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UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO MPA ANTONIO WILTON DE MORAIS JUNIOR RESPONSABILIDADE SOCIAL E PAPÉIS GERENCIAIS: UM ESTUDO NAS EMPRESAS VENCEDORAS DO PRÊMIO SESI DE QUALIDADE NO TRABALHO NATAL/2012

UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA DE … · ANTONIO WILTON DE MORAIS JUNIOR RESPONSABILIDADE SOCIAL E PAPÉIS GERENCIAIS: UM ESTUDO NAS EMPRESAS VENCEDORAS DO PRÊMIO SESI DE

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA

ANTONIO WILTON DE MORAIS JUNIOR

RESPONSABILIDADE SOCIAL E PAPÉIS GERENCIAIS: UM ESTUDO NAS EMPRESAS

VENCEDORAS DO PRÊMIO SESI DE QUALIDADE NO TRABALHO

NATAL/2012

ANTONIO WILTON DE MORAIS JUNIOR

RESPONSABILIDADE SOCIAL E PAPÉIS GERENCIAIS: UM ESTUDO NAS EMPRESAS

VENCEDORAS DO PRÊMIO SESI DE QUALIDADE NO TRABALHO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em

Administração da Universidade Potiguar.

Área de Concentração: Gestão Estratégica de Pessoas.

Assunto: Responsabilidade Social e Competências

Gerenciais.

Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Whebber Souza de

Oliveira

NATAL/2012

ANTONIO WILTON DE MORAIS JUNIOR

RESPONSABILIDADE SOCIAL E PAPÉIS GERENCIAIS: UM ESTUDO NAS

EMPRESAS VENCEDORAS DO PRÊMIO SESI DE QUALIDADE NO TRABALHO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração da Universidade

Potiguar – MAP/UNP, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Whebber Souza de

Oliveira

Aprovada em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Profa. Dra. Patrícia Whebber Souza de Oliveira

Universidade Potiguar – UnP

Orientadora

______________________________________

Profa. Dra. Lydia Maria Pinto Brito

Universidade Potiguar – UnP

Membro

______________________________________

Profª. Drª. Suzaneide Ferreira da Silva

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

Membro

À Naiana, Bianca e Arthur pela

compreensão de minha ausência e pelo

apoio incondicional em

todos os momentos difíceis.

Aos meus pais, irmãos e amigos

pela presença e auxílio.

AGRADECIMENTOS

A DEUS, por todas as dificuldades e pela condição de poder transpô-las, pelo conforto nos

momentos difíceis e de angústia, pela sabedoria em acreditar que pelo poder da fé, tudo pode

ser possível...

À minha esposa Naiana, meus filhos Bianca e Arthur. Sem o apoio incondicional, a paciência

e o amor de vocês eu não teria conseguido finalizar essa caminhada...

Aos meus pais: Antonio Wilton e Ivanilde, meus irmãos Alysson e Amanda, pela torcida e

pelas orações...

Aos colegas de trabalho e de Mestrado: Gilmar, Daironne, Vanessa, Gilberto, Daiane e

Nichollas pelo companheirismo e pelo apoio mútuo...

À Universidade Federal Rural do Semi-Árido na pessoa do então Reitor Josivan Barbosa

Menezes Feitoza pelas condições necessárias que tivemos para cursar o Mestrado....

Aos Professores do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar pela

contribuição no meu desempenho como aluno e como pessoa durante o curso...

A minha orientadora Profa. Dra. Patrícia Whebber Souza de Oliveira, pela determinação,

inspiração e incentivo na consecução dessa dissertação...

A todos os colegas da Turma “E” do MPA da UnP, desconhecidos que tornaram-se colegas,

amigos e irmãos no decorrer dessa jornada...

Ao SESI/RN pelas informações disponibilizadas, às empresas vencedoras do PSQT 2007,

2008 e 2010 e seus gerentes pela participação na pesquisa da dissertação...

A todos os amigos e amigas que direta ou indiretamente me auxiliaram a realizar esse trabalho

e me ajudaram a conquistar mais uma etapa importante da minha vida.

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos,

guia-me mansamente a águas tranqüilas.

Refrigera a minha alma;

guia-me pelas veredas da justiça,

por amor do seu nome.

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,

não temeria mal algum, porque tu estás comigo;

a tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos,

unges a minha cabeça com óleo,

o meu cálice transborda.

Certamente que a bondade e a misericórdia

me seguirão todos os dias da minha vida;

e habitarei na casa do SENHOR por longos dias.

Salmos 23:1-6

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Mar Portuguez – Fernando Pessoa

RESUMO

A adoção de práticas de responsabilidade social e o desenvolvimento das competências

gerenciais estão se tornando para as empresas, estratégias de diferenciação e de

competitividade. Esse trabalho teve como objetivo principal identificar a relação entre os

Papéis Gerenciais e ações de Responsabilidade Social das empresas premiadas do Prêmio

SESI de Qualidade no Trabalho, e como objetivos específicos: relacionar os papéis gerenciais

da alta gerência das empresas vencedoras do PSQT no Rio Grande do Norte; e, identificar os

indicadores de práticas sociais mais comumente utilizadas pelas empresas estudadas. A

pesquisa foi aplicada junto aos 52 gerentes das empresas vencedoras do PSQT e obteve a

participação de 38 respondentes. A investigação dos dados foi categorizada como aplicada e

descritiva, de caráter quantitativo e considerada como estudo de caso. Para a consecução do

trabalho foi utilizado como técnica a estatística descritiva e correlação de spearman. Foi

possível observar que o Principal Papel Gerencial encontrado de acordo com o perfil dos

respondentes foi o de “Inovador” e o Indicador de Responsabilidade Social mais percebido

pelos gerentes foi o de “Ações Socioculturais”. As variáveis estudadas, de acordo com as

respostas dos gerentes participantes, apresentaram correlações positivas. Mesmo sendo

características de construtos distintos, os papéis gerenciais e os indicadores de

responsabilidade social do PSQT obtiveram correlação mais forte nos itens: indicador

“Estímulo ao Voluntariado Empresarial” e no papel de “Facilitador”. Assim foi possível

concluir que os gerentes das empresas analisadas, que já são referência em termos de

responsabilidade social, e por participarem de um concurso sobre o tema, se auto-avaliam

como gestores que sabem administrar e conviver com a mudança e por possuírem grande

poder criativo, percebem também que suas empresas desenvolvem eficazmente ações voltadas

à integração sociocultural entre seus colaboradores e suas famílias. Este estudo promove um

novo olhar para os dois construtos analisados em conjunto.

Palavras-chave: Responsabilidade Social, Competências Gerenciais, Gerentes, Prêmio SESI

de Qualidade no Trabalho.

ABSTRACT

The accession of Social Responsibility practices and the development of managerial skills are

becoming for businesses, differentiating and competitiveness strategies. This study aimed to

identify the relationship between actions and Managerial Roles from the companies awarded

by the Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho, and as specific objectives: to relate the

managerial roles of senior management of the winners of PSQT in Rio Grande do Norte; and,

identify indicators of social practices most commonly used by companies studied. The

research was applied along with the 52 managers of the PSQT winning companies and

obtained the participation of 38 respondents. The research data was categorized as applied and

descriptive, of quantitative character and considered as a case study. To achieve the work it

was used as technique the descriptive statistics and Spearman correlation. It was observed that

the Main Managerial Role found matching the profile of the respondents was "Innovative"

and the Social Responsibility Indicator most perceived by managers was the "Sociocultural

Actions". The variables studied, according to the responses of participants managers showed

positive correlations. Even though these are characteristics of different constructs, managerial

roles and social responsibility indicators of the PSQT got stronger correlation in items:

"Encouraging to Corporate Volunteering" indicator and the role of "Facilitator". Thus it was

concluded that the managers of the companies analyzed, which are already standard in terms

of social responsibility, and by participating in a contest on the topic, evaluate themselves as

managers who know how to manage and cope with change and to possess great creative

power, they also feel their companies effectively develop actions aimed at socio-cultural

integration among its employees and their families. This study provides a new look at the two

constructs analyzed together.

Keywords: Social Responsibility, Management Skills, Managers, Prêmio SESI de Qualidade

no Trabalho

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Pirâmide da Responsabilidade Social de Carrol ....................... 29

Figura 02 – Modelo dos três domínios da Responsabilidade Social

Empresarial .................................................................................................. 29

Figura 03 – Mapa dos stakeholders de uma grande empresa ....................... 34

Figura 04 – Três dimensões da competência ............................................... 49

Figura 05 – Modelos e Papéis Gerenciais .................................................... 60

Figura 06 – Fluxograma da Pesquisa ........................................................... 78

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Principais contribuições da adoção de práticas de

responsabilidade social ................................................................................. 27

Quadro 02 – Opiniões das empresas a respeito dos benefícios do

voluntariado em relação aos funcionários .................................................... 43

Quadro 03 – Conceitos de competências ..................................................... 46

Quadro 04 – O profissional que sabe administrar uma situação complexa 54

Quadro 05 – Características dos quatro modelos gerenciais ........................ 58

Quadro 06 – Os oito papéis de liderança gerencial e suas respectivas

competências-chave ..................................................................................... 61

Quadro 07 – Etapa/Empresas estudadas ...................................................... 74

Quadro 08 – Resumo dos Procedimentos Metodológicos da Pesquisa ........ 75

Quadro 09 – Relação entre Questionários enviados e recebidos ................. 77

Quadro 10 – Relação entre Variáveis do estudo e os instrumentos de

pesquisa ........................................................................................................ 80

Quadro 11 – Variáveis Analíticas ................................................................ 81

Quadro 12 – Variáveis x Questionários x Análise Estatística utilizada ....... 82

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRINQ – Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos

CEATS – Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor

CHA – Competência, Habilidade e Atitudes

IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

ISO – International Organization for Standardization

NBR – Norma Brasileira

ONG – Organização Não Governamental

PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade

PSQT – Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho

RA – Relatório de Avaliação

RG – Relatório de Gestão

RH – Recursos Humanos

RN – Rio Grande do Norte

RS – Responsabilidade Social

SA – Social Accountability

SAI – Social Accountability International

SESI – Serviço Social da Indústria

UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido

USP – Universidade de São Paulo

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Faixa Etária dos sujeitos da pesquisa ....................................... 85

Tabela 02 – Escolaridade dos sujeitos da pesquisa ...................................... 85

Tabela 03 – Tempo de atuação na área dos sujeitos da pesquisa ................. 86

Tabela 04 – Tempo de atuação no cargo dos sujeitos da pesquisa .............. 87

Tabela 05 – Tempo de atuação na empresa dos sujeitos da pesquisa .......... 88

Tabela 06 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Mentor ....................................................................... 89

Tabela 07 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Facilitador ................................................................. 89

Tabela 08 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Monitor ...................................................................... 90

Tabela 09 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Coordenador .............................................................. 91

Tabela 10 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Diretor ....................................................................... 92

Tabela 11 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Produtor ..................................................................... 93

Tabela 12 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Negociador ................................................................ 94

Tabela 13 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências

Gerenciais - Papel de Inovador .................................................................... 95

Tabela 14 – Valores de freqüência (%) dos respondentes –

Responsabilidade Social – Voluntariado Empresarial ................................. 99

Tabela 15 – Valores de freqüência (%) dos respondentes –

Responsabilidade Social – Investimento Social ........................................... 100

Tabela 16 – Valores de freqüência (%) dos respondentes –

Responsabilidade Social – Ações Socioculturais ........................................ 102

Tabela 17 – Valores de correlação entre Papéis Gerenciais e Indicadores

de Responsabilidade Social .......................................................................... 106

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Percentuais Concordantes – Papéis Gerenciais ....................... 96

Gráfico 02 – Percentuais Concordantes – Indicadores de

Responsabilidade Social ............................................................................... 103

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................... 15

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ............................................................... 17

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 19

1.4 OBJETIVOS .......................................................................................... 23

1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................... 23

1.4.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 24

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................... 24

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................ 26

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL ........................................................ 26

2.1.1 Responsabilidade Social Corporativa: conceituações e perspectivas 26

2.1.2 Responsabilidade Social e Ética ......................................................... 35

2.1.3 Responsabilidade Social e Marketing ................................................. 36

2.1.4 Responsabilidade Social e Meio Ambiente ........................................ 38

2.1.5 Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho ............................................. 39

2.2 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E PAPÉIS

GERENCIAIS …………………………………………………………….. 44

2.2.1 Competências ...................................................................................... 44

2.2.2 Competências Gerenciais ................................................................... 51

2.2.3 Modelos e Papéis Gerenciais .............................................................. 55

ESTUDOS REALIZADOS ......................................................................... 64

3 METODOLOGIA ................................................................................... 70

3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................ 70

3.2 UNIVERSO DA PESQUISA ............................................................... 73

3.3 LÓCUS DO ESTUDO ........................................................................... 75

3.4 PROCESSO DE COLETA DE DADOS ............................................... 76

3.5 INSTRUMENTO DE PESQUISA ........................................................ 78

3.6 VARIÁVEIS ANALÍTICAS ................................................................. 80

3.7 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................ 81

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................... 84

4.1 PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA ........................................... 84

4.1.1 Gênero ................................................................................................ 84

4.1.2 Faixa Etária ......................................................................................... 84

4.1.3 Escolaridade ........................................................................................ 85

4.1.4 Tempo de Atuação na Área ................................................................ 85

4.1.5 Tempo de Atuação no Cargo .............................................................. 87

4.1.6 Tempo de Atuação na Empresa .......................................................... 87

4.2 DETERMINAÇÃO DOS PAPÉIS GERENCIAIS ............................... 88

4.2.1 Papel de Mentor .................................................................................. 89

4.2.2 Papel de Facilitador ............................................................................ 89

4.2.3 Papel de Monitor ................................................................................ 90

4.2.4 Papel de Coordenador ......................................................................... 91

4.2.5 Papel de Diretor .................................................................................. 92

4.2.6 Papel de Produtor ................................................................................ 93

4.2.7 Papel de Negociador ........................................................................... 94

4.2.8 Papel de Inovador ............................................................................... 95

4.3 PAPÉIS GERENCIAIS ......................................................................... 95

4.4 DETERMINAÇÃO DOS INDICADORES DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL DO PSQT ............................................. 98

4.4.1 Indicador de Estímulo ao Voluntariado Empresarial ......................... 99

4.4.2 Investimento Social ............................................................................ 100

4.4.3 Ações Socioculturais .......................................................................... 102

4.5 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................... 103

4.6 CORRELAÇÃO ENTRE PAPÉIS GERENCIAIS E INDICADORES

DE RESPONSABILIDADE SOCIAL .........................................................

106

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 111

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 115

APÊNDICES …………………………………………………………….. 123

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

No Brasil e no mundo os movimentos em prol da busca pela qualidade na

produção de bens e prestação de serviços, as preocupações advindas de áreas como a

Responsabilidade Social e e também a Responsabilidade Ambiental, que se apresentam como

tema recorrente atualmente, demonstram que o consumidor está mais exigente em relação as

contribuições das empresas para a sociedade, e com o retorno que elas dão para o capital

social que demandam para produzir seus produtos ou oferecer serviços.

O advento da globalização e as tecnologias cada vez mais massificadas e

inovadoras que permitem a comunicação e interação sem fronteiras fazem da atualidade, um

cenário cada vez mais complexo e mutante para as organizações. Frutos dessa nova

concepção social, os cidadãos estão cada vez mais cônscios de seus direitos, da sua posição na

sociedade e também do poder que suas escolhas possuem. E é o consumidor, esse novo e

interativo agente social que vem impondo novos valores às empresas, criando possibilidades

de negócios e elaborando uma forma diferenciada de ver os produtos e serviços consumidos.

Os ‘novos’ clientes, diferentemente do antigo consumidor que se contentava com

o produto em sí, procuram empresas que lhes possam dar algo em troca, e procuram manter

relações comerciais com organizações que se preocupam com a ética, o meio ambiente e a

responsabilidade social. É esse o grande desafio que se apresenta para as organizações:

manterem-se competitivas, gerando valor para seus donos e acionistas, e ainda, proporcionar

desenvolvimento sustentável para o ambiente em que está inserida, participando

positivamente para o crescimento da comunidade com que se relaciona. De acordo com

Bertoncello e Chang Junior (2007) a responsabilidade social também pode ser visualizada e

trabalhada através da perspectiva estratégica para maximizar o lucro e melhorar seu

desenvolvimento, pois o consumidor já possui um grau de consciência que o leva a preferir

produtos e práticas que proporcionem melhoria para a sociedade e meio ambiente.

Percebe-se que as empresas buscam cada vez mais compreender o processo de

mudança e adaptar-se a ele, fomentando atitudes, valores e crenças compatíveis com sua

forma de atuação e com a necessidade do público consumidor de seus produtos e/ou serviços.

É através do comportamento e das competências do seu corpo gerencial que as organizações

buscam fazer diferença, conquistar e manter clientes, fazer frente à concorrência e manterem-

16

se competitiva no mercado. De acordo com Ashley (2003) o universo organizacional percebe

na responsabilidade social uma estratégia para maximizar seus lucros e incrementar seu

desenvolvimento.

A perspectiva econômica divide cada vez mais espaço com a preocupação social e

ambiental, ao passo que as empresas começam a tomar consciência da necessidade de

adequarem-se a um novo papel que terão que desempenhar para fazer frente às novas e

rápidas mudanças que os consumidores impõem. Zanoti (2006) apud Leiros (2008) especifica

que os consumidores darão prioridade aos bens e serviços que forem produzidos e ou

prestados sem agredir o meio ambiente; respeitando a dignidade da pessoa humana dos

colaboradores; com qualidade e garantia técnica para os clientes; e provenientes de empresas

que preocupam-se com o bem estar do entorno social em que estão inseridas.

Dessa forma, o objetivo principal continua sendo o lucro, mas esse já não pode

existir sem propósitos, até por que, segundo Bertoncello e Chang Junior (2007), o

desenvolvimento econômico só acontecerá se for baseado em estratégias de negócios efetivas,

economicamente viáveis e ancoradas na sustentabilidade social e ambiental.

O papel de gestor do desenvolvimento social está cada vez mais efetivo e

dinâmico, as empresas estão passando a atuar na seara que antes era responsabilidade somente

de órgãos públicos e há pouco tempo atrás de ONG’s (Organizações Não Governamentais).

De acordo com Ashley (2002, p.3) “as crescentes disparidades e desigualdades sociais

obrigam a que se repense o desenvolvimento econômico social e ambiental”. A preocupação

com os problemas sociais perpassam a lógica e fronteira pública e, em virtude das novas

concepções sobre o core business das organizações, passa a ser cada vez mais uma obrigação

das empresas.

É nesse contexto que as empresas empreendem esforços para desenvolver seus

colaboradores, apropriar seus gestores de informações e conhecimentos que possam fazer

frente às necessidades sempre crescentes de seus clientes. Os gerentes organizacionais devem

ter as habilidades necessárias para agregar valor ao desempenho das empresas que

representam. De acordo com Maximiano (2002) são as habilidades que determinam o

desempenho de qualquer função gerencial. As habilidades são atributos de competências que

estabelecem o nível do sucesso ou eficácia do gerente de uma empresa. Um dos grandes

desafios das organizações modernas parece ser o de conseguir fazer com que o

desenvolvimento de seus recursos humanos ocorra através da aprendizagem, proporcionando

vantagens tanto para seus colaboradores como para a organização.

17

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

A Responsabilidade Social é um assunto recorrente, e apresenta-se de forma

estratégica para organizações e instituições públicas e privadas do país. O tema perpassa o

mercado e surge como uma das principais ‘ordens’ vigentes. Os consumidores, analisando o

que preconiza Cardoso (2006), estão mais perceptivos às estratégias das empresas. Cada dia

impõem novos conceitos sociais às empresas e organizações, tudo isso de forma a exigir delas

um compromisso efetivo relativo às questões sociais, sob pena de serem consideradas

socialmente incapazes, e dessa forma, perderem participação de mercado.

O aspecto sobre a adoção de obrigações sociais das empresas é empregado pelas

organizações modernas como forma de beneficiar direta ou indiretamente a sociedade por

todas as atividades decorrentes dos processos de produção ou prestação de serviços que

causam impacto social. As empresas também atuam de forma a atender a população em

vertentes específicas do poder público que são negligenciadas pela esfera governamental ou

que seus serviços apresentem-se deficientes para atender a sociedade de forma desejável.

Os consumidores esperam cada vez mais que as organizações empresariais atuem

de forma a minimizar os efeitos negativos de suas atividades, fomentando o desenvolvimento

sustentável e ambiental, gerando uma interação positiva de forma a construir uma relação

mais benéfica entre empresários, consumidores e a sociedade. É possível perceber que desse

anseio da sociedade e da complexidade do atual cenário econômico nasce a consciência social

relativa à gestão de empresas, uma diferenciação que as organizações podem alcançar

apresentando-se como socialmente responsáveis, incrementando sua imagem perante todos os

seus stakeholders.

Partindo desse panorama sobre gestão da Responsabilidade Social vigente e

detalhando ainda as necessidades das empresas para manterem-se competitivas, é necessário

observar que as competências servem como um catalisador para o desenvolvimento da

empresa e das pessoas que nela atuam, pois determinam as variáveis de crescimento dos

funcionários em função dos objetivos estratégicos e funcionais da organização. Gramigna

(2007, p.14) preconiza que “Um dos indicadores de desempenho empresarial, talvez o mais

importante no atual contexto de mercado, é sua capacidade de atrair, desenvolver e reter

pessoas talentosas”, as empresas estão cada vez mais determinadas a escolher as pessoas de

acordo com suas possibilidades de atuação, seus conhecimentos, habilidades e atitudes.

18

Segundo Brandão e Guimarães (2001, p.9) “a busca pela competitividade impõe

às empresas a necessidade de contar com profissionais altamente capacitados, aptos a fazer

frente às ameaças e oportunidades do mercado”. A possibilidade de entender as aptidões

necessárias para uma atuação mais eficaz, bem como desenvolver seus funcionários de acordo

com as necessidades da empresa e o aprimoramento do seu capital intelectual fazem com que

as organizações desenvolvam processos cada vez mais voltados para o estudo e

implementação da gestão de competências, pois assim tornam-se mais competitivas. É o que

Le Boterf (2003, p.11) explicita quando escreve sobre “A necessidade de raciocinar não

somente em termos de competências, mas em termos de profissionalismo”.

A preocupação das empresas em compreender o papel do gestor e sua relação com

a competitividade faz com que as competências referentes ao gerente também sejam pontos

preponderantes para a organização. Bitencourt e Moura (2006, p.3) preconizam que “o fato de

a empresa estabelecer ações estratégicas em função das suas competências converte essa

prática em motor da gestão organizacional.”

A gestão por competências e as práticas de desenvolvimento do perfil profissional

dos gerentes de uma dada empresa precisam necessariamente acompanhar as mudanças de

comportamento de todos os stakeholders, de forma a estabelecer um processo de criação e

generalização do conhecimento, aprimoramento contínuo das potencialidades dos

colaboradores além da adaptação ao ambiente em que está inserida. De acordo com Le Boterf

(2003) a produção de uma empresa deverá sempre reter uma parte da inteligência empregada

pelos colaboradores para poder manter-se competitiva frente às necessidades do mercado. A

crescente complexidade e nível de excelência exigidos pelos clientes, concorrentes etc.

prescinde das organizações o aumento do nível de profissionalismo e uma reestruturação dos

cargos e funções internas.

A vertente social já figura como uma das principais preocupações dos gestores das

empresas, tornando-a uma variável estratégica, institucionalizando questões éticas e de

responsabilidade social. De acordo com Ashley et al (2000) a percepção sobre

responsabilidade social vem desenvolvendo-se como uma variável interdisciplinar,

multidimensional e empreendida de forma sistêmica, direcionada na interelação entre todos os

stakeholders.

Dessa forma, não há como dissociar fatores de ordem social do desenvolvimento

de competências, que precisam focar o aprimoramento de seus gestores e funcionários em

valores sociais e éticos da organização, primando pela conscientização não somente de

19

clientes e fornecedores, mas principalmente de seus recursos humanos. As ações sociais de

uma empresa são uma construção coletiva, baseada em critérios formais e institucionais, e

devem acima de tudo expressar a condição e orientação estratégica que o componente social

representa para a organização. O corpo gerencial deve traduzir essa característica

transformando as práticas de responsabilidade social em ganhos proporcionais à empresa e ao

ambiente em que está inserida. Melo Neto e Froes (2001) salientam que a responsabilidade

social tem servido à empresa como uma variável que estimula positivamente o ambiente

organizacional, proporcionando aumento de produtividade e motivação, melhorando a

autoestima e gerando qualidade de vida para os colaboradores.

Partindo do panorama organizacional vigente, dos interesses das empresas

modernas em atender as necessidades dos clientes e também da sociedade no que diz respeito

às demandas de responsabilidade social e da relação dessas práticas com as variáveis das

competências gerenciais das organizações, este estudo apresenta a seguinte problematização:

Qual é a relação entre os papéis gerenciais das empresas vencedoras do Prêmio SESI de

Qualidade no Trabalho do RN e ações de Responsabilidade Social por elas desenvolvidas?

De acordo com a proposição do problema em questão, são elencados os seguintes

questionamentos:

- Quais os papéis gerenciais das empresas vencedoras do PSQT?

- Qual o perfil dos indicadores sociais empreendidos pelas organizações

analisadas?

1.3 JUSTIFICATIVA

O surgimento de uma nova demanda social interfere diretamente no core business

de qualquer organização, independentemente do seu tamanho, ramo de atuação ou país que

atue. A preocupação com a responsabilidade social e a visão sobre os resultados positivos que

ela pode gerarpara as empresas e comunidades será, dentro de pouco tempo, um dos fatores

que diferenciarão a disputa por oportunidade num mercado altamente volátil e dinâmico.

O atendimento aos anseios da população e projetos que visavam a minimização ou

erradicação de problemas sociais, até bem pouco tempo atrás, estavam somente sob a alçada

dos órgãos públicos, pois às empresas cabia apenas o papel econômico de garantir empregos e

de pagar impostos. Alguns poucos empresários empreendiam ações de benemerência e

filantropia, sem efeitos profundos ou eficazes sobre as sociedades em que atuavam.

20

Kameyama (2000) explicita que a filantropia era uma das técnicas mais empregadas para

iludir e disfarçar sua mais terrível personificação hipócrita de exploração dos pobres,

escondendo a realidade das lutas de classe.

Atualmente as empresas procuram cada vez mais apresentarem-se como novos

atores sociais, com preocupações que perpassam seus processos fabris e de prestação de

serviços, e que acima de tudo propiciam aos seus clientes uma percepção de que quando

compram seus produtos, estarão contribuindo para a construção de uma sociedade melhor.

O equilíbrio da empresa dentro do ecossistema social parece depender

basicamente de uma atuação responsável e ética em todas as frentes, em harmonia com o

equilíbrio ecológico, com o crescimento econômico e o desenvolvimento social, tornando-se

uma ferramenta para a sustentabilidade da sociedade e dos negócios.

Entre as tendências que delineiam o cenário empresarial moderno, uma das que

mais impactam e interagem positivamente com o lócus em que as organizações estão inseridas

é a Responsabilidade Social Empresarial, uma vertente que vem influenciando cada vez mais

a gestão de pequenas, médias e grandes empresas atualmente.

A crescente demanda da sociedade por empresas éticas, socialmente responsáveis

e ambientalmente corretas, faz aumentar o interesse das organizações pela implementação de

projetos que visem um retorno social mais efetivo e um controle maior sobre as resultantes

oriundas de seus processos fabris.

