112
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDO DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO HUGO FERREIRA DOS SANTOS PROPOSIÇÃO DE UM FRAMEWORK PARA APLICAÇÃO DE LEAN SEIS SIGMA NA JUSTIÇA FEDERAL DO BRASIL NATAL-RN 2019 HUGO FERREIRA DOS SANTOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDO DO NORTE …

  • Upload
    others

  • View
    8

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDO DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

HUGO FERREIRA DOS SANTOS

PROPOSIÇÃO DE UM FRAMEWORK PARA APLICAÇÃO DE LEAN SEIS SIGMA NA

JUSTIÇA FEDERAL DO BRASIL

NATAL-RN

2019

HUGO FERREIRA DOS SANTOS

PROPOSIÇÃO DE UM FRAMEWORK PARA APLICAÇÃO DE LEAN SEIS SIGMA NA

JUSTIÇA FEDERAL DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Engenharia de Produção.

Linha de Pesquisa: Estratégia e Qualidade.

Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Cristina Barbosa

Pereira Queiroz.

NATAL-RN

2019

FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Santos, Hugo Ferreira dos.

Proposição de um framework para aplicação de Lean Seis Sigma na

Justiça Federal do Brasil / Hugo Ferreira dos Santos. - 2019.

112f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção, Natal, 2019.

Orientadora: Dra. Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz.

1. Lean Seis Sigma - Dissertação. 2. Serviço Público -

Dissertação. 3. Judiciário Federal - Dissertação. I. Queiroz,

Fernanda Cristina Barbosa Pereira. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 658.5

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429

DEDICATÓRIA

Aos meus familiares mais próximos.

Que estiveram comigo o tempo todo,

incentivaram-me a todo momento e me deram

suporte físico e emocional para concluir mais

este trabalho.

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e da inteligência.

À minha família por ser meu alicerce, fonte de confiança, estímulo, amor e carinho para

enfrentar e superar todos os meus desafios. Blademir, Luciane e Gabriela, amo vocês!

À minha noiva, Lorena, que também acompanhou de perto essa minha jornada e foi de

grande importância emocional.

Ao meu cunhado pela torcida desde as primeiras seleções.

Ao meu nobre amigo Danilo, por compartilhar, em paralelo, as experiências, as alegrias

e os desânimos do mestrado.

Aos meus companheiros de trabalho Leonardo, Jairo, Reciere, Wendell e Magnus, que

me ajudaram de todas as formas possíveis para que eu pudesse concluir mais essa etapa

acadêmica.

Ao Diretor do Foro da Justiça Federal no Rio Grande do Norte (JFRN) e Professor de

Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Dr. Marco Bruno, pela oportunidade

em aplicar a dissertação na renomada, respeitosa e ilustre JFRN.

À minha orientadora, Professora Dra. Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz, pela

competência, orientação e paciência com que me conduziu na elaboração desta pesquisa e aos

demais Professores do Programa de Pós-Graduação, pela competência, paciência e trabalhos

realizados.

RESUMO

Esta dissertação possui como tema a aplicação conjunta do Pensamento Lean e do Seis Sigma:

o Lean Seis Sigma. Muitos serviços têm valores altos, porque são lentos, consomem muitos

recursos e, muitas vezes, necessitam de retrabalho para serem realizados com a qualidade

desejada. A pesquisa objetiva a proposição de um framework para aplicação de Lean Seis Sigma

em serviços terceirizados com mão de obra residente no Judiciário Federal Brasileiro. Para isso,

buscou-se identificar as ferramentas mais adequadas a cada etapa do ciclo DMAIC, aplicadas

ao tipo de serviço em questão. Esta pesquisa-ação é de cunho exploratório e caracterizada por

uma abordagem quanti e qualitativa, a partir de uma aplicação exploratória no Núcleo de

Administração da Justiça Federal no Rio Grande do Norte. Para tal finalidade, contou-se com

roteiro topificado, entrevistas informais, ferramentas Lean Seis Sigma e, a fim de conseguir o

propósito um Framework para aplicação de Lean Seis Sigma em serviços terceirizados com mão

de obra residente para a Justiça Federal do Brasil, apoiadores qualificados no sistema belt foram

incorporados. Como resultado, esta dissertação trouxe uma redução de 19.200 L de água por

ano, 12,02 minutos na média da operação do principal processo do contrato de limpeza (32,71%),

2,29 minutos (34,80%) na variabilidade do principal processo de limpeza, além de eliminar o

uso de 2.112.000 de folhas de papel-toalha (R$ 17.280,00/ano), e de indicar um potencial de

economia financeira de R$ 26,5 milhões de reais com a aplicação do Lean Six Sigma no

Judiciário Federal Brasileiro, bem como os benefícios da metodologia para o Núcleo de

Administração da Justiça Federal no Rio Grande do Norte.

Palavras-chave: Lean Seis Sigma. Serviço Público. Judiciário Federal.

ABSTRACT

This dissertation is about the joint application of Lean Thinking and Six Sigma: Lean Six

Sigma. Many services have high prices because they are slow, requests several resources, and

often require rework to be delivered as the desired quality. The research aims to propose a

framework for Lean Six Sigma application in outsourced services with labor residing inside

Brazilian Federal Judiciary. To do this, we sought to identify the most appropriate tools for each

stage of DMAIC cycle, applied to the service in focus type. This action research is exploratory

and characterized by a quantitative and qualitative approach, based on an exploratory

application in Federal Justice in Rio Grande do Norte Management Nucleus. For this purpose,

we counted on topped-up roadmap, informal interviews, lean six sigma tools and in order to

achieve the main objective of propose a Lean Six Sigma framework in outsourced services with

resident labor in brazilian Federal Court, belt system qualified supporters were incorporated. As

results, this dissertation brought 19.200 L water reduction, 12,02 minutes (32,71%) reduce in

temporal average and 2,29 minutes (34,80%) variability main cleaning process reduction,

besides eliminating 2.112.000 paper towels (R$ 17.280,00/year) using and indicating R$ 26,5

millions as a potential financial saving with Lean Six Sigma application inside Brazilian Federal

Judiciary, as well as methodology benefits for Federal Justice in Rio Grande do Norte

Management Nucleus.

Keywords: Lean Six Sigma, Public Service, Federal Judiciary

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução Lean Seis Sigma ...................................................................................... 19

Figura 2 - Rede de interrelação entre os autores da base amostral ........................................... 28

Figura 3 - Distribuição de probabilidade normal como modelo para uma característica de

qualidade com limites de especificação em três desvios padrão (três sigmas - 3σ) para cada lado

.................................................................................................................................................. 34

Figura 4 - Distribuição Normal com perturbações que poderiam fazer com que ele mude até 1,5

desvio padrão fora do desejado ................................................................................................ 34

Figura 5 - Pensamento Lean + Seis Sigma = Custo mais baixo ............................................... 38

Figura 6- Ferramentas e Técnicas lean seis sigma ................................................................... 40

Figura 7 - Natureza, objetivos e procedimentos da pesquisa científica .................................... 44

Figura 8 - Metodologia da dissertação ..................................................................................... 48

Figura 9- Organograma genérico de uma Seção Judiciária ...................................................... 55

Figura 10- Competência territorial da JFRN ............................................................................ 59

Figura 11 - Casa da Qualidade ................................................................................................. 63

Figura 12 - Contrato do Projeto ................................................................................................ 64

Figura 13 - Formulário SIPOC ................................................................................................. 65

Figura 14 - Formulário de Observação de Serviço ................................................................... 69

Figura 15 – Diagrama de Ishikawa ........................................................................................... 78

Figura 16 - Planos Fatoriais ...................................................................................................... 83

Figura 17 - Procedimento Operacional Padrão......................................................................... 94

LISTA DE TABELAS

Quadro 1 – As vinte cinco pesquisas mais relevantes da base amostral .................................. 25

Quadro 2 – Ferramentas que podem ser utilizadas em cada etapa do ciclo DMAIC. .............. 36

Quadro 3 – Conceitos mais relevantes e seus autores. ............................................................. 39

Quadro 4 – Método de pesquisa dos trabalhos compreendidos neste estudo ........................... 45

Tabela 5 – Tabela de ideias ...................................................................................................... 79

Tabela 6 – Materiais didáticos .................................................................................................. 80

Tabela 7 – Fatores e níveis do planejamento fatorial completo ............................................... 82

Tabela 8 - Planejamento Fatorial Completo ............................................................................. 84

Tabela 9 - Dados da Variável Resposta (Tempo) ..................................................................... 86

Tabela 10 – Novo Processo Detalhado ..................................................................................... 96

Tabela 11 – Controle Visual de Processo - Checklist .............................................................. 97

Tabela 12 – Plano de Comunicação Operacional ..................................................................... 98

Tabela 13 – Plano de Treinamento Anual .............................................................................. 100

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Receitas em relação às despesas ............................................................................ 57

Gráfico 2 - Análise de Normalidade ......................................................................................... 72

Gráfico 3 - Gráfico de Controle com outlier ............................................................................ 73

Gráfico 4 - Gráfico de Controle sem outlier ............................................................................. 74

Gráfico 5 - Gráfico de Pareto ................................................................................................... 76

Gráfico 6 - Gráfico de Pareto Detalhado .................................................................................. 76

Gráfico 7 – Gráficos de Resíduo (quatro-em-um) .................................................................... 87

Gráfico 8 - Gráfico de Resíduos por Local............................................................................... 88

Gráfico 9 - Gráfico de Pareto dos Efeitos Padronizados .......................................................... 89

Gráfico 10 – Gráfico Normal dos Efeitos Padronizados .......................................................... 90

Gráfico 11 - Gráfico Half Normal dos Efeitos ......................................................................... 90

Gráfico 12 - Gráfico de Interação dos Fatores com o Tempo .................................................. 92

Gráfico 13 - Gráfico de Controle Comparativo ........................................................................ 93

Gráfico 14 - Gráfico Boxplot Comparativo .............................................................................. 93

LISTA DE SIGLAS

5W2H What, Why, Where, When, Who, How, How Much

ASG Auxiliar de Serviços Gerais

CEO Chief Executive Officer

CEP Controle Estatístico do Processo

COPIS Customer, Output, Process, Input, Supplier

DFSS Design For Six Sigma

DMADV Define, Measure, Analyse, Design, Verify

DMAIC Define, Measure, Analyse, Improve, Control

DOLADMAICS Deficiency Overcoming Lean Anchorage Define Measure Analyse

Improve Control Stabilise

DPMO Defects per Million Opportunities

FCS Fatores Críticos de Sucesso

FMEA Failure Mode and Effect Analysis

FTA Failure Tree Analysis

GE General Electric

ISO14001 International Organization for Standardization 14001

JFRN Justiça Federal no Rio Grande do Norte

JIT Just in Time

LSS Lean Seis Sigma

LT Lean Thinking

MIT Massachusetts Institute of Technology

OCAP Out-of-Control Action Plan

PDCA Plan, Do, Check, Act

PDPC Process decision program chart

PERT/CPM Program Evaluation and Review Technique / Critical Path Method

POP Procedimento Operacional Padrão

QFD Quality Function Deployment

ROIC Return Over Invested Capital

SIPOC Suppliers, Inputs, Process, Outputs, Customer

SS Six Sigma

TPM Total Productive Maintenance

TQM Total Quality Management

TRF5 Tribunal Regional Federal da 5ª Região

USA United States of America

WOS Web of Science

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16

1.1 Problema de pesquisa ................................................................................................. 20

1.2 Objetivos .................................................................................................................... 21

1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 21

1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 21

1.3 Justificativa ................................................................................................................ 22

1.4 A estrutura da dissertação .......................................................................................... 23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E REFERENCIAL TEÓRICO ....................................... 24

2.1 Pesquisa bibliométrica na base Web Of Science (WOS) ....................................... 24

2.2 As pesquisas mais relevantes apontadas pelo servidor HAMMER ....................... 24

2.2.1 Conectividade dos autores .............................................................................. 27

2.2.2 Principais autores ............................................................................................ 29

2.2.3 Histórico de publicações ................................................................................. 29

2.2.4 As principais nacionalidades........................................................................... 29

2.2.5 As principais fontes de publicações ................................................................ 30

2.3 O pensamento lean ..................................................................................................... 31

2.4 Seis sigma .................................................................................................................. 32

2.4.1 O ciclo DMAIC .................................................................................................. 34

2.4.2 O sistema belt ..................................................................................................... 36

2.5 Lean seis sigma .......................................................................................................... 37

2.5.1 Fatores críticos de sucesso (FCS) ....................................................................... 40

2.6 Principais conceitos para a pesquisa .......................................................................... 41

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................. 43

3.1 Caracterização da pesquisa ........................................................................................ 43

3.2 Delineamento da pesquisa.......................................................................................... 45

3.3 A elaboração do framework ....................................................................................... 48

3.4 Serviço escolhido para o experimento ....................................................................... 50

4 A PESQUISA- AÇÃO ..................................................................................................... 52

4.1 O Poder Judiciário Brasileiro ..................................................................................... 52

4.2 A Justiça Federal ........................................................................................................ 55

4.3 A Justiça Federal no Rio Grande do Norte ................................................................ 58

4.3.1 Gasto com mão de obra terceirizada no Núcleo de Administração .................... 59

4.4 O framework elaborado a partir do Método DMAIC ................................................ 60

4.4.1 Definir ................................................................................................................. 60

4.4.1.1 QFD (Quality Function Deployment – Desdobramento da Função Qualidade)

61

4.4.1.2 Contrato do Projeto ou Project Charter ........................................................... 63

4.4.1.3 Mapa SIPOC ou COPIS .................................................................................. 65

4.4.2 Medir .................................................................................................................. 66

4.4.2.1 Definições Operacionais; ................................................................................ 67

4.4.2.2 Formulário de Observação de Processo; ......................................................... 67

4.4.2.3 Teste de Normalidade e Gráfico de Controle: ................................................ 72

4.4.3 Analisar ............................................................................................................... 75

4.4.3.1 Gráfico de Pareto (80/20); .............................................................................. 75

4.4.3.2 Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe); .................................................... 77

4.4.4 Implementar ........................................................................................................ 78

4.4.4.1 Brainstorm; ..................................................................................................... 79

4.4.4.2 Benchmarking; ................................................................................................ 80

4.4.4.3 Redução de Setup e Melhoria de Fluxo de Processo (DFSS); ........................ 81

4.4.4.4 Experimento em pequena escala; .................................................................... 81

4.4.5 Controlar ............................................................................................................. 94

4.4.5.1 Procedimento Operacional Padrão – POP e Processo Atualizado; ................. 94

4.4.5.2 Controle Visual de Processo – Checklist; ....................................................... 97

4.4.5.3 Plano de Comunicação Operacional; .............................................................. 98

4.4.5.4 Plano de Treinamento Anual; ....................................................................... 100

5 Conclusões ...................................................................................................................... 102

5.1 Resultados ................................................................................................................ 102

5.2 Limitações e restrições ............................................................................................. 104

5.3 Pesquisas Futuras ..................................................................................................... 105

5.4 Considerações Finais ............................................................................................... 105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 107

16

1 INTRODUÇÃO

O serviço público é a atividade administrativa ou de prestação direta ou indireta de bens

ou serviços à população, exercida por órgão ou entidade da administração pública. As

instituições que compõem o Serviço Público Brasileiro são divididas de forma genérica entre

área fim e área meio. Área fim é a infraestrutura utilizada para que realmente a instituição

realize as funções em que foram designadas no momento de sua criação. Entretanto, para

suportar a área fim é necessária uma estrutura que a sustente, para que ela se mantenha firme e

focada em seus objetivos. A área meio geralmente é constituída da parte administrativa da

instituição (recursos humanos, setor de manutenção, tecnologia da informação, entre outras).

Atualmente, com a consolidação das terceirizações nas organizações, a área meio

necessita contratar bastante serviços, inclusive com mão de obra terceirizada em regime de

dedicação exclusiva por exigir que os empregados da contratada estejam à disposição, nas

instalações físicas da organização contratante, para a prestação dos serviços, não compartilhe

os recursos humanos e materiais com outros clientes e possibilite fiscalização da distribuição,

do controle e da supervisão dos trabalhadores pela contratante. A este tipo de mão de obra

terceirizada se dá o nome de mão de obra terceirizada residente.

A mão de obra terceirizada residente, geralmente, é contratada para manter serviços

essenciais à instituição, tais como: segurança, limpeza, manutenção predial, jardinagem,

recepcionistas, manutenção de computadores e de rede, etc. Esses contratos, em sua maioria,

possuem natureza contínua e alto custo, consumindo boa parte do orçamento anual de uma

instituição, e se, porventura, deixarem de ser oferecidas, trazem prejuízos para a organização

ou para administração pública.

O próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que possui como

função ser o principal provedor de dados e informações do Brasil, para atender às necessidades

da sociedade, dos órgãos federais, estaduais e municipais, admite dificuldades em prestar dados

precisos sobre terceirização, uma vez que há vários níveis de terceirização e subcontratações.

Em um esforço de preencher esta lacuna, o próprio IBGE procurou fontes seguras de dados

como a Guia de Recolhimento do FGTS (GFIP) e Informações à Previdência Social (MPS);

entretanto, esses meios são utilizados apenas operacionalmente pelo Ministério da Previdência

(IBGE, 2018)

Mesmo assim, notícias e dados do portal Painel de Preços, fornecidos pelo Ministério

do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), revelam que, somente em serviços, o mercado

17

de contratações públicas gastou mais de 38,8 bilhões de reais em 2017 e mais aproximadamente

15 bilhões de reais entre janeiro e julho de 2018 (DINO, 2018; PLANEJAMENTO, 2018).

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Poder Judiciário gastou 84,8

bilhões de reais em 2017, no qual 3,28 bilhões foram com terceirizados. Desses 84,8 bilhões de

reais, 10,52 bilhões foram usados para custear a Justiça Federal e ela utilizou 462,3 milhões de

reais em terceirizados.

A Justiça Federal no Rio Grande do Norte, a mais eficiente ao lado da Justiça Federal

em Alagoas (JFAL) e da Justiça Federal em Sergipe (JFSE), com 100% no Índice de

Produtividade Comparada da Justiça – 2017 (IPC-Jus/2017), segundo dados do CNJ, somente

em seu Núcleo de Administração, despendeu, em 2017, aproximadamente R$ 1,05 milhões para

o serviço de apoio administrativo; pouco mais de R$ 772 mil em limpeza e em conservação;

quase R$ 345 mil em manutenção predial; pouco mais de R$ 2,05 milhões em segurança e cerca

de R$ 60 mil nos demais serviços. Todos esses serviços foram pagos com orçamento de custeio

e equivalem a aproximadamente 40% do que a instituição recebeu do Tribunal Regional Federal

da 5ª Região para o exercício mencionado.

Para a empresa prestadora desse tipo de serviço, o preço final do serviço é composto

pela quantidade de postos de trabalho necessários para cada contratante. Cada posto de trabalho

tem seu custo formado por itens de caráter obrigatório estabelecidos em convenções coletivas

e leis trabalhistas e, por fim, agrega-se o percentual de lucro da empresa, como pode ser visto

no caderno técnico sobre a composição dos custos dos valores limites dos serviços de vigilância

e de limpeza e de conservação, dispostos no portal de compras do governo federal (GOVERNO

FEDERAL, 2018).

Portanto, a maneira mais comum da empresa prestadora de mão de obra residente

aumentar seu lucro, talvez seja aumentar, também, a quantidade de pessoas que ela insere na

instituição pública. Portanto, isso pode gerar, em alguns casos, o interesse na ineficiência dos

serviços prestados por alguns empregados, o que pode fazer com que, na maioria das situações,

sejam necessários cada vez mais terceirizados residentes no serviço público.

Com tanto recurso financeiro envolvido, talvez seja justificável o fato de as empresas

procurarem maximizar seus lucros e, infelizmente, algumas buscam esse objetivo de uma forma

não tão adequada como a que está prevista, realizando, por isso, algumas vezes, práticas não

legais. Nesse caso, percebe-se que o poder judiciário não apenas julga os casos de improbidade

administrativa e crimes contra a lei de licitações, mas também pode sofrer com este tipo de

situação encontrada, por vezes, nos serviços terceirizados.

18

Fica claro que os serviços terceirizados com mão de obra residente necessitam de uma

reavaliação para que sejam mais rápidos, menos falhos e menos custosos para o serviço público.

Há diversas formas e ferramentas para se fazer isso; hoje, muito se fala na Indústria 4.0 e no

seu avanço tecnológico, entretanto os serviços de mão de obra terceirizados tratam- ainda- com

muitos recursos humanos e no serviço público brasileiro, não há tanta tecnologia embarcada na

maioria das instituições públicas.

Os benefícios proporcionados pelos estudos e pelas técnicas estatísticas ao meio

corporativo levou à criação de conceitos, ferramentas e, até mesmo, modelos de gestão que,

embora apresentem finalidades específicas diversas, objetivam, em um âmbito mais

generalizado, solucionar problemas ou melhorar o desempenho. Entre os conceitos aplicados à

gestão, mais diretos e fortemente relacionados à Estatística, destacam-se o Total Quality

Management (TQM), Seis Sigma (SS) e Lean Thinking (LT) (BOARDMAN, T.J.;

BOARDMAN, 1992).

Segundo Furterer e Elshennawy (2005), o TQM possui uma abordagem mais ampla e

organizacional, focada no incremento da qualidade de produtos e de serviços e na melhoria

contínua. Já o Seis Sigma representa uma filosofia e uma metodologia de gerenciamento da

qualidade centrada na redução de variabilidade, medição de defeitos e melhoria da qualidade,

enquanto que o Lean Thinking está mais centrado na redução do tempo de ciclo e dos

desperdícios.

Durante os últimos anos, pesquisadores e usuários se viram obrigados a juntar e

aprimorar o pensamento enxuto e o seis sigma, desenvolvendo, assim, o Lean Seis Sigma (LSS)

para atingir resultados melhores e mais efetivos, para redução dos custos e para satisfação do

cliente. Portanto, o lean six sigma não é nada mais, nada menos, que a junção dos conceitos de

pensamento enxuto e seis sigma (REOSEKAR AND POHEKAR, 2014; ASSARLIND ET AL.,

2013; ATMACA AND GIRENES, 2013; WANG AND CHEN, 2012; CHOI ET AL., 2012;

HILTON AND SOHAL, 2012; LEE ET AL., 2011; DELGADO ET AL., 2010; DAHLGAARD

AND DAHLGAARD-PARK, 2006; MCADAM AND LAFFERTY, 2004; apud SHOKRI,

2017).

O seis sigma e o pensamento enxuto devem ser aplicados em conjunto e não de formas

independentes. O seis sigma possui suas limitações por utilizar apenas ferramentas de qualidade

de processo e ser pobre em ferramentas de velocidade. De maneira similar, pensamento enxuto

não possui ferramentas para controlar estatisticamente os processos, tampouco enfatiza o foco

no cliente. Por isso, para aprimorar o Retorno Sobre Capital Investido (ROIC) por meio da

satisfação e da redução de desperdícios, aplica-se o lean seis sigma (GEORGE, 2009).

19

Figura 1 - Evolução Lean Seis Sigma

Fonte: Adaptado de (FURTERER, 2009)

O papel do lean seis sigma é eliminar os fatores de desperdícios e defeitos motivados

por um nível de qualidade quase perfeito, por meio da remoção sistemática de variabilidade e

causas do defeito (CHOI et al., 2012) (THOMAS; BARTON; CHUKE‐OKAFOR, 2008).

Todavia, por utilizar ferramentas estatísticas, o lean seis sigma exige um grau de conhecimento

razoável de todos os envolvidos para funcionar, bem como uma grande disciplina e capacidade

de controle.

Em sua maioria, as empresas aplicam o lean seis sigma por intermédio do Ciclo DMAIC.

Este ciclo é divido em 5 passos de execução: Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar.

Essa sequência permite uma abordagem técnica e fiel do problema, evita conclusões prematuras

e possibilita ações assertivas. O foco do ciclo é no resultado financeiro e no desdobramento do

planejamento. Quanto mais se planeja, mais rápida será a sua implementação e menor será a

probabilidade de falhas.

Existem muitos exemplos de empresas de manufatura que utilizam o pensamento enxuto

e o seis sigma em conjunto. Entre as pioneiras está a BAE Systems Controls, uma empresa de

controladores de motores para aeronaves, em Fort Wayne, Indiana, USA. A partir de 1997, a

companhia misturou princípios de fabricação enxuta com Ferramentas de qualidade do seis

sigma.

Roberto Kanaane, Alécio Fiel Filho e Maria das Graças Ferreira (2010) afirmam que as

organizações públicas estão, cada vez mais, buscando incorporar em seus valores e prestações

20

de serviços significados intangíveis como autorrealização e segurança. As organizações

públicas têm de intervir assertivamente na esfera da gestão do conhecimento para proporcionar

aos seus membros, líderes e gestores um entendimento muito mais amplo dos fatores inter-

relacionados à referenciada gestão e ao desenvolvimento de forma global, sistêmica e

estratégica.

Desse modo, o lean seis sigma e seu ciclo DMAIC podem ser adequados para melhorar

a qualidade dos serviços e para reduzir custos. Assim, esta dissertação foca na proposição de

um framework para a aplicação de lean seis sigma em serviços terceirizados com mão de obra

residente, muito comum nas instituições públicas. Os serviços terceirizados com mão de obra

residente fazem parte dos contratos mais complexos de elaborar, de fiscalizar e de gerir, dentre

o portfólio de contratos de qualquer instituição pública. As dificuldades surgem pela grande

quantidade de pessoas que estes serviços exigem, o baixo grau de instrução delas, até mesmo

para sua especialidade, bem como os custos elevados de cada um desses contratos.

