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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS YURI LEANDRO RODRIGUES LOPES FERNANDES Estudo das propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes do ZnMoO4: Tb 3+ , Pr 3+ Natal 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …€¦ · propriedades estruturais, morfológicas e ópticas da matriz hospedeira. Esses elementos químicos com orbitais 4f são

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

YURI LEANDRO RODRIGUES LOPES FERNANDES

Estudo das propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes do ZnMoO4:

Tb3+, Pr3+

Natal

2019

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YURI LEANDRO RODRIGUES LOPES FERNANDES

Estudo das propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes do ZnMoO4:

Tb3+, Pr3+

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia de Materiais, do Centro

de Tecnologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de bacharel em Engenharia

de Materiais.

Orientador: Prof.a Dra. Fabiana Villela da Motta

Natal

2019

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FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262

Fernandes, Yuri Leandro Rodrigues Lopes.

Estudo das propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes do ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ / Yuri Leandro Rodrigues Lopes Fernandes. - 2019.

52 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Graduação em Engenharia de Materiais, Natal, RN, 2019.

Orientadora: Profa. Dra. Fabiana Villela da Motta.

1. ZnMoO4 - Monografia. 2. Luminescência - Monografia. 3. Fotocatálise - Monografia. I. Motta, Fabiana Villela da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.315.5

Oliveira. II. Medeiros, Djalma Mariz. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 626.21

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FOLHA DE AVALIAÇÃO OU APROVAÇÃO

Assinaturas dos membros da comissão examinadora que avaliou e aprovou a

Monografia do(a) candidato(a) _______________________________________,

realizada em ___. ___ .______.

BANCA EXAMINADORA: __________________________________ Fabiana Villela da Motta - Orientador

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)

__________________________________

Carlos Alberto Paskocimas - Avaliador 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)

__________________________________

Anderson de Azevedo Gomes Santiago - Avaliador 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha

família por todo apoio

incondicional e aos meus amigos

e pessoas especiais pelo

suporte, carinho e que de

alguma forma contribuíram para

a realização deste momento.

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AGRADECIMENTOS

À Prof.a Dra. Fabiana Villela da Motta pela oportunidade, orientação, apoio e

paciência durante a graduação e na iniciação científica.

Ao Prof. Dr. Maurício Roberto Bomio Delmonte pelos ensinamentos, suporte e

disposição.

À Dra. Laura Ximena Lovisa pela orientação durante a pesquisa científica, pelas

dúvidas sanadas, pela compreensão e toda ajuda.

Ao Me. Anderson de Azevedo Gomes Santiago pelo trabalho em equipe,

paciência e instrução.

A Capes pela concessão de bolsa de iniciação científica.

A UFRN e ao Laboratório de Síntese Química de Materiais (DEMat/UFRN) pela

infraestrutura.

A todos os colegas de laboratório e de graduação que de alguma forma

ajudaram durante este trabalho.

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RESUMO

Os molibdatos dopados com íons de terras raras são amplamente estudados

devido ao seu grande potencial em aplicações práticas como: na fotocatálise, em tubo

de raios catódicos, em painel de exposição de plasma, em lasers e outros. É

importante considerar que estes materiais nanoestruturados exibem propriedades

únicas em função do efeito da sua grande área superficial e do seu tamanho reduzido.

Neste trabalho, foram sintetizados partículas de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ em diferentes

proporções de Tb: Pr (2: 0, 1,5: 0,5, 1: 1, 0,5: 1,5 e 0: 2) através do método

sonoquímico. Estas estruturas foram caracterizadas quanto a sua estrutura,

morfologia e propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes a partir das respectivas

análises: difração de raios-X, microscopia eletrônica de varredura por emissão de

campo, espectroscopia de absorção ultravioleta-visível e fotoluminescência. De

acordo com os resultados de fotoluminescência, os espectros de emissão apresentam

bandas de transições de 5D4 → 7Fj (j = 6, 5, 4 e 3) do Tb3+, juntamente com as

transições 3P0 → 3H5, 1D2 → 3H4, 3P0 → 3H6 e 3P0 → 3F3 características do íon Pr3+. A

fotoluminescência resolvida no tempo foi investigada, com um tempo de vida mais

prolongado para a amostra ZnMoO4: 2% Tb3+ (𝜏av = 1.0344 ms). Foi proposto um

mecanismo de transferência de energia entre a matriz e os íons Tb3+ e Pr3+, bem como

a eficiência desta troca de energia (n). A atividade fotocatalítica das amostras foi

estudada, verificando o efeito favorável da introdução do Pr3+ na estrutura do ZnMoO4

quanto a degradação do corante azul de metileno. Dentro deste contexto, este

trabalho trata do desenvolvimento de materiais fotoluminescentes capazes de

converter a radiação UV em radiação visível, que pode ser adequadamente ajustada

à combinação dos dopantes para produção de luz branca para aplicações em LEDs.

Paralelamente a essa perspectiva, avaliou-se o comportamento fotocatalítico de

ZnMoO4: Tb3+, Pr3+, considerando o efeito da distorção causada pelos dopantes na

rede de molibdato de zinco.

Palavras-chave: ZnMoO4; Luminescência; Fotocatálise.

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ABSTRACT

The molybdates doped with rare earth ions are widely studied due to its huge

potential in practice applications in photocatalysis, cathode ray tubes, plasma panels

displays, lasers, and others. It’s important to consider that these nanostructured

materials exhibit unique properties in the function of the large surface area and its

reduced size. In this work, ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ particles were synthesized in different

proportions of Tb: Pr (2: 0, 1,5: 0,5, 1: 1, 0,5: 1,5 e 0: 2) through the sonochemical

method. They were characterized by the structure, morphology, photocatalytic and

photoluminescent properties through the respective analysis: x-ray diffraction, field

emission scanning electron microscopy, UV-vis absorption spectroscopy, and

photoluminescence. According to the photoluminescence results, the emission spectra

presents the transition bands of 5D4 → 7Fj (j = 6, 5, 4 e 3) by the Tb3+, along the 3P0 →

3H5, 1D2 → 3H4, 3P0 → 3H6 e 3P0 → 3F3 by the Pr3+ ions. The time-resolved

photoluminescence was investigated, with a longer lifetime value for the ZnMoO4: 2%

Tb3+ sample (𝜏av = 1.0344 ms). The energy transference mechanism between the host

matrix and the rare earth ions was proposed, and the efficiency (n) of it as well. The

sample’s photocatalytic activity was studied, verifying a beneficial effect by the

introduction of Pr3+ in the ZnMoO4 lattice on the degradation of methylene blue dye.

Within this context, this work is about the development of photoluminescent materials

capable of converting UV in visible light, which could be adjusted by the combination

of the dopant to produce white light for LED applications. Beside this perspective, it

was also evaluated the photocatalytic behavior of the ZnMoO4: Tb3+, Pr3+, considering

the distortion effect caused by the dopants in the zinc molybdate lattice.

