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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDO DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL CURSO DE SERVIÇO SOCIAL RAYSSA CRYSTYNA GALVÃO TORRES SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO: uma investigação sobre as atribuições privativas do assistente social no trabalho junto às famílias no Colégio Nossa Senhora das Neves Natal/RN Natal 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDO DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

RAYSSA CRYSTYNA GALVÃO TORRES

SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO:

uma investigação sobre as atribuições privativas do assistente social no

trabalho junto às famílias no Colégio Nossa Senhora das Neves – Natal/RN

Natal

2013

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Rayssa Crystyna Galvão Torres

SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO:

uma investigação sobre as atribuições privativas do assistente social no trabalho

junto às famílias no Colégio Nossa Senhora das Neves – Natal/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito final à obtenção do título de bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profª. Dra. Márcia Maria de Sá Rocha.

Natal

2013

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Torres, Rayssa Crystyna Galvão.

Serviço social na educação: uma investigação sobre as atribuições privativas

do assistente social no trabalho junto às famílias no Colégio Nossa Senhora das

Neves – Natal/RN / Rayssa Crystyna Galvão Torres. - Natal, RN, 2013.

58f.

Orientadora: Profª Drª Márcia Maria de Sá Rocha.

Monografia (Graduação em Serviço social) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de

Serviço social.

1. Serviço social – Educação - Monografia. 2. Atribuições privativas -

Assistente social - Monografia. 3. Família - Assistente social - Monografia. I.

Rocha, Márcia Maria de Sá. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 364:37

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Rayssa Crystyna Galvão Torres

SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO:

uma investigação sobre as atribuições privativas do assistente social no trabalho

junto às famílias no Colégio Nossa Senhora das Neves – Natal/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito final à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado pela seguinte banca examinadora:

_______________________________________________________________

Profª. Dra. Márcia Maria de Sá Rocha (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________________

Profª. Dra. Ilka de Lima Souza

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________________

Profª. M. ª Josivânia Estelita Gomes de Sousa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Natal

___de dezembro de 2013

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, agradeço por ter me dado coragem, paciência e sabedoria

para chegar até aqui e ter me dado força para vencer todos os desafios.

Ao meu pai, John Erich, por todo investimento e prontidão.

A minha mãe Odete e as minhas irmãs Dayse e Érica, por toda compreensão e

auxílio os quais foram essenciais para a realização deste trabalho.

Ao meu grupo de amigas da faculdade denominado “Cúpula”, composto por mim,

Leila Priscila, Karla Katielle, Raylhani Godeiro, Laércia Brenda e Milena Monteiro, no

qual compartilhamos juntas o aprendizado e boas lembranças nessa jornada

acadêmica.

A minha orientadora Márcia Maria por ter depositado em mim confiança a confiança

pela qualidade do trabalho.

A professora Ilka que me apontou novos rumos a serem tomados na pesquisa.

A professora Josivânia que atendeu gentilmente ao meu pedido de composição a

banca.

Ao Colégio Nossa Senhora das Neves e aos seus profissionais de serviço social

(Maria Isabelle), pedagogia (Adalgiza) e psicologia (Irmã Márcia) que contribuíram

para a construção dessa pesquisa.

Agradeço por fim, a todos que indiretamente me ajudaram ou que torceram por mim

e incentivaram a construção dessa pesquisa.

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Mas os que esperam no Senhor

renovarão as forças, subirão com asas

como águias; correrão, e não se

cansarão; caminharão, e não se fatigarão.

(Isaías 40:31)

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RESUMO

O trabalho aqui proposto é um estudo qualitativo que apresenta a atuação do

assistente social no âmbito escolar, cuja intenção de investigação pautou-se nas

atribuições privativas deste profissional junto às famílias na realidade do Colégio

Nossa Senhora das Neves - Natal/RN. A pesquisa se propôs a responder ao

seguinte questionamento: o que compete somente ao profissional de Serviço Social

na escola no trabalho com famílias? Para responder a esse questionamento, foram

entrevistados um profissional de Serviço Social, um de Pedagogia e de Psicologia

que atuam na instituição, e a partir dessas entrevistas produzi um quadro

comparativo das atribuições privativas referente a cada um desses profissionais,

enquanto um dos objetivos desse estudo, além de outros objetivos que o

compuseram referente à descrição da história do assistente social na instituição e à

identificação de demandas, estratégias, limites e desafios da profissão no trabalho

com as famílias no âmbito do Colégio Neves. Parte-se do entendimento da profissão

enquanto resultado de fenômenos complexos e de determinantes sócio-históricos

objetivos e que ao longo de sua trajetória esteve ligada ao aspecto educativo, sendo

o assistente social um profissional propositivo para atuar no ambiente escolar no

trabalho junto à família, sendo esta um grupo social fruto de construções

sociohistóricas, provedor de cuidados, apoio e proteção de seus membros. Quanto

as atribuições privativas dos profissionais assistente social, pedagogo e psicólogo

para atuar com questões familiares que se apresentam no âmbito escolar, destaca-

se que essas profissões realizam junto a família um trabalho de orientação, mas

cada uma possui um foco de atuação diferenciado.

PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social. Educação. Família. Atribuição Privativa.

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ABSTRACT

This work is a qualitative study that introduces the work of a social worker in the

school and has the purpose to investigate what are the functions of this professional

with the families of the school Nossa Senhora das Neves/ Natal RN. The research

proposes to answer the following question: What is the real function of a social

worker with the family? To answer this question were interviewed one social worker,

pedagogue and psychologist that work in the institution producing a comparative

table of the powers of each one of these professionals. One of the goals of this study

is to show the description about the story of the social worker in this institution and

the identification of demands, strategies, limits and challenges of the profession in

the School Neves with the family. The understanding about the profession as a result

of complex phenomenon and determinant social-historical goals and that in a long

trajectory was linked to the educative aspect, being the social worker a propositional

professional to work in the school environment in the work with the families that is a

social group result of a social-historical building, provider of care, support and

protection of their members.

KEYWORDS: Social Worker. Education. Family. Attribution .

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fachada da entrada da escola ................................................................................. 35

Madre Francisca Lechner ......................................................................................... 36

Filhas do Amor Divino .............................................................................................. 36

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LISTA DE QUADROS

Quadro I - Plano de trabalho anual do Serviço Social na Instituição Neves ............ 43

Quadro II - Atribuições privativas do Assistente social, Pedagogo e Psicólogo no

trabalho junto às famílias no Colégio Neves ............................................................ 48

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LISTA DE SIGLAS

ABEPPS - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

CCE-MANA - Centro Cívico Escolar Madre Auxiliadora Nóbrega de Almeida

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social

CRESS – Conselho Regional de Serviço Social

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

MEC - Ministério da Educação

PNAS - Política Nacional de Assistência Social

SUAS - Sistema Único de Assistência Social

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

1. SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO .................................................................... 16

1.1 Serviço Social, um pouco de História ................................................................. 16

1.2 O Serviço Social e a Educação ........................................................................... 21

2. FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL .......................................................................... 27

2.1 Família: modelos, conceitos e sua configuração no cenário da sociedade

contemporânea ......................................................................................................... 27

2.2 Relação Estado e Família ................................................................................... 29

3. O COLÉGIO NEVES E A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL .................... 35

3.1 História do Colégio Nossa Senhora das Neves .................................................. 36

3.2 Objetivos da Instituição e Projeto Social que desenvolve ................................... 38

3.3 Contextualização do Serviço Social na Instituição .............................................. 39

3.4 Perfil e importância do assistente social na escola ............................................. 39

3.5 Demandas e estratégias do assistente social no Colégio Neves no trabalho junto

às famílias ................................................................................................................. 42

3.6 Atribuições privativas do assistente social, do pedagogo e do psicólogo referente

ao trabalho junto às famílias no Colégio Neves ........................................................ 46

3.7 Limites e desafios no trabalho do assistente social junto as famílias no Colégio

Neves ........................................................................................................................ 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54

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INTRODUÇÃO

Embora muitos tendem a dizer que a atuação do assistente social no âmbito

da Educação se trata de um campo novo, a ligação deste profissional a esta área

vem desde a origem da profissão. No entanto, nos últimos tempos tem-se percebido

uma ampliação do debate em torno dessa esfera por parte da categoria, no

desenvolvimento de pesquisas, intervenções e em assessorias e consultorias no

âmbito da política educacional estadual e nacional, se apresentando enquanto

profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, intervindo de acordo com

suas atribuições e competências.

Na história da educação, percebe-se a presença de diversas instituições

responsáveis por diferentes funções socializadoras. Entre elas, estão instituições de

cunho religioso, a família, a escola, dentre outras, que contribuem para a construção

do campo educacional.

A escola, portanto, é um espaço de trabalho que apresenta diversas

demandas, saberes, limites, princípios, valores, relações, conhecimentos e teorias,

de modo que, entende-se a necessidade da contribuição do assistente social nesse

contexto, no qual apresenta um perfil de mediador de relações que respaldam e

sustentam sua intervenção no campo da educação escolar. Novos espaços têm sido

abertos para o serviço social na educação e o ambiente escolar é um desses

campos contemplados.

Na escola, enquanto uma instituição educacional e social, o profissional do

serviço social tem sido chamado a atuar frente a questões voltadas para violência,

inclusão, drogas, cidadania e outras questões relacionadas a direitos. Como um dos

exemplos, está o da criança e do adolescente, tendo a escola como um espaço

envolto em diversas demandas e no qual representa um reflexo das relações sociais

e de questões do âmbito social, político, econômico e cultural, presentes na

sociedade.

Apresentando a educação enquanto um direito humano, social e universal, o

assistente social trabalha na mediação entre os sujeitos: escola (direção e demais

funcionários), alunos e família, contribuindo para o crescimento da vida escolar dos

alunos e no desenvolvimento de ações socioeducativas mobilizando processos

políticos importante nas relações de sociabilidade, estimulando a sensibilização para

a construção de sujeitos críticos e políticos, enquanto protagonistas sociais.

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A proposta do profissional do serviço social na escola é desenvolver um

trabalho de acordo com as leis e estatuto que respaldam os direitos da criança e do

adolescente, as diretrizes da política educacional e da atuação profissional. Porém,

a proposta não se resume apenas à presença de um assistente social executor de

normas e condutas, e sim, também de um profissional com perfil propositivo, que

lança estratégias e desenvolve um trabalho crítico, ético, comprometido e consciente

do desenvolvimento de seu papel profissional.

Na escola, uma parte significativa das demandas que chegam ao setor de

serviço social envolve a família, entendida enquanto uma construção social fruto de

processos históricos, na qual sua composição é envolta por diversos desafios e

mudanças sociais que, ao longo da segunda metade do século XX redefiniram

progressivamente os laços familiares. E no qual, o assistente social, durante toda

trajetória histórica da sua profissão, teve-a como objeto privilegiado de intervenção

(MIOTO, 2004).

O Neves é um exemplo de escola que, em seus 80 anos, acompanhou os

processos históricos, socioeconômicos e pedagógicos do Brasil. É dado a este

Colégio a identidade “Família Neves”, posto que, a instituição prioriza o cultivo de

valores envoltos num clima familiar que vá além do aprendizado.

Esta instituição é uma associação civil, educacional, filantrópica e de

assistência social. O Colégio é representado enquanto pessoa jurídica de direito

privado sem fins lucrativos e reconhecido como entidade beneficente de assistência

social, de acordo com a Lei 12.101/2009 e com base no Decreto 7.237/10. A

Instituição Escolar dispõe de várias equipes multidisciplinares, contando com

profissionais das mais diversas áreas, entre eles: pedagogos, psicólogos, assistente

social, contador, médico, enfermeira, professores e licenciados das mais diversas

áreas.

