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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO CUIDADO NITERÓI 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM ... de Oliveira... · ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO ... As relações humanas interpessoais no trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE

ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS

AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO

CUIDADO

NITERÓI 2016

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ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS

AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO

CUIDADO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira

Coorientadora:

Prof.ª Dr.ª Emília Gallindo Cursino

NITERÓI 2016

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S 237 Santos, Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima dos. Relações interpessoais entre os profissionais de

enfermagem de um hospital pediátrico para o desenvolvimento do cuidado. / Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima dos Santos. – Niterói: [s.n.], 2016.

91 f.

Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde) - Universidade Federal Fluminense, 2016.

Orientador: Profº. Enéas Rangel Teixeira.

Co-orientador: Emília Gallindo Cursino

1. Relações Interpessoais. 2. Enfermagem. 3. Pediatria. 4. Cuidados de Enfermagem. I. Título.

CDD 610.730699

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ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS

AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO

CUIDADO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em 15 de Julho de 2016.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________ Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira – UFF

Presidente

______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Benedita Maria Regô Deusdará Rodrigues – UERJ

1ª Examinadora

______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Emília Gallindo Cursino – UFF

2ª Examinadora

______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Marléa Chagas Moreira – UFRJ

Suplente

______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva – UFF

Suplente

Niterói 2016

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, o único que é digno de toda honra, toda glória e louvor, pois reconheço que sem Ele nada seria possível. Porque grandes foram os obstáculos e as dificuldades encontradas, e pela Sua infinita Misericórdia consegui chegar até o fim. Entendendo que é por Ele, para Ele que realizo todas as coisas, dedico a ti ó meu Deus, o fruto desse penoso trabalho. Ao meu esposo Fabrício, por me amparar nos momentos difíceis, ser companheiro e ter muita paciência. Seu amor, compreensão, força e respeito foram essenciais durante essa caminhada. Muito obrigada por tudo, sem você ao meu lado seria tudo muito mais difícil. Muito obrigada! À minha mãe, de forma especial, pelo amor, compreensão, paciência e pelas muitas orações em todos os momentos em minha vida. Se cheguei até aqui foi porque você sempre acreditou em mim. Muito obrigada! À minha família, em especial o meu querido irmão Sidney, meu padrasto Ademar, minhas cunhadas Adriana e Vanusa, e meus sogros Gicelda e Paulo Afonso. Obrigado pela paciência, carinho, incentivo e principalmente por compreenderem minha ausência nestes dois anos. Aos meus afilhados, Miguel Arcanjo e Natália, por compreenderem as minhas ausências e acreditarem no meu amor por vocês. Ao meu orientador, Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira, muita gratidão por me acolher, pela paciência, compreensão e principalmente acreditar em mim. Muito obrigada! À Prof.ª Emília Gallindo Cursino, por aceitar ser minha coorientadora e estar sempre presente como professora, amiga e, principalmente, por acreditar em mim. Seu companheirismo, compreensão, carinho e paciência foram cruciais para a conclusão desta dissertação. Meu muitíssimo obrigada por tudo! A professora e querida amiga Donizete Vago Daher por aceitar participar da minha banca na fase inicial deste processo e pelas palavras de carinho, incentivo, sabedoria e principalmente pelo seu exemplo de como acolher os alunos. Pude em momentos difíceis encontrar conforto em sua presença. Levarei esta gratidão para o resto da vida. Muito Obrigada! A querida prima Profª Drª Darci de Oliveira Santa Rosa pelo carinho, apoio, ajuda, incentivo. Sua presença e força foram fundamentais nesta jornada. Ao grande amigo Miguel Guzzo Coutinho que esteve sempre presente na minha vida , que acompanhou minha trajetória para ingressar no mestrado, estudando comigo muitas vezes por telefone, me dando força, me incentivando. Seu carinho, companheirismo, atenção, força e fé foram essenciais durante esta jornada. Terei eterna gratidão por tudo que fez e faz por mim. Muito Obrigada! A querida amiga Diana pelas constantes orações que tanto alimentaram minha fé nesta jornada.

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A todos os meus amigos pela paciência, cuidado, carinho e, principalmente, por compreenderem minha ausência nestes dois anos. Muito obrigada! Meus queridos companheiros de batalha, mestres do MACCS. Soubemos dar apoio uns aos outros e isso vale muito mais do que cada dissertação. Em especial aos amigos Maria Cristina, Thiago, Pedro Paulo, muito obrigada pelas incansáveis vezes que me ajudaram durante o curso. Às minhas amigas, Verônica, Telma e Tavane, que sempre estiveram disponíveis a me escutar, incentivar. Pela compreensão no trabalho e ajuda constante e, principalmente, por acreditarem em mim. Muito obrigada! As professoras Benedita Maria Rêgo Deusdará Rodrigues e Marléa Chagas Moreira por aceitarem participar deste momento tão especial e ainda abrilhantar com suas valiosas contribuições. Muito Obrigada! A professora Rose Mary Costa Rosa por aceitar participar da minha banca e pelas palavras de conforto e sabedoria em momentos de dificuldade. Muito Obrigada! Aos professores do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense, que colaboraram de formas diversas para minha formação profissional. Aos profissionais de enfermagem da unidade de emergência do Instituto de Puericultura Martagão Gesteira. Muito obrigada pela paciência e por partilharem comigo seus depoimentos, sem eles não seria possível a conclusão deste trabalho.

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RESUMO

Este estudo tem como objeto: as relações interpessoais entre os trabalhadores de enfermagem em um hospital pediátrico. As relações interpessoais no trabalho de enfermagem constituem um aspecto importante para o desenvolvimento do processo do cuidar na qual se destaca como uma das formas de comunicação/expressão entre seres humanos visto que inclui os sujeitos no grupo, favorecendo para além de uma realização de vida no trabalho a melhoria da qualidade da assistência prestada. Objetivo geral: compreender como se estabelecem as relações interpessoais entre os profissionais de enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família no contexto da emergência pediátrica e como objetivos específicos: descrever os elementos que configuram as relações interpessoais dos profissionais de enfermagem no trabalho em pediatria na perspectiva do profissional e analisar as possibilidades e limites nas relações interpessoais dos profissionais de enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família. Cenário: o estudo foi realizado na unidade de emergência (UE) de um hospital universitário federal pediátrico no estado do Rio de Janeiro. Participaram do estudo 19 profissionais de enfermagem sendo seis enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem. Resultados: os dados foram analisados baseados na análise temática de conteúdo e emergiram duas categorias temáticas: 1. As relações humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua implicação na produção de cuidado da criança, O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família no contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado. A categoria 1 não apresentou sub temas, enquanto a categoria 2, expressou dois sub temas: 2.1 As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos profissionais de enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado; 2.2 Os limites nas relações humanas interpessoais no desenvolvimento do cuidado à criança e sua família. Os temas acolhimento, confiança; diálogo, relações profissionais e pessoais no ambiente de trabalho, amizade e união foram apontados pelos profissionais de enfermagem como elementos que configuram as relações interpessoais entre os profissionais para o desenvolvimento do trabalho. Os profissionais apresentaram o diálogo, respeito, confiança, gostar de cuidar da criança e relacionarem-se bem com a criança como possibilidades no relacionamento interpessoal no desenvolvimento do cuidar da criança. Foram apontados como limites no relacionamento dos profissionais de enfermagem as dificuldades na relação com o familiar que acompanha a criança internada e também o sofrimento relacionado ao envolvimento afetivo durante o cuidado da criança. Conclusão: olhar as relações humanas interpessoais sob a luz da complexidade permitiu compreender o sujeito humano em processo relacional no ambiente de trabalho. Neste estudo cuidar em pediatria pressupões saberes além do saber técnico. O profissional de enfermagem ao entrar em contato com os clientes precisam considerar que o cuidado é relacional e envolver-se na interação eu-tu proporciona vivenciar experiências com próprios sentimentos. Entender o ser humano na perspectiva da complexidade é considerar que as limitações fazem parte da condição humana entendendo que o que aparentemente pode parecer como uma limitação, também torna-se possibilidade quando compreendida como um modo diferente de ver e lidar com o fenômeno. A relações humanas interpessoais devem ser priorizadas uma vez que foi sinalizado que a forma como as pessoas se relacionam interferem no produto final do trabalho, no caso o cuidado a criança e sua família. Palavras-chave: Relação interpessoal. Enfermagem. Trabalho de equipe. Cuidado.

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ABSTRACT

This study aims at the interpersonal relationships among nurses in a pediatric hospital. The interpersonal relationships on nursing work are an important aspect for developing the process of caring in which it detaches as being one of the communication/expression ways among human beings since it includes the subjects of the group, facilitating, beyond a work lifetime achievement, the improvement of the quality of the assistance offered. General goal: to understand how interpersonal relationships are set among nurses for developing the care of children and their family on the context of pediatric emergency and as specific goals: to describe the elements that configure the interpersonal relationships of nurses working on Pediatricsin the perspective of the professional and to analyze the possibilities and limits on interpersonal relationships of nurses for developing care of children and their family. Scenario: the study was carried out on an emergency unit (EU) of a Federal University Pediatric Hospitalat Rio de Janeiro. Nineteen nursing professionals have participated: 6 nurses and 13 nursing technicians. Results: the data were analyzed based on content thematic analysis and two categories emerged: 1. Human interpersonal relationships on nursing work and its implication on the production of childcare, The nursing professional on the relationship with the child and his family in the hospital context during care development. The category 1 did not present subthemes, however the category 2 presented two subthemes: 2.1 The possibilities on interpersonal human relationships of nursing professionals with the child and his family on development of care; 2.2 The limits on interpersonal human relationships on development of care concerning the child and his family. The subjects: reception, confidence; dialog, professional and personal relationships on work environment, friendship and union were pointed out by the nursing professionals as elements configuring interpersonal relationships among the professionals for work development. The professionals presented dialog, respect, confidence, liking taking care of the child and having a good relationship with the child as possibilities of interpersonal relationship of childcare. As limits on nursing professionals relationship there were pointed out the difficulties on the relationship with the family member accompanying the hospitalized child and also the suffering concerning affective involvement during childcare. Conclusion: looking at interpersonal human relationships under the light of the complexity allowed understanding the human subject on relational process on work environment. In this study, care in Pediatrics requires knowledge beyond the technical know-how. The nursing professional, when he gets in touch with the clients, needs to consider that the care is relational and engaging in the interaction me-you allows living experiences with the own feelings. Understanding the human being on the perspective of the complexity is to consider that the limitations are part of human condition, understanding that what may look a limitation, becomes a possibility when it is understood as a different way of seeing and dealing with the phenomenon. Interpersonal human relationships must be prioritized once it was shown that the way people relate interferes on the work final product, in this case the care of the child and his family.

Key-words: Interpersonal relationship, Pediatrics, Nursing care

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma da seleção de artigos. Santos, 2016, f. 17

Quadro 1 - Características dos artigos analisados. Santos, 2016, f. 18

Quadro 2 - Caracterização dos participantes do estudo quanto ao tempo de atuação na instituição e na Unidade de Emergência (UE), formação complementar e o cargo na instituição. Santos, 2016, f. 41

Quadro 3 - Apresentação das categorias e subcategorias. Santos, 2016, f. 42

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 10 1.1 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 10 1.2 CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO .................................. 12 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 15 1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 15 1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 15 1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ........................................................... 23 2.1 A NOÇÃO DE SUJEITO NA PERSPECTIVA DA COMPLEXIDADE ................... 25 2.2 AS RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO ........................................................ 26 2.3 HABILIDADES SOCIAIS ......................................................................................... 29 3 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................... 31 3.1 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................................... 31 3.2 O CAMPO DE INVESTIGAÇÃO .............................................................................. 31 3.2.1 Conhecendo o campo de investigação: um breve histórico do hospital .................. 32 3.3 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................ 35 3.4 CRITÉRIOS PARA O ENCERRAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO ............ 36 3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ....................................................................... 36 3.6 COLETA DE DADOS ................................................................................................ 37 3.7 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................ 38 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 40 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ........................................................ 40 4.2 DESCRIÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO TEMÁTICO ................................... 41 4.2.1 Categoria 1: As relações interpessoais humanas no trabalho da enfermagem e sua

implicação na produção de cuidado da criança .......................................................

41 4.2.2 Categoria 2: O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família

no contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado ..............................

51 4.2.2.1 Subcategoria 1: As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos

profissionais de enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado ............................................................................................................

51 4.2.2.2 Subcategoria 2: Os limites nas relações humanas interpessoais no

desenvolvimento do cuidado à criança e sua família ...........................................

57 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 64 6 OBRAS CITADAS ........................................................................................................ 70 7 OBRAS CONSULTADAS ........................................................................................... 80 8 APÊNDICES ................................................................................................................. 87 8.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................................. 87 8.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................................... 89

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8.3- AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO 90 9 ANEXOS ........................................................................................................................ 91 9.1 PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ............................................................ 91

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10 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 MOTIVAÇÃO PARA O ESTUDO

O despertar pela dinâmica das interações humanas vem desde o período da

graduação na Faculdade de Enfermagem Raquel Haddock Lobo - UERJ em 2001, quando

atuava em um hospital universitário na condição de interna de enfermagem, uma vez que os

questionamentos sobre as características nas relações de trabalho, neste ambiente, favoreciam

ou não a qualidade da assistência prestada.

Durante este período, pôde-se perceber que quando a relação entre o enfermeiro e os

técnicos de enfermagem era permeada pela ética, compreensão, respeito, vínculo e

acolhimento, o processo de trabalho parecia mais satisfatório apesar das intempéries do

cotidiano laborativo. Tal fenômeno era identificado e manifesto nos discursos dos próprios

clientes e familiares, mostrando-se mais ou menos seguros e acolhidos, dependendo da

relação entre a equipe de enfermagem atuante no dia.

O interesse sobre a temática, acerca das relações interpessoais no ambiente de

trabalho, teve sequência enquanto residente de enfermagem em Nefrologia, no período de

2002 a 2003, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, e ao assumir o primeiro emprego

público como enfermeira, em outro Hospital Universitário Pediátrico, no ano de 2003.

Neste recorte temporal de vida profissional, foi inevitável deparar com situações

conflitantes a respeito das relações interpessoais no processo de trabalho numa equipe de

enfermagem. Ali, as questões éticas nas relações interpessoais, da equipe de trabalho, eram

imperiosas. Naquele contexto era freqüente ouvir dos técnicos e auxiliares de enfermagem a

insatisfação por não sentirem-se ouvidos, uma vez que não adiantava levar os problemas

cotidianos para os enfermeiros, porque percebiam que não havia resolutividade.

Vale ressaltar que, a especialização profissional foi conduzida para o cuidado de

clientes adultos crônicos, em especial com acometimento renal. Foi um momento da formação

muito valoroso, que possibilitou ainda mais a vivência com as relações humanas interpessoais

e aprimorou a intencionalidade de estudar este fenômeno.

Cuidar implica em conhecimento, habilidades, engajamento, esforço, prazer,

curiosidade e paixão. E cuidar de pacientes adultos ou pediátricos, necessita mais que

habilidade e formação profissional, requer coragem para trilhar uma jornada dialógica,

exigindo uma capacidade humana de relação com o outro.

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11 Deste modo, pode-se considerar que o cuidado é dialógico, uma vez que une o que

aparentemente está separado, une a racionalidade dos procedimentos técnicos científicos com

a afetividade.

O ser humano que cuida é ao mesmo tempo or (razão) e desordem (afetividade) para

ser ele mesmo. E sendo ele egoísmo/altruísmo onde há contrários sempre em luta e ao mesmo

tempo compondo-se para que a subjetividade exista, produz um movimento dialético que

origina o cuidado (MORIN, 2011b).

E nesta jornada, caminhando com os pacientes, foram estabelecidas relações de

cuidar/cuidado. E com os colegas de trabalho foi preciso aprimorar habilidades de

relacionamento para estabelecer relações humanas de trabalho.

Logo no início do trabalho como enfermeira, no hospital pediátrico, o desafio

enfrentado foi liderar uma equipe do plantão noturno, sem nenhuma experiência prévia em

pediatria, além daquela obtida durante a graduação de enfermagem.

O setor de Unidade de Pacientes Internados consistia em seis enfermarias, com oito

pacientes cada, e nove técnicos de enfermagem, que já trabalhavam naquela unidade com um

conhecimento específico, o qual não dominava o cuidado com paciente pediátrico e seus

familiares. Como liderar pessoas que além de conhecer toda a rotina do setor, tinham uma

expertise no cuidado pediátrico que eu não tinha? Não os conhecia e nem eles a mim.

Naquele momento, coube buscar recursos nas experiências anteriores, nos discursos

das equipes de enfermagem encontradas ao longo da formação profissional; e assim,

estabelecer como princípio aprender a escutar o outro e suas inquietações. Então, foi preciso

desenvolver habilidades de relacionamento para mostrar à equipe que formávamos um grupo

e que como era inexperiente precisava muito de sua ajuda.

Usando de franqueza, ponderando as possibilidades e limites acerca da minha

experiência e inexperiência no cuidar em pediátrica, foi pedida a colaboração de todos para

construir um ambiente de confiança e transparência, destacando a importância de um

ambiente de trabalho dialógico, harmonioso.

Deste modo, o início desta relação foi marcado pelo encontro de pessoas que

buscavam se conhecer em uma inter-subjetividade. Nesta relação dialógica EU-TU

estabeleceu-se uma relação de inclusão, confiança, respeito, apoio, vínculo e acolhimento.

Não imaginava que a passagem pelo plantão noturno seria uma espécie de “Projeto

Piloto”, visto os desafios que ainda viriam na jornada profissional.

No ano de 2003, houve o convite para coordenar a Unidade de Emergência pediátrica

deste hospital, permanecendo como gerente por oito anos. Foi possível aprender que muitas

das dificuldades de relações interpessoais no processo de trabalho são superadas quando o

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12 ambiente é respeitoso, valoriza as subjetividades, e permite espaço para troca e partilha de

saberes.

Ainda coordenando esta unidade, foi confiada também a coordenação da comissão de

ambiência, que tinha como objetivo resgatar a humanização no ambiente de trabalho através

de espaços físico acolhedores, que favorecessem um melhor fluxo no processo de trabalho,

visando a biossegurança tanto dos clientes internos (profissionais) e externos (crianças e

familiares).

Durante o processo de transformação da ambiência do setor de emergência

pediátrica, foi necessário ouvir além da equipe de enfermagem outros profissionais, a fim de

atender as necessidades de melhoria no processo de trabalho, de modo que também o cuidado

à criança e seus acompanhantes fossem humanizados.

E para surpresa, mais uma vez as relações no processo de trabalho ganharam

destaque. Algumas das reivindicações, em especial da equipe de enfermagem, eram de uma

estrutura predial que além de facilitar o fluxo de trabalho, favorecesse a comunicação entre as

equipes, espaços comuns de convivência.

Neste contexto, Lunardi et al (2007) em um estudo sobre a organização do trabalho

onde sentimentos de prazer estão associados, demonstrou a valorização do trabalho de

enfermagem, pautado no respeito mútuo, ambiente de trabalho harmonioso, compreensão e

um relacionamento cordial. Para esta autora, a impossibilidade de executar o que consideram

como correto e de manifestar movimentos de resistência explícita, cerceada pelo medo da

punição, geram sentimentos de sofrimento, associados à mágoa na avaliação do trabalho.