Melo Neto e Froes (1999) salientam que nos últimos 30 anos, ocorreram

importantes transformações na gestão organizacional. O papel da empresa começou a ser

repensado na sociedade e o social surgiu como um espaço institucional e um novo campo de

oportunidades para as organizações.

A Responsabilidade Social tem sido constantemente alvo de análises e estudos no

mundo corporativo e acadêmico. A expressão de compromisso com as causas sociais está

incorporando o modelo de gestão e tornando-se estratégia empreendedora de grandes

empresas sintonizadas com um mundo globalizado e cada vez mais exigente em relação à

dinâmica de seus negócios e à sustentabilidade empresarial.

Recentemente foram criados técnicas e processos para avaliar e medir o grau de

atendimento dos programas sociais empreendidos e/ou patrocinados pelas empresas, tais

como certificações e standards, selos, programas setoriais de premiações, etc. Entre alguns

exemplos mais significativos no Brasil estão o 'Selo Empresa Amiga da Criança', da Fundação

Abrinq, e o 'Selo Balanço Social Ibase/Betinho' do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

21

Econômicas. Em termos de normas, destacam-se a Social Accountability 8000 (SA 8000),

uma certificação de caráter multinacional lançada em 1997 pela SAI (Social Accountability

International) e a NBR 16000 que é uma norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas) lançada em 2004. Intentando criar uma norma com referência mundial parecida

com a NBR 16000, em breve a International Organization for Standardization (ISO) lançará a

ISO 26000, que envolverá o conceito das normas SA 8000 e NBR 16000 de forma abrangente

e aprimorada.

A realização do trabalho em tela justifica-se pela importância com que as ações

sociais são atualmente utilizadas e valorizadas por todas as classes de consumidores e pela

sociedade em geral, apresentando-se como modelo e sistema de gestão organizacional

utilizados por muitas empresas. A responsabilidade social empresarial apresenta-se como uma

prática de gestão inovadora, e é uma das variáveis da administração que mais se discute nos

ambientes empresariais corporativos e acadêmicos, haja vista o crescente número de

produções e publicações percebidas.

Outra condição que corrobora com a necessidade de realização de estudos sobre o

assunto é que percebe-se claramente através de leituras realizadas sobre a temática, que a

responsabilidade social ainda carece de aprofundamentos e definições mais concisas, como

também qualquer análise facilitará a realização de novas e futuras pesquisas.

Em consonância com esse novo panorama social que envolve tanto a empresa

como todos os seus stakeholders, percebe-se que as grandes transformações corporativas e

mudanças de paradigmas organizacionais perpassam a temática da gestão de competências

gerenciais, além de notar-se com cada vez mais freqüência que os maiores obstáculos para o

modus operandi de muitas empresas não dizem respeito a variáveis técnicas, e sim de

características comportamentais e vertentes situacionais no ambiente de trabalho.

As competências gerenciais cada vez mais determinam a forma como a empresa

se comporta frente às adversidades do mercado e a maneira como ela age frente à

concorrência e ao consumidor.

O conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes do corpo diretivo de uma

organização apresenta-se como fator crítico de sucesso, estimulando e criando um processo de

mudança positiva e contínua beneficiando o ambiente organizacional como um todo. Segundo

Quinn et al (2003), a gestão de competências estabelece um modelo gerencial que intenta

integrar e orientar esforços, sobretudo os que estão direcionados à gestão de pessoas,

22

pretendendo desenvolver e sustentar competências consideradas primordiais aos objetivos da

empresa.

A consecução de ações de responsabilidade social das empresas exige esforços de

todos os níveis organizacionais, principalmente dos gerentes e da alta administração da

organização. Uma postura voltada para ações sociais na organização que não tenha o

compromisso da alta gestão da empresa, provavelmente terá todas as prerrogativas para não

ser exitosa. Sobre a necessidade de mudanças organizacionais relativas a percepção dos

gestores de empresas para com a temática da responsabilidade social, Drucker (2001) enfatiza

que somente a empresa tem a obrigação para com a sociedade e as mudanças verificadas na

realidade exigem uma mudança nas funções organizacionais, o que por sua vez demanda uma

nova postura do gerente.

Ainda segundo o autor (Drucker, 2001) um dos papéis fundamentais do gerente de

empresas de países desenvolvidos nas décadas futuras será tornar o conhecimento produtivo

além de ser o responsável pela qualidade e padrão de vida de uma sociedade.

As competências determinam o perfil esperado ou a ser desenvolvido pelos

profissionais de uma empresa, e a responsabilidade social como variável estratégica precisa

ser analisada e promovida no que tange ao plano de desenvolvimento institucional,

representando um diferencial profissional para o gestor.

O Serviço Social da Indústria – SESI empreende desde 1996 o Prêmio SESI de

Qualidade no Trabalho – PSQT, que tem como objetivo:

Estimular a responsabilidade social empresarial da indústria brasileira, despertando

colaboradores e empregadores para o exercício da ética e da transparência nas

relações de trabalho, tendo em vista a convivência harmoniosa e produtiva,

enfatizando interesses comuns que assegurem adequadas condições de trabalho para

o aumento da qualidade de vida dos colaboradores, da produtividade e da

competitividade da empresa no mercado. (SESI, 2008, p.13)

O PSQT é um projeto que visa dar visibilidade a práticas de gestão inovadoras e

que valorizem a qualidade de vida de seus colaboradores. O prêmio é uma consulta realizada

com a finalidade de premiar publicamente as empresas que se sobressaem em cada uma das

categorias avaliadas. Segundo SESI (2008, p.12) apud Cortez (2009) o PSQT pode ser

definido como um processo de avaliação/metodologia de padrões de gestão utilizadas por

indústrias brasileiras em nível estadual, regional e nacional, sendo “um reconhecimento

público às empresas industriais por suas práticas de gestão e valorização dos seus

colaboradores, uma das partes interessadas do seu sucesso”.

23

O Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho tem no Prêmio Nacional da Qualidade

– PNQ um modelo de metodologia para avaliação das empresas, e induz seus participantes a,

gradualmente, adaptarem-se à participação em outros processos de avaliação.

De acordo com SESI (2008, p.14) os fundamentos do PSQT são: “Valorização das

Pessoas; Responsabilidade Social; Visão Sistêmica; Aprendizado Organizacional; e,

Liderança e Constância de Propósitos” e visam fomentar e difundir um processo educativo

dessas variáveis nas organizações participantes do prêmio.

Inicialmente, depois de inscreverem-se no PSQT, as empresas preenchem um

relatório de gestão da administração da empresa, enquanto outro é respondido pelos

colaboradores. Posteriormente um avaliador credenciado pelo SESI realiza uma visita nas

empresas escolhidas para participarem da segunda fase do prêmio. As empresas finalistas são

escolhidas e seus relatórios de gestão são estudados por uma comissão julgadora para a

escolha das organizações com melhores práticas nos critérios de seleção do PSQT.

De acordo com Macêdo (2008) apud Gomes (2009) é mister destacar o

desenvolvimento e crescimento do PSQT tanto em termos de participação quanto de

notoriedade, bem como o entendimento dos administradores das empresas no que diz respeito

a sensibilização e participação do prêmio que possibilita à participante uma consultoria de

gestão, por ocasião da visita dos avaliadores e do feedback do SESI para a empresa, através da

disponibilização do relatório de avaliação.

A utilização do PSQT como uma das variáveis da pesquisa se deu em virtude da

importância e amplitude do prêmio a nível estadual. Outra característica que facilita a

utilização dos dados do prêmio é o fato de que a vertente social é analisada criteriosamente e

pode vir a fornecer dados importantes para a consecução da pesquisa.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Identificar a correlação entre papéis gerenciais e ações de responsabilidade social

das empresas premiadas pelo Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho.

24

1.4.2 Objetivos específicos

Para empreender a consecução do objetivo principal desse estudo, propõem-se os

seguintes objetivos específicos:

a) Conhecer os papéis gerenciais da alta gerência das empresas vencedoras do PSQT

no Rio Grande do Norte; e,

b) Identificar os indicadores de Responsabilidade Social mais comumente utilizadas

pelas empresas estudadas;

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente estudo aborda duas temáticas: Competências Gerenciais e

Responsabilidade Social, caracterizando o perfil dos gerentes das empresas vencedoras do

Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho nas etapas 2007, 2008 e 2010, sob a perspectiva dos

dois temas. A dissertação está estruturada em cinco capítulos de forma a organizar e facilitar a

leitura e compreensão sobre o tema abordado.

O primeiro capítulo trata da introdução e aborda a contextualização do tema,

mostrando a importância das proposições estudadas. A problemática do construto também é

abordada nesse capítulo, bem como a justificativa de realização do trabalho e os objetivos que

se pretendem alcançar no final da dissertação.

A segunda parte do estudo trata do referencial teórico dos dois temas, trazendo a

conceituação, os enfoques práticos, doutrinas e teorias, define as principais perspectivas e

serve também para fundamentar a realização da pesquisa e analisar os resultados. Depois traz

uma compilação dos principais estudos realizados pelo autor, nas áreas temas da dissertação,

que balizaram a realização do presente trabalho.

O capítulo terceiro aborda a metodologia utilizada para a consecução do

construto. Aborda o tipo de pesquisa que foi empreendido, apresenta o universo de sujeitos

participantes da análise, a amostra trabalhada e estudada, o lócus da realização da pesquisa, as

variáveis analíticas utilizadas para caracterizar a análise e o tratamento dos dados.

No capítulo quarto, foram detalhados os elementos provenientes da pesquisa bem

como a análise e categorização dos dados e resultados apresentados. Nessa parte da

dissertação foi sistematizada a descrição dos resultados, a apresentação dos Papéis Gerenciais

25

e dos Indicadores de Responsabilidade Social na percepção dos gerentes que participaram do

estudo.

No último capítulo foram apresentadas as conclusões e as perspectivas que foram

encontradas no decorrer da realização do estudo. No quinto capítulo foram propostas

sugestões para estudo posteriores e as considerações do autor sobre os resultados.

26

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Esta parte do estudo servirá para apresentar as principais discussões, conceitos,

vertentes teóricas e práticas, percepções e críticas sobre as duas temáticas que são observadas

nesse construto.

O referencial teórico dessa pesquisa será desenvolvido em duas partes distintas,

onde na primeira serão tratados as conceituações e análises teóricas sobre Responsabilidade

Social, e na segunda serão abordados os mesmos aspectos relativos à competências e a

delimitação conceitual e teórica sobre competências gerenciais das empresas que serão

observadas nesse estudo.

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL

2.1.1 Responsabilidade Social Corporativa: Conceituações e Perspectivas

De acordo com Fedato (2005) o desafio de tratar sobre responsabilidade social

consiste em encontrar subsídios para análise e reflexão que ajudem numa percepção mais

nítida das interfaces da empresa com a sociedade em que ela se insere. Partindo desse

pressuposto, se faz necessário analisar como e em que grau se constroem políticas sociais no

lócus organizacional e no ambiente social dos públicos com que a empresa se relaciona

diretamente.

O tema responsabilidade social ainda não possui uma definição consensual, mas

partindo do pressuposto de que é um assunto que vem sendo amplamente discutido e

debatido, podem ser explicitadas algumas percepções sobre sua caracterização. Segundo

Ferreira e Bartolo (2005) Responsabilidade Social é uma nova forma de agir das empresas,

em virtude das necessidades da sociedade. Já Oliveira (1984) conceitua responsabilidade

social como a capacidade da empresa contribuir com o coletivo, respeitando suas normas e

expectativas internas, de forma a alcançar seus objetivos estratégicos. Ainda segundo o autor,

o mero cumprimento das leis não deve ser considerado como um comportamento socialmente

responsável, mas sim, como uma imposição legal, uma obrigação social.

Sobre a falta de distinção clara em relação a definição do que é Responsabilidade

Social e as várias concepções sobre o tema, Araújo (2001) especifica que é possível perceber

27

o incentivo à criação de uma “salada conceitual” que muitas vezes vulgarizam práticas de

gestão, criando “modismos” e até escondendo segundas intenções na gestão de

responsabilidade social.

A temática social serve à empresa de várias formas, sobretudo por trazer um senso

de pertencimento, de ser positiva e colaborar com uma causa, o que diretamente impacta na

satisfação de seus colaboradores. O tema apresenta-se como uma proposição crítica para as

organizações modernas e de significação ainda não formatada, ainda existem diferentes

percepções sobre o termo, e são várias as definições utilizadas tanto na academia, quanto no

universo corporativo.

As ações sociais das empresas destacam-se cada vez mais como fator de

diferenciação competitiva, e de acordo com Ventura e Vieira (2004) as organizações estão

sendo forçadas a se tornarem mais solidárias sob pena de serem desprezadas por seus

consumidores. Os clientes determinam através do seu poder de compra, os padrões sociais que

devem ser adotados pelas empresas, conscientemente ou não, também estabelecem a forma

como essas organizações devem atuar, comprando e sendo fiel a produtos e serviços de

empresas que se destacam no campo social e ambiental.

De acordo com Barbosa e Araújo (2010) quando as organizações empreendem

ações sociais, seus ganhos vão além da seara econômica e mercadológica, podendo propiciar

outras contribuições como:

BENEFÍCIOS

AMBIENTE DE TRABALHO

Construção de um ambiente de trabalho saudável e propício

à realização profissional das pessoas; melhoria do clima

organizacional

IMAGEM Obtenção de valor agregado à imagem corporativa;

COMPETITIVIDADE Obtenção de diferencial competitivo;

CLIENTES Maior fidelidade dos clientes;

INVESTIDORES Facilidade de acesso ao capital e financimento;

PRÁTICAS DE RH

Aumento da capacidade de recrutar, selecionar e manter

talentos; motivação do público interno; desenvolvimeto de

lideranças;

PROPAGANDA Geração de mídia expontânea;

INCENTIVOS FISCAIS Abatimentos percentuais no imposto de renda; Quadro 01 – Principais contribuições da adoção de práticas de responsabilidade social

Fonte: Barbosa e Araújo (2010)

O mundo corporativo vem passando por grandes transformações em termos

sociológicos, econômicos sobretudo no que diz respeito a atuação das empresas sobre sua

participação social, a forma como interage e se relaciona com seus agentes interessados.

28

Melo Neto e Froes (2001) afirmam que a maior dificuldade para estabelecer um

conceito sobre responsabilidade social está na extensão de sua aplicabilidade e,

consequentemente, na dimensão de sua significação.

Segundo Oliveira (1984) a responsabilidade social para uns é uma questão legal,

que deve ser entendida como uma obrigação para as empresas, enquanto que para outros o

assunto é analisado sob a ótica da ética, e ainda há os que entendem os projetos sociais das

empresas como caridade e benemerência. Ele finaliza o pensamento afirmando que

responsabilidade social é tudo isso, mesmo não sendo nenhuma das perspectivas isoladas, e

define o termo como a possibilidade da empresa de auxiliar a sociedade considerando seus

valores, regras e condições para a consecução de seus objetivos.

É na expectativa de atuação junto com a sociedade no intuito de minimizar seus

problemas que muitas empresas realizam projetos de responsabilidade social, empreendendo

uma nova perspectiva de gestão. Com relação a essas novas demandas, Pringle e Marjorie

(2000) concebem que os consumidores estão analisando a dedicação da empresa a projetos e

causas sociais voltadas para a comunidade em que estão inseridas.

Para Carrol apud Cajazeira e Barbieri (2009) a responsabilidade social das

empresas abrange as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade

em que a organização está inserida possuem no que diz respeito às empresas em certo

período. A responsabilidade social passa assim a reunir num conceito amplo várias vertentes

críticas para a sociedade como as pretensões relativas a termos distintos e antagônicos como

economia e ética, legais e discricionárias. Depois o termo ‘discricionária’ foi modificado por

filantrópica, o que pode ser entendido como uma compensação social do que a empresa

explora.

Para demonstrar graficamente, Carrol apud Cajazeira e Barbieri (2009) faz a

analogia com uma pirâmide:

29

Figura 01 – Pirâmide da Responsabilidade Social de Carrol

Adaptado de Cajazeira e Barbieri (2009)

Em contraposição a esse modelo de representação da responsabilidade social

surgiram muitas críticas à pirâmide proposta por Carrol. A figura de uma pirâmide, segundo

os principais antagonistas dessa idéia, não propunha uma denotação simbólica correta do

entendimento e da interação dos agentes sociais vigentes na sociedade.

Entre as críticas mais citadas, a pirâmide deixa transparecer um escalão ou ordem

das responsabilidades, onde a filantrópica poderia parecer mais importante que as demais por

aparecer na parte superior. Outra percepção negativa acerca da figura é que não fica

representado a interação e correlação entre as variáveis sociais. Não fica claro como se dão os

diferentes níveis de ações que acontecem entre as responsabilidades elencadas.

Para minimizar essa falta de clareza, Carrol propôs uma nova demonstração para

sua idéia de representação das vertentes sociais:

Figura 02 – Modelo dos três domínios da Responsabilidade Social Empresarial

Adaptado de Cajazeira e Barbieri (2009)

30

De acordo com a nova representação, o campo econômico é o que foca as

atividades desenvolvidas para a produção de bens ou serviços, geração de lucro, fomento de

vendas, maximização do valor de ações entre outros. De acordo com Cajazeira e Barbieri

(2009) o campo da responsabilidade legal diz respeito à atuação da empresa frente às questões

legais e estatutárias, de acordo com três níveis: conformidade legal, evitação de litígios e

domínio legal. O primeiro nível é a aceitação da organização das leis, a atuação de acordo

com a legislação vigente; a evitação de litígios é a prevenção de ilegalidades visando o desvio

da conduta legal; e, o domínio legal é a antecipação à formulação de leis, adaptando a priori

os processos internos da empresa às regras jurídicas que serão ainda formuladas. O campo

ético, ainda de acordo com Cajazeira e Barbieri (2009), diz respeito às ações e atuação ética

da empresa relacionadas com seus stakeholders e com toda a sociedade em geral.

O novo modelo torna clara a interelação entre as variáveis: ética, econômica e

legal que dizem respeito a atuação da empresa e as coloca em níveis hierárquicos iguais,

demonstrando de forma mais proporcional, a importância de uma percepção mais clara das

ações de RS numa organização.

A massificação do tema responsabilidade social sofreu forte incentivo

principalmente das ações das organizações não-governamentais (ONG’s) e pelos apelos de

movimentos formados por grupos sociais que exercem pressão, inclusive com represálias para

ações que são consideradas nocivas à sociedade ou ao meio ambiente. Segundo Barbosa e

Araújo (2010) as empresas são cobradas pela comunidade local, fornecedores, colaboradores

e pelas organizações da sociedade civil. Essas organizações também são instadas pelo Estado

e as auxiliam atuando como parceiros, apoiando ou empreendendo ações capazes de

minimizar os problemas sociais no Brasil.

Tenório et al (2006) certifica que com o interesse positivo e crescente da classe

empresarial em empreender atividades sociais e em virtude do reconhecimento do mérito

dessa proposição para os negócios é visível o interesse das companhias em desenvolver novas

formas de gerar valor social às suas atividades organizacionais.

Uma concepção atrelada ao entendimento do tema é a oferta de qualidade de vida

à sociedade com a qual a empresa se relaciona. Para Ashley (2002, p.7) “A responsabilidade

social pode ser também o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem-estar

e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidade em geral”.

Melo Neto e Brennand (2004) acrescentam afirmando que Responsabilidade

Social é uma atividade direcionada ao desenvolvimento sustentável, que diz respeito à

31

qualidade de vida no trabalho e em sociedade, respeito a minorias e aos menos favorecidos, e

principalmente ao estímulo à cidadania e aos valores éticos e morais.

Essa concepção faz com que ações realizadas no tocante à melhoria das condições

de vida da comunidade sejam percebidas positivamente pela sociedade, proporcionando à

empresa um simbolismo positivo relacionado com assistência social.

Apesar de ser um tema recente e muito discutido, principalmente no que diz

respeito a sua importância atual, a responsabilidade social ainda não é uma obrigação tácita ou

legal. Suas ações são de caráter voluntário e compulsório, diferentemente de algumas

vertentes ambientais e de saúde e segurança no trabalho.

Mattar (2001) apud Campos (2007) faz menção a uma conceituação de

responsabilidade social utilizada pelo Instituto Akatu, que define o termo de forma ampla e

sui generis, não estabelecendo limites de escopo. Esse conceito é subjetivo e aberto, ficando a

cargo de quem analisa as ações sociais de determinada organização, assim qualquer atividade

que tenha como objetivo o bem-estar das pessoas, dessa forma, seria a priori entendida como

uma prática de responsabilidade social.

Pode-se afirmar que existe intrinsecamente, certa influência da sociedade

compelindo as empresas a competirem no contexto de responsabilidade social e ambiental,

fazendo-as promotoras de práticas e projetos mais eficazes de forma a apresentarem

resultados mais significativos para a sociedade, e assim tornarem-se mais competitivas

agregando valor ao seu core business e à sua imagem. Essa pressão exercida nas empresas

pode ser entendida como ‘isomorfismo coercitivo’, que Dimaggio e Powell (2001)

identificam quando existem pressões diretas e indiretas da sociedade, para que as empresas

adotem práticas da mesma natureza através de força, convencimento ou convite à competição.

Segundo Porter e Linde (1999) apud Ford, Souza e Oliveira (2010) vários

pesquisadores vem atentando para o fato de que é nos mercados mais competitivos que as

ações de responsabilidade social são mais efetivas, pois possibilitam as empresas condições

de consolidação de seus objetivos estratégicos de conseguir diferenciação competitiva.

O Instituto Ethos, define responsabilidade social empresarial como:

Forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com

todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas

empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade,

preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a

diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. (INSTITUTO

ETHOS, 2011)

32

As ações de cunho social desenvolvidas pelas empresas devem estar coerentes

com suas diretrizes estratégicas. Precisam alinhar seu planejamento organizacional à sua

missão, objetivos e metas, definindo seu foco de atuação social de acordo com o alinhamento

estratégico. Segundo Ferrel et al (2001) quando a empresa começa a introduzir e desenvolver

ações de responsabilidade social em sua estratégia corporativa, suas ações tornam-se

responsabilidade da organização como um todo.

As organizações não-governamentais (ONG’s) também têm atuação proeminente

para o desenvolvimento de ações sociais, servindo como elo entre a sociedade, as empresas e

os governos. Essas organizações perpassam fronteiras e atuam de forma efetiva,

desenvolvendo ações que as empresas não podem executar.

As empresas podem realizar ações sociais em conjuntos com ONG’s ou mesmo

em sociedade com o Governo, atuando de forma a minimizar problemas e/ou custeando ações

empreendidas por terceiros. Não é necessário, para caracterizar uma ação social, que ela seja

realizada diretamente pela organização, que pode contar com a participação de outros atores

institucionais para atuar junto à sociedade. De acordo com Leiros (2008, p.26)

As sociedades civis como conhecemos desenvolveram, e ainda desenvolvem crucial

papel no contexto social mais amplo, ou seja, enquanto população, Estado e País.

Desta feita, representam uma parcela importante com sua força de persuasão e

participação nos fenômenos globais. Necessário incluir aqui o relevante papel das

Organizações não Governamentais (ONG’S), que participam, de forma decisiva, nos

mais diversos campos de atuação social.

O que não deve ser considerado é a confusão entre investimentos isolados

associados à benemerência e ao assistencialismo e ações de responsabilidade social. É preciso

que as ações sejam efetivas e que promovam mudanças sociais contínuas e de forma efetiva,

pois a geração de uma perspectiva social efetiva na empresa, segundo Fedato (2005, p.40) é

caracterizada “pelo valor agregado por ações que aumentem o capital social para os públicos

envolvidos”, sendo que em contrapartida, e analisando os ganhos para a empresa, essa atuação

viria da motivação das ações sociais cujos resultados proporcionam vantagens competitivas

para a organização.

Um paradoxo sempre levado em consideração quando se aborda o tema

responsabilidade social empresarial é a relação entre os interesses dos stockholders

(acionistas) e a necessidade de expandir as ações empresariais para todos os stakeholders da

organização, incluindo ai o conjunto social com o qual a empresa se relaciona. Dessa maneira,

a discordância entre o destino dos benefícios gerados pela atividade empresarial objetivada

pelos acionistas e os fins sociais frutos do compromisso da organização com a sociedade gera

33

uma série de controvérsias, que segundo Cajazeira (2009) podem ser convergentes, pois as

ações sociais empreendidas pelas empresas também são decisões de seus proprietários como

indivíduos. Entende-se assim que quando a empresa participa e realiza projetos sociais, são

também os acionistas, os gerentes, a direção da organização que tem como objetivo atuar com

responsabilidade social.

Para relacionar os agentes envolvidos nas relações e práticas de responsabilidade

social, são comumente utilizados os termos stockholders e stakeholders. As duas palavras

descrevem duas atuações antagônicas. O termo stockholder (também chamados de

shareholders) designa os acionistas de uma organização. São aqueles que são os donos ou

possuem parte da empresa e tem controle direto sobre suas as ações e decisões. De acordo

com Machado Filho (2002), os stockholders são “formados por sócios e acionistas”.

Em contraposição aos acionistas e sócios das empresas tem-se o grupo dos

stakeholders que segundo Cajazeira (2009) é “alguém que tem direitos em um negócio ou

empresa ou que nela participa ativamente ou está envolvido de alguma forma”. São todos os

agentes que participam direta ou indiretamente dos processos internos ou externos à empresa.

Fica clara a interposição de termos quando se nota que os stakeholders possuem uma

amplitude maior e englobam também os stockholders, isso é, os acionistas e proprietários da

empresa também são stakeholders.

Outra discussão é a amplitude do termo stakeholders, quem na verdade são os

agentes que tem relação direta ou indireta com a empresa e quem pode ser considerado parte

interessada da organização? Para responder a essa questão Freeman apud Cajazeira (2009),

cita um grupo de atores que mantém relacionamento com a empresa e se caracterizam pela

relação de feedback, onde a empresa afeta e é afetada, influencia e é influenciada por cada um

desses agentes, configurando e determinando assim quem é ou não parte interessada. A figura

03 mostra essa relação:

34

Cada um dessas ‘partes’ tem uma dependência e influência sobre as outras. A

empresa que é sujeito principal desse ambiente possibilita essa interação. Freeman apud

Cajazeira (2010) também realiza uma classificação entre as partes interessadas. Ele cita que

os empregados são considerados os stakeholders internos, enquanto que não categoriza os

demais agentes nem denomina quem sejam a categoria dos stakeholders externos.

Freeman apud Machado Filho (2002) também detalha duas outras classes de

partes interessadas. Ele define os stakeholders como primários e secundários. Os primários

são os acionistas e credores, os membros que sem os quais as empresas não existiriam, eles

também apresentam um grau elevado de interdependência com a organização. Os secundários

são os funcionários, a comunidade do entorno da empresa, clientes, entre outros agentes que

não tem uma relação de dependência tão acentuada.

No Brasil, a temática de promoção da responsabilidade social foi impulsionada na

década de 90, ganhando força em virtude da atuação de ONG’s, a academia, empresas e

institutos de pesquisa. Beghin apud Lopes (2006) afirmam que “no Brasil, na segunda metade

da década de 1980, o número de empresas privadas que financiam, de forma voluntária,

atividades de combate à pobreza e à miséria começa a ser mais expressivo e tende a crescer”.

Num país com problemas sociais críticos e uma disparidade muito grande entre os

muito ricos e os muito pobres, a possibilidade de se atenuar esse cenário de desigualdades

começa a ser vislumbrado pelas empresas. De acordo com Grajew (2001) muitos empresários

Grupos

políticos

EMPRESA

Proprietários

Comunidade Financeira

Grupos ativistas

Consumidores

Grupos de defesa dos

consumidores

Sindicatos

Concorrentes

Empregados

Associações Comerciais

Fornecedores

Governo

Figura 03 – Mapa dos stakeholders de uma grande empresa

Fonte: Freeman apud Cajazeira, 2010

35

brasileiros estão percebendo que a convivência entre empresas muito ricas e uma sociedade

demasiadamente pobre não é mais concebível.

