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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL INGRID REBOUÇAS DE MOURA ANÁLISE MULTICRITÉRIO DOS PRINCIPAIS INDICADORES DE UM AEROPORTO HUB NO NORDESTE APLICAÇÃO DO MÉTODO ANALYTICAL HIERARCHY PROCESS ANGICOS-RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

INGRID REBOUÇAS DE MOURA

ANÁLISE MULTICRITÉRIO DOS PRINCIPAIS INDICADORES DE UM

AEROPORTO HUB NO NORDESTE – APLICAÇÃO DO MÉTODO ANALYTICAL

HIERARCHY PROCESS

ANGICOS-RN

2019

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INGRID REBOUÇAS DE MOURA

ANÁLISE MULTICRITÉRIO DOS PRINCIPAIS INDICADORES DE UM

AEROPORTO HUB NO NORDESTE – APLICAÇÃO DO MÉTODO ANALYTICAL

HIERARCHY PROCESS

Trabalho Final de Graduação apresentado a

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

como requisito para obtenção do título de

Bacharela em Engenharia Civil.

Orientador: Luís Henrique Gonçalves Costa,

Prof. Me.

ANGICOS-RN

2019

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Em memória de Geraldo Joaquim de Moura,

meu avô, amigo, pai e principal incentivador

aos estudos.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelas infinitas vezes que me provou que com bom ânimo e

esforço tudo é possível, por me mostrar mais vezes do que mereço que meu fardo é na medida

exata do que posso suportar e que não importa quão embaraçosas e difíceis sejam as situações,

eu nunca estarei só.

Agradeço a minha família, no nome dos meus avós Geraldo Joaquim de Moura e Ester Félix de

Moura, da minha mãe Josélia Félix de Moura, do meu padrasto Francisco Joventino Vieira e

do meu irmão Alisson Marques Vieira. Obrigada por todos os dias me fazerem sentir a pessoa

mais especial do mundo, por todo incentivo aos estudos e pela confiança diariamente depositada

em mim. Prometo honrá-los em tudo que me propor a fazer academicamente e

profissionalmente, prometo usar todo conhecimento adquirido até aqui para ajudar as pessoas

como vocês sempre me ensinaram a fazer.

Agradeço a amiga e irmã que a vida me presenteou, Yasmin Dantas, pelo apoio, palavras de

incentivo e pela torcida que sempre fez por mim.

Ao meu orientador, Luís Henrique Gonçalves Costa, por ter aceitado meu pedido para

orientação e ter confiado que daria certo. Obrigada pelo tempo dedicado a me atender, o

conhecimento passado, a preocupação, apoio e paciência nas explicações da melhor forma para

concretização deste sonho que é se formar e principalmente obrigada por me presentear com os

estudos na área de aeroportos.

A minha professora e amiga Sonia Gomes, por me incentivar desde o Ensino Médio a me

dedicar aos estudos e mostrar que com esforço e dedicação é possível se chegar mais longe do

que se planejou. Obrigada por não desistir de mim, pelas aulas extras e pelo tempo dedicado.

Agradeço aos amigos de Angicos, Jucurutu, Ylanne, Clailton, Ingridy Campelo, Ingridy

Marina, Layane, Mike, Joyce Gomes, Lane Valentim, Ana Sulamita, Ana Sâmula, Tyrone

Gabriel, Ana Paula e Jairo Luís. Obrigada pela amizade, solidariedade e atenção que tornaram

meus dias mais leves.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

Às amigas Izabele de Paula, Thaís Remylze, Amanda, Carol e minhas primas Sidna e Susana,

muito obrigada pelos conselhos, e por sempre acreditarem que sou capaz, as vezes até quando

eu mesma não acredito.

Agradeço a minha banca, o Prof. Dr. Kleber Cavalcanti, pela disponibilidade em avaliar meu

trabalho, pois sei que irá contribuir de forma significativa neste estudo. A Wendell Rossine, me

sinto extremamente honrada em tê-lo em minha banca e por você fazer parte do final deste

ciclo.

Agradeço aos professores da UFERSA-ANGICOS que contribuíram na construção de todo meu

conhecimento até aqui, em especial ao Prof. Dr. Wendell Rossine, obrigada pela disponibilidade

e dedicação nas aulas de Estruturas e pelo incentivo nos estudos de elementos finitos.

A todos que diretamente e indiretamente tem me ajudado ao longa de toda a jornada até aqui.

Muito obrigada!

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

“Deus não escolhe os capacitados capacita os

escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende

de nossa vontade e perseverança”

Albert Einstein

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

RESUMO

Atualmente, a indústria da aviação civil desfruta de desenvolvimento de alta velocidade e

recebe uma atenção cada vez maior, com o aumento de viagens as redes estão se modificando

e as redes hub and spoke são cada vez mais desejadas pelos aeroportos. Na escolha de um

aeroporto hub por uma empresa aérea são diversos os benefícios relacionados à movimentação

de passageiros, o que implica em um estudo detalhado quanto a demanda, localização

geográfica e infraestrutura aeroportuária disponível para acomodar esse novo modelo de

operação de voos. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo realizar um estudo

multicritério quanto às principais características para que um aeroporto se estabeleça como um

hub, firmando a importância que um componente tem sobre outro como fator de instalação do

sistema. Desta forma, esta pesquisa se direciona as recentes notícias da escolha de hub da

empresa aérea Latam Airlines Brasil, que pretende trazer uma conexão de voos para região

Nordeste. A empresa relata dificuldades em decidir entre os aeroportos de Fortaleza, Natal e

Recife. Contando com o auxílio de fontes secundarias e a opinião de especialistas da área de

operações estes aeroportos foram quantificados de acordo com os indicadores analisados, e por

meio de uma metodologia baseada na utilização do método Analytical Hierarchy Process

(AHP), foi possível determinar a relevância dos componentes e a escolha do aeroporto no

Nordeste que estaria mais apto a receber o hub da Latam.

Palavras-chave: Aeroportos. hub and spoke. AHP. Nordeste.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

ABSTRACT

Currently, the civil aviation industry enjoys high-speed development and is receiving increasing

attention with increasing travel networks are changing and hub and spoke wheels are

increasingly desired by airports. In the choice of an airport hub by an airline are several benefits

related to the movement of passengers, which implies a detailed study of the demand,

geographic location and airport infrastructure available to accommodate this new model of

flight operations. In this sense, this work aims to carry out a multicriteria study on the main

characteristics for an airport to establish itself as a hub, establishing the importance that one

component has over another as a system installation factor. In this way, this research is directed

the recent news of the choice of hub of the airline Latam Airlines Brasil, which intends to bring

a connection of flights to the Nordeste region. The company reports difficulties in deciding

between the airports of Fortaleza, Natal and Recife. With the help of secondary sources and the

opinion of specialists in the area of operations, these airports were quantified according to the

indicators analyzed, and through a methodology based on the use of the Analytical Hierarchy

Process (AHP), it was possible to determine the relevance of the components and the choice of

airport in the Nordeste that would be better able to receive the Latam hub.

Keywords: Airports. hub and spoke. AHP. Nordeste.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Aeroportos antigos ainda em operação regular...................................................... 21

Tabela 2 – Funções das Instituições Brasileiras da Aviação Civil .......................................... 23

Tabela 3 – Colaboração de um hub ao crescimento ................................................................ 31

Tabela 4 – Trabalho utilizando o método AHP (Analytical Hierarchy Process) .................... 35

Tabela 5 – Matrix recíproca A ................................................................................................. 37

Tabela 6 – Escala Fundamental do AHP. ................................................................................ 38

Tabela 7 – Critérios e subcritérios de avaliação de um aeroporto hub .................................... 47

Tabela 8 – Relação da escala utilizada com a Escala de Saaty ............................................... 50

Tabela 9 – Grau de importância entre áreas de um aeroporto ................................................. 52

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Identificação dos Subsistemas de um Aeroporto ................................................... 25

Figura 2 – Tipos de rotas ......................................................................................................... 29

Figura 3 – Detalhamento das operações hub and spoke. ......................................................... 30

Figura 4 – Estrutura Hierárquica para um Problema de Decisão. ........................................... 36

Figura 5 – Valores de IR para Matrizes Quadradas de Ordem n x n.Erro! Indicador não

definido.

Figura 6 – Estrutura hierárquica do modelo de decisão .......................................................... 42

Figura 7 – Aeroporto Internacional Pinto Martins e o atual Terminal de Passageiros (TPS) . 44

Figura 8 – Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves .............................................. 45

Figura 9 – Aeroporto Internacional de Recife ......................................................................... 46

Figura 10 – Estrutura hierárquica montada no Super Decision ............................................... 51

Figura 11 – Verificação da consistência para os critérios ....................................................... 52

Figura 12 – Ranking das alternativas para melhor aeroporto hub no Nordeste ...................... 54

Figura 13 – Nível de importância de cada critério em relação as alternativas ........................ 55

Figura 14 – Análise de sensibilidade para o critério Disponibilidade de Área para Manutenção

de Aeronaves ............................................................................................................................ 56

Figura 15 – Análise de sensibilidade para o critério Disponibilidade de Hotéis de Passagem

.................................................................................................................................................. 57

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SAC Secretaria de Aviação Civil

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

AHP

TPS

Analytical Hierarchy Process

Terminal de Passageiros

UFERSA

DLR

KLM

OACI

CACI

PPD

FAA

ANVISA

DECEA

INFRAERO

CGNA

NCPR

NCPE

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Deutsche Luft-Reederei Gmblt

Koninklijke Luchtvaart Maatschappij

Organização de Aviação Civil Internacional

Convenção de Aviação Civil Internacional

Pistas de pouso e decolagem

Administração Federal de Aviação

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Departamento de Controle do Espaço Aéreo

Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea

Número de Classificação de Proteção Requerida

Número de Classificação de Proteção Existente

PAA

DMN

DHP

Capacidade de Abastecimento

Disponibilidade de Área para Manutenção de Aeronaves

Disponibilidade de Hotéis de Passagem

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 18

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 18

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................ 18

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 19

3.1 A AVIAÇÃO CIVIL – BREVE CONTEXTO HISTÓRICO ............................................ 19

3.1.1 Desenvolvimento da Aviação Mundial ...................................................................... 19

3.1.2 A Aviação no Brasil .................................................................................................... 20

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA AEROPORTUÁRIO ............................................ 22

3.3 INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............ 23

3.3.1 Subsistemas de um Aeroporto ................................................................................... 24

3.3.2 Terminal de Passageiros (TPS) .................................................................................. 25

3.3.3 Operações no Lado Ar ................................................................................................ 27

3.4 SISTEMATIZAÇÃO DE UM AEROPORTO HUB..................................................... 28

3.4.1 Operações de um Aeroporto Hub .............................................................................. 30

3.4.2 Vantagens do Sistema ................................................................................................. 31

3.5 O MÉTODO AHP (ANALYTICAL HIERARCHY PROCESS) ................................................. 33

3.5.1 Análise Hierárquica .................................................................................................... 36

3.5.2 Comparação Par a Par ............................................................................................... 37

3.5.3 Escala Fundamental de Saaty .................................................................................... 38

3.5.4 Cálculo para determinação dos pesos ....................................................................... 39

3.5.5 Aplicação de análise de sensibilidade ........................................................................ 40

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................... 42

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................... 42

4.1.1 Objetos de estudo ........................................................................................................ 43

4.1.1.1 Aeroporto Internacional Pinto Martins – Fortaleza/CE ............................................. 43

4.1.1.2 Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves – Natal/RN ............................... 44

4.1.1.3 Aeroporto Internacional Gilberto Freyre – Recife/PE ............................................... 45

4.2 SELEÇÃO DOS COMPONENTES AEROPORTUÁRIOS ........................................ 46

4.2.1 Elaboração do questionário utilizando o Método AHP ........................................... 50

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

4.3 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS CRITÉRIOS ......................................... 50

4.3.1 Estruturação do modelo multicritério ...................................................................... 51

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 52

5.1 DETERMINAÇÃO DOS PESOS PELA COMPARAÇÃO PAR A PAR .................... 52

5.2 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS PARA HUB DO NORDESTE ...................... 54

5.3 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ................................................................................ 55

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 58

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

16

1 INTRODUÇÃO

O setor aeroportuário tem ganhado destaque e incentivado a dinâmica econômica por

meio da competição entre aeroportos, o que tem exigido mudanças no nível de serviço e

infraestrutura aeroportuária. Campos et al. (2010), aponta futuras perspectivas quanto ao

crescimento qualitativo e quantitativo do Sistema Aéreo Nacional, que vem sendo motivado

pela consolidação de novas empresas áreas e os altos investimentos na capacidade dos terminais

aéreos.

