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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA JOSÉ ARISTIDES CARVALHO DE MELLO FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GESTOR ESPORTIVO: ESTUDO SOBRE COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DESEMPENHO DA FUNÇÃO EM ACADEMIAS ESPORTIVAS SÃO PAULO 2012

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

JOSÉ ARISTIDES CARVALHO DE MELLO

FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GESTOR ESPORTIVO: ESTUDO

SOBRE COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DESEMPENHO DA

FUNÇÃO EM ACADEMIAS ESPORTIVAS

SÃO PAULO

2012

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JOSÉ ARISTIDES CARVALHO DE MELLO

FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GESTOR ESPORTIVO: ESTUDO

SOBRE COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DESEMPENHO DA

FUNÇÃO EM ACADEMIAS ESPORTIVAS

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação Física. Linha de Pesquisa: Fenômeno Esportivo. Orientadora: Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva

SÃO PAULO

2012

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JOSÉ ARISTIDES CARVALHO DE MELLO

FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GESTOR ESPORTIVO: ESTUDO

SOBRE COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DESEMPENHO DA

FUNÇÃO EM ACADEMIAS ESPORTIVAS

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Lais Helena Malaco – Unifieo – SP

Profa. Dra. Maria Luiza de Jesus Miranda – USJT – SP

Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva – USJT – SP

Orientadora

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Dedico este trabalho a todos aqueles que buscam no conhecimento

uma forma de criar um mundo melhor para se viver.

Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu,

reconhecem que seu trabalho é cuidar de gente, com atenção, com

dedicação, com amor e sempre disposto a servir.

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AGRADECIMENTOS

Não se faz nada sozinho.

Por isso quero agradecer a todos que, de alguma forma, contribuíram com nosso

trabalho.

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho nesta jornada.

Agradeço à minha esposa Alessandra pelo amor, incentivo e apoio que sempre me

dedica.

Agradeço aos meus filhos Tayná, Tays, Tomás e José Antônio, meus verdadeiros

tesouros.

Agradeço aos meus pais José Benedicto e Cidnéa por todo carinho e dedicação.

Agradeço aos meus irmãos José Augusto, Wilma e Célia pelo amor que sei que eles

têm por mim.

Agradeço aos meus amigos da Kainágua que me ajudaram a me transformar no

profissional que hoje eu sou.

Agradeço aos professores do Programa de Pós-graduação da USJT por me

possibilitarem ampliar minha visão de mundo.

Agradeço às professoras Lais e Miranda pela sua contribuição na fase final deste

trabalho.

E agradeço especialmente à professora Sheila que, apesar de todas as dificuldades

que sei que enfrentou neste período, jamais deixou de acreditar no nosso sucesso.

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Os valores promovem o sentimento de que a fonte do poder e do

conhecimento está dentro de cada um de nós. Não é algo para se

ter, mas para se ser – e ser o que de mais importante se possa ser.

[,,,] Reconhecemo-nos como capazes e competentes e não estamos

dispostos a mercantilizar os nossos compromissos emocionais.

Como compreendemos que eles não estão à venda, também somos

incapazes de comercializar o compromisso emocional dos outros por

meio de estímulos externos.

Os valores virtuosos nos mantém de coração aberto, e a riqueza

aflora quando a rigidez é substituída pela flexibilidade da alma.

Quando a mente e o coração permanecem abertos, sempre existe

espaço para a beleza, a verdade e a bondade, valores que são as

fontes da riqueza.

Roberto Adami Tranjan – Rico de Verdade

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RESUMO

A gestão esportiva é um mercado em plena expansão na área da Educação Física e

do Esporte, no entanto ainda não suficientemente atendida nos cursos de formação

profissional em nível de graduação. A identificação das competências necessárias

ao exercício da função torna-se, portanto, importante recurso para subsidiar a

elaboração de currículos e programas de formação profissional. Enquanto

organizações empresariais utilizam o conceito de gestão por competências nos seus

mais variados segmentos, na Educação o tema tem sido estudado no sentido de

conceituar as competências necessárias à atuação dos professores. Esta pesquisa

teve por objetivo identificar a percepção de 12 (doze) gestores esportivos que atuam

em academias esportivas privadas na cidade de São Paulo, utilizando entrevista

semi-estruturada, a partir de uma questão norteadora aberta cujas respostas foram

analisadas individualmente, e, posteriormente, no conjunto dos entrevistados. Os

resultados foram agrupados em 3 (três) blocos de indicadores de competências,

sendo 7 referentes a conhecimentos, 9 a habilidades e 16 a atitudes. Os

indicadores de competências identificados possibilitaram a proposição de 5

competências essenciais aos gestores de academias esportivas. Tal levantamento

pode servir como alerta para os elaboradores de currículos e programas de

formação profissional em Educação Física e Esporte além de levantar possibilidades

para novas pesquisas.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Esportiva, Competências, Formação Profissional,

Academias Esportivas.

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ABSTRACTS

Sports management is a rapidly expanding market in the area of Physical Education

and Sports, however not yet sufficiently addressed in vocational training courses at

the level of graduation. The identification of competences necessary to the exercise

of function make it, therefore, important resource for subside the curricula and

training programs. While business organizations using the concept of management

by competences in the most different segments, in Education the theme has been

studied to conceptualize the competences necessary to activities of teachers. This

research aimed to identify the perception of 12 managers sports academies

operating in the private market in the city of São Paulo, using semi-structured

interview, from a guiding open question whose replies were analyzed individually,

and, subsequently, in the whole of the interviewees. The results were grouped into 3

blocks of indicators of competences, being 7 relating to knowledge, 9 relating to

abilities and 16 relating to attitudes. The indicators of competences identified enabled

the proposition 5 essential competences to managers of sports academies. This

research may serve as a warning to fortifiers of curricula and training programs in

Phisical Education and Sports in addition to raise possibilities for new researches.

Key Words: Sports Management, Competences, Professional Formation, Sports

Academies.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Estatísticas do mercado de academias na

América Latina..................................................................p. 15

Quadro 2 – Caracterização dos sujeitos...........................p. 53

Quadro 3 – Análise Ideográfica do sujeito 1.....................p. 57

Quadro 4 – Análise Ideográfica do sujeito 2.....................p. 60

Quadro 5 – Análise Ideográfica do sujeito 3.....................p. 63

Quadro 6 – Análise Ideográfica do sujeito 4.....................p. 65

Quadro 7 – Análise Ideográfica do sujeito 5.....................p. 67

Quadro 8 – Análise Ideográfica do sujeito 6.....................p. 69

Quadro 9 – Análise Ideográfica do sujeito 7.....................p. 72

Quadro 10 – Análise Ideográfica do sujeito 8...................p. 75

Quadro 11 – Análise Ideográfica do sujeito 9...................p. 79

Quadro 12 – Análise Ideográfica do sujeito 10.................p. 83

Quadro 13 – Análise Ideográfica do sujeito 11.................p. 85

Quadro 14 – Análise Ideográfica do sujeito 12.................p. 87

Quadro 15 – Matriz nomotética – Conhecimentos............p. 92

Quadro 16 – Matriz nomotética – Habilidades..................p. 94

Quadro 17 – Matriz nomotética – Atitudes........................p. 95

Quadro 18 – Relação entre saberes e competências.......p. 97

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZANDO A PROBLEMÁTICA.................................... 12

1.1 A trajetória da inquietação ............................................................................... 12

1.2 O crescimento do mercado esportivo ............................................................... 15

1.3 A flexibilização do processo produtivo e os novos paradigmas organizacionais

............................................................................................................................... 16

1.4 O papel da formação profissional..................................................................... 17

1.5 O objetivo da pesquisa ..................................................................................... 18

CAPÍTULO 2 – COMPETÊNCIAS: UM CONCEITO COMPLEXO ............................ 19

2.1 Sobre o conceito de competências: um breve histórico ................................... 19

2.2 Definições de competência .............................................................................. 21

2.2.1 Competência do indivíduo ......................................................................... 21

2.2.2 Competência das organizações ................................................................. 23

2.2.3 Competência do país ................................................................................. 24

2.3 Considerações sobre o tema ........................................................................... 25

CAPÍTULO 3 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA ................. 28

3.1 Características da literatura analisada neste estudo ........................................ 28

3.2 O conceito de formação profissional ................................................................ 29

3.3 As leis que nos regem ...................................................................................... 33

3.4 Os princípios que nos norteiam........................................................................ 40

3.4.1 O modo como o trabalhador se forma ....................................................... 40

3.4.2 O caráter da ocupação especializada ........................................................ 44

3.4.3 Os compromissos com a profissão e com a sociedade e a interação social

e política ............................................................................................................. 47

3.5 A formação do gestor esportivo ....................................................................... 48

CAPÍTULO 4 – COMPREENDENDO A PERCEPÇÃO DOS GESTORES ............... 51

4.1 O caminhar metodológico ................................................................................ 51

4.2 Os sujeitos ....................................................................................................... 53

4.3 Constituição dos dados: discursos dos sujeitos e respectivas análises

ideográficas ............................................................................................................ 56

4.3.1 Sujeito 1 ........................................................................................................ 56

4.3.2 Sujeito 2 ........................................................................................................ 59

4.3.3 Sujeito 3 ........................................................................................................ 62

4.3.4 Sujeito 4 ........................................................................................................ 65

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4.3.5 Sujeito 5 ........................................................................................................ 67

4.3.6 Sujeito 6 ........................................................................................................ 69

4.3.7 Sujeito 7 ........................................................................................................ 71

4.3.8 Sujeito 8 ........................................................................................................ 74

4.3.9 Sujeito 9 ........................................................................................................ 76

4.3.10 Sujeito 10 .................................................................................................... 82

4.3.11 Sujeito 11 .................................................................................................... 84

4.3.12 Sujeito 12 .................................................................................................... 86

4.4 A construção dos resultados ............................................................................ 89

4.4.1 A perspectiva metodológica .......................................................................... 89

4.4.2 Análise nomotética ........................................................................................ 89

4.4.3 A leitura da matriz nomotética ....................................................................... 90

A – Indicadores de conhecimentos: .................................................................... 90

B – Indicadores de habilidades: .......................................................................... 91

C – Indicadores de atitudes: ............................................................................... 91

4.4.4 A proposição de competências baseada na convergência dos indicadores

percebidos nos discursos dos sujeitos com a literatura ......................................... 98

4.4.5 Síntese dos resultados ................................................................................ 104

CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 111

APÊNDICE I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 116

APÊNDICE II - TERMO DE AUTORIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE DA EMPRESA

PARA EXECUÇÃO DA PESQUISA ........................................................................ 117

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CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZANDO A PROBLEMÁTICA

1.1 A trajetória da inquietação

A dimensão temporal com a qual a formação profissional se relaciona,

segundo a proposta de Tardif (2006), tem um papel fundamental no meu percurso

até chegar às páginas desta dissertação de Mestrado.

Minha vivência esportiva desde a infância provavelmente foi a principal

influência na minha escolha profissional e na escolha das modalidades esportivas

com as quais me envolvi competitivamente, como Judô, Atletismo, Basquete,

Natação e Triathlon.

Tendo entrado no Ensino Fundamental no início da década de 70 do século

passado e cursado a graduação entre 1986 e 1988, foi inevitável que a minha

formação fosse baseada na perspectiva esportivista, hegemônica na época.

Neste panorama, algumas experiências foram decisivas na formação da

minha vocação para a administração esportiva.

Durante a segunda metade da Educação Básica, naquela época denominado

ginasial, participei ativamente das atividades do Centro Cívico de minha escola,

ocupando cargos diversos. Uma das ocupações que tínhamos era a de organizar os

campeonatos inter-classes.

Posteriormente, durante o Ensino Médio, vivi a experiência de organizar um

torneio de atletismo em Santo Amaro, na pista do então Centro Esportivo Joerg

Bruder, hoje Clube da Cidade Santo Amaro. Essa foi, indubitavelmente, uma

experiência muito rica, pois a iniciativa partiu de um grupo de colegas do curso de

Desportos do Colégio Radial, capitaneado por um grande amigo, Francisco Eduardo

Caparroz, hoje professor da Universidade Federal do Espírito Santo.

Na ocasião, assumimos todas as tarefas necessárias à organização do

evento, desde uma faxina nas dependências da pista, até a captação de patrocínios

para a compra do material e das medalhas, passando pela obtenção da autorização

para utilização do local e pelo convite às autoridades, entre elas o Secretário

Municipal de Esportes de São Paulo da época, José Luiz Bellegarde de Andrade

Figueira, e o patrono de nosso torneio e então recordista mundial do salto triplo,

João Carlos de Oliveira.

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Durante a minha graduação em Educação Física, vivi as primeiras

experiências profissionais no campo da administração esportiva. A primeira delas foi

trabalhando na ADC Eletropaulo, exatamente no setor responsável pela organização

dos eventos esportivos internos, oportunidade em que conheci outro grande amigo,

o Professor José Geraldo de Carvalho, que hoje trabalha na Federação Paulista de

Atletismo.

Em seguida, ampliei minha experiência estagiando na Avon Cosméticos,

sendo supervisionado pelo Professor Hélio Vieira França. Lá, organizávamos

competições esportivas e recreativas para os funcionários da empresa, além de

participarmos de competições externas nas várias modalidades esportivas.

Após a conclusão do curso de graduação em Educação Física, todas as

minhas experiências profissionais envolveram atividades relacionadas com a

organização ou participação em eventos esportivos, seja como membro da equipe

organizadora ou como promotor do evento.

Desde 1999, atuando como responsável pelo Departamento de Eventos e

Projetos Esportivos da Kainágua, academia da Zona Sul da cidade de São Paulo,

venho desenvolvendo diversos projetos no setor, que incluem eventos esportivos e

prestação de serviços na área de fitness, com a constituição de equipes de

profissionais para atender empresas, condomínios e clubes.

Ao longo destes anos trabalhando com a gestão de atividades próprias da

Educação Física, acredito que um dos maiores aprendizados se deu nas relações

com as pessoas. As tarefas relacionadas a esta área sempre me interessaram muito

e se demonstraram como cruciais para o sucesso dos projetos que administrei.

Entretanto, senti que faltavam elementos na minha formação acadêmica que

possibilitassem atuar com maior eficácia nas minhas atividades. Tal sensação me

levou a buscar maior qualificação para o desempenho de minhas funções. Neste

sentido, cursei de 2005 a 2007 o curso MBA Executivo de Marketing, da Escola

Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo.

Foi lá que tive contato com a metodologia de gestão por competências, na

disciplina Gestão de Pessoas. Fiquei muito interessado pelo tema, uma vez que se

apresentava como uma ferramenta extremamente eficaz na formação e manutenção

de equipes de trabalho.

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Quando estava por concluir o MBA, decidi que iria prosseguir meus estudos e

realizar um sonho antigo: cursar o mestrado.

Em maio de 2007, após uma pesquisa prévia no site da CAPES, encontrei

boas referências do programa de mestrado em Educação Física da Universidade

São Judas Tadeu e agendei uma entrevista com a Profa. Dra. Sheila Aparecida

Pereira dos Santos Silva. Desta entrevista, resultou um conhecimento sobre as

linhas de pesquisa do programa que poderiam convergir com meus interesses de

estudo, bem como a possibilidade de ingressar como aluno especial, no segundo

semestre daquele ano.

Durante o transcorrer da disciplina Intervenções Pedagógicas em Educação

Física e Esportes, que cursei como aluno especial, tive oportunidades para debater

idéias e minha visão sobre as possibilidades de estudos relacionados com a

formação profissional para a área da administração esportiva foi sendo ampliada,

fruto de várias conversas com a Profa. Sheila, o que vinha contribuindo no sentido

de definir um tema para a proposição do projeto de pesquisa que eu iria apresentar

como requisito para minha inscrição como aluno regular do programa.

Muitas idéias surgiram, sempre em torno de temas relacionados com a minha

área de interesse. Mas foi somente após assistir a uma palestra sobre Gestão

Esportiva, proferida pelo Prof. Dr. José Pedro Sarmento, da Universidade do Porto,

em novembro de 2007, na qual ele abordou a questão da falta de preparo dos

profissionais da Educação Física para assumir postos de gestão, que decidi por

abordar o tema das competências do gestor esportivo pensando em levantar

parâmetros para as disciplinas de Administração e Gestão Esportiva no âmbito da

formação profissional em Educação Física.

A questão que se colocou para nós deriva da observação de que, em toda a

minha trajetória acadêmica e profissional, nunca tive contato com uma proposta de

desenvolvimento das competências relacionadas à gestão ou administração

esportiva em cursos de graduação em Educação Física. Seria esta uma visão

pessoal e pouca representativa? Ou, realmente, existiria uma lacuna na formação

dos profissionais de Educação Física no campo da gestão/administração esportiva?

Na tentativa de verificar se a minha percepção sobre esta lacuna estava

correta, busquei contato com as Instituições de Ensino Superior do Estado de São

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Paulo que possuem cursos de graduação de Educação Física e Esportes, por meio

de mensagem eletrônica, procurando identificar quantas delas possuíam disciplinas

relacionadas à área de administração ou gestão esportiva. Infelizmente, das 115 IES

contatadas, apenas 18 responderam e, destas, somente seis afirmaram ter

disciplinas com as características mencionadas.

Foi neste contexto que surgiu a presente pesquisa que, a partir da percepção

dos próprios gestores, busca colaborar para preencher a lacuna de conhecimento a

respeito das competências necessárias ao desempenho da função de gestor

esportivo, bem como contribuir com a reflexão sobre a formação profissional inicial

na área da administração e gestão esportivas.

Cientes da diversidade de ambientes em que pode ocorrer a atuação destes

profissionais, que podem exercer suas funções em clubes esportivos, academias,

empresas, órgãos governamentais, entre outros, optamos por realizar nossa

pesquisa com gestores de academias esportivas, por se tratar de um mercado onde

já atuamos há mais de 20 anos e com o qual estamos plenamente familiarizados,

facilitando as nossas análises e o acesso aos entrevistados.

1.2 O crescimento do mercado esportivo

Vimos surgir no século XX um novo fenômeno de difusão de hábitos e

interesses populares com a conformação do esporte como cultura de massa e a

transformação de eventos esportivos em verdadeiros espetáculos (PRONI, 1998).

Tais hábitos se estabeleceram na cultura de quase todos os povos e criaram novos

comportamentos de consumo em relação à prática de atividades físicas e esportivas.

No mundo todo, a área de esportes e atividades físicas movimenta um volume

considerável de recursos financeiros. Bastos e Mocsányi (2005) já informavam que,

somente nos Estados Unidos da América, cerca de US$ 250 bilhões eram

movimentados anualmente neste setor, chegando a superar os mercados de

automóveis e de corretagem de títulos em termos de PIB.

Ainda circunscritos aos Estados Unidos, podemos analisar a magnitude do

mercado da indústria esportiva e de atividades físicas pelos altíssimos números

apresentados pela IHRSA – International Health, Racquet & Sportsclub Association,

entidade que congrega mais de 10.000 academias, espalhadas por 70 países.

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Segundo o relatório da associação datado de 2011, os Estados Unidos tinham

29.980 academias, com cerca de 5,2 milhões de membros, movimentando um total

de US$ 20,3 bilhões em vendas e oferecendo cerca de 1,5 milhões de empregos.

A IHRSA ainda mantém em sua página na Web informações sobre o tamanho

do mercado de fitness na Europa e na América Latina, relatando para o velho mundo

um total de 47.555 academias existentes, atendendo a, aproximadamente, 44,45

milhões de pessoas. Na América Latina, somente com dados de Argentina, Brasil,

Chile, México e Uruguai, há cerca de 26.286 academias, com aproximadamente

9.672.090 adeptos, movimentando algo em torno de US$ 3,95 bilhões, mais da

metade destas cifras só em nosso país.

País Vendas totais (USD)

Total de academias

Número total de adeptos

Brasil $2,197,218,987 18.195 5.458.500

Argentina $197,900,000 5.200 1.302.000

Chile $41,681,250 475 356.250

Mexico $1,498,904,000 2.200 2.498.100

Uruguai $11,333,520 216 57.240

Quadro 1 – Estatísticas do mercado de academias na América Latina (fonte: The 2011 IHRSA Global Report on the State of the Health Club Industry, disponível em www.ihrsa.org)

Somem-se a isto os milionários valores do futebol, do beisebol, do basquete

da NBA, do automobilismo, além das vendas de artigos e equipamentos esportivos,

e teremos uma noção da grandiosidade deste mercado. Com isto, as organizações

voltadas para o esporte e para as atividades físicas representam uma das forças que

afetam positivamente a estrutura econômica de diversos países.

1.3 A flexibilização do processo produtivo e os novos paradigmas

organizacionais

As organizações empresariais vêm sofrendo diversas modificações em suas

concepções sobre quais são seus valores mais importantes. Dentro das empresas

modernas, as pessoas passaram a ser consideradas como seu mais precioso ativo

(DRUCKER, 2001). As antigas áreas de RH deram espaço para a Gestão de

Pessoas. Novas ferramentas foram desenvolvidas com o intuito de alcançar a maior

contribuição que as pessoas possam dar às organizações nas quais estão inseridas.

Uma destas ferramentas é o modelo de gestão por competências, surgido

inicialmente na Europa, no início dos anos 1980, e que supera o conceito de

qualificação, pois nele já não interessa apenas avaliar os saberes escolares ou

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técnico-profissionais, mas sim a capacidade de mobilizá-los para resolver problemas

(DELUIZ, 2001), com uma clara orientação para resultados. Esta visão já era

analisada por Desaulniers (1997), considerando que competência e ação são

inseparáveis.

Orsi & Bose (2003) destacam a definição de Zarifian (1996), que interpreta a

competência como:

[...] o tomar a iniciativa e o assumir a responsabilidade, [...] num entendimento prático de situações onde o indivíduo se baseia em conhecimentos adquiridos e os transforma na medida em que aumenta a diversidade das situações (ZARIFIAN, 1996, p.68 apud ORSI & BOSE, 2003).

Desaulniers (2003) sugere que existe um deslocamento de noções, tanto na

esfera educativa, quanto na esfera do trabalho, onde se caminha dos saberes à

competência e da qualificação à competência, respectivamente. Não importa mais o

saber fazer, mas o saber ser, entendido como ser competente, uma vez que:

[...] competência refere-se a “um sistema de conhecimentos, conceituais e processuais, organizados em esquemas operatórios que permitem, no interior de uma família de situações, a identificação de uma ação eficaz”. [...] Ou seja, competência é a capacidade para resolver um problema em uma situação dada, o que significa dizer que a mensuração desse processo baseia-se essencialmente nos resultados (p. 107).

Em outras palavras, se faz necessária a preparação do profissional de

Educação Física para desenvolver as competências fundamentais, de modo que ele

possa assumir postos de trabalho na Gestão Esportiva, oriundos do amplo

desenvolvimento desta área, como ficou denotado.

1.4 O papel da formação profissional

Silva (2003) considera como sendo papel dos responsáveis pela formação

profissional o atendimento das demandas surgidas pelas novas necessidades da

sociedade e do mercado de trabalho. A autora destaca, entre vários pontos, a

necessidade do profissional de Educação Física assumir um papel de

empreendedor, tomando para si o gerenciamento de seu desenvolvimento no

mercado de trabalho.

Desta forma, descobrir quais são as competências que devem ser

desenvolvidas a fim de que estes profissionais possam atender às necessidades da

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função de Gestores Esportivos se torna fundamental para o norteamento do

processo de formação profissional.

A presente pesquisa pretende colaborar para preencher a lacuna de

conhecimento a respeito das competências necessárias ao desempenho da função

de gestor esportivo em academias esportivas, discutindo uma possível

especificidade dessas competências, tendo em vista a área em que se aplicam.

A pesquisa poderá proporcionar aos cursos de graduação em Educação

Física estratégias educativas para o desenvolvimento destas competências, no

âmbito das disciplinas relacionadas à gestão e administração esportivas, bem como

colaborar para a inserção de conteúdos mais adequados às necessidades do

exercício profissional.

1.5 O objetivo da pesquisa

Identificar competências necessárias para o exercício da função de gestor

esportivo na percepção de quem exerce a função em academias esportivas.

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CAPÍTULO 2 – COMPETÊNCIAS: UM CONCEITO COMPLEXO

A importância dos estudos sobre competências tem se tornado cada vez mais

relevante, principalmente diante da elevada competição que ocorre hoje no

globalizado mundo dos negócios. A partir dos anos 70 do século passado, a

transição das estratégias empresariais, afastando-se do modelo taylorista-fordista

baseado na produtividade e evoluindo para um novo conceito de administração

baseada na flexibilização dos processos produtivos, fez com que a preocupação

com o desenvolvimento das competências se tornasse o foco das atenções das

escolas de negócios, sobretudo na América do Norte e na Europa.

O modelo de administração baseado nas core competences – termo inglês,

que pode ser compreendido como competências essenciais – tem sido largamente

utilizado por empresas de todos os tamanhos e segmentos, avolumando-se o

número de casos de sucesso. É uma idéia praticamente consensual entre os

teóricos da administração moderna que a construção das competências da empresa

passa pelo desenvolvimento das competências de seus líderes e colaboradores. As

pessoas passam a assumir um papel fundamental nas organizações modernas,

sendo consideradas como o principal ativo das empresas.

O desenvolvimento de talentos humanos coloca em destaque o que se

convencionou chamar trabalhador do conhecimento, ou seja, aquele indivíduo que

traz como principal ferramenta a utilização eficaz do conhecimento, na busca de

resultados para sua organização (DRUCKER, 2001; FLEURY e FLEURY, 2001;

DELUIZ, 2001; FLEURY e FLEURY, 2003; PIRES e MARCONDES, 2004; TEIXEIRA

e MORRISON, 2004; MELLO et al, 2006; GRAMIGNA, 2007).

2.1 Sobre o conceito de competências: um breve histórico

Os estudos sobre competências tiveram seu início na década de 70 do século

passado, com a publicação de um trabalho de David McClelland sobre mensuração

de competências e inteligência, em 1973, na revista American Psychologist,

intitulado Testing for Competence rather than Intelligence (FLEURY e FLEURY,

2001; GRAMIGNA, 2007). A princípio, o tema ainda servia ao modelo de

administração taylorista-fordista, pois procurava categorizar os conhecimentos e

habilidades necessários para o desempenho das tarefas de um determinado cargo

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ou função. Esta concepção não avançava em relação ao conceito de qualificação

que, durante muito tempo, foi o alvo dos esforços de formação profissional, e se

baseava na tarefa a ser executada, evidenciando o conhecimento técnico. Esta idéia

já era desenvolvida desde o século XVIII, quando aparece na Enciclopédia (1751),

de Diderot e D’Alambert, a descrição do quadro de ocupações da época, com as

indicações do que deveria ser estudado para exercê-las (MACHADO, 2002).

Porém, a complexidade da realidade vivida nas empresas, na qual é sempre

necessário que novas e originais respostas sejam encontradas para a criação de um

diferencial competitivo sustentável, levou a um aprofundamento do conceito de

competências, como se encontra em Fleury e Fleury (2001):

O trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas se torna o prolongamento direto da competência que o indivíduo mobiliza em face de uma situação profissional cada vez mais mutável e complexa. Esta complexidade de situações torna o imprevisto cada vez mais cotidiano e rotineiro (p. 186).

