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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL CURSO DE SERVIÇO SOCIAL PROJETO DE PESQUISA EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SUAS: uma análise a partir das reflexões dos sujeitos sociais da política de proteção social não-contributiva no RS. Proponente: Profª Dr Rosa Mª Castilhos Fernandes CPF: 453769990-68 [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/3535108882809239 JUNHO, 2014.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

PROJETO DE PESQUISA

EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SUAS:

uma análise a partir das reflexões dos sujeitos sociais da política de

proteção social não-contributiva no RS.

Proponente:

Profª Dr Rosa Mª Castilhos Fernandes

CPF: 453769990-68

[email protected]

Lattes: http://lattes.cnpq.br/3535108882809239

JUNHO, 2014.

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1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA: EDUCAÇÃO PERMANENTE NO

SUAS: uma análise a partir das reflexões dos sujeitos sociais da política

de proteção social não-contributiva.

Instituição Executora: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Coordenadora da Pesquisa: Prof.ª Dr.ª Rosa Maria Castilhos Fernandes

Lattes: http://lattes.cnpq.br/3535108882809239

Endereço eletrônico: [email protected]

Contatos: Instituto de Psicologia-Curso de Serviço Social

Rua Ramiro Barcelos, nº 2600. Bairro Santa Cecília - Porto Alegre/RS

CEP: 90035-003 Fones:055-51-84449781

2.QUALIFICAÇÃO DO PRINCIPAL PROBLEMA A SER ABORDADO

A assistência social experimentou nas últimas duas décadas (1990-

2010) importantes mudanças no seu arco institucional. A partir da Constituição

Federal de 1988 a assistência social passa a se constituir como campo

específico de política social, pois, conforme consta no Art. 203 – a assistência

será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição

prévia a seguridade social – a qual integram a saúde e a previdência social. A

regulamentação dos dispositivos constitucionais teve início com a aprovação

da Lei Orgânica de Assistência Social-LOAS (Lei n.8.742), em 1993, que

afirmou a Assistência Social como política pública de proteção social não

contributiva. Marcada pelo caráter civilizatório presente na consagração de

direitos sociais, a LOAS exige que as provisões assistenciais sejam

prioritariamente pensadas no âmbito das garantias de cidadania sob a

vigilância do Estado, cabendo a este a universalização da cobertura e acesso

para serviços, programas e projetos sob sua responsabilidade (BRASIL,2010).

Neste contexto, foi proposto um desenho de gestão descentralizada e

participativa, com controle social, através da criação dos conselhos de

assistência social nas três esferas de governo. A Norma Operacional Básica de

1997 “conceitua o sistema descentralizado e participativo, ampliando o âmbito

de competências dos governos e institui a exigência dos conselhos, fundo e

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plano municipal de assistência social para o repasse de recursos federais”

(BRASIL-MDS, 2010, p.40-41). Por ocasião da IV Conferência Nacional de

Assistência Social CNAS - precedida de intenso debate nacional para avaliação

dos 10 anos de regulamentação da LOAS- ocorreu a deliberação e a instalação

do Sistema Único de Assistência Social-SUAS. Na sequência, a Norma

Operacional Básica - NOB/ SUAS, aprovada pela Resolução do Conselho

Nacional de Assistência Social - CNAS em 15 de julho de 2005, tem o objetivo

de dar operacionalidade e significado ao sistema descentralizado e

participativo, constituindo e regulando o SUAS.

Com base nesta normativa, a Política de Recursos Humanos se destaca

como eixo estruturante do SUAS, ao lado da descentralização, do

financiamento e do controle social (BRASIL, 2005). Em 2006, foi aprovada a

Política Nacional de Norma Operacional Básica de Recursos Humanos-NOB-

RH que é resultado de um amplo processo de discussão e que consolida os

eixos para gestão do trabalho: os princípios éticos para os trabalhadores da

área, as equipes de referência, as diretrizes para a Política Nacional de

Capacitação, entre outras (BRASIL, 2006).

Assim, considerando a sistematização sucinta deste marco legal, é

importante referir que a qualidade dos serviços socioassistenciais

disponibilizados à sociedade, depende da estrutura do trabalho, da qualificação

e valorização dos trabalhadores atuantes no SUAS (BRASIL, 2006, p.19).Tal

desafio posto, incide na questão da gestão do trabalho e na forma como os

trabalhadores são tratados e valorizados nos seus espaços sócio-ocupacionais

e/ou ambiente de trabalho. É preciso que se reconheça que a gestão de uma

política de proteção social como o SUAS, é uma instância de disputa política,

de interesses, de conflito de classes, de várias concepções culturais, sociais e

históricas que impactam no modo de gestão da política (FERNANDES, 2010).

Em linhas introdutórias, esse marco normativo institui o SUAS e um

modelo de gestão da política no país, que direciona, em grande medida a

atuação dos municípios, por isto a importância de refletir sobre o modo como

vem se dando a sua implementação. Embora o desenho institucional da política

de assistência social, possua “um marco institucional objetivo, com definições

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de prioridades e atribuições”, bem como, mecanismos para a sua

implementação em todos os territórios do país, é fundamental considerar que a

forma como se dá a implementação do SUAS no âmbito municipal, depende do

modelo de gestão e das estratégias adotadas pelos implementadores.

