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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE (CCBS) CIÊNCIAS BIOLÓGICAS VITOR PRESCINOTTO RUSSO AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-COLESTEROLÊMICA DO EXTRATO DE CROTON HELIOTROPIIFOLIUS EM ANIMAIS São Paulo 2016

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS ... · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE (CCBS)

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

VITOR PRESCINOTTO RUSSO

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-COLESTEROLÊMICA DO EXTRATO DE

CROTON HELIOTROPIIFOLIUS EM ANIMAIS

São Paulo

2016

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE (CCBS)

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

VITOR PRESCINOTTO RUSSO

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-COLESTEROLÊMICA DO EXTRATO DE CROTON HELIOTROPIIFOLIUS EM ANIMAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie como

requisito exigido para a obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Biológicas.

Orientador: Professor Doutor Jan Carlo Morais Oliveira Bertassoni Delorenzi

São Paulo

2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me ajudaram durante o desenvolvimento do trabalho e a

Universidade Presbiteriana Mackenzie por ser responsável pela excelente formação

acadêmica e pelo meu intercâmbio realizado. Também agradeço todos os professores

que nesses anos sempre contribuíram com ensinamentos e conselhos.

Ao Prof. Dr. Jan Carlo Delorenzi que me deu a oportunidade e confiança de

realizar esse projeto e também pelo apoio e por sempre estar à disposição quando

necessário.

A Tahira Souza Melo, por toda a ajuda nos experimentos, paciência,

ensinamentos e disposição durante todo o período em que realizei o meu estágio. Ao

veterinário do Biotério da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Alexandre José

Tavolari Arnold, por todo ensinamento desde o manejo dos animais até em dúvidas

durante o experimento e por disposto a ajudar mesmo nos finais de semana.

A toda a minha família que sempre esteve do meu lado me apoiando durante

esses anos de graduação e também aos meus amigos pelo companheirismo, suporte e

paciência durante todos esse período.

E por fim, todos os meus colegas durante a graduação, principalmente a turma

411 por todos esses anos de convivência que nos fizeram tornar grandes amigos.

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RESUMO

A hipercolesterolemia é causa de preocupação para professionais da saúde por ser um

dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares que

são as principais causas de morte no Brasil. Experimentos para diminuir esta doença

são de extrema importância na medicina preventiva. Os medicamentos mais comuns

para reduzir a hipercolesterolemia são as estatinas, porém devido ao seu alto custo

muitos tratamentos alternativos vêm sendo pesquisados e descobertos. Diversos

métodos para a indução de hipercolesterolemia em animais são utilizados para facilitar

esses estudos. O presente trabalho utilizou um método alternativo de baixo custo não

descrito na literatura e apresentou resultados promissores em relação à aumento de

colesterol total e obesidade. Nesse estudo também foi avaliada a atividade anti-

colesterolêmica do extrato de Croton heliotropiifolius em duas concentrações (10mg/kg

e 20mg/kg) em ratos. Ambas as doses não apresentaram resultados significativos na

redução de colesterol total, contudo a estatina utilizada como controle positivo

(Sinvastatina) também não exibiu o resultado esperado. Sendo assim, tais protocolos

precisam ser revistos e padronizados.

Palavras-chave: Hipercolesterolemia, Croton heliotropiifolius, ração

hipercolesterolêmica.

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ABSTRACT

Hypercholesterolemia is a cause of concern for health professionals because it is one of

the major risk factors for the development of cardiovascular diseases that are the main

causes of death in Brazil. Experiments to decrease this disease are extremely important

in preventive medicine. The most common medicines to reduce hypercholesterolemia

are statins, however due to their high cost many alternative treatments have been

researched and discovered. Several methods for the induction of hypercholesterolemia

in animals are used to facilitate such studies. The present study used an alternative

method of low cost not described in the literature and presented promising results in

relation to the increase of total cholesterol and obesity.

This study also evaluated the anti-cholesterolemic activity of Croton heliotropiifolius

extract at two concentrations (10mg/kg and 20mg/kg) in rats. Both doses did not present

significant results in the reduction of total cholesterol, however the statin used as a

positive control (Simvastatin) also did not show the expected results. Therefore, such

protocols need to be reviewed and standardized.

Key words: Hypercholesterolemia, Croton heliotropiifolius, hypercholesterolemic food

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1 1.1 HIPERCOLESTEROLEMIA ................................................................................................. 1 1.2 PLANTAS MEDICINAIS ...................................................................................................... 6 1.3 CROTON ............................................................................................................................. 9

2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 11

3. METODOLOGIA ...................................................................................................... 12 3.1 ANIMAIS ............................................................................................................................ 12 3.2 OBTENÇÃO DAS DROGAS .............................................................................................. 13 3.3 TRATAMENTO DE 28 DIAS .............................................................................................. 13 3.4 TRATAMENTO DE 56 DIAS .............................................................................................. 14 3.5 EUTANÁSIA ...................................................................................................................... 15 3.6 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS ............................................................. 15 3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................... 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 17 4.1 VARIAÇÃO MÉDIA DOS PESOS ...................................................................................... 17

4.1.1 Protocolo 28 dias ....................................................................................................................... 17 4.1.2 Protocolo 56 dias ....................................................................................................................... 18

4.2 CONSUMO DE RAÇÃO .................................................................................................... 19 4.2.1 Protocolo 28 dias ....................................................................................................................... 19 4.2.2 Consumo 56 dias ....................................................................................................................... 20

4.3 PESO DOS ÓRGÃOS ....................................................................................................... 21 4.3.1 Protocolo 28 dias ....................................................................................................................... 21 4.3.2 Protocolo 56 dias ....................................................................................................................... 23

4.4 ANÁLISE BIOQUÍMICA DE COLESTEROL TOTAL (CT) ................................................. 23 4.4.1 Protocolo 28 dias ....................................................................................................................... 23 4.4.2 Protocolo 56 dias ....................................................................................................................... 24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 26

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 27

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1. INTRODUÇÃO

1.1 HIPERCOLESTEROLEMIA

O interesse no estudo dos lipídeos surgiu no século XIX com Vogel, que foi o

primeiro pesquisador a detectar a presença de colesterol nas placas de ateroma. No

inicio do século XX, estudos experimentais com ratos demonstraram que estes, quando

alimentados em uma dieta rica em colesterol, desenvolviam hipercolesterolemia e

lesões ateroscleróticas. (GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

A hipercolesterolemia é um problema encarado por várias sociedades e é causa

de preocupação para professionais da saúde por ser um dos maiores fatores de risco

para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente doença arterial

coronariana (DAC), que é uma das maiores causas de morte em países ocidentais

(GERHARDT, A.L., GALLO, N.B, 1998; ROSSI, E. A. et al, 2000).

Há uma grande correlação entre essas doenças cardiovasculares e

anormalidades lipídicas, especialmente alto nível de colesterol no sangue (MATOS, S.

L. et al, 2005). A hipercolesterolemia é resultante das alterações fisiopatológicas que

promovem o acúmulo da lipoproteína de baixa densidade (LDL) no organismo

(GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006). A ingestão contínua de altas quantidades de

gordura está diretamente relacionada a hipercolesterolemia em humanos (MATOS, S.

L. et al, 2005).

Na parede arterial, a hipercolesterolemia está associada não só a um maior

depósito de lipídeos nas lesões ateroscleróticas, mas também à alteração de diferentes

funções, tanto das células endoteliais, como das células musculares lisas e dos

monócitos. (RAMOS, A. et al, 2007).

Há um delicado equilíbrio no organismo humano para cobrir as necessidades de

lipídeos nas células e, ao mesmo tempo, evitar o acúmulo excessivo. Com esse

equilíbrio rompido, eleva-se o nível de um ou mais componentes lipídicos na corrente

sanguínea, ao que se denomina dislipidemia. (GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

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A dislipidemia é definida pela presença, de no mínimo, uma alteração do perfil

lipídico: elevada concentração sérica de LDL, triglicerídeos e/ou baixa concentração

sérica de lipoproteína de alta densidade (HDL) (GARCEZ, M. R. et al, 2014).

Dislipidemia pode ser classificada em dislipidemia primária e dislipidemia

secundária. A primária tem sua etiologia genética, entre elas: hipercolesterolemia

familiar heterozigótica, hipercolesterolemia familiar combinada e hipercolesterolemia

poligênica, forma mais comum. Já a secundária está relacionada às doenças como

Diabete melittus tipo II, hipertireoidismo e obesidade, e também aos efeitos de

medicamentos e hábitos de vida inadequados (tabagismo e etilismo). (GONÇALVES,

M. da C. R. et al, 2006).

O padrão dietético atual, denominado “dieta ocidental”, com alto consumo de

gorduras totais, colesterol, açúcar refinado e baixo teor de fibra alimentar e o estilo de

vida sedentário são exemplos de fatores que podem contribuir para o aumento de

dislipidemias (GARCEZ, M. R. et al, 2014). As consequências do colesterol alto,

somado a outros fatores de risco, constituem problema mundial de saúde pública

(LUNARDI, C. C.; MOREIRA, C. M.; SANTOS, D. L. dos., 2010)

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), as doenças cardiovasculares

apresentam uma incidência elevada em todo o mundo e têm como fator de risco as

dislipidemias que, isoladamente ou associadas com outros fatores como tabagismo,

obesidade, podem provocar o aparecimento dessas patologias. Entretanto, o

diagnóstico precoce e a redução dos níveis séricos desses componentes, quando

elevados, contribuem para queda da incidência e da mortalidade por doença

cardiovascular. (GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

Doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade em adultos

em todo o mundo, com 16,7 milhões de mortes anuais. No Brasil, essas doenças

também se destacam como a principal causa de morte com taxas de 28,8% para

homens e 36,9% para mulheres. (MOCELIN, R.; et al, 2016; STRUFALDI, M. W. L. et

al, 2016). Elas estão associadas à diversas condições fisiopatológicas tais como

hipertensão arterial, obesidade, excesso de colesterol total, baixo nível de HDL e

principalmente, alto nível de LDL. (ANGELIS-PEREIRA, M. C. de. et al, 2013).

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As classes de lipoproteínas são constituídas por diferentes proporções de

triglicérides e colesterol esterificado em seu núcleo hidrofóbico. A HDL apresenta

atividade antiaterosclerótica, sendo o transporte reverso de colesterol o principal

mecanismo. O transporte reverso de colesterol é o processo no qual o excesso de

colesterol dos tecidos periféricos é removido para excreção no fígado. A lecitina-

colesterol aciltransferase (LCAT) participa desse transporte ao catalisar a esterificação

do colesterol, permitindo seu deslocamento para o núcleo hidrofóbico da partícula

(FEITOSA-FILHO, G. S.. et al, 2009).

A doença arterial coronariana (DAC) é considerada no Brasil um problema de

saúde pública, tendo em vista o seu papel no perfil de mortalidade e as alterações

patológicas que acarretam. É a doença cardiovascular mais mortal, sendo responsável

por mais de 35% dos óbitos anuais brasileiros. (GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

A hipercolesterolemia é o fator de risco dominante que está associado com a

aterosclerose (RAMOS, A. et al, 2007).

Aterosclerose (AS), “endurecimento das artérias”, é uma doença inflamatória

crônica das grandes e médias artérias, responsável pelo espessamento das paredes

das camadas média e íntima, que ocorre quando gorduras em geral se acumulam em

forma de placas nas paredes dos vasos reduzindo o fluxo sanguíneo. É uma doença

dos vasos arteriais multifatorial caracterizada pela proliferação de células musculares

lisas, formação de tecido conjuntivo, presença de células inflamatórias (macrófagos e

células-T), formação de trombo e acumulação de colesterol. (RAMOS, A. et al, 2007;

GARCEZ, M. R. et al, 2014; MOCELIN, R.; et al, 2016).

A função endotelial é alterada pelas LDLs através de uma resposta diminuída da

dilatação do endotélio e um incremento das moléculas de adesão. A doença

aterosclerótica surge no decurso da formação de placas de lipídeos na parede arterial,

de forma que lesões avançadas podem obstruir o lúmen do vaso. Por isso,

concentrações plasmáticas altas de LDLc (colesterol ligado às LDL) são um fator de

risco para o desenvolvimento de aterosclerose. (RAMOS, A. et al, 2007).

A aterosclerose começa na infância e progride durante adolescência e vida

adulta. O diagnóstico precoce é um passo crucial para reduzir a morbimortalidade

relacionado à aterosclerose. A AS pode ser potencializada pelo estilo de vida

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(tabagismo, sedentarismo, obesidade, dieta inadequada) e quanto maior o número de

fatores de riscos para doenças cardiovasculares, maior a frequência e a extensão de

lesões arteriais (CORONELLI, C. L. S.; MOURA, E. C. de, 2003; STRUFALDI, M. W. L.

et al, 2016).

Estudos mostram que o risco para a doença arterial coronariana pode ser

reduzido, quando os níveis séricos de colesterol são controlados por dieta ou

tratamentos medicamentosos. (GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

Os chamados alimentos funcionais, aqueles que possuem propriedades

terapêuticas e/ou profiláticas, têm sido amplamente pesquisados com o objetivo de

fornecer à população métodos alternativos para prevenir e combater certas doenças

(ROSSI, E. A. et al, 2000). Segundo Angelis-Pereira et al (2013) recentes estudos, tanto

em animais quanto em humanos, demonstram que o consumo de alguns componentes

alimentares como fibras, fitoesteróis, polifenóis e probióticos podem modular o

metabolismo lipídico e assim reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

A redução dos níveis plasmáticos do colesterol total e principalmente do LDL

seja através de medicamentos ou mudanças no estilo de vida, tem-se mostrado eficaz

para a diminuição de eventos coronarianos, normalização da função endotelial,

estabilização e, até mesmo, regresso de lesões ateroscleróticas. Como resultado,

tentativas para diminuir esta doença são de extrema importância na medicina

preventiva (GERHARDT, A.L., GALLO, N.B, 1998; GONÇALVES, M. da C. R. et al,

2006).

Atualmente, existem muitos tipos de medicamentos utilizados para reduzir a

hipercolesterolemia, sendo os mais comuns as estatinas (GONÇALVES, M. da C. R. et

al, 2006). As estatinas (inibidores da enzima 3-Hidroxi-3-Metilglutaril Coenzima A

redutase) (Figura 1) são potentes inibidores da biossíntese de colesterol no fígado por

bloquear a conversão em mevalonato (ALMEIDA, E. A. de; OZAKI, M. R., 2014).

As estatinas agem inibindo a atividade da enzima HMG-CoA redutase, não

permitindo formação de mevalonato, o que acarreta a redução na síntese hepática do

colesterol e, como consequência, aumento da síntese dos receptores de LDL nos

hepatócitos, aumentando, assim, sua captação da circulação para repor o colesterol

intracelular (BONFIM, M. R. et al, 2015). Tratamentos longos com estatinas reduzem o

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risco de doenças cardiovasculares diminuindo o LDL plasmático e com isso, diminuindo

a progressão da aterosclerose. (MOCELIN, R.; et al, 2016).

Figura 1: Estrutura química dos inibidores da enzima 3-Hidroxi-3-Metilglutaril Coenzima A

redutase (COSTA, S. et al, 2016) As estatinas têm vários representantes disponíveis no mercado farmacêutico, o

que as tornam membros de um grupo de fármacos classe específica, todas com a

indicação precisa na redução da hipercolesterolemia. Em estudos clínicos com

Sinvastatina (4S) demonstraram que as estatinas atuam diminuindo a concentração de

colesterol no sangue, reduzindo a incidência de infarto do miocárdio e sua mortalidade.

Diversos estudos com outros produtos comerciais das estatinas foram realizados a fim

de correlacionar as reduções da mortalidade com a magnitude da placa de

aterosclerose (ALMEIDA, E. A. de; OZAKI, M. R., 2014).

Porém, esses tratamentos podem ser caros e não-livres de efeitos colaterais.

Considerando isso, os pacientes têm recorrido a tratamentos alternativos para o

controle da dislipidemias, com médicos naturalistas recomendando alguns vegetais

para reduzir o colesterol sérico. (GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

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1.2 PLANTAS MEDICINAIS

A Etnobotânica é definida como estudo das interpelações ecológicas,

evolucionárias e simbólicas das sociedades humanas, passadas e presentes, com as

plantas. Os estudos nessa área são de alta relevância científica, econômica e social

(GOMES, T. B.; BANDEIRA, F. P. S. de F., 2012). O estudo etnobotânico consiste na

avaliação da interação humana com todos os aspectos do meio ambiente, através de

levantamentos nas comunidades tradicionais sobre a utilização das plantas na

farmacopeia popular (SOUZA, C. D. de; FELFILI, J. M., 2006).

O conhecimento de sistemas médicos tradicionais é uma importante fonte de

obtenção de novos agentes fitoterápicos e a sua descoberta vem sendo impulsionada a

partir de pesquisas etnobiológicas sobre o uso medicinal da biodiversidade (RIBEIRO,

D. A. et al, 2013).

Os estudos etnobotânicos no Brasil têm crescido atualmente, sobretudo

enfocando plantas medicinais, e a região Nordeste tem merecido destaque no cenário

nacional (BAPTISTEL, A.C. et al, 2014). A etnobotânica é uma ciência muito importante

para o estudo da caatinga e seus recursos, já que esse ramo do conhecimento analisa

os saberes de populações tradicionais em relação à utilização de plantas. (COSTA,

J.C.; MARINHO, M.G.V., 2016).

Recursos naturais são, desde a antiguidade, amplamente explorados para fins

medicinais. As primeiras civilizações perceberam que algumas plantas continham em

suas essências, princípios ativos os quais ao serem experimentados no combate às

doenças como bronquite, diarreia, úlcera e pneumonia revelavam empiricamente seu

poder curativo. Durante muito tempo, o uso de plantas medicinais foi o principal recurso

terapêutico utilizado para tratar a saúde das pessoas (LIMA, M. R. F. de, et al, 2006;

BADKE, M. R. et al, 2011).

Plantas medicinais têm sido utilizados em muitas culturas por milhares de anos.

A medicina tradicional à base de plantas continua exercendo um importante papel na

área da saúde (BUENO, N. R. et al, 2005). De acordo com a Organização Mundial de

Saúde (OMS), 80% das pessoas dos países em desenvolvimento no mundo dependem

da medicina tradicional para as suas necessidades básicas de saúde e cerca de 85%

da medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas. Isso significa que de 3,5 a

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4 bilhões de pessoas dependem de plantas como fonte de fármacos. O aumento no uso

de plantas medicinais está provavelmente relacionado à deterioração das condições

econômicas nos países de terceiro mundo. (AZEVEDO, S. K. S. de; SILVA, I. M., 2006;

VEIGA JUNIOR, V. F. da, 2008).

