48
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA THAISE GIOVANA MENDES INFLUÊNCIA DO METABÓLITO ALOPREGNANOLONA SOBRE A DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL Natal Junho/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · predominante de álcool etílico ou etanol (AMAO, 2015). O etanol se apresenta como um álcool de cadeia primária, utilizado

  • Upload
    vuduong

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE BIOMEDICINA

THAISE GIOVANA MENDES

INFLUÊNCIA DO METABÓLITO ALOPREGNANOLONA SOBRE A

DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL

Natal

Junho/2017

INFLUÊNCIA DO METABÓLITO ALOPREGNANOLONA SOBRE A

DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL

por

THAISE GIOVANA MENDES

Orientador: Prof ª. Drª. Vanessa de Paula Soares Rachetti

Natal

Junho/2017

Monografia Apresentada à

Coordenação do Curso de

Biomedicina da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte,

como Requisito Parcial à Obtenção

do Título de Bacharel em

Biomedicina.

DEDICATÓRIA

Às mulheres da minha vida, fonte de inspiração e amor por tudo o que faço.

"Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias

obras" (Antônio Vieira).

AGRADECIMENTOS

Gostaria de iniciar com meus agradecimentos à Profª. Drª. Vanessa pela

orientação, ajuda e paciência nesse momento, abrindo meus horizontes no meio

acadêmico como pesquisadora, mas principalmente como humana, na tentativa de

formar o pensamento crítico, objetivando sempre procurar soluções para melhoria da

nossa saúde.

Gostaria de agradecer também à minha família e à minha terapeuta, que

dispuseram de muita paciência e suporte psicológico e emocional nos momentos

difíceis, facilitando a minha passagem por essa fase laboriosa e complexa.

Agradeço também a todos meus amigos que contribuíram para meu aprendizado,

principalmente durante o processo de escrita da monografia e fora dele, sabendo

respeitar minhas necessidades de ausência. Em especial, gostaria de agradecer à minha

família do Ciência Sem Fronteiras como Vinícius, Fabrício, Camila, Mariana, Willyam

e Beatriz por estarem presentes nessa vivência em outro país, mas principalmente por

estarem presentes até os dias atuais, como também aos que vivenciaram essa fase

comigo, Alice, Élida, Priscila, Débora e Juliana: muito obrigada.

Por fim, gostaria de agradecer também ao Professor Dr. Veríssimo pelo

incentivo e aperfeiçoamento na qualidade e desempenho do curso de Biomedicina pela

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Dessa forma, agradeço por todo o

aprendizado moral, ético e profissional que envolve a rotina profissional vinculado ao

Título de Bacharel de Biomedicina.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE BIOMEDICINA

A Monografia INFLUÊNCIA DO METABÓLITO ALOPREGNANOLONA

SOBRE A DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL

elaborada por THAISE GIOVANA MENDES

e aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de

Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção

do título de

BACHAREL EM BIOMEDICINA

Natal, 27 de junho de 2017

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Nome do Orientador (Departamento)

_________________________________________

Nome do Professor Examinador 1 (Departamento)

_________________________________________

Nome do Professor Examinador 2 (Departamento)

RESUMO

INTRODUÇÃO: O álcool é uma droga lícita, ingerida por via oral, capaz de atravessar

a barreira hematoencefálica e atuar em diferentes partes do cérebro modulando

respostas fisiológicas e comportamentais, as quais dependem tanto de fatores intrínsecos

como fatores extrínsecos do usuário. Ao ser ingerido, o álcool irá desencadear respostas

em diversos órgãos mas principalmente respostas moduladas pelo encéfalo,

demostradas a partir do comportamento do indivíduo durante a intoxicação aguda ou

crônica da substância. A fim de amenizar os efeitos indesejados causados pelo álcool

estudos com a utilização de neuroesteroides vem sendo realizada. A alopregnanolona,

metabólito advindo da progesterona, é um modulador alostérico positivo de receptores

GABAA promovendo respostas analgésicas e ansiolíticas da mesma forma que a atuação

do álcool em receptores GABAérgicos. OBJETIVO: Dessa forma, o presente trabalho

tem como objetivo investigar a influência da alopregnanolona sobre a dependência de

álcool, comparando resultados obtidos de estudos já realizados investigando preferência

pela droga, a busca pelos efeitos, tolerância, abstinência e recaída. METODOLOGIA:

Foi efetivado um levantamento bibliográfico dos estudos in vivo e in vitro publicados

desde a década de 1980 que investigaram os efeitos farmacológicos da alopregnanolona

sobre dependência alcoólica averiguados em animais de laboratório e humanos. Os

dados referentes à dose das drogas utilizadas, a espécie do animal e a interação entre as

substâncias foram analisados e discutidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos

trabalhos localizados na base de dados PubMed, 104 atenderam aos critérios de

inclusão. Dentre eles, a grande maioria investigou o efeito da alopregnanolona em áreas

encefálicas durante a administração aguda ou crônica de álcool. A utilização de

neuroesteroides juntamente com a intoxicação de álcool surte efeitos comportamentais

como prejuízo na memória espacial e coordenação motora, analgesia e efeito

anticonvulsivante, dependendo da dose administrada e do protocolo utilizado durante os

experimentos, além disso, alterações genéticas dos animais testados parece alterar os

fenótipos do abuso de álcool. CONCLUSÕES: A alopregnanolona durante o uso

abusivo de álcool causa dependência nos usuários por promover a busca e preferência

pela substância alcoólica. Essa resposta comportamental é modulada através de

neurônios piramidais e via córtex ao ligar-se a receptores GABAérgicos, promovendo

prejuízos cognitivos e tolerância induzida. No entanto, a administração deste

neuroesteroide parece amenizar os sintomas causados através da retirada da droga em

dependentes alcoólicos.

Palavras-chave: alopregnanolona, álcool, etanol, receptor GABAérgico, GABAA

ABSTRACT

INTRODUCTION: Alcohol is a licit drug, orally ingested, that can penetrate the blood

brain barrier and act in different parts of the brain modulating behavioral and

physiological responses, which will depend on genetics and environmental factors.

When in the body, the alcohol makes changes in organs, especially in the brain. These

changes are observed through the behavior exhibited by the user of the substance during

acute or chronic intoxication. In a way to minimize the negative effects provoked by

ethanol, studies using neurosteroids are showing some benefits for the alcohol-

dependent subject. One of these neurosteroids is allopregnanolone, which is a positive

allosteric modulator of GABAA receptors in the brain that produces behavior responses

equally as observed during alcohol intoxication. OBJECTIVE: The aim of this study is

to investigate the relation of allopregnanolone and alcohol dependence, once alcohol

ingestion is a common practice in our society even though people are aware of the

damage that it causes in our body. METHODS: different studies were selected using

including and excluding criteria to summarize the works involving the relevance of

allopregnanolone during alcohol dependency. A range of 104 articles was chosen at

PubMed resource to organize a bibliographic review. RESULTS AND DISCUSSION:

Most of the chosen studies showed the role that allopregnanolone plays in the brain

during acute or chronic alcohol abuse. Behavioral impairments such as motor

coordination and spacial-memory were discussed along with analgesic and

anticonvulsant effects triggered by allopregnanolone administration in humans and

laboratory animals. Different doses as well as type of administration and the genetic

compound of the animals studied seems to modulate the neuroesteroid response upon

alcohol abuse phenotypes. CONCLUSIONS: Allopregnanolone during alcohol abuse

induce addiction in users by increasing the preference and “seeking behavior” for the

drug. This neuroesteroid modulates behavioral responses via pyramidal neurons and via

cortex binding GABAergic receptors, promoting cognitive impairments and induced-

tolerance. On the other hand, the administration of allopregnanolone during withdrawal

periods seems to attenuate the symptoms caused in alcoholic dependents.

Keywords: allopregnanolone, alcohol, ethanol, GABAergic receptors, GABAA

LISTA DE ABREVIATURAS

SNC Sistema nervoso central

GABA Ácido aminobutírico

DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

WHO World Health Organization

NAD Dinucleótido de nicotinamida e adenina

NAD+ Dinucleótido de nicotinamida e adenina no estado oxidado

NADH Dinucleótido de nicotinamida e adenina no estado reduzido

ADH Enzima álcool desidrogenase

ALLO Alopregnanolona

PTZ Pentilenotetrazol

mRNA Ácido ribonucleico mensageiro

EEG Eletroencefalografia

WSP Camundongo propenso à convulsão

WSR Camundongo resistente à convulsão

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 11.

2.1 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................ 11.

2.2 DIAGNÓSTICO ..................................................................................................... 11.

2.3 FARMACOCINÉTICA DO ÁLCOOL .................................................................. 14.

2.4 FARMACODINÂMICA DO ÁLCOOL ................................................................ 16.

2.4.1 Dependência ........................................................................................... 18.

2.5 ALOPREGNANOLONA ....................................................................................... 20.

3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 22.

3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 22.

4 METODOLOGIA ................................................................................................ 22.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 24.

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 34.

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 35.

9

1 INTRODUÇÃO

O álcool consiste em um composto orgânico sendo utilizado na sua forma mais

predominante de álcool etílico ou etanol (AMAO, 2015). O etanol se apresenta como

um álcool de cadeia primária, utilizado desde de a antiguidade para produção de bebidas

alcoólicas, através da fermentação de grãos, frutas e mel (WALKLATE, 2013;

DASHKO, 2014). Imerso na cultura greco-romana, o vinho, produto da fermentação de

frutas, era consumido durante as refeições adicionado à água por todas as classes

sociais, e sua produção era considerada uma mercadoria comercial viável para a época

(BRADLEY, 2016).

Tratando-se do século XIX, a cerveja e o vinho passaram a ser as bebidas mais

ingeridas pela sociedade ocidental, visto que forneciam calorias e nutrientes necessários

como fonte de energia para o organismo (KATZUNG e MASTERS, 2012). No entanto,

após a revolução industrial, o consumo de álcool aumentou significativamente

contribuindo assim para investigação da bebida como agente causador de doenças ou

como uma desordem social (FORTES, 1975). Uma vez considerada desordem,

pesquisas sobre os potenciais efeitos dessa substância tornaram-se mais fortes,

fornecendo justificativas plausíveis para considerar o álcool como uma droga de abuso,

capaz de alterar o comportamento das pessoas que o ingerem (WILD, 1918; HOLT;

SKINNER; ISRAEL, 1981).

A necessidade de se aprofundar nas propriedades do álcool para investigação dos

seus efeitos conseguiu evidenciar o álcool como sendo uma droga lícita, psicotrópica

capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e atuar em diferentes partes do encéfalo,

modulando respostas fisiológicas e comportamentais (KRIL, 1997; HARPER e

MATSUMOTO, 2005). Essa substância é administrada por via oral e os seus efeitos

dependem da dose ingerida, fatores genéticos e fatores ambientais (ex. padrão de

consumo) de cada organismo (CEDERBAUM, 2013; CISA, 2014). É também

considerada uma droga depressora do sistema nervoso central por induzir efeitos como

sedação, analgesia e diminuição da ansiedade (WERNER et al, 2006; SHARKO et al.,

2013).

Ao ser ingerido, o álcool pode desencadear efeitos como distúrbios

gastrointestinais, problemas cardíacos e respiratórios, cirrose, câncer, danos

neurológicos e óbito (WILD, 1918; BELLENTANI, 1997; WHITMAN et al., 2017).

Segundo o CID (Código Internacional de Doenças), existem mais de 30 classificações

10

relacionadas a patologias, desde alterações fisiológicas, psicológicas e físicas. Essas

classificações epidemiológicas importantes, visam agrupar as diferentes consequências

na saúde de um indivíduo, que faz uso de álcool (REHM et al., 2010; WHO, 2014).

A intoxicação por álcool tem sido discutida diariamente a fim de considerar

melhores tratamentos baseados nos estudos envolvendo a circuitaria neural. Dessa

forma, um novo metabólito advindo da progesterona vem sendo testado a fim de

amenizar os efeitos da abstinência em indivíduos dependentes, bem como ajudar o

entendimento da relação de álcool com a alopregnanolona. Neste contexto, o presente

trabalho objetivou revisar as principais evidências da relação entre a alopregnanolona e

a dependência sobre o álcool, demonstrados através de estudos científicos previamente

publicados. Este tema muito discutido na atualidade, visto que o álcool é uma droga

lícita, capaz de modificar o comportamento humano, comumente consumida na

sociedade, além de estar inserida no contexto social pelos seus efeitos negativos.