Neste contexto e como contrapartida ao modelo de qualificação,

principalmente pelo seu aspecto tecnicista, começou a se estabelecer na França,

durantes os anos 80 do século passado, um conceito de competências ligado aos

saberes, que pudesse dar conta desta complexidade a que se referem os autores,

com vistas ao aumento da capacitação dos trabalhadores e, consequentemente, ao

aumento de sua empregabilidade (FLEURY e FLEURY, 2001; DELUIZ, 2001).

Atualmente, o conceito de competências recebe muitas definições, porém

todas convergem para um mesmo sentido: o de utilização de conhecimentos,

habilidades e técnicas para a execução eficaz de um determinado propósito,

fazendo um julgamento adequado quanto à necessidade de intervenção de cada

recurso mobilizado. Para tanto, o indivíduo recrutará os conhecimentos adquiridos

em sua formação profissional, bem como aqueles advindos de sua vida pessoal e de

sua experiência no trabalho, ajustando-os da forma que melhor possam atender às

solicitações dos desafios que a ele se colocarem (PERRENOUD, 1999 e 2000;

FLEURY e FLEURY, 2001; ALESSANDRINI, 2002; DELUIZ, 2001; MACEDO, 2002;

MACHADO, 2002; PERRENOUD, 2002; FLEURY e FLEURY, 2003; TEIXEIRA e

MORRISON, 2004; GRAMIGNA, 2007).

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2.2 Definições de competência

O verbete competência equivale ao inglês competence (DICIONÁRIO

LAROUSSE, 2006, p. 69) que, segundo Fleury e Fleury (2001, p. 184), é definido no

dicionário Webster como “qualidade ou estado de ser funcionalmente adequado ou

ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades ou força para uma determinada

tarefa”.

Perrenoud (1999, p. 7) define competência “como sendo uma capacidade de

agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos,

mas sem limitar-se a eles”. Alessandrini (2002) nos informa que competência vem do

latim competentia, significando proporção, simetria. A autora define que a noção de

competência:

[...] refere-se à capacidade de compreender uma determinada situação e reagir adequadamente frente a ela, ou seja, estabelecendo uma avaliação desta situação de forma proporcionalmente justa para com a finalidade que ela sugerir a fim de atuar da melhor maneira possível (p. 164).

Outra definição de competência, apresentada por Gramigna (2007, p.21),

apoiada em Levy-Leboyer, nos remete a uma segunda dimensão para o uso desta

concepção: o das organizações. A autora nos diz que o termo competências serve

para “designar repertórios de comportamentos e capacitações que algumas pessoas

ou organizações dominam melhor que outras, tornando-as eficazes em determinada

situação”. Até agora os autores citados falavam de competência na dimensão das

pessoas, nos atributos individuais e pessoais que determinam a eficácia na

resolução de um determinado desafio. Nesta nova definição surge a idéia das

organizações como sendo portadoras de suas próprias competências, uma questão

que é levantada também por Fleury e Fleury (2001; 2003), que nos apontam três

níveis para a compreensão das competências:

1) O nível das pessoas – competência do indivíduo;

2) O nível das organizações – core competences; e

3) O nível dos países – sistemas educacionais e formação de competências.

2.2.1 Competência do indivíduo

Como competência do indivíduo, Fleury e Fleury (2001) afirmam que esta

deve lhe agregar valor social, sendo necessária a contextualização desta

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competência dentro de determinados valores e de uma determinada época,

reconhecidos pela sociedade e pelos pares do indivíduo. Esta competência estaria

situada no vértice de três eixos: a personalidade do indivíduo, sua formação

educacional e sua experiência profissional.

Os autores definem assim a competência no nível do indivíduo:

[...] um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo (FLEURY e FLEURY, 2001, p. 188).

Esta definição remete-nos ao conceito de saberes que, como já comentamos

anteriormente, foi uma das preocupações dos pesquisadores franceses, desde a

década de 80 do século passado, no estudo das competências. É justamente em um

destes pesquisadores, Le Bortef, que os autores se apóiam para a construção da

definição acima. Para eles, os saberes expressos na definição de competência são

assim descritos:

Saber agir – saber o que e por que faz, saber julgar, escolher e decidir;

Saber mobilizar recursos – criar sinergia e mobilizar recursos e

competências;

Saber comunicar – compreender, trabalhar, transmitir informações;

Saber aprender – trabalhar o conhecimento e a experiência, rever modelos

mentais, saber desenvolver-se;

Saber engajar-se e comprometer-se – saber empreender, assumir riscos,

comprometer-se;

Saber assumir responsabilidades – ser responsável, assumindo riscos e

consequências de suas ações e sendo por isso reconhecido;

Ter visão estratégica – conhecer e entender do negócio da organização, o

seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas.

Perrenoud (1999) nos lembra que a competência não está necessariamente

ligada a uma prática profissional, mas fundamentalmente a uma prática social.

Quantas não são as atividades possíveis de serem realizadas por amadores na vida

cotidiana? Não é necessário ser um agente de viagens para organizar uma viagem,

mas o domínio de determinada competência; uma pessoa pode muito bem realizar a

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pintura da própria casa sem que para isto necessite ser um pintor profissional, mas

deverá fazer uso de alguma competência para executar a tarefa.

Além de todas as possibilidades de comportamentos e atitudes que as

competências podem gerar para benefício próprio do indivíduo, o desenvolvimento

destas competências permite-lhe agregar valores para as organizações e para o

próprio país (FLEURY e FLEURY, 2003).

2.2.2 Competência das organizações

No nível das organizações, o referencial que atualmente define a

compreensão de competências vem de uma nova concepção estratégica para os

negócios, denominada visão da empresa baseada em recursos (Resources Based

View of the Firm). Esta abordagem surgiu principalmente pelos estudos de Prahalad

e Hamel e de Krogh e Ross, nos anos 90 do século passado, evoluindo do modelo

das forças da indústria de Porter (FLEURY e FLEURY, 2001; 2003).

O termo core competence (competência essencial) tomou impulso na

administração moderna com a publicação do artigo The core competence of the

corporation, em 1990, de Prahalad e Hamel. Estes autores defendem que as

competências essenciais constituem recursos intangíveis das organizações, com

três características fundamentais:

a) São difíceis de serem imitados pela concorrência;

b) Garantem que a empresa possa prover produtos/serviços diferenciados

para o consumo; e

c) Permitem que a empresa goze de flexibilidade para explorar diferentes

mercados e novas oportunidades (FLEURY e FLEURY, 2001; 2003).

Fleury e Fleury (2001) apontam que, para uma organização, “competência

seria assim a capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e

serviços” (p. 189).

Como efeito da propagação destes conceitos, uma inevitável onda de

desenvolvimento organizacional se propagou no mundo globalizado dos negócios.

Esta onda chegou ao Brasil por volta do final dos anos 90 do século passado,

década reconhecida como sendo a dos serviços e das competências (GRAMIGNA,

2007). Neste momento, as bases para o desenvolvimento desta concepção no país

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já estavam formadas, uma vez que o mercado nacional já havia passado por

movimentos antecessores que haviam contribuído para a formação de uma massa

de trabalhadores apta a se enquadrar no modelo de desenvolvimento de

competências. Em etapas sucessivas, o movimento de desenvolvimento

organizacional, compreendido entre o final dos anos 70 e início dos anos 80, o

movimento pela qualidade total, entre os anos 80 e 90, e o movimento de

reengenharia, nos anos 90, apesar de suas limitações e diferenças conceituais,

ajudaram a girar a atenção das empresas para a direção do desenvolvimento,

atração e gestão de talentos. Não é sem razão que a denominação Recursos

Humanos deu lugar a Gestão de Pessoas.

Atualmente, as empresas desenvolvem em seus departamentos de Gestão de

Pessoas modelos de gestão por competências, envolvendo todas as etapas do

processo, desde o recrutamento e seleção, passando pela avaliação e gestão dos

talentos.

2.2.3 Competência do país

Finalmente, por nível dos países, Fleury e Fleury (2001) entendem que é

através da educação e formação das competências que estes se fortalecem e se

capacitam para sobressair-se no mundo globalizado. Um país que se preocupa com

a construção das competências de seus cidadãos está criando a expectativa da

construção de um país melhor para as gerações futuras. Uma das chaves

fundamentais para o portão que leva por este caminho é a Educação.

No âmbito educacional, Perrenoud (1999) faz uma extensa análise sobre a

responsabilidade da escola de construir as competências desde os primeiros anos

escolares. Ele logo procura desfazer o engano que se comete ao acreditar que a

construção das competências nas escolas nega a aquisição dos conhecimentos ou

se oponha ao modelo de disciplinas. Segundo o autor, a simbiose entre

conhecimentos e competências é indissolúvel, uma vez que os conhecimentos

sozinhos de pouco servem se não houver competência para aplicá-los, e também

não há como construir competências sem base nos conhecimentos. Morin (2005)

colabora com esta idéia quando afirma que:

Conhecer importa informação, ou seja, possibilidade de responder a incertezas, mas o conhecimento não se reduz a informações; ele precisa de estruturas teóricas para dar sentido às informações; percebemos, então,

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que, se tivermos muitas informações e estruturas mentais insuficientes, o excesso de informação mergulha-nos numa “nuvem de desconhecimento”, o que acontece frequentemente quando escutamos rádio ou lemos jornais (p. 98).

O grande desafio da escola estaria em saber dosar o tempo que se dedica a

cada um destes componentes, bem como de alinhar as disciplinas transversalmente,

com vistas à construção das competências, sem esquecer que determinadas

competências podem ser construídas dentro de uma única disciplina. Machado

(2002) acrescenta que:

[...] urge uma reorganização do trabalho escolar que reconfigure seus espaços e seus tempos, que revitalize os significados dos currículos como mapas do conhecimento que se busca, da formação pessoal como a constituição de um amplo espectro de competências e, sobretudo, do papel dos professores em um cenário onde as idéias de conhecimento e de valor encontram-se definitivamente imbricadas (p. 139).

Perrenoud (2000) já apontava a responsabilidade da formação dos

professores para a prática da construção das competências no âmbito escolar. O

autor não vê possibilidades de que este esforço surja por parte dos órgãos

governamentais, face ao estado em que se encontram as políticas e finanças dos

países desenvolvidos. Ele sugere que a aceitação deste desafio possa partir dos

próprios professores:

[...] pode-se esperar que inúmeros professores aceitem o desafio, por recusarem a sociedade dual e o fracasso escolar que a prepara, por desejarem ensinar e levar a aprender a despeito de tudo, ou, então, por temerem morrer de pé, com o giz na mão, no quadro negro [...] (p. 11).

Na mesma obra, o autor apresenta um estudo profundo sobre as

competências necessárias ao professor na missão de ensinar dentro da uma

perspectiva de construção de competências. São dez famílias de competências que

envolvem todas as etapas do processo educacional, desde a organização e direção

das situações de aprendizagem, até a administração da própria educação contínua

do professor.

2.3 Considerações sobre o tema

Fica evidente a relevância do desenvolvimento das competências no âmbito

escolar, sobretudo na formação profissional, mas toda atenção deve ser dada ao

rumo que se espera que esta formação tome.

Perrenoud (2002) evidencia que não há como pensar na construção de um

modelo educacional sem reconhecer a ideologia que o concebe. Neste sentido,

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convida os Estados a se inspirarem no idealismo de Edgar Morin, do qual ele

compartilha, mencionando os sete saberes fundamentais que, segundo o pensador

francês, a escola deveria ensinar: as cegueiras do conhecimento – o erro e a ilusão,

os princípios de um conhecimento pertinente, a condição humana, a identidade

terrestre, o confronto com as incertezas, a compreensão e a ética do gênero

humano.

Outra questão que fica evidente é quanto às diferentes dimensões que

empresas e escolas dão ao conceito de competências. Enquanto as empresas

focam o cliente, a sua própria imagem e a de seus produtos e serviços frente à

sociedade, as escolas focam o desenvolvimento do cidadão (MACHADO, 2002).

Pensamos que, desde que os objetivos de ambas estejam pautados na ética,

na responsabilidade social e em valores humanos, não há erro em se pensar que a

escola pode e deve contribuir para o desenvolvimento destas competências de

maneira convergente.

Neste sentido, Fleury e Fleury (2001) já afirmavam que, se por um lado a

competência gera valor econômico para as organizações, ela também tem o poder

de gerar valor social para o indivíduo, colaborando para o seu crescimento não só

como cidadão organizacional, mas também como cidadão de seu país e do mundo.

Também pudemos analisar neste estudo sobre o conceito de competências o

quão próxima do pensamento complexo esta concepção está.

No entendimento de que a construção das competências se encontra tanto na

transversalidade dos conhecimentos quanto na profundidade de uma única

disciplina, de que é a complexidade das situações que determina a competência

necessária para a execução de uma tarefa ou para uma tomada de decisão, de que

a competência parte da experiência e formação do próprio indivíduo e da maneira

como ele escolhe fazer uso dela, podemos encontrar semelhanças com o discurso

da Teoria da Complexidade:

O paradigma de complexidade não “produz” nem “determina” a inteligibilidade. Pode somente incitar a estratégia/inteligência do sujeito pesquisador a considerar a complexidade da questão estudada. Incita a distinguir e fazer comunicar em vez de isolar e separar, a reconhecer os traços singulares, originais, históricos do fenômeno em vez de ligá-los pura e simplesmente a determinações ou leis gerais, a conceber a unidade/multiplicidade de toda a entidade em vez de a heterogeneizar em categorias separadas ou de a homogeneizar em indistinta totalidade. Incita

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a dar conta dos caracteres multidimensionais de toda realidade estudada (MORIN, 2005, p. 334).

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CAPÍTULO 3 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

3.1 Características da literatura analisada neste estudo

A formação profissional em Educação Física tem sido objeto de diversas

publicações. As discussões sobre o assunto têm abordado análises sobre os

conteúdos desenvolvidos nos currículos dos cursos de graduação e da

apresentação de novas propostas pedagógicas e curriculares (TAFFAREL, 1993;

DARIDO, 1995; BETTI e BETTI, 1996; DAÓLIO, 1998; GHILARDI, 1998; AZEVEDO

e MALINA, 2004; FIGUEIREDO, 2004; HUNGER et al, 2009), análises sobre a

divisão do curso em Licenciatura e Bacharelado e sobre a especificidade dos

conhecimentos destas áreas (VERENGUER, 1997; SILVA, 2003; HUNGER, 2004;

SOUZA NETO et al, 2004; SOUZA NETO et al, 2005; ROSSI e HUNGER, 2008),

sobre as novas solicitações de qualificação exigidas pelo mercado de trabalho e pelo

advento da profissionalização pela Lei Federal № 9696/1998 (LOBATO e

VITORINO, 1997; NOZAKI, 1999; BASTOS, 2003; FEUSTEL, 2004; SORIANO e

WINTERSTEIN, 2004; ANTUNES, 2007; ROSSI e HUNGER, 2008) e sobre as

mudanças na legislação que rege a educação no país e seus reflexos para a

Educação Física (TAFFAREL, 1998; CASTELLANI FILHO, 1999; ANDRADE FILHO,

2001; BENITES e SOUZA NETO, 2003; BENITES, SOUZA NETO e HUNGER,

2008).

Vale destacar que a maioria das publicações sobre esta temática analisadas

no presente estudo aborda a formação de profissionais que atuam tanto no meio

escolar, quanto no meio não-escolar (VERENGUER, 1997; GHILARDI, 1998;

TAFFAREL, 1998; NOZAKI, 1999; ANDRADE FILHO, 2001; SILVA, 2003;

AZEVEDO e MALINA, 2004; FIGUEIREDO, 2004; HUNGER, 2004; SOUZA NETO et

al, 2004; SORIANO e WINTERSTEIN, 2004; ANTUNES, 2007; ROSSI e HUNGER,

2008; HUNGER et al, 2009) e poucas sobre a formação de professores que atuam

no âmbito escolar (DARIDO, 1995; BETTI e BETTI, 1996; DAÓLIO, 1998; BENITES

e SOUZA NETO, 2003; SOUZA NETO et al, 2005; BENITES, SOUZA NETO e

HUNGER, 2008). Foram também analisados três trabalhos que se referem à

formação de profissionais de Educação Física para atuarem especificamente como

gestores ou administradores esportivos (LOBATO e VITORINO, 1997; BASTOS,

2003; FEUSTEL, 2004). Alguns dos conceitos e reflexões expressos pelos autores

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nestes trabalhos são dirigidos à prática profissional do professor de Educação Física

no contexto escolar. Para efeito do nosso estudo, todas as vezes que considerarmos

que tais opiniões podem ser compartilhadas também pela prática do profissional de

Educação Física no contexto não-escolar faremos uso delas.

3.2 O conceito de formação profissional

O conceito de formação profissional é também um aspecto não abordado

claramente nos trabalhos pesquisados e julgamos que seja relevante tratá-lo aqui,

pois auxilia a compreensão de nossa concepção sobre a relevância da formação por

competências, como poderemos demonstrar mais a frente.

A busca pela definição dos vocábulos formação, profissional e profissão no

dicionário on line Michaelis (http:// michaelis.uol.com.br, acesso em 29 set. 2009)

nos apontou, entre outras, as seguintes definições:

- para formação: “modo pelo qual uma coisa se forma e modo como se

constitui um caráter ou uma mentalidade”;

- para profissional: [aquele] “que exerce uma ocupação como meio de vida ou

para ganhar dinheiro ou pessoa que exerce, como meio de vida, uma

ocupação especializada”;

- para profissão: “ocupação, emprego que requer conhecimentos especiais e,

geralmente, preparação longa e intensiva”.

A respeito deste conceito, Taffarel (1993) se apóia em Wilensky para apontar

que a formação profissional constitui um dos estágios do desenvolvimento de uma

profissão, considerando a formação acadêmica como determinante na estruturação

da profissão em Educação Física.

Souza Neto et al (2004), a partir de um diagnóstico realizado por Lawson

sobre profissão, profissionalismo e profissionalização, onde este último diferencia o

profissional dos demais trabalhadores pelo comprometimento com a carreira,

atenção aos aspectos de mudanças sociais e preocupação com a constante

capacitação, apontam que:

Nesse contexto, a profissão deve: 1) estar comprometida com a prestação de um serviço; 2) ter desenvolvido um corpo de conhecimento por meio da pesquisa, e 3) esse conhecimento deve ser utilizado para melhorar a qualidade da prática, constituindo-se nos aspectos essenciais de um trabalho dentro do campo profissional, pois auxiliam o grupo no seu processo de profissionalização. Da mesma forma, o processo de desprofissionalização caminha em seu curso na medida em que os serviços

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prestados já não são tão necessários como eram anteriormente ou já não recebem a mesma consideração, podendo, inclusive, seus profissionais serem substituídos por programas de auto-ajuda, trabalho voluntário – como o Amigos da Escola etc. (SOUZA NETO et al, 2004, p. 123).

A desprofissionalização na Educação Física a qual se referem os autores

pode ser entendida pela substituição destes profissionais por trabalhadores de

outras categorias profissionais ou mesmo por leigos, quando a sociedade não

reconhece como conhecimentos específicos da área determinadas funções ou

ocupações, em decorrência da falta de caracterização destes conhecimentos como

sendo seu objeto de estudo particular. Hoje, fisioterapeutas atuando na ginástica

laboral e turismólogos atuando na recreação e lazer são exemplos desta

substituição em ocupações tradicionalmente exercidas por profissionais de

Educação Física. Concordamos com Nozaki (1999) em não considerar que deva

haver uma reserva de mercado para as profissões, mesmo porque este tipo de

delimitação de campo profissional não atende diretamente aos interesses da classe

trabalhadora. Mas, seguindo os pontos destacados por Souza Neto et al (2004), é

necessário que haja um comprometimento dos profissionais com a profissão, com a

finalidade de que ela se desenvolva, que crie um corpo de conhecimento específico

e constantemente revisado, que seja útil e servidora das necessidades da

população, para que tenha seu valor reconhecido pela sociedade na qual está

inserida, ampliando as áreas de atuação e a empregabilidade de seus profissionais.

Os autores também chamam atenção ao fato de que, no final do século XX,

com a luta pela autonomia no campo do saber docente estabelecida por

associações e entidades profissionais que tinham como objetivo valorizar a profissão

de professor, pudemos acompanhar o surgimento de um novo enfoque dado pela

sociologia das profissões para a formação de profissionais da Educação, migrando

de uma questão apenas de grade curricular, para ter espaço em estudos sobre

memória e cultura profissional e de estudos sobre história das profissões e

corporações de oficio.

Em outro estudo, Souza Neto et al (2005) destacam três dimensões da

profissionalidade, sendo elas: (1) dimensão da obrigação moral, relacionada com a

preocupação pelo bem-estar das pessoas atendidas, com a ética e com as relações

de afetividade e motividade; (2) dimensão do compromisso com a comunidade, no

sentido de intervir no meio em que atua, inclusive nos problemas sociais e políticos,

como agente que zela pela liberdade, igualdade e justiça na sociedade; e (3)

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dimensão da competência profissional, a qual se integra com as demais,

possibilitando ao profissional transcender o aspecto técnico e das habilidades e

tornar seu trabalho em algo extremamente útil à sociedade. Os autores defendem

que este dimensionamento deva ocorrer a partir de ações em três níveis: das

mentalidades, das práticas e dos comportamentos. Nas suas palavras:

Um professor ensina determinados conteúdos julgados significativos para se viver no grupo social; orienta o processo ensino-aprendizagem dos alunos na sala de aula; cria “mundos”; estabelece uma mediação entre a pessoa, a realidade e a cultura, tendo na docência a especificidade de sua profissão. Profissão esta que é constituída de determinados saberes (TARDIF, 2002; PIMENTA, 1997; SCHÖN, 1992) que dão legitimidade à ação docente, sendo apreendidos num processo formal de educação que deverá continuar, posteriormente, na forma de uma educação permanente e de formação continuada (SOUZA NETO et al, 2005, p. 47).

Estas reflexões reafirmam nosso entendimento sobre a importância da

contextualização da prática profissional e do estrito compromisso do profissional

para com seus beneficiários, com a comunidade e com a profissão, através do seu

desenvolvimento contínuo. Estes aspectos tornam-se cada vez mais pertinentes

frente às mudanças pelas quais passa a área, com uma variedade muito grande de

possibilidades de intervenção profissional (ROSSI e HUNGER, 2008), confirmando a

validade de nossa abordagem ao tema da formação profissional pelo

posicionamento a respeito da finalidade dos cursos de graduação em Educação

Física com relação ao papel que seus egressos irão desempenhar na sociedade

(SILVA, 2003).

Cabe ainda, neste nosso esforço para compreender o significado de formação

profissional, agregar alguns aspectos sobre formação expressos por Tardif (2006),

Freire (2007), e Morin (2008).

“Trabalhar não é exclusivamente transformar um objeto ou situação numa

outra coisa, é também transformar a si mesmo no e pelo trabalho” (TARDIF, 2006, p.

56). Com estas palavras, Tardif nos remete à noção de temporalidade inerente ao

ato formativo.

Ao nos dedicarmos a um determinado ofício, as experiências adquiridas pela

prática profissional adotam um caráter formativo à medida que as utilizamos como

elementos de retroalimentação neste processo. A repetição – nem sempre

exatamente igual – de determinadas tarefas ou ações no nosso trabalho vão

gerando novas respostas, que tem o potencial de interferir no modo como iremos

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executá-las num momento futuro. Transformamos nosso trabalho e a nós mesmos

quando isto acontece.

O autor também nos lembra que, mesmo antes de começarmos a trabalhar,

temos uma série de experiências de vida e informações que influirão em nossos

comportamentos e atitudes iniciais no trabalho. Esta temporalidade do processo de

formação não pode ser esquecida quando falamos em estratégias e projetos

pedagógicos. Nas palavras de Tardif (2006, p. 56-57):

Se uma pessoa ensina durante trinta anos, ela não faz simplesmente alguma coisa, ela faz também alguma coisa de si mesma: sua identidade carrega as marcas de sua própria atividade, e uma boa parte de sua existência é caracterizada por sua atuação profissional. Em suma, com o passar do tempo, ela vai-se tornando – aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros – um professor, com sua cultura, seu ethos, suas idéias, suas funções, seus interesses, etc (grifos do autor).

Freire (2007, p. 23), quando discute em sua Pedagogia da Autonomia que

não há docência sem discência, afirma que é preciso que se tenha clareza de que

“quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao

ser formado”, dando-nos a noção da relação de reciprocidade inerente ao processo

formativo, onde formando e formador são sujeitos que se co-relacionam,

transformam-se e são transformados mutuamente. Esta idéia une-se ao pensamento

de Tardif sobre a questão temporal do processo formativo, na medida em que nos

leva a considerar que as crenças e experiências adquiridas pelo formando

anteriormente ao seu ingresso no curso de graduação têm papel relevante na sua

formação profissional.

Já Morin (2008) nos fala da responsabilidade da Educação de ensinar a

assumir a condição humana, de ensinar a viver e de ensinar a como se tornar

cidadão. Ele define cidadão pela sua solidariedade e responsabilidade com relação

à sua pátria. Sobre a noção de pátria, evoca a necessidade de filiação da qual todo

ser humano prescinde. Temos necessidade de nos organizar coletivamente, somos

seres sociais, assim, nos organizamos territorialmente, politicamente, culturalmente,

historicamente, religiosamente. É sobre esta pátria que Morin nos fala, sobre esta

sociedade na qual estamos inseridos e da qual somos atores constituintes de sua

história. Daí, a necessidade que o autor nos coloca de transcendermos ao que ele

chamou de sentimento metapatriótico, encarando como cidadania a solidariedade e

a responsabilidade com o país, o continente e o planeta.

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A partir das definições e das reflexões anteriores, nosso conceito ampliado de

formação profissional é de que ela é o modo pelo qual o trabalhador se forma, ao

longo de sua carreira e mesmo antes dela, constituindo um caráter e uma

mentalidade, para exercer uma ocupação especializada que requer

comprometimento com a busca pelo conhecimento e a excelência na prestação de

seus serviços à sociedade, agindo de modo importante na mediação das relações

sociais e políticas da comunidade na qual está inserido, transcendendo a mera

aplicação de técnicas e habilidades no exercício de suas funções.

Tal concepção deve ser analisada tanto no plano do que exige e normatiza a

legislação que lhe é pertinente quanto pelos pressupostos teóricos que lhe dão

sustentação, tarefa sobre a qual nos debruçaremos nos tópicos seguintes.

3.3 As leis que nos regem

Está previsto no artigo 1º. da Constituição Federal que o Brasil é uma

República Federativa, constituída em um Estado Democrático de Direito, onde a

soberania da Constituição e a prevalência das leis obedece ao princípio de que “todo

poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou

diretamente, nos termos desta Constituição” (BRASIL, art. 1º., 1988; ARAUJO e

NUNES JÚNIOR, 2005). Ou seja, a Constituição é a lei maior, de onde provêm todas

as demais e o poder para determinar as leis e para fiscalizar o seu cumprimento é

exercido pelo povo, através dos representantes que ele elege para os poderes

Legislativo e Executivo ou de sua organização espontânea na defesa do interesse

público, quer seja através de manifestações organizadas para estes fins, quer seja

encaminhando ações civis públicas ao poder Legislativo ou Judiciário.

Por intermédio do artigo 3º. da Lei de Introdução ao Código Civil, fica

estabelecido que ninguém pode descumprir a lei alegando desconhecê-la, dada a

sua publicidade. Deste modo, resta-nos cumpri-la ou nos organizarmos para alterá-

las, como está previsto constitucionalmente.

