65
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL MARYELLE DE CÁSSIA ALBINO AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CONSUMO EM LONGO PRAZO E DA RETIRADA DE ÁLCOOL SOBRE CÉLULAS SEROTONÉRGICAS NO NÚCLEO DORSAL DA RAFE EM RATAS NATAL, RN 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL

MARYELLE DE CÁSSIA ALBINO

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CONSUMO EM LONGO PRAZO E DA

RETIRADA DE ÁLCOOL SOBRE CÉLULAS SEROTONÉRGICAS NO NÚCLEO

DORSAL DA RAFE EM RATAS

NATAL, RN

2019

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

MARYELLE DE CÁSSIA ALBINO

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CONSUMO EM LONGO PRAZO E DA

RETIRADA DE ÁLCOOL SOBRE CÉLULAS SEROTONÉRGICAS NO NÚCLEO

DORSAL DA RAFE EM RATAS

Dissertação de Mestrado apresentada como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Biologia Estrutural e

Funcional, pelo Curso de Pós-Graduação em Biologia

Estrutural e Funcional da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

Orientadora: Profª. Drª. Vanessa de Paula Soares Rachetti

NATAL, RN

2019

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Albino, Maryelle de Cássia.

Avaliação dos efeitos do consumo em longo prazo e da retirada

de álcool sobre células serotonérgicas no núcleo dorsal da rafe

em ratas / Maryelle de Cássia Albino. - 2019. 64f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Biociências, Curso de Pós-Graduação em Biologia Estrutural e Funcional, Natal, 2019.

Orientadora: Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti.

1. Álcool - Dissertação. 2. Sistema Nervoso Central -

Dissertação. 3. Serotonina - Dissertação. 4. Desordens Emocionais

- Dissertação. I. Rachetti, Vanessa de Paula Soares. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 576

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CONSUMO EM LONGO PRAZO E DA

RETIRADA DE ÁLCOOL SOBRE CÉLULAS SEROTONÉRGICAS NO NÚCLEO

DORSAL DA RAFE EM RATAS.

AUTOR: MARYELLE DE CÁSSIA ALBINO

DATA DE DEFESA: 08/04/2019

BANCA AVALIADORA

Prof. Dr. Janaína Menezes Zanoveli

Departamento de Farmacologia - UFPR

Prof. Dr. Anna Karynna Alves de Alencar Rocha

Departamento de Fisiologia e Comportamento - UFRN

Prof. Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti – Orientadora

Departamento de Biofísica e Farmacologia - UFRN

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todas as oportunidades me dadas até aqui.

Por estar do meu lado, por ter me dado saúde e força para prosseguir.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela oportunidade oferecida de

realizar o curso, pelo acolhimento e apoio ao aluno. Agradeço aos docentes, técnicos e

todos os funcionários pelo suporte e por todo conhecimento compartilhado.

À minha Orientadora, Professora Vanessa de Paula Soares Rachetti. Pela

receptividade, pela confiança depositada, pelo ensino, paciência, incentivo e amizade.

Agradeço por todas as conversas e pelo aprendizado. Agradeço imensamente pelo o

carinho transmitido e apoio em todos os momentos.

À Raliny, pelo esforço e dedicação na etapa inicial de tratamento dos animais e

preparo do material. Atividades que foram fundamentais para realização do trabalho.

À Professora Mariana Araújo, ao seu aluno João Rodrigo e à todos os

colaboradores do Instituto de Neurociências de Macaíba, pela disponibilidade de recursos

e apoio técnico importantíssimos na coleta e análise dos dados. Agradeço especialmente

à professora Mariana pela disposição em ajudar e sempre contribuir para melhora do

trabalho.

Aos Professores Expedito Junior e Judney Cavalcante do departamento de

Morfologia da UFRN, pelas valiosas contribuições realizadas na qualificação. Pela

disponibilização e oferecimento de recursos do Laboratório de Neuroanatomia.

Aos meus familiares. Aos meus pais, Solimar e Paulo (em memória), agradeço

por todos os ensinamentos e pelo amor incondicional. Agradeço com muito amor a minha

mãe, pelo cuidado, pela dedicação, pelo apoio, por sempre acreditar e incentivar os meus

sonhos. Agradeço especialmente a minha Dindinha, pelo apoio no dia a dia, pelos

conselhos e pela proteção. Aos meus irmãos Isabelly e Lucas e à toda minha família, por

me trazerem sorrisos, abraços, conversas e apoio. Ao meu namorado e amigo, Gabriel,

pelo companheirismo, amor e paciência. Agradeço pelo incentivo e apoio do dia a dia.

Agradeço por todo carinho.

Aos meus amigos do Laboratório de Farmacologia, Luana, Renato, Ana, Camila,

Juliete e Nathalia. Especialmente, à Lu e ao Renato, pela amizade, pelos dramas e sorrisos

compartilhados deixando a caminhada mais leve. Aos amigos da turma do curso pela

união e apoio. Especialmente à Rebeca (Beca), pelo ombro amigo, pelas orações e pela

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

companhia durante esta jornada. Aos amigos da república, sr. David, Paulo, Rayanne e

Regina, por serem os melhores vizinhos que já tive (risos), por todo apoio e amizade.

Gratidão a todas as pessoas que contribuíram diretamente ou indiretamente para

realização deste trabalho. Gratidão por contribuírem para meu crescimento profissional e

pessoal.

Gratidão à CAPES, pelo apoio financeiro e incentivo à pesquisa.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

RESUMO

O uso contínuo do álcool pode provocar neuroadaptações prejudicando o funcionamento

normal do sistema nervoso central. Dentre as vias de neurotransmissão alteradas, está o

sistema serotonérgico, o qual possui um papel fundamental na mediação das emoções. É

conhecido que este sistema se apresenta disfuncional durante o consumo em longo prazo

e na retirada de álcool, com desregulação do nível de serotonina e de seus metabólitos e

até do nível seus receptores. Tais mudanças, podem favorecer desordens afetivas e

comportamentais observadas em indivíduos dependentes. Mulheres constituem um grupo

de risco para transtornos emocionais; por isto, neste trabalho foi avaliado se o consumo

crônico e a retirada do álcool promovem alterações na densidade celular serotonérgica

em diferentes porções da subdivisão dorsal (DRD) e na subdivisão caudal (DRC) do

núcleo dorsal da rafe de ratas Wistar. O núcleo dorsal da rafe contêm um grande número

de neurônios serotonérgicos e as subdivisões DRD e DRC se projetam para áreas

envolvidas com respostas emocionais, como amígdala, bed nucleus da estria terminal,

hipotálamo paraventricular e hipocampo ventral. Os animais foram submetidos a

concentrações crescentes de álcool (2%, 4% e 6%) como única fonte de dieta líquida por

21 dias ou água (grupo controle). Todos os grupos tiveram livre acesso à ração. Após este

período de tratamento, o álcool foi substituído por água e os animais foram submetidos à

perfusão transcardíaca e remoção dos encéfalos 72 horas após a substituição (grupo

retirada curto prazo) ou 21 dias após a substituição (grupo retirada longo prazo). Depois,

foi realizada uma análise imunoistoquímica para detecção de células imunorreativas para

serotonina (5-HT) no DRD e no DRC. Foi observado que a retirada a longo prazo

produziu efeito de aumento da densidade de células imunomarcadas para 5-HT na região

média do DRD e no DRC. Em conjunto, pode ser sugerido que este aumento na densidade

celular esteja relacionado com desregulação de respostas emocionais e comportamentais

observadas no período de abstinência alcoolica em longo prazo.

Palavras-chave: Álcool; Retirada; Sistema Nervoso Central; Serotonina; Núcleo Dorsal

da Rafe; Desordens Emocionais.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

ABSTRACT

Long-term alcohol abuse may cause neuroadaptations impairing the normal functioning

of the central nervous system. Among the altered neurotransmission pathways, there is

serotonergic system that plays a fundamental role in the mediation of emotions. It is

known that this system is dysfunctional during long-term use e withdrawal of alcohol,

with deregulation of the serotonin level and this metabolites and even the level of this

receptors. Such changes may favour affective and behavioural disorders observed in

dependent individuals. Women constitute a risk group for emotional disorders; so, this

study evaluated whether long-term consumption and withdrawal of alcohol promoted

changes in serotonergic cell density in the dorsal (DDR) and caudal (DCR) subdivisions

of the dorsal raphe nucleus of female Wistar rats. The dorsal nucleus of the raphe contains

a large number of serotonergic neurons and the DDR e DCR subdivisions project into

areas involved with emotional responses, such as amygdala, bed nucleus of the terminal

stria, paraventricular hypothalamus, and ventral hippocampus. The animals were

submitted to increasing concentrations of alcohol (2%, 4% and 6%) as the unique source

of liquid diet for 21 days or water (control group). Both groups had free access to the

feed. After this treatment period, the alcohol was replaced with water and the animals

were submitted to transcardiac perfusion and brain removal 72 hours after replacement

by water (short term withdrawal group) or 21 days after replacement by water (long term

withdrawal group). Immunohistochemical analysis was performed the detection of

immunoreactive cells for serotonin (5-HT) in the DDR and DCR. It was observed that

long-term withdrawal produced an increase in the density of 5-HT immunolabelled cells

in the middle region of DDR and in DCR. Taken together, it may be suggested that this

increased in density of 5-HT immunolabelled cells is related to the dysregulation of

emotional and behavioural responses observed in the period of long-term alcohol

withdrawal.

Key words: Alcohol; Withdrawal; Central Nervous System; Serotonin; Dorsal Raphe

Nucleus; Emotional Disorders.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5-HT 5-hidroxitriptamina, serotonina

5-HTP 5-hidroxitriptofano

5-HIAA Ácido 5-hidroxi-indolacético

5-HTT Transportador específico para serotonina

AMPc 3-5-monofosfato cíclico

ACTH Hormônio adrenocorticotrófico

CRF Fator liberador de corticotrofina

CRF-1 Receptores do tipo 1 para CRF

CFR-2 Receptores do tipo 2 para CRF

DRD Porção dorsal do núcleo dorsal da rafe

DRV Porção ventral do núcleo dorsal da rafe

DRVL Porção ventrolateral do núcleo dorsal da rafe

DRI Porção interfascicular do núcleo dorsal da rafe

DRC Porção caudal do núcleo dorsal da rafe

GABA Ácido gama-aminobutírico

GABAA Receptor do tipo A para GABA

HPA Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal

MAO Enzima monoaminoxidase

NDR Núcleo dorsal da rafe

NMDA Receptor N-metil-D-aspartato

SNC Sistema nervoso central

TF Tampão fosfato 0,1M, pH 7,4

TPH-2 Enzima triptofano-5-hidroxilase do tipo 2

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1. Considerações Gerais ......................................................................................... 1

1.2. O álcool .............................................................................................................. 4

1.2.1. Metabolismo ............................................................................................... 4

1.2.2. Interações com sistemas de neurotransmissão............................................ 5

1.3. A serotonina ..................................................................................................... 10

1.3.1. Neuroanatomia do sistema serotonérgico ................................................. 10

1.3.2. Influência do sistema serotonérgico das porções dorsal e caudal do núcleo

dorsal da rafe na modulação de comportamentos emocionais ................................ 17

2. OBJETIVOS ................................................................................................... 18

2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 18

2.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 18

3. METOLODOLOGIA .................................................................................... 19

3.1. Animais ............................................................................................................ 19

3.2. Protocolo de consumo e retirada de álcool ...................................................... 19

3.3. Perfusão transcardíaca ..................................................................................... 21

3.4. Microtomia ....................................................................................................... 21

3.5. Imunoistoquímica para 5-HT ........................................................................... 22

3.5.1. Análise das lâminas de imunoistoquímica para 5-HT .............................. 22

3.6. Análise Estatística ............................................................................................ 25

4. RESULTADOS .............................................................................................. 26

4.1. Densidade celular serotonérgica no DRD de fêmeas ....................................... 26

4.2. Densidade celular serotonérgica no DRC de fêmeas ....................................... 30

5. DISCUSSÃO ................................................................................................... 32

6. CONCLUSÃO ................................................................................................ 40

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 41

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Gerais

O uso do álcool como bebida de consumo é antigo e demasiadamente influenciado

por fatores culturais, religiosos e sociais. Devido a legalização e fácil acesso, a efeitos

iniciais de desinibição comportamental, sensação de bem-estar, humor alegre e

diminuição da ansiedade, o consumo do álcool é amplo na sociedade e difundido em todo

mundo. Porém, o uso abusivo e repetido pode causar sérios danos à saúde física e mental

do indivíduo, além de favorecer prejuízos no contexto familiar, econômico e social

(DASGUPTA; LANGMAN, 2012; PETRAKIS et al., 2002).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o consumo de álcool é um fator de

risco para o desenvolvimento de um grande número de doenças, incluindo cirrose

hepática, cânceres envolvendo o sistema gastrointestinal e doenças cardiovasculares.

Além disso, é um fator incidente em lesões por confrontos violentos, acidentes de trânsito

e suicídios. Em 2016, o uso nocivo do álcool provocou a morte de 3,3 milhões de pessoas

(5,3% de todas as mortes) em todo mundo, possuindo índice de mortalidade maior do que

doenças como tuberculose, síndrome da imunodeficiência adquirida e diabetes. Desta

estimativa, 2,3 milhões de mortes foram de homens e 0,7 milhões de mulheres.

Aproximadamente 28,7% do total dos óbitos foram atribuídos a lesões, 21,3% devido a

doenças do trato digestivo, 12,9% a doenças infecciosas e 12,6% por cânceres (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2018).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-

V (AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION APA, 2013), o álcool é classificado

como uma das substâncias capazes de induzir transtorno de dependência química. Este

transtorno é considerado um distúrbio encefálico e pode ser identificado quando o

indivíduo manifesta em um período de doze meses pelo menos dois dos seguintes critérios

descritos na tabela a seguir:

Tabela 1. Critérios utilizados para identificação de transtornos relacionados ao uso do álcool – DSM V.

1. O álcool é frequentemente consumido grandes quantidades ou por um período

mais longo do que o pretendido.

2. Há um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou

controlar o uso do álcool.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

2

3. É gasto muito tempo com atividades necessárias para a obtenção de álcool, na

utilização de álcool ou recuperação dos seus efeitos.

