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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA RAFAEL BARROS GOMES DA CÂMARA EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E PROSPECÇÃO DE ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS DE POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA MACROALGA VERDE CAULERPA PROLIFERA. NATAL/RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

RAFAEL BARROS GOMES DA CÂMARA

EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E PROSPECÇÃO DE

ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS DE POLISSACARÍDEOS

SULFATADOS DA MACROALGA VERDE CAULERPA

PROLIFERA.

NATAL/RN

2015

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RAFAEL BARROS GOMES DA CÂMARA

EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E PROSPECÇÃO DE

ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS DE POLISSACARÍDEOS

SULFATADOS DA MACROALGA VERDE CAULERPA

PROLIFERA.

NATAL

2015

Tese apresentada ao Departamento de

Bioquímica da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em Bioquímica.

Orientador: Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de

Biociências

Câmara, Rafael Barros Gomes da.

Extração, caracterização e prospecção de atividades farmacológicas

de polissacarídeos sulfatados da macroalga verde Caulerpa prolifera /

Rafael Barros Gomes da Câmara. – Natal, RN, 2015.

139 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Bioquímica.

1. Antioxidante. – Tese. 2. Antiproliferativo. – Tese. 3.

Imunomodulação. – Tese. I. Rocha, Hugo Alexandre de Oliveira. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 577

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra

À Hugo Rocha pelo exemplo diário e por ter me conduzido com maestria ao

longo desses anos.

Aos meus pais (Macrino e Fátima), irmão (Bruno) e avó (Antônia) por todas as

formas de apoio ao longo desta jornada.

À Ruth por todo o companheirismo, paciência e por me reerguer nos meus

piores dias.

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AGRADECIMENTOS

À Deus por me guiar por um caminho repleto de pessoas especiais.

À Hugo Rocha, grande amigo e orientador. Obrigado por ter creditado confiança em

meu trabalho, pela paciência e tempo dedicado ao repasse de conhecimentos, pelos

conselhos fundamentais nos momentos certos, pela compreensão nos momentos de

necessidade, e por participar de minhas muitas desconstruções/reconstruções ao

longo de todos esses anos.

Aos meus pais, Macrino e Fátima, pelo amor incondicional, pela dedicação e

esforços em me oferecer condições de estudo que não lhe puderam ser

oportunizadas, pelos inúmeros conselhos, pela paciência em entender os meus

muitos momentos de ausência e de nervosismo ao longo desta trajetória e pelo

exemplo diário de constituição familiar.

Ao meu irmão Bruno pelo companheirismo e pelo exemplo de caráter e retidão.

Obrigado pelos muitos momentos de motivação e aconselhamentos. Lhe terei

sempre como referência.

À minha avó Antônia, pela simplicidade, humildade, alegria e força. Uma história viva

e que Deus lhe conserve com esta saúde e lucidez por muitos anos.

À minha esposa Ruth, que sem dúvida alguma foi a pessoa que mais sofreu na pele

com este doutorado. Obrigado pelas muitas ajudas no laboratório, pelo amor,

companheirismo, paciência e por me reerguer inúmeras vezes ao longo dessa

trajetória. Usarei uma frase clichê, mas a verdade é que não teria chegado até aqui

sem você.

À Juliana, minha cunhada, que sempre procurou me motivar em meus piores dias e

pela sinceridade escancarada.

À Clovis, Mariquinha, mamãe Raquel, Dudu, Bia, Ingrid e Bruno, pelos momentos de

descontração e apoio.

Ao meu grande amigo Leonardo Camilo pelo apoio, por sempre estar presente,

mesmo na distância, e por sempre estar disposto a me ouvir.

À todos os grandes amigos da família BIOPOL, obrigado pela ajuda, companhia e

sobretudo pelas muitas risadas. É muito fácil trabalhar em um lugar como este e

seria impossível conseguir resultados sem a ajuda direta ou indireta de vocês.

Obrigado ao “fundador” do BIOPOL, Ivan, “bote pegado parêia!”, por compartilhar

suas experiências, pela companhia nos pedais e pelo bom humor que lhe é peculiar;

à Leandrozão, “e aí?!!!”, pelos pagodes da vida, conselhos e por ser um grande

referencial; à Super Jailma, pessoa sem igual e exemplo de dedicação e

companheirismo; à Raniere, grande guerreiro Selva, pelas discussões sérias e nem

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tão sérias assim, estou na torcida porque “só a vitória interessa!”; à Cinthia pelo seu

jeito calmo de ser ; ). Calma que sua hora vai chegar!; à Marianinha “safadeza”, a

enciclopédia sindicalizada do laboratório, pelas muitas conversas, pelos momentos

de desespero compartilhados e por ser esse outro grande exemplo de dedicação; à

Day pelas organizações “eventualísticas” e pelas resenhas diárias; à Pablo, dos

Backyardigans, por estar sempre com essa motivação toda, pelos conselhos e pelas

muitas resenhas; à Karol “Piriii”, pela sua felicidade contagiante, pelas inúmeras

horas de ajuda na bancada e pelas muitas outras horas em que você atrapalha todo

mundo, brincadeira :P; à Gabriel “Marechal”, pelas Paturis e “Peladas” salvadoras e

pela disponibilidade em ajudar; à Almininho, pelas companhias noturnas no lab e no

saudoso Bar de mãe; à Monique pelos muitos pedidos atendidos de socorro; à

Momocito por essa sua tranquilidade toda e pelas ajudas tecnológicas; à ala Nutri do

Lab, Dani, Joana e Letícia pelas delícias experimentais, ou não; As grandes

figuraças “Maxatase”, Vinny, Rony e Arthur pela “zuêira” no lab e por se mostrarem

disponíveis em ajudar; à Fabiana pelos compartilhamentos dos momentos de

angústia do doutorado; à Jessyka pela seriedade no trabalho e pelo

comprometimento com os experimentos; à Marília, Mônica, Talita e Larisse que

apesar dos poucos momentos juntos, sempre estiveram dispostas a ajudar de

alguma forma. À todos aqueles que passaram de forma rápida pelo laboratório, e

que contribuíram com este trabalho, o meu muito obrigado. E aos novos que estão

chegando deixo a minha disponibilidade em ajudar no que for preciso.

Agradeço também aos grandes amigos de outros laboratórios que ajudaram de

alguma forma neste trabalho. À Leonardo, pelo suporte na UNIFESP e pela

companhia de jornada desde a graduação; À Fernanda “#Xatiada”, pela amizade e

pelas ajudas/perturbações na cultura; À Luciana pelo companheirismo e amizade,

pelas muitas ajudas na cultura e por ser essa pessoa totalmente “sem noção”! À

Anderson e Paulinha pelas muitas conversas de corredor e pelos desabafos de

nossas frustrações experimentais.

Agradeço aos alunos e professores do Departamento de Bioquímica que

disponibilizaram o acesso e o uso de equipamentos importantes para o

desenvolvimento de experimentos. Agradeço também ao Departamento, pela

oportunidade ofertada em compor temporariamente o quadro de docentes como

professor substituto. Essa sem dúvida foi uma das experiências fundamentais para

que alcançasse a aprovação em um concurso para docente efetivo.

Agradeço aos professores que compuseram as bancas de qualificação e de defesa,

por terem se mostrados disponíveis em ajudar na conclusão deste trabalho.

Por fim, agradeço a CAPES e a UFRN pelo apoio financeiro e estrutural.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo extrair, caracterizar e realizar uma análise prospectiva de atividades farmacológicas de polissacarídeos sulfatados da macroalga verde Caulerpa prolifera. Sete frações (CP-0.3/CP-0.5/CP-0.7/CP-0.9/CP-1.1/CP-1.5/CP-2.0) foram obtidas de C. prolifera por proteólise alcalina seguida de precipitação sequencial em acetona. As análises físico-químicas indicaram que C. prolifera sintetiza uma homogalactana (CP-0.9) e diferentes populações de heteropolissacarídeos sulfatados. Na análise da atividade anticoagulante, todas as frações, exceto CP-0.3, apresentaram influência sobre a via intrínseca da coagulação. Todas as frações apresentaram atividade antioxidante em 6 ensaios diferentes, sendo mais pronunciadas no teste de sequestro de peróxido de hidrogênio, com destaque para CP-0.3, CP-0.7 e CP-0.9 (quando se obteve até 61% de sequestro), no teste de quelação férrica (com destaque para CP-0.9, com 56% de quelação) e no teste de quelação cúprica (com destaque para CP-2.0, com quelação de 78%). Com relação a ação imunomoduladora, a presença de CP-0.3, CP-0.7 e CP-0.9 promoveu o aumento da produção de óxido nítrico (ON) em macrófagos em até 48, 142 e 163 vezes, respectivamente. De maneira oposta, a síntese de ON caiu em 73%, após a ativação de macrófagos por LPS, incubados concomitantemente com CP-2.0. A atividade anti-adipogênica das frações também foi avaliada e CP-1.5 foi capaz de reduzir a diferenciação de pré-adipócitos (3T3-L1) em adipócitos em 60% sem afetar a viabilidade das células. As frações CP-0.3, CP-0.5 e CP-0.9 reduziram a viabilidade da linhagem HeLa (adenocarcinoma uterino humano) em torno de 55% e CP-1.5 reduziu a viabilidade da linhagem 786-0 (adenocarcinoma renal humano) em torno de 75%. Não se identificou atividade leishmanicida ou microbicida contra Klebsiella pneumoniae resistente à Carbapenêmicos (KPC). No entanto, a viabilidade de Staphylococcus epidermidis foi reduzida em 23,8% na presença de CP-1.5. Outro resultado relevante foi a observação da formação de cristais de oxalato cálcio na presença das frações. CP-0.3, CP-0.5 e CP-1.1 promoveram a formação de cristais dihidratados de tamanho bastante reduzido (1 µm). A microscopia confocal e os dados do potencial zeta dos cristais formados na presença das amostras revelaram que os polissacarídeos presentes nas frações devem interagir com o cálcio da rede cristalina afetando o crescimento e a morfologia dos cristais. Os resultados aqui descritos indicam que as frações ricas em polissacarídeos obtidas da alga C. prolifera apresentam um potencial multiterapêutico, e que passos posteriores de purificação e a análise de seus mecanismos de ação devem ser investigados.

PALAVRAS CHAVE: Urolitíase. Anti-adipogênica. Antioxidante. Antiproliferativo. Imunomodulação.

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ABSTRACT

This study aimed to extract, characterize and conduct a prospective analysis of pharmacological activities of sulfated polysaccharides from green seaweed Caulerpa prolifera. Seven fractions (CP-0.3/CP-0.5/CP-0.7/CP-0.9/CP-1.1/CP-1.5/CP-2.0) were obtained from C. prolifera by alkaline proteolysis followed by sequential precipitation in acetone. The physicochemical analyzes indicated that C. prolifera synthesizes a homogalactan (CP-0.9) and different populations of sulfated heteropolysaccharides. In the analysis of anticoagulant activity, all fractions except CP-0.3, influenced the intrinsic coagulation pathway. All fractions showed antioxidant activity in six different assays being more pronounced in hydrogen peroxide scavenging assay, especially CP-0.3, CP-0.7 and CP-0.9 (which obtained 61% of hydrogen peroxide scavenging), in ferric chelation assay (especially CP-0.9 with 56% chelation) and cupric chelation assay (especially CP-2.0 with 78% chelation). With respect to immunomodulatory activity, the presence of CP-0.3, CP-0.7 and CP-0.9 showed an immunogenic potential, increasing the production of nitric oxide (NO) by 48, 142 and 163 times, respectively. Conversely, the NO synthesis fell 73% after the activation of macrophages by LPS, incubated concurrently with CP-2.0. The anti-adipogenic activity of the fractions was also evaluated and CP-1.5 was able to reduce the differentiation of pre-adipocytes (3T3-L1) into adipocytes by 60%, without affecting the cell viability. The fractions CP-0.3, CP-0.5 and CP-0.9 reduced the viability of the HeLa cells (human cervical adenocarcinoma) by 55% and CP-1.5 reduced the viability of the 786-0 cells (human renal adenocarcinoma) by 75%. Leishmanicidal activity and microbicide effect against Carbapenem-resistant Klebsiella pneumoniae (KPC) have not been identified. However, the viability of Staphylococcus epidermidis was reduced by 23.8% in the presence of CP -1.5. All fractions were able to change the formation of calcium oxalate crystals. CP-0.3, CP-0.5 and CP-1.1 only promoted the formation of COD type crystals with a very small size (1 µm). Confocal microscopy and zeta potential data of crystals formed in the presence of the samples showed that the polysaccharides present in the fractions must interact with calcium ions present throughout the crystal lattice, affecting the growth and morphology of crystals The results described herein indicate that the fractions rich in polysaccharides obtained from the green seaweed C. prolifera present a multi therapeutic potential, and subsequent purification steps, as well as research on the mechanisms of action by which these polymers act should be investigated. Keywords: Urolithiasis. Anti-adipogenic. Antioxidant. Antiproliferative. Immunomodulatory.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 Cladograma representando a nova hipótese de organização dos

eucariotos................................................................................

20

Figura 02 Produção mundial dos principais gêneros de macroalgas

comercialmente cultivadas em 2008.............................................

21

Figura 03 Modelo hipotético da organização das paredes celulares de algas

marrons da ordem Fucales..................................................

23

Figura 04 Estimativa das 10 principais causas de morte no mundo nos anos

de 2015 e 2030........................................................................

27

Figura 05 Esquema ilustrativo da progressão da aterosclerose em um vaso

sanguíneo, nos planos axial e sagital..................................

28

Figura 06 Mecanismo da coagulação sanguínea proposto na década de

60......................................................................................................

29

Figura 07 Representação esquemática dos complexos procoagulantes... 30

Figura 08 Mecanismos de ação dos anticoagulantes endógenos e do

sistema fibrinolítico........................................................................

31

Figura 09 Redução do oxigênio molecular (O2) na mitocôndria.................. 35

Figura 10 Reações de produção de radicais hidroxila................................. 36

Figura 11 Mecanismos de ação de alguns antioxidantes

endógenos.......................................................................................

37

Figura 12 Depósitos de tecido adiposo em humanos.................................. 40

Figura 13 Diferenciação de adipócitos.......................................................... 41

Figura 14 Papel dos macrófagos no desenvolvimento, homeostase e

doenças............................................................................................

44

Figura 15 Principais características das células cancerígenas.................. 47

Figura 16 Etapas da formação dos cristais urinários................................... 52

Figura 17 Imagens de microscopia eletrônica de varredura de cristais de

Oxalato de Cálcio.......................................................................

53

Figura 18 Faces dos cristais do tipo COM..................................................... 54

Figura 19 Modelo hipotético da representação da deposição/internalização

do cristal de oxalato de cálcio nas células renais por endocitose e

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processo intracelular por oxalúria durante condições

hiperoxalúricas................................

55

Figura 20 Hipótese da patogênese das placas de Randall.......................... 57

Figura 21 Iamgem da alga verde Caulerpa prolifera..................................... 62

Figura 22 Obtenção das frações ricas em polissacarídeos sulfatados

extraídos da alga verde Caulerpa prolifera..................................

64

Figura 23 Esquema das trocas de meios durante a diferenciação

adipocitária......................................................................................

72

Figura 24 Eletroforese em gel de agarose das frações polissacarídicas

obtidas da alga marinha verde Caulerpa

prolifera............................................................................................

77

Figura 25 Capacidade antioxidante total (CAT) das frações polissacarídicas

obtidas da alga marinha verde Caulerpa

prolifera............................................................................................

81

Figura 26 Poder redutor das frações polissacarídicas de C.

prolifera............................................................................................

82

Figura 27 Sequestro de radicais hidroxila (OH·) pelas frações

polissacarídicas de C. prolifera.....................................................

83

Figura 28 Sequestro do peróxido de hidrogênio (H2O2) pelas frações

polissacarídicas de C. prolifera.....................................................

84

Figura 29 Quelação férrica pelas frações polissacarídicas de C.

prolifera............................................................................................

85

Figura 30 Quelação cúprica pelas frações polissacarídicas de C.

prolifera............................................................................................

86

Figura 31 Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

viabilidade de células da linhagem RAW 264.7 após 24

horas................................................................................................

87

Figura 32 Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

produção de óxido nítrico pela linhagem de macrófagos RAW

264.7 após 24...................................................................................

88

Figura 33 Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

produção de óxido nítrico pela linhagem de macrófagos RAW

264.7 estimulados por LPS de E. coli por 24 horas.....................

89

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Figura 34 Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

viabilidade de células da linhagem 3T3-L1 após 24 horas.........

91

Figura 35 Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

diferenciação adipocitária de células da linhagem 3T3-L1.........

92

Figura 36 Células da linhagem 3T3-L1 visualizadas em microscopia óptica

de campo claro....................................................................

93

Figura 37 Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

viabilidade de células da linhagem HeLa (A) e 786-0 (B) após 24 e

48 horas de tratamento...........................................................

95

Figura 38 Efeito das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a

formação de cristais de oxalato de cálcio....................................

98

Figura 39 Microscopia confocal de cristais de oxalato de cálcio formados na

presença de frações polissacarídicas de C.

prolifera............................................................................................

101

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Algumas atividades farmacológicas de polissacarídeos sulfatados extraídos de algas marinhas.............................................................................................

24

Tabela 02 Algumas atividades antiproliferativas de polissacarídeos

sulfatados...........................................................................................

47

Tabela 03 Rendimento, dosagens químicas e composição monossacarídica

das frações polissacarídicas extraídas da alga verde

marinha.....................................................................................

78

Tabela 04 Espectro de infravermelho das frações polissacarídicas obtidas a

partir da alga Caulerpa prolifera...................................................

79

Tabela 05 Atividade anticoagulante das frações polissacarídicas da alga

marinha verde Caulerpa prolifera avaliada pelos ensaios de Tempo

de tromboplastina ativada (TTPa) e Tempo de protrombina

(PT)................................................................................

80

Tabela 06 Atividade microbicida das frações polissacarídicas obtidos a partir

de C. prolifera...........................................................................

97

Tabela 07 Potencial Zeta de cristais formados na presença das frações

polissacarídicas da alga C. prolifera à temperatura de 25 ° C.......

100

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

º C Grau Celsius

µg Micrograma

µL Microlitro

µm Micrometro

3T3-L1 Linhagem celular de pré-adipócitos de

camundongos

786-0 Linhagem celular tumoral de células

renais humanas

AÇ Açúcares totais

Anfot. B Anfotericina B

ATCC American Type Culture Collection

AVC Acidente vascular cerebral

BHA Hidroxianilose butilado

BHT Hidroxitolueno butilado

BIOPOL Laboratório de biotecnologia de

polímeros naturais

C/EBP-β, -α, - δ Membros da família de proteínas de

ligação potencializadora

CaOx Oxalato de cálcio

CaP Fosfato de cálcio

CAT Capacidade antioxidante total

CATL Catalase

CETAVLON Brometo de cetiltrimetilamônio

cm Centímetros

COD Cristal dihidratado

COM Cristal monohidratado

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COMP. FEN Compostos fenólicos

COT Cristal trihidratado

CP-0.3/CP-0.5/CP-0.7/CP-0.9/CP-

1.1/CP-1.5/CP-2.0

Frações polissacarídicas de Caulerpa

prolifera

CTV Cloreto de Cetil Trimetil Amônio

DMEM Dulbecco's Modified Eagle Medium

DNA Ácido desoxiribonucléico

DNTs Doenças não transmissíveis

DO Densidade óptica

EAA Equivalente de ácido ascórbico

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

FDA Food and Drugs Administration

FITC Isotiocianato de fluoresceína

FT Fator tecidual

FUC Fucose

g Grama

G Gravidade

G6P Glicose-6-fosfato

G6PD Glciose-6-fosfato desidrogenase

GAL Galactose

GATA Família de fatores de transcrição

caracterizados pela ligação a sequência

“GATA” do DNA

GLIC Glicose

GPx Glutationa peroxidase

GRD Glutationa redutase

GSH Glutationa reduzida

GSSG Glutationa oxidada

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h Hora

HCII Cofator II da heparina

HCl Ácido clorídrico

HELA Linhagem celular tumoral de colo

uterino humano

HPLC Cromatografia líquida de alto

desempenho

HRPO Horseradish peroxidase

IBMX Isobutilmetilxantina

IC50 Concentração mínima inibitória capaz

de matar 50% dos organismos

ICAM1 Molécula de adesão intercelular 1

IL-1 Interleucina 1

IL-10 Interleucina10

IL-6 Interleucina 6

IMC Índice de massa corpórea

INCA Instituto Nacional de Câncer

IV Inibição da viabilidade

IV Infravermelho

KPC Klebsiella pneumoniae resistente a

carbapenêmicos

LDLs Lipoproteína de baixa densidade

LPS Lipopolissacarídeo

M Molar

MA Meio de manutenção adipocitária

MAN Manose

MCP-1 Proteína quimiotática de monócitos - 1

MDA Meio de diferenciação adipocitária

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mg Miligrama

mM Milimolar

mm Milímetros

MMPs Metaloproteinases

MO Molibdênio

MTT brometo de 3-[4,5-dimetil-tiazol-2-il]-2,5-

difeniltetrazólio

N.D Não detectado

NDT Não determinado

NADP+ Nicotinamida adenina dinucleotídeo

fosfato oxidada

NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo

fosfato reduzida

NBT Nitroblue tetrazolium

nm Nanômetros

OMS Organização Mundial de Saúde

PAI-1 Inibidor dos ativadores de

plasminogênio tipo 1

PAI-2 Inibidor dos ativadores de

plasminogênio tipo 2

PBS Tampão salino-fosfato

PDA 1,3-Diaminopropano acetato

PG Galato propil

PGE-2 Prostaglandia E2

PPAR-γ Receptor ativado por proliferadores de

peroxissoma

pH Potencial hidrogeniônico

Prot Proteína

Prx red e oxi Peroxiredoxina reduzida e oxidada

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PT Tempo de protrombina

Raw 264.7 Linhagem celular de macrófago de

camundongos

RBP-4 Proteína ligadora de retinol

RCS Espécies reativas do cloro

RNS Espécies reativas de Nitrogênio

ROS Espécies reativas de Oxigênio

RPMI-1640 Roswell Park Memorial Institute

RSS Espécies reativas do enxofre

SDS Dodecil sulfato de sódio

SFB Soro fetal bovino

SOD Superóxido desmutase

SREBP-1c Elemento esterol responsivo a proteína

de ligação 1c

SULF Sulfato

TAFI Inibidor da fibrinólise ativado por

trombina

TBHQ tert-butilhidroquinona

TCA Ácido tricloroacético

TFPI Inibidor da via do fator tecidual

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

TP Tempo de protrombina

t-PA Ativador do plasminogênio tecidual

Trx red e oxi Tioredoxina reduzida e oxidada

TrxR Tioredoxina redutase

TT Tempo de Trombina

TTPa Tempo de tromboplastina parcial

ativada

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u-PA Ativador do plasminogênio do tipo

uroquinase

V/cm Volts/centímetro

VCAM1 Molécula de adesão celular 1

WHO World Health Organization

WNT Via de sinalização constituída por

proteínas envolvidas na embriogênese

XIL Xilose

δfosB Membro da família de fatores de

transcrição FOS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 19

1.1 MACROALGAS MARINHAS .................................................................................. 19

1.2 PAREDE CELULAR DE MACROALGAS MARINHAS E POLISSACARÍDEOS

SULFATADOS ................................................................................................................. 22

1.3 ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS DE POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DE

ALGAS ............................................................................................................................. 24

1.4 ATIVIDADE ANTICOAGULANTE .......................................................................... 26

1.4.1 Doenças cardiovasculares .............................................................................. 26

1.4.2 Sistema de coagulação sanguínea ................................................................. 29

1.4.3 Compostos anticoagulantes ............................................................................ 31

1.4.4 Atividade anticoagulante de polissacarídeos sulfatados de algas marinhas ... 33

1.5 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE................................................................................. 34

1.5.1 Radicais livres e antioxidantes ........................................................................ 34

1.5.2 Atividade antioxidante de polissacarídeos sulfatados de algas marinhas ....... 38

1.6 ATIVIDADE ANTIADIPOGÊNICA .......................................................................... 39

1.6.1 Obesidade, adipócitos e tecido adiposo .......................................................... 39

1.6.2 Mecanismo de diferenciação adipocitária ....................................................... 41

1.6.3 Atividade antiadipogênica de polissacarídeos sulfatados de algas ................. 42

1.7 ATIVIDADE IMUNOMODULATÓRIA ..................................................................... 43

1.7.1 Imunomodulação mediada por macrófagos .................................................... 43

1.7.2 Atividade imunomodulatória de polissacarídeos sulfatados de algas .............. 44

1.8 ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA ....................................................................... 45

1.8.1 Câncer ............................................................................................................ 45

1.8.2 Atividade antiproliferativa de polissacarídeos sulfatados de algas .................. 46

1.9 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ............................................................................ 48

1.9.1 Leishmaniose e atividade leishmanicida de polissacarídeos sulfatados de

algas. 48

1.9.2 Infecções bacterianas e atividade antibiótica de polissacarídeos sulfatados de

algas. 49

1.10 INIBIÇÃO DA FORMAÇÃO DE CRISTAIS ............................................................ 50

1.10.1 Urolitíase ........................................................................................................ 50

1.10.2 Atividade antiurolítica de polissacarídeos sulfatados ...................................... 58

2 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 60

2.1 REAGENTES ........................................................................................................ 60

2.2 APARELHOS ......................................................................................................... 61

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2.3 ALGAS .................................................................................................................. 62

2.4 OBTENÇÃO DE FRAÇÕES RICAS EM POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA

MACROALGA VERDE CAULERPA PROLIFERA. ........................................................... 63

2.4.1 Despigmentação, delipidação e obtenção do pó cetônico .............................. 63

2.4.2 Proteólise ....................................................................................................... 63