Uma das estratégias para a consolidação do SUAS, está em considerar

a educação permanente como uma proposta pedagógica de formação dos

trabalhadores da política, assim como de todos os atores sociais envolvidos. A

Política Nacional de Educação Permanente do SUAS tem como objetivo geral:

“institucionalizar, no âmbito do SUAS, a perspectiva político-pedagógica e a

cultura da Educação Permanente, estabelecendo suas diretrizes e princípios e

definindo os meios, mecanismos, instrumentos e arranjos institucionais

necessários à sua operacionalização e efetivação” (BRASIL, 2013,p 11).

É neste contexto, em tempos de implementação da política de

assistência social, que tem em seu escopo um modelo assistencial que visa à

organização da oferta de ações (serviços, benefícios, programas e projetos),

que a defesa dos direitos socioassistenciais dos usuários-cidadãos da política,

exige a aquisição de um conjunto de saberes e habilidades de todos sujeitos

envolvidos para a sua implementação. Além disto, a ruptura e/ou a superação

do paradigma assistencialista para o paradigma socioassistencial requer a

instauração de processos reflexivos que possam dar conta da dimensão sócio-

histórica da política, da instauração de novos sistemas cognitivos para o

trabalho e a instrumentalização de todos agentes públicos envolvidos com a

política.

Discorrer sobre a caracterização do objeto de estudo proposto neste

projeto de pesquisa, nos aproxima da reflexão sobre a educação e o trabalho,

pois trata-se de uma aproximação crítica preocupada com os processos de

educação nos coletivos de trabalho que envolvem os sujeitos que

operacionalizam, neste caso, a política de assistência social. Processos estes,

que são capazes de movimentos instituintes que podem incidir na organização

e nos processos de trabalho, mas que, fundamentalmente, podem consolidar

projetos societários que vislumbrem uma sociedade democrática e garantidora

de direitos sociais (FERNANDES, 2012).

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Afinal, a superação das desigualdades sociais por meio de políticas de

desenvolvimento social, neste caso a política de proteção social não

contributiva, requer a instauração de um conjunto de programas, projetos e

serviços que estejam à serviço da população vulnerável que vivenciam

cotidianamente diferentes expressões da questão social. Ações estas que

precisam ser avaliadas não somente sem seus aspectos quantitativos, mas em

seus processos, buscando aferir resultados e impactos para que se possa

repensar opções políticas e programáticas no campo da assistência social, em

especial em sua política de educação permanente.

Portanto, tomando como referência a problematização do cenário atual

da conformação da política de assistência social, descrita sucintamente nesta

contextualização, propõe-se desenvolver uma pesquisa que responda a

seguinte questão: como os gestores, trabalhadores e conselheiros da política

de assistência social da região metropolitana de Porto Alegre, vêm vivenciando

experiências de educação permanente no processo de implementação do

SUAS, que contribuem com a gestão e a sua consolidação, no período de 2009

a 2014?

Na busca de atingir os objetivos propostos, pretendemos desencadear

um processo avaliativo da política de educação permanente do SUAS sendo,

então, possível gerar informações sobre as experiências desenvolvidas nos

municípios do Estado, contribuindo “para aumentar a racionalidade dos

gestores públicos enquanto tomadores de decisão (policy makers), assim

como, o grau de satisfação das necessidades dos beneficiários ou usuários do

programa” (SILVA; LIAN,1999, p.195), e ainda, dos próprios trabalhadores e

dos conselheiros de controle social democrático da política.

Associado aos objetivos e a questão central da pesquisa, estão um

conjunto de questões norteadoras para a investigação a serem trabalhadas nos

instrumentos de coleta de dados e informações, quais sejam:

A educação permanente é parte da política da gestão do trabalho no

município? Quais as principais atividades desenvolvidas? Quais sujeitos

sociais da política participam dos processos formativos? Qual estrutura

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operacional é disponibilizada pelo gestor? Qual a origem dos recursos

financeiros para investimentos na formação?

Qual a avaliação dos gestores sobre os processos de educação

permanente? Qual a avaliação dos trabalhadores? E dos conselheiros?

Que limites e possibilidades identificam? Quais aprendizagens ocorrem

no trabalho ou na atuação na política? As experiências vivenciadas

contribuem com a consolidação do SUAS?

Que experiências de educação permanente podem ser disseminadas?

Que saberes e habilidades são necessários de serem apreendidos para

o atendimento das necessidades sociais dos usuários da política e para

consolidação do SUAS? O que deve ser considerado para formulação

da agenda de educação permanente do SUAS?