2.1.2 Responsabilidade Social e Ética

A ética apresenta-se como um dos componentes mais intrinsecamente ligados aos

variados conceitos de responsabilidade social. Melo Neto e Froes (2001) levantam um

questionamento se seria a responsabilidade social um comportamento ético verificado nas

empresas, uma característica ou procedimento organizacional, ou um novo modelo de gestão

social.

O comportamento ético de uma empresa apresenta-se como a conduta que a

sociedade considera válida e voltada principalmente para o seu ambiente de atuação. De

acordo com Melo Neto e Froes (2001, p.132) “o comportamento ético empresarial deve ter

como alvo os stakeholders da organização” e não adianta demonstrar que respeita os preceitos

sociais da comunidade e não agir de maneira ética com seus sujeitos interessados.

Não há como diferenciar ética e moral de responsabilidade social nem como

definir o termo sem isentá-lo de valores e princípios de conduta tanto da empresa quanto da

sociedade com a qual ela se relaciona. A Norma NBR 16001:2004 conceitua responsabilidade

social como “a relação ética e transparente da organização com todas as suas partes

interessadas visando o desenvolvimento sustentável”. Especificando mais ainda a

significação, são justamente os valores éticos e morais dos clientes que determinam as

políticas sociais da empresa. Passos (2005, p.96) apud Ribeiro (2008) assevera que a ética se

apresenta como uma “orientação segura para a tomada de decisões no mundo organizacional.”

Ainda sobre a relação ética e responsabilidade social, Melo Neto e Froes (2004)

estabelecem que “o exercício da responsabilidade social pressupõe a adoção de um

comportamento ético pela organização. A incorporação e difusão desses princípios éticos

qualificam-na como uma empresa socialmente responsável”. As empresas estão cada vez mais

adotando perfis gerenciais que privilegiam a governança e a transparência de seus atos,

buscando manter um elo mais forte com seus stakeholders (principalmente a sociedade e seus

colaboradores) que facilitem a obtenção de seus objetivos organizacionais. Sobre essa nuance

Mueller (2003, p.174) infere que:

a governança corporativa está modificando a maneira de agir das empresas e dos

profissionais brasileiros que, preocupados em promover o desempenho econômico,

36

passam a investir na transparência das ações. Assim, a transparência das ações

passou a ser uma regra para a condução dos negócios e um instrumento para medir e

qualificar práticas socialmente responsáveis.

As empresas devem analisar as conseqüências do desenvolvimento e da

globalização. Ashley et al (2005) afirmam que a ética afeta diretamente desde os resultados e

reputação da empresa até a sobrevivência da economia no mundo. O desenvolvimento de uma

cultura baseada em valores e princípios de boa conduta empresarial vem delimitando as ações

corporativas de forma a estabelecer um padrão de comportamento das empresas fazendo

frente a um movimento inequívoco de pressão exercido pelo público consumidor.

Esse cenário expõe relações distintas, onde cada uma das partes busca satisfazer a

outra no intuito de buscar a realização de seus objetivos: a empresa procura o lucro e a

fidelização do cliente, este por sua vez determina prioridades para adquirir um bem ou um

serviço, tais como: a qualidade, o preço, garantia, e também a adoção por parte de quem

vende ou produz de uma política de ações sociais e ambientais. Barbosa e Araújo (2010)

estabelecem que a sociedade passa a legitimar a existência da empresa, quando esta busca

atender aos anseios da sociedade.

De acordo com Barbieri e Cajazeira (2009) “a ética pode ser considerada uma

dimensão específica da responsabilidade social”, pois o elemento ‘responsabilidade’

percebido como exigência ou dever para com a sociedade é um termo que figura na

linguagem da ética e da moral.

2.1.3 Responsabilidade Social e Marketing

Outra variável sempre presente quando se discute a atuação social das

organizações é o marketing. A linha que separa a definição de ações sociais e éticas nas

empresas de ações e campanhas mercadológicas é muito tênue.

A responsabilidade social também é usada como ferramenta de marketing para

formar uma acepção positiva e agradável de suas atividades econômicas. O consumidor

percebe positivamente um produto fabricado ou um serviço realizado por uma empresa que

realiza projetos sociais. Pode-se até cobrar mais por isso, o que torna as atividades sociais

mais atrativas para o universo corporativo. Segundo Dunn (1998), quando a empresa realiza

ações de responsabilidade social, ela passa a atrair os consumidores e melhorar o seu

37

desempenho em vendas, gerando ganhos para os acionistas, e incrementando a reputação

corporativa e da marca da empresa.

O surgimento do interesse das empresas por empreender ações sociais criou um

paradoxo, principalmente quando o aspecto econômico da gestão organizacional passa a

perder terreno para a responsabilidade social, ou quando é preciso privilegiar a variável social

em detrimento da econômica. Tenório et al (2006) pondera que a continuidade das atividades

da empresa num ambiente competitivo como o atual, relaciona-se diretamente com a

estratégia de atuação da organização em relação a essas variáveis, buscando sempre conseguir

o máximo de eficiência e lucratividade com a manutenção da imagem e reputação da empresa

no mercado e sociedade.

Segundo Guedes (2000) o investimento em cidadania corporativa pode gerar

ações de promoção da imagem da empresa, revertendo-se em ganhos para a organização. Ele

enumera os retornos: ganho em imagem e vendas, fidelização do cliente e desenvolvimento da

marca; ganho em retorno publicitário, pois as ações sociais tornam-se publicidade voluntária

para a organização, e retorno social, pois a sociedade muda e a empresa ganha em troca.

O ponto de vista do cliente sob a percepção da mercadologia, deve ser uma dos

objetivos a serem alcançados no que diz respeito a atuação estratégica da organização.

Segundo Kotler (1998) apud Lopes (2006) a organização deve conceber todos os seus

esforços para sentir, atentar e satisfazer os anseios de seus clientes. São os interesses e

necessidade que devem ser perfeitos pela empresa.

As empresas se valem de causas e objetivos considerados nobres pela sociedade e

encontram ai uma possibilidade de atuação para favorecer e fortificar sua imagem

institucional. Kotler e Armstrong (1999) realçam a atuação da organização em favor do

incremento de sua marca reportando-se ao termo ‘marketing social’ que são as ações que

podem proporcionar grandes vantagens para a empresa e para as organizações sociais. Dessa

forma a empresa passa a contar com um poderoso e eficiente instrumento de marketing,

concebendo uma imagem pública positiva. Seus esforços em custear projetos ou ações sociais

são revertidos em ganhos diretos no que diz respeito a divulgação, fortalecendo a impressão

positiva que a sociedade tem da empresa e dos bens e serviços que ela produz, além de direta

ou indiretamente modificar o entorno social de onde está inserida o que também lhe

proporciona ganhos sociais.

Outra conceituação sobre o tema é elaborada por Vaz (1995) que delimita o

escopo de atuação do marketing social como um aspecto da mercadologia utilizada pela

38

empresa que tem como fim principal mitigar ou eliminar os problemas sociais, as

necessidades da sociedade relacionadas às questões de saúde pública, trabalho, educação,

transporte e nutrição. Essa percepção é delimitada e específica, o que pode minimizar a

amplitude de ações que podem ser realizadas visando melhorar a imagem da organização

através de ações de cunho social.

2.1.4 Responsabilidade Social e Meio Ambiente

Uma temática alinhada às práticas e ações sociais é a responsabilidade ambiental.

A questão ambiental vem sendo tratada como assunto estratégico e é considerado uma das

áreas de gestão mais trabalhadas pelas empresas modernas. Atualmente é uma questão tão

discutida como quando o assunto é responsabilidade social, dividindo em importância e

apresentando-se, as duas proposições em conjunto, como os principais pilares do movimento

do desenvolvimento sustentável.

A construção de conceitos e a busca pela uniformização de suas práticas pode vir

a fomentar a construção de uma nova definição de empresa, que tenha na sua formalização

institucional um compromisso para com a sociedade e o meio ambiente em que ela está

inserida.

De acordo com Shrivastava (1994) apud Carrieri et al (2006, p.4) a consciência

ambiental é relacionada com a Responsabilidade Social quando a sociedade exige que se

racionalize o uso de recursos naturais e humanos, necessários à realização de bens e a

prestação de serviços. “Nesse processo os discursos relacionam a temática ambiental

intrinsecamente com a questão da responsabilidade social das organizações”.

O senso de obrigação e a conscientização das pessoas faz com que a

responsabilidade sócio-ambiental seja cada dia mais valorizada pelas empresas, tornando-se

questão estratégica, e as organizações por sua vez, percebem a oportunidade de transformar as

ações desenvolvidas na área em resultados positivos para seus negócios. Segundo o Instituto

Ethos (2002) apud Mueller (2003, p.125), “uma empresa ambientalmente responsável procura

minimizar os impactos negativos e amplificar os positivos”. Dessa forma a valorização de

uma filosofia ambiental e a criação de compromisso com a utilização eficaz dos recursos

naturais é considerado um diferencial organizacional estratégico.

39

2.1.5 Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho

O Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho é um projeto do Serviço Social da

Indústria (SESI) desenvolvido em todo o território nacional com o objetivo de disseminar e

premiar as práticas sociais, de gestão de pessoas, saúde e segurança no trabalho e meio

ambiente. De acordo com SESI (2008, p.8):

estimula o exercício da responsabilidade social empresarial da indústria brasileira,

fomentando a adoção de novos valores de gestão e valorização das pessoas, o que

contribui para que as indústrias se tornem mais produtivas e ampliem suas

possibilidades de perenização no mercado.

A participação no PSQT é um diferencial para a empresa participante, visto que

possibilita uma análise realizada por profissionais especializados e consultores (avaliadores

do prêmio) sobre diversos aspectos organizacionais, e a conseqüente classificação ou mesmo

conquista do prêmio faz com que a empresa seja considerada como benchmark nas práticas

verificadas pelo PSQT, projetando sua imagem na sociedade.

O prêmio objetiva, de acordo com SESI (2010, p.10) “despertar empregados e

empregadores para o exercício da cidadania nas relações de trabalho, enfatizando interesses

comuns para sustentabilidade dos negócios e da empresa industrial”.

O processo de avaliação do prêmio nas empresas pressupõe critérios relacionados

a responsabilidade social, analisando práticas diferenciadas voltadas ao cumprimento de leis e

obrigações legais bem como de ações de melhorias do ambiente de trabalho, da comunidade

em que a empresa está inserida e também da sociedade como um todo.

O processo de avaliação das empresas considera critérios que têm na

responsabilidade social seu escopo. Valoriza a postura gerencial comprometida com

o cumprimento das obrigações legais e a satisfação das necessidades sociais

daqueles que participam direta ou indiretamente do processo produtivo, visando à

humanização do local de trabalho e do entorno social e comunitário. (SESI, 2010,

p.10)

O PSQT leva em consideração, nas suas avaliações das empresas participantes, as

seguintes etapas:

- Avaliação da Empresa por seus Colaboradores: os próprios funcionários

preenchem um questionário com questões fechadas, visando avaliar a empresa sob a ótica de

seus colaboradores;

- Relatório da Gestão da Empresa (RG): A empresa preenche um relatório

informando suas principais práticas de gestão com relação aos critérios do PSQT;

40

- Relatório de Avaliação (RA) da Visita Técnica à Empresa: Uma equipe

composta por profissionais do SESI e profissionais de consultoria (avaliadores) visitam a

empresa a fim de verificar in loco o desenvolvimento das práticas descritas pela empresa no

RG e também analisar ações relacionadas aos critérios do PSQT e outras práticas de gestão

que possam ser consideradas inovadoras;

- Avaliação da Comissão Julgadora: A comissão julgadora

estadual/regional/nacional de posse da Avaliação da Empresa pelos Colaboradores, do

Relatório da Gestão da Empresa e do Relatório da Visita Técnica escolhem quais são as

empresas consideradas finalistas e vencedoras do PSQT.

As categorias de premiação são consideradas de acordo com as práticas

empresarias desenvolvidas pelos participantes, e são classificadas em: cultura organizacional,

gestão de pessoas, ambiente de trabalho seguro e saudável, educação e desenvolvimento,

desenvolvimento socioambiental e inovação.

Para desenvolvimento do presente construto, será levada em consideração apenas

a categoria de premiação: desenvolvimento socioambiental, que de acordo com SESI (2010,

p.14), pode ser definida como:

Conjunto de práticas e de resultados relacionados ao gerenciamento dos negócios de

maneira ética e que contribua para o desenvolvimento social e a preservação

ambiental. Considera o estímulo ao voluntariado, o fomento ao desenvolvimento das

comunidades, o monitoramento do processo produtivo para não interferir

negativamente no meio ambiente e o envolvimento das partes interessadas em

questões relativas à responsabilidade ambiental e ao processo produtivo.

A categoria Desenvolvimento socioambiental possui cinco indicadores de gestão

a saber: (1) Estímulo ao voluntariado empresarial, (2) Investimento social; (3) Ações

socioculturais, (4) Prevenção e redução de danos ambientais; e, (5) Educação ambiental.

Somente os três primeiros indicadores, que estão relacionados diretamente com o escopo e

objetivos desse estudo é que serão analisados, em virtude de que a temática dos outros dois

indicadores (4 e 5) estão voltadas ao meio ambiente, que não está sendo abordada nessa

dissertação.

De acordo com SESI (2010) as variáveis de responsabilidade social do PQST

podem ser descritas, de acordo com os indicadores trabalhados durante o concurso:

- Estímulo ao voluntariado empresarial: Voluntariado empresarial representa um

conjunto de ações realizadas por uma empresa para apoiar e incentivar o envolvimento de

seus colaboradores em atividades voluntárias na comunidade. Neste caso, a empresa é

41

responsável pela criação de meios e recursos, como capacitações, palestras, alocação de horas

de trabalho, entre outras atividades, para que seu colaborador possa ser um agente de

transformação da comunidade onde está inserida.

- Investimento Social: É o repasse voluntário de recursos privados de forma

planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse

público. Diferentemente do conceito de filantropia e assistencialismo, os investimentos

sociais privados estão preocupados com os resultados obtidos, as transformações geradas e o

envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação. Trata-se de uma alocação de

recursos privados que pode ser feita por qualquer doador (empresa, organização social,

universidade, escola, família, indivíduos) para benefício público, com o objetivo de

transformação da sociedade a partir da implementação de programas ou projetos demandados

por determinado grupo social, comunidade ou região geográfica.

- Ações socioculturais: Ações que colaboram com a integração entre os

colaboradores, envolvendo suas famílias. Ações oferecidas aos colaboradores para aumentar a

sua motivação no trabalho e o comprometimento/integração com objetivos e metas

empresariais.

Analisando cada um dos três indicadores voltados ao tema Responsabilidade

social utilizados pelo SESI para premiar as empresas do PSQT, é mister destacar que baseado

na literatura vigente, em parte, podem representar em maior ou menor grau o que pretendem.

Apesar do PSQT ter Responsabilidade Social como um de seus fundamentos, os indicadores

que categorizam as práticas que as empresas promovem, podem provocar distorções sobre a

possibilidade dessas empresas em empreenderem ações efetivas que venham a servir como

um catalisador de mudanças na sociedade em que estão inseridas, pois segundo Toldo (2002)

há empresas que realizam ações informais consideradas como necessárias por seu dirigente,

sem distinguir filantropia de responsabilidade social.

O conceito do SESI (2010) sobre o emprego do indicador “Ações Socioculturais”

coaduna com o que Ashley (2002, p.7) preceitua sobre o tema: “A responsabilidade social

pode ser também o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem-estar e

melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidade em geral”.

A preocupação com o funcionário e as ações que promovem sua satisfação no trabalho e a

integração da empresa com as famílias de seus colaboradores são condições favoráveis

dispensadas pela organização ao seu corpo funcional. Melo Neto e Brennand (2004) também

42

participam dessa proposição, percebendo Responsabilidade Social como uma condição

relacionada à qualidade de vida no trabalho.

Apesar da inconsistência acerca da definição conceitual de Responsabilidade

Social, há que se considerar alguns elementos na sua formação. Cajazeira e Barbieri (2009)

apresentam as vertentes da filantropia, da ética, das leis e da economicidade. É possível

considerar, a partir desse pressuposto, que o indicador “Ações Socioculturais” atenderia à

variável filantropia, já que não há nenhum retorno para a sociedade e os benefícios podem ser

percebidos como pontuais e não estruturais.

Há também a possibilidade de ações voltadas ao público interno, aos

colaboradores e suas famílias, serem confundidas e entendidas como interesse em satisfazer

os colaboradores e assim obter retorno com mais produtividade. Percebe-se que não é

somente nessa seara (ações socioculturais) onde o julgamento sobre o que é, e o que não é

responsabilidade social pode dar início a uma diversidade de teorias, o que apesar de não ser o

objetivo do trabalho em tela e pela importância de entender os limites do tema, é mister

destacar.

O indicador “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” pode ser concebido como

um estímulo da empresa para seus colaboradores participarem de ações voluntárias que

tenham a comunidade como beneficiária. De acordo com Ferrel et al (2001) a partir do

momento que uma organização desenvolve ações de responsabilidade social, estas passam a

ser responsabilidade de todos, incluindo ai os funcionários. O voluntariado é uma atividade

desenvolvida especificamente por uma pessoa, o que pode contrastar com a característica de

volição que deve ter o ato. O voluntariado ainda é um tema pouco discutido e com

conceituação ainda em construção, possuindo vários nuances para a academia e para o

universo corporativo. De acordo com Caldana e Figueiredo (2007, p.2):

Há os que defendem a idéia de que o voluntariado é um fenômeno de caráter

assistencialista, associado ao senso religioso e que visa ao alívio de consciências

culpadas; existem também aqueles que julgam a ação voluntária como um ato de

autopromoção e vaidade. Por outro lado, há uma parcela crescente na sociedade

afirmando que o voluntariado está sofrendo alterações e, por isso, essa vertente

assistencialista vem sendo abandonada e substituída por determinações éticas,

desenvolvidas em torno dos conceitos de solidariedade e de organização da

sociedade civil, dentro do que se convencionou denominar Terceiro Setor.

No que diz respeito à pessoa que empreende o ato de voluntariado, e de acordo

com Corullón (apud TENÓRIO, 2006, p. 195), voluntário é a pessoa que oferece

43

“espontaneamente seu tempo, talento e energia para seus semelhantes e suas comunidades,

através de ações individuais ou em grupo, sem expectativa de recompensa financeira”.

Existe também a condição, no indicador específico, da atividade ser considerada

por parte da empresa como condicionante às atividades de seus colaboradores, o que não pode

ser entendida no caso das empresas que participaram do PSQT, haja vista o caráter

espontâneo da participação no prêmio. De acordo com o Instituto Ethos (2011, p.24), o

voluntariado empresarial “é um conjunto de ações realizadas por empresas para incentivar e

apoiar o envolvimento dos seus funcionários em atividades voluntárias na comunidade”.

O quadro 02, demonstra uma análise da pesquisa “Estratégias de empresas no

Brasil: atuação social e voluntariado” empreendida pelo CEATS-USP, que estudou a

percepção de 273 organizações sobre as vantagens de programas de voluntariado com seus

colaboradores:

Em relação aos funcionários, o voluntariado

empresarial: Concorda

Concorda

Parcialmente Discorda

Contribui para o desenvolvimento de

conhecimentos, técnicas e habilidades 52% 30% 5%

Melhora o envolvimento do funcionário com a

empresa 40% 41% 5%

Aumenta a motivação e produtividade dos

funcionários 34% 43% 9%

Quadro 02 – Opiniões das empresas a respeito dos benefícios do voluntariado em relação aos funcionários

Fonte: Fischer e Falconer (1999, p.39)

De acordo com o quadro 02, é possível perceber que o voluntariado promovido

pelas empresas, engajando e estimulando seus colaboradores a atuarem em projetos de

responsabilidade social, é avaliado positivamente, e pode ser considerado como um fator de

diferenciação empresarial e de motivação do seu público interno.

Já o indicador do PSQT relativo à “Investimento Social” adotado pelo SESI

(2010) é a transferência de valores da empresa para projetos sociais de forma voluntária,

planejada, monitorada e sistemática. A mera atividade de repassar fundos, pode ser

considerada como doação, sem a proposição de controle e compromisso com os projetos que

estão recebendo o aporte financeiro. Bazanini et al (2009) afirmam que “é visível, portanto,

que a responsabilidade social não se resume às doações em espécie. É preciso dedicar tempo,

de modo que haja um maior envolvimento e, sobretudo, comprometimento por parte dos

doadores”.

44

Apesar de possuírem uma sistematização básica, e demandarem recursos humanos

e financeiros para a realização de atividades sociais, os critérios do prêmio ainda carecem de

uma variável que possa levar em consideração a vertente ética, o interesse da empresa em

contribuir para a construção e manutenção de uma sociedade justa e sustentável.

As ações preconizadas e promovidas pelo prêmio demonstram a preocupação

básica com os anseios sociais, com características pontuais, e pode ser considerada insipiente

no que diz respeito ao caráter ético declarado por Cajazeira e Baribieri (2009) como

primordial para caracterizar a responsabilidade social promovida pelas empresas.

2.2 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E PAPÉIS GERENCIAIS

2.2.1 Competências

O universo organizacional vem passando por fortes e constantes mudanças

ocasionadas pela globalização. As novas mídias sociais e as possibilidades de comunicação

que elas proporcionam, aliadas ao aumento de competitividade das empresas e exigências dos

consumidores fazem com que as organizações passem a desenvolver estratégias de atuação

cada vez mais profissionais e voltadas ao desenvolvimento de aptidões e competências do seu

quadro funcional.

Este ambiente novo e competitivo exige capacitação e profissionalização do

quadro gerencial, munindo-os de condições de poder decidir com o máximo de possibilidades

de acerto possíveis. O quadro gerencial ou alta administração precisa necessariamente estar

apta a coordenar, planejar e executar recursos de forma a possibilitar a organização o máximo

de desempenho. Segundo Bitencourt (2001):

Neste contexto, o desenvolvimento de competências possui um papel significativo

na medida em que contribui para a formação das pessoas e para a mudança de

atitude em relação às práticas de trabalho, ou mesmo para a percepção da realidade,

buscando agregar valor à organização.

Uma das mudanças que mais influenciam a necessidade das empresas em buscar

pessoas com competências relacionadas ao core business da organização, com condições para

atuar de forma a atender as especificidades do mercado, agregando valor ao negócios, aos

seus produtos e/ou serviços são as novas tendências delineadas pelos consumidores. Pacheco

et al (2006) acrescenta que são os clientes que urgem por produtos cada vez mais específicos

45

que atendam seus anseios e necessidades de forma personalizada, com características

intangíveis tais como: segurança, customização, status, auto-realização, entre outros.

De acordo com Fleury e Fleury (2001), com esse novo cenário empresarial, antes

o elemento competência pertencia ao vocabulário relativo ao direito, passando a ser usado

como um jargão do meio organizacional, tendo como conceito a capacidade das pessoas em

empreender com eficiência determinada função. Brandão (1999) acrescenta que o termo

começou a ser utilizado no arcabouço jurídico da idade Média, percebido como a condição de

alguém ou alguma instituição para avaliar e decidir situações.

A competência de determinada pessoa não lhe é inata, não é predefinida, é sim,

construída de acordo com as condições a que ele está exposto, é formada por um conjunto de

situações que são vividas e absorvidas determinando o perfil daquele indivíduo. Assim como

na vida pessoal também acontece no ambiente profissional, quando um funcionário, de acordo

com os estímulos e condições que lhes são dispostos cria o seu padrão de atuação. Le Boterf

(2003, p.68-69) explica que a competência:

Não preexiste, mas é construída por um sujeito. Não é predefinida: é um

acontecimento ou um processo. O profissional constrói sua competência ou suas

competências a partir de recursos possíveis (capacidades, conhecimentos,

habilidades, etc.), mas sua competência não se reduz apenas a aplicação desses

possíveis. O saber mobilizar passa pelo saber combinar e pelo saber transformar. (...)

A competência não é um sistema dependente, do qual bastaria regular os parâmetros.

O entorno (social, profissional, pessoal) pode ser mais ou menos favorável a essa

emergência da competência. Ele pode encorajar ou não, facilitar ou não essa

intervenção ou essa composição.

Assim, o profissional também é responsável direto pela formação de suas

competências. Ele precisa cadenciar todas as variáveis no seu entorno para dar-lhes

significado, definindo seu perfil pessoal e/ou funcional de acordo com suas pretensões.

Partindo do pressuposto que a competência é uma condição imprescindível para

que a empresa desenvolva estrategicamente sua força funcional de forma a proporcionar o

máximo de valor agregado aos seus processos, existem conceituações e abordagens diferentes,

principalmente no que diz respeito a área da administração em que ela é estudada e que

delineiam sua aplicação e podem determinar a melhor estratégia a ser implementada para o

correto gerenciamento das variáveis de competência.

Para ilustrar a diversidades de conceitos, Bitencourt (2001, p.28-30) elenca vários

deles, destacando a ênfase que cada uma das definições institui para o assunto:

46

Autor Conceito Ênfase

Boyatizis

(1982, p. 23)

“Competências são aspectos verdadeiros ligados à

natureza humana. São comportamentos observáveis

que determinam, em grande parte, o retorno da

organização”

Formação,

comportamentos,

resultados

Boog (1991,

p. 16)

“Competência é a qualidade de quem é capaz de

apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada

coisa; significa capacidade, habilidade, aptidão e

idoneidade”

Aptidão, valores e

Formação

Spencer e

Spencer

(1993, p. 9)

“A competência refere-se a características intrínsecas

ao indivíduo que influencia e serve de referencial

para seu desempenho no ambiente de trabalho”

Formação e resultado

Sparrow e

Bognanno

(1994, p. 3)

“Competências representam atitudes identificadas

como relevantes para a obtenção de alto desempenho

em um trabalho específico, ao longo de uma carreira

profissional, ou no contexto de uma estratégia

corporativa”

Estratégias, ação e

resultados

Moscovicci

(1994, p. 26)

“O desenvolvimento de competências compreende os

aspectos intelectuais inatos e adquiridos,

conhecimentos, capacidades, experiência,

maturidade. Uma pessoa competente executa ações

adequadas e hábeis em seus afazeres, em sua área de

atividade”

Aptidão e ação

Cravino

(1994, p.

161)

“As competências se definem mediante padrões de

comportamentos observáveis. São as causas dos

comportamentos, e estes por sua vez, são a causa dos

resultados. É um fator fundamental para o

desempenho”

Ação e resultados

Parry (1996,

p.48)

“Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e

atitudes correlacionados, que afeta parte considerável

da atividade de alguém, que se relaciona com o

desempenho, que pode ser medido segundo padrões

preestabelecidos, e que pode ser melhorado por meio

de treinamento e desenvolvimento”

Resultado, formação

Sandberg

(1996, p.

411)

“A noção de competência é construída a partir do

significado do trabalho. Portanto, não implica

exclusivamente na aquisição de atributos”

Formação e interação

Bruce (1996,

p. 6)

“Competência é o resultado final da aprendizagem” Aprendizagem

individual e

autodesenvolvimento

Boterf (1997,

p. 267)

“Competência é assumir responsabilidades frente a

situações de trabalho complexas buscando lidar com

eventos inéditos, surpreendentes, de natureza

singular”

Mobilização e ação

Magalhães et

al. (1997, p.