2.4.3 Fracionamento ................................................................................................ 63

2.5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS EXTRAÍDOS 65

2.5.1 Eletroforese em gel de agarose a 0,6 % ......................................................... 65

2.5.2 Dosagem de açúcares totais .......................................................................... 65

2.5.3 Dosagem de sulfato ........................................................................................ 65

2.5.4 Dosagem de proteínas ................................................................................... 66

2.5.5 Dosagem de compostos fenólicos .................................................................. 66

2.5.6 Composição monossacarídica ........................................................................ 66

2.5.7 Análise de espectroscopia de infravermelho ................................................... 66

2.6 ATIVIDADE ANTICOAGULANTE IN VITRO .......................................................... 67

2.7 ATIVIDADES ANTIOXIDANTES IN VITRO ............................................................ 67

2.7.1 Determinação da capacidade antioxidante total (CAT) ................................... 67

2.7.2 Avaliação do poder redutor ............................................................................. 68

2.7.3 Avaliação do sequestro do radical hidroxila (OH.) ........................................... 68

2.7.4 Avaliação do sequestro do radical superóxido (O2-•) ....................................... 68

2.7.5 Avaliação do sequestro do peróxido de hidrogênio (H2O2) .............................. 69

2.7.6 Avaliação da capacidade em quelar ferro ....................................................... 69

2.7.7 Determinação da capacidade em quelar cobre ............................................... 70

2.8 ENSAIO DO MTT .................................................................................................. 70

2.9 ATIVIDADE IMUNOMODULATÓRIA (DOSAGEM DO ÓXIDO NÍTRICO) ............. 71

2.10 ATIVIDADE ANTIADIPOGÊNICA .......................................................................... 72

2.11 ATIVIDADE MICROBICIDA. .................................................................................. 73

2.11.1 Atividades anti-Klebsiela pneumonia carbapenemases (KPC) e anti-

Staphylococcus epidermidis.......................................................................................... 73

2.11.2 Atividade anti-Leishmania amazonensis ......................................................... 73

2.12 EFEITO DOS POLISSACARÍDEOS SOBRE A FORMAÇÃO DE CRISTAIS DE

OXALATO DE CÁLCIO. ................................................................................................... 74

2.12.1 Cristalização do oxalato de cálcio ................................................................... 74

2.12.2 Análise da morfologia dos cristais de CaOx por microscopia .......................... 74

2.12.3 Medida do potencial zeta (ζ) dos cristais de CaOx.......................................... 75

2.12.4 Análise da morfologia dos cristais de CaOx por microscopia confocal ............ 75

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2.13 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ................................................................................... 75

3 RESULTADOS ......................................................................................................... 77

3.1 ANÁLISES QUÍMICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DAS FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR

DE C. PROLIFERA .......................................................................................................... 77

3.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTICOAGULANTE DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA. .................................... 79

3.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA. .................................... 80

3.2.1 Capacidade antioxidante total (CAT) .................................................................. 80

3.2.2 Poder redutor ..................................................................................................... 81

3.2.3 Sequestro do radical hidroxila (OH·) .................................................................. 82

3.2.4 Sequestro do radical superóxido (O2•–) ............................................................... 83

3.2.5 Sequestro do peroxido de hidrogênio (H2O2) ...................................................... 83

3.2.6 Quelação férrica. ................................................................................................ 84

3.2.7 Quelação cúprica. .............................................................................................. 85

3.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA. .................................... 86

3.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-ADIPOGÊNICA DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA. .................................... 89

3.5 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA. .................................... 94

3.6 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MICROBICIDA DE FRAÇÕES POLISSACARÍDICAS

OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA. ........................................................................ 96

3.7 EFEITO DAS FRAÇÕES POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C.

PROLIFERA SOBRE A FORMAÇÃO DE CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO. ........... 97

4 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 103

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 117

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19

1 INTRODUÇÃO

1.1 MACROALGAS MARINHAS

Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície mundial, fazendo com que

aproximadamente metade da biodiversidade de todo planeta esteja presente nesse

ecossistema (YENDE et al., 2014). Desta forma, os oceanos são reservatórios de

uma ampla variedade e quantidade de organismos de onde se pode obter uma

miríade de componentes biofuncionais. Dentre esses organismos, pode-se citar as

algas marinhas como uma fonte rica de compostos de grande diversidade estrutural

e funcional (YENDE et al., 2014; WIJESEKARA et al., 2011).

As algas marinhas são comumente subdivididas em dois grandes grupos:

microalgas e macroalgas (CHEN et al., 2009). Essa classificação, como os prefixos

já sugerem, se baseia no tamanho e em outros aspectos morfológicos desses

organismos. As microalgas compõem um grupo de organismos microscópicos

fotossintéticos, muitos desses unicelulares e encontrados em uma grande

diversidade de ambientes. Já as macroalgas possuem uma organização multicelular

que costuma assumir estruturas semelhantes às raízes e folhas de plantas

superiores (CHEN et al., 2009).

As macroalgas marinhas são classificadas de acordo com a predominância de

pigmentos fotossintéticos ou acessórios presente nesses organismos, sendo assim

agrupadas em algas verdes (Chlorophyceae), que possuem as clorofilas “a” e “b”

como pigmentos predominantes; algas vermelhas (Rhodophyceae) cujos principais

pigmentos são a ficoeritrina e ficocianina; e algas marrons ou pardas

(Phaeophyceae) que apresentam o carotenóide fucoxantina como pigmento

característico (YENDE et al., 2014; O’SULLIVAN et al., 2010).

As macroalgas verdes são didaticamente incluídas no reino Plantae, enquanto

as marrons e vermelhas no reino Protista. Em 2005, no entanto, a Sociedade

Internacional de Protistologistas baseando-se em estudos de filogenia molecular,

propôs uma nova classificação dos seres vivos, transformando os antigos reinos

clássicos do domínio eucariota (Animalia, Plantae, Fungi e Protista) em seis novos

supergrupos (Opisthokonta, Amoebozoa, Plantae, Chromalveolata, Rhizaria e

Excavata) (ADL et al., 2005). No entanto, após alguns anos de críticas e de

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20

desenvolvimento tecnológico, essa classificação foi recentemente revisada (ADL et

al., 2012). Agora os organismos estão distribuídos em cinco supergrupos

(Opisthokonta, Amoebozoa, Excavata, Archaeplastida e SAR) (Figura 01). Nessa

nova classificação, as macroalgas continuam em diferentes clados, estando às algas

verdes e vermelhas inseridas no supergrupo Archaeplastida, filos Chloroplastida e

Rhodophyceae, respectivamente, e as algas marrons no supergrupo SAR, filo

Stramenopiles).

Figura 01. Cladograma representando a nova hipótese de organização dos eucariotos. Os cinco supergrupos (Opisthokonta, Amoebozoa, Excavata, Archaeplastida e SAR) estão representados por diferentes cores. Os ramos menores do cladograma representam os filos que constituem os supergrupos. O filo Stramenopiles que abrange as algas marinhas marrons está destacado por um retângulo tracejado marrom, o filo Rhodophyceae por um retângulo tracejado vermelho e o filo Chloroplastida por um retângulo tracejado verde. Figura adaptada de ADL et al., 2012.

Vale salientar que essa classificação certamente sofrerá novas mudanças em

um futuro próximo, uma vez que muitos organismos não se encontram agrupados

em nenhum supergrupo (nomes em cor cinza na Figura 01), porém está cada vez

mais claro que as algas vermelhas e, principalmente, as verdes apresentam uma

maior semelhança filogenética com as plantas (inseridas dentro do clado

Chloroplastida) do que as algas marrons. Desta forma, deve-se ter ainda mais

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21

cuidado ao generalizar e classificar algas como plantas, como ocorre diariamente

por muitas pessoas.

Apesar da maioria da população mundial estar alheia a essas discussões de

sistemática, as algas marinhas participam de alguma maneira em suas vidas. Do

ponto de vista ecológico, as algas marinhas são responsáveis por cerca de 50% da

taxa mundial de fotossíntese, além de serem as principais fontes primárias da cadeia

alimentar marinha (MORONEY et al., 2009). Do ponto de vista econômico, a

“indústria de macroalgas” tem como principais derivados os produtos alimentícios

voltados ao consumo humano, que representam cerca de 83-90% do valor

econômico das algas, estando o restante do valor associado principalmente a

hidrocolóides como os alginatos, os ágares e as carragenanas (WEI et al., 2013).

Atualmente a China é o líder mundial em produção de macroalgas, e juntamente

com outros países do leste e sudoeste asiático somam 99,6% da produção mundial.

Fora da Ásia, Chile e África do Sul destacam-se na produção de macroalgas. Dentre

as cerca de 200 espécies comerciais de macroalgas, 10 gêneros são intensamente

cultivados: as vermelhas dos gêneros Porphyra, Kappaphycus, Eucheuma e

Gracilaria; as marrons dos gêneros Saccharina, Undaria e Sargassum; e as verdes

dos gêneros Monostroma, Ulva e Caulerpa (Figura 02) (BAST, 2014).

Figura 02. Produção mundial dos principais gêneros de macroalgas comercialmente cultivadas em 2008. Figura adaptada de BAST, 2014.

As macroalgas possuem um alto valor nutricional e funcional, uma vez que

são ricas em vitaminas hidro e lipossolúveis, ácidos graxos, carboidratos, proteínas,

Saccharina 30%

Eucheuma 12%

Kappaphycus 11%

Undaria 11%

Gracilaria [PORCENTAGEM]

Porphyra [PORCENTAGEM]

Outros [PORCENTAGEM]

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minerais, carotenóides e tocoferóis (VINAYAK et al., 2011; ORTIZ et al., 2009). Além

disso, as macroalgas ainda produzem outros metabólitos com potencial econômico e

biotecnológico, como polifenóis, lectinas, aminoácidos tipo-micosporinas, compostos

halogenados, policetídeos, e principalmente, polissacarídeos sulfatados, o que tem

atraído cada vez mais o foco de pesquisas biomédicas para esses organismos

(MAYER et al., 2013; CARDOZO et al., 2007).

1.2 PAREDE CELULAR DE MACROALGAS MARINHAS E

POLISSACARÍDEOS SULFATADOS

Os componentes da parede celular de plantas e algas são alvo de grande

interesse econômico e biotecnológico. A celulose, por exemplo, é um dos principais

constituintes da parede celular desses organismos, e é comumente utilizada na

indústria têxtil, de papel e de biocombustíveis. No entanto, há diversos outros

componentes que apresentam grande importância alimentícia ou que podem ser

utilizados no desenvolvimento de produtos nutracêuticos e farmacêuticos (POPPER

et al., 2011).

A parede celular das algas marinhas, assim como a das plantas, possui em

sua constituição microfibras de celulose e hemicelulose, que variam em quantidade

de acordo com a classe da alga. As algas verdes podem conter até 70% de sua

parede celular constituída por esses polímeros (BALDAN et al., 2001), valor que

decai consideravelmente quando se fala em algas marrons que possuem valores

inferiores a 10% em detrimento dos polissacarídeos sulfatados e alginatos, que em

alguns casos podem vir a representar até 45% do peso seco da parede celular de

Phaeophyceae (DENIAUD-BOUET et al., 2014). Proteínas, compostos halogenados,

compostos fenólicos e minerais são outros componentes que podem ser

encontrados na parede celular de algas (Figura 03) (DENIAUD-BOUET et al., 2014).

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23

Figura 03. Modelo hipotético da organização das paredes celulares de algas marrons da ordem

Fucales. As esferas azuis e as alaranjadas representam íons de cálcio e iodo, respectivamente.

Figura adaptada de DENIAUD-BOUET et al., 2014.

Os polissacarídeos sulfatados de algas marinhas estão localizados em sua

parede celular formando uma matriz mucilaginosa, que apesar de não ter sua função

totalmente compreendida, parece estar relacionada à proteção contra desidratação

nos longos períodos de maré baixa, à promoção de rigidez e flexibilidade da alga

permitindo que esta permaneça estendida mesmo sob a ação das ondas e assim

capte luz e nutrientes de uma maneira mais eficiente, além de servirem como

reserva energética e agirem na manutenção do equilíbrio iônico (COSTA et al.,

2014; O’SULLIVAN et al., 2010).

Os tipos de polissacarídeos sulfatados presentes na parede celular das algas

variam de acordo com a estação do ano, idade, localização geográfica, espécie

(O’SULLIVAN et al., 2010) e até mesmo entre diferentes tecidos de uma mesma

alga (COSTA et al., 2014; DIETRICH et al., 1995). Apesar desses vários fatores, os

trabalhos têm demonstrado que há uma predominância em certos tipos de

polissacarídeos sulfatados de acordo com o grupo de macroalgas (verdes, marrons

ou vermelhas). Desta forma, as algas marrons apresentam como polissacarídeos

sulfatados predominantes as fucanas, que têm como característica principal a

presença de α-L-fucose sulfatada. Esses polissacarídeos podem se apresentar sobre

a forma de homopolímeros (homofucanas) ou heteropolímeros (heterofucanas ou

fucoidans). Já as algas vermelhas possuem como principais polissacarídeos

sulfatados as galactanas sulfatadas e as verdes um número variável de

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heteropolissacarídeos sulfatados, apesar de homopolissacarídeos já terem sido

descritos em Chlorophyceae (COSTA et al., 2014).

1.3 ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS DE POLISSACARÍDEOS

SULFATADOS DE ALGAS

Os polissacarídeos sulfatados de algas marinhas vêm sendo descritos como

possuidores das mais diversas atividades farmacológicas (NGO et al., 2013;

WIJESEKARA et al., 2011; JIAO et al., 2011). A Tabela 01 resume algumas dessas

atividades.

Tabela 01. Algumas atividades farmacológicas de polissacarídeos sulfatados extraídos de algas marinhas. Fonte: Autoria própria.

ATIVIDADE

ALGA

REFERÊNCIA

Antiadesiva Ulva rotundata

Spatoglossum schröederi

GADENNE et al., 2013

ROCHA et al., 2001

Antiadipogênica Fucus vesiculosos KIM et al., 2010

Antiangiogênica Sargassum vulgare

Codium cylindricum

DORE et al., 2013

MATSUBARA et al., 2003

Anticoagulante Caulerpa cupressoides

Dictyopteris justii

COSTA et al., 2012

MAGALHAES et al. 2010

Anti-inflamatória C. cupressoides

Dictyota menstrualis

RODRIGUES et al., 2012b

ALBUQUERQUE et al., 2013

Antimicrobiana Caulerpa racemosa

Kappaphycus alvarezii

PIRES et al., 2013a

KUMARAN et al., 2010

Antinociceptiva C. cupressoides

Dictyota menstrualis

RODRIGUES et al., 2012b

ALBUQUERQUE et al., 2013

Antioxidante C. cupressoides

D. justii

COSTA et al., 2012

MAGALHAES et al. 2010

Antitrombótica S. schröederi

Caulerpa okamurai

ALMEIDA-LIMA et al., 2010

HAYAKAWA et al., 2000

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Antitumoral D. delicatula

C. racemosa

MAGALHAES et al., 2010

JI et al., 2008

Antiúlcera Cladosiphon okamuranus

F. vesiculosos SHIBATA et al., 2003

Antiviral Sphaerococcus coronopifolius

C. racemosa

BOUHLAL et al., 2011

PUJOL et al., 2012

O gênero Caulerpa possui um grande valor econômico e um elevado número

de espécies, no entanto, poucas algas desse gênero tiveram seus polissacarídeos

sulfatados extraídos, purificados, caracterizados e avaliados quanto ao seu potencial

biotecnológico. Dentre as algas verdes, o gênero Caulerpa possui cerca de 371

espécies (incluindo isoformas e variedades), mas apenas 92 dessas são aceitas

taxonomicamente (GUIRY et al., 2014).

As atividades econômicas com algas do gênero Caulerpa movimentam cerca

de 3 bilhões de euros, anualmente (KRAAN, 2012). Dentro desse contexto, a alga

comestível Caulerpa racemosa é a mais bem estudada. Alguns trabalhos relatam a

extração, caracterização (CHATTOPADHYAY et al., 2007) e detecção de atividades

farmacológicas inerentes aos seus polissacarídeos sulfatados, tais como:

anticoagulante (RODRIGUES et al., 2012a), anti-inflamatória e antinociceptiva

(RIBEIRO et al., 2014), antiviral (PUJOL et al., 2012; GHOSH et al., 2009),

antitumoral (JI et al., 2008), leishmanicida (PIRES et al., 2013a), além de exibir uma

ação sinérgica junto a fosfolipase sPLA2 extraída do veneno de Crotalus durissus

terrificus, potencializando a ação bactericida dessa enzima (PIRES et al., 2013b).

Polissacarídeos sulfatados de algas verdes com atividade anticoagulante,

cujas estruturas ainda não foram caracterizadas, foram extraídos das algas Caulerpa

cupressoides var. lycopodium, Caulerpa prolifera (RODRIGUES et al., 2012a),

Caulerpa taxifolia, Caulerpa scalpelliformis, Caulerpa veravalensis e Caulerpa

peltata (SHANMUGAM et al., 2001). Relatos de atividades anti-inflamatória e

antinociceptiva atribuídas a polissacarídeos sulfatados extraídos de Caulerpa

cupressoides var. lycopodium (RODRIGUES et al., 2012b) e Caulerpa mexicana

(CARNEIRO et al., 2014) foram recentemente publicados. Polissacarídeos

sulfatados com atividade antitrombótica foram identificados em Caulerpa okamurai e

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Caulerpa brachypus (HAYAKAWA et al., 2000) e imunoestimulatórios em Caulerpa

lentillifera (MAEDA et al., 2012). Além desses trabalhos mencionados anteriormente,

o grupo de pesquisa em que está inserido esta tese, ao realizar uma análise

prospectiva de 11 algas diferentes, obteve extratos ricos em polissacarídeos

sulfatados de 3 algas do gênero Caulerpa (Caulerpa cupressoides var. flabellata,

Caulerpa prolifera e Caulerpa sertularioides) que apresentaram atividades

anticoagulante, antioxidante e antitumoral (COSTA et al, 2010). Dando continuidade

a esse trabalho, Costa e colaboradores, a partir do extrato rico em polissacarídeos

sulfatados da alga C. cupressoides obtiveram quatro diferentes polissacarídeos

sulfatados (CCB-0.3; CCB-0.5; CCB-1.0; CCB-2.0), e esses apresentaram atividade

antioxidante em diversos ensaios in vitro e atividade anticoagulante (COSTA et al.,

2012).

Com o objetivo de dar continuidade ao trabalho publicado em 2010 por Costa

e colaboradores, selecionou-se a alga C. prolifera para melhor caracterizar e avaliar

farmacologicamente os polissacarídeos sulfatados presentes no extrato obtido

previamente. Dentro desse contexto, descreve-se abaixo com maiores detalhes,

temas relacionados com as atividades farmacológicas estudadas nesta tese.

1.4 ATIVIDADE ANTICOAGULANTE

1.4.1 Doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares compreendem condições como infarto do

miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão e angina, e representam

cerca de 31% dos óbitos anuais, figurando entre as 10 maiores causas de morte em

projeções entre 2015-2030 (WHO, 2013) (Figura 04).

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Figura 04. Estimativa das 10 principais causas de morte no mundo entre os anos de 2015 e 2030. Adaptado de WHO, 2013.

O principal processo patológico responsável pelo infarto do miocárdio e AVCs

é conhecido como aterosclerose, que se desenvolve desde a infância progredindo

gradualmente ao longo da vida por influência de fatores como: tabagismo,

sedentarismo, dieta não saudável, obesidade e predisposições genéticas (WHO,

2011). O desenvolvimento da aterosclerose e suas consequências estão ilustradas

na Figura 05.

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28

Figura 05. Esquema ilustrativo da progressão da aterosclerose em um vaso sanguíneo, nos planos axial e sagital. (a) O processo tem início quando lipoproteínas aterogênicas (LDLs) ultrapassam a camada íntima e sofrem oxidação subendotelial, agregando-se. Ao mesmo tempo, moléculas de adesão (VCAM1, ICAM1 e selectinas), em decorrência da oxidação subendotelial de LDLs ou por sinalização de citocinas, são expostas no endotélio, aumentando a diapedese de leucócitos. Os macrófagos subendoteliais captam intensamente moléculas de LDL modificadas e ficam repletos de lipídeos, passando a ser denominados de células espumosas. As primeiras lesões detectáveis desse processo são as estrias ateroscleróticas que podem ser observadas em aortas de crianças e posteriormente em outras artérias de adolescentes, e resultam do acúmulo dessas células espumosas. (b) Leucócitos, como as células T, são recrutados para o local da lesão e perpetuam um estado crônico de inflamação que é intensificado pela secreção de grandes quantidades de componentes da matriz extracelular, como o colágeno e por células musculares lisas, que aumentam a retenção e agregação de lipoproteínas aterogênicas. (c) Com a morte de células espumosas, ocorre um aumento da quantidade de restos celulares e cristais de colesterol livres. Além disso, as células musculares lisas formam uma capa fibrosa, formando uma espécie de cerne necrótico rico em lipídeos. Essa placa aterosclerótica não-obstrutiva pode se romper ou a região subendotelial pode erodir em decorrência da atividade excessiva de Metaloproteinases (MMPs), resultando na exposição de materiais potencialmente trombogênicos, como o fator tecidual, resultando na formação de um trombo no lúmen do vaso. Se esse trombo for grande o suficiente, ocorre o bloqueio do vaso, provocando o infarto do miocárdio, por exemplo. (d) Por fim, se a placa não se romper, a lesão continua a crescer e pode obstruir o lúmen do vaso, causando uma doença obstrutiva. Figuras adaptadas de RADER; DAUGHTRY, 2008 e SANZ; FAYAD, 2008.

Sangue

VCAM1, ICAM1

xe selectinas

Célula endotelial

Recrutamento de

monócito

Capa fibrosa

Fibrina

Plaquetas

a b c d

Endotélio

Célula

espumosa

Linfócito T

Célula muscular

lisa

Matriz extracelular

xxTromboxx

xCapaxx

fibrosa

Cerne necrótico

(debris celulares) xColesterolx

xFatorx

Tecidual

xTrombo

LDL

LDL

Lúmen

Média

Íntima

xCélulax

muscular

lisa

Tecido

↓ Produção de

óxido nítrico

xFibrila dex

colágeno Linfócito T

xCélulax

espumosa

Célula

xapoptóticax

Fator Tecidual

Colesterol

Cerne necrótico rico

em lipídeos

Lâmina elástica interna

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1.4.2 Sistema de coagulação sanguínea

O processo de coagulação envolve elementos próximos às lesões como as

paredes endoteliais, plaquetas e proteínas solúveis. O modelo clássico da

coagulação foi proposto em meados dos anos 60 por MacFarlane, Davie e Ratnoff

(DAVIE; RATNOFF, 1964; MACFARLANE, 1964). Tal mecanismo encontra-se

ilustrado na Figura 06.

Figura 06. Mecanismo da coagulação sanguínea proposto na década de 60. Este modelo divide a cascata de coagulação em três vias (intrínseca, extrínseca e comum) que resultam na formação da Fibrina por meio da ativação sequencial de zimogênios. A via extrínseca é desencadeada pela exposição, após um trauma, do Fator Tecidual (FT), uma molécula transmembrana expressa por diversas células localizadas fora dos vasos sanguíneos, como macrófagos de placas ateroscleróticas e fibroblastos subendoteliais. O FT é o cofator de ativação do Fator VII, em VIIa, que por sua vez ativa o Fator X, em Xa. A via intrínseca é iniciada pela ativação do Fator XII, em XIIa pelo simples contato do sangue com qualquer superfície diferente do endotélio normal e das células sanguíneas, como uma superfície negativamente carregada como a membrana de uma plaqueta ativada ou colágeno. Tal processo é denominado de “ativação por contato”. A ativação do Fator XII desencadeia uma série de ativações proteicas culminando, da mesma forma, na ativação do Fator X, em Xa. A ativação do Fator X é o ponto de convergência entre as vias que continuam de forma comum a ambas. Essa via comum é caracterizada pela ativação de fibrinogênio (ou Fator I) à fibrina (Fator Ia), pela trombina (ou Fator IIa), que se polimeriza formando uma malha densa, na forma de coágulo, que vai ser estabilizada pelo fator XIIIa. TP: Tempo de protrombina (Teste laboratorial para avaliação da via extrínseca da coagulação); TTPa: Tempo de tromboplastina parcial ativada (Teste laboratorial para avaliação da via intrínseca da coagulação); FT: Fator tecidual. Fonte: Autoria própria.

No entanto, tal modelo é inadequado já que esta divisão em vias intrínseca e

extrínseca não ocorre in vivo. Com base nisso, um novo modelo constituído por 3

complexos procoagulantes (complexo tenase extrínseco, complexo tenase intrínseco

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e complexo protrombinase) foi proposto e é atualmente aceito pela comunidade

científica (Figura 07) (ADAMS; BIRD, 2009).

Figura 07. Representação esquemática dos complexos procoagulantes. (a) O Fator VII encontra-se ativado em concentrações muito baixas no sangue. (b) O Fator VIIa tem grande afinidade pelo FT exposto em membranas celulares, inclusive de plaquetas. O complexo FT/VIIa formado é capaz de ativar uma quantidade consideravelmente maior de Fator VII. (c) O principal papel de FT/VIIa, no entanto, é formar um complexo com os Fatores X e IX (Complexo tenase extrínseco), que promove a ativação desses dois fatores. Uma vez ativado, o Fator Xa, leva a formação de pequenas concentrações de trombina, que por sua vez ativam os cofatores V e VIII. (d) Tanto o fator VIIIa quanto fator IXa se complexam ao Fator X (Complexo tenase intrínseco) ativando-o, o que por conseguinte leva a ativação de mais moléculas de trombina. (e) Os Fatores Va e Xa se complexam ao Fator II, formando o Complexo protrombinase, que aumenta significativamente sua conversão em trombina (a formação de trombina por este complexo é 50 vezes maior do que pelos demais). Por fim, a ativação da trombina irá gerar a conversão de fibrinogênio em fibrina. FT: Fator tecidual. Fonte: Autoria própria.

