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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas TENDÊNCIAS SAZONAIS DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA E DO ÍNDICE DE ARIDEZ PARA O NORDESTE DO BRASIL JÓRIO BEZERRA CABRAL JÚNIOR Natal, RN. 2018.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · No Brasil, a região Nordeste é a mais vulnerável aos cenários de mudanças climáticas, com ênfase na irregularidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas

TENDÊNCIAS SAZONAIS DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA E DO

ÍNDICE DE ARIDEZ PARA O NORDESTE DO BRASIL

JÓRIO BEZERRA CABRAL JÚNIOR

Natal, RN.

2018.

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JÓRIO BEZERRA CABRAL JÚNIOR

TESE DE DOUTORADO

TENDÊNCIAS SAZONAIS DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA E DO ÍNDICE

DE ARIDEZ PARA O NORDESTE DO BRASIL

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Climáticas, do Centro

de Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Doutor em

Ciências Climáticas.

Orientador: Prof. Dr. Bergson Guedes Bezerra

COMISSÃO EXAMINADORA

Dra. Samira de Azevedo Santos (CTGAS-ER – externa à instituição)

Profa. Dra. Rebecca Luna Lucena (UFRN – externa ao programa)

Prof. Dr. Hermes Alves de Almeida (UEPB – externo à instituição)

Prof. Dr. Jonathan Mota da Silva (UFRN – interno ao programa)

Prof. Dr. Cláudio Moisés Santos e Silva (UFRN – interno ao programa)

Natal, RN.

2018.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET

Cabral Júnior, Jório Bezerra.

Tendências sazonais da evapotranspiração de referência e do

índice de aridez para o Nordeste do Brasil / Jório Bezerra Cabral

Júnior. - 2018. 71f.: il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-

Graduação em Ciências Climáticas. Natal, 2018. Orientador: Bergson Guedes Bezerra.

1. Climatologia - Tese. 2. Recurso hídrico - Tese. 3. Região

Nordeste - Tese. 4. Mudanças climáticas - Tese. I. Bezerra,

Bergson Guedes. II. Título.

RN/UF/CCET CDU 551.58

Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324

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A Deus, tudo dedico!

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TENDÊNCIAS SAZONAIS DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA E DO ÍNDICE

DE ARIDEZ PARA O NORDESTE DO BRASIL

RESUMO

No Brasil, a região Nordeste é a mais vulnerável aos cenários de mudanças climáticas, com ênfase na

irregularidade e distribuição dos recursos hídricos na sua maior parte. Com o advento do aumento da

temperatura média global do planeta, espera-se, para o Nordeste do Brasil (NEB), que o ar torne-se mais

seco e consequentemente a demanda de água na atmosfera aumente, podendo tornar a água para consumo

humano, animal e para a agricultura, mais escassa. Diante disso, o objetivo geral deste estudo foi analisar a

variabilidade (espacial e temporal) de dois importantes indicadores de seca: a Evapotranspiração de

Referência (ET0) e o Índice de Aridez (IA), para o NEB, verificando se há indícios de mudanças climáticas.

Para isso utilizou-se dados meteorológicos mensais da ET0 e das variáveis necessárias para se calcular o IA,

disponibilizados por Xavier et al. (2015), no período de 1980 a 2013 (34 anos) e com espaçamento de 0,25°

x 0,25°, perfazendo um total de 2042 pontos com dados. O IA foi calculado de acordo com os critérios

preconizados por Thornthwaite (1948). O método da análise de Cluster foi adotado para classificar sub-

regiões no NEB com características homogêneas para a ET0, em seguida foram caracterizadas as

variabilidades sazonais da ET0 e do IA. As respectivas periodicidades dessas variáveis, por sub-região, foram

verificadas através da análise de Wavelet. Análises sazonais em série temporal foram aplicadas utilizando-se

os testes não-paramétricos de Mann-Kendall (tendência), Sen (magnitude) e Pettitt (início). Em todos os

testes adotaram-se significâncias estatísticas de 5% ou 1%. Os principais resultados indicaram que há 5 sub-

regiões com características homogêneas para a ET0, sendo a Sub-região 3 (S3) com os maiores acumulados

médios (2098,0 mm/ano) e a S5 com os menores (1362,8 mm/ano). Para o IA, identificou-se que a

precipitação é a variável dominante e que no período menos chuvoso (Primavera) o IA aproxima-se do valor

máximo (IA=1,00) em praticamente todo o NEB. Quanto às análises temporais, foram identificados

diferentes sinais de tendências para ET0, para uma mesma estação, sendo predominantemente positiva com

significância estatística a 1% no sudoeste do estado da Bahia (Verão, Outono, Inverno e Primavera) e

negativas a 5% com maior predominância no leste do NEB, concentrando-se especialmente do leste do

estado do Rio Grande do Norte (RN) ao nordeste da Bahia (Primavera), no leste da Paraíba e RN (Verão) e

praticamente em toda costa leste do NEB (Inverno), exceto parte do sul da Bahia. As respectivas magnitudes

das tendências positivas da ET0 variaram, em média, de 1,6 mm/estação (Outono) a 2,4 mm/estação

(Primavera), enquanto que as tendências negativas oscilaram de -1,5 mm/estação (Outono) a -2,2

mm/estação (Primavera), obtendo-se início majoritário na década de 1990. Para o IA, as tendências

significativamente positivas concentraram-se no sudoeste da Bahia (Verão e Inverno) e as negativas

(predominantemente no Inverno) ocorreram no leste do RN a leste de Pernambuco, estado de Alagoas e

nordeste da Bahia. As magnitudes positivas do IA, obtiveram uma variação média de 0,002 (Inverno) a 0,02

(Verão), por outro lado, as magnitudes negativas (ausentes no Verão e Outono), variaram de -0,007

(Primavera) a -0,016 (inverno). A década de 1990 obteve maior frequência de início das tendências para o IA

no Verão Outono e Inverno, enquanto na primavera os respectivos inícios das tendências do IA

concentraram-se entre 2000 a 2004. Conclui-se que as variações espaciais e temporais da ET0 e do IA no

NEB foram heterogêneas e apresentaram diferenças opostas de sinais de tendências, até numa mesma estação

do ano, no entanto observou-se que predominantemente a oeste do NEB predomina tendências positivas da

ET0 e a leste ocorre o oposto.

Palavras chave: Climatologia; recurso hídrico; região Nordeste; mudanças climáticas.

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SEASONAL TRENDS OF THE REFERENCE EVAPOTRANSPIRATION AND THE ARIDITY

INDEX TO THE NORTHEAST OF BRAZIL

ABSTRACT

Northeastern Brazil (NEB) is the region most vulnerable to climate change in Brazil, with an emphasis on

the irregularity and distribution of water resources in most of the region. With the advent of the global

average global temperature increase, NEB is expected to make the air drier and consequently the demand for

water in the atmosphere increases, making water for human, animal and agricultural use, more scarce.

Therefore, the general objective of this study was to analyze the variability (spatial and temporal) of two

important drought indicators: Reference Evapotranspiration (ET0) and Aridity Index (IA) for NEB, checking

for signs of changes climate change. In order to do so, we used ET0 monthly meteorological databases and

the variables necessary to calculate AI, available from Xavier et al. (2015) in the period from 1980 to 2013

(34 years) and with spacing of 0.25 ° x 0.25 °, making a total of 2042 data points. The IA was calculated

according to the criteria recommended by Thornthwaite (1948). The Cluster analysis method was adopted to

classify subregions in the NEB with homogeneous characteristics for ET0, then characterized the seasonal

variability of ET0 and IA. The respective periodicities of these variables, by sub-region, were verified

through the Wavelet analysis. Seasonal analyzes in temporal series were applied using the non-parametric

tests of Mann-Kendall (trend), Sen (magnitude) and Pettitt (beginning). Statistical significance was 5% or

1% for all tests. The main results for NEB indicated that there are 5 sub-regions with homogeneous

characteristics for ET0, with Sub-region 3 (S3) having the highest average accumulations (2098.0 mm / year)

and S5 the lowest (1362, 8 mm / year). For IA, precipitation was the dominant variable and in the less rainy

period (Spring) the AI approaches the maximum value (IA = 1.00) in practically the entire NEB. Regarding

the temporal analyzes, different trend signals for ET0 were identified within the same season, being

predominantly positive with statistical significance at 1% in the southwestern state of Bahia (summer,

autumn, winter and spring) and negative at 5 (NE), especially in the eastern part of the state of Rio Grande

do Norte (RN), northeast of Bahia (Primavera), eastern Paraíba and RN (summer), and practically along the

entire NEB east coast (Winter), except part of the south of Bahia. The respective magnitudes of ET0 positive

trends ranged from 1.6 mm / season (Autumn) to 2.4 mm / season (Spring), while negative trends ranged

from -1.5 mm / season (Autumn ) to -2.2 mm / season (Spring), obtaining a majoritarian start in the 1990s.

For AI, the significantly positive trends were concentrated in southwestern Bahia (summer and winter) and

negative ones (predominantly in winter ) occurred in eastern RN east of Pernambuco, state of Alagoas and

northeast of Bahia. On the other hand, the negative magnitudes (absent in summer and autumn) ranged from

-0.007 (Spring) to -0.016 (winter) ). The 1990s saw a greater frequency of onset of trends for AI in the

autumn and winter, while in the spring the respective beginnings of AI trends were concentrated between

2000 and 2004. From the results found, it was concluded that the variations spatial and temporal variations of

ET0 and IA in NEB were heterogeneous and showed opposite differences of trend signals, even in the same

season of the year, however, it was observed that predominantly to the west of NEB, positive tendencies of

ET0 predominate, and to the east the opposite occurs.

Keywords: Climatology; water resource; Northeastern region; climate changes.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 14

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 15

CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10

1.1. Objetivos ........................................................................................................................... 13

1.1.1. Objetivo Geral ................................................................................................................ 13

1.1.2. Objetivos específicos ..................................................................................................... 13

1.2. Estrutura do texto .............................................................................................................. 13

CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 14

REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................ 14

2.1. Conceitos sobre Evapotranspiração (ET) .......................................................................... 14

2.2. Evapotranspiração de referência padrão definida por Penman-Monteith (FAO, 56) ...... 16

2.3. Índice de aridez (IA) ........................................................................................................ 16

2.4. Evapotranspiração de referência (ET0), Índice de Aridez (IA) e seus respectivos impactos17

2.5. Tendências em séries temporais da ET0 e do IA ............................................................... 19

CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 21

Análises da evapotranspiração de referência e do índice de aridez para o Nordeste do Brasil 21

3.1 Introdução .......................................................................................................................... 22

3.2 Material e Métodos ............................................................................................................ 23

3.3 Resultados e Discussão ...................................................................................................... 29

3.4 Conclusões ......................................................................................................................... 34

CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................... 40

Tendências da evapotranspiração de referência e do índice de aridez para o Nordeste do Brasil40

4.1. Introdução ......................................................................................................................... 40

4.2. Material e Métodos ........................................................................................................... 42

4.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................... 47

4.4. Conclusões ........................................................................................................................ 53

Referências ............................................................................................................................... 54

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CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................... 59

CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da região Nordeste do Brasil e seus respectivos estados, com os pontos de

grades distribuídos espacialmente em 0,25° x 0,25° referentes aos dados de precipitação e ET0. .... 24

Figura 2. Organograma hierárquico das etapas para realização da pesquisa. .................................... 26

Figura 3. Número de cluster (3-A) e dendrograma (3-B) referentes as cinco sub-regiões da

evapotranspiração de referência, média do acumulado mensal, a partir da análise de agrupamento,

considerando-se a distância euclidiana e o método de ligação de Ward, para o Nordeste do Brasil,

período: 1980 a 2013.......................................................................................................................... 29

Figura 4. Sub-regiões da ET0 distribuídas na região Nordeste do Brasil (4-A), com as respectivas

médias mensais acumuladas (4-B) e estatísticas dos acumulados anuais (Tabela 1), período de 1980

a 2013. ................................................................................................................................................ 30

Figura 5. Variabilidade espacial e sazonal do Índice de Aridez para a região Nordeste do Brasil no

período de 1980 a 2013. .................................................................................................................... 32

Figura 6. Oscilação da periodicidade (Wavelet Morlet) das correlações existentes entre ET0 x IA

(6A) e Precipitação x IA (6B) para a Sub-região 3 (S3) da ET0, no Nordeste do Brasil, entre 1980 e

2013.. .................................................................................................................................................. 34

Figura 7. Localização da área de estudo, Nordeste do Brasil, e os respectivos Biomas e delimitação

da região Semiárida. ........................................................................................................................... 43

Figura 8. Organograma hierárquico das etapas para realização da pesquisa. .................................... 44

Figura 9. Tendências sazonais da Evapotranspiração de referência para o Nordeste do Brasil,

período de 1980 a 2013. ..................................................................................................................... 48

Figura 10. Magnitudes das tendências sazonais significativas da Evapotranspiração de referência

para o Nordeste do Brasil, período de 1980 a 2013. .......................................................................... 49

Figura 11. Tendências sazonais do Índice de Aridez para o Nordeste do Brasil, período: 1980 a

2013. ................................................................................................................................................... 51

Figura 12. Magnitudes das tendências sazonais significativas do Índice de Aridez para o Nordeste

do Brasil, período de 1980 a 2013. .................................................................................................... 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Frequências relativas (%) do número de vezes em que se iniciou a tendência em diferentes

intervalos de classes (anos) e sazonalmente, para a ET0 e o IA, no Nordeste do Brasil, período de

1980 a 2013. ....................................................................................................................................... 53

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O Nordeste do Brasil (NEB) é a segunda região mais populosa do país, com 57,36 milhões

de habitantes, e a terceira maior em dimensão territorial, com 1.554.387,73 km², segundo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017). Uma de suas principais características é a

elevada variabilidade espaço-temporal da precipitação na região central, onde está localizado o

Semiárido. Nessa área, há déficit hídrico na maior parte dos anos, prolongando-se, às vezes, por

anos consecutivos e gerando intensos impactos econômicos e socioambientais.