11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EPIDEMIOLOGIA

A dependência de álcool, encontra-se com maior prevalência entre homens,

brancos, americanos nativos, adolescentes e solteiros, entre 18 e 25 anos contabilizados

em clínicas hospitalares e de reabilitação, segundo uma pesquisa realizada pelo

Substance Abuse and Mental Health Services Administration, publicada em 2015.

O consumo excessivo de álcool durante décadas vem sendo considerado um

problema de saúde pública, devido às inúmeras doenças associadas ao alcoolismo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, a estimativa de consumo

de álcool, em litros, no ano de 2010, para homens foi de 19,6L e para mulheres foi de

8,9L. Entretanto, sabe-se que as diferenças entre os sexos podem influenciar na

farmacologia dessa substância, produzindo efeitos diferentes entre os sexos. Em geral, o

continente europeu apresenta o maior índice de consumo de álcool quando comparado a

outros continentes, demonstrado na figura abaixo (REHM et al., 2009; OMS 2016).

Figura 1 Estimativa do total de álcool puro, em litros, consumido por número de habitantes em cada país

de cada continente (WHO, 2016).

12

Segundo a National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA),

considera-se estado de embriaguez quando a concentração de álcool no sangue está

acima de 0.08 g/dL. Esses níveis geralmente são obtidos após quatro ou cinco copos de

bebida contendo álcool, consumidos em menos de 2 horas para ambos os sexos. Por

outro lado, o consumo excessivo de álcool, pela Substance Abuse and Mental Health

Services Administration, é definido pelo estado de embriaguez por 5 ou mais dias

durante o último mês. E o abuso de álcool, inclui 8 ou mais copos de bebidas contendo

álcool para as mulheres e 15 ou mais para homens, durante todos os dias da semana. No

ano de 2015, 138,3 milhões de americanos maiores de 12 anos alegaram o costume de

ingerir bebidas com álcool, dados obtidos através da National Survey on Drug Use and

Health (NSDUH). Além disso, durante o ano de 2006 a 2010, nos Estados Unidos, o

álcool foi responsável pelo óbito de cerca de 88% da população com uso crônico ou

agudo de álcool, ou seja, cerca de 2,5 milhões de pessoas chegaram ao óbito devido ao

excesso de álcool e as suas consequências (CDC, 2016).

No Brasil, o I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na

população brasileira de 2007, disponibilizado na biblioteca virtual de saúde pelo

ministério da saúde, mostrou através de estudos estatísticos a percentagem de

indivíduos que faziam uso de álcool e ainda a diferença entre as regiões do país. Os

gráficos da Figura 2 e Figura 3 mostram que os homens ainda apresentam a maior

percentagem de consumo de álcool e a região de maior consumo é o Sul do país

(Ministério da Saúde, 2007).

Figura 2 Diferença do padrão de consumo de álcool entre o sexo feminino e masculino no Brasil

(Ministério da Saúde, 2007).

13

Figura 3 Diferença do padrão de consumo de álcool entre as regiões do Brasil (Ministério da Saúde,

2007).

2.2 DIAGNÓSTICO

Segundo o DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,

APA, 2013), o abuso do álcool se caracteriza como um distúrbio apenas quando há um

prejuízo clinicamente observado ou quando demonstra perigo e apresenta a

sintomatologia durante um período de doze meses. Ele pode ser expresso através dos

seguintes comportamentos: desejo incontrolável à procura do álcool; gastos

significantes da atividade diária comprando, ingerindo ou se recuperando dos efeitos

que o álcool proporciona; sucessivos episódios de consumo de álcool, prejudicando

afazeres diários, seja no trabalho, na escola ou mesmo em casa; recorrentes problemas

sociais causados pelo efeito do álcool, quando importantes atividades sociais,

ocupacionais ou de lazer são deixadas de lado ou são reduzidas devido ao uso da

substância; há constante uso de álcool em situações que abrangem perigo; seu consumo

contínuo pode acarretar em problemas físicos e psicológicos; a quantidade de álcool é

aumentada cada vez mais a fim de obter os mesmos efeitos e por fim, quando em

abstinência, surte efeitos físicos, psicológicos e fisiológicos no corpo (DSM V, 2013).

2.3 FARMACOCINÉTICA DO ÁLCOOL

Para entendermos os efeitos ocasionados pelo álcool no corpo, é preciso

esclarecer a farmacocinética e farmacodinâmica deste composto. O álcool, ao entrar no

14

corpo, passa por processos como absorção, distribuição e eliminação. Após ingestão, o

álcool é rapidamente absorvido e distribuído nos tecidos do corpo com base na

quantidade de água constituinte em cada tecido. O seu equilíbrio depende da

composição do tecido, do fluxo sanguíneo e de sua massa. O álcool é praticamente

insolúvel em tecidos com alta concentração de gordura. Dessa forma, a mesma dose de

álcool por unidade de massa corpórea pode surtir diferentes efeitos nos indivíduos, uma

vez que a proporção de gordura e água em cada organismo é diferente (CEDERBAUM,

2013). As mulheres, por exemplo, apresentam um menor volume de distribuição quando

comparado com os homens, visto que possuem uma porcentagem maior de gordura nos

tecidos. Logo, o pico de álcool no sangue será mais alto nas mulheres do que nos

homens no que se refere à ingestão da mesma dosagem de álcool (CEDERBAUM,

2013).

A biotransformação do álcool consiste na conversão de álcool em acetaldeído.

Esse processo ocorre através de enzimas citosólicas como a álcool desidrogenase

(ADH) e a aldeído desidrogenase (ALDH), presentes no fígado. A álcool desidrogenase

oxida o álcool e reduz NAD+ em NADH + H+ produzindo o acetaldeído. Seguindo o

processo, este composto pode ainda ser catalisado pela aldeído desidrogenase por meio

de NAD+, formando o acetato. Por fim, esse acetato, produto da oxidação do

acetaldeído, deixa o fígado e circula em outros tecidos onde sofre ativação pela

AcetilCoA (HOLFORD, 1987). O AcetilCoA consiste em um metabolito produzido a

partir dos principais nutrientes - carboidratos, gorduras e excesso de proteína. Assim, os

átomos de carbono do álcool se acumulam como os mesmos produtos produzidos a

partir da oxidação de carboidratos, gorduras e proteínas, incluindo CO2, ácidos graxos,

corpos de cetona e colesterol; a formação desses produtos depende do estado de energia

e das condições nutricionais e hormonais do organismo (CEDERBAUM, 2013).

Pesquisas sugerem que o efeito tóxico proveniente do álcool se deve a produtos da sua

metabolização, como NADH, acetaldeído, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial

(HAORAH et al., 2007a; HAORAH et al., 2008a). Diante disso, a biotransformação do

álcool é limitada pela capacidade de aldeído desidrogenase existente no organismo

(MEIJER et al., 1975; CEDERBAUM, 1977). Na figura a seguir este processo é

demonstrado.

15

Figura 4 Transformação bioquímica do álcool em acetaldeído (CEDERBAUM, 2013).

Ao sofrer metabolização, a produção desses compostos tóxicos, é encarregada de

causar lesão em diferentes órgãos do corpo. Acidentes de carro e cirrose alcoólica,

devido à perda de funções neurológicas por meio do consumo do álcool, são alguns

resultados do consumo indevido dessa substância e estão entre as maiores causas de

mortalidade no Brasil, principalmente em relação ao sexo masculino (WHO, 2012).

O processo de metabolização presente no organismo depende tanto de fatores

genéticos, como de fatores ambientais. Características como sexo, idade, etnia, nutrição

e ritmos biológicos interferem na rapidez com que essa eliminação aconteça. Fatores

ambientais como atividade física, alcoolismo e drogas são responsáveis por modular a

eliminação. O alcoolismo traz como uma de suas consequências o dano no tecido

hepático, prejudicando, assim, a sua biotransformação. A metabolização da substância é

correlacionada à quantidade de massa magra do indivíduo em questão. Os homens

possuem uma quantidade maior de massa corporal magra se comparados às mulheres, e

isso possibilita uma eliminação mais eficiente da substância (CEDERBAUM, 2013).

A idade também é capaz de modificar a eliminação do álcool. Estudos mostram

que animais antes do período da adolescência apresentam dificuldade de eliminação

uma vez que algumas enzimas necessárias para o metabolismo do álcool ainda não são

completamente expressas no corpo. Em contrapartida, idosos apresentam as enzimas

necessárias mas há um decréscimo de tecido hepático responsável pelo metabolismo,

como também, na quantidade total de água nos tecidos, dificultando tanto a

metabolização quando a eliminação do composto (CEDERBAUM, 2013).

O estado nutricional de cada organismo também influencia significativamente no

metabolismo do álcool, visto que o organismo já alimentado quando comparado com o

estado de jejum sofre metabolização mais rápida, pois os níveis de ADH no tecido estão

16

elevados. Além disso, o açúcar frutose aumenta o metabolismo do álcool, promovendo

substratos necessários para a conversão de NADH em NAD⁺, e por aumentar a captação

de oxigênio mitocondrial (PASSANATI et al., 1990; WISSEL, 1987;

RAMCHANDANI et al., 2001). Não só a presença de açúcar no corpo, mas também a

presença de vitaminas, como tiamina, interfere no metabolismo do álcool. A deficiência

de tiamina (vitamina B1) pode contribuir para um dano profundo no cérebro, resultando

em severos déficits cognitivos. (OSCAR-BERMAN, 2003).

Por fim, durante o processo de eliminação desse composto podemos observar

sua excreção pelo ar expirado, pelo suor na forma não metabolizada e a partir de

metabólitos de modo menos prevalente na urina (NORBERG et al., 2003; WILKINSON

et al., 1977).

2.4 FARMACODINÂMICA DO ÁLCOOL

Uma das propriedades característica do álcool seria sua capacidade de atravessar

livremente as membranas celulares, proporcionando então, efeitos nos receptores de

neurotransmissores, nos canais iônicos e nas vias de sinalização das células neuronais

(OSCAR-BERMAN, 1997). Este composto liga-se a receptores celulares do tipo ácido

ϒ-aminobutírico (agonista GABAA) e o ácido N-metil-D-aspartato (antagonista

NMDA) (GRUPTA e KULHARA, 2007; LOVINGER; BACKSTROM;

KALISTRATOV, 1989; ORTIZ, 1995; GIANOULAKIS, 1996).

Lovinger (1989), durante os seus estudos, foi capaz de comprovar uma relação

de linearidade entre o efeito do álcool e a inibição da via glutamatérgica através dos

receptores NMDA (LOVINGER et al., 1989). O álcool, quando em contato com

receptores do tipo NMDA, provoca duas diferentes respostas, as quais irão depender do

tempo de exposição. A exposição aguda do álcool dentro de minutos à 1 ou 2 dias inibe

a abertura dos receptores NMDA, diminuindo o influxo de cálcio intracelular. Por outro

lado, a exposição crônica substância alcoólica por dias consecutivos meses ou anos,

resulta em uma “up-regulation” dos receptores NMDA a fim de compensar os efeitos

inibitórios do álcool (LOVINGER et al., 1989).

A capacidade de inibir a abertura dos canais catiônicos glutamatérgicos

associados ao subtipo N-metil-D-aspartato (NMDA) surte efeitos principalmente no

hipocampo, área responsável por comportamentos tais como aprendizagem e memória.

Os “blackouts” (um dos efeitos proporcionados pelo álcool) podem estar associados à

17

inibição de receptores do tipo NMDA, levando a prejuízos cognitivos em indivíduos

com alto teor alcoólico no sangue (JELLINEK, 1952).

Ao ligar-se a canais glutamatérgicos no cérebro, o álcool proporciona os efeitos

de relaxamento e sedação que muitos indivíduos relatam obter durante a ingestão do

composto. Esses efeitos são ocasionados uma vez que o álcool acoplado no receptor

glutamatérgico inibe a entrada de Ca2+ diminuindo consideravelmente a liberação de

neurotransmissores na região. Com a retirada do álcool, esses canais iônicos que antes

eram interrompidos, passam a aumentar o influxo de Ca2+ demasiadamente,

ocasionando efeitos como tremores, convulsões, hipoglicemia, ansiedade e delírio

(IRWIN et al., 1992).