Em condições fisiológicas, a coagulação sanguínea é estritamente regulada

por anticoagulantes endógenos para que não haja uma ativação indesejada, o que

levaria a uma coagulação intravascular disseminada, resultando na formação

excessiva de trombos (Figura 08). As principais proteínas regulatórias que

funcionam como anticoagulantes naturais são: o TFPI (Inibidor da via do fator

tecidual), a proteína C e a proteína S (KUBIER et al., 2012).

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Figura 08. Mecanismos de ação dos anticoagulantes endógenos e do sistema fibrinolítico. As elipses verdes representam os anticoagulantes endógenos. As setas verdes pontilhadas representam os fatores de coagulação inibidos pela ação dos anticoagulantes endógenos. As elipses em roxo representam os componentes do sistema fibrinolítico e as elipses em amarelo os inibidores e/ou moduladores deste sistema. As setas amarelas pontilhadas representam os alvos de ação dos inibidores fibrinolíticos. A seta preta pontilhada representa a modulação do TAFI (Inibidor da fibrinólise ativado por trombina) por alteração na estrutura da fibrina, impedindo que a plasmina atue. Fonte: Autoria própria.

Após o processo de coagulação, entra em cena o sistema fibrinolítico, que

tem como função degradar a rede de fibrina formada para que não ocorra a

obstrução do fluxo sanguíneo (Figura 08). O principal componente desse sistema é a

plasmina, gerada a partir do plasminogênio. Sua conversão ocorre via ação de

proteases conhecidas como t-PA (ativador do plasminogênio tecidual) e u-PA

(ativador do plasminogênio do tipo uroquinase). A inibição deste sistema fibrinolítico

ocorre via inibidores de proteases como o PAI-1 e PAI-2 (inibidores dos ativadores

de plasminogênio) e a α2-antiplasmina, e de moduladores como o TAFI (Inibidor da

fibrinólise ativado por trombina) (NORDEHEM, 2006; DOBROVOLSKY et al., 2002).

1.4.3 Compostos anticoagulantes

Os anticoagulantes são o principal grupo de fármacos utilizados no tratamento

de doenças cardiovasculares, sendo a heparina não-fracionada e seus derivados de

baixo peso molecular os fármacos mais utilizados na terapêutica (DE CATERINA et

al., 2013).

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A heparina é um heteropolissacarídeo sulfatado constituído por repetições de

um dissacarídeo trisulfatado contendo ácido idurônico 2-O-sulfatado e glucosamina

N-6-disulfatada (LIMA et al., 2011). Esse dissacarídeo compreende entre 75-90% da

estrutura da heparina, estando o restante do percentual atribuído principalmente à

presença de ácido glucurônico N-acetilado. Vale ressaltar, que podem haver

algumas pequenas variações conforme a fonte da qual houve a extração da

heparina (CASU et al., 2014). A descoberta da heparina ocorreu há quase um século

a partir de estudos com preparações de fígado canino (MCLEAN, 1916), no entanto,

atualmente, as preparações comerciais de heparina são obtidas principalmente a

partir da mucosa intestinal de porcos (CASU et al., 2015; LIMA et al., 2011).

A heparina possui diversos mecanismos de ação que favorecem sua ação

anticoagulante. O principal mecanismo de ação da heparina reside em sua

capacidade de se complexar com a antitrombina, aumentando a afinidade desse

inibidor pela trombina. Além disso, o complexo Heparina/Antitrombina é capaz de

interagir com os fatores IXa, Xa, XIa e XIIa, inativando-os. Por fim, a heparina ainda

é capaz de formar um complexo ternário com o cofator II da heparina (HCII) e a

trombina, o que resulta na inibição dessa última mediada por HCII, além de

aumentar a síntese de TFPI por células endoteliais (GRAY et al., 2012).

A heparina é o único polissacarídeo sulfatado utilizado comercialmente como

anticoagulante, entretanto sua utilização pode provocar reações adversas tais como:

trombocitopenia (mediada por anticorpos), osteopenia (devido à ligação da heparina

a osteoblastos que liberam fatores ativadores de osteoclastos) e efeito hemorrágico

residual (GRAY et al., 2008). Além disso, entre 2007 e 2008, uma série de mortes e

efeitos adversos severos foram associados a pacientes que receberam injeções de

heparina nos EUA e países europeus. Esse evento que ficou conhecido como “A

crise da heparina” ocorreu devido à contaminação de formulações chinesas do

fármaco contaminadas por condroitin sulfato. Tal evento chamou a atenção da

necessidade de desenvolvimento de métodos de controle mais eficazes que fossem

capazes de detectar tais contaminações (CASU et al., 2014; LIMA et al., 2011).

Tendo em vista este acontecimento e a perda de mercado frente aos chineses, a

FDA está tentando reintroduzir a heparina bovina no mercado americano, no entanto

ressalta que para tanto é necessário que as indústrias farmacêuticas realizem testes

de longa duração com modelos animais para provar que o risco de contaminação

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por príons causadores da encefalopatia espongiforme bovina não existe (FDA,

2014).

Dentro deste contexto, a busca por novos compostos anticoagulantes tem se

intensificado e um dos principais alvos são os polissacarídeos sulfatados. Esses

polímeros podem ser encontrados em: vertebrados, invertebrados (NADER et al.,

2004); angiospermas marinhas (AQUINO et al., 2005; SILVA et al., 2012); plantas de

água doce (DANTAS-SANTOS et al., 2012); fungos (CHENG et al., 2009) e em

bactérias, como as Cianobactérias (VOLK et al., 2006). Contudo, é nas macroalgas

marinhas que eles são encontrados em maior quantidade (ROCHA et al., 2006).

1.4.4 Atividade anticoagulante de polissacarídeos sulfatados de algas

marinhas

A presença de atividade anticoagulante mediada por polissacarídeos

sulfatados de algas marinhas foi primeiramente relatada em 1936, quando se obteve

uma galactana sulfatada da alga marinha vermelha Irides laminarioides (CHARGAFF

et al., 1936). Atualmente, dentre as atividades farmacológicas atribuídas a

polissacarídeos sulfatados de algas marinhas, a atividade anticoagulante é a mais

amplamente relatada (NGO et al., 2013; WIJESEKARA et al., 2011). Dois grupos de

polissacarídeos sulfatados possuem a maior quantidade de estudos de atividades já

documentados, as galactanas de algas vermelhas e as fucanas de algas marrons,

existindo ainda poucos relatos de polissacarídeos sulfatados de algas verdes com

essa atividade (NGO et al., 2013; WIJESEKARA et al., 2011). No entanto, apesar

dos poucos relatos, os polissacarídeos de algas verdes têm se mostrado

importantes moléculas anticoagulantes, inclusive tendo uma atividade, por vezes,

superior as desempenhadas por polímeros de algas vermelhas e marrons (WANG et

al., 2014).

A atividade anticoagulante dos polissacarídeos sulfatados tem sido

determinada principalmente pelos ensaios de TTPa (Tempo de tromboplastina

parcial ativada), que avalia a inibição de fatores da via intrínseca da coagulação; TP

(tempo de protrombina), que avalia a inibição de fatores da via extrínseca da

coagulação; e TT (Tempo de trombina), que avalia a inibição da trombina. A maioria

dos estudos tem relatado que a atividade anticoagulante de polissacarídeos de algas

ocorre principalmente por alterações nos ensaios de TTPa e TT. Apenas poucos

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artigos reportam o prolongamento do tempo de TP, levando a crer que os principais

alvos desses polímeros estão na via intrínseca e comum da coagulação

(SHOBHARANI et al., 2013; NGO et al., 2013; WIJESEKARA et al., 2011).

A atividade anticoagulante dos polissacarídeos sulfatados está diretamente

relacionada à sua estrutura. Desta forma, massa molecular, tipos de resíduos

monossacarídeos, grau e localização da sulfatação são os principais fatores

relacionados ao papel anticoagulante exercido (SHOBHARANI et al., 2013; NGO et

al., 2013; WIJESEKARA et al., 2011).

Assim, a diversidade estrutural apresentada pelos polissacarídeos sulfatados

de algas é um atrativo para a pesquisa e identificação de potenciais agentes

anticoagulantes com atividades, possivelmente, distintas das exibidas pelos

compostos já estudados e que possam ser mais seguros.

1.5 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

1.5.1 Radicais livres e antioxidantes

O termo radical livre costuma ser utilizado para designar qualquer espécie

química (átomo, íon ou molécula) que contenha um ou mais elétrons

desemparelhados, nos orbitais externos. Esse desemparelhamento confere alta

reatividade aos radicais fazendo com que reajam tão logo sejam formados (COSTA

et al., 2012; WICKENS, 2001).

Nos organismos, os radicais livres ao serem formados podem reagir com o

DNA modificando suas bases nitrogenadas, e caso não haja reparo, mutações

podem ser geradas. Ao reagir com proteínas, as espécies reativas oxidam grupos

sulfidrilas (-SH), alterando a conformação e consequentemente a função dessas

biomoléculas. Por fim, ainda podem iniciar a oxidação de ácidos graxos

poliinsaturados que constituem os lipídeos de membranas celulares

(lipoperoxidação), ocasionando mudanças estruturais e funcionais. Além disso, o

produto final da lipoperoxidação, o malondialdeído (MDA) é mutagênico (SOSA et

al., 2013; VALKO et al., 2007). Devido a essa alta reatividade, os radicais livres, de

maneira direta ou indireta, estão relacionados a doenças neurodegenerativas como

mal de Parkinson, mal de Alzheimer, doença de Huntington e esclerose amiotrófica

lateral (MELO et al., 2011; UTTARA et al., 2009), além de ter correlações com

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diabetes tipo 2, aterosclerose (ALFADDA et al., 2012; KANETO et al., 2010),

doenças inflamatórias, envelhecimento e câncer (SOSA et al., 2013). Vale ressaltar

que os radicais livres não promovem apenas malefícios, uma vez que participam de

importantes eventos de sinalização celular, formação de pontes dissulfeto durante o

dobramento de proteínas e na defesa contra microrganismos (SOSA et al., 2013;

VALKO et al., 2007).

A fonte mais comum de radicais livres nos organismos aeróbios é o oxigênio,

sendo as espécies geradas denominadas de ROS (em português, Espécies reativas

do oxigênio). As principais fontes fisiológicas de produção dos ROS incluem a

mitocôndria (Figura 09), o metabolismo do citocromo P450 e a ação da enzima

xantina oxidase. A ativação de neutrófilos, eosinófilos e macrófagos é a principal

fonte de RNS (em português, Espécies reativas do nitrogênio). Estas espécies

reativas, assim como os ROS, também são geradas por situações não fisiológicas,

tais como, pela exposição da célula a agentes xenobióticos (fármacos, poluentes,

íons metálicos, dentre outros) ou pela exposição a radiações eletromagnéticas de

alta frequência, como a radiação ultravioleta, gama e os raios X (SOSA et al., 2013;

VALKO et al., 2006). Outras espécies derivadas do enxofre (RSS) e do cloro (RCS)

também podem ser geradas pelo metabolismo celular (SOSA et al., 2013).

Figura 09. Redução do oxigênio molecular (O2) na mitocôndria. As espécies reativas do oxigênio (ROS) formadas pela redução incompleta do O2 estão destacadas em vermelho. Fonte: Autoria própria.

Dentre os ROS gerados pela redução incompleta do oxigênio a água

encontra-se o ânion superóxido (O2•-). O superóxido é considerado um ROS primário

e não reage diretamente com proteínas, carboidratos, ácidos nucléicos e lipídeos

(VALKO et al., 2006). Entretanto, sob condições de estresse, um excesso de ânions

superóxido pode levar esse ânion reagir e liberar o ferro associado a algumas

proteínas. Condições como hemocromatose, talassemias e hemodiálise são outras

condições que promovem a liberação de ferro livre (VALKO et al., 2007). Os íons de

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ferro livre (Fe+3) podem participar da reação de Fenton (Figura 10a) gerando radicais

hidroxila. Além disso, os íons superóxido ainda podem participar da reação de

Haber-Weiss (Figura 10b) potencializando a geração de radicais hidroxila (JOMOVA

et al., 2010).

Figura 10. Reações de produção de radicais hidroxila. (a) Reação de Fenton em duas etapas (b) Reação de Haber-Weiss. As espécies reativas do oxigênio (ROS) estão destacadas em vermelho. Fonte: Autoria própria.

O radical hidroxila (•OH) é a mais reativa e danosa das ROS. A sua principal

fonte de produção ocorre pela reação de Fenton (VALKO et al. 2006).

Os efeitos deletérios dos radicais livres são minimizados pela ação de

antioxidantes não-enzimáticos e enzimáticos (Figura 11) (SOSA et al., 2013; BARTZ

et al., 2010). Um antioxidante ideal deve ser capaz de sequestrar radicais livres,

quelar metais de transição, interagir com outros antioxidantes, ser prontamente

absolvido, ter uma concentração relevante em tecidos e biofluídos e trabalhar tanto

em soluções aquosas como em domínios de membrana celular. No entanto, os

antioxidantes existentes apresentam uma ou algumas destas características

(VALKO et al., 2007). Como exemplos de antioxidantes enzimáticos pode-se citar a

superóxido desmutase (SOD), a catalase (CATL) e a glutationa peroxidase (GPX).

Os não enzimáticos compreendem o ácido ascórbico (vitamina C), o α-tocoferol

(vitamina E), β-caroteno (vitamina A), antioxidantes tióis (glutationa, tioredoxina e

ácido lipóico), melatonina, dentre outros (BARTZ et al., 2010; KARLENIUS et al.,

2010; VALKO et al., 2007).

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Figura 11. Mecanismos de ação de alguns antioxidantes endógenos. SOD: Superóxido dismutase; CATL: Catalase; GPX: Glutationa Peroxidase; GSH: Glutationa reduzida; GSSG: Glutationa oxidada; GRD: Glutationa redutase; NADPH: Nicotinamida adenina dinucleotideo fosfato reduzida; NADP

+: Nicotinamida adenina dinucleotideo fosfato oxidada; G6P: Glicose-6-fosfato; G6PD:

Glicose-6-fosfato desidrogenase; 6-P-gluconato: 6-fosfo Glutonato; Prx Red e Oxi: Peroxiredoxina oxidada e reduzida; Trx Red e Oxi: Tioredoxina oxidada e reduzida; TrxR: Tioredoxina redutase. Fonte: Autoria própria.

A indústria alimentícia faz uso de antioxidantes sintéticos como aditivos

alimentares para garantir um maior tempo de prateleira dos seus produtos (QI et al.,

2005a). Nesse grupo de antioxidantes destacam-se pelo amplo uso devido ao baixo

custo de produção o hidroxianisol butilado (BHA), hidroxitolueno butilado (BHT), tert-

butilhidroquinona (TBHQ), o galato propil (PG) e os ésteres de ácido gálico. A

utilização desses aditivos é altamente regulada devido ao perigo a saúde que os

mesmos apresentam (COSTA et al., 2014; WIJESEKARA et al., 2011). Danos

hepáticos e desenvolvimento da carcinogênese são alguns possíveis efeitos

adversos atribuídos ao BHA e o BHT (ITO et al., 1985; QI et al., 2005b).

Com base nesse contexto, tem se intensificado a busca por antioxidantes

naturais que possam ser utilizados na indústria alimentícia de forma segura, bem

como que venham a desempenhar uma proteção ao organismo, retardando e/ou

prevenindo a progressão de muitas doenças crônicas ou de efeitos do

envelhecimento. Dentre os compostos com potencial antioxidante, os

polissacarídeos sulfatados de algas marinhas vêm ganhando grande destaque nos

últimos anos (COSTA et al., 2014).

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1.5.2 Atividade antioxidante de polissacarídeos sulfatados de algas

marinhas

O principal habitat das algas marinhas são as zonas intertidais, ambientes

adversos que estão sujeitos as variações da maré (CONTRERAS-PORCIA et al.,

2011). Desta forma, ao menos uma vez por dia as algas ficam submetidas a um

estresse ambiental rigoroso com mudanças bruscas de temperatura, exposição

intensa e direta de radiação ultravioleta, estresse osmótico e dessecação (BURRITT

et al., 2002). Alguns desses fatores favorecem a formação e o acúmulo de radicais

livres. No entanto, mesmo apresentando mais de 30% dos seus ácidos graxos sob a

forma poliinsaturada, as algas não apresentam danos oxidativos severos, nem

mesmo quando estocadas durante grandes períodos (ROCHA et al., 2007),

indicando que elas possuem mecanismos protetores mediados por enzimas e/ou

compostos antioxidantes não-enzimáticos (COSTA et al., 2014; CONTRERAS-

PORCIA et al., 2011).

Dentre os antioxidantes não enzimáticos de algas, os polissacarídeos

sulfatados têm ganhado destaque. Esses polímeros foram descritos pela primeira

vez como agentes antioxidantes por Xue e colaboradores no ano de 2001 (XUE et

al., 2001) e ao longo dos últimos 14 anos têm sido amplamente descritos como

potenciais agentes antioxidantes (COSTA et al., 2014; WIJESEKARA et al., 2011).

No entanto, ainda há poucos relatos sobre polissacarídeos de algas verdes com

potencial antioxidante.

Existem diversas metodologias para a avaliação do potencial antioxidante

exercido pelos polissacarídeos sulfatados de algas marinhas (BARAHONA et al.,

2011). Tais ensaios podem ser agrupados em quatro grupos de acordo com o

mecanismo de ação avaliado. Desta forma há ensaios que avaliam a habilidade

desses polímeros em reduzir moléculas reativas, os que determinam a capacidade

dos polissacarídeos em sequestrar radicais livres, os que analisam o potencial em

quelar íons metálicos e os que determinam a capacidade em reduzir ou inibir a

lipoperoxidação (COSTA et al., 2014). Ao analisar os dados disponíveis na literatura,

percebe-se que os polissacarídeos sulfatados de algas têm apresentado potencial

antioxidante em todos esses mecanismos de ação (COSTA et al., 2014).

Essa diversidade de mecanismo de ação está relacionada à variedade

estrutural desses polímeros. Desta forma, aspectos estruturais como grau e

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distribuição de sulfatação, tipos de grupamentos ao longo do esqueleto

polissacarídico, massa molecular, composição monossacarídica e esterioquímica

influenciam no tipo e magnitude de efeito antioxidante exercido por esses polímeros

(NGO et al., 2013).

1.6 ATIVIDADE ANTIADIPOGÊNICA

1.6.1 Obesidade, adipócitos e tecido adiposo

A medicina preventiva considera a obesidade como uma importante doença,

uma vez que é um fator de risco primordial para um amplo espectro de distúrbios

cardiometabólicos, tais como dislipidemia, aterosclerose, hipertensão, diabetes

mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares (LAVIE et al., 2009; OUCHI et al., 2011).

Do ponto de vista clínico, a obesidade é definida com base no índice de massa

corpórea (IMC) do indivíduo. Desta forma, indivíduos com o IMC acima de 30 kg/m2

são considerados obesos, já se o índice estiver entre 25 e 30 kg/m2 considera-se

que ele está com sobrepeso (WHO, 2011).

Segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se

que anualmente, 2,8 milhões de pessoas morram devido a problemas associados ao

sobrepeso e obesidade. Dados indicam que 35% da população adulta mundial se

encontra em sobrepeso e que a obesidade já afeta 7% de toda a população mundial.

Com relação à distribuição mundial, o sobrepeso e obesidade são maiores no

continente americano (62% com sobrepeso e 26% com obesidade) e menor no

Sudeste asiático (14% com sobrepeso e 3% com obesidade). Em relação à

prevalência nos gêneros, em todas as regiões, as mulheres são mais propensas à

obesidade do que os homens (WHO, 2011).

A obesidade está intimamente relacionada a mudanças no número de

adipócitos (hiperplasia) e no tamanho dessas células (hipertrofia) (SPALDING et al.,

2008). Apesar de muitas células conterem lipídeos esterificados, os adipócitos são

as únicas capazes de armazená-los em grande quantidade e liberá-los para outros

órgãos. Isto fez com que por décadas, o tecido adiposo fosse considerado apenas

uma massa inerte de reserva energética com algumas propriedades mecânicas de

suporte. Entretanto, a descoberta da leptina em 1994 mostrou que os adipócitos são,

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também, reguladores essenciais da homeostase energética do corpo (ZHANG et al.,

1994; MANTZOROS et al., 2011). Atualmente sabe-se que diversas moléculas

fisiologicamente importantes, conhecidas por adipocinas, são secretadas pelos

adipócitos e regulam processos como a homeostase, pressão sanguínea, função

imune, processos inflamatórios, angiogênese e balanço energético (LAU et al., 2005;

BALISTRERI et al., 2010; OUCHI et al., 2011).

Um fator que influencia a expressão de moléculas secretadas pelos

adipócitos, inclusive adipocinas, é o tipo de tecido adiposo. Em humanos, assim

como em outros mamíferos, o tecido adiposo ocorre sob duas formas: tecido

adiposo branco (ou unilocular) e tecido adiposo marrom (ou multilocular). A maior

parte do tecido adiposo é do tipo branco e sua função é de ser local de

armazenamento energético e de produção de adipocinas. O tecido adiposo branco é

encontrado em dois grandes depósitos corporais: tecido adiposo visceral e tecido

adiposo subcutâneo (Figura 12). O tecido marrom ocorre principalmente em

neonatos e é importante na regulação da temperatura corpórea através da

termogênese. As principais células encontradas no tecido adiposo são os adipócitos,

mas há ocorrência de pré-adipócitos, células endoteliais, fibroblastos, leucócitos e

macrófagos, estando o número destas ultimas células relacionadas diretamente

relacionadas ao desenvolvimento da obesidade (TILG et al., 2006; OUCHI et al.,

2011; LEE et al., 2012).

Figura 12. Depósitos de tecido adiposo em humanos. Os dois principiais depósitos de tecido adiposo em humanos são o subcutâneo (principalmente nas regiões abdominal e glútea) e o visceral (associados com vários órgãos). Outros sítios comuns de depósito incluem as glândulas mamárias, regiões perirenal e periadventícia, coração, pulmões e medula óssea. Adaptado de CÂMARA et colaboradores, 2013.

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A obesidade é acompanhada por um quadro de produção e secreção

exacerbada de adipocinas que também são fatores pró-inflamatórios, estando

muitos deles, como o TNF-α, a resistina, o PAI-1, a IL-6, a RBP-4 e a MCP-1,

diretamente relacionados à indução da resistência insulínica, a hipercoagulabilidade

e a aterogênese, que, por sua vez, culminam na elevação da pressão arterial

(hipertensão), na intensificação de estados inflamatórios crônicos e no aumento dos

riscos de ocorrência de eventos cardiovasculares e de acidentes tromboembólicos

gerados por rupturas de placas ateroscleróticas (LAU et al., 2005; OUCHI et al.,

2011).

1.6.2 Mecanismo de diferenciação adipocitária

Os adipócitos derivam de células-tronco mesenquimais e seu ciclo de vida

inclui mudanças em sua morfologia e na expansão clonal, e envolve uma complexa

cascata de expressão gênica que leva ao armazenamento de lipídeos e finalmente a

apoptose (FEVÈ, 2005; GREGOIRE 2001). A Figura 13 resume o mecanismo de

diferenciação adipocitária.

Figura 13. Diferenciação de adipócitos. Tipos celulares e eventos moleculares da diferenciação de células mesenquimais em adipócitos. Wnt (Via de sinalização constituída por proteínas envolvidas na

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embriogênese); GATA (Família de fatores de transcrição caracterizados pela ligação a sequência “GATA” do DNA); δfosB (Membro da família de fatores de transcrição FOS); C/EBP-β, -α, - δ (Membros da família de proteínas de ligação potencializadora); PPAR-γ (Receptor ativado por proliferadores de peroxissoma); SREBP-1c (Elemento esterol responsivo a proteína de ligação 1c); Figura adaptada de FEVÈ, 2005.

O desenvolvimento de estudos sobre a adipogênese é realizado

principalmente pelo uso de modelos celulares como as linhagens murinas 3T3-L1 e

3T3-F442A (pré-adipócitos). Estas células quando estimuladas a se diferenciarem

em adipócitos seguem as mesmas vias metabólicas de diferenciação das células

mesenquimais (FARMER, 2006).

1.6.3 Atividade antiadipogênica de polissacarídeos sulfatados de algas

Com o intuito de tentar prevenir e/ou retardar os efeitos danosos gerados pelo

acúmulo excessivo de tecido adiposo, foram desenvolvidos diversos fármacos para

o tratamento da obesidade. No entanto, os compostos atualmente disponíveis

apresentam uma grande quantidade de efeitos indesejáveis (KUMAR et al., 2015), o

que tem intensificado a busca por fármacos anti-obesidade terapeuticamente

seguros. Várias plantas, extratos de plantas e fitoquímicos tem apresentado

propriedades anti-obesidade ou efeitos sobre o tecido adiposo e têm sido utilizados

como suplementos dietéticos (KANG et al., 2010).

Dentro desse contexto, muitos polissacarídeos sulfatados de algas

apresentam atividade anti-inflamatória e anticoagulante/antitrombótica, propriedades

desejadas em compostos que poderiam auxiliar no tratamento da obesidade e em

problemas associados à sua progressão. Se esses compostos apresentassem uma

atividade antiadipogênica e/ou antilipidêmica se tornariam moléculas multipotentes

com grande potencial para serem aplicados no tratamento da obesidade (JIAO et al.,

2011).

O primeiro relato de extratos de algas ricos em polissacarídeos sulfatados

com atividade antilipidêmica ocorreu em 2003 quando Pengzhan e colaboradores

descreveram dois extratos capazes de reduzir drasticamente os níveis séricos de

LDL e Triglicerídeos totais em ratos (PENGZHAN et al., 2003). Seis anos depois Kim

e colaboradores descreveram pela primeira vez a ação antiadipogênica de um

polissacarídeo sulfatado, um fucoidan obtido da alga marrom Fucus vesiculosos

(KIM et al., 2009). No entanto, apesar desses relatos há grande escassez na

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literatura de polissacarídeos sulfatados com estes tipos de ação. Desta forma, quase

a totalidade das espécies de algas marinhas ainda não foram estudadas quanto a

sua capacidade sintetizadora de polissacarídeos sulfatados antiadipogênica.