Essa região é bastante susceptível a secas (MARES et al., 1985; HASTENRATH, 2006;

2012; PAREDES et al., 2015), que afetam mais pessoas do que qualquer outro risco natural devido

à sua grande escala e natureza duradoura (MARENGO et al., 2016). Segundo dados publicados no

Atlas brasileiro de desastres naturais, o NEB apresenta 60% dos registros com esta tipologia de

desastre do Brasil (CEPED/UFSC, 2013). Segundo Wang et al. (2016) a seca meteorológica decorre

de uma interação complexa entre deficiências de precipitação ou excesso da Evapotranspiração

(ET).

A relação oferta e demanda de água na atmosfera são componentes necessários para

entender, dentre outros, o comportamento hidroclimático em escala regional, particularmente para o

gerenciamento e manejo da água em diversos setores da sociedade, tal como a agricultura,

abastecimento doméstico, indicadores de biomassa, entre outros.

Assim sendo, torna-se importante considerar a demanda energética da atmosfera por água,

através das perdas simultâneas por evaporação mais transpiração, ou seja, o potencial para a

evapotranspiração. Allen et al. (1998) destacam que esse potencial é, às vezes, suficientemente

maior que a disponibilidade hídrica na superfície, e quando isso ocorre, considerando-se um padrão

de superfície, denomina-se de Evapotranspiração de Referência (ET0) (PEREIRA et al., 2013).

Portanto, possíveis alterações na ET0 ocasionam impactos não somente climáticos, mas sobretudo

nos recursos hídricos, com intensas repercussões ao meio ambiente e à sociedade.

O Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) publicou o quinto relatório de

avaliação (AR5) sobre as mudanças climáticas globais e afirma: o Aquecimento Global é

inequívoco (IPCC, 2014). As principais conclusões desse relatório destacam um aumento na

temperatura média global na ordem de 0,85°C (1880 a 2012). As três décadas mais recentes foram

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11

as mais quentes, desde 1850, e que se as emissões dos gases do efeito estufa continuarem nos níveis

atuais, o aquecimento aumentará, podendo chegar a 4,8°C até 2100. Nesse contexto, a comunidade

científica assumiu uma série de preocupações sobre diversas consequências para o futuro do

planeta, dentre elas, questões relacionadas a ET0.

De acordo com Roderick e Faquhar (2002), espera-se que a medida que a temperatura

média global aumenta, o ar se torne mais seco e, consequentemente, a evaporação dos corpos d'água

terrestres aumente. No entanto, ainda de acordo com Roderick e Faquhar (2002), as observações

terrestres nos últimos 50 anos (1950 a 2000) mostraram o inverso, não que o aumento da

temperatura média diminua diretamente a ET0, mas que de forma indireta esse aumento tenha

contribuído para alteração de outras variáveis meteorológicas, a exemplo da redução da velocidade

do vento e da radiação solar em diversos locais, foi nesse contexto entre aumento médio de

temperatura e diminuição da ET0 que surgiu o termo “paradoxo da evaporação” (BRUTSAERT;

PARLANGE, 1998; RODERICK; FAQUHAR, 2002).

A partir de então muitos pesquisadores analisaram causas das tendências no

comportamento da ET0 em diferentes regiões do mundo e, embora fosse esperado que a ET0

aumentasse devido ao aumento global da temperatura, identificaram o reverso para: o Canadá

(BURN; HESCH, 2007), a China (THOMAS, 2000; LIU et al., 2012; HUANG et al., 2015;

ZHENG; WANG, 2015), a Índia (BANDYOPADHYAY et al., 2009), os Estados Unidos (IRMAK

et al., 2012). Essa tendência oposta entre a temperatura crescente do ar e a diminuição da ET0 foi

denominada como o "paradoxo da evaporação" (RODERICK; FARQUHAR, 2002); que tem sido

amplamente discutida para revelar as causas das mudanças na ET0 (WANG et al., 2007; MCVICAR

et al., 2008; RODERICK et al., 2009a,b).

Diversos estudos têm buscado explicar qual a variável meteorológica que tem dominado

na diminuição da ET0, alguns atribuíram o decréscimo da ET0 devido a diminuição da radiação solar

e/ou da velocidade do vento (THOMAS, 2000; WILD et al., 2005; MCVICAR et al., 2008; FAN;

THOMAS, 2013; SHAN et al., 2015), enquanto outros têm relacionado tendências da ET0 com o

aumento da umidade relativa do ar (GONG et al., 2006; BANDYOPADHYAY et al., 2009; ZHAO

et al., 2015; FAN et al., 2016; LI, C. et al., 2017). Contrariamente, tendências crescentes da ET0

também têm sido verificadas por outras pesquisas em outras partes do mundo (YU et al., 2002;

SABZIPARVAR et al., 2010; TABARI et al., 2011; PALUMBO et al., 2011; SHADMANI et al.,

2012; WANG; WANG, 2012; TABARI; AGHAJANLOO, 2013; PITICAR et al., 2015); o que

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12

requer investigação sobre esse importante componente do clima e do ciclo hidrológico

para cada região, assim como as causas que o influencia.

Os resultados das tendências na ET0 (positivas ou negativas) demonstram uma

complexidade nas variações associadas às mudanças climáticas em diferentes regiões do mundo, e a

variável meteorológica que impulsionou tais tendências, nem sempre coincidiu ser a mesma, mesmo

em áreas muito próximas. Por exemplo, estudos encontrados para o Canadá (BURN; HESCH,

2007) e China (FAN et al., 2016) verificaram que a temperatura globalmente crescente não

ocasionou em todos os casos tendências de aumento na ET0.

Com um possível cenário de aumento na ET0 e diminuição da precipitação é esperado que

áreas do NEB se tornem mais susceptíveis à aridez (PBMC, 2012). Thornthwaite (1948) definiu um

índice que mede o grau de aridez de uma área ou estação do ano, sendo expressa pela diferença

entre a precipitação e ET0 dividida pela ET0. Marengo et al. (2011) afirmaram que no Brasil, o

Nordeste é a região mais exposta aos riscos da variabilidade climática, com possível aridização e

subsequente processo de desertificação; especialmente sobre a vegetação da Caatinga (PBMC,

2012). Cerca de 94% do NEB está sob susceptibilidade de moderada a alta, à desertificação

(VIEIRA et al., 2015).

Diante do exposto a motivação para realização desta Tese surge devido a necessidade de

um estudo mais detalhado sobre a variabilidade/tendência da ET0 em conjunto com o Índice de

Aridez (IA). Isso permitirá dar um suporte aos tomadores de decisões visando contribuir para o

planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos, além de auxiliar a responder as seguintes

questões científicas:

i) Quais são as características sazonal e anual da ET0 e IA, e quais sub-regiões são mais

vulneráveis, considerando-se a variabilidade da ET0 e IA, no NEB?

ii) Há evidências significativas de mudanças no comportamento sazonal, anual e

decenal da ET0 e do IA no NEB? Se sim, qual a intensidade?

iii) A partir de qual período iniciou-se as tendências da ET0 e IA?

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13

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

O objetivo principal é identificar se estar ocorrendo tendências sazonais da

evapotranspiração de referência e do índice de aridez para o Nordeste do Brasil.

1.1.2. Objetivos específicos

Caracterizar a climatologia da ET0 e do IA, no tempo e espaço, para o NEB;

Agrupar as sub-regiões no NEB que apresentam características homogêneas para a ET0;

Verificar se há indícios de mudanças significativas no comportamento da ET0 e do IA, nas

escalas espaciais e sazonais;

Quantificar as magnitudes e início das referidas tendências.

1.2. Estrutura do texto

O presente trabalho de Tese encontra-se estruturado em cinco capítulos. No capítulo 1

verifica-se a introdução. O capítulo 2, aborda uma breve revisão de literatura sobre a importância da

ET e seus principais tipos, também sobre conceitos e aplicações do Índice de Aridez. Foi abordado

ainda um histórico sobre estudos realizados em diversas regiões no mundo e no Brasil, sobre essas

duas variáveis e suas possíveis relações de influência. O Capítulos 3 (1° artigo), refere-se à

caracterização da ET0 e do IA via análise de agrupamento e da transformada de wavelet no NEB. O

capítulo 4 (2° artigo), foram realizadas análises de tendências/magnitude/início, da ET0 e do IA,

para todo o NEB a partir de 2042 pontos de dados com série temporal de 34 anos (1980 a 2013). No

capítulo 5, fez-se as conclusões gerais da Tese.

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14

CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

O IPCC (2103, 2014) tem divulgado relatórios sobre o aumento global da temperatura do

ar, pós-revolução industrial, e mostrado através de diferentes modelos climáticos que as tendências

desta variável continuará crescente. Essa condição ocasiona uma preocupação séria, uma vez que

outras variáveis meteorológicas serão afetadas com esse aumento e consequentemente interferir nas

questões socioambientais.

Em termos de Brasil, a região Nordeste é a mais frágil no que concerne aos efeitos

climáticos (AMBRIZZI et al., 2007). Trewartha (1962) denominou que essa região se destaca por

apresentar um "clima problemático", para esses autores a elevada variabilidade associada à

irregularidade das chuvas e ao déficit hidroclimatológico são características predominantemente

marcantes. Marengo et al. (2011) acrescenta que isso expõe a região a uma possível aridização e

subsequente desertificação devido às mudanças climáticas.

Com a mudança climática devido ao aumento do CO2 e outros gases do efeito estufa da

atmosfera, existe uma forte expectativa de um aumento na ET0, que é influenciada direta e/ou

indiretamente pelo aumento da temperatura do ar (TRENBERTH et al., 2014). Embora os

prognósticos sugiram um sutil aumento da precipitação no NEB, durante o século 21, espera-se que

ocorra processo de aumento de aridez na referida região, em razão das crescentes temperaturas

ocasionarem aumento significativo da ET0 e diminuição da disponibilidade hídrica na região

(SANTANA, 2007).

2.1. Conceitos sobre Evapotranspiração (ET)

A perda simultânea da água por evaporação do solo e da transpiração das plantas

denominada de evapotranspiração (THORNTHWAITE, 1941), consome dois terços da precipitação

terrestre global (JAYAWARDENA, 1989; CHAHINE, 1992; OKI; KANAE, 2006; FISHER et al.,

2017) e, portanto, exerce um papel de destaque entre as variáveis mais importantes do ciclo

hidrológico (HUO et al., 2013; WANG et al., 2014; XU et al., 2017).

A depender das necessidades as quais se deseja aplicar o conhecimento da ET, é necessário

que se conheça suas terminologias, essenciais nas aplicações para fins específicos. Entre essas

terminologias para definir a ET destacam-se: ET Real (ETR), ET Potencial (ETP), ET de referência

(ET0), ET de cultura (ETc), ET de Oásis (ETO). Essas são as mais usuais, embora haja outros tipos.