Atualmente, a indústria da aviação desfruta de desenvolvimento de alta velocidade e

recebe uma atenção cada vez maior. Em 2016, 3,8 bilhões de passageiros optaram por viajar

por via aérea em todo o mundo (LIU et al., 2018). Lall (2018) relata que os países estão

respondendo ao maior número de tráfego com a construção de novos aeroportos ou pistas

adicionais, enquanto outros desenvolveram novas ferramentas e procedimentos para melhor

utilizar a capacidade do espaço aéreo.

Um aeroporto tem como função principal comportar essa movimentação de passageiros

e cargas, podendo ser avaliado em termo de eficiência quanto a frequência de voos que são

oferecidas. Segundo Ashford et al. (2015), as empresas aéreas passaram a possuir maior

controle dos serviços de rotas e frequências logo após a desregulamentação, o que possibilitou

a instalação dos aeroportos hubs (centro de conexões).

À medida que a aviação vem crescendo, com a mudança das necessidades dos

passageiros, a dinâmica do setor e a concorrência, as empresas aéreas têm sido obrigadas a

evoluir (AKÇA, 2018). A instalação de redes hub and spoke, permitem as companhias aéreas a

redução de seus custos de operação de aeronaves e consequentemente a redução de atrasos no

cronograma dos passageiros, uma vez que atinge maiores fatores de carga em aeronaves

maiores com maior frequência de serviço. Esse sistema permite combinar passageiros com a

mesma origem, mas com diferentes destinos no mesmo voo e vice-versa, podendo por meio

deste sistema ampliar o número de passageiros quando comparado a modelos de ponto a ponto

(DANIEL, 1995).

A escolha de um hub por uma empresa área envolve um investimento alto no qual se

espera um retorno com o aumento de eficiência dos voos realizados e os serviços prestados,

logo essa decisão engloba uma série de fatores não somente relacionados a demanda econômica

ou posição geográfica, mas também referentes a infraestrutura e as operações do aeroporto.

Diante do que foi abordado, por meio da revisão de literatura e a busca por caracterizar

esses aeroportos em questão, justifica-se a realização do estudo na área de aeroportos hubs, pela

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17

escassez de trabalhos que apresentem indicadores relevantes as empresas áreas no momento de

decisão de escolha de um hub, como também determinar uma ordem para melhor avaliar esses

critérios dentro de um aeroporto. A nível social, uma cidade que detém um aeroporto de

conexão com padrões de qualidade elevada pode se beneficiar de diversas formas, como a

propagação do turismo, valorização do município, geração de empregos sem contar com

maiores arrecadações que podem ser revestidas em infraestrutura para a cidade.

Desta maneira, o presente trabalho busca caracterizar e definir por meio do método de

auxílio a decisão multicritério, Analytical Hierarchy Process (AHP), indicadores que norteiam

a escolha de um aeroporto hub. Portanto, o estudo irá se direcionar ao caso do hub da LATAM

para região Nordeste, no qual os Aeroportos Internacionais de Fortaleza, Natal e Recife

competem para se firmar como um aeroporto de conexão pela empresa área.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo principal realizar um estudo quanto as condições

para que um aeroporto se estabeleça como um Hub, tendo como estudo os aeroportos de

Fortaleza-CE, Natal-RN e Recife-PE. Designando através da aplicação do método de análise

hierárquica (AHP) o aeroporto mais completo em relação as variáveis estabelecidas para um

Aeroporto Central.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar os serviços e as operações de um aeroporto Hub;

• Estabelecer o grau de importância entre os principais indicadores;

• Abordar as condicionantes para o Hub da Latam no Nordeste, no intuito de propor qual

aeroporto estaria mais preparado para recebe-lo dentro dos parâmetros expostos;

• Definir o melhor aeroporto quanto ao Lado Terra, Lado Ar e seus Serviços de Suporte.

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19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A AVIAÇÃO CIVIL – BREVE CONTEXTO HISTÓRICO

Segundo Grant (2002) sempre foi um desejo do ser humano poder voar. No entanto, não

se tratava de voos como o do Boeing 747. O voo para o qual os humanos tradicionalmente

aspiravam era o dos pássaros com asas batendo. E haviam mitos e folclores cheios de histórias

de veículos aeronáuticos que podiam carregar um peso absurdo. Assim, no século XIII o

filósofo inglês Roger Bacon propôs a primeira ideia de uma “máquina voadora” e declarou que

os humanos poderiam construir “instrumentos para voar”.

A humanidade, contudo, veio contemplando os pássaros com admiração e inveja por um

longo tempo, pois foi somente no final do século XVIII que se foi possível tomar o ar, através

de um balão e não com asas como os pássaros. O que levou no decorrer dos século, os cientistas

e os inventores a trabalharem nos primeiros princípios básicos do voo, experimentando com

planadores e máquinas voadoras desgastadas a vapor (GRANT, 2002).

Todavia o desejo do homem subir aos céus por meio de uma aeronave só veio através

do projeto idealizado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, está mais pesada que o ar e

batizada de 14-Bis em uma terça-feira, no dia 23 de outubro de 1906, em Bagatelle, França. O

primeiro voo de uma aeronave com propulsão mecânica, um feito que marcou a história da

aviação até os dias atuais, impulsionando engenheiros no desenvolvimento de estudos e

pesquisas, que aprimorem e transformem a indústria aeronáutica (RODRIGUES, 2014).

3.1.1 Desenvolvimento da Aviação Mundial

Silva e Santos (2009) relatam que por meio das experiências bem-sucedidas no campo

aeronáutico, o ramo da aviação cresceu surpreendentemente, não apenas pelo seu uso

comercial, mas principalmente motivado pela Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e

posteriormente pela Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, que gerou os recursos

necessários para ampliação da aviação com encomendas de aviões civis para transportes,

período do século XX em que o desenvolvimento da indústria teve seu maior amadurecimento

frente as necessidades da guerra que estimularam os projetistas a construir modelos especiais

para ataque, reconhecimento e bombardeio.

Na aviação comercial, a primeira empresa área se formou em dezembro de 1917 na

Alemanha com o nome de Deutsche Luft-Reederei Gmblt (DLR), a Companhia foi então

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20

responsável pela inauguração da primeira rota comercial do mundo, ligando Berlim a Weimar,

na Alemanha e operavam transportando basicamente malas postais, malas diplomáticas e com

a grande incidência de acidentes, poucas pessoas utilizavam o transporte. Deste modo o

desenvolvimento inicial da aviação comercial relacionava linhas regulares, empresas aéreas e

indústria aeronáutica. No caso da DLR, a mesma contava com o apoio de uma empresa

fabricante de aviões, a Junkers (SIMÕES, 2003).

Nesse mesmo período outras empresas vinham sendo criadas nos países europeus como

a companhia aérea holandesa Koninklijke Luchtvaart Maatschappij (KLM), fundada em 1919,

idealizada pelo piloto do exército Albert Plesman. Trabalhando sob a colaboração com a

Fokker, que forneceu à KLM algumas das melhores aeronaves de passageiros, Plesman fez de

sua empresa um destaque na aviação mundial, apesar da falta de uma rede doméstica

significativa. Em 1929, a KLM percorria regularmente uma rota de oito dias da Holanda até

Batávia (atual Jacarta) nas Índias Orientais Holandesas - o serviço mais longo do mundo

(GRANT, 2002).

As linhas áreas até então não possuíam caráter de transnacionalidade mesmo entre

países com boas relações diplomáticas e comerciais. Grant (2002) coloca que a frota introduzida

por Juan Trippe de seis Boeings 314 ostentavam uma sala de jantar e sete compartimentos de

passageiros, transportaram um máximo de 74 passageiros sentados, ou 40 em berços de dormir.

Com esses magníficos aviões, a Pan American pôde finalmente iniciar um serviço transatlântico

de passageiros em maio de 1939, quando o Yankee Clipper decolou do Terminal Marítimo de

Nova York para Lisboa e Marselha.

Gargiulo (2008) citando Greenslet (1998), diz que no ano de 1952 a indústria de

transporte aéreo teve seu início se colocando como é hoje, por meio da autorização da BOEING,

com um gasto de US$ 16,0 milhões para o desenvolvimento de um avião comercial, o Boeing

707, com propulsão a jato e quatro motores, sendo o primeiro jato comercial de sucesso, dando

início ao processo de substituição de navios e trens como principal modo de transporte de

passageiros em longa distância.

3.1.2 A Aviação no Brasil

Conforme Bernardes (2000) a fabricação de aeronaves no Brasil começou no início da

década de 30, momento em que foram projetados aviões de pequeno porte, civis e militares. A

Companhia Nacional de Navegação Costeira, foi a primeira companhia a querer produzir

aeronaves comerciais em grande escala, sendo o primeiro avião produzido em série o M-7,

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21

configurando um bi-plano de treinamento, desenvolvido na fábrica de propriedade do armador

Henrique Lage (GARGIULO, 2008).

De acordo com Branco (2016), o Aeroporto de Campo de Marte foi o primeiro aeroporto

construído no Brasil e que continua em funcionamento desde 1920 muito embora não sendo

utilizado para aviação regular, sendo seu uso voltado apenas a operações com aeronaves de

pequeno porte. Embora neste período não existisse nenhuma norma técnica de projetos de

Aeroportos, desde então, vários aeroportos foram construídos no desenvolvimento inicial da

aviação civil. A Tabela 1 apresenta alguns dos terminais mais antigos que ainda se encontram

em operação no Brasil.