O que queremos demonstrar aqui é que não basta que não se concorde com

as leis. É necessário que, caso não estejamos de acordo com o seu conteúdo, nos

mobilizemos e cobremos dos poderes constituídos a sua alteração, visando o

interesse maior. Também nos cabe eleger e acompanhar as ações dos nossos

representantes, para que estes defendam nossos pontos de vista, nossas

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aspirações. Julgamos que estas sejam premissas importantes para adentrarmos a

análise que se segue sobre a legislação que rege a educação no país de uma

maneira geral e, mais especificamente, no que concerne à formação profissional,

realizada pelos vários níveis de nosso sistema de ensino. Acreditamos também que

seja responsabilidade do profissional, no que diz respeito ao seu compromisso de

cidadania exposto anteriormente, manter um comportamento atento e diligente

quanto aos aspectos políticos e sociais aos quais se referem estas premissas.

A Constituição Federal, em seu capítulo III, seção I, artigo 214, estabelece a

criação do Plano Nacional de Educação, cujo objetivo é o de articular e desenvolver

o ensino em todos os seus níveis, de forma que ele conduza, entre outras coisas, à

formação para o trabalho. Neste mesmo artigo, a Constituição prevê que o Plano

também deverá conduzir à promoção humanística, científica e tecnológica do País

(BRASIL, 1988). Nossa compreensão é de que estes dois aspectos estão

estreitamente ligados, não podendo ser encaminhados de maneira dissociada.

A formação para o trabalho deve compreender, primeiramente, a sua

dimensão humana, sua responsabilidade social e para com o meio-ambiente e o

compromisso constante com o desenvolvimento humano. Deve também

compreender a questão da incessante e necessária busca pelo conhecimento,

ancorando-se no rigor científico e na pesquisa. Além disto, deve preocupar-se com o

desenvolvimento tecnológico do país, o que passa pelo uso racional dos

conhecimentos trazidos à luz pela pesquisa, bem como pelo constante

aperfeiçoamento do uso dos recursos materiais e intelectuais desenvolvidos pela

ciência.

Um ano antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, o Conselho

Federal de Educação baixou a Resolução CFE 03/1987, que estabeleceu os

parâmetros para os cursos de graduação em Educação Física, prevendo a titulação

de Bacharel e/ou Licenciado para os seus diplomados. Esta Resolução criou a

possibilidade de um aprofundamento de cada um dos currículos, Licenciatura e

Bacharelado, em seus campos específicos, quer sejam o meio escolar e o não-

escolar, respectivamente.

Pressupunha-se daí uma maior adequação da formação profissional inicial

proporcionada pelas Instituições de Ensino Superior. Porém, vários estudos a este

respeito dão conta de que as possibilidades criadas pela divisão dos dois currículos

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não foram amplamente aproveitadas. Não basta o reconhecimento de que existe

vida para a Educação Física fora da escola (VERENGUER, 1997), é preciso que os

conhecimentos relativos a esta dimensão da nossa área sejam adequadamente

tratados, quer seja do ponto de vista da pesquisa e da investigação científicas, quer

seja do ponto de vista curricular, aprofundando-se a visão do docente de nível

superior sobre a sua prática no processo de construção e transmissão do

conhecimento, além da atualização e revisão dos conteúdos e disciplinas, ampliando

a compreensão sobre as áreas de intervenção profissional e sobre os objetivos e

estratégias a serem traçados (SILVA, 2003).

No ponto de vista de Rossi e Hunger (2008), houve grande confusão no meio

acadêmico com o advento do modelo Licenciatura-Bacharelado, criando dificuldades

para várias Instituições de Ensino Superior na construção de seus projetos

pedagógicos. Grande parte dos cursos permaneceu com as mesmas características

do modelo de graduação única, oferecendo praticamente as mesmas disciplinas que

ofereciam anteriormente. Tal confusão ficou evidenciada pelas autoras nas

entrevistas que realizaram com profissionais que atuavam em academias esportivas,

os quais não sabiam diferenciar se sua área de atuação era mais voltada para os

licenciados ou para os bacharéis.

Souza Neto et al (2004) já denunciavam que a mudança impetrada pela

Resolução CFE 03/1987 atendia muito mais à implantação de um modelo curricular

técnico-científico, que tinha como objetivo alçar a Educação Física ao status de

campo científico na universidade, do que ao atendimento das demandas do mercado

de trabalho, como havia sido suposto premilinarmente.

Aliada a este fato, a discussão sobre a formação generalista versus formação

especialista, que os autores julgavam inoportuna para aquele momento, contribuiu

para este estado de confusão geral. Acreditamos que ainda existe a necessidade de

aprofundar tal discussão, avançando na construção de projetos pedagógicos e

propostas curriculares mais adequados às características de cada uma das áreas de

intervenção profissional, o que seria coerente com a aplicação do conceito de

formação profissional segundo um modelo de competências.

A despeito de toda esta discussão sobre a adequação dos currículos das

Instituições de Ensino Superior aos parâmetros estabelecidos pela Resolução CFE

03/1987, é importante para este estudo destacar os aspectos relacionados com a

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formação profissional que se encontram no bojo de seu texto. A Resolução prevê,

entre os objetivos dos currículos plenos dos cursos de graduação em Educação

Física, a aquisição de conhecimentos e técnicas que permitam a atuação nos

campos da educação escolar e não-escolar, estimular o aperfeiçoamento contínuo,

propiciar a realização como pessoa e como profissional. Além disto, determina que

os currículos sejam divididos em duas partes, uma de formação geral, que

compreende as disciplinas de cunho humanístico e de cunho técnico, e outra de

aprofundamento de conhecimentos, destinada a criticar e projetar o mercado de

trabalho, de acordo com as peculiaridades regionais e de perfil profissional

desejado.

Vale ressaltar que, das disciplinas de cunho humanístico, se espera: (1) o

desenvolvimento do conhecimento filosófico, centrado na reflexão sobre a realidade

da práxis e da existência do profissional de Educação Física e a articulação da

práxis com as teorias sobre o homem, a sociedade e a técnica; (2) o

desenvolvimento do conhecimento sobre o ser humano, tanto nos aspectos

biológicos e psicológicos, como na sua interação com o meio ambiente; (3)

conhecimentos sobre a sociedade, centrado na compreensão da natureza social das

instituições, sistemas e processos. Já com relação às disciplinas de cunho técnico,

entende-se que deverão ser desenvolvidas articuladamente com os conhecimentos

das áreas humanísticas, desenvolvendo conhecimentos técnicos e de competências

para planejar, executar, orientar e avaliar atividades próprias de Educação Física,

contribuindo para a geração e aperfeiçoamento do próprio conhecimento técnico

(BRASIL, 1987). Compreendemos que estes parâmetros estabelecidos pela

Resolução CFE 03/1987 estão alinhados com nossa concepção de formação

profissional apresentada anteriormente, visto que se preocupam com os aspectos de

desenvolvimento humano e das relações sociais advindas da atuação profissional,

além do desenvolvimento das técnicas e das habilidades dos futuros profissionais de

Educação Física.

Outro momento importante do estabelecimento das leis que regem a

educação se deu com a sanção da Lei Federal 9394/1996, a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação, que traz no bojo de suas determinações todo o arcabouço legal

que iria servir de base às demais leis, resoluções, pareceres e normas vindas a

posteriori. Alvo de duras críticas por parte de autores de expressão na Educação

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Física, principalmente no que concerne à forma como foi engendrada a sua

aprovação no Congresso Nacional (CASTELLANI FILHO, 1999) e à acusação de

que seus preceitos servem aos interesses da classe dominante, em detrimento dos

interesses dos trabalhadores, submetendo-se às determinações do Banco Mundial e

do Fundo Monetário Internacional e capitulando ao modelo neoliberal em ascensão

na época (TAFFAREL, 1998; CASTELLANI FILHO, 1999; NOZAKI, 1999), a LDB

será encarada neste estudo pelas possibilidades de evolução que acreditamos que

ela trouxe à formação profissional em Educação Física. A discussão sobre as

críticas acima relatadas terá lugar mais à frente, quando abordarmos o referencial

teórico no qual nos baseamos.

Voltando à apreciação da LDB 9394/1996, ela prevê já em seu artigo 1º. que

a educação abrange, entre outros, os processos formativos que se desenvolvem no

trabalho e indica que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e

das práticas sociais. No artigo 2º., estabelece a qualificação para o trabalho como

sendo uma das finalidades da educação. O artigo 3º. coloca a vinculação entre a

educação escolar, o trabalho e as práticas sociais como sendo um dos princípios

que servem de base ao ensino. Quanto ao ensino superior, estabelece como uma de

suas finalidades a formação de diplomados aptos a se inserirem nos setores

profissionais, participando do desenvolvimento da sociedade e estimulando-os para

a sua formação contínua (BRASIL, 1996).

Como foi mencionado anteriormente, todas as resoluções e pareceres

relacionados com a regulamentação da educação que foram publicados após a

sanção da LDB seguiram as suas premissas básicas. A análise dos documentos

legais relacionados com a formação profissional em Educação Física que

examinamos (Parecer CNE-CES 776/1997, Edital SESU-MEC 004/1997, PNE Lei

10172/2001, Parecer CNE-CP 009/2001, Parecer CNE-CES 138/2002, Resolução

CNE-CES 007/2004) nos demonstrou exatamente esta conformidade. A tônica geral

dos textos, no que se referem à formação profissional, assinala para uma formação

comprometida com as transformações sociais, com o desenvolvimento do

conhecimento tanto técnico quanto humano, com o atendimento das necessidades

da sociedade, corroborando nosso entendimento sobre as características da

formação profissional.

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Constata-se aqui uma aproximação muito grande com os conceitos expressos

na Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI (UNESCO, 1998)

que considera este nível de ensino como sendo de importância vital para a

construção do futuro. O documento reconhece os desafios com os quais a educação

superior se depara no início deste novo século em sua missão de educar, formar e

realizar pesquisas; destaca a importância de formar pessoas, cidadãs e cidadãos

aptos e responsáveis para com o desenvolvimento das atividades humanas,

inclusive no que tange à sua capacitação profissional; expressa a necessidade de

haver relevância entre o que a sociedade espera e o que as Instituições de Ensino

superior realizam, estabelecendo uma melhor articulação com os problemas da

sociedade e do mundo do trabalho, baseada numa ética universal, nas

necessidades sociais, no respeito às culturas e na proteção do meio-ambiente.

Ainda no que se refere às leis, outro acontecimento importante foi a

promulgação da Lei 9696/1998, que regulamentou a Profissão de Educação Física,

alçando esta área ao nível das demais categorias profissionais, ao menos sob o

aspecto legal.

A lei estabelece como sendo da competência do Profissional de Educação

Física “coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar,

avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos [...], todos nas áreas de

atividades físicas e do desporto” (BRASIL, 1998, art. 3º.), sendo esta atuação uma

prerrogativa dos diplomados pelos cursos de graduação em Educação Física. Deste

modo, a lei vem demarcar o espaço de intervenção profissional dentro do mercado

de trabalho, quer seja na área escolar, na área da saúde, no lazer, no esporte ou

nas empresas, caracterizando o seu agente como um profissional liberal que

influencia e sofre as influências das forças que regem este mercado, fato que gerou

uma transformação na atuação e formação profissional (ROSSI e HUNGER, 2008).

Esta demarcação de espaço para a atuação profissional já havia sido criticada

por Nozaki (1999) que a considera como sendo uma manobra neoliberal para

atender aos interesses do capital, pois coloca os trabalhadores uns contra os outros

na disputa por um mercado de trabalho aviltado e precário, tirando o foco daquilo

que o autor considera como sendo questões centrais para os interesses da classe

trabalhadora, quer sejam a socialização dos conteúdos historicamente construídos

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da cultura corporal e a busca por uma sociedade onde não houvesse a exploração

do trabalho, como única forma de garantia de liberdade para o homem.

Antunes (2007) também considera que a profissionalização está relacionada

com a nova forma de operar do capitalismo, baseada na flexibilização dos processos

de trabalho e do mercado, do surgimento de novos padrões de consumo e de novas

tecnologias, contexto que, segundo o autor, levou a uma ampliação das áreas de

atuação do profissional de Educação Física, exigindo dele polivalência, mais

agilidade e flexibilidade, em suma, que se tornasse um profissional multicompetente.

Porém, este mesmo autor aponta que o objetivo da Lei 9696/1998 é o de

estabelecer um sistema que fiscalize e acompanhe a qualidade da prestação de

serviços, no âmbito da Educação Física, em defesa da sociedade, contra a prática

leiga e irresponsável.

Embora concordemos com Nozaki (1999) quanto às questões centrais que

devem nortear a atuação profissional, entendemos que a arena em que devem ser

debatidas estas questões não é a mesma na qual se debate o reconhecimento

profissional da Educação Física, partindo do pressuposto que este reconhecimento

atende aos interesses diretos da sociedade – uma vez que busca criar um sistema

que a defenda da prática profissional irresponsável – e não aos interesses da

categoria profissional, que devem ser debatidos no âmbito das associações de

classe e dos sindicatos profissionais. Acreditamos que o eixo das discussões quanto

ao reconhecimento profissional dado pela Lei 9696/1998 deva estar centrado no

corpo de conhecimentos e na prática profissionais, na busca de oferecer um suporte

teórico-científico-práxico, capaz de possibilitar uma atuação que vise ao

desenvolvimento e bem-estar dos seus beneficiários e que evidencie a essência de

sua competência profissional (ANTUNES, 2007). Assim, concordamos com Soriano

e Winterstein (2004) quando apontam a necessidade de salientar os elementos

relacionados à atuação profissional em Educação Física como forma de articular os

saberes profissionais e a prática, evidenciando (1) quais as perspectivas oferecidas

pelo trabalho, (2) o que se objetiva com este trabalho, (3) quais paradigmas e

referenciais orientam as equiparações realizadas por estes profissionais, (4) quais

as peculiaridades do trabalho desenvolvido nesta profissão e (5) como se dá a

realização individual a partir deste trabalho.

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É neste sentido que o presente estudo tem buscado analisar o contexto legal

que abrange a profissão de Educação Física e quais são as perspectivas para a

formação profissional neste contexto dado, ancorado no pressuposto de uma

formação pautada na ética universal, na cidadania e na busca da autonomia e do

desenvolvimento humano.

É sobre estes conceitos que referenciam nossa concepção de formação

profissional que iremos tratar no tópico a seguir.

3.4 Os princípios que nos norteiam

Vamos voltar à concepção ampliada de formação profissional que declaramos

na primeira parte deste capítulo e procurar descrever quais os princípios e valores

que a fundamentam e como se relacionam com a legislação acima descrita e com os

pressupostos teóricos que nos norteiam. Para tanto, vamos nos utilizar das idéias de

Delors et al (1998), Perrenoud (1999, 2000, 2002), Tardif (2000), Morin (2005) e

Freire (2007), balisados pelas preocupações manifestadas por Ferretti (1997, 2004),

Castellani Filho (1999) e Nozaki (1999).

Como já havíamos manifestado, nossa concepção de formação profissional é

de que ela é o modo pelo qual o trabalhador se forma, ao longo de sua carreira e

mesmo antes dela, constituindo um caráter e uma mentalidade, para exercer uma

ocupação especializada que requer comprometimento com a busca pelo

conhecimento e a excelência na prestação de seus serviços à sociedade, agindo de

modo importante na mediação das relações sociais e políticas da comunidade na

qual está inserido, transcendendo a mera aplicação de técnicas e habilidades no

exercício de suas funções. Procuremos analisá-la em suas partes constitutivas, quer

sejam a maneira como decorre a formação do trabalhador, o caráter da ocupação

especializada e os compromissos que o profissional deve ter com a profissão e com

a sociedade.

3.4.1 O modo como o trabalhador se forma

É do nosso entendimento que a formação profissional é um processo que se

dá ao longo de toda a vida, pois tem como base a formação geral, cujo início se dá

nas nossas primeiras relações sociais, mesmo antes de nosso ingresso no ensino

formal; toma forma através dos cursos de graduação e de qualificação profissional

dos quais participamos; e continua se edificando no decorrer de nossa carreira. Este

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entendimento pressupõe que a formação ocorre não só nas instituições de ensino,

quer sejam as instituições formais ou as não-formais, mas em todos os locais onde o

profissional tome contato com experiências que venham a influenciar seu

comportamento profissional ao longo de sua vida.

A respeito da formação profissional dos docentes, Tardif (2006) expõe

conceitos que julgamos serem pertinentes à formação de praticamente todos os

profissionais. O que o autor chama de saberes docentes – voltados para o ensino –

nós iremos tratar por saberes profissionais – não somente voltados para o ensino –

que constituem os conhecimentos especializados e formalizados de determinada

ocupação, assunto do qual iremos tratar melhor no próximo tópico.

Seguindo a conceituação de Tardif, os saberes profissionais se compõem de

outros saberes, provenientes de diferentes fontes. Deste modo, ele chama de (1)

saberes da formação profissional os saberes oriundos das instituições de formação

profissional, que se constituem de saberes destinados à formação erudita e científica

do profissional e tem o caráter de fornecer à profissão um arcabouço ideológico,

uma identidade; (2) saberes disciplinares os saberes definidos e selecionados pela

instituição de ensino e que correspondem aos diversos campos do conhecimento;

(3) saberes curriculares, os relacionados com os aspectos formais do trabalho, tais

como objetivos, conteúdos e métodos; e, finalmente, (4) saberes experienciais ou

saberes práticos, aqueles advindos da vivência cotidiana, do exercício das funções,

incorporados ao trabalho individual ou coletivamente, gerando um saber-fazer e um

saber-ser específicos. Daí a conclusão de que a formação profissional se dá em

vários campos e não só nas instituições de ensino.

Outro conceito importante discutido pelo autor é sobre a temporalidade da

formação profissional, sobretudo com relação à aquisição dos saberes experienciais.

Referenciando-se em Dubar (1992, 1994), ele propõe que a identidade do

profissional, numa visão sociológica, deve ser articulada em dois processos

heterogêneos, um dos quais é aquele no qual o profissional antecipa o seu futuro a

partir do seu passado. É neste processo que Tardif se baseia para relacionar a

socialização profissional e a carreira. Ele entende que a questão da identidade do

profissional não pode ser dissociada de sua história, na qual ele se depara com o

enfrentamento de custos existenciais – a própria formação profissional, sua inserção

na profissão, o choque com a realidade, descoberta de limites, entre outros – para

os quais deve dispor de recursos pessoais capazes de confrontá-los, assumi-los.

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Esta historicidade se expressa e se imprime nos saberes profissionais [...], e mais especificamente nos saberes experienciais adquiridos no início da carreira, que são, parcialmente, uma reativação, mas também uma transformação dos saberes adquiridos nos processos anteriores de socialização (familiar, escolar, universitária). Como vimos anteriormente, a dimensão temporal do trabalho, isto é, a experiência prática da profissão numa carreira, é crucial na aquisição do sentimento de competência e na implantação das rotinas de trabalho, noutras palavras, na estruturação da prática (TARDIF, 2006, p. 107).

Sobre o conceito de educação ao longo de toda a vida, Delors et al (1998) já

haviam se expressado, considerando-o como uma resposta a um mundo em

constante transformação, constituindo-se numa necessidade tanto na vida pessoal

como na profissional, como forma de melhor compreendermos o outro e o mundo,

na busca daquilo que os autores chamam de entreajuda pacífica e da harmonia,

valores tão essenciais e dos quais os autores julgam que o mundo mais carece.

Tendo, porém, consciência de que o modelo de crescimento atual depara-se com limites evidentes, devido às desigualdades que induz e aos custos humanos e ecológicos que comporta, a Comissão julga necessário definir a educação, não apenas na perspectiva dos seus efeitos sobre o crescimento econômico, mas de acordo com uma visão mais larga: a do desenvolvimento humano (DELORS et al, p. 69, 1998).

O conceito de desenvolvimento humano assumido por Delors et al (1998) está

expresso no Relatório Mundial para o Desenvolvimento Humano do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – de 1995, onde ele aparece como

sendo um processo através do qual as possibilidades oferecidas às pessoas são

ampliadas e que se baseia em três possibilidades fundamentais, sem as quais as

outras não poderão ser alcançadas: (1) ter uma vida longa e com saúde, (2) adquirir

conhecimentos e (3) ter acesso aos recursos necessários a uma vida com

dignidade. Além destas três possibilidades fundamentais, o documento aponta

outras que são muito valorizadas pelas pessoas, como a liberdade política,

econômica e social, a liberdade de expressão, a capacidade de produzir, a

dignidade pessoal e o respeito pelos direitos humanos. Como se vê, o conceito de

desenvolvimento humano aqui descrito vai além das questões relativas à economia,

abrangendo aspectos relacionados com a amplificação e utilização das

potencialidades humanas. Nesta perspectiva, os autores consideram que a

educação tem como um dos seus principais papéis:

[...] dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento. Ela deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive,

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baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e das comunidades (DELORS et al, 1998, p. 82).

Acreditam que a educação deve ultrapassar uma perspectiva estritamente

utilitária, atingindo uma missão fundamentalmente humanista, onde a formação

profissional contínua e continuada se insere para além da simples adaptação às

demandas do mercado de trabalho e da produção capitalista. Para este propósito,

defendem que a educação deve se organizar com base em quatro aprendizagens

fundamentais, consideradas pelos autores como sendo os pilares da educação: (1)

aprender a conhecer, adquirindo os instrumentos necessários da compreensão; (2)

aprender a fazer, para poder agir sobre o meio circundante; (3) aprender a viver

juntos, cooperando e participando com os outros; e (4) aprender a ser, que acaba

por integrar as demais aprendizagens, uma vez que se constitui como via principal.

No entendimento dos autores, estes quatro pilares devem receber igual atenção da

parte do ensino estruturado. Deste modo, acreditam que:

[...] a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa — espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida (DELORS et al, 1998, p. 99).

Manifestando-se sobre a educação escolar, Ferretti (2004) entende que ela

colabora com a formação profissional quando, preocupada com a formação plena do

indivíduo, proporciona-lhe não só o acesso aos conhecimentos disciplinares, como

também auxilia na contextualização em que o exercício profissional se dará. Esta

colocação reforça a tese de Perrenoud (2002) sobre a pertinência da formação por

competências desde a escola. Segundo o autor, não se trata de uma

sobrevalorização das competências, em detrimento aos conhecimentos, mesmo

porque aquela depende destes, da mesma maneira que os conhecimentos sozinhos

não têm valor, posto que necessitam de uma mobilização adequada, função

entendida como competência. O grande dilema nesta questão, segundo o autor, é a

definição de quanto tempo deve-se gastar na escola para cada uma destas tarefas,

quer sejam, transmitir conhecimentos e desenvolver competências. É neste contexto

que ele acredita que seja necessário atenuar a divisão por disciplinas existente no

atual modelo de educação, buscando competências transversais, que possam ser

desenvolvidas concomitantemente pelas diferentes disciplinas, criando-se um

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modelo transdisciplinar. Desta forma, estariam garantidas as condições de se

aprofundar os conhecimentos, ao mesmo tempo em que se desenvolvem as

competências.

É de acordo com estas reflexões e conceitos que acreditamos que a formação

profissional deva ser exercida: com respeito à história de vida do trabalhador,

valorizando suas experiências individuais e coletivas; acreditando que esta formação

se dá em variados campos e não somente nas instituições formais; buscando a

aquisição dos saberes profissionais em todas as suas dimensões; objetivando o

desenvolvimento humano, alicerçado nos valores humanos e na ética universal;

formando competências, sem deixar de buscar o aprofundamento dos

conhecimentos; dotando o trabalhador da capacidade de se auto-educar,

estimulando-o ao aperfeiçoamento contínuo e à formação continuada.

3.4.2 O caráter da ocupação especializada

É imprescindível que tenhamos uma compreensão sobre as estruturas nas

quais se apóia a prática profissional, elementos estes que diferem as profissões das

ocupações não especializadas. Tardif (2000) considera que a prática profissional

apóia-se em conhecimentos especializados e formalizados, cuja aquisição faz

necessária uma longa formação, normalmente de natureza universitária ou

equivalente, e que estes conhecimentos são constituídos de caráter essencialmente

pragmático. Ele aponta que, em princípio, se só os profissionais possuem o direito e

a competência para usar tais conhecimentos, isto significa que eles também seriam

os únicos a poder avaliar adequadamente o trabalho de seus pares, acarretando

uma autogestão dos conhecimentos e um autocontrole da prática profissional por

parte dos grupos profissionais. Esta autonomia e competência profissionais

acarretam, segundo o autor, uma imputabilidade e a sua responsabilidade para com

os beneficiários de sua prática profissional, tanto no plano de possíveis erros

deontológicos ou de falta de ética, quanto em erros de julgamento ou de

manifestações de incompetência. Isto reforça a idéia do autor sobre a necessidade

de que os profissionais tenham autonomia e discernimento capazes de levar a uma

adequada mobilização de recursos, na busca dos objetivos almejados, fazendo uso

da reflexão, da improvisação e da adaptação. Citando Schön, Tardif expressa esta

forma de ação como sendo a construção do problema, que se opõe à resolução

instrumental do problema, baseada esta última na aplicação de técnicas e teorias

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prévias. Ele entende que estes conhecimentos são evolutivos e progressivos, sendo

necessária uma formação contínua e continuada para dar conta desta evolução,

onde a crítica e a revisão dos conhecimentos são imprescindíveis.

Com relação a este aspecto de mobilização de conhecimentos, Ferretti (2004)

assegura que este saber tácito – adquirido pelo profissional através de sua

experiência individual ou fruto da experiência coletiva da qual tenha tido contato –

tem tido sua capacidade de resolução dos problemas cotidianos reconhecida e

valorizada. Em trabalho anterior (FERRETTI, 1997), o autor escreve sobre os

desafios postos à formação profissional na década de 1990, no Brasil, frente às

mudanças ocorridas no modelo de organização e produção das empresas,

sobretudo pela emergência do paradigma japonês. Ele chama atenção para o que

considera uma visão finalista daquele período, onde se entendia que o processo de

desenvolvimento organizacional já havia acabado e se negava que existisse uma

crise de paradigmas, mas sim que já haveria ocorrido a substituição do modelo

fordista pelo toyotista. Ferretti questiona se tal substituição realmente já tivesse

ocorrido e considera esta visão perigosa, pois acarreta, segundo o autor,

superações não só no meio econômico, mas outras tais como “a superação do

‘modernismo’ pelo ‘pós-modernismo’, das metateorias pelas explicações mais de

acordo com as especificidades, das classes sociais pelos grupos de interesse (ibid.,

p. 226). O perigo, segundo o autor, está em “simplifica[r] o que é complexo,

condena[r] o velho sem lhe creditar as contribuições que pode oferecer e

deslumbra[r]-se com o novo a tal ponto que questioná-lo transforma-se em ato

herético” (ibid., p. 226).