Nesse espaço institucional, meu estágio curricular obrigatório do curso de

Serviço Social, pôde ser desenvolvido na área da educação, ocasião em que nesse

espaço estive conhecendo, aprendendo, trabalhando e propondo estratégias de

intervenção. Além de observar que na maior parte das demandas que chegavam ao

setor de serviço social estavam envolvidas a família, e também por perceber uma

atuação profissional interdisciplinar entre pedagogo, psicólogo e assistente social.

Então, surgiu o interesse em desenvolver essa pesquisa com o objetivo de investigar

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quais as atribuições privativas do serviço social direcionadas às famílias na

realidade do Colégio Nossa Senhora das Neves - Natal/RN.

A pesquisa adotou os seguintes objetivos específicos: 1) Descrever a

história do assistente social na instituição Neves; 2) Identificar as demandas e

estratégias, limites e desafios da profissão do assistente no âmbito da escola Neves

no trabalho com as famílias e 3) Fazer um quadro comparativo das atribuições

privativas dos profissionais assistente social, pedagogo e psicólogo do Colégio

Neves, no trabalho junto à família.

Esta pesquisa qualitativa propôs responder ao seguinte questionamento: o

que compete somente ao serviço social na escola, no trabalho com famílias?

Para responder a problemática, buscou-se utilizar instrumentos que focassem

a questão que viesse a ser abordada numa investigação de cunho social. Foram

utilizadas, portanto, no percurso metodológico, pesquisas bibliográficas com o aporte

teórico de autores que versam sobre os temas: serviço social, educação, família e

outros que se interrelacionam; assim, também, como a realização de entrevista

semi-estruturada para investigar como se dá o trabalho do assistente social e dos

demais profissionais pedagogo e psicólogo da Escola Neves.

Esse trabalho está dividido em capítulos que discutem e delineiam os

resultados da proposta da pesquisa. No primeiro momento, faz-se uma retrospectiva

da trajetória histórica da profissão, desde a sua origem até o cenário

contemporâneo, apontando métodos adotados e as discussões realizadas ao longo

da atuação profissional do assistente social. Ainda no mesmo capítulo, num segundo

tópico, é apresentada a educação enquanto um direito humano e universal,

constitutivo dos modos de existência humana e como um elemento fundamental na

construção de uma sociedade justa e igualitária. Trata-se ainda da presença de um

cunho educativo na profissão do Serviço Social

No segundo capítulo, apresenta-se a temática família. Para início da

discussão fez-se a apresentação de modelos, conceitos e configurações inerentes à

instituição família no cenário da sociedade contemporânea. Abordou-se, também, a

relação do Estado com a família, expondo as contradições que se apresentam nessa

relação e, por fim, apresenta-se a atuação do assistente social no trabalho com as

famílias.

No capítulo seguinte, apresenta-se o Colégio Nossa Senhora das Neves e a

atuação do assistente social nesta instituição, contemplando o resultado da análise

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proposta no estudo, descrevendo a história do assistente social no Neves, as

demandas, estratégias, limites e desafios da profissão no trabalho com as famílias

nesse espaço institucional e ainda, em anexo, um quadro comparativo das

atribuições privativas dos profissionais assistente social, pedagogo e psicólogo do

Colégio Neves no trabalho junto a família.

Por fim, nesse trabalho, são apresentadas as considerações finais com as

reflexões amadurecidas diante das discussões aqui apresentadas no percurso da

construção desse estudo e de descobertas acerca da atuação profissional na

realidade institucional estudada.

No âmbito acadêmico, este estudo é relevante para minha formação enquanto

estudante do curso de Serviço Social, pois é um espaço que permite o

aprofundamento de conhecimentos. Esta investigação também contribui para

fomentar a ampliação de debates e de subsídios para pesquisas posteriores nesse

campo profissional, posto que, nos últimos anos, esta área vem ganhando maior

visibilidade, discussão e a abertura de maiores espaços sócio-ocupacionais para a

atuação do assistente social.

No âmbito social, este estudo contribui na compreensão da importância do

assistente social e do significado desse profissional no universo da educação, mais

especificamente na escola, não apenas como executor de leis e condutas, mas,

também, como um profissional crítico, mediador e propositivo.

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1. SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO

1.1 Serviço Social, um pouco de História

O surgimento da profissão do Serviço Social é resultado de fenômenos

complexos e de determinantes sócio-históricos. Seu nascimento se deu num

cenário de inquietudes sociais que surgiram diante do desenvolvimento do sistema

capitalista (a partir de meados do século XVI) e do crescimento significativo da

desigualdade social. Tal sistema gerou em seu desenvolvimento um quadro de

miséria e pauperização que implica na produção e reprodução de uma totalidade do

processo social no cotidiano da vida em sociedade: no modo de viver, de pensar, de

trabalhar, nos desejos e anseios.

Diante desse contexto de miserabilização e exploração do trabalho,

contemplada com plenitude, particularmente na Inglaterra, a partir da Revolução

Industrial (1775 a 1875), houve o enfrentamento de condições subumanas por parte

dos trabalhadores que se organizaram e reivindicaram. Esse processo de tensão

social foi denominado de “Questão Social”, por se tratar de uma problematização da

situação posta. Iamamoto (2002) define esse processo como um conjunto de

desigualdades sociais (econômicas, políticas, culturais) produzidas na sociedade

capitalista madura.

Todo esse processo chamou atenção de teóricos, estudiosos, burguesia,

Igreja e Estado que despertou preocupação e observação sobre a necessidade da

tomada de providências, por temer que os trabalhadores perdessem o controle da

situação. Portanto, é diante da Questão Social que nasce o Serviço Social, como

uma necessidade da burguesia em responder ao processo de tensão social, fazendo

isso através da parceria do Estado com a Igreja (LIMA, 200?).

Até a segunda metade do século XIX, na Europa Ocidental algumas ações de

caridade com caráter assistencial tinham um esboço de técnica e organização,

através de trabalhos em paróquias, de distribuição de ajuda material e trabalho

educativo (principalmente dando conselhos), visita a escolas, creches e domicílios

organizados em pequenos bairros que também foram contemplados por tais ações

que aos poucos se expandiam e conquistavam toda a cidade.

De acordo com Estevão (1984), um marco importante para a organização da

Assistência Social foi a fundação da Sociedade de Organização da Caridade em

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Londres no ano de 1869. Aos poucos em todos os países capitalistas mais

desenvolvidos, este tipo de Sociedade se formaram, principalmente nos Estados

Unidos. A ideia dessas instituições era a formação de pessoas para realizar tarefas

de assistência social e colocar em pauta a institucionalização do Serviço Social.

Em 1899, é fundada a primeira escola de Serviço Social do mundo, em

Amsterdã. Então, para o Serviço Social, as explicações religiosas são substituídas

por respostas científicas e o nascimento da Sociologia ajudou na construção e no

suporte teórico desse processo.

O trabalho com as famílias começa a surgir nesse contexto e o Estado não

assume responsabilidades referentes à assistência social, esta era prestada através

de instituições particulares, especialmente religiosas.

Mary Richmond, uma assistente social norte-americana, no início do século

XX foi uma referência para o serviço social através de seus escritos da época sobre

o que era serviço social e como deveria ser exercido, enquanto uma prática ainda

não institucionalizada. Suas abordagens eram com base no Serviço Social de Caso

na proposta de trabalhar a personalidade das pessoas e o seu meio social (família,

escola, amigos, emprego, etc.).

Estevão (1984, p.19), aponta que as técnicas utilizadas para o diagnóstico

social era:

[...] estudar e investigar seriamente o meio social daquela pessoa, através de entrevistas, conversas informais, visitas domiciliares a amigos, professores, patrões, etc. Observando e anotando, fazendo relatórios minuciosos, obteria um diagnóstico e tentaria descobrir quais as possibilidades daquela pessoa vir a desenvolver a sua personalidade e como conseguir a ajuda do meio social para a sua causa.

Nesse contexto, a abordagem do serviço social se dava através de técnicas

de resolução de casos, o método Serviço Social de Caso. Décadas depois, o

método de atuação passa a ser o Serviço Social de Grupo. O desenvolvimento deste

levou a um terceiro método, o Serviço Social de Comunidade, no esforço de

organizar a comunidade para promover a melhoria das condições econômicas,

sociais e culturais. Na década de 1920 e 1930, a questão social era vista como uma

questão de polícia. O Estado respondia a greves e movimentos, por exemplo,

através da repressão policial.

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A profissão do Serviço Social segue caminhos diferentes em cada país e o

Brasil se espelha nos métodos dos Estados Unidos para a prática desta, através da

utilização do método Serviço Social de Comunidade e do desenvolvimentismo

(ideias desenvolvimentistas de tirar os países da América Latina do atraso e inseri-

los no patamar da modernidade capitalista). Nesse contexto, os grandes problemas

estruturais eram vistos como algo que se tinha soluções técnicas e os problemas

sociais eram tratados com base num olhar individual.

O Serviço Social no Brasil tem sua origem no processo histórico de

industrialização e concentração urbana, no contexto de “expansão e secularização

do mundo capitalista” (YASBEK, 2009, p. 3). Parafraseando Guerra (2002), o

Serviço Social surge, se desenvolve, se aperfeiçoa e sofre determinações sócio-

históricas no interior da sociedade capitalista.

O Serviço Social brasileiro emerge na década de 1930, numa relação com o

ideal católico, da matriz filosófica do neotomismo1. A abordagem da questão social,

portanto, era vista enquanto problema moral e religioso, de tal modo que a

intervenção se pautava em priorizar a formação da família e do indivíduo para

solucionar problemas e atender necessidades (materiais, morais e sociais). Nessa

mesma década surgem as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil, como a de

São Paulo fundada em 1936.

Mais tarde, o Serviço Social passa pelo processo de institucionalização e

profissionalização na década de 1940, como um tipo de Ação Social que no âmbito

das relações Estado/Sociedade Civil, tem como alvo a situação do proletariado

urbano e do exército industrial de reserva. O Serviço Social então, se tecnifica ao

entrar em contato com o Serviço Social norteamericano numa perspectiva de caráter

conservador da teoria social positivista2.

1 Matriz filosófica no qual o Serviço social toma como fonte a doutrina social da Igreja, da tradição

católica europeia (franco-belga) na ação social e no pensamento de São Tomás de Aquino (século XII). De cunho humanista e conservador, a concepção é de que o homem é perfectível, no qual conceitua a base da dignidade da pessoa humana como exercício da perfeição e como capacidade de desenvolver potencialidades. Há que se destacar também as encíclicas “Rerum Novarum” do Papa Leão XIII de 1891, na busca da restauração do papel social da Igreja, tratando a questão social como apelo para a renovação moral da sociedade e adesão à ação social da Igreja.

2 Método que trabalha com relações aparentes dos fatos, não aponta para mudanças e se volta para

orientações funcionalistas, propostas de trabalho ajustadoras e perfil manipulatório. A matriz positivista possui elementos do sociólogo Durkheim que bebeu das fontes teórico-filosóficas do século XVII.

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Iamamoto (1992, p. 21) denomina esse processo de “arranjo teórico

doutrinário”, que seria a junção do discurso humanista cristão com o suporte técnico-

científico do positivismo. A profissão, portanto, passa a atender outras conjunturas

do desenvolvimento do capitalismo e o Estado começa a implementar políticas

sociais. O profissional do serviço social se legitima, na condição de assalariamento e

passa, então, a ocupar a divisão sócio-técnica do trabalho.

Após este período, a Questão Social torna-se cada vez mais uma questão de

política e menos de polícia. Percebe-se então, nesse contexto, que

[...] as tarefas desenvolvidas pelas assistentes sociais durante este período são principalmente prestar assistência material, prevenir a “desorganização” e a “decadência” das famílias proletárias, a regulação legal das famílias (casamentos), fazer encaminhamentos, colocação em empregos e abrigos provisórios, fichário dos assistidos, cursos de formação moral, etc. (ESTEVÃO, 1984, p.48).