Além de modular os receptores NMDA, o álcool também se liga a receptores do

tipo GABA, principalmente GABAA. Receptores GABAA modulam a resposta através

de receptores ionotrópicos. Agem por meio de sinapses inibitórias no sistema nervoso

central (SNC) em receptores específicos na membrana neuronal, influenciando

processos pré e pós sinápticos. Receptores GABAérgicos são responsáveis por mediar a

concentração de íon cloro dentro da célula e potássio para fora da célula, resultando em

hiperpolarização celular. Drogas que atuam como agonistas nesses receptores

(conhecido como drogas GABAérgicas ou análogos do GABA) podem aumentar a

quantidade disponível do GABA na fenda sináptica, propiciando efeitos de

relaxamento, ansiolítico e anticonvulsivante (MIHIC et al., 1997; BOEHM et al., 2004).

O álcool se liga a subunidade GABAAα do receptor GABA, promovendo

alteração do influxo de Cl- para a fenda sináptica. A exposição aguda ao álcool aumenta

a ação de GABA nos receptores do tipo GABAA, mimetizando os efeitos do álcool e

atenuando os potenciais efeitos adversos (HARRIS, 1999; BIGGIO et al., 2007).

Segundo a revisão de Lobo e Harris (2008), em neurônios adultos, a ativação de

receptores GABAA resulta no influxo de íons Cl-, acarretando em hiperpolarização da

célula. Além disso, receptores GABAA podem ser alvos de substâncias como

benzodiazepínicos, barbituratos, neuroesteroides e anestésicos voláteis e intravenosos

(MIHIC et al., 1997). De maneira geral, essas drogas aumentam a função dos receptores

GABAérgicos e causam sintomas como anestesia, sedação, hipnose e diminuição da

ansiedade (LOBO, 2008).

Figura 5 mostra as principais áreas encefálicas relacionadas com o sistema de

recompensa na modificação do comportamento.

18

O álcool, como dito anteriormente, é capaz de atravessar a barreira

hematoencefálica, dessa forma, é distribuído em diferentes áreas corticais, resultando

em alterações neurológicas como deficiência em habilidades cognitivas, incluindo

resoluções de problemas, aprendizagem viso-espacial e aprendizagem verbal, prejuízo

do discernimento, memória funcional, percepção e atividade motora (PARSONS e

NIXON, 1993; EVERT e OSCAR-BERMAN, 1997; RAYMOND; LISBERGER;

ANDAMAUK, 1996). Sua ingestão inadequada resulta em consequências como

intoxicação, danos cognitivos, problemas motores, tolerância e dependência sendo

explicados por sua vasta ação em estruturas encefálicas (HARRIS, 1999; DAVIS, 2003;

FOLLESA et al., 2006; KRYSTAL et al., 2006). Sullivan (2003) através de seus

estudos, foi capaz de mostrar por meio de exames de imagem, modificações neurais

ocasionadas pelo abuso de álcool. Danos neurológicos como aumento do tempo de

reação (RAVAGLIA et al., 2002), alteração do volume cerebral (SULLIVAN, 2003;

KRIL et al., 1997), aumento dos ventrículos laterais e diminuição da massa branca e

massa cinzenta (PFEFFERBAUM et al., 1997; PFEFFERBAUM et al., 2001; MAKRIS

et al., 2009), como também modificações no níveis cerebrais de glicose e

neuroinflamação (PAWLOSKY et al., 2010; ALIKUNJU, 2011) estão descritos na

literatura como principais efeitos causados pelo uso abusivo do álcool.

Por outro lado, pacientes de uso crônico do álcool quando em abstinência da

substância também sofrem modificações cerebrais como redução do córtex pré-frontal,

Figura 5 Representação do circuito mesolímbico envolvido no sistema recompensa. (KOOB, 2010)

19

lóbulo da ínsula e núcleo accumbens, amígdala e hipocampo (MAKRIS et al., 2009;

LAAKSO et al., 2000). Essas áreas corticais estão envolvidas na circuitaria do sistema

recompensa (ISAACSON, 2001) e são fundamentais no entendimento da neurobiologia

da dependência do álcool.

2.4.1 Dependência

Os fatores envolvidos na motivação do desenvolvimento, permanência e

persistência do uso de substâncias ilícitas são baseados em diferentes tipos de reforço:

reforço positivo, reforço negativo, reforço positivo condicionado e reforço negativo

condicionado (WIKLER, 1973). Entretanto, o reforço positivo aparenta estar

intimamente interligado com o estado de dependência da droga (WISE, 1988), visto que

adaptações neurológicas ocorrem durante o abuso da substância, promovendo efeitos

prazerosos. Esse sentimento de prazer e satisfação envolve diferentes estruturas

cerebrais e está associado principalmente a regiões específicas do encéfalo que integram

o sistema límbico. Contudo, durante a retirada da substância psicoativa, efeitos

negativos como desejo, tremores, irritabilidade, náuseas, taquicardia, hipertensão,

sudorese, convulsões e alucinações surgem e contribuem para a continuidade no

consumo da droga, a fim de evitar esses efeitos indesejados. Esse comportamento de

procurar os efeitos positivos proporcionados pela droga é conhecido na literatura como

“seeking behavior” e pode ser explicado através do sistema de recompensa presente no

encéfalo (GIANOULAKIS, 1998).

O sistema límbico, ou sistema de recompensa, é composto por estruturas

corticais como o hipocampo, córtex cingulado, córtex olfatório, e suas estruturas

interligadas como corpos mamilares, área septal e amigdala, e o córtex orbitofrontal e

hipotálamo, devido sua localização tão próxima. Nesse contexto, a neurobiologia da

dependência de drogas envolve tanto as áreas mesocorticolímbicas, incluindo o sistema

límbico, e a área tegumentar ventral, o prosencéfalo basal, tendo como principal

neurotransmissor a dopamina (KOOB, 1992; ISAACSON 2001; ROLLS, 2017).

O reforço positivo é recompensando pela sensação de prazer causado no

indivíduo. Wise e Bozarth (1986) durante seus trabalhos formularam uma teoria

associando substâncias que levam a dependência e sua habilidade de causar ativação

psicomotora no organismo. Essa teoria descreve que todos os reforços positivos, nesse

caso as substâncias psicoativas, são responsáveis por ativar uma via biológica comum,

20

ao proporcionar comportamentos similares, através de alterações em áreas cerebrais,

aumentando atividade dopaminérgica no circuito mesolímbico (WISE e BOZARTH,

1981; 1985).

Os neurônios dopaminérgicos estão divididos entre as áreas da substância nigra,

a qual manda projeções para a via nigroestriatal e área tegumentar ventral (ATV) que

por sua vez manda suas projeções para a via mesocorticolímbica (ABERCROMBIE,

1997). Além do mais, os neurônios pertencentes a ATV formam a maior parte das

projeções para as áreas mesocorticais e mesolímbica, envolvidas no sistema

recompensa. Segundo Kandel (1991), fármacos agonistas dopaminérgicos aumentam a

transmissão da dopamina aumentando o comportamento de reforço positivo

relacionadas com o “seeking-behavior”, sendo importante para o entendimento da ação

do álcool na modificação do comportamento.

2.5 ALOPREGNANOLONA

Para discriminar a relação de substâncias que interferem no uso abusivo de

álcool entre os indivíduos, precisamos levar em consideração vários fatores, sendo um

deles o padrão hormonal. A progesterona (precursor da alopregnanolona) consiste em

um hormônio esteroide endógeno produzido pelo corpo lúteo nos ovários, responsável

por preparar o útero para a gestação e lactação da mulher (Bulletin of the World Health

Organization, 1989; BARANCZUK e GREENWALD, 1974)

Um metabólito importante relacionado com hormônios neuroesteroidais, em

especial a progesterona, consiste na alopregnanolona (5α-pregnan-3α-ol-20-one). Esse

composto é sintetizado à partir da progesterona pela enzima 5α-redutase e pela 3α-

hidroxiesteroide desidrogenase (3α-HSD), nas gônadas, e no encéfalo, produzida por

neurônios corticais e piramidais no hipocampo e na amigdala basolateral nos homens e

principalmente nas mulheres (BIGGIO e PURDY, 2001). Sendo encontrado tanto no

sangue na dosagem de 0,001 ± 0,00025 µM (NIEMINEN, 2006), quanto no líquido

cefalorraquidiano (LCR) à 0,00016 ± 0,00011 µM (Kim, 2000).

Os efeitos da produção endógena de alopregnanolona ainda não são

completamente conhecido em humanos, mas pesquisas em animais experimentais têm

mostrado um potencial de proteção para o feto durante a gravidez em casos de hipóxia

(YAWNO et al., 2011; BRUNTON et al., 2014), além disso, alguns autores sugerem

21

sua contribuição na modulação dos níveis de adrenalina, cortisol e noradrenalina

(BIGGIO et al., 2007). Evidências apontam que a alopregnanolona é modulador

alostérico positivo de receptores GABAA (MAJEWSKA et al., 1986; RAHMAN et al.,

2008; HOSIE et al., 2006; HOSIE et al., 2009), capaz de reduzir comportamento e a

resposta ao estresse. Em consequência dessa ligação à receptores do tipo GABAA a

alopregnanolona, possui efeitos anestésicos (KORNEYEV e COSTA 1996), ansiolíticos

(AKWA et al., 1999; WANG, 2001) e antiepiléticos (LANDGREN et al., 1978;

LANDGREN et al., 1987; FRYE, 1995; GROSSO et al., 2003), contribuindo para o

entendimento de sua relação com os efeitos proporcionados pelo álcool. A Figura 6

mostra os sítios de ligação de receptores GABA e seus respectivos ligantes.

Figura 6 Receptores GABAA e seus respectivos ligantes. (BELELLI e LAMBERT, 2005)

Homens e mulheres apresentam regulação hormonal compatível às funções

desempenhadas pelos órgãos do corpo, entretanto, existem alguns hormônios

específicos para o sexo feminino e para o sexo masculino. As mulheres passam

mensalmente por variações hormonais característica da fase menstrual. Essa fase

envolve a oscilação de hormônios como estrógeno, progesterona, FSH (hormônio

folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), os quais sofrem modificações em

suas concentrações dependendo da fase no ciclo menstrual, ou seja, fase folicular, fase

lútea e fase ovulatória (HILLER-STURMHOFEL e BARTKE, 1998). Dessa forma,

uma vez que as mulheres apresentam níveis maiores de progesterona e,

consequentemente de alopregnanolona, quando comparado aos homens, é possível que

variações hormonais como aquelas que ocorrem ao longo do ciclo menstrual, possam

explicar as diferenças sintomatológicas relatadas durante o abuso do álcool entre

homens e mulheres (MAGUIRE e MODY, 2007).

22

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do presente trabalho foi pesquisar, nos diferentes anais e fontes

de dados, evidências científicas sobre a relação da alopregnanolona e os efeitos do

álcool em animais de laboratório e em humanos, publicadas a partir da década de 1980

até o presente momento.

4 METODOLOGIA

Foram considerados critérios para filtragem dos artigos no banco de dados

PubMed com a utilização de palavras chave como allopregnanolone (e seus sinônimos),

alcohol ou ethanol e ainda características associadas com o uso abusivo de álcool como:

preferência pela droga, busca pelos efeitos propiciados pelo álcool, tolerância,

abstinência e recaída. O quadro abaixo lista as combinações de palavras-chave que

foram utilizadas para essa finalidade:

Quadro 1. Palavras-chave usadas na base de dados Pubmed.