1.7 ATIVIDADE IMUNOMODULATÓRIA

1.7.1 Imunomodulação mediada por macrófagos

O sistema imune desempenha um papel central na manutenção da

homeostase do corpo humano através de fatores inatos e adquiridos que o compõe.

O sistema imune inato é a primeira linha de defesa contra invasões microbianas, que

interagem com os patógenos de maneira não específica eliminando-os diretamente

ou destruindo células infectadas por eles. Esta função inata é realizada por células

fagocíticas (macrófagos, células dendríticas, neutrófilos, dentre outras) e pelo

sistema complemento. Caso uma infecção não seja debelada pelo sistema inato,

entra em ação a imunidade adquirida que é constituída pelos linfócitos T, B e pelas

imunoglobulinas. No entanto, sob determinadas ocasiões o sistema imune pode

sofrer imunomodulações exacerbadas, resultando em efeitos indesejados que

levam, a longo prazo, ao aparecimento de doenças (JIAO et al., 2014). A

imunomodulação do sistema imune denota qualquer mudança na resposta imune

que envolva indução, expressão, amplificação ou inibição de parte ou de todo o

sistema imune (SAJOL et al., 2012).

Os macrófagos são células do sistema imune inato que tem importante papel

na manutenção da homeostasia, no processo de desenvolvimento embrionário,

durante o reparo tecidual e na imunidade (Figura 14). Ao se tornarem ativos, além

de serem células fagocíticas, secretam vários mediadores inflamatórios, incluindo

TNF-α, IL-1, PGE-2 e óxido nítrico, atuando na defesa contra microrganismos, tendo

papel central durante a inflamação. No entanto, suas funções reparativas,

inflamatórias e homeostáticas são subvertidas durante processos crônicos de

ativação, resultando em condições como fibrose, diabetes e obesidade ou de

supressão, resultando em quadros de infecção persistentes (WYNN et al., 2013).

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Figura 14. Papel dos macrófagos no desenvolvimento, homeostase e doenças. Os macrófagos desempenham vários papéis durante o desenvolvimento, participando da modelação de vários tecidos, como cérebro, ossos e glândulas mamárias. A homeostase também é modulada por macrófagos e suas funções vai desde a participação no metabolismo até a manutenção da rede neuronal. Entretanto, estes papéis são subvertidos durante sua ativação exacerbada e contínua, contribuindo para o desenvolvimento de várias doenças. Adaptado de WYNN e colaboradores, 2013.

Assim, substâncias imunomoduladoras de macrófagos podem ser importantes

aliadas no combate a certas condições não desejadas resultantes de modificações

de seu perfil fisiológico.

1.7.2 Atividade imunomodulatória de polissacarídeos sulfatados de

algas

Os polissacarídeos sulfatados de algas marinhas possuem atividades

imunomodulatórias que podem estar associadas com o estímulo da resposta imune,

algo importante para o tratamento de pacientes em estados de imunodepressão, ou

com o controle da atividade imune para mitigar efeitos negativos associados com a

inflamação (WIJESINGHE et al., 2012; JIAO et al., 2011).

Com base na literatura, é perceptível notar que o papel imunomodulatório de

polissacarídeos sulfatados de algas está relacionado principalmente com a

modulação de macrófagos (WANG et al., 2014; WIJESEKARA et al., 2011). Há

vários relatos de polissacarídeos capazes de aumentar a produção e secreção de

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moléculas pró-inflamatórias pelos macrófagos como óxido nítrico (PÉREZ-RECALDE

et al., 2014; MAEDA et al., 2012; KARNJANAPRATUM et al., 2011; JIAO et al.,

2009; LEE et al., 2012), PGE-2 (KARNJANAPRATUM et al, 2011; KAEFFER et al.,

1999), IFN-γ (KIM et al., 2011) e IL-6 (LEE et al, 2010; KAEFFER et al., 1999). No

entanto, também já foram descritos polissacarídeos sulfatados capazes de aumentar

a secreção de moléculas anti-inflamatórias como a IL-10 (KAEFFER et al., 1999) ou

de reduzir a expressão de moléculas pró-inflamatórias como óxido nítrico, IL-1, IL-6,

MCP-1 e TNF-α (VASQUEZ et al., 2012). Assim, é perceptível o papel dual que os

polissacarídeos sulfatados de algas podem exercer sobre os macrófagos, indicando

uma versatilidade em seu uso no tratamento de condições pró ou anti-inflamatórias.

1.8 ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA

1.8.1 Câncer

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 tipos diferentes de

doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células anormais com

potencial invasivo (INCA, 2014). Atualmente, é a segunda maior causa de mortes no

mundo, inclusive no Brasil, ficando abaixo somente das doenças cardiovasculares

(WHO, 2011; INCA, 2014).

A origem do câncer se dá por condições multifatoriais como predisposições

genéticas, mutações, exposição demasiada a radicais livres, contato com

carcinógenos, exposição a radiações ionizantes e quadros inflamatórios

persistentes. Tais condições agem em conjunto para iniciar e/ou promover o

desenvolvimento do câncer ao longo de muitos anos (BOGO, 2012; HANAHAN et

al., 2011). Assim, alguns tipos de câncer podem ser evitados pela eliminação da

exposição a esses fatores determinantes. Além disso, se o potencial de malignidade

for detectado antes das células tornarem-se malignas, ou numa fase inicial da

doença, tem-se uma condição mais favorável para seu tratamento e,

consequentemente, para sua cura (INCA, 2014).

Os mecanismos que promovem o crescimento desordenado das células

cancerígenas e permitem a invasão tecidual por essas células ocorrem graças a

várias características que são inerentes a elas (Figura 15a e 15b).

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Figura 15. Principais características das células cancerígenas. (a) – Seis principais características das células cancerígenas. A sinalização proliferativa sustentada ocorre pela secreção contínua de mitógenos que promovem o crescimento e divisão dessas células; A evasão de mecanismos de supressão celular pode ocorrer pela inativação de genes supressores de tumor ou pela perda de marcadores de superfície responsáveis pela inibição de crescimento por contato; A resistência a morte celular ocorre pela evasão aos mecanismos de apoptose; Os mecanismos replicativos de imortalidade, como a presença da telomerase, impedem que as células entrem em senescência; A indução da angiogênese ocorre pela ativação de genes responsáveis pela síntese de novos vasos, o que permite uma melhor nutrição e eliminação de metabólitos pelas células constituintes de tumores; por fim, os mecanismos de invasão e metástase também caracterizam as células cancerígenas e normalmente ocorre pela perda de algumas moléculas de adesão como a E-caderina. (b) – Características emergentes de células cancerígenas e alguns fatores promotores. Dois importantes fatores promotores estão envolvidos no desenvolvimento dessas características carcinogênicas: a instabilidade genética, que promove o surgimento de mutações e estados recorrentes de inflamação gerados por células do sistema imune. Outras duas características de células cancerígenas são a capacidade de reprogramar seu metabolismo celular, como por exemplo, ao aumentar a expressão de transportadores de glicose do tipo GLUT para aumentar a captação de glicose; e a fuga do sistema imune. Figura adaptada de HANAHAN e colaboradores, 2011.

As principais terapias escolhidas para o tratamento do câncer são a

radioterapia e a quimioterapia. No entanto, ambas apresentam uma série de efeitos

adversos como imunossupressão, diarreia, náuseas, vômitos, perda de apetite,

perda de peso, fadiga, anemia e trombocitopenia (MAIER, 2012; ROCHA et al.,

2011).

Tendo em vista a alta prevalência de câncer e as dificuldades em seu

tratamento, é cada vez mais crescente o incentivo para pesquisas que visem a

descobertas de novos agentes antitumorais eficazes e com menor toxicidade ou

prejuízos à saúde dos pacientes.

1.8.2 Atividade antiproliferativa de polissacarídeos sulfatados de algas

Os polissacarídeos sulfatados de algas apresentam características

promissoras para seu uso como agentes antitumorais, uma vez que apresentam

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mecanismos de ação que podem ajudar na prevenção e no controle do câncer, bem

como na contenção da metástase (ATASHRAZM et al., 2015; KWAK, 2014; ROCHA

et al., 2011).

Com relação aos mecanismos preventivos, os polissacarídeos sulfatados de

algas já foram descritos como agentes antioxidantes (COSTA et al., 2014) e anti-

inflamatórios (VASQUEZ et al., 2012; HWANG et al., 2011) podendo prevenir desta

forma, condições ou ambientes favoráveis para o desenvolvimento do câncer, como

o stress oxidativo e quadros inflamatórios exacerbados (HANAHAN et al., 2011).

A progressão do câncer pode ser contida de forma indireta ou direta. Alguns

polissacarídeos já foram descritos como agentes anti-angiogênicos (DORE et al.,

2013; WANG et al., 2013), impedindo desta forma a neovascularização de tecidos

tumorais e a progressão do câncer de uma forma indireta. Outra forma indireta de

contenção seria através da imunoestimulação exercida por polissacarídeos

sulfatados por promoverem a ativação de células como macrófagos, neutrófilos,

linfócitos T e NK, células que podem agir no controle de células cancerígenas (LINS

et al., 2009; ZHOU et al., 2004). No entanto, os principais mecanismos de controle

de células cancerígenas residem na capacidade dos polissacarídeos em agir de

forma direta sobre as mesmas, inibindo sua proliferação e induzindo a apoptose ou

autofagia (PARK et al., 2011; SENTHILKUMAR et al., 2013; KWAK, 2014). Desta

forma, a atividade antiproliferativa de polissacarídeos sulfatados, em especial de

algas marrons, tem sido intensamente investigada para as mais diversas linhagens

tumorais (Tabela 02).

Tabela 02. Alguns estudos que demonstraram atividades antiproliferativa de polissacarídeos sulfatados de algas. Fonte: Autoria própria.

LINHAGEM TUMORAL

TECIDO

ALGA

REFERÊNCIA

A549 Carcinoma de pulmão Undaria pinnatifida SYNYTSYA et al.,

2010

AGS Carcinoma gástrico Laminaria japonica PARK et al., 2011

DLD-1 Adenocarcinoma

coloretal

Sargassum

mcclurei

THINH et al., 2013

HeLa Adenocarcinoma de

cérvix

Sargassum

fillipendula

COSTA et al., 2011

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HepG2 Carcinoma hepática Undaria pinnatifida SYNYTSYA et al.,

2010

HL-60 Leucemia promielocítica Fucus vesiculosos JIN et al., 2010

HS-Sultan Linfoma de Burkitt Fucus vesiculosos AISA et al., 2005

MCF-7 Carcinoma de mama Cladosiphon

novae-caledoniae

ZHANG et al.,

2011

PC-3 Adenocarcinoma de

próstata

Undaria pinnatifida BOO et al., 2011

SK-MEL-28 Melanoma Costaria costata ERMAKOVA et al.,

2011

SMMC-7721 Carcinoma hepático Undaria pinnatifida YANG et al., 2013

U-937 Leucemia monocítica Ecklonia cava ATHUKORALA et

al., 2009

Por fim, a capacidade antimetastática desses polímeros também já foi

relatada, e parece estar ligada a capacidade dos polissacarídeos em bloquear as

interações entre as células cancerígenas e a membrana basal tecidual (ROCHA et

al., 2001; CUMASHI et al., 2007), além de promover a inibição de metaloproteinases

(YE et al., 2005) e heparinases (VLODAVSKY, 2001), enzimas relacionadas a

invasão tecidual exercida por células tumorais.

1.9 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

1.9.1 Leishmaniose e atividade leishmanicida de polissacarídeos

sulfatados de algas.

A leishmaniose é uma doença infecciosa de grande importância ao redor do

mundo, sendo responsável por 70 mil mortes por ano, além de ser fator de risco

para 350 milhões de pessoas em 88 países (TODOLI et al., 2012; KEDZIERSK,

2010). Esses números fazem da leishmaniose a segunda doença parasitária tropical

de maior mortalidade no mundo, ficando atrás apenas da malária (TODOLI et al.,

2012). No Brasil, tem-se constatado uma expansão das áreas endêmicas para a

leishmaniose, além do surgimento de surtos epidemiológicos em regiões antes

consideradas livres dessa doença (PEREIRA, 2012).

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A leishmaniose é causada por protozoários pertencentes ao gênero

Leishmania, que compreende dois subgêneros, nos quais se distribuem uma grande

variedade de espécies responsáveis por infectar animais e humanos, através de

inoculações por mosquitos vetores, levando ao desenvolvimento da leishmaniose

cutânea, muco-cutânea e visceral, essa última conhecida também por Calazar

(KAYE et al, 2011; SINGH et al., 2012). O tratamento dessa infecção se dá

principalmente por antimoniais pentavalentes e, como uma segunda linha de

tratamento, pela anfotericina B, no entanto o tratamento com estes fármacos é

prolongado e de alto custo, além disso, eles apresentam alta toxicidade, vários

efeitos adversos, e já há cepas resistentes aos mesmos (YAMAMOTO et al, 2013;

TODOLI et al., 2012; SINGH, 2012).

Dentro desse contexto, a busca por compostos ativos, que possam dar

origem a novos medicamentos leishmanicidas mais seguros e eficazes apresenta-se

como uma necessidade urgente, principalmente, para pessoas em países em

desenvolvimento (SINGH et al., 2012) e as algas têm sido fontes promissoras de

compostos com este tipo de atividade (TORRES et al., 2014; FOULADVAND et al.,

2011; SOARES et al., 2012), apesar de haver apenas um único relato, de

polissacarídeos sulfatados com este tipo de atividade (PIRES et al., 2013b).

1.9.2 Infecções bacterianas e atividade antibiótica de polissacarídeos

sulfatados de algas.

O uso irracional e a automedicação têm contribuído para o desenvolvimento,

ao longo dos anos, de resistência microbiana a diversos antibióticos, o que tem

trazido novos desafios à terapêutica e elevado cada vez mais o número de mortes

causadas por bactérias (WHO, 2014; QUEIROZ et al., 2012). Dentro do grupo de

organismos relacionados ao desenvolvimento de infecções resistentes pode-se

destacar o Staphylococcus epidermidis e Klebsiella pneumoniae. Ambos são

microrganismos multirresistentes causadores de patogenias e infecções hospitalares

(QUEIROZ et al., 2012).

S. epidermidis é uma das bactérias encontradas naturalmente na microbiota

da pele de indivíduos e podem se introduzir na unidade de tratamento intensivo

pelos profissionais da saúde ou por pacientes, e assim causar infecções

oportunistas durante e após os procedimentos invasivos (CABRERA-CONTRERAS

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et al., 2013; OTTO, 2009; MICHELIM et al., 2005). S. epidermidis é um dos

principais formadores de biofilmes em cateteres e já foram descritas cepas

resistentes a vários antibióticos como meticilina, rifamicina, fluoroquinolonas,

gentamicina, tetraciclina, cloranfenicol, eritromicina, clindamicina e sulfonamidas

(OTTO, 2009; MICHELIM et al., 2009).

A bactéria gram-negativa K. pneumoniae resistente a carbapenêmicos (KPC)

é uma ameaça em todo o mundo, uma vez que há opções terapêuticas limitadas

contra este patógeno, o que tem resultado em infecções de alta mortalidade

(GUPTA et al., 2011; KAISER et al., 2013). Os carbapenêmicos foram desenvolvidos

como a última linha de defesa contra infecções por microrganismos multirresistentes.

Contrariando esta ideia, um isolado de Klebsiella pneumoniae produzindo uma

carbapenemase (KPC) foi descrita pela primeira vez 2001, nos Estados Unidos e

atualmente tem sido responsável por surtos nosocomiais em todo o mundo. As

KPCs não são só resistentes a todos os β-lactâmicos, mas também a

aminoglicosídeos e fluoroquinolonas, além disso, estudos demonstraram que a sua

taxa de mortalidade se aproxima de 50%, representado, portanto, um grande desafio

para a terapia clínica atual (QUEIROZ et al., 2012).

Com isso, tem se intensificado a busca por novos compostos que visem à

contenção dessas bactérias multirresistentes aos tratamentos convencionais, e os

polissacarídeos sulfatados vêm sendo descritos como importantes moléculas com

potencial antibiótico (SEBAALY et al., 2014; LI et al., 2010; MARUDHUPANDI et al.,

2013; VIJAYABASKAR et al., 2013; AMORIM et al., 2012; PIERRE et al., 2011;

KANTACHUMPOO et al., 2010).

1.10 INIBIÇÃO DA FORMAÇÃO DE CRISTAIS

1.10.1 Urolitíase

A urolitíase ou cálculo renal, conhecida popularmente como pedra renal, é

uma condição fisiopatológica decorrente da formação e aglomeração de cristais

inorgânicos e orgânicos, que ocorre dentro dos canalículos renais. O

desenvolvimento dessa doença está relacionado a diversas causas, como: herança

genética, estilo de vida, clima, hábitos alimentares, obesidade, dentre outros (WONG

et al., 2015; XU et al., 2013; MOE, 2006).

O considerável aumento da sua prevalência no mundo nos últimos 20 anos

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tem preocupado (XU et al., 2013), e tem sido atribuído as mudanças do estilo de

vida e de hábitos alimentares (KNOLL, 2010), tais como o aumento do consumo de

proteínas de origem animal e alimentos ricos em cálcio e sódio (LOPÉS et al., 2010;

ROMERO et al., 2010).

Os cálculos renais surgem tipicamente entre os 20 e 60 anos de idade e tem

uma altíssima taxa de recorrência após a primeira crise renal do paciente (WONG et

al., 2015; MOE, 2006). Ocorre em maior prevalência em homens, porém, em países

desenvolvidos tem se notado uma rápida diminuição da diferença de ocorrência

entre os gêneros (MEHMET et al., 2015; DAWSON, 2012; MOE, 2006). A incidência

também é maior em países de clima quente, sobretudo no verão devido a diminuição

do débito urinário associado a redução da ingestão de líquidos (LOPÉS et al, 2010;

ROMERO et al., 2010; MOE, 2006). Do ponto de vista geográfico, há uma maior

prevalência de casos no hemisfério oeste frente ao hemisfério leste (LOPÉS et al.,

2010).

Os cálculos de oxalato de cálcio (CaOx) são os mais prevalentes, somando

aproximadamente 70% dos casos, com um pequeno percentual restrito aos de

fosfato de cálcio (10%). Em menor proporção estão os de ácido úrico (5-10%),

seguidos dos de cistina, estruvita e urato de amônio (DAUDON et al., 2015;

DAWSON, 2012; LÓPEZ et al., 2010). A urina, em condições normais, possui

moléculas tais como, citrato, pirofosfato, glicosaminoglicanos e glicoproteínas, que

inibem a formação desses cristais (LI et al., 2013). No entanto, quando a quantidade

destas moléculas é insuficiente, tem-se início a formação dos cálculos renais, que

ocorre em uma série de eventos físico-químicos complexos subdivididos em quatro

fases principais: nucleação, crescimento (cristalização), agregação e retenção do

cristal (Figura 16) (BASARAVAJ et al., 2007; JÚNIOR et al., 2010).

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Figura 16. Etapas da formação dos cristais urinários. Fonte: JÚNIOR, et al., 2010.

A nucleação ocorre com o desenvolvimento de uma estrutura nanocristalina

formada quando determinado soluto supera o seu coeficiente de solubilidade,

tornando a solução supersaturada. O processo de nucleação em uma solução pura

é conhecido como nucleação homogênea, no entanto, na urina o que ocorre é uma

nucleação heterogênea na superfície de células epiteliais, hemácias, debris

celulares, outros cristais e bactérias (BASARAVAJ et al., 2007).

Concomitantemente a nucleação, ocorre o processo de cristalização ou

crescimento do cristal gerado pela redução da energia potencial de átomos e

moléculas quando estes formam ligações químicas entre si (BASARAVAJ et al.,

2007). Enquanto a nucleação de cristais é um processo muito lento em produzir

partículas de tamanhos clinicamente relevantes, o passo seguinte, a agregação,

permite a formação de grandes partículas de uma forma muito mais rápida

(BASARAVAJ et al., 2007; HESS et al., 2000).

A agregação consiste na união de um ou mais destes núcleos em

crescimento, que resulta na formação de cristais maiores e mais pesados que

podem se precipitar (FERNADES-QUEIROZ et al., 2015). A urina de um paciente

saudável possui naturalmente cristais de tamanhos irrelevantes para o

desenvolvimento de condições fisiopatológicas, e estes são naturalmente

excretados. No entanto, alguns cristais podem interagir com a superfície de células

epiteliais renais, o que ocasionará sua retenção, promovendo uma cascata de

respostas celulares, como o estresse oxidativo, além de aumentar a adesão de

cristais e substâncias adicionais que, por fim, darão origem aos cálculos renais

(BASARAVAJ et al., 2007; FONG-NGERN et al., 2011).

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O oxalato de cálcio pode se cristalizar em três formas diferentes. O cristal

monohidratado (COM) apresenta uma geometria de prisma tetragonal alongada, já o

dihidratado (COD) possui uma geometria bipiramidal tetraédrica ou em forma de

cata-vento, o trihidratado (COT), por sua vez, possuem geometria mais complexa

(Figura 17) (GRASES et al., 1990; MELO et al., 2013; FERNANDES-QUEIROZ et

al., 2015). A forma monohidratada é a mais termodinamicamente estável e é a que,

predominantemente, constitui os cálculos renais. A forma dihidratada também pode

ser encontrada na constituição dos cálculos, mas são as principais formas de cristais

de oxalato de cálcio encontrados isoladamente na urina (WANG et al., 2010; MELO

et al., 2013). Vale ressaltar, que os cristais do tipo COM são considerados os mais

danosos, uma vez que são capazes de se aderirem as células epiteliais renais,

favorecendo a formação dos cálculos renais (WANG et al., 2010; LI et al., 2013;

WESSON et al., 1998).

Figura 17 - Imagens de microscopia eletrônica de varredura de Cristais de Oxalato de Cálcio. (A e B) Monohidratado; (C e D) Dihidratado; (E e F) Trihidratado Fonte: Adaptado de GRASES et al., 1989.

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Os cristais COM apresentam três faces de crescimento (fig. 18A-B). Face

(101), (010) e (120). O crescimento desses cristais ocorre a partir da deposição

gradual de íons formando camadas, esse crescimento não é homogêneo, e ao se

observar em escala nanométrica verifica-se que essas camadas não se sobrepõem

totalmente, levando a formação de degraus e terraços a cada camada sobreposta

(fig. 18C-D) (QIU et. al., 2004).

Figura 18 – Faces dos cristais do tipo COM. COM observado em microscopia de varredura (a). Diagrama das faces dos cristais de CaOx (b). Visão da face (101) em microscopia de força atômica (c). Visão da face (010) em microscopia de força atômica (d). Fonte: Adaptado de QIU et al., 2004.

As primeiras observações do processo de formação dos cálculos renais

datam de 1937, quando Randall propôs que os cálculos renais se desenvolviam

sobre dois tipos de lesões pré-calculares situadas na papila renal (RANDALL, 1937;

KHAN et al., 2015). Tais lesões eram geradas por deposição subepitelial de fosfato

de cálcio (CaP), decorrente de condições patológicas na papila renal, formando

lesões pré-calculares do tipo I denominadas de placas de Randall, e em casos de

supersaturação urinária e necrose de células epiteliais tubulares, ocorreria a

cristalização e deposição nos túbulos coletores formando lesões tipo II denominadas

de “plugs” de Randall. Em ambos os casos, as lesões agiriam como um “ninho” para

deposição de outros cristais, resultando na formação de cálculos na pelve renal ou

nos ductos papilares, respectivamente (RANDAL, 1940; KHAN et al., 2015).

Atualmente, sabe-se que essas placas são formadas desde a medula interna, na

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membrana basal do ramo delgado da alça de Henle, até a membrana basal do

urotélio papilar (EVAN et al., 2010; JAMESON et al., 2013).

Desde a descrição das placas de Randall, que inúmeras hipóteses sobre a

gênese da formação dos cálculos renais têm sido elaboradas, no entanto a relação

entre o estresse oxidativo e os cálculos renais parece estar bem clara (KHAN et al.,

2015; WONG et al., 2015; SELVAN, 2002). Selvan em 2002, propôs uma hipótese

sugerindo que alterações ou danos nas camadas superficiais protetoras do epitélio

renal, ocasionados por eventos oxidativos ou por danos físicos diretos ao epitélio

gerados por cristais formados em locais à montante nos túbulos renais, poderiam

expor diversas substâncias eletronegativas na superfície celular, que possuiriam alta

afinidade à cristais de oxalato de cálcio do tipo COM, que apresentam uma

superfície eletropositiva. Além disso, os cristais de oxalato de cálcio ainda poderiam

ser endocitados, provocando um estresse oxidativo ainda maior (Figura 19).

Figura 19. Modelo hipotético da representação da deposição/internalização do cristal de oxalato de cálcio nas células renais por endocitose e processo intracelular por oxalúria durante condições hiperoxalúricas. Os cristais formados se precipitam sobre a superfície celular ligam-se rapidamente à superfície de células epiteliais e são internalizados. Cristais monohidratados são prontamente reconhecidos e endocitados, ao passo que o dihidratado se liga fracamente a superfície celular e não é endocitado. Fonte: Adaptado de SELVAN,2002.

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Por outro lado, com base em dados clínicos e experimentais recentes, Khan e

colaboradores propuseram uma teoria “unificada” para a formação das placas de

Randall (KHAN et al., 2015; WONG et al., 2015). Segundo os autores, a formação

dessas placas e “plugs” tem início quando células epiteliais renais, de formadores de

cálculos, são submetidas a condições de estresse oxidativo quando expostas a

excreção elevada de cálcio, fosfato e oxalato e/ou pelo decréscimo da produção de

inibidores de formação de cristais, como o citrato, ou ainda quando sofrem injúrias,

traumas ou simplesmente envelhecem (KHAN et al., 2015).

