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Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e Medicina Tropical Acesso Geográfico aos Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal: influência da evidência científica sobre as políticas Ana Paula Cavalcante de Oliveira Dissertação apresentada para obtenção do grau de Doutor em Saúde Internacional, especialidade de Políticas de Saúde e Desenvolvimento Junho 2017

Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

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Universidade Nova de Lisboa

Instituto de Higiene e Medicina Tropical

Acesso Geográfico aos Recursos Humanos em Saúde no Brasil e

em Portugal: influência da evidência científica sobre as políticas

Ana Paula Cavalcante de Oliveira

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Doutor em Saúde Internacional,

especialidade de Políticas de Saúde e Desenvolvimento

Junho

2017

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Universidade Nova de Lisboa

Instituto de Higiene e Medicina Tropical

Acesso Geográfico aos Recursos Humanos em Saúde no Brasil e

em Portugal: influência da evidência científica sobre as políticas

Autor: Ana Paula Cavalcante de Oliveira

Orientador: Professor Dr. Gilles Dussault

Coorientador: Professor Dr. Mario Roberto Dal Poz

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de

Doutor em Saúde Internacional, especialidade de Políticas de Saúde e Desenvolvimento, de

acordo com o Regulamento Geral do 3.º Ciclo de Estudos Superiores Conducentes à

Obtenção do Grau de Doutor pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade

Nova de Lisboa (n.º 474/2012) publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 223 de 19 de

novembro de 2012. Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq) – Brasil, por bolsa de doutorado pleno no exterior (Ciência sem

Fronteira processo 201988/2012-7).

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ELEMENTOS BIBLIOGRÁFICOS

Artigos Submetidos e Publicados

o Oliveira APC de, Gabriel M, Dal Poz MR, Dussault G. Desafios para assegurar a

disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no Sistema Único de Saúde.

Ciência & Saúde Coletivade 2017; 22.4.

o Oliveira APC de, Dussault G, Craveiro I. Challenges and strategies to improve

the availability and geographic accessibility of physicians in Portugal. Human

Resources for Health 2017; 15:24.

o Oliveira APC de, Dal Poz MR, Craveiro I, Gabriel M, Dussault G. Fatores que

Influenciaram o Processo de Formulação de Políticas de Recursos Humanos em

Saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo. Submetido para

publicação em Dezembro de 2016 na revista Cadernos de Saúde Pública.

Comunicações e resumos publicados em anais de congressos

o Oliveira APC de, Dal Poz MR, Dussault G. The use of research evidence in

policies to improve geographical access to human resources for health in Brazil.

Comunicação em 7ª Jornadas Científicas do Instituto de Higiene e Medicina

Tropical, Lisboa Portugal a 12 de dezembro de 2016.

o Oliveira APC de, Gabriel M, Dal Poz MR, Dussault G. The use of research

evidence in Policies to improve geographical access to human resources for health

in Brazil. Comunicação em The 2016 International Health Conference, 2016.

Kings College London, Inglaterra a 21 Junho de 2016. Anais do congress

disponível em:

http://www.globalhealthcongress.org/resources/Documents/2016%20Internation

al%20Health%20Conference%20-%20Programme%20-%20FINAL.pdf

o Oliveira APC de, Dussault G, Dal Poz MR, Craveiro I, Panisset UB, Hortale VA.

The use of research evidence in Policies to improve geographical access to human

resources for health in Portugal. Comunicação em The Third Fuse International

Conference on Knowledge Exchange in Public Health, 2016. Newcastle,

Inglaterra 28 de Abril de 2016. Anais do congress disponível em:

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ii

http://www.fuse.ac.uk/media/sites/researchwebsites/fuse/Parallel%20Session%2

0L.pdf

o Oliveira, APC de, Dussault G, Dal Poz MR, Panisset UB. A Influência da

evidência científica no processo da formulação de políticas de recursos humanos

em saúde: estudo de caso múltiplo. In: ENNIS & IMNRH Meeting, 2015.

Research & Networks in Health. Leiria - Portugal: RNH, Health Research Unit,

School of Health Sciences, 2015.v.1. Anais do congress disponível em:

http://journals.ipleiria.pt/index.php/rnhealth

o Cavalcante AP de, Dussault G, DAl Poz MR. Utilização da evidência nas

políticas: revisão conceitual de seus determinantes. In: CALASS 2013 Rennes:

Les maladies chroniques, un enjeu pour les systèmes de santé, un enjeu de société,

2013, Rennes, França em 31 de Agosto de 2013. Anais do congresso disponível

em: http://www.alass.org/wp-content/uploads/calass_resum_2013.pdf

o Oliveira, APC de, Dussault G, Dal Poz MR. Acesso geográfico aos recursos

humanos em saúde no Brasil e em Portugal: impacto da evidência científica sobre

as políticas e práticas de gestão. In: Anais do 2º Congresso Brasileiro de Política,

Planejamento e Gestão em Saúde 2013, Belo Horizonte, Brasil. Anais do congress

disponível em:

http://www.politicaemsaude.com.br/conteudo/view?ID_CONTEUDO=919

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"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente

você estará fazendo o impossível."

São Francisco de Assis

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AGRADECIMENTOS

Estou extremamente grata ao meu orientador Professor Gilles Dussault por todo

ensinamento ao longo destes anos, paciência e dedicação. Por ter acreditado na minha

capacidade de desenvolvimento desta tese, sua orientação na linha de pesquisa,

colaboração nos estudos desenvolvidos e possibilidade de ampliação dos meus

conhecimentos. Ao meu coorientador Professor Mario R Dal Poz pela paciência,

prontidão em suas respostas, orientação e colaboração no desenvolvimento dos estudos.

Agradeço a ambos pelo contributo no meu crescimento profissional e pessoal.

Agradeço a todos os profissionais da área de Saúde Internacional do Instituto de Higiene

e Medicina Tropical que possibilitaram a execução desta tese em especial, a Professora

Isabel Craveiro, Professora Cláudia Conceição e Professora Carla Sousa pelos

conhecimentos partilhados e comentários sobre os estudos desenvolvidos.

Ao Professor Ulysses Panisset por ter aceitado ser membro da comissão tutorial,

colaboração na compreensão das diferentes correntes do uso da evidência e apoio ao

intercâmbio realizado durante o doutoramento. Do mesmo modo, agradeço a todos os

profissionais dos Departament of Health Research Methods, Evidence, and Impact;

Department of Political Science; McMaster Health Forum; e Centre for Health

Economics and Policy Analisis (CHEPA); da Mcmaster University pelo apoio ao

desenvolvimento do intercâmbio no âmbito da tese. Em especial ao Professor John N.

Lavis por me receber e orientar durante o intercâmbio; auxiliar na melhor compressão da

linha de investigação “formulação de políticas informadas por evidência científica”;

propiciar o contato com outros doutorandos que estavam a desenvolver trabalhos nesta

área; auxiliar na identificação e compreensão de outros quadros de análise para as

políticas públicas, possíveis métodos de estudo; e o aperfeiçoamento do método escolhido

(estudo de caso). Igualmente a Amanda Hammill e Kaelan Moat pelos momentos de

reflexão e divisão de experiências que contribuíram para a melhoria do meu trabalho.

Agradeço também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) pela concessão do financiamento da bolsa de estudos para a realização do

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doutorado pleno no exterior e pesquisa de campo. Também aos informantes chave

consultados pelo auxílio na identificação das estratégias estudadas, fornecimento de

documentos e comentários valiosos e aos atores de várias instituições que foram

entrevistados pelo seu tempo e valiosas informações, sem os quais não seria possível a

concretização desta tese.

Aos meus familiares, especialmente a minha Mãe pela compreensão e apoio “neste

caminho”. Um especial agradecimento ao Pedro Alves, meu companheiro, pelo apoio

técnico no desenvolvimento dos artigos que compõem esta tese, companheirismo nas

horas de angústia, paciência e compreensão nas longas horas dedicadas à tese e apoio em

minhas escolhas. Aos amigos e doutorandos, particularmente à Mariana Gabriel pelos

momentos de reflexão e trabalho em conjunto, ao Adriano de Camargo, Marcial Ney, Mie

Okamura e Inês Matos pela partilha de experiências.

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RESUMO

Introdução: Formuladores de políticas Brasileiros e Portugueses vêm enfrentando

desafios na área dos Recursos Humanos em Saúde (RHS) como o de atrair e reter

profissionais em áreas remotas, rurais e carentes. Como resultado, alguns segmentos da

população têm um acesso limitado aos serviços de saúde, o que contradiz o objetivo

político declarado de acesso equitativo a todos. Existe um volume crescente de evidência

gerado por investigações sobre como melhorar o recrutamento e a retenção dos

trabalhadores de saúde em regiões carenciadas. Desta forma questiona-se se e como a

evidência de investigação chega aos formuladores de políticas e é utilizada.

Objetivo: O objetivo desta tese, suportada por três estudos, é compreender o processo

em que as políticas de RHS, que visam melhorar a distribuição geográfica dos médicos,

são (ou não) informadas por evidência científica no Brasil e em Portugal. Mais

especificamente, identificar e analisar os fatores que influenciam o processo de

formulação de políticas de RHS; os esforços para o uso de evidência na formulação destas

políticas e as estratégias utilizadas para potencializar a formulação de políticas de RHS

informadas por evidências científicas.

Métodos: Estudo de caso-múltiplo sobre o processo de decisão das políticas de RHS no

Brasil e em Portugal. Este estudo de caso baseia-se na análise de documentos técnicos e

políticos e artigos e, em entrevistas semi-estruturadas com formuladores de política,

investigadores e grupo de interesses, tais como representantes de associações

profissionais envolvidos no processo de formulação do Programa Mais Médicos (PMM)

e na estratégia de contratação de médicos estrangeiros por acordos bilaterais para o

trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS) português. A presente tese é apresentada

no modelo de tese original resultante da compilação de três artigos.

Resultados: Foi realizada uma revisão de estudos observacionais para compreender

melhor os fatores que influenciam a formulação de políticas e o papel da evidência

científica neste processo (subsecção 1.3.3). A revisão de documentos políticos e técnicos

e literatura publicada e cinzenta identificou dois problemas principais enfrentados pelos

responsáveis políticos e gestores a nível nacional para garantir a disponibilidade e a

acessibilidade geográfica de médico no Sistema Único de Saúde (SUS) Brasileiro e no

SNS Português – a (previsão) escassez de médicos e a má distribuição dos profissionais

entre os níveis de cuidados e áreas geográficas, suas prováveis causas e estratégias

implementadas para colmata-los (artigos em itens 2.1 e 2.2). Os fatores identificados nas

entrevistas como sendo influenciadores do PMM foram: Instituições; Fatores Externos

(eleições presidenciais); Interesses de grupos (associações de profissionais médicos),

governos (brasileiro e cubano), organização internacional e sociedade civil; e Ideias

(evidência científica). Os fatores mais listados em Portugal foram: Instituições e

Interesses dos governos (português e envolvidos nos acordos bilaterais), sociedade civil

e grupos (artigo em item 2.3).

Conclusão: Ao contrário do que se verificou no estudo de caso do Brasil, onde

reconhecidamente a evidência teve um papel importante na formulação da política em

análise, em Portugal a evidência científica não foi identificada como contributo para a

formulação da intervenção em estudo.

Palavras-chave: Políticas Públicas; Formulação de Política Informada por Evidência;

Recursos Humanos em Saúde; Brasil; Portugal

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ABSTRACT

Background: Brazil’s and Portugal’s policy-makers are facing challenges in Human

Resources for Health (HRH) such as attracting and retaining health professionals in

remote, rural and underserviced areas. As a result, some segments of the population have

a limited access to health services, which contradicts the stated policy objective of

equitable access for all. There is an increasing amount of research evidence on how to

improve the recruitment and retention of health workers in difficult regions. This raises

the question of if and how research evidence reaches policy-makers and is used by them.

Objective: The aim of this thesis, built around three studies, is to understand the process

by which HRH policies that address the geographic distribution are (not) informed by

research evidence in Brazil and Portugal. More specifically identify and analyse the

factors that influence the HRH policy-making process, efforts to use evidence in the

formulation of this policies, and strategies to formulate HRH policies informed by

scientific evidence.

Methods: Multiple case-study regarding HRH policy-making process in Brazil and

Portugal. This case study builds on the analysis of policy and technical documents and

articles and on semi-structured interviews with policy-makers, researchers and others

stakeholders, such as representatives of professional associations involved in the “More

Doctors” Program (PMM) formulation process and the strategy of recruitment of foreign

physicians through bilateral agreements to work in the Portuguese National Health

Service (NHS). This thesis is presented as thesis by publications, that comprises twoo

published journal articles and one manuscript.

Results: A review of observational studies was carried out in order to understand the

factors that can influence a policy-making process and the role of scientific evidence in

this process (subsection 1.3.3.). The review of policy and technical documents and of

published and gray literature has identified two main problems faced by policy-makers

and managers at national level to ensure the availability and geographical accessibility to

physicians in the Brazilian Unify Health System (SUS) and Portuguese NHS - a

(forecasted) shortage of doctors and maldistribution of professionals between levels of

health care and geographical areas, probable causes of those problems, and strategies to

address them (articles presented in items 2.1 and 2.2). The factors identified by the

interviewees as being influencers of the PMM were: Institutions; External Factors

(presidential election); Interests of groups (professional associations), governments

(Brazilian and Cuban), international organization and civil society; and Ideas (scientific

evidence). The most listed factors in Portugal were: Institutions and Interests of

governments (Portuguese and the governments involved in the bilateral agreements), civil

society and group of interests (article presented in item 2.3).

Conclusion: Contrary to what was identify in the case study of Brazil where scientific

evidence has an important role in the formulation of the policy under analyses, in Portugal

the scientific evidence was not identified as a contribution to the formulation of the

intervention under analyses.

KEYWORDS: Public Policy; Evidence-informed Policy Making; Human Resources for

Health; Brazil; Portugal

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ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. ix

ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................. x

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU ACRÓNIMOS .................................... xi

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................1

1.1 Problemática ..........................................................................................................2

1.2. Enquadramento Teórico ......................................................................................5

1.2.1. Análise de políticas públicas em saúde ...........................................................5

1.2.2. Quadro conceptual 3Is + Fatores Externos (3Is+E) ................................... 11

1.2.3. Formulação de políticas (não) informadas por evidência ........................... 13

1.3 Escopo da Tese ................................................................................................... 21

1.3.1. Objetivos ...................................................................................................... 21

1.3.2 Materiais e Métodos ...................................................................................... 22

1.3.3. Fatores que influenciam a formulação de uma política (3I+E) .................. 29

1.4. Referências Bibliográficas ................................................................................ 40

2. RESULTADOS ......................................................................................................... 55

2.1. Desafios para assegurar a disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no

Sistema Único de Saúde ........................................................................................... 56

2.2. Desafios e estratégias para melhorar a disponibilidade e acessibilidade geográfica de

médicos em Portugal ................................................................................................ 86

2.3. Fatores que influenciarm o processo de formulação de políticas de recursos

humanos em saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo .............. 117

3. DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES ........................................................... 146

3.1. Discussão Geral ............................................................................................... 147

3.1.1. Desafios para assegurar a disponibilidade e acessibilidade à assistência médica

(contexto político) ................................................................................................ 147

3.1.2. Fatores que influenciaram a formulação das intervenções estudadas ...... 150

3.1.3. Esforços para o uso de evidência científica na formulação de políticas de Recursos

Humanos em Saúde .............................................................................................. 154

3.1.4. Estratégias utilizadas para potencializar a formulação de políticas de Recursos

Humanos em Saúde informadas por evidência científica .................................... 160

3.2. Conclusões ........................................................................................................ 163

3.3. Referências Bibliográficas .............................................................................. 167

MATERIAL SUPLEMENTAR ................................................................................ 177

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Ciclo da política .................................................................................................9

Figura 2. Quadro referencial contexto, processo, atores e conteúdo .............................. 10

Figura 3. Modelo de fluxo de configuração da agenda política ..................................... 11

Figura 4. Quadro conceitual 3Is + Fatores Externos (3Is+E) ......................................... 13

Figura 5. Abordagens utilizadas para promover o link entre a investigação e a ação .... 19

Figura 6. Pirâmide do nível de evidência ....................................................................... 20

Figura 7. Flowchart do processo de seleção dos artigos para análise ............................ 33

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x

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Resumo dos estudos realizados no âmbito da tese e relação com o seu escopo28

Tabela 2. Critérios de inclusão e exclusão dos estudos .................................................. 32

Tabela 3. Artigos selecionados para análise................................................................... 34

Tabela 4. Descritores utilizados nas bases de dados por área ...................................... 177

Tabela 5. Pesquisa executada nas bases de dados selecionadas ................................... 179

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU ACRÓNIMOS

ACS = Agente Comunitário da Saúde

AMB = Associação Brasileira de Medicina

APS = Atenção Primária à Saúde

BVS = Biblioteca Virtual em Saúde

CASP = Critical Appraisal Skills Programme

CAPES = Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CFM = Conselho Federal de Medicina

CNPq = Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CPLP = Comunidade dos Países da Língua Portuguesa

CRD = Centre for Reviews and Dissemination

DCE = Estudos de Preferência Declarada (do inglês Discrete Choice Experiment)

DCN = Diretrizes Curriculares Nacionais

ESF = Estratégia Saúde da Família

EVIPNet = Evidence-Informed Policy Networks

FENAM = Federação Nacional dos Médicos

FIES = Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

FNP = Frente Nacional de Prefeitos

GRADE = Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluation

HSE = Health Systems Evidence

IES = Instituições de Ensino Superior

INEM = Instituto Nacional de Emergência Médica

KT = Tradução do Conhecimento (do inglês Knowledge Translation)

MEC = Ministério da Educação

MS = Ministério da Saúde

OCDE = Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OMS = Organização Mundial da Saúde

ObservaRH = Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde do Brasil

OPAS = Organização Pan-Americana da Saúde

OPSS = Observatório Português dos Sistemas de Saúde

PAB = Política de Atenção Básica

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PISUS = Programa de Interiorização do SUS

PITS = Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde

PMM = Programa Maís Médicos

PMMB = Projeto Mais Médicos para o Brasil

PRISMA = Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses

Pró-Residência = Programa de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas

Estratégicas

PROVAB = Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica

RAS = Rede de Atenção a Saúde

REACH = Regional East African Community Health

RCAAP = Repositório Cientifico de Acesso Aberto de Portugal

RHS = Recursos Humanos em Saúde

RIPSA = Rede Interagencial de Informação para a Saúde

RSEO = Revisão Sistemática de Estudos Observacionais

SGTES = Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde

SIGRAS = Sistemas de Indicadores das Graduações em Saúde

SNS = Serviço Nacional de Saúde

STROBE = Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology

SUS = Sistema Único de Saúde

TICs = Tecnologias de Informação e Comunicação

UBS = Unidade Básica de Saúde

UNA-SUS = Sistema Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde

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INTRODUÇÃO

1

1. INTRODUÇÃO

A presente tese está estruturada em três secções: Introdução, Resultados e Discussão

Geral e Conclusões. Na secção Introdução é apresentada a importância da problemática

de distribuição geográfica dos médicos no Brasil e em Portugal, exposto o enquadramento

teórico e descrito o escopo da tese. A subsecção de enquadramento teórico divide-se em

quatro partes: revisão do tema análise de políticas públicas de saúde; descrição do quadro

conceptual que conduz a tese; revisão do tema formulação de políticas informadas por

evidência; e o resultado de uma revisão sistemáticas de estudos observacionais. No

escopo da tese são esclarecidas as perguntas condutoras da tese, os objetivos, o método

escolhido e a estruturação dos estudos para a consecução dos objetivos da tese.

Na secção Resultados são apresentados os artigos publicados “Desafios para assegurar a

disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no Sistema Único de Saúde” e

“Challenges and strategies to assure the availability and geographic accessibility to

physicians in the Portuguese NHS” e, o artigo submetido para a publicação “Fatores que

influenciaram o processo de formulação de políticas de recursos humanos em saúde no

Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo”.

Por fim, na secção Discussão Geral e Conclusões é apresentada uma síntese e uma

discussão dos resultados centrais da tese, os quais encontram-se fragmentados em cada

um dos estudos acima referidos, à luz da literatura, seguidos por possíveis contribuições

na agenda de investigação e futuras políticas de RHS nos dois países.

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INTRODUÇÃO

2

1.1 Problemática

Existe uma discussão no âmbito internacional sobre como potencializar o uso de

evidência científica de forma mais eficaz, para informar a formulação de políticas

públicas no auxílio à consecução dos objetivos de saúde de um país. A evidência científica

é definida nesta tese como evidência gerada por pesquisa (informação coletada de forma

sistemática e transparente) (1) e os melhores dados disponíveis (fatos e estatísticas

reunidas para referência e análise com o intuito de estabelecer ou introduzir novos

achados). As ações e políticas de saúde bem informadas são mecanismos para assegurar

o acesso universal e equitativo ao serviço de saúde e assim garantir o cumprimento de

outras metas dos sistemas de saúde (2).

Os sistemas de saúde desempenham um papel determinante na vida das pessoas, podendo

ser definidos como a inclusão de todas as organizações, instituições e recursos devotados

a produzir ações individuais e coletivas que priorizem a melhoria (em nível e em

equidade), a manutenção ou a restauração da saúde. Têm, ainda, objetivos como

responder às expectativas da população e prover equidade na contribuição financeira, com

proteção contra os riscos financeiros (3). Contudo, mesmo com uma grande parcela de

contribuição dos sistemas no estabelecimento da saúde da população, permanecem

lacunas entre o seu potencial e o seu desempenho real. Igualmente, existe uma variação

nos resultados entre os países que aparentemente apresentam os mesmos recursos e

possibilidades. Além disso, verifica-se que desde o início do século XX, os sistemas

apresentam falhas na diminuição da desigualdade do acesso à saúde entre ricos e pobres

(3).

O desempenho dos sistemas depende fundamentalmente do conhecimento, competências

e motivação dos responsáveis pela prestação dos serviços, bem como da ação política. Os

Recursos Humanos em Saúde (RHS) são os recursos mais importantes para o bom

desempenho dos sistemas e subsequentemente, para o alcance das metas nacionais e

globais de saúde (3–7). A disponibilidade de profissionais de saúde com competências

relevantes, em número suficiente, alocados onde são necessários, motivados, envolvidos

e apoiados é essencial para o gerenciamento e a prestação dos serviços de saúde em todos

os países (3,4,8). O desempenho destes profissionais é por sua vez determinado pelas

Page 17: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

INTRODUÇÃO

3

políticas e práticas que definem o número de profissionais a serem alocados, suas

qualificações, e condições de trabalho (8).

As políticas de saúde têm um papel importante na contribuição pelo melhor desempenho

dos sistemas visto que facilitam o planeamento, especificam os objetivos e as prioridades

de saúde, identificam os meios e os recursos necessários para atingir os objetivos dos

sistemas, e têm o potencial de facilitar a introdução de ações viáveis e eficazes (8). No

entanto, existem vários elementos que podem impedir ou facilitar à formulação de

políticas ou a sua implementação (2) como, por exemplo, a incoerência entre as práticas

de gestão e os objetivos das políticas de saúde (8), inconsistência entre os objetivos das

políticas, e o não uso de evidência científica em sua formulação.

A evidência científica desempenha um papel importante em todas as fases do processo de

uma política, inclusive na sua implementação (9). A sua utilização pode potencializar a

eficácia, a eficiência e a equidade das políticas de saúde as quais, contribuem para

alcançar um acesso equitativo aos serviços de saúde (9,10). Deste modo, uma política de

RHS informada por evidência pode contribuir para a melhoria do desempenho dos

profissionais. A não utilização de evidência pode ser responsável por desequilíbrios na

composição, distribuição e emprego da força de trabalho.

O desequilíbrio na força de trabalho, como a má distribuição geográfica e em particular

a falta de profissionais qualificados nas regiões rurais ou carentes é um problema social

e político que afeta quase todos os países (8,11–15). O desequilíbrio é preocupante por

ser um fator limitante do desempenho dos RHS e contribui para a redução do acesso aos

serviços de saúde a uma percentagem significativa da população, causando problemas de

equidade (serviços não disponíveis, de acordo com as necessidades), de eficiência

(excesso ou escassez) e de eficácia dos serviços (8,14,16,17). A distribuição dos RHS

determina quais serviços, e em que quantidade e qualidade estarão disponíveis para uma

dada população (16).

Ao longo dos últimos vinte anos tanto no Brasil como em Portugal, ocorreu um

crescimento significativo no número de médicos por mil habitantes. No Brasil, em 1990,

Page 18: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

INTRODUÇÃO

4

a razão de médicos por mil habitantes era de 1,12, em 2010 essa relação aumentou para

1,86 por mil habitantes (18). Outras fontes com dados mais atuais apresentam em 2013

uma relação de 1,89 por mil habitantes (19) e em 2015 1,95 (20). Em Portugal no ano de

2002 o número de médicos era de 3,35 por mil habitantes e, em 2012, subiu para 4,10

(19).

Apesar dos resultados os países apresentam uma má distribuição geográfica de seus

profissionais (21,22). Nas cinco regiões do Brasil existe uma assimetria na distribuição

de médicos. Em 2010, na região Sudeste há 2,51 médicos por mil habitantes, que

representa uma concentração 2,5 vezes maior que a da região Norte (0,9), dados de 2010.

Já as regiões Sul (2,06) e Centro Oeste (1,76) têm quase o dobro da concentração de

médicos por mil habitantes em relação à região Nordeste (1,09) (18). Quando verificadas

as unidades federativas, esta desigualdade é ainda maior. Enquanto o Distrito Federal,

Rio de Janeiro e São Paulo apresentam respetivamente 3,61; 3,52 e 2,5 médicos por mil

habitantes, nos estados do Pará, Amapá e Maranhão esta relação reduz para

respetivamente 0,77; 0,75 e 0,53 médicos por mil habitantes (18).

Em Portugal os médicos estão concentrados nos municípios mais populosos do litoral

como nas zonas do Porto, Coimbra e Lisboa (23). As regiões com deficit de profissionais

são as Beiras e o Alentejo, por isso apresentam maiores problemas de acesso aos serviços

de saúde (23). Em 2011, as regiões do Norte e Lisboa e Vale do Tejo, onde residem 65%

da população, têm 74% dos médicos do serviço nacional de saúde, a região Central tem

18%, Alentejo 4% e Algarve 4%, onde residem respetivamente 23%, 7,5% e 4,5% da

população (24,25).

Neste contexto, a melhoria da equidade no acesso aos serviços é um dos principais

desafios nestes dois sistemas de saúde sendo necessário um planeamento estratégico para

controlar os fatores que afetam os RHS e potencializar o uso de evidência científica. A

utilização de evidência na formulação de políticas de saúde pretende garantir que a

tomada de decisão seja informada pela melhor evidência de pesquisa disponível contudo,

as decisões políticas são influenciadas por fatores concorrentes à evidência, estes incluem

fatores externos ao processo, institucionais, interesses e ideias (26–29).

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INTRODUÇÃO

5

Em teoria, a utilização da evidência científica nas políticas apresenta uma boa inserção,

na prática vários problemas afetam a relação entre os pesquisadores, formuladores de

políticas e gestores reduzindo ou impedindo a utilização da evidência (30). Neste contexto

é crucial impulsionar o desenvolvimento nacional e global das habilidades e informações

necessárias para construir um corpo sólido de evidências sobre o nível e os determinantes

do desempenho dos sistemas e serviços de saúde de modo a reduzir a distância entre

pesquisadores, formuladores de políticas e gestores, contribuindo para a formulação de

políticas e para sua implementação (3).

Até esta data e apesar das pesquisas realizadas sobre formulação de políticas informadas

por evidência, a relação entre ciência e política raramente resulta em políticas informadas

por evidências e prioridades nacionais. Essa relação pode ser mais complexa do que a

apresentada em grande parte da literatura e os fatores que a influenciam necessitam ser

compreendidos (9). Adicionalmente, pouco se sabe sobre a melhor forma de organizar as

estratégias e ações executadas para potencializar o uso da evidência e até ao momento,

existem poucas organizações responsáveis pelo suporte à incorporação da evidência

científica na formulação de políticas de saúde (2). Igualmente, ainda existem incertezas

sobre como a evidência de resultados de investigações são utilizadas pelos formuladores

de políticas e a melhor forma de garantir com que o conhecimento disponível seja

traduzido em políticas (31).

Para atingir o objetivo geral desta tese foi necessário o entendimento de dois grandes

temas centrais, a análise de políticas de saúde e o uso de evidência científica para informar

a formulação destas políticas. Desta forma as seguintes subsecções descrevem o

enquadramento teórico e os quadros conceptuais utilizados na presente tese.

1.2. Enquadramento Teórico

1.2.1. Análise de políticas públicas em saúde

As políticas públicas são uma forma de resposta a problemas sociais para que estes sejam

solucionados, mitigados ou prevenidos (32). As políticas relativas aos sistemas de saúde

podem ter um impacto profundo na população, gestores e profissionais de saúde. Por

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INTRODUÇÃO

6

exemplo, no caso dos médicos estas podem incluir mudanças no âmbito de sua prática,

como são pagos, onde podem prestar os seus serviços e como suas práticas são apoiadas

no provimento dos tipos de cuidados que a população valoriza (27).

O conceito de política nem sempre é concebido ou entendido de uma forma uniforme (8).

Normalmente as políticas de saúde são entendidas como produto, ou seja, documentos

formais escritos, regras, orientações e guias (lei, princípios, declaração, diretrizes, etc.)

que servem como quadro de referência para a ação (8,33). Este quadro de referência

apresenta as decisões atuais dos formuladores de políticas sobre que ações são necessárias

para fortalecer o sistema de saúde e melhorar a saúde da população (33). No entanto,

esses documentos formais são traduzidos pelos tomadores de decisão e outros atores

políticos (tais como gerentes de nível médio, profissionais de saúde e cidadãos) em suas

práticas diárias (gestão, prestação de serviços, interações com outros atores, entre outras)

(33).

Uma abordagem mais estratégica e organizacional compreende a política como um

processo de tomada de decisão, em vez de concentrar-se apenas na política como um

resultado do processo ou como um input na gestão (33). Todavia, o processo político em

si dá origem a inúmeras interpretações (8) como, por exemplo, a política pode ser

simplesmente interpretada como “aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer”.

Numa forma mais complexa e menos isolada, as políticas abrangem ações tomadas (ou

inação) que afeta um conjunto de instituições, organizações, serviços e mecanismos de

financiamento do sistema de saúde (34). Nesta tese assume-se que a política pode ser

definida como o processo pelo qual o problema é conceitualizado, soluções e alternativas

são formuladas, decisões são tomadas, instrumentos políticos são selecionados e

programas e estratégias são implementadas (32). A saúde é influenciada por vários

determinantes fora do sistema de saúde, assim as análises em políticas devem ter em

atenção as ações e intenções de organizações externas aos sistemas de saúde que tenham

um impacto sobre a saúde da população como, por exemplo, a indústria alimentícia,

tabaqueira ou farmacêutica (34).

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INTRODUÇÃO

7

A abordagem mais comum para estudar as políticas públicas, conhecida como “ciclo da

política”, desagrega o processo político em uma serie de etapas funcionais (35,36),

Figura1. Esta abordagem foi iniciada por Lasswell in 1956 (37,38). A desagregação do

processo político dá-se em seis fases: configuração da agenda, construção das alternativas

políticas, escolha da solução, desenho da política, implementação da política e

monitoramento e avaliação. Desde então este ciclo sofreu diferentes tratamentos (39),

para esta tese elegeu-se a desagregação do processo político simplificado em quatro fases:

configuração da agenda (reconhecimento do problema e seleção do desafio),

desenvolvimento da formulação da política (formulação e tomada de decisão),

implementação e, avaliação (35,38,40).

Figura 1. Ciclo da política

Fonte: Adaptado de Howlett & Ramesh, 1993.

Para desenvolver uma política, é necessário em primeiro lugar reconhecer o problema

como sendo de relevância pública. A primeira fase do ciclo, configuração da agenda,

inicia-se quando um problema é reconhecido, colocado na “ordem do dia” para a

apreciação da necessidade de uma ação pública, e selecionado como prioritário para a

entrada na agenda política do Estado (agenda governamental) (39,41). A agenda

governamental é a lista de temas ou problemas em que os funcionários governamentais

dão prioridade (42). Desta forma o processo de definição da agenda restringe o conjunto

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INTRODUÇÃO

8

de temas para uma lista de itens que de fato são prioritários para funcionários

governamentais (42).

Alguns autores fazem uma distinção entre quatro níveis de configuração da agenda:

agenda universal - contem todas as ideias que poderiam ser trazidas para discussão na

sociedade ou no sistema político; agenda sistémica - consiste de todas as questões

percebidas pelos membros da comunidade política como merecedoras de atenção do

público; agenda institucional – definida como uma lista de itens explícitos para a

consideração das autoridades tomadoras de decisão; e agenda de decisão - contêm itens

que estão prestes a ser postos em prática por um organismo governamental. Devido a

limites de tempo e de recursos somente um número reduzido de problemas atinge a

agenda institucional e ainda um número mais restrito atinge a agenda de decisão (43).

A segunda fase do processo político é a formulação da política propriamente dita, fase

que abrange dois momentos, a formulação de soluções para o problema - consistindo na

investigação deste e na busca de opções e alternativas para sua resolução, e a tomada de

decisão - compreendendo o processo de escolha governamental de uma solução ou

combinação de soluções, o momento de desenho de metas, a seleção dos recursos e o

horizonte temporal para as intervenções propostas (39,41). Alguns autores diferenciam

entre a formulação (alternativas para a ação) e a adoção final (decisão formal a tomar)

porem, as políticas não são sempre formalizadas em programas distintos e uma separação

clara entre formulação e tomada de decisão muitas vezes é impossível (38) portanto, nesta

tese é assumido dois momentos em uma única fase.

A terceira fase, a implementação da política, é quando uma solução escolhida é posta

em prática envolvendo vários sistemas ou atividades de administração pública e, cada um

destes sistemas abrange diversas questões estratégicas e atores (39,41). Esta fase é

fundamental visto que uma decisão tomada e a adoção de um programa não garante que

no terreno irá ser seguido estritamente os objetivos dos decisores políticos (38). As

políticas e suas intensões são frequentemente alteradas ou mesmo distorcidas e a sua

execução atrasada ou mesmo impedida (38).

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INTRODUÇÃO

9

A última e quarta fase, a avaliação, é onde os resultados pretendidos por meio de uma

política são avaliados (39,41). A formulação de uma política deve contribuir para a

resolução de um problema ou pelo menos a sua redução, assim o ciclo desta política

termina com a cessão da mesma ou com a reformulação com base na perceção do

problema modificado e da configuração da agenda (38).

Este modelo apresenta entre suas vantagens viabilizar a perceção de que existem

diferentes momentos no processo de formulação de uma política. Desta forma, permiti

que se estude em profundidade o processo isolado de uma fase, as interações múltiplas

entre as fases e a comparação de diferentes políticas segundo a mesma fase. Uma

desvantagem é perceber que o ciclo da política apresenta soluções de problemas de forma

sistemática, mais ou menos linear e sequencial no tempo. Outra é visualizar a demarcação

clara entre as fases o que na prática é obscura (39,40).

Apesar das limitações apresentadas o ciclo tornou-se amplamente utilizado para organizar

e sistematizar a investigação sobre políticas públicas. No entanto, não se desenvolveu

para um grande quadro teórico ou analítico e raramente utilizam-se todas as fases mas,

orienta a análise política para temas genéricos do processo de sua formulação e oferecer

uma estrutura para materiais empíricos (38) e outras teorias. Vários quadros conceituais

foram propostos para a análise das políticas, estes consideram o ciclo da política e os

fatores que influenciam o processo político nacional e internacional, entre os quais está

Walt e Gilson (1994), Kingdon (1984) e teoria dos 3Is (26–29).

O quadro proposto por Walt e Gilson (1994) é elaborado por fatores que influenciam cada

etapa do processo político (44). Descreve um triângulo político (contexto, processo e

conteúdo) o qual apresenta no seu centro os atores – ilustrado em Figura 2. O quadro

simplifica o que na prática são relações de alta complexidade e apresenta uma perceção

de que cada componente pode ser considerado separadamente e, na realidade cada

componente é influenciado pelo outro. Trabalha na importância da observação do

conteúdo da política, o processo de decisão e como o poder é utilizando na política de

saúde. Explora desta maneira o papel do estado a nível nacional e internacional, e os

grupos que compõem a sociedade civil, com o intuito de compreender como interagem e

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INTRODUÇÃO

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influenciam as políticas de saúde. Visa também compreender os processos através dos

quais esta influência decorre e o contexto em que esses diferentes atores e processos

interagem (34,44).

Figura 2. Quadro referencial contexto, processo, atores e conteúdo

Fonte: adaptado de Walt e Gilson (1994) (44).

O modelo de fluxos de configuração da agenda política de Kingdon (1984) é o mais

influente na fase de configuração da agenda (33). Restringe-se à configuração da agenda

e a especificações das alternativas políticas. Tem como preocupação a compreensão do

porquê, compreender os motivos que levam os participantes a trabalharem com certas

questões negligenciando outras (42). Utiliza a teoria das organizações e do modelo de

escolha organizacional intitulado como “lata de lixo” (do inglês garbage can model of

organizational choice proposto inicialmente por Cohen, March e Olsen em 1972 (45))

para compreender as instituições executivas (39).

O modelo descreve que a configuração da agenda tem um caracter aleatória resultante de

uma combinação de três fluxos independentes - o fluxo do problema (perceção de

problema), o fluxo das políticas (soluções e alternativas) e o fluxo das ações políticas

(sentimentos públicos, mudanças nos governos, etc.). Estes fluxos intercetam-se em

momentos aleatórios na história, o que pode conduzir à abertura ou ao fecho de janelas

de oportunidades políticas (um conjunto de condições favoráveis), durante as quais

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INTRODUÇÃO

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questões específicas emergem. Surgem possibilidades de alterações nas agendas

governamentais e de decisão e à entrada de um novo tema nestas agendas (33,38,39),

ilustrado em Figura 3. Este modelo centra-se no papel dos empreendedores de políticas

(do inglês policy entrepreneurs), dentro e fora do governo, quais aproveitam as

oportunidades de configuração da agenda (janelas política), para mover o problema para

a agenda formal do governo (34).

Figura 3. Modelo de fluxo de configuração da agenda política

Fonte: Adaptado Kingdon’s three stream model of agenda setting (34).

Por fim, o quadro conceitual frequentemente referido como teoria dos 3Is+ E. Este quadro

referencial pode ser empregue em dois dos momentos do ciclo da política, a formulação

de uma política e a implementação . Esta tese debruça-se na fase da formulação da

política, portanto, este foi o quadro adotado para a direção dos estudos desenvolvidos no

âmbito desta tese e será apresentado em detalhe na subsecção a seguir.

1.2.2. Quadro conceptual 3Is + Fatores Externos (3Is+E)

O quadro conceitual 3Is+E utiliza três fatores aos quais a literatura da ciência política

recorre para explicar o processo de desenvolvimento das políticas públicas (26–29). Exibe

como principio que o desenvolvimento e as escolhas da política são influenciadas pelos

Interesses e Ideias dos atores e a configuração das Instituições (26–29), ilustrado na

Figura4.

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INTRODUÇÃO

12

Por fatores de Interesses (profissionais, económicos, políticos, etc.) é percebido como as

agendas de várias partes interessadas – grupos sociais, funcionários públicos,

funcionários eleitos, pesquisadores e empreendedores de políticas (26,27). Este fator

capta as perceções dos atores políticos sobre quem beneficia e quem perde com o

resultado de uma determinada política e o quanto (29,46). O interesse é o desejo de

influenciar o processo de formulação de políticas para alcançar seus fins, de forma a

impulsionar ou impedir o desenvolvimento de escolhas políticas (26–28).

As Ideias podem influenciar a forma como os atores definem o problema, mas também

como percebem as diferentes opções políticas como eficazes, viáveis e aceitáveis. Este

fator inclui a investigação e também outros tipos de informações e valores dos

formuladores de políticas, assessores políticos e outras partes interessadas (46). É

composto por conhecimento ou crenças sobre o que é que seja (por exemplo,

conhecimento obtido por investigação), pontos de vista do que deveriam ser (valores) ou

a combinação de ambos (26–29).

As instituições são as regas formais e informais, normas, precedentes e fatores

organizacionais que estruturam o comportamento político (27,28). Este fator é composto

por:

o Estruturas governamentais e características do processo de formulação de política,

o tempo de resposta a um problema e o nível de aprovação exigido para uma

política num dado país, pode estruturar o comportamento político;

o Legado político refere-se a atributos de políticas anteriores que podem moldar o

processo político, através da criação de incentivos e dando a alguns atores o acesso

a mais ou menos recursos em comparação com outros atores. Por exemplo, a

legislação de um país atribuí um papel limitado ao Ministério da Saúde (MS)

assim, os seus funcionários públicos nunca criaram as capacidades administrativas

necessárias para desenvolver algumas das opções para um problema e;

o A rede política pode determinar quem tem acesso ao processo político

(26,28,46,47).

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INTRODUÇÃO

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Por fim, o quadro referencial também considera fatores que são referidos como Fatores

Externos, estes podem propiciar oportunidades para introduzir alterações no contexto da

formulação de uma política como, por exemplo, a cobertura dos media, mudanças nas

circunstancias económicas, políticas ou tecnológicas e, outros eventos tais como a

ocorrência de uma pandemia ou o surgimento de uma nova doença no país (26–29).

Figura 4. Quadro conceitual 3Is + Fatores Externos (3Is+E)

Fonte: Adaptação de Lavis (2012) (27).

1.2.3. Formulação de políticas (não) informadas por evidência

A problemática de “colocar o conhecimento em uso” tem sido apresentada por diversas

formas, correntes e áreas. O primeiro grande estudo da “difusão da inovação” do

sociólogo francês Gabriel Tardé tem mais de um século (48), não existindo muitos em

datas anteriores. Nos anos 90 a tomada de decisão baseada em evidência tornou-se uma

pedra chave nos cuidados de saúde (49) tendo alcançado prioridade nos últimos vinte

anos. Partindo desde a teoria para a prática clínica - utilização da evidência pelos

profissionais de saúde na prática para a tomada de decisões clínicas, espalhou-se na gestão

e mais recentemente no processo político - referido por formulação de política “baseada

em evidência” ou “informada por evidência” (31,48,49). Nesta tese será utilizado o termo

formulação de política informada por evidência (do inglês evidence-informed policy

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INTRODUÇÃO

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processes), visto reconhecer que o processo político não é unicamente baseado em

evidência científica e sim podendo ser influenciado por diversos fatores, conforme

apresentado pela teoria 3Is+E.

Atualmente é possível encontrar variações na terminologia existente nesta área como, por

exemplo, “research utilization”, “knowledge translation - KT”, “knowledge utilization”,

“knowledge mobilization”, “technology transfer”, “research uptake”, entre outros

(48,50). As diferenças apresentadas nas diversas linhas está em como o conhecimento é

conceituado, nos distintos contextos, naturezas dos produtores e usuários do

conhecimento, bem como nos objetivos particulares que cada um mantém dentro dos seus

diferentes contextos (48). Contudo, todas exibem em comum a expectativa de que aqueles

que alocam o financiamento, planejam e gerem os serviços de saúde, prestam os cuidados

aos utentes (49), formulam e implementam as políticas de saúde utilizem os resultados

das investigações médicas e investigações relativas aos serviços e sistemas de saúde mais

atuais possíveis para informar sua tomada de decisão.

Na área do uso da evidência científica na formulação de políticas de saúde são

encontrados alguns marcos:

(I) No final de 2004 a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o relatório

mundial sobre conhecimento para uma saúde melhor (Knowledge for Better

Health: Strengthening Health Systems) sendo um de seus capítulos dedicado

à ligação da investigação à ação (linking research to action) (51,52);

(II) Em Novembro de 2004 foi convocada a Cúpula Ministerial sobre investigação

em Saúde (Ministerial Summit on Health Research) pela OMS, realizada na

Cidade do México, a qual abordou o papel essencial da investigação na

melhoria do desenvolvimento sustentável da saúde da população com uma

especial atenção em como traduzir o conhecimento para a ação (know-do gap)

visando a melhoria da saúde da população (51,53,54);

(III) Em Maio de 2005, a Cúpula de Resolução da Assembleia da Saúde exortou o

estabelecimento de mecanismos para “transferir o conhecimento” para apoiar

a saúde pública, os sistemas de prestação de cuidados de saúde e as políticas

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INTRODUÇÃO

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de saúde informadas por evidência (55). Este evento influenciou o lançamento

da Evidence-Informed Policy Networks (EVIPNet) (55);

(IV) Em Novembro de 2008, o “convite para a ação” de Bamako, emitido no Fórum

Ministerial Global sobre investigação em saúde, apelou como prioridade

essencial para os governos promoverem o uso e disseminação dos resultados

de investigações para maximizar o uso pelo público-alvo (56). Este convite

enfatiza a importância do uso de evidência na formulação de políticas e

impulsionou a “tradução do conhecimento - KT” para o centro das atenções

em vários países (57);

(V) Em Novembro de 2010, a declaração de Montreux, desenvolvida no Primeiro

Simpósio Global de Investigação de Sistemas de Saúde, salientou a

necessidade de reforçar a investigação de sistemas de saúde e a sua tradução

em políticas (58).

A formulação de política de saúde informada por evidência é uma abordagem que auxilia

os formuladores e demais partes interessadas a tomarem decisões mais bem informadas

sobre políticas, programas e projetos, ou seja, decisões políticas. O objetivo é garantir que

a tomada de decisão seja informada pela melhor evidência de pesquisa disponível (2,59–

61). É caracterizada pelo acesso sistemático e avaliação da evidência de forma

transparente para assegurar que investigações relevantes sejam identificadas, avaliadas e

utilizadas de forma apropriada. Visa garantir que outros possam examinar que evidência

foi utilizada bem como, qual julgamento foi feito sobre as evidências disponíveis e suas

implicações (2).

No entanto, a utilização da evidência científica na formulação de políticas é um processo

complexo, por vezes não sistemático e transparente, sendo influenciado por inúmeros

fatores visto que a tomada de decisão não é um processo unicamente técnico mas também

está inerente a um processo social (2,27,62,63). A complexidade deste processo,

especificamente o de formulação de políticas de RHS, aumentou ao longo dos últimos

anos porque o número de atores envolvidos no processo de formulação e a evidência

científica aumentaram tanto em volume como complexidade.

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INTRODUÇÃO

16

A evidência científica pode ser restrita a resultados de pesquisa ou, num sentido mais

amplo, englobar todas as fontes potenciais de conhecimento científico sobre um assunto

como, por exemplo, artigos de periódicos revisados por pares, relatórios organizacionais,

e dados de vigilância não publicados (64). Podendo ser composta por uma variedade de

componentes sendo estes não somente científicos (tipicamente restringindo-se a

investigação e análise de dados quantitativos e qualitativos), por exemplo, dados

económicos, atitudes, experiencias, evidências anedóticas, conhecimentos de

especialistas e cultura local (9).

Visto que num processo de formulação de política a evidência gerada por investigação é

difícil de ser separada de outros tipos de informações, que possam ser consideradas como

evidência pelos formuladores de políticas e outras partes interessadas (29), nesta tese a

evidência científica é considerada como evidência gerada por pesquisa (informação

coletada de forma sistemática e transparente) (1) e os melhores dados disponíveis (fatos

e estatísticas reunidas para referência e análise com o intuito de estabelecer ou introduzir

novos achados).

Quando uma política é informada por evidência de forma eficaz conduz a uma série de

potenciais vantagens. Por exemplo, melhor informada, mais eficaz, contribuir para a

estruturação da formulação das políticas ao invés do seu direcionamento pelos principais

atores e reduz os custos (9,65–67). Também pode auxiliar o público em geral e ministros

a compreender uma problemática e escolher uma direção política mais adequada para

colmatar a problemática em análise, atingir uma maior transparência da utilização do

dinheiro público, avaliar os riscos e auxiliar a reduzir ou evitar o risco de insucesso da

política (67).

Em contra partida, a não utilização de evidência não conduz unicamente à subutilização

de estratégias eficazes, mas também ao uso incorreto de estratégias adequadas e o uso

excessivo de estratégias aleatórias não comprovadas (50,68). Esse cenário pode criar

consequências graves aos utilizadores dos serviços como, por exemplo, comprometer o

acesso aos cuidados de saúde adequados, aumentar as iniquidades em saúde (2) e também,

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levar ao uso ineficiente de recursos limitados para prestação de cuidados de saúde e

investigação (52).

Ao verificar o desempenho da transferência do conhecimento deve-se ter em mente a

adequação dos indicadores utlizados ao público-alvo e aos objetivos desta transferência

(69). No caso da formulação de políticas, tendo em conta a concorrência com outros

fatores, o objetivo pode ser simplesmente informar o debate político (70). Igualmente,

quando avaliamos os resultados dos esforços para potenciar o uso da evidência científica

na formulação de políticas devemos ir além de questionarmos se a evidência foi utilizada

no processo e também avaliar em que momento foi utilizada (71,72), com que finalidade

(70,73–76) e que abordagem foi utilizada para promover o uso (49,51,70).

Em que momento a evidência científica foi utilizada?

A evidência científica pode desempenhar um papel significativo em todas as fases do

ciclo da política. Para cada fase do ciclo também existe um tipo de pesquisa e uma

pergunta de pesquisa mais apropriada e relevante para aquele momento (71,72,77). A

título de exemplo, quando um problema não está na configuração da agenda faz-se

necessário chamar à atenção dos formuladores de políticas para este, desta forma é

indispensável uma pesquisa que descreva o problema, quantifique-o e identifique as suas

causas principais. Já num estágio posterior do ciclo é imprescindível investigações que

tragam alternativas e soluções para a redução ou prevenção deste problema.

Com que finalidade a evidência cientifica foi utilizada?

A conceção da finalidade do uso da evidência foi chamada de modelo de resolução de

problemas por Weiss em 1979 (73) e sintetizado por Trostle et al. em 1999 (76) em três

abordagens: a abordagem racional - representa o pensamento tradicional de utilização de

pesquisa; a abordagem estratégica - a pesquisa é útil para apoiar posições predeterminadas

ou validar decisões já tomadas; e a abordagem esclarecedora ou difusora - a pesquisa e

tomada de decisão influenciam-se mutuamente e são também influenciadas pelo processo

social. Outras diversas funções da investigação também foram identificas, a principal

discussão no campo permanece centrada em torno de três tipos de uso da investigação

instrumental, conceitual e simbólico conforme apresentado por Beyer em 1997 (74,78).

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O uso instrumental é definido como a ação em investigação e envolve a aplicação dos

resultados de investigação de formas específicas e diretas, ou seja, os formuladores

procuram sistematicamente a investigação a fim de responder perguntas sobre a política

e resolver um problema em particular (70,74,75). O uso conceitual envolve uma forma

mais geral e indireta do uso da evidência de forma a fornecer uma compreensão geral.

Nesta abordagem é considerado que os formuladores de políticas não procuram nem usam

a investigação de forma intencional mas sim, os resultados das investigações permeiam a

comunicação política na forma de ideias que ajudam a moldar o conhecimento e a

perspetivar o enquadramento do problema, a definição de objetivos, o desenvolvimento

de políticas, as escolhas de intervenções e a avaliação (75). O uso simbólico é a utilização

das investigações para validar e apoiar decisões previamente tomadas por outras razões,

por vezes é chamado de “uso político da investigação” ou, o fato de que a investigação

está a ser realizada é usada para justificar a inação, conhecido também por “uso tático da

investigação” (70,74,75).

Os modelos relativos aos motivos da utilização da evidência científica embora esclareçam

as razões do uso da evidência nas políticas, dizem muito pouco sobre o processo de

formulação e são bastante abstratos para facilitar a comparação entre pesquisa e política

(76).

Que abordagem foi utilizada para promover o uso da evidência científica?

As abordagens possíveis para promover o uso de evidência podem ser divididas em quarto

categorias:

o Esforços para impulsionar os resultados de investigação (denominado em inglês

como push efforts), são estratégias para promover a ação baseada nos resultados

de investigações. Estas estratégias são conduzidas pelos produtores de

investigação e provedores – sendo o último composto por grupos intermediários

entre o produtor e o utilizador da investigação (do inglês purveyours) (51,70);

o Esforços para a recolha de evidência pelo usuário (do inglês user pull). Envolve

entre outros, pacientes, funcionários públicos, profissionais de saúde, que buscam

a investigação para extrair informações e assim tomar decisões, ou seja, este tipo

de esforços são apropriados em situações em que os potenciais utilizadores

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INTRODUÇÃO

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identificaram uma lacuna no conhecimento e querem resolver de uma forma

oportuna (51);

o Esforços de intercâmbio (do inglês exchange efforts ou linkage and exchange),

ocorre quando produtores ou provedores de investigação desenvolvem parcerias

significativas com um grupo de usuários que os ajudam a levantar questões

relevantes e a responde-las (49,51,70);

o Esforços integrados (do inglês integrated efforts), esta abordagem integra os três

grupos anteriores por meio de plataformas de tradução de conhecimento como,

por exemplo, a proposta Regional East African Community Health – REACH

(51).

Figura 5. Abordagens utilizadas para promover o link entre a investigação e a ação

Fonte: Lavis et al. (2006) (51).

Como avaliar a evidência científica?

Para avaliar a evidência científica a ser utilizada podem-se considerar duas abordagens:

o o nível de evidência do estudo, utilizando a pirâmide de evidência apresentada por

Oxford Centre for Evidence Based Medicine - Figura 6 (79), esta abordagem

demonstra que uma forma de evidência é mais “confiável” que outra, assim atribui

uma hierarquia de “força de evidência” à mesma (80), não questionado o tipo de

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pergunta de pesquisa realizada e se o método escolhido para execução foi o mais

adequado para obter-se a resposta ou mesmo, qual a qualidade do estudo;

o e também, a “qualidade da evidência” gerada pelos resultados dos estudos. O

julgamento da qualidade da evidência pode ser subjetivo e complexo (80) assim,

esta qualidade pode ser verificada com o auxílio de ferramentas que avaliam itens

como características metodológicas, síntese dos resultados e limitações. As

ferramentas possíveis de utilização são o Grading of Recommendations,

Assessment, Development and Evaluation – GRADE (81), Critical Appraisal

Skills Programme - CASP (82), Strengthening the Reporting of Observational

Studies in Epidemiology – STROBE (83), Preferred Reporting Items for

Systematic Reviews and Meta-Analyses - PRISMA (84), entre outras. Uma

classificação única não foi aceite universalmente assim, são utilizadas conforme

o tipo de estudo.

Figura 6. Pirâmide do nível de evidência

Fonte: Oxford Centre for Evidence Based Medicine (79)

Page 35: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

INTRODUÇÃO

21

1.3 Escopo da Tese

1.3.1. Objetivos

O uso de evidência na formulação de políticas poderia ser potencializado se os

pesquisadores conhecessem as influências concorrentes no processo político, formassem

parcerias políticas de pesquisa, desafiassem os incentivos dentro das instituições de

pesquisa e se se envolvessem em debates públicos importantes sobre as problemáticas em

pesquisa (85). Esta tese visa contribuir através da ampliação do conhecimento das

influências concorrentes no processo político e no fortalecimento da interação entre

investigadores e formuladores de políticas. Por conseguinte, auxiliar iniciativas como

EVIPNet, Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde do Brasil (ObservaRH),

Observatório Portugues dos Sistemas de Saúde (OPSS), entre outras atuantes no sistema

de saúde brasileiro e português na promoção da formulação de políticas informadas por

evidências científicas e, com o intuito de favorecer a eficácia, eficiência e à melhoria do

acesso da população aos profissionais de saúde.

Esta tese é composta por quatro perguntas gerais:

o Quais são os fatores que influenciam a formulação de políticas de Recursos

Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal?

o Será que a formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e

em Portugal tem como fator influenciador a evidência científica?

o Quais são os fatores que influenciam a (não) utilização de evidência científica na

formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal?

o Quais são as estratégias ou iniciativas utilizadas para potencializar a formulação

de políticas de Recursos Humanos em Saúde informadas por evidência científica

no Brasil e em Portugal?

Estas perguntas conduzem a um objetivo geral de compreender o processo em que as

políticas de Recursos Humanos em Saúde, que visam melhorar a distribuição geográfica

dos médicos, são (ou não) informadas por evidência científica no Brasil e em Portugal.

Mais especificamente:

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INTRODUÇÃO

22

I. Identificar e analisar os fatores que influenciaram a formulação de políticas de

Recursos Humanos em Saúde, que visem melhorar a distribuição geográfica de

médicos no Brasil e em Portugal;

II. Analisar os “esforços” para o uso de evidência na formulação de políticas de

Recursos Humanos em Saúde, que visem melhorar a distribuição geográfica de

médicos no Brasil e em Portugal;

III. Identificar e analisar as estratégias utilizadas para potencializar a formulação de

políticas de Recursos Humanos em Saúde informadas por evidência científica no

Brasil e em Portugal.

1.3.2 Materiais e Métodos

A tese apresenta uma abordagem qualitativa, com vista a um melhor conhecimento sobre

o tema em questão, podendo ser classificada como estudo de caso-múltiplo holístico (86).

Este método foi escolhido por ser ideal para responder a perguntas de “porquê” e “como”,

ser uma medida de controlo sobre eventos comportamentais (reduz a manipulação de

comportamentos relevantes), por ter um grau de foco na contemporaneidade em oposição

a eventos históricos e apresentar um foco em estudos que são melhor analisados dentro

de seu próprio contexto (86). Apesar de suas vantagens, este método apresenta algumas

limitações como por exemplo, a dificuldade de generalização dos resultados obtidos, visto

que a unidade escolhida para investigação pode ser anormal em relação às demais e pode

gerar um resultado erróneo do caso em análise. Esta limitação é reduzida pelo fato de que

o estudo de caso envolve uma variedade de procedimentos de recolhas de dados o que

fortalece a fiabilidade e validade dos achados do estudo (86,87).

Definição e amostragem dos casos

Foi definido como caso a formulação de políticas de RHS que visem a distribuição

geográfica de médicos, (não) informadas por evidência científica no Brasil e em Portugal.

Múltiplas fontes de dados foram utilizadas, incluindo entrevistas semiestruturadas com

atores chave no processo (formuladores de políticas, pesquisadores e, demais partes

interessadas, como representantes de órgãos reguladores), análise documental

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INTRODUÇÃO

23

(documentos políticos, literatura cinzenta, literatura publicada e media), e recolha de

informação com informantes chave de forma informal.

Ao escolher o estudo de caso optou-se por utilizar várias fontes de informação para

garantir a fidedignidade e validade dos achados. Também, escolheu-se manter um

raciocínio entre os dados individuais (trazidos principalmente por meio de entrevistas), o

contexto (identificado principalmente pela análise documental) e o conhecimento teórico

(levantado por meio das revisões desenvolvidas no âmbito da tese).

Os critérios de escolha das duas políticas foram o de apresentarem o mesmo objetivo, o

de reduzir a distribuição assimétrica de médicos nas zonas com necessidades de serviços

de saúde não atendidas (rural, remota ou carenciada) e, serem executadas

maioritariamente no mesmo nível de atenção.

Estudos de casos

Os dois países, Brasil e Portugal, à primeira vista, apresentam métodos diferentes de

financiamento, organização e regulação dos seus serviços de saúde, pois diferem no modo

como o governo estrutura e regula os serviços prestados por si ou por prestadores

privados, bem como na forma de executar o pagamento. Essas diferenças parecem ser

limitantes na utilização de um estudo comparativo. Entretanto, através de um exame mais

minucioso, pode-se observar que estas diversidades são constituídas a partir de

subsistemas de financiamento, organização e regulação.

O modelo de Sistema de Saúde vigentes tanto no Brasil como em Portugal foi

inicialmente baseado no modelo beveridgiano, em suas formas organizacionais de

atenção à saúde e fontes de financiamento. No beveridgiano o acesso é universal e a

assistência à saúde é tida como um direito de cidadania. Atualmente, Brasil e Portugal

exibem um sistema misto ou diversificado e com certa segmentação, apresentando assim,

três subsistemas principais, o Sistema Nacional de Saúde, planos e seguros privados e a

atenção aos servidores. Estes subsistemas se diferenciam na proporção da população que

tem acesso e na forma de organização.

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INTRODUÇÃO

24

As intervenções políticas escolhidas para compor os estudos de casos foram o Programa

Mais Médicos (PMM) implementado no Brasil, e a estratégia de contratação de médicos

estrangeiros por acordos bilaterais para o trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS)

português. Ambas as intervenções políticas apresentam um foco nos cuidados primários.

O PMM foi lançado em 2013 pela Medida Provisória n° 621 e regulamentada pela Lei n°

12.871/2013 passando de Política de Governo para uma Política de Estado (88). Entre as

medidas do pacto de melhoria do atendimento ao usuário do Sistema Único de Saúde

(SUS) o PMM tem a finalidade de formar médicos e levá-los para regiões onde existe

escassez ou ausência de profissionais (89). Para atingir os seus objetivos o programa foi

estruturado em três grandes eixos de ação:

eixo de qualificação da estrutura da atenção básica: melhoria na infraestrutura da

Rede de Atenção a Saúde (RAS), com foco nas Unidades Básicas de Saúde

(UBSs);

eixo da formação médica: mudanças na graduação, na residência médica e na

formação de especialistas. Por exemplo, a implementação das novas Diretrizes

Curriculares Nacionais (DCN) e a ampliação dos cursos de graduação no setor

público e privado;

eixo de provimento emergencial, intitulado “Projeto Mais Médicos para o Brasil”

(PMMB): atua na provisão emergencial de médicos em áreas vulneráveis (por

meio de recrutamento de médicos nacionais e estrangeiros). Sendo que os

estrangeiros podem ingressar de forma individual e voluntaria, proveniente de

países com relação de médicos por mil habitantes maiores que do Brasil, ou por

meio de acordo bilateral estabelecido com o governo cubano (88). O participante

do programa recebe uma bolsa mensal e ajuda de custo para a instalação (88), as

quais são mais elevadas para os participantes que se deslocarem para zonas mais

remotas (90).

A estratégia de contratação de médicos estrangeiros por acordos bilaterais com países da

América Latina para responder à escassez de médicos de família em Portugal e preencher

as vagas nos centros de saúde em áreas carenciadas ou turísticas do sul do país teve início

em 2008 (91–95). O primeiro acordo bilateral foi assinado com o governo Uruguaio em

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INTRODUÇÃO

25

2008 com a contratação de 15 médicos para o Instituto Nacional de Emergência Médica

– INEM (96–98). Em 2009, outro acordo foi assinado com Cuba e 44 médicos foram

contratados para desenvolver atividades em cinco centros de saúde na região do Algarve,

nove na região do Alentejo e um na região de Lisboa/Vale do Tejo (99–101). Findo o seu

contrato, estes voltaram para Cuba e novos médicos foram contratados em 2012

(102,103). Outra renovação ocorreu em 2014 (104–106). Em 2011, acordos bilaterais

com a Colômbia e a Costa Rica iniciou a contratação de 82 e 9 médicos para atuarem em

centros de saúde da região de Lisboa/Vale do Tejo, Alentejo e Central (98,107–110). Os

médicos estrangeiros tiveram os seus diplomas validados pela Faculdade de Medicina do

Porto seguidos por registro na Ordem dos Médicos (96,108,111,112). Antes de chegarem

a Portugal os médicos participaram num curso de Português (96,108,113) e depois,

tiveram um período de duas semanas para adaptação ao serviço (108).

Estudos desenvolvidos no âmbito da tese

No âmbito da presente tese, para responder aos objetivos específicos, foram

desenvolvidos três estudos – ilustrados na Figura 7. O primeiro estudo “Fatores que

influenciam o uso da evidência científica na formulação de políticas: revisão de estudos

observacionais” teve por objetivo compreender melhor os fatores que influenciam a

formulação de uma política e o papel da evidência científica. Para tal desenvolveu-se uma

revisão sistematizada de estudos observacionais. No sentido de organizar, sumarizar e

interpretar as informações providas pelos estudos selecionados, foi utilizado o quadro

conceitual 3Is incluído os Fatores Externos (3Is+E). Os resultados são apresentados na

introdução desta tese (subsessão 1.3.3. “Fatores que influenciam a formulação de uma

política - 3I+E”). Este estudo fornece uma base para discussão por meio de artigos

desenvolvidos em outros contextos e com outros quadros conceituais.

O segundo estudo “Estudo de caso múltiplo de políticas de RHS” auxiliou a consecução

dos três objetivos propostos na tese e resultou em três artigos. Um dos artigos foi

publicado na revista Human Resources for Health, outro na revista Ciência & Saúde

Coletiva e um submetido a Cadernos de Saúde Pública. As revistas foram selecionadas

por serem indexadas, apresentarem peer-review nacionais e internacionais e focarem nas

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INTRODUÇÃO

26

políticas de saúde e em recursos humanos, os artigos encontram-se apresentados no

capítulo Resultados.

Especificamente quanto a desigualdade de acesso aos serviços de saúde, dois artigos

foram desenvolvidos e tiveram como foco analisar o contexto político dos RHS nos dois

países. Um especificamente quanto ao contexto brasileiro - “Desafios para assegurar a

disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no Sistema Único de Saúde”, e outro

quanto ao português - “Challenges and strategies to improve the availability and

geographic accessibility of physicians in Portugal”. Os dois artigos tiveram como objetivo

compreender os desafios dos formuladores de políticas e gestores nos sistemas de saúde

para assegurar a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos serviços prestados pelos

médicos. Para o seu desenvolvimento foram utilizadas informações de documentos de

pesquisas, técnicos e políticos e dados quantitativos secundários. A análise foi orientada

por um quadro de análise do mercado de trabalho e das intervenções políticas na saúde

proposto por Sousa, Scheffler e outros (114).

Estes artigos auxiliam na compreensão do contexto quanto ao desafio da distribuição

geográfica de médicos, dos problemas concorrentes e ao mesmo tempo complementares

na agenda política destes dois países (escassez e distribuição dos profissionais entre os

níveis de saúde) e das intervenções políticas que vêm sendo implementadas para colmatar

o problema da distribuição e demais desafios que comprometem a acessibilidade da

população ao médico. Igualmente, desenvolvem considerações quanto a contribuição da

investigação na formulação de políticas, tema que é aprofundado no terceiro artigo,

“Fatores que influenciarm o processo de formulação de políticas de recursos humanos em

saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo” submetido a Cadernos de Saúde

Pública. Este artigo visou compreender o processo em que as intervenções políticas de

RHS selecionadas, PMM implementado no Brasil e a estratégia de contratação de

médicos estrangeiros por acordos bilaterais para o trabalho no SNS português, são (não)

informadas por evidência científica. Explora e compara a perceção de atores envolvidos

no processo de formulação destas intervenções e apoiados pelos resultados dos estudos

anteriores (quanto ao contexto - identificado principalmente pela análise documental e o

conhecimento teórico - levantado por meio das revisões desenvolvidas). Auxiliou

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INTRODUÇÃO

27

também no identificar de mecanismos utilizados para promover o uso de evidência

científica na formulação de políticas.

O terceiro estudo, das organizações knowledge-brokering como estratégia para

potencializar a formulação de políticas de RHS informadas por evidência nos países em

estudo, tem os seus resultados utilizados na Discussão da tese. Este estudo teve por

objetivo analisar organizações knowledge-brokering que visem potencializar a

formulação de políticas de RHS informada por evidências científicas nos dois países em

estudo. Este estudo auxiliou identificar os mecanismos utilizados por estas organizações

para promover o uso de evidência científica na formulação de políticas, ou seja, a

consecução do terceiro objetivo da tese. A Tabela 3 demostra a ligação entre cada estudo

com os objetivos e perguntas da tese.

Figura 7. Fontes de recolhas de informações

Fonte: Autor.

Estu

do Estudos sobre fatores

influenciadores na formulação de políticas

Revisão da Literatura

Estu

do Estudo de Caso

múltiplo

Entrevistas & Análise documental

Estu

do Organizações

Knowledge-brokering

Entrevistas & Análise documental

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INTRODUÇÃO

28

Tabela 1. Resumo dos estudos realizados no âmbito da tese e relação com o seu escopo

Perguntas Objetivos específicos Método Estudos

Quais são os fatores que influenciam a formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal?

I. Identificar e analisar quais são os fatores que influenciam o uso de evidência científica na formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde, que visem a distribuição geográfica de médicos no Brasil e em Portugal

E1. Revisão de estudos observacionais & E.2 Estudo de caso múltiplo de políticas de RHS

1º Estudo (E1). Fatores que influenciam a formulação de políticas: revisão de estudos observacionais. 2º Estudo (E2). A influência da evidência científica no processo de formulação de políticas de recursos humanos em saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo.

Será que a formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal tem como fator influenciador a evidência científica?

Quais são os fatores que influenciam a (não) utilização de evidência científica na formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal?

II. Analisar os “esforços” para o uso de evidência na formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde, que visem a distribuição geográfica de médicos no Brasil e em Portugal.

E1. Revisão de estudos observacionais & E.2 Estudo de caso múltiplo de políticas de RHS

1º Estudo (E1). Fatores que influenciam a formulação de políticas: revisão de estudos observacionais. 2º Estudo (E2). A influência da evidência científica no processo de formulação de políticas de recursos humanos em saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo.

Quais são as estratégias ou iniciativas utilizadas para potencializar a formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde informadas por evidência científica no Brasil e em Portugal?

III. Identificar e analisar quais são as estratégias para potencializar a formulação de políticas de recursos humanos em saúde informada por evidência científica no Brasil e em Portugal

E1. Revisão de estudos observacionais, E.2 Estudo de caso múltiplo de políticas de RHS & E3. Estudo de organizações knowledge-brokering

1º Estudo (E1). Fatores que influenciam a formulação de políticas: revisão de estudos observacionais. 2º Estudo (E2). A influência da evidência científica no processo de formulação de políticas de recursos humanos em saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo. 3º Estudo (E3). Organizações Knowledge-brokering e a atuação na formulação de políticas de recursos humanos em saúde.

Fonte: Autor.

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INTRODUÇÃO

29

1.3.3. Fatores que influenciam a formulação de uma política (3I+E)

Na área da saúde a incorporação de evidência de pesquisa na prática clínica tornou-se

prioridade nos anos 90. Desde então numerosas lacunas de inclusão da investigação na

prática clínica foram documentadas e intervenções desenvolvidas para colmatar essas

lacunas. No entanto, lições aprendidas na área clínica não podem necessariamente ser

aplicadas a outras áreas (85). Alguns estudos foram realizados no setor da saúde para

investigar os fatores que impedem ou facilitam o uso de evidência científica para informar

as decisões políticas em áreas legislativas e administrativas numa perspetiva de revisão

(78,115). Igualmente, foi realizada uma revisão da literatura no âmbito da tese (116) para

identificar os determinantes do uso de evidência na formulação de políticas. Estes

determinantes foram descritos:

o No contexto político – por exemplo, falta de mecanismos para a utilização da

evidência no processo político, tempo de permanência dos políticos nos seus cargos,

atitude dos formuladores em relação às investigações e aos investigadores,

capacidade do formulador e sua equipa de selecionar e avaliar a qualidade e a

aplicabilidade dos estudos, entre outros;

o No contexto das investigações – por exemplo, o desencontro de prioridades (falta de

relevância política percetível dos estudos), a produção de publicações destinadas a

um público acadêmico, o uso de jargões, a incapacidade de generalização dos

resultados ou dúvidas sobre o seu uso em contextos diferentes, a falta de

conhecimento do pesquisador do ambiente político, a comunicação dos resultados e

disponibilização dos estudos, a capacidade de produção contínua de investigações de

qualidade no país, entre outros;

o Na interação e comunicação entre os políticos e investigadoeres quer seja no

estabelecimento de prioridades, no processo de execução da pesquisa ou no apoio ao

uso da evidência;

o E fatores externos - por exemplo, prioridades e exigências de doadores externos nos

casos de países de baixo rendimento (117–122).

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INTRODUÇÃO

30

Poucos estudos examinam o uso da evidência científica no processo de formulação política

no contexto de influências concorrentes (85). Contudo, de acordo com o conhecimento que

tenho, apoiado através de revisões da literatura (116), não existem estudos que se debrucem

sobre esta situação numa perspetiva de revisão. Para compreender melhor os fatores que

influenciam a formulação de uma política de RHS e o papel da evidência científica foi

realizado uma Revisão de Estudos Observacionais (REO). Em particular, para organizar,

sumarizar e interpretar as informações providas pelos estudos selecionados, em contraste

com as revisões realizadas previamente, foi utilizado o quadro conceitual 3Is incluído os

Fatores Externos (3Is+E).

Para desenvolver o estudo, foi conduzida uma pesquisa ampla e sistemátizada em bases

eletrónicas entre o mês de Janeiro e Fevereiro de 2015. Para realizar a pesquisa foram

selecionadas bases mais específicas utilizadas em investigações prévias (29,123–126) e

complementadas com outras bases também específicas ao contexto da investigação. As bases

pesquisadas foram: PubMed of the National Library of Medicine/Washington, Virtual Health

Library via Bireme (que engloba a base Latin American Literature on Health Sciences –

Lilacs, e outras), Ovide HealthStar (incluindo o Embase e outras), Centre for Reviews and

Dissemination (CRD– incluindo NHSEED, HTA e DARE), Health Systems Evidence (HSE),

Banco de Tese da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

e Repositório Cientifico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).

Com o intuito de realizar uma pesquisa mais sensível e específica foram escolhidos

descritores em três áreas diferentes: processo político, uso de evidência e setor da saúde.

Devido ao número de termos utilizados para descrever o conceito de “uso de evidência

científica” foram escolhidos para este estudo descritores apresentados por Moat et al (2013)

(29) mais específicos ao tema de formulação de políticas. Além disso, descritores gerais,

como por exemplo, “knowledge-to-action” e mais recentemente introduzidos na literatura

como “evidence uptake”. A lista dos descritores escolhidos encontra-se na Tabela em Anexo

1. Descritores de barreiras e facilitadores não foram incluídos neste estudo visto restringirem

os fatores encontrados somente aos já rotulados por outros investigadores.

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INTRODUÇÃO

31

Os descritores utilizados variam de acordo com a necessidade e especificidade de cada base

de dados (utilizaram-se boleadores AND e OR) e por vezes, traduzidos para outras línguas.

Quando possível, foi utilizado o vocabulário oficial de pesquisa da base de dados. A pesquisa

final das bases pode ser encontrada na Tabela em Anexo 2. Outras pesquisas foram efetuadas

nas bases para ajustes e justificação das escolhas, estas podem ser disponibilizadas a pedido.

Critérios de inclusão e exclusão

Existe a necessidade de restrição do foco do estudo em virtude de o tema em questão ser

desenvolvido em vários campos (saúde, educação, sociologia, etc.), em diversas situações

(formulação de política, gestão, prática na saúde, etc.) e em vários momentos (esclarecimento

do problema, estruturação das estratégias, planeamento da execução e avaliação da decisão

tomada). A análise focou-se em estudos sobre o processo de formulação de políticas de saúde

e os fatores que influenciam este processo. Foram considerados estudos que identificassem

a evidência científica entre os fatores que influenciaram a formulação da política em análise

e também, estudos que não identificassem o uso da evidência, mas que o apontassem entres

os seus objetivos ou variáveis em estudo.

Como cada momento da formulação de política exibe peculiaridades e existem diferentes

quadros conceituais que podem ser utilizados para sua análise, foi escolhido abordar o

momento do ciclo da política de formulação, desta forma foram selecionados estudos que

analisavam esta fase do ciclo da política. Adicionalmente, escolheu-se estudos que

exploraram, entre outras fontes, as experiências e compreensões dos formuladores de

políticas embebidas num contexto de uma política específica, excluindo estudos hipotéticos

sobre o uso de evidência, estratégias utilizadas para potencializar o uso da evidência sem a

análise de uma política em concreto, entre outros. Os critérios de inclusão e exclusão

utilizados estão apresentados na Tabela 2.

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INTRODUÇÃO

32

Tabela 2. Critérios de inclusão e exclusão dos estudos

Item Incluir Excluir

População ou

subgrupo de

interesse

Formuladores de políticas quer englobem ou não

outros atores por exemplo, pesquisadores, grupos

profissionais, etc.

Perceção de outros atores não incluindo

formuladores de políticas.

Intervenção em

análise

O uso da evidência na formulação de políticas de

saúde.

Quando a política em estudo apresentou resultados

diretos na saúde da população como por exemplo,

políticas de tabaco, o estudo foi considerado quando

apresentava entre os atores em foco os formuladores de

políticas da área da saúde.

O uso da evidência científica em outros

contextos como por exemplo, na gestão ou

na prática ou em outras áreas.

Variável

independente

Os determinantes que favorecem ou impedem o uso de

evidência científica na formulação de políticas de

saúde.

Outras fases do ciclo da política que não a

sua formulação ou, outras problemáticas

que não o uso de evidência.

Tipo de estudos Investigações que utilizam uma abordagem prática, ou

seja, a informação deve ter sido obtida por meio de

entrevistas, grupos focais, ou outra técnica que

possibilite identificar o contexto das políticas (estudos

de caso etc.)

Estudos teóricos.

Período De Janeiro de 2000 a Janeiro de 2015

O ano de 2000 foi escolhido por coincidir com o

estabelecimento dos Objetivos de Desenvolvimento do

Milénio (ODM) e precede os marcos na área do uso de

evidência científica na formulação de políticas - o

Ministerial Summit on Health Research e a World

Health Assembly resolution.

Anteriores a 2000.

Fonte: Autor.

Resultados da pesquisa

A partir da pesquisa realizada nas bases de dados foram identificados o total de 12085

documentos. Após a exclusão de 4638 artigos duplicados foram aplicados os critérios de

inclusão e exclusão no título e resumo dos restantes 7455 documentos. Na primeira fase

foram aplicados os critérios de seleção nos títulos e resumos, individualmente por dois

revisores. Este processo levou a exclusão de 7166 documentos. A segunda fase de seleção

foi executada por ambos os revisores sendo um artigo excluído apenas quando ambos os

revisores concordaram com a sua exclusão. Esta fase reduziu o número de artigos para 289

artigos.

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INTRODUÇÃO

33

Na terceira fase executou-se a leitura do objetivo e método do documento com este ainda

online, o que levou à exclusão de 199 documentos. Optou-se por realizar o procedimento de

leitura online porque um grande número de documentos não apresentava o resumo. Na quarta

fase foi realizada a aplicação dos critérios de seleção no texto completo de 90 documentos,

obtendo 14 artigos selecionados para análise. A ilustração do processo de seleção dos

documentos pode ser observada na Figura 7 e o resumo dos artigos selecionados para análise

na Tabela 3.

Figura 7. Flowchart do processo de seleção dos artigos para análise

Fonte: Autor

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INTRODUÇÃO

34

Tabela 3. Artigos selecionados para análise

Artigo Focos da política analisada

Ano

publicaç

ão

Método País em

análise Fatores

(127)

O uso do Cotrimoxazole (droga

antimicrobiana) na profilaxia contra

infeções oportunistas no VIH

2011 Estudo de

Caso Malawi

Ideias, Interesse e

Instituições

(128)

O uso do Cotrimoxazole (droga

antimicrobiana) na profilaxia contra

infeções oportunistas no VIH

2011

Estudo de

caso

múltiplo

Malawi,

Uganda ed

Zâmbia

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(129)

Tratamento de substituição de opiáceos

na dependência de drogas 2014

Estudo de

caso Inglaterra

Fatores externos,

Ideias e Interesse

(85)

Tratamento de transtorno da conduta em

crianças 2005

Estudo

qualitativo Canada

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(130)

Ampliação dos serviços de saúde mental 2012

Estudo

qualitativo

retrospetivo

Chile

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(131)

Mecanismo de financiamento destinado

para promover equidade no acesso aos

serviços onde são cobradas taxas de

utilização

2010 Estudo de

caso Cambójia

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(132)

Pandemia H1N1 e estratégias de

prevenção 2013

Estudo de

caso

múltiplo

Canada

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(133) Hemodiálise diária como uma terapia de

substituição renal 2005

Estudo de

caso

Estados

Unidos

Ideias, Interesse e

Instituições

(134)

Formação e atuação da enfermagem 2014

Estudo de

caso Líbano

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(63)

Políticas de rastreio do cancro intestinal 2011

Estudo de

caso Austrália

Fatores externos,

Ideias, Interesse e

Instituições

(135) Política de preço mínimo de unidade de

álcool 2014

Estudo de

Caso Escócia

Fatores externos,

Interesses e Ideias

(136) Políticas de seguro de saúde voluntário 2014 Estudo de

caso Líbano

Fatores externos,

Interesses e

Instituições

(31)

Estratégia na prevenção e tratamento de

eclâmpsia e pré-eclâmpsia severa e

intervenções na prevenção/controle da

malária

2009

Estudo de

caso

múltiplo

Mozambiqu

e, Africa do

Sul e

Zimbabué

Fatores externos,

Interesses,

Instituições e Ideias

(137)

Estratégia na prevenção e tratamento da

eclâmpsia e pré-eclâmpsia 2008

Estudo de

caso

Africa do

Sul

Fatores externos,

Ideias, Interesses e

Instituições

Fonte: Autor.

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INTRODUÇÃO

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Informações gerais e mapa dos estudos selecionados

Os primeiros estudos selecionados datam de 2005 sendo a maioria publicada entre 2011 e

2014. As investigações focaram-se em políticas de saúde de 18 países (concentrando-se no

Canadá, Líbano, Africa do Sul e Malavi, com dois estudos cada). Uma proporção significante

das políticas estudadas referia-se a países de alto rendimento como Austrália, Inglaterra e

Chile (38,88 % - 7 políticas das 18 estudadas), seguidas por países de baixo rendimento como

Uganda e Zâmbia (33,33% - 6 políticas das 18) e, um número ligeiramente inferior a países

de médico rendimento como Cambójia (27,77% - 5 políticas das 18 estudadas) – Tabela 3.

Quanto ao número de países estudados, 11 documentos analisaram uma política em um único

país. Um dos estudos analisou mais de uma política no mesmo país (132) e, dois analisaram

mais que um país (31,128). Relativamente ao tema abordado pelas políticas, seis políticas de

saúde estudadas eram relativas a medicamentos, dispositivos médicos, equipamentos ou

vacinas (31,63,127–129,137); duas das políticas eram concernentes ao financiamento dos

serviços de saúde (136,138); duas relativas a prestações de serviço (85,130), duas relativas a

prestações de serviço (Waddell et al. 2005; Araya et al. 2012), duas abordaram temas mistos

(132,133), uma a RHS (134), e uma referente a política de preço mínimo de unidade de álcool

(135).

Na grande maioria o método utilizado para o desenvolvimento das investigações foi o “estudo

de caso” (com 9 estudos) e “estudo de caso múltiplo” (com 3 estudos) e como forma de

recolha de dados utilizou-se a combinação de entrevistas e revisão documental (8

documentos). Outros estudos além de entrevistas e revisão documental incluíram painéis de

discussão (134,136), observações diretas (138) e correspondência eletrónica (133). Duas das

investigações utilizaram somente entrevistas para a recolha da informação (85,130). Nas

entrevistas a maioria dos estudos (oito estudos), incluiu três grupos de atores chave:

formuladores de política, pesquisadores e, outros atores como por exemplo, profissionais de

saúde, representantes de indústrias farmacêuticas e organizações não-governamentais

nacionais e internacionais.

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INTRODUÇÃO

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Por fim, a maioria das investigações partiu da perspetiva do processo político (12 estudos) e

utilizou o quadro referencial Kingdon de forma isolada ou em combinação com 3Is, Walt &

Gilson e outros. Somente um dos estudos partiu da perspetiva do processo de investigação e

utilizou o quadro referencial 4-K o qual descreve quatro estádios de aquisição de

conhecimento na política (138).

Produtores do conhecimento

Os estudos foram maioritariamente desenvolvidos por autores vinculados a universidades.

Um estudo incluía autores vinculados ao MS e agências internacionais (131). Um estudo a

empresas de interesse público, institutos de pesquisa, entre outras instituições (128). Quatro

estudos não mencionaram algum fundo de financiamento para o desenvolvimento da

investigação ou não indicaram fundos específicos (128,130,133,135). Os demais declaram o

recebimento de financiamentos que na sua maioria foi efetuado por fundações de

financiamento de pesquisa nacionais e internacionais e de um dos programas da Comissão

Europeia.

Fatores que permearam e dominaram a formulação destas políticas

Para a análise dos fatores reconhecidos como influenciadores das políticas em estudo foi

aplicado o quadro conceitual 3Is+E que reúne os três fatores mais comuns (Ideias, Interesses

e Instituições incluindo fatores Externos ao processo) agregados pela literatura da ciência

política para explicar o processo de desenvolvimento das políticas públicas.

De forma geral foi identificada uma predominância nos estudos pelo fator Interesses (todas

as investigações identificaram este fator). Sendo estas principalmente de grupos de interesses

(identificado em 10 artigos) como, por exemplo, o poder de profissionais médicos

representados pelo seu sindicato e Ordem (130) ou o poder financeiro de proprietários

hospitalares e associações religiosas (134); e interesse individuais (apontados em 6 estudos)

por exemplo, a aprovação de um decreto específico para ganhar popularidade e vantagem

eleitoral (136).

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INTRODUÇÃO

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O segundo fator mais identificado como influente no processo foi Instituições (identificado

em 12 documentos) com o reconhecimento da estrutura do governo, a rede política como

influenciadoras no processo político e o legado político. Os decisores políticos enfrentam

constrangimentos institucionais em particular, a fragmentação de níveis do governo e a

fragmentação dos setores (algumas decisões envolvem outros setores como a educação,

serviços sociais, justiça entre outros) (85). Igualmente, a complexidade do sistema executivo,

legislativo e burocrático de saúde em alguns países como o Canada, complicam o processo

político e por vezes ocorre a desconexão entre os responsáveis por rever as evidências

geradas por investigação e os que exercem decisões (132). A participação de agências

internacionais em alguns países também foi exposta como uma grande influência contudo,

as recomendações feitas a nível internacional ou nacional, muitas vezes não consideram

questões locais (132,134).

Quando observamos os artigos que analisaram políticas desenvolvidas em países de médico

e baixo rendimento (sete artigos) os fatores concentram-se igualmente em Instituições

seguidos pelos Interesses, aqui também se destaca fatores externos à política e network

(dependência de doadores). Nos países de alto rendimento também ocorrem de forma

invertida, com a dominação de Interesses e Instituições, também foi possível notar a

importância dos medias no processo de formulação de políticas (85,129,130,132,135) e os

interesses de grupos como os de peritos, parentes, profissionais, entre outros

(85,129,130,132,133).

Os media apresentam-se como um dos fornecedores de informação mais influentes (132)

também podem envolver-se na construção da problemática e no processo de inclusão do

problema na agenda política (129,135). Numa das políticas em estudo os media utilizaram

estatística para a construção da problemática o que proporcionou uma oportunidade para

algumas das partes interessadas em aproveitarem este fator e influenciarem o direcionamento

da política (129). Foi também identificada a ligação entre como as notícias dos meios de

comunicação abordavam a problemática e a resposta do público, o que combinado com

grupos de advocacia tornaram-se num possível catalisador de mudança (85).

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Quanto ao fator Interesses e a sociedade civil, quatro estudos abordaram a participação social

(85,129,132,136). Também foi identificada a utilização de outros tipos de evidências como

as introduzidas por grupo de peritos e a evidência trazida por conhecimento “leigo” (129).

Por vezes este tipo de abordagens pode indicar o aumento tanto da representação social como

da participação na articulação entre a ciência e a política. Noutros casos a participação

pública pode representar um mero ajuste cosmético não alterando o processo de formulação

de políticas de forma significativa (129). Por fim, levanta a questão de que em alguns

domínios políticos a participação plena do cidadão pode ser irrealista (129).

Determinantes do uso da evidência

A noção da evidência baseada na ciência ou investigação como fator dominante no processo

político tem sido criticada como separada da realidade da formulação de políticas e

recentemente foram levantadas questões relativas a algumas formas de conhecimento serem

consideradas como “evidências” e outras rejeitadas ou apresentarem menos valor, sendo

menos merecedoras de atenção política (129).

As investigações onde a formulação de políticas foi dominada por outros fatores alheios à

evidência ou mesmo onde esta não foi utilizada revelaram que:

o A formulação de política em análise não refletiu os resultados das investigações. Em

um contexto de influências competitivas a evidência foi avaliada e utilizada mas,

apenas como uma fonte de ideias e informações entre outras (85);

o A utilização da evidência apenas foi bem-sucedida nos estágios iniciais da

formulação de políticas (63);

o Os entrevistados identificaram que os modelos atuais de tomada de decisão na saúde

pública não reconhecem o papel da evidência científica de forma explícita (132);

o Para que a evidência contribua de forma material na escolha de alternativas de

políticas deve ser apoiada pelo quadro institucional que incorpore o seu uso (63);

o Ou serem criados procedimentos obrigatórios ou legislativos que encorajem os

políticos a utilizarem evidência no processo político (136);

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INTRODUÇÃO

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o Igualmente foi questionado como decorreu o processo de recolha e revisão da

evidência a ser utilizada (63);

o Quanto ao papel da investigação para informar a formulação de políticas no Líbano,

alguns entrevistados referiram que a evidência tem uma influência mínima devido ao

poder esmagador de interesse pessoal e político (134);

o As dificuldades no uso de evidências na formulação de políticas no Líbano incluíram

entre outras o contexto político, a falta de financiamento da investigação limitado

pelo governo que leva à dependência do apoio financeiro internacional e, alta taxa de

rotatividade dos ministros e políticos o que produz um fraco compromisso com o

planeamento estratégico de longo prazo (134,136).

Entre as estratégias implementadas nos países de forma isolada e “espontânea” que

potencializaram o uso de evidência no processo de formulação de políticas estavam a criação

de parcerias entre funcionários públicos que tinham contato direto com os formuladores e

investigadores “ditos de confiança”. Alguns dos funcionários públicos saiam do papel

clássico de aconselhamento dos responsáveis políticos e implementação das suas decisões

para um papel mais “criativo”. Criando-se a oportunidade do uso da evidência com o

posicionamento estratégico das investigações e a marcação de reuniões entre os

investigadores e políticos. Estes funcionários também estabeleciam parcerias de longo prazo

com um pequeno número de investigadores de “confiança” (85).

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INTRODUÇÃO

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RESULTADOS

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2. RESULTADOS

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RESULTADOS

56

2.1. Desafios para assegurar a disponibilidade e acessibilidade à assistência médica

no Sistema Único de Saúde

Oliveira APC de, Gabriel M, Dal Poz MR, Dussault G. Desafios para assegurar a

disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no Sistema Único de Saúde. Número

temático “A política pública de atenção primária no Brasil: dilemas, rupturas e desafios”

da Revista Ciência & Saúde Coletiva 22. 4 Abril de 2017. Disponivel em:

http://www.scielo.br/pdf/csc/v22n4/1413-8123-csc-22-04-1165.pdf

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RESULTADOS

57

RESUMO

A escassez e os desequilíbrios na distribuição da força de trabalho em saúde, são

problemas sociais e políticos que, juntamente com a desigualdade sócio económica,

reduzem o acesso da população aos serviços de saúde. Este estudo tem o objetivo de

compreender os desafios dos formuladores de políticas e gestores do SUS para assegurar

a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos serviços prestados pelos médicos. A

análise foi orientada por um quadro de análise do mercado de trabalho e das intervenções

políticas na saúde. Foram identificados dois problemas centrais: escassez de médicos e

má distribuição de profissionais entre os níveis de cuidados de saúde e entre as zonas

geográficas. Nesta revisão, o foco é sobre oito intervenções nos últimos 30 anos, cujo

objetivo principal era corrigir a má distribuição dos médicos no SUS nomeadamente o

Projeto Rondon, Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS), Programa de

Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas Estratégicas (Pró-Residência),

Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica (PROVAB), Programa

Mais Médicos, entre outras. A Discussão focaliza nos fatores que influenciam o resultado

dessas intervenções.

Palavras-chave: Recursos Humanos em Saúde; Mercado de Trabalho de Saúde; Políticas

Publicas em Saúde; Distribuição de Médicos; Acesso à Atenção Médica

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RESULTADOS

58

Challenges to ensure the availability and accessibility to health care in the Unified

Health System

ABSTRACT

Shortages and imbalances in the distribution of the health workforce, are social and

political problems that, along with the socio-economic inequality, reduce the access of

the population to the health services. This study aims to understand the challenges of SUS

policy-makers and managers to ensure the availability and geographical accessibility to

health service providers. The analysis was guided by a framework of the health labour

market and health policy interventions. Two main problems have been identified:

shortage of doctors and maldistribution of professionals between levels of health care and

between geographical areas. In this review, the focus is on eight interventions in the last

30 years, whose mainly aim was to correct the maldistribution of physicians in the SUS

such as Rondon Project, Interiorization of Health Work Program (PITS), Support

Program for Medical Training Specialists in Strategic Areas (Pro-Residence),

Enhancement Program of Primary Healthcare Professionals (PROVAB) and More

Doctors Program. The discussion focuses on the factors that influence the outcome of

these interventions.

Key words: Human Resources for Health: Health labour market; Public health policy;

Physicians distribution; Accessibility to Health Care

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RESULTADOS

59

INTRODUÇÃO

O Sistema de Saúde Brasileiro é composto por uma rede complexa de serviços públicos

e privados, complementando-se em alguns serviços e competindo principalmente na área

de Recursos Humanos em Saúde (RHS) qualificados. Em 1998 foi implementado o

Sistema Único de Saúde (SUS) o qual tem como compromisso prover uma cobertura

universal dos cuidados de saúde, fornecendo assistência integral de saúde. Este

compromisso torna-se um desafio ainda maior tendo em vista que o Brasil, embora seja

a maior economia da América Latina, apresenta grande desigualdade econômica e social

(1,2). Os sistemas de saúde necessitam, entre outras ações, de uma força de trabalho

adequada, uma vez que os RHS são vistos com um dos pilares para alcançar o objetivo

de reduzir as barreiras no acesso da população à Rede de Atenção a Saúde (RAS) (3).

A disponibilidade de profissionais de saúde com competências relevantes, em número

suficiente, alocados onde são necessários, motivados, envolvidos e apoiados é essencial

para o gerenciamento e a prestação dos serviços de saúde em todos os países (4–6) e o

desempenho dos profissionais é, por sua vez, determinado pelas políticas e práticas que

definem o número a alocar, suas qualificações e as condições de trabalho (5).

O desequilíbrio na força de trabalho, como a má distribuição geográfica e em particular

a falta de RHS qualificados nas regiões rurais ou carentes é um problema social e político

que afeta quase todos os países 2,4,5,7–11. Associado com a desigualdade sócio econômica,

este desequilíbrio reduz o acesso da população aos serviços de saúde.

O objetivo do estudo é compreender os desafios dos formuladores de políticas e gestores

do SUS para assegurar a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos médicos no

serviço público brasileiro. Mais especificamente: identificar os desafios da

disponibilidade e acessibilidade geográfica, analisando suas causas e mapeando o

cronograma das estratégias políticas implementadas, em nível nacional, com vistas a

assegurar o acesso da população aos serviços de saúde no âmbito do SUS.

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RESULTADOS

60

METODOLOGIA

Este artigo é parte de um estudo de caso múltiplo sobre o processo de decisão das políticas

de RHS no Brasil e em Portugal direcionadas à problemática de distribuição geográfica

são (ou não) informadas por evidência científica. Esta fase do estudo teve como foco

analisar o contexto político dos RHS no caso Brasileiro. Foram utilizadas informações de

documentos de pesquisas, técnicos e políticos e dados quantitativos secundários. Para a

identificação destes documentos e dados utilizou-se de três estratégias, descritas na

Tabela 1.

Tabela 1. Estratégias de busca para identificação de dados e documentos.

Local da busca Especificações da busca Critérios de inclusão e exclusão dos

documentos

PubMed

e BVS

Busca sistematizada realizada, em janeiro de 2016, nas base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed of the National Library of Medicine onde os documentos científicos foram identificados a partir da busca realizada utilizando os seguintes termos: (physician OR phisicians OR doctor OR doctors OR health professionals OR workforce OR health workers OR manpower) AND (geographical OR imbalance OR rural OR remote OR suburban OR scarcity OR lack) AND Brazil – detalhes da busca estão disponíveis mediante solicitação. Por fim foram incluídos documentos identificados como relevantes (ligados a problemática em estudo ou a uma estratégia específica) por meio das referências inicialmente selecionadas.

(i) ser sobre profissionais médicos, contendo ou não outros profissionais; (ii) quando relativo a vários países deveria permitir a identificação isolada das informações referentes ao Brasil; (iii) estar disponível em formato eletrônico, possibilitando a busca e extração de informações do texto; (iv) datados entre 1994 e 2015; (v) sem restrição de idiomas; (vi) ter entre seus temas principais, a disponibilidade ou a acessibilidade geográfica de RHS como foco principal do artigo em um de três momentos: problemática de disponibilidade/distribuição geográfica dos médicos; nas causas da escassez ou distribuição assimétrica; ou nas estratégias para lidar com a problemática: quer seja (a) em um estado de descrição ou avaliação da estratégia em sua implementação no Brasil, ou descrição ou avaliação da estratégia implementada em outro país trazendo as considerações para a implementação no Brasil. Foram excluídos documentos que apresentaram dados sem seu processamento e sem introdução de novas conclusões. A data de 1994 foi escolhida como corte devido a implantação da Estratégia Saúde da Família (ESF). Essa escolha justifica-se pelo fato do cuidado em saúde ser organizado com base nos preceitos da atenção primária de saúde (APS).

Websites

Pesquisa em websites do Ministério da Saúde (MS), organizações internacionais (Banco Mundial, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, Organização Mundial de Saúde - OMS, Rede Interagencial de Informação para a Saúde – RIPSA e Sistemas de Indicadores das Graduações em Saúde – SIGRAS), Conselho Federal de Medicina e Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde do Brasil (ObservaRH), com foco nas estações de trabalho que apresentam linhas de pesquisa na temática em questão.

Consultas a

informantes

chave

Paralelamente, foram realizadas consultas a informantes chave para identificar possíveis documentos não incluídos nas fases anteriores (publicados e literatura cinzenta) ou, nome de estratégias que possibilitassem uma busca específica nos sites descritos.

Fonte: Autores.

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RESULTADOS

61

Para orientar a análise, utilizou-se uma adaptação do quadro conceitual do mercado de

trabalho e intervenções políticas na saúde (12), ilustrada na Figura 1. O quadro pode ser

utilizado por formuladores de políticas e tomadores de decisão para contribuir na

compreensão dos fluxos do mercado de trabalho e orientar as intervenções políticas (13)

em direção a um estoque desejável em tamanho, composição, distribuição, qualidade e

efetividade para atender as necessidades dos cuidados e serviços de saúde.

Figura 1. Quadro referencial do mercado de trabalho e intervenções políticas.

Fonte: adaptado de Sousa et al. (2013).

A partir do quadro conceitual foi realizada uma análise temática dos dados, extraindo as

informações dos documentos conforme categorias e subcategorias pré-determinadas,

incluindo algumas subcategorias a partir da leitura dos documentos, conforme Tabela 2.

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RESULTADOS

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Tabela 2. Perguntas, categorias e subcategorias para a análise temática dos dados.

Pergunta Categoria Subcategorial

Quais são os desafios identificados pelos formuladores de políticas e gestores para assegurar a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos médicos no âmbito do SUS?

Estoque de RHS qualificados e características dos profissionais quanto a distribuição

Escassez de profissionais; distribuição entre o rural e urbano, distribuição dos profissionais entre público e privado, entre outras.

Quais são os determinantes destes desafios?

Setor educação e dinâmica do mercado

Número de vagas de graduação, número de vagas de especialização, planejamento na formação de RHS, número de aposentadorias, perda para o setor privado, desemprego, emigração, duplo emprego, procedimentos de contratação não eficazes, entre outras.

Quais estratégias e áreas de intervenções políticas utilizadas para corrigir os desafios enfrentados pelos formuladores de políticas e gestores a nível nacional para assegurar a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos médicos no âmbito do SUS?

Áreas de estratégias políticas

Políticas voltadas as formação de RHS, políticas voltadas aos fluxos de entradas e saídas, entre outras.

Fonte: Autores.

Buscou-se averiguar a continuidade entre as políticas de governos para a problemática de

RHS, mais especificamente sobre a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos

médicos.

RESULTADOS

A partir da pesquisa realizada nos sites e com a consulta de informantes chave, foi

possível identificar 22 documentos políticos e técnicos. Em relação à pesquisa nos bancos

de dados foram identificados um total de 2191 documentos. Após a aplicação dos critérios

de elegibilidade foram selecionados 20 para análise, Figura 2. A lista completa dos 42

documentos utilizados neste estudo disponível a pedido.

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RESULTADOS

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Figura 2. Fluxograma de seleção dos artigos incluídos na análise.

Fonte: Autores.

I- Desafios para assegurar disponibilidade e acessibilidade geográfica aos médicos e

seus determinantes

A quantidade, distribuição e qualidade dos profissionais de saúde acessíveis a populações

são condicionantes fundamentais para os ganhos em saúde (14). Apesar do aumento da

evidência de que a força de trabalho em saúde é fundamental para melhorar os níveis de

cobertura dos serviços de saúde da população, vários países ainda enfrentam graves

problemas de escassez (14–16) e desigualdades na distribuição desses profissionais

(4,5,17,18). Esta problemática destaca-se em países que oferecem cobertura universal,

com vasta área geográfica e com uma população desigualmente distribuída. Neste

documento focaremos dois problemas principais identificados nos estudos: (a) escassez

de médicos e (b) má distribuição, sendo que este último diz respeito às zonas geográficas

e entres os níveis de cuidados de saúde.

(a) Escassez de médicos

A densidade nacional de médicos por mil habitantes teve um crescimento ao longo dos

últimos vinte anos no Brasil. Em 1990, a razão de médicos por mil habitantes era de 1,12,

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RESULTADOS

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aumentando para 1,86 em 2010(19). Outras fontes com dados mais atuais apresentam que

em 2013 essa relação era de 1,89 por mil habitantes (20) e em 2015 de 1,95 (21).

A definição sobre a razão ideal de médicos versus população de um país é um tema

polêmico e complexo. Esta relação requer a compreensão de diversos fatores entre eles,

destacam-se quatro eixos: características do profissional (sócio demográfica – idade e

gênero), processos de trabalho (produtividade, carga horária, trabalho não clínico e

variações no nível de atividade), características do sistema de saúde implantado no país

(por exemplo, cobertura e tipo de serviços oferecidos) (22) e condições da população

(socioeconômicas e epidemiológicas).

A operacionalização dessa relação é em diversos casos limitada (22), causada

possivelmente pela falta de informação. Adicionalmente, no Brasil não existe um

planejamento definido das necessidades futuras de RHS. Esta situação refletiu-se nos

documentos analisados que apresentavam a escassez de médicos. Estes utilizam-se de

dados de comparação de médicos por mil habitantes entre o Brasil e outros países para

chegar em uma relação desejável e criar metas de melhoria. Por vezes, atribui-se uma

relação ideal mínima fixa, sem considerar o contexto acima mencionado.

Os dados da OCDE que disponibiliza o número de médicos por mil habitantes de países

devem ser utilizados com ressalva. Nesta base, o Brasil ocupa o sexto lugar com menos

médicos por mil habitantes entre os 39 países que apresentavam dados disponíveis para o

ano de 2010, ultimo ano com referência para o Brasil (23).

As publicações, relacionaram a escassez com a má distribuição geográfica e com a falta

de profissionais na APS e especialistas (9,10,16), atribuindo-se principalmente as causas

da escassez à:

crescente demanda de profissionais, devido especialmente ao aumento de

estabelecimentos de serviços médicos de saúde públicos e privados (10,21). Com

a reforma da APS nas Américas e implantação da ESF (24,25) a qual criou

equipes multiprofissionais de saúde e ampliou o atendimento da população

brasileira, consequentemente também aumentou a necessidade de médicos para

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RESULTADOS

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a APS. O número de estabelecimentos de saúde no final da década de 70 era de

18.489 e em 2005 passou para 77.004, representando um aumento de

aproximadamente 76% (10);

baixo número de egressos de medicina, comparando com a demanda e as

necessidades crescentes apresentadas acima. Fato constatado com o crescimento

expressivo do número de cursos de medicina no país. Entre 2000 e 2014 ocorreu

um aumento do número de cursos em cerca de 63%, no ano de 2000 o número

de escolas totalizavam 94 e em 2014 aumentou atingiu 251 cursos (26). Dados

mais recentes mostram um total de 257 cursos em 2015, destacando um

expressivo aumento de 69 cursos em aproximadamente 6 anos (21). Este

aumento foi acompanhado de uma inversão do predomínio de cursos nas

instituições de ensino superior (IES) públicas para privadas. Em 2000 o número

de cursos em IES públicas era de 48 e de privadas de 82, já em 2010 totalizava

78 cursos públicos e 103 privados (26) com concentração de IES públicas nas

capitais (9). Este predomínio vem se acentuando e dados mostram que o número

de novas vagas nos últimos dois anos foram de 3,6 em IES privadas e 1,7 mil em

IES públicas (27), com a concentração de vagas em IES privadas no Sudeste e

de vagas públicas no Norte (9).

b. Má distribuição dos médicos entre os níveis de cuidados de saúde e zonas

geográficas

Considerando o modelo de rede que o SUS é organizado (28) a problemática da má

distribuição não pode ser analisada apenas com foco na APS, mas também nos outros

níveis de atenção. Os especialistas que atuam exclusivamente no setor privado e no

público totalizam 68,2% e 52% respectivamente, sendo que 74,3% do total atuam em

ambos. Quanto a concentração desses especialistas, observou-se que no setor privado

40,1% estão em consultórios, 38,1% em hospitais e 31,1% em ambulatórios. No setor

público 51,5% atuam em hospitais, 23,5% na APS e 4,8% na atenção secundária (21). O

número de cirurgiões pediátricos apontaram desequilíbrios entre as regiões do país, sendo

a região Sudeste a maior responsável pela formação dessa especialidade (29). Quanto a

distribuição geográfica dos dermatologistas, verificou-se que apenas 9,1% municípios

apresentavam especialista nessa área (30). Da mesma forma, na oftalmologia, o

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RESULTADOS

66

desequilíbrio da distribuição geográfica acarreta escassez do profissional em

determinadas zonas, no entanto essa análise não foi atribuída a falta de especialistas no

país. Não identificou-se estudos que abordassem a má distribuição em outras

especialidades.

O problema da má distribuição geográfica de RHS no Brasil vem sendo apontado como

um desafio com varias estratégias políticas implementadas a fim de corrigi-lo

(7,10,14,21,31–37). Esta má distribuição é acentuada nos profissionais de saúde

qualificados dentre os quais encontram-se a enfermagem, medicina (14) e odontologia

(38), situação que reflete-se diretamente nas condições de saúde da população (14,16).

Esta má distribuição é visualizada em diversos níveis geográficos (entre regiões, rural e

urbano, interior e capital e entre os próprios municípios). Quanto às cinco regiões do

Brasil, existe uma assimetria na distribuição de médicos. Na região Sudeste há 2,51

médicos por mil habitantes, representando uma concentração 2,5 vezes maior que a da

região Norte (0,9) no ano de 2010. Já as regiões Sul (2,06) e Centro Oeste (1,76) têm

quase o dobro da concentração de médicos por mil habitantes em relação à região

Nordeste (1,09) (19). Com isso verificamos uma maior intensidade do problema nas

regiões Norte e Nordeste que estão abaixo da média nacional (10,21,33–37). Quando

verificadas as unidades federativas está desigualdade é ainda maior. Enquanto o Distrito

Federal, Rio de Janeiro e São Paulo apresentam 3,61 médicos por mil habitantes, 3,52 e

2,5 respetivamente, nos estados do Pará, Amapá e Maranhão esta relação reduz para 0,77

médicos por mil habitantes, 0,75 e 0,53 respectivamente (19).

Em uma análise mais específica e direcionada da má distribuição de médicos no país, esta

apresenta-se mais desigual entre municípios. Os municípios com menos habitantes é onde

localiza-se o menor número de médicos por habitantes (21). Em 2009 aproximadamente

42% da população residiam em municípios com uma relação inferior a 1 médico para

cada 4.000 habitantes sendo que ainda em 7% dos municípios não apresentavam registro

de médicos (10). Os municípios com até 50 mil habitantes 88,5% (4932 municípios em

2014) têm entre 0,23 e 0,64 médico por mil habitantes. Por outro lado, municípios com

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mais de 500 mil (39 municípios em 2014) retém 29% dos habitantes do país e

aproximadamente 61% dos médicos (21).

Este desequilíbrio é influenciado por diversos fatores, os quais podem ser divididos em

individuais, organizacionais e relacionadas aos sistemas (de saúde, educacional,

institucionais) e das características dos municípios, entre elas o ambiente econômico,

sociocultural, histórico e político (11). Nos documentos selecionados, as principais causas

da má distribuição geográfica no Brasil foram: as características dos municípios,

considerando o Produto Interno Bruto, Índice de Desenvolvimento Humano, níveis

vulnerabilidades sociais, condições de violência e possibilidades de trabalho

(14,21,33,36); características individuais, por exemplo, idade, oportunidade de trabalho

para cônjuges, origem em ambientes urbanos e renda familiar (33,39); características do

sistema de educação, existência de curso de medicina, residência médica e possibilidade

de educação continuada (21,33,36); e por fim características organizacionais, entre elas,

remuneração, condições de trabalho, plano de carreira e reconhecimento profissional

(21,40).

II- Estratégias implementadas para enfrentar a problemática de escassez e

distribuição

A Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES) foi criada pelo MS

em 2003, e atualmente tem um lugar estratégico em sua estrutura. A SGTES é responsável

pela formulação de políticas para a gestão do trabalho em saúde, formação e qualificação

dos RHS, regulamentação profissional e descentralização da gestão do trabalho e

educação nos estados federativos (41). Ao longo dos últimos anos o tema RHS, mais

especificamente relacionadas à disponibilidade e acessibilidade geográfica, é recorrente

e bastante relacionado as dificuldades enfrentadas no setor saúde. Analisando a

continuidade deste tema é observado a partir dos Planos Nacionais de Saúde 2004-2007,

2008-2011 e 2012-2015 (42–44), da Política Nacional da Atenção Básica (25) e da

Resolução nº 439 do Conselho Nacional de Saúde (45), documentos norteadores das

intervenções em saúde, uma sinergia quanto a problemática. Entretanto, verifica-se uma

falta quanto à formulação de uma política clara e de longo prazo voltada para RHS no

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RESULTADOS

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Brasil (31), ainda que diversas estratégias específicas e limitadas tenham sido

identificadas para enfrentar esses desafios.

As intervenções identificadas foram: (a) Projeto Rondon, (b) Programa de Interiorização

do SUS (PISUS), (c) Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS), (d)

Telessaúde (e) Programa de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas

Estratégicas (Pró-Residência), (f) Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino

Superior (FIES) (g) Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica

(PROVAB) e (h) Mais Médicos, descrição em Tabela 3.

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RESULTADOS

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Tabela 3. Descrição das intervenções políticas levantadas.

Intervenção política

Objetivo/Descrição Pontos importantes

Projeto Rondon -

1968 a 1989 e 2005

a atual

Objetivou promover estágios de serviços para estudantes universitários (46) e

consequentemente trazer os alunos para o trabalho em áreas de difícil acesso e a

serviços de saúde em expansão (36). Em 2005 houve seu relançamento e com ta com

representantes dos Ministérios da Defesa, Educação, Saúde, entre outros (47).

Em seus 22 anos contemplou milhares de municípios, a maioria nas regiões Centro

Oeste, Nordeste e Norte (36). Cerca de 350 mil universitários e 13 mil professores

participaram do projeto (35,36). A literatura analisada não aponta os motivos de sua

extinção. Desde o relançamento o projeto envolveu 1900 instituições de ensino

superior e realizou 69 operações em 854 municípios em 23 Estados (48). Essa

intervenção focou apenas na área de políticas voltadas à formação e não articulou

com outras áreas de intervenções políticas. Embora a literatura aponte que a

vivência do estudante em ambientes de difícil acesso possibilite a ampliação de suas

escolhas de atuações futuras (17) não foram encontrados dados relativos ao

acompanhamento destes estudantes após a graduação.

PISUS - 1993 a

1994

Objetivou a interiorização de uma equipe mínima de saúde, composta por ACS,

enfermeiro e médico no suporte de um serviço de saúde (35). Organizado em quatro

subprogramas, unidades de pronto atendimento, interiorização do médico (fixação de

pelo menos um medico, com residência no município participante), interiorização do

enfermeiro e ACS (36). Garantia instalações físicas adequadas, moradia para

enfermeiros e médicos, pagamento por produção e contrato formal executado pelo

gestor municipal através de repasse do MS (35).

O programa atingiu 398 municípios (35) . Sendo um programa de curta existência,

a falta de informações sobre os motivos de sua extinção impede que futuras ações

nesta área corrijam possíveis fragilidades. Esse é um fator que dificulta a

continuidade das intervenções políticas.

PITS- 2001 a 2004

Objetivou incentivar a alocação de profissionais de saúde qualificados em municípios

de comprovada carência de recursos médicos-sanitários (49) e distantes de capitais,

além disso colaborar com a expansão da atenção básica e da PSF (36). Coordenado

em nível nacional pelo MS, adotou a mesma estratégia do PSF e utilizou-se de

incentivos financeiros, educação continuada para profissionais participantes e apoio

profissional e pessoal por meio de condições adequadas de trabalho (equipamentos e

insumos), moradia, alimentação e transporte para o desenvolvimento de suas

atividades (36). Os médicos participantes faziam o curso de especialização em Saúde

da Família (50).

Durante o período, 300 municípios foram contemplados com 421 profissionais de

saúde, sendo destes 181 médicos (35). Nesse programa foi possível verificar maior

articulação das estratégias para motivar o profissional, no entanto, assim como o

programa anterior PISUS, também não foi possível conhecer os motivos de seu

término.

Telessaude- 2007

até o momento

Estratégia integrante a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde

implementada como uma das ações do Programa Mais Saúde (51,52). Tem como

objetivo a orientação da formação e desenvolvimento dos RHS e a qualificação da

atenção e gestão em saúde na atenção básica no SUS (51,53). Integra ensino e serviço

promovendo teleassistência e tele-educação, por meio de TICs (51).

Essa estratégia vem sendo relacionada com a tentativa de melhorar a fixação dos

profissionais em áreas remotas, uma vez que colabora na redução da possível

sensação de isolamento e insegurança clínica (51,53). Estudos apontam as

contribuições da telessaúde no setor (54,55), demostrando que a tecnologia pode

ser uma grande aliada nas trocas de conhecimento e capacitações de profissionais

da rede. Essa é uma área que está em expansão e deve ser mais explorada

futuramente nas políticas voltadas aos RHS. Pró-Residência,

2009 até o

momento

Uma medida intersetorial entre o Ministério da Saúde e da Educação. Visa apoiar, por

meio da concessão de bolsas, a formação de especialistas em áreas básicas e

Uma vez que diagnosticadas e informadas as carência locais e regionais de

especialistas em algumas áreas da medicina, essa iniciativa tem a potencialidade de

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RESULTADOS

70

prioritárias para algumas regiões do país (Norte, Nordeste e Centro Oeste) e abertura

de novos programas de residência considerando a necessidade da região (56). contribuir na escolha de atuação do profissional, colaborando tanto para o mercado,

quanto para a carreira do médico.

Fies - 2011 até o

momento

Em 2011 o governo possibilitou que médicos que tiveram sua graduação financiada

pelo FIES, abatessem sua dívida atuando nas equipes da ESF em áreas com carência

de médico. Para cada mês trabalhado o abatimento é de 1% do saldo devedor (57).

Contribuiu para a ampliação do número de médicos no país, diversos estudantes

foram possibilitados a concluir o curso por meio desse financiamento. Vincular a

divida da graduação a atuação do profissional no SUS é mais uma maneira de

ampliar o estoque de médicos no serviço e contribuir para a redução das

disparidades em saúde.

PROVAB - 2011

até o momento

Objetiva prover as equipes da Atenção Básica e da ESF com enfermeiros, dentistas e

médicos em áreas remotas e de maior vulnerabilidade (populações ribeirinhas,

quilombolas, assentadas, indígenas, etc.) alcançando assim maior integração ensino-

serviço-comunidade. Os profissionais recebem bolsa de estudos pagas pelo governo

federal, supervisão a distância e presencial e a oportunidade de realizar um curso de

especialização com foco na atenção básica oferecido por universidades participantes

do UNA-SUS (56). Ao final de um ano, os médicos podem receber pontuação (10%

sobre a nota) no processo seletivo da residência médica (35).

Um balanço do programa aponta que o número de participantes passou de 381 em

2012 para mais de 3,3 mil em 2013 distribuídos em 1.157 municípios, sendo que

573 deles localizados na região Nordeste (58). Em 2015 o PROVAB foi integrado

ao PMM.

Programa Mais

Médicos -PMM,

2013 a atual

Visa formar médicos e leva-los para regiões onde há escassez ou ausência de

profissionais (59). Estruturado em três grandes eixos de ação: eixo de qualificação da

estrutura da atenção básica - melhoria na infraestrutura da RAS, com foco nas UBSs;

eixo da formação médica, mudanças na graduação - na residência médica e na

formação de especialistas, como por exemplo, a implementação das novas DCN e a

ampliação dos cursos de graduação no setor público e privado; e eixo de provimento

emergencial - o PMMB atua na provisão emergencial de médicos em áreas

vulneráveis (por meio de recrutamento de médicos nacionais e estrangeiros de forma

individual ou por acordo bilateral estabelecido com o governo cubano) (37). O

participante recebe uma bolsa mensal e ajuda de custo para a instalação (37), as quais

são mais elevadas para os que se deslocarem para zonas mais remotas (7).

O pragam foi passando de Política de Governo para uma Política de Estado (37).O

programa englobou também os profissionais médicos do PROVAB, no qual teve

suas características reajustadas nos parâmetros do PMM. Alguns resultados

identificados - eixo de qualificação da estrutura da atenção básica: construções de

1.577 UBSs, duas UBSs Fluviais na região da Amazônia Legal e reforma de 9.011

UBSs; eixo da formação médica: 47 novos cursos de medicina foram abertos (24

em instituições Federais) ampliando em 65% as vagas (37). Quanto a mudanças no

perfil do médico ainda não há egressos do novo currículo; o PMMB atingiu 3.785

municípios em menos dois anos recrutando 14.462 médicos (1.846 brasileiros /

12.616 estrangeiros pertencentes a 49 países) (37).

Legenda: ACS -agente comunitário da saúde; DCN- Diretrizes Curriculares Nacionais; PMMB -Projeto Mais Médicos para o Brasil; TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação; UBS -

Unidades Básicas de Saúde; UNA-SUS Sistema Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde.

Fonte: Autores.

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RESULTADOS

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Quanto as intervenções políticas implementadas, observou-se sobreposições dos seus

possíveis resultados em diferentes frentes da problemática, com isso apresentaremos os

achados relacionando a intervenção, o desafio (disponibilidade e distribuição geográfica)

e a área política, seguindo a lógica do quadro conceitual do mercado de trabalho e

intervenções políticas na saúde (12). Abordagens ilustradas na Tabela 4.

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RESULTADOS

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Tabela 4. Intervenções políticas levantadas de acordo com os desafios a serem enfrentados e área política da intervenção.

Desafios Áreas das intervenções políticas

Intervenção política Distribuição

geográfica

Distribuição

por nível

Disponibilidade

de médicos

Formação de

médicos

Fluxo de

entrada e saída

Corrigir a má distribuição

e ineficiência

Regulação do

setor privado

Projeto Rondon (estágio curricular em áreas de difícil acesso e serviços em expansão) - 1968 a 1989 e 2005 a atual

x primária educacional*

PISUS (pagamento por produção, contrato formal, instalação física adequada e moradia)- 1993 a 1994

x primária financeiro e apoio pessoal e profissional*

PITS (incentivos financeiros, educação continuada, condições adequadas de trabalho, moradia, alimentação e transporte) - 2001 a 2004

x primária financeiro, educacional e apoio profissional e pessoal *

Telessaude (teleassistência e teleeducação) - 2007 até o momento

x primária

apoio profissional e pessoal e educacional*

Pró-Residência (bolsas para residências e abertura de residências) -2009 até o momento

x especialistas x x financeiro e educacional*

Fies (abatimento no financiamento estudantil da graduação) -2011 até o momento

x primária financeiro*

PROVAB (bolas, supervisão a distância e presencial, oportunidade de especialização e pontuação adicional para processo de seleção de residência) - 2011 até o momento

x primária pessoal e profissional, educacional e financeiro+

Mais Médicos - (melhoria na infraestrutura da rede, bolsas, oportunidade de formação e mudança curricular, aumento de vagas e recrutamento) - 2013 até o momento

x primária x x x

regulatória/administrativa (incluindo acordos

bilaterais), educacional, financeiro, apoio pessoal e

profissional*

Legenda: *Especificamente quanto as intervenções políticas para corrigir a má distribuição geográfica podemos classificá-las quatro categorias: regulatórias/administrativas,

educacionais, financeiras, apoio pessoal e profissional (11,17).

Fonte: Autores.

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RESULTADOS

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DISCUSSÃO

Considerando o sistema de saúde implementado no Brasil, os formuladores de políticas e

gestores são desafiados a assegurar a disponibilidade e acessibilidade a saúde para toda a

população. Outro desafio seria o crescente aumento da demanda de profissionais de saúde,

tanto no setor público como no privado atribuído principalmente a ampliação das redes de

serviços. Os estudos demonstram que entre os desafios principais estão a escassez de médicos

e sua má distribuição, sendo que o último refere-se a zonas geográficas e entre os níveis de

atenção.

Quanto à escassez, percebe-se que muitas vezes existe dificuldade em estabelece-la, perante

talvez a falta de conhecimento das necessidades atuais e futuras de médicos. Assim, substitui-

se uma análise integrada por uma comparação utilizando benchmarks externos de forma

isolada, comparando com outros países, sem saber se estes são apropriados para o sistema de

saúde brasileiro. Os documentos selecionados atribuem as causas da escassez, principalmente

à demanda de profissionais e à formação em detrimento a outros elementos do fluxo de

entrada (ex. emigração e retornantes de outro setor) e do fluxo de saída (ex. interrupção na

carreira e aposentadorias).

A escassez agrava a dificuldade da gestão da distribuição de médicos entre as regiões do país

e os níveis de atenção (15). A distribuição geográfica é um problema já diagnosticado no

Brasil e foi bastante relatada nos estudos selecionados, mostrando que de fato existe

concentrações de médicos nas regiões Sul e Sudeste, em grandes cidades e nos municípios

mais desenvolvidos. No entanto, são necessárias análises maiores sobre os fatores que

levariam os médicos a migrar e atuar em regiões desassistidas. A literatura aponta que para

conhecer esses fatores devem ser priorizados estudos qualitativos e “Estudos de Preferência

Declarada” (do inglês Discrete Choice Experiment - DCE) que além de pontuar os fatores

isolados permite identificar as preferências dos indivíduos a partir de comparações entre

certas características do trabalho uma vez que alguns benefícios no contrato de trabalho pode

ser um contraponto do local de atuação (32,60).

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RESULTADOS

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A má distribuição entre os níveis de atenção não apresenta um diagnóstico preciso no Brasil,

apontando-se escassez de médicos na atenção primária, concentrações de especialista no

setor privado e uma distribuição desigual nas regiões do país em algumas especialidades. Os

estudos apontam que para a APS e consequentemente a ESF ser mais resolutiva, no que diz

respeito a disponibilidade de médicos, diversos desafios precisam ser superados, entre eles o

problema da rotatividade e falta de fixação desses profissionais (61). Essa realidade pode ser

atribuída aos baixos estímulos dos contratos temporários de trabalho (62) que muitas vezes

são consequências das restrições orçamentárias dos municípios, que não conseguem reajustar

os salários dos médicos, de modo a ser atrativo para rete-los, pois tal ajuste infringiria a Lei

de Responsabilidade Fiscal (63). Adicionalmente, estudos apontam problemas estruturais,

relacionados ao processo de trabalho. A ESF, assim como a APS deve ser organizada de

forma equitativa e eficiente para atingir seu potencial no enfrentamento dos desafios

impostos a saúde (24), no entanto ainda observa-se equipes enraizadas no modelo tradicional

médico-hegemônico que contribui para a sobrecarga desse profissional (64) sem priorizar o

trabalho em equipe multiprofissional. Por outro, embora não seja seu objetivo central, a ESF

pode ser considerada a intervenção que mais expandiu a cobertura de médicos (32)

contribuindo para melhorar a acessibilidade aos serviços de saúde. Já na atenção secundária

a dificuldade é atribuída a contratação de especialistas para o trabalho no SUS (9,65).

A má distribuição geográfica de médicos é um problema que esteve presente na agenda de

decisão política de diversos governos no Brasil (10,32). A partir de 2011 o déficit de

provimento de profissionais foi definido como área prioritária (37). Intervenções para

enfrentar o desafio da má distribuição vem sendo executadas desde 1968. Já a implementação

de intervenções para a problemática de escassez são mais recentes, foram identificadas

somente duas medidas, o Pró-Residência e o PMM. Conforme informação apresentada

(Tabelas 3 e 4) os projetos iniciais falharam em sua sustentabilidade em um horizonte

temporal, embora o pioneiro tenha sido restabelecido por volta de 35 anos depois.

Observou-se a partir da análise (Tabela 4) que desde 2011, com o PROVAB, as intervenções

incorporaram maior número de estratégias e embora ainda não existam avaliações de seus

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RESULTADOS

75

impactos, considerando o quadro conceitual utilizado (Figura 1), pode-se inferir que existe

maior possibilidade de sucesso, visto que evidências sobre o tema apontam que intervenções

em conjunto são mais eficazes que intervenções isoladas (8). Foi observado que as

intervenções políticas concentram-se na distribuição, com foco na atenção primária

negligenciando a distribuição dos outros níveis de atenção, talvez pela falta de um

diagnóstico mais claro. Apenas o Pró-Residência foi identificado como indutor nesse quesito.

A ausência de evidências trazidas por resultados de pesquisa para contribuir com o

diagnóstico da má distribuição dos médicos entre os níveis de atenção e suas causas,

compromete a formulação de intervenções informadas por evidência aumentando assim, o

risco de serem formuladas de maneira improvisada ou terem seu processo dominado por

outros fatores e não a evidência.

Na graduação, a articulação ensino-serviço é relatada em diferentes estudos. A dinâmica

entre estes temas é justificada pela busca por profissionais com competências necessárias

para atuar no SUS ou seja, a formação deve preparar o profissional para atuar com base nos

princípios, diretrizes e políticas do sistema de saúde vigente (66). Existem programas

implantados para a reorientação da formação profissional e destacam-se o Projeto IDA,

Projeto Uni e Rede Unida, anteriores à criação da SGTES e, PROMED, Ver SUS, Aprender

SUS, Ensina SUS, Pró-Saúde (I e II), PET-Saúde e a Politica Nacional de Educação

Permanente, posteriores a implantação da SGTES (67). Por outro lado, existem situações

onde essas articulações são frágeis e ocorre uma falta de planejamento e coordenação entre

a necessidade de formação e a demanda populacional (29).

Entre as intervenções identificadas para enfrentar os desafios, em enfoque nesse estudo, o

PMM é o que apresenta maior transversalidade de suas ações, perfazendo todos os desafios

identificados nesta revisão e tendo estratégias em quase todas as quatro áreas de intervenções

políticas, não atuando apenas na área de regulação do setor privado.

O processo de formulação de uma política pode ser influenciado por diferentes fatores (68)

entre estes a evidência científica pode desempenhar um papel significativo, pois auxilia os

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RESULTADOS

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formuladores e demais atores a tomarem decisões bem informadas sobre políticas, programas

e projetos com o intuito de garantir que a tomada de decisão seja bem informada pela melhor

evidência de pesquisa disponível (69), evitando-se assim o domínio do processo por outros

fatores.

Quando avaliamos os resultados dos esforços para potenciar do uso da evidência na

formulação de políticas devemos ir além de questionarmos se a evidência foi utilizada no

processo, para verificarmos em que momento foi utilizada (70,71); com que finalidade (72–

74) e que abordagem foi utilizada para promover o uso (73,75,76). Neste estudo, conforme

o método escolhido, é possível somente observar a possibilidade do uso da evidência nas

fases do ciclo da política conforme o tipo de pesquisa disponível.

A abordagem mais comum para estudar as políticas públicas, o “ciclo da política”, desagrega

o processo político em uma serie de etapas funcionais (configuração da agenda,

desenvolvimento da formulação da política, implementação e avaliação) (77,78). A evidência

científica pode desempenhar um papel significativo em todas as fases do ciclo. Todavia para

cada fase também há um tipo de pesquisa e uma pergunta de pesquisa mais apropriada e

relevante para aquele momento (70,71).

A demanda de pesquisas na área de RHS por parte dos formuladores não pode ser considerada

insuficiente no Brasil, como é possível observar pelo volume de recursos de pesquisa

disponíveis no país, pelo fato do RHS encontrar-se entre as linhas de pesquisa prioritárias na

Agenda Nacional de Pesquisa e Saúde (79) e ainda pela colaboração da Rede Observatório

de Recursos Humanos no Brasil (ObservaRH) com a SGTES, uma iniciativa patrocinada

pelo MS conjuntamente com o Programa de Cooperação Técnica da Representação da

Organização Pan-Americana da Saúde OPAS/OMS (80). Contudo, o foco das pesquisas

identificadas por meio dos artigos selecionados no contexto brasileiro concentra-se na

descrição da problemática, no diagnóstico e suas causas, faltando investigações que analisem

alternativas e soluções para a redução do problema em estudo de uma forma critica ou a

avaliação de alternativas implementadas em outros países à luz do contexto brasileiro. Pode-

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RESULTADOS

77

se assim questionar se existe uma dificuldade na comunicação entre formuladores e

pesquisadores (o que reflete na pergunta de pesquisa se apresentar diferente da necessidade

de resposta dos formuladores para a intervenção na problemática em questão) ou, se o meio

de divulgação é diferente da “convencional” publicação de artigos?

Como este estudo é baseado na análise de documentos existem limitações, especialmente

quanto à abrangência do contexto das políticas de RHS no Brasil. Por isso, está em

desenvolvimento uma fase adicional da pesquisa a qual consiste em entrevistas com os

formuladores de políticas e pesquisadores, entre outros atores chave.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Relacionando os desafios e as intervenções implementadas, verifica-se que os governos

buscaram soluções para assegurar a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos médicos

no SUS. Sobretudo, com algumas medidas identificadas em outros países e recomendadas

para aplicação, com variações quanto as forças de recomendação de evidência variadas (17).

No entanto, nossas análises demostram que não foram encontradas intervenções políticas nas

áreas da regulação do setor privado, demostrando que faz-se necessário intervenções e

políticas que considerem todas as facetas do mercado de trabalho em saúde no Brasil, como

por exemplo, a coexistência entre o setor público e privado. Igualmente, é desejável a

execução de monitoramento e avaliações dos resultados alcançados e subsequente impacto

gerado. A partir das evidências e do contexto atual de saúde no Brasil nota-se que as políticas

voltadas aos RH são essenciais para garantir a acessibilidade geográfica à assistência médica

no SUS e à sustentabilidade das intervenções implementadas.

Agradecimentos: Este artigo é parte de um projeto de pesquisa de doutorado apoiado pelo

CNPq (Ciência sem Fronteira processo 201988/2012-7). Parte da pesquisa contou ainda com

recursos da FAPERJ (Cientista do Nosso Estado – processo E-26/201.359/2014). Os autores

agradecem ao Prof. John N Lavis pelos valiosos comentários sobre o método e aos

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RESULTADOS

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informantes por sua ajuda no processo de identificar as estratégias, fornecendo documentos

e comentários valiosos.

Colaboradores: APCO trabalhou na concepção do estudo e metodologia, recolha e análise

dos dados, estruturação e escrita do artigo e revisão da redação em todas as versões incluindo

a final; MG na recolha e análise dos dados, estruturação e escrita do artigo em todas as

versões e revisão da redação final; MRD e GD no desenho do estudo e revisão da redação do

artigo em todas as versões incluindo a final.

Conflito de interesses: Os autores declaram não haver conflito de interesse.

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RESULTADOS

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geográfica de médicos em Portugal

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RESULTADOS

87

ABSTRACT

Background: Shortages of physicians in remote, rural and other underserved areas and

lack of general practitioners limit access to health services. The aims of this article are to

identify the challenges faced by policy and decision-makers in Portugal to guarantee the

availability and geographic accessibility to physicians in the National Health Service and

to describe and analyse their causes, the strategies to tackle them and their results. We

also raise the issue of whether research evidence was used or not in the process of policy

development.

Methods: We analysed policy and technical documents, peer-reviewed papers and

newspaper articles from 1995 to 2015 through a structured search of government

websites, Portuguese online newspapers and Pubmed and Virtual Health Library

(Biblioteca Virtual em Saúde – BVS) databases; key-informants were consulted to

validate and complement the documentary search.

Results: The challenges faced by decision-makers to ensure access to physicians were

identified as a forecasted shortage of physicians, geographical imbalances and

maldistribution of physicians by level of care. To date, no HRH policy has been

formulated, in spite of most documents reviewed stating that it is needed. On the other

hand, various isolated and ad-hoc strategies have been adopted, such as incentives to

choose family health as a specialty or to work in an underserved region, and recruitment

of foreign physicians through bilateral agreements.

Conclusions: Health workforce research in Portugal is scarce and therefore policy

decisions regarding the availability and accessibility of physicians are not based on

evidence. Policy interventions described in this paper should be evaluated, which would

be a good starting point to inform health workforce policy development.

Key-words: Health Labour Market; Shortage of Physicians; Geographical Imbalances;

Level of Care Maldistribution; Health Workforce Interventions

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RESULTADOS

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BACKGROUND

Imbalances in the geographical distribution of qualified Human Resources for Health

(HRH) in rural or poor areas are observed in almost all countries in the world (1–7),

including Portugal in spite of its small dimension (8–26). Their impact is that access to

health services is limited for segments of the population whose health needs may not be

addressed adequately in a timely manner. The availability and accessibility of qualified

health workers determines which services, and in which quantity, will be available to a

population (1,2,5,27). In the context of the commitment of the member states of the

United Nations Assembly to universal health coverage and to achieving the Sustainable

Development Goals, this problem is a major challenge for policy-makers. Research on

health workforce topics have been developed in the last 10 years almost exponentially

and evidence on what works and what does not work to respond to this challenge is

available. A relevant research question is whether and how research results inform policy-

making.

The aims of this article are to identify the challenges faced by policy and decision-makers

in Portugal at national level to guarantee the availability and geographic accessibility of

physicians in the National Health Service (NHS) and to analyse their causes, the strategies

to tackle them and their results. We also raise the issue of whether research evidence was

(not) used in the process of policy development.

We first describe the data collection and analysis process and follow by describing how

the three challenges of shortage, geographical and level of care imbalances were

identified and analysed. A presentation of the various interventions developed by policy-

makers to address these challenges follows. We then discuss the factors that influenced

policy-making in relation to health workforce issues.

METHODS

This work is part of a holistic multiple-case study that includes three phases of data

collecting. It aims to understand the process by which HRH policies addressing the

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RESULTADOS

89

geographical distribution of physicians are (not) informed by scientific evidence. This

article reports the first and second phase of the case study, in which we analyse policy

and technical documents, peer-reviewed articles and newspaper articles with the purpose

of understanding the policy-making process in relation to the health labour market in

Portugal. We conducted a structured search in PubMed and in the Virtual Health Library

(Biblioteca Virtual em Saúde - BVS), in government and other relevant websites, and in

newspapers available online. In parallel, we consulted six informants (a researcher, three

professionals from the Ministry of Health - MoH and two from the NHS) to validate our

data collection strategy and eventually give us access to unpublished documents. The

search strategy is described in additional file Table 1 S1. Selected documents were

classified as: (I) official documents of the Portuguese government, such as National

Health Plans, relevant legislation technical and policy analysis reports and policy

statements, (II) scientific research documents include peer-reviewed articles and research

reports, and (III) newspaper articles.

We used an adaptation of the health labour market and policy levers framework proposed

by Sousa et al. (Figure 1) (28), to improve the understanding of the dynamics of the health

labour market and to identify relevant policy options (29). The quantity of health workers

that employers are willing to hire and the demand for health services by individuals,

provider organizations, or health planners define the demand for health workers (30,31).

The number of health workers required to produce a certain set of health care services

depends on a number of factors such as their competencies, available technology and

productivity (29). The number of health workers employed or willing to work in the health

care sector constitutes the supply. It varies principally according to inflows from the

education pipeline and from immigration, and to outflows through emigration, career

breaks, retirement, and other forms of attrition (31). Policy interventions can cover four

areas according to their purpose: production, inflows and outflows, the regulation of the

private sector and imbalances and inefficiencies in the distribution and utilization of

health workers (28).

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RESULTADOS

90

Figure 1. Health labour market and policy levers framework

Source: Adapted from Sousa et al. (2013).

Health policy is “the process by which a problem is conceptualized, solutions and

alternatives are formulated, decisions are taken, policy instruments are selected and

programmes and strategies are implemented” (32) in order to respond to a social problem.

Policy defines what decision-makers intend to do and strategies specify how they plan to

do it.

Data-extraction was made by sub-categories using codes to answer the following

questions:

(1) What are the challenges faced by decision-makers at national level in Portugal to

ensure access to physicians?

(2) What are the causes/determinants of these challenges?

(3) What were the strategies implemented to address these issues?

(4) What were the results of these strategies?

The program MaxQDA 2012 was used to facilitate the categorization and Mendeley to

organise references.

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RESULTADOS

91

RESULTS

The BVS and PubMed search (April 2015) identified 909 and 930 documents,

respectively, for a total of 1426 documents after the exclusion of duplicates. The

application of the inclusion criteria reduced the list of selected documents for full reading

to 47 and six studies identified by key-informants and other sources were added, Figure

2 shows the process of selection of peer-reviewed articles search in additional file 2. The

web sites search identified 49 documents, of which 16 policy documents and 33 technical

reports. The search of online newspapers identified 1454 potentially relevant articles and

94 were selected for analysis. The full list of 155 analysed documents is available on

request.

Most the articles identified in this documentary search (nine out of 13 documents) report

that the authors did not have access to external financial support or did not mention any.

Geographical access to physicians in the Portuguese National Health Service

The challenges faced by decision-makers to ensure access to physicians at national level

were identified as (a) a forecasted shortage of physicians (b) geographical imbalances and

(c) maldistribution by level of care.

Shortage of physicians?

Although the number of physicians in Portugal per 1000 habitants has been above the

European Union (EU) 27 countries’ average between 1995 and 2013 (33), a shortage of

physicians has been forecasted, particularly of general practitioners/family physicians

(GPs) and of public health physicians in 3 scientific research documents, 3 political

documents and 1 policy analysis document (13,14,19,21,34–36). This was attributed to

the low numerus clausus policy limiting entry in medical schools between 1979 to 2000,

combined with the planned retirement of large numbers of physicians in the coming years

(14,19,21,25,37–39). In 1979 the numerus clausus was 805; in 1985 it dropped to 272

and in 2001 was increased to 945 (40).

No analysis other than forecasting the numbers of future graduates and future retirees has

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RESULTADOS

92

been found. There is no monitoring of outflows to the private sector, to other sectors than

health or to other countries; dual practice is not monitored either (12,23,39,41,42).

Emigration flows are estimated by proxy indicators such as cancellation or suspension of

registration and requests of Certificates of Good Standing (43,44), which rose from 191

in 2009 to 650 requests in 2012 only in the South Regional Session of the Portuguese

Medical Council (43). In 2014, the total number of requests was approximately 1100 for

the whole country (45) and between January and May 2016, there were another 226

requests (46).

Geographical imbalances

The geographical maldistribution of physicians is acknowledged in Portugal; it is

discussed in 6 scientific research documents, 4 political documents and 9 policy analysis

documents (8–26). The distribution of physicians favours the three main urban areas of

Oporto, Coimbra and Lisbon (8,11,22,47,48) (Figure 3) where the most advanced

technology and the oldest medical schools and teaching hospitals are found (10,48). In

2011, the Northern and the Lisbon/Vale do Tejo (LVT) regions, where 65% of the

population resides, had 74% of NHS physicians; the central region had 18%, Alentejo 4%

and Algarve 4%, whereas they had 23%, 7.5% and 4.5% of the population respectively

(47,49). Portuguese private practitioners also tend to concentrate in the richer urban areas,

like is the case in most Organization for Economic Co-operation and Development

(OECD) countries (50).

Figure 3. Number of physicians per 1000 inhabitants from 2009 to 2014 per region

Source: Fundação Francisco Manuel dos Santos (47).

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RESULTADOS

93

The maldistribution has been attributed to the lower supply of NHS beds and to the

population's lower purchasing power (8,10) in disadvantaged regions. Another factor is

the possibility of multiple employment in urban areas where the private sector offers

additional remuneration opportunities (10).

Maldistribution by level of care

Another challenge identified in the documentation under review is the imbalanced

distribution of physicians between primary care (PC) and hospital services, it is discussed

in 5 scientific research documents and 11 policy analysis documents (11–

16,24,34,37,42,48,51–55); this is in spite of a stated policy to promote Family Health

Care (11,52,54,56), which includes the creation of Family Health Units (57,58) consisting

in multi-professional units which have organizational, technical and functional autonomy

and that provide personalized health care to a given population (59,60). The first ones

were implemented in 2007 and in late 2016 there are 459 covering 53% of the population.

The reason for the maldistribution was attributed to the low prestige of PC, to the lack of

planning and to the limited number of internship places in family medicine as training

capacity had not been developed in health centres (14,34,37,52). The problem is

compounded by the ageing of the medical profession specially affecting GPs (42,61–63),

75% of whom were above 50 years of age in 2011 (49), and by a wave of early retirements

provoked by the austerity measures implemented after 2011 in the NHS (37,49,64).

Strategies to address health workforce imbalances

A first attempt to define a strategy for the development of the health workforce was the

publication, in 2001, of a “Strategic Plan to Education and Training in The Health Areas”

(11,19,65). It drew the attention to geographical and level of care imbalances and

predicted a shortage of physicians in the coming years. In the context of political

instability prevalent at that time, there was no follow-up (11).

The National Health Plan 2004-2010 (22,66) represented a second planning effort. It

raised the issue of skill-mix and new competencies needs, but did not go “much beyond

a call for a more explicit strategy” (11). In 2012, the National Health Plan 2012-2016

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RESULTADOS

94

(67), following recommendations of the World Health Organization (25,42) included the

objective of designing and implementing a HRH policy (23). However, the targets set in

the Plan were restricted to numbers of physicians per inhabitant, from 3.83 physicians per

1000 habitants in 2009 to 4.51 in 2016 (23,68).

To date, no HRH policy has been formulated (23,25,42), in spite of numerous policy

documents and reports stating that it is needed. On the other hand, various isolated and

ad-hoc strategies have been adopted.

Strategies to address shortage included: an increase in the numerus clausus, the opening

of new medical schools and programs, an increase of residency places, and the re-hiring

physicians who had retired from the NHS. This last strategy was also intended to reduce

the level of care maldistribution of physicians.

Since 1999 there has been a gradual rise in the numerus clausus; in 2010, it was 2.5 times

higher than 15 years before (69), whereas population growth during that period, was 3.5%

(47). Until 1999, Portugal had five medical schools, 2 in Lisbon, 2 in Oporto, and 1 in

Coimbra offering a total of 566 places (14,70). Two new medical programs were opened

in 2001 in universities of the interior of the country (9,14). Additionally, a course

exclusively for students holding a bachelor´s degree opened in 2009 in Algarve to attract

young professionals to the south of the country (70). In 2004/2005 basic courses were

created in Azores and Madeira Islands; students complete the first three years of medical

education there and the remaining years at the University of Coimbra (10,70).

There was also an increase in the number of residency slots for specialisation, after the

compulsory post-graduation of general internship that includes a total of six months

involving general practice and public health and a year of hospital-based training. It is

followed by a period of four to six years of training for a medical specialty (14,37,69).

There are three medical career streams: hospital-based practice (45 specialties), public

health and general practice (10,71). The MoH defines the number of residency places in

consultation with the Medical Council, depending on the available training capacity in

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RESULTADOS

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recognized provider organizations (40,69). The number of residency places grew from

894 in 2006 (69) to 1569 in 2015 (72).

The re-hiring of retirees for a period of 3 years was authorized in June 2010 (35). It aimed

to overcome the shortage of physicians (37,73,74), particularly of GPs (35,73). In 2013,

this strategy was extended for another 3 years (21,74). It is applicable to any retired

physician, including those who anticipated their retirement. The benefits include the

accumulation of the pension with a third of the remuneration according to contracted

hours (73).

We identified four strategies addressing the geographical maldistribution of physicians:

reserved vacancies, the “partial mobility of professionals”, financial and non-financial

incentives during a five years’ period to work in an underserved area, and four bilateral

agreements to recruit physicians from other countries to work in PC in underserved areas.

In 1975, a strategy referred to as the “Medical Service in Peripheries” introduced a one-

year compulsory service outside urban areas (75,76). This was implemented until 1982.

In 2009, financial incentives were introduced for resident physicians who commit to work

in an underserved area or specialty after graduation during a period equal to their

specialist medical training program; this policy was referred to as “reserved vacancies”

(40,77,78). It consisted in a monthly residency grant of €750, paid by the municipality

where the physician committed to work (79). In case of failure to fulfil the obligation, the

resident had to repay the grant (77). No evaluation of this measure has been identified.

This strategy is now restricted to the Azores and Madeira Islands.

The “partial mobility of physicians” regulation, approved in 1998 and updated in 2015

(80) is a special arrangement that provides for a daily allowance and transport subsidy

(€200 per day) accessible to physicians who work part-time in two or more public services

more than 60 km apart; it is particularly used in the region of Algarve, which experiences

important seasonal variations in its resident population (73,80).

In 2015, a new law created a set of financial and non-financial incentives to attract and

retain physicians in poor and underserved areas (20). These incentives target physicians

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RESULTADOS

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working in a NHS establishment in an underserved area (20). Under this scheme,

physicians who accept a five-year contract receive an additional €1000 for the first six

months, then €500 for the next six months and €250 per month for the remaining four

years (20). Additional incentives are available, such as child’s school transfer guarantee,

support to spouse employment, and an extra two days of annual leave (20,73). Penalties

and reimbursement are imposed in case of non-compliance (20).

Since 2008, the MoH has used an “emergency measure” in the form of the recruitment of

foreign physicians through bilateral agreements with Latin American countries

(10,23,25,57,81). This option was chosen because attracting workers from other

European countries proved difficult as Portugal could not offer conditions competing with

those offered by countries like Germany or England (82). The first bilateral agreement

was signed with the government of Uruguay in 2008; 15 physicians came to work for the

National Institute of Medical Emergencies (83–85). In 2009, another one was signed with

Cuba and 44 physicians arrived to work in five health centres in Algarve, nine in Alentejo

and one in LVT (86–88). They returned to Cuba in 2012 and were replaced by another

cohort (89,90). Another replacement took place in 2014 (91–93). In 2011, bilateral

agreements with Colombia and Costa Rica brought 82 and 9 physicians respectively to

health centres in the LVT and Central regions (85,94–97). Foreign medical degrees were

validated by the Faculty of Medicine of OPorto and registration with the Medical Council

followed (83,95,98,99). Prior to arrival, the physicians attended a Portuguese language

course (83,95,100). They also had a two-week period for adaptation/integration into the

services (95). There has been no evaluation of the efficiency or effectiveness of these

recruitments. A study that assessed the foreign physicians’ cultural competencies

concluded that these health professionals performed in a culturally competent manner and

contributed positively to improving access to health services (81).

Four strategies aimed at changing the distribution of physicians by level of care. First, the

PC reform was designed as a strategy to increase the recognition of GPs’ career and to

improve accessibility to primary level services. Second, in 2007, a quota of 25% of

residency places for GPs was established (37,40,101). Over the years, this has contributed

to augmenting the number of GPs, but it has not been sufficient to extend PC coverage to

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RESULTADOS

97

the whole population (54,102,103). In 2015, 12% of the population was still without

access to a GP, ranging from 3.3% in the North to 25.8% in Algarve (104). Third, the

bilateral agreements to recruit foreign physicians aimed at addressing, at the same time,

geographical and level of care maldistribution as they concerned only family

practitioners, and finally, there was the re-hiring of retired physicians which focused on

family physicians. The interventions to address supply, geographic and level of care

maldistribution by area of political intervention are presented in Table 2 in additional file

3.

DISCUSSION

In Portugal, like in any country with a national health system offering universal coverage,

policy and decision-makers are challenged to ensure the availability and accessibility of

physicians in all geographical areas, at the most appropriate level of care.

The “shortage” of physicians is not related to their insufficient total number, as shown by

ratios to population above the EU average, but to the unwillingness of these professionals

to work in certain zones of the country. The lack of physicians at PC level is better

explained by the insufficient number of residency places and the age structure of GPs

than by the unavailability of physicians. Even though this has been documented and

highlighted by many observers, there is still a lack of evidence-informed policies to

address these problems.

Workforce policies limited to training more physicians are not sufficient to address

shortages as they ignore the dynamics of health labour market (28). For instance, whether

market conditions are adequate or not to attract and absorb the newly-qualified

professionals is critical to the decisions by future physicians as to which specialty to

choose, where to work, and even to stay in the country (28). The absence of data on future

graduates’ expectations and intentions as to their professional life makes it difficult to

adjust policies of attraction and retention to ensure that population needs will be met.

Without a valid diagnosis of the current situation and a comprehensive and up-to-date

database, policies risk to be developed in an improvised rather than in an informed

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RESULTADOS

98

manner.

The implementation by the Portuguese government of the various health workforce

interventions mentioned here has generated debate. Medical organizations “have

unsuccessfully opposed” those targeting geographical imbalances using the argument that

the lack of incentives for physicians to work in underserved areas was the main problem,

not their scarcity (12). There is a paradox in having difficulty in recruiting physicians in

some regions and in PC and having hundreds of Portuguese physicians migrating to other

European countries as well as to Australia, the Gulf States, and even Brazil (23,40). There

is also a paradox in recruiting from Latin America, while hundreds of young Portuguese

study medicine in countries such as Hungary, Slovakia, France, Spain and the Czech

Republic and return to Portugal at the time of specialization (41). Further analysis is

needed of the factors that influence the choice of physicians to migrate as well as of those

which bring them to avoid work in underserved areas. Qualitative studies and Discrete

Choice Experiments should be prioritized as they help identify and understand the

preferences of future professionals and of those already in practice (105,106).

The same reasoning applies to how to address the imbalanced distribution between PC

and hospital services. The reasons for this maldistribution are considered to be the low

prestige of PC, the lack of planning and coordination of training and the limited number

of internship places in family medicine. Only last one was addressed, in a partial manner

by raising the quota of residency places in family medicine. The effects of this measure

and the bilateral agreements to recruit abroad and the re-hiring of retired GPs have yet to

be properly assessed.

Interventions to tackle the challenges reviewed here have been implemented in an isolated

manner. Evidence on the subject indicates that combinations of actions are more effective

than isolated ones (4). Also, all these interventions focused on the provision of services

by the public sector, whereas the private sector occupies an important space in the health

labour market in Portugal, and influences physicians’ career choices.

There is a diversity of theories and analytical frameworks seeking to explain a policy

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RESULTADOS

99

process. The most common approach disaggregates the process into a number of

functional steps (107). An example is the policy cycle, which is typically divided into

four stages: agenda setting, formulation policy development, implementation and

evaluation (108–110). The policy process is influenced by different factors (111,112) and

this is where scientific evidence can play a significant role. At each stage of the policy

cycle, there is a corresponding stage of research that can serve to inform the policy

process (113,114). For example, when a problem is not on the agenda and needs to be

brought to the attention of policy-makers, research that documents it, identifies its causes

and the need for action, is useful. Research can also contribute to identifying policy

options and their relative capacity to address the problem as well as the risks involved in

their implementation.

Furthermost, research on health workforce in general and on physicians in particular is

limited in Portugal. Demand - on the part of policy and decision-makers - is weak as

illustrated by the low priority which the main source of financial support for research in

Portugal, the Foundation for Science and Technology, gives to health services research,

let alone to research on health workforce issues (23).

This study based on documentary analysis has limitations because we cannot pretend to

have a comprehensive perspective of the Portuguese health policy context only on the

basis of written sources. This is why an additional phase of our research, consisting in

interviews with key policy and decision-makers and researchers, is in development.

CONCLUSION

In this paper, we reported that policy and decision-makers face challenges to assure

geographical access to physicians in the Portuguese NHS, because of geographical and

level of care imbalances, and that strategies to tackle these challenges are sparse and not

evaluated. Furthermore, research in human resources and, distribution of physicians in

particular, is limited in Portugal.

More investment is therefore needed in research to analyze the causes of maldistribution

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RESULTADOS

100

in Portugal, particularly on individual and professional factors that influence the choice

of a location of practice, and on interventions to mitigate the problem. This would provide

the basis for comprehensive evidence-based health workforce policy development. Also

it is necessary to have tools in place to help identify, analyze and evaluate research

conducted in other contexts and adapt its results to the Portuguese context and needs.

ELECTRONIC SUPPLEMENTARY MATERIAL

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RESULTADOS

101

Additional file 1: Table 1. Search strategy

Table 1. Search strategy Sources of

information Search terms Inclusion criteria Exclusion criteria

PubMed and

BVS

The terms used to search online databases were: (physician OR doctor OR "health professional" OR “workforce” OR médico OR "profissional de saúde" OR "profissional da saúde") AND Portugal.

(i) document must be in the public domain, (ii) available in an electronic format, (iii) published after 1995*, (iv) political documents addressing health workforce issues, (v) article addressing the availability or geographic accessibility of health workers, (vi) documents should address the health workforce situation in Portugal separately from other countries.

(i) document not in the public domain, (ii) not available in an electronic format, (iii) published before 1995, (iv) documents not addressing health workforce issues, (vi) documents not including information on Portugal,

Websites

Government websites - Ministry of Health (115,116), The Directorate-General of Health (117), National Health Plan 2012-2016 (118) and Central Administration of the Health System (Admistração Central do Sistema de Saúde – ACSS) (104); Medical Council (119), Portuguese Health System Observatory (Observatório Português dos Sistema de Saúde - OPSS) (120), PORDATA (Fundação Francisco Manuel dos Santos) (47). Additional websites were accessed for specific country information – World Health Organization (WHO) (121) and Organization for Economic Co-operation and Development (OECD) (122).

(vii) documents reporting data without any analysis.

Online

newspapers

Público, Correio da Manhã and Jornal de Notícias. Key-words were: médicos uruguaios, médicos cubanos, médicos colombianos, médicos costa-riquenhos, médicos porto-riquenhos, médicos chilenos, acordos bilaterais médicos and homologação de título(s) médico(s).

*Documents dated before 1995 and deemed relevant for the understanding of interventions adopted later were also considered.

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RESULTADOS

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Additional file 2: Figure 2. Flowchart of peer-reviewed articles search results (BVS and

PubMed)

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RESULTADOS

103

Additional file 3: Table 2. Interventions to address supply, geographic and level of care maldistribution by area of political intervention Table 3. Interventions to address supply, geographic and level of care maldistribution by area of political intervention

Challenges Areas of Political Interventions

Political Intervention Geographical distribution

Level distribution

Shortages of physicians

Policies on production

Address inflows and

outflows

Address maldistribution

and inefficiencies

Regulate the private

sector

a) Increase in the numerus clausus - 1998

b) Opening of new medical schools - 2001 and 2004

c) Increase of residency places - 2006

d) Regulation of re-hiring of retired physicians (benefits include accumulation of the pension with a third of the remuneration) - 2010

e) Reserved vacancies (receive a monthly amount of residency grant) - 2004

financial*

f) Partial Mobility of professionals (sets an amount of daily allowance and applicable transports) - 1998

financial*

h) Financial and non-financial incentives to work in an underserved area (non-financial incentives, such as children’s school transfer guarantee and increasing the holiday leave by two days) - 2015

financial and personal and professional

support*

h) Bilateral agreement Uruguay - 2008 bilateral agreement*

h) Bilateral agreement Cuba -2009, 2012 e 2014 bilateral agreement*

h) Bilateral agreement Colombia - 2011 bilateral agreement*

h) Bilateral agreement Costa Rica - 2011 bilateral agreement*

j) Primary health care reform - 2005 personal and professional

support*

i) Quota of 25% of residency places for GPs - 2006 administrative*

*Interventions (policy and regulation) to attract, recruit or retain the health workers to a determinant region, level or specialty can be divided into five categories specifically to tackle the geographical workforce maldistribution. The areas of action of interventions are: regulatory administrative; educational; financial; personal and professional support (2,5,123).

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RESULTADOS

104

DECLARATIONS

Ethics approval and consent to participate: Not applicable.

Consent for publication: Not applicable.

Availability of data and material: Not applicable.

Funding: APCO, is a National Council for Scientific and Technological Development

CNPq- Brazil grant holder (nº 201988/2012-7).

Competing Interests: None to declare.

Authors' contributions: APCO conceived the study, collected and analysed data, and

participated to all stages of the preparation of the article; GD and IC contributed to all stages

of the preparation of the article. All authors read and approved the final manuscript.

Acknowledgements: This paper is part of a research project supported by CNPq Brazil. The

authors would like to thank Prof. John N. Lavis for the valuable comments on the method

and Claudia Conceição, Carlota Pacheco Vieira, Maria A Cortes, Marta Temido, Ines Matos

and Tiago Costa for their help in the process of identifying the strategies and providing

documents. Also, the authors thank Mariana Gabriel and Pedro Leite Alves for valuable

comments and technical support.

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RESULTADOS

105

REFERENCES

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3. Dussault G, Fronteira I, Prytherch H, Dal Poz MR, Ngoma D, Lunguzi J. Scaling up

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RESULTADOS

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p. 30.

Page 131: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

RESULTADOS

117

2.3. Fatores que influenciarm o processo de formulação de políticas de recursos

humanos em saúde no Brasil e em Portugal: estudo de caso múltiplo

Oliveira APC de, Dal Poz MR, Craveiro I, Gabriel M, Dussault G. Fatores que Influenciaram

o Processo de Formulação de Políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em

Portugal: estudo de caso múltiplo. Submetido para publicação em Dezembro de 2016 na

revista Cadernos de Saúde Pública.

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RESULTADOS

118

RESUMO

Objetivo: O estudo objetiva analisar o processo em que as políticas de Recursos Humanos da

Saúde (RHS), que visam melhorar a distribuição geográfica dos médicos, são (ou não)

informadas por evidência científica no Brasil e em Portugal.

Métodos: Estudo de caso-múltiplo sobre o processo de decisão das políticas de RHS no Brasil

e em Portugal. Para compor os estudos de caso as políticas escolhidas foram o Programa

Mais Médicos (PMM) e a estratégia de contratação de médicos estrangeiros por acordos

bilaterais para o trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS) português. Foram

entrevistados 27 atores chave no processo de formulação das políticas em análise nos

seguintes tópicos: fatores que influenciaram a formulação, atores que eram esperados ganhar

ou perder, evidências científicas e os dados disponíveis utilizados para a formulação, entre

outros.

Resultados: Os fatores mais evidentes identificados nas entrevistas como sendo

influenciadores do PMM foram: Instituições; Fatores Externos (eleições presidenciais);

Interesses de grupos (ex. associações de profissionais médicos), governos (brasileiro e

cubano), organização internacional e sociedade civil; e Ideias (evidência científica). Os

fatores mais listados em Portugal foram: Instituições e Interesses dos governos (português e

envolvidos nos acordos bilaterais), sociedade civil e grupos (associações de profissionais

médicos).

Conclusões: Ao contrário do que se verificou no estudo de caso do Brasil, onde

reconhecidamente a evidência teve um papel importante na formulação da política em

análise, em Portugal a evidência científica não foi identificada como contributo para a

formulação da intervenção em estudo.

Palavras-chave: Recursos Humanos em Saúde; Formulação de Políticas; Políticas Públicas

de Saúde, Área Carente de Assistência Médica; Acesso aos Serviços de Saúde

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RESULTADOS

119

INTRODUÇÃO

A formulação de políticas de saúde informadas pela melhor evidência de pesquisa disponível

é uma abordagem que auxilia os formuladores a tomarem decisões mais assertivas (1).

Caracteriza-se pela avaliação da evidência de forma transparente de investigações relevantes,

visando garantir que outros possam examinar que evidência foi utilizada de forma apropriada

(1). As potenciais vantagens são a melhor estruturação da formulação das políticas, ao invés

do direcionamento pelos principais atores (2,3); auxiliar o público em geral e tomadores de

decisão a compreender uma problemática e escolher uma direção política mais adequada;

atingir uma maior transparência na utilização do dinheiro público; e reduzir ou evitar o risco

de insucesso da política (3). Em contrapartida, a não utilização de evidência pode conduzir à

subutilização de intervenções eficazes, o uso incorreto de intervenções adequadas e o uso

excessivo de intervenções não comprovadas (4,5). Esse cenário pode criar consequências

graves aos utilizadores dos serviços como, por exemplo, comprometer o acesso aos cuidados

de saúde adequados, aumentar as iniquidades em saúde (1) e levar ao uso ineficiente de

recursos limitados para prestação de cuidados de saúde (6).

Apesar dos avanços registrados nos últimos vinte anos nos processos de utilização de

evidência, nem todas as lições aprendidas, na área de políticas concernentes a prática clínica,

podem necessariamente ser aplicadas a outras áreas. Alguns estudos de revisão investigaram

os fatores que impedem ou facilitam o uso de evidência científica para informar as decisões

políticas em áreas legislativas e administrativas no setor da saúde (7,8). Poucos estudos

examinam o uso da evidência científica no processo de formulação de política no contexto

de influências concorrentes (9). O uso de evidência na formulação de políticas poderia ser

potencializado se os pesquisadores conhecessem as influências concorrentes no processo

político, formassem parcerias com os tomadores de decisões, desafiassem os incentivos

dentro das instituições de pesquisa e se se envolvessem em debates públicos sobre as

problemáticas em pesquisa (9).

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RESULTADOS

120

Este estudo objetiva analisar o processo em que as políticas de Recursos Humanos em Saúde

(RHS), que visam melhorar a distribuição geográfica dos médicos, são (ou não) informadas

por evidência científica no Brasil e em Portugal. Mais especificamente identificar e analisar:

os fatores que influenciam a formulação de políticas de RHS, que visam melhorar a

distribuição geográfica de médicos; os esforços para o uso de evidência na formulação destas

políticas; e as estratégias utilizadas para potencializar a formulação de políticas de RHS

informadas por evidências científicas.

MÉTODO

Estudo de caso-múltiplo sobre o processo de decisão das políticas de RHS no Brasil e em

Portugal desenvolvido em três fases. I e II) Análise dos contextos políticos de RHS dos dois

países (10,11). As informações levantadas auxiliaram na construção de um cronograma das

políticas em estudo e identificação dos atores envolvidos no processo de sua formulação. III)

Nessa fase, foco desse artigo, é explorado o processo da formulação da política e os fatores

que a influenciaram na perspectiva dos atores envolvidos.

As políticas foram escolhidas por apresentarem o mesmo objetivo, reduzir a distribuição

assimétrica de médicos nas zonas com necessidades de serviços de saúde não atendidas

(rural, remota ou carenciada), e serem executadas maioritariamente na Atenção Primária à

Saúde (APS), Tabela 1.

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RESULTADOS

121

Tabela 1. Descrição das estratégias políticas analisadas para compor os estudos de caso

Estratégias analisadas Descrição das Estratégias

I. Programa Mais Médicos Lançado em julho de 2013 com a Medida Provisória nº 621

e regulamentado pela Lei n° 12.871 de 22 de outubro de

2013 a qual estabeleceu o programa como uma Política de

Estado. Tem como finalidade formar médicos e levá-los

para localidades e regiões onde existe escassez ou ausência

de profissionais. Para atingir os seus objetivos o programa

foi estruturado em três grandes eixos de ação:

- eixo de qualificação da estrutura da atenção básica:

melhoria na infraestrutura da Rede de Atenção a Saúde

(RAS), com foco nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs);

- eixo de provimento emergencial, intitulado “Projeto Mais

Médicos para o Brasil” (PMMB) que atua na provisão

emergencial de médicos em áreas vulneráveis. O

recrutamento dos médicos ocorre de forma individual -

provenientes do Brasil e de outros países (com a relação de

médicos por mil habitantes maiores que a do Brasil), e por

meio de acordo bilateral estabelecido com o governo

cubano (12). Os participantes do programa recebem uma

bolsa mensal e ajuda de custos para a instalação, as quais

são mais elevadas para os participantes que se deslocam

para zonas mais remotas e;

- eixo da formação médica: mudanças na graduação, na

residência médica e na formação de especialistas (13). II. Contratação de médicos estrangeiros por acordos

bilaterais Formulada para dar resposta à escassez de médicos de

família em Portugal principalmente em áreas carenciadas.

O primeiro acordo bilateral teve início em 2008 e foi

realizado entre o governo Português e Uruguaio,

contratando 15 médicos para atuarem no Instituto Nacional

de Emergência Médica – INEM. Em 2009, outro acordo

foi assinado com Cuba, com renovação em 2012 e 2014,

perfazendo cerca de 200 médicos, especificamente para

desenvolver atividades em centros de saúde nas regiões do

Algarve, Alentejo e Lisboa/Vale do Tejo (LVT). Em 2011

tiveram início os acordos bilaterais com a Colômbia (120

médicos) e a Costa Rica (12 médicos). Todos os médicos

estrangeiros contratados neste âmbito passaram por um

processo de seleção em seu país. A Faculdade de Medicina

do Porto (FMP) realizou exames escritos aos candidatos.

Antes de chegarem a Portugal os selecionados

participaram de um curso de Português. Depois da

validação dos diplomas pela FMP e do exame de

português, registaram-se na Ordem dos Médicos. Foi

organizada uma breve formação sobre o SNS e houve um

período de duas semanas para adaptação ao serviço.

Coleta de dados e amostragem

Entre novembro de 2015 a abril de 2016 foram conduzidas entrevistas semiestruturadas de

forma presencial pela primeira autora, com atores chave no processo de formulação das

políticas em análise. Foram entrevistados 27 atores de 35 pedidos enviados (“abordagem bola

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RESULTADOS

122

de neve”- indicação de outros atores pelos entrevistados)., após o máximo de três tentativas

de contato, não foram entrevistados 8 atores - 6 brasileiros e 2 portugueses. Os atores

entrevistados encontravam-se em um dos três grupos (Tabela 2).

Tabela 2. Grupos dos atores entrevistados no Brasil e em Portugal

Grupo dos atores entrevistados Brasil Portugal

Formuladores de política de nível central (FP) e técnicos (TMS) envolvidos

na formulação da política em análise

4 atores, sendo

3 FP e 1 TMS

8 atores, sendo

7 FP e 1 TMS

Pesquisadores (P) citados pelos formuladores de política ou referenciados

nos documentos relevantes

5 3

Grupo de interesses - outros atores interessados de organizações

internacionais (OI), entidades médicas (EM), conselhos -exemplo Conselho

Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Estado (CS)

5 atores, sendo

2 OI, 1 EM, 2

CS

2 EM

Foi utilizado um roteiro semiestruturado, com os seguintes tópicos: a história da política,

fatores que influenciaram a formulação, atores que eram esperados ganhar ou perder com a

implementação, evidências científicas e dados disponíveis utilizados para a formulação e

mecanismos promovidos pelo Ministério da Saúde (MS) para facilitar o uso e acesso aos

resultados de pesquisas. As entrevistas centraram-se nas percepções e experiências dos

entrevistados de forma individual na formulação da política e não expressam a instituição ou

o cargo que o ator detinha.

Análise das entrevistas

As entrevistas foram gravadas e transcritas. Como framework para análise dos dados

coletados foi utilizado o quadro conceitual 3Is, incluindo os Fatores Externos (3Is+E), Figura

1.

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RESULTADOS

123

Figura 1. Quadro conceitual 3Is + Fatores Externos (3Is+E)

Fonte: Adaptação de Lavis (2012) (14).

O quadro baseia-se em três fatores que a literatura da ciência política usa para explicar o

processo de desenvolvimento das políticas públicas (14,15). Tem como principio que o

desenvolvimento e as escolhas da política podem ser influenciados pelos Interesses e Ideias

dos atores e a configuração das Instituições (14,15), Tabela 3.

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RESULTADOS

124

Tabela 3. Fatores Influenciadores das Políticas Públicas

Fatores Influenciadores Considerações

Instituições As Instituições são as regras formais e informais, normas, precedentes e fatores

organizacionais que estruturam o comportamento político (14). O fator Instituições

é composto por diversos subfatores entre os quais está o legado político, que refere-

se a atributos de políticas anteriores que podem moldar o processo político através

da criação de incentivos e dando a alguns atores o acesso a mais ou menos recursos

em comparação com outros; e a estrutura governamental e características do

processo de formulação de política (como, por exemplo, o tempo de resposta a um

problema e o nível de aprovação exigido para uma política num dado país) que

podem estruturar o comportamento político (15,16).

Interesses Os Interesses estão relacionados com as agendas das várias partes interessadas –

grupos sociais, funcionários públicos, funcionários eleitos, pesquisadores e

empreendedores de políticas (14,15). O Fator Interesses (agendas de várias partes

interessadas) é o desejo de influenciar o processo de formulação de políticas para

alcançar seus fins, de forma a impulsionar ou impedir o desenvolvimento de escolhas

políticas (14,15). Este fator expressa as percepções dos atores políticos sobre quem

beneficia-se e quem perde com o resultado de uma determinada política e o quanto

(14,15).

Ideias As Ideias podem influenciar a forma como os atores definem o problema e como

percebem as diferentes opções políticas como eficazes, viáveis e aceitáveis. Este

fator inclui a investigação e também outros tipos de informações e valores dos

formuladores de políticas, assessores políticos e outras partes interessadas (14,15).

Fatores Externos O quadro referencial também considera Fatores Externos, os quais podem propiciar

oportunidades para introduzir alterações no contexto da formulação de uma política

(14,15).

A análise temática dos dados ocorreu dedutivamente, através de categorias e subcategorias

pré-determinadas propostas no quadro conceitual e indutivamente com subcategorias que

emergiram a partir da leitura das entrevistas transcritas.

Considerações éticas

Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Medicina Social da

Universidade Estadual do Rio de Janeiro/Brasil (CAAE:49733215.4.0000.5260) e Conselho

de Ética do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade da Nova de

Lisboa/Portugal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para possibilitar a comparação os resultados estão organizados em subsecções em torno dos

objetivos de investigação.

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RESULTADOS

125

Fatores que influenciaram a formulação das estratégias estudadas

Os fatores mais evidentes identificados nas entrevistas como sendo influenciadores do PMM

foram (I-a) Instituições, com as subcategorias referentes à Estrutura Governamental e ao

Legado Político; (I-b) Fatores Externos (eleições presidenciais); (I-c) Interesses de grupos

(prefeitos e associações de profissionais médicos), governos (brasileiro e cubano),

organização internacional (Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS) e sociedade civil;

e Ideias (evidência científica). Os fatores mais listados nas entrevistas em Portugal foram

(II-a) Instituições, Legados Políticos e a Estrutura Governamental e (II-b) Interesses dos

governos (português e envolvidos nos acordos bilaterais), sociedade civil e grupos

(associações de médicos). Ver Tabela 4 para exemplos de citações dos entrevistados.

I - a. Fatores Institucionais do PMM - Brasil

Relativamente à Estrutura Governamental, os formuladores entrevistados relataram que as

dificuldades internas do MS, a burocracia e a centralização do processo de formulação e

execução do programa, num país da dimensão do Brasil, dificultaram o processo de

formulação da política (BR_FP1). Segundo formuladores, o MS esteve no papel de

formulador, coordenador, implementador do PMM e condutor das transformações no

processo de formação dos profissionais médicos, juntamente com o Ministério da Educação

(MEC) e a Casa Civil. Foram também envolvidos o Ministério das Relações Exteriores,

Defesa, Receita Federal, Política Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego, e o Banco do

Brasil (BR_TMS/BR_FP1). O papel do MS como agente normativo e formulador de políticas

foi questionado por entrevistados do grupo de interesses, segundo os quais o MS com o PMM

passou a desenvolver um papel operacional, indo contra a organização do Sistema Único de

Saúde (SUS) e indicando uma possível re-centralização das ações de saúde (BR_CS1).

Os formuladores identificaram que Legados Políticos impulsionaram e moldaram o processo

da formulação e também atenuaram as dificuldades. Foi utilizado o preceito do artigo 200 da

Constituição segundo o qual o SUS tem a competência de ordenar a formação de RHS. Esta

competência fundamentou intervenções adicionais aos programas de formação e educação

permanente, ou seja, foram ampliadas as áreas de intervenção política utilizadas na atuação

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RESULTADOS

126

da problemática de distribuição de médicos no país (BR_FP2).

Os formuladores e atores do grupo de interesses também realçaram a importância de

programas anteriores ao PMM que objetivavam corrigir a má distribuição dos médicos. Os

Programas de Interiorização do SUS (PISUS) e de Interiorização do Trabalho em Saúde

(PITS) ajudaram no entendimento de que intervenções isoladas tendem a não gerar uma

sustentabilidade a longo prazo, sendo necessário a utilização de múltiplas intervenções em

diferentes áreas políticas para que o objetivo e a sustentabilidade sejam alcançados. As

experiências destes programas foram curtas em duração, reduzidas em número de

profissionais abrangidos e não alteraram questões cruciais do processo da formação médica

(BR_CS1/BR_FP1/BR_FP2).

Programas mais recentes fortaleceram a capacidade institucional do MS, sendo fundamentais

para desenvolver condições de formular e implementar o PMM. Essas experiências anteriores

possibilitaram maior agilidade e dimensão ao processo de implementação do PMM

(BR_FP2/BR_TMS).

I - b. Fatores Externos ao PMM - Brasil

Quanto aos Fatores Externos, quase todos os atores entrevistados do grupo de interesses

mencionaram a eleição presidencial como um fator influenciador no processo de formulação

do PMM e indicaram a necessidade de haver uma formulação rápida de um programa que

pudesse ser atribuído como marca de governo na área da saúde.

I- c. Fator Interesses do PMM - Brasil

Para os três grupos de entrevistados, os atores que mais ganharam com o programa foram:

governos (Cuba e Brasil), prefeitos de municípios atendidos pelo PMM; sociedade civil, e a

OPAS. A classe médica foi identificada como um potencial perdedor com a formulação do

programa.

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RESULTADOS

127

Segundo formuladores, o marco inicial do PMM decorreu com a entrada de uma nova gestão

no MS, que em seus primeiros meses de atuação em 2011, organizou em Brasília um

seminário nacional sobre escassez, provimento e fixação de profissionais de saúde em áreas

remotas e de maior vulnerabilidade. Adicionalmente, o Plano Plurianual e a Política de

Atenção Básica (PAB), centrais na organização do SUS, apresentavam a falta de profissionais

médicos dentre as principais dificuldades para qualificar e expandir a APS, demonstrando-

se que este tema seria uma prioridade para a política de saúde naquele momento.

De acordo com os formuladores, o PMM foi uma decisão política da presidência da república,

que em fevereiro de 2012 incumbiu o MS de formular um programa que pudesse aumentar a

oferta e a qualidade dos profissionais na APS. O tema foi discutido durante um ano e cinco

meses, tempo em que informações foram pesquisadas para estruturar o diagnóstico, propor

intervenções e identificar lugares prioritários para a atuação. A partir de abril de 2013

começou-se a antever a possibilidade de cooperação com Cuba (BR_TMS).

Ainda segundo formuladores, no início de 2013 o Programa de Valorização do Profissional

da Atenção Básica (PROVAB) ocupava 3500 vagas, entretanto, as demandas das prefeituras

eram de 13 mil médicos. Neste momento, um dos atores citados em quase todas as entrevistas

como um dos mais importantes no período, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), começa a

campanha chamada “Cade o Médico”. A FNP valorizava as iniciativas anteriores como o

Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e o PROVAB, mas

indicava que ainda se precisava de mais ações. Para a advocacia de uma intervenção nesta

problemática os prefeitos utilizaram-se de evidências não sistemáticas ou estruturadas

(BR_FP1).

Os protestos da sociedade civil, de junho e julho de 2013, iniciados com a marcha dos 20

centavos, foram identificados como catalisadores da política pela maioria dos entrevistados

(17). O tema da saúde apresentava-se entre os temas em debate e entre as reivindicações

estavam a melhoria da qualidade e ampliação do acesso aos serviços (BR_FP3). Este

momento foi identificado, por um dos atores do grupo de interesse, também como uma janela

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RESULTADOS

128

de oportunidade para a formulação de uma política de RHS no Brasil que se fechou

(BR_CS1).

O governo Cubano e a OPAS foram também identificados como ganhadores através da

formulação do programa. Para os atores do grupo de interesses o programa foi concebido

inicialmente como um acordo político entre o governo de Cuba e o governo do Brasil com a

participação da OPAS, apresentando sobretudo características de cooperação económica

(BR_OI). Ocorreu um aumento da relevância da OPAS na interação com o governo brasileiro

(BR_OI).

Por fim, verificou-se alguma relutância em identificar os atores que poderiam perder com a

formulação do programa. Os formuladores afirmaram que até um certo momento as entidades

médicas, nomeadamente a Federação Nacional dos Médicos, Associação Brasileira de

Medicina e Conselho Federal de Medicina (CFM), apoiaram iniciativas como o PROVAB.

Contudo, embora o programa não fosse identificado pelos formuladores e alguns atores do

grupo de interesses como prejudicial à empregabilidade ou à renda dos médicos brasileiros

(referindo-se especificamente ao eixo emergencial de contratação de médicos estrangeiros),

na percepção destes atores o grupo de entidades médicas mostrou-se resistente e receoso de

que iriam perder com a implementação do PMM (BR_FP1). Também, foi apontado por um

ator do grupo de interesses um ganho final inesperado para os médicos brasileiros, que

querem ter esses médicos para cobrir lugares não cobertos (BR_OI).

A pressão exercida pelas entidades médicas, contra a formulação do PMM, levou a alteração

de suas ações. No início de sua formulação, incluía o “segundo ciclo na medicina”, que

consistia na extensão do curso de medicina por mais dois anos com um estágio na APS. Com

a resistência, esta intervenção foi alterada.

II - a. Fatores Institucionais dos acordos Bilaterais - Portugal

Fator Institucional (Legados Políticos), a experiência passada do acordo bilateral

desenvolvido com o Governo Uruguaio para a prestação de serviços de emergência médica

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RESULTADOS

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foi atribuída por formuladores como um fator influenciador na formulação. A possibilidade

deste acordo foi identificada pela troca de experiência entre formuladores de política de saúde

de ambos os governos em um encontro Ibero-Americano, tendo o início de sua formulação

ocorrido entre 2005 e 2006 e implementação em 2008. A contrapartida de Portugal neste

acordo era o treinamento de médicos-cirurgiões e enfermeiros em transplante de fígado

durante um ano no Hospital Curry Cabral em Lisboa e o apoio da equipe portuguesa nos

primeiros transplantes decorridos no Uruguai. Com base nesta experiência, o governo

Português em 2008 encomendou ao responsável pela execução do acordo bilateral com o

governo Uruguaio um plano de contratação de médicos estrangeiros (PT_FP3/PT_FP4).

Outro fator atribuído como facilitador por formulador (Estrutura Governamental) foi o fato

de o processo ter sido desenvolvido no MS e concentrado em um único formulador com

acesso direto ao Ministro (PT_FP3).

II- b. Fator Interesses dos acordos Bilaterais - Portugal

Para os entrevistados, os atores que mais ganharam com os acordos bilaterais foram os

governos envolvidos e a sociedade civil. Um potencial “perdedor” identificado foi a classe

médica representada pelas associações profissionais.

Relativamente ao Fator Interesses, a formulação foi identificada pelos formuladores como

indispensável devido a necessidade política e da população (PT_FP3). Quanto à necessidade

da população, existia um grande número de utentes sem médico de família atribuído, sendo

este fato uma barreira para desenvolver o programa da reforma da APS. Foram

implementadas várias estratégias isoladas e ad-hoc para atuarem nesta problemática, como a

implementação de uma quota de 25% de vagas de residência médica para médicos de família.

Segundo formuladores entrevistados, estas estratégias não apresentavam uma capacidade de

resposta a curto prazo, o que exigiu uma intervenção que obtivesse uma resposta “mais

imediatista” do que formar médicos (PT_FP2). Mas segundo atores interessados, os acordos

bilaterais não tiveram expressão numérica e foram implementados para resolver problemas

pontuais em regiões como o Alentejo e o Algarve (PT_EM1).

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RESULTADOS

130

Conforme formuladores, a opção da contratação de médicos da América Latina surgiu com

a impossibilidade de contratar médicos de países europeus, que seria a opção inicial, devido

a validação automática do diploma. Mas os salários em alguns desses países são iguais ou

superiores aos de Portugal e o custo de vida mais baixo, como, por exemplo, Polónia, e as

condições oferecidas por outros países europeus com falta de médicos, como Inglaterra,

Finlândia, Suécia, Noruega e Alemanha, são mais atrativas (PT_FP2).

Todos os acordos bilaterais apresentavam uma contrapartida do governo Português, com

exceção da Costa Rica, onde a negociação foi feita com o Conselho de Medicina, a qual não

a solicitou. A compensação de Cuba era financeira, um valor pago ao governo Cubano para

que os médicos selecionados com experiências em países da Comunidade dos Países da

Língua Portuguesa (CPLP) prestassem cuidados de saúde em Portugal por três anos. Relativo

à Colômbia, a contrapartida foi um acordo entre universidades onde estudantes

desenvolveriam projetos de investigação, dissertações de mestrado e teses de doutoramento

entre Portugal e Colômbia em Portugal.

Segundo os formuladores, a Ordem dos Médicos ofereceu uma certa resistência à estratégia,

embora os médicos portugueses fossem identificados como atores que não perderiam, na

medida em que os acordos bilaterais previam que os profissionais trabalhassem no país pelo

período de três anos, findos os quais estes teriam que retornar ao seu país. Na oposição

política ao governo, o argumento utilizado era de que Portugal não teria uma falta de médicos

e sim estes estariam mal distribuídos. Conforme indicado por formulador, esta retórica

impediu a ação política ao longo dos anos (PT_FP2).

Fator Ideias

A problemática de distribuição geográfica de médicos, não é enfrentada unicamente por estes

países em estudo, esta vem sendo debatida mais enfaticamente nos últimos 10 anos pela

academia. Embora exista um conjunto de possíveis estratégias identificadas com maior ou

menor poder de evidência (18–20) não existe um modelo a ser seguido, que possa ser

implementado em qualquer país que oferecerá a resolubilidade à problemática. Portanto, faz-

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RESULTADOS

131

se necessário a compreensão das causas da problemática, características e necessidades do

sistema e dos profissionais no país para assim executar a escolha e ajustes necessários ao

conjunto de estratégias a serem implementadas.

A utilização da evidência científica na formulação de políticas é um processo complexo, por

vezes não sistemático e transparente, sendo influenciado por inúmeros fatores visto que a

tomada de decisão não é um processo unicamente técnico, mas também inerente a um

processo social (1,14). A complexidade deste processo, especificamente o da formulação de

políticas de RHS, vem aumentando ao longo dos últimos anos devido ao número de atores

envolvidos no processo e ao aumento da evidência científica, em volume e complexidade.

Como foi possível verificar pelas entrevistas, a investigação não foi o único fator

influenciador na formulação das políticas, sendo assim, é necessário o entendimento do

processo de formulação como um todo para compreender quais as necessidades de pesquisa

e em que momento é possível decorrer o seu uso.

Na análise dos esforços para potencializar o uso da evidência na formulação destas

estratégias, escolheu-se examinar a utilização da evidência científica no processo e também

em que momento foi utilizada (21,22), com que finalidade (23,25), quais abordagens (26) e

estratégias utilizadas para potencializar a formulação das políticas informadas por evidência

científica.

Fator Ideias do PMM - Brasil

De acordo com os entrevistados, as evidências científicas geradas por resultados de pesquisas

e outras evidências, como dados do CFM e do MS, foram utilizadas no PMM com o intuito

de informar e também opor-se à sua formulação (27–31). No que se refere ao momento que

foi utilizada, os formuladores informaram que a utilização da evidência científica nacional

decorreu na identificação do problema e suas causas, das necessidades de ajustes nas

estratégias escolhidas para a implementação e mais recentemente na avaliação do PMM.

Além disso, para a identificação das possíveis soluções foram utilizadas a literatura

internacional, revisões sistemáticas internacionais e outros estudos de estratégias utilizadas

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RESULTADOS

132

em diferentes países (18–20). Igualmente, foi apontada a troca de experiências com

formuladores de outros países, em reuniões da Organização Mundial de Saúde (OMS),

relativamente a estratégias implementadas para corrigir essa problemática. Conforme

identificado por um dos pesquisadores nunca uma política gerou tanto investimento em

pesquisa para a avaliação de um programa como o PMM (BR_P2).

Segundo formuladores e pesquisadores, o PMM gerou um debate entre as organizações

médicas e o MS. Segundo os formuladores, as organizações médicas opuseram-se ao PMM

em sua formulação e no estágio inicial de implementação utilizando resultados de pesquisa

(31). Também utilizaram-se do argumento de que a falta de incentivos para os médicos

trabalharem nesses locais era o principal problema e não a sua escassez (BR_P4).

Segundo pesquisadores e formuladores, uma das abordagens que promoveu o uso da

evidência científica foi o esforço para a coleta de evidência pelo usuário que busca a

investigação para extrair informações e assim tomar decisões. Ou seja, este tipo de esforços

são apropriados em situações em que os potenciais utilizadores identificaram uma lacuna no

conhecimento e querem resolver de uma forma oportuna (26). Segundo formuladores,

pesquisadores e alguns atores do grupo de interesses outra abordagem utilizada foi esforços

de intercâmbio, o qual ocorre quando produtores ou provedores de investigação desenvolvem

parcerias significativas com um grupo de usuários que os ajudam a levantar questões

relevantes e a responde-las (26). A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

(SGTES) do MS tem uma relação com um conjunto de pesquisadores da Rede Observatórios

de RHS no Brasil (ObservaRH), os quais produziram ao longo do tempo um conjunto de

pesquisas, encomendadas e/ou financiadas pelo MS, que serviram para informar a

formulação do programa (BR_P4).

Segundo formuladores, um mecanismo encontrado para trazer agilidade ao processo de

utilização dos resultados de investigação no MS foi o financiamento direto com apresentação

de resultados intermediários pelo pesquisador. De acordo com formulador, foi estimado que

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RESULTADOS

133

o mecanismo de financiamento tradicional do MS (edital) requer em torno de dois a três anos

para a obtenção dos resultados, mais o tempo da produção do artigo (BR_FP3).

Quanto a finalidade que a evidência científica foi utilizada, a principal discussão no campo

é centrada em torno de três tipos de uso da investigação instrumental, conceitual e simbólico

(8,23). No caso específico do PMM não existe um consenso entre as partes interessadas sobre

a finalidade da utilização da evidência gerada por pesquisas variando entre o uso conceitual,

que envolve uma forma mais geral e indireta do uso da evidência; uso instrumental, que

envolve a aplicação dos resultados de investigação de formas específicas e diretas; e o uso

simbólico, que a investigação é utilizada para validar e apoiar decisões previamente tomadas

por outras razões (23,24).

Alguns atores do grupo de interesses e pesquisadores questionaram se, no caso específico do

PMM, a evidência foi utilizada de forma adequada. Por exemplo, um dos pesquisadores

mencionou que o relatório da demografia médica (31) foi utilizado tanto pelas entidades

médicas contrárias ao PMM - para indicarem que não faltava médicos no Brasil, como pelos

formuladores - para apoiar a informação de falta de médicos. Entrevistados do grupo de

pesquisadores e atores interessados do PMM indagaram se o volume anormal e

desproporcional de investimentos em pesquisas, comparado com outros componentes do

sistema de saúde, foi para uma validação do PMM (BR_P1).

Por fim, foram identificados dois determinantes que facilitaram o processo do uso de

evidência, o reconhecimento da importância da utilização da evidência na formulação de

políticas pelos atores envolvidos no processo, inclusive pelos formuladores, e a característica

do processo de formulação da política no país, qual inclui a existência de espaços de

discussões.

A maioria dos entrevistados reconheceu a importância da utilização de evidências de

pesquisa em todas as fases do processo de decisão política no Brasil e a cultura organizacional

de seu uso. Um dos formuladores referiu que a evidência seja de pesquisas nacional ou

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RESULTADOS

134

internacional é utilizada para elucidar os debates políticos, atitude tomada pela Presidência,

Casa Civil e MS (BR_FP3). Contudo, alguns pesquisadores entrevistados reconheceram que

a evidência não é o único fator influenciador da formulação da política, podendo não ser

“prioritário” entre os fatores concorrentes. Sendo a evidência utilizada para o aprimoramento

da resposta a uma problemática, que a princípio foi influenciada por outros fatores como a

pressão ou a demanda política (BR_P2).

Conforme formuladores, existiram diversos espaços de discussão das possíveis soluções para

a problemática de distribuição de médicos no país, como no Conselho Nacional de Saúde

(CNS). As discussões nestes espaços sobre o PMM duraram aproximadamente quatro meses,

antes da implementação do programa em julho de 2013 e durante o trâmite da lei da medida

provisória (BR_FP2).

Segundo o grupo de interesses, estas interlocuções se deram de forma rápida e já em um

momento de apresentação das possíveis intervenções e não na formulação. Foi uma etapa de

discussão técnica com divergência de informação entre os atores. Membros do governo

expuseram, apoiados por dados e estudos, uma falta de médicos nos municípios, e as

associações médicas apresentaram, apoiados também por estudos encomendados, que o

problema não era a quantidade de médicos e sim a distribuição destes e que portanto, era um

problema de melhoria do sistema de carreira (BR_OI1).

Em uma decisão política, mesmo entre especialistas, pode ocorrer a divergência de opiniões

sobre a significância, a interpretação e a percepção de suficiência da evidência para a tomada

de decisão, ou até, a utilização da mesma para defender diferentes soluções políticas para um

problema. Neste cenário, alguns grupos interessados, como especialistas, podem exercer o

poder e influenciar que tipo de evidência será utilizada, com que intuito é utilizada e em que

momento (32). Segundo um dos pesquisadores entrevistados, o uso de evidência científica

de institutos renomados no país pode dar uma forma de poder aos formuladores, uma espécie

de poder criado, talvez, pela “questão da cientificidade”, pela imparcialidade do pesquisador.

Desta forma, empoderar os cidadãos e outros atores para a utilização de evidência científica

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RESULTADOS

135

de forma a advogar uma estratégia e sua participação na discussão política pode contribuir

para com a redução de seu uso incorreto (BR_P3).

Fator Ideias dos acordos Bilaterais – Portugal

A evidência científica não contribuiu para a formulação da estratégia de contratação de

médicos estrangeiros em Portugal. Segundo formuladores, para a formulação desta estratégia

foi utilizada a troca de experiências com formuladores de outros países (PT_FP2).

A evidência científica teve seu papel na introdução da problemática na agenda

governamental, contribuindo na identificação da problemática e consequente levantamento

da necessidade de formulação da estratégia em estudo por meio de um estudo descritivo (33)

e um quantitativo prospectivo de necessidade de médicos (34). Estes estudos foram

encomendados aos pesquisadores de forma direta pelo MS (34) e pelo Ministério da

Educação (33). Outros tipos de evidências como relatórios técnicos de informações extraídas

das bases de dados elaborados por grupos técnicos do MS foram igualmente utilizados

(PT_FP4).

A abordagem para promover o uso da evidência científica na configuração da agenda

(inclusão da problemática de distribuição) foi o esforço para a coleta de evidência pelo

usuário, mesmo mecanismo utilizado no Brasil. O financiamento direto foi identificado em

Portugal como forma para trazer agilidade ao processo de utilização dos resultados de

investigação no MS (PT_ FP4).

Os acordos bilaterais em Portugal, geraram um debate e as organizações médicas opuseram-

se, utilizando resultados de pesquisa já em sua implementação (35). As organizações

utilizaram-se do mesmo argumento usado pelas organizações médicas brasileiras - de que a

falta de incentivos para os médicos trabalharem nos locais carenciados era o principal

problema e não a sua escassez (PT_EM1).

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RESULTADOS

136

A maioria dos entrevistados reconheceu o potencial do uso de pesquisas na fase inicial do

processo de decisão política (configuração da agenda política). Adicionalmente, alguns

atores interessados questionaram se a evidência científica poderia ser utilizada de forma

adequada, ou somente para apoiar uma decisão previamente tomada (simbólica).

Desta forma, a baixa prioridade que a principal fonte de apoio financeiro à investigação, a

agência de financiamento pública nacional, oferece à pesquisa em serviços de saúde ou RHS

(36) e, consequentemente, a limitação de estudos na área, somado ao não reconhecimento

pelos atores da importância do uso da evidência em outras fases da política, pode ter se

refletido no uso da investigação centrada na identificação da problemática para a formulação

dos acordos bilaterais em Portugal.

O estudo apresenta algumas limitações inerentes ao método de estudo de caso como a não

possibilidade de generalização dos achados para um outro contexto (validade externa). Para

assegurar a credibilidade dos achados (validade interna) os passos metodológicos foram

seguidos com rigor: roteiro de entrevista testado e triangulação das fontes de informação

usando distintos procedimentos de coleta de dados para a análise do contexto (10,11). Por

fim, as inferências foram embasadas em evidências científicas prévias a essa pesquisa.

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RESULTADOS

137

Tabela 4. Exemplos de citações por fatores e subfactores por política analisada

Estratégia Fator Subfatores Citação

PMM Instituições Estrutura

governamental -

burocracia e a

centralização do

processo

“O Ministério da Saúde é duro, é uma burocracia pesada, é um processo difícil, é um país com muitas regras, com

muitas dificuldades, com muitas situações, é evidente de que o Brasil e que no Ministério um processo centralizado

num país desse tamanho não é uma operação fácil.” (BR_FP1)

“Há no MS nos últimos anos uma equivocada re-centralização das ações de saúde. O Ministério passou de um papel

normativo e formulador de política a um papel muito operativo e de ação muito verticalizada junto aos territórios

municipais e estaduais. Eu acho isso crítico, acho que isso desobedece à arquitetura do SUS…” (BR_CS1)

PMM Instituições Legados políticos -

preceito da constituição

e programas anteriores

“E ao mesmo tempo a gente também resgatou o preceito constitucional, onde no seu artigo 200 a Constituição fala

que é prorrogativa do SUS a ordenação da formação de RH, então se deu uma dimensão de que seria necessário não

só programas, por exemplo, de atrair profissionais para um determinado local e sim de pensar desde a formação,

pensar em educação permanente, pensar as várias dimensões.” (BR_FP2)

“A gente tem o entendimento que, por exemplo, não seria viável a implantação tão rápida do PMM, que em 9 meses

já tinha 14 mil médicos participando do programa, se não fosse a experiência que a gente já tinha com o PROVAB.

Então essa experiência do MS de fazer chamada nacional de médicos, de alocar os médicos em municípios, de fazer

os pagamentos destes médicos, supervisionar estes médicos e acompanhar o desenvolvimento das atividades.”

(BR_FP2)

PMM Fatores

Externos

Eleições presidenciais “…parecia, por todas as evidências existentes, que o principal problema era a necessidade do governo na etapa pré-

eleitoral de ter um programa estrela, um programa conhecido na área da saúde .... Estava muito sincronizado com o

calendário eleitoral, o qual pode ser lógico, pois muita coisa acontece, por razões políticas, este caso tinha uma

relação política forte.” (BR_OI)

PMM Interesses Atores que ganharam -

governos (Cuba e

Brasil), prefeitos de

municípios atendidos

pelo PMM, sociedade

civil, e OPAS

“…a presidenta quis bancar o programa, tinha população pedindo por mais acesso nas jornadas, então teve essa

janela de oportunidade, os prefeitos pedindo, a presidenta apoiando e o Brasil com recursos.” (BR_TMS)

“Referindo-se às marchas, “…aquilo ali acelerou, fez a presidência virar falar olha aquela proposta que vocês

estavam construindo está pronta ou não está pronta?”. Está pronta. Então vamos lançar.” (BR_FP3)

“Um ator que ganhou muito foi a OPAS, que ganhou 50 milhões de dólares e uma grande relevância com o governo.”

(BR_OI)

PMM Interesses Potencial perdedor com

a formulação do

programa - classe

médica

“Eu acho que não perdeu ninguém, eu não vejo. Eu vi que a AMB e o CFM, inicialmente fizeram uma oposição forte

… mas depois descobriram que na verdade estes médicos estavam proibidos de atuar fora deste programa, portanto

não eram e nunca teriam sido uma concorrência ... Eu acho que o programa provou que dá um certo ganho a todo

mundo.” (BR_OI)

PMM Ideias Evidência científica –

uso na formulação

“Desde 2011 que estou aqui no ministério a gente usa muita evidência para tomar decisão. Por exemplo, para a gente

poder discutir a PAB a própria presidenta pediu artigos. Ela virou e falou, olha eu quero alguns artigos que mostrem

o acerto da PSB, se é saúde da família mesmo? Qual é o impacto? Como deve ser a melhor maneira de investir

dinheiro na atenção básica? …”(BR_FP3)

“… meados de maio de 2013, a presidenta chamou uma reunião com as entidades médicas para ouvir estas entidades

sobre o problema que os prefeitos estavam trazendo muito fortemente e ouvir destas entidades quais as alternativas

que elas viam..... Então se criaram canais de discussão desta temática. A questão era a dificuldade de serem canais

propositivos, porque era não a abertura de novas escolas médicas, porque era não a vinda de médicos de outros

países…” (BR_FP2)

“Um dizia falta médicos, outro dizia tem médicos, mas estão mal distribuídos. Que na verdade as duas coisas são

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RESULTADOS

138

verdade, só que um fazia ênfase em um e outro fazia ênfase em outro ….. Mas foi um diálogo de surdos, não foi uma

discussão. O governo já tinha a decisão firme de trazer médicos de Cuba, já tinha muito antes, pelo menos um ano

antes.... E a AMB e o CFM, no mundo inteiro tem a posição contrária a importar médicos de outro país.” (BR_OI1)

PMM Ideias Evidência científica –

mecanismos para

promover o uso de

evidência científica

“Esses dados serviram para apoiar, eles já eram trabalhados antes independentes, quero dizer esse sentimento, essa

evidência já existia. Então a política se apoiou nessas evidências que já existiam para ser implementada… Os estudos

foram financiados pelo Ministério da Saúde e pelo Observatório, no nosso caso, e via OPAS.” (BR_P4)

“Então variam os mecanismos. Quando a gente está querendo uma coisa mais rápida e que o colaborador possa

apresentar resultados intermediários, justamente para poder elucidar e trazer evidência para a política, normalmente

a gente financia diretamente. Porque se a gente faz por edital, começa a pesquisa hoje e daqui a dois anos, três anos

você tem algum resultado. E ainda depois o cara vai fazer o artigo e ele não libera antes de fazer o artigo. Quando

sai o artigo você já deixou de ser gestor. Quando a gente esta querendo fazer para alimentar o processo decisório a

gente financia diretamente.” (BR_FP3)

PMM Ideias Evidência científica –

motivos do uso

“O segundo relatório era muito interessante porque ele era usado tanto pelo SFM pelas entidades para comprovarem

que não faltam médicos no Brasil, como ele era usado para dizer que “olha como a distribuição de médicos é irregular

e faltam médicos”. Então se você olhar a demografia médica ela serve de base tanto para posicionamentos das

entidades médicas contrárias ao Mais Médicos, quanto ela compõe os PowerPoints e materiais de divulgação,

dizendo que a demografia médica comprova, até traz evidência de que faltam médicos e que precisa. …. Então

aspectos que possam ser negativos para um ou outros propósitos políticos eles são selecionados dentro da produção

e da evidência científica.” (BR_P1)

“Eu acho que promove, como todo gestor promove. O gestor não decide a priori em função da evidência científica,

ele decide em função da pressão política ou da demanda política que esta la. Depois ele aprimora a resposta a partir

da evidência científica, mas esta questão é muito mais disparada pela perceção às vezes meio difusa de uma certa

realidade e que depois é aprimorada através de evidência.” (BR_P2)

Acordos

Bilaterais

Instituições Legados políticos -

experiência passada de

acordo bilateral

“Foi calculado em 2008 que precisávamos aproximadamente de 7 a 10 anos para ter o número de médicos suficiente

para que todo o cidadão português tivesse um médico de família. Isso era especialmente difícil em algumas regiões

do país em que as pessoas não queriam vir. E dado já ter tido alguma experiência internacional nisso. Porque em

2006 quando eu precisava de médicos que trabalhassem só em emergência médica … e não arranjava em Portugal.

Porque em Portugal o mercado médico em termos de oferta e procura está invertido. ….Então, houve uma

oportunidade de fazer um acordo com o Uruguai para trazer médicos para trabalhar em emergência médica.”

(PT_FP3)

Acordos

Bilaterais

Instituições Estrutura

governamental -

centralização do

processo de formulação

“…Era eu e duas secretárias. Portanto, quando eu saí não houve ninguém que ocupasse esta função. Portanto, eu

tinha que fazer tudo, contratava Instituto Camões, para ensinar a história portuguesa. Contratava professores de

português… a política foi definida toda no ministério e, portanto, como o meu trabalho respondia diretamente ao

ministro, era muito mais fácil, não é?” (PT_FP3)

Acordos

Bilaterais

Interesses Interesses - necessidade

política e da população

“Política porque qualquer governo quer dizer que deu médico para toda a gente. Depois havia que haver alternativas,

já disse, só havia duas (referindo-se a aumentar a lista de usuários por médico ou a contratação de médicos

estrangeiros) … porque não havia médicos.” (PT_FP3)

“Em 2008, estávamos confrontados com isso, nós tínhamos feito o que era estrategicamente adequado para resolver

a carência de médicos, mas estávamos com carência de médicos porque as medidas estratégias iriam demorar tempo

para produzir efeito.” (PT_FP2)

“O objetivo de Portugal era sempre o mesmo. O que davam ao país tinha que ser de acordo com o que os países

queriam ou precisavam.” (PT_F3)

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RESULTADOS

139

Interesses Certa resistência à

formulação da

estratégia - classe

médica

“Eu não consegui identificar ninguém que pudesse perder ...Há sempre uma certa pressãozinha corporativa, mas eu

acho que toda a gente ganhou com isso…E baseado sempre num número geral, que é Portugal tem médicos que

cheguem na comparação internacional. Talvez tenha. Eu não vou questionar isso…Portugal pode ter, em Odemira

não há. Eu abri concurso e ninguém concorreu... eu acho que a minha obrigação enquanto decisor político é

encontrar um médico que queira ir para Odemira.” (PT_FP2)

Acordos

Bilaterais

Ideias Evidência científica -

não contribuiu para a

formulação

“Não sei que evidência científica seria melhor do que a inexistência de médicos interessados em um sítio em um

procedimento que toda a gente conheceu? O que eu poderia fazer diferente?” (PT_FP2)

“Daí até digamos basearmos estas políticas num estudo sociológico em um estudo científico eu duvido que alguém

alguma vez o faça e mesmo de uma forma geral eu penso que o decisor político raramente se baseia em estudos

científicos para tomar esta decisão. Lamento….”(PT_EM1)

Acordos

Bilaterais

Ideias Evidência científica –

mecanismos para

promover o uso de

evidência científica (na

configuração da agenda

política)

“Eu que encomendei o estudo… ela é uma geografa que se tinha interessado muito pelo planeamento espacial e,

portanto, ela conhecia muito bem a situação espacial do país em termos de onde estão as unidades de saúde, onde

estão os centros de saúde, quais são as densidades de população e as carências de médicos … trabalhava muito com

estes dados e escreveu muito nesta altura sobre isso, e ela era uma pessoa particularmente bem preparada nesta

matéria. E era uma forma de obter um estudo rápido ….” (PT_ FP4)

Acordos

Bilaterais

Ideias Evidência científica –

motivos do uso

“Os decisores políticos muitas vezes entendem a evidência científica numa ótica instrumental, ou seja, a evidência

científica interessa na medida que corroborar aquela decisão que eu já tomei e não propriamente alterar uma decisão

porque é uma evidência científica. Além de que muitas destas decisões tomam-se a nível do senso comum e não

necessitam uma grande evidência científica.” (PT_EM1)

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RESULTADOS

140

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fatores mais identificados no PMM como sendo influenciadores da formulação da política

e concorrentes às Ideias (evidência científica) foram as Instituições (estrutura

governamental e legado político), os Fatores Externos (eleições presidenciais), e os

Interesses de diversos atores. Nos acordos bilaterais em Portugal, os entrevistados

consideraram um processo influenciado predominantemente pelos Fatores Interesses e

Instituições (centralização do processo), com a restrição do papel da evidência para a entrada

da problemática na agenda política.

Ao contrário do que se verificou no estudo de caso do Brasil, onde reconhecidamente a

evidência teve um papel importante na formulação da política em análise, em Portugal a

evidência científica gerada por pesquisa não foi identificada como contributo para a

formulação da estratégia em estudo. No estudo foram identificados diferentes determinantes

para restrição do papel da evidência na formulação da estratégia de contratação de médicos

estrangeiros por acordos bilaterais e o uso da evidência no processo de formulação do PMM.

Por um lado, a característica do processo de formulação da política do país - o processo

político português em análise foi centralizado em poucos atores; e no caso do Brasil, o

processo envolveu diversos atores na sua formulação entre os quais o MS com a participação

da Casa Civil e MEC, e também contou com espaços de discussões inerentes à caraterística

do processo de formulação de políticas do país. Por outro, a cultura organizacional do uso da

evidência - no Brasil a evidência vem sendo incluída no processo de formulação com alguns

instrumentos, nomeadamente a agenda de pesquisa e com estratégias como o ObservaRH.

Em Portugal não foram reconhecidos mecanismos institucionais que promovessem o uso da

evidência na formulação das políticas.

Nos dois países analisados foi identificada a necessidade de intervenções e políticas que

considerem todas as áreas do mercado de trabalho em saúde e contenham ações que

permeiem outros setores além da saúde. O potencial reforço de utilização de evidência

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RESULTADOS

141

científica na formulação de políticas poderia ser alcançado, nomeadamente, com: o

investimento em ambientes de discussão e plataformas de interações entre investigadores,

formuladores e outros utilizadores de resultados de investigação; e o aumento do apoio à

investigação em termos de financiamento e mecanismos de estabelecimento de prioridades

políticas.

É importante ressaltar a necessidade de futuras investigações que avaliem as estratégias

implementadas nestes dois países; analisem o fluxo de saídas dos profissionais,

principalmente emigração, saída para o setor privado ou outros setores e duplo emprego;

facultem um diagnóstico mais preciso sobre a má distribuição dos médicos entre os níveis de

atenção; explorem a cultura organizacional do uso de evidência analisando crenças e atitudes;

analisem a atuação de organizações knowledge-brokering, utilizando-se de outras políticas

implementadas; e mais estudos acerca dos fatores que levariam os médicos a migrar e

atuarem em regiões desassistidas.

Financiamento: Bolsa de doutorado CNPq (201988/2012-7) e parte da pesquisa com

recursos da FAPERJ (E26/201359/2014)

Agradecimentos: Os autores agradecem ao Prof. John N Lavis pelos valiosos comentários

sobre o método estudo de caso múltiplo e aos atores entrevistados pelo seu tempo e valiosas

informações prestadas.

Colaboradores: APCO desenho do estudo, recolha e análise dos dados, estruturação e escrita

do artigo e revisão da redação em todas as versões incluindo a final; GD, IC, MG, MRD no

desenho do estudo e revisão da redação do artigo em todas as versões incluindo a final.

Conflito de interesses: Os autores declaram não haver conflito de interesse.

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RESULTADOS

142

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

146

3. DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

Esta tese foi realizada com a finalidade de contribuir para a redução do gap entre o contexto

científico e o processo político, no fortalecimento da interação entre investigadores e

tomadores de decisão. Com o intuito de auxiliar produtores, provedores e utilizadores de

investigação e iniciativas atuantes no sistema nacional de saúde brasileiro e português como

EVIPNet, ObservaRH e Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), entre outras

na promoção da formulação de políticas informadas por evidência científica. De forma a

favorecer a eficácia, eficiência e equidade e, visar a melhoria do acesso da população e a

qualidade dos serviços de saúde.

O objetivo geral desta tese foi compreender a (não) influência da evidência científica no

processo da formulação de políticas de Recursos Humanos em Saúde no Brasil e em Portugal,

utilizando-se de duas intervenções para estudo de caso - o PMM e a contratação de médicos

estrangeiros por acordos bilaterais para o trabalho no SNS português. Por conseguinte

analisaram-se os fatores concorrentes e influenciadores da formulação das intervenções em

estudo – instituição, interesses dos atores envolvidos, fatores externos e ideias; estabeleceu-

se um panorama do momento do uso da evidência científica na formulação das políticas nos

dois países em estudo; analisaram-se as barreiras e facilitadores no processo do uso da

evidência e; identificaram-se experiências bem-sucedidas nos países em estudo.

Nesta secção são apresentadas: uma síntese dos resultados centrais da tese - os quais

encontram-se fragmentados em cada um dos estudos apresentados no capítulo Resultados;

discussão à luz da literatura; descrição das limitações metodológicas e; possíveis

contribuições na agenda de investigação e futuras políticas de RHS nos dois países. Esta

secção está organizada em 2 subsecções, a Discussão Geral e as Conclusões.

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

147

3.1. Discussão Geral

3.1.1. Desafios para assegurar a disponibilidade e acessibilidade à assistência médica

(contexto político)

Apesar do aumento da evidência de que a força de trabalho em saúde é fundamental para a

melhoria dos níveis de cobertura dos serviços de saúde e aumento do acesso da população

aos serviços, vários países ainda enfrentam graves problemas de escassez (1–4) e

desigualdades na distribuição de seus profissionais de saúde (1,5–15) inclusive Brasil e

Portugal. A continuação desta problemática nestes países não se deve especificamente à

escassez de evidências, posto que a investigação sobre o tema da força de trabalho em saúde

desenvolveu-se de forma quase exponencial. Especificamente sobre a problemática de

distribuição geográfica dos profissionais, o debate decorre há longa data no contexto político,

sendo que nos últimos 10 anos existe mais “afinco” no contexto académico.

Atualmente existe um conjunto de possíveis estratégias identificadas com maior ou menor

poder de evidência para colmatar ou atenuar a má distribuição geográfica (5–8). Estas

estratégias podem ser classificadas em quatro categorias de intervenções -

regulatórias/administrativas, educacionais, financeiras e apoio pessoal e profissional (6,7).

Ou, identificadas conforme suas causas e área de intervenção - formação de profissionais,

fluxo de entrada e saída, medidas especificas para corrigir a má distribuição e a ineficiência

e regulação do setor privado (16). Embora exista um conjunto de possíveis estratégias, não

existe um blueprint (um modelo a ser seguido), que possa ser implementado em todos os

SNSs e ofereça uma resolução à problemática. É necessária a compreensão das causas da

problemática, características e necessidades do sistema e dos RHS no país para que seja

possível executar as escolhas e ajustes necessários ao conjunto de estratégias a serem

implementadas. A evidência científica de estudos nacionais e internacionais pode ter um

importante papel neste processo.

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

148

Como verificado na primeira e segunda fase dos estudos de caso, expostos nas subsecções

de resultados 2.1 e 2.2 desta tese, os países em análises apresentam uma problemática em

comum, a má distribuição. Esta diz respeito às zonas geográficas e aos níveis de cuidados de

saúde. Contudo, Brasil e Portugal escolheram diferentes intervenções políticas para atuarem

na problemática, com exceção da contratação de médicos estrangeiros por acordos bilaterais.

E, encontram-se em diferentes momentos do uso de evidência científica na formulação destas

políticas.

Por um lado, o Brasil exibe uma má distribuição dos seus médicos que é agravada pela sua

escassez. A escassez dificulta a gestão da distribuição dos profissionais entre as regiões do

país e contribui para a carência nos cuidados primários e em certas especialidades (1–3,15).

As causas atribuídas à escassez foram principalmente à crescente demanda de profissionais,

devido sobretudo ao aumento de estabelecimentos de serviços de saúde públicos e privados

(1,15), e ao baixo número de egressos de medicina, ao compara-los com a necessidade

crescente de profissionais. Em Portugal, em meados de 2000, foi prevista uma escassez de

médicos (17), sendo a política de numerus clausus atribuída como causa, que limitou as

entradas nas escolas médicas entre os anos de 1979 a 2000, em combinação com a previsão

de um grande número de aposentações nos anos subsequentes (17–23). Com a deteção da

problemática e implementação de medidas, apresentadas na subsecção de resultados 2.2,

preveniu-se a ocorrência da falta de médicos, contudo continua-se a enfrentar a má

distribuição geográfica dos profissionais e entre os níveis de atenção.

Quanto ao desequilíbrio geográfico dos profissionais, este é influenciado por diversos

fatores, os quais podem ser divididos em individuais, organizacionais e relacionadas aos

sistemas (de saúde, da educação e das instituições) e, características dos municípios

(ambiente econômico, sociocultural, histórico e político) (11). Conforme identificado, as

principais causas da má distribuição geográfica no Brasil foram: as características dos

municípios, considerando o produto interno bruto, índice de desenvolvimento humano, níveis

de vulnerabilidades sociais, condições de violência e possibilidades de trabalho (4,24–26);

características individuais, por exemplo, idade, e origem em ambientes urbanos (24,27);

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

149

características do sistema de educação como a existência de curso de medicina, internato

médico e possibilidade de formação continuada (24–26); e por fim características

organizacionais, entre elas, remuneração, condições de trabalho, plano de carreira e

reconhecimento profissional (25,28). Em Portugal a má distribuição foi relacionada a

características do SNS como a baixa oferta de leitos hospitalares (29,30) e; características da

região, nomeadamente o menor poder de compra da população em regiões desfavorecidas

(29,30) e a possibilidade de empregos múltiplos em zonas urbanas onde o setor privado é

mais desenvolvido (30).

O problema da má distribuição geográfica de RHS é um problema diagnosticado que se

encontra presente na agenda de decisão política de diversos governos no Brasil (1,31), com

varias estratégias políticas implementadas a fim de corrigi-lo (1,4,24–26,31–35). Foi

observado uma sinergia quanto a problemática a partir de documentos que são norteadores

das intervenções em saúde com os Planos Nacionais de Saúde de 2004-2007, 2008-2011 e

2012-2015 (36–38); a Política Nacional da Atenção Básica (39) e; a Resolução nº 439 do

Conselho Nacional de Saúde (40). Contudo, verificou-se uma falta quanto à formulação de

uma política clara e de longo prazo voltada para RHS no Brasil (32). Diversas estratégias

específicas vêm sendo desenvolvidas desde de 1968 visando melhorar a distribuição

geográfica com, por exemplo, o Projeto Rondon e o PITS. Porém, estas estratégias não

exibiram uma sustentabilidade temporal até meados de 2007 com a implantação do

Telesaude. Desde 2011, com o PROVAB e mais recentemente com o PMM, observou-se que

as intervenções implementadas agregaram maior número de estratégias. Embora ainda não

existam avaliações dos seus impactos, dado que evidências sobre o tema mostram que

intervenções em conjunto são mais eficazes que intervenções isoladas (6), pode-se inferir que

existe uma maior possibilidade de sucesso destas intervenções.

Em Portugal a primeira tentativa de definir uma estratégia de RHS levou à publicação do

“Plano Estratégico de Educação e Formação na área da Saúde” (17,41,42), o qual não

apresentou seguimento (42). Este documento chamou a atenção para a má distribuição

geográfica e, entre os níveis de cuidado de saúde e para a previsão da escassez de médicos.

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

150

Apesar de numerosos documentos técnicos e políticos identificarem a necessidade de uma

política de RHS no país, até ao momento nenhuma política foi formulada (20,43,44). Por

outro lado, foram adotadas várias estratégias isoladas e ad-hoc. A primeira estratégia

identificada para colmatar a má distribuição geográfica de médicos em Portugal foi o

“Serviço Médico na Periferia”, implementada entre 1975 e 1982, introduziu como

obrigatório um ano de serviços nas periferias como condição para o internato de

especialidade ou qualquer concurso público (45,46). As subsequentes estratégias embora

apresentassem uma maior sustentabilidade temporal foram implementadas de maneira

isolada, com a exceção da mais recente intervenção de incentivos financeiros e não

financeiros para o trabalho em áreas carenciadas, implementada em 2015 (47,48).

Nas análises de ambos os artigos apresentados nas subsecções de resultados 2.1 e 2.2, não

foram encontradas intervenções políticas nas áreas da regulação do setor privado,

demonstrando que são necessárias intervenções e políticas que considerem todas as facetas

do mercado de trabalho em saúde nos países em estudo como por exemplo, a coexistência

entre o setor público e privado. Igualmente, é desejável o monitoramento e avaliação dos

resultados alcançados e subsequente impacto gerado pelas intervenções implementadas.

3.1.2. Fatores que influenciaram a formulação das intervenções estudadas

No contexto político acima apresentado, foram selecionadas para o estudo de caso múltiplo

duas intervenções que objetivaram colmatar a problemática de distribuição geográfica de

médicos nos cuidados primários:

o o PMM implementado em 2013 no Brasil com o objetivo de formar médicos e leva-

los para regiões onde há escassez ou ausência de profissionais (49). Organizado em

três grandes eixos: eixo de qualificação da estrutura da atenção básica, eixo da

formação médica e eixo de provimento emergencial de profissionais em áreas

vulneráveis - por meio de recrutamento de médicos nacionais e estrangeiros de forma

individual e por acordo bilateral com o governo cubano, e

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

151

o a estratégia de contratação de médicos estrangeiros por acordos bilaterais para o

trabalho no SNS português, a qual é utilizada por diversos governos desde 2008.

Para a análise dos fatores influenciadores da formulação destas intervenções e consequente

consecução do primeiro objetivo desta tese, foi utilizado o quadro conceitual 3Is+E, exposto

na subsecção do Enquadramento Teórico 1.2.2. O quadro reúne os três fatores mais comuns

utilizados pela literatura da ciência política para explicar o processo de desenvolvimento das

políticas públicas - Ideias, Interesses, Instituições e Fatores Externos ao processo (50–53).

Conforme apresentado na subsecção de resultados 2.3, os fatores mais listados pelos atores

entrevistados como influenciadores no processo da formulação do PMM foram em primeiro

lugar os Interesses, seguido pelas Instituições e por último os Fatores Externos.

Relativamente ao Fator Interesses, os atores entrevistados reconheceram as agendas de

várias partes interessadas como catalisadoras do programa, entre as quais estão os interesses

de governos - a decisão política da presidência da república e a do governo Cubano, devido

à contraparte financeira do acordo bilateral; a sociedade civil, pela ampliação do acesso aos

médicos; o grupo de prefeitos (presidentes das autarquias municipais), na medida em que o

provimento e remuneração dos médicos contratados pelo PMM ficaram a cargo do governo

federal; e a OPAS, tendo em vista o ganho financeiro e o aumento da relevância da

organização na interação com o governo brasileiro. Já os Interesses das associações de

profissionais médicos levaram a alteração de ações do programa. Identificadas como

resistentes e receosas de que iriam perder com a implementação do PMM, na perceção de

formuladores e alguns atores do grupo de interesses. E também foi identificado por um dos

atores do grupo de interesses um ganho final inesperado para os médicos brasileiros, dado

que os médicos cubanos contratados pelo acordo bilateral atuam em lugares de difícil acesso

e carenciados, que os médicos brasileiros não querem prestar serviços.

O Fator Instituições, identificado pelos entrevistados como influenciador do programa, foi

composto pela estrutura governamental, onde a burocracia e a centralização do processo

político criou dificuldades à formulação; e legados políticos, preceitos constitucionais e

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

152

programas anteriores impulsionaram e moldaram o processo ao mesmo tempo que atenuaram

as dificuldades. O Fator Externo, a eleição presidencial, foi identificado pelos entrevistados

como influenciador dada a necessidade de haver um programa que pudesse ser atribuído

como marca de governo na área da saúde. O Fator Ideias também foi identificado no PMM

entre as influências concorrentes no processo de sua formulação. As evidências científicas

geradas por resultados de investigações nacionais e internacionais e outras evidências

contribuíram para a formulação do PMM (5,7,8,54–57).

Relativamente a contratação de médicos estrangeiros por acordos bilaterais em Portugal, os

fatores mais mencionados nas entrevistas foram o Fator Interesses e o Fator Instituições.

Em relação ao Fator Interesses, foram reconhecidos os interesses do governo português na

medida que proveria médicos aos seus cidadãos; dos governos que assinaram os acordos

bilaterais, com exceção da Costa Rica, visto obterem uma contrapartida do governo

Português; e da sociedade civil, por existir um grande número de utentes sem médico de

família atribuído. As associações de profissionais médicos que se apresentaram contra, não

foram identificadas como influenciadoras na formulação da intervenção. Entre o Fator

Instituições encontram-se a influência de legados políticos, com a experiência passada do

acordo bilateral desenvolvido com o Governo Uruguaio para a prestação de serviços de

emergência médica e, a estrutura governamental, a medida em que a intervenção foi

formulada de forma centralizada no MS. Quanto ao Fator Ideias, a evidência científica

gerada por resultados de investigações não contribuiu na formulação da estratégia de

contratação de médicos estrangeiros em Portugal.

Este cenário de influências concorrentes e dominantes à evidência científica foi também

observado na Revisão Sistemática de Estudos Observacionais (RSEO) realizada no âmbito

desta tese e apresentada na subsecção de escopo da tese 1.3.3. Na revisão foi possível

identificar que nos estudos de países de alto rendimento as políticas analisadas foram

influenciadas predominantemente pelo Fator Interesses entre os quais encontrava-se

também interesses individuais de ganhos de popularidade e vantagem eleitoral (58), seguidos

por Instituições como por exemplo, a complexidade do sistema executivo, legislativo e

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

153

burocrático de saúde (59). Quanto aos artigos que examinaram políticas desenvolvidas em

países de medio e baixo rendimento (58,60–65) os fatores influenciadores concentram-se

primeiramente em Instituições, seguidos pelos Interesses.

Na RSEO foi possível identificar nos estudos de países de medio e baixo rendimento a

influência de Fatores Externos à política e dependência de doadores. A participação de

agências internacionais em alguns países foi exposta como uma grande influência igualmente

foi exposto que as recomendações feitas a nível internacional ou nacional, muitas vezes não

consideram condições locais (59,63). Nos dois países em estudo nesta tese outros fatores

foram identificados, mas não de forma predominante nas entrevistas como, por exemplo,

alguns formuladores do PMM identificaram o momento económico brasileiro entre Fatores

Externos influenciadores.

Nos países de alto rendimento foi reconhecida a importância dos meios de comunicação no

processo de formulação de políticas (59,66–69), sendo um dos atores fornecedores de

informação mais influentes (59). Podendo envolver-se na construção da problemática e no

processo de inclusão do problema na agenda política (66,69). Igualmente, foram

identificados como influenciadores da resposta do público a um determinado problema ou

ação política, o que combinado aos grupos de advocacia podem tornar-se num possível

catalisador de mudança (67). Contudo, no PMM e na contratação de médicos estrangeiros

em Portugal os “medias” foram identificados como influenciadores por alguns atores, porém

somente na fase de implementação das intervenções.

Escolas de comportamento de mudança de política, como por exemplo Hall & Taylor (1996),

referem que os resultados políticos são em grande parte determinados por interesses e

comportamentos dos atores. A habilidade dos atores em atingir e exercer os seus interesses

depende da distribuição de recursos e do poder num domínio da política, bem como

capacidades e habilidades individuais. Adicionalmente, a maiorias das teorias baseadas em

interesses reconhecem os constrangimentos estruturais no agir individual (70).

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

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Ambiguidades inerentes ao processo político, restrições institucionais, interesses

conflituantes entre os atores e pressões concorrentes como fatores externos (exemplo, fatores

económicos, políticos, sociais e culturais) foram vistos como impactantes no processo

político e levarem os resultados de investigações a serem utilizados e valorizados, contudo

apenas como uma fonte de ideias e informações entre muitas outras (67,71). Os interesses

dos “medias” e de grupos de lobby, as práticas não transparentes de tomadas de decisão e,

outras prioridades concorrentes são também fatores que podem dificultar o desenvolvimento

de políticas informadas por evidência (67,71).

3.1.3. Esforços para o uso de evidência científica na formulação de políticas de Recursos

Humanos em Saúde

O processo de formulação das intervenções políticas, PMM e contratação de médicos

estrangeiros por acordos bilaterais, foram influenciados por diferentes fatores concorrentes à

evidência científica. Na análise dos esforços para potencializar o uso da evidência científica

na formulação destas intervenções, escolheu-se examinar a utilização da evidência no

processo, em que momento foi utilizada (72,73), com que finalidade (74–78) e os

determinantes do uso da evidência, contribuindo assim na consecução do segundo objetivo

específico desta tese.

A evidência científica pode auxiliar os formuladores e demais atores a tomarem decisões bem

informadas em todas as fases do ciclo da política. A desempenhar um papel significativo de

garantir que a tomada de decisão seja bem informada pela melhor evidência de investigação

disponível (79–82), evitando-se o domínio do processo por outros fatores. Todavia para cada

fase da política existe um tipo e uma pergunta de investigação mais apropriada e relevante

para aquele momento (72,73,83). Desta forma, o momento em que a evidência científica tem

o potencial de ser utilizada no ciclo da política é reflexo também em parte da produção

científica do país e da fase em que o problema se encontra no ciclo da política.

A produção científica brasileira e portuguesa apresentam algumas limitações relativamente

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

155

às problemáticas que reduzem o acesso da população aos médicos, em referência:

o à escassez, muitas vezes existe dificuldade em estabelece-la, perante talvez a falta de

conhecimento das necessidades atuais e futuras de médicos no país, atribuindo assim

as causas principalmente à demanda de profissionais e à formação em detrimento a

outros elementos do fluxo de entrada como, por exemplo a emigração e do fluxo de

saída, por exemplo, interrupção na carreira (84,85);

o à má distribuição entre os níveis de atenção não apresenta um diagnóstico preciso no

Brasil, apontando-se uma escassez de médicos na atenção primária, concentrações de

especialistas no setor privado e uma distribuição desigual nas regiões do país em

algumas especialidades (84). Em Portugal o debate da má distribuição restringe-se

entre os cuidados primários e serviços hospitalares, dando-se pouca atenção à

distribuição entre as especialidades e não se discutindo a distribuição entre o setor

público e o privado (85);

o a distribuição geográfica é um problema diagnosticado nos dois países e bastante

presente nos estudos selecionados. Contudo, a grande maioria dos estudos apresenta

a caracterização da problemática, poucos analisam suas causas, identificam as

possíveis estratégias ou combinações de estratégias que têm o potencial de dar

resolução á problemática de forma sustentável, principalmente em Portugal (84,85).

O diagnóstico estabelecido da má distribuição geográfica dos profissionais médicos no Brasil

e a falta de um diagnóstico mais preciso quanto a escassez e a má distribuição entre os níveis

reflete-se no ponto em que as problemáticas estão na fase da política. O problema de

distribuição geográfica esteve presente na agenda de decisão de diversos governos no Brasil

(1,31) com a implementação de diversas intervenções desde 1968. Já o déficit de provimento

de profissionais foi definido como área prioritária a partir de 2011 (35). A distribuição entre

níveis encontra-se entre os objetivos de algumas intervenções implementadas com foco na

atenção primária e mais recentemente entre os objetivos principais do Pró-Residência

implementado em 2009 (Tabela 2 em subsessão 2.1 dos Resultados).

Em Portugal, a primeira medida para o problema de escassez de médicos foi implementada

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em 1998, com o aumento do numerus clausus. A distribuição geográfica teve sua primeira

medida implementada em 1975 até 1982 - serviço médico na periferia, sendo somente

implementada em 2004 uma nova estratégia - vagas protocoladas. A distribuição entre os

níveis esteve presente nos objetivos das intervenções implementadas desde 2004, sendo

executada somente uma medida financeira para a correção de especialidades, as demais

intervenções focaram nos cuidados primários (Tabela 3 em subsessão 2.2 dos Resultados).

No que se refere ao momento em que a evidência científica foi utilizada nas estratégias

estudadas (descrição do ciclo da política encontra-se na subsecção Enquadramento Teórico

da Introdução no subitem 1.2.1), por meio das entrevistas foi identificado que no PMM foram

utilizadas evidências em todas as fases do ciclo da política: na configuração da agenda, com

evidências geradas por investigações nacionais que auxiliaram na identificação da

problemática e suas causas e, na advocacia da necessidade de uma intervenção (54–57); na

formulação da política – nas investigações internacionais foram identificadas possíveis

estratégias e nos estudos nacionais identificaram-se necessidades para a implementação do

PMM (5,7,8) e; na avaliação da implementação do programa (86). Enquanto na formulação

dos acordos bilaterais em Portugal, o uso da evidência científica gerada por resultados de

investigações decorreu na identificação do problema (17,87), sendo desta forma restrito à

configuração da agenda política (introdução do problema na agenda de decisão

governamental).

Relativamente à finalidade da utilização da evidência gerada por investigação (descrita na

subsecção Enquadramento Teórico da Introdução, subitem 1.2.3) verificou-se que esta pode

variar na mesma política. No caso do PMM as partes interessadas entrevistadas não atingiram

um consenso entre os motivos do uso. Os motivos variaram entre o uso conceitual, que

envolve uma forma mais geral e indireta do uso da evidência; o uso instrumental que envolve

a aplicação dos resultados de investigação de formas específicas e diretas e; o uso simbólico

onde a investigação é utilizada para validar e apoiar decisões previamente tomadas por outras

razões (75–77). O uso da evidência científica nos acordos bilaterais em Portugal, sendo

utilizado para a inserção do problema na agenda de decisão governamental, foi classificado

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

157

como um uso instrumental. Contudo, alguns atores interessados questionaram se a evidência

poderia ser utilizada de forma adequada, ou somente para apoiar uma decisão previamente

tomada, de forma simbólica. A interligação e a importância dos três usos de investigações

não foram achados únicos desta tese (67).

Algumas finalidades da utilização da evidência são mais difíceis de serem identificadas que

outras como, por exemplo, o uso conceitual é mais difícil de ser identificado do que o uso

instrumental. Formuladores podem utilizar investigações que apoiam as suas próprias

ideologias ou os seus próprios programas políticos. O uso seletivo da investigação pode ser

facilitado em investigações que apoiam políticas atuais, apoiam a pressão da comunidade ou

existe uma interação entre o produtor e o utilizador (88). Este uso seletivo de evidência pode

ser difícil de ser obtido em entrevistas, por colocar os tomadores de decisão em “má posição”

(88). Através das informações apresentadas pelos formuladores envolvidos em ambas as

intervenções estudadas, foi possível ser identificado o uso instrumental e conceitual, não

sendo clarificado pelos formuladores se utilizaram as investigações de forma seletiva.

Determinantes do uso de evidência na formulação de políticas que podem atuar como

barreiras ou facilitadores (89) (conforme a revisão da literatura apresentada na Introdução na

subsecção Escopo da Tese item 1.3.3) podem ser categorizados em quatro áreas: contexto

das investigações, contexto político, interação e comunicação entre políticos e investigadores

e, fatores externos. Pelos resultados expostos (capítulo Resultados na subsecção 2.3), é

possível referir que os fatores que determinaram o uso de evidência científica nas duas

intervenções políticas em análise concentraram-se no contexto da investigação, contexto da

formulação política e interação entre formuladores e investigadores.

Relativamente ao contexto das investigações os determinantes identificados foram:

o Relevância do tópico de investigação - o alinhamento da produção científica com as

prioridades do governo (71,88) no PMM e com a fase do ciclo da política (72,73,83)

foram identificados como facilitadores do uso. Os decisores são mais propensos a

utilizar a investigação que reflete as suas prioridades e cujas recomendações são

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

158

oportunas (90);

o Dependência das prioridades de investigação às fontes de financiamento e

instrumentos do governo para o financiamento – a dependência das fontes de

financiamento foi observada em ambos os contextos das intervenções estudadas, e o

uso de instrumentos pelo governo para direcionar as prioridades de investigação foi

observado somente no contexto do PMM. O apoio financeiro contínuo à investigação

é essencial para o direcionamento da produção científica às prioridades do governo e

consequente tradução de resultados em recomendações concretas (80,90);

o Compreensão do processo de formulação de política e dos fatores concorrentes à

produção científica pelos investigadores – os três principais investigadores nacionais

que tiveram resultados de investigação utilizados para a formulação do PMM

participaram em algum momento das suas carreiras como formuladores de política

no MS brasileiro. O bom entendimento do processo político e do contexto em torno

das prioridades políticas é um dos fatores que pode afetar o uso de investigações (71),

por facilitar entre outros, o reconhecimento das janelas de oportunidades que os ciclos

de planeamento oferecem ao investigador para influenciar as decisões (90) e

minimizar a perda da relevância na utilização política dos resultados de investigação

por tornarem-se disponíveis demasiadamente tarde;

o Mecanismos utilizados para acondicionar1, divulgação e formas de apresentação dos

resultados - a utilização da evidência é maior quando a apresentação dos resultados é

feita de forma sucinta e clara e, reduzida com uma baixa divulgação (71,88). Nos dois

contextos estudados nenhum dos investigadores revelou métodos inovadores na

apresentação dos resultados, a maioria dos estudos utilizados no PMM e na

identificação da problemática em estudo em Portugal tiveram os seus resultados

apresentados em formato de relatórios de investigação, divulgados diretamente ao

local que os encomendou (por vezes não disseminado ao público de forma geral).

Desta forma, a necessidade da investigação demonstrou-se mais determinante do que

1 Mecanismos utilizados para acondicionar os resultados dos estudos do inglês Information-packaging

mechanisms, os produtos dos resultados de investigação podem assumir diversas formas podendo ser divididos

em mecanismos tradicionais (livros, artigos, revisões sistemáticas, projetos de investigação, etc.) ou inovadores

(resumo de relatórios, resumo de artigos, resumos executivos, policy briefs, newsletters, blogs, etc.) (96).

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

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a forma com que esta é apresentada e divulgada.

Em relação ao contexto político, os determinantes identificados foram:

o Dimensão da intervenção e volume financeiro necessário para a implementação – o

PMM exigiu um maior volume financeiro, envolvendo uma serie de intervenções a

incluir alterações no processo de formação médica e teve uma maior abrangência de

seu impacto quanto a melhoria do acesso da população aos profissionais médicos em

comparação aos acordos bilaterais em Portugal. Intervenções que necessitam maior

volume financeiro e apresentam um maior risco têm um maior nível de evidência

científica exigido pelos atores para a sua aprovação (91);

o Cultura, crenças e atitude dos formuladores em relação às investigações e aos

investigadores – experiencias pessoais, julgamentos, valorização da evidência gerada

por investigação, relação de confiança entre investigadores e formuladores e,

credibilidade dos centros de investigação são fatores que têm o potencial de aumentar

o uso de evidência na formulação de políticas (71,92). Os atores entrevistados no

processo do PMM, principalmente os formuladores, reconheceram a importância da

utilização da evidência em todas as fases da política. Em contrapartida, os atores

envolvidos no processo de formulação dos acordos bilaterais em Portugal

reconhecerem a importância do uso de evidências geradas por resultados de

investigação restrita à identificação da problemática;

o Características do processo de formulação da política no país, como, por exemplo, a

inflexibilidade ou a não transparência no processo político (71) podem influenciar no

uso de evidências científicas obtidas por resultados de investigação. O processo

político em análise em Portugal teve como característica a centralização em poucos

atores. No Brasil o processo foi conduzido por formuladores do MS com a

participação de outros atores, também envolveu espaços de discussão, necessitando

assim de uma maior transparência no processo;

o Cultura organizacional do uso – o uso da investigação de serviços de saúde na

formulação de políticas pode ser aprimorado pela cultura do governo que nutre o

interesse e o valor na investigação (92). No Brasil a evidência tem sido incluída no

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processo de formulação com o auxílio de alguns instrumentos como a agenda de

pesquisa e estratégias, por exemplo, a Rede de Observatório de Recursos Humanos

em Saúde no Brasil (ObservatórioRHS). Em Portugal não foram identificados

instrumentos institucionais que promovessem o uso de evidência científica na

formulação da estratégia em análise.

Acerca da interação entre formuladores e investigadores:

o A interação entre investigadores e formuladores de políticas foi um fator facilitador

em ambas as políticas, descrita em maior detalhe no item 3.1.4 deste capítulo – A

interação tem o potencial de reduzir desconfianças e promover uma melhor

compreensão do processo e dos resultados das investigações pelos tomadores de

decisão política. Também fornece aos investigadores um melhor entendimento do

processo de formulação, das necessidades e das prioridades da política. Facilita o

estabelecimento de perguntas de investigação mais apropriadas ao contexto e

promove o acompanhamento da evolução da investigação de forma a evitar que os

resultados se tornem disponíveis tardiamente. Contudo, podem não ser facilmente

estabelecidas devido a instabilidade política e a alta rotatividade nos cargos políticos

(71,88).

3.1.4. Estratégias utilizadas para potencializar a formulação de políticas de Recursos

Humanos em Saúde informadas por evidência científica

Para a concretização do terceiro objetivo específico desta tese, foram analisadas abordagens

e estratégias utilizadas para promover o uso da evidência e consequentemente auxiliarem na

redução dos determinantes que atuaram como barreira e potencializar aqueles que atuaram

como facilitadores.

No que se refere à abordagem utilizada (descrição das possíveis abordagens para promover

o uso de evidência encontram-se na subsecção Enquadramento Teórico da Introdução,

subitem 1.2.3), uma das abordagens que promoveu o uso da evidência científica em ambas a

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estratégias estudadas - na formulação do PMM e na entrada na agenda política do problema

em Portugal - foram esforços para a recolha de evidência pelo usuário2. Este tipo de esforços

são apropriados em situações em que os potenciais utilizadores identificaram uma lacuna no

conhecimento e querem resolver de forma atempada (93).

Outra abordagem utilizada no PMM foram esforços de intercâmbio 3. A SGTES sempre

possuiu uma relação com um conjunto de investigadores da Rede ObservatórioRHS os quais

produziram ao longo do tempo um conjunto de investigações encomendadas e financiadas

pelo MS que serviram para informar a formulação do programa. A rede ObservaRHS atua

desde 1999 sob a coordenação nacional da SGETS. Com o objetivo de produzir estudos,

investigação e propiciar o amplo acesso a informações e análises sobre a área do trabalho e

da edução na saúde no país. Com o intuito de contribuir para a formulação, acompanhamento

e avaliação de políticas e projetos na área de RHS. O ObservaRH é composto por 21 estações

de trabalho localizadas em Universidades e Secretarias de Saúde (94), três destas estações

foram identificadas como envolvidas na formulação do PMM (ObservaRH SP, ObservaRH

IMS/UERJ, e ObservaRH NESC/UFMG).

Os observatórios podem ser considerados como organizações knowledge broker 4. Onde

promovem a ligação entre investigadores e tomadores de decisão facilitando a sua interação

de modo a serem mais capazes de entender os objetivos e cultura profissional de cada um,

influenciar o trabalho do outro, criar novas parcerias e usar a evidência baseada em

investigação. Em última instância apoiar a tomada de decisão baseada em evidência na

organização, gestão e prestação de serviços de saúde. Os modelos existentes de knowledge-

brokering podem contribuir para que a tarefa de informar os decisores quanto à evidência de

investigação se caracterize como sendo um processo tanto social como técnico. Contudo, até

2 Esforços para a recolha de evidência pelo usuário, do inglês user pull, envolve entre outros pacientes,

funcionários públicos e profissionais de saúde que buscam a investigação para extrair informações e assim

tomar decisões (93). 3 Esforços de intercâmbio, do inglês exchange efforts ou linkage and exchange, ocorre quando produtores ou

provedores de investigação desenvolvem parcerias significativas com um grupo de usuários que os ajudam a

levantar questões relevantes e a responde-las (76,93,98). 4 Knowledge broker é um individuo ou uma organização que se dedica a “knowledge brokering” (99).

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ao momento está apoiada por “evidências anedóticas” que sugerem que knowledge-brokering

podem ser eficazes na melhoria da qualidade e no uso de evidências na tomada de decisão

(95).

Na interação e comunicação entre os políticos e investigadores quer seja no estabelecimento

de prioridades, no processo de execução da investigação ou no apoio ao uso da evidência, os

mecanismos de intercâmbio de conhecimentos utilizados para a divulgação dos resultados de

investigação5 podem favorecer o seu uso (96). A qualidade das relações, a credibilidade

desenvolvida pelas parcerias de investigadores e a inclusão de indivíduos-chave

(formuladores, tomadores de decisão ou lideres de opinião) no planeamento e desenho de

investigações apresenta-se com um componente determinante no uso da evidência (92). Em

ambas as intervenções estudas foram utilizados mecanismos tradicionais para promover o

intercâmbio de conhecimento, por exemplo, reuniões de apresentação dos resultados de

projetos financiados pelo MS a um público que inclui decisores políticos.

A mesma estratégia foi utilizada em ambas as intervenções para trazer agilidade ao processo

de utilização dos resultados de investigação no MS, o financiamento direto de investigações

com apresentação de resultados intermediários pelos investigadores. Outros mecanismos de

financiamento tradicional do MS como, por exemplo, linhas de investigação apresentadas

por fontes de financiamento do governo (FCT – Portugal, CNPq – Brasil, CAPs – Brasil,

etc.), editais apresentados pelo MS com concorrência aberta pelos investigadores, entre

outros, os quais requerem no mínimo 3 anos para a obtenção de resultados, mais o tempo da

produção do artigo, o que pode retirar a relevância dos resultados ao processo político.

Adicionalmente a estes mecanismos tradicionais, o Brasil utiliza o mecanismo de

financiamento direto às redes de observatórios de naturezas distintas. Os investigadores

participantes das redes apresentam os seus projetos de investigação e os formuladores

5 Mecanismos de intercâmbio de conhecimentos do inglês interactive knowledge-sharing mechnisms podem

ser, por exemplo, por diálogos políticos, briefings personalizados, discussões informais (96). São divididos em

mecanismos tradicionais (fóruns de discussão on-line com acesso restrito, apresentação a um público que inclui

decisores políticos – ex. conferências, reuniões, etc.) ou inovadores (fóruns de discussão on-line com acesso

livre – blogs, facebook, twitter, oficinas de formação, diálogos deliberativos, entre outros).

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

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selecionam os estudos mais necessários para o desenvolvimento das políticas. Por vezes, é

executado um ajuste no projeto para conseguir responder a perguntas avaliadas como

necessárias pelos formuladores.

Os estudos desenvolvidos no âmbito da tese podem apresentar algumas limitações.

Relativamente à análise de documentos, talvez não tenham sido encontrados todos os

documentos existentes, já que alguns podem estar em domínio restrito ou, podem ter sido

indexados inadequadamente nas bases de dados. Além disso, os artigos desenvolvidos a partir

das análises destes documentos podem não apresentar uma perspetiva completa do contexto

das políticas de RHS no Brasil e em Portugal. Esta limitação foi reduzida pelas entrevistas

com os principais atores envolvidos nas estratégias estudadas. Por fim, pode-se apresentar o

viés de memória, visto os entrevistados serem indagados quanto a eventos que para alguns

decorreram há 10 anos. Embora tenha sido utilizada uma estratégia para maximizar a

variação das respostas, não é possível afirmar que os pontos de vista descritos representam

todas as perspetivas possíveis, portanto não sendo possível a sua generalização.

3.2. Conclusões

Com as informações apresentadas referentes à estratégia de contratação de médicos

estrangeiros por acordo bilaterais em Portugal, questiona-se a existência de um ciclo no

processo de uso de evidência científica geradas por resultados de investigação na formulação

de políticas públicas de RHS. O ciclo inicia-se pela cultura organizacional, seguido pelo

financiamento de investigações e a produção de investigação no país, finalizando com o uso

ou não uso de evidência científica gerada por investigações. A falta de cultura organizacional

para o uso da evidência pode levar a uma falha de financiamento da investigação no país.

Este facto pode restringir a investigação na área de RHS. O ciclo é finalizado com a escassez

de investigações relevantes para tomada de decisão política, o que reforça a falta de cultura

organizacional e o não uso na informação de políticas.

Na formulação do PMM foi observado o oposto a esta situação. O programa foi formulado

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num cenário de reconhecimento da importância da evidência pela organização (Ministério da

Saúde). O financiamento de investigações de RHS no Brasil apresenta um panorama

diferente ao de Portugal. O finaciamento disponivel para a investigação não é tão abundante,

ao ser comparado com outras áreas da saúde, mas é constante o que contribui para a produção

científica a qual foi utilizada na formulação da política em análise.

Implicações para políticas futuras

Nos dois países analisados foi identificada a necessidade de intervenções e políticas que

considerem todas as áreas do mercado de trabalho em saúde e contenham diferentes ações

que permeiem diversos sectores (tais como a educação e o emprego). Para contribuir com o

aumento de evidências trazidas por resultados de investigação de forma a reduzir o risco que

a formulação de políticas decorra de maneira improvisada ou terem o seu processo dominado

por outros fatores que não a evidência é necessárionecessário:

o o investimento em ambientes de discussão e plataformas de interações entre

investigadores, formuladores e outros utilizadores de investigação;

o o empoderamento da sociedade civil para que utilize evidência para defender ou

impedir a implementação de estratégias, visando contribuir com o controle do uso

inadequado da evidência por alguns atores;

o a criação de espaços para a participação da sociedade ou de outros atores no processo

de formulação de políticas em Portugal;

o o aumento do apoio à investigação em termos de financiamento e mecanismos de

estabelecimento de prioridades políticas em Portugal e;

o até que seja possível obter os resultados com esta ação é necessário dispor de

ferramentas que auxiliem a identificação e avaliação de investigações realizadas em

diferentes contextos e avaliem a aplicabilidade no contexto português.

Implicações para investigações futuras

Face ao exposto e na sequência dos resultados desta tese é importante ressaltar a necessidade

de futuras investigações no campo de RHS e também na área de políticas informadas por

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evidência científica. Embora exista uma produção local de evidência na área de RHS, é

necessário:

o estudos que efetuem o monitoramento do fluxo de saídas dos profissionais médicos

principalmente quanto a sua emigração, especialmente no contexto português de

inserção na União Europeia;

o estudos relativos à saída de profissionais para o setor de saúde privado ou outros

setores e, o duplo emprego. Estudos que facultem um diagnóstico mais preciso sobre

a má distribuição dos médicos entre os níveis de atenção;

o mais análises relativas aos fatores que levariam aos médicos a migrar e atuarem em

regiões desassistidas nos dois países em estudo. O que seria possível com a execução

de estudos qualitativos e “Estudos de Preferência Declarada” (do inglês Discrete

Choice Experiment - DCE) que permite identificar as preferências dos indivíduos a

partir de comparações entre certas características do trabalho uma vez que alguns

benefícios no contrato de trabalho pode ser um contraponto do local de atuação

(31,97);

o investigações de avaliação das estratégias implementadas nestes dois países;

o revisões sistemáticas sobre experiências desenvolvidas e contextos nos diversos

países e comparações dos resultados e impactos conduzidos por estas estratégias;

o investigações que analisem alternativas implementadas em outros países para a

redução da problemática em estudo de uma forma crítica à luz do contexto brasileiro

e português.

Relativamente á investigação na área do uso de evidência científica na formulação de

políticas são necessários estudos:

o que visem a compreensão da cultura organizacional do uso de evidência nos dois

países em análise, que explorem crenças, atitudes e, identifiquem intervenções que

estimulem o uso de evidência;

o que explorem mecanismos para controlar o uso seletivo de investigações por alguns

atores conforme os seus interesses como, por exemplo, o empoderamento da

população para o uso de evidência científica;

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DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

166

o que identifiquem a agenda de investigação dos formuladores e dos investigadores na

área de RHS, para o alinhamento de prioridades;

o que explorem a influencia da forma de divulgação dos resultados de investigações no

seu uso;

o sobre o impacto da interação entre formuladores e investigadores;

o sobre estratégias utilizadas para potencializar o uso da evidência e a atuação de

organizações knowledge-brokering neste processo, utilizando-se de outras políticas

implementadas nestes dois países;

o que explorem a efetividade e o impacto do uso de investigação no PMM.

Esta tese contribui no conhecimento das possíveis influências concorrentes à evidência

científica no processo de formulação de políticas públicas de RHS. Uma política de RHS

informada pela melhor evidência de investigação disponível pode contribuir para a melhoria

do desempenho dos profissionais e a correção ou redução do desequilíbrio na composição,

distribuição e o melhor emprego da força de trabalho. De forma a beneficiar os utilizadores

dos serviços na melhoria ao acesso aos cuidados de saúde adequados, diminuir as iniquidades

em saúde e levar ao uso eficiente de recursos limitados para prestação de cuidados de saúde

e investigação.

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177

MATERIAL SUPLEMENTAR

1. Descritores utilizados nas bases de dados da revisão sistemática de estudos

observacionais de fatores que influenciam a formulação de uma política

Tabela 4. Descritores utilizados nas bases de dados por área

Área Inglês Português Espanhol Processo político policy process

policymaking

policy-making

policy making

policy formulation

problem definition

policy implementation

policy analysis

agenda

agenda-setting

agenda setting

decision-making

decision making

processo político

formulação de políticas

definição de problema

implementação de política

analise de política

estabelecimento de agenda

tomada de decisão

proceso político

formulación de políticas

definición del problema

impletación de política

análise de política

establecimiento de la

agenda

toma de decisiones

Uso de evidência

evidence-informed

evidence informed

evidence-based

evidence based

knowledge-based

knowledge based

knowledge-informed

knowledge informed

research-based

research based

research-informed

research informed

knowledge translation

knowledge-to-action

knowledge to action

knowledge into action

knowledge mobilization

informada por evidência

baseada em evidência

baseada em conhecimento

informada por conhecimento

baseada em pesquisa

informada por pesquisa

tradução do conhecimento

do saber à ação

mobilização do conhecimento

informado por evidencia

basada en la evidencia

basada en conocimiento

informado por

conocimiento

basada en investigación

informado por

investigación

traducción del

conocimiento

del conocimiento a la

acción

conocimiento en acción

Page 192: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

178

research to action

evidence uptake

knowledge uptake

research uptake

knowledge transfer

research utilization

research utilisation

knowledge exchange

da pesquisa a ação

capitação de evidência

capitação de conhecimento

capitação de pesquisa

transferência de conhecimentos

utilização de pesquisa

intercâmbio de conhecimentos

movilización del

conocimiento

investigación para la

acción

captación de evidencia

captación de

conocimiento

captación de

investigación

transferencia de

conocimiento

utilización de la

investigación

intercambio de

conocimientos

Setor Saúde health

health-care

health care

healthcare

health-system

health system

health-sector

health sector

saúde

cuidados de saúde

sistemas de saúde

sistemas e serviços de saúde

setor de saúde

salud

cuidado de salud

sistemas de salud

sistemas y servicios de

salud

sector de la salud

Page 193: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

179

2. Pesquisa executada nas bases de dados da revisão sistemática de estudos

observacionais de fatores que influenciam a formulação de uma política

Tabela 5. Pesquisa executada nas bases de dados selecionadas

Base Termos Número de

documentos

Pubmed ("policy making"[MeSH Terms] OR "policy process"[All Fields] OR policymaking[All

Fields] OR "policy-making"[All Fields] OR "policy making"[All Fields] OR "policy

formulation"[All Fields] OR "problem definition"[All Fields] OR "policy

implementation"[All Fields] OR "policy analysis"[All Fields] OR ("Agenda"[Journal] OR

"agenda"[All Fields]) OR "agenda-setting"[All Fields] OR "agenda setting"[All Fields] OR

"decision-making"[All Fields] OR "decision making"[All Fields]) AND ("evidence-

informed"[All Fields] OR "evidence informed"[All Fields] OR "evidence-based"[All Fields]

OR "evidence based"[All Fields] OR "knowledge-based"[All Fields] OR "knowledge

based"[All Fields] OR "knowledge-informed"[All Fields] OR "knowledge informed"[All

Fields] OR "research-based"[All Fields] OR "research based"[All Fields] OR "research-

informed"[All Fields] OR "research informed"[All Fields] OR "knowledge translation"[All

Fields] OR "knowledge-to-action"[All Fields] OR "knowledge to action"[All Fields] OR

"knowledge into action"[All Fields] OR "knowledge mobilization"[All Fields] OR "research

to action"[All Fields] OR "evidence uptake"[All Fields] OR "knowledge uptake"[All Fields]

OR "research uptake"[All Fields] OR "knowledge transfer"[All Fields] OR "research

utilization"[All Fields] OR "research utilization"[All Fields] OR "knowledge exchange"[All

Fields]) AND (("health"[MeSH Terms] OR "health"[All Fields]) OR "health-care"[All Fields]

OR "health care"[All Fields] OR "healthcare"[All Fields] OR "health-system"[All Fields] OR

"health system"[All Fields] OR "health-sector"[All Fields] OR "health sector"[All Fields])

6360

Virtual

Health

Library

tw:((policy process OR policymaking OR policy-making OR policy making OR policy

formulation OR problem definition OR policy implementation OR policy analysis OR

agenda OR agenda-setting OR agenda setting OR decision-making OR decision making)

AND (evidence-informed OR evidence informed OR evidence-based OR evidence based

OR knowledge-based OR knowledge based OR knowledge-informed OR knowledge

informed OR research-based OR research based OR research-informed OR research

informed OR knowledge translation OR knowledge-to-action OR knowledge TO action

OR knowledge into action OR knowledge mobilization OR research TO action OR

evidence uptake OR knowledge uptake OR research uptake OR knowledge transfer OR

research utilization OR research utilization OR knowledge exchange) AND (health) ) AND

(instance:"regional") = 29

tw:((política*) AND (informada por evidência OR baseada em evidência OR baseada em

conhecimento OR informada por conhecimento OR baseada em pesquisa OR informada

por pesquisa OR tradução do conhecimento) AND (saúde) ) AND (instance:"regional") =

1

tw:((política*) AND (do saber à ação OR mobilização do conhecimento OR da pesquisa a

ação OR capitação de evidência OR capitação de conhecimento OR capitação de

pesquisa OR transferência de conhecimentos OR utilização de pesquisa OR intercâmbio

de conhecimentos) AND (saúde) ) AND (instance:"regional") = 9

tw:((política*) AND (informado por evidencia OR basada en la evidencia OR basada en

conocimiento OR informado por conocimiento OR basada en investigación OR

139

Page 194: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

180

informado por investigación OR traducción del conocimiento) AND (salud) ) AND

(instance:"regional") = 5

tw:((política*) AND (del conocimiento a la acción OR conocimiento en acción OR

movilización del conocimiento OR investigación para la acción OR captación de evidencia

OR captación de conocimiento OR captación de investigación OR transferencia de

conocimiento OR utilización de la investigación OR intercambio de conocimientos) AND

(salud)) AND (instance:"regional") = 95

CRD ((policy process OR policymaking OR policy-making OR policy making OR policy

formulation OR problem definition OR policy implementation OR policy analysis OR

agenda OR agenda-setting OR agenda setting OR decision-making OR decision making) )

AND ((evidence-informed OR evidence informed OR evidence-based OR evidence based

OR knowledge-based OR knowledge based OR knowledge-informed OR knowledge

informed OR research-based OR research based OR research-informed OR research

informed OR knowledge translation OR knowledge-to-action OR knowledge to action OR

knowledge into action OR knowledge mobilization OR research to action OR evidence

uptake OR knowledge uptake OR research uptake OR knowledge transfer OR research

utilization OR research utilization OR knowledge exchange) ) AND ((health OR health-

care OR health care OR healthcare OR health-system OR health system OR health-sector

OR health sector)) IN DARE, NHSEED, HTA FROM 2000 TO 2015

97

OVID (policy process OR policymaking OR policy-making OR policy making OR policy

formulation OR problem definition OR policy implementation OR policy analysis OR

agenda OR agenda-setting OR agenda setting OR decision-making OR decision making)

AND (evidence-informed OR evidence informed OR evidence-based OR evidence based

OR knowledge-based OR knowledge based OR knowledge-informed OR knowledge

informed OR research-based OR research based OR research-informed OR research

informed OR knowledge translation OR knowledge-to-action OR knowledge to action

OR knowledge into action OR knowledge mobilization OR research to action OR

evidence uptake OR knowledge uptake OR research uptake OR knowledge transfer OR

research utilization OR research utilization OR knowledge exchange) AND (health OR

health-care OR health care OR healthcare OR health-system OR health system OR

health-sector OR health sector)

5042

Health

Systems

Evidence

Open search: "policy process OR policymaking OR policy-making OR policy making OR

policy formulation OR problem definition OR policy implementation OR policy analysis

OR agenda OR agenda-setting OR agenda setting OR decision-making OR decision

making" (search title, abstract and synonyms fields)

"evidence-informed OR evidence informed OR evidence-based OR evidence based OR

knowledge-based OR knowledge based OR knowledge-informed OR knowledge

informed OR research-based OR research based OR research-informed OR research

informed OR knowledge translation OR knowledge-to-action OR knowledge to action

OR knowledge into action OR knowledge mobilization OR research to action OR

evidence uptake OR knowledge uptake OR research uptake OR knowledge transfer OR

research utilization OR research utilization OR knowledge exchange" (search title,

abstract and synonyms fields)

"health OR health-care OR health care OR healthcare OR health-system OR health

system OR health-sector OR health sector" (search title, abstract and synonyms fields)

Publication date range: 2000 - 2015

316

Page 195: Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e ... · "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." São

181

Banco de

Tese Capes

A) (formulação de políticas) AND Saúde AND (“informada por evidência” OR “baseada

em evidência” OR “baseada em conhecimento”) = 1

B) (formulação de políticas) AND Saúde AND (informada por pesquisa” OR “tradução

do conhecimento”) = 0

C) (formulação de políticas) AND Saúde AND (“do saber à ação” OR “mobilização do

conhecimento” OR “da pesquisa a ação”) =0

D) formulação de políticas) AND Saúde AND (“mobilização do conhecimento”) = 0

E) (formulação de políticas) AND Saúde AND (“capitação de evidência” OR “capitação

de conhecimento” OR “capitação de pesquisa”) = 0

F) (formulação de políticas) AND Saúde AND (“transferência de conhecimentos” OR

“utilização de pesquisa”) = 1

G) (formulação de políticas) AND Saúde AND ("intercâmbio de conhecimento") =0

H) (formulação de políticas) AND Saúde AND ("intercâmbio de conhecimentos") =0

I) políticas AND Saúde AND evidência = 113

115

Repositório

Científico

de Acesso

Aberto de

Portugal

(RCAAP)

(processo político OR formulação de políticas OR definição de problema OR

implementação de política OR analise de política OR estabelecimento de agenda OR

tomada de decisão) AND (“informada por evidência” OR “baseada em evidência” OR

“baseada em conhecimento” OR “informada por conhecimento” OR “baseada em

pesquisa” OR “informada por pesquisa” OR “tradução do conhecimento” OR “do saber

à ação” OR mobilização do conhecimento OR da pesquisa a ação OR capitação de

evidência OR da pesquisa a acção OR capitação de conhecimento OR capitação de

pesquisa OR transferência de conhecimentos OR utilização de pesquisa OR intercâmbio

de conhecimentos) AND (saúde OR cuidados de saúde OR sistemas de saúde OR sistemas

e serviços de saúde OR setor de saúde OR sector de saúde)

16

Total 12085

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182

3. Guião de Entrevista Semiestruturada (versão para o Programa Mais Médicos)

Local Data Começo Fim

Entrevistador

Perguntas a serem feitas ao entrevistado Tópicos para desenvolver caso não sejam espontaneamente referidos

1. Começando pela história do Programa Mais Médicos, gostaria que me contasse a sua perspectiva sobre como ocorreu a formulação deste programa?

A. Participação do entrevistado Como se deu a sua participação neste programa? Esteve incluído no processo de formulação? B. Objetivo da política em sua formulação C. Escolha da intervenção Existiam outras intervenções possíveis cogitadas no momento da escolha detesta intervenção que poderiam ser implementadas no país para a redução da distribuição assimétrica dos médicos? Quais eram? Na sua opinião, poderia ter sido equacionada mais alguma que não foi mencionada naquele momento?

2. Quais são os fatores que influenciaram na formulação do Programa Mais Médicos?

2.1 No momento da definição da política, foram considerados os atores que eram esperados ganhar ou perder com a implementação da estratégia?

(a) Estes atores exerceram pressão política na escolha desta intervenção? Quanto? Como isso ocorreu? (B) Esta oposição ou advocacia foi elaborada utilizando diferentes fontes ou evidência científica? Qual?

2.2. Na sua opinião o fato da formulação desta política ter ocorrido especificamente nesta instituição (Ministério da Saúde) teve influência na formulação desta política? - As instituições referem-se as regas formais e informais, as normas, os precedentes e os fatores organizacionais que estruturam o comportamento político (NCCHPP, 2014; Lavis, 2012).

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183

2.3 No momento da definição da política, foram consideradas as evidências científicas e os dados disponíveis?

Pesquisador e Formulador Se não, Que motivo você daria para a não utilização (no conhecimento do problema, das opções e escolha da estratégia de contratação de médicos estrangeiros)? Se sim, Qual resultado/dado (autor/pesquisa dado)? Em que momento foi utilizada - momento e tipos de pesquisa (problemática, identificação de estratégias, ou escolha)? Vc sabe como se teve acesso a esta informação/evidência (encontrada por busca/ foi encomendada/referenciado)? Como ela funcionou (para apoiar ou para ir contra a escolha)? Vc conhece o fundo de financiamento desta pesquisa? Teve um impacto sobre a sua avaliação de credibilidade da mesma? Especificamente para os formuladores de políticas que indicaram ter encomendado uma pesquisa: (a) Quando a pesquisa foi encomendada que questão foi apresentada ao investigador para ser respondida? (b) A pesquisa respondeu as perguntas colocadas? (caso negativa) Quais a razão da não resposta? Pesquisador e Formulador Utilização em outro país (policy transfer) Você conhece algum outro país que utiliza ou utilizou-se desta estratégia? (se sim) O conhecimento se deu posteriormente ou previamente a escolha desta estratégia para o país? Este conhecimento interferiu de alguma forma na escolha ou utilização desta intervenção?

2.4. Quais foram os fatores externos, como por exemplo o ambiente económico, político e sociocultural e mídia, que influenciaram na formulação deste programa de alguma forma? Os fatores externos podem propiciar oportunidades para introduzir alterações no contexto como, por exem plo, a cobertura do mídia, mudanças económicas, etc (NCCHPP, 2014; Lavis, 2012).

3. Nesta política foi considerado a execução de algum tipo de avaliação?

Se não, explorar as razões

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184

Se sim (a) Que tipo de avaliação - consulta da população ou grupo de interesses referente a aceitabilidade ou preferência? (b) Foi implementada? (c) Quais os atores responsáveis por esta avaliação? (d) Esta disponível ao púbico (onde)? (c) Caso tenha citado a identificação da implementação da estratégia em outro país também perguntar se tem conhecimento se o país teve uma avaliação e se teve acesso a ela

4. No Brasil existe um histórico de políticas implementadas como por exemplo PITs para a distribuição dos médicos; na sua perspectiva porque não ocorreu a continuidade e/ou a melhora das mesmas?

(a) Foi implementada anteriormente ou posteriormente? (b) Esta ainda a ser implementada? (c) Você conhece seus resultados? (d) Existe alguma política direcionada a outros profissionais? (e) Conhece os motivos da não execução?

5. Quanto à temática de atração, recrutamento e retenção de médicos para zonas rurais, remotas ou carenciadas, existe alguma questão específica que não esteja respondida por pesquisa que você verifica como importante ser respondida para melhorar a atuação frente a esta problemática ou definir uma nova intervenção?

6. De forma geral, existe algum mecanismo criado/incentivado pelo Ministério da Saúde para facilitar o acesso aos resultados de pesquisas? Estes mecanismos também se aplicam ao RHS?

6. Pesquisadores: Quais são as formas de financiamento e acesso as pesquisas de RHS no país? Quais são os locais de financia ou encomenda? De que forma a encomenda/financiamento ocorre (edital, termo de referência, institutos de pesquisa nacionais, núcleos de evidências internos, etc.?) Para quem se encomenda (pesquisador, entidade, consultor internos ou externos)? Entre as condições de financiamento esta a promoção do uso da evidência por formuladores de política ou outro grupo alvo?

Pedir para indicar um pesquisador e um formulador de política que identifique como envolvido no processo de formulação do programa PITS= Programa de interiorização do trabalho em Saúde RHS= Recursos Humanos para a Saúde