1.1 Problema de pesquisa

George (2009) relata que para alcançar níveis de qualidade extraordinariamente

elevados, contribuir para a linha de resultados das empresas e alcançar a taxa de melhoria mais

rápida em satisfação de clientes, custos, qualidade, velocidade de processo e capital investido,

une-se dois métodos de melhoria: Lean e Seis Sigma. Essas metodologias cresceram e se

difundiram no meio fabril, sem percepções de como aplicar o lean seis sigma em serviços,

sendo, assim, muito difícil ter aplicabilidades no setor terciário.

Em relação aos serviços mal avaliados, George (2009) é categórico em dizer que dados

empíricos mostram uma inflação nos preços dos serviços por consequência dos desperdícios da

ordem de 30% a 80% e que a área de serviços possui baixos- ou nenhum- grau de registro de

dados. Outro dado importante é que o trabalho que não agrega valor ao cliente denota 50% de

todos os custos de serviços. A falta de transcrições pode ser justificada pela pouca instrução da

mão de obra empregada nos serviços, em comparação a outros cargos técnicos e superiores.

Para mudar esse quadro, há algumas razões-chave para que o Lean Seis Sigma seja aplicado

em serviços: lentidão nos processos de serviços e excesso de trabalho em processo, passos que

não adicionam valor ao serviço.

Muitos gestores trabalham sem informações corretas e atualizadas para tomar uma

decisão precisa, resultando, portanto, em produções sub ou hiperdimensionadas, serviços mal

avaliados, recursos alocados de forma incorreta e tempos de respostas errôneos. Todos esses

21

problemas elevam os custos, geram retrabalhos, acarretam na perda de clientes, desperdiçam

tempo, recursos e dinheiro (LAUDON; LAUDON, 2011).

É o que acontece, também, com alguns serviços terceirizados com mão de obra residente

pertencentes ao Núcleo de Administração (NUCAD) da JFRN. Os terceirizados que exercem

as atividades em questão, mesmo com orientações e supervisão de um líder, as fazem de modo

intuitivo, sem padronização, sem conhecimento, com uso inadequado e/ou indiscriminado dos

materiais, das ferramentas e dos equipamentos; então, consequentemente, desperdiçam tempo,

insumos e geram retrabalhos pela má qualidade do serviço.

À luz dos benefícios apresentados pela aplicação do lean seis sigma na indústria e em

diversos setores, do custo elevado de serviços em consequência do esbanjamento de recurso,

igualmente da necessidade de se eliminar a perda de clientes e usuários, de reduzir custos e

tempos de espera e de aumentar a produtividade de serviços, este estudo proporá um framework

para aplicação de Lean Seis Sigma nos serviços com mão de obra residente em uma Seção

Judiciária Federal de Primeiro grau e define como problema de pesquisa a seguinte indagação:

“Como aplicar Lean Seis Sigma nos serviços de mão de obra residente na Justiça

Federal do Brasil?”

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Propor um Framework para aplicação de Lean Seis Sigma em serviços terceirizados

com mão de obra residente para a Justiça Federal do Brasil.

1.2.2 Objetivos específicos

Para o cumprimento do objetivo geral, foram enumerados os seguintes objetivos

específicos:

(1) Selecionar as ferramentas que mais se adequam aos serviços de mão de obra

residente;

(2) Utilizar as ferramentas selecionadas conforme o ciclo DMAIC;

(3) Realizar um experimento em um dos serviços do quadro do Núcleo de

Administração da JFRN;

22

(4) Registrar as principais descobertas e os principais benefícios.

1.3 Justificativa

Institucionalmente, este trabalho é relevante, considerando a capacidade que ele tem de

interferir em serviços de mão de obra residentes na JFRN e de contribuir com diversos

benefícios provenientes da aplicação do lean seis sigma, tais como: redução de tempo dos

processos e de consumo de recursos, eficiência da produtividade, redução nos custos e aumento

da satisfação dos clientes. Este estudo é significativo, também, pela possibilidade de aplicação

em demais seções judiciárias, outras instituições públicas que contratam serviços terceirizados

com mão de obra residente, assim como as próprias empresas que fornecem o serviço.

Para a sociedade, o estudo contribuirá na busca pelo aumento da qualidade no serviço

público prestado no judiciário federal e em outras instituições, tal como garantirá que os

recursos financeiros públicos, por meio dos impostos do contribuinte, sejam aplicados com

responsabilidade e com eficiência. Com a aplicação correta dos serviços prestados por empresas

terceirizadas, inibe-se e combate-se a corrupção, além de gerar insumos práticos para

legislações e instruções normativas futuras.

É notório que há uma lacuna acadêmica sobre o tema proposto. Percebe-se isso ao

pesquisar artigos com as palavras-chave “Lean Six Sigma”, “Public Service” e “Deming Cycle”

em bases de dados acadêmicas. Ao fazer uma combinação mais simples com as palavras-chave

“Lean six sigma” e com expressões que remetam à serviços, serviços públicos e gestão pública,

identifica-se poucos artigos e publicações nas áreas de engenharia e gestão. De acordo com

alguns estudos de caso, realizados em organizações de serviços que aplicam o lean seis sigma

em país de economia emergente, apenas 1 ou 2 desses arquivos tem origem brasileira.

Mundialmente, é possível encontrar pesquisas com aplicações Lean Seis Sigma em

Serviços, todavia, esses serviços estão focados nas particularidades de bancos e de

procedimentos hospitalares. Não foi possível encontrar aplicações Lean Seis Sigma em serviços

com mão de obra residente nos serviços públicos.

A pesquisa com a aplicação da filosofia lean seis sigma justifica-se pelo fato da

metodologia empregar diversas ferramentas utilizadas também na engenharia de produção, cuja

competência é projetar, implantar, operacionalizar, melhorar e manter qualquer sistema

produtivo integrado de bens e de serviços que envolva pessoas, informação, materiais, energia

e tecnologia.

23

A presente pesquisa também se justifica pelo fato de aplicar as ferramentas de lean seis

sigma em uma área que possui pouca atuação acadêmica nos temas de gestão e engenharia –

serviço público judiciário brasileiro e sua área meio. Em complemento, o serviço selecionado

é contratado em todo o judiciário brasileiro e faz parte do conjunto de contratos mais caros.

Destarte, as descobertas da pesquisa podem ser amplamente replicadas no país.

Em 2017, a Justiça Federal no Rio Grande do Norte (JFRN) despendeu pouco mais de

R$ 4,25 milhões com os serviços de Conservação, de Limpeza, de Jardinagem, de Segurança

Armada, de Manutenção Predial e de Manutenção de Ar-condicionado, todos pertencentes ao

Núcleo de Administração da Instituição. Isso equivale a quase 40% do orçamento de custeio

utilizado anualmente pela Instituição. Logo, a presente dissertação também se justifica pela

busca na redução dos custos desses contratos.

1.4 A estrutura da dissertação

Esta dissertação está estruturada de forma que, inicialmente, o Capítulo 1 apresenta,

como temas, o pensamento enxuto, o seis sigma, o lean seis sigma, as áreas de qualquer setor

público, os serviços públicos com mão de obra residente e, logo em seguida, destaca-se a

relevância do estudo tanto para o serviço público brasileiro quanto para a possibilidade de

preencher uma lacuna nas bases de pesquisa.

No capítulo seguinte, há uma revisão literária acerca das ferramentas do pensamento

enxuto, seis sigma e sua aplicação conjunta lean seis sigma. Após recapitulação da teoria, no

terceiro capítulo, a metodologia utilizada durante a pesquisa é descrita para esclarecimento das

etapas utilizadas para cumprir os objetivos do trabalho.

Ulteriormente, o estudo de caso é exposto e culmina na comparação dos resultados

encontrados com a hipótese definida, da mesma forma que apresenta propostas de melhorias

para a pesquisa em questão, sugere possíveis trabalhos para o futuro e se encerra com as

considerações finais de toda a pesquisa-ação.

24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E REFERENCIAL TEÓRICO

O capítulo em tela explica como foi realizada a revisão bibliográfica que deu suporte

teórico à pesquisa e os principais conceitos necessários são apresentados ao leitor, conforme os

registros dos principais autores descobertos na revisão bibliométrica.

2.1 Pesquisa bibliométrica na base Web Of Science (WOS)

O estado da arte investigado tomou forma após a concentração de esforços na busca da

aplicação conjunta da Filosofia Lean e Seis Sigma em artigos e revisões da área de engenharia

e de negócios na base de dados WOS. Para tanto, a combinação dos termos “Lean” e “Six

Sigma” foi aplicada de forma conjugada com o objetivo de selecionar trabalhos acadêmicos

que as continham no título.

Seguindo as etapas metodológicas, os autores foram capazes de organizar uma tabela

contendo o montante dos 137 artigos e classificá-los expondo informações como: ano de

publicação; revistas de publicação; país de aplicação; área de aplicação; ferramentas

empregadas – Lean Six Sigma e outras; e objetivo da aplicação. Esse processo facilita o

agrupamento e a posterior análise dos estudos sob uma mesma perspectiva ou um mesmo

critério.

2.2 As pesquisas mais relevantes apontadas pelo servidor HAMMER

O servidor HAMMER - com sua apresentação e funcionamento mais detalhado no

Capítulo 3 desta dissertação (subitem 3.2), - proporcionou uma análise bibliométrica baseada

em nuvem para mapeamentos sistemáticos de estudos, realizando análises estatísticas e de redes

sociais entre os autores e citações presentes na base submetida, além de realizar comparações

com os demais autores da Web of Science.

O HAMMER, dentre as publicações mais relevantes dentro da amostra escolhida, as

principais áreas de aplicação dos estudos apontados foram as pequenas e médias empresas (8

trabalhos acadêmicos), as indústrias (4 trabalhos acadêmicos) e os hospitais (3 trabalhos

acadêmicos), representando 60% das aplicações. Assim, também, é possível destacar aplicações

em setores importantes, como o de telecomunicações (1 trabalho acadêmico).

Dentre os objetivos de cada um dos trabalhos acadêmicos sondados, destacam-se:

aumento da qualidade (6 trabalhos acadêmicos), eficiência dos processos (5 trabalhos

25

acadêmicos), aumento de produtividade (3 trabalhos acadêmicos), identificação de fatores

críticos de sucesso (3 trabalhos acadêmicos) e satisfação do cliente (3 trabalhos acadêmicos).

Ao explorar o conjunto de ferramentas utilizadas em conjunto com o lean seis sigma, há

de se destacar o Ciclo DMAIC e a sua variação DOLADMAICS (6 trabalhos acadêmicos) como

as ferramentas mais utilizadas, que nem um apelo pela preservação do meio ambiente com a

ISO14001 e Green Approaches (2 trabalhos acadêmicos).

O quadro 1 sintetiza todas essas informações, organizando os trabalhos em ordem

decrescente de relevância, de acordo com análise do servidor utilizado, que leva em

consideração, principalmente, a quantidade de citações diretas de cada artigo e a quantidade de

vezes em que foi citado.

Quadro 1 – As vinte cinco pesquisas mais relevantes da base amostral

Importânci

a

Artigo (DOI) Autor Ferramenta

s

Área Objetivos

1 10.1080/1478336

0500236379

(FURTERER;

ELSHENNAW

Y, 2007)

LSS +

TQM

Pagamentos

Governamentais

Aumento de

qualidade e

Redução de

tempo

2 10.1057/JORS.20

11.47

(TIMANS et al.,

2012a)

LSS Pequenas e

Médias

empresas

Identificar

fatores

críticos de

sucesso

3 10.1007/S12239-

012-0114-4

(HABIDIN;

YUSOF, 2012)

LSS + EFA

+ CFA +

ISO14001

Industria Aumento de

competitivida

de

4 10.1080/0953728

0902946343

(CHEN; LYU,

2009)

LSS +

DMAIC

Industria Aumento da

Qualidade e

Eficiência

5 10.1080/1478336

3.2011.637787

(PSYCHOGIOS

; TSIRONIS,

2012)

LSS Industria de

Aviões

Orientação

Estratégica,

cultura

organizaciona

l, treinamento

contínuo,

satisfação do

cliente

6 10.1016/J.SBSPR

O.2012.09.992

(PAMFILIE;

(DRAGHICI);

DRAGHICI,

2012)

LSS +

SPSS

Pequenas e

Médias

empresas

Excelência,

aumento de

performance

7 10.1108/IMDS-

02-2014-0069

(ANDERSSON

et al., 2014)

LSS Telecomunicaç

ões

Eficiência

nos processos

8 10.1080/1478336

0903553248

(WANG, FU-

KWUN; CHEN,

2010)

LSS +

TRIZ +

DMAIC

Banco Aumento de

velocidade e

qualidade

9 10.1080/1478336

3.2012.663880

(CHENG;

CHANG, 2012)

LSS +

DMAIC

ONG Eficiência na

gestão de

recursos e nos

processos

10 10.1080/1478336

3.2011.593876

(WANG, FU-

KWUN; CHEN,

2012a)

LSS + SSM Industria Eficiência

dos processos

26

11 10.1002/QRE.106

9

(LEE, KUO

LIANG; WEI,

2009)

LSS Pequenas e

Médias

empresas

Redução de

variação,

redução de

defeitos,

aumento de

qualidade dos

produtos

12 10.1504/IJTM.20

12.043949

(AKBULUT-

BAILEY;

MOTWANI;

SMEDLEY,

2011)

LSS Pequenas e

Médias

empresas

Eficiência na

operação,

aumento de

produtividade

, aumento de

competitivida

de

13 10.1504/EJIE.201

2.044813

(CHAKRAVOR

TY; SHAH,

2012)

LSS Pequenas e

Médias

empresas

Eficiência das

operações

14 10.1080/0953728

7.2011.572091

(GNANARAJ et

al., 2012)

LSS +

DOLADM

AICS

Pequenas e

Médias

empresas

Melhoria de

gestão

15 10.1108/BPMJ-

03-2014-0019

(ALBLIWI,

2015)

LSS Revisão Bibliográfica

16 10.1108/JFM-09-

2013-0048

(ISA; USMEN,

2015)

LSS Universidade Melhoria da

qualidade

17 10.1080/0898211

2.2013.801492

(ANDERSON;

KOVACH,

2014)

LSS Industria Aumento de

performance

e redução de

defeitos

18 10.1002/QRE.155

2

(GIJO;

ANTONY,

2014a)

LSS +

KRUSKAL

-WALLIS

TEST +

CONTROL

CHARTS

Hospitalar Redução do

tempo de

espera

19 10.1016/J.SBSPR

O.2014.03.102

(TENERA;

PINTO, 2014)

LSS +

DMAIC

Telecomunicaç

ões

Redução de

Custos,

aumento da

qualidade,

satisfação do

cliente

20 10.1109/IEMBS.2

008.4650367

(GARCIA-

PORRES;

ORTIZ-

POSADAS;

PIMENTEL-

AGUILAR,

2008)

LSS Hospitalar Satisfação do

Cliente

21 10.1108/IJQRM-

09-2014-0141

(SVENSSON et

al., 2015)

LSS Revisão Bibliográfica

22 10.5897/AJBM11

.1654

(YEH et al.,

2011)

LSS +

CAUSE

AND

EFFECT

DIAGRAM

Hospitalar Identificar

fatores

críticos de

sucesso

23 10.1080/0953728

7.2016.1165307

(KUMAR,

SANJAY et al.,

2016)

LSS + GLS

+ GLSPD +

ISM +

MICMAC

Pequenas e

Médias

empresas

Redução de

custos,

identificar

fatores

críticos de

27

ANALYSI

S

sucesso,

otimizar a

sustentabilida

de

24 10.1080/0020754

3.2016.1266406

(CHERRAFI et

al., 2017a)

LSS +

GREEN

APROACH

ES

Revisão Bibliográfica

25 10.1002/QRE.185

2

(DORA;

GELLYNCK,

2015)

LSS +

DMAIC

Pequenas e

Médias

empresas

Redução de

desperdício,

eliminação de

variação,

eficiência dos

processos

Fonte: Adaptado do relatório do projeto NAILS.

2.2.1 Conectividade dos autores

O servidor HAMMER também permite extrair as interrelações entre os autores

presentes na base submetida, permitindo analisar como seus trabalhos se relacionam por meio

de atividades conjuntas, ou seja, o servidor identificou quais autores da base compartilham

coautoria. Dessa forma, é possível analisar quais autores mais contribuem para o levantamento

bibliográfico de pesquisas e investigações.

Essas interrelações são compiladas em duas planilhas, uma representando os nós (os

autores em si) e outra representando as arestas (suas respectivas relações de acordo com suas

publicações). No caso de publicações com mais de um autor, o servidor segmenta cada autor e

o converte em um nó próprio. Esses dados foram todos importados para uma aplicação de

visualização e de edição gráfica, o Gephi, obtendo, ao todo, 330 nós e 115 arestas, ou seja, as

137 publicações apresentam 330 autores e 115 relações.

28

Figura 2 - Rede de interrelação entre os autores da base amostral

Fonte: Rede extraída do Gephi. As legendas são de autoria própria, indicando que quanto maior o tamanho do nó,

maior o número de citações apresentadas para as publicações selecionadas. O gradiente de cores indica a

quantidade de publicações por autor presente na base amostral.

Por meio dessa rede, é possível visualizar os autores que apresentam publicações com

uma maior relevância, sendo estes destacados pelo tamanho proporcional de seus respectivos

nomes. É possível perceber que a maioria das interrelações entre os autores acontece em pares.

Os autores com mais citações, Elshennawy e Furterer, possuem uma única publicação conjunta

na base amostral, não havendo a participação de outros autores; logo, a publicação desses dois

autores apresenta uma maior relevância, sendo sua leitura importante ao se estudar os conceitos

em questão. Antony apresenta o maior número de conexões, indicando que realizou trabalhos

29

com os autores a ele conectados, sendo o autor não apenas com mais publicações, mas também

com mais trabalhos coletivos realizados.

Além dessa inferência visual, é possível utilizar outros meios e, inclusive, métricas, para

identificar que publicações podem contribuir para a elaboração desse estudo.

2.2.2 Principais autores

Com base nos resultados obtidos, foi possível identificar os autores de diversas formas,

nota-se que Antony é o autor com mais trabalhos publicados dentro da base amostral,

apresentando um total de 15 publicações das 137 escolhidas. Essas 15 publicações são citadas,

ao todo, 46 vezes em toda Web of Science. Elshennawy, Furterer, Chen e Wang estão entre os

6 mais citados da base amostral, no entanto, nenhum deles possui mais de três publicações,

permitindo inferir que, embora não tenham tantas publicações dentre os 137 trabalhos

escolhidos, suas publicações possuem um maior impacto.

2.2.3 Histórico de publicações

Por mais que o programa Seis Sigma tenha sido lançado nos anos 80, o termo Lean

surgiu 10 anos depois, em 1990. É natural que a primeira publicação acadêmica tenha surgido

apenas em 1998 e somente a partir dos anos 2005 é que o termo conjunto Lean Six Sigma

começou a ser constante, dentro da base de dados Web of Science.

Desde 2005 até 2014, os trabalhos acadêmicos envolvendo Lean seis sigma tiveram uma

tendência de crescimento, até que, em 2015, apresentou seu número mais expressivo e o recorde

de publicações, com um total de 39 trabalhos acadêmicos, ante os 15 do ano anterior, um

aumento de 160% em relação à 2014. Mesmo que em 2016 o número de publicações tenha sido

menor que em 2015, ainda foi superior aos números anteriores à 2014, mantendo a taxa e a

tendência de crescimento de estudos em Lean seis sigma.

2.2.4 As principais nacionalidades

Dentre os países que mais exploram academicamente o tema Lean Six Sigma, destacam-

se os Estados Unidos, com 21 trabalhos acadêmicos; a Índia, que publicou 16; a Escócia, que

possuem 15 e a Inglaterra, 11. O Brasil ocupa a 8ª posição no ranking dos 26 países. Mesmo

30

com uma colocação considerável, o Brasil - que possui 2/3 da população dos Estados Unidos -

publicou apenas um quarto de pesquisas Lean Six Sigma.

2.2.5 As principais fontes de publicações

Analisando os dados obtidos, é possível identificar que as publicações mais populares

estão na “International Journal of Lean Six Sigma”; “Total Quality Management & Business

Excellence”; “Production Planning & Control”; “International Journal of Productivity and

Performa” e “Quality and Realiability Engineering International”. Já as revistas mais citadas

são a “Total Quality Management & Business Excellence”; “Production Planning & Control”;

“Quality and Realiability Engineering International”; “International Journal of Production

Research” e o “Journal of the Operational Research Society”. Destacam-se entre as revistas

mencionadas a “Total Quality Management & Business Excellence” e a “Production Planning

& Control”, que estão entre as 5 mais populares e as 5 mais citadas ao mesmo tempo.

A Total Quality Management & Business Excellence é uma revista internacional que

busca estimular o pensamento e a pesquisa em todos os aspectos do gerenciamento da qualidade

total e proporcionar um fórum natural para discussão e para divulgação dos resultados de

pesquisas. A revista destina-se a incentivar o interesse em todas as questões relativas à gestão

da qualidade total e busca atrair a comunidade acadêmica e profissional que trabalha nesta área.

Possui, em seu quadro de editores, professores dos principais países já mencionados: Estados

Unidos e Inglaterra.

Já a Production Planning & Control é uma revista internacional que reúne trabalhos de

pesquisa sobre gerenciamento de operações em todo tipo de indústrias. A revista centra-se na

investigação que decorre das necessidades industriais e pode orientar as atividades dos gerentes

e dos futuros pesquisadores. Esta revista acolhe artigos que descrevem a pesquisa com base nas

necessidades emergentes da indústria, deixando clara a natureza do problema industrial.

Qualquer método de pesquisa apropriado pode ser usado e cada documento deve justificar o

método aplicado. Estudos de caso são bem-vindos, desde que ilustrem as necessidades de

inquirição ou problemas de aplicação que têm significado no nível internacional. Seu quadro

de editores possui professores dos Estados Unidos, da Índia e da Inglaterra. Três dos principais

países produtores de estudos em Lean seis sigma.

31

2.3 O pensamento lean

De acordo com o Lean Institute Brasil, o termo "Lean" surgiu no livro "The Machine

that Changed the World”, de Womack, Jones e Roos, publicado nos Estados Unidos em 1990,

assim como o termo “Lean Production”, informação garantida por Matthias Holweg (2007). O

livro diz respeito a um abrangente estudo sobre a indústria automobilística mundial realizada

pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), em que são ressaltadas as vantagens do

Sistema Toyota de Produção.

O Instituto ainda explica que o pensamento enxuto (Lean) é uma filosofia operacional,

ou um sistema de negócios, focado em identificar valor, sequenciar ações que geram valor sem

interrupção, somente quando alguém as solicitar e realizá-las de maneira cada vez mais eficaz.

É uma forma de eliminar desperdícios. Ainda que tenha origem na indústria automotiva, no

livro "Lean Thinking”, de Womack e Jones, já são exemplificadas empresas de diversas

atividades que utilizaram a filosofia e, atualmente, há implementação do “Lean” nos mais

diferentes setores: construção civil, aeronáutica, siderurgia, papel/celulose, alimentos, saúde,

seguradoras, bancos, tecnologia da informação, indústria naval, farmacêutica, entre outros.

Na pesquisa de Sandra Furterer e Ahmad K. Elshennawy (2005) é afirmado que o termo

“Lean Thinking” foi utilizado por James P. Womack e Daniel T. Jones no livro “Lean

Thinking”, como já citado, e, seguindo o pensamento de Alukal (2003), essa filosofia foi

denominada de “Lean Enterprise” quando se decidiu expandir o escopo da filosofia “Lean”,

partindo da manufatura para as entranhas da organização ou de uma empresa.

Percebe-se que há uma série de nomenclaturas que envolvem o termo “Lean” que,

aparentemente, são apenas variações de onde a filosofia está sendo aplicada: produção,

manufatura, empresa, etc. Andersson et al. (2014) converge no raciocínio e complementa os

demais autores ao informar que a filosofia foi definida de muitas maneiras diferentes e um dos

motivos da falta de definição coerente pode ser uma representação da continuidade de evolução

do conceito. Mais adiante, observaram que a filosofia pode ser estruturada em 5 fases, que não

precisam ser necessariamente sequenciadas, mas encaradas como ações contínuas.

A primeira fase é compreender que apenas o que os clientes percebem como valoroso é

relevante. Em seguida, deve-se analisar o fluxo de valor e os processos para definir o que agrega

valor. As ações inúteis devem ser modificadas ou eliminadas. Como terceira etapa, deve-se

preservar um fluxo contínuo de processo driblando filas e eliminando as restrições.

Posteriormente, é preferível que se mantenha a resposta de curto prazo de acordo com a

32

demanda do cliente, sem excessos (produção puxada). Por fim, buscar a perfeição por

intermédio da melhoria continua (ANDERSSON et al., 2014, p.906).

Chen (2009) compila uma série de benefícios e elucida que assim é possível trabalhar

na construção de sistemas de alta qualidade que conhecem as demandas do cliente, com o

mínimo de desperdício e que sua estratégia emprega um conjunto de ferramentas já

comprovadas, bem como técnicas para reduzir o tempo de execução, de inventários, de tempos

de setup, de tempo de equipamento em desuso, de retrabalhos e de outros resíduos ocultos. Esse

mesmo autor ainda sumarizou um grupo de ferramentas que podem ser utilizadas: Análise de

Stakeholders; 5S (Sort, Segregate, Shine, Strengthen and Standardise - Seiton, Seiri, Seiso,

Seiketsu e Shitsuke); Diagramas Ponto-a-ponto; Análise de Valor Agregado; Sistema Kanban;

Análise de Capabilidade; Failure Modes And Effects Analysis (FMEA); Total Productive

Maintenance (TPM); Análise de Tomada de Tempos; Just in Time (JIT); 5W2H; Diagrama de

Ishikawa; Gráfico de Pareto; Histogramas; Gráficos de Controle e Diagrama de Correlação.

