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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL LUIZ ARTHUR BARBOSA DA SILVA CORRELAÇÃO DA IMUNOEXPRESSÃO DO FATOR DE CHOQUE TÉRMICO 1 (HSF1) COM ASPECTOS CLINICOPATOLÓGICOS EM CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÍNGUA ORAL Natal/RN 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...Thalita, como foi bom conviver com você tão de perto esses dois anos, vai ser estranho sem te levar no aeroporto, sem os almoços

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

LUIZ ARTHUR BARBOSA DA SILVA

CORRELAÇÃO DA IMUNOEXPRESSÃO DO FATOR DE CHOQUE

TÉRMICO 1 (HSF1) COM ASPECTOS CLINICOPATOLÓGICOS EM

CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÍNGUA ORAL

Natal/RN

2016

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Luiz Arthur Barbosa da Silva

CORRELAÇÃO DA IMUNOEXPRESSÃO DO FATOR DE CHOQUE

TÉRMICO 1 (HSF1) COM ASPECTOS CLINICOPATOLÓGICOS EM

CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÍNGUA ORAL

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do Título de Mestre em Patologia

Oral.

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel

Natal/RN

2016

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Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

Silva, Luiz Arthur Barbosa da.

Correlação da imunoexpressão do fator de choque térmico 1 (hsf1) com aspectos

clinicopatológicos em carcinomas de células escamosas de língua oral/ Luiz Arthur

Barbosa da Silva. – Natal, RN, 2016.

125 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel.

Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia.

1.carcinoma de células escamosas – Dissertação. 2. Proteínas de Choque Térmico –

Dissertação. 3. Imuno-histoquímica. – Dissertação.4. Prognóstico I. Miguel, Márcia

Cristina da Costa. II. Título.

RN/UF/BSO Black D65

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Dedicatória

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a todos as pessoas que enfrentam ou enfrentaram a

batalha contra o câncer.

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Agradecimentos

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, que me protege e me guarda, guia os meus passos, me ajuda a vencer

os desafios e permite a realização dos meus sonhos.

Aos meus avós, João Batista (in memorian) e Terezinha, que tudo fizeram

para que eu tivesse sempre a melhor educação. Sem vocês eu não teria conseguido

chegar até aqui. Minha gratidão será eterna.

Aos meus pais, Jacineide e Jurandir, pelo amor incondicional, pelo apoio e por

sempre acreditarem em mim. Espero que ainda possa trazer muitas alegrias para vocês.

À minha madrasta, Márcia, por todo carinho, cuidado e atenção.

Ao Tio Elsinho, por todo o suporte que recebi ao longo desses anos. Espero um

dia poder retribuir de alguma forma tudo que você fez por mim.

A todos os meus familiares, por toda a torcida pelo meu sucesso e por vibrarem

com as minhas conquistas.

À Profª Márcia Cristina da Costa Miguel, minha orientadora, pelo

perfeccionismo com que guiou nossas atividades, por ser sempre tão acessível, pela

paciência, que às vezes deve chegar ao limite, pelo exemplo de pesquisadora ética e

sempre em busca de novos conhecimentos, pela atenção até mesmo em momentos fora

da faculdade e por sempre me desafiar a querer melhorar. Sua inteligência e dedicação

são inspiradoras. Mesmo sem a senhora perceber, aprendi coisas que vão além da

Patologia e que vou levar comigo aonde eu for. Que venha muito mais trabalho no

doutorado!

À Profª Lélia Batista de Souza, por toda sua dedicação ao nosso PPgPO e por

sempre contribuir para a nossa formação como futuros patologistas e docentes. Admiro

sua sinceridade marcante e sua felicidade ao recordar dos momentos vividos e dos

alunos que por aqui já passaram e eu terei muita satisfação em dizer que fui um desses

seus alunos.

À Profª Érica Janine Dantas da Silveira, pelo exemplo de dinamismo e

entusiasmo com que realiza suas diversas atividades. Obrigado pela dedicação ao

transmitir seus conhecimentos tanto em Patologia oral quanto em Estomatologia, pelas

sugestões no exame de qualificação desse trabalho, pela motivação, pela atenção sempre

que requisitada e pelos momentos de descontração.

À Profª Lélia Maria Guedes Queiroz, por toda experiência transmitida, pelo

convívio harmonioso e por me tratar tão bem nos nossos encontros e conversas

descontraídas. Tenho muita consideração pela senhora. Ao Profº Leão Pereira Pinto,

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pela força de vontade e dedicação ao fundar esta reconhecida Pós-graduação que vem

contribuindo para a formação de tantos profissionais qualificados; à Profª Hébel

Cavalcanti Galvão pelo carinho de sempre e pelas valiosas contribuições feitas no

exame de qualificação desta pesquisa; à Profª Roseana de Almeida Freitas, pela

serenidade com que transmite todo o seu conhecimento e pela clareza de seus

pensamentos e opiniões; ao Profª Carlos Augusto Galvão, pela gentileza e pelas

contribuições para formação da minha turma; ao Profº Antônio de Lisboa Costa pelo

convívio agradável; à Profª Ana Myriam Costa Medeiros e à Profª Patrícia Teixeira

pela convivência nas clínicas de Estomatologia. Ao Profº Bruno Gurgel pelos seus

valiosos ensinamentos.

Ao Profº Kênio Lima pela contribuição na análise estatística desta pesquisa.

Ao Profº José de Amorim Lisboa Neto. Sua dedicação e profissionalismo

foram decisivos na minha escolha, ainda na graduação, pela Patologia oral. Sempre

lembrarei dos seus ensinamentos não só para minha formação profissional, mas também

para minha formação pessoal. Obrigado pelo incentivo, amizade e confiança.

A todos os meus outros grandes professores da graduação, em especial à Profª

Luciana Cavalcanti de Araújo, Profº Luiz Carlos de Oliveira Santos, Profº Lécio

Machado, Profº Ricardo Viana Bessa Nogueira e Profº Vânio Santos Costa que me

estimularam, me deram oportunidades e que serviram como exemplos que me fizeram

escolher este caminho.

A minha turma de mestrado, Amanda, Angélica, Eduardo, Hugo, Leorik,

Jefferson, Mara, Marianna, Patrícia, Rodrigo e Thalita. Não teria sido tão bom se

não fosse com vocês. Obrigado por me receberem tão bem, por todo o aprendizado

compartilhado e pela ajuda mútua durante esses dois anos. Aos que ficam para o

doutorado, vamos em frente juntos nesse novo desafio, aos que vão trilhar outros

caminhos, cada vez mais conquistas e sorte, sempre será uma alegria reencontrá-los.

Leorik, obrigado pela sua amizade, pelas conversas, pelas risadas e por fazer as

melhores comidas. Sua sede pelo conhecimento é notável e seu sucesso é certo.

Thalita, como foi bom conviver com você tão de perto esses dois anos, vai ser estranho

sem te levar no aeroporto, sem os almoços dos domingos, sem conjugar o verbo, etc.

Obrigado por tudo! Vou ficar aqui torcendo para você alcançar todos os seus objetivos.

Jefferson, como a gente se deu tão bem e como vai ser diferente sem nossas resenhas

de sempre. Seja muito feliz! Eduardo, criatura asteca, quem diria que eu criaria um

vínculo tão forte com um mexicano. A gente já fez muita coisa aqui nesse Brasil, muitas

histórias para contar e recordar. Irei ao México para você me provar que lá não existe só

Chaves, Acapulco, Maria do Bairro, Usurpadora, etc etc.

À Mestra Melka, por ter compartilhado tantos momentos comigo nesses

últimos meses. Obrigado por me apresentar à Liga e pela ajuda nesta pesquisa. Sempre

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lembrarei da nossa Arquivologia e de tantos momentos vividos. Ficarei feliz ao receber

notícias das suas vitórias e eu não vou te esquecer. Quero sempre te encontrar com esse

sorriso no rosto.

A Salomão, pela ajuda essencial na análise estatística deste trabalho. Obrigado

pela paciência.

A todos os outros companheiros de jornada patológica, Malu, Andreia, Vivi,

Marcelo, Luciana, Tiago, Laudenice, Laura, Rafaela, Nathalia, Rose, Clarissa,

Jadson e Jamile obrigado pelos muitos momentos vividos nesse período. Espero que

todos alcancem os seus objetivos! Denise e Aninha, vocês vão fazer muita falta.

À Gracinha, por toda prestatividade e apoio na nossa Pós-graduação. Parabéns

pela profissional competente, atenciosa e carismática que você é.

À Lourdinha, que com sua alegria contagiante tornou esse período muito mais

leve e animado. Você é uma pessoa cativante! Que possamos continuar dando boas

risadas pelos corredores da Patologia.

À Sandrinha, Ricardo e Hévio pela dedicação com que desempenham as suas

funções e pela qualidade dos trabalhos executados. Obrigado pela gentileza constante.

A todos os funcionários da Liga norte-riograndense contra o câncer, em especial

Michele, Eduardo e Najara. Obrigado pelo cuidado, atenção e disponibilidade.

Aos amigos potiguares, Alberto, Felipe e Michel, obrigado pela amizade nos

bons e maus momentos. Quero tê-los sempre comigo.

A todos os amigos que mesmo longe torcem por mim, obrigado pelo

companheirismo de todos e por entenderem as minhas ausências.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa e do meu curso

de mestrado.

A Natal, que já considero minha segunda casa, não poderia ter escolhido lugar

melhor para viver esses anos.

“Isso é pra te levar na fé

Deus é brasileiro

Muito obrigado axé...”

“Alegria agora

Agora e amanhã

Alegria agora e depois

E depois e depois de amanhã...”

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Resumo

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RESUMO

O carcinoma de células escamosas de língua oral apresenta altas taxas de morbidade e

mortalidade na população, com isso, enormes esforços estão sendo feitos para

categorizar alterações morfológicas e identificar biomarcadores que tenham valor

prognóstico, bem como que estratifiquem os pacientes em opções terapêuticas

individualizadas. Nessa perspectiva, destaca-se o fator do choque térmico 1 (HSF1), o

qual é um fator de transcrição de proteínas do choque térmico (HSPs) que permite ao

câncer lidar com estressores associados à malignidade, atuando de diferentes formas na

progressão tumoral. Esta pesquisa objetivou realizar a análise clinicopatológica de 70

casos de carcinoma de células escamosas de língua oral (CCELO) e o estudo

imunoistoquímico da expressão da proteína HSF1 em CCELO em comparação com 30

espécimes de mucosa oral normal (MON), correlacionando-se, ainda, esta

imunoexpressão com aspectos clinicopatológicos do CCELO. Para a associação da

imunoexpressão com os aspectos clinicopatológicos, os casos foram categorizados em

menor e maior superexpressão de HSF1, a partir da mediana do escore de

imunomarcação. Quanto aos casos de CCELO, 57,1% exibiram estadiamento clínico III

ou IV, 82,9% foram gradados como de alto grau segundo Bryne (1998) e 47,1% como

de alto risco de malignidade segundo Brandwein-Gensler et al., (2005). Foi observada

uma taxa de sobrevida livre de doença de 47,84% e taxa de sobrevida global de 68,20%

nos casos analisados e que o alto grau de malignidade segundo a Gradação de Bryne

(1998) (p= 0,05) e tamanho do tumor T3 ou T4 (p= 0,04), recidiva local (p= 0,02) e

invasão perineural (p= 0,02) determinaram impactos negativos nesses tempos de

sobrevida. Encontrou-se resultado estatisticamente significativo (p<0,01) quando

comparou-se a imunoexpressão de HSF1 entre a MON e o CCELO. Esta significativa

maior expressão de HSF1 nos casos de CCELO sugere que esta proteína atue, de fato, no

processo de patogênese desta lesão. Entretanto, não foram encontradas associações

estatisticamente significativas entre esta superexpressão com os parâmetros

clínicopatológicos analisados. Esse achado pode refletir a influência de eventos

epigenéticos sobre o gene HSF1 ou uma possível estabilidade da expressão desta proteína

ao longo da progressão da doença.

Palavras-chave: carcinoma de células escamosas de língua oral, fator de choque

térmico 1, aspectos clínicopatológicos, imunoistoquímica, prognóstico.

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Abstract

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ABSTRACT

Squamous cell carcinoma of oral tongue shows high rates of morbidity and mortality in

the population, therefore, great efforts are being made to classify morphological

changes and identify biomarkers that have prognostic value and that are able to group

patients in individualized therapeutic options. From this perspective, there is the heat

shock factor 1 (HSF1), which is a heat shock factor transcription protein (HSPs) that

allows the cancer to deal with stressors associated with malignancy, acting differently in

tumor progression. This research aimed to perform a clinico-pathological analysis of 70

cases of oral tongue squamous cell carcinoma (OTSCC) and immunohistochemical

study of the expression of HSF1 protein in OTSCC, comparing it with 30 specimens of

normal oral mucosa (NOM), and correlating this immunostaining with clinico-

pathological aspects of OTSCC. To analyze the association between immunoexpression

of HSF1 and clinicophatoloical aspects, the cases were categorized in minor and major

overexpression, based in the median immunostaining score. Regarding the cases of

OTSCC, 57.1% showed clinical stage III or IV, 82.9% were graded as high grade

according to Bryne (1998) and 47.1% as high risk of malignancy according to

Brandwein-Gensler et al., (2005). A disease free survival rate of 47.84% and overall

survival rate of 68.20% was observed in the analyzed cases, and the high degree of

malignancy according to Bryne’s system (1998) (p=0.05), tumor size T3 or T4

(p=0.04), local recurrence (p=0.02), and perineural invasion (p=0.02) determined

negative impacts in survival time. We observed also a statistically significant result

(p<0.01) when comparing the immunoreactivity of HSF1 between NOM and OTSCC.

This significantly increased expression of HSF1 in cases of OTSCC suggests that this

protein acts, indeed, in the pathogenesis of this disease. However, there were no

statistically significant associations between this overexpression and the clinico-

pathological parameters analyzed. This finding may reflect the influence of epigenetic

events on HSF1 gene or a possible stability of this protein expression throughout

disease progression.

Key-words: oral tongue squamous cell carcinoma, heat shock factor 1,

clinicopathological aspects, immunohistochemistry, prognosis

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Lista de ilustrações

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Via de ativação HSF1/HSPs................................................................. 41

Figura 2: CCELO altamente ceratinizado com padrão de invasão organizado

em ilhas e também em ninhos com menos de 15 células. De permeio,

escasso infiltrado inflamatório..............................................................

66

Figura 3: CCELO exibindo ausência de ceratinização. Observa-se área de

comedonecrose no centro de uma ilha tumoral, além de infiltrado

inflamatório praticamente ausente.........................................................

66

Figura 4: Atipias celulares em caso de CCELO. Observa-se a presença de

pleomorfismo celular e nuclear, nucléolos proeminentes e figuras de

mitose.....................................................................................................

66

Figura 5: CCELO exibindo células neoplásicas malignas dissociadas

individualmente em meio a intenso infiltrado inflamatório..................

67

Figura 6: Invasão perineural de pequeno nervo em CCELO................................ 67

Figura 7: Presença de tumor satélite em CCELO................................................. 67

Figura 8: Imunomarcação da proteína HSF1 no epitélio da MON. Nota-se

maior quantidade de células imunomarcadas nas camadas basal e

parabasal, com intensidade de marcação variando de fraca a

moderada. A maioria das células nas camadas superficiais mostra-se

negativas.................................................................................................

75

Figura 9: Imunomarcação da proteína HSF1 na transição entre epitélio normal

e epitélio displásico................................................................................

75

Figura 10: Imunomarcação da proteína HSF1 em área de transição entre epitélio

normal e CCELO...................................................................................

75

Figura 11: Imumarcação de HSF1 em área de CCELO in situ. Observa-se a

distribuição das células positivas em toda a extensão do epitélio

neoplásico com intensidade de imunomarcação variando de moderada

a intensa..................................................................................................

76

Figura 12: Imunomarcação da proteína HSF1 no front de invasão em CCELO.... 76

Figura 13: Imunomarcação da proteína HSF1 em CCELO. Verifica-se a grande

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densidade de células intensamente imunomarcadas.............................. 76

Gráfico 1: Box-plot relativo ao escore de intensidade da imunoexpressão da

proteína HSF1 com relação as lesões avaliadas.....................................

72

Gráfico 2: Box-plot relativo ao porcentual de positividade da proteína HSF1

com relação as lesões avaliadas.............................................................

72

Gráfico 3: Sobrevida livre de doença...................................................................... 79

Gráfico 4: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida livre de

doença para Gradação de Bryne (1998)……………………………….

79

Gráfico 5: Sobrevida global em 5 anos................................................................... 84

Gráfico 6: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida de 5 anos para

os tamanhos dos tumores……………………………………………...

84

Gráfico 7: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida de 5 anos para

recidivas dos tumores………………………………………………….

85

Gráfico 8: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida de 5 anos para

invasão perineural……………………………………………………...

85

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Lista de tabelas e quadros

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1: Sistema de gradação de malignidade proposto por Bryne (1998)......... 54

Quadro 2: Modelo de risco histológico de malignidade proposto por

Brandwein-Gensler et al., (2005).......................................................... 55

Quadro 3: Coleta dos dados do Sistema de gradação de malignidade proposto

por Bryne (1998)................................................................................... 118

Quadro 4: Coleta dos dados do Modelo de risco histológico de malignidade

proposto por Brandwein-Gensler et al., (2005)..................................... 119

Quadro 5: Coleta dos dados imunoistoquímico.................................................... 120

Quadro 6: Sistema TNM para o carcinoma de células escamosas orais................ 122

Quadro 7: Categorias de estadiamento clínico TNM para o carcinoma de células

escamosas orais..................................................................................... 123

Tabela 1: Frequência dos casos de CCELO segundo sexo, idade e hábitos dos

pacientes. Natal- RN, 2016……………………………..…………... 60

Tabela 2: Frequência dos casos de CCELO segundo os critérios do TNM e

estágio clínico. Natal-RN, 2016……………………………………. 61

Tabela 3: Análise do comportamento clínico da doença após o tratamento

inicial. Natal-RN, 2016……………………………………………... 62

Tabela 4: Análise morfológica dos casos de CCELO segundo os

critérios determinados por Bryne (1998). Natal-RN, 2016..............… 64

Tabela 5: Análise morfológica dos casos de CCELO segundo os

critérios determinados por Brandwein-Gensler et al. (2005). Natal-RN,

2016…………………………………………………………………. 64

Tabela 6: Associação do estadiamento clínico em relação a parâmetros

epidemiológicos, vícios dos pacientes e parâmetros clínicos.............. 68

Tabela 7: Associação da Gradação de malignidade de Bryne (1998) e

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Brandwein-Gensler et al., (2005) em relação a parâmetros clínicos..... 70

Tabela 8: Análise comparativa da imunoexpressão de HSF1 em MON e

CCELO segundo o escore de intensidade de marcação celular e

percentual de imunopositividade. Natal-RN, 2016............................... 72

Tabela 9: Associação da superexpressão da proteína HSF1 em relação aos

parâmetros clínicopatológicos. Natal-RN, 2016................................... 74

Tabela 10: Sobrevida livre de doença dos casos de CCELO de acordo com os

parâmetros epidemiológicos, clínicos e imunoistoquímico. Natal –

RN, 2016............................................................................................... 78

Tabela 11: Associação dos óbitos em relação aos parâmetros clínicopatológicos

e imunoistoquímico. Natal-RN, 2016................................................... 81

Tabela 12: Taxa de sobrevida em 5 anos dos casos de CCELO de acordo com os

parâmetros epidemiológicos, clínicos e imunoistoquímico. Natal –

RN, 2016...............................................................................................