4. Fissura, desejo intenso ou urgência de consumir álcool.

5. Uso recorrente de álcool resultando em fracasso em cumprir obrigações

importantes no trabalho, na escola ou em casa.

6. Uso continuado de álcool, apesar de uns problemas sociais ou interpessoais

persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos do álcool.

7. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreativas são abandonadas ou

reduzidas em virtude do uso do álcool.

8. Uso recorrente de álcool em situações nas quais isto representa perigo para a

integridade física.

9. O uso do álcool é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou

psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pelo

álcool.

10. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:

a) Necessidade de quantidades progressivamente maiores de álcool para

alcançar a intoxicação ou o efeito desejado.

b) Acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de

álcool.

11. Abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos:

a) Síndrome de abstinência característica, quando o uso pesado e prolongado

de álcool é reduzido ou cessado. O indivíduo pode apresentar dois ou mais

dos seguintes sintomas no período de algumas horas a alguns dias após a

interrupção: hiperatividade autonômica (por exemplo sudorese ou frequência

cardíaca maior que 100 bpm), tremor aumentado nas mãos, insônia, náusea

ou vômitos, alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias,

agitação psicomotora, ansiedade, convulsões tônico-clônicas generalizadas.

b) Álcool é consumido para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.

Fonte: AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION APA, 2013.

A abstinência alcoolica, causa um grande sofrimento ao indivíduo. Para o

entendimento das alterações no organismo devido à exposição prolongada e retirada de

álcool, uma variedade de modelos animais tem sido desenvolvidos. Os pesquisadores

submetem os animais (por exemplo, roedores) a exposição ao álcool utilizando técnicas

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

3

como administração forçada de álcool por infusão intragástrica; exposição ao vapor de

álcool em caixa inalatória; administração de álcool na dieta líquida; consumo voluntário

de álcool em contexto livre escolha entre beber álcool ou água, dentre outras. Depois o

álcool é retirado, e a dependência química pode ser evidenciada com o surgimento de

sintomas de abstinência como hiperatividade do sistema nervoso autônomo (batimentos

cardíacos acelerados, constrição de vasos sanguíneos e aumento da pressão sanguínea),

redução da ingestão de comida e água, diarreia, alteração no controle de temperatura,

tremores e piloereção. Além disso, os animais podem apresentar comportamentos do tipo

ansiosos e de agressividade em testes comportamentais. Grande parte destas medidas

fisiológicas e comportamentais correspondem aos sinais e sintomas observados em

humanos dependentes alcoolicos (BECKER, 2000).

É relatado na literatura que os sintomas de abstinência alcoolica tanto em humanos

quanto em animais segue padrão temporal de apresentação. Na ausência de comorbidade

e do uso de outras drogas, são descritas três fases de abstinência: aguda, precoce e

prolongada (HEILIG et al., 2010).

A abstinência aguda ocorre aproximadamente em período de 48 a 72 horas nos

humanos e de 24 a 48 horas nos animais. Esta fase é marcada pela hiperexcitabilidade

generalizada do sistema nervoso central (SNC), tremores, hiperatividade do sistema

nervoso autônomo, risco de delirium tremens, convulsões e sintomas psicológicos como,

distúrbios de humor e de sono. Após a primeira semana de retirada, sintomas físicos

agudos raramente são encontrados (HEILIG et al., 2010).

A abstinência precoce pode ocorrer no período de 3 a 6 semanas em humanos e 1

a 2 semanas em animais. É um período intermediário, no qual há continuação dos

sintomas de ansiedade, baixo humor e sono perturbado (HEILIG et al., 2010).

Já a fase de abstinência prolongada, é considerada acima 3 meses em humanos e

acima de 1 mês em animais. Nesta fase, além da ansiedade e da disforia, há alteração do

processamento afetivo. Desafios pequenos, normalmente insignificantes, provocam afeto

negativo, desejo e recaída ao álcool. Ainda pode haver atenuação ou ausência de respostas

positivas esperadas para eventos normalmente agradáveis (HEILIG et al., 2010).

Os sintomas físicos da abstinência diminuem com os dias, mas os sintomas

psicológicos como transtornos psicóticos, bipolares, depressivos, de ansiedade, entre

outros, podem permanecer por um longo período e levar o indivíduo à recaída ao álcool

a fim de alívio e, consequentemente, a continuar o ciclo prejudicial de dependência da

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

4

bebida alcoolica (AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION APA, 2013; KOOB,

2009).

1.2. O álcool

1.2.1. Metabolismo

Após administração oral, o álcool pode ser oxidado no estômago por isoformas da

enzima álcool desidrogenase. Em estado de jejum, o álcool pode passar rapidamente para

o duodeno, onde é absorvido. Na circulação sanguínea, é distribuído na água corporal e,

em menor proporção, no tecido adiposo. Cerca de 90%-98% da metabolização do álcool

ingerido ocorre no fígado pela enzima álcool desidrogenase. Por meio de ação oxidativa,

esta enzima biotransforma o álcool, formando acetaldeído. O acetaldeído, uma molécula

altamente reativa, é transformado em ácido acético rapidamente, pela enzima aldeído

desidrogenase. Grande parte do ácido acético deixa o fígado, se direcionando para tecidos

periféricos, nos quais é transformado em acetil-CoA e participa do metabolismo

energético das células. O restante da metabolização do álcool pode ser realizado pela

enzima catalase e por enzimas da família do citocromo P450 (CYP2E1). Pequena

concentração do álcool na circulação pode permanecer inalterado e pode ser eliminado

via urina, ar exalado e suor (BRUNTON et al., 2015; CEDERBAUM, 2012;

KLAASSEN; WATKINS, 2012).

Os sintomas de intoxicação ocorrem quando a concentração de álcool no sangue

é alta (5-10 mmol/L). Em humanos há uma sensação de euforia ou desinibição

comportamental. A medida que a concentração aumenta, a função motora é prejudicada

e a fala fica arrastada. Entre 200 mg/dL e 300 mg/dL (entre 43 mmol/L e 65 mmol/L) de

álcool no sangue pode ocorrer vômito e estupor. E, em concentrações de 500 mg/dL (109

mmol/L) pode ocorrer insuficiência respiratória, coma e morte (DAVIES, 2003).

Grande parte destes efeitos são mediados pela ação do álcool sistema nervoso

central (SNC). Devido a sua estrutura lipossolúvel o álcool consegue se difundir entre as

membranas celulares, podendo interagir com proteínas e moléculas dos neurônios. Assim,

pode comprometer a condução elétrica, impulsos nervosos e a atividade normal celular.

Consequentemente, as circuitarias neurais e a liberação de neurotransmissores são

modificadas (CEDERBAUM, 2012; GILPIN; KOOB, 2008). A seguir, serão descritas

ações importantes do álcool sobre sistemas de neurotransmissão encefálicos.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

5

1.2.2. Interações com sistemas de neurotransmissão

Sistema GABAérgico

O sistema GABAérgico, é o principal sistema com funções inibitórias no SNC.

Atuando como agonista, a molécula do álcool interage com receptores para ácido gama-

aminobutírico (GABA) do tipo A (GABAA), presentes na membrana de neurônios de

diferentes áreas encefálicas. Os receptores GABAA são canais iônicos permeáveis cloreto,

íon carregado negativamente. O álcool promove uma potencialização GABA sobre estes

receptores, aumentando o fluxo de íons para células, consequentemente há

hiperpolarização, redução da atividade neuronal e um efeito depressor em várias áreas do

SNC. Assim, o indivíduo pode apresentar sintomas de sedação e fala arrastada, alívio da

ansiedade, falta de coordenação motora e movimentos lentos (MCINTOSH; CHICK,

2004; SAXENA; RAJ PAL; AMBEKAR, 2003; KORPI, 1994; MIHIC; HARRIS, 1997).

A literatura relata que o consumo contínuo de álcool gera uma resposta adaptativa

no sistema GABAérgico. Por exemplo, em estudo com roedores expostos ao álcool

concentrado em 6% durante 14 dias (quantidade de álcool ingerida por dia: 10-12 g/kg;

concentração sanguínea de álcool 150-200 mg/100 ml), os pesquisadores observaram que

os níveis da subunidade α1 e α4 do receptor GABAA estavam alterados no córtex

(DEVAUD et al., 2002). Estas alterações dificultam a montagem de receptores GABAA

funcionais, o que contribui para um mau funcionamento do sistema GABAérgico e de

sua ação inibitória em outros sistemas (MIHIC; HARRIS, 1997).

Na retirada abrupta do álcool, há um aumento da excitabilidade no SNC, devido

a baixa atividade regulatória GABAérgica, promovendo a manifestação de sintomas de

ansiedade, convulsão e hiperatividade, entre outros (MIHIC; HARRIS, 1997;

FAINGOLD; LI; EVANS, 2000; BROUSSE et al., 2012).

Sistema glutamatérgico

Já o sistema glutamatérgico, é o principal sistema com funções excitatórias no

SNC. O álcool pode interagir com receptores para o glutamato, como por exemplo com

o receptor N-metil-D-aspartato (NMDA), bloqueando sua atividade e alterando a

sinalização excitatória no SNC (WOODWARD, 1994). Receptores glutamatérgicos

NMDA estão presentes em grande parte dos neurônios do SNC e são canais iônicos

permeáveis a moléculas carregadas positivamente, como Na+ e Ca2+. Quando ativados,

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

6

permitem o influxo de íons para célula, contribuindo para despolarização celular e

geração de impulsos nervosos. Desta maneira, influencia na liberação de

neurotransmissores e no funcionamento celular (GONZALES; JAWORSKI, 1997).

Também é relatado na literatura, neuroadaptações do sistema glutamatérgico

devido ao consumo a longo prazo do álcool. Por exemplo, os pesquisadores Hendricson

e colaboradores (2007) observaram que o consumo de álcool (75mM) por 5-9 dias,

provocou um aumento na expressão e no número de subunidades de receptores NMDA,

e ainda, observaram aumentada atividade excitatória glutamatérgica após o álcool ser

retirado (HENDRICSON et al., 2007).

Quando consumo de álcool é cessado os receptores NMDA são desinibidos.

Devido ao aumento do número dos mesmos previamente durante o uso prolongado do

álcool, há uma atividade glutamatérgica acentuada. Consequentemente, pode haver danos

e morte celular, predispondo o indivíduo a doenças neurológicas e a transtornos mentais.

O aumento da excitabilidade do SNC é acompanhado de sintomas, como tremores,

hiperatividade e convulsões (GONZALES; JAWORSKI, 1997; TSAI; GASTFRIEND;

COYLE, 1995).

Sistema dopaminérgico

O sistema dopaminérgico, tem como neurotransmissor a dopamina. É relacionado

com diferentes funções como sensação de recompensa, prazer, modulação da atenção e

da memória de curto prazo. O álcool estimula neurônios dopaminérgicos da área

tegmentar ventral, favorecendo a liberação de dopamina em áreas encefálicas inervadas

por estes neurônios, como no núcleo accumbens. Este núcleo é visto como importante

para geração de respostas de recompensa e emoções gratificantes (ARIAS-CARRIÓN et

al., 2010; BOILEAU et al., 2003; DI CHIARA, 1997; KAPICZINSK; QUEVEDO;

IZQUIERDO, 2004).

Durante o uso prolongado de álcool, há uma diminuição dos níveis de dopamina

e seus metabólitos em áreas associadas com a modulação do estado emocional,

movimentos e processos cognitivos, incluindo porção ventral do estriado (onde se

localiza o núcleo accumbens) e na sua porção dorsal (ROTHBLAT; RUBIN;

SCHNEIDER, 2001). Em estudos com lesões núcleo accumbens e alteração do sistema

dopaminérgico, os pesquisadores observaram um aumento significativo da ingestão de

álcool (QUARFORDT; KALMUS; MYERS, 1991).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

7

Na retirada alcoólica, é relatado que há depleção dos níveis de dopamina,

principalmente no núcleo accumbens. Assim, a diminuição de dopamina e funcionamento

anormal das vias dopaminérgicas favorece a procura do indivíduo por mais álcool, em

busca de emoções gratificantes contribuindo para o desenvolvimento da dependência

alcoolica (DI CHIARA, 1997; KAPICZINSK; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004;

NOBLE, 1996).

Sistema de estresse encefálico

Os sistemas de estresse encefálico, são circuitarias neuronais ativadas durante a

exposição a estímulos aversivos. São considerados existentes dois sistemas estresse: a) o

eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), b) um sistema extra-hipotalâmico que inclui

regiões do neocórtex, amígdala estendida (composta pelo núcleo central da amígdala, bed

nucleus da estria terminal, núcleo accumbens shell), tálamo e núcleos mesencefálicos.

Em ambos, o fator liberador de corticotrofina (CRF) é um importante modulador que

ativa as circuitarias, promovendo respostas comportamentais relacionadas ao estresse,

típicas de cada espécie (HEIMER; ALHEID, 1991; KOOB et al., 2014; SWANSON et

al., 1983).

Em estudos com modelos animais é possível observar respostas comportamentais,

como congelamento (ou freezing), sobressalto, evitação de áreas abertas ou de altura,

quando os mesmos são expostos a estímulos aversivos ou a um estressor.

Comportamentos são semelhantes a respostas comportamentais de humanos e tem sido

sugeridos como indicativos de ansiedade (KOOB et al., 2014).

Foi visto que os sistemas de estresse encefálico se encontram desregulados na

retirada de álcool após consumo prolongado. É relatado um aumentado nível de CRF

ativando as circuitarias destes sistemas e mediando respostas estressoras e ansiogênicas

(MERLO PICH et al., 1995; RIVIER; BRUHN; VALE, 1984).

No eixo HPA, estímulos estressantes ativam células parvocelulares no núcleo

paraventricular do hipotálamo que liberam o CRF. Este, por sua vez, estimula a liberação

do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) da hipófise anterior. O ACTH induz a síntese

e a liberação de glicorticoides pela glândula adrenal (BACKSTRÖM; WINBERG, 2013;

RAADSHEER et al., 1993). Os glicocorticoides exercem um efeito de feedback negativo

sobre o eixo, atuando em receptores presentes no núcleo paraventricular e hipocampo,

principalmente (KOOB, 2009).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

8

Acredita-se que os mecanismos envolvidos no reforço negativo do álcool envolve

o sistema extra-hipotalâmico CRF da amígdala estendida (ZAHR; SULLIVAN, 2008).

Esta região, quando ativada, libera CRF em áreas como núcleo paraventricular

hipotalâmico e tronco encefálico, ativando estas regiões e promovendo respostas

comportamentais e autonômicas (Figura 1) (PURVES, 2010). Além disso, as regiões

envolvidas na modulação do estresse estão interligadas a estruturas límbicas importantes

para respostas emocionais (PURVES, 2010; KOOB; KREEK, 2007).

Figura 1. Respostas comportamentais e autonômicas mediadas pelo CRF extra-hipotalâmico da amígdala

estendida. Abreviações: BNST: bed nucleus da estria terminal; PVN: núcleo paraventricular hipotalâmico;

AMYG: amígdala; CRF: fator liberador de corticotrofina e NE: noradrenalina (ZAHR; SULLIVAN, 2008).

Sistema serotoninérgico

O sistema serotonérgico possui um papel importante na modulação da emoção,

assim como de outras funções encefálicas, como no ciclo do sono, apetite, locomoção,

regulação hormonal e fator trófico, funções cognitivas como atenção, controle da

impulsividade, comportamento social, aprendizado, memória, entre outras funções

(BELMER et al., 2016; KETCHERSIDE; MATTHEWS; FRANCESCA, 2013).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

9

Na ingestão aguda de álcool há evidências de que os níveis de serotonina (5-HT,

5-hidroxitriptamina) e de seus metabólitos, como ácido 5-hidroxi-indolacético (5-HIAA),

aumentam (HELANDER; ERIKSSON, 2002; BADAWY, 1998; LOVINGER, 1997). O

álcool agudo eleva níveis de 5-HT em várias regiões encefálicas, incluindo o hipocampo

ventral (BARE; MCKINZIE; MCBRIDE, 1998), amígdala (MCBRIDE, 2002), córtex

pré-frontal medial (LANGEN; DIETZE; FINK, 2002), núcleo accumbens

(YOSHIMOTO et al., 1992), área tegmentar ventral (YAN et al., 1996), entre outras. Na

área tegmentar ventral a 5-HT pode potencializar a ação do álcool sobre neurônios

dopaminérgicos, favorecendo os efeitos recompensadores do álcool (BRODIE;

TRIFUNOVIĆ; SHEFNER, 1995). Contudo, estudos eletrofisiológicos demonstraram

que a administração intravenosa aguda de álcool em ratos diminuiu a atividade de

neurônios serotonérgicos no núcleo dorsal da rafe (PISTIS et al., 1997; THIELEN;

MORZORATI; MCBRIDE, 2001).

Estudos avaliando os efeitos do álcool crônico sobre o sistema serotonérgico

encontraram uma redução de 5-HT e 5-HIAA em várias áreas encefálicas, como cortéx

frontal, corpo estriado, área tegmentar ventral e pálido ventral (UZBAY; USANMAZ;

AKARSU, 2000; VASCONCELOS et al., 2004; WOODS; DRUSE, 2002). Também foi

visto uma redução de 5-HIAA no líquido cefalorraquidiano de pacientes com

dependência alcoólica (BANKI, 1981), indicando uma diminuição da atividade

serotonérgica no sistema nervoso central.

Na retirada do álcool, foi observado em estudo com indivíduos dependentes

hospitalizados, níveis de 5-HIAA plasmático significativamente reduzidos no período de

28-63 dias após a última bebida alcoolica (BALLENGER et al., 1979). Ainda outro

estudo mostrou diminuídos níveis plasmáticos de 5-HT em homens dependentes

hospitalizados para desintoxificação já no primeiro dia abstinência à bebida (PATKAR

A. et al., 2003). A disfunção do sistema serotonérgico provocada pelo álcool tem sido

associada ao desenvolvimento de desordens emocionais, como ansiedade, desejo

exagerado pela droga, favorecendo recaídas e o comportamento de beber

(CICCOCIOPPO, 1999).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

10

1.3. A serotonina

1.3.1. Neuroanatomia do sistema serotonérgico

A 5-HT, molécula neurotransmissora do sistema, é uma amina biogênica

produzida a partir do aminoácido triptofano, adquirido na dieta (ATTENBURROW et al.,

2003). No sistema nervoso, é sintetizada principalmente em neurônios localizados nos

núcleos da rafe (MOHAMMAD-ZADEH; MOSES; GWALTNEY-BRANT, 2008). Estes

núcleos serotonérgicos encontram-se distribuídos na linha média ao longo da extensão

rostrocaudal do tronco encefálico (VERTES; CRANE, 1997). Os núcleos mais rostrais

enviam projeções para o prosencéfalo, enquanto os caudais para tronco encefálico caudal

e medula espinal (HORNUNG, 2003). Dahlstrom e Fuxe (1964), descreveram nove

grupos celulares contendo serotonina no núcleo da rafe (B1-B9) (apud PIERUCCI et al.,

2014). Os grupos caudais, situados na medula, são o núcleo magno da rafe (NMR, grupo

B5), núcleo obscuro da rafe (NOR, grupos B1, B2 e B3) e núcleo pálido da rafe (NPR,

grupo B4). O grupo rostral, localizados na ponte e mesencéfalo, são o núcleo dorsal da

rafe (NDR, grupos B6 e B7), e o núcleo mediano da rafe (MRN, grupo B8). O B9 está

localizado no tegmento ventrolateral da ponte e mesencéfalo (Figura 2) (PIERUCCI et

al., 2014).

Figura 2. Visão sagital mediana do tronco encefálico de rato com grupos celulares serotonérgicos e

algumas de suas projeções ascendentes e descendentes (modificado PIERUCCI et al., 2014; “Raphe

Nuclei”, 2009).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

11

Para a síntese de 5-HT, o triptofano é hidroxilado pela triptofano-5-hidroxilase do

tipo 2 (TPH-2; presente em neurônios) em 5-hidroxitriptofano (5-HTP). O 5-HTP é

descarboxilado pela enzima aminoácido descarboxilase formando 5-HT (CLARK;

WEISSBACH; UDENFRIEND, 1954; PATEL; PONTRELLO; BURKE, 2004). Estas

enzimas estão distribuídas por todo citoplasma dos neurônios serotonérgicos. Após a

síntese, a 5-HT é transportada para vesículas por meio do transportador vesicular de

monoaminas e armazenada no interior destas. As vesículas são encontradas em toda

extensão do neurônio, ou seja, nos axônios, corpos celulares e dendritos (GOLAN et al.,

2014). Quando ocorre o impulso nervoso e influxo de cálcio, as vesículas com 5-HT no

terminal do axônio se fundem com a membrana celular, liberando as moléculas na

sinapse.

Além da liberação sináptica nos terminais nervosos, há liberação de 5-HT fora da

sinapse no corpo do neurônio (COLGAN; PUTZIER; LEVITAN, 2009), nos dendritos

(COLGAN et al., 2012) e ao longo axônio, nas varicosidades axonais (BRUNS et al.,

2000). Tem sido relatado que a 5-HT liberada fora da sinapses é independente de

potencial de ação; como exemplo, nos dendritos é induzida por canais de cálcio do tipo-

L, os quais podem ser ativados por receptores glutamatérgicos NMDA (BELMER;

MAROTEAUX, 2018).

A 5-HT livre pode interagir com receptores específicos nas células pós-sináptica

e pré-sináptica. Estes, são classificados em sete famílias com base em suas sequências de

aminoácidos e propriedades estruturais: 5-HT1A/B/D/E/F, 5-HT2A/B/C, 5-HT3, 5-HT4, 5-

HT5A/B, 5-HT6, 5-HT7 – treze são receptores transmembrana acoplados a proteína G e um

receptor é um canal iônico dependente de ligante (5-HT3) (Figura 3) (BARNES et al.,

2018). Conforme o tipo de sinalização, estes receptores podem ser divididos em quatro

grupos:

I. Receptores 5-HT1A/B/D/E/F e 5-HT5A/B: acoplados a Gαi; a ativação induz

inibição da adenilciclase e diminuição do mensageiro adenosina 3,5-

monofosfato cíclico (AMPc), podendo induzir hiperpolarização celular.

II. Receptores 5-HT4, 5-HT6 e 5-HT7: acoplados a Gαs; a ativação estimula

adenilciclase e a produção de AMPc. AMPc tem numerosos alvos, como

canais iônicos e proteína cinase A, podendo participar da regulação do fluxo

de cálcio, excitabilidade celular, entre outros processos.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

12

III. Receptores 5-HT2A/B/C: acoplados a proteína Gαq; induzem a hidrólise de

fosfoinositídeos da membrana, formando diacilglicerol e fosfato inositol,

responsáveis por ativar a proteína cinase C e elevar o cálcio intracelular.

IV. Receptores 5-HT3: canais iônicos dependentes de ligante, permeáveis a

Na+/K+, encontrados nas membranas pré- e pós-sináptica. Sua ativação

contribui para despolarização celular (NICHOLS; NICHOLS, 2008).

O transportador para serotonina (5-HTT), localizado na membrana do neurônio

pré-sináptico, remove 5-HT da sinapse (MOHAMMAD-ZADEH; MOSES;

GWALTNEY-BRANT, 2008). Novamente dentro do neurônio, 5-HT pode ser reciclada

em vesículas sinápticas ou metabolizada no citosol pela enzima monoaminoxidase

(MAO), formando ácido 5-HIAA, metabólito excretado principalmente pela via urinária

(Figura 3) (MCISAAC; PAGE, 1959).

Figura 3. Síntese de 5-HT em neurônios e suas interações com receptores específicos (NICHOLS;

NICHOLS, 2008).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

13

Dentre as áreas encefálicas envolvidas na produção de 5-HT, o núcleo dorsal da

rafe (B6/B7), envia densa inervação serotonérgica para o prosencéfalo e para regiões

importantes de regulação do humor (Quadro 1) (ISHIMURA et al., 1988).

Quadro 1. Apresentação das principais aferências e eferências do núcleo dorsal da rafe.

Porção núcleo

dorsal da rafe

Aferências principais Eferências principais

Rostral

(Bregma -6,92 a -7,94)

Córtex cingulado rostral

Córtex peduncular dorsal

Áreas pré-ópticas medial

e lateral

Áreas hipotalâmicas

posteriores

Habênula lateral

(PEYRON et al., 1998; WANG;

GUAN; SHIODA, 2001)

Caudado putâmen

Amígdala

Substância negra

(IMAI; STEINDLER; KITAI, 1986)

Medial

(Bregma -7,73 a -8,45)

Córtex cingulado rostral

Córtex infralímbico

Córtex peduncular dorsal

Núcleo central da

amígdala

Bed nucleus da estria

terminal

Pálido ventral

Áreas pré-ópticas medial

e lateral

Núcleos hipotalâmicos

Habênula lateral

Núcleo paraventricular

(PEYRON et al., 1998; WANG;

GUAN; SHIODA, 2001)

Caudado putâmen

Hipocampo

Núcleo central da

amígdala

Substância negra

Área hipotalâmica dorsal

Bed nucleus da estria

terminal

Substância cinzenta

periaqueductal

Córtex pré-frontal medial

Núcleo basolateral da

amígdala

Núcleo accumbens

(COMMONS; CONNOLLEY;

VALENTINO, 2003; IMAI;

STEINDLER; KITAI, 1986;

STEZHKA; LOVICK, 1997; HALE

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

14

et al., 2008; VAN BOCKSTAELE;

BISWAS; PICKEL, 1993)

Caudal

(Bregma -8,52 a -9,24)

Córtex pré-frontal

medial

Habênula lateral

Núcleo interpeduncular

Área pré-óptica lateral

Área hipotalâmica

perifornical, tegmental

laterodorsal, núcleo

arqueado

Substância negra

Núcleo prepósito

Núcleo do hipoglosso

Área postrema

(LEE et al., 2003)

Revestimento ependimal

dos ventrículos

Locus coeruleus

Hipocampo ventral

Amígdala

Núcleos talâmicos

(KROUT; BELZER; LOEWY,

2002; MIKKELSEN; HAY-

SCHMIDT; LARSEN, 1997;

SIMPSON et al., 1998; IMAI;

STEINDLER; KITAI, 1986)

Foi observado que o núcleo dorsal da rafe exibe uma organização topográfica

conforme suas entradas e saídas de fibras axonais, suas funções e parâmetros

citoarquitetônicos (REN et al., 2018; LOWRY et al., 2008a). Com base nestas

características, Lowry e colaboradores (2008) propuseram a subdivisão do núcleo dorsal

da rafe nas seguintes partes: dorsal (DRD), ventrolateral (DRVL), ventral (DRV),

interfascicular (DRI) e caudal (DRC) (Figura 4 e 5), cujas funções na regulação de

respostas comportamentais e emocionais seriam distintas (LOWRY et al., 2008a).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

15

Figura 4. Ilustração de uma secção mediana sagital do tronco encefálico de rato, apresentando a

distribuição de neurônios serotonérgicos no mesencéfalo, ponte e medula. Cada ponto representa um

neurônio imunomarcado para triptofano-hidroxilase. Abreviações: Aq, aqueduto cerebral; DRC, parte

caudal do núcleo dorsal da rafe; DRD, parte dorsal do núcleo da rafe; DRV, parte ventral do núcleo dorsal

da rafe; IPA, núcleo interpeduncular; mlf, fascículo medial longitudinal; RMg, núcleo da rafe; ROb, núcleo

obscuro da rafe; RPa, núcleo pálido da rafe; xscp, decussação do pendúnculo cerelebar superior. A escala

ilustra a posição ântero-posterior tendo como referência o Bregma (mm). Barra de escala 1mm (LOWRY

et al., 2008a).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

16

Figura 5. Ilustração de secções coronais do tronco encefálico de rato, apresentando os principais grupos

celulares da rafe, o DR com suas subdivisões e o MRN. Abreviações: Aq, aqueduto cerebral; DRC, parte

caudal do núcleo dorsal da rafe; DRD, parte dorsal do núcleo da rafe; DRV, parte ventral do núcleo dorsal

da rafe; DRVL, parte ventrolateral do núcleo dorsal da rafe; MRN, mediano da rafe. A imagem superior

representa a secção localizada no bregma -8.04, e a imagem inferior, bregma -8.64 conforme o Atlas

Paxinos e Watson (modificado PAXINOS; WATSON, 2007).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

17

1.3.2. Influência do sistema serotonérgico das porções dorsal e caudal do

núcleo dorsal da rafe na modulação de comportamentos emocionais

Estudos mostraram que as porções dorsal (DRD) e caudal (DRC) do núcleo dorsal

da rafe, são seletivamente ativadas por um número de estímulos estressantes e

relacionados a ansiedade, participando da modulação de comportamentos emocionais

(LOWRY et al., 2008b; HALE; LOWRY, 2011). Por exemplo, estudos avaliando o DRD,

observaram que drogas ansiogênicas, tais como cafeína, antagonista do receptor de

adenosina; m-clorofenil piperazina, agonista do receptor 5-HT2A/2C; e o N-metil-beta-

carbolina-3-carboxamida (FG-7142), agonista inverso parcial benzodiazepínico podem

ativar os neurônios nesta região (ABRAMS et al., 2005). Além disso, o neurotransmissor

urocortina 2 (neurotransmissor da família do CRF), o CRF e estímulos ansiogênicos e

estressantes, podem ativar as duas regiões, DRD e DRC (EVANS; HEERKENS;

LOWRY, 2009; GARDNER et al., 2005; HALE et al., 2010; HAMMACK et al., 2002;

STAUB; SPIGA; LOWRY, 2005).

Pesquisadores viram que quando se ativava neurônios a partir do DRD com

projeções para o núcleo central da amígdala, a liberação e aumento de 5-HT na região

favorecia um comportamento do tipo ansioso nos animais. Quando se depletava a enzima

triptofano hidroxilase 2 destes neurônios, reduzia-se o comportamento ansiogênico (REN

et al., 2018).

Algumas características importantes destas regiões: O DRD no encéfalo de ratos

se estende aproximadamente do bregma -7.32 a -8.40 no Atlas proposto por Paxinos e

Watson (PAXINOS; WATSON, 2007). É limitado dorsalmente pelo aqueduto

mesencefálico, ventralmente pelo DRV e lateralmente pelo DRVL. Possui células de

tamanho médio fusiformes ou bipolares, orientadas em direção rostrocaudal. Na região

mediana ao longo da extensão rostrocaudal do DRD, há um denso grupo central de

células chamado DRD core (DRDc) e ao redor há neurônios dispersos, chamados de DRD

shell (DRDSh) (LOWRY et al., 2008a; LOWRY et al., 2008b; ABRAMS et al., 2005).

O DRD recebe um grande número de aferências, das partes lateral, ventral e

medial do núcleo intersticial da estria terminal. Junto com o DRVL, recebe aferências de

fibras descendentes do córtex infralímbico (LOWRY et al., 2008a). Envia eferências para

o núcleo central da amígdala, região envolvida em respostas fisiológicas e

comportamentais ao medo. Origina também densa inervação na área dorsal hipotalâmica,

envolvida em respostas autonômicas, neuroendócrinas e comportamentais induzidas pelo

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

18

estresse. Ainda, envia projeções para o núcleo intersticial da estria terminal, envolvido na

regulação de comportamentos relacionados a ansiedade. Além disso, envia projeções

colaterais para o núcleo accumbens, córtex pré-frontal medial e núcleo basolateral da

amígdala (IMAI; STEINDLER; KITAI, 1986; VAN BOCKSTAELE; BISWAS;

PICKEL, 1993).

Já o DRC no encéfalo de rato se estende aproximadamente do bregma -8.40 a -

9.24 no Atlas proposto por Paxinos e Watson (PAXINOS; WATSON, 2007). É

delimitado dorsalmente pelo aqueduto mesencefálico, lateralmente pelo núcleo tegmentar

dorsal e ventralmente pelo DRI. Contém pequenos neurônios serotonérgicos redondos na

sua parte rostral e neurônios de tamanho médio (HALE; LOWRY, 2011a).

Aferências direcionadas ao DRC são originadas do córtex pré-frontal medial,

habênula lateral, núcleo interpeduncular, área pré-óptica lateral, área hipotalâmica

perifornical, núcleo tegmental laterodorsal, núcleo arqueado, substância negra, núcleo

prepósito, núcleo do hipoglosso e área postrema (LEE et al., 2003).

Neurônios da parte dorsal do DRC, próximas ao aqueduto, se projetam para o

revestimento ependimal dos ventrículos (MIKKELSEN; HAY-SCHMIDT; LARSEN,

1997; SIMPSON et al., 1998). Também, envia projeções para o locus coeruleus, o

hipocampo ventral, amígdala (IMAI; STEINDLER; KITAI, 1986) e para núcleos

talâmicos (KROUT; BELZER; LOEWY, 2002).

Dados prévios da literatura, inclusive aqueles obtidos no Laboratório de

Psicofarmacologia, do Departamento de Biofísica e Farmacologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, mostraram que a retirada do álcool após

consumo a longo prazo favorece respostas defensivas relacionadas a ansiedade e a

depressão em ratos e ratas (JUNQUEIRA-AYRES et al., 2017; SANTOS, 2014). As

evidências mencionadas nos parágrafos anteriores apontam a transmissão serotonérgica

do DRD e DRC como candidatas à modulação destas respostas comportamentais

observadas na abstinência. Apesar da menor prevalência do abuso de álcool por mulheres,

estas são mais diagnosticadas com desordens emocionais, quando comparadas aos

homens (“WHO | Gender and women’s mental health”, 2013). Tendo em vista este fator,

neste trabalho foram utilizadas lâminas de imunoistoquímica com marcação para

serotonina de fêmeas – ratas Wistar –, que passaram por consumo em longo prazo de

álcool (21 dias) e retirada alcoolica em curto (72h) e longo prazo (21 dias). As ratas que

passaram pelo período de abstinência apresentaram comportamentos ansiogênicos, porém

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

19

não apresentaram alterações no número de celular serotonérgica no núcleo dorsal da rafe

(dados não publicados SANTOS, 2014). No presente estudo, foi testada a hipótese de que

a exposição a longo prazo e da retirada do álcool promove alterações de densidade celular

serotonérgica no DRD e no DRC do núcleo dorsal da rafe.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

18

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Verificar se a retirada do álcool após consumo a longo prazo altera a densidade de

células serotonérgicas do DRD e no DRC.

2.2. Objetivos Específicos

Avaliar a marcação de serotonina no DRD em ratas Wistar submetidas ao

consumo de álcool por 21 dias, à retirada de álcool por 72h e à retirada de álcool

por 21 dias.

Avaliar a marcação de serotonina nas porções rostral, média e caudal do DRD em

ratas Wistar submetidas ao consumo de álcool por 21 dias, à retirada de álcool por

72h e à retirada de álcool por 21 dias.

Avaliar a marcação de serotonina no DRC em ratas Wistar submetidas ao

consumo de álcool por 21 dias, à retirada de álcool por 72h e à retirada de álcool

por 21 dias.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

19

3. METOLODOLOGIA

3.1. Animais

Para a realização do estudo foram utilizadas ratas Wistar adultas (90 dias)

provenientes do Biotério do Departamento de Biofísica e Farmacologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (DBF-UFRN). As mesmas foram alojadas em gaiolas de

polietileno, com livre acesso à ração e água ou às soluções de álcool de acordo com grupo

experimental. Foram mantidas em ambiente controlado sob o ciclo de luz claro-escuro de

12 horas (06:00 às 18:00) e temperatura 22°C ± 1°C. Os procedimentos experimentais

tiveram aprovação do Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFRN (protocolo

n.°: 051/2012). As etapas: protocolo de consumo e retirada de álcool, perfusão

transcardíaca, microtomia e imunoistoquímica foram realizadas pela Bióloga Raliny

Oliveira Santos.

3.2. Protocolo de consumo e retirada de álcool

Os animais foram divididos em quatro grupos, da seguinte forma:

Grupo controle (n=6): consumo de água ad libitum por 21 dias

Grupo consumo em longo prazo (n=6): consumo de álcool por 21 dias

Grupo retirada em curto prazo (n=6): consumo de álcool por 21 dias e retirada

alcoolica de 72h

Grupo retirada em longo prazo (n=7): consumo de álcool por 21 dias e retirada

alcoolica de 21 dias.

Os animais dos grupos tratados foram submetidos ao álcool como única fonte de

dieta líquida em concentrações crescentes (adaptado de TIRAPELLI et al., 2008). O

álcool possui um gosto aversivo para os animais, este modo de exposição permite os

animais se adaptarem gradualmente a dieta alcoolica. O protocolo de tratamento utilizado

será demonstrado no esquema a seguir:

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

20

O tratamento crônico com etanol foi iniciado com solução de álcool 2% (1° dia),

sendo gradualmente aumentado a cada três dias para 4% (4° dia) e 6% (7° dia em diante,

mantendo está concentração até o 21° dia). Após o consumo prolongado, foram realizados

seguintes protocolos:

Consumo contínuo de álcool

(grupo consumo longo prazo)

Após 21 dias de consumo prolongado, os

animais foram em seguida submetidos a

perfusão transcardíaca para remoção do

encéfalo e posterior análise

imunoistoquímica.

Retirada em curto prazo

(grupo de retirada curto prazo)

Após 21 dias de consumo prolongado, o

álcool foi substituído por água e, com 72

horas de abstinência, os animais foram

submetidos a perfusão transcardíaca para

remoção do encéfalo e posterior análise

imunoistoquímica.

Retirada em longo prazo

(grupo de retirada longo prazo)

Após 21 dias de consumo prolongado, o

álcool foi substituído por água e, com 21

dias de abstinência, os animais foram

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

21

submetidos a perfusão transcardíaca para

remoção do encéfalo e posterior análise

imunoistoquímica.

O grupo controle recebeu água ad libitum durante todo o experimento.

3.3. Perfusão transcardíaca

Os animais foram anestesiados por meio da administração de Quetamina e

Xilazina (80 mg/Kg/mL e 10 mg/Kg/mL i.p., respectivamente) e submetidos à técnica de

perfusão transcardíaca. Durante o procedimento o animal foi posicionado em decúbito

dorsal sobre uma tela de arame mantida na horizontal dentro de uma capela de exaustão

com ponto de água corrente. Depois, com auxílio de materiais cirúrgicos, foi feito um

corte na cavidade torácica para dar acesso ao coração. Foi inserida uma agulha (17mm x

1,5mm) no ventrículo esquerdo de modo que ficasse orientada em direção à aorta. A

agulha era conectada à uma bomba peristáltica que impulsionou 400 ml de solução NaCl

0,9% em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4 (PB), seguido de 700 ml de paraformaldeído 4%

em PB. Imediatamente após a inserção da agulha no ventrículo esquerdo, o átrio direito

foi seccionado para que o sangue fosse escoado do corpo do animal. Posteriormente, os

encéfalos foram retirados e permaneceram 4h em solução de paraformaldeído 4% e

sacarose 30% em PB para a pós-fixação. Depois, os encéfalos foram armazenados em

solução de sacarose 30% em PB até a realização do procedimento de microtomia. Para

evitar o desenvolvimento de fungos, a solução de sacarose foi trocada diariamente.

3.4. Microtomia

Os encéfalos foram congelados em gelo seco e seccionados em micrótomo de

deslizamento manual. Foram feitos cortes coronais com uma espessura de 30 µm, onde

foram distribuídos serialmente e sequencialmente em seis compartimentos, de modo que

os cortes em cada poço tiveram uma distância de 180 µm. As secções foram armazenadas

em solução anticongelante e acondicionadas em um freezer com temperatura de -20 °C

até a realização do processo imunoistoquímico.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

22

3.5. Imunoistoquímica para 5-HT

Para a imunoistoquímica, os cortes foram retirados da solução anticongelante e

submetidos a um tratamento prévio para inativação de peroxidases endógenas e

prevenção da formação de artefatos. Inicialmente, os cortes foram lavados em tampão

fosfato 0,1M, pH 7,4 (TF) por 5 minutos, quatro vezes. As lavagens foram realizadas em

recipientes posicionados em agitador orbital. Depois, os cortes foram incubados com

solução de peróxido de hidrogênio 0,03% em TF durante 20 minutos. Em seguida, foram

lavados quatro vezes em TF, com duração de 5 minutos para cada lavagem. Após, os

cortes foram incubados em solução contendo o anticorpo primário anti-5-HT obtido em

coelho (1:5000) diluído em TF contendo Triton X-100 0,04% e soro normal de cabra

(1:50) durante 18h e colocados em um rotor com rotação lenta e eixo de inclinação de

30°. Depois, os cortes foram lavados quatro vezes em TF com duração de 4 min cada

lavagem. Em sequência, foram incubados com solução contendo anticorpo secundário

diluído anti-coelho, obtido em cabra (1:1000) em tampão fosfato contendo Triton X-100

0,4% por 2h. Após, foram feitas mais quatro lavagens por 5 min cada, em solução tampão.

Depois, as secções foram incubadas com complexo avidina-biotina-peroxidase Triton X-

100 NaCl por 2h. Posteriormente, realizou-se mais quatro lavagens com TF. Para a

visualização da reação, as secções foram submetidas a uma técnica de revelação que

ocorria em meio líquido contendo TF e peróxido de hidrogênio 0,003%, tendo como

cromógeno a diaminobenzidina. Os cortes foram imersos nesta solução por 10 min.

Passado o período, os cortes foram lavados quatro vezes em TF, 5 min a cada lavagem.

Finalmente, as soluções foram montadas em lâminas de vidro gelatinizadas. Depois da

secagem em temperatura ambiente, a reação de imunoistoquímica foi intensificada em

solução de tetróxido de ósmio a 0,05% seguida de desidratação e diafinização em bateria

de álcoois. Com auxílio do meio de montagem ERV-MOUNT as lamínulas foram coladas

sobre as lâminas.

3.5.1. Análise das lâminas de imunoistoquímica para 5-HT

A marcação com o anticorpo anti-5-HT permite a visualização de corpos celulares

e fibras nervosas que contenham moléculas de serotonina. Com auxílio dos diagramas do

atlas estereotáxico de encéfalo de rato (PAXINOS; WATSON, 2007), foram selecionados

cortes nas lâminas contendo o DRD (bregma -7,20 a -8,40) e o DRC (bregma -8,52 a -

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

23

9,24) para análise. E para mensurar as áreas do DRD e DRC nestes cortes com maior

exatidão, foram realizados os seguintes passos:

1. Nos diagramas do atlas Paxinos que continham as áreas de interesse, foram

mensuradas a largura e altura do mesencéfalo, a largura e altura das porções do

DRD ou DRC (mm). Exemplo:

2. Depois, foram mensurados a largura e altura (mm) do mesencéfalo nos cortes

selecionados das lâminas:

3. Para determinar a possível largura e altura do DRD ou DRC nos cortes foram

feitos cálculos de proporcionalidade com as medidas obtidas nos passos anteriores

da seguinte forma:

Para largura:

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

24

Para altura:

4. Após, as lâminas foram colocadas em microscópio óptico acoplado a câmera

digital e visualizadas com auxílio do software Neurolucida® no computador. Em

aumento de 2,5x e grade (50 μm), observando o formato da porção de interesse

no Atlas Paxinos e com as medidas obtidas pelo cálculo de proporcionalidade, as

áreas foram delimitadas com ferramentas de contorno do software.

5. Utilizando aumento de 20x e visualizando a área delimitada, foi feita uma

contagem de células imunomarcadas para 5-HT, considerando corpos celulares

preenchidos e ajustando o foco fino quando necessário.

6. Com a área das partes de interesse e o número total de células contadas, foi

realizado o cálculo da densidade celular: Densidade celular = n° células/área

(mm2)

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

25

3.6. Análise Estatística

Foram selecionadas as seguintes porções para análise de dados densidade celular:

DRD nas porções rostral (bregma -7,44 a -7,68), média (bregma -7,80 a -8,04)

e caudal (bregma -8,16 a -8,28);

DRD englobando todas as porções (bregma -7,44 a -8,28)

DRC (bregma -8,64 a -9,00).

Utilizando o software SPSS, os dados foram submetidos ao teste não-paramétrico

Kruskal Wallis para comparação da distribuição da densidade de células entre os

tratamentos. Quando apropriado, foram realizadas comparações em pares como teste

post-hoc. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. Todos os

dados serão apresentados como mediana e intervalo interquartil.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

26

4. RESULTADOS

4.1. Densidade celular serotonérgica no DRD de fêmeas

A figura 6, mostra fotomicrografias de cortes coronais do encéfalo de ratas

imunomarcados para 5-HT na posição rostrocaudal do bregma -8,04, aproximadamente.

Nos cortes podemos visualizar as porções dorsal, ventrolateral e ventral do núcleo dorsal

da rafe das ratas; e corpos celulares serotonérgicos bem delimitados e preenchidos. Além

disso, percebemos uma maior intensidade de células imunomarcadas na imagem D,

referente aos animais que passaram pela retirada alcoolica em longo prazo.

Figura 6. Fotomicrografias de secções coronais encefálicas do DRD de ratas, na posição rostrocaudal do

bregma -8,04, aproximadamente. A) Grupo controle; B) Grupo álcool crônico; C) Grupo retirada curta e

D) Grupo retirada crônica. As setas preenchidas, nos quadrados inferiores, apontam os corpos celulares

imunorreativos a 5-HT. As capturas das imagens foram realizadas em aumento de 20x e 40x. Barra de

escala, 100 µm.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

27

O teste de Kruskal Wallis não mostrou efeito dos tratamentos sobre a densidade

celular da porção rostral DRD, intervalo de bregma -7,44 a -7,68 [x2(3)=6,594; p=0,086].

Já na porção média do DRD, no intervalo -7,80 a -8,04, o teste estatístico evidenciou um

efeito dos tratamentos [x2(3)=8,113; p=0,044]. O teste post-hoc de comparações em pares

demonstrou diferença significativa do grupo retirada em longo prazo ao ser comparado

ao grupo controle (p=0,046). Na porção caudal do DRD, no intervalo -8,16 a -8,28,

também houve um efeito significativo dos tratamentos sobre a densidade celular

[x2(3)=8,501; p=0,037]. Sendo que o teste post-hoc evidenciou uma diferença

significativa entre os grupos retirada em longo e em curto prazo ao serem comparados

(p=0,044) (Figura 7).

Quando as densidades celulares do DRD de cada grupo tratado foram analisadas

englobando todas as porções (-7,44 a -8,28), o teste de Kruskal Wallis não mostrou

nenhum efeito significativo dos tratamentos sobre a densidade de células imunomarcadas

[x2(3)=6,770; p=0,080] (Figura 8).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

28

Figura 7. Densidade celular de neurônios serotonérgicos na porção rostral (-7,44 a -7,68), média (-7,80 a -

8,04) e caudal (-8,16 a -8,28) do DRD. A) Porção rostral DRD; grupos controle (21 dias água ad libitum,

n=5), álcool crônico (21 dias álcool, n=5), retirada curta (21 dias álcool e 72h água, n=5) e retirada longa

(21 dias álcool e 21 dias água, n= 6). B) Porção média DRD; grupos controle (n=3), álcool crônico (n=6),

*

A

B

C

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

29

retirada curta (n=4) e retirada longa (n=5). C) Porção caudal do DRD; grupos controle (n=3), álcool crônico

(n=5), retirada curta (n=5) e retirada longa (n=6). “x” média; “*” p < 0,05 em relação ao grupo controle.

Figura 8. Densidade celular de neurônios serotonérgicos no DRD, intervalo de bregma -7,44 a -8,28.

Grupos controle (21 dias água ad libitum, n=5); álcool crônico (21 dias álcool, n=6); retirada curta (21 dias

álcool e 72h água, n=5) e retirada longa (21 dias álcool e 21 dias água, n=6).“x” média.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

30

4.2. Densidade celular serotonérgica no DRC de fêmeas

A figura 9, mostra fotomicrografias de cortes coronais do encéfalo de ratas

imunomarcados para 5-HT na posição rostrocaudal do bregma -8,64, aproximadamente.

Nos cortes podemos visualizar a porção caudal do núcleo dorsal da rafe das ratas; e corpos

celulares serotonérgicos bem delimitados e preenchidos. Nas imagens, fica evidente que

a subdivisão DRC possui menor número de células serotonérgicas quando comparada a

subdivisão DRD. Na fotomicrografia A, referente ao grupo controle, percebemos uma

menor quantidade destas células, além de estarem com uma imunomarcação mais fraca,

quando comparada visualmente aos outros grupos.

Figura 9. Fotomicrografias de secções coronais encefálicas do DRC de ratas, na posição rostrocaudal do

Bregma -8.64, aproximadamente. A) Grupo controle; B) Grupo álcool crônico; C) Grupo retirada aguda e

D) Grupo retirada longa. As setas preenchidas, nos quadrados inferiores, apontam corpos celulares

imunorreativos a 5-HT. As capturas das imagens foram realizadas em aumento de 20x e 40x. Barra de

escala, 100 µm.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

31

No DRC, o teste de Kruskal Wallis mostrou um efeito significativo dos

tratamentos sobre a densidade celular [x2(3)=8,557; p=0,036]. O teste post-hoc

evidenciou uma diferença significativa da densidade celular do grupo retirada a longo

prazo ao ser comparado ao grupo controle (p=0,037) (Figura 10).

Figura 10. Densidade celular de neurônios serotonérgicos no DRC, intervalo de bregma -8,64 a -9,00.

Grupos controle (21 dias água ad libitum, n=3); álcool crônico (21 dias álcool, n=5); retirada curta (21 dias

álcool e 72h água, n=4) e retirada longa (21 dias álcool e 21 dias água, n=6).“x” média; “*” p < 0,05 em

relação ao grupo controle.

*

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

32

5. DISCUSSÃO

No presente estudo, observou-se a densidade celular serotonérgica nas

subdivisões dorsal e caudal do NDR após consumo e retirada de álcool, visto que estas

regiões tem um papel importante na modulação das emoções. Transtornos de ansiedade

e depressão são observados em pacientes dependentes de álcool, principalmente durante

o período de abstinência. Tais emoções os predispõe ao comportamento de beber para o

alívio dos sintomas negativos, continuando o ciclo prejudicial da dependência do álcool.

Em roedores, dentre as respostas comportamentais observadas no período de

abstinência alcoolica, destacam-se as respostas defensivas relacionadas à ansiedade

(BONASSOLI; MILANI; DE OLIVEIRA, 2011; LOWERY-GIONTA;

MARCINKIEWCZ; KASH, 2015; OVERSTREET et al., 2006; SANTOS, 2014;

FLEMING et al., 2019; SIDHU; KREIFELDT; CONTET, 2018; METTEN et al., 2018).

Santos (2014) avaliou os efeitos da retirada de 72 horas e de 21 dias após consumo de

álcool por 21 dias sobre comportamento de ratas Wistar submetidas ao teste do labirinto

em cruz elevado e do campo aberto. A pesquisadora observou um aumento no

comportamento do tipo ansioso das fêmeas dos grupos retirada em curto e em longo prazo

do álcool submetidas ao labirinto em cruz elevado, pois as mesmas diminuíram o tempo

de exploração dos braços abertos do aparato. Ainda, foi visto um efeito do tipo

ansiogênico da retirada em longo prazo no teste do campo aberto; as ratas deste grupo

diminuíram a exploração da área central do aparato, quando comparadas às fêmeas do

grupo controle (SANTOS, 2014).

Junqueira-Ayres e colegas (2017) utilizando ratos Wistar e o mesmo protocolo de

exposição e retirada do álcool empregado por Santos (2014) e do presente estudo,

observaram um aumento do comportamento do tipo ansioso nos animais que passaram

pela retirada alcoolica em curto prazo (72 h), mas não nos animais do grupo retirada em

longo prazo (21 dias) (JUNQUEIRA-AYRES et al., 2017). Estes resultados indicam uma

diferença dos comportamentos ansiogênicos atribuídas ao gênero. É relatado na literatura

que mulheres sofrem mais de transtornos emocionais do tipo ansiosos (MCLEAN et al.,

2011); desta forma, pode ser sugerido fêmeas tenham maior sensibilidade e se recuperem

mais lentamente dos sintomas ansiosos provocados consumo a longo prazo e retirada do

álcool.

Apesar da possibilidade de investigar os efeitos da exposição e da abstinência do

álcool sobre o sistema serotonérgico em pacientes e em animais de laboratório, os dados

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

33

disponíveis na literatura são conflitantes. Por exemplo, o nível do metabólito da

serotonina, o ácido 5-HIAA, no líquido cefalorraquidiano de pacientes dependentes de

álcool de início precoce (antes dos 25 anos de idade) abstinentes encontra-se mais baixo

do que em dependentes de início tardio (depois dos 25 anos de idade) (FILS-AIME et al.,

1996). Estudos avaliando os níveis de 5-HIAA e de triptofano no líquido

cefalorraquidiano de pacientes do sexo feminino com dependência de álcool encontraram

que apenas o 5-HIAA estava diminuído nestas pacientes, quando comparados à

indivíduos controles (BANKI, 1981), sugerindo que o baixo nível de 5-HT e seus

metabólitos não seja devido a uma deficiência nutricional ou alteração do transporte

destes no líquido cefalorraquidiano (BANKI, 1981).

Outros estudos conduzidos em humanos (post mortem), avaliando a região do

NDR, observaram um aumento significativo da enzima triptofano hidroxilase no DRD de

indivíduos suicidas deprimidos dependentes de álcool (BONKALE; TURECKI;

AUSTIN, 2006). Ainda, em outro estudo post mortem, foi relatado um aumento dos

processos neuronais serotonérgicos em toda porção do NDR de indivíduos dependentes

de álcool, sugerindo que a síntese do neurotransmissor estaria aumentada

(UNDERWOOD; MANN; ARANGO, 2007).

Esta discrepância de resultados é também observada em estudos com animais de

laboratório avaliando o efeito do álcool sobre a transmissão serotonérgica: baixos níveis

de 5-HT e 5-HIAA foram encontrados no encéfalo de roedores que possuem preferência

pelo álcool, quando comparados à animais sem preferência pelo álcool. Nos animais com

preferência pelo álcool, os níveis do neurotransmissor e seu metabólito estavam reduzidos

no córtex, no hipocampo, no corpo estriado, no tálamo e no hipotálamo (MURPHY et al.,

1982).

Outros trabalhos investigaram os efeitos da exposição e da retirada de álcool sobre

a transmissão serotonérgica especificamente no NDR de roedores. Yamane e

colaboradores (2003), testaram o efeito do tratamento com álcool por 14 dias

(concentração de 50%, via subcutânea) sobre a síntese de 5-HT no encéfalo de ratos e

sugeriram que não houve aumento da atividade serotonérgica no NDR após este

tratamento. Eles observaram, por meio de análise autorradiográfica, um aumento da taxa

de síntese de 5-HT em alguns grupos celulares descendentes da rafe, em estruturas

nigroestriatais, no hipocampo e no córtex, mas não encontraram mudanças na atividade

de síntese nos núcleos dorsal e mediano da rafe no corpo pineal (YAMANE;

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

34

TOHYAMA; DIKSIC, 2003). Estes dados corroboram com o achado do presente estudo,

no qual a exposição ao álcool por 21 dias não alterou a densidade celular serotonérgica

nas subdivisões dorsal e caudal do NDR.

Porém, no estudo conduzido por Shibasaki e colaboradores (2010), foi observado

um aumento no RNA mensageiro para o transportador de 5-HT (5-HTT) na região

mesencefálica superior contendo o NDR (grupos celulares B6 e B7) de camundongos

machos após o tratamento com vapor de álcool por 9 dias (SHIBASAKI et al., 2010). Os

autores sugeriram que este aumento, acompanhado de uma elevada expressão do 5-HTT

em áreas de projeção, como córtex, hipocampo e núcleo accumbens, representaria uma

resposta adaptativa a um aumento de 5-HT liberada durante a exposição prologada ao

álcool. Confirmando a hipótese de que a exposição ao álcool em longo prazo aumenta a

transmissão serotonérgica no NDR, Yoshimoto e colaboradores (2012) encontraram um

aumento no metabolismo de 5-HT (proporção aumentada de 5-HIAA:5-HT) no NDR de

camundongos machos C57BL ⁄6J tratados com vapor de álcool intermitente por 20 dias

(YOSHIMOTO et al., 2012). Curiosamente, no estudo de Shibasaki e colaboradores

(2010), em outra área de projeção do NDR envolvida na modulação das emoções, a

amígdala, houve uma redução na expressão da proteína 5-HTT, o que ilustra quão

complexo é avaliar os efeitos do álcool sobre a transmissão serotonérgica. Além disso,

diferenças metodológicas, tais como protocolo de exposição ao álcool, diferenças

interespécies, bem como acuidade em relação às áreas do NDR consideradas para análise

podem contribuir para as divergências entre os achados de trabalhos aumentando o nível

de complexidade de compreensão dos efeitos do álcool sobre o sistema serotonérgico.

É importante considerar também, a diversidade de receptores serotonérgicos

presentes no NDR. Neste sentido, Kelai e colaboradores (2008) mostraram que

camundongos expostos ao consumo voluntário de álcool durante 21 dias exibiram uma

aumentada sensibilidade do autorreceptor 5-HT1A, que é inibitório, nesta área.

Encontraram este resultado quando administraram um agonista do receptor 5-HT1A e a

potência deste agonista foi aumentada no NDR dos animais que consumiram álcool, aos

serem comparados com o grupo controle (KELAÏ et al., 2008). Já o trabalho de

Yoshimoto e colaboradores (2012) demonstrou um aumento de receptores excitatórios

dos subtipos 5-HT2A e 5-HT2C no NDR de camundongos após exposição prolongada ao

vapor de álcool por 20 dias (YOSHIMOTO et al., 2012).

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

35

A mesma complexidade pode ser observada quando os efeitos da retirada do

álcool são investigados. Um estudo utilizando a técnica de eletrofisiologia, no qual foi

avaliada a atividade de neurônios no NDR de camundongos DBA2/J após exposição ao

vapor de álcool por 5 dias, registrou um aumento da excitabilidade e uma redução da

transmissão inibitória no NDR durante a retirada alcoolica de 24 horas (LOWERY-

GIONTA; MARCINKIEWCZ; KASH, 2015). Analisando o efeito da retirada por um

período maior, de 7 dias, os pesquisadores observaram o aumento da transmissão

excitatória no NDR ainda presente. Os autores sugeriram que o aumento da excitabilidade

no NDR seria devido ao aumento de receptores glutamatérgicos e do próprio

neurotransmissor glutamato (LOWERY-GIONTA; MARCINKIEWCZ; KASH, 2015).

Corroborando estes achados, Bonassoli e colegas (2011) observaram uma maior

marcação para proteína Fos (marcadora de atividade neuronal) indicando maior ativação

de neurônios do NDR em um período de 24 horas de abstinência alcoolica após 21 dias

de consumo de solução de álcool concentrada em 6 a 8% (BONASSOLI; MILANI; DE

OLIVEIRA, 2011).

No presente trabalho, a retirada em longo prazo aumentou significativamente a

densidade de células imunomarcadas para serotonina na porção média do DRD e no DRC.

Porém na porção rostral e caudal do DRD dos animais, nenhum dos tratamentos

provocaram alteração da densidade celular serotonérgica. Na porção caudal DRD foi

possível observar uma tendência de aumento da densidade no grupo retirada alcoolica em

longo prazo, porém o teste estatístico não evidenciou diferenças significativas. Os

neurônios do NDR recebem diferentes aferências ao longo do eixo rostrocaudal (veja o

Quadro 1). Aqueles localizados na porção média NDR recebem pesadas aferências de

regiões moduladoras de respostas e comportamentos emocionais como a amígdala e bed

nucleus da estria terminal, já os neurônios mais rostrais NDR não recebem estas mesmas

aferências (PEYRON et al., 1998; REN et al., 2018). Assim o padrão de distribuição de

aferências no NDR poderia explicar a diferença da densidade celular observada nas

diferentes porções do DRD vista neste estudo.

Durante a retirada do álcool, há uma maior excitabilidade em neurônios do NDR,

provavelmente mediada pelo aumento na transmissão glutamatérgica (LOWERY-

GIONTA; MARCINKIEWCZ; KASH, 2015). Como o glutamato consegue gerar

potenciais de ação em neurônios serotonérgicos por sua ação em receptores específicos,

tais como receptores NMDA (BELMER; MAROTEAUX, 2018; DE KOCK et al., 2006),

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

36

seria plausível sugerir que a atividade de neurônios serotonérgicos esteja aumentada no

NDR na retirada do álcool por 21 dias. Ainda, pode ser sugerido aumento da síntese do

neurotransmissor 5-HT, por isso pode ser observado aumento da densidade celular.

Neste trabalho, a retirada do álcool por 72 horas não alterou a densidade de células

marcadas para serotonina nas porções do DRD e no DRC. Curiosamente, Pistis e

colaboradores (1997) observaram que na retirada de 12 horas após 6 dias de tratamento

com álcool (concentração 20%, via intragástrica), houve uma diminuição da taxa média

de disparo de neurônios serotonérgicos do NDR de ratos, no intervalo de bregma -7,7 a -

7,9 mm.

Corroborando com a ausência de efeito encontrado no presente estudo, com 72

horas de retirada alcoolica, os autores observaram uma normalização dos disparos de

neurônios serotonérgicos no NDR (PISTIS et al., 1997). Considerando que estes autores

não consideraram as diferentes subáreas do NDR em sua análise eletrofisiológica,

permanece por ser investigado se outras porções do NDR, como a ventrolateral e a

ventral, estariam envolvidas na modulação da retirada a curto prazo do álcool e quais

sistemas de neurotransmissão participam nesta modulação.

Como descrito anteriormente, as porções DRD/DRC podem ser ativadas por

substâncias e estímulos ansiogênicos (ABRAMS et al., 2005; GARDNER et al., 2005;

EVANS; HEERKENS; LOWRY, 2009; HAMMACK et al., 2002; STAUB; SPIGA;

LOWRY, 2005). Tanto o DRD, como o DRC possuem projeções para áreas associadas

com a modulação das emoções, tais como amígdala e suas extensões (como o bed nucleus

da estria terminal), hipotálamo paraventricular e hipocampo ventral (COMMONS;

CONNOLLEY; VALENTINO, 2003; IMAI; STEINDLER; KITAI, 1986; CALHOON;

TYE, 2015; REN et al., 2018). Então, se o aumento na marcação para 5-HT observado

no presente trabalho representar um aumento da atividade de neurônios serotonérgicos e

aumento da síntese e liberação de 5-HT nestas áreas encefálicas terminais, tal aumento

poderia favorecer alterações comportamentais observadas durante a abstinência alcoolica.

De acordo com Deakin e Graeff (1991), projeções serotonérgicas do NDR são

ativadas por estímulos aversivos condicionados (estímulos neutros que adquirem

propriedades aversivas), e estão envolvidas no estado de ansiedade antecipatória a estes

potenciais estímulos ou ambientes nocivos. Os autores propuseram que a 5-HT facilita

comportamentos de evitação, congelamento e vigilância, quando liberada na amígdala e

em outras áreas prosencefálicas, podendo funcionar como um sistema modulador da

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

37

ansiedade antecipatória ou um sistema favorecedor do medo. Eles também propuseram

que a 5-HT pode interromper respostas de luta/fuga mediadas por áreas envolvidas no

sistema de defesa ativado por ameaças próximas, dentre elas a substância cinzenta

periaqueductal (DEAKIN; GRAEFF, 1991). Quando as ameaças são detectadas à

distância pela amígdala, respostas autonômicas e respiratórias da substância cinzenta

periaqueductal são ativadas, mas a resposta de luta/fuga é interrompida pela ação da 5-

HT liberada na região, vinda de projeções do NDR. Assim, Deakin (2013) sugeriu que a

ansiedade antecipatória pode guiar o organismo discretamente para longe da ameaça

(DEAKIN, 2013).

Com base nos dados comportamentais previamente observados no laboratório e

nos de imunoistoquímica aqui apresentados, poderia ser proposta a hipótese de que o

aumento na marcação de 5-HT aqui observado seja importante para a expressão do

comportamento do tipo ansiogênico causado pela retirada em longo prazo, mas não em

curto prazo, do álcool. Sendo assim, um aumento de 5-HT no NDR estaria relacionado a

um aumento na liberação de 5-HT em áreas de projeções deste núcleo, dentre elas, a

amígdala e o bed nucleus da estria terminal.

De fato, na amígdala o aumento de 5-HT contribuiu para respostas de ansiedade

(CHRISTIANSON et al., 2010; REN et al., 2018). Pesquisadores observaram que ao

ativar neurônios do núcleo dorsal da rafe que se projetavam para o núcleo central da

amígdala, a liberação e aumento de serotonina na região favorecia um comportamento do

tipo ansioso nos animais (REN et al., 2018). Ainda, quando ratos eram expostos a um

estímulo estressante incontrolável (choque nas patas), havia um aumento de 5-HT na

amígdala basolateral capaz de ativar receptores 5-HT2C e favorecer respostas de

ansiedade (CHRISTIANSON et al., 2010). De maneira interessante, quando os receptores

5-HT2C na amígdala eram previamente antagonizados, impedindo parte da ação

serotonérgica, ocorria uma atenuação do comportamento do tipo ansioso exibido na

retirada de 5 horas após 15 dias de exposição ao álcool (OVERSTREET et al., 2006).

Permanece por ser investigado se o efeito do tipo ansiogênico observado por Santos

(2014) utilizando o mesmo protocolo de retirada (72 horas e, principalmente, 21 dias)

empregado no presente estudo envolve a ativação de receptores 5-HT2C ou de outros

subtipos de receptores em áreas de projeção do DRD e do DRC, como a amígdala e o bed

nucleus da estria terminal.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

38

No bed nucleus da estria terminal, a 5-HT liberada pode interagir com um

subconjunto de neurônios CRF despolarizando-os, via ativação de receptores 5-HT2C

(MARCINKIEWCZ et al., 2016). E o CRF liberado pode interagir com receptores CRF-

1, favorecendo comportamentos do tipo ansiosos (HUANG et al., 2010). Estudos

mostraram que animais que foram expostos cronicamente ao álcool e depois passaram

pelo processo de retirada de 4,5 a 9 horas apresentaram altos níveis de CRF no bed

nucleus da estria terminal (OLIVE et al., 2002). Desta forma, ainda que o período de

abstinência seja maior, o aumento de 5-HT nesta região, favorecendo o aumento na

transmissão mediada por CRF poderia, também, contribuir para respostas ansiogênicas

vistas na retirada em longo prazo do álcool.

Outra hipótese que poderia ser levantada seria a possibilidade da liberação da

serotonina vesicular do NDR ocorrer localmente via soma, dendritos e axônios

(COLGAN; PUTZIER; LEVITAN, 2009; COLGAN et al., 2012; BRUNS et al., 2000),

estar modulando localmente a atividade de neurônios do NDR (ADELL et al., 2002;

ANDRADE et al., 2015). Esta hipótese é corroborada por estudos de microinjeção de

drogas, os quais demonstram que a administração do agonista parcial de receptores 5-

HT1A buspirona no NDR reduziu os efeitos comportamentais da retirada de 5 horas de

álcool (OVERSTREET et al., 2003). E, quando se administrou um agonista inverso

(efeitos semelhantes à antagonistas) de receptores 5-HT2, não houve redução do

comportamento do tipo ansioso no teste de interação social. Isto porque estes receptores

estão presentes em interneurônios GABAérgicos no NDR, e a inibição destes poderia ter

retirado o controle inibitório sobre o neurônios serotonérgicos (OVERSTREET et al.,

2006). Ainda, quando se administrou ondansteron, um antagonista seletivo do receptor 5-

HT3, no NDR houve uma redução dos efeitos comportamentais da retirada de álcool por

48 horas (COSTALL et al., 1990). Considerando que os receptores 5-HT3 estão presentes

em interneurônios glutamatérgicos no núcleo dorsal da rafe (MONTI; JANTOS, 2008),

permanece por ser investigado se a liberação extrasináptica de serotonina contribui para

o aumento na transmissão serotonérgica observada na retirada do álcool em longo prazo.

Limitações técnicas do trabalho. No presente estudo, o DRD foi dividido inicialmente

em três intervalos, devido sua longa extensão e mudança de formato ao longo do eixo

rostrocaudal. Já para avaliação do DRC, a porção não foi dividida, devido a mesma ser

mais curta. Para avaliação do efeito dos tratamentos na densidade de células

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

39

imunomarcadas, foram analisadas todas as lâminas disponíveis previamente preparadas

dos animais de cada grupo. O número de animais era reduzido (6 animais por grupo), e

em alguns deles não foram encontrados cortes representativos dos intervalos ou estavam

com algum dano devido ao processamento das amostras durante a microtomia ou

histologia. Este fato contribuiu para redução do conjunto de dados principalmente durante

a análise do DRC. Pela proximidade desta porção com o aqueduto, durante a microtomia

possivelmente os cortes se rasgaram e quando foram observados no microscópio foram

excluídos da análise. Desta forma, estas limitações dificultaram a avaliação do efeito dos

tratamentos sobre a densidade de células marcadas nas porções do NDR. Ainda, não foi

possível repetir os experimentos, para aumentar o conjunto de dados, pois o biotério

estava passando por reforma e assim havia um número baixo de animais disponíveis.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

40

6. CONCLUSÃO

Principais achados:

A retirada de álcool em longo prazo (21 dias) após consumo prolongado favoreceu

o aumento da densidade celular serotonérgica na porção média do DRD e no DRC

de fêmeas.

O tratamento com álcool por 21 dias e a retirada em curto prazo (72 horas) após

o consumo prolongado não alteram a densidade de células das porções dorsal e

caudal do núcleo dorsal da rafe.

Os dados obtidos permitem as seguintes conclusões:

A densidade serotonérgica aumentada na retirada de álcool em longo prazo pode

estar relacionada com a modulação emocional e com os comportamentos

expressos durante o período de abstinência.

Possivelmente, os processos adaptativos no sistema serotonérgico devem ocorrer

gradualmente durante o período de abstinência. Por isto, não observamos um

efeito na densidade celular serotonérgica no consumo prolongado e retirada de

álcool em curto prazo.

O aumento da densidade celular serotonérgica pode ser reflexo do aumento

atividade celular serotonérgica e aumento da síntese de serotonina. Outras análises

são necessárias para a compreensão deste processo.

Mais pesquisas precisam ser realizadas para conhecer a concentração extracelular

de 5-HT e a densidade de fibras axonais contendo este neurotransmissor no NDR

em regiões terminais de projeção DRD/DRC importantes para modulação da

emoção e desenvolvimento de afeto negativo no período de abstinência alcoolica.

Desta forma, teremos uma melhor compreensão da participação da

neurotransmissão serotonérgica na modulação dos comportamentos emocionais

nesta fase do alcoolismo.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

41

7. REFERÊNCIAS

ABRAMS, J. K. et al. Serotonergic systems associated with arousal and vigilance

behaviors following administration of anxiogenic drugs. Neuroscience, v. 133, n. 4, p.

983–997, 1 jan. 2005.

ADELL, A. et al. Origin and functional role of the extracellular serotonin in the

midbrain raphe nuclei. Brain research. Brain research reviews, v. 39, n. 2–3, p. 154–

80, set. 2002.

AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION APA. DSM-V-TR - Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5 ed., 2013.

ANDRADE, R. et al. 5-HT1A Receptor-Mediated Autoinhibition and the Control of

Serotonergic Cell Firing. ACS Chemical Neuroscience, v. 6, n. 7, p. 1110-1115, 15 jul.

2015.

ARIAS-CARRIÓN, O. et al. Dopaminergic reward system: a short integrative review.

International archives of medicine, v. 3, n. 24, 2010.

ATTENBURROW, M. J. et al. The effect of a nutritional source of tryptophan on

dieting-induced changes in brain 5-HT function. Psychological Medicine, v. 33, n. 8, p.

1381–1386, 2003.

BACKSTRÖM, T.; WINBERG, S. Central corticotropin releasing factor and social

stress. Frontiers in neuroscience, v. 7, p. 117, 2013.

BADAWY, A. A. B. Alcohol, aggression and serotonin: Metabolic aspects. Alcohol

and Alcoholism, v. 33, n. 1, p. 66-72, 1 jan. 1998.

BALLENGER, J. C. et al. Alcohol and Central Serotonin Metabolism in Man. Archives

of General Psychiatry, v. 36, n. 2, p. 224, 1 fev. 1979.

BANKI, C. M. Factors influencing monoamine metabolites and tryptophan in patients

with alcohol dependence. Journal of Neural Transmission, v. 50, n. 2–4, p. 89–101,

jun. 1981.

BARE, D. J.; MCKINZIE, J. H.; MCBRIDE, W. J. Development of rapid tolerance to

ethanol-stimulated serotonin release in the ventral hippocampus. Alcoholism, clinical

and experimental research, v. 22, n. 6, p. 1272–6, set. 1998.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

42

BARNES, N. M. et al. 5-Hydroxytryptamine receptors, introduction. Disponível em:

<http://www.guidetopharmacology.org/GRAC/FamilyIntroductionForward?familyId=1

>. Acesso em: 9 mar. 2019.

BECKER, H. C. Animal Models of Alcohol Withdrawal. Alcohol Res Health, v. 24, n.

2, p. 105-113, 2000.

BELMER, A. et al. Serotonergic Neuroplasticity in Alcohol Addiction. Brain plasticity

(Amsterdam, Netherlands), v. 1, n. 2, p. 177–206, 29 jun. 2016.

BELMER, A.; MAROTEAUX, L. Regulation of raphe serotonin neurons by serotonin

1A and 2B receptors. Neuropsychopharmacology, v. 44, n. 1, p. 218-219, 2018.

BOILEAU, I. et al. Alcohol promotes dopamine release in the human nucleus

accumbens. Synapse, v. 49, n. 4, p. 226–231, 15 set. 2003.

BONASSOLI, V. T.; MILANI, H.; DE OLIVEIRA, R. M. W. Ethanol withdrawal

activates nitric oxide–producing neurons in anxiety-related brain areas. Alcohol, v. 45,

n. 7, p. 641–652, 1 nov. 2011.

BONKALE, W. L.; TURECKI, G.; AUSTIN, M. C. Increased tryptophan hydroxylase

immunoreactivity in the dorsal raphe nucleus of alcohol-dependent, depressed suicide

subjects is restricted to the dorsal subnucleus. Synapse (New York, N.Y.), v. 60, n. 1,

p. 81–5, jul. 2006.

BRODIE, M. S.; TRIFUNOVIĆ, R. D.; SHEFNER, S. A. Serotonin potentiates ethanol-

induced excitation of ventral tegmental area neurons in brain slices from three different

rat strains. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 273, n. 3,

1995.

BRUNS, D. et al. Quantal release of serotonin. Neuron, v. 28, n. 1, p. 205–20, 1 out.

2000.

BRUNTON, L. et al. Goodman & Gilman’s: Manual of Pharmacology and

Therapeutics. 2 ed., 2015.

CALHOON, G. G.; TYE, K. M. Resolving the neural circuits of anxiety. Nature

Neuroscience, v. 18, n. 10, p. 1394–1404, 25 out. 2015.

CEDERBAUM, A. I. Alcohol metabolism. Clinics in liver disease, v. 16, n. 4, p. 667–

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

43

85, nov. 2012.

CHRISTIANSON, J. P. et al. 5-Hydroxytryptamine 2C Receptors in the Basolateral

Amygdala Are Involved in the Expression of Anxiety After Uncontrollable Traumatic

Stress. Biological Psychiatry, v. 67, n. 4, p. 339–345, fev. 2010.

CICCOCIOPPO, R. The role of serotonin in craving: From basic research to human

studies. Alcohol and Alcoholism. Anais...1999

CLARK, C. T.; WEISSBACH, H.; UDENFRIEND, S. 5-Hydroxytryptophan

decarboxylase: preparation and properties. The Journal of biological chemistry, v.

210, n. 1, p. 139–48, set. 1954.

COLGAN, L. A. et al. Action potential-independent and pharmacologically unique

vesicular serotonin release from dendrites. The Journal of neuroscience : the official

journal of the Society for Neuroscience, v. 32, n. 45, p. 15737–46, 7 nov. 2012.

COLGAN, L. A.; PUTZIER, I.; LEVITAN, E. S. Activity-dependent vesicular

monoamine transporter-mediated depletion of the nucleus supports somatic release by

serotonin neurons. The Journal of neuroscience : the official journal of the Society

for Neuroscience, v. 29, n. 50, p. 15878–87, 16 dez. 2009.

COMMONS, K. G.; CONNOLLEY, K. R.; VALENTINO, R. J. A neurochemically

distinct dorsal raphe-limbic circuit with a potential role in affective disorders.

Neuropsychopharmacology, v. 28, n. 2, p. 206–215, 9 fev. 2003.

COSTALL, B. et al. Sites of action of ondansetron to inhibit withdrawal from drugs of

abuse. Pharmacology, biochemistry, and behavior, v. 36, n. 1, p. 97–104, maio 1990.

DASGUPTA, A.; LANGMAN, L. J. Pharmacogenomics of alcohol and drugs of

abuse. 1 ed., CRC Press, 2012.

DAVIES, M. The role of GABAA receptors in mediating the effects of alcohol in the

central nervous system. Journal of psychiatry & neuroscience : JPN, v. 28, n. 4, p.

263–74, jul. 2003.

DE KOCK, C. P. J. et al. NMDA receptors trigger neurosecretion of 5-HT within dorsal

raphé nucleus of the rat in the absence of action potential firing. Journal of Physiology,

v. 577, n. 3, p. 891–905, 15 dez. 2006.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

44

DEAKIN, J. The origins of ‘5-HT and mechanisms of defence’ by Deakin and Graeff:

A personal perspective. Journal of Psychopharmacology, v. 27, n. 12, p. 1084–1089,

24 dez. 2013.

DEAKIN, J. F. W.; GRAEFF, F. G. 5-HT and mechanisms of defence. Journal of

Psychopharmacology, v. 5, n. 4, p. 305–315, 2 jul. 1991.

DEVAUD, L. L. et al. Bidirectional Alterations of GABAA Receptor Subunit Peptide

Levels in Rat Cortex During Chronic Ethanol Consumption and Withdrawal. Journal

of Neurochemistry, v. 69, n. 1, p. 126–130, 18 nov. 2002.

DI CHIARA, G. Alcohol and dopamine. Alcohol health and research world, v. 21, n.

2, p. 108–14, 1997.

EVANS, A. K.; HEERKENS, J. L. T.; LOWRY, C. A. Acoustic stimulation in vivo and

corticotropin-releasing factor in vitro increase tryptophan hydroxylase activity in the rat

caudal dorsal raphe nucleus. Neuroscience Letters, v. 455, n. 1, p. 36–41, 8 maio 2009.

FILS-AIME, M. L. et al. Early-onset alcoholics have lower cerebrospinal fluid 5-

hydroxyindoleacetic acid levels than late-onset alcoholics. Arch Gen Psychiatry, v. 53,

n. 3, p. 211–216, 1996.

FLEMING, W. et al. Withdrawal from Brief Repeated Alcohol Treatment in Adolescent

and Adult Male and Female Rats. Alcoholism: Clinical and Experimental Research,

v. 43, n. 2, p. 204–211, fev. 2018.

GARDNER, K. L. et al. Early life experience alters behavior during social defeat: Focus

on serotonergic systems. Neuroscience, v. 136, n. 1, p. 181–191, 1 jan. 2005.

GILPIN, N. W.; KOOB, G. F. Neurobiology of alcohol dependence: focus on

motivational mechanisms. Alcohol research & health : the journal of the National

Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, v. 31, n. 3, p. 185–95, 2008.

GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: a base fisiopatológica da

farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

GONZALES, R. A.; JAWORSKI, J. N. Alcohol and glutamate. Alcohol Health &

Research World, v. 21, n. 2, p. 120–127, 1 jan. 1997.

HALE, M. W. et al. Urocortin 2 increases c-Fos expression in serotonergic neurons

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

45

projecting to the ventricular/periventricular system. Experimental neurology, v. 224,

n. 1, p. 271–81, jul. 2010.

HALE, M. W. et al. Exposure to an open-field arena increases c-Fos expression in a

subpopulation of neurons in the dorsal raphe nucleus, including neurons projecting to

the basolateral amygdaloid complex. Neuroscience, v. 157, n. 4, p. 733–48, 10 dez.

2008.

HALE, M. W. et al. Urocortin 2 increases c-Fos expression in serotonergic neurons

projecting to the ventricular/periventricular system. Experimental neurology, v. 224,

n. 1, p. 271–81, jul. 2010.

HALE, M. W.; LOWRY, C. A. Functional topography of midbrain and pontine

serotonergic systems: implications for synaptic regulation of serotonergic circuits.

Psychopharmacology, v. 213, n. 2–3, p. 243–264, 19 fev. 2011.

HAMMACK, S. E. et al. The role of corticotropin-releasing hormone in the dorsal

raphe nucleus in mediating the behavioral consequences of uncontrollable stress. The

Journal of neuroscience : the official journal of the Society for Neuroscience, v. 22,

n. 3, p. 1020–1026, 1 fev. 2002.

HEILIG, M. et al. Acute withdrawal, protracted abstinence and negative affect in

alcoholism: are they linked? Addiction Biology, v. 15, n. 2, p. 169–184, 1 abr. 2010.

HEIMER, L.; ALHEID, G. F. Piecing together the Puzzle of Basal Forebrain Anatomy.

Advances in Experimental Medicine and Biology, v. 295, p. 1-42, 1991.

HELANDER, A.; ERIKSSON, C. J. P. Laboratory tests for acute alcohol consumption:

results of the WHO/ISBRA Study on State and Trait Markers of Alcohol Use and

Dependence. Alcoholism, clinical and experimental research, v. 26, n. 7, p. 1070–7,

jul. 2002.

HENDRICSON, A. W. et al. Aberrant Synaptic Activation of N-Methyl-D-aspartate

Receptors Underlies Ethanol Withdrawal Hyperexcitability. Journal of Pharmacology

and Experimental Therapeutics, v. 321, n. 1, p. 60–72, 10 jan. 2007.

HORNUNG, J.-P. The human raphe nuclei and the serotonergic system. Journal of

Chemical Neuroanatomy, v. 26, p. 331–343, 2003.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

46

HUANG, M. M. et al. Corticotropin-Releasing Factor (CRF) Sensitization of Ethanol

Withdrawal-Induced Anxiety-Like Behavior is Brain Site Specific and Mediated by

CRF-1 Receptors: Relation to Stress-Induced Sensitization. Journal of Pharmacology

and Experimental Therapeutics, v. 332, n. 1, p. 298–307, 1 jan. 2010.

IMAI, H.; STEINDLER, D. A.; KITAI, S. T. The organization of divergent axonal

projections from the midbrain raphe nuclei in the rat. The Journal of Comparative

Neurology, v. 243, n. 3, p. 363–380, 15 jan. 1986.

ISHIMURA, K. et al. Quantitative analysis of the distribution of serotonin-

immunoreactive cell bodies in the mouse brain. Neuroscience Letters, v. 91, n. 3, p.

265–270, 12 set. 1988.

JUNQUEIRA-AYRES, D. D. et al. Topiramate reduces basal anxiety and relieves

ethanol withdrawal-induced anxious behaviors in male rats. Experimental and Clinical

Psychopharmacology, v. 25, n. 2, p. 105–113, 2017.

KAPCZINSK, F.; QUEVEDO, J.; IZQUIERDO, I. Bases Biológicas dos Transtornos

Psiquiátricos. 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2004.

KELAÏ, S. et al. Chronic voluntary ethanol intake hypersensitizes 5-HT1A

autoreceptors in C57BL/6J mice. Journal of Neurochemistry, 2008.

KETCHERSIDE, A.; MATTHEWS, I.; FRANCESCA, F. The Serotonin Link between

Alcohol Use and Affective Disorde rs. J Addict & Prev, v. 1, n. 2, p. 1–5, 2013.

KLAASSEN, C. D.; WATKINS, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e

Doull (Lange). 2 ed., AMGH, 2012.

KOOB, G.; KREEK, M. J. Stress, Dysregulation of Drug Reward Pathways, and the

Transition to Drug Dependence. American Journal of Psychiatry, v. 164, n. 8, p.

1149–1159, ago. 2007.

KOOB, G. F. Brain stress systems in the amygdala and addiction. Brain research, v.

1293, p. 61–75, 13 out. 2009.

KOOB, G. F. et al. Addiction as a stress surfeit disorder. Neuropharmacology, v. 76, p.

370-382, jan. 2014.

KORPI, E. R. Role of GABAA receptors in the actions of alcohol and in alcoholism:

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

47

recent advances. Alcohol Alcohol, v. 29, n. 2, p. 115–129, 1994.

KROUT, K. E.; BELZER, R. E.; LOEWY, A. D. Brainstem projections to midline and

intralaminar thalamic nuclei of the rat. The Journal of Comparative Neurology, v.

448, n. 1, p. 53–101, 17 jun. 2002.

LANGEN, B.; DIETZE, S.; FINK, H. Acute effect of ethanol on anxiety and 5-HT in

the prefrontal cortex of rats. Alcohol (Fayetteville, N.Y.), v. 27, n. 2, p. 135–41, jun.

2002.

LEE, H. S. et al. Glutamatergic afferent projections to the dorsal raphe nucleus of the

rat. Brain Research, v. 963, n. 1–2, p. 57–71, 14 fev. 2003.

LOWERY-GIONTA, E. G.; MARCINKIEWCZ, C. A.; KASH, T. L. Functional

alterations in the dorsal raphe nucleus following acute and chronic ethanol exposure.

Neuropsychopharmacology, v. 40, n. 3, p. 590–600, fev. 2015.

LOWRY, C. A. et al. Topographic organization and chemoarchitecture of the dorsal

raphe nucleus and the median raphe nucleus. In: Serotonin and Sleep: Molecular,

Functional and Clinical Aspects. Basel: Birkhäuser Basel, p. 25–67, 2008a..

LOWRY, C. A. et al. Serotonergic Systems, Anxiety, and Affective Disorder. Annals

of the New York Academy of Sciences, v. 1148, n. 1, p. 86–94, dez. 2008b.

MARCINKIEWCZ, C. A. et al. Serotonin engages an anxiety and fear-promoting

circuit in the extended amygdala. Nature, v. 537, n. 7618, p. 97–101, 2016.

MCBRIDE, W. J. Central nucleus of the amygdala and the effects of alcohol and

alcohol-drinking behavior in rodents. Pharmacology, biochemistry, and behavior, v.

71, n. 3, p. 509–15, mar. 2002.

MCINTOSH, C.; CHICK, J. Alcohol and the nervous system. Journal of neurology,

neurosurgery, and psychiatry, v. 75 Suppl 3, n. Suppl 3, p. iii16-21, set. 2004.

MCISAAC, W. M.; PAGE, I. H. The metabolism of serotonin (5-hydroxytryptamine).

The Journal of biological chemistry, v. 234, n. 4, p. 858–64, abr. 1959.

MCLEAN, C. P. et al. Gender differences in anxiety disorders: prevalence, course of

illness, comorbidity and burden of illness. Journal of psychiatric research, v. 45, n. 8,

p. 1027–35, ago. 2011.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

48

MERLO PICH, E. et al. Increase of extracellular corticotropin-releasing factor-like

immunoreactivity levels in the amygdala of awake rats during restraint stress and

ethanol withdrawal as measured by microdialysis. The Journal of neuroscience : the

official journal of the Society for Neuroscience, v. 15, n. 8, p. 5439–47, ago. 1995.

METTEN, P. et al. An alcohol withdrawal test battery measuring multiple behavioral

symptoms in mice. Alcohol, v. 68, p. 19–35, maio 2018.

MIHIC, S. J.; HARRIS, R. A. GABA and the GABAA receptor. Journal of

Neurochemistry, v. 21, n. 2, p. 127–131, 1997.

MIKKELSEN, J. D.; HAY-SCHMIDT, A.; LARSEN, P. J. Central innervation of the

rat ependyma and subcommissural organ with special reference to ascending

serotoninergic projections from the raphe nuclei. The Journal of Comparative

Neurology, v. 384, n. 4, p. 556–568, 11 ago. 1997.

MOHAMMAD-ZADEH, L. F.; MOSES, L.; GWALTNEY-BRANT, S. M. Serotonin: a

review. Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics, v. 31, p. 187-199,

2008.

MONTI, J. M.; JANTOS, H. Activation of the serotonin 5-HT3 receptor in the dorsal

raphe nucleus suppresses REM sleep in the rat. Progress in

Neuropsychopharmacology and Biological Psychiatry, v. 32, n. 4, p. 940–947, 15

maio 2008.

MURPHY, J. M. et al. Regional brain levels of monoamines in alcohol-preferring and -

nonpreferring lines of rats. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 16, n. 1, p.

145–149, 1 jan. 1982.

NICHOLS, D. E.; NICHOLS, C. D. Serotonin Receptors. Chemical Reviews, v. 108, n.

5, p. 1614–1641, maio 2008.

NOBLE, E. P. Alcoholism and the dopaminergic system: A review. Addiction Biology,

v. 1, n. 4, p. 333-348, out. 1996.

OLIVE, M. F. et al. Elevated extracellular CRF levels in the bed nucleus of the stria

terminalis during ethanol withdrawal and reduction by subsequent ethanol intake.

Pharmacology, biochemistry, and behavior, v. 72, n. 1–2, p. 213–20, maio 2002.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

49

OVERSTREET, D. H. et al. A 5-HT1A agonist and a 5-HT2c antagonist reduce social

interaction deficit induced by multiple ethanol withdrawals in rats.

Psychopharmacology, v. 167, n. 4, p. 344–52, jun. 2003.

OVERSTREET, D. H. et al. Reduction in repeated ethanol-withdrawal-induced anxiety-

like behavior by site-selective injections of 5-HT1A and 5-HT2C ligands.

Psychopharmacology, v. 187, n. 1, p. 1–12, jul. 2006.

PATEL, P. D.; PONTRELLO, C.; BURKE, S. Robust and tissue-specific expression of

TPH2 versus TPH1 in rat raphe and pineal gland. Biological Psychiatry, v. 55, n. 4, p.

428–433, 15 fev. 2004.

PATKAR A., A. A. et al. Changes in plasma noradrenaline and serotonin levels and

craving during alcohol withdrawal. Alcohol and Alcoholism, v. 38, n. 3, p. 224–231, 1

maio 2003.

PAXINOS, G.; WATSON, C. The rat brain in stereotaxic coordinates. 6 ed.,

Elsevier, 2007.

PETRAKIS, I. L. et al. Comorbity of Alcoholism and Psychiatric Disordens.

Disponível em: <https://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh26-2/81-89.htm>. Acesso

em: 2 jul. 2018.

PEYRON, C. et al. Forebrain afferents to the rat dorsal raphe nucleus demonstrated by

retrograde and anterograde tracing methods. Neuroscience, v. 82, n. 2, p. 443–68, jan.

1998.

PIERUCCI, M. et al. Role of central serotonin receptors in nicotine addiction. In:

Nicotinic Receptors. New York, NY: Springer New York, 2014. p. 279–305.

PISTIS, M. et al. Effects of acute, chronic ethanol and withdrawal on dorsal raphe

neurons: electrophysiological studies. Neuroscience, v. 79, n. 1, p. 171–176, 28 abr.

1997.

PURVES, D. Neurociências. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

QUARFORDT, S. D.; KALMUS, G. W.; MYERS, R. D. Ethanol drinking following 6-

OHDA lesions of nucleus accumbens and tuberculum olfactorium of the rat. Alcohol, v.

8, n. 3, p. 211–217, 1991.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

50

RAADSHEER, F. C. et al. Localization of corticotropin-releasing hormone (CRH)

neurons in the paraventricular nucleus of the human hypothalamus; age-dependent

colocalization with vasopressin. Brain research, v. 615, n. 1, p. 50–62, 25 jun. 1993.

Raphe Nuclei. Disponível em: <http://neuronbank.org/wiki/index.php/Raphe_Nuclei>.

Acesso em: 18 jan. 2019.

REN, J. et al. Anatomically Defined and Functionally Distinct Dorsal Raphe Serotonin

Sub-systems. Cell, v. 175, n. 2, p. 472–487.e20, 4 out. 2018.

RIVIER, C.; BRUHN, T.; VALE, W. Effect of ethanol on the hypothalamic-pituitary-

adrenal axis in the rat: role of corticotropin-releasing factor (CRF). The Journal of

pharmacology and experimental therapeutics, v. 229, n. 1, p. 127–31, abr. 1984.

ROTHBLAT, D. S.; RUBIN, E.; SCHNEIDER, J. S. Effects of chronic alcohol

ingestion on the mesostriatal dopamine system in the rat. Neuroscience letters, v. 300,

n. 2, p. 63–6, 9 mar. 2001.

SANTOS, R. O. Avaliação dos efeitos da retirada do etanol em curto e longo prazo

sobre respostas comportamentais relacionadas à ansiedade e sobre células

imunorreativas para a serotonina no núcleo dorsal da rafe em ratas. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, 2014.

SAXENA, S.; RAJ PAL, H.; AMBEKAR, A. Alcohol and drug abuse. New Age

International, 2003.

SHIBASAKI, M. et al. Expression of Serotonin Transporter in Mice With Ethanol

Physical Dependency. Journal of Pharmacological Sciences, v. 114, n. 2, p. 234–237,

2010.

SIDHU, H.; KREIFELDT, M.; CONTET, C. Affective Disturbances During

Withdrawal from Chronic Intermittent Ethanol Inhalation in C57BL/6J and DBA/2J

Male Mice. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, v. 42, n. 7, p. 1281–

1290, jul. 2018.

SIMPSON, K. L. et al. Projection patterns from the raphe nuclear complex to the

ependymal wall of the ventricular system in the rat. The Journal of Comparative

Neurology, v. 399, n. 1, p. 61–72, 14 set. 1998.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

51

STAUB, D. R.; SPIGA, F.; LOWRY, C. A. Urocortin 2 increases c-Fos expression in

topographically organized subpopulations of serotonergic neurons in the rat dorsal

raphe nucleus. Brain Research, v. 1044, n. 2, p. 176–189, 24 maio 2005.

STEZHKA, V. V; LOVICK, T. A. Projections from dorsal raphe nucleus to the

periaqueductal grey matter: studies in slices of rat midbrain maintained in vitro.

Neuroscience letters, v. 230, n. 1, p. 57–60, 11 jul. 1997.

SWANSON, L. W. et al. Organization of Ovine Corticotropin-Releasing Factor

Immunoreactive Cells and Fibers in the Rat Brain: An Immunohistochemical Study.

Neuroendocrinology, v. 36, n. 3, p. 165–186, 1983.

THIELEN, R. J.; MORZORATI, S. L.; MCBRIDE, W. J. Effects of ethanol on the

dorsal raphe nucleus and its projections to the caudate putamen. Alcohol (Fayetteville,

N.Y.), v. 23, n. 3, p. 131–9, abr. 2001.

TIRAPELLI, C. R. et al. Chronic ethanol intake modulates vascular levels of

endothelin-1 receptor and enhances the pressor response to endothelin-1 in

anaesthetized rats. British Journal of Pharmacology, v. 154, p. 971–981, 2008.

TSAI, G. M. D.; GASTFRIEND, D. R.; COYLE, J. T. The glutamatergic basis of

human alcoholism. American Journal of Psychiatry, v. 152, n. 3, p. 332–340, 1 mar.

1995.

UNDERWOOD, M. D.; MANN, J. J.; ARANGO, V. Morphometry of Dorsal Raphe

Nucleus Serotonergic Neurons in Alcoholism. Alcoholism: Clinical and Experimental

Research, v. 31, n. 5, p. 837–845, 1 maio 2007.

UZBAY, İ. T.; USANMAZ, S. E.; AKARSU, E. S. Effects of Chronic Ethanol

Administration on Serotonin Metabolism in the Various Regions of the Rat Brain.

Neurochemical Research, v. 25, n. 2, p. 257–262, 2000.

VASCONCELOS, S. M. M. et al. Effects of chronic ethanol treatment on monoamine

levels in rat hippocampus and striatum. Brazilian Journal of Medical and Biological

Research, v. 37, n. 12, p. 1839–1846, dez. 2004.

VERTES, R. P.; CRANE, A. M. Distribution, quantification, and morphological

characteristics of serotonin-immunoreactive cells of the supralemniscal nucleus (B9)

and pontomesencephalic reticular formation in the rat. The Journal of Comparative

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

52

Neurology, v. 378, n. 3, p. 411–424, 17 fev. 1997.

WANG, Q. P.; GUAN, J. L.; SHIODA, S. Immunoelectron microscopic study of β-

endorphinergic synaptic innervation of GABAergic neurons in the dorsal raphe nucleus.

Synapse, v. 42, n. 4, p. 234–241, 15 dez. 2001.

WHO | Gender and women’s mental health. WHO, 2013.

WOODS, J. M.; DRUSE, M. J. Effects of Chronic Ethanol Consumption and Aging on

Dopamine, Serotonin, and Metabolites. Journal of Neurochemistry, v. 66, n. 5, p.

2168–2178, 23 nov. 2002.

WOODWARD, J. J. A Comparison of the Effects of Ethanol and the Competitive

Glycine Antagonist 7‐Chlorokynurenic Acid on N‐Methyl‐d‐Aspartic Acid‐Induced

Neurotransmitter Release from Rat Hippocampal Slices. Journal of Neurochemistry,

v. 62, n. 3, p. 987–991, 1994.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on alcohol and health

2018. Global status report on alcohol, p. 1–476, 2018.

YAMANE, F.; TOHYAMA, Y.; DIKSIC, M. Continuous ethanol administration

influences rat brain 5-hydroxytryptamine synthesis non-uniformly: α-[14C]methyl-L-

tryptophan autoradiographic measurements. Alcohol and Alcoholism, v. 38, n. 2, p.

115–120, 2003.

YAN, Q. S. et al. Focal ethanol elevates extracellular dopamine and serotonin

concentrations in the rat ventral tegmental area. European journal of pharmacology,

v. 301, n. 1–3, p. 49–57, 22 abr. 1996.

YOSHIMOTO, K. et al. Alcohol stimulates the release of dopamine and serotonin in the

nucleus accumbens. Alcohol, v. 9, n. 1, p. 17–22, 1992.

YOSHIMOTO, K. et al. Serotonin2C receptors in the nucleus accumbens are involved

in enhanced alcohol-drinking behavior. The European journal of neuroscience, v. 35,

n. 8, p. 1368–80, abr. 2012.

ZAHR, N. M.; SULLIVAN, E. V. Translational studies of alcoholism: bridging the gap.

Alcohol research & health : the journal of the National Institute on Alcohol Abuse

and Alcoholism, v. 31, n. 3, p. 215–30, 2008.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 12. 15. · universidade federal do rio grande do norte centro de biociÊncias curso de pÓs-graduaÇÃo em biologia

53