Em 2006, Kumar et al (2006) já mencionava os benefícios e as ferramentas apresentadas

por Chen (2009) e incluía, ainda, outros itens como o Workplace Management, Set-up

Reduction Time, Mistake proofing, Visual management, Value Stream Mapping, Production

Flow Balancing e Cellular Manufacturing.

2.4 Seis sigma

O programa Six Sigma foi lançado pela Motorola e, depois, desenvolvido pela General

Electric Corporation (GE), em meados da década de 1980, como uma metodologia de melhoria

de negócios para identificar e eliminar as oportunidades de defeitos e de variação nos processos.

O Six Sigma promove um alinhamento estratégico e o pensamento sistemático que une a

qualidade e a estatística, da mesma maneira que o gerenciamento de projetos. Ele é descrito

como uma estratégia de excelência empresarial e concentra-se na tomada de decisões com base

em dados quantitativos, ferramentas estatísticas e não estatísticas, com a finalidade de conduzir

à melhoria do produto, do processo, do serviço, do desempenho financeiro ou da estratégia geral

de negócios (SHOKRI, 2017).

Sandra Furterer e Ahmad K. Elshennawy (2005) afirmavam que o Six Sigma foi

popularizado apenas no final dos anos 1990 pela GE e seu CEO Jack Welch. Esse programa

utiliza o ciclo DMAIC de resolução de problema em conjunto com um vasto leque de

ferramentas para resolução de problemas de qualidade. O uso das ferramentas varia de acordo

com o tipo de processo estudado e de problema que se quer resolver.

33

Em seguida, Antony, Kumar e Labib (2008) realizaram pesquisa em empresas de médio

porte e questionaram se eles utilizavam “Six Sigma”, “Design for Six Sigma”, “Lean Sigma”

ou uma combinação dessas metodologias para abordar processos e problemas relacionados aos

seus produtos ou serviços. A maioria (69%) das que responderam à pesquisa estavam utilizando

a metodologia DMAIC, apenas 19% utilizavam o Design para Six Sigma (DFSS), somente 6%

utilizavam Lean Sigma e as demais (6%) empregavam “Six Sigma” e DFSS em conjunto.

Abhijit Chakrabarti (2014) realizou um estudo sobre a aplicações de Seis Sigma e,

convergindo para os resultados de Antony, Kumar e Labib (2008), afirma que existem,

principalmente, dois tipos de metodologias em seis sigma: o DMAIC (Define, Measure,

Analyse, Improve, Control) e o DMADV (Define, Measure, Analyse, Design, Verify) ou DFSS

(Design For Six Sigma). Este mesmo autor ainda esclarece que para melhorar processos e

produtos já existentes, utiliza-se o DMAIC, mas, se o objetivo for criar novos produtos e atender

novas expectativas, emprega-se o DMADV ou DFSS.

Detalhando a informação convergida pelos autores Furterer and Elshennawy (2005),

Tsou e Chen (2005), Lee and Choi (2006), Lee e Wei (2009) e Desai (2008), de que, em termos

estatísticos, Six-Sigma significa Seis Sigma (6σ), ou seja, 3.4 defeitos por milhão de

oportunidades (DPMO), os professores de estatística Montgomery e Woodall (2008) explicam

que o foco do Six Sigma está em reduzir a variabilidade nas principais características de

qualidade de um produto em torno de valores-alvo especificados em um nível em que as falhas

ou defeitos são extremamente improváveis. A Figura 1 mostra uma distribuição de

probabilidade normal como modelo para uma característica de qualidade com limites de

especificação em três desvios padrão (três sigmas - 3σ) em ambos os lados da média alvo. O

conceito Six Sigma é reduzir a variabilidade no processo, de modo que os limites de

especificação sejam, pelo menos, seis desvios padrão.

Montgomery e Woodall (2008) continuam por explicar que esse nível de qualidade

resulta em cerca de 2 partes por bilhão, não conforme às especificações desejadas. Sob o

conceito Six Sigma, presume-se que quando o processo atinge o nível de qualidade de seis

sigma, a média do processo ainda está sujeita a perturbações que poderiam fazer com que ele

mude até 1,5 desvio padrão fora do desejado. Essa situação é mostrada na Figura 3. Sob esse

cenário, um processo em Seis Sigma produziria até 3,4 partes por milhão (ppm), não conforme

às especificações.

34

Figura 3 - Distribuição de probabilidade normal como modelo para uma característica de qualidade com limites

de especificação em três desvios padrão (três sigmas - 3σ) para cada lado

Fonte: Montgomery e William H. Woodall (2008)

Figura 4 - Distribuição Normal com perturbações que poderiam fazer com que ele mude até 1,5 desvio padrão fora

do desejado

Fonte: Montgomery e William H. Woodall (2008)

De acordo com Isa e Usmen (2015), o método Six Sigma é melhor implementado por

meio do Ciclo DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Implementar e Controlar), que usa uma série

de ferramentas estatísticas, incluindo estatística descritiva (desvio padrão médio, coeficiente de

variação e histogramas), análise de Pareto, processos (fluxos de valor), matriz de mapeamento,

diagrama de causa e efeito, análise de modo de falha e efeito (FMEA) e muitas outras.

2.4.1 O ciclo DMAIC

Andersson et al. (2014) ressaltam que no Ciclo DMAIC o foco é a variabilidade,

economizando dinheiro e alcançando os objetivos da empresa. É uma modificação do ciclo

35

PDCA (Plano, Do, Check e Act), com ferramentas e métodos de adição complementares para

o trabalho de melhoria.

Na primeira etapa (definir), o objetivo é definir a necessidade de melhorar o processo,

produto ou serviço. Portanto, de início o serviço, produto ou processo a ser melhorado deve ser

identificado e os recursos humanos mais adequados selecionados. Após estas escolhas terem

sido realizadas, define-se todos os stakeholders, suas expectativas e necessidades (velocidade,

nível de melhoria), para que os objetivos sejam traçados, um cronograma seja criado junto com

uma série de elementos que nortearão a aplicação do ciclo DMAIC, como a estratégica de

comunicação, análise de riscos, e um plano de recursos (FURTERER; ELSHENNAWY, 2007)

(CHEN; LYU, 2009) (TIMANS et al., 2012b) (WANG, FU-KWUN; CHEN, 2012b)

(ANDERSSON et al., 2014) (GIJO; ANTONY, 2014b) (CHERRAFI et al., 2017b) melhorado.

Em seguida, a etapa de medir possui como objetivo visualizar e registrar o estado atual

do processo, produto ou serviço a ser melhorado, identificar os problemas e as causas que

acarretam em desperdícios, além de identificar parceiros de benchmarking adequados. Tudo

isso deve acontecer antes que quaisquer alterações sejam sugeridas pela equipe. Nesta etapa,

dados sobre velocidade, qualidade e custos podem ser coletados para expor as causas e

ineficiências, além de traçar uma linha base para melhorias futuras (FURTERER;

ELSHENNAWY, 2007) (CHEN; LYU, 2009) (WANG, FU-KWUN; CHEN, 2012b)

(ANDERSSON et al., 2014) (GIJO; ANTONY, 2014b) (CHERRAFI et al., 2017b).

O propósito da fase de análise é de avaliar os imbróglios, definir oportunidades de

melhoria e verificar se as mudanças para entender as melhorias são viáveis em comparação com

os benefícios de produtividade e qualidade estimados. Nesta etapa, analisa-se as causas-raiz, os

itens que causam variabilidade, os fatores que precisam ser melhorados e as áreas que precisam

ser abordadas podem ser encontradas (FURTERER; ELSHENNAWY, 2007) (CHEN; LYU,

2009) (WANG, FU-KWUN; CHEN, 2012b) (ANDERSSON et al., 2014) (GIJO; ANTONY,

2014b) (CHERRAFI et al., 2017b).

Na fase de melhoria (implementar), a finalidade é efetivar as melhorias, medir seus

impactos, registrar os procedimentos e capacitar os funcionários. Nesta etapa, busca-se

interpretar os dados coletados, extrair informações e utilizá-las para ratificar os desperdícios e

a baixa qualidade. Logo após, são concebidas as soluções mais eficazes e eficientes para dar

robustez ao processo, produto ou serviço. Nesta fase, um plano experimental prioriza a(s)

variável(is) crítica(s) de entrada para definir a combinação dos parâmetros que otimizam o(s)

nível(is) do(s) processo(s), produto(s) ou serviço(s) (FURTERER; ELSHENNAWY, 2007).

36

(CHEN; LYU, 2009) (WANG, FU-KWUN; CHEN, 2012b) (ANDERSSON et al., 2014)

(GIJO; ANTONY, 2014b) (CHERRAFI et al., 2017b).

Por fim, a função da quinta e última etapa, controlar, é de aplicar medidas de

desempenho e outros artifícios de controle e de melhoria contínua para asseverar a

sustentabilidade dos resultados a longo prazo. Ela irá garantir que a(s) solução(ões) escolhida(s)

foi(ram) bem-sucedida(s) e permanente(s), além de compartilhar conhecimento, boas práticas

e definir responsabilidades (FURTERER; ELSHENNAWY, 2007) (CHEN; LYU, 2009) (WANG,

FU-KWUN; CHEN, 2012b) (ANDERSSON et al., 2014) (GIJO; ANTONY, 2014b) (CHERRAFI et

al., 2017b).

O quadro a seguir demonstrará as ferramentas que podem ser utilizadas em cada etapa

do Ciclo DMAIC.:

Quadro 2 – Ferramentas que podem ser utilizadas em cada etapa do ciclo DMAIC.

Definir

Voice of customer (VOC), SIPOC (supplier, inputs, process, output and customers), diagrama de

afinidade, árvore critical-to-quality (CTQ), brainstorming, diagrama de Ishikawa, contrato do

projeto, QFD (quality function deployment), análise financeira, mapa fluxo de valor, plano de

comunicação, plano multigerencial, gráficos quadri e RACI.

Medir

Gráficos de controle, análise de repetibilidade e reprodutibilidade (R&R), gráfico de pareto, matriz

de priorização, variabilidade do processo, capabilidade (Cp), short-term capability (Cpk) e long-

term capability (Ppk), defeitos por unidade (DPU), rolled throughput yield (RTY), definições

operacionais, plano de coleta de dados, histograma, box plot, amostragem estatística, gráficos de

controle.

Analisar

Gráfico de Pareto, matriz de causa e efeito, brainstorming, mapas de processos detalhados,

diagramas de fluxo, gráficos de frequência, gráficos de correlação, testes de hipóteses, ANOVA,

análises de regressão, método Taguchi, design of experiments (DOE), diagrama de Ishikawa,

ferramentas estatísticas básicas, FMEA ou FMECA (failure modes, effects and critical analysis),

regressão simples e múltipla,

Implementar

Plano de experimentos, plano de coleta de dados, regressão linear múltipla, full factorial design,

FMEA ou FMECA (failure modes, effects and critical analysis), brainstorm, benchmarking, 5S,

balanço de linha, kaizen, redução de setup, poka-yoke, FMEA ou FMECA (failure modes, effects

and critical analysis), pilotagem e simulação.

Controlar

Cartas de controle, procedimento operacional padrão (POP), plano de comunicação, plano de

capacitação e treinamento, plano de implementação, plano de controle de processos, diagramas de

fluxo, plano de controle, plano de transição, controle visual do processo, comissionamento de

projeto.

Fonte: Adaptado de Chen e Lyu (2009),(GEORGE, 2009), (CHERRAFI et al., 2016), (ALBLIWI; ANTONY;

LIM, 2015), (ANDERSON; KOVACH, 2014).

2.4.2 O sistema belt

O seis sigma cria uma poderosa infraestrutura para treinamento de Champions, Master,

Black Belts, Black Belts, Green Belts and Yellow Belts. Este sistema de Belts (black, Green,

White e Yellow) é uma característica única do Six Sigma, criando uma base para garantir que

as atividades de melhoria de desempenho tenham os recursos necessários. Eles são os agentes

de mudança que atuam como catalisadores da mudança cultural na organização (ANTONY;

KUMAR; LABIB, 2008).

37

Os white Belts atuam no nível operacional, capacitados em seis sigma para executar

ações de rotina e auxiliar os Yellow, Green e Black Belts no andamento de projetos seis sigma

dentro da empresa. Já os Yellow Belts atuam no nível tático para suportar os Black Belts e Green

Belts na implementação de projetos e são capacitados em seis sigma, entretanto não possuem

conhecimentos profundos em estatística, por isso, apenas auxiliam na utilização das ferramentas

Seis Sigma. Mesmo assim, ainda desenvolvem pequenos projetos de melhoria (COUTINHO,

2017).

Os Green Belts, em grande parte, são engenheiros ou gestores a nível de supervisão que

dedicam tempo em melhoria contínua e execução de projetos Seis Sigma, subordinados a seu

superior imediato. Por sua vez, os Black Belts estão, preferencialmente, com dedicação

exclusiva ao seis sigma, executando ou monitorando projetos que respondem ao Master Black

Belt (MBB). Este, direciona as estratégias junto ao programa Seis Sigma e dá suporte aos Green

e Black Belts (COUTINHO, 2017).

2.5 Lean seis sigma

Freitas, Costa e Ferraz (2017) trazem um breve histórico sobre a metodologia lean seis

sigma, que teve seu desenvolvimento iniciado após a Segunda Guerra Mundial, em conjunto

com diversas metodologias focadas no aumento da qualidade nas organizações, tais como: 5S,

TQM, Controle Estatístico de Processos (CEP), Ferramentas da Qualidade, dentre outras. A

filosofia Lean e a metodologia Six Sigma foram desenvolvidas de formas separadas e,

posteriormente, começaram a se integrar, transformando-se no que conhecemos atualmente

como lean seis sigma.

Na última década, a melhoria da qualidade tem sido caracterizada por duas abordagens

principais: o desenvolvimento enxuto (Lean), que visa aprimorar a eficiência do processo,

eliminando as etapas e atividades que não agregam valor em um processo, e Seis Sigma (Six

Sigma), que inibe a transmissão de variação de processo em toda cadeia principal. O

desenvolvimento híbrido das duas práticas é a sua fusão, denominada de Lean seis sigma

(YADAV; DESAI, 2016).

Do mesmo modo que os autores já citados, George (2009) mostrava que o pensamento

enxuto sozinho não consegue deixar um processo sob controle estatístico e o seis sigma sozinho

não tem a capacidade de melhorar energicamente a velocidade de processo nem minimizar o

capital investido. O pensamento enxuto foca na velocidade do processo por intermédio da

análise de fluxo dos processos e dos atrasos em cada atividade, centra na divisão de trabalho

38

para identificar o que realmente agrega valor ao produto ou serviço e na redução dos custos. O

seis sigma ressalta a necessidade de identificar oportunidades e de erradicar defeitos apontados

pelos clientes, leva em consideração que a variação é prejudicial para prestar serviços com

qualidade e confiabilidade, requer decisões pautadas em dados e ferramentas da qualidade sob

uma estrutura cultural potente para solucionar problemas de forma eficaz e obter resultados

sustentáveis.

Clarificando as restrições de cada um, o pensamento enxuto não preconiza a cultura nem

a infraestrutura essencial para o alcance de resultados sustentáveis, não prioriza os fatores

críticos de qualidade para os clientes e não conhece o impacto de um serviço variável. O lean

seis sigma não identifica os desperdícios, não melhora a velocidade do processo e não consegue

identificar os processos que não agregam valor. A figura, a seguir, revela o potencial que o lean

seis sigma pode trazer para a empresa: menos prazo, menos percentual de defeito e menos

custos (GEORGE, 2009).

Figura 5 - Pensamento Lean + Seis Sigma = Custo mais baixo

Fonte: (GEORGE, 2009)

Gunjan Yadav e Tushar N. Desai (2016), ao revisarem a literatura contida na base de

dados Scopus, compilaram várias definições de lean seis sigma e concluíram que o conceito de

lean seis sigma pode ter várias perspectivas. Os conceitos mais relevantes elencados no trabalho

39

desses autores e que direciona entendimento desta pesquisa estão sintetizados no Quadro 3, a

seguir:

Quadro 3 – Conceitos mais relevantes e seus autores.

Conceito Autor

Lean Six Sigma é uma metodologia

híbrida que as organizações adotam para

manter altas taxas de produção e alta

qualidade, ou reduzir o desperdício em

seus processos.

(CORBETT, 2011)

Lean Six Sigma é uma metodologia bem

estruturada que visa eliminar desperdícios

ou atividades que não agregam valor e se

concentra na redução da variação nos

processos críticos para alcançar a

satisfação do cliente.

(RAY; JOHN, 2011)

Lean Seis Sigma pode ser descrito como

uma metodologia que foca a eliminação

de desperdícios e variação, seguindo a

estrutura DMAIC, para alcançar a

satisfação do cliente e melhores resultados

financeiros para o negócio em relação à

qualidade, entrega e custo.

(SALAH; RAHIM; CARRETERO, 2010)

Lean Six Sigma (LSS) é uma iniciativa

moderna de excelência empresarial

que oferece uma grande riqueza de

ferramentas de melhoria contínua e

técnicas para combater as instabilidades

dos processos e produtos

defeituosos.

(BESSERIS, 2014)

Fonte: Adaptado de Yadav e Desai (2016)

Em 2006, M. Kumar, J. Antony, R. K. Singh, M. K. Tiwari e D. Perry já haviam

compilado e representado em imagem as ferramentas e técnicas em lean seis sigma. Essas

ferramentas e técnicas apontadas foram utilizadas pelos especialistas em lean seis sigma entre

os anos de 1996 a 2003. George (2009) também destacava diversas ferramentas lean seis sigma

para cada etapa do ciclo DMAIC, ferramentas essas que são utilizadas até os dias de hoje, como

se pode perceber na pesquisa de Jesus (2015), fruto de um survey com 78 respostas de empresas

brasileiras sobre as ferramentas utilizadas na implementação do lean seis sigma.

O diagrama de Venn, a seguir, ilustra na circunferência da esquerda quais ferramentas

são mais utilizadas no pensamento lean (kanban, gerenciamento do local de trabalho, redução

do tempo de setup, kaizen, práticas 5s, etc), já na circunferência posicionada à direita, é possível

40

enxergar quais ferramentas são mais usadas pelo seis sigma (metodologia DMAIC, Redução de

variabilidade, controle estatístico do processo, análise de capabilidade do processo, sistema

belt, etc) e, no centro, na intercessão, estão as ferramentas preferencialmente utilizadas no lean

seis sigma (5 porquês, diagrama de causa e efeito, gráfico de Pareto, ferramentas de

gerenciamento da mudança, histograma, cartas de controle, e gráfico de dispersão).

Figura 6- Ferramentas e Técnicas lean seis sigma

Fonte: (KUMAR, M et al., 2006)

2.5.1 Fatores críticos de sucesso (FCS)

Para que o lean seis sigma obtenha sucesso é necessário o envolvimento de CEO’s e da

alta gerência, a aplicação correta dos recursos apropriados aos projetos de alta prioridade, o

treinamento adequado de todos os envolvidos, bem como a eliminação da variação das

atividades (GEORGE, 2009).

Foi o que Banuelas Coronado e Antony Jiju (2002) demoniram de fatores críticos de

sucesso para implementação do lean seis sigma, que eram: envolvimento da alta administração,

mudança de cultura, comunicação, infraestrutura da organização e treinamento. Nessa mesma

ótica, Näslund (2013) ratificou que o treinamento é um dos fatores críticos de sucesso e

acrescentou mais dois FCSs: alinhamento estratégico e gestão de projetos.

41

Dois anos mais tarde, em 2015, Jesus compilou todos estes fatores críticos de sucesso

elencados em 26 pesquisas, sendo 5 delas nacionais. Além dos FCSs já citados, o capital

financeiro da empresa passou a ser relevante, como um ambiente com confiança, ética,

integridade e respeito. Fato interessante é que, nesta mesma pesquisa, incentivos e bônus

financeiros para os empregados não se mostraram como críticos para o sucesso.

Diante do exposto, fica evidente que, de fato, pensamento enxuto e seis sigma

necessitam andar juntos para fornecerem melhores resultados às empresas e organizações, ao

passo que um foca em velocidade, o outro foca na eliminação da variação. Esses dois benefícios

só são alcançados utilizando o lean seis sigma com o auxílio de diverssas ferramentas da

qualidade, sem deixar de lado os faores críticos de sucesso: alinhamento estratégico,

envolvimento da alta administração, treinamento, gestão de projetos, organização financeira,

ética confiança, integridade e respeito.

Ao encerrar-se este capítulo, é possível identificar que a revisão bibliográfica na base

de dados Scopus e análise realisada no servidor Hammer revelaram os principais autores em

termos de publicações e conectividade que versam sobre lean seis sigma, foram eles: Antony

Jiju, Furterer, Elshennawy, Chen e Wang. Foi possível perceber conceitos relevantes

apresentados não só pelos principais autores, mas também por autores envolvidos nos 25

trabalhos acadêmicos mais relevantes encontrados.

Os conceitos teóricos quem sustentam esta pesquisa-ação acerca do pensamento lean,

do seis sigma, do ciclo DMAIC e do lean seis sigma foram apresentados até a demonstração

dos fatores críticos de sucesso para aplicação do lean seis sigma nas organizações.

No capítulo seguinte, os atributos desta pesquisa-ação serão apresentados, detalhar-se-

á como a pesquisa na base de dados scopus ocorreu, o papel e a funlção do servidor hammer

serão exclarecidos e, por fim, toda a metodologia utilizada para aplicar esta esta pesquisa-ação

será apresentada e pormenorizada.

2.6 Principais conceitos para a pesquisa

Um dos principais conceitos utilizados na pesquisa foi o Ciclo DMAIC, a metodologia

é a mais utilizada para aplicação de seis sigma, norteou os passos metodológicos desta pesquisa

e, com este conceito definido, as ferramentas de cada etapa ficaram mais fáceis de serem

selecionadas.

42

Os conceitos da flosofia lean e do seis sigma tratados separadamente elucidaram o papel

de cada um na filosofia e as definições de sua aplicação conjunta (lean seis sigma) reveleram

o potencial de extrair benefícios e reduzir desperdícios.

Já o detalhamento do sistema belt revela que a equipe deve ter uma estrutura e cada

integrante aplicador da filosofia deve possuir determinado nível de conhecimento e função para

por em prática a metodologia.

43

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Nesta etapa da dissertação, as características da pesquisa são reveladas e, logo em

seguida, a metodologia utilizada na revisão bibliográfica é detalhada, o modo como o

framework foi criado é apresentado e descrito como se deu a escolha do serviço que recebeu a

aplicação.

3.1 Caracterização da pesquisa

Guiado pelas definições de natureza, objetivos e procedimentos da pesquisa científica

definidos por Marconi e Lakatos (2005), a pesquisa, aqui em questão, é de natureza aplicada,

por gerar conhecimento para a prática e por ser voltada à resolução de problemas peculiares.

Esta pesquisa possui abordagem quantitativa por conter as características da estrutura

lógica e os principais interesses apontados por Bryman (1989), mensurabilidade, causalidade,

generalização e replicação. Por esta personalidade, foi utilizado um experimento que, de acordo

com Cauchick Miguel (2012), é um dos métodos mais adequados para esse tipo de abordagem.

À luz dos seus objetivos, esta dissertação é de cunho exploratório, por tornar um problema

explícito, gerar hipótese, revisão e pesquisas bibliográficas, inclusive possui cariz descritivo,

por minuciar fenômenos, clarificar interrelações entre variáveis e coletar dados por meio de

observação sistemática (GIL, 2002 apud MATIAS-PEREIRA, 2010).

Pela perspectiva dos procedimentos, trata-se de uma pesquisa-ação, uma vez que,

predominantemente, busca-se, além dos objetivos gerais e específicos, compreender, interferir

e transformar uma situação. Assim, de maneira simultânea, analisa um cenário e propõe

mudanças que trazem melhorias às práticas analisadas. Outro fator crucial desta pesquisa é que

ela busca produzir conhecimento para solucionar um problema prático (SEVERINO, 2016).

Essas características citadas são tratadas como importantes para Westbrook (1995),

Riordan (1995), Coughlan e Coghlan (2002), Ballantyne (2004), Thiollent (2007) apud

Cauchick Miguel (2012), como a utilização da abordagem científica para resolução de

problemas organizacionais.

Outro ponto relevante é que esta é uma pesquisa-participante. O pesquisador interage

com os pesquisados, acompanhando as ações praticadas e visualizando suas manifestações nas

situações. Tudo isso ocorre no mesmo instante em que se registra os elementos e as

considerações ao longo da pesquisa. E, mesmo com toda essa caracterização prevalecente, ainda

possuiu como procedimento uma pesquisa bibliográfica por meio de livros e artigos já

44

publicados e registrados por outros pesquisadores, realizou-se pesquisa de campo e observações

para coleta de dados nas condições normais em que as manifestações ocorrem (SEVERINO,

2016).

Existem semelhanças entre a pesquisa-ação e estudo de caso (pesquisa- participante),

haja vista que ambas são caracterizadas pela interação entre pesquisadores e os envolvidos nas

realidades investigadas. Contudo, enquanto o estudo de caso possui o propósito de auxiliar a

população envolvida a perceber seus problemas, analisá-los e a buscar as possíveis soluções, a

pesquisa- ação faz um diagnóstico de um problema específico em uma realidade específica,

com a finalidade de alcançar resultados práticos, mas pode ser prejudicial quanto a contingência

das descobertas da pesquisa, pouco controle do ambiente e um possível superenvolvimento

pessoal (NOAVES; GIL, 2009) (SANTOS, 2009).

Embora haja críticas à pesquisa-ação quanto a contingência das descobertas da pesquisa,

pouco controle do ambiente e um possível superenvolvimento pessoal, esta pesquisa ação, por

intermédio do ciclo DMAIC, aplica ferramentas estatísticas que aumentam o controle do

ambiente estudado e trata dados de modo estatístico, preservando princípios de experimentos

que reduzem o envolvimento pessoal do pesquisador.

Pelo fato de não se conter na proposta de solução para um problema, esta pesquisa

manter-se-á como uma pesquisa- ação para além de propor soluções, aplicá-las de forma

prática, alcançar resultados e registrá-los.

Figura 7 - Natureza, objetivos e procedimentos da pesquisa científica

45

Fonte: Adaptado de (MARCONI; LAKATOS, 2005)

3.2 Delineamento da pesquisa

A pesquisa bibliográfica foi realizada no banco de dados da Principal Coleção da Web

of Science (WOS). A estruturação da revisão bibliográfica seguiu quatro etapas metodológicas:

definição da amostra; classificação dos estudos; conectividade entre os autores; e análise das

principais aplicações.

Realizou-se uma pesquisa bibliométrica, com objetivo de ampliar o conhecimento

referente às publicações sobre o pensamento enxuto por meio das palavras-chave “Lean” e

“Lean Thinking”, posteriormente os artigos com tema seis sigma por meio das palavras “Six

Sigma”. Como o tema norteador deste trabalho é uma mescla do pensamento lean e da

metodologia Seis Sigma, intentou-se verificar o panorama bibliográfico do tema lean seis sigma

por intermédio da expressão “Lean Six Sigma”.

Como resultado, obteve-se uma amostra não-aleatória, abrangendo um total de 137

documentos sobre Lean e Six Sigma. O procedimento de investigação sistemática abrange um

corte longitudinal de trabalhos no período de 1998 a junho de 2017.

Quadro 4 – Método de pesquisa dos trabalhos compreendidos neste estudo

Palavras-

Chave

Restrições Web of Science

Tipo de

Documento Área

Quantidade

mundial

Quantidade

nacional

Lean

Thinking Todos

ENGINEERING + BUSINESS

ECONOMICS + OPERATIONS

RESEARCH MANAGEMENT

SCIENCE + PUBLIC

ADMINISTRATION

62 2

Six Sigma Todos

ENGINEERING + BUSINESS

ECONOMICS + OPERATIONS

RESEARCH MANAGEMENT

SCIENCE + PUBLIC

ADMINISTRATION

984 21

Lean Six

Sigma Totos

ENGINEERING + BUSINESS

ECONOMICS + OPERATIONS

RESEARCH MANAGEMENT

SCIENCE + PUBLIC

ADMINISTRATION

137 5

Fonte: Autoria própria.

Utilizou-se as três palavras-chave apresentadas no quadro 4 para a realização de três

buscas distintas na base Web of Science. Os resultados foram filtrados pelas áreas apresentadas

na mesma tabela e todos os dados bibliográficos das publicações foram extraídos e compilados

em uma base própria.

46

Esta última base foi submetida ao servidor de análise HAMMER

(http://hammer.nailsproject.net/) do projeto Network Analysis Interface for Literature Studies

(NAILS - http://nailsproject.net/), mantido pela Lappeenranta University of Technology.

Segundo Knutas et al. (2015), esse servidor proporciona um serviço de análise bibliométrica

baseada em uma nuvem para mapeamentos sistemáticos de estudos, realizando análises

estatísticas e de redes sociais entre os autores e citações presentes na base submetida, além de

realizar comparações com demais autores da Web of Science.

A base submetida englobou todas as 137 publicações, apresentando, de acordo com o

relatório gerado após análise, 72 variáveis. Ressalta-se que os dados gerados compreendem o

âmbito das publicações selecionadas como mencionado, porém a variável “total de vezes

citado” se refere à quantidade de vezes que todas as publicações selecionadas do respectivo

autor foram citadas em toda a base do Web of Science. Esse aspecto é explicado e exemplificado

no detalhamento da pesquisa. Nesse sentido, os resultados apresentados demonstram dados

comparativos de dois universos: toda a base do Web of Science e a base utilizada como amostra

para este trabalho.

O servidor HAMMER ainda utiliza algoritmo na base amostral para mensuração da

métrica “InDegree”, que determina o número de arestas diretas para cada publicação e o

algoritmo PageRank, para determinar a relevância de cada publicação. Com base nos

resultados, o servidor aponta as 25 publicações mais relevantes em ordem decrescente, levando

em consideração os valores obtidos por essas duas métricas, além do número de citações que

cada publicação apresenta. É possível obter algumas publicações repetidas em virtude das

diversas formas na qual o mesmo autor pode ser referenciado, por isso que uma análise prévia

dos resultados se fez necessária.

Estes artigos foram catalogados e analisados manualmente quanto às ferramentas

utilizadas; à área onde a pesquisa foi aplicada e à finalidade o trabalho foi realizado.

Os resultados extraídos do projeto NAILS foram plotados na plataforma GEPHI para

verificar e ilustrar a conectividade entre os autores, trabalhos acadêmicos e citações. Alguns

algoritmos de distribuição visual foram empregados, buscando-se obter uma rede com um

maior apelo visual, optou-se pelo algoritmo Fruchterman Reingold. Os dados foram

caracterizados por cor e por tamanho dos nós, de tal forma que a cor indica a quantidade de

publicações presentes na base por autor e o tamanho dos nós representa a variável “total de

vezes citado”.

Em seguida, foi aplicado o algoritmo de tratamento de dados intitulado Modularidade

para detectar a existência de agrupamentos entre os nós e seus tamanhos. O algoritmo de

47

Fruchterman Reingold foi aplicado novamente, seguido por algoritmos para ajustar a rede, de

modo a se tornar mais legível. O resultado foi a Figura 2, apresentada no item 2.1.1.2 deste

trabalho.

Ao prosseguir com a pesquisa, os conceitos de Lean Thinking, Seis Sigma e Lean Seis

Sigma foram revisados bem como o ciclo DMAIC. Ciclo esse que será utilizado como

metodologia base para interferir nos serviços selecionados, uma vez que, como já revelado no

referencial teórico desta pesquisa, é a metodologia utilizada em lean seis sigma para produtos

e serviços já existentes, por ser a mais utilizada nas aplicações registradas academicamente. O

Ciclo DMAIC consiste em (1) Definir, (2) Medir, (3) Analisar, (4) Implementar e (5) Controlar,

com a possibilidade de utilizar as ferramentas mais adequadas em cada uma dessas etapas

quando aplicadas em serviços terceirizados de mão de obra residente.

A figura 8 sintetiza a metodologia que está sendo empregada nesta dissertação. Na

lateral esquerda, ela demonstra o delineamento da pesquisa e suas etapas (início, introdução,

revisão bibliográfica e referencial teórico, o método, a pesquisa-ação e conclusão). No início,

foram escritos os elementos pré-textuais, na introdução o tema foi apresentado, o problema

descrito, os objetivos definidos, as justificativas da pesquisa foram expostas e a estrutura da

dissertação foi apresentada.

Na revisão bibliográfica e referencial teórico foram definidas uma amostra de

documentos acadêmicos da base de dados acadêmica Web of Science o servidor Hammer. Para

realizar uma análise de relevância, os dados foram plotados no software GUEPHI, os resultados

encontrados foram detalhados e os conceitos do pensamento lean, do seis sigma e da junção

lean seis sigma foram apresentados.

No método, houve a caracterização da pesquisa, a apresentação do ciclo DMAIC e a

proposição do framework. Posteriormente, na pesquisa-ação, o framework proposto foi

experimentado no núcleo de administração da JFRN e os resultados foram validados. Por fim,

na conclusão, os resultados foram contextualizados, melhorias à pesquisa e sugestões de estudos

futuros foram apontadas.

48

Figura 8 - Metodologia da dissertação

Fonte: Autoria própria.

3.3 A elaboração do framework

O framework elaborado buscou, o máximo possível, utilizar ferramentas simples do

ciclo DMAIC, haja vista que nem todo servidor público detém o conhecimento acerca do lean

seis sigma, tampouco, de todas as ferramentas da qualidade, estatísticas e de gestão plausíveis

para uso.

Em sua maioria, as ferramentas selecionadas são de fácil aplicação e de caráter

qualitativo, para que qualquer gestor público possa utilizar nos diversos serviços públicos que,

em seu entendimento, seja passível de aplicação do framework. Mesmo assim, ferramentas

49

quantitativas acessíveis foram consideradas a exceção do experimento estatístico, haja vista que

é de suma importância em seis sigma, por confirmar cientificamente as reduções investigadas,

as diminuições de variabilidade e os principais fatores influenciadores nas variáveis

investigadas.

Para a primeira etapa do ciclo DMAIC, o framework apegou-se em ferramentas que

traduziram quantitativamente e registraram os desejos o do principal líder da instituição: QFD

(Quality Function Deployment – Desdobramento da Função Qualidade), Contrato do Projeto

(Project Charter) e Mapa SIPOC ou COPIS.

Em seguida, para a etapa de medir, as ferramentas utilizadas buscaram registrar as

definições operacionais, observar fielmente o processo em seu estágio inicial, verificar seu

comportamento estatístico e se ele representa uma condição de normalidade. Neste estágio, as

ferramentas utilizadas foram: Definições Operacionais, Formulário de Observação de Processo,

Teste de Normalidade e o Gráfico de Controle.

Na análise, apenas duas ferramentas foram utilizadas, uma vez que, na fase posterior

(implementar), diversas ferramentas que seriam utilizadas nas duas etapas citadas (brainstorm,

DOE, ferramentas estatísticas básicas) são apresentadas de maneira comparativa na fase de

implementação durante o experimento estatístico (subitem 4.4.4.4). Entretanto, as duas

ferramentas escolhidas para a análise são ferramentas úteis e que permitem extrair uma

quantidade relevante de informações para o propósito da etapa, as ferramentas foram: Gráfico

de Pareto (80/20) e Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe).

A análise durou 15 dias úteis, ou 3 semanas, e contou com 5 membros da equipe, sendo

2 auxiliares de serviços gerais (ASG), o supervisor de campo, o supervisor da seção de serviços

gerais e o diretor do núcleo. Os procedimentos operacionais foram realizados pelos ASG’s, o

supervisor de campo coletou os dados e as ferramentas foram aplicadas pelo diretor de núcleo,

com o auxílio do supervisor da seção.

Para implementar as melhorias, um processo extenso de formação de ideias e soluções

conta com um Brainstorm, um Benchmarking, a Redução de Setup e Melhoria de Fluxo de

Processo (DFSS).

Ainda na implementação, um experimento em pequena escala foi aplicado para que os

principais fatores de melhorias fossem revelados e as melhores combinações utilizadas e

ratificadas estatisticamente. Esta etapa durou aproximadamente 35 dias úteis, ou 7 semanas, e

contou com a mesma equipe da avaliação e com as mesmas distribuições de funções.

Por fim, para manter o controle do bom funcionamento do serviço em que o framework

foi aplicado, um procedimento operacional padrão – POP- foi criado e o mapeamento do novo

50

processo atualizado. Ainda foram elaborados um Controle Visual de Processo (Checklist), um

Plano de Comunicação Operacional e um Plano de Treinamento Anual.

3.4 Serviço escolhido para o experimento

Para selecionar o serviço a ser estudado, realizou-se um levantamento em que os

Supervisores do Núcleo de Administração foram entrevistados e interrogados informalmente

sobre os serviços terceirizados com mão de obra residente e sobre quais serviços estavam aquém

nos quesitos rapidez, qualidade, consumo de recursos e custo. Esses quesitos foram definidos,

considerando que o foco da metodologia lean seis sigma é melhorar a qualidade e a rapidez

quando aplicada na manufatura ou em um serviço, bem como a redução de desperdícios e dos

custos.

Para guiar a entrevista e o diálogo informal com os supervisores, foi elaborado um

roteiro topificado, que contou com as seguintes questões:

• Em qual seção do Núcleo de Administração atua?

• Quais são os serviços terceirizados com mão de obra residente na seção?

• Quais são os serviços mais caros?

• Quais são os mais lentos na prestação dos serviços?

• Quais são os que recebem maiores reclamações de falhas?

• Quais são os serviços que mais necessitam de retrabalho?

• Quais são os serviços que mais consomem recursos?

Após o diálogo informal, apoiado por um roteiro topificado, o serviço de “manutenção

de ar-condicionado”, sob responsabilidade da Seção de Administração Predial e Engenharia,

com problemas de lentidão na prestação do serviço e má qualidade na execução das

manutenções, como de “limpeza e conservação” presente na Seção de Serviços Gerais, com

diversas reclamações na qualidade da execução do serviço, foram elencados para o

experimento. Entretanto, este estudo selecionou o serviço de limpeza por se tratar de um dos

contratos mais caros do Núcleo de Administração.

O serviço de Jardinagem também é alvo de críticas quanto à qualidade da manutenção

do gramado e a lentidão no atendimento dos chamados pertinentes ao serviço de jardinagem.

Porém, como cada etapa de rotina deste serviço é bastante demorado e depende de vários fatores

climáticos e incontroláveis (sol, chuva, ventos), pela escassez de pessoas que possam

acompanhar de perto o serviço prestado, este serviço não será estudado.

Ao elucidar e detalhar as características e os procedimentos metodológicos utilizados

nesta dissertação, surge a hipótese de que é possível criar um framework para aplicar lean seis

51

sigma em serviços terceirizados no judiciário federal brasileiro, além de empregá-lo e extrair

resultados positivos da execução do framework proposto.

Ao encerrar este capítulo, as características da pesquisa foram apresentadas, o uso da

pesquisa-ação foi justificado, os procedimentos metodológicos estão detalhados e expostos para

atingir a hipótese da dissertação. O capítulo a seguir discorrerá acerca da aplicação da pesquisa-

ação em detalhes.

52

4 A PESQUISA- AÇÃO

O presente capítulo situa o leitor no Poder Judiciário Brasileiro e suas divisões,

apresenta a Justiça Federal, suas funções e abrangência, e discorre sobre a Justiça Federal no

Rio Grande do Norte (JFRN). Logo em seguida, detalha toda a aplicação do framework

elaborado no serviço terceirizado de limpeza da JFRN, que conta com mão de obra residente

no Núcleo de Administração da Instituição.

4.1 O Poder Judiciário Brasileiro

O Brasil possui uma estrutura clássica formada por três poderes: o Executivo, o

Legislativo e o Judiciário. O poder executivo é constituído pelo Presidente da República, seu

gabinete de ministros e seus secretários. A função do poder legislativo é elaborar normas de

direito e legislar os âmbitos políticos e constitucionais da nação ao aprovar, rejeitar e fiscalizar

projetos do poder executivo, já o poder judiciário detém a capacidade de julgar.

O Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 92 a 126, é

obrigado a sentenciar de maneira imparcial qualquer conflito que surja no país. Seus órgãos de

funcionamento são o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), os

Tribunais Regionais Federais (TRF), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os Tribunais do

Trabalho, os Tribunais Eleitorais, os Tribunais Militares e os Tribunais dos Estados. Em seu

organograma há o STF, no topo, com a incumbência de zelar pelo cumprimento da Constituição

e abaixo está o STJ, competente em realizar interpretações uniformes da legislação federal.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em sua atribuição legal, dá transparência e

publicidade às informações relativas à atuação do Poder Judiciário brasileiro. Em setembro de

2018, publicou a 14ª edição do Relatório Justiça em Números, construído de forma contínua

pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ), responsável pelo recebimento e compilação

das estatísticas judiciárias nacionais, desde 2005, e o relatório de 2018 compreende os anos de

2009 a 2017.

De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (2018), a Justiça Estadual é a

maior instituição, com 10.035 varas distribuídas em todo país, o que corresponde à 65,2% do

poder judiciário. Em segundo lugar, a Justiça Eleitoral aparece com 2.771 Zonas Eleitorais e

18% de participação, seguida pela Justiça do Trabalho com 1.572 varas e 10,2% da fatia do

judiciário. A Justiça Federal é a Justiça mais enxuta, com apenas 988 varas e 6,4% de

53

representatividade no Poder Judiciário; por fim, com representatividade mínima, está a Justiça

Militar da União com 19 varas, compondo 0,1% de participação.

De acordo com o Art. 108 da Constituição Federal, compete aos Tribunais Regionais

Federais:

I – Processar e julgar, originariamente:

a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e

da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os

membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça

Eleitoral;

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes

federais da região;

c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal

ou de juiz federal;

d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

II – Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes

estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

E, conforme o Art. 109 da Constituição Federal, compete aos Juízes Federais processar

e julgar, originalmente:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem

interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de

falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do

Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou

pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou

organismo internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,

serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,

excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça

Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a

execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou

reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,

contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o

constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a

outra jurisdição;

54

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,

excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência

da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta

rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as

causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

O Distrito Federal e os estados do Amazonas, do Acre, do Amapá, da Bahia, de Goiás,

do Maranhão, do Mato Grosso, de Minas Gerais, do Pará, do Piauí, de Rondônia, de Roraima

e do Tocantins estão sob tutela do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). O Tribunal

Regional Federal da 2ª Região (TRF2) possui jurisdição sobre os estados do Rio de Janeiro e

do Espírito Santo, enquanto os estados de São Paulo e do Mato Grosso do sul estão sob

preponderância do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3).

A região sul do país, composta pelos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio

Grande do Sul, forma o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), no nordeste do Brasil,

o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) abrange os estados do Ceará, do Rio grande

do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas e de Sergipe. Cada TRF deve compor, no

mínimo, sete juízes recrutados na respectiva região, quando possível, e nomeados pelo

Presidente da República.

No Judiciário brasileiro, existem órgãos que funcionam no âmbito da União e dos

Estados, incluindo o Distrito Federal. Na esfera nacional, o Poder Judiciário é formado pela

Justiça Federal (JF) – inclusos os Juizados Especiais Federais (JEF) –, Justiça Especializada,

Justiça Eleitoral (JE) e a Justiça Militar (JM). Já a nível de Estado, a Justiça Estadual é formada

de juizados especiais cíveis e criminais, e a responsabilidade é do Distrito Federal e de cada um

dos outros 26 estados brasileiros.

O Poder Judiciário é um prestador de serviço público e possui como atividade final a

prestação jurisdicional, ou seja, processos judiciais, desde o início, até o julgamento realizado

por um juiz. Entende-se, então, que a atividade- meio (administrativa) é a execução das ações

que suportam o julgamento judicial.

Para prestar seus serviços à população, de acordo com dados do CNJ publicados em

setembro de 2018, o poder judiciário custa R$ 90.846.325.160 (90,85 bilhões de reais) aos

cofres públicos, possui 22.571 magistrados, 272.093 servidores e 158.703 auxiliares. Apesar da

expressiva despesa do Poder Judiciário, os cofres públicos receberam em 2017, cerca de R$

48,43 bilhões, em decorrência da atividade do judiciário, um retorno da ordem de 53% das

55

despesas efetuadas; em relação à Justiça Federal, a recuperação é ainda mais expressiva,

superando seu próprio custo.

Dados do CNJ informam que o Poder Judiciário, em 2017 possui 448.964 pessoas em

sua força de trabalho, sendo 18.168 magistrados (4%), 272.093 servidores (60,6%), 71.969

terceirizados (16%), 67.708 estagiários (15,1%) e 19.026 conciliadores. Dentre os servidores,

78,8% estão lotados na área judiciária e 21,2% atuam na área administrativa.

4.2 A Justiça Federal

Cada Seção Judiciária Federal e Subseção é composta em seu organograma pelos Juízes,

que são responsáveis por suas respectivas unidades jurisdicionais, e um magistrado é escolhido

para ser Diretor do Foro e gerir a Seção Judiciária. Em apoio à Direção de Foro, há o Diretor

da Secretaria Administrativa e os Diretores de Núcleo. A figura 10 representa- genericamente-

o organograma das Seções Judiciárias Federais, em que se percebe uma subdivisão entre a área-

fim e a área-meio. Os juízes federais estão na área-fim, os supervisores subordinados aos

diretores de núcleo e estes, subordinados ao diretor da secretaria administrativa, estão na área-

meio, todos subordinados ao juiz federal diretor do foro, autoridade máxima para fins

administrativos de uma Seção Judiciária.

Figura 9- Organograma genérico de uma Seção Judiciária

Fonte: Autoria própria.

O Conselho da Justiça Federal (2009), na Resolução Nº 79, de 19 de novembro de 2009,

dispõe acerca das competências e atribuições dos Juízes Federais quando em exercício das

56

funções de Diretor do Foro das Seções Judiciárias na Administração de Obras, Compras de

Bens e Serviços deve autorizar a abertura de procedimento para padronizar licitação; ratificar a

inexigibilidade ou a dispensa de licitação; decidir, em grau de recurso, as questões suscitadas

nos processos licitatórios; aplicar sanções administrativas aos contratados e licitantes;

homologar procedimento de licitação; assinar termos, contratos e convênios em nome da Seção

Judiciária.

Na Administração Orçamentária e Financeira, deve reportar-se, na condição de órgão

integrante do Sistema de Orçamento e Finanças da Justiça Federal, diretamente ao Tribunal no

que concerne à obediência de normas e diretrizes básicas à Administração Orçamentária e

Financeira; autorizar a execução da despesa da Seção Judiciária Unidade Secciona relativa aos

créditos orçamentários descentralizados pelo Tribunal - Unidade Setorial; acompanhar e

coordenar a elaboração do Plano Plurianual e da Proposta Orçamentária Anual; coordenar a

execução orçamentário-financeira da despesa e, quando necessário, submeter à apreciação do

Tribunal medidas para promover ajustes na programação orçamentária; encaminhar as

propostas de programação financeira nos prazos e em conformidade com as normas

estabelecidas pela unidade setorial do sistema, bem como manter registros e controle dos

recursos financeiros recebidos; atuar solidariamente com relação ao recolhimento dos diversos

tributos devidos, quando assim previsto nas legislações específicas;

E na Administração Geral, despachar o expediente da Secretaria Administrativa; expedir

atos decorrentes das decisões da sua própria competência; requisitar passagens e transporte,

observando a existência de autorização do Presidente do Tribunal Regional Federal ou do

Corregedor; constituir comissões de natureza temporária ou permanente, designando os seus

membros; autorizar a prestação de serviços extraordinários pelos servidores da Seção

Judiciária, observada a legislação vigente e as resoluções do Tribunal respectivo e do Conselho

da Justiça Federal; atuar como ordenador de despesas; gerenciar os serviços de apoio

administrativo e judiciário; prestar contas ao órgão de controle interno quando solicitado; dispor

sobre o local destinado à guarda dos veículos da sede da Seção Judiciária, serviços de portaria,

conservação e segurança do Foro; designar locais onde devam ser realizadas as arrematações e

leilões judiciais; e firmar termos, contratos e convênios no âmbito da sua competência.

De acordo com dados do CNJ, publicados em setembro de 2018, para prestar seus

serviços à população, a Justiça Federal possui em seu quadro de pessoal 1.939 Magistrados,

28.677 Servidores e 17.373 Auxiliares, além de custar R$ 11.261.426.849 (11,26 bilhões de

reais), ou seja, 12,4 % das despesas do Poder Judiciário.

57

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (2018), o Poder Judiciário em 2017

contava com o apoio de 158.703 trabalhadores auxiliares, sendo 45,3% terceirizados, 42,7%

estagiários, 6,9% conciliadores, 1,8% voluntários, 1,7% juízes leigos, 1,5% trabalhadores de

serventias terceirizadas.

No mesmo ano, os dois tipos de contratação terceirizada cresceram 3,5% e 15,2%,

respectivamente, em relação ao ano anterior. Se buscar o acumulado no período de 2009 a 2017,

houve um aumento de 84,2% no número de terceirizados.

Assim como na maioria dos órgãos públicos, a maior fatia dos gastos é com pessoal e

na Justiça Federal não é diferente. Os dados CNJ revelam que 90% das despesas equivalem a

remuneração com magistrados, servidores, inativos, terceirizados e estagiários, com todos os

demais benefícios devidos, (diárias, passagens, entre outros). O restante dos gastos são despesas

de capital (2,5%) e outras despesas correntes (7,5%), que somam R$ 2,2 bilhões e R$ 6,4

bilhões, respectivamente.

Embora custe R$ 11,26 aos cofres públicos, nos relatórios do CNJ a Justiça Federal se

destaca por ser responsável pela maior parte das arrecadações do Poder Judiciário, sendo 53%

do total recebido. Além disso, serve de exemplo, por ser a única do ramo que retornou aos

cofres públicos valor superior às suas despesas. As arrecadações se tratam, majoritariamente,

de receitas oriundas de execução fiscal, (dívidas pagas pelos devedores em decorrência de ações

judiciais). Dos R$ 30,2 bilhões arrecadados em execuções fiscais, R$ 25,7 bilhões (84,8%) são

provenientes da Justiça Federal e R$ 4,4 bilhões (14,7%) são da Justiça Estadual.

O gráfico 1, a seguir, mostra o percentual de receitas em relação às despesas, por ramo

de justiça, em 2017. Fica nítida a participação majoritária da Justiça Federal nas arrecadações

com 225% de receitas em relação ao seu custo. A segunda colocada, que mais traz retorno, é a

Justiça Estadual com apenas 36%, à frente da Justiça do Trabalho com 20%. Os tribunais

superiores e a Justiça Militar Estadual geram apenas 1% de retorno, cada.

Gráfico 1 - Receitas em relação às despesas

58

Fonte: (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018).

4.3 A Justiça Federal no Rio Grande do Norte

Para prestar sua atividade principal, a Justiça Federal no Rio grande do Norte é composta

de 16 Unidades Jurisdicionais, sendo uma Turma Recursal – composta de três relatorias – e 15

varas. No prédio Sede, situados em Natal, a JFRN é composta por 8 varas e uma turma recursal,

a Subseção de Mossoró é constituída de 3 varas, e nas Subseções de Ceará-Mirim, de Caicó, de

Pau dos Ferros, e de Assú há 1 vara, em cada local. A Figura 12 elucida a competência territorial

da Seção Judiciária e Subseções:

226,00%

36,00%

20,00%

1,00%

1,00%

53,00%

0% 50% 100% 150% 200% 250%

%

Percentual de receitas em relação às despesas, por ramo de

justiça, em 2017

Poder Judiciário Justiça Militar Estadual Tribunais Superiores

Justiça do Trabalho Justiça Estadual Justiça Federal

59

Figura 10- Competência territorial da JFRN

Fonte: (JFRN, 2018)

Para apoiar a prestação do serviço jurisdicional federal no Rio Grande do Norte há, em

sua sede, a Secretaria Administrativa, que abarca 5 núcleos: Administração, Financeiro e

Patrimonial, Judiciário, Tecnologia da Informação e Gestão de Pessoas.

4.3.1 Gasto com mão de obra terceirizada no Núcleo de Administração

Como já dito na apresentação do tema desta dissertação, no capítulo inicial, de acordo

com o portal da transparência do TRF5, em 2017, a Justiça Federal no Rio Grande do Norte

(JFRN), despendeu pouco mais de R$ 4,25 milhões com os serviços terceirizados do Núcleo de

Administração da Instituição. Isso equivale a quase 40% do orçamento de custeio utilizado

anualmente pela Instituição.

O contrato do serviço de limpeza, em 2017, custou R$ 800.000,00. Isso significa 18,82%

do montante utilizado para serviços terceirizados do Núcleo de Administração da JFRN,

entretanto ele não revela fielmente o custo total da limpeza, haja vista que não considera todos

os valores dos insumos de limpeza utilizados, nem o salário dos fiscais do contrato, tampouco

60

o do gestor do contrato. Mesmo assim, é notório que o serviço é um dos mais caros para a

instituição.

4.4 O framework elaborado a partir do Método DMAIC

O framework busca trazer um modo de aplicar lean seis sigma em serviços terceirizados

com mão de obra residente para a Justiça Federal. O framework abarcará o ciclo completo do

Método DMAIC e será aplicado no Núcleo de Administração da Justiça Federal no Rio Grande

do Norte, detentor da maioria dos contratos com mão de obra residente da Instituição. O serviço

em que será aplicado será o de limpeza, conforme relatado no item 3.3 desta dissertação.

O escopo do serviço de limpeza que será estudado, será a higienização e sanitização dos

banheiros disponíveis ao público no prédio sede da Seção Judiciária no Rio Grande do Norte

em Natal. Esse escopo abrange áreas de maior circulação de usuários e viabiliza a aplicação das

ferramentas de modo mais rápido, didático e permite que aspectos importantes de experimentos

estatísticos sejam atendidos.

4.4.1 Definir

Esta é a primeira etapa do ciclo DMAIC, em que a alta administração foi ouvida e

apontou seus requisitos e expectativas para com o serviço de limpeza da instituição, as

principais pessoas envolvidas no projeto foram definidas, as principais datas, o processo macro

e seus insumos foram definidos.

Para extrair os quesitos da alta administração, a direção do foro foi consultada pelo

projeto com conhecimento green belt. Nessa etapa, foi utilizado o desdobramento da função

qualidade (Quality Function Deployment – QFD).

A técnica de desdobramento da função qualidade (QFD) foi desenvolvida pela primeira

vez na década de 70, por Yoji Akao e Shigeru Mizuno. Trata-se de uma abordagem que define

os requisitos especificados pelos clientes e elucida essas exigências para que os

desenvolvedores de produtos gerem melhores mercadorias e/ou serviços. Essas determinações

são coletadas por meio de técnicas como entrevistas, conversas diretas, observações, dados de

garantia e relatórios de campo. Todas as premissas são estruturadas em uma matriz denominada

de Casa da Qualidade (HOQ) e as influências de cada determinação são obtidas em a partir do

61

próprio consumidor (AKAO et al., 2003; KHAN et al., 2016; WANG et al., 2015; PARTOVI,

2007)

Logo em seguida, buscou-se a formalização do início do projeto. De acordo com o

Pyzdek (2003) “a autorização oficial do projeto deve ser resumida em um documento”, este

documento é o Contrato do Projeto, ou Project Charter. Nesse documento, informações como

patrocinador, líderes, stakeholders chave, datas importantes, problemas a serem resolvidos,

escopo, insumos e metas, podem ser definidas.

Com o projeto formalizado, foram identificados os fornecedores, as entradas, as etapas

do processo, as saídas e os clientes do processo estudado. Nesse caso, utilizou-se a ferramenta

SIPOC (Suppliers, Inputs, Process, Outputs, Clients), um diagrama com a finalidade de

sintetizar de forma macro o principal processo envolvido no projeto, de maneira objetiva

(MISHRA; SHARMA, 2014).

4.4.1.1 QFD (Quality Function Deployment – Desdobramento da Função Qualidade)

Em entrevista com a Direção do Foro da JFRN, foram questionados quais seriam os

requisitos da alta administração para com o serviço de limpeza da instituição. Os requisitos

foram ordenados em ordem de importância e para hierarquizar no desdobramento da função-

qualidade receberam notas, cada um. Os requisitos ficam à esquerda da “casa da qualidade” e

foram, em ordem:

1. Número de terceirizados adequado – Peso: 10;

2. Redução no uso de material – Peso: 8;

3. Usuários satisfeitos – Peso: 6;

4. Qualidade no serviço – Peso: 6.

Conhecendo o serviço, há mais de 3 anos, o autor da dissertação listou os requisitos mais

importantes do serviço em questão:

• Rapidez na operação;

• Pouco uso de água;

• Pouco uso de material de limpeza;

• Padronização do Serviço;

• Percepção de limpeza para o(s) usuário(s) externos;

• Percepção de limpeza para o(s) usuário(s) internos;

• Percepção de limpeza para a Supervisão;

• Percepção de organização para o(s) usuário(s) externos;

62

• Percepção de organização para o(s) usuário(s) internos;

• Percepção de organização para a Supervisão;

Todos os requisitos do serviço foram ordenados pouco mais acima dos requisitos da

direção do foro, de forma que sejam cruzados ao centro da casa da qualidade.

Na região central da casa da qualidade, foram analisadas a interações entre os requisitos

da direção do foro e os requisitos do serviço, formando uma matriz preenchida conforme a

pontuação de cada tipo de relação. As relações fortes recebem 5 pontos, as relações médias

ficam com 3 pontos e as relações fracas, apenas 1. Dessa forma, foi montada a matriz de

interrelações que permitiram identificar o peso absoluto e o peso relativo de cada requisito do

serviço.

A Rapidez na operação atingiu o maior valor absoluto com 106 pontos e 12,56% de

pontuação relativa, seguida pela Padronização do Serviço com 98 pontos absolutos e 11,61%

de porcentagem relativa. Em terceiro lugar, ficaram empatados o Pouco uso de água e o Pouco

uso de material de limpeza, ambos com 86 pontos absolutos e 10,19% de valores relativos. Os

demais requisitos (Padronização do Serviço, Percepção de limpeza para o(s) usuário(s)

externos, Percepção de limpeza para o(s) usuário(s) internos, Percepção de limpeza para a

Supervisão, Percepção de organização para o(s) usuário(s) externos, Percepção de organização

para o(s) usuário(s) internos e Percepção de organização para a Supervisão) ficaram empatados

com 78 pontos absolutos e 9,24% de relatividade com os demais requisitos do serviço.

Na parte mais superior da casa da qualidade, o “telhado” revela as interrelações entre os

requisitos, em que os requisitos que possuem interrelações fortemente positivas são sinalizados

com um “++”, as interrelações positivas com um “+”, as interrelações negativas com “-”, e as

fortemente negativas com “- -”.

A figura a seguir sintetiza o QFD realizado e os dados encontrados:

63

Figura 11 - Casa da Qualidade

Fonte: Autoria própria.

4.4.1.2 Contrato do Projeto ou Project Charter

Para auxiliar no preenchimento do Contrato do Projeto, inicialmente, realizaram-se

conversas e observações com os servidores da Seção de Serviços Gerais, detentora do contrato

Requisitos da Direção do Foro

x

Requisitos do Serviço

5 - Forte (α)

3 - Média (β)

1 - Fraca (γ)

Requisitos do Serviço

x

Requisitos do Serviço

Fortemente Positivo (++)

Positivo (+)

Negativo (-)

Fortemente Negativo (--)

REQ

UIS

ITO

S D

O S

ERV

IÇO

Rap

idez

na

op

eraç

ão

Po

uco

uso

de

águ

a

Po

uco

uso

de

mat

eria

l de

limp

eza

Pad

ron

izaç

ão d

o S

ervi

ço

Per

cep

ção

de

limp

eza

par

a o

(s)

usu

ário

(s)

exte

rno

s

Per

cep

ção

de

limp

eza

par

a o

(s)

usu

ário

(s)

inte

rno

s

Per

cep

ção

de

limp

eza

par

a a

Sup

ervi

são

Per

cep

ção

de

org

aniz

ação

par

a o

(s)

usu

ário

(s)

exte

rno

s

Per

cep

ção

de

org

aniz

ação

par

a o

(s)

usu

ário

(s)

inte

rno

s

Per

cep

ção

de

org

aniz

ação

par

a a

Sup

ervi

são

REQUISITOS DA DIREÇÃO DO FORO

Número de terceirizados adequado 10 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Redução no uso de material 8 1 5 5 5 1 1 1 1 1 1

Satisfação do usuário 6 3 1 1 3 5 5 5 5 5 5

Qualidade no Serviço 6 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

Absoluto 106 86 86 98 78 78 78 78 78 78

Relativo 12,56% 10,19% 10,19% 11,61% 9,24% 9,24% 9,24% 9,24% 9,24% 9,24%

+

+

++

+

++

++

+

++

+

+

+

++

+

++

++

++

++

++

+ +

64

de limpeza e conservação, e funcionários da empresa terceirizada responsável pelo serviço de

limpeza. Foram levantadas as dificuldades operacionais e os parâmetros legais para escopo do

trabalho. Para conhecimento sobre os padrões do contrato, foram resgatados os seguintes

documentos institucionais:

• Termo de Referência Limpeza, Asseio e Conservação e seus

o Apêndice B – Equipamentos

o Apêndice C – Acordo de Nível de Serviço

• Estudo Preliminar – Limpeza

o Apenso A – Quadro de Demandas

o Apenso B – Quadro de Demandas Mínimas

• Plano de Trabalho Terceirização de Serviços 2017 a 2019

• Instrução Normativa 05/2017 – MPOG

• Planta Baixa do Prédio Sede e Anexo.

No cabeçalho do Project Charter estão reunidas informações sobre o projeto lean seis

sigma, o patrocinador e os líderes. Logo em seguida, há o detalhamento da equipe envolvida,

dos stakeholders chave para o projeto. Ao final, são registradas as datas importantes do projeto,

o problema a ser resolvido, seu escopo e os insumos necessários e autorizados para a aplicação

da metodologia lean seis sigma.

Figura 12 - Contrato do Projeto

Contrato do Projeto

Título do Projeto:

Lean Seis Sigma no Serviço de Limpeza

Estudo de Caso:

Aplicação do framework de Lean Seis Sigma proposto no principal processo de higienização do

serviço terceirizado de limpeza.

Problema(s)/Oportunidade(s):

Verificação do quantitativo correto de terceirizados;

Redução no consumo de insumos (água, papel-toalha, material de limpeza, etc.).

Meta(s):

Identificar excessos de mão-de-obra terceirizada no contrato de limpeza;

Redução no uso de materiais;

Eliminar etapas desnecessárias;

Mapear e padronizar o processo de trabalho;

Reduzir o tempo de processo;

Tornar o serviço de limpeza mais próximo ao oferecido em shoppings.

65

Escopo do Projeto:

Aplicar o framework de lean seis sigma proposto no principal procedimento de higienização dos

banheiros públicos do prédio sede.

Membros-chave da Equipe: Outros Participantes:

Patrocinador: Diretor do Foro

Green Belt: Diretor do núcleo

Yellow Belt: Estagiário

Supervisor dos ASG’s

Reduções de Custo estimadas: Economia Real:

50% no uso de água;

30% no uso dos materiais de limpeza; (preenchido ao final do projeto)

Plano preliminar Data Inicial Data Real Notas e Lições Aprendidas:

(preenchido ao final do projeto)

Início Abril/2018 Abril/2018

DEFINE Abril/2018 Maio/2018

MEASURE Maio/2018 Junho/2018

ANALYZE Julho/2018 Agosto/2018

IMPROVE Agosto/2018 Setembro/2018

CONTROL Outubro/2018 Novembro/2018

Encerramento Dezembro/2018 Dezembro/2018

Fonte: Autoria própria.

4.4.1.3 Mapa SIPOC ou COPIS

O SIPOC é um diagrama com a finalidade de mapear- de forma macro- o principal

processo. A sigla vem do conjunto de palavras em inglês que significam, respectivamente,

Suppliers (Fornecedores): quem fornece os recursos para o processo; Inputs: (Entradas):

recursos/informação que afetam o processo, ou seja, a realização da atividade; Process (Etapas

do Processo): principais atividades de um processo específico; Outputs (Saídas):

entregas/resultados de cada etapa do processo; Clients (Clientes): quem recebe a saída de cada

etapa do processo. (MISHRA; SHARMA, 2014)

Figura 13 - Formulário SIPOC

SIPOC

Processo de Sanitização de Banheiros de uso Público

Fornecedores Entradas Processo Saídas Clientes

Almoxarifado

Empresa

Seção de Serviços Gerais

CAERN

Insumos de Limpeza:

• Água Sanitária;

• Álcool;

• Álcool em gel;

• Desengordurante;

• Essência;

Banheiro Sanitizado;

Água suja:

• Sistema de

esgotamento

sanitário;

Servidores

Público Externo

Fiscal do Contrato

66

• Limpa Vidro;

• Sabão em pó;

• Sabonete Líquido;

• Saco de Lixo;

Ferramentas de Limpeza:

• Bucha;

• Carro MOP;

• Esfregão Sanitário;

• Flanela/Pano;

• Plaqueta;

• Rodo

• Vassoura;

EPI’s:

• Luvas de Limpeza;

• Fardamento;

• Botas;

• Máscaras;

Mão de Obra:

• Preposto

• Terceirizado 1

• Terceirizado 2

• Terceirizado 3

Fiscalização do Contrato:

• Fiscal titular;

• Fiscal substituto;

• MOP

Sacos com Lixo

Ferramentas de Limpeza

gastas:

• Desgaste não

controlado;

Fonte: Autoria própria.

4.4.2 Medir

Nesta etapa, a capacidade do processo será identificada e os problemas enfrentados

durante a realização do serviço.

Nesta etapa do ciclo DMAIC, para início, as definições operacionais foram

estabelecidas, em seguida, um formulário de observação foi elaborado e adotado para auxiliar

na captura dos dados do serviço em questão para a aplicação da metodologia, tais como:

processo, etapas do processo, subprocessos, componentes, data, tempo e defeito.

Por fim, com dados coletados no formulário de observação, uma carta de controle dos

tempos encontrados foi realizada, para acompanhar estatisticamente o processo observado e

verificar alguma eventual observação que esteja além dos limites máximos e mínimos de

variação.

Procedimentos Iniciais

Higienização dos cestos de lixo

Higienização alta

Higienização de sanitários e mictórios

Higienização do chão

Acabamento

67

4.4.2.1 Definições Operacionais;

Serviço de limpeza: Serviço de higienização e sanitização dos banheiros disponíveis

ao público no prédio sede da Seção Judiciária no Rio Grande do Norte em Natal.

Serviço Observado: Serviço no qual o ciclo DMAIC será aplicado.

Processo: É a combinação atividades e insumos que proporciona a realização do serviço

de limpeza.

Observador: É o integrante-chave do projeto com conhecimento a nível yellow belt.

Green Belt: É Diretor de Núcleo ao qual o serviço de limpeza está inserido.

Yellow Belt: Estagiário responsável por aplicar as ferramentas mais operacionais e

capturar os dados necessários.

Etapas do Processo: É cada atividade do processo.

Subprocesso: É o detalhamento de uma etapa do processo mais complexa.

Componentes: Insumo (material de limpeza, matéria-prima) ou equipamento

necessário para realização de cada etapa do processo.

Tempo da Limpeza: Tempo necessário para que o processo de limpeza seja realizado

em um banheiro.

Problema: Qualquer situação anormal que prejudique o fluxo contínuo das etapas dos

processos e possa impactar o tempo e a qualidade do serviço.

MOP: Termo bastante utilizado nos serviços de limpeza, que, em português, significa

esfregão.

4.4.2.2 Formulário de Observação de Processo;

O formulário de observação do processo elaborado possui um cabeçalho inicial para

identificação do processo que receberá a aplicação da metodologia proposta. Neste cabeçalho,

o processo observado e o agente observador são registrados.

Logo em seguida, há uma tabela para registro da observação do processo. Esta tabela é

dividida em 4 colunas, para que os processos, as etapas de cada processo, os subprocessos e os

componentes dos processos sejam identificados e anotados.

No serviço de limpeza dos principais banheiros da JFRN, o estagiário, detentor de

conhecimento a nível yellow belt, observou o serviço e o catalogou por completo. Foram

identificados sete processos: higienização de cestos de lixo, higienização do piso, higienização

68

do espelho, higienização de paredes, box e portas, higienização de pias e bancadas, higienização

de sanitários e mictórios, higienizar objetos metálicos, abastecimento de porta papel toalha e

sabonete líquido.

O primeiro processo do serviço de limpeza consiste em higienizar os cestos de lixo do

banheiro. Nesse processo, o terceirizado movimenta os cestos para o centro do ambiente,

prepara a solução, retira os sacos de lixo e os descarta, retira os cestos de lixo, lava os cestos de

lixo, limpa os objetos metálicos externos, põe sacos de lixo novos, remonta a lixeira e a

reposiciona.

Neste primeiro processo, foi identificado um subprocesso na etapa de lavar os cestos de

lixo. O subprocesso é composto pelas seguintes atividades: aplicar solução de limpeza, esfregar,

enxaguar e secar.

Para a higienização dos cestos de lixo, os componentes necessários identificados foram:

água, sabão, água sanitária, esfregão sanitário, bucha, pano, papel toalha, flanela, álcool e saco

de lixo.

O segundo processo identificado foi a higienização do piso, no qual o terceirizado

prepara a solução de limpeza, aplica água e solução, esfrega, recolhe a solução até o ralo e

finaliza com a odorização. O processo em questão utiliza água, sabão, água sanitária, vassoura,

rodo, essência e MOP.

Os processos seguintes são higienização do espelho, higienização das paredes, box e

portas, higienização de pias e bancadas. O espelho é limpo por intermédio da aplicação de limpa

vidro e auxílio de um pano. Já as paredes, os boxes e as portas são limpas com água sanitária e

um pano. Para a higienização das pias e bancadas, a solução com água, sabão e água sanitária

é preparada, as pias e bancadas são esfregadas com buchas, enxaguadas e, por fim, recebem

desengordurantes e são secas.

Logo após os três processos citados anteriormente, a higienização de sanitários,

mictórios e objetos metálicos acontece. Nos mictórios e sanitários, o colaborador pressiona a

descarga, prepara a solução e, após aplicá-la, esfrega os objetos e os limpa externamente. Os

componentes utilizados até aqui são água, sabão, água sanitária, esfregão sanitário e bucha.

Por fim, os objetos metálicos são limpos com álcool e pano e os porta-papeis são

reabastecidos.

Na segunda tabela do formulário de observação de processo, há os campos para

preenchimento de tomada de tempo. Nesta segunda parte, o observador do processo deve anotar

quanto tempo é gasto para que o serviço seja realizado. Na primeira coluna são informadas as

datas e na segunda coluna, o tempo é registrado.

69

Na última tabela, há o espaço para que os problemas enfrentados sejam registrados, nos

campos finais do formulário, o observador deve registrar as datas e adversidades encontradas

pelos funcionários. O formulário a seguir revela todos os dados coletados:

Figura 14 - Formulário de Observação de Serviço

Formulário de Observação de Serviço

Serviço Observado: Limpeza dos principais banheiros da JFRN._____________________

Observador: Estagiário (Yellow Belt) e Diretor (Green Belt)________________________

PROCESSO ETAPAS DO

PROCESSO SUBPROCESSO COMPONENTES

Higienização de

cestos de lixo

Movimentar os cestos para

o centro do ambiente

Preparar solução Água Sabão Água

Sanitária

Retirar os sacos de lixo e

descartar

Retirar os cestos de lixo

Lavar os cestos de lixo

Aplicar solução de

limpeza Água Sabão

Água

Sanitária

Esfregar Esfregão sanitário Bucha

Enxaguar Água

Secar Pano Papel Toalha

Limpar objetos metálicos

externos

Flanela Álcool

Por sacos de lixo novos Saco de

lixo

Remontar lixeira e

reposicionar

Higienização do

piso

Preparar solução

Água Sabão Água

Sanitária

Aplicar água e solução Água Sabão Água

Sanitária

Esfregar Vassoura

Recolher a solução e água Rodo

Odorizar Água Essência MOP

Higienização do

espelho

Aplicar limpa vidro

Limpa

vidro

Limpar o espelho Pano

Higienização de

paredes, box e

portas

Limpeza Pano Água Sanitária

Higienização de

Pias e Bancadas Preparar solução Água Sabão

Água

Sanitária

70

Esfregar pias e bancadas Bucha Solução

Enxaguar pias e bancadas Água

Aplicar desengordurante e

secar Pano Desengordurante

Higienização de

Sanitários e

mictórios

Pressionar a descarga

Preparar solução Água Sabão Água

Sanitária

Aplicar solução

Esfregar Esfregão

Sanitário Bucha

Limpar externamente Pano Solução Álcool

Higienizar

objetos

metálicos

Passar pano Pano Álcool

Abastecimento

de porta papel

toalha e

sabonete

líquido

Inserir um pacote de papel

toalha

Papel

toalha

Tempo do Serviço

Observação Tempo

(min) Observação

Tempo

(min) Observação

Tempo

(min)

Observação Tempo

(min)

1 43 11 39 21 34 31 32

2 30 12 28 22 37 32 33

3 41 13 41 23 35 33 43

4 43 14 57 24 39 34 27

5 33 15 35 25 31 35 44

6 23 16 40 26 39 36 34

7 32 17 50 27 38

8 33 18 42 28 42

9 35 19 40 29 35

10 37 20 40 30 38

Problemas Encontrados

Observação Problema

1 Essência em falta / vencida

1 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

1 Porta saboneteira com vazamento

1 Refil MOP em falta

1 Sanitário entupido

1 Tampa de vaso quebrada

1 Vassoura pet em falta

1 Vassoura piaçava em falta

2 Essência em falta / vencida

2 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

2 Porta saboneteira com vazamento

71

2 Refil MOP em falta

2 Sanitário entupido

2 Tampa de vaso quebrada

2 Vassoura pet em falta

2 Vassoura piaçava em falta

3 Essência em falta / vencida

3 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

3 Porta saboneteira com vazamento

3 Ralo entupido

3 Refil MOP em falta

3 Sanitário entupido

3 Tampa de vaso quebrada

3 Vassoura pet em falta

3 Vassoura piaçava em falta

4 Essência em falta / vencida

4 Falta de água no prédio

4 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

4 Porta saboneteira com vazamento

4 Ralo entupido

4 Refil MOP em falta

4 Sanitário entupido

4 Tampa de vaso quebrada

4 Vassoura pet em falta

4 Vassoura piaçava em falta

5 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

5 Porta saboneteira com vazamento

5 Sanitário entupido

5 Tampa de vaso quebrada

5 Vassoura pet em falta

5 Vassoura piaçava em falta

6 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

6 Porta saboneteira com vazamento

6 Sanitário entupido

6 Tampa de vaso quebrada

6 Vassoura pet em falta

6 Vassoura piaçava em falta

7 Falta de água no prédio

7 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

7 Porta saboneteira com vazamento

7 Ralo entupido

7 Sanitário entupido

7 Tampa de vaso quebrada

7 Vassoura pet em falta

7 Vassoura piaçava em falta

8 Porta rolo de papel higiênico de 300m quebrado

72

8 Porta saboneteira com vazamento

8 Ralo entupido

8 Sanitário entupido

8 Tampa de vaso quebrada

8 Vassoura pet em falta

8 Vassoura piaçava em falta

Fonte: Autoria própria.

4.4.2.3 Teste de Normalidade e Gráfico de Controle:

Por intermédio do formulário de observação do processo, foi possível coletar dados dos

tempos do serviço em questão. A partir desses dados, antes de tudo, e com o auxílio de software

estatístico, um teste de normalidade foi realizado, para verificar se os dados registrados pelo

observador segue o modelo de uma distribuição normal, ou seja, de uma condição real.

O software gerou o gráfico de normalidade, mostrado a seguir. O gráfico 2 apresenta no

eixo da abscissa (eixo x), os valores de tempo do serviço de limpeza e no eixo da ordenada

(eixo y), o percentual. No canto superior direito, o gráfico 2 também mostra a média dos tempos

(mean) coletados, o desvio-padrão (StDev), o número de tempos coletados (N), o teste de

Anderson-Darling (AD) e o Valor-P (P-Value).

Gráfico 2 - Análise de Normalidade

Fonte: Minitab 17

73

Conforme o gráfico 2, para um intervalo de confiança de 95%, a média dos tempos

(mean) coletados foi de 37,31 minutos, o desvio padrão (StDev) é de 6,413 minutos, o número

de tempos coletados (N) foi de 36, o teste de Anderson-Darling (AD) foi de 0,387 e o Valor-P

(P-Value) foi de 0,370.

Como o P-Value (0,397) é maior que 0,05, há uma forte evidência contra a hipótese nula

de que a amostra não segue uma distribuição normal, portanto, deu-se prosseguimento para a

elaboração do gráfico de controle.

O gráfico de controle elaborado com o auxílio do Minitab foi criado para verificar a

variação do processo. Na parte superior do gráfico 3 estão representadas cada observação de

tempo no eixo das coordenadas (eixo x), os valores individuais no eixo das ordenadas (eixo y),

ao lado direito, encontra-se a média (x), o limite inferior (LCL) e o limite superior (UCL).

Na parte inferior do gráfico 3 estão representadas cada observação de tempo no eixo das

coordenadas (eixo x), as amplitudes móveis no eixo das ordenadas (eixo y), ao lado direito,

encontra-se a média (MR), o limite inferior (LCL) e o limite superior (UCL).

Gráfico 3 - Gráfico de Controle com outlier

Fonte: Minitab 17

Na parte superior do gráfico 3 o valor mínimo de tempo registrado foi de 23 minutos (6ª

observação), o valor máximo encontrado foi 57 minutos (15ª observação), a média foi de 37,31

minutos, o limite mínimo foi de 17,93 minutos e o limite máximo de 56,68 minutos, e uma

332925211713951

60

50

40

30

20

Observation

Ind

ivid

ua

l Va

lue

_X=37,31

UCL=56,68

LCL=17,93

332925211713951

24

18

12

6

0

Observation

Mo

vin

g R

an

ge

__MR=7,29

UCL=23,80

LCL=0

1

I-MR Chart of Tempo da Limpeza (min)

74

prova ficou fora dos limites (outlier), que foi exatamente o valor máximo encontrado (15ª

observação).

Já na parte inferior do gráfico 3, a menor variação foi de 0 na 20ª observação, o valor

máximo de variação foi de 22 minutos (15ª observação), a média da variação foi de 7,29

minutos, e os limites estipulados foram de 0 minutos (limite mínimo) à 23,80 minutos (limite

máximo).

Como houve um outlier (15ª observação), um novo gráfico de controle foi elaborado

sem a presença desta prova e revelou que o valor mínimo de tempo registrado foi de 23 minutos

(6ª observação), o novo valor máximo encontrado foi 50 minutos (17ª observação), a média foi

de 36,74 minutos, o limite mínimo foi de 19,25 minutos e o limite máximo de 54,23 minutos.

Já no gráfico 4 da média móvel, a menor variação se manteve em 0 na 20ª observação,

o novo valor máximo de variação foi de 17 minutos (35ª observação), a média da variação

diminuiu para 6,58 minutos e os limites estipulados foram de 0 minutos (limite mínimo) à 21,48

minutos (limite máximo).

Gráfico 4 - Gráfico de Controle sem outlier

Fonte: Minitab 17

332925211713951

50

40

30

20

Observation

Ind

ivid

ua

l Va

lue

_X=36,74

UCL=54,23

LCL=19,25

332925211713951

20

15

10

5

0

Observation

Mo

vin

g R

an

ge

__MR=6,58

UCL=21,48

LCL=0

I-MR Chart of Tempo da Limpeza (min)_1

75

4.4.3 Analisar

Na terceira etapa do ciclo DMAIC, os dados encontrados após a etapa anterior são

analisados para que informações relevantes sejam extraídas. Para o auxílio das análises, o

gráfico de Pareto foi utilizado para ordenar, de maneira decrescente, as frequências dos

problemas encontrados, para exibir uma curva do percentual acumulado e permitir a priorização

dos problemas.

E para finalizar esta etapa do DMAIC, um diagrama de Ishikawa, também conhecido

como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de peixe, com a finalidade de trazer à

luz as causas dos problemas encontrados.

4.4.3.1 Gráfico de Pareto (80/20);

Para ordenar as frequências dos problemas encontrados e priorizá-las, um Gráfico de

Pareto foi elaborado com a intenção de identificar os problemas mais frequentes em relação à

outros, portanto, teoricamente, que merecem uma atenção maior da administração.

No gráfico 5, é possível observar no eixo das abcissas (eixo x) todos os problemas que

acontecerem durante o período observado, no eixo das coordenadas (eixo y), à esquerda, o

número de vezes em que o problema aconteceu, e à direita, o percentual de ocorrência e, acima

das barras, é possível observar uma linha que demonstra as porcentagens acumuladas dos

problemas. Ao final, no gráfico 6, há o detalhamento dos dados coletados.

76

Gráfico 5 - Gráfico de Pareto

Fonte: Minitab 17

Gráfico 6 - Gráfico de Pareto Detalhado

Fonte: Minitab 17

Foram identificados os seguintes problemas: Falta de Material, Infraestrutura, Sanitário

Entupido, Ralo Entupido e falta de água no prédio. Os principais problemas foram a falta de

material e de infraestrutura, representando 38,7% dos problemas, cada um deles, e 77,4% do

total, se somados.

77

4.4.3.2 Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe);

Com a finalidade de encontrar outras falhas, organizar as possíveis causas para os

problemas encontrados, que podem ser interpretados como lentidão, alto consumo de recursos,

e produtos de má qualidade, o digrama de Ishikawa foi elaborado pelo yellow belt com auxílio

do green belt.

No grupo de causas relacionados às medidas, os principais problemas são: descontrole

e falta de registro. Não há o controle das quantidades de material que são utilizadas pelos

operadores e não há o controle da quantidade de água que é consumida durante o serviço.

Também não há registro dos problemas que estejam acontecendo ou das adversidades que

ocorreram durante a execução da lavagem.

Já no conjunto de material, os principais problemas encontrados foram produtos de

limpeza de baixa qualidade. Isto pode ocorrer quando há uma má especificação do produto no

momento da elaboração dos estudos preliminares e termos de referência para aquisição do

produto. Outro fator que dificulta a especificação e a aquisição de um produto com boa

qualidade, é o fato da legislação proibir o direcionamento para uma marca ou produto e mesmo

com a possibilidade de indicar marcas de referência, se houver algum outro produto de marca

desconhecida, mas que atenda as especificações, esse produto não poderá ser descartado e

deverá ser aceito pela instituição, caso vença a licitação.

Com relação à mão de obra que realiza o serviço, há um frequente esquecimento das

instruções passadas pelo preposto da empresa. Há uma grande dificuldade de aceitação dos

métodos e dos testes para possíveis melhorias, haja vista a baixa escolaridade da mão de obra

que executa o serviço, com o baixo grau de escolaridade também fica difícil o registro dos dados

e das intercorrências que podem acontecer durante a execução.

No agrupamento das máquinas, percebe-se que os terceirizados não possuem total

conhecimento de como utilizar o MOP, desconhecem seu potencial, não fizeram leitura do

manual de instruções e, consequentemente, o utilizam de maneira inadequada.

Em relação ao método, percebe-se que ainda é utilizado uma lavagem tradicional e

amadora, não há uma metodologia específica para a execução do serviço, ficando a cargo de

cada operário a lavagem conforme seu conhecimento empírico, tampouco há uma padronização

dos processos. Embora há uma reciclagem obrigatória prevista em contrato, o treinamento não

se mostra eficaz.

78

Por último, e não menos importante, há o conjunto do meio ambiente. Neste

agrupamento, percebe-se o uso expressivo de água e de papel toalha. Materiais que podem ser

controlados e geridos para impactar menos o meio ambiente.

No gráfico 15, é possível observar- do lado direito- os problemas encontrados que

devem ser sanados e- no centro- há uma seta que aponta para o problema (efeito). Ao redor do

eixo central, os principais grupos de causas estão determinados e as flechas estão apontadas de

modo que convirjam para o eixo central. Em cada flecha que converge para o centro, são

registrados os fatores que estejam contribuindo com o efeito.

Figura 15 – Diagrama de Ishikawa

Fonte: Minitab 17

4.4.4 Implementar

Nesta etapa, soluções eficazes e eficientes são propostas para que haja uma robustez

maior do processo observado. Nessa etapa, haverá ferramentas para estimular ideias e soluções,

um brainstorm será promovido entre o yellow belt e o black belt, um benchmarking em

empresas referência em limpeza de banheiros abertos ao público, assim como a leitura de

cartilhas de fornecedores do ramo do serviço estudado.

qualidade.

Produtos de

recursos;

consumo de

Lentidão; Alto

Meio Ambiente

Medidas

Método

Material

Máquina

Mão de Obra

Baixa Escolaridade

Treinamento

Esquecimento de

Falta de treinamento

Não leitura de manual

Utilidades

Desconhecimento das

Uso incorreto do MOP

Legislação

licitação

Má especificação na

de baixa qualidade

Produto de Limpeza

Falta de treinamento

Falta de Metodologia

Falta de Padronização

Lavagem Tradicional

Falta de registro

Descontrole

Uso de muita água

Uso de Papel Toalha

Diagrama de Ishikawa

79

Com a intenção de proporcionar maior robustez ao processo observado, possibilidades

de redução de setup serão elaboradas, assim como melhorias de fluxo do processo, ambos

voltados para a vertente Design for Six Sigma (DFSS).

Por fim, um plano de implementação em pequena escala será elaborado e um

experimento estatístico será realizado para que as possibilidades encontradas sejam testadas, os

dados novos sejam obtidos e analisados para comprovação de melhoria.

4.4.4.1 Brainstorm;

Com a finalidade de gerar ideias que possam melhorar o cenário atual, um pequeno

brainstorm foi proposto junto com as partes envolvidas no serviço observado: yellow belt, green

belt, supervisor da seção, preposto e dois dos operários terceirizados.

Como a maioria dos integrantes possuem baixa escolaridade, (green belt – pós-

graduado; yellow belt – graduação incompleta; supervisor da seção – nível médio completo;

preposto – nível médio completo; operários terceirizados – nível fundamental), seguir

exatamente os princípios do brainstorm não é viável, haja vista que é uma dificuldade da

maioria o registro de notas e possíveis soluções dentro de um contexto.

Portanto, os envolvidos foram convocados para uma reunião, pautada em uma

conversação informal, focada no seguinte questionamento “Como melhorar o serviço?”. Cada

um, por vez, expôs uma ideia e cada uma delas foi registrada. A tabela a seguir registra as ideias

encontradas, na coluna da esquerda, há o autor da ideia e na coluna da direita a ideia em si:

Tabela 5 – Tabela de ideias

AUTOR IDEIA

Operador 1 Inserir mola de porta nas portas dos banheiros para deficiente;

Operador 2 Utilizar produto de limpeza de marcas melhores;

Preposto Inserir sensor de presença nos banheiros;

Melhorar a sinalização externa dos banheiros;

Trocar essências por produto para piso com odor;

Criar um espaço para lavar os MOP’s;

Supervisor Criar um manual de procedimento para os operadores;

Anotar sempre qualquer dificuldade que acontecer no dia e repassar imediatamente;

Substituir porta papel toalha por secador de mão;

Yellow Belt Começar a utilizar materiais de limpeza profissionais;

Evitar misturas;

80

Realizar a limpeza de modo convencional somente nas áreas necessárias e quando

necessário;

Green Belt Viabilizar o gerenciamento mínimo dos materiais para o supervisor ou preposto;

Automação da espuma de sabão;

Higienização das partes metálicas no repasse;

Fonte: Autoria própria.

4.4.4.2 Benchmarking;

Na busca de entender como seria o serviço observado de maneira ideal, um

benchmarking competitivo suscinto foi realizado. De início, as empresas comparativas e de

referência no serviço de limpeza foram identificadas e contatadas.

Entretanto, a única resposta obtida, de valor significativo, e com grande cooperação dos

representantes comerciais, foi da empresa Becker, que disponibilizaram o material de

treinamento utilizado com os operadores do Midway Mall, o maior shopping center da cidade

de Natal-RN.

Com a finalidade de conhecer melhor como o processo de limpeza deve ser realizado,

outras fontes de treinamento foram pesquisadas, dentre elas vários vídeos didáticos, publicados

e disponíveis ao público de forma gratuita por empresas especializadas em limpeza profissional,

como a UNGER, BRALIMPIA e ECOLAB.

Tabela 6 – Materiais didáticos

EMPRESAS DE

LIMPEZA

REFERÊNCIA NO

MERCADO

MATERIAL FONTE

Becker Materiais digitais

repassados via e-

mail

Midway Mall

Unger Vídeos aberto ao

público

https://ungerconsumer.com/

https://www.youtube.com/user/UngerProCleaning/videos

Bralimpia Vídeos aberto ao

público

http://www.bralimpia.com.br/treinamento/

https://www.youtube.com/user/BralimpiaTreinamento/videos

Ecolab Vídeos aberto ao

público

https://pt-br.ecolab.com/

https://www.youtube.com/user/everywhereitmatters

Fonte: Autoria própria.

81

O processo de limpeza já foi definido, na etapa “Medir” do ciclo DMAIC aplicado, e as

lacunas de desempenho identificadas foram: os tipos de material de limpeza utilizados e o

método de limpeza tradicionalmente utilizado. Portanto, para o futuro, é interessante que a

JFRN comece a adotar os produtos de limpeza concentrados e de uso profissional, ao passo de

utilizar produtos de limpeza domésticos.

Com relação ao método utilizado, tradicionalmente, o serviço de limpeza utiliza baldes

de água, misturas de produtos de limpeza domésticos e vassoura. A meta é que se utilize o MOP

da maneira correta, evitando o uso da vassoura e de soluções de limpeza inadequadas.

4.4.4.3 Redução de Setup e Melhoria de Fluxo de Processo (DFSS);

Após observar os processos apresentados no benckmarking, com a finalidade de reduzir

o tempo de setup e melhorar o fluxo do processo de limpeza, pensando na metodologia Design

for Six Sigma, os integrantes detentores de conhecimento yellow e green belt elencaram algumas

mudanças que eventualmente possam ser testadas no futuro para que os operários não demorem

muito tempo organizando os elementos (material e equipamentos) necessários para o processo

de limpeza, tampouco executem o serviço de maneira mais fluida.

A preparação dos produtos que serão utilizadas no dia seguinte podem ser preparados

no dia anterior e deixados prontos pelos últimos operários da limpeza, para reduzir o tempo de

setup e para melhorar o fluxo do processo. Os porta-papéis toalha podem ser substituídos por

secadores de mão a ar quente e a limpeza pode ser realizada com o uso do MOP, eliminando,

assim, a limpeza de modo tradicional.

4.4.4.4 Experimento em pequena escala;

Um Experimento é um teste, um conjunto de testes ou procedimento no qual mudanças

propositais são realizadas nos inputs de um processo ou sistema, de maneira que se avalie as

eventuais transformações sofridas na resposta, como também os motivos de sua alteração. Os

objetivos de um experimento são: diminuição da variação do processo, diminuição do tempo

do processo; menor custo operacional; maior rendimento do processo (ESTATCAMP; DIGUP,

2018).

Para testar as soluções pensadas pelos belts, fruto de todas as outras etapas anteriores,

um experimento fatorial completo foi realizado pelo green belt. No planejamento do

experimento, levou-se em consideração os princípios básicos necessários: replicação,

82

aleatoriedade e blocagem. A partir do planejamento, foram realizadas mudanças propositais no

processo para que pudessem ser avaliadas as suas respectivas influências.

Atualmente, a lavagem dos principais banheiros do prédio público estudado é realizada

de maneira tradicional, com baldes de água, sabão em pó, vassoura piaçava e rodo. A partir do

benchmarking realizado, o yellow belt aponta que a limpeza com o MOP e seus equipamentos

possui o mesmo efeito de higiene, utiliza menos água e reduz o tempo da operação.

Outro fator apontado como sugestão de melhoria, é que a mistura de material de limpeza

utilizada durante o processo seja realizada antes do processo, uma vez que, durante o processo,

se perde tempo misturando os recursos de limpeza.

Para finalizar, hoje, ainda se utiliza papeis-toalha descartáveis para enxugar as mãos dos

usuários, isso aumenta o tempo do processo de limpeza, por ter de reabastecer os porta- papeis,

além de ser mais um insumo a ser providenciado pela administração. Como solução, a

Instituição já estuda a aquisição de secadores de mão a ar quente, o que anularia a etapa de

abastecimento de papeis e o uso de papeis-toalha nos banheiros.

A tabela a seguir sintetiza os fatores e seus respectivos níveis:

Tabela 7 – Fatores e níveis do planejamento fatorial completo

FATOR NÍVEL

1º Nível 2º Nível

Tipo de Lavagem Tradicional MOP

Mistura do Material Antes do processo Na hora do processo

Abastecimento de Papel Toalha Sem Com

Fonte: Autoria própria.

Laudon e Laudon (2011) afirmam que sem informações corretas e atualizadas para

tomar uma decisão precisa, os serviços são mal avaliados, os recursos alocados de forma

incorreta e tempos de respostas errôneos. Todos esses problemas elevam os custos, geram

retrabalhos, acarretam na perda de clientes, desperdiçam tempo, recursos e dinheiro.

Em relação aos serviços mal avaliados, George (2009) é categórico em dizer que dados

empíricos mostram uma inflação nos preços dos serviços por consequência dos desperdícios da

ordem de 30% a 80% e que a área de serviços possui baixos - ou nenhum - grau de registro de

dados. Outro dado importante é que o trabalho que não agrega valor ao cliente denota 50% de

todos os custos de serviços.

O serviço de limpeza, até o momento, não trabalha com variáveis resposta e, portanto,

a primeira variável que os fiscais e os gestores do contrato do serviço de limpeza gostariam de

83

saber é o tempo da operação, para que possam verificar a eficiência das equipes, reformular

planos operacionais e reduzir os desperdícios.

Com o auxílio do software estatístico Minitab 18, os possíveis planos para o

experimento foram disponibilizados, conforme a quantidade de fatores e a quantidade de

ensaios necessários, escalonados em cores indicativas de grau de adequação, sendo o verde

mais adequado, o vermelho, menos adequado e o amarelo, intermediário.

Para este caso, o software apontou o experimento fatorial completo, conforme mostra a

Figura 20. O experimento fatorial completo apontado, além de ser adequado estatisticamente,

mostrou-se viável para a Instituição, portanto foi a opção acolhida pelo autor.

Figura 16 - Planos Fatoriais

Fonte: Minitab 17

Cada combinação foi repetida em cada um dos banheiros avaliados, as combinações

foram disponibilizadas para os operários de maneira aleatória, mantendo a aleatoriedade do

experimento e a blocagem ficou por conta dos dias do experimento e do gênero do banheiro.

A repetição, e não a replicação, foi utilizada por uma limitação operacional, uma vez

que não era possível utilizar cada combinação em cada banheiro, e que os operários envolvidos

são de baixíssima escolaridade, não compreendendo a necessidade da disciplina para um

experimento estatístico correto.

84

A tabela 3 demonstra como ficou o planejamento do experimento após todas essas

considerações:

Tabela 8 - Planejamento Fatorial Completo

Prova Tipo de

lavagem

Mistura do

material

Abastecimento

de papel toalha Banheiro Pavimento Dia

1 MOP Antes Sem Masculino Térreo 1

2 MOP Antes Sem Masculino 1º Andar 1

3 MOP Antes Sem Masculino 2º Andar 1

4 MOP Antes Sem Masculino 4º Andar 1

5 MOP Antes Sem Feminino Térreo 1

6 MOP Antes Sem Feminino 1º Andar 1

7 MOP Antes Sem Feminino 2º Andar 1

8 MOP Antes Sem Feminino 4º Andar 1

9 MOP Na hora Sem Masculino Térreo 2

10 MOP Na hora Sem Masculino 1º Andar 2

11 MOP Na hora Sem Masculino 2º Andar 2

12 MOP Na hora Sem Masculino 4º Andar 2

13 MOP Na hora Sem Feminino Térreo 2

14 MOP Na hora Sem Feminino 1º Andar 2

15 MOP Na hora Sem Feminino 2º Andar 2

16 MOP Na hora Sem Feminino 4º Andar 2

17 MOP Na hora Com Masculino Térreo 3

18 MOP Na hora Com Masculino 1º Andar 3

19 MOP Na hora Com Masculino 2º Andar 3

20 MOP Na hora Com Masculino 4º Andar 3

21 MOP Na hora Com Feminino Térreo 3

22 MOP Na hora Com Feminino 1º Andar 3

23 MOP Na hora Com Feminino 2º Andar 3

24 MOP Na hora Com Feminino 4º Andar 3

25 Tradicional Antes Com Masculino Térreo 4

26 Tradicional Antes Com Masculino 1º Andar 4

27 Tradicional Antes Com Masculino 2º Andar 4

28 Tradicional Antes Com Masculino 4º Andar 4

29 Tradicional Antes Com Feminino Térreo 4

30 Tradicional Antes Com Feminino 1º Andar 4

31 Tradicional Antes Com Feminino 2º Andar 4

32 Tradicional Antes Com Feminino 4º Andar 4

33 Tradicional Antes Sem Masculino Térreo 5

34 Tradicional Antes Sem Masculino 1º Andar 5

35 Tradicional Antes Sem Masculino 2º Andar 5

36 Tradicional Antes Sem Masculino 4º Andar 5

37 Tradicional Antes Sem Feminino Térreo 5

38 Tradicional Antes Sem Feminino 1º Andar 5

85

39 Tradicional Antes Sem Feminino 2º Andar 5

40 Tradicional Antes Sem Feminino 4º Andar 5

41 MOP Antes Com Masculino Térreo 6

42 MOP Antes Com Masculino 1º Andar 6

43 MOP Antes Com Masculino 2º Andar 6

44 MOP Antes Com Masculino 4º Andar 6

45 MOP Antes Com Feminino Térreo 6

46 MOP Antes Com Feminino 1º Andar 6

47 MOP Antes Com Feminino 2º Andar 6

48 MOP Antes Com Feminino 4º Andar 6

49 Tradicional Na hora Sem Masculino Térreo 7

50 Tradicional Na hora Sem Masculino 1º Andar 7

51 Tradicional Na hora Sem Masculino 2º Andar 7

52 Tradicional Na hora Sem Masculino 4º Andar 7

53 Tradicional Na hora Sem Feminino Térreo 7

54 Tradicional Na hora Sem Feminino 1º Andar 7

55 Tradicional Na hora Sem Feminino 2º Andar 7

56 Tradicional Na hora Sem Feminino 4º Andar 7

57 Tradicional Na hora Com Masculino Térreo 8

58 Tradicional Na hora Com Masculino 1º Andar 8

59 Tradicional Na hora Com Masculino 2º Andar 8

60 Tradicional Na hora Com Masculino 4º Andar 8

61 Tradicional Na hora Com Feminino Térreo 8

62 Tradicional Na hora Com Feminino 1º Andar 8

63 Tradicional Na hora Com Feminino 2º Andar 8

64 Tradicional Na hora Com Feminino 4º Andar 8

Fonte: Adaptado de Minitab 18

De posse do planejamento do experimento fatorial completo, levando em consideração

os princípios básicos, o supervisor do serviço de limpeza recebeu as orientações necessárias

para guiar os trabalhadores e coletar os dados da variável resposta, nesse caso, o tempo de cada

processo de limpeza.

A cada dia, os trabalhadores receberam uma das 8 configurações de limpeza para seguir.

Por questões de tempo e carga horária dos trabalhadores, apenas uma configuração era possível

de ser utilizada por dia. Essa configuração foi aplicada nos banheiros de todos os andares. Os

tempos foram coletados durante 8 dias úteis e a Tabela 4 revela os tempos registrados pelo

supervisor:

86

Tabela 9 - Dados da Variável Resposta (Tempo)

Prova

Tempo do

Processo

(min)

Prova

Tempo do

Processo

(min)

Prova

Tempo do

Processo

(min)

Prova

Tempo do

Processo

(min)

1 00:33 17 00:21 33 00:38 49 00:34

2 00:25 18 00:38 34 00:39 50 00:37

3 00:32 19 00:34 35 00:48 51 00:35

4 00:32 20 00:33 36 00:37 52 00:39

5 00:27 21 00:16 37 00:38 53 00:31

6 00:29 22 00:34 38 00:38 54 00:39

7 00:34 23 00:37 39 00:41 55 00:38

8 00:35 24 00:28 40 00:46 56 00:42

9 00:35 25 00:53 41 00:19 57 00:35

10 00:29 26 00:41 42 00:39 58 00:38

11 00:32 27 00:43 43 00:36 59 00:32

12 00:33 28 00:40 44 00:35 60 00:33

13 00:30 29 00:42 45 00:32 61 00:43

14 00:33 30 00:37 46 00:34 62 00:27

15 00:34 31 00:46 47 00:28 63 00:44

16 00:34 32 00:37 48 00:32 64 00:34

Fonte: Adaptado de Minitab 18

Com os dados da variável resposta registrados, um conjunto de análises foram realizadas

no gráfico 7: gráfico dos efeitos principais, gráfico de Pareto dos efeitos, o gráfico normal dos

efeitos, gráfico de interação dos efeitos, análise de variância e testes de significância.

O gráfico de efeitos principais auxiliou na visualização de como um ou mais fatores

influenciam na variável reposta, o gráfico de Pareto expôs os valores absolutos dos efeitos e

traçou uma linha de referência para evidenciar os efeitos estatisticamente significativos. O

gráfico normal dos efeitos determinou a direção, magnitude e a importância dos efeitos e a

relação entre os fatores é demonstrada por intermédio do gráfico de interação. Por fim, a análise

de variância (ANOVA) avaliou a importância dos fatores, comparando as médias de variáveis

de resposta nos diferentes níveis (MINITAB, 2017).

O gráfico de resíduos foi extraído para avaliar a qualidade de ajuste em regressão e

análise de variância e revelou que as suposições de mínimos quadrados comuns foram

atendidas. Assim, a regressão de mínimos quadrados comum produziu estimativas de

coeficientes não viciadas e com variância mínima.

87

O gráfico quatro-em-um agrega em uma só imagem o gráfico de probabilidade normal,

o gráfico de resíduos comparado com os valores ajustados, um histograma e os resíduos

comparados com as ordens de observação.

No canto esquerdo superior da imagem, o gráfico normal de resíduos é nítido que os

resíduos são distribuídos de forma normal. Já na parte superior direita, o gráfico de resíduos

comparados com dados ajustados revela que os resíduos possuem variância constante. Ao

observar o histograma dos resíduos, no canto inferior esquerdo, percebe-se que eles são

levemente simétricos e que não contêm outliers; por fim, na parte inferior direita, o gráfico de

resíduos comparado com a ordem de dados informa que os resíduos não são correlacionados.

Gráfico 7 – Gráficos de Resíduo (quatro-em-um)

Fonte: Adaptado de Minitab 18

No gráfico 7 exibido anteriormente, apenas um aspecto chamou atenção do green belt,

no gráfico dos resíduos comparados com a ordem, entre as provas 42 e 46 houve uma

concentração positiva, o que direcionou a análise um pouco mais além, por intermédio do

gráfico de resíduos por local (gráfico 8).

Ao investigar melhor a concentração positiva, o gráfico 8 revelou que não houve tanta

variação assim nos resultados, descartando maiores providências.

88

Gráfico 8 - Gráfico de Resíduos por Local

Fonte: Adaptado de Minitab 18

Após toda a análise dos resíduos do experimento em questão, os efeitos foram

estudados. De início, o Gráfico de Pareto dos Efeitos Padronizados (gráfico 9) foi gerado para

expressar os valores absolutos dos efeitos padronizados, além de informar a intensidade e a

importância de cada efeito.

Ao lado esquerdo do gráfico 9, cada letra indica um fator, conforme quadro de legenda

no canto superior direito do gráfico 9. A linha vertical, é chamada de Linha de Referência e

delimita quais fatores são significativos ou não. Neste caso, os fatores significativos foram o

Tipo de Lavagem (Fator A), a Mistura de Material (Fator B) e esses dois fatores combinados

(Fator AB).

89

Gráfico 9 - Gráfico de Pareto dos Efeitos Padronizados

Fonte: Adaptado de Minitab 18

Em complemento ao Gráfico 9, o Gráfico Normal dos Efeitos Padronizados (gráfico 10)

foi requisitado para se visualizar os efeitos padronizados em relação a linha de ajuste de

distribuição, em que os efeitos mais afastados desta linha possuem maior intensidade e são

estatisticamente mais significativos.

O gráfico 10 revela a direção, magnitude e a importância dos efeitos do experimento em

tela. Quando o Tipo de Lavagem (Fator A) muda de MOP (Nível baixo deste fator) para

tradicional (nível alto deste fator), o tempo de limpeza (variável resposta) aumenta. Já quando

a mistura do material (Fator B) passa a ser realizada na hora da limpeza, e não antes, o tempo

de limpeza reduz, assim como com os fatores combinados (AB).

90

Gráfico 10 – Gráfico Normal dos Efeitos Padronizados

Fonte: Adaptado de Minitab 18

Para finalizar a análise dos efeitos, o Gráfico Half Normal dos efeitos (gráfico 11)

mostra os valores absolutos deles. Logo, em valores absolutos, o tipo de lavagem é o fator mais

significativo de todos. Logo em seguida, parece a ordem de mistura do material e os dois efeitos

combinados, como mais relevantes.

Gráfico 11 - Gráfico Half Normal dos Efeitos

Fonte: Adaptado de Minitab 18

91

O gráfico de interação dos fatores (gráfico 12) revela como ocorre a relação entre um

fator e outro na variável resposta. Para entender como as interações influenciam a relação dos

fatores e a variável resposta, as linhas devem ser observadas de modo que, quando as linhas

estão dispostas de maneira paralelas, não há interação; entretanto, quando existe uma interação,

há inclinação nas linhas e quanto maior sua inclinação, maior será a interação.

O gráfico 12 mostra três pequenos gráficos internos, no qual o primeiro gráfico,

intitulado de Tipo de Lavagem × Mistura do Material, informa que quando a lavagem é

realizada com o MOP, seja com a mistura de material antes ou depois, não há mudanças

significantes no tempo. Entretanto, quando a lavagem é realizada de maneira tradicional, os

operadores demoram mais na limpeza dos banheiros quando a mistura dos materiais acontece

antes do que quando acontecem no momento da operação. A inclinação da reta deste gráfico

indica que a lavagem de maneira tradicional é mais longa do que a realizada com o MOP.

No gráfico do Tipo de Lavagem × Abastecimento, é possível perceber que tanto com a

lavagem realizada com o MOP quanto com a limpeza tradicional, não há mudanças

significativas no tempo. Todavia, a inclinação da reta deste gráfico indica que a lavagem de

maneira tradicional é mais longa do que a realizada com o MOP.

Finalmente, o gráfico da Mistura × Abastecimento expõe que quando a mistura de

material é realizada antes e há o abastecimento dos porta-papeis, o tempo da limpeza é maior

do que quando não é necessária a operação de abastecimento. Entretanto, quando há a mistura

do material no momento da limpeza e não há o abastecimento dos porta- papeis, o tempo é

menor do que quando há o abastecimento. A inclinação da reta deste gráfico indica que sem a

necessidade de abastecer os porta- papeis, o tempo é praticamente o mesmo, independente do

momento em que há a mistura de material de limpeza. Já quando há a necessidade do

abastecimento dos porta-papeis, a mistura de material, no momento da operação de lavagem do

banheiro, torna a atividade mais rápida.

92

Gráfico 12 - Gráfico de Interação dos Fatores com o Tempo

Fonte: Adaptado de Minitab 18

Após o experimento, foi possível levar em consideração os fatores mais relevantes e

selecionar a melhor configuração plausível para melhoria do serviço objeto de estudo. A

configuração revelada após o experimento que reduz o tempo de lavagem dos banheiros e, por

consequência, utiliza menos recursos materiais, proporcionando- de modo geral- o aumento da

qualidade do serviço foi a lavagem com MOP, mistura de material na hora e sem o

reabastecimento de papel.

O gráfico de controle I-MR (gráfico 13) criado para comparar os tempos anteriores com

os tempos atuais, na parte superior, representa cada observação de tempo no eixo das

coordenadas (eixo x), os valores individuais no eixo das ordenadas (eixo y), ao lado direito,

encontra-se a média (x), o limite inferior (LCL) e o limite superior (UCL).

Na parte inferior, estão representadas cada observação de tempo no eixo das

coordenadas (eixo x), as amplitudes móveis no eixo das ordenadas (eixo y), ao lado direito,

encontra-se a média (MR), o limite inferior (LCL) e o limite superior (UCL).

93

Gráfico 13 - Gráfico de Controle Comparativo

Fonte: Adaptado de Minitab 17

No gráfico boxplot (gráfico 14), a seguir, é possível visualizar bem as melhorias

mencionadas. Nas laterais do gráfico 14, é possível identificar os valores em minutos, a mediana

está representada pela linha horizontal dentro de cada caixa azul e expressa o centro dos dados

coletados e os traços verticais representam as amplitudes para o final de um quarto e o topo de

um quarto dos valores, já desconsiderando os outliers.

Gráfico 14 - Gráfico Boxplot Comparativo

Fonte: Minitab 17

94

4.4.5 Controlar

Com a finalidade de garantir que as melhorias sejam preservadas até que novos avanços

surjam, os novos procedimentos foram documentados e um plano de treinamento foi elaborado

para que os benefícios sejam perpetuados.

Para isso, o novo processo foi atualizado e um procedimento operacional padrão (POP)

foi elaborado, um controle visual (checklist), um plano de comunicação e um plano de

treinamento também foram criados.

4.4.5.1 Procedimento Operacional Padrão – POP e Processo Atualizado;

Como preconiza Campos (2013), os procedimentos operacionais padrão se remetem a

instruções para serem realizadas na operação, portanto, não é necessário registrar

demasiadamente, apenas listar as atividades mais importantes e na sequência correta.

No POP elaborado para o serviço de limpeza dos banheiros destinados ao público da

JFRN, no cabeçalho foi definida a tarefa, o responsável e quando o POP foi estabelecido.

Posteriormente, os materiais, os equipamentos de proteção individual (EPI’s) e suas respectivas

quantidades são definidas.

Em seguida, todos os passos foram descritos em ordem para que o responsável pela

tarefa a execute de maneira correta. Os materiais devem ser utilizados de modo consciente, sem

desperdícios e, logo após o uso, devem ser guardados no carro MOP.

Com todos os passos descritos no POP, espera-se que o banheiro por completo (piso,

paredes, pias, balcão, vasos e mictórios) esteja limpo, higienizado e pronto para uso dos

visitantes. Caso acabe algum material, ou haja alguma reclamação, o supervisor deverá ser

informado. A figura a seguir revela o POP elaborado:

Figura 17 - Procedimento Operacional Padrão

Procedimento Operacional Padrão - POP

Nome da Tarefa: Limpeza dos banheiros públicos

Responsável: ASG

Estabelecido em: 01/12/2018

95

Material Necessário EPI's Necessários

Cavalete de Sinalização 1 Par de Luvas 1

Sabão em Pó - Máscara 1

Água Sanitária - Óculos 1

MOP 1 Par de Botas 1

Bucha 1

Pano 1

Saco de Lixo 4

Desengordurante -

Alcool -

Esfregão de Vaso 1

Passos

1 - Sinalizar o ambiente

2 - Esvaziar os cestos de lixo

3 - Lavar os cestos de lixo

4 - Reposicionar os cestos de lixo

5 - Limpar o chão

6 - Limpar os espelhos

7 - Limpar as pias e bancadas

8 - Enxugar as pias e bancadas

9 - Limpar os sanitários e mictórios

10 - Desinfetar os objetos metálicos

Manuseio do Material

Utilizar os materiais de modo consciente e sem desperdícios.

Após o uso dos materiais, guarda-los no carro MOP.

Resultados Esperados

Piso, paredes, pias e balcão limpos e secos

Vasos e mictórios limpos e higienizados

Banheiro limpo e em condições de uso

Ações Corretivas

Caso acabe algum material, informar ao supervisor.

Caso haja reclamação, informar ao supervisor.

Aprovação

Supervisor:

Supervisor da Seção:

Fonte: Autoria Própria

Com as mudanças propostas, o novo processo de trabalho foi mapeado novamente,

incluindo a sinalização do ambiente no início de toda a operação, eliminando a etapa de limpeza

tradicional e de reabastecimento de papeis-toalha. A tabela a seguir, segue o mesmo padrão do

Formulário de Observação de Serviço descrito no subitem 4.4.2.2. desta dissertação e descreve

os processos, suas respectivas etapas e subprocessos (quando existir) e os componentes

necessários em cada situação.

96

Tabela 10 – Novo Processo Detalhado

PROCESSO ETAPAS DO

PROCESSO SUBPROCESSO COMPONENTES

Sinalização Posicionar as placas de

sinalização no ambiente. Cavaletes de Sinalização

Higienização de

cestos de lixo

Movimentar os cestos para

o centro do ambiente

Preparar solução Água Sabão Água

Sanitária

Retirar os sacos de lixo e

descartar

Retirar os cestos de lixo

Lavar os cestos de lixo

Aplicar solução de

limpeza Água Sabão

Água

Sanitária

Esfregar Esfregão sanitário Bucha

Enxaguar Água

Secar Pano Papel Toalha

Limpar objetos metálicos

externos

Flanela Álcool

Por sacos de lixo novos Saco de

lixo

Remontar lixeira e

reposicionar

Higienização do

piso

Inserir água limpa no

reservatório de enxague no

carro MOP

Água

Inserir água com a solução

de limpeza no reservatório

do carro MOP

Água Sabão Água

Sanitária

Inserir o MOP no

reservatório com água e

solução de limpeza

MOP

Retirar o excesso do líquido

com a solução de limpeza

no espremedor do MOP

acima do reservatório de

água limpa para enxague

Mopear o piso.

Enxaguar o MOP no

reservatório de água limpa

para enxague.

Repetir os passos anteriores

até que toda a área esteja

limpa.

Higienização do

espelho

Aplicar limpa vidro

Limpa

vidro

Limpar o espelho Pano

Higienização de

paredes, box e

portas

Limpeza Pano Água Sanitária

97

Higienização de

Pias e Bancadas

Preparar solução

Água Sabão Água

Sanitária

Esfregar pias e bancadas Bucha Solução

Enxaguar pias e bancadas Água

Aplicar desengordurante e

secar Pano Desengordurante

Higienização de

Sanitários e

mictórios

Pressionar a descarga

Preparar solução Água Sabão Água

Sanitária

Aplicar solução

Esfregar Esfregão

Sanitário Bucha

Limpar externamente Pano Solução Álcool

Higienizar

objetos

metálicos

Passar pano Pano Álcool

Fonte: Autoria Própria

4.4.5.2 Controle Visual de Processo – Checklist;

O controle visual fica a cargo da folha verificação, ou checklist, que será de

responsabilidade do Supervisor dos ASG’s. Assim, ficará garantido que o banheiro estará em

perfeitas condições para uso, sem que nenhuma etapa tenha sido falha ou não entregue,

conforme o esperado para os usuários.

No checklist, os objetos do banheiro são catalogados na primeira coluna, o estado

esperado de cada um, ao final do procedimento de limpeza dos banheiros está definido na

segunda coluna, e, nas colunas vazias, o supervisor marcará com um “V” caso esteja conforme,

ou com um “X”, caso esteja desconforme aquilo que se espera. Segue proposta de folha de

verificação:

Tabela 11 – Controle Visual de Processo - Checklist

Folha de Verificação

Objeto Estado V / X Objeto Estado V / X

Piso

“Mopeado” e

seco Travas 1 Limpas

Balcão Seco Travas 1 Funcionando

Pia 1 Seca Vaso Sanitário 2 Limpo

Pia 2 Seca Descarga 2 Funcionando

Pia 3 Seca Maçanetas 2 Limpas

Secador de Mão Seco Maçanetas 2 Funcionando

98

Secador de Mão Funcionando Travas 2 Limpas

Porta Sabonete Seco Travas 2 Funcionando

Porta Sabonete Funcionando Mictório 1 Limpo

Lixeira 1 Limpa Descarga Funcionando

Lixeira 1 Vazia Mictório 2 Limpo

Vaso Sanitário 1 Limpo Descarga Funcionando

Descarga 1 Funcionando Mictório 3 Limpo

Maçanetas 1 Limpas Descarga Funcionando

Maçanetas 1 Funcionando Repasse Assinado

Fonte: Autoria Própria

4.4.5.3 Plano de Comunicação Operacional;

Com a finalidade de manter a comunicação eficiente e coesa, um plano de comunicação

operacional foi elaborado, para que as informações relevantes ao bom funcionamento do

processo sejam repassadas a todos os responsáveis e qualquer falha que haja seja corrigida o

mais rápido possível.

O plano de comunicação levou em consideração as seções que dão suporte ao serviço

em questão, os diretores que gerenciam cada seção e as principais ferramentas de comunicação

que a própria instituição dispõe para todos os seus servidores e terceirizados, como: e-mail,

sistema de chamados on-line, sistema de chamados mobile.

No plano de comunicação, posto a seguir, as situações que merecem transmissão estão

detalhadas na primeira e segunda coluna, seu responsável, o que fazer com a informação,

quando transmiti-la e a quem deve ser enviada, nas colunas posteriores. Desta forma, espera-se

que qualquer intercorrência ao bom funcionamento do serviço seja de ciência dos envolvidos

operacionalmente para que uma ação seja tomada.

Tabela 12 – Plano de Comunicação Operacional

O que

comunicar Classificação Responsável O que fazer Quando

A quem

comunicar

Falta de

Material de

Limpeza

disponível

no

almoxarifado

Falta de

essência

Supervisor

dos ASG's

Anotar ocorrência no quadro de

checklist e solicitar prazo

estimado para resolução do

problema

De

imediato

Seção de

Serviços

Refil MOP Supervisor

dos ASG's

Anotar ocorrência no quadro de

checklist e solicitar prazo

estimado para resolução do

problema

De

imediato

Seção de

Serviços

99

Outros

materiais

Supervisor

dos ASG's

Anotar ocorrência no quadro de

checklist e solicitar prazo

estimado para resolução do

problema

De

imediato

Seção de

Serviços

Falta de

Material de

Limpeza

ausente no

almoxarifado

Qualquer

material

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Enviar e-mail para Seção de

Serviços com cópia para o

Diretor de Núcleo e solicitar

prazo estimado para resolução do

problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Diretor do

Núcleo

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Enviar e-mail para Seção de

Serviços com cópia para o

Diretor de Núcleo e solicitar

prazo estimado para resolução do

problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Diretor do

Núcleo

Diretor do

Núcleo

Enviar e-mail para o Diretor de

Núcleo Financeiro e Patrimonial

e solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Diretor de

Núcleo

Financeiro e

Patrimonial

Problema na

infraestrutura

Porta papel

higiênico

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Abrir chamado WhatsApp e

solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Seção de

Administração

predial

Porta sabão

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Abrir chamado WhatsApp e

solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Seção de

Administração

predial

Falta de água

no prédio

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Abrir chamado WhatsApp e

solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Seção de

Administração

predial

Entupimento

de vaso

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Abrir chamado WhatsApp e

solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Seção de

Administração

predial

Tampa de

vaso

quebrada

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Abrir chamado WhatsApp e

solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Seção de

Administração

predial

Ralo

Entupido

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Abrir chamado WhatsApp e

solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Seção de

Serviços e

Seção de

Administração

predial

100

Prazos

Prazos de

Resolução

dados por

outroas áreas

e não

cumpridos

Supervisor

dos ASG's +

Supervisor

da Seção de

Serviços

Enviar e-mail para Seção de

Serviços com cópia para o

Diretor de Núcleo

De

imediato

Seção de

Serviços e

Diretor do

Núcleo

Diretor do

Núcleo

Enviar e-mail para o Diretor de

Núcleo Financeiro e Patrimonial

e solicitar prazo estimado para

resolução do problema

De

imediato

Diretor de

Núcleo

Financeiro e

Patrimonial

Fonte: Autoria Própria

4.4.5.4 Plano de Treinamento Anual;

Mesmo previsto em contrato a reciclagem e capacitação dos terceirizados, pelo menos

uma vez ao ano, um plano de treinamento foi elaborado, pensado diretamente para o serviço

com as melhorias aplicadas.

Neste plano de treinamento, os diversos tipos de capacitação e o objetivo de cada um

foram catalogados para que o serviço se mantenha em perfeito estado de funcionamento. Os

materiais que serão utilizados no treinamento, os responsáveis, o público alvo e a frequência de

realização dos treinamentos foram devidamente organizadas e catalogadas. A tabela a seguir

detalha todo o plano de treinamento anual:

Tabela 13 – Plano de Treinamento Anual

Plano de Treinamento Anual

Treinamento Objetivo Material Responsável Público Alvo Periodicidade

Revisão de

Procedimentos

Operacionais

Eliminar

variações no

processo de

limpeza e

propor

melhorias

Material Didático Supervisor de

Seção

ASG + Supervisor

dos ASG's Trimestral

Vídeos Supervisor de

Seção

ASG + Supervisor

dos ASG's Trimestral

Limpeza Prática

com MOP

Supervisor de

Seção

ASG + Supervisor

dos ASG's Trimestral

Procedimentos

de Comunicação

Informar

possíveis fontes

de variabilidade

do processo

Sistema de

chamados via

WhatsApp

Supervisor de

Seção

ASG + Supervisor

dos ASG's Trimestral

Checklist visual Supervisor de

Seção

ASG + Supervisor

dos ASG's Trimestral

Aquisição no

Serviço Público

Ajustar o tempo

de pedido dos

materiais

Material Didático Diretor do

Núcleo

Supervisor dos

ASG's +

Supervisor de

Seção

Semestral

101

Gestão de

Estoques

Eliminar falta

de recursos e

utilizá-los de

maneira

racional

Material Didático Diretor do

Núcleo

Supervisor dos

ASG's +

Supervisor de

Seção

Semestral

Gráfico Serrote Diretor do

Núcleo

Supervisor dos

ASG's +

Supervisor de

Seção

Semestral

Fonte: Autoria Própria

102

5 Conclusões

Este quinto, e último, capítulo da dissertação demonstra as conclusões do autor, abarca

os resultados encontrados na pesquisa-ação, expõe as dificuldades e limitações do trabalho,

sugere pesquisas futuras e possíveis continuidades da pesquisa-ação, além de relatar as

considerações finais acerca da pesquisa elaborada.

5.1 Resultados

O framework elaborado mostrou-se eficaz na aplicação do lean seis sigma em contratos

de mão de obra residente no judiciário federal brasileiro, haja vista que foi possível aplicar todo

o ciclo DMAIC no principal processo do serviço de limpeza terceirizado com mão de obra

residente da JFRN.

Na aplicação realizada, constatou-se que antes do ciclo DMAIC, o processo de

higienização estudado durava em média 36,74 minutos e tinha uma variação média de 6,58

minutos, ao passo que, atualmente, dura em média 24,72 minutos e possui variação média de

4,29 minutos, portanto, houve uma redução de, 12,02 minutos na média da operação do

principal processo do contrato de limpeza ou 32,71%, e uma diminuição na variabilidade média

do processo na ordem de 2,29 minutos, ou 34,80%.

Levando-se em consideração que cada um dos dois terceirizados, participantes do

projeto, realizam a operação investigada 4 vezes por dia, há uma redução de 48,08 minutos por

dia na carga horária diária de cada um. Portanto, este tempo pode ser utilizando para auxiliar

os demais em outras atividades ou aproveitá-los em outras operações que possam aumentar o

nível da qualidade do serviço prestado.

Mesmo no experimento estatístico aplicado aferindo-se como variável final apenas o

tempo, em registro com o supervisor dos ASG’s ao observar o novo processo, foi afirmado que

antes se utilizava 3 baldes de 5L de água para cada banheiro, totalizando 15L/banheiro, ao passo

que, atualmente, se utiliza apenas 1 balde de 5L com água. Isto significa uma redução de 10L

de água por banheiro.

Com a redução de 10L de água por banheiro, levando em consideração que os 8

banheiros estudados já estão praticando a economia apresentada, 80L de água são preservados

por dia, considerando o mês com 20 dias úteis, a redução chega a 1.600L de água ou 1,6m³.

Considerando que a JFRN não ultrapassa a cota de 20m³ da empresa fornecedora de água, o

103

que custa R$ 128,70/mês, o valor da economia de água seria de R$ 10,30/mês (8% da conta

mensal), R$ 123,60/ano, somente em Natal.

A Seção de Patrimônio já está com processo licitatório em andamento para a compra

dos secadores a ar quente, fruto das intervenções do ciclo DMAIC, que trará uma redução de

100% de papel-toalha nos banheiros disponíveis ao público. Considerando que todo dia é posto

um pacote com 1.000 folhas em cada um dos 8 banheiros, ao custo de R$ 9,00, e o mês com 20

dias úteis, a redução dos custos com esta ação é de R$ 1.440,00/mês e R$ 17.280,00/ano.

A aplicação do framework também trouxe diversos registros e documentos para se

manter o bom funcionamento do serviço, tais como o novo processo já mapeado e os

documentos da etapa Controlar: POP, Checklist, Plano de Comunicação Operacional, Folha de

Verificação para controle visual e o Plano de Treinamento Anual.

Embora no serviço de limpeza não foram encontrados indícios que permitam a

diminuição da quantidade de postos de limpeza na Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, o

framework permite sustentar que, com 27 postos de limpeza no Rio Grande do Norte e uma

média anual de custo de R$ 800.000,00/ano (dados disponíveis no portal da transparência do

TRF5), o serviço de limpeza terceirizado atual da JFRN é mais eficaz que o de Seções

Judiciárias de mesmo porte (de acordo com a quantidade de varas).

Comparando com uma Seção Judiciária da própria 5ª Região (TRF5), como é o caso da

Justiça Federal na Paraíba (JFPB), que possui 48 postos de limpeza e R$ 2.500.000,00/ano

(dados disponíveis no portal da transparência do TRF5), a JFRN consegue prestar o mesmo

serviço de limpeza com 21 postos de limpeza e R$ 1.700.000,00/ano a menos. Uma economia

de 43,75% nos postos de limpeza e 68% em reais por ano.

Ao se contrapor com a Justiça Federal no Mato Grosso do Sul (JFMS), uma Seção

Judiciária da 3ª Região (TRF3), com quantidade de varas semelhante e que atua com uma média

de 56 postos de limpeza e R$ 2.360.000,00/ano (dados disponíveis no portal da transparência

do TRF3), a JFRN presta o mesmo serviço com 29 postos de limpeza e R$ 1.560.000,00/ano a

menos. Uma economia de 51,78% nos postos de limpeza e 66,10% em reais por ano.

Ao ser confrontada com a Justiça Federal no Piauí (JFPI), uma Seção com 4 varas a

menos, e que investe aproximadamente R$ 1.050.000,00/ano, (dados disponíveis no portal da

transparência do TRF1), a JFRN consegue prestar o mesmo serviço de limpeza com R$

250.000,00/ano a menos. Isso significa uma economia de 23,80% em reais por ano. As Justiças

Federais da 2ª Região (TRF2) e da 4ª Região (TRF4) não foram comparadas por possuírem um

quantitativo de varas muito superior ao da JFRN.

104

A Justiça Federal, em 2017 gastou cerca de R$ 111.460.000,00 (111,46 milhões de

reais), segundo dados do Correio Brasiliense (2018). Portanto, se, hipoteticamente, todas as

Seções Judiciárias estivessem no mesmo nível de prestação de serviço da JFRN, seguindo os

princípios do lean seis sigma, e aplicarmos o menor percentual de economia encontrado nas

comparações anteriores (23,80%), isso significaria um potencial de economia na ordem de R$

26.527.480,00, somente nos serviços de limpeza da Justiça Federal Brasileira.