Keywords: ZnMoO4; Luminescence; Photocatalysis.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Estruturas cristalinas das fases β e α do ZnMoO4.........................................17

Figura 2. Tabela periódica com destaque nos elementos Terras Raras......................18

Figura 3. Diagrama de Jablonski para um material hipotético.....................................20

Figura 4. Mecanismo de transferência de energia intermolecular...............................21

Figura 5. Ilustração do processo de fotocatálise heterogênea....................................22

Figura 6. Representação do fenômeno de cavitação..................................................25

Figura 7. Fluxograma da síntese de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.............................................28

Figura 8. Esquema da avaliação da atividade fotocatalítica........................................31

Figura 9. DRX das partículas de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ ..................................................32

Figura 10. Carta de referência JCPDS No. (35-0765) .................................................33

Figura 11. Refinamento de ZnMoO4:1.5% Tb3+, 0.5% Pr3+..........................................34

Figura 12. FEG-SEM da amostra de ZnMoO4.............................................................35

Figura 13. FEG-SEM da amostra de ZnMoO4: 2% Tb3+ ..............................................36

Figura 14. FEG-SEM das dopagens intermediárias do ZnMoO4: Tb3+, Pr3+................36

Figura 15. FEG-SEM da amostra de ZnMoO4: 2% Pr3+...............................................37

Figura 16. Mecanismo de crescimento dos cristais de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.................38

Figura 17. Espectro de absorção das amostras de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.......................39

Figura 18. Gráficos dos valores do Egap de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.................................40

Figura 19. Espectro de emissão e Diagrama CIE das amostras..................................42

Figura 20. Diagrama de níveis de energia...................................................................43

Figura 21. Curvas de decaimento de luminescência de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+...............43

Figura 22. Variação da concentração do corante azul de metileno durante o

experimento de fotodegradação.................................................................................45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores dos potenciais de redução de espécies oxidantes..........................23

Tabela 2. Numeração das amostras em relação às variáveis Pr3+ e Tb3+................... 26

Tabela 3. Nome do reagente, fórmula química, fornecedor e pureza dos reagentes

utilizados na síntese de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ ...............................................................26

Tabela 4. Parâmetros de rede das amostras sintetizadas...........................................34

Tabela 5. Coordenadas de CIE de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ ...............................................41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Å – Unidade de medida angstrom

A, A1*, A2* – Estados eletrônicos do ativador

BC – Banda de Condução

BV – Banda de Valência

DRX – Difração de raios-x

e- – Elétron

Egap – Energia de gap

eV – Unidade de medida elétron-volt

h+ – Buraco eletrônico

IUPAC – União Internacional de Química Pura e Aplicada

K – Unidade de medida Kelvin

Me – Elemento químico de transição

min – Unidade de medida minutos

ml – Unidade de medida mililitros

ms – Unidade de medida milissegundos

nm – Unidade de medida nanômetros

µm – Unidade de medida micrômetro

ns – unidade de medida nanosegundos

ºC – Unidade de medida Grau Celsius

Pa – Unidade de medida Pascal

pH – Potencial Hidrogeniônico

rpm – Rotações por minuto

S, S* – Estados eletrônicos do sensibilizador

S0, S1, S2 – Estados eletrônicos singletos

T1 – Estado eletrônico Tripleto

TR – Elemento químico Terra Rara

u.a. – Unidades arbitrárias

λ – Comprimento de Onda

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16

3.1 Molibdato de Zinco ........................................................................................... 16

3.2 Terras Raras .................................................................................................... 18

3.3 Fotoluminescência ........................................................................................... 19

3.4 Fotocatálise ...................................................................................................... 21

3.5 Método Sonoquímico ....................................................................................... 24

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..................................................................... 26

4.1 Materiais .......................................................................................................... 26

4.2 Procedimento de síntese ................................................................................. 27

4.3 Caracterizações realizadas .............................................................................. 29

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 32

5.1 Difração de raios-x ........................................................................................... 32

5.2 Microscopia eletrônica de varredura de emissão de campo ............................ 34

5.3 Espectroscopia na região UV-vis ..................................................................... 38

5.4 Fotoluminescência ........................................................................................... 41

5.5 Fotocatálise ...................................................................................................... 45

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47

7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 48

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13

1 INTRODUÇÃO

Os molibdatos metálicos vêm sendo alvo de grande interesse nas pesquisas

científicas nos últimos anos devido à sua grande variedade de potenciais aplicações

tecnológicas, principalmente na forma de nanopartículas com uma maior área

superficial e propriedades ópticas e elétricas ainda mais interessantes (RAMEZANI et

al., 2015; ZHOU et al., 2008; XIE et al., 2010; YU; NOGAMI, 2010). Por exemplo,

esses semicondutores inorgânicos possuem aplicabilidade em fotocatálise,

fotoluminescência, tintas anticorrosivas, sensores de umidade e lasers de estado

sólido, variando de acordo com suas duas estruturas químicas, dependendo dos

cátions em sua composição e das condições de síntese (LOVISA et al., 2018; ZHAI et

al., 2017, 2018; CHENGAIAH et al., 2014; JU et al., 2011). Nesse sentido, os

Molibdatos de Zinco possuem duas estruturas: triclínica e monoclínica, ambas

contendo o complexo tetraédrico [MoO4]-2, que são obtidas dependendo das

condições de processamento. Os métodos químicos mais utilizados para a produção

do ZnMoO4 é o hidrotérmico, solvotérmico, coprecipitação e sonoquímico, gerando

materiais com uma ótima condutividade e propriedades fotoluminescentes e

fotocatalíticas, as quais podem ser favorecidas pela presença de defeitos estruturais

ou íons ativadores (SPASSKY et al., 2011).

Os elementos terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos incluindo

os lantanídeos, o escândio e o ítrio, os quais possuem o estado de excitação trivalente

como característico (BRAGA, 2014). Dentre esses, o praseodímio e o térbio foram os

dois elementos químicos utilizados neste trabalho como íons dopantes no molibdato

de zinco, com a finalidade de investigar os efeitos que eles causaram nas

propriedades estruturais, morfológicas e ópticas da matriz hospedeira. Esses

elementos químicos com orbitais 4f são encontrados na natureza em minerais na

forma de fosfatos, silicatos, carbonatos e óxidos; são historicamente utilizados como

catalisadores, na área medicinal e, de forma mais abrangente, em materiais com

propriedades ópticas (BRAGA, 2014; LOVISA, 2018). Os elementos terras raras ao

captarem luz, conseguem absorver radiação em bandas que provocam transições do

tipo f→f de mesma paridade, devido à influência da rede de ZnMoO4 na simetria do

íon. Assim, há a abertura de um grande campo de aplicações inovadoras devido a

essas propriedades ópticas capazes de aperfeiçoamento provenientes dos íons terras

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raras ao interagirem com redes hospedeiras: como sensores, lasers e displays de LED

(BRAGA, 2014; ROSA et al., 2005).

O método sonoquímico, empregado neste trabalho, utiliza o efeito de ondas

ultrassônicas sobre sistemas químicos com o objetivo de obtenções de novos

materiais com características especificas. O ultrassom é uma forma de energia que

pode ser transmitida a qualquer tipo de meio físico, gerando condições determinadas,

com geração de grandes quantidades de bolhas ou cavitação. Durante o colapso das

bolhas, são geradas altas tensões de cisalhamento e forças hidrodinâmicas que têm

a capacidade de modificar estruturas químicas (SEEHARAJ et al., 2013).

Esse método tem como vantagem em relação a outros métodos convencionais

a melhoria na taxa de reação, diminuindo o tempo de síntese e aumentando o

rendimento para acima de 97%, além de se obter um material com maior área

superficial e menor tamanho de partícula com distribuição de tamanhos mais fina

provocada pela micromistura. Dessa forma, o método sonoquímico gera um

aperfeiçoamento das propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes, o qual

combinada com a dopagem de Terras Raras potencializa-se a probabilidade de obter

um material com propriedades ainda mais interessantes (GURGEL et al., 2017;

KAREKAR et al., 2015).

Este trabalho, portanto, se propôs a estudar os efeitos causados pelos

dopantes (Tb3+ e Pr3+) nas propriedades estruturais, morfológicas, fotocatalíticas e

fotoluminescentes na matriz do molibdato de zinco. Para uma análise completa do

estudo proposto, foram realizadas as análises de difração de raios-x, espectroscopia

na região UV-vis, espectroscopia de fotoluminescência e microscopia eletrônica de

varredura com emissão de campo.

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15

2 OBJETIVOS

O presente trabalho teve como objetivo sintetizar as partículas de ZnMoO4 e

ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ pelo método sonoquímico e investigar as propriedades

fotocatalíticas e fotoluminescentes.