Grande parte do conhecimento tradicional sobre plantas, especialmente das

plantas medicinais, está sendo perdido com o tempo, seja por causa da falta de estudos

ou pelo uso inadequado dos recursos vegetais (SILVA, A. C. O. da; ALBUQUERQUE,

U. P. de, 2005). Esse conhecimento tradicional sobre plantas medicinais vem sofrendo

ameaças devido à influência direta da medicina moderna e pelo desinteresse dos

jovens das comunidades nativas, interrompendo assim o processo de transmissão de

saberes entre as gerações (GOMES, T. B.; BANDEIRA, F. P. S. de F., 2012).

O atual valor medicinal de muitas espécies vegetais deve-se em parte à

divulgação das vantagens da fitoterapia, e principalmente, à constante elevação de

preços dos medicamentos industrializados. (AZEVEDO, S. K. S. de; SILVA, I. M., 2006).

Essa utilização de plantas medicinais contribui com um vasto campo de pesquisa

resultando na busca de novos agentes farmacologicamente ativos, que já conduziu à

descoberta de diversos medicamentos clinicamente úteis que agora desempenham

papéis importantes no tratamento de doenças humanas (LIMA, M. R. F. de, et al, 2006;

GONÇALVES, M. da C. R. et al, 2006).

O uso medicinal de plantas para tratar doenças é uma prática comum na

população brasileira, principalmente na região Norte por causa de influências culturais.

Mesmo com o incentivo da indústria farmacêutica para a utilização de medicamentos

industrializados, grande parte da população ainda se utiliza de plantas medicinais para

cuidar da saúde por conta de seu baixo custo. Além do fato de que, em muitos casos, é

a única alternativa possível para uma parcela da população (AZEVEDO, S. K. S. de;

SILVA, I. M., 2006; BADKE, M. R. et al, 2011; COELHO, P. L. C. et al, 2016).

O Brasil detém a maior diversidade biológica do mundo, contando com uma rica

flora, despertando interesses de comunidades cientificas internacionais para o estudo

desses recursos. No setor da medicina, as plantas tropicais oferecem material para a

produção de analgésicos, tranquilizantes, diuréticos, laxativos e antibióticos entre

outros. (SOUZA, C. D. de; FELFILI, J. M., 2006).

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Os fitoterápicos é um nicho de mercado importante no Brasil e está crescendo

em popularidade como uma forma alternativa para combater infecções comuns. (LIMA,

M. R. F. de, et al, 2006).

A atividade biológica das plantas medicinais está estritamente relacionada aos

seus constituintes químicos (ZANUSSO-JUNIOR, G et al, 2011). As plantas produzem

substâncias conhecidas como princípios ativos, que são compostos químicos

originados durante o seu metabolismo secundário ou especial, e são capazes de

provocar algum tipo de atividade biológica quando introduzidos por qualquer via no

organismo. (AQUINO, P. et al, 2016).

Estudos com animais mostram que linhaça (Linum usitatissimum), rica em

fibras, lignanas e ácido linoleico, ajuda a reduzir tanto o LDL quanto o colesterol total.

As lignanas da linhaça também mostraram efeito redutor de colesterol e redução no

processo aterosclerótico. Uma dieta baseada em linhaça promove efeitos

cardiovasculares benéficos, entre eles inibição da progressão de aterosclerose,

regressão de placas ateroscleróticas e diminuição da concentração de colesterol

circulante no sangue (PAN, A. et al, 2009; EDEL, A. L. et al, 2015).

Um dos compostos químicos mais comuns nas plantas são os flavonoides,

compostos polifenóis de origem natural abundantes especialmente em flores, frutos e

sementes sendo o seu consumo relacionado a redução de doenças coronarianas

(COIMBRA, S.R. et al, 2005). Os flavonoides formam um grupo muito diversificado

entre os produtos de origem natural, eles são metabólitos secundários com atividades

biológicas muito distintas, sendo de grande interesse na comunidade científica e cada

vez mais explorados na indústria farmacêutica. Essas moléculas têm diversas funções

nas plantas: proteger folhas de raios ultravioletas, induzir o crescimento e atrair agentes

polinizadores. Também possuem atividade antioxidante, analgésica, antibacteriana,

antialérgica entre outras (COIMBRA, S.R. et al, 2005; AQUINO, P. et al, 2016;

COELHO, P. L. C. et al, 2016).

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1.3 CROTON

Euphorbiaceae é uma das famílias mais extensas de Fanerógamas

compreendendo cerca de 317 gêneros e 7500 espécies. É uma família cosmopolita,

porém com afinidade pelas regiões tropicais e subtropicais, com hábito heterogêneo,

onde se incluem árvores, arbustos, ervas e trepadeiras, às vezes suculentas. Croton é

o segundo maior gênero representante dessa família, largamente distribuído em regiões

quentes da Terra (RANDAU, K. P. et al, 2004; SANTOS, P. M.L dos, 2005).

Muitas Euphorbiaceae são conhecidas em diferentes partes do mundo como

tóxicas e/ou medicinais. A alta variedade dos efeitos descritos é o reflexo da grande

diversidade química das plantas desse grupo. Croton é um grande gênero

compreendendo espécies de árvores, arbustos e ervas distribuídas em regiões tropicais

e subtropicais em ambos hemisférios (SALATINO, A. et al, 2007).

Croton L., com cerca de 1200 espécies, é o segundo maior gênero da família

Euphorbiaceae. Na América do Sul, o Brasil é o país que congrega o maior número de

espécies, amplamente distribuídos nos mais diversos ambientes, destacando-se o

cerrado, a caatinga e os campos rupestres. (SILVA, J. S. et al, 2010). Croton L. possui

distribuição pantropical, sendo nas Américas e no Brasil o gênero mais diverso de

Euphorbiaceae, com 712 e 350 espécies respectivamente. (SODRÉ, R.C., SILVA, M.J.

da, 2015)

Os representantes do gênero se destacam como agentes para aliviar a dor. As

atividades farmacológicas detectadas para algumas espécies do gênero Croton são

antiinflamatória, antiulcerogênica, analgésica e antihipertensiva. (RANDAU, K. P. et al,

2004). Como a maioria das Euphorbiaceae, as espécies de Croton podem conter látex,

que é de cor avermelhada em algumas espécies, uma característica geralmente

associada à propriedades medicinais. (SALATINO, A. et al, 2007).

A química da Croton é consideravelmente diversa. Terpenoides são os

constituintes dos metabólitos secundários predominantes, sendo os diterpenos

principais (SANTOS, P. M.L dos, 2005; SALATINO, A. et al, 2007).

O gênero Croton tem expressiva relevância econômica devido ao conteúdo de

seus óleos essenciais e diversas substâncias ativas como terpenoides, flavonoides e

alcaloides. Esses óleos essenciais, que são os responsáveis pelo agradável aroma

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dessas plantas, apresentam uma enorme diversidade estrutural, o que aumenta a

chance desses compostos voláteis de se tornarem verdadeiras fontes de substâncias

bioativas (RANDAU, K. P. et al, 2004; ANGÉLICO, E. C., et al, 2012). Croton possui

forte potencial econômico, especialmente para a indústria farmacêutica, devido as suas

diversas substâncias ativas (SOUZA, A. V. de, et al, 2012).

As plantas desse gênero possuem diversos efeitos farmacológicos como:

digestivos, protetores gástricos, cicatrizantes, antidiarreicos, antibacterianos,

antifúngicos, antivirais, imunomodulatorios, relaxantes musculares e antiinflamatórios.

(SALATINO, A. et al, 2007).

Infusões de folhas e raízes de algumas espécies de Croton em bebidas

alcoólicas e chás são utilizadas na medicina popular brasileira para problemas

gástricos, hematológicos e inflamatórios (JÚNIOR F. E. B. et al, 2014).

Muitas espécies de Croton têm sido relatadas como fonte de diferentes classes

de alcaloides, sendo um fato que aumenta consideravelmente a importância do gênero

do ponto de vista medicinal. Um estudo realizado por Farias (1997 apud SALATINO, A.

et al, 2007) com extrato de C. cajucara demonstrou significante redução nos níveis de

colesterol total, LDL e triglicérides, assim como um aumento na proporção de HDL/CT

em ratos comparados com grupo controle.

Croton heliotropiifolius Kunth (sinonímia Croton rhamnifolius) é conhecida

popularmente como “velame”, “velaminho” e “velame-de-cheiro” por causa dos seus

minúsculos pelos. Essa espécie é amplamente distribuída na região Neotropical,

ocorrendo desde o Panamá até o Brasil. No Brasil, é encontrada em praticamente toda

região Nordeste estendendo-se até o estado de Minas Gerais. Cresce

predominantemente em vegetação de caatinga, embora também ocorra em bordas de

florestas serranas, restinga e cerrado. (RANDAU, K. P. et al, 2004; SILVA, J. S. et al,

2010)

Na medicina popular, os velames, um complexo de espécies, chás contendo

suas folhas e raízes são usados para o alívio de dores de estômago, mal-estar gástrico,

vômitos, diarreia com sangue, banhos para atenuar a febre e outras enfermidades

(ANGÉLICO, E. C., et al, 2012; SODRÉ, R.C., SILVA, M.J. da, 2015).

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2. OBJETIVOS

Avaliar a atividade anti-colesterolêmica do extrato de Croton heliotropiifolius Kunth

em ratos.

Avaliar a capacidade de indução de ganho corporal e de aumento de colesterol total

da ração hipercolesterolêmica preparada nesse estudo.

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3. METODOLOGIA

3.1 ANIMAIS

Foram utilizados um total de 50 ratos Wistar machos, provenientes do Biotério

da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e acolhidos no Biotério de Central da

Universidade Presbiteriana Mackenzie. Estes foram mantidos em câmaras com

temperatura controlada (22 ± 2°C) em ciclos de luz claro-escuro de 12 horas com água

e a ração dispostas ad libitum. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois

protocolos diferentes. Todos os procedimentos experimentais realizados foram

aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade

Presbiteriana Mackenzie sobre o protocolo 111/08/2014 .

1.1 OBTENÇÃO DA RAÇÃO HIPERCOLESTEROLÊMICA

A hipercolesterolemia nos ratos Wistar foi induzida através da administração de

ração hipercolesterolêmica feita na própria Universidade Presbiteriana Mackenzie

modificada a partir do modelo proposto por Baracho et al (2014).

Para a preparação de 1kg de ração hipercolesterolêmica foi utilizado:

• 560g de ração comercial (Nuvilab) triturada;

• 430g de gema de ovo pasteurizada e desidratada da marca Salto’s;

• 1g de ácido cólico da marca Sigma;

• 9g de clara de ovo pasteurizada e desidratada da marca Salto’s

A quantidade de gema de ovo em pó foi mesurada para que induzisse 1% de

colesterol na dieta. Após a pesagem de todos ingredientes foi adicionado água

até a ração adquirir consistência de massa homogênea. Pellets foram moldados

à mão e colocados em estufa a 60°C até sua total secagem, aproximadamente

3 dias.

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A presença do ácido cólico ajuda a absorção de colesterol e gordura, e também

suprime a conversão do colesterol em ácidos biliares (BIGONIYA, P. et al, 2014). Já a

clara de ovo em pó foi utilizada para a ração não quebrar após a secagem.

3.2 OBTENÇÃO DAS DROGAS

A – Preparação da Sinvastatina:

Foram utilizados comprimidos de 10mg de Sinvastatina com peso total de

150mg. Através de cálculos foi estipulado a administração de 3,5mg de sinvastatina

(52,5mg de comprimido) por animal por dia. Uma solução estoque de 30mg/ml foi

preparada e cada animal recebeu 1,7ml de solução/dia.

Os comprimidos foram amassados com pistilo em um gral e dissolvidos em

50ml de DMSO (Dimetilsulfóxido) 5%. No total dos dois protocolos, foi preparado 500ml

dessa solução.

B – Preparação de Croton:

A obtenção do extrato de Croton heliotropiifolius foi realizada em parceria com a

empresa Hebron, sendo seus processos industriais de coleta, análise, extração e

secagem de cunho confidencial (CUNHA, M. R., 2014). A preparação de Croton foi

realizada através da dissolução do extrato bruto de Croton heliotropiifolius em DMSO

5%. No total dos dois protocolos, foi preparado 170ml de uma solução mãe de 20mg/ml.

3.3 TRATAMENTO DE 28 DIAS

Os ratos Wistar foram divididos randômica e aleatoriamente em 5 grupos (n=5

animais/grupo); sendo eles:

• CTRL – 500 microlitros de água por gavagem;

• CTRL com a dieta da ração hipercolesterolêmica – 500 microlitros de

água por gavagem;

• CTRL positivo Sinvastatina – 1,7 mililitros da solução de Sinvastatina por

gavagem;

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• Solução Croton 10mg/kg – 200 microlitros da solução de Croton por

gavagem;

• Solução de Croton 20mg/kg – 400 microlitros da solução de Croton por

gavagem;

Tanto a água quanto as soluções foram administradas por gavagem usando

uma cânula metálica com dimensões específicas para rato.

Todos os animais foram pesados individualmente 3 vezes por semana antes do

tratamento do dia, utilizando uma caixa de acrílico forrada com papel e uma balança

semianalítica da marca Toledo.

Nesse protocolo, os animais do grupo controle tiveram ração normal e água ad

libitum sendo renovadas e medidas diariamente. Já os animais dos grupos de

tratamento tiveram ração hipercolesterolêmica e água ad libitum também renovadas e

medidas diariamente.

Após os 28 dias de tratamento, os animais foram eutanasiados por sobrecarga

anestésica (Ketamina/Xilazina, 90 mg.Kg-1/10mg.Kg-1,i.p.), livre de sofrimento e dor

segundo procedimento aprovado pelo CEUA/Mackenzie, para realização de necropsia e

preparo de amostra para análises.

3.4 TRATAMENTO DE 56 DIAS

Os ratos Wistar foram divididos randômica e aleatoriamente em 5 grupos (n=5

animais/grupo); sendo eles:

• CTRL – 500 microlitros de água por gavagem;

• CTRL com a dieta da ração hipercolesterolêmica – 500 microlitros de água

por gavagem;

• CTRL positivo Sinvastatina – 1,7 mililitros da solução de Sinvastatina por

gavagem;

• Solução de Croton 10mg/kg – 200 microlitros da solução de Croton por

gavagem;

• Solução de Croton 20mg/kg – 400 microlitros da solução de Croton por

gavagem.

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15

Nesse protocolo, os animais foram submetidos apenas a dieta

hipercolesterolêmica, com exceção dos animais da caixa 6, durante 28 dias. Os animais

do grupo controle tinham ração normal e água ad libitum sendo renovadas e medidas

diariamente e os animais dos tratamentos tinham ração hipercolesterolêmica e água ad

libitum também renovadas e medidas diariamente, não passando por nenhum

tratamento e sendo pesados 3 vezes por semana.

Após esse período, todos os animais passaram a ter ração normal e água ad

libitum renovadas e medidas todos os dias, pesados 3 vezes por semana, e

administrado via gavagem a solução correspondente a cada grupo.

Após os 28 dias de tratamento, os animais foram eutanasiados por sobrecarga

anestésica (Ketamina/Xilazina, 90 mg.Kg-1/10 mg.Kg-1,i.p.), livre de sofrimento e dor

segundo procedimento aprovado pelo CEUA/Mackenzie, para realização de necropsia e

preparo de amostra para análises.

3.5 EUTANÁSIA

As eutanásias foram realizadas em um laboratório esterilizado. Após a

sobrecarga anestésica os animais eram pesados, depois, eram levados para a estação

de necropsia. Lá foi realizada a abertura da cavidade toráxica e abdominal do animal,

retirado cerca de 5ml de sangue, sendo uma quantia desse sangue colocado em um

capilar para a leitura dos hematócritos, o restante era destinado à centrífuga.

Após a retirada do sangue, foram extraídos os seguintes órgãos: rins, fígado,

estômago e coração. Além desses, gordura corporal também foi retirada. Todos esses

órgãos, incluindo a gordura, foram pesados e depois transferidos para potes, já

rotulados para cada grupo, contendo formol 4%.

3.6 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

O sangue destinado às análises bioquímicas foi submetido à centrifugação

(10.000 RPM/ 5minutos) para obtenção do soro para a análise dos parâmetros

bioquímicos. O parâmetro avaliado foi o colesterol total (CT).

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3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Todos os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média.

Foram analisados estatisticamente por análise de variância (ANOVA) e aplicados o

Teste de Tukey, para verificação da existência de diferenças estatísticas entre as

médias, com nível de significância de 0,05 para as variáveis analisadas. Quanto menor

o valor de p maior será a confiança dos resultados. As análises estatísticas foram

realizadas utilizando-se o software GraphPad Prism 7.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 VARIAÇÃO MÉDIA DOS PESOS

Resultados referentes à massa corporal de ratos mantidos sob dieta

hipercalórica são conflitantes na literatura (DUARTE, et al, 2006). A adoção de dietas

hipercalóricas ou dietas hiperlipídicas tem sido muito utilizada como um modelo de

indução de obesidade em animais de laboratório. Este modelo em particular é

extremamente útil nas pesquisas com obesidade devido à sua grande semelhança com

a gênese e com as respostas metabólicas decorrentes da obesidade em humanos, ou

seja, a obesidade é a consequência de um balanço energético positivo gerado por

fatores ambientais, como por exemplo, o consumo em excesso de alimentos altamente

calóricos e o sedentarismo (ROSINI et al, 2012).

4.1.1 Protocolo 28 dias Após observar os pesos de todos os animais durante os 28 dias de

protocolo, foi calculada a variação entre o primeiro e o último dia (dia 1 e dia 28,

respectivamente) de cada animal e depois, calculada a variação média de peso de

cada grupo.

Figura 2: Variação média ± erro padrão do peso dos grupos. * p = 0,0243 comparado ao grupo controle (ANOVA)

CONTROLEOVO

SINVASTATINA

CROTON 10 MG

CROTON 20 MG

0

10

20

30

40

Varia

ção

em g

ram

as (g

)

OVO

SINVASTATINA

CROTON 10 MGCROTON 20 MG

CONTROLE*

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18

Em geral, a dieta hipercolesterolêmica, como pode ser observada na Figura 2,

foi responsável por uma diferença significativa em relação à dieta com ração comercial.

Ao analisar através do teste de comparações múltiplas de Tukey, houve apenas

variância significante entre o grupo controle e o grupo ovo.

A partir da análise desse resultado, podemos inferir que essa ração

hipercolesterolêmica obteve o resultado esperado de aumento de peso quando

comparada com a ração comercial, corroborando com o estudo de Duarte et al (2006)

onde o grupo tratado com dieta hiperlipídica apresentou ganho de massa corporal

significante em relação ao grupo controle. Entre os grupos de tratamento e o grupo ovo

não houve variação significativa, sendo assim, podemos observar que os tratamentos,

nesse protocolo, não interferiram na variação de peso.

4.1.2 Protocolo 56 dias Nesse protocolo, dos 25 animais iniciais apenas 24 foram considerados para os

resultados já que um animal do grupo Croton 20mg/kg morreu de causa desconhecida

no dia 31 do protocolo. Após observar os pesos de todos os animais durante os 56 dias,

as variações dos pesos foram divididas em 3 períodos: entre o primeiro dia e o dia 28

(peso do dia28 – dia1), entre o dia 28 e o último dia (peso do dia56 – dia28), e entre o

primeiro e o último dia (peso do dia56 – dia1). Esses períodos foram determinados para

podermos observar a variação em âmbito geral e também entre os procedimentos.

Figura 3: Variação média ± erro padrão do peso dos grupos separados em períodos.

Período

Varia

ção

em g

ram

as (g

)

(28-1)

(56-28

)

(56-1)

-40

-20

0

20

40

60CONTROLE

OVO

SINVASTATINA

CROTON 10 MG

CROTON 20 MG

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19

Observando a Figura 3, não se notou diferença estatística significativa entre os

pesos dos grupos. Ao observar separadamente, houve diferença significativa entre o

primeiro e o segundo período de todos os grupos, com exceção do grupo controle. A

diferença entre o segundo período de análise e a análise geral (56-1) foi significativa

para todos os grupos.

No período entre o dia 56 e o dia 28, foi o momento em que os animais de

tratamento pararam de receber a dieta hipercolesterolêmica, esse fator sendo crucial

para a perda de massa nesse período dos animais. No mesmo estudo de Duarte et al

(2006), em que os ratos sobre dieta hipercalórica apresentaram ganho corporal

significante quando comparados com o grupo controle sobre dieta tradicional, esse

ganho significativo só foi possível ser observado a partir da terceira semana de

tratamento.

Segundo Rosini et al. (2012) os animais da linhagem Wistar são utilizados

nesses estudos em que obesidade é induzida através de dietas e demonstram peso

corporal aumentado em até 1,4 vezes comparados com o grupo controle, porém para

atingir esse aumento, o tratamento leva cerca de três meses.

Portanto, caso a dieta hipercolesterolêmica tivesse continuado até o fim do

protocolo e o número de indivíduos permanecesse o mesmo, possivelmente

poderíamos ter observado diferença significativa nos pesos dos animais em todos os

períodos observados.

4.2 CONSUMO DE RAÇÃO

4.2.1 Protocolo 28 dias As rações foram dispostas ad libitum a todos os animais e estas mesuradas e

repostas diariamente. Após os 28 dias, o consumo diário foi calculado e depois

agrupados em consumo médio por rato por semana, como mostra a Figura 4.

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20

Figura 4: Consumo médio ± erro padrão semanal de ração por rato. p<0,0001

Houve diferença significativa entre o grupo controle e os outros grupos em

todas as semanas. Segundo Zanchet et al (2012) animais em dieta de ração padrão ad

libitum consomem mais que animais em dieta hipercalórica ad libitum confirmando o

resultado obtido nesse consumo.

4.2.2 Consumo 56 dias As rações foram dispostas conforme já descrito no protocolo. Após os 56 dias, o

consumo diário foi calculado e depois agrupados em consumo médio por rato por

semana, como mostra a Figura 5.

Figura 5: Consumo médio ± erro padrão semanal de ração por rato. p<0,0001 comparado ao

grupo Controle nas primeiras 4 semanas (Teste de Tukey)

Seman

a 1

Seman

a 2

Seman

a 3

Seman

a 40

5

10

15

20

25

Con

sum

o em

gra

mas

(g) Controle

Ovo

Sinvastatina

Croton 10mg

Croton 20mg

Semana 1

Semana 2

Semana 3

Semana 4

Semana 5

Semana 6

Semana 7

Semana 80

10

20

30

Cons

umo

em g

ram

as (g

)

Controle Ovo SinvastatinaCroton 10mg Croton 20mg

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21

Assim como no protocolo de 28 dias, nas quatro primeiras semanas houve um

consumo maior significante de ração comercial comparada com a ração

hipercolesterolêmica, corroborando com o estudo de Zanchet et al (2012).

Após a quarta semana, todos os animais passaram a receber ração comercial

ad libitum não havendo diferença significativa entre os cinco grupos. Os animais, que

sofreram a transição da dieta, demonstraram rápida adaptação a nova ração,

consumindo, em média, a mesma quantidade que o grupo controle. Isso mostra que os

animais se alimentavam das rações até ficarem saciados, demonstrando que a ração

hipercolesterolêmica é mais calórica que a comercial, saciando os animais com menos

quantia de ração ingerida.

Portanto, esse menor consumo observado nas primeiras quatro semanas não

pode ser motivado pela alteração da palatabilidade da ração por causa da adição da

gema pasteurizada em pó.

4.3 PESO DOS ÓRGÃOS

4.3.1 Protocolo 28 dias Segundo as análises estatísticas observadas na Figura 6, houve diferença

significativa dos grupos Ovo e Croton 10mg quando comparados com o grupo controle.

Figura 6: Média dos pesos ± erro padrão por órgão por grupo. *p < 0,0125 e **p < 0,0048

comparados ao grupo Controle (Teste de Tukey).

Rins

Gordura

Coraçã

o

Estôm

ago

Fígad

o0

5

10

15

Pes

o em

gra

mas

(g)

Controle Ovo * SinvastatinaCroton 10mg ** Croton 20mg

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Esses resultados demonstram que apenas a dieta rica em colesterol gerou

aumento dos órgãos quando comparado com a dieta padrão. E também, que a

concentração utilizada de Croton nesse grupo (10mg/kg) não evitou o aumento dos

órgãos, sendo que, foi possível observar quando utilizada a concentração de 20mg/kg

de Croton. Portanto, o grupo Croton 20mg não demonstrou variância quando

comparada com o grupo controle e o grupo controle-positivo (Sinvastatina). Logo, é

possível sugerir que tanto a Sinvastatina quanto Croton 20mg/kg foram formas

eficientes na redução do acúmulo de gordura visceral.

Quando observamos apenas os órgãos em si, somente a gordura corporal e o

fígado demonstraram diferenças significativas.

