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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
O DISCURSO SOBRE QUALIDADE DE VIDA NA
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL:
SENTIDOS E SIGNIFICADOS
MARINA ALVIM ZAMARIM
São Paulo
2008
Dissertação de mestrado apresentada à Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação Física, sob a orientação da Profª. Drª. Marília Velardi.
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Zamarim, Marina Alvim
O discurso sobre qualidade de vida na pós-graduação em educação física no Brasil: sentidos e significados. - São Paulo, 2008.
149 f. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2008.
Orientador: Profª. Dra. Marília Velardi
1. Qualidade de vida. 2. Educação Física. 3. Gênero Discursivo. I. Título
CDD- 796
Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Natália e Odair, às minhas irmãs, Heloisa e Elaine, por sempre fazerem,
com muito gosto, parte da minha história.
Ao Rodrigo, pelo sempre “Tá bom, eu espero” e por todos os momentos que temos vivido
juntos.
À minha querida e amada orientada, Profª. Drª. Marília, que me acolheu, como sempre,
muito presente e pelas passadas e não passadas de mão na cabeça que me ajudaram e
ajudam constantemente a crescer. Pela sua amizade e carinho.
À minha querida e amada tia acadêmica, Profª. Drª. Maria Luiza J. Miranda, que também
me acolheu, que me ofereceu oportunidades profissionais nos momentos que mais precisei.
Também pela sua amizade e carinho.
Má e Mi, só tenho sentimentos de gratidão e muito carinho.
À minha querida amiga Renatinha, companheira de disciplinas, de montagem de slides, de
apresentação de trabalho e, principalmente, por seu companheirismo de choros e risadas.
Aos meus queridos amigos Ailton e Gegê, pelas conversas, conselhos, pelos desabafos e
pela compreensão do que eu senti.
À Profª Ms. Elisabete dos Santos Freire, por ter me aceito e me recebido tão
carinhosamente como estagiária de docência em sua disciplina na Graduação em Educação
Física. Pela doação de conhecimentos e experiências como professora.
Às Profªs. Drªs. Yara Maria de Carvalho e Maria Luiza de Jesus Miranda, pelas
contribuições dadas durante na qualificação e defesa dessa dissertação.
À Samara, pelas transformações dos arquivos e pelos momentos agradáveis.
4
Aos colegas da Pós, Suzuki, Ari, Fabiano, Claudinhas, Raquel, Serginho, Lincoln, Vera e
Porfírio.
À Profª. Drª. Vilma Lení Nista-Piccolo, pelas contribuições sobre Pós-Graduação Stricto
Sensu.
Ah sim! Não poderia esquecer... mesmo que indiretamente, ao Paulo Maron, pelos também
“Tá bom, eu espero”.
Aos meus amigos, Fabi, Manu, Taty, Sandro, Fábio, Danilo e Flávio que, mesmo de longe,
acompanharam todo o processo e torceram por mim.
Aos amigos, Walter Núñez Martínez e Maria Estela Martínez pela árdua revisão de
português dessa dissertação.
A todos que, direta e indiretamente, contribuíram para a construção desse trabalho.
Muito Obrigada!!!!
v
SUMÁRIO
Resumo .............................................................................................................
Abstract ............................................................................................................
Lista de Quadros .............................................................................................
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................
2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................
2.1. A Qualidade de Vida no Discurso da Saúde Coletiva e da Promoção à Saúde .............................................................................................
2.2. O Percurso Histórico da Educação Física e Qualidade de Vida Relacionada à Saúde ..........................................................................................
2.3. A Educação Física e as Abordagens de Prevenção e Promoção da Saúde .................................................................................................................
2.4. Programas de Pós-Graduação em Educação Física no Brasil ........
3. MÉTODO ..................................................................................................... 3.1. Cenário ............................................................................................
3.2. Procedimentos ................................................................................. 3.2.1. Procedimento de coleta e seleção das dissertações de
mestrado e teses de doutorado .......................................................................... 3.2.1.1. As produções científicas selecionadas ..
3.2.2. Procedimentos de análise das dissertações de mestrado e teses de doutorado .............................................................................................
4. ANÁLISE .....................................................................................................
5. DISCUSSÃO ................................................................................................
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..........................................................
8. ANEXOS ......................................................................................................
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vii
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Pág.
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32 32 36
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RESUMO
A Educação Física como área de conhecimento tem divulgado, em muitos estudos, os
efeitos da prática de atividades físicas sistemáticas para as populações humanas, ressaltando
os benefícios nos aspectos físicos, psicológicos e sociais decorrentes da prática de
exercícios, ou da participação em programas estruturados de atividades físicas.
Considerando esses benefícios, parece natural que muitas investigações busquem
estabelecer relações entre as modificações favoráveis decorrentes da prática com a
obtenção de melhores níveis de qualidade de vida. Em conseqüência desses benefícios,
muitos estudos e pesquisas têm o intuito de investigar as possíveis influências da prática de
atividades físicas sobre a qualidade de vida das pessoas. Alguns estudos apontam relações
positivas entre a prática de atividades físicas e a qualidade de vida, mas alguns estudos não
apontam essa relação positiva. Os apontamentos positivos ou não dessa relação estão
ligados ao discurso dos autores de cada produção científica, ou seja, cada autor apresenta
vínculos com grupos científicos que discutem assuntos a partir de determinadas
perspectivas epistemológicas e, por isso, cada autor pode fazer uma determinada afirmação
sobre a relação entre a prática de atividades físicas e a qualidade de vida, por exemplo. Essa
problematização levou-nos a indagar qual é o discurso da Educação Física que podemos
verificar em relação à qualidade de vida? E quais são os significados e sentidos apontados
pela Educação Física em relação à qualidade de vida? Como estado da arte, esta pesquisa
objetivou conhecer e discutir as produções científicas da Educação Física brasileira,
especificamente as dissertações de mestrado e teses de doutorado que discursam sobre
qualidade de vida. As produções científicas foram analisadas com base no gênero
discursivo proposto por Bakhtin. Essa escolha se deu pois Bakhtin parte do princípio de que
todo texto é dado por alguém e deve ser analisado a partir do autor da produção e do
contexto em ele está, dando sentido ao texto. As análises foram organizadas em
perspectivas epistemológicas em que cada autor discursou a qualidade de vida em sua
produção científica. O discurso de 11 produções correspondeu à perspectiva biomédica na
qual as relações causais entre a atividade física e impacto positivo na qualidade de vida são
destacadas; 30 produções discursaram sob a perspectiva biomédica, dando ênfase às
questões relacionadas ao comportamento humano; três produções apresentaram seu
vii
discurso sob a perspectiva da promoção da saúde e o discurso de cinco produções
correspondeu à perspectiva psicossocial na qual o comportamento individual emerge das
relações sociais vivenciadas pelo indivíduo. Foi possível observar que os discursos
verificados sob a perspectiva biomédica (relação causal e abordagem comportamental)
partem do princípio de que o desenvolvimento de um aspecto da qualidade de vida pode
influenciar todos os outros aspectos do construto, assim como apontam que a disseminação
de informações sobre hábitos e estilos de vida saudáveis é medida suficientemente eficaz
para melhorar a qualidade de vida da população, não levando em consideração a
dependência de diversos fatores e aspectos da qualidade de vida que se inter-relacionam. Já
os discursos verificados a partir da perspectiva da promoção da saúde e psicossocial são
visões que se baseiam em noção de vida complexa, o que pode favorecer a saúde e a
qualidade de vida do indivíduo. Diante desse estudo, foi possível verificar que, dentre as
produções científicas analisadas, grande número dos autores tem discursado acerca da
qualidade de vida a partir da perspectiva biomédica que, por sua vez, alimenta as práticas e
os programas de Educação Física / atividade física numa relação causal e de adoção de
comportamentos considerados saudáveis que, atualmente, tendem a não satisfazer as
necessidades humanas.
Palavras-Chaves: Qualidade de vida. Educação Física. Gênero Discursivo
viii
ABSTRACT
The Physical Education as knowledge area has divulged, in many studies, the effect of
systematic practices of physical activities for the populations the human beings, standing
out the benefits in physical, psychological and social the aspects decurrent of the practical
one of exercises, or the participation in structuralized programs of physical activities.
Considering these benefits, it seems natural that many inquiries search to establish relations
between the decurrent favorable modifications of the practical one with the attainment of
better levels of quality of life. In consequence of these benefits, many studies and research
have intention to investigate the possible influences of the practical one of physical
activities on the quality of life of the people. Some studies point positive relations between
practical of physical activities and the quality of life, but some studies do not point this
positive relation. The positive notes or of this relation are not on to the speech of the
authors of each scientific production, that is, each author presents bonds with scientific
groups that argue subjects from definitive epistemological perspectives and, therefore, each
author can make one definitive affirmation on the relation enters practical of physical
activities and the quality of life, for example. This situation took us to inquire it which is
the speech of the Physical Education that we can verify in relation to the quality of life?
And which are the meanings and felt pointed by the Physical Education in relation to the
quality of life? As state of the art, this research objectified to know and to argue the
scientific productions of the Brazilian Physical Education, specifically the master
dissertations and doctoral theses that they make a speech on quality of life. The scientific
productions had been analyzed on the basis of the discursive genre considered by Bakhtin.
This choice if gave therefore Bakhtin has left of the beginning of that all text is given by
somebody and must be analyzed from the author of the production and of the context in it
is, giving felt to the text. The analyses had been organized in epistemological perspectives
where each author make a speeched the quality of life in its scientific production. The
speech of 11 productions corresponded to the biomedical perspective in which the causal
relations between the physical activity and positive impact in the quality of life are
detached; 30 productions had make a speeched under the biomedical perspective, giving
emphasis to the related questions to the behavioral approach; three productions had
ix
presented its speech under the perspective of the promotion of the health and the speech of
five productions corresponded to the psychosocial perspective in which the individual
behavior emerges of the social relations lived deeply by the individual. It was possible to
observe that the speeches verified under the biomedical perspective (causal relation and
behavioral approach) leave of the beginning of that the development of a aspect of the
quality of life can influence all the other aspects of construct, as well as point that the
dissemination of information on habits and healthful styles of life is measured enough
efficient to improve the quality of life of the population, not taking in consideration the
dependence of diverse factors and aspects of the quality of life that if interrelate. Already
the speeches verified from the perspective of the promotion of the health and psychosocial
are views that are based on notion of complex life, what it can favor the health and the
quality of life of the individual. Ahead of this study, it was possible to verify that, amongst
the analyzed scientific productions, great number of the authors has make a speeched
concerning the quality of life from the biomedical perspective that, in turn, feeds practical
and the programs of Physical Education/physical activity in a causal relation and of
adoption of considered behaviors healthful that, currently, tend not to satisfy the necessities
human beings.
Keywords: Quality of life. Physical Education. Discursive genre.
x
LISTA DE QUADROS Quadro 1 .......................................................................................... Quadro 2 .......................................................................................... Quadro 3 .......................................................................................... Quadro 4 ..........................................................................................
30 31 39 40
1
1. INTRODUÇÃO
Diversas áreas da ciência têm em seu bojo a reflexão e a construção de seu
conhecimento. Nesse processo, esse dado conhecimento é produzido e apresentado à
sociedade científica por meio de divulgação a partir da produção científica, por exemplo.
Segundo Lourenço (1997) e Pécora (1997), a produção científica pode ser entendida como
um documento proveniente de reflexões sistemáticas do conhecimento de determinada
comunidade acadêmica.
A produção científica tem entre suas metas contribuir em diferentes âmbitos com a
sociedade, a tecnologia e a comunidade acadêmica. Em relação à sociedade e à tecnologia,
a produção científica pode ser disseminada e adaptada a fim de que possa desenvolver o
saber, além de incentivar a cultura para toda a população. Desse modo, é possível observar
a freqüência do surgimento de novas tecnologias, sejam elas de lazer, sejam de eventos,
entre outras que, muitas vezes, facilitam e beneficiam a vida da população (WITTER,
1996).
No âmbito das comunidades acadêmicas, a produção científica pode surtir efeitos de
melhoria para o desenvolvimento da ciência e para a superação da dependência científica,
muitas vezes observada entre países, ou até mesmo entre regiões de um mesmo país
(WITTER, 1996).
No caso da Educação Física, as produções científicas oriundas dos diversos centros
de pesquisa e universidades têm oferecido conhecimento sobre muitos assuntos, dentre os
quais os efeitos positivos da prática de atividades físicas para as populações humanas.
Já é bastante documentada a contribuição direta da prática de atividade física
sistemática para a prevenção e o controle de doenças, especialmente as crônicas não-
transmissíveis, a morte prematura e o controle da independência para a realização das
atividades da vida diária (AOYAGI e SHEPARD, 1992; BUSKIRK e SEGAL, 1989;
OKUMA, 1997; PHILLIPS e HASKELL, 1985). Além disso, a atividade física age de
forma a reduzir, e até mesmo eliminar, os declínios da capacidade funcional (OKUMA,
1997; AOYAGI e SHEPARD, 1992; BUSKIRK e SEGAL, 1989; MACIEL, et al, 2005;
MEUSEL, 1984; PHILLIPS e HASKELL, 1985; SCHROLL, 1994; TRIBESS e
VIRTUOSO JÚNIOR, 2004).
2
A prática sistemática de atividades físicas também pode desencadear vínculos de
relacionamento social como novas amizades (CAPINUSSÚ e COSTA, 1989; COSTA e
DUARTE, 2002; GONÇALVES, et al 2006; e MARCHAND, 2001). Além disso, quando
os efeitos da prática de atividades físicas sistemática são positivos, vários estudos têm
apontado que pode haver o aumento da auto-estima e autoconceito, maior capacidade de
adequação da imagem corporal, diminuição da depressão, ansiedade, estresse, irritação e
cansaço (ASSUMPÇÃO, MORAIS e FONTOURA, 2002; BERGER e MCINMAN, 1993;
COSTA e DUARTE, 2002; MARCHAND, 2001; TRIBESS e VIRTUOSO JÚNIOR,
2004).
Diante dos achados que demonstram o impacto positivo da prática de atividades
físicas para a população humana, tem-se como conseqüência o desenvolvimento de estudos
e pesquisas cujo objetivo é identificar as possíveis influências da prática de atividades
físicas sobre a qualidade de vida das pessoas.
Um estudo realizado por Tribess e Virtuoso Júnior (2004), por exemplo, teve como
objetivo examinar a relação entre a qualidade de vida de idosas asiladas e idosas não
asiladas praticantes de atividade física. Os autores utilizaram um instrumento validado para
a mensuração da qualidade de vida, o Whoqol-bref1. O resultado apontou diferenças
significativas, positivas, nos domínios físicos e psicológicos das idosas não asiladas
praticantes de atividade física. Já nos domínios de relação social e meio ambiente, não
foram encontradas diferenças significativas, nem positivas nem negativas, entre as idosas
asiladas e as não asiladas que praticavam atividade física. Embora os autores tenham
evidenciado algumas diferenças significativas positivas e outras não significativas nos
domínios da qualidade de vida entre as participantes do estudo, concluíram que há relação
entre os níveis de qualidade de vida e prática de atividade física em mulheres idosas.
1 O instrumento Whoqol-bref foi desenvolvimento pelo grupo de qualidade de vida da Organização Mundial
da Saúde em 1998 e tem como objetivo mensurar a qualidade de vida. Ele é composto por 26 questões
divididas em quatro domínios: físico, psicológico, relação social e meio ambiente. Esse instrumento é uma
adaptação do Whoqol-100 e surgiu com a necessidade de instrumentos curtos que exigissem pouco tempo de
preenchimento. No Brasil, o Whoqol-bref foi validado no ano 2000 pelo departamento de Psiquiatria e
Medicina Legal na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordenado pelo
Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck (FLECK, et al, 2000).
3
Em 2005, Alonso, et al também investigaram, utilizando o instrumento Whoqol-
bref, os efeitos da atividade física em mulheres sedentárias após 16 semanas de treinamento
de exercícios em mini-trapolim em solo. Como resultado, os autores não encontraram
diferenças significativas nos domínios da qualidade de vida verificados durante o período
de treinamento. Porém, por observarem melhoras nos valores da composição corporal e da
aptidão física das participantes do estudo, os autores afirmaram que essas medidas
significaram melhoria dos níveis de qualidade de vida das mulheres participantes da
pesquisa.
Embora os benefícios da prática sistemática de atividades físicas em relação à
qualidade de vida sejam evidentes em vários estudos nas áreas da Educação Física e
atividade física, é importante pensarmos sobre o fato de que, muitas vezes, os autores
tendem a reduzir a característica multidimensional do constructo2 qualidade de vida ao
indicarem que um ou mais efeitos dessa prática poderiam modificar todos os outros fatores
que interferem na qualidade de vida.
Em geral, a qualidade de vida é definida pela relação entre alguns aspectos objetivos
que a compõem (FARINATTI, 2002; MATSUDO, S., 2006; NAHAS, 2001; SPIRDUSO,
1995). Outros autores, ainda, a associam com termos como saúde e bem-estar (MINAYO,
HARTZ e BUSS, 2000; NERI, 2002).
Observou-se que condições de saúde, funções físicas, funções sexuais, energia, dor,
desconforto, fadiga, sono, capacidade funcional (LAWTON apud NERI, 2002;
NORDENFELT, 1994; OMS, 1998; SPIRDUSO, 1995), fatores como empregabilidade e
condições econômicas (CAMPBELL, et al, 1977; HIRSCHMAM, 1989; LAWTON apud
NERI, 2002; MICHALOS, 2002; OTHICK, 1983; OMS, 1998; SPIRDUSO, 1995),
educação (BJÖRK e ROSS, 1994; OTHICK, 1983; PUTNAM, 2002; SCANLON, 2002;
WALZER, 2002. WINGO, 1977), consumo de bens e serviços (ABS, 2001; CUMMINS,
2005; FELCE, 1997; HENAO, 2000; LISS, 1994; OTHICK, 1983), função social e
atividades de lazer (OMS, 1998; SCHALOCK, 2004; SPIRDUSO, 1995) são considerados
aspectos objetivos da qualidade de vida. 2 Segundo o dicionário Houaiss (2001), constructo é a “construção puramente mental, criada a partir de
elementos mais simples para ser parte de uma teoria”. Portanto partiu-se do princípio de que a qualidade de
vida é formada por partes que só fazem sentido a partir da interdependência entre todas elas.
4
Verificou-se em algumas produções científicas que aspectos emocionais (ABS,
2001; BOTELL, 2002; LISS, 1994; MICHALOS, 2002, OMS, 1998), auto-estima e
autoconceito (ALLEYNE, 2001; OMS, 1998), imagem corporal (OMS, 1998), felicidade
(SPIRDUSO, 1995), bem-estar (CRAMMER, et al, 2003; FELCE, 1997; HENAO, 2000;
SCHALOCK, 2004; VITTERSO 2003), satisfação com a vida e realização pessoal
(CAMPBELL, et al, 1977; HENAO, 2000; LAWTON, 1983 apud NERI, 2002;
SPIRDUSO, 1995; TEMPIER, et al, 1997), capacidade cognitiva (ALLEYNE, 2001; LISS,
1994; LAWTON, 1983 apud NERI, 2002; SPIRDUSO, 1995), espiritualidade, crenças e
religiosidade (OMS, 1998) são considerados aspectos subjetivos da qualidade de vida.
No entanto o ponto de partida dos estudos apresentados anteriormente é a crença de
que os componentes, domínios ou aspectos constitutivos da qualidade de vida determinam
o seu “funcionamento”. Assumir essa perspectiva significa adotar uma visão cartesiana da
realidade: considerar que a análise de cada uma das partes, retiradas do todo e
posteriormente recolocada, nos faria compreender melhor o funcionamento, nesse caso, do
constructo. No entanto há outras formas de compreensão da realidade que não aquela
explicada pelo método cartesiano. Numa perspectiva sistêmica, por exemplo, a qualidade
de vida é compreendida a partir do todo, sem a fragmentação do constructo em
componentes e aspectos.
Entretanto foram encontrados outros estudos que apresentam resultados que não
associam a prática de atividades físicas à melhoria da qualidade de vida, o que pode indicar
uma certa fragilidade na adoção da visão cartesiana para a compreensão do constructo.
Num estudo realizado por Costa (2001), também utilizando o Whoqol-bref, verificou-se
que participantes de um programa de ginástica laboral, orientados quatro vezes por semana,
não apresentaram resultados significativamente maiores e nem positivos em comparação à
qualidade de vida dos não-participantes do programa.
Outro estudo realizado por Zamarim, Miranda e Velardi (2006), utilizando o mesmo
instrumento, teve como objetivo comparar os escores de qualidade de vida entre dois
grupos de adultos jovens universitários, sendo um grupo de praticantes de musculação pelo
menos há seis meses e outro grupo de não praticantes. Como resultado, não foi encontrada
diferença significativa entre os dois grupos investigados, o que mostrou que a prática de
5
atividade física não foi capaz de interferir na qualidade de vida, evidenciando que ela deve
estar associada a outros fatores que se relacionam e são dependentes um do outro.
Como produções científicas, esses estudos podem contribuir com novas discussões
sobre a temática na comunidade acadêmica da Educação Física. Ao mesmo tempo em que
fortalecem as discussões na área da Educação Física, essas produções são disseminadas na
sociedade e são viabilizadas por intermédio dos estabelecimentos e dos profissionais que
oferecem serviços relacionados à Educação Física.
Cada produção científica apresenta um discurso de onde emergem sentidos
relacionados àquilo que é objetivo de investigação, surgem alguns questionamentos, como,
por exemplo: qual é o discurso da Educação Física em relação à qualidade de vida? E quais
são os significados e sentidos apontados pela Educação Física em relação à qualidade de
vida?
Neste trabalho, o termo sentido é referenciado em Vygotski (1996). Para o autor,
sentido refere-se ao significado de um termo ou de uma palavra a partir da relação entre os
eventos psicológicos individuais e pelo contexto em que esse termo/palavra é utilizado. Já,
para o mesmo autor, significado refere-se à compreensão estável, ou seja, compartilhada
por todas pessoas, sobre a utilização de uma mesma palavra.
Como já foi enunciado anteriormente, nas mais diversas áreas do conhecimento, as
produções científicas têm entre seus objetivos contribuir para novas discussões de
determinado assunto. Em cada referencial teórico há um indivíduo implícito: um autor que
fala, pensa, tem valores, julgamentos e direciona os objetivos de sua pesquisa para
determinado paradigma. Desse modo, cada produção científica construída evidencia um
sentido definido por um autor sobre o assunto abordado.
Com isso, o objetivo da presente dissertação é realizar, por meio de uma pesquisa
estado da arte, a busca dos significados e sentidos do constructo qualidade de vida no
discurso da Pós-Graduação em Educação Física no Brasil, a partir da análise de
dissertações de mestrado e teses de doutorado de programas de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Educação Física.
Ferreira (2002) afirma que as pesquisas denominadas estado da arte têm como
característica inventariar e discutir as produções de temáticas que vêm sendo construídas há
algum tempo.
6
O que define essa pesquisa como estado da arte é o desafio de conhecer e discutir as
produções científicas da Educação Física brasileira, especificamente as dissertações de
mestrado e as teses de doutorado que discursam sobre a qualidade de vida.
A presença do assunto qualidade de vida em dissertações de mestrado e teses de
doutorado dos programas de Pós-Graduação em Educação Física no Brasil nos despertou
para a busca dos sentidos e significados apresentados por essas produções e tal fato pode
nos levar ao conhecimento do olhar - ou dos olhares - expressados na área da Educação
Física, sob o constructo qualidade de vida. Assim como nessas produções, a presença da
relação entre a prática de atividades físicas e qualidade de vida no discurso de diversas
pesquisas acadêmicas desenvolvidas na área da Educação Física nos direcionou a chegar ao
objetivo do presente estudo.
Esse estudo se faz necessário para que se construa a trajetória do constructo
qualidade de vida como parte do discurso da Educação Física como área da saúde. Isso
porque se acredita que este discurso alimente as práticas e os programas de Educação
Física/atividades físicas.
A escolha pela análise das dissertações e teses da Educação Física pode ser
justificada pela representação que essas produções têm como referencial teórico para novas
produções científicas, bem como por acreditarmos que seus resultados poderão expressar o
sentido do constructo qualidade de vida na área da Educação Física.
A análise proposta neste estudo considerará o contexto acadêmico no qual o autor
de cada produção científica está inserido, enfatizando que tal contexto poderá contribuir
para a compreensão do(s) discurso(s) da Educação Física brasileira sobre a qualidade de
vida.
Essa dissertação não pretende encerrar os questionamentos sobre a relação entre a
Educação Física e a qualidade de vida, que há muito tempo vem sendo discutida na
comunidade acadêmica e declarada pelo senso comum. Porém, como uma nova produção
científica, essa dissertação visa a contribuir para futuras enunciações a partir de
questionamentos de outros pesquisadores.
7
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. A Qualidade de Vida no discurso da Saúde Coletiva e da Promoção da Saúde
Para este estudo, a busca pelo constructo qualidade de vida foi restringida à área da
Saúde Coletiva e um de seus temas: a Promoção da Saúde. Isso se dá porque esta
dissertação foi desenvolvida numa linha de pesquisa comprometida com as discussões
pertencentes a esse campo.
As bases teórico-epistemológicas da saúde coletiva e do tema promoção da saúde
apresentam em seu bojo a discussão da qualidade de vida. O objetivo deste capítulo é
apresentar como o constructo qualidade de vida tem sido discutido nas publicações dos
pesquisadores da área da Saúde Coletiva e do tema Promoção da Saúde.
Com isso, serão trazidas discussões de autores como Minayo, Buss, Campbell, Westphal,
entre outros. Essa opção se deu na medida em que as produções desses autores possuem
consistência e relevância nacional e internacional, além de serem referência para o
desenvolvimento de pesquisas que envolvem o constructo qualidade de vida.
Antecedendo à descrição das abordagens que foram delimitadas como objetivo do
presente capítulo, faz-se necessário traçar um breve percurso histórico da área da Saúde em
relação à Saúde Pública, até o surgimento das discussões do constructo qualidade de vida
nas produções e documentos sobre Saúde Coletiva e Promoção da Saúde. A busca por essa
trajetória se faz necessária para compreendermos os motivos pelos quais o constructo
qualidade de vida começou a ser discutido pelos profissionais da área.
Controlar epidemias foi uma função atribuída a diversos profissionais. Dentre eles, é
possível ressaltar os profissionais da área da Saúde e os profissionais da área da
Comunicação, principalmente a partir do século XIX, período em que foi criada a Medicina
Social3, em países europeus como França, Alemanha e Inglaterra (PAIM e AILMEIDA
3 Os movimentos sociais criados a partir da organização da classe trabalhadora e de sua participação política
durante o período da Revolução Industrial incorporaram a saúde em suas discussões, uma vez que o processo
de industrialização teve impacto sobre as condições de vida e saúde das populações. Assim, em meados do
8
FILHO, 1998). Os crescentes setores comercial e industrial observaram uma defasagem de
seus recursos humanos, uma vez que a mão-de-obra era facilmente afastada do trabalho por
ser contagiada por doenças que poderiam ser transmitidas a outros trabalhadores,
prejudicando o crescimento econômico e social desses países (TERRIS, 2005).
Diante desse fato, os epidemiologistas, amparados pelo paradigma biomédico4,
empreenderam esforços para encontrar as causas dessas doenças, assim como soluções para
controlá-las, evitando mortes prematuras e novos surtos epidêmicos. Esse período é
conhecido como Primeira Revolução Epidemiológica, marcada pela descoberta da Teoria
do Germe, que permitiu avançar no controle e cura de doenças causadas por bactérias
(CARVALHEIRO, 2002; TERRIS, 2005).
No final do século XIX, o Brasil foi incorporado aos debates científicos sobre
doenças infecciosas como cólera, febre amarela, entre outras, uma vez que essas doenças
influenciavam no crescimento político do país. Diante disso, foi realizada, no final da
década de 1880, no Rio de Janeiro, a Convenção Sanitária do Rio de Janeiro (LIMA, 2002).
Em relação às ações médicas a respeito dessas doenças, Lima (2002) metaforizou o
Brasil como um imenso hospital e um grande laboratório de experiências, pois a saúde
pública brasileira tem como marca de sua história grandes surtos epidêmicos até meados do
século XX, que possibilitaram, principalmente aos cientistas norte-americanos, realizar
diversos experimentos em busca de soluções de controle de doenças infecciosas.
Embora o Brasil, ainda no século XX, estivesse buscando soluções para os surtos
epidêmicos ocorridos no país, os países europeus já buscavam novas estratégias de combate
ao surgimento de doenças ainda desconhecidas. A descoberta das soluções para o controle e
a cura de doenças infecciosas proporcionou aos indivíduos uma maior expectativa de vida.
século XIX, denominou-se Medicina Social os tratos políticos e sociais que tiveram como objetivo
compreender a crise sanitária (PAIM e ALMEIDA FILHO, 1998).
4 Entende-se por paradigma biomédico, o pensamento advindo da medicina Ocidental Contemporânea, que
apresenta como característica isolar os componentes do corpo humano na tentativa de detalhar e conhecer
suas partes. Para os intelectuais que compartilham dessa perspectiva, após o detalhamento das partes, essas
devem ser reintegradas ao todo, o corpo, propondo a idéia de que a soma das partes significa o todo
(CAMARGO JÚNIOR, 2005).
9
As estratégias de prevenção primária da saúde tinham como objetivo proteger o
homem de determinadas patologias a partir de melhores condições de vida, proporcionadas
pela educação, boa alimentação, moradia e ambiente de trabalho favorável (LEAVELL e
CLARK, 1976). No entanto nem as intervenções médicas, nem a medicina social, puderam
garantir que o surgimento de novas ou desconhecidas doenças fosse controlado, pois os
epidemiologistas praticavam suas habilidades profissionais a partir das descobertas
bacteriológicas (TERRIS, 2005).
Como essas medidas não foram suficientes para controlar o aparecimento das
chamadas doenças crônicas não transmissíveis, provavelmente despertadas pelo aumento da
expectativa de vida, foi necessário tomarem-se novas providências para descobrir as causas
dessas doenças, bem como desenvolver meios para preveni-las. Assim, esse período é
chamado de Segunda Revolução Epidemiológica (BUSS, 2003; CARVALHEIRO, 2002).
Nesse período de reorganização das práticas de saúde pública, as críticas sobre as
reformas da saúde em países capitalistas como França, Alemanha e Inglaterra, e o
surgimento de bases epistemológicas e produções científicas deram oportunidade para o
surgimento de um novo campo de estudo e intervenção a partir de práticas sociais da saúde:
a Saúde Coletiva. Nesse campo, há integração entre os serviços de Saúde Pública e
Medicina Social, na qual a doença e a saúde são observadas a partir do processo social
(PAIM e ALMEIDA FILHO, 1998).