Os objetivos específicos estão resumidos nos seguintes pontos abaixo:

- Obter o ZnMoO4 pelo método sonoquímico;

- Estudar as propriedades fotocatalíticas e fotoluminescentes;

- Avaliar as contribuições dos dopantes (Tb3+, Pr3+) nas propriedades fotocatalíticas e

fotoluminescentes e nas morfologias das partículas do ZnMoO4.

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16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Molibdato de Zinco

Os molibdatos metálicos são caracterizados como semicondutores inorgânicos

representados pela fórmula molecular MeMoO4, sendo Me um metal de transição

como o Ca, Ba, Mg e Zn. Dentre esses, o molibdato de zinco ZnMoO4 tem atraído

atenção devido a potenciais aplicações no campo de detectores de cintilação,

sensores de umidade, lasers de estado sólido e dispositivos luminescentes (ZHAIA et

al., 2017). Além dessas, foi reportado pelos pesquisadores WANG et al. (2017) ainda

outras áreas de interesse, por exemplo na de catalisadores e baterias que se devem

a suas excelentes propriedades elétricas e ópticas.

Os molibdatos de zinco possuem dois tipos de estruturas cristalinas em que

ambas possuem o complexo tetraédrico MoO4-2: o qual de acordo com LOVISA et al.

(2018) está correlacionado diretamente com suas propriedades fotoluminescentes na

região do UV-visível por meio das excitações relacionadas aos processos de

recombinação eletrônica localizadas dentro desse complexo molecular aniônico.

Primeiramente, a estrutura cristalina do tipo tetragonal denominada de triclínica

corresponde à fase Alfa e caracteriza-se pelos átomos de zinco coordenados por seis

átomos de oxigênio formando os grupos de octaedros distorcidos [ZnO6] enquanto os

átomos de molibdênio estão ligados à quatro de oxigênio gerando os grupos de

configuração tetraédricas [MoO4] (CAVALCANTE et al., 2013). Por outro lado, em sua

fase Beta, tanto o zinco quanto o molibdênio são coordenados por seis átomos de

oxigênio, formando grupos de octaedros distorcidos [ZnO6] / [MoO6] e dando origem

a estrutura chamada de monoclínica (RAMEZANI et al., 2015). Na figura 1 a seguir,

há uma representação dessas duas estruturas do molibdato de zinco.

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17

Figura 1. Estruturas cristalinas das fases β e α do ZnMoO4 [LOVISA, 2018].

O tipo de estrutura cristalina a ser obtida no caso dos molibdatos metálicos

pode variar de acordo com raio iônico dependendo do cátion Me. Para casos de

elementos químicos com raio iônico maior do que 0,99 Å, como o Ba2+ que possui

1,43 Å de raio iônico, tende-se a formação da estrutura monoclínica. Já para os com

raio iônico menores, o que é o caso do Zn2+ com 0,83 Å, a triclínica seria mais propícia.

Contudo, os pesquisadores LOVISA et al. (2018) realçam que as condições de

síntese, como concentração da solução e acidez (WANG et al., 2017), tempo e

temperatura de processamento são fatores de grande influência e mais

predominantes quanto a estrutura cristalina resultante dos cristais de molibdato de

zinco.

As propriedades fotoluminescentes e fotocatalíticas dos molibdatos metálicos

são altamente dependentes de suas características estruturais e morfológicas, sendo

observado pelos autores ZHANG et al. (2010) e WANG et al. (2017). E como esses

compostos são bastante utilizados como matrizes hospedeiras para os íons de terras

raras, devido à alta eficiência de excitação dessas matrizes na região do ultravioleta

(390 nm) ou na região do visível (460 nm), e estabilidade química (LOVISA, 2018), o

molibdato de zinco vem sendo sintetizado por meio de diversos métodos-

hidrotérmico, o solvotérmico, coprecipitação e o sonoquímico, por exemplo, com o

intuito de estudar com mais profundidade essas características para potencializar

suas aplicabilidades.

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18

3.2 Terras Raras

De acordo com a classificação da IUPAC (DAMHUS; HARTSHORN; HUTTON,

2005), os terras raras são formados por um conjunto de 17 elementos químicos, dentre

eles 15 do grupo dos lantanídeos que se diferenciam pelo preenchimento progressivo

do nível eletrônico 4f, partindo do lantânio (número atômico 57) ao lutécio (71), mais

o escândio e o ítrio, com números atômicos 21 e 39 respectivamente. A figura 2 a

seguir ilustra a tabela periódica com o destaque em azul nesses elementos.

Figura 2. Tabela periódica com destaque nos elementos Terras Raras.

Com estado de oxidação característico trivalente TR3+, esses elementos são

geralmente encontrados na natureza na forma de óxidos, silicatos, carbonatos,

fosfatos e fluoretos (BRAGA, 2014). O brasil nesse quesito, possuía em 2013 uma

das maiores reservas desses minerais do mundo, ficando abaixo da China e da

Comunidade dos Estados Independentes (MELFI et al., 2016). Na década de 80,

esses elementos passaram a ser utilizados na indústria petroleira como catalisadores,

na fabricação de vidros e materiais com propriedades óticas. Outras aplicações

surgiram com novas pesquisas, e passaram a ser empregados também na fabricação

de ímãs permanentes, sensores, lâmpadas, televisores, instrumentos de análise,

produtos farmacêuticos e em tratamento de água (MELFI et al., 2016).

Os terras raras além de possuírem uma boa condutividade térmica, elétrica e

alta capacidade de magnetização (BRAGA, 2014), são capazes de gerar emissões

desde o infravermelho até o ultravioleta que se dão devido ao comportamento de

absorção de radiação em bandas muito estreitas do tipo f → f responsáveis por suas

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19

excelentes propriedades fotoluminescentes, se inseridos em alguma rede hospedeira.

Quando aplicados desta forma, ocorre uma substituição de cátions da rede hospedeira

por íons terras raras, que resultam em distorções modificando a simetria desses íons.

Geralmente essas transições não são permitidas, mas devido à quebra de simetria

dos íons dos Terras Raras provocada pelo efeito do campo cristalino da rede

hospedeira, ocorre uma mesclagem dos estados de configuração 4f e 5d, gerando

uma flexibilização da lei de Laporte (LOVISA, 2018).

Essas propriedades permitiram uma abertura de um grande campo de

aplicações, mas principalmente também de diversas possibilidades de estudos quanto

às interações desses elementos químicos na forma de dopantes em redes

hospedeiras na ampliação de suas propriedades.

3.3 Fotoluminescência

O fenômeno de luminescência pode ser definido como a emissão de luz visível

por algum material, através das transições eletrônicas dos elétrons em estados

excitados para os estados fundamentais de energia. Dependendo do tipo de fonte de

excitação, pode ser dividido em quimiluminescência, termoluminescência,

eletroluminescência e fotoluminescência. Na fotoluminescência, cuja fonte de

excitação são os fótons provenientes de radiação eletromagnética, possui uma

classificação dividida em duas categorias: fluorescência e fosforescência. Essa

distinção ocorre basicamente devido a diferença de tempo de vida do fenômeno.

Enquanto a fluorescência ocorre durante aproximadamente 10 ns, a fosforescência

emite luz na faixa de milissegundos a segundos, com grandes tempos de vida

possíveis (LAKOWICZ, 2006).

Os diagramas de Jablonski são geralmente utilizados para a descrição dos

processos quânticos envolvidos na absorção e emissão de luz. Nele são

representados os estados eletrônicos singletos, indo do fundamental S0 ao com maior

nível vibracional, S2. Além desses, há também a representação do estado Tripleto, e

as transições representadas majoritariamente por linhas verticais. Assim como pode

ser observado na Figura 3 (LAKOWICZ, 2006).

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20

Figura 3. Diagrama de Jablonski para um material hipotético [adaptado de LAKOWICZ,

2006].

