.6 327.9 437.3 546.6];

h=plot(y,x_UDDS_pi,'ok-',y,x_UDDS_npi,'dr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPGGe) x Distância percorrida (km) - Ciclo NEDC');

legend('Plug-In','Não Plug-In');

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

xlabel('Distância percorrida (km)')

grid('on')

DOH

figure(1)

x_UDDS=[68.6 71.1 73.9 91.2 119.6 174.2 942.7 1003.9];

x_HWFET=[68.8 88.9 162.1 97.2 135.9 200.8 403.9 741.6];

%x_NEDC=[74.2 78.2 95.4 152.9 176.5 255.6 284.5 261.3];

x_combinado=[68.69 78.14 97.86 93.81 126.42 185.24 589.08 866.06];

y_DOH=[22.4 25 30 35 40 45 50 55];

h=plot(y_DOH,x_UDDS,'ok-',y_DOH,x_HWFET,'db-',y_DOH,x_combinado,'sr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

set(h(3),'linewidth',2);

%set(h(4),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPPGe) x Grau de Hibridização (DOH)');

legend('UDDS','HWFET','Combinado');

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

72

xlabel('Grau de Hibridização (DOH)')

grid('on')

figure(2)

%x_UDDS=[0.506 0.488 0.470 0.381 0.291 0.199 0.037 0.035];

%x_HWFET=[0.503 0.390 0.214 0.358 0.256 0.173 0.086 0.047];

x_NEDC=[0.469 0.445 0.364 0.227 0.197 0.136 0.122 0.133];

x_combinado=[0.505 0.439 0.306 0.370 0.274 0.186 0.050 0.040];

y_DOH=[22.4 25 30 35 40 45 50 55];

h=plot(y_DOH,x_combinado,'sr-',y_DOH,x_NEDC,'^g-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

%set(h(3),'linewidth',2);

%set(h(4),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH)');

legend('Combinado', 'NEDC');

ylabel('Consumo de combustível (L/km)')

xlabel('Grau de Hibridização (DOH)')

grid('on')

figure(3)

%x_UDDS=[68.6 71.1 73.9 91.2 119.6 174.2 942.7 1003.9];

%x_HWFET=[68.8 88.9 162.1 97.2 135.9 200.8 403.9 741.6];

x_NEDC=[74.2 78.2 95.4 152.9 176.5 255.6 284.5 261.3];

%x_combinado=[68.69 78.2 95.4 152.9 176.5 255.6 284.5 261.3];

y_DOH=[22.4 25 30 35 40 45 50 55];

h=plot(y_DOH,x_NEDC,'og-');

set(h(1),'linewidth',2);

%set(h(2),'linewidth',2);

%set(h(3),'linewidth',2);

%set(h(4),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPPGe) x Grau de Hibridização (DOH)');

legend( 'NEDC');

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

xlabel('Grau de Hibridização (DOH)')

grid('on')

figure(4)

x_UDDS=[54.5 54.1 53.8 55 56.1 57 57.7 59.8];

x_HWFET=[64.8 68.3 69.6 69.3 70.1 70.9 71.9 72.3];

%x_NEDC=[74.2 78.2 95.4 152.9 176.5 255.6 284.5 261.3];

x_combinado=[58.7 59.7 59.9 60.6 61.6 62.5 63.3 64.8];

y_DOH=[22.4 25 30 35 40 45 50 55];

h=plot(y_DOH,x_UDDS,'ok-',y_DOH,x_HWFET,'db-',y_DOH,x_combinado,'sr-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

set(h(3),'linewidth',2);

%set(h(4),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPPGe) x Grau de Hibridização (DOH)');

legend('UDDS','HWFET','Combinado');

73

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

xlabel('Grau de Hibridização (DOH)')

grid('on')

figure(5)

%x_UDDS=[0.638 0.643 0.646 0.632 0.620 0.610 0.602 0.600];

%x_HWFET=[0.536 0.509 0.499 0.501 0.496 0.49 0.483 0.481];

x_NEDC=[0.616 0.587 0.579 0.577 0.566 0.556 0.559 0.547];

x_combinado=[0.588 0.575 0.570 0.565 0.557 0.549 0.542 0.540];

y_DOH=[22.4 25 30 35 40 45 50 55];

h=plot(y_DOH,x_NEDC,'ok-',y_DOH,x_combinado,'db-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

%set(h(3),'linewidth',2);

%set(h(4),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (L/km) x Grau de Hibridização (DOH)');

legend('NEDC','Combinado');

ylabel('Consumo de combustível (L/km)')

xlabel('Grau de Hibridização (DOH)')

grid('on')

figure(6)

x_NEDC=[56.4 59.1 60 60.2 61.4 62.5 62.2 63.5];

y_DOH=[22.4 25 30 35 40 45 50 55];

h=plot(y_DOH,x_NEDC,'og-');

set(h(1),'linewidth',2);

title ('Consumo de combustível (MPPGe) x Grau de Hibridização (DOH)');

legend( 'NEDC');

ylabel('Consumo de combustível (MPGGe)')

xlabel('Grau de Hibridização (DOH)')

grid('on')

temperatura

figure(1)

x_UDDS=[67.6 67.6 67.8 68 68.3 68.4 68.6 69 69.3 69.7 70.1 70.6 71.1 71.6 73 74.3

74.3 74.3 74.3];

x_HWFET=[67.8 68 68.2 68.4 68.7 68.9 69.1 69.5 69.9 70.3 70.8 71.3 71.9 72.6 73.7

74.4 74.4 74.4 74.4];

x_NEDC=[73.2 73.2 73.3 73.5 73.8 74 74.2 74.5 74.9 75.3 75.7 76.2 76.7 77.2 78.5

80.5 80.5 80.5 80.5];

x_combinado=[67.69 67.78 67.98 68.18 68.48 68.62 68.82 69.22 69.57 69.97 70.41

70.91 71.46 72.05 73.31 74.34 74.34 74.34 74.34];

y_temp=[0 5 10 15 20 22 25 30 35 40 45 50 55 60 70 80 90 100 110];

h=plot(y_temp,x_UDDS,'ok-',y_temp,x_HWFET,'ob-',y_temp,x_combinado,'or-

',y_temp,x_NEDC,'og-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

set(h(3),'linewidth',2);

set(h(4),'linewidth',2);

74

title ('MPPGe x Temperatura inicial célula a combustível');

legend('UDDS','HWFET','Combinado', 'NEDC');

ylabel('MPGGe')

xlabel('Temperatura -°C')

grid('on')

figure(2)

x_UDDS=[0.514 0.514 0.513 0.511 0.509 0.508 0.506 0.504 0.501 0.498 0.495 0.492

0.489 0.485 0.476 0.468 0.468 0.468 0.468];

x_HWFET=[0.512 0.511 0.51 0.508 0.505 0.504 0.503 0.50 0.497 0.494 0.491 0.487

0.483 0.478 0.471 0.467 0.467 0.467 0.467];

x_NEDC=[0.475 0.475 0.474 0.473 0.471 0.47 0.469 0.466 0.464 0.461 0.459 0.456

0.453 0.45 0.443 0.432 0.432 0.432 0.432];

x_combinado=[0.513 0.513 0.512 0.510 0.507 0.506 0.505 0.502 0.499 0.496 0.493

0.490 0.486 0.482 0.474 0.468 0.468 0.468 0.468];

y_temp=[0 5 10 15 20 22 25 30 35 40 45 50 55 60 70 80 90 100 110];

h=plot(y_temp,x_UDDS,'ok-',y_temp,x_HWFET,'ob-',y_temp,x_combinado,'or-

',y_temp,x_NEDC,'og-')

set(h(1),'linewidth',2);

set(h(2),'linewidth',2);

set(h(3),'linewidth',2);

set(h(4),'linewidth',2);

title ('L/km x Temperatura inicial célula a combustível');

legend('UDDS','HWFET','Combinado','NEDC');

ylabel('L/Km')

xlabel('Temperatura -°C')

grid('on')

75

Apêndice B – Milhas por Galão Gasolina Equivalente

(MPGGe)

A unidade de medida, MPGGe, foi desenvolvida pela EPA para possibilitar a

comparação de veículos híbridos com veículos convencionais.

Para um ciclo analisado, é feito um cálculo considerando-se a energia gasta pelo

veículo híbrido durante o trajeto analisado e considerando que 1 galão de combustível

possui 33 Kwh de energia.

O MPGGe representa quantos milhas o veículo híbrido percorreria se consumisse

combustível tendo a mesma eficiência energética.