Tabela 1 – Aeroportos antigos ainda em operação regular

Aeroporto Ano de Inauguração

Aeroporto de Salvador 1925

Aeroporto de Florianópolis 1927

Aeroporto de Fortaleza 1930

Aeroporto de Belo Horizonte (Pampulha) 1933

Aeroporto de Congonhas 1936

Aeroporto Santos Dumont 1936

Aeroporto de Porto Alegre 1940

Aeroporto de Vitória 1946

Aeroporto de Curitiba 1946 FONTE: Infraero (2016)

Devido a expansão do transporte aéreo dado principalmente ao final da Segunda Guerra

Mundial, se percebeu a necessidade da elaboração de normas e regulamentos que regessem a

segurança e compatibilidade das operações aeroportuárias entre os países. Este consenso

resultou na criação da Convenção de Aviação Civil Internacional (CACI) em dezembro de 1944

na Conferência Internacional de Aviação Civil em Chicago. A CACI criou a OACI –

Organização de Aviação Civil Internacional, que é responsável pelo desenvolvimento

responsável e ordenado da aviação civil mundial através da elaboração de normas para a

promoção da segurança e eficiência das operações e da proteção ambiental (ANAC, 2016).

Branco (2016) ainda coloca que com a evolução da Aviação Civil e da Indústria

Aeronáutica no decorrer das décadas o desenvolvimento tecnológico do setor só teve a

tendência de crescer, fazendo com que a OACI cada vez mais tivesse a preocupação de atualizar

seus requisitos técnicos de aeródromos.

Desde as últimas décadas é perceptível o crescimento do setor de aviação. Em uma

recente divulgação da OACI em janeiro de 2017, havia 35 milhões de embarques em todo o

mundo em 2016, com a receita passageiro-quilômetro (RPKs) chegando a 7,015 bilhões e a

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22

Agência de Transporte Aéreo informou um crescimento anual de +7,6% entre 2015 e 2016,

comprovando o crescimento contínuo e a impressionante do setor aéreo em RPK (ADDEPALLI

et al., 2018). Nos aeroportos brasileiros, a movimentação de passageiros (pax) dobrou entre

2006 e 2015, atingindo 200 milhões/ano (COSTA e SANTOS, 2016).

O crescimento acelerado na demanda aérea provocou aumento nos atrasos das viagens,

além de congestionamentos (Zhang e Czerny, 2012; Gillen et al., 2016). Embora tenha havido

a construção de novos aeroportos e pistas de pouso e decolagem (PPD), persiste em alguns

aeroportos a falta de capacidade. Por outro lado, cresce a importância das receitas alternativas

ligadas a pistas, estacionamentos e terminais aeroportuários, tornando-se comum a adesão às

receitas de serviços não aeronáuticos, que incluem as lojas comerciais, publicidade, locação de

carros, estacionamento e aluguel de áreas dentro do sítio aeroportuário (KIDOKORO e

ZHANG, 2017).

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA AEROPORTUÁRIO

Segundo Queiroz (2014) citando Moura (1992), o transporte aéreo representa um

conjunto de órgãos e elementos relacionados entre si por diferentes finalidades que podem ser

particulares ou de interesse de coordenação ou orientação técnica e normativa, não incluindo a

dependência hierárquica. O Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA (BRASIL, 1986) introduz

esta definição, dividindo este sistema em aeroportuário, proteção ao voo, segurança ao voo,

registro de aeronaves, investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, facilitação,

segurança e coordenação do transporte aéreo e outros.

Logo, devido a quantidade de funções sem dependência hierárquica, o Sistema

Institucional de Aviação Civil Brasileira é formado por uma série de instituições que atuam nos

diversos níveis políticos e administrativos, que faz com que em determinadas situações ajam

divergências quanto as reponsabilidades de cada setor. Essas instituições atuam no

planejamento, na regulação, na coordenação, na fiscalização e nas operações. Sendo este

sistema extremamente complexo devido a esta fragmentação das funções como descrito na

Tabela 2, justificando assim a criação da Secretária de Aviação Civil ou SAC (QUEIROZ,

2014).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

23

Tabela 2 – Funções das Instituições Brasileiras da Aviação Civil

Funções Instituições Elementos de atuação

Planejamento

SAC Aviação Civil

Ministério da Defesa Aviação Militar e Controle de Tráfego

Aéreo

Governos Estaduais e

Municipais Aeroportos

Regulação

ANAC Aviação Civil

DECEA Controle de Tráfego Aéreo Civil e

Militar

Fiscalização

ANAC Aviação Civil

DECEA Controle de Tráfego Aéreo

Polícia Federal Passageiros

Receita Federal Evasão de divisas

ANVISA Controle sanitário de aeroportos e

proteção à saúde do viajante

Ministério da Agricultura

Controle da segurança dos rebanhos e

das lavouras brasileiras contra as

possíveis contaminações de animais,

plantas ou agrotóxicos vindos de outros

países.

Administrações

Aeroportuárias Segurança de áreas de acesso restrito

FONTE: Adaptada de Queiroz (2014)

Como descriminado na Tabela 2, a SAC é uma instituição responsável pelo

planejamento e alocação de investimentos do transporte aéreo. A Lei Nº 12.462 (BRASIL,

2011), coloca que compete a esta Secretaria desenvolver, coordenar e supervisionar as políticas

para crescimento do setor de aviação civil e das infraestruturas pertencentes, em parceria se for

o caso, com o Ministério da Defesa e também ser capaz de implementar o planejamento

estratégico do setor.

3.3 INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Um aeroporto pode ser entendido como um sistema responsável por atender diversas

necessidades relacionadas ao movimento de pessoas e mercadorias, que vem apresentando

grande crescimento nas últimas décadas, o que pode estar associado ao crescimento do setor de

turismo. Semelhante, a infraestrutura aeroportuária tem passado por grandes mudanças em

consequência das alterações no mercado de transporte aéreo (ALMEIDA, 2011).

De acordo com Zhang e Kidokoro (2017), conforme citado por Zhang e Czerny (2012)

e Gillen et al. (2016), com o aumento do trafego aéreo, nas últimas décadas, os aeroportos

passaram a sofrer com o atraso das viagens aéreas, chegando ao congestionamento. O mundo

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24

passou por um rápido crescimento na demanda de viagens e mesmo com a construção de novos

aeroportos e pistas de aterrissagem, o que se tem hoje pode não vir a resistir a falta de

capacidade. Em seguida cresce a importância das receitas alternativas ligadas a pistas,

estacionamento e terminais aeroportuários. Hoje em dia é comum a adesão as receitas de

serviços não aeronáuticos, pelo fato das empresas não aeronáuticas terem a tendência de serem

mais rentáveis do que as operações aeronáuticas.

Segundo Moreira (2006), um aeroporto tem como objetivo garantir que as transferências

modais sejam executadas de forma segura e ordenada, de modo que sua infraestrutura permita

aos usuários o conforto durante o aguardo de suas atividades. Da mesma forma, deve possuir a

capacidade de se expandir e possuir flexibilidade suficiente para atender todas as oscilações

com relação a demanda.

O aeroporto é o componente principal no transporte aéreo, sua estrutura física deve

comportar a transferência modal entre os sistemas de transportes aéreos e terrestres. Logo, é um

importante sistema de interação dos três maiores sistemas que compõem o sistema de transporte

aéreo: o próprio sistema aeroportuário e seus sistemas de controle, as companhias aéreas e os

usuários (ASHFORD et al., 2015).

3.3.1 Subsistemas de um Aeroporto

Gualda (1995) considera a subdivisão de um aeroporto em dois subsistemas, o Lado Ar

e o Lado Terra. No caso, a pista de pouso, pista de taxiamento, pátios de estacionamento de

aeronaves e demais instalações de apoio pertencem ao Lado Ar, onde se encontra os

componentes cuja a caracterização e dimensionamento dependem da classificação das

aeronaves e dos equipamentos e veículos de apoio. O Lado Terra por sua vez é constituído,

principalmente, pelos terminais de passageiros (TPS), terminais de carga, vias de

acesso/egresso e pelos estacionamentos de veículos, ou seja, componentes que dependem das

características dos usuários, das cargas e dos veículos por eles utilizados. A Figura 1 identifica

e apresenta em detalhes a função dos subsistemas e componentes aeroportuários.

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25

Figura 1 – Identificação dos Subsistemas de um Aeroporto

FONTE: Adaptada de Gualda (1995)

3.3.2 Terminal de Passageiros (TPS)

O TPS é uma infraestrutura fundamental dentro de um aeroporto, utilizado para

processar os passageiros para uma interface com aeronaves e modos de transporte de solo além

de serem projetados com uma estrutura de alta complexidade e capital intensivo

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26

(RAMAMOORTHY et al., 2016). Desde a segunda guerra mundial, o aumento na taxa

substancial da utilização de modos aéreos proporcionou a elevação da infraestrutura

aeroportuária, representada em todo o mundo atualmente, com operações de grande porte. Fato

que trouxe consequências para o terminal de passageiros, principalmente aeroportos

internacionais que possuem uma responsabilidade maior em atender em torno de 30 milhões de

passageiros por ano. Desse modo os planejadores de transportes utilizam o termo “centros de

alta atividade” para representar elementos aeroportuários que possuem alta taxa de

processamento de usuários (ASHFORD et al., 2015).

Essa capacidade que cada aeroporto possui, está diretamente relacionado a demanda,

elementos operacionais e padrões operacionais oferecidos pela a infraestrutura do aeroporto.

Para Neufville (1976) existem algumas dificuldades envolvidas para se estimar corretamente

atrasos e filas ao longo dos sistemas de terminais que resultam na dificuldade dos serviços em

atender a demanda, além disso, essa situação pode ocorrer como resultados de alterações de

demandas sazonais.

Com a intensificação de segurança em 2001, os passageiros internacionais passaram

mais tempo nas instalações do terminal, contudo durante esse período usuários são inteiramente

cercados por diversas atividades de processamento e assim irá usufruir de outras instalações

presentes no aeroporto que proporcionam conforto e conveniência a estes usuários. Essas

atividades são classificadas em cinco principais grupos (ASHFORD et al., 2015):

▪ Serviços diretos ao passageiro;

▪ Serviços ao passageiro relacionados à empresa aérea;

▪ Atividades governamentais;

▪ Funções de competência aeroportuária não relacionados aos passageiros;

▪ Funções da empresa aérea.

Essas operações que são disponibilizadas com a finalidade de uma conveniência dos

passageiros não estão diretamente ligadas às operações aeroportuárias que se designam como

serviços destinados diretamente aos passageiros. Essa categoria se convém dividir em

comerciais e não comerciais. Essa última refere-se aos serviços necessários que são oferecidos

pela infraestrutura do aeroporto de forma gratuita ou mediante um custo nominal, tais como

informações sobre voos, informações gerais, placas direcionais, áreas de telefone, dentre outros.