Substância Investigada Palavras-chave

Metabólito da progesterona allopregnanolone, 5α-Pregnan-3α-ol-20-one,

3α,5α-THP, Allo, 3 alpha Hydroxy 5 alpha

pregnan 20 one, 3 alpha Hydroxy 5 beta

pregnan 20 one, 3 alpha, 5 beta

Tetrahydroprogesterone, 3 alpha, 5 beta-

Tetrahydroprogesterone, 3 alpha-Hydroxy-5

alpha-pregnan-20-one, 3 alpha-Hydroxy-5

beta-pregnan-20-one, 3 Hydroxypregnan 20

one, 3-Hydroxypregnan-20-one, 3beta Hydroxy

5alpha pregnan 20 one, 3beta-Hydroxy-

5alpha-pregnan-20-one, Allopregnan 3 beta ol

20 one, Allopregnan-3 beta-ol-20-one, alpha-

Hydroxy-5 alpha-pregnan-20-one, 3 alpha-

Hydroxy-5 beta-pregnan-20-one, 3 alpha-

pregnan-20-one, 3 alpha-Hydroxy-5, beta-ol-

20-one, Allopregnan-3, beta-pregnan-20-one, 3

alpha-Hydroxy-5, Eltanolone,

Epipregnanolone, Pregnan 3alpha ol 20 one,

Pregnan-3alpha-ol-20-one, Pregnanolone,

Pregnanolone, (3alpha)-isomer, Pregnanolone,

(3alpha, 5beta, 17-alpha)-isomer,

Pregnanolone, (3alpha,5alpha)-isomer,

Pregnanolone, (3alpha,5beta)-isomer,

Pregnanolone, (3beta)-isomer, Pregnanolone,

23

(3beta, 5alpha)-isomer, Pregnanolone, (3beta,

5alpha, 17alpha)-isomer, Pregnanolone,

(3beta, 5alpha, 8alpha, 17beta)-isomer,

Pregnanolone, (3beta, 5beta)-isomer,

Sepranolone and alcohol

Droga de abuso Alcohol, ethanol

Dependência de álcool Alcohol preference, alcohol self-

administration, alcohol priming-injection,

alcohol seeking-behavior, alcohol withdrawal,

alcohol tolerance e alcohol relapse, alcohol

abstinence, alcohol addiction, alcohol craving

Relação alopregnanolona e álcool Allopregnanolone and alcohol

Primeiramente, utilizamos como critério de seleção para inclusão e exclusão de

trabalhos científicos realizados nessa área de pesquisa:

Tipo do estudo: experimental, pré-clínico e/ou clínico;

Data de publicação: até o dia 01 de junho de 2017;

Idioma: inglês;

Os sinônimos que foram usados consistentemente com a estrutura química do

composto em questão (allopregnanolone) e seus isótopos, estereoisómeros e

tautômeros;

Espécie analisada: humanos e/ou animais de laboratório de ambos os sexos;

Simultaneamente, foram utilizados critérios de exclusão listados abaixo a fim de

desconsiderar estudos os quais são tinham relação direta com a pesquisa em questão:

Artigos de revisão;

Estudos que avaliaram outros tipos de neuroesteroides diferindo do metabólito

alopregnanolona mesmo atuando sobre o receptor GABA;

Estudos que não abordam a dependência do álcool;

Trabalhos que avaliaram outros tipos de droga de abuso;

Artigos em duplicata;

24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme ilustrado no quadro 2, dos artigos selecionados através dos critérios já

demonstrados, 104 artigos (87 em animais de laboratório ou in vitro e 17 em humanos)

atenderam aos critérios estabelecidos nesta revisão, incluindo as palavras-chave. Além

disso, optou-se por utilizar a alopregnanolona como busca geral visto que os artigos se

sobrepõem aos seus sinônimos.

Quadro 2. Fluxograma referente às análises bibliográficas.

Número de artigos que

atenderam aos critérios de

inclusão

Total de Estudos

encontrados baseados nos

interesses

Palavras-chaveInteresseBanco de

Dados

PUBMED

Metabólito + droga

Allopregnanolone and alcohol

N= 306Animais: 36

Humanos: 12

Dependência da droga

Allopregnanolone and alcohol preference

N= 15

Animais: 43

Humanos: 5

Allopregnanolone and alcohol self-administration

N= 25

Allopregnanolone and alcohol

addiction

N= 37

Allopregnanolone and craving

N= 3

Allopregnanolone and alcohol seeking-

behaviorN= 6

Abstinência

Allopregnanolone and alcohol withdrawal

N= 55

Allopregnanolone and alcohol abstinence

N= 3

Animais: 4

Humanos: 0

TolerânciaAllopregnanolone

tolerance N= 30

Animais: 3

Humanos: 0

RecaídaAllopregnanolone and

alcohol relapse N= 7Animais: 1

Humanos: 0

25

Preferência:

O trabalho realizado por Finn (2004) também investigou os níveis corticais de

alopregnanolona após consumo agudo e crônico de álcool e encontrou que

camundongos fêmeas B6 consumiram maiores quantidades de álcool do que os machos

e ambos apresentaram preferência pela solução alcoólica no grupo de consumo crônico.

De maneira oposta à Jannis, após o consumo de álcool houve aumento nos níveis de

alopregnanolona encefálico nos machos mas não em fêmeas quando comparado com o

grupo controle (consumo apenas de água). Além disso, fêmeas do grupo controle e

fêmeas do grupo de consumo crônico de álcool apresentaram níveis maiores de

alopregnanolona endógeno do que os machos, assim como os apresentados por Jannis

(1998). Já em relação a injeção aguda de álcool à 2,0 g/kg (a fim de aproximar a quantia

ingerida pelo grupo durante 17 dias) após o período de consumo crônico, não produziu

efeitos nos níveis encefálicos de alopregnanolona em camundongos fêmeas mas, mesmo

sem haver diferença significativa, Finn observou um aumento nesses níveis em machos

com injeção de álcool comparado com machos com injeção de salina. Ou seja, sexo e

forma de administração do álcool interferem nos níveis endógenos de alopregnanolona,

como também a espécie pode interferir nos resultados observados (FINN, 2004).

Seguindo a investigação envolvendo administração crônica, o álcool a longo

prazo e o efeito pós retirada são demonstrados na literatura capazes de alterar os efeitos

neuroquímicos e comportamentais de drogas que agem em receptores do tipo GABAA.

Trabalhos investigando o efeito do neuroesteroide 5α-pregnan-3α-ol-20-one, como

também de suas enzimas precursoras (5α-redutase e 3α-hidroxiesteroide oxidoredutase)

sobre o efeito de diferentes agonistas de receptores GABAA (flunitrazepam, muscimol,

TBPS), em animais sob administração crônica de álcool apresentam modificação nos

níveis de subunidades do mRNA nos receptores GABAA no cerebelo, córtex cerebral,

hipocampo e tálamo e nos níveis de mRNA para as enzimas precursoras da

alopregnanolona no hipocampo. Além disso, a alopregnanolona aumenta a ligação de

flunitrazepam e muscimol nos receptores GABAérgicos no cerebelo em ratos álcool-

dependentes. Comprovando os efeitos depressivos provocados por neuroesteroides

durante o uso abusivo de álcool. Além disso, alopregnanolona inibe o sitio de ligação da

picrotoxina, sítio de ligação relacionados à convulsão no receptor GABAA, indicando

efeito protetor anticonvulsivante em ratos após a retirada do álcool (MEHTA, 1998;

CAGETTI, 2004).

26

O uso abusivo de álcool também está associado ao comportamento de

preferência pela substância. O efeito discriminativo do álcool em relação a salina ou

outros compostos tem sido investigado em vários artigos científicos de forma a

compreender quais áreas encefálicas estão relacionadas com a preferência. Janak e

colegas em 1998 foram os pioneiros em apresentar trabalhos relacionando a

administração de alopregnanolona e auto-administração de álcool.

Janak e colaboradores (1998), investigaram os efeitos do pré-tratamento com

alopregnanolona na dose de 3mg/kg subcutâneo e observaram que essa substância foi

capaz de aumentar o número total de resposta ao álcool durante o teste de pressionar a

barra em ratos. Já a dose 10mg/kg apresentou muito efeitos adversos nos animais e os

resultados em relação à preferência pelo álcool não foi significante. Em 2003, Janak e

Gill testaram a dose de 5,6 mg/kg de alopregnanolona a qual aumentou a resposta de

preferência ao álcool (JANAK e GILL, 2003). Esses resultados sugerem que a

alopregnanolona aumentou o poder reforçador do álcool, uma vez que houve aumento

da preferência dos animais à ingestão de álcool, sem alterar a atividade motora. De fato,

a progesterona e seu metabolito, a alopregnanolona, são tipicamente associados a

diminuição locomotora, uma ação inconsistente com a resposta aprimorada observada

no presente estudo, talvez pelo fato da ingestão de álcool ter sido a curto prazo (por 3

dias) e em dosagens mais baixas (50ml de álcool à 10%).

Outros trabalhos mostram que a substituição da alopregnanolona (0.1–1.0

mg/kg; intravenoso) pelos efeitos de estímulo discriminativo do álcool varia com a fase

do ciclo menstrual em dois dos três macacos treinados para discriminar 2,0 g/kg de

álcool, em fêmeas primatas (Macaca fascicularis). A alopregnanolona foi mais potente

e eficaz quando testada durante a fase lútea do ciclo menstrual em comparação com a

fase folicular, favorecendo o estímulo discriminativo do álcool. Dessa forma, tanto os

níveis endógenos, quanto exógenos de alopregnanolona, associados à fase do ciclo

menstrual, são importantes para compreensão dos efeitos semelhantes durante o uso

abusivo de álcool (GREEN et al., 1999; GRANT et al., 2008).

Moduladores alostéricos positivos do receptor de GABAA como 3α,5α-P, 3α,5α-

THDOC, 3α,5β-P e 3β,5β-P produziram efeitos em relação ao estímulo discriminativo

ao álcool. Juntos, esses achados sugerem que os esteróides neuroativos GABAérgicos

produzem efeitos de sensibilidade semelhantes ao álcool e fortalecem os dados para a

modulação positiva dos receptores GABAA como base para os efeitos de estímulo

discriminativo do álcool. (BOWEN et al., 1999; GRANT et al., 2008).

27

Hodge e colegas em 2001, encontraram que a infusão do neuroesteroide

alopregnanolona na dosagem 0,55 ng/µl através de cânulas no núcleo accumbens de

ratos favoreceu um comportamento de preferência ao álcool em relação a salina, durante

o teste de pressionamento da barra. Entretanto, esse efeito não foi observado com a

administração desse neuroesteroide no hipocampo. Sugerindo que o núcleo accumbens

esteja mais interligado com a resposta discriminatória do álcool em si do que o

hipocampo (HOGDE et al., 2001; WEISS et al., 1993). Enquanto isso, Slawecki e

colegas (2000) encontraram que ratos com preferência ao álcool foram mais sensíveis a

baixas doses de alopregnanolona no córtex (5,0 e 10,0 mg/kg), enquanto que os ratos

sem preferência responderam a doses mais baixas de alopregnanolona na amígdala. Tal

achado sugere que os ratos com e sem preferência pelo álcool diferem em sua

sensibilidade aos efeitos EEG da alopregnanolona no córtex e na amígdala, mediadas

pelo sistema GABAérgico, podendo contribuir para algumas das diferenças observadas

durante a resposta comportamental (SLAWECKI et al., 2000).

Tolerância:

Muito se discute sobre a relação da tolerância com o abuso de álcool, uma vez

que esse comportamento está incluso no Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM-V) como um dos sintomas de transtorno relacionado ao

abuso de álcool. Diante disso, diversos trabalhos vem sendo relatados a fim de entender

o principal mecanismo por trás desse comportamento. Pesquisas realizadas por Barbosa

e Morato, objetivaram compreender a relação de neuroesteroides e receptores

GABAérgicos durante a tolerância ao álcool. Seus resultados tem mostrado rápida

tolerância diante de testes comportamentais envolvendo coordenação motora em

camundongos sob efeito crônico de álcool com injeção de sulfato de pregnanolona. Nas

doses de 2,0 e 2,25 g/kg de álcool e sulfato de pregnanolona à 0,05, 0,08 e 0,15 mg/kg,

os animais desenvolveram rápida tolerância, e o pré-tratamento com epipregnanolona

(antagonista de GABAA) nas doses de 0,15 e 0,30 mg/kg, suprimiu o comportamento de

tolerância ao álcool. Além disso, a administração de dizocilpine na dose de 0,06 mg/kg

(antagonista de receptores NMDA) reverteu o auxílio do sulfato de pregnanolona na

indução de tolerância, sugerindo que essa contribuição à tolerância seja parcialmente

mediado por receptores NMDA (BARBOSA e MORATO, 2000; 2001; 2007).

