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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA LARA SALDANHA NEVES HORTA LIMA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GUARANA POW[D]ER: PRODUÇÃO DE GUARANÁ EM PÓ A PARTIR DO PROCESSO DE SPRAY-DRYING Orientadora: Profª. Drª. Kátia Nicolau Matsui NATAL-RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

LARA SALDANHA NEVES HORTA LIMA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GUARANA POW[D]ER: PRODUÇÃO DE GUARANÁ EM PÓ A PARTIR DO

PROCESSO DE SPRAY-DRYING

Orientadora: Profª. Drª. Kátia Nicolau Matsui

NATAL-RN

2019

LARA SALDANHA NEVES HORTA LIMA

GUARANÁ POW[D]ER: PRODUÇÃO DE GUARANÁ EM PÓ A PARTIR DO

PROCESSO DE SPRAY-DRYING

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do Norte –

UFRN, como requisito para a obtenção do título de

Engenheira de Alimentos.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Profª. Drª. Kátia Nicolau Matsui

Professora Orientadora

________________________________________

Profª. Drª. Andrea Oliveira Nunes

Membro da banca

NATAL-RN

2019

Dedico este trabalho à minha amada família que desde

sempre me mostrou, através do exemplo e amor, que com

esforço e perseverança é possível conquistar todos os

nossos sonhos.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus por me dar saúde e força para nunca desistir

dos meus objetivos.

À minha família, por todo o amor, carinho e apoio ao longo desses anos de graduação. Meu

muito obrigada especial à minha mãe, que está sempre ao meu lado, mesmo que não fisicamente,

quando tenho que superar meus desafios. Ao meu pai, que me mostrou que com estudo e esforço

tudo é possível. À minha irmã, que é meu exemplo de responsabilidade e bondade. E, por fim, à

minha vó, que me ensinou que paciência e sensatez é a chave do sucesso.

Aos professores que me acompanharam ao longo da minha jornada no curso de Engenharia

de Alimentos. Quero agradecer especialmente à professora Kátia Matsui que além de ter me

orientado nesse trabalho de forma muito paciente, foi minha verdadeira mentora ao longo desses

anos de curso e será sempre meu exemplo de uma profissional ética e justa. Agradeço também à

professora Andrea Oliveira por ter aceitado participar da minha banca e por, em pouco tempo de

convivência, me ensinar a importância do foco e da determinação.

Aos meus amigos e colegas de turma, que de alguma forma, fizeram desse curso e desse

trabalho de conclusão de curso uma experiência mais agradável, especialmente às minhas amigas

Flávia Leite e Thaís Corrêa. Além disso, gostaria de agradecer particularmente ao meu amigo Fábio

Macedo que, com toda a sua experiência de laboratório, se dispôs a me ajudar com algumas análises

essenciais para o sucesso dos meus cálculos e que me motivou em muitos momentos de incerteza

ao decorrer desse trabalho.

RESUMO

O guaraná é um produto altamente consumido no Brasil e sua produção está concentrada nas

regiões Norte e Nordeste do país. Uma das maneiras de consumo da fruta é na sua forma

concentrada, em pó. Os guaranás em pó vendidos atualmente possuem duas características que não

são agradáveis no momento do seu consumo, são elas: a presença de partículas não solúveis e o

seu condicionamento de forma não porcionada. Diante disso, este trabalho tem como objetivo o

desenvolvimento de um produto que solucione as duas problemáticas citadas e ainda atenda às

novas expectativas dos consumidores modernos relacionadas à sustentabilidade, saúde e

praticidade. Neste trabalho é apresentado o processo de produção do guaraná em pó a partir do

processo de secagem em spray dryer. O trabalho inclui revisão bibliográfica sobre o assunto,

fluxograma do processo, descrição das etapas de fabricação, layout da indústria, balanços de massa

e energia, análise econômica do produto e por fim, gestão dos resíduos gerados na produção. A

partir da análise econômica foi possível definir o preço do produto unitário, R$ 11,20 reais e o

preço de venda sugerido do produto foi definido em R$ 16,97 reais. O Guaraná Pow[d]er é um

produto que pode atrair um maior número de consumidores no seu país de origem, conquistar

mercados internacionais e, se consumido dentro dos limites indicados pela legislação, gerar vários

benefícios para a saúde.

Palavras-chave: guaraná em pó, spray dryer, sustentabilidade, desenvolvimento de produto.

ABSTRACT

Guarana is a highly consumed product in Brazil and its production is concentrated in the North and

Northeast regions of the country. One way of consuming the fruit concentrated, is as a powder. The

guarana powder currently sold has two characteristics that are not pleasant at the time of

consumption, they are: the presence of non-soluble particles and their conditioning in a non-

portioned way. Therefore, the objective of this work is the development of a product that solves

those two problems mentioned and still meets the new expectations of modern consumers related

to sustainability, health and practicality. In this work the process of production of guarana powder

from the drying process in spray dryer is presented. The work includes bibliographic review on the

subject, process flow diagram, description of manufacturing steps, industry layout, mass and

energy balances, economic analysis of the product and, finally, management of waste generated in

production. From the economic analysis it was possible to define the price of the unit product as

R$ 11.20 and the suggested selling price of the product was defined as R$ 16.97. Guarana Pow[d]er

is a product that can attract a greater number of consumers in its country of origin, conquer

international markets and, if consumed within the limits indicated by the legislation, generate

several health benefits.

Keywords: guarana powder, spray dryer, sustainability, product development.

RESUME

Le guarana est un produit fortement consommé au Brésil et sa production est concentrée dans les

régions nord et nord-est du pays. Une façon de consommer le fruit est sa forme concentrée, en

poudre. La poudre de guarana actuellement vendue présente deux caractéristiques qui ne sont pas

agréables au moment de la consommation, elles sont: la présence de particules non solubles et leur

conditionnement de manière non fractionnée. Ainsi, l'objectif de ce travail est de développer un

produit qui permettre de régler les deux problèmes cités tout en répondant aux nouvelles attentes

des consommateurs modernes en matière de durabilité, de santé et de fonctionnalité. Ce travail

présente, le processus de production de poudre de guarana issue du processus de séchage dans un

séchoir par pulvérisation est présenté. Le travail comprend une revue bibliographique sur le sujet,

un organigramme, une description des étapes de fabrication, la structure de l'industrie, les bilans

de masse et d'énergie, l'analyse économique du produit et, enfin, la gestion des déchets générés en

production. L'analyse économique a permis de définir le prix du produit unitaire comme 11,20 R$,

et le prix de vente suggéré du produit comme 16,97 R$. Le Guarana Pow[d]er est un produit capable

d’attirer un plus grand nombre de consommateurs dans son pays d’origine, de conquérir les

marchés internationaux et, s’il est consommé dans les limites indiquées par la législation, d’avoir

plusieurs avantages pour la santé.

Mots-Clés: poudre de guarana, séchoir par pulvérisation, durabilité, développement de produits.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Guaraná in natura ........................................................................................................... 16

Figura 2: Principais constituintes químicos em amostras de guaraná (coluna um: nome da

substância; coluna dois: estrutura química) .................................................................................. 18

Figura 3: Efeitos na saúde atribuídos ao guaraná .......................................................................... 20

Figura 4: Partículas não dissolvidas na solução guaraná-água ...................................................... 22

Figura 5: Diagrama de funcionamento do spray-dryer ................................................................. 22

Figura 6: Atomização do líquido em secador spray dryer ............................................................ 23

Figura 7: Embalagem primária do produto.................................................................................... 26

Figura 8: Situação real de um guaraná comercial transportado após ter sido aberto .................... 27

Figura 9: Representação da embalagem secundária do produto.................................................... 27

Figura 10: Metodologia de obtenção dos compósitos de bagaço-papel Kraft ............................... 28

Figura 11: Fluxograma de produção do guaraná em pó ................................................................ 30

Figura 12: Guaraná em rama pronto para a comercialização ........................................................ 31

Figura 13: Balança de recebimento de mercadoria Ramuza DP ................................................... 32

Figura 14: Calha vibratória vista de vários ângulos ...................................................................... 33

Figura 15: Moinho Vieira MCS 350 (10cv) .................................................................................. 33

Figura 16 : Tanques de mistura de aço inox .................................................................................. 34

Figura 17: Centrífuga de cesto ....................................................................................................... 35

Figura 18: Saco de maltodextrina própria para uso na Indústria de Alimentos ............................ 35

Figura 19: Secador Spray-Dryer RGYP03-50 ............................................................................... 36

Figura 20: Compressor oil free Bebicon 3.7OP-9.5G5A .............................................................. 36

Figura 21: Empacotadora de grão e pó 5-40m .............................................................................. 37

Figura 22: Datador automático elétrico ......................................................................................... 38

Figura 23: Montadora de caixas .................................................................................................... 39

Figura 24: Fechadora de caixas com tração superior e lateral ....................................................... 39

Figura 25: Esquema resumido do processo de embalagem ........................................................... 40

Figura 26: Representação do método FIFO ................................................................................... 41

Figura 27: Estratégias de comercialização do produto .................................................................. 42

Figura 28: Layout simplificado da indústria .................................................................................. 43

Figura 29: Esquema global do balanço de massa para o processamento e obtenção de pó de guaraná

....................................................................................................................................................... 45

Figura 30: Reprodução laboratorial de certas etapas da produção de guaraná em pó .................. 46

Figura 31: Esquema global para o balanço de massa na etapa de descascamento ........................ 48

Figura 32: Esquema global para o balanço de massa nas etapas extração e centrifugação ........... 50

Figura 33: Esquema global para o balanço de massa na etapa de formulação .............................. 53

Figura 34: Esquema global para o balanço de massa na etapa de secagem .................................. 56

Figura 35: Carta psicrométrica para determinação de WAA e WAS ............................................ 58

Figura 36: Balanço de massa do processo com os valores das vazões e frações mássicas ........... 59

Figura 37: Esquema global das correntes do spray dryer para o balanço de energia .................... 60

Figura 38: Potências encontradas no balanço de energia na etapa de secagem para a produção de

guaraná em pó ................................................................................................................................ 64

Figura 39: Produto similar de guaraná em pó no mercado ............................................................ 71

Figura 40: Resíduo gerado após o processo de centrifugação, obtido laboratorialmente ............. 72

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Produção de guaraná no Brasil ...................................................................................... 17

Tabela 2: Composição química da semente do guaraná proveniente da região de Maués ............ 18

Tabela 3: Diferenças entre secagem e evaporação ........................................................................ 21

Tabela 4: Influência de certas variáveis na secagem por spray-dryer ........................................... 24

Tabela 5: Funções das Embalagens ............................................................................................... 25

Tabela 6: Composição centesimal das frações da casca do guaraná ............................................. 28

Tabela 7: Determinação das frações mássica, obtidas experimentalmente, dos componentes das

matérias-primas: guaraná moído; extrato do guaraná centrifugado e maltodextrina comercial em

pó ................................................................................................................................................... 47

Tabela 8: Valores dos calores específicos calculados para a água e sólidos a partir das equações de

Choi e Okos (1986)........................................................................................................................ 62

Tabela 9: Investimentos iniciais na empresa ................................................................................. 65

Tabela 10: Investimentos iniciais e futuros ................................................................................... 66

Tabela 11: Custo mensal de energia .............................................................................................. 67

Tabela 12: Custos referentes às matérias-primas: guaraná em rama e maltodextrina comercial .. 68

Tabela 13: Custos indiretos ........................................................................................................... 69

Tabela 14: Despesas incorridas ..................................................................................................... 69

Tabela 15: Soma de custos e despesas mensais para a produção de 3000 embalagens por hora e o

valor do custo unitário de produção .............................................................................................. 70

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 15

2.1. ESCOLHA DO PRODUTO ........................................................................................... 15

2.2. GUARANÁ..................................................................................................................... 16

2.2.1. CAFEÍNA E OUTROS COMPONENTES QUÍMICOS DO GUARANÁ ............ 19

2.3. PROCESSO DE SECAGEM – SPRAY-DRYER............................................................. 20

2.4. EMBALAGENS ............................................................................................................. 24

3. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PRODUTO ................................................................ 30

3.1. FLUXOGRAMA DO PROCESSO ................................................................................ 30

3.2. DESCRIÇÃO DO PROCESSO ...................................................................................... 31

3.2.1. RECEBIMENTO DA MATÉRIA-PRIMA ............................................................. 31

3.2.2. SELEÇÃO E PESAGEM ........................................................................................ 31

3.2.3. DESCASCAMENTO .............................................................................................. 32

3.2.4. MOAGEM E PENEIRAMENTO ........................................................................... 33

3.2.5. EXTRAÇÃO ........................................................................................................... 34

3.2.6. CENTRIFUGAÇÃO ............................................................................................... 34

3.2.7. ADIÇÃO DE MALTODEXTRINA OU FORMULAÇÃO .................................... 35

3.2.8. SECAGEM EM SPRAY-DRYER ............................................................................. 36

3.2.9. EMBALAGEM ....................................................................................................... 37

3.2.10. ESTOCAGEM ......................................................................................................... 41

3.2.11. COMERCIALIZAÇÃO........................................................................................... 41

3.3. LAYOUT SIMPLICADO ............................................................................................... 43

4. BALANÇO DE MASSA E ENERGIA ................................................................................. 44

4.1. BALANÇOS DE MASSA .............................................................................................. 44

4.1.1. BALANÇO DE MASSA NO DESCASCAMENTO .............................................. 47

4.1.2. BALANÇO DE MASSA NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO ................................ 50

4.1.3. BALANÇO DE MASSA NA FORMULAÇÃO ..................................................... 53

4.1.4. BALANÇO DE MASSA NA ETAPA DE SECAGEM .......................................... 55

4.2. BALANÇO DE ENERGIA ............................................................................................ 60

5. ANÁLISE ECONÔMICA ...................................................................................................... 64

5.1. INVESTIMENTOS......................................................................................................... 65

5.1.1. INVESTIMENTOS INICIAIS ................................................................................ 65

5.1.2. INVESTIMENTO FUTURO .................................................................................. 66

5.2. CUSTOS DIRETOS ....................................................................................................... 66

5.2.1. CONSUMO ENERGÉTICO ................................................................................... 67

5.2.2. CONSUMO DE MATÉRIA-PRIMA ...................................................................... 68

5.3. CUSTOS INDIRETOS ................................................................................................... 68

5.4. DESPESAS INCORRIDAS............................................................................................ 69

5.5. CUSTO DO PRODUTO UNITÁRIO ............................................................................ 70

5.6. PREÇO SUGERIDO DE VENDA ................................................................................. 70

5.7. COMPARAÇÃO COM PRODUTO SIMILAR NO MERCADO ................................. 70

6. RESÍDUOS DO PROCESSO ................................................................................................ 71

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 73

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 74

14

1. INTRODUÇÃO

A área de desenvolvimento de produtos é um setor que está em constante evolução nas

indústrias alimentícias. As necessidades e exigências dos consumidores vêm mudando e os setores

de desenvolvimento têm que se adequar a essas evoluções. O produto desenvolvido nesse projeto

é um exemplo de produto que se adapta às novas exigências do mercado.

O guaraná em pó desenvolvido leva o nome de Guaraná Pow[d]er. A primeira palavra do nome

faz alusão à matéria-prima que será usada para desenvolver o produto e a segunda, vem de duas

palavras em inglês, a primeira palavra: power que significa energia e remete aos componentes

químicos do guaraná que apresentam efeitos relacionados à redução da fadiga. E a segunda palavra,

powder que significa pó e remete ao fato de que o produto gerado está na forma de pó.

O guaraná Paullinia cupuna H.B.K var. sorbilis (Mart.) Ducke é uma fruta tipicamente

brasileira que apresenta compostos e propriedades químicas interessantes que justificam a sua

escolha como matéria-prima do Guaraná Pow[d]er. Já foram feitas pesquisas em humanos que

mostram efeitos anticancerígenos, anti-inflamatórios, anti-obesogênicos, antitumoral e

neuroprotetores gerados pelo consumo de guaraná.

Além dessas propriedades, o novo produto faz uso de uma tecnologia de secagem atual e

aplicável. A secagem é um processo importante para o setor alimentício, uma vez que permite o

aumento da vida útil e a diversificação de alimentos. O guaraná em pó desenvolvido faz uso do

método de secagem por atomização. Esse tipo de secagem, também conhecido como spray-drying,

é simples, rápido e possui uma eficácia relacionada ao aumento da área de contato entre o material

que está sendo seco e o ar quente.

Diante disso, o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como objetivo apresentar

o processo de produção de guaraná em pó através do processo de secagem por atomização. Para

tanto, são apresentadas referências teóricas sobre o guaraná, suas informações mercadológicas,

seus componentes químicos e a forma de produção do produto desenvolvido, incluindo o

fluxograma do processo, a descrição de cada etapa de produção e a realização de balanços de massa

e de energia de certas etapas desse processo. Ainda no final do trabalho realiza-se uma análise

15

econômica para se verificar a viabilidade de produção do novo produto e uma reflexão sobre a

destinação dos resíduos gerados no processo.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. ESCOLHA DO PRODUTO

O desenvolvimento de novos produtos é uma área que está em constante crescimento nas

indústrias de diversos setores, incluindo as indústrias alimentícias. A população mundial está

crescendo e as necessidades de consumo estão mudando. Considerando este cenário, o

desenvolvimento de novos produtos serve como ferramenta competitiva para as

empresas/marcas fortalecerem sua posição no mercado (LINNEMAN et al.,2006).

Uma das necessidades de consumo que vem crescendo no mercado dos alimentos está

relacionada com o aumento de pessoas obesas e com sobrepeso. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), em 2016, 40% das mulheres e 39% dos homens adultos (acima de

18 anos) estavam com sobrepeso.

Além das exigências relacionadas à saúde da população, existem novas necessidades que

vêem surgindo e que dizem respeito à sustentabilidade dos sistemas produtivos. De forma geral,

a população está mais consciente dos danos que as indústrias causam no meio ambiente

(emissão de gases, uso excessivo de plásticos, entre outros).

As pessoas compram novos produtos por uma soma de razões, essas podem ser intrínsecas

(gosto, textura, vida de prateleira, valor nutricional) ou extrínsecas/circunstanciais (produção

orgânica, bem-estar animal, praticidade, comércio justo). A necessidade relacionada à

consciência ambiental dos consumidores, citada no parágrafo acima, entra na categoria de

razões circunstanciais (TRIJP et al.,2014).

A soma de fatores intrínsecos e extrínsecos e alguns outros temas que serão desenvolvidos

ao longo deste trabalho justificam a escolha do produto que será desenvolvido.

O produto escolhido, cujo nome é Guaraná Pow[d]er, consiste em guaraná em pó produzido

a partir do processo de spray drying. O produto contará com embalagens primária e secundária.

A embalagem primária constitui-se de sachês com porções individuais do produto.

16

Existem categorias que descrevem os novos produtos alimentícios que entram no mercado.

O produto aqui desenvolvido entra na categoria: produtos existentes com novas embalagens.

Esta categoria diz respeito aos produtos que já foram aceitos no mercado, mas com uma nova

forma de embalagem (LINNEMAN et al.,2006).

Por fim, no desenvolvimento de novos produtos a escolha de um grupo alvo de

consumidores, não muito específica, mas também não muito restrita, é essencial para facilitar

o desenvolvimento do produto já que esse grupo direcionará a criatividade do processo.

Considerando a descrição sucinta do produto e os fatores que justificaram a escolha dele, já é

possível verificar qual o público alvo do Guaraná Pow[d]er. O grupo-alvo aqui são

consumidores conscientes com a sua saúde e com o meio ambiente, também conhecidos como

consumidores LOHAS (Lifestyles of Health and Sustainability).

2.2. GUARANÁ

Guaraná, cujo nome científico é Paullinia cupuna H.B.K var. sorbilis (Mart.) Ducke, é uma

fruta tipicamente brasileira (Figura 1). Ela é composta por uma casca vermelha que envolve uma

semente preta e essa está parcialmente envolvida por um arilo branco (SANTANA et al.,2018).

Figura 1: Guaraná in natura

Fonte: EMBRAPA, 2014

A Figura 1 permite visualizar o contraste existente entre as cores da casca (vermelho/

alaranjado) e a cor da semente (preta). Esse contraste somado ao fato de a casca da fruta ser

semiaberta faz com que o guaraná se assemelhe aos olhos humanos. Essa semelhança entre a fruta

17

e o órgão deu origem ao mito do surgimento do guaraná na comunidade indígena Sataré-maué

(BECK, 2005).

O Brasil é o único produtor comercial de guaraná no mundo. Em 2017, a Bahia, com uma

produção de 2340 toneladas, ocupava o primeiro lugar no ranking de produção brasileira de

guaraná e o Amazonas (244 toneladas) a segunda posição. Além dos estados mencionados os

seguintes estados também são produtores de guaraná: Acre, Rondônia, Pará e Mato-Grosso. Os

dados referentes à produção desses estados estão apresentados na Tabela 1 (SEBRAE, 2016;

CONAB, 2017).

Tabela 1: Produção de guaraná no Brasil

Região/UF Produção (em mil t)

Norte 767

AC 2

RO 7

AM 744

PA 14

Nordeste 2340

BA 2340

Centro-Oeste 181

MT 181

Brasil 3288 Fonte: CONAB, 2017

Apesar de o guaraná ser uma fruta típica da Amazônia Brasileira ela vem atraindo mercados

internacionais por conta das suas características e composição química. Existem alguns métodos

que podem vir a ser usados para a determinação dos constituintes do guaraná. A Farmacopédia

Brasileira (2003), por exemplo, sugere a realização do ensaio espectrofotométrico para a

determinação de metilxantinas e taninos totais (SOUSA et al., 2010).

Os principais constituintes do guaraná são: cafeína (2,41%-5,07%), teofilina (0,06%),

teobromina (0,03%), taninos totais (5,0%-14,1%), proteínas (7,0%-8,0%), polissacarídeos (30%-

47%), açúcares (6,0%-8,0%), fibras (3,0%), ácidos graxos (0,16%), cinzas totais (1,06%-2,88%),

umidade (4,3%-10,5%) (MARQUES et al., 2019). A Figura 2 ilustra as estruturas químicas de

alguns desses constituintes.

18

Figura 2: Principais constituintes químicos em amostras de guaraná (coluna um: nome da substância;

coluna dois: estrutura química)

Fonte: MARQUES et.al., 2019

Na produção do guaraná em pó, a matéria-prima primordial será a sua a semente. E espera-

se que muitos dos componentes presentes na fruta estejam presentes na semente. A Tabela 2

apresenta a relação de componentes químicos presentes na semente de guaraná produzido na região

de Maué, Amazônia.

Tabela 2: Composição química da semente do guaraná proveniente da região de Maués

Fonte: SCHIMPL et al., 2013

As substâncias apresentadas justificam o fato de o guaraná e seus produtos derivados serem

globalmente conhecidos pelos seus efeitos estimulantes. A cafeína é um componente que pode

muito bem explicar a propriedade estimulante dessa fruta.

Substância Composição (g/100 g)

Amido 60,88

Tanino 9,6

Proteína 8,56

Totais de açúcares solúveis 7,97

Açúcares redutores 4,89

Cafeína 3,79

Fibra 3,15

Pentosano 0,21

Cinzas 1,46

Umidade 10.46

19

2.2.1. CAFEÍNA E OUTROS COMPONENTES QUÍMICOS DO GUARANÁ

Cafeína é um alcaloide, sua estrutura química contém um esqueleto de purina, este está

representado na Figura 2. Esse alcaloide, que possui atividade biológica, é um dos mais ingeridos

no mundo. Além de estar presente no guaraná, como foi possível observar nas composições

químicas apresentadas, a cafeína pode ser achada em outros produtos vegetais, tais como: sementes

de café, cacau, erva-mate, folhas de chá verde (DE MARIA et al., 2007).

Os efeitos da cafeína no comportamento humano podem ser extremamente benéficos ou

apresentar algum efeito negativo. De acordo com estudos realizados, a cafeína seria responsável

pelo aumento da capacidade de alerta e redução da fadiga e em contrapartida pode afetar

negativamente a qualidade de sono de um indivíduo. O fator essencial com relação ao consumo da

cafeína é não ultrapassar a quantidade indicada de consumo (DE MARIA et al., 2007).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) disponibiliza um documento com

limites máximos e mínimos no consumo de substâncias bioativas (2018). Os valores indicados no

documento e relacionados à cafeína foram baseados no parecer da European Food Safety Authority

(EFSA). O consumo máximo recomendado para o consumo habitual da cafeína é de

aproximadamente 5,7 mg de cafeína por kg de peso. Essa quantidade considera a soma de cafeína

proveniente de todas as fontes alimentares e, se não ultrapassada, não causará preocupações com a

segurança de adultos saudáveis.

É importante ressaltar que mulheres grávidas não devem consumir produtos ricos em cafeína

e, por isso, elas não se incluem nessa quantidade máxima considerada pela ANVISA.

Assim como a cafeína, a teobromina e teofilina (ilustrados na Figura 2) também se enquadram

no grupo dos alcaloides, mais especificamente, são metilxantinas. As metilxantinas estão

relacionadas a diversos efeitos fisiológicos no corpo humano, sendo alguns deles: estímulo do

músculo esquelético provendo diurese, efeitos positivos na fertilidade masculina, estímulo da

lipólise e inibição da adipogênese, contribuindo para a perda de peso e controle da obesidade

(SANTANA et al.,2018).

Outro grupo de compostos químicos presentes no guaraná merece uma atenção especial, já que

esse é responsável pelas suas propriedades antioxidantes.

20

Os taninos, presentes tanto na semente quanto na fruta guaraná, são compostos fenólicos que

por causa da sua estrutura química têm a capacidade de formar importantes complexos com várias

macromoléculas e, por sua vez, apresentaram efeitos anticâncer (SANTANA et al.,2018).

A Figura 3 mostra alguns efeitos na saúde, baseados em estudos, atribuídos ao guaraná.

Figura 3: Efeitos na saúde atribuídos ao guaraná

Fonte: SANTANA,2018

2.3. PROCESSO DE SECAGEM – SPRAY-DRYER

A operação de secagem consiste na retirada da água ou qualquer outro líquido de um material.

Apesar de existirem diferenças entre o processo de secagem e o processo de evaporação, as quais

estão apresentadas na Tabela 3, o conceito de secagem se aplica a ambos.

21

Tabela 3: Diferenças entre secagem e evaporação

Evaporação Secagem

Remoção de líquido de uma

solução líquida

Remoção de líquido de um material

sólido

Remoção do líquido somente por

vaporização

Remoção do líquido por

centrifugação ou por vaporização

A vaporização ocorre na

temperatura de ebulição do

líquido que se quer retirar da

solução líquida

A vaporização ocorre em uma

temperatura inferior à temperatura de

ebulição do líquido que se quer

retirar do material sólido Fonte: EMBRAPA, 2010

A aplicação de processos de secagem é de extrema importância nas indústrias alimentícias. As

vantagens da secagem são diversas, entre elas: o aumento da vida útil do produto, o alimento

desidratado é nutritivo já que o valor alimentício do alimento se concentra no processo, o transporte

do alimento se torna mais fácil e econômico, a operação de secagem é econômica (sem necessidade

de mão-de-obra especializada, baixo custo de armazenagem após a obtenção do produto) e há uma

significativa redução nas perdas pós-colheita (CELESTINO,2010).

As secagens usualmente aplicadas nas indústrias de alimentos são denominadas secagens

artificiais. Essas consistem no uso de equipamentos em que o alimento é colocado e a desidratação

se dá dentro de um intervalo definido de tempo. Alguns secadores utilizados na operação de

secagem são: secador de bandeja, secador de túnel, secador de esteira, secador de tambor rotativo,

secador de leito fluidizado, liofilizador, secador por atomização (spray-dryer).

O secador do tipo spray-dryer foi escolhido para o desenvolvimento do guaraná em pó afim de

melhorar a solubilidade do mesmo. O guaraná em pó encontrado no mercado apresenta um poder

de solubilidade médio e isso acarreta em limitações no seu uso já que a permanência de pequenos

fragmentos (Figura 4), que não solubilizaram completamente, na boca causa uma sensação

desagradável na ingestão do produto (NAZARÉ,1997).

22

Figura 4:Partículas não dissolvidas na solução guaraná-água

Fonte: Autora

O processo de spray-drying vem sendo aplicado na indústria desde a década de 20 e tornou-

se um dos métodos mais importantes para secar alimentos líquidos no mundo ocidental depois que

foi aplicado na indústria de laticínios, mais especificamente na produção de leite em pó. Ele é muito

usado para a secagem de alimentos na forma líquida e o produto resultando do processo é um pó

(exemplo: leite em pó, café, ovo). A eficácia do aparelho consiste no princípio do aumento da área

de contato entre o material que está sendo seco e o ar quente (dessecante). A Figura 5 esquematiza

o equipamento mencionado (ROSA, TSUKADA, FREITAS; 2006; CELESTINO, 2010;

MUJUMDAR, 2014).

Figura 5:Diagrama de funcionamento do spray-dryer

Fonte: LABMAQ, 2003

23

A Figura 6 permite uma melhor visualização do bico atomizador do secador tipo spray

dryer (região demarcada em vermelho na Figura 5). O processo de atomização consiste na

desintegração do líquido em diversas partículas individuais, formando-se assim uma nuvem de

partículas (RAMOS, 2016).

Figura 6: Atomização do líquido em secador spray dryer

Fonte: EMBRAPA, 2010

Como observado na Figura 5, os spray-dryers são constituídos por uma câmara de secagem,

normalmente grande e cilíndrica. Nessa câmara é injetado, além do produto que desejasse secar,

um grande volume de ar quente que se encontra numa temperatura alta o suficiente para permitir a

evaporação do líquido presente no material que está sendo seco. Dois fenômenos acontecem

durante esse processo de secagem, são eles: a transferência de massa e a transferência de calor

(PERRY, GREEN; 1997).

O processo de secagem em spray-dryer se dá da seguinte forma: ar atmosférico filtrado e

aquecido é injetado no topo do secador e flui no equipamento em paralelo às gotículas formadas

pelo bico atomizador. As partículas individuais, provenientes do atomizador, caem no interior da

câmara de secagem, que se encontra numa temperatura elevada, e, por sua vez, permite que a água

se evapore e seja transferida para o ar que está presente nesta câmara. Partículas de maior diâmetro

caem no fundo da câmara e as de maior diâmetro são arrastadas até os ciclones acoplados ao

secador. O sistema de secagem pode variar dependendo do tipo de produto que desejasse produzir

(RAMOS, 2016).

24

Alguns parâmetros de operação que influenciam o produto seco gerado pelo processo de

spray-drying devem ser conhecidos quando se trabalha com esse equipamento. A Tabela 4

apresenta os principais parâmetros e sua influência no produto gerado (ENGEL et al., 2017).

Tabela 4: Influência de certas variáveis na secagem por spray-dryer

Variável Influência

Concentração do fluido

Quanto maior a concentração, menor o calor

requerido pelo spray dryer e as partículas

formadas são grandes

Vazão de alimentação Vazões altas produzem partículas grandes

Densidade Seu efeito varia inversamente ao tamanho

da partícula

Viscosidade O tamanho da gota varia diretamente com a

viscosidade da alimentação

Temperatura do fluido

O aumento da temperatura de entrada

diminui o consumo de calor requerido pelo

secador

Vazão do ar de secagem

Vazões altas exigem baixo tempo na câmara

de secagem e consequentemente a umidade

residual é alta

Temperatura do ar de

secagem

O aumento da temperatura provoca a

diminuição da densidade do produto Fonte: MASTERS,1985

2.4. EMBALAGENS

As embalagens são fundamentais nas indústrias alimentícias e podem apresentar diversas

funções. As funções das embalagens, detalhadas na Tabela 5, permitiram a escolha das embalagens

do produto em estudo.

25

Tabela 5: Funções das Embalagens

Setor de interesse Atribuição da Embalagem Aprofundamentos

Produto

Proteção

Proteção contra fatores do meio:

serve como barreira mecânica,

protege da luz, protege de insetos

Estabilização

Manutenção da qualidade do

produto: previne perda de aroma,

reduz a contaminação, reduz a

oxidação

Logística Distribuição Facilita o transporte dos

alimentos

Consumidor

Informação

Informações obrigatórias e/ou

úteis para o consumidor (nome

do produto, data de validade, lista

de ingredientes)

Conveniência Dosagem do produto, preparação

do produto, espaço do produto

Imagem

Informações relacionadas a

divulgação da marca do produto

Meio Ambiente

Embalagens Biodegradáveis,

certificados que comprovem uma

produção sustentável Fonte: Autora

O Guaraná Pow[d]er conta com dois tipos de embalagens, sendo uma delas biodegradável, e a

segunda feita com material reciclável. O motivo da escolha por esse tipo de embalagem se dá pelo

fato de essas embalagens serem mais sustentáveis que as embalagens tradicionais, comumente de

plástico.

A embalagem primária do produto consistirá em um sachê individual (contendo

aproximadamente 3 gramas de produto). O material dessa embalagem consistirá num filme

alimentar solúvel em água. Esse filme é transparente e não apresenta sabor ou odor. A

representação desse sachê está apresentada na Figura 7.

26

Figura 7: Embalagem primária do produto

Fonte: MONOSOL

O uso da embalagem representada permite que o produto seja, além de ambientalmente correto,

prático de usar e seguro para o consumo.

A explicação para essa embalagem ser considerada segura para o consumo vem do fato que foi

abordado anteriormente, o guaraná em pó possui um percentual considerável de cafeína e, portanto,

a ingestão do mesmo tem que estar dentro do limite máximo recomendado pelos órgãos

reguladores. Considerando que se deseja produzir um pó com, aproximadamente, 2,18% de

cafeína, isso implicará num valor aproximado de 65,4 mg de cafeína por sachê de produto. A

concentração de cafeína no produto está bem abaixo do valor máximo (5,7 mg de cafeína por kg

de peso).

O fator praticidade da embalagem permite resolver uma situação problema apresentada pelos

pós de guaraná comerciais encontrados no mercado. Os pós de guaraná comerciais são vendidos

em uma embalagem primária plástica com 100g de produto. Na Figura 8 é possível visualizar uma

situação real do que pode acontecer com esse produto, uma vez aberto, ao ser transportado.

27

Figura 8: Situação real de um guaraná comercial transportado após ter sido aberto

Fonte: Autora

Para proteger a embalagem primária de fatores como umidade e poeira e devido à necessidade

de inserir informações obrigatórias e/ou úteis para o consumidor (nome do produto, tabela

nutricional, informações de uso, entre outros), uma embalagem secundária será usada.

A embalagem secundária se assemelhará aquelas apresentadas na Figura 9. O objetivo da

embalagem secundária é que esta seja produzida, majoritariamente, com papel Kraft já que o Brasil

é um grande produtor deste material e levando em conta a possibilidade de reciclagem desse tipo

de material. No ano de 2010, por exemplo, a taxa de recuperação de ondulados e Kraft foi a maior

entre todos os tipos de papel (71,1%) (LANDIM et al., 2015).

Figura 9: Representação da embalagem secundária do produto

Fonte: EUROGRIP

O objetivo final da empresa, uma vez que existam recursos para a pesquisa e produção, com

relação a embalagem secundária do produto é que a mesma seja produzida com um dos resíduos

28

gerados na produção do guaraná em pó, que é a casca da fruta. A Tabela 6 permite visualizar a

composição em porcentagem de base seca (para umidade; a composição está apresentada em

porcentagem de base úmida) da casca do guaraná.

Tabela 6: Composição centesimal das frações da casca do guaraná

Propriedades da casca Composição em % de base seca

(*umidade em % de base úmida)

Umidade 85,8 ± 0,3 (base úmida)*

Proteína 10,5 ± 0,2

Lipídios 9,7 ± 0,4

Carboidratos 5,9 ± 2,1

Fibras totais 70,3 ± 1,6

Cinzas 3,5 ± 0,2 Fonte: ANTUNES, 2011

Baseando-se no trabalho sobre o desenvolvimento de materiais biodegradáveis a partir do

bagaço de mandioca de Matsui (2002), sugere-se que a embalagem biodegradável secundária a ser

estudada pela empresa seja desenvolvida a partir do bagaço da mandioca, cuja concentração de

amido é alta, e com os rejeitos da casca do guaraná, cuja concentração de fibras é elevada (70%

em base seca). Sendo assim, a metodologia de obtenção pensada seguiria aquela apresentada no

trabalho mencionado (Figura 10), porém com a substituição total ou parcial do papel kraft (indicado

em vermelho na Figura 10) pela casca do guaraná.

Figura 10: Metodologia de obtenção dos compósitos de bagaço-papel Kraft

Fonte: MATSUI, 2002

29

A empresa pretende reservar uma parte do seu capital, valor a ser considerado na análise

econômica do produto, para investir em pesquisas e estudos que possibilitem criar, futuramente,

uma embalagem totalmente biodegradável feita a partir das fibras do guaraná.

30

3. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PRODUTO

3.1. FLUXOGRAMA DO PROCESSO

Na Figura 11 está representado o fluxograma do processo de produção do guaraná em pó

a partir do processo de secagem tipo spray-drying.

Figura 11: Fluxograma de produção do guaraná em pó

Fonte: Autora

31

3.2. DESCRIÇÃO DO PROCESSO

A seguir, as etapas mostradas no fluxograma serão descritas de forma detalhadas.

3.2.1. RECEBIMENTO DA MATÉRIA-PRIMA

A primeira etapa do processo consiste no recebimento da matéria-prima. Para a produção

do guaraná em pó, as sementes são adquiridas na sua forma habitual de comercialização, que é o

guaraná em rama (Figura 12). O guaraná em rama consiste nas sementes inteiras, secadas ao sol,

torradas ou não e embaladas em sacos de aniagem com peso bruto de 50 kg (NAZARÉ,1997).

Figura 12: Guaraná em rama pronto para a comercialização

Fonte: FRAIFE FILHO; RAMOS,2019

3.2.2. SELEÇÃO E PESAGEM

A matéria-prima chega na fábrica através de caminhões. Um responsável capacitado do

setor de qualidade é encarregado de realizar uma análise visual do produto e o classifica como apto

ou não a ser descarregado. Além da análise visual, o responsável coleta amostras para realizar testes

laboratoriais.

Uma vez que os sacos de aniagem tenham sido descarregados, esses são inicialmente

pesados para verificar se as quantidades de matéria-prima enviadas pelo fornecedor correspondem

com a compra realizada. Essa pesagem inicial será realizada numa balança industrial digital com

capacidade de 150 kg (Figura 13).

32

Figura 13: Balança de recebimento de mercadoria Ramuza DP

Fonte: CANAL AUTOMAÇÃO COMERCIAL

Uma vez pesadas, as sementes são inseridas em uma calha vibratória. Nesta etapa, quatro

funcionários qualificados ficam responsáveis por verificar se as matérias-primas estão de acordo

com o exigido pelo departamento de qualidade (por exemplo: presença de folhas, sementes com

injúrias). Para essa segunda etapa de seleção, são destinados quatro funcionários pois, se tratando

de um trabalho que exige concentração e certa fadiga, eles alternam a tarefa de seleção a cada meia

hora de trabalho.

3.2.3. DESCASCAMENTO

O guaraná em rama que chega à indústria possui apenas resquícios da casca da fruta já que

grande parte foi retirada pelos guaranazeiros no processo de pós-colheita do guaraná. O processo

de descascamento acontece de forma simultânea com o processo explicado anteriormente. O

equipamento usado para transporte do guaraná em rama, a calha vibratória (Figura 14), permite o

descascamento do guaraná (se esse ainda precisar ser descascado) por conta da vibração do mesmo.

33

Figura 14: Calha vibratória vista de vários ângulos

Fonte: INCALFER

3.2.4. MOAGEM E PENEIRAMENTO

A próxima etapa do processo de produção consiste na moagem e peneiramento da semente.

A moagem do processo é realizada com o auxílio de um moinho centrífugo simples (Figura 15),

específico para esse tipo de produto, com uma peneira de 0,3 milímetros.

Figura 15: Moinho Vieira MCS 350 (10cv)

Fonte: VIEIRA MOINHOS E MARTELO

34

3.2.5. EXTRAÇÃO

As sementes trituradas agora passam pelo processo de extração. O solvente usado nesse

processo é a água e a proporção de soluto/solvente é de 1:5, respectivamente. O processo de

extração tem duração de quatro horas. Essa etapa faz parte da preparação do produto para a futura

secagem que é realizada. Tanques de mistura de aço inoxidável são usados para este fim (Figura

16).

Figura 16 : Tanques de mistura de aço inox

Fonte: TOPP CONSULTORIA

3.2.6. CENTRIFUGAÇÃO

Após a obtenção do extrato, esse segue para o processo de centrifugação para separar as

partículas não solúveis no processo de extração. A centrifugação do extrato é realizada numa

centrífuga de cesto (Figura 17).

35

Figura 17: Centrífuga de cesto

Fonte: ATLANTICA SEPARADORES

3.2.7. ADIÇÃO DE MALTODEXTRINA OU FORMULAÇÃO

A etapa de adição de maltodextrina, que precede a secagem em spray-dryer, é fundamental

para aumentar o rendimento final desse processo de secagem. Além do aumento do rendimento

final, a adição desse carboidrato complexo, ilustrado na Figura 18, visa proteger os constituintes

químicos que estão presentes no extrato e também visa a obtenção de um pó que não esteja

superconcentrado nessas substâncias químicas. Para atingir uma quantidade ideal de cafeína no

produto final, são adicionados 30% de maltodextrina (m:v) (EMBRAPA, 1997). A mistura da

maltodextrina adicionada é realizada com o auxílio de um tanque de mistura.

Figura 18: Saco de maltodextrina própria para uso na Indústria de Alimentos

Fonte: ADICEL

36

3.2.8. SECAGEM EM SPRAY-DRYER

O processo de secagem é realizado num secador spray-dryer específico para alimentos. O

equipamento possui uma potência aproximada de 45 kWh e um consumo de gás liquefeito de

petróleo (GLP) máximo de 90 kg por hora. A temperatura da câmara é de 190˚C, a temperatura do

ar de secagem é de 170˚C, a temperatura do produto gerado é de 112˚C e a temperatura de entrada

do extrato se aproxima da temperatura ambiente, 26˚C. A Figura 19 ilustra um equipamento

industrial de secagem do tipo spray-dryer.

Figura 19: Secador Spray-Dryer RGYP03-50

Fonte:MADE-IN-CHINA.COM

Associado ao equipamento de secagem, é acoplado um compressor do tipo oil free Bebicon

(Figura 20) que serve para comprimir e armazenar o ar que será injetado no secador, de forma que

ele tenha uma pressão aumentada. O aumento da pressão do ar normalmente acarreta em um

aumento na sua temperatura.

Figura 20: Compressor oil free Bebicon 3.7OP-9.5G5A

Fonte:HITACHI

37

3.2.9. EMBALAGEM

Após a secagem do produto, este está pronto para ser embalado e posteriormente

comercializado. Como já foi mencionado na revisão bibliográfica deste trabalho, o produto

apresenta dois tipos de embalagens (primária e secundária).

A embalagem primária está sujeita a um equipamento cujos processos de embalagem,

dosagem e vedação de corte são feitos simultaneamente. A empacotadora de grãos e pó está

ilustrada na Figura 21.

Figura 21: Empacotadora de grão e pó 5-40mL

Fonte: CETRO

Uma vez que o produto está embalado nos sachês individuais é o momento de partir para a

segunda etapa de embalagem. Os sachês individuais provenientes da empacotadora (Figura 21)

passam por uma esteira transportadora. Ao lado da esteira há uma mesa de apoio onde os

funcionários responsáveis pelo processo de embalagem secundária ficaram posicionados para

colocar os sachês dentro da embalagem de papel Kraft (Figura 9). São 30 sachês individuais por

embalagem secundária.

A embalagem de papel Kraft personalizada pelo fornecedor apresenta as informações

exigidas pela ANVISA (RDC Nº259), ou seja, denominação de venda do alimento, conteúdos

38

líquidos, indicação da origem, nome ou razão social, identificação do lote, prazo de validade e

instruções sobre preparo e uso.

Existe outra regulação da ANVISA (RDC Nº272), que é específica para o guaraná, e essa

exige que seja colocada na embalagem a quantidade de cafeína na porção indicada pelo fabricante

e a seguinte frase “Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades devem

consultar o médico ou nutricionista antes de consumir o produto”. Ambas as informações também

constam na embalagem personalizada pelo fornecedor.

O produto finalizado (sachês dentro da embalagem de papel Kraft) é recolocado na esteira

pelos funcionários e segue para o processo de datação. O datador está ilustrado na Figura 22.

Figura 22: Datador automático elétrico

Fonte: CETRO

Para o produto desenvolvido, o prazo de validade é de 1 ano. Este prazo foi determinado

considerando os prazos de validade dos guaranás em pó comerciais encontrados no mercado (média

de 2 anos de validade) somado ao fato de que agora tem-se uma embalagem biodegradável,

suscetível a degradação, como embalagem primária.

Após a datação, o produto segue na esteira para ser encaixotado. Esta etapa é parcialmente

manual. A parte de montagem e fechamento das caixas de papelão é automatizada (Figura 23 e

39

Figura 24) e a parte manual se refere ao trabalho dos operários responsáveis que ficam

encarregados de colocar o produto nas caixas de papelão.

Figura 23: Montadora de caixas

Fonte: CETRO

Figura 24: Fechadora de caixas com tração superior e lateral

Fonte: CETRO

A Figura 25 apresenta um esquema que permite visualizar de forma mais clara a união

desses processos citados acima e, consequentemente, um resumo da etapa de embalagem.

40

Figura 25: Esquema resumido do processo de embalagem

Fonte: Autora

41

3.2.10. ESTOCAGEM

O produto é estocado em uma sala com controle de temperatura e umidade para que não

haja degradação do mesmo. O controle da umidade da sala se dá principalmente pelo fato de que a

embalagem primária biodegradável e hidrofílica, pode permitir a permeabilidade do vapor d’água

do ambiente para o produto e também se degradar mais facilmente em ambientes mais úmidos.

Além desses dois parâmetros, o método FIFO (first-in-first-out) também é aplicado na etapa

de estocagem. Este método tem relação com a forma de organização do estoque. Os produtos com

data de fabricação e, consequentemente, prazo de validade mais próximos são colocados na

extremidade mais próxima da prateleira e os com prazo de validade mais distantes nas extremidades

mais distantes da prateleira (Figura 26).

Figura 26 : Representação do método FIFO

Fonte: WEBAUGSBURG

3.2.11. COMERCIALIZAÇÃO

O objetivo inicial quanto a comercialização do produto é que este seja, pelos primeiros

cinco anos de produção, comercializado somente no seu país de origem. Ao decorrer desses cinco

anos de produção a estratégia da empresa será trabalhar para conseguir obter certificações

internacionais (IFS, BRC, ISO 9001) e, por sua vez, conseguir comercializar o seu produto em

outros países cuja legislação é mais restrita e normalmente requer essas certificações.

42

A ideia é que antes de atingir seu décimo ano de produção a empresa esteja exportando o

seu produto para continentes como América do Norte e Europa (Figura 27). Segundo a Organização

Internacional do Café (OIC), são grandes consumidores de cafeína.

Figura 27: Estratégias de comercialização do produto

Fonte: Autora

As estratégias de comercialização do produto estão diretamente relacionadas com a

localização da indústria. Ela estará instalada na Bahia já esse estado possui um dos maiores portos

do país e uma produção elevada do guaraná.

43

3.3. LAYOUT SIMPLICADO

Considerando as exigências do regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e

de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos da

portaria número 326 (BRASIL, 1997) e exigências de referenciais internacionais almejados pela

empresa, o seguinte layout é proposto (Figura 28).

Figura 28: Layout simplificado da indústria

Fonte: Autora

O layout simplificado mostra as etapas de produção ilustradas no fluxograma de processo

(Figura 11). O fluxo de produção mostrado na Figura 28 segue a ordem crescente dos números ali

representados, ou seja, a primeira etapa do processo está representada pelo número 1 e a última

pelo número 8. Seguindo essa mesma ordem crescente, as etapas são:

1. Seleção e pesagem;

2. Descascamento;

3. Moagem/peneiramento;

4. Extração;

5. Centrifugação;

6. Adição de maltodextrina;

7. Secagem em spray dryer;

8. Embalagem.

A

B

44

A etapa de embalagem, ilustrada no layout pelo número 8, está representada de forma mais

detalhada na Figura 25.

As estruturas representadas pelas letras “A” e “B” no layout representam as portas do salão de

produção. A diferença das duas é o tipo da porta. Ilustrada por “A” são portas convencionais que

abrem no sentido horizontal e a ilustrada pela letra “B” são portas que servem para carga/descarga

de caminhões e, por sua vez, abrem no sentido vertical. A presença dessas portas nas localidades

exatas mostradas no layout permite que não haja cruzamento de material finalizado (embalagem

Kraft) com os resíduos do processo (casca do guaraná e guaraná úmido).

O almoxarifado, que se encontra dentro da sala de produção, serve como área de estocagem.

Os produtos ali estocados saem dessa sala através das aberturas próprias para os caminhões e

seguem para a comercialização.

Além do salão de produção e almoxarifado de estocagem, a empresa também conta com uma

sala de administração, que é destinada para o trabalho dos engenheiros da indústria, duas salas de

reunião, um refeitório, uma cozinha, um vestiário feminino e um masculino, um espaço de

paramentarão e um lavatório.

4. BALANÇO DE MASSA E ENERGIA

O processo produtivo do guaraná em pó apresenta cinco etapas cujo balanço de massa precisa

ser realizado e apenas uma etapa onde cabe realizar o balanço de energia. Os balanços são

realizados individualmente, por etapa do processo.

4.1. BALANÇOS DE MASSA

Os balanços de massa realizados neste trabalho seguem o princípio da conservação de massa.

Esse princípio diz que a variação total de matéria de um sistema em um intervalo de tempo é igual

à soma das contribuições de todas as correntes que chegam ao sistema ou deixam-no nesse

intervalo. Levando em conta essa definição, a seguinte relação é válida:

dm/dt = Ʃ ṁE – Ʃ ṁS + Ʃ ṁgerado – Ʃ ṁconsumido

45

Sendo:

dm/dt a variação de massa que existe no sistema (termo de acúmulo);

Ʃ ṁE o somatório de todas as correntes que entram no sistema;

Ʃ ṁS o somatório de todas as correntes que saem do sistema;

Ʃ ṁgerado o somatório de todas as correntes que são geradas no sistema;

Ʃ ṁconsumido o somatório de todas as correntes que são consumidas no sistema;

Os processos aqui estudados se apresentam em regime permanente, ou seja, não há componente

sendo gerado ou consumido em reações químicas no intervalo de tempo definido (massa não varia

com o tempo e, portanto, dm/dt = 0), sendo assim:

O balanço de massa é realizado, seguindo o princípio enunciado acima, nas seguintes etapas:

descascamento, extração, centrifugação, formulação e secagem. A Figura 29 representa o esquema

global para o balanço de massa.

Figura 29: Esquema global do balanço de massa para o processamento e obtenção de pó de guaraná

Fonte: Autora

Ʃ ṁE = Ʃ ṁS

46

Os balanços de massa foram realizados baseando-se na quantidade de produto que desejasse

produzir. Pretende-se produzir 3000 embalagens kraft por hora sendo que cada embalagem contém

30 saches individuais de guaraná em pó (3 gramas). Sendo assim, a produção final de produto,

proveniente do processo de secagem, é de 270 kg de guaraná em pó por h.

Não foi realizado balanço de massa na etapa de moagem/peneiramento pois as partículas

que eventualmente ficam retidas na peneira serão reintroduzidas no equipamento até que elas

atinjam o tamanho desejado (0,3 mm). Então, a massa de sementes que entra nesse equipamento é

a mesma massa que sai do equipamento, eventuais perdas são consideradas desprezíveis. Assim

como as massas, as frações mássicas também se mantêm já que o processo é puramente mecânico.

Para a obtenção de dados necessários na realização dos cálculos, certas etapas do processo

de produção do guaraná foram reproduzidas em laboratório. A Figura 30 ilustra esse processo

laboratorial.

Figura 30: Reprodução laboratorial de certas etapas da produção de guaraná em pó

Fonte: Autora

47

As frações mássicas obtidas laboratorialmente, com o auxílio de uma balança de umidade,

estão apresentadas na Tabela 7.

Tabela 7: Determinação das frações mássica, obtidas experimentalmente, dos componentes das matérias-

primas: guaraná moído; extrato do guaraná centrifugado e maltodextrina comercial em pó

Fração mássica de sólidos

(Xs) Fração mássica de água

(Xa)

Guaraná moído

(XM) 0,8737 0,1263

Produto da

centrifugação

(XC)

0,0594 0,9406

Maltodextrina

(Xmalto) 0,9473 0,0527

Fonte: Autora

Os resíduos gerados no descascamento e na centrifugação serão reaproveitados. Esse tópico

será tratado posteriormente nesse trabalho.

A seguir, os balanços de massa são realizados individualmente para cada etapa ilustrada na

Figura 29.

4.1.1. BALANÇO DE MASSA NO DESCASCAMENTO

O descascamento é o primeiro processo onde há uma variação de massa que acontece por

conta das cascas que são separadas das sementes e que não entram como matéria-prima do

processo. O guaraná em rama é constituído majoritariamente pelas amêndoas, porém ele pode

conter alguns resquícios de casca. Afim de realizar o balanço de massa, considera-se que há 2% de

casca na massa de guaraná em rama recebido pela empresa.

A Figura 31 representa o esquema de correntes e composições na etapa de descascamento.

48

Figura 31: Esquema global para o balanço de massa na etapa de descascamento

Fonte Autora

Tomando como base a Figura 31, o balanço de massa global para a etapa de descascamento

pode ser descrito como:

Onde:

ṁG é a vazão mássica de guaraná alimentando a calha vibratória (kg/h);

ṁR1 é a vazão mássica de resíduo gerado pelas cascas (kg/h);

ṁM é a vazão mássica de sementes descascadas (kg/h);

Como há 2% de casca na massa de guaraná recebido, então:

A vazão mássica de sementes descascadas para a obtenção da quantidade de produto

desejada é de 319.97 kg/h. Considerando esse dado e substituindo a equação (1.2) na equação

(1.1), tem-se:

ṁG = ṁR1 + ṁM (1.1)

0,02 ṁG = ṁR1 (1.2)

ṁG = 0,02 ṁG + 319,97 (1.3)

49

Então,

Voltando para a equação (1.2), tem-se que:

É possível definir a fração mássica de água na semente do guaraná (Xa,M) pelo valor de

umidade que está representado na Tabela 2.

Como,

Onde:

Xa é a fração mássica de água da solução (kg de água/kg de solução);

Xs é a fração mássica de sólidos da solução (kg de sólidos/kg de solução);

Então,

O resíduo do descascamento (R1) consiste nas cascas que foram retiradas, sua umidade está

representada na Tabela 6. Esse valor permite a obtenção da fração mássica de água do resíduo R1

(Xa,R1).

Levando em conta a equação 1.4, tem-se que:

ṁG = 326,5 kg/h

ṁR1 = 6,53 kg/h

Xa,M = 0,1046

Xa + Xs = 1 (1.4)

Xs,M = 0,8954

Xa,R1 = 0,8580

Xs,R1 = 0,1420

50

É possível definir a fração mássica de sólidos do guaraná (Xs,G) realizando um balanço de

massa por componente. Partindo da equação (1.1) e considerando os componentes sólidos dessa

etapa, tem-se:

Substituindo os valores conhecidos, obtêm-se a fração mássica de sólidos para o guaraná.

Da equação (1.4),

4.1.2. BALANÇO DE MASSA NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO

O processo de extração consiste na união dos processos de extração e centrifugação.

O esquema de correntes e composições dessa etapa está apresentado na Figura 32.

Figura 32: Esquema global para o balanço de massa nas etapas extração e centrifugação

Fonte Autora

ṁG x Xs,G = ṁR1 x Xs,R1 + ṁM x Xs,M (1.5)

Xs,G = 0,8803

Xa,G = 0,1197

51

Na Figura 32, o processo de extração está representado pelo tanque de mistura e o processo

de centrifugação pela centrífuga.

O balanço global para o processo de extração pode ser descrito como:

Onde:

ṁM é a vazão mássica de guaraná moído alimentando o tanque de mistura (kg/h);

ṁH2O é a vazão mássica de água alimentando o tanque de mistura (kg/h);

ṁR2 é a vazão mássica de resíduo gerado pelo processo de centrifugação (kg/h);

ṁC é a vazão mássica de produto gerado pelo processo de centrifugação (kg/h);

A partir dos testes laboratoriais realizados, foi definido que 38,775% da massa que entra no

tanque de mistura corresponde a massa que sai como resíduo da centrífuga, sendo assim:

A vazão mássica de produto proveniente da centrífuga (ṁC) para a obtenção da quantidade

de produto desejada é de 1175.41 kg/h. Considerando esse dado e substituindo a equação (2.2) na

equação (2.1), tem-se:

A relação entre a vazão mássica de guaraná moído e a vazão mássica de água é conhecida

uma vez que a proporção guaraná moído/água é de 1:5. Sendo assim,

Substituindo a equação (2.4) na equação (2.3) é possível obter a seguinte vazão mássica de

guaraná moído:

ṁM + ṁH2O = ṁR2 + ṁC (2.1)

0,38775 x (ṁM + ṁH2O) = ṁR2 (2.2)

5 x ṁM = ṁH2O (2.4)

ṁM = 319,97 kg/h

ṁM + ṁH2O = 0,38775 × (ṁM + ṁH2O) + 1175,41 (2.3)

52

Voltando para a equação (2.4), obtêm-se:

Com esses dois valores obtidos, é possível determinar a vazão mássica de resíduo gerado

pelo processo de centrifugação. Pela equação (2.2), tem-se que:

Para obter o valor da vazão mássica de extrato proveniente da etapa de extração (ṁE), será

realizado um balanço apenas para essa etapa. Ele pode ser descrito como:

A partir dos dados obtidos, tem-se que:

As frações mássicas são definidas a partir do balanço global de massa por componente.

Para os componentes sólidos, tem-se:

A partir da Tabela 7 e dos valores encontrados, a equação (2.6) se apresenta da seguinte

forma:

Então,

Da equação (1.4):

Para encontrar as frações mássicas para o extrato (XE), é realizado o balanço de massa por

componentes sólidos para a etapa de extração. Esse balanço pode ser descrito como:

ṁH2O = 1599,85 kg/h

ṁR2 = 744,41 kg/h

ṁE = 1919,82 kg/h

ṁM × Xs,M = ṁR2 × Xs,R2 + ṁC × Xs,C (2.6)

319,97 × 0,8737 = 744,41 × Xs,R2 + 1175,41 × 0,0594 (2.7)

Xs,R2 = 0,2818

Xa,R2 = 0,7182

ṁM + ṁH2O = ṁE (2.5)

53

Substituindo os valores, obtêm-se:

Da equação (1.4),

4.1.3. BALANÇO DE MASSA NA FORMULAÇÃO

A etapa de formulação consiste na adição de maltodextrina ao extrato proveniente do

processo de extração. O esquema de correntes e composições dessa etapa está apresentado na

Figura 33.

Figura 33: Esquema global para o balanço de massa na etapa de formulação

Fonte Autora

ṁM × Xs,M = ṁE × Xs,E (2.8)

Xs,E = 0,1456

Xa,E = 0,8544

54

O balanço de massa por componente para os sólidos para essa etapa pode ser descrito

como:

Onde:

ṁMalto é a vazão mássica de maltodextrina alimentando o tanque de mistura (kg/h);

ṁF é a vazão mássica de produto gerado na etapa de formulação (kg/h);

A relação entre a vazão mássica de matodextrina e a vazão mássica de produto gerado na

etapa de centrifugação é conhecida já que foi determinado que devem ser adicionado 30% de

maltodextrina. Sendo assim,

A partir dessa relação e considerando os dados da Tabela 7 foi possível determinar uma

equação e, consequentemente, as frações mássicas do produto gerado na etapa de formulação. A

equação é a seguinte:

Onde:

Xs,C é a fração mássica de sólidos presente no produto gerado pelo processo de centrifugação (kg

de sólidos/ kg de produto);

% c é a porcentagem de extrato centrifugado que vai para a alimentação

Xs,Malto é a fração mássica de sólidos presente na maltodextrina (kg de sólidos/ kg de maltodextrina);

% malto é a porcentagem de maltodextrina que vai para a alimentação

Considerando a relação determinada pela equação (3.2) e os dados da Tabela 7, tem-se:

ṁC × Xs,C + ṁMalto × Xs,Malto = ṁF × Xs,F (3.1)

0,3 X ṁC = ṁMalto (3.2)

Xs,F = Xs,C × % C + Xs,malto × % malto (3.3)

Xs,F = 0,0594 × 0,7 + 0,9473 × 0,3 (3.4)

55

Então,

Da equação (1.4),

A vazão mássica de produto gerado na etapa de formulação, para a obtenção da quantidade

de produto desejada, é de 1239.71 kg/h. Considerando essa informação e substituindo a equação

(3.2) na equação (3.1), tem-se:

Sendo assim,

Voltando para a equação (3.2), temos que:

4.1.4. BALANÇO DE MASSA NA ETAPA DE SECAGEM

A última etapa do processo onde há variação de massa é a da secagem. O esquema de

correntes e composições dessa etapa está apresentada na Figura 34.

Xs,F = 0,3258

Xa,F = 0,6742

ṁC × 0,0594 + (0,3 X ṁC) × 0,9473 = 1239,71 × 0,3258 (3.5)

ṁC = 1175,41 kg/h

ṁMalto = 352,62 kg/h

56

Figura 34: :Esquema global para o balanço de massa na etapa de secagem

Fonte Autora

A eficiência do processo de secagem em spray-dryer foi baseada no trabalho de RAMOS,

2016 e foi definida como 63.98%. A equação que determina o rendimento do processo (ŋ) pode

ser descrita como:

Onde:

ŋ é a eficiência do processo;

ṁP é a vazão mássica de produto gerado na etapa de secagem (kg/h);

Xs,P é a fração mássica de sólidos presente no produto da etapa de secagem(kg de sólidos/ kg de

produto);

ṁF é a vazão mássica de produto gerado na etapa de formulação (kg/h);

Xs,F é a fração mássica de sólidos presente no produto da etapa de formulação (kg de sólidos/ kg de

produto);

Baseando-se no trabalho da NAZARÉ, 1997, a fração mássica de água presente no produto

da etapa de secagem usando 30% de maltodextrina como coadjuvante é de:

ŋ = (ṁP × Xs,P )/( ṁF × Xs,F ) (4.1)

57

Da equação (1.4):

A partir desses dados, é possível reescrever a equação (4.1) da seguinte maneira:

Então,

Para determinar as vazões relacionadas às correntes de ar, vamos fazer um balanço de

massa por componente da etapa de secagem. Para a água tem-se:

Onde:

ṁF é a vazão mássica de produto gerado na etapa de formulação (kg/h);

Xa,F é a fração mássica (Ubu) de água presente no produto da etapa de formulação (kg de água/ kg

de produto);

ṁEV é a vazão mássica de água evaporada (kg de água/h);

ṁP é a vazão mássica de produto gerado na etapa de secagem (kg/h)

Xa,P é a fração mássica (Ubu) de água presente no produto da etapa de secagem (kg de água/ kg de

produto);

ṁA é a vazão mássica de ar seco (kg de ar seco /h);

WAS é a umidade absoluta do ar de saída (kg de água/kg de ar seco);

WAA é a umidade absoluta do ar de atomização na entrada (kg de água/kg de ar seco);

Xa,P = 0,043

Xs,P = 0,957

ṁF = (270 × 0,957 )/( 0,6398 × 0,32577 ) (4.2)

ṁF = 1239,71 kg/h

ṁF × Xa,F - ṁEV - ṁP × Xa,P = ṁA ( WAS – WAA) (4.3)

58

As umidades absolutas do ar na entrada e na saída foram definidas através da carta

psicométrica na pressão de 120 kPa. (Figura 35).

Figura 35: Carta psicrométrica para determinação de WAA e WAS

Fonte: RAMOS,2016

Também baseado no trabalho sobre a avaliação de sistema de secagem em vacum spray

dryer (RAMOS,2016), a vazão mássica de água evaporada foi definida como:

Sendo assim, a partir da equação (4.3), temos que:

Por fim, todas as vazões mássicas e frações mássicas de interesse foram encontradas. A

Figura 36 ilustra o balanço de massa do processo completo com as correntes e composições de

cada etapa.

ṁEV = 0,0402 kg/h

ṁA = 412099,74 kg/h

59

Figura 36: Balanço de massa do processo com os valores das vazões e frações mássicas

Fonte: Autora

60

4.2. BALANÇO DE ENERGIA

O balanço de energia será realizado, de forma simplificada, na etapa de secagem em spray

dryer por ser aquele que demanda maior energia de todo o processo. A Figura 37 apresenta o

balanço global para o equipamento de secagem spray dryer. Ela complementa a Figura 34 com

informações de temperatura, calor específico e entalpia.

Figura 37: Esquema global das correntes do spray dryer para o balanço de energia

Fonte: Autora

Considerando a Figura 37 o balanço global de energia para a etapa de secagem em spray

dryer pode ser descrito como:

Onde:

ԚF é a potência térmica fornecida pela solução de alimentação (kW);

ԚAA é a potência térmica fornecida pelo ar de atomização do sistema (kW);

ԚAS é a potência térmica perdida com o ar de saída do sistema (kW);

ԚEV é a potência térmica perdida com a corrente de água evaporada do sistema (kW);

ԚF + ԚAA = ԚAS + ԚEV + ԚP + ԚAMB (5.1)

61

ԚP é a potência térmica perdida com o produto gerado pelo sistema (kW);

ԚAMB é a potência térmica perdida para o ambiente pelo sistema (kW);

As potências térmicas descritas acima podem ser obtidas a partir das seguintes equações:

Onde:

Cps é o calor específico dos sólidos (kJ/kg˚C);

Cpa é o calor específico da água (kJ/kg˚C);

TF é a temperatura de alimentação (˚C);

hAA é a entalpia do ar de atomização (kJ/kg de ar seco);

hAS é a entalpia do ar de saída (kJ/kg de ar seco);

λo é o calor latente de vaporização da água a 0˚C (kJ/kg);

TP é a temperatura do produto gerado (˚C);

Para a obtenção dos calores específicos, foram usadas as equações para cálculo das

propriedades termo físicas de Choi e Okos (1986). Para o cálculo do calor específico dos sólidos e

considerando que os sólidos que passam pelo processo de secagem são guaraná e maltodextrina

em pó, foram usadas as informações: porcentagem de maltodextrina usada (30%), umidade da

maltodextrina proveniente da sua fração mássica de água (Tabela 7) e os dados referentes ao pó de

ԚF = ṁF × (Xs,F × Cps + Xa,F × Cpa) × TF (5.2)

ԚAA = ṁAA × hAA (5.3)

ԚAS = ṁAS × hAS (5.4)

ԚEV = ṁEV × λo (5.5)

ԚP = ṁP × (Xs,P × Cps + Xa,P × Cpa) × TP (5.6)

62

guaraná que se apresentam na Tabela 2. Para o cálculo do calor específico da água, a temperatura

usada foi de 25 ˚C. Seus valores calculados estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8: Valores dos calores específicos calculados para a água e sólidos a partir das equações de Choi

e Okos (1986)

Calores específicos

(kJ/kg.°C )

Água (Cpa) 4,177

Sólidos (Cps) 1,825 Fonte: Autora

A entalpia do ar de atomização (170 °C), tendo como referência a pressão atmosférica (1 atm)

e a temperatura de 0 °C, pode ser obtida através da seguinte equação:

Sendo,

Tbs a temperatura de bulbo seco;

A temperatura de bulbo seco equivale a temperatura do ar e, portanto, a entalpia do ar de

atomização é:

Para a entalpia do ar de saída na pressão atmosférica levaremos em consideração que a

máxima evaporação de água é obtida quando o ar de saída estiver no seu estado saturado (RAMOS,

2016).

Das tabelas de vapor saturado, para a pressão de 1 atm, tem-se a entalpia de vapor saturado

(hAS) de 2706,85 kJ/kg.

As vazões e frações mássicas, que serão usadas para o cálculo do balanço de energia, foram

calculadas no balanço de massa e estão representadas na Figura 36.

hA = 1,005 x (Tbs – 0) (5.7)

hAA = 1,005 x 170

hAA = 170.85 kJ/kg de ar seco

63

A temperatura do produto gerado, considerando um ar de atomização na entrada à 170 °C foi

determinada como sendo 112 °C (RAMOS, 2016).

O calor latente de vaporização da água a 0 ˚C é de 2496 kJ/kg (ARAUJO, 2012).

Substituindo os valores encontrados na equação (5.2), têm-se:

Seguindo o mesmo princípio para as equações (5.3), (5.4), (5.5) e (5.6), temos:

A Figura 38 ilustra as potências encontradas no balanço de energia realizado na etapa de

secagem.

ԚF = 1239,71 × (0,3258 × 1,825 + 0,6742 × 4,177) × 26

QF = 109935,8 kJ/h = 30,54 kW

ԚAA = 412099,74 × 170,85

QAA = 70407240,6 kJ/h = 19557,57 kW

ԚAS = 412099,74 × 2706,85

QAS = 1115492181 kJ/h = 309859 kW

ԚEV = 0,0402 × 2496

QEV = 100,34 kJ/h = 0,03 kW

ԚP = 270 × (0,957 × 1,825+ 0,043 × 4,177) × 112

QP = 58246,4 kJ/h = 16,18 kW

64

Figura 38: Potências encontradas no balanço de energia na etapa de secagem para a produção de

guaraná em pó

Fonte: Autora

Uma vez que todas as correntes foram calculadas, voltamos para a equação (5.1) para

encontrar o valor da potência térmica perdida para o ambiente.

O fato de o resultado apresentado acima ter dado negativo comprova o fato de que essa

potência térmica foi perdida para o ambiente pelo sistema de secagem.

5. ANÁLISE ECONÔMICA

É importante realizar uma análise econômica da empresa já que é a partir dessa análise que se

verifica a capacidade de geração de lucro da mesma. A análise feita neste trabalho leva em conta

os investimentos (iniciais e futuros), os custos diretos relacionados com a produção (consumo

energético e consumo com matéria-prima), os custos indiretamente relacionados com a produção

e as despesas incorridas. O objetivo principal da realização dessa análise econômica é a

30,54 + 19557,57 = 309859 + 0,03 + 16,18 + ԚAMB

QAMB = - 290287,1 kW

65

determinação do custo unitário de produção do Guaraná Pow[d]er e, em seguida, o preço sugerido

de venda desse produto no mercado.

5.1. INVESTIMENTOS

5.1.1. INVESTIMENTOS INICIAIS

Os investimentos iniciais consistem nos bens que devem ser adquiridos e que são necessários

para o funcionamento da fábrica. Na Tabela 9 estão discriminados as quantidades e os preços dos

equipamentos nas devidas dimensões exigidas pelo processo, além de preços relacionados com a

construção da fábrica, mobiliário e eletrodomésticos. Os valores presentes na Tabela 9 foram

cotados com base em vários fornecedores, através da internet, no mês de abril de 2019.

Tabela 9: Investimentos iniciais na empresa

Descrição Quantidade Valor unitário (R$) Total (R$)

Balança de Receimento 2 895 1790

Calha Vibratória 1 2200 2200

Moinho 1 8000 8000

Tanque de mistura 2 40000 80000

Spray Dryer 1 504000 504000

Compressor de ar 1 16000 16000

Empacotadora 1 49990 49990

Datador 1 1590 1590

Fechadora de Caixas 1 9980 9980

Montadora de Caixas 1 120000 120000

Eletrodomésticos 15 1000 15000

Mobiliário 30 200 6000

Construção da indústria 1 450000 450000

TOTAL DO INVESTIMENTO INICIAL 1264550

Fonte: Autora

66

5.1.2. INVESTIMENTO FUTURO

Serão três investimentos futuros realizados pela empresa, são eles: investimento na

pesquisa de embalagens feitas da casca do guaraná, investimento em placas solares e

investimento em um sistema de compostagem para tratamento do resíduo gerado pela

centrífuga. Como já foi abordado na seção 2.4 deste trabalho, a empresa pretende investir na

pesquisa para o desenvolvimento de uma embalagem feita da casca do guaraná (resíduo do

processo). Sendo assim, serão investidos 15000 para esse fim. Além disso, a empresa investirá,

em painéis solares, 1130200 reais para um sistema com capacidade de 306.90 kwp. Por fim, o

investimento no sistema de compostagem será de 500 reais.

A Tabela 10 ilustra o total do valor do investimento somando o investimento inicial e o

investimento futuro.

Tabela 10: Investimentos iniciais e futuros

Descrição Total (R$)

Investimento Inicial 1264550

Investimento Futuro 1145700

TOTAL DO INVESTIMENTO 2410250

Fonte: Autora

5.2. CUSTOS DIRETOS

Os custos diretos estão relacionados com o guaraná em pó que está sendo produzido, ou

seja, o consumo energético e a quantidade de matéria-prima necessária para produzir 270 kg

de guaraná em pó por hora.