1.2 CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO

O ser humano possui subjetividade que comporta a afetividade, estando este

destinado ao amor, à entrega, amizade, inveja, ciúme, ambição; fechado sobre si mesmo ou

aberto pelas forças de inclusão, ou exclusão. Os sujeitos se auto-organizam em interação com

outros sujeitos (MORIN, 2012).

Morin (2012, p. 78) ainda destaca que:

O sujeito surge para o mundo integrando-se na intersubjetividade, no meio de existência sem o qual perece. Assim como o individuo não se dissolve na espécie nem na sociedade que estão nele como ele está nelas, o sujeito não pode dissolver-se na intersubjetividade, que lhe garante a plenitude. O eu do sujeito não passa de uma estação de transmissão num tecido de intersubjetividade.

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13 Todo individuo expressa na interação com seu semelhante o que ele é, o que faz, o

que pensa, o que sabe, o que deseja, o que gosta. Assim agindo, ele se coloca cada vez mais

como pessoa, como ser humano homo sapiens, sapiens demens (MORIN, 2012).

O cotidiano do trabalho influi na vida e nas emoções das pessoas. Haja vista que a

realização de um projeto de trabalho importante resulta em sentimentos positivos, o

trabalhador sente-se realizado e feliz.

Entende-se o trabalho de enfermagem como atividade realizada em equipe, que deve

priorizar a valorização do outro, além de ouvir suas necessidades e dificuldades no ambiente

de trabalho.

As relações no ambiente de trabalho têm um papel de destaque no processo do

cuidado com o cliente pediátrico. Ao cuidar da criança e sua família, a equipe de enfermagem

lida com seus afetos, com a compaixão e desenvolve a empatia pelo outro. Os aspectos

afetivos abrangem uma relação terapêutica com as crianças e com os familiares. Nesse

contexto, os pais percebem os cuidados de enfermagem personalizados como parte essencial

para o estabelecimento de uma relação positiva (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).

Agindo assim, segundo estas autoras, tanto a equipe de enfermagem quanto a família

se empoderam e mantêm uma comunicação aberta, e muitas das ações de enfermagem podem

servir às necessidades pessoais, como a de sentir-se querida e envolvida.

Assim, lidar com subjetividades dos membros desta equipe torna-se imperioso uma

vez que o prazer deve ser um dos motivos de trabalhar. Realizar o trabalho de modo

satisfatório resulta em sentir-se útil, produtivo, despertando sentimentos de valorização e

reconhecimento. O prazer no trabalho é vivenciado pelo sujeito quando este percebe que o

trabalho que desempenha é significativo e importante para a empresa e a sociedade

(FERREIRA; MENDES, 2001).

Respeitar as diferenças nas relações é tão significativo que o Ministério da Saúde, na

cartilha que fala sobre a rede de produção em saúde, aponta que:

Cada sujeito possui uma história singular que é marcada por trajetos únicos, compostos por perdas, conquistas e escolhas – profissionais, religiosas, políticas, etc. No entanto, essa singularidade está inserida no mundo. Estamos todos vivendo em extensas e complexas teias de relações sociais que se encontram em constante movimento. Isso nos faz estar, igualmente, em permanentes processos de redefinições, diante de novas escolhas e novas produções, individuais e coletivas. BRASIL (2009b, p. 23)

A partir destas considerações, entende-se a necessidade de se proporcionar um

ambiente de trabalho agradável, em que ambiente laboral e as relações humanas que ali se

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14 revelam tenham impacto nos resultados da qualidade do trabalho, e no caso deste estudo, do

trabalho em enfermagem no cuidado à criança hospitalizada.

RNAO (2006) corrobora a ideia quando diz que um ambiente de trabalho saudável é

um ambiente para a prática que maximiza a saúde e o bem-estar dos enfermeiros, que

proporciona resultados de qualidade para os pacientes e desempenho organizacional.

A preocupação com a qualidade dos locais de trabalho para o bom desenvolvimento

das atividades de enfermagem também é uma preocupação em nível internacional. O

Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN), em 2007, em um evento comemorativo do dia

do enfermeiro, escolheu tratar do assunto sobre Ambientes Favoráveis à Pratica mencionando

que, as condições de trabalho refletem na qualidade do cuidado prestado e que as

características dos ambientes de trabalho, assim como da identidade dos enfermeiro são

considerados aspectos chave à garantia desta assistência de qualidade aos clientes e familiares

(ICN, 2007).

Em 2007, em Portugal, o Fórum Nacional das Organizações Profissionais de

Enfermeiros (FNOPE), realizado em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiros

(ICN), abordou a questão do ambiente saudável visto a importância da temática abordada. Nas

discussões deste Fórum foi pontuado que além dos equipamentos e materiais adequados, as

necessidades dos profissionais para um ambiente de trabalho seguro, é necessário o

reconhecimento profissional e social da equipe de enfermagem, e que sejam recompensados

financeiramente pelo seu trabalho.

Neste contexto, Freitas (2007) relatou a dificuldade nas relações de trabalho entre

outros fatores que causam consequências na qualidade da assistência prestada:

A realidade não é favorável aos profissionais. O estatuto do enfermeiro é baixo, as relações de trabalho são difíceis, existem riscos variados para todos os profissionais de saúde e especificamente para os enfermeiros, as cargas laborais são pesadas, os horários de trabalho são, muitas vezes, prolongados. Do conjunto dos fatores enunciados resulta uma grande insatisfação profissional. Obviamente, a situação descrita vai influenciar a relação de trabalho entre os profissionais de saúde e a relação destes com os clientes, bem como tem consequências na qualidade dos cuidados de saúde prestados (Freitas 2007, p 11).

Corroborando esta autora, Oliveira e Paula (2010) apontam que longos períodos de

tensão profissional afetam as relações interpessoais e aumentam os conflitos, insatisfação

profissional, rotatividade e ineficiência no trabalho e ainda maior tempo de afastamento do

trabalho por doença.

Diante do exposto, este estudo definiu como objeto de estudo: as relações

interpessoais entre os profissionais de enfermagem em um hospital pediátrico.

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15 Assim, foram elaboradas as seguintes questões norteadoras desse estudo:

1. Qual é a percepção dos profissionais de enfermagem a respeito das relações interpessoais

no dia a dia de trabalho em um hospital pediátrico?

2. Quais são as possibilidades e limites das relações interpessoais no processo de cuidar da

criança hospitalizada?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

• Compreender como se estabelecem as relações interpessoais entre os profissionais de

enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família no contexto da

emergência pediátrica.

1.3.2 Objetivos específicos

• Descrever os elementos relacionais

• que configuram as relações interpessoais dos profissionais de enfermagem no trabalho

em pediatria, na perspectiva do profissional.

• Analisar as possibilidades e limites nas relações interpessoais dos profissionais de

enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família.

1.4 JUSTIFICATIVA

Ao pensar o que representa as relações interpessoais no trabalho de enfermagem foi

iniciada uma pesquisa bibliográfica a fim de buscar publicações, de livros e artigos recentes

sobre a temática, e que se aplicam na prática profissional empiricamente. Encontrou-se ampla

literatura, discutindo-se relações interpessoais no que tange ao relacionamento profissional

com o cliente.

Mesmo com a temática em ampla discussão, percebeu-se uma escassez de publicação

no que se refere ao relacionamento entre os profissionais de enfermagem, especificamente,

em pediatria.

Pensar o que representa as relações interpessoais no trabalho da equipe de

enfermagem no cuidado à criança hospitalizada implica pensar em habilidades sociais, por

entender que o cuidar em pediatria perpassa por diversas subjetividades, sendo assim o

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16 processo relacional entre os profissionais e entre o profissional de enfermagem com a criança

e o seu acompanhante, complexo e capaz de gerar questionamentos a respeito da melhor

prática de cuidado.

Diferente do cuidado ao paciente adulto, onde a interação ocorre principalmente

entre o profissional e o paciente, podendo se estender ao familiar durante as visitas, o cuidado

ao paciente pediátrico envolve uma relação contínua com a família, sempre presente na

internação.

Para que houvesse uma aproximação com o tema escolhido, foi realizada uma

revisão integrativa, cujo método de análise de pesquisa possibilita síntese do conhecimento,

uma vez que esta metodologia busca sumarizar estudos significativos em uma determinada

área do saber, permitindo apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com

a realização de novos estudos (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Como primeira etapa da revisão integrativa, definiu-se como questão norteadora:

qual o conhecimento produzido sobre relacionamento interpessoal entre os trabalhadores de

enfermagem?

Em seguida, na segunda etapa, se instituiu como critérios de inclusão: artigos

originais publicados no recorte temporal do ano de 2000 a 2015, nos idiomas português,

inglês e espanhol, que de alguma forma abordassem o relacionamento interpessoal entre os

trabalhadores de enfermagem. Estabeleceu-se como critérios de exclusão: estudos de reflexão,

relatos de experiência, artigos de revisão, monografias, dissertações, teses e estudos que

abordassem relações interpessoais dos trabalhadores de enfermagem com a clientela.

Os dados foram coletados de junho a setembro de 2015, foi realizada a busca nas

bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),

Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e

Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE); resultou em um total

de 164.287 estudos.

Os descritores utilizados foram: “Interpersonal relation”, “Relações interpessoais”,

“Relaciones interpersonales Nursing”, “Enfermagem”, “Enfermería”, “Ambiente de trabalho”,

“Working environment”, “Ambiente de trabajo”. Estes foram controlados e combinados

através dos operadores booleanos “AND” e “OR”; obteve-se o total de 245 estudos.

Na terceira etapa, para a seleção dos artigos, foram realizadas leituras de títulos e

resumos, de modo a confirmar se os estudos contemplavam a questão norteadora da pesquisa;

obteve-se 31 artigos.

Figura 1 – Fluxograma da seleção de artigos. Santos, 2016.

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17

Fonte: elaborada pela autora

A seguir, na quarta etapa, foi realizada a leitura, na íntegra, a fim de verificar se os

estudos atendiam aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, sendo selecionados 09

artigos. Elaborou-se, um quadro sinóptico (Quadro 1) que caracteriza os artigos analisados,

composto pelos seguintes itens: autores, título, periódico, ano de publicação, local de origem

da pesquisa, desenho e base de dados. A quinta etapa correspondeu, a análise e interpretação

de dados.

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Quadro 1- Características dos artigos analisados. Santos, 2016.

AUTORES TÍTULO PERIÓDICO ANO ORIGEM DESENHO BASE DE

DADOS

A1 - URBANETTO, J S e CAPELLA, BB

Processo de trabalho em enfermagem: gerenciamento das relações interpessoais

Rev. bras. enferm. 2004 Brasil Qualitativo Scielo

A2 - THOFEHRN, MB, LEOPARDI, MT

Teoria dos vínculos profissionais: um novo modo de gestão em enfermagem

Texto & contexto enferm.

2006 Brasil Qualitativo Lilacs

A3 - BAGGIO, MA

Relações humanas no ambiente de trabalho: o (des)cuidado de si do profissional de enfermagem

Rev. gaúch. enferm. 2007 Brasil Qualitativo Lilacs

A4 - CUNHA, PJ e ZAGONEL, IPS

As relações interpessoais nas ações de cuidar em ambiente tecnológico hospitalar

Acta paul. enferm.

2008 Brasil Qualitativo Scielo

A5 - WAGNER. LR, et al

Relações interpessoais no trabalho: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagem

Cogitare enferm. 2009 Brasil Qualitativo Scielo

A6 - BEHERI, WH

Diversity within nursing: effects on nurse-nurse interaction, job satisfaction, and turnover.

Nurs. adm. q. 2009 Arabia

Saudita Quantitativo Medline

A7 - WARSHAWSKY, N H, et al

The influence of interpersonal relationships on nurse manager’s work engagement and proactive work behavior

J Nurs Adm 2012 Estados Unidos

Quantitativo Medline

A8 - FERNADES, HN, et al

Relacionamento interpessoal no trabalho da equipe multiprofissional de uma unidade de saúde da família

Rev. pesqui. cuid.

fundam. 2015 Brasil Qualitativo Bdenf

A9 - MOORE.JP et al

Social interaction and colaboration among Oncology nurses

Nurs Res Pract 2015 Canadá Qualitativo Medline

Fonte: elaborada pela autora

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19 A caracterização dos estudos mostrou que a maioria, n = 6 (67,00 %), originou-se do

Brasil; n = 3 (33,00%) eram estrangeiros, de origem canadense, Estados Unidos e Arábia

Saudita. De acordo com o recorte temporal definido, somente a partir do ano de 2004

ocorreram publicações que atendiam a questão norteadora do estudo. Havendo concentração

nos anos de 2009 (A5 e A6) e 2015 (A8 e A9) que corresponde a 44,4%.

Sobressaíram-se os estudos de natureza qualitativa n =7 (A1-A5, A8, A9) (78%),

seguidos de quantitativos n = 2 (22%).

Dois estudos, A5 e A8, destacaram que a confiança, cooperação, comunicação,

espaço para reuniões, acolhimento e vínculo, são mediadores importantes para a manutenção

de uma boa relação interpessoal, no ambiente de trabalho de enfermagem.

Os mesmos autores destacaram ainda, que as relações interpessoais no ambiente de

trabalho são dificultadas pela falta de comprometimento dos membros da equipe, dificuldade

de entendimento das manifestações divergentes, assim como a falta de espaço para reuniões,

ocasionando ainda um distanciamento entre os colegas de trabalho. O autor A5, ainda

ressaltou a importância dos profissionais de enfermagem reconhecerem a relevância de lidar

com as relações, assim como conhecer também os processos de trabalho, com o intuito de

manter relações saudáveis, uma vez que estas interferem significativamente no cuidado

prestado ao cliente.

No estudo A4, as relações interpessoais com os colegas de trabalho baseadas na

cooperatividade, são fundamentais para a realização das tarefas do dia a dia, sendo um

facilitador para alcançar objetivos comuns estabelecidos no ambiente laboral.

Outro estudo, A2, que abordou a questão dos vínculos profissionais, destaca que o

movimento das relações grupais, oportuniza aos indivíduos um conjunto de experiências que

pode levá-lo ao maior conhecimento de si e dos outros, entendendo que processo de

integração grupal corresponde à formação de processo social, onde tarefas realizadas em

conjunto carecem de cooperação de cada membro do grupo, onde as subjetividades se

encontram e cada um contribui com suas aptidões para o trabalho coletivo.

Para o autor A3, a subjetividade nas relações interpessoais no ambiente de trabalho

depende de como cada sujeito dispensa o cuidado de si; uma vez que quando o indivíduo está

bem, tende a se relacionar melhor com o outro. Quando os profissionais relacionam-se de

forma ética, respeitosa, cooperativa, estão cuidando um dos outros.

Dois artigos, A2 e A9, corroboram com a importância de reuniões regulares no

ambiente de trabalho, pois entendem que além de favorecer a descoberta de criatividade

individual e coletiva, minimizam as dificuldades estabelecidas no grupo. As reuniões são

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20 facilitadoras para que os colegas de trabalho se conheçam, e auxiliam a construir

relacionamentos.

O estudo A9, realizado por enfermeiras norte-americanas, enfatizou que as interações

sociais para além dos assuntos de trabalho, contribuem positivamente para a colaboração no

trabalho, promovendo relações interpessoais positivas, comunicação eficaz e respeito mútuo.

Este mesmo estudo ainda diz que, a colaboração é considerada como uma

competência exigida a todos os enfermeiros, e é listado como um dos padrões de ambiente de

trabalho saudável. O trabalho colaborativo é importante para a satisfação do trabalhador na

realização das tarefas grupais da enfermagem, assim como para o tratamento do paciente. Os

sujeitos com bom relacionamento interpessoal são mais produtivos no trabalho, e a presença

das habilidades sociais é significativa no desenvolver das relações favorecendo o trabalho em

equipe.

O trabalho em equipe incide em uma modalidade de trabalho coletivo com que os

profissionais de saúde e de enfermagem comumente executam seu trabalho no cotidiano dos

serviços de saúde. O trabalho em enfermagem caracteriza-se pela impossibilidade de ser

realizado por um único profissional, ou seja, existe pela prática efetivada por um conjunto de

agentes, o que de um lado exige ações de coordenação e supervisão e de outro configura o

trabalho coletivo. Deste modo, existe uma divisão social e técnica do trabalho em

enfermagem, com diferenciação pela formação acadêmica distinguida e pela hierarquização

das funções (PEDUZZI; CIAMPONE, 2005).

Dois estudos, A9 e A1, apontaram que o enfermeiro gerente/líder tem papel

fundamental na manutenção das relações interpessoais sadias, buscando uma forma de

gerenciar que não seja autocrática e/ou permissiva, pois causam dificuldades nas relações

interpessoais grupais no local de trabalho; e que a formação acadêmica e profissional não

instrumentaliza o suficiente as enfermeiras para a gestão das relações interpessoais, pois acaba

sendo centrada no papel burocrático do gerenciamento.

O autor A1 diz que o enfermeiro quando assume seu papel para além do

gerenciamento de recursos matérias e estruturais, atentando também para o lado humano, isto

é, para as relações interpessoais, precisa buscar instrumentalizar-se no sentido de desenvolver

competências, habilidades relacionais necessárias para que ocupe o lugar de destaque e o

espaço ainda existente das subjetividades.

Para estes autores, desenvolver competências relacionais exige um grande

investimento do enfermeiro, pois implica na revisão de conceitos e práticas amplamente

utilizadas na área da saúde, ou seja, necessita quebrar o antigo paradigma do gerenciamento

centrado nos aspectos burocráticos do trabalho de enfermagem.

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21 Para Balsanelli e Cunha (2006) é fundamental que a equipe tenha alguém que se

preocupe não só com a coordenação do trabalho, mas também com quem realiza o cuidado. O

enfermeiro precisa estar apto a resolver conflitos, agir com ética e com igualdade com todos,

estabelecendo assim uma relação de confiança associada à motivação.

O estudo A6, sobre a diversidade cultural na equipe de enfermagem nos Estados

Unidos, apontou a importância da qualidade e da formação dos enfermeiros, mostrando que

enfermeiros com o nível de formação mais elevado tinham mais facilidade em estabelecer

relações de confiança, e valorizar as diferenças culturais.

Além das habilidades sociais desempenhadas pelo enfermeiro na interação com sua

equipe, a gestão geral de enfermagem também é responsável pelo bem-estar em todos os

níveis de trabalho. Para que isso ocorra, verifica-se a necessidade da valorização do

profissional enquanto ser composto de subjetividades.

A valorização da dimensão humana é a consideração para com os sentimentos

presentes nas relações de trabalho, exigindo de quem gerencia, além do autoconhecimento,

conhecimento do comportamento humano, presteza emocional no manejo das diferenças de

interesses e de projetos, e o real envolvimento com os membros da equipe, resgatando seus

valores, crenças, hábitos, costumes, potencialidades, necessidades e expectativas que

permeiam, e até determinam os relacionamentos (KURCGANT et al, 2005).

O estudo A7 pontuou que o engajamento está relacionado com o modo de gestão de

enfermagem. Assim, o comprometimento no trabalho sugere que as relações interpessoais são

de melhor qualidade.

Mediante o exposto, considerando o enfermeiro, o responsável pela gestão de

pessoas na equipe de enfermagem, é de suma importância que este profissional busque

ferramentas que possam ajudá-lo a estimular as potencialidades para habilidades sociais

existentes em cada individuo, melhorando assim a qualidade do local de trabalho.

Santos, Oliveira e Castro (2006) dizem que se a influencia do líder/gerente de

enfermagem for negativa pode levar os liderados a questionarem o poder exercido por ele

dentro da equipe. Assim, quanto mais a enfermeira estabelecer relações de poder

administrativo/burocrático com sua equipe, o seu poder/saber de enfermagem a ser

compartilhado será reduzido.

Ao analisar o conhecimento produzido sobre as relações interpessoais entre os

trabalhadores de enfermagem, constatou-se a necessidade do enfermeiro estar mais atento

para a gestão de pessoas com enfoque na humanização, a fim de estimular nas equipes

habilidades relacionais como: a solidariedade, a colaboração, o vinculo; assim quebrando o

paradigma, ainda estimulado nas universidades, com ênfase na área burocrática do

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22 gerenciamento, formando enfermeiros com dificuldades para gestão de pessoas. Ressalta-se

ainda, a necessidade de uma reflexão acadêmica quanto ao modo de ensinar gestão em

enfermagem.

As atuais preocupações com a formação dos profissionais de enfermagem colocam

os processos reflexivos na centralidade da formação do enfermeiro, haja vista, como se pode

observar nestes estudos, a importância do gerente de enfermagem para a manutenção das

relações de trabalho cooperativas e humanizadas.

Apesar das limitações advindas do baixo número de produções achadas, pois dos

nove estudos selecionados, apenas um abordava as relações interpessoais em ambiente

pediátrico, as evidências encontradas podem ser úteis às discussões sobre a temática relações

interpessoais entre os trabalhadores de enfermagem, bem como, o desenvolvimento de futuras

pesquisas que abordem o processo relacional no ambiente de trabalho com foco nas relações

de trabalho da equipe de enfermagem entre si, com outros membros da equipe

multiprofissional, e com a família.

Ressalta-se que, com o cliente pediátrico, além da criança e de seus familiares, a

equipe de enfermagem, em virtude da sua proximidade e atuação direta junto ao binômio

mãe-filho, também compartilha as angústias e reações da família e da criança (FACIO;

MATSUDA; HIGARASHI, 2013). Portanto, compreende-se que as relações interpessoais no

ambiente de trabalho pediátrico têm um papel de destaque no desenvolvimento do cuidado à

criança e sua família, por entender que a organização do trabalho na pediatria não está

relacionada apenas à atividade em si, mas também às relações que nascem de relações sociais

de produção do cuidado.

Mediante o exposto, justifica-se a elaboração desta dissertação, entendendo que o

estudo das relações interpessoais entre os profissionais de enfermagem, na área das Ciências

do Cuidado em Saúde e Enfermagem, pode contribuir para o ensino e a pesquisa em

enfermagem pediátrica propiciando reflexões criticas no modo de pensar/fazer o trabalho de

enfermagem e o cuidar da criança e sua família, assim como gestão de enfermagem com foco

nas relações humanas apontando para além das questões técnicas e burocráticas do trabalho

em enfermagem.

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23 2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

Com relação ao norte teórico-conceitual da pesquisa, adotou-se o paradigma da

complexidade de Edgar Morin (2011a), por considerar que ele possibilita olhar o fenômeno

das relações interpessoais a partir da noção de sujeito humano, sem a necessidade de rechaçar

as contradições, resistências, incertezas e desordens constituintes da inter-relação humana no

ambiente de trabalho.

O conceito de noção de sujeito segundo o pensamento complexo de Morin é

ressaltado neste trabalho, uma vez que o autor o entende como um ser ativo que interfere e

sofre as consequências da interação com o outro e com a sociedade.

Edgar Nahoun nasceu em Paris em julho de 1921, filho único de Vidal Nahoun e

Luna Bressi, adotou o sobrenome Morin, posteriormente. Sua formação teórica e acadêmica

dialoga com diversas áreas do conhecimento humano. Graduou-se em História, Geografia,

Direito; migrou para a Filosofia, Sociologia e Epistemologia, depois de ter participado da

resistência ao nazismo, na França ocupada, durante a Segunda Guerra Mundial (MORIN,

2011a).

Ele desenvolveu um estudo sociológico e antropológico sobre suas observações e

vivências no tempo da guerra, além de esboçar algumas bases importantes do seu pensamento

complexo, principalmente a dialógica vida-morte, esperança-desesperança, felicidade-tristeza,

etc., incorporando em sua formação o princípio da incerteza (PETRAGLIA; MORIN, 2010).

Edgar Morin apresenta o paradigma da complexidade como uma saída à

simplificação do pensamento. Ele critica conceitos clássicos sobre o mundo e o homem que

são estabelecidos como verdades simplificadoras. O pensamento complexo tenta, assim, dar

conta daquilo que os tipos de pensamento mutilante se desfez, e por isso propende pela

consideração de cada objeto de estudo como algo complexo. Somos seres físicos, biológicos,

sociais, culturais, psíquicos e espirituais, e a complexidade visando conectar saberes e não

fazendo dicotomia sujeito e objeto, aponta compreender a identidade e a diferença de todos

estes aspectos (MORIN, 2008).

O pensamento complexo vai além da formalização e da quantificação que domina a

ciência clássica. “A realidade antropossocial é multidimensional; ela contém, sempre, uma

dimensão individual, uma dimensão social e uma dimensão biológica (MORIN, 2010, p.

189)”.

Para avançar no incerto e no aleatório do pensamento complexo, é necessária a

existência de um método, que o autor também atribui à estratégia, da complexidade como

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24 sendo um momento para pensarmos nas singularidades e na junção de conceitos que lutam

entre si.

O método da complexidade pede para pensarmos nos conceitos, sem nunca dá-los por concluídos, para quebrarmos as esferas fechadas, para restabelecermos as articulações entre o que foi separado, para tentarmos compreender a multidimensionalidade, para pensarmos na singularidade com a localidade, com a temporalidade, para nunca esquecermos as totalidades integradoras. É a concentração na direção do saber total, e, ao mesmo tempo, é a consciência antagonista e, como disse Adorno, “a totalidade é não verdade”. A totalidade é, ao mesmo tempo, verdade e não verdade, e a complexidade é isso: a junção de conceitos que lutam entre si (MORIN, 2010, p. 192).

Morin, (2010), diz ser curioso que a identidade seja completamente ignorada pelos

programas de instrução. Podem-se perceber alguns aspectos do homem biológico na

Biologia, alguns aspectos psicológicos na Psicologia, mas a realidade humana é indecifrável.

Os seres humanos são indivíduos de uma sociedade e fazem parte de uma espécie.

O autor ainda diz:

Estamos em uma sociedade e a sociedade está em nós, pois desde o nosso nascimento a cultura se imprime em nós. Nós somos de uma espécie, mas ao mesmo tempo a espécie é em nós e depende de nós.(...). Portanto, o relacionamento entre indivíduo-sociedade-espécie é como a trindade divina, um dos termos gera o outro e um se encontra no outro (MORIN, 2000, p. 12).

A realidade humana é trinitária:

O ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos (MORIN, 2000, p. 15).

Nas idéias de identidade e de diversidade, nas obras de Morin, estão impressas sua

visão do ser humano. Este é concebido, por ele, biológica e culturalmente na perspectiva

dialógica indivíduo, sociedade e espécie. A identidade é resultante, também, do envolvimento

e reconhecimento do ser humano em seu grupo de convívio, como parte integrante da cultura

de seu tempo e de uma relação com e compreensão dos seus antepassados (RODRIGUES et

al, 2013).

O pensamento complexo de Morin subsidia a reflexão acerca das relações entre os

trabalhadores de enfermagem, tendo em vista que são sujeitos (indivíduos) implicados no

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25 mesmo espaço coletivo, reconhece que o sujeito humano está incluído no objeto; concebe

inseparavelmente as unidades e as diversidades humanas; reconhece todas as dimensões ou

aspectos atualmente separados da realidade humana, que são físicos, biológicos, sociais,

mitológicos, econômicos, sociológicos, históricos, entende homo não apenas como sapiens,

faber e economicus, mas também como demens, ludens e consumans.

2.1 A NOÇÃO DE SUJEITO NA PERSPECTIVA DA COMPLEXIDADE

A proposta de tratar a questão das relações humanas entre os trabalhadores de

enfermagem em pediatria, no cotidiano da assistência hospitalar, encaminha para a

compreensão do Ser Humano e suas dimensões biopsicossociais de forma integrada e não

compartimentada.

Para compreender as relações sociais dos indivíduos no ambiente de trabalho, faz-se

necessário entender o Ser humano enquanto sujeito.

Abordando a subjetividade sob a luz do pensamento complexo, define-se sujeito

como:

Ser sujeito supõe um indivíduo, mas a noção de indivíduo só ganha sentido ao comportar a noção de sujeito, e que trata-se de uma lógica de auto afirmação do indivíduo vivo, pela ocupação do centro do seu mundo, correspondendo literalmente à noção de egocentrismo. A ocupação do site egocêntrico comporta o princípio de exclusão e o de inclusão (MORIN, 2012, p. 74).

O autor apresenta o principio da exclusão, que inseparável do de inclusão, possibilita

integrar na subjetividade outros diferentes sujeitos. É essa indissociação entre exclusão e

inclusão, que permite ao sujeito oscilar entre o egocentrismo absoluto, ou seja, o predomínio

do principio de exclusão, e a abnegação, o sacrifício pessoal, que se refere ao principio de

inclusão. Esta dialética existente, entre o sujeito egocêntrico e o sujeito capaz de se abnegar

em função do outro, não pode ser excluída na concepção dos processos de relação, solicitando

o conhecimento sobre esses diferentes sujeitos que atuam neste ambiente.

A noção de sujeito para Morin (2003) é próxima de um modelo voltado para os

aspectos relacionais e complexos por considerar a interferência, autonomia, particularidades e

subjetividades do sujeito, que passa a ser visto como um ser ativo que interfere e sofre as

consequências da interação com o outro e com a sociedade.

Assim de acordo com Morin (2012, p. 76) “o sujeito por apego intersubjetivo, pode

por amor dedicar-se a outro em uma relação”. Para o autor, o outro significa o semelhante e o

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26 dessemelhante. Semelhante pelos traços humanos ou culturais comuns, dessemelhantes pela

singularidade individual ou pelas diferenças.

2.2 AS RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

As relações de trabalho estão relacionadas com a história do ser humano. São

relações que ocorrem a partir da vida em sociedade e das interações de trabalho nas

instituições e sofrem influência de acordo com a organização do trabalho (MATOS, 2002).

A organização do trabalho não está apenas relacionada à atividade em si, mas

também às relações que nascem de relações sociais de produção do cuidado, as quais

constituem a interação entre os diferentes sujeitos, que muitas vezes ocupam posições

complementares e similares; visíveis, por exemplo, nas relações que ocorrem entre

trabalhadores que estão em posições hierárquicas e complementares tais como, na equipe de

enfermagem (PIRES; GELBCKE; MATOS, 2004).

Estes mesmos autores ainda discorrem que as relações que se estabelecem no

interior das instituições de saúde, e que fazem parte da organização do trabalho, sofrem

influência de variáveis internas do próprio ambiente institucional, bem como de variáveis

externas, da própria sociedade. A organização do trabalho tem, portanto, um papel de

destaque na vida do profissional, tanto pelo modo como o próprio trabalho é realizado quanto

pelas inter-relações estabelecidas, ou seja, a organização do trabalho aparece como uma

relação intersubjetiva e uma relação social. Deste modo, não se pode pensar na organização

do trabalho só de forma técnica, da forma como o trabalho é desenvolvido. Ele é técnico, mas

passa, também, por uma integração humana, que a modifica e lhe dá forma concreta (PIRES;

GELBCKE; MATOS, 2004).

O trabalho é a forma como o homem interage e transforma o ambiente garantindo

sua subsistência e mantendo relações interpessoais entre sujeitos com objetivos diferentes,

contrastando com o propósito coletivo da instituição. É por meio do trabalho que o sujeito tem

oportunidade de interagir, ter suporte social, encontrar propósito que valha a pena dedicar-se,

despender tempo, encontrar desafios, obter renda e construir sua identidade (ZANELLI;

SILVA; SOARES, 2010).

Trabalhar é uma das formas mais importantes de socialização do ser humano, é fonte

de prazer e realização. O trabalho constitui um fenômeno psicossocial fundamental à

existência humana, sobretudo nas organizações. Esta condição se explica pelo fato de que, por

meio de esforços físicos e psíquicos, mediamos nossas relações com as pessoas com as quais

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27 nos relacionamos. Deste modo, o trabalho se caracteriza como uma categoria central da vida

humana (SILVA; TOLFO, 2012).

Assim, a participação em organizações é muito importante na vida das pessoas,

porque conduz ao envolvimento com outras pessoas em grupos. Nestes grupos, os indivíduos

procuram manter sua identidade e seu bem-estar psicológicos, e, para que se estabeleça um

processo de interação entre pessoas e organização, deve-se considerar as pessoas como seres

humanos dotados de personalidade própria, com uma história particular e diferenciada,

possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades para a adequada gestão dos recursos

organizacionais (CHIAVENATO, 2014).

O mesmo autor ainda destaque que:

(...) Muitas vezes usam seus relacionamentos com outras pessoas para obter informação sobre si mesma e sobre o ambiente em que vivem. Os dados obtidos constituem uma ‘realidade social’ para o grupo e para os indivíduos que nela se baseiam para testar e comparar suas próprias capacidades, ideias e concepções, no sentido de aumentar sua autocompreensão (CHIAVENATO, 2014, p. 109).

As pessoas trabalham e se esforçam para poder conviver com seus pares em grupos

sociais. Assim sendo, o homem, um ser gregário, valoriza as recompensas sociais como forma

básica de motivação humana para satisfazer as necessidades sociais e de estima das pessoas

(CHIAVENATO, 2014).

A vida em grupo oportuniza um universo de experiência para o desenvolvimento e

crescimento das pessoas a partir das descobertas de si mesmas e dos outros; e é a partir da

vivencia grupal que há a possibilidade de conquistar um ambiente favorável para o

desenvolvimento das habilidades que promovem as ações transformadoras no trabalho

mediante a construção da interação com o outro, facilitando o crescimento e aprimoramento

das relações humanas (CHIAVENATO, 2015).

As organizações, de acordo com Baldissera (2012), tornam-se um importante lugar

para que os sujeitos, mediante seu trabalho, consigam desenvolver suas habilidades e

competências e, dessa forma, sentirem-se social e culturalmente pertencentes ao sistema.

O reconhecimento do trabalho mediante elogios (particularmente os públicos), a avaliação positiva realizada por lideranças e colegas de trabalho sobre ideias apresentadas, o sentimento de pertença, o atingimento de metas, o simbólico associado à organização (a organização ser publicamente reconhecida como referencia), o respeito às subjetividades e às diferenças, e a possibilidades de os sujeitos continuarem a se desenvolver (ampliar seus conhecimentos), dentre outras coisas, são fontes de prazer para os sujeitos que laboram nas organizações (BALDISSERA, 2012, p. 6-7).

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28

A dimensão relacional no âmbito organizacional considera igualmente, os diferentes

sujeitos com os quais a organização interage, que constituem o outro da relação, inseridos em

um contexto social específico, com subjetividades, expectativas, interesses e discursos que lhe

são próprios (OLIVEIRA; PAULA, 2010).

Todo encontro social implica no encontro entre subjetividades. Esta relação

intersubjetiva terá sua qualidade a partir do respeito das peculiaridades de cada individuo,

com suas aspirações, desejos, realizações e frustrações. Deste modo o sujeito ao ingressar em

um novo grupo, poderá sentir-se acolhido, uma vez que o acolhimento é um importante

instrumento relacional a se considerar nas relações humanas com destaque no ambiente de

trabalho.

O acolhimento, nas relações interpessoais, pode ser uma estratégia de mudança do

processo de trabalho em saúde, que busca alterar as relações entre os trabalhadores,

humanizar a atenção, estabelecer vínculo e responsabilização das equipes, aumentar a

capacidade de escuta às demandas apresentadas, resgatar o conhecimento técnico da equipe de

saúde, ampliando a sua intervenção (MALTA, 2001).

Brasil (2009a) reforça essa ideia quando ressalta que, conceber a realidade implica

em observar os acontecimentos, focalizando as suas interligações e os efeitos que produzem

cada ligação, implicando em refletir sobre o papel de cada um dos atores, dentro do sistema

de relações.

Entretanto é importante destacar que acolher não denota resolver inteiramente os

problemas, mas está conexo à atenção dispensada na relação estabelecida a qual envolve a

escuta, a valorização das queixas e definição de necessidades, sendo estas individuais ou

coletivas (PEREIRA, 2006).

Neste contexto, compreendendo o trabalho de enfermagem como uma atividade

realizada em equipe, é importante que esteja presente nestas relações interpessoais, a

valorização do outro, ouvindo suas necessidades e dificuldades no ambiente de trabalho,

reconhecendo o valor de cada sujeito como parte da equipe, fazendo-o sentir-se, como ser

humano único, que está sendo compreendido enquanto profissional e individuo em suas

singularidades.

2.3 HABILIDADES SOCIAIS

As habilidades sociais são comportamentos que expressam sentimentos, atitudes,

opiniões de uma forma adequada e eficaz para com o contexto, respeitando o comportamento

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29 das outras pessoas e resolvendo problemas, diminuindo a probabilidade do surgimento de

dificuldades futuras (CERUTTI; WAGNER, 2014).

Habilidades sociais são consideradas como uma classe de respostas aprendidas e

envolvem interações sociais, abrangem relações interpessoais e as habilidades de

comunicação, de resolução de problemas, de cooperação e de desempenhos interpessoais nas

atividades profissionais. Compõe o repertório comportamental que possibilita agir e lidar de

modo adequado nas mais diversas situações relacionais (DEL PRETTE; DEL PRETTE

2014a).

Para Pureza et al (2012),as habilidades sociais englobam diversos comportamentos

necessários para uma relação interpessoal bem-sucedida, como comportamentos de iniciar e

finalizar conversas; pedir ajuda; fazer perguntas e pedidos; defender-se; expressar agrado e

desagrado; pedir mudança no comportamento do outro; lidar com críticas e elogios, dentre

outros. Estas habilidades são expressas em comportamentos necessários a uma relação

interpessoal bem-sucedida, conforme características de cada cultura.

Bandeira et al (2006) destacam que os profissionais de saúde requerem habilidades

que estão estreitamente mediadas pelas interações sociais e que foram denominadas de

habilidades sociais profissionais, na literatura da área. Foram definidas, por estes autores,

como aquelas habilidades que atendem às diferentes demandas interpessoais do ambiente de

trabalho, objetivando o cumprimento de metas, a preservação do bem-estar da equipe e o

respeito aos direitos de cada um.

No trabalho de enfermagem a interação entre os membros da equipe é inevitável,

assim, dependendo de como as interações entre as pessoas aconteçam, o ambiente laboral

pode ser satisfatório ou tornar-se hostil. De tal modo, um grupo torna-se equipe quando

estabelecem objetivos e metas comuns, quando o processo de comunicação flui entre todos os

membros possibilitando o desenvolvimento das ações (DEL PRETTE; DEL PRETTE,

2014b).

Os mesmos autores ainda ponderam:

[...] habilidades sociais referem-se à existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do individuo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais e conjecturar que um sujeito socialmente competente sempre alcança seus escopos nas interações com os outros pares é um equivoco (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2014b, p. 15).

Sabe-se que as potencialidades são forças existenciais humanas e que podem ser

estimuladas com o uso de ferramentas. As interações sociais podem ter objetivos variados

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30 como transmitir ou obter informações, solicitar mudança de comportamento, estado

emocional, atitudes ou crenças do outro, assim como também pode ser um mecanismo para

manter conversação trivial em um grupo e até mesmo supervisionar atividades (DEL

PRETTE; DEL PRETTE, 2014b).

As interações interpessoais podem ser caracterizadas conforme sua capacidade de

produzir os efeitos pessoais e sociais, ou seja, nos termos da satisfação das necessidades

individuais (TAVARES; COUTO; SILVA, 2012).

Nas interações interpessoais as relações são construídas entre pessoas em um espaço

de tempo onde permeia uma história e um contexto de vida. Nessas relações, padrões culturais

são reforçados e construídos, pelo fato do homem ser incompleto. Assim, ao longo da sua

vida, vai se completando através das interações que sedimenta ao longo dos tempos, e que se

chama cultura (SOUZA; OLIVEIRA, 2010).

É possível pensar que nas interações todos os envolvidos modificam e são

modificados, revelando que as relações não são de natureza unidirecional, uma vez que elas se

contemplam as noções de produto e produtor (MORIN, 2010). Este autor, ainda ressalta que

uma sociedade é produzida pelas interações entre indivíduos e essas interações produzem um

todo organizador que retroage sobre indivíduos para coproduzi-los enquanto indivíduos

humanos, o que eles não seriam se não dispusessem da instrução, da linguagem e da cultura.

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31 3 PERCURSO METODOLÓGICO

3.1 TIPO DE ESTUDO

Foi realizada uma pesquisa do tipo exploratória com abordagem qualitativa

descritiva, uma vez que o universo deste tipo de pesquisa “é a produção humana que pode ser

resumido no mundo das relações, das representações e das intencionalidades” (MINAYO,

2014, p. 21).

Para Minayo (2014, p. 21), as pesquisas qualitativas trabalham com realidades que

não são quantificáveis, ou seja:

Abordam o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes, uma vez que o ser humano se diferencia não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por decodificar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus pares.

As pesquisas descritivas objetivam a descrição das características de determinada

população ou fenômeno, ou então o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 2008).

Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em

torno de um determinado problema, consistindo na aproximação de um tema, possibilitando a

familiarização com o fenômeno (GIL, 2008).

Deste modo, neste estudo, descreve-se e analisa-se como ocorrem as relações

interpessoais dos profissionais de enfermagem para o desenvolvimento do cuidado à criança e

sua família, no contexto da emergência pediátrica.

3.2 O CAMPO DE INVESTIGAÇÃO

O cenário da realização deste estudo foi um hospital universitário federal pediátrico,

situado no estado do Rio de Janeiro, tendo como publico alvo os profissionais de enfermagem

que atuam na emergência.

Optou-se por este campo de investigação pela especificidade do setor, visto que o as

relações humanas interpessoais, especificamente para a enfermagem, em unidades de urgência

e emergência geram envolvimento emocional diante da atividade de trabalho e do convívio

com situações de dor e morte,podendo ou não desencadear sofrimento, uma vez que as

exigências, para a equipe que atua nestas unidades, centram-se nas habilidades manual e

intelectual, somadas à rapidez diante da pressão para o desempenho das tarefas. O espaço de

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32 urgência e emergência é determinado pela grande demanda de pacientes com risco elevado de

morte, ocorrências imprevisíveis, longas horas de trabalho, cobrança na agilidade, cobrança

dos familiares e um pequeno tempo para se prestar uma excelente assistência (FREITAS et al,

2015).

Neste contexto de trabalho, as interações humanas na emergência pediátrica são mais

intensas tanto pela necessidade de diálogo constante entre os membros da equipe de saúde,

como pela necessidade da proximidade desta equipe junto da criança e sua família com vistas

a manter vigília constante (SILVA; SANTOS; BRASILEIRO, 2013).

3.2.1 Conhecendo o campo de investigação: um breve histórico do hospital

O Instituto Nacional de Puericultura foi criado em 13 de janeiro de 1937, pela Lei nº

378, que teve por finalidade reorganizar o Ministério da Educação e Saúde. Em dezembro de

1937 foi incorporado à Universidade do Brasil, com a designação Instituto de Puericultura,

pelo Decreto-lei nº 98.

Em outubro de 1941, torna-se Instituto Nacional de Puericultura, incorporando-se ao

Departamento Nacional da Criança, pelo Decreto-lei nº 3.775.

No ano de 1942, houve a transferência de seu pessoal, material e dotações

orçamentárias para a cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância da Faculdade

Nacional de Medicina, retornando à Universidade do Brasil pelo Decreto-lei nº 8.774 em

janeiro de 1946 (ROCHA, 1957).

Em julho de 1949, foi iniciada a construção do novo prédio do Instituto de

Puericultura da Universidade do Brasil, que foi inaugurado em 1952, na Ilha do Fundão, pelo

Prof. Joaquim Martagão Gesteira, que era o diretor e primeiro catedrático da cadeira de

Puericultura e Clínica da Primeira Infância, da Faculdade Nacional de Medicina.

O Instituto era organizado por quatro divisões, com as respectivas subdivisões:

I - Divisão Administrativa – contadoria seccional, serviço de documentação e estatística,

serviço de pessoal, serviço de transporte e comunicação, zeladoria, almoxarifado e

rouparia e lavanderia;

II - Divisão Assistencial – Subdivisão de Puericultura compreendia ambulatório de

puericultura, pupileira, abrigo maternal e banco de leite; Subdivisão de Pediatria,

compreendia ambulatórios e serviços de hospitalização; e ainda os serviços de arquivo

médico, de alimentação, de diagnóstico e tratamento, social, de enfermagem, de

residentes e internos;

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33 III - Divisão de Pesquisas – setor de bioquímica, setor de bacteriologia, setor de anatomia

patológica, setor de pesquisas biométricas, setor de pesquisas alimentares e setor de

bioestatística.

IV - Divisão de Ensino – setor de cursos, setor centro de estudos, setor de material

pedagógico e setor de publicações (LEAL, 2000).

Considerando que as disciplinas de Puericultura e Pediatria eram inseparáveis, foi

proposto, na Congregação da Faculdade de Medicina e no Conselho Universitário, que o

Instituto passasse a ser chamado Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira -

IPPMG (ROCHA, 1957).

O regimento interno do IPPMG foi aprovado em 1955 e modificado nos dois anos

posteriores, que definiu na ocasião como finalidade do instituto: realizar estudos e

investigações sobre todos os problemas biológicos e sociais da criança brasileira,

particularmente o seu crescimento, desenvolvimento físico e mental; realizar o ensino da

Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância da Faculdade Nacional de Medicina;

realizar cursos especializados de Clínica Pediátrica e Puericultura; ministrar noções essenciais

de Puericultura individual e social a enfermeiras, assistentes sociais, mães e futuras mães; e

manter um Centro de Estudos destinado à apresentação de casos clínicos e trabalhos

científicos, franqueado a profissionais nacionais, ou estrangeiros, que dele poderiam

participar, apresentando trabalhos, ou realizando conferências, quando para isto eram

convidados (ROCHA,1957).

O Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), quando fundado,

atendia diariamente 100 crianças, e oferecia atendimento de puericultura, internação em

enfermarias que tinham capacidade para 107 leitos, subdivididos nas enfermarias de doenças

infectocontagiosas, de lactentes e meninos na 2ª infância. O Centro de Prematuros atendia 16

crianças, e em atendimento ambulatorial atendiam crianças com doenças contagiosas,

oftalmologia, otorrinolaringologia, neurologia, psiquiatria, cardiologia, dermatologia e clínica

dentária (LEAL,2000).

Nos dias atuais o perfil do hospital mudou. Não se faz mais puericultura, e tem um

serviço materno-infantil onde atende gestantes portadoras do vírus HIV. Nos ambulatórios,

além de atender pediatria geral, atende também 33 especialidades médicas além de consultas

de psicologia, nutrição e de enfermagem.

O hospital tem um centro cirúrgico; enfermaria de pacientes com 48 leitos, sendo

uma enfermaria somente para os pacientes com doenças hematológicas; unidade de terapia

intensiva com 7 leitos pediátricos e 3 leitos neonatal; e a unidade de emergência.

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34 O cuidado ao cliente pediátrico é específico e especializado, e a equipe de

enfermagem é a categoria profissional que cuida integralmente das crianças hospitalizadas.

O Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), é um hospital

vinculado a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e teve o seu perfil de atendimento

à criança doente completamente modificado a partir do surgimento do Serviço de Emergência

Pediátrica, em dezembro de 1986, representando um marco para a instituição, uma vez que

passou a manter ativos durante as 24 horas do dia vários setores diretamente relacionados à

assistência (BEVILACQUA; MORAES; FERNANDES, 2000).

O serviço de emergência do IPPMG apresenta características que são diferenciadas

das outras unidades pediátricas, visto que “tornou-se progressivamente referencia para o

atendimento de demanda espontânea externa e também dos pacientes acompanhados pelos

ambulatórios de especialidades do próprio Instituto com os mais diversos níveis de

complexidade” (BEVILACQUA, MORAES; FERNANDES, 2000).

Atualmente, o quadro de funcionários de enfermagem deste setor é composto por 8

(oito) enfermeiros e 35 (trinta e cinco) técnicos de enfermagem, distribuídos da seguinte

forma: 1(um) enfermeiro coordenador, 1(um) enfermeiro diarista e o restante divididos em

turnos diurnos e noturnos de plantão de 12 horas. O serviço possui 6 (seis) equipes,

compostas por 1 (um) enfermeiro e 5 (cinco) técnicos de enfermagem cada, sendo distribuídas

3 (três) equipes para o serviço diurno e outras 3 (três) para o noturno.

O serviço de emergência, atualmente é administrado por uma coordenação conjunta

de 1 (um) enfermeiro e 1 (um) médico. A equipe multiprofissional é composta por equipe

médica, de enfermagem e nutricionista. Pela característica de estar dentro de um hospital

escola, também passam por lá acadêmicos de medicina e de enfermagem, assim como

residentes médicos, profissionais de farmácia, nutrição, fisioterapia e enfermagem em

treinamento, em serviço, nos moldes de residência multiprofissional.

A unidade atende crianças na faixa etária de 28 dias de nascidos até 11 anos, 11

meses e 29 dias, isto é, 12 anos incompletos.

O setor é dividido em área interna, que tem capacidade para atender 12 pacientes

pediátricos internados e seus acompanhantes, dividido em 2 (duas) enfermarias de curta

permanecia (ECP 1 e 2 ), e área de atendimento externo, o qual possui 6 boxes de atendimento

médico, 1 consultório para avaliação por classificação de risco (no momento desativada), 1

sala para preparo de medicação e nebulização, e 1 sala vermelha. A sala vermelha é preparada

para atender crianças que chegam à unidade em risco imediato de vida.

Atualmente, a unidade funciona atendendo as crianças encaminhadas pelo Sistema de

Regulação de Vagas do Rio de Janeiro (SISREG), crianças que já são clientes do hospital e

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35 tratam em alguma especialidade médica ou pediatria geral, que são encaminhadas pelo

próprio médico durante algum atendimento ambulatorial, ou os clientes que entram via

Central de Acolhimento. A Central de Acolhimento atende as crianças de demanda livre que

buscam atendimento no hospital no horário de 7:00 às 17:00 horas. Estas, passam por

avaliação de um enfermeiro que realiza o atendimento seguindo os critérios de classificação

de risco.

A classificação de risco é uma ferramenta da Política Nacional de Humanização

(PNH) que visa atender a todos os pacientes, organizando o atendimento não por ordem de

chegada, mas por níveis de gravidade (BRASIL, 2009a). Cada paciente, após avaliação do

enfermeiro, recebe um cartão com cor (vermelho, amarelo, laranja, azul ou verde)

classificatória que indica o tempo máximo em que pode aguardar atendimento, onde:

VERMELHO - prioridade 0: indica atendimento imediato,

LARANJA - prioridade 1: atendimento em até 20 minutos

AMARELO - prioridade 2: atendimento em até 60 minutos

VERDE - atendimento ambulatorial: atendimento no mesmo dia

AZUL - agendamento ambulatorial: atendimento em 24 a 48 horas.

No que diz respeito à área administrativa, a emergência possui 1 (uma) secretaria

geral e sala da equipe médica e 1 (uma) sala da coordenação de enfermagem. Esta unidade

ainda possui 1 (uma) copa, 1 (um) banheiro e 1(um) quarto para repouso da equipe de

enfermagem do serviço noturno. A equipe médica realiza o repouso no quarto fora da

unidade, porém próximo.

3.3 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Os participantes deste estudo foram 6 enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem, que

trabalham em turnos diurnos ou noturnos.

Os critérios de inclusão foram: fazer parte do quadro efetivo da instituição e estar na

equipe há pelo menos 6 meses. E como critério de exclusão, foram eliminados aqueles

profissionais que estavam de férias ou licença médica no período da coleta de dados.

É importante ressaltar que a pesquisa qualitativa permite não definir previamente um

número de amostragem, visto que se pretende valorizar a informação, o sentido, e se estes

apresentarem saturação em determinadas nuances, a coleta de pode ser encerrada (FLICK,

2009).

3.4 CRITÉRIOS PARA O ENCERRAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO

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36

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a amostragem deu-se por saturação. Desse

modo, o número de participantes foi definido durante o processo de transcrição e análise dos

dados, ou seja, enquanto surgiram dados que podiam levar a novas perspectivas, as entrevistas

continuaram.

Amostragem por saturação é uma ferramenta conceitual frequentemente empregada

nos relatórios de investigações qualitativas. É usada para estabelecer ou fechar o tamanho

final de uma amostra em estudo. Sugere a suspensão de inclusão de novos participantes

quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância

ou repetição (FONTANELLA et al, 2011).

Segundo estas autoras, nesta etapa, as informações fornecidas pelos novos

participantes da pesquisa pouco acrescentariam ao material já obtido, não mais contribuindo

significativamente para o aperfeiçoamento da reflexão teórica fundamentada nos dados que

estão sendo coletados.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de

Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (UFRJ), processo de número

42625815.9.0000.5264, obedecendo às exigências previstas de acordo com a Lei nº 466/12,

que define as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos

(ANEXO 9.1).

No momento da entrevista a pesquisadora apresentou-se a cada profissional de

enfermagem, esclareceu os objetivos da pesquisa e o convidou para participar do estudo,

sendo-lhe garantido anonimato e sigilo no tratamento dos dados. Se consentida a participação,

está só ocorreu após a assinatura do TCLE.

3.6 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, com roteiro-guia,

que visou abordar a percepção dos trabalhadores de enfermagem sobre o relacionamento

interpessoal no processo de trabalho cotidiano; e foi testado previamente para possíveis

ajustes no intuito de melhorar a compreensão e clareza das questões. Assim, foram realizadas

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37 4 entrevistas piloto com residentes de enfermagem, o que permitiu ajustes no instrumento de

coleta de dados.

As entrevistas foram gravadas com a utilização de um aparelho de mp4, com a

devida autorização prévia dos entrevistados e posteriormente foram transcritas para que

nenhuma informação passasse despercebida. Os participantes foram identificados segundo sua

categoria profissional, seguido da numeração conforme a ordem das entrevistas, para os

enfermeiros E1 e para técnicos de enfermagem TE1, e assim, sucessivamente.

Os participantes foram informados e esclarecidos quanto a temática bem como os

objetivos do estudo, tendo a liberdade de sair do estudo a qualquer momento. Todos

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE 8.1).

A entrevista semiestruturada possibilita discorrer de forma mais ampla e aprofundada

sobre o tema abordado, sem se prender a questionamentos estanques, busca-se a compreensão

do objeto de estudo a partir dos depoimentos coletados (MINAYO, 2014).

A entrevista pode ser definida como um processo de interação social entre dois ou

mais interlocutores, mediada por um entrevistador na qual uma delas, o entrevistador, tem o

objetivo de obter informações. É uma conversa com finalidade e se caracteriza pela sua forma

de organização (HAGUETTE, 2013; MINAYO, 2014).

Neste estudo, a efetivação das entrevistas pautou-se em um roteiro-guia que

contemplava as seguintes questões: sexo, idade, religião, cargo na instituição, formação

complementar, especialização, tempo que trabalha no hospital, tempo que atua na unidade de

emergência. Nas questões abertas, os participantes foram estimulados a discorrem sobre:

como acontecem suas relações de trabalho; o que contribui e o que dificultam nas relações

para a realização do trabalho; como o entrevistado se percebia nas relações com os pacientes e

seus familiares; como a forma de se relacionar interfere na produção do cuidado; como o

entrevistado se percebe nas relações com os colegas do trabalho e com as realização das

atividades do trabalho e o que poderia melhorar nas relações no ambiente de trabalho

(APÊNDICE 8.2).

Todas as entrevistas aconteceram em horário formal de trabalho, num ambiente

reservado, em que a pesquisadora elegia como ideal juntamente com o entrevistado, a fim de

que ele se sentisse a vontade para falar. Para o adequado andamento da entrevista e respeito

para com as crianças e familiares atendidas na unidade de estudo, o profissional de

enfermagem poderia interromper a entrevista dependendo da necessidade e retomá-la em

outro momento que fosse mais adequado, sem causar prejuízos nem para a pesquisa nem para

a assistência das crianças e familiares da unidade.

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38 As gravações foram transcritas na íntegra pela própria pesquisadora. Após a

transcrição, os dados foram trabalhados e editados, excluíram-se vícios de linguagem,

palavras repetidas e erros gramaticais, para auxiliar a compreensão do sentido da entrevista do

depoente.

3.7 ANÁLISE DOS DADOS

Para tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, mais especificamente a

análise temática.

A análise de conteúdo busca a interpretação de formas de comunicações através de

um conjunto de técnicas de investigação, ao descrever de forma objetiva ou sistemática o

conteúdo dessas comunicações. Aborda técnicas de pesquisa que possibilitam replicar e

validar inferências sobre dados de um determinado contexto, por meios de procedimentos

específicos (BARDIN, 2009; MINAYO, 2014).

Existem várias modalidades de análise de conteúdo dentre as quais a análise

temática, que consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõe a comunicação e cuja

presença ou frequência de aparição pode significar algo para o objeto analítico do estudo. O

tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto, podendo ser

recortado em ideias e em proposições portadores de significações isolados (MINAYO, 2014).

A autora ainda pondera que o tema é uma unidade de significação complexa de

cumprimento variável. A sua validade não é de ordem linguística, mas de ordem psicológica:

podendo se apresentar tanto como uma afirmação ou como uma alusão.

De acordo com Minayo (2014), a técnica da análise temática desvela-se em três

etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos dados obtidos e sua

interpretação.

A primeira etapa da análise temática, pré-análise, versou na eleição dos documentos

a serem analisados e na retomada das hipóteses e dos objetivos iniciais da pesquisa. A pré-

análise consistiu em três fases: leitura flutuante, constituição do corpus e formulação das

hipóteses e dos objetivos.

I - Leitura flutuante: consiste em contato exaustivo com o material coletado, permitindo-se

impregnar pelo conteúdo.

II - Constituição do corpus: refere-se ao material que será submetido à análise. É a fase de

organização do material.

III - Formulação e reformulação de hipótese e objetivos: retomada da fase exploratória para

que se tenha oportunidade de reformulação das hipóteses. É também nesta fase pré-

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39

analítica que se definem a unidade de registro (palavras chave ou frases) que concebem o

sentido do discurso; e a unidade de contexto, isto é, a delimitação do contexto de

compreensão, os recortes, a forma de categorização, a modalidade de codificação e os

conceitos teóricos mais gerais que orientam a análise.

Na segunda etapa, busca-se alcançar a essência do texto examinado. Para o feito, o

pesquisador examina o material adquirido e realiza a categorização, ou seja, encontrar

expressões ou palavras significativas às quais o conteúdo encontrado dos depoimentos será

organizado (MINAYO, 2014).

A terceira etapa é a fase a qual se realiza o tratamento e interpretação dos resultados,

ou seja, os resultados brutos são tratados de modo a serem válidos e significativos (MINAYO,

2014). É neste momento que o pesquisador interpreta os dados através de seu quadro teórico e

expressa suas conclusões.

Para a operacionalização do processo de análise, após a transcrição das entrevistas,

iniciou-se a leitura exaustiva do material para sua exploração. Posteriormente, foi realizada a

classificação das falas através do método colorimétrico, onde falas com o mesmo sentido

foram coloridas com a mesma cor. Após essa etapa fez-se a agregação dos dados, que gerou

subtemas. Os subtemas de sentido relacionados foram agregados em uma única unidade

temática. De forma que surgiram duas categorias, sendo a primeira categoria: relações

humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua implicação na produção de cuidado

da criança, e a segunda: o profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família,

no contexto hospitalar durante a produção do cuidado. A segunda categoria originou duas

subcategorias: as possibilidades nas relações humanas interpessoais dos profissionais de

enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado, e os limites nas

relações humanas interpessoais no desenvolvimento do cuidado à criança e sua família.

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40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Foram entrevistados 6 enfermeiros e 13 técnicos, sendo três profissionais do sexo

masculino e dez do sexo feminino. A maioria trabalha na instituição há mais de 10 anos.

Quanto à formação, 100% (6) dos enfermeiros possuíam pós-graduação lato sensu sendo 50%

(3) em pediátrica, 16% (1) neonatal, e 34% (2) em áreas não relacionadas à saúde da criança.

Dos 13 técnicos de enfermagem seis tinham graduação em enfermagem, desses,

todos tinham pós-graduação lato sensu em neonatologia, pediatria, auditoria e obstetrícia.

Conforme mostra o Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 - Caracterização dos participantes do estudo quanto ao tempo de atuação na instituição e na Unidade de Emergência (UE), formação complementar e o cargo na instituição. Santos, 2016.

IDENTIFICAÇÃO TEMPO DE TRABALHO

NA INSTITUIÇÃO TEMPO DE ATUAÇÃO

NA UE FORMAÇÃO

COMPLEMENTAR CARGO NA

INSTITUIÇÃO E1 8 meses 8 meses Mestranda em Enfermagem Enfermeiro

TE2 14 anos 9 anos Graduação em Enfermagem

Pós-graduação em Pediatria e neonatal

Tec. Enfermagem

TE3 1 ano 1 ano Graduação em Enfermagem Tec. Enfermagem E4 25 anos 15 anos Pós-graduação em Pediatria Enfermeiro

E5 25 anos 15 anos Pós-graduação em Adm. hospitalar e Auditoria Enfermeiro

TE6 2 1/2 anos 2 1/2 anos Não Tec. Enfermagem TE7 11meses 11 meses Graduação em Enfermagem Tec. Enfermagem TE8 20 anos 10 anos Não Tec. Enfermagem

E9 14 anos 7 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduação em Auditoria

hospitalar Enfermeiro

TE10 13 anos 13 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduação em Obstetrícia Tec. Enfermagem

TE11 23 anos 23 anos Graduação em Belas artes Tec. Enfermagem

TE12 29 anos 6 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduaçãoTerapia intensiva Tec. Enfermagem

TE13 10 anos 7 anos Não Tec. Enfermagem TE14 8 meses 8 meses Não Tec. Enfermagem TE15 8 meses 8 meses Não Tec. Enfermagem TE16 7 anos 7 anos Não Tec. Enfermagem

TE17 14 anos 14 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduação Neonatologia Tec. Enfermagem

E18 7anos 3 anos Pós-graduação em Terapia Intensiva em adulto e pediátrica Enfermeiro

E19 26 anos 26 anos Pós-graduação Pediatria e Saúde Pública Enfermeiro

Fonte: elaborado pela autora.

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41 Os dados mostraram que 54% (sete) dos técnicos entrevistados possuem nível

superior, sendo que destes 46% (seis) possuem graduação em enfermagem; o que caracteriza

uma equipe diferenciada, visto que são enfermeiros que atuam como técnicos de enfermagem.

Entendendo que o sujeito está na parte assim como a parte está no sujeito, não se

pode dissociar, no ato de cuidar deste profissional, o conhecimento agregado pela formação

superior. O conhecimento adquirido faz parte do sujeito, e o conhecimento, por sua vez, pode

ou não transformar o sujeito (MORIN, 2011a).

4.2 DESCRIÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO TEMÁTICO

Após a leitura exaustiva das entrevistas proferidas pelos profissionais de

enfermagem, identificou-se e destacaram-se os núcleos de significação determinados,

mediante a repetição dos temas apresentados pelos depoentes, conforme foi descrito na

análise dos dados. As Unidades de Significação foram agrupadas por semelhança temática,

emergindo então, as categorias e subcategorias apresentadas no quadro a seguir.

Quadro 3 - Apresentação das categorias e subcategorias. Santos, 2016.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS 1. As relações humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua implicação na produção de cuidado da criança

2. O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família no contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado

2.1 As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos profissionais de enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado 2.2 Os limites nas relações humanas interpessoais no desenvolvimento do cuidado à criança e sua família

Fonte: elaborado pela autora.

4.2.1 Categoria 1: As relações humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua

implicação na produção de cuidado da criança

Esta categoria expressa os elementos que configuram as relações dos profissionais de

enfermagem, no desenvolvimento do cuidado à criança. As falas trouxeram temas como

acolhimento, confiança, diálogo, relações profissionais e pessoais no ambiente de trabalho,

amizade e união dos colegas de trabalho.

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42 Para o grupo investigado as relações interpessoais são pautadas na boa interação com

os colegas. Notou-se nas falas, que existem maneiras diferentes de inclusão para com os

novos membros da equipe, através da atitude de acolhimento. Para os enfermeiros e técnicos

entrevistados, devido o longo convívio, as relações pessoais e profissionais se misturam,

favorecendo a interação do grupo. Pode-se evidenciar nos depoimentos que o diálogo é

mencionado como ponto chave para a boa relação de trabalho, assim como a confiança; onde

a falta deste, entre os membros da equipe, causam conflitos no ambiente de trabalho.

Identificou-se através das falas dos depoentes TE3, E1 e E5 o comportamento de

aceitação do outro, para com os novos integrantes na equipe de enfermagem, os quais se

mostraram receptivos, acolhedores, colaborativos e hospitaleiros.

Fui muito bem recebido pelo grupo, o grupo me recebeu muito bem. Eu não sabia o que ia encontrar aqui. O meu relacionamento com o grupo, com todos eles tem sido ótimo, com troca de experiências. Eu não tenho tanta experiência em pediatria quanto o grupo, mas todo mundo está disposto a me ensinar, com atenção, presteza (TE3). Fui muito bem acolhida pelo grupo, realmente funciona como uma equipe. Então, não tive dificuldade com relação a isso. Pelo contrário me surpreendi (E1). Agora entrou uma menina nova. Então, assim, sempre que entra um funcionário novo a gente tem que acolher, conversar sobre o grupo. Acho que é essa a ideia de grupo de formar uma equipe (E5).

Os depoentes apontaram que os membros do grupo de enfermagem estão sempre

dispostos a colaborar com o novo colega ensinando as rotinas e até mesmo compreendendo a

falta de experiência prévia, transformando o que poderia ser um problema em oportunidade de

entrosamento e aproximação.

Hospitalidade é habitualmente compreendida como virtude de alguém que é

hospitaleiro, que acolhe gentilmente outrem em um ambiente estranho, novo. Trata-se da

atitude de se conviver lado a lado com o diferente, com a alteridade (ALENCAR;FREIRE,

2007).

No contexto da valorização do humano pode-se conceber a

hospitalidade/acolhimento, ressaltando a relação dinâmica e inter-relacional entre acolhedor e

acolhido, de forma recíproca e geradora de novos saberes (BAPTISTA, 2008).

Entendendo hospitalidade/acolhimento como fenômeno que se instaura no espaço

constituído entre o sujeito que deseja acolher e o sujeito que deseja ser acolhido; hospitalidade

ou acolhimento seria, nessa perspectiva, uma área constituída na interseção resultante do

encontro dinâmico de pleitos distintos, com origem, necessariamente, numa perspectiva

subjetiva do desejo orbitada por eventos circunstanciais (SCHNEIDER; SANTOS, 2013).

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43 A hospitalidade encerra troca expressiva de civilização e de humanidade,

viabilizando a interação social, sendo, portanto, das relações de hospitalidade que aconteceria

o elo social, decorreriam os valores de solidariedade, permitindo que o sistema gregário,

próprio da natureza humana-social, se instale se consolide e se desenvolva. Deste modo, a

hospitalidade constitui um complexo fenômeno humano que se exprime em vários contextos e

lugares, e que envolve múltiplas dimensões da realidade (SANTOS; PERAZOLLO;

PEREIRA et al, 2012).

Destaca-se que a hospitalidade se traduz como experiência fundamental, própria da

subjetividade humana na medida em que representa a disponibilidade da consciência para

acolher a realidade do fora de si, devendo ser potenciada em todas as suas modalidades e em

todos os contextos de vida. Compreender as relações de hospitalidade é acreditar na ideia de

que o outro não é apenas mais um igual a mim, mas é absolutamente outro, o qual eu devo

servir, porque é o outro que me constitui como tal, eu sou responsável por ele porque ele me

constitui (SANTOS; PERAZOLLO, 2012).

Deste modo, para que ocorra o acolhimento, ambos os sujeitos têm que se ajustar

dinamicamente na interação de suas necessidades, o que exige, de cada um, o olhar do olhar

do outro, a renúncia da tranquila certeza do saber prévio, o exercício empático da

compreensão, ainda que não essencialmente de forma sincrônica no tempo e no espaço. Trata-

se, portanto, de um vértice esboçado a partir de certa dialética do desejo, como uma variância

das relações humanas no âmbito cotidiano (IKAWA, 2012).

Os depoentes apontaram que uma equipe coesa e integrada contribui para o bom

relacionamento e gera amizade até fora do hospital, conforme as falas a seguir:

[...] Enfim, a equipe é muito coesa, é muito integrada entre si. As pessoas novas que estão entrando também possuem uma experiência larga na enfermagem, isso é muito bom. Então, acredito que essa interação contribua para o bom relacionamento no trabalho e ainda tem a amizade com a enfermeira, que também contribui muito com a relação interpessoal. Existe amizade fora daqui entre nós. Amizade mesmo (TE2). Eu acho que o fato da gente ter essa vivencia prolongada, pois no serviço publico, eu sei que na semana que vem vou chegar e vou te encontrar, eu vou chegar e vou encontrar os colegas, favorece este fortalecimento de laços e quando a gente consegue levar esta amizade para fora do hospital, no âmbito familiar, poxa, maravilhoso (E9).

A hospitalidade é uma questão de lugar, de tempo e de espaço, está fundada na

convivência com o outro e no respeito às diferenças. O encontro entre o acolhido, quando

aceito como tal, e quem acolhe, pode dar origem a um ritual de amizade e de vínculo humano

ou ao contrário, de agressão e de hostilidade. A ambiguidade da figura do outro tanto pode ser

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44 o inimigo em potencial, o intruso, como pode ser o hóspede, o amigo, aquele para o qual se

concretiza, por meio do acolhimento (COMANDULLI, 2015).

No ambiente de trabalho os encontros intersubjetivos devem ser regidos pela ética a

fim de permear os relacionamentos de forma sadia, onde o espírito colaborativo e solidário

faz-se presente, visto que trabalhar requer aproximação com o outro, para a atividade fim. No

trabalho em saúde, em especial em enfermagem, o labor é realizado em uma inter-relação

grupal e a atividade fim é o cuidado humano. Para cuidar do outro o individuo deve se sentir

cuidado, valorizado pelos seus pares a fim de garantir autoestima e confiança no processo

grupal.

Quando receptivos e acolhedores, autorizando a entrada do outro, essa presença

humana acaba por nos “tirar do nosso lugar”, chamando-nos para a aventura da solidariedade

por força de um misterioso poder de interpelação e de apelação. Acolher alguém de forma

hospitaleira significa abrir o espaço próprio sem reservas ou desconfianças. Esta atitude

receptiva e confiante corresponde a um passo decisivo na direção de outrem, mas não define,

ou esgota o sentido da hospitalidade social. Ela corresponde, tanto e tão só, ao movimento que

dá lugar à experiência de afecção mútua que conduz ao compromisso interpessoal

(BAPTISTA, 2008).

O acolhimento é manifesto por meio do pertencimento, sentimento de inclusão,

sendo um fator preponderante para o estabelecimento de confiança nos relacionamentos de

trabalho em equipe.

O depoente E1 pontua que a confiança favorece um bom relacionamento de trabalho

contribuindo para uma relação harmoniosa e consequentemente uma melhor assistência.

Eu acho que a partir do momento que você está dentro de uma equipe e se vê dentro dessa equipe, quanto mais harmoniosa se dá essa relação, maior a qualidade da assistência que você pode oferecer. A partir do momento que você sabe que pode confiar naquela pessoa como profissional. Por exemplo, eu, enquanto enfermeira, tenho uma boa relação com os meus técnicos de enfermagem. Acho que, quem só tem a ganhar é o paciente, a criança e os pais, porque com certeza você vai oferecer uma assistência melhor. Eu entendo que influencia (E1).

A confiança é um elemento importante para o sentimento de pertença no trabalho em

equipe. Assim, a confiança é um lugar de intimidade, onde os laços afetivos são claros, onde a

crença no valor do grupo parece sobressair ou sobrepor-se aos diversos membros que dele

fazem parte, ao mesmo tempo em que assegura um espaço de diferenciação de cada membro

em relação à sociedade em geral (KOURY, 2010).

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45 Para este autor, a confiança é uma atitude que permite àqueles que a possuem, uma

espécie de segurança íntima de procedimento, uma vez que o outro passa a ser visto como

uma extensão ou prolongamento do eu. É um lugar de familiaridade, onde os laços afetivos

são claros, onde a crença no valor do grupo parece justapor-se aos diversos membros que dele

fazem parte, ao mesmo tempo em que assegura um espaço de distinção de cada membro em

relação à sociedade em geral. Ele se torna membro de um grupo e, nessa transubstanciação,

parece adquirir um sentido de individualidade pessoal, tornando-se sujeito de fala e de ação

frente aos demais.

Confiar é, portanto, uma categoria analítica que remete o sentimento de proteção, de

se sentir protegido e proteger, diz respeito também ao sentimento de lealdade. Ser leal e obter

lealdade em troca são fundamentos da proteção, do sentir-se seguro e do ter segurança, que

remete, por sua vez, aos espaços construídos de confiança e confiabilidade no, para e pelo

grupo (GOFFMAN, 2012).

A confiabilidade traduz-se na ação de conceber ou de conceder confiança. É um ato

que requer a aceitação das regras ou códigos de conduta, que movimentam as interações entre

os diversos membros, e que fazem do grupo uma realidade fora do comum, o que permite aos

membros uma concepção sobre a ação de todos e de cada um no mundo exterior e sobre os

pares ou parceiros da intensa e constante interação no interior do grupo (KOURY, 2010).

Além da confiança, outros atributos, para manutenção das relações humanas

interpessoais no ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem investigados, foram

indicados nas falas.

A escuta e o diálogo, além de atributos presentes no acolhimento, são apontados

neste estudo pelos depoentes como habilidades importantes para a manutenção da

comunicação e do bom relacionamento interpessoal na equipe de enfermagem. É falar e

resolver, como mostra a fala a seguir:

Caso a gente, não esteja satisfeito com alguma coisa, a enfermeira, que é a gerente, dá muita liberdade para que as pessoas se expliquem. Então, por isso que eu acho que existe um bom relacionamento, porque não tem aquele negócio de um colega não gostar de alguma coisa e guardar, e ter que reclamar para alguém. Ela [enfermeira] dá toda liberdade para que a gente fale ali mesmo no grupo, falar ali e resolver ali (TE13).

No depoimento acima, identificou-se que é fundamental que o enfermeiro,

gerente/líder da equipe de enfermagem, esteja apto para resolver conflitos em uma postura

ética, na busca de uma gestão centrada no individuo humano que trabalha e não apenas no

humano profissional trabalhador.

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46 A valorização da dimensão humana exige de quem gerencia muito além do

autoconhecimento, exige o conhecimento do comportamento humano, o real envolvimento

com os membros da equipe, manejando as diferenças, resgatando seus valores, crenças,

hábitos, costumes, potencialidades, necessidades e expectativas dos elementos que permeiam

e determinam os relacionamentos (KURCGANT et al, 2005).

A falta de diálogo favorece conflitos no ambiente de trabalho e é evidenciada nas

falas de TE10 e TE15, que também destacaram que a falta de escuta do outro influencia na

assistência à criança.

Têm pessoas que se acham melhores que as outras, têm enfermeiros que não ouvem o que o outro enfermeiro fala ou o que um técnico fala. Tem gente que é até mais antiga que a pessoa e a pessoa não escuta. Aí, faz besteira, arranja briga na equipe sem necessidade. Se você fica de cara feia com a pessoa, se você não quer falar com aquele colega, isso interfere porque você não consegue um feedback naquela comunicação, numa hora de troca de horário, uma medicação, o colega viu alguma coisa, você ̂ não vai conseguir passar isso objetivamente. Vai ficar aquela briguinha e isso vai atrapalhar o serviço (TE10). As pessoas não ouvem as outras e isso dificulta muito. Às vezes a gente sugere outro modo de fazer um cuidado para ficar melhor para a criança, mas a colega não aceita, do tipo eu aprendi assim e tem que ser assim, uma imposição. Eu já prefiro ouvir. Se o modo que está sendo sugerido pelo colega for melhor para a criança eu revejo meu modo de agir e vamos aprendendo e agregando conhecimento (TE15).

O diálogo na busca da compreensão mútua, da construção de acordos e consensos,

não se refere a uma situação imaginada na mente dos integrantes do diálogo, mas se refere ao

plano concreto que envolve os aspectos objetivos e subjetivos do diálogo, para a coordenação

das ações (SOUZA, 2011).

De acordo com Jares (2008), o diálogo é um fator essencial para melhorar a

qualidade das relações humanas nas instituições, assim como uma estratégia para abordar e

resolver conflitos. O autor ainda pondera que quando o diálogo é rompido se inviabiliza a

possibilidade de convivência entre os profissionais.

Neste contexto, estudo de Santos, Oliveira e Castro (2006) mostrou importância do

enfermeiro líder da equipe evitar as relações de poder administrativos e burocráticos e buscar

relações compartilhadas para resolver conflitos. Desse modo, em uma equipe as habilidades e

talentos são individuais; porém, quando ocorre uma intervenção gerencial compartilhada, a

produção do cuidado pode tornar-se mais eficiente e efetiva. O destaque deve ser dado ao

processo de comunicação (NAVARRO; GUIMARÃES; GARANHANI, 2013).

A comunicação humana é essencialmente complexa. Não se pode comunicar se não

houver um juntamento de partes que aparentemente parecem disjuntas. Para que haja

comunicação humana, precisa-se da linguagem verbal e não verbal. É complexa porque junta

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47 o que aparentemente estaria separado, porque precisa tecer em conjunto, humanos diferentes

pela própria condição humana. Edgar Morin (2012, p. 81) diz que o “sujeito humano é

complexo por natureza e por definição [...] apresenta-se como singular e comum,

comunicador e incomunicável”.

Fazendo a leitura das falas à luz do pensamento complexo, pode-se perceber a

manifestação do anel recursivo. A recursividade se manifesta uma vez que ausência de

diálogo gera conflito, que gera mais falta de comunicação, como em um anel. E o mesmo

acontece para a comunicação eficaz. A comunicação estabelecida sem ruídos, gera mais

entendimento e maior possibilidade de manutenção de uma comunicação eficaz entre os

profissionais. Mas, isto não significa que em algum momento a recursividade não seja

quebrada. O homem é sapiens e demens ora está lúcido, ora está louco. Ora acerta e ora erra.

A complexidade é um tecido de constituintes heterogêneos inseparáveis, ela coloca o

paradoxo do uno e do múltiplo, é efetivamente o tecido de acontecimentos e retroações,

determinações e acasos que se constituem no nosso mundo fenomênico (MORIN, 2011a, p.

13).

A comunicação entre a equipe de enfermagem no ambiente hospitalar corresponde ao

relacionamento entre duas pessoas que devem interagir, trocar informações, influenciar,

estimular, compartilhar ideias e sentimentos, com o propósito de estabelecer níveis de

confiança e de relacionamento diante de um objetivo comum, que é o cuidar da criança

doente.

O trabalho na enfermagem, sendo comprometido com as mudanças e a influência de

outros, envolve inteiramente o processo interpessoal, deste modo, é uma profissão que

necessita de ajuda e fornece ajuda ao outro (LEOPARDI, 2006).

Não há interação sem comunicação e ambas são inerentes ao cuidado, sendo

capacidades necessárias de serem desenvolvidas para que o cuidado se efetive. Quando se

abarca o processo comunicativo, seus elementos formadores e suas consequências tornan-se

mais fácil o enfrentamento dos desafios da comunicação que surgem no trabalho cotidiano

(BRAGA; DYNIEWICZ; CAMPOS, 2008).

Os mesmos autores ainda destacam que:

Os profissionais de saúde convivem constantemente com problemas de comunicação, que, consequentemente, interferem na continuidade, qualidade e consecução do trabalho ou na satisfação das necessidades dos profissionais, de forma que o trabalho transcorra de maneira produtiva e eficaz. Para o desenvolvimento do trabalho em equipe, a comunicação é imprescindível, sendo um fator de desagregação ou agregação dependendo de como ocorra. A comunicação é,

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também, uma importante e essencial ferramenta na obtenção de valiosas informações para a condução terapêutica (BRAGA; DYNIEWICZ; CAMPOS, 2008, p. 1).

A vida humana é afetada dependendo de como a comunicação é realizada no que diz

respeito aos relacionamentos humanos interpessoais, assim, entender esse processo com seus

determinantes e consequências, aumentam a capacidade do indivíduo de compreender e

conseguir sobrepujar as dificuldades relacionadas à comunicação no seu ambiente de trabalho,

uma vez que o processo de comunicação é complexo e ultrapassa o sentido das palavras,

envolvendo gestos e expressões (BALTOR; BORGES; DUPAS, 2014).

Assim, o diálogo que busca consenso é um elemento essencial para o trabalho em

equipe, uma vez que permite o desenvolvimento de uma prática comunicativa. A

comunicação é parte da vida do ser humano, e na área da saúde torna-se essencial para

obtenção de informações valiosas permitindo o desenvolver da assistência. Entretanto, nota-se

que no dia a dia do trabalho, muitas pessoas têm dificuldade em falar ou interpretar a língua

de comunicação, o que pode gerar conflito nas relações (ALMEIDA; CIOSAK, 2013).

A interação é um elemento importante, sustentador do sistema interpessoal, sendo

um processo de percepção e comunicação entre as pessoas e o ambiente, entre pessoas ou

entre grupos de pessoas, por meio verbal e não verbal, para se alcançar uma meta, se

caracterizando pela interdependência. A interação é o objetivo do processo de comunicação

dos seres humanos, em que fonte e receptor criam uma relação de interdependência, ou seja,

um influencia o outro. (BROCA; FERREIRA, 2015).

Neste contexto, de acordo com os depoimentos, é fato que existe a necessidade da

boa interação interpessoal no trabalho em equipe de enfermagem da emergência pediátrica,

para que não haja interferência no cuidado.

Nas falas a seguir, pode-se perceber que uma equipe que interage, reflete

positivamente no cuidado à criança e à família.

Então, quando um não faz algum cuidado, o outro faz. Esta forma da equipe interagir, ela é boa. Se as pessoas agissem como máquinas, cada um só preocupado com o seu trabalho, provavelmente um colega que estivesse em um momento de dispersão, ia ficar o furo, e isso causaria um dano na assistência à criança e à família (E9). Acho que a forma que o grupo se relaciona interfere de forma positiva, porque tudo isso vai colaborar para você desenvolver melhor as atividades. Essa boa interação do grupo, acaba colaborando para um bom desempenho, consequentemente, numa boa possibilidade de tratamento para as crianças durante a internação (TE3).

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49 O trabalho em equipe surge da necessidade de estabelecer objetivos e metas em

comum, por meio do qual se desenvolva o crescimento individual e do grupo. Desse modo o

trabalho em equipe também pode ser visto, como processo de inter-relação entre os

profissionais (NAVARRO; GUIMARÃES; GARANHANI, 2013).

As relações interpessoais no ambiente de trabalho se constituem a partir de um

processo de interação entre os membros de uma mesma equipe, criando-se vínculos

profissionais, uma condição relacional entre trabalhadores, a fim de efetuarem uma ação

coletiva e impetrarem um objetivo em comum, pautados em fazeres e palavras coerentes,

representados por motivação, flexibilidade, comprometimento, realização pessoal e ênfase na

subjetividade humana (WAGNER et al, 2009).

Para Morin (2012, p. 72-74):

As interações são ações recíprocas que modificam o comportamento ou a natureza dos elementos, corpos, objetos, fenômeno sem presença ou em influência [...,] uma espécie de nó górdio de ordem e desordem. [...]. A interação torna-se assim, uma noção intermediária entre desordem, ordem e organização. Isso significa que esses termos são ligados via interações, em um circuito solidário, em que nenhum desses pode ser concebido além da referência aos outros e onde eles estão em relações complexas, ou seja, complementares, concorrentes e antagônicas.

Deste modo, a estrutura das interações sociais tem a função de possibilitar a

negociação de acordos entre os envolvidos, não representando, portanto, uma rede ou o

caminho que regula diretamente as ações humanas. Ela orienta apenas a comunicação que

tornará determinadas ações mais prováveis do que outras. (NOVELLI; MOURA;

CURVELLO, 2013).

Cabe ressaltar que o trabalho em saúde e enfermagem configura-se por uma relação

mútua de duas dimensões complementares, sendo a ação produtiva, e a interação social na

qual o cuidado é produzido e consumido no próprio ato. A dimensão interativa do trabalho

realiza-se por meio da ação dialógica, na qual se apoia para a busca do entrosamento entre os

sujeitos envolvidos em diferentes momentos do processo de trabalho (SOUZA, 2011).

Em algumas falas pode-se identificar uma interface entre relações de trabalho e

pessoais naquele cenário. O depoente E1 reconhece que devido à longa permanência no

mesmo setor, com os mesmos profissionais, aos poucos a intimidade é instalada, o que

favorece uma abertura para que questões pessoais sejam conversadas entre os colegas. O

mesmo depoente ainda destaca a impossibilidade de bloquear-se e não misturar o Eu que sou

com o Eu profissional conforme pode-se observar no trecho de sua fala:

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Eu acho que por ser um ambiente o qual permanecemos muitas horas do dia, fica difícil separar a relação pessoal da relação do trabalho. Porque cada plantão, eu acho que vai aumentando a intimidade entre os profissionais, e isso é inevitável, porque não dá para a gente se bloquear aqui dentro deste lugar, que a gente fica tanto tempo. Então, aos pouquinhos, eu acho que a gente acaba se abrindo não como profissional, mas como pessoa para aqueles profissionais, através de conversa (E1).

Nesta perspectiva, a consideração do sujeito constituído por partes que constroem um

todo, e um todo que detém estas partes, pode ser efetivamente aplicada, tanto do ponto de

vista conceitual, como uma atitude relacional direcionada ao sujeito inserido no contexto

social (MORIN, 2011b).

Assim, Morin (2011b, p. 43) diz: “o mundo está no interior de nossa mente, que está

no interior do mundo. Sujeito e objeto nesse processo são constitutivos um do outro”.

Entretanto, o depoente TE7 apesar de sentir-se como se estivesse em família, ele e

sua equipe mantêm momentos de confraternização fora do ambiente de trabalho, frequentam a

casa uns dos outros, mas pondera que são capazes de no ambiente de trabalho separar

relacionamento pessoal do profissional.

A relação [entre a equipe de enfermagem] é maravilhosa. Eu costumo falar que é uma grande família, nós conseguimos separar muito bem o pessoal do profissional. Somos capazes de nos confraternizar na casa de alguém, fazer nossa festa. E se no dia seguinte estiver de plantão e precisar abaixar a cabeça para levar uma bronca: é isso aí, e ninguém fica chateado (TE7).

Na busca da compreensão das falas acima sob a perspectiva do pensamento

complexo, pode-se dizer que as relações humanas é um sistema complexo onde subjetividades

se encontram e se inter-relacionam.

Assim, olhar as relações humanas sob a luz da complexidade é entender que o

pensamento complexo traz consigo uma nova maneira de conceber a ação humana e de

compreender a condição humana sob diferentes perspectivas, derrubando as barreiras do

egocentrismo e o etnocentrismo. O complexo é um tecido de constituintes heterogêneos, de

ações e reações, e de determinismo e acasos, que inclui ambiguidade e incerteza.

A complexidade compreende a possibilidade dialógica, opondo-se aos princípios

simplificadores da redução, à abstração e à disjunção, oriundos do pensamento cartesiano que

apenas rechaça o pensamento simplificador, que concebe um sujeito isolado e um objeto

concluído, quando sujeito e objeto coexistem e interagem na realidade (ERDMANN et al,

2004).

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51 4.2.2 Categoria 2: O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família no

contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado

Esta categoria, através de duas subcategorias, expressa as possibilidades e limites dos

profissionais de enfermagem, nas relações destes com as crianças e sua família, para o

desenvolvimento do cuidado. As falas trouxeram temas relacionados ao diálogo, interação,

respeito, confiança, gostar de cuidar da criança e relacionar-se bem com a criança, que

caracterizam as possibilidades na relação dos profissionais com as crianças e sua família.

Mostraram, ainda, as dificuldades na relação com o familiar que acompanha a criança

internada e também o sofrimento relacionado ao envolvimento afetivo durante o cuidado da

criança, que caracteriza os limites desta relação.

4.2.2.1 Subcategoria 1: As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos

profissionais de enfermagem com a criança e sua família para o

desenvolvimento do cuidado

O depoente TE3 expõe que o diálogo nas relações de cuidado é a uma forma de

adquirir a confiança da criança. Seu depoimento demonstrou que o profissional utiliza o

diálogo antes de realizar algum procedimento. Na experiência do depoente, na maioria das

vezes em que ele conversa com a criança, antes de realizar a punção venosa, esta se mostra

mais colaborativa e estabelece uma relação de confiança com o profissional.

Eu acho que eu consigo agradar. Aqui a gente consegue atender bem o pessoal, não tem nenhuma situação desagradável, as crianças, tem uma boa interação. Eu gosto muito de conversar com criança antes de puncionar um acesso. E 90% das vezes que eu faço isso, elas [crianças] colaboram bastante. Eu não acho que tem que segurar. Às vezes, a gente espera um pouquinho mais e a criança acaba colaborando. Eu acho que eles me aceitam direitinho. Isso gera confiança, as crianças confiam naquilo que você está fazendo (TE3).

A fala a seguir, mostra a importância do diálogo no ato de cuidar centrado na família,

uma vez que existe a preocupação em tratar bem a criança através da conversa com a família,

a fim de entender o processo de internação.

Eu percebo a importância de uma boa relação com os familiares. Porque quando a criança interna, a gente procura conversar com a mãe, saber o motivo da internação se a criança passou por outros lugares. Assim, numa conversa, estabelece-se um bom relacionamento com a mãe. Tanto é que nunca tivemos problemas com

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reclamação de acompanhante da criança, de achar que a equipe não dá atenção, ou que teve maus tratos (TE13).

O entrevistado entende que não há como cuidar da criança hospitalizada sem a

aproximação com o familiar. Observou-se no depoimento, que o cuidar da criança é um

cuidar humanizado, pautado no diálogo, no bom relacionamento.

O agir dos profissionais da saúde, em presença da criança e sua família deve ser

norteado mediante o respeito, o diálogo, a criatividade, a relação entre pessoas, a

responsabilidade, a intencionalidade, a reciprocidade e a intersubjetividade (RODRIGUES et

al, 2014).

O diálogo é uma das condições de existência para o homem e por estar diretamente

relacionado às vivências e relações estabelecidas no mundo e com o mundo, é que se acredita

em sua significação como modo de ser, estar e conviver. Assim, pensar sobre os diálogos

existentes nas relações que se compõem no mundo do cuidado, mostra-se uma maneira de

compreender a complexidade que engloba os encontros entre seres humanos durante o evento

de cuidar em enfermagem (SCHAURICH; CROSSETI, 2008).

Para que este encontro aconteça, faz-se necessário existir um Ser com

disponibilidade para ajudar, e um Ser que necessite de ajuda, de modo que ambos estejam

abertos à relação dialógica com o outro, pois entende-se que é o diálogo que conduz ao

cuidado. Assim, compreende-se, por conseguinte, que o diálogo conforma um dos elementos

que instauram o cuidar, uma vez que é por meio dele que o Ser que cuida, quando chamado

pelo Ser que necessita de ajuda, reconhece esse apelo existencial e responde por meio do

cuidado (SCHAURICH, 2007).

Entendendo o dialogo como um fator primordial para melhorar a qualidade da vida

das relações humanas, e que sem ele não haveria possibilidade de se estabelecer uma relação

de ajuda, considera-se que o cuidado de enfermagem é um encontro vivido e dialogado entre

o ser que cuida e o ser que é cuidado, onde estão presentes tudo o que um ser é e não é, suas

possibilidades de ser mais, suas limitações em “não-ser” e suas potencialidades para “estar-

melhor” no mundo da vida (SCHAURICH; CROSSETI, 2008; JARES, 2008).

Schaurich e Crosseti (2008) consideram a enfermagem como um modo especial de

dialogo humano. Estes autores ponderam que a Enfermagem é um diálogo vivo, isto é, um

modo dialogal de ser e de existir em uma determinada situação intersubjetiva. Deste modo, os

diálogos que se produzem emanam de um chamado e uma resposta, e conduzem ao cuidado,

que é entendido como um evento relacional-dialógico entre seres humanos.

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53 Para que se estabeleça a relação profissional/criança/família, o cuidado com a criança

começa com a aproximação com a família, evitando-se uma abordagem meramente mecânica,

na busca do sentimento de confiança:

Por se tratar de crianças, para se aproximar delas a gente precisa se aproximar dos pais, senão fica aquela assistência mecânica. Porque eles confiando em você já é um caminho para a criança não te olhar com olhos de que vai maltratar, machucar. E aí, depois que você ganha a confiança dos pais explicando para a criança, as coisas de forma que ela vai entender, como vai ser feita, acho que isso facilita. Acho primordial para estabelecer a relação (E1).

No momento da hospitalização e do processo de permanência no ambiente

hospitalar, a enfermagem deve buscar se aproximar da criança e sua família, de forma que

haja constantemente o diálogo entre ambos. O acolhimento do familiar, permite que o

encontro se estabeleça e o diálogo ocorra. O estar presente, o relacionar-se, a criação de

vínculo entre familiar/enfermagem, são formas de se estabelecer as relações de acolhimento e

confiança (BARROS; ARAUJO;NERI et al, 2013).

Para Celich (2004), o profissional de enfermagem ao desenvolver o cuidado, precisa

estabelecer uma troca e interação com o paciente, ou seja, um cuidar compreendido como

autêntico que oportuniza o encontro entre o ser cuidado e o ser cuidador, que deve acontecer

alicerçado no respeito, na confiança, na ética e na experiência compartilhada de vida, por

meio de formas criativas e efetivas, em uma percepção de cuidar que alie a ciência e a arte na

Enfermagem.

A preocupação em estabelecer uma relação de confiança com a criança a partir da

relação com os pais torna o cuidado ético, uma vez que a ética não se preocupa tanto com as

coisas como são, mas como as coisas podem ser, e, em especial, como devem ser. A dimensão

ética da responsabilidade dos profissionais de enfermagem está presente em todas as ações no

processo de cuidar sendo de responsabilidade de todos os profissionais garantirem ao paciente

o direito a uma assistência livre de riscos e danos, físicos e psicológicos (PUGGINA; SILVA,

2009; SILVA; MOREIRA, 2015).

O indivíduo, profissional de enfermagem, traz consigo uma carga de valores morais e

éticos que são apreendidos no decorrer de sua formação, para a realização do seu trabalho.

Este profissional está em constante interação e relacionamento com o mundo que o cerca, ou

seja, o contexto social onde vive ou na unidade hospitalar. É através destas relações que o

homem desenvolve sua consciência ética, isto é, uma voz interna, o julgamento interior dos

atos que movem o humano. (PUPULIM; SAWADA, 2002).

Neste contexto, Morin (2011c, p. 22), disserta sobre a ética considerando:

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(...) um ato individual de religação com o outro, existindo assim uma fonte individual da ética, no princípio de inclusão, que inscreve o indivíduo na comunidade (Nós), impulsionando-o à amizade e ao amor, levando-o ao altruísmo e tendo valor de religação. Há, ao mesmo tempo, uma fonte social nas normas e regras que impõe aos indivíduos um comportamento solidário […]. Nutrir a ética nas suas fontes, pois a ética tem fontes, raízes, está presente como sentimento do dever, obrigação moral; permanece virtual dentro do princípio de inclusão, fonte subjetiva individual da ética. Doravante a ética só tem a si mesma como fundamento, mas depende da vitalidade do circuito indivíduo/espécie/sociedade, cuja vitalidade depende da vitalidade da ética.

O mesmo autor ainda diz que a ética, isolada, não tem mais um fundamento anterior

ou exterior que a justifique, embora possa continuar presente no indivíduo como aspiração ao

bem ou repugnância ao mal. Só tem a si mesma como fundamento, ou seja, seu rigor, seu

sentido do dever. É uma emergência que não sabe do que emerge. Destarte, a ética, como toda

emergência, depende das condições sociais e históricas que a fazem emergir. Entretanto, é no

indivíduo que se situa a decisão ética cabendo a ele escolher os seus valores e as suas

finalidades.

Vale ressaltar, que o ato moral é um ato de religação com o outro, com uma

comunidade, com uma sociedade e, no limite, religação com a espécie humana. Para um

honesto agir ético é necessário evitar o mal pensar, oriundo da fragmentação,

compartimentação e atomização do saber, e trabalhar pelo pensar bem, que reconhece a

complexidade humana, não dissociando indivíduo/sociedade/espécie (MORIN, 2011c).

Destarte, deve-se considerar que toda ação resiste, cada vez mais, à vontade do seu

autor, na medida em que entra no jogo das relações inter-retro-ações do meio onde intervém.

Assim , é preciso saber que, muitas vezes uma boa ação pode fracassar, ser distorcida ou

desviada de seu objetivo inicial. É preciso estar atento às condições próprias ao meio onde ela

acontece (MORIN, 2011c).

Para o entrevistado E5, o cuidado à criança é estendido ao familiar, em especial às

mães, e extrapola o cuidado técnico, visto que mostra preocupação com o bem-estar

psicossocial da mãe e enfatiza a afetividade.

Meu relacionamento é excelente, adoro cuidar das crianças. Extrapolo o cuidado para a afetividade, pego no colo, converso com as mães, não só tecnicamente, mas questões pessoais quando elas querem, quando você percebe uma mãe muito ansiosa, sozinha, uma mãe que está passando uma situação de muito conflito, de estresse pela internação da criança. A relação com a criança tem os procedimentos técnicos, as coisas que tem que fazer, mas a gente tenta extrapolar isso, porque é uma clientela que eu elegi para trabalhar (E5).

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55 O cuidar da criança hospitalizada implica em relacionar-se com os familiares, e

mediante este contexto, o estabelecimento de vínculo entre familiares em saúde mostra-se de

extrema importância para que os pais/responsáveis possam esclarecer seus medos e dúvidas e,

dessa forma, construírem juntos um atendimento humanizado efetivo à criança hospitalizada

(VEIGA; PINA;MELLO et al, 2009).

Um dos desafios no atendimento de enfermagem em urgência/emergência é atender

às expectativas dos familiares, pois quando um recebe a notícia de que o paciente necessita

ser internado na unidade de emergência, ocorre uma sensação de estranheza e impotência,

permeada de medos e ansiedades, culminando com o desequilíbrio emocional,

desestabilização e crise familiar (BARROS; ARAUJO; NERI, 2013).

O relacionamento com a equipe pode evoluir para o estreitamento do vínculo, a partir

do momento em que a família sente-se compreendida e atendida em suas necessidades, ou

então, gerar conflitos. A participação da família e uma boa interação com a equipe de

enfermagem é fundamental durante a hospitalização da criança para o processo terapêutico

desenvolvido na emergência (REIS et al, 2013).

Corroborando com os achados deste estudo, Strasburg et al (2011) destacaram a

importância da família no cuidado à criança internada. Para estes autores, torna-se imperioso

que os profissionais de enfermagem reconheçam esta família não apenas como fonte de

cuidados à criança, mas como um grupo a ser instrumentalizado para o cuidado.

A interação entre o profissional de enfermagem com a criança e sua família é

caracterizada pelo desenvolvimento de ações, atitudes e comportamentos norteados por

fundamentação científica e ética, experiência, intuição e pensamento crítico. Este processo é

realizado para e com o cliente, visando promover, manter e/ou recuperar sua dignidade e

totalidade humana, e não apenas a sua integridade física (FORMOZO et al, 2012).

A equipe de enfermagem mantém uma contínua convivência com a criança e sua

família, de modo que isso lhe possibilita grandes oportunidades de interação durante o

processo de cuidar. A habilidade de ouvir e de se aproximar do cliente favorece a relação

terapêutica e abre espaço para a dimensão sensível do cuidado. Para isso, é relevante saber

aproximar-se do cliente e ter sensibilidade uma vez que se vê implicado com as

representações dos sujeitos que entram em cena na relação cuidadora. Em relação a isso, uma

postura ética torna-se desejável, no sentido de respeitar as divergências, as crenças e os

hábitos dos clientes (TEIXEIRA, 2000).

Teixeira ressalta a necessidade da reflexão a respeito dos efeitos psicoafetivos no

processo de cuidar, entendendo que os profissionais de enfermagem não simplesmente

exercem uma ação uma vez que quem cuida compartilha os cuidados e não simplesmente

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56 pratica um ato. Profissionais e clientes interagem ativamente durante os cuidados em um

assentado contexto e isso origina um processo contínuo de criação e reprodução de sentidos,

sendo denominados como uma forma de produção de subjetividades (TEIXEIRA, 2004).

Neste contexto, “subjetividade é entendida como produção de sentido, com

potencialidade de criação e não simplesmente como algo vago relacionado à introspecção

individual”. Subjetividade não é uma essência, pois está aludida na produção continua de

novas virtualidades, ou em um processo de criação ininterrupto por meio das singularidades.

Neste ponto de vista, tanto o sujeito quanto o objeto são produzidos e não existe

subjetividade, mas subjetividades muitas são produzidas pelo processo de cuidar em

enfermagem (TEIXEIRA, 2000, p. 01-02).

A finalidade do cuidar na enfermagem tem por primazia o alivio do sofrimento

humano, mantendo a dignidade e promovendo meios para manobrar as crises com as

experiências do viver e do morrer. Deste modo, entende-se como objetivos do cuidar:

confortar, ajudar, restaurar, envolvendo verdadeiramente uma ação interativa calcada em

valores e no conhecimento do ser que cuida para e com o ser que é cuidado, passando assim a

ser cuidador (WALDOW, 2001).

O mesmo autor (op cit.p127) entende o “cuidar como ações que compreendem

valores, habilidades, conhecimento e atitudes empreendidas no sentido de favorecer as

potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição humana no processo de viver

e morrer ”.

Neste contexto, Teixeira (2004) diz que o cuidado tem cerne técnico-científico,

estético, ético e oferece transversalidades com outros saberes e práticas. O cuidado de

enfermagem abarca a relação, o desejo, a comunicação, a saúde, a doença e a morte.

Cuidar inclui a realização de procedimentos técnicos coligados à expressão de

atitudes combinados com princípios humanísticos, entre os quais a manutenção do respeito,

da dignidade e da responsabilidade entre as pessoas na relação de cuidado. Ao cuidar o

profissional de enfermagem estabelece com o cliente uma relação que deve ser permeada

tanto por valores morais, éticos e sociais, quanto pela interferência do meio. Pode-se dizer,

também, que o processo de cuidar é diretamente influenciado pela formação pessoal e pela

personalidade do cuidador e do ser cuidado, adquiridas através de suas experiências, crenças e

cultura (FORMOZO et al, 2012).

4.2.2.2 Subcategoria 2: Os limites nas relações humanas interpessoais no desenvolvimento do

cuidado à criança e sua família

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57 Pode-se observar nas falas de TE10 e TE8 que os profissionais de enfermagem

buscam manter distancia emocional, para não se envolverem afetivamente com a criança,

como estratégia defensiva durante o processo de cuidar, que caracteriza limite na relação com

a criança e sua família.

Eu procuro manter uma distância emocionalmente segura. Eu brinco, dou risadas com as crianças, mas se eu me envolver, me jogar na vida desta família, eu acabo sofrendo junto. Isso me faz muito mal. Têm crianças aqui que a gente está vendo o desenvolvimento [da doença] e sabe o que vai acontecer, isso machuca muito, porque você tem aquela situação, sabe que você está perdendo [a criança]. Quem trabalha com saúde não gosta de perder vidas. E essa perda dói muito. Então eu prefiro manter uma distância segura; não me envolvo muito nas relações familiares para não me magoar (TE10). Então eu procuro não me envolver emocionalmente com a criança nem com a família para não sofrer, e para que minha emoção não atrapalhe o meu trabalho (TE8).

O trabalho em saúde e enfermagem envolve uma relação entre sujeitos. O cuidador -

sua subjetividade, história, direitos, necessidades, relações com os demais participantes do

trabalho coletivo, concepção cultural-profissional de saúde; e o sujeito cuidado - suas

necessidades e concepções culturais de saúde. Estas expectativas e interesses podem

aproximar-se, potencializando a perspectiva do cuidado "de si e do outro" ou distanciar-se

gerando conflitos (PIRES, 2009).

O sofrimento no trabalho pode ser mantido através de desenvolvimento de estratégias

defensivas que garantam a normalidade aparente e insensibilizem contra o que faz sofrer. Esse

trabalhador protege a sua saúde mental, de modo a tornar tolerável o sofrimento ético que

experimenta ao cominar um sofrimento indevido ao outro, objetificando-o e a si mesmo num

processo de produção de procedimento e não de saúde (MARTINS; ROBAZZI; BOBROFF,

2010).

O trabalhador quando se depara com situação de sofrimento, pode utilizar estratégias

de enfrentamento contra o sofrimento, tais como o conformismo, negação e passividade. As

utilizações destas estratégias de defesa afetiva propiciam proteção do sofrimento e a

manutenção do equilíbrio por possibilitar o enfrentamento e o contorno das situações

causadoras de sofrimento (DEJOURS et al, 2014).

Os trabalhadores têm capacidade de se proteger, de buscar saídas, de transformar, de

reconstruir a realidade, ou seja, de analisar a dinâmica dos processos psíquicos envolvidos na

confrontação do sujeito com a realidade do labor, esta confrontação é denominada de

estratégia defensiva. Estratégias defensivas são mecanismos por meio dos quais o trabalhador

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58 busca modificar, transformar e minimizar sua percepção da realidade que o faz sofrer

(MARTINS; ROBAZZI, 2012).

O depoente TE11 afirma ser necessária uma "blindagem emocional” durante o

cuidado da criança e que esta acaba sendo prejudicial para a assistência, pois torna-se fria,

assim, o profissional centra o cuidado apenas na prescrição médica.

Às vezes, tem que se blindar de uma fortaleza para não demonstrar sentimento para a criança e essa blindagem acaba sendo negativa, porque a gente acaba sendo frio. Você alivia a dor da criança olhando a prescrição. Você olha a prescrição, o médico passou isso, então é isso que você tem que fazer (TE11).

Da Rosa dos Reis et al (2014), apontaram que os profissionais que cuidam da criança

gravemente enferma, buscam estratégias de defesa na tentativa de se adaptarem à situação

vivenciada, de maneira a reduzir seu caráter aversivo. Diante da convivência com a criança

nos momentos mais difíceis, o profissional de enfermagem busca se afastar na tentativa de

evitar o envolvimento emocional, e esforça-se para limitar sua relação com a criança aos

procedimentos técnicos e à rotina assistencial, de modo a separar a relação pessoal da

profissional, buscando amenizar seu sofrimento e melhorar o processo de cuidar dos pacientes

pediátricos.

O depoente TE2, ainda explica que procura não criar vínculos com as crianças, nem

ter envolvimento emocional quando cuida de criança potencialmente grave, por medo de

sofrer decepção da perda, identificando-se com sua história familiar.

Quando eu vejo que é criança potencialmente grave, como as crianças da hematologia, eu não me envolvo, porque eu vou sofrer. Depois que eu perdi meu pai, eu procuro não me envolver, principalmente com crianças de hematologia, porque eu não posso ter outra decepção. Eu vou, presto o cuidado e pronto. Não fico como os colegas que ficam bajulando, tirando fotos. Não posso criar vínculos. Vou prestar cuidados, assistência, mas não me envolvo emocionalmente (TE2).

Cuidar de uma forma mais inteira dos pacientes pode trazer à tona os medos e

sofrimentos. Tanto o envolver-se quanto o não se envolver têm consequências. O não se

envolver traz uma ilusória e cômoda sensação de segurança. Ignorar os sentimentos alheios

pode levar a uma prática assistencial reducionista, na qual cabe somente a dimensão técnica

(PUGGINA; SILVA, 2009).

O depoente TE13 relata uma experiência com um familiar, como aprendizagem para

lidar com a criança doente e sinaliza que a sensibilidade aumentada ao cuidar pode prejudicar

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59 também a atuação do profissional, visto que ele pode não conseguir prestar assistência à

família.

Eu aprendi muito com a doença do meu pai. Então, eu não sei se isso contribui para o positivo ou para o negativo dentro da profissão, mas você acaba ficando, mais sensível. Quer dizer, tudo te sensibiliza e isso também não é bom para a gente como profissional. Se tudo que a gente vê ficar emocionado, a gente não vai conseguir dar uma força para a família (TE13).

Corroborando os achados, Rockembach, Casarin e Siqueira (2010), dizem que no

processo de cuidar, as possibilidades do profissional de enfermagem se envolver

emocionalmente e desenvolver uma relação de afeto com o paciente são maiores. Algumas

vezes essa relação é intensa, o que gera sentimentos de empatia e apego, ou então leva o

profissional a projetar a situação como se fosse seu próprio parente. Nessa situação, os

sentimentos de perda e frustração podem ser potencializados e provocar o luto.

No cuidar da criança, o profissional corre o risco de se envolver e constituir vínculo

afetivo, que é concebido como sendo uma forma de comportamento em que uma pessoa

mantém a proximidade com outra que é diferente e preferida. Este vínculo, é visto como uma

base de segurança e, quando é interrompido, como na presença da morte, provoca sofrimento

e sentimento de perda, ou seja, provoca o luto que é uma reposta esperada frente à separação

(COSTA; ARAÚJO; BARROS, 2009).

A condição de saúde de alguns pacientes constitui um processo que gera intenso

desgaste e sofrimento no trabalho de enfermagem, sobretudo quando se trata de crianças,

principalmente pela característica humana desse trabalho, em que o envolvimento afetivo com

as pessoas assistidas é inevitável (MARTINS; ROBAZZI, 2012).

Assim, pode-se considerar que os efeitos do trabalho da enfermagem afetam a vida

dos profissionais envolvidos, por lidarem cotidianamente com situações de risco e que

ameaçam a vida de outras pessoas (REZENDE; FERREIRA NETO, 2013).

Para compreender esses sentimentos vivenciados durante a realização do trabalho de

enfermagem com crianças, é importante ponderar que o agente do trabalho e o sujeito que

recebe a ação são seres humanos, o que resulta em uma estreita ligação entre o trabalho e o

trabalhador com contato direto com as vivências de sofrimento, dor, inconformismo,

desespero, incertezas, processo de morte e outros sentimentos despertados pelo processo de

doença (GARCIA et al, 2013).

Para estes autores, o indivíduo é entendido não apenas como recurso humano no

ambiente de trabalho, mas como uma rede de complexidades e subjetividades, as quais são

decisivamente inseridas no processo de trabalho e nas trocas entre os atores do cuidado. O

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60 sofrimento ou a morte de alguns pacientes constitui um processo que gera intenso desgaste e

sofrimento no trabalho, principalmente quando se trata de crianças.

No grupo investigado os depoentes verbalizaram facilidade para lidar com a criança,

porém, a mesma facilidade de relacionamento não é percebida quando se referiram aos

familiares, o que significa limites nesta relação.

Um depoente verbalizou:

Eu acho que criança é bem mais fácil de lidar, muito mais fácil de ter jeito de se aproximar. Eu gosto muito desta relação diretamente com a criança. Tem pais que não se têm muita abertura com eles quando se fala, tem familiar que é bem complicado (TE15).

O estudo de Souza (2007) descreveu que o familiar/acompanhante não é tão

valorizado por ainda não ser visto como parte integrante do cuidado à criança, e torna-se um

desafio para a enfermagem, que tem o costume de decidir sobre as situações do cuidado. Esta

autora, ainda ressalta que quando o familiar/acompanhante conhece o diagnostico e aprende

os cuidados com a criança, a equipe de enfermagem parece recuar e se defender, e passa a

definir o familiar como exigente.

Nas relações de cuidado, os profissionais, muitas vezes não se sentem preparados

para dividir os mesmos espaços com os familiares das crianças internadas, o que dificulta o

estabelecimento de vínculos tão necessário para o desenvolvimento do cuidado (VEIGA,

PINA;MELLO, 2009).

O vínculo e a comunicação são instrumentos importantes para o fortalecimento das

relações na unidade de pediatria, auxiliando a família na compreensão do processo de

hospitalização. Um aspecto que pode gerar conflitos é a habitual falta de oportunidade da

família de expressar suas emoções e expectativas. A maneira como a equipe de enfermagem

percebe a presença do familiar pode determinar sua postura nessa convivência, avalizando a

qualidade do cuidado (RODRIGUES et al, 2013).

Neste contexto, é preciso perceber que o cuidado voltado para a criança exige dos

profissionais de enfermagem atenção, cuidar ativo e dinâmico envolvendo a família, uma vez

que a hospitalização mobiliza toda a estrutura familiar. A família, junto com a criança, passa

por uma série de fatores estressantes e muitas vezes repentinos, em decorrência da doença

(RODRIGUES et al, 2014).

As falas a seguir demonstraram que apesar de gostar de cuidar da criança, a relação

com a família é estressante, complicada pela existência de uma crise sociocultural.

Ah, eu gosto do cuidado com a criança. Já com o familiar é meio estressante, porque eles já chegam aqui cheios de problemas deles, e as crianças que estão aqui são mais

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trabalhosas porque têm doenças mais raras, tem câncer. Eu acho que meu relacionamento com eles, eu tento ser o mais profissional possível para não passar nada de mal para eles (TE14). A relação com os acompanhantes é um pouco complicada porque existe uma crise sociocultural muito grande aí fora, onde as pessoas estão perdendo o parâmetro das coisas e eu particularmente sou muito veemente com alguns aspectos, então, eu encontro algumas dificuldades com o acompanhante (TE12).

Analisando-se o conteúdo das entrevistas, pode-se perceber o princípio dialógico do

pensamento complexo, o qual une duas noções que tendem a excluir-se reciprocamente, mas,

são indissociáveis em uma mesma realidade (MORIN, 2002).

A complexidade considera a incerteza e as contradições como parte da vida e da

condição do homem e, ao mesmo tempo, sugere a solidariedade e a ética como caminhos para

a religação dos seres e dos saberes. Ela concebe o ser humano como um ser complexo, capaz

de se auto-organizar e de estabelecer relações com o outro, num processo de auto-eco-

organização a partir de sua dimensão ética, que reflete seus valores, escolhas e percepções do

mundo (MORIN, 2011c).

O depoente a seguir fala sobre a dificuldade no relacionamento com a família:

Minha relação com a criança é boa, mas existem famílias e famílias. Têm famílias que são casos sociais e são casos de policia, e aí realmente eu não consigo me relacionar com estas pessoas quando eu vejo o erro da família que está acompanhando a criança, e eu falo e percebo que a pessoa não está nem aí para o que eu estou falando. Por exemplo: quando oriento sobre a higiene da criança e ela não dá importância, cria-se uma barreira (TE9).

A situação vivenciada pela criança, família e equipe de saúde, necessita de uma

forma diferenciada de cuidar em que a intersubjetividade seja norteadora, enfocando o ser

humano como princípio de toda ação. O caráter relacional do cuidado implica em considerar a

intersubjetividade que se estabelece na relação interpessoal (CUNHA; ZAGONEL, 2008).

A produção do cuidado à criança no hospital confunde-se com o próprio processo de

constituição e de desenvolvimento de um sujeito família-criança, na sua relação com outro

sujeito. Destarte, falar em cuidado significa falar, ao mesmo tempo, em constituição de

sujeitos que conhecem – cada um na sua singularidade. Isso expressa que o cuidado que

parece estável em um assentado momento, se desestabiliza em outro para que um novo

arranjo seja feito. Essa construção é realizada em parceria, pois, ao agrupar novos elementos

ao cuidado da família-criança, a enfermagem vai, gradualmente, modificando os processos

anteriores para reorganizá-los às novas construções (COLLET, 2012).

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62 Strasburg et al (2011), pontuam que a internação da criança ocorre, muitas vezes, de

forma inesperada, causando angústia na família que pode apresentar-se vulnerável,

necessitando de auxílio para adaptar-se à situação.

Analisando-se as falas, pode-se perceber o princípio dialógico do pensamento

complexo o qual, une duas noções que tendem a excluir-se reciprocamente, mas são

indissociáveis em uma mesma realidade (MORIN, 2002).

As relações interpessoais têm um lugar expressivo nos processos psicossociais e

tratam da forma como as pessoas constituem relações umas com as outras. Toda relação

interpessoal divide certas propriedades que formam sua estrutura e qualidades afetivas;

quando essas relações se situam em âmbito profissional adquirem implicações e

características específicas, com fins terapêuticos, denominadas relação terapêutica ou relação

de ajuda (VILELA; CARVALHO; PEDRÃO , 2014).

Corroborando estes autores, Rodrigues et al (2014), afirmam que a compreensão

atual do cuidado à criança, não permite excluir deste processo, a mãe e a família da criança.

Esta concepção se fundamenta, por um lado, na indissociabilidade destes elementos,

compondo um único universo sócio-psico-emocional e, por outro lado, na mútua influência

que exercem entre si, contribuindo positiva ou negativamente para a construção de uma

relação terapêutica.

Neste sentido, mediante o exposto, salienta-se a importância do envolvimento

emocional com a criança e sua família pelo profissional de enfermagem, considerando que

almeje estabelecer uma relação autêntica, uma vez que o envolvimento é vital na relação

terapêutica, pois, pode promover empatia e permite ainda que o profissional conheça melhor a

criança e sua família para suprir suas necessidades, sem prejudicar o desenvolvimento do seu

trabalho.

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63 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados deste estudo é possível identificar que os objetivos propostos

forma alcançados. Olhar as relações humanas, referenciando complexidade de Edgar Morin,

permitiu compreender o sujeito humano em processo relacional no ambiente de trabalho.

Assim, foi possível compreender como se estabelecem as relações interpessoais entre

os profissionais de enfermagem, para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família,

no contexto de uma emergência pediátrica.

A relação interpessoal entre os profissionais de enfermagem, em unidade de

emergência, precisa ser permeada de valores e sentimentos humanos que visem o bem-estar e

o estar melhor da tríade equipe/criança/família, colocado em cena peculiaridades do universo

afetivo, cultural e social dos sujeitos envolvidos através da presença genuína e autêntica

estabelecida nas relações de cuidado.

Dentro desta perspectiva, o cuidado a criança perpassa, primeiramente, pelas relações

estabelecidas no ambiente de trabalho, considerando os encontros das diferentes

subjetividades sendo imperioso o respeito ao individuo e suas singularidades.

Por meio deste estudo pode-se apreender que escutar o outro, não se refere apenas a

questões comunicativas presentes nos processos relacionais, mas sugere o respeito às

singularidades, uma vez que o ser humano necessita sentir-se incluído como sujeito único, e

ser ouvido, o enviam ao sentimento de pertença e reconhecimento do EU pelo TU.

O sujeito estabelece no ambiente de trabalho relações dialógicas, visto que junta o

que aparentemente parece separado. Família e trabalho são estruturas sociais distintas, mas,

neste estudo, alguns depoentes referem-se à relação com a equipe como se fosse uma família.

As relações pessoais e profissionais caminham juntas, tecidas em um só sistema

complexo de relacionamento humano. Não se pode reduzir o profissional apenas ao saber

técnico e ignorar sua subjetividade. Na condição relacional não cabe o reducionismo nem a

disjunção. O sujeito nunca apenas é, mas, continuamente está sendo, se modificando, se

reinventando. Ora age como profissional, ora age como sujeito social.

Nas relações humanas interpessoais entre os profissionais de enfermagem, durante o

trabalho na emergência, foi evidenciado o acolhimento, a confiança, a amizade, o respeito;

assim como, o entrosamento da equipe e o dialogo, foram caracterizados como fundamentais

no estabelecimento de boas relações de trabalho para o cuidar da criança, onde a ausência

destes elementos relacionais podem gerar conflitos no ambiente de trabalho impactando no

desenvolvimento do cuidado.

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A cooperação e a solidariedade também foram características identificadas neste

grupo, e estas atitudes, contribuem para a formação de vinculo e o espírito de equipe entre os

colegas de trabalho. Para os profissionais de enfermagem, da unidade de emergência, gostar

de cuidar, o diálogo, o respeito, a confiança e relacionar-se bem com a criança, são

possibilidades para o processo de relacionamento durante o desenvolvimento do cuidar.

O estudo evidenciou a importância do diálogo no ato de cuidar, uma vez que existe a

preocupação em conversar com a criança durante o desenvolvimento do cuidado, visando

adquirir confiança da criança. Evidenciou-se ainda, que não há como cuidar da criança sem a

aproximação com o familiar em uma relação pautada no diálogo e respeito.

Assim, neste estudo, foi revelado que buscando adquirir uma relação trinitária

profissional/criança/família, o cuidado deve ser pautado no diálogo e confiança evitando uma

abordagem meramente mecânica e tecnicista.

As relações interpessoais envolvem a equipe de enfermagem na presença de

sentimentos humanos que repercutem no seu modo de fazer enfermagem. Dentro deste

contexto, no que diz respeito às relações interpessoais no desenvolvimento do cuidado, os

afetos têm forte influência na interação com a criança e sua família.

No estudo, foi identificado que os profissionais de enfermagem buscam estratégias

defensivas para o relacionamento com a criança grave e seus familiares durante a assistência,

que significam limites na relação de cuidado.

As falas mostraram que os profissionais procuram não criar vínculos, buscando não

ter envolvimento emocional durante o cuidado com as crianças graves e seus familiares.

Devido ao sofrimento, estes profissionais, mediante a possibilidade da criança morrer,

recorrem ao posicionamento defensivo, procurando limitar a relação com a criança aos

procedimentos técnicos e à rotina assistencial para não sofrerem.

No cuidar da criança o profissional corre o risco de se envolver e constituir vínculo

afetivo, que quando é interrompido, como na presença da morte, acende sofrimento e

sentimento de perda. Entretanto, a condição de saúde de algumas crianças constituem um

processo que pode causar ou não sofrimento e desgaste durante o desenvolver do trabalho do

profissional de enfermagem.

Destarte, pode-se considerar que os efeitos do trabalho da enfermagem, em uma

emergência pediátrica, afetam a vida dos sujeitos profissionais submergidos por suportar, no

dia a dia do cuidar, situações de sofrimento; podendo apresentar um posicionamento

defensivo, a fim de se proteger afetivamente.

Ao apresentar um posicionamento defensivo como o distanciamento psicoafetivo, o

profissional revela suas fragilidades, angústias, incertezas e, para se proteger fecha-se em si

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65 mesmo num movimento de exclusão, onde apenas ele é o centro, não permitindo a entrada do

outro. O egocentrismo manifesto nesta conduta protetora de si, retroalimenta a dificuldade em

lidar e vivenciar seus medos e angústias, influenciando na assistência prestada, uma vez que

buscam implementar estratégias para limitar o envolvimento durante o cuidado.

Por outro lado, ao tomar consciência de suas limitações afetivas, como revelado

neste estudo, o ser humano tem a possibilidade de escolher entre fechar-se em si mesmo, ou

abrir-se num postura descentrada quando vai de encontro com o outro.

Apesar de ser importante para o restabelecimento da saúde da criança internada, a

presença dos familiares, ainda representa um desafio para os profissionais de enfermagem

entrevistados. Dentro deste contexto, identificou-se neste estudo que os profissionais de

enfermagem, da unidade de emergência, possuem dificuldades na relação com os

acompanhantes, durante o fazer da assistência de enfermagem, considerando que a

comunicação com os familiares que acompanham a criança é difícil, uma vez que o

profissional se aproxima deste familiar com conceitos preestabelecidos, e os denominam

como difíceis, complicados.

Entendendo que a criança que está internada na unidade de emergência encontra-se

em situação de saúde comprometida e por vezes com risco de morrer, os profissionais ficam

sobre tensão, precisam ter agilidade no atendimento; e muitas vezes ser questionado pelos

familiares causa angústia, visto que o prognóstico do problema da criança é frequentemente

obscuro.

Deste modo, os profissionais de enfermagem podem acabar adotando uma postura

defensiva por não conseguir dar conta do sofrimento do outro, uma vez que também entram

em contato com suas próprias vivências internas e conflitos, sentindo-se incomodados com o

sentimento de identificação com os familiares. Então, para conseguir sobreviver ao misto de

sentimentos, estes sujeitos, dentro de toda sua humanidade buscam através de um

posicionamento defensivo excluir o outro na tentativa de excluir sua dor.

Entretanto, destaca-se que para o estabelecimento de uma relação interpessoal

legítima durante o cuidado, é importante o envolvimento afetivo pelo profissional de

enfermagem com o binômio criança-família, para conseguir estabelecer uma relação ética de

empatia, permitindo que o profissional conheça melhor este binômio e assim atenda às suas

necessidades, sem prejuízo em sua atuação.

Durante o desenvolver do trabalho, o sujeito humano profissional de enfermagem se

desorganiza quando se depara com as diferenças intersubjetivas que fazem entrar em contato

direto com as limitações da sua própria humanidade e se desorganiza quando se identifica

com uma situação de cuidado similar em sua historia de vida.

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66 Este sujeito humano profissional, ao mesmo tempo em que se aproxima para cuidar,

se afasta para não sofrer. Se organiza no cuidado, desorganiza no distanciamento para o não

sofrimento, e volta a se organizar quando se protege deste sofrimento. O ser humano é sapiens

sapiens demen, convive com sua capacidade de racionalizar e com suas loucuras, é insano e

sensato ao mesmo tempo.

As situações limites nas relações interpessoais, mostradas neste estudo, mobilizam

um desafio para o enfermeiro líder, que deve fazer uma gestão centrada no ser humano, e

assim compreender as limitações dos profissionais da equipe de enfermagem, considerando

que não são apenas pessoas trabalhando, mas sujeitos singulares.

O enfermeiro gerente/líder deverá buscar alternativas para não submeter o

profissional a situações que lhe cause sofrimento e, sobretudo, não deve perder de vista a

ética, a qualidade e a garantia da assistência ao binômio criança e sua família.

Deste modo, ressalta-se que para enfrentar as questões limites encontradas neste

estudo, acerca das relações interpessoais dos profissionais de enfermagem no

desenvolvimento do cuidado a criança e sua família, o enfermeiro deve compreender os

conflitos além da racionalidade gerencial burocrática e formalista; entendendo que não cabe a

carência de comunicação e integração entre os sujeitos no ambiente de trabalho.

Contudo, gerenciar, com vistas nas relações interpessoais, exige uma capacidade de

conhecer e reconhecer as habilidades individuais para melhor contornar as situações

problemas, assim como necessita buscar recursos para habilidades sociais a fim de resolver as

questões com olhar centrado no ser humano que trabalha e não apenas com atitudes

burocrática-administrativas, as quais devem ser utilizadas, nestes casos, como instrumento

organizacional para equalizar os fluxos e processos. Entendendo que pensar em gestão de

pessoas é pensar no ser humano.

Do mesmo modo, a resolução de problemas quando realizada em grupo, torna-se um

potencial para o estreitamento dos laços afetivos no ambiente de trabalho, favorece a

integração, o trabalho em equipe, assim como a comunicação, e o respeito para consigo e para

com o outro.

A interação das subjetividades no local de trabalho considera o lugar dos afetos, uma

vez que o sujeito está no objeto, assim como o objeto está no sujeito, não sendo possível uma

disjunção.

Cuidar em pediatria pressupõe saberes além do saber técnico. O profissional de

enfermagem, ao entrar em contato com os clientes, precisa considerar que o cuidado é

relacional, e envolver-se na interação eu-tu-nós proporciona vivenciar experiências com

próprios sentimentos e afetos. Entender o ser humano na perspectiva da complexidade é

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67 considerar que as limitações fazem parte da condição humana. Entretanto, o que

aparentemente pode parecer como uma limitação, também torna-se possibilidade quando

compreendida como um modo diferente de ver e lidar com o fenômeno.

Por fim, entende-se que as relações humanas interpessoais, entre os profissionais de

enfermagem, na unidade de emergência, no desenvolvimento do cuidado, é complexa. Porque

junta o aparentemente separado. Há uma busca constate de uma relação dialógica vai

construindo uma teia de interações, onde, para o equilíbrio dos relacionamentos, existe uma

dança entre a ordem e desordem, movimentos de inclusão e exclusão dos sujeitos. Tendo em

vista que o sujeito humano relacional apresenta para o outro sua condição humana e recebe do

outro ações humanas; num balé dialógico, recursivo e hologramático. Como de fato o sujeito

segue se construindo e desconstruído na busca de organizar o universo das

intersubjetividades.

Compete mencionar as contribuições deste estudo na compreensão das relações

humanas interpessoais no trabalho de enfermagem, no desenvolvimento do cuidado à criança

e sua família. Aponta-se deste modo os múltiplos elementos que constituem a dimensão

interativa do trabalho: diálogo, comunicação, confiança, vínculo, respeito mútuo,

reconhecimento do trabalho do outro, entendendo que o trabalho de enfermagem, quando

realizado em equipe com a existência de colaboração e ética, permite ampliar a qualidade da

assistência de enfermagem centrada nas necessidades de cuidado da criança e sua família.

A opção da utilização exclusiva da entrevista como técnica de coleta de dados

configurou-se uma limitação do estudo. Entende-se que a utilização, também, da observação

permitiria triangular o material empírico das entrevistas e das observações, com intuito de

compreender em conjunto, as concepções de relações interpessoais e de cuidado à criança,

não somente na perspectiva dos profissionais, mas também, através da observação e associar a

comunicação verbal e não verbal aos discursos.

Cabe esclarecer que limitações estão em partes relacionadas à necessidade de um

recorte maior do objeto de estudo, por se tratar de um mestrado. Nesse sentido, as próprias

limitações instigam para a continuidade do estudo e futuras pesquisas que permitirão

compreender de forma mais ampla o tema da pesquisa.

Sugere-se, a partir deste ponto, a realização de outras pesquisas que reforcem o

caráter complexo das relações humanas interpessoais na produção do cuidado de enfermagem

à criança e sua família, e contribuam na reflexão do modo de fazer e gerenciar enfermagem

para a execução do cuidado na saúde da criança.

Este estudo não esgota o tema abordado, porque as maneiras de ver e sentir um

fenômeno são dinâmicos. É possível, através de novos estudos e pesquisas, progredir com o

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68 objetivo de refinar outras compreensões sobre o ser humano e de como a equipe de

enfermagem estabelece suas relações interpessoais ao cuidar da criança em distintos

ambientes hospitalares.

A conclusão deste estudo foi uma experiência singular e valiosa, a qual conduziu à

transformação do pensar e ao crescimento enquanto profissional e ser humano.

A finalização desta dissertação estimulou ainda mais a continuar trilhando novos

caminhos de investigação, com vista a mergulhar na inesgotável fonte de compreensão do ser

humano e seus processos relacionais em ambiente de cuidado.

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8 APÊNDICES

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8.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Resolução n° 466/12- Conselho Nacional de Saúde Convidamos o(a) Sr.(a) para participar da pesquisa: AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO E O DESENVOLVIMENTO DO CUIDADO, que tem como objetivos: 1- Descrever o processo relacional do profissional de enfermagem no dia a dia de trabalho em pediatria; 2- Discutir as possibilidades e limites nas relações de trabalho da equipe de enfermagem para o desenvolvimento do processo de cuidar da criança hospitalizada. A pesquisa está sob a responsabilidade dos pesquisadores Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima dos Santos e Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira, com o término previsto para junho de 2016. Suas respostas serão tratadas de forma confidencial e anônima, isto é, em momento algum será divulgado seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário destacar alguma parte do seu depoimento, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído, usando sua categoria profissional seguido da numeração, conforme a ordem das entrevistas. Para os enfermeiros E1, e para técnicos de enfermagem TE1, e assim, sucessivamente. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas. Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevistas em uma sala reservada, próxima ao seu setor de trabalho, em dia e horário convenientes para você. As entrevistas terão uma duração média de 20 minutos, serão gravadas em Mp4, para posterior transcrição, e será guardada por (05) anos e incinerada após este período. O(A) Sr.(a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os riscos relacionados à pesquisa estão relacionados aos sentimentos negativos que podem surgir durante a entrevista. E, entendendo que relembrar determinadas situações vividas poderá lhe causar algum desconforto emocional, a pesquisadora encerrará imediatamente a entrevista caso seja necessário. O benefício relacionado à sua participação se deve à contribuição para novos saberes na área do Cuidado, Gestão e do Trabalho em saúde. Se depois de consentir em sua participação o(a) Sr.(a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. O(A) Sr.(a) receberá este termo, onde consta o e-mail do pesquisador responsável, e o telefone do Comitê de Ética em Pesquisa, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradeço sua colaboração. _____________________________ _____________________________ Roberta de O.J.F.L. dos Santos Enéas Rangel Teixeira Mestranda Professor Orientador

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88 Depoente_____________________ e-mail do pesquisador responsável: [email protected] INSTITUTO DE PUERICULTURA E PEDIATRIA MARTAGÃO GESTEIRA-UFRJ Comitê de Ética em Pesquisa – Rua Bruno Lobo, 50 – Ilha do Fundão - RJ Telefones: 38396124/25903842 Este estudo foi revisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, formado por um grupo que se reúne para avaliar os projetos e assegurar que os mesmos não tragam nenhum dano aos participantes da Pesquisa. “O Comitê de Ética em Pesquisa é o setor responsável pela permissão da pesquisa e avaliação dos seus aspectos éticos. Caso você tenha dificuldade em entrar em contato com o pesquisador responsável, comunique-se com o Comitê de Ética do IPPMG pelo telefone supracitado”. Declaro estar ciente do conteúdo deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer punição ou constrangimento. Recebi uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

Rio de Janeiro, ___ de ___________ de 2015.

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89 8.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DIRECIONADO

AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS Idade: ___________.

Sexo: ___________________.

Religião: __________________.

Cargo na Instituição: ________________________.

Formação complementar: _____________________. Especialização: __________________.

Tempo que trabalha no hospital: __________________.

Tempo que atua na unidade de emergência: ____________________.

RELAÇÕES DE TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA PEDIATRIA (relação

do sujeito com ele mesmo, com o outro e com o trabalho):

*Como você se percebe nas relações com os pacientes?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________.

*Como você se percebe nas relações com os colegas do trabalho e com as atividades do

trabalho?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________.

ÉTICA

*Como esta forma de se relacionar interfere na produção do cuidado?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________.

* Para você, o que poderia melhorar nas relações no ambiente de trabalho?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________.

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90 9. ANEXOS

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