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Lista de abreviaturas e siglas

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADH – Enzima álcool desidrogenase, do inglês Alcohol Dehydrogenase

CCE – Carcinoma de células escamosas

CCEO – Carcinoma de células escamosas orais

CCELO – Carcinoma de células escamosas de língua oral

CCECP – Carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço

CpG – Dinucleotídeo citosina – guanina

CTLA-4 – Antígeno 4 do linfócito T citotóxico, do inglês cytotoxic T-lymphocyte-

associated protein 4

HPV – Papiloma vírus humano, do inglês Human papillomavirus

HSF1 – Fator de choque térmico 1, do inglês Heat shock factor 1

HSP – Proteína de choque térmico, do inglês Heat shock protein

HSR - Resposta de choque térmico do inglês Heat shock response

INCA – Instituto Nacional do Câncer

mRNA – RNA mensageiro

miRNA – Micro-RNA

MON – Mucosa oral normal

OMS – Organização Mundial da Saúde

PD-1 – Morte programada 1, do inglês Programmed cell death protein 1

pRB – Proteína retinoblastoma

ROS – Espécies reativas de oxigênio, do inglês reactive oxygen species

siRNA – do inglês small interfering RNA

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Sumário

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 27

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................... 30

2.1 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ORAL.................................. 30

2.2 FATOR DE CHOQUE TÉRMICO 1............................................................... 41

3 OBJETIVOS ................................................................................................. 48

3.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 48

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 48

4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 50

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ........................................................................ 50

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO............................................................. 50

4.3 POPULAÇÃO.................................................................................................. 50

4.4 AMOSTRA...................................................................................................... 50

4.4.1 Critérios de inclusão........................................................................................ 51

4.4.2 Critérios de exlcusão........................................................................................ 51

4.5 ESTUDO CLÍNICO ........................................................................................ 52

4.6 ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO................................................................ 52

4.7 ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO................................................................. 55

4.7.1 Análise da marcação imunoistoquímica........................................................... 56

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTIA ................................................................................ 57

5 RESULTADOS............................................................................................... 60

5,1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.......................................................... 60

5.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA........................................................................... 63

5.3 ANÁLISE CLINICOPATOLÓGICA.............................................................. 68

5.4 ANÁLISE IMUNOISTOQUÍMICA................................................................ 71

5.5 ANÁLISE DE SOBREVIDA.......................................................................... 77

6 DISCUSSÃO................................................................................................... 87

7 CONCLUSÕES ............................................................................................. 101

8 REFERÊNCIAS............................................................................................. 103

9 APÊNDICES................................................................................................... 114

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9.1 APÊNDICE A.................................................................................................. 113

9.2 APÊNDICE B................................................................................................... 117

9.3 APÊNDICE C................................................................................................... 118

9.4 APÊNDICE D.................................................................................................. 119

9.5 APÊNDICE E................................................................................................... 120

10 ANEXOS......................................................................................................... 122

10.1 ANEXO 1......................................................................................................... 122

10.2 ANEXO 2......................................................................................................... 124

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Introdução

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1. INTRODUÇÃO

O carcinoma de células escamosas oral (CCEO) é a neoplasia maligna que se

origina a partir do epitélio de revestimento da mucosa oral, sendo considerado o sexto

tipo de câncer mais frequente em todo o mundo (BINMADI, BASILE, 2011; JARDIM

et al., 2015, LÓPEZ-CEDRUM, LLANO, 2015). Acredita-se que tanto fatores

intrínsecos quanto extrínsecos estão envolvidos na carcinogênese oral e que a inter-

relação entre esses fatores refletem na suscetibilidade genômica a sofrer alterações que

induzem as células a um fenótipo maligno (WARNAKULASURIYA, 2009; SIMARD,

TORRE, JEMAL, 2014).

O CCEO exibe um alto potencial de crescimento infiltrativo nos tecidos

adjacentes, além de poder promover metástases regionais e chegar a sítios distantes,

principalmente quando diagnosticado tardiamente, gerando uma taxa de sobrevida

global de 50% a 60% em 5 anos (TAKES et al., 2012). Quando considerados os sítios

intraorais, 25%-40% dos casos ocorrem na porção oral da língua (LÓPEZ-CEDRUM,

LLANO, 2015). O prognóstico do CCEO mostra-se variável, tendo em vista que muitos

pacientes com o mesmo estágio clínico da doença podem apresentar uma evolução

clínica e taxas de sobrevida distintas (ÁVILES-JURADO et al., 2012, MUCK et al.,

2016). Neste contexto, enormes esforços estão sendo feitos com o objetivo de

categorizar alterações morfológicas com possibilidades de prognóstico e identificar

biomarcadores que possam classificar e monitorar a progressão do CCEO, com poder

preditivo de recorrência e metástase e com potencial de gerar novas estratégias

terapêuticas que possam estratificar os pacientes em opções terapêuticas

individualizadas.

Neste sentido, destaca-se o fator de choque térmico 1 (HSF1), o qual é o

principal regulador da resposta ao choque térmico que protege as células do calor,

isquemia, inflamação, metais pesados, estresse oxidativo e outras condições nocivas

(JIANG et al., 2015). HSF1 é reconhecido como o mais importante fator de transcrição

que regula as proteínas do choque térmico (HSPs), que são chaperonas que protegem as

proteínas mal montadas da destruição conduzindo-as por organelas e auxiliando-as na

sua reparação (MOHTASHAM et al., 2011).

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O HSF1 também co-regula outras vias de sinalização importantes e influencia o

controle do ciclo celular, tradução proteica, metabolismo da glicose, evasão da

apoptose, dentre outras funções, estando, assim, também envolvido na tumorigênese

oral (SANTAGATA et al., 2011; DAI, SAMPSON, 2016).

Nas células malignas, uma imensa variedade de condições estressoras origina-se

do meio ambiente tumoral e das mudanças internas drásticas na fisiologia celular que

são marcas registradas do câncer. O HSF1 possibilita aos tumores malignos lidar com

estressores associados à malignidade, permitindo a reconfiguração do seu metabolismo

e homeostase proteica, facilitando, assim, a oncogênese (SANTAGATA et al., 2011;

CHEN et al., 2014).

Recentemente, algumas pesquisas mostraram que o HSF1 apresenta níveis

elevados em vários tipos de carcinoma, como de endométrio, fígado, rins, cólon,

próstata e mama. Esses achados permitiram aos autores sugerirem que o HSF1 pode ser

um biomarcador diagnóstico e potencial alvo terapêutico para controlar a progressão do

tumor (SANTAGATA et al., 2011; FANG et al., 2012; HEIMBERGER et al., 2013;

ENGERUD et al., 2014; JIANG et al., 2015), sendo poucos os trabalhos que tem

investigado HSF1 em CCEO.

Desta forma, o objetivo desta pesquisa foi realizar a análise clinicopatológica de

casos de carcinoma de células escamosas de língua oral (CCELO) e o estudo

imunoistoquímico dos níveis de expressão da proteína HSF1 em CCELO em

comparação com espécimes de mucosa oral normal (MON), correlacionando-se, ainda,

esta imunoexpressão com aspectos clinicopatológicos do CCELO.

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Revisão da literatura

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ORAIS

A OMS estima que em 2030 sejam esperados aproximadamente 27 milhões de

casos incidentes de câncer no mundo, além de 75 milhões de pessoas vivas com essa

doença. O câncer é responsável por aproximadamente 10% de todas as mortes que

ocorrem em países economicamente desenvolvidos e 20% nos países subdesenvolvidos.

O recente crescimento na incidência das neoplasias malignas deve-se, principalmente,

ao aumento da idade populacional e à consequente maior exposição a fatores de risco

como o tabagismo, etilismo, dietas nutricionalmente pobres, raios ultravioleta,

sedentarismo, infecções, entre outros (PETERSEN, 2009).

A incidência, grau de morbidade e mortalidade relacionadas ao CCEO diferem

de um país para o outro e até mesmo em diferentes regiões de um mesmo país,

sobretudo pelas diferenças no estilo de vida da população, hábitos, características

socioeconômicas, herança cultural, grau intelectual, expectativa de vida e qualidade dos

serviços de saúde (BRENER et al., 2007).

O Brasil apresenta a maior incidência de câncer oral da América Latina

(WARNAKULASURIYA, 2009). O INCA (2016) estimou para o país 11.140 casos

novos de câncer da cavidade oral em homens e 4.350 em mulheres, representando,

respectivamente, 5,2% e 2,1% de todos os casos diagnosticados na população brasileira.

Tais valores correspondem a um risco estimado de 11, 27 novos casos a cada 100 mil

homens e 3,92 a cada 100 mil mulheres.

Múltiplos fatores de risco estão envolvidos no desenvolvimento do CCEO. Não

há um agente ou fator causador isolado, claramente definido ou aceito, mas tanto fatores

extrínsecos quanto intrínsecos podem estar em atividade. Fatores intrínsecos como

alterações genéticas, deficiências nutricionais e imunossupressão e fatores extrínsecos

como consumo de tabaco e álcool, exposição aos raios solares e alguns vírus têm sido

apontados como possíveis agentes etiológicos (BERMAN, COCKERELL, 2012; TÚRI

et al., 2013).

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O uso crônico de tabaco e álcool é bem reconhecido como o principal fator de risco

para o desenvolvimento do CCEO. Mais de 60 substâncias carcinogênicas já foram

identificadas na fumaça inalada do tabaco e muitas dessas também são encontradas no

tabaco de mascar. Dentre esses carcinógenos, destacam-se os hidrocarbonetos aromáticos

policíclicos, as nitrosaminas, as aminas aromáticas e os radicais livres, que são capazes de

promover danos diretos à molécula do DNA (PETTI, 2009).

O mecanismo carcinogênico do álcool permanece desconhecido, mas parece

promover danos diretos e indiretos à mucosa oral (YOKOYAMA, MIZUKAMI,

YOKOYAMA, 2015). O álcool ao ser consumido é transformado em acetaldeido no

fígado pela ação da enzima álcool desidrogenase (ADH). Em situações de consumo

excessivo ocorre hipofunção da ADH, sendo o etanol metabolizado em uma via

alternativa, através do citocromo p450, tendo como produto final espécies reativas de

oxigênio (ROS) que são moléculas desencadeadoras de danos celulares importantes

(ZYGOGIANNI et al., 2011). O acetaldeído parece agir como um solvente, facilitando a

passagem de carcinógenos através das membranas celulares. A deficiência nutricional

decorrente do etilismo crônico também pode desempenhar papel na carcinogênese

(YOKOYAMA, MIZUKAMI, YOKOYAMA, 2015).

Sabe-se que o consumo de tabaco e álcool é dose/dependente e tempo/dependente e

a combinação desses dois fatores aumenta significativamente o risco para o

desenvolvimento do CCEO (PETTI, 2009). Deve também ser considerado que os

indivíduos fumantes e etilistas apresentam 20 vezes mais chances para o desenvolvimento

de recidivas ou segundos tumores primários na cavidade oral ou no trato aerodigestivo

quando comparados aos indivíduos não fumantes e não etilistas, principalmente, quando

mantêm o consumo de tabaco e álcool após o diagnóstico inicial do tumor primário

(CARVALHO et al., 2004; DIOS, LESTON, 2010).

Com relação à etiologia viral, o papiloma vírus humano (HPV) é o vírus mais

comumente citado na literatura como envolvido na carcinogênese oral, principalmente

os do tipo 16 e 18, apesar da grande discussão que ainda existe com relação à sua

participação efetiva nesse processo (BLITZER et al., 2014). O envolvimento do HPV na

etiopatogênese do CCEO e de orofaringe foi primeiramente proposto por Syrjanen et al

em 1983. Numerosos estudos sobre a incidência do HPV em CCEO mostram índices de

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positividade variando de 0% a 100% (METGUD et al., 2012). Acredita-se que o

mecanismo utilizado pelo HPV no processo de carcinogênese esteja relacionado com duas

proteínas (E6 e E7) codificadas por ele. A E6 liga-se, sequestra e degrada a p53, proteína

importante na proteção do genoma celular, por um caminho ubiquitina-dependente, além de

suprimir a apoptose. Já a E7, sequestra a proteína pRb, que é supressora tumoral. Porém, a

hipótese mais provável para uma possível participação do HPV na carcinogênese oral não é

sua presença isolada, mas sim interagindo sinergicamente com outros carcinógenos

(OLIVEIRA et al., 2003; METGUD et al., 2012). A infecção do HPV é mais frequente

na orofaringe do que na cavidade oral, provavelmente devido à justaposição entre o

epitélio de revestimento e o tecido linfoide da região que, à semelhança com o trato

genital feminino, apresenta criptas invaginantes que fornecem uma grande superfície

não ceratinizada que facilita a penetração do vírus nas células proliferantes da camada

basal (KREIMER et al., 2005). Atualmente existem fortes evidências que comprovam a

participação efetiva dessa infecção na etiologia do carcinoma de orofaringe. Nos EUA,

acredita-se que de 40% a 80% dos carcinomas nessa localização sejam HPV+

(KAWAKAMI et al., 2013).

Muitos tumores malignos humanos, incluindo carcinoma de células escamosas

da região de cabeça e pescoço (CCECP), estão associados com deficiências

quantitativas e qualitativas no sistema imunológico. Além disso, as células malignas

desenvolvem mecanismos complexos tais como a perda de expressão de antígenos

tumorais e moléculas coestimuladoras, mascaramento antigênico, secreção de produtos

imunossupressores, entre outros, que permitem que elas se evadam da resposta

imunológica à medida que avança a progressão tumoral (ABBAS, LICHTMAN,

PILLAI, 2012; LI, PRINCE, MOYER, 2015).

O estado nutricional do paciente e sua dieta interferem no delicado equilíbrio de

metabolização e eliminação de carcinógenos. Dietas ricas em vegetais e frutas oferecem

ao indivíduo uma série de substâncias antioxidantes como carotenos, flavonoides,

vitamina A, C e E, além do folato, que previnem os eventos de estresse oxidativo

celular (SCULLY, BAGAN, 2009). A Síndrome de Plummer-Vinson, deficiência grave

e crônica de ferro, também é reportada como distúrbio nutricional que pode relacionar-

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se ao aumento do risco de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas de

região posterior de cavidade oral, orofaringe e esôfago (NEVILLE et al., 2009).

Infecção pela candida albicans (GALL et al., 2013), vírus Epstein-Barr e Herpes

simples vírus (GRUPTA, METUD, 2013) e consumo de cannabis (MARKS et al.,

2014) também são citados na literatura como possíveis agentes associados ao

desenvolvimento do CCEO, porém mais investigações devem ser feitas com a

finalidade de melhor esclarecer tais associações.

Há um subgrupo de pacientes (cerca de 25%) que provavelmente não tiveram

qualquer exposição ao fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento do

CCEO. A etiologia nessas situações específicas da doença permanece desconhecida

(WARNAKULASURIYA, 2009). Especula-se que a suscetibilidade genética individual

influencie o surgimento de neoplasias, tendo sido dado grande destaque aos genes de

reparo do DNA. Os genes de reparo dos danos no DNA são fundamentais para a

manutenção da integridade do genoma já tendo sido descritos mais de 130 genes com

efeitos em vias distintas, como o reparo por excisão de bases e por excisão de

nucleotídeos. Vários genes dessa classe são altamente polimórficos, exercendo grande

influência nas funções das proteínas codificadas. Danos nestes genes são associados ao

surgimento de tumores, doenças hereditárias e pelo desenvolvimento de resistências das

células malignas às drogas. Além disso, é relatada associação entre os mecanismos de

reparo do DNA e a sensibilidade ao tratamento radioterápico em pacientes com CCECP

(PRATESI et al., 2011).

O CCEO afeta, preferencialmente, homens acima dos 45 anos de idade

(JOHNSON, JAYASEKARA, AMARASINGHE, 2011), entretanto sua prevalência

entre indivíduos mais jovens e em mulheres tem aumentado gradativamente ao longo

dos últimos anos (GAETTI-JARDIM et al., 2010; JOHNSON, JAYASEKARA,

AMARASINGHE, 2011, MESQUITA et al., 2016).

O CCEO pode originar-se a partir da mucosa oral aparentemente normal ou pode

ser precedido ou mesmo associado a lesões potencialmente malignas, sendo as mais

importantes a leucoplasia e a eritroplasia. Para o carcinoma de lábio inferior destaca-se,

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ainda, a queilite actínica (KUJAN et al., 2006). Quando já instalada, a doença aparece

como uma lesão variando de assintomática a levemente dolorosa no seu início, com

apresentação clínica bastante diversa, podendo apresentar-se como nódulo exofítico

papilar ou verrucoso ou como lesão endofítica de aspecto crateriforme ou ulcerado,

podendo ainda ser leucoplásica, eritroplásica ou leucoeritroplásica (NEVILLE et al.,

2009).

Os principais sítios de acometimento do CCEO são a língua e assoalho de boca

(EL-MOFTY et al., 2014), sendo o lábio inferior outro sítio também bastante

acometido, principalmente quando os indivíduos apresentam exposição crônica e

desprotegida à radiação ultravioleta do sol (CZERNINSKI et al., 2010). As localizações

geográficas influenciam nos sítios anatômicos de acometimento da lesão, visto que isso

reflete os diferentes fatores a que uma determinada população está exposta (ANTUNES

et al., 2007). A língua tem sido o principal sítio de acometimento em países com alto

consumo de tabaco e álcool (CHOI et al., 2006). Na Ásia, a mucosa jugal é a

localização mais comum devido ao hábito de mascar betel (MUTTAGI et al., 2012). Em

países onde a população é bastante exposta à radiação solar, verifica-se alta incidência

de carcinoma de células escamosas de lábio inferior (LUCENA et al., 2012).

Os tumores de língua, principalmente a porção móvel, apresentam pobre

prognóstico, com baixas taxas de sobrevida, principalmente devido à elevada propensão

para metástase regional. (ALMANGUSH et al., 2014; RODRIGUES et al., 2014).

Para auxiliar a classificação e o estadiamento dos tumores malignos, foi

desenvolvido o sistema de estadiamento TNM (Anexo 1) (T: tamanho do tumor

primário; N: metástases linfonodais e M: metástases à distância) que é uma ferramenta

clínica que padronizou a descrição e a comunicação universal dos serviços que tratam o

câncer, auxiliando na escolha do tratamento e ajudando a prever o curso da doença

(KREPPEL et al., 2011; RAJAPAKSHE et al., 2015).

Entretanto, a sobrevida de pacientes que apresentam o mesmo estágio clínico,

segundo o TNM, varia bastante, o que torna os parâmetros utilizados por esse sistema,

de certa forma, limitados (KREPPEL et al., 2011; ÁVILES-JURADO et al., 2012;

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MUCKE et al., 2016). O diâmetro clínico da lesão é utilizado para indicar o tamanho do

tumor (T) no sistema TNM. No entanto, este dado não é tão preciso quando comparado

com a espessura do tumor ou com a profundidade de invasão, que parecem ter relação

mais direta com o prognóstico (JERJES et al., 2010), além disso, tumores pequenos já

podem apresentar infiltração dos tecidos adjacentes, o que pode proporcionar sua

remoção incompleta no momento da cirurgia (RAJAPAKSHE et al., 2015). Indivíduos

com pescoço clinicamente negativo podem ter linfonodos que abrigam metástases

ocultas, levando a um subtratamento e, consequentemente, redução da sobrevida dos

pacientes (JERJES et al., 2010; RAJAPAKSHE et al., 2015).

O CCEO é uma neoplasia epitelial invasiva com graus variáveis de diferenciação

escamosa, frequentemente vista como ceratinização com maior ou menor formação de

pérolas córneas. A invasão é caracterizada pela desorganização da membrana basal por

onde as células epiteliais malignas migram e invadem o tecido adjacente,

frequentemente acompanhada por reação estromal. Invasões perineural e angiolinfática

também podem ser encontradas. Dependendo da gradação histológica de malignidade

do tumor, há um maior ou menor grau de ceratinização, bem como de atipias celulares

como pleomorfismo celular, hipercromatismo nuclear e presença de mitoses típicas e

atípicas (BARNES et al., 2005).

O CCEO mostra diversos aspectos microscópicos que vêm sendo utilizados para

traçar o comportamento biológico do tumor e mesmo graduá-lo de acordo com padrões

morfológicos de malignidade. Sistemas de classificação como os de Broders (1920),

Jakobsson et al., (1973), Anneroth, Batsakis e Luna (1987), Bryne et al. (1989), Bryne

(1998), Brandwein-Gensler et al., (2005), têm sido utilizados com uma frequência

significativa em estudos que visam correlacionar os achados histopatológicos do CCEO

e o comportamento biológico tumoral. Apesar disto, há grande controvérsia a respeito

da real utilidade destas gradações no prognóstico do paciente, uma vez que numerosos

estudos vêm demonstrando falta de correlação entre os parâmetros morfológicos e o

desfecho clínico da doença (WEIJERS et al., 2009; BELLO et al., 2010).

As gradações propostas por Bryne (1998) e Brandwein-Gensler et al. (2005) são

umas das mais utilizadas atualmente. Bryne (1998) realizou a análise do grau de

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ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e infiltrado inflamatório. Cada

item foi pontuado entre 1 a 4 pontos, que posteriormente foram traduzidos em escores

atribuídos a cada parâmetro morfológico, tendo sido considerando os tumores com

pontuação total de 4 a 8 como de baixo grau e superior a 8 como de alto grau de

malignidade. Os autores sugeriram que a relação entre tumor e hospedeiro ocorre dentro

do chamado front de invasão tumoral e que as células desta localização exibem

alterações semelhantes às células metastáticas, devendo, portando, a gradação ser feita a

partir da análise dessa região tumoral.