Desta forma, diante todos os avanços e os investimentos que têm sido

feitos em todo território nacional no âmbito da política de assistência social,

consideramos que a possibilidade de execução deste projeto de pesquisa

surge em momento profícuo, ou seja, em tempos de consolidação de uma

política e de um arranjo institucional que tem no escopo da gestão do trabalho

uma proposta de desenvolvimento de processos educação permanente

3.OBJETIVOS E METAS A SEREM ALCANÇADOS

3.1. Objetivo Geral

Analisar as experiências de educação permanente vivenciadas

pelos gestores, trabalhadores e conselheiros da Política de

Assistência Social da região metropolitana do RS, contribuindo com

a implementação e consolidação do SUAS.

3.2. Objetivos Específicos:

Mapear as experiências e capacidades institucionais de

desenvolvimento de educação permanente no SUAS, identificando

as principais atividades metodológicas, serviços de abrangência e

os sujeitos sociais envolvidos;

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Meta: Mapeamento das experiências de Educação permanente no

âmbito da política de assistência social de pelo menos 50% dos

municípios da região metropolitana de Porto Alegre;

Verificar a percepção dos(as) trabalhadores(as) e conselheiros(as),

sobre os limites e possibilidades dos processos de educação

permanente que vivenciam, para identificação das atividades

formativas desenvolvidas no âmbito da política e os saberes

necessários apreendidos;

Meta: Mobilização dos (as) trabalhadores (as) e conselheiros da

PAS, para identificação das atividades formativas desenvolvidas no

âmbito da política, os saberes necessários apreendidos e os limites

para desenvolvimento de experiências de educação permanente;

Contribuir com a construção coletiva de uma agenda pedagógica de

educação permanente no âmbito do SUAS e com a difusão de

conhecimentos para consolidação da política de assistência social.

Meta: Realização de um seminário ao final da investigação e

organização de um livro sobre a temática, para socialização dos

resultados da pesquisa e construção da agenda de educação

permanente no Suas.

4.REVISÃO DA LITERATURA

A revisão teórica a ser adensada neste processo de pesquisa exigirá

uma abordagem da dimensão sócio-histórica da política assistência social no

Brasil, pois a trajetória desta política de proteção não-contributiva é dotada de

elementos que justificam a necessidade de pensá-la sustentada em uma

perspectiva dialética e crítica. Boschetti (2009) refere que uma política social e

seus programas, não podem ser entendidos como fatos isolados, pois são

parte de um todo, de uma realidade social, pois “na verdade, os fatos

expressam um conhecimento da realidade se são compreendidos como fatos

de um todo dialético, isto é, determinados e determinantes desse todo”

(BOSCHETTI,2009, p.581). Portanto, o processo de análise e avaliação da

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política de educação permanente do SUAS se revela, fazendo uso das

palavras de Boschetti (2009) “um caminho profícuo”, no sentido de:

1) Buscar analisar a política em sua totalidade, a partir da incorporação analítica dos principais aspectos que a constituem; 2) revelar o caráter contraditório existentes entre as determinações legais e a operacionalização da política social [...]; 3) articular tanto os determinantes estruturais que conformam a política social quanto às forças sociais e políticas que agem na sua formulação e execução (BOSCHETTI, 2009,

p.584).

Na literatura que trata sobre os processos de avaliação e análise de

políticas e programas sociais é possível reconhecer a afirmação de que a

implementação de um programa se efetivar integralmente na prática, atingindo

todos objetivos e metas, é algo raro (ARRETCHE,2001; 2011).Segundo

Arretche (2001), isto significa afirmar que entre os objetivos e o desenho de

programas, tal como concebidos por seus formuladores originais, e a tradução

de tais concepções em intervenções públicas existem diferenças e uma

considerável distância. Desta forma, é preciso considerar que um determinado

programa passa por um processo de avaliação durante o seu desenvolvimento

e, portanto, suscetível a modificações em seu desenho original.

A implementação de uma política ou programa se dá em um sistema

complexo e dinâmico que envolvem relações sociais entre diferentes sujeitos e

contextos institucionais, desde gestores, trabalhadores até usuários e

beneficiados com as ações desenvolvidas.

No caso do Brasil, a democracia e a questão do federalismo devem ser

levados em conta nos processos avaliativos de políticas e programas sociais,

pois tratam-se de arranjos institucionais que ocorrem através da integração de

vários níveis de governo. Deste modo, é necessário ter em mente que a gestão

e implantação dos serviços socioassistenciais no âmbito da política de

assistência social e o desenho proposto na política de educação permanente,

não podem ser avaliados de forma ingênua.

Para Arretche (2011) não se trata por concluir pelo sucesso ou

fracasso de uma política ou programa, mas considerar as possibilidades de

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alterações possíveis de serem realizadas durante o seu processo, pois “é

prudente, sábio e necessário admitir que a implementação modifica as políticas

públicas” (p. 3). Na prática uma política pública ou programa é desenvolvida

pelos agentes que são responsáveis pela sua implementação de acordo com

as atribuições de cada nível de governo.