E assim, pouco a pouco o governo foi criando instituições que assumiram a

assistência social e que legalizaram a existência da profissão no Brasil.

A perspectiva neotomista perdura no Serviço Social até por volta da década

de 1960, iniciando o processo denominado por Netto (apud GUEDES, 2005) de

Movimento de Reconceituação, de modo que a profissão assume postura

questionadora diante do Serviço Social Tradicional (nos níveis teórico, metodológico,

operativo e político).

Nesse período, no Brasil, sob os ditames da autocracia burguesa, tinha-se

como paradigma político a teoria desenvolvimentista, na qual o serviço social atuava

junto à comunidade na remoção de obstáculos e na tentativa de solucionar

problemas socioeconômicos, para alcançar a elevação das massas

subdesenvolvidas, promovendo um capitalismo harmônico e humanizado,

influenciado aos moldes do funcionalismo. Nesse período o Serviço Social não se

desvincula do pensamento conservador, mas filia-se a uma nova vertente do

conservadorismo.

Por volta de 1975, um grupo de assistentes sociais se aproxima da

fenomenologia, acreditando que os indivíduos eram livres, capazes de buscar novos

meios de ser, podendo superar as condições e limites da sua própria vida,

construindo a existência do indivíduo através das suas decisões. Percebe-se aí,

mais uma vez, o enfoque micro-social para a explicação dos ‘problemas’ dos

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indivíduos, não questionando as estruturas sociais, mas centrando a prática

profissional no indivíduo, na sua subjetividade, permanecendo assim no pensamento

conservador.

Mais tarde, começa-se a fazer uma interlocução com o marxismo,

configurando para o Serviço Social latino americano outra matriz teórica, a teoria

social de Marx. A quebra com o conservadorismo não se deu de forma instantânea,

mas o processo de efetivação dessa nova linha teórica aconteceu de forma

complexa.

Em 1980, o Serviço Social se aproxima da tradição marxista e busca a ruptura

com o histórico conservador, devendo-se destacar que esta década foi um momento

de avanço, que permitiu compreender a profissão inserida na divisão sócio-técnica

do trabalho, bem como, no processo de produção e reprodução das relações

sociais.

Nesse período, também, entre os fins da década de 1970 e início dos anos de

1980, as universidades com a inserção de cursos de Serviço Social (graduação e

pós-graduação), contribuíram no desenvolvimento de pesquisas para subsidiar a

intervenção profissional e o trabalho interdisciplinar. E ainda pôde-se perceber a

realização de fóruns e congressos para desenvolver os debates da categoria.

Deste modo, Iamamoto e Carvalho, com a publicação do livro Relações

Sociais e Serviço Social no Brasil em 1982, marcaram a maioridade intelectual da

profissão, dialogando com as ciências sociais e outras áreas sem perder as

referências profissionais. Através desse trabalho, estabeleceu-se então a

interlocução da teoria social de Marx com a profissão. Enquanto matriz teórico-

metodológica esta apreende o ser social a partir de mediações, enxergando-os

numa totalidade de relações sociais que configuram a sociedade capitalista. Diante

disso, os profissionais começam a interrogar a realidade para além da esfera

econômica, incluindo, assim, a esfera política, ideológica e cultural.

Com relação ao exercício profissional na década em questão, pode-se inferir

que os profissionais iniciam um processo que vai além de meros executores de

políticas públicas e passam a assumir posições de proposição no planejamento e

gestão destas.

Chegada a década de 1990, num contexto de reestruturação produtiva,

globalização, neoliberalismo e crescimento do terceiro setor, é chegado o momento

da profissão discutir e redimensionar mais uma vez os fundamentos históricos,

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teórico- metodológicos no campo dos valores, da ética e da política. O Projeto Ético

Político Profissional é consolidado, faz-se a discussão dos assistentes sociais

enquanto trabalhador assalariado e criam-se estratégias para o enfrentamento da

questão social, enquanto base da fundação da especialização do trabalho do

assistente social.

Na década de 1990, o assistente social, segundo Yazbek (2009, p.16), “é

desafiado a compreender e intervir nas novas configurações e manifestações da

‘questão social’, que expressam a precarização do trabalho e a penalização dos

trabalhadores na sociedade capitalista contemporânea”. Configurando-se, portanto,

novas implicações e questões para a profissão.

Hoje a profissão se revela com produções científicas, organização da

categoria e construção do Projeto Profissional. Projeto este que se institucionaliza no

Código de Ética Profissional (1993), na Lei de Regulamentação da Profissão (Lei nº

8662/93) e nas Diretrizes Curriculares de 1996 para a Formação Profissional em

Serviço Social de acordo com a ABEPSS. O projeto delineia a operacionalidade das

ações, valores éticos, competências e função do assistente social e foi fruto da

organização social da categoria profissional.

Este profissional, lida com situações vividas por indivíduos, grupos ou

famílias, sendo necessário para isso competência ético-política, técnico-operativa e

teórico-metodológica para ler a realidade na qual estes sujeitos estão inseridos

(vida, trabalho, cultura).

Para Iamamoto (2010), um dos maiores desafios que o assistente social vive

no presente é ser um profissional propositivo e não apenas executivo, desvendar a

realidade e propor trabalhos criativos capazes de preservar e efetivar direitos de

acordo com as demandas sociais.

Esses desafios se expressam em diversos âmbitos da atuação do profissional

do serviço social, inclusive na esfera da educação, no qual se coloca no papel de

desempenhar um trabalho competente e ético.

1.2 O Serviço Social e a Educação

Segundo Mészáros (2005), a Educação é reconhecida como um direito

humano e universal. Ela se apresenta como um elemento fundamental na

construção de uma sociedade justa e igualitária.

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A Educação tem ocupado um lugar de destaque nos processos do

pensamento e da ação política. Como dimensão da vida social, possui um caráter

ontológico, ou seja, constitutivo dos modos de existência humana, do ser social e da

organização da vida em sociedade.

Na profissão do Serviço Social é perceptível esse cunho educativo. A função

pedagógica do profissional assistente social é determinada “pelos vínculos que a

profissão estabelece com as classes sociais e se materializa, fundamentalmente, por

meio dos efeitos da ação profissional na maneira de pensar e agir dos sujeitos

envolvidos nos processos da prática” (ABREU, 2011, p.17).

Observa-se, desde a origem da profissão do Serviço Social, que esta esteve

ligada ao aspecto educativo. Cardoso e Maciel (2000, p. 142) apontam que “o

Serviço Social se institucionaliza e desenvolve na sociedade capitalista, como ação

de cunho socioeducativo, inscrita no campo político-ideológico, nos marcos

institucionais das políticas sociais públicas e privadas”.

Abreu (2011) observa que existem na profissão alguns perfis pedagógicos

que se revelam em sua trajetória intelectual, são estes caracterizados como: da

“ajuda”, da “participação” e da “emancipação”.

O perfil pedagógico de “ajuda” psicossocial e individualizada, segundo o

autora, se expõe no surgimento da profissão em 1930, com uma visão individualista

na perspectiva de reforma moral e reintegração social. A questão social era vista

como um problema moral e religioso da sociedade, que deveria ser “solucionada”

através de atividades educativas e de caridade.

No que se refere ao perfil de “participação”, Abreu (2011) coloca que este foi

desenvolvido a partir de meados do início da década de 1940. Destaca-se que os

profissionais enfatizam a ação educativa, com a intenção de manipular

necessidades e recursos institucionais. Esse perfil não rompe com a base

conservadora de análise da realidade e sua prática profissional, pelo contrário, a

reafirma através do cunho tecnicista da vida social e na garantia do desenvolvimento

harmônico da sociedade.

Os perfis pedagógicos de “ajuda” e da “participação” foram estratégias

educativas que alimentaram o caráter conservador, de adaptação e moralizante,

com intenção de obter o controle e adaptação de trabalhadores à sociedade

capitalista emergente.

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Num contexto de mudanças societárias, sobretudo no momento de

redemocratização do país, fruto de movimentos sociais em luta pelo fim da ditadura,

pela defesa dos direitos sociais e de liberdade de expressão, a profissão do Serviço

Social alcança maiores condições reflexivas.

Quanto ao perfil pedagógico “emancipador”, Abreu (2011) afirma que esteve

presente no fim da década de 1970 e início dos anos 1980, a este estava ligado a

ideia de colaboração e solidariedade, bem como ligado à mobilização, capacitação e

à organização das classes. Estes perfis pedagógicos apresentados se renovaram

com o tempo na trajetória da profissão e são relevantes para o entendimento mais

aprofundado desta.

O Serviço Social, portanto, não atua apenas na garantia das condições

materiais da profissão, mas também contribui na sensibilização para a formação

consciente dos sujeitos, no modo de pensar e agir, uma dimensão ideológica

caracterizada como função pedagógica.

Segundo Abreu (2009), o entendimento do Serviço Social como uma

profissão de cunho educativo se insere no campo das ações que incidem nos

elementos constitutivos da cultura, ou seja, nos modos de construção da

sociabilidade.

Sobre a origem a origem do Serviço Social no campo da educação Piana

(2009) aponta que esta se deu a partir de 1906 nos Estados Unidos. O trabalho se

desenvolvia através de centros sociais que nomeavam visitadoras para estarem em

escolas com o objetivo de investigar os motivos das famílias não mandarem seus

filhos à escola; questões de evasão escolar e até mesmo de aprendizado e

relacionamento dos alunos. Na Europa, este mesmo trabalho se desenvolvia junto à

assistência, no atendimento as mães solteiras e crianças em situação de abandono

ou órfãs; questões de adoção e colocação em lares substitutos.

Em vários países, nessa mesma época, eram realizados atendimentos com

crianças oriundas de famílias que não possuíam instrução para o seu

desenvolvimento e muitas destas crianças eram vítimas de maus tratos de pais ou

responsáveis. O trabalho do Serviço Social Escolar era desenvolvido através de uma

equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais e, também, por psicólogos e

professores que tinham a intenção de atender alunos com dificuldade de

aprendizagem. O Serviço Social trabalhava no atendimento de dificuldades de

caráter individual e familiar, enquanto problemas sociais apresentados na escola.

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Na América Latina, o trabalho na área escolar, mesmo que atendesse

individualmente, se dava através de uma relação entre a escola e a comunidade.

No Brasil, com o Movimento de Reconceituação e o rompimento com um

Serviço Social conservador e tradicional, é que a intervenção do assistente social no

contexto educacional ganhou novas perspectivas e destaque, especialmente na

década de 1980.

A dimensão educativa do serviço social no universo escolar apresenta o perfil

educativo do assistente social utilizando a linguagem como um recurso que se

expõe a partir de princípios educativos que buscam aprofundar e ampliar a

intelectualidade de cada indivíduo. Intelectualidade esta, compreendida como

possibilidade de cada indivíduo se desenvolver e intervir nos campos econômico,

político, social e cultural possuindo clareza da sua condição de sujeito participante

da construção e reestruturação da história da sociedade (SOUZA, 200?).

Essa dimensão se expressa em um conjunto de gestos, atitudes, relações,

tarefas e métodos coordenados como estratégias para que levem o sujeito a

interagir e a pensar sobre si em seu processo de vida.

Portanto, o assistente social assume uma postura educativa no momento em

que expõe e disponibiliza seus saberes na relação com o outro. Este profissional,

então, deve construir uma rede de relações e contatos dentro e fora da escola, na

mobilização de diferentes instituições (família, conselhos comunitários, centros de

saúde, conselho tutelar, etc.) e demais profissionais.