No tocante ao legislativo, é possível concluir que o Caderno de Logística elaborado em

2014 pelo Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), após 4 anos, encontra-se

defasado com relação à produtividade dos profissionais de limpeza a serem consideradas no

momento da licitação de um serviço terceirizado de asseio e conservação. Haja vista que de

acordo com a produtividade apresentada pelo MPOG, estudos preliminares e termo de

referência, a JFRN deveria atuar com 49 postos de limpeza e- atualmente- consegue atuar de

modo satisfatório com apenas 27 postos.

Por fim, também é possível concluir que a aplicação do lean seis sigma serve de insumo

para se rever os cadernos de referência do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,

tendo em vista que, em uma comparação direta, a JFRN está prestando o serviço de limpeza

com 55,10% do postos que os cadernos indicam.

5.2 Limitações e restrições

No tocante às limitações e dificuldades desta dissertação, restringiu-se a aplicação do

framework apenas em um dos serviços terceirizados com mão de obra residente pelo pequeno

número de servidores e estagiários que pudessem se dedicar a outros serviços, como segurança

armada ou manutenção predial.

Outro fator que dificultou a aplicação do framework de forma ágil foi o tempo dos

estagiários voluntários, limitados a 4 horas por dia , 20 horas por semana, por apenas 9 semanas,

além de encontrar estagiários com conhecimento yellow belt para atuar no projeto de aplicação.

O servidor com conhecimento green belt possui diversas outras atribuições, que ocupam

seu tempo de expediente para uma dedicação maior ao projeto, o que dificulta o

acompanhamento mais próximo do projeto.

A compra de materiais no serviço público não é ágil, de modo que se torna difícil uma

aquisição de material ou de ferramenta com agilidade, sem contar que, por lei, não se pode

indicar uma marca específica de material que tenha maior performance ou durabilidade que os

demais, ou até mesmo, que os terceirizados julgam como melhores para os seus serviços.

105

Finalmente, outro fator complicador é a baixa escolaridade da mão de obra, que não

consegue pensar em ideias inovadoras, perceber a importância dos registros e anotações,

tampouco tirar conclusões de uma série de dados coletados no dia a dia de seu trabalho.

5.3 Pesquisas Futuras

Como sugestões de pesquisas futuras, propomos a aplicação deste framework em outro

serviço com mão de obra terceirizada (manutenção de ar-condicionado, manutenção predial,

segurança privada, jardinagem ou copeiragem), o que também pode ser utilizado em outra

instituição que não seja do judiciário, mas que seja do serviço público brasileiro.

Nas aplicações em outras instituições, ou em outras seções judiciárias, uma equipe deve

ser selecionada para ser introduzida na filosofia lean seis sigma, posteriormente, capacitada no

sistema belt, cada um em seus diferentes níveis, para que possam conhecer as diversas

ferramentas utilizadas e contar com a experiência do pesquisador como orientador externo da

aplicação do framework.

Sugerimos ainda que, nas próximas aplicações, sejam considerados todos os detalhes de

cada ferramenta, seguindo à risca todas as suas etapas, se possível, para aumentar o nível da

aplicação do framework.

5.4 Considerações Finais

De modo geral, a pesquisa-ação responde à pergunta destacada na problemática exposta

no capítulo inicial, utilizou-se de todos os objetivos específicos para atingir o objetivo geral e

propôs de fato um framework de lean seis sigma aplicável em serviços terceirizados com mão

de obra residente para a Justiça Federal do Brasil.

As ferramentas que mais se adequam aos serviços de mão de obra residente foram

selecionadas e utilizadas conforme o ciclo DMAIC e os dois primeiros objetivos específicos,

compondo o framework para aplicação do lean seis sigma no judiciário federal. Posteriormente,

um experimento em um dos serviços do quadro do Núcleo de Administração da JFRN foi

realizado e as principais descobertas registradas, assim como os principais benefícios.

A metodologia utilizada na dissertação foi eficaz para se realizar uma pesquisa-ação

robusta e a dissertação atendeu suas justificativas, uma vez que, institucionalmente, contribuiu

para redução de tempo de processos e de consumo de recursos, trouxe eficiência e produtividade

e reduziu custos e utilização de insumos. Posto isso, garante que o framework pode ser aplicado

106

nas demais seções judiciárias ou outras instituições públicas que contratam serviços

terceirizados com mão de obra residente e- até mesmo- nas próprias empresas que fornecem o

serviço.

Para a sociedade, o estudo demonstra a busca pelo aumento da qualidade no serviço

público prestado pelo judiciário federal e utilização correta dos recursos financeiros públicos,

o que evita atos de corrupção e gera insumo para legislações e instruções normativas futuras. A

aplicação do lean seis sigma também se revela como uma filosofia poderosa para a redução de

custos no governo federal, haja vista um potencial de economia da ordem de R$ 26.527.480,00,

somente nos serviços de limpeza da Justiça Federal Brasileira.

Para a academia, passa a preencher uma lacuna de pesquisas acadêmicas no tocante a

aplicação de lean seis sigma no judiciário federal brasileiro e ajuda a firmar as pesquisas que

investigaram o uso de lean seis sigma em serviços públicos.

107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AKAO, Yoji; MAZUR, Glenn H. The leading edge in QFD: Past, present and future. International Journal of

Quality & Reliability Management, v. 20, n. 1, p. 20–35, 2003.

AKBULUT-BAILEY, Asli Yagmur; MOTWANI, Jaideep; SMEDLEY, Everett M. When Lean and Six Sigma

Converge: A Case Study of a Successful Implementation of Lean and Six Sigma at an Aerospace Company.

International Journal of Technology Management, v. 57, n. 1-2–3, p. 18–32, 2011.

ALBLIWI, Saja Ahmed. A systematic review of Lean Six Sigma for the manufacturing industry. Business Process

Management Journal, v. Vol. 21 No, p. 665–691, 2015.

ALBLIWI, Saja Ahmed; ANTONY, Jiju; LIM, Sarina Abdul Halim. A systematic review of Lean Six Sigma for

the manufacturing industry. BUSINESS PROCESS MANAGEMENT JOURNAL, v. 21, n. 3, p. 665–691, 2015.

ALUKAL, George. Create a Lean, Mean Machine. Quality Progress. [S.l: s.n.]. , 2003

ANDERSON, Nicole C.; KOVACH, Jamison V. Reducing Welding Defects in Turnaround Projects: A Lean Six

Sigma Case Study. Quality Engineering, v. 26, n. 2, p. 168–181, 2014. Disponível em:

<http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08982112.2013.801492>.

ANDERSSON, Roy et al. Lean Six Sigma strategy in telecom manufacturing. Industrial Management & Data

Systems, v. 114, n. 6, p. 904–921, 2014. Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/IMDS-02-

2014-0069>.

ANTONY, J; KUMAR, M; LABIB, A. Gearing six sigma into UK manufacturing SMEs: results from a pilot

study. JOURNAL OF THE OPERATIONAL RESEARCH SOCIETY, v. 59, n. 4, p. 482–493, 2008.

BALLANTYNE, David. Action research reviewed: a market‐oriented approach. European Journal of Marketing,

v. 38, n. 3/4, p. 321–337, 2004.

BANUELAS CORONADO, Ricardo; ANTONY, Jiju. Critical success factors for the successful implementation

of six sigma projects in organisations. The TQM Magazine, v. 14, n. 2, p. 92–99, 2002. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/09544780210416702>.

BESSERIS, George. Multi-factorial Lean Six Sigma product optimization for quality, leanness and safety.

International Journal of Lean Six Sigma, v. 5, n. 3, p. 253–278, 2014. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/IJLSS-06-2013-0033>.

BOARDMAN, T.J.; BOARDMAN, E.C. Statistical Thinking in Total Quality Management: Implications for

Improvement of Quality - with Ideas for Software Development. In: DODGE, Y.; WHITTAKER, J. (Org.). .

Computational Statistics. 1. ed. [S.l.]: Springer, 1992. p. 505–521.

BRYMAN, Alan. Research Methods and Organization Studies. [S.l: s.n.], 1989. v. 20. Disponível em:

<http://books.google.com/books?hl=en&amp;lr=&amp;id=_ImKWWmxclgC&amp;oi=fnd&amp;pg=PP1&amp;

dq=Research+Methods+and+Organization+Studies&amp;ots=nteA2jPdoK&amp;sig=sVCieDqfegeQkI_NnvW3

nNquHl0>.

CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia: Vicente Falconi Campos. 9. ed.

[S.l: s.n.], 2013. Disponível em: <https://books.google.com/books?id=-vVVGgAACAAJ&pgis=1>.

CAUCHICK MIGUEL, Paulo Augusto (Organizador). Metodologia de pesquisa para engenharia de produção e

gestão de operações. [S.l: s.n.], 2012.

CHAKRABARTI, Abhijit. Implementation of Six – Sigma in Academic Libraries for Increasing Service Quality.

v. 4, n. 6, p. 1–12, 2014.

108

CHAKRAVORTY, Satya S.; SHAH, Aakash D. Lean Six Sigma (LSS): an implementation experience. European

J. of Industrial Engineering, v. 6, n. 1, p. 118–137, 2012.

CHEN, MingNan; LYU, Jung. A Lean Six-Sigma approach to touch panel quality improvement. Production

Planning & Control, v. 20, n. 5, p. 445–454, 2009. Disponível em:

<http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09537280902946343>.

CHENG, Chen-Yang; CHANG, Pu-Yuan. Implementation of the Lean Six Sigma framework in non-profit

organisations: A case study. Total Quality Management & Business Excellence, v. 23, n. 3–4, p. 431–447, 2012.

Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14783363.2012.663880>.

CHERRAFI, Anass et al. A framework for the integration of Green and Lean Six Sigma for superior sustainability

performance. International Journal of Production Research, v. 55, n. 15, p. 4481–4515, 2017a. Disponível em:

<https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00207543.2016.1266406>.

CHERRAFI, Anass et al. A framework for the integration of Green and Lean Six Sigma for superior sustainability

performance. INTERNATIONAL JOURNAL OF PRODUCTION RESEARCH, v. 55, n. 15, p. 4481–4515, 2017b.

CHERRAFI, Anass et al. The integration of lean manufacturing, Six Sigma and sustainability: A literature review

and future research directions for developing a specific model. JOURNAL OF CLEANER PRODUCTION, v. 139,

p. 828–846, 2016.

CHOI, Bong et al. Empirical analysis of the relationship between Six Sigma management activities and corporate

competitiveness. International Journal of Operations & Production Management, v. 32, n. 5, p. 528–550, 2012.

Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/01443571211226489>.

CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. RESOLUÇÃO N. 79, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2009. . Brasil: [s.n.]. ,

2009

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números. . Brasília: [s.n.], 2018. Disponível em:

<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiJ

jo3YmNLdAhVBhJAKHQTKBEgQFjAAegQICRAC&url=http%3A%2F%2Fwww.cnj.jus.br%2Ffiles%2Fcont

eudo%2Farquivo%2F2018%2F08%2F44b7368ec6f888b383f6c3de40c32167.pdf&usg=AOvVaw3bxs>.

CORBETT, Lawrence M. Lean Six Sigma: the contribution to business excellence. International Journal of Lean

Six Sigma, v. 2, n. 2, p. 118–131, 2011. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/20401461111135019>.

CORREIO BRASILIENSE. Em um ano, governo federal gastou R$ 2,5 bilhões com limpeza. Disponível em:

<https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2018/05/14/internas_economia,680436/em-um-

ano-governo-federal-gastou-r-2-5-bilhoes-com-limpeza.shtml>.

COUGHLAN, Paul; COGHLAN, David. Action research for operations management. International Journal of

Operations & Production Management, v. 22, n. 2, p. 220–240, 2002. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/01443570210417515>.

DE FREITAS, Jéssica Galdino; COSTA, Helder Gomes; FERRAZ, Fernando Toledo. Impacts of Lean Six Sigma

over organizational sustainability: A survey study. Journal of Cleaner Production, v. 156, p. 262–275, 2017.

DESAI, T N; SHRIVASTAVA, R L. Six Sigma - A New Direction to Quality and Productivity Management.

Wcecs 2008: World Congress on Engineering and Computer Science, n. 2004, p. 1047–1052\r1208, 2008.

DINO. Terceirização abrange 22% da mão de obra formal com boas perspectivas de crescimento. Disponível em:

<https://exame.abril.com.br/negocios/dino/terceirizacao-abrange-22-da-mao-de-obra-formal-com-boas-

109

perspectivas-de-crescimento/>.

DORA, Manoj; GELLYNCK, Xavier. Lean Six Sigma Implementation in a Food Processing SME: A Case Study.

Quality and Reliability Engineering International, v. 31, n. 7, p. 1151–1159, 2015.

ESTATCAMP; DIGUP. Portal Action. Disponível em: <http://www.portalaction.com.br/planejamento-de-

experimento>. Acesso em: 6 nov. 2018.

FURTERER, Sandra. Lean Six Sigma in Service - Applications and Case Studies. [S.l: s.n.], 2009. Disponível em:

<https://books.google.com.br/books?id=u8oMtunoOY8C&pg=PA205&lpg=PA205&dq=elshennawy+lean+six+

sigma&source=bl&ots=yl0_edQJZM&sig=tJA2noxAM7Fy59lea7JxTqabvC4&hl=pt-

BR&sa=X&ved=0ahUKEwjToo2hga3WAhXHFpAKHcnXAM8Q6AEIODAC#v=onepage&q&f=false>.

FURTERER, Sandra; ELSHENNAWY, Ahmad K. Implementation of TQM and lean Six Sigma tools in local

government: a framework and a case study. Total Quality Management & Business Excellence, v. 16, n. 10, p.

1179–1191, 2007.

GARCIA-PORRES, J; ORTIZ-POSADAS, M R; PIMENTEL-AGUILAR, A B. Lean Six Sigma applied to a

process innovation in a mexican health institute’s imaging department. Conference proceedings : ... Annual

International Conference of the IEEE Engineering in Medicine and Biology Society. IEEE Engineering in

Medicine and Biology Society. Conference, v. 2008, p. 5125–5128, 2008.

GEORGE, Michael L. Lean Seis Sigma Para Serviços. 1. ed. São Paulo: [s.n.], 2009.

GIJO, E. V.; ANTONY, Jiju. Reducing patient waiting time in outpatient department using lean six

sigmamethodology. Quality and Reliability Engineering International, v. 30, n. 8, p. 1481–1491, 2014a.

GIJO, E V; ANTONY, Jiju. Reducing Patient Waiting Time in Outpatient Department Using Lean Six Sigma

Methodology. QUALITY AND RELIABILITY ENGINEERING INTERNATIONAL, v. 30, n. 8, p. 1481–1491,

2014b.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. [S.l: s.n.], 2002.

GNANARAJ, S. Michael et al. Sensitisation of SMEs towards the implementation of Lean Six Sigma – an

initialisation in a cylinder frames manufacturing Indian SME. Production Planning & Control, v. 23, n. 8, p. 599–

608, 2012. Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09537287.2011.572091>.

GOVERNO FEDERAL. Valores Limites e Cadernos Técnicos. Disponível em:

<https://www.comprasgovernamentais.gov.br/index.php/cadernos-tecnicos-e-valores-limites/83-gestor-de-

compras/cadernos-tecnicos-e-valores-limites>. Acesso em: 24 jan. 2019.

HABIDIN, N. F.; YUSOF, S. M. Relationship between lean six sigma, environmental management systems, and

organizational performance in the Malaysian automotive industry. International Journal of Automotive

Technology, v. 13, n. 7, p. 1119–1125, 2012.

HOLWEG, Matthias. The genealogy of lean production. Journal of Operations Management, v. 25, n. 2, p. 420–

437, 2007.

IBGE. Lacunas temáticas, diferenças conceituais e demandas. Disponível em: <https://ces.ibge.gov.br/base-de-

dados/lacunas-de-informacao/lacunas-tematicas-diferencas-conceituais-e-demandas.html>.

ISA, Mohsen F. Mohamed; USMEN, Mumtaz. Improving university facilities services using Lean Six Sigma: a

case study. Journal of Facilities Management, v. 13, n. 1, p. 70–84, 2015. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/JFM-09-2013-0048>.

JESUS, Abel Ribeiro De. Seis Sigma em Granges Indústrias no Brasil: Problemas de Implementação e Fatores

110

Críticos de Sucesso. 2015. 171 f. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, 2015.

JFRN. Competência Territorial da Justiça Federal no Rio Grande do Norte. Disponível em:

<https://www.jfrn.jus.br/institucional/mapaCompetencia.xhtml>.

KANAANE, ROBERTO; FIEL FILHO, ALÉCIO; FERREIRA, Maria das Graças. Gestão Pública -

Planejamento, Processos, Sistemas de Informação e Pessoas. Atlas ed. [S.l: s.n.], 2010.

KHAN, S.A.; DWEIRI, F.; JAIN, V. Integrating analytical hierarchy process and quality function deployment in

automotive supplier selection. International Journal of Business Excellence, v. 9, n. 2, p. 156–177, 2016.

KNUTAS, A. et al. Cloud-based bibliometric analysis service for systematic mapping studies. ACM International

Conference Proceeding Series, v. 1008, n. 212, p. 184–191, 2015.

KUMAR, M et al. Implementing the Lean Sigma framework in an Indian SME: a case study. PRODUCTION

PLANNING & CONTROL, v. 17, n. 4, p. 407–423, jun. 2006.

KUMAR, Sanjay et al. Barriers in green lean six sigma product development process: an ISM approach.

Production Planning & Control, v. 7287, n. May, p. 1–17, 2016. Disponível em:

<http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09537287.2016.1165307>.

LAUDON, Kenneth C.;; LAUDON, Jane Price. Sistemas de Informação Gerenciais. 9. ed. [S.l: s.n.], 2011.

LEE, K. C.; CHOI, B. Six sigma management activities and their influence on corporate competitiveness. Total

Quality Management & Business Excellence, v. 17, n. 7, p. 893–911, 2006. Disponível em:

<http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14783360600595351%5Cnhttp://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/do

wnload?doi=10.1.1.105.1284&rep=rep1&type=pdf>.

LEE, Kuo Liang; WEI, Chun Chin. Reducing mold changing time by implementing Lean Six Sigma. Quality and

Reliability Engineering International, v. 26, n. 4, p. 387–395, 2009.

MARCONI, Maria; LAKATOS, Eva. Fundamentos da Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MATIAS-PEREIRA, José. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO. Prestação de serviços de limpeza, asseio e

conservação. . Brasília: [s.n.], 2014.

MINITAB. Suporte Minitab 18. . [S.l: s.n.]. Disponível em: <https://support.minitab.com/pt-br/minitab/18/help-

and-how-to/modeling-statistics/doe/supporting-topics/factorial-and-screening-designs/factorial-and-fractional-

factorial-designs/#what-is-a-factorial-design>. , 2017

MISHRA, Pratima; SHARMA, Rajiv Kumar. A hybrid framework based on SIPOC and Six Sigma DMAIC for

improving process dimensions in supply chain network. International Journal of Quality & Reliability

Management, v. 31, n. 5, p. 522–546, 2014.

MONTGOMERY, Douglas C.; WOODALL, William H. An overview of six sigma. International Statistical

Review, v. 76, n. 3, p. 329–346, 2008.

NÄSLUND, Dag. Lean and six sigma – critical success factors revisited. International Journal of Quality and

Service Sciences, v. 5, n. 1, p. 86–100, 2013. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/17566691311316266>.

NOAVES, Marcos Bidart Acrneiro; GIL, Antonio Carlos. A pesquisa-ação participante como estratégia

metodológica para o estudo do empreendedorismo social em administração de empresas. p. 134–160, 2009.

PAMFILIE, Rodica; (DRAGHICI), Andreea Jenica Petcu; DRAGHICI, Mihai. The Importance of Leadership in

Driving a Strategic Lean Six Sigma Management. Procedia - Social and Behavioral Sciences, v. 58, p. 187–196,

111

2012.

PARTOVI, Fariborz Y. An analytical model of process choice in the chemical industry. International Journal of

Production Economics, v. 105, n. 1, p. 213–227, 2007.

PLANEJAMENTO, Ministério Do. Painel de Preços. Disponível em:

<http://paineldeprecos.planejamento.gov.br/analise-servicos>.

PSYCHOGIOS, Alexandros G.; TSIRONIS, Loukas K. Towards an integrated framework for Lean Six Sigma

application: Lessons from the airline industry. Total Quality Management & Business Excellence, v. 23, n. 3–4, p.

397–415, 2012.

PYZDEK, Thomas. The Six Sigma Handbook. [S.l: s.n.], 2003. Disponível em:

<https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/41061193/The_six_sigma_handbook.pdf?AWSAccessKey

Id=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1536198496&Signature=KZfQOE5jOsDenq4NEWCGLm3qb4Y

%3D&response-content-disposition=inline%3B filename%3DThe_Six_Sigma_Handbook.pd>.

RAY, Sanjit; JOHN, Boby. Lean Six‐Sigma application in business process outsourced organization. International

Journal of Lean Six Sigma, v. 2, n. 4, p. 371–380, 2011. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/20401461111189443>.

RIORDAN, Patrick. The philosophy of action science. Journal of Managerial Psychology, v. 10, n. 6, p. 6–13,

1995.

SALAH, Souraj; RAHIM, Abdur; CARRETERO, Juan A. The integration of Six Sigma and lean management.

International Journal of Lean Six Sigma, v. 1, n. 3, p. 249–274, 2010. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/20401461011075035>.

SANTOS, Marcos Eduardo Dos. Da Observação Participante a Pesquisa-Ação: uma Comparação Epistemológica

para Estudos em Administração. Revista de Administração Mackenzie, v. 10, p. 134–160, 2009.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 24. ed. [S.l.]: Cortez Editora, 2016.

SHOKRI, Alireza. Quantitative analysis of Six Sigma, Lean and Lean Six Sigma research publications in last two

decades. International Journal of Quality & Reliability Management, v. 34, n. 5, p. 598–625, 2017. Disponível

em: <http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/IJQRM-07-2015-0096>.

SVENSSON, Carsten et al. A Lean Six Sigma program in higher education. International Journal of Quality &

Reliability Management, v. 32, n. 9, p. 951–969, 2015. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/IJQRM-09-2014-0141>.

TENERA, Alexandra; PINTO, Luis Carneiro. A Lean Six Sigma (LSS) Project Management Improvement Model.

Procedia - Social and Behavioral Sciences, v. 119, p. 912–920, 2014. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1877042814021934>.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez Editora, 2007.

THOMAS, Andrew; BARTON, Richard; CHUKE‐OKAFOR, Chiamaka. Applying lean six sigma in a small

engineering company – a model for change. Journal of Manufacturing Technology Management, v. 20, n. 1, p.

113–129, 2008. Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/17410380910925433>.

TIMANS, W et al. Implementation of Lean Six Sigma in small- and medium-sized manufacturing enterprises in

the Netherlands. Journal of the Operational Research Society, v. 63, n. 3, p. 339–353, 2012a. Disponível em:

<http://link.springer.com/10.1057/jors.2011.47>.

TIMANS, W et al. Implementation of Lean Six Sigma in small- and medium-sized manufacturing enterprises in

112

the Netherlands. JOURNAL OF THE OPERATIONAL RESEARCH SOCIETY, v. 63, n. 3, p. 339–353, mar. 2012b.

TRF1. TRF1 - TRF da 1a Região. Disponível em: <http://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/transparencia/relatorios-

cnj/relatorios-cnj/trf-da-1-regiao/trf-da-1-regiao.htm>.

TRF3. Tribunal Regional Federal da 3a Região Transparência. Disponível em:

<http://www.trf3.jus.br/transparencia/empregados-de-empresas-contratadas-em-exercicio-no-orgao-jfms-anexo-

vi-da-resolucao-cnj-no-1022009/>.

TRF5. Tribunal Regional Federal da 5a Região - Portal da Transparência. Disponível em:

<http://www5.trf5.jus.br/transparencia/#RN>.

TSOU, J.-C.; CHEN, J.-M. Case study: quality improvement model in a car seat assembly line. Production

Planning & Control, v. 16, n. 7, p. 681–690, 2005. Disponível em:

<http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09537280500249223>.

WANG, Chih Hsuan. Using quality function deployment to conduct vendor assessment and supplier

recommendation for business-intelligence systems. [S.l.]: Elsevier Ltd, 2015. v. 84. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1016/j.cie.2014.10.005>.

WANG, Fu-Kwun; CHEN, Kao-Shan. Application of Lean Six Sigma to a panel equipment manufacturer. Total

Quality Management & Business Excellence, v. 23, n. 4, p. 417–429, 2012a.

WANG, Fu-Kwun; CHEN, Kao-Shan. Application of Lean Six Sigma to a panel equipment manufacturer. TOTAL

QUALITY MANAGEMENT & BUSINESS EXCELLENCE, v. 23, n. 3–4, SI, p. 417–429, 2012b.

WANG, Fu-Kwun; CHEN, Kao-Shan. Applying Lean Six Sigma and TRIZ methodology in banking services.

Total Quality Management & Business Excellence, v. 21, n. 3, p. 301–315, 2010. Disponível em:

<http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14783360903553248>.

WESTBROOK, Roy. Action research: a new paradigm for research in production and operations management.

International Journal of Operations & Production Management, v. 15, n. 12, p. 6–20, 1995. Disponível em:

<http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/01443579510104466>.

YADAV, Gunjan; DESAI, Tushar N. Lean Six Sigma: a categorized review of the literature. International Journal

of Lean Six Sigma, v. 7, n. 1, p. 2–24, 2016. Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/doi/10.1108/IJLSS-

05-2015-0015>.

YEH, Hseng-Long et al. Applying lean six sigma to improve healthcare: An empirical study. African Journal of

Business Management, v. 5, n. 31, p. 12356–12370, 2011. Disponível em:

<http://www.academicjournals.org/AJBM>.