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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MARIANE MIRANDA GONÇALVES TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MARIANE MIRANDA GONÇALVES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2012

MARIANE MIRANDA GONÇALVES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária. Orientadora Acadêmica: Dra. Ana Laura Angeli. Orientadora Profissional: Msc. Luciana dos Santos Arnalt.

CURITIBA

2012

REITORIA

Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitor Administrativo Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Carmen Luiza da Silva Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Roberval Eloy Perreira Pró-Reitoria de Promoção humana Ana Margarida de Leão Taborda Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profa. Ana Laura Angeli Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Elza Maria Galvão Ciffoni Arns Coordenador Metodologia Científica Renato Luiz Pucci Junior Campus Sydnei Lima Santos

Rua Sydnei Antônio Rangel Santos, 238 - Santo Inácio

CEP 82010-330

Curitiba - Paraná

Fone: (41) 3331-7654

TERMO DE APROVAÇÃO MARIANE MIRANDA GONÇALVES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção

do título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 03 de Dezembro de 2012.

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná Orientadora: Profa. Dra. Ana Laura Angeli

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Milton Mikio Morishin Filho

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Lourenço Rolando Malucelli Neto

Universidade Tuiuti do Paraná

Aos meus pais Mauro e Eliane,

que me deram a base aos meus pés.

Ao meu esposo e companheiro Ricardo,

que me apoiou nos momentos difíceis desta caminhada. DEDICO

AGRADECIMENTOS

Quando eu comecei a escrever o meu TCC eu já sabia que esta parte seria

extensa, porque aqui é a oportunidade que tenho de registrar a minha gratidão por

todos aqueles que fizeram parte da minha história, todos aqueles que me

acompanharam nesta caminhada! E não posso esquecer de ninguém... Começarei

agradecendo a Nossa Senhora Aparecida, que intercedeu em minha vida atendendo

ao meu pedido. Agradeço aos meus pais Mauro e Eliane que sempre me apoiaram

nas minhas escolhas. À May, minha irmã, companheira de todas as horas. Ao meu

amor eterno, Ricardo que hoje sem dúvida é o principal alicerce da minha vida. Obrigada a todos os amigos e companheiros de trabalho, chefe administrativo

Sebastião Jesus por toda compreensão nos momentos em que precisei me ausentar

e em especial ao Emerson Leandro de Faria, no qual eu tenho uma admiração do

seu profissionalismo e da sua competência diante daquilo que faz todos os dias...

Obrigada! Agradeço a todos os professores que acompanharam de perto o meu duro e

difícil ingresso na universidade... Ao Professor e chefe Ricardo Maia, a Professora e

confidente Tais Marchand Rocha Moreira, ao Professor e inspirador dos momentos

de "adrenalina", Lourenço Rolando Malucelli Neto, a Professora e orientadora Ana

Laura Angeli, a Professora Marúcia De Andrade Cruz, ao Professor Milton Mikio

Morishin Filho e um agradecimento em especial a Professora, Companheira,

Madrinha e Amiga Simone Cristine Monteiro Dallagnol que hoje digo com imenso

orgulho que você foi desde o inicio a minha inspiração para adentrar nesse mundo

branco no preto... O mundo da radiologia!

Agradeço a todos os freqüentadores da Clinica Escola de Medicina

Veterinária da UTP, a todos os Médicos Veterinários Residentes que ali passaram,

mas em especial a duas residentes e amigas... Raquel de Araújo Cantarella e Rhéa

Silvia Cassuli de Lima, obrigada por sempre acreditarem em mim e no meu

potencial!

Obrigada a todos os profissionais colegas Médicos Veterinários Adriana Mylla

Pavone Galeb, Eduardo Galeb, Adrieli Gomes Antunes, Jueli Berger e Elaine

Monteiro, que confiaram no meu trabalho e na minha competência compartilhando

os seus ricos conhecimentos, aqueles que levarei para a vida inteira.

Durante esses cinco anos conheci, convivi e ganhei muitos amigos... mas

sempre existirão aqueles que possuem um espacinho maior em nossos corações... ,

são eles Amanda Sotello, Luiz Fernando Leão, Tassiana Guerios, Karoline Soek e

Marcelo Andrey Coradin.

Com muito carinho, muito obrigada a todos!

APRESENTAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C) apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de

Médica Veterinária é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas

as atividades realizadas por Mariane Miranda Gonçalves durante o período de 01 de

Agosto à 10 de Outubro de 2012, no Provet - Medicina Veterinária Diagnóstica,

localizado na cidade de São Paulo e, acompanhando este relatório de estágio,

segue a Revisão Bibliográfica sobre o tema “Avaliação Ultrassonográfica focada no

trauma em cães e gatos".

RESUMO

Realizou-se no período compreendido entre 01 de Agosto à 10 de outubro do ano

corrente, o estágio curricular na instituição privada Provet - Medicina Veterinária

Diagnóstica, nas áreas de radiologia e ultrassonografia em cães, gatos e animais

exóticos. A descrição do local de estágio, bem como as atividades desenvolvidas

nesse período estão contidas neste trabalho. Seguem também dispostos em

quadros, a casuística acompanhada nas duas áreas, divididos por exame, espécie e

idade. Está descrito também uma revisão bibliográfica na área de diagnóstico por

imagem sobre o tema “Avaliação Ultrassonográfica focada no trauma em cães e

gatos".

Palavras-chave: estágio curricular; cão, gato; FAST.

ABSTRACT

The traineeship was conducted from Agust 1rst do October 10th at Provet -

Diagnostic Veterinary Medicine. It was observed diagnostics at radiology and

ultrasonography of dogs, cats and exotic animals. This paper contains place´s

description and activities performed, as well as graphics showing cases´ casuistics,

considering species and patient´s ages. At the end, this paper describes a review of

“Ultrasound Evaluation Focused on Trauma in Dogs and Cats”.

Keywords: traineeship; dog; cat; FAST.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - FACHADA DA ENTRADA PRIINCIPAL DO PROVET - UNIDADE

ARATÃS............................................................................................................... 16

FIGURA 2 - SALA 1 DE EXAMES RADIOGRÁFICOS......................................... 18

FIGURA 3 - SALA 2 DE EXAMES RADIOGRÁFICOS......................................... 18

FIGURA 4 - SALA 1 DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS........................... 19

FIGURA 5 - SALA 2 DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS........................... 19

FIGURA 6 - SALA 3 DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS........................... 19

FIGURA 7 - EFUSÃO PERICÁRDICA................................................................. 34

FIGURA 8 - ESPAÇO DE MORRISON OU ESPAÇO HEPATORENAL............... 35

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – EXAMES RADIOGRÁFICOS ACOMPANHADOS....................... 21

QUADRO 2 – EXAMES RADIOGRÁFICOS REGISTRADOS POR RAÇAS..... 21

QUADRO 3 – EXAMES RADIOGRÁFICOS ACOMPANHADOS E

REGISTRADOS POR IDADE............................................................................. 22

QUADRO 4 – EXAMES RADIOGRÁFICOS ACOMPANHADOS E

REGISTRADOS POR REGIÃO.......................................................................... 22

QUADRO 5 – EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS ACOMPANHADOS E