O perfil social e educativo do assistente social no ambiente escolar apresenta

a divulgação de saberes e competências do exercício da profissão, mas, também,

na investigação e na produção de conhecimentos.

A atuação do assistente social no campo da educação não é nova, mas nos

últimos tempos tem-se percebido uma ampliação do debate em torno dessa esfera

por parte da categoria, no desenvolvimento de pesquisas, intervenções e em

assessorias e consultorias no âmbito da política educacional estadual e nacional.

O Serviço Social, portanto, é uma profissão que vem se construindo a

décadas com seu caráter sócio-político, crítico e interventivo no qual tem ampliado

sua ação em diversos espaços em que se revelam as diversas expressões da

questão social. Um desses espaços é a escola, que

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[...] é um espaço social privilegiado onde se definem a ação institucional pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos. Nas sociedades contemporâneas, a escola é lugar de estruturação de concepções de mundo e de consciência social, de circulação e de consolidação de valores, de promoção da diversidade cultural, da formação para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas pedagógicas. (PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, 2009, p. 31).

Ao reconhecer a escola como um espaço de trabalho que apresenta diversas

demandas, saberes, limites, princípios, valores, relações, conhecimentos e teorias é

que se entende a necessidade da contribuição do assistente social nesse contexto,

no qual se apresenta um perfil de mediador de relações fazendo uso de

metodologias, saberes, teorias, competências, criatividade e respaldo no projeto

ético-político que sustentam sua intervenção no campo da educação escolar. Este

profissional, então, pode desenvolver efeitos diretos nas condições humanas e

sociais da escola.

No campo da educação, espaços têm se expandido para a atuação do

assistente social, mas ainda existem conquistas a serem concretizadas, como

exemplo: o Projeto de Lei Federal N° 3.688/20003 sobre a defesa do Serviço Social

nas escolas públicas de educação básica, que ainda tramita em Comissões na

Câmara e no Senado para a total aprovação. A exemplo local, apresenta-se a Lei N°

8.8044, de 24 de Fevereiro de 2006 que cria o Serviço Social Escolar nas escolas

públicas do Estado do Rio Grande do Norte, mas esta ainda não saiu do papel. 3 Após aprovado na Câmara foi transformado em PLC 060/2007, no Senado. Esse Projeto de Lei

dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e serviço social nas escolas públicas de educação básica. Tramitou na Câmara entre 2000 e 2007 na Comissão de Educação e Cultura (CEC) e na CCJC, com êxito na sua aprovação. No Senado, tramitou e foi aprovado nas Comissões de Educação (CE) e Assuntos Sociais (CAS) entre 2007 e 2009. Até o presente momento ainda tramita em comissões de aprovação na Câmara e no Senado, na realização de discussões e audiências, tendo também o acompanhamento do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) juntamente com outras entidades para a construção de debates. Fonte: www.cfess.rg.br/arquivos/acompanhamento-PLs-2013-marco.

4 De acordo com a lei, esta tem o objetivo de prestar assistência social aos alunos e seus familiares.

Os beneficiados poderão ser as famílias de alunos que possuem renda de até três salários mínimos e ao serviço social caberá o desenvolvimento de atividades técnicas profissionais previstas em seu Art.4°, I – pesquisa de natureza sócio-econômica e familiar para caracterização da população escolar; II – orientação sócio-familiar visando a prevenção da evasão escolar e da melhora no desempenho do aluno; III – elaboração de programas que visem prevenir a violência, o uso de drogas e alcoolismo; IV – elaboração de programas que visem a prestação de esclarecimentos e informações sobre doenças infecto-contagiosas e demais questões de saúde pública; V – articulação com instituições públicas, privadas e assistenciais e organizações comunitárias, com vistas ao encaminhamento de pais e alunos para atendimento de suas necessidades; VI – elaboração e desenvolvimento de programas específicos nas escolas onde existam classes especiais; VII – executar as demais pertinentes ao Serviço Social, previstas pelos artigos 4° e 5° da Lei Federal n° 8.662/93.

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Enquanto isso, caminhamos para a conquista de maiores e/ou novos espaços de

atuação profissional.

Vale aqui, também, lembrar que esse debate, referente ao Serviço Social na

educação, vai mais além do âmbito de ampliar os espaços de atuação do assistente

social nessa área. É preciso ressaltar que se trata de um campo em que o

profissional com sua formação generalista e saber especializado, assim também

com seus compromissos éticos e políticos, por exemplo, possui contribuições a

serem dadas no contexto de demandas que se apresentam na escola (violência,

família, inclusão, cidadania, ética, etc.) ou inerentes à Política de Educação.

O capítulo a seguir, exibindo conceitos referentes à família, apresenta esta

enquanto público para o trabalho do assistente social e enquanto uma das

demandas que mais se apresenta para o profissional do serviço social.

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2. FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL

2.1 Família: modelos, conceitos e sua configuração no cenário da sociedade

contemporânea

A família de hoje é fruto de processos históricos e para entendê-la, como

início desta discussão, é necessário conhecer os seus antigos modelos, qual o

conceito desta e como se apresenta a sua configuração no cenário da sociedade

contemporânea.

Oliveira (2012) aponta que na Grécia e na Roma Antiga a família detinha

subordinação ao pai desta. Servidão caracterizada pelo patriarcalismo, de modo que

este modelo instituído era baseado numa visão religiosa da vontade divina. Dois

eram os tipos de família: a nobre e a camponesa. A nobre era formada por senhores

donos de terra, e a camponesa era formada por agricultores.

Ainda de acordo com este autor, o século XVIII é marcado pelo surgimento da

família nuclear, composta por pai, mãe e filhos, no qual o pai exercia a função de

provedor e a mãe a de cuidadora. No século XIX, devido ao crescimento do

capitalismo industrial, passaram a existir mudanças de princípios, valores e

costumes da família nuclear. Estas mudanças se tornam mais expressivas durante o

século XX, e se solidificam no período após a I Guerra Mundial, momento em que as

mulheres entram no mercado de trabalho e conquistam vários direitos.

Para MIOTO (1997):

A família é uma instituição Social historicamente condicionada e dialeticamente articulada com a sociedade na qual está inserida. Isto pressupõe compreender as diferentes formas de famílias em diferentes espaços de tempo, em diferentes lugares, além de percebê-las como diferentes dentro de um mesmo espaço social e num mesmo espaço de tempo. Esta percepção leva a pensar as famílias sempre numa perspectiva de mudança, dentro da qual se descarta a idéia dos modelos cristalizados para se refletir as possibilidades em relação ao futuro. (MIOTO, 1997, p.128).

Gomes (apud OLIVEIRA, 2012), diz que a família é um grupo de pessoas que

possui diferentes características formando um sistema social, que se baseia numa

relação de ligação efetiva duradoura e de cuidado no contexto do processo histórico

da vida.

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Nesse sentido então, entende-se por família uma construção social.

Instituição social, na qual, se compreende que esta é uma concepção construída

pelo processo histórico e que incorpora determinações econômicas, políticas,

históricas, sociais e culturais.

Por se tratar de um fruto de processos históricos, ao se falar em família neste

século, evidenciam-se mudanças nos padrões de relacionamentos, que se iniciam

com a perda do sentido da tradição. A família concebida e constituída pelos

membros pai, mãe e filhos, definida em nossos tempos como nuclear, nem sempre

apresentou esse padrão.

Aos poucos o modelo da família nuclear vai perdendo a sua centralidade de

modelo familiar padrão na sociedade. De acordo com Pereira (2009), o modelo da

família nuclear está em fase de esgotamento. Um fator responsável por esse

esgotamento foi o ingresso da mulher no mercado de trabalho, a partir da década de

19605 e sua participação na chefia da casa, quando muitas vezes ela tem sido a

única componente provedora da família. O Brasil, nessa época, apresentava um

significativo crescimento econômico e as relações conjugais encontram-se cada vez

mais delicadas e o número de filhos passou a ser reduzido.

Pereira (2009) ainda aponta que a partir de 1990 as famílias passam a ser

mais efêmeras e heterogêneas, apresentando novos arranjos. Destes, podem ser

apresentados: a união formada por casamento, união estável entre homem e

mulher, a comunidade de qualquer um dos genitores (família monoparental) e

outros. Ocorreram também, nesse período, mudanças de valores referentes a temas

tais como casamento, adultério, virgindade, etc.

Com o passar do tempo o conceito de família e sua roupagem vai se

modificando. Na atualidade, a família tem sido colocada numa visão mais ampla,

não apenas com pessoas ligadas por laços de sangue, mas também por indivíduos

que convivem no mesmo lar, independentemente da consanguinidade.

Oliveira (2012) afirma que a família contemporânea brasileira é envolta por

diversos desafios, entre eles se destacam a violência intra e

extrafamiliar, desemprego, a situação de pobreza, drogas e outras situações que

5 No contexto dos anos 1960 ocorreram mudanças no papel da mulher na sociedade, deixando de ser

apenas a pessoa responsável em ficar em casa para cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos. Esse quadro torna-se mais evidente com o movimento feminista, no qual a mulher inicia a sua emancipação social e sexual e também se difunde o uso dos anticoncepcionais.

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atingem seus membros. As mudanças sociais ocorridas ao longo da segunda

metade do último século redefiniram progressivamente os laços familiares.

A seguir, o tópico abaixo discorre como se configura a relação que se

estabelece entre a família e o Estado.

2.2 Relação Estado e Família

De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 226, a família é a

base da sociedade e tem especial proteção do Estado. Esta mesma ideia também

se afirma em legislações específicas de Assistência Social, no Estatuto da Criança e

do Adolescente6 (ECA), no Estatuto do Idoso7 e na Lei Orgânica da Assistência

Social8 (LOAS), além da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e no

Sistema Único de Assistência Social (SUAS), entre outras, reconhecendo a

importância da família no contexto da vida social.

O art. 227 da Constituição Federal, aponta como responsabilidade civil, que

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

A família é a primeira instância em que o ser estabelece as primeiras inter-

relações. Esta instituição social, historicamente construída possui uma missão

socializadora. Tal instância deve ser colocada em nossos tempos atuais “não

apenas como espaço de sobrevivência e desenvolvimento do ser, mas como uma

instituição que assume o papel educativo na sociedade que deve receber apoio para

desempenho dessa função” (SZYMANSKI, 2009, p.17)

Embora haja um reconhecimento explícito sobre a importância da família na

vida social e da prévia definição de suas responsabilidades civis estabelecidas nas

legislações anteriormente citadas, a proteção do Estado para com a família tem sido

6 Lei Federal n° 8.069, de 13 de Julho de 1990.

7 Lei Federal n° 10.741, de 1 de Outubro de 2003.

8 Lei Federal, n° 8.742, Federal de 7 de Dezembro de 1993.

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cada vez mais discutida, na medida em que na realidade tem sido observado sinais

de penalização e desproteção das famílias brasileiras. Estabelecendo-se, então,

uma relação de contradição, de modo que, ao mesmo tempo em que o Estado

aparece como protetor de direitos, este também penaliza a família pelo não

cumprimento de suas funções, de maneira tal, que não foi dada a estas a provisão

de políticas sociais de qualidade para o cumprimento do que se prevê em lei.

Mioto (2009a) diz que essa relação tem sido lida de duas formas opostas:

como uma invasão cada vez maior do Estado sobre a vida da família e do indivíduo,

dificultando e desorganizando valores da família; e a outra é de que o Estado tem

permitido uma progressiva emancipação dos indivíduos, pois a medida em que este

intervém enquanto protetor, também garante os direitos.

De acordo com Saraceno (apud MIOTO, 2009a), a relação entre família e

Estado é conflituosa desde o princípio, por estar menos relacionada aos indivíduos e

mais ligada ao controle do comportamento destes.

Esta relação, portanto, foi marcada pela instauração do Estado como fonte de

controle na elaboração de normas para a família e pela construção de uma

contraditória parceria no decorrer do tempo para garantir a reprodução social.

No Brasil, esse paradoxo, não foi resolvido mesmo com a estruturação do

Estado de Bem-Estar Social (MIOTO, 2009a), que visava garantir a sobrevivência da

sociedade na luta contra a pobreza, através de um conjunto de serviços e benefícios

promovidos pelo Estado, tentando harmonizar o crescimento do mercado e a

estabilidade social. O Estado de Bem-Estar Social apresentou seus primeiros sinais

de crise na década de 1970, o que perdura até os dias de hoje.

A partir da década de 1990, ocorre a implantação do neoliberalismo no Brasil

que vivia uma conjuntura nacional de redução dos direitos sociais e trabalhistas,

desemprego estrutural, precarização do trabalho, desmonte da previdência pública,

sucateamento da saúde e da educação, manipulação dos espaços de controle social

e minimização dos direitos garantidos na Constituição de 1988. O mercado,

portanto, é colocado como mecanismo dos recursos econômicos e da satisfação das

necessidades dos indivíduos e quanto a sociedade, a esta se transfere a

responsabilidade pela satisfação desses direitos.

Diante do contexto de transformações da sociedade e da ausência de

políticas universais plenamente eficazes de proteção social, a família, então, é

chamada para a responsabilidade de prover suas próprias necessidades e o Estado

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retrai a sua responsabilidade na área social. Esse processo da redução do Estado

coloca a família enquanto um sujeito fundamental para prover o bem-estar dela.

Dessa relação, Mioto (2009a) diz que instaurou-se uma cultura

assistencialista das políticas e serviços que dão apoio a família como unidade.

Segundo Sgritta (apud MIOTO, 2009a), essas políticas estão baseadas nos

princípios da existência de dois canais para satisfazer as necessidades dos

cidadãos: uma delas seria o mercado (via trabalho) e a outra a família. Apenas

quando esses canais falham é que o Estado intervém, mesmo assim de forma

temporária.

A família tem sido cada vez mais solicitada pelo Estado a assumir a

responsabilidade que se apresenta como sobrecarga de gerir os diversos âmbitos da

estrutura familiar como o da criança, do adolescente, do idoso, da pessoa com

deficiência, em que muitas das vezes essa família não consegue dar conta destas

responsabilidades devido à situação de vulnerabilidade socioeconômica em que esta

se encontra. A família, portanto, tem substituído o Estado em relação a prover

direitos sociais, ela tem sido cliente do mercado.

Pereira (2009) aponta a família como substituta privada do Estado na

prestação de bens e serviços sociais básicos e que desde os fins dos anos 1970,

com a crise econômica mundial, tem sido um agente privado de proteção social. A

autora diz ainda que não existe uma política para a família em muitos países

capitalistas centrais e também nos periféricos como o Brasil, ressalvando o

entendimento de política como sendo ações dirigidas pelo poder público e com o

dever de cidadania de produzir efeitos na estrutura da família. Embora não exista

uma política específica de atenção para a família, esta se insere mesmo que de

modo fragmentado em diferentes políticas públicas como saúde, educação e

habitação, etc.

Fonseca (2006, p.3) afirma que “a família vem se tornando cada vez mais

objeto e instrumento para a formatação e gestão das políticas sociais”. Na família

são diversas as demandas que se apresentam e que merecem atenção do poder

público. O Estado, então, deve pensar numa proposta de política pública universal

que garanta proteção social e entenda a família enquanto sujeito de direitos.

Percebe-se, assim, a necessidade de promover o apoio às famílias através de

políticas sociais bem articuladas e de caráter universalista e reconhecer a família

enquanto alvo de políticas públicas para minimizar a pobreza, com acesso de

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qualidade as políticas de educação, saúde, moradia, alimentação, proteção a

crianças e adolescentes, etc. com objetivos do alcance da cidadania e da qualidade

de vida.

Desse modo, vale destacar o que Gomes e Pereira (2005) pontuam, que

alguns dos princípios que precisam ser levados em consideração para se propor

políticas para as famílias é: considerá-la como um sistema aberto, em constante

transformação; enxergar suas fragilidades; escutá-la; olhá-la como um conjunto de

membros em que todos devem ser assistidos e contar com a família para essa

parceria.

Na construção desse processo, eis o assistente social enquanto profissional

habilitado para o desenvolvimento de estratégias e para intervir em políticas sociais

no trabalho junto as famílias.

2.3 SERVIÇO SOCIAL E FAMÍLIA

Fazendo uma análise da história do Serviço Social, percebe-se que o trabalho

com famílias sempre esteve presente como uma das preocupações profissionais.

Sabe-se que não só para o Serviço Social, mas que em outras profissões a temática

família não é desconhecida, posto que intervém-se nesta dinâmica em diversas

situações.

Segundo Neder (apud MIOTO, 2004) os assistentes sociais são os únicos

profissionais os quais possuem a família como objeto privilegiado de intervenção

durante toda trajetória histórica da profissão, diferente de outras profissões que

privilegiam a família em alguns momentos e em outros a tiram de cena.

Das várias áreas em que o assistente social atua, reporta-se, em grande parte

da sua intervenção, ao trabalho com famílias, pois esta aparece em diferentes

demandas apresentadas em diversas instituições que atendem as questões sociais.

Diante desse contexto, ao profissional assistente social requer-se uma

postura crítica, descortinando a realidade e analisando as situações numa relação

de totalidade, considerando determinações sócio-históricas no qual estão envolvidas

a família.

Oliveira (2012) diz que o assistente social é um profissional que se preocupa

com a acolhida como diálogo na perspectiva de melhoria da qualidade de vida do

usuário e de reforço no papel de facilitador das relações do grupo familiar. Na

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perspectiva de construir uma atuação crítica e propositiva, o assistente social

desenvolve seu trabalho com as famílias, através de conhecimentos técnicos,

habilidades e saberes com a utilização de instrumentos e técnicas, vinculados a

referenciais teóricos que respaldam a análise da realidade. Além disso, desenvolve

uma atuação consciente e comprometida com o projeto ético-político da profissão.

A ação do Serviço Social deve ser na tentativa de encontrar respostas para as

expressões da questão social presente nas famílias, compreendendo contradições,

conflitos e relações, articulando junto a estas e ao Estado (instituições, políticas)

meios para que a família obtenha condições para cumprir a sua função social,

lutando pela participação social, emancipação, cidadania e ampliação dos direitos

sociais.

Os profissionais assistentes sociais com formação embasada nas diretrizes

curriculares fundamentada na teoria social crítica e possuidor de um perfil teórico-

crítico, técnico-operativo e ético-político, possui uma base de preparação para

trabalhar junto as família, fomentando propostas de intervenção acompanhada das

mudanças ocorridas na estrutura familiar ao longo da história.

Portanto, para intervir junto a este grupo, é preciso pensar que

[...] conhecer a família da qual se fala e para a qual muitas vezes dirigimos nossa prática profissional é muito importante; também é imprescindível compreender sua inserção social e o papel que a ela está sendo atualmente destinado; e, da mesma forma, é necessária a mobilização de recursos da esfera pública, visando implementação de políticas públicas de caráter universalista que assegurem proteção social; entretanto, o mais fundamental é que o indivíduo e sua família tenham efetivas condições para prover sua autonomia, sejam respeitados em seus direitos civis e sociais (acesso à educação, à saúde, à justiça e ao trabalho) e contem com a possibilidade de elevação do nível de qualidade de vida, aspectos estes inerentes à construção da cidadania. (GUEIROS, 2002, p. 119-120)

Atualmente, ideias complementares a esta são trazidas por Iamamoto (2010,

p.49), quando esta se refere aos assistentes sociais, apontando que

[...] exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade. Alimentado por uma atitude investigativa, o exercício profissional cotidiano tem ampliadas as possibilidades de vislumbrar novas alternativas de trabalho nesse momento de profundas alterações na vida em sociedade. O novo

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perfil que se busca construir é de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender “o tempo presente, os homens presentes, a vida presente” e nela atuar, contribuindo, também para moldar os rumos de sua história.

Ao profissional do Serviço Social lança-se o desafio de decifrar a realidade,

buscando propostas interventivas que visem a efetivação de direitos diante de

demandas apresentadas pela família.

O capítulo a seguir apresenta o Colégio Nossa Senhora das Neves, enquanto

um dos espaços sócio-ocupacionais de trabalho do assistente social em Natal/RN,

na área da educação. O texto a seguir expõe o assistente social enquanto um

profissional que lida com as demandas da família na escola e as propostas de

intervenção voltadas para este grupo, além de outras questões pontuadas no

decorrer do capítulo.

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35

3. O COLÉGIO NEVES E A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

Fotografia 1 – Fachada da entrada da escola

O Colégio Nossa Senhora das Neves está localizado na Praça Pedro II, 1055,

no bairro do Alecrim, Natal/RN e dispõe dos seguintes contatos, Tel: (84) 3215-7100;

site: www.colegiodasneves.com.br; Twitter: @sempreneves.

No que se refere a sua natureza, trata-se de uma associação civil,

educacional, filantrópica e de assistência social. O Colégio é representado enquanto

pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos e reconhecida como entidade

beneficente de assistência social, de acordo com a Lei N° 12.101 de 27 de

novembro de 2009 e com base no Decreto 7.237 de 20 de julho de 2010.

O Colégio das Neves atua na prestação de serviços educacionais no âmbito

da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Dentre os mais diversos

serviços oferecidos na escola tem-se o Serviço de Ensino Religioso, Serviço de

Educação Física, Orientação Pedagógica, Serviço de Recursos Humanos, Serviço

de Tesouraria, Secretaria, Biblioteca, Serviço Social dentre outros.

Além disso, o Colégio Nossa Senhora das Neves atende a um público, com a

faixa etária de 1 ano e meio até em média 18 anos, no turnos matutino e vespertino.

Sendo estes educandos de diversas classes sociais e de várias áreas da cidade,

incluindo desde os que residem no bairro do Alecrim, Cidade Alta, Petrópolis e

outros bairros de Natal, bem como os que residem em cidades vizinhas, como São

Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Macaíba.

O Neves tem a missão9 de educar contribuindo para a formação de cidadãos

íntegros, conscientes, comprometidos com o desenvolvimento da ciência e da

cultura, na promoção dos valores éticos e cristãos inspirados no carisma de Madre

Francisca Lechner. Para tanto, apresenta a importância em investir em uma

9 Informação disponível no site do Colégio Neves: www.colegiodasneves.com.br

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educação humanizada e comprometida com os valores do amor, da confiança, da fé

e da justiça.

Ao longo da sua história, o Colégio tem apostado na formação integral

docente/discente, adotando como objeto central da sua ação educadora uma

pedagogia dialética contemplando os procedimentos teóricos-metodológicos da

matriz curricular, pautado no Evangelho de Jesus Cristo, revelado no carisma de

Madre Francisca Lechner.

3.1 História do Colégio Nossa Senhora das Neves

Em 1868 na cidade de Viena, Áustria, a Madre Francisca Lechner, funda uma

congregação chamada Filhas do Amor Divino, um grupo feminino de religiosas que

resolvem fundar em 1932 a escola Nossa Senhora das Neves na cidade de Natal,

como fruto de um sonho de propagar a fé e melhorar as condições de vida das

pessoas.

Desenho 1- Madre Francisca Lechner Fotografia 2 - Filhas do Amor Divino

A Entidade Beneficente é gerida por religiosas da Congregação das Filhas do

Amor Divino, presentes no Brasil em várias regiões do país divididas em províncias;

estão no Nordeste há quase 100 anos. Na cidade do Natal, como Instituição de

Ensino, tem precisamente 80 Anos de atuação na sociedade potiguar.