14)

“Conjunto de conhecimentos, habilidades e

experiências que credenciam um profissional a

exercer determinada função”

Aptidão e formação

47

Perrenoud

(1998, p.1)

“A noção de competência refere-se a práticas do

quotidiano que se mobilizam através do saber

baseado no senso comum e do saber a partir de

experiências”

Formação e ação

Durand

(1998, p.3)

“Conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes

interdependentes e necessárias à consecução de

determinado propósito”

Formação e

Resultados

Hase et al.

(1998, p. 9)

“Competência descreve as habilidades observáveis,

conhecimentos e atitudes das pessoas ou das

organizações no desempenho de suas funções (...) A

competência é observável e pode ser mensurada por

meio de padrões”

Ação e resultado

Dutra et al.

(1998, p. 3)

“Capacidade da pessoa gerar resultados dentro dos

objetivos estratégicos e organizacionais da empresa,

se traduzindo pelo mapeamento do resultado

esperado (output) e do conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes necessários para o seu

atingimento (input)”

Aptidão, resultados,

formação

Ruas (1999,

p. 10)

“É a capacidade de mobilizar, integrar e colocar em

ação conhecimentos, habilidades e formas de atuar

(recursos de competências) a fim de atingir/superar

desempenhos configurados na missão da empresa e

da área”

Ação e resultados

Fleury e

Fleury (2000,

p. 21)

“Competência: um saber agir responsável e

reconhecido, que implica mobilizar, integrar,

transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que

agreguem valor econômico à organização e valor

social ao indivíduo”

Ação e resultado

Hipólito

(2000, p. 7)

“O conceito de competência sintetiza a mobilização,

integração e transferência de conhecimentos e

capacidades em estoque, deve adicionar valor ao

negócio, estimular um contínuo questionamento do

trabalho e a aquisição de responsabilidades por parte

dos profissionais e agregar valor em duas dimensões:

valor econômico para a organização e valor social

para o indivíduo”

Formação, resultados,

Perspectiva dinâmica

Davis (2000,

p. 1 e 15)

“As competências descrevem de forma holística a

aplicação de habilidades, conhecimentos, habilidades

de comunicação no ambiente de trabalho (...). São

essenciais para uma participação mais efetiva e para

incrementar padrões competitivos. Focaliza-se na

capacitação e aplicação de conhecimentos e

habilidades de forma integrada no ambiente de

trabalho”

Ação e resultados

Zarifian

(2001, p. 66)

“A competência profissional é uma combinação de

conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e

comportamentos que se exerce em um contexto

preciso”

Aptidão, ação,

resultado

Becker et al. “Competências referem-se a conhecimentos Formação e

48

(2001, p.

156)

individuais, habilidades ou características de

personalidade que influenciam diretamente o

desempenho das pessoas”

desempenho

Quadro 03 – Conceitos de competências

Fonte: Adaptado de Bitencourt (2001, p.28-30)

O conceito de competências vem despertando o interesse tanto de empresas,

quanto da academia ou mesmo de governos. A possibilidade de desenvolver funcionários para

que eles tenham as condições necessárias para melhor exercer suas atividades é um atrativo

pra qualquer organização ou instituição, fazendo com que sejam aplicadas práticas e termos

de uma gestão específica para o desenvolvimento de competências. De acordo com Gramigna

(2007, p.15):

A gestão por competências torna-se um processo de enorme impacto nos resultados

organizacionais e, após vinte e cinco anos, desde a sua gênese, vem comprovando

sua eficiência. Já não pode ser considerada ‘modismo, invenção da área de Recursos

Humanos ou mais um plano da diretoria.

Entre as variáveis citadas nos conceitos de competências listados no quadro 02, as

mais mencionadas foram competências, habilidades e atitudes. De acordo com Ferreira (2005,

p.128) o conceito mais simples e geralmente utilizado para estabelecer o significado de

competência é o de que ela é “formada pelo conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes

(CHA)”. Essas três peculiaridades somam-se de forma interativa para formar as condições

necessárias para a gestão de competências delimitar as características principais que seus

colaboradores devem ter.

Segundo Vargas, Vieira Filho e Vieira apud Gondim (2008), existe um

movimento que vem determinando a diminuição das diferenças entre as competências

exigidas nas empresas, e consequentemente aumentando as determinações com relação a

conhecimentos, habilidades e atitudes para o grupo de cargos funcionais. Assim essas

dimensões atuariam em conjunto, de forma interdependente com o objetivo de empreender os

propósitos estratégicos organizacionais, facilitando a realização dos processos de trabalho,

melhorando a qualidade de vida dos colaboradores (de forma a proporcionar um ambiente

salubre e organizado) e, por conseguinte, aumentando sua satisfação com relação à

organização. Durand apud Bündchen (2006, p.39) estabelece um padrão análogo sobre

competência “ancorado em três dimensões – conhecimentos, habilidades e atitudes –

englobando aspectos cognitivos, técnicos, sociais e afetivos relacionados ao trabalho”.

Ainda de acordo com os autores, os conhecimentos necessários ao

desenvolvimento da competência são aqueles que permitem ao indivíduo conhecer e ‘entender

49

o mundo” através de uma série de informações personificadas por ele, possibilitando a

formação de um saber. Já as habilidades dizem respeito a condição de saber fazer algo,

utilizando o saber adquirido para utilizá-lo em algo para atingir um objetivo pretendido. As

atitudes se referem aos relacionamentos sociais e pessoais do sujeito, é a reação para querer

fazer o que se sabe e o que se pode.

Ruas (2001) elabora um paralelo entre as três dimensões (conhecimentos,

habilidades e atitudes) relacionadas à competência através de uma figura com suas principais

particularidades:

As vertentes da competência são interelacionadas e nenhuma delas pode ser

desenvolvida em separado, caso isso aconteça, poderá interferir negativamente na

performance do processo de desenvolvimento de competências na organização. O

conhecimento, as habilidades e as atitudes devem ser providas de forma planejada em toda a

empresa, independentemente de seus níveis hierárquicos, pois de acordo com Moura e

Bitencourt (2006, p.5):

Os conhecimentos, habilidades e atitudes se complementam e se articulam de forma

sistêmica. Uma prática organizacional que prioriza apenas um desses níveis

subestima o efeito sobre os demais. O desenvolvimento de competências procura o

equilíbrio entre o saber, o saber-fazer e o saber-agir. Essa visão sistêmica descreve o

processo de aprendizagem no cruzamento entre o que o indivíduo conhece, o que

pratica e como se comporta no cenário organizacional.

SABER

(conhecimento)

Conhecimento do ambiente

Conhecimentos gerais e teóricos

Conhecimentos operacionais

SABER FAZER

(habilidades) Experiência profissional associada

SABER SER/AGIR

(atitudes)

Atributo profissional

Atributo social

Figura 04 – Três dimensões da competência

Fonte: adaptado de Ruas (2001)

50

Dessa forma, fica evidente o desafio para os gestores de organizações no que diz

respeito a competências, que é transformar as características de conhecimento, habilidade e

atitude dos colaboradores em resultado.

Carbone (2006) faz uma conceituação bem específica e completa sobre as

características da formação da competência. Ainda seguindo a formulação de Carbone (2006,

p.43), a variável conhecimento significa:

Informações que, ao serem reconhecidas e integradas pelo indivíduo em sua

memória, causam impacto sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao

saber que a pessoa acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de

conceitos, idéias ou fenômenos.

Ele continua conceituando as vertentes da competência, explicitando seu

entendimento sobre habilidade, estabelecendo que:

A habilidade está relacionada à aplicação produtiva do conhecimento, ou seja, à

capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos armazenados em sua memória e

utilizá-los em uma ação. (CARBONE, 2006, p. 45)

Carbone (2006, p.45) fundamenta sua percepção sobre atitude, explicando que ela

é relativa a características sociais e afetivas concernentes ao trabalho, que “diz respeito a um

sentimento ou à predisposição da pessoa, que determina a sua conduta em relação aos outros,

ao trabalho ou a situações”.

A formação exigida do profissional de alto desempenho é o que consegue manter

um perfil alinhado com os objetivos organizacionais e desenvolver cada uma das

particularidades da competência de forma conjunta, transformando características que

separadas não produziriam o que poderiam criar atuando em conjunto, tanto para a empresa,

quanto para seu crescimento pessoal e profissional. Le Boterf (2003, p.48) afirma que: O

profissional não é aquele que possui conhecimentos ou habilidades, mas aquele que sabe

mobilizá-los em um contexto profissional.

As competências são subdivididas em modelos ou cenários em que são

empreendidas, de acordo com o nível estratégico em que se situam os sujeitos da ação ou o

foco que se pretende dar à tarefa de desenvolvimento das competências. Partindo do

entendimento de Oderich (2005) e Resende (2004) apud Gondim (2008), as competências

podem ser analisadas de acordo com várias percepções: o nível estratégico (relativa à

dimensão organizacional, ou às competências organizacionais); nível funcional (relativo à

dimensão funcional e à divisão na empresa); e o gerencial (competências específicas

51

relacionadas ao escopo gerencial). Elas podem ser diferenciadas a partir das seguintes

características:

- Competências Organizacionais: Influenciam relativamente o desempenho e a

capacidade da empresa em termos de resultados. Para Ruas (2001), a competência

organizacional está intimamente relacionada às variáveis da estratégia competitiva da empresa

e é relativamente menos conhecida que a dimensão de competência individual. Esse tipo de

competência é voltada para o alcance das metas organizacionais e diz respeito a busca pela

excelência nos negócios. Prahalad e Hamel (1998) apud Magalhães (2009, p.69), determinam

que:

As competências organizacionais são como o conjunto de habilidades, competências

e tecnologias que permite a uma empresa atender necessidades específicas de seus

clientes, isto é, alcançarem vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Neste

sentido, a competência essencial da empresa é a soma do aprendizado de todo o

conjunto de suas habilidades.

- Competências Gerenciais: As competências gerenciais estão relacionadas a ação

de executar as atividades de desenvolvimento funcional de acordo com as práticas

organizacionais. Para Ruas (2005) apud Gondim (2008), as competências gerenciais são

aquelas que fazem com que os projetos organizacionais e funcionais aconteçam. De acordo

com Parry (1996) apud Magalhães (2009, p.83) “as competências gerenciais são genéricas e

aplicáveis para a maioria das organizações, independente do tipo e função das mesmas”.

- Competências Individuais: São cada uma das características dos indivíduos que

formam a organização, que em conjunto e trabalhadas estrategicamente, constituem as

competências organizacionais. Magalhães (2009, p.67) explica que o correto gerenciamento

das competências individuais devem promover o desenvolvimento de competências

organizacionais e competências essenciais, direcionadas à estratégia da empresa.

2.2.2 Competências Gerenciais

As competências assumem diferentes papéis em níveis variados nas empresas.

Cada uma das escalas: organizacional, gerencial e individual estão diretamente relacionadas

para manter um padrão de atendimento aos objetivos e estratégias da organização. De acordo

com Bitencourt e Moura (2006, p.5) as competências relacionam-se:

Ao desenvolvimento de conceitos, habilidades e atitudes; demandam capacitação e

se traduzem na capacidade de mobilizar recursos em práticas de trabalho; implicam

52

em articular recursos e servem de pilar para a busca de melhores desempenhos;

produzem questionamento constante e desencadeiam um processo de aprendizagem

individual, na qual a responsabilidade maior deve ser atribuída ao próprio indivíduo

(autodesenvolvimento)... os conhecimentos, habilidades e capacidades constituem-se

requisitos para que a empresa tenha a sua vantagem competitiva; a aprendizagem

coletiva e organizacional alavanca os processos de mudança.

Pressupondo que as competências organizacionais são entendidas como uma

combinação entre as competências individuais e coletivas, pode-se então inferir sobre as

capacidades do corpo gerencial da organização e determinar quais devem ser os

conhecimentos, habilidades e atitudes que se espera dos gerentes para conduzir eficazmente a

empresa. Para Ruas (2000, p. 6), competência gerencial é a condição de “mobilizar, integrar e

colocar em ação conhecimentos, habilidades e formas de atuar a fim de atingir/superar

desempenhos configurados na missão da empresa e da área”.

De acordo com a conceituação de Resende (2000) apud Felix (2008, p.65)

competências gerenciais são condições relativas à “competência da gestão, compreendendo

habilidades pessoais e conhecimentos de técnicas de administração ou gerenciamento, de

aplicação em situações de direção, coordenação ou supervisão”

O desenvolvimento profissional de um colaborador é sua condição de promotor de

mudança na organização. É ele quem transforma os conhecimentos, suas habilidades e

(através de) suas atitudes em desempenho e performance. Quando esse profissional é um

gerente de uma empresa e é dele a responsabilidade de tomar decisões, compete a ele criar,

gerir, manter e transferir capital intelectual dentro do ambiente organizacional. Segundo Le

Boterf (2003, p.25) “Espera-se que o trabalhador exerça sua qualificação para realizar um

trabalho; espera-se que o profissional operacionalize competências para administrar uma

situação profissional.”

As competências gerenciais (assim como as outras), essas em específico, devem

estar em consonância com o plano estratégico da organização, alinhadas de forma a aprimorar

e alinhar-se com os objetivos fundamentais da alta administração da empresa, pois são a partir

delas que toda a gestão da organização é desdobrada em planos, metas e decisões. Para Boog

(1991) apud Bündchen (2006, p.63) o ator principal das competências gerenciais, que é o

gerente, “é o personagem que garante a operação empresarial, o que implica realizar,

equilibradamente, o potencial de resultados, de pessoas e de inovação”. A percepção sobre

esse tipo de competência compreende e já perpassa o conceito de resultados operacionais e

financeiros tão somente, uma vez que, de acordo com Magalhães (2009, p.62):

53

As competências gerenciais abrangem questões ligadas a seu desenvolvimento

(formação) e ações gerenciais no ambiente de trabalho. No plano gerencial, a base é

a necessidade de resultados mais condizentes com a realidade da organização e não

simplesmente a noção de formação técnica e gerencial.

Num dos papéis principais sobre o desenvolvimento de competências gerenciais, o

gerente se destaca como um intermediador entre a alta direção e os funcionários,

proporcionando e executando sistemáticas e transformações intra-organizacionais de forma a

criar um ambiente interno mais humano e a empresa mais eficaz no que diz respeito ao

gerenciamento de seus recursos. De acordo com Ruas et al (2005) apud Silva (2009, p.38) o

gerente moderno tem um perfil peculiar, eles determinam que:

a necessidade de o gerente moderno reunir um conjunto de habilidades e talentos

como é exigido de nenhum outro profissional. A visão que se tem hoje da função

gerencial aponta para um líder que promove e persegue o lucro, segundo o que há de

mais moderno em termos de organização, produção e qualidade, ou seja, o lucro

simplesmente pelo lucro já não satisfaz porque é pouco, é efêmero.

Assim, percebe-se que o papel de gerente vai mais além do que um simples

coordenador de processos e/ou de pessoas. Peter Drucker (1971) escreve que o papel

desempenhado pelo gerente determina a direção dos negócios e negócios é uma atividade

especial, uma exceção na sociedade. É do gestor/gerente a incumbência de interagir com os

funcionários e alta direção, agregar e difundir conhecimento na organização, promover a

satisfação dos colaboradores e, acima de tudo, possibilitar a consecução dos objetivos

organizacionais evitando contradições de ordem funcional ou em termo de valores no

ambiente empresarial. Partindo da percepção sobre a importância do desempenho da equipe

gerencial, Gramigna (2007, p. 62) estabelece que as posturas dos gerentes são determinantes

para incrementar “o nível de confiança entre as pessoas, o clima de trabalho, o grau de

comprometimento com objetivos e metas organizacionais e, conseqüentemente, resultados

maximizados”. De acordo com Bowditch e Buono (1992, p.27) o gerente deve ser visto como

o “centro nervoso da organização, transmitindo informações de dentro para fora da

organização e vice e versa além de executar papéis decisórios que envolvem a resolução de

problemas e a tomada de decisões.”

Um dos grandes desafios das empresas modernas é o desenvolvimento de seu

corpo funcional de forma ampla, possibilitando ganhos para a organização, motivando os

funcionários, melhorando os processos de trabalho e a qualidade dos produtos e/ou serviços

da empresa. Nesse sentido o papel gerencial assume uma tipificação de liderança, o que por si

só já lhe é intrínseco, visto seu caráter de gerir pessoas da melhor forma possível. Sobre isso,

54

Boog (1991) apud Oderich (2001, p.63) especificam algumas variáveis de gestão inerentes

aos gerentes:

obter e administrar recursos, planejar atividades, assegurar o atingimento de metas,

estruturar a sua área de trabalho, planejar o futuro, liderar uma equipe, estar

disponível para ouvir o seu pessoal, motivar subordinados, integrar-se com outras

áreas, propor e defender os interesses da sua área, comunicar-se adequadamente,

escrever relatórios, verificar progressos, estar atento para o ambiente externo, tomar

decisões e outras tarefas “burocráticas”.

Os profissionais que ocupam cargos gerenciais são geralmente muito cobrados e

seu perfil é um dos mais cuidadosamente trabalhados e rigorosamente detalhados. O gerente

tem, de acordo com a empresa ou com a literatura pesquisada, competências distintas de

acordo com a atuação que se exige dele. Segundo Le Boterf (2003) apud Felix (2008, p.75) o

profissional de nível gerencial possui as seguintes características:

O profissional:

aquele que sabe

administrar uma

situação profissional

complexa.

Saber agir e reagir

com pertinência.

Saber o que fazer;

Saber ir além do prescrito;

Saber escolher na urgência;

Saber arbitrar, negociar, decidir;

Saber encadear ações de acordo

com uma finalidade.

Saber combinar

recursos e mobilizá-

los em um contexto.

Saber construir competências a

partir de recursos;

Saber tirar partido não somente de

seus recursos incorporados

(saberes, saber-fazer, qualidades),

mas também dos recursos de seu

meio.

Saber transpor.

Saber memorizar múltiplas

situações e soluções-tipos;

Saber distanciar-se, funcionar “em

dupla direção”;

Saber utilizar seus

metaconhecimentos para

modelizar;

Saber determinar e interpretar

indicadores de contexto;

Saber criar as condições de

transponibilidade com o auxílio de

esquemas transferíveis.

Saber aprender e

aprender a aprender

Saber tirar as lições da experiência,

saber transformar sua ação em

experiência;

Saber descrever como se aprende;

Saber agir em circuito duplo de

aprendizagem.

55

Saber envolver-se

Saber envolver sua subjetividade;

Saber assumir riscos;

Saber empreender;

Ética profissional. Quadro 04 – O profissional que sabe administrar uma situação complexa

Fonte: adaptado de Le Boterf 2003

Levando em consideração os novos paradigmas organizacionais e um mercado

diferenciado pelas necessidades sempre crescentes dos consumidores, o gerente assume uma

dimensão crítica em qualquer empresa, seja em que ramo de atuação for. É ele quem

canalizará os esforços na busca pela melhoria contínua dos produtos e serviços como também

será o responsável pela qualidade nos processos e pela imagem sempre positiva da empresa.

Para Lima (2010, p.50) apud Band (1997), o novo gerente:

É alguém que pensa, não só em si, pode ser visto como um patrocinador, líder de

equipe ou mesmo como um consultor interno, preocupa-se em tratar as pessoas

conforme a realização do trabalho, muda as estruturas organizacionais em resposta

as mudanças observadas no mercado, no processo decisório contam com a

participação da equipe e por fim trabalha em conjunto com foco nos resultados,

compreendendo as funções e habilidades necessárias para aplicação da criatividade.

Para Parry (1996) apud Magalhães (2009) as competências gerenciais são gerais e

podem ser empregadas para a maioria das empresas, não importando sua área de atuação nem

sua constituição. O conjunto de variáveis que as empresas precisam desenvolver para

aprimorar as competências gerenciais de seu corpo diretivo precisa estar calcado em educação

corporativa, disponibilizando sistemáticas para que seus funcionários possam aprender no

ambiente de trabalho, para que haja um clima organizacional favorável à aprendizagem

coletiva e que as informações geradas ou assimiladas sejam facilmente difundidas pela

organização. De acordo com Ruas (2001) apud Magalhães (2009, p.88) é necessário a

implementação de uma mudança organizacional fundamentada na “geração das condições

necessárias para a apropriação e internalização de conhecimentos e habilidades, ampliando as

competências associadas às novas práticas e princípios de gestão”.

2.2.3 Modelos e Papéis Gerenciais

Para melhorar a compreensão sobre como as competências gerenciais podem ser

trabalhadas e implementadas no universo organizacional é possível utilizar-se dos modelos

gerenciais que, se bem trabalhados, podem trazer uma dimensão menos teórica e apresentar

uma perspectiva mais prática ao processo de desenvolvimento de competências nas

56

organizações. Os modelos gerenciais que serão abordados nesse trabalho terão como base, os

que foram apresentados por Robert Quinn em sua obra Competências Gerenciais: princípios e

aplicações.

De acordo com Quinn et al (2003) modelos são representações de uma realidade

mais complexa, de forma a nos auxiliar a representar, comunicar idéias e compreender melhor

os fenômenos mais complexos do mundo real. Os modelos tornam a tarefa de planejar ações e

processos bem mais fáceis, melhorando a compreensão e validando o planejamento que ainda

não foi comprovadamente validado.

O construto idealizado por Quinn elenca vinte e quatro competências gerenciais

divididas entre os oito papéis gerenciais. Os papéis gerenciais por sua vez estão divididos

entre quatro modelos gerenciais que sintetizam e facilitam a operacionalização e a distinção

entre as várias competências que podem ser utilizadas em favor da empresa.

Os Modelos Gerenciais idealizado por Quinn et al (2003) estão estruturados da

seguinte forma:

Modelo das Metas Racionais: A percepção é a de que a boa gestão proporciona

resultados produtivos, e esses, por conseguinte, trazem lucro e dividendos para a organização.

A medida a ser utilizada é o lucro líquido e todos os esforços das pessoas que fazem a

empresa devem buscar única e exclusivamente os resultados positivos em termos produtivos.

Os processos internos e as tomadas de decisão também são desenhados para que a

organização potencialize seus ganhos. “A função do gerente é ser um diretor decisivo e um

produtor pragmático” Quinn (2003, p.4).

Modelo dos Processos Internos: conhecido como “burocracia profissional”, esse

modelo foi preconizado de acordo com o pensamento de Max Weber e Henry Fayol e

apresenta-se como complemento ao Modelo das Metas Racionais.

O pressuposto desse modelo é o que leva em consideração principalmente a

rotinização, documentação, definição e mensuração de processos e fluxos de trabalho, que

levam à estabilidade, segurança e estruturação dos processos de trabalho. “Nesse modelo, o

valor último é a eficiência do fluxo de trabalho, e a função do gerente consiste em ser um

monitor tecnicamente competente e um coordenador confiável” Quinn (2003, p.6).

Modelo das Relações Humanas: Esse modelo surgiu a partir da escola das

relações humanas e dos movimentos do período compreendido entre as décadas de 20-50,

quando passou-se a perceber que os Modelos de Metas Racionais e de Processos Internos já

não representavam mais nem as necessidades das empresas nem as das pessoas que delas

57

faziam parte. O Modelo das Relações Humanas, inclusive, causou um forte rompimento com

as premissas dos dois modelos anteriores, o que lhe causou problemas para ser entendido e

posto em prática.

O cerne do movimento eram as pessoas. Os indivíduos que antes eram

considerados ‘insumos’ ou ‘parte do processo de produção’ passaram a ser dimensionados

como fator principal para o desenvolvimento da organização.

Entender as pessoas e criar círculos de trabalho proporcionando-lhes um ambiente

que as envolva foi um dos desafios principais desse modelo que teve no experimento

realizado em Hawthorne, na década de 30, um de seus marcos.

De acordo com Quinn (2003, p.6), no Modelo de Relações Humanas, a “função

do gerente é assumir o papel de mentor empático e de facilitador centrado em processos”.

Modelo de Sistemas Abertos: As mudanças trazidas pelos novos paradigmas

organizacionais, a globalização e economia moderna fizeram com que as empresas passassem

a interagir mais com o cenário externo, buscasse mais flexibilidade, capacidade de adequação

aos novos cenários e inovação.

As organizações passaram a competir num ambiente cada vez mais volátil e

global, exigindo de seus gestores capacidades gerenciais mais específicas e um perfil amplo,

com várias expertises para melhor entender todas as características dos ‘novos problemas

organizacionais’.

Para esse novo panorama, segundo Quinn (2003, p.10) é esperado que o gerente

“seja um inovador criativo e um negociador dotado de substancial astúcia política (alguém

que faz uso do poder e influência na organização)”.

58

Metas Racionais Processos Internos Relações Humanas Sistemas Abertos

Critérios de

Eficácia

Produtividade,

lucro

Estabilidade,

continuidade

Compromisso,

coesão, moral

Adaptabilidade, apoio

externo

Teoria referente a

meio e fins

Uma direção clara

leva a resultados

positivos

Rotinização leva à

estabilidade

Envolvimento

resulta em

compromisso

Adaptação e inovação

contínuas levam à

aquisição e

manutenção de

recursos externos

Ênfase

Explicitação de

metas, análise

racional e tomada

de iniciativas

Definição de

responsabilidade,

mensuração,

documentação

Participação,

resolução de

conflitos e criação

de consenso

Adaptação política,

resolução criativa de

problemas, inovação,

gerenciamento da

mudança

Atmosfera

Econômico-

racional: “lucro

líquido”

Hierárquico Orientado a equipes Inovadora, flexível

Papel do Gerente Diretor e Produtor Monitor e

Coordenador

Mentor e

Facilitador

Inovador e

Negociador/Mediador

Quadro 05 – Características dos quatro modelos gerenciais

Fonte: adaptado de Quinn, 2003

Os Oito Papéis: de acordo com Quinn (2003, p.22) “Os oito papéis ajudam-nos a

organizar nossas idéias quanto ao que se espera de quem ocupa um cargo de liderança”. São

representações do perfil de cada um dos gerentes especificados no quadro 05 e trazem a

personificação da teoria preconizada pelo autor.

Os Papéis Gerenciais podem ser classificados segundo Quinn et al (2003) em:

Diretor: papel do gerente do Modelo das Metas Racionais o diretor deve

representar as expectativas através de processos, para que seja um criador que define

problemas, escolhe alternativas, determina objetivos, papéis e tarefas, promove políticas e

regras e estabelece instruções. As competências utilizadas por esse papel, são:

desenvolvimento e comunicação da visão da empresa, estabelecimento das metas e objetivos

organizacionais e planejamento e organização das atividades;

Produtor: proveniente do Modelo das Metas Racionais o produtor deve focar a

realização de tarefas e manter o foco nas atividades da organização, demonstram alto grau de

interesse, motivação, energia e determinação pessoal. Esse papel possui as seguintes

competências: trabalho produtivo, estímulo a criação de um ambiente de trabalho produtivo e

gestão do tempo das rotinas de trabalho e do estresse dos funcionários;

Monitor: o monitor é o primeiro modelo dos Processos Internos e apresenta-se

como um gerente que deve ter controle sobre o que se passa no seu departamento, cuidar para

que os funcionários sob sua responsabilidade estão realmente cumprindo com suas

obrigações. Este papel é um excelente analista e compreende bem todos os fatos e detalhes à

59

sua volta. As competências que podem ser atribuídas ao papel de monitor são: gestão de

informações utilizando-se do pensamento crítico e a administração dos processos essenciais;

Coordenador: oriundo do Modelo dos Processos Internos o coordenador é atento e

realiza verificações rotineiras para saber o que realmente se passa próximo a ele. Tem um

senso de precisão apurado e está sempre considerando medidas, relatórios e dados. As

competências desse papel são: gerenciamento de projetos, planejamento e organização do

trabalho e gerenciamento de funções organizacionais;

Mentor: papel do Modelo das Relações Humanas voltado principalmente à

atividade de desenvolver pessoas. Ele torna-se responsável pelo aprimoramento das

competências de seus funcionários que são percebidos como recursos a serem desenvolvidos.