Esse estresse oxidativo leva a um aumento da expressão de genes e

proteínas específicas de células osteoblásticas, levando a uma de-diferenciação das

células epiteliais renais em células tipo-osteoblásticas. Essas células transformadas

produzem vesículas ligadas à membrana em forma de brotos, em direção à

membrana basal do tecido. Após a formação dessas vesículas ocorre a nucleação e

agregação de cristais de fosfato de cálcio (CaP) em suas superfícies, e esses

depósitos começam a formar grandes placas que ultrapassam a membrana basal.

Essas placas entram em contato com fibras de colágeno e restos necróticos de

membrana que também calcificam.

A deposição intersticial desses cristais acaba por gerar fibrose e inflamação

localizada, que disponibilizam ainda mais substratos para que ocorram novas

calcificações, até que, finalmente, se alcança a superfície do epitélio papilar. Uma

vez que a superfície epitelial papilar perde sua integridade, pelo aumento de

atividade de metaloproteinases de matriz ou simplesmente pela força física causada

pelo aumento da calcificação subepitelial, a placa de Randall é exposta na pelve

renal.

A pelve renal apresenta grandes concentrações de CaOx, fazendo com que

as camadas superficiais de hidroxipatita (cristais de fosfato de cálcio) sejam

substituídas por CaOx, através da desmineralização de CaP e mineralização de

CaOx. Alternativamente, a nucleação de cristais de CaOx ocorre diretamente sobre

a matriz orgânica que cobre a placa e cada vez mais o cálculo vai aumentando de

tamanho e se tornando preponderantemente constituído de CaOx (KHAN et al.,

2015). Dados de estudos endoscópicos e histológicos reforçam essa hipótese, uma

vez que a maior parte dos cálculos de oxalato de cálcio (75%), em pacientes

formadores de cálculos de oxalato de cálcio idiopáticos, é formada em associação

às placas de Randall (WONG et al., 2015; EVAN et al., 2010).

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Uma alternativa para conter os danos oxidativos ocasionados por esta

cascata de eventos relacionados à formação dos cristais de oxalato de cálcio seria o

aumento da produção e/ou atividade de agentes antioxidantes. No entanto, os

resultados de estudos em ratos, que foram induzidos a formarem cálculos renais de

oxalato de cálcio, mostraram que há uma diminuição local das atividades das

enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD), catalase, glutationa peroxidase

(GPx), glucose-6-fosfato desidrogenase, glutationa-S-transferase, bem como

diminuição dos níveis de sequestradores de radicais livres como a vitamina E,

vitamina C, proteína tiol (TSH) e glutationa reduzida (GSH) (SELVAN, 2002).

Com isso, percebe-se que o processo de formação das placas de Randall é

um processo multifatorial e que há diversas formas de se conter o seu surgimento.

Tendo isso em mente, Abrol e colaboradores, propuseram recentemente um

esquema que ilustra essas novas informações acerca da complexidade do

desenvolvimento das placas de Randall (Figura 20).

Figura 20. Hipótese da patogênese das placas de Randall. Os quadrados amarelos representam condições predisponentes. LDL – Lipoproteína de baixa densidade; EROS – Espécies reativas de oxigênio; CaOX – Oxalato de cálcio. Fonte: Adaptado de ABROL et al., 2014.

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1.10.2 Atividade antiurolítica de polissacarídeos sulfatados

Recentemente, os polissacarídeos sulfatados de algas também começaram a

ser avaliados quanto a sua capacidade antiurolítica. Estudos in vitro, demonstraram

que polissacarídeos da Laminaria japonica além de diminuir o tamanho dos cristais

COM também estabilizaram o tipo COD, os quais não podem se ligar a membrana

celular (OUYANG et al., 2010). Outro polissacarídeo obtido a partir da alga marrom

Sargassum graminifolia também se mostrou eficiente no processo da inibição da

cristalização de CaOx (ZHANG et al., 2012). Recentemente, nosso grupo de

trabalho, demonstrou que polissacarídeos sulfatados da alga Dictyopteris justii

também são capazes de inibir a formação de cristais de oxalato de cálcio, com

especial menção a fucana DJ-0.4 e a glucana DJ-0.5, essa última sendo capaz de

estabilizar os cristais de oxalato de cálcio sob a forma COD, prevenindo a formação

dos cristais do tipo COM mais termodinamicamente estáveis e danosos (MELO et

al., 2013).

Estudos in vivo com suplementação exógena de polissacarídeos sulfatados

para ratos hiperoxalúricos de Fucus vesiculosus foram eficazes na redução do

estresse oxidativo causado pelo processo de cristalização, aumentando a atividade

de enzimas antioxidantes como SOD, CAT, GPX e limitando a peroxidação lipídica.

Além disso, os polissacarídeos sulfatados foram capazes de evitar a retenção de

cristais, por evitar o dano da membrana induzida por cristais de oxalato de cálcio

(VEENA et al., 2007).

Até o momento, no entanto, nenhum polissacarídeo sulfatado de alga verde

teve a sua capacidade de inibição de formação de cristais avaliada.

Diante do exposto, e tendo em mente que o litoral potiguar, assim como o

nordestino, detêm várias espécies de algas marinhas que ainda não tiveram seus

polissacarídeos sulfatados estudados, este trabalho teve como objetivo realizar uma

prospecção de atividades farmacológicas de frações polissacarídicas obtidas da alga

verde Caulerpa prolifera. Para obtenção desse objetivo, pretendeu-se:

Obter frações ricas em polissacarídeos sulfatados a partir de C. prolifera;

Caracterizar físico-quimicamente os polissacarídeos sulfatados obtidos;

Avaliar a atividade anticoagulante das frações;

Avaliar a atividade antioxidante das frações;

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Avaliar a atividade imunomodulatória das frações;

Avaliar a atividade antiadipogênica das frações;

Avaliar a atividade antiproliferativa das frações;

Avaliar a atividade microbicida (leishmanicida e bactericida) das frações;

Avaliar a influência das frações sobre a formação de cristais de oxalato de

cálcio.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 REAGENTES

Acetona, ácido acético, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, álcool etílico, álcool

metílico, azul de toluidina, brometo de cetiltrimetilamônio P.A. (CETAVLON),

citrato de sódio, cloreto de bário, coomasie brilliant blue R 250, fosfato de sódio

dibásico, fosfato de sódio monobásico, glicina, hidróxido de sódio, peróxido de

hidrogênio e sulfato de ferro heptahidratado foram adquiridos da CRQ (Diadema,

SP, Brasil);

Ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) proveniente da VETEC (Duque de

Caxias, RJ, Brasil);

Metionina proveniente da Synth (Diadema, SP, Brasil);

Ácido gálico adquirido da CAQ Casa da Química Ind. e Com. (Diadema, SP,

Brasil);

Bacto-Getatina adquirido da Difco Laboratories (Detroit, MI, USA).

Ácido ascórbico, cloreto de sódio, 1,3-diaminopropano acetato, ferrozina,

nitroblue tetrazolium (NBT), riboflavina, L-fucose, D-xilose, D-galactose, D-

manose, D-glucose, D-arabinose, D-ramnose e ácido D-glucurônico foram

comprados da Sigma-Aldrich Brasil (São Paulo, SP, Brasil);

Agarose (Standart Low-MR) proveniente da BioRad Laboratories (Richmond, CA,

EUA);

Cloreto de ferro adquirido da Merck (Darmstadt, Alemanha);

Fenol, molibdato de amônia, sulfato de cobre, sulfato de potássio e sulfato de

sódio anidro adquiridos da Reagen Quimibrás Indústrias Químicas S.A. (Rio de

Janeiro, RJ, Brasil);

Kit de tempo de tromboplastina parcial ativada e kit de tempo de protrombina

provenientes da Labtest (Lagoa Santa, MG, Brasil);

Prozima (preparação enzimática a base de protease alcalina PROLAV 750)

adquirida da Prozyn Biosolutions, São Paulo, SP, Brasil;

Salicilato de sódio adquirido da FLUKA (Steinheim, Germany);

Reagente de Bradford da Bio-Rad (NY, EUA)

Reagente de Folin-Ciocalteau da Merck (Darmstadt, Alemanha)

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DMEM (Dulbecco's Modified Eagle Medium), RPMI e Soro Fetal Bovino (SFB) da

Cultilab (Campinas, SP, Brasil);

DMEM High glucose da Gibco (Carlsbad, CA, USA);

2.2 APARELHOS

Agitador orbital modelo 255-B, banhos-maria e estufas de temperatura constante

da FANEM Ltda. (São Paulo, SP, Brasil);

Cuba para eletroforese em gel de agarose, modelo desenvolvido por Jaques e

col. (1968), da Técnica Permatron Ltda. (São Paulo, SP, Brasil);

Centrífuga refrigerada CR 21 da Hitachi Koki Co. Ltd. (Tóquio, Japão);

Fontes de corrente contínua regulável desenvolvida pelo Dr. H. Rzeppa, Técnica

Permatron Ltda. (São Paulo, SP, Brasil);

Espectrofotômetro Femto 700 plus, Femto Ind. Com. Instrumentos Ltda. (São

Paulo, SP, Brasil);

Medidor de pH Orion Research, modelo 701 A/digital lonalyzer (Cambridge, MA,

EUA);

Coagulômetro automático Quick Timer da DRAKE eletrônica e comércio LTDA

(São José do Rio Preto, SP, Brasil);

Bomba a vácuo da TECNAL modelo TE-058 (Piracicaba, SP, Brasil).

Sistema de HPLC, Merck (Richmond, CA, EUA) com coluna LiChroCART® 250-4

LiChrospher® 100 NH2 (10 μm) acoplada.

Bancada de Fluxo Laminar Pachane Pa300 (Piracicaba, SP, Brasil);

Banhos e estufas de temperatura controlável da FANEM Ltda (São Paulo, SP,

Brasil);

Zetaplus® analyzer, (Brookhaven instruments, Holtsville, NY, USA);

Destilador de água MA-270 da Marconi Ltda (Piracicaba, SP, Brasil);

Espectrofotômetro digital DR5000 UV/VIS da Hach Company® (Loveland,

Colorado, EUA);

Incubadora Thermoforma Serie II Water CO2 Incubator HEPA Filter Model 3110

(USA);

Leitor de microplacas Epoch-Biotek (Winooski, VT, EUA)

Microscópio NIKON Eclipse Ti-U (Melville, NY, EUA);

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Microscópio Confocal Zeiss LSM 700 (Oberkochen, Alemanha)

Purificador de água Milli-Q® Water System da Millipore Corp. (Bedford, MA,

EUA);

Espectrometro Thermo-Nicolet Nexus 470 pesetas.

2.3 ALGAS

Espécimes da alga marinha verde Caulerpa prolifera (Forsskål)

J.V.Lamouroux (Figura 21) foram coletados na Praia de Búzios (05°58′23″S,

35°04′97″O), situada no município de Nísia Floresta, litoral sul do estado do Rio

Grande do Norte, Brasil, em períodos de baixas marés de sizígia (entre 0,0 e 0,2

metros). Os espécimes foram prontamente levados ao Laboratório de Biotecnologia

de Polímeros Naturais (BIOPOL/UFRN), onde foram lavados em água corrente e

separados de epífitas, pequenos moluscos, inclusões calcárias e outros

contaminantes. Posteriormente, foram desidratadas em estufa aerada a 45 ºC,

trituradas, pesadas e guardadas em recipientes adequados.

Figura 21. Imagem da alga verde Caulerpa prolifera. Fonte:

http://www.marineaquariumsa.com/biological-natural-filtration/42272-caulerpa-prolifera.html

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2.4 OBTENÇÃO DE FRAÇÕES RICAS EM POLISSACARÍDEOS

SULFATADOS DA MACROALGA VERDE CAULERPA PROLIFERA.

2.4.1 Despigmentação, delipidação e obtenção do pó cetônico

As algas secas e trituradas foram submetidas à despigmentação e

delipidação por meio da adição de 2 volumes de acetona PA, à temperatura

ambiente por um período de cerca de 12 horas. A fim de otimizar a

descontaminação por estes componentes (pigmentos e lipídeos) o processo foi

repetido 2 vezes. A acetona foi decantada e descartada e o resíduo foi levado para

secagem, à temperatura ambiente, sob aeração. A massa resultante de cada alga foi

denominada, por convenção, de pó cetônico.

2.4.2 Proteólise

Com o intuito de liberar os carboidratos que estavam ligados ou associados a

proteínas da matriz extracelular, ou de outras estruturas, fez-se uso de uma mistura

proteases alcalinas comercial (Prozima). Para isso foram adicionados ao pó

cetônico, dois volumes de NaCl a 0,25 M, e o pH foi ajustado para 8,0 com NaOH. A

Prozima foi então adicionada na proporção de 15 mg/g de pó cetônico. Os

recipientes contendo essas suspensões foram levados ao banho-maria (60 ºC) onde

permaneceram por 12 horas. Em seguida, os materiais foram centrifugados a 10.000

x g por 15 minutos à temperatura de 4 ºC. Após a centrifugação, realizou-se uma

filtração, desprezando-se o precipitado e armazenando-se o sobrenadante, onde

estavam presentes os polissacarídeos solúveis.

2.4.3 Fracionamento

Ao sobrenadante obtido após a centrifugação do material proteolisado,

acrescentou-se volumes crescentes de acetona segundo metodologia descrita

anteriormente por Rocha e colaborabores (ROCHA et al., 2001), sendo as frações

obtidas denominadas conforme o volume de acetona com o qual essas foram

precipitadas (CP-0.3, CP-0.5, CP-0.7, CP-0.9, CP-1.1, CP-1.5 e CP-2.0) (Figura 22).

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Figura 22. Representação esquemática do procedimento de obtenção das frações ricas em polissacarídeos sulfatados extraídos da alga verde Caulerpa prolifera.

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2.5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS

EXTRAÍDOS

2.5.1 Eletroforese em gel de agarose a 0,6 %

Com o objetivo de identificar a presença de polissacarídeos sulfatados, bem

como identificar as diferentes populações desses presentes nas frações obtidas, as

amostras foram submetidas a uma corrida eletroforética como descrito abaixo

(DIETRICH; DIETRICH, 1976).

O gel de agarose foi preparado na concentração de 0,6% em tampão 1,3 -

diaminopropano acetato (PDA) e colocado sob lâminas de vidro (5,0 cm x 7,5 cm x

1,5 mm). Cinco microlitros de cada fração na concentração de 10 μg/μL, foram

aplicados em poços no gel e submetidos à corrida eletroforética (100 V/cm por 1

hora) em tampão PDA pH 9,0, dentro de uma cuba refrigerada a 4 ºC, partindo do

polo negativo. Em um dos poços do gel foram aplicados 5 μL vermelho de Cresol,

corante que serviu de padrão de referência para a corrida. Em seguida, os

polissacarídeos foram precipitados com brometo de cetiltrimetilamônio 0,1 %

(CETAVLON) por um período de no mínimo 2 horas à temperatura ambiente.

Posteriormente, o gel foi submetido a uma corrente de ar quente desidratado e então

corado com uma solução de azul de toluidina 0,6%. O excesso de corante foi

removido por uma solução de ácido acético 1% e etanol 49% em água (solução

descorante). Após a remoção do excesso de corante, a lâmina foi seca à

temperatura ambiente e analisada.

2.5.2 Dosagem de açúcares totais

Os açúcares totais foram determinados pelo método do fenol/ácido sulfúrico

(DUBOIS et al., 1956). O teor de açúcares existente em cada fração foi calculado

por espectrofotometria a 490 nm se fazendo uso de uma curva padrão construída a

partir de uma solução de D-galactose (10 μg/μL) em um intervalo de 0 a 100 μg.

2.5.3 Dosagem de sulfato

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O teor de sulfato nas amostras foi determinado, após hidrólise ácida das

frações utilizando-se HCl 4 N por 6 horas à temperatura de 100 ºC, por turbidimetria

a 500 nm pelo método da gelatina/bário (DODGSON; PRICE, 1962) utilizando-se

uma curva padrão construída a partir de uma solução de sulfato de sódio (1 μg/μL)

em um intervalo de 0 a 40 μg.

2.5.4 Dosagem de proteínas

O teor de proteína de cada fração foi determinado utilizando-se o reagente de

Bradford, sendo a leitura realizada a 595 nm (BRADFORD, 1976). O teor de

proteínas foi determinado utilizando-se uma curva padrão de albumina bovina em

um intervalo de 0-10 μg.

2.5.5 Dosagem de compostos fenólicos

Os compostos fenólicos foram quantitativamente avaliados pelo método

colorimétrico de Folin-Ciocalteau, com leituras realizadas a 765 nm. O teor de

compostos fenólicos foi determinado utilizando-se uma curva padrão de ácido gálico

em um intervalo de 0-40 μg (COSTA et al., 2010).

2.5.6 Composição monossacarídica

As amostras foram hidrolisadas (HCl 2 N, 2 horas, 100 ºC) e os

monossacarídeos constituintes das frações foram determinados através de

cromatografia líquida de alta performance (HPLC), utilizando-se a coluna

LiChroCART® 250-4 LiChrospher® 100 NH2 (10 μm), tendo como fase móvel

acetonitrila:água (80:20) em um fluxo de 1 mL/min a 40 ºC . Usando-se como

padrões de açúcares: L-fucose, D-xilose, D-galactose, D-manose, D-glucose, D-

arabinose, D-ramnose e ácido D-glucurônico.

2.5.7 Análise de espectroscopia de infravermelho

Cada fração polissacarídica (10 mg) foi misturada cuidadosamente com

brometo de potássio e prensada para a obtenção de uma pastilha. Cada pastilha foi

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então analisada em um aparelho de espectrometria de infravermelho (Thermo-

Nicolet Nexus 470 pesetas) e os espectros de infravermelho foram obtidos em uma

faixa compreendida entre 500 e 4000 cm-1. Trinta e duas varreduras em uma

resolução de 4 cm-1 foram calculadas e referenciadas contra o ar.

2.6 ATIVIDADE ANTICOAGULANTE IN VITRO

Para a análise da possível atividade anticoagulante das frações

polissacarídicas previamente extraídas e caracterizadas, foram utilizados dois

ensaios, quais sejam: tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) e tempo de

protrombina (PT). Tais análises foram realizadas seguindo os protocolos fornecidos

pelos “kits” comerciais adquiridos (LABTEST, 2014).

Nesses ensaios foi verificada a massa de cada fração polissacarídica

necessária para dobrar o tempo de coagulação normal das amostras de plasma

coletadas.

Os tempos de coagulação foram determinados utilizando-se um coagulômetro

automático.

2.7 ATIVIDADES ANTIOXIDANTES IN VITRO

Para a análise da possível atividade antioxidante das frações polissacarídicas

obtidas, sete ensaios foram realizados: capacidade antioxidante total (CAT), poder

redutor, sequestro do radical hidroxila, sequestro do radical superóxido, sequestro

do peróxido de hidrogênio, quelação férrica e quelação cúprica.

2.7.1 Determinação da capacidade antioxidante total (CAT)

A determinação da capacidade antioxidante total (CAT) das frações

polissacarídicas foi realizada conforme metodologia descrita por Costa e

colaboradores (COSTA et al, 2010). O princípio do ensaio é a redução do Mo+6 a

Mo+5 pela amostra teste em diferentes concentrações, nesse processo, que ocorre

em pH ácido, há a formação de um complexo esverdeado fosfato/Mo+5. Esse

complexo colorido tem sua absorbância medida a 695 nm. Para realizar o ensaio as

amostras foram adicionadas em uma solução reagente (28 mM de fosfato de sódio,

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0,6 M de ácido sulfúrico, 4 mM de molibdato de amônia). A solução foi mantida a

100 °C por 90 minutos e depois resfriada e lida em espectrofotômetro. O ácido

ascórbico foi utilizado como padrão e o resultado é expresso em equivalentes de

ácido ascórbico (mg de ácido ascórbico/g de amostra.

2.7.2 Avaliação do poder redutor

A avaliação do poder redutor das frações polissacarídicas foi realizada

conforme metodologia descrita por Costa e colaboradores (COSTA et al., 2010).

Para avaliar o poder redutor, 4 mL de solução contendo as amostras em diferentes

concentrações (0,1–1,0 mg/mL) foram misturadas ao tampão fosfato (0,2 M, pH 6,6)

e ferricianeto de potássio (1%) e incubados por 20 minutos a 50 ºC. A reação foi

interrompida pela adição de TCA (ácido tricloroacético) a 10%. Por fim, adicionou-se

água destilada e cloreto de ferro. A absorbância da solução é medida a 700 nm e

ácido ascórbico foi utilizado como padrão. O potencial redutor das amostras foi

expresso em percentual tendo como referência a atividade exibida por 0,1 mg/mL de

ácido ascórbico.

2.7.3 Avaliação do sequestro do radical hidroxila (OH.)

A avaliação da capacidade das frações polissacarídicas em sequestrar

radicais hidroxilas foi realizada conforme metodologia descrita por Costa e

colaboradores (COSTA et al, 2010). Para a realização deste teste, o radical hidroxila

foi gerado utilizando-se 3 mL de tampão de fosfato de sódio (150 mM, pH 7.4), que

continha 10 mM de FeSO4.7H2O, 10 mM de EDTA, 2 mM de salicilato de sódio, 30%

de H2O2 e concentrações diferentes dos polissacarídeos. O radical foi gerado devido

a reação de Fenton (Fe2 + + H2O2 → Fe3+ + OH-+ OH.). Para o controle foi utilizado

tampão fosfato em substituição ao peróxido de hidrogênio. Após incubação a 37 ºC

por 1 hora, a presença de radical hidroxila foi medida através da absorbância a 510

nm. O ácido gálico foi utilizado como controle.

2.7.4 Avaliação do sequestro do radical superóxido (O2-•)

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A avaliação da capacidade das frações polissacarídicas em sequestrar

radicais superóxidos foi realizada conforme metodologia descrita por Costa e

colaboradores (COSTA et al., 2010). Este método baseia-se na capacidade da

amostra teste (frações polissacarídicas) em inibir a redução fotoquímica do nitroblue

tetrazolium (NBT) em um sistema riboflavina-luz-NBT. 3 mL da solução reagente

contendo: tampão fosfato (50 mM, pH 7,8), metionina (13 mM), riboflavina (2 μM),

EDTA (100 μM), NBT (75 μM) e 1 mL de solução contendo as frações

polissacarídicas em diferentes concentrações (10-1000 µg/mL), foram incubadas sob

iluminação com lâmpada fluorescente por 10 min. A produção do azul de formazan

foi monitorada pelo aumento da absorbância a 560 nm.

2.7.5 Avaliação do sequestro do peróxido de hidrogênio (H2O2)

A avaliação da capacidade das frações polissacarídicas em sequestrar H2O2

foi realizada a partir de uma adaptação da proposta inicial de Pick e Keisari (1980).

Trata-se de um método baseado na oxidação da fenolsulfoftaleína (ou vermelho de

fenol) mediada pela enzima Horseradish peroxidase (HRPO) dependente de H2O2. O

composto resultante apresenta um espectro de absorção no UV diferente do

vermelho de fenol reduzido, indo do rosa ao roxo com o aumento da concentração

de H2O2. Sua absorção ocorre em 610 nm, podendo então ser quantificado

espectrofotometricamente. Para a realização do método, foram adicionados a 100

µL de amostra em diferentes concentrações, 100 µL de H2O2 a 0,002% e 800 µL de

tampão fosfato 0,1 M salino (10 mM de NaCl). Esta solução foi incubada a 37 °C por

10 minutos. Posteriormente, foram adicionados 1 mL de vermelho de fenol (0,2

mg/mL) contendo peroxidase (0,1 mg/mL) em tampão fosfato 0,1 M salino (10 mM

de NaCl). A solução foi mantida em repouso por 15 minutos, com posterior adição de

NaOH 1 M. A leitura foi realizada a 610 nm.

2.7.6 Avaliação da capacidade em quelar ferro

A avaliação da capacidade das frações polissacarídicas em quelar ferro foi

realizada conforme metodologia descrita por Costa e colaboradores (COSTA et al.,

2010). Para avaliar a capacidade quelante de ferro das amostras, elas foram

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70

pipetadas em diferentes concentrações junto à uma mistura de reação constituída de

cloreto de ferro II (0,05 mL, 2 mM) e ferrozina (0,2 mL, 5 mM). Após agitação por

alguns segundos, a mistura foi mantida a temperatura ambiente por 10 minutos para

que ocorressem as reações necessárias e posteriormente a absorbância da solução

foi obtida a 562 nm. O controle positivo foi o EDTA e a capacidade quelante das

amostras foi determinada conforme a equação abaixo.