Além disso, a Saúde Coletiva tem como objetivos compreender os meios com os
quais a sociedade identifica suas necessidades e problemas de saúde; discutir e reorganizar
os serviços de saúde; e reorganizar as atuações dos profissionais da área. Não mais com o
olhar de controle de doenças, a Saúde Coletiva tem como base uma visão preventivista de
saúde, de promover a saúde e de dar maior atenção e assistência aos sujeitos acometidos
por doenças (PAIM e ALMEIDA FILHO, 1998).
De acordo com os objetivos expostos, os profissionais e pesquisadores que se
comprometem com a discussão do campo da Saúde Coletiva têm como intenção manter a
atenção para os serviços de saúde, além de abarcar discussões relativas às questões sociais,
políticas e econômicas, bem como outros tipos de intervenções que possibilitam a
viabilidade da saúde a partir de políticas públicas saudáveis por meio de maior participação
da sociedade sobre a vida humana.
10
No Brasil, a Saúde Coletiva surgiu na década de 1970, a partir da necessidade de
reorganização e reforma sanitária brasileira. Diante do crescente capitalismo no país, a
desigualdade e iniqüidade social foram traduzidas em péssimas condições de vida e poucas
condições de saúde para a maioria da população. Além disso, as precárias condições de
atendimento e conduta do setor médico fortaleceram a necessidade de uma discussão a
respeito de um novo olhar para a saúde da população. Com isso, a Saúde Coletiva brasileira
teve como objetivo incrementar as reflexões sobre políticas sociais nas discussões sobre
saúde, aproximando questões relativamente humanas como direito e igualdade
(CARVALHO, S. 2002).
Pensando a saúde para além da causalidade defendida pelo processo enfermidade-
saúde, surge a percepção da necessidade social da saúde, que não permite ser pensada se
não como interdependente e complexa:
[...] Efetivamente, o objeto da Saúde Coletiva é muito mais tolerante a
formas aproximadas de antecipação do seu processo, ressaltando a
natureza não-linear da sua determinação e a imprecisão (ou borrosidade)
dos seus limites. Então, será plenamente legítimo buscar a superação da
prática preventiva preditiva desta Saúde Pública que tanto se conhece,
tanto no sentido de sua aplicação ao indivíduo, quanto em sua aplicação
em geral, em direção a uma Saúde Coletiva previsional, ou pré-
visionária, quer dizer, uma Saúde Coletiva capaz de propor visões,
formas, figuras e cenários, em vez de predizer algumas poucas medidas e
seus pobres efeitos (PAIM e ALMEIDA FILHO, 1998, p. 312).
Enquanto o Brasil iniciava suas discussões sobre Saúde Coletiva, o Canadá
produzia, em 1974, o Informe Lalonde5, que concentrara as discussões da saúde no
estabelecimento dos chamados “determinantes de saúde”. Na descrição do Informe, foram
determinados quatro componentes influenciadores da saúde: ‘biologia humana’ que
corresponde ao funcionamento orgânico; ‘ambiente’, representado pelos fatores que pouco
podem ser controlados pelo homem; ‘estilo de vida’, que corresponde à responsabilidade do
5 Um informe desenvolvido no Canadá a partir da necessidade de discutir as práticas de saúde (LALONDE,
1996).
11
indivíduo; e, por último, a ‘assistência à saúde’, que são os recursos dos Serviços de Saúde
(LALONDE, 1996).
Embora a idéia fosse reestruturar os olhares sobre a saúde, o foco central
estabelecido no Informe Lalonde ainda vinculou suas articulações ao paradigma biomédico
para a prevenção de doenças (BUSS, 2003).
Esse fato pode ser explicado, pois no Informe as discussões sobre saúde foram
centradas no papel dos profissionais de saúde em relação à população, sugerindo a criação
de estratégias de intervenção para que a população pudesse assumir o controle dos
determinantes de saúde a partir da imposição de ações que os Sistemas de Saúde
considerassem adequado para os indivíduos. Observa-se que essa sugestão teve um papel
decisivo na atribuição de responsabilidade individual sobre comportamento humano em
relação à adoção de estilos de vida, atribuindo mais responsabilidade ao indivíduo do que
ao governo sobre as questões relativas à prevenção de doenças e cuidados com a saúde
(CARVALHO, S. 2004; CZERESNIA, 2003).
Passados doze anos da divulgação do Informe Lalonde, em 1986, a I Conferência
Internacional de Promoção da Saúde no Canadá descreveu a promoção da saúde. O
documento elaborado nessa conferência, denominado Carta de Ottawa, descreveu a
promoção da saúde como: “processo de capacitação da comunidade para atuar na
melhoria da qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle
desse processo” (BRASIL, 2002, pág. 19).
A Carta de Ottawa afirma que as ações para promoverem saúde dependem de cinco
dimensões: Sistema de Saúde, comunidade, indivíduo, ações do Estado e parcerias
intersetoriais (BUSS, 2003; CARVALHO, S., 2004; CZERESNIA, 2003).
Na medida em que a saúde é considerada um recurso para a vida, ela deve ser
entendida como, para além do setor de Saúde, uma aproximação de recursos sociais e
pessoais para a busca do bem-estar global (BRASIL, 2002). Enquanto isso, a Saúde
Coletiva tem como objetivo vingar a saúde como um direito da população.
No momento em que as discussões sobre saúde ultrapassam a especificidade médica
e passam a ser observadas como um processo social, surgem relações entre a saúde e a
qualidade de vida. De forma inespecífica, a qualidade de vida é associada às discussões
12
sobre saúde na Medicina Social, apresentada como condições de vida e estilo de vida
(MINAYO, HARTZ e BUSS, 2000).
Pode-se afirmar que, com o surgimento da Saúde Coletiva, a qualidade de vida
começou a ser relacionada às discussões sobre saúde e foi fortalecida em 1986, a partir dos
pressupostos da Promoção da Saúde. Na área da Saúde Coletiva e no tema Promoção da
Saúde, as discussões da saúde e sua relação com a qualidade de vida fizeram surgir
definições e conceituações do constructo qualidade de vida amparadas por uma visão
humanista, coerente com os princípios destas áreas.
Desta forma, foram encontradas definições que apontam que a qualidade de vida
pode ser compreendida como a satisfação da vida de acordo com a percepção individual
sobre aspectos ambientais e a avaliação das experiências vividas (CAMPBELL, et al,
1977).
Para Minayo, Hartz e Buss (2000), a qualidade de vida pode ser definida como
diferentes visões sobre condições de vida e estilos de vida, pelo desenvolvimento
sustentável, pela ecologia humana, democracia, direitos humanos e sociais.
Além disso, a qualidade de vida pode ser conceituada como a capacidade de
ampliação da autonomia e do padrão de bem-estar, a partir de valores e escolhas atribuídos
por indivíduos em relação à vida e ao entorno (BUSS, 2003).
Dentre as definições apresentadas, é possível ressaltar que, sendo um constructo, a
qualidade de vida é conceituada por cada autor de maneira diferente. Pode-se observar que
alguns autores a conceituam a partir de questões objetivas, outros autores a definem a partir
de questões subjetivas, bem como outros estudiosos do constructo partem do princípio de
que a qualidade de vida é composta por questões tanto objetivas, quanto subjetivas.
Conceituações e definições como essas apresentadas têm como finalidade discutir a
qualidade de vida, além de amparar estudos no âmbito da Saúde Coletiva e Promoção da
Saúde, que envolvam o constructo, seja como objetivo do estudo ou como suporte de
discussão da pesquisa.
Nesse âmbito, observa-se que existem estudos que discutem a necessidade ativa e
democrática da população sobre a gestão municipal para melhorar a qualidade de vida.
Pode-se observar no estudo de Adriano, et al (2000) uma discussão sobre o movimento das
cidades saudáveis como meio de estimular a população com relação a determinantes sociais
13
como Educação, renda, alimentação, saneamento e habitação para melhorar a qualidade de
vida.
Com o objetivo de apresentar o Movimento das Cidades Saudáveis e suas
adaptações à realidade brasileira, Westphal (2000) ressaltou a crescente desigualdade social
no Brasil desencadeada, principalmente, pela instabilidade econômica e pelas condições
sub-humanas de vida que, conseqüentemente têm agravado as condições ambientais e de
saúde da população. Com isso, medidas de intervenções como o Movimento das Cidades
Saudáveis foram desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde com o objetivo de
estimular os governos e a sociedade para desenvolverem estratégias que viabilizem o
estabelecimento de parceiras intersetoriais para a melhoria das condições de vida e de
saúde. Assim, a autora enfatizou que o Movimento das Cidades Saudáveis pode fortalecer
os princípios éticos que valorizam a eqüidade na sociedade, assim como os determinantes
sociais para melhorar a qualidade de vida da população.
Com a finalidade de discutir a importância das políticas públicas para a melhoria
das condições de vida da população, Rocha, et al (2000) apontaram o gerenciamento
municipal e participação dos cidadãos como meios de garantir eqüidade à população. Os
autores discursaram que a eqüidade, conquistada a partir do acesso à Segurança, Educação,
Habitação e Transporte, deve ser entendida como escala mínima para atingir outros
componentes de qualidade de vida.
Outras discussões sobre políticas públicas têm sido apresentadas nas publicações da
promoção da saúde. No estudo de Queiroz, Sá e Assis (2004), o Índice de Desenvolvimento
Humano foi discutido e relacionado às possibilidades de organizações políticas e à
participação comunitária com o objetivo de fortalecer as bases municipais para o
estabelecimento da qualidade de vida da população. Alimentação, Educação, Renda e
Habitação são consideradas necessidades básicas de sobrevivência que podem despertar a
população para as possibilidades de reivindicações de melhores condições sociais e
econômicas, melhores condições de vida e diminuição da desigualdade social.
Outro foco das discussões de políticas públicas na promoção da saúde é a habitação
saudável. Num estudo de Cohen, et al (2007), foi analisada a inserção da habitação
saudável nas discussões da promoção da saúde. Nessa discussão, os autores afirmaram que
uma habitação pode favorecer a saúde do indivíduo desde que essa seja construída num
14
local adequado, com estrutura que suporte as condições do ambiente, entre outros fatores,
que dependem de políticas públicas adequadas que viabilizem uma condição de vida mais
digna. Assim, os autores ressaltaram que a habitação pode ser considerada fator importante
para a melhoria da qualidade de vida da população.
Com o objetivo de discutir a relação entre a universidade e a qualidade de vida,
Trevizan (2000) focalizou em seu estudo as condições biológicas da vida humana e a
Educação como responsáveis por propiciar melhores níveis de qualidade de vida. O autor
ressaltou que as condições biológicas condicionam o desenvolvimento dos saberes
humanos estimulados pela Educação e que essas condições podem proporcionar mudanças
no contexto sócio-ambiental para a melhoria da qualidade de vida.
Um outro estudo da promoção da saúde que traz a qualidade de vida em sua
discussão apresentou como foco de análise a prevalência de cáries não tratadas e sua
relação com os determinantes individuais e contextuais (FRIAS, et al, 2006). Os autores
observaram as condições de moradia, Educação e qualidade da água relacionando-os ao
problema dentário. Ao discutir os achados, os autores ressaltaram que as desigualdades
sociais apresentaram relações com a prevalência de cáries na cidade de São Paulo. Nessa
direção, defenderam a importância de melhores níveis de escolaridade, por meio do acesso
à Educação, que podem viabilizar condições econômicas a fim de melhorar a saúde bucal
da população e sua qualidade de vida.
As publicações oriundas de pesquisadores, grupos e institutos vinculados à área da
Saúde Coletiva apresentam características interdisciplinares. Essas produções científicas
foram publicadas em revistas de cunho acadêmico com repercussão nacional e
internacional, como Revista Ciência & Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Pós-
graduação em Saúde Coletiva; Physis: Revista de Saúde Coletiva, do Instituto de Medicina
Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Cadernos de Saúde Pública, da Escola
Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; Revista de Saúde Pública, Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, entre outros.
Diante dos discursos dos autores das publicações citadas, foi possível verificar que
muitos fatores contribuem para o constructo qualidade de vida, como, por exemplo,
Educação, habitação, saneamento, alimentação, eqüidade, princípios éticos e desigualdade
15
social. Esses estudos são amparados pelo paradigma sistêmico6 e têm como objetivo
analisar quais são as mudanças necessárias para aumentar a qualidade de vida das
populações.
Os chamados determinantes sociais da saúde são representados por condições sócio-
econômicas, ambientais e culturais que influenciam condições de vida como habitação,
Educação, serviços de saúde e saneamento (CNDSS7, 2006).
Apesar de influenciarem as condições de vida, os determinantes sociais da saúde
não estabelecem relações causais entre um e outro fator (BUSS e PELEGRINI FILHO,
2007). Os autores deram como exemplo o PIB, que é menor em alguns países, o que não
significa que os indicadores de saúde desses países também sejam menores.
Medidas de intervenção relacionadas ao estabelecimento de hábitos saudáveis como
a prática de atividades físicas e a boa alimentação não garantem que os determinantes
sociais da saúde sejam influenciados. No entanto, se as intervenções partirem de fatores
relacionados à autonomia, estes poderão influenciar a saúde, pois estimulam a reflexão do
indivíduo sobre seu comportamento, assim como o de sua comunidade (CNDSS, 2006).
O estabelecimento das condições de vida a partir dos fatores de condições sócio-
econômicas, culturais e ambientais pode proporcionar eqüidade social, da mesma forma
que pode desenvolver a desigualdade nas sociedades (PRATA, 1992). A distância entre
eqüidade e desigualdade social se faz não só pela estrutura da sociedade, mas também pela
maneira como seus cidadãos se comportam diante das necessidades sociais e individuais.
Desse modo, pode-se afirmar que alguns autores que estudam o constructo
qualidade de vida na área da Saúde Coletiva e no tema Promoção da Saúde desenvolvem
discussões a partir de uma visão sistêmica. Ou seja, não há como estabelecer relações de
causa e efeito, como, por exemplo, que boas condições econômicas são sinônimo de boa
6 O paradigma sistêmico é uma visão que tem como base as conexidades, relações e contexto. Nessa visão,
quaisquer sistemas vivos possuem propriedades essenciais. As partes que constituem os sistemas não possuem
essas propriedades, porém representam o papel do surgimento das propriedades essenciais através de sua
interação e relação (CAPRA, 1996). Esse paradigma dá a noção de interdisciplinaridade sem hierarquizar e
priorizar determinadas partes para se chegar ao todo, mas é do todo que as partes se constituem
(VASCONCELLOS, 2003). 7 COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE – Comissão criada com o
objetivo de discutir a saúde como um bem público, com a participação solidária da sociedade.
16
qualidade de vida. Muitas pessoas apresentam boa condição econômica, no entanto tal
condição não garante a elas acesso à segurança, por exemplo.
Embora para alguns autores da área da Saúde Coletiva o constructo qualidade de
vida seja estabelecido sob o paradigma sistêmico, ainda assim muitos estudos da Saúde
discutem esse constructo com base no paradigma biomédico ao estabelecerem relações
causais, apontando exclusivamente determinado fator da qualidade de vida. Esse aspecto
pode ser identificado nos instrumentos criados para a mensuração, classificação e avaliação
da qualidade de vida.
A literatura aponta alguns instrumentos que foram criados com a intenção de avaliar
a qualidade de vida. Muitos são voltados para populações acometidas por doenças ou
distúrbios e em situação de risco. Outros instrumentos são caracterizados como gerais, já
que podem ser aplicados a qualquer população a fim de se estabelecerem relações, por
exemplo, com a prática de atividades físicas, os hábitos saudáveis, entre outros (MINAYO,
HARTZ e BUSS, 2000), conforme síntese dos instrumentos no Anexo 1.
Em geral, esses instrumentos têm como característica a visão biomédica que se
apóia no cientificismo comprovado. O processo histórico da ciência positiva, na qual a
ciência da saúde teve seu espaço, discursa sobre a necessidade de comprovação científica, o
que acaba por generalizar as necessidades dos indivíduos e de seus comportamentos, pois
se acredita na possibilidade de explicar e justificar as relações que se pretendem estabelecer
a respeito da qualidade de vida, tanto sobre alguma doença, quanto algum comportamento
saudável (PUTNAM, 2002).
A visão fragmentada presente na história das ciências, de fato, pode ter sido útil e acreditada no
passado8, porém tomar o paradigma biomédico como base para discursar a qualidade de vida, atualmente, é
uma prática que pode ser vista como incoerente. Nas discussões sobre saúde, especificamente sobre qualidade
de vida, é preciso lembrar que, tratando-se de um constructo, a qualidade de vida é construída
individualmente, por cada pessoa, com base em suas relações sociais, culturais, de julgamento de valor, de
personalidade, entre outras, que não permitem qualquer generalização.
Portanto a intenção desse capítulo foi deixar explícito sob qual paradigma a
qualidade de vida relacionada à saúde, é amparada na Saúde Coletiva e na Promoção da
Saúde, uma vez que ela passou a ser discutida nas Ciências da Saúde a partir dessas áreas.
8 Referimo-nos a René Descartes (1596 – 1650) – filósofo considerado fundador da filosofia moderna
(DAMASIO, 1996).
17
A qualidade de vida deve ser amparada por uma visão complexa que ultrapassa o
âmbito do corpo e transcende para o homem, observado como um todo diante dos
fenômenos da vida. Esta visão se dá através de uma abordagem sistêmica que se constitui
por meio de inter-relações e interdependência dos fenômenos físicos, psicológicos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
Nessa direção, discutir a qualidade de vida a partir de outra perspectiva da saúde,
como a das relações causais, seria incoerente, uma vez que as reflexões sobre conceituações
e definições do constructo e as discussões sobre os fatores que compõem o constructo
qualidade de vida partem do alicerce paradigmático em que a Saúde Coletiva e a Promoção
da Saúde estão amparadas, ou seja, o paradigma sistêmico.
2.2. O percurso histórico da Educação Física e Qualidade de Vida relacionada à Saúde
Assim como em muitas áreas, os profissionais da Educação Física também têm
interesse pelas discussões e reflexões sobre a qualidade de vida. É no percurso histórico da
área, como campo de conhecimento, que foram buscadas a relação entre Educação Física e
qualidade de vida.
Embora seja sabido que existem características que marcam a história da Educação
Física brasileira, este trabalho será concentrado em sua relação com a Saúde.
A Educação Física surgiu no Brasil em meados do século XIX, por meio de médicos
higienistas que a consideravam um meio de promover a saúde física e mental e de
reconstituir a raça e a moral da população brasileira (SOARES, 2001).
A concepção higienista desses médicos surgiu do Movimento Higienista Europeu.
Esse movimento fez parte das propostas de reforma social de países como França,
Inglaterra e Alemanha, que apresentavam crescimento econômico e industrial no século
XVIII, porém tinham suas populações cada vez mais pobres, exploradas com mão-de-obra
e acometidas por doenças (BOARINI e YAMAMOTO, 2004; GÓIS JUNIOR, 2000).
O descaso dos governantes europeus para com a saúde da população fez com que o
discurso higienista convencesse seus representantes sobre a necessidade de intervenção
médica para o controle e cura de doenças. Além disso, como essas nações capitalistas
18
necessitavam do processo industrial para enriquecer, observou-se que era preciso manter os
trabalhadores sadios para que o crescimento econômico fosse estabelecido. Assim, no
movimento higienista, os cuidados com o corpo, com base na fisiologia, eram trabalhados
pelos médicos por meio educacional, visando a informar a população sobre os bons hábitos
de vida que auxiliariam no controle de epidemias e garantiriam uma mão-de-obra
suficientemente saudável (GÓIS JÚNIOR, 2000).
A partir da iniciativa européia de caráter higienista, higienistas brasileiros
perceberam a necessidade de intervir sobre sua população, mais especificamente sobre seu
corpo, pois o país cada vez mais era contaminado por doenças e surtos epidêmicos oriundos
do crescimento industrial e da urbanização desorganizada e insalubre (GHIRALDELLI
JUNIOR, 1992).
Durante a segunda metade do século XIX, com o apoio do Estado, as ações médicas
tiveram suas estratégias higiênicas de intervenção iniciadas com as famílias de elite. Dentre
as estratégias de educação corporal, a Educação Física representada pela ginástica é
orientada como uma prática higiênica (SOARES, 2001).
Durante a segunda metade do século XIX, com o apoio do Estado, as ações médicas
tiveram suas estratégias higiênicas de intervenção iniciadas com as famílias de elite. Dentre
as estratégias de educação corporal, a Educação Física representada pela ginástica é
orientada como uma prática higiênica (SOARES, 2001).
Nesse período, a prática de ginástica era orientada pelos médicos de acordo com o
estado civil e a idade do indivíduo e tinha como objetivo orientar sobre hábitos saudáveis e
morais. Aos homens casados, por exemplo, eram recomendados exercícios regulares para
manter condutas amorosas com esposa e filhos. Já para os rapazes, a ginástica era prescrita
com o intuito de controlar impulsos sexuais e, para a maturidade, eram passados exercícios
moderados a fim de contribuir para o controle dos declínios fisiológicos. Além disso, para
as crianças, engatinhar e andar faziam parte das prescrições médicas para o bom
desenvolvimento biológico, muscular e orgânico (PAIVA, 2004).
Outro ambiente considerado propício para intervenção médica higiênica era a
escola. Rui Barbosa, representante da elite dirigente, defendeu a Educação, a Saúde e o ser
saudável. Como meio de transformar o país e revigorar a população, o intelectual
19
acreditava que a escola era um espaço adequado para que crianças pudessem aprender
sobre hábitos saudáveis e de higiene (SOARES, 2001).
No final do século XIX, a instituição da Primeira República representou um novo
estímulo à economia do Brasil com o nascimento do capitalismo no país. Porém as
condições de trabalho e de vida conseqüentes dessa transição contribuíram para o aumento
da miséria e das doenças entre a população.
Diante dessas condições, o foco intervencionista desse período direcionou as ações
dos médicos higienistas para o meio ambiente, que passou a ser diretamente relacionado à
saúde, a fim de garantir uma população forte. Nesse olhar, o discurso médico sobre
Educação Física tem como referência uma visão funcional para o crescimento do país, que
segundo SOARES (2001, p. 101 e 102): “[...] é atribuída à Educação Física na construção
da ordem imposta pelo capital, uma vez que os corpos ágeis passavam a ser uma
necessidade”.
A contaminação nos portos e a proliferação de doenças nos estados trouxeram aos
profissionais que aplicavam o exercício físico o compromisso de estabelecer medidas
preventivas, direcionando esse tipo de prática ao perfil de morbimortalidade (CARVALHO,
Y., 1995). Praticar exercícios físicos, então, seria necessário para a diminuição de mortes
prematuras, para o controle de doenças, assim como para o fortalecimento da população
que edificaria o Brasil.
No início do século XX, a economia brasileira encontrava-se fracassada, embora
tenha sido promissora no início da República, no final do século XIX. Diante desse fato, as
explicações para tal fracasso foram apoiadas na formação racial brasileira, pois o país era
constituído por indivíduos de raças consideradas inferiores e incapazes de trabalhar. A
existência de escravos africanos, que nesse período tornavam-se cidadãos da sociedade,
ainda que discriminados, foi o principal fator para a constituição dessa visão de
inferioridade racial atribuída ao país (GÓIS JÚNIOR, 2000).
Com base nesse pensamento, Fernando de Azevedo9, ao defender os princípios
lamarkistas10, primara pelo aprimoramento racial brasileiro. O intelectual afirmou que boas
9 Fernando de Azevedo (1894 – 1974) - professor, educador, crítico, ensaísta, sociólogo e contribuidor das
discussões da área educacional e da Educação Física.
20
bases sociais, boas condições de vida e as modificações orgânicas promovidas pelos
estímulos de hábitos saudáveis poderiam ser transmitidas geneticamente para futuras
gerações, compondo, assim, uma sociedade com características próprias (GÓIS JUNIOR e
LOVISOLO, 2005; SOARES, 2001).
Sob influências lamarkistas, o objetivo da Educação Física era preconizar o aumento
das forças físicas e morais para a prevenção de doenças que poderiam ser causadas pelo
ambiente (CASTELLANI FILHO, 1988; SOARES, 2001).
Tendo como base a Educação e a Saúde, Fernando Azevedo acreditou que a
intervenção educacional sobre a higiene poderia mudar o futuro do país. Para ele, a
Educação Física como intervenção higiênica contribuiria para o emprego de hábitos
saudáveis e para a melhora no desempenho de trabalho (GÓIS JUNIOR, 2000).
No final da década de 1930, a organização e controle dos servis do capitalismo
diminuiu a necessidade das práticas sanitárias excessivas no âmbito escolar e na sociedade,
abrindo espaço para as práticas médicas individualizadas (CARVALHO, Y., 1995).
Nesse período, a Educação Física é marcada como o início da sua
profissionalização. Por conta dos Congressos Brasileiros de Hygiene, ocorridos na década
de 1920, foram evidenciadas as discussões sobre a necessidade da Educação Física na
escola, enfatizando os exercícios físicos como necessários ao desenvolvimento físico e
moral das crianças. Assim, em concordância com médicos e pedagogos, o exercício físico
passou a ser prescrito por médicos, porém foram os professores que intervieram junto às
crianças.
Embora a prática sanitária enfatizada pelos higienistas tenha sido cessada, os
profissionais da Educação Física mantiveram as discussões sobre a relação entre atividade
física e saúde. Foi possível verificar que muitos documentos marcaram discussões dessa
relação ainda na segunda metade do século XX. Dentre eles, pode-se observar o Manifesto
Mundial do Esporte (1964); as Recomendações sobre a Educação Física e Esportes aos
Estados membros da Unesco (1976); a Carta Internacional de Educação Física e Esporte
(1978); além de diretrizes e bases do artigo 5º, inciso I, da Lei brasileira, bem como a
10 O termo lamarkismo vem da concepção do cientista Jean-Baptiste Lamarck – inventor da palavra biologia.
Lamarck acreditava que os animais poderiam mudar suas características sob influência ambiental e transmitir
essas mudanças aos seus descendentes (CAPRA, 1992).
21
implementação de laboratórios de pesquisa sobre aptidão física em cidades do Sul e
Sudeste do Brasil (CARVALHO, Y., 1995).
A revitalização do enfoque biológico como essência da Educação Física ressurgiu
em meados da década de 1980, a partir dos avanços do conhecimento biológico sobre a
prática de atividades físicas e saúde, em paralelo às novas formas de vida urbana e ao
sedentarismo (BRACHT, 1999). De forma bastante crítica, o autor considerou esse
momento como uma renovação da visão biológica na Educação Física, pautada na
Educação em Saúde, com base nas considerações pressupostas de promoção da saúde.
Embora tenha sido chamada de promoção da saúde11 por BRACHT (1999), a
Educação Física passou a ser vista como um meio de medicalização da sociedade, sejam
elas cardiovasculares, sejam metabólicas, entre outras. Os profissionais da área passaram a
discursar a prática de atividades físicas como remediadora de todos os males
(CARVALHO, Y., 1995).
Com os ideais da promoção da saúde, as discussões sobre as intervenções de
diferentes áreas e seus efeitos sobre a saúde passaram a enaltecer o discurso da qualidade
de vida, tendo a saúde como sinônimo ou como objetivo.
Para a Educação Física, esse olhar sobre a saúde não foi diferente. Com a
reorganização da Saúde Pública na década de 1970, foram oportunizadas discussões sobre
questões políticas e de serviços de Saúde. CARVALHO, Y. (1995) destacou que, em 1986,
foi desenvolvido o Programa Nacional de Educação Física e Saúde através do Exercício
Físico e do Esporte, pela Secretaria de Educação Física e Desportos e do Ministério da
Saúde. Dentre alguns dos vários objetivos do programa, encontra-se a melhora da qualidade
de vida dos praticantes, assim como a disseminação da importante relação entre o exercício
físico e a saúde.
Apesar de desenvolvidos há vinte anos, esses objetivos são reforçados ainda hoje,
tanto pelas pesquisas científicas da área, quanto pelo senso comum, além de instituições
que prestam serviços pertinentes à Educação Física.
A direção dos estudos e pesquisas em Educação Física/Atividade Física tem partido
de determinadas doenças como as neuromusculares, incapacidades cardíacas, insuficiência
11 Referimo-nos aqui ao conceito de promoção da saúde estabelecido pelo Informe Lalonde em 1974,
conforme discutido no primeiro capítulo.
22
renal, câncer de mama e de cólon, obesidade, doenças relacionadas ao tecido ósseo como
osteoporose e artrite, climatério e doenças associadas, bem como quadros depressivos.
Além disso, os estudos apontaram para a relação entre Educação Física e qualidade de vida
através da prática de atividades físicas e adoção de hábitos saudáveis, além das possíveis
intervenções no processo de envelhecimento (ACSM, 1998; CYARTO, et al, 2004;
DISHMAN, 2003; GALLAGHER, et al, 2001; GUIMARÃES e CALDAS, 2006;
HENDERSON e AINSWORTH, 2000; KARVONEN, 1996; KHAW, 1997;
KIRSHBAUM, 2007; LEE, 1995; LIEBMAN, 2005; McDONALD, 2002; MELTON,
1997; MIILUNPALO, 2001; PAINTER, 2005; SPECK, 2002; SHEPHARD, 1995;
TAYLOR, et al, 2004; VENTURA-CLAPIER, et al, 2007; VISORSKY, 2006; VUORI,
1995, 1998).
Esse discurso atualmente é reforçado pelos órgãos regionais e federais de Educação
Física do Brasil, como CREF e CONFEF, através dos slogans em seus endereços
eletrônicos e revistas de divulgação que defendem uma perspectiva remediadora de doenças
e o caminho para a felicidade, bem-estar e qualidade de vida por meio da prática
sistemática de atividades físicas.
Canais das redes aberta e a cabo também generalizam a Educação Física sobre o
mesmo prisma biológico, seja nas propagandas, seja nos programas que oferecem dicas
sobre estilos de vida, séries e repetições de exercícios físicos, seja nos programas que
indicam a prática de atividades físicas como um hábito saudável e como meio de adquirir
saúde e qualidade de vida.
Seria possível ocupar aqui diversas páginas da dissertação com propagandas,
programas e produções científicas que atualmente fazem da Educação Física e de suas
práticas uma referência para a remediação de doenças, aquisição de saúde e qualidade de
vida. No entanto consideramos que o conteúdo desenvolvido no presente parágrafo foi
suficiente para apresentar o percurso da Educação Física relacionado à saúde.
Em que medidas as práticas relativas à Educação Física podem alicerçar uma vida
com mais qualidade?
Esse questionamento nos direciona para uma discussão mais profunda sobre duas
vertentes da saúde nas quais a Educação Física se insere: a prevenção e a promoção, que
serão discutidas no próximo capítulo.
23
2.3. A Educação Física e as abordagens de Prevenção e Promoção da Saúde
Neste momento do estudo, busca-se compreender as vertentes da saúde que são
discutidas e defendidas na Educação Física e o paradigma da prevenção e da promoção da
saúde.
De acordo com os apontamentos preliminares sobre o percurso da Educação Física
relacionado à saúde, pode-se considerar que um movimento sanitarista e de eugenia fizeram
parte do discurso dos profissionais que defenderam a Educação Física, conforme afirmou
Soares (2001, pág. 135):
Assim, a Educação Física, idealizada e realizada pelos médicos
higienistas, teve por base as ciências biológicas, a moral burguesa e
integrou-se de modo orgânico o conjunto de procedimentos disciplinares
dos corpos e das mentes, necessário à consecução da nova ordem
capitalista em formação. Acentuou de forma decisiva o traçado de uma
nova figura para o trabalhador adequado a essa nova ordem: um
trabalhador mais produtivo, disciplinado, moralizado e, sobretudo,
fisicamente ágil.
Essas intervenções médicas eram baseadas numa visão positivista de ciência, e,
além de ser parte das recomendações higiênicas, a Educação Física foi discursada como
remediadora de doenças estabelecendo relações de causa e efeito.
No que se refere especificamente à relação atividade física como saúde,
certamente tem validade a idéia de que a atividade física propicia a saúde
e remedia a doença. Todavia há que se ter claro, mais uma vez, que os
estudos comprobatórios confirmadores dessa hipótese se fundamentam
em pressupostos epistemológicos restritos, no que concerne à
possibilidade de ampliação do objeto, mesmo considerados os critérios
de cientificidade, de rigor acadêmico supostamente inquestionáveis
(CARVALHO, Y., 1995, pág. 38).
24
Ainda nos dias de hoje, essa visão causal está presente em muitos discursos
científicos da área, assim como no senso comum. De acordo com essa visão, a aptidão
poderá beneficiar a saúde e, conseqüentemente, a qualidade de vida da população
(BAGRICHEVSKY e ESTEVÃO, 2005; DEVIDE, 1996).
Bagrichevsky e Estevão (2005) destacaram a corrente publicação de artigos na
temática da saúde e atividades físicas na base de dados Medline, entre os anos 1990 e 2005.
Os artigos sobre essa temática cada vez mais estão respaldados sobre uma visão biológica e
têm estabelecido as mesmas relações sem qualquer avanço investigativo, o que pode
representar a falta de consolidação dessas relações, além de imaturidade científica para a
formação de uma nova investigação.
Numa outra consulta por nós realizada na mesma base de dados, pode-se observar a
quantidade de artigos científicos sobre a temática da Educação Física/ programas de
atividades e exercícios físicos e qualidade de vida. De acordo com essa busca, foram
encontrados artigos sobre a temática entre os anos de 1978 e 2006, o que corresponde ao
total de 256 pesquisas.
Dentre as pesquisas encontradas, verificou-se que, das 256 produções, 219
estabeleceram relações lineares e 37 estabeleceram relações não-lineares. Além disso, 248
foram desenvolvidas a partir de métodos quantitativos e oito a partir de métodos
qualitativos. As relações lineares estabelecidas nos artigos correspondem às relações de
causa e efeito da prática de atividades físicas e a melhora na qualidade de vida dos
participantes das pesquisas. Em sua maioria, esses estudos foram desenvolvidos a partir de
abordagens metodológicas quantitativas, por meio de aplicação de instrumentos que
avaliam a qualidade de vida, através de pesquisas experimentais ou descritivas. As relações
não-lineares estabelecidas em alguns dos artigos observados correspondem à interpretação
mais ampla dos autores de que a prática de atividades físicas apenas não pode afirmar o
incremento positivo sobre os níveis de qualidade de vida dos participantes dos estudos.
Além disso, alguns desses estudos optaram por uma metodologia qualitativa para
concretizar a investigação dessa temática, utilizando entrevistas semi-estruturadas.
Esses dados observados representam o discurso de muitos profissionais de Educação
Física e de outras áreas que possuem interesse em estudar as questões relativas à Educação
Física, que estão calcados numa visão biomédica de saúde. Da mesma forma, as abordagens
25
metodológicas observadas nessas pesquisas se baseiam numa idéia de que tudo o que é
científico deve ser comprovado e, portanto, utilizam instrumentos validados cientificamente
para avaliar a qualidade de vida, porém não levam em consideração as características
peculiares a cada sujeito, generalizando, por exemplo, valores e sensações pertencentes a
cada integrante de cada pesquisa.
Em relação à prevenção de doenças, as estratégias da Educação Física pautam-se na
promoção da saúde sob o enfoque do comportamento saudável. Pode-se observar que na
história da Educação Física no Brasil, além das abordagens de causalidade sobre a saúde, a
área utilizou, e tem utilizado até hoje, estratégias de disseminação de informações e práticas
consideradas saudáveis.
Não é recente que pesquisas científicas produzidas em laboratórios destinados a
desenvolver tal tarefa têm discursado a partir desse prisma, como é o caso do Centro de
Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS. Com
objetivo de estimular um estilo de vida ativo da população, o laboratório transmite a
importância da prática de atividades físicas regulares, da alimentação saudável, além de
como evitar estresse, fadiga, ter boa qualidade de sono e hábitos preventivos sobre
doenças12 (MATSUDO, V. 2006).
Esse laboratório tem representado um grupo de pesquisadores do Brasil em
conferências e congressos mundiais sobre a saúde, além de suas pesquisas serem utilizadas
como referencial teórico para novos estudos da área.
Outro laboratório que trabalha nessa mesma perspectiva é o Laboratório de
Atividade Física e Promoção da Saúde, o LABSAU, criado pelo Instituto de Educação
Física e Desporto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. A partir de informações
obtidas no sítio do laboratório, observou-se que os profissionais envolvidos têm como
objetivo discutir as prescrições de atividades físicas visando à saúde, a fim de compreender
as metodologias utilizadas durante as intervenções para mudança de comportamento e
adoção de hábitos saudáveis.
12 De acordo com informações obtidas pelo sítio desse centro de estudos, os profissionais que atuam nesse
laboratório têm como estratégia de disseminação dessas informações a produção de mega eventos para a
sociedade em escolas, na mídia eletrônica, assim como pelo governo brasileiro.
26
O enfoque biomédico da saúde, que respalda muitos estudos da Educação Física e
Saúde, coloca elementos de suma importância em papéis secundários nesse processo, como
é o caso dos aspectos sócio-culturais e econômicos. Considerada um olhar distorcido da
realidade, a relação entre Educação Física e saúde por meio de abordagens de causa e efeito
e adoção de comportamentos saudáveis não leva em conta aspectos essenciais para a vida
humana, como os aspectos de renda, desemprego, condições sanitárias, moradia,
alimentação, grau de escolaridade, tempo livre, acesso à Saúde e à Educação, que
representam a integralidade da condição humana (BAGRICHEVSKY E ESTEVÃO, 2005).
Nas discussões sobre promoção da saúde, foi possível verificar no Capítulo 1 que
seu conceito estabelece o ser humano como capaz de atuar sobre a saúde e a qualidade de
vida. No entanto, ao observar as propostas dos direcionamentos dados pelos grupos,
laboratórios e pesquisadores que relacionam a Educação Física com a saúde abordada de
forma preventiva, surge um questionamento: será que propostas, consideradas educativas,
que priorizam informar a população a respeito da adoção de hábitos saudáveis, poderiam,
de fato, contribuir para a melhoria dos níveis de qualidade de vida dos indivíduos?
Bagrichevsky e Estevão (2005) destacaram o progressivo, embora lento,
amadurecimento da Educação Física em relação à saúde:
[...]. Entendemos que para poder se reconhecer, efetivamente, como área
“promotora da saúde”, a Educação Física precisa incorporar a mudança
do próprio conceito de saúde, ressaltando, antes de tudo, as inter-relações
com a eqüidade social, postura que, de forma alguma, a fará perder sua
especificidade e legitimidade frente às questões do movimento humano
[...] (p. 72).
É possível verificar que alguns setores da Educação Física têm se preocupado com
questões que vão além da prática mecânica e repetitiva de atividades físicas. Alguns grupos
de estudos e programas de intervenção da área têm trabalhado de forma a incorporar a
promoção da saúde na Educação Física.
O Projeto Sênior para a Vida Ativa, da Universidade São Judas Tadeu, é um
programa de Educação Física destinado a idosos que vai ao encontro do ideário da
promoção da saúde. De caráter educacional, o projeto tem como objetivo disseminar
27
informações e ações que estimulem a autonomia do indivíduo frente ao auto-cuidado para
uma velhice bem sucedida. A partir de sua realidade, os alunos são levados a refletir sobre
os sistemas do corpo no processo de envelhecimento e de que forma a prática de atividades
físicas pode colaborar com as adaptações desses sistemas. Durante a prática das atividades,
é objetivo do projeto desenvolver tarefas tipo solução de problemas frente a situações
concretas sobre o que impediria, ou não, a manutenção de hábitos saudáveis (MIRANDA e
VELARDI, 2002). Esse programa foi idealizado a partir do extinto Projeto Autonomia para
a Atividade Física - PAAF, da Universidade de São Paulo (OKUMA, 2002).
Em relação a grupos de estudos comprometidos com a discussão da Educação Física
como meio de promover a saúde, é possível apresentar o Grupo de Estudos e Pesquisa
Sênior – GREPES. Esse grupo de estudos tem como objetivo discutir e compreender a
viabilidade que a Educação Física pode oferecer para promover a saúde de idosos. O
GREPES foi criado para dar subsídios teóricos para a intervenção do Projeto Sênior para a
Vida Ativa (GEREZ, 2006). Vale citar que, em 2005, no II Colóquio em Educação Física
para Idosos, o Prof. Doutor Paulo de Tarso Veras Farinatti afirmou que o Projeto Sênior
para a Vida Ativa é, provavelmente, um dos únicos projetos que conseguem levar a cabo as
bases teóricas da Promoção da Saúde.
É possível destacar, também, o Grupo de Trabalho Temático (GTT) sobre Atividade
Física e Saúde desenvolvido pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Observou-se
no sítio da entidade que esse grupo tem como objetivo discutir as possibilidades e
intervenções em saúde a partir de diferentes campos de conhecimentos, sendo um deles a
Saúde Coletiva. Além desse grupo, foi encontrada no sítio do Centro Esportivo Virtual uma
lista de discussão sobre Educação Física e Saúde Coletiva.
Esses profissionais da Educação Física têm desenvolvido pesquisas e textos
científicos que abordam a Educação Física e atividade física relacionada à saúde,
sobretudo, pelo seu amplo conceito que ultrapassa das dimensões físicas do homem,
evidenciando a necessidade de inter-relação com as discussões sobre as dimensões sociais.
Com isso, esses profissionais representam a área sobre as abordagens de Saúde Coletiva.
As abordagens de prevenção e promoção da saúde na Educação Física, com certeza,
têm contribuído para o crescimento da área como campo de conhecimento. Os profissionais
da Educação Física que pactuam com a visão preventiva de saúde, na verdade, colaboram
28
com a divulgação dos efeitos benéficos ou maléficos da prática sistemática de atividades
físicas, em relação a determinadas doenças e acometimentos. Já os profissionais da área que
empenham seus esforços sobre a relação da prática de atividades físicas e saúde a partir da
perspectiva da promoção da saúde contribuem com a Educação Física sobre as dimensões
sociais da saúde na tentativa de compreender o homem em constante relação com os
determinantes de saúde e doença.
No entanto os profissionais que discutem a Educação Física pela prevenção da
doença tendem a afirmar que a prática de atividades físicas possibilita a melhoria da saúde
e qualidade de vida de seus praticantes. Visões como essa podem impactar no discurso da
Educação Física, no fortalecimento da saúde como ausência de doenças, assim como
proliferar para os campos de atuação da área.
Porém uma visão mais ampla de saúde pode auxiliar os profissionais
comprometidos com as discussões da área a compreender as relações eminentemente
humanas da saúde, indissociáveis do corpo físico, que descrevem o homem como sujeito de
uma vida complexa.
Embora atualmente haja visões pautadas em diferentes paradigmas na Educação
Física em relação à saúde e qualidade de vida, o excesso de crédito sobre os benefícios
biológicos promovidos pela prática de atividades físicas, ora por ausência de conhecimento
profissional, ora por obstáculos dos sistemas vigentes, parece adiar a visão amadurecida
que os profissionais da Educação Física podem adquirir sobre a saúde, a partir de uma
perspectiva sistêmica, condizente com as propostas da Saúde Coletiva e Promoção da
Saúde.
2.4. Programas de Pós-Graduação em Educação Física no Brasil
Os programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física no Brasil
começaram a surgir do ano de 1977 (AMADIO, 2007). Esse fato se deu na medida em que
foi percebida a necessidade de capacitar profissionais para a atuação no Ensino Superior na
formação de novos profissionais da área que, por sua vez, têm como compromisso aplicar e
conduzir o conhecimento adquirido no curso de graduação (KOKUBUN, 2006). O autor
29
ainda afirma que os programas de pós-graduação, além de estabelecerem relações com a
produção de pesquisa acerca do conhecimento da Educação Física, também podem
proporcionar benefícios à sociedade, a partir do aumento de tecnologia.
Diante da coerência entre as produções científicas e os campos de orientação dos
coordenadores de cada grupo de estudo, é possível construir uma ou mais linhas de
pesquisa.
Assim, essas linhas serão inseridas em uma determinada área de concentração, ou
então numa grande área de concentração que possa abarcar todas as linhas de pesquisa
desenvolvidas, o que institui um programa de pós-graduação.
A instituição de um programa de pós-graduação, não só em Educação Física, deve
oferecer uma estrutura bem organizada que assegure a efetivação dos objetivos
estabelecidos para uma pós-graduação.
Para tanto, a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior –
CAPES é o órgão nacional responsável pela garantia da qualidade desses programas em
capacitação profissional e produção de pesquisas para o desenvolvimento do Brasil. Dentre
as atividades que a CAPES realiza, é possível destacar a avaliação dos programas de pós-
graduação para garantir a excelência dos profissionais que atuam no Ensino Superior e no
desenvolvimento de pesquisas (CAPES, 2008).
Como existem diversos programas de pós-graduação em diferentes áreas de
conhecimento, a CAPES estabeleceu grupos divididos e concentrados em grandes áreas da
ciência. Nessa divisão, a Educação Física foi alocada na Área 21, que representa a área das
Ciências da Saúde, juntamente com a Fonoaudiologia, a Terapia Ocupacional e a
Fisioterapia.
Bracht (2006) acredita que a justificativa de alocação da Educação Física na Área
21 se deu pelo fato de a Educação Física ter sido constituída a partir do campo médico e
fortalecida pela intervenção profissional, ainda hoje calcada na Medicina.
Uma área é representada por um profissional de uma das áreas de conhecimento
nela abarcada. Atualmente13, a Área 21 é representada pelo Prof. Doutor Dirceu Costa e seu
coordenador adjunto é o Prof. Doutor Juarez Vieira do Nascimento. Esses profissionais são
13 A cada triênio, é escolhido um novo representante de área.
30
escolhidos a partir de sua representatividade em sua área de atuação, como competentes
produtores científicos na atuação em programas de pós-graduação (CAPES, 2008).
Os representantes e coordenadores de cada área têm como principal função
controlar e atestar a excelência de cada programa e, de acordo com avaliações e resultados
dos programas por eles coordenados, a CAPES passa a recomendá-los à sociedade
(CAPES, 2008).
As tabelas abaixo foram construídas com base no primeiro ano em que a CAPES
passou a recomendar programas de Pós-Graduação em Educação Física no Brasil, em 1983
(AMADIO, 1999). Como já se passaram 30 anos do início da Pós-Graduação no Brasil, é
coerente que sejam apresentados todos os programas que já foram recomendados pela
CAPES, representando um total de 22 programas. Atualmente, são recomendados 20
programas.
Na grande área das Ciências da Saúde (Área 21) da CAPES, é possível verificar que
seis tipos de programas referem-se à Educação Física, como pode-se observar no quadro 1:
Quadro 1 – Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física que já
foram recomendados pela CAPES14 e que são atualmente recomendados
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
QUANTIDADE
Ciência da Motricidade Humana 01
Ciências da Atividade Física 01
Ciências da Motricidade 01
Ciências da Reabilitação 01
Ciências do Movimento Humano 02
Educação Física 16
Os programas de Pós-graduação em Educação Física recomendados pela CAPES
são um total de 22 programas. Segue, no quadro 2, a relação das unidades federativas e as
instituições correspondentes a cada programa:
14 A verificação dos programas de Pós-Graduação em Educação Física recomendados pela CAPES foi
realizada em 2007 e 2008.
31
Quadro 2 – Unidades Federativas e Instituições correspondentes aos programas de
Pós-graduação Stricto Sensu em Educação Física recomendados pela CAPES
UNIDADE FEDERATIVA INSTITUIÇÕES
São Paulo Universidade de São Paulo, Universidade
de Campinas, Universidade São Judas
Tadeu, Universidade Cruzeiro do Sul,
Universidade Metodista de Piracicaba e
Universidade do Estado de São Paulo/ Rio
Claro
Rio de Janeiro Universidade Salgado de Oliveira,
Universidade Gama Filho e Universidade
Castelo Branco15
Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais e
Universidade Federal de Viçosa/ Juiz de
Fora
Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Universidade Federal de Pelotas e
Universidade Federal de Santa Maria16
Santa Catarina Universidade do Estado de Santa Catarina
e Universidade Federal de Santa Catarina
Paraná Universidade Federal do Paraná e
Universidade Estadual de Londrina
Distrito Federal Universidade Católica de Brasília e
Universidade de Brasília
Espírito Santo Universidade Federal do Espírito Santo
Pernambuco Universidade de Pernambuco/ e Paraíba17
15 Em maio de 2007, o programa de Pós-graduação em Ciência da Motricidade Humana da Universidade
Castelo Branco foi descredenciado pela CAPES. 16 O programa de Pós-graduação em Ciência do Movimento Humano da Universidade Federal de Santa Maria
atualmente não é reconhecido pela CAPES.
32
3. MÉTODO 3.1. Cenário
Compõem o cenário desta pesquisa as dissertações de mestrado e teses de doutorado
oriundas dos programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física no Brasil
recomendados pela CAPES, entre os anos de 1977 e 2006.
A determinação do período analisado corresponde ao início das atividades de alguns
programas de Pós-Graduação em Educação Física até o ano de 2006, que representa o ano
de início do desenvolvimento dessa pesquisa.
Levando em consideração que o primeiro programa de Pós-Graduação em Educação
Física no Brasil teve início na década de 1970, as dissertações e teses defendidas nos
diversos programas recomendados atualmente pela CAPES acumulam aproximadamente 30
anos de produção. Muitas dessas produções trazem constantemente determinados assuntos
em seu bojo, seja como objetivo de pesquisa ou não, como é o caso da qualidade de vida.
Diante desse fato, a presente pesquisa é denominada estado da arte, pois, segundo
Ferreira (2002), esse tipo de pesquisa tem por objetivo conhecer e discutir as produções de
determinadas temáticas que vêm sendo construídas há algum tempo, a fim de buscar o que
ainda não foi feito. No caso da qualidade de vida, o constructo têm sido conceituado e
apresentado em dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidas nos programas de
Pós-Graduação em Educação Física no Brasil.
Pesquisas estado da arte normalmente são desenvolvidas por profissionais das
ciências humanas como Educação, Psicologia, Sociologia e Lingüística. No entanto
também é possível encontrarem-se estudos dessa natureza em áreas das ciências exatas,
como Engenharia, e em áreas das ciências biológicas, como a Educação Física.
Na Educação Física é possível observar o estudo de Votre (2003) que realizou uma
pesquisa estado da arte sobre estudos do discurso, conteúdo e significado produzidos na
Educação Física. O autor apontou que os estudos com base no viés social e antropológico
começaram a ser desenvolvidos na Educação Física após o surgimento da semiótica
17 O programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade de Pernambuco foi recomendado pela
CAPES a partir do ano de 2008.
33
brasileira. Esses estudos de natureza qualitativa apresentam como essência descrever e
analisar representações e práticas de indivíduos sem se preocupar com a quantificação e
explicação de fatos.
Num estudo proposto por Santos e Ferreira Neto (2003), os autores tiveram como
objetivo realizar o estado da arte sobre avaliação na Educação Física escolar a partir de
períodos da área entre os anos de 1930 até 2000. Os autores encontraram uma lacuna em
relação aos meios de avaliação nas aulas de Educação Física escolar provavelmente
estabelecidas pelos métodos e objetivos de avaliar as aulas e os escolares.
Considerando que as fontes de dados serão as dissertações e teses produzidas nos
cursos de mestrado e de doutorado dos programas de Pós-Graduação em Educação Física
reconhecidos pela CAPES, a presente pesquisa se constitui como documental, uma vez que
pretende analisar produções científicas que ainda não receberam um tratamento analítico
com vista à determinada interpretação (LAVILLE e DIONE, 1999).
Para se chegar ao objetivo de verificar os sentidos e significados do constructo
qualidade de vida apresentado pela Pós-Graduação em Educação Física no Brasil, é
necessário verificar o discurso que cada dissertação de mestrado e tese de doutorado
apresenta. Para tanto, recorreu-se a Bakhtin18, uma vez que o filósofo defendeu que os
signos são compostos por ideologias e que cada significado está relacionado a um signo,
que pode ser repensado por outras pessoas, recebendo outros sentidos.
[...] Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação ideológica (isto é:
se é verdadeiro, falso, correto, justificado, bom etc). O domínio do
ideológico coincide com o domínio dos signos: são mutuamente
correspondentes. Ali onde o signo se encontra, encontra-se também o
ideológico. Tudo que é ideológico possui um valor semiótico
(BAKHTIN, 2004, p. 32, grifos do autor).
18 Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975) foi um filósofo da linguagem. É influente na área de Crítica
Literária, Análise do Discurso, Semiótica, entre outras. Seu trabalho enfatiza a idéia de que o texto (escrito ou
falado) não pode ser compreendido sem relacioná-lo aos fatores contextuais, momentos históricos, bem como
à relação entre ouvinte e locutor (FREITAS, 1995).
34
Nesse valor semiótico, há um processo de interação social por trás dos signos
ideológicos, pois, uma vez que estes formam uma cadeia, todos os signos têm enraizados
outros signos emergidos de outros indivíduos (BAKHTIN, 2004).
A defesa de que as análises das produções científicas da Educação Física
possibilitam a efetivação do objetivo do estudo, partiu-se do princípio de que todo texto é
dado por alguém e deve ser analisado a partir do autor do texto e do contexto em que ele
está, dando sentido ao texto (BAKHTIN, 2000; BRAIT, 1997).
Em todo texto há a utilização de uma língua. Essa utilização é dada por meio de
enunciados que, por sua vez, são representados por gêneros discursivos como, por exemplo,
a unidade temática, a construção composicional e o estilo. Cada gênero representa uma
atividade humana, ou seja, heterogênea, específica e particular de cada indivíduo
(BAKHTIN, 2000). No entanto um gênero discursivo representa um enunciado na medida
em que ele é contextualizado.
Embora o gênero discursivo seja individual, a concepção de Bakhtin sobre o gênero
discursivo é considerada uma ampliação dos estudos de Vygotski19 sobre a origem e
natureza social do funcionamento do pensamento humano (WERSTCH e SMOLKA, 1994).
Portanto um gênero discursivo pode ser comparado a uma réplica, pois o discurso surge de
referenciais externos do indivíduo e estes são internamente reorganizados e ampliados.
O gênero discursivo, segundo Silva (2006), representa a ação do homem no espaço
social, orientado pelo contexto cultural, e os signos representam a história da temática em
questão, utilizando a própria linguagem na construção das produções textuais.
Referenciado em Schnewly, Dolz e col. (2004), Silva (2006) caracteriza os gêneros
discursivos como instrumentos semióticos20, pois estes fazem a mediação entre a
comunicação e o sujeito.
19 Lev Semionovitch Vygotski (1896-1937) foi professor e pesquisador. Em sua teoria, Vygotski afirma que a
interação social é fator primordial para o desenvolvimento da cognição, contribuindo para a formação da
consciência humana (BRUNER, 2003). 20 A considerada Semiótica Moderna foi fundada por Charles Sanders Peirce (1839-1914) – filósofo, cientista
e matemático americano. Criou o Pragmatismo – o significado de algo é dado por alguém através de sua
relação com o mundo. A semiótica pode ser considerada como os modos de linguagem que definem
significado e sentido (SANTAELLA, 1983; CENEP, [200?]).
35
O processo da linguagem apresenta um diálogo composto por enunciados e palavras
(FREITAS, 1995). O enunciado é considerado a comunicação discursiva do indivíduo,
representado pelo conteúdo de seu pensamento (BAKHTIN, 2000; FREITAS, 1995),
enquanto a palavra é considerada uma unidade da linguagem (FREITAS, 1995).
O enunciado pode ser um significado ou um sentido. Como significado, o enunciado
é lingüista. Como sentido, propõe a contextualização da ação, seja ela concreta ou abstrata.
A escrita corresponde ao significado que, ao desencadear uma sentença, trará a essa
composição um sentido. Isso acontece porque tal sentença é pertencente àquele que a
compôs e se forma de acordo com sua cultura e com o contexto por ele vivido (FREITAS,
1995).
Para ampliar e fortalecer esse olhar sobre um texto, é possível vincular a
consideração de Vygotski (1994) sobre o que vem a ser um conceito. Um conceito pode ser
considerado uma generalização dada por um indivíduo sobre algo a partir de atividades
intersubjetivas influenciadas por seu contexto histórico-cultural. Isso significa que as
funções psicológicas de um sujeito são desenvolvidas ao longo do tempo e mediadas pelo
processo social e cultural, criando símbolos.
Assim, todo conceito é construído socialmente com base nos símbolos culturais de
cada local. No entanto é necessário explicitar que um mesmo conceito pode apresentar
significados diferentes para pessoas diferentes. Isso ocorre porque há um processo de
mediação externa e interna. A mediação externa corresponde ao ambiente social, já a
mediação interna é responsável pela ação mental, psicológica. A modificação da atividade
externa em interna se dá pela internalização, isto é, quando um sujeito recebe informações
externas, por exemplo, um conceito, ele se apropria dessa informação e a transforma por
meio de símbolos psicológicos, desenvolvendo um novo conceito, não idêntico ao recebido
externamente, porém ampliado e que possui características que pertencem somente a esse
indivíduo (VYGOTSKI, 1994).
Na medida em que um texto é construído, este possui características específicas do
autor que o desenvolveu. Porém tal construção é dada a partir de conhecimentos de outros
indivíduos sobre determinado assunto utilizados pelo autor.
36
3.2. Procedimentos
Pesquisas estado da arte podem ser realizadas de duas formas: uma refere-se ao
mapeamento da produção científica por meio de quantificação e identificação de
determinado tema, organizado em anos, local e área de produção. A outra deve ser utilizada
caso o objetivo do trabalho esteja relacionado à possibilidade de inventariar as produções
de conhecimento, em que se analisam e discutem tendências, escolhas metodológicas e
teóricas, bem como sua ênfase na intenção de traçar um percurso de determinada área do
conhecimento. Neste caso, o objetivo não é apenas o mapeamento, mas a necessidade de se
fazerem perguntas como “o quê” e “como” ocorreu a pesquisa (FERREIRA, 2002).
Para esse estudo interessou-nos a segunda forma apresentada para realizar uma
pesquisa estado da arte. No entanto deve-se ressaltar que, nesta pesquisa, a busca será
limitada ao “o que” as dissertações de mestrado e as teses de doutorado da Educação Física
têm discursado sobre o constructo qualidade de vida. Além disso, como parte da
investigação, as dissertações e teses serão identificadas e quantificadas por ano de
desenvolvimento e por instituição, pois essas informações nos apresentarão o panorama da
utilização do constructo qualidade de vida nas produções científicas da Educação Física.
3.2.1. Procedimento de coleta e seleção das dissertações de mestrado e teses de doutorado
Diante do objetivo proposto no estudo, as dissertações de mestrado e teses de
doutorado dos programas de Pós-graduação em Educação Física, de acordo com quadro 2,
foram pesquisadas pela biblioteca virtual disponível no sítio de cada universidade.
No caso das universidades situadas na mesma cidade em que este estudo foi
realizado - cidade de São Paulo - as produções científicas foram pesquisadas nas bibliotecas
das instituições, nos arquivos de teses, assim como na biblioteca virtual disponível no sítio
de cada universidade.
Com as instituições localizadas fora do município de São Paulo, o meio de pesquisa
se deu pela biblioteca virtual disponível no sítio de cada instituição, assim como pela busca
na biblioteca Escola de Educação Física e Esporte da USP.
37
Antecedente ao início das buscas, foi enviada uma correspondência eletrônica a
todas as universidades que fizeram parte dessa seleção, solicitando informações sobre a
disponibilidade de acesso às dissertações e teses de seus programas de pós-graduação em
Educação Física, conforme Anexo 2. Após o envio da correspondência a 2121 instituições,
somente nove responderam às informações que foram solicitadas.
Algumas instituições informaram os títulos das produções, porém não havia meios
de acessá-las. Além disso, outras instituições não apresentaram o cadastro dos títulos das
produções desenvolvidas em seus programas de pós-graduação.
Entretanto os esforços foram grandes para acessar as produções que não estão
digitalizadas pelos sítios das instituições. Em algumas buscas por meio eletrônico, ocorreu
de não haver permissão para acessar a pesquisa ou somente a visualização do título do
estudo ser permitida pelo sítio da biblioteca. Nesses casos, verificou-se pelo Currículo
Lattes um meio de entrar em contato com o autor da produção. Foram enviados e-mails aos
autores, conforme Anexo 3, explicando o motivo do contato e solicitando um meio de
acessar o estudo. Assim, alguns deles retornaram gentilmente o contato e, na medida do
possível, enviaram suas produções, bem como informaram como elas poderiam ser
acessadas.
Diante de inúmeras produções científicas, foi necessário determinar como seriam
selecionadas as dissertações e teses a serem analisadas.
A seleção dessas produções se deu a partir da introdução22, por conta de sua
finalidade. Para Thomas e Nelson (2002), como parte das produções científicas, a
introdução tem em seu papel a importância de definir e nortear as ações a serem realizadas
na pesquisa em questão.
Como partes integrantes da introdução estão o problema e a problemática. O
problema tem como objetivo informar o que será pesquisado e a problemática representa o
contexto do problema (LAVILLE e DIONE, 1999).
21 Embora no quarto capítulo da Revisão de Literatura tenha sido explicitado que até hoje 22 programas de
Pós-Graduação em Educação Física já foram recomendados pela CAPES, enviamos a correspondência
somente para 21 instituições, pois o programa de Pós-Graduação em Educação Física de Pernambuco passou
a ser recomendado somente a partir do ano de 2008. 22 No caso das produções científicas que não apresentaram introdução, foram analisadas as apresentações.
38
A partir da problemática e do problema, é possível observar em qual paradigma se
insere cada autor de cada produção. Com isso, a introdução da dissertação de mestrado ou
da tese de doutorado pode ser analisada com o objetivo de identificar o gênero discursivo
apresentado pela produção.
Ao determinar que a seleção das dissertações e teses para análise se daria por meio
da introdução ou apresentação de cada estudo, adotou-se como critério de inclusão a
presença da expressão qualidade de vida na introdução ou apresentação de cada produção
científica.