REGISTRADOS POR RAÇA.............................................................................. 24

QUADRO 6 – SUBDIVISÕES DOS PLANOS SAGITAIS................................... 36

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – AS 11 RAÇAS QUE SE DESTACARAM NO ATENDIMENTO

DO SETOR DE RADIOLOGIA........................................................................... 22

GRÁFICO 2 – AS 10 RAÇAS QUE SE DESTACARAM NO ATENDIMENTO

DO SETOR DE ULTRASSONOGRAFIA........................................................... 24

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES

Av. Avenida

cm Centímetros

Dra. Doutora

DV

E-Fast

EPI

Dorsoventral

Extended Focused Assessment Sonography in Trauma

Equipamento de Proteção Individual

FAST Focused Assessment Sonography in Trauma

kHz Quilohertz

kV Kilovolt

LLE Laterolateral Esquerda

mA Miliamper

mHz

Modo B

Modo M

Megahertz

Modo brilho

Modo movimento

Msc. Mestre

O2 Oxigênio

Prof. Professor

Profa. Professora

QSD Quadrante superior direito

QSE Quadrante superior esquerdo

R. Rua

RM Ressonância Magnética

S.R.D Sem raça definida

T.C.C Trabalho de Conclusão de Curso

TAF Trauma abdominal fechado

TC Tomografia Computadorizada

U.T.I Unidade de Terapia Intensiva

US Ultrassonografia

UTP Universidade Tuiuti do Paraná

VD Ventrodorsal

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 15

1.1 OBJETIVOS DO ESTÁGIO..................................................................., 17

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO...................................................... 17

2.1 RADIOLOGIA......................................................................................... 17

2.2 ULTRASSONOGRAFIA.......................................................................... 19

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS................................................................. 21

4. CONSIDERAÇÕES...................................................................................... 25

5. AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA FOCADA NO TRAUMA EM CÃES

E GATOS - Focused Assessment Sonography in Trauma (FAST)............... 26

5.1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 26

5.2 GENERALIDADES SOBRE O TRAUMA................................................ 26

5.2.1 Mecanismo de patogenia da lesão...................................................... 27

6. TRAUMA ABDOMINAL................................................................................. 28

7. EXAMES DE IMAGEM................................................................................. 29

7.1 RADIOLOGIA......................................................................................... 29

7.2 ULTRASSONOGRAFIA.......................................................................... 31

7.2.1 Produção de ondas ultrassonográficas............................................... 32

8. FAST (Focused Assessment Sonography in Trauma).................................. 33

8.1 O ABDOME............................................................................................. 36

9. EFAST (Extended Focused Assessment Sonography in Trauma)............... 38

9.1 O TÓRAX................................................................................................ 40

10. CONCLUSÃO............................................................................................. 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 42

15

1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular tem como função propiciar ao aluno aprendizado social,

profissional e cultural. Este oferece ao estagiário a oportunidade de interagir

colocando em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, vivenciando no

dia a dia a teoria, absorvendo melhor os conhecimentos, refletindo e confirmando a

sua escolha profissional. O presente trabalho refere-se ao estágio curricular

realizado na instituição privada Provet - Medicina Veterinária Diagnóstica, no

período de 01 de Agosto à 10 de Outubro de 2012.

O estágio foi realizado nas áreas de radiologia e ultrassonografia, quando foi

possível a aplicação dos conhecimentos teóricos e prático obtidos durante a

graduação em Medicina Veterinária bem como a aquisição de novos conhecimentos

por meio da vivência da rotina de um Centro de Diagnóstico por Imagem

conceituado como o Provet e pelo contato de toda a equipe profissional atuante na

rotina desta instituição.

Provet , fundado em 11 de maio de 1987, é um centro de diagnósticos e

especialidades veterinárias que tem como objetivo atender clientes com os seus

animais de estimação, reunindo profissionais que se dedicam a interpretar os

pequenos sinais, as imagens e as alterações sutis apresentadas pelo paciente

enfermo. Conhecido nacionalmente devido à qualidade de seu atendimento e ao

rigor com que vem mantendo suas diretrizes de trabalho. Entre elas podem citar a

atuação nas diferentes áreas de diagnóstico, levando aos médicos veterinários,

informações e recursos que possam ser aplicados à prática propedêutica e

terapêutica da medicina veterinária.

Hoje são três unidades Provet de atendimento na cidade de São Paulo.

1. Unidade Aratãs - Av. Aratãs, 1009. Bairro Moema. (11) 3579-1427 (Figura 1)

2. Unidade Divino Salvador - Av. Divino Salvador, 774. Bairro Moema. (11) 5055-

9271

3. Unidade Jardim Anália Franco - R. Francisco Zicardi, 16. Bairro Jardim Anália

Franco. (11) 2076-0102

Todas são amplamente equipadas e oferecem mais de 600 tipos de exames.

Além da infra-estrutura, contam com o apoio de grandes centros de

diagnóstico veterinário no exterior que são referências mundiais na medicina animal.

16

Assim, com diversos recursos à disposição, estarão preparados para o diagnóstico

de enfermidades complexas com mais rapidez, confiabilidade e a mais alta

tecnologia aplicada na área, gerando benefícios aos clientes e laboratórios

associados. Os serviços prestados pelo Provet estão disponíveis de segunda à

sexta, das 08:00h às 22:00h e sábado, das 08:00h às 17:00h. E são

preferencialmente prestados com agendamento prévio.

FIGURA 1 - FACHADA DA ENTRADA PRINCIPAL DO PROVET - UNIDADE

ARATÃS.

17

1.1 OBJETIVOS DO ESTÁGIO

• Aprimorar os conhecimentos adquiridos ao longo do Curso de Medicina

Veterinária;

• Adquirir experiência social com o público da área;

• Aperfeiçoar a prática técnica na área de diagnóstico por imagem;

• Acompanhar a rotina do profissional da área;

• Conquistar um lugar no mercado de trabalho;

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

A Unidade Aratãs dispõem de uma recepção ampla com mais de 7 (sete)

recepcionistas registrando os pacientes e encaminhando aos setores de exame,

possui um setor de pagamentos, identificado como caixa, e 4 (quatro) ambientes

identificados como sala de espera, estes dispostos com televisões, cadeiras,

balanças para pesagem e bebedouros.

2.1 RADIOLOGIA

Em 2009, o serviço de diagnóstico por imagens do Provet alterou a forma de

análise e visualização dos exames radiográficos, digitalizando as imagens e

oferecendo o serviço de radiologia digital.

O setor da radiologia dispõe de duas salas de exames (Figura 2 e 3), uma

sala para a confecção de laudos, seis profissionais técnicos em radiologia e quatro

profissionais médicos veterinários radiologistas. As salas de exames são amplas,

bem iluminadas, ambientes dispostos de ar condicionado, devidamente protegidas

por paredes baritadas, sinalizadas com luzes de segurança para o acesso de

pessoas autorizadas e oferecem todos os EPI´s (Equipamento de Proteção

Individual) como coletes de chumbo, protetores cervicais, luvas, óculos de proteção

e biombos de chumbo. Todos os técnicos em radiologia e os médicos veterinários

radiologistas utilizam dosímetro de uso pessoal para o controle de radiação

ionizante.