Quelação de Ferro (%) = (Acontrole − Aamostra

Acontrole) ∗ 100

2.7.7 Determinação da capacidade em quelar cobre

A avaliação da capacidade das frações polissacarídicas em quelar cobre foi

realizada conforme metodologia descrita por Fernandes-Queiroz e colaboradores

(FERNADES-QUEIROZ et al., 2015). O método se baseia na capacidade do violeta

de pirocatecol em se associar a íons de cobre e formar um complexo colorido

(ANTON, 1960), quando o cobre é quelado, impede a formação desse complexo e

consequentemente a intensidade da coloração da solução é menor. O teste foi

realizado em microplaca. Em cada poço, foram adicionadas amostras em diferentes

concentrações (0,1 – 2,0 mg/mL), violeta de pirocatecol (4 mM) e sulfato de cobre II

pentahidratado (50 µg/mL), sendo a mistura homogeneizada após a adição de cada

item. A absorbância foi medida a 632 nm. Para o controle foi utilizado EDTA e a

capacidade de quelação foi calculada utilizando a equação abaixo:

Quelação de Cobre (%) = (Acontrole − Aamostra

Acontrole) ∗ 100

2.8 ENSAIO DO MTT

As linhagens Raw 264.7 (ATCC® TIB-71™, Macrófagos de camundongos),

3T3-L1 (ATCC® CL-173™, Pré-adipócitos de camundongos), HeLa (ATCC® CCL-

2™, Adenocarcinoma de colo uterino humano) e 786-0 (ATCC® CRL-1932™,

Adenocarcinoma renal humano) foram mantidas em cultivo em frascos contendo

meios Dulbecco’s Modified Eagle Medium (DMEM) ou Roswell Park Memorial

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71

Institute (RPMI-1640, no caso da 786-0) suplementados com 10% de soro fetal

bovino (SFB), de acordo com protocolos da ATCC®. Para a realização dos

experimentos, as células foram plaqueadas em placas de 96 poços em uma

densidade de 5 x 103 células/poço e mantidas em repouso para adesão por 24

horas, à 37 °C e 5% CO2. Posteriormente, o meio foi trocado por um novo, sem a

presença de SFB, e as células foram mantidas em carenciamento por 24 horas. No

dia seguinte, o meio foi novamente trocado por novo meio suplementado com SFB e

com diferentes concentrações das frações de C. prolifera. Como controle negativo,

utilizou-se células cultivadas na ausência das frações polissacarídicas. Após 24, 48

ou 72 h, o ensaio do MTT foi realizado como um parâmetro para se avaliar a

capacidade das células em reduzir o MTT, o que indiretamente indica a viabilidade

das mesmas (MOSSMANN, 1983). Para o ensaio do MTT, os meios contendo as

frações polissacarídicas foram retirados e substituídos por outro contendo 1 mg/mL

de MTT (brometo de 3-[4,5-dimetil-tiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazólio) e incubados por 4

h a 37 °C. Após este período de incubação, o sobrenadante foi removido e o cristal

purpura de formazan foi solubilizado em etanol. A placa foi mantida sob agitação

para homogeneização por 15 minutos, à temperatura ambiente, e a absorbância foi

medida à 570 nm em um leitor de microplaca (Epoch-Biotek, Winooski, VT, EUA). A

absorbância do controle negativo foi considerada como 100% de redução do MTT e

os valores das células tratadas foram calculados como percentual do controle

negativo.

2.9 ATIVIDADE IMUNOMODULATÓRIA (DOSAGEM DO ÓXIDO NÍTRICO)

Para avaliar o potencial imunomodulador das amostras, incialmente, as células

RAW 264.7 foram plaqueadas em uma concentração de 3 x 105 células por poço

(placa de 24 poços) em meio DMEM suplementado com 10% SFB por 24 horas.

Posteriormente, o meio foi trocado por um novo sem a presença de SFB e as células

foram mantidas em carenciamento por 24 horas. Após esse período, o meio foi

removido e as células foram estimuladas a sair de G0 pelo acréscimo de meio com

SFB 10% e amostras em diferentes concentrações com a presença (controle

positivo) ou ausência (controle negativo) de 2 µg/ml LPS. Após 24 horas de

tratamento, o meio foi coletado e a quantidade de óxido nítrico produzida foi

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estimada pelo método de Griess, cuja absorbância foi determinada em 540 nm

(YOON et al., 2009).

2.10 ATIVIDADE ANTIADIPOGÊNICA

Os pré-adipócitos de camundongo (3T3-L1) foram cultivados em placas de 24

poços, contendo meio DMEM enriquecido com 10% de SFB. Após atingir 80% de

confluência, em geral 2 dias após o plaqueamento (designado “dia 0”), esse meio foi

retirado e adicionado o meio de diferenciação adipocitária (MDA) constituído por

DMEM com alta concentração de glicose (12100-046 Life Technologies), 10% de

SFB, 1 μM de dexametasona, 0,5 mM de isobutilmetilxantina (IBMX) e 10 µg/mL de

insulina (Figura 23). Após 3 dias (3° dia), o MDA foi substituído por um meio de

manutenção adipocitária (MA) constituído por DMEM, 10% de SFB e 10 µg/mL de

insulina. Este meio de manutenção (MA) foi trocado a cada 3 dias até o 12° dia,

conforme esquema abaixo (Adaptado de KIM et al., 2010).

Figura 23. Esquema das trocas de meios durante a diferenciação adipocitária.

As frações de C. prolifera foram avaliadas quanto à capacidade em reduzir a

diferenciação celular (efeito antiadipogênico). Para isso, as células 3T3-L1 foram

induzidas a se diferenciar (conforme Figura 23) na ausência (controle) ou presença

das amostras nas concentrações de 100 µg/mL, 200 µg/mL e 1000 µg/mL (MDA +

amostras, no dia 0). Após 15 dias, a diferenciação adipogênica foi mensurada pelo

uso do corante Oil Red O.

Após a indução da diferenciação, as células foram coradas com o lisocromo Oil

Red O. A solução de uso desse corante foi constituída por seis partes da solução

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estoque de Oil Red O (0,6%) em isopropanol e quatro partes de água. Após o 15°

dia de diferenciação as células tratadas e não-tratadas (controle) com as amostras,

foram lavadas duas vezes em PBS, fixadas com uma solução de formaldeído (3,7%)

em PBS por 1 hora, lavadas três vezes em água, secas e coradas com Oil Red O

por 1 hora. O excesso de corante foi removido pela lavagem com água. Imagens das

células foram captadas utilizando um microscópio óptico. Posteriormente o corante

foi eluído de dentro das células com isopropanol 100% e quantificado pela medição

da absorbância a 520 nm. Os resultados das células diferenciadas na presença das

amostras foram comparados com aqueles obtidos para as células controle (100% de

diferenciação adipocitária) (KIM et al., 2010).

2.11 ATIVIDADE MICROBICIDA.

2.11.1 Atividades anti-Klebsiela pneumonia carbapenemases (KPC) e

anti-Staphylococcus epidermidis

O experimento foi realizado como descrito por Melo-Silveira e colaboradores

(MELO-SILVEIRA et al. 2012). O crescimento bacteriano de S. epidermidis (ATCC

35984) e um isolado clínico de KPC foi avaliado pela diferença de absorbância

medida a DO 600 nm no final e no início do tempo de incubação em placas de

microtitulação de poliestireno de 96 poços. Diferentes concentrações das frações

polissacarídicas de C. prolifera foram incubadas na presença de cada cepa

bacteriana. O controle com água destilada foi considerado como 100% do

crescimento bacteriano. Todas os experimentos foram realizados em triplicata.

2.11.2 Atividade anti-Leishmania amazonensis

Cepas de Leishmania (Leishmania) amazonenses (MHOM/BR/73/M2269)

foram obtidas e identificadas usando anticorpos monoclonais no Instituto Evandro

Chagas (Belém, Brasil). Estas cepas foram inoculadas e desenvolvidas em

camundongo BALB/C com 8 semanas de idade para manter sua infectividade, e os

animais foram alojados no biotério do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

(São Paulo, Brasil). Para a manipulação da Leishmania, os parasitas foram obtidos

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da pata dos camundongos, isoladas e cultivadas a 25 °C em meio Roswell Park

Memorial Institute 1640 (RPMI-1640) (Gibco®, Life Technologies, Carlsbad, CA,

EUA) suplementado com 10% de SFB inativado, 10 µg/mL de gentamicina e 100

UI/mL de penicilina. A forma promastigota do parasita foi usada em um estágio de

crescimento estacionário.

Para avaliar a atividade leishmanicida das frações polissacarídicas de C.

prolifera, utilizou-se o protocolo descrito por Passero e colaboradores (PASSERO et

al., 2007). Cada amostra, em diferentes concentrações, foi colocada em poços de

microplacas de 96 poços contendo 3 x 107 promastigotas/mL. As placas foram

incubadas a 25 °C por 24 horas. Subsequentemente, as placas foram centrifugadas

(4000 RPM, 10 °C, 10 min), o sobrenadante foi removido e os poços forma lavados

duas vezes com PBS. Por fim, as células foram expostas a uma solução de MTT (4

mg/mL) durante 4 horas, à temperatura ambiente, e posteriormente 50 µL de SDS

10% foram utilizados para solubilizar os cristais de formazan. A placa ficou em

repouso por 18 horas, à temperatura de 25 °C, e a placa foi lida a 595 nm.

Anfotericina B foi utilizada como controle positivo.

2.12 EFEITO DOS POLISSACARÍDEOS SOBRE A FORMAÇÃO DE

CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO.

2.12.1 Cristalização do oxalato de cálcio

Este ensaio foi realizado de acordo com a metodologia sugerida por Zhang e

colaboradores em 2012 (ZHANG et al., 2012). Para tal, foi preparada uma solução

contendo cloreto de cálcio (8 mmol/L), oxalato de sódio (1 mmol/L), cloreto de sódio

(200 mmol/L) e acetato de sódio (10 mmol/L), sendo as concentrações dessa

solução próximas das concentrações fisiológicas da urina. A formação desses

cristais foi avaliada na ausência (controle) ou presença dos polissacarídeos.

2.12.2 Análise da morfologia dos cristais de CaOx por microscopia

Os cristais de CaOx formados conforme tópico anterior, foram centrifugados a

5000 x g, sendo o sobrenadante descartado. O precipitado, composto principalmente

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75

por cristais de CaOx, foi ressuspendido em 0,5 mL de água e uma alíquota de 0,1

mL foi colocada em lâmina histológica e observada em microscópio óptico (600x)

imediatamente após a ressuspensão. Foram obtidas imagens de 10 campos

diferentes, selecionados aleatoriamente, de cada lâmina, que foram analisados

utilizando o software NIS Elements AR 4.00.03 64 bit (Nikon, Japão). Através do

software foi realizada a análise de tamanho dos cristais, onde o diâmetro máximo

dos cristais foi medido. Foram realizados 3 experimentos distintos.

2.12.3 Medida do potencial zeta (ζ) dos cristais de CaOx

Para a determinação do potencial zeta, foi induzida a formação dos cristais de

CaOx na ausência e presença das amostras. Após 30 minutos do início da formação

dos cristais, as soluções foram centrifugadas a 5000 x g. O sobrenadante foi

descartado e o precipitado rico em cristais de CaOx foi ressuspendido em 1,5 mL de

água e avaliado no Zeta Plus®.

2.12.4 Análise da morfologia dos cristais de CaOx por microscopia

confocal

Para avaliação da morfologia dos cristais de CaOx por microscopia confocal,

inicialmente as frações polissacarídicas foram associadas ao Isotiocianato de

fluoresceína (FITC). Para tanto, 5 mg de cada fração foram adicionados a uma

solução 0,1 M de tampão fosfato em pH 7,0 contendo 0,1 mg de FITC. A solução foi

mantida protegida da luz sob agitação branda por 1 hora. Posteriormente o material

foi dialisado e liofilizado. As frações associadas ao FITC foram utilizadas para a

produção de novos cristais de oxalato de cálcio, conforme metodologia descrita

anteriormente no item 2.12.1. As lâminas para microscopia foram montadas

conforme metodologia descrita no item 2.12.2. Os cristais foram visualizados

utilizando-se o Microscópio Confocal Zeiss LSM 700 (Objetiva 63x/Oil) e analisados

pelo software ZEN.

2.13 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

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76

Os dados referentes às atividades foram submetidos ao teste estatístico One-

way ANOVA, seguido do pós-teste de Student-Newman-Keuls. As diferenças

estatísticas foram consideradas significativas, quando o valor de p < 0,05.

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77

3 RESULTADOS

3.1 ANÁLISES QUÍMICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DAS FRAÇÕES OBTIDAS A

PARTIR DE C. PROLIFERA

As sete frações obtidas pelo processo de extração foram submetidas a uma

eletroforese em gel de agarose e coradas com azul de toluidina para se evidenciar a

presença de polissacarídeos sulfatados (Figura 24).

Figura 24. Eletroforese em gel de agarose das frações polissacarídicas obtidas da alga marinha verde Caulerpa prolifera. 50 µg de cada fração polissacarídicas foram aplicados no gel de agarose 0,6% em tampão PDA (1,3-diaminopropano) pH 9,0 e submetidos a eletroforese à 100 V/cm por 1 hora. O gel foi mantido em CTV (Cetiltrimetilamônio), desidratado e os polissacarídeos corados com azul de toluidina 0,1%. A seta indica a origem e o sentido da corrida eletroforética.

A análise química e o rendimento das frações polissacarídicas obtidas da alga

C. prolifera estão sumarizados na Tabela 03.

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Tabela 03. Rendimento, dosagens químicas e composição monossacarídica das frações polissacarídicas extraídas da alga verde marinha Caulerpa prolifera. Aç: açúcares totais; Sulf: sulfato; Prot: proteína; Comp. fen.: compostos fenólicos; Fuc: fucose; Gal: galactose; Glic: glicose; Man: manose; Xil: xilose; -: Traços; n.d.: não detectado.

Frações Rend.

(%)

Aç.

(%)

Sulf.

(%)

Prot.

(%)

Comp.fen.

(%)

Razão molar

Fuc Gal Gli Man Xil

CP-0.3 7,4 97,0 1,9 n.d. 1,2 1,2 1,0 1,2 1,2 1,3

CP-0.5 28,5 68,9 30,9 n.d. 0,2 0,6 1,0 0,5 1,2 1,0

CP-0.7 21,8 81,4 18,5 n.d. 0,1 n.d. 1,0 - 0,6 -

CP-0.9 12,9 92,2 7,5 n.d. 0,3 - 1,0 - - -

CP-1.1 6,7 78,4 21,4 n.d. 0,2 - 1,0 0,5 - -

CP-1.5 5,4 77,0 22,2 n.d. 0,7 n.d. 1,0 0,9 0,5 n.d.

CP-2.0 7,3 84,9 13,9 0,3 0,9 - 1,0 1,1 0,9 -

O rendimento percentual da extração das frações polissacarídicas variou de

5,4% (CP-1.5) a 28,5% (CP-0.5). Contaminação proteica foi detectada apenas em

CP-2.0 (0,3%). A contaminação por compostos fenólicos foi baixa atingindo o valor

máximo de 1,2% (CP-0.3). CP-0.5 exibiu o menor conteúdo de açúcares totais

(68,9%), no entanto os polissacarídeos dessa fração parecem apresentar-se

ricamente sulfatados (30,9%), ao contrário de CP-0.3 que apresentou o maior

percentual de açúcares (97,0%) e o menor teor de sulfato (1,9%).

Com relação a análise da composição monossacarídica, CP-0.3 apresentou

uma razão molar uniforme entre os monossacarídeos não havendo grande

predominância de nenhum componente em detrimento dos demais. CP-0.5

apresentou uma composição diversificada com predomínio de manose, xilose e

galactose. CP-0.9 foi o único polissacarídeo com predominância apenas de

galactose. CP-0.7 e CP-1.1 apresentaram além de galactose, manose e glicose,

respectivamente. CP-1.5 e CP-2.0 apresentaram composição similar entre si,

variando apenas na relação entre manose e glicose.

Com o intuito de se observar similaridades e diferenças estruturais entre os

polímeros, assim como a presença de grupos funcionais típicos de polissacarídeos

sulfatados, os polímeros obtidos de C. prolifera foram submetidos a uma análise por

espectroscopia de infravermelho e os resultados encontram-se na Tabela 04.

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Tabela 04. Espectro de infravermelho das frações polissacarídicas obtidas a partir da alga Caulerpa prolifera. IV: Infravermelho.

Frações IV (KBr) (cm-1)

O-H C-H S=O O=S=O C-O-SO4

CP-0.3 3351 2922 1233 1026 913 709 CP-0.5 3370 2928 1226 1016 812 710 CP-0.7 3371 2929 1224 1022 805 707 CP-0.9 3344 2932 1227 1028 826 713 CP-1.1 3328 2932 1227 1023 822 704 CP-1.5 3299 2939 1233 1020 828 700 CP-2.0 3326 2939 1232 1026 813 702

Ao visualizar a Tabela 04, pode-se perceber que todas as frações possuem

sinais bastante similares entre si.

3.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTICOAGULANTE DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA.

A atividade anticoagulante in vitro das frações polissacarídicas de C. prolifera

foi avaliada através de dois ensaios: o tempo de tromboplastina parcial ativada

(TTPa) e o tempo de protrombina (TP). Os resultados da atividade anticoagulante

exibidos pelas frações polissacarídicas estão presentes na Tabela 05.

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Tabela 05. Atividade anticoagulante das frações polissacarídicas da alga marinha verde Caulerpa prolifera avaliada pelos ensaios de Tempo de tromboplastina ativada (TTPa) e Tempo de protrombina (TP). n.d. - Atividade não detectada até a massa de 100 µg.

Frações TTPa* (µg) TP* (µg)

CP-0.3 n.d. n.d.

CP-0.5 80 µg n.d.

CP-0.7 80 µg n.d.

CP-0.9 40 µg n.d.

CP-1.1 80 µg n.d.

CP-1.5 20 µg n.d.

CP-2.0 80 µg n.d.

* Massa mínima necessária para dobrar o tempo de coagulação em relação ao controle.

Como pode ser observado na Tabela 05, nenhuma fração polissacarídica

exibiu atividade frente ao ensaio de TP, que avalia a via extrínseca da coagulação.

Por outro lado, no ensaio de TTPa, que avalia a via intrínseca da coagulação, as

frações polissacarídicas foram capazes de duplicar o tempo de coagulação, com

exceção de CP-0.3. CP-1.5 merece maior destaque uma vez que foi capaz de

duplicar o tempo de coagulação com apenas 20 µg de amostra. CP-0.9 duplicou o

tempo de coagulação do plasma com 40 µg de amostra. As demais frações

polissacarídicas necessitaram de uma maior quantidade de amostra (80 µg).

3.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA.

A atividade antioxidante das frações ricas em polissacarídeos sulfatados foi

avaliada em sete diferentes ensaios: Capacidade antioxidante total (CAT), poder

redutor, sequestro de radicais hidroxila, sequestro de radicais superóxido, sequestro

de peróxido de hidrogênio, quelação férrica e quelação cúprica.

3.2.1 Capacidade antioxidante total (CAT)

Os resultados obtidos pelas frações polissacarídicas no ensaio de capacidade

antioxidante total (CAT) estão expostos na Figura 25.

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Figura 25. Capacidade antioxidante total (CAT) das frações polissacarídicas obtidas da alga marinha verde Caulerpa prolifera. Os resultados estão expressos como equivalentes de ácido ascórbico (mg de ácido ascórbico/g de polissacarídeos). Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p < 0,05) entre as frações polissacarídicas.

Das frações obtidas de C. prolifera, três (CP-0.7, CP-0.9 e CP-1.5)

apresentaram uma atividade irrelevante, sendo inferior a 0,5 mg/g de equivalentes

de ácido de ácido ascórbico (EAA). CP-0.5 e CP-1.1 apresentaram uma capacidade

antioxidante em torno de 5,1 mg/g de EAA, já CP-2.0 e CP-0.3 apresentaram as

atividades mais pronunciadas com 8,8 e 19,4 mg/g de EAA, respectivamente.

3.2.2 Poder redutor

Os resultados obtidos pelas frações polissacarídicas no teste do poder redutor

estão expressos na Figura 26.

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82

Figura 26. Poder redutor das frações polissacarídicas de C. prolifera. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. O potencial redutor das amostras está expresso em percentual tendo como referência a atividade exibida por 0,1 mg/mL de ácido ascórbico. a,b,c Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4,5,6 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas.

As frações polissacarídicas de C. prolifera apresentaram um baixo potencial

redutor. As frações CP-0.5, CP-0.7, CP-0.9 e CP-1.1, na maior concentração

avaliada (1,0 mg/mL), exibiram um poder redutor menor do que 5,1%. Já as frações

CP-0.3, CP-1.5 e CP-2.0, em sua maior concentração avaliada, obtiveram um

melhor desempenho, tendo atividades da ordem de 11,5%, 12,8% e 15,6%,

respectivamente.

3.2.3 Sequestro do radical hidroxila (OH·)

O resultado do ensaio de sequestro de radicais hidroxila está exposto abaixo

na Figura 27.

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83

Figura 27. Sequestro de radicais hidroxila (OH·) pelas frações polissacarídicas de C. prolifera. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4,5 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas.

As frações polissacarídicas de C. prolifera também apresentaram uma

pequena capacidade de sequestrar os radicais hidroxila. CP-1.1, CP-1.5 e CP-2.0

foram capazes de sequestrar apenas 4,5%, 5,2% e 8,2% de radicais hidroxila nas

concentrações de 0,5 e 1,0 mg/mL. CP-0.7 apresentou a melhor atividade com uma

capacidade de sequestro de até 16,5% nas concentrações mais elevadas. CP-0.3 e

CP-0.5 obtiveram resultados semelhantes sendo capazes de sequestrar em torno de

10,8% de radicais hidroxila nas concentrações de 0,5 e 1,0 mg/mL.

3.2.4 Sequestro do radical superóxido (O2•–)

Nenhuma fração polissacarídica de C. prolifera foi capaz de sequestrar

radicais superóxido.

3.2.5 Sequestro do peroxido de hidrogênio (H2O2)

Os dados do ensaio de sequestro do peróxido de hidrogênio estão disponíveis

na Figura 28.

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84

Figura 28. Sequestro do peróxido de hidrogênio (H2O2) pelas frações polissacarídicas de C. prolifera. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas.

Todas as frações polissacarídicas de C. prolifera foram capazes de

sequestrar o peróxido de hidrogênio. CP-2.0 apresentou a menor capacidade,

obtendo valores em torno de 22% de sequestro até a máxima concentração

avaliada, desempenho similar a menor concentração de CP-0.5 (0,1 mg/mL). CP-

0.5, por sua vez, em sua concentração máxima obteve uma atividade de sequestro

de até 44%. CP-1.1 e CP-1.5 apresentaram uma atividade bem semelhante entre si,

sendo capazes de sequestrar até 50,2% e 53,4%. CP-0.3, CP-0.7 e CP-0.9

apresentaram os melhores resultados, sendo capazes de sequestrar o peróxido de

hidrogênio em uma ordem de até 61%.

3.2.6 Quelação férrica.

A capacidade das frações polissacarídicas em quelar íons de ferro está

exposta na Figura 29.

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85

Figura 29. Quelação férrica pelas frações polissacarídicas de C. prolifera. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4,5 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas.

Todas as frações polissacarídicas de C. prolifera foram capazes de quelar

íons ferro. CP-0.7, CP-2.0 e CP-1.5 apresentaram as menores atividades, com

valores de 4,8%, 6,8% e 12,1%, respectivamente. CP-0.5, CP-1.1 e CP-0.3

desempenharam uma atividade intermediária, sendo capazes de quelar 19,3%, 23%

e 26,4% dos íons de ferro. CP-0.9 merece maior destaque, uma vez que em sua

maior concentração avaliada 1,0 mg/mL) foi capaz de quelar 55,8% de íons de ferro.

3.2.7 Quelação cúprica.

A capacidade das frações polissacarídicas em quelar íons de cobre está

exposta na Figura 30.

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Figura 30. Quelação cúprica pelas frações polissacarídicas de C. prolifera. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4,5 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas.

Todas as frações polissacarídicas de C. prolifera foram capazes de quelar

íons cobre. As frações polissacarídicas CP-0.3 e CP-0.5 apresentaram as menores

atividades na maior concentração avaliada (1,0 mg/mL), quelando 18,7% e 25,5%,

respectivamente. As frações CP-0.7, CP-0.9 e CP-1.1 tiveram moderada capacidade

em quelar íons cobre, com valores em torno de 47,3%, 47,9% e 61,9%,

respectivamente. CP-1.5 e CP-2.0 apresentaram as melhores atividades, com

capacidades de quelação em similares em torno de 76,8% e 77,8%.

3.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA.

A atividade imunomodulatória dos polissacarídeos sulfatados de C. prolifera

foi avaliada através da dosagem de nitrito, um subproduto resultante da produção de

óxido nítrico frente a estimulação de macrófagos murinos da linhagem RAW 264.7.

Para isso, primeiramente realizou-se a avaliação da influência das frações

polissacarídicas sobre a viabilidade dos macrófagos durante 24 horas (Figura 31).

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Figura 31. Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a viabilidade de células da linhagem RAW 264.7 após 24 horas. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4,5 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas. ǂ indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle negativo (cultivo na ausência de LPS). * indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle positivo (cultivo na presença de LPS).

CP-1.1 e CP 1.5 não apresentaram grandes influências sobre a viabilidade

celular. CP-0.7 foi a única fração polissacarídica, que em concentrações mais

elevadas (0,5 e 1,0 mg/mL) foi capaz de aumentar a viabilidade destas células. CP-

0.3, CP-0.5, CP-0.9 e CP-2.0 promoveram uma redução de cerca de 40% da

viabilidade celular, quando utilizados em sua maior concentração (1,0 mg/mL).

Posteriormente, a influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre

a produção de óxido nítrico por macrófagos foi avaliada (Figura 32).

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Figura 32. Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a produção de óxido nítrico pela linhagem de macrófagos RAW 264.7 após 24 horas. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas. ǂ indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle negativo (cultivo na ausência de LPS). * indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle positivo (cultivo na presença de LPS).

CP-0.5, CP-1.1, CP-1.5 e CP-2.0 não apresentaram qualquer tipo de atividade

imunogênica. CP-0.3, CP-0.7 e CP-0.9, ao contrário das demais, tiveram uma ação

imunogênica bastante pronunciada quando comparadas ao controle negativo,

aumentando em até 48, 142 e 163 vezes, respectivamente, a produção de óxido

nítrico, em suas maiores concentrações avaliadas.

A ação anti-inflamatória das frações polissacarídicas de C. prolifera frente a

estimulação de macrófagos murinos da linhagem RAW 264.7 por lipopolissacarídeos

de E. coli durante 24 horas também foi avaliada (Figura 33).

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Figura 33. Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a produção de óxido nítrico pela linhagem de macrófagos RAW 264.7 estimulados por LPS de E. coli por 24 horas. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c,d Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas. ǂ indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle negativo (cultivo na ausência de LPS). * indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle positivo (cultivo na presença de LPS).