Adotou-se como critério de exclusão as pesquisas que apresentavam a expressão
qualidade de vida na introdução, mas que foram desenvolvidas nas áreas de concentração
ou linhas de pesquisa que correspondem a áreas da Fisioterapia e Terapia Ocupacional
inseridas nos programas de Pós-graduação em Educação Física recomendados pela CAPES,
como é o caso do programa de Pós-Graduação em Reabilitação. Outro critério de exclusão
adotado refere-se às pesquisas que incluíam a expressão qualidade de vida na introdução,
porém não traziam nenhuma relação com o trabalho.
3.2.1.1. As produções científicas selecionadas
Diante dos critérios estabelecidos para a seleção das produções científicas, é
possível verificar no quadro 3, a quantidade de estudos selecionados, especificados pela
instituição à qual pertencem e a quantidade de dissertações e teses selecionadas para a
análise.
39
Quadro 3 – Quantidade de dissertações de mestrado e teses de doutorado
correspondentes a cada programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação
Física recomendado pela CAPES
INSTITUIÇÃO QUANTIDADE DE
DISSERTAÇÕES DE
MESTRADO
QUANTIDADE DE TESES
DE DOUTORADO
USP 02 -
UNICAMP 09 05
USJT 02 -
UNIMEP 03 -
UNICSUL - -
UNESP/RC 04 -
UNIVERSO - -
UGF - 02
UCB/RJ - -
UFMG - -
UFV/ Juiz de Fora - -
UFRGS 03 -
UFPEL - -
UFSM - 01
UDESC 03 -
UFSC 03 -
UFPR 03 -
UEL - -
UCB/DF 09 -
UNB - -
UFES - -
TOTAL 41 08
40
Além da quantidade de produções científicas selecionadas, pode-se observar no
quadro 4 os anos em que essas produções foram desenvolvidas.
Quadro 4 – Dissertações de mestrado e teses de doutorado distribuídas em produções
anuais
ANO QUANTIDADE
1999 02
2000 03
2001 01
2002 01
2003 08
2004 07
2005 12
2006 15
A partir do estabelecimento dos meios de seleção das dissertações de mestrado e
teses de doutorado já explicitadas no item 3.2.1 deste capítulo, observou-se que as
produções científicas que se enquadraram nos objetivos da pesquisa foram desenvolvidas
no período de oito anos (1999 a 2006).
Mais da metade das dissertações e teses selecionadas foi desenvolvida entre os
quatro últimos anos estabelecidos na coleta de documentos para a análise do presente
estudo. Essa questão pode se explicar pelo fato de que essas dissertações e teses
provavelmente foram produzidas em meios de rápida disponibilização eletrônica, o que
pode permitir maior acessibilidade a esses documentos.
É possível considerar que essas informações devem ser concebidas para despertar
uma discussão sobre a acessibilidade a esses materiais tão significativos para a
disseminação do conhecimento e as intervenções pertencentes à área da Educação Física.
41
3.2.2. Procedimentos de análise das dissertações de mestrado e teses de doutorado
O objetivo da presente pesquisa nos remete à reflexão a respeito das conceituações
dadas por cada autor das dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre o constructo
qualidade de vida. Para tanto, há que se considerar quais critérios serão utilizados para que
a leitura das enunciações dadas pelas dissertações e teses nos apontem os sentidos e
significados do constructo na Educação Física.
Existem diferenças que devem ser destacadas quanto ao que se pretende com
determinada leitura. Bakhtin (2000) aponta a crítica dialógica, na qual há diferenças entre o
texto estudado e o texto do estudo. O texto estudado torna-se um objeto, a ponto de ser
discutido por uma ou mais pessoas, de comum acordo, e o foco da discussão é somente o
assunto nele tratado. No texto do estudo, não só o conteúdo situado no texto, como também
a verificação do sujeito que o construiu, reavivam o discurso humano, representando um
sujeito, alguém que fala. No caso desta pesquisa, as dissertações de mestrado e teses de
doutorado serão analisadas como objeto.
Muitas pesquisas que têm como procedimento analisar o discurso oral ou textual
têm utilizado os pressupostos de Bakhtin para atingir seus objetivos. Comumente, aqueles
que se utilizam da teoria bakhtiniana de análise do discurso, buscam contextualizar tal
linguagem a partir do percurso sócio-histórico do assunto em análise, da mesma forma em
que buscam a contextualizaçäo do autor dessa linguagem. Isso acontece porque se parte do
princípio de que há uma relação entre o contexto social e o indivíduo, o que permite o
desenvolvimento de um discurso, um sentido sobre determinado assunto.
Em Bakhtin, é possível verificar a acepção vygotskiana de sentido e significado, na
qual o significado diz respeito à compreensão da palavra compartilhada por todas as
pessoas da mesma maneira, enquanto o sentido corresponde ao contexto de uso da palavra e
às vivências afetivas do indivíduo (BAKHTIN, 2004).
Para a compreensão do enunciado, Bakhtin (2000) propõe que o elemento subjetivo
do autor determine o gênero em que o enunciado é estruturado. Além disso, é necessário
escolher a esfera específica da temática e das enunciações de obras antecedentes ligadas ao
tema em questão. Para essa escolha, a subjetividade é o ponto-chave para a construção e o
42
desenvolvimento do novo gênero discursivo. A relativização que o autor propõe ao objeto
de estudo, mesmo inesgotável, tem a intenção de um acabamento em seu ambiente.
Nesse sentido, um enunciado é construído com base em outro enunciado. No
entanto, o que o caracteriza como relativo ao autor e único é a subjetividade de quem o
desenvolveu, apesar de utilizar outros enunciados e agregá-los à construção desse novo
enunciado.
A partir dos apontamentos bakhtinianos, o procedimento de análise do discurso se
dará consecutivamente da seguinte maneira:
1) A análise de cada produção será realizada com a leitura da Introdução, ou
Apresentação, já justificada no item 3.2.1 deste capítulo.
2) Após a leitura da Introdução, será identificado se o constructo qualidade de vida
apresenta-se no trabalho como problema, como problemática ou como objetivo do
estudo. Essa identificação corresponde à unidade temática, isto é, à forma como o
conteúdo foi abordado pelo autor na produção em análise (BAKHTIN, 2000).
3) Diante desses dados, faz-se necessário contextualizar a unidade temática encontrada
na produção. Segundo Bakhtin (2000), as contextualizações correspondem às
enunciações anteriores sobre o mesmo tema dadas por outros autores e pelo
histórico acadêmico e de pesquisa anteriores do autor da produção em análise:
3.1) Será observado nas referências bibliográficas da produção em quais
áreas da ciência encontram-se os referenciais teóricos utilizados pelo
autor para desenvolver a introdução da pesquisa.
3.2) Será verificado por meio do Currículo Lattes em que áreas de
conhecimento o autor tem desenvolvido suas produções científicas.
3.3) Será utilizada também, como contextualização, a verificação da área
de concentração e linha de pesquisa que o autor se inseriu durante sua
participação no programa de Pós-graduação em Educação Física.
3.4) No caso das produções que apresentarem o assunto qualidade de
vida como objetivo da pesquisa, serão observados quais tipos de método
foram utilizados pelo autor para investigar a qualidade de vida.
43
Com isso, no âmbito dessa pesquisa e da escolha metodológica, um conceito sobre
determinado constructo é considerado parte de um enunciado, sendo, neste caso,
especificamente um gênero discursivo denominado unidade temática, que segundo Bakhtin
(2000), corresponde aos aspectos referentes à temática da pesquisa, como por exemplo, o
conteúdo abordado pelo autor e como o autor relaciona determinados assuntos na pesquisa.
Após a verificação da unidade temática e a sua contextualização, será possível
chegar ao enunciado do texto que apresenta um sentido dado pelo o autor à qualidade de
vida em sua produção, apresentado, assim, o discurso do autor sobre o constructo na área da
Educação Física. Esse sentido apresentado na produção é representado pelo gênero
discursivo (unidade temática), sua contextualização e principalmente subjetividade do autor
(BAKHTIN, 2000).
No anexo 4, é possível verificar os dados de cada produção científica selecionada,
como instituição, título, autor, ano de produção e meio de acesso eletrônico da produção
científica de forma completa.
Como forma de organizar a apresentação da análise das dissertações e teses
selecionadas, foi estabelecido que os documentos seriam apresentados por instituição.
44
4. ANÁLISE
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE LAMOTTE (Doc. 01):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2003, Lamotte apresentou como
objetivo aproximar as áreas da Educação Física e Fisioterapia no intuito de estabelecer
melhores avaliações posturais e práticas de atividades físicas adequadas para os benefícios
da postura.
Para se chegar ao objetivo, Lamotte desenvolveu na estrutura introdutória a
definição da escoliose e suas implicações para o cotidiano dos indivíduos.
Assim, a autora apontou esse desvio postural como um problema de saúde pública
ao entender que desvios dessa natureza podem comprometer o desenvolvimento econômico
da sociedade, já que, em muitos casos, os indivíduos que apresentam o desvio postural
necessitam de afastamento do ambiente de trabalho.
Nesse estudo, a qualidade de vida apareceu como problemática, pois, ao enfatizar a
necessidade de um olhar mais detalhado sobre a escoliose, Lamotte ressaltou a prática de
atividades físicas como um comportamento saudável para prevenção e tratamento desse
desvio postural influenciando, assim, na qualidade de vida.
Buscando explicações para a unidade temática encontrada no estudo de Lamotte,
observou-se que a autora utilizou como referencial teórico autores de áreas como Medicina,
Fisioterapia e Educação Física.
Em continuação à contextualização, durante sua participação no programa de Pós-
Graduação em Educação Física da UCB-DF, Lamotte inserira-se na área de concentração
Atividade Física e Saúde, na linha de pesquisa “Exercício Físico, Reabilitação, Doença
Crônica não-Transmissível e Envelhecimento”, que tem como objetivo investigar os efeitos
do exercício físico na prevenção e evolução de doenças crônico não-transmissíveis, na
reabilitação e no envelhecimento. Além disso, as produções acadêmicas desenvolvidas pela
autora estão inseridas na área de reabilitação postural.
Pode-se verificar, nesse enunciado, que o sentido dado à qualidade de vida está
voltado à perspectiva biomédica, tendo como base comportamentos considerados saudáveis
tanto para prevenção, quanto para tratamento da escoliose, além de ser considerada uma
forma de diminuir problemas de Saúde Pública.
45
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE TOLEDO (Doc. 02):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2003, Toledo teve como objetivo
identificar a visão do profissional de Saúde sobre o profissional de Educação Física por
meio da representação social.
Ao apresentar esse objetivo, o autor partiu do princípio de que a prática de
atividades físicas pertence à promoção da saúde, sendo observada como um fator
importante para a prevenção de doenças, bem como de melhoria da qualidade de vida.
Além disso, criticou a escassez da contratação de profissionais de Educação Física para
trabalhar em ambientes que favorecem a promoção da saúde, como, por exemplo, em
hospitais.
Na estrutura da introdução, observou-se que a qualidade de vida foi abordada como
problemática. Toledo discutiu assuntos como: a história do movimento corporal como
forma de sobrevivência na humanidade; o papel da atividade física como prevenção e
promoção da saúde; o advento tecnológico e suas implicações no aparecimento de doenças;
o sedentarismo, além de apresentar os profissionais que podem trabalhar na promoção da
saúde. Apresentou, também, o conceito de saúde e os programas de atividades físicas que
têm como objetivo a melhoria da saúde e da qualidade de vida.
Dada a unidade temática apresentada pelo autor para o desenvolvimento de sua
dissertação, neste momento é possível contextualizá-la, observando que Toledo utilizou
estudos das áreas da Educação Física e Saúde Coletiva para a construção da introdução de
seu documento. Além disso, durante a sua participação do Programa de Pós-Graduação em
Educação Física da UCB - DF, Toledo integrara-se à área de concentração Atividade
Física e Saúde, na linha de pesquisa “Exercício Físico, Reabilitação, Doença Crônica não-
Transmissível e Envelhecimento”, já descrita na análise de Lamotte (Doc. 01).
Outro fator importante para a contextualização refere-se às produções acadêmicas
do autor, que estão direcionadas aos efeitos da prática de atividades físicas sobre a saúde da
população.
Ainda que nesse estudo o autor tenha trabalhado na perspectiva da promoção da
saúde com vistas ao desenvolvimento multiprofissional, Toledo teve como base a definição
de promoção da saúde que ainda preconiza a atenção primária à saúde, visando à prevenção
46
de doenças e, nessa direção, verificou-se no enunciado que o sentido dado à expressão
qualidade de vida volta-se à perspectiva biomédica, com base em comportamentos
considerados saudáveis que proporcionam boa funcionalidade física e, conseqüentemente,
contribuem para uma vida com bons níveis de qualidade.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE CORRÊA (Doc. 03):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2006, Corrêa teve como objetivo
analisar a percepção de trabalhadores sobre um programa de ginástica laboral na empresa.
Nesse estudo, a qualidade de vida foi apresentada na problemática. Nesse
desenvolvimento, ao considerar a ginástica laboral como prática educativa, Corrêa
ressaltara que o objetivo da ginástica na empresa não está nos benefícios fisiológicos como
tem sido correntemente enfatizado pelos discursos positivos. Para o autor, essa prática, ao
considerar o homem como ser crítico, pode estimular a qualidade de vida dos colaboradores
da empresa, por meio de acesso a informação sobre hábitos saudáveis.
Na introdução, o autor abordou assuntos como a globalização, o mercado
competitivo, a ginástica laboral e suas influências no ambiente de trabalho do colaborador e
na sua qualidade de vida, além de abordar o conceito de alienação.
Partindo da unidade temática, é possível contextualizar o enunciado. Corrêa
recorreu às Ciências Sociais e à Educação Física para desenvolver a introdução. Durante
sua participação no programa de Pós-Graduação em Educação Física na UCB-DF, Corrêa
integrara-se à área de concentração Atividade Física e Saúde, na linha de pesquisa
“Aspectos Sócio-culturais relacionados à Atividade Física e Saúde” que apresenta como
objetivo relacionar questões da atividade física e saúde no intuito de incorporar a
multiplicidade de aspectos sócio-culturais e pedagógicos.
Em suas produções acadêmicas, o autor apresenta envolvimento com estudos da
área sócio-cultural, direcionados a gestão, eventos e lazer.
Com isso, diante do enunciado observado, pode-se verificar que o sentido dado à
qualidade de vida foi estabelecido a partir da perspectiva biomédica, numa abordagem
comportamental, ao considerar que o acesso a informações sobre hábitos saudáveis pode
conscientizar os homens e proporcionar bons níveis de qualidade.
47
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE CHAVES (Doc. 04):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2003, Chaves teve como objetivo
correlacionar a massa corporal total, massa corporal magra e gorda e a densidade mineral
óssea de mulheres idosas.
Na organização do pensamento de Chaves, a qualidade de vida apareceu como
problemática, em que a autora ressaltou a importância dos fatores ambientais como estilo
de vida, podendo contribuir com a saúde e a qualidade de vida no envelhecimento.
Em sua introdução, Chaves apresentou dados sobre o envelhecimento populacional,
estudos que observaram mudanças de massa corporal em idosos, fatores ambientais
responsáveis pelas modificações corporais e suas implicações para o idoso, além do
conceito de qualidade de vida.
Diante da unidade temática apresentada, é possível observar que Chaves utilizou
como referencial teórico estudos provenientes das Ciências Médicas, Educação Física,
Gerontologia e Nutrição.
Esse trabalho foi realizado na área de concentração Atividade Física e Saúde, na
linha de pesquisa “Exercício Físico, Reabilitação, Doença Crônica não-Transmissível e
Envelhecimento” do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UCB-DF, já
descrito na análise de Lamotte (Doc. 01). Além disso, as produções acadêmicas da autora
concentram-se na área epidemiológica, diretamente nos índices de massa corporal e sua
relação com a prática de atividades físicas.
Partindo do enunciado de Chaves, observou-se que o sentido dado à qualidade de
vida encontrou-se na perspectiva biomédica, tendo como respaldo o comportamento
individual sobre a saúde e a boa funcionalidade física como parâmetros para um bom nível
de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE PEREIRA (Doc. 05):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2005, Pereira teve como objetivo do
trabalho verificar os efeitos da prática do Tai Chi Chuan sobre o equilíbrio e a força dos
músculos extensores dos joelhos em idosas, assim como os efeitos da possível correlação
48
dessas capacidades.
Observando a introdução de Pereira, verificou-se que a qualidade de vida foi
abordada como problemática ao defender os princípios do treinamento físico dessas
capacidades como mantenedor do seu controle, possibilitando um bom nível de qualidade
de vida.
No desenvolvimento da introdução, o autor abordou estudos sobre o envelhecimento
populacional, efeitos orgânicos do envelhecimento e suas implicações como quedas e
dependência do idoso, prática do Tai Chi Chuan como forma de beneficiar ganhos físicos,
de força, equilíbrio e funcionais.
Ao contextualizar diante da unidade temática apresentada, observou-se que o
referencial teórico utilizado por Pereira encontra-se em áreas como Medicina, Fisioterapia,
Nutrição e Educação Física.
Nessa contextualização, verificou-se também que durante sua participação no
programa de Pós-Graduação em Educação Física da UBC-DF, o autor inserira-se na área de
concentração Atividade Física e Saúde, na linha de pesquisa “Exercício Físico,
Reabilitação, Doença Crônica não-Transmissível e Envelhecimento” já descrito na análise
de Lamotte (Doc. 01).
Em complemento, observou-se que as produções acadêmicas de Pereira voltam-se
para o estudo de treinamento físico e suas implicações para idosos.
Assim, diante do enunciado do referido estudo, o sentido dado à qualidade de vida
encontrou-se na perspectiva biomédica, enfatizando a causalidade entre bons níveis físicos,
neuromotores e metabólicos como influenciadores diretos em bons níveis de qualidade de
vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE VENÂNCIO (Doc. 06)
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2006, Venâncio tem como objetivo
do trabalho verificar o nível de obesidade, atividade física e hábitos alimentares de
estudantes de escolas públicas e privadas.
Apresentando a qualidade de vida como problemática do estudo, observou-se que,
para se chegar ao objetivo, a autora teve como princípio o comportamento considerado
49
saudável; como exemplo, o estilo de vida ativo como precursor de bons níveis de qualidade
de vida.
Dentre os componentes do estilo de vida abordados na introdução, a autora ressaltou
a alimentação saudável, a prática de atividades físicas, relacionamentos, comportamentos e
o controle do estresse. Esses fatores foram indicados como influenciadores do controle da
obesidade e conseqüentemente da qualidade de vida. Com isso, foram discutidos assuntos
como obesidade, estilo de vida e suas implicações numa vida saudável.
Partindo da unidade temática observada, foi possível contextualizá-la apontando a
diversidade do referencial teórico, buscando-se em áreas como Medicina, Nutrição e
Educação Física.
Nessa contextualização, observou-se que, durante sua participação no programa de
Pós-graduação em Educação Física da UCB – DF, Venâncio inserira-se na área de
concentração Atividade Física e Saúde, na linha de pesquisa “Aspectos Biológicos
Relacionados à Atividade Física e Saúde”, que tem como objetivo investigar as mudanças
fisiológicas agudas e crônicas que ocorrem no organismo humano em diferentes tipos de
exercícios.
Além disso, as produções acadêmicas desenvolvidas pela autora corroboram com a
linha de pesquisa apontada no parágrafo acima. Seus estudos estão inseridos na área
epidemiológica e desenvolvimentista, dentre as quais investiga perfis psicomotores, riscos e
adaptações cardiovasculares como suporte para a qualidade de vida.
Com isso, diante do enunciado exposto pela autora em seu estudo, pode-se observar
que o sentido atribuído à qualidade de vida foi ao encontro da perspectiva biomédica,
apontando que os comportamentos considerados saudáveis desencadeiam boa capacidade
das funções físicas, o que traduz em bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE LIMA (Doc. 07):
Em seu estudo desenvolvido em 2006, Lima teve como objetivo verificar a
associação entre tipos de poliformismos no gene receptor da vitamina D com massa livre de
gordura em mulheres pós-menopausadas.
Como problemática do estudo, a qualidade de vida foi apontada como um possível
50
resultado da influência de genótipos e fenótipos ressaltando a prevenção de desajustes
musculares que ocorrem no envelhecimento, como a sarcopenia.
Além de apontar benefícios para qualidade de vida, o autor ressaltou essa
prevenção como meio de possibilitar a redução de gastos com assistência médica.
Assim, na introdução, foram discutidos assuntos como declínio de massa muscular
decorrente da idade e suas implicações com a independência física do indivíduo para
realizar atividades da vida diária, multiplicidade de fatores que podem desencadear a
sarcopenia.
De acordo com a unidade temática do presente estudo, observou-se que o referencial
teórico utilizado concentra-se em áreas como Medicina, Nutrição, Educação Física,
Fisiologia e Gerontologia.
Ainda como forma de contextualização, verificou-se que as produções acadêmicas
de Lima concentram-se em estudos sobre os efeitos fisiológicos em idosos a partir do
treinamento físico. Além disso, durante a participação do programa de Pós-graduação em
Educação Física da UCB – DF, o autor inserira-se na área de concentração Atividade
Física e Saúde, na linha de pesquisa “Exercício Físico, Reabilitação, Doença Crônica não
Transmissível e Envelhecimento”, já descrito na análise de Lamotte (Doc. 01).
De acordo com o enunciado da introdução, compreende-se que o sentido dado à
qualidade de vida está inserido na perspectiva biomédica, destacando a abordagem
comportamental dos ajustamentos físicos a partir de fatores genéticos e ambientais como
conseqüência para um bom nível de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE SILVA (Doc. 08):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2006, Silva teve como objetivo do
estudo verificar a influência de exercícios resistidos de diferentes intensidades sobre a
concentração hormonal, cortisol e GH em idosas fisicamente ativas.
Apontando a qualidade de vida como problemática, Silva explicitou que bons níveis
de qualidade de vida decorrem de comportamentos considerados saudáveis; como exemplo,
a prática de atividades físicas.
O autor direcionou seu estudo às questões de comportamentos considerados
51
saudáveis na velhice, em que podem evitar perdas fisiológicas bastante freqüentes nessa
fase da vida, como o tecido muscular e ósseo, além de perdas hormonais.
Assim, Silva discutiu os efeitos do treinamento sobre hormônios que auxiliam na
manutenção do controle de ganhos de força em idosos, bem como destacou esses efeitos
para a promoção da saúde e bem-estar.
Partindo da unidade temática presente nesse estudo, sua contextualização se faz pela
observação do referencial teórico utilizado com base na Medicina, Fisiologia e Educação
Física.
Em adição à contextualização, durante seu percurso no programa de Pós-Graduação
em Educação Física da UCB – DF, Silva encontrara-se na área de concentração Atividade
Física e Saúde, na linha de pesquisa “Aspectos Biológicos Relacionados à Atividade física
e Saúde”, já descrita na análise de Venâncio (Doc. 06). Além disso, as produções
acadêmicas desenvolvidas pelo autor têm relação com efeitos de treinamento resistido
sobre força, capacidade cardiovascular e índice de massa corporal.
Portanto, de acordo com o enunciado do estudo, verificou-se que o sentido dado à
qualidade de vida volta-se na perspectiva biomédica, apontando o caráter de
comportamentos considerados saudáveis, como condição para o estabelecimento de bons
níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE DUARTE (Doc. 09):
Em seu estudo realizado em 2005, Duarte teve como objetivo comparar os índices
da composição corporal e o limiar aeróbico antes e depois de um período de treinamento de
jiu-jitsu.
O autor introduziu a qualidade de vida na problemática do estudo, em que o foi
apontada como conseqüência de boas condições física, muitas vezes advindas de
treinamentos físicos.
No decorrer da introdução, o autor discutir os efeitos do treinamento resistido sobre
a composição corporal, resistência muscular e consumo de oxigênio, os motivos da não
adesão à prática de atividades físicas, a prática do Jiu-Jitsu como técnica de treinamento
físico que pode ocasionar mudanças de composição e massa corporal.
52
Diante da unidade temática do estudo, verificou-se que o referencial teórico
utilizado se concentrou na Educação Física e Fisiologia.
Ainda na contextualização do enunciado, observou-se que, durante a participação no
programa de Pós-Graduação em Educação Física da UCB – DF, o autor concentrara-se na
área Atividade Física e Saúde, na linha de pesquisa “Aspectos Biológicos Relacionados à
Atividade Física e Saúde”, já descrita na análise de Venâncio (Doc. 06)23.
Nessa direção, no retrato do presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida
volta-se para à perspectiva biomédica, enfatizando o comportamento saudável da prática de
atividade física como influenciadora de bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE ABRAHÃO (Doc. 10):
Em seu estudo desenvolvido em 2004, Abrahão teve como objetivo buscar
alternativas para mudar as práticas educativas das aulas de Educação Física, a fim de
resgatar os valores humanos e a cultura de paz.
Na introdução do estudo, a qualidade de vida foi abordada na problemática.
Abrahão partiu do princípio de que as relações humanas devem se pautar no valor à vida
que atualmente está bastante esquecida entre os homens na sociedade.
Nessa direção, o autor apontou a aula de Educação Física como caminho para o
desenvolvido da cultura de cooperação e paz, por meio de jogos cooperativos como forma
de oportunizar uma melhor qualidade de vida.
Foram apresentados na introdução assuntos como os benefícios e os prejuízos da
civilização atual para a população, a importância de uma abordagem educacional para a
valorização dos direitos humanos, a atuação do professor de Educação Física como
mediador do desenvolvimento da valorização humana, o papel da universidade na formação
de futuros profissionais capacitados para trabalhar nessa perspectiva e os jogos
cooperativos como meio de intervenções pedagógicas da Educação Física para que os
alunos desenvolvam valores humanos.
Diante da unidade temática apresentada nos parágrafos acima, faz-se necessário
23 Ao buscar informações sobre dados acadêmicos, não foram encontradas informações sobre as produções
acadêmico-científicas do autor.
53
contextualizar o enunciado.
Embora tenha desenvolvido uma discussão sobre diversos assuntos tratados na
introdução, Abrahão não utilizou qualquer referencial teórico para tal.
Porém foi investigado que, durante seu percurso no programa de Pós-Graduação em
Educação Física na UFPR, Abrahão concentrara-se na linha de pesquisa “Comportamento
Motor”, que tem como objetivo analisar aspectos cognitivos, motores, psicológicos e
pedagógicos que compõem processos de aprendizagem, aprimoramento e alta performance
de habilidades motoras24.
Além disso, observou-se que as produções acadêmicas do autor concentram-se nos
estudos de métodos educacionais para o desenvolvimento e aprendizagem nas aulas de
Educação Física, como meio de inclusão, cultura de paz e cooperação.
Com isso, de acordo com o enunciado do estudo, o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva da promoção da saúde, preconizando a relação humana de forma a
respeitar a diversidade de idéias, culturas e pensamentos a ponto de fortalecer o homem em
seu aspecto mais virtuoso, a consciência, o que pode auxiliar na melhoria de sua qualidade
de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE MINUZZI (Doc. 11):
Nesse estudo, desenvolvido em 2006, a autora teve como objetivo investigar a
relação do exercício físico e a suplementação de óleo de peixe sobre ratos com câncer.
A qualidade de vida foi desenvolvida como problemática do estudo, sendo apontado
que, a partir de hábitos saudáveis, como boa alimentação, não fumar e praticar atividades
físicas, podem ser considerados meios de ocasionar melhoria nos níveis de qualidade de
vida de indivíduos com câncer.
Minuzzi enfatizou a importância desses hábitos partindo do princípio de que,
normalmente, indivíduos com câncer apresentam debilidades motoras provocadas pela
diminuição de carboidrato, lipídeo e proteína no organismo, aumentando a perda e a
fraqueza muscular, o que diminui a realização das atividades mais básicas do dia-a-dia e
24 Não foi encontrada a área de concentração na qual o autor se inseriu durante o programa de Pós-Graduação
em Educação Física do Paraná.
54
conseqüentemente diminui a qualidade de vida do paciente.
Para se chegar ao objetivo estabelecido, a autora discorreu sobre assuntos como
possíveis fatores ambientais como influenciadores de doenças, a incidência da ingestão de
gordura, efeitos comportamentais do câncer e suas implicações nas atividades da vida diária
e na a qualidade de vida, o treinamento de força como controle da saúde.
A partir da unidade temática do estudo, observou-se que a autora recorreu às áreas
da Medicina, Nutrição e Educação Física. Além disso, foi verificado que, durante a
participação no programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPR, a autora
encontrara-se na linha de pesquisa “Fisiologia da Performance”, que apresenta como
objetivo analisar aspectos fisiológicos que determinam e influenciam a performance e o
rendimento físico.
Em continuação à contextualização do enunciado da presente produção, pode-se
verificar que as produções da autora estão voltadas para a investigação de influências
ambientais e de prática de atividades físicas sobre a saúde e sobre o controle de doenças em
diferentes faixas etárias.
Com isso, neste enunciado, o sentido dado à qualidade de vida foi encontrado na
perspectiva biomédica, ressaltando o comportamento saudável para garantir boa
funcionalidade física como parâmetro básico para um bom nível de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE KRAUSE (Doc. 12):
Na dissertação de mestrado de Krause, defendida em 2006, o objetivo estabelecido
foi de examinar a associação entre o nível de atividade física, aptidão física, aptidão
funcional e o desempenho das atividades da vida diária em mulheres idosas de Curitiba –
PR.
No decorrer da introdução, Krause discutiu sobre os efeitos fisiológicos e
neuromotores no envelhecimento sobre as AVD´s. E, nesse compasso da problemática, a
autora ressaltou a debilidade física e sua influência sobre o aumento da vulnerabilidade e
dependência física como limitadoras da qualidade de vida.
Assim, Krause apontou que esses declínios fisiológicos no envelhecimento são
considerados problemas de Saúde Pública, uma vez que elevam as gastos com tratamentos
ocasionados por esses declínios. Assim, a autora enfatizou o hábito da prática regular de
55
atividades físicas e seus benefícios fisiológicos como meio de atenuar o processo de
envelhecimento e diminuir os gastos de Saúde Pública.
No desenvolvimento da introdução, Krause apresentou assuntos como os declínios
fisiológicos ocasionados pelo envelhecimento, como a diminuição da capacidade neuro-
muscular e cardio-respitarória e suas influências na realização de AVD´s, AIVD´s e
aumento de quedas, a relação entre o envelhecimento e a suscetibilidade a doenças crônicas
não-transmissíveis, a prática de atividades físicas como meio de intervenção para
influenciar no controle e adaptação desses sistemas.
De acordo com a unidade temática da introdução, pode-se contextualizá-la a partir
do referencial teórico utilizado pela autora. Krause teve como base os estudos da área da
Educação Física, Medicina, Psicologia e Gerontologia.
Dentre as produções acadêmicas da autora, observou-se que estas se encontram na
área epidemiológica, enfatizando a relação dos aspectos fisiológicos, envelhecimento e
atividade física.
Além disso, durante seu percurso no programa de Pós-Graduação em Educação
Física da UFPR, a autora concentrara-se na linha de pesquisa “Atividade Física e Saúde”,
que apresenta como objetivo analisar aspectos da atividade física relacionados aos fatores
que influenciam e determinam o comportamento, estilo de vida e saúde.
Nessa direção, diante desse enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, numa abordagem comportamental, em que a prática de atividade
física pode influenciar os níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE ACOSTA (Doc. 13):
Em sua tese de doutorado defendida em 2004, Acosta teve como objetivo refletir a
atuação da Educação Física com idosos a partir de insights da biologia do envelhecimento,
tendo como pano de fundo a qualidade de vida.
Em sua introdução, Acosta desenvolveu uma discussão na tentativa de aproximar à
biogerontologia o papel da Educação Física para idosos e, por fim, interligá-las à qualidade
de vida. Para tanto, o autor abordou assuntos como dados demográficos, conceitos de
qualidade de vida na velhice, biogerontologia, Biologia e diferentes paradigmas existentes
na Ciência.
De acordo com a unidade temática, é possível contextualizá-la observando que o
56
autor utilizou como base teórica para a construção da introdução estudos da área da
Gerontologia, Psicologia do Envelhecimento e Biologia.
Ao apontar a qualidade de vida como objetivo do estudo, verificou-se que Acosta
optou pela pesquisa exploratória, analisando textos da biogerontologia por meio da
fenomenologia-hermenêutica, a fim de buscar o significado dos textos da referida área
como subsídio para a Educação Física como meio de melhorar a qualidade de vida dos
idosos.
Acosta apresenta um percurso de produções acadêmicas voltada para o estudo sobre
idosos e os programas de Educação Física para essa população, assim como as produções
acadêmicas, aspectos sociais e culturais que envolvem essa população.
Durante sua participação no programa de Pós-graduação em Ciência do Movimento
Humano pela UFSM, Acosta concentrara-se na área da Pedagogia do Movimento
Humano25.
Assim, de acordo com o enunciado, verificou-se que o sentido dado à qualidade de
vida volta-se à perspectiva biomédica, ao apontar a causalidade entre a prática de atividades
físicas sobre aos aspectos biológicos como pressuposto básico para a melhoria da qualidade
de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE CORAZZA (Doc. 14):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2005, Corazza teve como objetivo
investigar a influência de programas de atividades físicas sobre sintomas depressivos em
idosos institucionalizados.
Na introdução do estudo, a qualidade de vida foi desenvolvida como problemática,
em que a autora teve como referência a relação causal entre a prática de atividades físicas e
a melhora da depressão, bem como de outros fatores. E, além disso, Corazza apontou a
influência do exercício como influenciador no dia-a-dia do idoso, assim como em sua
25 Não foi possível identificar o objetivo da área de concentração e linha de pesquisa na qual o autor esteve
inserido, pois o programa de Pós-Graduação foi extinto e atualmente o sítio da Universidade não apresenta
tais informações.
57
qualidade de vida.
Nessa unidade temática, Corazza discutiu assuntos como o crescimento da
população idosa e institucionalizada; seus impactos na sociedade; efeitos da prática de
atividades física sobre a saúde física e mental de idosos, assim como o impacto social.
Na contextualização da unidade temática, pode-se ressaltar que, na introdução desse
estudo, a autora buscou referências teóricas em áreas como Medicina, Gerontologia,
Psicologia e Educação Física.
Na continuidade da contextualização, foi possível observar que, durante sua
participação no programa de Pós-graduação em Ciência da Motricidade da UNESP,
Corazza inserira-se na área Biodinâmica da Motricidade Humana, na linha de pesquisa
“Atividades Físicas e Saúde”, que apresenta como objetivo pesquisar efeitos agudos e
crônicos da atividade física sobre determinantes da saúde, capacidade funcional, patologias
e sua associação com o processo de envelhecimento.
Em seu percurso acadêmico, observou-se que suas produções prevalecem na área
epidemiológica, com estudos dos efeitos da prática de atividades físicas sobre o sistema
cardiovascular, saúde mental e física em idosos.
Com isso, a partir do enunciado do estudo, o sentido dado à qualidade de vida
encontra-se na perspectiva biomédica, ressaltando a causalidade entre a boa funcionalidade
física e mental como referência para bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE DIAS (Doc. 15):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2006, Dias apresentou como objetivo
da pesquisa analisar os valores e significados de idosos participantes de atividade de
aventura no âmbito do lazer.
Na introdução, a qualidade de vida foi desenvolvida na problemática, em que a
autora partiu do princípio de que é necessário haver maiores oportunidades de atividades de
lazer para idosos, no intuito de viver de forma ativa e minimizar as preocupações do
processo de envelhecimento, influenciando a qualidade de vida do idoso.
Para tanto, a autora discutiu alguns assuntos como o crescimento da população
idosa, a necessidade de opções de atividades para essa população, a importância da
58
superação do olhar pejorativo sobre o envelhecimento, estudos do lazer e suas implicações
para o idoso e visões do idoso sobre atividades de lazer.
Diante da unidade temática, nesse momento, é possível contextualizar o enunciado.
Embora a autora tenha retratado vários assuntos na introdução, Dias utilizou apenas
referencial teórico da Educação Física. Além disso, durante a participação no programa de
Pós-graduação em Ciência da Motricidade Humana da UNESP, Dias concentrara-se na área
da Pedagogia da Motricidade Humana, na linha de “Estados emocionais e Movimento”,
que tem como objetivo verificar as relações dos estados emocionais e movimentos nas
atividades físicas, esportivas, expressivas e dança.
Ainda na contextualização, observou-se que as produções acadêmicas da autora
foram desenvolvidas em áreas sociais, investigando as concepções de lazer, relações entre o
lazer e o envelhecimento.
Com isso, nesse enunciado, pode-se verificar que a qualidade de vida está voltada à
perspectiva psicossocial, enfatizando as atividades de aventura na natureza como benefícios
emocionais e sociais para a melhoria da qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE TERRA (Doc. 16):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2005, Terra teve como objetivo
investigar as sensações de gestantes durante um trabalho educativo, por meio de vivências
corporais voltadas para a consciência de si.
Na introdução, a qualidade de vida foi desenvolvida na problemática. Terra
ressaltou a importância da vivência corporal de forma consciente para que os indivíduos
saibam lidar com o corpo e melhor a qualidade de vida.
A autora apontou que conquista da relação corporal entre si próprio e com os outros
indivíduos pode auxiliam os sujeitos a lidar melhor com sua saúde e qualidade de vida.
Assim, Terra apontou a importância da presença materna para a formação inicias de
valores, princípios, crenças e percepções de si e do mundo.
A autora discutiu, em seu estudo, assuntos como a cultura do toque, os diversos
olhares sobre o toque, o papel da mulher na formação de valores, princípios e crenças de
seus filhos.
59
A partir da unidade temática observada na introdução, foi possível contextualizar o
enunciado.
Embora a autora tenha abordado diversos assuntos na introdução, Terra utilizou
somente uma referência teórica proveniente da área da Educação.
Além disso, durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Ciência da
Motricidade da UNESP, Terra concentrara-se na área Pedagogia do Movimento Humano,
com desdobramentos nas relações entre o movimento humano e seus efeitos preventivos e
de reabilitação nas doenças relacionadas com as Atividades Físicas26.
Ainda sobre a contextualização, as produções acadêmicas desenvolvidas pela autora
concentram-se na Educação Física escolar e sobre as sensações corporais desenvolvidas em
atividades físicas.
Nessa direção, o sentido dado à qualidade de vida pelo presente enunciado volta-se
à perspectiva psicossocial, ao entender que as vivências corporais podem fortalecer a
consciência de si e proporcionar melhorias na qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE FREIRE (Doc. 17):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Freire teve como objetivo
investigar sensações e emoções sobre a experiência de mergulho e as influências das
sensações para além do lazer.
Na introdução, a qualidade de vida apareceu como problema. Para tanto, Freire
desenvolveu uma discussão sobre a sociedade contemporânea e seus retratos na vida do
homem, apontando os desníveis do estilo de vida mais natural e saudável.
Além disso, a autora discutiu a questão da prática de atividade física de lazer como
modismo, em que muitos autores apontam-na para a melhoria da qualidade de vida. No
entanto, para essa melhoria, Freire ampliou esse pensamento para um olhar psicossocial,
enfatizando as sensações e emocionais sentidas nessas experiências.
Assim, ao defender o ambiente natural e as atividades físicas de aventura na
26 Apesar de indicar a área de estudos na qual a autora concentrara-se durante sua participação no programa de
Pós-Graduação, não foi possível localizar em qual linha de pesquisa a autora esteve inserida.
60
natureza como forma de vivenciar emoções e sensações, Freire se perguntou sobre a
possibilidade da colaboração das reações psicológicas para a qualidade de vida, como meio
de mudanças atitudinais e comportamentais do homem.
No desenvolvimento da introdução, Freire apresentou assuntos como influências
negativas do mundo globalizado, a negação da percepção e da emoção, o egocentrismo e a
falta de sensibilidade entre os homens por conta da sociedade globalizada, a falta de
significados sobre as atividades físicas praticadas pelo modismo e possíveis benefícios da
prática de atividades físicas em ambientes naturais como meio de estimular as percepções e
sensações.
Após observar a unidade temática do estudo, pode-se contextualizar o enunciado,
verificando que a autora teve como base estudos da Educação Física, Educação e Turismo
com direcionamento as questões das sensações e vivências experienciadas em atividades de
lazer.
Ainda como meio de contextualização, observou-se que a autora desenvolve suas
produções acadêmicas voltadas para aspectos emocionais sobre atividades no meio líquido,
natureza e de lazer.
Além disso, durante seu percurso no programa de Pós-Graduação em Ciência da
Motricidade da UNESP, Freire concentrara-se na área de concentração Pedagogia da
Motricidade Humana, na linha de pesquisa “Estados Emocionais e Movimento”, já descrita
na análise de Dias (Doc. 15).
Nessa direção, no enunciado do presente estudo, verificou-se que o sentido dado à
qualidade de vida volta-se à perspectiva psicossocial, ao qual direciona aspectos
emocionais e de sensibilidade, como meio disparador de possíveis mudanças atitudinais e
comportamentais que podem influenciam na qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE OLIVEIRA (Doc. 18):
Em sua dissertação de mestrado defendida em 2005, Oliveira teve como objetivo
realizar um levantamento sobre os indicadores de saúde, hábitos de atividade física e
aptidão física relacionados à saúde de servidores da UFSC e compará-los com o estudo
realizado em 1994 por Nahas, et al (1995).
61
Para se chegar ao objetivo, a autora discutiu o estilo de vida como uma adoção de
comportamento saudável, destacando a prática regular de atividades físicas e sua influência
sobre diversas funções orgânicas do corpo humano na prevenção e controle de doenças.
Assim, Oliveira apontou a qualidade de vida na problemática do estudo, ao enfatizar
o comportamento saudável como seu determinante, bem como para a saúde.
Nesse posicionamento epidemiológico, a autora destacou a adoção de
comportamento saudável por meio de intervenções de Promoção da Saúde na diminuição
de problemas de Saúde Pública.
No desenvolvimento da introdução, Oliveira apresentou assuntos como estilo de
vida e as conseqüências para a saúde, benefícios da prática de atividades físicas para
prevenção e controle de doenças e tendência secular como parâmetro para mudanças de
padrão social, econômico e de saúde.
Como contextualização da unidade temática, verificou-se que Oliveira utilizou na
introdução referenciais teóricos da Educação Física, Saúde Pública, Medicina e Nutrição.
Durante seu percurso no programa de Pós-graduação em Educação Física da UFSC,
Oliveira integrara-se à área de concentração Atividade Física Relacionada à Saúde, na
linha de pesquisa “Processos e Programas de Promoção da Atividade Física”, que tem
como objetivo investigar fatores motivacionais para mudanças de comportamento,
desenvolvimento de recursos para a promoção de estilo de vida ativo, além de verificar
meios de avaliação de programas de intervenção, bem como educar para um estilo de vida
ativo na escola.
Além disso, verificou-se que as produções acadêmicas da autora concentram-se em
áreas epidemiológicas, na investigação de comportamentos saudáveis e o papel da
Educação Física sobre esse comportamento.
Com isso, de acordo com o enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, ressaltando comportamentos considerados saudáveis como
determinantes de bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE BIANCHETTI (Doc. 19):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Bianchetti teve como objetivo
62
analisar o estilo de vida de estudantes trabalhadores do CEFET/SC – JS, tanto no trabalho,
quando fora dele, nos diversos elementos que correspondem ao estilo de vida saudável.
Para tanto, a autora desenvolveu uma discussão sobre o crescimento tecnológico e a
sociedade atual, em que espelham estilos de vida considerados não-saudáveis, ocasionando
o surgimento de doenças crônicas não-transmissíveis, entre outros.
Nessa direção, a autora destacou a qualidade de vida na problemática, ao ressaltar os
comportamentos de vida inadequados como refletores de baixos níveis de qualidade de
vida.
No desenvolvimento da introdução, a autora apresentou assuntos como a influência
da globalização sobre os hábitos inadequados, importância da prática de atividades físicas e
dietas adequadas para bons níveis de saúde.
Como composição do enunciado, a unidade temática apresentada acima pode ser
contextualizada pelos referenciais teóricos utilizados pela autora na introdução.
Bianchetti teve como bases estudos da área da Educação Física, Medicina e
Psicologia.
Além disso, durante sua participação no programa de Pós-graduação em Educação
Física da UFSC, Bianchetti concentrara-se na área de Atividade Física Relacionada à
Saúde, na linha de pesquisa “Ambiente, Atividade Física e Bem-Estar”, que tem como
objetivo investigar a mobilidade e alterações do organismo humano frente às condições
ambientais, aspectos ecológicos da interação homem-ambiente onde se desenvolvem
atividades físicas.
Já sobre as produções acadêmicas desenvolvidas pela autora, foi encontrado
somente um artigo de notícias que abordou a tendência secular de crescimento em crianças,
não apresentando relações com o assunto do presente estudo.
Diante do enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à perspectiva
biomédica, no apontamento de comportamentos considerados saudáveis como meio de
garantir bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE KONRAD (Doc. 20):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Konrad apresentou como
63
objetivo da dissertação verificar o efeito agudo de três diferentes formas de exercícios
físicos controlados sobre indicadores de qualidade de vida de mulheres com Síndrome de
Fibromialgia.
Observando a qualidade de vida no objetivo, para se chegar a tal meta, Konrad
desenvolver uma discussão sobre a definição da Fibromialgia, bem como as implicações
dessa doença sobre a vida do portador da síndrome, destacando as possíveis diminuições da
funcionalidade física como parâmetro para as funções social e emocional, causando
diminuição na qualidade de vida.
A autora ainda ressaltou diversos estudos que apresentam os efeitos da prática de
atividades físicas de longo prazo sobre a fibromialgia. No entanto Konrad criticou a falta de
consenso dos treinamentos físicos, bem como a duração dessas atividades.
Assim, a autora disparou para a investigação dos exercícios físicos de curto prazo
como atenuadores das dores sentidas pelos portadores da fibromialgia durante a sessão de
treinamento.
Como meio de contextualização da unidade temática, verificou-se que a autora teve
como base estudos da Medicina, Educação Física e Psicologia.
Ao verificar que a qualidade de vida encontrara-se no objetivo do estudo, observou-
se que a autora desenvolveu um estudo do tipo quase-experimental, em que utilizou o
instrumento FIQ (Fibromyalgic Impact Questionnarie) como meio de avaliar os indicadores
de qualidade de vida dos sujeitos participantes da pesquisa.
Em paralelo ao questionário, os três grupos aleatórios foram submetidos a três tipos
de treinamento de exercícios físicos: caminhada na esteira, ginástica localizada combinada
com alongamento e hidroginástica.
Outro fator importante verificado para a contextualização foi que, durante sua
participação no programa de Pós-graduação em Educação Física da UFSC, Konrad
concentrara-se na área Atividade Física Relacionada à Saúde, na linha de pesquisa
“Educação Física, Condição de Vida e Saúde”, que apresenta como objetivo relacionar a
Educação Física com as condições de vida e de saúde de diferentes populações, associar a
atividade física e indicadores gerais de saúde, além de discutir sobre Educação em Saúde
nos diversos espaços de atuação da Educação Física.
Em adição à contextualização, pesquisou-se sobre as produções acadêmicas da
64
autora, no entanto estas não foram encontradas.
De acordo com o presente enunciado, verificou-se que o sentido dado à qualidade de
vida está voltado à perspectiva biomédica, preconizando a causalidade entre a boa
funcionalidade física como meio de estabelecimento de bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE SILVA (Doc. 21):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2006, Silva teve como objetivo
analisar a relação entre o desenvolvimento infantil e as atividades do seu cotidiano.
O autor partiu do princípio de que atualmente o sedentarismo tem prevalecido na
vida urbana, especialmente sobre as crianças, ao terem grandes limitações em suas
atividades físicas de maior movimentação necessárias para o desenvolvimento infantil.
Como motivo do sedentarismo, o autor atribuiu a falta de espaços adequados para a
prática de atividades físicas, bem como a falta de segurança para a realização dessas
atividades, entre outros fatores.
Ainda na problemática do estudo, ao ressaltar o crescimento de atividade do tempo
de lazer por veículos de televisão e suas implicações na saúde da criança, Silva apontara
esses efeitos como influenciadores da qualidade de vida.
Para o desenvolvimento da introdução, Silva apresentou assuntos como atividades
lúdicas como meio de auxiliar o desenvolvimento físico e social na infância, o
desfavorecimento da urbanização para o desenvolvimento de atividades lúdicas e,
conseqüentemente, para a saúde das crianças.
Na contextualização da unidade temática, pode-se verificar que o autor utilizou
referencial teórico da Educação Física, Nutrição e Medicina.
Além disso, durante seu percurso no programa de Pós-Graduação em Educação
Física da UNIMEP, Silva concentrara-se na área Corporeidade, Pedagogia do Movimento e
Lazer, na linha de pesquisa “Corporeidade, Estudos e Avaliação em Desenvolvimento
Humano”, que tem como objetivo estudar o desenvolvimento humano em diversas
abordagens no contexto da educação motora, bem como formas de instrumentalização para
metodologias de avaliação do desenvolvimento humano.
65
Outro fator importante na contextualização são as produções acadêmicas de Silva,
que de forma bastante diversificada voltam-se para os estudos do lazer, seus espaços de
prática, efeitos para o crescimento e habilidades motoras básicas, avaliação antropométricas
em escolares, atividades físicas para idosos, descrições biomédicas de atletas e níveis de
qualidade de vida.
Com isso, diante do enunciado do presente estudo, verificou-se que o sentido dado à
qualidade de vida volta-se à perspectiva biomédica, preconizando o comportamento
saudável da prática de atividades físicas como influenciadores de bons níveis de qualidade
de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE ASSUMPÇÃO (Doc. 22):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2006, Assumpção teve como
objetivo analisar a interferência de um programa de condicionamento físico nas
capacidades neuromusculares de idosas ativas com 60 anos ou mais.
O autor iniciou sua introdução apontando o aumento da expectativa de vida e falta
de consciência dos idosos sobre a necessidade de praticar atividades físicas regulares para
prevenir e controlar disfunções associadas a essa etapa da vida.
Diante dessa exposição, Assumpção ressaltou que a prática de atividades físicas
proporciona melhora à dimensão física funcional, o bem-estar e, conseqüentemente,
qualidade de vida.
Nessa corrente, o autor contrapôs a inatividade física, afirmando que seus efeitos
podem contribuir com o aparecimento de doenças crônicas. Assim, Assumpção evidenciou
a prática de atividades físicas para o fortalecimento muscular, apresentando inúmeros
estudos sobre essa relação.
Diante da unidade temática apresentada, é possível contextualizá-la observando que
o autor utilizou um referencial teórico da Gerontologia, Medicina, Educação Física e
Fisioterapia para desenvolver a introdução.
Durante seu percurso no programa de Pós-graduação em Educação Física pela
UNIMEP, Assumpção concentrara-se na área “Performance Humana”, na linha de pesquisa
“Fisiologia, Metodologia e Avaliação da Performance Humana”, que tem como objetivo
investigar as respostas orgânicas gerais e neurofisiológicas relacionadas à aptidão física e
66
desenvolvimento humano, assim como desenvolver estudos sobre elaboração de avaliações
e metodologias vinculadas à atividade física, saúde, treinamento e aos efeitos hormonais na
Performance Humana.
O autor apresenta um percurso de produções acadêmicas voltadas para o estudo
sobre treinamento físico para crianças, adultos e idosos.
De acordo com o presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, ao enfatizar a causalidade entre a prática de atividades físicas para
controlar e prevenir doenças e, conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE FERREIRA (Doc. 23):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2006, Ferreira teve como objetivo
verificar as respostas agudas de parâmetros da imunidade inata de ratos sedentários
submetidos ao exercício físico em diferentes volumes e intensidades.
Para se chegar ao objetivo, o autor partiu do princípio de que o treinamento físico,
os fatores ambientais e hereditários influenciam diretamente os resultados obtidos pelos
indivíduos que participam de atividades físicas.
Problematizando o estudo, Ferreira apontou que esses resultados melhoram a
qualidade de vida dos praticantes. Além disso, o autor enfatizou que os tipos de treinamento
podem produzir diferentes efeitos no sistema imunitário e hemodinâmico.
A partir da unidade temática apresentada, é possível contextualizá-la observando
que o autor utilizou estudos da Medicina, Biologia e Educação Física para desenvolver a
introdução.
Além disso, foi possível observar que, durante seu percurso no programa de Pós-
Graduação em Educação Física pela UNIMEP, Ferreira concentrara-se na área “Fisiologia,
Metodologia e Avaliação da Performance Humana”, na linha de pesquisa “Imunologia do
Exercício, Metabolismo, Nutrição e Performance”, que tem como objetivo estudar os
efeitos da atividade física sobre o metabolismo muscular, as relações enzimáticas e
imunológicas, assim como os efeitos da suplementação nutricional na performance humana.
67
Observando as produções acadêmicas de Ferreira, verificou-se que o autor tem
desenvolvido estudos dos efeitos de treinamentos físicos sobre o sistema imunológico e a
obesidade.
De acordo com o presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, apontando as relações causais entre a prática de atividades físicas,
melhorias nos sistemas imunológico e hemodinâmico e, conseqüentemente, sobre a
qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE ROLIM (Doc. 24):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Rolim teve como objetivo
investigar quais relações existe entre a qualidade de vida e o autoconceito de idosos, além
de verificar como essa população percebe a relação da prática de atividade física e
qualidade de vida.
A autora partiu da discussão de que, a partir do crescimento do envelhecimento da
população, é necessidade pensar como se viver com qualidade.
Nessa corrente, Rolim discutiu sobre a relação de hábitos saudáveis e bom
envelhecimento, aproveitando o momento para apontar a prática regular de atividades
físicas, alimentação saudável, entre outros comportamentos considerados saudáveis para a
qualidade de vida.
A partir dessa unidade temática, foi possível contextualizá-la verificando que Rolim
utilizou estudos da área da Educação Física e Medicina para construir a introdução de sua
dissertação.
De acordo com o objetivo proposto, observou-se que autora classificou sua pesquisa
como descritiva com abordagem qualitativa. E, para atingir seus objetivos, a autora aplicou
o instrumento SF-36 (The Medical Outcomes Study Short Form) para avaliar a qualidade
de vida, assim como o questionário de avaliação do autoconceito, a Escala Fatorial de
Autoconceito.
Além disso, para verificar a percepção atual de qualidade de vida e atividade física,
Rolim formulou uma questão a ser respondida pelos participantes por meio de escala.
Nessa contextualização, observou-se também que a autora tem um percurso de
68
produções acadêmicas voltadas para o estudo da relação da prática de atividade física e
qualidade de vida no envelhecimento.
Durante sua participação no programa de Pós-graduação em Educação Física da
UNICAMP, a autora inserira-se na área de concentração Atividade Física, Adaptação e
Saúde, na linha de pesquisa “Qualidade de Vida, Saúde Coletiva e Atividade Física”, que
tem como objetivo estudar o processo adaptativo de promoção e prevenção à saúde.
Com isso, nesse enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, numa abordagem comportamental, apontando a boa funcionalidade
física como influenciadora da qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE BANKOFF (Doc. 25):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2004, Bankoff teve como objetivo
estudar as assimetrias e desvios posturais em crianças e adolescentes e aspectos
nutricionais.
No formato de apresentação, Bankoff desenvolveu uma discussão sobre assuntos
para se chegar ao objetivo proposto. Assim, a autora apontou em sua problemática que os
hábitos saudáveis são considerados como preditores de um bom nível de saúde e,
conseqüentemente, de qualidade de vida.
Apontando os desvios posturais como problema de Saúde Pública, Bankoff discutiu
sobre as péssimas adaptações a que o ambiente conduz o indivíduo, os conseqüentes
malefícios à mobilidade e à função de sustentabilidade da coluna. Assim, a autora
preconizou a importância da adoção de hábitos saudáveis para diminuir e controlar os
problemas que o sedentarismo pode causar à postura.
Diante da unidade temática, pode-se observar que, para essa apresentação, Bankoff
teve como base estudos da área da Medicina, Fisioterapia, Educação Física, Nutrição e
Saúde Pública.
Nessa contextualização, verificou-se que, durante sua participação no programa de
Pós-Graduação em Educação Física da UNICAMP, Bankoff concentrara-se na área da
Ciência do Desporto, na linha de pesquisa “Desporto, Saúde e Educação”, que tem como
objetivo estudar os fatores que influenciam as modificações e alterações orgânicas no
69
desporto, assim como estudar o desporto como fenômeno multiplicativo social. Além disso,
essa linha tem como objetivo estudar fatores referentes à saúde que influenciam na ciência
do desporto, bem como metodologias educacionais pertinentes ao desporto.
Ao observarem-se as produções acadêmicas da autora, notou-se que seus estudos
estão voltados para a análise postural e do equilíbrio, hábitos diários e sua relação com a
obesidade.
Nessa direção, no presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, preconizando os comportamentos considerados saudáveis para
alcançar bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE ARAÚJO (Doc. 26):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2001, Araújo teve como objetivo
resgatar da memória do idoso as lembranças de episódios prazerosos do cotidiano passado,
recuperando as memórias subjetivas (afeto, emoção, entre outros) e objetivas (atividades
lúdicas, jogos, entre outros) para melhorar a qualidade de vida.
Apesar de apresentar a qualidade de vida no objetivo, pode-se compreender que
nesta situação a qualidade de vida não faz parte do objetivo, e sim da justificativa para se
resgatar a memória do idoso.
Na verdade, qualidade de vida foi vinculada ao problema do estudo, em que a autora
se perguntou sobre a importância de estimular a memória do idoso em relação às situações
prazerosas para a melhora da qualidade de vida.
Esse problema surgiu da discussão desenvolvida na introdução, ao ressaltar que a
qualidade de vida transcende o nível fisiológico e corporal, como é bastante enfatizada nos
cursos de Graduação em Educação Física.
No entanto Araújo deixou explícito que, como pesquisadora, considera que a
qualidade de vida deve-se voltar para fatores que acentuem o processo de humanização, por
meio do estilo de vida, afetividade, atividade física, organizações sociais, as quais
apresentam relações com a capacidade e autonomia do indivíduo.
Diante da unidade temática apresentada, observou-se que, embora a autora tenha
abordado diversos assuntos que pertencem a determinadas áreas do conhecimento, Araújo
70
não fez referência a bases teóricas27.
Ainda como contextualização, observou-se que a autora apresenta um percurso de
produções acadêmicas voltadas para a avaliação do nível de massa corporal e sua relação
com a prática de atividades físicas.
De acordo com o enunciado apresentado, pode-se verificar que a qualidade de vida
volta-se à perspectiva psicossocial, enfatizando a estimulação de aspectos psicológicos e
sociais para o fortalecimento da autonomia e da consciência humana como meio de
melhorar a qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE BARBOSA (Doc. 27):
Em sua tese de doutorado, defendida em 2003, Barbosa apresentou como objetivo
analisar o nível de participação num programa de atividade física e saúde e suas relações
com doenças crônicas não transmissíveis e qualidade de vida.
Para o estabelecimento do objetivo, o autor desenvolveu uma discussão sobre a
evolução dos modos de vida na sociedade, enfatizando negativamente o advento
tecnológico como influenciador do sedentarismo entre os indivíduos.
Nessa corrente, Barbosa ressaltou o sedentarismo como meio de epidemia de
doenças crônicas não-transmissíveis e sua influência para a Saúde Pública. E, como
justificativa, Barbosa descrevera o conceito de Promoção da Saúde estabelecido em
Ottawa, no Canadá.
No entanto o autor enfatizou a prática de atividades físicas e seus benefícios no
condicionamento físico geral, considerando esse aspecto como fator determinante para a
saúde e a qualidade de vida.
Como forma de contextualizar a unidade temática apresentada na introdução,
observou-se que o autor utilizou estudos da Medicina, Educação Física e da Saúde Pública.
Ao localizar a qualidade de vida no objetivo do estudo, verificou-se que Barbosa
determinou sua pesquisa como pesquisa ação, com a verificação de dados quantitativos e 27 Apesar de a autora ter citado em sua dissertação que pertencera à área de concentração Educação Motora
durante sua participação no programa de Pós-Graduação, não foram encontrados os objetivos da área, assim
como em qual linha de pesquisa esteve inserida.
71
qualitativos.
Nessa dinâmica, Barbosa utilizou questões abertas e fechadas, assim como medidas
antropométricas e de pressão arterial dos participantes. Essa bateria de medidas e perguntas
foi aplicada aos participantes da pesquisa antes do início do programa.
Após três meses de treinamento, foi aplicado um questionário aberto para obter
informações sobre a adesão e não-adesão ao programa de atividades físicas, assim como
para verificar os efeitos do programa sobre o indivíduo.
Ainda como contextualização, observou-se que o autor tem um percurso de
produções acadêmicas voltadas para áreas epidemiológicas, relacionando hábitos de prática
de atividades físicas, saúde, doenças crônicas não-transmissíveis, dados antropométricos e
níveis de conhecimento.
Além disso, durante seu percurso no programa de Pós-graduação em Educação
Física da Unicamp, Barbosa concentrara-se na área Atividade Física, Adaptação e Saúde,
na linha de pesquisa “Qualidade de Vida, Saúde Coletiva e Atividade Física”, já descrita na
análise de ROLIM (Doc. 24).
Com isso, verificou-se nesse enunciado que o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, numa abordagem comportamental, em que hábitos
saudáveis como a prática de atividades físicas contribuem para a melhoria da qualidade de
vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE COSTA (Doc. 28):
Em sua tese de doutorado, defendida em 2000, Costa teve como objetivo verificar as
possíveis alterações nos parâmetros de qualidade de vida, ansiedade e depressão após a
realização de um programa de atividade física e recreativa.
O autor partiu do princípio de que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser
causado por conta do sedentarismo acentuado na sociedade atual, o que contribui para a
diminuição dos níveis de qualidade de vida da população.
Costa desenvolveu, na introdução, uma discussão sobre o AVC e sua influência no
cotidiano do homem, responsabilizando os indivíduos pelo sedentarismo como um fator
primordial para as causas desse acidente.
72
Nessa discussão, o autor apontou a falta de estudos e programas de atividade física
regular para pessoas que já sofreram o acidente, com o intuito de verificar as mudanças
emocionais e que dêem ênfase à melhoria da qualidade de vida.
Diante dessa unidade temática, pode-se contextualizá-la, verificando que o autor
utilizou estudos de áreas como Educação Física, Medicina e Fisioterapia.
Como a qualidade de vida esteve presente no objetivo, investigou-se que o autor
determinou sua pesquisa como de caráter quase-experimental.
Foram utilizados os instrumentos SF-36 para avaliar a qualidade de vida, Inventário
de Depressão de Beck para avaliar a depressão e o Inventário de Auto-Avaliação Idate
Partes I e II para avaliar a ansiedade traço-estado.
Como outro meio de contextualização, observou-se que as produções acadêmicas do
autor se voltam para a relação da prática de atividades físicas e aspectos emocionais,
indivíduos com seqüelas de AVC Isquêmica, bem como níveis de atividade física.
Além disso, verificou-se que, durante sua participação no programa de Pós-
Graduação em Educação Física da UNICAMP, o autor concentrara-se na área Atividade
Física, Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa “Atividade Física para pessoas com
necessidades especiais”, que tem como objetivo investigar e intervir, por meio de práticas
de atividade física, observando os efetivos adaptativos sobre portadores de necessidades
especiais, como idosos, sedentários, deficientes físicos, entre outros.
Nessa direção, no presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, na abordagem comportamental, ressaltando tanto a prática regular
de atividades físicas, quanto hábitos saudáveis como meio de melhorar a qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE DEL VECCHIO (Doc. 29):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Del Vecchio teve como
objetivo explorar o desenvolvimento de uma linha de pesquisa pioneira na Educação Física
para a reabilitação de trabalhadores intoxicados ocupacionalmente com mercúrio na Grande
São Paulo – SP, mensurando a qualidade de vida do grupo intoxicado, assim como as
capacidades neuromusculares e funcionais, a coordenação de membros inferiores e
superiores, além de avaliar o equilíbrio estático e dinâmico.
73
Para se chegar ao objetivo, Del Vecchio discorreu na introdução sobre as questões
que permeiam o mundo do trabalho e seus avanços em relação aos direitos dos
trabalhadores.
Nesse compasso, o autor destacou a intoxicação de mercúrio pelos indivíduos que
estão em contato direto ou indireto com essa substância em seu ambiente de trabalho.
Assim, Del Vecchio apontou os sintomas mais freqüentes dessa intoxicação, bem
como as seqüelas causadas pelo mercúrio. Dentre elas, o autor destacou danos causados aos
aspectos psicológicos, motores e, conseqüentemente, aos aspectos sociais e econômicos do
intoxicado.
De acordo com o exposto, o autor ressaltou a prática de atividade física como meio
de minimizar os prejuízos causados pela intoxicação, relacionando-os com a melhoria da
qualidade de vida.
Diante dessa unidade temática, pode-se observar que o autor teve como base teórica
para sua introdução estudos da área da Educação Física, Medicina e Farmacologia.
Observando a qualidade de vida no objetivo do estudo, verificou-se que a pesquisa
foi caracterizada com observacional transversal descritiva.
Para a avaliação da qualidade de vida, Del Vecchio optou por utilizar o instrumento
SF-36. Além disso, para avaliar força, equilíbrio e coordenação, o autor utilizou protocolos
validados.
Ainda como contextualização, observou-se que o autor, ao participar do programa
de Pós-Graduação em Educação Física pela UNICAMP, concentrara-se na área Atividade
Física, Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa “Qualidade de Vida, Saúde Coletiva e
Atividade Física”, já descrita na análise de Rolim (Doc. 24).
Sobre as produções acadêmicas do autor, observou-se que essas se voltam para os
estudos de perfis antropométricos, níveis de atividade física e qualidade de vida.
Com isso, nesse enunciado foi observado que o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, preconizando a causalidade entre boa regulação orgânica
e qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE DELOROSO (Doc. 30):
74
Em sua tese de doutorado, defendida em 2004, Deloroso apresentou como objetivo
avaliar a aptidão física de diabéticos após a participação num programa de atividade física,
além de verificar sua relação com a qualidade de vida.
O autor partiu do princípio de que a diabetes mellitus é uma doença crônica que
acomete milhões de pessoas independentemente da situação sócio-econômica, e que sua
reação no organismo reflete nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais da vida do
indivíduo.
Nesse sentido, Deloroso destacou a doença como um grave problema de saúde
pública ao ser responsável pelo grande gasto do governo com internações e tratamentos
para seu controle.
Todavia o autor ressaltou a importância dos hábitos saudáveis, como prática de
atividades física, alimentação saudável, entre outros comportamentos que podem ser fatores
preventivos para a saúde da população.
Além disso, o autor apontou esses comportamentos como influenciadores do
controle e manutenção da diabetes mellitus, minimizando seus efeitos negativos, bem como
proporcionando melhora na qualidade de vida dos portadores.
A partir dessa unidade temática observada, foi possível contextualizá-la, verificando
a construção da introdução com base em estudos da área da Educação Física e Medicina.
Sendo a qualidade de vida objetivo do estudo de Deloroso, observou-se que a
pesquisa foi caracterizada como observacional descritiva.
Na composição da pesquisa, foi aplicado o instrumento de qualidade de vida,
Whoqol-bref da OMS, assim como testes de força, flexibilidade e medidas antropométricas.
Ainda referente à contextualização da unidade de temática, verificou-se que as
produções acadêmicas do autor se voltam para o estudo sobre a avaliação da qualidade de
vida de diabéticos, fibromiálgicos, além de estudos dos comportamentos saudáveis e a
relação com o perfil pessoal.
Como complemento da contextualização, observou-se que, durante sua participação
no programa de Pós-Graduação em Educação Física pela UNICAMP, Deloroso
concentrara-se na área Atividade Física, Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa
“Qualidade de Vida, Saúde Coletiva e Atividade Física”, já descrita na análise de Rolim
(Doc. 24).
75
Diante do enunciado apresentado, foi possível afirmar que o sentido dado à
qualidade de vida volta-se à perspectiva biomédica, apontando o comportamento saudável
como influenciador da qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE DI GRAZIA (Doc. 31):
Como objetivo da dissertação de mestrado, defendida em 2003, Di Grazia verificou
as alterações posturais relacionadas à disfunção têmporo-mandibular e seu tratamento.
Para tanto, em sua apresentação, a autora discutiu sobre os problemas posturais e
suas implicações para a realização das AVD´s, assim como problemas psicológicos.
Esses efeitos da má postura foram destacados pela autora como possíveis problemas
de Saúde Pública, pois se relacionam com os possíveis afastamentos do emprego do
indivíduo.
Nessa dinâmica da problemática, Di Grazia apontou a relação da prática regular de
atividades físicas e seus efeitos sobre a postura de seus praticantes, direcionando,
conseqüentemente, para a melhoria da qualidade de vida.
De acordo com a unidade temática, foi possível contextualizá-la a partir do percurso
das produções acadêmicas da autora, as quais voltam-se para o estudo de alterações
posturais e a relação com seu tratamento, além de estudar as disfunções têmporo-
mandibular e efeitos da terapia manual para a qualidade de vida.
Embora Di Grazia abordara diversos assuntos específicos de determinadas áreas do
conhecimento em sua apresentação, a autora não utilizou referencial teórico.
Além disso, durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Educação
Física pela UNICAMP, a autora concentrara-se na área Ciência do Desporto, na linha de
pesquisa “Desporto, Saúde e Educação”, já descrita na análise de Bankoff (Doc. 25).
Observou-se também que as produções acadêmicas da autora voltam-se para o
estudo dos tratamentos e intervenções de programas sobre a disfunção da articulação
têmporo-mandibular.
Com isso, nesse enunciado, verificou-se que o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, com enfoque dado à boa funcionalidade física como meio
de obter bons níveis de qualidade de vida.
76
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE MENDES (Doc. 32):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2002, Mendes teve como objetivo
verificar a percepção de qualidade de vida e sua relação com a prática de exercícios físicos
em crianças e adolescentes epiléticos.
Para se chegar ao objetivo, a autora discutiu sobre os estigmas da epilepsia, sua
trajetória histórica e suas implicações na sociedade, apontando o preconceito para com os
epiléticos, prejudicando o desenvolvimento tanto físico e psicológico, quanto social dos
portadores.
Nessa corrente, Mendes apontou os efeitos psicológicos em epiléticos a partir da
prática de atividades físicas, melhorando seu convívio social e, conseqüentemente,
aumentando os níveis de qualidade de vida dessa população.
De acordo com essa unidade temática, foi possível contextualizá-la, ao verificar que,
em sua introdução, Mendes utilizou bases teóricas que correspondem às áreas da Educação
Física e Medicina.
Sendo a qualidade de vida um dos objetivos do estudo, observou-se que a autora
recorreu a entrevistas semi-estruturadas com médicos a respeito da relação entre os
portadores de epilepsia e a qualidade de vida. Além disso, crianças e adolescentes epiléticos
responderam a um questionário com perguntas fechadas e abertas a respeito dos diversos
aspectos de sua vida, incluindo sua participação nas aulas de Educação Física.
Os familiares dos portadores também responderam a um questionário com perguntas
fechadas e abertas sobre suas percepções e ações a respeito de seus filhos epiléticos. E,
como integrantes da pesquisa, profissionais de Educação Física também responderam a um
questionário com perguntas fechadas e abertas referentes à epilepsia e à Educação Física.
Ainda como contextualização, observou-se que as produções acadêmicas da autora
voltam-se para os estudos do meio ambiente e a prática de atividades físicas.
Além disso, verificou-se que Mendes, em seu percurso no programa de Pós-
Graduação em Educação Física pela UNICAMP, concentrara-se na área Atividade Física,
Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa “Atividade Física para pessoas com necessidades
especiais”, já descrita na análise de Costa (Doc. 28).
77
Com isso, nesse enunciado, observou-se que o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, apontando a causalidade entre a boa funcionalidade física
e bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE MODENEZE (Doc. 33):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2004, Modeneze teve como objetivo
analisar dados de hábitos de vida de pessoas diabéticas e verificar as possíveis influências
de um programa de qualidade de vida.
Para se chegar ao objetivo, Modeneze partiu do princípio de que, embora a diabete
mellitus seja uma doença crônica não transmissível, ela pode ser prevenida ou ter seus
efeitos minimizados a partir do conhecimento da população sobre essa doença.
Nessa afirmação, Modeneze ressaltou que muitos casos de diabetes são relativos à
falta de conhecimento e cultura da população.
Diante dessa unidade temática, observou-se que o autor utilizou estudos da área da
Educação Física e Medicina para compor a introdução da pesquisa.
De acordo com o objetivo do estudo, foi verificado que o caráter da pesquisa é
observacional descritivo, em que foi aplicado o instrumento Whoqol-bref da OMS para
avaliar a qualidade de vida. Além disso, foram aplicados instrumentos para verificar o
índice de atividade física, aptidão física, nível de conhecimento sobre diabetes e
comportamento alimentar, além de dados antropométricos.
Nessa contextualização, observou-se que o autor apresenta um percurso de
produções acadêmicas de áreas epidemiológicas, mais especificamente voltadas para os
estudos da diabetes mellitus e níveis social e cultural dessa população.
Durante seu percurso da dissertação, o autor integrara-se na área de concentração
Atividade Física, Adaptação e Saúde do Programa de Pós-Graduação em Educação Física
da UNICAMP, na linha de pesquisa “Qualidade de Vida, Saúde Coletiva e Atividade
Física”, já descrita na análise de Rolim (Doc. 24).
Assim, nesse enunciado, pode-se verificar que o sentido dado à qualidade de vida é
voltado à perspectiva biomédica, numa abordagem comportamental, preconizando
unilateralmente a boa funcionalidade física como pressuposto básico para um bom nível de
78
qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE VIANA (Doc. 34):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2003, Viana teve como objetivo
verificar se a prática de atividade física influencia na avaliação subjetiva da qualidade de
vida.
A autora propõe o objetivo a partir da discussão que desenvolveu sobre o
envelhecimento populacional, em que apontou esse advento como conseqüência da
melhoria da qualidade de vida, observado pela melhoria de condições de higiene, controle
de enfermidade, acesso à moradia, entre outros fatores.
Viana continuou sua discussão, afirmando que a mudança do estilo de vida também
contribuiu significativamente para a melhoria da qualidade de vida. Todavia a autora
ressaltou que nem sempre há causalidade entre esse comportamento, assim como a
melhoria de condições de vida com aspectos psicológicos.
Nessa direção, a autora enfatizou a necessidade da avaliação subjetiva da qualidade
de vida. Além disso, Viana pressupôs a prática de atividade física como meio de mudança
da percepção da qualidade de vida.
Assim, diante da unidade temática, observou-se que, para a construção da
introdução, Viana teve como base teórica estudos da área da Educação Física e Psicologia
do Envelhecimento.
De acordo como o objetivo do estudo, Viana classificou sua dissertação como uma
pesquisa qualitativa. No entanto utilizou o instrumento Whoqol-bref da OMS para
avaliação da qualidade de vida, aplicados aos idosos praticantes e não praticantes de
atividades físicas.
Como parte da contextualização, observou-se que a autora tem um percurso de
produções acadêmicas voltadas para o estudo da prática de atividades físicas e a relação
com a qualidade de vida e corporeidade de idosos28.
28 Apesar de buscar em qual contexto a autora concentrara-se durante sua participação no programa de Pós-
Graduação em Educação Física da UNICAMP, não foram encontrados os dados necessários para essa
averiguação.
79
Assim, no presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, apontando a prática de atividades físicas como um comportamento
saudável que pode auxiliar no desenvolvimento de bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE PASETTI (Doc. 35):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Pasetti teve como objetivo
investigar a contribuição do Deep Water Running (DWR) no controle e prevenção da
obesidade, a partir da verificação da composição corporal, aptidão física e qualidade de
vida.
Como partida para objetivo, Pasetti discutiu sobre a obesidade como um problema
de Saúde Pública. Além disso, o autor reforçou o assunto, apontando ser um risco que
envolve processos diversos como fatores genéticos, metabólicos e ambientais.
O autor ressaltou que os efeitos da obesidade podem desencadear doenças crônicas
não transmissíveis, como a hipertensão, a diabetes, entre outros.
Diante dessa dinâmica, Pasetti destacou os hábitos saudáveis como comportamentos
favoráveis ao controle e prevenção da obesidade, mantendo bons níveis de qualidade de
vida.
Nessa corrente, o autor apresentou diversos estudos que evidenciam, dentro dessa
perspectiva, os comportamentos saudáveis como meio para a melhoria da qualidade de
vida.
Com isso, Pasetti apresentou o DWR como uma prática que pode auxiliar no
favorecimento de aspectos biológicos, psicológicos e sociais e, conseqüentemente, na
qualidade de vida.
Assim, ao observar a unidade temática, foi possível contextualizá-la verificando
que, em sua introdução, Pasetti utilizou estudos da área da Educação Física, Medicina e
Saúde Pública.
Com a qualidade de vida presente no objetivo, verificou-se que, para tal avaliação,
Pasetti caracterizou o estudo como quase-experimental.
Para a avaliação da qualidade de vida, o autor utilizou o instrumento Whoqol-bref
80
da OMS, além de realizar medidas antropométricas, testes de força e flexibilidade.
Em outro meio de contextualização, observou-se que, durante seu percurso no
programa de Pós-Graduação em Educação Física da UNICAMP, o autor integrara-se à área
de concentração Atividade Física, Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa “Qualidade de
Vida, Saúde Coletiva e Atividade Física”, já descrita na análise de Rolim (Doc. 24).
Além disso, verificou-se que suas produções acadêmicas voltam-se para as áreas
epidemiológicas com estudos da prática de atividades física no meio líquido e sua
influência na composição corporal e na qualidade de vida.
Assim, de acordo com o presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, numa abordagem comportamental, enfatizando a boa
funcionalidade física como pressuposto básico para bons níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE VILELA JUNIOR (Doc. 36):
Em sua tese de doutorado, defendida em 2004, Vilela Junior teve como objetivo
promover a inclusão digital em conteúdos de qualidade de vida e atividade física.
Para se chegar ao objetivo, o autor desenvolveu uma discussão sobre a sociedade do
conhecimento, apontando-a como meio de desenvolvimento para o exercício da cidadania e
autonomia. Vilela Junior recorreu à Filosofia e a Antropologia para viabilizar tal discussão.
Nessa dinâmica, ao apontar a autonomia como conseqüência do acesso à
informação, o autor a ressaltou como pressuposto básico para a melhoria da qualidade de
vida.
Sobre o âmbito acadêmico, Vilela Junior reforçou a importância do ensino e da
pesquisa, indicando que, por parte do profissional ou do estudante de graduação, existe uma
apreensão do conteúdo que deve ser desenvolvido junto ao seu local de atuação.
Assim, o autor destacou a pedagogia histórico-crítica, que tem como centro a
aprendizagem para o desenvolvimento da cidadania e da autonomia.
A partir dessa pedagogia, o autor delimitou a qualidade de vida e a atividade física
como conteúdos a serem trabalhados pelos futuros profissionais com o objetivo de
desenvolvê-los de forma compreensível na localidade de atuação.
De acordo com a unidade temática, foi possível verificar que o autor utilizou bases
81
teóricas da Educação, Filosofia e Antropologia para o desenvolvimento da introdução de
sua tese.
Além disso, verificou-se que Vilela Junior apresentou um percurso de produções
acadêmicas voltadas para o estudo da relação da qualidade de vida com práticas de
atividades físicas, níveis antropométricos e comportamentos saudáveis.
Ainda como contextualização, observou-se que, durante sua participação no
programa de Pós-Graduação em Educação Física da UNICAMP, o autor concentrara-se na
área Atividade Física, Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa “Qualidade de Vida, Saúde
Coletiva e Atividade Física”, já descrita na análise de Rolim (Doc. 24).
Com isso, de acordo com o presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva da promoção da saúde, que enfoca a autonomia como meio de
melhorar a qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE MORAES (Doc. 37):
Em sua tese de doutorado, defendida em 2003, Moraes teve como objetivo avaliar e
analisar a eficácia de um programa de reabilitação como modificador nos indicadores de
dor e qualidade de vida em pacientes portadores de lombalgia crônica inespecífica.
Para se chegar ao objetivo, Moraes apresentou a definição de lombalgia, suas
características e implicações para a vida do indivíduo.
Nessa dinâmica, o autor apontou que os efeitos da lombalgia podem reforçar os
problemas de Saúde Pública, assim como podem desregular os aspectos físicos,
psicológicos e sociais dos portadores, determinando a diminuição de sua qualidade de vida.
O autor ressaltou também a importância dos programas educacionais e treinamentos
para o surgimento de efeitos positivos sobre a lombalgia e, conseqüentemente, para a Saúde
Pública.
Apontando as implicações da lombalgia na qualidade de vida, Moraes indicou que a
avaliação da qualidade de vida dos portadores por meio de instrumento validado é
considerada como um método eficiente.
De acordo com a unidade temática apresentada na introdução, observou-se que o
autor utilizou estudos da área da Educação Física, Fisioterapia, Medicina e Saúde Pública.
82
De acordo com o objetivo do estudo, Moraes utilizou o instrumento SF-36 para
avaliar a qualidade de vida, além de outro questionário para determinar a lombalgia e a
intensidade da dor, bem como aplicou questionário para obtenção de dados demográficos.
Outro meio de contextualização ocorreu pela observação do percurso das produções
acadêmicas do autor, em que seus estudos voltam-se para as áreas epidemiológicas, na
discussão de problemas posturais e suas implicações para a ergonomia, assim como os
efeitos de programas que têm como objetivo diminuir esses problemas evidenciados.
Além disso, verificou-se que, durante sua participação no programa de Pós-
graduação em Educação Física da UNICAMP, Moraes concentrara-se na área Atividade
Física, Adaptação e Saúde, na linha de pesquisa “Qualidade de Vida, Saúde Coletiva e
Atividade Física”, já descrita na análise de Rolim (Doc. 24).
Nessa direção, no presente enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, enfatizando o comportamento saudável como influenciador de bons
níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE MIRA (Doc. 38):
Em sua tese de doutorado, defendida em 2000, Mira teve como objetivo analisar o
discurso da Educação Física sobre o exercício físico como um fator de saúde e prevenção
de doenças.
O autor partiu do princípio de que a ciência e os pilares epistemológicos têm como
necessidade repensar os olhares de determinada área. E, embora sejam feitas novas
discussões sobre uma área do conhecimento, parecem insistir em enfoques ultrapassados,
como é o caso da Educação Física sobre os modelos biomédicos como meio de alcançar
saúde.
Nessa corrente, o autor discutiu que a vida humana é caracterizada pelos fenômenos
culturais. Assim, na busca pela saúde e estética corporal, o exercício físico tem sido
discursado como meio de atingir esses objetivos.
Nesse discurso, Mira apontou que o exercício físico promete melhorar a saúde,
prevenir doenças, proporcionar longevidade, beleza, auto-estima, qualidade de vida, entre
83
outras promessas. Além disso, o autor ressaltou que a população que não adere a essa
prática tem sido culpada e taxada de preguiçosa, sem vontade e carente de ânimo de viver.
Partindo dessa unidade temática, observou-se que o autor utilizou estudos da
Filosofia, Saúde Coletiva e Educação Física para desenvolver a introdução de sua tese29.
Diante da crítica que o autor se propõe a fazer sobre o discurso de causalidade que a
Educação Física tem feito sobre o exercício físico e a saúde, prevenção de doenças e
qualidade de vida, pode-se observar que, nesse enunciado, o sentido dado à qualidade de
vida volta-se à perspectiva da promoção da saúde.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE NOGUEIRA (Doc. 39):
Nogueira apontou como objetivo de sua tese de doutorado, defendida em 2006,
examinar o nível geral de percepção de qualidade de vida no trabalho em academias, de
acordo com o relato dos professores de Educação Física.
Para se chegar ao objetivo, o autor desenvolveu uma discussão sobre as diversas
conceituações de qualidade de vida, enfatizando o caráter discursivo que cada autor
desenvolve para conceituá-la. Em continuação, Nogueira discutiu sobre as diversas
perspectivas nas quais qualidade de vida tem sido afirmada nas produções acadêmicas da
Educação Física; como exemplo, a perspectiva biomédica com abordagem comportamental
e relação causal, bem como a perspectiva desenvolvimentista.
Além disso, o autor destacou que a qualidade de vida tem sido utilizada como
estratégia de marketing empresarial na Educação Física, em que são oferecidos
principalmente serviços de condicionamento físico.
Nessa construção, Nogueira criticou que, embora a área da Educação Física se
julgue oferecedora de melhorias para a saúde e para a qualidade de vida, pouco se discutiu
até então sobre a decência do ambiente e tipo de trabalho para atuação dos professores de
29 Ao buscar a área e linha de pesquisa em que o autor inserira-se durante sua participação no programa de
Pós-Graduação em Educação Física pela Universidade Gama Filho, não foram encontradas informações
suficientes para descrever os objetivos da linha de pesquisa na qual Mira estivera inserido para contextualizar
o seu discurso. Além disso, ao buscar o percurso acadêmico do autor, seu currículo não foi encontrado na base
de dados que aloja essas informações.
84
Educação Física.
Nesse âmbito laboral, Nogueira identificou-se com a avaliação da qualidade de vida
dos professores da área a partir da remuneração, benefícios, plano de carreira e treinamento,
segurança e confiança na gestão, orgulho do trabalho e da empresa, clareza e abertura na
comunicação interna, ambiente agradável e responsabilidade social.
De acordo com a unidade temática, é possível contextualizá-la observando que, para
a construção da introdução, o autor utilizou estudos de áreas como Educação Física,
Sociologia e Filosofia.
Na presença da qualidade de vida no objetivo da tese, observou-se que esse foi um
estudo exploratório. Para tanto, Nogueira optou por aplicar um questionário com algumas
categorias referentes ao ambiente, relacionamento, segurança, remuneração entre outros
fatores voltados para o trabalho do professor de Educação Física.
Como opção para cada categoria, foi criada uma Escala de Likert. E, como
complemento, o autor realizou uma entrevista semi-estruturada com cada professor
participante da pesquisa a partir do depoimento sobre os fatores considerados essenciais
para qualificar seu ambiente como excelente meio para trabalhar.
Ainda na contextualização, observou-se que Nogueira apresenta um percurso de
produções acadêmicas voltadas para o estudo do ambiente de trabalho dos professores de
Educação Física, sobre as políticas defendidas pela área, sobre a falta de estudos na área
laboral da Educação Física.
Além disso, verificou-se que, durante sua participação no programa de Pós-
Graduação em Educação Física na UGF, Nogueira concentrara-se na área Educação Física
e Cultura, na linha de pesquisa “Educação Física, Esporte e Lazer”, que tem como objetivo
analisar e caracterizar políticas, programas e estruturas organizacionais e gerenciais de
instituições produtores de conhecimentos e de práticas da Educação Física e das atividades
físico-esportivos na perspectiva da saúde, do alto rendimento e do lazer.
Nessa direção, a partir do presente enunciado, verificou-se que o sentido dado à
qualidade de vida volta-se à perspectiva psicossocial, enfatizando a atribuição de valor do
indivíduo frente a determinados âmbitos de sua vida como meio de melhorar a qualidade de
vida.
85
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE OLIVEIRA (Doc. 40):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2006, Oliveira teve como objetivo
identificar como os participantes avaliados percebem a intervenção feita pelo evento Agita
Galera, se provocou modificações no ambiente escolar ou nos comportamentos e atitudes
dos sujeitos de acordo com os pressupostos do programa.
Para chegar ao objetivo, o autor discutiu a importância da adoção de hábitos
saudáveis visando a contribuir com a saúde e a qualidade de vida da população.
Oliveira destacou a existência de programas de intervenção baseados no modelo
transteórico de mudança de comportamento que objetiva a promoção de atividades físicas
que são destinadas normalmente para escolares, idosos e trabalhadores.
No entanto, o autor ressaltou que ainda não há dados que visualizam as percepções
dos participantes desses programas, além da necessidade de se verificar se há mudanças de
comportamentos e atitudes.
Assim, Oliveira defendeu a importância do objetivo proposto nesse estudo ao
apontar que os sujeitos que se encontram na fase escolar ainda estão formando conceitos,
valores, comportamentos e atitudes que podem influenciar o resto de sua vida.
Diante dessa unidade temática, é possível contextualizá-la observando que o autor
utilizou estudos da área da Educação Física, Saúde Coletiva e Saúde Pública.
Ao verificar o percurso das produções acadêmicas de Oliveira, percebeu-se que o
autor direciona seus estudos às experiências e resultados obtidos em programa de
intervenção de atividades físicas para diversas faixas etárias, visando à promoção da saúde.
Além disso, durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Educação
Física pela USJT, Oliveira concentrara-se na área Atividade Física, Esporte e Saúde, na
linha de pesquisa “Intervenções psicológicas e pedagógicas na Educação Física e no
Esporte”, que tem como objetivo estudar processos pedagógicos em programas de
Educação Física e esporte, assim como analisar características psicológicas e sociais no
desempenho esportivo.
Com isso, de acordo com o enunciado, o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, enfatizando o comportamento saudável como meio de adquirir
melhores níveis de qualidade de vida.
86
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE PEREIRA (Doc. 41):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2006, Pereira teve como objetivo
conhecer as causas que podem motivar, ou não, alunos durante as aulas de Educação Física
de escolas públicas e particulares.
Pereira partiu de sua vivência profissional ao observar diferenças na motivação de
alunos até 7ª série do Ensino Fundamental e a partir da 8ª série durante as aulas de
Educação Física.
A autora discutiu sobre as transformações da seleção de conteúdo nas aulas de
Educação Física, além de ressaltar as diversas formas de influências educacionais,
apontando a necessidade do planejamento das atividades e métodos a serem utilizados de
acordo com o objetivo da aula.
Numa outra esfera, Pereira discutiu o objetivo da Educação Física como meio de
disseminar a relação entre atividade física e saúde, na intenção de melhorar os níveis de
funcionalidade física.
No entanto, entendendo a transmissão de informações e conhecimentos como
pertencente à perspectiva educacional, Pereira enfatizou a necessidade de usufruir da
Educação Física e suas práticas em benefício da qualidade de vida.
De acordo com a unidade temática, observou-se que a autora utilizou estudos da
área da Educação e da Educação Física.
Além disso, durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Educação
Física pela USJT, Pereira concentrara-se na área Atividade Física, Esporte e Saúde, na
linha de pesquisa “Intervenções psicológicas e pedagógicas na Educação Física e no
Esporte”, já descrita na análise de Oliveira (Doc. 40).
Ainda como contextualização, observou-se que o percurso de produções acadêmicas
da autora volta-se ao estudo de aspectos motivacionais sobre a prática de atividades físicas.
Embora Pereira tenha abordado a questão educacional em seu estudo, foi possível
observar, diante do enunciado, que o sentido dado à qualidade de vida volta-se à
perspectiva biomédica, preconizando o comportamento saudável como meio de beneficiar a
qualidade de vida.
87
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE GULINI (Doc. 42):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2006, Gulini teve como objetivo
verificar os efeitos do exercício físico em pacientes com diferentes níveis de Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Gulini partiu do princípio de que a DPOC é uma doença pouco sintomática e, de
acordo como o seu grau de distúrbio, pode ocasionar algumas limitações nos indivíduos
como dispnéia, disfunção músculo-respiratória, entre outros, além de limitar o paciente
quanto à prática de atividades físicas, o que pode prejudicá-lo não só física, como também
socialmente.
Apontando a qualidade de vida como problemática, a autora enfatizou que os efeitos
da prática regular de atividades físicas sobre as possíveis limitações provocadas pelo DPOC
podem auxiliar o indivíduo a proporcionar maior resistência ao exercício e melhorar a
sensação de bem-estar e melhorar sua qualidade de vida. No entanto Gulini ressaltou que há
uma defasagem no estabelecimento da duração da sessão, do número de sessões semanais
dos treinamentos físicos até hoje recomendadas para pacientes de DPOC.
Apesar de apresentar as defasagens quanto à sistematização dos treinamentos para
pacientes de DPOC, a autora reafirmou a importância da prática de atividades físicas como
fator de impacto na qualidade de vida dos pacientes.
A partir dessa unidade temática, é possível contextualizar, verificando que a autora
utilizou estudos de áreas como Fisioterapia, Medicina e Educação Física para desenvolver a
introdução.
Durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano da UDESC, Gulini inserira-se na área de concentração Estudos
Biocompormentais do Movimento Humano, na linha de pesquisa “Atividade Física e
Saúde”, que tem como objetivo estudar o movimento com base na fisiologia do corpo
humano, observados a partir das reações celulares, dos sistemas e órgãos, além de abranger
as influências comportamentais da atividade física sobre o sistema fisiológico.
Além disso, as produções acadêmicas da autora voltam-se aos estudos das reações
fisiológicas ocasionadas por hábitos de vida.
88
Com isso, pode-se verificar nesse enunciado que o sentido dado à qualidade de vida
insere-se numa perspectiva biomédica, apontando a causalidade entre o exercício físico e a
melhora dos níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE SALIN (Doc. 43):
Como objetivo da dissertação de mestrado, defendida em 2006, Salin propôs a
descrição dos aspectos relacionados às diretrizes necessárias para a formulação de
programas e ações de atividades físicas para idosos de um centro de convivências, a partir
das políticas públicas de promoção da saúde municipais.
Para chegar ao objetivo, Salin apresentou em sua introdução a necessidade de
implantação de programas de atividades física para idosos, uma vez que o sedentarismo tem
causado muitos problemas de Saúde Pública e aumentado o aparecimento de doenças na
velhice.
A autora apontou a prática de atividades físicas regulares como fator fundamental
para contribuir com a diminuição da mortalidade, aumentar a capacidade fisiológica, auto-
estima e contato social. Nessa corrente, Salin defendeu essa prática como meio de
promover a saúde e melhorar a qualidade de vida da população idosa.
No entanto, ao apresentar diversos programas que incentivam a prática de atividades
físicas, Salin enfatizou a necessidade de caracterizar a população na qual o programa de
exercícios físicos é oferecido. Assim, a autora propõe investigar as diretrizes das políticas
públicas de promoção da saúde de um município do interior de São Paulo para implantar
um programa de atividades físicas para idosos da cidade.
A partir da unidade temática, verificou-se que, para desenvolver a introdução, a
autora utilizou estudos das áreas da Educação Física, Saúde Pública e Gerontologia.
Durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano da UDESC, Salin concentrara-se na área de Estudos
Biocompormentais do Movimento Humano, na linha de pesquisa “Atividade Física e
Saúde”, já descrito na análise de Gulini (Doc. 42).
89
Sobre o percurso das produções acadêmicas desenvolvidas pela autora, seus estudos
concentram-se na área epidemiológica, relacionando a prática de atividades físicas para
idosos e a obesidade e níveis de capacidade funcional de idosos.
Diante do presente enunciado, verificou-se que o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, enfatizando o comportamento saudável para atingir bons
níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE NASCIMENTO (Doc. 44):
Em tal dissertação de mestrado, defendida em 2004, Nascimento teve como objetivo
analisar a influência do estilo de vida, fatores pessoais e ambientais, relacionando a prática
de exercícios físicos e a capacidade motora percebida de coronariopatas sobre a adesão e a
desistência de um programa estruturado de exercícios físicos.
Na introdução, Nascimento abordou a qualidade de vida na problemática, em que
ressaltou o crescimento do sedentarismo como fator influenciador da qualidade de vida.
Nessa direção, o autor destacou a prática regulares de exercícios físicos como um
comportamento saudável promotor de mudanças positivas em relação à manutenção dos
aspectos físicos e psicológicos do homem em benefício da saúde e da qualidade de vida,
assim como meio de diminuir problemas de Saúde Pública.
Todavia Nascimento reforçou que atualmente a não-adesão à prática regular de
exercícios físicos é bastante acentuada. Apesar da tentativa de encontrar respostas sobre o
sedentarismo, o autor não obteve tal sucesso.
Diante da unidade temática observada na introdução, Nascimento utilizou como
referencial teórico a literatura da área da Educação Física, Medicina, Nutrição e Saúde
Pública.
Além disso, durante sua participação no programa de Pós-Graduação em Ciências
do Movimento Humano da UDESC, Nascimento concentrara-se na área Estudos
Biocomportamentais do Movimento Humano, na linha de pesquisa “Atividade Física e
Saúde”, que tem como objetivo estudar movimentos baseados na fisiologia do corpo
humano desde a fisiologia celular, até os diversos órgãos e sistemas, incluindo as
influências comportamentais do diversos sistemas fisiológicos.
90
Ainda como contextualização, verificou-se que o autor tem um percurso de
produção acadêmica voltada para os estudos dos níveis de atividade física, adesão e
permanência em programas de exercícios físicos.
Com isso, verificou-se que, nesse enunciado, o sentido dado à qualidade de vida
volta-se à perspectiva biomédica, numa abordagem comportamental, ressaltando a prática
regular de atividade física como hábito saudável em benefício da qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE BLESSMANN (Doc. 45):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2003, Blessmann teve como objetivo
compreender o fenômeno da corporeidade do idoso, a partir da perspectiva do corpo e sua
relação com o processo de envelhecimento.
No desenvolvimento da introdução, a autora abordou assuntos como as questões
demográficas do envelhecimento que têm levado em consideração os fatores cronológicos
da idade. No entanto Blessmann não concorda com os critérios de idade para estabelecer
períodos da vida, pois parte do princípio de que a vida é heterogênea. Além disso, a autora
enfatizou que, embora a velhice seja um período da vida em que as mudanças físicas
acontecem com maior prevalência, não é possível considerar que esses declínios sejam
sinônimos de doenças e sim que há probabilidades para tal surgimento.
Nessa direção, Blessmann disparou em sua discussão para a preocupação com a
qualidade de vida dos que estão envelhecendo. E, para avaliá-la, a autora defendeu a
necessidade de um olhar para além do aspecto físico, enfatizando os aspectos psicológicos e
o socioculturais.
Dando continuidade ao desenvolvimento da introdução, Blessmann apontou a
necessidade de cuidar do corpo como um comportamento saudável para que as mudanças
físicas sejam amenizadas e, conseqüentemente, posterguem as dificuldades do idoso quanto
ao comportamento social e pessoal, diminuindo os estereótipos do envelhecimento frágil.
Assim, a autora afirmou que atualmente é difícil encontrar idosos com fortes
características de debilidade e que, nesse sentido, é preciso compreender o significado do
corpo a partir de quem o representa.
91
Diante da unidade temática, é possível contextualizá-la verificando que a autora
utilizou estudos das áreas da Gerontologia, Psicologia do Envelhecimento, Saúde Pública e
Educação Física. Além disso, durante sua participação no programa de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano da UFRGS, Blessmann concentrara-se na área Movimento
Humano, Cultura e Educação, na linha de pesquisa ”Representações sociais do movimento
humano”, que tem como objetivo compreender a representação social através do
movimento humano.
Em seu percurso de produções acadêmicas, a autora desenvolve pesquisas que
relacionam a velhice e a corporeidade.
Apesar do estudo ser de cunho social, no enunciado do presente estudo o sentido
dado à qualidade de vida volta-se à perspectiva biomédica, apontando o comportamental
saudável para o entendimento corpo e, conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE LAZZAROTTO (Doc. 46):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 1999, Lazzarotto teve como objetivo
compreender a concepção de atividade física de pacientes soropositivos e doentes de AIDS
que freqüentam um ambulatório de Porto Alegre.
Para se chegar no objetivo, Lazzarotto desenvolveu em sua introdução uma
apresentação do que vem a ser a AIDS, os percursos históricos da descoberta da doença e
seus tratamentos, abordando aspectos físicos da doença e sua repercussão social.
Na continuação da parte introdutória, o autor destacou a Educação Física e suas
práticas como meio de postergar e diminuir o sofrimento do doente em relação às
limitações orgânicas, físicas e psíquicas que a doença pode ocasionar. Assim, Lazzarotto
apresentou uma série de pesquisas que comprovam os benefícios da prática de atividades
físicas para doentes de AIDS. No entanto, ao final suas explicitações quanto às pesquisas, o
autor sintetizou os achados apontando que os benefícios dessa prática contribuirão para a
melhoria da qualidade de vida dos portadores.
A partir da unidade temática, é possível contextualizá-la verificando que o autor
utilizou estudos das áreas da Medicina, Fenomenologia, Educação Física e Saúde Pública
para desenvolver a introdução da dissertação.
92
Observou-se que, durante a sua participação no programa de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano da UFRGS, o autor inserira-se na linha de pesquisa
“Filosofia, Antropologia do Movimento Humano”30.
Lazzarotto apresenta um percurso de produções acadêmicas que se concentram na
área epidemiológica, especificamente sobre AIDS, níveis de conhecimento sobre a doença,
os efeitos da atividade física sobre o sistema orgânico dos doentes de AIDS.
Diante do enunciado, pode-se verificar que o sentido dado à qualidade de vida no
presente estudo volta-se à perspectiva biomédica, apontando a causalidade entre a prática
de atividades físicas, benefícios orgânicos e a melhoria da qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE VENDRUSCULO (Doc. 47):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005, Vendrusculo teve como
objetivo comparar a ocorrência de lesão muscular e comportamento do VO2máx. entre um
programa de treinamento de corrida em piscina funda e corrida em terra, com indivíduos
não-treinados.
Vendrusculo iniciou sua introdução apontando os efeitos do sedentarismo sobre o
sistema orgânico e físico dos indivíduos. O autor ressaltou a disseminação da importância
da prática de atividades físicas como meio de controlar os efeitos maléficos de uma vida
sedentária sobre o organismo humano e, conseqüentemente, afirmou esses benefícios como
influenciadores de bons níveis de qualidade de vida.
Em seguida, o autor apresentou a corrida em terra como uma atividade física
bastante praticada e mostrou evidências de que sua prática mal orientada e em excesso pode
provocar lesões músculo-esqueléticas.
Em contrapartida, a autora apresentou pesquisas que comprovaram os efeitos
benéficos sobre o sistema fisiológico e diminuição de riscos de lesão músculo-esquelética a
partir de corrida em piscina funda.
30 Essa informação foi acessada pela dissertação do autor. Porém, ao investigar os objetivos que essa linha de
pesquisa possuíam no sítio da universidade, não foram encontradas informações para tal. Ao que tudo indica,
essa linha de pesquisa foi extinta.
93
Diante da unidade temática, pode-se contextualizá-la observando que a autora
utilizou estudos da área da Educação Física e Saúde Pública. Além disso, durante sua
participação no programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da
UFRGS, a autora concentrara-se na área Atividade Física, Saúde e Performance, na linha
de pesquisa “Atividade Física e Saúde”, que tem como objetivo investigar as relações entre
os efeitos de reabilitação e prevenção de doenças e a prática de atividades físicas.
Em relação ao percurso de produções acadêmicas da autora, observou-se que
Vendrusculo desenvolve pesquisas na área epidemiológica, na investigação dos efeitos
agudos de treinamentos aeróbicos.
A partir do enunciado do estudo, é possível identificar que o sentido dado à
qualidade de vida volta-se à perspectiva biomédica, apontando o comportamento saudável
como meio de proporcionar melhoria dos níveis de qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE ANDREOTTI (Doc. 48):
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 1999, Andreotti teve como objetivo
verificar mudanças de desempenho em AVD, em idosos participantes de um programa de
Educação Física.
Andreotti partiu do princípio de que, com o envelhecimento, o indivíduo sofre
perdas nas diversas capacidades físicas e neuromotoras, as quais podem comprometer o
desempenho das AVD´s.
Nessa dinâmica, a autora apontou a qualidade de vida na problemática de sua
dissertação, em que discutiu a importância de manter bons níveis de capacidades físicas e
neuromotoras para o desempenho das AVD´s e, conseqüentemente, influenciar nos
aspectos psicológicos e sociais do idoso, melhorando sua qualidade de vida.
Para manutenção dessas atividades, a autora ressaltou a prática de atividade física
como um comportamento saudável que contribui com as funções psicológicas e orgânicas,
considerando-as importantes para a melhoria da qualidade de vida.
Diante da unidade temática apresentada, observou-se que, para a construção da
introdução, Andreotti utilizou estudos da área da Educação Física, Psicologia, Gerontologia
e Saúde Pública.
94
Além disso, foi verificado que, durante sua participação no programa de Pós-
Graduação em Educação Física pela USP, Andreotti concentrara-se na área Pedagogia do
Movimento Humano, que tem como objetivo estudar aspectos sociais, psicológicos,
culturais, assim como as intervenções que contribuem com esses aspectos humanos31.
Nessa direção, de acordo com o presente enunciado, o sentido dado à qualidade de
vida volta-se à perspectiva biomédica, enfatizando o comportamento saudável para manter
boas funções físicas e, conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida.
ANÁLISE DO DOCUMENTO DE MACEDO (Doc. 49):
Como objetivo da dissertação de mestrado, defendida em 2000, Macedo avaliou a
qualidade de vida de condutores e cobradores de transporte coletivo urbano e comparou
seus resultados. Além disso, verificou a prevenção de lombalgia e identificou qual seria o
impacto causado na qualidade de vida dessa população.
Para tanto, a autora discutiu em sua introdução sobre as transformações do mundo
do trabalho, ressaltando as exigências de cada área de atuação e, com isso, muitas dessas
exigências se associam a um estilo de vida não-ativo.
Nessa corrente, Macedo enfatizou que a falta de hábitos saudáveis pode
desestruturar o indivíduo, tanto no seu meio profissional, quanto no social.
A autora destacou o possível desenvolvimento da lombalgia em motoristas e
cobradores de transporte coletivo urbano, por conta das características de seu trabalho, pela
quantidade de horas no mesmo local e da repetição de movimentos exigentes que, assim,
podem afetar a qualidade de vida desses indivíduos.
Assim, Macedo indicou a incidência dos diversos estudos que evidenciam a prática
de atividade física para a obtenção de níveis desejáveis de qualidade de vida.
De acordo com a unidade temática do estudo, é possível contextualizar verificando
que a autora utilizou estudos da área da Educação Física, Saúde Coletiva, Medicina e
Fisioterapia para compor a introdução de sua dissertação.
31 Apesar de buscar o percurso acadêmico da autora, seu currículo não foi encontrado na base de dados que
alojam essas informações.
95
Ao apontar a qualidade de vida como objetivo da pesquisa, verificou-se que a autora
aplicou o instrumento SF-36 para avaliar a qualidade de vida dos motoristas e cobradores
de transporte coletivo urbano.
Além disso, a autora aplicou um questionário para investigar dados demográficos
dos sujeitos da pesquisa, assim como aplicou questões que indicavam as posturas no
ambiente de trabalho, uso de medicamentos, tempo de atividade laboral, horas diárias de
trabalho e intervalos, consumo de álcool e fumo, além de prática ou não de atividade física.
Ainda como contextualização, verificou-se que Macedo tem um percurso de
produções acadêmicas voltadas para o estudo de desvios posturais e as possíveis
intervenções em benefício dos aspectos orgânicos, seja pela prática de atividades físicas ou
tratamentos fisioterápicos, seja em benefício da qualidade de vida dos indivíduos.
Em outro meio de contextualização, verificou-se que, durante sua participação no
programa de Pós-Graduação em Educação Física pela USP, Macedo concentrara-se na área
Biodinâmica do Movimento Humano, que tem como objetivo estudar os aspectos biológicos
e biocomportamentais ocasionados por meio de intervenções do movimento humano32.
Com isso, de acordo com o enunciado observado, o sentido dado à qualidade de
vida volta-se à perspectiva biomédica, apontando o comportamento saudável como
indicador de bons níveis de qualidade de vida.
32 Embora Macedo tenha desenvolvido sua dissertação no programa de Pós-Graduação em Educação Física
pela USP, sua orientadora, Profª Drª Linamara Rizzo Battistella, descreveu em seu currículo que sua
orientanda fizera parte do programa de Pós-Graduação em Ciências (Fisiopatologia Experimental),
apresentando certa incoerência entre as informações disponibilizadas no portal pesquisado.
96
5. DISCUSSÃO
Após analisar as 49 produções científicas e verificar o discurso de cada autor sobre a
qualidade de vida, foi necessário organizar as produções para serem discutidas.
Para tanto, partiu-se do princípio de que um enunciado apresentado numa produção
científica é produto de um gênero discursivo, aqui no caso, uma unidade temática referente
a um contexto. Ou seja, o conteúdo e as relações que o autor faz entre determinados
assuntos em sua produção denota um contexto, uma visão compartilhada, o que indica o
enunciado do texto e o discurso do autor.
A partir do entendimento de que a Educação Física abrange áreas como Educação,
ciências biológicas, psicológicas e sociais, nas quais a temática da qualidade de vida
encontra-se presente, é possível lembrar que cada discurso é proveniente de um contexto,
de uma base teórico-epistemológica. Essas bases proporcionam suporte para defender tais
perspectivas e paradigmas que correspondem a determinada área.
Partindo da noção de que um contexto pode ser compartilhado entre diferentes
gêneros discursivos presentes em diferentes produções científicas, foi determinado que a
discussão do presente estudo se daria pela organização das produções analisadas a partir da
perspectiva epistemológica em que cada autor discursara a qualidade de vida.
Com isso, as 49 produções foram organizadas em quatro grupos de perspectivas
diferentes: perspectiva biomédica (relações causais) (11 produções); perspectiva biomédica
(abordagem comportamental) (30); perspectiva da promoção da saúde (03) e perspectiva
psicossocial (05).
Perspectiva biomédica (relações causais)
Diante das análises realizadas, foi possível verificar que 11 produções científicas
(Doc. 5, 13, 14, 20, 22, 23, 29, 31, 32, 42 e 46) aproximaram seus discursos sobre o
constructo qualidade de vida da perspectiva biomédica (relações causais).
É importante ressaltar que a perspectiva biomédica (relações causais) corresponde à
focalização da doença nas discussões e intervenções sobre saúde, compreendidas
97
principalmente a partir da causalidade. Ou seja, uma doença é conseqüência de determinado
fator que direciona as discussões e intervenções a partir de relações diretas entre causa e
efeito, de forma linear e sem interferências de outros fatores (CAMARGO JÚNIOR, 2005).
Nesse direcionamento, esses discursos da Educação Física sobre a qualidade de vida
partem do princípio de que uma doença será controlada a partir da prática sistemática de
atividades físicas e, conseqüentemente, os níveis de qualidade de vida do indivíduo
aumentaram.
Nos documentos analisados e alocados nessa perspectiva, doenças como
fibromialgia, epilepsia, depressão, disfunções articulares, AIDS, DPOC, entre outras,
correspondem ao foco principal das produções científicas. No entanto a prática sistemática
de atividades físicas é discursada como elo entre a doença e a qualidade de vida, isto é, os
autores discursaram que a prática de atividades físicas é considerada meio de intervenções
direta, linear e sem outras interferências para diminuir sintomas de determinadas doenças e,
conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida dos indivíduos acometidos por tais
enfermidades.
Além disso, os perfis das produções científicas dos autores agrupados nessa
perspectiva podem ser considerados outra característica marcante da perspectiva biomédica
(relação causal). Esses autores têm desenvolvido pesquisas sob o viés epidemiológico.
Não é recente que esse discurso tem sido bastante enfatizado nos artigos científicos
da Educação Física. Como foi possível observar no terceiro capítulo da Revisão de
Literatura, há mais de 28 anos, muitos artigos científicos têm apresentado a causalidade
entre a prática de atividades físicas, saúde e qualidade de vida.
Além disso, foi possível observar no percurso histórico da Educação Física
brasileira em relação à saúde que a área intermediou o tratamento e manutenção de doenças
para manter indivíduos física e moralmente fortalecidos para trabalharem em favor do
crescimento econômico do país (CARVALHO, Y., 1995; GÓIS JÚNIOR e LOVILOSO,
2005; PAIVA, 2004; SOARES, 2001).
Essas intervenções da Educação Física sobre a saúde da população brasileira foram
bastante coerentes no século XIX, uma vez que, nessa época, essas medidas eram
consideradas o que havia de mais atual e correto para intervir nos problemas de saúde da
população e controlar as doenças a partir de suas causas.
98
No entanto, mesmo passados quase dois séculos, será possível considerarmos
suficiente que, atualmente, os discursos e as medidas de intervenção dos profissionais da
Educação Física ainda estejam alicerçados às relações causais?
Decerto, conhecer os meios para intervir nas doenças foi um fator primordial para os
profissionais de Saúde no século XIX, o que sustentou a possibilidade do aumento da
expectativa da vida da população. Esse aumento não significou que outras doenças de
natureza desconhecida, como, por exemplo, as doenças crônicas não-transmissíveis,
pudessem surgir e acometer os indivíduos e, com isso, as abordagens dos profissionais a
partir de relações causais proporcionaram alguns efeitos positivos sobre a saúde da
população (TERRIS, 2005).
No entanto será que, atualmente, as abordagens da Educação Física sob esse mesmo
prisma ainda têm proporcionado efeitos positivos sobre a saúde e ainda mais sobre a
qualidade de vida na população?
Atualmente, a abordagem da Educação Física sobre a saúde e a qualidade de vida, a
partir da perspectiva biomédica (relação causal), pode ser considerada insuficiente, pois
tanto a saúde quanto a qualidade de vida já têm sido discutidas a partir de uma visão
sistêmica e não há como fragmentar a complexidade da vida humana. Nessa visão, não há
como garantir e afirmar que o bom desenvolvimento de um único fator dentre os que
compõem o constructo qualidade de vida possa beneficiar todos os outros fatores, como,
por exemplo, uma doença controlada a partir da prática de atividades físicas não poderá
sozinha melhorar todos os outros fatores que correspondem ao constructo qualidade de
vida.
Outro fator que pode elucidar a insuficiência desta abordagem para a compreensão
das relações entre a prática de atividades físicas e a saúde diz respeito aos tipos de pesquisa
e meios de avaliações que os estudos analisados apresentaram. Esses estudos se apoiaram
num caráter experimental para obter respostas sobre a qualidade de vida, o que vai ao
encontro da perspectiva biomédica, pois é um tipo de pesquisa considerado característico
de estudos que focam os olhares para a doença (CAMARGO JÚNIOR, 2005).
Além disso, as pesquisas que tiveram como objetivo investigar/analisar a qualidade
de vida utilizaram instrumentos fechados para avaliá-la, o que pode ser considerado outro
fator que condiz com os propósitos da perspectiva biomédica.
99
Baseados no estabelecimento da validade e comprovação científica, os instrumentos
utilizados para mensurar a qualidade de vida de pacientes e doentes podem ser
considerados limitantes, pois, como já estabelecem previamente o que é correto ou errado,
normal ou patológico, estes instrumentos acabam por simplificar a complexidade do
constructo qualidade de vida, assim como simplificam um sujeito que fala, pensa e tem toda
uma história construída e que dá base para sua vida atualmente.
Da mesma forma que as respostas dos sujeitos participantes dessas pesquisas são
limitadas, seus resultados são generalizados e discursados como se surtissem efeitos para
qualquer outro indivíduo da população. E, quando esses resultados não se efetivam no
campo das práticas, por conta de outros fatores que fazem parte do sujeito, como as
relações sociais ou outros desajustes orgânicos que interferem sobre a vida do indivíduo,
não se sabe para onde recorrer e explicar tais fatos.
Com isso, pode-se considerar que os discursos da Educação Física sobre a qualidade
de vida, a partir da perspectiva biomédica de relação causal, são limitantes e simplistas,
uma vez que não avaliam a qualidade de vida numa perspectiva multidimensional, o que
pressupõe que todos os fatores que correspondem ao constructo são indissociáveis e
interdependentes entre si. Isso deixa implícito o fato que esses fatores não podem ser
trabalhados separadamente, assim como não é possível atribuir a um único fator a
responsabilidade de melhorar todos os outros fatores da qualidade de vida.
Perspectiva Biomédica (abordagem comportamental)
A partir das análises realizadas, 30 produções científicas (Doc. 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9,
11, 12, 18, 19, 21, 24, 25, 27, 28, 30, 33, 34, 35, 37, 40, 41, 43, 44, 45, 47, 48 e 49)
apresentaram um discurso voltado à perspectiva biomédica (abordagem comportamental).
A perspectiva biomédica (abordagem comportamental) é entendida como uma visão
que tem como foco central a doença, porém com abordagem diferenciada das relações
causais. Essa abordagem tem como respaldo a necessidade de controlar e prevenir doenças
a partir da adoção de hábitos e estilos de vida considerados saudáveis, como ressalta o
Informe Lalonde (LALONDE, 1996).
100
As produções científicas alocadas nessa perspectiva têm como objetivo analisar o
estilo de vida, o perfil de aptidão física, níveis de composição corporal, capacidade
funcional, ansiedade, verificar reações sobre determinadas doenças, desenvolvimento
infantil, avaliar níveis de qualidade de vida a partir de hábitos saudáveis. Nessa perspectiva,
os autores das produções científicas também apresentam perfis de produções acadêmicas
desenvolvidas sob o viés epidemiológico.
Subsidiados pelos estudos do comportamento, os autores das produções agrupadas
nessa perspectiva partiram da premissa de que os adventos tecnológicos contribuem para os
maus hábitos de vida da população e que, nessa direção, prejudicam a saúde e a qualidade
de vida dos indivíduos. Esses discursos pautaram-se no estabelecimento de
comportamentos considerados saudáveis para controlar e prevenir doenças como meio de
melhorar a qualidade de vida.
É possível levar em consideração que a quantidade de produções científicas
alocadas nessa perspectiva corresponde à quantidade de áreas de concentração e linhas de
pesquisas dos programas de Pós-Graduação em Educação Física. A investigação de adoção
de comportamentos saudáveis, verificação de índices de aptidão física, de taxas
metabólicas, são assuntos bastante freqüentes que podem ser observados nas produções
científicas provenientes de grupos de estudos e pesquisas inseridos nas instituições
universitárias.
Foi possível perceber no segundo capítulo da Revisão de Literatura que muitas
pesquisas científicas da Educação Física têm discursado sobre o prisma comportamental da
saúde, apontando a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, para
controlar doenças e/ou prevenir seu surgimento e melhorar a qualidade de vida do
indivíduo (ACSM, 1998; CYARTO, et al, 2004; DISHMAN, 2003; GALLAGHER, et al,
2001; GUIMARÃES e CALDAS, 2006; HENDERSON e AINSWORTH, 2000;
KARVONEN, 1996; KHAW, 1997; KIRSHBAUM, 2007; LEE, 1995; LIEBMAN, 2005;
McDONALD, 2002; MELTON, 1997; MIILUNPALO, 2001; PAINTER, 2005; SPECK,
2002; SHEPHARD, 1995; TAYLOR, et al, 2004; VENTURA-CLAPIER, et al, 2007;
VISORSKY, 2006; VUORI, 1995, 1998).
Na Educação Física é possível observar também que propostas como o Agita Brasil
– Programa Nacional de Promoção da Atividade Física do Ministério da Saúde (2002) têm
101
como objetivo estimular a adoção de hábitos saudáveis a partir da prática regular de
atividades físicas para reduzir riscos de doenças crônicas não-transmissíveis e qualidade de
vida.
Os mecanismos de ação do programa centram-se em eventos para disseminar tais
informações, distribuição de panfletos informativos sobre os benefícios da prática de
atividades físicas, tendo como objetivo conscientizar o indivíduo sobre os melhores
caminhos a serem percorridos para garantir uma vida de qualidade.
Embora essas sejam as estratégias criadas e adotadas pelo programa, esse tipo de
medida tende a não satisfazer as necessidades humanas, na medida em que a população é
bombardeada com receitas pré-moldadas de adoção de hábitos saudáveis, sem levar em
consideração as necessidades individuais de cada sujeito, o que, muitas vezes, acaba por
culpar a população quando essas medidas não atingem os efeitos esperados de adoção de
comportamentos saudáveis.
No processo histórico da Educação Física, a área se apropriou do discurso
biomédico (abordagem comportamental) com o objetivo de suprir as necessidades de
reajustes dos gastos com saúde pública, uma vez que inúmeras doenças e mortes
prematuras dependiam de gastos financeiros que o governo considerava poder controlar,
caso a população soubesse se prevenir de doenças e controlá-las (PAIVA, 2004).
Essas medidas não foram intervenções exclusivas dos profissionais da Educação
Física. Outros profissionais da Saúde também se apropriaram desse discurso. Na verdade,
esse discurso e suas medidas de intervenção surgiram da necessidade de reorganização da
Saúde Pública mundial, pois os profissionais da saúde perceberam que os meios utilizados
para controlar doenças já não eram tão eficazes sobre o surgimento de outras enfermidades
(BUSS, 2003; CARVALHEIRO, 2002).
Essa reorganização faz parte do surgimento da Saúde Coletiva, em que começaram
a discutir e olhar a saúde, principalmente como um direito. No entanto, baseados nos
determinantes de saúde, os comportamentos saudáveis têm como foco principal apresentar
à população estilos de vida que amenizem os malefícios de uma vida sedentária, seja lá
quais forem os motivos apresentados pelos indivíduos.
Apesar do Informe Lalonde apontar a Educação como estratégia central da proposta,
é possível ressaltar que, nessa perspectiva, a proposta tem como base informar a população
102
e não educá-la. As justificativas de mudança de estilo de vida encontram-se aliadas às
intervenções propostas para tal promoção. Mega-eventos, informativos, mídia eletrônica e
impressa fazem parte das estratégias de intervenções para mudança de estilo de vida. Nelas,
a proposta central é informar a população sobre as melhores formas de viver com
qualidade, sem doenças ou saber controlá-las, dando a idéia de que a mera informação pode
despertar a consciência individual para fazer as escolhas consideradas certas e saudáveis
(CASTIEL e DIAZ, 2007).
Os autores ainda discutem que, nessas intervenções, o que importa é responsabilizar
os indivíduos por seus comportamentos, culpando-os caso seus hábitos não estejam nos
moldes pré-estabelecidos pelos profissionais sob o foco epidemiológico. Palavras como
preguiça, falta de vontade e falta de esforço são constantemente utilizadas para
responsabilizar e culpar os indivíduos sobre seus hábitos de vida.
A imposição de comportamentos e estilos de vida saudáveis pode estar direta ou
indiretamente ligada à diminuição de responsabilidades do Estado para com a saúde da
população. Nessa visão biomédica comportamental, entende-se que mudar o estilo de vida
dos indivíduos tem relação linear com a diminuição de gastos com a Saúde Pública
(CARVALHO, S., 2004). Essas justificativas corroboraram com algumas das produções
analisadas que estão alocadas nesse grupo de discussão.
Com base nas produções científicas analisadas, na literatura e nos expostos sobre o
olhar preventivista de saúde em relação à qualidade de vida, pode-se considerar que essa
visão seja insuficiente, uma vez que parte do princípio de que a saúde e a qualidade de vida
são controladas a partir de hábitos e estilos de vida adotados pelo indivíduo, sem levar em
consideração outros fatores que podem influenciar sobre sua vida. Ou seja, é insuficiente
que uma pessoa seja julgada ou culpada por não conseguir tempo disponível no seu dia-a-
dia para praticar atividades físicas por várias razões como, por exemplo, levar horas no
trajeto de casa para o trabalho, necessitar desenvolver outras atividades mais importantes
naquele momento, não ter acesso a recursos que viabilizem a efetivação de tal prática.