No diagrama da Figura 3, pode-se observar a representação dos processos de

excitação, além dos fenômenos de fluorescência, fosforescência, conversão interna e

cruzamento intersistema. Sendo conversão interna um decaimento não-radiativo entre

dois estados eletrônicos de mesma multiplicidade de spin, liberando energia por

fônons na forma de calor- sendo acompanhado de relaxações vibracionais para o nível

mais baixo do estado eletrônico inserido. Já o cruzamento intersistema também

consiste numa transição não-radiativa, mas nesse caso acontece entre dois níveis

vibracionais de mesma energia de estados eletrônicos com multiplicidades diferentes.

Esse cruzamento, que é favorecido pela presença de elementos mais pesados, é

então responsável pelo fenômeno de fosforescência, pois a transição de triplete para

singlete requer mudança de spin, tornando a constante de decaimento radioativo

muito pequena (LUIZ, 2009). Caso contrário, por se tratar de fenômenos competitivos

entre si, a fluorescência é resultante da emissão de radiação eletromagnética quando

o decaimento ocorre entre níveis com intervalo acima do valor crítico.

Geralmente, a fotoluminescência nos materiais inorgânicos semicondutores

envolve a presença de dopantes- classificados entre doadores, aceitadores e

isoelétricos, ou defeitos estruturais. A presença desses fatores é responsável pela

inserção de níveis intermediários de energia entre o estado fundamental e o excitado,

ou atuam como centros de recombinação entre elétrons e buracos como é o caso dos

isoelétricos (LUCENA et al., 2004).

Por esse motivo, os materiais fotoluminescentes usualmente são constituídos

por uma rede hospedeira, ou sensibilizador, e um ativador, como por exemplo os

Terras Raras. Nesse mecanismo, denominado de transferência de energia

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21

intermolecular, a matriz absorve a energia proveniente da luz UV, e assim a transfere

para o ativador, onde ocorrerão os processos de transição descritos anteriormente.

Para que isso seja possível, é necessário que haja condição para ressonância entre

essas duas espécies (MARTINS, 2005). A Figura 4 esquematiza esse mecanismo.

Figura 4. Mecanismo de transferência de energia intermolecular.

Sendo assim, a cor exibida pelo material fotoluminescente será definida pelo

comprimento de onda da radiação eletromagnética emitida. Esta característica está

associada a uma transição eletrônica específica do material (ZHANG et al., 2014).

3.4 Fotocatálise

Em busca de mecanismos para o tratamento de águas contaminadas, a

fotocatálise passou a ser uma ferramenta utilizada para a recuperação de aquíferos

contaminados ou tratamento de efluentes antes do descarte, principalmente devido a

vulnerabilidade dessas águas aos tão comuns agroquímicos: fertilizantes e pesticidas

(GIRALDI et al., 2016).

A fotocatálise heterogênea pode ser definida como a aceleração de uma foto

reação através de um catalisador em estado sólido presente no meio. O fenômeno

caracteriza-se pela geração de pares de cargas, elétrons (-) e buracos (+), que surgem

a partir da promoção de um elétron da banda de valência para a banda de condução

quando um semicondutor inorgânico absorve radiação ultravioleta com energia

suficientemente para isso. Como consequência, se o elétron suceder em chegar à

superfície, esses pares podem reagir com oxigênio e/ou com a água adsorvida,

gerando radicais que interagem com compostos orgânicos, os decompondo

(OLIVEIRA et al., 2013). A Figura 5 ilustra um esquema desse processo.

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Figura 5. Ilustração do processo de fotocatálise heterogênea [adaptado de FERREIRA 2005].

Por meio da ilustração da Figura 5, nota-se a possibilidade da formação dos

espécimes Peróxido de hidrogênio, Superóxido e o Radical Hidroxila, sendo esta a

principal espécie oxidante dos processos oxidativos avançados por possuir um maior

potencial de redução, assim como apresentado na Tabela 1. O peróxido de hidrogênio

e o Superóxido sob condições favoráveis, podem também resultar em radicais

hidroxilas, como representado na sequência de equações químicas [1, 2, 3 e 4] abaixo.

A hidroxila tem como principais características a alta reatividade, não seletividade e

capacidade de oxidar várias espécies tóxicas (ARAÚJO et al., 2016).

H2O (ads) + hBV+ → •OH + H+ (1)

O2 + eBC- → O2

- (2)

O2- + H2O2 → •OH + OH- + O2 (3)

OH- + hBV+ → •OH (4)

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Tabela 1. Valores dos potenciais de redução de espécies oxidantes.

Espécie Eº (V) Radical Hidroxila, •OH + 2.80

Peróxido de Hidrogênio, H2O2 + 1.77 Superóxido, O2

- + 1.42 Radical Hidroperoxila, HO2• + 0.94

A matéria orgânica é oxidada pela hidroxila através da abstração do hidrogênio,

resultando no radical orgânico. Adicionado ao oxigênio, o radical peróxido é formado

na cadeia orgânica dando início a reações em cadeia através desses produtos

intermediários junto aos outros compostos orgânicos presentes no meio. Em caso de

compostos insaturados ou aromáticos, as reações ocorrem por meio de adição

eletrofílica e quebrando as ligações π e transformando-os em compostos saturados

suscetíveis à abstração ou a outras reações orgânicas. Tem-se então, no final dessas

reações em cadeia, a geração de água, gás carbônico e sais orgânicos (FIOREZE;

SANTOS; SCHMACHTENBERG, 2014). As equações [5, 6 e 7] a seguir demonstram

os mecanismos de abstração de hidrogênio, formação do radical orgânico e adição

eletrofílica, respectivamente. Sendo RH um composto orgânico.

•OH + RH → R• + H2O (5)

R• + O2 → RO2 (6)

(7)

As características do semicondutor inorgânico e do meio possuem uma

considerável influência quanto a eficiência do processo de fotocatálise. Por exemplo,

a mobilidade dos elétrons e a taxa de recombinação eletrônica são fatores cruciais

nesse processo. Uma maior taxa de recombinação, ou uma menor mobilidade

eletrônica, prejudica essa propriedade fotocatalítica. Ou seja, a morfologia, as fases

cristalográficas, o tamanho das partículas, defeitos e área superficial são aspectos

importantes nessa questão. Quanto ao meio, o pH, a intensidade e comprimento da

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radiação incidente, a adsorção das moléculas, taxa de transferência de massa e

agitação mecânica são características a serem consideradas no estudo da

propriedade fotocatalítica (AMARAL, 2016).

3.5 Método Sonoquímico

Em meio a variadas técnicas utilizadas para a síntese de partículas cerâmicas,

por exemplo a reação de estado sólido, hidrotermal e coprecipitação, o método

sonoquímico consiste na utilização de ondas sonoras, em um meio líquido, com

frequências acima das audíveis pelos seres humanos, denominado de ultrassom, com

valores entre 20 KHz e 2MHz. Esse nível de frequência possui uma energia capaz de

provocar efeitos químicos, térmicos e físicos na solução (CHATEL, 2018). Em

soluções homogêneas com líquidos totalmente miscíveis gera efeitos tão intensos de

forças de cisalhamento que é possível quebrar ligações químicas de materiais

dissolvidos no fluido. Em soluções com partículas dispersas no líquido, o ultrassom é

responsável por gerar micro convecção, ondas de choque e micro jatos, os quais

impactam diretamente na melhoria da taxa e cinética das reações químicas por meio

do crescimento da taxa de transferência de massa e mistura (SANCHETI; GOGATE,

2017; CHATEL, 2018).

O fenômeno que rege a técnica sonoquímica, todavia, denomina-se cavitação

acústica, o qual oferece as condições suficientes para o acontecimento das reações.

Pode ser dividido basicamente em três etapas: formação de bolhas, crescimento e

implosão das bolhas no líquido. As flutuações de pressão coincidem no afastamento

das moléculas formando inicialmente as bolhas. Já a etapa de crescimento acontece

através da difusão de vapor para dentro das bolhas, as quais crescem até chegarem

ao seu limite máximo de tamanho, implodindo (SEEHARAJ et al., 2013). A Figura 6

abaixo descreve esse ciclo.