Desde a sua criação, o sistema proposto por Bryne (1998) tem sido utilizado em

análises de prognósticos dos pacientes com CCEO, mas os resultados dos estudos são

controversos. Esta inconsistência pode ser explicada pela subjetividade atribuída a

alguns parâmetros deste sistema de classificação, que resultam em alta variabilidade

intraexaminador e interexaminador (SAWAZAKI-CALONE et al., 2015). O resultado

de estudos como de Silveira et al., (2007), Lindenblatt et al., (2012) e Sawazaki-Calone

et al., (2015) revelaram ausência de associação entre o modelo de gradação de Bryne

(1998) e a evolução clínica dos pacientes, enquanto que Vedam, Boaz, Natarajan (2014)

e Mesquita et al., (2016) verificaram, respectivamente, precisão desse sistema na

identificação da taxa de sobrevida dos pacientes e no comportamento agressivo dos

tumores.

Já a gradação proposta por Brandwein-Gensler et al., (2005) é baseada na

avaliação de espécimes cirúrgicos através de um sistema de escores de 3 níveis de 3

parâmetros histopatológicos: pior padrão de invasão, resposta linfocítica do hospedeiro

e invasão perineural. Para cada caso é dado o total de pontos gerando um escore de risco

para o desenvolvimento de recidiva e probabilidade de sobrevida. Quando o escore é

igual a 0, o caso é considerado de baixo risco, com escore 1 ou 2, o risco é intermediário

e escore 3 ou mais, alto risco. Essa gradação orienta que a análise deve ser realizada em

toda a extensão do front invasivo e o pior padrão de invasão deve ser o considerado.

Os resultados dos estudos ainda são conflitantes no que diz respeito à relação

entre parâmetros clínicos do CCEO, como recorrência, metástase e sobrevida, e o

modelo de risco histológico de malignidade de Brandwein-Gensler et al., (2005), onde

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autores como Vered et al., (2010) e Lindenblatt et al., (2012) observaram associação

estatisticamente significativa entre essa gradação e os parâmetros clínicos dos casos

estudados, enquanto que Rodrigues et al., (2014), Kolokythas et al., (2015) e Sawazaki-

Calone et al., (2015) não evidenciaram tal associação.

Recentemente, uma nova proposta de sistema de gradação histopatológica

aplicada a peças cirúrgicas, denominada modelo BD foi estabelecida. Baseia-se na

presença de aglomerados de células neoplásicas (B- tumor budding: presença de uma

única célula maligna ou pequeno grupo de <5 células no front de invasão) e na

profundidade do tumor (D- depth of invasion: medida a partir da superfície do tumor

para o ponto mais profundo de invasão), sendo atribuídos escores 0 (baixo risco), 1

(risco intermediário) e 2 (alto risco) para os casos avaliados. Tal modelo vem mostrando

ser simples, podendo ser aplicado facilmente na rotina de serviços de anatomia

patológica (ALMANGUSH et al., 2014).

O esquema terapêutico para o CCEO é baseado na utilização de cirurgia,

radioterapia e quimioterapia, que, a depender do caso, podem ser utilizadas de forma

isolada ou concomitante. A ressecção cirúrgica do tumor primário é o principal

protocolo de tratamento para os pacientes com CCEO. Além disso, o manejo da doença

metastática cervical é considerado um dos mais importantes aspectos do tratamento

desta neoplasia. No caso da radioterapia, o principal desafio é controlar o tumor com o

mínimo de danos aos tecidos normais adjacentes (WOLFF et al., 2012). Protocolos

quimioterápicos em combinação com regimes radioterápicos são indicados para

pacientes em estágios mais avançados e tem demonstrado melhora no controle local da

doença e no prognóstico dos pacientes. Esta combinação de tratamento pode ser

realizada como uma terapia neoadjuvante para reduzir o volume do tumor, como

adjuvante da cirurgia ou quando não se opta pela cirurgia (HINO et al., 2011).

Com um maior entendimento dos defeitos imunológicos presentes em CCECP,

bem como uma maior compreensão dos mecanismos básicos do sistema imunológico

envolvidos na carcinogênese, estratégias terapêuticas estão sendo desenvolvidas para

tirar vantagem deste novo conhecimento em favor do paciente com a doença. Terapia

com anticorpos monoclonais é atualmente uma das formas mais utilizadas de

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imunoterapia em pacientes com câncer. Anticorpos monoclonais que tem como alvo o

receptor do fator de crescimento epidérmico são os mais comumente utilizados na

imunoterapia contra o CCECP, uma vez que esta molécula é superexpressa em mais de

90% dos casos desse tipo de neoplasia, atuando em uma das vias que regula

proliferação, sobrevivência e potencial mestastático das células neoplásicas (LI,

PRINCE, MOYER, 2015; SHARMA, ALLISON, 2015).

Algumas terapias imunológicas representam uma mudança radical na abordagem

anti-neoplásica, pois elas não tem como alvo a célula tumoral, mas as moléculas que

participam na regulação das células T, as células efetoras do sistema imunológico. Além

disso, um dos grandes objetivos da imunoterapia não é ativar células do sistema

imunológico a atacar alvos sobre as células tumorais, mas sim remover inibidores

superexpressos, como, por exemplo, CTLA4 e PD1, que bloqueiam a eficácia das vias

antitumorais. O uso de drogas com efeito anti-CTLA4 e anti-PD1 já mostraram

resultados promissores no tratamento do melanoma e de outros tumores sólidos.

Análises da eficácia dessa terapia em CCECP também já estão sendo realizadas e,

apesar de ainda não existirem dados definitivos, representam uma área ativa de interesse

para muitos investigadores (SHARMA, ALLISON, 2015). O uso de vacinas tem sido

outro campo da imunoterapia contra o contra o CCECP. Essa modalidade de tratamento

envolve tanto a regressão de tumores já instalados, através da ativação do sistema

imunológico adaptativo pela apresentação de antígenos específicos associados a

tumores via MHC ou pelo reconhecimento desses antígenos na superfície das células

tumorais pelos linfócitos. Muito tem se esperado do uso de vacinas contra o HPV na

prevenção e no combate ao CCECP, principalmente de orofaringe (LI, PRINCE,

MOYER, 2015).

O tratamento cirúrgico geralmente promove mutilações que, de certa forma,

prejudicam a qualidade de vida dos pacientes e os tratamentos quimio e/ou

radioterápicos promovem danos que podem ser agudos e desenvolver-se durante a

terapia com um curso transitório e resolução após o tratamento, tais como a mucosite, a

xerostomia, a disgeusia, a candidose e a radiodermite (MOSEL et al., 2011) ou surgirem

após a conclusão do tratamento, como as cáries relacionadas à xerostomia, o trismo, a

fibrose, a atrofia da mucosa, a necrose dos tecidos moles e a osteorradionecrose. Além

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disso, muitas complicações agudas podem persistir e se tornarem tardias gerando

morbidade significativa aos pacientes como é o caso da xerostomia e das alterações do

paladar (disgeusia) (DEBONI et al., 2012).

Apesar dos recentes avanços no tratamento oncológico do CCEO, o prognóstico

dos pacientes ainda é controverso, principalmente devido ao estágio avançado do tumor

no momento do diagnóstico (BAKER et al., 2005; HILLY et al., 2013). Por isto,

atualmente, enormes esforços estão sendo feitos com o objetivo de identificar novos

marcadores moleculares associados ao início e progressão do CCEO, bem como novas

estratégias de tratamento molecular que possam estratificar os pacientes em opções de

tratamento individualizadas (PATEL et al., 2008; YNAMOTO et al., 2012).

Alterações moleculares na carcinogênese oral são mediadas através de alterações

em oncogenes, genes supressores tumorais e associados à apoptose e ao reparo de DNA.

Os oncogenes que são importantes em CCEO são receptores de fator de crescimento,

reguladores do ciclo celular, transdutores de sinal e fatores de transcrição. Os genes

supressores tumorais transduzem sinais regulatórios negativos do crescimento e sua

inativação favorece a carcinogênese. Alterações em genes que regulam a apoptose

ajudam a sobrevivência do tumor. Genes responsáveis pelo reparo do DNA corrigem os

defeitos cromossômicos, portanto, anormalidades nestes genes causam quebras

cromossômicas levando a produtos gênicos anormais (SEEMA et al., 2013).

Durante a última década, as informações vem sendo acumuladas gerando provas

que destacam que alterações epigenéticas, como metilações aberrantes do DNA,

modificações de histonas e expressão alterada de miRNAs, podem realmente

desempenhar um papel muito maior na iniciação e progressão do CCEO do que se

pensava. De maneira geral, mecanismos epigenéticos podem influenciar a desregulação

da expressão gênica de diferentes maneiras. Hipermetilação aberrante de um gene

promotor pode interferir com a ligação de fatores de transcrição de genes supressores de

tumor, resultando em silenciamento transcricional de genes-chave envolvidos na

proteção das células contra o processo de crescimento desregulado. Em contrapartida,

hipometilação pode causar reativação de proto-oncogenes silenciados, levando à

instabilidade genômica aumentada. Histonas modificadas por acetilação ou metilação

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causam alterações conformacionais da estrutura do DNA. Os miRNAs regulam a

expressão do gene ao nível pós-transcricional, inibindo a tradução de proteínas através

da degradação ou repressão da transcrição de mRNA. Alguns investigadores tem

encontrado assinaturas específicas de miRNAs em CCEO. Tais assinaturas poderiam ser

utilizadas para determinar o potencial de transformação maligna de lesões

potencialmente malignas na mucosa oral, além de poder auxiliar no diagnóstico precoce

do CCEO (GASCHE, GOEL, 2012; JITHESH et al., 2013).

O diagnóstico precoce do câncer oral provê uma taxa de sobrevivência de 80%

em 5 anos, enquanto o diagnóstico em fase tardia diminui esta taxa para 20%. Neste

contexto, biomarcadores que possam triar, classificar e monitorar a progressão desta

doença, com poder preditivo de recorrência e metástase, assumem enorme importância.

Estes biomarcadores podem ser moléculas como: DNA, RNA, proteínas, peptídeos ou

produtos metabólicos. Assim, os avanços em transcriptômica, matabolômica e,

principalmente, em genômica e proteômica tem esclarecido melhor as vias moleculares

do CCEO (SEEMA et al., 2013).

Ensaios genômicos são capazes de detectar um amplo arranjo de números de

cópias em desequilíbrio (ganho e perda) em vários cromossomos. O sequenciamento de

novas gerações de biomarcadores tem trazido grandes contribuições para o

conhecimento de genes que codificam proteínas envolvidas em vias de sinalização que

podem contribuir para o desenvolvimento, manutenção e progressão do CCECP

(RIEIRO et al., 2014; RIZZO et al., 2015). Os métodos proteômicos são considerados,

muitas vezes, mais eficazes em relação às metodologias empregadas na genômica no

que diz respeito à identificação de biomarcadores para o câncer e metas para terapias

moleculares. Esse achado deve-se ao fato que os perfis proteicos podem representar

com mais exatidão o estado de uma doença, pois a maior parte das funções biológicas é

realizada pelas proteínas (INDOVINA et al., 2012). A identificação de marcadores

genéticos em câncer oral é essencial para melhora no diagnóstico, prognóstico e

delineamento de propostas terapêuticas. Estes tipos de técnicas vem contribuindo na

descoberta de alterações essenciais no entendimento da biologia tumoral, sendo

possível, a partir disso, o desenvolvimento de estratégias individualizadas para cada

paciente.

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41

2.2 FATOR DE CHOQUE TÉRMICO 1

O fator do choque térmico 1 (HSF1 do inglês Heat shock factor 1) é um fator de

transcrição de 82-kDa que está envolvido na tumorigênese oral (ISHIWATA et al.,

2012). A tecnologia baseada em microrray tem sido útil para analisar alterações em

milhares de genes e identificar padrões relevantes e, através deste método, foi verificado

que o HSF1 estava super-regulado em CCEO, desde 2008, por Yamano et al.

O HSF1 apresenta-se continuamente sob a forma monomérica inativa no

citoplasma das células. Sob condição de estresse, sofre indução, é ativado formando um

trímero fosforilado que se transloca para o núcleo celular, onde se liga aos genes

promotores das proteínas do choque térmico (HSP, do inglês heat shock protein), como

HSP27, HSP70 e HSP90, desencadeando as suas transcrições (Figura 1) (FANG, et al.,

2012; JIANG et al., 2015; DAI, SAMPSON, 2016).

Figura 1: Via de ativação HSF1/HSPs. Em resposta ao estresse (1), HSF1 dissocia-se o complexo de

chaperonas (2) sofre trimerização (3), e em seguida desloca-se para o núcleo da célula, onde se liga ao HSE

presente na região promotora do gene de HSPs (4), proporcionando um aumento da expressão gênica de

HSPs (5) e, consequentemente, aumentado os níveis de HSPs livres no citoplasma (6). As HSPs exercem

função de chaperonas em vias de degradação protéica através da sua ligação a proteínas desnaturadas (7),

fazem ligação de novas cadeias de aminoácidos nos ribossomos e mantém a translocação e a conformação

correta de proteínas precursoras do retículo endoplasmático e da mitocôndria no citosol (8). HOP, heat shock

protein-organizing protein; HIP, heat shock protein-interacting protein; FKBP 52, binding protein; p23,

protein cochaperona 23; HSF, heat shock fator (CONTE, 2009).

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A homeostase proteica intracelular ou proteostase é mantida através de vias de

sinalização responsivas ao estresse, tal como a resposta de choque térmico (HSR, do

inglês heat shock response), a qual é uma via de sinalização conservada evolutivamente

que preserva a proteostase citosólica em resposta ao estresse ambiental, genético e

relacionado à idade (RYNO et al., 2014).

O aumento da expressão de genes do choque térmico é regulado por fatores de

choque térmico, que se classificam em HSF-1, 2 e 4 (murinos e humanos) e HSF-3

(aves). A existência de múltiplos genes HSF em vertebrados e plantas sugere que

diferentes HSFs medeiam às respostas a várias formas de estímulos fisiológicos e

ambientais (PIRKKALA, NYKANEN, SISTONEN, 2001). Estudos mais recentes

classificam os HSFs em 6 tipos: HSF-1, -2, -4, -5, HSFX e HSFY e relatam também que

várias isoformas são expressas como resultado de splicing alternativo dos transcritos

canônicos (XU et al., 2012; VYDRA, TOMA, WIDLAK, 2014).

HSF1 é altamente importante em células neoplásicas malignas, uma vez que

essas estão constantemente em estado de stress. Uma razão para este estado decorre da

intensa atividade mitótica das células transformadas, o que exige a rápida geração de

uma grande quantidade de proteínas. Nessa condição, pode haver uma ampla formação

e acúmulo de proteínas mal dobradas o que desencadeia a ativação do HSF1 com o

propósito de reverter esse quadro (MCCONNELL, BUCKTON, MCALPINE, 2015).

Calderwood et al., (2012) afirmaram também que o HSF1 estimula a atividade

cinase, regula a energia metabólica e permite o desenvolvimento de poliploidia em

células do câncer, além disto, podem funcionar como um inibidor da transcrição e, em

cooperação com outros fatores, podem reprimir genes que se opõem à metástase.

Mendillo et al., (2012), identificaram um programa transcricional do HSF1 específico

em células malignas, distinto do que acontece em resposta ao choque térmico. Baseado

nisto, Salamanca et al., (2014) afirmam que a forte associação do HSF1 com o fenótipo

maligno implica que antagonistas deste fator podem ter utilidade efetiva e geral na

terapia anti-câncer.

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43

Estes autores anteriormente mencionados, portanto, desenvolveram um aptâmero

de RNA de alta avidez para HSF1 que foi testado em linhagens celulares de cânceres

humanos. Este aptâmero preveniu a ligação do HSF1 a seus elementos de regulação do

DNA, que induziu a célula à apoptose e aboliu a capacidade de formação de colônias de

células tumorais. Foi demonstrando, portanto, vantagens na validação deste aptâmero

como droga alvo, suportando a hipótese que a atividade de ligação do HSF1 ao DNA é

um potencial alvo para controlar a transformação oncogênica e o crescimento

neoplásico. Yoon et al., (2014) também demonstraram que o 2,4-bis(4-

hydroxybenzil)phenol exerce um potencial efeito anti-câncer via supressão de HSPs e

este efeito envolve desfosforilação e degradação da proteína HSF1.

Ishiwata et al., (2012) constataram através de RT-PCR e western blotting, que a

expressão do RNAm do HSF1 e da proteína estavam elevados em linhagens celulares

derivadas de CCEO, quando comparados à linhagem de ceratinócito normal e também

uma maior imunoexpressão desta proteína foi vista nos casos de CCEO. Fato que

permitiu aos autores sugerirem que o HSF1 pode ser um biomarcador de prognóstico e

potencial alvo terapêutico nestes casos. De acordo com Kim et al., (2010), em CCEO e

em linhagens celulares de carcinomas de células escamosas, os níveis de HSF1 estavam

mais altos em relação às contrapartes normais. O knockdown mediado por siRNA da

expressão do HSF1 diminuiu a proliferação celular e aumentou a morte celular por

apoptose, o que torna este fator um possível alvo para novas terapias. Zhao et al., (2013)

detectaram que o HSF1 fosforilado foi superexpresso em CCEO e sua expressão foi

correlacionada com metástase, recorrência do tumor e sobrevida. Chen et al., (2013)

reafirmam que o sistema HSF1/HSP desempenha um importante papel no prognóstico e

seleção de tratamento do CCEO, estando associado a uma gama de iniciadores e

promotores tumorais.

Santagata et al., (2011) demonstraram que o aumento da expressão deste fator

está associado à redução da sobrevida de pacientes com câncer de mama e que o mesmo

deve ser avaliado prospectivamente como indicador prognóstico independente nos casos

deste tipo de tumor positivos para o receptor de estrogênio. Fang et al., (2012) em

estudo com carcinoma hepatocelular, observaram que os níveis de HSF1 foram elevados

e correlacionaram significativamente com múltiplos nódulos, invasão venosa, ausência

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de formação de cápsula, bem como pobre sobrevida global e livre da doença. Estes

autores sugeriram a utilização de HSF1 como alvo terapêutico em tumores hepáticos

(FANG et al., 2012).

No mieloma múltiplo, Heimberger et al., (2013) verificaram que o HSF1 foi

superexpresso na metade dos 54 casos estudados, incluindo todos os casos com

manifestações extramedulares ou morfologia anaplásica. Além disto, a função do HSF1

foi inibida ou por knockdown mediado por siRNA ou farmacologicamente, através do

tratamento com “triptolide”. Ambas as propostas, causaram depleção de HSF1,

reduziram a alta expressão de várias HSPs, induziram a apoptose em células de mieloma

múltiplo humano in vitro e reduziram drasticamente o crescimento tumoral in vivo.

Diante dos achados, foi proposto que HSF1 deve ser considerado um potencial alvo

terapêutico.

Em carcinoma endometrial, verificou-se alta expressão proteica do HSF1,

associando-se com agressividade da doença e pobre sobrevida. A análise da expressão

gênica identificou a inibição da HSP90 como uma potencial proposta terapêutica para

casos com alta expressão proteica de HSF1 (ENGERUD et al., 2014). Além das

neoplasias já mencionadas anteriormente, a alta expressão de HSF1 também tem sido

associada a um mau prognóstico de melanoma e carcinomas de células escamosas, de

diversas localizações, em estágio avançado (BIN et al., 2015).

A pesquisa acerca dos mecanismos regulatórios deste fator de transcrição e das

proteínas por ele controladas em CCEO torna-se ainda mais importante em virtude da

possibilidade do uso da hipertermia como possibilidade terapêutica. Esta terapia vem

sendo usada como uma das modalidades de tratamento para vários tipos de câncer. Em

alguns casos, tem levado à regressão do tumor, com poucos efeitos colaterais, mas à

aquisição de termotolerância nas células tumorais, através da expressão das proteínas do

choque térmico (HSPs), reduz sua efetividade, tornando-a menos atraente (OBA et al.,

2008; TABUCHI, KONDO, 2013; ZHAO et al.., 2013).

Vários estudos têm evidenciado a expressão alterada de HSPs em diversos tipos

de tumores malignos. Segundo Lee et al., (2012), a HSP27 exibiu uma maior

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imunoexpressão em espécimes de CCEO de pacientes que mascam areca em relação a

tecidos normais. Além disto, a pesquisa verificou que a arecolina, o maior alcalóide da

noz de areca, induz elevada expressão de HSP27 em uma linhagem de ceratinócitos

orais humanos normais e que alguns agentes farmacológicos (quercetina, NS-398,

NAC) subregulam a expressão de HSP27 induzida pela arecolina.