Há outros fatores que talvez sejam mais importantes e de maior necessidade para o
estabelecimento da saúde e da qualidade de vida do que mera imposição de hábitos
saudáveis. Mais do que essa imposição, é preciso dar ênfase às condições de vida da
população, assim como para as possibilidades que o sistema vigente oferece para a
103
determinação da saúde e da qualidade de vida. Com isso, não há como minimizar a
multidimensionalidade abarcada no constructo qualidade de vida, ou seja, há necessidade
de olhar a vida e a sua dinâmica a partir de uma visão sistêmica.
Perspectiva da Promoção da Saúde
Dentre as produções científicas analisadas, somente três (Doc. 10, 36 e 47)
apresentaram um discurso sobre qualidade de vida a partir da promoção da saúde.
Vale lembrar que essa perspectiva refere-se aos pressupostos da promoção da saúde
discutidos na Carta de Ottawa, já apresentada no primeiro capítulo da Revisão de
Literatura.
Nessa perspectiva, paz, eqüidade, justiça social, estabilidade do ecossistema,
sustentabilidade de recursos naturais, alimentação, moradia, renda e Educação são
condições e recursos para a saúde. Esse estabelecimento propõe que a saúde seja um meio
para atingir os objetivos de vida, assim como para melhorar a qualidade de vida (BRASIL,
2002).
Indo ao encontro da promoção da saúde, as produções científicas alocadas nessa
perspectiva tiverem como objetivo analisar criticamente o discurso da Educação Física
como fator de saúde e prevenção de doenças, promover a inclusão digital como acesso a
informação e estimulação da cidadania, assim como viabilizar mudanças de práticas
educativas como resgate dos valores humanos e de cultura de paz. Nessas inquietações são
discutidas as bases teórico-epistemológicas que subsidiam a Educação Física, assim como
os meios pelos quais a área tem incentivado a população para a prática de atividade física
para melhorar a saúde e qualidade de vida.
Embora sejam poucos os que se interessam em discursar a qualidade de vida nessa
perspectiva, Bagrichevsky e Estêvão (2005) acreditam que, para haver mudanças
amadurecidas na Educação Física sobre as questões relacionadas à saúde, é necessário
direcionar as discussões para além dos aspectos fisiológicos e anatômicos, pensando nas
relações sociais, culturais, psicológicas em que o homem é envolvido.
104
Como foi observado no terceiro capítulo da Revisão de Literatura, é possível
verificar que alguns intelectuais da área e grupos de intervenções já têm trabalhado com
base nessa perspectiva. Além disso, grupos de estudos e discussões também têm
apresentado suas pesquisas com base na perspectiva da promoção da saúde.
Estudos nessa direção reforçam os pressupostos da promoção da saúde na medida
em que entendem a Educação Física como área eminentemente pedagógica que deve
fortalecer as práticas e intervenções da área para além de mera repetição de movimentos e
do estabelecimento de relações causais e comportamentais sobre a saúde e sobre a
qualidade de vida. Nesse direcionamento, as ações dos profissionais de Educação Física, a
partir da perspectiva da promoção da saúde, podem criar ambientes favoráveis à saúde,
desenvolver habilidades pessoais, reforçar a autonomia e a ação comunitária para buscar
melhores condições e recursos que favoreçam a vida dos indivíduos.
Além disso, é possível ressaltar que foi na Saúde Coletiva e na Promoção da Saúde
que o constructo qualidade de vida começou a fazer parte das discussões sobre saúde. Seu
estabelecimento se deu a partir das inquietações dos profissionais que compreendiam a
saúde para além do aspecto físico, sem dissociá-la dos aspectos sociais que permeiam a
vida humana. Com isso, o discurso do constructo qualidade de vida sob perspectivas
epistemológicas que simplificam e limitam a vida humana a controle e prevenção de
doenças a partir de práticas de atividades físicas, por exemplo, pode ser considerado
insatisfatório.
Em comparação com a quantidade de pesquisas da Educação Física relacionada à
saúde que se baseiam no paradigma biomédico de relação causal e de abordagem
comportamental, essas pesquisas que se encontram na perspectiva da promoção da saúde
representam uma minoria de estudos que consegue ter uma visão mais amadurecida sobre a
saúde na Educação Física, visão esta que se baseia numa noção de vida mais complexa, na
busca de condições de vida mais dignas, despertada pela tomada de decisão individual que
favorece a saúde e a qualidade de vida.
105
Perspectiva Psicossocial
A partir das produções científicas analisadas, cinco (Doc. 15, 16, 17, 26 e 39)
apresentam a qualidade de vida a partir do discurso psicossocial.
Segundo Spink (1993, pág. 308), a perspectiva psicossocial é compreendida pela:
“[...] vocação desta disciplina de trabalhar as representações simultaneamente como
campos socialmente estruturados e núcleos estruturantes da realidade social”. A
perspectiva psicossocial é compreendida como um campo de conhecimento que abrange
estudos das relações entre o indivíduo e a sociedade, sendo o comportamento individual
organizado a partir das relações sociais vividas pelo homem.
As produções analisadas que discursaram a qualidade de vida nessa perspectiva
apresentaram como objetivos de suas pesquisas resgatar lembranças subjetivas e sociais,
perceber a qualidade de vida a partir do ambiente de trabalho, investigar sensações e
emoções a partir das experiências vividas pela prática de atividades físicas, analisar valores
e significados atribuídos diante de atividades de aventura. Além disso, os autores dessas
produções têm produzido pesquisas científicas relacionando as investigações às relações
sociais e individuais dos sujeitos.
Os discursos dos autores sobre a qualidade de vida pautam-se na discussão sobre o
ambiente social de prática de atividades físicas ou de trabalho e a relação com as
percepções e emoções decorrentes desses ambientes que proporcionam o desenvolvimento
do processo de humanização e autonomia do indivíduo.
Deve-se lembrar que essa perspectiva não foi abordada nos capítulos de Revisão de
Literatura, uma vez que a presente dissertação centrou esforços na discussão da qualidade
de vida no âmbito da saúde coletiva e promoção à saúde. No entanto é possível entender
que o discurso dos autores sobre a qualidade de vida nessa perspectiva encontra-se
sustentado pelas relações sociais e como o indivíduo se expressa a partir dessas relações
externas.
Embora em menor proporção, já existem estudos na Educação Física que discutem
os aspectos socioculturais, apesar de a área estar alicerçada historicamente na perspectiva
biológica (Guedes e Rubio, 2004).
106
Apesar dessas produções terem sido alocadas na perspectiva psicossocial, é possível
considerar que essa visão pode ser aproximada das discussões da perspectiva da promoção
da saúde, uma vez que apresenta um olhar sistêmico sobre a vida e as relações sociais e
psicológicas nela contidas. Ou seja, cultura, ambiente social, interpretações que o indivíduo
faz sobre sua vida, fazem parte de uma visão complexa que só pode ser observada diante
das interdependências entre cada espaço, momento e sentimento vivido.
Com isso, é possível considerar que as produções científicas analisadas que
discursam sobre a qualidade de vida com base na perspectiva psicossocial sejam suficientes
na medida em que há interdependências entre as relações sociais e psicológicas, além de
estimularem a autonomia e a humanização nos indivíduos, o que pode fortalecer as
percepções do sujeito quanto a sua vida, o que inclui as questões da saúde e da qualidade de
vida.
107
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O discurso da Educação Física sobre a qualidade de vida, seja no âmbito acadêmico,
seja no senso comum, levou-nos a investigar os sentidos e os significados que a área atribui
ao constructo. Partiu-se da idéia de que muitos são os aspectos contemplados pela
qualidade de vida e que podem ser trabalhados na Educação Física. O que nos inquietou
diante dessa visão foi a fragmentação com que a qualidade de vida tem sido trabalhada na
Educação Física. Pensa-se na parte como meio para se chegar ao todo, a partir de sua soma.
No entanto essa fragmentação contradiz a exposição dos discursos sobre a qualidade de
vida como multidimensional, complexa, de inter-relação e dependência entre aspectos
compostos pela qualidade de vida.
Na grande área das Ciências da Saúde, especificamente na Saúde Coletiva e no tema
Promoção da Saúde, muitos pesquisadores têm estudado e discutido sobre qualidade de
vida a partir de abordagens mais complexas, pensando na qualidade de vida a partir de uma
abordagem sistêmica, ou seja, observada do todo para as partes 33.
Apesar de haver um discurso mais complexo sobre o constructo qualidade de vida
na área da Saúde, o trato epistemológico permite que outras visões se apropriem desse
constructo e criem outros discursos. Não é à toa que um discurso é construído por alguém a
partir de seu contexto e de sua a subjetividade, segundo os pressuposto de Bakhtin.
A partir dos pressupostos do lingüista, foi observado que há uma predominância do
sentido da qualidade de vida sob a perspectiva biomédica (abordagem comportamental) que
enfatiza a prevenção de doenças a partir da adoção de hábitos saudáveis disseminada por
meio de divulgação de informações que tendem a impor comportamentos adequados e
tendem a responsabilizar prioritariamente o comportamento individual pela manutenção ou
não de melhores níveis de sáude ou qualidade de vida.
33 Existem pesquisadores no Brasil que discutem a saúde a partir de uma outra visão de promoção da saúde.
A Política Nacional de Promoção da Saúde é definida como: “[...] uma estratégia de articulação transversal
na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre
necessidades, territórios e culturas presentes no nosso país, visando à criação de mecanismos que reduzam
as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a eqüidade e incorporem a participação e o controle
sociais na gestão das políticas públicas.” (BRASIL, 2006, pág. 09).
108
Embora a predominância do sentido do constructo qualidade de vida na Educação
Física tenha sido dada pela perspectiva biomédica (abordagem comportamental), foi
observado também que na área outros sentidos sobre o constructo têm como base as
perspectivas biomédica (relação causal), promoção da saúde e psicossocial.
Esses discursos podem até ser explicados pela história da Educação Física, a partir
de seu marco inicial como área de conhecimento e intervenções a partir de uma visão
biomédica, mecânica e fragmentada da saúde, ora como meio de deflagrar surtos
epidêmicos para proporcionar o fortalecimento físico da população que construiria um país,
ora como meio de prevenir o aparecimento de doenças crônicas não-transmissíveis para
diminuir os gastos de com Saúde Pública da nação.
No campo das práticas e intervenções, a Educação Física tem como base as
produções científicas desenvolvidas na área. Porém, diante do discurso fragmentador, essas
práticas também se tornam fragmentadas na medida em que enfatizam o desenvolvimento
físico como alicerce para o desenvolvimento psicológico e social.
No entanto discursos e intervenções fragmentadoras, precedentes de uma visão
biomédica, não suprem as necessidades da efetivação da saúde e da qualidade de vida. O
desenvolvimento de partes físicas, psicológicas e sociais não pode ser somado e
considerado como um todo. Ter um desenvolvimento físico bem estimulado não garante
que a população tenha um bom desenvolvimento psicológicos e de relações sociais, ou seja,
ter um bom desenvolvimento físico, como tem sido enfatizado pelos pesquisadores
baseados numa visão biomédica, não garante que os indivíduos desenvolvam outros
âmbitos essenciais para buscar seus direitos e necessidades, não garante que o governo faça
seu papel para com a melhoria de vida da população, não garante que a população tenha
maior acessibilidade a assistência básica, habitação, saneamento básico, empregabilidade,
entre outros.
Diante dessa visão, podemos conceituar que o constructo qualidade de vida é
representado pela dinâmica da vida. Dinâmica essa que é constituída por diversas
dimensões, como as possibilidades que um sistema social oferece para um indivíduo, as
atribuições de valores individuais e culturais que foram construídas e cultivadas por um
indivíduo, assim como pelas conseqüências das decisões tomadas individual e
coletivamente. Não há como julgar uma dessas dimensões como mais importante do que a
109
outra, pois, como sistêmicas, todas as dimensões apresentam dependências e inter-relações
entre si, o que constitui a vida humana.
No entanto pode-se verificar que, nos programas de Pós-Graduação em Educação
Física no Brasil, a qualidade de vida é discursada predominantemente sob a perspectiva
biomédica, tanto de relação causal, quanto de abordagem comportamental. Porém,
defendendo que as práticas propostas pela Educação Física podem ser consideradas como
parte de uma das dimensões da qualidade de vida que tem como base a relação entre seres
humanos, é possível pensar que os profissionais da área podem estimular a população a
buscar melhorias em sua qualidade de vida na medida em que fortalecem a reflexão e
estimulação de consciência crítica sobre a vida e suas necessidades.
Dessa maneira, não há como afirmar que o desenvolvimento físico de um praticante
de atividades físicas seja o ponto de partida para o fortalecimento de dimensões como as
psicológicas e sociais. Apesar disso, esses discursos alimentam as práticas e os programas
de Educação Física a partir de remediação e controle de doenças, assim como pela
estimulação de adoção de estilos de vida e hábitos saudáveis que, atualmente, tendem a não
satisfazer as necessidades humanas.
110
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124
8. ANEXOS
ANEXO 1
Descrições, objetivos e autores de diversos instrumentos de mensuração de qualidade
de vida em escala mundial.
Instrumento Objetivo Autores
SF – 36 (Short Form – 36) Verificar o funcionamento físico e
social, dor corporal, vitalidade, papel
emocional e físico na vida, além de
verificar a saúde geral e mental.
McHorney, et al (1993)
FIQ (Fibromialgia Impact
Questionnarie)
Instrumento específico para avaliar
qualidade de vida de pessoas
portadores de fibromialgia
Pagano, et al (2004)
EORTC QLQ C-30 (European
Organization for Research and
Treatment of Cancer Quality of
Life Questionnarie – Versão 3.0)
Verificar a qualidade de vida por
meio de escalas de qualidade de vida
e estado de saúde global. Além
disso, contêm cinco escalas
funcionais (desempenho físico,
funcional, cognitivo, emocional e
social) e três escalas de sintomas
(fadiga, dor, náusea e vômito).
Aronson, et al (1993)
EASY CARE Avaliar o bem-estar físico, mental e
social de idosos com mais de 75
anos. Instrumento desenvolvimento
pela EPIC (European Prototype of
Integrated Care – Adaptado em
Português por Figueiredo e Souza,
2001).
Figueiredo e Sousa (2001)
GHQ-28 (The General Health
Questionnarie)
Identificar desordens psiquiátricas
como depressão, ansiedade,
hipocondria e incompatibilidade
social.
Aylard (1987)
WHOQOL-100 Analisar a qualidade de vida geral do
indivíduo. Contêm 100 questões
divididas em domínios físico,
OMS (1998)
125
psicológico, de relação social, nível
de independência, meio ambiente e
espiritualidade/ religião/ crenças
pessoais
WHOQOL-BREF Instrumento abreviado do
WHOQOL-100. Analisar a
qualidade de vida geral do indivíduo.
Contêm 26 questões divididas em
domínios físico, psicológico, de
relação social e meio ambiente.
Fleck, et al (2000)
QRP (Questionário de
Rastreamento Psicogeriátrico –
Versão Brasileira)
Avaliar aspectos multidimensionais
do idoso.
Blay, Ramos e Mary (1988)
EQVF
(Escala de Qualidade de Vida de
Flanagan)
Avaliar a qualidade de vida geral por
meio de cinco dimensões
Flanagan (1982)
KHQ Avaliar a qualidade de vida através
da percepção geral de saúde de
pacientes com incontinência urinária
de mulheres brasileiras.
Fonseca, et al (2005)
QVV Avaliar a capacidade de percepção
do sujeito quanto ao impacto da voz
sobre sua qualidade de vida
Hogikyau e Sethuraman (1999)
NHP Instrumento genérico de avaliar de
qualidade de vida
Hunt, et al (1980)
HRQOL Identificar a qualidade de vida,
estado de saúde, estado funcional,
indicador do estado de saúde e ainda
relaciona cultura, educação, tipo de
trabalho e estilo de vida da
população, língua nativa ou não do
inglês.
Guillemin, et al (1993)
VFQ (Visual Function
Questionnarie)
Avaliar a qualidade de vida de
acordo com a função visual.
Ferraz et al (2002)
QOLI (Quality of Life Inventory) Mensurar a saúde mental e o
psicológico positivo.
Frisch s/a
126
Q-LES-Q (Quality of Life
Enjoyment and Satisfaction
Questionnarie)
Avaliar a qualidade de vida de
pacientes com depressão.
Endicott e cols (1993)
QLDS (Quality of Life Depression
Scale)
Avaliar a qualidade de vida de
pacientes com depressão.
McKenna e Hunt (1992)
QLI Avaliar a qualidade de vida de
pacientes com esquizofrenia.
Heinrichs, Hanlon e Carpenter
(1984)
QoL S-N (Norwegian Scale of
Quality of Life)
Avaliar a qualidade de vida de
indivíduos com psoriase.
Wahl, et al (1998)
DQoL (Dementia Quality of Life
Questionnarie)
Avaliar a qualidade de vida de
indivíduos com demência.
Brod, et al (1999)
127
ANEXO 2 Email enviado no mês de Outubro/2007 às bibliotecas das instituições de cada programa de
Pós-Graduação em Educação Física:
Boa tarde.
Quais são os meios oferecidos pela biblioteca para pesquisar as dissertações e teses (de
todos os anos) produzidas no programa de pós-graduação em Educação Física desta
Instituição?
Além disso, a biblioteca possui anuário?
Desde já agradeço a atenção,
Marina Zamarim
128
ANEXO 3 Email enviado no mês de Outubro/2007 aos autores das dissertações de mestrado e teses de
doutorado defendidas pelos programas de Pós-Graduação em Educação Física que não
foram acessados na íntegra e que a princípio poderiam fazer parte dessa pesquisa:
Boa tarde.
Meu nome é Marina, sou estudante de pós-graduação Stricto Sensu em Educação Física,
pela Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.
Integro a linha de Pesquisa: Educação Física e Promoção da Saúde e sou orientada pela
Profª Drª Marília Velardi.
Minha dissertação tem como título: A qualidade de vida no discurso da educação física no
Brasil: sentidos e significados. Este estudo é de caráter qualitativo, sendo uma pesquisa
documental em que tenho como objetivo observar os sentidos e significados atribuídos ao
termo qualidade de vida nas produções acadêmicas (dissertações e teses) da Educação
Física brasileira.
Para tanto, fiz uma busca pelos sites das instituições brasileiras que oferecem pós-
graduação em Educação Física e no Portal Capes, porém nem todas as instituições bem
como o portal capes disponibilizaram seu estudo de forma integral.
Ao observar o título de seu trabalho, acredito que esse possa contribuir com os objetivos
expressos em meu estudo. Assim, nesse momento, tomo a liberdade de solicitar gentilmente
a sua colaboração por meio do envio sua dissertação/tese na íntegra para que essa possa
fazer parte da análise proposta em meu estudo.
Desde já agradeço a colaboração,
Marina Zamarim
129
ANEXO 4
Identificação das produções científicas por programa de Pós-Graduação em Educação
Física, título, autor, ano de produção e endereço eletrônica para o acesso às produções.
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Católica de
Brasília:
(Doc. 01) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Contribuições da Musculação na Postura em Portadores de Escoliose Estrutural
Autora: Ana Cláudia Sued Lamotte Ano: 2003
(Doc. 02) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: As Representações Sociais dos Profissionais de Educação Física Construídas
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Autor: Ário da Silva Toledo Ano: 2003
(Doc. 03) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Ginástica na Empresa: percepção do trabalhador
Autor: Carlos Magno Xavier Corrêa Ano: 2006
(Doc. 04) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Relação entre Composição Corporal e Densidade Mineral Óssea em Idosas
Autora: Luciane Moreira Chaves Ano: 2003
(Doc. 05) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Efeitos do Tai Chi Chuan na Força dos Músculos Extensores do Joelho e no
Equilíbrio de Mulheres Idosas
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Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do
Paraná:
(Doc. 10) Acesso: http://bdtd.ibict.br/
Título: A Relevância dos Jogos Cooperativos na Formação dos Professores de
Educação Física: uma possibilidade de mudança paradigmática
Autor: Márcio de Moura Pereira Ano: 2005
(Doc. 06) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Obesidade, Atividade Física e Hábitos Alimentares em Escolares da Cidade de
Anápolis – GO
Autora: Patrícia Espíndola Mota Venâncio Ano: 2006
(Doc. 07) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Estudo de Associação entre Poliformismos no Gene Receptor da Vitamina D e
Massa Livre de Gorduras em Brasileiras Pós-menopausadas
Autor: Ricardo Moreno Lima Ano: 2006
(Doc. 08) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Efeito de Sessões de Treinamento Resistido sobre a Concentração Hormonal de
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Autor: Rogério Wagner da Silva Ano: 2006
(Doc. 09) Acesso: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/index.php
Título: Variação na Composição Corporal e Limiar Aeróbico em Adultos Sedentários
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Autor: Sérgio Renato Duarte Ano: 2005
131
Autor: Sérgio Roberto Abrahão Ano: 2004
(Doc. 11) Acesso: http://bdtd.ibict.br/
Título: Estudo da Associação do Exercício Físico e da Suplementação com Óleo de
Peixe sobre Crescimento Tumoral, Caquexia e Imunidade em Ratos com Tumor de
Walker 256
Autora: Lucielle Guerra Minuzzi Ano: 2005
(Doc. 12) Acesso: http://bdtd.ibict.br/
Título: Associação Entre Características Morfofisiológicas e Funcionais com as
Atividades da Vida Diária de Mulheres Idosas Participantes em Programas
Comunitários no Município de Curitiba - PR
Autora: Maressa Priscila Krause Ano: 2004
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa
Maria:
(Doc. 13) Acesso: http://bibweb.si.ufsm.br/
Título: Educação Física, Biogerontologia e a Interface da Qualidade de Vida
Autor: Marco Aurélio Figueiredo Acosta Ano: 2004
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Motricidade da Universidade Estadual
de São Paulo – Rio Claro:
(Doc. 14) Acesso: http://www.biblioteca.unesp.br/
Título: Influência da Prática Regular de Atividade Física sobre Sintomas Depressivos
em Idosos Institucionalizados
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Autora: Danilla Icassatti Corazza Ano: 2005
(Doc. 15) Acesso: http://www.biblioteca.unesp.br/
Título: A Participação de Idosos em Atividades de Aventura na Natureza no Âmbito
do Lazer: Valores e Significados
Autora: Viviane Kawano Dias Ano: 2006
(Doc. 16) Acesso: http://www.biblioteca.unesp.br/
Título: Vivências Corporais Suaves em Gestantes: um toque para a educação do toque
Autora: Janaína Demarchi Terra Ano: 2005
(Doc. 17) Acesso: http://www.biblioteca.unesp.br/
Título: Mergulho “Livre”: desvelando emoções e sensações
Autora: Marília Freire Ano: 2005
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa
Catarina:
(Doc. 18) Acesso: www.tede.ufsc.br
Título: Atividade Física Habitual e Outros Comportamentos à Saúde de Servidores da
Universidade Federal de Santa Catarina: tendência secular 1994-2004
Autora: Elusa Santina Antunes de Oliveira Ano: 2005
(Doc. 19) Acesso: www.tede.ufsc.br
Título: Estilo de Vida de Estudantes Trabalhadores do Centro Federal de Educação
Tecnológicas de Santa Catarina – Unidade Jaraguá do Sul
Autora: Lenita Ana Bianchetti Ano: 2005
133
(Doc. 20) Acesso: www.tede.ufsc.br
Título: Efeito Agudo do Exercício Físico sobre a Qualidade de Vida de Mulheres com
Síndrome da Fibromialgia
Autora: Lisandra Maria Konrad Ano: 2005
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Metodista de
Piracicaba:
(Doc. 21) Acesso: http://www.unimep.br/phpg/bibdig/
Título: Crescimento, Habilidades Motoras Básicas e Cotidiano Infantil de Crianças de
Campo Grande – MS
Autor: Junior Vagner Pereira Da Silva Ano: 2006
(Doc. 22) Acesso: http://www.unimep.br/phpg/bibdig/
Título: Performance Física De Idosas Submetidas ao Treinamento Neuromuscular e as
Respostas Eletromiográficas e Testes ce Aptidão Física
Autor: Cláudio de Oliveira Assumpção Ano: 2006
(Doc. 23) Acesso: http://www.unimep.br/phpg/bibdig/
Título: Influência do Exercício Físico Agudo sobre a Resposta Inata de Macrófagos e
Neutrófilos de Ratos Sedentários
Autor: Clílton Kraüss de Oliveira Ferreira Ano: 2006
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Estadual de
Campinas:
134
(Doc. 24) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Atividade Física e os Domínios da Qualidade de Vida e do Autoconceito no
Processo de Envelhecimento
Autora: Flavia Sattolo Rolim Ano: 2005
(Doc. 25) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Estudo da Postura Corporal e Aspectos Nutricionais em Escolares do Ensino
Fundamental da Rede Pública
Autora: Paula Ciol Bankoff Ano: 2004
(Doc. 26) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: O Resgate da Memória no Trabalho com os Idosos: o papel da Educação Física
Autora: Karinne Beatriz Gonçalves Araújo Ano: 2001
(Doc. 27) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Estudo sobre o Nível de Participação, num Programa de Atividade Física e
Saúde e suas Relações com as Doenças Crônicas Não Transmissíveis e a Qualidade de
Vida: um estudo de caso
Autor: José Antonio Stremundo Barbosa Ano: 2003
(Doc. 28) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Atividade Física e a Relação com a Qualidade de Vida, Ansiedade e Depressão
em Pessoas com Seqüelas de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico
Autor: Alberto Martins da Costa Ano: 2000
(Doc. 29) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Qualidade de Vida e Avaliação Física em Intoxicados por Mercúrio: estudo
observacional tranversal descritivo
135
Autor: Fabrício Boscolo Del Vecchio Ano: 2005
(Doc. 30) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Avaliação da Aptidão Física em Diabéticos Submetidos a Programa De
Atividade Física e Repercussões sobre Domínios e Facetas da Qualidade de Vida
Autor: Frederico Tadeu Deloroso Ano: 2004
(Doc. 31) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: As Alterações Posturais Relacionadas com a Disfunção da Articulação
Têmporomandibular e seu Tratamento
Autora: Renata Cristina Di Grazia Ano: 2003
(Doc. 32) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Epilepsia e Atividade Física: um estudo em crianças e adolescentes epiléticos
Autora: Neila Maria Mendes Ano: 2002
(Doc. 33) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Qualidade de Vida e Diabetes: limitações físicas e culturais de um grupo
específico
Autor: Denis Marcelo Modeneze Ano: 2004
(Doc. 34) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Influências da Atividade Física sobre a Avaliação Subjetiva da Qualidade de
Vida de Pessoas Idosas
Autora: Helena Brandão Viana Ano: 2003
(Doc. 35) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Deep Water Running para Redução da Gordura Corporal em Mulheres na Meia
Idade: estudo de intervenção em Campinas – SP
136
Autor: Sergio Ricardo Pasetti Ano: 2005
(Doc. 36) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Modelo de Inclusão Digital para Construção do Conhecimento em Qualidade
de Vida e Atividade Física
Autor: Guanis de Barros Vilela Junior Ano: 2004
(Doc. 37) Acesso: http://libdigi.unicamp.br/
Título: Avaliação da Eficácia de um Programa de Reabilitação como Modificador nos
Indicadores de Dor e Qualidade de Vida em Pacientes com Lombalgia Crônica
Inespecífica
Autor: Marco Antonio Alves de Moraes Ano: 2003
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho:
(Doc. 38) Acesso: http://www.ugf.br/index.php?q=stricto/119
Título: O Declínio de um Paradigma: Ensaio Crítico Sobre a Relação de Causalidade
entre Exercício Físico e Saúde
Autor: Carlos Magallanes Mira Ano: 2000
(Doc. 39) Acesso: http://www.ugf.br/index.php?q=stricto/119
Título: Qualidade de Vida no Trabalho do Professor de Educação Física: Um Estudo
Sobre a Decência Laboral em Academias a Partir do Ponto de Vista do Docente
Autor: Leandro Nogueira Salgado Filho Ano:2006
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade São Judas
Tadeu:
137
(Doc. 40) Acesso: http://www.usjt.br/pgedf/dissertacoes/2006.php
Título: Avaliação da Efetividade de uma Intervenção em Promoção da Atividade
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Autor: Luis Carlos Oliveira Ano: 2006
(Doc. 41) Acesso: http://www.usjt.br/pgedf/dissertacoes/2006.php
Título: A Motivação de Adolescentes para a Prática da Educação Física: Uma Análise
Comparativa de Instituição Pública e Privada
Autora: Maria Goretti Ramos Pereira Ano: 2006
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade
do Estado de Santa Catarina:
(Doc. 42) Acesso: http://www.tede.udesc.br/
Título: Exercício Físico em Pacientes Portadores de Diferentes Níveis de DPOC
Autora: Juliana El-Hage Meyer De Barros Gulini Ano: 2006
(Doc. 43) Acesso: http://www.tede.udesc.br/
Título: Diretrizes para Implantação de Programas e Ações de Atividades Física para
Idosos
Autora: Mauren da Silva Salin Ano: 2006
(Doc. 44) Acesso: http://www.tede.udesc.br/
Título: Influência do Estilo de Vida e da Capacidade Motora Percebida de
Coronariopatas na Aderência ao Exercício Físico
Autor: Mário César Nascimento Ano: 2004
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Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul:
(Doc. 45) Acesso: http://www.biblioteca.ufrgs.br/bibliotecadigital/
Título: Corporeidade e Envelhecimento: O Significado Do Corpo Na Velhice
Autora: Elaine Jost Blessmann Ano: 2003
(Doc. 46) Acesso: http://www.biblioteca.ufrgs.br/bibliotecadigital/
Título: A Concepção de Atividade Física dos Pacientes Soropositivos e Doentes de
AIDS dos Serviços de Assistência Especializada do Centro Municipal de Atendimento
em Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS de Porto Alegre
Autor: Alexandre Ramos Lazarotto Ano: 1999
(Doc. 47) Acesso: http://www.biblioteca.ufrgs.br/bibliotecadigital/
Título: Análise da Lesão Muscular e Comportamento do Vo2máx. entre um Programa
de Treinamento de Corrida em Piscina Funda e Corrida em Terra
Autora: Alecsandra Pinheiro Vendrusculo Ano: 2005
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade de São Paulo:
(Doc. 48) Acesso: Biblioteca da Escola de Educação Física e Esporte - USP
Título: Efeitos de um Programa de Educação Física Sobre as Atividades da Vida
Diária de Idosos
Autora: Rosana Aparecida Andreotti Ano: 1999
(Doc. 49) Acesso: Biblioteca da Escola de Educação Física e Esporte - USP
Título: Impacto da Lombalgia na Qualidade de Vida. Estudo Comparativo entre
139
Motoristas e Cobradores de Transporte Coletivo Urbano
Autora: Christiane de Souza Guerino Macedo Ano: 2000
133
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