Já as atividades comerciais atribuem a práticas potencialmente lucrativas, secundárias à função

aeroportuárias, ou atividades sujeitas a seleção do viajante como, restaurantes, cafés,

estacionamentos para automóveis, lojas duty-free, bancos, instalações de centro comerciais,

entre outros serviços ofertados.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

27

3.3.3 Operações no Lado Ar

O Lado Ar é composto pelo espaço aéreo em torno do aeroporto, na RBAC nº 156

(Segurança operacional em aeródromos – operação, manutenção e resposta à emergência), é

definido como Área operacional compreendendo as pistas de circulação, que oferece

acomodação para a chegada de aeronaves antes do pouso e de aeronaves de partida logo após a

decolagem. As atividades desenvolvidas neste subsistema do aeroporto compreendem desde as

áreas de operação, segurança, auxílios de navegação aérea, tecnologia da informação até a área

comercial e de logística de cargas.

Neste cenário, o gerenciamento da manutenção desempenha um papel significativo no

alcance da meta de melhorar a eficiência geral nos serviços de uma organização (ABREU et

al., 2013), com a queda na economia o capital para investimentos pode ser escasso, porém com

a melhoria dos serviços e implementações de novas ações é possível se chegar a melhoria dos

resultados. Os serviços prestados às aeronaves na pista e no pátio são de natureza singular. A

pista é um ponto de entrada e saída de/para o sistema aeroportuário, onde os tempos de serviço

são da ordem de magnitude de alguns minutos. No (s) pátio (s) as aeronaves são manobradas,

o que requer tempos de serviço de 20 minutos a várias horas (dependendo da classe da aeronave

e do tipo de serviço) (MIRKOVIĆ e TOŠIĆ, 2017). Na prática, um voo é considerado atrasado

se chegar ou sair 15 minutos após o horário marcado (SANTOS et al., 2017).

A Flight Airline Business (1999), destaca a questão dos atrasos revelando que mais da

metade dos custos totais, 54%, são referentes a rotatividade ou slot de aeronaves, o tempo em

que o avião permanece em posição. Esta condição não é gerada apenas pelas operações no Lado

Ar, porém a disponibilidade de alguns equipamentos como pontes de embarque e caminhões de

abastecimento tem influência no tempo de processamento dos voos.

Para garantir uma boa gestão de um aeroporto deve-se conseguir pela manutenção

chegar a condições satisfatórias das instalações, de modo que os passageiros e funcionários em

geral se sintam seguros e confortáveis nos aeroportos. Ashford et al. (2015), relata a

complexidade das operações em solo e a necessidade de se ter uma gestão ágil e especializada

de forma a garantir que os recursos humanos e equipamentos funcionem de maneira eficiente,

sendo isto alcançado por um sistema de controle que exija um feedback das operações quando

as mesmas se apresentam ineficientes.

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28

3.4 SISTEMATIZAÇÃO DE UM AEROPORTO HUB

Em decorrência da desregulamentação americana, foi possível as companhias

abrangerem suas operações fazendo com que novas empresas que fossem surgindo se

complementassem no serviço de transporte aéreo, o que por consequência causou diminuição

nas tarifas. Porém com todas fusões e falências, o mercado a partir de 1985 se encontrou com

vários problemas de gerenciamento devido a liberação reguladora (SIQUEIRA, 2008).

Este processo se concluiu por volta de 1997 na Europa e trouxe junto a se uma nova

dinâmica ao setor. Antes da desregulamentação era comum as companhias o modelo ponto a

ponto, com voos diretos. Após a liberação, as companhias aéreas tiveram que se reestruturar e

aderir a novas estratégias, onde se passou a adotar o sistema hub and spoke, que permitiu uma

abertura no mercado, aumentando o número de rotas e melhorando a frequência dos voos.

(ALMEIDA e COSTA, 2014).

Segundo Button (2002), não há uma definição única ou amplamente usada para um

aeroporto hub, seja ela de um ponto de vista econômico ou legal, pois todas elas refletem

limitações práticas da qualidade dos dados e informações disponíveis ou considerações

normativas sobre a natureza do argumento sendo favorecida. Logo, será apresentada a definição

mais geral em termo da forma e da funcionalidade desses aeroportos de acordo com o que é

demonstrado na literatura.

Para melhor entendimento podemos diferenciar através da percepção as duas formas de

ligação, hub and spoke e ponto a ponto. Nas rotas ponto a ponto, as ligações ocorrem somente

entre dois pontos (Figura 2a), já nas rotas hub and spoke, os pontos são ligados a um ponto

central, como apresentado abaixo, o ponto G (Figura 2b), isto significa para uma companhia

um aumento na malha (LELLES, 2001).

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29

Figura 2 – Tipos de rotas

FONTE: Adaptada de Siqueira (2008)

De acordo com Lin (2006), em uma rede simples ligando um aeroporto hub e dois

aeroportos spokes, o aeroporto hub está em uma posição de monopólio, no qual o

desenvolvimento das companhias de redes aéreas torna-se possível pelo preenchimento de

janelas horárias por parte do hub que realiza a ligação entre estes aeroportos spoke. Neste caso,

o aeroporto hub, na verdade, disputa contra um outro hub potencial no mercado de voos de

ligação. Assim, devido ao crescimento dramático de redes hub and spoke, a competição entre

esses aeroportos centrais tem se tornado cada vez mais frequentes em muitos países do mundo.

Graham (2014) a competição entre aeroportos se trata de uma competição entre

companhias aéreas. Os aeroportos próximos competem para atrair serviços aéreos para seus

usuários em que as viagens se originam ou terminam na região. Através das redes hub and

spoke nasceu uma segunda forma de competição entre aeroportos, que podem estar localizados

em diferentes regiões para oferecer serviços de hub, com voos de diferentes origens para o

mesmo destino ou da mesma origem para diferentes destinos que são concentrados passando

por nós intermediários definidos como hubs.

Doganis (2002) coloca que os conceitos referentes a um hub and spoke, formulados no

processo pós liberalização, caracteriza como aeroporto hub aquele que tem destaque no

contexto de um país ou região através de sua dimensão e atração a um grande número de voos,

advindos de aeroportos menores assim denominados como spoke. Assim, tem-se que uma

companhia área que opera em um sistema hub and spoke oferece voos entre aeroportos hub que

entre estes terão aeroportos operando como spokes (ALMEIDA e COSTA, 2014).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

30

3.4.1 Operações de um Aeroporto Hub

De acordo com Almeida e Costa (2014) uma companhia é responsável por ajustar as

chegadas e partidas de forma que os horários dos mais diversos voos de ligação sejam

coordenados e que os usuários não percam muitas horas de espera ao aguardo do seu destino

final. O que acontece é que há passageiros que voam de diferentes origens em direção a

destinos que apresentam pouca demanda para voos diretos, logo, se faz necessário que os

passageiros saiam de um aeroporto considerado como spoke e efetuem uma escala em um

aeroporto hub, onde são transferidos para outra aeronave que os transporta até o seu destino.

Detalhadamente o funcionamento se dar conforme Redondi et al. (2011) explica, em

que um sistema simples composto de dois aeroportos “spoke”, um A e outro B, ao qual se

conectam entre si apenas por meio de um terceiro aeroporto central, H, este último é o

responsável por deter o monopólio do mercado como pode-se visualizar na Figura 3 abaixo. No

caso pode se afirmar que a pressão exercida por alianças e operadoras independentes podem

gerar mais de uma opção para conexão entre qualquer par de aeroportos.

Figura 3 – Detalhamento das operações hub and spoke.

FONTE: Autoria própria.

Um passageiro normalmente faz sua escolha quanto a empresa área responsável de

acordo com indicadores de frequência, preço e demais critérios que dizem respeito a qualidade

do serviço. Todavia, tais critérios podem ser resumidos em três fatores principais. A primeira

aborda a conectividade que é oferecida, afinal o passageiro tem o desejo de chegar a seu destino

final o mais rápido possível. Conforme Redondi et al. (2011) citando Hansen (1990) afirma que

na literatura se tem que o papel central do tempo das viagens oferecidas, bem como da

frequência da rota tem sua participação principal capturada pelos Hubs.

No segundo fator temos o custo total da viagem, definido principalmente pelas tarifas

de voo. E por último, a qualidade do serviço, que irá englobar a pontualidade, presença de

serviços auxiliares e congestionamento no aeroporto (REDONDI et al., 2011)

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

31

De acordo com Button et al. (1999), passageiros com viagens a negócio são menos

sensíveis aos custos relacionados a tarifa, porém exigem maior qualidade do serviço, em termos

de tempo e frequência de voos, instalações de lazer e outros. Isso reflete a importância dos

custos generalizados em suas tomadas de decisão. Ao oferecer entradas flexíveis, conforto,

comodidade e agendamento de avião convenientes às necessidades de negócios a um preço

premium, as operadoras podem atrair esses usuários, mas isso custa o dinheiro das companhias

aéreas.

3.4.2 Vantagens do Sistema

Segundo Borenstein (1989), que estudou os fatores econômicos e a dinâmica

competitiva que levam aos operadores a escolherem um sistema Hub and spoke, um sistema

como este utiliza um número menor de voos para conectar cada nó da rede do sistema. Isso leva

a um uso mais eficiente dos recursos de transporte, permitindo que as companhias aéreas

empreguem aeronaves maiores e em frequências mais altas assim chamadas economias de

densidade (REDONDI et al., 2011).

Uma rede hub and spoke se trata de uma estratégia orientada por fornecedores, que

potencializa as conexões entre as mesmas operadoras disponíveis para uma determinada

companhia aéreo em um aeroporto hub. No caso de apenas seis serviços ponto a ponto serem

reencaminhados através de um hub, o número de conexões possíveis entre cidades do leste e do

oeste servidas por uma rede de 12 spokes, passa para 36 spokes, sem falar no aumento

exponencial nos possíveis mercados de conexão ocorre quando outros spokes são adicionados

ao hub, como pode ser observado na Tabela 3. Logo, a configuração hub and spoke permite se

chegar a uma rede na qual voos diretos são substituídos por um número mais elevado de

conexões indiretas (WEI e YANJI, 2006).

Tabela 3 – Colaboração de um Hub ao crescimento

Número de

raios

Número de mercados

de conexão

Mercados locais

terminam no hub

Mercado total de

par de cidades

2 1 2 3

6 15 6 21

10 45 10 55

50 1225 50 1275

100 4950 100 5050 FONTE: Adaptado de Wei & Yanji (2006)

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

32

Ainda por Wei e Yanji (2006), o objetivo principal de um hub em uma companhia aérea

é aumentar o número de possibilidades de viagens que podem ser realizadas pela companhia.

Para isto é preciso conter com uma agenda cuidadosa que se será essencial para vincular o maior

número possíveis de pares de cidades, afim de diminuir o tempo dos passageiros ficam em

aguardo no aeroporto, logo, envolvendo um grande número de aeronaves que chegaram a

determinado aeroporto hub em um curto espaço de tempo, seguida por uma demanda

semelhante de partidas.

As operações hub and spoke também geram benefícios tanto para as companhias aéreas

como para os passageiros. Segundo as pesquisas de Button et al. (1999) que pesquisou

fortemente os ganhos conquistados pelas companhias em termos de economias de escala,

escopo e densidade, dando atenção a demanda e as economias de destaque no mercado, aborda

o envolvimento de implicações positivas que uma grande rede pode ter no patrocínio e na

receita que é obtida por uma operadora. Logo, em sua análise observou, por exemplo, que

devido a economias de densidade, um aumento de 1% no número de passageiros transportados

por uma companhia aérea resultou em uma redução de 0,8% nos custos totais, embora análises

mais recentes indicassem que a economia poderia ser ainda maior.

Segundo Ramamoorthy et al. (2015) na existência de redes com uma multiplicidade de

hubs, o tráfego é dividido, de forma que o hub que apresenta uma maior concentração, seja

segmentado para um segundo hub. Assim os usuários são designados aos seus destinos finais,

de forma a beneficiar as economias de escalas entre esses hubs. Além disso uma rede hub and

spoke por apresentar menos links, resulta em uma estrutura econômica e com um acesso para a

manutenção facilitado quando comparado a uma rede que possibilita conexões diretas entre

todas as origens e destinos.

Além da diversidade de fatores positivos quanto a infraestrutura, atendimento e

economia, é importante salientar os benefícios gerados a cidade que comporta um aeroporto

central. Conforme Button et al. (1999), aqueles que residem em cidades com aeroporto hub tem

certas vantagens. A seguir serão apresentadas algumas das características que categorizam a

cidade hub quando comparadas a áreas urbanas com aeroportos que possuem outras formas de

serviços de transporte aéreo:

▪ Maior frequência de voos;

▪ Voos diretos. Segundo Button et al. (1999) uma pesquisa descobriu que em 1996,

controlado o tamanho da população, os aeroportos hubs eram capazes de oferecer

voos sem escalas para quase o dobro do número de cidades, com 25% a mais de

saídas diárias por cidade atendida.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

33

▪ Mais possibilidades de voos com retorno no mesmo dia.

▪ Probabilidade maior de voos internacionais.

▪ Serviços voltados as necessidades do mercado local, como possibilitar destinos

atraentes aos residentes.

▪ Os moradores de cidades hub possuem a oportunidade de se conectarem a outros

grandes centros.

Assim, as pessoas que vivem em uma região em torno de um aeroporto central têm a

vantagem de ter mais alternativas de destino quando comparado a regiões sem um hub. A FAA

(Administração Federal de Aviação) argumenta que moradores próximos a aeroportos centrais,

tem o hub como um benefício, pois muitos voos sem escalas estão disponíveis para muitas

cidades que de outra forma não seriam capazes de suportar tal serviço. Em condições

econômicas isso quer dizer que essas regiões desfrutam de benefícios externos de ter

passageiros em trânsito passando por seu aeroporto local que lhes permitem acesso a uma

grande rede de transporte aéreo regular (BUTTON et al., 1999).

Segundo Campus et al. (2010), podemos chegar a conclusão de que os aeroportos são

essenciais para a produção e distribuição, que faz com que tenham papel fundamental na

promoção do desenvolvimento das cidades, atraindo empresas e originando negócios em suas

proximidades.

3.5 O MÉTODO AHP (Analytical Hierarchy Process)

O método AHP desenvolvido por Thomas L. Saaty em 1971-1975, se trata de um

processo hierárquico de medida que em seu desenvolvimento realiza comparações a partir de

uma escala fundamental que represente a preferência, tendo a preocupação em obter resultados

consistentes a sua medição e a dependência dentro e entre os grupos de elementos de sua

estrutura. Para ele o método tem amplas aplicações na tomada de decisão, planejamento e

alocação de recursos multicritérios e na resolução de conflitos (SAATY, 1987).

Nosal e Solecka (2014), explicam que decisões relacionando multicritérios é uma área

de conhecimento resultante da investigação, que fornece a quem cabe o direito de decisão as

ferramentas e os métodos (no caso, o método AHP) que ajudam a resolver problemas

complexos de decisão multicritério. Sendo assim necessário durante sua resolução considerar

um número de pontos de vista, que muitas vezes podem se contrariar. Um problema de decisão

multicritério pode envolver a questão da Seleção (otimização), onde se tem um subconjunto de

decisões (ação, opções) consideradas as melhores em termos da família de critérios considerada,

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

34

a Classificação (ordenação), em que o tomador de decisão divide um conjunto de decisões

(atividades e variantes de ação) em subconjuntos (classes, categorias), de acordo com os

padrões aceitos e pôr fim a Hierarquia (ranking), o tomador de decisão visa colocar as variantes

em ordem, do melhor para o pior.

Resumidamente, o método segue um roteiro baseado na modelagem do problema,

determinação dos pesos, agregação desses pesos e por fim análise de sensibilidade. Como o

AHP tem a vantagem de avaliar um conjunto de critérios em uma estrutura hierárquica, ele

permite que o usuário tenha um foco melhor ao alocar os pesos aos critérios e subcritérios. Essa

etapa é importante, porque uma estrutura diferente pode levar a uma classificação final

diferente. Ao configurar a hierarquia do AHP com um grande número de elementos, o tomador

de decisão deve tentar organizar esses elementos em grupos em que eles não sejam diferentes

de maneiras extremas (FRANEK e KRESTA, 2014).

O método AHP é um método tradicional, que já foi utilizado nos mais diversos

problemas de multicritérios. A Tabela 4 apresenta alguns trabalhos que fizeram uso do método

AHP na tomada de decisões.

O método proporciona a classificação e comparação de vários critérios, sejam

qualitativos ou quantitativos, visto que as comparações são feitas de forma relacionadas entre

as alternativas (SANTOS, 2005). Esse método apresenta uma fácil compreensão e utilização,

além de uma flexibilidade alta e de simples modelagem. Conforme Ho (2008), o método pode

ser incorporado com outras variadas técnicas que possibilitam uma representação mais fiel à

realidade, quando comparado somente a execução do método AHP.

O propósito da tomada de decisões é ajudar as pessoas a tomar decisões de acordo com

seu próprio entendimento. Os decisores então sentem que realmente fizeram a decisão se

justificar completamente de acordo com seus valores, crenças e convicções individuais ou

grupais, mesmo quando se tenta fazê-los entender melhor. Como a tomada de decisões é a

atividade mais frequente de todas as pessoas o tempo todo, as técnicas usadas hoje para ajudar

as pessoas a tomar melhores decisões provavelmente devem permanecer mais próximas da

biologia e psicologia das pessoas do que das técnicas concebidas e divulgadas em um

determinado momento (SAATY, 2016).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

35

Tabela 4 – Trabalho utilizando o método AHP (Analytical Hierarchy Process)

Ano Título Aplicação Autores Publicação

2004

Aplicação do auxílio

à decisão por

múltiplos critérios

na

seleção de

fornecedores na

indústria aeronáutica

Propõe a aplicação do método

AHP, na substituição do

método Kepner-Tregoe (KT),

na abordagem de um

problema de decisão em uma

empresa do ramo aeronáutico

para seleção de fornecedores.

Vieira &

Salomon

XXXVI - SBPO

2006

Determinação dos

critérios para avaliar

o nível de

serviço em um

aeroporto

Emprega o método AHP para

obter os pesos dos critérios e o

nível de serviço dos

componentes do Aeroporto

Internacional de São Paulo/

Guarulhos, por meio da

percepção dos passageiros.

Bandeira e

Correia

Anais do 12º

Encontro de

Iniciação

Científica e

Pós-

Graduação do

ITA – XII

ENCITA

2007

Análise multicritério

e gestão de

transportes públicos

Apresenta um modelo de

decisão de múltiplos critérios

baseado no modelo AHP com

o objetivo de melhorar a

eficiência do sistema público

de transporte urbano.

Kavran et

al.

WIT

Transactions

on The Built

Environment

2014

Aplicação do

método AHP para

avaliação

multicritério de

variantes da

integração do

transporte público

urbano

Utiliza o método AHP para

avaliação das variantes do

Sistema Integrado de

Transporte Público Urbano na

cidade da Cracóvia.

Nosal e

Solecka

Transportation

Research

Procedia

2014

Seleção de

Algoritmo de

Classificação

Baseada em AHP

para o

Desenvolvimento do

Sistema de Apoio à

Decisão Clínica

Elaboração de um algoritmo

meta-teaming baseado no

método AHP para identificar o

algoritmo de classificação

supervisionado mais

adequado para o

desenvolvimento de um

sistema de apoio à decisão

clínica.

Khanmoha

mmadi e

Rezaeiaha

ri

Procedia

Computer

Science

FONTE: Autoria Própria

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

36

3.5.1 Análise Hierárquica

Saaty (1987) apresenta a formação da estrutura hierárquica de um problema como um

desmembramento a partir de um foco principal, que seria o objetivo geral, até seus critérios e a

subdivisão destes em subcritérios até finalmente chegar as alternativas que iram solucionar o

problema inicial.

De acordo com Costa (2014), o método AHP consiste essencialmente em 4 etapas:

▪ Determinar o objetivo a ser alcançado;

▪ Estabelecer as possíveis alternativas;

▪ Definir uma hierarquia de parâmetros mais facilmente analisáveis e comparáveis;

▪ Determinar a avaliação global de cada alternativa.

Gomes et al. (2004) afirma que no início da hierarquia apresenta um critério de resumo

ou objetivo global. Os níveis sucessores são impostos por subcritérios que causam efeitos no

critério do nível anterior e por fim deve ser apresentado as alternativas consideradas. O

fluxograma na Figura 4, exemplifica a hierarquia de critérios e alternativas.

Figura 4 – Estrutura Hierárquica para um Problema de Decisão.

FONTE: Adaptado de Maia et al. (2015)

Uma hierarquia bem desenvolvida representa de forma mais precisa a realidade,

podendo trazer vantagens no momento de realização de análises multicritério. Segundo Silva

(2007), após a definição da hierarquia, as matrizes dominantes ou de julgamento são finalizadas

para a realização das comparações par a par.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

37

3.5.2 Comparação Par a Par

Nosal e Solecka (2014), descrevem que todas as variáveis em um problema são

comparáveis no método, o que significa que em cada par de variantes, o decisor sempre terá

uma preferência ou irá considera-las equivalentes. A modelagem de preferência é feita

comparando pares de critérios ou subcritérios. Conforme Lambert (1991), o processo de decisão

hierárquico de T. L. Saaty classifica as alternativas discretas usando a comparação paritária das

alternativas, no intuito de classificar n alternativas. O método propõe a comparação de cada

uma das alternativas usando um conjunto formado por:

𝑆 = {1

9 ,

1

8 ,

1

7 ,

1

6 ,

1

5 ,

1

4 ,

1

3 ,

1

2 , 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} (1)

A comparação paritária do critério i com o critério j é colocada no elemento da Matriz

de Comparação Emparelhada. Como exemplo temos os critérios: C1, C2, C3, C4 e C5, o valor

recíproco dessa comparação (Tabela 5) é colocado no elemento aji de “A” para preservar a

consistência do julgamento. Assim, dados os critérios, o usuário compara a importância relativa

de um critério em relação a uma segunda alternativa.

Tabela 5 – Matrix recíproca A

C1 C2 C3 C4 C5

C1 1 a12 a13 a14 a15

C2 a21 1 a23 a24 a25

C3 a31 a32 1 a34 a35

C4 a41 a42 a43 1 a45

C5 a51 a52 a53 a54 1 FONTE: Autoria própria

Portanto, se C1 fosse fortemente favorecida em relação a C2, por exemplo, então a12 =

5. Se o inverso fosse verdadeiro e C2 é que fosse fortemente favorecida em relação à C1, a12 é

o valor recíproco de 1/5. Segundo Bandeira (2008) é possível compreender através da matriz

que apenas metade dos julgamentos precisam ser feitos, pois a outra metade é definido pelos

valores recíprocos inversos. A Matriz de Comparação Emparelhada é chamada de matriz

recíproca por razões óbvias.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

38

3.5.3 Escala Fundamental de Saaty

No método AHP não existe o estabelecimento de preferências negativas (KROENKE e

HEIN, 2011). Saaty (1991) sugere a adoção de uma escala discreta de 1 até 9 com valores

intermediários entre eles (Tabela 6). De acordo com Santana et al. (2008), esta escala foi

elaborada por meio das descobertas de George Miller, em 1956, no campo da psicologia que

revelava limitações nas habilidades de distinção e lembrança dos indivíduos. Nas suas

experiências ele descobriu que as habilidades de distinção e lembrança precisas e absolutas

pareciam sofrer uma mudança crucial aproximadamente no nível de sete itens.

Tabela 6 – Escala Fundamental do AHP.

Valores de Importância Definição Explicação

1 Igual importância As duas atividades contribuem

igualmente para o objetivo.

3 Importância pequena de

uma sobre a outra

A experiência e o julgamento

favorecem levemente uma

atividade em relação à outra.

5 Importância grande ou

essencial

A experiência e o julgamento

favorecem fortemente uma

atividade em relação à outra.

7 Importância muito

grande

Uma atividade é muito fortemente

favorecida em relação à outra; sua

denominação de importância é

demonstrada na prática

9 Extremamente

importante

A evidência favorece uma atividade

em relação à outra com o mais alto

grau de certeza.

2, 4, 6, 8

Valores intermediários

entre os valores

adjacentes

Quando se procura uma relação de

compromisso entre duas definições.

Recíprocos dos valores

acima de zero

Se a atividade i recebe

uma das designações

diferentes acima de zero,

quando comparada com a

atividade j, então j tem o

valor recíproco quando

comparada a i.

Uma designação razoável.

Racionais Razões resultantes da

escala

Se a consistência tiver de ser

forçada para obter valores

numéricos n, somente para

completar a matriz

FONTE: SAATY (1977)

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

39

A partir desse entendimento, um julgamento ou comparação é a representação numérica

de um relacionamento entre dois elementos que compartilham um “parente” comum. Sabemos

também que o conjunto de todos esses julgamentos pode ser representado em uma matriz

quadrada na qual o conjunto de elementos é comparado com ele mesmo (SAATY, 2016).

3.5.4 Cálculo para determinação dos pesos

Considerando que os julgamentos realizados se estabelecem através de uma matriz

quadrada n x n, Saaty (1977) estabeleceu que linhas e colunas dizem respeito aos critérios

analisados, tomemos que em uma matriz de decisão A = [aij], cada linha i fornece as razões

entre o peso do critério ou subcritério de índice i de todos os demais. As matrizes são sempre

recíprocas, que nesse caso quer dizer que aij = 1/aij. Assim, o valor aij representa a importância

relativa do critério da linha i face ao critério da coluna j, onde apenas a diagonal principal

assume valores iguais a 1, representando critérios de igual valor. Neste caso, comparações par

a par são realizadas em todos os níveis da matriz A como relatado anteriormente.

Realizado os julgamentos devemos calcular o auto vetor λmáx da matriz A e w o vetor

próprio correspondente ou vetor de prioridades de forma a possibilitar a verificação de

consistência. A inconsistência pode ser medida da seguinte maneira: quanto mais próximo

estiver o valor de λmáx de n, maior será a consistência dos juízos. É importante ressaltar que este

valor deve servir como um alerta para o decisor e/ou especialista, não unicamente como uma

situação indiferente. Desta forma, para fins de cálculo, Saaty (1977) simplificou um cálculo

para o índice de coerência (IC). Portanto, a magnitude da perturbação da matriz A é calculada

utilizando a relação da Equação (2).

𝐼𝐶 =λ𝑚á𝑥−𝑛

𝑛−1 (2)

A partir dos teoremas descritos, Saaty (1980) propôs o cálculo da razão de consistência

(RC) da matriz de decisão A exposta na Equação (3).

𝑅𝐶 =𝐼𝐶

𝐼𝑅 (3)

Onde:

RC: Razão de consistência;

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

40

IC: Índice de consistência;

IR: Índice aleatório ou randômico.

Quanto maior o RC, maior será a inconsistência da matriz. Em geral, uma inconsistência

considerada aceitável para n > 4 é um RC ≤ 0,10. Para os valores do IR tem-se a Tabela 7 com

alguns valores para o índice randômico, calculada para matrizes quadradas de ordem n pelo

Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos.

Tabela 7 - Valores de IR para Matrizes Quadradas de Ordem n x n.

n x n 1 2 3 4 5 6 7

IR 0 0 0,58 0,89 1,11 1,25 1,35 FONTE: SAATY (1994)

Realizada toda esta análise sobre o julgamento da matriz A, é dado que esta matriz é

coerente.

3.5.5 Aplicação de análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade é um estudo que trata da estabilidade de uma solução quando

submetida a variações de parâmetros relacionados. Bris (2007) complementa dizendo que se

trata de um modelo que depende dos valores atribuídos, de sua estrutura e das suposições nas

quais se baseia. É um método importante para testar a qualidade de um determinado modelo e

também é usado para verificar a confiabilidade da análise. A análise de sensibilidade é um passo

crucial na construção do modelo e no processo de comunicação de resultados (BORGONOVO

e PLISCHKE, 2016). Na prática, a análise de sensibilidade deve ser feita para as variáveis que

apresentam maior impacto nos custos, prazos ou outros resultados do projeto, ou seja, aquelas

às quais o projeto é mais sensível.

Silva e Belderrain (2004) colocam que a análise de sensibilidade pode ser visualizada a

partir de dois aspectos: o primeiro é examinando o impacto de mudanças em um caso base de

suposições. Por exemplo, a sensibilidade do valor da variável dependente devido às mudanças

dos valores das variáveis independentes, e segundo caso seria examinando o impacto do valor

do pay-off devido às mudanças dos valores das probabilidades de ocorrência dos eventos

aleatórios num problema de análise de decisão. Normalmente estes eventos aleatórios

comportam dois estados da natureza. Entretanto existem problemas decisórios caracterizados

por eventos aleatórios com maior número de estados da natureza, os quais são de difícil análise.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

41

Assim, uma análise de sensibilidade nos ajuda a entender como uma solução ótima

mudará mediante a entrada de novos coeficientes, tratando da determinação de intervalos de

variação tais que a solução, isto é, o misto de variáveis básicas, se mantenha admissível.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

42

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Após a revisão da literatura e obtidos os procedimentos para aplicação do método, o

passo seguinte seria montar a estrutura do modelo de auxílio a decisão. A estrutura adotada se

encontra na Figura 6, onde foi definido hierarquicamente no primeiro nível o objetivo, no

segundo nível os critérios de estudo, no nível seguinte os subcritérios e por último as

alternativas de decisão, ou seja, os aeroportos em estudo.

O método utilizado determina o peso dos critérios e seus valores de desempenho nas

alternativas por meio da utilização de matrizes de julgamento. Na prática, cada critério será

avaliado e classificado por grau de importância, para isso elaborou-se um questionário de

opinião com o auxílio do Google Docs, enviado a 79 especialistas da área de gestão de

infraestrutura aeroportuária (das áreas de operações, segurança, comercial, manutenção e

segurança operacional), no qual buscou-se avaliar separadamente, identificando e discutindo a

validade dos pesos atribuídos com os especialistas. Em seguida, cada critério foi quantificado

utilizando a escala Likert e normalizado como é orientado no método.

Figura 5 – Estrutura hierárquica do modelo de decisão

FONTE: Autoria própria

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

43

4.1.1 Objetos de estudo

O estudo tem como referências as recentes notícias envolvendo o caso da empresa aérea

LATAM em sua proposta de instalação de um hub no Nordeste. Os aeroportos com

infraestrutura adequada na região são respectivamente os Aeroportos Internacionais das cidades

de Fortaleza (CE), Natal (RN) e Recife (PE).

A seguir serão apresentados separadamente cada um dos aeroportos em estudo no intuito

de caracteriza-los quanto aeroportos adequados para receberem um hub.

4.1.1.1 Aeroporto Internacional Pinto Martins – Fortaleza/CE

O Aeroporto Internacional Pinto Martins recebeu este nome da antiga base do Cocorote

de 1952, nome dado em homenagem ao piloto cearense Euclydes Pinto Martins, que realizou o

primeiro voo entre Nova York e Rio de Janeiro. A atual pista de pouso foi ampliada, em 1963,

para 2.545 m e teve seu primeiro terminal de passageiros e pátio de aeronaves construídos em

1966.

Em 7 de janeiro de 1974, a administração do aeroporto foi transferida para Empresa

Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO). Logo em seguida se iniciaram uma

série de construções para ampliação das dependências aeroportuárias sendo classificado como

Internacional em 1997. O aeroporto recebeu um novo e moderno terminal de passageiros com

38.500m², inaugurado em fevereiro de 1998, que ainda se encontra em utilização atualmente.

A Figura 7 apresenta um layout com destaque a vista frontal do aeroporto (INFRAERO, 2011).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

44

Figura 6 – Aeroporto Internacional Pinto Martins e o atual Terminal de Passageiros (TPS)

FONTE: INFRAERO (2011)

Em 2017, porém, o Aeroporto foi concedido à iniciativa privada em leilão realizado em

março do mesmo ano, no qual a concessionária Fraport AG Frankfurt Airport Services foi

vencedora do processo. Em janeiro de 2018 o Governo Federal permitiu o comando das

operações do aeroporto pelos próximos 30 anos, de acordo com o contrato de concessão

assinado com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

4.1.1.2 Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves – Natal/RN

O Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves localizado em São Gonçalo do

Amarante, é o primeiro no Brasil a ser administrado 100% pela iniciativa privada. O aeroporto

que está em operação desde o dia 31 de maio de 2014, é dirigido pelo maior operador

aeroportuário privado do mundo, o Consórcio Inframerica.

Atualmente, o aeroporto (Figura 8) tem capacidade para 6 milhões de passageiros/ano e

possui uma área de 42 mil m2. O aeroporto também dispões de 1 pista de pouso/decolagem com

capacidade declarada, pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), de 30

movimentos por hora, que possui a maior capacidade de pista da região Nordeste (NATAL,

2017).

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

45

Figura 7 – Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves

FONTE: SKYSCRAPERCITY (2014)

O Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional de Natal foi considerado o

melhor em sua categoria, chegando até 5 milhões de passageiros ano segundo pesquisa realizada

pelo Ministério dos Transportes, 2016 (NATAL, 2017).

4.1.1.3 Aeroporto Internacional Gilberto Freyre – Recife/PE

O Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes Gilberto Freyre (Figura 9) é o

principal aeroporto do estado de Pernambuco. Juntamente com o Aeroporto de Petrolina e com

o Aeroporto de Fernando de Noronha, são os únicos que dispõem de operações regulares de

transporte de passageiros. No ano de 2018 foi considerado o mais movimentado das

regiões Norte/Nordeste.

Sua construção antecede a II Guerra Mundial, contudo passou por uma reforma,

finalizada em julho de 2004 e atualmente possui uma área de 52.000 m², conta com 64 balcões

de check-in, 11 elevadores, 9 escadas rolantes, 52 painéis de plasma, 26 posições para aeronaves

e 15 pontes de embarque (WESTERN, 2017).

A capacidade anual do aeroporto é de 5 milhões de passageiros. Possui a maior pista de

pouso e decolagem do Nordeste, com 3.305 metros, além de contar com 165 estabelecimentos

comerciais disponíveis na infraestrutura aeroportuária (WESTERN, 2017).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

46

Figura 8 – Aeroporto Internacional de Recife

FONTE: SKYSCRAPERCITY (2016)

4.2 SELEÇÃO DOS COMPONENTES AEROPORTUÁRIOS

Para que o estudo obtivesse um resultado satisfatório seria necessário englobar o maior

número de variáveis quanto fosse possível, porém sabemos que seria extremamente maçante

identificar e quantificar todos esses indicadores, sem contar com o tempo que levaria tal ação.

Todavia, buscou-se elencar os critérios que mais retratassem a realidade da pesquisa e que

fossem possíveis de se avaliar dentro da metodologia proposta. Assim, os componentes

adotados na avaliação foram selecionados com base na literatura relacionada com o sistema hub

and spoke de acordo com sua operação. Os indicadores mais importantes passaram por uma

triagem na qual se observou sua importância e com a opinião de especialistas se chegou à Tabela

7, que apresenta o conjunto de critérios e subcritérios que serão analisados.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

47

Tabela 8 – Critérios e subcritérios de avaliação de um aeroporto hub

Critério 1: Lado Ar Critério 2: Lado Terra Critério 3: Serviços de

Suporte

Pista de Pouso e

Decolagem (PPD)

Check-in exclusivo Modos de acesso

Pistas de Táxi Check-in compartilhado Confiabilidade do tempo de

acesso

Auxílios de Navegação

Aérea

Área de processamento de

bagagens (bag drop)

Disponibilidade de Hotéis

(leitos)

Instrumentos de

Navegação Aérea

Dimensão do Saguão Disponibilidade de Hotéis

(distância)

Número de Classificação

de Proteção Requerida

(NCPR)

Mix de Estabelecimentos

Comerciais

Disponibilidade de Locais

para realização de Eventos

Número de Classificação

de Proteção Existente

(NCPE)

Praça de Alimentação

Capacidade de

Abastecimento (PAA)

Canais de Inspeção de

Segurança

Capacidade de Pouso e

Decolagem (slots)

Área da Sala de Embarque

Disponibilidade de Área

para Manutenção de

Aeronaves

Pontes de

Embarque/Desembarque

Embarque Remoto

Número de Esteiras de

Desembarque

Sistema de informação ao

passageiro

Facilidade de Conexão

Disponibilidade de Meio-

Fio

Área do Estacionamento

Comercial

Disponibilidade de Hotel

de Passagem

FONTE: Autoria própria

Os indicadores são exemplificados com o auxílio das descrições obtidas no site da

ANAC e definições do livro de Ashford et al. (2015), bem como a forma em que se buscou

quantificar cada indicador dentro da metodologia proposta.

▪ Lado Ar

• Pista de Pouso e Decolagem: Área retangular, definida em um aeródromo em terra,

preparada para pousos e decolagens de aeronaves;

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

48

• Pistas de Táxi: Trajetória definida em um aeródromo em terra, estabelecida para táxi

de aeronaves e com a função de oferecer uma ligação entre as partes do aeródromo;

• Auxílios de Navegação Aérea: Dispositivo externo a uma aeronave destinado a

auxiliá-la na determinação de sua posição ou de um rumo seguro, ou ainda, alertá-la

de perigos ou obstruções;

• Instrumentos de Navegação Aérea: Instrumentos capazes de conduzir um veículo

voador de um lugar a outro em segurança, piloto faz sem necessitar enxergar o que

está acontecendo fora do avião;

• Número de Classificação de Proteção Requerida (NCPR): é uma classificação que

se baseia no grau de risco peculiar às operações do aeródromo, e que corresponde à

categoria do mesmo para fins de prevenção, salvamento e combate a incêndio em

aeronaves;

• Número de Classificação de Proteção Existente (NCPE): É a classificação numérica

que se baseia nos recursos humanos e materiais, existentes e disponíveis no

aeródromo, para fins de prevenção, salvamento e combate a incêndio em aeronaves.

▪ Lado Terra

• Check-in exclusivo: Balcão da companhia aérea, ou da agência de viagens que você

comprou as passagens, para mostrar seus documentos, despachar a bagagem e

retirar o seu cartão de embarque;

• Check-in compartilhado: Balcão que engloba várias companhias para a realização

do check-in.

• Área de processamento de bagagens (bag drop): Espaços e instalações destinados

ao manuseio da carga aérea, incluindo pátios de aeronaves, terminais de carga e

armazéns, estacionamento de veículos e vias de acesso adjacentes;

• Dimensão do Saguão: Sala de entrada coberta, onde começa a escadaria ou ficam

os elevadores que levam aos andares superiores;

• Mix de Estabelecimentos Comerciais: Lojas com estruturas dentro aeroporto, para

atender os passageiros.

• Praça de Alimentação: Local destinado para o consumo de alimentos vendidos

por restaurantes contíguos, usualmente no sistema de comida rápida (fast food);

• Canais de Inspeção de Segurança: Locais destinados a procedimentos de inspeção

no embarque dos passageiros e seguem normas internacionais de segurança;

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

49

• Área da Sala de Embarque: Espaço onde o passageiro aguarda seu voo e realiza

todos os procedimentos necessários para sua segurança e conforto;

• Pontes de Embarque/Desembarque: Equipamento que faz a conexão entre o

terminal de passageiros (TPS) e a porta da aeronave, possibilitando o embarque e

desembarque;

• Embarque Remoto: Disponibilidade de ônibus que transportem os passageiros da

sala de embarque até a aeronave;

• Número de Esteiras de Desembarque: Transportador de esteira, autopropelido ou

não, com ângulo de elevação ajustável, utilizado para transportar bagagem e carga

da unidade de transferência no solo para o porão da aeronave ou vice-versa;

• Sistema de informação ao passageiro: Informações gerais, placas direcionais, áreas

de telefone, meios que permitem a informação necessária para o passageiro realizar

os procedimentos adequados antes da saída do voo;

• Facilidade de Conexão: Facilidade que o passageiro possui em fazer conexão com

outro voo.

• Disponibilidade de Meio-Fio: Área de meio fio (calçada) para embarque e

desembarque de passageiros;

• Área do Estacionamento Comercial: Área destinada a veículos de conexão rápida.

• Disponibilidade de Hotel de Passagem: Quantidades de hotéis disponíveis para

passageiros em conexão.

▪ Serviços de Suporte

• Modos de acesso: Modos que permitem o acesso que leva, no interior de um

dirigível, até a parte superior do invólucro ou célula.

• Confiabilidade do tempo de acesso: Facilidade de locomoção com conexão

aeroporto-centro a qualquer momento.

• Disponibilidade de Hotéis (leitos): Quantidade de hotéis com leitos disponíveis na

localidade do aeroporto.

• Disponibilidade de Hotéis (distância): Quantidade de hotéis disponíveis nas

proximidades do aeroporto.

• Disponibilidade de Locais para realização de Eventos: Quantidade de áreas

destinadas a lazer e entretenimento disponíveis na proximidade do aeroporto.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

50

4.2.1 Elaboração do questionário utilizando o Método AHP

A escala fundamental de Saaty poderia ser de difícil compreensão no momento de

aplicação dos questionários, por isso se adotou a sua relação com uma escala percentual

proposta por Bandeira e Correia (2006) no intuito de facilitar a coleta de dados por parte dos

especialistas na área. Assim, foi possível realizar a comparação por pares quanto à importância

de um componente ou indicador sobre outro. A Tabela 8 apresenta a relação entre as escalas

utilizadas. É importante salientar que Bandeira e Correia (2006) definem com esta escala que

todos os critérios são importantes, por isso não se consideram valores de 100%/0%.

Tabela 9 – Relação da escala utilizada com a Escala de Saaty

Escala

Percentual

Escala

Fundamental

Grau de Importância

X Y Definição

90% 10% 9 Componente X é extremante mais importante que o

Componente Y.

80% 20% 7 Componente X é muito importante em relação ao

Componente Y.

70% 30% 5 Componente X é importante em relação ao Componente Y.

60% 40% 3 Componente X é pouco importante em relação ao

Componente Y.

50% 50% 1 Os dois Componentes têm a mesma importância.

40% 60% 1/3 Componente Y é pouco importante em relação ao

Componente Y.

30% 70% 1/5 Componente Y é importante em relação ao Componente Y.

20% 80% 1/7 Componente Y é muito importante em relação ao

Componente X.

10% 90% 1/9 Componente Y é extremante mais importante que o

Componente X.

FONTE: BANDEIRA E CORREIA (2006)

4.3 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS CRITÉRIOS

A coleta de dados é o maior desafio em uma pesquisa de opinião, embora as respostas

viessem de especialistas o questionário proposto foi analisado individualmente no intuito de

identificar a incoerência de determinadas respostas, no qual se aconselha a proposta de uma

nova análise por parte do respondente. Desta forma, foram elaboradas matrizes com os dados

obtidos de cada especialista, e avaliado o CR – razão de consistência –, verificando a

consistência das respostas. De acordo com o método, as respostas podem ser consideradas

consistentes quando possuem CR < 10%.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

51

4.3.1 Estruturação do modelo multicritério

De posse dos dados foi construída a árvore hierárquica que será a base para aplicação

do método AHP dentro do Software Super Decision. Este modelo foi desenvolvido com os

critérios e subcritérios, como mostra a Figura 10.

Figura 9 – Estrutura hierárquica montada no Super Decision

FONTE: Autoria própria

O processo de análise dos indicadores contou com o julgamento par a par de

especialistas, onde cada subcritério foi julgado através da matriz no próprio programa. Uma vez

realizado os julgamentos foram feitos a quantificação dos indicadores de cada critério por meio

de fontes secundárias, como reportagens, conversa com especialistas, jornais e investigação

pelo google maps.

.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

52

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 DETERMINAÇÃO DOS PESOS PELA COMPARAÇÃO PAR A PAR

O cálculo do peso da importância do indicador foi obtido com a média aritmética dos

resultados apresentados em cada matriz no software. A Tabela 9 apresenta os pesos referentes

aos critérios adotados, que indicam o grau de importância para os especialistas em relação as

áreas de estudo: Lado Ar (LA), Lado Terra (LT) e os Serviços de Suporte (SS). De acordo com

a Tabela 9, o Lado Ar (52,45%) é o componente mais importante, obtida a partir das matrizes

de julgamento que alcançaram consistência abaixo de 10%.

Tabela 10 – Grau de importância entre áreas de um aeroporto

Áreas Prioridade Rank

Lado Ar (LA) 52,45% 1

Lado Terra (LT) 27,55% 2

Serviços de Suporte (SS) 20,00% 3 FONTE: Autoria própria

A consistência do processo da avaliação par a par dos resultados pode ser averiguada a

partir do relatório emitido pelo Super Decision. Na Figura 11, é possível verificar que a

consistência está bem abaixo do permitido, o que significa que o julgamento pelos especialistas

é consistente e desta forma consideramos que não há necessidade de ajustes.

Figura 10 – Verificação da consistência para os critérios

FONTE: Autoria própria

Com base nos dados, e de forma a avaliar a infraestrutura aeroportuária quanto à

implantação de um aeroporto hub, o mesmo processo foi realizado com cada subcritério. A

Tabela 5 apresenta os dados relativo aos indicadores do Lado AR, onde a maior importância

está relacionada com a Pista de Pouso e Decolagem (PPD), seguido pelas Pistas de Táxi, pelos

Níveis de Proteção Contraincêndio Existente (NPCE) e, Requerida (NPCR), destacando sua

importância, visto que influenciam na operação aeroportuária restringindo ou autorizando o

pouso e decolagem de aeronaves de acordo com a classificação, seguido da Capacidade de

Pouso e Decolagem (slots), Auxílios e Instrumentos de Navegação Aérea.

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53

Tabela 5 – Pesos obtidos para os subcritérios relacionados ao Lado Ar

Indicador Prioridade Rank

Pista de Pouso e Decolagem (PPD) 28,63% 1

Pistas de Táxi (PTX) 15,30% 2

Número de Classificação de Proteção Existente (NCPE) 12,10% 3

Número de Classificação de Proteção Requerida (NCPR) 11,40% 4

Capacidade de Pouso e Decolagem (slots) (CPD) 9,40% 5

Auxílios de Navegação Aérea (ANA) 8,20% 6

Instrumentos de Navegação Aérea (INA) 7,40% 7

Capacidade de Abastecimento (PAA) 5,30% 8

Disponibilidade de Área para Manutenção de Aeronaves (DMN) 2,17% 9

FONTE: Autoria própria

A Tabela 6 apresenta os dados relativo aos indicadores do Lado Terra, onde as maiores

importâncias estão relacionadas com Área de Processamento de Bagagens, Número de Esteira

de Desembarque, Pontes de Embarque/Desembarque, Área da Sala de Embarque, Check-in,

Saguão, Canais de Inspeção de Segurança e Facilidade de Conexão. Tais características estão

ligadas diretamente a operação de um aeroporto hub.

Tabela 6 – Pesos obtidos para os subcritérios relacionados ao Lado Terra

Indicador Prioridade Rank

Área de processamento de bagagens (bag drop) (APB) 9,6% 1

Número de Esteiras de Desembarque (NED) 8,7% 2

Pontes de Embarque/Desembarque (PED) 8,2% 3

Área da Sala de Embarque (SE) 8,0% 4

Check-in compartilhado (CKC) 8,0% 5

Dimensão do Saguão (SG) 7,8% 6

Check-in exclusivo (CKE) 7,6% 7

Canais de Inspeção de Segurança (CIS) 7,6% 8

Facilidade de Conexão (CNX) 6,3% 9

Embarque Remoto (ER) 5,3% 10

Sistema de informação ao passageiro (SIP) 4,2% 11

Disponibilidade de Hotel de Passagem (DHP) 4,1% 12

Praça de Alimentação (PA) 3,8% 13

Disponibilidade de Meio-Fio (MF) 3,7% 14

Mix de Estabelecimentos Comerciais (MEC) 3,6% 15

Área do Estacionamento Comercial (EST) 3,4% 16 FONTE: Autoria própria

A Tabela 7 apresenta os dados relativo aos indicadores aos Serviços de Suporte, onde a

maior importância está relacionada com os Modos de acesso, seguida pela Confiabilidade do

tempo de acesso, Disponibilidade de Hotéis (distância e a quantidade de leitos).

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54

Tabela 7 – Pesos obtidos para os subcritérios relacionados aos Serviços de Suporte

Indicador Prioridade Rank

Modos de acesso (MA) 45,65% 1

Confiabilidade do tempo de acesso (CTA) 17,35% 2

Disponibilidade de Hotéis (distância) (DHD) 16,80% 3

Disponibilidade de Hotéis (leitos) (DHL) 12,80% 4

Disponibilidade de Locais para realização de Eventos (DLE) 7,40% 5

FONTE: Autoria própria

O modelo proposto de avaliação remete a necessidade de avaliação de cada

característica da infraestrutura aeroportuária e dos serviços de suporte.

5.2 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS PARA HUB DO NORDESTE

Montada a estrutura e inserido os valores de preferência, o software monta o ranking

das alternativas. Na Figura 12 podemos verificar o Aeroporto de Recife como melhor

alternativa para hub com 37% e o Aeroporto de Fortaleza na segunda posição com 32%. Os três

aeroportos estão em posições geográficas equiparadas, fazendo com que uma boa escolha para

hub envolvesse outras características que dizem respeito as operações desenvolvidas, estrutura

e outros serviços.

Figura 11 – Ranking das alternativas para melhor aeroporto hub no Nordeste

FONTE: Autoria própria

Na Figura 13, é possível realizar uma análise mais detalhada, onde podemos observar

em quais áreas os aeroportos mais se destacam e em quais é preciso mais atenção e até mesmo

criar soluções que contornem esse “problema”. O Aeroporto de Recife como já constatado tem

apresentado grande desenvolvimento e já esteve entre os 10 melhores aeroportos na lista da

Skytrax. Nesta pesquisa o aeroporto obteve bons resultados em todas as áreas avaliadas e os

aeroportos de Natal e Fortaleza disputam a segunda colocação. Uma observação pertinente é a

queda no ranking de Natal nos Serviços de Suporte que comtemplam as condições de acesso e

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55

hospedagem, o aeroporto se encontra um pouco afastado o que justifica o baixo índice neste

indicador.

Figura 12 – Nível de importância de cada critério em relação as alternativas

FONTE: Autoria própria

5.3 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

No intuito de avaliar a estabilidade na posição das alternativas no resultado final, o

programa disponibiliza gráficos de sensibilidade para cada um dos critérios e subcritérios

analisados, de forma a possibilitar a verificação do comportamento das alternativas a partir da

alteração da preferência aos indicadores propostos.

As análises foram em torno de indicadores que interferiam mais drasticamente no

resultado, no caso, as Figuras 14 e 15, apresentam os subcritérios de Disponibilidade de Área

para Manutenção de Aeronaves (DMN) e Disponibilidade de Hotéis de Passagem (DHP),

respectivamente. Nestes gráficos, o nível de importância do critério é mostrado no eixo das

abscissas e o valor relativo a cada aeroporto é mostrado no eixo da ordenada. Cada alternativa

é identificada com um gráfico de cor diferente.

A Figura 14 mostra a variação de posição das alternativas com relação a mudanças na

percepção dos especialistas quanto o subcritério do Lado Ar, DMN. Nele podemos observar

que, desde que os níveis de preferência desse critério não ultrapassem 0,5, essa variação não

altera o ranqueamento, mostrando estabilidade já que possui baixo percentual de importância,

porém para valores acima de 0,5, ocorrem várias inversões nas alternativas. Este critério foi

analisado propositalmente já que é um dos pontos de destaque do Aeroporto de Natal, que de

último pode chegar a ficar como melhor alternativa. Dessa forma, caso os especialistas da área

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

56

reavaliassem a questão de disponibilidade de área para manutenção de aeronaves, Natal

alcançaria destaque.

Figura 13 – Análise de sensibilidade para o critério Disponibilidade de Área para

Manutenção de Aeronaves

FONTE: Autoria própria

De acordo com a Figura 15, a variação na percepção do subcritério do Lado Terra

referente a disponibilidade de hotéis de passagem pode alavancar ainda mais a posição do

Aeroporto de Recife quanto as demais alternativas e fazer Natal perder ainda mais a

possibilidade de se estabelecer como uma opção para hub do Nordeste. Isto ocorre por que o

aeroporto de Recife está localizado dentro da cidade e próximo a hotéis em uma distância de

menos de 1 Km do hotel mais próximo, enquanto o Aeroporto de Natal necessita de viagens

mais longas para hospedagem.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO

57

Figura 14 – Análise de sensibilidade para o critério Disponibilidade de Hotéis de Passagem

FONTE: Autoria própria

No geral o Aeroporto de Recife obteve estabilidade em sua liderança em relação aos

indicadores analisados, com destaque na área de “Serviços de Suporte”, onde uma mudança na

variação de importância aumentaria sua posição consideravelmente.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados da pesquisa foi possível definir as características técnicas

pertinentes a implantação de um hub por determinada empresa aérea, de forma a auxiliar a

gestão aeroportuária na definição de prioridades de investimentos e adequação da

infraestrutura. Com os resultados obtidos foi analisado que o Aeroporto Internacional de Recife

seria o mais preparado a receber a estrutura do sistema hub e quanto aos objetivos específicos

foram realizadas as seguintes considerações:

▪ Por meio da fundamentação teórica e conversas com especialistas foi caracterizado um

aeroporto hub em 3 subsistema: Lado Ar, Lado Terra e Serviços de Suporte e elencar as

principais operações dentro de cada área.

▪ Os indicadores do Lado Ar que apresentaram maior grau de importância estavam

relacionados ao processamento de voos, sendo a Pista de Pouso e Decolagem o indicador

mais importante da área com 28,63%. O Lado Terra teve como indicador mais importante a

Área de processamento de bagagens (bag drop), com importância de 9,6%. Dentro da área

de Serviços de Suporte, Modos de Acesso obteve porcentagem de 45,65%, seguido de

Confiabilidade do tempo de acesso (17,35%).

▪ Por meio das análises as condicionantes para um hub no Nordeste se referiam a questões

voltadas a capacidade, operações e infraestrutura local e do próprio aeroporto. Desta forma

o aeroporto de Recife obteve grau de importância de 37%, Fortaleza ficou com 32% e Natal

em última colocação no ranking com 30%.

▪ Quanto as áreas de avaliação o Aeroporto de Recife foi o melhor quanto a sua pontuação em

relação ao Lado Ar (17%), Aeroporto de Natal em segundo com 16% e Fortaleza com 15%.

No critério Lado Terra, o Aeroporto de Recife continuou apresentando melhores resultados

com 18%, Natal 15% e Fortaleza 16%. Nos Serviços de Suporte Recife fica bem a frente dos

demais com uma porcentagem de 22%, Fortaleza 15% e Natal com 12%.

A partir desta pesquisa, também é possível elaborar algumas sugestões para trabalhos

futuros, como avaliação dos critérios na perspectiva dos usuários, suposição de investimentos

no aeroporto utilizando-se dos pesos finais obtidos em cada indicador, extensão da pesquisa

para companhias aéreas, concessionárias e administração de forma a comparar os diferentes

pontos de vista e também há a viabilidade de verificar a influência dos atores na decisão de

implementação de um hub.

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