O primeiro prédio da instituição era localizado na Rua Fonseca e Silva, n°

1088, no bairro do Alecrim, onde teve seu berço e crescimento. O colégio foi

fundado no dia 5 de Janeiro de 1932, e ficava localizado em frente ao Colégio Pe.

Miguelinho (o prédio era alugado, atualmente funcionando um posto de gasolina).

Sua chegada ao Alecrim se dá num contexto de modernização do bairro, numa ótica

de reforma educacional, se enquadrando aos grupos sociais emergentes.

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Sobre esse contexto sócio-histórico da década de 1930, segundo Junior

(2009), o período foi um momento no qual as reflexões pedagógicas foram

marcadas por disputas políticas. Nessa época, o Brasil vivia a Revolução de 1930 e

o início da Era Vargas, no qual uma das propostas de governo era difundir

intensivamente o ensino público, principalmente o técnico-profissionalizante. No

governo Vargas é criado o Ministério da Educação e o Conselho Nacional da

Educação pelo Decreto 19.851 (11/04/1931) – regulamentação e organização do

ensino superior no Brasil. O país, na década de 1930, continua se industrializando e

se urbanizando e o nordeste brasileiro em 1932, vivencia uma grande seca que

fragilizou a economia da região.

No contexto de Natal, em 1933, o Colégio das Neves possuía 92 alunas

externas e 14 internas. Aos poucos o colégio foi crescendo e o espaço físico da

instituição se tornou cada vez menor para o número de alunas, então as irmãs

acompanhadas da superiora geral, Madre Kotska, compraram um sítio perto da

Igreja de São Pedro para as instalações futuras do colégio. A escola começa a

funcionar no novo prédio (Praça Pedro II, 1055, Alecrim) em 7 de março de 1937.

O Neves oferecia a suas alunas os cursos primário, ginasial e comercial, além

de outras atividades como curso de piano, acordeom, datilografia e línguas (inglês,

alemão e francês), pintura, costura, bordado e flores. A escola se destacou por ser

uma das primeiras unidades de ensino a introduzir disciplinas científicas para o

público feminino. Em 1966 foi extinto o sistema de internato e a abertura para o

público masculino se dá na década de 1970, a partir do ano de 1975, foram

formadas as primeiras turmas mistas.

A escola se destaca na formação da primeira equipe de ginástica rítmica do

Rio Grande do Norte, em 1986; na instalação do 1° Circuito de TV privado do Estado

(TV Neves) e no uso das urnas eletrônicas nas Eleições do Centro Cívico Escolar

Madre Auxiliadora Nóbrega de Almeida (CCE-MANA). O colégio foi ainda uma

referência regional em sua estrutura desportiva, com pista de atletismo, salto,

quadra e ginásio para a prática de várias modalidades.

Assim como o bairro do Alecrim, o Neves começou pequeno e com o tempo

acompanhou o desenvolvimento e modernização da sociedade. Atualmente a

instituição escolar tem 22.343 m² de área construída, estando localizada num bairro

central e tradicional da Cidade do Natal. Tendo em suas dependências cerca de 40

Salas de Aula, dois auditórios, laboratórios de Ciências e Física, Salas de

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Coordenações Pedagógicas, Religiosa e Esportiva, uma Praça de Alimentação,

Biblioteca, Gráfica, Sala de Enfermaria, Sala da Direção Administrativa, Sala da

Administração Financeira, Sala da Tesouraria, Pátios Abertos, um Ginásio e duas

Quadras de Esportes, duas Piscinas, um Salão de Jogos, uma Capela, Sala da

Secretaria entre outros espaços oferecidos a comunidade educativa.

Logo, o colégio adquiriu o status de escola reconhecida, respeitada e foi

incluída como uma das melhores instituições de ensino do país, embasada nos seus

80 anos de tradição em servir à fé e à cultura potiguar, primando por uma educação

de qualidade pautada em valores ético-cristãos.

3.2 Objetivos da Instituição e Projeto Social que desenvolve

O Colégio das Neves, com sede na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do

Norte, tem fins filantrópicos, de caráter educacional, desenvolvendo as atividades

previstas nos seus Estatutos, Proposta Pedagógica, Regimento Escolar, que têm as

seguintes finalidades:

Promoção social e cultural do educando e de seus familiares;

Uma educação libertadora, aberta ao diálogo, capaz de formar novas gerações

conscientes do seu papel na sociedade;

Novas Perspectivas sociais para o estudante, levando-o à vivência do

cristianismo, no testemunho pessoal e no trabalho apostólico;

Formação do aluno quanto às aptidões e às condições do meio e do momento

em que estamos inseridos;

O Colégio das Neves tem por base os seguintes objetivos:

Promover uma educação libertadora em que a humanização dos valores cristãos

sejam prioridades para que o educando viva a criticidade necessária à formação

do cidadão;

Proporcionar à família uma parceria integrativa com o Colégio com a finalidade

única de atender às necessidades recíprocas.

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O Projeto Social que o Colégio desenvolve é o Projeto Social Irmã Luizinha

que desde 2007 assiste crianças da Escola Municipal Mareci Gomes, no bairro do

Passo da Pátria, para um trabalho educacional que inclui oficinas de leitura, jogos

matemáticos, atividades esportivas, consciência ambiental, espiritualidade, aulas de

música e formação humana. Cerca de 20 crianças, entre sete e doze anos, vão ao

Neves às terças-feiras e às quintas-feiras, durante todo o ano.

3.3 Contextualização do Serviço Social na Instituição

De acordo com a entrevista concedida pela assistente social do Colégio

Neves, o setor de Serviço Social na instituição surgiu no final do ano de 2005. O

setor foi criado para suprir uma necessidade burocrática no processo de seleção de

bolsas, atendendo a uma exigência da Receita Federal que questionava como eram

concedidos os benefícios sócio-assistenciais da escola e como eram comprovadas a

necessidade das pessoas assistidas e se estavam realmente no quadro de carência

trazido pelo Decreto 7.237/98. Portanto, recomendava-se que tal seleção passasse

pelo parecer de um assistente social, já que somente esse profissional pode atestar

o grau de pobreza e necessidade do indivíduo, como uma atribuição do profissional

em qualquer espaço institucional.

A princípio, a proposta do Colégio era contratar a ainda assistente social da

instituição por dois meses, referente ao prazo do processo de seleção que contou

com um projeto de atendimento aos alunos bolsitas além de um trabalho continuado

realizado junto a escola. A proposta da escola se estendeu além dos dois meses e a

profissional assistente social atua na instituição a quase 8 anos.

Desse modo, o Serviço Social passa a construir seu plano de ação anual para

atender tal demanda e atuar nas demais mediações de relações postas no universo

do Colégio Nossa Senhora das Neves.

3.4 Perfil e importância do assistente social na escola

De acordo com o que foi apontado na entrevista realizada com o profissional

assistente social, o perfil deste para atuar na escola deve apresentar dinamicidade,

flexibilidade e articulação com a rede socioassistencial e com órgãos tais como o

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Conselho tutelar, o Ministério Público, assim também como demais órgãos que

atuam no poder público que sejam necessários solicitar.

O profissional, também, deve possuir um papel de mediador, procurando

adequar a melhor abordagem para cada caso e a capacidade de mediar conflitos

entre os sujeitos que compõem o universo escolar (aluno, professor, pais,

funcionários, gestão, etc.) para o bom desempenho em responder as demandas

postas e para a formulação de estratégias de intervenção para cada situação que se

coloca.

Segundo Martinelli (1993, p. 136),

Mediações são categorias instrumentais pelas quais se processa a operacionalização da ação profissional. Expressam-se pelo conjunto de instrumentos, recursos, técnicas e estratégias e pelas quais a ação profissional ganha operacionalidade e concretude. São instâncias de passagem da teoria para a prática, são vias de penetração nas tramas constitutivas do real.

Dessa forma, de acordo com Piana (2009), é através da mediação que o

profissional terá respaldo para traçar estratégias de ação para intervir e realizar a

sua prática profissional como previsto no projeto ético-político da profissão.

Nesse processo de mediação, faz-se necessário o uso da linguagem como

principal suporte para o profissional do serviço social estabelecer a comunicação e o

diálogo. Quanto a isto, Iamamoto (2011) diz que a linguagem é um instrumento

básico de trabalho do assistente social enquanto intelectual. Desse modo, então,

este profissional poderá construir e utilizar instrumentos e técnicas de intervenção

social.

Na escola, além de mediar, o assistente social tem que entender, orientar, e

fazer a sua parte em relação à formação educativa e de direitos no universo da

escola e da família.

De acordo com Mioto (2009b), orientação social trata-se de uma ação de

natureza socioeducativa que fortalece processos emancipatórios através da

formação de sujeitos com consciência crítica na apreensão da realidade; também

facilita processos democráticos e garantidores de direitos ao mesmo tempo em que

projeta sua emancipação e transformação social, a qual se materializa na medida

em que os sujeitos, ao se transformarem, introduzem mudanças nos ambientes ou

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grupos dos quais participam e essas ações possuem efeito multiplicador. O

processo reflexivo da ação socioeducativa se dá através do diálogo e da

problematização, sendo estas, categorias de Paulo Freire, base de uma educação

libertadora.

Vale ainda ressaltar que de acordo com a Lei de Regulamentação da

Profissão (Nº 8.662, de 07 de Junho de 1993) se constituem como competências do

Assistente Social prestar orientação social a indivíduos e atuar na defesa dos seus

direitos, como observado no Art.4° da Lei:

III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; V- orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa dos seus direitos.

Quanto a importância do Serviço Social na escola, esta cresceu e hoje o

profissional é chamado para a mediação de situações das mais simples as mais

complexas, destacando que o serviço social possui as suas particularidades,

podendo fazer algumas intervenções na escola diferente do campo da pedagogia e

da psicologia, tendo uma proposta muitas vezes de orientação de direitos. Então,

para isso, o profissional precisa fazer uso de legislações sociais para respaldar a

sua atuação.

No âmbito da escola, o assistente social é o profissional que desenvolve

ações que segundo Souza (2003), contribui para o encaminhamento de questões

que envolvem educação, violência, criança, adolescente e também família.

O assistente social contribui ao lado da família, no caso de pais ou demais

representantes, no ambiente de reflexão referente a decisões e a participação na

vida escolar do aluno. Assim, também, como diz Piana (2009), o trabalho do

assistente social na política educacional se refere a identificar e propor estratégias

para enfrentar fatores (sociais, políticos, econômicos e culturais) que interferem

nessa política, colaborando com a efetivação da educação enquanto um direito para

a conquista da cidadania.

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3.5 Demandas e estratégias do assistente social no Colégio Neves no trabalho junto

às famílias

As demandas que chegam para o serviço social são casos de violência

escolar, abandono intelectual e negligência. Também se apresenta enquanto

demanda a seleção de bolsistas aptos a serem alunos da escola de acordo com os

quesitos da Lei N° 12.10110 de 27 de novembro de 2009 e com base no Decreto

7.23711 de 20 de julho de 2010, cumprindo com o pré-requisito filantrópico, de

destinar recursos (bolsas de estudos integrais e parciais) para a Educação Infantil, o

Ensino Fundamental e Médio, na forma da lei, para os que comprovarem

insuficiência de recursos.

Essas bolsas de estudos são destinadas as pessoas em situação de carência

sócioeconômica e a pessoas com deficiência, que comprovem a real necessidade

ao setor de serviço social da Instituição.

Podem candidatar-se a bolsas parciais e totais, os estudantes que

tenham uma renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 933,00)12 ou que

sejam pessoas com deficiência (na forma da lei), entre outras carências.