Ratos submetidos à dieta hiperlipídica palatável mostram, a partir de três

semanas, um aumento na quantidade dos tecidos adiposos retroperitoneal e epididimal

(DUARTE, et al 2006). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de

5% de significância. Tais diferenças foram entre: grupo Controle e grupo Ovo; Controle

x Croton 10mg; Ovo x Croton 10mg; Sinvastatina x Croton 10mg e Croton 10mg x

Croton 20mg. Essas diferenças das gorduras corporais entre os grupos corroboram

com os resultados obtidos por Malafaia et al (2013).

Esses resultados, com exceção entre grupo Ovo e o grupo Croton 10mg,

colaboram com o que foi discutido anteriormente em questão da concentração de

Croton utilizada. Porém, essa variável precisa ser revista já que no procedimento de

eutanásia, na hora da retirada da gordura corporal, mais de uma pessoa foi responsável

pela extração da gordura, com isso, o peso total da gordura pode variar de acordo com

a pessoa responsável pela retirada da gordura.

Quando comparadas as médias do fígado, as diferenças foram observadas

entre: grupo Controle x grupo Ovo; Controle x Croton 10mg e grupo Ovo x Croton

20mg. Esses resultados são diferentes do obtido por Duarte et al (2006), onde nesse

estudo não foi possível notar diferença no peso do fígado entre o grupo controle e

experimento.

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23

4.3.2 Protocolo 56 dias Ao analisar os dados estatísticos desse protocolo que estão expressos na

Figura 7, não detectamos nenhuma diferença significativa tanto entre os grupos quanto

entre os órgãos.

Essa ausência de diferença pode estar relacionado com a interrupção da dieta

hipercolesterolêmica dos grupos tratados não sendo possível observar uma variação

estatística entre os pesos dos órgãos. Também deve-se relembrar que nesse protocolo,

um animal do grupo Croton 20mg morreu no terceiro dia de tratamento com as drogas,

essa diminuição no número de indivíduos do grupo pode causar variação estatística.

Figura 7: Média dos pesos ± erro padrão por órgão por grupo.

4.4 ANÁLISE BIOQUÍMICA DE COLESTEROL TOTAL (CT)

4.4.1 Protocolo 28 dias Nesse protocolo, como é possível observar na Figura 8, não houve diferença no

colesterol total (CT) entre o grupo Controle e o grupo Ovo. Portanto, com esse resultado

Rins

Gordura

Coraçã

o

Estom

ago

Fígad

o0

5

10

15

Pes

o em

gra

mas

(g)

Controle Ovo Sinvastatina

Croton 10mg Croton 20mg

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24

adquirido, na análise estatística não foi obtida diferença significativa. Com isso,

nenhuma observação pode ser feita levando em consideração as drogas utilizadas.

Entretanto, em um estudo realizado por Zanchet et al (2012), também não foi possível

observar diferença significativa no nível de CT entre o um grupo controle à base de

dieta padrão ad libitum e um grupo à base de dieta hipercalórica ad libitum.

Mesmo assim, nesse protocolo podemos inferir que a metodologia utilizada

para induzir hipercolesterolemia não foi eficiente considerando o período da dieta com o

tratamento simultâneo.

Figura 8: Média das replicatas do colesterol total por grupo

4.4.2 Protocolo 56 dias Na Figura 9 podemos observar a média das replicatas do colesterol total (CT)

por grupo desse protocolo. É possível observar uma diferença significativa quando

analisado estatisticamente entre o grupo Controle e os outros grupos do tratamento,

exceto o grupo Croton 20mg. Mesmo ao observar o gráfico, ter uma impressão de que

há uma diferença significativa, essa exceção se dá ao fato de que o número de

indivíduos desse grupo foi menor que os outros comparados. Portanto, esse modelo de

protocolo mostra-se interessante para a indução da hipercolesterolemia.

Col

este

rol T

otal

CONTROLEOVO

SINVASTA

TINA

CROTON 10 M

G

CROTON 20 M

G0

50

100

150 CONTROLE

OVO

SINVASTATINA

CROTON 10 MG

CROTON 20 MG

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Em relação ao tratamento realizado nos animais, não houve diferença

significativa. Esse resultado nos leva a revisar sobre o uso da concentração de

Sinvastatina utilizada, pois nesse protocolo não foi possível observar diferença

estatística entre o grupo Ovo e o grupo controle-positivo (Sinvastatina). O mesmo serve

para a utilização das tais concentrações de Croton utilizadas.

Figura 9: Média das replicatas do colesterol total por grupo. a (p=0,0448), b (p= 0,0208), c

(p=0,0129) comparado ao grupo Controle (Teste de Tukey).

Col

este

rol T

otal

CONTROLEOVO

SINVASTA

TINA

CROTON 10 M

G

CROTON 20 M

G0

50

100

150CONTROLE

OVO

SINVASTATINA

CROTON 10 MG

CROTON 20 MG

a b c

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A hipercolesterolemia é um problema encarado por várias sociedades e é causa

de preocupação para professionais da saúde, já que somado a outros fatores de risco

constituem problema mundial de saúde pública. Mesmo com fármacos já existentes,

novas alternativas são necessárias já que os atuais podem possuir diversos efeitos

colaterais e principalmente alto custo para comunidades mais pobres.

Pela revisão de literatura realizada, esse trabalho foi o primeiro a desenvolver

esse método de indução de hipercolesterolemia com a utilização de gema pasteurizada

em pó. Esse processo de indução mostrou ser um modelo interessante para o aumento

da massa corporal dos ratos de linhagem Wistar. Algumas melhorias podem e devem

ser feitas, tais como manter a dieta por um período mais longo e não interromper

durante o tratamento.

Em relação a indução da hipercolesterolemia em si, o método utilizado para 28

dias não foi eficaz, enquanto o de 56 dias mostrou resultados mais promissores.

Os tratamentos de hipercolesterolemia utilizados precisam ser revistos. A

concentração utilizada de Sinvastatina não se mostrou eficaz como um grupo controle-

positivo. As drogas preparadas com extrato de Croton também precisam ser revistos.

Incluindo suas concentrações utilizadas, observar a vida útil do extrato quando este

armazenado em refrigerador e também se seus princípios ativos se mantém.

Contudo, mais estudos são necessários para observar essas variáveis citadas

no trabalho realizado.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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