Outra característica observada durante os estudos envolvendo tolerância

alcoólica seria a mudança de temperatura durante o consumo da droga. Camundongos

28

apresentam mudança de temperatura, sendo os animais da linhagem propensa (COLD)

com maior sensibilidade ao efeito de hipotermia, apresentando tolerância à

alopregnanolona e etanol após repetidas administrações desses compostos, quando

comparado com os mais resistentes (HOT). Esses resultados demonstram a influência

genética compartilhada sobre os efeitos hipotérmicos iniciais do alopregnanolona e do

álcool, mostrando que diferenças genotípicas alteram o mecanismos de tolerância

envolvendo essas substâncias (PALMER et al., 2002).

Abstinência:

Outro estudo feito por Iqbal e Dringenberg (2004) mostrou os efeitos nos

descendentes de progenitoras expostas ao uso crônico de álcool, durante a vida adulta de

porcos da Índia. Nesse estudo a exposição crônica do álcool levou à restrição do

crescimento hipocampal, aumento espontâneo da atividade locomotora, prejuízo da

aprendizagem espacial, aumento da expressão da proteína da subunidade dos receptores

GABAA e diminuição da eficácia do efeito potenciador da alopregnanolona sobre a

ligação de flunitrazepam aos receptores de GABAA do hipocampo, em progênies adulta

(IQBAL e DRINGENBERG, 2004). Essa alteração foi comprovada em trabalhos

utilizando eletroencefalografia (EEG) em ratos, mostrando os efeitos da

alopregnanolona no hipocampo, causando aumento da frequência no EEG, como

também, observou-se aumento da atividade cortical através do EEG em ratos expostos

ao álcool, associando-se a excitação/euforia em abstinência prolongada da droga

(SLAWECKI, 2005).

Outro aspecto envolvendo a exposição ao álcool seria à respeito da retirada da

droga e seus efeitos de abstinência. Síndrome da abstinência alcoólica (SSA), segundo o

trabalho de Maciel e Florence (2004), caracteriza-se por sinais e sintomas decorrentes

de uma interrupção total ou parcial de consumo de bebidas alcoólicas em dependentes

que apresentam um consumo prévio significativo e podem estar presentes em outras

síndromes de abstinência (por benzodizepínicos, por exemplo) (MACIEL e

FLORENCE, 2004).

Após esclarecimento dos efeitos provocados pela retirada do álcool diversos

estudos foram feitos a fim de analisar a sensibilização da alopregnanolona durante o

período de abstinência em usuários crônicos. Finn (2000) publicou o primeiro estudo

com o intuito de investigar essa relação e encontrou que houve sensibilização do efeito

anticonvulsivante nos camundongos B6 e D2 após a retirada da droga mediada por um

29

agonista GABAérgico esteroidal. Entretanto seus experimentos não atingiram o

resultado esperado (como a alopregnanolona medeia o efeito anticonvulsivante nos

animais via receptor GABAA), pois a dose administrada não foi o suficiente para

comprovar esse efeito (FINN, 2000).

Seguindo esse pensamento, Finn em 2006 observa o efeito da administração da

alopregnanolona em camundongos propensos a convulsão após retirada do álcool

(WSP) e camundongos resistentes a convulsão após a retirada do álcool (WSR).

Utilizando a dose de 5 mg/kg de alopregnanolona, Finn mostra diminuição da

sensibilidade funcional dos receptores GABAA a alopregnanolona durante a retirada de

álcool. Camundongos WSP fêmeas, apresentam redução da eficácia da alopregnanolona

durante o período de abstinência nas doses (3,2 – 17 mg/kg) e, nos machos, essa

redução só é observada apenas na dose 17 mg/kg (FINN, 2006; BECKLEY, 2008).

A utilização de pentilenotetrazol (PTZ) para indução de convulsão em estudos

envolvendo a retirada do álcool aumenta a suscetibilidade desse comportamento para

ambos os sexos, em ratos, mas a administração de pregnanolone (análogo de

alopregnanolona) teve um efeito protetor nos dois grupos, controle e com abstinência

(ALELE, 2008). O trabalho de Beckley (2008) ainda comprova um aumento

significante na dose limiar para o aparecimento de convulsões induzidas por PTZ (atua

através de diminuição da função GABAérgica), após a administração de

alopregnanolona, indicando um padrão anticonvulsivante em camundongos WSP e

WSR fêmeas. Entretanto, após a retirada do álcool, a sensibilidade ao efeito de

alopregnanolona foi ligeiramente aumentada nos ratos WSR fêmeas, mas foi

significativamente diminuída em camundongos WSP (BECKLEY, 2008).

Esses achados indicam que a exposição crônica de álcool e retirada da droga

produziram tolerância cruzada a alopregnanolona, apenas nos genótipos propensos a ter

convulsões durante a retirada de álcool (ou seja, a linhagem WSP). Sugerindo que a

diminuição da sensibilidade dos receptores GABAA a alopregnanolona depende do

genótipo examinado (animais apresentam diferentes graus de severidade da retirada do

álcool, WSP> D2 >> B6 >> WSR) a fim de entendimento do fenótipo adquirido a partir

desse protocolo experimental.

Recaída:

Ainda não há estudos clínicos envolvendo a recaída em paciente com abuso

crônico de álcool e sua relação com a alopregnanolona, mas diante das evidências

30

apresentadas nesse trabalho sugere-se que haja uma modulação em relação aos

receptores GABAérgicos e pela via de resposta ao estresse (SINHA et al., 2009),

impedindo ou aumentando o limiar de dose para que sinais como convulsões ocorram

durante a fase de abstinência do álcool. A convulsão faz parte de um dos efeitos

encontrados diante da retirada da droga, além de outros efeitos negativos como

ansiedade, alterações de humor, tremores, náuseas, taquicardia, dentre outros e suas

complicações, Delirium tremens e alucinações (LARANJEIRA et al., 2000).

Alterações comportamentais:

Autores que investigaram o uso agudo do álcool juntamente com a

alopregnanolona obtiveram como resultado que ambas administrações agudas desses

compostos 30 (álcool) e 20 (alopregnanolona) minutos antes da realização da tarefa,

(especialmente com dose acima de 1,0 g/kg), prejudicam o desempenho da memória

espacial de forma dose-dependente na tarefa do labirinto aquático de Morris. Entretanto,

não houve prejuízo na memória não-espacial. Ambos animais (grupo com álcool e

grupo controle) aprenderam a tarefa, entretanto as doses de álcool à 1,5 e 2,0 g/kg

(MATTHEWS et al., 2002; TOKUNAGA et al., 2003) e de alopregnanolona à 17,0 ou

20,0 mg/kg, tiveram efeito sob o desempenho do animal na realização da tarefa de

memória espacial (MATTHEWS et al., 2002).

Além disso, a administração aguda de álcool e alopregnanolona inibe

significativamente a atividade espontânea neural dos neurônios piramidais do

hipocampo (HARRISON et al., 1987). Esse pode ser o mecanismo responsável por

induzir prejuízos cognitivos como na memória espacial e aprendizado em usuários de

álcool, uma vez que essa droga aumenta os níveis de alopregnanolona que agem

diretamente nos neurônios piramidais do hipocampo via receptores GABAA (CHINA et

al., 2011; TOKUNAGA et al., 2003). Por outro lado, estudos de Tokunaga e

colaboradores (2003) mostram que a administração de finasteride (bloqueia a

biossíntese de alopregnanolona por inibidor a enzima 5α-redutase) pode ajudar a

prevenir danos cognitivos causados pelo álcool (TOKUNAGA et al., 2003),

provavelmente por reduzir os níveis de alopregnanolona.

Em humanos, pesquisa envolvendo intoxicação aguda pelo álcool mostra através

das análises que há tanto aumento nos níveis de alopregnanolona (TORRES E

ORTEGA, 2003) quanto diminuição, decorrente do tempo de coleta do sangue e do

ciclo menstrual das mulheres (PIERUCCI-LAGHA, 2005). Essa modificação dos níveis

31

de alopregnanolona no soro, como também os de progesterona irão depender tanto da

dose de álcool administrada quanto o tempo para coleta e análises das substâncias no

soro. Por outro lado, os altos níveis de alopregnanolona contribuem para os efeitos

ansiolítico, analgésico e anticonvulsivante observado nos usuários, via modulação de

receptores GABAérgicos. Em humanos, a dose de álcool (0,2 g/kg) aumentou os níveis

plasmáticos de progesterona, entretanto, não aumentou os níveis plasmáticos de

alopregnanolona nas mulheres na fase lútea. E não teve efeito nenhum nas mulheres na

fase folicular e nos homens após a administração de álcool. Doses moderadas de álcool

não produzem efeitos significantes nos níveis plasmáticos de alopregnanolona, porém

pode haver alteração à nível de córtex cerebral (HOLDSTOCK et al., 2006; NYBERG,

2005). Outro trabalho post-mortem em indivíduos do sexo feminino e masculino,

mostrou que houve aumento dos níveis celular de 3α,5α-THP (alopregnanolona) na área

tegumentar ventral em pacientes diagnosticados com transtorno do uso de álcool

(HASIRCI et al., 2017).

Ainda em relação ao abuso de álcool, a administração crônica foi investigada a

fim de comparar a relação com estudos envolvendo administração aguda desses

compostos estudados. Os estudos pioneiros nessa investigação apontam resultados sem

diferença significativa dos níveis de alopregnanolona entre os grupos de uso crônico ou

controle (sem a administração de álcool), independente do sexo, no plasma de ratos

Sprague-Dawley (JANIS et al., 1998). Mas as fêmeas do grupo controle apresentaram

nível 36 vezes maior de alopregnanolona, no plasma, que os machos do grupo controle

por estarem na fase do ciclo diestro, na qual, apresentavam pico de progesterona durante

o estudo. Nesse contexto, a análise cortical do encéfalo também mostrou diferença,

indicando que fêmeas controles (5,8 ± 0,7 ng/g) apresentam maior níveis de

alopregnanolona que os machos controles (0,57 ± 0,08 ng/g). Mas não houve diferença

entre os grupos das fêmeas (controle, álcool dependente e pós-retirada do álcool). E os

níveis corticais de 3α,5α-THP foram reduzidos em machos dependentes de álcool (54 ±

18,5%) (JANIS et al., 1998).

A relação entre a alopregnanolona, o álcool e a modulação do comportamento

através de áreas corticais fica evidente com os trabalhos de Cook (2014) e Beattie

(2017) após análise imunohistoquímica. Cook e colegas (2014), observaram que a

superexpressão da enzima P450 na área tegumentar ventral aumenta a atividade de

alopregnanolona nas células e diminui a auto-administração de álcool em ratos machos

Wistar. Além disso, o álcool aumenta os níveis celulares locais de alopregnanolona

32

(3α,5α-THP) na camada de células piramidais CA1 do hipocampo, giro denteado,

núcleo da estria terminal e núcleo paraventricular do hipotálamo, independente das

glândulas supra-renais, em regiões do cérebro subcortical (COOK et al., 2014). Por

outro lado, diminuições na imunoreatividade de 3α, 5α-THP foram observadas 72 horas

após a retirada de álcool no córtex pré-frontal medial (-25,0 ± 9,3%), núcleo núcleo

accumbens (-29,9 ± 6,6%), estriado dorsolateral (-18,5 ± 6,0%), em dois pontos

temporais na amígdala lateral (8 h -28,3 ± 12,8%, 72 h -27,5 ± 12,4%) e na área

tegumentar ventral (8 h -26,5 ± 9,9% 72 h -31,6 ± 13,8%) em diferentes períodos após a

retirada (8 horas e 72 horas), mas houve aumento na camada de células piramidais CA3

do hipocampo (+42,8 ± 19,5%), em camundongos do tipo C57BL/6J (MALDONADO-

DEVINCCI et al., 2014). Além disso, um estudo pré-clínico publicado recentemente

demonstra haver diminuição da imunorreatividade 3α,5α-THP na amígdala lateral e

basolateral, bem como no plasma, após o consumo crônico de álcool em macacos

Cynomolgus machos (BEATTIE et al., 2017), comprovando a complexa modulação de

respostas pela alopregnanolona através de diferentes áreas encefálicas.

Ao comparar o potencial da alopregnanolona em modular resposta

comportamental em resposta ao álcool em diferentes idades, Novier e colegas (2016)

observaram que ratos mais velhos apresentaram-se mais vulneráveis à retirada de álcool

em comparação com ratos mais jovens, exibindo comportamento ansiogênico mais

preponderante na dose de 1,5 g/kg de álcool, intraperitoneal. Além disso, a exposição

crônica de álcool causou prejuízos na memória espacial, durante o labirinto aquático de

Morris, como visto anteriormente em outros estudos (MATTHEWS, 2002;

TOKUNAGA, 2003), juntamente com a administração de alopregnanolona (15.0

mg/kg) após o consumo abusivo, provocando prejuízos durante essa tarefa em ratos

adultos (NOVIER et al., 2016).