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A definição da ETR foi preconizada por Thornthwaite, e se refere a quantidade real de

água transferida para a atmosfera por evaporação e transpiração, sem suposições de superfície de

referência e/ ou de fatores atmosféricos e umidade do solo (MATZENAUER, 1992). Logo, conclui-

se que estando uma superfície com déficit hídrico a demanda de água para evapotranspirar (ETR)

será predominantemente menor, ou no máximo igual a ET0, considerando-se o padrão de referência.

O conceito de ETP foi introduzido por Thornthwaite e Wilm (1944) sendo efetivamente

definida como a quantidade de água transpirada, em um determinado tempo, a partir de uma extensa

superfície vegetada (vegetação rasteira e verde), cobrindo totalmente o solo, com altura uniforme e

sem restrição hídrica. Nessa condição o fator limitante à ETP é apenas a disponibilidade de energia

solar do local (PEREIRA et al., 2013). Logo, a ETP torna-se um elemento fundamental para

classificação climática, que corresponde ao processo inverso à chuva (THORNTHWAITE, 1946).

A ET0, por sua vez, é definido como a taxa de ET de uma cultura de referência hipotética

com uma altura fixa de 0,12 metros cobrindo totalmente o solo, cujo albedo é igual a 0,23,

resistência ao transporte de vapor d’água constante e igual a 70 s.m-1, sem deficiência de água

(ALLEN et al., 1998). Assim, o conceito de ET0 coincide com a ETP (PEREIRA et al., 2013). Vale

destacar que foram Doorenbos; Pruitt (1977) que propuseram o conceito de ET0 em substituição ao

termo ETP. Em suma, a ET0 representa a demanda de água da atmosfera, que depende

essencialmente de um conjunto de variáveis meteorológicas, essa demanda poderá ser suprida ou

não a depender da capacidade de água disponível.

A ET0 tornou-se um valor ideal de forma que, caso houvesse uma vegetação com as

características da superfície de referência, sem restrição hídrica, a ETR seria numericamente igual a

ET0, mesmo em locais tão áridos quanto os desertos. Portanto, para estudos climáticos e

hidrológicos a ET0 é usada como um dos principais indicadores energéticos da atmosfera e um fator

determinante de seca, principalmente em regiões áridas e semiáridas (HUO et al., 2013), e ainda

permite estimar a ETR (PEREIRA et al., 2013).

A ETc, definida por Doorenbos; Pruitt (1975), é a transferência da água no estado de vapor

de uma determinada cultura agrícola em dada fase de seu desenvolvimento, sem restrição hídrica,

em condições ótimas de crescimento. Deve-se apresentar em uma área mínima de 1 hectare

(PEREIRA et al., 2013). Portanto, depende da demanda atmosférica (ET0), área foliar, tipo e estágio

da cultura (ALLEN et al., 1998). A ETc representa a necessidade de água a ser reposta ao

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solo que permita manter o desenvolvimento e a produção compatível com as condições do regime

solar e térmico da região.

Por fim, a ETO é a evapotranspiração que ocorre numa região vegetada em meio a uma

extensa área seca, de onde provém energia por advecção (calor sensível, H´), a qual a quantidade de

energia vai aumentando e potencializa a ET (SENTELHAS; ANGELOCCI, 2009). Pela influência

da advecção, a ETO pode ser muito mais alta que a ET0 (PEREIRA et al., 2013).

2.2. Evapotranspiração de referência padrão definida por Penman-Monteith (FAO, 56)

O método de estimativa da ET0 por Penman-Monteith-FAO (PM-FAO) surgiu em 1990,

como uma nova proposta, revolucionando os estudos sobre o assunto (CARVALHO et al., 2011).

Muitas pesquisas, no Brasil e no mundo, comprovaram que o método PM-FAO é robusto em

qualquer condição climática (XU; CHEN, 2005; YODER et al., 2005; LÓPEZ-URREA et al., 2006;

JABLOUN; SAHLI, 2008; XU et al., 2017) quando se compara com resultados obtidos por

medições diretas da ET0 em lisímetros.

Nesse contexto, a Comissão Internacional de Irrigação e Drenagem (ICID) e a Organização

das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Food and Agriculture Organization –FAO)

consideraram o método de PM-FAO como padrão internacional de estimativa da ET0 (ALLEN et

al., 1998).

As condições padronizadas de superfície para a obtenção da ET0 é para uma cultura

hipotética, apresentando as seguintes características fixas: altura de 0,12 m, resistência do dossel de

70 s.m-1, albedo de 0,23; que são os parâmetros atualmente adotados para o cálculo da ET0, de

acordo com o Boletim FAO de Irrigação e Drenagem nº 56 (ALLEN et al., 1998).

2.3. Índice de aridez (IA)

Há várias definições para classificar índices de seca e/ou de aridez, um exemplo muito

utilizado é o Índice de Precipitação Padronizado, cuja sigla SPI advém do termo inglês

Standardized Precipitation Index (SPI) (MCKEE et al., 1993) que é baseado somente na

precipitação e fornece uma medida apenas para o abastecimento de água. Esse tipo de índice é

muito útil como medida de déficit de precipitação ou seca meteorológica, mas é limitado porque

não considera a ET0 (TRENBERTH et al., 2014).

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Trenberth et al. (2014) afirmam ainda que a seca ou aridez diz respeito a insuficiência de

água disponível em solos ou sistemas hidrológicos. Isso significa, portanto, déficit de oferta

(precipitação) e/ou excesso da demanda (ET0) (WANG et al., 2016). Suas principais consequências

incluem redução da produção agrícola, degradação do solo, mudanças no ecossistema e diminuição

do escoamento da água (MARENGO; BERNASCONI 2015). Quando há uma persistência e/ou

intensificação desse fenômeno, processos de desertificação podem ser desencadeados, e os impactos

socioambientais elevarem-se. No NEB, por exemplo, 94% da região apresenta susceptibilidade, de

moderada a alta, à desertificação (VIEIRA et al., 2015).

Um dos conceitos mais utilizados para o IA foi definido por Thornthwaite (1948) como a

diferença entre a ET0 e a precipitação dividida pela ET0. Esta definição considera oferta e demanda

hídrica, comumente utilizada para expressar o grau árido em regiões áridas ou semiáridas e pode ser

aplicada nas escalas mensal e/ou anual. Essa definição pode ser interpretada como a necessidade de

água para satisfazer a ET0. Se, por exemplo, num determinado mês ou ano o IA foi igual a 1, a

aridez será a mais alta. Em contraste, se a precipitação for igual ou superior à ET0, o IA resultará em

valor igual ou inferior a zero, respectivamente, nesse caso não haveria aridez aparente.

O IA pode ser utilizado para estimar a oferta ou demanda hidroclimática, e que possíveis

mudanças/tendências nas variáveis utilizadas na sua estimativa (precipitação e ET0) podem alterar o

IA de uma região. Consequentemente, é uma variável importante, nas mais diversas aplicações,

dentre elas por contribuir com melhor entendimento das características climáticas (umidade) e na

gestão de água relacionada aos riscos naturais (ZHANG et al., 2015).

Projeções climáticas, para este século, feitas por Marengo e Bernasconi (2015) sugerem

aumento espacial da seca no NEB, com reduções de chuva, déficits de água e secas mais

prolongadas, com condições de aridez para a região a partir da segunda metade do século 21. Silva

(2004) havia observado esses indícios, com dados observados de 19 estações, principalmente a

partir da década de 1960, e concluíram que o NEB está passando por um processo de secagem

ambiental, havendo predominantemente aumento da ET0 e Aridez, e diminuição da P.

2.4. Evapotranspiração de referência (ET0), Índice de Aridez (IA) e seus respectivos impactos

As variações espaço-temporais da ET0 e do IA ocorrem em função de uma combinação de

variáveis meteorológicas, cujos conhecimentos servem como indicadores agroclimáticos essenciais

para o uso eficiente dos recursos hídricos, requisitos agrícolas e planejamento para irrigação

(DROGUE et al., 2004; CHEN et al., 2007; HAN; HU, 2012; HAN et al., 2014; SHAN et al.,

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2015). Um dos impactos relevantes na relação dessas variações, por exemplo, é quando a demanda

atmosférica por água (ET0) tende a ser muito maior que a oferta (precipitação), ou seja, um elevado

valor no IA.

Quanto maior for o IA de uma região maior será a redução na produtividade biológica e

econômica dos ecossistemas terrestres e representa uma séria ameaça aos processos ecológicos,

biogeoquímicos e hidrológicos (MARENGO; BERNASCONI, 2015). Eleva-se também os riscos de

indisponibilidade hídrica, energética e de segurança alimentar (EAKIN et al., 2014). A agricultura

(principalmente a de sequeiro), por exemplo, é altamente dependente, da chuva e da ET0, sendo

fortemente afetada quando não há uma relação de equilíbrio entre os quantitativos dessas duas

variáveis, ou seja, alto valor no IA.

Em regiões de clima semiárido o agravante é maior devido aos escassos recursos hídricos e

a irrigação passa a ser uma alternativa para regularizar a produção, porém passa a ser o maior

usuário de água nessas regiões (LIANG et al., 2010). Nessa situação, a população rural mais pobre é

a mais vulnerável a este fenômeno climático (MARENGO et al., 2017). Nesse sentido, investigar o

comportamento da ET0 e do IA no NEB é importante devido a possível intensificação da escassez

nos recursos hídricos (seca) em função das mudanças climáticas.

O termo seca envolve diferentes perspectivas a depender do objetivo que se pretenda

alcançar (entre os principais estão secas meteorológica, agrícola ou hidrológica). Para Trenberth et

al. (2014) a seca diz respeito à quantidade de água disponível em solos ou sistemas hidrológicos,

esses autores afirmam que, obviamente, isso depende muito da precipitação, mas também depende

da quantidade de água que infiltra em camadas de solo mais profundas ou da ET0.

Pesquisas recentes sobre tendências de seca (SHEFFIELD et al., 2012; VICENTE-

SERRANO et al., 2014b) e cenários de seca para o futuro diante de projeções de mudança do clima

(HOERLING et al., 2012; COOK et al., 2014) são baseadas em índices que consideram não apenas

a precipitação, mas também a demanda atmosférica (ET0). Cook et al. (2014) identificaram que o

acréscimo na ET0 intensifica a aridez em áreas onde a precipitação já está reduzida.

Nessa perspectiva, sabe-se que a seca é um perigo que se inicia pela falta de chuva durante

um longo período de tempo (LIU et al., 2013), mas que é intensificada pela magnitude da ET0. No

NEB, secas mais intensas causadas por variações climáticas, prejudicam o desenvolvimento da

vegetação e causam sérios problemas sociais porque um grande número de pessoas que habitam a

região vive verdadeiramente em situação de extrema pobreza (MARENGO et al., 2009). Esse

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19

fenômeno afeta mais pessoas do que qualquer outro desastre natural (KEYANTASH; DRACUP,

2002; MARENGO et al., 2016).

2.5. Tendências em séries temporais da ET0 e do IA

Uma grande discussão (nas Ciências Climáticas, Hidrológicas e afins) acerca das

mudanças do clima ocasionadas pelo aquecimento global tem ganhado destaque e vários estudos

vêm sendo realizados, em diversas partes do mundo. O objetivo é para o melhor conhecimento do

comportamento do clima em suas diversas vertentes, conhecendo e ampliando possiblidades de

intervenção e mitigação dos seus possíveis impactos.

No âmbito da ET0 e do IA, são necessários mais estudos enfatizando as suas possíveis

consequências frente ao aquecimento global, principalmente no NEB. A medida em que havendo

aumento nos valores da ET0 e do IA, espera-se que haja uma intensificação no déficit do balanço

hídrico (MARENGO, 2007; MARENGO et al., 2011). Embora estudos tenham mostrado que a

temperatura do ar nem sempre é a variável meteorológica decisiva pelas alterações no ciclo

hidrológico (LI, G. et al., 2017).

Para a segunda metade do século 20 (1951-2000), Roderick e Farquhar (2002)

investigaram o comportamento da evaporação, e concluíram que ocorreu consistente decréscimo da

evaporação ao redor do globo. Como esse resultado foi o contrário do que se esperaria, diante da

temperatura média do ar que se elevou no mesmo período (IPCC, 2014), o “paradoxo da

evaporação”. A partir dessa publicação a quantidade de estudos cresceram substancialmente para

explicar causas de mudanças na ET0.

