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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LUÍS EDUARDO ALMEIDA DE CRISTO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

LUÍS EDUARDO ALMEIDA DE CRISTO

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

CURITIBA

2015

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LUÍS EDUARDO ALMEIDA DE CRISTO

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná como

requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel

em Direito.

Orientador: Prof. Marcelo Nogueira Artigas.

CURITIBA

2015

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TERMO DE APROVAÇÃO

LUÍS EDUARDO ALMEIDA DE CRISTO

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Bacharel em Direito do

Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ____ de ______________ de 2015.

________________________________________________________

Prof. Pós Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Bacharelado em Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Marcelo Nogueira Artigas

UTP – FACJUR

Professor: _________________________

UTP – FACJUR

Professor: _________________________

UTP – FACJUR

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial

em minha vida, autor do meu destino, meu guia, meu socorro

presente na hora da angústia.

A minha mãe Maura, pelo amor, incentivo e apoio

incondicional.

Em memória de meu pai Milton e minha avó Cecília.

Ao meu Orientador Professor Marcelo, pelo suporte no pouco

tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.

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RESUMO

Trata o estudo do processo de execução por quantia certa contra a Fazenda

Pública e uma breve análise sobre algumas prerrogativas do ente fazendário. O

presente trabalho de pesquisa apresenta o procedimento especial de execução contra a

Fazenda Pública, demonstrando a razão pela qual o legislador decidiu por bem não

aplicar as alterações inerentes ao processo Sincrético (minirreforma do CPC em 2005),

aplicado ao procedimento comum de execução, tendo como base a divergência gerada

por parte da doutrina nacional, que entende como sendo uma prerrogativa ou privilégio

dado ao ente Fazendário esta distinção entre procedimentos. Pretendeu-se analisar o

procedimento especial de execução contra a Fazenda Pública, previsto nos artigos 730

e 731 do Código de Processo Civil, realçando algumas peculiaridades deste processo

executivo. A metodologia utilizada fundou-se na revisão bibliográfica, utilizando

obras doutrinárias, artigos, informativos, sites, legislação e jurisprudências pertinentes

ao tema abordado, com o intuito de alcançar o entendimento e à conclusão devida. A

análise desta pesquisa mostrou que o cerne da questão envolvendo prerrogativas para a

Fazenda Pública quando em juízo, fundar-se-á na aplicação do princípio da isonomia,

do qual com fulcro na Constituição Federal, busca equiparar o devedor ao exequente,

razão dada pelo princípio da supremacia do interesse público, que por sua vez, é

responsável por “blindar” os bens públicos da possibilidade de penhora, gravação ou

alienação em razão da sua função essencial de servir ao bem comum. Além de que, a

Fazenda Pública é impedida por meio de restrições orçamentárias previstas em lei a

desembolsar recursos financeiros sem prévia autorização legal. Aponta-se ainda que o

novo Código de Processo Civil não trouxe grandes alterações à legislação em vigor,

apenas normatizando alguns pontos que antes derivavam de entendimentos

jurisprudências e súmulas.

Palavras-chave: Fazenda Pública. Prerrogativas. Execução.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................6

2 DEFINIÇÃO DE FAZENDA PÚBLICA.........................................................7

3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EXECUÇÃO CONTRA A

FAZENDA PÚBLICA.................................................................................................11

3.1 PRINCÍPIO DA ISONOMIA.............................................................................11

3.2 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO........................12

4 BENS PÚBLICOS............................................................................................16

4.1 REGIME JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS.................................................17

4.1.1 Inalienabilidade ou alienabilidade......................................................................17

4.1.2 Impenhorabilidade quanto aos bens públicos.....................................................18

4.1.3 Imprescritibilidade dos bens públicos................................................................18

5 EXECUÇÃO EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA....................................20

5.1 DO REEXAME NECESSÁRIO........................................................................21

5.2 EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA............................................................22

5.2.1 Liquidação de Sentença......................................................................................24

5.2.2 Da Citação da Fazenda Pública..........................................................................26

5.2.3 Da Defesa da Fazenda Pública...........................................................................27

5.3 A LEI 11.232/2005.............................................................................................30

6 A EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA NO NOVO CPC.......32

7 O PRECATÓRIO.............................................................................................35

8 REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR........................................................39

9 CONCLUSÃO...................................................................................................41

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................43

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1 INTRODUÇÃO

O tema a ser analisado no presente estudo refere-se ao modo de execução contra

o ente Fazenda Pública, vez que diante de sua importância, inúmeras são as regras a

serem aplicadas para que se alcance a correta e justa indenização da pessoa, física ou

jurídica, que venha a sofrer um prejuízo decorrente de ação ou omissão de algum ente

pertencente à Fazenda Pública.

O Código de Processo Civil prevê a forma com que será orientada e guiada a

execução contra a Fazenda Pública, sendo aplicado em consonância com a

Constituição Federal, a qual estipula regras para se realizar os pagamentos devidos.

Diante das inúmeras reformas já realizadas no Código de Processo Civil e a

véspera da entrada em vigor do novo Código Processual Civil, percebe-se que foram

mantidas prerrogativas à Fazenda Pública, que em um aspecto geral, fazem com que o

processo de execução contra este ente torne-se longo e trabalhoso, diferentemente do

processo de conhecimento e execução que trata das “pessoas comuns”, o qual sofreu

grandes transformações com a minirreforma processual em 2005 e agora conta com

um processo considerado sincrético, ampliando a efetividade daquilo que venha a ser

buscado pela tutela jurisdicional.

Paira a questão de ser da execução contra a Fazenda Pública na impossibilidade

da penhora de bens públicos e outros meios constritivos utilizados para satisfazer a

pretensão do credor, já que estamos falando de “dívidas” que serão pagas pelo erário

público, e que qualquer alteração abrupta no patrimônio público, poderá gerar graves

lesões à continuidade da prestação do serviço público.

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2 DEFINIÇÃO DE FAZENDA PÚBLICA

O termo “Fazenda Pública” indica o sentido de economia, receita, arrecadação,

despesas, etc., sendo esta intitulação dada às entidades de direito público interno,

pertencentes ao erário da União, Estados e Municípios.

O artigo 209 do Código Tributário Nacional, assim dispõe acerca do referido

termo:

Art. 209 – A expressão "Fazenda Pública", quando empregada

nesta Lei sem qualificação, abrange a Fazenda Pública da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Por sua vez, o artigo 41 do Código Civil traz um rol das pessoas de direito

público interno, a saber: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os

Municípios, além das autarquias, sendo apontadas inclusive as associações públicas e

demais entidades de caráter público, reguladas por lei.

Destarte se depreende das noções de direito Administrativo, a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios, compõem a Administração Direta,

ramificando destes, outras entidades que formam a Administração Indireta,

destacando-se as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as

sociedades de economia mista, sendo que estas duas últimas, por conta da sua natureza

ser de pessoa jurídica de direito privado, devem ser excluídas do conceito de Fazenda

Pública.

Na concepção de Greco (2005, p. 94):

Fazenda Pública é a pessoa jurídica de direito publico, União,

Estados e Municípios, Distrito Federal e respectivas autarquias,

inclusive os territórios, cujo regime financeiro, orçamentário e

contábil é público. Empresas públicas, sociedades de economia

mista ou fundações que não têm regime orçamentário público e

o privilégio da impenhorabilidade de seus bens não são Fazenda

Pública para os fins desta espécie de execução.

Guilherme Freire de Melo Barros (2014, p. 29) aponta uma exceção à regra, já

que atualmente a jurisprudência acabou por pacificar o entendimento de que a

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) possui prerrogativas processuais

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inerentes a da Fazenda Pública, por conta da prestação exclusiva de serviço público da

União, e ainda com base no Decreto-Lei nº 509/1969, que em seu artigo 12 aduz que a

ECT:

Gozará de isenção de direitos de importação de materiais e

equipamentos destinados aos seus serviços, dos privilégios

concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade

tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens,

rendas e serviços, quer no concernente a foro, prazos e custas

processuais.

Desta forma, é o entendimento pacificado do Egrégio Supremo Tribunal

Federal e do Superior Tribunal de Justiça, dos quais entendeu ter a ECT as mesmas

prerrogativas concedidas a Fazenda Pública, vez que a nossa Constituição, de acordo

com o entendimento jurisprudencial, acolheu o Decreto-Lei nº 509/1969, devendo sua

execução ser findada mediante precatório, em conformidade com o artigo 100 da

Constituição Federal e ainda de acordo com o Decreto-Lei n. 509/1969, anteriormente

destacado.

Em sua obra, Poder Público em Juízo para Concursos (2014, p.29), Guilherme

Freire de Melo Barros, cita a jurisprudência pacificada:

STJ

1. Tendo o art. 12 do Decreto-lei nº 509/69 sido recepcionado

pela Constituição Federal, permanecem os privilégios

concedidos à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos como

pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública; portanto, é

tempestivo o recurso interposto dentro do prazo em dobro para

recorrer previsto no art. 188 do CPC.

(AgRg no Ag 418.318/DF, Rel. Minº João Otávio de Noronha,

2ª Turma, julgado em 02/03/2004, DJ 29/03/2004 p. 188)

STF

1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público

[art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos é uma empresa pública, entidade da Administração

Indireta da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº

509, de 10 de março de 1969.

2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do

julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO

CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6º do

decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e

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Telégrafos é "pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que

explora serviço de competência da União (CF, artigo 21, X)".

[...]

(ACO 765 QO, Rel. Minº Marco Aurélio, Relator para

Acórdão: Minº Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em

01/06/2005, DJe-211 de 06/11/2008)

Cunha leciona que a expressão Fazenda Pública “[...] se relaciona com as

finanças estatais, estando imbricada com o termo Erário, representando o aspecto

financeiro do ente público.” (CUNHA, 2008, p. 15)

Ainda de acordo com o doutrinador, não por acaso, utiliza-se a terminologia

“Ministério da Fazenda” ou ainda “Secretaria da Fazenda”, a fim de se referir ao ente

não dotado de personalidade, pertencente à União ou Estado, ente este, revestido pelo

dever de cuidar da política econômica atinente. (CUNHA, 2008, p. 15)

Ao longo da história, o termo “Fazenda Pública” já era encontrado no Código

de Processo Civil de 1939, que remetia a situações em que o ente Público estivesse em

juízo. (Barros, 2014, p. 27)

Para Nelson Nery Junior (2004, p. 84), embora o sentido de Fazenda Pública

induza-se tão somente ao sentido de Estado ingressando em juízo com seu perfil

financeiro, é certo que se tem empregado este termo à Administração Pública direta e

autarquias, independente da demanda a ser por ela enfrentada.

Com a utilização corriqueira do termo Fazenda Pública, passou a assimilar-se

um sentido mais genérico ao mesmo, por conta da expressão representar a figura do

Estado quando em juízo, em face da abrangência das pessoas jurídicas de direito

público. Deve-se ter em mente, que em situações processuais que envolvam o Poder

Público, não devemos restringi-lo a apenas situações de cunho econômico, mas sim

como outras questões ligadas a direitos difusos, já que a forte utilização da expressão

acabou tornando-a genérica, ainda que a demanda não possua aspecto estritamente

fiscal ou financeiro.

Wambier (2002, p. 379) aponta que a Fazenda Pública pode ser tanto credora,

onde seus créditos serão exigidos por meio do Processo de Execução Fiscal regulado

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pela Lei 6830/80 (LEF), como também poderá ser o ente Fazendário devedor, situação

em que restará seguir os moldes dos artigos 730 e 731 do Código de Processo Civil.

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3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EXECUÇÃO CONTRA A

FAZENDA PÚBLICA

Como se verá adiante, a Fazenda Pública possui prerrogativas sobre o Direito

Processual Civil, ou como alguns autores o melhor denominam, Direito Processual

Público, quando ela se tratar de parte em alguma lide.

As prerrogativas da Fazenda Pública se tornam indispensáveis, vez que uma de

suas funções é zelar pelos bens pertencentes à coletividade, sendo, portanto, o ente

agraciado por prerrogativas especiais.

3.1 PRINCÍPIO DA ISONOMIA

O princípio da Isonomia encontra-se diretamente ligado às prerrogativas

pertencentes à Fazenda Pública.

Explicito no artigo 5º da nossa Carta Magna, o princípio da isonomia assim é

delineado: “todos são iguais perante a lei”. O que é de suma interpretar que a lei não

poderá beneficiar ou prejudicar, mas sim ser um instrumento regulador da vida social,

a qual necessita tratar de maneira igual os seus tutelados.

Cunha (2008, p. 30) aponta que o princípio da igualdade/isonomia, não tem a

intenção de oferecer tratamento idêntico a todos os sujeitos, mas sim ponderando de

acordo com suas diferenças, por meio do parâmetro conforme a antiga lição de

Aristóteles, de onde se extrai que consistiria a igualdade no “tratar igualmente os

iguais, e desigualmente os desiguais”.

Segundo leciona Marcus Vinicius Pereira de Castro (2007, p. 132), atualmente a

visão que se extrai sobre o princípio da isonomia é a de que o Estado deve igualar os

desiguais na medida de suas desigualdades, a fim de que se reduzam as disparidades

existentes na sociedade por meio de regras que beneficiem determinados grupos

prejudicados em decorrência das mais diversas circunstâncias.

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O ex Ministro José Augusto Delgado ensina acerca do Princípio da Igualdade

Processual. Vejamos:

“Esse princípio tem por finalidade garantir a identidade de

situação jurídica para o cidadão em sua relação com a

administração pública. Não se refere, conforme se depreende do

texto constitucional, a um aspecto ou a uma forma de

organização social, existe como um postulado de caráter geral,

com a missão de ser aplicado em todas as relações que

envolvem o homem. É um direito fundamental que exige um

comportamento voltado para que a lei seja aplicada de modo

igual para todos os cidadãos, desde que se encontre em

situações uniformes.” (DELGADO, 2001)

Sendo assim, incumbe ao legislador o ônus de legislar sob a luz do princípio da

isonomia, não podendo utilizar-se da lei para agraciar ou prejudicar, mas, distinguir

quais seriam as desigualdades, ponderando sob a égide do princípio da razoabilidade

ao discriminar os sujeitos de forma tolerável e justificável. Em outras palavras, devem

decorrer de “razões justificáveis” as divergências entre as partes pelas quais o

legislador pretende impor a lei.

Cunha (2008, p. 30) destaca que o princípio da isonomia está presente no artigo

125, inciso I do CPC, em que a norma aduz que é atribuído ao juiz o dever de

assegurar às partes um tratamento isonômico.

O tratamento diferenciado, empreendido ao ente fazendário, busca alcançar o

equilíbrio isonômico e se adaptar às características presentes na parte oposta da lide.

Sendo esta a linha de raciocínio pela qual garante à Fazenda Pública gozar de regras

especiais, de modo que seja tratada de maneira diferencial uma vez que não possui

situação semelhante à dos particulares.

3.2 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

Como aponta Cunha (2008, p. 31), o Princípio da Supremacia do Interesse

Público está na ideia antiquada de que “o todo vem antes das partes”, levando a

Aristóteles o primado do público, do qual resulta na contraposição dos interesses da

coletividade sobre o individual, em que os bens comuns não podem ser considerados

inferiores aos bens individuais.

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Na concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello (2008, p. 96), tal princípio é

considerado geral do Direito referente a qualquer sociedade, sendo essencial à sua

condição de existência.

Não há norma legal que abrigue o princípio em questão, o que o torna um

conceito muito amplo e de difícil conceituação pelos doutrinadores, porém, o

pensamento rústico de que o coletivo prevaleceria sobre o individual é o que fortifica

tal princípio.

Celso Antônio Bandeira de Mello aponta que:

Ao se pensar em interesse público, pensa-se, habitualmente, em

uma categoria contraposta à de interesse privado, individual,

isto é, ao interesse pessoal de cada um. Acerta-se em dizer que

se constitui no interesse do todo, ou seja, do próprio conjunto

social, assim como acerta-se também em sublinhar que não se

confunde com a somatória dos interesses individuais, peculiares

de cada qual. Dizer isto, entretanto, é dizer muito pouco para

compreender-se verdadeiramente o que é interesse público.

(MELLO, 2008, p. 59)

Ainda de acordo com Mello (2008, p. 60), o interesse público advém do

interesse dos indivíduos partícipes da sociedade, sendo essa qualidade do interesse dos

membros da sociedade que forma o interesse público. Onde de um lado há o interesse

particular de cada individuo ou grupo de indivíduos, no que se refere a sua vida no

aspecto privado, e paralelamente há o interesse igualmente pessoal destes mesmos

sujeitos, mas que são parte de uma coletividade maior em que estão inseridos, sendo

este último interesse o considerado “interesse do todo” ou “interesse público”.

Não seria o interesse público uma vontade autônoma, mas sim a vontade dos

membros inseridos em uma sociedade.

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2008, p. 65), as normas reguladoras do

direito público possuem o condão essencial de atender ao interesse público, assim

sendo, ao interesse e bem-estar coletivo, apesar destas mesmas normas protegerem o

interesse individual.

Di Pietro completa:

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Além disso, pode-se dizer que o direito público somente

começou a se desenvolver quando, depois de superados o

primado do Direito Civil (que durou muitos séculos) e o

individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência,

inclusive a do Direito, substituiu-se a idéia do homem com fim

único do direito (própria do individualismo) pelo princípio que

hoje serve de fundamento para todo o direito público e que

vincula a Administração em todas as suas decisões: o de que os

interesses públicos tem supremacia sobre os individuais.

(PIETRO, 2008, p. 65)

Ao Estado não incumbe ser o único a alcançar o interesse público, muito

embora seja a lei quem diga quais são os interesses públicos.

Cunha (2008, p. 33) ainda aponta que a Fazenda Pública, o único favorecido do

interesse público, deve atender a lei para conquistar o bem comum, sendo ela

destinada a preservar o interesse público, mesmo não sendo titular de tal interesse.

Segundo Marcus Vinícius Pereira de Castro (2007, p. 131) a diferença de

tratamento para Fazenda Pública, que para alguns doutrinadores decorre do princípio

da supremacia do interesse público sobre o privado, é atacada pela crítica por ferir o

princípio da isonomia.

Porém, Marcus aponta que em relação ao tema exposto, se determinadas

prerrogativas destinadas a uma das partes for indispensável e por consequência haja

paridade entre as partes, então ela não ferirá o princípio da isonomia:

No tocante ao direito processual público, a concepção que

exsurge desse princípio não estaria violada com a concessão de

determinadas prerrogativas a uma das partes integrantes da lide,

desde que tal diferenciação seja indispensável para que a parte

beneficiada possa litigar em igualdade de condições.

(CASTRO, 2007, p. 132)

Podemos encontrar no histórico Jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, o

entendimento de que a Fazenda Pública deve possuir prerrogativas a fim de que se

preserve o interesse público frente os interesses particulares, sendo ainda que a

aplicação do princípio do interesse público não afronta o princípio da isonomia, como

se vê adiante no voto do Ministro Cordeiro Guerra (1979):

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STF

Não se equipara ao particular a fazenda pública. A relevância

do interesse público, por esta preservado, separa-a, na sua

natureza, do particular. O art. 74 do decreto-lei 960/38, na

redação dada pelo decreto-lei 474/69, não afronta o princípio da

isonomia consagrado no art. 153, parágrafo 1, da constituição

federal. Re não conhecido.

(STF - RE: 83041, relator: min. Cordeiro guerra, data de

julgamento: 22/03/1979, tribunal pleno, data de publicação: dj

15-08-1980 pp-05915 ement vol-01179 pp-00180)

Não há que se falar em ofensa ao princípio da isonomia quando as prerrogativas

concedidas ao ente fazendário, uma vez que fundamentadamente e justificável sua

concessão, visem alcançar a plena justiça. Mas por outro lado, quando diante da

realidade a prerrogativa concedida se mostrar muito mais além do necessário ao

equilíbrio processual, estaremos diante de uma afronta ao princípio da isonomia,

princípio este valioso ao ideal republicano. (CASTRO, 2007, p. 135)

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4 BENS PÚBLICOS

De acordo com os ensinamentos de Di Pietro (2009, p. 666), de início, não

houve determinada classificação sobre os bens públicos. Historicamente, no Código de

Napoleão (1804), declaravam-se determinados bens públicos como sendo os

“impedidos de se tornarem propriedade privada” como os rios, estradas, etc.

Acerca da primeira classificação dos bens públicos, se tem a definição dada por

Pardessus, para quem, havia os bens de domínio nacional, passíveis de serem privados

e gerar renda, e por outro lado, os de domínio público destinado ao uso de todos e ao

serviço geral, restando por “inalienáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de servidão”

(PIETRO, 2009, p. 666)

Ainda conforme Di Pietro (2009, p. 666), no direito brasileiro, nossa primeira

classificação acerca dos bens públicos se deu com o advento do código civil de 1916,

onde adotada terminologia própria, fugiu ao modelo bipartido estrangeiro e avançou

com a divisão tripartite, subsistente até hoje.

Sendo esta a divisão presente em nosso Código Civil de 2002:

Art. 99 – São bens públicos:

I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,

ruas e praças;

II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos

destinados a serviço ou estabelecimento da administração

federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas

autarquias;

III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas

jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou

real, de cada uma dessas entidades.

Parágrafo único – não dispondo a lei em contrário, consideram-

se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de

direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.

O critério utilizado para sua classificação é o da destinação ou afetação,

elencados no inciso I do artigo 99 do CC, como sendo os bens destinados por natureza

ou por lei para a utilização coletiva, os de uso comum; o inciso II elenca os bens

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destinados ao uso da Administração para o desenvolvimento de seus objetivos, os de

uso especial; e o inciso III, são aqueles bens que não possuem destinação pública

definida, podendo vir a serem aplicados para obtenção de renda, os bens dominicais.

(PIETRO, 2009, p. 667)

Celso Antonio Bandeira de Mello (2008, p. 897) conceitua os bens públicos

como sendo todos aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público,

incluindo-se também os que embora não se enquadrem ao rol pertencente de pessoas

jurídicas de direito público, tenham seus bens afetados à prestação de serviço público.

Não cabe aqui nos aprofundarmos sobre o tema dos bens públicos, mas se faz

necessária uma breve explicação acerca da afetação e desafetação dos bens públicos,

onde na concepção de Mello, a afetação dos bens públicos é a colação de determinado

bem a um destino categórico para uso comum ou especial, sendo a desafetação do bem

destino inverso, ou seja, a retirada do bem desta destinação. Os bens dominicais por

sua vez não são afetados a qualquer destinação pública. (MELLO, 2008, p. 899)

4.1 REGIME JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS

Como ensina Celso Antonio Bandeira de Mello (2008, p. 899), no Direito

brasileiro, os bens públicos são marcados pelas seguintes características de regime:

4.1.1 Inalienabilidade ou alienabilidade

Nos termos da lei, como previsto no artigo 100 do Código Civil, in verbis:

Art. 100 – Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso

especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua

qualificação, na forma que a lei determinar.

Os bens públicos de uso comum ou especial, nos termos do artigo 100 do CC,

não podem ser objeto de alienação enquanto perdurar a sua qualificação a qual foram

destinados, devendo para tanto serem desafetados, o que depende para tanto de lei ou

ato do Executivo em conformidade com a lei, passando a categoria dos dominiais, nos

termos previstos em lei e mesmo assim devendo ser observada a lei para realizar a sua

alienação, conforme o artigo 101 do CC, in verbis:

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Art. 101 – Os bens públicos dominicais podem ser alienados,

observadas as exigências da lei

4.1.2 Impenhorabilidade quanto aos bens públicos

Os bens públicos não podem ser objeto de penhora para satisfação de créditos,

já que por força do artigo 100 da Constituição Federal, existe forma específica para tal

satisfação, por meio de procedimento especial de execução contra a Fazenda Pública.

Da mesma forma é ineficaz sua gravação como direitos reais de garantia.

Lásaro Cândido da Cunha, em sua Obra Execução Contra a Fazenda Pública,

aponta a definição de Plácido e Silva acerca do vocábulo de impenhorabilidade:

formado de penhorável, regido pelo prefixo negativo in, quer

exprimir o vocábulo a condição de não ser penhorável, de não

estar sujeito à penhora. É a impenhorabilidade beneficio

outorgado pela lei a certos bens, em virtude do que não podem

ser os mesmos filhados pela penhora. Encontram-se, assim, a

salvo de qualquer apreensão, em execução judicial. (CUNHA,

1999, p. 37 apud Plácido e Silva, p. 418)

Observa ainda Lásaro (1999, p. 38), que não se deve confundir os institutos da

inalienabilidade e o da impenhorabilidade, apesar de ligados um ao outro, já que o bem

crivado da impenhorabilidade por qualquer outro fato pode ser alienado. Agora o bem

inalienável impedido está de ser penhorado, devendo para poder ser penhorado, perder

a característica de inalienabilidade, o que no caso dos bens públicos, quando

autorizada sua alienação na forma da lei, acarretará na sua desafetação e na

consequente perda da sua característica de bem público.

4.1.3 Imprescritibilidade dos bens públicos

Independente da categoria em que se encontrem (bens de uso comum, uso

especial ou dominical) não são suscetíveis de serem adquiridos pelo instituto da

Usucapião, como aludido expressamente a teor do artigo 102 do Código Civil, e outras

normas esparsas que afirmam tal dispositivo, a destacar a súmula 340 do STF, a qual

pacífica qualquer objeção acerca da matéria.

Art. 102 – Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

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STF

Súmula 340 – desde a vigência do código civil, os bens

dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser

adquiridos por usucapião.

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5 EXECUÇÃO EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA

A execução por quantia certa contra devedor solvente, elencada no artigo 646

do CPC, visa à expropriação de tantos bens do devedor quanto forem necessários para

satisfazer o direito do credor.

Quando a Fazenda Pública é a devedora, o procedimento de execução por

quantia certa prevista no Código de Processo Civil não é aplicado em face de essência

imposta sobre os bens públicos da impenhorabilidade e inalienabilidade, não se

aplicando a expropriação de bens para se ter o crédito ora pretendido, satisfeito, como

explica Cunha. (2008. p. 251)

A execução contra o ente fazendário exige regras processuais específicas para

se ter a satisfação do crédito em questão, já que o Erário é quem saldará a dívida

cobrada, por meio das regras pertinentes à sistemática do Precatório ou quando se

tratar de valor baixo, por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV).

Araken de Assis leciona que o regime especial dos bens do domínio nacional e

do patrimônio administrativo são a causa para que a execução contra a Fazenda

Pública siga um procedimento especial:

Em razão desse regime, a constrição imediata e incondicionada

dos bens públicos se revela inadmissível, em princípio, e

inoperante, por decorrência, a técnica expropriatória genérica

prevista nos arts. 646 e 647 do CPC e aplicável aos particulares.

E, de fato, conforme o art. 100 do CC-02, os bens de uso

comum do povo e os de uso especial – definidos nos incisos I e

II do precedente art. 99 –, são inalienáveis, “enquanto

conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”. (ASSIS, 2009, p. 1030)

O artigo 100 da Constituição Federal prevê regras específicas à satisfação do

crédito em face da Fazenda Pública, devendo ser observadas ainda as regras elencadas

nos artigos 730, 731 e 741 do CPC. (DIDIER JUNIOR et al., 2009, p. 708)

Como bem aponta Bueno (2009. Pg. 389), quando o particular não detiver um

título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, deve-se valer do processo de

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conhecimento, fenômeno este costumeiro em quaisquer outras situações quando não se

há um título com força executiva. Nesta etapa de conhecimento, ficam os interesses

voltados ao reconhecimento por parte do Estado-juiz do direito que o particular venha

a deter sobre o ente fazendário.

No processo de conhecimento, assim que citada a Fazenda Pública, esta poderá

apresentar resposta (contestação, as exceções e a reconvenção) ou quedar-se inerte.

(CUNHA, 2009, p. 91)

Cunha (2009, p. 93) leciona que é possível a Fazenda Pública ser revel em um

processo contra ela movida, porém, os efeitos da revelia contra ela não se operam, vez

que a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor aqui é relativa, e não

absoluta. Considerando-se o ponto de que a simples presunção relativa de veracidade

não teria o condão de retirar a legitimidade de atos administrativos, há necessidade de

prova a ser produzida pelo autor, ainda que seja a Fazenda Pública considerada revel.

Parte da doutrina defende não existir uma execução propriamente dita

(execução forçada), visto que a sentença que condenar o ente fazendário não possuiu

força executiva em razão da inalienabilidade e impenhorabilidade dos bens públicos, o

que deixa de lado a regra preconizada pelo artigo 591 do CPC quanto à

responsabilidade patrimonial, a qual ficaria atrelado o devedor para o cumprimento de

suas obrigações. (CUNHA, 2008, p. 251)

Assim, não será aplicado o procedimento de cumprimento de sentença do 475-J

do CPC em face da Fazenda Pública, e não sendo a ela imposta o prazo de 15 dias para

pagar sob pena de multa de 10% sobre o valor devido, como previsto no referido

artigo. (DIDIER JUNIOR et al., 2009, p. 708)

5.1 DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame necessário, como leciona Cunha, é questão de plena eficácia para

sentença proferida pelo juiz, onde deverá a sentença ser reapreciada pelo tribunal ao

qual está vinculado o juízo em que tramitou a ação que tenha como um dos polos a

Fazenda Pública, não sendo possível o trânsito em julgado da sentença não sujeita ao

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reexame. Reveste-se, portanto, o reexame necessário de natureza de condição de

eficácia da sentença, não podendo ser visto como um recurso. (CUNHA, 2009, p. 193)

O artigo 475 do CPC prevê as hipóteses em que as sentenças serão sujeitas ao

reexame necessário, sendo que o mesmo apenas atingirá sentença, não atingindo as

decisões interlocutórias que porventura venham a ser proferidas no decorrer da marcha

processual contra a Fazenda Pública. (CUNHA, 2009, p. 194)

Cunha (2009, p. 195) ainda aponta a incidência da súmula 325 do STJ1, a qual

deixa explícita que há reexame necessário sobre condenações impostas contra a

Fazenda Pública, mesmo que seja meramente relativa aos honorários de sucumbência.

Porém, há que se observar que só haverá reexame, inclusive no tocante ao conteúdo da

súmula anteriormente delineada, quando o valor relativo à condenação superar o

montante de sessenta salários mínimos, consoante as regras relativas aos

requerimentos de pequeno valor (artigo 475, parágrafo 2º do CPC).

5.2 EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA

A execução por quantia certa contra particular apresentará seu procedimento de

acordo com o título em que se fundar a execução, pois em se tratando de título judicial,

o procedimento a ser seguido será o disciplinado nos artigos 475-J a 475-Q do CPC

que trata do cumprimento de sentença. Já quando o título que embasar a execução for

extrajudicial, o artigo 652 do CPC deverá ser seguido. (DIDIER JUNIOR et al., 2009,

p. 708)

Gonçalves (2012, p. 662) leciona que por muito tempo houve controvérsias

sobre a possibilidade de execução em face da Fazenda Pública mediante título

extrajudicial, sendo que tal questão foi superada diante da redação da Súmula 279, do

STJ, a qual afirmou ser possível tal modalidade de execução.

1 STJ – Súmula 325 - A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da

condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado. 2 RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. LIQÜIDAÇÃO.

APRESENTAÇÃO DOS CÁLCULOS PELO EXEQÜENTE. POSSIBILIDADE.

DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA MANIFESTAÇÃO ACERCA DA CONTA, COM

PROLAÇÃO DE SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA. CITAÇÃO PARA O OFERECIMENTO DE

EMBARGOS. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 604 E 730 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. No

caso do artigo 604 do Código de Processo Civil, não há necessidade de homologação da liquidação

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STJ

Súm. 279 – É cabível a execução por título extrajudicial contra

a Fazenda Pública.

Ainda de acordo com Gonçalves (2012, p. 663), não há dualidade de

procedimentos na execução contra o ente fazendário, pois sempre será o mesmo,

independente do título que seja fundada, implicando sempre na formação de um novo

processo, ainda que a execução venha a ser proveniente de cumprimento de sentença.

Como visto, a execução contra a Fazenda Pública apresenta peculiaridade

distinta à execução comum, vez que independente de qual seja o título que fundará a

execução, judicial ou extrajudicial, deverá ser seguido o artigo 730 do CPC, o qual

prevê ser a Fazenda Pública citada para opor embargos no prazo legal, prosseguindo

então a marcha executória com a expedição do precatório em conformidade com o

artigo 100 da Constituição Federal.

Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda

Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez)

dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as

seguintes regras: (Vide Lei nº 8.213, de 1991) (Vide Lei nº

9.494, de 1997)

I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente

do tribunal competente;

II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do

precatório e à conta do respectivo crédito.

Cunha (2008. Pg. 252) aponta que na execução por quantia certa contra a

Fazenda Pública, não se aplicará o instituto da penhora, nem o da adjudicação e muito

menos o da expropriação de bens, vez que tal execução possui característica diversa,

não cabendo a intervenção do particular sobre bens públicos para satisfazer o crédito

pleiteado.

Cabe aqui uma observação feita por Cassio (2009. Pg. 390), pois nos casos em

que a Fazenda Pública for credora de valor oriundo de título executivo judicial, em ela

exercendo a posição de exequente em razão de reconhecimento feito pelo Estado-juiz,

em demanda ajuizada por particular em seu desfavor, deverá a Fazenda valer-se do

disposto no artigo 475-J e seguintes do CPC pala satisfazer tal pretensão, pois tal

situação demonstra-se diferente ao caso regido pela Lei 6.830/1980 (LEF), onde a

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Fazenda Pública, ainda se mostrará credora, mas agora em decorrência de relações

onde há um título executivo extrajudicial, a Certidão de Dívida Ativa, constituída pela

própria Fazenda Pública através da inscrição do crédito tributário proveniente de

procedimento tributário administrativo.

5.2.1 Liquidação de Sentença

Observa Cunha (2008, p. 253) que os tipos de liquidação – por artigos e por

arbitramento – podem ser aplicados na liquidação de sentença que envolva a Fazenda

Pública, sendo que foram revogados os artigos que tratavam da liquidação para o

processo autônomo de cumprimento de sentença, passando os artigos 475-A a 475-H a

serem aplicáveis à Fazenda Pública, uma vez que não há óbice algum que impeça de se

aplicar tais regras trazidas pela redação Lei 11.232/2005.

Ainda de acordo com Cunha, é necessário fazer uma observação:

Cumpre, desde logo, registrar que, numa demanda relativa a

acidente em via terrestre, que envolva um veículo pertencente à

Fazenda Pública, o procedimento a ser adotado é o sumário e a

sentença ali proferida deverá, necessariamente, ser líquida

(CPC, art. 475-A, parágrafo 3º). Se, depois de exauridas todas

as tentativas de demonstração, não for encontrado o valor

devido, por ser muito difícil ou bastante dispendiosa a prova,

deverá o juiz fixá-lo, se for o caso, ao seu prudente arbítrio, não

havendo qualquer procedimento posterior para a liquidação da

sentença. A sentença, nesse caso, há de ser líquida, sob pena de

invalidade. Para que não se invalide a sentença, poderá, se for o

caso, o tribunal, “por prudente arbítrio”, fixar o valor da

indenização. Não havendo condições de o tribunal arbitrar o

valor, deverá, então, anular a sentença para que o juiz o faça.

(CUNHA, 2008, p. 254)

De acordo com a sistemática do artigo 475-A do CPC, a liquidação de sentença

contra a Fazenda Pública deverá ser iniciada por meio de requerimento, devendo a

Fazenda Pública ser apenas intimada na pessoa do Procurador que já atuava nos autos

da demanda para responder acerca da fase de liquidação. Podendo ainda ser iniciada a

liquidação mesmo que haja apelação com duplo efeito interposta pela Fazenda Pública

contra a sentença que deferiu o direito ao demandante de acordo com o parágrafo 2º do

artigo 475-A do CPC. (CUNHA, 2008, p. 254)

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Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido,

procede-se à sua liquidação.

[...]

§ 2o A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso,

processando-se em autos apartados, no juízo de origem,

cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças

processuais pertinentes.

Como ainda observa Cunha (2008. Pg. 254):

O procedimento que antecede tal expedição já pode – e

recomenda-se que assim seja – ser adiantado, em prol, até

mesmo, do princípio constitucional da duração razoável dos

processos (CF/88, art. 5º, LXXVIII).

A lei 11.232/2005 acabou por revogar o artigo 604 do CPC o qual restou por

incorporar na redação do artigo 475-B. Pode ser apontada aqui uma divergência

doutrinária, onde de acordo com Cunha (2008, p. 255), questiona-se se nas execuções

propostas contra a Fazenda Pública deverá ser exigida memória de cálculo atualizada,

previstas no agora então artigo 475-B do CPC, in verbis:

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação

depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o

cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei,

instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada

do cálculo.

Controverte-se a matéria no sentido de que o art. 604, então revogado pela

minirreforma, fazia referência ao artigo 652 (que vem a tratar da execução por quantia

certa contra devedor solvente, procedendo-se quando do não pagamento a penhora e

expropriação de bens) não se adequando ao previsto nos artigos 730 e 731 do CPC.

Porém, é de se analisar o outro lado, que consiste no entendimento de que não há

qualquer incompatibilidade entre a exigência da memória de cálculo na execução

contra o ente fazendário. (CUNHA, 2008, p. 255)

Ainda como leciona Cunha (2008, p. 256), tem prevalecido a aplicação do

entendimento jurisprudencial onde o agora artigo 475-B do CPC (antigo 604 do CPC)

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aplica-se nas execuções movidas em face da Fazenda Pública, devendo a inicial ser

instruída com a memória de cálculo atualizada da dívida. 2

5.2.2 Da Citação da Fazenda Pública

Como a execução por quantia certa contra a Fazenda Pública constitui novo

processo, independente de qual seja o título que componha a execução, deverá a

Fazenda Pública ser citada para oferecer embargos de devedor, e não para pagar o

débito ou ainda garantir o juízo com a indicação de bens à penhora como na execução

comum. (GONÇALVES, 2012, p. 663)

Bueno (2009, p. 389) leciona que quanto à citação da Fazenda Pública:

Ademais, pode acontecer de a citação da fazenda Pública ser

absolutamente indispensável naqueles casos em que o título

executivo é extrajudicial, porque, nestes casos, é a partir de sua

apresentação ao estado-juiz que tem início, propriamente dito, o

processo. A citação, em tais hipóteses, não poderá ser feita pelo

correio em função da vedação expressa das letras “c” e “d” do

art. 222, embora, por força do disposto no art.6º da Lei n.

11.419/2006, não haja como negar que ela possa ser realizada

por meios eletrônicos.

Com o advento de normas que busquem o sincretismo processual, não

houveram mudanças concretas quanto à execução contra a Fazenda Pública, sendo que

ainda é exigida uma comunicação formal, por meio de intimação pessoal da Fazenda

Pública, quando iniciada demanda que vise o reconhecimento de um direito sobre o

ente em estudo.

2 RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. LIQÜIDAÇÃO.

APRESENTAÇÃO DOS CÁLCULOS PELO EXEQÜENTE. POSSIBILIDADE.

DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA MANIFESTAÇÃO ACERCA DA CONTA, COM

PROLAÇÃO DE SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA. CITAÇÃO PARA O OFERECIMENTO DE

EMBARGOS. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 604 E 730 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. No

caso do artigo 604 do Código de Processo Civil, não há necessidade de homologação da liquidação

por sentença. Existindo controvérsia acerca do cálculo apresentado pelo credor, caberá ao devedor a

oposição de embargos, sob alegação de excesso de execução. A especialidade da execução por quantia

certa contra a Fazenda Pública não é decorrente do fato de ser ela "por quantia certa", mas sim pela

impossibilidade de penhora sobre bens públicos: essa é a única razão para a existência das regras dos

artigos 730 e 731 do Código de Processo Civil, as quais não afastam as do artigo 604. Não há

exigência de intimação da Fazenda Pública para manifestação acerca dos cálculos do contador,

tampouco de prolação de sentença de liquidação, pois, poderá o ente público se defender por meio da

oposição de embargos, ou, até mesmo, da objeção de pré-executividade Recurso especial não

conhecido. (STJ - REsp: 163046 SP 1998/0007076-1, Relator: Ministro FRANCIULLI NETTO, Data

de Julgamento: 26/03/2002, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 01/07/2002 p. 273)

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Cabe destacar que é possível intimações serem realizadas por meios eletrônicos,

de acordo com as especificações trazidas pela Lei 11.419/2006. (BUENO, 2009, p.

388)

5.2.3 Da defesa da Fazenda Pública

Gonçalves (2012, p. 663) aponta que a defesa da Fazenda Pública será sempre

por meio dos embargos, a qual restará à cognição do juiz atrelada às matérias previstas

no artigo 741 do CPC, in verbis:

Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos

só poderão versar sobre:

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II - inexigibilidade do título;

III - ilegitimidade das partes;

IV - cumulação indevida de execuções;

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da

obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação

ou prescrição, desde que superveniente à sentença;

Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição

ou impedimento do juiz.

Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II

do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título

judicial fundado em lei ou ato normativo declarados

inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado

em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo

Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a

Constituição Federal.

De acordo com Gonçalves (2012, p.664), a matéria oponível nos embargos na

execução contra o ente fazendário assemelha-se quase que integralmente com as

hipóteses de impugnação ao cumprimento de sentença, aduzidas no artigo 475-L do

CPC.

O procedimento de embargos opostos pela Fazenda Pública é o mesmo

referente ao procedimento dos embargos de devedor em geral, ressalvada a questão de

que para embargar a execução, deverá a Fazenda Pública observar o prazo de dez dias

– com base na interpretação literal do artigo 730 do CPC -, e não quinze dias como nos

embargos de devedor, sendo ainda que também será de dez dias o prazo para impugnar

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os embargos. Cabe ao juiz decidir pela produção ou não de provas, devendo

determinar as que achar necessárias para o bom andamento da execução, ou ainda

promovendo o julgamento antecipado caso julgue não ser necessário a formulação de

provas. (GONÇALVES, 2012, p. 664)

A execução não será suspensa pela simples oposição dos embargos, podendo

tanto a parte do crédito embargada, como a não embargada, prosseguir a marcha de

execução, cabendo à Fazenda Pública requerer a outorga do efeito suspensivo em

relação ao objeto referente aos embargos, ou ainda a parte do crédito que foi

embargada. (MARINONI E ARENHART, 2012, p. 407)

O artigo 730 do CPC prevê que da execução contra a Fazenda Pública, esta

deverá ser citada para opor embargos no prazo de 10 dias, iniciando a contagem do

prazo da juntada aos autos do mandado de citação. Porém o artigo 1º-B da Lei n.

9.494/1997, acrescentado pela Medida Provisória n. 2.180-35/2001, dilatou o prazo

regulado no referido artigo para 30 dias.

Tal regra tem gerado um conflito de interpretação em alguns juízos e tribunais

quanto a sua (in)constitucionalidade, o que já levou o caso a ser apreciado pelo STF

por meio da ADC n. 11, onde o acórdão do Supremo Tribunal Federal conferiu liminar

na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 11.

STF

ADC 11 – FAZENDA PÚBLICA. Prazo processual. Embargos

à execução. Prazos previstos no art. 730 do CPC e no art. 884

da CLT. Ampliação pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001,

que acrescentou o art. 1º-B à Lei federal nº 9.494/97. Limites

constitucionais de urgência e relevância não ultrapassados.

Dissídio jurisprudencial sobre a norma. Ação direta de

constitucionalidade. Liminar deferida. Aplicação do art. 21,

caput, da Lei nº 9.868/99. Ficam suspensos todos os processos

em que se discuta a constitucionalidade do art. 1º-B da Medida

Provisória nº 2.180-35.

(STF - ADC: 11 DF , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de

Julgamento: 28/03/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação:

DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-

2007 PP-00020 EMENT VOL-02282-01 PP-00001 RTJ VOL-

00202-02 PP-00463 LEXSTF v. 29, n. 343, 2007, p. 110-123

REVJMG v. 58, n. 180, 2007, p. 505-511)

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Gonçalves cita a doutrina de Araken de Assis para delinear melhor acerca do

entendimento do art. 4º da Medida Provisória 2.180-35/2001:

Consoante a redação do art. 730, caput do CPC, derivada do art.

4º da MP 2.180-35/2001, que criou o art. 1º-B, da Lei n.

9.494/97, o prazo para embargar é de trinta dias, e não de dez

dias, como constava no texto originário. O aumento do prazo

não infringe, à primeira vista, o princípio da igualdade, pois o

particular também dispõe de trinta dias para embargar a

execução fiscal (art. 16, caput, da Lei n. 6.830/80). Todavia, a

jurisprudência do STJ nega vigência ao dispositivo, porque

ofende os princípios basilares do processo civil, até a conversão

da MP em lei pelo Congresso. Na prática, o prazo continua de

dez dias, até pronunciamento em prol da constitucionalidade

pela Corte Constitucional. (GONÇALVES, apud ASSIS, 2012,

p. 663)

Cabe observar que não é plausível o argumento de aplicação do artigo 188 do

CPC, o qual prevê prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer para a

Fazenda Pública quando parte em uma lide, já que a manifestação da Fazenda Pública

para embargar a execução se qualifica como sendo uma ação judicial autônoma,

conforme entendimento do STJ3, não assumindo o formato de defesa ou de recurso.

Ainda conforme lecionam Marinoni e Arenhart (2012, p. 408), não há que se

falar no reexame necessário quando o julgamento dos embargos à execução for

prejudicial à Fazenda Pública, conforme entendimento pacífico do STJ.

Em não sendo apresentados os embargos pela Fazenda Pública, ou vindo os

mesmos a serem rejeitados, será determinado pelo juiz a expedição de precatório ao

Presidente do Tribunal competente para que seja consignado à sua ordem o valor ora

pleiteado. (DIDIER JUNIOR et al., 2009, p. 708)

3 AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. FAZENDA

PÚBLICA. PRAZO. ART. 730 DO CPC. 1. O prazo para a Fazenda Pública opor embargos à

execução é o previsto no art. 730 do Código de Processo Civil, dada a sua natureza de ação autônoma.

Afastada a aplicação do art. 188 desse diploma legal. Precedentes desta Corte Superior. 2. Agravo

regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no REsp: 936716 RJ 2007/0063425-1, Relator:

Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 27/03/2008, T5 - QUINTA TURMA, Data de

Publicação: DJ 22.04.2008 p. 1).

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30

5.3 A LEI 11.232/2005

Como aponta Silva (2012, p. 820) a minirreforma trazida ao CPC pela Lei

11.232/2005 originou a forma atual do cumprimento de sentença. O fundamento para

tal reforma encontra-se na busca pela realização de um processo sincrético com maior

efetividade da tutela jurisdicional apenas com o prosseguimento do mesmo processo,

sem a necessidade de outro processo diverso apenas em razão da natureza diferente do

pleito executivo.

Fazendo assim com que a necessidade de instauração de outro processo – de

execução – como determinado antes da minirreforma não venha mais ser necessário

para se alcançar o êxito no cumprimento da obrigação determinada em sentença

transitada em julgado, obtendo-se ganho em celeridade e efetividade da tutela

jurisdicional pela execução de sentença judicial ter se tornado mera fase processual.

(SILVA, 2012, p. 820)

Silva ainda leciona que tal reforma não alcançou a sistemática quanto ao

cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública:

Contudo, o cumprimento de sentença não alcançou a Fazenda

Pública como condenada. Assim, na sistemática ainda não

revogada, para que se possa buscar a efetividade de sentença

condenatória transitada em julgado contra a Fazenda Pública, há

necessidade da instauração de um novo processo, o processo de

execução contra a Fazenda Pública. Cabe, assim, à Fazenda

opor embargos à execução, em dinâmica diversa, portanto, ao

cumprimento de sentença que além de se tratar de mera fase do

processo não admite embargos à execução, mas tão somente o

que se denominou de impugnação ao cumprimento de sentença.

(SILVA, 2012, p. 820)

Bueno (2009. Pg. 389) leciona que, a favor da Fazenda Pública, permanece a

dicotomia “processo de conhecimento” / “processo de execução”, trazido pelo Código

de Processo Civil antes do advento da Lei 11.232/2005, e afirmado pela doutrina

tradicional.

A execução contra o ente fazendário permaneceu inalterada, sendo regulada

pelos dispositivos 730 e 731, disciplinados no Livro II do CPC, mantendo-se a

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execução autônoma, mesmo que fundada em título judicial, sendo aberto prazo para a

Fazenda Pública opor embargos, em conformidade com o artigo 741 do CPC (alterado

pela Lei 11.232/2005) que traz um rol de matérias a serem versadas em sede de

embargos, sendo que a Lei 11.232/2005 ainda tratou de revogar os demais dispositivos

que regulavam a execução fundada em título judicial. (CUNHA, 2008. Pg. 252)

Na medida em que ao fim de um processo de conhecimento a fase de

cumprimento de sentença necessite apenas de um impulso da parte vencedora para ter

a busca de sua pretensão continuada, modificação está feita pela Lei 11.232/2005,

umas das leis que aplicam a ideia do sincretismo processual, de outro lado, quando

proferida sentença em desfavor da Fazenda Pública, é necessário um processo

autônomo para ter satisfeito o crédito pleiteado. Levando-se em conta ainda que seja

necessária a liquidação da sentença quando ela for ilíquida para poder prosseguir com

a busca pelo crédito.

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6 A EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA NO NOVO CPC

A Lei 13.105/2015 – novo CPC – Diferente ao texto do CPC ainda em vigor, a

redação que trata da execução contra a Fazenda Pública, é intitulada agora como sendo

do “cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar

quantia certa pela Fazenda Pública”, aduzindo a execução contra o ente fazendário em

seus artigos 534 e 535.

O artigo 534 do NCPC determina um rol taxativo de documentos a serem

apresentados pelo credor da Fazenda Pública, devendo ser apresentado demonstrativo

discriminado e atualizado do crédito, impondo ao exequente demonstrar a origem e o

desenvolvimento do crédito pleiteado. Devendo ainda ser observado, que caso haja

litisconsórcio ativo, deverá cada exequente apresentar seu demonstrativo, sem prejuízo

do litisconsorte ser desmembrado na fase de cumprimento de sentença. (BUENO,

2015, p. 364)

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA

A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR

QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA

Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à

Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente

apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito

contendo:

I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro

de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

do exequente;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da

correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o

caso;

VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios

realizados.

§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá

apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese,

se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2

o do art. 113.

§ 2o A multa prevista no § 1

o do art. 523 não se aplica à

Fazenda Pública.

Silva leciona, com base no projeto primitivo do NCPC, que a multa de 10% a

que se refere o parágrafo 2º do agora artigo 534 do NCPC, nos casos em que não

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ocorra o pagamento espontâneo da obrigação definida em sentença judicial, continua a

não ser aplicada no caso da execução contra a Fazenda Pública.

Tal multa já encontra previsão no cumprimento de sentença

previsto no CPC ainda vigente, o que, como se apontou, não se

aplicava contra a Fazenda Pública. A razão da não aplicação ser

mantida advém da impossibilidade de pagamento judicial pela

Fazenda por outra forma que não seja por meio de precatório ou

RPV, que possuem prazo superior de pagamento em

comparação aos 15 dias para cumprimento espontâneo após a

intimação. (SILVA, 2012, p. 821)

Já o artigo 535 do NCPC, vem a tratar o que antes eram os artigos 730 e 741

(CPC 1973), delineando agora o prazo de trinta dias para a Fazenda Pública impugnar

(e não embargar) a execução, com a possibilidade de intimação (e não mais citação).

(BUENO, 2015, p. 366)

Observa-se que o novo texto procurou normatizar o prazo de trinta dias,

definido pela Medida Provisória 2.180-35/2001, a qual era sucessivamente reeditada e

não tendo sido tal medida provisória convertida em lei até então.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu

representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico,

para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios

autos, impugnar a execução, podendo arguir: [...]

Silva ainda observa que em relação à impugnação pela Fazenda Pública, não

houve alteração significativa ao tratado no Capítulo II do CPC, ainda em vigor, no

tocante aos embargos à execução contra a Fazenda Pública.

Em relação às questões que podem ser suscitadas na

impugnação, pode-se apontar que houve a mera repetição do

que atualmente já estabelece o Art. 741 do CPC ainda vigente,

que versa sobre o que pode ser alegado pela Fazenda Pública

em embargos à execução. (SILVA, 2012, p. 821)

Por sua vez, é de se destacar que o legislador procurou ainda normatizar outra

discussão que gerou certa polêmica por parte da doutrina, até mesmo depois do

pronunciamento do STJ a respeito do tema. É a questão da possibilidade de execução

contra a Fazenda Pública por meio de título extrajudicial, admitida por meio da súmula

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279 do STJ, e agora expressamente disciplinada no Novo CPC na redação do artigo

910. (BUENO, 2015, p. 554)

Artigo 910 – Na execução fundada em título extrajudicial, a

Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta)

dias.

§ 1º Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão

que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de

pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto

no art. 100 da Constituição Federal.

§2º Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer

matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de

conhecimento.

§3º Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos

artigos 534 e 535.

Em suma, não se nota grandes alterações quanto à execução contra o ente

fazendário, sendo perceptível apenas a redistribuição das normas, que tratam

taxativamente dos requisitos para a execução contra a Fazenda Pública e as matérias

passíveis de embargos/ impugnação, normatizando-se no Novo Código de Processo

Civil o prazo de 30 dias para apresentação de defesa, além de normatizar questões que

acabaram por gerar repetidas ações junto ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo

Tribunal Federal por omissão da lei.

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7 O PRECATÓRIO

Superada a fase de oposição dos embargos, em não sendo eles opostos ou caso

sejam opostos venham a ser julgados improcedentes, o juiz irá solicitar a expedição do

precatório, o qual consiste em “uma requisição dirigida pelo presidente do tribunal

competente, que deverá mencionar a natureza do crédito, para que a Fazenda Pública

efetue o pagamento, respeitando a ordem cronológica de chegada.” (GONÇAVES,

2012, p. 665)

Cabe aqui uma ressalva, a função do Presidente do Tribunal em determinar a

expedição de precatório para a Fazenda Pública condenada é meramente

administrativa, conforme redação dada pela súmula 311 do STJ, in verbis:

STJ

Súmula 311 – Os atos do presidente do tribunal que disponham

sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter

jurisdicional.

De acordo com Assis (2009, p. 1045), tais atos do Presidente do Tribunal de

Justiça referente ao processamento dos precatórios, por se tratarem de natureza

meramente administrativa, sem o condão jurisdicional, são passíveis de ser controlados

por meio de mandado de segurança. Não sendo possível ainda, recurso conforme a

súmula 733 do STF, cabendo a este tipo de ato administrativo apenas a correção

quanto a erros materiais ou meramente de cálculo.

STF

Súmula 733 - não cabe recurso extraordinário contra decisão

proferida no processamento de precatórios.

Como observam Marinoni e Arenhart (2012, p. 409), a Fazenda pública pagará

as condenações a que sofrer por meio de créditos incluídos no orçamento, através de

precatórios.

“O precatório se assemelha a uma carta de sentença, com a diferença de que sua

função não é de iniciar procedimento judicial, devendo ser enviado à entidade

condenada para a inclusão do valor necessário no orçamento respectivo.”

(MARINONI e ARENHART, 2012, p. 409)

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Aduz o artigo 730, inciso II do CPC:

Art. 730 – inc. II: “Far-se-á o pagamento na ordem de

apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito”.

Ricardo Barreto Costa Filho (2014) explica que acerca da execução intentada

contra a Fazenda Pública:

A execução de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública tem

como diferencial a previsão constitucional dos precatórios, que

se encontra disposta no artigo 100 da CF. Não se pode negar

que esta é, antes de tudo, uma garantia individual do cidadão,

decorrente da previsão constitucional inserta no art. 5º, inciso

XXXV da CF, segunda a qual “a lei não excluirá da apreciação

do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Ainda de acordo com Costa Filho, a Constituição Federal de 1934 veio com o

intuito de regular o que antes era tido como uma boa vontade do poder Executivo em

realizar os pagamentos dos créditos devidos pela Fazenda Pública ao cidadão. Em

1934 os créditos devidos pela Fazenda Pública passaram a respeitar uma ordem

cronológica para sua satisfação, indo de encontro a princípios ético-jurídicos da

moralidade, igualdade e impessoalidade, assegurando ao credor do ente fazendário o

tratamento isonômico e sem distinções quanto aos demais credores. (COSTA FILHO,

2014)

Por sua vez, a Magna Carta de 1946 ampliou este leque quanto à ordem

cronológica de apresentação do precatório, estendendo-se aos entes federados do

Estado, mas ainda esbarrando na questão de que o Estado não se via impelido de

colocar em seu orçamento a previsão de pagamento para estes precatórios. Em 1967

veio a Constituição a tornar obrigatória tal previsão de inclusão orçamentária dos entes

públicos que fossem devedores destes créditos. Por conseguinte, a Constituição

Federal de 1988 fez a ressalva quanto aos créditos de natureza alimentícia. (COSTA

FILHO, 2014)

Gonçalves (2012, p. 665), leciona que os créditos de natureza alimentar, apesar

de serem sujeitos à normativa do precatório, gozarão de preferência no pagamento. A

rigor, a súmula 144 do STJ dispõe que “os créditos de natureza alimentícia gozam de

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preferência, desvinculados os precatórios de ordem cronológica dos créditos de

natureza diversa”.

Ainda de acordo com Gonçalves deverá ser observada duas ordens

cronológicas: “a dos precatórios ordinários, referentes a dívidas não alimentares; e os

extraordinários, que gozam de preferência sobre os ordinários, emitidos para

pagamento de dívidas alimentares”. (GONÇALVES, 2012, p. 665)

Desta forma, os créditos considerados de natureza alimentícia por ensejarem

uma ordem de preferência sobre os demais créditos, serão quitados antes destes,

devendo respeitar o exercício em que as requisições se deram. (BUENO, 2009, p. 393)

Costa Filho (2014) observa que com o advento da Emenda Constitucional nº.

62/2009 pode-se considerar que uma terceira categoria de precatório surgiu, que se

refere aos créditos de natureza alimentícia dos quais seus titulares possuem idade

superior a 60 anos, quando da expedição do precatório, ou ainda os portadores de

doença grave, possuindo preferência sobre os demais créditos, inclusive os de natureza

alimentar de titulares que não se enquadram em tais requisitos.

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham

60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do

precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na

forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os

demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em

lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o

fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será

pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.

Solicitada a expedição pelo juiz de primeiro grau ao Presidente do Tribunal,

deve o crédito ser inscrito até o dia 1º de julho para se inserir o valor correspondente

no orçamento do próprio ente a quem se executa, devendo tal orçamento passar pela

respectiva aprovação. Seguindo esta trajetória, em conformidade com o artigo 100 da

CF, deverá o pagamento ser liquidado com base em sua ordem cronológica e créditos

preferenciais até o fim do exercício orçamentário do ano seguinte, com as devidas

correções monetárias. (COSTA FILHO, 2014)

Marinoni e Arenhart (2012, p. 409), afirmam que deverão obrigatoriamente os

créditos inscritos até 1º de julho serem incluídos no orçamento da entidade, para

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pagamento até o fim do exercício seguinte, com base no artigo 100, parágrafo 5º da

CF. Sendo que a Emenda Constitucional n. 62/2009, não permitiu mais que os créditos

inscritos e figurados no orçamento da entidade executada não sejam pagos no

orçamento financeiro seguinte.

Essa prática, muito comum até então, gerava situação de

absoluta incerteza para o credor que, embora ciente de que não

poderia ser preterido, jamais poderia prever quando aconteceria

o pagamento do crédito, na medida em que isso sempre ficava

na dependência da boa-vontade do Poder Público em alocar no

orçamento verba suficiente para o pagamento de todos os

débitos apresentados até 1º de julho. Diante do regime atual, o

pagamento deve ocorrer necessariamente no exercício

financeiro seguinte, sob pena de sequestrar-se a quantia

necessária a esse adimplemento diretamente do patrimônio de

ente público (art. 100, §6.º, da CF). (Marinoni e Arenhart, 2012,

p. 409)

Acerca da possibilidade de sequestro de quantia necessária para satisfazer o

credor, de acordo com os doutrinadores, o inadimplemento das obrigações referentes

aos precatórios inseridos no orçamento da entidade executada, é passível de acarretar a

intervenção da União nos Estados, e ainda destes sobre os Municípios, quando o ente

federativo, por dois anos seguidos, deixar de quitar as dívidas fundadas, com base nos

artigos 34, inciso V, alínea “a” e 35, inciso I, ambos da CF, ou ainda quando os entes

federativos deixarem de cumprir decisão judicial, em conformidade com os artigos 34,

inciso VI, e 35, inciso IV, da CF. (Marinoni e Arenhart, 2012, p. 410)

Todavia, tem entendido o Supremo Tribunal Federal que esta

medida não pode ser autorizada, se a razão do não pagamento

do precatório se dá por insuficiência dos cofres públicos,

considerando que os entes da Federação têm outros

compromissos a serem enfrentados, não podendo destinar todos

seus recursos à satisfação de condenações judiciais. (Marinoni e

Arenhart, 2012, p. 410)

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8 REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR

O artigo 100, parágrafo 3º da CF prevê a possibilidade de pagamento de

créditos por conta da Fazenda Pública fora do regime anteriormente visto dos

precatórios. É a chamada Requisição de Pequeno Valor (RPV), que foge à sistemática

da execução contra a Fazenda Pública anteriormente analisada, e que deve observar a

lei federal, estadual ou municipal, a depender de cada caso em concreto.

Os créditos sujeitos ao procedimento da RPV são pagos diretamente pela

entidade devedora, mediante a expedição de ofício requisitório, por meio do juízo que

decidiu pela condenação da Fazenda Pública. (Marinoni e Arenhart, 2012, p. 412)

A Lei dos Juizados Especiais Federais (Lei 10.259/2001) regula tal

procedimento aos entes que se legitimam, passivamente nesta lei, sendo previsto um

teto máximo que deverá ser respeitado, definido de acordo com o artigo 17, parágrafo

1º combinado com o artigo 3º da referida lei, a qual prevê que deverá ser respeitado o

valor máximo de até sessenta salários-mínimos. Já aos juizados Estaduais e Municipais

deverá ser observado o artigo 87 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias), que estipula entre quarenta e trinta salários mínimos para a Fazenda

Estadual, Distrital e Municipal. (ASSIS, 2009, p. 1051)

Com base no artigo 17 da Lei 10.259/2001, havendo o trânsito em julgado da

condenação referente a crédito de pequeno valor, o juiz expedirá ofício requisitório ao

ente executado. Não se podendo falar na possibilidade de execução provisória, vez que

a Lei é clara ao exigir o trânsito em julgado da decisão. (Marinoni e Arenhart, 2012, p.

412)

Neste procedimento não haverá nova citação da Fazenda Pública Federal, mas

nada impede que no prazo de 30 dias, contados da data do recebimento da requisição

de pagamento, sejam oferecidos embargos, com base nas matérias dispostas no artigo

741 do CPC. (ASSIS, 2009, p. 1052)

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Da requisição do pagamento, terá a entidade condenada ao pagamento do valor,

sessenta dias, a partir da entrega da ordem, para fazê-lo por meio de depósito realizado

em agência da Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil. Em não sendo cumprida

tal requisição, caberá a determinação pelo juízo do sequestro do valor capaz de saldar

a dívida, não se prestando o sequestro por conta de eventual violação à ordem de

pagamentos, mas sim em detrimento da determinação judicial não cumprida.

(Marinoni e Arenhart, 2012, p. 412)

Como bem observam Marinoni e Arenhart (2012, p. 412), é expressamente

vedado o fracionamento do valor que superar o teto estipulado ao sistema de RPV,

conforme aduz o artigo 17, parágrafo 3º da Lei 10.259/2001, pedindo-se o pagamento

de parte do valor mediante requisição de pagamento e o faltante mediante precatório.

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9 CONCLUSÃO

O processo de execução contra a Fazenda Pública, como visto, é regrada pelos

artigos 730, 731 e tem os embargos contra a execução definido nos artigos 741 e

seguintes, todos do CPC. Tal execução prevê os casos em que a Fazenda Pública seja

constituída devedora, ou tenha algum título executivo, tanto judicial, como

extrajudicial, em seu desfavor.

O procedimento a ser seguido é considerado como especial, tendo por

inaplicável à Fazenda Pública execuções que sejam seguidas pelo regime comum de

execução, levando-se em conta suas peculiaridades apontadas – impenhorabilidade dos

bens públicos; aplicação do princípio da supremacia do interesse público; princípio da

isonomia; etc.

Como bem apontam alguns doutrinadores, a execução contra a Fazenda Pública

não é vista como sendo uma execução propriamente dita, já que não há a aplicação de

intervenção e expropriação no patrimônio do executado, característica marcante de

uma execução.

É de se notar que a principal peculiaridade encontrada na execução contra o

ente fazendário é a questão de que independentemente de sentença judicial transitada

em julgado, deverá a execução iniciar novo processo autônomo. O que pode parecer

um empecilho ao seguimento da execução não a tornando célere, já que com o inicio

de um novo processo, deverá a Fazenda Pública ser citada para opor embargos do

devedor no prazo de trinta dias. Este prazo, por sua vez, decorre de Emenda a

Constituição, o que tem gerado inúmeras duvidas sobre sua constitucionalidade ou

não.

O novo Código de Processo Civil decidiu por trazer no caput do artigo

responsável pelo tema, o prazo de trinta dias para apresentação dos embargos à

execução, sendo que o novo código, em um primeiro momento manteve toda a regra já

conhecida para a execução contra a Fazenda Pública, apenas transcrevendo seus

artigos.

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42

Em não sendo opostos embargos pela Fazenda Pública, ou caso opostos, mas

sejam julgados improcedentes, caberá a expedição do precatório por intermédio do

Presidente do Tribunal que decidir pela condenação do ente público. Tão função do

Presidente do Tribunal tem o aspecto meramente administrativo, não se confundindo

com sua função jurisdicional.

A expedição do precatório consistirá em uma requisição dirigida a Fazenda

Pública competente para que efetue o pagamento da dívida, sendo respeitada a ordem

cronológica estipulada pela Constituição Federal, sendo ela no aspecto temporal

(ordem de chegada) e por sua natureza alimentícia ou não.

Os precatórios expedidos até o dia 1º de julho do ano, devem ser pagos até o

final do exercício seguinte pela Fazenda Pública, sob pena de ser ordenado o sequestro

de quantia suficiente para saldar o valor do débito, ou ainda poderá ser determinada a

intervenção da União nos Estados, e destes nos Municípios, a teor do exposto na

Magna Carta.

Além dos precatórios, de acordo com a Constituição Federal é possível o

pagamento dos créditos contra a Fazenda Pública se darem por meio de Requisição de

Pequeno valor, que consiste em um procedimento mais célere com base no valor da

execução pleiteada, que vai de trinta a sessenta salários mínimos, a depender do ente

executado. Seu prazo para pagamento é de sessenta dias a contar da data de intimação

da decisão, e também cabe a aplicação das medidas previstas para o regime do

precatório caso o credor se veja preterido em seu direito.

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