CP-1.1 não apresentou atividade anti-inflamatória, assim como CP-0.3 e CP-

2.0 em suas maiores concentrações (1,0 mg/mL). Como esperado, CP-0.7 e CP-0.9

novamente apresentaram um papel imunogênico bastante pronunciado em suas

concentrações máximas avaliadas, aumentando em cerca de 162 e 253 vezes,

respectivamente, a produção de óxido nítrico pelos macrófagos quando comparado

com o controle negativo. CP-0.3, CP-0.5, CP-0.7, CP-0.9, CP-1.5 e CP-2.0

promoveram uma redução na produção de óxido nítrico em torno de 30%, em

diferentes concentrações, quando comparados ao controle positivo. CP-2.0 merece

destaque, já que em sua menor concentração reduziu em 73% a produção do óxido

nítrico.

3.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-ADIPOGÊNICA DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA.

A atividade anti-adipogênica das frações polissacarídicas de C. prolifera foi

avaliada através da inibição da diferenciação celular da linhagem fibroblástica

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embrionária 3T3-L1 em adipócitos. Tal inibição foi avaliada através da dosagem de

lipídios neutros ao final da diferenciação celular. Para isso, primeiramente realizou-

se a avaliação da influência das frações polissacarídicas sobre a viabilidade dos

fibroblastos durante 24, 48 e 72 horas (Figura 34).

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Figura 34. Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a viabilidade de células da linhagem 3T3-L1 após 24 (A), 48 (B) e 72 (C) horas de exposição. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas. ǂ indica amostras com diferença significativa em relação ao controle negativo.

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CP-0.7, CP-0.9, CP-1.1 e CP-2.0 não foram capazes de alterar a viabilidade

celular nos três intervalos de tempo avaliados em qualquer uma das concentrações

avaliadas, assim como CP-1.5, nas concentrações de 0,1 e 0,2 mg/mL. CP-1.5

apresentou um alto grau de toxicidade nos três intervalos de tempo avaliados, na

concentração de 1,0 mg/mL, chegando a reduzir em até 90% a viabilidade celular.

CP-0.3 e CP-0.5 não interferiram na viabilidade celular no tempo de 24 horas, porém

com 48h de tratamento pode-se notar uma queda de até 40% na viabilidade celular.

No tempo de 72 h, a queda na viabilidade celular alcança 60% para CP-0.5 na

concentração de 1,0 mg/mL.

Após a avaliação de possíveis influências sobre a viabilidade celular, a

capacidade em inibir a diferenciação celular em adipócitos foi investigada e os

resultados encontram-se expostos na Figura 35.

Figura 35. Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a diferenciação adipocitária de células da linhagem 3T3-L1. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c Diferentes letras indicam uma diferença significativa (p <0,05) entre as diferentes concentrações de uma mesma fração. 1,2,3,4 Diferentes números indicam diferença significativa (p <0,05) entre a mesma concentração de diferentes frações polissacarídicas. ǂ indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle negativo. * indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle positivo.

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CP-0.3, CP-0.5, CP-0.7, CP-0.9, CP-1.1 e CP-2.0 não tiveram qualquer

influência sobre a formação de novos adipócitos. No entanto, CP-1.5 merece grande

destaque. Nas 3 concentrações avaliadas essa fração foi capaz de reduzir a

diferenciação celular em 37%, 65% e 98%, respectivamente. Vale ressaltar que

apenas em sua maior concentração avaliada CP-1.5 exibiu toxicidade, algo que não

ocorreu nas menores concentrações testadas.

O aspecto das células após a diferenciação celular na presença de CP-1.5

pode ser visualizado na Figura 36.

Figura 36. Células da linhagem 3T3-L1 visualizadas em microscopia óptica de campo claro. A – Controle negativo, células não diferenciadas e coradas com Oil Red-O (200 x), B – Controle positivo, células induzidas a diferenciação sem aplicação do corante Oil Red-O (200 x), C – Controle positivo, células induzidas a diferenciação e coradas com Oil Red O (200x), D – Células induzidas a diferenciação e tratadas com 0.2 mg/mL de CP-1.5 e coradas com Oil Red O (200x).

Na Figura 36A pode-se observar o aspecto fibroblástico típico das células da

linhagem 3T3-L1 não diferenciadas, bem como a ausência de corante utilizado para

se visualizar depósitos de lipídeos neutros dentro das células. Na Figura 36B pode-

se observar o aspecto típico de adipócitos totalmente diferenciados com muitas

vesículas de gordura dentro do citoplasma celular e a morfologia arredondada de

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grandes proporções dos adipócitos. Esses quando corados com Oil Red O, que

possui alta afinidade por lipídeos neutros, revelam a presença de grandes

quantidades de trialcilgliceróis dentro das vesículas citoplasmáticas (Figura 36C).

Em 36D pode-se observar a redução na quantidade de adipócitos pelo tratamento

das células com CP-1.5 na concentração de 0.2 mg/mL.

3.5 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DAS FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA.

A atividade antiproliferativa das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre

as linhagens tumorais HeLa e 786-0 foi avaliada utilizando-se o ensaio de MTT

(Figuras 37A e 37B).

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Figura 37. Influência das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a viabilidade de células da linhagem HeLa (A) e 786-0 (B) após 24 e 48 horas de tratamento. Cada valor representa a média de três determinações ± desvio-padrão. a,b,c diferentes letras indicam uma diferença significativa (p < 0.05) entre diferentes concentrações de uma mesma fração em um mesmo intervalo de tempo. 1,2 Diferentes números indicam uma diferença significativa (p < 0.05) entre a mesma concentração de um mesma fração em diferentes intervalos de tempo. ǂ indica amostras sem diferença significativa em relação ao controle negativo.

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Para a linhagem tumoral HeLa (Figura 37A), apenas CP-0.3, em sua maior

concentração avaliada, exibiu uma discreta toxicidade nas primeiras 24 horas de

exposição. No entanto, após 48 horas de tratamento, exceto CP-2.0 não teve

influência sobre a viabilidade celular. CP-0.3, CP-0.5, CP-0.7 e CP-0.9, nas

concentrações de 0,1 mg/mL e 0,25 mg/ml, foram capazes de reduzir em cerca de

40% a viabilidade celular. Redução da viabilidade celular em torno de 55% ocorreu

nos tratamentos com as maiores concentrações de CP-0.3 e CP-0.5, assim como

para CP-0.9 na concentração de 1,0 mg/mL. CP-1.1 e CP-1.5 também apresentaram

citotoxicidade (em torno de 45%) na concentração de 1,0 mg/mL

Para a linhagem tumoral renal 786-0 (Figura 37B), todas as frações

polissacarídicas de C. prolifera já apresentam uma atividade antiproliferativa

apreciável nas primeiras 24 horas de tratamento, excetuando-se CP-0.7. Deve-se

destacar a atividade exercida por CP-1.5, que em sua maior concentração, reduziu

em 75% a viabilidade dessa linhagem tumoral. Com 48 horas de tratamento há uma

queda considerável da viabilidade celular ao se utilizar a concentração máxima das

frações polissacarídicas, excetuando-se CP-0.9 e CP-2.0. Novamente, CP-1.5

merece maior destaque, uma vez que foi capaz de reduzir a viabilidade em cerca

65%. CP-0.3 e CP-0.5 com redução de 60% da viabilidade celular, e CP-07 e CP-1.1

com 50% também apresentaram uma boa atividade citotóxica.

3.6 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MICROBICIDA DE FRAÇÕES

POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE C. PROLIFERA.

A atividade microbicida das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre

promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonenses e cepas de

Staphylococcus epidermidis e Klebsiella pneumoniae resistente à Carbapenêmicos

(KPC) encontra-se ilustrada na Tabela 06.

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Tabela 06. Atividade microbicida das frações polissacarídicas obtidos a partir de C. prolifera.

IC50 – Concentração mínima inibitória capaz de matar 50% dos organismos; %IV – Inibição da

viabilidade; n.d. – Não detectado; n.dt. Não determinado; Anfot. B – Anfotericina B Os dados

representam média ± desvio-padrão de no mínimo três experimentos

Amostras Atividade

Anti-L. amazonensis

(IC 50)

Atividade

Anti-KPC

(% IV)

Atividade

Anti-S.epidermidis

(% IV)

CP-0.3 n.d.* n.d.* n.d.*

CP-0.5 n.d.* n.d.* n.d.*

CP-0.7 n.d.* n.d.* n.d.*

CP-0.9 n.d.* n.d.* n.d.*

CP-1.1 n.d.* n.d.* n.d.*.

CP-1.5 n.d.* n.d.* 23.8 ± 0.1

CP-2.0 n.d.* n.d.* n.d.*

Anfot. B 0,6 n.dt. n.dt.

* Até a máxima concentração avaliada (1 mg/mL);

As frações polissacarídicas de C. prolifera não apresentaram atividade sobre

promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonenses e cepas de Klebsiella

pneumoniae resistente à Carbapenêmicos (KPC). Apenas CP-1.5 apresentou uma

atividade citotóxica (23,8%) contra cepas de Staphylococcus epidermidis.

3.7 EFEITO DAS FRAÇÕES POLISSACARÍDICAS OBTIDAS A PARTIR DE

C. PROLIFERA SOBRE A FORMAÇÃO DE CRISTAIS DE OXALATO DE

CÁLCIO.

O efeito das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a formação de

cristais de oxalato de cálcio está resumida na Figura 38.

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Figura 38. Efeito das frações polissacarídicas de C. prolifera sobre a formação de cristais de oxalato de cálcio. (A) Tamanho dos cristais; (B) Percentual dos tipos de cristais formados (azul: cristais monohidratados (COM); vermelho: cristais dihidratados (COD); verde: cristais trihidratados) (COT); (C-K) Microscopia de campo claro (600 X) dos cristais formados; (C) Controle negativo; (D) Citrato de sódio (1mM); (E) CP-0.3; (F) CP-0.5; (G) CP-0.7; (H)

CP-0.9; (I) CP-1.1; (J) CP-1.5; (K) CP-2.0. A concentração utilizadas das frações foi de 0,25 mg/mL Cristais COM; Cristais COD

Cristais COT Cristais COM de bordas arredondadas; Letras (a), números(1-4) e símbolos (* e #) indicam Diferença significativa (p <0,05) entre as amostras.

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Ao se analisar as figuras 38A e 38B, e as imagens de microscopia

representadas pelas figuras 38E, 38F e 38I, pode-se perceber que as frações CP-

0.3, CP-0.5 e CP-1.1 proporcionaram apenas a formação de cristais de oxalato de

cálcio do tipo dihidratado (COD) de tamanho bastante reduzido, com

aproximadamente 1 µm, tamanho cerca de 5 vezes menor que os COD formados no

controle negativo e nas amostras contendo citrato de sódio. As imagens 38E, 38F e

38G também chamam a atenção pela quantidade de cristais formados, que foi cerca

de 20 vezes maior na presença de CP-0.3 e 40 vezes maior na presença de CP-0.5

e CP-1.1, quando comparadas ao controle negativo. Como pode ser observado nos

gráficos 38A e 38B e na figura 38K, CP-2.0 também foi capaz de induzir a formação

de cristais do tipo COD (cerca de 10 vezes mais do que o controle negativo) de

pequeno tamanho (aproximadamente 1,5 µm), no entanto essa amostra também foi

capaz de induzir a formação de cristais trihidratados (COT). CP-0.7, assim como o

controle negativo e o Citrato, foi capaz de induzir a formação de cristais do tipo COM

e COD, estes últimos com tamanho duas vezes menor do que os cristais formados

no controle negativo. CP-0.9, assim como CP-2.0, foi capaz de produzir cristais do

tipo COT e COD, estes últimos com tamanho um pouco menor do que o do controle

negativo. CP-1.5 foi a única amostra capaz de induzir a formação dos 3 tipos de

cristais, e o que chama a atenção na figura 38J, é a estrutura dos cristais

monohidratados com bordas arredondadas, semelhantes ao encontrados quando se

utiliza o citrato (figura 38D).

Com o intuito de analisar se as mudanças no número e na morfologia dos

cristais estavam associadas às alterações na carga superficial desses, verificou-se

potencial zeta (ζ) dos cristais formados na presença das frações polissacarídicas. Os

resultados estão expostos na Tabela 07. O valor médio do ζ dos cristais de CaOx

sem tratamento foi + 17,43 ± 1,50 mV. Este caráter positivo da superfície do cristal

pode ser correlacionado com a presença principalmente dos íons de Ca2+ presentes

na estrutura do cristal. O citrato de sódio reduziu a positividade da superfície dos

cristais com um potencial zeta de + 7,23 ± 1,58. Todas as frações polissacarídicas

diminuíram drasticamente o potencial zeta dos cristais de CaOX. Na presença de

CP-1.5 e CP-2.0 o ζ teve a menor redução, com valores de -25,06 ± 0,79 mV e -

20,54 ± 2,78 mV, respectivamente. CP-0.5, CP-0.7, CP-0.9 e CP-1.1 tiveram

resultados semelhantes entre si, com uma redução do ζ para uma ordem de -35 mV.

CP-0.3 apresentou a maior redução do ζ, com valores de -41,20 ± 1,05.

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Tabela 07. Potencial Zeta de cristais formados na presença das frações polissacarídicas da alga C. prolifera à temperatura de 25 ° C.

a, b, c, d Letras diferentes indicam diferença significativa (p

<0,05) de Potencial Zeta entre CaOx e CaOx tratado com cada fração.

Amostras Potencial ζ (mV)

CaOx + 17,43 ± 1,50a

CaOx + Citrato de Sódio + 7,23 ± 1,58b

CaOx + CP-0.3 -41,20 ± 1,05c

CaOx+ CP-0.5 -34,45 ± 2,00d

CaOx + CP-0.7 - 37,28 ± 1,77d

CaOx + CP-0.9 -34,88 ± 0,94d

CaOx + CP-1.1 - 36,28 ± 1,42d

CaOx + CP-1.5 -25,06 ± 0,79e

CaOx + CP-2.0 -20,54 ± 2,78e

Com o intuito de se entender melhor como e onde os polissacarídeos

sulfatados interagem para a modificação da morfologia dos cristais de oxalato de

cálcio, as frações polissacarídicas de C. prolifera foram associadas à um marcador

fluorescente (FITC) (Figura 39).

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Figura 39. Sequência de cortes transversais, obtidos por microscopia confocal, de cristais de oxalato de cálcio formados na presença de

frações polissacarídicas de C. prolifera. (A) Cristal de oxalato de cálcio do tipo COD formado na presença de CP-0.7+FITC. (1) Cristal do tipo

COD em microscopia de campo claro; (2-9) Sequência de cortes transversais de um cristal do tipo COD de seu ápice (2) até sua base (9). (B) Cristais

do tipo COM formados na presença de CP-1.5+FITC. (1-9) Sequência de cortes transversais de cristais do tipo COM de seus ápices (2) até suas

bases (9).

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Ao visualizar a Figura 39a verifica-se um cristal do tipo COD formado na

presença de CP-0.7+FITC e em 39b cristais do tipo COM modificados (com bordas

arredondadas) formados na presença de CP-1.5+FITC. Pode-se perceber que os

polissacarídeos estão presentes ao longo de toda estrutura dos cristais, desde o

ápice até a base.

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4 DISCUSSÃO

O grupo em que se insere esta tese tem se focado, há mais de uma década,

em extrair, caracterizar estruturalmente e avaliar possíveis atividades farmacológicas

de polissacarídeos sulfatados de algas marinhas (ROCHA et al., 2001; ROCHA et

al., 2005a, 2005b; BARROSO et al., 2008; ALMEIDA-LIMA et al., 2010, CAMARA et

al., 2011; COSTA et al., 2012; MELO et al., 2013; FIDELIS et al., 2014). Embora

haja uma grande quantidade de trabalhos disponíveis na literatura acerca de

estudos de bioprospecção de polissacarídeos sulfatados, há ainda uma grande

variedade de algas não estudadas, e que, portanto, não tiveram seus

polissacarídeos sulfatados avaliados em diversos aspectos.

A escolha pela extração e caracterização de polissacarídeos sulfatados da

alga C. prolifera se deu pela necessidade em dar continuidade ao trabalho realizado

por Costa e colaboradores (COSTA et al., 2010), que haviam obtido extratos ricos

em polissacarídeos sulfatados de 11 espécies de algas (incluindo C. prolifera), que

exibiram potenciais atividades anticoagulante, antioxidante e antiproliferativa.

Nesse contexto, espécimes da alga marinha verde Caulerpa prolifera foram

coletados e após processo de extração descrito anteriormente, obteve-se sete

frações (CP-0.3, CP-0.5, CP-0.7, CP-0.9, CP-1.1, CP-1.5 e CP-2.0) que foram

nomeados conforme o volume de acetona necessário para precipitá-las em solução

aquosa.

Com o intuito de se evidenciar a presença de polissacarídeos sulfatados e

sua distribuição ao longo das frações, essas foram submetidas à eletroforese em gel

de agarose e coradas com azul de toluidina (Figura 01). Nesse sistema de

eletroforese, o tampão utilizado apresenta em sua constituição o 1,3-

diaminopropano, que tem suas aminas protonadas em pH 9,0. Esses grupamentos

são capazes de se complexar com os grupos carregados negativamente dos

polissacarídeos, tais como o sulfato. Porém, tal complexação não é simplesmente

dependente da carga absoluta do polissacarídeo sulfatado, mas também da

conformação espacial que a molécula assume no sistema e de como esta favorece a

exposição de seus grupamentos carregados (DIETRICH; DIETRICH, 1976). Devido

as peculiaridades estruturais inerentes a cada polissacarídeo, esses assumem

conformações espaciais únicas, sendo possível individualiza-los com o uso da 1,3-

diaminopropano. Essa metodologia tem se mostrado tão útil para a identificação e

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caracterização preliminar de polissacarídeos sulfatados, que até polímeros

estruturalmente muito parecidos, como heparina, heparan sulfato, condroitin sulfato

e dermatan sulfato podem ser facilmente diferenciados pelo uso dessa amina

(MEDEIROS et al., 2000), assim como polissacarídeos sulfatados extraídos de uma

mesma espécie de alga (ALBUQUERQUE et al. 2013), inclusive do gênero Caulerpa

(COSTA et al., 2012). O corante azul de toluidina, por ter a capacidade de se

complexar com polissacarídeos sulfatados, foi utilizado para permitir a análise dos

polissacarídeos sulfatados contidos nas frações. Esse corante ao interagir com

polissacarídeos sulfatados passa a exibir uma coloração violácea (JAQUES, 1961).

Ao se analisar a lâmina (Figura 01), pode-se perceber que todas as frações

obtidas a partir de C. prolifera apresentaram um padrão de coloração típico de

compostos sulfatados. Além disso, é possível notar que os polissacarídeos

sulfatados apresentaram um padrão de mobilidade eletroforética diferente, com

exceção de CP-1.5 e CP-2.0.

Com relação à caracterização química das frações polissacarídicas (Tabela

03), foi observado um alto teor de açúcares totais (entre 68,9 a 97,0%) e presença

de sulfato (entre 1,9 a 30,9%) em todas as frações. O baixo teor de sulfato (1,9%)

em CP-0.3 pode explicar a baixa interação dessa fração polissacarídica com o azul

de toluidina (Figura 01). A contaminação proteica (0,3%), assim como a

contaminação por compostos fenólicos (1,2%), foi baixa, quando comparado a

resultados obtidos por Melo e colaboradores (MELO et al., 2013), que obtiveram

valores de contaminação proteica de até 1,6% e fenólica de até 5,0%; por Dietrich e

colaboradores (DIETRICH et al., 1995), que obtiveram valores de até 7,5% de

proteínas; e por Silva e colaboradores que obtiveram frações com níveis de

contaminação proteica variando entre 0,6 e 5,8% (SILVA et al., 2005). Quando

analisados em conjunto, esses dados indicam que a metodologia utilizada durante o

processo de extração dos polissacarídeos foi essencial para a obtenção de baixos

níveis de contaminantes proteicos e fenólicos.

A análise da composição monossacarídica das frações polissacarídicas de C.

prolifera demonstrou que tais moléculas são na sua maioria heteropolímeros, com

ressalvas para aquela encontrada na fração CP-0.9. A presença de

heteropolissacarídeos parece ser algo comum em diferentes gêneros de algas

verdes como evidenciado em Ulva fasciata (SHAO et al., 2013), Enteromorpha

intestinallis (WANG et al., 2014), Capsosiphon fulvescens (KARNJANAPRATUM et

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al., 2012), e em espécies do gênero Caulerpa como em Caulerpa cupressoides var.

flabellata (COSTA et al. 2012), Caulerpa lentifera (MAEDA et al., 2012), Caulerpa

racemosa (CHATTOPADHYAY et al., 2007) e Caulerpa okamurai (HAYAKAWA et

al., 2000). No entanto, vale ressaltar que homopolissacarídeos, como as galactanas

sulfatadas, também podem ser evidenciadas em algas verdes como observado em

Caulerpa brachypus (HAYAKAWA et al., 2000) e Codium isthmocladum (FARIAS et

al., 2008). A presença de diferentes polissacarídeos sulfatados em uma mesma alga

também é algo comum, ocorrendo inclusive dentro do gênero Caulerpa (COSTA et

al., 2012). Ressalta-se também, que a diversidade estrutural é algo de grande

interesse, uma vez que diferentes moléculas podem atuar em diferentes alvos

bioquímicos e exibir diferentes atividades, aumentando dessa forma o valor

biotecnológico desses biopolímeros.

Na espectroscopia de infravermelho, os sinais ao redor das regiões de 3000-

3400 cm−1 e de 2900-2920 cm−1, encontradas em todas as frações, indicam a

presença de polissacarídeos, uma vez que representam sinais de vibração de

alongamento de ligações O–H e C–H, respectivamente (COSTA el al., 2012; WANG

et al., 2010; CHOPIN et al., 1999). Sinais característicos de polissacarídeos

sulfatados foram encontrados em todas as frações. Foi possível identificar, por

exemplo, sinais ao redor de 805 cm-1 e 905 cm-1 que estão associados a vibrações

da ligação C-O-SO4 (CHOPPIN et al., 1999), assim como sinais ao redor de 815-820

cm-1, 825-830 cm-1 e 705 cm-1 que estão associados a vibração da ligação C-O-SO4

nos carbonos C6, C2 e C4 da galactose (WANG et al., 2010; CHOPIN et al., 1999).

Outros sinais associados a presença de polissacarídeos sulfatados foram

detectados, como os identificados na região de 1220–1235 cm−1 que se referem a

vibração de alongamento de S=O (MELO et al., 2013; WANG et al., 2010) e os

sinais ao redor de 1026 cm−1 que estão associados ao alongamento pseudosimétrico

de O=S=O do grupamento sulfato em C2 e ao redor de 1012 cm−1 de um

grupamento sulfato em C6 (SEKKAL et al, 1993).

A atividade anticoagulante de polissacarídeos sulfatados é a mais bem

estudada dentre as propriedades avaliadas para polissacarídeos sulfatados.

A atividade anticoagulante das frações polissacarídicas de C. prolifera já

havia sido relatada anteriormente (RODRIGUES et al., 2012a), no entanto, devido as

diferenças de metodologias de obtenção dos mesmos e da indisponibilidade de mais

dados estruturais, seria impróprio fazer qualquer tipo de comparação entre aqueles

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polissacarídeos e os que foram obtidos aqui neste trabalho. A atividade

anticoagulante de um extrato rico em polissacarídeos sulfatados obtidos de C.

prolifera através da mesma metodologia de extração já havia sido relatado

previamente por nosso grupo de pesquisa (COSTA et al., 2010). Com base nos

resultados obtidos aqui, com as sete frações polissacarídicas, pode-se perceber que

a atividade anticoagulante do extrato rico em polissacarídeos sulfatados se deveu,

principalmente, a presença de CP-0.9 e CP-1.5 em sua composição, ressaltando-se

que enquanto foram necessários 40 µg do extrato para dobrar o tempo de

coagulação no ensaio de TTPa, obteve-se o mesmo efeito utilizando-se apenas 20

µg de CP-1.5.

Os dados aqui obtidos indicam que os alvos moleculares dos polissacarídeos

sulfatados de C. prolifera residem na via intrínseca e/ou comum da coagulação, uma

vez que se identificou a presença de atividade apenas no ensaio de TTPa. Outra

conclusão importante, e que corrobora com dados da literatura (NGO et al., 2013;

JIAO et al., 2011; COSTA et al., 2012), é a de que a atividade anticoagulante parece

não depender apenas da quantidade de sulfato encontrada nos polissacarídeos

sulfatados, uma vez que frações com menores graus de sulfatação, como CP-0.9,

apresentaram atividades mais pronunciadas do que frações mais sulfatadas como

CP-0.5, CP-0.7, CP-1.1 e CP-2.0. Portanto, outras características como a disposição

desses grupamentos funcionais na estrutura do polissacarídeo, bem como os tipos

de resíduos de carboidratos que constituem os polímeros parecem também ter

influência sobre a atividade anticoagulante desses polissacarídeos.

Os polissacarídeos sulfatados de algas também têm aparecido como

promissores agentes antioxidantes naturais (WIJESEKARA et al., 2011). Ao avaliar a

capacidade antioxidante total das frações de C. prolifera, os valores obtidos variaram

entre 0,2 a 19,4 mg/g de equivalentes de ácido ascórbico (CP-1.5 e CP-0.3,

respectivamente). Esses dados demonstraram que a atividade antioxidante do

extrato rico em polissacarídeos sulfatados obtidos de C. prolifera por Costa e

colaboradores (Costa et al, 2010) reside na presença de CP-0.3 em sua composição

e pode ser considerada uma atividade apreciável, uma vez que Chandini e

colaboradores usando extratos das algas Padina tetrastomatica e Turbinaria

conoides, determinaram uma atividade de 9,79 e 9,65 equivalentes de ácido

ascórbico para essas amostras, valores que foram considerados elevados pelos

autores (CHANDINI et al., 2008). Esse resultado exibido por CP-0.3 se assemelha

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ao de dois polissacarídeos sulfatados obtidos de Caulerpa cupressoides var.

flabellata, que tiveram uma atividade antioxidante total em torno de 20 equivalentes

de ácido ascórbico (COSTA et al., 2012).

As frações polissacarídicas de C. prolifera apresentaram um baixo potencial

redutor. Na maior concentração avaliada (1,0 mg/mL), o poder redutor variou de

5,1% até 15,6%. Quando o extrato rico em polissacarídeos sulfatados de C. prolifera

foi avaliado por Costa e colaboradores em 2010, esse também exibiu uma baixa

capacidade de doar elétrons, assim como os extratos de outras algas verdes (C.

sertularioides, C. ishtmocladum e C. cupressoides), quando comparados aos

resultados obtidos para os extratos de algas marrons como S. filipendula, D.

delicatula e C. cervicornis, que exibiram um poder redutor entre 90 e 100% na maior

concentração avaliada (COSTA et al., 2010). Ao que parece, o mecanismo

antioxidante de doação de elétrons, avaliado pelo CAT e pelo teste do poder redutor,

parece não ser o principal mecanismo antioxidante pelo qual tais polímeros agem.

Outras atividades antioxidantes avaliadas foram a de sequestro de radicais

superóxido e hidroxila. O ânion superóxido é considerado uma espécie reativa

primária, uma vez que é capaz de gerar derivados reativos por interações diretas

com outras moléculas ou por processos catalisados por metais ou enzimas (VALKO

et al., 2007). O radical hidroxila, por sua vez, possui alta reatividade e sua principal

forma de produção in vivo ocorre por meio da reação de Fenton (VALKO et al.,

2007). Não se identificou, nas frações polissacarídicas de C. prolifera, atividade

frente aos ânions superóxidos e apenas uma baixa capacidade em sequestrar o

radical hidroxila, com atividade variando entre 4,5% (CP-1.1) e 16,5% (CP-0.7),

resultados um pouco melhores aos encontrados com o uso dos extratos ricos em

polissacarídeos sulfatados de C. sertularioides, D. menstrualis, D. mertensis e G.

caudata (COSTA et al., 2010). A ausência ou a presença de baixa atividade no

ensaio de sequestro de radicais hidroxila e superóxido é comum em polissacarídeos

sulfatados extraídos de algas verdes (COSTA, et al 2010; COSTA et al., 2014). Isto

mostra que a eliminação de radicais hidroxila, também não é o principal mecanismo

antioxidante desses polissacarídeos.

Tendo em vista que o principal modo de formação de radicais hidroxilas

ocorre por meio da reação de Fenton, as frações polissacarídicas de C. prolifera

foram avaliadas quanto a capacidade em quelar íons metálicos de ferro e de cobre,

além de sequestrar o peróxido de hidrogênio.

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Todas as frações de C. prolifera exibiram uma boa capacidade em quelar íons

ferro, com destaque para CP-0.9, que na maior concentração testada (1,0 mg/mL)

foi capaz de quelar 55,8% dos íons. Essa atividade foi duas vezes melhor do que a

apresentada pelo extrato de C. prolifera, avaliado anteriormente (COSTA et al.,

2010). Todas as frações também foram capazes de quelar íons cobre, no entanto,

de uma forma muito mais eficaz, com grande destaque para CP-1.5 e CP-2.0 que

foram capazes de quelar 76,8% e 77,8% dos íons cobre presentes na solução teste.

Ao se avaliar a capacidade de sequestro do peróxido de hidrogênio, novamente

todas as frações exibiram uma boa atividade, com destaque para CP-0.3, CP-0.7 e

CP-0.9 que foram capazes de sequestrar o peróxido de hidrogênio em uma ordem

de até 61%.

Desta forma, apesar das frações polissacarídicas de C. prolifera

apresentarem baixa capacidade em sequestrar o radical hidroxila, a mais potente

das espécies reativas de oxigênio, elas são capazes de evitar a formação destes

radicais por não disponibilizarem precursores (íons metálicos e H2O2) que fazem

parte das duas principais reações responsáveis por sua formação in vivo, as reações

de Fenton e de Haber-Weiss.

Além disso, as frações polissacarídicas por apresentarem este alto poder

quelante, possuem um potencial terapêutico para o tratamento de condições em que

haja depósito excessivo de ferro no organismo, como no caso de condições como

hemocromatose decorrente de transfusões sanguíneas recorrentes, talassemia,

anemia falciforme ou de condições genéticas; ou no caso de acúmulo de cobre,

como na doença de Wilson. Existe uma relativa escassez de fármacos que podem

ser utilizados nessas condições, como a deferoxamina e a penicilamina, e os

mesmos apresentam uma série de efeitos adversos (retinopatia, agranulocitose,

reações de hipersensibilidade, trombocitopenia e síndrome nefrótica), baixa

versatilidade em vias de administração (a deferoxamina não é absorvida pelo trato

gastrointestinal, por exemplo), preços elevados (o tratamento com deferoxamina

pode custar até U$ 20000/anuais) e potencial teratogênico comprovado (como no

uso da penicilamina) (MURRAY et al., 2003; KANWAR et al., 2014).

Diversos autores relatam que a atividade antioxidante dos polissacarídeos

sulfatados está associada ao teor de sulfato nos polímeros (COSTA et al., 2014; QI

et al., 2005a), porém não foi observada essa correlação com os dados descritos aqui

nesta tese, o que leva a proposta de que muito mais importante que o teor de

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sulfatação, a localização destes grupamentos deve ter um maior efeito sobre esta

condição. Estudos futuros de caracterização estrutural poderão confirmar esta

hipótese.

A atividade imunomodulatória dos polissacarídeos sulfatados de C. prolifera

foi avaliada através da dosagem de nitrito, um subproduto resultante da produção de

óxido nítrico frente à estimulação de macrófagos da linhagem RAW 264.7. Duas

frações polissacarídicas (CP-0.7 e CP-0.9) tiveram uma ação imunogênica bastante

pronunciada, quando utilizadas em suas maiores concentrações (1,0 mg/mL),

aumentando em 162 e 253 vezes, respectivamente, a produção de óxido nítrico,

quando comparadas com o controle negativo. A literatura relata que polissacarídeos

sulfatados, principalmente carragenanas de algas vermelhas, apresentam esse

papel imunoestimulatório (WIJESEKARA et al., 2011). Um dos poucos exemplos

desta atividade com polissacarídeos em algas verdes, é o de SP1, um

polissacarídeo sulfatado obtido da alga Caulerpa lentillifera que foi capaz de

aumentar a produção de óxido nítrico de maneira dose-dependente, alcançando um

máximo de 115 vezes em relação ao controle negativo, na concentração de 5 µg/mL

além de aumentar a expressão de genes relacionados a síntese de citocinas e

atividade fagocítica de macrófagos (MAEDA et al., 2012). Portanto, os resultados

obtidos por CP-0.7 e CP-0.9 são bastante motivadores, uma vez que além de

atribuírem um grande valor biotecnológico a essas duas frações polissacarídeos

ainda se torna um dos poucos relatos de ocorrência de polissacarídeos sulfatados

imunoestimulatórios em algas verdes.

Algumas frações de C. prolifera apresentaram capacidade em reduzir a

produção do óxido nítrico por macrófagos. CP-2.0 destacou-se dentre as demais na

menor concentração avaliada (0,1 mg/mL) por reduzir em 75% o teor de óxido nítrico

produzido, tendo assim uma potencial atividade anti-inflamatória. A busca por

compostos naturais com atividade anti-inflamatória é de grande importância, uma

vez que muitos fármacos sintéticos disponíveis são conhecidos por provocarem

principalmente irritações gastrointestinais (WIJESINGHE et al., 2012).

A atividade antiadipogênica das frações polissacarídicas de C. prolifera

também foi avaliada. Ao analisar os dados, percebe-se que CP-1.5 foi capaz de

reduzir em 65% a diferenciação adipocitária. Esse é o primeiro relato de

polissacarídeos sulfatados de algas verdes com atividade antiadipogênica. Além

disso, comparando aos dados disponíveis na literatura, CP-1.5 possui um dos mais

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potentes efeitos anti-adipogênicos já documentados para polissacarídeos sulfatados.

Anteriormente, apenas fucoidans obtidos de diferentes algas marrons tiveram tal

atividade. Em 2009, pesquisadores relataram que um fucoidan comercial foi capaz

de reduzir a incorporação de Oil Red por adipócitos em até 39,7% na concentração

de 0,2 mg/mL (KIM et al., 2009). Posteriormente, utilizando outro fucoidan comercial

Kim e colaboradores obtiveram resultados de redução em até 52,4% da formação de

vesículas lipídicas por adipócitos utilizando 0,2 mg/mL de amostra (KIM et al., 2010).

Esses resultados foram semelhantes aos obtidos por um outro grupo de pesquisa

utilizando um fucoidan comercial adquirido da mesma empresa (PARK et al., 2012).

Recentemente, Kim e colaboradores utilizando um fucoidan obtido do esporofilo de

Undaria pinnatifida obtiveram redução de até 71% da formação de vesículas de

gordura por adipócitos. Além disso, esse fucoidan foi capaz de reduzir a formação

de espécies reativas do oxigênio e de diminuir a expressão de genes relacionados a

inflamação pelas células da linhagem 3T3-L1 (KIM et al., 2012). Desta forma, CP-1.5

demonstrou ser um promissor agente anti-adipogênico e a investigação dos

mecanismos moleculares pelos quais atua, inibindo a diferenciação adipocitária,

estão sendo investigados.

O efeito anti-adipogênico além de ter um papel na prevenção da obesidade e

de suas condições associadas discutidas anteriormente, ainda pode ter um efeito

indireto sobre a prevenção da osteoporose, condição que afeta principalmente as

mulheres devido aos desequilíbrios hormonais associados a menopausa (DRAKE et

al., 2015). Uma vez que os adipócitos e os osteoblastos têm origem a partir de uma

mesma célula mesenquimal (MIGLIACCIO et al., 2011), fatores que inibam a

adipogênese são capazes de estimular a osteogênese e vice-versa (LIMA, 2012).

Alguns autores relatam que, através da síntese de citocinas pró-inflamatórias como

IL-6 e TNF-α, os adipócitos aumentam a atividade dos osteoclastos, levando a um

aumento da desmineralização óssea, enquanto simultaneamente estimulam ainda

mais a adipogênese (MIGLIACCIO et al, 2011; LIMA, 2012). Porém esta associação

entre obesidade e osteoporose ainda apresenta alguns pontos controversos, e

estudos a longo termo são necessários para que ocorra uma melhor compreensão

desta correlação (HOLECKI et al., 2011; LIMA, 2012).

O Câncer será uma causa cada vez maior de morbidade e mortalidade nas

próximas décadas, em todas as regiões do mundo. A estimativa de incidências de

novos casos de câncer que foi de 12,7 milhões em 2008 tende a crescer para 21,4

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milhões até 2030, e esse crescimento é algo inevitável haja visto o aumento da

expectativa de vida da população mundial associado a dificuldade em sua

prevenção (WHO, 2011).

O tratamento de câncer através do uso de quimioterápicos está associado a

uma série de efeitos adversos como fadiga, queda de cabelo e neutropenia, que

acabam por diminuir drasticamente a qualidade de vida de portadores desta

condição (LOFTI-JAM et al., 2008). Com isto, tem se intensificado a busca por

compostos naturais que sejam capazes de impedir a proliferação de células tumorais

com nenhum ou com efeitos adversos mínimos. Além disso, a identificação de novos

agentes com um papel quimiopreventivo, como os antioxidantes, pode se tornar uma

estratégia preventiva para o desenvolvimento de cânceres (WIJESEKARA et al.,

2011). Dentro desse contexto, os polissacarídeos sulfatados de algas marinhas têm

aparecido como alternativas importantes para o tratamento e prevenção do câncer,

uma vez que tem se atribuído propriedades antiproliferativas e antioxidantes a esses

compostos (DORE et al., 2013; NGO et al., 2013; COSTA et al., 2011a).

Para a linhagem tumoral HeLa, apenas CP-0.3 e CP-1.5 em suas maiores

concentrações avaliadas exibiram discreta toxicidade nas primeiras 24 horas de

exposição. No entanto, após 48 horas de tratamento, todas frações apresentaram

influência sobre a viabilidade celular. CP-0.3, CP-0.5, CP-0.7 e CP-0.9, merecem

destaque, uma vez que nas menores concentrações (0,1 mg/mL e 0,25 mg/mL),

reduziram em cerca de 40% a viabilidade celular. Redução da viabilidade celular em

torno de 55% ocorreu nos tratamentos com as maiores concentrações de CP-0.3 e

CP-0.5, assim como para CP-0.9 na concentração de 1,0 mg/mL. CP-1.1 e CP-1.5

também apresentaram citotoxicidade na concentração de 1,0 mg/mL em torno de

45%. Desta forma, o efeito antiproliferativo dos polissacarídeos sulfatados de C.

prolifera sobre a linhagem HeLa se mostrou ser tempo e dose dependente,

excetuando-se CP-2.0 que não teve nenhum efeito sobre a viabilidade das duas

linhagens tumorais avaliadas.

Para a linhagem tumoral renal 786-0 (Figura 10), de maneira geral os

polissacarídeos de C. prolifera já apresentam uma atividade antiproliferativa

apreciável com 24 horas de tratamento, excetuando-se CP-0.7, e com grande

destaque para CP-1.5 que em sua maior concentração chega a reduzir em 75% a

viabilidade dessa linhagem tumoral. Com 48 horas de tratamento há uma queda

considerável da viabilidade celular ao se utilizar a concentração máxima dos

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polissacarídeos, excetuando-se CP-0.9 e CP-2.0, e destacando-se CP-1.5 com

redução de 65% de viabilidade celular. CP-0.3 e CP-0.5 com redução de 60% da

viabilidade celular, e CP-0.7 e CP-1.1 com 50% também merecem destaque.

Este é apenas o terceiro relato na literatura de polissacarídeos sulfatados de

algas verdes com atividade antiproliferativa, e os dois relatos anteriores envolviam

espécies do gênero Caulerpa (COSTA et al., 2010; JI et al., 2008). Em conjunto com

os resultados obtidos para a atividade antioxidante, conclui-se que as frações de C.

prolifera podem agir em duas frentes no combate ao câncer, quais sejam:

prevenindo o surgimento de mutações no DNA decorrentes da ação de radicais

livres e tendo um efeito citotóxico sobre células alteradas.

As frações polissacarídicas de C. prolifera não tiveram atividade citotóxica

contra Leishmania amazonenses, no entanto, as frações polissacarídicas poderiam

atuar de uma forma indireta sobre esses parasitas. Em seu ciclo de vida em

mamíferos, as formas amastigotas desse parasita, infectam preferencialmente

macrófagos sendo capazes de resistirem à ação microbicida das hidrolases ácidas,

multiplicando-se por divisão binária, até causar a lise destas células, sendo então

fagocitadas por outros macrófagos. Desta forma, o controle do crescimento

intracelular da Leishmania em macrófagos depende, fundamentalmente, da ação de

óxido nítrico (NO) (PEREIRA, 2012). Assim, substâncias que estimulem a produção

de óxido nítrico pelos macrófagos podem ser úteis no combate a Leishmania, e

estudos futuros poderão confirmar se estes efeitos ocorrem em modelos

experimentais adequados. Como vimos anteriormente, CP-0.7 e CP-0.9 tiveram uma

ação imunogênica bastante pronunciada, aumentando em 162 e 253 vezes,

respectivamente, a produção de óxido nítrico por macrófagos, quando utilizados em

suas maiores concentrações. Desta forma, tais frações poderiam apresentar um

efeito benéfico indireto no controle da infecção de macrófagos por amastigotas de

Leishmania.

As frações de C. prolifera não apresentaram atividade frente a bactéria

multirresistente Klebsiella pneumoniae Carbapenemase e apenas CP-1.5 foi capaz

de agir contra S. epidermidis. Este é apenas o terceiro relato de polissacarídeos

sulfatados de algas contra essa bactéria Gram positiva envolvida em infecções

hospitalares. Anteriormente apenas Sebaaly e colaboradores haviam descrito

polissacarídeos sulfatados (uma carragenana e uma galactana extraídas da alga

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vermelha do gênero Corallina) com este tipo de atividade bactericida (SEBAALY et

al., 2014).

Atualmente, os principais tratamentos de cálculos urinários são os diuréticos

tiazídicos, citrato, ortofosfato, alopurinol e as preparações de magnésio. Entretanto,

os mecanismos de ação pelos quais estes compostos agem não são totalmente

entendidos e seus efeitos curativos não são tão efetivos. Portanto, o

desenvolvimento de alternativas mais eficientes, pouco onerosas e não tóxicas para

a prevenção e o tratamento da urolitíase é de grande relevância medica (OUYANG

et al., 2010). Com base nesse contexto, alguns autores têm relatado nos últimos

anos, a ação de glicosaminoglicanos e polissacarídeos sulfatados de algas como

agentes inibitórios na formação de cálculos de oxalato de cálcio (FUJISAWA et al.,

1992; RAJESWARI et al., 2006; ESCOBAR et al., 2007; ZHANG et al., 2012; MELO

et al., 2013).

Ao analisar a Figura 38, é possível perceber que todas as frações

polissacarídicas de C. prolifera tiveram influência sobre a formação dos cristais de

oxalato de cálcio, seja alterando a morfologia/tipo de cristais (COM, COD ou COT), o

seu tamanho ou ainda a quantidade de cristais formados.

CP-0.3, CP-0.5 e CP-1.1 proporcionaram apenas a formação de cristais de

oxalato de cálcio do tipo dihidratado (COD) de tamanho bastante reduzido, com

aproximadamente 1 µm, tamanho cerca de 5 vezes menor que os COD formados no

controle negativo e nas amostras contendo citrato de sódio. Este tamanho é 200

vezes menor do que o tamanho necessário para obstruir um néfron (SELVAN,

2002). As imagens 38E, 38F e 38G também chamam a atenção pela quantidade de

cristais formados, que foi cerca de 20 vezes maior na presença de CP-0.3 e 40

vezes maior na presença de CP-0.5 e CP-1.1, quando comparadas ao controle

negativo. CP-2.0 também foi capaz de induzir a formação de cristais do tipo COD

(cerca de 10 vezes mais do que o controle negativo) de pequeno tamanho

(aproximadamente 1,5 µm). Tais amostras, portanto, aumentam a nucleação dos

cristais, no entanto impedem sua agregação. Resultados semelhantes foram obtidos

por Escobar e colaboradores, que trabalhando com compostos sulfatados (dermatan

sulfato, heparina hipersulfatada e queratan sulfato) e fosforilados (quitosana

fosforilada) perceberam que tais moléculas não inibiam a cristalização de cristais de

oxalato de cálcio, mas mostraram um efeito protetor contra a formação de cálculos

renais por estabilizar as formas dihidratadas (COD) em detrimento das formas

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monohidratadas (COM), que são mais prejudiciais (ESCOBAR et al., 2007). Shum e

colaboradores, ao analisar o processo de formação de cristais na presença de

condroitin sulfato e heparan sulfato, notaram que tais compostos eram promotores

da nucleação de cristais de oxalato de cálcio, no entanto eles poderiam atuar na

prevenção da urolitíase por impedir o crescimento dos cristais, fazendo com que

eles fossem excretados com uma maior facilidade (SHUM et al., 1993).

A influência sobre o tamanho e quantidade de cristais de oxalato formados na

presença de polissacarídeos de algas marinha foi recentemente relatado por dois

grupos de pesquisa. Zhang e colaboradores, analisando um polissacarídeo da alga

marrom Sargassum graminifolium perceberam que o polímero inibia tanto a

nucleação de cristais (inibição de 69,2%), e consequentemente o número de cristais

formados, quanto a agregação (inibição de 76,8%), que está associada com o

aumento do tamanho dos cristais (ZHANG et al., 2012). Resultados semelhantes

foram relatados por Melo e colaboradores, que obtiveram polissacarídeos sulfatados

da alga marrom Dictyopteris justii capazes de reduzir tanto a nucleação (em até

84,1%) quanto a agregação (em até 86%). Algumas amostras (DJ-0.5 e DJ-1.2)

ainda foram capazes de estabilizar os cristais sobre a forma COD, e outras (DJ-0.3 e

DJ-0.4) alteraram a morfologia de cristais do tipo COM em suas “faces 120”, assim

como CP-1.5 em nosso trabalho, produzindo cristais com arestas mais arredondas,

que são mais fáceis de serem excretados (MELO et al. 2013).

Escobar e colaboradores, no mesmo trabalho citado anteriormente, ainda

foram capazes de estabelecer uma relação entre a estrutura dos compostos

estudados com o processo de estabilização de cristais do tipo COD. Os autores ao

utilizarem compostos não sulfatados (dermatan desulfatado, ácido hialurônico e

quitosanas de baixa e alto peso molecular), perceberam que o processo de

cristalização ocorria de forma semelhante ao exibido pelo controle negativo, ou seja,

sob a forma de grandes quantidades de cristais do tipo COM. Este mesmo resultado

foi obtido quando eles utilizaram o ácido polimetilsulfonico (PMSA). Tais resultados

levaram a crer que o efeito sobre a cristalização de cristais de oxalato de cálcio, não

é unicamente um efeito de cargas, mas também de como estas cargas estão

distribuídas na molécula (ESCOBAR et al., 2007). Esta conclusão também foi

perceptível em nosso trabalho, uma vez que CP-1.5, mesmo sendo uma das

amostras mais sulfatadas, permitiu a formação de cristais do tipo COM em

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quantidades próximas ao do controle negativo, condição oposta a apresentada pelas

demais amostras.

Segundo a literatura, outros fatores que proporcionam mudanças no processo

de cristalização do oxalato de cálcio são: a topologia do cristal e a interação entre o

poliânion e as faces do cristal (MELO et al., 2013). Como mostrado na Figura 18, os

cristais apresentam faces diferentes que possuem regiões com maior predominância

de Ca2+ ou oxalato. Substâncias como a Osteopontina e o Citrato tem preferência

por áreas da face 101 dos cristais, região onde há maior exposição de íons Ca2+

(QIU et al., 2003; GROHE et al., 2007; GROHE et al., 2011).

Com o intuito de melhor entender como os polissacarídeos sulfatados,

presentes nas frações de C. prolifera, atuam sobre a modificação da morfologia dos

cristais de oxalato de cálcio realizou-se a análise do potencial zeta (ζ) dos cristais

formados, além de uma microscopia confocal utilizando-se frações marcadas com

FITC.

O potencial zeta (ζ) é uma medida da carga total da superfície de partículas

(inclusive moléculas) e reflete a estabilidade eletrostática de uma solução, sendo

valores de ζ superiores a +/- 30 mV consideráveis ideais para que tal solução seja

estável, devido as repulsões eletrostáticas (ANDRADE, et al., 2008).

Na Tabela 07 estão expostos os potenciais ζ dos cristais formados na

presença ou ausência do tratamento com as frações de C. prolifera. O caráter

positivo (+17,43 mV) dos cristais de oxalato de cálcio formados sem a presença dos

polissacarídeos se deve pela presença de íons Ca2+. Quando os polissacarídeos

sulfatados foram utilizados, todos foram capazes de diminuir, em diferentes graus, o

potencial zeta dos cristais de CaOx. Tal diminuição pode ser explicada pela

interação destes polissacarídeos com os íons Ca2+ presentes na superfície dos

cristais. Além disso, na presença de 5 frações (CP-0.3, CP-0.5, CP0.7, CP-0.9 e CP-

1.1) o potencial ζ se manteve inferior a -30 mV, valores que indicam grande

estabilidade das partículas formadas, e pode explicar o tamanho reduzido dos

cristais formados, uma vez que está alta carga negativa aumenta a repulsão entre as

partículas, impedindo o processo de agregação dos cristais. Ainda analisando a

Tabela 06, pode parecer um contrassenso a fração menos sulfatada (CP-0.3)

apresentar os cristais com potencial ζ mais negativo, no entanto, segundo Melo e

colaboradores, o ζ também reflete o quanto a conformação que a molécula assume,

“expondo” ou “escondendo” as cargas da molécula, assume em determinada

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solução (MELO et al., 2013). Assim, CP-0.3, nesta solução, parece assumir uma

conformação que expõe muito mais suas cargas negativas, contribuindo para um

potencial zeta tão negativo.

Ao analisar a formação dos cristais utilizando frações de C. prolifera

associadas ao FITC (Figura 39), pode-se perceber que os polissacarídeos não estão

presentes apenas na superfície dos cristais formados, impedindo seu crescimento,

mas também no interior dos mesmos. Qui e colaboradores, demonstraram

anteriormente que durante o crescimento desses cristais ocorre uma deposição

gradual de íons formando camadas (QUI et al., 2003). Assim, analisando a

sequência de imagens da microscopia confocal, parece que os polissacarídeos

sulfatados de C. prolifera se intercalam nessas camadas, interferindo na morfologia

dos cristais formados, estabilizando a forma COD ou então tornando as arestas dos

cristais COM mais arredondadas.

As frações polissacarídicas de C. prolifera podem, portanto, agir de duas

formas na contenção dos danos ocasionados pelos cálculos renais, quais sejam:

primeiramente elas alteram a morfologia de cristais de oxalato de cálcio,

favorecendo a formação de cristais diminutos do tipo COD, menos danosos e mais

facilmente excretados; além disso, as frações polissacarídicas apresentam uma

atividade antioxidante que pode atuar na prevenção de danos a membrana de

células renais, condição que também favorece a formação de cálculos renais.

Os resultados obtidos com este trabalho demonstram que as frações ricas em

polissacarídeos sulfatados da alga verde C. prolifera possuem um potencial

farmacológico multiterapêutico, uma vez que apresentaram resultados promissores

como agentes anticoagulantes, antioxidantes, imunomodulatórios, anti-adipogênicos,

antiproliferativos, microbicidas, efeitos benéficos sobre a formação de cristais de

oxalato de cálcio. Passos posteriores de purificação e de caracterização estrutural

desses polissacarídeos sulfatados, bem como estudos de investigação dos

mecanismos de ação pelos quais estes polímeros agem, devem ser realizados.

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