O mentor preocupa-se em treinar e planejar individualmente o crescimento das pessoas. O

mentor possui como competências gerenciais: compreensão de si mesmo e dos outros,

comunicação eficaz e desenvolvimento dos funcionários;

Facilitador: um dos papéis do Modelo das Relações Humanas o facilitador

promove esforços coletivos, desenvolve a coesão e o trabalho em equipe e gerencia conflitos

interpessoais. Esse papel é focado em processos e tem como competências: construção de

equipes, uso da tomada participativa de decisões e gestão de conflitos;

Inovador: originário do Modelo dos Sistemas Abertos o inovador é o gerente

responsável pela gestão da mudança, pela transição entre as transformações por que passa a

empresa. Deve estar atento ao cenário, planejar as conversões necessárias e, principalmente

adaptar-se ao risco e as incertezas. As competências gerenciais que podem ser vinculadas ao

inovador são: convivência com o processo de mudança, pensamento criativo e administração

da mudança.

Negociador: o gerente com esse papel, que está relacionado ao Modelo de

Sistemas Abertos, busca principalmente manter a legitimidade da empresa no cenário externo

bem como é um exímio captador de recursos. São os porta-vozes da organização e precisam

ter habilidade política e de relacionamento, serem persuasivos, influentes e detentores de

poder de decisão. O negociador relaciona-se com as competências gerenciais: construção e

manutenção de uma base de poder, negociação de acordos e compromissos e criação e

apresentação de idéias;

Os oito papéis estão assim distribuídos de acordo com os Modelos Gerenciais:

60

Para cada um desses papéis, Quinn et al (2003) estabeleceu três competências para

determinar o comportamento dos modelos formatados para facilitar a compreensão sobre as

características que podem ser utilizadas para melhorar a performance dos gerentes na

empresa.

As competências chaves podem servir como parâmetro último em planos de ações

de desenvolvimento de competências, visto que são os mais específicos e fáceis de

transformar em projetos e ações de planejamento e estabelecer um série de análises sobre

como desenvolver o perfil da alta gerência.

São vinte e quatro competências relacionadas aos papéis gerenciais, que erguem-

se de acordo com premissas que possibilitam sensibilidades diversas, decisões e aspectos

comportamentais do quadro gerencial de uma empresa (Quinn at al, 2003).

Figura 05 – Modelos e Papéis Gerenciais

Fonte: adaptado de Quinn (2003)

61

Papel de Mentor

1. Compreensão de si mesmo e dos outros

2. Comunicação eficaz

3. Desenvolvimento dos empregados

Papel de Facilitador

1. Construção de equipes

2. Uso do processo decisório participativo

3. Administração de conflitos

Papel de Monitor

1. Monitoramento do desempenho individual

2. Gerenciamento do desempenho e processos coletivos

3. Análise de informações com pensamento crítico

Papel de Coordenador

1. Gerenciamento de projetos

2. Planejamento do trabalho

3. Gerenciamento multidisciplinar

Papel de Diretor

1. Desenvolvimento e comunicação de uma visão

2. Estabelecimento de metas e objetivos

3. Planejamento e organização

Papel de Produtor

1. Trabalho produtivo

2. Fomento de um ambiente de trabalho produtivo

3. Gerenciamento do tempo e do estresse

Papel de Negociador

1. Construção e manutenção de uma base de poder

2. Negociação de acordos e compromissos

3. Apresentação de idéias

Papel de Inovador

1. Convívio com a mudança

2. Pensamento criativo

3. Gerenciamento da mudança

Quadro 06 – Os oito papéis de liderança gerencial e suas respectivas competências-chave

Fonte: Adaptado de Quinn et al (2003)

Uma das características comuns entre Responsabilidade Social e os Papéis

Gerenciais é que ambos fazem parte do rol de prioridades da alta administração das empresas,

são assuntos considerados críticos para o mundo corporativo hodiernamente. A

responsabilidade social por sua importância para a sociedade e principalmente para o mercado

consumidor que valoriza as organizações que investem e promovem ações com foco no

interesse comum, e os Papéis Gerenciais pela necessidade das empresas em conhecer e

desenvolver competências necessárias ao desempenho e produção que esperam de seus

gestores.

É possível inferir que o ponto de interseção entre esses dois construtos é o

desenvolvimento da capacidade e o perfil de gerentes que saibam gerar estratégias de

negócios e fazer com que as empresas estejam o mais próximo possível das comunidades em

que estão inseridas, bem como desenvolver ações de responsabilidade social que estejam de

62

acordo com as leis aplicáveis, que sejam éticas do ponto de vista dos beneficiários e

economicamente viáveis tanto para o projeto que está sendo desenvolvido, quanto para a

empresa que o está desenvolvendo.

Os gerentes das empresas são peças-chaves para a composição do quadro de

stakeholders de uma organização em se tratando de ações de responsabilidade social, haja

vista sua condição de poder de decisão no que diz respeito aos recursos que estão sendo

disponibilizados assim como na sistemática desenvolvida para administrar essas atividades.

Por sua vez, a responsabilidade social é uma das áreas de gestão que é comumente tratada por

gerentes.

A responsabilidade social está intimamente ligada ao modelo de gestão que as

empresas utilizam, faz parte das atribuições da alta gestão da organização e que, segundo

Bueno et. al (2002), é um valor a ser incorporado pela cultura da empresa, na qual a ética é a

base da relação com todos os seus públicos. O gerente é um catalisador das ações de

responsabilidade social nas empresas. De acordo com Cremasco (2012) “A sociedade espera

que esse profissional, enquanto dotado de decisão estratégica na empresa, faça-a contribuir

com recursos para a comunidade, visando a melhoria da qualidade de vida, visando à

melhoria da qualidade de vida da comunidade”.

A empresa precisa desenvolver ações coerentes e de acordo com o as necessidades

da comunidade com a qual espera contribuir. Os projetos precisam ser bem mais que

benemerência ou filantropia, exige-se das organizações que empreendam algo consistente e

que estas ações estejam diretamente relacionadas com os principais problemas sociais a serem

minimizados. Os gestores dessas empresas também necessitam compreender o cenário social

em que sua organização está inserida, e acima de tudo, conheçam e executem as atividades de

responsabilidade social. A política da empresa precisa comtemplar essas possibilidades. De

acordo com o Instituto Ethos (2003) filantropia empresarial consiste “basicamente de ação

social externa da empresa, tendo como beneficiário principal a comunidade em suas diversas

formas (conselhos comunitários, organizações não governamentais, associações comunitárias

etc.) e organização”, o que a distingue das ações direcionadas para a responsabilidade social

que “foca a cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um público maior

(acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade,

governo e meio-ambiente)”. A responsabilidade social empresarial precisa fazer parte do core

business da empresa, sob pena de não ser tratada com a importância de que é digna.

63

Mesmo assim é perceptível a busca das empresas, mesmo que sem direção, por

desenvolver uma política de responsabilidade social que atenda às necessidades de seus

clientes e comunidade e também que possa estar coesa com as possibilidades de que dispõe

para investir em projetos sociais. As organizações já sabem que a manutenção de uma

imagem positiva frente à sociedade, e por conseguinte a sua permanência no mundo

corporativo depende em grande parte da capacidade de seus gerentes em perceber a

responsabilidade social como uma oportunidade de desenvolvimento para a empresa e para

todos os seus stakeholders.

64

ESTUDOS REALIZADOS

Para consolidar o estudo foram realizados diversos análises de outros construtos

sobre os temas em destaque. As obras estão apresentadas por ordem de leitura e estudo.

A primeira dissertação analisada foi: Responsabilidade Social Corporativa:

benefício social ou vantagem competitiva, escrita por Feldato (2005), que pretendeu verificar

as relações entre atuação social de empresas e os negócios por elas desenvolvidas. A autora

também intentava estudar conceitos sobre o tema responsabilidade social corporativa, tentar

entender o contexto corporativo/organizacional em que as empresas estão hodiernamente

inseridas, e por fim, contribuir para com estudos futuros sobre a caracterização do assunto

abordado.

Em relação às conclusões do estudo, a autora determinou que as empresas de

porte pequeno e médio investem em ações sociais tanto quanto empresas de grande porte, e

que empresas de capital aberto possuem a tendência de determinar formalmente a estratégia

de atuação social e o planejamento de suas ações, em detrimento das empresas de capital

fechado.

Outra evidência encontrada na pesquisa realizada foi que a maioria das empresas

investe em projetos sociais nas mesmas regiões onde realiza seus negócios e os principais

usuários dessas ações sociais são crianças e adolescentes, através de ações

predominantemente voltadas à educação.

Assim, a autora conclui que entre as organizações com estratégia de atuação social

mais antiga foram percebidos vários pontos de interface e interação das ações com o core

business da empresa, ficando claro assim, que a responsabilidade social é uma variável que

está relativamente ligada aos negócios da organização.

O segundo trabalho científico analisado foi: A utilização dos indicadores de

Responsabilidade Social Corporativa e sua relação com os stakeholders, escrita e apresentada

por Mueller (2003).

A autora buscou detalhar os indicadores de Responsabilidade Social utilizados

pela empresa Amanco Brasil S.A. tentando avaliar sua ação social relativa aos seus

stakeholders, bem como explicitar a atuação da organização, suas políticas e valores

corporativos. Outra intenção explicitada pela autora foi retomar os conceitos relativos à

temática procurando demonstrar a criticidade e necessidade de utilização de práticas sociais

no mundo corporativo moderno.

65

Foi possível observar no estudo em tela, que a empresa pesquisada (Amanco

Brasil S.A.) empreende de forma eficaz um sistema de gestão de responsabilidade social

formal dentro de seu organograma funcional, e que a organização realiza ações e projetos que

visam o bem comum de todos os seus stakeholders, bem como atua de forma ética e proba, de

acordo com o princípio da transparência organizacional.

Outra constatação percebida pela autora é que se faz necessário universalizar os

conceitos e as práticas sociais entre as empresas de nosso país, não importando o seu tamanho

ou localização, e que a Responsabilidade Social se apresenta como um dos mais importantes

sistemas de gestão. Ainda segundo esse estudo é mais que necessário instituir uma sistemática

de avaliação de ações e criação de indicadores de atuação das empresas para consolidar

práticas e fomentar valores sociais.

Uma outra dissertação analisada foi apresentada por Soares (2003), e teve como

título: A particularidade da Responsabilidade Social no setor sucroalcooleiro de Alagoas.

A autora pretendeu com o trabalho estudar o lócus do setor sucroalcooleiro do

estado de Alagoas, analisando a relação da Responsabilidade Social e as condições de

trabalho que são empreendidas pelas empresas, tentando entender como a legislação

trabalhista fomenta a prática de projetos e ações sociais nesse ambiente.

Os objetivos principais do construto são: conhecer a percepção de

responsabilidade social propostos pela gerência da empresa, entender as especificidades do

setor sucroalcooleiro no que diz respeito às normas de assistência social e como se deu o

processo de implementação de certificação social realizado na organização.

Foi percebido após a finalização do trabalho que o setor pesquisado possui

especificidades que o distingue de todo o mercado de trabalho. Uma das principais conclusões

relatadas pela mestranda é que a maior parte das ações e projetos sociais empreendidos pela

empresa são apenas obrigações legais trabalhistas e que sua certificação social se deu com

base em leis obrigatórias que deviam ser seguidas por todas as empresas do setor.

O quarto estudo analisado é a Dissertação: Práticas socialmente responsáveis: um

elo entre Responsabilidade Social e a Gestão de Pessoas, elaborado por Gomes (2009).

O autor do trabalho buscou entender as práticas desenvolvidas pelas empresas e

que as levou a vencer o Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho – PSQT, no período de 2005

a 2008, e a sua relação com a sistemática de gestão de pessoas desenvolvidas pela

organização.

66

Os principais objetivos da pesquisa foram os de mostrar a interelação entre as

práticas desenvolvidas pelas empresas vencedoras do PSQT e os métodos empregados pelo

setor de gestão de pessoas dessas organizações. O autor também pretendeu analisar as práticas

sociais desenvolvidas como também verificar se existem incongruências entre ações sociais e

práticas de gestão de pessoas.

Os resultados da pesquisa podem ser observados quando o autor determina que as

práticas de responsabilidade social estão devidamente alinhadas com as diretrizes de gestão de

pessoas, foi identificado que não existem incoerências no que tange às duas variáveis, e que as

duas temáticas convivem harmoniosamente, inclusive os programas sociais têm como base os

setores de gestão de pessoas das empresas.

O autor propõe novos estudos para observações mais específicas relacionadas aos

dois assuntos, inclusive realizando a mesma correlação e com um universo de empresas

estudadas mais amplo e não determinado apenas ao PSQT.

Outro trabalho analisado foi a tese da doutoranda Bitencourt (2001) intitulada “A

gestão de competências gerenciais: a contribuição da aprendizagem organizacional”. A autora

buscou apresentar conceitos sobre competências gerenciais e a proposição de reflexões sobre

a temática.

O objetivo do trabalho analisado foi o de verificar como as competências

gerenciais são trabalhadas e como são tratadas em relação às práticas corporativas visando o

incremento da performance empresarial. Outro ponto pretendido foi a identificação e

caracterização do assunto, bem como empreender uma análise profunda sobre a relação de

competência gerencial com aprendizagem organizacional, em específico as práticas de gestão

das empresas do estado brasileiro do Rio Grande do Sul e de Queensland (Austrália).

Os resultados obtidos a partir das proposições abordadas pela autora observou-se

que a gestão de competências gerenciais ainda necessita de uma metodologia formalizada

bem como estabelecimento de estratégias para aumentar a eficácia das práticas empresariais.

Foi percebido que os gestores estudados explicitaram a importância da construção de uma

identidade corporativa e a concepção de uma imagem social. Outro efeito da pesquisa

realizada foi que a relação entre aprendizagem organizacional e competências gerenciais

dizem respeito principalmente à vertente de interação entre pessoas, visão processual e a

ênfase na questão de práticas de trabalho.

67

O sexto estudo pesquisado foi o artigo “Gestão de Competências e Gestão de

Desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto”, escrito e

publicado por Brandão, H.P. e Guimarães T.A. (2001).

O objetivo do artigo foi o de realizar uma discussão profunda sobre a evolução, as

características e as aplicações práticas da gestão de competências e gestão de desempenho,

como também identificar as diferenças essenciais entre essas duas tecnologias. A proposição

foi a de contribuir para discussões prático-teóricas sobre o assunto, bem como sugerir revisão

de conceitos.

O resultado da pesquisa foi a apresentação da revisão literária sobre o assunto com

enfoques aprofundados buscando correlacionar as características e aplicações no campo

organizacional das variáveis gestão de competências e gestão de desempenho, concluindo-se

que essas duas vertentes são mais que apenas duas tecnologias independentes, elas se tornam

completas em um contexto organizacional maior.

No final os autores propõem uma nova proposição conceitual que intenta

relacionar as variáveis estudadas justapondo-as num novo modelo de gestão, mais eficiente e

moderno.

Outra análise foi realizada no artigo denominado: “Responsabilidade Social

Corporativa e Cidadania Empresarial: Uma análise conceitual comparativa” realizada pelos

autores Ashley at al (2000).

A pretensão dos autores com o artigo é realizar uma análise literária sobre as duas

temáticas: responsabilidade social corporativa e cidadania empresarial, em detrimento da

conceituação oposta que os dois termos possuem. O objetivo do estudo é buscar similitudes e

diferenças entre as duas temáticas de forma a ajudar a utilização prática e teórica dos

assuntos.

Os resultados obtidos estabelecem que a cidadania empresarial não pode ficar

restrita a projetos ou ações específicas, precisa necessariamente ser sistêmica e deve conter

sempre as variáveis de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável.

Os autores também propõem uma abordagem corporativa estratégica para a

adoção de práticas sociais nas empresas, que elas estejam disseminadas através das políticas e

objetivos formais da organização.

O artigo “A Ética nas Relações entre Empresas e Sociedade: Fundamentos

Teóricos da Responsabilidade Social Empresarial”, de autoria de Kreitlon (2004).

68

O objetivo do artigo foi o de apresentar e discutir o desenvolvimento das

principais vertentes teóricas que pretendem justificar o conceito de responsabilidade social

empresarial.

O resultado do estudo foi que analisando as três matrizes de pensamento sobre

comportamento ético empresarial: a Business Ethics, a primeira que surgiu e identificável por

sua natureza normativa; a Business & Society, de orientação sociopolítica e contratual; e a

Social Issues Management, abordagem de cunho instrumental, voltada para a gestão

estratégica das questões éticas e sociais, depois das leituras e análises dessas vertentes,

percebeu-se que as três estão sempre atuando em conjunto com os projetos e ações atuais das

empresas que buscam implementar a responsabilidade social em seu modus operandi.

O nono estudo analisado foi a dissertação de mestrado: “Gestão de Competências

Gerenciais: noções e processos de desenvolvimento em três empresas gaúchas”, de Oderich

(2001).

O objetivo da autora com relação a realização da pesquisa é realizar um estudo

sobre as mudanças organizacionais recentes de três empresas gaúchas no que diz respeito aos

seus processos de gestão de pessoas, especificamente as práticas de gestão de competências e

definição de perfis gerenciais.

Os resultados do estudo confirmam que o conceito de competências gerenciais

estão sendo utilizados e internalizados nas empresas pesquisadas, e apesar de diferenças entre

as percepções sobre o tema, as variáveis de conhecimento e habilidades são mais

desenvolvidas que as atitudes.

Foi percebido também que os principais problemas relativos a implementação de

competências gerenciais dizem respeito a operacionalização dos programas de

desenvolvimento gerencial e a aspectos culturais da empresa.

O último trabalho analisado foi: “Implementação de Práticas de Responsabilidade

Social: estudo de multicasos em empresas da área metropolitana de Fortaleza”, dissertação

apresentada por Campos (2007).

A pretensão da mestranda com relação ao trabalho foi investigar a implementação

dos conceitos e práticas de Responsabilidade Social Corporativa e o seu reflexo na

competitividade no âmbito das empresas do estado do Ceará.

A autora também pretende analisar a teoria referente a Responsabilidade Social

Corporativa, analisar suas metodologias de implementação, entender as normas e certificações

69

sobre o tema e relacionando sua implicação na competitividade das empresas do lócus em

estudo.

Os resultados encontrados através do estudo comprovaram que a aplicação de

práticas sociais pelas empresas analisadas visavam basicamente a busca por vantagem

competitiva. Foi percebido também que existe uma comunicação efetiva nas organizações

alvo da pesquisa, que perpassa a necessidade de formalização e que as vertentes sociais

servem como elo de relação entre várias áreas das empresas.

70

3 METODOLOGIA

Este capítulo pretendeu expor à metodologia utilizada na consecução da presente

dissertação. Todas as técnicas metodológicas empregadas foram empreendidas para

formalizar e tornar possível a investigação do tema estudado e para o atingimento dos

objetivos da pesquisa.

Inicialmente, foram apresentadas as características da pesquisa e sua natureza.

Posteriormente o universo do estudo foi detalhado, e o número de participantes da pesquisa

foi classificado de acordo com as etapas (por ano) do PSQT. A etapa seguinte serviu para

evidenciar o lócus do estudo, bem como demonstrar a forma de escolha dos sujeitos da

pesquisa e descrever as exceções e as condições de participação das empresas em participar

da análise.

O processo de coleta de dados também foi apresentado com informações sobre

início e término e as etapas empreendidas para reunir os dados necessários para atingir as

metas do estudo. O instrumento da pesquisa foi descrito de forma a especificar como foi

criado e aplicado, apresentando a relação com as variáveis e seus indicadores.

As variáveis analíticas e o tratamento dos dados foram abordados indicando os

principais elementos da pesquisa em cada um dos construtos trabalhados e também

estabelecendo o método estatístico utilizado no estudo.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Para caracterizar o tipo de estudo realizado, a pesquisa apresentou-se no que diz

respeito a sua finalidade como aplicada, pois pretende apresentar um resultado e análise

práticos que não seja somente o conhecimento em si e envolve variáveis locais e análise de

casos. A pesquisa aplicada de acordo com Marconi e Lakatos (2006) é a que demanda o

desenvolvimento de conhecimentos teóricos, sem necessariamente utilizá-los posteriormente.

Diferenciando-se da investigação teórica, a pesquisa aplicada é mais intrincada e diferencia-se

por apresentar ética e sistemática bem mais complicadas, buscando produzir o conhecimento

pelo conhecimento, o que se justifica a utilização da metodologia do PSQT e também do

71

estudo das práticas de gestão tanto no que diz respeito à responsabilidade social, quanto de

competências.

Segundo Barros e Lehfeld apud Vilaça (2010) a pesquisa aplicada tem como uma

de suas causas “a necessidade de produzir conhecimento para aplicação de seus resultados,

com o objetivo de contribuir para fins práticos, visando à solução mais ou menos imediata do

problema encontrado na realidade”, corroborando com a proposição de Appolinário (2004, p.

152) onde ele afirma que as pesquisas aplicadas objetivam “resolver problemas ou

necessidades concretas e imediatas.” Partindo desse pressuposto é essa a orientação da

pesquisa que visa analisar a realidade das empresas vencedoras do PSQT.

A especificidade das informações que serão trabalhados e a quantidade de

variáveis, principalmente no que diz respeito a questões e dados que serão obtidos através da

utilização de questionário com constantes de múltipla escolha.

Com relação aos objetivos do estudo, pode-se afirmar que esta análise é uma

pesquisa descritiva, pois pretende demonstrar as características comuns entre variáveis de

gestão de ações sociais e os papéis gerenciais das empresas que serão objeto desse construto.

Vergara (2000) estabelece que a pesquisa descritiva objetiva determinar as

especificidades de uma população estudada, podendo realizar correlação entre variáveis e

delimitar sua espécie, não possuindo nenhum compromisso de expressar os fatos que a

descreve, mesmo servindo como fundamento para sua análise. Gil (1999) estabelece que

muitos pesquisadores da área social fazem uso dessa técnica de pesquisa, preocupados com a

praticidade quando da busca pelos dados que serão utilizados.

Quanto aos procedimentos a pesquisa apresentou-se como documental, pois foram

analisados dados e estes não foram tratados de acordo com a perspectiva analítica adotada

nesse estudo. Esses dados dizem respeito a identificação e caracterização das empresas

vencedoras do PSQT e, portanto, o objeto de estudo dessa dissertação. Foram fornecidos

documentos gerais do PSQT pelo SESI/RN, tais como o Regulamento e Manual das três

etapas pesquisas, bem como foram disponibilizadas as relações dos vencedores regionais e

nacionais. De acordo com Gil (2009) a pesquisa documental tem como base materiais que

ainda não receberam tratamento analítico. A pesquisa foi realizada principalmente em

manuais e relatórios do Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Norte (SESI-RN)

quando da realização das avaliações das empresas vencedoras do Prêmio SESI de Qualidade

no Trabalho (PSQT), nas diversas fases do concurso, bem como também foram analisados

documentos internos disponibilizados pelas organizações estudadas.

72

Outra característica da pesquisa é que ela se apresenta como um estudo de caso.

Essa técnica aproxima quem realiza a análise do contexto que ele examina, fazendo com que

o pesquisador atue in loco e diretamente com as variáveis presentes no objeto de verificação.

De acordo com Gil (2006, p.72) o estudo de caso “é caracterizado pelo estudo profundo e

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e

detalhado”. O estudo de caso foi realizado com base nas realidades das empresas que

compõem o objeto de exame desse trabalho. As características dessas organizações foram

pormenorizadas, visando o alcance e a consecução de cada um dos objetivos propostos.

Para a realização do estudo a pesquisa teve, quanto à sua abordagem, caráter

quantitativo. Para Lima (2004, p.26), “os aspectos que caracterizam as vertentes

metodológicas podem ser de natureza quantitativa e qualitativa, uma vez que, dependendo

desta escolha, os recursos técnicos e os procedimentos metodológicos tendem a variar”.

A abordagem quantitativa foi necessária em virtude da necessidade de determinar

a realidade das empresas e sujeitos estudados através de dados numéricos. Boa parte do

desenvolvimento da pesquisa objetiva destacar as variáveis mais comuns de responsabilidade

social e/ou características de competências gerenciais (papéis gerenciais) nas organizações

objetos do estudo, o que foi obtido através da utilização de questionários com questões

fechadas, o que resultou em números proporcionais, características metodológicas exclusivas

da pesquisa quantitativa.

De acordo com Silva e Menezes (2001, p.20), a abordagem quantitativa estabelece

que “tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações

para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas” o que será

de fundamental importância para o alcance dos objetivos específicos. Collis e Hussey (2005,

p.26) também utilizam a mesma abordagem para qualificar a pesquisa quantitativa,

estabelecendo-a como um “método objetivo por natureza e focado na mensuração de

fenômenos, consequentemente, um método que envolve coletar e analisar dados numéricos e

aplicar testes estatísticos”.

A utilização da pesquisa quantitativa serviu para apurar a percepção explícita e

formal dos entrevistados, utilizando-se do questionário, que foi elaborado a priori com

questões que determinaram a extensão da análise dos dados para o atendimento aos objetivos

deste estudo. A pretensão foi realizar uma projeção para a população da pesquisa que foram

as empresas vencedoras do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho, analisando os resultados

73

à luz das teorias sociais e de gestão de pessoas, mais especificamente os papéis gerenciais

daqueles que fazem parte do corpo diretivo das empresas.

3.2 UNIVERSO DA PESQUISA

O presente estudo foi empreendido no âmbito do PSQT, etapa estadual (Rio

Grande do Norte) edições dos anos de 2007, 2008 e 2010 (a partir de 2008 o Prêmio começou

a ser realizado a cada dois anos), dessa forma em 2009 não houve nenhuma etapa do PSQT.

A população da pesquisa foram os gerentes das empresas vencedoras do PSQT.

De acordo com Roesch (1999), a população configura-se num grupo de pessoas ou empresas

que é importante entrevistar para o propósito especifico de uma pesquisa. Escolheu-se as

primeiras empresas no que diz respeito à colocação final do prêmio, já que existe a

delimitação de participantes por porte de empresa, divididas nas categorias: microempresa (no

mínimo 5 e no máximo 19 colaboradores), pequena empresa (de 20 até 99 colaboradores),

média empresa (de 100 a 499 colaboradores) e grande empresa (500 ou mais colaboradores).

A etapa ocorrida no ano de 2010 sofreu uma modificação com relação às categorias de

participação e premiação que resultou na fusão das categorias ‘microempresas’ e ‘pequenas

empresas’ o que resultou na seguinte distinção entre as participantes: Micro e Pequena

Empresa (até 99 colaboradores), Média Empresa (de 100 a 499 colaboradores) e Grande

Empresa (500 ou mais colaboradores).

Foram estudadas na etapa de 2007, as empresas vencedoras em cada uma das

categorias, pois foram divulgadas somente as organizações que figuraram como primeiras

colocadas, não tendo sido publicadas nenhum dado sobre as demais finalistas. Já na etapa do

ano 2008 foram considerados os dados das três primeiras empresas colocadas em cada uma

das categorias, o que foi possível graças à quantidade de informações disponíveis e também

pela publicação das finalistas em cada uma das classes do prêmio estudado. No ano de 2010,

em virtude da nova sistemática de avaliação, foram levadas em consideração as empresas que

foram finalistas da categoria “Desenvolvimento Socioambiental”.