Seguindo essa vertente, a pesquisadora Maria Luisa Barbaccia (2007)

comprovou, em ratos, que pequenas doses de álcool foi capaz de atingir a intoxicação

nas ratas durante a gestação no período equivalente a desenvolvimento encefálico da

prole. Após o nascimento, a prole adulta apresentou aumento nos níveis de

alopregnanolona no córtex e hipocampo, mas não alteração plasmática, entretanto, os

testes cognitivos mostraram que houve prejuízo na memória de reconhecimento social

dos descendentes (BARBACCIA et al., 2007; ZIMMERBERG et al., 1994). Ainda em

relação a prejuízo cognitivo, Silvers (2006) encontrou que a exposição crônica do álcool

33

também produz prejuízo na memória espacial e reduz os níveis de alopregnanolona no

hipocampo de ratos jovens (SILVERS et al., 2006).

Neuroesteroides sintetizados perifericamente são capazes de atravessar a barreira

hematoencefálica, resultando em uma modificação a nível celular e influenciando

diretamente a atividade GABAérgica via receptor GABAA. Essa modificação está

associada à vulnerabilidade dos indivíduos para patologias de caráter emocional,

podendo apresentar seus efeitos dentro de minutos e horas, como também persistir por

dias (MCEWEN, 1990; MCEWEN, 1991). Essa variação fisiológica é observada

durante um período de estresse, como também, dentro do período menstrual e

gestacional, e por fim, durante o envelhecimento (PURDY et al., 1991; CONCAS et al.,

1998; GENAZZANI et al., 1998; MAGUIRE et al., 2005; SHEN et al., 2007;

SCHUMACHER et al., 2003). A alteração fisiológica nos níveis dos neuroesteroides

também está associada com o uso de drogas psicoativas como álcool, gama-

hidroxibutirato (GHB, análogo do GABA) e antidepressivos (SANNA et al., 2004;

BARBACCIA, 2004).

Alguns autores especulam que a tolerância pode ser induzida por uma

modificação endógena baseada na sensibilidade do receptor de GABAA devido a

tolerância cruzada entre neuroesteroides e outros compostos ligantes, como por

exemplo, álcool e barbituratos. Outra justificativa seria os efeitos pós-retirada quando a

atividade dos agonistas de receptores de GABAA cessa subitamente. Isto revelaria

alterações compensatórias responsáveis pela tolerância e poderia indicar uma

diminuição na função de receptor GABAA. O efeito de decaimento súbito na produção

de esteroides GABAérgicos ocorrem durante o final da fase lútea e período pós-parto

quando a produção de hormônios esteroides diminui rapidamente. Tanto em homens

quanto em mulheres, o aumento da produção de esteroides GABAérgicos ocorre durante

uma fase de estresse, e diminui quando o corpo volta ao estado normal de homeostase

(TURKMEN et al., 2011).

Alopregnanolona e pregnanolona são anestésicos naturais e eficazes já testados

em animais e humanos, sendo considerados potentes moduladores alostéricos positivos

e seletivos do receptor de GABAA. Além do efeito anestésico, alguns autores mostram

efeitos ansiolíticos, analgésico, anticonvulsivante, sedativo e hipnótico decorrentes da

administração destes neuroesteroides (GASIOR et al., 1999; GOODCHILD et al., 2001;

RUPPRECHT, 2003). Ao ingerir álcool, o níveis de alopregnanolona se elevam tanto no

34

plasma como no encéfalo, produzindo uma série de efeitos comportamentais. Tais

efeitos estão relacionados com o aumento da preferência e da busca pelo álcool, ação

anticonvulsivante e indução de prejuízos cognitivos via inibição de neurônios

piramidais no hipocampo. Diante das evidências sugere-se que os altos níveis de

alopregnanolona aumentem a dependência dos usuários em relação ao abuso de álcool.

6 CONCLUSÃO

Apesar de o abuso de álcool influenciar os níveis de alopregnanolona no corpo,

essa modificação irá depender de fatores como os níveis de álcool administrados, a via

de administração, espécie, sexo, genótipo investigado, a fase do ciclo estral, e o tempo

de análise após a administração do álcool. Por fim, a relação da alopregnanolona quanto

ao comportamento de abuso não é bem elucidado, mas pesquisas tem demonstrado uma

modificação nos níveis de alopregnanolona em áreas encefálicas como núcleo

accumbens, amígdala, hipocampo e hipotálamo diante da exposição crônica do álcool.

No entanto, a área tegumentar ventral, importante área cortical para o entendimento da

neurobiologia do abuso apresenta poucos estudos indicando essa relação.

Por outro lado, a relação da alopregnanolona com tolerância e retirada do álcool

está descrita na literatura como potenciador de tolerância e protetor diante dos efeitos

ocasionados após a retirada do álcool. Uma vez favorecendo a tolerância, estudos

mostram que antagonistas GABAérgicos e glutamatérgico revertem esses efeitos, como

por exemplo, a utilização de finasteride, epipregnanolona e dizocilpine em pacientes

álcool-dependentes.

Portanto, uma vez que o abuso de álcool aumenta os níveis de alopregnanolona

em usuários, consequentemente, promovendo a dependência, os altos níveis de

alopregnanolona encontrados nas pesquisas no sexo feminino podem favorecer a rápida

dependência em mulheres, potenciando os efeitos indesejáveis descritos durante o

abuso, proporcionado pela droga.

35

REFERÊNCIAS

AKWA, Yvette et al. The amygdala mediates the anxiolytic- like effect of the

neurosteroid allopregnanolone in rat. Behavarioural Brain Research. v. 106, n.1–2, p.

119–125. December 1999.

ALELE, Paul; DEVAUD, Leslie. Correction to “sex differences in steroid modulation

of ethanol withdrawal in male and female rats.” Journal of Pharmacology and

Experimental Therapeutics. v. 320, n. 1, p. 427-436. Jan 2007.

ALIKUNJU, Saleena et al. The Inflammatory Footprints of Alcohol-induced Oxidative

Damage in Neurovascular Components. Brain Behavior and Immunity. v. 25, p.129–

136. Jan. 2011.

AMAO, Yutaka; SHUTOD, Naho; IWAKUNI, Hideharu. Ethanol synthesis based on

the photoredox system consisting of photosensitizer and dehydrogenases. Applied

Catalysis B: Environmental. v. 180, n. 2016, p. 403–407. July, 2015.

ANDREEN, Lotta et al. Tolerance to allopregnanolone with focus on the GABA-A

receptor. British Journal of Pharmacology. v. 162, n. 2, p. 311–327. August 2011.

BARBACCIA, Maria L. Neurosteroidogenesis: relevance to neurosteroid actions in

brain and modulation by psychotropic drugs. Critical Reviews in Neurobiology. v. 16,

n. 1 e 2, p. 67–74. 2004.

BARBACCIA, Maria et al. Cognitive impairment and increased brain neurosteroids in

adult rats perinatally exposed to low millimolar blood alcohol concentrations.

Psychoneuroendocrinology. v. 32, n. 8 e 10, p. 931–942. August 2007.

BARBOSA, Adriana e MORATO, Gina. Influence of neurosteroids on the development

of rapid tolerance to ethanol in mice. European Journal of Pharmacology. v. 431, n.

2, p. 179–188. November 2001.

BARBOSA, Adriana e MORATO, Gina. Influence of epipregnanolone on the

modulation of rapid tolerance to ethanol by neurosteroids. Revista Brasileira de

Psiquiatria (São Paulo, Brazil:1999), v. 29, n. 4, p. 337–345. December 2007.

BARANCZUK, Richard e GREENWAL, Gilbert. Plasma levels of oestrogen and

progesterone in pregnant and lacting hamsters. Journal of Endocrinology. v. 63, n.1, p.

125-135. Oct 1974.

BEATTIE, Matthew et al. Voluntary ethanol consumption reduces GABAergic

neuroactive steroid (3α,5α)3-hydroxypregnan-20-one (3α,5α-THP) in the amygdala of

the cynomolgus monkey. Addiction Biology. v. 22, n. 2, p. 318–330. December 2017.

36

BELLENTANI, Stefano et al. Drinking habits as cofactors of risk for alcohol induced

liver damage. British Medical Journal Gut. v. 41, n. 6, p. 845–850 Dec. 1997.

Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1891602/>.

BELELLI, Delia e LAMBERT, Jeremy. Neurosteroids: endogenous regulators of the

GABAA receptor. Nature Reviews Neuroscience, v.6, n. 7, p. 565–575. July 2005.

BECKLEY, Ethan et al. Decreased Anticonvulsant Efficacy of Allopregnanolone

During Ethanol Withdrawal in Female Withdrawal Seizure-Prone vs. Withdrawal

Seizure-Resistant Mice. Neuropharmacology. v. 54, n. 2, p. 365–374. Feb 2008.

BIGGIO, Giovanni et al. Stress, ethanol, and neuroactive steroids. Pharmacology &

Therapeutics. v. 116, n. 1, p. 140-171. Oct 2007.

BIGGIO, Giovanni e Purdy, R.H. (Eds.). Neurosteroids and Brain Function. Academic

Press. 2001

BOEHM, Stephen et al. gamma-Aminobutyric acid A receptor subunit mutant mice:

new perspectives on alcohol actions. Biochemical Pharmacology. v. 68, n. 8, p.1581–

602. Oct 2004.

BOWEN, Carrie; Purdy, R. H; Grant, K. a. Ethanol-like discriminative stimulus effects

of endogenous neuroactive steroids: effect of ethanol training dose and dosing

procedure. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics. v. 289, n.

1, p. 405–411. May 1999.

BRADLEY, Keith. R. The Roman Empire: Economy, Society and Culture (Omite

British Commonwealth). Classical World. v. 109, n.2, p. 263-264. Jan 2016.

BRUNTON, Paula; RUSSELL, John; HIRST, Jonathan. Allopregnanolone in the brain:

protecting pregnancy and birth outcomes. Progress in Neurobiology. v. 113, p. 106-36.

Feb 2014.

CAGETTI, Elisabetta et al. Chronic intermittent ethanol (CIE) administration in rats

decreases levels of neurosteroids in hippocampus, accompanied by altered behavioral

responses to neurosteroids and memory function. Neuropharmacology, v. 46, n. 4, p.

570–579. March 2004.

CEDERBAUM, Arthur I. Alcohol Metabolism. Clinical Liver Disease. v. 16, n.4,

p.667–685. Oct 2012.

CEDERBAUM, Arthur et al. Transfer and reoxidation of reducing equivalents as the

rate- limiting steps in the oxidation of ethanol by liver cells isolated from fed and fasted

rats. Archives of Biochemistry and Biophysics. v. 183, n.2, p.638–646. Oct 1977.

37

Centers for Disease Control and Prevention. Alcohol and Public Health: Alcohol-

Related Disease Impact (ARDI) — 2013. Atlanta: U.S. Department of Health and

Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, National Center for

Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Office on Smoking and Health,

2016.

CHINA, Vivien et al. Effect of acute ethanol and acute allopregnanolone on spatial

memory in adolescent and adult rats. Alcohol. v. 45, n. 5 p. 473-483. March 2011.

COOK, Jason et al. Ethanol Alters Local Cellular Levels of (3 alpha,5 alpha)-3-

Hydroxypregnan-20-one (3 alpha,5 alpha-THP) Independent of the Adrenals in

Subcortical Brain Regions. Neuropsychopharmacology. v. 39, n. 8, p. 1978–1987.

March 2014.

CONCAS, Alessandra et al. Role of brain allopregnanolone in the plasticity of gamma-

aminobutyric acid type A receptor in rat brain during pregnancy and after delivery.

Proceedings of National Academy of Sciences. v. 95, n. 22, p. 13284–9. November

1998.

DAVIES, Martin. The role of GABAA receptors in mediating the effects of alcohol in

the central nervous system. Journal of Psychiatry & Neuroscience. v. 28, n.4, p.263–

74. July 2003.

DASHKO, Sofia et al. Why, when, and how did yeast evolve alcoholic fermentation?