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Figura 6. Representação do fenômeno de cavitação [adaptado de SANCHETI e GOGATE, 2017].

Assim como a Figura 6 mostra, a etapa de implosão ocorre de forma tão rápida,

cerca de alguns microssegundos, que vem acompanhada de dois efeitos importantes:

a onda de choque com uma pressão em torno de 1,013 x 108 Pa e a alta temperatura

localizada chegando a valores de 25.000 K, que por ser pontual se obtém também um

alto resfriamento na ordem de 1011 K/s. Dessa forma, essas energias servem de força

motriz para a ocorrência das reações químicas (GEDANKEN, 2004).

Em comparação com outros métodos convencionais, o sonoquímico possui,

portanto, algumas vantagens como um aumento da taxa de reação: diminuindo o

tempo da síntese, além de um rendimento superior a 97%, nanopartículas com alta

área superficial e uma distribuição de tamanhos de partículas mais fina, como foi

relatado por KAREKAR et al. (2015).

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4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Neste tópico serão apresentados os materiais precursores e as fórmulas base

utilizadas para o cálculo estequiométrico para a síntese das partículas de ZnMoO4:

Tb3+, Pr3+. Logo adiante, são descritos os procedimentos experimentais e os

equipamentos que foram utilizados. Por fim, as técnicas de caracterização utilizadas.

Na Tabela 2 abaixo estão apresentadas as amostras sintetizadas em relação a

concentração de dopante praseodímio e térbio.

Tabela 2. Numeração das amostras em relação às variáveis Pr3+ e Tb3+.

Amostra Praseodímio (%) Térbio (%) 01 0 0 02 2 0 03 1,5 0,5 04 1 1 05 0,5 1,5 06 0 2

4.1 Materiais

Os reagentes utilizados para a síntese das amostras pelo método sonoquímico

estão apresentados na Tabela B.

Tabela 3. Nome do reagente, fórmula química, fornecedor e pureza dos reagentes utilizados na síntese de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

Reagente Fórmula Química Fornecedor Pureza

(p)

Ácido Molíbdico H2MoO4 Alfa Aesar 85%

Nitrato de Zinco Hexahidratado Zn(NO3)2.6H2O Synth 98%

Nitrato de Praseodímio Pr(NO3)3.xH2O Alfa Aesar 99,9%

Óxido de Térbio Tb4O7 Aldrich 99,9%

Ácido Nítrico HNO3 Synth 65%

Hidróxido de amônio NH4OH Synth 27%

Água destilada H2O - -

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4.2 Procedimento de síntese

Assim como representado no fluxograma presente na Figura 7 a seguir, no

processo de síntese os materiais precursores ácido molíbdico e nitrato de zinco

hexahidratado foram solubilizados em 40 ml de água destilada cada, dando origem às

soluções A e B, respectivamente. Em seguida na segunda etapa, a solução B foi

adicionada à solução A por meio de gotejamento, enquanto sob uma agitação

magnética constante. Após essa etapa, foi feito o processo de dopagem, com exceção

da amostra 01 que corresponde ao molibdato de zinco puro, por meio da adição- cada

um por vez, do nitrato de praseodímio e/ou da solução de óxido de térbio, a qual foi

previamente feita através da dissolução do óxido de térbio em ácido nítrico para

permitir a solubilização desse dopante no meio reacional. Posteriormente, é realizada

a correção da acidez para o pH 8 por meio da adição de pequenas quantidades de

hidróxido de amônio (NH4OH) provocando a formação de um precipitado de cor

esbranquiçada. Depois essa solução final foi exposta à irradiação ultrassônica de alta

intensidade no Branson Digital Sonifier modelo S-450, que possui uma potência de

400 Watts e frequência de 25 KHz, sob amplitude de 65% por 30 minutos em modo

contínuo: caracterizando o método sonoquímico. Em seguida, a solução resultante foi

lavada três vezes em água destilada através de centrifugação a 9000 rpm por 3

minutos cada sessão, removendo resíduos de hidróxido de amônio. Então o material

foi conduzido para a secagem na estufa à 80 ºC por um período de 24 horas. E por

último a calcinação realizada a uma temperatura de 450 ºC durante um período de 4

horas com um patamar de aquecimento de 10 ºC/min.

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Figura 7. Fluxograma da síntese de ZnMoO4:Tb3+, Pr3+.

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4.3 Caracterizações realizadas

Foram realizadas uma série de caracterizações para definir algumas

propriedades das amostras produzidas. Dentre elas, a difração de raios-x (DRX)

utilizando o difratômetro Shimadzu XRD-7000 visando identificar a fase cristalina

resultante. Com a radiação CuKα de comprimento 1.5406 Å, é realizada uma

varredura na faixa de 10º a 50º, passo 0,02º, à uma velocidade de 1º por minuto sob

a radiação de 40kV e 30mA. Com esses dados foi feito um refinamento para melhor

análise do resultado.

A partir da microscopia eletrônica de varredura de emissão de campo (FEG-

SEM) realizada no equipamento Carl Zeiss modelo Supra 35-VP operando a 6 kV, foi

investigado a morfologia do material produzido. Quanto a análise química, foi feita a

espectrometria de fluorescência de raios-x por energia dispersiva na Shimadzu EDX-

720, avaliando a presença de impurezas e a dispersão dos elementos químicos

presentes.

Para o cálculo do Gap, utilizou-se o espectrômetro Shimadzu UV-vis-2600

operado em temperatura ambiente em modo de reflectância difusa, percorrendo a

região de 200 a 800 nm. Os valores obtidos foram convertidos para absorbância por

meio da Equação 8, equação de Kubelka-Munk (KUBELKA, 1931), onde α é a

absorbância, s o coeficiente de espalhamento e R a reflectância difusa.

(1 − 𝑅)²

2𝑅=

𝛼

𝑠 (8)

E para calcular a energia de Gap, Egap, a Equação 9 é utilizada, denominada

equação de Tauc. Em que hv é a energia do fóton incidente e n é uma constante que

varia entre n = (1/2; 2; 3/2 e 3) dependendo do tipo de transição. Assim, para

transições diretas permitidas n = 1/2, para transições diretas proibidas n = 3/2, para

transição indireta permitida n = 2 e para transição indireta proibida n = 3.

(αhv) = (hv - Egap)n (9)

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Através dessa equação, o Egap foi medido a partir do gráfico com αhv plotado

na ordenada e hv (eV) na abscissa. Tangente a curva, foi feita a extrapolação de uma

linha reta para (αhv) = 0, obtendo-se então o valor do Egap.

Na literatura não existe uma concordância sobre o tipo de transição eletrônica

que acontece no band gap do ZnMoO4. SPASSKY et al. (2011) e ZHAI et al. (2016)

afirmam que as transições são de natureza indireta. LACOMBA-PERALES et al.,

(2008) VALIDZIC et al. (2012) e FUERTES-RUIZET et al. (2012) certificam que os

cristais de ZnWO4 e ZnMoO4 exibem um espectro de absorção óptica governado por

transições eletrônicas diretas. Para determinação do gap das partículas de ZnMoO4 e

de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+, foi calculado o gap do tipo de transição direta.

No estudo das propriedades fotoluminescentes, o espectro de

fotoluminescência foi obtido em temperatura ambiente por meio do monocromador

Thermal Jarrell-Ash Monospec 27 acoplado a um fotomultiplicador Hamamatsu

R4446. Um laser de íons de Kriptônio (Coherent Innova 90 K) com potência de 200

mW e comprimento de onda de 350 nm foi utilizado como fonte de excitação. O tempo

de decaimento foi performado no espectrofluorímetro Fluorolog3 Horiba Jobin Yvon

equipado com o fotomultiplicador Hamamatsu R928P, o fosforímetro SPEX 1934 D, e

uma lâmpada pulsante XeeHg de 150 W.

Para caracterizar a luz emitida pelas amostras, foram calculadas as

coordenadas de cromaticidade de acordo com a Comissão Internacional de

Iluminação que definiu em 1931 as funções (x’, y’, z’) por meio das quais é possível

determinar os valores triestímulo (X, Y, Z). As funções (x’, y’, z’) foram determinadas

empiricamente, resultando em 599, 555 e 446 nm, respectivamente (SANTOS;

PEREIRA, 2013). Por meio desses, são determinados os valores triestímulo pelas

integrais na Equação 10:

𝑋 = ∫ 𝑥′𝑃(𝜆)𝑑𝜆, 𝑌 = ∫ 𝑦′𝑃(𝜆)𝑑𝜆, 𝑍 = ∫ 𝑧′𝑃(𝜆)𝑑𝜆. (10)

Onde P (λ) é o espectro de luminescência das amostras, fornecendo a

intensidade emitida para cada região dentro do visível. E a partir desses dados,

calcula-se as duas coordenadas independentes (x, y) que representam a

cromaticidade de uma cor, através das expressões na Equação 11.

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𝑥 = 𝑋

(𝑋+𝑌+𝑍), 𝑦 =

𝑌

(𝑋+𝑌+𝑍), 𝑧 = 1 − (𝑥 + 𝑦). (11)

A atividade fotocatalítica dos molibdatos de zinco dopados com térbio e

praseodímio produzidos foi avaliada por meio de um procedimento experimental. Uma

quantia de 0,05 g de cada pó cerâmico foi adicionada como agente catalisador em

béqueres separados contendo 50 ml do corante azul de metileno, de fórmula

molecular [C16H18ClN3S], com concentração de 10-5 mol/L e colocado por 10 minutos

no ultrassom Branson 2510 para auxiliar na dispersão. Em seguida, todos os

recipientes foram colocados em um compartimento que não permitisse a entrada de

luz externa. Sob uma agitação magnética controlada e temperatura de 25 ºC, foi

retirada uma amostra após 30 minutos de agitação em ausência de luz. Em seguida,

seis lâmpadas UVC 15W com intensidade máxima de 254 nm (4.9 eV) de modelo TUV

Philips foram acionadas expondo os béqueres sob agitação magnética à irradiação

UV. Outras quatro amostragens foram retiradas a cada 30 minutos, completando 2

horas de exposição ao UV. Todas as amostragens foram submetidas a uma

centrifugação de 12000 rpm por 10 minutos, separando o pó do líquido. Esse líquido

então, foi analisado na Shimadzu espectrofotômetro UV-vis 2600 medindo na região

de 400 a 800 nm a variação da máxima banda de absorção, possibilitando a

comparação com máxima banda de absorção da água destilada e assim estimar a

decaimento da concentração do corante. Abaixo a Figura 8 ilustrativa das etapas

desse processo.

Figura 8. Esquema da avaliação da atividade fotocatalítica.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Difração de raios-x

A difração de raios-x permitiu a identificação da fase cristalina formada das

partículas de ZnMoO4 e ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ obtidas a partir do método sonoquímico.

A Figura 9 mostra os padrões de difração de raios x das amostras sintetizadas, em

que todos os picos foram identificados como referentes à estrutura cristalina triclínica

do tipo alfa (α) de acordo com a carta de referência JCPDS No. (35-0765) apresentada

na Figura 10, sendo, portanto, um material monofásico.

Figura 9. DRX das partículas de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

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Figura 10. Carta de referência JCPDS No. (35-0765)

Os íons de térbio e praseodímio (TR3+) quando incorporados na matriz de

ZnMoO4 causa um excesso de cargas positivas. Dessa forma, na região abaixo de

25º da análise, é observado um deslocamento do pico (120) para o lado esquerdo

com o aumento da concentração desses íons. Esse comportamento pode ser

justificado pela diferença entre a densidade eletrônica dos íons de Zn2+ com a dos

íons TR3+, a qual induz distorções em consequência da polarização dos grupos [ZnO6].

Isso ocorre porque os raios iônicos dos dopantes, 0,109 nm do Tb3+ e 0,116 do Pr3+,

são maiores em comparação ao dos íons Zn2+ com 0,083 nm, e que quando inseridos

na rede, essa diferença do raio iônico dos cátions resulta na distorção da rede

cristalina, o que pode ser observado pelos deslocamentos dos picos no DRX. Um

comportamento similar é observado no estudo de JU et al. (2011).

Para uma melhor análise da estrutura das partículas sintetizadas, o refinamento

de Rietveld foi realizado pelo programa MAUD baseado no DRX obtido e os

parâmetros de rede e posições atômicas. Para os principais picos de difração, houve

uma boa equivalência entre o observado e os parâmetros calculados. Como resultado,

as partículas de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ foram cristalizados com a estrutura cristalina

monofásica triclínica com o grupo espacial P1, assim como mostra a Figura 11 abaixo.

A Tabela 4 logo a seguir, apresenta os dados de parâmetro de rede obtido dos pós

sintetizados.

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Figura 11. Refinamento de ZnMoO4:1.5% Tb3+, 0.5% Pr3+.

Tabela 4. Parâmetros de rede das amostras sintetizadas.

Amostra a (nm) b (nm) c (nm) α β γ V (Å)3 ZnMoO4 9,7036 6,9681 8,3773 101,76 96,73 106,84 435,49 ZnMoO4: 2% Tb3+ 9,7035 6,9674 8,3746 101,71 96,74 106,85 632,68 ZnMoO4: 2% Pr3+ 9,6903 6,9554 8,3667 101,72 96,71 106,82 683,37 ZnMoO4: 0,5% Pr3+, 1,5% Tb3+

9,6953 6,9638 8,3717 101,77 96,76 106,83 545,77

ZnMoO4: 1% Pr3+, 1% Tb3+

9,7054 6,9706 8,3795 101,76 96,74 106,83 547,04

ZnMoO4: 1,5% Pr3+, 0,5% Tb3+

9,7090 6,9768 8,3818 101,7308 96,73 106,81 389,13

JCPDS 35-0765 9,691 6,694 8,367 106,87 101,72 96,73 564,67

5.2 Microscopia eletrônica de varredura de emissão de campo

As imagens de FEG-SEM das amostras obtidas pelo método sonoquímico são

mostradas nas Figuras 12 a 15. Para efeito de comparação, o valor de pH em todas

as sínteses foi ajustado para 8, assim como as quantidades de (mol %) dos reagentes

precursores foram mantidas constantes buscando uma proporção de [Zn2+]:[MoO4]2-

= 1:1. A Figura 12 (a) mostra a morfologia das partícula de ZnMoO4: microesferas com

diâmetro em torno de 1.2 μm. Já na Figura 12 (b, c) que possuem maior ampliação, é

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observado que essas microesferas são constituídas por um grande número de

partículas nanométricas com formatos irregulares. Na Figura 13, que é referente à

amostra de ZnMoO4: 2% Tb3+, não é visualizada uma grande variação quanto à

morfologia em comparação às amostras não dopadas do molibdato de zinco. Isso é

também observado nas amostras intermediárias presentes na Figura 14, possuindo

morfologias similares ao molibdato de zinco não dopado. Já na Figura 15, referente à

amostra de ZnMoO4: 2% Pr3+, é possível observar o surgimento pontual de partículas

em formato de nanobastões, indicando um crescimento orientado nesses casos.

Essas partículas aparecem ainda de forma discreta junto com nanopartículas de

formas irregulares. Essa sensível tendência de mudança na morfologia indica uma

disposição para o crescimento orientado possivelmente causada pela presença

dominante do dopante Pr3+ na estrutura do ZnMoO4.

Figura 12. FEG-SEM da amostra de ZnMoO4.

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Figura 13. FEG-SEM da amostra de ZnMoO4: 2% Tb3+.

Figura 14. FEG-SEM das dopagens intermediárias do ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

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Figura 15. FEG-SEM da amostra de ZnMoO4: 2% Pr3+.

A figura 16 a seguir representa o mecanismo de crescimento dos cristais que

resulta em diferentes morfologias pela influência dos dopantes. De acordo com esse

diagrama, esse crescimento é dividido em três etapa sequenciais: dissolução e

recristalização → crescimento → coalescimento. Inicialmente, os precursores

(H2MoO4, Zn(NO3)2.6H2O) foram dissolvidos em água separadamente. Com a adição

da solução de nitrato de zinco na de ácido molíbdico, com pH8, os íons de Zn2+

podem reagir com o (MoO4)2- formando vários núcleos de ZnMoO4. Após os núcleos

alcançarem o tamanho crítico, alcançando estabilidade termodinâmica, há então o

processo de agregação, iniciando-se a fase de crescimento. As nanopartículas

resultantes participam do processo de self-assembly, dando origem às estruturas de

microesferas, alcançando a estabilidade por meio da redução da energia superficial

(YANG et al., 2012).

O coalescimento usualmente produz morfologias quase esféricas, o que

termodinamicamente se caracteriza como mais estáveis por meio da minimização da

energia total de superfície (LEE et al., 2005). As partículas de ZnMoO4: 2% Pr3+ que

formaram nanobastões apresentam um crescimento anisotrópico, indicando uma

direção preferencial de crescimento. Sendo uma morfologia de interesse, junto com

os nanotubos, na área de células solares, sensores de gases e catálise (ALI; RAFAT,

2017; KUMAR et al., 2017; QIU et al., 2018).

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Figura 16. Mecanismo de crescimento dos cristais de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

5.3 Espectroscopia na região UV-vis

Por meio da absorção de UV-vis, foi possível observar a aparição de níveis

intermediários de energia dentro da banda proibida, Gap, originada devido a presença

de defeitos e/ou distorções da rede cristalina. Essas imperfeições são provenientes

das condições de síntese, como temperatura e pressão, método de síntese, presença

de impurezas e dopantes (ZHANG et al., 2010).

O espectro de absorção das amostras de ZnMoO4 e ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ foi

obtido dentro das regiões de 200 a 800 nm, como é mostrado na Figura 17. Pode-se

notar que o espectro exibe um grande campo de absorção, partindo de 200 a 375 nm.

Pode-se avaliar também que a aparição das bandas centradas em 446, 487, 595 e

616 nm correspondem às transições do térbio e praseodímio. Sendo assim, a

introdução dos íons dopantes ocorreu com sucesso. Os deslocamentos observados

no espectro de absorção, assim como já foi mencionado nos resultados de DRX,

correspondem as distorções de curto alcance provocadas pela substituição de Zn2+ →

TR3+.

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Figura 17. Espectro de absorção das amostras de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

Para determinar a energia de gap, os dados de reflectância foram convertidos

para absorbância por meio da função Kubelka-Munk e combinada com a função de

Tauc para estimar o valor da energia de gap, assim como já foi explicado no tópico de

caracterizações realizadas. O valor estimado da energia da banda proibida, na Figura

18, está entre 4.14 e 4.26 eV, sendo governado pelo tipo direto de absorção ótica, de

acordo com LACOMBA-PERALES et al. (2008) e VALIDŽIĆ et al. (2012). Esses

valores obtidos estão de acordo com os da literatura (LOVISA et al., 2018).

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Figura 18. Gráficos dos valores do Egap de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

Uma banda em torno de 3.2 eV, aproximadamente 390 nm, pode ser observada

na Figura 18. Essa característica está associada a presença de defeitos na rede

cristalina de ZnMoO4. No estudo realizado por ZHAI et al. (2018), verificou-se

similarmente duas bandas: uma primeira entre 250-310 nm que estava interligada com

as transições entre a banda de valência e a banda de condução; e outra a qual foi

associada a presença de defeitos no ZnMoO4 dopado. Os íons TR3+ ao substituir os

Zn2+ produzem desbalanceamento de cargas, gerando defeitos intersticiais

carregados positivamente.

Esses defeitos podem ser classificados, de acordo com LONGO et al. (2008),

como superficiais ou profundos. Os superficiais estão localizados próximos da banda

de valência e geram bandas na região do azul-verde. Enquanto os profundos estão

perto da banda de valência, possuindo bandas na região do laranja-vermelho. Denota-

se, portanto, que os defeitos presentes na rede cristalina de ZnMoO4 dopados deste

trabalho são qualificados superficiais.

A mudança nos valores de Energia de gap pode estar associada as

imperfeições na estrutura do material. Estas imperfeições são provenientes das

condições de síntese, como temperatura e pressão, método de síntese, presença de

impurezas e dopantes (ZHANG et al., 2010). Devido à presença desses defeitos,

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ocorre o surgimento de níveis intermediários no interior do band gap, o que traz como

consequência uma redução na energia do gap, facilitando as transições eletrônicas

entre Banda de Valência e Banda de Condução.

5.4 Fotoluminescência

A Figura 19 mostra o espectro de emissão das partículas de ZnMoO4 e

ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ que foram excitados por fótons provenientes da radiação com λ =

350 nm a temperatura ambiente. No caso da amostra não dopada, uma banda bem

característica (XIANJU et al., 2013) que ocorre por meio de transições eletrônicas

entre os orbitais O (2p) → Mo (4d) é observada. A recombinação dos pares elétrons-

buracos nos grupos MoO4 são então responsáveis pela banda de emissão do ZnMoO4

(SCZANCOSKI et al., 2010). As diferenças observadas nas intensidades das

emissões são atribuídas por CAVALCANTE et al. (2012) às mudanças na morfologia,

tamanho dos cristais e defeitos superficiais. Esses defeitos na estrutura cristalina

favorece a presença de níveis de energia intermediários na banda proibida, o que

consequentemente tem influência nas propriedades fotoluminescentes. De acordo

com o espectro da Figura 19, a banda do ZnMoO4 está localizada em torno de 410

nm com uma grande contribuição na região do azul. As coordenadas utilizadas no

diagrama CIE estão representadas na Tabela 5.

Tabela 5. Coordenadas de CIE de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

Amostras X y Cor

ZnMoO4 0,23 0,20 Azul

ZnMoO4: 2% Tb3+ 0,24 0,25 Azul

ZnMoO4: 1.5% Tb3+ 0.5% Pr3+ 0,38 0,35 Branco

ZnMoO4: 1% Tb3+ 1% Pr3+ 0,37 0,36 Branco

ZnMoO4: 0.5% Tb3+ 1.5% Pr3+ 0,29 0,24 Azul

ZnMoO4: 2% Pr3+ 0,28 0,24 Azul

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Figura 19. Espectro de emissão e Diagrama CIE das amostras.

Pode-se visualizar pelo espectro obtido, a presença de uma grande banda entre

400 e 480 nm associada a matriz e a transições específicas do Tb3+, localizadas em

(487, 545, 584 e 621 nm) (RUIZ-FUERTES et al., 2012), e Pr3+ em (598, 609, 630 e

650 nm) (ZHAI et al., 2018). A Figura 20 ilustra um diagrama de níveis de energia do

material ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ indicando as transições radiativas, não radiativas e as

possíveis transferências de energia. A princípio, a matriz absorve a energia,

exercendo a função de sensibilizador, e transfere parte dela para os íons ativadores

do térbio, pois esse possui níveis de energia próximos ao da matriz o que favorece a

transferência de energia. Os íons ativadores de praseodímio, porém, não é favorecido

igualmente por essa transferência por possuir níveis muito distantes.

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Figura 20. Diagrama de níveis de energia.