O processo seletivo das bolsas de estudo é composto por publicação de

edital, preenchimento da ficha sócioeconômica (conforme pré-requisitos do edital),

avaliação do Serviço Social e, por fim, assinatura do contrato de prestação de

serviço assistencial.

Este programa visa, não somente a inclusão dos alunos, como também o

acompanhamento dos mesmos no processo sócioeducativo, através de projetos

paralelos de formação cidadã, de avaliação sóciopedagógica dos alunos

10

Esta Lei dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social; regula os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social; altera a Lei n

o 8.742, de 7 de

dezembro de 1993; revoga dispositivos das Leis nos

8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de 1996, 9.732, de 11 de dezembro de 1998, 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida Provisória n

o 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. O aluno a ser beneficiado

com bolsa de estudo será pré-selecionado pelo perfil socioeconômico. Quanto aos quesitos de indivíduos aptos a serem contemplados com bolsa de estudo integral (100%) será concedida ao aluno que possui renda familiar mensal per capita de um salário mínimo e meio. Referente as bolsas de estudo parcial (50%) esta será concedida ao aluno que possua renda familiar mensal per capita de até 3 salários mínimos.

11 Este Decreto regulamenta a Lei n

o 12.101, de 27 de novembro de 2009, para dispor sobre o

processo de certificação das entidades beneficentes de assistência social para obtenção da isenção das contribuições para a seguridade social, e dá outras providências.

12 Valor calculado com base no salário mínimo vigente no ano de 2013.

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beneficiários, como, também, apoio às famílias destes no processo educativo e de

formação do aluno.

O setor de Serviço Social do Neves é a porta de entrada na instituição no que

se refere ao ingresso de bolsistas e a concessão de descontos na mensalidade

escolar, e também, no que se refere a resolução de questões socioeducativas e

prestação de informações (descontos, processos seletivos de bolsas, questões

legislativas, etc.).

Considerando as atribuições desenvolvidas pelo profissional de serviço social

na instituição, observa-se que de acordo com o calendário pedagógico escolar do

Neves, o assistente social atua juntamente com os setores financeiro e

administrativo, inserido na elaboração de relatórios para o Ministério da Educação

(MEC) no que se refere a prestação de contas como entidade beneficente de

assistente social, de acordo com a Lei 12.101/2009 e com base no Decreto 7237/11.

A atuação do assistente social durante o ano no Colégio Neves é bem

dinâmica, trabalhando com diferentes demandas que chegam ao setor, tais como

atendimento aos pais, aos alunos e acompanhamento de casos anteriormente

citados (violência escolar, abandono intelectual, bullying, etc). Abaixo, o quadro I

apresenta o plano de trabalho anual do serviço social na instituição.

QUADRO I PLANO DE TRABALHO ANUAL DO SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO NEVES

JANEIRO

Atendimentos as famílias requerentes aos benefícios sócioassistenciais.

Confecção de pareceres sociais.

Inserção dos benefícios no sistema acadêmico da escola.

FEVEREIRO Ajustes dos benefícios concedidos

junto ao setor financeiro, direção e contabilidade.

MARÇO

Confecção dos relatórios para o Ministério da Justiça.

Atendimentos as famílias e alunos que são demanda do serviço social de acordo com o regimento escolar.

ABRIL

Fechamento dos números contábeis da filantropia.

Prestação de contas ao Ministério da Justiça

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MAIO Atendimentos as famílias e alunos

que são demanda do serviço social de acordo com o regimento escolar.

JUNHO Atendimentos as famílias e alunos

que são demanda do serviço social de acordo com o regimento escolar.

JULHO FÉRIAS DA ASSISTENTE SOCIAL

AGOSTO

Preparação do material para os atendimentos junto às famílias.

Envio das cartas convocatórias.

Reuniões com o setor de contabilidade para projeção de orçamento.

SETEMBRO Atendimentos as famílias requerentes de benefícios sócioassistenciais.

OUTUBRO Atendimentos as famílias requerentes de benefícios sócioassistenciais.

NOVEMBRO

Atendimentos as famílias requerentes de benefícios sócio-assistenciais

Atendimento as famílias dos alunos novatos.

DEZEMBRO

Atendimentos as famílias requerentes de benefícios sócioassistenciais.

Atendimento as famílias dos alunos novatos.

Confecção de Pareceres sociais.

Divulgação de resultados.

Apresenta-se ainda enquanto demanda para o serviço social a realização de

entrevista socioeconômica junto a família para a renovação ou seleção das crianças

aptas a participar do Projeto Social Irmã Luizinha. O setor também realiza, referente

ao projeto, alguns atendimentos com a família na intervenção de casos extremos,

como violência, por exemplo. O serviço social leva em consideração, enquanto

critério para seleção, que o aluno estude na Escola Municipal Mareci Gomes, no

bairro do Passo da Pátria; que não esteja participando de nenhum projeto social; e a

análise dos níveis de renda per capta da família.

Vale aqui também destacar que, de acordo com observações diárias fruto de

meu estágio curricular obrigatório em serviço social na instituição e com base em

relatos da assistente social, o que a fascina é a rotatividade das atividades a serem

desenvolvidas pelo setor do serviço social, atendendo a diferentes demandas e

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tendo que estar preparado, enquanto profissional, para os desafios cotidianos no

âmbito do espaço sócio-ocupacional escolar.

As estratégias utilizadas pelo serviço social da escola para responder as

demandas refrente ao trabalho junto às famílias, a priori, é iniciar o seu trabalho com

a escuta dos membros da família (pais, aluno) para ampliar seu campo de visão e de

análise para a resolução de cada caso. Como afirma a assistente social da

instituição Neves “[...] costurar as informações” e após essa escuta, realizar uma

orientação social, orientando o grupo familiar a respeito do que deve ser feito;

observar, dependendo da gravidade e da necessidade de obter mais informações de

algum caso e realizar uma visita domiciliar.

Depois da visita, elabora-se os relatórios sociais; encaminha-se para a rede

sócioassistencial, inclusive para órgãos competentes na defesa dos direitos da

criança e do adolescente (Conselho Tutelar, Vara da Infância, Ministério Público),

quando necessário acioná-los. Muitas vezes, a estratégia de acionar tais órgãos tem

ocorrido com mais frequência do que apenas realizar a escuta e a orientação social,

já que os resultados para responder as demandas, deste modo, têm se tornado mais

eficaz.

Ainda fruto de observações de meu estágio obrigatório na instituição, vale

ressaltar que a supervisão de alunos de serviço social em processo de estágio

curricular obrigatório pode ser pontuada enquanto uma estratégia para dar subsídios

a uma melhor resposta as demandas referente a família vindas para o serviço social.

Portanto, acrescenta-se no que determina a Lei de Regulamentação da Profissão (n°

8.662/93) no art.5 que a supervisão de estágio é uma atribuição privativa do

assistente social o qual vai atuar como educador transmissor de conhecimentos,

através de experiências e de informações, atua também como facilitador, autoridade

e avaliador (BURIOLLA, apud OLIVEIRA, 2004).

A assistente social, portanto, carrega o compromisso de responder as

demandas identificadas para o enfrentamento da questão social e os usuários dos

serviços, entre eles na sua maioria, pais e alunos (família) dividem suas situações

de vida de forma a serem ouvidos na tentativa de serem beneficiados, colocando

sua confiança frente ao profissional do serviço social.

Sendo assim, para o bom desempenho das questões relacionadas a estas

demandas e para o lançamento de estratégias de intervenção para cada situação

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que se coloca, é preciso que o assistente social exerça o seu papel de mediação,

procurando adequar a melhor abordagem para cada caso.

Desse modo, para ser um profissional propositivo, o assistente social precisa

ter compromisso com o projeto ético político da profissão, munido de legislações e

leituras para dar respostas às expressões da questão social, às demandas

institucionais e também no sentido de aguçar e ampliar seu caráter criativo,

competente e crítico na leitura da realidade. No dizer de Guerra (2007, p.27),

[...] é necessário que se desenvolva a consciência moral para se estabelecer quais as escolhas e ações táticas e estratégicas que nos permitam organizar ações e sujeitos históricos para intervir no processo de democratização da sociedade, visando a uma sociedade mais justa e equitativa, o que passa pela defesa da vida humana.

Diz ainda que,

[...] faz-se então necessário ao profissional que, pela via do conhecimento teórico, da escolha consciente por valores universais, da direção política que atribui a sua prática, bem como de uma postura renovada e qualificada, transcenda a mera cotidianidade para alcançar o patamar do exercício crítico, competente e comprometido. Para tanto, os projetos profissionais críticos se constituem na mediação privilegiada do exercício profissional competente e comprometido. (GUERRA, 2007, p. 12)

3.6 Atribuições privativas do Assistente social, do Pedagogo e do Psicólogo

referente ao trabalho junto às famílias no Colégio Neves

No Colégio Nossa Senhora das Neves, no quadro de seus profissionais que

lidam no cotidiano escolar com questões voltadas para a família, pode-se destacar,

além da atuação do assistente social, a presença do pedagogo e do psicólogo.

Para a composição desse tópico de estudo foi entrevistado um representante

de cada uma dessas profissões, que atuam na instituição, para produzir um quadro

comparativo das atribuições privativas referente a cada um desses profissionais,

enquanto um dos objetivos desse estudo.

As atribuições privativas dos assistentes sociais, desenvolvidas na área da

educação ou mesmo em outros espaços sócio-ocupacionais, são orientadas de

acordo com princípios, direitos e deveres determinados no Código de Ética

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Profissional de 1993, na Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8.662/1993), bem

como nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996).

Vale aqui destacar a diferença conceitual entre competências e atribuições

privativas. Competências

[...] expressam a capacidade para apreciar ou dar resolutividade a determinado assunto, não sendo exclusivas de uma única especialidade profissional, mas a ela concernentes em função da capacitação dos sujeitos profissionais [...] (IAMAMOTO, 2002, pág. 16).

E atribuições se referem “às funções privativas do/a assistente social, isto é,

suas prerrogativas exclusivas” (IAMAMOTO, 2002, pág. 16).

De acordo com a fala da assistente social Isabelle, o foco de atuação do

serviço social é a família, quando diz “[...] na verdade o aluno não é pra nós, o aluno

é para ser atendido pela orientação educacional, pela pedagogia, pela psicologia.

Mas quando o foco é da família aí entra a intervenção do serviço social”. A

assistente social enxerga a família enquanto um grupo social, realizando

intervenções na perspectiva dos direitos da criança e do adolescente e da

responsabilidade civil e jurídica da família, atentando ao que diz a Lei 8.069/9013.

A profissional, também, coloca que as intervenções com a família devem ser

de cunho pedagógico, de modo a compreender os valores e comportamentos que a

família possui na busca de transformação do grupo familiar, através das orientações

sociais e de atendimentos realizados, para que isso repercuta bem no desempenho

pedagógico do aluno na escola.

Desse modo, é preciso analisar o que está (expressões da questão social)

repercutindo num mau ensino aprendizagem do aluno. Nesse processo, a escola

possui uma importante participação enquanto uma instituição representante da

sociedade, com a preocupação sócio-educativa de que não apareçam lacunas no

desenvolvimento pedagógico do aluno e o assistente social se faz emergente na

escola no papel de orientação social e mediação junto a família e aos demais que

compõem o corpo de funcionários (professores, pedagogos, psicólogos,

13

Esta lei dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Ela faz a colocação dos direitos e deveres das crianças e adolescentes e dos deveres da família, do Estado e da sociedade referente a defesa de direitos e da dignidade de crianças e adolescentes.

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orientadores educacionais, direção, etc.) da instituição para a consolidação desse

processo.

De modo resumido, abaixo segue um quadro com as atribuições privativas do

assistente social14, do pedagogo e do psicólogo referente ao trabalho junto as família

no Colégio Neves.