18

FIGURA 2 - SALA 1 DE EXAMES RADIOGRÁFICOS

FIGURA 3 - SALA 2 DE EXAMES RADIOGRÁFICOS

19

2.2 ULTRASSONOGRAFIA

O setor de ultrassonografia do Provet, dispõe de três salas de exames

(Figura 4,5 e 6), uma sala de laudos, sete auxiliares de sala e seis profissionais

médicos veterinários ultrassonografistas. As salas de exame são bem iluminadas e

ventiladas por ar condicionados, possuem uma mesa de exame, banquetas para

todos da equipe se sentarem, canaletas de espuma e colchonetes para apoio e

conforto do paciente no momento do exame.

FIGURA 4 - SALA 1 DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS

20

FIGURA 5 - SALA 2 DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS

FIGURA 6 - SALA 3 DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS

21

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o estágio, de caráter curricular obrigatório realizado na empresa

Provet - Unidade Aratãs, a discente recebeu orientação da Médica Veterinária Msc.

Luciana dos Santos Arnalt / CRMV-SP 13.897 e supervisão acadêmica da docente

Médica Veterinária Dra. Ana Laura Angeli / CRMV-PR 4245 da Universidade Tuiuti do

Paraná.

A acadêmica, durante o período de estágio, cumpriu um total de 393

(trezentos e noventa e três) horas, no qual foi possível a realização de atividades

que desenvolvessem a prática profissional e permitissem a obtenção de novos

conhecimentos em diagnóstico por imagem veterinária.

Durante este período de estágio, no setor de radiologia, foram acompanhados

322 (trezentos e vinte e dois) pacientes, registrando os pacientes por espécies

(Quadro 1), raças (Quadro 2) e idade (Quadro 3). Totalizando 349 (trezentos e

quarenta e nove) exames radiográficos (Quadro 4).

Desenvolveram-se as atividades de acompanhamento dos técnicos e médicos

veterinários na apresentação pessoal aos responsáveis e seus pacientes (animais),

orientações com relação ao exame e a proteção radiológica, posicionamento

radiográfico, manipulação do painel de controle dos aparelhos de raio-x, digitalização

das imagens radiográficas, registro dos exames no caderno ata de controle, análise

das imagens radiográficas em telas de alta definição (Barco) e a confecção dos

laudos. Os laudos são disponibilizados via impressa ou virtual, enviados ao e-mail do

médico veterinário requisitante e ao responsável pelo paciente, quando solicitado.

Entre os 322 exames acompanhados, foram registradas diversas raças, porém

algumas se destacaram pela maior incidência de exames requisitados (Gráfico 1).

Os profissionais médicos veterinários radiologistas foram acessíveis para

esclarecimentos e dúvidas por parte dos estagiários, muitas vezes estabelecendo

temas para discussões e estudo.

22

QUADRO 1 - EXAMES RADIOGRÁFICOS ACOMPANHADOS

ESPÉCIE CASUÍSTICA ESPÉCIE CASUÍSTICA Caninos 275 Quelônios 4

Felinos 36 Mustelídeos 1

Aves 3 Lagomorfos 3

QUADRO 2 - EXAMES RADIOGRÁFICOS REGISTRADOS POR RAÇAS

RAÇAS CASUÍSTICA RAÇAS CASUÍSTICA

Papilon 1 Bull Dog Inglês 4

Shar Pei 1 Boxer 4

Afghan Hound 1 Bichon Frisé 4

Lulu da Pomerânia 1 Rottweiler 5

Cavalier King Charles Spaniel 1 American Pit Bull 5

Pastor Belga 1 Schnauzer 6

Mane Coon 1 Partor Alemão 6

Scottish Terrier 1 Beagle 6

Jack Russel Terrier 1 Pinscher 7

Dobermann 1 Siamês 8

Waimaraner 1 Cocker Spaniel Inglês 10

Boston Terrier 2 Golden Retriever 10

West Highland White Terrier 2 Shih-Tzu 10

Persa 2 Maltês 11

São Bernardo 2 Lhasa Apso 12

Pastor de Shetland 2 Dachshund 17

Spitz Alemão 2 Yorkshire Terrier 19

Border Collie 3 Labrador Retriever 21

Pug 3 S.R.D – Felinos 25

Fox Paulistinha 3 Poodle 36

Chow Chow 4 S.R.D – Caninos 60

TOTAL = 322 pacientes

23

GRÁFICO 1 - AS 11 RAÇAS QUE SE DESTACARAM NO ATENDIMENTO DO

SETOR DE RADIOLOGIA

QUADRO 3 – EXAMES RADIOGRÁFICOS ACOMPANHADOS E REGISTRADOS

POR IDADE

EXAMES RADIOGRÁFICOS Filhote

(0 – 1 ano)

Adulto

(1 – 7 anos)

Sênior

(Mais de 7 anos)

35 125 162

QUADRO 4 – EXAMES RADIOGRÁFICOS ACOMPANHADOS E REGISTRADOS

POR REGIÃO

EXAMES RADIOGRÁFICOS Membros 53

Coxal 54

Tórax 134

Coluna 65

Crânio 15

Abdome 15

Região 11

Esofagograma 1

Urografia excretora 1

TOTAL = 349 exames

24

No período de estágio no setor de ultrassonografia, foram acompanhados 234

(duzentos e trinta e quatro) pacientes (Quadro 5), registrando os pacientes por

espécies. Na rotina dos exames, acompanhou-se os auxiliares de sala, na recepção

dos responsáveis e seus animais (pacientes), a depilação da região do exame

(abdome, pescoço ou crânio) quando necessário, contenção física dos pacientes

para o posicionamento e confecção dos laudos. Todos os laudos são

disponibilizados na forma impressa para o responsável pelo paciente e virtualmente

enviado ao e-mail do médico veterinário requisitante.

QUADRO 5 – EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS ACOMPANHADOS E

REGISTRADOS POR RAÇA

RAÇAS CASUÍSTICA RAÇAS CASUÍSTICA

Basset Hound 1 Sptiz Alemão 3

Border Collie 1 Pinscher 3

Golden Retriever 1 Bull Dog Americano 4

Hamster 1 American Pit Bull 4

Husky Siberiano 1 Shih-Tzu 4

Porquinho da Índia 1 Schnauzer 6

São Bernardo 1 Labrador Retriever 10

Shar Pei 1 Beagle 11

Waimaraner 1 Cocker Spaniel Inlgês 13

West Highland White Terrier 2 Dachshund 13

Bichon Frisé 3 Lhasa Apso 13

Ferret 3 S.R.D – Felinos 13

Pastor Alemão 3 Maltês 14

Persa 3 Yorkshire Terrier 16

Rottweiler 3 Poodle 27

Siamês 3 S.R.D - Caninos 51

TOTAL = 234 pacientes

25

Diante as diversas raças registradas nos atendimentos, algumas se

destacaram e podem ser visualizadas no gráfico 2.

GRÁFICO 2 - AS 10 RAÇAS QUE SE DESTACARAM NO ATENDIMENTO DO

SETOR DE ULTRASSONOGRAFIA

Raças

1011

13

13

13

131416

27

51

Labrador Retriver

Beagle

Cocker Spaniel

Dachshund

Lhasa Apso

S.R.D - Fel

Maltês

Yorkshire

Poodle

S.R.D - Can

4. CONSIDERAÇÕES

O estágio curricular supervisionado proporciona ao acadêmico conhecer

outros profissionais e condutas dentro das circunstâncias e situações mais diversas,

adquirindo a experiência de trabalhar em grandes equipes de diversos setores e

revelando um resultado que me parecia obscuro. A organização e regras mostram-se

indispensáveis para o alcance de altas taxas de sucesso em uma torina intensa.

Trabalhar com profissionais de vários setores, porém todos focados no melhor

atendimento ao paciente, adicionou ao aprendizado inúmeros conhecimentos sobre

o que é mais importante no dia a dia de um profissional da saúde, visando sempre o

trabalho ético e profissional dentro de um ambiente aonde a participação de todos é

importante.

26

5. AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA FOCADA NO TRAUMA EM CÃES E GATOS - Focused Assessment Sonography in Trauma (FAST)

5.1 INTRODUÇÃO

A especialidade de diagnóstico por imagem, especificamente a

ultrassonografia é envolvida por uma relação estreita entre homem e máquina.

Inicialmente utilizada para finalidades obstétricas, a ultrassonografia desenvolveu-se

a contento e, rapidamente, destacou-se entre os exames de auxilio diagnóstico para

medicina veterinária. Sendo um meio de diagnóstico relativamente recente na

medicina veterinária (CARVALHO, C.F.; 2004). O exame ultrassonográfico do

abdome é extremamente útil para identificar o aumento de um órgão e a sua

ecogenicidade, sugerindo distúrbios específicos, como neoplasias. O exame

abdominal também é útil para demonstrar efusões de pequeno volume ou

localizadas. Após a avaliação hemostática do paciente, podem ser realizadas

biopsias com agulhas guiadas por ultrassom ou aspiração de líquidos (KRUTH, S.A.

2008).

O considerável aumento de clínicas veterinárias especializadas no

atendimento emergencial e as unidades de cuidados intensivos nos últimos anos

têm significado um grande avanço na habilidade em ajudar esses pacientes. O

resultado desse desenvolvimento tem sido a sobrevida dos pacientes aumentando

proporcionalmente (TELLO, L.H.; 2008).

5.2 GENERALIDADES SOBRE O TRAUMA

A palavra trauma é de origem grega e significa “ferida”, no entanto sua

definição está sendo mudada com o tempo devido à complexidade dos eventos que

se associam a esse termo, integrando a ele os conceitos de ser uma lesão

inesperada e estar sempre associada a um intercâmbio de energia física ou química.

Esse impacto de energia se realiza inicialmente pela aplicação de uma força que

pode ser positiva, quando um animal é atropelado por um automóvel; ou negativa,

quando um animal cai de uma certa altura e bate no solo. É de muita importância

27

que o emergencista conheça e compreenda em detalhes os efeitos e as respostas

fisiológicas que o trauma induz no organismo (TELLO, L.H.; 2008).

Os ferimentos torácico e abdominal são comuns em cães e gatos. Eles

raramente ocorrem isoladamente. Os pacientes muitas vezes estão em estado de

choque, podendo ter combinações de traumas em tórax e abdome, e outros

ferimentos significantes como as fraturas com coluna vertebral e as alterações

neurológicas. Portanto, a avaliação e o suporte aos órgãos vitais são sempre o

primeiro passo no atendimento desses pacientes e os exames de imagem nunca

serão a primeira manobra no atendimento de um paciente traumatizado (LANG, J.;

2010). Em seguida ao trauma, o organismo inicia um estado compensatório, com a

tentativa de corrigir os déficits e manter os principais sistemas e órgãos vitais em

funcionamento, o que proporciona, na maioria das vezes, uma falsa segurança e

senso de urgência reduzido (RABELO, R.C. 2005).

5.2.1 Mecanismo de patogenia da lesão

A dor em casos de trauma abdominal está sempre presente e é necessário

determinar sua localização, início, progressão e características básicas. Ela é

transmitida por vias sensoriais aferentes, que carregam os impulsos nociceptivos até

o corno dorsal da medula espinhal, caminhando pela via espinotalâmica e trato

espinorreticular até o tálamo e são liberadas no córtex cerebral, onde a sensação de

consciência é percebida. De acordo com a localização, pode-se classificar em três

tipos de dor abdominal: visceral, parietal e difusa (RABELO, R.C. 2005).

O mecanismo da lesão se refere aos eventos e às condições que levam a

alterações traumáticas conhecidas e desconhecidas. Os mecanismos significativos

da lesão se associam com uma maior probabilidade de trauma múltiplo, o qual se

refere a feridas significativas a mais de um dos principais sistemas do organismo.

Alguns exemplos de mecanismos da lesão para o trauma contuso são acidentes

automobilísticos, coices de cavalos e quedas de veículos em movimento. Para o

trauma penetrante podemos citar as feridas por projéteis, penetração por flechas ou

corpos estranhos e mordidas de animais (TELLO, L.H.; 2008).

A origem da lesão se dá quando a energia é transferida das proximidades até

o corpo do paciente e na maioria dos casos é produzida por uma aplicação súbita de

energia cinética. As lesões mecânicas iniciam-se com a aplicação de uma força que

28

acelera a matéria, que pode ser positiva, como por exemplo no atropelamento, ou

negativa quando na queda de uma certa altura. As forças dividem-se em duas

categorias: as que provêm do ambiente ou carga e as que se originam no paciente

ou estresse. A carga gera três tipos de estresse: a de tensão, definido como a força

na matéria que resiste ao alongamento; a compressão, que se define como a força

na matéria que resiste ao encurtamento, e de dilaceração, definido como a força na

matéria que resiste ao deslizamento sobre si mesma (TELLO, L.H.; 2008).

6. TRAUMA ABDOMINAL

O trauma tem sido uma das principais causas de morbidade e mortalidade em

humanos, acometendo na maioria adolescentes e adultos jovens. E dentro das

classificações de trauma, o traumatismo abdominal fechado (TAF) é um dos

acontecimentos mais frequente, apresentando certo grau de dificuldade na avaliação

e manejo (CAMARGO, C. et al., 2010), sendo um desafio para o cirurgião geral.

Com os novos métodos de diagnóstico de imagem e suporte intensivo abriu-se a

possibilidade de tratamento conservativo no TAF. No entanto, temos visto muita

confusão quanto a melhor conduta em cada caso (ILIAS, E.J.; KASSAB, P.; 2007).

Em cães e gatos com trauma abdominal, a ultrassonografia têm

desempenhado um papel importante. No entanto, a dor e o abdome tenso são

características comuns nos pacientes traumatizados e a ultrassonografia pode não

ser fácil de se executar, podendo causar mais desconforto e estresse ao paciente.

Por isso, nem todas as estruturas abdominais são facilmente visualizadas, como por

exemplo o trato urinário inferior. E por esses motivos, a radiografia continua em

muitos casos sendo a principal modalidade dos exames de imagem utilizada no

abdome pós-trauma. Muitos pacientes com lesões abdominais também apresentam

fraturas ou luxações em coluna vertebral, na pelve e em outros ossos, e a avaliação

radiográfica pode ser um procedimento de triagem muito valioso para abordar essas

estruturas (LANG, J.; 2010). Pacientes atingidos por carros que sofrem de trauma

abdominal fechado, podem ser beneficiados pelo exame ultrassonográfico na

emergência, detectando hemorragia intra-abdominal e ainda durante aquelas

primeiras horas do atendimento emergencial, conhecida como “hora de ouro”

podendo ser conduzidos a cirurgia logo que possível. Pacientes na unidade de

terapia intensiva (U.T.I.) são muitas vezes imóveis e sobrecarregados com

29

fluidoterapia, suplementação de O2 (oxigênio) e outros acessos suplementares, e os

aparelhos ultrassonográficos portáteis permitem que o exame possa ser realizado a

beira do leito com o mínimo de distúrbio para o paciente, sem a necessidade de

transporte e movimentação dos membros da equipe clínica (GONZALEZ, J.R.M.

2009).

7. EXAMES DE IMAGEM

7.1 RADIOGRAFIA

O exame radiográfico é um registro fotográfico mediante a ação de raios X,

que sobre estruturas e objetos por eles sensibilizados formam a imagem em uma

película, chamada de filme radiográfico, ou um monitor quando for digitalizado

(McALLISTER, H.; KEALY, J.K.; 2005).

Um dos comuns sinais clínicos em cães e gatos com trauma torácico é a

dispnéia e a manipulação deste paciente pode agravar este quadro. Portanto, a

primeira radiografia é sempre realizada em um posicionamento com o mínimo de

estresse para o paciente. Em nossa prática este é geralmente o decúbito ventral, e

depois desta radiografia dorsoventral (DV), outras projeções poderão ser cogitadas.

Em muitos casos não são necessárias outras projeções para o planejamento do

tratamento. Se houver indicação e viabilidade, projeções em decúbito lateral direito e

esquerdo, ou radiografias com raios na horizontal são realizadas. Animais

traumatizados freqüentemente apresentam taquipnéia que podem resultar em

movimentação e uma redução na qualidade da radiografia. Para que isso não ocorra

é importante a utilização de curtos tempo de exposição. Isso pode ser alcançado

com a combinação de telas de intensificação com filmes radiográficos apropriados e

a maior possibilidade de kilovolts (kV) e miliamper (mA) (LANG, J.; 2010).

As radiografias com o feixe de raio-x vertical no decúbito lateral esquerdo e o

feixe na horizontal, são relatados como sendo os mais indicados para a detecção

radiográfica de pneumotórax. Na projeção laterolateral esquerda (LLE), com o feixe

na vertical, um sinal comumente relatado é a elevação do coração, separando-o do

esterno. A projeção VD é declaradamente a mais indicada para a visualização da

separação das superfícies pleurais parietais e viscerais, indicando ter pequenas

30

quantidades de ar nos espaços pleurais. O pneumotórax pode estar presente com

ou sem outras anormalidades. Em cães, o pneumotórax geralmente é bilateral

(LANG, J.; 2010).

A efusão em pleura e mediastino é comum em cães e gatos que sofreram

trauma contuso. Pode estar associado com ferimentos em vasos sanguíneos,

originando o hemotórax, difundindo o sangramento do ferimento da parede torácica

ou pulmões. Contudo, esse é um sinal não muito específico e pode ter causas não

relacionadas ao trauma. Em derrames graves, a silhueta cardíaca e a linha

diafragmática não podem ser visualizadas, mascarando outras lesões como a

ruptura diafragmática e a contusão pulmonar (LANG, J.; 2010).

A ruptura do músculo diafragma é comum em traumas torácicos e

abdominais. Achados indicativos de hérnia diafragmática são, a perda de definição

do contorno diafragmático, posição anormal do diafragma, mascarando a silhueta

cardíaca e a ausência ou posicionamento anormal dos órgãos abdominais. A

identificação do estômago ou estrutura tubular (alças intestinais) no tórax faz com

que o diagnóstico se torne mais fácil. Acúmulo de líquido livre na pleura pode

suprimir a imagem. A Tomografia Computadorizada (TC), mas também a avaliação

ultrassonográfica nos casos com suspeita de ruptura diafragmática são úteis.

Radiografias contrastadas são indicadas e úteis (LANG, J.; 2010). É importante

considerar que um paciente que sofreu trauma torácico pode ser afetado por uma

hérnia congênita do tipo peritoniopericárdica, que deve ser diferenciada através das

radiografias e cuja origem não se relaciona ao trauma atual. Esta alteração ocorre

com maior freqüência em felinos (TELLO, L.H.; 2008).

A obstrução de vias aéreas pode ocorrer em qualquer porção do sistema

respiratório. Portanto, um exame clínico minucioso para localizar o problema é de

extrema importância. Além do colapso de laringe ou paralisia, a obstrução de vias

aéreas é frequentemente secundária aos traumas craniocefálicos e traumas no

pescoço, ou a aspiração de alimentos recentemente ingeridos. As radiografias

podem ser úteis para localizar o problema e para diferenciação entre os tipos de

obstrução. A ruptura total da traquéia pode ser visualizada com radiografias do tórax

e pode ser a causa da obstrução (LANG, J.; 2010).

A contusão pulmonar é a lesão mais comum após o trauma torácico. Danos

aos pulmões provocam hemorragias e edemas no interstício, alvéolos e em

pequenas vias aéreas, podendo ser visualizadas com áreas mal definidas, muitas

31

vezes irregulares e confluentes de opacidades aumentadas. Dependendo da

quantidade de hemorragia e do tempo após a lesão, a radiopacidade é variável. As

radiografias de feixe horizontal revelam líquido nas interfaces. A lesão pulmonar

muitas vezes levam ao pneumotórax e ao pneumomediastino (LANG, J.; 2010).

Frequentemente essa complicação se apresenta pleomórfica nos estudos

radiográficos. Nos primeiros minutos que seguem ao trauma, a radiografia pode

apresentar falso-negativos, inclusive no paciente com hemoptise clínica, uma vez

que os padrões alveolares em regiões específicas coalescem progressivamente até

se tornarem visíveis (TELLO, L.H.; 2008).

7.2 ULTRASSONOGRAFIA

A utilização da ultrassonografia de forma diagnóstica na medicina foi proposta

inicialmente por Dussik em 1942 e o primeiro ultrassom de contato foi desenvolvido

em Glasgow em 1960, na Inglaterra. Na medicina veterinária o primeiro relato do uso

do ultrassom como método diagnóstico foi a identificação de gestação em caprinos

no ano de 1966 (SEOANE, M.P.R. at al. 2011).