As curvas de decaimento de luminescência das amostras de ZnMoO4 e

ZnMoO4:Tb3+, Pr3+ (λex= 350 nm e λem = 545 nm) foram medidas a temperatura

ambiente a fim de avaliar o tempo médio de vida. Por meio da Figura 21 e da equação

12, pôde-se calcular o tempo médio de vida das amostras ZnMoO4, ZnMoO4: 2% Tb3+,

ZnMoO4: 1.5% Tb3+ 0.5% Pr3+, ZnMoO4: 1% Tb3+ 1% Pr3+ e ZnMoO4: 0.5% Tb3+ 1.5%

Pr3+, obtendo os valores 0.6483 ms, 1.0344 ms, 0.841 ms, 0.807 ms e 0.4422 ms

respectivamente.

Figura 21. Curvas de decaimento de luminescência de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+.

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As curvas de decaimento do ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ podem ser bem ajustados por

uma função exponencial dupla. (LOVISA et al., 2018). O comportamento exponencial

duplo indica a distribuição heterogênea de íons terras raras nos fósforos ZnMoO4:

Tb3+, Pr3+. A vida útil média pode ser avaliada pela próxima equação (12).

𝜏𝑎𝑣 = (𝐴1𝜏1

2 + 𝐴2𝜏22)

(𝐴1𝜏1 + 𝐴2𝜏2) (12)

onde A1 e A2 são os parâmetros de ajuste, 𝜏1 e 𝜏2 são componentes do tempo

de decaimento como uma vida longa e uma vida curta, respectivamente.

Observa-se que a amostra dopada apenas com Tb3+ apresentou um maior

tempo de decaimento de 𝜏𝑎𝑣 = 1,0344 ms. No entanto, após adicionar a porcentagem

de Pr3+ gradualmente, há uma diminuição de 𝜏𝑎𝑣, atingindo um valor mínimo de 𝜏𝑎𝑣 =

0,4422 ms para a amostra ZnMoO4: 0,5% Tb3+ 1,5% Pr3+. Esse comportamento pode

ser entendido por uma interação maior entre os íons de Tb3+ e Pr3+. A eficiência de

transferência de energia (n) pode ser calculada usando a equação 13:

𝑛 = 1 − 𝜏𝑑

𝜏0 (13)

Em que 𝜏𝑑 e 𝜏0 são os tempos de decaimento das amostras dopadas e não

dopadas, respectivamente. O valor mais significativo de n foi para a amostra ZnMoO4:

0,5% Tb3+ 1,5% Pr3+ com 32% de eficiência de transferência de energia.

O resultado da luminescência depende da taxa de recombinação das cargas

excessivas (elétron + buracos) produzidas pela excitação inicial. Geralmente, o tempo

de vida pode diminuir com o aumento desses centros de recombinação. A taxa de

decaimento é controlada pela vida útil excessiva que esses pares eletrônicos possuem

e pelo nível de concentração das cargas excessivas. O afterglow é essencialmente

um processo fosforescente. Este processo resulta do aprisionamento de elétrons ou

buracos de defeitos de rede, impedindo a recombinação imediata do par de elétrons-

buracos e diminuindo a quantidade de energia transferida para os centros de

luminescência. A quantidade de energia armazenada depende da natureza e

densidade das armadilhas na estrutura. Os materiais fosforescentes têm uma

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45

capacidade de absorver e armazenar energia e, em seguida, emitem os fótons em

longos tempos de decaimento.

5.5 Fotocatálise

Assim como o fenômeno de fotoluminescência, a atividade fotocatalítica dos

molibdatos estão associadas às transferências de cargas entre os orbitais 2p da

banda de valência do Oxigênio e o orbital 4d da banda de condução do Molibdênio.

Portanto, por se tratarem de fenômenos competitivos, pois a fotocatálise requer que

não haja o fenômeno de recombinação dos pares elétrons-buracos, a atividade

fotocatalítica das amostras ZnMoO4 e ZnMoO4:Tb3+, Pr3+ foram observadas por meio

da degradação do azul de metileno, sob uma excitação de luzes UV com comprimento

de onda de 254 nm por um período de 120 minutos, obtendo o seguinte gráfico da

Figura 22.

Figura 22. Variação da concentração do corante azul de metileno durante o experimento de fotodegradação.

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Observa-se a partir desse gráfico, que o aumento da concentração de

praseodímio na composição possibilitou uma eficiência de no máximo 70% de

degradação do corante azul de metileno, como foi para a amostra de ZnMoO4: 2%

Pr3+. Como foi discutido no tópico 3.4, questões como morfologia, tamanho de

partícula, área superficial e o fator de adsorção são questões que influenciam nesta

propriedade. No estudo da morfologia de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+ foi mostrado que as

amostras não possuíam uma morfologia muito diferenciada entre si. Dessa forma, é

razoável considerar que a morfologia não foi o fator que impulsionou essa variação da

propriedade fotocatalítica. Estudos indicam que o praseodímio possui duas

características que impactam diretamente nesta propriedade. De acordo com os

trabalhos de ZHAI et al. (2017, 2018), CHENGAIAH et al. (2014) e JU et al. (2011), a

presença do praseodímio pode aumentar a adsorção superficial de moléculas e

possibilita também uma mais expressiva separação dos portadores de carga,

consequentemente inibindo a recombinação eletrônica desses portadores de carga e

aumentando a eficiência da atividade fotocatalítica.

A amostra com 2% Tb3+ não apresentou nenhum desempenho em relação à

degradação do azul de metileno. É razoável considerar que a adição de Tb3+ promove

um aumento na taxa de recombinação de e- / h +, inibindo a atividade fotocatalítica.

Além desses resultados, a fotoluminescência é sempre usada para esclarecer o

desempenho fotocatalítico de um semicondutor (MONTINI at al., 2010; RAJESHWAR

et al., 2008). Uma intensidade forte de fotoluminescência significa que os pares

fotoinduzidos e- / h + são propensos a se recombinar, reduzindo assim a atividade

fotocatalítica. Como mostrado nos resultados de fotoluminescência, a amostra

ZnMoO4: 2% Tb3+ apresentou a maior intensidade fotoluminescente, ao contrário dos

resultados demonstrados na fotodegradação.

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6 CONCLUSÃO

- O método sonoquímico empregado neste trabalho mostrou-se eficiente para

obtenção das partículas de ZnMoO4 e de ZnMoO4: Tb3+, Pr3+;

- A partir dos resultados de Difração de Raios X juntamente com o refinamento

estrutural, foi identificada a formação de fase α-ZnMoO4, que corresponde a estrutura

cristalina triclínica e não havendo a formação de fase secundária.

- Verifica-se o surgimento pontual de nanobastões na morfologia das partículas

do ZnMoO4: 2% Pr3+, que se deram por meio de um crescimento anisotrópico;

- Os resultados de fotoluminescência indicam forte contribuição para a matriz,

com um perfil de banda larga característico do processo multifônico, juntamente com

as transições específicas de Tb3+ e Pr3+;

- As coordenadas de cromaticidades foram calculadas e as amostras

apresentaram emissões nas regiões do azul e do branco;

- Foi proposto através do diagrama de níveis de energia possíveis processos

de transferência de energia entre a matriz e os íons Tb3+ e Pr3+.

- Fotoluminescência resolvida no tempo mostrou que o aumento de Pr3+

favoreceu as interações eletrônicas entre Tb3+ e Pr3+, resultando em uma diminuição

do tempo de vida;

- A amostra de ZnMoO4: 2% Tb3+ apresentou maior intensidade

fotoluminescente, possivelmente devido a sua maior taxa de recombinação (ē + h);

- Os resultados do experimento de fotocatálise mostraram que a adição de Pr3+

beneficiou a degradação do corante azul de metileno. O melhor resultado foi para

ZnMoO4: 2% Pr3+ com 70% de eficiência por 2 horas sob radiação UV. Este resultado

pode ser atribuído à baixa taxa de recombinação dos pares de elétrons / buracos.

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