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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ DANIELE CRISTINA TEILO NO JUDICIÁRIO: A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

DANIELE CRISTINA TEILO

NO JUDICIÁRIO: A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA

CURITIBA

2016

DANIELE CRISTINA TEILO

NO JUDICIÁRIO: A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado no Curso de Direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas, da Universidade Tuiuti do Paraná - UTP, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

Profº. Orientador: Dr. Rafael Lima Torres.

CURITIBA

2016

TERMO DE APROVAÇÃO

DANIELE CRISTINA TEILO

NO JUDICIÁRIO: A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba,_____de___________________de 2016

_________________________________________

Prof. Dr. PhD Eduardo de Oliveira Leite Coordenação do Núcleo de Monografia

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

Orientador:

___________________________________

Prof. Rafael Lima Torres Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

Membros:

___________________________________

Prof. (a). Dr. (a). Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

___________________________________

Prof. (a). Dr. (a). Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha avó, que me ensinou o significado de amor e paciência. Que mesmo nos dias de luta, nunca deixou de pensar em sua família. Que me acompanhou e apoiou até quando Deus à permitiu. A saudade pode ser que um dia passe, mas o amor é eterno.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, e a Nossa Senhora

Aparecida que esteve ao meu lado em todas as fases dessa longa jornada,

sem dúvidas não chegaria até aqui sem eles.

A todos que fazem parte de minha família, especialmente aos meus

pais, Marcos e Ignes, pelo apoio aos meus estudos, com determinação e luta

até minha formação. Também a minha irmã Marines pela compreensão e

incentivo e minha cunhada Juci pela atenção e disponibilidade pelo empréstimo

de seus livros, qual foi de grande valia.

Ao meu orientador professor Rafael, pela dedicação e disponibilidade.

E em fim a todos que colaboraram de uma maneira ou outra durante

toda trajetória.

EPIGRAFE

"Há mais misteriosos entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar."

Willian Shakespeare.

RESUMO

Este estudo tem como objetivo de analisar o instituto da psicografia quanto a sua validade no âmbito processual penal, apartando-se de crenças religiosas e convicções pessoais, considerando apenas aspectos cientificamente jurídico, incluindo posicionamentos favoráveis e contrários sobre a utilização deste material, além de trazer leis quais visam a proibição expressa desta no ordenamento jurídico, porém ainda não foram aprovadas. Assim iniciaremos um debate qual questiona a constitucionalidade do uso de carta psicografada no processo penal amparado com normas e princípios constitucionais.

Palavras-chave: Prova. Psicografia. Aceitação. Tribunais.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................09

2 CAPITULO II - TEORIA GERAL DAS PROVAS....................................11

2.1 Breve relato de Conceito, Finalidade e Objeto........................................11

2.2 Das Provas..............................................................................................11

2.3 Dos Meios de Prova................................................................................13

3 CAPITULO III - DAS PROVAS EM ESPÉCIE........................................16

3.1 Dos Peritos..............................................................................................16

3.2 Das Provas Ilícitas e Ilegítimas...............................................................16

3.3 Provas Documentais e Exame Grafológico.............................................19

4 CAPITULO IV- ESTADO LAICO E O ESPIRITISMO.............................21

4.1 A Psicografia e o Direito..........................................................................24

4.2 Do Princípio do Livre Convencimento Motivado do Juiz.........................25

5 CAPITULO V - DO EXAME GRAFOLÓGICO E A PSICOGRAFIA.....29

6 CAPITULO V - DA RECEPÇÃO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS NO

AMBIENTE PROCESSUAL..............................................................................31

6.1 Do Princípio da Busca da Verdade Real.................................................32

6.2 Do Princípio da Comunhão das Provas...................................................33

6.3 Do Princípio da Persuasão Racional.......................................................34

6.4 Do Princípio do Contraditório e Ampla Defesa........................................37

7 CAPITULO VI - PSICOGRAFIA NO DIREITO BRASILEIRO...............38

7.1 Das Posições Contrárias a Utilização da Psicografia..............................39

7.2 A Psicografia meio probante no Tribunal do Júri.....................................41

8 CONCLUSÃO..........................................................................................44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................45

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1 INTRODUÇÃO

A Carta Magna de 1988 dispõe vários princípios norteadores do processo,

dentre eles o princípio da ampla defesa, os quais visam a “defesa livre” do réu

possibilitando trazer aos autos todos os elementos que compõe a verdade dos fatos,

de tal modo, não está restrito a um rol taxativo pelo legislador, a contrario sensu, do

entendimento da maioria doutrinária, qual diz que o rol de provas presente no

Código Processual Penal é taxativo, o que está de certo modo, equivocado, pois se

assim fosse se tornaria obsoleta a fase de instrução probatória, o que permite às

partes em trazer para o meio processual diversas provas, sendo proibida a obtenção

de provas ilícitas e respeitando-a.

No caso da psicografia como possível hipótese de utilização como prova no

ambiente jurídico, tanto na fase preparatória de uma ação penal, como a

propriamente dita ação penal, instiga várias dúvidas quanto a sua admissibilidade e

no tocante de direitos fundamentais constitucionais que a envolvem.

Diante dos questionamentos, por ora suscitados, este trabalho tem como

escopo, refletir sobre a matéria, lembrando que a psicografia não é tão somente

fenômeno paranormal ou espiritual, mas como meio de prova que pode acusar ou

defender alguém, afastando-se de crenças, se o estado se declara laico

constitucionalmente não poderá se declarar contra ou a favor a religião, o objetivo

aqui não é colocar a carta psicografada como patamar único e seguro no meio

probante, mas discutir quanto sua aceitação com relação ao princípio do livre

consentimento e estabelecer limites e critérios quanto ao seu uso.

É importante reconhecer que a Constituição Federal de 1988 garante vários

princípios, dentre eles o da ampla defesa, o réu possui o direito de se valer de todas

as condições possíveis, para defender-se do fato impugnado pela acusação.

Sendo assim, será demonstrado no presente trabalho com base na doutrina e

julgado, que a carta psicografada não poderá ser classificada, como prova ilícita ou

ilegítima, sem que antes seja demonstrada a sua veracidade com a grafotécnica,

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que consiste em uma perícia técnica, designado pelas partes, para que um perito

oficial imparcial equidistante ateste a autenticidade do escrito, quanto a história

narrada na carta deverá ser confrontado com os fatos resultado da investigação

durante a ação penal, ou seja, confrontando as outras provas colhidas.

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2 CAPITULO II - TEORIA GERAL DAS PROVAS.

2.1 Breve relato de Conceito, Finalidade e Objeto.

O processo penal tem como finalidade de apurar fatos criminosos, para atingir

a finalidade indireta, que é ao final de aplicar código penal, mas para isso deve

buscar a verdade real do fato, no entanto deve seguir os procedimentos

“orquestrados” no código de processo penal, assim, as partes devem delimitar seus

passos segundo o modelo legal.

O conceito da palavra prova segundo o Dicionário Michaelis, é aquilo que

demonstra a veracidade de uma afirmação ou de um fato, confirmação,

comprovação, evidência.

No tocante jurídico processual, podemos conceituar prova de modo geral

como sendo ferramenta, do qual se valem as partes, com intuito de comprovar os

fatos, segundo a sua dedução, com fundamento do exercício dos direitos de ação e

defesa, tendo como principal finalidade de convencimento do juiz, pois ele é o

destinatário primordial da prova.

O fato é o objeto da prova, e deve ser de conhecimento prévio do juiz, para

que ele possa proferir o juízo de valor, sendo os fatos que versam o caso penal,

mesmo que eles sejam controvertidos ou não deverá ser provado, vejamos que

mesmo a confissão que leva título de rainha das provas, não tem valor absoluto,

merecendo ser confrontada com os demais elementos da investigação, como

preleciona o art. 197 do Código do processo penal que diz o seguinte:

Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.

2.2 Das Provas.

Para definição de prova, devemos fazer uma breve explanação dos motivos

de sua existência, levando-se em conta que o aclamado o Estado que detém a tutela

jurisdicional, esteja assegurado de todos os instrumentos para resolver a lide

proposta, este deverá estar a par dos fatos, e sendo assim deverão as partes, alegar

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os fatos através de provas, pois são as provas que vão enriquecer o pedido, e

gerará consequência jurídica.

Consoante definiu Mougeot:

A prova é um instrumento usado pelos sujeitos processuais para comprovar os fatos, isto é, aquelas alegações que são deduzidas pelas partes como fundamento para exercício da tutela jurisdicional. (BONFIM, 2015, p. 407).

Assim, definimos a prova como um instrumento, cujo intuito é convencer o

magistrado, persuadindo, a modo que ele acredite na versão alegada sobre

determinada ocasião, é através das provas que o juiz vai exercer o princípio da livre

convicção.

Ada Pellegrini sobre as provas destaca da seguinte maneira:

A prova constitui, pois, o instrumento por meio do qual formou a convicção do juiz a respeito da ocorrência ou incoerência dos fatos controvertidos no processo. (GRINOVER, 2012, p. 11).

Prova judiciária, é a peça chave de um processo, e esta deverá ser trazida

aos autos juntamente com a alegação, sobre a responsabilidade dos interessados

que alega, qual deve recair sobre os fatos, para que assim possa influenciar na

decisão do juiz.

Quanto as alegações e as provas de idoneidade duvidosa, qual foge do

tradicionalismo, sem qualquer explicação científica, por exemplo, existência de outro

plano de vida, na questão espiritual, neste caso o juiz fica sem certeza quanto o fato

alegado e o juiz tem a obrigação de ter uma convicção devidamente fundamentada

moldes legais com absoluta certeza, não podendo estar embasada meramente em

indícios, pois é exigível esta postura do magistrado na busca da verdade real.

Obviamente quando falamos em verdade real, é a verdade deduzida as

provas juntadas no processo, sendo impossível reproduzir a verdade que aconteceu

no momento do fato delituoso, não sendo entendido como aquela verdade absoluta,

e necessário em caso de dúvidas, ater-se ao princípio in dúbio pro réu.

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2.3 Dos Meios de Prova.

Podemos conceituar como meios de prova, como o próprio nome faz

referência, como sendo o caminho para se chegar a comprovação da verdade dos

fatos no processo.

Conforme cita Mougenot, Edilson Bonfim:

Meio de prova é todo fato, documento ou alegação que possa servir, direta ou indiretamente, a busca da verdade real dentro do processo. Em outras palavras é o instrumento utilizado pelo juiz para formar a sua convicção acerca dos fatos alegados pelas partes. (BONFIM, 2015, p. 411.).

Neste sentido também entendeu o legislador presente no Art. 369 do

CPC/2015 o seguinte teor:

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

No que concerne aos meios de prova, quanto a classificação, elas poderão

ser testemunhais, documentais e materiais, quanto a sua forma, ou seja, o modo que

as partes demonstraram em juízo a veracidade dos fatos alegados, sendo um direito

assegurado por força dos princípios constitucionais do devido processo legal e do

contraditório, direito que se constitui no processo, quando as partes arrolam

testemunhas e no momento da audiência será produzida efetivamente esta prova.

A prova testemunhal é como se chama a afirmação feita por uma ou mais

pessoas estranha ao litígio, qual narram os fatos que tem conhecimento, quanto a

natureza e as características do objeto da causa.

Como ensina Renato Brasileiro Lima:

Testemunha é toda pessoa desinteressada e capaz de depor que, perante a autoridade judiciária, declara o que sabe acerca de fatos percebidos por seus sentidos que interessam à decisão da causa. (LIMA, 2016, p. 926.).

Devido à insegurança desse tipo de prova no universo processual, a prova

testemunhal é conhecida como prostituta das provas, sob qual a intranquilidade e a

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fragilidade da verdadeira versão dos fatos qual está sendo narrado, qual varia de

testemunha para testemunha, dependo mesmo somente do presenciado e como foi

interpretado o ocorrido, isto é, prova fácil de haver contaminação por diversos vícios.

Provas documentais versam em afirmações escritas, instrumentos ou papéis

públicos ou particulares, conforme preleciona o art. 332 do CPP que diz:

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.

Documentos como meio probante, poderão ser produzidos em qualquer fase

do processo, conforme o entendimento do art. 231 do CPP, mas há exceções

quando se trata de crimes de competência do Tribunal do Júri do tribunal. Durante o

julgamento não poderá ser juntado quaisquer documentos, sem que antes não tenha

sido apresentado aos autos pelo menos 3 (três) dias antes, talvez este dispositivo

tenha o objetivo de criar surpresas, por tratar de crimes de maior complexidade

ritual. De inteiro teor do art. 479 do CPP diz:

Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.

O raciocínio do legislador foi pertinente, quando determinou a proibição de

juntada de documento no que refere o art. 479 do CPP, caso contrário implicaria na

supressão de um grau de jurisdição.

Consoante à juntada de áudios, vídeos, fotografias, e entre outros quais

tenham natureza persuasiva, apesar de não serem enquadrados estritamente como

documentos, será considerado como se fosse, desde seja caracterizado a natureza

probatória.

Neste mesmo sentido é o entendimento de Aury Lopes conforme abaixo:

[...] documento é qualquer escrito, abre-se a possibilidade da juntada de fitas de áudio, vídeo, fotografias, tecidos e objetos móveis que fisicamente possam ser incorporados ao processo e que desempenhem uma função

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persuasiva (probatória). Em última análise, ainda que não sejam documento no sentido estrito do termo, acabam a ele se equiparando, para fins de disciplina probatória. (LOPES JÚNIOR, 2014, p.504).

Prova Material esteia-se em qualquer materialidade que sirva de elemento

para que o magistrado venha a convencer sobre o fato, um exemplo é a perícia no

local do crime e objetos utilizados, ou seja, é designado um perito judicial, auxiliar da

justiça para que analise e posteriormente realize as conclusões de forma técnica-

científica. Sobre o tema, cujo é de desconhecimento do juiz, e subsequente tomará

como base em sua fundamentação.

Como ressalta o ensinamento de Ada Pellegrini, Scarence e Magalhães:

A valoração pericial, positiva ou negativa, de elementos de prova relativos à materialidade, à autoria ou determinadas circunstâncias constitui forte fator de convencimento do julgador, que, apesar de não estar vinculado às conclusões da perícia (art.182 do CPP), toma normalmente a prova técnico-científica como base de sua fundamentação, por não ter dotado de conhecimentos apropriados. (GRINOVER; FERNANDES; GOMES FILHO, 2001, p. 146).

Dentre as periciais, é importante dar ênfase nesta pesquisa no tocante ao

exame grafotécnico, também conhecido como exame caligráfico ou grafológico, que

tem como objetivo em fazer reconhecimento de escrito caligráfico através de

comparação do modo de escrita pessoal, de um modo especial examina a grafia do

autor de um determinado documento com intuito de identificar a autenticidade por

comparação, este exame procura identificar se há falsificação (tipo penal), como

também possui singelo objetivo de afastar a participação cuja letra da pessoa não for

reconhecida autoria.

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3 CAPITULO II - DAS PROVAS EM ESPÉCIE.

3.1 Dos Peritos.

Os peritos atuam no processo como auxiliares da justiça, de modo que

colaboram com o juiz, em questões de natureza técnica, podendo ser oficiais

(funcionário publico) ou ainda particulares na ausência de perito oficial, neste caso

serão compostas por duas pessoas idôneas, com conhecimento na área do objeto a

ser estudado, e impreterivelmente portando diploma de conclusão de curso –

art.159,§1º, do CPP.

Somente os peritos que realizaram os exames periciais, tendo o juiz ou

delegado à função nomear e o resultado serão destinado ao juiz.

Como ensina Mongenot:

Cabe ao perito proceder aos exames periciais. Sua nomeação far-se-á a exclusivo critério do juiz ou delegado, sem interferência das partes, pois é o julgador que se dirige o resultado da pericia. (BONFIM, 2015, p.442).

Todavia lembramo-nos que os quesitos para realização de tal, poderão ser

oferecidos até a realização desta diligência (art. 176 Caput do CPP).

Como o resultado do exame pericial terá como destinatário o magistrado, as

partes só tomaram conhecimento, mediante requerimento e com a presença de um

perito (159,§6º do CPP).

3.2 Das Provas Ilícitas e Ilegítimas.

Provas das quais sejam colhidas a modo a infringir as normas do direito

constitucional, de tal maneira que elas são inadmissíveis no processo.

Conforme o disposto no art. 5º, LVI da Constituição Federal:

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

Logo o ensinamento Pellegrini, Scarence e Magalhães ensinam:

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A prova ilícita (ou obtida por meios ilícitos) enquadra-se na categoria da prova vedada. A prova é vedada sempre que for contrária a uma específica norma legal, ou a um princípio do direito positivo. (GRINOVER; FERNANDES; GOMES FILHO, 2001, p.133).

Partindo desse entendimento conclui-se a prova ilícita, como sendo aquela

que viola as normas do direito de natureza processual como também aos princípios

disposto pela Constituição e leis, bem como à intimidade, à liberdade, à dignidade e

entre outras direito e garantias assegurados constitucionalmente e

infraconstitucionalmente, perfazendo-se uma afronta a norma do direito civil,

administrativa e penal, e como sanção cabe a admissibilidade, ou seja, ela não deve

ser juntada ao processo, caso já esteja no processo deve ser desentranhada,

outrora também pode ser extirpadas totalmente, gerando por conseguinte a nulidade

da ação penal.

Entretanto também existem as provas ilícitas por derivação, que são aquelas

identificadas, de modo lógico-racional, poderá ser lícita, no entanto implica na teoria

norte americano fruits of the poisonous tree, que conforme entendimento, a ilicitude

está em tudo que origina de modo ilícito e deve ser desconsiderada de igual modo,

neste ínterim a doutrina vem admitindo a prova por meio ilícito, apenas em caso

excepcionais e extremos.

Conforme acrescenta o entendimento do Mongenot:

Isto porque, se a vedação quanto à proibição da prova ilícita nada mais é do que a garantia do indivíduo, jamais poderia ser interpretado em seu desfavor. (BONFIM, 2015, p. 421).

Relativo ao caso em tela, sobre a admissão da prova ilícita, pode ser

avaliado em conformidade com o princípio da proporcionalidade, qual onde há

confronto de princípios resguardados constitucionalmente, em caso concreto o

magistrado fazer uma espécie de avaliação entre eles, estabelecendo qual prevalece

sobre a outra, de acordo com a hierarquia constitucional, esta tática é muito

importante, pois garante a efetiva tutela dos direitos individuais.

Por fim vale respaldo no que concerne sobre a prova ilícita e o princípio in

dubio pro reo, sendo que, uma vez que a prova ilícita é contra o Estado, ao contrário

será em favor do réu.

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Consoante Mougenot (Bonfim, 2015, p. 421) afirma que ainda que ofenda os

direitos fundamentais, quando produzida pelo próprio acusado, em legítima defesa

exclui a sua ilicitude.

Na mesma conformidade segue a Súmula 50 das Mesas de Processo Penal

da USP, segundo a qual "podem ser utilizadas no processo penal as provas

ilicitamente colhidas, que beneficiem a defesa". (2010).

No processo a peça mais importante sem sombra de dúvidas são as provas,

uma vez que ela instrui para convencer o juiz sobre a verdade do fato alegado. Ela

pode ser produzida por diversas formas, documental, testemunhal, pericial, dentre

outras.

Da liberdade que as partes possuem, para usufruir de todos os meios

possíveis de provas, para obter uma sentença mais justa e adequada, no entanto

não poderá se valer de provas colhidas por meio ilícitos e ilegítimos, sob pena, de

ocasionar insegurança jurídica.

Então logo percebemos que a Carta Magna já impõe um limite no tocante

das provas (art.5º, LVI, da CF) são inadmissíveis no processo as provas obtidas por

meios ilícitos.

Capez descreve sobre a prova ilícita:

Como aquela que for vedada, em virtude de ter sido produzida com afronta a normas de direito material. Desse modo, serão ilícitas todas as provas produzidas mediante prática de crime ou contravenção, as que violem as normas de direito civil, comercial ou administrativo, bem como aquelas que afrontem princípios constitucionais. (CAPEZ, 2012, p.263).

A confusão que a própria doutrina faz entre a prova ilícita e ilegítima, no

sentido de haver divergências entre elas, ambas são inaceitáveis pelo nosso direito

processual.

Denílson Feitosa conceitua como prova ilícita:

Provas ilícitas: as que violam norma de direito material. As provas ilícitas dizem respeito à obtenção ou coleta de prova. Por exemplo, as declarações do indiciado ou réu colhidas sob tortura. No caso, há violação de uma norma material, a saber, a norma penal incriminadora que prevê a conduta como crime de tortura. (PACHECO, 2010, p.720).

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Além da Constituição federal de 1988, tratar sobre o assunto das provas

ilícitas, com o advento da lei 11.690/2008 passou a ter uma certeza das

admissibilidades das provas no processo, presente no art. 157 do Código Processual

Penal dispõe:

Art. 157 são inadmissíveis, devendo ser desentrenhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas em violação a normas constitucionais ou legais.

As provas ilegítimas podem ser definidas como aquelas que violam a norma

processual, de fato ela já está presente no sistema de nulidades. Um exemplo de

prova ilegítima ensina Feitosa é:

[...] a elaboração do laudo pericial com apenas um perito quando a lei exigia dois peritos. (PACHECO, 2010, p.720).

Não havendo observação da norma, a prova colhida de forma ilegítima será

ineficaz para o fim pretendido.

3.3 Das Provas Documentais e Exame Grafológico.

O célebre autor do estudo científico, intitulado como “A Psicografia à luz da

grafoscopia”, onde ele sob a ótica da grafoscopia observa as característica gráficas

constantes na escrita psicografadas, além de preponderar sobre os tipos de médiuns

escreventes de acordo com a Doutrina Espírita. (Perandréa. 1991. p. 60).

Para melhor entendimento, devemos definir o que seria exame grafológico, e

também conhecido como grafoscópico, sem nenhuma diferença de definição de

forma geral, é um exame que consiste em comprovar a autenticidade ou falsidade de

documentos por meio de perícias caligrafadas.

Mesmo sentido define o autor Nucci:

É denominado exame caligráfico ou grafotécnico, que busca certificar admitindo como certo, por comparação, que a letra inserida em determinado escrito pertencente a pessoa investigada.”. (NUCCI, 2015, p. 363).

Seja assim, conceitua-se, como procedimento busca determinar a autoria do

manuscrito em um determinado documento, através de comparação de grafia(s), o

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qual sofre questionamento quanto a sua veracidade, de tal modo confrontando as

escritas.

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4 CAPITULO IV - ESTADO LAICO E O ESPIRITISMO.

No dicionário Priberam de Língua Portuguesa, o termo “laico” se refere a

”quem não pertence ao clero ou não fez votos religiosos”; deste modo podemos

concluir que, não há privilégios de nenhuma religião ou crença em todo território

brasileiro, sendo vedada implicitamente qualquer adoção de princípio religioso na

interpretação na aplicação dos direitos e deveres.

Na Constituição de 1824, denominada de Constituição Política do Império no

Brasil, adotava a religião Catholica apostólica romana, como oficial do império, de tal

modo outras convicções religiosas, poderiam ser praticadas, mas forma comedida e

restrita na forma da lei. O art. 5º da Carta de Lei de 25 de Março de 1824 dispunha a

seguinte redação:

Art. 5. A Religião Catholica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo.

No que diz respeito sobre a religiosidade adotado pelo Estado soberano,

podemos ver que a Constituição, adota a laicidade do Estado, ou seja, leigo de

religião, porém este entendimento vem sendo, um forte fundamento nas petições

contra os feriados de caráter religioso existente no Brasil, e de críticas contra

símbolos de conotações religiosas utilizados dentro de logradouros públicos e outra

discussão consiste sobre o próprio preâmbulo da Carta Magna/88 que faz referência

a proteção de Deus.

Não tem como falar em espiritismo, senão descrever o que a doutrina espírita

estuda, pois ela tem como base, a fé em Deus, ao tempo que coloca ele como

superior no mundo dos espíritos, de tal forma que merece devido respeito, uma vez

que a Carta Constitucional garante o direito à liberdade religiosa.

De acordo com o ensinamento de Allan Kardec:

O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. Há no homem três coisas: 1º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º, o laço que prende a alma ao

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corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito. (KARDEC, 2004, p.30).

Como Kardec também definiu categoricamente sobre o Espiritismo:

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. (KARDEC. 1884. p.40).

Evidentemente que não se pode contradizer o definido pelo formidável Allan

Kardec, famoso “codificador do espiritismo”, pôs no formato de perguntas e resposta,

para que a sociedade não tivesse dúvidas, quanto à presença de espíritos, sendo

eles existentes nos dois mundos, seja ele, em plano espiritual, quanto terreno, de tal

maneira, que nunca poderemos dizer eis a Doutrina de Allan Kardec, dessarte ele

afirma, sendo o espiritismo composto, tão somente por auxiliares.

Como se pode conferir o aludido de Allan Kardec:

O Espiritismo tem auxiliares de maior preponderância, ao lado dos quais somos simples átomos. (KARDEC, 2013, p.97).

No disposto livro - O Evangelho Segundo o Espiritismo, que traz consigo os

evangelhos canônicos, descrevendo de forma sucinta sobre os atos ocorridos

durante a vida de Jesus, das palavras por ele utilizadas e ensinamentos morais.

Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos de levá-la de um pólo a outro, manifestando-se por toda parte, sem conferir a ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra. (KARDEC, 2013, p.20).

Essas mensagens chegam aos espíritos encarnados, por meio de médiuns,

manifestamente de forma auditiva, visão, psicografia, intuitiva e dentre outras.

No mesmo sentido definiu Kardec a o dizer:

As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos. (KARDEC, 2004, p.35).

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No outro livro acrescentou Allan Kardec que:

As manifestações espontâneas se verificam inopinadamente e de improviso; produzem-se, muitas vezes, entre as pessoas mais estranhas às ideias espíritas, as quais, não tendo meios de explicá-las, as atribuem a causas sobrenaturais. As que são provocadas dão-se por intermédio de certos indivíduos dotados para isso de faculdades especiais, e designados pelo nome de médiuns (KARDEC, 2013, p. 129).

Posto isso, concluímos que o médium seria uma espécie de instrumento,

intermediário de comunicação dos espíritos entre o mundo espiritual ao plano

terreno, independente do desenvolvimento intelectual ou crença.

A respeito da psicografia, podemos definir como sendo, a manifestação

manual dos espíritos, através de um médium, este por sua vez não exerce nenhuma

intervenção quanto a escrita da mensagem, cabe destacar e frisar a

responsabilidade moral, devendo fazer bom uso deste dom.

Por sua vez, estabelece Allan Kardec, no Capítulo XIII da Psicografia, sobre a

psicografia manual, definindo de tal modo:

[...] a escrita manual é o mais simples, mais cômodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforços, porquanto permite se estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos facultam julgá-los e apreciar-lhes o valor. Para o médium, a faculdade de escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício. (KARDEC, 2013, p. 254).

De tal modo, que percebemos durante os estudos, que existem três tipos de

psicógrafos, que cabe esclarecer de forma objetiva contextualizando da seguinte

forma: semi-mecânica, o médium possui consciência do ato de escrever, de modo

que a mão desliza sobre o papel de forma voluntária, porém a mecânica é o inverso,

pois aqui o médium não possui alguma consciência do ato e os movimentos da mão

são involuntários.

Descreveu Kardec, nos livros dos médiuns, sobre os médiuns mecânicos:

24

Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta; têm-se os médiuns chamados passivos ou mecânicos. É preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma sobre a independência do pensamento daquele que escreve. (KARDEC, 2013, p. 255).

No tocante ao médium semi-mecânico descreve:

O médium semi-mecânico participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mal grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. Estes últimos médiuns são os mais numerosos. (KARDEC, 2013, p. 255).

Por oportuno, incube lembrar os psicógrafos mais conhecidos no Brasil, como

Divaldo Franco qual diz ser seu o sucessor de Chico Xavier, também o José Raul

Teixeira.

4.1 A Psicografia e o Direito.

A palavra direito significa no latim directus, em linha reta e o termo no

adjetivo, quer dizer sem irregularidades, sentido reto, conforme disposto o dicionário

Priberam.

Sabemos que o direito norteia a vida dos seres humanos, desde o momento

da concepção até sua morte, portanto entender o que ele significa, é mesmo que

compreender a sociedade, pelo menos em parte, no entanto estar de acordo com o

direito é o mesmo que estar em liberdade, pois ele ao tempo que ele nos dá a

liberdade ele tira-nos, logicamente que não há como reduzir em conceitos lógicos

ou racionar sistematicamente.

Por isso é sempre casuístico o debate sobre a admissão das cartas

psicografadas no processo penal, pois gera muita polêmica, devido o

desconhecimento da matéria, que por vezes fazem de maneira precipitada juízo

negativo e valoração errônea sobre a psicografia. Pois bem, no dispositivo legal

constitucional exatamente, no capítulo dos direitos e deveres individuais e coletivos,

elencado no art. 5º, LVI, diz:

LVI - são inadmissíveis no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

25

Sob esta premissa, estabelece o art. 332 do Código de Processo Civil na

seguinte redação:

Art. 332 Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

É evidente que a psicografia não se trata de prova ilícita ou ilegítima, tão logo

não pode ser incluída dentro das vedações de provas.

No Código de Processo Penal, há uma enumeração de provas que podem ser

utilizadas, indicadas no capítulo das provas (art. 155 a 250), porém tal rol não possui

caráter taxativo, sendo meramente exemplificativo, no mesmo sentido descreveu

Alexandre Reis e Victor Gonçalves (REIS; GONÇALVES, 2013, p. 318), isto é, além

das provas que podem ser utilizadas no descrito, é possível também utilizar outras

não descritas, quais são chamadas de provas inominadas, que são aquelas não

previstas em lei, embora sejam legalmente admissíveis, diante disso, classificamos a

psicografia como prova documental, porém equiparada a prova inominada, por suas

características, embora não possa ser analisada isoladamente e sim de acordo com

as demais provas colhidas, desta forma é distinguida como fonte subsidiária, em

exceção caso for única prova colhida, assim os critérios de análise serão mais

detalhados quanto à autenticidade.

Nesta ótica, as provas produzidas dentro dos processos de juízo singular, o

deferimento ou não da aceitação da carta psicografada, por mais que se exija a

imparcialidade do juiz, ele levará em consideração a posição religiosa em que se

coloca e suas experiências, porem o seu livre convencimento, será sempre motivado

e legalmente fundamentado, de acordo com elucidado por Renato Marcão.

(MARCÃO, 2006, p. 26).

Diante desse apanhado concluímos que o processo tem foco em buscar a

verdade dos fatos, mas para tanto, tem que aceitar diversos meios de provas, desde

que não seja vedada pela Carta Federal, pois somente desta forma que o juiz estará

competente em julgar adequadamente através do Princípio do Livre Convencimento

Motivado.

4.2. Do Princípio do Livre Convencimento Motivado do Juiz.

26

Este princípio trata-se da liberdade de convencimento do juiz, como o próprio

nome faz referência direta, ou seja, o magistrado dotado do poder jurisdicional do

Estado está livre de qualquer restrição, no tocante às provas, porém deverá

obrigatoriamente fundamentar qualquer seja a sua decisão, de modo que estabeleça

de forma transparente os critérios por ele adotado na sua decisão, de tal modo que

as provas apresentadas em seu argumento, estejam juntadas no processo, não

sendo elas ilícitas ou ilegítimas.

A obrigação de fundamentar é uma previsão constitucional, conforme o

disposto no art. 93, IX, da CF, diz:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Devendo estar em conformidade com os art. 155 caput e art. 381, III do

Código Processual Penal, qual consiste a seguinte matéria:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. E Art. 381. A sentença conterá: III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;

De acordo com entendimento que pode ser extraído em observância dos

dispositivos legais acima citadas, de que o sistema adquirido pelo poder estatal

jurisdicional, que é exigível a fundamentação das decisões do Poder Judiciário, de

modo que isso não seja respeito, prevê a nulidade da decisão.

Posto isso, a adoção do princípio de livre convencimento do juiz, derivam dois

efeitos: primeiro em que as provas não têm valor absoluto, não há hierarquia entre

as provas, vejamos que a prova testemunhal como a confissão do acusado

27

equiparam-se entre si, contudo a própria Constituição Federal, faz ressalvas,

questão em que o juiz deverá valorar as provas quais devem estar no processo,

devido ao direito à ampla defesa das partes, sendo assegurado a apreciação das

provas por parte do juiz.

Na mesma linha de raciocínio salienta Aury Lopes Júnior, exprime:

Contudo, a independência não significa uma liberdade plena (arbitrária), pois sua decisão está limitada pela prova produzida no processo, com plena observância das garantias fundamentais (entre elas a vedação da prova ilícita) e devidamente fundamentada (motivação enquanto fator legitimante do poder). Não significa possibilidade de decisionismo. (LOPES JÚNIOR, 2014, p. 110).

Exceções a esta regra quais sejam ao que se refere ao respeitável Tribunal

do Júri, uma vez que o corpo de jurados estão todos desobrigados e não poderão

assim quiser, em fundamentar o veredito, como confirma pelo enunciado do Nucci:

Exceções à regra certamente existem, A primeira delas encontram-se no tribunal do Júri, onde os jurados decidem a causa livremente, sem apresentar suas razões, pois a votação é sigilosa. (NUCCI, 2015, p. 406).

Como também há casos em que o magistrado não poderá formar sozinho a

sua livre convicção, hipóteses específicas dadas como exemplo por Nucci, são dos

exames periciais, atestado de óbito, no que concerne em casos em que o agente

morre no decorrer do processo, laudo médico atestando sanidade mental.

De acordo com a Constituição Federal de 1988 o Estado brasileiro é laico, de

tal maneira que é garantido a liberdade religiosa a todos os cidadãos, no disposto

legal artigo 5º nos incisos I a VIII e no inciso I do artigo 19 diz:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; E

28

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

Portando é percebível que o Estado não traduz impossibilidade ou

desligamento total quanto às religiões, apenas restringe para que não aparente

favorecimento a uma, em detrimento da outra, e exatamente por esse motivo que

não foi normatizado até o presente momento o uso da psicografia no ambiente

jurídico, por outro lado, se olharmos por este prisma vejamos que a psicografia não

possui cunho religioso, portanto merece aceitação, por ser de natureza científica.

29

5 CAPITULO V - DO EXAME GRAFOLÓGICO E A PSICOGRAFIA.

Em especial dos defensores da utilização deste tipo de prova no processo

penal e defende sua constitucionalidade, a autenticidade pode ser comprovada ou

reprovada após a perícia grafotécnica, cujo exercício é de comparação com a modo

de escrita da pessoa antes da morte ter chegado, consequentemente conclui-se que

é uma comprovação técnica, com procedimentos padrão e não de jogo de

adivinhação.

Em pequena singela explicação este procedimento é realizado através de

método de comparação entre documentos escritos de próprio punho, enquanto a

pessoa viva defronte com a psicografia questionada, in casu.

A uma previsão legal disposto no Código de processo penal, presente no art.

174, incisos II e III, legitima a prática de reconhecimento de escrita, sendo que instrui

o modo que será feita, não sendo obrigatório o fornecimento de material pela pessoa

que imputa a grafia, o que tornaria inviável esta exigência, pois a pessoa que

escreveu na psicografia não está mais no plano físico.

Ressalta-se que o perito deve ser um profissional qualificado para tal

experiência.

Partindo da premissa que este exame é aplicado para analisar a falsidade ou

autenticidade questionada em juízo, o autor da obra publicada - Psicografia à luz da

Grafoscopia de Perandréa definindo da seguinte forma:

[...] um conjunto de conhecimentos norteadores dos exames gráficos, que verifica as causas geradoras e modificadoras da escrita, através de metodologia apropriada, para a determinação da autenticidade gráfica e da autoria gráfica. Dois são, portanto, os objetivos da grafoscopia: exames para a verificação da autenticidade, que podem resultar em falsidade gráfica ou autenticidade gráfica; exames para a verificação da autoria de grafismos naturais, grafismos disfarçados e grafismos imitados. (PERANDRÉA, 1991, p. 60).

É importante frisar que este mensurável trabalho científico publicado pelo

Parandrea um notável perito no mundo jurídico, principalmente ao tocante exame

grafológico, reconhecidíssimo não tão somente no Brasil, mas no mundo, qual foi

responsável pela publicação a Revista Científica Semina da Universidade Estadual

de Londrina, percebamos o autor explica como explica a relação entre cartas

psicografadas e ao modo escrito (grafia) da pessoa antes de seu falecimento no

30

mundo dos mortais, a análise é estritamente técnica e é transferida para um laudo

concluindo a autenticidade gráfica.

Em complementação acrescentamos o enunciado do Nucci poderá se valer

de documentos, cuja boa grafia foi judicialmente atestada, mesmo este presente aos

autos de outro processo, sendo assim uma espécie de prova emprestada, conforme

a preocupação exposta por Nucci:

Procedendo ao exame comparativo, a autoridade pode se valer-se de documentos cuja procedência já tenha sido judicialmente atestada como sendo da pessoa investigada, é natural que se trata de prova emprestada, pois não exige seja feito um reconhecimento em juízo, em processo específico, para que ele possa ser usado. (NUCCI, 2015, p. 464).

Na norma jurídica já faz uma leve sugestão no art. 174 do Código de

processo penal descreve:

Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.

É reconhecível que quando se traz para discussão sobre a credibilidade da

psicografia na seara processual penal, aos que são contra a utilização desta prova,

fundamenta a sua conclusão as inverdades que podem estar presente, ora se

formos pensar assim, os magistrados não deveriam aceitar todas as provas juntadas

aos autos, uma vez que, a falsidade probatória podem estar presente em qualquer

tipo, na sociedade em que vivemos as mentiras estão em todos os lugares, não

restringindo somente a prova, e se questionasse a verdade de todas as coisas,

antes mesmo de aceitá-las à vida se tornaria um caos.

31

6 CAPITULO VI - DA RECEPÇÃO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS NO

AMBIENTE PROCESSUAL.

A utilização de cartas psicografadas no meio probante processual, por vezes

gera muitas dúvidas quanto a sua constitucionalidade, em razão do juízo antecipado

consequência da imperícia sobre a matéria.

Conforme já elucidado, a Constituição Federal veda qualquer adoção de

provas ilícitas no processo, de acordo com o art. 5º, LVI, CF, tem a seguinte escopo:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

Sabendo que a Psicografia é um fenômeno de comunicação dos espíritos

com o mundo externo, não sendo precisamente uma religião ou filosofia, de tal

maneira que podemos utilizar como meio de estudo a Parapsicologia, pois esta se

mostra mais adequada para estudar acontecimentos extrassensoriais, uma vez que

é uma ciência preparada para isso.

Como ensina Valter Borges na sua publicação sobre a Parapsicologia e suas

relações com o Direito ao dizer:

A mensagem psicográfica, segundo a Parapsicologia, é de autoria do "médium" e não do Espírito e, sob esse enfoque, não se trata de um fenômeno mediúnico, mas parapsicológico. Pouco importa que os espíritas não aceitem esse fato e acreditem que se trate da manifestação de alguém já falecido.

Invadindo o campo das provas, em trataremos sobre a psicografia, podemos

arguir diante de todos os fatores elucidados até então, em que podemos dizer que

esta prova é lícita e legítima, uma vez que não se encaixa nos moldes de vedação

legal, como também não fere nenhum direito ou princípio constitucional, por

consequência não traz nenhum prejuízo no ordenamento jurídico.

A psicografia por sequência lógica e característica, podemos classificar esta

prova como inominada, porém ela pode assemelha muito com a prova documental,

uma vez que possui total consonância com o art. 232 do CPP, qual dispõe:

32

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.

Entretanto esta prova não pode ser acolhida como autônoma vez que, ela

deve ser considerada subsidiária, levando em conta todas as provas juntadas ao

longo do processo, e ainda mais, deve sofrer exame cauteloso, a modo, a provar sua

autenticidade verídica.

A natureza jurídica de um processo em síntese é a busca da verdade real dos

fatos, e para tanto se adota o princípio da verdade real, e para chegar ao fim tão

almejado, admite-se diversos tipos de prova, e afim para o representante do poder

jurisdicional do Estado, poderá ele pedir exame pericial no documento a ele

apresentado, é como se questiona a confiabilidade da prova, para exercício do livre

convencimento motivado assegurado ao magistrado.

Consiste em verificar a autenticidade das mensagens psicografadas

mecanicamente, levanta-se o questionamento sobre a sua veracidade, devendo ser

comprovada pelo exame melhor cabível, que é a perícia grafotécnica, que consiste

em comparar o “escrito em si”, ou seja, o modo de escrita da pessoa antes de partir

para o outro plano. Não pode ser visto de maus olhos, pois este é um exame de

praxe, que pode ser sugerido em qualquer meio de prova.

Além do mais, a prova desempenha papel de suma importância no processo,

permitindo que o juiz tome conhecimento da verdade dos fatos. É inconcebível não

admitir a psicografia como meio de prova por simples desconhecimento do instituto

ou puro preconceito.

Devido à suma importância que incumbida a prova no âmbito processual,

sendo que é através dela que o magistrado irá fundamentar sua decisão, na

tentativa de resolver o litígio, é intolerável o simples indeferimento da aceitação

dessa prova, por conceito pré-constituído a acerca da sua veracidade, sem ao

menos fazer uma avaliação posterior a sua juntada nos autos.

6.1 Do Princípio da Busca da Verdade Real.

Este princípio trata-se basicamente da finalidade da prova, pois é por

intermédio dela, que chegará o mais próximo possível da verdade real, também

nominada como verdade processual, lembrando que a palavra “verdade” só será

33

caracterizada como tal, apenas quando se tem a certeza de um fato, não

depreendendo-se apenas na seara processual, sob esta ótica, ela é vida por todos.

O Célebre jurista Ferrajoli definiu da seguinte maneira:

[...] mediante a distinção entre "significado" e "critérios" de verdade no processo, a análise das margens não suprimíveis de opinabilidade da verdade jurídica e do caráter não mais que provável da verdade fática, e o nexo estabelecido entre o grau de verificabilidade e de verificação e o grau de satisfação das garantias penais e processuais. (FERRAJOLI, 2012, p. 11).

Sobre a maneira em que se redigia o processo penal, antes do advento do

Código de Processo Penal de 1941, Renato Brasileiro Lima reportou:

A descoberta da verdade, obtida a qualquer preço, era a premissa indispensável para a realização da pretensão punitiva do Estado. Essa busca da verdade material era, assim, utilizada como justificativa para a prática de arbitrariedades e violações de direitos, transformando-se, assim, num valor mais precioso do que a própria proteção da liberdade individual. (LIMA, 2016, p. 107).

Defronte a esta perspectiva, busca à probabilidade, não a verdade pura, isso

se deve à herança benéfica do sistema inquisitorial, qual gerou consequências que

agrediram os direitos humanos, através de suas práticas, o juiz optava por condenar

e não em absolver, infringindo principalmente a regra quando a sua imparcialidade,

diante disso das consequências nada agradáveis, decidiu por não encontrar a

verdade pura e simples consoante aos fatos, objeto da lide, porém mereceu eleger a

“verdade processual”.

6.2 Do Princípio da Comunhão das Provas.

O princípio da comunhão das provas ou aquisição é originário da verdade

real, porque ao estabelecer a narração histórica nos autos processo, este ato faz

referencia as provas existentes, a justificativa para tal ato, se deve por força do

principio da igualdade das partes na relação jurídico-processual, afetando ambas as

partes as provas produzidas, pois uma vez realizada não pertence mais a quem

produziu ou a quem deteve o ônus.

34

6.3 Do Princípio da Persuasão Racional.

Este também conhecido como princípio do livre convencimento motivado do

juiz, qual expõe a ideia que o magistrado, dotado de critérios, raciocínio lógico e

levando em conta a legislação atualizada, e elementos probatórios colhidos ao longo

do processo, na sentença deverá fundamentar a sua decisão, é perceptível a

liberdade do juiz no que concerne a sua sentença, decidindo de maneira livre a

demanda, vinculando as provas colhidas, este princípio está presente no art. 93, inc.

IX, da Constituição Federal de 1998, qual enuncia sobre as decisões dos órgãos do

poder judiciário deverão ser fundamentadas, esta segurança às partes do processo,

é assegurado constitucionalmente, derivando do princípio do devido processo legal,

impõe nos seguintes termos no art. 5º inc. LIV da CF:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Em síntese do teor da norma constitucional, o legislador preocupou-se em

impor limites, em consequência evitando arbitrariedade das decisões, ora como

ficaria os direitos sociais individuais e coletivos, caso contrário, onde não houvesse

segurança alguma quanto às decisões prolatadas? devido a este empecilho o juiz

está obrigado a fundamentar o despacho em consonância com a provas dos autos.

No código do processo penal, especificamente no art. 155 do Código de

processo Penal diz:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Ada pellegrini Grinover sobre o Princípio do Livre Convencimento diz:

Tal princípio regula a apreciação e avaliação das provas existentes nos autos, indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção. |situa-se entre o sistema da prova legal e o do julgamento secundum conscientiam. (GRINOVER, 2012, p. 76.)

O juiz com intuito de resolver a lide através de chegar à verdade real mais

próxima dos fatos, devendo se abster ao atual processo de forma individual, sem se

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vincular a qualquer experiência de valoração da prova vivida anteriormente, de tal

modo.

Sobre o tema Marinoni e Arenhart ensinam:

A impossibilidade de o juiz descobrir a essência da verdade dos fatos não lhe dá o direito de julgar o mérito sem a convicção da verdade. Estar convicto da verdade não é o mesmo que encontrar a verdade, até porque, quando se requer a convicção de verdade, não se nega a possibilidade de que as coisas tenham acontecido assim. (MARINONI; ARENHART, 2013, p. 457).

De forma geral através das ressalvas qual a própria constituição faz e das

normas infraconstitucionais, vejamos a obrigação qual está vinculado a magistrado,

qual quando deferir uma decisão deve demonstrar os motivos que levou em conta

para julgar de determinada forma, como e porque se convenceu de tal maneira,

assim de maneira justificada e fundamentada, inclusive na questão da valoração das

provas, motivos quais desconsiderou tal prova e considerou outra.

É importante frisar que diante de tal obrigação, não deixa o magistrado

despido da livre convicção, o que ele tem é apenas um dever de fundamentar,

sustentado pelas provas elencados nos autos.

A respeito disso o caríssimo autor Aury Lopes Júnior escreveu:

Ela se refere à não submissão do juiz a interesses políticos, econômicos ou mesmo à vontade da maioria. A legitimidade do juiz não decorre do consenso, tampouco da democracia formal, senão do aspecto substancial da democracia, que o legitima enquanto guardião da eficácia do sistema de garantias da Constituição na tutela do débil submetido ao processo. (LOPES JÚNIOR, 2014, p. 406).

Perceptível que este princípio também prevê a possibilidade do duplo grau de

jurisdição, uma vez que a parte contrária não esteja de acordo com a decisão, seja

por motivo de imparcialidade do juiz ou algum vício apresentado na sentença, este

estará asseverado que apresente recurso, de tal maneira que a sentença

devidamente fundamentada pelo juiz constará no recurso a ser apresentado, por

consequência pede-se o reexame da decisão judicial.

Do mesmo modo segue o raciocínio de Renato Brasileiro destacando:

36

Essa garantia não só assegura o exame cuidadoso dos autos, mas também permite que, em grau de recurso, se faça o eventual reexame em face de novos argumentos apresentados. (LIMA, 2016, p. 406).

Também devemos assuntar, sobre quando que este princípio tão

contemplado nas normas jurídicas e doutrinárias, não estará presente dentro de uma

decisão judicial, sob o qual estará ausente quando tratar-se de Tribunal de Júri, eis à

exceção, pois aqui a decisão é emanada dos jurados, por motivo é simples, pois a

bancada de julgadores é composta por pessoas leigas, qual julgaram de acordo com

seu livre convencimento e ideia de justiça estando desobrigado a fundamentar,

dessa forma não há vinculação da norma legal, apenas vinculação da percepção

pessoal do que é justo.

No tribunal do júri, o sistema de livre convencimento do juiz está totalmente

desvinculado, não podendo elevar esta obrigação ao corpo de jurados, em razão da

decisão que este poderá estar desprendido de expressar seus motivos, deste modo,

a valoração das provas está onipresente.

Essa exceção se deve pela garantia constitucional qual prevê em seu art. 5º,

Inc. XXXVIII, alínea “a” e a “d” qual dispõe o seguinte enunciado:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Bem-aventurado o legislador quando assegurou o sigilo do voto e não se

contradizer ao pedir para que o jurado explique a sua opinião, visto o transtorno que

poderia causar, isso seria inexigível, apesar de perceptível essa inteligência, por

razões simples e lógica, ainda é alvo para argumentos contrários ao tribunal do júri.

No que se refere ao critério de motivação legal ao tratar de processos, é

apenas um subcritério em que o juiz está vinculado, ainda observar-se a prova

tarifada, qual se refere na valoração das provas, o qual trabalha com a valoração da

prova, por ser uma previsão legal prevista pelo legislador qual limita a liberdade do

37

julgador que não poderá dar maior relevância a determinado prova, de modo adstrito

ao quantum valorativo da prova poderá proferir sua decisão.

6.4 Do Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa.

Sabemos que sistema adotado pelo Brasil no processo penal é acusatório,

cujo objetivo para que seja assegurado o direito de exercício da defesa, ao passo

que evita que os atos em desfavor do réu em que se realiza-se sem algum tipo de

contestação, este princípio está embasado com outro princípio previsto na

Constituição Federal da Igualdade, pois vejamos, que no exercício da mesma, as

partes têm direito igual, uma vez que uma acusa a outra contesta ambas por via

judicial.(art. 5º, inciso LV, CF/88)

Alguns doutrinadores contestam a utilização de uso de cartas psicografadas,

pelo fato de ferir o princípio do contraditório e da ampla defesa, exprimindo a sua

assimilação quanto ao referido princípio, pelo fato da outra parte não utilizar do

mesmo instrumento para contradizer da mesma forma, porém há sim o exercício do

contraditório, de uma forma mais tênue, debatendo sobre o conteúdo da carta e sua

licitude, refutando através de outras provas, impondo um questionário para que de

igual modo os peritos possam responder através do laudo.

Também pode ser censurado a parcialidade do médium, utilizando-se de

prova testemunhal, quando o indivíduo já conhecerá outrem antes que o mesmo

partisse para o outro plano.

No artigo intitulado de “mensagem para você”, publicado pela Revista Isto-É,

a parapsicóloga forense, Sally Headding, entrevistada pela repórter Suzane

Frutuoso, afirmou que é preciso ter cautela em buscar solução na psicografia.

"Charlatões que anunciam ter dons especiais e usam isso para manipular pessoas

sensibilizadas estão espalhados por todo lugar", ressaltou. (2009)

Assim como toda prova juntada aos autos devem ser questionada quanto a

sua veracidade probatória, com a psicografia não seria diferente, em vez que se

trata de prova documental, posto que, assim exercerá o contraditório, pedindo a

perícia como anteriormente mencionado, não é imprescindível provar

cientificamente, para obter maior segurança jurídica.

38

7 CAPITULO VII - A PSICOGRAFIA NO DIREITO BRASILEIRO.

Inicialmente relembramos que o primeiro caso de psicografia como objeto de

discussão em juízo de natureza civil, em 1944, onde a qual viúva de Humberto

Campos e seus três filhos, interpuseram Ação Declaratória, contra a Federação

Espírita Brasileira e também em relação ao médium e escritor Chico Xavier, cujo

objetivo era requerer direitos autorais, das obras psicografadas, ora publicadas pelo

famoso médium, porém fora transmitido espiritualmente pelo Humberto Campos

onde o próprio escritor delega a autoria ao espírito. A discussão se dava pelo fato do

médium ter publicado sem ao mesmo tempo de se ater-se a pedido de autorização

para a família do autor. A final a ação fora julgada improcedente, entendendo que o

pedido de direitos autorais se restringia a pessoa enquanto viva não se estendendo

de outro modo.

A Justiça julgou a ação improcedente, porque, no seu raciocínio, as obras

passíveis de registro de direitos autorais se limitavam ao que seus responsáveis

produziram em vida, não valendo para obras tidas como espirituais, que os juristas

de então entendiam como "de domínio público". Houve um empate, que no entanto

trouxe vantagem para Chico Xavier.

Mas o primeiro evento, em que a psicografia esteve presente na qualidade de

prova, foi no caso em que gerou repercussão internacional, ocorrido no município de

Hidrolândia/Goiás, no crime de homicídio, a história é de dois amigos, João Batista

França e Henrique Emanuel Gregóris onde os quais brincavam de “roleta-russa”

utilizando para isso uma arma de fogo para tal, o fim não poderia ser outro como

disparar sem animus necandi no outro, causando-lhe a morte, posteriormente a

vítima Henrique E. Gragóris psicografou inocentando seu amigo, por ter havido um

tiro acidental.

O segundo caso foi de Maurício Garcez e José Divino Nunes, em que a

história norteia, mais uma vez, como causa de acidente, em que Jośe divino atira em

direção ao peito do amigo (Maurício) ao imaginar a arma em questão estava

desmuniciada. Após dois anos a vítima, em contato com a família, pede para a mãe

perdoar o acusado, que inclusive estava preso, justificando tal perdão por ocorrência

de um incidente fatal.

39

Diante dessas ocorrências brevemente explanadas, indubitavelmente a mídia,

começou a arguir sobre a validade desse meio de prova no ambiente jurídico,

revendo os princípios que este tipo de prova pode atacar.

A polêmica é tão vasta, quando se trata desse tipo de prova, que quando é

utilizada em um julgamento chega ser tema de reportagem em jornais de notória

repercussão, até nos dias de hoje, como se ainda fosse uma novidade.

Reportamos a notícia recente de um Inquérito Policial que fora reaberto no

Ceará, devido a uma carta psicografada, pois nela constava onde se localizava a

ossada de uma pessoa desaparecida, e quando investigado pela polícia estava

exatamente no local descrito pela carta. (2016).

Diante dos casos apresentados, sobre a dúvida da admissibilidade da prova

no ambiente processual penal, responderemos que é admissível, desde que venha a

fazer parte da narração lógica juntamente com as outras provas.

Um ponto interessante se refere à Constituição de Pernambuco, que

reconhece os fenômenos paranormais, e obriga o Estado e Municípios, a prestar

assistência à pessoa com “dom”. Ressalta Valter Rosa que os fenômenos

paranormais que produzem consequências jurídicas poderão fundamentar Decisões

Judiciais em qualquer área do Direito, com a admissão, inclusive, da utilização da

paranormalidade nos trâmites processuais. A presunçosa Constituição é a inédita no

que consta o reconhecimento do fenômeno da paranormalidade, verifica-se presente

no dispositivo legal, art. 174 dessa Constituição de 1989 do Estado de Pernambuco

a seguinte redação:

Art. 174. O Estado e os Municípios, diretamente ou através do auxílio de entidades privadas de caráter assistencial, regularmente constituídas, em funcionamento e sem fins lucrativos, prestarão assistência aos necessitados, menor abandonado ou desvalido, ao superdotado, ao paranormal e à velhice desamparada.

7.1 Das Posições Contrárias a Utilização da Psicografia.

O fundamento de alguns doutrinadores quanto ao uso da psicografia na

esfera processual penal, trata-se quanto a ausência de pessoa natural, o sujeito a

direitos e deveres jurídicos e também por outro motivo a ilicitude deste instrumento,

em razão de infringir os princípio do contraditório, ampla defesa e igualdade.

Nucci fundamenta a sua posição da seguinte forma:

40

O perigo na utilização da psicografia no processo penal é imenso. Fere se preceito constitucional de proteção à crença de cada brasileiro; lesa se o princípio do contraditório; coloca-se em risco a credibilidade das provas produzidas; invade-se a seara da ilicitude das provas; pode-se inclusive, romper o princípio da ampla defesa. (NUCCI, 2014, p. 343).

Anteriormente vimos que a Constituição de Pernambuco contém no art. 174,

uma previsão de proteção aos paranormais, entretanto existentes projeto de lei cuja

intencionalidade em vedar o uso da psicografia do campo das provas.

O projeto de Lei nº 1.705/2017 encontra-se arquivado, mas a objeção do

referido, consiste na alteração do enunciado no art. 232 do CPP, tocante às provas

documentais, o autor Robson Carvalho (ex-deputado federal), propunha a vedação

expressa da psicografia, extirpando de maneira objetiva do direito, na mesma linha

de raciocínio, Costa Ferreira também ex-deputado federal, propôs um Projeto de Lei

nº 3.314/2008 consiste na redação do art. 232 do CPP, para que a mesma fosse

mantida, porém acrescentado um parágrafo, consoante a invalidade da utilização da

psicografia como prova.

Ambos os Projetos de leis encontram arquivadas, pelo motivo do art. 105 do

Regimento Interno da Câmara de Deputados, frisado pelo fato em manter a

legislação vigente no que confere as provas, pois é de competência do magistrado a

decidir conforme o livre convencimento motivado.

No histórico das Cartas psicografadas, no Brasil ela já fora admitida, porém a

fundamentação do princípio do livre convencimento do juiz, não foi evidente sobre a

avaliação desta, de tal modo, que esta matéria fica sem norte, e dependente da

convicção no aspecto religioso do magistrado.

Conforme o enunciado pelo ex-procurador, Hamilton Demoro autor do artigo

“A invocação ao sobrenatural vale como prova?” na Revista do Ministério Público,

afirmou:

“Um juiz, fosse ele agnóstico, ou, mais ao extremo, fosse ele ateu, jamais admitiria tal modalidade de prova. Por outro vértice, um julgador que fosse adepto da crença espírita aceitaria como válida a psicografia ao argumento de que ela não é, expressamente, proibida pela lei processual e que vem ao encontro de sua crença religiosa.”. (DEMORO, 2007, p. 411.)

Mas o fato é, que a utilização da carta psicografada na área das provas não

proibida na legislação brasileira, o que temos são proposta de alteração da redação

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do disposto legal, da parte das provas documentais, porém a mesma encontra-se

arquivado. Este tipo de prova e calçado pelo princípio da liberdade probatória, pelo

princípio do contraditório e ampla defesa, ela ser submetida a perícia grafológica,

assim como todo e qualquer documento.

7.2 A Psicografia como Meio de Prova no Tribunal do Júri.

O Tribunal de Júri é composto por 25 cidadãos leigos, porém com notória

idoneidade, como prevê o art. 436 do CPP:

Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade.

Argumentamos diante do termo utilizado pelo legislador, para qualificar o

jurado, cabe a nós definirmos este termo, com base no Dicionário Priberam, significa

qualidade idônea que por sua vez quer dizer, pessoa moralmente correta, esta

etimologia tem origem do latim idoneitate, ou seja, para ser jurado tem uma boa

imagem de pessoa proba perante a sociedade.

Desses 25 jurados, sete constituirão o Conselho de sentença, onde serão

eles os responsáveis pela condenação ou absolvição do réu juntamente com um

juiz. Sem dúvida essas pessoas ocupam o maior espaço reservado para

representação da democracia, no poder judiciário.

Sabemos que para condenar um acusado não é permitido se valer de uma

única prova, ela deverá estar atrelada com os demais elementos probatórios

juntados nos autos independente do tipo de prova.

O ato de psicografar uma carta, nada mais é que o transferimento de uma

mensagem espiritual através de um médium, ou seja, um espírito desencarnado

eleva do plano espiritual para o plano físico. Como o tribunal do júri é composto por

pessoas comuns, e neste caso cabe convencê-los da aceitação da psicografia, como

alternativa que faz sentido lógico entre as provas já colhidas, não se impõe a

aceitação da doutrina espírita ou discutir a crença, apenas demonstrar a relação da

psicografia com as outras provas.

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Francisco Cândido Xavier afirmou certa vez, a veracidade das cartas

psicografadas, na seara das provas judiciais, de tal modo que influenciou na decisão

do julgamento, convencendo os jurados e o próprio magistrado.

O caso real divulgado pela mídia em 2004, de José Divino, pelo crime que

ocorreu em 1980, onde o julgador competente designado foi Tribunal do Júri, no

julgamento foi absolvido por 6 (seis) votos a 1(um) contra, no elencado caso, a

acusação não recorreu a decisão, o representante do Ministério Público no parecer

das alegações finais do Processo nº 1.714/80, visto o julgamento acolheu a decisão,

proferindo o reconhecimento da prova apresentada pelo réu, a então carta

psicografada, como ela se comunica com as outras provas.

Como também outro caso ocorrido em Rio Grande do Sul, em que a ré Iara

Marques foi absolvida com base numa carta psicografada. A narrativa é que a ré fora

acusada juntamente com Leandro da Rocha por terem encomendado a morte da

vítima Ercy da Silva Cardoso, o qual morreu por disparos de arma de fogo.

O Ministério Público e a assistência da acusação recorreram da absolvição de

Iara Marques Barcelos pelo Tribunal do Júri de Viamão. Durante o julgamento,

ocorrido em maio de 2006, foi apresentada como prova a favor da ré uma carta

psicografada. Para os julgadores, não há elementos no processo para concluir que o

julgamento do Tribunal do Júri foi absolutamente contrário às provas dos autos,

devendo ser mantida a decisão que absolveu Iara.

O outro acusado foi condenado em separado e a acusada foi para julgamento

no Tribunal do Júri, ocorre que o então advogado Lúcio Constantino juntou os

elementos para defesa de sua cliente, em anexo uma Carta Psicografada, o qual

alegou ter sido ditado pelo próprio espírito da vítima, na referida não constava quem

seria o autor dos disparos, mas indicava que a então acusada não fora culpada pelo

incidente criminoso.

Após os argumentos exercido pela defesa, o Tribunal absolveu a ré por 5

(cinco) votos a 2 (dois), logo depois o Ministério Público apresentou apelação contra

a decisão, porém foi rejeitado conforme o disposto no Acórdão proferido pelo

Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás.

JÚRI. DECISÃO ABSOLUTÓRIA. CARTA PSICOGRAFADA NÃO CONSTITUI MEIO ILÍCITO DE PROVA. DECISÃO QUE NÃO SE MOSTRA MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.

43

Carta psicografada não constitui meio ilícito de prova, podendo, portanto, ser utilizada perante o Tribunal do Júri, cujos julgamentos são proferidos por íntima convicção. Havendo apenas frágeis elementos de prova que imputam à pessoa da ré a autoria do homicídio, consistentes, sobretudo em declarações policiais do co-réu, que depois delas se retratou, a decisão absolutória não se mostra manifestamente contrária à prova dos autos e, por isso, deve ser mantida, até em respeito ao preceito constitucional que consagra a soberania dos veredictos do Tribunal do Júri. Apelo improvido. (TJRS - 1º Câmara Criminal - AC - 70016184012 - Comarca de Viamão - Tribunal de Justiça de Rio Grande do Sul - Des: Manuel José Martinez Lucas. acesso 11.10.2016).

O caso em concreto faz jus ao entendimento, sendo que a psicografia deve

ser acolhida no meio probante para que diante das outras provas seja analisada em

conjunto.

Idêntico é entendimento de Medeiros Galvão:

Além do que, nenhum momento está se cogitando, como o afirmado, a veracidade da prova psicografada como prova absoluta, e sim que ela deve ser pelo menos aceita, para ser analisada com as outras provas arroladas no processo. (GALVÃO, 2010, p. 72).

Então diante do disposto e após contexto histórico é evidente que a

psicografia mesmo sendo uma prova lícita, é inviável uma decisão ser fundamentada

levando em conta somente o que esta psicografada nela, percebível a necessidade

dela estar em “harmonia lógica” com as outras provas.

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8 CONCLUSÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso teve alicerce na polêmica

gerada em torno da utilização das Cartas Psicografadas nos tribunais, e de frente

com esta ausência de certeza, o objetivo foi de esclarecê-las, de tal forma expondo a

possibilidade de uso como prova no ambiente processual penal, defendendo à ideia,

que mesma, é apenas uma ciência do ramo do Espiritismo, ela não está

intrinsecamente ligada a Doutrina Espírita, é por esse motivo não pode ser

confundida com uma prova ilícita ou ilegítima, qual venha a ferir as garantias

constitucionais, de tal maneira, para atingir a objeção foi necessário expor os pontos

negativos, quanto aos argumentos da reprovação do uso de meio de prova, e por

outro lado, foi demonstrado qual é a base dos pareceres favoráveis, intermediando

com aspectos históricos, em qual ela esteve presente. Ademais, a psicografia se

baseia em critérios estritamente científico, amparada pela ciência física quântica.

Das posições favoráveis, não há o que questionar, visto que possui vasto

aparato jurídico que a ampara, ao longo do trabalho, o qual ficou evidente que não

há embasamento suficientemente relevante para tornar esta prova ilícita de acordo

com a doutrina majoritária.

Bem como que se leva em consideração é o próprio direito, que deve sofrer

progressões ao longo do tempo, acolhendo novas acepções, métodos, novos

caminhos em busca da justiça. O poder de jurisdição foi delegado ao Estado, que

por sua vez o direito, o representa, assim com a vida está em constante movimento,

sempre mudando, assim por oportuno deve o Direito evoluir.

Vejamos a própria Constituição Federal, assegura no art. 5º, LV, o princípio

do contraditório e da ampla defesa, confere o direito aos litigantes, a defender seus

direitos que lhe importarem através de provas, principalmente ao réu, é bom tom,

lembrarmos que o rol de provas, é meramente exemplificativo, portanto não

precisam estar previstas na lei, desde que seu uso não viole a moral e os bons

costumes. Ora assim fica evidenciado, a psicografia poderá ser juntada aos autos

sim, de fato ela não tem previsão legal explicitamente, mas conforme visto

anteriormente, provas atípicas também são aceitáveis, tanto no juízo comum, quanto

no tribunal do júri, no juízo singular é analisada conforme o livre convencimento

motivado do magistrado e no democrático tribunal será avaliada conforme a

soberania dos veredictos.

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