Outro ponto que preocupa o autor é o que se refere às ligações entre o

progresso tecnológico e a qualificação, feita naquele momento pela literatura de

forma direta e linear, estabelecendo relações causais, levando a: (1) uma forte

ênfase ao treinamento voltado para empresas que passaram a adotar as inovações

em suas bases físicas e organizacionais; (2) a criação de novos perfis para

trabalhadores, refletidas em listas extensas e repetitivas de atributos no âmbito, das

cognições, atitudes e comportamentos; (3) não considerar qualificação como relação

social; e (4) pressão sobre o sistema educacional para a criação da educação básica

de qualidade e da educação profissional. Criou-se, assim, uma concepção de que

as novas demandas por qualificação deveriam ser determinadas pelas novas

tecnologias, numa relação linear, excluindo-se as relações sociais inerentes ao

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processo. O autor acredita que tal concepção nasce da reação manipuladora do

capital às reivindicações dos trabalhadores expressas nas sucessivas crises

ocorridas nas três décadas anteriores aos anos 90, agravadas pela crise do setor

energético dos anos 70. Ele analisa que se gerou uma produção crescente de

pesquisas e análises que tinham como razão principal:

[...] a profusão do papel central atribuído aos recursos humanos no processo de adoção e implantação dos paradigmas que se assentam sobre o binômio flexibilidade e integração, seja no setor produtivo, seja no setor de serviços. Paradoxalmente, este elemento que é erigido à condição de uma das peças fundamentais para que seja obtida maior produtividade, sob os novos paradigmas, é também seu lado mais vulnerável e, por isso, o mais fragilizado. Defrontamo-nos, com uma contradição inerente aos novos paradigmas: são, ao mesmo tempo, promotores do trabalho humano em nível mais desenvolvido e fragilizadores deste sob dois aspectos distintos: o controle sutil e a ameaça constante da exclusão (FERRETTI, 1997, p. 228).

Este paradigma tecnológico, por um lado, desqualifica o trabalhador formado

tradicionalmente frente às novas exigências de produtividade, mas possibilita uma

requalificação para as suas características inovadoras. É neste contexto que surge a

alternativa do chamado modelo de competências, que se opõe ao modelo de

qualificação profissional – no sentido de que se preocupa muito mais com a

mobilização dos saberes técnicos do que com a sua posse – na busca de soluções

para problemas surgidos na situação de trabalho. Ferretti (1997) chama a atenção à

ênfase na individualização e aos resultados, presente neste modelo, que acabam

por privilegiar a negociação e o envolvimento, em detrimento ao embate e à postura

crítica. Por fim, apesar de julgar o modelo de competências adequado à

reestruturação da produção, ele questiona se é também adequado ao trabalhador e

ao cidadão.

Sintetizando as reflexões dos autores, reforçamos nosso entendimento de que

a prática profissional deverá estar ancorada nos princípios da ética universal e nos

valores humanos, como forma de garantir soluções para os problemas que levem

em consideração não só os objetivos pragmáticos das empresas, mas também a

preocupação com a sociedade em geral. É necessário que o profissional tenha

consciência de que a sua prática é a sua forma de intervenção no mundo e que é

através dela que ele dá o seu contributo para a construção de uma sociedade mais

justa e mais solidária. Neste sentido, acreditamos que a formação por competências

pode ter um papel importante se encarada como meio que possibilita desenvolver o

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senso crítico na prática profissional, de modo que ele possa exercer plenamente sua

cidadania (MORIN, 2005; FREIRE, 2007).

Neste contexto, o ensino superior tem um papel preponderante, uma vez que

ele é simultaneamente depositário e criador de conhecimentos, transformando-se no

maior transmissor da experiência cultural e científica acumulada pela humanidade,

dada a importância cada vez mais acentuada dos recursos cognitivos frente aos

recursos materiais (DELORS et al, 1998).

3.4.3 Os compromissos com a profissão e com a sociedade e a interação

social e política

A preocupação com a formação profissional passa pela assunção da

necessidade de um redimensionamento do sistema educacional, qualquer que seja

o matiz e o projeto das forças sociais e políticas que se colocam a este respeito

(CASTELLANI FILHO, 1999). A globalização da economia e as inovações

tecnológicas exigem novos referenciais para a conformação da relação entre

educação e desenvolvimento. Em sua tese, Castellani Filho traçou um minucioso

cenário do contexto sócio-político-econômico que envolveu o processo de aprovação

da Lei 9394/1996 e denuncia a manobra política realizada pelo governo do então

Presidente Fernando Henrique Cardoso, considerado pelo autor como sendo

neoliberal, e cujo interesse seria o de submeter a educação brasileira aos interesses

do neoliberalismo, capitaneado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário

Internacional (FMI), responsáveis por boa parte dos investimentos em pesquisa

naquele momento. Nozaki (1999) também manifesta este entendimento sobre as

intenções do governo do PSDB, que tinha a frente do Ministério da Educação

naqueles tempos o ministro Paulo Renato de Souza, considerando que, além da

submissão estabelecida pela reforma na Educação, particularmente na Educação

Física, a profissionalização estabelecida pela Lei 9696/1998 também viria a atender

aos interesses do modelo de produção neoliberal. Tais reflexões são de extrema

importância e pertinência, pois nos auxiliam a adotar uma posição crítica sobre o

papel que a formação profissional deve adotar neste contexto.

Como nos lembra Paulo Freire (2007), é necessário que haja uma

compreensão de que ensinar é uma forma de intervenção no mundo, que quem

forma deve ter consciência de que é um agente histórico e que não pode assumir

uma postura ingênua, posto que tal postura atende somente aos interesses da

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manutenção do estado das coisas. Na conjuntura de desequilíbrio sócio-econômico

em que vivemos, onde a concentração da renda condena milhões de pessoas a uma

vida sem dignidade, adotar uma postura ingênua corresponde a colaborar com a

desnutrição, com a miséria e com todas as mazelas as quais é submetida a grande

maioria da população. Contudo, sem desmerecer o posicionamento ideológico dos

autores citados no parágrafo anterior e reconhecendo o alto nível de elaboração de

suas reflexões, acreditamos que seja possível uma subversão dos interesses do

capital a partir dos próprios instrumentos engendrados pelos seus defensores, na

medida em que utilizamos os pressupostos estabelecidos pela atual legislação que

rege a educação com um fundo ideológico diverso daquele apresentado pelos

autores em sua crítica. Podemos e devemos praticar um ensino e uma formação

profissional comprometida com a prática reflexiva, com o método dialógico, com o

desenvolvimento de alunos e trabalhadores críticos, que se tornem sujeitos de sua

formação e formadores de sua história (FREIRE, 2007). Se o status quo nos força a

trabalhar com o conceito de competição, que saibamos desenvolver uma conciliação

entre “a competição que estimula, a cooperação que reforça e a solidariedade que

une” (DELORS et al, 1998, p. 15).

3.5 A formação do gestor esportivo

Diante dos conceitos apresentados nos tópicos anteriores, fica difícil conceber

uma formação para gestores esportivos que não se estabeleça a partir da tomada de

consciência da importância que este profissional tem no contexto do

desenvolvimento da sua área de atuação.

Já foi o tempo em que se podia admitir a condução de profissionais ao

exercício da função de gestor apenas por se supor que apresentavam intuição ou

inclinação para o desempenho do cargo. Não se pode mais conceber que a

administração seja conduzida com base em posicionamentos exclusivamente

pessoais. Também não se pode aceitar que critérios como tempo de casa sirvam

para que se promova profissionais para postos de gestão em instituições esportivas

(LOBATO e VITORINO, 1997; BASTOS, 2003).

A administração de organizações esportivas abrange uma complexidade de

fatores tão extensa, que só pode ser satisfatoriamente entendida e realizada se

utilizarmos os conceitos e teorias da administração, além de conhecimentos relativos

à gestão de negócios, marketing, produção e serviços, economia, legislação,

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política, medicina, psicologia e sociologia do esporte, comunicação, tecnologia,

contabilidade, relações públicas, promoção de eventos, turismo e lazer, entre outras

(LOBATO e VITORINO, 1997; BASTOS, 2003; FEUSTEL, 2004).

Porém, em consonância com o conceito de competência, o simples

conhecimento destes conceitos e teorias não é garantia de obtenção de resultados

satisfatórios na condução de negócios na área do esporte. A aplicação destes

conhecimentos requer uma conduta por parte do gestor que se baseia também em

habilidades e atitudes.

Feustel (2004, p.26) considera que uma administração bem ajustada em

empresas da área de atividades físicas e esportivas pode levar à:

[...] aumento da produtividade, o melhoramento das opções e serviços, a diminuição dos erros gerenciais, a diminuição de investimentos na contra-propaganda, um maior controle e equilíbrio do financeiro da empresa, a diminuição do “turn-over” (rotatividade em cargos de serviços em escalões inferiores), a diminuição dos custos burocráticos interdepartamentais através de uma maior integração entre os funcionários e, principalmente a permanência dos clientes na empresa pela satisfação e atendimento das necessidades buscadas.

Mas para que se possa falar em uma formação específica e adequada no

campo da gestão esportiva, torna-se importante que a oferta de cursos nesta área

tenha uma dimensão compatível com esta tarefa.

Porém, Lobato e Vitorino (1997) chamam a atenção para o fato de que o

próprio desenvolvimento teórico da administração só se tornou efetivo há cerca de

50 anos. Tal informação é confirmada por Bastos (2003), pontuando que a

divulgação de conceitos e teorias gerais da Administração Esportiva passou a ter

maior consistência a partir dos anos 60 do século passado. A autora registra que, no

Brasil, o primeiro curso de especialização em Administração Esportiva foi realizado

em 1978, na Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo. Antes disto,

em 1968, a Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, instituia um programa de

Gestão do Desporto. Iniciativa semelhante se deu em Portugal, na década de 80 do

século passado, segundo informações da autora. Ela ainda pondera que cursos de

Administração Esportiva são oferecidos em larga escala por universidades,

faculdades e entidades profissionais, na forma de extensão universitária e

especialização de curta duração, tanto para públicos da área da Educação Física e

esportes quanto para outros profissionais que atuam em organizações esportivas,

percebendo-se uma crescente tendência entre países europeus e nos Estados

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Unidos para o oferecimento de cursos de formação profissional em nível de

graduação para a Gestão Esportiva.

Porém, a autora acredita que seja necessário um avanço qualitativo na

produção do conhecimento da Administração Esportiva no país, de forma que se

possa atender às expectativas e necessidades da área:

Apesar do crescimento da área, em termos de cursos e publicações, verifica-se que nela a produção cientifica ainda se restringe a alguns temas, não sendo compatível, quantitativa e qualitativamente, com a necessidade do desenvolvimento da Administração Esportiva no país. A própria formação profissional específica a nível de graduação tem sido dada conforme a visão de cada instituição, ou mesmo de cada docente, acreditamos sem unidade em termos das disciplinas oferecidas e seus conteúdos. (BASTOS, 2003)

Na mesma linha, Lobato e Vitorino (1997) já afirmavam que, apesar de se

tratar de uma área de conhecimento recente, a administração esportiva se

posicionava satisfatoriamente quando comparada a outros campos da atividade

humana, mas carecia de um maior alinhamento com as necessidades do esporte e

das organizações esportivas.

Nossa visão corresponde com o posicionamento dos autores. A produção de

conhecimento no setor da gestão esportiva ainda é muito incipiente, carecendo de

maior produção de conhecimento, sobretudo no campo da gestão de academias.

Muito do que se dissemina hoje em cursos de aperfeiçoamento e palestras de

treinamento é fruto da experiência particular dos profissionais que organizam tais

eventos e de informações arrebanhadas aqui e ali, sem um rigor científico que dê

sustentação às teorias apresentadas.

Acreditamos que os conceitos levantados a partir do presente estudo poderão

dar uma contribuição considerável ao desvelamento dos fenômenos relacionados

com a gestão esportiva, particularmente à gestão de academias esportivas, criando

subsídios para o encaminhamento da formação dos gestores esportivos.

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CAPÍTULO 4 – COMPREENDENDO A PERCEPÇÃO DOS GESTORES

4.1 O caminhar metodológico

Considerando as impressões mencionadas na introdução deste trabalho,

podemos descrever nossa inquietação como sendo a busca pela compreensão das

competências necessárias aos gestores esportivos, em geral, e aos gestores de

academias esportivas, em particular, no exercício de suas atividades profissionais.

Embora nossa própria vivência nesta área seja rica de informações e

conhecimentos acerca deste tema, o que nos interessa, a princípio, é o contato com

as experiências de outros gestores, analisando as aproximações e distanciamentos

presentes em suas descrições sobre o fenômeno situado, como forma de dar maior

clareza e sustentação aos significados que pretendemos desvelar. Nossa

experiência nos ajudará no momento em que nos depararmos com a tarefa de

analisar as descrições individuais dos sujeitos e de buscar uma estrutura geral para

estas descrições. Trata-se de, primeiramente, tomar contato com a percepção que

estes indivíduos têm sobre a natureza do fenômeno.

Camara (2005) tece uma narrativa sobre o conceito merleaupontyano de

percepção, o qual norteia também a nossa opção metodológica. Argumenta que a

percepção, na perspectiva fenomenológica, nos possibilita o conhecimento do

mundo através de sua relação com o todo, das relações estabelecidas entre o

percebido e o contexto, da apreensão da totalidade.

[...] podemos esclarecer que não é característica do ato perceptivo percorrer as informações isoladas para descobrir, aos poucos, o sentido do todo, como postulavam os empiristas, nem tampouco depende das recordações ou da operação do juízo intelectual, como enfatizavam os intelectualistas. Mas sim, inversamente, de um só golpe (“de relance”), pela imanência de significações integradas na unidade objeto percebido, a percepção pode descobrir seu sentido, sua identidade, seu segredo (CAMARA, 2005, p.29).

Neste sentido, acreditamos que seja na percepção que estes sujeitos têm

sobre aquilo que é necessário ao gestor de academia no desempenho de suas

funções que encontraremos a compreensão pretendida por este estudo, uma vez

que nos interessa a natureza do fenômeno situado, como ele se desvela, como ele

se mostra (SILVA, 1991).

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Assim, apoiamo-nos nas considerações de Martins e Bicudo (2005) e

realizamos uma pesquisa que se desenvolveu nos seguintes momentos sucessivos:

a) A interrogação do fenômeno: buscamos a construção de uma pergunta

orientadora, capaz de obter uma descrição natural e o mais aberta

possível, livre de interferências por parte do pesquisador, de forma que se

pudesse chegar às coisas mesmas, captando a essência das experiências

vividas pelos sujeitos (SILVA, 1991). Concluímos que a questão para você,

o que é ser um gestor de academia? seria capaz de cumprir esta função.

Em alguns casos, a inclusão de novas perguntas se fez necessária,

sempre no sentido de ampliar a descrição da percepção dos indivíduos

entrevistados, como no caso da menção de alguma palavra que pudesse

indicar uma unidade de significado, mas que não tivesse sido explorada

pelo sujeito, perguntamos o que mais você tem a dizer sobre tal coisa? ou

então sugerimos fale um pouco mais sobre tal coisa. Tais entrevistas

foram realizadas no ambiente natural dos entrevistados, ou seja, em seu

próprio local de trabalho e num espaço reservado e tranquilo, de modo que

puderam se manifestar livremente, de maneira natural e segura. As

entrevistas foram gravadas em arquivo de voz digital, para que pudessem

posteriormente ser transcritas, possibilitando a análise do pesquisador.

b) Transcrição dos discursos dos sujeitos: procurou-se ser o mais fiel

possível ao que foi falado pelos sujeitos, transcrevendo os discursos na

íntegra, utilizando-se de recursos de escrita que puderam retratar

literalmente o que foi dito, as pausas presentes na fala, os eventuais erros

de linguagem, tudo o que pudesse contribuir para uma melhor descrição

da percepção dos sujeitos, inclusive os significados não expressos

tacitamente, como as interjeições, por exemplo, mas que puderam ser

captados pela entonação e pelos gestos praticados.

c) Análise dos discursos dos sujeitos: após transcrevê-los, realizamos uma

leitura completa de cada discurso, sucedida por novas leituras mais

concentradas em cada idéia expressa, processo que foi repetido diversas

vezes, buscando destacar descrições que tivessem algum significado em

relação ao fenômeno estudado, indo e voltando várias vezes neste

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caminho, até que se estabelecessem as unidades de significado presentes

no discurso dos sujeitos.

d) Análise ideográfica dos discursos: uma vez destacadas as unidades de

significado, sintetizamo-las em nossas próprias palavras, a partir da

intersubjetividade existente entre a descrição presente no discurso dos

sujeitos e a nossa compreensão sobre a manifestação do fenômeno. O

termo ideográfico se refere à grafia das idéias, portanto, este é um

momento que diz respeito às singularidades de cada depoimento, sendo,

assim, uma análise da essência dos discursos de cada entrevistado;

e) Elaboração do perfil ideográfico dos discursos: a partir das unidades de

significado presentes nas idéias destacadas dos discursos dos sujeitos e

sintetizadas em nossas próprias palavras, traçamos um perfil ideográfico

destes discursos que nos possibilitou uma análise da percepção que cada

sujeito tem acerca do fenômeno.

f) Análise nomotética: a construção de uma matriz nomotética, a partir das

unidades de significado captadas nos discursos dos sujeitos, agrupadas

em categorias de acordo com a similaridade dos temas, nos permitiu

construir uma estrutura geral das descrições individuais sobre o fenômeno,

através da análise das convergências e idiossincrasias encontradas,

auxiliando-nos na compreensão dos significados expressos.

4.2 Os sujeitos

Os entrevistados são gestores de academias esportivas da cidade de São

Paulo, com experiência de pelo menos três anos na função, estando no mínimo há

um ano no local de trabalho atual e que contribuíram de forma livre e consentida

para a busca da compreensão do fenômeno em questão. Para tanto, preencheram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II), lembrando que tiveram a

liberdade de optar pela participação ou não na referida pesquisa. O número de

entrevistados não foi estabelecido previamente, uma vez que se procurou atingir o

ponto de redundância nas informações contidas nos discursos dos sujeitos, ou seja,

o ponto onde as idéias presentes nos diferentes discursos se tornassem repetitivas,

o que ocorreu após a realização de doze entrevistas.

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Ficou previamente estabelecido que a interrupção do depoimento por

desistência do entrevistado, a utilização de respostas evasivas e/ou a presença de

outras pessoas que surgissem de maneira imprevista e que, de alguma forma,

interferissem no discurso do entrevistado, tornaria os depoimentos inválidos e estes

seriam descartados. Como as entrevistas foram realizadas em locais restritos, nas

próprias academias dos entrevistados, que estavam cientes da necessidade de não

sermos interrompidos, não aconteceram fatos que pudessem invalidar os

depoimentos colhidos.

A caracterização segmentada dos sujeitos está descrita no Quadro 2:

Suj. Sexo Idade (anos)

Formação IES Ano Complem. Tempo na

área de academias

Tempo como gestor

Como gestor na academia

atual

1 Masc 32 Educ. Física

Privada 2002 MBA, cursos de

extensão e treinamentos

8 anos 4 anos 4 anos

2 Fem 38 Educ. Física

Privada 1994 cursos de

extensão e treinamentos

19 anos 13 anos 13 anos

3 Fem 28 Educ. Física

Privada 2003 cursos de

extensão e treinamentos

9 anos 4 anos 4 anos

4 Masc 48 Adm. Privada Incomp. treinamentos 11 anos 11 anos 11 anos

5 Masc 29 Educ. Física

Privada 2005

especialização, cursos de

extensão e treinamentos

7 anos 5 anos 5 anos

6 Fem 39 Educ. Física

Privada 1990 cursos de

extensão e treinamentos

24 anos 15 anos 13 anos

7 Masc 34 Educ. Física

Privada 1999

especialização, cursos de

extensão e treinamentos

15 anos 8 anos 8 anos

8 Masc 40 Eng. Mec.

Privada 1993 treinamentos 20 anos 20 anos 20 anos

9 Masc 49 Educ. Física

Privada 1983

especialização, cursos de

extensão e treinamentos

24 anos 24 anos 24 anos

10 Masc 43 Educ. Física

Pública 1993

especialização, cursos de

extensão e treinamentos

21 anos 18 anos 2 anos

11 Fem 37 Educ. Física

Privada 1996 cursos de

extensão e treinamentos

17 anos 4 anos 4 anos

12 Masc 46 Educ. Física

Pública 1986

MBA, especialização,

cursos de extensão e

treinamentos

27 anos 23 anos 20 anos

Quadro 2 – Caracterização dos sujeitos

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O grupo foi composto por 8 homens e 4 mulheres, cuja média de idade foi de

39 anos, com desvio padrão de 7 anos, tendo apenas dois sujeitos abaixo dos 30

anos de idade (suj. 3 = 28; suj. 5 = 29).

Apenas dois entrevistados não eram graduados em Educação Física, sendo

que um era graduado em Engenharia Mecânica e o outro cursou Administração de

Empresas, porém não completou o curso. Dos dez sujeitos graduados em Educação

Física, dois cursaram IES pública; os demais graduaram-se em IES particulares.

Com exceção de dois sujeitos que mencionaram ter participado apenas de

treinamentos internos da academia sobre temas relacionados à gestão, todos os

demais participaram de cursos complementares da área, quer sejam cursos de

extensão ou de especialização. Dois sujeitos mencionaram ter cursado MBA na área

de Administração. O tempo médio de graduação do grupo foi de 15 anos, com

desvio padrão de 7 anos, sendo que o sujeito que tem menos tempo de formado

concluiu seu curso há 5 anos e o que se formou há mais tempo concluiu sua

graduação há 27 anos.

Quanto ao tempo de experiência na área de academias, a média de tempo é

de 17 anos, com desvio padrão de 6,8 anos. Apenas três entrevistados estão há

menos de 10 anos nesta área (suj. 1 = 8 anos; suj. 3 = 9 anos; suj. 5 = 7 anos) e,

coincidentemente, são os entrevistados mais novos. Com exceção do sujeito 10, que

atua há 18 anos como gestor, estando apenas há dois anos na academia atual, os

demais tem o tempo que atuam como gestor muito próximo ao tempo no qual

exercem esta função na academia atual, o que evidencia que praticamente toda sua

experiência como gestor se deu no atual local de trabalho. Tal afirmação é

corroborada pelo exame da média de tempo de atuação como gestor, comparada à

média do tempo que exerce a função na academia atual. No primeiro caso, a média

é de 12 anos, sendo 11 anos a segunda média, ambas com desvio padrão de 7,5

anos.

Dois aspectos que julgamos relevantes para a análise dos discursos não

estão presentes no quadro acima. Eles se referem à trajetória profissional dos

sujeitos e à função que exercem em suas academias. Com exceção dos dois

sujeitos que não são graduados em Educação Física, os demais tiveram trajetórias

semelhantes, iniciando a carreira em funções técnicas, seja como estagiário ou

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professor, passando posteriormente à função de gestor. Destes, três sujeitos são

proprietários das academias onde trabalham. Com relação à função exercida, quatro

sujeitos são gestores de área, ou seja, coordenam apenas um setor da academia,

enquanto os demais são coordenadores gerais ou gerentes. Em nenhum dos casos

a academia conta com apenas um gestor.

Outra característica do grupo entrevistado diz respeito às modalidades

oferecidas pelas academias. Apenas no caso do sujeito 3, a academia oferece

somente atividades terrestres, neste caso sendo oferecidos condicionamento físico e

ginástica, além de cursos de dança e música, pois a academia agrega também um

conservatório musical. Em todos os demais casos, as academias oferecem

condicionamento físico, ginástica, natação e hidroginástica, havendo o caso ainda

de uma academia que oferece escola de esportes e tênis entre suas modalidades.

Apesar das diferenças existentes na caracterização dos sujeitos, a análise

dos perfis ideográficos não nos permitiu considerar que haja particularidades

relevantes quanto à segmentação dos sujeitos entrevistados, quer seja por idade,

sexo, tempo de atuação na área ou qualquer outra variável. Esta constatação pode

ser em parte explicada pela relativa maturidade do grupo estudado, como atestam a

média de idade – 39 anos – e a média de tempo de atuação como gestor – 12 anos.

4.3 Constituição dos dados: discursos dos sujeitos e respectivas análises

ideográficas

4.3.1 Sujeito 1

Caracterização do sujeito 1

Sexo: Masculino Idade: 32 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 2002

Formação Complementar:

I) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems

II) Gestão de Departamento de Personal Training e Vendas – 8 horas - IHRSA

III) MBA de Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching – 400 horas – Anhembi

Morumbi

Há quantos anos atua na área de academias? 8 anos

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Há quanto tempo atua como gestor? 4 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 4 anos

Trajetória profissional: Começou como estagiário na área de Condicionamento

Físico. Ao término do estágio, foi contratado como professor e, por se destacar pela

responsabilidade e comprometimento com seu trabalho, foi promovido a

coordenador de área. Atualmente, é coordenador geral de uma das unidades da

academia onde trabalha.

Entrevista do sujeito 1

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 1: Gestão de academia para mim é você conseguir... eh... fazer a gestão

tanto dos professores, tá, como do proprietário(1). Então, você tem que fazer esta

gestão no meio campo, pro interesse tanto dos seus funcionários, dos seus

colaboradores, professores e outros colaboradores, como dos funcionários... como

do proprietário(1), tá? Então, pra mim, isto é a maior dificuldade e também, pra mim,

isto é que é gestão: você conseguir tá certinho neste meio campo e fazer esse...

esse ajuste entre todos(1). Pra mim, é isto a gestão.

Pesquisador: Você poderia me falar mais um pouco desta gestão dos funcionários?

Sujeito 1: A gestão dos funcionários eu entendo assim: você tem que saber um

pouco do interesse deles, tanto particular como profissional,(2) e você... e os

interesses do... da academia(3). E aí, você tentar juntar as duas coisas, onde eles

começam... que aí entra também na parte não só de gestão, de liderar também(4),

que eu acho que as duas coisas não tem como você fazer separadamente, tem que

fazer as duas coisas juntas, e tentar levar... eh... o melhor jeito possível, onde eles

consigam atingir o objetivo deles e também levando seus objetivos(3), que na

verdade é levar a academia pro melhor lugar que ela possa ir(3). E é isso que eu

entendo por esta parte de gestão. Não tem como, pra mim, gestão e liderança estar

separado. Então pra mim, ges... fazer a gestão e liderar, pra mim, andam

paralelamente, juntos(4). Eu acho que você tem que ser as duas coisas para você

conseguir bons resultados em todos os lados, em todos os sentidos(3).

Pesquisador: E o que você acredita que o gestor precisa saber para atuar na

função?

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Sujeito 1: Eu acho que o gestor tem que saber hoje, na verdade até por uma

vivência minha particular, tem que saber de tudo um pouco do que acontece dentro

de uma academia(5). Ele não precisa ser um expert num certo assunto, um

exemplo, na... na parte de musculação ou na parte de ginástica, mas ele tem que

saber o que acontece dentro de cada ambiente(5). E ele tem que saber também um

pouco do que acontece dentro da... dentro da parte financeira(6), no caso duma

empresa, no caso da academia. Então ele tem que saber um pouco de cada coisa,

pra ele conseguir... eh... os melhores resultados pra ele e pra quem tá ao lado

dele(3).

Pesquisador: Você teria alguma coisa a acrescentar com relação a estas outras

coisas que você citou que ele deveria saber?