As organizações analisadas foram assim distribuídas de acordo com a etapa e ano

que participaram:

74

Ano/Etapa Número de Empresas

Estudadas Observação

2007 4 Empresas vencedoras em cada uma das classes de

participação

2008 12 Três primeiras empresas classificadas em cada uma das

classes de participação

2010 3 Empresas finalistas classificadas na categoria

Desenvolvimento Socioambiental Quadro 07 – Etapa/Empresas estudadas

Fonte: Autor (2012)

Uma característica do PQST é que algumas das empresas participaram em várias

etapas do prêmio, o que fez com que duas delas tenham sido premiadas em mais de um ano.

Assim, de acordo como Quadro 07, foram objetos de estudo 19 empresas, mas em virtude de

duas delas terem vencido ou sido finalistas em anos distintos, figurando mais de uma vez no

universo da pesquisa, foram analisadas nesse trabalho 17 participantes do Prêmio SESI de

Qualidade no Trabalho.

Para a formação do universo da pesquisa, buscou-se realizar uma análise

censitária em virtude do total de empresas pesquisadas (organizações definidas de acordo com

o critério de seleção do PSQT), e estas apresentarem em seu quadro funcional um número

relativamente acessível de gerentes para envio/respostas dos questionários.

O universo pesquisado foi o de 53 gerentes (informados pelas empresas

participantes quando da realização das entrevistas), caracterizados formalmente como “cargo”

na organização em estudo. Houve a distinção entre ‘gerente função’, quando suas atividades

são designadas ad-hoc sem nenhuma característica formal e hierárquica para a gestão de

determinado processo/pessoas e ocupam essa função interinamente para sanar uma

necessidade ou situação temporal, e o ‘gerente cargo’ aquele que efetivamente exerce a

função mediante a formalização de sua posição estabelecida convencionalmente na empresa.

Os sujeitos pesquisados foram os que as empresas determinaram como ‘gerente cargo’.

A análise foi considerada de caráter censitário, pois inferiu sobre dados coletados

de acordo com a percepção dos gerentes das empresas vencedoras do PSQT nos anos de 2007,

2008 e 2010. A pesquisa censitária de acordo com Sedi (1979) é aquela em que os dados

percebidos de um todo, apresentam resultados que são aplicáveis imediatamente a toda uma

população. Posteriormente à conclusão da pesquisa, foi possível estimar o percentual de

retorno dos questionários apresentados no estudo.

A representação foi formada pelo grupo de 38 gerentes, de acordo com as

condições encontradas para a realização da análise e a consecução das mesmas pelos gestores

75

das empresas estudadas, e, por conseguinte por pertencerem ao grupo de organizações que

foram vencedoras/finalistas do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho, de acordo com suas

práticas sociais necessárias para a formalização da pesquisa e atendimento dos objetivos

propostos.

Como o presente estudo foi elaborado utilizando-se de uma pesquisa censitária,

não há por que considerar a amostra. Assim, foram contatados e disponibilizados 52

questionários para todos os gerentes das empresas participantes e obteve-se o montante de 38

respostas, que consolidaram a realização da pesquisa.

A seguir, apresenta-se o quadro 07 com informações e as principais características

metodológicas utilizados no estudo:

Fase/Procedimento Descrição

Lócus da Pesquisa Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho dos anos 2007, 2008 e

2010 realizados no estado do Rio Grande do Norte

Universo/População 52 gerentes das empresas vencedoras do PSQT

Número de respondentes 38 gerentes de empresas vencedoras do PSQT (73,1% do

universo da pesquisa)

Tipo de Pesquisa Aplicada; Quantitativa; Descritiva; Estudo de Caso

Instrumento da Pesquisa Pesquisa de caráter quantitativo, empreendida através de

questionários

Sujeitos da Pesquisa Gerentes (cargo) de empresas vencedoras do PSQT

Método Estatístico Análise Descritiva e Correlação de Spearman.

Análise dos Dados Microsoft Excel e Statistical Package for Social Science

(SPSS), versão 17.0 (SPSS. Inc, Chicargo, IL, EUA)

Quadro 08 – Resumo dos Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

Fonte: Autor (2012)

3.3 LOCUS DO ESTUDO

A escolha das empresas participantes do PSQT se deu em virtude do prêmio

apresentar uma metodologia formal e conceituada nacionalmente para a análise de práticas de

gestão de empresas no que diz respeito a responsabilidade social. As organizações premiadas

pelo PSQT são as que reconhecidamente praticam ações sociais diferenciadas, tanto pela

disposição em participar da avaliação quanto da sua posição com relação àquelas que não

participam do prêmio.

76

A metodologia do PSQT possibilitou a definição e utilização de critérios eficazes

para a determinação de que uma empresa é socialmente responsável. Segundo o SESI (2008,

p.13) o objetivo do PSQT é:

Estimular a responsabilidade social empresarial da indústria brasileira, despertando

colaboradores e empregadores para o exercício da ética e da transparência nas

relações de trabalho, tendo em vista a convivência harmoniosa e produtiva,

enfatizando interesses comuns que assegurem adequadas condições de trabalho para

o aumento da qualidade de vida dos colaboradores, da produtividade e da

competitividade da empresa no mercado.

O prêmio possibilita a participação de empresas de qualquer porte e, através de

critérios simples e funcionais promove o engajamento da organização em busca de uma

avaliação da equipe do SESI (Relatório de Avaliação que é o feedback que o SESI possibilita

a empresa sobre como está a sua sistemática de gestão de acordo com os critérios do prêmio)

ou mesmo empreender um processo de melhoria e de mudanças para alcançar a excelência de

acordo com a sistemática de realização do PSQT.

3.4 PROCESSO DE COLETA DE DADOS

O processo de coleta de dados teve início em 09 de junho e prolongou-se até o dia

11 de setembro de 2012 (94 dias). A sistemática para sua obtenção de dados começou através

do contato com a direção do SESI para a obtenção dos dados relativos às empresas

vencedoras do PSQT nas etapas 2007, 2008 e 2010, e suas devidas colocações em cada ano

do prêmio. Foram realizadas visitas nos escritórios do SESI de Natal e também de Mossoró,

quando foram obtidas as listas e a pesquisa recebeu o aval do setor responsável pelo PSQT

para ser iniciada junto às empresas participantes. A coordenação do prêmio optou pela não

intermediação entre o autor da pesquisa junto às empresas participantes, visto que esta análise

é externa à instituição e os contatos deveriam ser empreendidos entre o pesquisador e os

setores de Recursos Humanos das empresas alvo da pesquisa.

O pesquisador enviou para todas as empresas relacionadas pelo SESI um ofício

(Apêndice “A”) com a apresentação do trabalho, do autor da pesquisa, dos dados de contato

da Universidade Potiguar e da Professora Orientadora da dissertação, servindo como

formalização das visitas e dos contatos do pesquisador frente à empresa.

Foram realizados contatos telefônicos e na maior parte das empresas, também foi

preciso empreender visitas pessoais para a apresentação da pesquisa, dos questionários e

77

também para explicar os objetivos e sistemática da análise. Os contatos iniciais também foram

continuados através de mensagens eletrônicas (emails).

Para facilitar a realização do estudo, o pesquisador disponibilizou duas formas de

preenchimento dos questionários enviados. O primeiro era via internet, através de formulário

eletrônico criado na plataforma Google Docs, quando o respondente poderia acessar o link

disposto e responder via web o questionário, e a partir das suas informações estariam

disponíveis para o pesquisador através do painel de gerenciamento do software, podendo ser

salva em planilha do programa Excel. A segunda possibilidade era o preenchimento do

questionário impresso. Nesse caso o pesquisador visitava a empresa alvo do estudo, e

entregava o questionário aos respondentes.

Somente 25% dos questionários foram respondidos via internet. Mesmo sendo

essa a opção mais prática e a preferida pelo pesquisador, o questionário on line mostrou-se

pouco eficaz no que diz respeito ao prazo para retorno, o que demandou muito tempo, sendo

necessário em alguns casos a visita in loco e a disponibilização do questionário impresso.

Nas 12 organizações pesquisadas, foram enviados 52 questionários para os

gerentes das empresas participantes, desses 38 foram respondidos de acordo com a sistemática

de realização do estudo.

O quadro abaixo mostra a quantidade de questionários utilizados e o percentual de

retorno dos mesmos, de acordo com a etapa do PSQT analisado:

Ano/Etapa Questionários Enviados Questionários Recebidos % de Retorno 2007 16 7 43,8

2008 29 26 89,7

2010 7 5 71,4

Total 52 38 73,1 Quadro 09 – Relação entre Questionários enviados e recebidos

Fonte: Autor (2012)

Dos 52 questionários enviados aos gerentes que fazem parte do universo da

pesquisa, 38 foram respondidos e foram utilizados para a elaboração da análise de dados do

estudo. O número de respondentes relacionado com o universo da pesquisa perfaz uma taxa

de retorno dos questionários de 73,1%, o que representa um bom percentual, possibilitando

assim um grau mais acurado sobre a representatividade do corpo gerencial das empresas

analisadas.

78

Um dos fatores que mais dificultou a realização da pesquisa, e que determinou um

longo período foi a indisponibilidade de tempo por parte dos gerentes em preencher o

questionário, o que demandou vários contatos telefônicos, envio de emails e a realização de

visitas em algumas empresas visando minimizar a demora na fase de retorno dos instrumentos

da pesquisa.

A figura 06 apresenta de forma gráfica a metodologia da pesquisa, os elementos e

os processos desse estudo:

Figura 06 – Fluxograma da Pesquisa

Fonte: Autor (2012)

3.5 INSTRUMENTO DE PESQUISA

O instrumento de pesquisa utilizado nesse estudo foi um questionário, divido em

três seções, a serem respondidas pelos sujeitos da análise do construto. A primeira seção do

questionário foi elaborado para delimitar o perfil dos gerentes das empresas vencedoras do

PSQT, de forma a ser possível analisar os seus dados sociodemográficos, tais como: área de

atuação, cargo, sexo, idade, escolaridade, tempo de atuação na área, tempo de atuação no

cargo e tempo de atuação na empresa. Os questionamentos relativos a nome da empresa e

79

nome do participante da pesquisa foram classificados como de preenchimento optativo, de

forma a preservar o posicionamento dos respondentes e também para facilitar a participação

dos gerentes das empresas, que poderiam ter a liberdade em responder de acordo com seu

ponto de vista, tolhidos em virtude da necessidade de identificação.

A segunda seção do questionário foi elaborada de acordo com a formulação dos

Papéis Gerenciais de Quinn et al (2003). Cada uma das 24 competências foram tratadas como

perguntas e divididas entre os 8 papéis gerenciais. A terceira questão do questionário foi

organizada de forma a responder quais as ações gerenciais, de acordo com os critérios de

avaliação do PSQT, são mais desenvolvidas nas empresas, sob a ótica dos gerentes. Para isso,

foi elaborado de acordo com os indicadores do PSQT relacionados à área de responsabilidade

social: Estímulo ao voluntariado empresarial, Investimento social e Ações socioculturais. A

seção teve 3 perguntas sobre cada um dos indicadores, perfazendo assim 9 questionamentos

aos respondentes.

A segunda e terceira seções do questionário foram criadas de forma a serem

respondidas através da uma escala Likert de 5 pontos. Para ambas, as opções de respostas

foram: Nunca, Raramente, Às vezes, Freqüentemente e Sempre.

Foi realizado um pré-teste, durante a segunda quinzena de maio/2012, com o

Questionário e suas três seções. Para Vergara (2008) é importante, útil e necessário, antes da

aplicação do instrumento, submetê-lo a testes prévios. De acordo com Marconi e Lakatos

(2005), o pré-teste garante ao pesquisador analisar se existem possíveis falhas, inconsistência

ou dificuldade de interpretação das questões; equívoco ou linguagem que complica o

entendimento; verifica também a ocorrência de perguntas supérfluas ou que podem causar

embaraço ao respondente, bom como se as questões obedecem a determinada classificação ou

se o número de perguntas é excessivo, dentre outras.

O questionário foi enviado para 5 gestores da Universidade Federal Rural do

Semi-Árido, para gerentes de 4 empresas da cidade de Mossoró e para 3 consultores na área

de gestão organizacional. O retorno foi rápido e houveram algumas sugestões de adequação

do formulário, tais como: correção de grafia de uma pergunta da seção 2 (realizada); a priori

a primeira seção – Perfil tinha o campo de nome do respondente como resposta obrigatória e,

de acordo com uma sugestão realizada no pré-teste, tanto a informação do nome do

participante, quanto do cargo que ocupa na empresa (dados que identificam o gerente) foram

inseridas como de preenchimento opcional.

80

O quadro 10 ilustra a relação entre as variáveis, os indicadores utilizados para

realizar a relação entre papéis gerenciais e responsabilidade social, o instrumento usado e suas

questões:

Variáveis Indicadores Instrumento Questões

Perfil dos Gerentes Perfil Sócio-demográfico Questionário

Seção 1 1 a 10

Papéis Gerenciais

Mentor

Questionário

Seção 2

1 a 3

Facilitador 4 a 6

Monitor 7 a 9

Coordenador 10 a 12

Diretor 13 a 15

Produtor 16 a 18

Negociador 19 a 21

Inovador 22 a 24

Indicador de

Responsabilidade

Social

Estímulo ao Voluntariado Social Questionário

Seção 3

1 a 3

Investimento Social 4 a 6

Ações Socioculturais 7 a 9 Quadro 10 – Relação entre Variáveis do estudo e os instrumentos de pesquisa

Fonte: Autor (2012)

3.6 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

As variáveis analíticas concernentes ao estudo descreveram as características

relacionadas a dois construtos: Responsabilidade Social e Competências Gerenciais. As

variáveis de Responsabilidade Social foram definidas de acordo com os critérios de avaliação

do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho (SESI, 2010) e, as referentes à Competências

Gerenciais foram definidas tomando-se por base os Papéis Gerenciais (Quinn, 2003).

O quadro 11, explica a definição dos indicadores do estudo e suas variáveis

analíticas:

81

Aspecto Variável Indicador

Papéis Gerenciais

Mentor

Papéis Gerenciais de acordo

com Quinn et al (2003)

Facilitador

Monitor

Coordenador

Diretor

Produtor

Negociador

Inovador

Responsabilidade

Social

Voluntariado Empresarial Indicadores do PSQT segundo

o SESI (2010) Investimento Social

Ações Socioculturais Quadro 11 – Variáveis Analíticas

Fonte: Autor (2012)

3.7 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados referentes ao presente estudo foram processados de acordo com a

necessidade de atendimento aos objetivos expressos nesta dissertação. Foi nessa etapa da

pesquisa que se desenvolveu o ordenamento e a estruturação dos dados utilizados para a

consecução do trabalho. De acordo com Vergara (2000), a parte do estudo que delineia o

tratamento dos dados deverá informar como serão tratados as informações coletados,

mostrando a relação e adequação deles com os propósitos da pesquisa.

Inicialmente todos os dados da pesquisa foram postos em banco de dados na

planilha eletrônica Microsoft Excel e transferidos para o programa estatístico Statistical

Package for Social Science (SPSS), versão 17.0 (SPSS. Inc, Chicargo, IL, EUA) sendo

expressos em freqüências observadas e percentuais das percepções dos gerentes quanto às

competências gerenciais e responsabilidades sociais. Estes também foram submetidos, após

verificação da normalidade por Shapiro-Wilk, análise de correlação de Spearman com a

finalidade de verificar influencias entre variáveis do instrumento.

O quadro 12, ilustra a relação entre os objetivos pretendidos, as variáveis

utilizadas, o questionário usado e a técnica estatística empreendida na pesquisa.

82

Variáveis Questionário /

Questões Analise Estatística

Determinação do perfil dos

respondentes

Seção 1

Todas as questões Estatística Descritiva

Determinação dos Papéis

Gerenciais (Quinn, 2003)

Seção 2

Todas as questões

Estatística Descritiva e

Correlação de Spearman

Determinação dos Indicadores de

Responsabilidade Social do PSQT

(SESI, 2010)

Seção 3

Todas as questões

Estatística Descritiva e

Correlação de Spearman

Identificação da Correlação entre

Papéis Gerenciais e Indicadores de

Responsabilidade Social do PSQT

Seções 2 e 3

Todas as questões

Estatística Descritiva e

Correlação de Spearman

Quadro 12 – Variáveis x Questionários x Análise Estatística utilizada

Fonte: Autor (2012)

A análise da consistência interna do questionário foi realizada através da

utilização do coeficiente do Alpha de Cronbach, considerado um indicador estatístico

fidedigno e importante. O Alpha de Cronbach, de acordo com Malhotra (2001), permite

avaliar a confiabilidade das escalas utilizadas num determinado instrumento. Segundo

Albuquerque (2011), quanto maior a correlação entre as variáveis de um instrumento, maior é

o valor do Alpha de Cronbach, o qual pode variar entre 1 (um) e o infinito negativo.

Instrumentos cujo valor seja acima de 0,70 são considerados fidedignos para utilização em

outras pesquisas. Neste trabalho o valor geral Alfa foi de 0,849, sendo para a variável

Competências Gerenciais 0,819 e 0,823 para a variável relativa a Responsabilidade Social.

Para a determinação do perfil dos participantes da pesquisa, foi utilizada

estatística descritiva simples, realizando-se o cálculo numérico e percentual sobre as respostas

do questionário à seção 1 – Perfil. Para as seções 2 – Competências Gerenciais e 3 –

Responsabilidade Social foram utilizadas tanto a Estatística Descritiva quanto a Correlação de

Spearman. Siegel e Castellan (2006) observam que essa técnica estatística permite verificar o

grau de associação entre duas variáveis medidas pelo menos, em escala ordinal, desde que os

objetos ou indivíduos em estudo possam ser dispostos em postos em duas séries ordenadas,

como é o caso desse estudo.

Convencionou-se para uma melhor análise e compreensão dos resultados da

pesquisa, bem como para fins de determinação dos Papéis Gerenciais e dos Indicadores de

Responsabilidade Social, suprimir a variável “Às vezes”, e somar as freqüências das respostas

“concordantes” (variáveis ‘Freqüentemente’ e ‘Sempre’) e respostas “Discordantes”

(variáveis ‘Raramente’ e ‘Nunca’). A variável excluída não exerceu preponderância nem nas

83

respostas positivas nem nas negativas, daí a eliminação da mesma somente para fins de

cálculos determinísticos das características analisadas.

84

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa foram suficientes para a consecução dos objetivos

propostos inicialmente, possibilitando definir os papéis gerenciais e as ações sociais mais

desenvolvidas pelas empresas participantes do PSQT (etapas 2007, 2008 e 2010) na visão de

seus gestores. Também foi possível realizar a correlação entre as duas variáveis e determinar

o nível de relacionamento das mesmas.

Esta seção trará o perfil dos respondentes da pesquisa, bem como explicitará os

dados referentes aos resultados e suas análises realizadas pelo pesquisador.

4.1 PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA

A pesquisa aplicada para responder aos objetivos deste estudo, apresenta o perfil

dos 38 gerentes das empresas vencedoras do PSQT, de acordo com o instrumento de

avaliação utilizado. Os quadros detalhados a seguir mostram a apresentação dos dados sócio-

demográficos dos respondentes da pesquisa, de acordo com: sexo, faixa etária (idade),

escolaridade, tempo de atuação na empresa, na área e no cargo.

4.1.1 Gênero

Verifica-se que dentre os 38 entrevistados na pesquisa, 28 deles (ou 74%) são do

sexo masculino e 10 respondentes são mulheres (26%). O número elevado de gerentes do

sexo masculino (quase dois terços) mostra que a alta administração das empresas participantes

contratam mais homens para ocupar cargos de gestão e gerir suas organizações.

4.1.2 Faixa Etária

O instrumento de pesquisa utilizado no estudo continha sete classes de respostas

distribuídas em distintas faixas etárias a saber: até 25 anos; de 26 a 30 anos; de 31 a 35 anos;

de 36 a 40 anos; de 41 a 45 anos; de 46 a 50 anos; e, mais de 50 anos. A idade é um

85

importante dado a ser analisado, pois a experiência é um dos fatores que influenciam no

desempenho funcional, principalmente quando a função é gerencial.

Faixa Etária Freqüência Porcentagem

até 25 anos 4 10,5%

de 26 a 30 anos 6 15,8%

de 31 a 35 anos 8 21,1%

de 36 a 40 anos 6 15,8%

de 41 a 45 anos 10 26,3%

de 46 a 50 anos 3 7,9%

mais de 50 anos 1 2,6%

Total 38 100% Tabela 01 – Faixa Etária dos sujeitos da pesquisa

Fonte: Autor (2012)

De todos os gerentes pesquisados, 10 deles (26,3%) estão entre os 41 a 45 anos de

idade. A grande maioria dos respondentes está classificada na faixa etária de 31 a 45 anos, o

que corresponde a 63,2% do total dos pesquisados. Percebe-se assim que o perfil dos gerentes

das empresas vencedoras do PSQT é de homens adultos, com idade até 45 anos.

4.1.3 Escolaridade

Para analisar o perfil de escolaridade dos participantes da pesquisa, o questionário

dispôs seis variáveis: Ensino Médio incompleto; Ensino Médio completo; Ensino Superior

incompleto; Ensino Superior completo; Pós-Graduação incompleta; e, Pós-Graduação

completa. A escolaridade deve ser considerada como uma característica positiva para a

empresa, pois se entende que quanto mais alto o nível de estudo de um gestor, melhor será sua

capacidade de gestão ou mesmo de desenvolver ações de responsabilidade social.

Escolaridade Freqüência Porcentagem

Ensino Médio incompleto 3 7,9%

Ensino Médio completo 8 21,0 %

Ensino Superior incompleto 6 15,8%

Ensino Superior completo 10 26,3%

Pós-Graduação incompleta 5 13,2%

Pós-Graduação completa 6 15,8%

Total 38 100% Tabela 02 – Escolaridade dos sujeitos da pesquisa

Fonte: Autor (2012)

86

De acordo com os dados disponíveis é possível observar que a maior parte dos

respondentes possui um perfil de escolaridade baixo, haja vista que quase metade dos gerentes

(44,7%) ainda não concluiu uma graduação. Dada a faixa etária dos gerentes analisados, o

dado acima pode se configurar num problema em longo prazo, pois a formação profissional

precisa ser direcionada à carreira, já que as empresas necessitam de profissionais preparados e

adaptados às demandas do mercado consumidor.

4.1.4 Tempo de atuação na área

A pesquisa buscou analisar quanto tempo o profissional gerente já atua na área em

que está inserido atualmente. Para esse quesito o questionário trouxe seis variáveis para

escolha: menos de 1 ano; de 1 a 5 anos; de 6 a 10 anos; de 11 a 15 anos; de 16 a 20 anos; e,

mais de 20 anos.

Tempo de atuação na área Freqüência Porcentagem

menos de 1 ano 0 0,00%

de 1 a 5 anos 8 21,0%

de 6 a 10 anos 10 26,3%

de 11 a 15 anos 9 23,7%

de 16 a 20 anos 8 21,0%

mais de 20 anos 3 7,90%

Total 38 100% Tabela 03 – Tempo de atuação na área dos sujeitos da pesquisa

Fonte: Autor (2012)

Os respondentes afirmaram atuar em várias áreas organizacionais, dentre elas as

mais citadas foram: produção, administrativa e comercial. A distinção das áreas de atuação

não foi especificada em virtude da resposta sobre o dado ser aberta e de preenchimento

optativo.

De acordo com a tabela 03, percebe-se que 27 respondentes (71%) determinaram

que atuam entre 6 a 20 anos na área em que estão exercendo sua função atualmente. O dado

mostra que os gerentes já têm experiência na área em que estão atuando, o que certamente

facilita sua tomada de decisão por conhecer a sistemática e o status quo das atividades

inerentes ao seu setor.

87

4.1.5 Tempo de atuação no cargo

A pesquisa buscou quantificar quanto tempo os gerentes, sujeitos do estudo,

tiveram de atuação no cargo. Para esse quesito o questionário trouxe seis variáveis (iguais as

utilizadas para mensurar o item anterior) como respostas à questão: menos de 1 ano; de 1 a 5

anos; de 6 a 10 anos; de 11 a 15 anos; de 16 a 20 anos; e, mais de 20 anos.

Tempo de atuação no cargo Freqüência Porcentagem

menos de 1 ano 4 10,5%

de 1 a 5 anos 14 36,8%

de 6 a 10 anos 10 26,3%

de 11 a 15 anos 5 13,2%

de 16 a 20 anos 4 10,5%

mais de 20 anos 1 2,6%

Total 38 100% Tabela 04 – Tempo de atuação no cargo dos sujeitos da pesquisa

Fonte: Autor (2012)

As respostas obtidas indicam que grande parte dos gestores participantes da

pesquisa já atuam como ‘gerente cargo’ há algum tempo. Pode-se observar que a maior parte

dos respondentes da pesquisa estão situados nas variáveis de tempo entre 1 a 10 anos (73,6%),

o que demonstra que, embora estejam há muito tempo na área, foram promovidos ou

ascenderam de cargo nesse período, a maior parte entre 1 e 5 anos. Somente um gerente

respondeu estar há mais de 20 anos no cargo que ocupa atualmente.

4.1.6 Tempo de atuação na empresa

Os gerentes também foram questionados acerca de seu tempo de atuação na

empresa que trabalham atualmente. O período em que estão numa determinada empresa pode

especificar principalmente seu nível de relação com a alta administração da organização. Para

analisar a variável de tempo de atuação na empresa, o questionário apresentou seis

possibilidades de respostas: menos de 1 ano; de 1 a 5 anos; de 6 a 10 anos; de 11 a 15 anos; de

16 a 20 anos; e, mais de 20 anos.

88

Tempo de atuação na empresa Freqüência Porcentagem

menos de 1 ano 2 5,3%

de 1 a 5 anos 7 18,4%

de 6 a 10 anos 13 34,2%

de 11 a 15 anos 7 18,4%

de 16 a 20 anos 7 18,4%

mais de 20 anos 2 5,3%

Total 38 100% Tabela 05 – Tempo de atuação na empresa dos sujeitos da pesquisa

Fonte: Autor (2012)

Levando em consideração o item com maior percentual de respostas, percebe-se

que a maior parte dos gerentes (34,2% deles) das empresas pesquisadas trabalham na mesma

organização entre 6 a 10 anos, considerando-se como um período de tempo consistente para

determinar uma política de manutenção e valorização de seus gerentes. Os dados são

insipientes para realizar uma análise sobre a sistemática de desenvolvimento dessas pessoas,

visto que não foi estudado nenhum programa de treinamento, nem verificado as vantagens e

benefícios que esses profissionais detém nas empresas. É possível perceber uma certa

segurança no que diz respeito à sua manutenção no cargo, e isso pode ser confirmado pelos

percentuais relativos às respostas dos períodos de “11 a 15 anos” e “16 a 20 anos”, ambos

com 18,4% de respostas.

4.2 DETERMINAÇÃO DOS PAPÉIS GERENCIAIS

Para determinação dos Papéis Gerenciais dos gestores das empresas analisadas e

atendimento do primeiro objetivo específico do estudo, foram analisadas 24 variáveis

relacionadas aos 8 papéis gerenciais de acordo com Quinn et al (2003).

Para classificação dos Papéis Gerenciais e consequentemente dos Indicadores de

Responsabilidade Social percebidos pelos gestores em suas empresas, serão utilizados os

percentuais das freqüências de distribuição das respostas “Concordantes” e “Discordantes”.