Neste sentido, é importante considerar que as estratégias acionadas

para a implementação de uma política ou programa se diferenciam umas das

outras, pois são muitos os fatores que devem ser levados em conta, tais como:

a compreensão e o comprometimento com a proposta por parte dos gestores e

trabalhadores, as possibilidades de criação de espaços democráticos e

participativos para o monitoramento e avaliação, as referências ideo-políticas ,

a autonomia dos implementadores, a criatividade e as competências, a

existência de planejamentos participativos, as especificidades territoriais, a

coerência das ações com as necessidades sociais dos usuários

, entre outros.

Outro aspecto refere-se ao modelo de gestão adotado pelos gestores

para a implementação da política de assistência social, pois como nos diz

Arretche (2001) “qualquer política pública pode ser formulada e implementada

de diversos modos” (ARRETCHE, 2001, p.30), principalmente se

considerarmos “o ponto de vista das formas de relação entre o setor público e

setor privado, das formas de financiamento, das modalidades de prestação de

serviços”, entre outros fatores (ARRETCHE, 2001, p.30).

No caso da política de assistência social, a existência da rede

socioassistencial de proteção é composta por organizações governamentais,

pelos órgãos gestores municipais e pelas entidades privadas e/ou

organizações não governamentais da assistência social. Esta realidade é

desafiadora e contraditória, na medida em que a gestão do trabalho destes

espaços socioocupacionais (público e privado) se diferem desde a forma do

vínculo institucional, até a forma das relações de trabalho e possibilidades e

oportunidades de capacitação dos trabalhadores dos programas e serviços da

rede socioassistencial.

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No Brasil, o MDS tem o compromisso de oferecer políticas de

capacitação para efetivar suas ações, conforme o preconizado no SUAS e na

Portaria nº555/2055/MDS. É nesta engenharia institucional do SUAS, que

consta a importância dos processos da capacitação permanente no sentido de

instrumentalizar a todos atores sociais responsáveis com a política e com a

resolutividade dos serviços prestados. Para tanto, é necessário instaurar

processos educativos no âmbito da política de assistência social para a

apreensão, por parte dos atores sociais, de um conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes. Somente assim poderemos, por meio do trabalho e das

ações do SUAS, contribuir com a superação das situações de vulnerabilidades

sociais, pobreza e violação de direitos vivenciadas por significativa parcela da

população brasileira.

No que diz respeito a revisão sobre a categoria educação e a sua

interlocução com o trabalho, é preciso reconhecer que a educação tem sido

tratada como mero instrumento a serviço de interesses econômicos vigentes,

como uma vantagem competitiva individual na aquisição de emprego, ou,

ainda, parafraseando Charlot (2004) é em termos de acesso ao mundo do

trabalho que a educação é pensada hoje. No entanto, a educação, neste

estudo, é entendida como um processo permanente e difuso em toda a vida

social; portanto, possui um papel central a desempenhar, como, por exemplo,

no âmbito da consolidação dos direitos sociais e da cidadania por meio das

políticas de proteção social.

Assim, o que dá sentido à educação permanente é o diálogo provocado

entre os sujeitos sociais (gestores, trabalhadores, conselheiros e usuários), a

análise rigorosa dos processos de gestão em que se inserem, das intervenções

e a procura coletiva de melhores formas de agir através da interlocução dos

saberes (FERNANDES, 2009).

Nos últimos tempos diferentes profissões tem sido convocadas a

atuarem no âmbito do SUAS, dando um caráter interdisciplinar e intersetorial

para a gestão, o que tem sido desafiador. Para Iamamoto (2002, p.41) são as

“diferenças de especializações que permitem atribuir unidade à equipe,

enriquecendo-a e, ao mesmo tempo, preservando aquelas diferenças“.

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Contudo, dificuldades existem na partilha dos saberes, pois a

interdisciplinaridade exige iniciativa por parte dos profissionais, em uma lógica

que procura romper com a fragmentação e a disputa de saberes pertencentes

às estruturas organizacionais. Com relação a intersetorialidade é preciso

destacar que este é um dos princípios organizativos da política de assistência

social - ao lado da universalidade, da matricialidade sociofamiliar, da

descentralização compartilhada e da territorialização – que diz respeito à

importância da relação de complementaridade entre as políticas sociais. De

acordo com Sposati “a intersetorialidade é tão substantiva para a assistência

social como o é para as demais políticas, ao se considerar que nenhuma delas

guarda resolutividade plena em si mesma” (2009, p.45).

Compreender os princípios organizativos deste modelo é fundamental

para que se possa desencadear um conjunto de ações de proteção social aos

diferentes segmentos populacionais, contemplando os seus ciclos de vida e

suas respectivas fragilidades e vulnerabilidades sociais (SPOSATI, 2009).

Entretanto o eixo protetivo da política de assistência social requer o diálogo da

assistência social com os direitos das crianças, dos

adolescentes, das juventudes, das pessoas com deficiência, dos trabalhadores

e trabalhadoras, dos idosos, das comunidades tradicionais(indígenas,

quilombolas, ribeirinhos, entre outros), o que requer também, a apreensão de

saberes e habilidades para incidir junto às complexas situações vivenciadas

por esses cidadãos, reconhecidos como usuários do SUAS.