QUADRO II ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS DO ASSISTENTE SOCIAL, PEDAGOGO E

PSICÓLOGO NO TRABALHO JUNTO ÀS FAMÍLIAS NO COLÉGIO NEVES

Assistente Social

Realização de entrevista socioeconômica e

elaboração de pareceres socioeconômicos

(seleção de bolsistas da escola com base

na Lei 12.101/2009 e no Decreto 7237/11).

Realização de entrevista socioeconômica

(renovação e/ou seleção) com a família

das crianças aptas a participar do Projeto

Social Irmã Luizinha.

Visita domiciliar.

Orientações sociais e encaminhamentos

em matéria de serviço social.

Pedagogo

Articulação de saberes construídos na

profissão sensível a orientação familiar

referente ao acompanhamento

educacional do aluno.

Realização de conversas, atendimentos e

reuniões com fins a dar suporte as famílias

no acompanhamento educacional do

aluno.

Psicólogo

Análise comportamental do aluno,

avaliação cognitiva e psicológica.

Orientação familiar voltada para questões

psicológicas (comportamento, motivação,

emocional, dilemas, atitudes).

14

Uma observação relevante a ser destacada quanto as atribuições privativas do assistente social referente a realização de entrevistas socioeconômicas é de que tive a oportunidade de subsidiar nesse trabalho desde o início do meu estágio curricular obrigatório na instituição Neves enquanto estagiária de serviço social. Quanto as orientações sociais e encaminhamentos, também estive presente em algumas intervenções.

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Acompanhamento (identificação e

orientação) junto a alunos com

necessidades educativas especiais.

De modo geral, as profissões do assistente social, pedagogo e psicólogo

realizam junto à família um trabalho de orientação, mas cada profissão possui um

foco de atuação diferenciado.

O assistente social intervém com ações que possuem um foco na família

(direitos da criança e do adolescente, responsabilidade civil e jurídica da família com

base no Estatuto da Criança e do Adolescente e em demais legislações sociais,

além de atuar no enfrentamento das expressões da questão social que interferem no

desempenho educacional do aluno na escola).

O pedagogo atua com um foco nas questões educativas do aluno, tendo a

família como parceira no acompanhamento e desenvolvimento desse processo.

E, por fim, o psicólogo que atua com foco nas questões psicológicas e

comportamentais do aluno, motivando o suporte da família para o melhor

desenvolvimento psicológico do aluno, de modo a repercutir positivamente em seu

desempenho pedagógico.

Pontua-se, ainda, que há uma grande importância na linha do trabalho de

atuação profissional em equipe para que juntos mesmo que possuindo cada um

suas atribuições privativas e fazendo suas determinadas contribuições, encontrem

saídas para o desfecho de situações que aparecem como demandas na escola.

Portanto, a equipe deve estar preparada para lidar com essas questões na

perspectiva de um olhar social humanizado e propositivo na escolha da melhor

abordagem para o trato dos casos que se apresentam.

Referente a um melhor preparo profissional do assistente social, destaca-se o

que se afirma no Código de Ética (1993) como sendo um dos princípios

fundamentais: o aprimoramento intelectual na perspectiva de competência

profissional. Este aprimoramento, portanto, é um exercício constante para melhor

habilitar a capacidade reflexiva, crítica e visão de caráter totalitário para a

intervenção do profissional.

A renovação profissional se dá através da apreensão de teorias, incluindo

legislações, princípios e valores éticos, morais, civis e políticos, de modo a

transcender a cotidianidade para alcançar o exercício crítico, competente e

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comprometido. Portanto, desafia-se ao assistente social ser um profissional que vá

além dos aspectos do cotidiano, investigando, analisando e enxergando processos

numa totalidade.

3.7 Limites e desafios no trabalho do assistente social junto as famílias no Colégio

Neves

Na prática cotidiana do trabalho do assistente social são encontrados alguns

limites e desafios que esbarram na atuação desse profissional.

No Neves, o primeiro limite destacado pela assistente social da instituição é

trabalhar com a família classificada como pobre, com as quais a falta de

aparelhamento do Estado (instituições sociais, psicossociais) impede o atendimento

de encaminhamentos, tendo a família que arcar com estas despesas, mas quando

não se provêm de recursos, ela fica a mercê da própria sorte. E quando existem

instituições do Estado para realizar tais encaminhamentos, as respostas são

mínimas.

O segundo limite que a assistente social destaca é em relação a condição de

trabalho referente ao espaço físico que ainda é um desafio para as questões de

realização de atendimentos na instituição. Ela aponta que “[...] falta esse espaço que

dá identidade”. Existindo esse espaço, as pessoas poderão se sentir confortáveis

para serem atendidas pelo serviço social.

De acordo com a assistente social Isabelle, um grande desafio, que já foi

vencido na instituição, estava relacionado ao trabalho de interação interprofissional

na instituição.

Outra questão destacada foram as famílias que colocam muita expectativa no

assistente social como alguém que vai conceder ou não um benefício, tido como um

profissional que é a “porta do sonho”. Mas, não é só o assistente social o

responsável por essa concretização, ele apenas contribui para o processo. Quando

passa a fase de seleção de bolsistas, o profissional é visto como aquele que puni,

ditando o certo e o errado e a família já deposita uma outra expectativa do serviço

social. Então, esse é um desafio que o assistente social deve enfrentar, da quebra

da ideia de ser “a porta dos sonhos” e de ser “o juiz”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como conclusão deste estudo, entende-se o surgimento da profissão como

resultado de fenômenos complexos e de determinantes sócio-históricos objetivos e

que ao longo da trajetória do Serviço Social, esta esteve ligada ao aspecto

educativo.

A atuação do assistente social no campo da educação não é recente, mas

nos últimos tempos tem-se percebido uma ampliação do debate em torno dessa

esfera por parte da categoria no desenvolvimento de pesquisas, intervenções e em

assessorias e consultorias no âmbito da política educacional estadual e nacional.

No campo da educação, espaços têm se expandido para a atuação do

assistente social, mas ainda existem caminhos a ser trilhados. Por exemplo, a

aprovação do Projeto de Lei Federal 3.688/2000 sobre a defesa do Serviço Social

nas escolas públicas de educação básica, que ainda tramita em Comissões na

Câmara e no Senado para a total aprovação. Enquanto isso, caminhamos para a

conquista de maiores e/ou novos espaços de atuação profissional.

Também, vale ressaltar aqui, que o debate acerca do Serviço Social na

educação, vai mais além do âmbito de ampliar os espaços de atuação do assistente

social nessa área. É preciso apontar que se trata de um campo em que o

profissional, com sua formação generalista e saber especializado, assim também

com seus compromissos éticos e políticos, por exemplo, possui contribuições a

serem dadas no contexto de demandas que se apresentam na escola (violência,

inclusão, cidadania, ética, etc.) ou inerentes à Política de Educação.

A família é outra demanda que se apresenta para a intervenção do assistente

social no âmbito de sua atuação no universo da escola. Esse público fruto de

construções sociohistóricas, é provedor de cuidados, apoio e proteção de seus

membros, mas também, precisa ser cuidada e protegida. De todo modo, apesar de

terem ocorrido mudanças significativas na estrutura familiar, as expectativas

relacionadas às suas obrigações continuam preservadas, esperando-se desta um

mesmo padrão de funcionalidade, independente do lugar e da cultura a qual

pertençam.

O trabalho com a temática família envolve uma discussão que leva em

consideração aspectos complexos e contraditórios. Esse grupo carrega em sua

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história responsabilidades a cumprir e uma relação conflituosa com o Estado, no

qual tem sido violado seus direitos de cidadania na provisão de bens e serviços por

parte deste e do contrário, ver-se enquanto agente privado de proteção social, desde

os fins dos anos 1970 com a crise econômica mundial.

Entende-se ao fim desse processo, diante da investigação realizada no

Colégio Nossa Senhora das Neves, que o assistente social deve apresentar um

perfil dinâmico, flexível, articulador e mediador, procurando adequar a melhor

abordagem para cada situação diante das demandas que se apresentam

relacionadas a casos de violência escolar, abandono, negligência, etc. Além da

seleção de bolsistas aptos a serem alunos da escola de acordo com os quesitos da

Lei N° 12.101 de 27 de novembro de 2009 e com base no Decreto 7.237 de 20 de

julho de 2010, cumprindo com o pré-requisito filantrópico de destinar recursos

(bolsas de estudos integrais e parciais) para a Educação Infantil, o Ensino

Fundamental e Médio, na forma da lei, para os que comprovarem insuficiência de

recursos. E, também, enquanto demanda, a sua atuação no Projeto Social da

instituição.

Das estratégias adotadas pelo serviço social da escola para responder as

demandas refrente ao trabalho junto as famílias, apontam-se o trabalho de escuta,

observação, orientação social ao grupo familiar, realização de visita domiciliar,

elaboração de relatórios sociais e encaminhamentos para a rede sócioassistencial.

Pode-se, também, apresentar enquanto importante estratégia para melhor

qualificar as respostas dadas as demandas, a supervisão de estágios em serviço

social que possam contribuir na construção desse processo. Propõem-se, ainda, a

necessidade de outro profissional de serviço social e/ou estagiário permanente, para

que a atuação do serviço social, muitas vezes, não se restrinja às atividades

burocráticas, mas também com foco em ações socioeducativas, a exemplo do

Projeto Social da instituição, que necessita de um acompanhamento do serviço

social referente a orientação social, a qual compõe um dos aspectos do perfil

socioeducativo da profissão.

Quanto as atribuições privativas dos profissionais assistente social, pedagogo

e psicólogo para atuar com questões familiares que se apresentam no âmbito

escolar, destaca-se que essas profissões realizam junto a família um trabalho de

orientação, mas cada uma possui um foco de atuação diferenciado.

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O assistente social intervém com ações que possuem um foco na família

(direito da criança e do adolescente, responsabilidade civil e jurídica da família com

base no Estatuto da Criança e do Adolescente e em demais legislações sociais,

além de atuar no enfrentamento das expressões da questão social que interferem no

desempenho educacional do aluno na escola).

O pedagogo atua com um foco nas questões educativas do aluno, tendo a

família como parceira no acompanhamento e desenvolvimento desse processo.

E, por fim, o psicólogo que atua com foco nas questões psicológicas e

comportamentais do aluno, motivando o suporte da família para o melhor

desenvolvimento psicológico do aluno, de modo a repercutir positivamente em seu

desempenho pedagógico.

Dos limites e desafios encontrados no trabalho do assistente social junto às

famílias na instituição, coloca-se como primeiro limite trabalhar com a família

classificada como pobre, com as quais a falta de aparelhamento do Estado impede

uma melhor resposta do assistente social frente às demandas que se apresentam ao

setor. Outro limite se refere ao espaço físico do setor de serviço social que ainda é

um desafio para as questões de realização de atendimentos na instituição e para

criar uma maior identidade do setor na instituição.

Um grande desafio se refere a interação interprofissional, destacado como já

vencido pelo serviço social na instituição. Uma questão ainda a ser vencida

cotidianamente é desmistificar a visão que as famílias possuem de que o assistente

social é tido como um profissional que é “a porta do sonho” para a concessão de um

benefício; ou quando a família deposita outra visão de ser o assistente social “um

juiz” visto como aquele que puni, ditando o certo e o errado.

Portanto, ao final desse estudo e diante do contexto do trabalho do assistente

social na escola, lança-se à profissão, o compromisso de ser um agente propositivo,

redescobrindo alternativas e possibilidades para o trabalho profissional no cenário

da educação escolar, consolidando princípios éticos, de modo a evitar que se

transformem em propostas abstratas desconectadas do processo social, é o que se

espera.

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