89

4.2.1 Papel de Mentor

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre Distribuição (%) geral

Discord Concord

a) Tenho fácil compreensão de

mim e dos outros

0

(0,0)

02

(5,3)

06

(15,8)

18

(47,4)

12

(31,6)

02

(6,25)

30

(93,75)

b) Realizo e adoto uma

comunicação eficaz entre todos

os membros da empresa

0

(0,0)

0

(0,0)

02

(5,3)

23

(60,5)

13

(34,2)

0

(0,0)

36

(100)

c) Estimulo o desenvolvimento

de toda a equipe

0

(0,0)

0

(0,0)

05

(13,2)

10

(26,3)

23

(60,5)

0

(0,0)

33

(100)

Tabela 06 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Mentor

Fonte: Autor (2012)

Para a definição da principal característica do Papel de Mentor, é possível

perceber que os respondentes determinaram possuir a competência de “comunicação eficaz”.

De acordo com a tabela 06, excluindo-se a variável de resposta “às vezes”, 100% dos gerentes

estabeleceram uma medida concordante, em detrimento da segunda competência melhor

classificada que foi “Desenvolvimento dos Empregados” que obteve 100% de medida

concordante, mas contou com somente 33 respondentes nessa característica de avaliação.

De acordo com Quinn et al (2003) a competência Comunicação Eficaz é

caracterizada por comunicação interpessoal e escuta reflexiva. O gerente com essa

característica sabe trocar informações, fatos, idéias e significados e apresenta um alto grau de

percepção sobre o que o seu interlocutor lhe apresenta, sabe decodificar e analisar a situação e

é um ouvinte atento.

O Papel de Mentor foi classificado com percentual concordante de 93,74% para a

questão (a), 100% para a questão (b) e 100% para o quesito (c). Essa medida servirá para

determinação do Papel Gerencial predominante na pesquisa.

4.2.2 Papel de Facilitador

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre Distribuição (%) geral

Discord Concord

a) Estimulo o crescimento de

toda a equipe

0

(0,0)

01

(2,6)

03

(7,9)

15

(39,5)

19

(50,0)

01

(2,8)

34

(97,2)

b) Uso o processo decisório

participativo

0

(0,0)

01

(2,6)

11

(28,9)

12

(31,6)

14

(36,8)

01

(3,7)

26

(96,3)

c) Gerencio da melhor forma

possível os conflitos existentes

no grupo

0

(0,0)

0

(0,0)

07

(18,4)

13

(34,2)

18

(47,4)

0

(0,0)

31

(100)

Tabela 07 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Facilitador

Fonte: Autor (2012)

90

Para análise dos dados referentes ao Papel de Facilitador, a tabela 07 demonstra

que os gerentes participantes da pesquisa apontaram a competência “Administração de

Conflitos” como a mais forte entre as três analisadas. Essa competência obteve 100% de

respostas concordantes e nenhuma discordante, enquanto a competência “Construção de

Equipes” obteve 97,2% de respostas concordantes, mas foi marcada uma vez como resposta

discordante.

A competência “Administração de Conflitos” é delineada, segundo Quinn et al

(2003) como um conjunto de métodos de resolução de problemas, aplicados pelos

profissionais gestores de empresas às situações de conflitos. O gerente com essa característica

é considerado competitivo, colaborativo, transigente, contido e conciliativo. Este profissional

está sempre atento as possíveis fontes de divergências e não deixa que a competitividade da

equipe seja exacerbada ao ponto de interferir no desempenho individual e coletivo.

Para o Papel de Facilitador o percentual de respostas concordantes foi de 97,2%

para a questão (a), 96,3% para a questão (b) e 100% para o quesito (c).

4.2.3 Papel de Monitor

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre Distribuição (%) geral

Discord Concord

a) Monitoro o desempenho

individual dos colaboradores

0

(0,0)

02

(5,3)

13

(34,2)

08

(21,1)

15

(39,5)

02

(08)

23

(92,0)

b) Gerencio o desempenho de

processos coletivos

0

(0,0)

04

(10,5)

07

(18,4)

21

(55,3)

06

(15,8)

04

(13,0)

27

(87,0)

c) Analiso as informações com

pensamento crítico

03

(7,9)

0

(0,0)

02

(5,3)

20

(52,6)

13

(34,2)

03

(8,3)

33

(91,7)

Tabela 08 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Monitor

Fonte: Autor (2012)

De acordo com a tabela 08 os gerentes participantes da pesquisa classificaram o

Papel de Monitor e dentre as três competências, a que se destacou foi “Análise de Informação

com Pensamento Crítico”. Essa competência recebeu 91,7% de respostas concordantes e

contou com a freqüência de 33 respostas positivas. Embora a variável “Monitoramento do

Desempenho dos Colaboradores” tenha obtido um percentual maior, o número de

respondentes à categoria positiva foi bem menor.

A Análise de Informação com Pensamento Crítico, segundo Quinn et al (2003) é

uma competência do gestor que realiza a exposição e o processo de análise de forma clara e

com o máximo de informações e de forma crítica e direta. O gerente que possui essa

91

competência segue uma linha de raciocínio lógico, estabelece por meio de critérios e

prioridades quais informações devem ser socializadas e quem deve fazer uso dela.

O Papel de Monitor foi classificado com percentual concordante de 92% para a

questão (a), 87% para a questão (b) e 91,7% para o quesito (c).

4.2.4 Papel de Coordenador

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) Gerencio projetos

compreendendo a importância

para a empresa e os impactos

das mudanças nos

colaboradores

0

(0,0)

01

(2,6)

02

(5,3)

19

(50,0)

16

(42,1)

01

(2,8)

35

(97,2)

b) Planejo o trabalho de forma

objetiva e clara

0

(0,0)

0

(0,0)

02

(5,3)

15

(39,5)

21

(55,3)

0

(0,0)

36

(100)

c) Tenho consciência que as

decisões que tomo interfere em

outros departamentos ou setores

01

(2,6)

01

(2,6)

06

(15,8)

07

(18,4)

23

(60,5)

02

(6,2)

30

(93,8)

Tabela 09 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Coordenador

Fonte: Autor (2012)

Os sujeitos da pesquisa apontaram a co mpetência “Planejamento do Trabalho”

como a principal no Papel de Coordenador. Levando em consideração a tabela 09, essa

competência recebeu o percentual de 100% de respostas concordantes e nenhuma discordante.

Para Quinn et al (2003) essa competência foca duas variáveis específicas: o cargo

individual e o grupo de trabalho. O gerente com essa característica consegue perceber nos

seus funcionários suas competências para o trabalho, as particularidades e a importância da

tarefa que ele desempenha, concede autonomia para execução de atividades e/ou tomar

decisões e dá e recebe feedback. Esse gestor também consegue desenvolver a capacidade de

realização do trabalho através de grupos multifuncionais ou não, gerando valor a partir das

idéias e personalidades distintas, treinando seus colaboradores para que desenvolvam suas

potencialidades específicas e pessoais, além de conseguir agregar valor para os processos

funcionais coletivos.

O Papel de Coordenador foi classificado com percentual concordante de 97,2%

para a questão (a), 100% para a questão (b) e 93,8% para o quesito (c). Esses dados definirão

os papéis gerenciais principais para a pesquisa em tela.

92

4.2.5 Papel de Diretor

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) Desenvolvo e comunico a

visão da empresa de forma clara

0

(0,0)

01

(2,6)

0

(0,0)

17

(44,7)

20

(52,6)

01

(2,6)

37

(97,4)

b) Estabeleço metas e objetivos

para minha equipe

0

(0,0)

01

(2,6)

07

(18,4)

14

(36,8)

16

(42,1)

01

(3,2)

30

(96,8)

c) Planejo e organizo as

atividades do grupo

0

(0,0)

0

(0,0)

03

(7,9)

19

(50,0)

16

(42,1)

0

(0,0)

35

(100)

Tabela 10 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Diretor

Fonte: Autor (2012)

Os participantes da pesquisa apontaram a competência “Desenvolvimento e

Comunicação de uma Visão” como a mais adequada ao seu perfil no Papel de Diretor. Essa

competência recebeu 97,4% de respostas concordantes e apenas uma discordante. Uma outra

competência bem avaliada foi “Planejamento e Organização”, que recebeu 100% de respostas

concordantes e nenhuma discordante, mas obteve apenas 35 respondentes a variável positiva.

A competência gerencial relacionada a “Desenvolvimento e Comunicação de uma

Visão”, segundo Quinn et al (2003) é uma das primordiais para se exercer o papel de líder

dentro de uma empresa. É o líder quem traça os caminhos que a equipe e/ou empresa deve

percorrer, traça estratégias, estabelece um foco, a visão e a missão que deve nortear essa

direção. Esse tipo de gestor deve ter algumas capacidades, a saber: influência para com sua

equipe de trabalho e para a alta direção da empresa, entender os valores e orgulhar-se da

organização a qual pertence.

A visão a ser desenvolvida e comunicada pelo gestor deve ser transmitida de

forma eficaz, precisa estar em consonância com os objetivos da empresa, que seja exeqüível e

deve ser socializada no âmbito tático, estratégico e individual. O gerente precisa inspirar os

colaboradores a seguirem e perseguirem a visão da empresa.

O Papel de Diretor foi classificado com percentual concordante de 97,4% para a

questão (a), 96,8% para a questão (b) e 100% para o quesito (c).

93

4.2.6 Papel de Produtor

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) Estimulo a produtividade no

trabalho

0

(0,0)

01

(2,6)

0

(0,0)

16

(42,1)

21

(55,3)

01

(2,6)

37

(97,4)

b) Proporciono um ambiente de

trabalho produtivo

0

(0,0)

0

(0,0)

04

(10,5)

21

(55,3)

13

(34,2)

0

(0,0)

34

(100)

c) Gerencio o tempo e o

estresse da equipe

0

(0,0)

01

(2,6)

12

(31,6)

19

(50,0)

06

(15,8)

01

(3,8)

25

(96,2)

Tabela 11 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Produtor

Fonte: Autor (2012)

Analisando-se a tabela 11 da análise do Papel de Produtor, é possível observar que

os gestores pesquisados determinaram que a competência que mais se sobressai com relação a

essa variável é “Trabalho Produtivo”, que recebeu 97,4% de respostas concordantes e apenas

uma discordante, enquanto a competência “Ambiente de Trabalho Produtivo” contou com

100% de respostas positivas, mas apenas 34 respondentes concordaram com essa

característica.

Partindo dos pressupostos de Quinn et al (2003) para a determinação dos Papéis

Gerenciais, a competência “Trabalho Produtivo” induz ao gerente a execução de quatro

hábitos que facilitam a tarefa de gerir recursos, pessoas e processos: estabelecimento de metas

claras e racionais, empenho e foco para a execução das atividades, percepção aguçada sobre o

modus operandi da tarefa a ser realizada e condição de monitoramento em tempo real do que

está se desenvolvendo para que o processo aconteça.

O Papel de Produtor obteve uma classificação de acordo com percentual

concordante de 97,4% para a questão (a), 100% para a questão (b) e 96,2% para o quesito (c).

94

4.2.7 Papel de Negociador

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) Construo e mantenho de uma

base de poder, delegando

atividades e dando

oportunidade para colabores

que se destacam

01

(2,6)

01

(2,6)

07

(18,4)

11

(28,9)

18

(47,4)

02

(6,5)

29

(93,5)

b) Negocio acordos e

compromissos com a equipe

0

(0,0)

03

(7,9)

02

(5,3)

21

(55,3)

12

(31,6)

03

(8,0)

33

(92,0)

c) Apresento minhas idéias de

forma clara, tendo a percepção

de que as idéias que proponho

estão sendo entendidas

0

(0,0)

0

(0,0)

04

(10,5)

15

(39,5)

19

(50,0)

0

(0,0)

34

(100)

Tabela 12 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Negociador

Fonte: Autor (2012)

Verificando os dados obtidos a partir do Papel de Negociador, foi possível

perceber que a competência mais proeminente é “Apresentação de Idéias”. Essa variável

recebeu 100% de respostas concordantes e nenhuma discordante.

Analisando a competência de “Apresentação de Idéias”, Quinn et al (2003)

determina que o gestor que se adéqua a esse perfil apresenta suas percepções de forma

objetiva e parte do pressuposto que precisa se fazer entender, tornando a tarefa do seu público

em assimilar suas idéias, mais fácil. Esse gestor também sabe conduzir uma apresentação e

direciona seus esforços para que ela seja objetiva e eficaz, utilizando-se dos recursos que se

fizerem necessários para melhorar o processo de comunicação.

O Papel de Negociador foi classificado com percentual concordante de 93,5%

para a questão (a), 92% para a questão (b) e 100% para o quesito (c). Essa medida servirá para

determinação do Papel Gerencial predominante na pesquisa.

95

4.2.8 Papel de Inovador

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) Apresento aos colaboradores

o convívio com a mudança, e

trabalho as mudanças de forma

positiva

0

(0,0)

0

(0,0)

01

(2,6)

21

(55,3)

16

(42,1)

0

(0,0)

37

(100)

b) Gerencio a mudança de

forma saudável possibilitando

aos colaboradores todas as

condições de adaptação

0

(0,0)

0

(0,0)

06

(15,8)

13

(34,2)

19

(50,0)

0

(0,0)

32

(100)

c) Possuo pensamento criativo 0

(0,0)

0

(0,0)

02

(5,3)

11

(28,9)

25

(65,8)

0

(0,0)

36

(100)

Tabela 13 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Competências Gerenciais - Papel de Inovador

Fonte: Autor (2012)

Analisando a tabela 13 é possível observar que para o Papel de Inovador, a

competência que mais se destacou sob a ótica dos respondentes foi “Convívio com a

Mudança”. Essa competência recebeu 100% de respostas concordantes e nenhuma

discordante, diferenciando-se das demais pelo número de respostas positivas à competência.

Outra competência que foi bem classificada de acordo com os gerentes foi “Pensamento

Criativo”.

Para Quinn et al (2003) a competência “Convívio com a Mudança” mostra o perfil

de um gestor aberto a novas idéias e preparado para as mudanças. Esse gerente está

consciente da necessidade da mudança e promove um ambiente que propicie uma consciência

coletiva para o novo, para que a empresa e os seus colaboradores também sejam agentes de

transformação. É preciso acima de tudo um esforço consciente no sentido de eliminar a

resistência psicológica à mudança.

O Papel de Inovador foi classificado com percentual concordante de 100% para a

questão (a), 100% para a questão (b) e 100% para o quesito (c). Esses percentuais definirão a

classificação final dos papéis gerenciais com relação as empresas analisadas.

4.3 PAPÉIS GERENCIAIS

Analisado os dados referentes aos Papéis Gerenciais e cada uma de suas

competências delineadas por Quinn et al (2003) é possível determinar para os respondentes da

pesquisa (Gerentes das empresas vencedoras do PSQT 2007, 2008 e 2010) quais os principais

Papéis Gerenciais e suas classificações.

96

Os dados colhidos permitem identificar e qualificar os Papéis Gerenciais

escalonadamente, o que foi realizado avaliando o percentual das respostas concordantes das

competências. O gráfico 01 ilustra a classificação dos 8 Papéis Gerenciais de acordo com as

respostas obtidas:

Gráfico 01 – Percentuais Concordantes – Papéis Gerenciais

Fonte: Autor (2012)

Observando o gráfico 01 e as médias das respostas concordantes dos gerentes das

empresas pesquisadas é possível identificar que o Papel Gerencial predominante é o de

“Inovador” que obteve percentual de 100% para suas três perguntas. Posteriormente, pode-se

afirmar que o Papel Gerencial de “Diretor” é o segundo em importância, apresentando

percentuais de: 97,4% (a), 96,8 (b), e 100% (c). O Papel de “Mentor” vem logo em seguida

com um quadro de percentuais concordantes de 93,75% para a questão (a), 100% para a

questão (b) e 100% para a (c) respostas concordantes.

Classificando-se os três primeiros Papéis Gerenciais, de acordo com o percentual

de respostas concordantes produzidas pelos gestores das empresas vencedoras do PSQT, tem-

se a seguinte definição: 1º: Inovador; 2º: Diretor; e, 3º: Mentor. Essa análise atende ao

proposto no Objetivo Específico 1 que é: “Relacionar os papéis gerenciais da alta gerência das

empresas vencedoras do PSQT no Rio Grande do Norte”.

O resultado expressa uma forte tendência dos gestores das empresas pesquisadas

em adotarem práticas de gestão voltadas à mudança, ao planejamento e a orientação às suas

equipes. Os Papéis Gerenciais mais percebidos pelos gerentes das empresas analisadas

demonstram um perfil que Quinn et al (2003) considera como gerenciamento eficaz, e de

97

acordo com a posição dos três primeiros papéis percebidos na pesquisa, é possível afirmar

ainda utilizando o mesmo autor que o perfil gerencial se configura como “produtores

conceituais” que embora não seja conceituado por ele, pode ser percebido como um contorno

positivo, próximo do considerado ideal.

Realizando uma análise sobre os três primeiros papéis gerenciais, os gestores

respondentes consideraram que possuem características relacionadas a:

- Alta adaptabilidade à mudança (Papel de Inovador): definem-se, apesar de

estarem num ambiente corporativo não tão desenvolvido e competitivo (estado do RN), como

gestores aptos a acompanharem à mutabilidade dos cenários empresariais. Poderia até se

inferir que essa característica já era esperada como uma das mais percebidas pelos

respondentes. As leis, os anseios e as idéias dos consumidores, a economia, tudo muda muito

rapidamente a todo instante. A condição de adequação à mudança hodiernamente é uma

condição sine qua non para qualquer gestor de qualquer empresa no país.

- Planejamento Estratégico (Papel de Diretor): outra característica que pode ser

considerada uma conseqüência dos cenários externos, da globalização e da volatilidade do

mercado consumidor. Devido a todas as nuances e incertezas do universo organizacional as

empresas, independentemente do seu porte, faturamento, localização e/ou core business,

precisam de um mínimo de organização e planejamento para manterem-se operantes e

lucrativas. Os gestores das empresas pesquisadas também já perceberam isso. Já sentem que a

definição, formalização e acompanhamento de estratégias é uma das ferramentas que podem

utilizar para maximizar seus recursos, sejam eles humanos ou financeiros.

- Preocupação com pessoas (Papel de Mentor): os recursos humanos das empresas

são seus principais ativos. Os gerentes participantes da pesquisa entendem que a condução de

suas organizações também atuam segundo esse preceito. Sem a participação e atuação

coletiva dos funcionários nenhuma empresa se sustenta. O desenvolvimento dos

colaboradores é visto como uma das premissas para duas vertentes consideradas distintas nas

organizações empresariais: o interesse dos funcionários e a produtividade. Treinamento,

desenvolvimento e o aprimoramento, alguns dos fatores que fazem com que a empresa atenda

às necessidades de todos dentro de um empreendimento funcional, trazendo satisfação ao

público interno e à alta administração da organização.

Não há como imaginar que, analisando as variáveis organizacionais e pessoais,

um gerente possa concentrar todos os perfis gerenciais, pois eles são muito diferentes um dos

outros, com contornos e características díspares, até opostas em alguns casos. É justamente a

98

empresa, sua cultura, suas crenças, suas pretensões, a sistemática de gestão e o mercado em

que está inserida que vai estabelecer o papel (ou papéis) gerencial esperado.

É possível observar que todos os papéis gerenciais foram bem avaliados. Os

percentuais e números percebidos foram altos, o que demonstra uma tendência de que os

gerentes tenham suas competências gerenciais bem desenvolvidas. As diferenças entre as

variáveis foram pequenas o que talvez minimize a predominância das características das

competências gerenciais. O fato dos gerentes avaliarem a si próprios pode ter gerado a super-

avaliação, o que não pode se configurar como um fato que inviabilize o resultado, haja vista

as variáveis terem sido descritas, compreendidas e apresentarem particularidades distintas. Os

resultados foram considerados estatisticamente dentro da normalidade e passíveis de

utilização para os objetivos pretendidos.

4.4 DETERMINAÇÃO DOS INDICADORES DE RESPONSABILIDADE

SOCIAL DO PSQT

Para especificar os indicadores de Responsabilidade Social (SESI, 2010) mais

utilizados nas empresas participantes da pesquisa, os gestores responderam a 9 perguntas da

seção 3 do questionário – Responsabilidade Social, que perfaziam as variáveis: Estímulo ao

Voluntariado Social, Investimento Social e Ações Socioculturais.

Foi utilizada a Estatística Descritiva para a análise das respostas sobre os

Indicadores de Responsabilidade Social, que foi obtida através de um questionário com

perguntas em Escala Likert de 5 pontos. Para facilitar a correlação entre essa variável e os

Papéis Gerenciais, convencionou-se utilizar as mesmas escalas.

Para fins de cálculo e soma das freqüências foram suprimidas as respostas da

opção “Às Vezes”, e somadas as respostas “Concordantes” (variáveis ‘Frequentemente’ e

‘Sempre’) e respostas “Discordantes” (variáveis ‘Raramente’ e ‘Nunca’). Para determinação

dos Indicadores de Responsabilidade Social mais utilizados nas empresas pesquisadas serão

utilizadas os percentuais das freqüências de distribuição das respostas “Concordantes”. A

opção “Ás Vezes” não é importante nem para as respostas positivas nem para as negativas,

daí a necessidade de exclusão da mesma somente para fins de cálculos determinísticos das

características verificadas.

99

4.4.1 Indicador de Estímulo ao Voluntariado Empresarial

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) A empresa promove o

envolvimento de seus

colaboradores em ações de

voluntariado?

0

(0,0)

07

(18,4)

17

(44,7)

11

(28,9)

03

(7,9)

07

(33,3)

14

(66,7)

b) A empresa integra a

comunidade em que está

inserida através de projetos de

voluntariado?

01

(2,6)

06

(15,8)

16

(42,1)

09

(23,7)

06

(15,8)

07

(32,0)

15

(68,0)

c) Os colaboradores podem

realizar atividades e ações de

responsabilidade social em

horário de expediente?

08

(21,1)

11

(28,9)

09

(23,7)

04

(10,5)

06

(15,8)

19

(65,5)

10

(34,5)

Tabela 14 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Responsabilidade Social – Voluntariado Empresarial

Fonte: Autor (2012)

Analisando os dados obtidos das respostas dos gerentes para esse Indicador, nota-

se que a característica predominante relativa a “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” é

“Realização de Projetos de Voluntariado” que obteve 68% de respostas concordantes.

Cada vez mais as empresas promovem ações de voluntariado, estimulando seus

colaboradores a atuarem em causas e projetos sociais em prol da comunidade em que atua ou

na sociedade de uma forma geral. Trabalho Voluntário de acordo com Brasil (1998) é:

a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de

qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha

objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência

social, inclusive mutualidade.

A realização de atividade voluntária faz com que as empresas se integrem

diretamente ao seu entorno social, atuando junto a ONG’s, ou mesmo desenvolvendo ela

própria, ações de educação, saúde, esporte, cultura ou qualquer outra atividade que venha a

contribuir direta ou indiretamente para a sociedade. Não há como dissociar as atividades de

voluntariado estimuladas pela empresa com as específicas de responsabilidade social. É

possível perceber isso, quando alguns conceitos, como o de Melo Neto e Brennand (2004)

especificam que Responsabilidade Social é uma atividade direcionada ao desenvolvimento

sustentável, que diz respeito à qualidade de vida no trabalho e em sociedade, respeito a

minorias e aos menos favorecidos, e principalmente ao estímulo à cidadania e aos valores

éticos e morais.

100

Nesse quesito, o colaborador sente-se valorizado e também satisfaz-se com a

oportunidade gerada pela empresa, quando possibilita que ele atue como voluntário. Silva e

Feitosa (2002) elencam cinco categorias que motivam pessoas a se tornarem voluntários:

− Assistencial: ajudar ao próximo (que é necessitado de afeto, bens materiais e

educação);

− Humanitária: contribuir com pessoas necessitadas (próximo), podendo também

ser creditado à necessidade de crescimento espiritual (causa religiosa);

− Política: atuar como cidadão, ação emancipatória;

− Profissional: colocar em prática o que aprendeu na escola ou universidade,

executar conhecimentos, atuar em ONG’s;

− Pessoal: relacionada a tratamento de saúde, busca e/ou melhoria de

relacionamento interpessoal, feedback emocional.

A empresa pode auxiliar seus colaboradores a atuarem como voluntários em ações

sociais em qualquer uma dessas áreas, não importando o seu tamanho ou número de

empregados.

O Indicador de Estímulo ao Voluntariado Empresarial obteve a seguinte

classificação percentual de respostas concordantes para suas variáveis: a) 66,7%, b) 68%, e c)

34,5.

4.4.2 Investimento Social

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) A empresa investe recursos

em ações de Responsabilidade

Social?

01

(2,6)

05

(13,2)

12

(31,6)

15

(39,5)

05

(13,2)

06

(23,0)

20

(77,0)

b) A organização divulga os

resultados e transformações

geradas por suas ações sociais?

0

(0,0)

03

(7,9)

12

(31,6)

14

(36,8)

09

(23,7)

03

(11,6)

23

(88,4)

c) A empresa planeja ou

formaliza suas ações de

Responsabilidade Social?

0

(0,0)

0

(0,0)

14

(36,8)

12

(31,6)

12

(31,6)

0

(0,0)

24

(100)

Tabela 15 – Valores de freqüência (%) dos respondentes – Responsabilidade Social – Investimento Social

Fonte: Autor (2012)

De acordo com a tabela 15, no que diz respeito ao Indicador de “Investimento

Social” do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho é possível perceber que os respondentes

101

elegeram a variável “Planejamento de Ações de Responsabilidade Social” com 100% de

respostas concordantes.

Esse resultado reforça o estudo realizado por Feldato (2005) que afirma que

empresas de capital aberto geralmente planejam sua estratégia de atuação social, em

detrimento das empresas de capital fechado e que organizações de pequeno e médio porte

realizam investimentos em projetos de ação social na mesma proporção que médias e grandes

empresas, haja vista que várias das participantes do PSQT são empresas de micro e pequeno

porte. Feldato (2005) também infere que a maior parte dos projetos sociais desenvolvidos

pelas empresas, relacioanam-se com a comunidade em que estão inseridas e os beneficiários

são na sua grande maioria crianças e adolescentes em ações de educação.

Ainda em termos de planejamento de ações sociais, as empresas procuram realizar

qualquer tipo de investimento ou disponibilização de sua estrutura do tempo de seus

colaboradores analisando todas as variáveis e implicações das atividades de responsabilidade

social. É o que estabelece Ferrel et al (2001) afirmando que quando a organização passa a

desenvolver ações de responsabilidade social em sua estratégia corporativa, suas ações

tornam-se responsabilidade de todos. Planejar para maximizar seus esforços, fazendo também

com que o retorno desse investimento seja o mais seguro possível, é uma premissa que parece

estar em voga para todas as empresas que têm preocupação social.

O Indicador de “Investimento Social” obteve os valores de 77% para o quesito (a),

88,4% para o (b), e 100% para a questão (c). Esses percentuais serão utilizados para a

definição dos Indicadores de Responsabilidade Social percebidos pelos gerentes como o mais

utilizado nas empresas vencedoras do PSQT.

102

4.4.3 Ações Socioculturais

Questões Nunca Raram. Às Vezes Frequent. Sempre

Distribuição (%)

geral

Discord Concord

a) Existem ações de integração

entre os colaboradores, suas

famílias e a empresa?

0

(0,0)

0

(0,0)

08

(21,1)

14

(36,8)

16

(42,1)

0

(0,0)

30

(100)

b) A empresa realiza ações de

motivação e desenvolvimento

pessoal no trabalho?

0

(0,0)

01

(2,6)

03

(7,9)

21

(55,3)

13

(34,2)

01

(2,9)

34

(97,1)

c) A organização apoia direta

ou indiretamente as ações

empreendidas pela comunidade

ou localidade em que está

inserida?