Entretanto, a formação de uma massa crítica que incida de fato, não

somente na execução, mas na formulação de agendas de políticas sociais, e

no monitoramento e avaliação das mesmas, requer a criação de diferentes

estratégias e a instituição de espaços de educação permanente. Partimos do

entendimento, para que sejam instituídos processos de educação permanente

no campo da assistência social, pressupõe-se que haja uma predisposição

ética e política dos gestores, trabalhadores e conselheiros de controle social

para que ocorra a aprendizagem, com o objetivo de refletir coletivamente, na

busca de melhores resultados dos serviços, programas e projetos da política de

assistência social.

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É então nesse contexto, que a perspectiva da educação permanente

aparece como um princípio reorganizador de todo o processo educativo

(CANÁRIO, 1994). Esta orientação propõe-se a superar as concepções

dominantes e as práticas escolarizadas, disseminando novas práticas de

formação, como por exemplo, no âmbito do trabalho na assistência social,

valorizando as aprendizagens advindas das situações de trabalho, das

reflexões dos coletivos que discutem os programas e ações do sistema,

incluindo os conselhos locais de controle social, espaços de participação

popular e democrático, e portanto de reflexão crítica sobre a condução do

SUAS.

Entretanto, é preciso reconhecer que a forma como são deflagrados os

processos formativos nos diferentes municípios e espaços sócio-ocupacionais

da política de assistência social, podem ou não contribuir com a consolidação

da política dentro dos preceitos normativos; que podem ou não reconhecer a

importância dos espaços participativos e democráticos; que os saberes e

habilidades em discussão podem instrumentalizar os sujeitos envolvidos tanto

para manter uma lógica assistencialista e a retração do Estado ou atuarem na

perspectiva dos direitos socioassistenciais; entre outros aspectos. Aqui toma-se

a educação como sendo algo que pode estar a serviço da manutenção da

lógica do capital ou estar a serviço da emancipação da cidadania na

perspectiva da transformação social. Se considerarmos o entendimento de

Mészáros (2008) que nos diz que a “aprendizagem é a nossa própria vida”, a

grande questão é:

o que aprendemos de uma forma ou de outra? Será que a aprendizagem conduz a autorrealização dos indivíduos socialmente ricos humanamente (nas palavras de Marx), ou ela está a serviço da perpetuação, consciente ou não, da ordem social alienante e definitivamente incontrolável do capital?(MÉSZÁROS, 2008, p.47).

Tais questionamentos nos remetem a construção de uma concepção de

educação que nos possibilite ruptura com “a lógica mistificadora do capital”

(MÉSZÁROS,2008, p.48). Para tanto, os processos de educação permanente

no âmbito das políticas sociais públicas dependem do êxito de tornar

consciente os processos de aprendizagem vivenciados pelos sujeitos sociais

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envolvidos com a operacionalização da política, de forma, parafraseando

Mészáros (2008, p.48), a “maximizar o melhor e minimizar o pior”.

Assim, podemos dizer que tudo isto implica uma nova forma de gestão e

arranjos institucionais, para que os serviços tornem-se espaços de

aprendizagem; para que se efetive a intersetorialidade e a interlocução das

redes socioassistenciais; para que o processo de trabalho possa ser objeto de

análise e problematização; para que se constitua um “espaço público” na

equipe para discussão das situações de trabalho; e estas indiquem quais

saberes são necessários para qualificação do atendimento ao usuário e

melhorias das condições de trabalho dos trabalhadores do SUAS.

Assim sendo, a capacitação no âmbito do SUAS, ao destinar-se a todos

os sujeitos no âmbito da Assistência Social, deverá primar pelo investimento

em múltiplas formas de execução adotando instrumentos criativos e

inovadores, metodologias que favoreçam a troca de experiências e tecnologias

diversificadas. Também, importante será adequar-se aos diferentes públicos a

quem se destinarão as atividades de capacitação, ou seja, planejar as

atividades considerando os sujeitos que estarão envolvidos no processo

formativo, as especificidades profissionais, as peculiaridades territoriais, as

necessidades e demandas sociais e tudo aquilo que é comum da própria

política.

5. METODOLOGIA

A natureza da pesquisa é quantitativa e qualitativa. Alinhado com o tipo

de pesquisa, os instrumentos para coleta dos dados e informações

contemplarão: pesquisa documental, elaboração de um questionário

estruturado com questões fechadas e abertas e realização de grupos focais. O

processo de tratamento estatístico dos resultados quantitativos ocorrerá por

meio do processamento dos dados mensurados, a partir das frequências de

ocorrências (como no caso do questionário), e por meio da análise de conteúdo

com relação às questões qualitativas, referentes às falas que emergirão das

conversações dos sujeitos da pesquisa que participarão dos grupos focais.

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Para deflagrar o processo de investigação será necessário realizar um

Seminário com todos os pesquisadores envolvidos com a iniciativa, para

alinhamento de concepções teóricas à respeito da temática, e metodológicas. A

ideia é instituir um espaço compartilhado de discussão entre os pesquisadores

para definição dos caminhos metodológicos.