Sujeito 1: Eh... volto de novo, vamos falar, nesta parte de liderança, que eu acho

que é uma coisa que ele tem de aprender(4), se ele não tem, se não é nato, ele tem

uma coisa que ele pode buscar e ele tem que aprender(7), ... eh... a parte

administrativa (8) que é uma coisa que o profissional de Educação Física não tem na

faculdade, na sua graduação, que é uma coisa que eu acho que ele necessita de

buscar... e o, na verdade, o resto tudo ele acaba vendo na faculdade, mas entrar

mais a fundo, se especializar mais e saber um pouco mais de cada coisa(7). Mas eu

acho que o que pega mais prum gestor de academia, por ser formado em Educação

Física, é mesmo a parte administrativa.(8)

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] fazer a gestão tanto dos professores, tá, como do proprietário [...] pro interesse tanto dos seus funcionários, dos seus colaboradores, professores e outros colaboradores, como dos funcionários... como do proprietário [...], fazer esse... esse ajuste entre todos [...].

1. O gestor necessita ter habilidade para administrar o relacionamento interpessoal da equipe.

2. A gestão dos funcionários eu entendo assim: você tem que saber um pouco do interesse deles, tanto particular como profissional [...].

2. O gestor necessita ter empatia no trato com os seus colaboradores.

3. [...] e os interesses do... da academia [...] onde eles consigam atingir o objetivo deles e também levando seus objetivos [...], levar a academia pro melhor lugar que ela possa ir [...] conseguir bons resultados em todos os lados, em todos os sentidos [...] conseguir... eh... os melhores resultados pra ele e pra

3. O gestor precisa ter foco nos resultados, considerando o que é esperado pela academia, os seus próprios objetivos e os de seus colaboradores.

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quem tá ao lado dele [...].

4. [...] aí entra também na parte não só de gestão, de liderar também [...] não tem como, pra mim, gestão e liderança estar separado. Então pra mim, ges... fazer a gestão e liderar, pra mim, andam paralelamente, juntos [...] nesta parte de liderança, que eu acho que é uma coisa que ele tem de aprender [...].

4. É importante que o gestor desenvolva sua liderança junto aos seus colaboradores.

5. [...] tem que saber de tudo um pouco do que acontece dentro de uma academia [...] na parte de musculação ou na parte de ginástica, mas ele tem que saber o que acontece dentro de cada ambiente [...].

5. O gestor tem que ter um mínimo de conhecimento técnico sobre as várias áreas da academia.

6. [...] ele tem que saber também um pouco do que acontece dentro da... dentro da parte financeira [...].

6. O gestor precisa ter um mínimo de conhecimento sobre finanças.

7. [...] se não é nato, ele tem uma coisa que ele pode buscar e ele tem que aprender [...], o resto tudo ele acaba vendo na faculdade, mas entrar mais a fundo, se especializar mais e saber um pouco mais de cada coisa.

7. O gestor deve manter-se em constante aperfeiçoamento.

8. [...] a parte administrativa [...] pega mais prum gestor de academia, por ser formado em Educação Física, é mesmo a parte administrativa [...].

8. O gestor precisa ter um mínimo de conhecimentos administrativos

Quadro 3 – Análise ideográfica do sujeito 1

Perfil ideográfico do sujeito 1

O sujeito expressa sua preocupação com os conhecimentos que devem ser

apropriados pelo gestor (5, 6, 8), além da importância do aperfeiçoamento (7).

Demonstra também considerar importantes as relações com os seus colaboradores

(1, 2, 3, 4), não se distanciando dos objetivos e metas traçados pela direção da

academia (1, 3).

4.3.2 Sujeito 2

Caracterização do sujeito 2

Sexo: Feminino Idade: 38 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 1994

Formação Complementar:

I) 8 passos sobre vendas – Fit Bizz

II) Excelência na coordenação – Prof. Rodrigo Arbex

III) O papel estratégico do coordenador – Fitness Mais

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IV) Treinamento em vendas – Body Systems

V) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems

Há quantos anos atua na área de academias? 19 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 13 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 13 anos

Trajetória profissional: Começou como professora de natação e esportes.

Desenvolveu o departamento de escola de esportes da academia onde trabalha,

assumindo sua coordenação. Teve uma passagem pela área administrativa do

departamento de esportes amadores do São Paulo Futebol Clube, onde atuava

como assistente técnica administrativa da gerência do departamento.

Entrevista do sujeito 2

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 2: É estar atuando, observando em todas as áreas da academia, eh... na

área de vendas, eh... com os alunos, diretamente com os pais de alunos,

procurando focar no... no objetivo, no que a pessoa pretende dentro da academia(1),

observando os companheiros de trabalho, as necessidades de cada um,(2) e...

procurar uma excelência em tudo isto que a gente faz, né, nesse atendimento(3).

Pesquisador: Quais são os saberes que um gestor de academia deve ter para

poder atuar?

Sujeito 2: Primeiro, se ele vai atuar numa área específica da academia, ele tem que,

no mínimo, conhecer aquela área específica, né, eh... pra saber administrar melhor o

grupo com que ele vai tá trabalhando... e... tecnicamente(4) falando, óbvio né... hã...

tem que tá presente, participando das aulas, observando as aulas, né, observando o

comportamento dos seus professores, observando o comportamento dos alunos dos

seus professores(5)... eh... enfim, estar atento às pessoas que estão a sua volta e às

necessidades delas(2), basicamente.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você gostaria de complementar com

relação ao que é preciso saber para ser um gestor de academia?

Sujeito 2: Eu preciso entender um pouquinho mais de vendas, né, pra passar pro

meu grupo, o que ele... saber vender, saber oferecer aquilo que a gente tá... eh...

eh... o que a gente tá colocando na academia(6), o que que a gente tem a oferecer

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na academia, conhecer um pouco de cada área(4), pra poder melhor indicar às

pessoas ao que elas pretendem... hã... conhecer um pouquinho mais sobre pessoas,

gestão de pessoas, que a gente lida diretamente com pessoas(7)... eh... entender

um pouquinho mais de vendas(6)...

Seleção de unidades de significado - linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] observando em todas as áreas da academia, eh... na área de vendas, eh... com os alunos, diretamente com os pais de alunos, procurando focar no... no objetivo, no que a pessoa pretende dentro da academia [...].

1. O gestor deve estar focado nos objetivos do cliente.

2. [...] observando os companheiros de trabalho, as necessidades de cada um [...] atento às pessoas que estão a sua volta e às necessidades delas [...].

2. O gestor deve se preocupar com os objetivos dos seus colaboradores.

3. [...] procurar uma excelência em tudo isto que a gente faz, né, nesse atendimento [...].

3. O gestor deve procurar a excelência no atendimento às pessoas.

4. [...] se ele vai atuar numa área específica da academia, ele tem que, no mínimo, conhecer aquela área específica, né, eh... pra saber administrar melhor o grupo com que ele vai tá trabalhando... e... tecnicamente [...] conhecer um pouco de cada área [...].

4. O gestor tem que ter um mínimo de conhecimento técnico sobre as várias áreas da academia.

5. [...] tem que tá presente, participando das aulas, observando as aulas, né, observando o comportamento dos seus professores, observando o comportamento dos alunos dos seus professores [...].

5. O gestor deve estar presente, participando e observando o que está sendo feito.

6. [...] Eu preciso entender um pouquinho mais de vendas, né, pra passar pro meu grupo, o que ele... saber vender, saber oferecer aquilo que a gente tá... eh... eh... o que a gente tá colocando na academia [...] entender um pouquinho mais de vendas [...].

6. O tem que ter um mínimo de conhecimento sobre vendas.

7. [...] conhecer um pouquinho mais sobre pessoas, gestão de pessoas, que a gente lida diretamente com pessoas[...].

7. O gestor tem que ter um mínimo de conhecimento sobre gestão de pessoas.

Quadro 4 – Análise ideográfica do sujeito 2

Perfil ideográfico do sujeito 2

O sujeito demonstra preocupação com os objetivos dos clientes (1) e dos

seus colaboradores (2), preocupando-se com a excelência no atendimento às

pessoas (3). Para tanto, considera que o gestor deverá estar presente e participando

do que acontece na academia (5). Além disto, considera importante a apropriação

de determinados conhecimentos (4, 6, 7).

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4.3.3 Sujeito 3

Caracterização do sujeito 3

Sexo: Feminino Idade: 28 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 2003

Formação Complementar:

I) Gestão de Academias, na Fitness Management School - 2008

II) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems - 2009

Há quantos anos atua na área de academias? 9 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 4 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 4 anos

Trajetória profissional: Começou como professora de ginástica e trabalhou em vários

lugares, inclusive nesta academia, que pertence à mãe dela. Como ela se formou

em Educação Física, acabou assumindo a gestão da academia em conjunto com a

mãe.

Entrevista do sujeito 3

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 3: Eu acho que é tomar conta de tudo(1), desde a recepção(1), desde a

limpeza(1), desde o tratamento dos professores(2), como que eles abordam os

alunos(2), como é que eles tão de didática(2), de cursos, se aperfeiçoando, é de

tudo, o horário(3), é... tudo, no geral, ver quantidade de alunos(3), retenção(3) que é

o principal, também, captação de alunos(3), propaganda(4), marketing(4). Na

verdade, eu cuido de tudo, porque a nossa academia é pequena. Sei que seria...

também ter uma pessoa que cuide só da ginástica, só da musculação, só da área de

música, de cada área, só que não dá para gente, ainda. A gente é uma academia

pequena. Tanto que uma academia média é mais de 400 alunos, né? A gente é uma

academia pequena, não chega a isto.

Pesquisador: Você falou sobre “cuidar” de todas estas coisas. Eu queria que você

falasse um pouco mais sobre isto. O que você precisa saber para cuidar destas

coisas?

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Sujeito 3: Como o meu caso aqui, eu acho que é bem diferente de tudo. É

complicado porque eu, na verdade, eu sou coordenadora, eu cuido do

estabelecimento(1), eu vejo contas(5), eu vejo tudo(1). Então, na verdade, não é

nem função de coordenadora, né? Então eu passo tudo para a minha mãe, no caso,

mas é cuidar de tudo, ver se está tudo funcionando certo(1), ver se os funcionários

estão chegando no horário(1), não é só coordenar a ginástica(2), bolar aulas

novas(6), lançamentos(6), aulas especiais(6). É cuidar de pontualidade(1),

uniforme(1), estas coisas todas, entendeu? Não sei no geral, assim, eu acho que

tem que melhorar é isto de separar o que eu tenho que ir colocando como ordem, de

tá vendo isto. Só que, assim, a gente não tem muitos funcionários, são poucos e pra

cuidar de tudo. Então, eu acho que tem que tá melhorando isso.

Pesquisador: Quantos funcionários vocês tem?

Sujeito 3: Na parte de academia são sete professores, duas recepcionistas, um

funcionário da limpeza e um da manutenção. Na parte da música são nove

professores, um para cada instrumento.

Pesquisador: E o que você pode dizer mais sobre estas dificuldades que você

sente?

Sujeito 3: É, então, na faculdade não tem base nisto, né? Então, eu fui buscar em

outros cursos(7), que nem o FMS. Ele deu uma base legal, só que foi bem rápida,

não deu para pegar assim tudo. E aí, a base deles é o que: academia grande. Eles

não falam de academia com menos de 400 alunos, não é essa base. Tem que ter

não sei quantas recepcionistas, vendedora não é igual à recepcionista, só que a

gente trabalha com outra realidade. Então, com esta realidade do curso, na minha

academia eu achei dificuldade, entendeu? Eh... tem que ter recepcionista, uma

pessoa pra mostrar, uma pessoa pra... Que nem, a gente já teve a Rabit aqui, não

deu certo, também tudo o que eles queriam não batia com o que a gente tem de

verba, tem de alunos pra tá fazendo. Então, uma pessoa pra mostrar, uma pra

vender, uma pra recepcionar os alunos... Então eu sinto dificuldade nisto, não existe

um curso que, dentro das minhas limitações, que eu tenho aqui... Sei que a gente

tem que crescer. Só que o que a gente tem pra trabalhar hoje é isso e eu não senti

que tem alguém para ensinar, ou tenha um livro pra... Que nem, no próprio curso

falou o mais difícil é a retenção e ninguém explica sobre isto. Se o aluno chega pra

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você e diz “eu gosto da sua academia”, como a gente tem ligado pros clientes e

perguntado(3), “eu gosto da sua academia”, só que a gente é uma academia da

ponte pra cá, que nem dizem, “eu trabalho da ponte pra lá e é complicado e minha

transferência, trânsito, deslocamento”, ou então “troquei de emprego”, ou “mudei de

lugar, mas eu gosto daqui”, tanto que a gente tá a vinte e cinco anos e tem alunos

que tão retornando este ano que dizem “senti saudades, mesmo que eu moro lá em

Moema, eu venho aqui treinar”. Então, isso eu acho legal. Então, o problema não é a

academia, eu vejo, o problema não é do trânsito, do tempo, do trabalho. Mas, eu sei

que a gente tem que melhorar bastante, só que eu vejo isto: o pessoal gosta do

nosso trabalho, gosta dos professores, gosta do nosso atendimento. Então, o que eu

quero: eu queria um curso que... dos 400 alunos pra cá, não só dos 400 alunos pra

lá. Parece que eles trabalham só com Runner, Bioritmo, e não existe só isto no

mundo, que os nossos concorrentes, assim, eu sei que não é este tipo de padrão de

academia, entendeu?

Pesquisador: Quantos alunos a academia tem hoje?

Sujeito 3: 380, 390.

Seleção de unidades de significado - linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] tomar conta de tudo [...] da recepção [...] limpeza [...] eu cuido do estabelecimento [...] eu vejo tudo [...] ver se está tudo funcionando certo [...] ver se os funcionários estão chegando no horário [...] cuidar de pontualidade [...] uniforme [...].

1. O gestor tem que ter uma preocupação constante com o funcionamento da academia.

2. [...] tratamento dos professores [...] como que eles abordam os alunos [...] como é que eles tão de didática [...] coordenar a ginástica [...].

2. A coordenação do pessoal técnico deve levar em consideração a postura profissional.

3. [...] o horário [...] quantidade de alunos [...] retenção [...] captação de alunos [...] a gente tem ligado pros clientes e perguntado [...].

3. O controle da demanda e da oferta necessita de uma conduta ativa do gestor.

4. [...] propaganda [...] marketing [...]. 4. O gestor deve cuidar da comunicação externa da academia, visando a captação de clientes.

5. [...] eu vejo contas [...]. 5. Deve ter um conhecimento mínimo de finanças.

6. [...] bolar aulas novas [...] lançamentos [...] aulas especiais [...].

6. A preocupação com a inovação deve ser constante.

7. [...] fui buscar em outros cursos [...]. 7. A busca pelo conhecimento deve fazer parte das preocupações do gestor.

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Quadro 5 – Análise ideográfica do sujeito 3

Perfil ideográfico do sujeito 3

O sujeito considera que o controle do funcionamento da academia envolve

aspectos operacionais e técnicos (1, 2, 5), bem como o ajustamento da oferta de

serviços à criação de uma demanda que atenda aos interesses da empresa (3, 4).

Para se manter apto frente aos desafios inerentes à função, expressa a necessidade

de iovação e busca pelo conhecimento (6, 7).

4.3.4 Sujeito 4

Caracterização do sujeito 4

Sexo: Masculino Idade: 48 anos

Formação Acadêmica: Adm. de Empresas (incompleto) IES: privada Ano: 1981

Formação Complementar:

I) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems - 2009

II) Treinamentos internos da academia

Há quantos anos atua na área de academias? 11 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 11 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 11 anos

Trajetória profissional: Começou na academia onde trabalha como responsável

pelos recursos humanos. Pouco tempo depois, assumiu a gerência administrativa

geral.

Entrevista do sujeito 4

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 4: Puxa, pergunta difícil. Eu vou falar pela minha experiência. Ser um gestor

de academia é um faz tudo(1). Por que faz tudo? Porque eu não tenho quem me

auxilie e eu tenho que por a academia para funcionar(1). Então, a academia tem que

funcionar. Então, você tem que estar atento se vai ter professor(1), você vai ter que

ficar atento na manutenção do prédio(1), nas contas(2), você vai ter que estar atento

no todo, né? A preocupação do aluno, o que o aluno necessita(3), o que o

funcionário necessita(7), o que a academia necessita(5), o que o dono necessita(5),

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para você poder estar atendendo. Então, você não tem uma especificidade, um

único foco, você tem que estar focado em várias frentes, porque você tem que

pensar como funcionário, tem que pensar como aluno, tem que se por no lugar do

dono e tem que estar no seu lugar para decidir em pouco tempo a necessidade(6).

Pesquisador: O que você diria que é preciso saber para atuar como gestor de

academia?

Sujeito 4: Conhecer o público(3), conhecer os funcionário(4) e conhecer o dono(5).

Você tem que saber como eles pensam e o que eles necessitam(6). Então, eu acho

que você tem que ter conhecimento... eh... do ser humano(7), em si. É difícil, você

lida com ser humano, ser humano é muito complicado. Então, eu acho que o

necessário é você ter uma base de conhecimento e saber onde você está, o que

você faz(8). Porque é diferente de uma empresa, é diferente. Você lida com pessoas

em todos os segmentos. Numa empresa às vezes não. Numa empresa você vai lidar

com máquinas e aqui não. Aqui você tem que resolver momentâneo, é na hora(6). É

a minha opinião.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] Ser um gestor de academia é um faz tudo [...] por a academia para funcionar [...] tem que estar atento se vai ter professor [...] ter que ficar atento na manutenção do prédio [...].

1. O gestor tem que ter uma preocupação constante com o funcionamento da academia.

2. [...] nas contas [...]. 2. Deve ter um conhecimento mínimo de finanças.

3. [...] A preocupação do aluno, o que o aluno necessita [...] Conhecer o público [...].

3. O gestor deve estar focado nos objetivos do cliente.

4. [...] o que o funcionário necessita [...] conhecer os funcionários [...].

4. Deve se preocupar com os objetivos dos seus colaboradores.

5. [...] o que a academia necessita [...] o que o dono necessita [...] conhecer o dono [...].

5. Direcionar seus esforços para atingir as metas traçadas pela direção da academia.

6. [...] você tem que pensar como funcionário, tem que pensar como aluno, tem que se por no lugar do dono e tem que estar no seu lugar para decidir em pouco tempo a necessidade [...] saber como eles pensam e o que eles necessitam [...] você tem que resolver momentâneo, é na hora [...].

6. O gestor deve tomar decisões sem hesitar, sempre baseado no conhecimento das expectativas de clientes, colaboradores e direção.

7. [...] você tem que ter conhecimento... eh... do ser humano [...].

7. O gestor deve ter um conhecimento mínimo de gestão de pessoas.

8. [...] necessário é você ter uma base de 8. É necessário que se tenha uma visão

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conhecimento e saber onde você está, o que você faz [...].

sistêmica e uma razoável noção da função exercida.

Quadro 6 – Análise ideográfica do sujeito 4

Perfil ideográfico do sujeito 4

O sujeito exprime a necessidade do gestor alinhar seus esforços com as

expectativas do conjunto de pessoas que forma a academia (3, 4, 5, 6), baseado em

uma visão sistêmica (8). Para que tudo funcione adequadamente (1), entende que

seja necessário um conhecimento mínimo de finanças e gestão de pessoas (2, 7).

4.3.5 Sujeito 5

Caracterização do sujeito 5

Sexo: Masculino Idade: 29 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 2005

Formação Complementar:

I) Cursando pós-graduação em Wellness, Instituto Fitness Brasil - LFG

II) Curso de gestão no IHRSA Fitness Brasil - 2009

Há quantos anos atua na área de academias? 7 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 5 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 5 anos

Trajetória profissional: Começou como professor e foi promovido a coordenador de

área.

Entrevista do sujeito 5

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 5: O gestor pra mim é o cara que ajuda a administrar(1), ajuda a

organizar(1), ele ajuda sua equipe(2), ele está nos bastidores e não está ao mesmo

tempo, está na linha de frente também(1). É o cara que é a mente(1). Ele faz

acontecer, para que o operacional aconteça(4). Isto para mim é gestão.

Pesquisador: Fale-me mais um pouco sobre fazer o operacional acontecer.

Sujeito 5: Fazer tudo funcionar(4), fazer o professor ter uma boa conduta em

questão de treinamento(3), uma organização dentro da sala(3), eh... um bom evento,

eles criarem um bom evento(3), dar subsídio para que eles trabalhem melhor(2)

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dentro da função deles que é de professor de sala de musculação ou, enfim, o que

seja aqui no meu âmbito, da musculação. Então, este operacional, a linha de frente,

diretamente com o cliente(6), isso aí que eu acho que eu devo ajudar eles, que é o

operacional.

Pesquisador: E o que você acredita que é preciso saber para atuar como gestor?

Sujeito 5: Acho que você tem que conhecer primeiramente o seu cliente(6), da sua

área, do seu local, onde você está trabalhando, sondar o que ele precisa, o que ele

deseja(6) e tentar atender ao máximo o que ele veio buscar na academia(6), sabe,

que seja a estética, que seja a saúde, a reabilitação, seja o que for, eu acho que é

auxiliar ele nisto daí.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] é o cara que ajuda a administrar [...] ajuda a organizar [...] está na linha de frente também [...] É o cara que é a mente [...].

1. O gestor tem participação ativa nos processos administrativos (planejamento, organização, direção, coordenação e controle).

2. [...] ajuda sua equipe [...] dar subsídio para que eles trabalhem melhor [...].

2. O gestor deve estar atento às necessidades de sua equipe.

3. [...] fazer o professor ter uma boa conduta em questão de treinamento [...] organização dentro da sala [...] criarem um bom evento [...].

3. A coordenação do pessoal técnico deve levar em consideração a postura profissional.

4. [...] Ele faz acontecer, para que o operacional aconteça [...] Fazer tudo funcionar [...].

4. O gestor tem que ter uma preocupação constante com o funcionamento da academia.

5. [...] diretamente com o cliente [...] você tem que conhecer primeiramente o seu cliente [...] sondar o que ele precisa, o que ele deseja [...] atender ao máximo o que ele veio buscar na academia [...].

5. O gestor deve estar focado nos objetivos do cliente.

Quadro 7 – Análise ideográfica do sujeito 5

Perfil ideográfico do sujeito 5

O sujeito entende que o gestor é responsável pelo funcionamento da

academia (4), fazendo uso dos processos administrativos (1). Para tanto, ele deve

estar atento às condutas e às necessidades de sua equipe (2, 3), bem como deve

estar focado nos objetivos do cliente (5).

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4.3.6 Sujeito 6

Caracterização do sujeito 6

Sexo: Feminino Idade: 39 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 1990

Formação Complementar:

I) Cursos de aperfeiçoamento na área aquática

II) Treinamentos internos da academia

Há quantos anos atua na área de academias? 24 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 15 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 13 anos

Entrevista do sujeito 6

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 6: Bom, o gestor de academia é... é... bom, é tão complexo, né, porque, na

verdade, a gente está entre o proprietário, né, e os funcionários, os

colaboradores(1), né? Então, eh... pra coisa andar a gente tem que sempre

satisfazer, né, o que tá acima e as pessoas que colaboram com este nosso

trabalho(1). Estas atualizações que a gente faz é sempre colaborando até com a

formação deles(2), enfim.

Pesquisador: O que você pode me dizer mais sobre as atividades que você tem

que realizar para conduzir o seu trabalho dentro da academia?

Sujeito 6: Então, aqui, né, principalmente na piscina, a minha função é de fazer o

planejamento tanto das aulas(3) como das atividades extras, dos eventos(3), e

supervisionar este trabalho dos professores(4), né, se... se eles tão com alguma

dificuldade em fazer fluir este planejamento(4). Aqui a gente tem uma metodologia,

né, que foi implantada, né, desde o início da academia. Só que, com o passar dos

anos, né, a Natação... ela foi mudando, os alunos, o perfil dos alunos também foi

mudando. Então, a gente vai fazendo as adaptações conforme a necessidade(5),

né? Então assim, a gente não pode ficar estagnado, né, naquilo que foi proposto há

15 anos atrás, né? Então, a minha função é estar sempre modificando, ver o que

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mudou e o que precisa ser mudado(5), que precisa ser complementado aqui, né, e

isso eu sempre faço com ajuda destes colaboradores(2), né, até por eles virem (de)

ou estarem em outro lugar. Então, o cursos que eles fazem, o curso que eu faço,

acabam se complementando e a gente... eh... tenta... eh... implantar isto aqui(2), de

maneira que a gente consiga uma fixação maior, né, dos alunos(6). Porque, na

verdade, o grande... eh... assim... a nossa função é dar aula, o educador físico. Mas,

na verdade, a gente não fica só nisto, né, a gente tem essa necessidade, né, e esse

compromisso, né, com essa fixação, essa fidelização do aluno(6). Então, o que a

gente tem feito ultimamente foi... eh... tá sendo mais em função disto, até de correr

atrás dessa... de agregar e deixar esse aluno bem servido aqui dentro(6), né? Tá

sendo mais em função disso mesmo.

Pesquisador: E para fazer acontecer esta fixação dos alunos, bem como para fazer

este trabalho junto aos colaboradores, o que você utiliza?

Sujeito 6: Bem, a gente uti... a gente monta reuniões e... e até relatos de

acontecimentos em outros lugares... eh... matérias, artigos(2), e a gente tem até um

compromisso de um colaborador trazer pro outro, e a gente acaba nas reuniões

comentando e vendo o que é viável implantar aqui(2), dentro das nossas condições,

dentro do perfil, né, porque às vezes não é o perfil alunos você tentar fazer uma

atividade que não vai surtir tanto lado positivo(6). Então, a gente se preocupa em

fazer e atender, né, essa necessidade do aluno(6).

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] a gente está entre o proprietário, né, e os funcionários, os colaboradores [...] pra coisa andar a gente tem que sempre satisfazer, né, o que tá acima e as pessoas que colaboram com este nosso trabalho [...].

1. O gestor deve estar atento às expectativas da direção e dos colaboradores.

2. [...] Estas atualizações que a gente faz é sempre colaborando até com a formação deles [...] faço com ajuda destes colaboradores [...] o cursos que eles fazem, o curso que eu faço, acabam se complementando e a gente... eh... tenta... eh... implantar isto aqui [...] relatos de acontecimentos em outros lugares... eh... matérias, artigos [...] gente acaba nas reuniões comentando e vendo o que é viável implantar aqui [...].

2. A preocupação com a inovação deve ser compartilhada com os colaboradores.

3. [...] minha função é de fazer o 3. O gestor tem a função de planejar as

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planejamento tanto das aulas [...] como das atividades extras, dos eventos [...].

atividades da academia.

4. [...] supervisionar este trabalho dos professores [...] se eles tão com alguma dificuldade em fazer fluir este planejamento [...].

4. A coordenação do pessoal técnico deve levar em consideração a execução do que foi planejado.

5. [...] fazendo as adaptações conforme a necessidade [...] minha função é estar sempre modificando, ver o que mudou e o que precisa ser mudado [...].

5. Deve estar atento às necessidades de reestruturação do trabalho.

6. [...] consiga uma fixação maior, né, dos alunos [...] esse compromisso, né, com essa fixação, essa fidelização do aluno [...] dentro das nossas condições, dentro do perfil, né, porque às vezes não é o perfil alunos você tentar fazer uma atividade que não vai surtir tanto lado positivo [...] a gente se preocupa em fazer e atender, né, essa necessidade do aluno [...] de correr atrás dessa... de agregar e deixar esse aluno bem servido aqui dentro [...].

6. O gestor deve estar focado nos objetivos do cliente.

Quadro 8 – Análise ideográfica do sujeito 6

Perfil ideográfico do sujeito 6

O sujeito expressa como sendo do gestor a responsabilidade pelo

planejamento das atividades da academia (3), bem como pela implementação do

mesmo (4), estando sempre atento às necessidades de reestruturação do trabalho

(5), baseado nas expectativas da direção, dos colaboradores e do cliente (1, 6), e

pela busca da inovação (2), que deve ser compartilhada com sua equipe.

4.3.7 Sujeito 7

Caracterização do sujeito 7

Sexo: Masculino Idade: 34 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 1999

Formação Complementar:

I) Pós-graduação em Fisiologia do Exercício, pela Unifesp

II) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems – 2010

III) Palestras sobre gestão e vendas, da ACADE Systems

Há quantos anos atua na área de academias? 15 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 8 anos

Page 72: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 8 anos

Trajetória profissional: Começou como professor nesta mesma academia e acabou

se destacando, com o tempo, pelo seu bom relacionamento com os alunos e demais

colaboradores. Acabava tomando a iniciativa de resolver uma série de questões, o

que fez com que os donos da academia o promovessem a coordenador de área e,

posteriormente, coordenador geral.

Entrevista do sujeito 7

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 7: Então, eh... o gestor, na verdade, ele... ele além de ser o líder...

educador, estar ajudando os professores a... a ter uma liderança eh... na

academia(1), você conseguir também gerenciar os processos para que a academia

consiga eh... tenha uma evolução(2), entendeu? Então assim, o gestor, na verdade,

ele... ele vai muito além do que... de apenas... apenas eh... verificar os lucros, as

despesas, as receitas(3). Ele precisa ter uma visão sistêmica de tudo que está

acontecendo(4), na verdade, além de ser gestor ele tem de ser um líder, na verdade,

um líder educador(1), mesmo.

Pesquisador: Fale-me um pouco mais sobre estes processos que você citou que

devem ser gerenciados.

Sujeito 7: Estes processos, na verdade, são eh... eu me refiro à questão de

organização de algumas ferramentas. Por exemplo, eh... controle sobre retenção(5),

por exemplo, retenção de alunos, que é um processo que a gente não vem

conseguin... conseguindo implantar, ainda. Isto depende de algumas coisas, des...

desde a catraca, do aluno entrando na academia desde os professores estarem

participando do processo de retenção eh... estarem preocupados com isso,

também(5). Então, falta um pouquinho dessas coisas, inclusive de... de passar

metas para os professores(5). Então, são processos que a gente percebe que não

faz direito, como deveria fazer, a gente faz incompleto. Como eu aprendi, tem coisas

que... se você não faz direito, é melhor não fazer, você economiza energia,

entendeu? É desperdício de energia, na verdade. Você faz um negócio e não

aproveita.

Page 73: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

Pesquisador: Que outros processos você mencionaria, além deste de retenção de

alunos?

Sujeito 7: Ah... ajudar na questão de... de... na própria venda(6), entendeu, o pós-

venda(5), que incide na retenção(5), ah... o marketing(7), as reuniões... as reuniões

pedagógicas(8), as reuniões com os professores, isso nós fazemos, mas precisamos

ser congruentes com o que a gente defende na reunião, a gente passa uma coisa na

reunião e acaba se perdendo no processo, e nisso você acaba perdendo

credibilidade com os seus colaboradores(1). Automaticamente, você perdendo a

credibilidade com os seus colaboradores, eles vão se tornando um reflexo do que

você é, e acabam passando isso para os nossos alunos.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] ele além de ser o líder... educador, estar ajudando os professores a... a ter uma liderança eh... na academia [...] além de ser gestor ele tem de ser um líder, na verdade, um líder educador [...] ser congruentes com o que a gente defende na reunião, a gente passa uma coisa na reunião e acaba se perdendo no processo, e nisso você acaba perdendo credibilidade com os seus colaboradores [...].

1. O gestor deve procurar desenvolver uma liderança servidora, baseado na confiança e no exemplo.

2. [...] conseguir também gerenciar os processos para que a academia consiga eh... tenha uma evolução [...].

2. O gestor tem participação ativa nos processos administrativos (planejamento, organização, direção, coordenação e controle).

3. [...] verificar os lucros, as despesas, as receitas [...].

3. Deve ter um conhecimento mínimo de finanças.

4. [...] precisa ter uma visão sistêmica de tudo que está acontecendo [...].

4. É necessário que se tenha uma visão sistêmica.

5. [...] controle sobre retenção [...] professores estarem participando do processo de retenção eh... estarem preocupados com isso, também [...] passar metas para os professores [...] pós-venda [...] na retenção [...].

5. A preocupação com a retenção dos clientes deve ser compartilhada com a equipe.

6. [...] ajudar na questão de... de... na própria venda [...].

6. O gestor deve ter um conhecimento mínimo da área de vendas.

7. [...] o marketing [...]. 7. Deve ter um conhecimento mínimo de marketing.

8. [...] reuniões pedagógicas [...]. 8. O gestor deve se preocupar com a permanente atualização pedagógica de seus professores.

Quadro 9 – Análise ideográfica do sujeito 7

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Perfil ideográfico do sujeito 7

O sujeito considera que o gestor deva atuar na administração da academia

(2), inclusive nas áreas de vendas (6), financeira (3) e marketing (7). Para tanto,

deve desenvolver uma estratégia baseada na liderança (1), lastreada por uma visão

sistêmica do negócio (4). Além de se preocupar com o constante aperfeiçoamento

de sua equipe (8), deve compartilhar com ela a necessidade de retenção dos seus

clientes (5).

4.3.8 Sujeito 8

Caracterização do sujeito 8

Sexo: Idade: 40 anos

Formação Acadêmica: Engenharia Mecânica IES: privada Ano: 1993

Formação Complementar:

I) Treinamentos de vendas da ACADE System

Há quantos anos atua na área de academias? 20 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 20 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 20 anos

Trajetória profissional: Estagiou na Phillips, na área de mecânica. Trabalhou na

Ericsson, na área de organização e métodos. Começou a fazer a faculdade e,

durante curso, surgiu a oportunidade de administrar a academia, que era do sogro. A

primeira experiência em gestão de academias foi esta, aos 20 anos de idade.

Entrevista do sujeito 8

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 8: (breve silêncio) Eu tenho... eu tenho... a descoberta que eu fiz

ultimamente é que... eu acho que a coisa mais importante para um gestor é verificar

se as crenças do grupo com o qual ele trabalha são as mesmas que ele tem(1). Ah...

eu tenho ouvido muito em... antes eu pensava muito em controle e hoje eu não

utilizo mais esta palavra, eu utilizo gerenciamento, né? E pra fazer este

gerenciamento eu tenho que estar com os meus colaboradores com as mesmas

crenças que eu tenho e... acho que o ponto principal pra você começar a gerenciar é

Page 75: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

ter bem definido se as crenças dos seus colaboradores são as mesmas que as

suas(1).

Pesquisador: O que você pode me dizer mais a respeito deste gerenciamento?

Sujeito 8: Uma coisa importante que a gente tem feito aqui é dividir as tarefas(2),

né, pra definir bem o que cada um faz(2), ah... (breve pausa) eu tenho visto

ultimamente, também, que a decisão por consenso(3) é fundamental nesse

gerenciamento, óbvio que tem alguns momentos que você tem que dar a palavra

final, mas eu sempre tento colocar as coisas para o grupo, pra gente decidir junto(3),

né?

Pesquisador: Com relação aos controles, que você mencionou, que tipos de

controles você determinava serem importantes?

Sujeito 8: A palavra controle, como eu te falei, eu não tenho usado mais, eu tenho

usado gerenciamento, né? Eu era muito ligado em ficar controlando números(4), pra

lá e pra cá, horários(4), e eu... números, horários, e eu ficava controlando e

chamando a atenção. E agora eu tenho utilizado outra estratégia, que é alinhar as

crenças(1), conseguir saber se as pessoas têm as mesmas crenças, e passar ah...

eles tão alinhados as crenças, você precisa fazer menos controle(1), eles começam

a acreditar na importância de não chegar atrasado(1), a importância de tá... de tá

empenhado nos resultados(3), em conjunto(3). É mais ou menos isso que eu tenho

feito como gestor.

Pesquisador: O que você acredita que seja importante o gestor saber para atuar?

Sujeito 8: (pausa) Eu acho que a coisa mais importante para o gestor poder atuar

é... lidar com gente(5). É o ponto principal. É saber gerenciar os seus recursos

humanos(5), né? Não é muito confortável falar em recursos, né, o nome recurso não

é uma coisa muito legal, mas eh... eu acho que o mais importante é você ter um bom

relacionamento com os seus colaboradores(6), eu acho que aí é o segredo de tudo.

Se eles tiverem confiança no que você está fazendo e você confiar neles, eu acho

que tudo flui muito fácil, muito fácil(7). E eu tento aplicar isso aí hoje aqui na minha

empresa.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

Page 76: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

1. [...] a coisa mais importante para um gestor é verificar se as crenças do grupo com o qual ele trabalha são as mesmas que ele tem [...] o ponto principal pra você começar a gerenciar é ter bem definido se as crenças dos seus colaboradores são as mesmas que as suas [...] alinhar as crenças [...] tão alinhados as crenças, você precisa fazer menos controle [...] eles começam a acreditar na importância de não chegar atrasado [...].

1. O alinhamento dos valores entre o gestor e os colaboradores é fundamental para que haja o comprometimento com os objetivos da empresa.

2. [...] dividir as tarefas [...] definir bem o que cada um faz [...].

2. Ser assertivo na determinação das funções dos colaboradores.

3. [...] decisão por consenso [...] sempre tento colocar as coisas para o grupo, pra gente decidir junto [...] empenhado nos resultados [...] em conjunto [...].

3. Desenvolver uma gestão participativa.

4. [...] controlando números [...] horários [...].

4. Ter o controle sobre as informações relativas aos números da empresa e ao comportamento dos funcionários em relação à pontualidade e assiduidade.

5. [...] para o gestor poder atuar é... lidar com gente [...] saber gerenciar os seus recursos humanos [...].

5. O gestor deve ter conhecimentos mínimos sobre gestão de pessoas.

6. [...] ter um bom relacionamento com os seus colaboradores [...].

6. Desenvolver uma boa relação interpessoal.

7. [...] Se eles tiverem confiança no que você está fazendo e você confiar neles, eu acho que tudo flui muito fácil, muito fácil [...].

7. Desenvolver uma liderança baseada na confiança.

Quadro 10 – Análise ideográfica do sujeito 8

Perfil ideográfico do sujeito 8

O sujeito considera fundamental que o gestor promova um alinhamento entre

os seus valores e os de seus colaboradores (1), bem como determinar com

assertividade as funções de cada um (2). Embora considere importante ter o

controle sobre as informações (4), acredita que a gestão participativa geral maiores

resultados (3). Para tanto, utiliza como estratégia um bom relacionamento com seus

colaboradores (6), desenvolvendo uma liderança baseada na confiança mútua (7).

Acredita ser importante ter conhecimentos mínimos sobre a gestão de pessoas (5).

4.3.9 Sujeito 9

Caracterização do sujeito 9

Sexo: Masculino Idade: 49 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 1983

Page 77: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

Formação Complementar:

I) Pós-graduação em Natação, FIG

II) Pós-graduação em Administração e Marketing Esportivo, Gama Filho – 2010

III) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems - 2010

Há quantos anos atua na área de academias? 24 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 24 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 24 anos

Trajetória profissional: Foi técnico de Natação do Juventus, onde coordenou a área

de Natação e também lecionou no curso técnico daquela instituição. Nesta época,

também coordenou uma academia de natação. Deu aulas de Educação Física na

FASP, onde aproveitou para fazer alguns cursos na área de Administração. Em

1986, montou uma academia em Interlagos, em sociedade com um aluno, a qual

ficou sob a responsabilidade de sua esposa. Quando resolveu largar a área

competitiva, começou a dar aula na sua academia, largando as aulas para se

dedicar apenas à gestão. De alguns anos para cá, sentiu a necessidade de voltar a

estudar e conhecer novos conceitos sobre gestão.

Entrevista do sujeito 9

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 9: Ser um gestor de academia para mim é... vou dizer o que me levou, a

visão que eu tenho hoje, né? Primeiro, é assim, primeiro eu acho que a pessoa tem

que ter um propósito(1), né, e esse propósito não é só o propósito econômico. A

gente tem que entender o negócio de uma maneira mais ampla(8), que é a maneira

como eu entendo hoje, né, dentro do campo filosófico e tudo mais, então, dentro do

propósito. E, casualmente, até, voltando um pouquinho no tempo, quando eu montei

esta academia aqui, isso aqui era uma escola de natação, uma escola de natação.

Nós comunicávamos que éramos uma escola de natação e nós entregávamos o que

nós comunicávamos(2). Então, as experiências que as pessoas tinham aqui eram

exatamente o que a gente comunicava. E nós tínhamos um sucesso gigantesco

aqui. Tanto é que eu tenho uma piscina aqui de 6m X 12m e nós tínhamos aqui, só

com natação, a gente chegou a ter aqui 500 alunos quase(3), pagantes mesmo ali

no mês 420, mas freqüentando mais de 500, num espaço que... você imagina como

era isso daqui. Trabalhava muito próximo da capacidade instalada. Então, eu tinha

Page 78: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

um resultado muito legal, né(3)? Então, hoje eu vejo assim, que o gestor tem que ter

muito claro o propósito(1), tá? Porque na realidade é isto, o negócio é isto, tá? Na

minha opinião, o negócio ele só existe quando existe uma necessidade das pessoas

e você monta uma empresa que atende estas necessidades(4), né? E a magia

acontece quando a necessidade é congruente com o que você está entregando(2).

Então, eu acho que o gestor, hoje, ele é responsável por esta magia, de fazer com

que esta magia ocorra(4), né? E ter um propósito claro, ter missão, ter os valores da

empresa, ter visão, e fazer com que tudo isto aí trabalhe de uma forma

sistematizada(1), né, que é, por exemplo, é isto que eu estou hoje aqui dentro de um

projeto de reestruturação(5). Porque eu percebo hoje que a minha empresa, hoje

não que ela já muito tempo assim, desde que eu perdi essa coisa da escola de

natação, quando eu comecei a botar outras coisas, ginástica, musculação, isso

daqui há pouco você não sabe o que você é, você não sabe o que você é! Você

comunica uma coisa, você entrega outra, você não entrega o que você comunica.

Então, é uma coisa complexa. Então, eu vejo hoje a minha empresa ela toda

departamentalizada, sem ter ligação com as coisas, tá? E o meu papel de gestor

hoje é ter uma empresa sistêmica, tá, onde a gente tenha um propósito e tudo isto

daqui esteja trabalhando em função deste propósito(1), tá. Então, eu vejo este o

papel do gestor, né, e de fomentar toda esta sistematização, ou seja, todo mundo

voltado para um objetivo(1), que eu acho que é o papel de líder, né? E hoje eu tenho

um propósito meu que, vai de encontro a isso também que é o de ajudar as pessoas

a se desenvolverem(6). Isso é o que eu quero. Pessoal, mas que tá também dentro

da empresa. E eu, como líder da empresa, também tô fazendo isto, né, eu tô

fomentando o desenvolvimento de cada uma destas pessoas que tá aqui

trabalhando com a gente(6), tô fazendo pensar, tô fazendo, sabe, ter um ideal, ter

metas, tudo isto aí que eu tô achando que é legal para mim, eu tô fomentando nas

pessoas, né? É um trabalho árduo porque eu tenho pessoas no mesmo nível

hierárquico que pensam diferente, né? Então, eu tive que montar toda uma

estratégia(7), que eu já tô com ela há uns dois anos funcionando, que agora tá

começando a andar, né, foi a minha opção, né, de fazer este trabalho. Eu poderia ter

dado um bico, falado assim “eu vou montar outra empresa, mas não, eu tive esta

opção, que até eu gosto, né, eu sou educador, eu acho que é uma coisa que tá

dentro da gente, né? Eu quero fazer isto. Então, eu vejo hoje o papel do gestor isto,

é este. Então, é óbvio que o gestor hoje ele é um cara que tem que tá... tem que tá

Page 79: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

enxergando lá na frente(8), ele tem que tá buscando conhecimento(9), tem que tá

procurando enxergar além do... das suas limitações, dos seus limites, do... do

próprio negócio(8), tá? Hoje eu busco, assim, exemplos de gestão na indústria de

hotelaria, tá, porque é uma indústria que tem haver com a nossa, também tem o

lance do bem estar e do cuidado com o cliente(10). Então, eu tô buscando muita

coisa nestas outras indústrias, né, pra poder fazer um trabalho mais interessante

aqui dentro da empresa.

Pesquisador: Fale um pouco mais sobre estes conhecimentos que você mencionou

que o gestor deve buscar.

Sujeito 9: Eh... eu tive a experiência de ter que fazer uma pós-graduação(9), tá? Fui

buscar conhecimento, conhecimento específico(9). Tanto é que eu terminei aquilo lá,

eu virei um especialista em Administração e Marketing Esportivo(9), apesar de eu

não me sentir assim, porque eu não vejo como você ser um especialista fazendo um

curso e pronto, né? Eu até tava comentando com o meu sócio aqui eh... muitas

coisas que eu pegava do conteúdo da pós-graduação eu não ficava limitado naquilo

lá, naquele conteúdo específico. Então, eu pegava alguns dados ali, eu começava a

abrir mais. Então, eu pegava um tema ali, então fulano fala isto, vamos ver que

sicrano fala, o outro fala, o outro fala... Daí, te leva a outros caras que falam outras

coisas e tudo mais(9). Então, eh... tem este lado da especialização. Porém, eu acho

que o gestor ele não pode ficar fechado, realmente, só nesta área de gestão, né,

técnica, né, você tem que procurar ter uma visão mais ecológica da coisa e mais

aberta(8). A gente tava conversando do professor, que ele tem que ter uma visão

mais ampla, né, eu acho que o gestor também tem que ter isto, né, você não pode

se especializar e se fechar num campo só. Então, hoje, por exemplo, eu estudo

também a parte de desenvolvimento pessoal, dentro do que acontece dentro da

cabeça das pessoas. Se você for analisar, teoricamente, não teria muito haver com

gestão, né, metodologias, tal. Eu tô estudando a cabeça das pessoas porque eu

preciso entender o cliente. Então, eu preciso ir pra essa área aí pra ver o que tá

acontecendo dentro da cabeça do cara, como é que o cara enxerga, né, o

produto(11). Até eu ouvi uma palestra de um cara na CBN, que escreveu um livro,

José Teixeira Martins, alguma coisa assim o nome dele, que escreveu um livro que

chama “O Foco do Cliente”, né? E a gente tem o lance de ver o foco no cliente. E a

semântica aí tem tudo haver, né? Quando eu tenho o foco no cliente às vezes eu

Page 80: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

coloco as minhas experiências, as minhas expectativas no cliente, né? Então, a

gente tem que sair um pouco disto e ir pro foco do cliente, entendeu? O que é que o

cara realmente quer, que muitas vezes não é o que ele fala, né? Então, é isto aí que

a gente tem que entender o funcionamento lá do cérebro do cara(11). Por isto que

eu tô estudando também PNL, que isto aí é uma coisa que me interessa muito.

Então, eu acho que o gestor ele tem que ter... ele tem que ser um cara eclético(10),

né, eu já fiz curso de marcenaria(10). Então, é coisa mais ou menos desse tipo, né,

eu te falei, eu adoro cozinhar, então, eu tenho os meus processos lá... Então, eu

acho que isto abre muito, abre muitas possibilidades pro gestor, né, você não fica só

num... fechado num campo, com uma visão, você passa a ter várias visões. Então,

eu acho que a gente... estes conhecimentos não são só na área de administração,

né, eu acho que você tem que buscar também em outras áreas que todas tem

relação com o negócio(10), né? Se a gente pensar no sistema ecológico, né, na

interdependência dos sistemas, né, então eu não posso estar focado só num

sistema, eu preciso ter uma idéia de todos para que eu possa(10)... que até vem de

encontro ao que eu quero, né, ter uma empresa sistêmica, eu não posso ter uma

visão fechada numa coisa só, em um sistema só. Então, eu vejo muito de gestor

isto. E, principalmente, desenvolver o lado de liderança(6), que no meu caso a

liderança que eu optei é esta liderança eh... em ser um líder educador(6). Isto daí

vem do modelo de gestão que é a Metanóia, não sei se você conhece, tá? Então,

vem deste modelo de gestão que até o Paulo lá da Body Systems tá trabalhando

com ela. Então eu vejo muito a gestão desta maneira.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] primeiro eu acho que a pessoa tem que ter um propósito [...] o gestor tem que ter muito claro o propósito [...] ter missão, ter os valores da empresa, ter visão, e fazer com que tudo isto aí trabalhe de uma forma sistematizada [...] o meu papel de gestor hoje é ter uma empresa sistêmica, tá, onde a gente tenha um propósito e tudo isto daqui esteja trabalhando em função deste propósito [...] o papel do gestor, né, e de fomentar toda esta sistematização, ou seja, todo mundo voltado para um objetivo [...].

1. O gestor tem que determinar claramente a missão, a visão, os valores e os objetivos da empresa, e criar condições para que tudo e todos estejam focados no alcance destes propósitos.

2. [...] Nós comunicávamos que éramos uma escola de natação e nós entregávamos o que nós comunicávamos

2. É importante haver equivalência entre o que se propõe e o que se entrega ao cliente.

Page 81: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

[...] a magia acontece quando a necessidade é congruente com o que você está entregando [...].

3. [...] Tanto é que eu tenho uma piscina aqui de 6m X 12m e nós tínhamos aqui, só com natação, a gente chegou a ter aqui 500 alunos quase [...] Trabalhava muito próximo da capacidade instalada. Então, eu tinha um resultado muito legal, né [...].

3. O gestor tem que buscar atingir um nível ótimo de ocupação da capacidade instalada.

4. [...] o negócio ele só existe quando existe uma necessidade das pessoas e você monta uma empresa que atende estas necessidades [...] o gestor, hoje, ele é responsável por esta magia, de fazer com que esta magia ocorra [...].

4. É necessário compreender a demanda e oferecer uma solução customizada.

5. [...] eu estou hoje aqui dentro de um projeto de reestruturação [...].

5. Deve estar atento às necessidades de reestruturação da empresa.

6. [...] ajudar as pessoas a se desenvolverem [...] fomentando o desenvolvimento de cada uma destas pessoas que tá aqui trabalhando com a gente [...] desenvolver o lado de liderança [...] ser um líder educador [...].

6. Desenvolver uma liderança educadora.

7. [...] É um trabalho árduo porque eu tenho pessoas no mesmo nível hierárquico que pensam diferente, né? Então, eu tive que montar toda uma estratégia [...].

7. Ter habilidade para buscar o consenso.

8. [...] entender o negócio de uma maneira mais ampla [...] gestor hoje ele é um cara que tem que tá... tem que tá enxergando lá na frente [...] tem que tá procurando enxergar além do... das suas limitações, dos seus limites, do... do próprio negócio [...] o gestor ele não pode ficar fechado, realmente, só nesta área de gestão, né, técnica, né, você tem que procurar ter uma visão mais ecológica da coisa e mais aberta [...].

8. Estar aberto a novas perspectivas e diferentes visões de mundo.

9. [...] ele tem que tá buscando conhecimento [...] tive a experiência de ter que fazer uma pós-graduação [...] Fui buscar conhecimento, conhecimento específico [...] virei um especialista em Administração e Marketing Esportivo [...] muitas coisas que eu pegava do conteúdo da pós-graduação eu não ficava limitado naquilo lá, naquele conteúdo específico. Então, eu pegava alguns dados ali, eu começava a abrir mais. Então, eu pegava um tema ali, então fulano fala isto, vamos ver que sicrano fala, o outro fala, o outro fala...

9. Buscar o conhecimento e desenvolver uma curiosidade científica.

Page 82: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

Daí, te leva a outros caras que falam outras coisas e tudo mais [...].

10. [...] Hoje eu busco, assim, exemplos de gestão na indústria de hotelaria, tá, porque é uma indústria que tem haver com a nossa, também tem o lance do bem estar e do cuidado com o cliente [...] o gestor ele tem que ter... ele tem que ser um cara eclético [...] eu já fiz curso de marcenaria [...] estes conhecimentos não são só na área de administração, né, eu acho que você tem que buscar também em outras áreas que todas tem relação com o negócio [...] eu não posso estar focado só num sistema, eu preciso ter uma idéia de todos para que eu possa [...].

10. Ter um conhecimento diversificado sobre assuntos que tenham relação com o negócio.

11. [...] Eu tô estudando a cabeça das pessoas porque eu preciso entender o cliente. Então, eu preciso ir pra essa área aí pra ver o que tá acontecendo dentro da cabeça do cara, como é que o cara enxerga, né, o produto [...] a gente tem que entender o funcionamento lá do cérebro do cara [...].

11. Estar focado nas expectativas do cliente.

Quadro 11 – Análise ideográfica do sujeito 9

Perfil ideográfico do sujeito 9

O sujeito demonstra preocupação com a determinação dos propósitos da

academia (1), bem como com a entrega de valor ao cliente (2, 4, 11). Para atingir tal

objetivo, acredita num estilo de gestão baseado na liderança educadora (6) e na

busca do consenso (7), sempre atento às necessidades de reestruturação (5), com

base numa visão aguçada e aberta (8) e na busca do conhecimento (9, 10), visando

o alcance de resultados ótimos (3).

4.3.10 Sujeito 10

Caracterização do sujeito 10

Sexo: masculino Idade: 43 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: pública Ano: 1993

Formação Complementar:

I) Especialização em Administração em Administração Esportiva – FGV – 2001

II) Gestão de Projetos – FEA – 2002

III) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems – 2009

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IV) Programação Neurolingüística – Instituto Saber – cursando em 2010

Há quantos anos atua na área de academias? 21 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 18 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 2 anos

Trajetória profissional: Iniciou como professor, se destacou por sua responsabilidade

e por ter implantado uma proposta de Condicionamento Físico Personalizado na

academia em que trabalhava, sendo promovido a coordenador desta área. Em 1996,

foi convidado para assumir a coordenação de Esportes Amadores, no São Paulo

Futebol Clube, sendo promovido posteriormente a Gerente de Esportes Amadores.

Em 2008, retornou à academia onde se encontra hoje, no cargo de Coordenador

Geral.

Entrevista do sujeito 10

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 10: Ser um gestor de academia? Acho que a... faz parte do gestor... mais

importante é saber lidar com pessoas(1), eh... relacionamento interpessoal(1) acho

que é uma coisa determinante, e uma pessoa que faz planejamento(2), que planeja

eh... trabalho, escopo de trabalho e gerencia isso(2), né, delegando... sabendo

delegar para outras pessoas(3). Acho que eu resumiria dessa forma.

Pesquisador: Fale-me um pouco mais a respeito deste planejamento e do

gerenciamento que você mencionou.

Sujeito 10: Bom, planejamento é você eh... você ter um objetivo(4), determinar qual

trabalho você tem que realizar para atingir o objetivo(5) e gerenciar os prazos dos

trabalhos a serem realizados(6), junto com as pessoas que tem que realizar o

trabalho(6).

Pesquisador: O que você acredita que um gestor precisa saber para exercer sua

função?

Sujeito 10: Acho que tem que ter um mínimo de técnica de planejamento(2) e saber

gerenciar pessoas(1), né, lidar com as pessoas, com as diferençar das pessoas e

respeitar, né, as diferenças das pessoas. Isto é o principal.

Seleção de unidades de significado – Unidades de significado na linguagem

Page 84: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

linguagem do pesquisado do pesquisador

1. [...] mais importante é saber lidar com pessoas [...] relacionamento interpessoal [...] saber gerenciar pessoas [...].

1. Desenvolver uma boa relação interpessoal.

2. [...] uma pessoa que faz planejamento [...] e gerencia isso [...] tem que ter um mínimo de técnica de planejamento [...].

2. Ter conhecimentos mínimos sobre planejamento.

3. [...] sabendo delegar para outras pessoas [...].

3. Saber delegar funções.

4. [...] você ter um objetivo [...]. 4. Ter clareza quanto aos objetivos a serem alcançados.

5. [...] determinar qual trabalho você tem que realizar para atingir o objetivo [...].

5. Saber traçar estratégias para alcançar os objetivos.

6. [...] gerenciar os prazos dos trabalhos a serem realizados [...] junto com as pessoas que tem que realizar o trabalho [...].

6. Controlar a execução do planejamento, coordenando a equipe com este objetivo.

Quadro 12 – Análise ideográfica do sujeito 10

Perfil ideográfico do sujeito 10

O sujeito considera o planejamento como sendo um instrumento fundamental

na gestão da academia (2) e que a sua execução deve ser controlada (6). Para

tanto, expressa ser importante ter clareza sobre os objetivos a serem alcançados

(4), bem como saber traçar as estratégias para este fim (5), sendo papel do gestor

delegar funções (3) e desenvolver um bom relacionamento interpessoal com a

equipe (1).

4.3.11 Sujeito 11

Caracterização do sujeito 11

Sexo: feminino Idade: 37 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: privada Ano: 1996

Formação Complementar:

I) Gestão e Liderança – SEBRAE – 2006

II) Gestão de Ginástica Coletiva – 16 horas – Body Systems – 2009

Há quantos anos atua na área de academias? 17 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 4 anos

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 4 anos

Trajetória profissional: Era nadadora do Baby Barioni. Começou a estagiar lá

mesmo, pela FUNDAP, quando entrou na faculdade de Educação Física, assumindo

aulas de natação. Foi contratada pela academia CPN – Centro Paulista de Natação

Page 85: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

– e, posteriormente pela academia atual, onde está há 15 anos, começando com

natação para bebês e crianças, vindo a assumir mais tarde aulas de hidroginástica,

departamento que veio a coordenar algum tempo depois. Hoje, coordena toda a

área aquática da academia.

Entrevista do sujeito 11

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 11: Precisa ter muito... estudar muito, assim, para entender as pessoas(1),

porque você lida com pessoas, né, tanto lado cliente(2), como os colaboradores(3),

né? Então assim, gestor eh... ter muito jogo de cintura(5), ter eh... aquela coisa... ser

ágil, né, na forma de abordar(4), ter raciocínio rápido, estar pensado super rápido(4).

No meu ponto de vista, gestor é isto, tem que estar ligado em tudo que acontece ao

seu redor(4) e tem que estar muito atento(4), ou seja um feedback, ou seja uma

resposta, ou seja uma pergunta, tem que estar sempre pronto(4). Eu acho que exige

bastante.

Pesquisador: O que um gestor precisa saber para exercer sua função?

Sujeito 11: Ah... acho que ele tem que ter, assim, um preparo, como a gente está

tendo com estas palestras do (.........), tem me ajudado muito pra, né, lidar com

pessoas(1), saber modo... como ele falou na última palestra, modo de você falar,

existe o jeito de você falar com a pessoa(1), não é sendo ríspido, às vezes... tem

hora que o nervoso te domina, então você tem que contar 1, 2, 3, 4, se não deu,

ainda vai contando mais, até você conseguir(5), né, porque todo mundo tem o lado

explosivo, né? Então, eu acho, assim... um bom gestor... é logico você... porque aí

você vira de chefia, né, que foi o que ele falou. Então, às vezes tem que tomar muito

cuidado para você não ir no lado da chefia(6), porque às vezes você acaba sendo,

pelo nervoso, pelo lado da situação você... acaba a chefia falando mais alto. Então,

eu acho que é assim, o gestor tem que ter muito... sempre lendo, se integrando,

estudando mesmo(7). Eu acho que é muito importante, que as palestras tem me

ajudado bastante.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] estudar muito, assim, para entender as pessoas [...] lidar com pessoas [...] modo de você falar, existe o

1. Desenvolver um bom relacionamento interpessoal.

Page 86: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

jeito de você falar com a pessoa [...].

2. [...] tanto lado cliente [...]. 2. Estar atento às expectativas dos clientes.

3. [...] como os colaboradores [...]. 3. Se preocupar com as necessidades dos colaboradores.

4. [...] ser ágil, né, na forma de abordar [...] ter raciocínio rápido, estar pensado super rápido [...] tem que estar ligado em tudo que acontece ao seu redor [...] estar muito atento [...] seja um feedback, ou seja uma resposta, ou seja uma pergunta, tem que estar sempre pronto [...].

4. Estar atento a tudo que acontece, de modo a tomar decisões rápidas e precisas.

5. [...] ter muito jogo de cintura [...] tem hora que o nervoso te domina, então você tem que contar 1, 2, 3, 4, se não deu, ainda vai contando mais, até você conseguir [...].

5. Ter controle sobre as emoções.

6. [...] tem que tomar muito cuidado para você não ir no lado da chefia [...].

6. Desenvolver uma autoridade baseada na liderança.

7. [...] sempre lendo, se integrando, estudando mesmo [...].

7. Buscar o conhecimento.

Quadro 13 – Análise ideográfica do sujeito 11

Perfil ideográfico do sujeito 11

O sujeito entende ser fundamental desenvolver uma autoridade baseada na

liderança (6), alicerçada por um bom relacionamento interpessoal (1) e na

preocupação com os clientes e colaboradores (2, 3). Para que isto aconteça,

acredita que o gestor deve estar sempre atento (4), agindo com presteza, mas

tomando cuidado para não agir intempestivamente (5). Considera também

importante o constante aperfeiçoamento (7).

4.3.12 Sujeito 12

Caracterização do sujeito 12

Sexo: masculino Idade: 46 anos

Formação Acadêmica: Educação Física IES: pública Ano: 1986

Formação Complementar:

I) EMPRETEC – SEBRAE – 2001

II) MBA Marketing em Serviços – ESPM – 2007

III) GFMi – Body Systems – 2009

Há quantos anos atua na área de academias? 27 anos

Há quanto tempo atua como gestor? 23 anos

Page 87: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

Há quanto tempo está nesta academia como gestor? 20 anos

Trajetória profissional: Começou com estagiário de natação em uma academia,

passando depois a professor. Nesta mesma época, também atuou como professor

de natação em um clube. Foi promovido a coordenador geral da academia, ficando

nesta função até a inauguração de sua própria academia, em 1990, onde assumiu a

coordenação técnica e, posteriormente, a gerência administrativa, cargo que tem

exercido nos últimos 7 anos.

Entrevista do sujeito 12

Pesquisador: Para você, o que é “ser um gestor de academia”?

Sujeito 12: O que é ser um gestor de academia? Bom... que pergunta aberta! É

administrar, né, administrar as pessoas, todas as pessoas(1), administrar os

números(2), administrar as expectativas(1), administrar... eu vejo... eu vejo tudo

como isto, quer dizer, administrar as necessidades(1), todas, basicamente isto, quer

dizer, dá pra dividir entre pega... administrar as pessoas... aí você pega as

expectativas que cada um tem(1), né, administrar ah... os objetivos que cada um

tem, pra... pra... pra se conseguir um objetivo melhor(1), administrar os números(2).

Basicamente é isto, né?

Pesquisador: Fale um pouco mais sobre administrar as necessidades.

Sujeito 12: Eu vejo... eu vejo... eu vejo, principalmente academia, que a gente

trabalha na área de serviços, cara, que o nosso fator mais importante são os nossos

recursos humanos, são as pessoas que estão aqui(3). A gente não tem máquinas,

não trabalha com máquinas, tem alguma coisa de equipamentos, mas eu vejo que o

que vai fazer o nosso sucesso é a nossa equipe(3). Então, a gente tem que ter as

pessoas comprometidas(1), as pessoas motivadas(1), a gente tem que tentar ajudar

estas pessoas a crescer profissionalmente(4), pra que isto se reverta pro trabalho...

Então, quando... quando eu falo administrar expectativas é ver... é tentar entender o

que cada um quer(1), o que cada um está pensando pra sua vida e ir direcionando

isso. Então, é isso que eu tentei fazer estes anos. Algumas pessoas eu teria até

perdido se eu não tivesse mudado elas de área, se não tivesse dado outras

perspectivas para que as pessoas crescessem(3). É mais ou menos isso que eu

entendo. Eu acho que, só assim, as pessoas crescendo aqui dentro, estando felizes

Page 88: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

aqui, é que a gente vai fazer o negócio crescer(3). E eu acho que é por isto que a

gente tá vivo até hoje, cara. Se não fossem as pessoas que estão aqui há tantos

anos, talvez a gente já tivesse naufragado no meio do caminho(3), né? Eu acho que

é isso. Basicamente, é isto. Isto em relação às pessoas, que eu acho que é o mais

importante(3). Depois, tem que administrar os números(2), né, que é o burocrático

da coisa, que é o contas a pagar, contas a receber, eh... investimentos(5),

marketing(6), essa parte toda aí, tem que ter uma noção de tudo isso também.

Pesquisador: Neste contexto, o que é preciso um gestor saber para atuar?

Sujeito 12: Acho que ele tem que ter noção de RH(1), tem que ter noção de

finanças(5), tem que ter noção de marketing(6)... vamos lá... nosso currículo de

MBA, todas as matérias que nós fizemos. RH, marketing, finanças, basicamente,

estes três, são os mais importantes.

Seleção de unidades de significado – linguagem do pesquisado

Unidades de significado na linguagem do pesquisador

1. [...] administrar as pessoas, todas as pessoas [...] administrar as expectativas [...] administrar as necessidades [...] administrar as pessoas... aí você pega as expectativas que cada um tem [...] administrar ah... os objetivos que cada um tem, pra... pra... pra se conseguir um objetivo melhor [...] a gente tem que ter as pessoas comprometidas [...] as pessoas motivadas [...] administrar expectativas é ver... é tentar entender o que cada um quer [...] tem que ter noção de RH [...].

1. O gestor tem que ter um bom conhecimento de gestão de pessoas.

2. [...] administrar os números [...] administrar os números [...] tem que administrar os números [...].

2. O gestor tem que ter controle sobre as informações quantitativas da academia.

3. [...] o nosso fator mais importante são os nossos recursos humanos, são as pessoas que estão aqui [...] o que vai fazer o nosso sucesso é a nossa equipe [...] Algumas pessoas eu teria até perdido se eu não tivesse mudado elas de área, se não tivesse dado outras perspectivas para que as pessoas crescessem [...] Eu acho que, só assim, as pessoas crescendo aqui dentro, estando felizes aqui, é que a gente vai fazer o negócio crescer [...] Se não fossem as pessoas que estão aqui há tantos anos, talvez a gente já tivesse naufragado no meio do

3. Deve ter conhecimento sobre o papel fundamental que as pessoas têm dentro da organização.

Page 89: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE ......uma forma de criar um mundo melhor para se viver. Em especial, aos profissionais de Educação Física que, como eu, reconhecem que

caminho [...] Isto em relação às pessoas, que eu acho que é o mais importante [...].

4. [...] a gente tem que tentar ajudar estas pessoas a crescer profissionalmente [...].

4. Desenvolver uma liderança servidora.

5. [...] que é o contas a pagar, contas a receber, eh... investimentos [...] tem que ter noção de finanças [...].

5. O gestor tem que ter conhecimentos mínimos de finanças.

6. [...] marketing [...] tem que ter noção de marketing [...].

6. O gestor tem que ter conhecimentos mínimos de marketing.

Quadro 14 – Análise ideográfica do sujeito 12

Perfil ideográfico do sujeito 12

O sujeito entende ser fundamental o papel das pessoas dentro da academia

(3). Portanto, entende que o gestor deve desenvolver uma liderança servidora (4),

com sólidos conhecimentos de gestão de pessoas (1). Também considera

importantes os conhecimentos sobre finanças (5) e marketing (6), além do controle

sobre as informações quantitativas da academia (2).

4.4 A construção dos resultados

4.4.1 A perspectiva metodológica

Uma vez analisados os perfis ideográficos contidos nos discursos individuais,

chegamos ao questionamento sobre sua pertinência em um contexto mais amplo.

Esta passagem do individual para o geral baseia-se nos momentos anteriores de

análise, “empreendimento [que] envolve uma compreensão dos diversos casos

individuais como exemplos de algo mais geral e a articulação destes casos

individuais, como exemplos particulares, em algo mais geral” (MARTINS e BICUDO,

2005, p. 106). Como estratégia para se alcançar esta transposição, realizamos a

análise nomotética dos dados obtidos no nível individual.

4.4.2 Análise nomotética

De acordo com Martins e Bicudo (2005, p. 105) o termo nomotético “refere-se

à normatividade ou às generalizações que decorrem do tratamento dos dados

fatuais e que terminam como princípio com poder de lei”. Desta forma, a ciência

empírica dá preferência à análise nomotética, em detrimento à análise ideográfica.

Contudo, os autores chamam a atenção de que é praticamente impossível chegar à

estrutura geral sem a devida atenção à análise individual.

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4.4.3 A leitura da matriz nomotética

Na primeira coluna à esquerda estão representadas as unidades de

significado identificadas pelo pesquisador nos discursos dos sujeitos. Estas

unidades de significado foram agrupadas de acordo com as convergências de idéias

apresentadas, de modo a facilitar a compreensão do fenômeno estudado em seus

aspectos gerais. A denominação destes agrupamentos está alinhada com a

literatura que reconhece três blocos de indicadores de competências,

conhecimentos, habilidades e atitudes (GRAMIGNA, 2007). Segundo a autora,

conhecimentos estão relacionados com informações, fatos, procedimentos e

conceitos (saber); habilidades envolvem a capacidade de colocar seus

conhecimentos em ação para gerar resultados, domínio de técnicas, talentos,

capacidades (saber fazer); e atitudes expressam valores, princípios,

comportamentos, ponto de vista, opiniões e percepções (querer).

Cada unidade de significado apresentada nesta primeira coluna recebeu um

nome, buscando facilitar sua menção ao longo da análise. Estas unidades de

significado passam a expressar para nós os indicadores de competências

percebidos nos discursos dos sujeitos. Porém, entendemos ser importante

mencionar o que cada um destes nomes representa para nós. Para tanto, são

relacionados e descritos a seguir.

A – Indicadores de conhecimentos:

GESTÃO DE PESSOAS: O gestor deve ter um bom conhecimento de gestão de

pessoas e estar ciente do papel fundamental que as pessoas têm na organização.

FINANÇAS: O gestor deve ter conhecimento, ainda que mínimo, sobre finanças.

VENDAS: O gestor deve ter conhecimento, ainda que mínimo, sobre a área de

vendas.

TÉCNICO ESPECÍFICO DA ÁREA: O gestor deve ter conhecimento básico sobre as

várias áreas da academia.

MARKETING: O gestor deve ter conhecimento básico sobre marketing.

ADMINISTRAÇÃO: O gestor deve ter conhecimento administrativo, ainda que

mínimo.

PLANEJAMENTO: O gestor deve ter conhecimento, ainda que mínimo, sobre

planejamento.

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B – Indicadores de habilidades:

LIDERANÇA: O gestor deve procurar desenvolver uma liderança servidora, baseada

na confiança e no exemplo.

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: O gestor necessita ter habilidade para

desenvolver e administrar o relacionamento interpessoal da equipe.

COMPOSIÇÃO DO MIX DE MARKETING: O gestor precisa compreender a

demanda e oferecer uma solução customizada, de maneira ativa, buscando sempre

uma equivalência entre o que se propõe e o que se entrega ao cliente.

VISÃO SISTÊMICA: O gestor necessita ter visão sistêmica e razoável noção da

função exercida.

DELEGAÇÃO DE PODERES: O gestor deve saber delegar, sendo assertivo na

determinação das funções dos colaboradores.

TEMPERANÇA: O gestor necessita ter controle sobre as próprias emoções.

MEDIAÇÃO: O gestor necessita ter habilidade para buscar o consenso.

GESTÃO PARTICIPATIVA: O gestor deve desenvolver uma gestão participativa.

VISÃO ESTRATÉGICA: O gestor necessita saber traçar estratégias para alcançar

os objetivos.

C – Indicadores de atitudes:

FOCO NO CLIENTE: O gestor deve estar focado nos objetivos e expectativas do

cliente, compartilhando esta preocupação com a equipe.

GERÊNCIA OPERACIONAL: O gestor deve ter uma preocupação constante com o

funcionamento operacional da academia.

BUSCA DO CONHECIMENTO: O gestor deve desenvolver uma curiosidade

científica, em constante aperfeiçoamento, preocupado com a permanente

atualização pedagógica dos professores.

EMPATIA: O gestor deve preocupar-se com as necessidades dos colaboradores.

PRESTEZA: O gestor deve estar atento a tudo que acontece, de modo a tomar

decisões rápidas e precisas, sempre baseado no conhecimento das expectativas de

clientes, colaboradores e direção.

PLANEJAMENTO: O gestor deve saber planejar as atividades da academia,

coordenando a equipe com o objetivo de executar o que foi planejado.

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FOCO NOS RESULTADOS: O gestor precisa ter foco nos resultados, considerando

o que é esperado pela academia, os seus próprios objetivos e os de seus

colaboradores, tendo clareza quanto aos objetivos a serem alcançados.

MISSÃO E VALORES: O gestor deve determinar claramente a missão, a visão, os

valores e os objetivos da empresa, e criar condições para que haja um alinhamento

da equipe, de modo que todos estejam comprometidos com o alcance destes

propósitos.

VISÃO: O gestor deve estar aberto a novas perspectivas e diferentes visões de

mundo, com um conhecimento diversificado sobre assuntos que tenham relação

com o negócio.

POSTURA: Na coordenação do pessoal, o gestor deve levar em consideração a

postura profissional.

REESTRUTURAÇÃO: O gestor deve estar atento às necessidades de

reestruturação do trabalho.

ADMINISTAÇÃO: O gestor deve ter postura para participar ativamente dos

processos administrativos.

INOVAÇÃO: O gestor de ter preocupação constante com a inovação, compartilhada

com os colaboradores.

ATENDIMENTO: O gestor deve procurar a excelência no atendimento às pessoas.

OTIMIZAÇÃO: O gestor deve buscar atingir um nível ótimo de ocupação da

capacidade instalada, mantendo controle sobre as informações quantitativas da

academia.

PROMOÇÃO: O gestor deve cuidar da comunicação externa da academia, visando

à captação de clientes.

As demais colunas representam os discursos dos sujeitos, com exceção da

ultima coluna, à direita. O cruzamento das linhas horizontais – contendo as unidades

de significado – com as colunas – que representam os discursos dos sujeitos – nos

permite conhecer quais unidades de significado foram identificadas nos discursos de

cada sujeito. O número assinalado em cada intersecção corresponde à numeração

encontrada na transcrição de cada discurso.

Por fim, a última coluna à direita totaliza o número de vezes que cada uma

das unidades de significado foi mencionada, permitindo-nos observar as

convergências existentes nos discursos, bem como as idiossincrasias que foram

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expressas pelos sujeitos. Desta forma, podemos considerar que nenhuma idéia foi

desprezada pela análise, uma vez que, mesmo aquelas que foram expressas

apenas uma vez, foram apreciadas.

Para efeito de melhor visualização, separamos a apresentação da matriz por

tipo de agrupamento, permitindo que cada tabela coubesse numa mesma página,

facilitando visualmente a análise de conjunto. A sequência de apresentação na

matriz leva em consideração o número de vezes que cada unidade de significado foi

mencionada em cada categoria.

CATEGORIA CONHECIMENTOS (18)

Unidades de Significado Suj.

1 Suj.

2 Suj.

3 Suj.

4 Suj.

5 Suj.

6 Suj.

7 Suj.

8 Suj.

9 Suj. 10

Suj. 11

Suj. 12

total

1. GESTÃO DE PESSOAS 7 7 5

1 3

5

2. FINANÇAS 6 3 2 3 5 5 3. VENDAS 6 6 2 4. TÉCNICO ESPECÍFICO DA ÁREA

5 4 2

5. MARKETING 7 6 2 6. ADMINISTRAÇÃO 8 1 7. PLANEJAMENTO 2 1

Quadro 15 – Matriz nomotética – Conhecimentos

O Quadro 15 apresenta a organização das sete unidades de significado

identificadas pelo pesquisador no discurso dos sujeitos, para a categoria

conhecimentos. O número 18, à direta do título, representa a somatória da coluna

total. Ele indica o total de vezes que as unidades de significado desta categoria

foram mencionadas no conjunto dos discursos. Gestão de pessoas e finanças foram

as unidades de significado mais mencionadas pelos sujeitos no grupo relativo aos

indicadores de conhecimento, com cinco menções cada. Os conhecimentos técnico

específico da área, vendas e marketing foram mencionados duas vezes cada,

enquanto os de administração e planejamento receberam uma menção cada.

É interessante observar como dois tipos de conhecimentos que aparentam

ser diametralmente opostos, como gestão de pessoas – concentrado na área das

ciências humanas – e finanças – que se concentra na área das ciências sociais

aplicadas, mas com elementos muito fortes da área das ciências exatas – se

apresentam como os mais mencionados neste grupo de indicadores. Entretanto,

quando analisados em conjunto com os demais grupos, percebemos uma

proximidade entre gestão de pessoas e liderança ou relacionamento interpessoal,

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que são os dois indicadores mais mencionados na categoria habilidades. Da mesma

forma, o indicador finanças está bastante próximo de indicadores como visão

sistêmica e foco nos resultados, presentes respectivamente na categoria habilidades

e na categoria atitudes, ambos com um número mediano de menções.

Quanto ao fato dos indicadores administração e planejamento serem

mencionados apenas uma vez cada, consideramos que seja por motivos bem

diferentes.

No caso de administração, é possível interpretar que os sujeitos julgam tão

óbvio que o gestor necessite deste tipo de conhecimento, que não seja necessário

referir-se a ele. Assim, pode-se avaliar que esta é uma idiossincrasia que já esteja

incorporada ao escopo da função dos gestores. Entretanto, julgamos que é

importante que este indicador seja mencionado, como forma de que não nos

esqueçamos da sua relevância no contexto dos indicadores de competências

inerentes à função.

Já com relação ao indicador planejamento, embora seja uma atividade típica

da função dos professores, muitos gestores desconhecem a profundidade dos

conhecimentos relacionados a esta atividade na esfera da Administração de

Empresas. A menção desta unidade de significado foi feita justamente por um sujeito

que nos contou ter cursado uma especialização em Administração para Profissionais

do Esporte, na Fundação Getúlio Vargas. Certamente, ele se referia aos

conhecimentos sobre planejamento tais como ele tomou contato nesta

especialização, o que nos remete a outra estrutura de planejamento, diferente

daquela que é típica da atividade do professor e que o gestor com formação em

Educação Física está mais habituado. Portanto, consideramos que esta

idiossincrasia pode nos apontar um pensamento novo que se forma no conjunto das

idéias apresentadas, devendo ser tratado com atenção especial.

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HABILIDADES (20)

Unidades de Significado Suj.

1 Suj.

2 Suj.

3 Suj.

4 Suj.

5 Suj.

6 Suj.

7 Suj.

8 Suj.

9 Suj. 10

Suj. 11

Suj. 12

total

1. LIDERANÇA 1 7 6 6 4 5 2. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

1 6 1 1 4

3. COMPOSIÇÃO DO MIX DE MARKETING

3 2 4

3

4. VISÃO SISTÊMICA 8 4 2 5. DELEGAÇÃO DE PODERES

2 3 2

6. TEMPERANÇA 5 1 7. MEDIAÇÃO 7 1 8. GESTÃO PARTICIPATIVA

3 1

9. VISÃO ESTRATÉGICA 5 1 Quadro 16 – Matriz nomotética – Habilidades

Podemos notar pela apresentação do Quadro 16 que o número total de

menções do grupo de indicadores de habilidades não foi muito diferente da

quantidade de menções apresentada no grupo conhecimentos, totalizando 20 contra

18. Entretanto, puderam ser identificados nove indicadores diferentes para esta

categoria. Consequentemente, pudemos observar maior número de indicadores com

apenas uma menção, sendo eles temperança, mediação, gestão participativa e

visão estratégica. Por sua vez, visão sistêmica e delegação de poderes foram

mencionados duas vezes cada, composição do mix de marketing três vezes e

relacionamento interpessoal quatro vezes. O maior número de menções para esta

categoria foi liderança, com cinco referências.

O que nos chamou a atenção na análise desta categoria foi o fato de haver

um grande número de indicadores relacionados às pessoas, sejam elas o cliente, os

colaboradores, os diretores das academias ou os próprios gestores. Liderança,

relacionamento interpessoal, delegação de poderes, temperança, mediação e

gestão participativa são exemplos de indicadores relacionados com a dimensão das

pessoas.

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ATITUDES (44)

Unidades de Significado Suj.

1 Suj.

2 Suj.

3 Suj.

4 Suj.

5 Suj.

6 Suj.

7 Suj.

8 Suj.

9 Suj. 10

Suj. 11

Suj. 12

total

1. FOCO NO CLIENTE 1 3 5 6 5 11 2 7 2. GERÊNCIA OPERACIONAL

1 1 4 4 2 5

3. BUSCA DO CONHECIMENTO

7 8 9 7 4

4. EMPATIA 2 4 2 3 4 5. PRESTEZA 5 6 4 3 6. PLANEJAMENTO

3 4

6 3

7. FOCO NOS RESULTADOS

5 1 4 3

8. MISSÃO E VALORES 1 1 2 9. VISÃO

8

10 2

10. POSTURA 2 3 2 11. REESTRUTURAÇÃO 5 5 2 12. ADMINISTAÇÃO 1 2 2 13. INOVAÇÃO 6 2 2 14. ATENDIMENTO 3 1 15. OTIMIZAÇÃO 3 1 16. PROMOÇÃO 4 1

Quadro 17 – Matriz nomotética – Atitudes

A leitura do Quadro 17 nos aponta o grande número de menções referidas

para a categoria atitudes, um total de 44 para os 16 indicadores identificados nos

discursos dos sujeitos, número que supera a soma de menções das duas classes de

indicadores anteriores. Denota-se com esta apreciação a grande importância das

atitudes do gestor na condução do exercício de suas funções.

Se confrontarmos os conhecimentos e habilidades com maior número de

menções – gestão de pessoas, finanças, liderança, relacionamento interpessoal e

compor o mix de marketing – com as atitudes mais mencionadas – foco no cliente,

gerência operacional, busca do conhecimento, empatia, presteza, planejamento e

foco nos resultados – podemos notar a complementaridade entre estes indicadores

de competências. Em outras palavras, a presença dos indicadores de

conhecimentos e habilidades em destaque, aliados aos indicadores de atitudes

mencionados, nos dão uma adequada dimensão da possibilidade de implementação

das condutas necessárias ao exercício da função do gestor de academias, de

acordo com a percepção dos entrevistados.

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Por sua vez, missão e valores, visão, postura, reestruturação, administração e

inovação são indicadores atitudinais coadjuvantes dos indicadores anteriores,

facilitadores dos processos que constituem a prática profissional do gestor.

Já os indicadores idiossincráticos atendimento, otimização e promoção

podem ser entendidos como variação da expressão de indicadores anteriores.

Atendimento pode se relacionar com foco no cliente e empatia; otimização pode

estar relacionado a foco nos resultados; e promoção relaciona-se facilmente com

compor o mix de marketing, contudo, não deixam de ter sua relativa importância.

Para nós, o que fica evidente na análise do Quadro 17 e de sua relação com

os anteriores é a magnitude das menções que os indicadores atitudinais

apresentaram, em comparação com os indicadores de conhecimentos e de

habilidades.

Vamos retomar o conceito de competências que apresentamos no início deste

estudo. Afirmamos que competência indica a utilização de conhecimentos,

habilidades e técnicas para a execução eficaz de um determinado propósito,

fazendo um julgamento adequado quanto à necessidade de intervenção de cada

recurso mobilizado, onde o indivíduo recruta os conhecimentos adquiridos em sua

formação profissional, bem como aqueles advindos de sua vida pessoal e de sua

experiência no trabalho, ajustando-os da forma que melhor possam atender às

solicitações dos desafios que a ele se colocam. Se analisarmos tal conceito à luz

dos resultados da análise nomotética apresentada, podemos avaliar que o indivíduo

recruta e utiliza conhecimentos e habilidades movido por uma atitude, que está

relacionada com querer atingir os resultados propostos. Sendo assim, podemos

afirmar que as competências atitudinais são vitais para o exercício da função do

gestor.

Outra relação que pode ser observada na apreciação dos indicadores

levantados por este estudo é com os saberes mencionados por Fleury e Fleury

(2001), com base nos estudos de Le Bortef. Se nos detivermos na descrição destes

saberes, assim como proposto pelos autores, veremos como eles permeiam alguns

indicadores de habilidade e atitudes que apresentamos. No Quadro 18, procuramos

evidenciar esta relação:

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SABERES INDICADORES

Saber agir – saber o que e por que faz, saber julgar, escolher e decidir.

Composição do mix de marketing Visão sistêmica Foco no cliente Planejamento Foco nos resultados

Saber mobilizar recursos – criar sinergia e mobilizar recursos e competências.

Mediação Gestão participativa Delegação de poderes Relacionamento interpessoal

Saber comunicar – compreender, trabalhar, transmitir informações.

Promoção

Saber aprender – trabalhar o conhecimento e a experiência, rever modelos mentais, saber desenvolver-se.

Busca do conhecimento Visão Inovação

Saber engajar-se e comprometer-se – saber empreender, assumir riscos, comprometer-se.

Missão e valores Gerência operacional Empatia

Saber assumir responsabilidades – ser responsável, assumindo riscos e consequências de suas ações e sendo por isso reconhecido.

Administração

Ter visão estratégica – conhecer e entender do negócio da organização, o seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas.

Visão estratégica Reestruturação

Quadro 18 – Relação entre saberes e indicadores de competências

4.4.4 A proposição de competências baseada na convergência dos indicadores

percebidos nos discursos dos sujeitos com a literatura

A análise dos indicadores de competências apresentados acima resultou na

ação de agrupá-las de acordo com a afinidade dos temas com os quais elas se

relacionam. Assim, surge a proposição das competências necessárias ao

desempenho da função de gestor esportivo em academias esportivas, com base na

convergência entre os indicadores apontados pelo discurso dos sujeitos e a literatura

pertinente.

Em algumas oportunidades, repetimos indicadores em competências

distintas, por acreditarmos que certos indicadores se relacionam com mais de uma

competência. Desta forma, poderemos apreciar o quanto estes agrupamentos se

aproximam dos conceitos expressos pela literatura que aborda o fenômeno da

gestão esportiva e da administração de forma geral.

O primeiro agrupamento que analisamos diz respeito a um tema que se

apresentou como sendo a principal preocupação dos gestores de academias nos

discursos dos sujeitos: a competência na gestão de pessoas. Esta competência é

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percebida pelo indicador de conhecimentos gestão de pessoas; pelos indicadores de

habilidades liderança, relacionamento interpessoal, delegação de poderes,

temperança, mediação e gestão participativa; e pelos indicadores de atitudes

empatia, atendimento e postura.

É consenso entre os autores da área o caráter fundamental que as pessoas

têm dentro das organizações esportivas (BASTOS, 2003; FEUSTEL, 2004; BASTOS

e MOCSÁNYI, 2005), chegando a ser considerado o seu principal ativo (BASTOS e

MOCSÁNYI, 2005).

Porém, alcançar os resultados esperados nesta área depende de uma série

de aspectos. A busca da sinergia entre o trabalho em equipe, o gestor e os objetivos

que se pretende atingir requer a construção de uma liderança solidificada em valores

éticos; o desenvolvimento de uma organização responsavelmente compartilhada do

trabalho; uma comunicação eficaz a respeito daquilo que se espera de cada um

dentro da organização; uma preocupação constante com as necessidades dos

colaboradores e com seu desenvolvimento profissional; e dispensar aos

colaboradores um tratamento que tenha a mesma excelência do que se dispensa

aos clientes.

Nas palavras de Bastos e Mocsányi (2005, p. 67):

As organizações esportivas precisam rever o modelo atual de gestão de pessoas que utilizam, para que possam efetivamente trabalhar esses fatores de maneira sistêmica com o objetivo de reter os melhores profissionais, aumentando sua competitividade.

O segundo agrupamento de indicadores que sugerimos nos remete à

competência para administração de marketing. Esta competência é percebida

através dos indicadores de conhecimentos marketing, vendas, técnico específico da

área e finanças; dos indicadores de habilidades composição do mix de marketing,

visão sistêmica e visão estratégica; e dos indicadores de atitudes foco no cliente,

foco nos resultados, atendimento, promoção, otimização, visão e missão e valores.

Primeiramente, é preciso evidenciar que o nosso conceito de marketing se

aproxima daquele exposto por Sousa et al (2005), entendendo que marketing não é

só promoção, não é só vendas e também não é apenas as duas coisas juntas.

Marketing é o trabalho que se desenvolve de coordenar todas as áreas de uma

organização no sentido de corresponder às necessidades do cliente.

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Kotler (2000, p. 30) entende que haja duas definições para marketing, uma

social e a outra gerencial. Ele compreende marketing social como sendo:

[...] um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.

A administração de marketing gerencial é definida pelo autor como:

[...] o processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço (pricing) a promoção e a distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais.

Desta forma, numa academia de esportes podemos entender que é da

responsabilidade do marketing, em conjunto com as áreas específicas, adequar as

instalações e o ambiente, criar as soluções para as necessidades dos clientes,

proporcionar uma percepção de valor que se ajuste aos preços que se pretende

praticar e desenvolver uma comunicação eficaz, que seja capaz de tornar exequível

toda a operação. Isto pode ser percebido no conjunto dos discursos analisados e

está em consonância com o que nos apresenta a literatura:

Quando uma organização oferece produtos, serviços e preços adequados ao mercado e distribui e promove-os com eficiência, à venda de tais produtos e serviços, torna-se muito mais fácil. (SOUSA et al, 2005, p.2)

Feustel (2004, p.26) vê na “combinação dos fatores gestão de negócios,

marketing, produção e serviços” uma solução para a busca da “permanência dos

clientes na empresa pela satisfação e atendimento das necessidades buscadas”.

Para este propósito, o autor aponta a necessidade de se estabelecer claramente os

objetivos e as estratégias que se pretende desenvolver para que a missão da

organização seja cumprida, partindo do princípio “de que a prestação de serviço

prima pelo atendimento ao cliente, qualidade, conforto e flexibilidade (FEUSTEL,

2004, p.43)”.

Nesta condição, deve-se observar o cliente não como um consumidor de produtos pré-fabricados, mas como um ser humano total, que possui aspirações, desejos, necessidades e uma grande capacidade de contribuição. (FEUSTEL, 2004, p.57)

Tanto este autor quanto Bastos e Mocsányi (2005) chamam a atenção para o

fato de que os serviços prestados por uma organização esportiva são intangíveis e

estão totalmente vinculados às estratégias de atendimento, que são realizadas pelas

pessoas que fazem parte destas organizações, demonstrando novamente o caráter

fundamental que elas representam para o alcance dos objetivos propostos.

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Em especial no setor de serviços, a influência do trabalho das pessoas no resultado do negócio e na captação de clientes é ainda mais perceptível. Na área de atividade física, em particular, atrair e reter talentos torna-se primordial em virtude da acirrada disputa por mercado na atualidade, além do fato do bom atendimento aos clientes ser o grande diferencial competitivo das organizações (BASTOS e MOCSÁNYI, 2005, p.56).

A competência para realizar o planejamento estratégico surge do terceiro

agrupamento que iremos analisar. Ele é composto pelo indicador de conhecimentos

planejamento; pelo indicador de habilidades visão estratégica; e pelos indicadores

de atitudes planejamento, foco nos resultados, reestruturação, missão e valores e

visão.

Como já dissemos anteriormente, o planejamento é uma atividade comum do

cotidiano dos professores e profissionais de Educação Física. Tanto na atividade

escolar quanto em atividades esportivas e de condicionamento físico, é necessário

estabelecer metas; definir estratégias para alcançá-las; organizar as estratégias ao

longo do tempo; conduzir avaliações para aferir a adequação das estratégias em

relação às metas que se pretende alcançar em cada etapa; reestruturar as

estratégias, caso se entenda que seja necessário.

Este processo de planejamento é concebido de modo similar por Perrenoud

(2000), quando explana sobre a competência administrar a progressão das

aprendizagens, que faz parte do conjunto de dez novas competências que o autor

propõe para os professores. Na visão do autor, esta competência mobiliza outras

cinco competências mais específicas, quais sejam:

Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às

possibilidades dos alunos;

Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino;

Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades da

aprendizagem;

Observar e avaliar os alunos em situação de aprendizagem, de acordo

com uma abordagem formativa; e

Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de

progressão.

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De maneira análoga, Weineck (2003) expõe que o planejamento de um

treinamento esportivo deve levar em consideração a determinação dos objetivos, os

métodos de treinamento, os estímulos, a duração de cada período e a avaliação do

treinamento, seja para treinamentos de longo prazo ou para uma única sessão de

treinamento. O autor considera que a divisão em fases e a contínua adequação e

periodização dos estímulos sejam as características mais importantes de um

planejamento do treinamento.

Porém, o conceito de planejamento que consideramos mais adequado à

atuação do gestor esportivo envolve outras características e nuances, ligeiramente

diferentes dos aspectos aos quais o professor ou treinador estão mais

familiarizados, uma vez que ao gestor cabe administrar um negócio. Para nós, a

definição de Kotler (2000, p.86) para o que ele chama de planejamento estratégico

voltado para o mercado expõe os fatores que devem conduzir o gestor na execução

do planejamento estratégico de sua academia:

É o processo gerencial de desenvolver e manter um ajuste viável entre objetivos, habilidades e recursos de uma organização e as oportunidades de mercado em contínua mudança. O objetivo do planejamento estratégico é dar forma aos negócios e produtos de uma empresa, de modo que eles possibilitem os lucros e o crescimento almejado.

O autor enumera as sucessivas etapas que compõem o planejamento

estratégico da seguinte forma:

Definição da missão do negócio;

Análise das oportunidades e ameaças externas;

Análise de forças e fraquezas;

Formulação de metas;

Formulação de estratégias;

Formulação de programas de apoio;

Implementação dos programas e coleta de feedback; e

Exercício de controle.

O planejamento estratégico descrito acima e entendido por nós como sendo o

mais adequado à atuação do gestor de academias corresponde com a observação

de Lobato e Vitorino (1997, p.95) de que, para alcançar seus objetivos, as

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organizações esportivas devem se basear em um processo administrativo,

satisfatoriamente implantado e conduzido. Os autores também consideram

importante para garantir a manutenção de um índice de satisfação duradoura (ibid.,

p. 95) que a organização esteja atenta às necessidades de reestruturação.

Considerando que a tarefa do gestor é de modificar as atividades da empresa

para atender às novas realidades, os autores consideram que:

[...] não podemos nos prender apenas às práticas passadas para que estas sirvam de modelos às que virão. Apenas servirão de sintonia para novos problemas e outras soluções (LOBATO e VITORINO, 1997, p. 98).

É nesta esteira de pensamentos que passamos a analisar outra competência

proposta, a competência na gestão do conhecimento e autodesenvolvimento.

Percebida pelo agrupamento dos indicadores de atitudes busca do conhecimento,

inovação e reestruturação, este agrupamento nos remete a necessidade de

constante aperfeiçoamento da experiência administrativa, induzindo ao

encaminhamento de novas pesquisas e reflexões (LOBATO e VITORINO, 1997, p.

99). A atividade profissional do gestor esportivo deve ser encarada como um

trabalho de conhecimento, um tipo de trabalho que, segundo CRUZ JUNIOR et al

(2005, p. 430), desafia a rotina e requer o uso da criatividade na sua produção. Os

autores entendem que:

[...] esse conceito é estendido para as organizações que convivem em um ambiente de mudanças, sob exigências inesperadas e um aprendizado contínuo. Neste tipo de organização [...] há uma necessidade constante de inovação, que requer o uso de sistemas de competências desenvolvidas sobre os próprios interesses dos indivíduos no trabalho e que possam ser utilizados pela organização baseada em conhecimento (CRUZ JUNIOR et al, 2005, p. 430).

Não menos importante que os demais agrupamentos, o indicador de

conhecimentos administração; os indicadores de habilidades delegação de poderes,

mediação e gestão participativa; e os indicadores de atitudes gerência operacional,

administração, otimização, presteza e atendimento nos sugerem a proposição da

competência de capacidade administrativa.

A literatura considera que, frente à complexidade das organizações

esportivas, o trabalho administrativo deve ser conduzido de maneira efetiva, com

base em conhecimentos especializados e nos conceitos e teorias gerais da

administração (LOBATO e VITORINO, 1997; BASTOS, 2003; FEUSTEL, 2004).

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Na busca de um estilo de administração que seja mais adequado à gestão de

uma academia esportiva, o gestor deve compreender em qual forma de organização

sua empresa pode ser enquadrada, de acordo com a tipologia descrita pela

literatura, que entende que as organizações se dividem entre as organizações

baseadas em trabalho e as organizações baseadas em conhecimento. Embora

podendo ser encarada como uma organização caracteristicamente baseada em

conhecimento, é preciso se considerar também que uma academia necessite

estabelecer certas rotinas características das organizações baseadas no trabalho

(CRUZ JUNIOR et al, 2005).

4.4.5 Síntese dos resultados

Em síntese, os resultados da pesquisa nos permitiram a descrição de cinco

competência, bem como seus respectivos indicadores, como segue abaixo:

1- Competência na gestão de pessoas: capacidade de se relacionar com as

pessoas de modo assertivo e proativo, estabelecendo uma liderança baseada

na confiança e na participação.

Indicador de conhecimentos:

- Gestão de pessoas: ter um bom conhecimento de gestão de pessoas e estar

ciente do papel fundamental que as pessoas têm na organização.

Indicadores de habilidades:

- Liderança: procurar desenvolver uma liderança servidora, baseada na

confiança e no exemplo.

- Relacionamento interpessoal: ter habilidade para desenvolver e administrar

o relacionamento interpessoal da equipe.

- Delegação de poderes: saber delegar, sendo assertivo na determinação das

funções dos colaboradores.

- Temperança: ter controle sobre as próprias emoções.

- Mediação: ter habilidade para buscar o consenso.

- Gestão participativa: desenvolver uma gestão participativa.

Indicadores de atitudes:

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- Empatia: preocupar-se com as necessidades dos colaboradores.

- Atendimento: procurar a excelência no atendimento às pessoas.

- Postura: na coordenação do pessoal, levar em consideração a postura

profissional.

2- Competência para administração de marketing: capacidade de articular

adequadamente os recursos de que dispõe, de modo a oferecer as soluções

mais acertadas para a satisfação das necessidades de seus clientes,

alcançando os resultados esperados pela organização.

Indicadores de conhecimentos:

- Marketing: ter conhecimento básico sobre marketing.

- Vendas: ter conhecimento, ainda que mínimo, sobre a área de vendas.

- Técnico específico da área: ter conhecimento básico sobre as várias áreas

da academia.

- Finanças: ter conhecimento, ainda que mínimo, sobre finanças.

Indicadores de habilidades:

- Composição do mix de marketing: compreender a demanda e oferecer uma

solução customizada, de maneira ativa, buscando sempre uma equivalência

entre o que se propõe e o que se entrega ao cliente.

- Visão sistêmica: ter visão sistêmica e razoável noção da função exercida.

- Visão estratégica: saber traçar estratégias para alcançar os objetivos.

Indicadores de atitudes:

- Foco no cliente estar focado nos objetivos e expectativas do cliente,

compartilhando esta preocupação com a equipe.

- Foco nos resultados: ter foco nos resultados, considerando o que é

esperado pela academia, os seus próprios objetivos e os de seus

colaboradores, tendo clareza quanto aos objetivos a serem alcançados.

- Atendimento: procurar a excelência no atendimento às pessoas.

- Promoção: cuidar da comunicação externa da academia, visando à captação

de clientes.

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- Otimização: buscar atingir um nível ótimo de ocupação da capacidade

instalada, mantendo controle sobre as informações quantitativas da

academia.

- Visão: estar aberto a novas perspectivas e diferentes visões de mundo, com

um conhecimento diversificado sobre assuntos que tenham relação com o

negócio.

- Missão e valores: determinar claramente a missão, a visão, os valores e os

objetivos da empresa, e criar condições para que haja um alinhamento da

equipe, de modo que todos estejam comprometidos com o alcance destes

propósitos.

3- Competência para realizar o planejamento estratégico: saber identificar as

estratégias mais adequadas ao alcance dos objetivos, envolvendo os

colaboradores através do alinhamento dos valores e compreensão da missão

da organização.

Indicador de conhecimentos:

- Planejamento: ter conhecimento, ainda que mínimo, sobre planejamento.

Indicador de habilidades:

- Visão estratégica: saber traçar estratégias para alcançar os objetivos.

Indicadores de atitudes:

- Planejamento: saber planejar as atividades da academia, coordenando a

equipe com o objetivo de executar o que foi planejado.

- Foco nos resultados: ter foco nos resultados, considerando o que é

esperado pela academia, os seus próprios objetivos e os de seus

colaboradores, tendo clareza quanto aos objetivos a serem alcançados.

- Reestruturação: estar atento às necessidades de reestruturação do trabalho.

- Visão: estar aberto a novas perspectivas e diferentes visões de mundo, com

um conhecimento diversificado sobre assuntos que tenham relação com o

negócio.

- Missão e valores: determinar claramente a missão, a visão, os valores e os

objetivos da empresa, e criar condições para que haja um alinhamento da

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equipe, de modo que todos estejam comprometidos com o alcance destes

propósitos.

4- Competência para gestão do conhecimento e autodesenvolvimento:

capacidade de empregar tempo e energia no aprendizado contínuo e de

reconhecer as necessidades de desenvolvimento suas, de sua equipe e da

organização.

Indicadores de atitudes:

- Buscar o conhecimento: desenvolver uma curiosidade científica, mantendo-

se em constante aperfeiçoamento, preocupado com a permanente

atualização pedagógica dos professores.

- Inovação: ter preocupação constante com a inovação, compartilhada com os

colaboradores.

- Reestruturação: estar atento às necessidades de reestruturação do trabalho.

5- Competência de capacidade administrativa: capacidade de manejar

adequadamente os recursos, de modo a obter um aproveitamento ótimo de

cada aspecto da operação.

Indicador de conhecimentos:

- Administração: ter conhecimento administrativo, ainda que mínimo.

Indicadores de habilidades:

- Delegação de poderes: saber delegar, sendo assertivo na determinação das

funções dos colaboradores.

- Mediação: ter habilidade para buscar o consenso.

- Gestão participativa: desenvolver uma gestão participativa.

Indicadores de atitudes:

- Gerência operacional: ter uma preocupação constante com o funcionamento

operacional da academia.

- Administação: ter postura para participar ativamente dos processos

administrativos.

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- Otimização: buscar atingir um nível ótimo de ocupação da capacidade

instalada, mantendo controle sobre as informações quantitativas da

academia.

- Presteza: estar atento a tudo que acontece, de modo a tomar decisões

rápidas e precisas, sempre baseado no conhecimento das expectativas de

clientes, colaboradores e direção.

- Atendimento: procurar a excelência no atendimento às pessoas.

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CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos a partir da análise dos discursos dos sujeitos nos

proporcionaram uma ampla compreensão sobre a essência do fenômeno estudado,

posto que um total de 32 indicadores de competências pôde ser descrito, com base

na percepção dos gestores entrevistados.

Isto nos permite afirmar que o método de pesquisa adotado pelo presente

estudo foi suficientemente adequado aos nossos propósitos, quer sejam os de

identificar competências necessárias para o exercício da função de gestor esportivo

na percepção de quem exerce a função em academias esportivas.

A pergunta orientadora construída para o estudo se mostrou capaz de dar

vazão a respostas livres da interferência do pesquisador, possibilitando a captação

da experiência vivida pelos entrevistados. Entretanto, vimos a necessidade de lançar

mão de mais alguns questionamentos, que serviram para dar mais oportunidade de

que os entrevistados pudessem se expressar acerca dos significados relacionados

com o estudo.

As unidades de significado identificadas pelo pesquisador a partir dos

discursos dos sujeitos entrevistados permitiram um agrupamento que corresponde

aos blocos de indicadores de competências encontrados na literatura, de

conhecimentos, habilidades e atitudes, além de se tratarem de aspectos que

correspondem com experiência própria do pesquisador nesta área e com o que foi

encontrado na literatura que trata dos assuntos pertinentes à gestão esportiva e à

administração de forma geral.

A convergência dos indicadores de competências descritos pelo estudo com a

literatura da área nos permitiu propor cinco competências essenciais ao gestor de

academias esportivas e seus respectivos indicadores nos dão uma dimensão sobre

temas para o desenvolvimento dos gestores de academias, no sentido de alcançar

as capacidades essenciais ao desempenho de suas funções, conforme foram

percebidas nos discursos dos sujeitos entrevistados. Tais temas poderão servir

como base para a formulação de propostas curriculares no âmbito da formação

profissional, bem como para a formação continuada.

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Consideramos ser importante que novos estudos com a mesma proposta

sejam realizados, no sentido de ampliar a compreensão do fenômeno, sobretudo em

outras regiões e com outros tipos de organizações esportivas, de modo que

possamos ter um conhecimento mais abrangente sobre as competências

necessárias aos gestores esportivos de forma geral.

O presente estudo também nos mostrou a existência de outros

questionamentos que merecem ser investigados no campo da gestão de academias

esportivas. A partir das competências levantadas por esta pesquisa, mostrou-se

oportuno que se investigue:

- a importância de cada uma delas no contexto das organizações;

- a consequência da falta de investimento no desenvolvimento destas

competências; e

- os níveis de proficiência mínimos e máximos exigidos para cada

competência.

Neste sentido, um estudo que pode ser realizado a partir dos resultados

obtidos é o de averiguar se os profissionais que atuam na gestão de academias

identificam na sua própria atuação as competências descritas pela pesquisa e o

quanto consideram relevante o desenvolvimento das mesmas.

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APÊNDICE I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS, EXATAS E BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

TÍTULO DA PESQUISA: FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GESTOR ESPORTIVO: ESTUDO SOBRE COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DESEMPENHO DA FUNÇÃO

* Eu,______________________________________________________________(nome, idade, RG, endereço, telefone, email), abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob responsabilidade do pesquisador Prof. José Aristides Carvalho de Mello, sob orientação da Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, membros do Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente que: 1) O objetivo da pesquisa é verificar minha percepção sobre a atuação do gestor de academias; 2) Durante o estudo será feita uma entrevista, que será gravada pelo pesquisador e posteriormente transcrita para os procedimentos de análise. As fitas com a gravação das entrevistas ficarão sob a posse do pesquisador, sendo que seu conteúdo será mantido sob sigilo e utilizado apenas para alcançar os objetivos do trabalho; 3) Sei que a pesquisa não trará risco à minha integridade física, porém poderei me sentir constrangido por não me recordar de algum aspecto importante em relação às perguntas que me serão feitas. Da mesma forma, compreendo que o resultado da pesquisa poderá contribuir com o aperfeiçoamento de minha prática profissional, através do conhecimento sobre a percepção que os demais gestores entrevistados apresentarão sobre o tema do estudo; 4) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa; 5) Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa; 6) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada; 7) Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1944; 8) Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Profa. Sheila, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 3396-1637. 9) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

São Paulo, __________de _________ de 201____. ___________________________________________ Nome e assinatura do Voluntário _____________________________________________ Prof. José Aristides Carvalho de Mello _________________________________________________ Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva

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APÊNDICE II - TERMO DE AUTORIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE DA EMPRESA PARA

EXECUÇÃO DA PESQUISA

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS, EXATAS E BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

TÍTULO DA PESQUISA: FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GESTOR ESPORTIVO: ESTUDO SOBRE COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DESEMPENHO DA FUNÇÃO

Eu, _______________________________________, nascida (o) em ___/___/______, portador (a) do RG_____________________, Diretor da ____________________________________, localizada na Rua/Av. ___________________________________, nº____, cep__________, telefone__________ e e-mail:___________________, abaixo assinado, cedo o espaço e autorizo a realização do projeto de pesquisa supracitado nas dependências de nossa Instituição, como também me responsabilizo pela oferta de condições de infra-estrutura para a realização de entrevistas do referido projeto, sob responsabilidade do pesquisador Prof. José Aristides Carvalho de Mello, sob orientação da Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, membros do Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Assinando este Termo de Autorização, estou ciente de que: 1) O objetivo da pesquisa é verificar a percepção do entrevistado sobre a atuação do gestor de academias; 2) Durante o estudo serão coletados relatos, abertos, naturais e individuais, com o consentimento do pesquisados. As entrevistas serão gravadas e os entrevistados conhecerão o propósito da pesquisa; 3) Serão garantidas condições de coleta de dados que não coloquem os participantes sob qualquer risco, garantindo que durante as entrevistas sejam ouvidos apenas pelo pesquisador; 4) Os enttrevistados estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação na pesquisa; 5) Como benefício reconheço que essa pesquisa poderá proporcionar aos cursos de graduação em Educação Física estratégias educativas para o desenvolvimento das competências características do gestor esportivo, no âmbito das disciplinas relacionadas à gestão e administração esportivas bem como colaborar para a inserção de conteúdos mais adequados às necessidades do exercício profissional; 6) Obtive todas as informações necessárias para poder assinar esta autorização e termo de co-responsabilidade e estou ciente das condições implícitas na participação da _________________ (nome da empresa) na referida pesquisa, ciente de que serão mantidos em sigilo os dados da empresa e dos entrevistados e que os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada; 7) Em caso de qualquer dúvida, poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo, Profa. Sheila, orientadora do Prof. José Aristides, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 3396-1637. 8) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com uma das pesquisadoras responsáveis.

São Paulo, __________de _________ de 201____. _________________________________________________ Nome e assinatura do Diretor(a) da empresa _________________________________________________ Prof. José Aristides Carvalho de Mello _________________________________________________ Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva