24
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA POLO CURRAIS NOVOS JOGOS E BRINCADEIRAS: A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL DIANE IRISLEIDE DE MEDEIROS MATOS CURRAIS NOVOS DEZEMBRO/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · da ludicidade na Educação Infantil”, o qual surgiu da necessidade de se refletir sobre o uso que é feito dos jogos e das brincadeiras

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

POLO CURRAIS NOVOS JOGOS E BRINCADEIRAS: A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

DIANE IRISLEIDE DE MEDEIROS MATOS

CURRAIS NOVOS DEZEMBRO/2017

DIANE IRISLEIDE DE MEDEIROS MATOS

JOGOS E BRINCADEIRAS: A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como requisito para obtenção do título de Graduação em Pedagogia. Orientadora: Profª. Uiliete Márcia Silva de Mendonça Pereira

CURRAIS NOVOS DEZEMBRO/2017

DIANE IRISLEIDE DE MEDEIROS MATOS

JOGOS E BRINCADEIRAS: A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como requisito para obtenção do título de Graduação em Pedagogia. Orientadora: Profª. Uiliete Márcia Silvia de Mendonça Aprovado em: ___/___/___

Banca Examinadora

______________________________________________________________

Orientadora: Profª. Ms. Uiliete Márcia S. de Mendonça Pereira

Núcleo de Educação da Infância/NEI-CAp-UFRN

______________________________________________________

Examinadora: Profª. Ms. Maria Patrícia........

Núcleo de Educação da Infância/NEI-CAp-UFRN

_________________________________________________

Examinadora: Profª. Ms. Vanessa Alessandra Cavalcanti Peixoto

Núcleo de Educação da Infância/NEI-CAp-UFRN

RESUMO

O brincar na Educação Infantil é uma das questões mais discutidas nas rodas de conversas de professores e entre toda a comunidade escolar, tendo em vista que se apresenta sob diversas opiniões, quando se trata de sua utilização nos espaços de aprendizagem. O presente estudo tem como tema “Jogos e brincadeiras: a importância da ludicidade na Educação Infantil”, o qual surgiu da necessidade de se refletir sobre o uso que é feito dos jogos e das brincadeiras nessa etapa de ensino, com o intuito de aprimorar os conceitos e analisar as práticas, enfatizando, desse modo, a importância da ludicidade para o desenvolvimento da criança. O objetivo principal deste trabalho é desenvolver um estudo voltado para a utilização de jogos e brincadeiras, como um componente do processo de ensino aprendizagem na Educação Infantil. Objetiva ainda favorecer uma reflexão acerca da importância dos jogos e brincadeiras nos espaços de aprendizagem da Educação Infantil; analisar o ponto de vista de profissionais que atuam na Educação Infantil, no que se refere à ludicidade como instrumento de ensino e aprendizagem; e compreender de que maneira a ludicidade é entendida pelos professores no âmbito escolar e utilizada no dia-a-dia da Educação Infantil. O estudo será pautado em estudos e teorias que servirão de sustentação para as análises e os resultados, destacando os trabalhos de Kishimoto (2010) e teorias de Vygotsky (2000), além de documentos oficiais que regem a Educação Infantil como, por exemplo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), dentre outros. A metodologia qualitativa engloba uma fundamentação teórica, um período de observação em uma sala de aula da Educação infantil, o desenvolvimento de uma sequência didática envolvendo jogos e brincadeiras e por fim, a análise dos dados e dos resultados. Dessa maneira, o presente estudo servirá de embasamento e de reflexão para o trabalho docente e a qualificação profissional.

Palavras-chave: Brincadeiras e Jogos; Ludicidade; Educação Infantil; Criança;

Desenvolvimento.

ABSTRACT

Playing in Early Childhood Education is one of the most discussed issues on the rounds of teacher conversations and across the school community, given that it is presented under different opinions when it comes to its use in learning spaces. The present study has as its theme "Playing and games: the importance of playfulness in early childhood education", which arose from the need to reflect on the use of playing and games at this stage of education, in order to improve the concepts and analyze the practices, thus emphasizing the importance of playfulness for the child's development. The main objective of this work is to develop a study aimed at the use of playing and games, as a component of the process of teaching-learning in Early Childhood Education. It also aims to promote a reflection on the importance of playing and games in the learning spaces of Early Childhood Education; to analyze the point of view of professionals who work in Early Childhood Education, with regard to playfulness as an instrument of teaching and learning; and to understand in what way playfulness is understood by teachers in school and used in the day-to-day of Early Childhood Education. The study will be based on studies and theories that will support the analysis and results, highlighting the works of Kishimoto (2010) and Vygotsky's theories (2000), as well as official documents that govern Early Childhood Education, such as the National Curriculum Guidelines for Early Childhood Education (2010), among others. The methodology qualitative encompasses a theoretical foundation, a period of observation in a classroom of Child Education, the development of a didactic sequence involving playing and games, and finally, the analysis of data and results. In this way, the present study will serve as a foundation and reflection for teaching work and professional qualification. Keywords: Playing and Games; Playfulness; Child education; Child; Development.

6

1. INTRODUÇÃO

A ludicidade, como afirma KISHIMOTO (2010) deve estar presente na

Educação Infantil, tendo em vista que não há como dissociar a brincadeira da

criança, por ser algo peculiar na infância, de forma que pode-se observar como uma

criança produz sua própria brincadeira quando se encontra em uma situação que

não dispõe de brinquedos, na forma de artefatos ou de materiais organizados, o que

pode ser observado em situações cotidianas, nos ambientes em que convive.

Na contemporaneidade, o brincar na Educação Infantil é uma das questões

mais discutidas nas rodas de conversas de professores e entre toda a comunidade

escolar, tendo em vista que se apresenta sob diversas opiniões, quando se trata de

sua utilização nos espaços de aprendizagem.

O tema que norteará o estudo proposto é “Jogos e brincadeiras: a importância

da ludicidade na Educação Infantil”, o qual surgiu da necessidade de se refletir sobre

o uso que é feito dos jogos e das brincadeiras nessa etapa de ensino, com o intuito

de aprimorar os conceitos e analisar as práticas, enfatizando, desse modo, a

importância da ludicidade para o desenvolvimento da criança.

O objetivo principal deste estudo é desenvolver um estudo voltado para a

utilização de jogos e brincadeiras, como um componente do processo de ensino

aprendizagem na Educação Infantil. Objetiva ainda favorecer uma reflexão acerca

da importância dos jogos e brincadeiras nos espaços de aprendizagem da Educação

Infantil; analisar o ponto de vista de profissionais que atuam na Educação Infantil, no

que se refere à ludicidade como instrumento de ensino e aprendizagem; e

compreender de que maneira a ludicidade é entendida e utilizada no dia-a-dia da

Educação Infantil.

O estudo será pautado em estudos e teorias que servirão de sustentação

para as análises e os resultados, destacando os trabalhos de Kishimoto (2010) e

teorias de Vygotsky (2000), além de documentos oficiais que regem a Educação

Infantil como, por exemplo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil, dentre outros.

O brincar representa na vida das crianças, uma atividade criadora na qual

elas produzem conhecimentos, aprendizados, cultura; ou seja, as crianças se

7

utilizam da fantasia e da realidade para dar significado à sua relação com o meio e

com as pessoas ao seu redor.

Com base nisso, a instituição de ensino infantil, espaço de formação e

diálogos, assume um papel fundamental no desenvolvimento integral da criança, e

assim sendo, torna-se necessário que tenha um currículo voltado para os interesses

da sua clientela, ou seja, o currículo da Educação Infantil deve contemplar a

ludicidade como um instrumento relevante para o processo de ensino aprendizagem.

Sob essa ótica, será realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, de

natureza aplicada, tendo em vista que os conhecimentos adquiridos serão utilizados

em prol da melhoria do ensino infantil, com objetivos voltados para a melhoria do

ensino infantil.

Para o desenvolvimento do tema proposto, foi realizada uma fundamentação

teórica, na qual serão abordados conceitos, teorias e estudos relacionados à ideia

central do tema proposto, com vistas a um aprofundamento maior do tema em

análise.

Em seguida, foi desenvolvido um período de observação com duração de

cinco aulas, numa escola pública de Educação Infantil, em uma sala de vivências da

Educação infantil (turma de pré-escolar II), com a finalidade de analisar o modo

como os jogos e brincadeiras são utilizados na sala de aula da Educação Infantil.

Foi realizada, em seguida, uma sequência didática envolvendo jogos e

brincadeiras, para a constatação do modo como as crianças recebem esse tipo de

atividade na escola.

Por fim, foi realizada a análise dos dados e dos resultados, de modo a

apresentar sugestões para a melhoria do trabalho com a ludicidade na Educação

Infantil.

É importante salientar a importância dos profissionais desse nível de ensino, a

quem cabe a missão de construir a ponte entre a ludicidade no ensino e a

aprendizagem significativa para as crianças, por meio do planejamento diário

organizado e de atividades lúdicas que favoreçam a atenção das crianças e o

estímulo da vivência de momentos de aprendizagem e de construção de

aprendizagens significativas.

Nesse sentido, dentre outras atividades lúdicas, estão os jogos e as

brincadeiras, que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das

8

crianças e na sua aprendizagem, dando-lhe significado e situando-a no meio em que

está inserida.

O trabalho com jogos e brincadeiras nos espaços de aprendizagens da

Educação infantil favorece a vivência da infância, algo de suma importância nos dias

atuais.

Em suma, o estudo a ser desenvolvido trará por meio da fundamentação

teórica, do período de observação e do desenvolvimento da sequência didática, um

confronto de ideias acerca da ludicidade na Educação Infantil e sua importância para

o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças.

2. A LUDICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL

Atualmente, muito se debate e se discute sobre a utilização da ludicidade nas

escolas. É comum em rodas de professores o surgimento dessa temática tão

relevante, especialmente quando se trata da Educação Infantil. Isso porque a

ludicidade é um fator inerente à infância, ou seja, a criança faz uso das atividades

lúdicas como algo natural e próprio de si.

A ludicidade refere-se a um conceito amplo, que abrange uma grande

quantidade de fatores, e dentre eles, está o fator educacional, o qual se refere à

associação de atividades lúdicas ao desenvolvimento da criança.

Eis que um dos pontos que os professores mais refletem trata-se exatamente

da importância da promoção de atividades lúdicas para as crianças, como forma de

“atrair” a criança para um aprendizado mais complexo, até culminar numa

aprendizagem significativa. Para que se possa compreender a importância da

ludicidade nas escolas de Educação Infantil, é importante que se conheçam alguns

conceitos, como: criança, infância e Educação Infantil.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, a criança é

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010, p. 12)

Sob essa visão, a criança é entendida como um ser que aprende por meio da

interação com o meio em que está inserida, de modo que interage, se relaciona,

9

constrói, dá significados e sentidos e se apropria de saberes que lhe são de grande

importância para o seu desenvolvimento e sua aprendizagem.

Quanto à infância, pode-se afirmar que passou por diversas concepções, as

quais eram relacionadas à sociedade e à cultura de cada época e de cada lugar.

Atualmente, a infância é entendida como uma fase de grande importância para a

criança, pois é nessa fase que a criança se apropria de habilidades que lhe serão

úteis para toda a sua vida.

De acordo com Áries (1978, p. 99), “o sentimento de infância não significa o

mesmo que afeição pelas crianças, corresponde à consciência da particularidade

infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto,

mesmo jovem.” Dessa maneira, nota-se a necessidade de se respeitar as

especificidades das infâncias.1

Já a Educação Infantil é entendida, de acordo com as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil, como

Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. (BRASIL, 2010, p. 12)

Assim sendo, a Educação Infantil é de grande importância para a criança,

tendo em vista que é responsável pelo trabalho com crianças, de modo que haja a

valorização das infâncias e suas peculiaridades.

Por essa razão, as Diretrizes Curriculares Nacionais apontam como eixos

norteadores das práticas pedagógicas, as interações e a brincadeira, que garantem

experiências que:

- Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;

1 A palavra “infâncias” será utilizada no plural em algumas partes do presente estudo, como forma de enfatizar o fato de que infância não é um conceito universal e fechado em si, mas abrange uma diversidade que exige a pluralidade do termo. (BARBOSA, p. 25, 2009)

10

- Recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço temporais; - Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; - Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; - Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS, 2010, p. 25-27)

Com base nisso, pode-se afirmar que a ludicidade favorece, dentre outras

coisas, a vivência social e o encaminhamento de diversos fatores necessários à

infância e ao desenvolvimento da criança. Como afirma BORBA (2007, p. 33):

A experiência do brincar cruza diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada no mesmo tempo pela continuidade e pela mudança. A criança, pelo fato de se situar em um contexto histórico e social, ou seja, em um ambiente estruturado a partir de valores, significados, atividades e artefatos construídos e partilhados pelos sujeitos que ali vivem, incorpora a experiência social e cultural do brincar por meio das relações que estabelece com os outros – adultos e crianças. Mas essa experiência não é simplesmente reproduzida, e sim recriada a partir do que a criança traz de novo, com o seu poder de imaginar, criar, reinventar e produzir cultura. (BORBA, 2007, p. 33):

Dessa maneira, as atividades lúdicas, sendo algo estreitamente ligadas às

crianças, devem estar presentes nas escolas de Educação Infantil, tendo em vista

que não dá para dissociar criança de brincadeira. O caráter lúdico que o brincar

favorece, reflete a fantasia e a imaginação da criança sendo estimulada. O jogo

simbólico, por exemplo, traduz seus sentimentos e emoções e lhe oferece subsídios

para a construção da sua autonomia, dentre muitos outros benefícios.

A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer – e, ao mesmo tempo, aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o

11

caminho para o prazer no brinquedo. (VIGOTSKY, 2000, p. 117)

É necessário, portanto, que as escolas de ensino infantil reflitam sobre o

modo como as brincadeiras e demais atividades lúdicas estão sendo utilizadas, para

que possam contribuir para o desenvolvimento integral das crianças.

2.1. Educação Infantil: Cuidar, Educar e Brincar

É importante ressaltar que a organização do trabalho pedagógico na

Educação Infantil deve se pautar em três pilares principais: Cuidar, Educar e Brincar,

tendo em vista que as crianças que compõem este nível de ensino precisam,

prioritariamente, dessas três ações, direcionadas ao seu desenvolvimento e à

construção da sua autonomia.

A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade considerando a comunidade na qual está inserida e buscando uma maior proximidade com as famílias, compartilhando com elas o cuidado e educação das crianças. (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica, Lei n° 9394/96. Art. 29)

Conforme a LDB n° 9394/96, a Educação Infantil deve arcar com a tarefa de

desenvolver de forma integral a criança até os seis anos de idade, ou seja, até a

referida idade a criança deve estar preparada, nos aspectos físicos, psicológicos,

intelectual e social, em uma ação complementar à da família, de modo a

compartilhar o cuidado e a educação das crianças. Assim sendo, é preciso que a

escola de Educação Infantil tenha em sua proposta, pontos que favoreçam o ensino

e a atenção de que as crianças necessitam e, além disso, uma maneira clara de

manter uma estreita relação com as famílias, para que haja a divisão dessas tarefas.

O cuidar envolve, na Educação Infantil, cuidados com o corpo e com as

necessidades fisiológicas, de modo que a criança tenha a higiene, cuidados com a

saúde e alimentação, com horários organizados e tempo, espaços e materiais

preparados para o desenvolvimento desse tipo de trabalho.

12

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. (RCNEI, vol. I, 1998, p.25)

Sob esse ponto de vista, para considerar-se o cuidar na Educação Infantil, é

necessário antes de mais nada que sejam estabelecidos laços, vínculos entre a

criança e o adulto que cuidará, para que haja eficiência e eficácia no

desenvolvimento do trabalho, de forma que haja o respeito pela singularidade da

criança e assim, se possa manter uma relação de ajuda e fortalecimento das

capacidades das crianças, rumo à sua autonomia.

Vale salientar que a Educação Infantil não se restringe apenas ao cuidar, ela

vai muito além, de forma que o cuidar deve ser apenas uma das ações relevantes

que o professor deve refletir para que aprimore sua prática cada vez mais.

A Educação Infantil não se restringe apenas ao ato de cuidar, pois aliado a

isso, vem a ação de educar, a qual é abrangente e envolve diversos aspectos que

devem ser trabalhados pelo professor em suas atividades pedagógicas e, por essa

razão, merece também reflexões para a melhoria da prática pedagógica na

Educação Infantil.

É importante destacar que o educar não é uma ação específica da escola,

deve ser um complemento do trabalho da família, a qual tem grande

responsabilidade nesse sentido.

Para tanto, a instituição de educação Infantil deve favorecer espaços, tempo e

materiais, ou seja, ter uma rotina voltada para os fins da educação das crianças, que

não se limita apenas às boas maneiras, mas também envolve o desenvolvimento de

valores, atitudes e posturas que servirão de suporte para uma vida social equilibrada

e coerente no meio em que está inserida.

Atrelado ao cuidar e ao educar, tem ainda o brincar, uma ação relevante e

que não pode deixar de ser considerada quando se trata de Educação Infantil.

O brincar é uma ação espontânea do ser humano, mais especificamente na

fase da infância, e isso não pode deixar de ser considerado no ensino infantil.

Apesar de todos os debates e mudanças de conceitos ao longo do tempo, o

brincar atualmente é visto como uma condição para o desenvolvimento integral das

13

crianças, e por essa razão, não pode estar distante da Educação Infantil, ao

contrário, deve estar inserido nos mais diversos espaços de aprendizagem desse

nível de ensino, conforme Borba (2007).

O brincar é uma importante ferramenta para o desenvolvimento da criança,

pois valoriza a infância e desenvolve, ao mesmo tempo, atitudes e ações que irão

favorecer à criança um avanço gradativo no seu processo de aperfeiçoamento e de

crescimento.

A brincadeira tem uma representação, para a criança, de algo prazeroso, livre

e espontâneo. É necessário que se compreenda que o ato de brincar é uma

atividade construtiva, que pode favorecer diversos aprendizados e saberes para a

criança, além de melhorar sua relação com o meio em que vive e consigo mesma.

Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver. (KISHIMOTO, 2010, p. 1).

Dessa forma, a Educação Infantil deve estar também em constante reflexão

acerca do brincar, de modo que possa inserir em sua proposta, atividades lúdicas

direcionadas, com finalidades previamente estabelecidas, em prol do

desenvolvimento das crianças.

De maneira geral, as ações de cuidar, educar e brincar são de suma

importância na constituição da aprendizagem e da personalidade das crianças e por

essa razão, devem estar expostas de forma clara na proposta pedagógica, para que,

dessa maneira, possam ter um efeito positivo no desenvolvimento integral das

crianças.

3. A LUDICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

14

Para o alcance dos objetivos previamente determinados, foi desenvolvida

uma metodologia que se desenvolveu por meio de uma fundamentação teórica, um

período de observação, o desenvolvimento de uma sequência didática e por fim,

uma análise dos dados coletados.

A observação de atividades de sala de aula na Educação Infantil e o

desenvolvimento da sequência didática foram realizadas em uma mesma instituição

de Educação Infantil, a qual encontra-se caracterizada na sequência.

3.1 Caracterização2 da instituição de Educação Infantil

O Centro Municipal de Educação Infantil Professor Evilásio Luiz Victor está

localizada à Rua Tomaz Silveira, 160 – Centro – Lagoa Nova/RN. É uma escola

pública que busca cada vez melhor atender à comunidade num resgate à cidadania

como marco referencial, além do conhecimento sistematizado. Foi criado em 25

(vinte e cinco) de abril de 1997 (mil novecentos e noventa e sete) através do Decreto

nº 025, tendo sido inaugurado no mesmo período. Desde sua inauguração o Centro

Municipal de Educação Infantil Professor Evilásio Luiz Victor atende a Creche e Pré-

escola, deixando de oferecer o ensino da Pré-escola nos anos de 2000 a 2002.

Sendo que no ano de 2003 voltou a oferecer o ensino de Pré-escola.

O referido Centro Infantil em sua inauguração recebeu o nome do Professor

Evilásio Luiz Victor em homenagem ao ex-professor que prestou relevantes serviços

à educação do nosso município. O Centro Municipal de Educação Professor Evilásio

Luiz Victor nasceu da necessidade de atender às famílias de forma inicialmente

assistencialista, ou seja, voltada apenas para o cuidar.

Tal conceito que vem se modificando ao longo dos anos, inclusive na

referida escola, pois já se observa outras concepções relacionadas ao cuidar,

educar e brincar. Mesmo não possuindo ainda um conselho formado existe um

trabalho sistemático com os pais, através de reuniões e palestras, são tomadas

decisões de forma coletiva, havendo uma boa participação, O Centro Municipal de

Educação Infantil Professor Evilásio Luiz Victor dispõe de recursos financeiros do

PDDE desde 10 de junho de 2009. Quanto à estrutura física o Centro Municipal de

2 A Caracterização apresentada está descrita no presente trabalho, tal qual foi repassada pela Instituição de

ensino, podendo coincidir igualdade com a mesma caracterização apresentada em outros trabalhos que possam

ter sido desenvolvidos na mesma instituição.

15

Educação Infantil dispõe de uma prédio medindo 245,78m2 de área construída. O

mesmo não oferece condições adequadas para o trabalho de Creche e Pré-escola.

No ano de 2014 foram feitas pequenas adaptações como: rampas,

alargamento nas portas das salas e banheiros para cadeirante, mas ainda

necessidade uma maior ampliação no sentido de poder atender melhor as crianças

com necessidades educacionais especiais.

A escola possui: quatro 4 salas de aulas, dois 2 banheiros feminino e

masculino adaptados para crianças, uma cozinha, uma cisterna, uma sala para

diretoria, secretaria, professor e coordenação pedagógica, um pequeno pátio onde

as crianças realizam atividades recreativas. As turmas são organizadas tomando-se

como referências a faixa etária das crianças, nomeadas por grupos: GRUPO 1 – A

partir de 2 (dois) anos; GRUPO 2 – A partir de 3 (três) anos; GRUPO 3 – A partir de

4 (quatro) anos; GRUPO 4 – A partir de 5 (cinco) anos.

As referidas turmas são distribuídas nos turnos matutino e vespertino, sendo

assim distribuídas:

Matutino: Creche I, Creche II, Pré I, Pré II

Vespertino: Creche I, Creche II, Pré I, Pré II

Com relação aos recursos humanos, o Centro Infantil é comporto por 27

(vinte e sete) funcionários, sendo onze (11) professores, sendo quase a sua

totalidade com graduação. Inclui-se também três (3) professores da sala de leitura.

Além dos professores conta com quatro (4) Auxiliares de Serviços Gerais – ASG,

uma (1) coordenadora, Diretora e Vice-Diretora.

Quanto aos recursos pedagógicos, dispõe de livros, dicionários, quadro e

giz, retroprojetor, computadores, jogos, brinquedos, tintas, massa de modelar e

serviço de som. Com relação aos aspectos pedagógicos, a escola segue a linha dos

seguintes teóricos: Piaget, Vygotsky, Wallon e Emília Ferreiro.

É importante ressaltar que a linha pedagógica acima citada, foi cedida pela

referida instituição, a qual está inserida no Projeto Político Pedagógico da escola.

O planejamento da escola segue a proposta curricular que está inserida no

Projeto Político Pedagógico (PPP), estando de acordo com as Diretrizes Nacionais

para Educação Infantil e Objetivos Gerais da Educação Infantil. O mesmo acontece

de forma mensal, através de temas que são desenvolvidos em Projetos e

distribuídos por área. As reuniões acontecem por bimestre, em cada sala, onde as

mães ou responsáveis tem acesso às informações no desempenho e aprendizado

16

das crianças. Uma vez garantindo o lugar e permanência é preciso garantir o acesso

a cultura através dos livros, brinquedos, materiais didáticos pedagógicos de acordo

com a idade das crianças, acervos de livros infantis e de espaços que tornem a

escola um lugar prazeroso de se estar.

3.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa selecionados para o desenvolvimento da

investigação foi a turma do Pré-escolar II do turno vespertino, que é composta por

vinte e quatro (24) crianças, sendo que onze (11) são do sexo feminino e treze (13)

do sexo masculino, todos com uma faixa etária de cinco (5) e seis (6) anos de idade.

Três dessas crianças residem na zona rural e as demais na zona urbana.

3.3 Observando o espaço escolar

A observação é muito importante no tocante à compreensão de determinados

pontos relevantes de um trabalho, pois favorece a obtenção de informações que são

de grande valia para a consolidação das ideias, pois como afirma Cano & Sampaio,

(2007):

A observação permite, também, a detecção e obtenção de informações por vezes não apreendidas por outros métodos. Por outro lado, exige rigor e sistematização específicos, diferenciando-se da observação informal e denominando-se observação científica. Para esta última, têm-se um objetivo específico e a questão de pesquisa pode versar sobre os contextos sociais e influência dos mesmos sobre as relações humanas.

Sob essa visão, foi desenvolvido o período de observação, o qual teve a

duração de 5 aulas, em uma turma de pré-escola. No primeiro dia, as professoras

iniciaram a aula acolhendo as crianças e acomodando-as em seus lugares. A sala

estava organizada em forma de círculo e após a acolhida, as crianças foram

convidadas para irem ao centro da sala para cantarem algumas músicas infantis.

Após cantarem, as crianças foram organizadas em círculo, sentadas no chão,

para o momento da roda de conversa, na qual foi lida uma história em um livro e

depois, comentada com a turma.

17

No momento seguinte, as crianças realizaram uma atividade relacionada ao

livro que foi lido.

Após a atividade, foi direcionado um momento de expressão por meio de

desenho, sobre a história lida. As crianças desenharam e as professoras

acompanharam, anotando o que ia sendo desenhado pelas crianças.

Ao término da atividade, os desenhos foram expostos em um mural e as

crianças foram convidadas a se organizarem para a merenda. Após a merenda, não

houve momento para recreio fora da sala de aula, para a brincadeira e interação,

sob a argumentação de que esses momentos não acontecem na escola, devido à

falta de espaço físico e, dessa maneira, são destinados alguns minutos dentro da

própria sala para tal atividade.

O momento do “recreio” dentro da sala foi marcado, inicialmente pelo

alvoroço, pois as crianças queriam correr, subir, fazer barulho, mas o espaço da sala

restringiu a atividade espontânea.

Foram entregues pelas professoras, brinquedos com o intuito de fazer com

que a turma diminuísse o ritmo. Aos poucos, as crianças foram sentando no chão e

brincaram durante o tempo determinado, junto com os colegas.

Após as brincadeiras, foi direcionada uma atividade de recorte e colagem com

a letra inicial do nome de cada um.

O segundo dia teve a mesma sequência, iniciando-se pelo acolhimento,

seguido do momento das músicas e da roda de conversa para a contação de

histórias, uma atividade relacionada à roda de conversa, o “recreio” na própria sala e

depois uma atividade referente à altura das crianças, na qual todas foram medidas e

depois, foi montada uma tabela com os dados das medidas de todas as crianças.

O terceiro dia foi iniciado na mesma forma, com a acolhida, a roda de

conversa, atividade relacionada à roda de conversa, o “recreio” na sala de aula e

uma atividade sobre o alfabeto.

No quarto dia, foi feito o acolhimento e, logo após, as crianças foram

participar do momento cívico, no pequeno pátio da escola, onde cantaram o hino

nacional e o hino do município.

Após esse momento, voltaram para a sala de aula e a professora organizou a

roda de conversa e em seguida desenvolveu uma atividade com um jogo com

figuras e nomes para serem montados com letras móveis, a qual foi realizada com

ajuda das professoras.

18

É importante ressaltar que nessa atividade, as crianças estavam

entusiasmadas e queriam participar todas ao mesmo tempo, de modo que foi

necessário traçar combinados para que todos pudessem participar, aguardando a

sua vez.

Houve o momento da merenda e depois, como de costume, as brincadeiras

na sala de aula seguida de uma atividade, que na ocasião, consistiu em um trabalho

com quantidades, de modo que as crianças utilizaram lápis de cor para agrupar as

quantidades que a professora solicitava.

No quinto e último dia de observação, houve o acolhimento, a roda de

conversa, a história lida em livro, uma atividade de pintura com giz de cera sobre a

leitura, trabalho de escrita do nome, por meio de lista de crianças presentes na sala

e momento da merenda.

Por fim, foi proporcionado um momento de brincadeiras livres, no pátio

externo da escola. Foram levados brinquedos para o local para as crianças

brincarem à vontade junto com os colegas. As professoras sentaram e ficaram

observando as brincadeiras e colaborando na mediação de conflitos que

eventualmente aconteciam, porém, nenhuma anotação foi realizada.

Desse modo, pode-se afirmar que o período em que se deu a observação foi

de grande importância para a compreensão de como a brincadeira e os jogos são

abordados no âmbito escolar, mais especificamente na Educação Infantil.

3.4.Desenvolvendo uma sequência didática

Como parte da metodologia, foi proposto o desenvolvimento de uma

sequência didática, com base em jogos e brincadeiras ligadas a conteúdos

presentes na proposta curricular da Educação infantil.

Inicialmente, foi tomada por base, a rotina a que as crianças já estavam

acostumadas, para que não houvesse divergência no andamento das atividades da

escola.

Foi realizado o acolhimento, cantadas as músicas junto com as crianças, e

nessa ocasião, foram apresentadas outras músicas infantis, diferentes das que as

crianças já estavam habituadas a cantar, todos se envolveram e participaram do

momento musical com bastante entusiasmo e alegria.

19

O segundo momento foi marcado pela roda de conversa, quando foi contada

a história de Cachinhos Dourados e os três ursos, com a utilização de fantoches

confeccionados com palitos de churrasco. As crianças demonstraram gostar do

teatro de fantoches, pois ficaram bastante concentrados no momento da história.

Após a apresentação dos fantoches, foi realizada uma conversa sobre a

moral da história e as crianças participaram expondo suas ideias e opiniões sobre o

que ouviram.

A atividade relacionada à história, foi uma pintura a dedo dos personagens da

história contada e depois foi feito uma exposição no varal da sala, de modo que

todos puderam observar e apreciar as pinturas dos colegas.

Após esse momento, foi proposto que fosse preenchida, em um cartaz, uma

ficha sobre a história de Cachinhos Dourados e os Três Ursos, na qual haviam

perguntas a respeito da quantidade de personagens, onde aconteceu, o que

Cachinhos Dourados fez na casinha dos três ursos, etc.

Após o momento da merenda, foi proposto que fosse realizado um bingo de

letras, de modo que as crianças recebiam cartelas com letras aleatórias e à medida

que foram sendo sorteadas as letras elas deveriam ir pintando o quadrinho com a

letra ditada. Ao final, quem pintasse todos os quadrinhos seria o vencedor.

Foram realizadas três rodadas do jogo e as crianças participaram de forma

ativa e entusiasmada dessa atividade, de modo que se esforçaram para marcar as

letras de forma correta.

Após essa atividade, foi proposto a brincadeira “Boca de forno”, a qual teve a

finalidade de proporcionar a interação das crianças, pois os comandos dados eram

voltados para a aproximação entre elas, como por exemplo:

Boca de forno... forno!

Jacarandá... já!

Se eu mandar... eu vou!

E se não for... apanha!

Maninha, maninha mandou dizer que você abraçasse um colega

Maninha, maninha mandou dizer que você abraçasse dois colegas

Maninha, maninha mandou dizer que você sentasse de frente para um colega

Maninha, maninha mandou dizer que você ficasse de costas para um colega

20

Maninha, maninha mandou dizer que vocês fizessem um grande círculo... (etc.)

Assim, a brincadeira seguiu animada e as crianças estavam cada vez mais

interessadas em saber o próximo comando e participavam com atenção e alegria. A

aula foi encerrada com músicas em um som para que as crianças se expressassem

por meio do movimento.

Em suma, foi possível perceber que algumas crianças ainda não pulam num

pé só, outras têm dificuldade de se relacionar com os colegas, umas têm ritmo,

outras ainda não têm, e assim o desenvolvimento da sequência didática teve grande

relevância para o estudo do tema.

4. ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados se constitui em uma importante etapa para a

compreensão do tema proposto, pois pode ter uma abrangência significativa a ponto

de se tornar um processo contínuo e que pode se estender indefinidamente.

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos (Gil, 1999, p. 168).

Sob essa ótica, os dados obtidos por meio do desenvolvimento da

metodologia, trouxeram contribuições relevantes para a compreensão do tema

proposto.

A revisão teórica teve grande contribuição para a consolidação de dados

acerca do tema em estudo, tendo em vista que proporcionou uma reflexão acerca da

ideia central do estudo. Foi possível compreender que a ludicidade presente nos

jogos e nas brincadeiras é um importante elemento no processo de ensino-

aprendizagem, tendo em vista seu caráter lúdico e eficiente no envolvimento das

crianças nas descobertas.

Além disso, contribuem para a formação da criança, pois é algo que envolve

sua cultura e a valorização da infância, fatores que são relevantes para o processo

de desenvolvimento integral das crianças, e por essa razão, devem estar presente

21

no cotidiano da Educação Infantil, de forma clara em propostas pedagógicas de

instituições do ensino infantil.

Assim sendo, a revisão teórica gerou reflexões importantes para a melhoria

do ensino e para a formação de opiniões acerca da relevância dos jogos e

brincadeiras na Educação infantil.

Ao final do período de observação, se pode observar que a brincadeira foi

utilizada, na maioria das vezes, somente como um entretenimento, sem finalidades

pedagógicas definidas nem objetivos previamente estabelecidos.

O espaço reduzido da escola deixa a desejar na realização de atividades

lúdicas que envolvam o movimento, a dança, a interação, o faz de conta, a

realização de jogos brincadeiras diversas, dentre outras, o que compromete o

trabalho com os jogos e as brincadeiras, no tocante ao seu caráter educativo e

ligado ao desenvolvimento integral da criança, além da sua função social.

No que se refere ao uso de jogos, foi possível observar que teve pouca

utilização, o que consiste em uma reflexão a ser feita, algo a ser pensando e

planejado, para que possa atender às necessidades das crianças e da fase em que

se encontram, pois o aprendizado por meio dos jogos é de grande valia no processo

de ensino-aprendizagem.

Os jogos e brincadeiras livres foram utilizados uma vez na semana, mais

especificamente no último dia e não teve a finalidade de observar avanços e

aprendizados adquiridos pelas crianças, mas sim, foi um momento de deixar elas à

vontade, de forma que as professoras mantiveram a postura apenas de

expectadoras e, vez ou outra, de mediadoras de conflitos.

Dessa maneira, pode-se considerar que o período de observação teve grande

contribuição para a compreensão de atitudes, posturas, ideias e reflexões acerca da

utilização de jogos e brincadeiras na Educação infantil.

Quanto ao desenvolvimento da sequência didática, foi possível perceber que

as crianças apreciam atividades lúdicas e aprendem muito com isso. Além disso, as

atividades que envolvem jogos e brincadeiras são de grande relevância para o

desenvolvimento integral da criança.

Dessa maneira, pode-se afirmar que a sequência didática serviu para

concretizar o que foi evidenciado na revisão teórica, de modo que se constatou que

a brincadeira e os jogos são de grande importância para o processo de ensino-

aprendizagem, tendo em vista que a ludicidade presente nesse tipo de atividade

22

desperta na criança o interesse, a curiosidade, a imaginação, a expressão, dentre

outros fatores necessários ao bom desenvolvimento da criança.

Em suma, este estudo contribuiu para a compreensão dos jogos e

brincadeiras na Educação Infantil, contudo, seriam necessárias pesquisas mais

aprofundadas, com acompanhamento longitudinal para a concretização de dados

mais específicos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, a ludicidade presente nos jogos e nas brincadeiras é um assunto

que está presente nas conversas entre professores e comunidade escolar em geral,

e que diverge opiniões e formas de abordar e de trabalhar em sala de aula e demais

espaços de aprendizagens do ensino infantil.

O tema proposto para o estudo foi “Jogos e brincadeiras: a importância da

ludicidade na Educação Infantil” e se fundamentou na necessidade de refletir sobre

a utilização de jogos, brincadeiras e atividades lúdicas de forma geral.

O estudo do tema propiciou o aprimoramento de conceitos, ideias e opiniões,

além da análise da prática pedagógica, no tocante à importância da ludicidade para

o desenvolvimento da criança.

Cada uma das etapas da metodologia traçada para o desenvolvimento do

presente estudo, foi muito importante, tendo em vista que trouxe contribuições

relevantes para a compreensão do tema.

Dessa maneira, pode-se afirmar que a revisão teórica gerou reflexões

importantes para a melhoria do ensino e para a formação de opiniões acerca da

relevância dos jogos e brincadeiras na Educação infantil.

No que se refere ao período de observação, pode-se considerar que teve

grande contribuição para a compreensão de atitudes, posturas, ideias e reflexões

acerca da utilização de jogos e brincadeiras na Educação infantil.

Quanto à sequência didática serviu para concretizar o que foi evidenciado na

revisão teórica, de modo que se constatou que a brincadeira e os jogos são de

grande importância para o processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista que a

ludicidade presente nesse tipo de atividade desperta na criança o interesse, a

curiosidade, a imaginação, a expressão, dentre outros fatores necessários ao bom

desenvolvimento da criança.

23

Assim sendo, o tema foi estudado, de modo que teve seu objetivo alcançado,

pois foi desenvolvido um estudo voltado para a utilização de jogos e brincadeiras,

como um componente do processo de ensino aprendizagem na Educação Infantil.

A metodologia em sua totalidade, com seus momentos específicos favoreceu

uma reflexão acerca da importância dos jogos e brincadeiras nos espaços de

aprendizagem da Educação Infantil.

Além disso, foi possível compreender de que maneira a ludicidade é

entendida e utilizada no dia-a-dia da Educação Infantil.

Portanto, o presente estudo é de grande importância para a formação

profissional e para a reflexão de práticas e procedimentos utilizados na Educação

Infantil, no que se refere às atividades lúdicas, dentre os quais estão os jogos e as

brincadeiras.

24

REFERÊNCIAS

ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro. LTC,1978. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Práticas cotidianas na Educação Infantil - Bases para a reflexão sobre as orientações curriculares. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica/ Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Brasília, 2009. BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010. _____, Lei nº. 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. Ministério da Educação e do Desporto, 1996. _____. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. BORBA, Ângela Meyer. O brincar com um modo de ser e estar no mundo. In: Brasil, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ensino Fundamental de nove anos: Orientações para a inclusão das crianças de seis anos de idade. 2 ed. Brasília, 2006. CANO, D.S; SAMPAIO I.T.A. O método de observação na psicologia: Considerações sobre a produção científica. Interação em Psicologia, v.11, 2007. GIL, A .C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. IN: Seminário Nacional Currículo em movimento. Perspectivas atuais. 2010. Anais. Belo Horizonte, 2010. VIGOTSKY, Lev Semenovich. O papel do brinquedo no desenvolvimento. IN: _____. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.