Inicialmente será realizada uma pesquisa documental que possa

caracterizar a política de educação permanente do SUAS, bem como, as ações

desenvolvidas pelo Ministério de Combate à Fome e Desenvolvimento Social-

MDS. A intenção com a análise documental é para que se tenham referências

sobre os investimentos da esfera federal na formação dos sujeitos sociais, aqui

entendidos como gestores, trabalhadores, conselheiros e usuários, no período

referido da pesquisa. Dentre estes documentos destacam-se: cartilhas,

manuais, folhetos, cartazes, artigos científicos, relatórios disponíveis nos sítios

do MDS/SAGI, entre outros.

Em um segundo momento, parte-se para a definição da amostra da

pesquisa, considerando os 33 municípios1 da região metropolitana de Porto

Alegre que farão parte do estudo. Após definição dos municípios, será

necessário acessar a listagem dos contatos eletrônicos dos gestores (via MDS

ou Órgão do Estado ou nos sítios dos municípios), que compõem as unidades

da amostra. Na sequência, a pesquisadora realizará os contatos com os

gestores da política de assistência social, por email ou telefone, para

apresentação da proposta de pesquisa e, concomitante, encaminhamento do

questionário que ficará disponível on line durante dois meses, para que possam

preencher (o gestor ou representante indicado pelo gestor).

A intenção é obter dados e informações sobre a gestão do Suas no

município, em especial sobre a política de educação permanente, tendo como

referências critérios de: eficácia, eficiência e efetividade. O questionário

contemplará questões fechadas e abertas. Os questionários serão divididos em

três blocos de questões: o primeiro, refere-se aos dados de identificação do

gestor e município; o segundo, refere-se à estrutura operacional disponível:

recursos humanos, programas, serviços, projetos e gestão do trabalho e

1 Alvorada, Araricá, Arroio dos Ratos, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Capela de Santana, Charqueadas,

Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Estância Velha, Esteio, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Ivoti ,Igrejinha, Montenegro, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Porto Alegre, Rolante, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Triunfo, Viamão. Ver em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_Porto_Alegre

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origem de recursos financeiros para capacitação; e o terceiro, refere-se à

identificação das atividades e processos de educação permanente e a sua

efetividade. Todos participantes deverão preencher o termo de consentimento

livre e esclarecido, para o atendimento dos requisitos éticos da pesquisa, que

fará parte da redação inicial do questionário. Para validação do instrumento de

coleta de dados, um pré-teste será realizado com 2 gestores/municípios.

Quando encerrado o prazo limite para o término de preenchimento do

questionário online pelos gestores, os participantes que não o finalizaram,

serão excluídos da pesquisa. Os dados serão analisados por meio de um

tratamento estatístico via SPSS (baseado no ambiente windows que permite

realizar uma grande amplitude de análises estatísticas e gráficas: descritivas,

inferenciais multivariadas, módulos gráficos, entre outros). Este software

estatístico, está disponível na instituição executora da referida proposta, a

UFRGS.

Posteriormente, serão realizados grupos focais em 5 municípios que

compõem a amostra da pesquisa do Estado. A escolha desses municípios,

atendem aos seguintes critérios: o município deverá ter participado da primeira

fase da pesquisa (gestor respondeu questionário); serão escolhidos

intencionalmente: um município que corresponde à metrópole (no caso Porto

Alegre), um município de grande porte, um de porte médio, um de pequeno

porte 2 e um município de pequeno porte 12. Em cada município (n. 5) serão

escolhidos, aleatoriamente, no mínimo seis sujeitos e no máximo doze sujeitos,

que representem os trabalhadores, coordenadores de programas ou serviços e

conselheiros de controle social da política de assistência social nos municípios.

Entretanto, os participantes dos grupos focais, deverão contemplar os

seguintes critérios: pelo menos um técnico assistente social; pelo menos um

técnico de outra área; pelo menos um coordenador de programa ou serviço;

pelo menos um membro dos conselhos de controle social, com preferência aos

representantes de usuários do SUAS. Os sujeitos serão contatados pela

pesquisadora por email ou por contatos telefônicos. A escolha desses sujeitos

se baseará no critério de diversificação da amostra, que se refere à

2 Será considerada distribuição dos municípios por porte territorial e proporcionalidade da população de

acordo com orientações do Conselho Nacional de assistência Social-CNAS e de acordo com os dados

populacionais do IBGE/2010..

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identificação de pessoas que são capazes de analisar, de um modo

suficientemente amplo, a totalidade ou quase totalidade dos temas e itinerário

do grupo social investigado. Os locais para realização dos grupos focais, serão

definidos com os contatos os gestores da política de assistência social ou com

assistentes sociais da região(trabalhadores da PAS).

A escolha do grupo focal como instrumento de pesquisa, dá-se pelo

fato de além de proporcionar a obtenção de informações de caráter qualitativo

em profundidade, o mesmo poderá proporcionar a publicização, a troca de

experiências e a interação entre os sujeitos da pesquisa. O grupo focal

proporciona um debate aberto em que todos os participantes têm acesso à

discussão sobre o assunto em foco, já que o mesmo deve ser de interesse

comum. É uma troca de pontos de vista, de ideias e de experiências (BAUER e

GASKELL, 2002). A duração prevista em cada grupo focal será de até duas

horas e a entrevista grupal será gravada em áudio. Todos receberão o termo

de consentimento livre e esclarecido antes de iniciar a entrevista. Para a

realização dos grupos será formulado um roteiro prévio que servirá como um

guia da reflexão proposta no grupo.

A cada grupo focal realizado, as anotações do trabalho serão reunidas,

desencadeando as primeiras aproximações das análises por meio de uma

escuta das gravações das narrativas e, posteriormente, realiza-se a transcrição

detalhada para não se perder as características essenciais das falas. A partir

de então, iniciam-se as leituras preliminares das narrativas. Gill (2002, p. 253)

considera que uma boa maneira de iniciar a análise de conteúdo é ler e reler as

transcrições até que nos familiarizemos com elas. Este processo é uma

preliminar necessária para a codificação. As categorias usadas para

codificação serão determinadas pelas questões de interesse” da investigação.

A análise do conteúdo surge nesse contexto como um conjunto de técnicas de

análise das comunicações, que são possíveis de serem feitas, através de

procedimentos sistemáticos e de objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens (BARDIN, 1994) que emergirão das entrevistas. Por meio da

análise de conteúdo, torna-se possível destacar as partes das narrativas

(unidades de significados) que correspondem ao roteiro orientador das

entrevistas, elaborado de acordo com os objetivos e questões norteadoras da

pesquisa. Serão feitas as marcações e comentários a respeito dos enunciados

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no próprio texto das transcrições das falas, como forma de sistematizar a

descrição das análises a partir das categorias emergentes das entrevistas.

6. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS DA PESQUISA

A relevância desta pesquisa, está na possibilidade de contribuir com: a

instauração de um processo reflexivo e crítico nos locais de abrangência da

investigação sobre a importância dos processos de educação permanente

instituídos na gestão do trabalho no SUAS; a identificação de experiências

educativas vivenciadas no âmbito da política e que contribuem com a

efetivação do SUAS; a identificação de saberes que são necessários de serem

apreendidos nos diferentes contextos territoriais que constituirão o lócus da

pesquisa; a disseminação de conhecimentos e das experiências educativas; a

produção de conhecimento sobre e na política de assistência social; a

incidência na qualidade do acompanhamento e atendimento das necessidades

sociais dos usuários na busca da garantia dos direitos socioassistenciais e da

consolidação da agenda do Plano Brasil Sem Miséria, entre outras.

O processo de investigação a ser deflagrado permitirá a criação de um

espaço, nos locais de abragência do estudo, de compartilhamento e reflexões

entre os sujeitos participantes e pesquisadores, sobre a importância da

educação permanente no âmbito do SUAS e o impacto que estas

aprendizagens podem provocar na gestão e consolidação desta política de

proteção social não contributiva. Entre os resultados esperados destacam-se: a

criação de um espaço virtual com informações sobre as experiências de

educação permanente no que se refere as atividades/metodologias,

abrangência e sujeitos sociais envolvidos; a identificação dos limites e

possiblidades na e da gestão para o desenvolvimento da política de educação

permanente para a construção de estratégias de superação; organização, ao

final da pesquisa, de um livro com a participação de autores/trabalhadores

(socialização das experiências) e pesquisadores da área e organização de um

“Seminário sobre Educação Permanente no Suas: as experiências no Sul do

País”, envolvendo os participantes da investigação, estudantes, pesquisadores,

trabalhadores(as) e demais interessados, para disseminação de

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conhecimentos e socialização de uma agenda, a ser proposta e construída

coletivamente.

7.ORÇAMENTO DETALHADO

7.1. Itens de Custeio

7.1.1. Material de Consumo

QUANTIDADE DESCRIÇÃO DO ITEM VALOR TOTAL

(R$)

5 Blocos Post It 38X50 20,00

3 Caixa de arquivo plástica contêiner (para guarda de

arquivos) 70,00

50 Caneta esferográfica azul 50,00

25 Caneta marca texto 25,00

25 CD gravável 15,00

4 Cola 10,00

1 DVD gravável c/ 50 35,00

3 Fita adesiva (48X50cm) 15,00

8 Folha A4 (pacote com 500) 100,00

2 Grampeador 30,00

15 Pasta plástico 75,00

50 Lápis preto 20,00

TOTAL DOS ITENS DO MATERIAL DE CONSUMO R$ 375,00

7.1.2 Material Bibliográfico

QUANTIDADE DESCRIÇÃO DO ITEM VALOR TOTAL

12 Livros Especializados R$ 360,00

TOTAL DO ITEM R$ 360,00

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7.1.3 Serviços de Terceiros

QUANTIDADE DESCRIÇÃO DO ITEM VALOR TOTAL

Serviço Eventual de Pessoa Física (revisão e tradução) R$ 3.400,00

Serviços Gráficos (diagramação e impressão livro) R$ 8.100,00

TOTAL DOS ITENS SERVIÇO DE TERCEIROS R$ 11.500,00

7.1.4 Passagens e Diárias

QUANTIDADE DESCRIÇÃO DO ITEM VALOR TOTAL

4 Passagens Aéreas 3.000,00

10 Passagens Terrestres (Região Metropolitana) 140,00

6 Diárias 1.920,00

TOTAL DOS ITENS PASSAGENS E DIÁRIAS R$ 5.060,00

Material de

consumo

Serviço de

terceiros

Material

Bibliográfico

Passagens e

diárias

TOTAL DOS ITENS DE

CUSTEIO

R$ 375,00 + R$ 11.500,00 + R$ 360,00 R$ 5.060,00 R$ 17.295,00

7.2 Itens de Capital

QUANTIDADE DESCRIÇÃO DO ITEM VALOR TOTAL

(R$)

1 Gravador Digital 270,00

1 HD Externo 500 Mb 300,00

1 Notebook (processador i5 2.26GHz, sistema Windows 7,

memória 3Gb) 2.700,00

1 Impressora Lazer Multifuncional 600,00

1 Máquina fotográfica 399,00

3 Pen Drive de 16 Gb 210,00

TOTAL DOS ITENS DE CAPITAL R$ 4.479,00

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TOTAL DOS ITENS DE CUSTEIO TOTAL DOS ITENS DE CAPITAL TOTAL

R$ 17.295 ,00 + R$4.479,00 R$21.774 ,00

8.BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÌFICA-IC A bolsa destina-se ao aluno regularmente matriculado em curso de

graduação, preferencialmente do Curso de Serviço Social da UFRGS, sem

vínculo empregatício, que dispõe a dedicar-se às atividades universitárias e de

pesquisa, quais sejam: participar dos encontros formativos sobre a temática em

estudo, participar das reuniões da pesquisa, elaborar artigos em parceria com

demais pesquisadores, participar de salões de iniciação científica, participar do

processo metodológico da pesquisa de acordo com definições no andamento

da investigação, entre outras.

9. CRONOGRAMA FÍSICO (METAS)

METAS

II SEM. 2014

I SEM. 2015

II SEM. 2015

I SEM. 2106

II SEM. 2016

I SEM. 2017

Submissão ao parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da UFRGS.

x

Revisão bibliográfica; Estado da arte.

x x

Pesquisa documental e sistematização.

x x

Constituição da amostra para realização das entrevistas.

x

Elaboração do questionário on line e do sítio para pesquisa

x

Pré-teste da aplicação do questionário on-line (2 municípios).

x

Sensibilização e mobilização dos municípios para participação na pesquisa.

x

Aplicação de questionário on-line (gestores municipais).

x x

Tratamento estatístico dos dados coletados no instrumento on line.

X

Definição e mobilização dos sujeitos para os grupos focais.

X

Realização dos grupos focais. X x Tratamento estatístico e análise dos dados e informações.

X

Criação do banco de dados com resultados da pesquisa.

x

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Elaboração de artigos e resumos para participação de eventos científicos

x x x x x

Organização do livro x Planejamento e Realização do Seminário Final da Pesquisa

x

Elaboração do Relatório Técnico Final

x

Prestação de contas a agência de fomento quando for o caso.

x

10. IDENTIFICAÇÃO DOS DEMAIS PARTICIPANTES DO PROJETO

Prof. Dr. Tiago Martinelli- Docente do Curso de Serviço Social /UFRGS

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/6148498002051044

Prof.ª Dr.ª Marilene Maia - Docente da Universidade do Vale do Rio Sinos-

Unisinos

CV: http://lattes.cnpq.br/5501308178965770

Paolla Stefenon - Discente do Curso de Serviço Social da UFRGS- Bolsista de

iniciação científica voluntária

CV: http://lattes.cnpq.br/5179416992335640

11. DISPONIBILIDADE EFETIVA DE INFRAESTRUTURA E DE APOIO TÉCNICO

O presente projeto contará com as condições físicas e técnicas da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através do Instituto de Psicologia,

instituição com experiência em projetos nacionais e internacionais. Essa,

dispõe de salas, auditório, equipamentos e acesso à tecnologias e à biblioteca

do Instituto, com amplo acervo bibliográfico. Contará também com o apoio da

infraestrutura do Curso de Serviço Social desta IES. A equipe de

pesquisadores desta proposta, possui experiências em processos de

investigação no campo das políticas sociais, assessorias e consultorias, entre

outras intervenções profissionais no âmbito da política de assistência social na

região. Além disto, integrantes da equipe de pesquisadores, por meio do

Instituto de Psicologia/Curso de Serviço Social da UFRGS encontram-se

cadastrados junto ao MDS, para oportunas concorrências no desenvolvimento

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do Capacita SUAS o que tem mobilizado o grupo em torno deste objeto de

estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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