67

5.2.1. CONSUMO ENERGÉTICO

Para obter o consumo energético mensal da empresa, foram consideradas 120 horas de

produção mensal, que correspondem a 6 horas de produção por dia. Os valores da taxa de consumo

energético (kW) foram obtidos com base em vários fornecedores, através da internet, no mês de

abril de 2019. A Tabela 11 mostra os valores do custo de energia mensal que foram calculados com

base na tabela de tarifas e preços finais de energia elétrica da Companhia de Eletricidade do Estado

da Bahia (COELBA,2018). A companhia de energia do estado da Bahia foi consultada uma vez

que a fábrica se encontra nessa região. Toma-se como base o valor de consumo ativo de energia

para o ramo industrial, cujo preço final é 0,639 reais.

Tabela 11: Custo mensal de energia

Equipamento Taxa de consumo

energético (kWh) Consumo para 6h

de produção (kW) Consumo mensal

(kW) Custo mensal (R$)

Balança de

Recebimento 0,066 0,396 7,92 5,06

Calha Vibratória 10 60 1200 638,47

Moinho 30 180 3600 1915,40

Tanque de

mistura 5 30 600 319,23

Spray Dryer 45 270 5400 2873,10

Compressor de

ar 37 222 4440 2362,32

Empacotadora 4 24 480 255,39

Datador 0,15 0,9 18 9,58

Fechadora de

Caixas 0,2 1,2 24 12,77

Montadora de

Caixas 18,1 108.6 2172 1155,62

Eletrodomésticos 22,5 135 2700 1436,55

TOTAL DO GASTO ENERGÉTICO 10983,48 Fonte: Autora

68

5.2.2. CONSUMO DE MATÉRIA-PRIMA

São três as matérias-primas usadas para a produção do guaraná em pó: guaraná em rama,

maltodextrina comercial e água. Considerando o valor encontrado na seção 4.1.2 deste trabalho,

serão consumidos 1599,85 kg/h de água. Transformando esse valor para m3, tem-se

aproximadamente 1,6 m3/h. O preço da água, no ano de 2018 e para fins industriais, definido pela

Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBRASA) é de 21,44 reais por m3. Sendo assim, o

custo de água mensal, considerando 6 horas de produção, é de 4116,5 reais.

A Tabela 12 representa as quantidades e custos mensais das duas outras matérias-primas

necessárias para a produção de guaraná em pó. As quantidades usadas foram baseadas nos valores

encontrados na seção 4.1 deste trabalho e considerando 120 horas de trabalho no mês. Já o valor

do quilograma de guaraná em pó foi baseado no estudo de viabilidade econômica da

Superintendência da Zona Franca de Manaus (ISAE, 2003) e o valor por quilograma da

maltodextrina foram cotados com a empresa Adicel.

Tabela 12: Custos referentes às matérias-primas: guaraná em Rama e maltodextrina comercial

Item Quantidade por mês (kg) Preço por kg (R$) Custo mensal

(R$)

Guaraná em Rama 391800 4,31 1688658,0

Maltodextrina 42314,4 6,88 291123,1

TOTAL DE CUSTO COM MATÉRIAS PRIMAS (exceto água) 1979781,1 Fonte: Autora

Somando os custos referentes à água com o custo total exibido na Tabela 12, tem-se um

total de custo mensal com matéria-prima de 1983897,6 reais.

5.3. CUSTOS INDIRETOS

Os custos indiretos se referem aos gastos com funcionários, licenças ambientais e manutenções

preventivas necessárias para o funcionamento da empresa. Os salários descritos na Tabela 13, já

incluem vale transporte e encargos sociais e trabalhistas (FGTS e INSS). A fábrica contará com

dois Engenheiros de Alimentos e com 10 funcionários espalhados pelo setor produtivo. As licenças

ambientais, segundo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler

69

(FEPAM), custarão em torno de 550 reais por mês. O custo mensal com as manutenções

preventivas dos equipamentos foi estimado como sendo 1000 reais.

Tabela 13: Custos indiretos

Descrição Valor do salário mensal

com impostos (R$)

Salário dos 2 Engenheiros 22999,0

Salário dos 10 funcionários 31948,8

Licença Ambietal 550,0

Manutenção Preventina 1000,0

TOTAL DE CUSTO INDIRETOS 56497,8 Fonte: Autora

5.4. DESPESAS INCORRIDAS

As despesas incorridas são aquelas que não estão relacionadas diretamente com a produção

do guaraná, mas que são importantes para o funcionamento da empresa. A Tabela 14 descreve

essas despesas e seus custos.

O custo do gás liquefeito do petróleo (GLP) consumido pelo aparelho de secagem foi

incluído nas despesas incorridas. Segundo informações da empresa RPMBRASIL,

especializada em equipamentos industriais, o spray dryer consome 90 kg por hora de gás GLP.

Estimou-se um custo do GLP de R$ 180,00 reais.

Tabela 14: Despesas incorridas

Descrição Valor mensal (R$)

Internet e Telefone 500,0

Salários e encargos de 5 professionais da área

administrativa 23641,0

GLP 1944000,0

Gasolina de transporte 1000,0

TOTAL DE DESPESAS INCORRIDAS 1969141,6

Fonte: Autora

70

5.5. CUSTO DO PRODUTO UNITÁRIO

Para calcular o custo do produto unitário, os seguintes custos e despesas serão levados em

consideração: custos diretos, custos indiretos e despesas incorridas. Os investimentos serão

levados em consideração para o cálculo do preço sugerido de venda. Além disso, foram

considerados que serão produzidas 3000 embalagens Kraft por hora e, por sua vez, 360000

embalagens por mês. A Tabela 15 ilustra a soma desses custos e despesas e ilustra o preço do

produto unitário.

Tabela 15:Soma de custos e despesas mensais para a produção de 3000 embalagens por hora e o valor

do custo unitário de produção

Custo/Despesa Valor mensal (R$)

Custos Diretos 1994881,1

Custos Indiretos 56497,8

Despesas Incorridas 1969141,6

Total de custos e despesas mensais 4020520,5

CUSTO DO PRODUTO UNITÁRIO 11,2

Fonte Autora

5.6. PREÇO SUGERIDO DE VENDA

Para obter um retorno financeiro num período de 5 anos após a abertura da empresa, o valor

acrescido ao produto, considerando o investimento total da Tabela 11, será de 0,11 centavos

por produto. Após esse acréscimo o valor do produto é de 11,31 reais. Considerando uma

porcentagem de lucro de 50% sobre o valor do produto, o preço sugerido de venda é de 16,97

reais.

5.7. COMPARAÇÃO COM PRODUTO SIMILAR NO MERCADO

O produto, que está presente no mercado atualmente mais próximo do Guaraná Pow[d]er é

da marca Mãe Terra (Figura 39). Ele apresenta um custo médio de 15 reais e oferece 100

gramas de pó, ou seja, cada grama custa 0,15 centavos.

71

Figura 39: Produto similar de guaraná em pó no mercado

Fonte: MÃE TERRA

O Guaraná Pow[d]er, segundo o preço sugerido de venda, tem o valor por grama de produto de

0,19 centavos. Assim sendo, o guaraná que está sendo produzido, mesmo com um preço

ligeiramente maior que o produto concorrente, possui uma vantagem competitiva uma vez que o a

sua forma de uso é mais prática e sua solubilidade, segundo o estudo de Nazaré, 1997, será de

100%.

6. RESÍDUOS DO PROCESSO

O processo produtivo do guaraná em pó gera dois resíduos, as cascas que saem no processo

de descascamento e o pó de guaraná úmido que fica aderido no filtro da centrífuga. As cascas serão

encaminhadas para laboratórios universitários com os quais a empresa terá parceria e o objetivo é

investir no projeto de iniciação científica, com o investimento previsto na seção 5.1.2 deste

trabalho, e criar uma embalagem biodegradável feita da casca e do resíduo de mandioca. O trabalho

terá como base o procedimento ilustrado na Figura 10.

O segundo resíduo, que é gerado após o processo de centrifugação, está ilustrado na Figura

40.

72

Figura 40: Resíduo gerado após o processo de centrifugação, obtido laboratorialmente

Fonte: Autora

Já que esse resíduo é composto apenas de guaraná em pó moído e água, é possível

transformá-lo em adubo através do processo de compostagem. O adubo gerado por esse processo

de compostagem servirá para nutrir as plantas de guaraná que entram como matéria-prima do

processo.

O resíduo será removido da centrífuga e seguirá para a fazenda onde o guaraná é produzido.

Nessa fazenda, um sistema de compostagem será instalado e mantido, com o investimento previsto

na seção 5.1.2 deste trabalho. A compostagem realizada segue a método UFSC de compostagem

de resíduos orgânicos que consiste num processo otimizado de transformação de matéria orgânica

em fertilizante natural. Esse modelo foi escolhido por ser de simples operação e por permitir a

geração de resíduos em diferentes escalas.

73

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Guaraná em pó é um produto facilmente encontrado no mercado, todavia, o guaraná encontrado

atualmente apresenta média solubilidade e possui uma embalagem que não favorece o seu uso.

Esses dois fatores fazem com que o aceite do produto pelos consumidores seja menor que o

esperado pelas empresas produtoras.

Tendo em vista esses dois fatores, que dificultam a aceitação do guaraná em pó, o presente

trabalho teve como objetivo a produção do Guaraná Pow[d]er a partir do processo de secagem em

spray dryer e com embalagens porcionadas. A secagem em spray dryer permite a produção de

partículas de guaraná de menor tamanho e, consequentemente, maior solubilidade, enquanto as

embalagens porcionadas fazem o produto ser mais prático para consumo.

Além dessas duas propriedades do produto desenvolvido, o Guaraná Pow[d]er ainda atende

às exigências dos consumidores modernos relacionadas à sustentabilidade. Isso porque o produto

possui uma embalagem de papel Kraft, que pode ser reciclado facilmente, e a empresa produtora

investirá uma parte do seu capital na produção de adubo e no desenvolvimento de embalagens

biodegradáveis a partir da casca do guaraná.

A indústria trabalha com a produção de 270 kg de guaraná em pó por hora e produz,

mensalmente, 360000 embalagens do produto. Para a produção dessa quantidade de produto, usa-

se 326,5 kg de guaraná por hora. O preço de produção do produto é de R$ 11,20 reais e o preço de

venda sugerido do produto é de R$ R$ 16,97 reais, para garantir o retorno dos investimentos e o

lucro da empresa em um período de 5 anos.

O Guaraná Pow[d]er faz uso da maltodextrina como coadjuvante no processo de secagem.

Futuramente, a empresa pretende produzir o guaraná em pó com o auxílio de proteína vegetal (soja,

ervilha) como coadjuvante afim de melhorar as propriedades nutricionais do produto.

Além disso, a empresa pretende, futuramente, adquirir a sua matéria-prima (guaraná em rama)

de origem orgânica, afim de atingir um público de consumidores que tem essa preocupação em

adquirir produtos orgânicos.

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