Thiel et al., (2011) verificaram através de espectrometria de massa, que 6

proteínas, dentre elas a HSP 70 e HSP 90, foram diferencialmente expressas entre

CCEO e tecido normal, além disto, sugeriram que a HSP 70 é uma das mais

promissoras candidatas a alvo para terapia do CCEO. Choi et al., (2015), relataram que

a expressão de HSP70 pode ser um indicador de pobre prognóstico e metástase

linfonodal em CCECP. Em sua pesquisa, Chanthammachat et al., (2013) através de uma

análise proteômica comparativa, também observaram que várias proteínas foram

diferencialmente expressas em CCEO, comparado com tecido normal adjacente, dentre

estas a HSP 90, HSPA5 e HSPA8.

Deve-se destacar que o interesse em pesquisar o sistema HSF1/ HSPs em

tumores, reside também no fato de vários agentes farmacológicos poderem inibir a

expressão destas HSPs e desta forma influenciar a progressão dos cânceres. Muitas

destas drogas vêm sendo estudadas em CCEO.

Jung et al., (2011) demonstraram que HSP 90 é um alvo para terapia em CCEO,

modulando as interações moleculares pró-invasivas com o meio ambiente tumoral e que

a molécula S06, representa uma nova classe de inibidor da HSP 90, sendo um atraente

candidato para o desenvolvimento de drogas anti-câncer. Menezes et al., (2012) também

relataram o uso do NVP-HSP990, como um novo inibidor da HSP90 no tratamento anti-

câncer, pois o mesmo em testes pré-clínicos inibiu o crescimento de tumores

xenográficos humanos e apresenta amplo espectro de atividades anti-tumorais. O

inibidor de HSP, CT-Hsp90-I KU 363, segundo Cohen et al., (2012), também

demonstrou potente atividade anti-câncer contra CCECP, mostrando excelente eficácia

in vivo (modelos murinos ortotópicos) e reduzida toxicidade comparado com outros

agentes inibidores padrão.

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Chen et al., (2014) afirmam que apesar dos inibidores da HSP90

comprovadamente reduzirem ou inibirem a proliferação de células malignas e

controlarem múltiplas vias oncogênicas, sua eficácia pode ser comprometida por

mecanismos de feedback mediados pelo HSF1 e o bloqueio deste feedback é necessário

para aumentar a atividade anti-câncer dos inibidores da HSP90 em cânceres humanos.

Assim, HSF1 aparece como biomarcador de diagnóstico ou prognóstico

independente e alvo terapêutico extremamente promissor para os pacientes com câncer,

uma vez que regula numerosos processos envolvidos com controle do crescimento e

divisão celular que repercutem na agressividade do tumor, ocorrência de metástases e

consequente prognóstico reservado para tais casos (JIANG et al., 2015; MCCONNELL,

BUCKTON, MCALPINE, 2015).

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Objetivos

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Esta pesquisa objetivou estudar participação do fator de choque térmico (HSF1)

na patogênese do CCELO e correlacionar a imunoexpressão dessa proteína com

aspectos clinicopatológicos dos casos analisados.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar o estudo clínicopatológico a partir da coleta de informações clínicas dos

prontuários dos pacientes com CCELO e realizar a gradação histológica dos

casos segundo os critérios definidos por Bryne (1998)e por Brandwein-Gensler

et al. (2005).

Comparar os níveis de expressão da proteína HSF1 entre CCELO e mucosa oral

normal, através de imunoistoquímica.

Correlacionar a imunoexpressão do HSF1 com parâmetros clínicopatológicos

dos casos de CCELO.

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Material e Métodos

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Antes de sua realização, esta pesquisa foi submetida à análise do seu conteúdo

pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer.

Conforme parecer nº 923.192 (ANEXO A), seu protocolo foi aprovado em 19 de

dezembro de 2014.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente trabalho é um estudo transversal e retrospectivo com análise

comparativa das características clínicopatológicas e da imunoexpressão da proteína

HSF1 em uma série de casos de CCELO.

4.3 POPULAÇÃO

Do total de casos de câncer registrados e diagnosticados nos arquivos do Serviço

de anatomia patológica do Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal-RN, foram selecionados os

casos de CCELO entre os anos de 2001 e 2010.

Os fragmentos de MON foram coletados no Serviço de anatomia patológica da

disciplina de Patologia oral do Departamento de Odontologia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte/UFRN.

4.4 AMOSTRA

Para o estudo clinicopatológico e imunoistoquímico, a amostra foi constituída por

70 casos de CCELO emblocados em parafina, obtidos nos arquivos do Hospital Dr.

Luiz Antônio, Natal-RN.

Foram selecionados também 30 casos de MON, para controle, nos arquivos do

Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de

Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, a partir de

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espécimes advindos de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico para remoção de

mucoceles.

A amostra deste estudo foi de conveniência, constituída pelos casos que foram

selecionados segundo os seguintes critérios de inclusão e exclusão:

4.4.1 Critérios de inclusão

1. A escolha amostral dos casos para o estudo clínicopatológico e

imunoistoquímico selecionou casos primários de CCELO tratados por excisão

cirúrgica, sem histórico prévio de radioterapia ou quimioterapia.

2. Presença de quantidade suficiente de material biológico, dos casos selecionados,

para a realização da gradação histológica de malignidade de Bryne (1998) e do

modelo de risco histológico de Brandwein-Gensler et al. (2005) e também para o

estudo imunoistoquímico.

3. Os prontuários de pacientes com CCELO que apresentassem os dados clínicos

sobre presença ou ausência de metástases regionais e à distância, dados de

recorrência, segundos tumores primários e acompanhamento clínico dos

pacientes.

4. Para análise de desfecho foram selecionados casos diagnosticados há pelo

menos 5 anos que possuíam data do óbito ou informação clínica deste período.

Porém dentre esses, 10% dos casos da amostra foram considerados casos

censurados que são casos sem acompanhamento clínico de 5 anos necessários

para a realização do estudo de sobrevida.

5. Para análise da MON avaliou-se as margens da mucosa, com áreas livres de

infiltrado inflamatório.

4.4.2 Critérios de exclusão

1. Casos de CCEO não localizados na porção oral da língua.

2. Casos em que foi realizada apenas a biópsia incisional.

3. Casos de lesão residual ou recorrente.

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4.5 ESTUDO CLÍNICO

Foram coletados dados dos prontuários dos pacientes cujos casos foram

selecionados para participar dessa pesquisa para que fossem obtidas as informações

como gênero, idade, hábitos, TNM, metástase linfonodal, metástase à distância, recidiva

local, segundo tumor primário, tratamento, data do último acompanhamento ou data do

óbito.

Para facilitar a avaliação da amostra, a variável tamanho do tumor (T) foi

categorizada em T1 ou T2, T3 ou T4; a variável comprometimento linfonodal (N) foi

categorizada em N0, N1 ou N2 e a variável estadiamento clínico foi categorizada I ou II e

III ou IV, de acordo com o proposto nos estudos de Ishiwata et al.(2012), Jardim et al.

(2015) e Know et al. (2015).

Os desfechos investigados neste estudo foram:

(1) Sobrevida global – intervalo de tempo desde o início do tratamento até a

morte ou última informação de acompanhamento.

(2) Sobrevida específica da doença – intervalo de tempo desde o início do

tratamento até a morte devido ao câncer ou a última data de

acompanhamento clínico.

(3) Sobrevida livre de doença – intervalo de tempo desde o início do

tratamento até o diagnóstico do primeiro evento, como recorrência, segundo

tumor primário ou metástase (linfonodal ou distante).

Todos os dados coletados foram anotados em fichas, conforme o Apêndice B

para posterior análise comparativa.

4.6 ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO

Para o estudo histomorfológico, foram utilizadas lâminas com cortes de 5µm de

espessura do material incluído em blocos de parafina, corados pela técnica da

Hematoxilina/Eosina que posteriormente foram escaneadas com auxílio do equipamento

Scanner Panoramic MIDI (3DHISTECH

Kft. 29-33, Konkoly-Thege M. str. Budapest,

Hungary, H-1121). As imagens foram analisadas através do programa de visualização

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Panoramic Viewer 1.15.2 (3DHISTECH

Kft. 29-33, Konkoly-Thege M. str. Budapest,

Hungary, H-1121) em diferentes amplitudes.

Os casos selecionados foram gradados de acordo com o sistema de gradação

histológica de malignidade proposto por Bryne (1998). A avaliação de acordo com o

referido sistema de gradação histológica de malignidade consistiu na análise dos

seguintes aspectos: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e

infiltrado inflamatório. Cada item foi pontuado entre 1 a 4 pontos, que posteriormente

foram somados tendo sido gerado um score total (Quadro 1). Nesse sistema de gradação

considerou-se os tumores com pontuação total de 4 a 8 como de baixo grau, enquanto

aqueles com pontuação superior a 8 foram classificados como de alto grau de

malignidade, de acordo com adaptação feita por Miranda (2002).

Para a classificação do modelo de risco histológico de Brandwein-Gensler et al.,

(2005), resumidamente, foram avaliados: o pior padrão de invasão, resposta linfocítica

do hospedeiro no front invasivo e a invasão perineural (Quadro 2). Para cada caso foi

dado o total de pontos de cada parâmetro, gerando um escore de risco. Quando o escore

foi igual a 0, o caso foi considerado como de baixo risco; escore 1 ou 2, risco

intermediário e escore 3 ou mais, alto risco.

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Quadro 1- Sistema de gradação de malignidade recomendado por Bryne (1998).

ESCORES DE MALIGNIDADE

1 2 3 4

Grau de

ceratinização

Altamente

cerat inizado

(+50%das

células)

Moderadam

ente

cerat inizado

(20 a 50%

das células)

Mínima

cerat inização

(5-20% das

células)

Nenhuma

cerat inização

(0-5% das

células)

Pleomorfismo

nuclear

Pouco

pleomorfism

o (+ 75% de

células

maduras)

Moderado

pleomorfism

o (50-75%

de células

maduras)

Pleomorfismo

int enso (25-

50% de

células

maduras)

Pleomorfismo

extremo (0-

25% de

células

maduras)

Padrão de

invasão

Bordas

infilt rat ivas

bem

delimitadas

Cordões,

bandas e/ou

t rabéculas

só lidas

infilt rat ivas

Pequenos

grupos ou

cordões de

células

infilt rat ivas

(n>15)

Dissociação

celular

espraiada em

pequenos

grupos e/ou

células

individuais

(n<15)

Infi ltrado Intenso Moderado Escasso Ausente

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Quadro 2- Modelo de risco histológico proposto por Brandwein-Gensler et al., (2005).

4.7 ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO

Todos os espécimes de CCELO e MON, fixados em formol a 10% e emblocados

em parafina, foram submetidos a cortes histológicos de 3m de espessura, os quais

foram estendidos em lâminas de vidro, previamente limpas e desengorduradas,

preparadas com adesivo à base de 3-aminopropyltrietoxy-silano (Sigma Chemical CO,

St Louis, MO, USA). Posteriormente, o material foi submetido a técnica da

imunoperoxidase, utilizando o anticorpo primário anti-HSF1 (#4356 Cell Singnaling).

Para as etapas de desparafinização, re-hidratação e recuperação antigênica os

cortes foram submetidos ao trilogy (Cell Marque, CA, USA), em uma concentração de

1:100 em água destilada em pascal. Posteriormente, as amostras sofreram o bloqueio da

Variável

Histopatológica

Definição Pontuação

Pior padrão de

invasão

Tipo 1 Invasão compressiva 0

Tipo 2 Crescimento finger-like 0

Tipo 3 Ilhas tumorais grandes contendo mais

de 15 células por ilha

0

Tipo 4 Ilhas tumorais pequenas contendo 15

células ou menos por ilha

1

Tipo 5 Tumor satélite, igual ou maior que

1mm distante do tumor principal

(x20)

3

Resposta

linfocítica do

hospedeiro

Tipo 1 (Forte) Tecido linfóide presente

de forma contínua e densa/Nódulos

linfoides no front invasivo em cada

um dos campos (x4)

0

Tipo 2

(Intermediário)

Resposta intermediária do

hospedeiro/

Nódulos linfoides na inetrface em

alguns mas não todos os campos (x4)

1

Tipo 3 (Fraco) Pouca ou nenhuma resposta do

hospedeiro/ Ausência de nódulos

linfoide

3

Invasão

perineural

Nenhum Nenhum 0

Pequenos

nervos

Tumor envolvendo pequenos nervos

(menores que 1mm de diâmetro)

1

Grandes

nervos

Tumor envolvendo grandes nervos

(igual ou maior que 1mm de

diâmetro)

3

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peroxidase endógena com H2O2 10Vol (15 minutos em temperatura ambiente) e após

isso foram submetidas à lavagem em água corrente, incubadas em proteína block

(Thermo Scientific, Runcorn, UK) por 5 minutos em temperatura ambiente, a qual

bloqueia as ligações inespecíficas. Em seguida, foram realizadas duas lavagens em tris-

hidroximetil-aminometano (TRIS, Sigma Chemical, St Louis, MO, USA) (pH 7,4) com

duas trocas de 5 minutos para então haver a incubação dos anticorpos primários anti-

HSF1 (1:1000 – overnight). Posteriormente, as amostras foram incubadas no sistema

HI DEF (HRP, Polymer System) de detecção (15 minutos cada reagente), sendo o

primeiro reagente o amplificador e o segundo, o polímero HRP, intercaladas por

lavagens em TRIS. Após esta incubação, foi realizada a revelação com

diaminobenzidina (DAB, Sigma Chemical Co, St Louis, MO,USA) em câmara escura,

passando por água destilada, contra coloração com hematoxilina de Mayer (1 minuto),

lavagem em água corrente (5 minutos) e passagem em água destilada com duas trocas (5

minutos). O processo foi finalizado com desidratação, diafanização e montagem da

lâmina.

4.7.1 Análise da marcação imunoistoquímica

As lâminas do estudo imunoistoquímico foram escaneadas com auxílio do

equipamento Scanner Panoramic MIDI (3DHISTECH

Kft. 29-33, Konkoly-Thege M.

str. Budapest, Hungary, H-1121). As imagens foram analisadas através do programa de

visualização Panoramic Viewer 1.15.2 (3DHISTECH

Kft. 29-33, Konkoly-Thege M.

str. Budapest, Hungary, H-1121) utilizando a amplitude de 33,33, correspondente ao

aumento de 400x do microscópio de luz.

A análise da imunoexpressão do HSF1 em CCELO e MON foi realizada a partir

da adaptação do estudo de Ishiwata et al., (2012). Um único avaliador independente,

treinado previamente, fez a avaliação. Foram analisados 5 campos de cada lâmina,

sendo avaliada a imunomarcação nuclear.

Foi avaliada a porcentagem de células com núcleos imunomarcadas de acordo

com a fórmula:

%= Número de céulas imunomarcadas / número total de células (incluindo as células negativas) x 100

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Além de ter sido contado o número células com núcleos imunomacados foi

também examinada a intensidade da imunoreação através de escores: 1 (fraco), 2

(moderado), 3 (intenso). Em seguida o número de células e o escore de imunomarcação

foram multiplicados gerando um escore de intensidade de marcação imunoistoquímica,

segundo a fórmula a seguir:

1 x número de células marcadas fracamente no campo = A

2x número de células moderadamente marcadas no campo = B

3x número de células intensamente marcadas no campo = C

Escore de intensidade= A + B + C / Número total de células (incluindo as negativas)

Para a análise da associação da imunoexpressão de HSF1 com parâmetros

clinicopatológicos, os casos de CCELO que excedessem o mais alto escore de

intensidade de imunoexpressão da MON foram definidos como superexpressos.

Utilizando este critério, os casos de CCELO que exibissem escore de intensdade de

imunoexpressão menor que o mais alto escore de intensidade de imunoexpressão da

MON foram desconsiderados durante a análise da associação da imunexpressão com

parâmtros clinicopatológicos e na análise de sobrevida. Em seguinda, foi feita a

categorização dos casos que apresentaram superexpressão de HSF1 em CCELO. Foi

determinada a mediana dos escores de imunomarcação dos casos superexpressos. A

partir dessa mediana, os casos com superexpressão de HSF1 foram categorizados em

dois grupos: menor superexpessão (casos com escore de imunomarcação até a mediana)

e maior superexpressão (casos com escore de imunomarcação maior que a mediana).

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As informações clinicas, morfológicas e imuno-histoquímicas da amostra do

presente estudo foram tabuladas no software Microsoft Excel (Microsoft Corporation,

USA) e posteriormente transferidas para o software SPSS 20 for Windows (Statistical

Package for Social Sciences; IBM, USA) para análise estatística. Inicialmente, foi

realizada uma análise descritiva, e posteriormente, as variáveis quantitativas foram

apresentadas na forma de frequências absolutas e relativas, enquanto a variáveis

temporais foram descrita por meio de média e desvio-padrão. Foram feitos testes de

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normalidade de Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuiçã normal das variáveis.

Para a análise comparativa da imunoexpressão de HSF1 no CCELO e na MON foi

realizado o teste de t de student utilizando a média da porcentagem de células

imunomarcadas e a média do escore de intensidade da imunoexpressão.

Para verificar a associação das variáveis qualitativas (gênero, idade, tabagismo,

etilismo,T categorizado, N categorizado, estadiamento clínico categorizado, recidiva

local, segundo tumor primário, presença de rmetástases linfonodais e à distância após o

tratamento, tratamento categorizado, gradações histológicas de malignidade de Bryne

(1998) e Brandwein-Gensler et al. (2005), e superexpressão da proteína HSF1) foram

utilizados os teste Qui-quadrado de Pearson e o teste Exato de Fisher. Para todas as

análises, foi considerado o nível de significância de p≤0,05.

A análise de sobrevida foi realizada com o auxílio do software STATA 10.0

utilizando o método de Kaplan Meier foram confeccionadas a curva de sobrevida global

de cinco anos e curva de sobrevida livre de doença, além de curvas para parâmetros que

impactaram significativamente na sobrevida dos pacientes. O teste log-rank foi aplicado

para avaliação da significância estatística (p≤0,05) das diferenças entre as curvas de

sobrevida obtidas.

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Resultados

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60

6. RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra deste estudo foi constituída por 70 casos de CCELO e 30 casos de

MON. O perfil epidemiológico dos casos de CCELO utilizados nesse estudo encontra-

se detalhado na Tabela 1.

Tabela 1: Frequência dos casos de CCELO segundo sexo, idade e hábitos dos pacientes. Natal-

RN, 2016.

Parâmetro n (%)

Sexo

Masculino

Feminino

47 (67,1)

23 (32,9)

Idade

Até 60 anos

≥ 60 anos

31(44,3)

39 (55,7)

Tabagismo

Não

Sim Não informado

8 (11,4)

51 (72,9) 11 (15,7)

Tipo de fumo

Cigarro comum

Outros tipos Não informado

8 (11,4)

9 (12,9) 53 (75,7)

Etilismo

Não Sim

Não informado

12 (17,1) 35 (50,0)

23 (32,9)

Total 70 (100,0) Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer.

A maioria dos indivíduos da amostra foi do sexo masculino (67,1%), com

proporção entre o sexo masculino e feminino de 2,04:1. No momento do diagnóstico, os

pacientes tinham idades que variaram de 25 a 95 anos (62,2 ±14,46).

Com relação aos hábitos e vícios, 51 indivíduos (72,9%) eram usuários de

tabaco, com tempo médio de consumo, em anos, de 38,34 (±16,70). No que diz respeito

ao tipo de tabaco utilizado, 11,4% utilizavam cigarros comuns e 12,9% utilizavam

outras formas de consumo de tabaco, incluindo cachimbo, cigarro artesanal e tabaco

mascado. Em 53 (75,7%) prontuários analisados, não havia registro do tipo de tabaco

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usado pelo paciente. No tocante ao consumo de álcool, as informações referentes ao

tempo do consumo e ao tipo de bebida ingerida eram escassas em quase toda a

totalidade dos prontuários analisados.

O tempo médio, em meses, relatado pelos pacientes, entre a percepção da

presença da lesão e a procura pelo atendimento clínico foi de 6,03 (±5,92).

A determinação do TNM coletado nos prontuários foi estabelecida após o

tratamento cirúrgico dos pacientes, através da análise histopatológica dos linfonodos

cervicais removidos para identificação ou não de metástase linfonodal. A pesquisa de

metástase à distância foi realizada a partir de exames por imagem. Em cinco prontuários

analisados (7,1% da amostra) não foram encontrados registros do TNM, não sendo

possível, portanto, estabelecer o estadiamento clínico do paciente.

