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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Priscila Maria Alcântara Martins INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Priscila Maria Alcântara Martins

INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

CURITIBA

2010

0

INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Curitiba

2010

1

Priscila Maria Alcântara Martins

INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado.

Orientador: Daniel Ribeiro Surdi Avelar

CURITIBA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Priscila Maria Alcântara Martins

INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Esta Monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel em Direito da

Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, _____ de ___________________ de 2010.

______________________________________________________

Professor Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografias

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: ______________________________________________________

Professor Daniel Ribeiro Surdi Avelar

______________________________________________________

Professor Roberto Luiz Santos Negrão

______________________________________________________

Professor Paulo Rogério Pontes

3

Dedico este trabalho aos meus filhos André e

Arthur que, não só nestes últimos meses, mas durante

cinco anos de suas vidas, cederam à minha ausência

para que eu pudesse me tornar uma mãe melhor,

através de mais uma realização pessoal.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, que me deu a vida, a família, a fé, estando

sempre presente quando busquei forças, me mostrando o quão capaz eu sou. Deus

esteve sempre presente em meus pais, quando na minha formação de

personalidade, de obstinação, de perseverança e principalmente na minha crença de

que “tudo posso Naquele que me fortalece” (Filipenses, 4:13).

Agradeço ao Marco, meu marido, companheiro de um longo caminho já

percorrido, onde nunca me desamparou, estando sempre ao meu lado, me

incentivando, estimulando para que eu concretize todos os meus sonhos.

Ao meu professor e orientador Dr. Daniel Avelar que, com muita sapiência

percebeu minhas interrogações ideológicas, me incentivando a procurar respostas,

expressadas neste trabalho.

Também agradeço a todas as pessoas amigas que acreditaram no meu

sonho, vivendo minhas angústias e expectativas, sempre me dirigindo uma palavra

de estímulo e carinho.

5

“Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança”.

Albert Einstein

6

RESUMO

O objetivo deste trabalho monográfico é pesquisar o ingresso e a utilização da técnica de infiltração policial no Brasil, já que se trata de uma prática permitida, porém, muito pouco explorada por ser duvidoso o controle estatal, uma vez que o território brasileiro é de uma dimensão propícia a muitas explorações econômicas e, o índice populacional foge muitas vezes ao controle do Estado, até porque o próprio país faz divisas com outros países onde o crime organizado já é antigo em comparação ao desenvolvimento cultural, educacional, familiar e financeiro de nossa pátria. Será conceituado crime organizado, organização criminosa, infiltração policial, bem como comparar ordenamentos jurídicos afins. Ainda será analisada no referido trabalho a aplicabilidade deste método de investigação, o perfil adotado por um agente que voluntariamente se propõe a participar de uma operação de risco como a infiltração, a autorização judicial juntamente com a ciência e atuação do Ministério Público, a validade das provas colhidas, responsabilidade penal do agente infiltrado e responsabilidade do Estado diante da vida de um profissional que se arrisca em prol da segurança pública.

Palavras-chave: Crime Organizado; Organizações Criminosas; Infiltração Policial; Agente Infiltrado; Responsabilidade Penal do Agente.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08

2 SURGIMENTO DA TÉCNICA DE INFILTRAÇÃO POLICIAL ............................... 11

2.1 HISTÓRICO DA INFILTRAÇÃO POLICIAL NO MUNDO E O DIREITO COMPARADO .............. 11

2.2 CRIME ORGANIZADO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ................................... 14

2.2.1 Conceito de Crime Organizado e suas características .................................... 14

2.2.2 Conceito de Organização Criminosa e suas características ............................ 16

2.3 CASOS EMBLEMÁTICOS .................................................................................. 20

2.3.1 Organizações criminosas internacionais .......................................................... 20

2.3.2 Organizações criminosas no Brasil .................................................................. 23

3 INFILTRAÇÃO POLICIAL NO BRASIL ................................................................ 26

3.1 AMPARO LEGAL E ANÁLISE DAS LEIS ........................................................... 26

3.2 CONCEITO ......................................................................................................... 28

3.3 OBJETIVOS DO USO DA INFILTRAÇÃO POLICIAL ......................................... 29

3.4 REQUISITOS PARA A INFILTRAÇÃO POLICIAL .............................................. 31

4 DO AGENTE INFILTRADO ................................................................................... 33

4.1 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO AGENTE .............................................. 33

4.2 PRESSUPOSTOS ...............................................................................................34

4.3 PERFIL DO INVESTIGADOR A SER PARTÍCIPE NO TRABALHO DE INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS ............................. 36

5 DA INFILTRAÇÃO POLICIAL COMO MEIO DE PROVA ..................................... 38

5.1 DAS PROVAS EM GERAL ................................................................................. 38

5.1.1 Objeto da prova ................................................................................................ 39

5.1.2 Meios de provas ............................................................................................... 39

5.1.3 Classificação das provas ................................................................................. 40

6 RESPONSABILIDADE PENAL DO AGENTE INFILTRADO ................................ 43

6.1 JUÍZO COMPETENTE ........................................................................................ 46

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

ANEXOS ................................................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo propõe discursar sobre a infiltração policial como técnica

especial de investigação em casos extremos para obtenção de provas contra ilícitos

com grande proporção de gravidade, a ponto de causar à sociedade prejuízos

devastadores para a segurança, saúde e economia pública.

A infiltração policial está prevista nas Leis nº 9.034, de 03 de maio de 1995,

alterada pela Lei nº 10.217, de 11 de abril de 2001, Lei nº 11.343, de 03 de maio de

2006, além de encontrar abrigo também no art. 20 da Convenção das Nações

Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Decreto nº 5.015, de 12 de março

de 2004) e art. 50 da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Decreto nº

5.687, de 31 de janeiro de 2006).

Tais preceitos legais respaldam a atuação de agentes policiais contra o

crime organizado, uma classe criminosa de grande periculosidade e que vem

crescendo e se fortalecendo assustadoramente no mundo todo.

No Brasil, essas organizações criminosas vêm se infiltrando na sociedade

sorrateiramente com muito mais naturalidade, espontaneidade e rapidez que,

quando se nota, a sociedade já é vítima deste mal se entranhando nas famílias,

profissões, lazeres etc. Portanto, deve-se atentar para a necessidade e

aplicabilidade desta nova técnica de investigação.

Por ser muito pouco utilizada, é necessário discorrer sobre crime

organizado, organização criminosa e infiltração policial, bem como se deve ser

utilizado esse tipo de investigação e suas responsabilidades penais.

9

Devemos analisar que o surgimento da infiltração policial se deu por conta

do alastramento de organizações criminosas em todo o mundo. Mas cada Nação,

observando os costumes e necessidades locais, se preocupou em combater os

crimes organizados de acordo com suas próprias realidades.

Diferente no Brasil que, por ingenuidade talvez, ou ainda, desinteresse

político, além de descontrole na supervisão territorial, já que o território nacional faz

divisas com outros países, houve invasões periódicas de organizações, contudo

nossa Nação não acompanhou o crescimento criminoso destes grupos poderosos,

que de forma ilegal, sempre contribuíram com a movimentação financeira do País,

usando inclusive destas contribuições para firmarem território de seus grupos

criminosos.

Importante também será entender a validade da prova obtida pela técnica da

infiltração policial no Brasil. Salienta-se que as provas obtidas através deste método

de investigação são analisadas e valoradas pelo magistrado, que deverá observar

se a obtenção das provas ocorreu de forma lícita ou ilícita, sob pena de nulidade do

processo

Quanto à responsabilidade penal do agente infiltrado e também da

responsabilidade pela proteção do agente e seus familiares, na fase preparatória,

executória e finalista da operação policial, é assunto gerador de grandes dúvidas,

pois embora exista permissão, o próprio Estado se mostra inerte e esquivo à

responsabilidade que lhe cabe, quando se fala em proteção à pessoa que serve a

segurança pública, bem como garantia jurisdicional para a validação e eficácia deste

mecanismo operacional.

10

Outra discussão levantada é sobre o perfil do agente a ser infiltrado numa

operação desta magnitude. Praticamente não existem comentários sobre este tema,

somente existem requisitos que possam garantir tanto a segurança do agente como

o sigilo da operação, como por exemplo: o anonimato do agente através de

identidade falsa e uma história de vida fictícia, disfarce físicos como mudança no

corte de cabelo ou uso de acessórios como óculos.

Em suma, o tema tem a intenção de entender a técnica de infiltração policial,

as necessidades para executar com eficácia este mecanismo legal e óbvio, entender

também o porquê os Poderes Legislativo e Judiciário brasileiros se mantém inertes

diante de um permissivo legal, porém de difícil aplicabilidade, uma vez que nenhum

dos Poderes mencionados quer assumir qualquer tipo de responsabilidade objetiva

diante do fato crucial da permissão de uma operação policial estruturada em

infiltração policial.

11

2 SURGIMENTO DA TÉCNICA DE INFILTRAÇÃO POLICIAL

2.1 HISTÓRICO DA INFILTRAÇÃO POLICIAL NO MUNDO E O DIREITO COMPARADO

Ao falar sobre o surgimento da técnica de infiltração, é possível citar que tal

procedimento é mais antigo do que se pode imaginar. Porém, os relatos escritos de

uma infiltração foram buscados na Bíblia Sagrada, quando relemos o Evangelho de

Mateus, 26: 14-16, ou ainda Marcos, 14: 10-11 (BÍBLIA SAGRADA, 1982). Estas passagens bíblicas relatam a maneira em que Judas Escariotes se

infiltrou entre os escolhidos de Jesus e, por 30 (trinta) moedas de prata, o traiu,

levando-o a morte.

É certo que este tipo de infiltração, não especifica a técnica de infiltração

policial, porém, é provável que o comportamento dissimulado do ser humano tenha

estimulado estudos para um aproveitamento benéfico aos olhos da Segurança

Pública.

A evolução deste processo tornou-se significativa e conhecida quando a

Agência Pinkerton, através do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos,

passou a utilizar agentes infiltrados no Oeste Americano, para combaterem roubos

de correios e falsificações (FERNANDES, 2007, p. 139).

A partir do ano de 1930, os Estados Unidos aprimorou a técnica da

infiltração policial e, com a ajuda do Federal Bureau of Investigation (FBI) passou a

utilizá-la contra outros tipos de crimes, como crimes políticos e guerra fria.

A utilização primária desta técnica de investigação foi marcada por três

períodos cronológicos de desenvolvimento, ou seja, entre os anos de 1936 a 1945, o

FBI e as agências de inteligência militar, assumiram missões de investigações

domésticas de inteligência.

12

Entre os anos de 1946-1963, época da guerra fria, o Federal Bureau of

Investigation (FBI) tornou-se praticamente independente, com mais espaço para as

investigações sem supervisão militar e governamental.

Já nos anos 1964 a 1976 esta técnica foi muito utilizada contra atividades

de protesto contra o governo americano.

Percebe-se que a infiltração policial é muito utilizada por órgãos

especializados e autorizados pelo governo americano. Porém, embora muito

utilizado este procedimento, os Estados Unidos da América não exclui a

responsabilidade do agente infiltrado quando o crime cometido pelo agente, mesmo

que autorizado e por conta da função que vem exercendo dentro de uma

investigação, seja contra a vida, como pode ser visto em seu dispositivo legal

previsto no § 885 d (Food and Drugs) do Título 21 do Federal Criminal Code.

Este procedimento tem regulamentação própria em várias nações, além de

encontrar respaldo na Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas de

1988 (Convenção de Viena), ratificada pela Espanha em julho de 1990.

Em pesquisas feitas por Marcia Monassi Mougenot Bonfim, Promotora de

Justiça de Santo André/SP, conheceu-se que a Espanha, em 05 de janeiro de 1999,

introduziu em seu Código de Processo Penal – a Ley de Enjuiciamiento Criminal

(LECrim) – a técnica de infiltração policial em uma organização criminal (2004, p.

19).

De acordo com Marcelo Batlouni Mendroni, no ordenamento jurídico alemão

o Verdeckte Ermittler (agente secreto) foi introduzido pela lei conhecida como

“Gesetz Bekämpfung dês illegalen Rauschgifthandels und anderer

Erscheinunfsformen der Organisierten Kriminalität – OrgKG, de 15 de julho de 1992

introduziu, nos §§ 110a e 110b Código de Processo Penal Alemão – o StPO

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(Strafprozess Ordnung)” (2002, p. 81), que regulam as admissões e intervenções de

seus agentes infiltrados. Aliás, é de ressaltar que a lei alemã definiu minuciosamente

as condições de aplicação desta técnica, bem como os limites em que seus agentes

podem atuar. Especificou também, em que conjectura se isenta o policial infiltrado

de responsabilidade penal.

Welington Henriques Fernandes cita Delgado Garcia ao tratar da legislação

alemã uma vez que a considera merecedora de méritos, pois estabelece hipóteses e

requisitos para a atuação de um policial infiltrado (2007, p. 142).

Na França, esta modalidade investigativa está regulada pela Lei nº 1.294

(Code de Procedure Penale), de 19 de dezembro de 1991, em seu art. 706-32, onde

o agente tem permissão legal, desde que autorizada judicialmente, para

acompanhar as atividades relacionadas ao tráfico de drogas, no intuito de identificar

autores, cúmplices e conhecer esquemas de circulação das drogas. Ainda há a

previsão legal na segunda parte do dispositivo, a isenção da antijuridicidade do

agente, no caso deste ter que, adquirir, transportar ou entregar o objeto ilícito.

Já na Itália, encontramos previsão legal no Decreto nº 309, de 09 de

outubro de 1990, art. 97, Decreto-Lei nº 306, de 08 de junho de 1992 e na Lei nº

269, de 03 de agosto de 1998.

Em Portugal, como referência, temos o Decreto-Lei nº 15, de 22 de janeiro

de 1993 e a Lei nº 93, de 29 de setembro de 1994, as quais são as diretrizes

permissivas quanto ao uso desta técnica de investigação policial.

Também são encontradas legislações reguladoras da infiltração policial na

Argentina, através da Lei nº 24.424, de 07 de dezembro de 1994; no México, através

da Lei Federal contra a Delinquência Organizada, de 07 de novembro de 1996.

14

Importante ressaltar que, como os Estados Unidos da América, os países

que se utilizam desta técnica e que a tem regulamentada, se preocupam com delitos

praticados por seus policiais envolvidos, contudo, consideram primordial o combate

à criminalidade organizada em benefício do Estado e sua sociedade, a respeitar os

direitos fundamentais e individuais de cada cidadão.

Quanto à atuação de policiais infiltrados no Brasil, existe amparo legal na Lei

nº 9.034, de 03 de maio de 1995 em seu art. 2º, V, no art. 20 da Convenção das

Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Decreto nº 5.015/2004),

no art. 50 da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Decreto nº

5.687/2006) e, atualmente no art. 53, I, da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

Porém, diferentemente de legislações de outras nações, os diplomas legais

supracitados, limitam-se a citar a autorização para uso da técnica em comento, mas

não em explicitar seu desenvolvimento. Mas o amparo legal brasileiro será

dissertado de maneira detalhada mais adiante, quando será analisado

separadamente cada diploma.

Por ora, para melhor entendimento do referido trabalho, será explorado o

tema sobre organização criminosa e a diferenciação com crime organizado.

2.2 CRIME ORGANIZADO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

2.2.1 Conceito de crime organizado e suas características

Ao conceituar-se “crime organizado”, deve-se deixar claro que tal definição

vem causando debates doutrinários por conta de ausência de critérios consensuais

e elementos legais capazes de tipificar legalmente este tipo de crime.

15

A Lei nº 9.034/95 se utiliza da expressão “crime organizado”, mas sem uma

definição expressa, pois se refere a um grupo de pessoas que se reúnem para a

prática de crimes, comparando a bando ou quadrilha.

Mesmo diante da dificuldade em definir o termo, há doutrinadores que

interpretam tal expressão a fim de chegar a uma conclusão quanto ao diploma legal

a ser aplicado no combate de crimes advindos de organizações formadas para fins

ilícitos.

Luiz Régis Prado entende que “crime organizado se define por uma conduta

praticada por um grupo de indivíduos que se unem de forma organizada para a

prática de atividades ilícitas”. Com este entendimento, é possível entender que há

semelhança com bando ou quadrilha, conforme leciona o art. 288 do Código Penal

Brasileiro (2010, p. 375).

Arthur de Lima Barretto Lins entende as opiniões de Luiz Carlos Caffaro e

Carlos Frederico Nogueira ao definirem crime organizado a partir da discriminação

de determinadas condutas criminosas, tais como tipificar a união de duas ou mais

pessoas com a finalidade, por exemplo, de cometer crimes contra a ordem pública

(2004, p. 3).

Outra definição simples, porém objetiva, é dada por Carlos Roberto Mariath

quando define como uma “nova modalidade de crimes, cometidos não mais por

pessoas, mas por grupos (associação) de pessoas que se valem da tecnologia e da

falência do poder de fiscalização estatal” (2009, p. 2).

Welington Henriques Fernandes comenta que “O Federal Bureau of

Investigation (FBI) apresenta uma definição de crime organizado como sendo

qualquer grupo de estrutura formalizada e com objetivos de lucros através de

atividades ilegais” (2007, p. 35).

16

Outro entendimento é apresentado por Abel Gomes, Geraldo Prado e Willian

Douglas, quando citam a visão de Walter Franganiello Maierovitch que destaca o

crime organizado com características marcantes como “a utilização de meios de

violência para a intimidação de pessoas ou exclusão de obstáculos, com a

imposição do silêncio que assegure a clandestinidade, ocultação e impunidade das

ações delituosas praticadas” (2000, p. 5). Verifica-se que neste entendimento, o FBI

também cita como características, a violência e corrupção de agentes públicos.

Outro conceito de crime organizado é entendido de forma objetiva por Ana

Luiza Almeida Ferro, quando cita Abel Gomes no tocante a conceituar crime

organizado como “um fenômeno real, criminológico, produto da existência e da

atividade de uma organização criminosa” (2009, p. 399).

Enfim, o crime organizado tem como característica o planejamento em grupo

de uma ação delituosa, onde se visualiza um chefe que comanda o planejamento

bem como a execução do crime. A execução é feita por pessoas participantes do

grupo criminoso, mas de importância inferior aos comandantes.

O objetivo da prática de um crime organizado é sempre o financeiro, tendo

como fonte de lucros, a venda de mercadorias e/ou serviços ilícitos.

Vale ressaltar que a violência e a intimidação fazem parte tanto do

planejamento como da execução de um crime minuciosamente organizado.

2.2.2 Conceito de crime organizado e suas características

Ao se falar de “organização criminosa”, logo, se imagina um agrupamento de

pessoas com um mesmo objetivo ilegal, ou seja, uma reunião de pessoas que se

estruturam para colocar em prática um crime, um delito, algo reprovável pela

legislação.

17

Embora a definição se aproxime de crime organizado, deve ser observada

uma tênue diferença do crime organizado, pois este na verdade, é um crime

planejado minuciosamente por uma organização criminosa.

Entende-se que este grupo de indivíduos, ao se estruturarem de maneira tal

onde exista hierarquia, subordinados, investimento financeiro, planejamento e

lucros, é chamado de organização. No caso específico do tema em comento, esta

organização tem como objetivo, atividades ilegais. Por isso é chamada de

organização criminosa.

Gomes, Prado e Douglas definem organizações criminosas como

associações organizadas, qualificadas, pela busca cada vez maior de penetração

social e econômica, como também pela obtenção de mais poder, de forma a se

infiltrarem e serem confundidos com as estruturas do poder público, passando a agir

livremente através dele (2000, p. 6).

Também em palavras parecidas, Luiz Régis Prado conceitua as

organizações criminosas como verdadeiras estruturas “empresariais”,

hierarquicamente organizados e com funções definidas, com finalidade de prática

delituosa reiterada (2010, p. 375).

Portanto, uma organização criminosa, segundo Soraya Moradillo Pinto,

pode ser definida como sendo:

O conjunto de crimes, praticados por um grupo de indivíduos, associados em função de suas vontades livres e conscientes, dirigidos à consecução de metas e de fins comuns, que dependem para o êxito de suas pretensões, da interação com outras organizações sociais, lícitas ou ilícitas, e mantém características próprias de hierarquia e de divisão de funções para a sua subsistência. (2007, p. 23).

Outra definição interessante vem de Vicente Greco Filho onde afirma que a

existência das organizações criminosas, está condicionada a

18

[...] um animus associativo, isto é, um ajuste prévio no sentido da formação de um vínculo associativo de fato, uma verdadeira societas sceleris, em que a prática de se associar seja separada da vontade necessária à prática do crime visado. (1992, p. 109).

Os doutrinadores são unânimes quanto ao entendimento de organização

criminosa, acabando por diferenciá-la do crime organizado de maneira que citam

características muito peculiares tais como:

Hierarquia estrutural;

Planejamento empresarial;

Uso de meios tecnológicos avançados;

Recrutamento de pessoas;

Divisão funcional de atividades;

Conexão estrutural ou funcional com o poder público ou com agente do

poder público;

Oferta de prestações sociais;

Divisão territorial das atividades ilícitas;

Alto poder de intimidação;

Alta capacitação para a prática de fraude;

Conexão local, regional, nacional ou internacional com outra

organização criminosa.

Para Luiz Régis Prado basta que haja pelo menos três destas características

para se configurar uma organização criminosa (2010, p. 377).

Ao estudar a definição e característica das organizações criminosas,

Marcelo Batlouni Mendroni apresenta uma estrutura hierárquico-piramidal dentro

19

destas associações, pois se utilizam de um sistema presidencialista, onde existem

chefes, subchefes, gerentes e aviões.

Os chefes e subchefes são normalmente pessoas que ocupam cargos

públicos importantes, que possuem muito dinheiro e posição social privilegiada.

Os gerentes são pessoas da confiança do chefe, com capacidade de

comando, recebem ordens da cúpula e as repassam para os aviões.

Os aviões, por sua vez, são pessoas com algumas qualificações (por vezes

especializadas) para as funções de execução a serem desempenhadas

(MENDRONI, 2002, p. 13-15).

As atividades das organizações criminosas no Brasil são variadas como, por

exemplo, tráfico de entorpecentes, roubos de veículos e roubos de cargas.

Outra característica fundamental para a eficácia das atividades ilegais

praticadas por organizações criminosas, segundo Soraya Moradillo Pinto é que

estas sempre contam com a participação de agentes públicos, de forma que quando

não são integrantes destas associações, são corrompidos por elas, garantindo a

viabilidade da execução das atividades ilícitas (2007, p. 28).

Complementando tal definição, a jurista cita Gomes e Cervini que, no modo

de exporem as características, ordenam na seguinte forma:

Estabilidade e permanência; previsão de acumulação de riqueza indevida; hierarquia estrutural; uso de meios tecnológicos sofisticados; recrutamento de pessoas (“soldados”) e divisão funcional das atividades; simbiose com o poder público; clientelismo; divisão territorial das atividades; alto poder de intimidação; capacidade efetiva para a fraude difusa e conexão com outra organização criminosa. (PINTO, 2007, p. 33).

Após análise de definições e características sobre organizações criminosas,

observa-se que estas, são como já ditas anteriormente, peculiares, distinguindo-as

20

de qualquer outro tipo de organização ou associação seja social, profissional,

recreativa, ou outras que não se caracterizam por fins ilícitos.

Contudo, deve-se atentar para uma situação perigosa que vive nossa

sociedade, que é a influência deste tipo de crime organizado no poder público, ou

ainda, o próprio poder público se utilizando do poder financeiro destas organizações

para fins políticos e individuais.

Esta característica é muito evidente no Brasil. Normalmente as organizações

criminosas conseguem se infiltrar com muita facilidade através da corrupção, em

setores estrategicamente planejados com antecedência. Ou são colocadas pessoas

escolhidas da própria organização (por isso são escolhidas pessoas com

qualificação e especializadas), ou ainda se usa agentes públicos corruptíveis,

através de subornos milionários para o sucesso da empreitada ilícita.

Percebe-se, ainda que uma organização criminosa tenha como

característica, o cuidado de lavar o dinheiro adquirido de forma ilegal, ou seja, toda

organização criminosa bem estruturada e com ramificações em seus negócios,

sempre atuam em outros mercados financeiros de forma lícita, pagando até

impostos, com o intuito de “esquentar” o dinheiro adquirido das atividades

anteriormente executadas com fins ilícitos.

2.3 CASOS EMBLEMÁTICOS

2.3.1 Organizações criminosas internacionais

Ao estudar as organizações criminosas, se percebe que muitos países têm

enraizado em suas histórias, organizações conhecidas como “máfias”, as quais

levaram suas nações a combaterem legalmente estas sociedades.

21

As máfias têm em comum o enriquecimento ilícito e a sede de poder de

forma incontrolada, vindo a desrespeitar qualquer legislação contrária aos seus

objetivos e conceitos próprios. Agem em vários segmentos criminosos como,

lavagem de dinheiro, tráfico de entorpecentes, tráfico de armas, tráfico de pessoas,

prostituição, entre outros e, muitas vezes, com a cumplicidade do poder público.

Podemos conceituar Máfia sendo “uma organização criminosa cujas

atividades estão submetidas a uma direção colegial oculta e que repousa numa

estratégia de infiltração da sociedade civil e das instituições” (WIKIPÉDIA).

Teve sua origem no sul da Itália, precisamente na Sicília, na época

medieval, quando os senhores feudais começaram a depredar gado e plantações,

para forçar seus arrendatários a se submeterem a acordos forçados com este grupo

de proprietários das terras arrendadas. A partir desta manifestação italiana de

“proteção forçada”, este tipo de organização ganhou o mundo, em especial nos

Estados Unidos (WIKIPÉDIA).

Nos Estados Unidos, a Máfia se fortificou na época da “prohibition” (lei seca),

entre as décadas de 20 e 30, onde se estruturou com o aparecimento do autêntico

gangsterismos, de maneira a enfrentar e desobedecerem a determinações

governamentais.

Estudos feitos por Ana Luiza Ferro mostram que a Máfia americana possui

ramificações em muitos de seus Estados, como também possuem ligações com

outras organizações criminosas de outros países, do porte de Cosa Nostra siciliana

(2009, p. 524).

Ainda cita um artigo desenvolvido por Walter Maierovitch, sobre a Máfia

Cosa Nostra americana:

22

A estrutura em pirâmide da Cosa Nostra americana conta com 3.000 “soldados” distribuídos em 25 famílias – das quais 5 em Nova York, estas consideradas as de maior prestígio e influência – sob a liderança de uma comissão que aglutina 24 desses 25 clãs criminosos, sendo que se encontram presos, ainda segundo o autor, 20 dos 25 chefes máximos, bem como trezentos dos “soldados” de Nova York. (FERRO, 2009, p. 524).

A Cosa Nostra americana age de forma preponderante nos jogos ilícitos,

extorsões, tráfico de drogas, tráfico de armas e prostituição.

Outra Máfia muito conhecida e com fortes influências, é a Yakusa, vista

como a mais poderosa Máfia japonesa. Tem como características peculiares, ser

uma sociedade exclusivamente masculina, é organizada nos moldes semelhantes a

uma família. Esta atua dentro e fora do Japão, por intermédio de vários grupos ou

clãs instalados em muitos países como Estados Unidos, Alemanha, Rússia, China,

Coreia do Sul, Colômbia e Brasil, conforme observa Ana Luiza Almeida Ferro (2009,

p.538).

As atividades ilícitas praticadas pela Yakusa giram em torno do narcotráfico,

alistamento internacional de prostitutas e, atualmente o crime mais lucrativo para

esta organização criminosa, é o comércio informal de armas.

Também é de conhecimento mundial a organização criminosa conhecida

como Tríade, oriunda da China.

Esta organização é muito antiga, surgiu no século XVI e, após perderem a

Guerra do Ópio para a Inglaterra, criou-se um conjunto de ramificações se

espalhando para outros países.

As Tríades chinesas são máfias conhecidas pela violência com que trata

seus membros, ou seja, uma vez membro, estará sujeito a qualquer tipo de punição,

desde passarem dias a pão e água até amputação de dedos tanto das mãos quanto

dos pés, caso algo não aconteça conforme a vontade de seus líderes (WIKIPÉDIA).

23

Em seus ramos de contravenções, encontram-se o tráfico de mulheres e

prostituição, tráfico de entorpecentes, roubos, torturas e homicídios.

Outras organizações são tão importantes quanto as já citadas, como o Cartel

de Medellín na Colômbia que nas décadas de 70 e 80, chegou a faturar com a

exportação de drogas, cerca de US$ 28 bilhões.

Esta organização perdeu muita força e credibilidade no submundo das

drogas após captura e morte de muitos de seus líderes, o que fez com que

desaparecesse enquanto entidade unificada, porém, muitos de seus membros ainda

continuam ativos no mundo das drogas (WIKIPÉDIA).

Mas o mundo está infestado de organizações criminosas, conhecidas como

“máfias”, seja no México, França, Rússia e por que não dizer que até o Brasil já

possui organizações criminosas que fizeram história no mundo das contravenções

ditadas pelo ordenamento jurídico brasileiro?

2.3.2 Organizações criminosas no Brasil

Quanto às organizações criminosas brasileiras, se devem buscar suas

raízes na história, à época do coronelismo na região do sertão nordestino.

Soraya Moradillo Pinto identifica como a primeira organização criminosa

brasileira, o movimento conhecido como Cangaço, o qual ganhou notoriedade no

final do século XIX e início do século XX, pela figura de Virgulino Ferreira da Silva,

mais conhecido como Lampião e seus irmãos (2007, p. 9). Luiz Regis Prado também

afirma que o grupo liderado por Lampião, foi o primeiro movimento emblemático de

expressão de organização criminosa no Brasil (2010, p. 372).

Atualmente se podem enumerar várias organizações criminosas que

praticam crimes de maneira muito organizada. O curioso é que suas histórias

24

surgiram de dentro de presídios, como é o caso do Comando Vermelho (CV), criado

em 1979, na prisão Cândido Mendes, na Ilha Grande, Rio de Janeiro.

Embora muitos de seus líderes já estejam mortos ou presos, o CV ainda

controla o tráfico de drogas em partes da cidade do Rio de Janeiro (WIKIPÉDIA).

Outra organização criminosa com forte poder de atuação é o Primeiro

Comando da Capital (PCC). Esta surgiu em São Paulo, no início da década de 90,

também de dentro do Centro de Reabilitação Penitenciária de Taubaté, com o intuito

de defender os direitos dos encarcerados no país. Da defesa aos direitos dos

presos, o PCC ficou conhecido por sua maneira violenta de se rebelar contra as leis

e seus agentes policiais, através de vinganças por mortes de presos, mais

especificamente quando houve o “massacre do Carandiru” em 1992. Por este

motivo, esta organização também passou a ser conhecida como “Partido do Crime”

(WIKIPÉDIA).

Desde 2001 esta organização passou a comandar de dentro da prisão e por

telefones celulares, rebeliões simultâneas em vários presídios paulistas.

O PCC contou com vários líderes, sendo que a cada liderança, surgiam

novas visões de como ganhar terreno no mundo da criminalidade. Além de

rebeliões, os grupos do PCC formados em vários Estados brasileiros passaram a

atuar no campo da extorsão mediante sequestros, homicídios, roubos de veículos,

cargas e bancos, tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo.

Atualmente o Primeiro Comando da Capital é visto como a organização

criminosa mais violenta e temida do País.

Além destas organizações criminosas citadas no presente trabalho, Ana

Luiza Almeida Ferro cita mais algumas, no Rio de Janeiro, como Terceiro Comando

e Amigos dos Amigos, no Acre onde a organização criminosa é inominada, mas

25

sabe-se que sua estrutura conta com agentes do Poder Público e sua liderança foi

atribuída ao ex-Deputado Hildebrando Pascoal, bem como no Espírito Santo, o qual

apresenta problemas com o crime organizado, devido ao envolvimento direto de

autoridades públicas (2009, p. 550, 553, 555).

É de se ressaltar a presença constante do Poder Público, representados por

seus agentes públicos, seja na esfera judiciária, executiva ou legislativa atuando de

braços dados com as organizações criminosas, em troca de mais poder político e

financeiro.

26

3 INFILTRAÇÃO POLICIAL NO BRASIL

3.1 AMPARO LEGAL E ANÁLISE DAS LEIS

Como outros países, o Brasil também possui em seu ordenamento jurídico

leis reguladoras que permitem o uso da técnica investigativa de infiltração policial.

A Lei nº 9.034, de 03 de maio de 1995, alterada pela Lei nº 10.210, de 11 de

abril de 2001, em seu art. 2º, V permite que agentes de polícia e de inteligência se

infiltrem em organizações criminosas, quadrilhas ou bandos para solucionar crimes

praticados por estes grupos, conforme texto original.

Art. 2º. Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: (...) V – infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituídas pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial.

Contudo, Welington Henriques Fernandes afirma que esta lei foi infeliz na

sua formulação quando se refere às quadrilhas não estruturadas ou organizadas no

cometimento de crimes. Segundo ele, o legislador comparou o crime organizado ao

crime tipificado no art. 288 do Código Penal brasileiro, referente ao crime praticado

por quadrilha ou bando (2007, p. 47).

Esta permissão legal também é encontrada na Convenção das Nações

Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Decreto nº 5.015, de 12 de março

de 2004), em seu art. 20, como também no art. 50 da Convenção das Nações

Unidas contra a Corrupção (Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006).

27

A mais recente autorização para o uso deste mecanismo de investigação é

encontrada na atual Lei de Drogas nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, em seu art.

53, I, que rege:

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: I – a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes.

Neste artigo da Lei nº 11.343/2006, existem duas peculiaridades a serem

observadas com mais atenção. A primeira é que só é dada autorização para agentes

da polícia, o que diverge da Lei nº 9.034/95, onde a permissão é dada tanto para

agentes de polícia como para agentes de inteligência.

No entendimento de Marcelo Batlouni Mendroni, é possível que além dos

agentes policiais, também os agentes de inteligência possam fazer uso desta técnica

(2002, p. 69).

A outra peculiaridade ocorre quando o artigo menciona que o Ministério

Público deverá ser ouvido, o que não ocorre nas outras normas mencionadas.

Embora existam leis reguladoras para esta técnica de investigação, deve-se

interpretá-la com cuidado, pois se verifica que em todas as leis mencionadas, todas

permitem a infiltração, porém, nenhuma delas explicita como deve ocorrer. Estas leis

não preveem garantias de proteção ao agente infiltrado, nem mesmo garantia de

eficácia da operação.

Entende-se que estas regras ainda são deficientes e arriscadas quanto sua

aplicação, por falta de conceito objetivo de como deve ser o desenvolvimento desta

técnica.

28

Portanto, nesta linha de raciocínio, Carlos Roberto Mariath conclui de forma

objetiva estas leis como: “[...] a infiltração policial no Brasil trata-se de um perigoso

jogo sem regras, especialmente para o AI” (2009, p. 8).

3.2 CONCEITO

Quanto ao conceito de infiltração policial, este não tem muita variação entre

autores e doutrinadores. São unânimes em definir como técnica de investigação

onde é inserido um agente policial no seio de um grupo organizado que pratica

crimes, com o intuito de angariar provas suficientes para o desmantelamento da

referida organização.

Quanto à forma de inserção do agente infiltrado, não foi localizado nenhum

tipo de regramento e acompanhamento específico, dentro do ordenamento jurídico,

da ação policial em destaque.

Marcelo Batlouni Mendroni define a infiltração com sendo: “basicamente em

permitir a um Agente da Polícia ou de serviço de inteligência infiltrar-se no seio da

Organização Criminosa, passando a integrá-la como se criminoso fosse” (2002, p.

69).

Para Soraya Moradillo Pinto, “a infiltração consiste na introdução de agentes

de polícia ou de inteligência no meio da organização sem que a sua real atividade

seja conhecida, para nela trabalhar e viver temporariamente, como parte integrante

dela” (2007, p. 63).

Outro conceito é dado por Rafael Pacheco ao se referir não somente à

infiltração, mas ao papel do agente infiltrado. Desta forma relata que “agente

infiltrado é um funcionário da polícia que, falseando sua identidade, penetra no

29

âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa forma,

desmantelá-la” (2007, p. 109).

Estudando conceitos ditos por autores renomados, Carlos Roberto Mariath

reúne as definições e resume com suas palavras de forma a diferenciar inclusive a

infiltração policial de “estória-cobertura”.

[...] a infiltração policial trata-se da técnica operacional de investigação que consiste em introduzir um policial em meio às atividades ilícitas de determinado grupo criminoso, dele se tornando parte (leia-se, participando efetivamente das atividades ilícitas), com o fim de desarticulá-lo. De outro lado, quando se esta apenas a interagir (sem efeito ingresso; sem tornar-se parte), estamos em sede de “estória-cobertura” (lembremos da compra de entorpecente). (2009, p. 8).

Conforme dito anteriormente, percebe-se que as definições não apresentam

divergências de um autor a outro. Em suma, todos definem o ato de infiltração

policial como técnica de investigação especial, em casos específicos como no

combate ao tráfico de drogas, por exemplo, mas limitam-se em se aprofundar no

assunto quando tange à segurança do trabalho desenvolvido.

3.3 OBJETIVOS DO USO DA INFILTRAÇÃO POLICIAL

De acordo com a legislação pátria, o objetivo do uso da infiltração policial

vem implícito nas normas, embora não encontremos nas mesmas, limitações,

proteção ao agente, controle fático da situação quando envolve servidor público a

serviço do Estado e Segurança Pública.

Se reportando à Lei nº 9.034, de 03 de maio de 1995, em seu art. 2º, V,

percebemos o objetivo da ação policial, ou seja, a autorização judicial será dada

30

quando houver necessidade de obtenção ou formação de provas para a elucidação

de um crime praticado por uma organização criminosa.

Pode se entender que o objetivo primordial seja a angariação de

informações, provas, com a finalidade de desmantelar uma organização criminosa.

Assim encontramos autores e estudiosos que tem o mesmo entendimento. É o que

pensa a jurista Soraya Moradillo Pinto que, além de definir a infiltração, a finalidade

deste tipo de operação é descobrir de que forma as atividades criminosas são

desenvolvidas. Quais os pontos vulneráveis, pessoas participantes, fornecedores e

clientes, vinculação estatal, além de buscar documentação e informações

probatórias cabíveis ao procedimento judiciário (2007, p. 68).

Flávio Cardoso Pereira usa palavras de Carmona Salgado para descrever o

objetivo de uma infiltração: “para obter desde seu interior, provas suficientes que

permitem fundamentar a condenação penal de seus membros, desarticulando

finalmente, se possível, a citada organização” (2008, p. 13).

Welington Henriques Fernandes se refere ao objetivo do agente infiltrado, ou

seja, o agente “limita-se somente ao objetivo de colher informações sobre operações

ilícitas” (2007, p. 135).

Mas quem apresenta um rol mais específico sobre os objetivos de uma

infiltração é Luiz Carlos Rocha:

a) obter informações; b) fotografar, filmar; c) constatar a existência de máquinas, armas, instrumentos ou materiais diversos; d) apurar o que está ocorrendo; e) saber que crime está sendo cometido ou planejado; f) verificar se existe contrabando, drogas ou mercadorias desviadas ou furtadas; g) identificar as pessoas envolvidas; h) levantar os contatos; i) anotar os veículos utilizados; j) instalar aparelhos de escuta; l) obter provas; m) determinar o momento certo para se efetuar a prisão em flagrante ou para se proceder à busca e apreensão. (1998, p. 29).

31

Entende-se, portanto que a infiltração policial, no limite do ordenamento

jurídico, tem como objetivo angariar informações suficientes para o

desmantelamento da organização através de provas que gerarão prisões em

flagrante, entre outros procedimentos processuais penais, colocando fim a esta tão

arriscada missão.

3.4 REQUISITOS PARA A INFILTRAÇÃO POLICIAL

Conforme leciona o art. 2º, V da Lei nº 9.034/95, o primeiro requisito

apresentado para que ocorra uma infiltração policial é a autorização judicial.

Embora a lei seja omissa no sentido de pormenorizar requisitos formais

sobre a autorização judicial, para que o magistrado tenha um conhecimento

específico sobre a necessidade da autorização, entende-se, inclusive por precaução

tanto para a operação como para o próprio agente infiltrado que esta deve ser

requerida pela autoridade policial. Devem constar no requerimento, o motivo, o

tempo estimado, e o local que será investigado, qual ou quais agentes serão

partícipes na referida operação de forma velada ou disfarçada.

Já analisando a Lei nº 11.343/2006, entende-se que outro requisito a ser

considerado no entendimento do legislador, além de haver o requerimento judicial,

deve o Ministério Público ser ouvido.

Flávio Cardoso Pereira entende que antes da autorização judicial, é

imprescindível a ação conjunta entre o Ministério Público e a autoridade policial de

um planejamento operacional, onde será analisada e viabilizada a necessidade

deste tipo de operação policial, pois estará implícito o princípio da proporcionalidade,

32

vez que é cediço a possibilidade de violar direitos e garantias fundamentais das

pessoas que serão investigadas (2008, p. 11).

Portanto é um requisito de caráter excepcional. Esta técnica somente deverá

ser aplicada quando não houver outro meio de solucionar um delito de forma a ser

menos gravoso aos investigados.

Outro requisito importante se refere ao juízo de proporcionalidade, ou seja, a

atividade do profissional que investiga de forma velada uma organização criminosa

deverá estar submetida ao princípio da proporcionalidade, onde o castigo aplicado

pelo Estado, não deverá ultrapassar o respeito aos direitos e garantias fundamentais

do investigado.

33

4 DO AGENTE INFILTRADO

4.1 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO AGENTE

Ao abranger o assunto infiltração policial, deve-se necessariamente englobar

não somente a ação, mas sim o próprio agente que trabalhará neste tipo de

operação policial.

Para isso, é necessário conhecer a estrutura física do ambiente ao qual o

agente será infiltrado, mas o mais importante é conhecer a estrutura emocional do

servidor que passará a ser quem não é de forma convincente ao meio em que estará

introduzido.

É uma tarefa árdua, tanto para a equipe de apoio quanto para o agente

infiltrado, pois se deve ter certeza que o lado emocional deste profissional não o

colocará em contradição em nenhum momento, para garantia de sua própria vida e

da operação de infiltração, que abarca mais pessoas trabalhando no caso de

desmantelamento de uma organização criminosa.

Portanto, o agente escolhido a ser infiltrado num ambiente de risco, deverá

sem dúvida passar por treinamentos de vários tipos como de sobrevivência, de

postura condizente com o ambiente que irá fazer parte, e principalmente, por

excessivos acompanhamentos psicológicos que lhe deem estrutura para fingir pelo

tempo necessário que perdurar a infiltração.

Pode-se entender o que caracteriza uma infiltração são os disfarces e

comportamentos adotados pelo agente infiltrado, com intuito de despistar, afastando

dúvidas surgidas pelos membros da organização investigada.

34

Flávio Cardoso Pereira diz que, como característica básica o agente deve

fazer uso da ocultação de sua verdadeira identidade, consequentemente, usar do

abuso de confiança, levando a organização a um julgamento enganado sobre o novo

suposto membro da associação (2008, p. 13).

Soraya Moradillo Pinto entende que o agente infiltrado deve estar com uma

falsa identidade e uma história pessoal fictícia, porém esta história deve estar

próxima de sua realidade, para evitar uma possível contradição, vindo a levantar

suspeitas (2007, p. 69).

Na opinião de Welington Henriques Fernandes, a visão se volta às

características envolvendo a infiltração por si mesma, fazendo uso do agente, ou

seja:

esta deve apresentar três características: a dissimulação, ou seja, a ocultação da condição de agente oficial, o engano, que permite ao agente obter a confiança do suspeito e a interação, uma relação direta e pessoal entre o agente e o autor potencial. (2007, p. 134).

4.2 PRESSUPOSTOS

Em outras palavras, os pressupostos já foram inseridos nas narrativas dos

tópicos anteriores quando inseridos os requisitos da infiltração policial.

Os pressupostos do agente infiltrado se assemelham aos da infiltração, ou

seja, de acordo com a Lei nº 9.034/95, bem como a Lei nº 11.343/2006, o agente

somente pode adentrar investigativamente numa organização criminosa quando

autorizado judicialmente. Contudo a Lei nº 10.217/2001 abre a possibilidade desta

infiltração para agentes de inteligência, ao contrário das citadas leis.

Rafael Pacheco entende que somente agentes de polícia judiciária tem a

competência para exercer atividades de coletas de provas. Tal entendimento se

35

baseia no art. 144 da Constituição Federal, que determina as atuações das

instituições policiais. Segundo tal artigo, quem tem o poder de coletar provas são os

agentes da polícia judiciária (2007, p. 114-117).

Ainda reforçando tal entendimento, o autor cita também o art. 4º do Código

de Processo Penal, que estabelece que “A polícia judiciária será exercida pelas

autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a

apuração das infrações penais e da sua autoria” (VADE MECUM, 2009, p. 619).

Outro pressuposto de relevância é encontrado no art. 2º, parágrafo único da

Lei 9.034/95, que prevê que “A autorização judicial será estritamente sigilosa e

permanecerá nesta condição enquanto perdurar a infiltração” (VADE MECUM, 2009,

p. 1.571).

Quanto a este pressuposto é compreensível, pois a doutrina entende que

devido aos riscos que sofre o agente com relação à sua integridade física e moral,

bem como de sua família, o sigilo deve existir desde a autorização judicial, correndo

esta em autos apartados. Inclusive cabe ao judiciário disponibilizar proteção ao

agente e à família, semelhante à proteção disponível às testemunhas.

Ainda devem-se delimitar quando o agente poderá atuar de maneira

infiltrada e por quanto tempo pode ficar nesta situação.

Nenhuma das leis mencionadas faz menção ao prazo de execução, contudo

é entendido que para cada autorização judicial, é preciso analisar cada caso em

concreto, fazendo uma estimativa de tempo e, se necessário prorrogar este tempo

até que se solucione a investigação.

Observa-se que os pressupostos dirigidos ao agente infiltrado têm

correlação com os requisitos necessários para a eficácia da técnica de infiltração

policial.

36

4.3 PERFIL DO INVESTIGADOR A SER PARTÍCIPE NO TRABALHO DE

INFILTRAÇÃO EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Complementando o tópico referente ao investigador propriamente analisado,

é mister fazer uma concepção do perfil, principalmente psicológico, do profissional

apto a trabalhar numa operação de altíssimo risco.

Praticamente nada foi encontrado bibliograficamente a respeito do assunto.

Quem arriscou a comentar sobre o perfil, ainda que de maneira tímida, foi a jurista e

autora Soraya Moradillo Pinto quando relata:

Numa investigação profunda, os policiais infiltrados são normalmente escolhidos entre os novatos porque eles ainda não adquiriram hábitos tipicamente autoritários que poderiam revelá-los como policiais, e também porque dificilmente serão reconhecidos por policiais regulares em serviço, que podem inadvertidamente em um encontro casual, revelar sua identidade. (2007, p. 69).

É possível considerar esta opinião como ponto de partida para se conceber

uma estrutura padrão para analisar qual o perfil adequado que o agente (importante

mencionar que este deve ser voluntário, e não é permitido à imposição) deve ter

para participar deste tipo de serviço em prol da segurança pública.

Como dito antes, a referência bibliográfica é escassa, entretanto, ouvindo

sugestões do policial civil, professor na Escola Superior de Polícia Civil do Paraná,

Sr. Gilson Marciano de Oliveira, o mesmo comentou que em todo o seu tempo de

atuação como policial civil, nunca houve uma preocupação por parte de superiores

hierárquicos, mas como professor, imagina que o estudo dirigido para se criar uma

classe especializada em infiltração, é de suma importância, pois, se está havendo

evolução nas maneiras em que os crimes estão sendo executados, é necessário

37

evoluir também nas maneiras de combater os crimes atualmente apresentados à

nossa sociedade.

Como policial atuante e como professor de futuros policiais civis, ele sugere

que se deveria ter na grade curricular do curso de formação de policiais, aulas de

dramaturgia e artes cênicas. Entende o professor que este seria um bom começo

para filtrar voluntários com perfil capaz de vivenciar ser uma pessoa que não é, com

equilíbrio psicológico para representar, sem se comprometer emocionalmente com

uma história irreal, falsa.

Mais uma humilde sugestão aparece, vinda de experiências que poderiam

acrescentar positivamente na formação de policiais, e assim construir mais uma

parte de um protótipo do perfil adequado a um agente, preparando-o para uma

operação de infiltração.

38

5 DA INFILTRAÇÃO POLICIAL COMO MEIO DE PROVA

5.1 DAS PROVAS EM GERAL

A infiltração policial tem por objetivo primordial a obtenção de provas que

possam desarticular uma organização criminosa, bem como comprovar delitos por

ela praticados.

É necessário entender o que se entende por prova e sua finalidade. Para

isso fazemos uso de algumas definições estabelecidas por autores renomados.

Prova é aquilo que atesta a veracidade ou a autenticidade de alguma coisa;

é a demonstração evidente (FERREIRA, 1975, p. 1.408).

A palavra prova tem origem no latim probatio, com derivação verbal de

probare, que significa demonstrar, reconhecer, formar juízo.

Luiz Carlos Rocha define prova sob a ótica da investigação, ou seja:

Prova é a demonstração da verdade de um fato relacionado a um evento delituoso, e o seu objeto é o sinal, documento, testemunho, instrumento, peça, acontecimento ou circunstância que servem para demonstrar alguma coisa. (2007, p. 64).

Na concepção de Soraya Moradillo Pinto, prova é a verdade buscada, na

qual se fundamenta a decisão judicial (2007, p. 54).

Fernando da Costa Tourinho Filho afirma que provas são os meios pelos

quais se procura estabelecer a existência da verdade, com finalidade de

convencimento do juiz (2009, p. 522).

Já Aury Lopes Jr. entende que as provas estão destinadas a instruir o

julgador através de uma reconstrução histórica do fato (crime), proporcionando-lhe o

39

convencimento. Ainda cita que “as provas são os meios através dos quais se fará

essa reconstrução do fato passado (crime)” (2010, p. 521).

Ainda, no entendimento de Julio Fabbrini Mirabete, se confirma a finalidade

das provas, quando o autor leciona:

[...] provar é produzir em estado de certeza, na consciência e na mente do juiz, para sua convicção, a respeito de existência ou inexistência de um fato, ou da verdade ou falsidade de uma afirmação sobre a situação de um fato, que se considera de interesse para uma decisão judicial ou a solução de um processo. (2007, p. 249).

Após as definições sobre provas, fica notório que sua finalidade é mesmo o

convencimento do magistrado, bem como validar toda uma investigação, um

trabalho minucioso sobre um determinado crime.

5.1.1 Objeto de prova

Entende-se por objeto de prova, todos os fatos, incluindo acontecimentos,

coisas ou circunstâncias relevantes para a convicção do magistrado, no momento da

decisão judicial.

Conforme entendimento de Fernando da Costa Tourinho Filho, objeto de

prova “são todos os fatos, que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma

comprovação. Somente os fatos que possam dar lugar à dúvida, isto é, que exijam

uma comprovação, é que constituem objeto de prova” (2009, p. 523).

5.1.2 Meios de provas

Meios de provas são todos os meios úteis que possam servir de forma direta

ou indireta para a comprovação da verdade buscada no processo.

40

Esses meios de provas são discriminados nos arts. 158 a 250 do Código de

Processo Penal, quais são eles: perícia, interrogatório, confissão, declaração do

ofendido, testemunha, reconhecimento de pessoas e coisas, acareação,

documentos, indícios, busca e apreensão.

5.1.3 Classificação das provas

As provas ainda são classificadas em objetivas, subjetivas, diretas, indiretas

e complementares.

Provas objetivas são referentes à materialidade, ou seja, se referem a

coisas, como por exemplo: armas, manchas de sangue, documentos, coisas

apreendidas.

Provas subjetivas se referem a informações obtidas através de testemunhos,

depoimentos ou interrogatório. Ainda para a complementação deste tipo de prova,

são aceitos os reconhecimentos de pessoas e coisas bem como acareação.

Provas diretas são aquelas que por si própria consegue demonstrar o fato,

seja por documentos, testemunhas ou outro meio que seja indicado por lei.

Provas indiretas são aquelas em que a investigação conclui por dedução,

por raciocínio lógico-dedutivo. São sinais que se relacionam com o fato delituoso ou

com o suspeito, mas sempre de forma incompleta.

Provas complementares são aquelas obtidas através de alguns

procedimentos necessários quando existem indícios de autoria, como por exemplo:

identificação datiloscópica, levantamento de antecedentes criminais do suspeito ou

ainda reconstituição do crime.

Nesta classificação podemos ainda incluir a prova emprestada que, nada

mais é do que importar de outro processo uma prova que venha auxiliar no processo

41

atual. Porém, autores como Tourinho Filho fazem menção ao princípio do

contraditório e da ampla defesa, ou seja, este tipo de prova fere tal princípio,

portanto deve o valor da prova que foi transladada para o processo em andamento,

ficar condicionado ao contraditório (2009, p. 525).

Neste tópico é de suma importância comentar mesmo que brevemente sobre

provas lícitas e ilícitas, uma vez que o presente trabalho se refere a meios

excepcionais de investigação. Portanto, devemos verificar se estes tipos de provas

poderão ser utilizados na infiltração e em que circunstâncias.

Provas lícitas são facilmente compreendidas quando entendemos que as

mesmas são obtidas por meios legítimos e previstos em lei. A produção destas está

submetida a uma limitação legal que não pode ser ignorada, mesmo quando a busca

pela verdade seja árdua e arriscada. As provas não podem ser contaminadas,

devem ser colhidas dentro de todos os padrões legais exigidos.

Quanto às provas ilícitas, devemos lembrar que no art. 157, caput do Código

de Processo Penal se menciona a não aceitação deste tipo de prova, sendo

inclusive determinado pelo artigo em comento o desentranhamento de uma prova

ilícita no processo. A prova colhida por meios ilícitos, fere, viola a própria

Constituição Federal e as leis ordinárias, ou seja, infringe normas de direito material.

E, quando essas provas são colhidas de forma a infringir normas de direito

processual, então dizemos que as referidas provas são ilegítimas. Aury Lopes Jr.

explica com maestria o que vem a ser prova ilegítima:

Prova ilegítima: quando ocorre a violação de uma regra de direito processual penal no momento da sua produção em juízo, no processo. A proibição tem natureza exclusivamente processual, quando for imposta em função de interesses atinentes à lógica e à finalidade do processo. Exemplo: juntada fora do prazo, prova unilateralmente produzida (como o são as declarações escritas e sem contraditório), etc. (2010, p. 583).

42

Ainda falando sobre provas, devemos lembrar que existem as espécies

regulamentadas pela legislação, as quais são encontradas nos arts. 158 a 250 do

Código de Processo Penal e que são aceitas pelo juiz para auxiliá-lo em seu

veredicto, sendo elas: do exame de corpo de delito e das perícias em geral; do

interrogatório; da confissão; do ofendido; das testemunhas; do reconhecimento de

pessoas e coisas; da acareação; dos documentos; dos indícios e da busca e da

apreensão.

É verdade que estas espécies de provas estão sendo mencionadas de forma

rudimentar, pois cada uma delas possui características peculiares, porém, a não

explanação detalhada de cada uma não interfere no assunto principal do trabalho.

Dentro da proposta do assunto, pode-se entender que, em uma infiltração

policial, todas as espécies de provas ou quase todas, podem ser utilizadas,

dependendo do caso concreto, suas circunstâncias e as maneiras de obtenção das

mesmas.

Quando se trata de infiltração policial, baseada na legislação brasileira, se

deve ter cautela em afirmar a validade de provas colhidas.

Complementando, temos que pensar em situações de risco que um tipo de

prova possa causar, por exemplo, usar de testemunho do agente infiltrado como

prova para condenar um chefe de uma organização criminosa, na qual o próprio

agente se infiltrou e conviveu.

43

6 RESPONSABILIDADE PENAL DO AGENTE INFILTRADO

Ao falarmos da responsabilidade penal do agente infiltrado, estaremos

entrando em uma seara perigosa e não concreta, pois toda a exposição será feita

em cima de suposições lógicas de doutrinadores que tentam entender e descobrir

brechas nas leis permissivas, para que se possa aplicar este mecanismo de

investigação.

É claro que o crime organizado brasileiro acompanha rapidamente a

evolução de métodos delituosos para as práticas de crimes, aonde a globalização

criminosa vem crescendo assustadoramente, formando assim uma grande família

ramificada no mundo inteiro, através de grupos e seus objetivos, podendo estes até

ser chamados de máfias.

O problema encontrado no Brasil, é que embora a legislação pátria permita

métodos excepcionais de investigação, estas mesmas legislações não

regulamentam suas atuações.

Pode-se começar pelo conflito de leis entre a Lei nº 9.034/95, a qual foi

alterada pela Lei nº 10.217/2001, onde é permitida a infiltração de agentes de polícia

e agentes de inteligência, com a Lei nº 11.343/2006 que define a permissão somente

para agentes de polícia.

Percebe-se a inocência dos legisladores quando não definiram, talvez por

não entenderem o significado operacional de cada classe profissional, quais os

limites de atuação de cada agente.

Partindo para o esclarecimento do que significa a responsabilidade penal do

agente, doutrinadores pensam que, como a Lei nº 9.034/95 não faz menção aos

limites de atuação do agente infiltrado, podem então praticar delitos ou crimes,

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enquanto estivem atuando clandestinamente, desde que seus atos sejam relatados

detalhadamente ao seu superior hierárquico (aqui, entende-se a autoridade policial,

que dará ciência ao Ministério Público e comunicará ao juiz que autorizou a

operação de infiltração).

Tais delitos implicam em manter o disfarce do agente, até mesmo para

assegurar sua sobrevivência no mundo escroto da criminalidade, sempre com intuito

de colher provas suficientes para prender os responsáveis no momento oportuno.

Tal comportamento teoricamente faz com que o agente se enquadre no art.

23, III do Código Penal brasileiro, ou ainda, conforme o planejamento da operação

pode o agente se resguardar, baseado no art. 22 do mesmo Código.

Desta forma, autores entendem que, ao se infiltrar, o agente policial, deve

poder praticar crimes referentes às atividades exercidas na organização, sob pena

de comprometer a finalidade da operação policial e, novamente lembrando, caso o

infiltrado rejeite uma ordem criminosa, pode colocar em dúvida sua identidade

(falsa), vindo este a conviver com o risco de morte.

Rafael Pacheco discorda deste posicionamento, pois entende que muitas

organizações criminosas estão estruturadas como se empresa fosse. Sendo assim,

é possível que o infiltrado atue em níveis tais da organização sem que se

comprometa a cometer crimes, agindo de forma lícita, não sendo obrigatório que

venha a consumar uma ação criminosa (2007, p. 126).

Deste entendimento, podemos pensar que o agente não tem uma

autorização judicial ampla, mas uma autorização para cumprir atos pertinentes a

uma ação controlada, onde o policial somente espreita, colhe provas e aguarda o

momento oportuno para cumprir a ordem de prisão em flagrante delito.

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Aos olhos e entendimento de Soraya Moradillo Pinto o agente infiltrado

muitas vezes deverá cometer ações graves, para convencimento do grupo, contudo

o próprio policial não deve instigar a prática. Que havendo previsão da necessidade

de autorização judicial, pode-se entender que o agente estará protegido pela

excludente de ilicitude. Pelo menos, deveria ser dessa forma (2007, p. 74-75).

Não havendo regulamentação nas leis que tratam deste tema, entende

Flavio Cardoso Pereira que há o surgimento de duas possibilidades, são elas: à

incidência de uma causa de exclusão da culpabilidade, em razão da inexigibilidade

de conduta diversa, bem como a causa de exclusão de ilicitude, pelo estrito

cumprimento do dever legal (2008, p. 17).

Por fim, o autor entende que:

Se o agente vier a praticar durante a operação encoberta algum delito relacionado com sua missão, desde que analisada a conduta à luz dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, é de se reconhecer a incidência da causa de exclusão de antijuridicidade consistente no exercício de estrito cumprimento legal. (2008, p. 17).

Para exemplificar a necessidade de uma lei expressa para o uso deste tipo

de ação policial, podemos citar o filme “O Traidor”, o qual conta a história de um

agente infiltrado em uma organização terrorista, onde nem mesmo agentes do FBI

que também investigavam a mesma organização, não sabiam de sua real

identidade. O agente foi obrigado a simular atentados e, sem querer, acabou por

matar pessoas inocentes. Outro ponto importante do referido filme aconteceu

quando este mesmo agente presenciou a morte do único contato que o encobertava

nesta empreitada. Mesmo sendo fiel à sua missão, houve momentos de crise de

consciência, vontade de desistir e apego emocional por um integrante da

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organização. Ao final do filme, quando sua identidade foi revelada, os crimes aos

quais foi obrigado a participar, foram arquivados.

Na realidade, é dessa forma que funciona a polícia americana, ou seja, a

atuação de policiais é muito valorizada e as provas adquiridas por eles têm

valoração indiscutível e primordial.

Contudo, a infiltração policial em grupos criminosos que atuam

periodicamente cometendo crimes característicos, não é utilizada no Brasil devido à

falta de várias regulamentações quanto aos limites do agente e quanto à certeza de

que ao mesmo não será imputada culpa quando, por força do disfarce, precisar

cometer crimes.

6.1 JUÍZO COMPETENTE

Ao se falar de juízo competente para que uma infiltração policial venha a

ocorrer, entende-se sumariamente qual jurisdição terá competência para autorizar

uma operação desta responsabilidade.

Tecnicamente, a jurisdição é una, ou seja, o poder completo está com o

Estado. Porém, o mesmo se obriga a delegar competência à representante em todo

o território nacional, onde os juízes ficam mais próximos dos problemas peculiares

de cada sociedade comunitária, podendo assim decidir de acordo com as

necessidades de suas comunidades.

Portanto, no caso de uma autorização judicial para uma infiltração policial, é

compreensível que o requerimento para tal autorização seja dirigido à jurisdição

local onde estão sendo feitas as investigações preliminares. Mas nada impede que,

no decorrer das investigações, ao ser comprovada uma ramificação criminosa

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interestadual ou ainda internacional atuando na mesma criminalidade que vem

sendo investigada, que o juízo competente até então, encaminhe os autos e

requerimentos para outra jurisdição, dando assim continuidade ao trabalho iniciado

em seu território jurisdicional.

Pode-se inclusive ser traçado um plano de ação entre jurisdições para uma

força-tarefa, usando de agentes de várias localidades nacionais e também

internacionais.

É muito difícil encontrar autorização judicial para atuação de agentes das

polícias civil e militar, mas até por conta da estrutura organizacional, autorizações

judiciais são fornecidas mais frequentemente para agentes da Polícia Federal, uma

vez que a competência destes agentes não se limita aos Estados-membros, mas a

todo o território brasileiro, e muitas vezes transcendem suas investigações para

territórios internacionais. Mas entende-se que as autorizações judiciais se limitam a

ações como interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário.

Contudo, em conversa informal com o Delegado da Superintendência

Regional da Polícia Federal do Paraná, Dr. Wagner Mesquita de Oliveira, o mesmo

relatou desconhecer alguma autorização judicial para a espécie de ação policial em

comento, alegando justamente a falta de regulamentação na legislação pátria, onde

nenhum magistrado sente-se amparado pelo ordenamento jurídico para autorizar

uma ação onde a vida de um profissional estaria completamente sob sua

responsabilidade. Inclui-se neste rol de comprometimento também as vidas dos

familiares do infiltrado, e ainda juridicamente analisando, as questões das provas

colhidas, seriam lícitas, ilícitas ou ilegítimas, ou ainda válidas? Com relação aos

delitos praticados pelo infiltrado, seria analisada sua conduta como estrito

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cumprimento do dever legal? Como excludente de ilicitude ou conduta típica

antijurídica?

Em suma, no entendimento do delegado, por cautela e falta de estrutura

jurídica, os juízes não autorizam este mecanismo policial no combate a

organizações criminosas.

Neste sentido, pode ser entendido inclusive que, tal ação feriria os princípios

constitucionais e direitos fundamentais dos investigados, pois seriam violadas suas

intimidades, suas vidas privadas, domicílios.

Confirmando a opinião do Dr. Mesquita, não foram encontradas

jurisprudências que firmassem posição favorável a este tipo de ação policial.

Somente uma jurisprudência foi encontrada, fazendo menção à negação de Habeas

Corpus nº 92.724/SC ao paciente que foi preso em flagrante delito pelo crime de

tráfico de drogas, uma vez influenciado pela instigação de uma policial infiltrada, que

investigava uma organização de narcotráfico, sem que houvesse autorização

judicial, mas como foi encontrada grande quantidade de entorpecente com o

paciente, lhe foi negado o habeas corpus, conforme ementa apresentada.

HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. FEITO SENTENCIADO. AGENTE POLICIAL. INFILTRAÇÃO EM ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA VOLTADA À NARCOTRAFICÂNCIA. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. NECESSIDADE DE APROFUNDADO EXAME PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VESTÍGIOS DE INDUZIMENTO PARA A PRÁTICA DO ILÍCITO PENAL. PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE NÃO COMPROVADA. CRIME PERMANENTE. ESTADO DE FLAGRÂNCIA PERFECTIBILIZADO. CONDUTA TÍPICA. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL INVIÁVEL.

1. Inviável, na via sumária do habeas corpus, dirimir a questão atinente à inexistência de autorização judicial para a infiltração de agente de polícia em associação criminosa investigada pela prática do delito de tráfico de entorpecentes, por demandar o reexame aprofundado das provas colhidas no curso da instrução criminal.

2. Não há falar em flagrante preparado se, diante dos elementos coligidos aos autos, não se puder evidenciar que o paciente ou os co-réus foram

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induzidos à prática de crime de tráfico de drogas por parte de agente policial.

3. Presentes fortes elementos de prova, apontados na sentença condenatória, de que o paciente, não obstante não estar comercializando a droga no momento da prisão, portava, juntamente com outros co-réus, elevada quantidade de substância tóxica, caracterizado está o crime de traficância e o estado de flagrância, na medida em que a consumação do ilícito em questão já vinha se protraindo no tempo e era preexistente à ação policial.

3. Ordem denegada. (STJ – 5ª T. – Habeas Corpus 92.724/SC (2007/0245720-0) – Rel. Min. Jorge Mussi – j. em 14.04.2009 – DJ 01.06.2009)

Por fim, o referido trabalho deixa uma lacuna com relação à regulamentação

das legislações brasileiras, por força da ausência de limitações direcionadas ao

agente infiltrado, como ausência de garantias e proteção ao policial e à sua família,

fazendo desta forma, que um mecanismo de controle sobre crimes praticados por

organizações criminosas seja completamente inviável a sua aplicabilidade.

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7 CONCLUSÃO

Através deste estudo, percebe-se a tentativa em instrumentalizar o Direito

Penal Brasileiro, e um destes instrumentos é a infiltração policial.

A permissão para o uso de infiltração no combate ao crime organizado e

suas organizações, está previsto tanto na Lei nº 9.034/95 e mais recentemente na

Lei nº 11.343/2006. Contudo, de início já encontramos divergências quanto às

pessoas que podem se infiltrar. Doutrinadores entendem que, como disciplina a Lei

mais antiga, a qual foi alterada pela Lei nº 10.217/2001, é possível autorizar tanto

agentes de polícia como agentes de inteligência. Já doutrinadores adeptos da Lei nº

11.343/2006, entendem que este tipo de atuação é devido somente a agentes de

polícia, baseados nas competências delegadas aos órgãos destinados à Segurança

Pública, conforme o art. 144 da Carta Magna.

Devemos observar que mais grave que a competência, é a lacuna existente

nas leis, pois as mesmas apresentam-se permissivas, mas não conceituadas a

ponto de explicitar e limitar o desenvolvimento desta técnica.

Embora esteja determinado que seja necessária autorização judicial

precedida de ciência e participação do Ministério Público num trabalho investigativo

deste porte, a infiltração policial no Brasil não acontece como em outros países,

onde esta prática tem credibilidade, suporte jurídico e eficácia, bem como assegurar

a integridade dos agentes envolvidos, física e formal. Por conta das lacunas que

causam insegurança jurídica no que tange a autorização judicial para o emprego

deste mecanismo operacional contra crimes como tráfico de entorpecentes,

sequestros, roubos de cargas, bancos, veículos etc.

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Entendemos que um policial jamais age sozinho numa infiltração, mas existe

toda uma equipe de apoio e supervisão trabalhando em conjunto. Porém, nem

mesmo estando amparado por um grupo operacional encoberto, não há condições

legais que garantam a proteção incondicional do agente, colocando inclusive em

dúvida a veracidade das provas colhidas, ou seja, pode a prova, diante da lei “débil”

ser considerada válida? Ou ainda, até que ponto o agente conseguiria ficar infiltrado

sem o cometimento de ilícitos? Sua conduta estaria resguardada pelo estrito

cumprimento do dever legal? Ao ser coagido pela situação onde se encontra

disfarçado, a cometer crimes pertinentes à organização, seria o agente beneficiado

pela exclusão da culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa?

Pode a determinação de o juiz superar as lacunas da lei?

Devido a tantas incertezas do ordenamento jurídico, fica notória a

insegurança do juiz em autorizar uma infiltração policial, pois certamente recairá

sobre ele (Estado), a responsabilidade total sobre a operação autorizada como

também, a responsabilidade integral sobre a vida de um profissional da segurança

pública e consequentemente a de sua família.

Ao analisar sob este prisma, percebemos a necessidade e urgência em se

alterar, ou ainda, especificar as condutas a serem seguidas pelas leis, as quais

existem com intuito de dar segurança aos filhos deste país.

Mas, enquanto o legislador pátrio continuar ausente, é certo que este

mecanismo de combate ao crime organizado não poderá ter eficácia nem

credibilidade, continuando a ser visto como um método existente, legalizado,

emergencial e importado de qualquer maneira, de países já desenvolvidos, porém,

sem adaptações à realidade brasileira.

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ANEXOS

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