Zhang et al. (2015), por exemplo, encontraram tendências significativas crescentes (de

outubro a janeiro) e decrescentes (de fevereiro a julho) da ET0 na Bacia do Rio Amarelo, China.

Enquanto as regiões nordeste e sudoeste observaram-se tendências anuais decrescentes e, por outro

lado, na parte ocidental da região de estudo, identificaram tendências significativamente crescentes

da ET0. Para o IA, apenas 5 estações foram significativas a 1% distribuídas espacialmente na parte

central da região de estudo, enquanto que as tendências mensais só foram significativas a 5% em

novembro (aumento) e fevereiro, maio e junho (diminuição).

Para os Estados Unidos, Kukal e Irmak (2016) identificaram tendências do IA, sendo

significativamente positivas em Dakota do Norte e do Sul e tendências significativamente negativas

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no Texas. E, mesmo havendo apresentado predomínio de diminuição da ET0 em 62% dos

municípios, o IA apresentou, de forma oposta, tendências crescentes em 66% dos municípios.

Por outro lado, Huo et al. (2013) verificaram, no período de 1955 a 2008, decréscimos

significativos da ET0 e do IA para a região árida do Noroeste da China. Esses autores analisaram

ainda a sensibilidade das tendências e encontraram que a diminuição da ET0 anual foi mais sensível

ao vento e umidade relativa; ao mesmo tempo em que a diminuição do IA ocorreu mais pelo

aumento de Precipitação que a diminuição da ET0. Esses resultados significam que a seca climática

foi amenizada nas últimas décadas e sugerem que haja uma diminuição na demanda de água para

irrigação das culturas agrícolas.

Destaca-se ainda que estudos como o de De La Casa; Ovando (2016) investigaram

mudanças no comportamento da ET0 para a Argentina (1941 a 2010) e não encontraram tendência

significativa, mas sugerem que a ausência de tendência da ET0 deve-se à compensação entre o

aumento da temperatura com a diminuição da velocidade do vento e da radiação solar.

No NEB, Silva (2004) utilizaram dados de 19 estações meteorológicas e realizaram

análises de tendências em sete variáveis climáticas, dentre elas a precipitação, ET0 e IA. Esses

autores corroboraram com os prognósticos realizados por Marengo (2007) e Marengo et al. (2011)

ao afirmarem que houveram tendências crescentes na maioria das variáveis, inclusive na ET0 e IA,

exceto para precipitação e umidade relativa, que apresentaram tendências negativas. Os resultados

encontrados por Oliveira et al. (2014) concordaram em partes ao encontrarem que a precipitação no

NEB aumentou significativamente no período mais chuvoso e diminuiu no período seco.

Nas estações meteorológicas de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, inseridas no semiárido do

NEB, Cabral Júnior (2015) verificou a existência de decréscimo significativo da ET0, em ambas

estações, e sugeriu que foi devido ao uso e mudança de cobertura do solo (crescimento de área

irrigada no Vale do São Francisco e construção do Lago de Sobradinho). Para a estação de

Petrolina-PE, Silva (2004) encontrou que além da ET0 o IA também diminuiu.

Em uma sub-bacia hidrográfica do estado da Paraíba, também inserida no semiárido do

NEB, Alves et al. (2017) avaliaram a influência da variabilidade da precipitação e do IA no

processo de degradação da terra (1950 a 2013), esses autores evidenciaram predominantemente um

leve aumento na precipitação e uma diminuição sutil no IA, e concluíram que essas condições não

desencadeiam degradação da terra (desertificação) e que as causas dos problemas ambientais, na

referida bacia, derivaram muito mais de atividades antropogênicas à climáticas.

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CAPÍTULO 3

Análises da evapotranspiração de referência e do índice de aridez para

o Nordeste do Brasil

Analysis of reference evapotranspiration and aridity index for Northeast Brazil

CABRAL JÚNIOR¹, J. B.; BEZERRA, B. G.² [email protected];

Resumo O Nordeste do Brasil (NEB) possui elevados valores de

Evapotranspiração de Referência (ET0) e déficits de

chuvas, que culminam num aspecto de semiaridez

predominante. O objetivo neste trabalho foi analisar a ET0

com as respectivas repercussões para o Índice de Aridez

(IA) no NEB. De posse dos dados mensais (1980 a 2013)

da ET0 e precipitação, calculou-se o IA preconizado por

Thornthwaite (1948). As sub-regiões da ET0 foi

determinada por meio da Análise de Cluster. Em seguida,

a periodicidade do IA foi analisada para identificar

frequências e relações com a ET0, através da análise de

Wavelet, com 5% de significância estatística. Os

resultados demonstraram que o NEB apresenta 5 sub-

regiões para a ET0, sendo a Sub-região 3 (S3) a que

apresentou os maiores valores médios mensal (174,8 mm,

em média) e anualmente (2098,0 mm), seguida da S2, S4,

S1 e S5 com respectivos valores médios anuais de 1736,9

mm, 1643,5 mm, 1489,3 mm, e 1362,8 mm. A primavera

obtém predominantemente as maiores ET0 e IA, sobre o

NEB. As periodicidades permitiram determinar que a

variável dominante para o IA é a precipitação, e que no

período seco (periodicidade entre 4 a 8 meses), a ET0 não

apresenta correlações altas com o IA.

Palavras-chave: Agroclimatologia, análise de cluster;

análise de Wavelet.

Abstract

Northeastern Brazil (NEB) has high values of Reference

Evapotranspiration (ET0) and rainfall deficits, which

culminate in a predominant semiarid aspect. The objective

of this work was to analyze ET0 with the respective

repercussions for the Aridity Index (AI) in NEB. Having

the monthly data (1980 to 2013) of ET0 and also

precipitation to AI of calculating recommended by

Thornthwaite (1948), was calculated on the weather and

determined if ET0 the subregions by Cluster Analysis. AI

was analyzed to identify relationships with ET0.

Periodicities were then determined through the Wavelet

analysis, with 5% of statistical significance. The results

showed that the NEB has 5 subregions for the ET0 and

subregion 3 (S3), obtains the highest average monthly

values (174.8 mm on average) and annual (2098.0 mm),

then S2 , S4, S1 and S5 with respective annual mean

values of 1736.9 mm, 1643.5 mm, 1489.3 mm, and

1362.8 mm. In the spring, the AI is predominantly

greater, on the NEB, and ET0 overcomes the precipitation.

The frequencies allowed to determine the dominant

variable for the AI is the precipitation and that the dry

period (frequency between 4 to 8 months), the ET0 does

not have high correlations with the AI.

Keywords: Agroclimatology, cluster analysis; Wavelet

analys

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22

_______________________________________________________________________________

3.1 Introdução

A evapotranspiração de referência (ET0) e o Índice de Aridez (IA) são importantes

variáveis climáticas e fundamentais para a compreensão no processo do ciclo hidrológico de

uma região. O primeiro representa o potencial da perda de água da superfície para a atmosfera

(ALLEN et al., 1998), enquanto que o segundo demonstra a relação existente entre oferta

(precipitação) e demanda atmosférica por água (ET0) (THORNTHWAITE, 1948). Ambos são

indispensáveis na elaboração e execução de políticas públicas que visam a gestão para o uso

eficiente dos recursos hídricos, nas suas variadas aplicações (DROGUE et al., 2004; CHEN et

al., 2007; HAN; HU, 2012; HAN et al., 2014; SHAN et al., 2015). Além disso, suas

complexas interações (por exemplo, déficit de precipitação e excedente de ET0) são

importantes indicadores de seca (TRENBERTH et al., 2014; WANG et al., 2016).

Para Liu et al. (2013) a seca se inicia pela falta de chuva durante um longo período

de tempo. Entretanto esse fenômeno é intensificado se houver uma elevada perda de água para

a atmosfera (ET0). Diversos estudos têm relatado essa vulnerabilidade em relação às

irregularidades climáticas, com ênfase aos déficits hidroclimáticos (MARES et al., 1985;

AMBRIZZI et al., 2007; IPCC, 2007; PAREDES et al., 2015; MARENGO et al., 2017). No

semiárido do NEB, por exemplo, a escassez hídrica é crônica e contínua, mesmo assim a

população ainda não se adaptou ao fenômeno (MARENGO et al., 2011).

A seca afeta mais pessoas do que qualquer outro desastre natural (KEYANTASH;

DRACUP, 2002; MARENGO et al., 2017). Somado a isso, no semiárido do NEB, a

população rural mais pobre é a mais vulnerável a este fenômeno climático (MARENGO et al.,

2017). O agravante da seca na região afeta principalmente a vazão dos rios, impactando o

abastecimento de água e a produção de energia (MARENGO et al., 2011).

Para o NEB, estudos realizados por Cunha et al. (2015) verificaram que a seca de

2012-2013 afetou 85% da cobertura vegetal na região semiárida. Brito et al. (2017)

identificaram que ocorreu uma seca grave e prolongada entre 2011-2015, no período

analisado de 1981 a 2015, e afirmaram ser a seca mais frequente e grave com 6295

declarações de calamidade decretadas pelo governo federal; foram 33,4 milhões de pessoas

atingidas, durante 2012 a 2016, e um dano de R$ 104 bilhões em investimentos públicos para

mitigar impactos decorrentes da seca (MI, 2017). Marengo e Bernasconi (2015), analisaram

índices de aridez/seca, através de modelos climáticos, e projetaram uma expansão geográfica

com aumento desses índices.

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Esses resultados citados foram avaliados, respectivamente, por meio de

sensoriamento remoto para a vegetação. Por índices de precipitação e de vegetação. Também

por registros de danos por órgãos públicos. E ainda por estimativas de IA através de modelos

climáticos. Vale destacar que um dos IA e/ou de seca, mais usual é o Índice de Precipitação

Padronizado (SPI) (MCKEE et al., 1993), porém esse método é baseado somente na

precipitação e, embora seja muito útil como medida de déficit de precipitação ou seca

meteorológica, é limitado porque não considera a ET0 (TRENBERTH et al., 2014).

Uma melhor compreensão das características espaciais e temporais da ET0 e IA, além

de ser importante indicador climático, é necessária para o uso eficiente dos recursos hídricos

em seus múltiplos usos (agricultura, abastecimento humano, produção de energia, etc). Diante

do exposto o objetivo principal deste trabalho é analisar características da ET0 e do IA, para o

NEB, e identificar por sub-regiões homogêneas da ET0 mensal, suas respectivas relações.

3.2 Material e Métodos

3.2.1. Área de estudo

A área de estudo está localizada no Nordeste Brasileiro (NEB), essa região é a

segunda mais populosa do Brasil, com 57,36 milhões de habitantes, e a terceira maior em

dimensão territorial, com 1.554,291 Km² (IBGE, 2017). Encontra-se inserida nos trópicos

(1°a 18°S; 35 a 47°W). Apresenta 60% dos registros de desastres naturais do Brasil, em

função da seca (CEPED/UFSC, 2013), sendo que desde 1980 contabilizaram-se mais de 50

milhões de pessoas afetadas por esse fenômeno (SAPIR; BELOW, 2014). Atualmente 92,8%

dos municípios que compõem a região semiárida do Brasil está inserida no NEB.

Os principais biomas que compõe o NEB são: Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia e

Cerrado (IBGE, 2004). A precipitação acumulada anual, em média, varia de 300 mm (no

Bioma Caatinga) a mais de 1.500 mm (nos Biomas Amazônicos e da Mata Atlântica)

(NIMER, 1989), e os principais sistemas meteorológicos causadores de chuvas na região são:

a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN),

Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL), Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), Zona

de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), Linhas de Instabilidades (LI) (FERREIRA;

MELLO, 2005; REBOITA et al., 2010; MARENGO et al., 2011; HASTENRATH, 2012). Na

região semiárida do NEB, o período chuvoso ocorre entre março e maio, enquanto parte leste

o máximo de chuva ocorre entre junho e julho (HASTENRATH, 1990; XAVIER, 2001;

NOBRE et al., 2006; ALMEIDA; CABRAL JÚNIOR, 2014).

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A localização da área de estudo e a distribuição do número de pontos de grade (2043)

podem ser observados na Figura 1. Os pontos de grade referem-se aos pontos com

coordenadas geográficas fixas e são equidistantes (0,25° x 0,25°), em cada ponto há uma série

temporal de dados de ET0 e precipitação. Esses dados foram analisados em todo o NEB, cuja

região encontra-se no Nordeste da américa do Sul. Destaca-se que nove estados compõem

essa região, sendo: Maranhão (MA), Piauí (PI), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN),

Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Sergipe (SE) e Bahia (BA).

Figura 1. Localização da região Nordeste do Brasil e seus respectivos estados, com os pontos de

grades distribuídos espacialmente em 0,25° x 0,25° referentes aos dados de precipitação e ET0.

Fonte: Elaboração dos autores.

3.2.2. Dados

Os dados utilizados neste trabalho foram disponibilizados por Xavier et al. (2015),

por meio de um banco de dados distribuídos espacialmente, cujo espaçamento de grade é

0,25° x 0,25°, aproximadamente 770 km², cada ponto possui uma série temporal mensal de

1980 a 2013.

Esses autores utilizaram uma série de dados meteorológicos de estações oficiais de

diferentes instituições brasileiras: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Agência

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25

Nacional de Águas (ANA) e Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo

(DAEE). Em seguida testaram diferentes métodos de interpolação, para as escalas espacial e

temporal, e validaram os respectivos preenchimentos.

Os dados utilizados referentes à ET0, foram estimados pelo método padrão

internacional de Penman-Monteith (ALLEN et al., 1998), expressa pela equação 1.

𝐸𝑇0 =0,408. ∆(𝑅𝑛 − 𝐺) + 𝛾 (

900. 𝑈2𝑇𝑚𝑒𝑑 + 273

)𝐷𝑃𝑉

∆ + 𝛾. (1 + 0,34𝑈2)

(1)

em que ∆ é a inclinação da curva de pressão de vapor (KPa °C-1); Rn é o saldo do balanço de

radiação solar incidente em ondas curtas e a radiação terrestre, emitida em ondas longas; G é

a densidade de fluxo de calor do solo (tanto em MJ m-2 d-1); é a constante psicrométrica

(kPa ◦C-1); 𝑇𝑚𝑒𝑑 é a temperatura média diária do ar (°C); 𝑈2 é a velocidade média do vento

medida a 2 m de altura (m.s-1); 𝐷𝑃𝑉 é o déficit de pressão de vapor (kPa).

A partir dos dados de ET0, utilizou-se também os dados de precipitação para em

seguida obter-se o IA utilizando-se a equação proposta por Thornthwaite (1948), que

considera oferta (precipitação) e demanda (ET0) da água em nível de superfície. Esse autor

definiu o IA para expressar o grau árido em áreas áridas ou semiáridas, através da equação 2.

𝐼𝐴 =(𝐸𝑇0 − 𝑃)

𝐸𝑇0 (2)

Quando não houver precipitação, o 𝐼𝐴 será igual a 1 (grau de aridez mais elevado),

contrariamente se 𝑃 for igual ou superior a 𝐸𝑇0, o 𝐼𝐴 será respectivamente igual a zero ou

negativo (neste caso, não há aridez aparente). Neste trabalho, o 𝐼𝐴 foi analisado nos intervalos

de tempo sazonal e espacial para o NEB.

3.2.3. Procedimentos metodológicos

As etapas para realização deste trabalho, Figura 2, consistiram inicialmente em

delimitar a área de estudo (NEB) e na aquisição dos bancos de dados que estão disponíveis ao

público (https://utexas.app.box.com/v/Xavier-etal-IJOC-DATA).

De posse dos dados, foram determinadas sub-regiões homogêneas de acordo com a

variação média mensal da ET0 (Clusters) utilizando a técnica de Análise de Agrupamento

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26

(MINGOTI, 2005). Após a definição das sub-regiões, analisou-se individualmente cada uma,

utilizando-se estatísticas descritivas (média, desvio padrão, coeficiente de variação, valor

máximo e valor mínimo).

A periodicidade da ET0 versus IA, mensal e anual, foi analisada utilizando a técnica

de Análise Wavelets. A referida análise foi utilizada para identificar o comportamento dessas

duas importantes variáveis hidroclimáticas, em séries temporais em domínios de tempo-

frequências (ciclos) e correlação.

Figura 2. Organograma hierárquico das etapas para realização da pesquisa.

Fonte: Elaboração dos autores.

3.2.4. Análise de Agrupamento (Cluster)

A análise de Cluster ou análise de agrupamento é um método estatístico

multivariado, que consiste em dividir elementos da amostra ou população em grupos, de

forma que os elementos pertencentes a um mesmo grupo sejam similares entre si expressando

as variáveis envolvidas, e os elementos em grupos diferentes sejam heterogêneos em relação a

estas mesmas variáveis (MINGOTI, 2005). O objetivo é maximizar a similaridade entre os

elementos dentro do grupo e de forma concomitante potencializar a heterogeneidade existente

entre eles.

Área de estudo

Período

NEB

Procedimentos

Análises espacias

NEB

Evapotranspiraçãode Referência

Cluster

Índice de Aridez

Sazonalidade

Análise de Periodicidade

Wavelet Morlet

ET0 x IA

Periodicidade

P x IA

1980 a 2013

Periodicidade

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27

A caracterização de cada sub-região, para a ET0, foi realizada utilizando-se

estatísticas descritivas e, simultaneamente realizaram-se comparações entre as sub-regiões da

ET0 com os valores do IA no intuito de compreender, por exemplo, relações quantitativas

entre o IA com as respectivas variáveis envolvidas no seu cálculo (ET0 e precipitação).

O processo para o agrupamento consistiu no cálculo de uma medida de

dissimilaridade, que de acordo com Mimmack et al. (2001) uma das medidas mais indicadas

para a regionalização de dados climáticos, é o método da distância euclidiana, expressa por:

𝑑(𝑋𝑖, 𝑋𝑗) = [∑(𝑋𝑖,𝑘 − 𝑋𝑗,𝑘)2

𝑝

𝑘=1

]

12

(3)

Sendo, 𝑋𝑖,𝑘 e 𝑋𝑗,𝑘 os elementos a serem comparados, 𝑋𝑖 ≠ 𝑋𝑗 = 1,… , 𝑛 (número total da

amostra), portanto representam os dois elementos a serem comparados, de acordo com a

observação da K-ésima variável de cada elemento amostral e 𝑝 representa o número de

variáveis. De acordo com Mingoti (2005) são realizadas comparações entre os dois elementos

amostrais para cada variável pertencente ao vetor de observações.

Neste trabalho utilizou-se a abordagem hierárquica, para construção dos clusters,

cujo método de ligação adotado foi o de Ward (variância mínima), proposto por Ward (1963),

que se fundamenta nos princípios da análise de variância. Em cada passo do método foi

calculada a soma de quadrados dentro de cada grupo. Esta soma é o quadrado da distância

euclidiana de cada elemento pertencente ao grupo em relação ao correspondente vetor de

médias, de acordo com a equação:

𝑤 = ∑∑‖𝑋𝑖 − �̅�𝑔‖²

𝑛𝑔

𝑖=1

=

𝐺

𝑔=1

∑∑∑(𝑋𝑖,𝑘 − �̅�𝑔,𝑘)²

𝑘

𝑘=1

𝑛𝑔

𝑖=1

𝐺

𝑔=1

(4)

Sendo, 𝑊 – representa a função de ligação de Ward, dada pela soma de quadrados dentro de

cada grupo (𝐺𝑖) (medida de homogeneidade); 𝐺 – o número de elementos no grupo 𝐺𝑖 quando

se está no passo 𝑘 do processo de agrupamento; 𝑋𝑖,𝑘 - o vetor de observações do k-ésimo

elemento que pertence ao i-ésimo grupo; �̅�𝑔 – o centróide do grupo 𝐺𝑖.

Em virtude das propriedades do método hierárquico é possível construir um gráfico

chamado dendrograma (TIMM, 2002), ou seja, um diagrama bidimensional que possui forma

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de árvore cujo eixo vertical representa o nível de similaridade (ou dissimilaridade) e no eixo

horizontal, são representados os elementos amostrais. A escolha do número de grupos (𝑔) é

feita a partir do dendrograma de maneira subjetiva (KELLER FILHO et al., 2005), no entanto,

essa subjetividade requer um conhecimento prévio sobre a estrutura dos dados.

3.2.5. Análise de Wavelet de Morlet

A periodicidade da ET0 e do IA, durante os últimos 34 anos, sobre cada uma das sub-

regiões previamente definidas, foram analisadas utilizando-se a técnica de Wavelet. Para este

fim, está técnica tem sido utilizada em estudos climáticos (WANG et al., 2014; ZHANG et

al., 2015; WANG et al., 2017; FENG et al., 2017; XU et al., 2017). A técnica de Wavelet,

também conhecida como ondeletas, é eficiente para análises em escala multi-temporal (por

exemplo, mensal, sazonal, anual e decadal). A função de Wavelet (𝜓(𝑡)), o coeficiente da

transformada de WaveLet (𝑊𝑓(𝑎, 𝑏)) e a onda contínua (𝜓𝑎,𝑏(𝑡)) foram calculados,

respectivamente, de acordo com as equações 5, 6 e 7.

𝜓(𝑡) = 𝑒𝑖𝑐𝑡𝑒−𝑡2/2 (5)

𝑊𝑓(𝑎, 𝑏) = |𝑎|−12∫ ∫(𝑥)

𝑡=−∞�̅�(𝑡−𝑏𝑎)𝑑𝑡

= ⟨∫(𝑥) , 𝜓𝑎,𝑏(𝑡)⟩ (6)

𝜓𝑎,𝑏(𝑡) = |𝑎|−12𝜓(𝑡−𝑏

𝑎)

𝑎, 𝑏 ∈ 𝑅, 𝑎 > 0 (7)

Em que, 𝜓(𝑡): é a Wavelet principal; 𝑐 – é uma constante (igual a 6,2); (𝑎, 𝑏)- são os

coeficientes da transformada de Wavelet; ⟨, ⟩- é o produto interno; 𝑎 – é o fator de escala que

representa o comprimento do ciclo (periodicidade); 𝑏- é um fator de tempo que representa o

intervalo do tempo; 𝜓𝑎,𝑏(𝑡)- é a onda contínua; 𝑉𝑎𝑟(𝑎) – é a variância da onda.

A correlação ou coerência dos sinais de frequência de tempo entre as séries em estudo,

foi obtida através da Coerência Wavelet. Interpreta-se como medida de coerência duas ondas

simples no tempo-frequência, onde, a quantidade de variabilidade de uma determinada

variável pode ser explicada pela variabilidade de outra (TORRENCE; WEBSTER, 1999). Os

valores de correlações resultantes são plotados nos gráficos, em módulo, variando de 0 a 1,

quanto mais próximo de 1 maior é a correlação entre os sinais.

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29

Os cálculos e análises neste trabalho foram desenvolvidos, considerando-se uma

significância estatística de 5%, análises estas utilizando-se o software estatístico livre R,

versão 3.3.1. Para representação gráfica foram construídos mapas utilizando-se o software

livre Quantum Gis (QGIS), versão 2.14.11.

3.3 Resultados e Discussão

A análise de cluster possibilitou a divisão de sub-regiões com características

homogêneas no NEB, considerando-se a média da ET0 mensal. Percebe-se, na Figura 3-A,

que após o número de cluster 5 a soma dos quadrados permaneceu praticamente constante,

portanto esse foi o número considerado para subdividir o NEB em cinco sub-regiões, cujos

pontos de grade foram agrupados e demonstrados através do dendrograma (Figura 3-B), com

o respectivo recorte (linha vermelha) utilizado para dividir o número de grupos a partir do

método da distância euclidiana e do agrupamnto hierárquico através da técnica de ligação de

Ward.

Figura 3. Número de cluster (3-A) e dendrograma (3-B) referentes as cinco sub-regiões da

evapotranspiração de referência, média do acumulado mensal, a partir da análise de agrupamento,

considerando-se a distância euclidiana e o método de ligação de Ward, para o Nordeste do Brasil,

período: 1980 a 2013.

Fonte: Elaboração dos autores.

A representação espacial das cinco sub-regiões sobre o NEB, são representadas na

Figura 4-A, cujas médias mensais e estatísticas anuais são identificadas, respectivamente, na

Figura 4-B e Tabela 1.

Verificou-se que a Sub-região 3 (S3) apresentou os maiores valores de ET0 mensal

(Figura 4-B) e consequentemente anual (Tabela 1), com maiores valores registrados na

2 4 6 8 10 12 14

2e

+0

64

e+

06

6e

+0

68

e+

06

Número de cluster

So

ma

de

qu

ad

rad

os

01

00

00

20

00

03

00

00

hclust (*, "ward.D")

pontos de grade

Dis

tân

cia

Eu

clid

ian

a

Pontos de Grade

3-A 3-B

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30

estação da primavera, média de 213,3 mm.mês-1, e a partir desse período ocorre uma

diminuição gradativa até atingir o valor mínimo no início do solstício de inverno (junho), com

média de 129,4 mm.mês-1. Destaca-se ainda que a S3 também apresentou a maior

variabilidade, com acumulado médio anual de 2098,0 mm e desvio padrão de 164,7 mm, ou

seja, 7,9% de variação em relação a média (Tabela 1).

A S2 é a segunda com maiores valores médios mensais e anuais, o que a difere da S3,

além da magnitude, é a característica observada no primeiro semestre, cujas médias e

variações mensais são menores (123,4 ± 6,5 mm, CV = 5,2%) em relação aos valores

observados no mesmo semestre para a S3 (153,7 mm ± 21,2 mm, CV = 21,2%). Ressalta-se

que as S3 e/ou S2 contemplam parcialmente todos os estados do NEB, exceto Alagoas e

Sergipe, Figura 4-A.

Tabela 1. Estatísticas da ET0 anual por Sub-regiões

no NEB, período de 1980 a 2013.

Estat.

(ano) �̅�

(mm)

𝜎

(mm)

𝐶𝑉 (%)

𝑀á𝑥

(mm)

𝑀í𝑛

(mm)

S1 1489,3 97,8 6,6 1721,1 1313,4

S2 1736,9 92,2 5,3 2033,2 1571,3

S3 2098,0 164,7 7,9 2414,0 1748,9

S4 1643,5 89,5 5,4 1870,5 1503,7

S5 1362,8 68,5 5,0 1494,0 1202,7

Figura 4. Sub-regiões da ET0 distribuídas na região Nordeste do Brasil (4-A), com as respectivas

médias mensais acumuladas (4-B) e estatísticas dos acumulados anuais (Tabela 1), período de 1980 a

2013.

Fonte: Elaboração dos autores.

Por outro lado, a S5, contemplada pela região sudeste da Bahia, Figura 4-A,

apresentou os menores valores mensais, de abril a outubro (99,0 mm.mês-1, em média), e

consequentemente anual com 1362,8 mm (Tabela 1). As variabilidades, na S5, também foram

4-A 4-B

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31

as menores e registraram um desvio padrão de 68,5 mm e 5% de coeficiente de variação

(Tabela 1). A amplitude dos acumulados anuais também foi a menor, com 292,0 mm.

As S5 e S4 (Figura 4-A) apresentam picos de ET0 mensais observados no verão

(Figura 4-B), diferentes das demais sub-regiões que apresentaram valores máximos na estação

da primavera. Ambas apresentaram também menores amplitudes mensais, e isso pode estar

relacionado a baixa amplitude de umidade relativa, uma vez que nessas duas sub-regiões os

ventos predominantes são os alísios de sudeste, esses ventos transportam umidade do atlântico

e contribuem para que a costa leste do NEB seja uma entre as áreas mais úmidas da região.

Entretanto, ressalta-se que devido ao grande volume de dados, a S5 e S4 podem ter sido

potencializadas pela análise de cluster, quando se esperaria uma faixa mais estreita de ambas

próximo a costa litorânea. Quando se compara essas duas sub-regiões, o que basicamente as

diferenciam é a magnitude nos respectivos valores, tanto em termos mensais (Figura 4-B)

quanto anuais (Tabela 1), a ET0 na S4 é cerca de 20,6% maior que a ET0 na S5.

A S1 apresentou os menores valores médios da ET0 no verão (122,5 mm.mês-1),

seguida pela S2 (137,1 mm.mês-1), S5 (mm.mês-1), S4 (138,0 mm.mês-1) e S3 (164,0 mm.mês-

1).

Para os elevados valores da ET0, cerca de dois mil milímetros por ano em diferentes

localidades do NEB, corroboram com os resultados encontrados por outros autores, entre eles

destacam-se os trabalhos realizados por Silva (2004), Santos et al. (2010), Jesus e Mattos

(2013) e entre outros, especialmente em localidades dentro da S3 definida neste trabalho.

Enquanto que para as variabilidades sazonais da ET0 serem predominantemente maiores na

primavera e menores no inverno, estão de acordo com os resultados encontrados por Oliveira

et al. (2014), Cabral Júnior (2015), Cabral Júnior et al. (2017).

Os elevados valores de ET0 podem contribuir na intensificação de secas,

principalmente em regiões áridas e semiáridas. Por isso inseriu-se neste trabalho a variável

precipitação para quantificar as principais características do IA no NEB. Na Figura 5 são

observadas as variabilidades espaciais e sazonais: Dezembro-Janeiro-Fevereiro (DJF), Março-

Abril-Maio (MAM), Junho-Julho-Agosto (JJA) e Setembro-Outubro-Novembro (SON).

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32

Figura 5. Variabilidade espacial e sazonal do Índice de Aridez para a região Nordeste do Brasil no

período de 1980 a 2013.

Fonte: Elaboração dos autores.

Percebe-se que os maiores valores do IA ocorrem em SON (primavera), cujos valores

aproximam-se do valor 1,0. Para esse período, além da influência dos maiores valores da ET0,

mencionados nas Figuras 4-A e 4-B, coincide de ser o período menos chuvoso,

principalmente na região semiárida, quando os valores médios mensais de chuvas aproximam-

se de zero (OLIVEIRA et al., 2013a; ALMEIDA; CABRAL JÚNIOR, 2014; REBOITA et al.,

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33

2016), isso expressa, portanto, o período mais seco do ano para o NEB (menor precipitação e

maior demanda atmosférica).

A influência da precipitação no IA fica mais visível nas demais estações do ano (DJF,

MAM e JJA). Por exemplo, em DJF a parte oeste do NEB é a mais chuvosa cujos IA foram

negativos e influenciados pelas precipitaçãoes superiores à ET0. De acordo com Reboita et al.

(2010) essas precipitações são ocasionadas principalmente pelos VCAN, ZCIT, CCM e LI.

Para a configuração do IA no outono (MAM), marcada pelos valores negativos ao norte do

NEB, é determinada pela atuação da ZCIT, que nesse período encontra-se mais incursionada

para o Hemisfério Sul e modula a estação chuvosa no norte do NEB (UVO, 1989; MOLION;

BERNARDO, 2002; SOUZA; CAVALCANTI, 2009; MARENGO et al., 2011). Nessa

estação, o IA médio fica inferior a 0,2, e mesmo sendo o período mais chuvoso, por exemplo,

nas microrregiões do seridó (paraibano e potiguar), cariri paraibano e o sudoeste do Ceará, a

ET0 supera a precipitação, em média, e consequentemente, o IA registra valores positivos.

Em JJA o extremo noroeste do estado do Maranhão e principalmente a costa leste do

NEB apresentam os menores IA, com valores negativos (Figura 5). Na costa leste da S4

(Figura 4-A), esse comportamento deve-se a influência principal dos DOL que de acordo com

Oliveira et al. (2013b) e Amorim et al. (2014) esse sistema provoca chuvas no inverno e é o

principal causador dos maiores acumulados de precipitação para essa região.

Na Figura 6 (A e B) são verificadas as periodicidades mensais das correlações

existentes entre a ET0 com o IA (6A) e a precipitação com o IA (6B) para a S3 definida na

Figura 4, essa sub-região foi escolhida para análise devido a sua característica de maiores

magnitudes e variabilidades nos valores da ET0. Pode-se verificar, Figura 6-A, que houve uma

frequência predomintemente maior de eventos na periodicidade de 8 a 16 meses com

correlações positivas (indicativo da seta para a direita) com significância estatística de 5%. O

contrário ocorreu quando se observou a relação existente entre precipitação e IA, Figura 6-B,

com correlações negativas (indicativo da seta para a esquerda) e elevadas em todos os

intervalos de periodicidade (4 a 128 meses), significativas a 5%.

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34

Figura 6. Oscilação da periodicidade (Wavelet Morlet) das correlações existentes entre ET0 x IA (6A)

e Precipitação x IA (6B) para a Sub-região 3 (S3) da ET0, no Nordeste do Brasil, entre 1980 e 2013.

Fonte: Elaboração dos autores.

Identificou-se ainda que o IA depende predominantemente da precipitação, e que no

período das chuvas o IA expressa uma diminuição (Figura 6-B). Entretanto para a relação ET0

e IA (Figura 6-A), não foi observada a mesma predominância em todas as periodicidades, isso

reflete na fundamentação da equação preconizada por Thornthwaite (1948), uma vez que a

precipitação acumulada mensal for igual a zero o IA será sempre igual a um, independente do

aumento ou diminuição da ET0. Portanto, é por isso que na sub-região escolhida (S3), o

período praticamente sem chuvas (inverno/primavera) ocorre nas periodicidades entre 4 e 8

meses (Figura 6-A), que culminou numa correlação fraca entre a ET0 e IA.

3.4 Conclusões

De acordo com os resultados encontrados neste trabalho, conclui-se que:

1. O NEB apresenta 5 sub-regiões de acordo com os valores médios mensais da ET0;

2. A S3 é a sub-região que apresenta os maiores valores médios de ET0 mensais (~174,8 mm)

e anuais (2098 mm), sendo observados também as maiores variabilidades (CV = 7,9%).

Por outro lado, a S5 apresentou os menores valores de ET0 (de abril a outubro), média de

99,0 mm, e anualmente (1362,8 mm) apresentando-se a menor dispersão (5%);

3. Em ordem decrescente os valores médios dos acumulados anuais de ET0, por sub-região no

NEB foram para a S3 (2098,0 mm), S2 (1736,9 mm), S4 (1643,5 mm), S1 (1489,3 mm) e

S5 (1362,8);

6-A 6-B

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35

4. O IA no NEB é predominantemente maior em SON (primavera), quando os valores médios

das ET0’s superam os das precipitações. Nas demais estações do ano, as precipitações

influenciadas pelos respectivos sistemas meteorológicos vigoram para a diminuição do IA;

5. As periodicidades, por meio da análise de Wavelet, permitiram determinar que a variável

dominante para o IA é a precipitação, e que no período sem chuvas (periodicidade de 4 a 8

meses), a ET0 não apresenta correlações altas com o IA, uma vez que a precipitação sendo

igual a zero, independente do aumento ou diminuição da ET0, o IA será igual a 1.

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1. AGRADECIMENTOS

O primeiro autor agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) pela bolsa de Doutorado durante 2015 a 2018.

Esse capítulo 3, da Tese, foi publicado em junho de 2018, na Revista de Geociências do

Nordeste.

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40

CAPÍTULO 4

TENDÊNCIAS DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA E DO ÍNDICE DE

ARIDEZ PARA O NORDESTE DO BRASIL

Jório B. Cabral Júnior* e Bergson Guedes Bezerra**

*Doutorando (PPGCC/CCET/UFRN), **Prof. Dr. Orientador (PPGCC/CCET/UFRN)

4.1. Introdução

A Evapotranspiração de referência é um componente agrohidroclimático essencial

para estudos regionais em suas diversas aplicações (agronomia, hidrologia, climatologia, etc.),

pois afeta o crescimento da planta (WANG et al., 2017), exerce fundamental processo no

ciclo hidrológico (HUO et al., 2013; LI, G. et al., 2017; XU et al., 2017), e atua como

indicador climático de biodiversidade (FISHER et al., 2011) e de seca (HUO et al., 2013).

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, do inglês

Intergovernmental Panel on Climate Change) publicou seu quinto relatório de avaliação

(AR5) que o Aquecimento Global é inequívoco (IPCC, 2014). Entre as principais conclusões

desse relatório destaca-se que houve um aumento na temperatura média do ar da Terra na

ordem de 0,85°C (1880 a 2012), as três décadas mais recentes foram as mais quentes desde

1850 e que se as emissões dos gases do efeito estufa continuarem, o aquecimento aumentará,

podendo chegar a 4,8°C até 2100. Nesse contexto, a comunidade científica assumiu uma série

de preocupações sobre diversas consequências para o futuro do planeta, entre elas, questões

relacionadas às possíveis mudanças no potencial da evapotranspiração, ou seja, a

Evapotranspiração de Referência (ET0).

Muitos pesquisadores analisaram tendências no comportamento da ET0 em diferentes

regiões do mundo e, embora fosse esperado que a ET0 aumentasse devido ao aumento global

da temperatura, identificou-se o reverso em muitas regiões do planeta: Canadá (BURN;

HESCH, 2007), China (THOMAS, 2000; LIU et al., 2012; HUANG et al., 2015; ZHENG;

WANG, 2015), Índia (BANDYOPADHYAY et al., 2009), Estados Unidos (IRMAK et al.,

2012). Essa tendência indireta entre a temperatura crescente do ar e a diminuição significativa

da ET0 foi denominada como o "paradoxo da evaporação" (RODERICK; FARQUHAR

2002); que tem sido amplamente discutida para revelar as causas das mudanças na ET0

(WANG et al., 2007; MCVICAR et al., 2008; RODERICK et al., 2009a,b). No entanto,

tendências crescentes da ET0 também têm sido verificadas em outras partes do mundo (YU et

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al., 2002; SABZIPARVAR et al., 2010; TABARI et al., 2011; PALUMBO et al., 2011;

SHADMANI et al., 2012; TABARI; AGHAJANLOO, 2013; PITICAR et al., 2015).

Para a região Nordeste do Brasil (NEB), Guimarães et al. (2016) analisaram

simulações climáticas utilizando diferentes modelos (Global e Regional) e concluíram que a

ET0 deve aumentar no decorrer deste século e contribuir para uma tendência de aumento no

Índice de Aridez (seca). Como consequência de um clima mais quente e mais árido, a região

semiárida do NEB tenderá a intensificar e aumentar em cobertura geográfica (MARENGO et

al., 2011; NOBRE et al., 2011).

Essas simulações parecem realistas, devido ao aumento geográfico da região

semiárida no Brasil. Do ano de 2005, portaria de nº 89/2005 (BRASIL, 2005), para o ano de

2017, resolução de n° 115/2017 (BRASIL, 2017), o número de municípios da região

semiárida do Brasil aumentou de 1134 para 1262 (aumento de 128), desse total 92,8% estão

inseridos no NEB. Embora esse aumento possa ser influenciado por decisões puramente

políticas, não obstante é factível o diagnóstico que o NEB tem enfrentado a pior seca dos

últimos anos (BRITO et al., 2017; MARENGO et al., 2017), e esses problemas podem estar

diretamente associados a um possível aumento da ET0 e/ou IA.

Alguns estudos relacionaram tendências no comportamento da ET0 e do IA, por

exemplo, na China Huo et al. (2013) e Wang et al. (2014a) observaram o paradoxo da

evaporação e consequentemente decréscimo no IA. Huo et al. (2013) foram além e

verificaram que a causa do decréscimo no IA deveu-se mais pelo aumento da precipitação do

que a diminuição da ET0, e a diminuição da ET0 foi mais sensível à diminuição na velocidade

do vento. Tendências opostas para o IA foram verificadas nos Estados Unidos por Kukal;

Irmak (2016), ao concluírem que houve significância de tendências positiva em Dakota do

Norte e do Sul e negativa no Texas.

Embora alguns estudos tenham sido conduzidos para analisar mudanças/tendências

da precipitação no NEB (SANTOS; MANZI, 2011; OLIVEIRA et al., 2014; SILVA et al.,

2016; FERREIRA et al., 2017), entretanto, poucos estudos foram feitos sobre

tendências/mudanças da ET0 e/ou Índice de Aridez (IA). Destacando-se análises feitas por

Silva (2004), com dados de 19 estações meteorológicas, que verificou tendência significativa

crescente na maioria das variáveis meteorológicas, inclusive a ET0 e IA. Alves et al. (2017)

encontraram, para uma sub-bacia hidrográfica no estado da Paraíba (NEB), diminuição no IA

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42

e justificam que foi devido ao aumento na precipitação. Cabral Júnior (2015) identificou que a

ET0 diminuiu com 95% de confiança estatística, ao analisar áreas irrigadas inseridas no

semiárido do NEB.

Diante do exposto fica evidente a necessidade sobre análises mais detalhadas que

permitam, além de identificar variabilidade/tendência da ET0 e IA, possam também

quantificar as magnitudes com os respectivos inícios. Sendo assim, o principal objetivo deste

artigo é verificar, minuciosamente, essas características para toda a região NEB.

4.2. Material e Métodos

4.2.1. Área de estudo

Na Figura 7 observa-se a localização da área de estudo. Inserida na América do Sul e

no território brasileiro, a região NEB é a segunda região mais populosa do Brasil, com 57,36

milhões de habitantes, e é a terceira maior em dimensão territorial, com aproximadamente

1,55 milhões de Km² subdividida em 9 estados (IBGE, 2017). Destaca-se que cerca de 53%

da área do NEB (~825 mil km²) está sob domínio do Bioma Caatinga (BRASIL, 2004, 2016).

Os outros 47% do NEB estão subdivididos pelos Biomas: Mata Atlântica (10,2%), Cerrado

(29,7%) e Amazônia (7,1%). Ressalta-se que 65,6% do NEB está inserido na região

semiárida, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Integração Nacional

(BRASIL, 2017) onde prevalece um balanço de água negativo e alto índice de aridez

(GIULIETTI et al., 2004).

A estação mais chuvosa ocorre entre março e maio (na região semiárida), e entre

junho e julho, na parte leste (HASTENRATH, 1990; NOBRE et al., 2006; ALMEIDA;

CABRAL JÚNIOR, 2014). O principal sistema meteorológico causador de chuvas na região é

a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) (MARENGO et al., 2011; HASTENRATH,

2012), e há três tipos climáticos presentes na região, de acordo com a classificação de

Köppen, sendo: clima tropical (Tipo A), clima semiárido (Tipo B) e clima subtropical (Tipo

C), segundo Alvares et al. (2014).

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43

Figura 7. Localização da área de estudo, Nordeste do Brasil, e os respectivos Biomas e delimitação da

região Semiárida.

4.2.2. Dados

Os bancos de dados meteorológicos utilizados nesta pesquisa foram disponibilizados

por Xavier et al. (2015), com um espaçamento de 0,25° x 0,25°, aproximadamente 28 km²,

referente a uma série mensal de 1980 a 2013.

Esses bancos de dados, segundo esses pesquisadores, referem-se a dados observados

em estações meteorológicas oficias do Brasil (Instituto Nacional de Meteorologia - INMET,

Agência Nacional de Águas - ANA e Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo

– DAEE). Houve interpolação e/ou preenchimento de dados faltosos que foram

estatisticamente validados.

4.2.3. Procedimentos metodológicos

Os procedimentos das técnicas de análises utilizadas neste trabalho encontram-se na

Figura 8, baseando-se na continuidade do artigo 1 da Tese, após as delimitações e

caracterizações por sub-regiões do NEB, de acordo com a ET0 e o IA, foram feitas análises

estatísticas não paramétricas para analisar possíveis mudanças no comportamento dessas

variáveis e suas respectivas causas.

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44

De posse dos dados sazonais e anuais da ET0 e do IA foram aplicados testes para

verificar, em cada sub-região, se há significância estatística nas tendências (Mann-Kendall)

com as respectivas magnitudes (Theil-Sen) e o ano de início (Pettitt). A confiança estatística

utilizada foi para o nível de 95 ou 99%.

Figura 8. Organograma hierárquico das etapas para realização da pesquisa.

Os dados utilizados referentes à ET0, segundo Xavier et al. (2015), foram estimados

pelo método padrão internacional de Penman-Monteith (ALLEN et al., 1998), equação 8.

Enquanto para a obtenção do IA utilizou-se a equação proposta por Thornthwaite (1948),

equação 9, que considera oferta (precipitação) e demanda (ET0) da água em superfície.

𝐸𝑇0 =0,408. ∆(𝑅𝑛 − 𝐺) + 𝛾 (

900. 𝑈2𝑇𝑚𝑒𝑑 + 273

)𝐷𝑃𝑉

∆ + 𝛾. (1 + 0,34𝑈2)

(8)

em que ∆ é a inclinação da curva de pressão de vapor (KPa °C-1); Rn é o saldo do balanço de

radiação solar incidente em ondas curtas e a radiação terrestre, emitida em ondas longas; G é

a densidade de fluxo de calor do solo (em MJ m-2 d-1); é a constante psicrométrica (kPa ◦C-

1); 𝑇𝑚𝑒𝑑 é a temperatura média diária do ar (°C); 𝑈2 é a velocidade média do vento medida a 2

m de altura (m.s-1); 𝐷𝑃𝑉 é o déficit de pressão de vapor (kPa).

𝐼𝐴 =(𝐸𝑇0 − 𝑃)

𝐸𝑇0 (9)

Sendo, 𝐼𝐴 – Índice de Aridez (adimensional); 𝐸𝑇0 - Evapotranspiração de Referência (mm);

𝑃 - é a Precipitação (mm). A escala temporal analisada foi mensal e anual.

Sub-regiões

do NEB

ET0 e IA

(mensal, sazonal e anual)

Tendência Mann-Kendall

Magnitude Theil-Sen

Início Pettitt

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45

4.2.4. Análise de Tendência: teste de Mann-Kendall

As séries temporais mensal e anual, da ET0 e IA, foram analisadas verificando-se

possíveis indícios de tendências. Para isso utilizou-se o teste não paramétrico de tendência

proposta por Mann-Kendall (MANN, 1945; KENDALL, 1975; KENDALL; GIBBONS,

1990), sendo expresso pela equação:

𝑆 = ∑∑𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 ( 𝑥𝑗 − 𝑥𝑖)

𝑖=1

𝑗=1

𝑛

𝑖 =2

(10)

Sendo: S - o resultado da soma das contagens de (𝑥𝑗 − 𝑥𝑖); 𝑥𝑗 - o primeiro valor após 𝑥𝑖; 𝑛 - o

número de dados da série temporal. Para cada par de dados são atribuídos os seguintes

valores:

𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 = {

+1 𝑠𝑒 (𝑥𝑗 − 𝑥𝑖) > 0

0 𝑠𝑒 (𝑥𝑗 − 𝑥𝑖) = 0

−1 𝑠𝑒 (𝑥𝑗 − 𝑥𝑖) < 0

(11)

A distribuição de probabilidade da estatística S tende à normalidade quando há

grandes amostras de observações (n), com média zero e variância dada por:

q

p

ppp tttnnnSVAR1

52152118

1)( (12)

sendo: 𝑡𝑝 - o número de dados com valores iguais em certo grupo; 𝑞 - o número de grupos

contendo valores iguais na série de dados em um grupo 𝑝.

A estatística do teste de Mann-Kendall é baseado no valor da variável ZMK, calculado

conforme a equação 13:

𝑍𝑀𝐾 =

{

𝑆 − 1

√𝑉𝑎𝑟(𝑆), 𝑠𝑒 𝑆 > 0

0, 𝑠𝑒 𝑆 = 0𝑆 + 1

√𝑉𝑎𝑟(𝑆), 𝑠𝑒 𝑆 < 0

(13)

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46

A partir de um teste bilateral, adotou-se um nível de confiança estatística de igual ou

superior a 95%, ou seja, rejeitou-se a hipótese de ausência de tendência quando o valor-p foi

inferior ao nível de significância (𝛼 = 0,05).

4.2.5. Intensidade da Tendência: teste de Theil-Sen

As tendências das sub-regiões que apresentarem significância estatística, foram

submetidas ao teste ou estimador estatístico não paramétrico de Sen (1968), que calcula a

intensidade da tendência da variável em questão, a partir da equação:

ij

xxS

ij

e

para i = 1, 2, 3 ..., N. (14)

sendo 𝑥𝑗 e 𝑥𝑖 os valores de x nos instantes j e i respectivamente, para j > i. Por fim, calculou-

se a intensidade média da tendência pela mediana dos N valores da declividade de Sen (𝑆𝑒),

ou seja, o acréscimo ou decréscimo em função do tempo.

4.2.6. Descontinuidade da série temporal: teste de Pettitt

A identificação da descontinuidade (início da tendência), quando houve, foi

calculado a partir do teste de Pettitt (PETTITT, 1979), sendo também um teste estatístico não

paramétrico. O procedimento consistiu em avaliar se a série temporal, submetida a um teste

de homogeneidade de duas sub-amostras, X1,...,X𝑡 e X𝑡+1,..., X𝑇, pertencem à mesma

população, identificando diferenças significativas na média entre ambas. Para tanto, ordenou-

se a série de 1 a n, para as tendências significativas da ET0 e do IA por estação do ano, de

acordo com sua posição de observação 𝑡, realizando-se uma contagem na frequência que um

membro da primeira amostra é maior que o da segunda através da equação 15:

N

j

jtNtNt xxUU1

,1, sgn Para t= 2, 3, ..., N. (15)

Nesse caso, a hipótese a ser verificada a partir do teste de Pettitt é se há existência de

mudança brusca na série temporal. O valor crítico da estatística k(t) e o valor-p da estatística

(p) são dados pelas equações:

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47

NtNtt UMaxK ,1 para t= 2, 3, ..., N. (16)

23

26

2 NN

kN

ep

para t= 2, 3, ..., N. (17)

Todas as análises e os cálculos neste trabalho foram desenvolvidos utilizando-se o

software R, versão 3.3.1. Para representação gráfica foram construídos mapas utilizando-se o

software Quantum Gis (QGIS), versão 2.14.11.

4.3. Resultados e Discussão

A partir dos 2042 pontos analisados pôde-se verificar que a ET0, para o NEB,

apresentou tendências significativas a 5% e/ou 1%, sendo verificadas tendências com sinais

opostos (positivas em algumas determinadas regiões e negativas em outras), observadas na

Figura 9. Diante disto, optou-se por analisar separadamente as áreas cujas características

apresentaram predominância em seus respectivos sinais de tendências.

Em termos gerais, observou-se que em todas os períodos sazonais (Verão, Outono,

Inverno e Primavera) as tendências foram predominantemente positivas com confiança

estatística de 95% e ou 99% a oeste do NEB, com maior concentração a oeste do território do

estado da Bahia (BA) e sudoeste do estado do Piauí. Ainda a oeste do NEB, houve uma

exceção para o noroeste do estado do Maranhão (MA), no inverno e primavera, cujas

tendências foram significativamente negativas a 5%. Por outro lado, na parte leste do NEB

foram observadas tendências negativas da ET0, exceto no outono, que apresentou apenas dois

pontos com tendências negativas, sendo um a leste do estado da Paraíba (PB) e outro no

centro norte da BA.

Os pontos que apresentaram tendências positivas estão localizados predominantemente

na área da região semiárida, independente da estação do ano, especialmente com maior

concentração no bioma da Caatinga e em parte do Cerrado localizada a sudoeste do estado da

BA. Esses resultados indicam que a demanda energética por água na atmosfera tem

aumentado nos últimos 34 anos analisados, podendo ocasionar, consequentemente aumento

no IA, caso a precipitação não apresente tendência suficientemente positiva para compensar o

acréscimo na referida demanda, e consequentemente, contribuir para maior vulnerabilidade ao

fenômeno seca (meteorológica, agrícola e hidrológica) com ênfase nas áreas da região

Semiárida.

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48

Para as séries temporais da ET0, em que cujos pontos apresentaram tendências

significativamente negativas, a maior concentração ocorreu em áreas mais úmidas do NEB,

principalmente na faixa leste da região (Verão e Inverno) e leste dos estados do Rio Grande

do Norte (RN) e Paraíba (PB) (Verão).

Figura 9. Tendências sazonais da Evapotranspiração de referência para o Nordeste do Brasil, período

de 1980 a 2013.

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49

Na Figura 10 são identificadas as variabilidades das magnitudes paras as referidas

tendências, tanto quando foram positivas como negativas. Os totais de tendências positivas no

verão, outono, inverno e primavera foram respectivamente de 741, 284, 261 e 670 enquanto

que para as tendências negativas foi na ordem de 77, 2, 508 e 275, sucessivamente.

Notou-se que o número de observações (n) de tendência positiva foi maior, sendo

69,4% do total de pontos que apresentaram significância estatística. De forma semelhante

verificou-se que a magnitude também foi maior, em média, para as tendências positivas em

aproximadamente 0,1 mm por estação do ano, quando se compara com as magnitudes das

tendências negativas.

Em termos sazonais verificou-se que a primavera possui a maior magnitude e

variabilidade, com valor médio de acréscimo de 2,4 ± 0,9 mm (para as tendências positivas) e

decréscimo de -2,2 mm ± 0,8 mm (para as tendências negativas). As menores magnitudes

médias e menores variabilidades foram constatadas para o período do outono, com aumento

de 1,6 ± 0,3 mm e diminuição de -1,5 ± 0,1 mm, destaca-se que nessa estação o número de

pontos com tendências negativas foi igual a 2.

Figura 10. Magnitudes das tendências sazonais significativas da Evapotranspiração de referência para

o Nordeste do Brasil, período de 1980 a 2013.

Diante dos diagnósticos das tendências significativas para a ET0 no NEB, houve a

necessidade de verificar as variabilidades também para o IA. Na Figura 11, observam-se

tendências predominantemente positivas ao nível de 5% e/ou 1%, em todas as estações do

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ano, exceto para o inverno, cujas tendências nessa estação foram predominantemente

negativas (em 193 pontos dos 274 com tendências significativas). Os números de pontos com

tendências significativas foram sempre menores para o IA quando se compara aos da ET0, e

as tendências negativas do IA foram ausentes no verão e outono.

Ressalta-se que, assim como a ET0, as tendências positivas concentraram-se a oeste do

NEB, com destaque para a parte sudoeste, com tendências significativas em mais pontos

durante o verão (205 pontos) seguida do inverno (81 pontos). Enquanto que as tendências

negativas, no inverno, concentraram-se na parte leste da região, exceto no estado de Sergipe.

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Figura 11. Tendências sazonais do Índice de Aridez para o Nordeste do Brasil, período: 1980 a 2013.

Ao se analisar as magnitudes das tendências do IA, Figura 12, observou-se que as

maiores ocorreram no verão e outono e, nessas estações, foram registradas tendências

unicamente positivas, cujas magnitudes médias foram na ordem de 0,02 ± 0,008 (verão) e

0,015 ± 0,004 (outono). Para o inverno, é importante destacar que mesmo que tenha ocorrido

um maior número de pontos com tendência negativa (193), entretanto a magnitude não foi a

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maior, obtendo-se respectivamente, para as magnitudes positiva e negativa, uma média de

0,0171 e -0,0159. Na primavera, as magnitudes das tendências, positiva e negativa, para o IA

foram sucessivamente de 0,015 e -0,007, em média por estação.

Figura 12. Magnitudes das tendências sazonais significativas do Índice de Aridez para o Nordeste do

Brasil, período de 1980 a 2013.

As referidas análises de tendências acompanhadas com as respectivas magnitudes,

tanto positivas quanto negativas, permitiram identificar áreas do NEB mais propensas as

condições climáticas, especialmente em áreas caracterizadas como semiáridas terem

apresentado tendências positivas de ET0 e de IA, o que poderá culminar numa continuidade de

expansão de semiaridez no NEB nos próximos anos, assim como foi observado recentemente

um aumento da área em 2017 (BRASIL, 2017).

Nesse sentido analisou-se ainda o início das referidas tendências, por estação do ano,

para a ET0 e o IA, sendo possível constatar que a década de 1990 acumulou os maiores

percentuais dos inícios de quebra estrutural nas séries temporais, conforme Tabela 1. Para a

ET0, no verão e outono, as tendências iniciaram-se com mais frequência entre os anos 1995 e

1999, com 51,5% e 56,4%, respectivamente, no inverno as tendências iniciaram-se com mais

frequência um pouco antes, entre 1990 e 1994 (52,5%), enquanto que na primavera, as

tendências foram mais atuais e ocorreram principalmente entre os anos 2000 e 2004 (44,3%).

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Tabela 1. Frequências relativas (%) do número de vezes em que se iniciou a tendência em diferentes

intervalos de classes (anos) e sazonalmente, para a ET0 e o IA, no Nordeste do Brasil, período de 1980

a 2013.

Frequências relativas (%)

Intervalos de

Classes

(Anos)

Evapotranspiração de referência (ET0)

Verão Outono Inverno Primavera

1980 a 1984 0,0 0,0 0,0 0,0

1985 a 1989 0,0 0,0 7,5 0,2

1990 a 1994 26,3 43,6 52,5 39,6

1995 a 1999 51,5 56,4 29,3 15,0

2000 a 2004 15,6 0,0 9,0 44,3

2005 a 2009 6,6 0,0 1,6 0,8

2010 ou mais 0,0 0,0 0,0 0,0

Intervalos de

Classes

(Anos)

Índice de Aridez (IA)

Verão Outono Inverno Primavera

1980 a 1984 0,0 0,0 0,0 0,0

1985 a 1989 0,0 0,0 0,0 0,0

1990 a 1994 40,6 0,0 35,7 1,7

1995 a 1999 48,4 75,0 29,5 5,0

2000 a 2004 3,1 25,0 28,5 93,3

2005 a 2009 7,8 0,0 6,3 0,0

2010 ou mais 0,0 0,0 0,0 0,0

Destaca-se que para o IA não houve início de tendência na década de 1980, os maiores

quantitativos ocorreram na década de 1990, principalmente entre 1995 a 1999, no verão e

outono, como frequências de 48,4% e 75%. No inverno a tendência iniciou mais

frequentemente entre 1990 a 1994 (35,7%) e na primavera, as tendências obtiveram inícios

majoritariamente entre 2000 a 2004, com 93,3%.

4.4. Conclusões

De acordo com os resultados encontrados neste capítulo, conclui-se que:

Houve tendências significativas da ET0 e do IA observadas nas quatro estações do

ano;

As tendências positivas foram predominantes, tanto para a ET0 quanto para o IA, com

maior concentração no sudoeste do NEB, exceto para o IA no outono e primavera;

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As tendências negativas foram mais presentes no leste do NEB, sendo no inverno e

primavera (para a ET0) e no inverno (para o IA), no verão as tendências negativas

concentraram-se entre o leste dos estados da PB e PE;

As magnitudes das tendências positivas e negativas, para a ET0, foram

respectivamente em média de 1,9 mm/estação e -1,8 mm/estação, para o IA foram na

ordem de 0,010/estação ou -0,011/estação;

O início na quebra estrutural de cada série sazonal ocorreu com maior frequência na

década de 1990, exceto na primavera cujas tendências tiveram início predominantemente

entre 2000 a 2004.

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

As análises realizadas neste trabalho permitiram identificar que a região do NEB está

subdividida em 5 sub-regiões com características homogêneas, de acordo com a

climatologia mensal da ET0, sendo a Sub-região 3 (S3) com os maiores acumulados

médios (2098,0 mm/ano) e a S5 os menores (1362,8 mm/ano).

Para o IA, identificou-se que a precipitação é a variável dominante e que no período

menos chuvoso (Primavera) o IA aproxima-se do valor máximo (IA=1,00) em praticamente

todo o NEB.

Nas análises temporais, foram identificados diferentes sinais de tendências para ET0,

dentro de uma mesma estação do ano, sendo predominantemente positiva com significância

estatística a 1% no sudoeste do estado da Bahia (Verão, Outono, Inverno e Primavera) e

negativas a 5% com maior predominância no leste do NEB, concentrando-se especialmente

do leste do estado do Rio Grande do Norte (RN) ao nordeste da Bahia (Primavera), no leste

da Paraíba e RN (Verão) e praticamente em toda costa leste do NEB (Inverno), exceto parte

do sul da Bahia.

As respectivas magnitudes das tendências positivas da ET0 variaram, em média, de 1,6

mm/estação (Outono) a 2,4 mm/estação (Primavera), enquanto que as tendências negativas

oscilaram de -1,5 mm/estação (Outono) a -2,2 mm/estação (Primavera), obtendo-se início

majoritário na década de 1990.

Para o IA, as tendências significativamente positivas concentraram-se no sudoeste da

Bahia (Verão e Inverno) e as negativas (predominantemente no Inverno) ocorreram no leste

do RN a leste de Pernambuco, estado de Alagoas e nordeste da Bahia. As magnitudes

positivas do IA, obtiveram uma variação média de 0,002 (Inverno) a 0,02 (Verão), por outro

lado, as magnitudes negativas (ausentes no Verão e Outono), variaram de -0,007

(Primavera) a -0,016 (inverno).

A década de 1990 obteve maior frequência de início das tendências para o IA no

Verão Outono e Inverno, enquanto na primavera os respectivos inícios das tendências do IA

concentraram-se entre 2000 a 2004.

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60

A partir dos resultados encontrados, conclui-se que as variações espaciais e temporais

da ET0 e do IA no NEB foram heterogêneas e apresentaram diferenças opostas de sinais de

tendências, até numa mesma estação do ano, no entanto observou-se que

predominantemente a oeste do NEB predomina tendências positivas da ET0 e a leste ocorre

o oposto.

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