A interpretação dos exames ultrassonográficos requer uma compreensão dos

princípios da ultrassonografia e da sua interação com o tecido em estudo. A

familiarização com o aparelho, com os transdutores e as suas capacidades e com os

possíveis artefatos gerados são pré-requisitos necessários para a realização do

exame. Caso contrário surgirão interpretações errôneas ou excessivas. O médico

veterinário deve desenvolver um protocolo padronizado de imagem e uma

apreciação da anatomia tridimensional. A ultrassonografia é fundamentalmente uma

imagem de uma porção fina de tecido (McALLISTER, H.; KEALY, J.K.; 2005),

fornecendo ao médico veterinário em tempo real uma avaliação rápida e não

invasiva das estruturas de múltiplos órgãos (GONZALEZ, L.R.M. 2009). A orientação

do transdutor e o plano de seção são padronizados, assim a nomenclatura dos

vários estudos dos órgãos (McALLISTER, H.; KEALY, J.K.; 2005). A maioria dos

exames ultrassonográficos abdominais são realizados em decúbito dorsal, porém

não há restrições para a utilização de um posicionamento diferente desde que o

paciente se encontre confortável e é sempre necessária a utilização de gel condutor

e quase sempre há a necessidade de realizar a tricotomia da região avaliada

(CARVALHO, C.F.; 2004). Ao realizar o exame duas formas de ajustes são

32

necessárias: a profundidade, que geralmente é inferior a 10 cm dependendo do

objetivo do exame, e o ganho que amplifica os sinais, tornando a imagem mais clara

ou mais escura conforme a necessidade do examinador (DEXHEIMER NETO, F.L. et

al. 2012).

Ultrassom significa emissão de ondas sonoras de alta frequência, inaudíveis

aos ouvidos humano e as ondas emitidas pelo transdutor penetram os tecidos e

podem ser absorvidas ou refletidas, dependendo da “ecogenicidade” do tecido

(PEREIRA, R.K.H. et al.; 2010). A frequência do som audível é cerca de 20.000

quilohertz (1kHz = 1.000 ciclos por segundo). Em um ultrassom diagnóstico, um

pulso de ondas de ultrassom é dirigido ao interior do corpo, ele atravessa os tecidos

até alcançar uma superfície refletora de onde ele é refletido ao transmissor que

também age como um receptor. Este sinal refletido então é chamado de eco. A

interpretação desses sinais é através de um computador, que exibe em um monitor,

representando uma imagem bidimensional. As frequências do ultrassom diagnóstico

podem variar de 2 a 15 megahertz (1 mHz = 1.000.000 ciclos por segundo)

(McALLISTER, H.; KEALY, J.K.; 2005). A utilização desta técnica, com potencial de

dano virtualmente ausente, de baixo custo, com rápida realização e portátil

(CAMARGO, C. et al.; 2010) esta se tornando muito difundida. Conseqüentemente,

exames radiográficos invasivos, como por exemplo alguns estudos de contrastes,

têm sido parcialmente substituídos (McALLISTER, H.; KEALY, J.K.; 2005).

7.2.1 Produção das ondas ultrassonográficas

Quase toda a energia das ondas é refletida, mas a diferença da impedância

acústica dos tecidos altera a força do sinal ultrassonográfico. Isso permite obter

informações sobre a localização e as características dos tecidos, que são

processados em uma imagem em escalas de cinza, que é a base da tecnologia do

ultrassom. A forma de processar os sinais refletidos determina a formação da

imagem. Com o modo brilho (modo B), a amplitude da energia é demonstrada como

pontos de diferentes intensidades, permitindo a criação da imagem bidimensional

convencional, enquanto outra opção no processamento dos achados é o modo

movimento (modo M), no qual a imagem de um objeto em particular é acompanhada

ao longo do tempo (DEXHEIMER NETO, F.L. et al. 2012).

33

Para uma satisfatória aquisição das imagens, dois parâmetros necessitam

serem ajustados: a profundidade (geralmente inferior a 10 cm, dependendo do

objetivo do exame) e ganho (que amplifica os sinais, tornando a imagem mais clara

ou mais escura conforme a necessidade do examinador) (DEXHEIMER NETO, F.L.

et al. 2012).

8. FAST (FOCUSED ASSESSMENT SONOGRAPHY IN TRAUMA)

O FAST foi um termo criado na medicina em 1996 para determinar um exame

ultrassonográfico, realizado pelo emergencista, com o objetivo de identificar

situações que confiram risco imediato à vida do paciente traumatizado (CAMARGO,

C. et al.; 2010). A importância desta utilização foi percebida por cirurgiões em 1993,

durante o Congresso do Colégio Americano de Cirurgiões (PEREIRA, R.K.H. et al.;

2010). E diferente de buscar um diagnóstico definitivo preciso, o ultrassom dentro do

cenário da emergência tem o principal propósito de reconhecer potencialmente

grandes riscos à vida do paciente (GONZALEZ, L.R.M. 2009).

Recentemente, avanços na tecnologia medicinal e o desenvolvimento de

instrumentos de imagens acessíveis têm aumentado a avaliação de alta resolução

ultrassonográfica na medicina veterinária. Os aparelhos de ultrassom são menores e

mais versáteis hoje, muitos construídos para serem utilizados na beira do leito do

paciente (POWELL, L.L.; 2007). Na medicina, o FAST é considerado em muitos

países uma subespecialidade em diagnóstico por imagem. Os profissionais muitas

vezes treinam os residentes clínicos e cirúrgicos para o reconhecimento das

doenças mais comuns potencialmente fatais que exigem intervenção imediata e são

realizados por profissionais treinados como paramédicos, médicos e residentes.

Esses profissionais recebem um curso de formação sobre ultrassom, com duração

variável, para estarem preparados para reconhecer no exame as situações que

coloquem em risco a vida do paciente. O exame é altamente focado e precisa de

uma resposta rápida, sim ou não a uma pergunta simples: há derrame pericárdico?

Há sangue no abdome? Há evidências de obstrução urinária? (GONZALEZ, J.R.M.

2009), porém a ultrassonografia como um diagnóstico, é uma modalidade que

deveria continuar sendo operado pelo médico veterinário radiologista, treinado para

visibilizar os detalhes difíceis da ultrassonografia. Contudo, os aparelhos

ultrassonográficos estão sendo transformados em uma modalidade diagnóstica

34

utilizada em situações emergenciais, tanto na medicina como na medicina

veterinária. Muito cuidado deve ser tomado para não haver excesso de

interpretações nos achados e devendo somente ser utilizado para situações de

emergência, para auxiliar no diagnóstico geral de doenças específicas e acúmulos

de líquido (POWELL, L.L.; 2007).

O trauma abdominal causa com frequência lesões associadas à

hemoperitônio, e a ultrassonografia parece ser mais sensível para a detecção de

pequenas quantidades de líquido livre intra-abdominal. Esse líquido pode variar em

ecogenicidade e se acumular em diferentes locais do abdome. Os líquidos do tipo

hemorrágicos podem parecer ecogênicos inicialmente devido à presença de

acúmulo de células eritrocitárias (MOON. M.; BILLER, D. 2008). A presença de

líquido livre na cavidade abdominal pode ser detectada pela imagem de áreas

anecogênicas separando as estruturas abdominais e dependendo da quantidade de

líquido livre, e por ser um exame dinâmico, pode-se ainda observar segmentos de

alças intestinais e o mesentério flutuando na cavidade (CARVALHO, C.F.; 2004). O

líquido livre age como um meio de contraste, sendo útil para se obter a imagem de

estruturas abdominais que, às vezes, são difíceis de visualizar. Pâncreas, útero e

ovários, vasos e linfonodos são mais facilmente detectados com líquido livre na

cavidade abdominal (LANG, J. 2010).

O estudo publicado por Boysen et al (2004) revela que o exame FAST

realizado em 100 (cem) cães vítimas de trauma automobilístico atingiu 96% de

sensibilidade e 100% de especificidade para a identificação de líquido livre

abdominal, quando comparado ao exame radiográfico. O FAST é um exame rápido,

não invasivo que auxilia no diagnóstico de pacientes com significante trauma

abdominal e requer a mínima experiência técnica (POWELL, L.L.; 2007).

No exame primário do paciente com trauma abdominal contuso, a avaliação

da circulação inclui o pronto reconhecimento de hemorragias devidas a fontes

ocultas, como aquelas que podem ocorrer no abdome e região da pelve. A avaliação

sequencial se pode dar a presença ou ausência de líquido livre na cavidade

pericárdica e abdominal, incluindo quadrante superior direito (QSD) e quadrante

superior esquerdo (QSE) e pelve. Seguindo uma sequência específica, a primeira

área a ser examinada é a pericárdica, de forma que a efusão pericárdica (Figura 7) é

utilizada para o ajustar o ganho do aparelho ultrassonográfico, embora os aparelhos

35

mais modernos não necessitem deste ajuste manual, pois já apresentam pré-

ajustes.

FIGURA 7 – LÍQUIDO INTRAPERICÁRDICO

Fonte: KEALY, J.K.; MCALLISTER, H. 2005

A região abdominal do FAST deve se iniciar com um est

sangue mais frequentemente se acumula e, então pode ser pre

pelo exame, podendo ser uma medida que poupe tempo. Há u

FAST deve ser repetido após 6 horas de observação c

considerado realmente negativo. Estudos na medicina têm d

casos em que o paciente hipotenso tem alguma lesão ab

negativo, na maioria das vezes não é necessário laparotom

hemorragia e pode ser utilizado como critério para não se re

abdominais de imagem. Quando o FAST é pos

hemodinamicamente estáveis, é indicado a realização de TC

lesão. No QSD avalia-se o espaço de Morrison ou espaço h

que fica entre a fáscia do rim direito e a cápsula hepática, é o l

liquido livre em mais de 80% dos casos em que o FAST é pos

determinação de liquido livre neste espaço, recomenda-se pos

posição de Trendelemburg, aonde o paciente é posicionado e

cabeça fica inclinada para baixo cerca de 40°. No QSE

VE (câmara ventricular

esquerda)

EP (efusão pericárdica)

LL (líquido livre no espaço

pleural)

(saco pericárdico)

udo do QSD, aonde o

cocemente detectado

m consenso de que o

línica antes de ser

emonstrado que nos

dominal e o FAST é

ia para o controle da

alizar outros exames

itivo em paciente

para definir melhor a

epatorenal (Figura 8)

ocal onde se encontra

itivo, e para facilitar a

icionar o paciente em

m decúbito dorsal e a

avalia-se a janela

36

esplenorrenal (recesso entre o rim esquerdo e o baço), sendo o segundo local com a

maior incidência de liquido livre intrabdominal (55%) quando o FAST é positivo. E por

fim avalia-se em um plano coronal, toda a vesícula urinária e região pélvica na

procura de liquido livre. A qualidade do FAST melhora muito quando o paciente esta

com a vesícula urinária repleta (CAMARGO, C. et al.; 2010).

FIGURA 8 - ESPAÇO DE MORRISON OU ESPAÇO HEPATORENAL

RF

F (Fígado)

R (Rim direito)

(Espaço de Morrison

ou espaço hepatorenal)

Fonte: TELLHO, L.H. 2008.

8.1 O ABDOME

A cavidade abdominal, a maior cavidade do corpo, está separada da cavidade

torácica pelo músculo diafragma e se continua caudalmente com a cavidade pélvica.

A linha de demarcação entre as cavidades abdominal e pélvica é conhecida como a

linha terminal, ou borda pélvica; é formada dorsalmente, pela base do sacro,

lateralmente pelas linhas arqueadas e ventralmente pelas bordas craniais do osso

púbis. Nela encontramos a maior parte dos órgãos digestivos e urinários, parte dos

órgãos genitais internos, numerosos nervos, vasos sanguíneos, vasos e nodos

linfáticos, o baço, as glândulas adrenais e determinados vestígios fetais (WENSING,

C.J.G. 1986).

37

Para fins topográficos, o abdome está dividido, por planos imaginários, em

nove regiões. O mais cranial dos dois planos transversais passa através da borda

caudal do arco costal. O plano transversal caudal passa através do nível da

tuberosidade coxal. O plano sagital passa na metade da distância entre a linha

média e a tuberosidade coxal. Os dois planos transversais dividem o abdome em

três zonas, uma caudal à outra, a saber: a zona abdominal cranial, a zona abdominal

média e a zona abdominal caudal. Elas estão subdividas pelos dois planos sagitais

(Quadro 6). Das três zonas transversais, a zona abdominal cranial é maior,

estendendo-se cranialmente até o diafragma. A zona abdominal caudal é a menor, e

termina na entrada pélvica (WENSING, C.J.G. 1986).

QUADRO 6 – SUBDIVISÕES DOS PLANOS SAGITAIS

Regiões abdominais

originadas por planos

transversais

Regiões abdominais originadas por planos sagitais

Abdominal cranial Hipocondríaca esquerda Xifóide Hipocondríaca direita

Abdominal média Abdominal lateral esquerda Umbilical Abdominal lateral direita

Abdominal caudal Inguinal esquerda Púbica Inguinal direita

Fonte: WENSING, C.J.G. 1986.

Um dos objetivos da ultrassonografia abdominal é tentar determinar a

topografia do processo mórbido. É fundamental saber se a coleção ou massa é

intraperitoneal ou retroperitoneal. A parede da cavidade abdominal pode ser

observada em qualquer porção do abdome, desde que seja evitada uma varredura

sobre uma estrutura óssea ou um órgão oco preenchido por gás, uma vez que esses

últimos compreendem barreiras à passagem do feixe sonoro (CARVALHO, C.F.

2004).

As radiografias para a avaliação das estruturas abdominais devem manter a

máxima simetria possível, a qual se avalia na projeção laterolateral (LL) pela

sobreposição das articulações costocondrais contralaterais no abdome cranial e pela

sobreposição das articulações coxofemorais no abdome pélvico. Para a projeção

38

ventrodorsal (VD) ou dorsoventral (DV), utiliza-se o posicionamento do central do

processo espinhoso em relação ao corpo da vértebra lombar e a simetria das

articulações sacroilíacas e forames obturados da pelve. Diferentemente das

projeções do tórax, a exposição radiográfica do abdome é realizada ao final da

expiração e a técnica busca ampla escala de cinza e pouco contraste (SANZ, L.;

2008).

9. EFAST (EXTENDED FOCUSED ASSESSMENT SONOGRAPHY IN TRAUMA)

No intuito de avaliar e monitorar o paciente, foi desenvolvida uma extensão do

protocolo FAST, denonimada EFAST ou FAST-Estendido, a qual amplia a avaliação

do paciente antes reservada à órgãos abdominais e cardíaca para a cavidade

torácica, possibilitando a detecção de pneumotórax, hemotórax e ruptura do músculo

diafragma (FLATO, U.A.P. et al. 2010). Um recente estudo revelou que o ultrassom

pode ser um rápido e preciso método para avaliar pneumotórax e outros ferimentos

torácicos em cães traumatizados. Neste estudo, pacientes avaliados

ultrassonograficamente utilizando o protocolo padrão EFAST e os resultados

mostraram uma sensibilidade geral de 78%, especificidade de 93% e 90% de

precisão do EFAST em relação à radiografias (LANG, J.; 2010).

A ultrassonografia pode ser usada para caracterizar a textura e a

vascularização de uma lesão na parede torácica, auxiliando a identificar a origem da

lesão (SAMII, V.F.; 2010).

A radiografia torácica como sendo um método de projeção plana possui

muitas limitações, e outras modalidades de exames de imagem como

Ultrassonografia (US), Tomografia Computadorizada (TC) ou a Ressonância

Magnética (RM) desempenham um papel importante no trabalho de

acompanhamento de pacientes traumatizados e podem complementar ou até

mesmo substituir alguns procedimentos radiográficos (LANG, J.; 2010). O ar é uma

barreira às ondas ultrassonográficas, por esse fato, a utilização do ultrassom na

avaliação pulmonar foi considerada impossível por muito tempo. Contudo, um

número crescente de estudos tem quebrado esse paradigma, demonstrando que o

exame de ultrassom pode ser útil para a avaliação pulmonar de pacientes críticos,

de maneira complementar aos demais achados de imagem (DEXHEIMER NETO,

F.L. et al. 2012).

39

A investigação ultrassonográfica rotineira da cavidade torácica esta restrita,

sobretudo, à investigação do coração. As costelas e os pulmões dificultam a

formação de suas imagens. A transmissão das ondas sonoras é inibida pela alta

impedância acústica entre os tecidos e os ossos (McALLISTER, H.; KEALY, J.K.;

2005). As costelas bloqueiam as ondas ultrassonográficas e são identificadas por

sua sombra acústica posterior que impede a visualização das estruturas mais

profundas. Abaixo delas, uma linha horizontal clara (hiperecogênica) é visualizada,

chamada linha pleural. Essa linha resulta do encontro da pleura visceral com a

parietal, e a sua cintilância se deve ao deslizamento entre elas (deslocamento de ar)

(DEXHEIMER NETO, F.L. et al. 2012). Doenças da cavidade torácica, especialmente

do espaço pleural e coração, podem ser evidenciadas com a utilização da

ultrassonografia. A efusão pleural é a mais facilmente diagnosticada e o ultrassom

pode ainda ser utilizado como guia para a obtenção de amostras do líquido para a

avaliação citológica (POWELL, L.L.; 2007). O parênquima pulmonar normal não é

visível além da pleura, pois a presença de ar impede a propagação da onda do

ultrassom. Esse fato gera um artefato de repetição, que é identificado no exame

como a presença de linhas horizontais claras (hiperecogênica), sem movimentação,

que se repetem em intervalos iguais (DEXHEIMER NETO, F.L. et al. 2012).

A avaliação de doenças torácicas não relacionadas ao coração, tornou-se um

procedimento diagnóstico valioso, aonde a parede torácica, a superfície do pulmão,

e de certa maneira a pleura, podem ser avaliadas com o auxílio da ultrassonografia

transtorácica em pequenos animais. Massas no mediastino cranial podem ser

visualizadas e amostragens teciduais podem, na maioria dos casos, serem

coletadas. Embora, o exame possa ser muitas vezes não compensatório para a

anatomia intratorácica, tal como os linfonodos traqueobronquiais, o esôfago, e

lesões no mediastino caudal, serão escondidos pelos pulmões inflados, em tórax de

pacientes magros ou ainda quando houver pneumotórax (GASCHEN, L.; 2007).

O aspecto normal precisa ser familiar antes que se possa detectar e decifrar o

anormal de forma segura e confiável (MANNION, P.; 2010). O achado normal e

fundamental no exame de ultrassom pulmonar é o deslizamento pleural, que

consiste na movimentação em ciclos regulares na linha pleural, acompanhando os

movimentos respiratórios, que pode ser facilmente identificado no modo brilho (Modo

B) e apresenta um sinal específico no modo movimento (Modo M), chamado de sinal

de praia, caracterizado por um padrão linear correspondente à parede torácica sobre

40

a linha pleural e um padrão granular homogêneo abaixo dessa, artefato esse gerado

pelos ciclos respiratórios e pelo movimento do ar. O derrame pleural é um problema

comum em pacientes críticos, podendo ser identificado pelo chamado sinal do

quadrado e diferenciado de outros órgãos sólidos pela visualização do movimento

sinusoidal inspiratório no modo M - sinal do sinusóide com especificidade de 97%. A

estimativa do derrame pleural ainda é controversa, mas uma opção é avaliar a

distância entre o pulmão e a parede torácica posterior com o transdutor posicionado

na linha axilar posterior (DEXHEIMER NETO, F.L. et al. 2012).

A ultrassonografia também é muito efetiva em descartar rapidamente

pneumotórax, pois a presença de deslizamento pleural exclui esse diagnóstico.

Quando há pneumotórax é necessário se identificar o chamado ponto pulmonar

(ponto de deslizamento pleural intermitente), o que exige um examinador experiente.

Esse sinal consiste na visualização de um local de pulmão normal em contato com

uma área com ausência de deslizamento pleural e de linhas. Esse achado indica que

o parênquima está parcialmente colapsado, sendo 100% específico para

pneumotórax (DEXHEIMER NETO, F.L. et al. 2012).

9.1 O TÓRAX

A cavidade torácica é uma das três principais cavidades do corpo, podendo

variar de formato, dependendo da espécie e raça, e também alterando sua forma

durante o ciclo respiratório. Nela encontramos dois pulmões, cada um em seu saco

pleural, o coração em seu pericárdio, e diversos outros órgãos e estruturas

importantes (HARE, W.C.D. 1986). Na parede do tórax encontramos o tecido subcutâneo, os músculos

intercostais e as costelas, e estes podem ser melhor examinados quando utilizado

um transdutor de alta frequência, pois estes produzem imagens de alta resolução

para a avaliação de estruturas superficiais. A superfície pleural e os pulmões devem

ser observados durante a respiração. A parede torácica e os pulmões aparecerão em

direções opostas, deslizando um sobre o outro durante a respiração (GASCHEN, L.;

2007).

41

8. CONCLUSÃO

Na medicina veterinária não existem muitas discussões sobre a modalidade

FAST ainda, mas existem profissionais treinados, e equipamentos de alta qualidade

para ultrassonografia portáteis e acessíveis. Até hoje pouco foi descrito sobre o

ultrassom emergencista na medicina veterinária, seja de forma habitual ou à beira do

leito. Há mais ou menos 12 anos os exames relatados foram descritos na maioria

por médicos veterinários radiologistas.

O exame ultrassonográfico na emergência mostra-se como uma ferramenta

valiosa para traumas abdominais contusos, abdome agudo e traumas torácicos de

cães e gatos. Uma contribuição para a clínica na decisão diagnóstica e terapêutica,

seja ela clínica ou cirúrgica, auxilio para a escolha mais acertada de outros exames

complementares, redução de custos e no auxilio intervencionista nas punções

guiadas.

E como defendido por alguns médicos, os profissionais radiologistas e

ultrassonografistas não podem fechar seu território para profissionais intensivistas.

Nós precisamos trabalhar em equipe!

42

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