0

(0,0)

01

(2,6)

07

(18,4)

23

(60,5)

07

(18,4)

01

(3,0)

30

(97,0)

Tabela 16 – Valores de frequência (%) dos respondentes – Responsabilidade Social – Ações Socioculturais

Fonte: Autor (2012)

Para a verificação dos dados obtidos a partir da pesquisa sobre o Indicador de

Responsabilidade Social do PSQT “Ações Socioculturais”, é possível determinar que nessa

variável o item melhor pontuado foi “Motivação e Desenvolvimento Pessoal” com 97,1% de

respostas concordantes e 34 respostas positivas. Apesar do item “Integração de Colaboradores

com a Família e a Empresa” ter recebido o melhor percentual de respostas concordantes

(100%), só obteve 30 respostas positivas no total.

A realização de atividades de motivação e desenvolvimento pessoal na empresa

faz com que a organização melhore as condições laborais, aumente a satisfação dos

colaboradores e, por conseqüência melhore o clima organizacional. Para Barbosa e Araújo

(2010) os ganhos das organizações que empreendem ações de responsabilidade social

perpassam a seara econômica e de marketing, criando um ambiente de trabalho saudável e

favorável à realização profissional de seus colaboradores além da melhoria do clima

organizacional.

No que diz respeito a característica de desenvolvimento de seus colaboradores, as

empresas podem atuar na área educacional, oferecendo cursos e preparação profissional para

seus funcionários e garantindo crescimento pessoal e funcional para seus colaboradores. O

desenvolvimento de colaboradores como ação de responsabilidade social pode muitas vezes

ser confundido com ações de treinamento dentro da empresa, o que diferencia uma atividade

puramente produtiva para uma característica de desenvolvimento social é o tipo de

treinamento que é oferecido, devendo este ser distinto da sua área de atuação. Partindo desse

pressuposto, Jaramillo e Angel (apud Ashley, 2002) destacam que a responsabilidade social

103

pode ser uma necessidade que a empresa tem para com o desenvolvimento, bem-estar e

melhoramento da qualidade de vida dos colaboradores, suas famílias e a sociedade em geral.

O indicador de Responsabilidade Social, avaliado pelos gerentes das empresas

vencedoras do PSQT, obteve os seguintes percentuais para suas variáveis: 100% (a), 97,1%

(b) e 97% para a variável (c).

4.5 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Depois de verificar os dados obtidos na pesquisa sobre os Indicadores de

Responsabilidade Social, a partir da opinião dos gestores das empresas que venceram o

Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho dos anos 2007, 2008 e 2010, é possível analisar qual

o indicador predominante, determinado de acordo com a classificação obtida através da Seção

3 do questionário. A verificação foi realizada analisando os percentuais das respostas

concordantes. O gráfico 2 estabelece a distinção entre os três indicadores de Responsabilidade

Social.

Gráfico 02 – Percentuais Concordantes – Indicadores de Responsabilidade Social

Fonte: Autor (2012)

Analisando o gráfico 02, é possível perceber através dos percentuais obtidos na

pesquisa sobre os Indicadores de Responsabilidade Social do PSQT, que a maior pontuação

de respostas concordantes é do indicador relativo a “Ações Socioculturais” com o seguinte

resultado: questão (a): 100%, questão (b): 97,1%, e questão (c): 97%. Em segundo lugar, está

o indicador “Investimento Social” que se apresentou da seguinte forma: questão (a): 77%,

questão (b): 88,4%, e, questão (c): 100%. Em terceiro e na última classificação está o

104

indicador “Voluntariado Empresarial”, com os percentuais: questão (a): 66,7%, questão (b):

68%, e questão (c): 34,5%.

Apesar de não haver bibliografia anterior que trate especificamente de incidências

dos indicadores de responsabilidade social do PSQT é possível analisar o resultado

percebendo que a principal variável apresentada pelos respondentes (Ações Socioculturais)

como as mais implementadas por suas empresas ser a de mais fácil realização. As ações

socioculturais são menos complicadas e menos onerosas de se empreender que as outras duas.

Tomando-se como parâmetro que a variável de estímulo ao voluntariado requer que a empresa

destine algum tempo da jornada de trabalho para encorajar seus funcionários a participarem

de ações sociais, e isso demandar que a produção seja direta ou indiretamente afetada. Por

outro lado, e analisando também que o indicador Investimento Social está relacionado

intimamente com a disponibilidade de recursos da empresa para promover projetos sociais,

observa-se que a variável que possui menos ônus financeiro é a realização de Ações

Socioculturais.

Programas de voluntariado empresarial podem não ser tão freqüentes,

principalmente em empresas de tamanho pequeno e médio, tanto no que diz respeito a número

de funcionários como em faturamento, e que atuam numa região como a do estado do RN.

Melo Neto e Froes (2001) define como uma das características das organizações socialmente

responsáveis a condição de que seus funcionários são conhecedores da política estratégica da

empresa em lidar com o tema, atuam como voluntários em campanhas e programas sociais.

Disponibilizar aos colaboradores a possibilidade de atuar em projetos de responsabilidade

social pode exigir da organização a cessão de tempo e treinamento para que eles possam

desenvolver ações efetivas como atores sociais. A promoção de ações voluntárias sem a

mínima participação da empresa pode não se configurar como voluntariado empresarial e

estimular seus colaboradores tão somente a agirem sozinhos em causas sociais é uma

prerrogativa considerada negativa para as organizações.

Partindo desse cenário, é importante frisar que as ações destacadas pelas empresas

para participar do PSQT não foram examinadas e criticadas e não há subsídio para analisar o

grau de atendimento dessas práticas aos requisitos de responsabilidade social, o que também

não é o objetivo desse estudo.

As Ações Socioculturais são pontuais e geralmente empreendidas com integrações

entre colaboradores, suas famílias e/ou comunidade, o que não causa tanto impacto financeiro

quanto os dois outros indicadores. Isso pode também se relacionar com o fato de que várias

105

das empresas pesquisadas serem de micro e pequeno porte e não possuírem condições de

investir os recursos necessários em algumas das variáveis dos indicadores de “Investimento

Social” e “Voluntariado Empresarial”.

Uma das maiores discussões acerca da sistemática de ações de responsabilidade

social é justamente o alcance e a tipologia da mesma. Para muitos teóricos as práticas

desenvolvidas devem exceder o conceito de filantropia e benemerência, o que parece ser a

realidade de vários dos projetos desenvolvidos pelas empresas participantes do PSQT. As

doações esporádicas ou não, a cessão de bens ou estrutura funcional para auxílio de entidades

e a participação em campanhas parecem não coadunar com os conceitos mais difundidos de

responsabilidade social. Azevedo (2004, p.339) assegura que: “ações filantrópicas assumem a

forma de ações à entidades já existentes. Para tal, não é necessário planejamento, organização,

acompanhamento e avaliação. No máximo uma “inspeção” para verificar onde a doação

(dinheiro, alimento ou produto) foi usado”.

Percebe-se que mesmo não se configurando em ações efetivas de responsabilidade

social, as atividades praticadas pela maioria das empresas pesquisadas são importantes e

subsidiam uma parcela da sociedade, apóiam ou lhe dão estrutura em setores que o Poder

Público não supre ou não atua a contento.

O porte e a condição financeira das empresas em estudo são condições

preponderantes para o empreendimento de ações sociais. As pequenas e médias empresas

possuem certa proximidade e um relacionamento mais íntimo com as comunidades, com seus

consumidores e também com instituições que se localizam no seu entorno de atuação. Isso lhe

é mais característico do que nas grandes organizações. As ações que podem se caracterizar

como de cunho social protagonizadas por essas empresas resumem-se na doação de

patrocínios para igrejas, associações, e para organização de campanhas em prol da

comunidade. Apesar desse tipo de atuação não se configurar como projeto de

Responsabilidade Social, não se deve entender que essas ações não são importantes ou não

tem impacto social positivo, mas em termos de amplitude e número de beneficiários as

grandes empresas são mais efetivas e empreendem com maior freqüência projetos sociais das

mais diferentes áreas (p. ex. educação, cultura, esporte, saúde etc.).

Os projetos de ações de responsabilidade social nas grandes empresas são formais

e sistematizados e fazem parte do planejamento estratégico dessas empresas. Seus

funcionários têm consciência da importância dessas atividades e o feedback tanto em termos

de retorno social quanto em valores também é mais comumente empreendido.

106

Não foi possível identificar as características das ações sociais promovidas pelas

empresas a que pertencem os gerentes respondentes da pesquisa, mas a escolha da variável

“Ações Socioculturais” pode caracterizar essa limitação no que diz respeito a recursos e a

extensão das atividades de responsabilidade social executadas pelas empresas em análise.

4.6 CORRELAÇÃO ENTRE PAPÉIS GERENCIAIS E INDICADORES DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Após analisar as características relativas a competências gerenciais (Papéis

Gerenciais) e de Responsabilidade Social (Indicadores de Responsabilidade Social do PSQT)

das empresas vencedoras do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho, na visão de seus

gerentes, é possível verificar a correlação existentes entre as variáveis.

Optou-se por verificar de acordo com o objetivo geral, a correlação entre os

construtos utilizando-se da técnica estatística de Correlação de Spearman.

Estímulo ao Voluntariado

Empresarial Investimento Social

Ações

Socioculturais

Mentor 0,36* 0,19 0,01

Facilitador 0,55* 0,49* 0,13

Monitor 0,30* 0,10 0,22

Coordenador 0,09 0,08 -0,34*

Diretor 0,29 0,27 0,03

Produtor 0,10 0,08 -0,10

Negociador 0,32* 0,32* 0,25

Inovador 0,17 0,04 0,03 * Valor significativo (p<0,05)

Tabela 17 – Valores de correlação entre Papéis Gerenciais e Indicadores de Responsabilidade Social

Fonte: Autor (2012)

A tabela 17 demonstra os valores de “rs” para as correlações entre os Papéis

Gerenciais e os Indicadores de Responsabilidade Social relativo ao PSQT. Esses valores

variam entre -1 e 1, fazendo com que valores perto de zero demonstrem que as variáveis em

estudo não possuem correlação.

O indicador de responsabilidade social “Estímulo ao Voluntariado Empresarial”

apresentou forte correlação com o papel “Facilitador” apresentando o maior valor entre todas

as variáveis. O gerente que tem um perfil voltado à construção e administração de equipes, no

caso do “Facilitador”, é normal que se dedique a tarefa de encorajar seus colaboradores a

atuarem como voluntários em causas sociais. As empresas e gerentes que promovem o

107

voluntariado têm a firme preocupação de disseminar para seus funcionários a necessidade de

que cada um atue de forma a minimizar os problemas sociais e melhorar o mundo em que

vivemos. Apesar do tema voluntariado ainda despertar controvérsia sobre sua capacidade de

desenvolver ações efetivas que contribuam para a responsabilidade social, Melo Neto e Froes

(2001) fazem uma assertiva informando que a diferenciação entre voluntariado empresarial

voltado à filantropia e o que mais se assemelha a uma ação social é que o primeiro é realizado

por uma única pessoa, e o segundo é empreendido por um grupo de colaboradores.

“Estímulo ao Voluntariado Empresarial” também foi o indicador que mais se

correlacionou com os papéis gerenciais, apresentando relação positiva com quatro Papéis

Gerenciais a saber: “Mentor”, “Facilitador”, “Monitor” e “Negociador”. Pode-se conceber que

coletivamente os perfis gerenciais estão em consonância com a ação social que os gerentes

consideram como a mais importante a ser desenvolvida por sua empresa. A relação dos quatro

perfis com o indicador sugere uma percepção de que ações de voluntariado empresarial

deveriam ser mais promovidas, oportunizando condições para que os funcionários

participassem ativamente dos projetos sociais.

Apesar da variável de Responsabilidade Social relacionada à condição da empresa

em estimular seus colaboradores a atuarem como voluntários em ações sociais não ter sido

considerada como a mais importante pelos respondentes, quando da análise dos indicadores

de responsabilidade social, foi ela quem apresentou a maior correlação com os papéis

gerenciais, mais especificamente com quatro deles. Isso pode demonstrar, de acordo com a

população do estudo, que esses perfis gerenciais precisariam dessa característica de

responsabilidade social para serem mais presentes e mais importantes para esses

respondentes, que foi justamente o que acabou não acontecendo. Esses Papéis Gerenciais que

correlacionaram-se com o indicador “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” obtiveram

classificações consideradas baixas para as características de competências gerenciais.

A maior correlação ocorreu justamente em variáveis intermediárias dos dois

construtos. “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” e o papel de “Facilitador” apresentaram

forte correlação, apesar de não serem apontados como características concordantes pelos

respondentes da pesquisa. A correlação não indica as variáveis preferidas ou as que tiveram

mais escolhas, e sim o quanto de vinculação mútua ocorreu entre elas. Talvez por isso as

maiores correlações aconteceram em variáveis que não foram elencadas como principais pelos

respondentes, devendo-se ao fato do resultado da definição do perfil dos papéis gerenciais

terem sido bem elevados.

108

O indicador de “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” e o papel gerencial

“Facilitador” que apresentaram a maior relação entre todas as variáveis podem sugerir a

característica de desenvolvimento e coordenação de atividades coletivas. Tanto o voluntariado

empresarial social quanto os gerentes que são considerados “facilitadores” têm a

particularidade de desenvolver o trabalho em grupo, permitindo o envolvimento de pessoas

nas suas ações. As ações de voluntariado empresarial necessitam de ação conjunta, da união

do esforço de pessoas para que seus objetivos sejam atingidos.

Apesar do indicador “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” ter sido a variável

de responsabilidade social do PSQT com menos percentuais concordantes na definição do

perfil realizada pelos gerentes respondentes, foi a que mais obteve reciprocidade entre as

respostas de definição dos papéis gerenciais. O resultado dessa característica fugiu ao padrão

estabelecido pelo resultado da pesquisa, quando os papéis gerenciais foram qualificados com

percentuais bem próximos uns dos outros.

O indicador “Investimento Social” correlacionou-se com dois Papéis Gerenciais:

“Facilitador” e “Negociador”, o que pode significar, no campo teórico, que a disponibilização

de recursos exige dos gerentes a adoção de processos decisórios participativos e negociação

de acordos. Teoricamente o papel de “Negociador” apresenta uma estreita relação com a

atividade de disponibilizar recursos financeiros para a execução de projetos sociais. A doação

ou investimento de dinheiro da empresa em ações de cunho social pode ser uma das

atividades que gera mais impacto em projetos ou atividades de responsabilidade social, haja

vista existir a possibilidade de destinar o montante financeiro para qualquer fim. Geralmente o

destino desses recursos vai para ONG’s, instituições esportivas, religiosas ou sócio-culturais

da comunidade em que a empresa está inserida.

O investimento em ações sociais por parte das empresas pode ser danoso à

organização quando os aportes são realizados sem a determinação de critérios pré-definidos e

sem o estabelecimento formal dos resultados que serão esperados. Para garantir esse tipo de

planejamento e a criação de uma sistemática para liberação de fundos, é mister que se

estabeleça as regras e condições para a continuidade das ações, com a elaboração de

prestações de contas e emissão de relatórios dos impactos sociais esperados e alcançados.

O último indicador “Ações Socioculturais” apresentou correlação negativa com o

Papel Gerencial “Coordenador”. Essa relação inversa entre as duas variáveis pode se dar em

virtude de que a característica de ação social é uma das mais percebidas pelos sujeitos da

pesquisa em detrimento do Papel de “Coordenador”, que é uma das menos reconhecidas em

109

termos de competências gerenciais nas empresas em tela. As ações socioculturais não

demandam uma competência específica, pois sua realização é simples e, na maioria dos casos,

resume-se a participação em campanhas ou realização de comemorações entre os

colaboradores e seus familiares.

O gestor relacionado ao papel de “Negociador” por sua vez apresenta-se como um

profissional destacado e dissuasivo, com forte relacionamento interno, o que não apresenta

nenhuma característica de convergência ao indicador de “Ações Socioculturais”, que talvez

seja dentre as três vertentes sociais estudadas, a que menos necessita de um profissional com

características gerenciais específicas para seu desenvolvimento intra-organizacional.

No que diz respeito aos Papéis Gerenciais, as variáveis com maior número de

correlações foram “Facilitador” e “Negociador”. A primeira correlacionou-se com os

Indicadores de Responsabilidade Social: “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” e

“Investimento Social”, e a segunda obteve correlação positiva também com: “Estímulo ao

Voluntariado Empresarial” e “Investimento Social”.

Um fato que pode ser notado é que a variável “Ações Socioculturais” apesar de,

sob a ótica dos gerentes, ser o Indicador de Responsabilidade Social mais utiliado pelas

empresas, não obteve nenhuma correlação positiva com os Papéis Gerenciais percebidos na

pesquisa.

As correlações analisadas através dos resultados da pesquisa mostram que as

variáveis podem derivar dados que facilitem o desempenho do profissional gerente, haja vista

pertencerem a construtos bem diferentes mas que tem importância fundamental para o

desempenho funcional e organizacional.

A temática da gestão é um dos limites a serem explorados pelos teóricos e

empreendedores sociais, e é através da administração das variáveis, recursos e técnicas de

responsabilidade social que será mantido o ritmo de crescimento e desenvolvimento, além de

serem abertas novas frentes de atuação. Para Drucker (1995) são muitos os estudiosos que

definem a importância dos gestores que atuam na área de responsabilidade social,

principalmente os que cumprem papéis gerenciais.

Os gerentes precisam de conhecimentos e vivência com as práticas sociais,

conhecer a comunidade em que sua empresa interage e se relacionar com instituições

públicas, ONG’s, outras empresas que possam atuar como parceiras em projetos de

responsabilidade social e principalmente com organizações do Terceiro Setor. São essas

110

expertises que farão com que os gestores das empresas desenvolvam as melhores aplicações

da teoria sobre responsabilidade social.

Outra dificuldade a ser superada pelos gerentes de empresas com atuação social,

de acordo com Tenório (2006), é a premência de um aprendizado ininterrupto, onde os

gestores construam suas percepções sobre técnicas e modelos de gestão que possam ser

empregados eficientemente nas organizações que eles representam.

Somente com gerentes de empresas efetivamente preparados e com

conhecimentos específicos de técnicas de gestão organizacional, as políticas de ações do

Terceiro Setor serão melhor organizadas, sistematizadas, claras e direcionadas ao atendimento

dos objetivos determinados pelas instituições sociais (Drucker,1992).

Todos os objetivos do trabalho foram atendidos, de forma que o perfil gerencial

(papéis gerenciais) foi delineado de acordo com os respondentes da pesquisa. Foram traçadas

as principais características dos gestores de acordo com o modelo gerencial de Quinn et al

(2003) e foi realizada uma análise teórica sobre os resultados apresentados.

Com relação aos indicadores de Responsabilidade Social do PSQT, também foi

realizado uma análise sobre a percepção dos respondentes sobre as variáveis sociais do

prêmio levando em consideração as peculiaridades das empresas e características da

sociedade em que estão incluídas. Foram estudados cada um dos três indicadores do PSQT e

analisados de acordo com o entendimento dos gerentes e das obras pesquisadas.

O objetivo geral também foi realizado através da correlação entre as variáveis de

competências gerenciais (papéis gerenciais) e os indicadores de responsabilidade social do

PSQT. A técnica utilizada foi a correlação de Spearman e colocou os dois construtos em

paralelo para identificar quais características são mais correspondentes. Foram encontradas

seis correlações positivas e uma negativa, e mesmo sendo apenas um terço do número

possível de correlações (24) foi possível afirmar a existência de interação entre as variáveis,

pois elas são fortes e significativas, envolvendo as três variáveis de responsabilidade social e

cinco dos oito papéis gerenciais estudados.

Não foi possível observar por meio dos resultados encontrados ou mesmo inferir

qual construto influencia o outro, provavelmente as ferramentas teóricas e a pesquisa

empreendida talvez não tenham sido suficientes para demonstrar essa particularidade.

111

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As empresas estão buscando melhorar as competências de seus colaboradores,

maximizando suas potencialidades e ao mesmo tempo pretendem manter-se competitivas

obtendo e fazendo uso das melhores estratégias organizacionais. O desenvolvimento de

competências gerenciais é, para as empresas, um importante meio para ter em seu quadro

gerencial a melhor formação de gerentes para a consecução de seus objetivos.

A responsabilidade social se apresenta como uma importante temática para as

empresas, principalmente pelo impacto que causa na opinião pública e na formação da

concepção de empresa cidadã que os consumidores têm, além de sua disponibilidade em

comprar produtos ou serviços de organizações que apóiam ou desenvolvem causas sociais. De

acordo com Porter e Linde (1999) apud Ford, Souza e Oliveira (2010) as ações de

responsabilidade social possibilitam as empresas condições de realização de seus objetivos

estratégicos de diferenciar-se competitivamente de seus concorrentes.

É nesse contexto que se encontram as empresas participantes do Prêmio SESI de

Qualidade no Trabalho. A participação no certame indica a sua pretensão em analisar suas

práticas de responsabilidade social, o que permite entender que são organizações sensíveis ao

tema. Analisar em conjunto os dois construtos (competências gerenciais e responsabilidade

social) é perceber a forma e o delineamento da gestão de ações sociais das empresas

estudadas.

Foi realizada uma categorização do perfil sociodemográfico dos respondentes e

percebeu-se que entre os gerentes pesquisados há mais homens que mulheres. A maior parte

deles está na faixa etária de 31 a 45 anos, já tendo cursado curso superior. Foi possível

verificar que mais de dois terços dos gerentes estão entre 6 a 21 anos atuando na área, estando

no mesmo cargo entre as faixas temporais de 1 a 10 anos. Já com relação a tempo de trabalho

na empresa que se encontram atualmente, a maior parte respondeu que está no mínimo 6 e no

máximo 10 anos na mesma empresa.

O primeiro objetivo específico proposto foi o de relacionar os papéis gerenciais

das empresas objetos desse estudo, o que foi realizado utilizando o modelo de Quinn et al

(2003), obtido através da aplicação de um questionário junto aos gerentes das empresas. Foi

percebido depois de realizada uma análise estatística dos dados, que os gestores são

predominantemente inovadores, diretores e mentores, nessa seqüência.

112

Por conseguinte, o segundo objetivo específico foi o de identificar os indicadores

de práticas sociais mais utilizadas pelas empresas em questão. Foi evidenciado através da

pesquisa (e através da utilização de um questionário) que os indicadores do PSQT percebidos

pelos gerentes das empresas foram, consecutivamente: Ações Socioculturais, Investimento

Social e Estímulo ao Voluntariado Empresarial. As duas características principais encontradas

para os dois construtos, Papel de Inovador e empreendimento de Ações Socioculturais

apresentaram resultados bem superiores às demais características utilizadas, facilitando e

fortalecendo o resultado da pesquisa com relação a essas variáveis.

Este estudo teve como principal objetivo identificar a relação entre competências

gerenciais e as ações de responsabilidade social das empresas que venceram a etapa estadual

do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho nos anos de 2007, 2008 e 2010. Para isso foi

realizada uma pesquisa com os gerentes das empresas vencedoras do prêmio analisando os

dois construtos. Percebeu-se que das vinte e quatro interações entre papéis gerenciais e

indicadores de ações sociais foi identificada seis correlações positivas e uma negativa. A

variável de responsabilidade “Estímulo ao Voluntariado Empresarial” correlacionou-se com

quatro papéis gerenciais, “Investimento Social” correlacionou-se apenas com dois e “Ações

Socioculturais” obteve apenas a correlação negativa.

A amplitude dos resultados e a tipicidade das conclusões percebidas estão

limitadas ao universo de empresas participantes do Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho,

etapa do RN. Apesar de a pesquisa ter se configurado como um estudo de caso específico, os

resultados são importantes para o entendimento dos dois temas, relacionados às empresas da

região, visto as características e peculiaridades do objeto do estudo assemelharem-se em alto

grau com as demais organizações do estado. A pesquisa utilizada, e principalmente a sua

sistemática, pode ser reproduzida em outros estudos que envolvam os dois construtos da

dissertação.

O instrumento da pesquisa facilitou a obtenção dos dados necessários para

analisar as variáveis relacionadas ao construto. Os modelos teóricos foram considerados

adequados, pois foi através deles que os a pesquisa pôde ser realizada, empreendendo-se de

forma eficaz todas as propostas do trabalho. O modelo gerencial formulado por Quinn (2003)

foi aplicado de forma a satisfazer a necessidade de delinear os principais papéis gerenciais dos

respondentes. Diante dos dois únicos modelos teóricos adequados para a consecução desse

objetivo o de Quinn (2003) prescindiu o de Mintzberg (1973) por sua modernidade e por

113

apresentar variáveis mais coerentes com a diversidade e complexidade da gestão

contemporânea.

O modelo utilizado para a definição dos Indicadores de Responsabilidade Social

adotado de SESI (2010) foi limitado em termos de conceitos teóricos em virtude de ainda não

ter sido abordado, pelo menos não para o uso pretendido aqui neste estudo, por outros autores

em suas pesquisas. A bibliografia para essa variável (Indicadores de Responsabilidade Social

do PSQT) quase não existe, tendo sido consultados apenas os documentos relativos ao Prêmio

SESI de Qualidade no Trabalho.

Uma das principais dificuldades na realização da dissertação foi a pequena

quantidade referência acerca dos construtos relacionados em conjunto, fazendo com que toda

a analogia entre competências gerenciais e responsabilidade social utilizada no estudo tenha

sido pesquisada em separado e analisado pelo próprio autor. O ineditismo da pesquisa pode

ser um fator que a torne interessante, mas se apresentou como o maior óbice ao estudo, visto

que não foi encontrada nenhuma análise sobre os dois temas (papéis gerenciais e

responsabilidade social) em específico. Todas as considerações a respeito da pesquisa tiveram

que ser formuladas a partir das observações e resultados da análise empreendida pelo autor.

Outra limitação do estudo foi a necessidade de estender o período de realização da

pesquisa para que os gestores das empresas respondessem aos questionários. O tempo

necessário para a devolução dos questionários foi subestimado, e depois de muitos contatos

via email, telefone e até presencialmente, os quarenta e cindo dias para envio e retorno dos

questionários foram considerados insuficientes.

O presente estudo contribui de forma significativa para as duas temáticas em

questão, visto que não foi identificado, durante a fase de elaboração da dissertação, nenhum

estudo relacionando Responsabilidade Social e Competências Gerenciais. O estudo é inédito

do ponto de vista que os construtos ainda não foram relacionados juntos, numa mesma

análise.

A realização de um trabalho mais amplo, visando à obtenção de dados com um

universo maior, a fim de verificar a correlação entre Papéis Gerenciais e variáveis de

Responsabilidade Social nasce, a partir desse trabalho, como sugestão principal. Outras

possibilidades de pesquisas são as relacionadas ao Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho ou

a outros prêmios sobre a temática em específico, intentando analisar os resultados da

participação do mesmo em seus processos internos, rotinas de trabalho e melhoria do

relacionamento com colaboradores e clientes externos e se a participação em prêmios

114

relacionados à responsabilidade social, ou mesmo a adoção de práticas sociais, visam

unicamente a busca por vantagem competitiva e não o desenvolvimento sustentável ou a

promoção do bem comum.

115

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123

APÊNDICES

124

APÊNDICE “A” – Ofício encaminhado às empresas participantes da pesquisa

125

APÊNDICE “B” – Questionário – Seção 1

Questionário – Seção 1 - PERFIL

126

APÊNDICE “C” – Questionário – Seção 2

Questionário – Seção 2 – PAPÉIS GERENCIAIS

127

APÊNDICE “D” – Questionário – Seção 3

Questionário – Seção 3 – INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL