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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ UTP FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA LUIS FILIPE GNOATTO PINTO DE CARVALHO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR CATARATA EM CÃES: RELATO DE UM CASO CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ – UTP

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

LUIS FILIPE GNOATTO PINTO DE CARVALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CATARATA EM CÃES: RELATO DE UM CASO

CURITIBA

2015

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LUIS FILIPE GNOATTO PINTO DE CARVALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CATARATA EM CÃES: RELATO DE UM CASO

CURITIBA

2015

Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná, como requisito parcial para

obtenção do título de Médico Veterinário.

Professora orientadora: MsC. Jesséa de

Fátima França

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Reitoria

Sr. Luiz Guilherme Rangel dos Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitoria Acadêmica

Profª. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Profª. Carmen Luiza da Silva

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

CAMPUS BARIGUI

Rua Sydnei A Rangel Santos 238 - Santo Inácio

CEP 82.010-330 – Curitiba - PR

FONE: (41) 3331-7700

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TERMO DE APROVAÇÃO

LUIS FILIPE GNOATTO PINTO DE CARVALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

REVISÃO DE LITERATURA

_________________________________

Bacharelado em Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. MsC. Jesséa de Fátima França

UTP

Prof. MsC. Rogério Luizari Guedes

UTP

Prof. MsC. Rhéa Cassuli Lima dos Santos

UTP

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção

do título de Médico Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 27 de Novembro de 2015.

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AGRADECIMENTO

Primeiramente quero agradecer a Deus por todas as bênçãos que tem

me dado, por ter me dado forças para nunca desistir dos meus sonhos e por ter me

presenteado com uma família sensacional.

Obrigado a minha mãe Ivanise, por sempre me guiar pelo melhor

caminho, por me apoiar e me ajudar em todas as minhas decisões. Obrigado ao

meu pai Delmar, aos meus irmãos Zé Augusto, Victor, Nathalia e a Marlisa, minha

fiel escudeira, aos meus avós Maria Iria e Augustinho por toda a dedicação e

paciência, vocês são fundamentais na minha vida.

Um agradecimento especial aos meus tios Plauto, Willian, Tia Elza e

Tia Ivete, pelo incentivo, amor e por sempre tirarem minhas dúvidas. Obrigado a

Fabiane por ter me ajudado muito em toda a minha caminhada na faculdade, você

me tornou uma pessoa muito melhor.

Aos meus mestres que sempre buscaram passar os melhores

ensinamentos possíveis, eu só tenho a agradecer. Sei que se cheguei até aqui, foi

também por que aprendi com os melhores!

Obrigado a toda equipe do Hospital Veterinário São Bernardo,

principalmente ao Doutor Marcos e Doutor Maicon que além de me ensinarem muito,

se tornaram meus amigos para toda vida!

É claro que eu não poderia esquecer-me de mencionar todos os meus

amigos de infância e colegas de sala da faculdade por sempre nos mantermos fortes

e unidos.

A todos vocês, a minha eterna gratidão!

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LISTA DE ABREVIATURAS

ALT: Alanina Transanina

Dr: Doutor.

g: grama

ERG: Eletrorretinografia

FA: Fosfatase alcalina

HVSB: Hospital Veterinário São Bernardo.

LIO: Lente Intra-oculare.

mm: Milímetros.

mg: Miligrama

MV: Médico Veterinário.

PAAF: Punção Aspirativa por Agulha Fina.

SID: Uma vez ao dia.

BID: Duas vezes ao dia.

TID: Três vezes ao dia.

QID: Quatro Vezes ao dia.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Fachada do Hospital Veterinário São Bernardo ....................................11

FIGURA 2: Área de recepção dos animais e secretaria............................................11

FIGURA 3: Ambulatório do HVSB.............................................................................13

FIGURA 4: Sala para a realização de radiografias....................................................14

FIGURA 5: Desenho esquemático anatômico do globo ocular.................................23

FIGURA 6: Desenho esquemático anatômico do cristalino.......................................24

FIGURA 7: Posicionamento correto do cão para realização do eletroretinograma...26

FIGURA 8: Esclerose nuclear...................................................................................28

FIGURA 9: Procedimento de facoemulsificação........................................................29

FIGURA 10: Cão da raça Pischer com catarata madura uni lateral no olho

esquerdo....................................................................................................................33

FIGURA 11: Resultado do exame de eletroretinografia do paciente .........................34

FIGURA 12: Posicionamento do paciente para a cirurgia de Facoemulsificação.....35

FIGURA 13: Injetando o corante azul de Tripan no olho esquerdo do paciente.......36

FIGURA 14: Momento de aplicação do material viscoelástico no paciente...............36

FIGURA 15: Incisão da cápsula anterior do cristalino...............................................37

FIGURA 16: Procedimento de hidrodelineação.........................................................37

FIGURA 17: Momento de realização da facoemulsificação.......................................38

FIGURA 18: Imagem do olho esquerdo da do paciente indicado pela (seta), dois

dias após a cirurgia de Facoemulsificação.................................................................39

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LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

GRÁFICO 1: Relação entre quantidade de cães e gatos atendidos no período

de 3 de agosto a 19 de outubro de 2015...................................................................16

TABELA 1: Casuística do sistema respiratório..........................................................17

TABELA 2: Casuística dos casos de oftalmologia....................................................17

TABELA 3: Número de cirurgias oftálmicas realizadas.............................................17

TABELA 4: Casuística do sistema tegumentar.........................................................18

TABELA 5: Casuística do sistema endócrino...........................................................18

TABELA 6: Casuística do sistema reprodutor ..........................................................19

TABELA 7: Casuística do sistema urinário...............................................................19

TABELA 8: Casuística do sistema cardiovascular....................................................19

TABELA 9: Casuística do sistema músculo esquelético..........................................20.

TABELA 10: Quantidade de cirurgias realizadas no sistema músculo esquelético..20

TABELA 11: Casuística de neoplasias diagnosticadas no HVSB.............................20

TABELA 12: Casuística do sistema odontológico.....................................................21

TABELA 13: Casuística de imunoprofilaxia..............................................................21.

TABELA 14: Casuística de doenças infecciosas......................................................21.

TABELA 15: Casuística de outros casos acompanhados no HVSB no período

3 de Agosto há 19 de Outubro.................................................................................. 21

GRÁFICO 2: Gráfico demonstrando número de casos atendidos durante o estágio

curricular.....................................................................................................................22

GRÁFICO 3: Gráfico representativo quanto à quantidade de procedimentos

realizados por sistemas no estágio curricular............................................................22

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9

2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO............................ 10

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................... 14

4. CASUÍSTICA ACOMPANHADA NO HOSPITAL VETERINÁRIO SÃO BERNARDO

........................................................................................................................................ 16

5. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 23

5.1 ANATOMOFISIOLOGIA OCULAR ................................................................. 23

5.2 CATARATA......................................................................................................... 25

5.3 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 27

5.4 FACOEMULSIFICAÇÃO .................................................................................. 28

5.5 FASES DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ................................................ 30

6. RELATO DE CASO ................................................................................................. 33

7. RESULTADO ........................................................................................................... 40

8. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 41

9. CONCLUSÃO........................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 44

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1. INTRODUÇÃO

O estágio foi desenvolvido no Hospital Veterinário São Bernardo, no período

de 03 de agosto a 19 de outubro, totalizando 416 horas, sob a supervisão do Médico

Veterinário Marcos Antônio Solle Antunes.

O estágio curricular promove enriquecimento profissional, interpessoal e de

aprendizagem do estagiário, pois com ele é possível vivenciar na prática assuntos

abordados na graduação.

O aluno tem oportunidade de acompanhar diferentes profissionais no mesmo

local, absorvendo desta forma vários conceitos e ideias. Deste modo, é de suma

importância que o aluno aproveite este período para agregar conhecimento e

elucidar no futuro a inserção no mercado de trabalho.

O estágio foi realizado nesta concedente unidade por ser um centro de

referência no atendimento clínico, cirúrgico e nos serviços especializados no

município de Curitiba e por conter profissionais altamente capacitados.

O trabalho de conclusão de curso tem por finalidade apresentar um relatório

de estágio que descreva a estrutura, a casuística, as atividades desenvolvidas,

revisão de literatura e um relato de caso.

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2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO

HOSPITAL VETERINÁRIO SÃO BERNARDO

Fundado no dia 08 de agosto de 1968 o Hospital Veterinário São Bernardo é

o mais antigo do estado do Paraná. Localiza-se na Avenida Munhoz da Rocha

número 624, bairro Cabral, no município Curitiba (Figura 1).

Pioneiro em Curitiba, é uma referência no atendimento clínico, cirúrgico e nos

serviços especializados, dentre eles oftalmologia, ortopedia e traumatologia,

gastroenterologia, cardiologia, oncologia, cirurgia de tecidos moles, nefrologia,

endocrinologia, toxicologia, patologia clínica, odontologia, medicina felina, nutrição,

anestesia, dermatologia, neurologia, ultrassonografia, exame radiológico e serviços

de urgência e emergência, contando com 6 médicos veterinários altamente

capacitados. Além disso, é o primeiro hospital do Brasil a realizar cirurgia de catarata

com implante de lente intraocular com técnica de facoemulsificação.

O HVSB conta com uma ampla área de espera, onde é feito o cadastro dos

animais pelos recepcionistas (Figura 2). O cadastro tanto do paciente quanto do

responsável por ele, fica armazenado no banco de dados do hospital. A triagem dos

pacientes é realizada por dois recepcionistas que encaminham o animal de acordo

com a queixa do responsável. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira,

das 8h às 18h, porém o atendimento de emergência é 24 horas por dia, 7 dias por

semana.

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FIGURA 1: Fachada do Hospital Veterinário São Bernardo

FIGURA 2: Área de recepção e secretaria do HVSB.

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O hospital contém estacionamento privativo para aproximadamente 15 carros,

três ambulatórios, uma sala para a realização de eletrocardiograma e

ultrassonografia, uma sala de radiologia, sala pré-operatória, um centro cirúrgico, um

espaço destinado à lavagem e esterilização dos materiais como: campos cirúrgicos,

instrumentais cirúrgicos e compressas, uma biblioteca utilizada pelos estagiários e

clínicos para consultas e atualização. O HVSB conta também com um internamento

diferenciado, onde os canis tem piso aquecido e a temperatura é controlada

manualmente por um sensor digital.

Em conjunto com a recepção existe um setor que é da farmácia. Neste setor

existe uma diversidade de produtos como: shampoos terapêuticos, anti-

inflamatórios, antibióticos, colírios, vermífugos, analgésicos, dentre outros, que estão

disponíveis e a venda para os responsáveis pelo animal, mediante receita prescrita.

Os consultórios são bem distribuídos e organizados e todos possuem

equipamentos necessários para a rotina (Figura 3). Além disso, dois dos três

ambulatórios contêm otoscópio digital, que fornece imagens claras e fixas do canal

auditivo, permitindo que as imagens sejam arquivadas no computador. O

ambulatório ausente de otoscópio digital possui equipamentos específicos para

exames oftálmicos minuciosos.

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FIGURA 3: Ambulatório do HVSB.

Em outra sala é feita a realização de exames ultrassonográficos, e de

eletrocardiograma. Neste mesmo local são analisadas as citologias por punção

aspirativa com agulha fina (PAAF), raspados de pele e imprint cutâneo no

microscópio óptico.

Com relação à clínica cirúrgica de pequenos animais, existe uma sala de

reparação para procedimento de pré e pós-operatório e um centro cirúrgico.

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3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Após a realização do cadastro dos pacientes o estagiário é responsável por

conduzir o acompanhante e o paciente até o ambulatório, realiza anamnese e o

exame físico. Nestes consultórios também são realizadas coleta de sangue,

confecção de curativos e retirada de suturas. É de responsabilidade dos estagiários

a prescrição das requisições dos exames laboratoriais, a identificação das amostras

coletadas e a organização e reposição dos materiais após as consultas. Os

estagiários são responsáveis pela contenção dos pacientes nos exames

radiográficos e pela revelação dos filmes radiográficos na máquina reveladora

(Figura 4).

FIGURA 4: Sala para realização de exames radiográficos.

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Nos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, os estagiários são os

responsáveis pela antissepsia e por auxiliarem os MV na realização das cirurgias.

Estes, também são responsáveis por colocar colar elisabetano e a roupa cirúrgica

nos pacientes.

Os estagiários são responsáveis pela monitoração dos pacientes

hospitalizados, ou seja, são eles que analisam os parâmetros vitais dos pacientes

(frequência respiratória, frequência cardíaca, frequência arterial, pulso, taxa de

produção urinária, entre outros), e auxiliam nas trocas de curativos.

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4. CASUÍSTICA ACOMPANHADA NO HOSPITAL VETERINÁRIO SÃO

BERNARDO

No período de 3 de Agosto a 19 de outubro de 2015, foram acompanhados

328 pacientes somando as consultas novas e os retornos. Foram atendidos 206

cães e 122 gatos não sendo feita a diferenciação entre sexo (masculino ou feminino)

e raças atendidas. Todas as consultas acompanhadas foram separadas pelos

seguintes sistemas: respiratório, oftálmico, tegumentar, urinário, cardiovascular,

doenças infecciosas, músculo esquelético, endócrino, casuística de imunoprofilaxia,

neoplasias, procedimentos odontológicos, reprodutivo dentre outros, disponíveis nas

Tabelas 1 a 15.

GRÁFICO 1: Relação entre quantidade de cães e gatos atendidos no período

de 3 de agosto a 19 de outubro de 2015.

canídeos

felídeos

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TABELA 1: Casuística do sistema respiratório.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Edema pulmonar agudo 6 1,8%

Efusão Pleural 2 0,6%

TOTAL 8 2,4%

TABELA 2: Casuística dos casos de oftalmologia.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Acúmulo de lipídeo

corneal

2 0,6%

Catarata 14 4,2%

Conjuntivite 4 1,2%

Descolamento de retina 2 0,6%

Distrofia corneal 2 0,6%

Edema de córnea 2 0,6%

Elétroretinografia 14 4,2%

Entrópio 4 1,2%

Esclerose senil 2 0,6%

Epífora 1 0,3%

Glaucoma 6 1,8%

Uveíte 2 0,6%

Úlcera de córnea 10 3,0%

TOTAL 65 19,8%

TABELA 3: Número de cirurgias oftálmicas realizadas.

CIRURGIA NUMERO DE PROCEDIMENTOS

PORCENTAGEM

Ciclodiatermia 3 0,9%

Correção de entrópio 4 1,2%

Correção de exotropia 2 0,6%

Enucleação 1 0,3%

Facoemulsificação 2 0,6%

Reconstituição da glândula da 3° pálpebra

5 1,5%

TOTAL 17 5,1%

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TABELA 4: Casuística do sistema tegumentar.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Abscesso 4 1,2%

Acne felina 1 0,3%

Atopia 9 2,7%

Auto mutilação 2 0,6%

Biópsia nasal 1 0,3%

Cisto cebáceo 4 1,2%

DAAP 5 1,5%

Dermatite de dobras

cutâneas

4 1,2%

Dermatite focal 3 0,9%

Dermatite úmida 6 1,8%

Dermatofitose 5 1,5%

Fístula em MPE 2 0,6%

Laceração podal 4 1,2%

Laceração por mordedura

10 3,0%

Otite bacteriana 6 1,8%

Pênfigo bolhoso 2 0,6%

TOTAL 68 20,7 %

TABELA 5: Casuística do sistema endócrino.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Diabete mellitus 6 1,8%

Hipotireoidismo 4 1,2%

TOTAL 10 3 %

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TABELA 6: Casuística do sistema reprodutor

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Hiperplasia prostática

benigna

1 0,3%

Pseudociese 4 1,2%

Cesariana 3 0,9%

Ovariohisterectomia 6 1,8%

Ovariohisterectomia com

hidrometra

2 0,6%

Ovariohisterectomia com piometra

7 2,1%

Orquiectomia 8 2,4%

Retirada de ovário

remanescente

1

0,3%

TOTAL 32 9,7 %

TABELA 7: Casuística do sistema urinário.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Insuficiência renal cronica

6 1,8%

Síndrome urêmica Felina 2 0,6%

TOTAL 8 2,4%

TABELA 8: Casuística do sistema cardiovascular.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Cardiomiopatia Dilatada 3 0,9%

Doença da válvula mixomatosa

(endocardiose)

5 1,5%

TOTAL 8 2,4%

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TABELA 9: Casuística do sistema músculo esquelético.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Artrite 2 0,6%

Atrofia de membros pélvicos

1 0,3%

Atrofia do plexo braquial 1 0,3%

Displasia coxofemoral 6 1,8%

Doença do disco intervertebral

5 1,5%

Esclerose de bulha timpânica

1 0,3%

Fratura de pelve 3 0,9%

Fratura de rádio e ulna 1 0,3%

Ruptura do ligamento

cruzado cranial

2 0,6%

TOTAL 22 6,7 %

TABELA 10: Quantidade de cirurgias realizadas no sistema músculo esquelético.

CIRURGIAS NO

SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO

NUMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Osteoplastia 2 0,6%

Osteossíntese de fêmur 6 1,8%

Correção de hérnia

perineal

2 0,6%

TOTAL 10 3%

TABELA 11: Casuística de neoplasias diagnosticadas no HVSB.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Lipoma 2 0,6%

Neoplasia no baço 6 1,8%

Neoplasia mamária 10 3,0%

TOTAL 18 5,8%

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TABELA 12: Casuística do sistema odontológico.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Remoção de cálculo

dentário

18 5,8%

TOTAL 18 5,8%

TABELA 13: Casuística de imunoprofilaxia.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Anti-rábica 12 3,6%

Óctupla 14 4,2%

Quádrupla felina 4 1,2%

TOTAL 30 9,1 %

TABELA 14: Casuística de doenças infecciosas.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Parvovirose 4 1,2%

TOTAL 4 1,2%

TABELA 15: Casuística de outros casos acompanhados no HVSB no período de 3

de Agosto há 19 de Outubro.

AFECÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM

Intoxicação 7 2,1%

Eutanásia 3 0,9%

TOTAL 10 3%

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GRÁFICO 2: Gráfico demonstrando número de casos atendidos durante o estágio

curricular

GRÁFICO 3: Gráfico representativo quanto à quantidade de procedimentos

realizados por sistemas no estágio curricular.

.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Casuística de pacientes atendidos

0

5

10

15

20

25

30

procedimentos cirúrgicos realizados

procedimentos cirúrgicos realizados

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5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1 ANATOMOFISIOLOGIA OCULAR

O sistema ocular dos animais é formado pelo bulbo ocular e anexos

(pálpebras, conjuntivas, terceira pálpebra e sistema lacrimal). O bulbo ocular é

composto por 3 camadas: a mais externa túnica fibrosa constituída por córnea e

esclera, a intermediária compreende a túnica vascular composta pela úvea (íris,

corpo ciliar e coróide) e a mais interna é a túnica nervosa composta de retina e parte

do nervo óptico (Figura 5) (LEITE et al, 2013).

FIGURA 5: Desenho esquemático anatômico do globo ocular.

http://anatomiaanimaldescritiva.blogspot.com.br/

Localizadas no limbo, os componentes da túnica fibrosa são compostos de

tecido de colágeno e apresentam diversas funções. A esclera é resistente, elástica e

tem como principal função a de proteção. A córnea é lisa, plana e refratária,

composta por 4 camadas (epitélio, estroma, membrana descemet e endotélio) que

servem como um tipo de “bomba”, mantendo-a desidratada e transparente

(TURNER, 2010).

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As porções da túnica vascular (coroide, corpo ci liar e íris) têm como principal

função a nutrição da parte externa da retina, a sustentação da lente e controlar a

entrada de luz no olho por meio da pupila (LEITE et al, 2013).

A túnica nervosa é composta pela retina e parte do nervo óptico, sendo a

primeira, a estrutura mais complexa do olho. A retina é composta por 10 camadas,

contendo várias células fotossensíveis, que convertem a energia luminosa em sinais

elétricos que são conduzidos até o cérebro. Os axônios das células da retina saem

do disco óptico para formar o nervo óptico e inervar o olho (LEITE et al, 2013).

Existem também as estruturas transparentes no globo ocular que auxiliam na

transmissão e refração da luz na retina e são compostas por fi lme lacrimal, córnea,

humor aquoso, lente e humor vítreo (MARTINS et al, 2006).

A lente é uma estrutura transparente e refrativa suspensa por fibras

zonulares, dividindo o segmento anterior e posterior do olho, sendo constituída por

uma cápsula, fibras lenticulares e epitélio da lente. A lente pode ser subdividida em

núcleo (centro) e córtex (equador) (Figura 6) (TURNER, 2010).

FIGURA 6: Desenho esquemático da anatomia do cristalino.

FONTE: TURNER, 2010.

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5.2 CATARATA

A catarata é a opacificação do cristalino ou das suas cápsulas e é uma das

principais causas de cegueira em cães (GALEGO et al, 2012). Esta opacidade pode

ocorrer em qualquer idade, podendo ser causada por diversos fatores como:

alterações hereditárias, diabetes mellitus, traumas, inflamação, substâncias tóxicas

(KLEINER, 2007).

A hereditariedade normalmente é a causa mais comum de catarata, podendo

ser comprovada através da identificação do gene responsável ou por rigorosos

testes de hereditariedade (cruzamento de cães por gerações) (SLLATER, 2005).

A catarata bilateral é comum em cães com diabetes mellitus. A glicose é a

principal fonte de energia para a lente sendo que 5% dela é metabolizada pelo

sorbitol e o restante utiliza a via hexoquinase para a conversão de glicose em ácido

lático. Em casos de hiperglicemia a glicose metabolizada pela via hexoquinase

torna-se saturada, enviando a glicose extra para a via sorbitol. Conforme ocorre o

acúmulo de sorbitol, o gradiente osmótico aumenta e a água é atraída para o interior

da lente (a partir do humor aquoso), gerando a catarata (TURNER, 2010).

Casos de traumas (unha de gato, espinho, corpo estranho) que acarretam na

perfuração da cápsula geram a saída do humor aquoso. Este fluído é absorvido

pelas fibras da lente, tornando-se opaca, podendo gerar a catarata (SLLATER,

2005).

Quando há inflamação do globo ocular o humor aquoso sofre alteração,

interferindo o metabolismo e a transparência da lente (TURNER, 2010).

Drogas utilizadas em grandes doses terapêuticas (cetoconazol,

clorpromazina, corticosteroides, antibióticos, dentre outros) levam a distrofias

retinianas, estas distrofias liberam substâncias tôxicas que podem acarretar em

catarata (SLLATER, 2005).

São classificadas como congênitas as cataratas de causa hereditária e como

juvenis aquelas que os pacientes desenvolvem opacidade do cristalino com idade

inferior a dois anos. As cataratas senis são aquelas que acontecem em cães mais

velhos, com mais de seis anos de idade, podendo estar localizada na cápsula

anterior ou posterior do olho ou na periferia da lente (FERREIRA et al, 1997).

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Quanto ao estágio de desenvolvimento, pode-se subdividi-la em 4 formas

distintas: incipiente, imatura, madura e hipermatura. A fase incipiente é aquela que

apresenta alterações precoces com grau mínimo de opacificação e sem

comprometimento visual. Na imatura o paciente pode ou não apresentar

comprometimento na visão e o reflexo tapetal ainda é visível. Na catarata madura, a

lente está totalmente opaca, o reflexo tapetal não é visível e o comprometimento

visual do paciente é enorme. Na fase hipermatura a lente apresenta alterações na

densidade e opacidade total, podendo ter um processo inflamatório relacionado

(TURNER, 2010).

A catarata é mais frequente em cães do que em gatos, sendo que as raças

Cocker Spaniel, Schnauzer, Pequinês, Golden Retriver, Dachshund e Poodle Toy

são mais predispostas (SLLATER, 2005).

Por bloquear o reflexo tapetal e causar opacidade em algumas fases, a

catarata muitas vezes impossibilita a fundoscopia, inviabilizando a avaliação clínica

de alterações evidentes na retina. Deste modo, tem se utilizado exames mais

específicos como a eletroretinografia (ERG) para identificação de disfunções

retinianas (Figura 7) (SAFATLE et al, 2010).

FIGURA 7: Posicionamento correto do paciente para realização do

eletroretinograma.

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A eletroretinografia é obtida a partir da superfície por meio de eletrodo de

lente de contato. Dois outros eletrodos são colocados na pele próximos ao eletrodo

ativo, para reduzir a interferência elétrica (SAFATLE et al, 2010). Feito isso o olho é

estimulado pela luz e o potencial elétrico pode ser observado. O resultado do exame

de ERG pode ser verificado por meio de um computador em contato com o

eletroretinograma. A onda-a (1) representa a hiperpolarização dos fotorreceptores no

momento do estímulo a luz e a onda-b (2) representa a despolarização das células

bipolares e células de Muller. Nos casos em que não há funcionalidade retiniana,

não é possível distinguir as duas ondas, pois normalmente não é demonstrada a

presença e a amplitude da mesma (SAFATLE et al, 2010).

O exame ultrassonográfico também auxilia no diagnóstico de doenças

oftálmicas, pois fornece informações quanto ao aspecto e dimensões da lente,

avaliam as estruturas orbitais, conteúdo intraocular e a córnea (PAVAN et al, 2014).

5.3 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da catarata é realizado através do exame oftálmico completo,

avaliando o cristalino. Após a aplicação de um colírio midriático, com um braço de

distância do olho do cão é direcionada a luz sobre o globo ocular, observado se

existe ou não o reflexo pupilar (ANDRADE, 2004).

É importante que no exame oftálmico o MV saiba distinguir esclerose nuclear de

catarata. A esclerose nuclear é uma alteração fisiológica decorrente do

envelhecimento da lente, que não leva a cegueira e não necessita de tratamento

cirúrgico. Ela ocorre devido às células produzidas no equador da lente forçar as

células já existentes em direção do núcleo (Figura 8), como o núcleo fica recoberto

de células, torna-se mais denso, sendo visível normalmente em cães mais idosos

(PIGATTO, 2009).

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FIGURA 8: Olho canino apresentando esclerose nuclear, indicado pela seta.

5.4 FACOEMULSIFICAÇÃO

Nas ultimas décadas, os avanços nas áreas de diagnóstico e tratamento de

catarata evoluíram de maneira significativa. O maior avanço técnico da cirurgia de

catarata foi à introdução da facoemulsificação (Figura 9). Além de ser uma técnica

que permite ao médico oftalmologista realizá-la em tempo bastante reduzido,

permite também que o animal tenha uma recuperação mais rápida (CYON, 2003

p.6).

A utililização da facoemulsificação para a remoção da catarata tem se

mostrado promissora e com inúmeras vantagens quando comparada aos

procedimentos de remoção manual da catarata. Que consiste da remoção do

cristalino por microfragmentação e aspiração do núcleo (PIGATTO et al, 2009 ).

A facoemulsificação consiste em introduzir uma única peça no “saco” capsular

da lente para remover o máximo possível de substâncias da lente. A ponteira do

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faco possui aspiração e força que são piezoelétricas produzidas por um estímulo

elétrico de um cristal que vibra em frequência específica (GELATT, 2003).

FIGURA 9: Procedimento de facoemulsificação. À esquerda, sendo utilizado o

manipulador de núcleo e a direita a caneta com a ponteira de facoemulsificação no

momento da utilização da irrigição, aspiração e fragmentação do núcleo.

http://www.vetweb.com.br/ver_artigo.php?id=35

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5.5 FASES DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

Incisão corneal

Inicialmente é feita uma incisão na córnea limpa, 2 mm abaixo do limbo

esclero corneal. Introduz-se então um bisturi apropriado, que seja curvo e que tenha

sua largura de 3,2 mm pra dar passagem à ponteira da caneta (CYON, 2003 p.7).

Material Visco Elástico

É uma substância a base de metilcelulose a 2% aplicada na câmara anterior,

através da incisão realizada na córnea (WILKIE & WILLIS, 1999). O visco elástico é

de baixo peso molecular tendo como função a de proteger o endotélio da córnea de

eventuais traumas durante a cirurgia (SLATTER, 2005).

Este material também previne aderência, hemorragias, lubrifica os tecidos e facilita

a realização do procedimento cirúrgico, pois auxilia na estabilidade do segmento

anterior durante a cápsulorrexis (WILKIE & WILLIS, 1999; TETZ et al 2001).

Capsulorrexis

A capsulorrexis compreende a capsulotomia (incisão da cápsula anterior da

lente), e a capsulectomia (remoção de uma porção da cápsula) (TUNTIVANICH,

2007).

A capsulotomia é uma fase importante da cirurgia, pois ela vai definir a

possibilidade do paciente receber uma lente de acrílico intra -ocular, isso deve a

destreza e habilidade manual do cirurgião para proceder com cautela na remoção da

cápsula anterior do cristalino (KLEINER, 2007).

Hidrodissecção

O procedimento é feito com uma seringa de fluído aplicada na zona cortical

da lente, com o intuito de separar o núcleo do córtex e da cápsula do cristalino. Esta

fase facilita a movimentação e rotação do núcleo dentro da cápsula, permitindo

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assim, sua destruição e remoção posteriormente. A cânula acoplada à seringa é

inserida entre a cápsula anterior do cristalino e o córtex permitindo a separação

entre a cápsula anterior e o córtex (CYON, 2003).

Facoemulsificação

O aparelho de facoemulsificação consiste da remoção do cristalino por

microfragmentação e aspiração do núcleo e posterior implante de uma lente intra-

ocular (PIGATTO et al, 2009 ).

Este aparelho consiste da transmissão de ultrassons de alta frequência e

baixa intensidade que fragmentam do cristalino. O aparelho trabalha com a

frequência das vibrações, amplitude dos movimentos, formato e angulação da ponta

do faco e aspiração que normalmente são controladas por um pedal, sendo que a

intensidade dos ultrassons é proporcional a pressão que o cirurgião exerce sob o

pedal (ANIS, 1994).

A facoemulsificação pode ser realizada pela técnica bimanual ou pela técnica

de uma mão. No método bimanual, uma das mãos faz a irrigação da cápsula e

movimentação das estruturas oculares, e a outra mão utiliza o aparelho de

facoemulsificação para fragmentar e aspirar o conteúdo da lente, tendo a vantagem

de permitir um melhor acesso a toda porção do cristalino. A técnica de uma mão é

realizada com um aparelho de facoemulsificação mais completo, capaz de irrigar e

aspirar o conteúdo, tornando-se mais fácil sua execução (KECOVÁ & NECAS,

2004).

De todas as técnicas existentes, o método de divide and conquer (dividir e

conquistar) é o de eleição para a destruição do núcleo. Este método consiste na

divisão do núcleo, sendo que cada metade é separada em pequenos triângulos que

serão fragmentados (GUIMARÃES, 2015).

Irrigação e Aspiração

A ponta de irrigação e aspiração pode ser em bisel de 45º ou 90º ou reta, não

emite ultra-sons e é utilizada após a realização da facoemulsificação. Este

procedimento consiste em polir a cápsula posterior, removendo os fragmentos moles

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do córtex, minimizando assim a possibilidade de opacificação da cápsula posterior

no pós- operatório (CYON, 2003).

Sutura

Logo após a remoção dos restos corticais e do viscoelástico, a ferida cirúrgica

pode ser fechada com uma variedade de materiais de sutura e padrões, cuja

escolha depende da preferência do cirurgião. É utilizada para a corneorrafia pinça

bipolar de ponta, porta agulha com trava e pinça para córnea e o uso de fios 8-0 a

10-0 em padrão simples ou duplo e sepultamento do nó é comum, sendo

indispensável à aposição correta dos bordos para uma boa cicatrização (GELATT,

2003).

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6. RELATO DE CASO

O paciente da raça Pinscher, com 9 anos de idade (Figura 10) foi levada ao

HVSB. Não foi constatada alterações no exame físico, tanto o perfil bioquímico

(ureia, creatinina, alanina transanina (ALT), fosfatase alcalina (FA), proteínas totais,

albumina, globulinas,colesterol e glicose) quanto o hemograma, se mostraram

dentro da normalidade. Após a aplicação de um colírio midriático, a catarata foi

confirmada no exame oftálmico (fundoscopia) sendo indicada a cirurgia de

facoemulsificação para remoção da mesma.

FIGURA 10: Cão da raça Pinscher com catarata madura unilateral no olho

esquerdo, indicado pela (seta).

O diagnóstico foi dado como catarata madura unilateral esquerda. Após o

diagnóstico o veterinário indicou ao responsável que realizasse o exame de

eletroretinografia para avaliação da funcionalidade retiniana (Figura 11). É utilizado

vinte minutos antes do exame de (ERG) o colírio a base de tropicamida 1%

(Mydracyl ). Para que ocorra a dilatação da pupila (midríase), conforme descrito

por Cyon, 2003, assim podendo ser realizado o exame de (ERG). Neste, foi

constatado que o fundo de olho ainda estava funcional.

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Figura 11: Resultado do exame de eletroretinografia do cão. Na ERG a onda (1)

representa a hiperpolarização dos fotorreceptores no momento do estímulo a luz. A

onda (2) representa a despolarização das células bipolares e células de Muller.

Foi prescrito por uma semana anterior ao procedimento cirúrgico

(facoemulsificação), uma associação de colírios com lágrimas artificiais (Genteal) e

outro que possuía uma associação de antibiótico com corticóide (Ciprofloxacina e

Dexametasona) na frequência de três vezes ao dia.

No dia da cirurgia o animal deve estar em restrição alimentar de 12 horas

para alimentos e 6 horas para água. Em um período de três horas que antecede a

cirurgia começa a ser instilado nos olhos, colírio à base de Diclofenaco Sódico 1mg

(Still) e Atropina 1% com intervalos de vinte a trinta minutos.

PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

O paciente foi posicionado em decúbito dorsal com plano rostral paralelo ao

teto (Figura 12) e a anestesia foi feita através de uma indução com 0,9 mg de

Propofol por via intravenosa e manutenção com Isoflurano. Também foi conectado

ao paciente um Eco-doopler, oxímetro de pulso e uma bolsa de 100ml de solução

fisiológica 0,9% via intravenosa para a fluidoterapia de manutenção.

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FIGURA 12: Posicionamento do paciente para a cirurgia de

Facoemulsificação.

Com a utilização de Lidocaína 2% sem vasoconstritor, realizou um bloqueio

peribulbar em 12, 3, 6 e 9 horas, administrando-se aproximadamente 0,8ml em cada

ponto neste caso, isso varia de paciente para paciente, para obtermos uma boa

centralização do globo ocular. Nos pacientes aonde temos uma órbita ocular

profunda, administra-se 2 a 3 ml de solução de Ringer com Lactato retrobulbar para

se obter uma melhor exposição do bulbo ocular sendo necessário neste caso,

evitando assim, a necessidade de se fazer uma cantotomia lateral.

Foi realizado a capsulotomia, devido à ausência de reflexo de fundo de olho,

utilizou-se um corante sobre a cápsula anterior, este é o azul de tripan. Este corante

tem como principal função a de facilitar a visualização da cápsula anterior (FIGURA

13). Após a incisão da córnea o cirurgião utiliza as substâncias viscoelásticas que

são injetadas no globo ocular para substituir o humor aquoso. Essa substância

recobre a superfície posterior do endotélio, tornando-se uma importante camada de

proteção da córnea (Figura 14).

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FIGURA 13: Injetando o corante azul de Tripan no olho esquerdo do paciente.

FIGURA 14: Momento de aplicação do material viscoelástico no paciente,

indicado pela seta.

Após a capsulotomia, foi realizada a retirada da cápsula anterior do cristalino

(Figura 15) e se iniciou o processo de hidrodissecção e de hidrodelineação.

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FIGURA 15: Incisão da cápsula anterior do cristalino, indicado na seta.

Na hidrodissecção com auxílio de uma cânula, solução salina balanceada é

injetada entre o córtex e a borda da cápsula anterior. O líquido se propaga e separa

o córtex da cápsula. A hidrodelineação foi feita através de injeção de líquido entre o

córtex e o núcleo do cristalino (Figura 16) facilitando a emulsificação do núcleo na

próxima fase (Figura 17).

FIGURA 16: Procedimento de hidrodelineação, indicado pela seta.

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FIGURA 17: Momento da realização da facoemulsificação.

Após a aspiração, a caneta de irrigação e aspiração foi utilizada para o

polimento da cápsula posterior.

Realizada a remoção da catarata coloca-se uma lente intra-ocular para

simular a função do cristalino removido. Nesse procedimento não foi colocada a

lente devido ao responsável pelo paciente não dispor do recurso financeiro para a

compra da mesma.

Existem casos em que a colocação da lente não é viável, devido a anatomia

do globo ocular ou pelo custo.

Foi necessário ampliar a incisão e fazer uso do visco para evitar maiores

traumas a estruturas internas no momento do implante. O visco é aspirado tornando-

se possível proceder ao fechamento do globo ocular.

A corneorrafia pode ser realizada utilizando pontos simples separados com

fios absorvíveis ou inabsorvíveis de diâmetro 8-0 a 10-0. Os pacientes que são

submetidos à cirurgia de facoemulsificação e não colocam uma lente intra-ocular

possuem uma boa visão de longe (hipermetropes), e aqueles que colocam lente

ficam com a visão praticamente normal e com detalhes.

No pós-operatório do paciente (Figura 18) utilizou-se colar elisabetano

durante 12 dias e os seguintes colírios: Gatifloxacino 0,3 % (Zymar®) no qual foi

instilado uma gota 4 vezes (QID) ao dia durante 18 dias; Atropina 1% uma gota de

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12 em 12 horas (BID) por 12 dias; Cetorolaco 0.4% (Acular) uma gota 3 vezes ao dia

(TID) durante 25 dias, Lubrificante Oftálmico Estéril (Oftane) uma gota TID durante

25 dias e Acetato de Prednisolona 1,0% (Pred-fort) uma gota BID por 20 dias, e

após, uma gota ao dia (SID) durante mais 10 dias.

FIGURA 18: Imagem do olho esquerdo, dois dias após a cirurgia de

Facoemulsificação, indicado pela seta.

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7. RESULTADO

O paciente passou pelo procedimento de facoemulsificação no período de

estágio curricular, o resultado obtido mesmo sem a colocação da lente foi positivo,

pois até a última avaliação realizada, não foram observadas alterações como a

opacificação da câpsula posterior, nem aumento da pressão intraocular que são as

complicações mais frequentes deste procedimento.

Quanto à avaliação da visão após o procedimento, foi possível observar que o

paciente havia melhorado muito sua qualidade de vida. No entanto, mesmo com

esta constatação nos retornos foram realizados os testes de reflexo , ofuscamento,

ameaça e a colocação de obstáculos tanto em ambiente escuro como em ambiente

claro sendo todos com resultados positivos, formando assim a constatação clínica

de que o paciente estava enxergando até o momento do último contato.

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8. DISCUSSÃO

No exame físico o animal apresentou normalidade, sem nenhum tipo de

oftalmopatias secundárias (ceratites, uveítes, etc), odontopatias ou qualquer outra

afecção que pudesse causar uma infecção intraocular. A catarata foi confirmada

através da fundoscopia no exame oftálmico e o resultado do hemograma não

constatou alterações. Em pacientes em que a fundoscopia não pode ser realizada

devido à opacidade severa da lente, é indicada a eletroretinografia (KLEINER,

2007).

No paciente desse relato a eletroretinografia foi feita 20 minutos após a

aplicação de um colírio midriático, conforme descrito por Cyon (2003). Apesar da

catarata já ter sido diagnosticada no exame clínico, foi indicado este exame

complementar para avaliar a funcionalidade da retina.

Para a realização do exame complementar (ERG) foi utilizado um aparelho da

marca retinographics BPM200. Neste, alguns testes são disponíveis, mas para

pacientes com catarata é utilizado o básico chamado de standard. Através deste

teste é possível determinar a presença ou ausência de ondas assim como a

diminuição da amplitude da mesma, sendo este, pré-requisito para a cirurgia de

facoemulsificação

Após o efeito do colírio midriático, o paciente foi submetido à sedação com a

utilização de propofol via intravenosa e Cloridrato de proximetacaína 0,005g

(anestalcon) como anestésico local. Em um estudo realizado no período de

setembro de 2004 a fevereiro de 2009 com 151 cães da raça Poodle que

apresentavam catarata madura e hipermadura, foi utilizada para sedação a

administração de atropina via subcutânea, e xilazina e butorfanol por via

intramuscular (SAFATLE, 2010). Feito o ERG foi constatado a funcionalidade da

retina, se tornando viável o procedimento cirúrgico posteriormente.

No caso relatado foi receitada por uma semana antes do procedimento de

facoemulsificação a associação de colírios para manter o olho lubrificado (Genteal)

e de Ciprofloxacina com Dexametasona durante três vezes ao dia conforme descrito

por Kleiner, 2007.

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No dia do procedimento cirúrgico o paciente recebeu em um período de 3

horas antes da cirurgia, dois colírios, Still® a base de Diclofenaco Sódico e Atropina

1%, instilados nos olhos com intervalos de vinte a trinta minutos.

Há muitas décadas, diversas técnicas cirúrgicas tem sido empregadas na

Medicina Veterinária para extração da catarata, com o intuito de aumentar as taxas

de sucesso do procedimento e diminuir as complicações pós-operatória, sendo a

técnica de facoemulsificação a de eleição (PAVAN, 2014).

Conforme descrito por Cyon (2003), a facoemulsificação consiste na técnica

cirúrgica para o tratamento da catarata, que consiste na remoção do cristalino por

fragmentação e aspiração. Com este método a catarata é destruída pelo ultra-som e

aspirada do globo ocular.

Segundo Gellatt (2003), de todas as técnicas existentes, a facoemulsificação

é a mais aceita, visto que apresenta diversas vantagens sobre as demais técnicas

descritas na literatura, como as pequenas incisões na córnea, a redução no tempo

cirúrgico, recuperação visual precoce e menor incidência de complicações pós-

operatórias.

Com os altos índices de sucesso (em torno de 80% a 90%), buscou-se a

melhora dos resultados referentes à acuidade visual, sendo implantado a utilização

das lentes intra-oculares (LIO) (RODRIGUES, 2005). Na atualidade existe uma

diversidade de lentes disponíveis para o uso em animais, contudo, devido à

diferença de tamanho e o poder refrativo devem ser empregadas lentes específicas

para cada espécie (PIGATTO, 2009).

Apesar das vantagens da utilização da LIO em conjunto com a técnica de

facoemulsificação como descrito na literatura, não foi possível a implantação da

lente no paciente do relato, devido ao investimento maior relacionado à lente.

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9. CONCLUSÃO

A catarata é a doença que mais causa cegueira nos animais, sendo a

remoção cirúrgica sua única forma de tratamento. Por ser uma doença que pode ser

originada por vários fatores como (hereditariedade, trauma, inflamações, dentre

outras), é fundamental que o diagnóstico seja realizado no início do seu

desenvolvimento, logo, quando o responsável notar que o cão começa a esbarrar

em alguns objetos da casa ou está com o olho esbranquiçado e em momentos que o

clínico observa alguma opacidade no cristalino.

É de suma importância que o paciente seja avaliado rigorosamente, para que

assim seja possível excluir outras afecções que possam comprometer um

procedimento cirúrgico satisfatório.

Tanto na Medicina quanto na Medicina Veterinária, com o avanço da

tecnologia, as técnicas cirúrgicas para o tratamento da catarata têm melhorado

significativamente nos últimos anos. De todas as técnicas existentes, sabe-se que a

facoemulsificação é a que apresenta os melhores resultados pós-operatórios.

Somando e comparando o relado do caso com a revisão de literatura, torna-

se evidente que a facoemulsificação é um procedimento cirúrgico mais rápido,

menos traumático, e que proporciona melhor qualidade de vida aos animais, visto

que, a maioria dos cães submetidos a este tipo de procedimento retorna a visão.

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