FEMS Yeast Research. v.14, n.6, p. 826–832. April 2014.

EVERT, Denise; OSCAR-BERMAN, Marlene. Alcohol-related cognitive impairments:

An overview of how alcoholism may affect the workings of the brain. Alcohol Health

& Research World. v.19, n.2, p.89–96. January 1995.

FINN, Deborah; GALLAHER, Edward; CRABBE, John. Differential change in

neuroactive steroid sensitivity during ethanol withdrawal. The Journal of

Pharmacology and Experimental Therapeutics. v. 292, n.1, p. 394–405. December,

1999. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10604976>

FINN, Deborah et al. Selected line difference in sensitivity to a GABAergic

neurosteroid during ethanol withdrawal. Genes, Brain and Behavior. v. 5, n.1, p. 53–

63. Feb 2006.

FINN, Deborah et al. Sex differences in the effect of ethanol injection and consumption

on brain allopregnanolone levels in C57BL/6 mice. Neuroscience. v. 123, n. 4, p. 813–

819. January 2004.

38

FINN, Deborah et al. The role of pregnane neurosteroids in ethanol withdrawal:

Behavioral genetic approaches. Pharmacology and Therapeutics. v. 101, n. 2, p. 91–

112. February 2004.

FOLLESA, Paolo et al. Neurosteroids, GABAA receptors, and ethanol dependence.

Psychopharmacology. n. 186, v.3, p. 267–80. June 2006.

FRYE, Cheryl A. The neurosteroid 3 alpha, 5 apha-THP has antiseizure and possible

neuroprotective effects in an animal model of epilepsy. Brain Research. v.696, p.113-

120. Oct 1995.

GASIOR, Maciej; CARTER, Richard B.; WITKIN, Jeffrey. Neuroactive steroids:

potential therapeutic use in neurological and psychiatric disorders. Trends in

Pharmacological Science. v. 20, n.3, p. 107–112. March1999.

GENAZZANI, Andrea et al. Circulating levels of allopregnanolone in humans: gender,

age, and endocrine influences. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

v.83, n.6, p. 2099–103. June 1998.

GIANOULAKIS, Christina. Implications of endogenous opioids and dopamine in

alcoholism: human and basic science studies. Alcohol. v. 31, n. 1, p.33-42. March 1996.

GIANOULAKIS, Christina. Alcohol-Seeking Behavior. Alcohol Health & Research

World. v. 22, n.3, p. 202–210. May 1998.

GOODCHILD, Colin; ROBINSON, Andrea; NADESON, Raymond. Antinociceptive

properties of neurosteroids IV: pilot study demonstrating the analgesic effects of

alphadolone administered orally to humans. British Jounal of Anaesthesia. v. 86, n. ,

p. 528–534. April 2001.

GRANT, Bridget F. Prevalence and co-occurrence of substance use disorders and

independent mood and anxiety disorders on alcohol and related conditions. Archives of

General Psychiatry. v.61, n.8, p.807–816. August 2004.

GRANT, Kathleen et al. Neuroactive steroid stereospecificity of ethanol-like

discriminative stimulus effects in monkeys. The Journal of Pharmacology and

Experimental Therapeutics. v. 326, n. 1, p. 354–61. August 2008.

GREEN, Kristen et al. The influence of menstrual cycle phase on sensitivity to ethanol-

like discriminative stimulus effects of GABA(A)-positive modulators. Pharmacology

Biochemistry and Behavior. v. 64, n. 2, p. 379–383. August 1998.

GROSSO, Salvatore et al. Inter-ictal and post-ictal circulating levels of

allopregnanolone, an anticonvulsant metabolite of progesterone, in epileptic children.

Epilepsy Research. v.54, n.1, p. 29–34. April 2003.

39

GROBIN, Chistina e MORROW, Leslie. 3α-Hydroxy-5α-pregnan-20-one levels and

GABAA receptor-mediated 36Cl- flux across development in rat cerebral cortex. Brain

Research Developmental Brain Research. v. 131, n.(1-2), p.31–9. October 2001.

GUPTA, Swapnil; KULHARA, Parmananda. Cellular and molecular mechanisms of

drug dependence: An overview and update. Indian Journal of Psychiatry. v. 49, n.2,

p.85–90. March 2007.

HAORAH, James et al. Alcohol-induced blood-brain barrier dysfunction is mediated

via inositol 1,4,5-triphosphate receptor (IP3R)-gated intracellular calcium release.

Journal of Neurochemistry. v. 100, n. 2, p. 324-336. Jan 2007.

HAORAH, James et al. Mechanism of alcohol-induced oxidative stress and neuronal

injury. Free Radical Biology Medicine. v. 45, n. 11, p.1542-1550. Dec 2008.

HARRISON, Neil et al. Structure-activity relationships for steroid interaction with the

gamma-aminobutyric acidA receptor complex. Journal of Pharmacology and

Experimental Therapeutics. v. 241, n.1, p.346-53. April 1987.

HARRIS, Robert A. Ethanol actions on multiple ion channels: which are important?

Alcoholism: Clinical and Experimental Research. v.23, n.10, p.1563–70. October

1999.

HARPER, Clive; MATSUMOTO, Izuru. Ethanol and brain damage. Current Opinion

in Pharmacology. v.5, n.1, p. 73–78. February 2005.

HASIRCI, Ahmet et al. Cellular GABAergic Neuroactive Steroid (3α,5α)-3-Hydroxy-

Pregnan-20-One (3α,5α-THP) Immunostaining Levels Are Increased in the Ventral

Tegmental Area of Human Alcohol Use Disorder Patients: A Postmortem Study.

Alcoholism, Clinical and Experimental Research. v. 41, n. 2, p. 299–311. January

2017.

HILLER-STURMHOFEL, S. e BARTKE, A. (1998). The Endocrine System. Alcohol

Health & Research World. v. 22, p. 153–163.

HODGE, Clyde et al. Allopregnanolone and pentobarbital infused into the nucleus

accumbens substitute for the discriminative stimulus effects of ethanol. Alcoholism,

Clinical and Experimental Research, v. 25, n. 10, p. 1441–7. November 2001.

Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11696663>

HOLT, Stephen; SKINNER, Harvey; ISRAEL, Yedy. Early identification of alcohol

abuse: 2: Clinical and laboratory indicators. Canadian Medical Association Journal.

v.124, p.1279-1299. May 1981.

40

HOSIE, Alastair M. et al. Conserved site for neurosteroid modulation of GABAA

receptors. Neuropharmacology. v.56, n. 1-56, p.149-154. January 2009.

HOSIE, Alastair M. et al. Endogenous neurosteroids regulate GABAA receptors

through two discrete transmembrane sites. Nature. v. 444, p. 486-489. Nov 2006.

IQBAL, Umar et al. Chronic prenatal ethanol exposure alters hippocampal GABAA

receptors and impairs spatial learning in the guinea pig. Behavioural Brain Research.

v. 150, n. 1–2, p. 117–125. April 2004.

IRWIN, Robert et al. Pregnenolone sulfate augments NMDA receptor- mediated

increases in intracellular Ca2+ in cultured rat hippocampal neurons. Neuroscience

Letters. v. 141, n.1, p.30-34. August 1992.

JANAK, Patricia; REDFERN, Jane; SAMSON, Herman. The Reinforcing Effects of

Ethanol Are Altered by the Neurosteroids. Alcoholism, Clinical and Experimental

Research. v. 22, n. 5, p. 1106–1112. August 1998.

JANAK, Patricia e GILL, T. Michael. Comparison of the effects of allopregnanolone

with direct GABAergic agonists on ethanol self-administration with and without

concurrently available sucrose. Alcohol. v. 30, n. 1, p. 1–7. May 2003.

JANIS, Gregory et al. Effects of chronic ethanol consumption and withdrawal on the

neuroactive steroid 3alpha-hydroxy-5alpha-pregnan-20-one in male and female rats.

Alcoholism, Clinical and Experimental Research. v. 22, n. 9, p. 2055–61. December

1998. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9884151

JELLINEK, Elvin. Phases of alcohol addiction. Quarterly Journal of Studies on

Alcohol. v. 13, n. 4, p. 673–684. December 1952.

JONES, Ben e JONES, Marilyn. K. (1976). Alcohol Effects in Women During the

Menstrual Cycle. Annals of the New York Academy of Sciences. v. 273, n. (1), p.

576–587. May 1976.

KATZUNG, B.G, Masters S.B & Trevor, A.J. in Basic and clinical pharmacology. 12

edition v.5, n.23, p.389-401. 2012.

KIM, Scott; ZHANG, Hongjian; KIM, Hee-Yong. Profiling neurosteroids in

cerebrospinal fluids and plasma by gas chromatography/electron capture negative

chemical ionization mass spectrometry. Analytical Biochemistry. v. 277, n. 2, p. 187-

195. Jan 2000.

KORNEYEV, Alexander; COSTA, Ednelson. Allopregnanolone (THP) mediates

anesthetic effects of progesterone in rat brain. Hormones and Behavior. v.30, n.1,

p.37-43. April, 1996.

41

KRAUS, Marilyn; MAKI, Paulini M. Effects of amantadine hydrochloride on

symptoms of frontal lobe dysfunction in brain injury: case studies and review. The

Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neuroscience, 9:222-230. February 1997.

KESNER, Raymond; CHURCHWELL, John. An analysis of rat prefrontal cortex in

mediating executive function. Neurobiology of Learning and Memory. v. 96, n. 3, p.

417-31. August 2011.

KRIL, Jillian et al. The cerebral cortex is damaged in chronic alcoholics. Neuroscience.

v.79, n.4, p. 983–998. September 1997.

KRYSTAL, John et al. Gamma- aminobutyric acid type A receptors and alcoholism:

intoxication, dependence, vulnerability, and treatment. Archives of Genenral

Psychiatry. v.63, n.9, p.957–68. October 2006.

LAASKO, Mikko et al. A volumetric MRI study of the hippocampus in type 1 and 2

alcoholism. Behavioural Brain Research. v.109, n. 2, p.177-186. June 2000.

LANDGREN, Sven et al. The effect of progesterone and its metabolites on the interictal

epileptiform discharge in the cat's cerebral cortex. Acta Physiologics Scandinavica.

v.131, n.1, p. 33-42. October, 1987.

LANDGREN, Sven et al. The effect of progesterone on the spontaneous interictal spike

evoked by the application of penicillin to the cat's cerebral cortex. Journal of

Neurological Science. v.36, p.119-133. March 1978.

LARANJEIRA, Ronaldo et al. Consenso sobre a Síndrome de Abstinência do Álcool

(SAA) e o seu tratamento. Revista Brasileira de Psiquiatria. v. 22, n.2, p. 62–71. June

2000.

LOBO, Ingrid; HARRIS, Adron. GABAA receptors and alcohol. Pharmacology

Biochemistry and Behavior. v. 90, n. 1, p. 90–94. March 2008.

LOVINGER, David M. et al. Ethanol inhibits NMDA-activated ion current in

hippocampal neurons. Science. v.243, p.1721-1724. March 1989.

MACIEL, Cláudia; KERR-CORREA, Florence. Complicações psiquiátricas do uso

crônico do álcool: síndrome de abstinência e outras doenças psiquiátricas. Revista

Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 26, supl. 1, p. 47-50, May 2004

MAGUIRE, Jamie e MODY, Istvan. Neurosteroid synthesis-mediated regulation of

GABAA receptors: relevance to the ovarian cycle and stress. Journal of Neuroscience.

v.27, p.2155-2162. March 2007.

42

MAGUIRE, Jamie et al. Ovarian cycle-linked changes in GABAA receptors mediating

tonic inhibition alter seizure susceptibility and anxiety. Nature Neuroscience. v. 8, n. 6,

p. 797–804. June 2005.

MAJEWSKA, Maria D. et al. Steroid hormone metabolites are barbiturate-like

modulators of the GABA receptor. Science. v.232, p.1004- 1007. June 1986.

MAKRIS, Nikos et al. Decreased Volume of the Brain Reward System in Alcoholism.

Biological Psychiatry. v. 64, n.3, p. 192–202. August 2008.

MATTHEWS, Douglas et al. Acute ethanol administration and acute allopregnanolone

administration impair spatial memory in the Morris water task. Alcoholism, Clinical

and Experimental Research. v. 26, n. 11, p. 1747–1751. November 2002.

McEWEN, Bruce S. Non-genomic and genomic effects of steroids on neural activity.

Trends in Pharmacological Sciences. v. 12, n. 1, p. 141–147. April 1991.

MEHTA, Ashok. K., & Ticku, M. K. (1998). Chronic ethanol administration alters the

modulatory effect of 5a-pregnan-3a-ol-20-one on the binding characteristics of various

radioligands of GABA A receptors. Brain Research. v. 805, n.1, p. 88–94. August

1998.

MEIJER, Alfred et al. Rate-limiting factors in the oxidation of ethanol by isolated rat

liver cells. Biochemical Journal. v.150, n.2, p.205–209. September 1975.

MELONI, José; LARANJEIRA, Ronaldo. Custo Social e de Saúde do Consumo do

Álcool. Revista Brasileira Psiquiátrica. v. 26, p.7-10. May 2004.

MIHIC, John. Sites of alcohol and volatile anaesthetic action on GABA, and glycine

receptors. Nature. v.389, n. 6649, p.385-389. September 1997.

NIEMINEN, Levi et al. Relationship between omega-3 fatty acids and plasma

neuroactive steroids in alcoholism, depression and controls. Prostaglandins Leukot

Essent Fatty Acids. v. 75, n. 4-5, p. 309-14.Oct 2006.

NORBERG, Ake et al. Role of variability in explaining ethanol pharmacokinetics.

Clinical Pharmacokinetics. v. 42, n. 1, p. 1–31. January 2003.

NOVIER, Adelle et al. Differences in Behavioral Responding in Adult and Aged Rats

Following Chronic Ethanol Exposure. Alcoholism: Clinical and Experimental

Research. v. 40, n. 7, p.1462–1472. April 2016.

OSCAR-BERMAN, Marlene et al. Impairments of Brain and Behavior. Alcohol health

and research world. v. 21, n. 1, p.65–75. January 1997.

OSCAR-BERMAN, Marlene e MARINKOVIC, Ksenija. Alcoholism and the brain: an

overview. Alcohol Research & Health : The Journal of the National Institute on

43

Alcohol Abuse and Alcoholism, v. 27, n. 2, p. 125–33. Feb 2003. Disponível em:

<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15303622>

ORTIZ, Jordi, et al. Biochemical actions of chronic ethanol exposure in the mesolimbic

dopamine system. Synapse. v. 21, n.4, p. 289-98. Dec 1995.

PALMER, Abraham et al. (2002). Initial sensitivity, tolerance and cross-tolerance to

allopregnanolone- and ethanol-induced hypothermia in selected mouse lines.

Psychopharmacology. v. 162, n. 3, p. 313–322. July 2002.

PARSONS, Oscar A.; NIXON, Sara J. Neurobehavioral sequelae of alcoholism.

Neurologic Clinics. v. 11, n. 1, p. 205–218, March 1993.

PASSANATI, Thomas et al., 1990. Reproductibility of individual rates of ethanol

metabolism in fasting subjects. Clinical Pharmacology and Therapeutics. v. 47, n.3,

p.389–396.

PAWLOSKY, Robert et al. Alterations in Brain Glucose Utilization Accompanying

Elevations in Blood Ethanol and Acetate Concentrations in the Rat. Alcohol, Clinical

and Experimental Research. v. 34, n. 2, p. 375–381. Feb. 2010. Disponível em:

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2958045/>

PFEFFERBAUM, Adolf, et al. Frontal lobe volume loss observed with magnetic

resonance imaging in older chronic alcoholics. Alcohol, Clinical and Experimental

Research. v. 21, p. 521-529. May 1997.

PFEFFERBAUM, Adolf et al. Sex differences in the effects of alcohol on brain

structure. The American Journal of Psychiatry. v.158, n.2, p.188–197. Feb 2001.

PIERUCCI-LAGHA, Amira, et al. Subjective effects and changes in steroid hormone

concentrations in humans following acute consumption of alcohol.

Psychopharmacology. v. 186, n. 3, p. 451–461. June 2006.

PURDY, Robert et al. Stress-induced elevations of gamma-aminobutyric acid type A

receptor-active steroids in the rat brain. Proceedings of the National Academy of

Sciences. v.88, n .10, p. 4553–7. May 1991.

RAMCHANDANI, Vijay; KWO, Paul; LI, Ting-Kai. Effect of food and food

composition on alcohol elimination rates in healthy men and women. The Journal of

Clinical Pharmacology, v. 41, n. 12, p.1345–1350. Dec 2001.

RAHMAN, Mozibur et al. A comparison of the pharmacological properties of

recombinant human and rat alpha(1)beta(2)gamma(2L) GABA(A) receptors in Xenopus

oocytes. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology. v. 35, n. 9,

p.1002-1011. April 2008.

44

RAVAGLIA, Sabrina et al. Cognitive impairment and central motor conduction time in

chronic alcoholics. Functional Neurology, v.17, n.2, p.83-86. March 2002.

RAYMOND, Jose-Luis; LISBERGER, Stephen; ANDMAUK, Michel. The cerebellum:

A neuronal learning machine? Science. v. 272, n. 5265, p. 1126–1131. May 1996.

REHM, Jurgen et al. Global burden of disease and injury and economic cost attributable

to alcohol use and alcohol-use disorders. The Lancet. v. 373, n. 9682, p. 2223–2233.

June 2009.

REHM, Jurgen et al. The relation between different dimensions of alcohol consumption

and burden of disease: An Overview. Addiction. v. 105, n. 5, p. 817–843. Feb 2010.

ROLLS, Edmund T. Limbic Structures, Emotion, and Memory. In: Reference Module

in Neuroscience and Biobehavioral Psychology. United Kingdom: Elsevier, 2017. p.

1-37.

RUPPRECHT, R. Neuroactive steroids: mechanisms of action and neuropsycho-

pharmacological properties. Psychoneuroendocrinology 28, 139–168. 2003.

SANNA, Enrico. Brain Steroidogenesis Mediates Ethanol Modulation of GABAA

Receptor Activity in Rat Hippocampus. Journal of Neuroscience. v. 24, n. 29, p.

6521–6530. July 2004.

SCHUMACHER, Michael et al. Steroid hormones and neurosteroids in normal and

pathological aging of the nervous system. Progress in Neurobiology. v. 71, n.1, p. 3–

29. September 2003.

SHARKO, Amanda et al. Individual differences in voluntary ethanol consumption lead

to differential activation of the central amygdala in rats: relationship to the anxiolytic

and stimulant effects of low dose ethanol. Alcohol Clinical and Experimental

Research. v. 37, n. 1, p.172–180. July 2012.

SLAWECKI, Craig et al. Effects of allopregnanolone on the EEG of alcohol-preferring

and alcohol-nonpreferring rats. Alcoholism, Clinical & Experimental Research. v.

24, n. 9, p. 1369–1375. October 2000.

SLAWECKI, Craig et al. Electrophysiological effects of allopregnanolone in rats with a

history of ethanol exposure. Alcoholism, Clinical and Experimental Research, v. 29,

n. 1, p. 66–74. January 2005.

SILVERS, Janelle et al. Chronic intermittent ethanol exposure during adolescence

reduces the effect of ethanol challenge on hippocampal allopregnanolone levels and

Morris water maze task performance. Alcohol. v. 39, n. 3, p. 151–158. July 2006.

45

SINHA, Rajita et al. Enhanced negative emotion and alcohol craving, and altered

physiological responses following stress and cue exposure in alcohol dependent

individuals. Neuropsychopharmacology. v. 34, n.5, p. 1198-1208. July 2008.

Substance Abuse and Mental Health Services Administration. Key Substance Use and

Mental Health Indicators in the United States: Results from the 2015 National Survey

on Drug Use and Health.

SHEN, Hui et al. Reversal of neurosteroid effects at α4β2δ GABAA receptors triggers

anxiety at puberty. Nature Neuroscience. v. 10, n.4, p. 469–77. April 2007.

SULLIVAN, Edith. Compromised pontocerebellar and cerebellothalamocortical

systems: speculations on their contributions to cognitive and motor impairment in

nonamnesic alcoholism. Alcoholism, Clinical and Experimental Research. v. 27, n. 9,

p. 1409-1419.September 2003.

TOKUNAGA, Sayaka, et al. Effect of acute ethanol administration and acute

allopregnanolone administration on spontaneous hippocampal pyramidal cell neural

activity. Brain Research. v. 967, n. (1–2), p. 273–280. March 2003.

TORRES, Jesus e ORTEGA, Esperanza. Alcohol intoxication increases

allopregnanolone levels in male adolescent humans. Psychopharmacology. v. 172, n.

3, p. 352–355. March 2004.

TANCHUCK, Michelle et al. Local Changes in Neurosteroid Levels in the Substantia

Nigra Reticulata and the Ventral Tegmental Area Alter Chronic Ethanol Withdrawal

Severity in Male Withdrawal Seizure-Prone Mice. Alcohol, Clinical and Experimental

Research. v.37, n.5, p. 784-793. May 2013.

TURKMEN, Sahruh et al. Tolerance to allopregnanolone with focus on the GABA-A

receptor. British Journal of Pharmacology. v. 162, n. 2, p. 311–327. January 2011.

YAWNO, Tamara et al. Neuroactive steroids induce changes in fetal sheep behavior

during normoxic and asphyxic states. Stress. v. 14, n.1, p. 13-22. Dec 2010.

WALKLATE, Jenny A. Uncorking the past: The quest for wine, beer, and other

alcoholic beverages. Time and Mind. v. 4, n. 1, p. 111-114. November 2013.

WANG, Ming-De. The interaction between ethanol and pregnanolone at induction of

anaesthesia investigated with a threshold method in male rats. British Journal of

Pharmacology. v. 134, n.7, p. 1393–1402. Dec. 2001. Disponível em:

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1573077/>

WEISS, Friedbert, et al. Oral alcohol self-administration stimulates dopamine release in

the rat nucleus accumbens: genetic and motivational determinants. The Journal of

46

Pharmacology and Experimental Therapeutics v. 267, n.1, p. 250–258. October

1993.

WERNER, David et al. Knockin Mice with Ethanol-Insensitive a1-Containing g -

Aminobutyric Acid Type A Receptors Display Selective Alterations in Behavioral

Responses to Ethanol. The Journal of Pharmacology and Experimental

Therapeutics, v. 319, n.1, p. 219–227. June 2006. Disponível em:

<http://jpet.aspetjournals.org/content/jpet/319/1/219.full.pdf>

WHITMAN, Isaac R., et al. Alcohol Abuse and Cardiac Disease. Journal of the

American College of Cardiology. v. 69, n. 1, p. 13-24. Jan. 2017. Disponível em:

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28057245/>

WIKLER, Abraham, 1973. Dynamics of Drug Dependence. Implications of a

Conditioning Theory for Research and Treatment. Archives of General Psychiatry. v.

28, n. 5, p. 611-616. May 1973.

WILD, Robert. The pharmacology of Alcohol. The Lancet. v. 192, n. 4967, p. 623–

625. November 1918.

WILKINSON, Paul et al. Pharmacokinetics of ethanol after oral administration in the

fasting state. Journal of Pharmacokinetics and Biopharmacodynamics. v. 5, n. 3, p.

207–224. April 1977.

WISE, Roy. The neurobiology of craving: implications for the understanding and

treatment of addiction. Journal of Abnormal Psychology. v. 97, n. 2, p. 118–132. May

1988. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3290303>

WISSEL, Paul. Dietary influences on ethanol metabolism. Drug-Nutrient Interact, v.

5, n. 3, p. 161–168. January 1987.

WORLD: Total alcohol per capita (>15 years of age) consumption, in litres of pure

alcohol, projected estimates, 2015. Disponível em:

<http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/msbgsruprofi

les.pdf>

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on alcohol and health

2014. Global Status Report on Alcohol, p. 1–392. May 2014. Disponível em:

<https://doi.org//entity/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en/index.ht

ml>

47

ZIMMERBERG, Betty et al. Differential behavioral effects of the neuroactive steroid

allopregnanolone on neonatal rats prenatally exposed to alcohol. Pharmacology,

Biochemistry and Behavior. v. 51, n. (2–3), p. 463–468. May 1995.

I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população

brasileira / Elaboração, redação e organização: Ronaldo Laranjeira et al. Revisão técnica

científica: Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte. Brasília: Secretaria Nacional

Antidrogas, 2007.