A tabela 2 mostra a distribuição dos casos de acordo com os critérios do TNM e

o estadiamento clínico da doença.

Tabela 2: Frequência dos casos de CCELO segundo os critérios do TNM e estágio clínico. Natal-RN, 2016.

Parâmetro n (%)

Tamanho do tumor (T)

T1 T2

T3

T4

Não informado

14 (20,0) 28 (40,0)

17 (24,3)

6 (8,6) 5 (7,1)

Comprometimento linfonodal (N)

N0

N1 N2

Não informado

33 (47,1)

18 (25,8) 14 (20,0)

5 (7,1)

Metástase à distância (M) M0

M1

Não informado

65 (92,9)

0 (0,0)

5 (7,1)

Estadiamento clínico

I

II

III IV

Não informado

10 (14,3)

15 (21,4)

23 (32,9) 17 (24,3)

5 (7,1)

Total 70 (100,0) Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer.

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62

Ao ser realizada a categorização do tamanho do tumor (T), T1 ou T2

representaram juntos 60,0% dos casos (42 casos) e T3 ou T4 corresponderam a 32,9%

(23 casos). Após a categorização dos casos quanto ao comprometimento linfonodal (N),

o grupo que representava a ausência de metástase linfonodal (N0) correspondeu a 47,1%

enquanto que quando agrupados, N1 ou N2 corresponderam a 45,8% dos casos da

amostra. Todos os pacientes foram estadiados como M0. Ainda de acordo com a Tabela

2, quando feita a categorização do estadiamento clínico, 25 casos (35,8%)

enquadravam-se nos estadiamentos clínicos I ou II, enquanto que 40 (57,1%)

enquadravam-se nos estadiamentos clínicos III ou IV.

Todos os pacientes envolvidos no presente estudo tiveram a cirurgia como

primeira modalidade terapêutica. Em 18 pacientes (25,7%), a cirurgia foi a única

abordagem terapêutica utilizada. Vinte e sete pacientes (38,6%) foram tratados pela

associação de cirurgia e radioterapia e em 25 casos (35,7), além da cirurgia e

radioterapia, lançou-se mão da quimioterapia.

O comportamento clínico da doença após o tratamento inicial foi avaliado de

acordo com a análise dos parâmetros apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Análise do comportamento clínico da doença após o tratamento inicial. Natal-RN,

2016.

Parâmetro n (%)

Presença de recidiva local Ausente

Presente

55 (78,6)

15 (21,4)

Presença de segundo tumor primário Ausente

Presente

63 (90,0)

7 (10,0)

Metástase linfonodal após o tratamento

Ausente Presente

62 (88,6) 8 (11,4)

Metástase à distância após o tratamento

Ausente Presente

67 (95,7) 3 (4,3)

Total 70 (100,0) Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer

Depois do tratamento, recidivas locais acometeram 15 indivíduos da amostra

(21,4%) com tempo médio, em meses de 12,43 (±7,42). Sete pacientes desenvolveram

novos tumores primários, principalmente em região de esôfago, orofaringe, língua e

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63

assoalho bucal. O tempo médio, em meses, para o desenvolvimento de um segundo

tumor primário foi de 28,14 (±17,27). Com relação ao comprometimento linfonodal, 8

pacientes (11,4%) desenvolveram metástase para linfonodos cervicais durante o período

de seguimento clínico com média de tempo, em meses, de 23,25 (±16,85). Apenas 3

pacientes apresentaram metástase à distância no período de acompanhamento clínico,

dois pacientes apresentaram metástase pulmonar e um paciente apresentou metástase

pulmonar e óssea. O tempo médio, em meses, para o desenvolvimento de metástase à

distância foi de 31,00 (±22,27).

Através da análise dos registros presentes nos prontuários dos indivíduos que

fazem parte desse estudo, foi possível determinar que do total de pacientes, 18 (25,7%)

foram a óbito após um tempo médio, em meses, de 14,33 ±11,97. Todos os óbitos

estavam relacionados à progressão da doença de base (CCELO), com complicações,

como: caquexia neoplásica, parada cardiorrespiratória, choque hemorrágico, distúrbio

metabólico e falência múltipla de órgãos.

5.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA

O material cirúrgico removido de todos os casos foi submetido à análise

histopatológica. A análise morfológica dos casos estudados revelou características

inerentes ao CCELO, como o rompimento da membrana basal e invasão do tecido

conjuntivo subjacente pelas células epiteliais neoplásicas malignas, organizadas sob a

forma de lençóis sólidos, ilhas, cordões ou pequenos grupamentos. Tais células

apresentavam diferentes graus de ceratinização (Figuras 2 e 3), com formação de

pérolas córneas, além de diversos graus de pleomorfismo celular e nuclear, presença de

nucléolos proeminentes e figuras de mitoses típicas e atípicas (Figura 4). O infiltrado

inflamatório do microambiente tumoral mostrou-se distribuído de forma variada entre

os casos da amostra, ora era intenso e difuso, ora organizado em placas dispersas, ou

ainda, a resposta inflamatória era escassa (Figuras 2, 3 e 5). As células neoplásicas

invadiam estruturas adjacentes a tumor, tais como, tecido muscular, tecido adiposo,

tecido glandular salivar e estruturas vasculo-nervosas. A frequência dos parâmetros

utilizados para a determinação das gradações histológicas de Bryne (1998) e Bradwein-

Gensler et al., (2005) e as respectivas gradações encontram-se nas tabelas 4 e 5.

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Tabela 4: Análise morfológica dos casos de CCELO segundo os critérios determinados por Bryne

(1998). Natal-RN, 2016.

Parâmetro n (%)

Grau de ceratinização

Altamente ceratinizado

Moderadamente ceratinizado

Mínima ceratinização Nenhuma ceratinização

31 (44,3)

20 (28,6)

14 (20,0) 5 (7,1)

Pleomorfismo nuclear

Pouco Moderado

Intenso

Extremo

3 (4,3) 27 (38,6)

34 (48,6)

6 (8,5)

Padrão de invasão Bordas infiltrativas bem delimitadas

Cordões, bandas e/ou trabéculas sólidas infiltrativas

Pequenos grupos ou cordões de células infiltrativas (n>15) Dissociação celular em pequenos grupos e/ou células individuais (n<15)

0 (0,0)

2 (2,9)

5 (7,1) 63 (90,0)

Infiltrado inflamatório

Intenso Moderado

Escasso

Ausente

17 (24,3) 20 (28,6)

27 (38,6)

6 (8,5)

Gradação de Bryne (1998) Baixo grau

Alto grau

12 (17,1)

58 (82,9)

Total 70 (100,0) Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Tabela 5: Análise morfológica dos casos de CCELO segundo os critérios determinados por Brandwein-Gensler et al., (2005). Natal-RN, 2016.

Parâmetro n (%)

Pior padrão de invasão

Tipo 1, 2 ou 3 Tipo 4

Tipo 5

7 (10,0) 59 (84,3)

4 (5,7)

Infiltrado linfocitário Forte

Intermediário

Fraco

23 (32,8)

19 (27,2)

28 (40,0)

Invasão perineural Nenhuma

Pequenos nervos

Grandes nervos

29 (41,4)

41 (58,6)

0 (0,0)

Gradação de Brandwein-Gensler et al. (2005)

Baixo risco

Risco intermediário Alto risco

0 (0,0)

37 (52,9) 33 (47,1)

Total 70 (100,0) Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

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Na Tabela 4, pode ser verificado que 44,3% dos casos apresentaram-se

altamente ceratinizados, preservando a diferenciação típica do epitélio de revestimento

do qual o tumor se origina, apesar de ter sido notado certo predomínio de um intenso

pleomorfismo nuclear (48,6% dos casos). Quanto ao infiltrado inflamatório, notou-se

que houve certo predomínio de escassa resposta imune no front de invasão tumoral

(38,6% dos casos), sendo possível identificar, na maioria das vezes, maior frequência de

componentes típicos do processo inflamatório crônico. Segundo os critérios utilizados

para a determinação da gradação de malignidade de Bryne (1998), a amostra aqui

apresentada foi composta predominantemente por casos de alto grau de malignidade

(82,9%).

Já na Tabela 5, levando em consideração a gradação de Brandwein-Gensler et

al., (2005), observa-se que nenhum caso foi classificado como de baixo risco de

malignidade, 37 casos (52,9%) foram considerados de risco intermediário e 33 casos

(47,1%) de alto risco de malignidade. Ao se analisar a invasão perineural (Figura 6),

nota-se que não houve o comprometimento de grandes nervos (com tamanho igual ou

maior que 1mm) na análise histopatológica, em contrapartida, em 41 casos (58,6%) foi

identificado o comprometimento, pela invasão tumoral, de nervos menores que 1mm de

diâmetro.

Quando foi considerado o padrão de invasão de maneira individualizada, nota-se

que tanto para a gradação de Bryne (1998) quanto para a gradação de Brandwein-

Gensler et al. (2005) existiu um notável predomínio do padrão de invasão tumoral

organizado sob a forma de pequenos grupamentos constituídos por menos que 15

células, ou mesmo a disseminação celular de maneira individualizada (Figura 5). Esse

padrão de invasão celular foi identificado, respectivamente de acordo com as duas

gradações citadas acima, em 90,0% e 84,3% dos casos. Além disso, segundo

Brandwein-Gensler et al., (2005), a invasão tumoral pode ocorrer sob a forma de

tumores satélites distantes 1mm do tumor principal (Figura 7). Tal padrão de invasão foi

identificado em apenas 4 casos (5,7%) da amostra.

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66

Figura 2: CCELO altamente ceratinizado com padrão de invasão organizado em ilhas e também em

ninhos com menos de 15 células. De permeio, escasso infiltrado inflamatório (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 3: CCELO exibindo ausência de ceratinização. Observa-se área de comedonecrose no centro de

uma ilha tumoral, além de infiltrado inflamatório praticamente ausente (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 4: Atipias celulares em caso de CCELO. Observa-se a presença de pleomorfismo celular e

nuclear, nucléolos proeminentes e figuras de mitose (HE/Pannoramic Viewer).

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Figura 6: Invasão perineural de pequeno nervo em CCELO (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 7: Presença de tumor satélite em CCELO (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 5: CCELO exibindo células neoplásicas malignas dissociadas individualmente em meio a intenso

infiltrado inflamatório (HE/Pannoramic Viewer).

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68

5.3 ANÁLISE CLÍNICOPATOLÓGICA

Os resultados da associação entre o estadiamento clínico categorizado dos casos de

CCELO e os parâmetros epidemiológicos e demais parâmetros clínicos estão descritos na

Tabela 6.

Tabela 6: Associação do estadiamento clínico em relação a parâmetros epidemiológicos, vícios

dos pacientes e parâmetros clínicos. Natal-RN, 2016.

Parâmetro Estadiamento clínico*** p

I ou II

n (%)

III ou IV

n (%)

Gênero

Masculino

Feminino

16 (64,0)

9 (36,0)

27 (67,5)

13 (32,5)

0,77

Idade

Ate 60 anos

Maior que 60 anos

4 (16,0)

21 (84,0)

24 (60,0)

16 (40,0)

<0,01

Tabagismo* Não

Sim

1 (5,3)

18 (94,7)

7 (18,4)

31 (81,6)

0,24

Etilismo* Não

Sim

5 (31,2)

11 (68,8)

7 (23,3)

23 (76,7)

0,56

Recidiva local Ausente

Presente

21 (84,0)

4 (16,0)

31 (77,5)

9 (22,5)

0,75

Segundo tumor primário

Ausente Presente

22 (88,0) 3 (12,0)

37 (92,5) 3 (7,5)

0,66

Metástase linfonodal após tratamento

Ausente Presente

22 (88,0) 3 (12,0)

36 (90,0) 4 (10,0)

1,00

Metástase à distância após tratamento

Ausente Presente

23 (92,0) 2 (8,0)

39 (97,5) 1 (2,5)

0,55

Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: *11 casos sem informação, ** 22 casos sem informação, *** 5 casos sem informação.

Através da análise da Tabela 6, foi possível determinar que houve uma

associação estatisticamente significativa entre o estadiamento clínico e a idade dos

pacientes, sendo possível notar que 60% dos indivíduos categorizados no grupo do

estadiamento clínico III ou IV apresentavam até 60 anos de idade e que 84% dos que

foram enquadrados no estadiamento clínico I ou II tinham mais que 60 anos de idade.

Considerando os dados válidos e apesar de não ter sido observada associação

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estatisticamente significativa, a maioria dos pacientes que desenvolveram recidiva local

(9 dos 13 casos) estavam distribuídos no grupo de pior estadiamento clínico (III e IV).

A análise da associação entre as gradações histológicas de malignidade

propostas por Bryne (1998) e Brandwein-Gensler et al. (2005) e os parâmetros clínicos

categorizados dos casos de CCELO usados para o presente estudo estão descritos na

Tabela 7.

Avaliando os casos gradados como baixo grau de malignidade de acordo com

Bryne (1998), 54,5% apresentaram estadiamento clínico I ou II. Considerando apenas

os casos com estadiamento III ou IV, 37 (87,5%) dos 40 casos foram gradados como

tumores de alto grau. Quando analisados individualmente os critérios utilizados para

determinação do estadiamento clínico, foi notado que, respectivamente, 81,8% e 63,6%

dos CCELO de baixo grau apresentavam tamanho do tumor (T) dentro do grupo T1 ou

T2 e ausência de comprometimento linfonodal (N0). Dos 15 pacientes que

desenvolveram recidivas locais, 14 (93,3%) tiveram seus tumores gradados como alto

grau de malignidade segundo Bryne (1998). Ainda considerando a gradação citada

anteriormente, todos os 7 casos em que o paciente desenvolveu um segundo tumor

primário e todos os 8 casos em que houve comprometimento linfonodal após o

tratamento foram classificados como alto grau de malignidade.

Quanto a gradação de Brandwein-Gensler et al., (2005), nota-se que houve um

predomínio com estadiamento clínico III ou IV tanto em casos gradados como risco

intermediário (57,1%) quanto em casos de alto risco de malignidade (66,7%). Houve

maior frequência de tumores com tamanho (T) T1 ou T2 tanto entre os casos de risco

intermediário (71,4%) quanto de alto risco de malignidade (56,7%). Quando analisados

individualmente os critérios utilizados para determinação da gradação de Brandwein-

Gensler et al., (2005), foi constatado que 75% dos casos que apesentaram

comprometimento linfonodal (N1 ou N2) apresentaram invasão perineural, tendo sido

encontrada uma associação estatisticamente significativa (p= 0,02).

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Tabela 7: Associação da Gradação de malignidade de Bryne (1998) e Brandwein-Gensler et al., (2005) em relação a parâmetros clínicos. Natal-RN,

2016.

Fonte: Liga Norte-riograndense Contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: *5 casos sem informação.

Parâmetro Gradação de Bryne p Gradação de Brandwein-Gensler p

Baixo grau

n (%)

Alto grau

n (%)

Risco intermediário

n (%)

Alto risco

n (%)

T categorizado* T1 + T2

T3 + T4

9 (81,8)

2 (18,2)

33 (61,1)

21 (38,9)

0,30

25 (71,4)

10 (28,6)

17 (56,7)

13 (43,3)

0,21

N categorizado* N0

N1 + N2

7 (63,6)

2 (36,4)

26 (48,1)

28 (51,9)

0,51

18 (51,4)

17 (48,6)

15 (50,0)

15 (50,0)

0,90

Estadiamento clínico*

I ou II III ou IV

6 (54,5) 5 (45,5)

19 (35,2) 35 (64,8)

0,22

15 (42,9) 20 (57,1)

10 (33,3) 20 (66,7)

0,43

Recidiva local

Ausente Presente

11 (91,7) 1 (8,3)

44 (75,9) 14 (24,1)

0,43

29 (78,4) 8 (21,6)

26 (78,8) 7 (21,2)

0,96

Segundo tumor primário

Ausente Presente

12 (100,) 0 (0,0)

51 (87,9) 7 (12,1)

0,34

31 (83,8) 6 (16,2)

32 (97,0) 1 (3,0)

0,11

Metástase linfonodal após

tratamento

Ausente Presente

12 (100,)

0 (0,0)

50 (86,2)

8 (13,8)

0,33

32 (86,5)

5 (13,5)

30 (90,9)

3 (10,1)

0,71

Metástase à distância após

tratamento Ausente

Presente

11 (81,7) 1 (8,3)

56 (96,6) 2 (3,4)

0,43

36 (97,3) 1 (2,7)

31 (93,9) 2 (6,1)

0,59

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71

Assim como para as associações entre a gradação de Bryne (1998) e os

parâmetros clínicos analisados na Tabela 7, não foram encontradas associações

estatisticamente significativas entre a gradação de Brandwein-Gensler et al. (2005) e

tais parâmetros clínicos.

5.4 ANÁLISE IUNOISTOQUÍMICA

Para análise imunoistoquímica foi feita a descrição do padrão de marcação

nuclear da proteína HSF1 nas células do epitélio de revestimento da MON e do front de

invasão tumoral dos casos de CCELO. A expressão nuclear de HSF foi observada em

todos os casos analisados, tanto de MON quanto de CCELO, porém quando

consideradas as células epiteliais negativas para a imunomarcação, estas predominaram

nos casos de MON. Em MON as células imunomarcadas apresentavam-se mais

distribuídas em região de camada basal e parabasal do epitélio de revestimento, com

tendência de ter fraca ou moderada imunomarcação (Figura 8). Foi possível identificar

também a transição das intensidades de marcação entre regiões do epitélio normal para

o epitélio displásico (Figura 9) e também do epitélio normal para áreas de invasão

tumoral, nas quais a marcação apresentava tendência a ser mais intensa (Figura 10). Nos

casos de CCELO era notória a observação de maior quantidade de células

imunomarcadas para a proteína HSF1 em comparação à MON, sendo também mais

quantitativamente evidente o predomínio de células com intensidade variando de

moderada a intensamente marcadas. O padrão de marcação não mostrou diferenças

entre áreas mais superficiais do tumor (figura 11) e áreas de invasão mais profunda

(Figuras 12 e 13). Na Tabela 8 encontra-se descrita a análise comparativa da

imunomarcação de HSF1 entre a MON e o CCELO.

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72

Tabela 8: Análise comparativa da imunoexpressão de HSF1 em MON e CCELO segundo o

escore de intensidade de marcação celular e percentual de imunopositividade. Natal-RN, 2016.

Fonte: Liga Norte-riograndense contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: CCELO: carcinoma de células escamosas de língua oral, MON:mucosa oral normal, DP:

Desvio padrão, LI: Limite inferior, LS: Limite superior, IC: Intervalo de confiança.

Grupo n Média

(±DP)

LI-LS

IC (95%)

p

Escore de intensidade CCELO

MON

70

30

1,79 (± 0,26)

0,74 (±0,34)

1,72-1,84

0,61-0,86

<0,01

Percentual de

imunopositividade

CCELO

MON

70

30

89,87 (±4,82)

53,56 (± 20,43)

88,72-91-02

45,92-61,18

<0,01

Gráfico 1: Box-plot relativo ao escore de intensidade da

imunoexpressão da proteína HSF1 com relação as lesões.

avaliadas.

Gráfico 2 Box-plot relativo ao porcentual de positividade da

proteína HSF1 com relação as lesões avaliadas.

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73

A análise da imunomarcação de HSF1 revelou, em MON, escores de intensidade de

imunopositividade que variaram de 0,21 a 1,36 e porcentuais de imunopositividade que

variaram de 20,17% a 86,76%. Quanto ao grupo de CCELO, foi possível observar escores de

intensidade de imunopositividade variando de 1,04 a 2,34 e porcentuais de imunopositividade

indo de 74,61% a 97,61%. Foram encontrados resultados estatisticamente significativos

(p<0,01) ao serem comparadas tanto as médias do escore de intensidade de marcação quanto

as médias dos percentuais de imunopositividade da MON e do CCELO. Tais resultados

evidenciam uma forte imunoexpressão da proteína HSF1 nas células neoplásicas malignas em

detrimento dos queratinócitos normais.

Para a análise da associação da imunoexpressão de HSF1 com parâmetros

clinicopatológicos (Tabela 9), conforme critério apresentado nos materiais e métodos, os

casos de CCELO que excedessem o mais alto escore de intensidade de imunoexpressão da

mucosa oral normal (1,36) foram definidos como superexpressos. Utilizando esse critério, 5

casos de CCELO exibiram escore de intensdade de imunoexpressão menor que 1,36 e,

portanto, foram desnconsiderados durante a análise da associação da imunexpressão com

parâmtros clinicopatológicos e, também, na análise de sobrevida. Em seguinda, foi feita a

categorização dos 65 casos que apresentaram superexpressão de HSF1 em CCELO. Foi

determinada a mediana (1,84) dos escores de imunomarcação dos 65 casos superexpressos. A

partir dessa mediana, os casos com superexpressão de HSF1 foram categorizados em dois

grupos: menor superexpessão (casos com escore de imunomarcação até 1,84) e maior

superexpressão (casos com escore de imunomarcação maior que 1,84).

Os casos com maior superexpressão de HSF1, 53,6% apresentaram estadiamento

clínico III ou IV, Setenta e cinco por cento e 53.6% dos casos com maior superexpressão de

HSF1 foram categorizados, respectivamente como T1 ou T2 e N0. Quanto à recidiva local,

segundo tumor primário e metástase à distância, a maioria dos casos foi enquadrado dentro do

grupo que apresentou menor superexpressão de HSF1. A associação com a gradação de Bryne

(1998), mostrou que 83,9% dos casos com maior superexpressão de HSF1 foram gradados

como alto grau de malignidade, 54,9% dos casos com maior superexpressão foram

classificados como de risco intermediário segundo a gradação proposta por Brandwein-

Gensler et al. (2005).

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74

Tabela 9: Associação da superexpressão da proteína HSF1 em relação aos parâmetros

clínicopatológicos. Natal-RN, 2016.

Fonte: Liga Norte-riograndense Contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: * Em 5 casos não foi considerada superexpressão de HSF1; **5 casos sem informação.

Diante do apresentado na Tabela 9, não foram encontradas associações

estatisticamente significativas entre a superexpressão da proteína HSF1 e os parâmetros

clínicopatológicos dos casos de CCELO presentes na amostra deste estudo.

Parâmetro Escore de Superexpressão* p

Até 1,84

n (%)

>1,84

n (%)

T categorizado** T1 + T2

T3 + T4

16 (50,0)

16 (50,0)

21 (75,0)

7 (25,0)

0,47

N categorizado** N0

N1 + N2

14 (43,8)

18 (56,2)

15 (53,6)

13 (46,4)

0,45

Estadiamento clínico**

I + II III + IV

8 (25,0) 24 (75,0)

13 (46,4) 15 (53,6)

0,08

Recidiva local

Ausente Presente

26 (76,5) 8 (23,5)

25 (80,6) 6 (19,4)

0,68

Segundo tumor primário

Ausente Presente

30 (88,2) 4 (11,8)

29 (93,5) 2 (6,5)

0,67

Metástase linfonodal após tratamento

Ausente

Presente

32 (94,1)

2 (5,9)

25 (80,6)

6 (19,4)

0,13

Metástase à distância após tratamento

Ausente

Presente

32 (94,1)

2 (5,9)

30 (96,8)

1 (3,2)

1,00

Gradação de Bryne

Baixo grau

Alto grau

5 (14,7)

29 (85,3)

5 (16,1)

26 (83,9)

0,87

Gradação de Brandwein-Gensler

Risco intermediário

Alto risco

16 (47,1)

18 (52,9)

17 (54,9)

14 (45,1)

0,53

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75

Figura 10: Imunomarcação da proteína HSF1 em área de transição entre epitélio normal e CCELO.

(HE/Pannoramic Viewer).

Figura 8: Imunomarcação da proteína HSF1 no epitélio da MON. Nota-se maior quantidade de células

imunomarcadas nas camadas basal e parabasal, com intensidade de marcação variando de fraca a

moderada. A maioria das células nas camadas superficiais mostra-se negativas (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 9: Imunomarcação da proteína HSF1 na transição entre epitélio normal e epitélio displásico

(HE/Pannoramic Viewer).

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76

Figura 11: Imumarcação de HSF1 em área de CCELO in situ, observa-se a distribuição das células

positivas em toda a extensão do epitélio neoplásico com intensidade de imunomarcação variando de

moderada a intensa (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 12: Imunomarcação da proteína HSF1 no front de invasão em CCELO. Nota-se a presença de

ilhas, ninhos e células dissociadas imunomarcados (HE/Pannoramic Viewer).

Figura 13: Imunomarcação da proteína HSF1 em CCELO. Verifica-se a grande densidade de células

intensamente imunomarcadas (HE/Pannoramic Viewer).

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77

5.5 ANÁLISE DE SOBREVIDA

Para a análise de sobrevida foram considerados o tempo livre de doença e tempo de

sobrevida global. Neste estudo, o tempo específico da doença coincide com o tempo de

sobrevida global visto que todos os óbitos foram associados ao câncer. Dos 70 casos de

CCELO selecionados para a análise de sobrevida, 45 casos (64,3%) permaneceram vivos num

período de 5 anos, 18 casos (25,7%) foram a óbito e 7 casos foram enquadrados como casos

censurados.

A análise da sobrevida livre de doença dos pacientes da amostra levando-se em

consideração parâmetros epidemiológicos, clinicopatológicos e imunoistoquímicos encontra-

se descrita na Tabela 10. O tempo livre de doença foi considerado como o intervalo de tempo

contado desde o tratamento até diagnóstico do primeiro evento associado à progressão do

câncer tais como: primeira recidiva, segundo tumor primário, metástase linfonodal ou

metástase à distância. No presente estudo foram identificados 27 destes eventos, tendo como

resultado um tempo livre de doença 47,84% (Gráfico 3).

Apesar de não ter sido encontrado valor estatisticamente significativo, indivíduos do

sexo masculino e acima de 60 anos de idade apresentaram maior taxa de sobrevida livre de

doença quando comparados com indivíduos do gênero feminino e com idade até 60 anos.

Ao analisar-se a relação entre a taxa de sobrevida livre de doença e parâmetros

clínicos, não foram encontrados resultados estatisticamente significativos. Indivíduos que

exibiram tamanho do tumor T1 ou T2 e que não apresentaram comprometimento linfonodal

(N0) obtiveram maior taxa de sobrevida livre de doença quando comparados aos que foram

enquadrados no grupo T3 ou T4 e em relação aos que apresentaram comprometimento

linfonodal (N1 ou N2).

Quando considerada a gradação histológica de Bryne (1998), observou-se que os casos

que foram gradados como de baixo grau de malignidade apresentaram maior taxa de

sobrevida livre de doença quando comparados aos casos de alto grau de malignidade, tendo

sido encontrado resultado estatisticamente significativo (p= 0,05) (Gráfico 4). Quanto a

análise do impacto da gradação de Brandwein-Gensler et al. (2005) e da superexpressão da

proteína HSF1 na sobrevida livre de doença, não foram encontrados valores estatisticamente

significativos.

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78

Tabela 10 – Sobrevida livre de doença dos casos de CCELO de acordo com os parâmetros

epidemiológicos, clínicos e imunoistoquímico. Natal –RN, 2016

Parâmetro Número de

eventos

Sobrevida

em 5 anos (IC 95%)

HR

(IC 95%) p

Gênero Masculino

Feminino 17

10

48,35 (30,19 – 64,34)

47,47 (23,42 – 68,22)

0,98

(0,45 – 21,33) 0,95

Idade Até 60 anos

Maior que 60 anos

13

14

42,87 (21,97 – 62,29)

51,60 (31,66 – 68,34)

0,78

(0,37 – 1,67) 0,53

Tabagismo* Não

Sim

5

18

37,50 (8,70 – 67,44)

51,69 (34,22 – 66,63)

0,40

(0,15 – 1,11) 0,08

Etilismo** Não

Sim

4

16

60,61 (25,07 – 83,42)

37,06 (18,56 –55,70)

1.88

(0,63 – 5,65)

0,26

T categorizado***

T1 ou T2

T3 ou T4

14 10

54,96 (35,55 – 70,73) 40,79 (1703 – 6349)

1.48

(0.65– 3,35)

0,34

N categorizado***

N0

N1 ou N2

12 12

51,49 (30,20 – 69,22) 50,20 (28,37 – 68,59)

1.30 (0,58 – 2,90)

0,53

Estadiamento

categorizado*** I ou II

III ou IV

9

15

47,81 (22,92 – 69,10)

51,45 (32,19 – 68,59)

1.23

(0,54 – 2,81)

0,62

Tratamento

Só cirurgia

Cirurgia e outros 2 25

72,92 (27,64 – 92,54) 43,58 (28,18 – 58,00)

3.13 (0,74 – 13,30)

0,12

Metástase à

distância

após tratamento

Não

Sim

25

2

49,07 (3395 – 62,56)

33,33 (0,90 – 77,41)

1.22

(1,29– 5,17)

0,79

Gradação

Bryne

Baixo grau

Alto grau

1

26

88,89 (43,30 –98,36)

41,87 (27,00 –56,05)

5.57

(0,75 – 41,03)

0,05

Gradação

Brandwein-Gensler

Risco intermediário Alto risco

16 11

47,04 (27,78–64,14) 48,35 (25,96 –67,60)

0,94 (0,44 – 2,02)

0,87

Superexpressão de

HSF1

Até 1,84 Maior que 1,84

16

11

41,08 (22,14–59,15)

54,29 (30,78 –72,86)

0,67 (0,30 – 1,48)

0,31

Fonte: Liga Norte-riograndense Contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: *11 casos sem informação, ** 22 casos sem informação, *** 5 casos sem informação, IC: intervalo de

confiança, HR: odds ratio,

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79

0.0

00.2

50.5

00.7

51.0

0

0 20 40 60Meses

Sobrevida livre de doença

Gráfico 3: Sobrevida livre de doença.

0.0

00.2

50.5

00.7

51.0

0

0 20 40 60

tempo livre de doença (meses)

Baixo grau Alto grau

Gradação Bryne

p = 0.05

Gráfico 4: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida livre de doença

para Gradação de Bryne (1998).

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80

Quanto aos casos de óbito, o tempo médio para a morte dos pacientes, em meses, foi

de 14,33 (±11,97), com tempo mínimo de 1 mês e máximo de 50 meses. A tabela 11 mostra a

análise da associação entre variáveis epidemiológicas, vícios dos pacientes, parâmetros

clinicopatológicos e superexpressão de HSF1 frente aos óbitos identificados no presente

estudo. Dos 18 casos de óbitos, 55,6% ocorreram em homens com idades até 60 anos. A

análise dos hábitos dos indivíduos da amostra revelou que do total de óbitos, 14 (87,5%) e 12

(85,7) eram usuários de tabaco e álcool, respectivamente. A respeito do estadiamento clínico

dos casos, 76,5% das mortes aconteceram em pacientes com estadiamento III ou IV e 64,7%

dos mortos tiveram comprometimento linfonodal identificado histologicamente após

esvaziamento cervical na abordagem cirúrgica inicial (N1 ou N2). Dezesseis pacientes que

vieram a óbito (88,9%) foram submetidos a cirurgia ressectiva associada a radioterapia e/ou

quimioterapia, enquanto que duas mortes (11,1%) ocorreram em indivíduos submetidos

apenas ao tratamento cirúrgico.

Foi encontrada associação estatisticamente significativa (p<0,01) entre a ocorrência de

recidivas locais e óbitos dos pacientes, uma vez que 86,5% dos indivíduos vivos não

desenvolveram recidivas locais, estando 5,14 vezes menos associados ao óbito do que

indivíduos que desenvolveram recidivas.

De acordo com as gradações histológicas, 83,3% dos casos de óbito foram gradados

como de alto grau segundo Bryne (1998) e 44,4% como de alto risco segundo Brandwein-

Gensler et al. (2005). Analisando individualmente os critérios da gradação de Brandwein-

Gensler et al. (2005) foi observada associação estatisticamente significativa (p= 0,01) entre a

invasão perineural com os óbitos dos pacientes. Uma vez que em 83,3% dos casos de óbito

apresentaram invasão perineural. Indivíduos que apresentaram tumores com invasão

perineural estavam 5,14 vezes mais associados ao óbito

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81

Tabela 11: Associação dos óbitos em relação aos parâmetros clínicopatológicos e imunoistoquímico.

Natal-RN, 2016.

Fonte: Liga Norte-riograndense Contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: *11 casos sem informação, ** 22 casos sem informação, *** 5 casos sem informação.

Parâmetro Óbito p

Não

n (%)

Sim

n (%)

Gênero Masculino

Feminino

37 (71,2)

15 (28,8)

10 (55,6)

8 ( 44,4)

0,22

Idade Até 60 anos

Maior que 60 anos

21 ( 40,4)

31 (59,6)

10 (55,6)

8 (44,4)

0,26

Tabagismo* Não

Sim

6 (14,0)

37 (86,0)

2 (12,5)

14 (87,5)

1,00

Etilismo** Não

Sim

10 (30,3)

23 (69,7)

2 (14,3)

12 (85,7)

0,30

T categorizado***

T1 ou T2

T3 ou T4

34 (70,8)

14 (29,2)

8 (47,11)

9 (52,9)

0,07

N categorizado***

N0

N1 ou N2

27 (56,3)

21 (43,7)

6 (35,3)

11 (64,7)

0,13

Estadiamento clínico***

I ou II

III ou IV

21 (43,8)

27 (56,2)

4 (23,5)

13 (76,5)

0,16

Tratamento

Só cirurgia

Cirurgia e outros

16 (30,8)

36 (69,2)

2 (11,1)

16 (88,9)

0,12

Recidiva local Ausente

Presente

45 (86,5)

7 (13,5)

10 (55,6)

8 (44,4)

<0,01

Segundo tumor primário Ausente

Presente

47 (90,4)

5 (9,6)

16 (88,9)

2 (11,1)

1,00

Metástase linfonodal após tratamento Ausente

Presente

45 (86,5)

7 (13,5)

17 (94,4)

1 (5,6)

0,67

Metástase à distância após tratamento Ausente

Presente

50 (96,2)

2 (3,8)

17 (94,4)

1 (5,6)

1,00

Gradação de Bryne Baixo grau

Alto grau

9 (17,3)

43 (82,7)

3 (16,7)

15 (83,3)

1,00

Gradação de Brandwein-Gensler Risco intermediário

Alto risco

27 (51,9)

25 (48,1)

10 (55,6)

8 (44,4)

0,79

Superexpressão de HSF1 Até 1,84

Maior que 1,84

25 (50,0)

25 (50,0)

12 (66,7)

6 (33,3)

0,22

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82

A tabela 12 descreve os resultados referentes à análise da sobrevida global em 5 anos

dos casos de CCELO frente a parâmetros epidemiológicos, clínicos e imunoistoquímicos. Foi

observada uma taxa de sobrevida global de 68,20 (Gráfico 5). Notou-se que, de maneira geral,

homens e indivíduos acima de 60 anos tiveram maior sobrevida em 5 anos quando

comparados com mulheres e indivíduos com até 60 anos de idade. Com relação aos hábitos,

indivíduos não tabagistas e não etilistas tiveram maiores taxas de sobrevida quando

comparados ao grupo que fazia uso de tais substâncias.

Ao serem analisados os parâmetros clínicos, foi encontrada diferença estatisticamente

significativa (p= 0,04) entre o tamanho do tumor (T) categorizado com a sobrevida em 5 anos

(Gráfico 6). Os casos categorizados como T1 ou T2 mostraram maior taxa de sobrevida quando

comparados aos T3 ou T4. Quando o parâmetro utilizado foi a metástase linfonodal e o

estadiamento clínico categorizado, apesar de não ter sido encontrado resultados

estatisticamente significativo, notou-se que nos casos em que não houve comprometimento

linfonodal (N0) e quando os casos foram estadiados como I ou II, os pacientes também

apresentaram maiores taxas de sobrevida do que os que exibiram comprometimento

linfonodal (N1 ou N2) e pior estadiamento clínico (III ou IV).

Foi encontrado valor estatisticamente significativo (p= 0,02) quando feita a associação

entre a sobrevida global dos pacientes em 5 anos e a ocorrência de recidivas locais (Gráfico

7). Indivíduos que desenvolveram lesões recidivantes exibiram 2,91 vezes mais chances de

morrer quando comparados aos indivíduos sem recidivas

Quanto às gradações histológicas de malignidades de Bryne (1998) e Brandwein-

Gensler et al. (2005) não foram encontrados valores estatisticamente significativos em relação

à sobrevida global dos pacientes em 5 anos. Analisando individualmente os critérios

utilizados para determinação da gradação de Brandwein-Gensler et al. (2005) foi observada

associação estatisticamente significativa (p= 0,02) entre a invasão perineural com o tempo de

sobrevida global dos pacientes (Gráfico 8).

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83

Tabela 12 - Taxa de sobrevida em 5 anos dos casos de CCELO de acordo com os parâmetros

epidemiológicos, clínicos e imunoistoquímico. Natal –RN, 2016

Parâmetro N Nº de

óbitos

Sobrevida

em 5 anos (IC 95%)

HR

(IC 95%) p

Gênero

Masculino

Feminino

47

23

10

8

72,22 (53,71 – 84,33)

62,66 (38,55 – 79,36)

1,34

(0,53 – 3,39)

0,54

Idade

Até 60 anos

Maior que 60 anos

31

39

10

8

59,79 (37,34 – 76,46)

74,89 (55,78 – 86,66)

0,63

(0,25 – 1,59) 0,32

Tabagismo*

Não Sim

12 35

2 14

75,00 (31,48 – 93,09) 67,87 (51,58 – 79,69)

1,27 (0,29 – 5,60)

0,75

Etilismo**

Não

Sim

12

35

2

12

81,82 (44,74 – 95,12)

59,60 (39,53 –74,93)

2,48

(0,55 – 11,08) 0,24

T categorizado***

T1 ou T2

T3 ou T4

42

23

8

9

77,35 (59,35 – 88,13)

46,65 (21,42 – 68,57)

2,56

(0,98 – 6,71) 0,04

N categorizado***

N0

N1 ou N2

33

32

6

11

76,67 (54,75 – 88,94)

58,13 (36,58 – 74,63)

2,30

(0,85 - 6,26) 0,10

Estadiamento categorizado*** I ou II

III ou IV

20

45

4

13

79,01 (52,44 – 91,76)

60,61 (41,52– 75,18)

1,77

(0,62 – 5,05)

0,28

Tratamento

Só cirurgia

Cirurgia e outros

18

52

2

16

88,89 (62,42 – 97,10)

64,88 (48,76 – 77,06)

1,78

(0,41 – 7,79) 0,44

Recidiva local

Não

Sim

55

15

10

8

79,99 (61,04 – 87,07)

41,07 (15,09 – 65,78)

2,91

(1,14 – 7,39) 0,02

Segundo tumor primário

Não

Sim

63

7

16

2

67,99 (52,72 – 79,25)

68,57 (21,28 – 91,21)

0,91

(0,21 – 3,98)

0,90

Metástase linfonodal

após tratamento

Não

Sim

62

8

17

1

65,08 (49,47 – 76,93)

87,50 (38,70 – 98,14)

1,67

(0,63 – 4,46)

0,30

Metástase à distância

após tratamento

Não

Sim

67

3

17

1

68,64 (54,12 – 79,41)

66,67 (5,41 – 94,52)

0,31

(0,04 – 2,37)

0,26

Gradação de Bryne

Baixo grau

Alto grau

12

58

3

15

69,26 (31,19 – 89,070)

68,32 (52,71 – 79,72)

0,89

(0,26 – 3,09) 0,86

Gradação Brandwein-Gensler Risco intermediário

Alto risco

37

33

10

8

72,22 (53,71 – 84,33)

62,66 (38,85 – 79,36)

1,11

(0,44 – 2,83)

0,81

Superexpressão de HSF1

Até 1,84

Maior que 1,84

37

31

12

6

58,49 (37,71 – 74,46)

76,31 (54,45 – 88,67)

0,57

(0,21 – 1,52) 0,26

Fonte: Liga Norte-riograndense Contra o Câncer e Programa de Pós-graduação em Patologia oral/UFRN.

Legenda: *11 casos sem informação, ** 22 casos sem informação, *** 5 casos sem informação, IC: intervalo de

confiança, HR: odds ratio.

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84

0.0

00.2

50.5

00.7

51.0

0

0 20 40 60Meses

T1 + T2 T3 + T4

T categorizado

p = 0.04

Gráfico 6: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida de 5 anos para

os tamanhos dos tumores.

Gráfico 5: Sobrevida global em 5 anos.

0.0

00.2

50.5

00.7

51.0

0

0 20 40 60Meses

Sobrevida

Gráfico 5: Sobrevida global em 5 anos.

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85

0.0

00.2

50.5

00.7

51.0

0

0 20 40 60Meses

Ausente Presente

Recidiva local

p = 0.02

Gráfico 7: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida de 5 anos para

recidivas dos tumores.

0.0

00.2

50.5

00.7

51.0

0

0 20 40 60Meses

Nenhum Pequenos nervos

Invasão perineural

p = 0.02

Gráfico 8: Curvas de Kaplan-Meier com estimativas de sobrevida de 5 anos para

invasão perineural.

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Discussão

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87

7. DISCUSSÃO

O CCEO é a sexta neoplasia maligna mais comum em todo o mundo com mais de 50%

dos pacientes diagnosticados em estágios avançados. Muitas variáveis clínicas têm sido

identificadas na busca de fatores prognósticos desta neoplasia. No entanto, as taxas de

mortalidade encontradas em diferentes populações tem permanecido praticamente inalteradas,

motivando a busca por fatores de prognóstico que possam melhor predizer a sobrevida dos

pacientes. (JARDIM et al., 2015).

Evidenciou-se neste estudo maior incidência do CCELO em indivíduos do sexo

masculino (67,1%), acima dos 60 anos de idade (55,7%), tabagistas (72,9%) e etilistas

(50,0%). Achados semelhantes são descritos na maior parte da literatura (LI et al., 2013;

KELNER et al., 2014; Fernandez et al., 2015). Ao longo dos últimos anos, tem sido

observado um aumento no número de casos da doença em pacientes mais jovens e também

em mulheres sem histórico de associação com os fatores de risco mais frequentemente

associados ao seu desenvolvimento (GAETTI-JARDIM et al., 2010; JOHNSON;

JAYASEKARA; AMARASINGHE, 2011). Na amostra desta pesquisa, 10 pacientes (14,3%)

apresentaram idades inferiores a 45 anos. Destes, considerando os dados válidos, 88,9% eram

tabagistas, com tempo médio de consumo de tabaco, em anos, de 29,50 (±13,89), e 87,5%

eram etilistas. Em relação aos casos do sexo feminino, também sendo considerados os dados

válidos, 75% das mulheres eram tabagistas (36,20 ± 19,15) e apenas 37,5% eram etilistas.

Portanto, apesar de apresentarem tempo médio de consumo de tabaco menor do que o

encontrado para todos os componentes da amostra (38,34 ±16,70), indivíduos mais jovens e

mulheres desta amostra também foram expostos aos fatores de risco mais associados ao

desenvolvimento deste tipo de câncer.

O Sistema TNM ainda permanece universalmente aceito nos centros de tratamento e

estudo do câncer, como método para a determinação do estadiamento clínico dos pacientes

utilizando como fundamento principal a extensão anatômica dos tumores (KREPPEL et al.,

2011; ÁVILES-JURADO et al., 2012; RAJAPAKSHE et al., 2015). Apesar de ser um

indicador de fácil utilização, o TNM apresenta limitações na predição do prognóstico dos

casos de CCEO. Um dos motivos que leva a essa limitação é a ausência de avaliação da

espessura e do volume total do tumor (análises tridimensionais da lesão), que tem se mostrado

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mais eficazes na determinação do comportamento da lesão, incluindo o risco de

comprometimento linfonodal, do que apenas o seu tamanho (T) observado clinicamente

(JERJES et al., 2010; MUCKE et al., 2016). Uma comprovação para esse dado, é o fato de

27% a 40% dos casos de CCEO em estágio inicial (T1 / T2) já apresentarem metástases

ocultas em linfonodos cervicais clinicamente negativos (N0) (JERJES et al., 2010). Diante

disso, alguns autores vem propondo mudanças nos parâmetros utilizados para a determinação

do TNM, para torná-lo uma ferramenta mais confiável no estadiamento do câncer

(RAJAPAKSHE et al., 2015; MUCKE et al., 2016).

Mesmo diante das limitações relatadas anteriormente, com relação ao tamanho do

tumor, nesta investigação, foi verificado o impacto desse parâmetro na taxa de sobrevida dos

pacientes desta amostra (p=0,04), uma vez que indivíduos que apresentavam tumores T1 ou T2

exibiram taxas de sobrevida global em 5 anos de 77,35% contra 46,65% dos casos com

tumores T3 ou T4, os quais apresentaram 2,56 mais chances de terem óbito como desfecho

clínico final. Esses resultados estão de acordo com os encontrados nos estudos de Mosleh-

Shirazi, Mohammadianpanah, Mosleh-Shirazi (2009) e Rogers et al., (2009). No entanto, o

sentido da progressão tumoral pode ser variável, independente do tamanho do tumor (T) e a

identificação da frente de invasão para estruturas adjacentes, tais como vasos, nervos e osso, é

muito importante. Diante disso, a espessura do tumor e a profundidade de invasão, que já vem

sendo investigados por exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética,

podendo ser confirmado pelo exame histopatológico, aparecem como promissores preditores

do prognóstico da doença, principalmente pelo fato de apresentarem fortes associações com o

risco de presença ou ausência de comprometimento dos linfonodos cervicais

(GONTARZ, WYSZYNSKA-PAWELEC, ZAPALA, 2013; KWON et al., 2015).

Quando acometida pelo CCEO, a língua é a localização anatômica da cavidade oral

mais associada com metástases para linfonodos regionais, pois histologicamente possui rica

rede linfática além de muitos feixes de fibras musculares (ALMANGUSH et al., 2014;

KNOW et al., 2015). O comprometimento linfonodal é um dos fatores prognósticos mais

importantes para CCELO com impacto significativo sobre as taxas de sobrevida. Com grande

frequência, metástases linfonodais ocultas são encontradas em pacientes com CCELO, diante

disso, o esvaziamento cervical eletivo é defendido por boa parte dos cirurgiões no momento

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da abordagem cirúrgica, exceto para aqueles com tumores muito superficiais (GANLY,

PATEL, SHAH, 2012; KELNER et al., 2014).

Foi observado que, dos casos selecionados para este estudo, 45,8% apresentavam

comprometimento linfonodal no momento da determinação do estadiamento clínico e em

nenhum caso foi constatada a presença de metástase à distância. Tais resultados confirmam,

em parte, os encontrados no estudo de Sklenicka et al., (2010). Segundo esses autores, no

momento do diagnóstico do CCEO, aproximadamente 36% dos indivíduos possuem doença

localizada, 43% já apresentam comprometimento linfonodal e 17% exibem metástases à

distância. Com relação ao impacto do comprometimento linfonodal (N) na sobrevida dos

pacientes, embora 64,7% dos casos de óbito tenham apresentado N1 ou N2, não foram

encontrados resultados estatisticamente significativos da associação desse parâmetro com os

tempos de sobrevida global e livre de doença. Por sua vez, Mosleh-Shirazi,

Mohammadianpanah, Mosleh-Shirazi (2009) e Kelner et al., (2014) verificaram que a

presença de metástases linfonodais está diretamente relacionada com o tempo de sobrevida de

pacientes com CCELO em estudos realizados, respectivamente, no Irã e no Brasil.

Na amostra dessa pesquisa, foi identificada uma maior prevalência de pacientes

estadiados como III ou IV (57,1%), o que indica um diagnóstico tardio da maioria dos casos,

como visto também na maior parte da literatura (D’ALESSANDRO et al., 2015; JARDIM et

al., 2015; LÓPEZ-CEDRUM, LLANO, 2015). Não foram achados valores estatisticamente

significativos que pudessem correlacionar o estadiamento clínico com o tempo de sobrevida

global e o tempo livre de doença. Este achado pode ser inerente a esta amostra, não podendo

ser extrapolado para a população, uma vez que vários autores como Rogers et al., (2009);

Kreppel et al., (2011), Hilly et al., (2013), em seus estudos, concluíram que este método é

válido como indicador de prognóstico dos pacientes, uma vez que indivíduos com

estadiamento III ou IV apresentaram menores taxas de sobrevida global quando comparados

com indivíduos estadiados como I ou II.

No presente estudo, 21,4% dos pacientes desenvolveram recidivas locais e 10% foram

acometidos por segundos tumores primários. Leemans, Braakuis e Brankenhoff (2013)

consideraram como recidivas locais as lesões que aparecem a menos de 2cm de distância do

tumor primário num prazo de até 3 anos, enquanto que um segundo tumor primário é tido

como a lesão que surge a mais de 2 cm da área do tumor primário ou num intervalo de tempo

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superior a 3 anos. Em relação a isto, é patente na literatura universal que as taxas de sobrevida

dos pacientes com CCEO não melhoraram nitidamente nas últimas décadas porque eles ainda

desenvolvem frequentemente recidivas locais, segundos tumores primários e, principalmente,

metástases linfonodais e à distância (RODRIGUES et al., 2014; JARDIM et al., 2015).

Seguindo essa linha, nesta presente investigação foram encontrados resultados

estatisticamente significativos ao ser feita a associação entre a ocorrência de recidivas locais

com os óbitos (p< 0,01) e com o tempo de sobrevida global dos pacientes em 5 anos (p=

0,02). Dos 15 indivíduos que desenvolveram recidiva local, 53,3% morreram contra 18,1% de

morte no grupo dos sem recidivas. O impacto da recidiva local sobre a sobrevida global em 5

anos determinou que tais pacientes exibiram 2,91 vezes mais chances de ter desfecho óbito do

que os que não desenvolveram lesões recidivantes. Mucke et al., (2016), também observaram

que a recorrência local estava relacionada com o menor tempo de sobrevida global dos

pacientes com CCELO e, além disso, estes autores concluíram que maior espessura do tumor

poderia ter associação com tal evento e, principalmente, com a ocorrência de metástase

linfonodal. Com relação ao tempo de ocorrência das recorrências, Loeffelbein et al., (2015)

afirmam que cerca de dois terços de todos os casos de CCEO recorrentes ocorrem de 2 a 3

anos após o tratamento e que quando a recidiva acontece nos primeiros 18 meses há uma

piora de 20,5%-27,6% das taxas de sobrevida em 5 anos dos pacientes. Nesta amostra, o

tempo médio em meses para a ocorrência da primeira recidiva foi de 12,93 (±7,42), o que

pode justificar o seu efeito negativo significativo sobre o tempo de sobrevida global dos

pacientes.

O CCEO apresenta altas taxas de recidiva local até quando as margens cirúrgicas são

consideradas “livres”, uma vez que mesmo nessas condições as taxas de recidivas estão entre

10% a 30% (WANG et al., 2016). Em 1953, Slaughter et al., introduziram o termo “campo de

cancerização” para explicar a alta propensão ao desenvolvimento de recidivas locais e

segundos tumores primários após o tratamento de carcinomas de células escamosas da região

de cabeça e pescoço. Na maioria das vezes, essas áreas da mucosa tem uma aparência

macroscopicamente normal, mas podem ser revestidas por epitélio histologicamente

displásico com alterações genéticas e epigenéticas que podem associar-se a iniciação e

progressão do câncer. Além disso, nenhuma alteração genética única nas margens cirúrgicas

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foi ainda identificada, pelas mais diferentes técnicas de biologia molecular, para prever a

possibilidade dos pacientes desenvolverem essas recidivas (WANG et al., 2016).

Ao longo dos anos, inúmeros pesquisadores desenvolveram propostas de gradações

histológicas com intuito melhor correlacionar os achados histopatológicos do CCEO com o

prognóstico da doença. Embora estas gradações sejam amplamente utilizadas, os estudos com

séries de casos são controversos no que diz respeito ao real valor destas no entendimento do

comportamento e da progressão tumoral. Dentre os sistemas de gradação histológica

existentes, os propostos por Bryne (1998) e Brandwein-Gensler et al.., (2005) são dos mais

usados em pesquisas.

Nesta investigação, foi visto que 26 dos 27 eventos que foram utilizados para a análise

do tempo de sobrevida livre de doença (recidivas locais, segundos tumor primários,

metástases linfonodais e à distância após o tratamento) ocorreram em casos classificados

como de alto grau de malignidade segundo o sistema de gradação de Bryne (1998), tendo sido

encontrado valor estatisticamente significativo (p= 0,05). Resultado semelhante foi visto por

Vedam, Boaz, Natarajan, (2014) e Mesquita et al., (2016) que determinaram que, na amostra

analisada por eles, indivíduos que apresentavam tumores classificados como de alto grau de

malignidade apresentavam, respectivamente, menores taxas de sobrevida global e

comportamento clínico mais agressivo.

Não foi encontrada a associação estatisticamente significativa entre o sistema de

Bryne (1998) com nenhum parâmetro clínico individualmente, corroborando os estudos de

Silveira et al., (2007); Lindenblatt et al., (2012) e Sawazaki-Calone et al., (2015) que não

encontraram valores significativos entre a gradação histológica de Bryne (1998), em CCELO,

com o estadiamento clínico, metástase linfonodal e desfecho da doença. Observa-se que

apesar de ser usado em diversos centros de pesquisa, os resultados dos estudos usando esse

sistema são controversos. Tal fato pode ser explicado, em parte, pela subjetividade de alguns

parâmetros, resultando na discrepância intraexaminador e interexaminador (SAWAZAKI-

CALONE et al., 2015). Todavia é bem aceito na literatura que CCELO tendem a apresentar

piores gradações histológicas de malignidade, diante de seu grande potencial invasivo, quando

comparados com outros sítios anatômicos, como, por exemplo, lesões de lábio, desde que

diagnosticados mais precocemente (GUTIERREZ-PASCUAL et al., 2012).

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92

A análise da relação entre o modelo de risco de Brandwein-Gensler et al., (2005) com

os parâmetros clínicos e as taxas de sobrevida analisados não encontrou valores

estatisticamente significativos. Rodrigues et al., (2014), Kolokythas et al., (2015) e Sawazaki-

Calone et al., (2015) também não evidenciaram a associação desta classificação com o

comportamento do tumor nem com a sua repercussão sobre o prognóstico e sobrevida dos

pacientes. Entretanto, Vered et al., (2010) mostraram que o risco de recorrência foi aumentado

nos casos classificados como de alto risco, enquanto que Lindenblatt et al., (2012)

determinaram que o modelo de risco histológico foi significativamente correlacionado com a

sobrevida global, sobrevida específica da doença e sobrevida livre de doença.

Neste estudo, também foram avaliados, de forma independente, todos os parâmetros

utilizados para a determinação das gradações histológicas de malignidade de Bryne (1998)

e Brandwein-Gensler et al., (2005) na tentativa de se avaliar seus poderes preditivos sobre o

prognóstico para os pacientes com CCELO.

Nos casos aqui analisados, tanto para a gradação de Bryne (1998) (90,0%) quanto

para a gradação de Brandwein-Gensler et al., (2005) (84,3%) foi observado o predomínio do

padrão de invasão organizado em ninhos com menos que 15 células. É bem aceito que estes

pequenos grupamentos de células no front de invasão estariam associados a importantes

processos da tumorigênese, tais como a transição epitélio-mesenquimal, as interações célula-

célula e as interações célula-matriz (KOONTONGKAEW, 2013; PECTASIDES et al.,

2014). Ao ser realizada a análise da associação do padrão de invasão com parâmetros clínicos,

não foram encontrados resultados estatisticamente significativos. Esse fato é explicado por

Koontongkaew (2013) e Rodrigues et al., (2014) pela alta frequência de invasão em

grupamentos menores que 15 células, principalmente em CCELO, o que torna difícil

compará-lo com outros padrões de invasão e determinar sua real influência sobre o

prognóstico dos pacientes em uma série de casos. Entretanto, dados anteriores, de Bryne

(1998) e Brandwein-Gensler et al., (2010), bem como recente investigação multicêntrica

desenvolvida por Alamangush et al., (2015) demonstraram que os tumores que apresentavam

piores padrões de invasão, são mais agressivos, com maior tendência de desenvolverem

recidivas locais, e, portanto, demandam piores prognósticos para os pacientes.

Nos resultados aqui apresentados, foi encontrada a maior frequência de infiltrados

inflamatórios escassos (38,6%) e fracos (40,0%) de acordo com os modelos propostos,

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93

respectivamente, por Bryne (1998) e Brandwein-Gensler et al., (2005), sem ter sido

encontrado valores significativos da associação da resposta inflamatória com parâmetros

clínicos dos casos analisados. As respostas imunes podem ser entendidas como uma tentativa

do organismo para erradicar as células tumorais (LI, PRINCE, MOYER, 2015; SHARMA,

ALLISON, 2015). Todavia, essas células podem também ter um efeito paradoxal em favor do

tumor, uma vez que produzem diversas moléculas que servem como fatores de crescimento,

que estimulam a angiogênese e a proliferação tumoral, além de quimiocinas, citocinas e

enzimas que degradam a matriz (PIVA et al., 2011). Além disso, os tumores se utilizam de

diversos mecanismos de evasão da resposta imune que fazem com que essa resposta

frequentemente falhe na tentativa de inibir o processo de formação das lesões, bem como

conter o seu crescimento e progressão (LI, PRINCE, MOYER, 2015; SHARMA, ALLISON,

2015). Desta forma, a suposição de que um infiltrado inflamatório denso seja uma

característica morfológica favorável a um tumor de baixo risco, com um possível melhor

prognóstico, ainda parece incerta. Além disso, não só a quantidade, mas também a qualidade

do infiltrado inflamatório deve ser analisada para determinar seu real papel no microambiente

tumoral (PIVA et al., 2011; RODRIGUES et al., 2014).

Foi encontrada a associação estatisticamente significativa (p= 0,02) entre a ocorrência

de invasão perineural com metástases linfonodais (N1 ou N2), sendo observado que 75% dos

casos que apesentaram linfonodos comprometidos exibiram invasão perineural. Jardim et al.,

(2015), ao analisarem esses mesmos parâmetros, encontraram associação estatisticamente

significativa (p< 0,01) entre a presença de comprometimento linfonodal em tumores que

promoveram a invasão perineural. Resultados semelhantes também foram achados por

D’Alessandro et al., (2015), uma vez que segundo esses autores, a presença de invasão

perineural estava significativamente associada com metástases linfonodais ocultas (p=0,03) e

que, portanto, a invasão perineural deve fazer parte da rotina de diagnóstico e tratamento dos

pacientes com CCEO. Binmadi, Basile (2011) e Jardim et al. (2015) consideram que o

processo de invasão de estruturas nervosas é uma forma de disseminação metastática

neoplásica que pode dificultar o seu controle local uma vez que as células neoplásicas seguem

o curso do nervo em direção a sítios distantes do tumor primário Diante disso, Tai et al (2012)

defendem que a identificação histológica de invasão perineural deve ser um fator indicativo

da necessidade de realização de esvaziamento cervical eletivo.

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94

Foi também observado resultado estatisticamente significativo a partir da associação

de invasão perineural com os óbitos dos pacientes, sendo confirmado que esse fator aumentou

em 5,14 vezes a chance de óbito. Além disso, a invasão perineural também foi estabelecida

como um fator que promoveu impacto negativo na sobrevida global dos pacientes da presente

amostra (p=0,02), indicando que indivíduos que apresentavam tumores com invasão

perineural exibiram taxa de sobrevida de 53,89% contra 87,82% dos que não apresentaram tal

achado.

A invasão perineural é resultante de certo tropismo das células tumorais para os feixes

de nervos em tecidos circundantes se correlacionando com o comportamento agressivo, a

recorrência da doença e aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes (BINMADI,

BASILE, 2011). Esse parâmetro é bem conhecido como um preditor independente de piores

prognósticos em carcinoma de pâncreas, estômago, próstata, bexiga, colorretal e neoplasias de

glândulas salivares. Sendo utilizado como um dos critérios para a indicação de radioterapia e

quimioterapia pós-operatórias (TAI et al., 2012). No entanto, em CCEO não há consenso

entre os autores sobre o seu impacto real na sobrevida dos pacientes (JARDIM et al., 2015)

Apesar da necessidade de mais esclarecimentos sobre o assunto, Rogers et al. (2009), Tai et

al. (2013), D’Alessandro et al., (2015) e Jardim et al., (2015) concluíram que a invasão

perineural representou um fator de impacto significativo na sobrevida dos pacientes com

CCEO e que, portanto, esse critério deveria receber mais atenção dos pesquisadores.

Devido às discrepâncias observadas em estudos utilizando os já consagrados sistemas

de gradação histológica de malignidade do CCEO, novos sistemas vem sendo propostos os

últimos anos. Almangush et al., (2014) propuseram o novo modelo de gradação BD, que,

apesar da necessidade de mais testes, pode ser um importante complemento para os fatores

prognósticos do CCEO, podendo também auxiliar no planejamento de protocolos terapêuticos

mais individualizados. Tal modelo é mais simples e objetivo, sendo aplicado facilmente na

rotina de serviços de anatomia patológica. Alguns resultados promissores que já estão

mostrando seu poder preditivo na sobrevida dos pacientes (SAWAZAKI-CALONE et al.,

2015; ALMANGUSH et al., 2015; ATTRAMADAL et al., 2015).

Diante das controvérsias existentes entre parâmetros clinicopatológicos com o

prognóstico de indivíduos com CCEO, o melhor conhecimento das alterações biológicas que

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95

ocorrem nas células neoplásicas e no microambiente tumoral, juntamente com a

caracterização de biomarcadores moleculares que controlem estas alterações podem contribuir

para uma melhor compreensão do comportamento dessas neoplasias e para o desenvolvimento

de meios diagnósticos e prognósticos mais eficazes que possam tanto auxiliar na

determinação de tratamentos individualizados mais eficazes quanto na previsão da sobrevida

dos pacientes (PATEL et al., 2008; YNAMOTO et al., 2012). Nessa perspectiva, alguns

estudos vem avaliando a participação de HSF1 no processo de iniciação e progressão de

diferentes tipos de tumores humanos.

O câncer é o resultado do acúmulo progressivo de alterações genéticas e epigenéticas

que permitem que células normais passem a adquirir características altamente específicas que

garantem a progressão tumoral (HANAHAN, WEINBERG, 2011). O CCEO é uma doença

complexa e multifatorial cujo processo de iniciação está associado à interação de fatores

ambientais extrínsecos e fatores intrínsecos aos indivíduos, sendo tabaco e álcool os dois

agentes mais fortemente relacionados e aceitos como causas da lesão (TÚRI et al., 20013;

SAND et al., 2014). O efeito sinérgico desses dois agentes, além de promover danos diretos à

molécula de DNA, está relacionado a condições estressoras na célula epitelial neoplásica

demandando, assim, a necessidade de mecanismos celulares, dentre os quais se destacam os

genes de reparo do DNA e proteínas do choque térmico, que busquem reverter tais danos

mantendo dessa forma a viabilidade da célula (ZYGOGIANNI et al., 2011; JENKINS et al.,

2013).

O gene HSF1 não desempenha um papel clássico de oncogene ou gene supressor de

tumor, mas a sua atividade influencia muitos aspectos do metabolismo celular que permitem a

progressão do câncer (VYDRA, TOMA, WIDLAK, 2014). Funções da proteína HSF1 em

neoplasias malignas estão relacionadas com a atividade das HSPs, que são importantes

chaperonas moleculares que auxiliam o dobramento de proteínas durante sua síntese e/ou

reparo, podendo também contribuir para a sua degradação em condições de estresse (DAI,

SAMPSON, 2016). HSF1/HSPs são consideradas proteínas pleiotrópicas, podendo relacionar-

se com vários dos “Hallmarks” em câncer estabelecidos, em 2011, por Hanahan e Weinberg.

Dentre suas diversas funções, pode proteger a célula da apoptose (resistência à morte celular),

induzir a progressão do ciclo celular, afetando a regulação de vias celulares essenciais,

incluindo a do p53 (manutenção da sinalização proliferativa), atuar no metabolismo lipídico e

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da glicose (desregulação energética celular) e aumentar a estabilidade de proteínas que são

alvos de anticorpos (evasão da resposta imune). Já está sendo visto também sua atuação na

indução da angiogênese e na promoção de metástases (BIN et al., 2015; DAI, SAMPSON,

2016). Outra ação de grande importância para a oncologia é a capacidade dessa proteína de

modular a sensibilidade das células cancerosas à terapia, estimulando, dentre outras coisas, o

efluxo de fármacos, conferindo, portanto, quimioresistência ao tumor (CIOCCA,

ARRIGO, CALDERWOOD, 2013).

Embora os mecanismos exatos de ação de HSF1 ainda não estejam totalmente

elucidados, esta molécula está se tornando um importante fator preditivo da sobrevida dos

pacientes, uma vez que, em vários cânceres humanos, a superexpressão de HSF1 está

associada com um curso significativamente pior dos tumores (SANTAGATA et al., 2011;

BIN et al., 2015). Diante disso, esta molécula vem sendo considerada um potencial alvo das

terapias anticâncer, cuja inibição pode potencializar os efeitos de outros tratamentos como

quimioterapia e radioterapia (JIANG et al., 2015; MCCONNELL, BUCKTON, MCALPINE,

2015).

Os resultados desta pesquisa demonstraram que todos os casos de MON e CCELO

avaliados demonstraram imunopositividade nuclear para HSF1. Tal achado corrobora os

estudos de Wu et al., (1994), Martinez-Balbas et al., (1995) e Mercier, Winegrden, Westwood

(1999). Esses autores determinaram que qualquer sinal que esteja envolvido no processo de

ativação e desativação de HSF1 provavelmente ocorre no núcleo. Mercier, Winegrden,

Westwood (1999) ao investigarem a localização celular de HSF1 em linhagens celulares,

incluindo a linhagem HeLa, através de Western-blot e imunofluorescência determinaram que

aproximadamente 80% da proteína HSF1 estava localizada no núcleo, antes e depois de serem

submetidas a estresse térmico.

Em contrapartida, Chen et al., (2013), analisando por imunofluorescência uma

linhagem cultivada de CCEO, observaram que antes de serem submetidas ao estresse térmico

a maior quantidade de HSF1 das células concentrava-se no citoplasma e só após determinado

nível de estresse ocorria a sua migração para o núcleo. Em seus estudos utilizando

imunoistoquímica em espécimes de CCEO, kim et al., (2010) e Ishiwata et al., (2012) e ao

analisar espécimes de carcinoma de células escamosas de esôfago, Liao et al. (2015)

observaram a expressão de HSF1 tanto em localização nuclear quanto citoplasmática. Essa

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divergência existente quanto à localização celular de HSF1, do ponto de vista da

imunoistoquímica, pode ser explicada, em parte pelas diferentes formas de produção dos

anticorpos anti-HSF1 que pode resultar em anticorpos sem sensibilidade contra a forma

monomérica de HSF1 encontrada, a princípio, no citoplasma (MERRIER et al., 1999).

Ao ser feita a análise comparativa entre a imunoexpressão de HSF1 na MON e nos

casos de CCELO, foram encontrados valores estatisticamente significativos tanto para o

escore de imunopositividade (p<0,01) quanto para o percentual de células imunomarcadas

(p<0,01), tendo sido observado uma marcante maior imunoexpressão desta proteína em

CCELO do que na MON, tal como observado nos trabalhos de Kim et al., (2010) e Ishiwata et

al., (2012). Da mesma forma, quando feita a análise comparativa, por Western-blot e RT-

PCR, da presença de HSF1 em 8 casos de mucosa esofágica normal e em 8 casos de

carcinomas de células escamosas de esôfago, Liao et al,. (2015) observaram que 7 dos 8 casos

do tumor apresentavam maior expressão de HSF1 em comparação com a mucosa esofágica

normal. Os dados obtidos a partir desta investigação, juntamente com os de outros estudos

citados anteriormente, confirmam a teoria de que HSF1 é continuamente expresso nas células

em condições de normalidade e que essa expressão é consideravelmente aumentada no câncer,

onde, ativando a expressão das HSPs, garante maior resistência das células neoplásicas aos

diferentes agentes estressores ligados a esta doença.

A superexpressão de HSF1 tem sido associada com pior progressão da doença e

reduzidas taxas de sobrevida de pacientes com câncer da mama, fígado, endométrio esôfago e

linfoma de Hodgkin (VYDRA, TOMA, WIDLAK, 2014). Nesta investigação, a

superexpressão de HSF1 nas células tumorais não foi associada significantemente com

nenhum parâmetro clinicopatológico nem com a sobrevida global e sobrevida livre de doença.

Em contrapartida, Ishiwata et al., (2012) estudando a correlação da imunoexpressão de

HSF1 com tais parâmetros em uma amostra de 50 casos de CCEO, encontraram resultados

estatisticamente significativos ao comparar a imunoexpressão de HS1 com tamanho do tumor

(T) categorizado (p= 0,015), observando que os casos enquadrados como T3 ou T4

apresentaram maior imunoexpressão, e com a gradação histológica, uma vez que os casos

pobremente diferenciados tiveram maior imunomarcação para esta proteína. Entretanto, uma

limitação do estudo é o fato de que apenas 6 casos tenham sido classificados como

pobremente diferenciados, enquanto que, nesta presente investigação, 58 casos (82,9%) foram

gradados como de alto grau de malignidade segundo Bryne (1998) e 33 casos (47,1%) foram

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considerados de alto risco de malignidade segundo Brandwein-Gensler et al., (2005), além

disso, esses autores não realizaram o estudo de sobrevida dos casos analisados para identificar

a real participação de HSF1 sobre o prognóstico desses pacientes. Liao et al., (2015), ao

analisarem 134 amostras de casos de carcinoma de esôfago, encontraram associação

estatisticamente significativa entre a superexpressão de HSF1 com tumores de tamanho T3-T4,

com comprometimento linfonodal e com piores estadiamentos clínicos. Além disso, esses

autores observaram o impacto negativo dessa superexpressão na sobrevida global e livre de

doenças dos pacientes da sua amostra.

Quando feita a análise comparativa do padrão de superexpressão da proteína HSF1 em

relação aos parâmetros aqui estudados, foi observado que o padrão de maior superexpressão,

com exceção do estadiamento clínico e da gradação de Bryne, ocorreu nos casos considerados

como de melhor prognóstico para os pacientes, porém sem significado estatístico, sendo

notada, com isso, certa estabilização da expressão dessa proteína durante a progressão do

tumor. Singh et al., (2009), Ciocca, Arrigo, Calderwood (2013) defendem que eventos

epigenéticos podem regular essa expressão de HSF1. Essa teoria é suportada pelo fato de que

o gene HSF1 contém dinucleotídeos CpG que poderiam levar ao seu silenciamento sob

algumas condições.

Metilação é o evento epigenéticos mais frequente. Consiste em uma modificação

covalente do DNA na qual um grupamento metil (CH3) é transferido da S-adenosilmetionina

para o carbono 5 de uma citosina (5-MeC) que geralmente precede a uma guanina

(dinucleotídeo CpG), pela ação de uma família de enzimas que recebe o nome de DNA

metiltransferase. A metilação ocorre quase que exclusivamente em dinucleotídeos CpG de

células diferenciadas e tem uma importante função na regulação da expressão gênica,

envolvendo principalmente genes supressores de tumor (p14, p15, p16, p73 e BRCA1), genes

de reparo do DNA (hMLH1 e MGMT) e genes associados à invasão e metástase (CDH1,

ECAD, TIMP1, TIMP2, TIMP3 e DAPK) (OLIVEIRA et al., 2010; JITESH et al., 2013).

De acordo com Oliveira et al., (2010), este processo de metilação é frequente durante

a iniciação e progressão do câncer, fato que coincide com os achados desse estudo, visto que

casos de tumores T1 ou T2, com ausência de comprometimento linfonodal, ausência de

recidivas locais e segundos tumores primários, ou seja, em estágios iniciais de progressão,

apresentaram maior superexpressão da proteína HSF1, ainda que sem significado estatístico.

Nessa mesma linha, Jones e Baylin (2002) afirmam que em muitos tipos de câncer, como

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carcinoma renal, carcinoma de mama e carcinoma de cólon, os nucleotídeos CpG, presentes

no gene de HSF1, poderiam tornar-se metilados durante a progressão do tumor e com isso a

expressão de genes inativos nesse processo, seria substituída pela expressão de outros genes

ativos que ainda não foram totalmente determinados.

Entretanto, deve-se considerar também que a falta de associação da superexpressão de

HSF1 em relação aos parâmetros clinicopatológicos observado neste estudo pode ser uma

característica inerente dessa amostra, restrita a apenas 70 casos. Outro fato que deve ser

observado, é a necessidade de também avaliar o comportamento da forma fosforilada de

HSF1 (pHSF1), uma vez que, de maneira geral, em situações de estresse, como as geralmente

enfrentadas por células neoplásicas malignas, HSF1 precisa sofrer fosforilação para se tornar

efetivamente ativado e pronto para desempenhar seu papel de fator de transcrição no núcleo

celular. Sob esta perspectiva, Zhao et al., (2013) ao analisarem pHSF1 em amostras de CCEO

observaram que a superexpressão dessa proteína estava significativamente associada a um

comportamento mais agressivo do tumor e menores taxas de sobrevida dos pacientes.

Portanto, estudar a forma fosforilada ativada de HSF1 pode fornecer maiores esclarecimento a

respeito do seu real valor prognóstico nos casos de CCELO aqui estudados.

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Conclusões

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8. CONCLUSÕES

Foi observado que casos gradados como alto grau de malignidade segundo Bryne

(1998) e alguns parâmetros clinicopatológicos determinaram impactos negativos nos

tempo de sobrevida dos pacientes desta amostra. Estes resultados corroboram as

informações já bem consolidadas na literatura quanto à influência negativa de piores

indicadores clínicos na sobrevida dos pacientes com CCELO. Além disso, ainda que

alguns estudos apresentem resultados controversos, a Gradação de Bryne (1998)

também se mostrou como um indicador prognóstico dos pacientes aqui analisados.

Embora seja continuamente expresso na MON, a significativa maior expressão de

HSF1 nos casos de CCELO sugere que esta proteína atue, de fato, no processo de

patogênese desta lesão, podendo desempenhar sua já relatada amplitude de funções

que ajudam a manter a viabilidade da célula neoplásica em meio às condições

estressoras do microambiente tumoral.

Apesar de sua superexpressão nos espécimes de CCELO, não foram encontrados

resultados significativos a partir da associação entre esta superexpressão com

parâmetros clinicopatológicos avaliados nesta pesquisa. Esse achado pode refletir a

influência de eventos epigenéticos sobre o gene HSF1 ou uma possível estabilidade da

expressão desta proteína ao longo da progressão da doença. Além disso, deve-se

considerar que este fato também pode estar relacionado à limitação do tamanho da

amostra utilizada.

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Referências

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113

Apêndices

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114

10. APÊNDICES

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa “Análise do Fator de choque

térmico 1 (HSF1) em Carcinomas de células escamosas orais”, que é coordenada pela

Profª. Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel. Sua participação é voluntária, o que significa

que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe

traga nenhum prejuízo ou penalidade. Essa pesquisa procura estudar o papel de proteínas que

atuam na formação dos tecidos normais e a participação dessas proteínas na formação e

evolução de Carcinomas de células escamosas (tipo mais comum de câncer de boca), com o

intuito de contribuir para um melhor entendimento do comportamento biológico deste tumor.

Caso decida aceitar o convite, não irá passar por nenhum outro procedimento clínico

ou cirúrgico uma vez que este material já se encontra guardado no Serviço de Anatomia

Patológica do Hospital Dr. Luiz Antônio da Liga Norte-Rio-Grandense contra o câncer, e

assim, não haverá qualquer desconforto. Apenas nos dará a oportunidade de manusear o

material já recolhido durante retirada cirúrgica realizada previamente em sua pessoa.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em

nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados

será feita de forma a não identificar os voluntários.

Tendo em vista que a pesquisa será desenvolvida com material arquivado, não

necessitando de qualquer intervenção em você, não haverá riscos de sua participação nesse

estudo.

Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será

ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente

decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização.

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115

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito

desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para Profª. Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel

ou Luiz Arthur Barbosa da Silva (Pós-graduando em Patologia Oral), no Departamento de

Odontologia da UFRN, no endereço Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787, Lagoa Nova, Natal –

RN, ou pelo telefone (84) 3215.4108. Em caso de alguma dúvida sobre a conduta ética nesta

pesquisa posso entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Liga Norte-Rio-

Grandense Contra o Câncer (LNRCC), pelos telefones 4009-5494 / 4009-5440 ou com os

próprios pesquisadores no endereço e telefone já supracitados.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, ____________________________________________________________ ,

declaro que compreendi os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados

nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e

ter ficado ciente de todos os meus direitos, e concordo em participar voluntariamente da

pesquisa “Análise do Fator de choque térmico 1 (HSF1) em Carcinomas de células

escamosas orais”.

__________________________________________________________

Assinatura do Participante

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo “Análise do Fator de choque térmico 1

(HSF1) em Carcinomas de células escamosas orais”, declaro que assumo a inteira

responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que

foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e

confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

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116

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

__________________________________________

Profª. Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel

Pesquisador Responsável

Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787. Lagoa Nova, Natal/RN. CEP – 59056-000

Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/LNRCC

Rua Dr. Mário Negócio, 2267. Quintas. Natal/RN

Fone: (84) 4009-5494

E-mail: [email protected]

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APÊNDICE B

FICHA DE COLETA DE DADOS CLÍNICOS

Título da pesquisa: ANÁLISE DO FATOR DE CHOQUE TÉRMICO 1 (HSF1) EM

CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS ORAIS

Data da coleta:____/____/____

Nº do prontuário:______________

Nº da Patologia:_______________

Nome do paciente:______________________________________________________

Sexo: ____ Idade: ________ Data de nascimento: ____/____/____

Etilista: Sim ( ) Não ( ) Quantidade por dia: _____________ Tempo:________

Tabagista: Sim ( ) Não ( ) Quantidade por dia: _____________ Tempo:________

Localização da lesão primária:____________________________________________

Há quanto tempo o paciente percebeu a lesão:_______________________________

Data do início do tratamento:____/____/____

Tratamento recebido:__________ (1: cirurgia; 2: radioterapia; 3: quimioterapia)

Metástase linfonodal: ( )

Data da metástase linfonodal: ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____

Metástase à distância: ( )

Data da mestástase à distância: ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____

Recidiva Local: ( )

Data da recidiva: ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____

Novo tumor primário: _________________

Data do último seguimento:____/____/____

Data do óbito:____/____/____

Causa do óbito: ________________________________________________________

Estado da doença: ( ) 1: remissão completa, 2: remissão parcial: 3: doença estável, 4:

doença em progressão, 5: morte por câncer, 6: morte por não câncer

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118

APÊNDICE C

Quadro 3- Gradação histológica de malignidade dos carcinomas de células escamosas orais

segundo o sistema proposto e revisado por Bryne (1998).

Caso Grau de

ceratinização

Pleomorfismo

nuclear

Padrão

de

invasão

Infiltrado

inflamatório

Escore

total

Gradação

histológica

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APÊNDICE D

Quadro 4- Gradação histológica de malignidade dos carcinomas de células escamosas orais

segundo o sistema proposto e revisado Brandwein-Gensler et al. (2005).

Caso Padrão de

invasão

Resposta

linfocítica

do hospedeiro

Invasão

perineural

Escore Gradação

histológica

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APÊNDICE E

Quadro 5- Coleta de dados imunoistoquímicos

Caso Neg Fraca

1+

Moderada

2+

Intensa

3+

cel

Escore

IHQ

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121

Anexos

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122

11. ANEXOS

ANEXO 1

Quadro 6- Sistema TNM para o CCEO

T – TAMANHO DO TUMOR PRIMÁRIO

TX Tumor primário não pode ser avaliado

T0 Não há evidência de tumor primário

Tis Carcinoma in situ

T1 Tumor com 2 cm ou menos em sua maior dimensão

T2 Tumor com mais de 2 cm e até 4 cm em seu diâmetro maior

T3 Tumor com mais de 4 cm em sua maior dimensão

T4a Tumor que invade estruturas adjacentes: cortical óssea, nervo alveolar inferior,

assoalho da boca ou pele da face (queixo ou nariz)

T4b Tumor que invade o espaço mastigador, lâminas pterigoides, base do crânio ou artéria

carótida interna

N – ENVOLVIMENTO DE LINFONODOS REGIONAIS

NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados

N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais

N1 Metástase em um único linfonodo homolateral, com 3 cm ou menos em sua maior

dimensão

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123

N2

N2a – Metástase em um único linfonodo homolateral com mais de 3 cm e até 6 cm em

sua maior dimensão

N2b – Metástase em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles com mais de 6

cm em sua maior dimensão

N2c – Metástase em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum deles com mais de

6 cm em sua maior dimensão

N3 Metástase em linfonodo com mais de 6 cm em sua maior dimensão

M – METÁSTASE À DISTÂNCIA

MX Metástase à distância não pode ser avaliada

M0 Ausência de metástase à distância

M1 Presença de metástase à distância

Quadro 7. Categorias de estadiamento clínico TNM para o CCEO

ESTÁGIO CLASSIFICAÇÃO TNM

0 Tis N0 M0

I T1 N0 M0

II T2 N0 M0

III T1, T2

T3

N1

N0, N1

M0

M0

IVa T1, T2, T3

T4a

N2

N0, N1, N2

M0

M0

IVb Qualquer T

T4b

N3

Qualquer N

M0

M0

IVc Qualquer T Qualquer N M1

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...Thalita, como foi bom conviver com você tão de perto esses dois anos, vai ser estranho sem te levar no aeroporto, sem os almoços

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ANEXO 2

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